tcc-desenvolvimento-de-uma-linha-de-personagens
Transcrição
tcc-desenvolvimento-de-uma-linha-de-personagens
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC CAMPUS XANXERÊ MANUELA MENDES DE OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE PERSONAGENS BASEADOS NA TEMÁTICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL PARA A MARCA KINDER OVO Xanxerê 2011 MANUELA MENDES DE OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE PERSONAGENS BASEADOS NA TEMÁTICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL PARA A MARCA KINDER OVO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design, Área das Ciências Exatas e da Terra, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito à obtenção do grau Bacharel em Design. Orientado: Aleteonir José Tomasoni Junior Xanxerê 2011 3 MANUELA MENDES DE OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE PERSONAGENS BASEADOS NA TEMÁTICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL PARA A MARCA KINDER OVO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design, Área das Ciências Exatas e da Terra, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito à obtenção do grau Bacharel em Design. BANCA EXAMINADORA Prof. Esp. Aleteonir José Tomasoni Júnior Orientador – Avaliador Prof. Esp. Walter Strobel Neto Avaliador Profa. Esp. Karina Tissiani Avaliador 4 Dedico este trabalho a minha mãe, meu primeiro e verdadeiro amor, base da minha vida e do meu ser. Agradeço à ela por permanecer sempre ao meu lado, oferecendo apoio e os mais valiosos conselhos nos momentos de dúvidas, fraquezas e tomada das decisões mais importantes da minha vida. É graças à ela que me tornei uma pessoa capaz de alcançar meus objetivos de vida e sonhos, caindo e levantando sempre mais forte, pois ela é o melhor exemplo de vida e luta que eu poderia ter na vida. 5 AGRADECIMENTOS À minha mãe, base da minha força e cúmplice do meu sucesso. Aos professores, por toda a sua dedicação e amizade durante estes, agora aparentemente tão breves, quatro anos de faculdade. Por compartilharem seus conhecimentos e experiências, possibilitando que eu me tornasse uma profissional qualificada. Ao professor orientador Aleto, por me auxiliar, com boa vontade e disposição, no desenvolvimento deste projeto. Aos meus colegas, parceiros de muitas noites de estudo, amigos para dividir a conta da batata-frita e refrigerante, cúmplices de projetos atrasados e companheiros nos melhores momentos vivenciados nestes anos todos. À minha melhor amiga Mônica, que mesmo longe, nunca deixou de ser a pessoa mais especial da minha vida. Aos motoristas de van, sempre tão dispostos nestas noites todas de idas e voltas de Chapecó a Xanxerê. A todos que, de alguma forma, colaboraram de alguma forma para que esta jornada fosse cumprida com boas lembranças. 6 RESUMO Esta monografia aborda o tema do design de personagens para o desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedos. O objetivo deste projeto é usar os conceitos de design para trabalhar o tema da proteção ambiental no desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedo, usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo. A pesquisa utiliza-se de referencial teórico especializado e emprega uma metodologia de projeto baseada no método de Munari (1998) e no método apresentado por Lopes (2009). O trabalho é norteado por uma pesquisa dos materiais já produzidos pela marca tomada como estudo e por uma análise do tema adotado como conceito para os produtos. Palavras – chave: Design; Personagens; Proteção Ambiental; Kinder Ovo. 7 ABSTRACT This monograph approaches the theme of characters‟ design for the development of a line of characters of toys. The objective of this Project é to use the concepts of design to work on the theme of environmental protection, using as a study the case of the Kinder Surprise company. The research utilizes specialized theorical reference and employes a methodology of project based on the method of Munari (1998) and on the method presented by Lopes (2009). The work is guided by a research of materials already produced by the company, taken as studio, and by an analysis of the theme adopted as concept for the products. Key words: Design; Characters; Environmental Protection; Kinder Surprise. 8 LISTA DE IMAGENS Imagem 1: Disco cromático.. ............................................................................ 26 Imagem 2: Cores primárias.. ............................................................................ 27 Imagem 3: Cores secundárias.......................................................................... 28 Imagem 4: Cores terciárias.. ............................................................................ 28 Imagem 5: Interação cromática.. ...................................................................... 30 Imagem 6: Capitão Feio e os Sujinhos. ............................................................ 36 Imagem 7: Capitão Planeta e os Planetóides................................................... 37 Imagem 8: Filme Avatar. .................................................................................. 38 Imagem 9: Equipe Rocket. ............................................................................... 39 Imagem 10: O centauro e a sereia.. ................................................................. 40 Imagem 11: Personagens mutantes. ................................................................ 41 Imagem 12: Personagens extraterrestres. ....................................................... 41 Imagem 13: Personagens andróides. ............................................................... 42 Imagem 14: Robin of locksley. ......................................................................... 43 Imagem 15: Aquaman. ..................................................................................... 45 Imagem 16: Pernalonga. .................................................................................. 46 Imagem 17: Year of the rabbit. ......................................................................... 47 Imagem 18: Panfleto do Massa Crítica............................................................. 53 Imagem 19: Produtos Ferrero. ......................................................................... 66 Imagem 20: Quadro Público-Alvo..................................................................... 69 Imagem 21: Kinder Ovo com surpresa.. ........................................................... 70 Imagem 22: Surpresa do Kinder Ovo do filme Shrek.. ..................................... 71 Imagem 23: Personagens numa ação. ............................................................. 72 Imagem 24: Brindes montados.. ....................................................................... 74 Imagem 25: Brindes de encaixe. ...................................................................... 74 9 Imagem 26: Brindes gigantes.. ......................................................................... 75 Imagem 27: Lâmina 1. ...................................................................................... 76 Imagem 28: Lâmina 2. ...................................................................................... 77 Imagem 29: Moldagem por injeção. ................................................................. 79 Imagem 30: Alternativa 1.................................................................................. 98 Imagem 31: Alternativa 2.................................................................................. 99 Imagem 32: Alternativa 3................................................................................ 100 Imagem 33: Alternativa 4................................................................................ 101 Imagem 34: Alternativa 5................................................................................ 102 Imagem 35: Alternativa 6................................................................................ 103 Imagem 36: Alternativa 7................................................................................ 104 Imagem 37: Alternativa 8................................................................................ 105 Imagem 38: Postura dos personagens. .......................................................... 110 Imagem 39: Esboços para construção do modelo. ........................................ 114 Imagem 40: Modelo do personagem em 3D. ................................................. 115 Imagem 41: Ilustração de todos os personagens. .......................................... 116 Imagem 42: Lâmina apresentado os personagens. ....................................... 117 Imagem 43: Cultivar uma horta. ..................................................................... 118 Imagem 44: Andar de bicicleta. ...................................................................... 119 Imagem 45: Cuidar dos animais. .................................................................... 120 Imagem 46: Separação do lixo. ...................................................................... 121 Imagem 47: Zelo com os brinquedos. ............................................................ 122 Imagem 48: Imagem em 3D de frente. ........................................................... 123 Imagem 49: Imagem em 3D de lado. ............................................................. 124 Imagem 50: Imagem em 3D de trás. .............................................................. 125 Imagem 51: Medidas internas da cápsula amarela. ....................................... 126 Imagem 52: Dimensões personagem. ............................................................ 127 10 Imagem 53: Brinde dentro da cápsula amarela. ............................................. 127 Imagem 54: Personagem com a bicicleta....................................................... 128 Imagem 55: Personagem com o cachorro...................................................... 129 Imagem 56: Personagem reciclagem. ............................................................ 130 Imagem 57: Personagem organizando brinquedos. ....................................... 131 Imagem 58: Paleta de cores dos personagens. ............................................. 134 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Associações tradicionais da cor. ..................................................... 45 Quadro 2: compromissos com o meio ambiente. ............................................. 68 Quadro 3: Brindes Kinder Ovo meio ambiente. ................................................ 73 Quadro 4: Desenhos da Disney. ...................................................................... 87 Quadro 5: Desenhos Discovery Kids ................................................................ 89 Quadro 6: Filmes infantis sobre meio ambiente. .............................................. 90 Quadro 7: Painel conceitual ............................................................................. 93 Quadro 8: Painel biótipo cabeça de crianças. .................................................. 94 Quadro 9: Painel biótipo corpo de crianças. ..................................................... 95 Quadro 10: Painel personagens atuais. ........................................................... 96 Quadro 11: Ações dos personagens. ............................................................. 106 Quadro 12: Biótipo dos personagens. ............................................................ 108 Quadro 13: Paleta de cores............................................................................ 112 Quadro 14: Experimentação de cores. ........................................................... 113 Quadro 16: Dez dicas para ser sustentável sem ser mala. ............................ 143 Quadro 17: Espécies de Plásticos. ................................................................. 145 Quadro 18: Tempo de decomposição dos materiais. ..................................... 146 Quadro 19: Decomposição de resíduos ......................................................... 146 Quadro 20: Características invisíveis do papel.. ............................................ 148 Quadro 21: Características visíveis do papel.. ............................................... 149 12 LISTA DE FLUXOGRAMAS Fluxograma 1: Metodologia Bruno Munari. fonte: o autor................................. 57 Fluxograma 2: Metodologia Lopes. .................................................................. 58 Fluxograma 3: Metodologia adaptada. ............................................................. 59 Fluxograma 4: Metodologias aplicadas ao projeto. .......................................... 61 Fluxograma 5: Componentes do problema. ..................................................... 63 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 16 1.1 TEMA ...................................................................................................... 17 1.2 PROBLEMA ............................................................................................ 17 1.3 OBJETIVOS ............................................................................................ 18 1.3.1 Objetivo geral ................................................................................. 18 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................... 18 1.4 JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 19 1.5 METODOLOGIA DE PROJETO E PESQUISA ....................................... 19 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 20 2 BASES DO CONHECIMENTO ..................................................................... 22 2.1 DESIGN .................................................................................................. 22 2.2 DESIGN GRÁFICO ................................................................................. 24 2.3 DESIGN INDUSTRIAL ............................................................................ 31 2.4 DESIGN DE PERSONAGENS................................................................ 34 2.5 MEIO AMBIENTE ................................................................................... 47 2.5.1 Proteção ambiental ........................................................................ 51 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN ..................................... 55 3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN ........................................ 55 3.2 PROJETO DE DESIGN .......................................................................... 60 3.2.1 Problema ......................................................................................... 62 3.2.2 Definição do problema ................................................................... 62 3.2.3 Componentes do problema ........................................................... 63 3.2.4 Coleta de dados.............................................................................. 64 3.2.4.1 Kinder Ovo e seu histórico ............................................................ 64 3.2.4.1.2 Aspectos Mercadológicos........................................................... 65 14 3.2.4.1.3 Conceitos e valores .................................................................... 66 3.2.4.1.4 Responsabilidade ambiental ...................................................... 67 3.2.4.1.5 Público da Kinder Ovo ................................................................ 68 3.2.4.1.6 Componentes ............................................................................. 70 3.2.4.1.7 Materiais ..................................................................................... 77 3.2.4.2 Processos produtivos de brinquedos ............................................ 78 3.2.4.3 Processos de pintura de brinquedos ............................................. 79 3.2.4.4 Materiais Alternativos .................................................................... 80 3.2.4.4.1 Plásticos Alternativos ................................................................. 80 3.2.4.3.2 Desenhos animados e a proteção ambiental ............................. 85 3.2.5 Análise dos dados.......................................................................... 91 3.2.6 Criatividade ..................................................................................... 93 3.2.6.1 Gerações de Alternativas .............................................................. 97 3.2.6.2 História de fundo ......................................................................... 107 3.2.6.3 Personalidade ............................................................................. 107 3.2.6.4 Biótipo ......................................................................................... 107 3.2.6.5 Vestimenta .................................................................................. 108 3.2.6.6 Cores........................................................................................... 109 3.2.6.7 Postura ........................................................................................ 109 3.2.6.8 Expressão facial .......................................................................... 111 3.2.7 Materiais e tecnologias ................................................................ 111 3.2.8 Experimentação............................................................................ 111 3.2.9 Modelos ......................................................................................... 114 3.2.10 Verificação .................................................................................. 115 4 RESULTADOS............................................................................................ 116 4.1 Ilustração da linha completa ................................................................. 116 4.3 Desenhos técnicos................................................................................ 126 15 4.2 Paleta de cores dos personagens......................................................... 132 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 135 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 137 Anexos .......................................................................................................... 141 Anexo A Dicas de ações sustentáveis ........................................................ 141 Anexo B Características e propriedades do plástico .................................. 144 Anexo C Tempo de decomposição do plástico ........................................... 146 Anexo D Características e propriedades do papel...................................... 148 16 1 INTRODUÇÃO O presente projeto foi elaborado com o objetivo de trabalhar os conceitos de design no desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedos utilizando como embasamento a temática referente à proteção ambiental e usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo. Design é uma atividade processadora de informações, com o objetivo de encontrar soluções que promovam um avanço na qualidade de vida do ser humano, sem deixar de pensar em melhorias no ambiente de vida de uma sociedade. Por ser um profissional que trabalha, além de outros sistemas, com a concepção de objetos utilizados diariamente por pessoas de culturas diversas, o bom designer arma-se dessa situação para alcançar a transformação de comportamentos numa conscientização do homem com o seu espaço. E um dos objetos de maior alcance de público e com uma capacidade muito intensa de comunicação são os brinquedo, principalmente aquele em forma de personagem. São objetos que cativam não apenas crianças, mas também adolescentes e muitos adultos. Assim, através deles, consegue-se levar uma informação muito além do público inicialmente determinado. A capacidade de comunicação de personagens está em seus elementos gráficos, sua estruturação e seu material. Ele não precisa ser encarado apenas como um objeto de diversão e distração, mas também como uma forma de transmitir ideias em busca de uma conscientização humana. Um tema que ganha importância no contexto social atual é referente à proteção ambiental, principalmente sobre as conseqüências da atividade humana em seu meio ambiente. Meio ambiente é o lugar de sobrevivência e desenvolvimento de uma sociedade e quando uma pessoa possui o conhecimento sobre o meio onde ela 17 está inserida, compreendendo a dependência da sua sobrevivência sob aquele ambiente, então, essa pessoa passa a zelar desse ambiente. Esse ganho de conhecimento a cerca das consequências provocada pela atividade humana em seus meios ambientes, gera uma preocupação de iniciar nas gerações mais novas, desde cedo, uma conscientização sobre como ter com o seu meio ambiente uma relação de aproveitamento e zelo, ao mesmo tempo. Isso trás ao designer uma responsabilidade de transmitir ao seu público os conceitos sobre proteção ambiental, tendo no brinquedo um forte caminho de comunicação com as crianças. A divulgação desse trabalho pode ser fortalecida se houver a participação de uma marca forte e aliada aos princípios do cuidado ambiental. A Kinder Ovo é uma marca de grande apreço dos jovens por trabalhar com a junção do doce com a diversão do brinde surpresa. É uma marca presente nos cinco continentes, possui um número expressivo de consumidores e tem a preocupação educacional das crianças através dos seus brindes. Acredita-se que a criança ter ilustrado em seus brinquedos os conceitos que aprende na escola, em casa e em seu dia-a-dia pode ter uma absorção maior destas informações. 1.1 TEMA Desenvolvimento dos aspectos visuais de uma linha de personagens de brinquedo baseados no conceito de proteção ambiental usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo. 1.2 PROBLEMA 18 Como o design pode trabalhar o tema proteção ambiental através de uma linha de personagens de brinquedo usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Usar os conceitos de design para trabalhar o tema proteção ambiental no desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedo, usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo. 1.3.2 Objetivos específicos - Pesquisar sobre design para entender seus conceitos, sua metodologia e sua importância; - Pesquisar sobre o tema proteção do meio ambiente para compreender seus conceitos, sua importância e sua amplitude; - Pesquisar sobre a marca Kinder Ovo, sua história, seus conceitos, seus produtos e materiais utilizados; - Desenvolver, através dos conceitos de design, uma linha de personagens de brinquedo baseados na temática da proteção ambiental para a marca Kinder Ovo. 19 1.4 JUSTIFICATIVA A preocupação com a proteção ambiental é um tema que ganha grande importância no contexto da sociedade atual. O ganho de conhecimento acerca das consequências da atividade humana sobre seus ambientes trás à sociedade uma necessidade de conscientização sobre o cuidado com o seu espaço e minimização do impacto de sua atividade. Para isso é fundamental iniciar nas crianças esse conhecimento. Elas precisam visualizar em seu cotidiano os conceitos da proteção ambiental porque são eles quem irão dar continuidade a todo o trabalho de preservação e aperfeiçoamento da relação do homem com o seu ambiente. Uma forma muito eficaz de comunicar estas informações é trabalhar nos produtos de consumo das crianças os conceitos da proteção ambiental. E a Kinder Ovo é uma marca de grande apreço dos jovens por trabalhar com a junção do chocolate com a diversão do brinde surpresa. E além de ser uma marca de estima das crianças e jovens é um produto comercializado mundialmente. Por tanto, o presente trabalho visa desenvolver uma linha de personagens centrados na temática da proteção ambiental para ilustrar às crianças os conceitos dessa temática, através dos brinquedos surpresas da marca Kinder Ovo. 1.5 METODOLOGIA DE PROJETO E PESQUISA Para este projeto, como metodologia de projeto, serão adaptadas duas metodologias de trabalho, uma sendo o método de Munari e a outra a metodologia apresentada por Lopes. 20 O método de Munari foi escolhido por ser uma metodologia flexível e de fácil aplicação, permitindo adaptações no decorrer do trabalho. “O método de projeto, para o designer, não é absoluto nem definitivo; pode ser modificado caso ele encontre outros valores objetivos que melhorem o processo”. (MUNARI, 1998, p. 11). A segunda metodologia, nomeada de Nove Dimensões do Design de Personagens apresentada por Lopes (2009), foi escolhida por ser uma metodologia direcionada a construção de personagens. O método de Lopes objetiva ser um “suporte criativo para a elaboração de personagens pelo uso de traços específicos que remetam às características requisitadas.” (LOPES, 2009, p. 7) A metodologia do Munari é, inicialmente, dividida em doze etapas e cada uma delas recebe como título a abreviatura da fase. Ela inicia na fase de problema passando pelas demais até chegar à solução do projeto. Já o método de Lopes apresenta tópicos importantes a serem lembrados, podendo iniciar pela definição da história de fundo até a fase de determinação das características de voz do personagem. Como metodologia de pesquisa será empregada metodologias de natureza básica, com uma forma de abordagem em pesquisas qualitativas, com o objetivo em pesquisas exploratórias e com o procedimento técnico em pesquisas bibliográficas e documentais. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Este projeto foi dividido em cinco capítulos. No Capitulo 1, apresentam-se o tema, o problema, a justificativa do projeto, os objetivos geral e específicos, as metodologias de projeto e pesquisa e a estruturação do trabalho. 21 No capítulo 2, são apresentadas as bases do conhecimento sobre variados assuntos pertinentes ao início deste projeto, como a conceituação geral de design e suas aplicações, design gráfico, design industrial e design de personagens. Além de abordar conceitos sobre meio ambiente e proteção ambiental. No capítulo 3, é apresentada a metodologia do projeto de design utilizada, com seus desdobramentos. Assim como, o próprio projeto de design, ou seja, o desenvolvimento das etapas definidas na metodologia do projeto e suas gerações de alternativas. No capítulo 4, apresentam-se os resultados do projeto, com ilustrações, visualizações em 3D, desenhos técnicos e componentes. No capítulo 5, serão apresentadas as considerações finais sobre o projeto de design, e se o mesmo atingiu os objetivos propostos. Finalizando com a as referencias bibliográficas, apêndices e anexos. 22 2 BASES DO CONHECIMENTO Neste capítulo será apresentado o referencial teórico que proporcionará uma base de conhecimento para o início do projeto. Serão apresentadas conceituações gerais acerca do design, design gráfico, design de produto e design de personagens. Ainda, abordam-se conceitos sobre o tema meio ambiente e proteção ambiental. 2.1 DESIGN Conforme Neto (1981 apud Niemeyer, 2007, p. 25) design é [...] uma atividade contemporânea que nasceu da necessidade de estabelecer uma relação entre diferentes saberes e diferentes especializações. Design é o equacionamento simultâneo de fatores sociais, antropológicos, ecológicos, ergonômicos, tecnológicos e econômicos, na concepção de elementos e sistemas materiais necessários à vida, ao bem-estar e à cultura do homem. A tarefa do designer está na união do fator projetiva de tecnologias e materiais com o fator cultural, na medida em que desenha suas informações e ideias. O bom design transforma hábitos e comportamentos através dos objetos utilizados pelos indivíduos. “O design faz uso de códigos e linguagens, constrói significados, dá existência física a conceitos, trabalha com utilidades e significâncias”. (FONTOURA, 2004, p. 40). Isso confere ao designer uma responsabilidade significante no que diz respeito ao relacionamento da sociedade com os seus objetos e ambientes. “O design representa, na sociedade industrial, um sítio privilegiado para a transmissão de mensagens por meio da geração de objetos e artefatos”. (FONTOURA, 2004, p. 41). E essa vantagem, comentada pelo autor, é o 23 resultado de um trabalho feito pelo designer logo no início da sua metodologia, que está inserida na fase de coleta de informações relevantes a cerca da problemática. Estas informações são de categoria multidisciplinar. Abrangendo aspectos ligados à cultura, história, estética, marketing, engenharias, materiais, tecnologias e outras áreas relacionadas. Enfim, o design é um processador de informações. Assim, pode-se afirmar que o design reflete a civilização da sua época, pois ele projeta com um foco, que é seu consumidor. “O designer de produtos bem sucedido é aquele que consegue pensar com a mente do consumidor: ele consegue interpretar as necessidades, sonhos, desejos, valores e expectativas do consumidor”. (BAXTER, 2000, p.21) O objeto de design carrega uma história, quando há um estudo sobre épocas e comportamento de uma sociedade em determinado tempo, esta história é buscada nos objetos utilizados na época. A prática do design está diretamente ligada à produção industrial. O seu surgimento, datado na Revolução Industrial, está motivado na necessidade crescente de fabricação e comercialização de bens de consumo. Estes objetos [...] constituem a paisagem cultural visível da vida cotidiana, compreendendo em sua totalidade uma complexa trama de funções e significados, na qual nossas percepções do mundo, nossas atitudes e senso de relacionamento com ele estão intimamente entrelaçados. (HESKETT, 1998, p 10) É notável que o design trabalha com a identificação de soluções para um problema apresentado, arma-se de suas ferramentas e metodologias para transformar o problema inicial em uma solução simples, comunicativa e transformadora. Neste sentido, o design precisa ser prático e objetivo, pois ele tem relação direta com a qualidade. 24 É importante destacar que design é um processo e não um adjetivo, ou seja, utilizar-se de expressões como design inteligente, design robusto, design arrojado e outras é ignorância publicitária. Porque “robustez, ergonomia, inteligência e demais adjetivos que a mídia incorpora são, na verdade, características intrínsecas ao próprio processo de design.” (SANTOS, 2000, p. 25). 2.2 DESIGN GRÁFICO O design gráfico pode ser considerado como uma área dentro do design que trabalha com o processo de comunicação visual. O design gráfico, segundo Gruszynski, lida fundamentalmente com a informação. Levando em conta este elemento, chega-se a uma visão do design como uma atividade, um processo de fazer e comunicar signos híbridos, e não somente o de produzir um conjunto de vestes gráficas de um determinado estilo para signos lingüísticos ou de simples dimensionamento de ilustrações. (GRUSZYNSKI, 2000, p. 21) De tal modo que o design como um todo, o design gráfico também sofre com a falta de entendimento de que ele não é uma atividade comprometida unicamente com a beleza, a estética. Ele trabalha sim com elementos estéticos, porém mais importante que isso, o design gráfico tem a incumbência de transmitir um conceito, uma idéia, uma informação ao seu receptor de forma clara. Uma peça de design gráfico tem por objetivo comunicar uma dada mensagem para persuadir o observador, guiar sua leitura ou vender um produto. Assim como todas as outras especialidades do design, o design gráfico é um processo, possui uma metodologia de projeto e ferramentas de trabalho. 25 Segundo Villas-Boas (2000, p. 15), o design gráfico enquanto atividade profissional requer uma metodologia específica através da qual o profissional tenha domínio de todas as variáveis envolvidas. E nesta metodologia está sintetizada o trinômio problematização, concepção e especificação. Ainda para o autor, para que uma peça seja de design gráfico ela necessita obedecer à metodologia “que é a própria razão de ser do design. Ou seja: ela tem de ser projetada de alguma forma”. (VILLAS-BOAS, 2000, p. 21). As ferramentas do design gráfico são as marcas gráficas, como as letras do alfabeto, signos, linhas de um desenho, pontos de uma fotografia, cores e etc. “O design gráfico é a arte de criar ou escolher tais marcas, combinando-as numa superfície qualquer para transmitir uma idéia”. (HOLLIS, 2000, p. 1). As imagens gráficas são signos, que recebem significado dependendo do contexto e disposição em que são empregados. Segundo Hollis (2000, p.2) a forma como os sinais gráficos são utilizados e dispostos devem levar em conta a necessidade de que o público-alvo reconheça e entenda. Isso significa que as necessidades particulares do designer ou do cliente não podem ser colocadas com maior importância às necessidades do público. O autor ainda afirma que este é o primeiro aspecto significativo que distingue um design gráfico de uma obra de arte. Após isso, o designer projeta tendo em vista a reprodução mecânica e em série. Dentre estes sinais gráficos comentados está o elemento da cor. De acordo com Lupton e Phillips (2008, p. 71) “A cor pode exprimir uma atmosfera, descrever uma realidade ou codificar uma informação”. O elemento cor possui uma carga de comunicação muito forte, carregando muitos significados dentro das culturas da sociedade. E os autores apresentam um exemplo, “o branco representa virgindade e pureza no Ocidente, porém é a cor da morte nas culturas orientais. O vermelho, usado pelas noivas no Japão, é considerado extravagante e erótico na Europa e nas Américas.” (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 71). É importante destacar que esses significados mudam com o passar das gerações, assim como a própria cultura das sociedades. “As cores entram e saem da moda, e toda uma indústria foi criada para guiar e prever seu curso. [...] No entanto, dizer que a cor é um fenômeno 26 variável [...] não significa que ela não possa ser descrita ou compreendida”. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 71). Com o tempo e o ganho de conhecimento os profissionais que trabalham com cores desenvolveram um vocabulário especial para conseguirem se comunicar com algum grau de clareza entre eles. Uma linguagem relacionada ao significado das cores. Em 1965, Isaac Newton descobriu que a luz branca poderia ser dividida em um espectro de cores ao atravessar um prisma. Ele organizou essas cores em torno de um disco, conhecido como o disco cromático, apresentado a seguir, na imagem 1: Imagem 1: Disco cromático. Fonte: adaptado de LUPTON; PHILLIPS, 2008. O disco cromático, imagem 1, trata-se de um mapa que apresenta a relação entre as cores. Esse mapa auxilia muito o profissional a fazer suas seleções de cores, pois esse conjunto “afetará a energia visual e a atmosfera de qualquer composição”. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 72). Uma paleta de cores deve ser bem pensada e planejada segundo os objetivos propostos em um trabalho. Por exemplo, as cores vizinhas são cores análogas, ou seja, possuem um contraste mínimo, uma harmonia natural e possuem uma temperatura de cor equivalente, pois são compostas de elementos comuns. Já as cores posicionadas transversalmente são cores complementares, ou seja, uma cor 27 não contém nenhum elemento da outra cor, isso as leva a ter temperaturas diferentes e um peso de contraste maior. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 72). O disco cromático pode ser dividido em várias relações de cores. Como as cores primárias. Imagem 2: Cores primárias. Fonte: adaptado de LUPTON; PHILLIPS, 2008. As cores primárias, imagem 2, são as cores ditas puras, o vermelho, o amarelo e o azul, pois elas não podem resultar da mistura de outras cores. Mas, sua união cria todas as demais encontradas no disco, como as cores secundárias. 28 Imagem 3: Cores secundárias. Fonte: adaptado de LUPTON; PHILLIPS, 2008. As cores secundárias, imagem 3, derivam da mistura de duas cores primárias e são o laranja, o violeta e o verde. Outro grupo encontrado no disco é o das cores terciárias. Imagem 4: Cores terciárias. Fonte: adaptado de LUPTON; PHILLIPS, 2008. O grupo de cores terciárias, imagem 4, é derivado da mistura de uma cor primária com uma secundária. Exemplo: o laranja-avermelhado e o verdeamarelado. A cor de fato não é algo material, não possui corpo ou peso. Ela é um fenômeno de radiação e cada cor é um comprimento de onda. A luz branca 29 erradia nos objetos e esses refletem suas cores de acordo com os pigmentos de que são compostos. Por exemplo, ao sair na rua com um vestido verde e ser iluminado pelo Sol com a luz branca, o vestido absorverá todas as cores, com exceção do verde, pois este vestido possui pigmentos que rejeitam as ondas do verde. E essa percepção que o olho humano tem da cor muda de acordo com várias situações como a justaposição de outras cores. “Os designers sobrepõem cores parar criar atmosferas e qualidades específicas, usando uma cor para minimizar ou intensificar a outra.” (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 78). 30 Imagem 5: Interação cromática. Fonte: adaptado de LUPTON; PHILLIPS, 2008. A interação cromática através da sobreposição de cores, como apresentado na imagem 5, demonstra que uma mesma cor pode ter seu valor de contraste alterado. No quadro acima pode- se perceber que o aro vermelho quando sobreposto ao círculo verde gera uma visualização desconfortável e instável. Isso acontece porque ambas são cores complementares. “Como complementar de uma cor pertence sempre ao gênero oposto desta, a justaposição de uma cor quente a uma cor fria faz com que ambas exaltem reciprocamente”. (PERAZZO; RACY; ALVAREZ, 1999, p.71) Neste caso, temse o vermelho como cor quente e o verde como cor fria. E o desconforto acontece porque ambas querem sobrepor-se a outra. 31 Todas as cores aumentam seu valor e seu brilho se colocadas sobre um fundo branco, já o fundo preto rebaixa o valor das cores que lhe são aplicadas. Já duas cores quentes, como o aro vermelho sobre o círculo laranja, se esfriam mutuamente, pois uma é influenciada pela ação complementar da outra. Já, inversamente, duas cores frias tendem a se esquentar, como no caso do aro azul escuro sobre o círculo azul-claro. (PERAZZO; RACY; ALVAREZ, 1999, p.72-73) “Os designers usam a cor para fazer com que algumas coisas se destaquem e outras desapareçam. A cor serve para diferenciar e conectar, ressaltar e esconder.” (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 71). É muito importante que o designer conheça e domine essas relações cromáticas, pois muitos resultados podem ser obtidos dessa interação. Uma combinação equivocada pode prejudicar muito o resultado esperado, além de comprometer a capacidade de comunicação do projeto com o seu público. 2.3 DESIGN INDUSTRIAL A origem e desenvolvimento do design industrial estão vinculados às mudanças ocorridas na sociedade em relação ao seu modo de produção e de consumo. As revoluções e evoluções tecnológicas de produção, o crescimento e abertura de mercados, a consolidação do capitalismo e do consumismo, são alguns fatores que estão ligados ao desenvolvimento da atividade de design. Dorfles (2002) defende que o desenho industrial nasceu após a Revolução Industrial e que os objetos são, por padrão, produzidos industrialmente. Defende, também, a necessidade de o objeto ser construído por máquinas, e não poder sofrer interferências manuais, como nos objetos artesanais. A industrialização tem em sua base de produção o caráter de produção em série, onde todas as fases de trabalho do produto industrial devem estar organizadas e controladas de maneira a permitir um rendimento sempre igual e 32 que não apresente o mínimo de desvios. Independente de se tratar de uma produção de poucas dezenas ou de centenas de milhares de peças, o produto deve manter uma fidelidade ao seu protótipo. Assim, o objeto industrial perde aquele caráter único que sempre esteve presente à obra artesanal, e o poder eventual de acrescentar, modificar ou melhorar detalhes do objeto quando pronto também é eliminado na medida em que cada pormenor da execução já está determinado no projeto de um desenho exaustivamente estudado anteriormente. O objeto industrial existe no momento em que é projetado. Assim, no momento em que o desenho é finalizado, haverá a produção do protótipo, que dará inicio à série perfeitamente idêntica à primeira. Assim, “o trabalho do artista na peça artesanal aparece no final da laboração; na peça industrial aparece logo no início.” (DORFLES, 2002, p.35) Então, podem-se citar três características básicas para um objeto industrial: Pelo que poderemos concluir que o que se exige para poder considerar que um objecto pertence ao desenho industrial é: 1) a sua fabricação e, série; 2) a sua produção mecânica, e 3) a presença nele de um quociente estético, devido ao factor de ter sido inicialmente projectado e não a uma sucessiva intervenção manual. (DORFLES, 2002, p 12). É no ano de 1920, que “tem o início dos períodos mais decisivos da história do desenho industrial.” (DORFLES, 2002, p 25). É neste ano que Gropius e seus colaboradores iniciam a suas atividades na direção da Bauhaus, a escola de artes, design e arquitetura fundada na Alemanha nos anos de 1919 a 1933. Gropius visava criar uma arte capaz de alcançar, com o mínimo custo, o mais alto nível artístico e procurava criar objectos que fossem destinados a todas as categorias sociais e que não fossem reservados a elites em vias de extinção; além disso, acreditava que, 33 conjugando o ensino artesanal com o artístico e industrial, se podia criar o artista completo, capaz de dominar todos os sectores da produção. (DORFLES, 2002, p 26). Foi após 1929, com o crash de Wall Street e a Depressão que se seguiu, que começou a surgir uma nova geração de desenhistas industriais, e começou a haver o reconhecimento deste como profissional. O design “seria reconhecido como característica essencial da atividade comercial e industrial, um elemento de especialização dentro da divisão de trabalho implícita na produção e nas vendas em massa”. (HESKETT, 1998, p107). O contexto econômico exigia dos profissionais a busca constante da redução de custos da produção e aumento das vendas. A preocupação com elementos técnicos levou os profissionais a pensarem os objetos compostos apenas de elementos básicos para facilitar o uso e a produção. Como exemplo o trabalho desenvolvido por Walter Dorwin Teague com máquinas de escritório da American Sales Book Company e da Heald. Ele trabalhou com engenheiros das companhias, reduzindo uma confusão de alavancas, parafusos, fendas e protuberâncias a uma forma mais limpa e unificada que não só parecia mais atraente como tornava mais fáceis de operar os controles e partes essenciais ao funcionamento da máquina. (HESKETT, 1998, p108). Assim, durante os anos de 30 e 40 houve uma consolidação do desenho industrial como atividade profissional. Devido, em grande parte, à capacidade dos designers de adaptar seu talento criativo às exigências técnicas da produção industrial. Isso fez com que os fabricantes reconhecessem o potencial desses profissionais e oferecessem oportunidades. O incentivo resultou no aumento das vendas, “aparecendo o design como arma conveniente na sua estratégia de marketing anual.” (HESKETT, 1998, p 130). 34 2.4 DESIGN DE PERSONAGENS É fácil encontrar pessoas que afirmem ter um personagem que marcou a sua infância e que lhe trás boas lembranças de uma época, sejam esses personagens de um desenho animado, de histórias em quadrinhos, de livros infantis. Geralmente, são heróis, princesas ou vilões, ainda, podem ser personagens de uma série de bonecos ou bonecas, jogos como filmes. Enfim, personagens fazem parte da história de brincadeiras das crianças. Frágeis, simpáticos, alegres, tristonhos, caolhos ou desdentados, os personagens chegam como quem não quer nada e dominam a cena, nos cativam, nos tornam súditos de suas intenções e nos fazem gostar do que não gostávamos. (TOMAZ, 2009, p. 90) Contudo, para existir esta ligação tão pessoal de um personagem com uma pessoa é necessário que os mesmos sejam planejados de uma forma mais especial. “Personagens precisam causar impacto, emocionar. E isso só acontece quando tem um propósito, um universo, uma história. Um sentido. Sem isso, um gatinho pode ser lindo, mas é só mais um entre outros.” (FITTIPALDI, 2009, p. 3) A base para a criação de um personagem é ter esclarecido o objetivo deste. “Talvez o passo mais importante para a criação de um personagem seja o de saber qual é a sua necessidade dramática”. (MASSARANI, 2011). Caso contrário, como foi dito, será apenas um objeto vazio. Então, é preciso buscar temas de conhecimento do público, sejam elas crianças ou adultos. Como todo o objeto de design, personagens precisam conter valores e conceitos que transmitam uma mensagem, uma história, uma emoção, precisam ter um elo com o público. “Se bem construídos, esses personagens têm o poder de tocar as pessoas, principalmente num mundo carente de sentimentos como o atual.” (TOMAZ, 2009, p. 90). 35 A capacidade de comunicação de personagens é muito intensa. Eles falam através de seus elementos gráficos, de sua estruturação e do seu material. Eles conseguem demonstrar sentimentos de forma melhor que as expressões faciais humanas, que podem ser dissimuladas. Acredito que os personagens despertam um carinho muito prazeroso para os olhos e para a alma das pessoas. E também podem ser bastante divertidos. Para criá-los, é preciso estudar. As habilidades envolvidas na pesquisa da forma e do estilo são semelhantes às criações de um logo. (LEGNO apud EVANS, 2009, p. 29) Este estudo que o autor se refere está relacionado a todas as peculiares que envolvem um personagem, desde sua ambientação, a trama que o envolve, suas relações sociais até as características físicas e de movimento do mesmo. Segundo Lopes (2009, p. 25) existem nove dimensões que envolvem um design de personagem. Nove dimensões do design de personagens, nome que dou aos nove aspectos principais que devem ser considerados quando se cria um personagem para qualquer tipo de produção, seja videogame, cinema, quadrinhos, livros e até para partidas de RPG. (LOPES, 2009) São elas: - História de fundo: Esta é a dimensão que engloba e dá base a todas as outras dimensões. A história de fundo é a dimensão que situa o personagem em um tempo e espaço, sendo responsável por tudo que aconteceu com ele até o momento [...] e dando indícios do que pode vir acontecer com ele. Ela é capaz de explicar manias, traumas, opiniões do personagem. (LOPES, 2009, p.28-29) 36 No universo das histórias em quadrinhos, seriados de televisão infantojuvenis e filmes é possível destacar exemplos de narrativas que usam como ambientação a proteção ambiental. São elas: Imagem 6: Capitão Feio e os Sujinhos. Fonte: http://pt-br.monica.wikia.com/wiki/Capit%C3%A3o_Feio O Capitão Feio, imagem 6, é o maior vilão das histórias do Mauricio de Sousa. Seu objetivo é “sujar o mundo e fazer dele o seu parque particular de poluição e sujeira, além de querer que Cascão seja seu herdeiro, pois sabe que o garoto também adora sujeira.” (PORTAL DA TURMA DA MÔNICA, 1996). Outro personagem bem conhecido, esse dos anos 90, é o Capitão Planeta. 37 Imagem 7: Capitão Planeta e os Planetóides. Fonte: http://www.infantv.com.br/cap_planeta.htm A série infantil Capitão Planeta e os Planetóides, imagem 7, tem como intuito a divulgação de ideias ecológicas. A história começa quando Gaia, o espírito da Terra, acorda de um sono profundo e se depara com uma situação de destruição do planeta. Ela decide entregar a cinco jovens - Wheeler (da América do Norte), Linka (da Europa Oriental), Gi (da Asia), Kwame (da África) e Ma-Ti (da América do Sul) – anéis mágicos que os auxiliarão a proteger a Terra. E quando a magia destes cinco anéis é unidade, o super-herói Capitão Planeta surge para auxiliá-los no combate. Por fim, recentemente, um filme de ficção científica ganhou grande destaque, usando-se também da proteção ambiental como ambientação. 38 Imagem 8: Filme Avatar. Fonte: http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-avatar/ O filme “Avatar”, imagem 8, se passa no ano de 2154, quando o homem, com uma tecnologia avançada, consegue viajar entre planetas distantes. Assim, ele chega ao planeta Pandora, onde existe uma pedra muito valiosa que os humanos cobiçam. Porém, eles entram em conflito com o povo nativo, os Na’Vi, que estão dispostos a defender seu habitat da destruição humana. - Personalidade: A personalidade é o que determina a forma de agir, os padrões de ação e pensamento do personagem. Essas características podem estar apresentadas nas expressões faciais, postura e movimentos do personagem. “Todo designer que já criou ou se dedica a criar personagens deve saber que a característica mais importante é a personalidade.” (CARSON, 2011, p. 41). Mesmo que o público não tenha claro certos aspectos da personalidade de um personagem, a definição dessa característica é fundamental para o designer, pois é através dela que todas as outras características serão definidas. 39 Nas histórias em quadrinho de super-heróis existem duas personalidades básicas de personagens: os do bem (heróis, mocinhos) e os do mal (inimigos bandidos). Mas ao ver separadamente cada personagem, pode-e destacar personalidades mais complexas. Mesmo os heróis podem se apresentar como personagens egoístas, obsessivos, amargurados e manipuladores. Quanto aos inimigos podem ser personagens engraçados, atrapalhados e bisonhos. Imagem 9: Equipe Rocket. Fonte: http://www.pokemon.com/br/ Como exemplo de vilões atrapalhados pode-se citar a Equipe Rocket, imagem 9, do desenho animado Pokémom. Essa turma possui o objetivo de roubar os mais raros pokémons, mas seus planos sempre falham devido a suas idéias bizarras e seus desentendimentos. - Biótipo: Trata-se das características da parte física do personagem, o formato e proporções do seu corpo, sua barba, cabelo, pele, olhos, sexo e 40 todas as outras características físicas. Lopes oferece uma dica para a construção do biótipo O designer pode se beneficiar de características físicas de outros animais para a criação de personagens [...]. Podem-se criar homens à semelhança de ursos para demonstrar sua força, ou doninhas para exaltar sua flexibilidade e agilidade. (LOPES, 2009, p.26) Imagem 10: O centauro e a sereia. Fonte: http://smartkids.com.br/. O centauro e a sereia, imagem 10, são personagens típicos da crendice popular. O primeiro é a mistura da figura masculina com pernas de um cavalo e a segunda a figura feminina com cauda de peixe. Normalmente, os personagens são divididos em duas naturezas básicas: masculino e feminino. E, no mais, existem várias espécies de personagens: humanos, andróides (robôs com aparência humana), mutantes, mortos-vivos, animais, objetos animados, dentre outras espécies. E todas essas espécies apresentam suas características pessoais com respeito a todas as peculiaridades do seu corpo físico (cabelos, olhos, boca, sobrancelhas, dentes, nariz, cor de pele, dentre finitamente outros). 41 Imagem 11: Personagens mutantes. Fonte: http://osmedieval.wordpress.com/2011/01/26/os-melhores-desenhos-animados Os desenhos Thundercats (esquerda) e X-Men (direita), imagem 11, apresentam personagens mutantes. O primeiro trata-se de personagens baseados em felinos, já o segundo, são seres humanos com mutações genéticas resultante de uma evolução na raça humana, que lhes conferem super-poderes. Imagem 12: Personagens extraterrestres. Fonte: http://osmedieval.wordpress.com/2011/01/26/os-melhores-desenhos-animados Dois exemplos de personagens extraterrestres, imagem 12, que marcaram gerações são Alf (esquerda) e E.T. (direita). São extraterrestres que 42 por algum acidente vieram parar no planeta Terra e fizeram amizade com alguns humanos. Imagem 13: Personagens andróides. Fonte: http://osmedieval.wordpress.com/2011/01/26/os-melhores-desenhos-animados Personagens andróides, imagem 13, são robôs com características humanas. O desenho Dragon Ball possui vários personagens andróides, entre eles estão o Andróide 16 (esquerda) e a Andróide 17 (direita). - Vestimenta: É o conjunto de objetos que o personagem carrega, suas roupas, jóias, armas, tatuagens, cicatrizes e equipamentos. Estes objetos precisam apresentar relação com aspectos relativos à profissão, hobbies, esporte, nível social do personagem, dentre outros. Segundo Lopes esta é uma característica muito importante, pois pode oferecer dicas a respeito do enredo escolhido. “um personagem portando um florete e vestindo um uniforme de mosqueteiro, muito provavelmente exibirá um estilo de luta similar à esgrima.” (LOPES, 2009, p. 26) 43 Imagem 14: Robin of locksley. Fonte: http://cucomaluco.deviantart.com/ No desenho de Robin Hood, imagem 14, pode-se ver, através das vestimentas, que o personagem pertence à uma época antiga, talvez Idade Média. E, por carregar flechas e arco, entende-se que se trata de um arqueiro. - Cores: As cores de um personagem podem indicar características do psicológico, do físico, e da relação hierárquica de um personagem. Dentro de um jogo um personagem de cor vermelha pode indicar ser mais forte que outro personagem vestido de azul, ou que o personagem está um nível a cima da evolução. Segundo Dondis (1997, p. 64 apud LOPEZ, 2009, p. 27), a cor é uma das mais marcantes experiências visuais, impregnada de significados simbólicos e o elemento do processo visual mais estreitamente associado às emoções. Para entender como transmitir essas informações é importante compreender os significados das cores. Diferentes culturas atribuem às cores diferentes significados. Como exemplos a cultura islã ao representar os elementos da natureza por um grupo de cores. “O grupo de quatro compreende o verde, o amarelo, o azul e o 44 vermelho. Cada um deles é associado com um elemento: verde é água, amarelo é ar, azul é terra e vermelho é fogo.” (p. 14). Diferente da cultura ocidental que está habituada a representar a terra pelo marrom, a floresta pelo verde e a água ou o ar pelo azul. O significado de uma cor acontece no momento que um grupo de pessoas passa a aceitar os significados que lhe são atribuídas. E esses significados podem se contradisser dentro de uma mesma cultura. “o sinal vermelho do semáforo significa „pare‟ porque é isso que concordamos que significa [...] mas ninguém interpreta um carro vermelho como um sinal para parar. Na realidade, o vermelho do carro tende a implicar velocidade e poder.” (p. 14). Ainda assim, a teoria das cores trás os significados das cores, o que auxilia muitos profissionais no momento da escolha de suas paletas de cores. O quadro a seguir, quadro 1, trás algumas definições: Prata Dourado Vermelho Verde Azul Turquesa Luar, alquimia, poderes espirituais, qualquer coisa fluida (mercúrio) e misteriosa. Intelecto, harmonia e autoconhecimento (espelhos). Como o dourado, esta “cor” depende da textura para diferenciar-se, digamos, do cinza. Uma das cores percebidas do sol e a cor tradicional do dinheiro. Uma cor preciosa, magnificante, que evoca sentimentos de segurança e abundância. Uma cor quente, viscosa, que faz as pessoas se sentirem relaxadas. Paixão, perigo, raiva, amor, sexo, poder – o vermelho evoca qualquer tipo de sentido forte. Segundo o misticismo indiano e os terapeutas holísticos, o vermelho é a cor do mais baixo dos sete chacras, ou centros de energia: o que significa na base da espinha dorsal. Natureza, sorte, renovação, novos começos (mudas, plantas) oxigênio, dinheiro, prosperidade, cura, emprego, fertilidade, sucesso, saúde, harmonia. Calma, frialdade, serenidade (a Virgem Maria), introspecção, sabedoria, solidão, espaço, verdade, beleza, cálculo, frigidez. Segundo o guru britânico David Icke, turquesa é a “cor mística do universo”. Do ponto de vista emocional, o turquesa está ligado com sentimentos de exaltação, 45 Marrom generosidade, riquezas e expansividade. O turquesa está para o prata, assim como o púrpura está para o dourado. Terra, madeira, solidez, estabilidade, calor. É dominado pelo vermelho (fogo), mas complementa o verde ou azul. Quadro 1: Associações tradicionais da cor. Fonte: FRASER; BANKS, 2007. -Postura: Organiza a linguagem corporal do personagem, trás indicações quanto à personalidade, intenções do personagem, grau de conforto com a situação, problemas físicos, entre outros. Além de determinar a forma dos seus movimentos. Imagem 15: Aquaman. Fonte: http://www.alexrossart.com/artforsale.asp?sc=ARZZ1 Na imagem 15 visualizam-se as posições do personagem, como é sua postura no momento em que está nadando, defendendo-se, agachado, dentre outros movimentos. As posições do personagem definem sua personalidade uma vez que suas ações demonstram conceitos ligados à sua essência. 46 - Expressão facial: Possui o mesmo nível de importância que a postura. “É através dela que temos os maiores indícios do pensamento, opinião ou sensação do personagem.” (LOPES, 2009, p. 28). Olhos semi fechados e um sorriso podem indicar que o personagem está apaixonado, boca aberta e olhos fechados dão a indicação de cansaço e sono, e assim por diante. Imagem 16: Pernalonga. Fonte: http://www.leo-lopes.com/index.php/blog/as-nove-dimensoes-do-design-depersonagens Na imagem 16, pode-se ter uma visualização de várias expressões faciais do personagem Pernalonga, expressões que indicam alegria, dúvida, descanso, raiva, entre outras. - Movimento: Possui relação com a versão animada da postura. “É ele que indica a velocidade, agilidade, força, desenvoltura do personagem. Guarda neste aspecto, portanto, relação maior com a dimensão do Biótipo.” (LOPES, 2009, p.28). 47 Imagem 17: Year of the rabbit. Fonte: http://shy-attitudes.deviantart.com/gallery/#/d37macf Pode-se perceber, na imagem 17, que a autora desenhou vários casos de movimentos do personagem dela. Prevendo os movimentos ativos e os de descanso do coelho. Pode-se perceber uma flexibilidade nos movimentos o que ajuda a indicar que o coelho, neste caso, é um personagem muito ágil. - Voz: Este é um item mais direcionado a personagens de jogos e até desenhos animados, que são situações que possibilitam o uso de sons. O timbre, volume e velocidade da voz dão indícios da opinião, sensação e sentimentos do personagem. Como pode indicar a idade e o sexo do mesmo. 2.5 MEIO AMBIENTE Mesmo estando tão presente nas discussões atuais, o conceito de meio ambiente ainda está pouco esclarecido na mentalidade social. Muitos ainda acreditam que meio ambiente é assunto relativo a florestas, animais, plantas e outros elementos pertencentes à natureza selvagem. E que a ligação e 48 dependência do homem à natureza pertence somente ao universo de populações tradicionais como índios, quilombolas, ribeirinhos, etc. No entanto, este pensamento é muito limitado ao que se refere ao conceito de meio ambiente. Naime (2010) explica que o meio ambiente é o conjunto de relações entre o meio físico, biológico e antrópico. Tocar numa pedra, na água ou no solo é tocar num elemento ambiental do meio físico. Tocar uma planta, um animal, é tocar num elemento do meio biológico. Tocar numa plantação, num produto industrializado ou num depósito de resíduos sólidos (lixo) é tocar num elemento do meio antrópico ou sócio econômico. (NAIME, 2010) Então, ao conceito de meio ambiente estão englobados todos os elementos que compõe os espaços e a relação do homem com eles. Não apenas os elementos da natureza, mas também, aqueles que compõem o espaço urbano. Por um lado, ambiente é o meio de onde a sociedade extrai os recursos essências à sobrevivência e os recursos demandados pelo processo de desenvolvimento sócio-econômico. Esses recursos são geralmente denominados naturais. Por outro lado, o ambiente é também o meio de vida, de cuja integridade depende a manutenção de funções ecológicas essenciais à vida. [...] É nítido, então, que o conceito de ambiente oscila entre dois pólos – o pólo fornecedor de recursos e o pólo meio de vida, duas faces de uma só realidade. (SÁNCHEZ, 2008, p.21) A relação que as pessoas mantêm com suas casas, bairro ou com os seus espaços de trabalho, faz parte do tema meio ambiente. Essa relação diz respeito também à forma como se utilizam desses espaços, como o preservam e retiram dele recursos para as suas vidas. Esses aspectos também fazem parte dos interesses sobre meio ambiente. Até mesmo ao que é relativo à cultura está inserido no conceito. Segundo Calil (2003) existem quatro significativas divisões dentro da temática 49 meio ambiente, seriam elas: meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. O primeiro, chamado de meio ambiente natural, “ou físico, engloba ar, água, solo, subsolo, flora e fauna.” (CALIL, 2003). Este é o ambiente em que vem à mente quando falamos sobre o assunto. E juntamente com esse cenário surge a preocupação da preservação e reconstrução desses ambientes. “Ao lado do meio ambiente natural, temos o meio ambiente construído, ou artificial, aquele produzido pela ação do homem ao transformar a natureza: as cidades” (CALIL, 20003). Este é o ambiente em que grande parte da população está inserida. Até mesmo as sociedades mais tradicionais, como algumas tribos indígenas, pois em algum momento eles transformam seus espaços, para poderem construir suas aldeias. Algumas cidades começaram a ser construídas dentro de um planejamento. Houve uma preocupação em determinar os espaços destinados à construção de fábricas, residências, espaços para o trânsito de veículos, pedestres e meios alternativos de locomoção. Áreas arborizadas foram preservadas, permitindo espaços para o lazer da sociedade. Esse planejamento proporciona à sociedade um ambiente sadio de vida. Ao contrário de um meio ambiente mal planejado ou sem nenhum planejamento, que contribui para que a sociedade interaja com um ambiente hostil e, muitas vezes, agressivo. Isso pode “levar ao abandono e descaso e, não rara vezes, à agressão para com o espaço público”. (CALIL, 20003). Tem-se, então, o meio ambiente cultural que se constitui do patrimônio cultural de um povo. [...] e este conceito engloba, segundo definição da própria Constituição da República Federativa do Brasil, o que faz 'referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. A preservação e 50 a valoração da cultura de um povo implicam, em última instância, na preservação e valoração deste próprio povo. (CONSTITUIÇÃO apud CALIL, 2003). Aqui, começa-se a entender que todas essas divisões estão, na verdade, ligadas em um todo, o meio ambiente cultural possui suporte no meio ambiente artificial, ou seja, aquele construído pelo homem. A forma como esse espaço artificial é construído, preservado e utilizado pela sociedade forma sua cultura. E a relação do homem com o espaço natural, a forma como ele respeita e extrai desse meio seu suprimento de vida. Todas essas formas de relações, juntamente com a próxima que é o meio de trabalho, formam a cultura de uma sociedade. Por fim, o meio ambiente de trabalho, este envolve [...] as instalações físicas do local (ventilação, iluminação natural ou artificial, ruídos, móveis, maquinário etc.) que devem oferecer um ambiente saudável para a prestação do serviço, bem como deve ser minimizada a possibilidade de contato com qualquer agente químico ou biológico que traga riscos à saúde do trabalhador. (CALIL, 2003) A relação que as pessoas possuem com o seu meio ambiente de trabalho traduz muito da sua cultura, sua forma de produção e de instalações traduzem uma sociedade agrária, primitiva ou moderna e tecnológica. Como também traduz a sua relação com o meio ambiente natural, se há uma preocupação de preservação ou apenas de extrair o máximo das riquezas encontradas. Enfim, todos estes meios possuem elos e dependem um dos outros. Ambiente não se define “somente como um meio a defender, a proteger, ou mesmo a conservar intacto, mas também como potencial de recursos que permitem renovar as formas materiais e sociais do desenvolvimento”. (Godard, 198, p.7 apud Sánchez, 2008, p.21). 51 2.5.1 Proteção ambiental O meio ambiente é o meio de sobrevivência e crescimento da sociedade humana. Quando uma pessoa possui o conhecimento sobre o meio onde ela está inserida, e compreende a dependência que a sua sobrevivência tem daquele meio, esta pessoa passa a zelar dessa relação de aproveitar o potencial de recursos daquele ambiente, mas protegendo a sua capacidade de reposição desses recursos. Por isso, a preocupação de proteção quando se fala em meio ambiente, em especial, uma preocupação de proteção com o meio natural, principal fonte de recursos para o ser humano. E essa preocupação cresce à medida que a capacidade de intervenção na natureza pelo homem cresce. Todo ser humano preza por sua qualidade de vida, e esta está condicionada à proteção ambiental, pois as condições responsáveis pela qualidade de vida incluem desde uma boa remuneração, educação, como uma habitação fornecida de saneamento básico, a saúde sustentada por um ar saudável, uma água potável, comida livre de agrotóxicos, e outros fatores ligados a proteção da natureza. “Estudos afirmam que a relação entre o crescimento populacional e o uso de recursos do planeta já ultrapassou em 20% a capacidade de reposição da biosfera e esse déficit aumenta cerca de 2,5% ao ano.” (ALMANAQUE, 2007, p. 33). Isto significa que a fonte natural de obtenção dos recursos como alimento, medicamentos e outros materiais importantes à sobrevivência humana está se esgotando. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) afirma que todos têm o direito ao meio ambiente equilibrado, e que o mesmo é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. E, como regra, direitos e deveres andam juntos. Contudo, é preciso ter a consciência de que não cabe somente ao Estado os deveres de proteção dos meios ambientes. Mas dos cidadãos também. “Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um 52 importante papel a desempenhar”. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA, p.180) Existem ações básicas e muito simples que ajudam a preservar o ambiente, gastando menos energia, produzindo menos lixo e emitindo menos carbono na atmosfera. Dentre estas ações, Cararo (2005, p. 60-63) apresenta uma tabela, ver anexo A, com 10 simples ações que afetam toda uma cadeia de relações. São elas: Usar móveis de madeira; Tampar as panelas no momento de preparar alimentos ou ferver a água; Evitar o uso de plásticos e vidros; Tomar banho pela manhã ou fora dos horários de maior consumo de água; Usar sistemas online para pagamento de contas; Preferir esquentar líquidos usando resistências elétricas no lugar de fogão e microondas; Usar a água da lavadora de roupas para regar o gramado; Preferir consumir alimentos de fabricação e cultivo local; Pintar o telhado de branco; Tomar água da torneira. São apenas 10 atitudes, no entanto estão ao alcance de muitas pessoas, principalmente daquelas que moram em grandes centros urbanos. E estas atitudes podem ser complementadas, como a troca dos automóveis por meios de transportes alternativos, como o uso das bicicletas. E esta é uma atitude que vem ganhando adeptos em todo o mundo. Pode-se citar o exemplo do Movimento Massa Crítica, este movimento começou em setembro de 1992 em São Francisco nos Estados Unidos, O primeiro evento atraiu 60 ciclistas, e esses números dobraram por vários meses conseguintes. A Massa Crítica continuou a crescer em São Francisco, reunindo mais de 400 ciclistas a cada mês, com um recorde de mais de 1000 em outubro de 1993, e também se espalhando para outras cidades. Com bicicletadas (sic) independentes surgindo por todo lugar, a Massa Crítica começou a 53 tomar a forma de um movimento espontâneo, descentralizado e de grande escala! (MASSA CRÍTICA, 2010) O movimento começou com a vontade de alguns, pois estes estavam cansados do desrespeito que sofriam no trânsito por causa do sentimento de superioridade dos motoristas de carros, caminhões, ônibus e outros automóveis. E ganhou, a cada encontro, mais adeptos dentre estes entregadores, esportistas, pessoas a procura de uma atividade de lazer e também aqueles que desejam mudanças no modo de pensamento atual, onde o automóvel é visto como um objeto de desejo e, pode-se dizer, de poder. A Massa Crítica é uma celebração da bicicleta como meio de transporte. Acontece quando dezenas, centenas ou milhares de ciclistas se reúnem para ocupar seu espaço nas ruas e criar um contraponto aos meios mais estabelecidos de transporte urbano. (MASSA CRÍTICA, 2010) Hoje, este movimento conta com um grande número de adeptos nas capitais São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Imagem 18: Panfleto do Massa Crítica. Fonte: http://massacriticapoa.wordpress.com/ 54 No geral a movimentação acontece em todas as últimas sextas-feiras do mês, imagem 18, quando pessoas se reúnem nas avenidas de suas cidades para praticar o ciclismo e, consequentemente, exercitar um trânsito mais humano e respeitável. Inspirado neste movimento existe no Brasil e em Portugal, o movimento Bicicletada. A Bicicletada serve para divulgar a bicicleta como um meio de transporte, criar condições favoráveis para o uso deste veículo e tornar mais ecológicos e sustentáveis os sistemas de transporte de pessoas, principalmente no meio urbano. (BICICLETADA, 2010) Com os mesmo princípios do Massa Crítica, o Bicicletada possui adeptos em 24 estados do Brasil, em suas capitais e principais cidades. A atitude de usar a bicicleta, ou qualquer outro veículo de tração humana, no lugar dos automóveis é uma ação de grande peso na questão de proteção ambiental. Pois ela pode aliviar os congestionamentos das cidades em seus horários de pico, consegue diminui a poluição atmosférica e sonora, além de trazer benefícios à saúde humana através da prática de uma atividade física. E, claro, está ao alcance de muitas pessoas, bastando apenas a sua conscientização acerca destes benefícios. 55 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN Neste capítulo serão apresentadas as metodologias escolhidas para o projeto e serão explicadas todas as etapas das mesmas aplicadas ao projeto até a fase de verificação das alternativas. 3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN O que diferencia o design da engenharia, da arte e de outras atividades criativas é a sua metodologia de projeto. Metodologia trata-se de uma sequência organizada de etapas interligadas que apresentam os desdobramentos do projeto. A escolha da metodologia de projeto deve levar em consideração a sua função, que é a orientação do estudo e aplicações das ferramentas de desenvolvimento no trabalho de design. A metodologia de projeto de design “se destina especificamente ao estudo e aplicação de métodos na solução de problemas específicos e concretos ligados às necessidades humanas, sejam estas tangíveis ou não.” (SANTOS, 2005, p. 13). Segundo Munari (1998, p. 10) “O método de projeto não é mais do que uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência. Seu objetivo é o de atingir o melhor resultado com o menor esforço”. Então, como metodologia de projeto para este trabalho serão adaptadas duas metodologias, uma sendo o método de Munari e a segunda a metodologia apresentada por Lopes. A metodologia de Munari foi escolhida por ser uma metodologia flexível e de fácil aplicação, permitindo adaptações no decorrer do trabalho. “O método de projeto, para o designer, não é absoluto nem definitivo; pode ser modificado 56 caso ele encontre outros valores objetivos que melhorem o processo”. (MUNARI, 1998, p. 11). Juntamente à metodologia de Munari será aplicada a metodologia proposta por Lopes, nomeada de Nove Dimensões do Design de Personagens, destinada ao desenvolvimento de personagens. A metodologia do Munari é, inicialmente, dividida em doze etapas e cada uma delas recebe como título a abreviatura da fase. Ela inicia na fase de problema (P), segundo o autor são as necessidades que originam um problema de design (1998, p. 30). Havendo esse problema inicial é importante realizar a definição do problema (DP), para compreender toda a dimensão e limitações do problema, para então passar a fase da ramificação dos componentes do problema (CP), “Essa operação facilita o projeto, pois tende a pôr em evidência os pequenos problemas isolados que se ocultam nos subcomponente.” (MUNARI, 1998, p. 36). Essa ramificação exige do design a coleta dos dados (CD), de todas as informações referentes a estes componentes. Todas as informações coletadas devem passar pela análise dos dados (AD), essa análise pode oferecer indicações importantes, como sugestões acerca do que não se fazer para projetar a solução. Estando equipado com todas estas informações o designer pode passar a fase da criatividade (C). “Será precisamente a criatividade que substituirá a idéia intuitiva. A qual está relacionada ao modo artístico-romântico de resolver um problema. [...] a criatividade mantém-nos nos limites do problema.” (MUNARI, 1998, p. 44) A operação seguinte é a coleta de informações acerca dos materiais e tecnologias (MT) disponíveis e convenientes ao problema trabalhado, assim, chega-se a fase da experimentação (E). “É nesta altura que o projetista irá experimentar os materiais e as técnicas disponíveis para o seu projeto. [...] Pela experimentação, no entanto, podem-se descobrir novas aplicações para material ou instrumento.” (MUNARI, 1998, p. 48) Feitas todas as experiências possíveis tem-se os modelos (M). “Podemos agora começar a estabelecer relações entre os dados recolhidos, tentar agrupar os subproblemas e elaborar alguns esboços para a construção dos modelos parciais.” (MUNARI, 1998, p. 50). Então, é nesta fase em que resultados podem começar a serem definidos e melhorados. Existindo estas 57 definições apresenta-se a fase da verificação (V), para então, serem feitos os desenhos construtivos (DC). Agora sim, pode-se afirmar que para o problema apresentado foi encontrada uma solução (S). Assim, tem-se um fluxograma de etapas que segue a seguinte ordem: Fluxograma 1: Metodologia Bruno Munari. fonte: o autor. O Fluxograma 1 apresenta as principais fases em que este projeto estará orientado. Algumas dessas fases subdividem-se componentes, como será explicado no decorrer do trabalho. em outros 58 Quanto ao método proposto por Lopes (2009), esta se divide em nove etapas. São, na verdade, nove itens que precisam ser observados pelo designer durante a construção de um personagem. O método, segundo o autor, é “suporte criativo para a elaboração de personagens pelo uso de traços específicos que remetam às características requisitadas.” (LOPES, 2009, p. 7) O fluxograma a seguir apresenta as etapas dessa metodologia: Fluxograma 2: Metodologia Lopes. Fonte: o autor O fluxograma 2 apresenta todas as fases de caracterização proposta por Lopes. Desde a história de fundo, as características físicas e psicológicas até os objetos que os envolvem. 59 Unindo as duas metodologias de forma a adaptá-las a este projeto, consegue-se o seguinte fluxograma: Fluxograma 3: Metodologia adaptada. Fonte: o autor. 60 O fluxo grama 3 apresenta as duas metodologias adaptadas ao projeto, sendo que a metodologia de Lopes aparece na fase de criatividade, no momento de serem pensadas as características de cada personagem. 3.2 PROJETO DE DESIGN Aplicando a metodologia de Munari e de Lopes a este projeto, tem-se o fluxograma 4, com todos os passos a serem seguidos para o desenvolvimento deste projeto, desde a definição do problema até a apresentação da solução encontrada e cada fase com as suas subdivisões. 61 Fluxograma 4: Metodologias aplicadas ao projeto. Fonte: o autor. 62 Assim, tem-se um fluxograma de trabalho, fluxograma 4, que se inicia pela definição do problema para então ter toda a listagem dos componentes desse problema para poder dar inicio a fase de coleta de dados. Feita esta coleta de todas as informações são analisadas e processadas de forma a dar um primeiro direcionamento ao trabalho. Com essas primeiras direções dá-se inicio à fase da criatividade, onde serão gerados quadros imagéticos que receberão uma leitura visual para ser aplicado o método de geração de alternativas. Após as gerações de alternativas será aplicada a metodologia de Lopes que também sofreu uma adaptação. Como este projeto propõe a criação de personagens de brinquedos inanimados, as características a serem determinadas para eles resumem-se em: história de fundo, personalidade, biótipo, vestimenta, cores, postura e expressão facial. Havendo a definição das características dos personagens passa-se para a etapa da definição dos materiais e tecnologias, para serem feitas as experimentações e desenvolvimento dos modelos. Esses modelos passam pela etapa de verificação, onde será determinado se todas as escolhas estão de acordo com a proposta do projeto. Estando tudo acertado são feitos os desenhos construtivos para a apresentação da solução do problema inicial. 3.2.1 Problema O problema deste projeto de design parte da necessidade de desenvolver uma linha de personagens de brinquedo. 3.2.2 Definição do problema 63 O objetivo deste projeto de design é o desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedo de forma que comuniquem os conceitos da proteção ambiental, usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo. A importância de trabalhar conceitos da proteção ambiental está na intenção de difundir a conscientização acerca dos hábitos que podem ser adquiridos pelo público da marca e se tornarem em ações diárias focadas na busca por uma melhoria na qualidade de seus ambientes. 3.2.3 Componentes do problema Os componentes do problema são os subproblemas que compõem o problema inicial. Quando estes elementos são colocados de forma individual, o designer pode ganhar uma visão ampliada e completa do problema principal. Assim, tem-se o seguinte fluxograma: Fluxograma 5: Componentes do problema. Fonte: o autor. 64 O fluxograma 5 ilustra todos os itens que compõem este projeto. Ao que diz respeito à marca Kinder Ovo é importante entender um pouco sobre o histórico da marca, seus aspectos mercadológicos, seus conceitos e valores, sua responsabilidade ambiental e o seu público. Também é fundamental para este projeto compreender o universo a cerca dos brinquedos surpresas da marca, seus componentes e materiais. É importante, também, pesquisar sobre processos produtivos de brinquedos e processos de pintura utilizados pela indústria atualmente. E como a base de pesquisa está centrada no tema da proteção ambiental, é significativo pesquisar materiais alternativos, que vão de encontro com o conceito de proteção. E a coletar dados sobre a forma como o públicoalvo está recebendo informações sobre o tema da proteção ambiental, através de seus programas de televisão. 3.2.4 Coleta de dados É nesta etapa, coleta de dados, que todos os componentes do problema separados na fase anterior serão pesquisados basicamente através de material bibliográfico e documental. 3.2.4.1 Kinder Ovo e seu histórico A Kinder Ovo é uma marca pertencente à linha Kinder, da marca Ferrero. A empresa Ferrero começou suas atividades na cidade de Alba, Itália, em 1942, pelo casal de confeiteiros Piera e Pietro Ferrero que transformaram sua doceira em uma fábrica. Os “primeiros e decisivos passos se devem aos produtos „inventados‟ por Pietro Ferrero e seu filho Michele, que era então 65 muito jovem. Outro fator importante para o sucesso foi a eficaz rede de vendas organizada por Giovanni. (FERRERO BRASIL, 2011) O primeiro produto de sucesso da família Ferrero aconteceu durante a crise vivida pelo país após a Segunda Guerra Mundial, “o país atravessava uma grande crise econômica e social e a população precisava de produtos a preços acessíveis, porém havia poucos recursos e também era observada escassez de chocolate”. (DUBEUX; KAMLOT, 2010) Isso levou Pietro a desenvolver uma pasta de avelã, produto abundante no noroeste da Itália. Essa pasta, chamada de pasta Giandujot, foi a antecessora do atual creme Nutella. O grande responsável pelo crescimento da Ferrero foi o filho de Pietro, Michele Ferrero. Com idéias e o desejo de fazer e criar novos produtos, “ele foi o primeiro fabricante italiano a abrir fábricas e escritórios no setor de doces no exterior após a II Guerra Mundial, transformando sua empresa em um grupo verdadeiramente internacional”. (FERRERO BRASIL, 2011) 3.2.4.1.2 Aspectos Mercadológicos Iniciando suas atividades na cidade de Alba, Itália, o grupo Ferrero começou sua internacionalização pela Alemanha, em 1956 e depois na França, em 1959. Assim, aos poucos seus produtos foram entrando em outros países europeus. “Atualmente Ferrero dispõe de 37 sedes comerciais e de 15 unidades de produção localizadas principalmente na Europa, na América do Norte e do Sul e no Sudeste da Ásia.” (FERRERO BRASIL, 2011). São muitos os produtos oferecidos pelo Grupo Ferrero, e em cada país é comercializado uma parte dessa linha. Dentre suas principais linhas podem ser destacadas: Ferrero Rocher, Kinder, Nutella, TicTac, Estathé (chá), Tonus, Hanuta, MonChéri, Giotto, Yogurette, dentre outras. 66 No Brasil a empresa está presente desde 1994, quando foi introduzido o Kinder Ovo. Imagem 19: Produtos Ferrero. Fonte: Ferrero Os produtos da Ferrero, imagem 19, que estão em destaque no mercado brasileiro atualmente, são as pastilhas Tic-Tac, o creme Nutela, os chocolates Ferrero Rocher, e os chocolates da linha Kinder: Kinder Chocolate, Kinder Bueno, Kinder Joy e Kinder Ovo. Há também o Kinder Ovo Maxi e Kinder Ovo Magic, não presentes na imagem. Toda essa expansão de mercado e de produtos rende ao grupo boas margens de lucro. Segundo relatório referente ao exercício encerrado em 31 de agosto de 2010, o grupo chegou a um “volume de negócios de 6.617 milhões de euros, registrando um aumento de 4,3% com relação ao período precedente, e obteve um lucro antes do pagamento dos impostos de 893 milhões de euros.” (FERRERO BRASIL, 2011). 3.2.4.1.3 Conceitos e valores Dentro do seu entendimento de missão, a Ferrero escalou algumas palavras-chave para resumir seus conceitos e valores: “Alta qualidade, 67 precisão artesanal, frescor dos produtos, seleção criteriosa das melhores matérias-primas, respeito e consideração pelos nossos clientes”. (FERRERO BRASIL, 2011). A Ferrero busca, constantemente, a máxima em relação a qualidade de seus produtos pra ter como resultado a confiança e lealdade de seus consumidores. A Ferrero é, hoje, uma marca global. Seus produtos são encontrados nos cinco continentes e isso impõe ao grupo uma forte preocupação de ordem social com as comunidades locais onde ela está inserida. “Ferrero também significa se preocupar com a higiene, o meio ambiente, as questões sociais e as comunidades locais onde a empresa está presente, assim como seus próprios recursos humanos”. (FERRERO BRASIL, 2011). Mas apesar dessa propriedade global a marca está centrada em um ponto chave que é seu consumidor. “A relação da Ferrero com seus consumidores é baseada na confiança mútua e duradoura construída ao longo dos anos com competência, experiência, compreensão e intuição. Esta é uma medida do interesse da Ferrero na necessidade do consumidor, e é um fator fundamental do sucesso da empresa.” (FERRERO BRASIL, 2011). 3.2.4.1.4 Responsabilidade ambiental Seguindo as preocupações atuais de sustentabilidade, responsabilidade social e proteção ambiental, é importante, ao trabalhar com uma marca, entender quais são as suas responsabilidades e planejamentos perante essas questões globais. E como este projeto visa a comunicação de conceitos da proteção ambiental, é justificável entender como o grupo Ferrero se posiciona perante estas questões. 68 Dentre as ações referentes ao meio ambiente, o grupo Ferrero compromete-se a usar métodos ecologicamente corretos em todas as suas células. Para isso, suas atuações estão pontuadas em: - organizamos projetos e programas operacionais que respeitem o meio ambiente em todos os campos em que atuamos; - administramos nossas fábricas usando energia, materiais, e recursos naturais de maneira eficiente, com o objetivo de reduzir seu impacto ambiental, reduzindo lixo e resíduos e, quando possível, usando fontes de energia renováveis. - estamos cientes do fato de que a conservação da quantidade e qualidade da água não é apenas um problema ambiental, mas um desafio que todo o sistema agrícola, econômico, e social enfrenta. Portanto, estamos comprometidos com a gestão responsável dos recursos hídricos; - estabelecemos os nossos objetivos ambientais e comprometemo-nos a medir o progresso que fizemos; - estamos comprometidos a educar nossos parceiros para que os princípios listados acima sejam seguidos por toda parte e por todos os escalões da nossa organização. Quadro 2: compromissos com o meio ambiente. Fonte: Ferrero Brasil. É entendido, conforme quadro 2, que o grupo Ferrero procura ter uma conduta alinhada às idéias de proteção ambiental. Isso leva a entender que uma proposta de usar, em suas linhas de brindes da Kinder Ovo, um material menos agressivo ao ambiente pode ser bem aceita. 3.2.4.1.5 Público da Kinder Ovo Analisando vídeos comerciais da marca, fica evidenciado que o públicoalvo da marca Kinder Ovo são as crianças, pertencentes às classes sociais A, B e C, na faixa de idade dos 4 a 10 anos. 69 Nos vídeos aparecem crianças alegres, animadas, criativas, bem relacionada com seus pais, irmãos e amigos. Percebe-se, também, que elas vivem em ambientes de uma família bem estruturada, com pais protetores, atenciosos e desejosos de ter uma relação saudável e amorosa com seus filhos, o que lhes proporciona condições de brincar, desenvolver sua criatividade, relações sociais e personalidade. Imagem 20: Quadro Público-Alvo. Fonte: o autor. Em grande parte, são crianças, imagem 20, que estudam em escolas particulares, estão matriculadas em cursos extraclasse, viajam com a família, 70 vivem em áreas urbanas, estão acostumadas com tecnologias como computadores, vídeo games, celulares, filmes em 3D, entre outras, pois, no geral, suas casas são bem equipadas tecnologicamente. Elas também têm acesso a canais pagos de televisão, e, provavelmente, são telespectadoras de canais com conteúdo direcionado a crianças, como: Discovery Kids, Cartoon Network, Disney XD, Mundo Nick, Canal Futura, Boomerang, dentre outros. 3.2.4.1.6 Componentes do produto O Kinder Ovo, imagem 21 a baixo, é um chocolate feito a base de leite, comercializado desde 1974 no formato de um ovo, que contém um brinde surpresa em seu interior guardado por uma cápsula amarela, uma referência à gema do ovo. A idéia do produto baseou-se no ovo de Páscoa, com os fortes valores funcionais e psicológicos. A proposta era oferecer às crianças os três desejos fundamentais: o benefício nutricional do chocolate Kinder, um pequeno brinquedo e a magia de uma surpresa. (Kinder Ovo, 2006) Imagem 21: Kinder Ovo com surpresa. Fonte: o autor. 71 Desde o lançamento do produto já [...] desenvolveram-se mais de 8.000 surpresas e venderam-se no mundo inteiro mais de 30 bilhões de unidades. Cada ano cria-se mais de cem jogos e gadgets novos, com uma procura contínua de materiais novos e de mecanismos engenhosos: um estímulo contínuo não somente para a fantasia e a criatividade, mas também para o desenvolvimento de importantes capacidades tais como a lógica e a coordenação. (FERRERO PORTUGAL, 2011) As surpresas do Kinder Ovo são divididas em séries com uma temática. Essas temáticas podem ser filmes, desenhos animados, jogos, períodos históricos, animais, carros, atividades cotidianas, esportes, dentre outros temas. Esses brinquedos também podem seguir temáticas do país onde eles são comercializados. Como exemplo, uma série especial lançada no Japão, em que os personagens eram baseados nos jogos de vídeo-game da Nintendo. Imagem 22: Surpresa do Kinder Ovo do filme Shrek. Fonte: o autor. A imagem 22 trás como exemplo os personagens do filme Shrek (esquerda), e personagens inéditos (direita). 72 Imagem 23: Personagens numa ação. Fonte: o autor. Freqüentemente, pode-se encontrar nos brindes da Kinder Ovo uma linha de personagens ambientados numa atividade e nessa atividade os personagens interpretando suas ações particulares relacionadas à história de fundo. Como exemplo, na imagem 23, onde os coelhos (esquerda) interpretam ações individuais dentro das possibilidades de atuações que envolvem a prática do esquiar. Assim, pode-se ver um coelho esquiando em agilmente e outro coelho atrapalhando-se com os equipamentos, sem que suas ações sejam dependentes. No caso dos elefantes no circo (direita), cada elefante representa sua ação de mágico, palhaço ou equilibrista, sem necessariamente dependerem um do outro para compreensão da temática. E são ações passíveis dentro da temática. É possível encontrar alguns brindes com uma ligação a temática da natureza. Não especificamente sobre personagens ambientados à natureza. proteção ambiental, mas são 73 Quadro 3: Brindes Kinder Ovo meio ambiente. Fonte: o autor. Nestas coleções, quadro 3, os personagens normalmente são projetados com o biótipo de animais e plantas, mas com expressões faciais, postura e movimentos que trás à lembrança ações humanas. 74 Quanto à média de brindes desenvolvidos em cada linha, essa varia de 6 a 12 brinquedos. Imagem 24: Brindes montados. Fonte: o autor. Os brindes podem ser encontrados montados numa peça só, como na imagem 24, onde não se apresenta a necessidade de montar as peças. Imagem 25: Brindes de encaixe. Fonte: o autor. Como, também podem vir separados, como na imagem 25, exigindo que a pessoa encaixe as suas peças, seguindo uma lógica. 75 Imagem 26: Brindes gigantes. Fonte: o autor. Em relação ao tamanho dos brindes pode-se encontrar uma variação, também. Essa variação estar sujeito ao material usado. A imagem 26, trás alguns brindes referentes aos últimos brindes lançamentos pela Kinder Ovo. A idéia está em trabalhar com brindes gigantes. Para efeito de comparação dos tamanhos tradicionais com os brindes gigantes, ao centro da imagem encontrase um personagem verde. Este personagem está no tamanho tradicional, os demais, ao seu redor, são os brindes gigantes. Esses brindes gigantes possuem peças em papel ou folhas plásticas que, por serem maleáveis, facilitam sua entrada na cápsula amarela. Para a montagem dessas peças exige-se que o material seja desdobrado, no caso do gato em papel (direita) ou, então, dobrado no vinco como o caso do avestruz (esquerda) em que suas pernas e pescoço são feitos de folhas de plástico. Outros dois componentes inseridos na cápsula são duas lâminas de papel, com impressão de ambos os lados que trazem informações referentes ao brinde. 76 Imagem 27: Lâmina 1. Fonte: o autor. A primeira lâmina, imagem 27, de tamanho 12 cm x 5,5 cm, trás informações referentes à segurança no manuseio dos brindes, como recomendação de idade mínima, e avisos em todas as línguas em que o produto é comercializado alertado que as peças podem ser ingeridas ou inaladas. 77 Imagem 28: lâmina 2. Fonte: o autor. Quanto à segunda lâmina, imagem 28, de tamanho 24 cm x 5,5 cm apresenta informações sobre a montagem do brinde, quando exigido, indicações de como brincar, apresenta imagem da linha completa, informações de outras linhas de brindes e de outras temáticas produzidas no momento. A lâmina também pode ser um complemento do brinde, trazendo uma brincadeira, como a procura de uma figura dentro de uma cena, ou um suporte para a colagem do brinde, quando esse é um adesivo, por exemplo. 3.2.4.1.7 Materiais dos brindes Observando os brindes da Kinder Ovo, pode ser percebido o uso principalmente de plástico. Nas últimas linhas encontra-se o uso do papel. - Plástico: Plástico é a palavra popular usada para se referir ao polímero composto que apresenta moléculas de tamanhos diferentes, mas com as mesmas propriedades químicas (MICHAELIS, 2011). Sua origem está na refinação do petróleo, processamento de purificação, polimerização e adição de outros materiais. 78 Nas coleções de brindes da Kinder Ovo foram identificadas cinco espécies de plásticos: Acrílico, PET, PP e Nylon, este último utilizado na cobertura de alguns dos brinquedos para oferecer uma estética aveludada. As características e propriedades destes materiais estão descritos no anexo B. Contudo é importante lembrar que o material plástico ainda é um problema para a sociedade por se tratar de um material de demorado tempo para decomposição e reabsorção pela natureza, verificar anexo C. - Papel: Tão importante quanto o plástico, o papel é um artefato muito utilizado pela sociedade, tanto para o registro histórico em documentos escritos, para a divulgação de informação quanto para a produção de embalagens e demais objetos. O papel é uma invenção chinesa "e era feito a partir de uma pasta de trapos triturados de plantas, como o arroz, o bambu e a amoreira. O papel como o conhecemos hoje, feito da celulose das árvores, foi inventado apenas no século 19”. (O PAPEL...) O mercado oferece múltiplas espécies de papeis, que variam de acordo com seus componentes, como tipo de fibra, gramatura, coloração e outros. Todos estes componentes estão diferenciados no anexo D. Observando os materiais da Kinder Ovo percebe-se a utilização tanto de papeis de baixa gramatura, espessura fina quanto de papeis mais espessos. E todos utilizando uma coloração na superfície. 3.2.4.2 Processos produtivos de brinquedos O processo produtivo de moldagem por injeção é muito utilizado para a produção de brinquedos, aceitando o uso de matérias-primas termoplásticas como o PET. 79 Imagem 29: Moldagem por injeção. Fonte: LIMA (2006) O processo consiste basicamente, imagem 29, no amolecimento do material num cilindro aquecido e sua injeção, em alta pressão, para o interior de um molde frio, onde o material endurece e toma a forma final do molde, para então ser expelido automaticamente por equipamentos auxiliares. 3.2.4.3 Processos de pintura de brinquedos A indústria de brinquedos utiliza diversas técnicas para a coloração de peças plásticas. Cada escolha dependerá da resina a ser utilizada, a forma de produção da peça, a escolha da tinta, dentre outros itens. 80 As resinas termoplásticas podem receber cores através da pigmentação ou aditivos. Os pigmentos são colorantes que podem ser de origem orgânica ou inorgânica, geralmente ambas são atóxicas. Essa pigmentação ocorre antecipadamente ao processo de moldagem do objeto. A pintura de uma peça plástica deve começar com a escolha da tinta. “a seleção da tinta para cada aplicação requer considerações funcionais, ambientais e de outros requisitos de utilização para fins especiais”. (LESKO, 2004, p. 221-222). Antes da aplicação da tinta, a superfície deve ser preparada, limpando-a com uma solução de água e detergente ou com um solvente nãoagressivo, quando a aplicação de cor acontecer após a moldagem do objeto. A aplicação da tinta pode ser através de “pulverização com ar, sem ar, eletrostática e de componentes múltiplos; revestimento por cortina e por aspersão; pad transfer; e silk screen têm sido utilizados com sucesso”. (LESKO, 2004, p. 222). Quaisquer desses métodos dependerão da tinta a ser escolhida. 3.2.4.4 Materiais Alternativos Observando os brindes da Kinder Ovo, pode-se perceber o uso principalmente de plástico. Em razão disto e da intenção de se desenvolver um trabalho alinhado às premissas da proteção ambiental que foi realizada uma pesquisa sobre as novas tecnologias em plástico para o uso industrial. 3.2.4.4.1 Plásticos Alternativos A crescente preocupação com a proteção ambiental tem levado indústrias brasileiras e estrangeiras a buscarem alternativas tecnológicas e matérias-primas mais limpas e renováveis que minimizem os impactos negativos de sua atividade produtiva. E, sempre contemplando uma redução no 81 impacto ambiental, as indústrias têm investido na substituição do não-renovável pelo renovável, reciclado e/ou reciclável. A matéria-prima que tem ganhado maior atenção neste sentido é o plástico, por todo o seu impacto pré e pós-consumo e sua importância no consumo contemporâneo. Assim, já é possível encontrar no mercado produtos plásticos “com características de degradabilidade total: oxibiodegradabilidade, biodegradabilidade, compostabilidade e/ou hidrossolubilidade”. (PACK, 2005, p. 10). Para poder ter uma visão melhor das opções de plásticos alternativos já presentes no mercado, faz-se necessário comentar um pouco sobre cada classe. - Plástico hidrossolúvel: é um plástico desenvolvido à base de álcool polivinílico que se degrada em contato com a água. Sua principal aplicação está em filmes agrícolas e embalagens de produtos não alimentícios como detergentes, desinfetantes, defensivos agrícolas, sacos para lavanderias hospitalares, sacos para embalar aditivos empregados na construção civil, dentre outros. - Plástico oxibiodegradável: é um plástico ainda produzido a partir do petróleo, mas que recebe aditivos antioxidantes e pró-oxidantes que o tornam passível de se desfragmentar através da reação com o oxigênio. Segundo os especialistas, o processo de degradação demora, aproximadamente, 18 meses. Contudo, existem afirmações contrárias em relação a real degradação dessa matéria-prima. Alguns especialistas afirmam que o processo de degradação acontece até o material se transformar em carbono e água. Outros afirmam que o plástico não se degrada completamente. “O aditivo presente nas sacolas oxibiodegradáveis apenas quebra as moléculas desse material plástico em milhares de pedacinhos invisíveis a olho nu.” (SPITZCOVSKY, 2010). Ou seja, o plástico continua existindo, só em tamanho reduzido. “Esses micro-pedacinhos de plástico são compostos, também, de outras substâncias como, por exemplo, resíduos de tinta e pigmentos de 82 impressão, usados para dar cor às sacolinhas, que poluem ainda mais o meio ambiente”. (SPITZCOVSKY, 2010). E, se descartadas em rios, mares e lagos, pode causar a contaminação de animais que não estão habituados a se alimentar dessa matéria-prima. Desencadeando todo um ciclo de contaminação ao homem, também. Outra crítica a esta matéria é a sua mistura a outros plásticos no momento da reciclagem. “[...] as sacolas plásticas com aditivos prejudicam as propriedades mecânicas dos produtos reciclados quando misturadas com as sacolas plásticas convencionais (sem aditivos), pois reduzirão sua resistência, tornando-as mais frágeis e, consequentemente, aumentando seu consumo”. (FERREIRA, 2009). Por ser ainda uma tecnologia nova, o plástico oxibiodegradável demanda de mais estudos e desenvolvimento. Após esta pesquisa percebe-se que esta não é uma alternativa para as exigências de presente trabalho. - Plástico compostável: a característica do plástico compostável é que eles são capazes de se decompor biologicamente na compostagem, de tal forma que se transforma em dióxido de carbono, água, composto inorgânicos e biomassa, não deixando resíduo tóxico. - Plástico biodegradável: o plástico biodegradável tem a propriedade de ser degradável perante presença de microorganismos vivos, num ambiente com temperatura e umidade correta. As resinas mais comuns, atualmente, para a fabricação dos plásticos biodegradáveis são as resinas de amido de mandioca, cana de açúcar, milho e batata. Contudo, com o tempo e os testes os pesquisadores da área começam a perceber algumas dificuldades da matéria biodegradável de alcançar característica que a indústria atualmente precisa. Por isso, viram a necessidade de misturar os amidos naturais a polímeros de origem petroquímica, assim o plástico pode ficar mais rígido ou flexível ampliando as suas opções de uso. O material usado nessa mistura é o Ecoflex desenvolvido pela empresa química Basf. Os materiais resultantes dessa mistura são usados na produção de plásticos usados, por exemplo, na cobertura de campos para a plantação de 83 morango, no ensacamento de goiabas na fase de crescimento, para evitar o ataque de pragas, e na embalagem de mudas de plantas medicinais, em saquinhos que geralmente são retirados antes do plantio. O Ecoflex também está sendo usado pela Honda, no revestimento dos bancos dos modelos dos carros Fiat e New Civi. - Plástico verde: esta é uma categoria de plástico feito a partir de fontes renováveis. O material obtido permite a reciclagem, mas não é biodegradável. A estratégia adotada pela Braskem, oitava maior petroquímica do mundo, é usar etanol como matéria- prima. Depois de um processo de desidratação do etanol, a empresa obtém o eteno, empregado na fabricação do polietileno. É ele que a Braskem vende a outras companhias, que podem usá-lo da mesma forma que o polietileno obtido a partir do petróleo. (LEAL, 2011) Algumas empresas nacionais já estão usando o plástico verde. Ele está nos refis do sabonete cremoso Erva Doce, da Natura; na linha Sundown (protetor solar), da Johnson & Johnson; e nas peças do jogo Banco Imobiliário, da Estrela. Para ser feita a escolha dentre estas novas classes de plástico é preciso levar em consideração os objetivos de cada objeto. “Uma peça plástica que será usada por muitos anos, por exemplo, não precisa ser biodegradável, mas é importante que seja reciclável. Já uma sacola de supermercado, que provavelmente será usada para acondicionar lixo doméstico, deve ser biodegradável. (LEAL, 2011) Projeções indicam que a substituição do plástico convencional pelo degradável acontecerá 84 “[...] no segmento de embalagens de rápido e médio tempo de descarte. Não acreditamos que os plásticos convencionais serão substituídos por degradáveis para produtos onde o objetivo seja a durabilidade e com chance absoluta de serem coletados e reciclados.” (PACK, 2005, p.11) Mesmo que essa substituição seja apenas em materiais de rápido e médio tempo de descarte, já influenciará de forma bastante positiva, visto que esses objetos são os de maior consumo do ser humano. - PET reciclado: Por ser um material que apresenta elevada resistência mecânica, térmica e química, o PET oferece boas condições para a reciclagem. E já é possível encontrar vários objetos feitos a partir da reciclagem do mesmo, como roupas, cabides, edredons, travesseiros, bichos de pelúcia, embalagens para produtos de limpeza, cerdas de vassouras, réguas escolares, relógios, porta lápis e canetas, bancos de ônibus e de estádios de futebol, dentre uma variedade de outros produtos. Mesmo não contando com um sistema oficial de coleta, seleção e destinação dos materiais reciclados, ficando ao cargo de cooperativas e dos catadores individuais para fazer o serviço como forma de sustento, o volume de PET reciclado no Brasil, em 2010, “cresceu 7,6% em relação ao ano anterior. Foram 282 mil toneladas de embalagens pós-consumo que receberam destinação adequada no ano passado sobre as 262 mil toneladas registradas em 2009.” (EMBALAGEM MARCA 2011). Estes números fazem parte do 7º Censo da Reciclagem do PET no Brasil. “O Censo mostra que o Brasil dá a destinação adequada a 56% do total de embalagens PET consumidas. Esse material reciclado alimenta uma indústria diversificada, onde o maior usuário continua sendo o setor têxtil, com 38% do total reciclado. Em seguida estão as resinas insaturadas e alquídicas (19%), embalagens (17%), laminados e chapas (8%), fitas de arquear (7%), tubos (4%) e outros (7%).” (EMBALAGEM MARCA 2011) Os benefícios da reciclagem do PET são de ordem social, econômica e ambiental. Isso faz da indústria recicladora de PET, no Brasil, economicamente 85 viável, sustentável e funcional. “Seu crescimento anual constante, em média superior a 11% desde 2000, permite planejar novos investimentos – incrementados e incentivados pela criação de novos usos para o PET reciclado.” (ABIPET, 2011). 3.2.4.3.2 Desenhos animados e a proteção ambiental Desenhos animados, histórias em quadrinhos, filmes infantis são bons meios de comunicação com as crianças. E, atualmente, existem centenas de títulos no mercado sendo que alguns possuem alguma ligação com a temática do meio ambiente. É possível encontrar nos filmes clássicos da Walt Disney Pictures mensagens ligadas à temática, como demonstra uma reportagem da revista Ana Maria apresentada no quadro 4, a seguir. BRANCA DE NEVE E OS 7 ANÕES (1937) A história: A rainha invejosa quer matar Branca de Neve, custe o que custar. Para se proteger, a moça vai para a floresta e se torna amiga dos anões e dos animais. A mensagem: A relação da personagem com a floresta dá aos espectadores o senso de integridade ecológica. Por outro lado, deixa bem clara a separação que existe entre a natureza e os humanos, representados como seres opressivos e desequilibrados. Branca de Neve é um modelo, que ensina às crianças como elas podem ajudar a proteger a natureza. 86 BAMBI (1942) A história: O filme conta as aventuras de Bambi, o pequeno veado que perde a mãe e tem que se virar sozinho. A mensagem: Bambi ensina às crianças que a intervenção dos seres humanos pode tornar o meio ambiente vulnerável. É o que acontece quando os caçadores matam a mãe de Bambi. A idéia de preservação é tão forte no filme que ele exerceu grande influência sobre toda uma geração de ativistas da década de 60. MOGLI (1967) A história: Mogli é criado por uma pantera. Quando ele completa 10 anos, os animais decidem que ele deve sair da selva para fugir de um tigre. A mensagem: Mogli desperta o desejo de proteger o reino animal e de fazer parte dele. Também mostra às crianças que é preciso usar os recursos ambientais com consciência. A PEQUENA SEREIA (1989) A história: Ariel é uma sereia que deseja partir para o mundo dos humanos. Ela se apaixona pelo príncipe Eric e se transforma em uma mulher. A mensagem: A história mostra que a divisão entre seres humanos e a natureza pode ser superada. Ariel dá aos pequenos a idéia de que nós e a natureza podemos viver em harmonia. 87 POCAHONTAS (1995) A história: Pocahontas, uma índia americana, se apaixona por John Smith, um navegante inglês, e mostra a ele a ligação íntima que seu povo possui com a natureza. A mensagem: A luta de Pocahontas contra os conquistadores britânicos ensina aos pequenos que o mundo natural e os povos indígenas não podem ser destruídos pela civilização. TARZAN (1999) A história: Tarzan é criado por gorilas numa floresta. Ele salva os animais do caçador Clayton e de seu grupo, que surgem com o objetivo de capturar bichos daquela espécie. A mensagem: O filme mostra o impacto humano no meio ambiente da pior maneira possível. O personagem Clayton se esforça ao máximo para explorar a natureza com fins de lucro. PROCURANDO NEMO (2003) A história: Nemo é separado do pai superprotetor, que foi capturado e colocado em um aquário, onde se une aos outros peixes para conseguir a liberdade. A mensagem: A proteção exagerada dos pais mostra que a natureza possui aspectos perigosos. Mas a presença do homem é considerada a maior ameaça aos animais. O filme ensina os pequenos a respeitar a liberdade das criaturas e o modo de viver de cada uma delas. Quadro 4: Desenhos da Disney. Fonte: Revista Ana Maria. 88 Dentre os canais de televisão mais assistidos pelo público, destaca-se aqui o canal Discovery Kids que apresenta algumas séries em desenho com a temática da proteção ambiental. Os Kratts De elefantes que sugam litros de água com a tromba até um bando de falcões peregrinos que aproveita a força da gravidade para se deslocar rapidamente pelo ar, a série ensina às crianças princípios científicos básicos, inspirados nas habilidades naturais dos animais. Em todos os episódios, enquanto explicam hábitos e comportamentos, os personagens explicam noções de química, física, geologia, biologia e história natural. Aventuras com os Kratts apresentam o mundo da ciência com uma combinação única de humor, aventura e diversão, capaz de saciar a curiosidade inata das crianças e inspirar uma nova geração de cientistas, engenheiros e exploradores. Peixonauta Em seus diferentes episódios, esta série mostra às crianças a importância de conservar o meio ambiente e a fauna. Diversos temas são abordados nos episódios, tais como: - Oferecer informações sobre os animais e como sobrevivem na natureza; - Explicar o que pode acontecer se alterarmos o ecossistema dos rios (poluição da água); - Encorajar as crianças a valorizar e respeitar a diversidade; - Aprender os hábitos migratórios de certos animais; - Informar sobre as causas da poluição da água; - Apresentar os ciclos naturais da vida e processos de metamorfose; - Oferecer dados sobre os fenômenos geológicos; - Apresentar informações sobre os crustáceos e a importância das conchas que os 89 protegem; - Destacar a importância das abelhas e seu impacto sobre a natureza; - Expor a importância de depositar o lixo nos recipientes corretos para reciclagem; - Ajudar as crianças a entender o que significa poluir o meio ambiente. Princesas do Mar Esta série de 52 episódios é inspirada no livro ''Princesas do Mar'', do escritor brasileiro Fabio Yabu, que defende a necessidade de formar a consciência ecológica do público infantil em um mundo que enfrenta grandes desafios ambientais. Nos diferentes capítulos, as crianças aprendem a importância do cuidado com os oceanos e com as criaturas que ali vivem. Quadro 5: Desenhos Discovery Kids Fonte: Discovery Kids. E no seguimento de filmes de animação atuais podem ser apresentados alguns títulos que trabalham com a questão da agressão que a ação humana pode ter na natureza. Dentre esses títulos estão: Irmão Urso O filme Irmão Urso conta a história de um jovem índio, Kenai, que busca vingança pela morte do seu irmão e acaba sendo amaldiçoado pelos espíritos da floresta. O jovem é transformado em um urso. A partir de um novo ponto de vista, o jovem descobre a realidade 90 sob a ótica dos animais, principalmente os ursos, seus grandes inimigos. Enquanto segue sua jornada ele faz amizade com diversos animais, entre eles Koda, um jovem urso. Mas, em determinado momento, se vê em apuros quando seu próprio irmão começa a caçá-lo. Animais Unidos Jamais serão Vencidos Animais Unidos é um filme que retrata a situação de um grupo de animais forçados a sair de seu habitat por conta da destruição causada pelos homens. Desesperados, eles vão para Delta do Okavango, na África. Mas lá, um hotel de luxo está usando toda a água e não há mais nada para os animais. Agora, eles vão se unir para salvar a natureza, travando uma guerra contra os humanos. As aventuras de Sammy. As Aventuras de Sammy é a história de uma tartaruga marinha, desde o seu nascimento em 1959 até a sua maturidade em 2009. Em sua jornada Sammy viaja pelos oceanos do mundo inteiro e testemunha as consequências do aquecimento global, assim como as principais alterações que a presença do homem está causando no planeta. Os Sem Floresta O filme Os Sem Floresta mostra a situação de animais que ao despertarem da hibernação encontram uma grande cerca verde ao redor de seu habitat. Inicialmente eles temem o que há por detrás da cerca, até que o guaxinim RJ revela que foi construída uma cidade ao redor da floresta em que vivem, que agora ocupa apenas um pequeno espaço. RJ diz ainda que no mundo dos humanos existam as mais diversas guloseimas, convencendo os demais a atravessar a cerca. Entretanto esta atitude desagrada a cautelosa tartaruga macho Verne, que achava melhor permanecer onde estavam inicialmente. Quadro 6: Filmes infantis sobre meio ambiente. Fonte: o autor. 91 3.2.5 Análise dos dados Com as pesquisas fica evidenciado que público alvo da Kinder Ovo são as crianças. E, por isso, é preciso levar em consideração a capacidade de leitura gráfica destes. Sua capacidade de compreensão dos elementos gráficos e físicos usados para a comunicação dos conceitos definidos. Para isso, os personagens a serem desenvolvidos precisam ter uma composição simples, infantil e colorida. É preciso usar de uma paleta de cores ampla, usando-se bastante das cores quentes, para que os brinquedos chamem a atenção das crianças. Nas imagens obtidas nas coletas é possível visualizar o uso de muitas cores, contrastes e cores quentes. Nos desenhos, filmes e seriados pesquisados percebe-se que a tentativa de comunicação acerca dos efeitos negativos provocados pelo ser humano à natureza sempre é mostrada a partir da visão daqueles que sofrem com a agressão, ou seja, os animais, a floresta, os nativos e etc. Colocando o humano muitas vezes como o vilão ganancioso e destruidor. E sempre que trabalham com a temática do meio ambiente, focam muito na idéia de meio ambiente entendido como natureza e seus ecossistemas. Contudo, analisando os dados reunidos sobre o público da Kinder Ovo, entende-se que a realidade ambiental destes está focada no ambiente urbano. Mesmo que frequentem a praia, fazendas, zoológicos, dentre outros, seu cotidiano está ambientado nas cidades. Em razão disso, trabalhar a linha de personagens focados no meio ambiente urbano pode propiciar uma comunicação mais eficaz com as crianças. Trabalhar aspectos da proteção e conservação de seus espaços, do uso racional da água, da energia elétrica, da proteção do ar, através de atividades cotidianas que a criança pode praticar e habituar, como desligar a televisão, computador e vídeo-game e buscar atividades ao ar livre, andar de bicicleta, ler um livro, enfim, atividades que a coloque envolvida com o seu ambiente e que, de alguma forma, a coloque em contato com o ambiente natural. 92 Podem ser trabalhados aspectos do meio ambiente natural, mas de uma forma que se apresente possível dentro do universo urbano das crianças. Como o cultivo de uma pequena horta, o cuidado dos seus animais de estimação, a brincadeira com brinquedos de madeira, dentre outros aspectos. Essas crianças recebem muita informação da mídia (televisão, internet, vídeo-game, etc.) como também da escola, dos professores, dos pais, então é interessante que seus brinquedos façam uma ligação com esses conceitos, pra que se possa trabalhar uma memorização dessas práticas cotidianas. Também ficou entendido, conforme quadro 2 (p. 64), que o grupo Ferrero procura ter uma conduta alinhada às idéias de proteção ambiental. Isso leva a entender que uma proposta de usar, como sugestão, em suas linhas de brindes da Kinder Ovo, um material menos agressivo ao ambiente pode ser bem aceita. Dentre esses materiais foi visto bastante sobre alternativas no uso dos plásticos. Contudo, são tecnologias novas e, por vezes, mais caras que o plástico convencional. Também percebeu que essas tecnologias ainda estão em busca de uma adaptação e aperfeiçoamento para as necessidades industriais. Mas, dentre todas, o uso do PET reciclado destacou-se como uma boa opção para a fabricação dos brinquedos. Esse material já está bastante presente na indústria de reciclagem, além de já ter formado toda uma cadeia de coleta e seleção que oferece oportunidade para várias organizações de catadores, proporcionando um meio de renda para várias famílias. Então, a proposta de se usar o PET reciclado trás benefício além da proteção ambiental, como o benefício social e econômico. A média de brinquedos desenvolvidos em uma linha da Kinder Ovo está entre8 e 12 peças. Por uma questão de tempo para o desenvolvimento e recursos, para este projeto fica determinado a conceituação de 5 personagens, contudo, o desenvolvimento de 1 personagem, com seus respectivos materiais gráficos presentes nos componente do produto. 93 3.2.6 Criatividade Para começar a pensar as primeiras características dos personagens, serão trabalhadas, nesta fase, as gerações de alternativas. Contudo, para o desenvolvimento dessas alternativas serão montados painéis imagéticos e após serão feitas leituras visuais das imagens, observando formas, cores, elementos, movimentos e composições, para então serem feitos os primeiros esboços. O quadro 7 é referente ao painel conceitual. Esse quadro apresenta os conceitos que irão dar base às características dos personagens. Quadro 7: Painel conceitual Fonte: o autor. Observando o painel conceitual, quadro 7, alguns elementos visuais podem ser notados. Quanto à paleta de cores do quadro, vê-se uma predominância dos tons em verde, azul e bege. Quanto às formas ficam em 94 evidência as formas orgânicas. Há a presença de movimento, do espaço aberto, da multiplicidade de elementos e da proximidade destes. O painel conceitual determina os conceitos a serem explorados nos resultados, dentre estes conceitos estão as características de alegria, diversão e interessante. São conceitos importantes a serem empreendidos nas alternativas. O painel seguinte relaciona imagens de rosto de crianças. O objetivo deste painel é visualizar as características físicas do rosto das crianças. Quadro 8: Painel biótipo cabeça de crianças. Fonte: o autor. Pode-se visualizar no rosto das crianças, quadro 8, características bem próprias, a cabeça e olhos bem arredondados, olhos grandes e bem marcantes, boca com lábios finos, bochechas bem volumosas, orelhas grandes 95 e nariz arrebitado e os cabelos se apresentam, em alguns, com bastante volume e brilho. O próximo painel, quadro 9, também apresenta imagens de crianças, contudo, com o objetivo de visualizar o corpo e movimentos das crianças. Além de apontar aspectos das vestimentas e posturas das mesmas. Quadro 9: Painel biótipo corpo de crianças. Fonte: o autor. No painel do biótipo do corpo das crianças, quadro 9, pode-se visualizar que as crianças possuem grande flexibilidade nos movimentos, ou seja, seus músculos ainda possibilitam um alongamento natural. Quando mais jovens sua 96 agilidade e equilíbrio são limitados, mas isso vai evoluindo à medida que crescem. É possível ver que seus dedos ainda são curtos e suas mãos pequenas, suas pernas e braços são finos e demonstram bastante curiosidade, energia e disposição. Quanto as suas vestimentas são basicamente calças jeans, camisetas, casacos, tênis e sandálias. São roupas confortáveis e básicas, que dão liberdade ao movimento das crianças. O último painel trata dos personagens atuais assistidos pelas crianças nos seus respectivos canais de televisão. Quadro 10: Painel personagens atuais. Fonte: o autor. Analisando os desenhos atuais, quadro 10, pode-se perceber o uso das características percebidas nos painéis anteriores, quadro 8 e 9, com relação ao biótipo das crianças. Cabeças e olhos de proporção maior que o natural. Olhos e orelhas arredondados e olhos com pupilas bem coloridas. Cabelos volumosos e decores diferentes do natural humano. Traços simples, sem o 97 detalhamento de todos os traços do biótipo humano e composições simples. Surgem algumas vezes pés sem o detalhamento dos dedos e as mãos com redução na quantia de dedos. Pés e mão também são desenhados, algumas vezes, menores que a proporção do tamanho do corpo. E, algumas vezes, percebe-se a ausência de nariz e cílios. Quando há a presença de dentes nos sorriso, esses não possuem muito detalhamento. Quanto à paleta de cores percebe-se o uso de cores chapadas e primárias, quando trabalhado o sombreado há um contraste bem nítido da separação das cores escuras (sombra) e claro (brilho). Em relação às formas, há a prevalência das formas orgânicas. 3.2.6.1 Gerações de Alternativas Montados todos os painéis de imagens e feitas suas respectivas análises, agora é possível iniciar as primeiras gerações de alternativas. Como técnica de geração de alternativas será usada o método chamado de brainstorming. Esse método é ideal para quando se procura ter uma grande quantidade de idéias dentro de um curto prazo de tempo. É uma geração de ideias livres de julgamento ou predefinições, ou seja, a mente está livre para desenhar ou escrever qualquer idéia que surgir no momento. Os julgamentos deverão ser feitos na etapa da seleção das melhores opções. A imagem 30 apresenta todas as gerações feitas durante a aplicação do método. 98 Imagem 30: Alternativa 1. Fonte: o autor. Pensando na questão sobre diversão a alternativa 1, imagem 30, trabalha a ideia de ter bonecos com espécies de capacetes feitos de elementos ligados a natureza, como galhos de árvore, asas de pássaros, frutas, flores, etc. 99 Imagem 31: Alternativa 2. Fonte: o autor. Seguindo na ideia de diversão, na alternativa 2, imagem 31, o personagem estaria inserido dentro de outro personagem, como uma fantasia. Esse personagem teria estampado elementos referentes à natureza, como a água, terra, e outros. Estas duas primeiras alternativas, imagem 30 e 31, podem apresentar pontos negativos por não trabalharem claramente com o ambiente urbano. Elas se direcionam muito para os aspectos do ambiente natural. 100 Imagem 32: Alternativa 3. Fonte: o autor. As alternativas da imagem 32 tem a idéia de trabalhar atividades que a criança pode praticar no seu dia-a-dia. Os personagens estariam praticando esporte, usando roupas de pet reciclado, comendo frutas no lugar de comida industrializada, dentre outras atividades. Contudo, estas alternativas podem apresentar desvantagens por acabarem transmitindo o entendimento de cuidados com a saúde pessoal e não ambiental. 101 Imagem 33: Alternativa 4. Fonte: o autor. Seguindo algumas ideia geradas na alternativa anterior, a alternativa 4, imagem 33, tem a intenção de trabalhar o uso de transportes alternativos, como meio de cultivar na criança que existem outras opções além do carro particular. Nessa alternativa seriam trabalhadas várias espécies de bicicletas. Mas essa alternativa ainda pode cair no conceito de cuidado com saúde pessoal, precisando receber melhorias para transmitir com maior clareza a idéia de preservação do ar e melhoramento das condições de trânsito e mobilidade. 102 Imagem 34: Alternativa 5. Fonte: o autor. A alternativa 5, imagem 34, foi pensada na ideia de colocar os personagens numa ação social de cuidado com o seu bairro, escola ou espaço de convívio social. Os personagens estariam numa atividade conjunta de limpeza e cuidado com esses espaços. 103 Imagem 35: Alternativa 6. Fonte: o autor. Seguindo o conceito de ação social, a alternativa 6, imagem 35, trabalha com a idéia de colocar os personagens na situação de cultivo de uma horta. Esta alternativa apresenta-se como a mais viável ao projeto por trabalhar com uma atividade possível de ser realizada no dia-a-dia das crianças.Além de facilitar a comunicação por não ser confundida com conceitos como a proteção da saúde, como ocorre com as outras alternativas. 104 Imagem 36: Alternativa 7. Fonte: o autor. A alternativa 7, imagem 36, foi trabalhada com referência à alternativa anterior. A idéia é trabalhar os personagens como super-heróis, para cultivar nas crianças o sentimento de responsabilidade e zelo pelo espaço que a circunda, além de mostrar que as pequenas atividades diárias podem fazer uma grande diferença se vista como um todo. 105 Imagem 37: Alternativa 8. Fonte: o autor. Seguindo a idéia apresentado no quadro anterior, foram pensados os demais personagens da linha, imagem 35, todos na proposta de super-heróis. No total são 5 personagens cada um desenvolvendo uma atividade voltada à temática. 106 Quadro 11: Ações dos personagens. Fonte: o autor. O quadro 11 apresenta as atividades pensadas para os personagens que são, respectivamente, o cultivo de uma horta, o uso de transporte alternativo, o cuidado com os animais a separação do lixo reciclado e o cuidado com os seus objetos pessoais. 107 3.2.6.2 História de fundo Para este projeto a história de fundo dos personagens está baseada na proteção ambiental, focando o meio urbano. Os personagens são crianças trajadas de super-heróis interessadas em proteger e zelar o meio ambiente onde estão inseridas. Elas entendem que as pequenas atividades do seu dia-adia fazem muita diferença para o seu ambiente e gostam de cultivar essas atividades. As atividades focadas é o cultivo de uma horta, a separação do lixo, o uso de bicicleta como transporte alternativo, o cuidado com os animais e o cuidado com os seus objetos, como seus brinquedos. 3.2.6.3 Personalidade Os personagens possuem uma personalidade criativa, espontânea, alegre e divertida. 3.2.6.4 Biótipo 108 Quadro 12: Biótipo dos personagens. Fonte: o autor. O biótipo dos personagens, quadro 12, está baseado nas características de crianças humanas, tanto do sexo masculino e feminino, com cabeça e olhos proporcionalmente maiores que o natural. Olhos arredondados, orelhas arredondadas, cabelos volumosos e sorriso grande e sem detalhamento dos dentes. A redução do número dos dedos é em referência aos desenhos infantis observados nos painéis imagéticos do capítulo 3.2.6 Criatividade (p. 95). 3.2.6.5 Vestimenta 109 As vestimentas dos personagens são roupas usadas pelas crianças no dia a dia, calça jeans, tênis, camiseta, vestidos, saia etc. Seus acessórios são as roupas que as caracterizam como super-heróis, a capa é uma alusão às toalhas de mesa ou lençóis de cama, as luvas são uma referência às luvas usadas, geralmente, pelas mães para as atividades domésticas e a máscara é um pedaço de pano preto, amarrado na cabeça. São itens caseiros para oferecer a idéia do faça você mesmo, seja um super herói e cuide do seu ambiente. 3.2.6.6 Cores Há o uso de uma paleta de cores com a predominância para aquelas que remetam ao ecológico, como o verde, o marrom e o azul. Uso, também, de cores quentes, para proporcionar um conjunto colorido e vivo. Aos acessórios da fantasia usou-se do vermelho para a capa por uma questão de referência simbólica. Pois é a cor normalmente usada para as capas dos super-heróis. 3.2.6.7 Postura 110 Imagem 38: Postura dos personagens. Fonte: o autor. As posturas dos personagens, imagem 38, estão determinadas em suas ações que são, respectivamente, a organização dos seus brinquedos, o cuidado dos animais de estimação, o cuidado de uma plantinha, o cuidado com o descarte correto do lixo e o uso de um veículo alternativo de locomoção. 111 3.2.6.8 Expressão facial A expressão facial básica dos personagens é a expressão de alegria e de diversão, para demonstrarem prazer em relação às atividades que estão executando. 3.2.7 Materiais e tecnologias Dentre todos os materiais pesquisados o uso do PET reciclado destacou-se como uma boa opção para a fabricação dos brinquedos. Esse material já é frequentemente utilizado pela indústria na confecção de diversos materiais, além de, já ter desenvolvido toda uma cadeia de benefícios através da coleta e seleção oferecendo oportunidades de trabalho para várias organizações de catadores, tornando-se um meio de renda para várias famílias. Então, a proposta de se usar o PET reciclado trás benefício além da proteção ambiental, mas como o benefício social e econômico. Além de, ao ampliar o seu uso, isso desencadeia uma série de estudos e aperfeiçoamentos para novas tecnologias e formas de aplicações. Em relação à tecnologia de produção proposto fica sendo o molde por injeção, por ser a tecnologia predominante para a produção de brinquedos e por permitir o uso da matéria-prima escolhida. E a sua coloração fica determinada, pela quantidade de cores utilizadas, o processo de pintura a mão, conforme os materiais já desenvolvidos pela empresa. 3.2.8 Experimentação Para a fase de experimentação serão testadas as combinações de cores seguindo uma paleta de cores determinadas no capítulo 3.2.6.6 Cores (p. 105) 112 que façam uma referência à ecologia, sem deixar de pensar nas cores quentes que ofereça um maior colorido ao conjunto. Quadro 13: Paleta de cores. Fonte: o autor. O quadro 13 apresenta a paleta de cores para os brinquedos, nela estão contidas o azul, marrom e verde por serem uma referência ao ecolológico, os beges para experimentação de cores de pele, os vermelhos, amarelos e magentas por serem cores quentes e oferecerem um colorido ao conjunto. 113 Quadro 14: Experimentação de cores. Fonte: o autor. O quadro 14 apresenta as experimentações de cores para o personagem principal deste projeto, na sequência, os testes para as cores de pele, após a cor dos olhos, seguindo pelas tentativas para as cores de cabelo e por fim a experimentação da combinação das cores para as vestimentas do personagem 114 3.2.9 Modelos Para o desenvolvimento dos modelos foram feitos esboços da posição do brinde. Imagem 39: Esboços para construção do modelo. Fonte: o autor. Seguindo esses esboços, imagem 39, foi pesado o modelo em 3 dimensões. 115 Imagem 40: Modelo do personagem em 3D. Fonte: o autor. A imagem 40 apresenta o modelo do personagem em 3D. Como determinada na fase da análise dos dados, por uma questão de tempo e recursos, apenas um dos personagens será estruturado, os demais apenas conceituados. 3.2.10 Verificação Verificando o modelo não foi encontrado nenhum item que apresentasse necessidade de modificação. 116 4 RESULTADOS Neste capítulo apresentam os resultados do projeto, através de desenhos técnicos, ilustrações, visualizações em 3D dos personagens e seus componentes. 4.1 ILUSTRAÇÃO DA LINHA COMPLETA A seguir apresenta-se uma ilustração com todos os 5 personagens conceituados para este projeto. Imagem 41: Ilustração de todos os personagens. Fonte: o autor. Como não serão realizadas as prototipagens de todos os personagens da linha, a imagem 41 propõe apresentar a idéia da linha completa. 117 4.2 COMPONENTES A seguir apresenta-se o material para a comunicação padrão utilizado pela Kinder Ovo para as suas linhas de brinquedos. Imagem 42: Lâmina apresentado os personagens. Fonte: o autor. Para o material gráfico trabalhado pela Kinder Ovo, foi desenvolvida a imagem para a lâmina que apresenta a linha completa, imagem 42, nessa parte da lâmina os personagens estão em um ambiente que remete ao urbano por ter os prédios de fundo, mas ao mesmo tempo ao espaço natural, pelo gramado e área arborizada ao centro da imagem. 118 Imagem 43: Cultivar uma horta. Fonte: o autor. A idéia do personagem denominado principal desse projeto, imagem 43, é apresentar às crianças o cultivo de uma horta. Essa é uma atividade que pode ser desenvolvida independente do local onde a criança viva, seja um pequeno apartamento ou uma casa com jardim. E é uma atividade que a coloca próxima ao cuidado direto da natureza, quando ela obter o conceito de 119 cultivar da sua natureza, então ela compreenderá a importância de cuidar da natureza. Imagem 44: Andar de bicicleta. Fonte: o autor. O segundo personagem, imagem 44, trabalha com a idéia do uso de um transporte alternativo aos automóveis. Com a preocupação da poluição dos áreas nas cidades, congestionamentos e problemas com barulhos é importante despertar na criança a importância de buscar alternativas de locomoção e a bicicleta é uma alternativa bem aceita e disponível. 120 Imagem 45: Cuidar dos animais. Fonte: o autor. O terceiro personagem, imagem 45, trás o conceito da proteção aos animais. Aqui foca-se o anima de estimação, pois estão presentes na vida de muitas crianças. É importante cultivar nas crianças esse carinho pelos animais porque isso desperta humanidade nas crianças, o que, consequentemente, as torna mais preocupadas com as pessoas do seu meio ambiente. 121 Imagem 46: Separação do lixo. Fonte: o autor. O quarto personagem, imagem 46, trabalha com a idéia da separação do lixo. Ele tem por objetivo levar a conscientização da criança sobre a atividade de separar o lixo reciclado. O uso de uma garrafa PET, além de ser o objeto comum na vida de muitas crianças, também faz uma alusão ao material proposto para essa linha de brinquedos. 122 Imagem 47: Zelo com os brinquedos. Fonte: o autor. O quinto e último personagem, imagem 47, trabalha com o conceito de cuidado com os objetos das crianças. O conceito de proteção ambiental trabalha com a idéia do zelo com os espaços de trabalho e vivência do ser humano, isso trás a necessidade de ilustrar às crianças a importância de elas preservarem seus objetos e seus espaços, mantendo uma ordem e limpeza. 123 Imagem 48: Imagem em 3D de frente. Fonte: o autor. A imagem 48 trás uma visão da modelagem em 3D com o personagem de frente. 124 Imagem 49: Imagem em 3D de lado. Fonte: o autor. A imagem 49 apresenta a modelagem do personagem de perfil 125 Imagem 50: Imagem em 3D de trás. Fonte: o autor. Imagem 50 trás a visualização da modelagem referente a parte de trás do personagem. 126 4.3 DESENHOS TÉCNICOS As dimensões dos brinquedos ficam limitadas a capacidade volumétrica da cápsula amarela que embala os brindes no interior do chocolate Imagem 51: Medidas internas da cápsula amarela. Fonte: o autor. A imagem 51 apresenta a cápsula amarela cortada ao centro, suas medidas internas são de 42 mm de altura por um diâmetro de 31 mm. 127 Imagem 52: Dimensões personagem. Fonte: o autor A imagem 52 apresenta todas as dimensões do personagem principal deste projeto, no geral, sua altura é 40 mm e seu diâmetro é de 20 mm. Imagem 53: Brinde dentro da cápsula amarela. Fonte: o autor. A imagem 53 demonstra a disposição do brinquedo dentro da cápsula que possui uma limitação interna de 42 mm de altura e 30 mm de diâmetro. 128 Para que o brinde entre o mesmo precisará ter separado do boneco a parte da base. Imagem 54: Personagem com a bicicleta. Fonte: o autor. A imagem 54 apresenta as dimensões do personagem com a bicicleta e como o mesmo estará disposto dentro da cápsula. 129 Imagem 55: Personagem com o cachorro. Fonte: o autor. A imagem 55 apresenta as dimensões do personagem com o animal de estimação e como o mesmo estará disposto dentro da cápsula. 130 Imagem 56: Personagem reciclagem. Fonte: o autor. A imagem 56 apresenta as dimensões do personagem da reciclagem e como o mesmo estará disposto dentro da cápsula. 131 Imagem 57: Personagem organizando brinquedos. Fonte: o autor. A imagem 57 apresenta as dimensões do personagem da reciclagem e como o mesmo estará disposto dentro da cápsula. 132 4.2 PALETA DE CORES DOS PERSONAGENS A seguir apresentam-se as paletas de cores utilizadas para coloração dos personagens. 133 134 Imagem 58: Paleta de cores dos personagens. Fonte: o autor. 135 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este projeto, cujo objetivo inicial era trabalhar os conceitos de design no desenvolvimento de uma linha de personagens de brinquedos baseados na temática da proteção ambiental e usando como estudo de caso a marca Kinder Ovo, pode ser considerado bem sucedido. Se por um lado a falta de tempo e recursos não possibilitou o desenvolvimento físico de todos os personagens conceituados, por outro, possibilitou a prática dos conceitos de design, assim como, das metodologias buscadas como guia para este trabalho. No decorrer deste projeto foi possível compreender e assimilar melhor os conceitos de design, suas metodologias de trabalho e sua responsabilidade dentro da cultura de uma sociedade por trabalhar diretamente com o desenvolvimento e planejamento de produtos carregados de conceitos e significados que serão incorporados pelos consumidores. Também foi possível entender a abrangência da temática da proteção ambiental. Aprender que esta não está apenas preocupada em cuidar dos sistemas ecológicos, como florestas, rios e animais, como se estes precisassem ser focados como sistemas intocáveis, mas que o homem precisa compreender a sua relação de dependência com este meio, de como é importante que a extração dos recursos de sobrevivência respeite a necessidade da natureza de repor tudo aquilo que dela é retirado. Apreender que meio ambiente não se trata apenas dos sistemas naturais, mas todos os meios em que a vida está presente. Sendo assim, todo o ambiente com que o homem constrói uma relação de vivência está inserido na idéia de meio ambiente, seu espaço de trabalho, de estudo, de convívio social e até sua cultura estão dentro dessa idéia. Além desses, também foi possível conhecer mais sobre design de personagens e a importância que este possui na cultura da sociedade. encontrar uma metodologia para a construção destes auxiliou muito o 136 desenvolvimento de uma linha de personagens com personalidade e conteúdo. Mesmo que a construção de personagens exija do designer uma percepção mais fantasiosa e subjetiva, encontrando muitas vezes referencias nas pessoas reais do seu dia-a-dia, é indispensável o uso de uma metodologia adequada que proporcione uma orientação para que todos os elementos que envolvem um personagem sejam pensados e decididos. Fica esclarecido que o personagem é um veículo de comunicação muito forte para o design, pois é um objeto que cativa públicos de diferentes idades e culturas, possibilitando uma interação com uma rede muito grande de públicos. O desenvolvimento enriquecimento pessoal, deste trabalho ampliando meu em muito próprio contribui repertório com o criativo e aprofundando meu conhecimento acerca das metodologias de projeto que são uma base indispensável para o desenvolvimento de um trabalho consistente e passível de sucesso. Esclarecendo que mesmo um projeto que envolve muito da sensibilidade criativa precisa de uma base de pesquisa e análise, para que o resultado seja carregado de conceitos objetivos e fundamentados. 137 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIPET. Reciclagem - Benefícios da Reciclagem de PET. Disponível em: < http://www.abipet.org.br/index.html?method=mostrarInstitucional&id=49>. Acesso em: 13 out. 2011. ADAM, Roberto Sabatella. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Aquariana, 2001. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=dFL9qHmdwMC&pg=PA99&dq=tempo+de+decomposi%C3%A7%C3%A3o+do+plasti co&hl=ptBR&ei=BLFWTp2vAvHTmAXm6f2vDA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnu m=1&ved=0CDMQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 28 ago. 2011. ALMANAQUE BRASIL SOCIOAMBIENTAL. 2007. Disponível em: < http://books.google.com/books?id=ggD3In5t_FIC&lpg=PA1&dq=almanaque%2 0brasil&pg=PA2#v=thumbnail&q&f=false>. Acesso em 20 ago. 2011. AMBIENTE BRASIL. Tempo de decomposição dos materiais. 20--. Disponível em: < HTTP://AMBIENTES.AMBIENTEBRASIL.COM.BR/RESIDUOS/RECICLAGEM/ TEMPO_DE_DECOMPOSICAO_DO_MATERIAIS.HTML?QUERY=DECOMPO SI%C3%A7%C3%A3O+PLASTICO>. Acesso em: 28 ago. 2011. BAXTER, Mike. Projeto de produto, guia prático para o design de novos produtos. 2. Ed. São Paulo: Editora Edgar BlücherLtda, 2000. 260 p. tradução Itiro Ilda BICICLETADA. O que é a Bicicletada?.2mar. 2010. Disponível em: < http://bicicletada.org/O+que+e>. Acesso em: 7 set. 2011. BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_13.07.2010/art _225_.shtm>. Acesso em: 20 ago. 2011. CALIL, Lea Elisa Silingowschi. Vários Aspectos do Meio Ambiente. out. 2003. Disponível em: < http://www.mundodosfilosofos.com.br/lea14.htm>. Acesso em: 18 ago. 2011. CARARO, Aryane. Eco sim chato não, dez dicas para ser sustentável sem ser mala. Revista Superinteressante, São Paulo: Editora Abril, n. 247, p.59-63, dez. 2005. DORFLES, Gillo. Introdução o desenho industrial. Lisboa: Edições 70, 2002. 136 p. 138 DUBEUX,Veranise J. C. KAMLOT, Daniel. Ferrero Rocher. Rio de Janeiro: ESPM, 2010, jan. Disponível em: <http://www.espm.br/Publicacoes/CentralDeCases/Documents/FERREROROC HER.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2011. EMBALAGEM MARCA. Cresce a reciclagem de PET no Brasil. Disponível em: < http://www.embalagemmarca.com.br/2011/08/cresce-a-reciclagem-depet-no-brasil/>. Acesso em: 13 out. 2011. EVANS, Dean. Coluna Personagens 2D. Revista Computer ArtsProjects Brasil, São Paulo: Editora Europa, ed.4, 2009 p. 24. FERREIRA, Thaís. Contra o plástico oxi-biodegradável. Blog do Planeta. Época. 12 jan. 2009. Disponível em: < http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2009/01/12/contra-o-plastico-oxibiodegradavel/>. Acesso em: 15 set. 2011. FERRERO BRASIL. A história de uma família. Disponível em: <http://www.ferrero.com.br/the-group/>. Acesso em: 12 ago. 2011. FERRERO PORTUGAL. Kinder Surpresa. Disponível em:<http://www.ferrero.pt/produtos/kinder/surpresa/ovo-com-surpresa/>. Acesso em: 12 ago. 2011. FITTIPALDI , Mário. Ao Leitor. Revista Computer ArtsProjects Brasil, São Paulo: Editora Europa, ed.4, 2009, p.3. FONTOURA, Antônio M. Fontoura. Design, linguagem e cultura material. Revista AbcDesign, Curitiba: Infolio, n 10, p. 40-41, set./out./nov. 2010. HESKETT, John. Desenho industrial. 2. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. 228 p. HOLLIS, Richard. Design gráfico, uma história concisa. Tradução CarlosDaudt. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Coleção a. 248 p. KINDER OVO. 2006, jun. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/06/kinder-ovo-docesurpresa.html>. Acesso em: 12 ago. 2011. LEAL, Renata. O plástico virou ecológico. Revista Info. 19 abr. 2011. Disponível em: <http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/o-plasticovirou-ecologico-19042011-1.shl>. Acesso em: 17 set. 2011. LESKO, Jim. Design industrial: materiais e processos de fabricação. Tradução Wilson KindleinJúnior; Clovis BelbutePeres. São Paulo: Edgar Blücher, 2004.272p. LIMA, Marco Antonio Magalhães. Introdução aos materiais e processos para designers. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2006. 225p. 139 LOPES, Leo. As nove dimensões do design de personagens. maio 2009. Disponível em: <http://www.leo-lopes.com/index.php/blog/as-nove-dimensoesdo-design-de-personagens>. Acesso em: 12 ago. 2011. LUPTON, Ellen; PHILLIPS, Jennifer Cole.Novos fundamentos do design. MASSA CRÍTICA POA. Sobre a massa crítica de POA. Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://massacriticapoa.wordpress.com/>. Acesso em: 7 set. 2011. MASSARANI, Sandro. Criação de Personagens, nível básico: características básicas de criação de um personagem em uma narrativa. Disponível em: <http://www.massarani.com.br/Rot-Criar-Personagens-Roteiro-Cinema.html>. Acesso em: 11 ago. 2011. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. Tradução José Manuel de Vasconcelos. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 378 p. NAIME, Roberto. O que é meio ambiente?.fev. 2010Disponível em: <http://vivoverde.com.br/o-que-meio-ambiente/>. Acesso em: 12 ago. 2011. NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalações. 4. Ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2007. 134 p. O papel. Disponível em: <http://www.canalkids.com.br/arte/pintura/papel.htm>. Acesso em: 22 ago. 2011. OS MEDIEVAIS. Os melhores desenhos animados. Disponível em: <http://osmedieval.wordpress.com/page/8/>. Acesso em: 21 set. 2011. PERAZZO, Luiz Fernando; RACY, Ana Beatriz Fares; ALVAREZ, Denise. Elementos da cor. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 1999. 120 p. PORTAL TURMA DA MÔNICA. Personagens. Disponível em: <http://www.monica.com.br/personag/turma/cap-feio.htm>. Acesso em: 18 set. 2011. POTAL TERRA. Crianças. Disponível em: <http://www.terra.com.br/criancas/pokemon/>. Acesso em: 21 set. 2011. SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental, conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 495 p. SANTOS, Flávio Anthero dos. O design como diferencial competitivo. Itajai: UNIVALI, 2000. 125 p. SANTOS, Flávio Anthero dos. O design como diferencial competitivo. Itajaí: UNIVALI, 2000. 125 p. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parâmetros curriculares nacionais, meio ambiente. Disponível em: 140 <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2011. SIMPESC. Mundo dos Plásticos. Disponível em: <http://www.simpesc.org.br/pt/plasticos_sc/mundo_plasticos.php>. Acesso em: 14 ago. 2011. SPITZCOVSKY, Débora. O plástico oxibiodegradável é uma boa opção?. Planeta Sustentável. Editora Abril S.A. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/plasticooxibiodegradavel-uso-sacola-plastica-descartavel-546601.shtml>. Acesso em: 15 set. 2011. TOMAZ, Marcelo. Sua marca mais simpática? ToyArt nela! Revista Computer ArtsProjects Brasil, São Paulo: Editora Europa, ed.4, 2009, p.90. Tradução Cristian Borges. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 248 p. VILLAS-BOAS, André. O que é – e o que nunca foi – design gráfico. 3. Ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2000. 76 p. 141 ANEXOS ANEXO A DICAS DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS Quadro adaptado da revista Superinteresante com dez dicas de atividades sustentáveis simples que podem ajudar a preservar o ambiente, gastando menos energia, produzindo menos lixo e emitindo menos gás carbono na atmosfera. Usar móveis de madeira. Para crescer, as árvores transformam carbono da atmosfera em madeira. E elas mantêm esse carbono preso por muitos anos. A preferência fica para madeiras de pinus, eucalipto e paricá, e claro, madeiras com certificação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil), que garante a procedência de árvores plantadas e derrubadas de maneira planejada. Outra vantagem é que a madeira é um lixo mais tolerável para o meio ambiente que outros, como os derivados de petróleo. Tampe a panela. A cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do gás utilizado no botijão é de 11 mil calorias por grama, será preciso um grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Para uma população como a do Brasil, isso pode representar 4200 botijões desperdiçados por dia. Evite plásticos e vidro. Ao comprar uma bebida a preferência é de se levar a embalagem de alumínio. A lata de alumínio no Brasil possui alto 142 índice de reciclagem (96% em 2005) frente ao vidro (45%) e ao pet (47%). Para a produção de 1000 litros de refrigerante o alumínio é o que menos consume energia, água e recursos naturais, tem a menor emissão de poluentes e gera menos resíduos sólidos. Tome banho pela manhã. A dica é evitar consumir energia elétrica nos horários de pico. Quando as 158 hidrelétricas não dão conta da demanda de energia, o país é obrigado a acionar as usinas termoelétricas, que usam como combustível gás natural, carvão, xisto ou óleo diesel e lançam muito mais dióxido de carbono na atmosfera. E se ainda assim o abastecimento de energia não for suficiente, a construção de mais usinas e linhas de transmissão se torna necessária. Pague suas contas online. Segundo um estudo, divulgado em junho de 2007, se todos os americanos abolissem o papel de suas transações bancárias, 2,3 milhões de toneladas de madeira seriam poupadas por ano, ou cerca de 16 milhões de árvores. Mas o benefício estaria na não produção do papel. A produção dos comprovantes nos EUA gasta energia suficiente para abastecer, durante o ano inteiro, uma cidade do porte de Campinas (SP), o equivalente também a 355 mil carros nas estradas. Desligue o fogão. Em vez de usar fogão ou microondas, o interessante é esquentar líquidos usando uma resistência elétrica, como o popular rabo-quente. O rabo-quente é 143 mais eficiente quando a opção é pelo menor uso de energia. O microondas tem pouco rendimento, pois redireciona parte da eletricidade para o motor que gira o prato, a lâmpada e a ventoinha. Use a água da lavadora de roupas A partir do 2º ciclo de água que sai da para regar o gramado. máquina, a água é muito boa para as plantas, pois a concentração da maioria dos sais está numa faixa que traz benefícios às plantas, principalmente ao gramado. Mas isso deve ser evitado para regar hortas. Prefira alimentos locais. Com caminhões rodando pouco na distribuição dos alimentos, a poluição diminui e as frutas não precisam ser colhidas ainda verdes. Além disso, o desperdício é muito menor, porque as hortaliças não sofrem com as altas temperaturas embaixo das lonas. Pinte o telhado de branco. Pintar telhados e paredes de branco pode fazer com que até 90% da luz incidente seja refletida. Isso faz com que a temperatura interna das residências diminua até 5ºC, o que alivia o uso de ar-condicionado, ventiladores e outros aparelhos. Tome água da torneira. A água que sai da torneira da maioria das cidades brasileiras é potável. Preferir água engarrafada é agressivo ao planeta. Além de ser mais cara, produz milhões de garrafas como lixo e precisa ser transportada em caminhões poluentes. Se não recicladas, as garrafas pet demoram cerca de 110 anos para se degradar. Quadro 15: Dez dicas para ser sustentável sem ser mala. Fonte: Cararo (2005 p.60-63) 144 ANEXO B CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO PLÁSTICO Quadro apresentando as características e propriedades dos plásticos encontrados nas linhas de brindes da Kinder Ovo. Material Acrílicos Características e Propriedades Claridade cristal. Supertermoformagem, Com uma variedade de acabamento em transparentes, translúcidos ou cores opacas. Transmitância de 92%, usados para aplicações ópticas para transmissão e controle de luz. Superior resistência a intemperismo. Não-afetado por sprays de sal ou por atmosferas corrosivas. Não escurecem ou deterioram quando expostos a lâmpadas fluorescentes. Disponíveis em chapas especiais resistentes à abrasão, a maioria formulada para durabilidade externa de longo prazo e filtragem de ultravioleta. Desbota quando exporto a luz ultravioleta intensa. Politereftalato de etileno - PET Cristalinidade de até 40%, originalmente direcionado para fabricação de fibras, custo médio. Apresenta elevada resistência mecânica, térmica e química (insolúvel em todos os solventes comuns), possibilidade de ser praticamente amorfo (sem forma 145 definida). Polipropileno – PP Resistência moderada. Simitranslúcidos ou brancos leitosos, com excelente corabilidade. Baixa densidade. Bom equilíbrio entre as propriedades térmicas, químicas e elétricas. Resistência térmica limitada (120º C para serviço contínuo). Resistente a ataques químicos e manchas. Não é afetado por soluções aquosas de sais inorgânicos, ácidos minerais e bases. Pouca rigidez, estabilidade dimensional, resistência ao riscamento. Poliamidas – Náilons Excelente resistência a fadiga. Baixo coeficiente de fricção. Boas resistências a óleos, combustíveis e outros agentes químicos. Semicristalinas. Primeira resina termoplástica de engenharia. Originalmente desenvolvida como fibra têxtil de alta resistência. Quadro 16: Espécies de Plásticos Fonte: adaptado de LIMA (2006) e LESKO (2004). 146 ANEXO C TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO DO PLÁSTICO Quando pesquisado sobre o tempo de decomposição do plástico, foram encontrados dados diversificados, mas que em geral apresentaram um tempo muito prolongado para a decomposição desse material. Material Tempo de Degradação Alumínio 200 a 500 anos Cerâmica Indeterminado Embalagens Longa Vida Até 100 anos (alumínio) Isopor Indeterminado Luvas de borracha Indeterminado Metais (componentes de equipamentos) Cerca de 450 anos Papel e papelão Cerca de 6 meses Plásticos (embalagens, equipamentos) Até 450 anos Pneus Indeterminado Sacos e sacolas plásticas Mais de 100 anos Vidros Indeterminado Quadro 17: Tempo de decomposição dos materiais. Fonte: Ambiente Brasil (20--) Produto Tempo de decomposição Papel 1 a 4 meses Lata de alumínio 100 a 500 anos Plástico 250 a 300 anos Tampa de garrafa 100 a 500 anos Vidro 10.000 anos Vidros e Plásticos Para certos tipos de vidros e plásticos o tempo ainda é indeterminado. Quadro 18: Decomposição de resíduos Fonte: adaptado de Adam (2001) 147 Os quadros 18 e 19 apresentam vários materiais e seus tempos, estimados, de decomposição. Para o plástico está entre 250 a 450 anos. Mas estes períodos podem ainda variar pelo tipo de ambiente em que este objeto será descartado. Ele pode ser descartado em um lixão, misturado a diversos tipos de materiais orgânicos, pode ser descartado em rios ou no mar, dentre outros. O tempo de decomposição de um material ao contato de sol e chuva é diferente de um isolado e protegido em espaços de coleta de descartados. Mas no geral, este tempo é prolongado e o próprio modo de fabricação do plástico é processo que demanda o uso de grandes quantidades de recursos naturais, como a extração da matéria-prima, energia, água e outros. E esses gastos podem ficar na contramão dos princípios da proteção ambiental. 148 ANEXO D CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO PAPEL Os componentes dos papéis podem ser divididos em dois grupos, os componentes invisíveis e os visíveis. Dentre os componentes invisíveis estão: Tipo de Fibra É o componente principal da fabricação de papel que podem pode ser fibras de algodão ou fibras de madeiras. Colagem Está relacionado com a resistência do papel à penetração de líquidos. A colagem pode ser na massa, ou em superfície. pH É a medida de acidez ou alcalinidade de uma solução. A maioria dos papéis de uso é ácidos, o que acelera seu amarelamento e decomposição. Umidade É a quantidade de água contida no papel. Todo papel contém certo grau de umidade. Isso se deve pelo fato do papel sofrer interferências da umidade relativa do ambiente em que está exposto, tendendo a se igualar ao mesmo. Quadro 19: Características invisíveis do papel. Fonte: adaptado de Canson. Dentre os componentes visíveis estão: Gramatura A gramatura é a especificação mais importante do papel, já que este é este comumente comercializado com base no peso, o que influencia fortemente nos custos. O peso é medido em gramas por metro quadrado = g/m² Espessura É a distância entre as faces de uma folha de papel. Vale lembrar que dois papéis que apresentam a mesma 149 gramatura podem ter espessuras diferentes. Brancura É a graduação em que o papel reflete a luz. A brancura do papel pode ser natural, mantendo a cor real das fibras. Ou pode ser obtida através de alvejantes, que oferece ao papel sua cor branca. Opacidade É a capacidade de uma folha de inibir a observação de caracteres de outra folha. Coloração É a cor do papel. O papel pode ser pintado na superfície ou colorido na massa. Papéis pintados na superfície perdem a cor com maior facilidade e apresentam miolos brancos ao cortá-los ou rasgá-los. Textura Desenhos em relevo alto ou baixo no papel. Quadro 20: Características visíveis do papel. Fonte: adaptado de Canson. Todas estas características, apresentadas nos quadros 20 e 21, possibilitam a fabricação de papéis com as mais variadas propriedades e características. E observando os materiais de que são feitos os brinquedos da Kinder Ovo contata-se a utilização tanto de papeis de baixa gramatura, espessura fina quanto de papeis mais espessos. E todos utilizando uma coloração na superfície.