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Índice Agradecimentos 5 Introdução 6 Capítulo I. Relações Públicas e o Poder Local 11 1. Relações Públicas no Sector Público 12 2. O poder local em Portugal 20 3. Gestão Estratégica da comunicação nas autarquias 25 Capítulo II. Comunicação Pública, Diplomacia Pública e Plataformas Digitais 30 1. Public Diplomacy 31 2. Plataformas Digitais 34 3. Estudo de Caso 46 Capítulo III Planeamento Estratégico do Projecto “Alcobaça Abroad Center” 55 1. Apresentação 56 2. Análise da Situação 58 3. Planificação, monitorização e Avaliação 72 3.1 Programa “Bússola Pública” 81 3.2 Programa “Memorando de Assuntos Públicos” 87 3.3 Programa “Ponto de Ideias” 94 3.4 Programa “Interage e Partilha” 98 Conclusões 109 Fontes 113 Anexos 120 Agradecimentos Quero agradecer à minha família pela disponibilidade e apoio, ao Pedro pela paciência e pelos muitos momentos de ausência e aos meus amigos pelo apoio e colaboração. É com grande prazer que dedico parte dos meus agradecimentos aos meus colegas, que agora considero amigos, do Mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas, da Escola Superior de Comunicação Social, do Instituto Politécnico de Lisboa, pelo companheirismo e dedicação. Agradeço ainda à incansável Professora e Coordenadora deste Mestrado, Mafalda Eiró-Gomes, pela insistência e força de vontade que demonstrou para transformar este “projecto” numa tese. Agradeço ainda à Carla Oliveira pela colaboração e dedicação e também ao Eduardo Nogueira e ao Município onde desempenho funções, pela compreensão e apoio profissional que foram essenciais para que pudesse terminar esta etapa. Ao Doutor Gregory Payne agradeço a oportunidade de poder ter conhecido o trabalho desenvolvido nas agências de Comunicação e Relações Públicas na cidade de Los Angeles, Califórnia. Quero ainda deixar um agradecimento à delegação do Turismo de Portugal na Polónia, pela cedência de dados importantes para a contextualização da realidade Polaca, à Monika Szczerbak e ao Arthur do Município de Belchatów, pela célere e sempre disponível colaboração, e a todos aqueles que colaboraram directa e indirectamente para que este dia chegasse. 5 Introdução A criação deste projecto teve como ponto de partida uma viagem efectuada a Rosarito Beach, na região de Baja, no México, integrada no Programa Internacional de Estágios, LA Programme, da Emmerson College, no âmbito do Mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas (GERP), da Escola Superior de Comunicação Social, do Instituto Politécnico de Lisboa. Três alunos portugueses tiveram a oportunidade de estagiar, durante dois meses, de Fevereiro a Março de 2009, em agências de Relações Públicas da cidade de Los Angeles, e conhecer a perspectiva americana da Disciplina. Ao visitar Rosarito Beach, os alunos perceberam que a cidade estava a sofrer os reflexos da má conotação na imprensa americana, mais especificamente, no Sul da Califórnia, que classificou Rosarito Beach de destino perigoso, consequência do aumento significativo de assaltos, raptos e homicídios a turistas americanos, com origem nos Cartéis de Droga da cidade. O problema alcançou uma dimensão internacional e deixou de ser avaliado numa perspectiva de segurança pública, para passar a ser analisado como um problema de entendimento ao nível da Public Diplomacy, uma vez que a sequência de conflitos deu origem à desfragmentação das relações cordiais entre o governo americano e mexicano. Para reactivar o entendimento público das políticas externas e das comunidades que também viram as suas relações afectadas, foi desenvolvido pelos alunos da Emmerson College, de Boston, o projecto “Rediscovery Rosarito”, com a finalidade de alcançar e fortalecer, através de uma estratégia de Relações Públicas, as relações autárquicas entre os representantes do governo local e as comunidades envolvidas. Integrado no estágio do LA Programme, os alunos do mestrado de GERP estruturaram também uma campanha de Relações Públicas Online para Rosarito Beach que intitularam de “Rosarito, come and see”, com o objectivo de voltar a atrair jovens, essencialmente americanos, à cidade. O projecto foi apresentado, com sucesso, durante o congresso da International Academy of Business Disciplines, subordinado ao tema Communication Strategies for Success in Global Business, que decorreu de 2 a 4 de Abril em St. Louis, Missouri, nos E.U.A. 6 É a partir deste Estudo de Caso, que exibe o sucesso de campanhas de Relações Públicas como instrumento eficaz para o fortalecimento de relações entre comunidades e governos, que iremos desenvolver um projecto que confronta o papel das Relações Públicas no poder local português, enquanto instrumento de promoção, divulgação e dinamização de geminações autárquicas de âmbito nacional e internacional. Para limitar o vasto número de geminações activas, escolhemos a recente geminação estabelecida entre o município de Alcobaça, em Portugal, e o município de Belchatów, na Polónia, oficializada a 20 de Agosto de 2009. O projecto será estruturado em três grandes capítulos. No Capítulo I e II faremos uma exposição mais teórica, enquanto no Capítulo III faremos uma apresentação da proposta do Plano Estratégico de Relações Públicas para o acordo de geminação. Para o seu desenvolvimento recorremos a um conjunto de metodologias qualitativas, que nos permitiram uma correcta definição do problema, de que destacamos as entrevistas, os estudos de caso e a análise documental. O Capítulo I, Relações Públicas e o Poder Local, será dividido em três subcapítulos que permitirão uma contextualização histórica do papel da Disciplina de Relações Públicas no Sector Público, e a sua aceitação no topo da hierarquia das organizações. No primeiro subcapítulo, Relações Públicas no Sector Público, será elaborada uma recolha de testemunhos de autores de referência da Disciplina, e a apresentação de metodologias de trabalho no campo da comunicação organizacional no Sector Público, que irão sustentar a escolha do método utilizado no Plano Estratégico de Relações Públicas. No subcapítulo, O Poder local em Portugal, será apresentado o funcionamento do sistema político português, os órgãos que legislam e ainda o papel das autarquias no poder local, bem como a sua evolução enquanto ferramenta de gestão de relações no Sector Público, ao nível do envolvimento nos projectos comunitário. No terceiro subcapítulo, Gestão Estratégica da Comunicação nas Autarquias, abordamos o papel do profissional de Relações Públicas enquanto mediador das relações organização vs comunidades (eleitores) e comunidade vs comunidade, enquanto instrumento de defesa de assuntos públicos. O Capítulo II centra-se na abordagem da Comunicação Pública, da Diplomacia Pública e das Plataformas Digitais, enquanto ferramentas essenciais na construção de uma comunicação planificada no governo local. 7 No primeiro subcapítulo, Public Diplomacy, será feita uma apresentação dos conceitos Public Diplomacy e de Soft Power, enquanto termos que abordam as Relações Públicas segundo uma perspectiva de partilha de valores e na construção de relações “people to people”. São ainda apresentados dois case studies de sucesso, na aplicação dos conceitos nas áreas, do Desporto e da Arquitectura, como elementos de projecção de identidades culturais, sociais e económicas a um nível internacional. Neste ponto, faremos também uma abordagem às plataformas digitais e o tipo de envolvimento que as organizações e as comunidades devem assumir perante esta nova “Era Digital”. Serão também apresentados conceitos como o gatekeeping na Web e as inúmeras plataformas sociais e mundos virtuais. Aqui será apresentada a plataforma digital Second Life, que neste projecto se revela como instrumento valioso para o estabelecimento de relações à distância. No último subcapítulo, será apresentado o estudo de caso de Rosarito Beach, suportado pelas duas campanhas de Relações Públicas desenvolvidas pelos alunos da Emmerson College, em Boston, e pelos alunos da Escola de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, como já referimos anteriormente. O Capítulo III será destinado à elaboração da estratégia planificada de Relações Públicas para a geminação autárquica entre os municípios de Alcobaça e Belchatów. Ao longo do plano serão apresentados os resultados da investigação e um conjunto de dados que permitirão a elaboração de uma melhor contextualização não só do papel dos municípios na gestão de projectos de geminação, mas também a consciencialização ao nível dos líderes políticos, da necessidade de colocar em agenda internacional os assuntos públicos locais e regionais de cada município, que será determinante para uma maior participação cívica e activa das comunidades. Uma cooperação que poderá projectar Alcobaça para uma dimensão de SMART City, numa perspectiva de cidade sustentável associada à tecnologia. Será também feita uma análise da Comunicação Pública dos municípios geminados, e será avaliado o processo comunicacional das autarquias circunscrito ao campo da Internet, uma vez que o projecto irá ser desenvolvido, essencialmente, Online. No terceiro subcapítulo faremos a planificação, a monitorização e a avaliação do projecto, que é composto por quatro programas que se interligam entre si, e que têm a finalidade de criar relações entre as comunidades de Alcobaça e Belchatów. 8 Estes programas são denominados por “Bússola Pública”, Memorando de Assuntos Públicos”, “Ponto de Ideias” e “Interage e Partilha”, que serão dinamizados por tácticas e métricas de avaliação que terão a finalidade de posicionar Alcobaça como um destino turístico de excelência. São objectivos gerais deste projecto aumentar o envolvimento económico dos polacos na cidade de Alcobaça; aumentar o número de visitas de turistas internacionais e criar awareness sobre a cultura, costumes, e tradições das comunidades envolvidas. A apresentação deste projecto tem assim o intuito de entendermos o papel das Relações Públicas no sector autárquico como um instrumento de gestão do poder partilhado e simétrico, com a finalidade de retirar benefícios para a organização e para os stakeholders. Um conceito que na nossa óptica deve prevalecer para que as Relações Públicas possam ser assumidas como instrumento de eficácia comunicacional no poder autárquico local. Um organismo que tem assumido uma posição de liderança num conjunto de serviços de suporte para o desenvolvimento local, regional e nacional das cidades. As Relações Públicas assumem neste patamar uma função de gestão distinta de todas as restantes Ciências Sociais, na medida em que ajudam a estabelecer e a manter linhas mútuas de compreensão, aceitação e cooperação entre as organizações, entidades, grupos e públicos. Neste vasto número de funções desempenhadas pelo profissional de Relações Públicas, é imprescindível a clarificação do papel deste profissional no Sector Público, de forma a demarcá-lo de qualquer dependência política, isto é, o profissional de Relações Públicas deve ser posicionado pela instituição como um técnico especializado na área da comunicação e não confundido com um gestor de Assuntos Públicos, que mantém relações de dependência com o sistema político vigente. Uma clarificação de funções que ajudará, não só a autarquia como os públicos envolvidos, a direccionar a comunicação e a aprofundar projectos que de outra forma poderiam perder-se por uma avaliação incorrecta. Esta abordagem das Relações Públicas deverá ser extensiva ao campo da cooperação internacional autárquica, sendo o papel do profissional determinante para o planeamento estratégico das relações. 9 Em Portugal, a evolução exponencial do número de geminações estabelecidas no governo local têm proporcionado a defesa e a promoção dos interesses locais, e a globalização tem obrigado os líderes políticos a interpretar a Comunicação Pública como uma ferramenta de partilha e de conquista de novos e antigos parceiros, que poderão ser determinantes para gerar riqueza na cidade e no país. Aliar as Relações Públicas às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que são apresentadas pela União Europeia como instrumento essencial para a evolução cognitiva e posicionamento social do cidadão no mundo, é assumido neste projecto como um cenário preferencial para posicionar a Comunicação Pública no poder local. As novas plataformas Online, as redes sociais e os mundos virtuais são neste projecto apresentadas como vias, não dispendiosas, para a criação de canais e mensagens eficazes para um maior envolvimento dos cidadãos na gestão autarca, bem como no aprofundamento do sentimento de pertença que irá combater a tendência para uma sociedade apática. 10 CAPÍTULO I Relações Públicas e o Poder Local Como poderemos dissociar uma riqueza salvífica de diferenças da longa crónica de ódios mútuos?” George Steiner 11 1. Relações Públicas no Sector Público O conceito de Relações Públicas sugere inúmeras definições distintas que sofreram actualizações ao longo da sua evolução. Grunig caracteriza a disciplina como um meio de “gestão de comunicação entre uma organização e os seus públicos” (Grunig, 1992, pp.4). As Relações Públicas apresentam-se como uma ferramenta de afectação e de planeamento, não só das políticas da organização público/privada, como das suas estratégias e decisões. Perceber o papel das Relações Públicas numa organização, passa pela exposição da actividade da entidade mas também do profissional de Relações Públicas, enquanto colaborador e mediador de relações. Johanna Fawkes (Fawkes, citada em Theaker, 2004, pp. 7) caracteriza a actividade de Relações Públicas em 13 frentes de acção, subdividindo-as em Comunicação Interna, Comunicação Corporativa, Relações com os Media, Business to Business, Assuntos Públicos, Relações com as Comunidades e Responsabilidade Social, Relações com os Investidores, Comunicação Estratégica, Monitorização, Gestão de Crise, Copywritting, Gestão de publicações e ainda Organização e Gestão de Eventos. O papel das Relações Públicas começou a ser discutido no início do Século XX por Eduard Bernays no seu livro “Crystallizing Public Opinion” (Bernays, 1923), ainda hoje considerado como livro de referência para a profissão. No início do Século XXI, as Relações Públicas assumiram uma função estratégica de aconselhamento e gestão das organizações como construtoras e divulgadoras de mensagens. Porém, esta noção nem sempre foi entendida da forma mais correcta. Na História das Relações Públicas organizacionais, Grunig e Hunt (1984) categorizaram a Disciplina através de quatro modelos ou categorias que posicionam as relações comunicacionais da organização num determinado contexto histórico. Aos quatro modelos, os autores atribuíram as designações: Publicity, Informação Pública, Comunicação de Duas Vias Assimétrica e por último o modelo de Negociação e Compromisso – comunicação de Duas Vias Simétrica. Importa então referir que todos estes modelos se mantêm hoje actuais, exigindo uma adequação às orientações de cada organização. Na primeira abordagem, Grunig (1992) desenvolveu o conceito de Relações Públicas como um meio de divulgação, apenas com um sentido de actuação, sendo que a transmissão da mensagem verdadeira não era função essencial da Disciplina. Nesta fase, 12 estabelecer uma relação forte e coesa com os órgãos de comunicação social era a grande preocupação do profissional de Relações Públicas dentro da instituição. Apesar de, na acepção do conceito, este ser o modelo mais frágil, é actualmente o que ganha mais aceitação e compreensão no campo das Relações Públicas na comunicação autárquica, na medida em que, subordinada às orientações do poder político, a avaliação do trabalho dos profissionais de Relações Públicas é, na maioria dos casos, atribuída em função do número de vezes que a autarquia é referenciada nos meios de comunicação social (EiróGomes, 2006). Um reflexo da falta de esclarecimento do papel do profissional de Relações Públicas dentro das autarquias e o seu mau posicionamento no organograma da organização, habitualmente afastado dos Decision Makers1, como será analisado mais à frente. O modelo de Informação Pública remete-nos para a noção de disseminação da informação num único sentido, onde a verdade é, neste contexto, um meio decisivo na transmissão da mensagem. Na prática, a implementação deste modelo permite à organização assumir um papel de relevo não só nos órgãos de comunicação social mas também nas publicações institucionais. Na comunicação autárquica esta é uma prática que tem ganho bastantes adeptos, e são cada vez mais os municípios que apostam numa divulgação das actividades políticas, sociais, culturais ou económicas através de flyers, brochuras, publicações com periodicidade diversa, newsletters, Website oficial da autarquia, Webblogs, entre outras plataformas digitais que têm ganho preferência também na Comunicação Pública2. No terceiro modelo, o destaque vai para o desenvolvimento histórico do que viria a ser definido por Grunig e Hunt (1984) por Modelo de Duas Vias Assimétrico. Os autores apostaram num modelo capaz de interagir com os públicos a partir da persuasão científica, introduzindo a ideia da comunicação capaz de mudar opiniões e/ou atitudes dos públicos, sem que estes interajam ou tenham algum papel decisor no desempenho da organização (Grunig e Hunt, 1984). Apesar do salto qualitativo ao nível da elaboração do modelo, uma vez que o terceiro destaca a necessidade de feedback, e uma vez que a comunicação não evolui sem 1 Os detentores do poder de decisão dentro da organização. Entende-se aqui por Comunicação Pública o papel desempenhado pelos profissionais de Relações Públicas no Sector Público (ver em autarquia) 2 13 feedbacks, ao nível autárquico este é um modelo limitativo para o desempenho das funções do profissional de Relações Públicas junto dos stakeholders3. Desta forma, e considerando o modelo mais avançado no campo das Relações Públicas, o Modelo de Negociação de Compromisso – emerge neste projecto como o modelo com maior enquadramento da Comunicação Pública no Sector Público. Assumindo um papel relevante na condução de relações de mútuo entendimento, o modelo apresenta um nível de igualdade de comunicação que é usualmente considerado utópico, mas que no campo do desenvolvimento das geminações autárquicas parece ser o caminho mais eficaz para o sucesso na cooperação. O Modelo de Duas Vias Simétrico relança aqui a necessidade de negociação e o estabelecimento de acordos conquistados através do planeamento e da investigação. É importante referir que o sucesso deste modelo está dependente da escolha estratégica dos públicos da organização. Nesta fase, ao profissional de Relações Públicas é exigido o papel de negociador entre os interesses da organização e dos stakeholders (Grunig, 1992, pp. 9). Este é o modelo com maior aplicabilidade neste projecto, uma vez que prescreve a eficácia de actuação das Relações Públicas ao nível da comunicação autárquica, sem colocar em causa a necessidade de comunicar através de “uma abordagem de pessoa para pessoa” (Brown, 2002). Mafalda Eiró-Gomes (2006) apresenta o futuro das Relações Públicas como um cenário baseado no desenvolvimento do modelo já apresentado por Grunig, que coloca as Relações Públicas como instrumento de “criação de relações comunitárias onde, para além de troca, cria relações que podem beneficiar os públicos sem necessariamente beneficiarem a organização” (Eiró-Gomes, 2006, pp. 27). Um futuro que apresenta o governo local como uma ferramenta crucial para a gestão das prioridades do país a nível nacional, regional e local, sendo esta noção de compromisso baseada na compreensão e aceitação dos valores de cada representante para alcançar um mútuo entendimento (White e Mazur, 1995). Uma noção que se assemelha à interpretação que Grunig faz do conceito de Poder Simétrico (2002). Um poder partilhado, com a finalidade de retirar benefícios para a organização e para os stakeholders. Uma noção que deve prevalecer nas funções do profissional de Relações Públicas enquanto instrumento de eficácia comunicacional no poder autárquico local. Nesse sentido, Grunig (1992) foi o primeiro autor a apresentar uma teoria de Excelência para integrar o papel das Relações Públicas 3 Stakeholders – pessoa individual ou colectiva que influencia ou é influenciada pela organização. 14 no campo organizacional. Juntamente com um grupo de pesquisadores, Grunig desenvolveu estudos em mais de 300 organizações de países como os Estados Unidos da América, o Canadá e a Grã-Bretanha. Grunig (1992, pp.5) definiu as Relações Publicas como a gestão da comunicação entre a organização e os seus públicos. A estas duas definições associou também o conceito de comunicação organizacional/corporativa, que Van Riel definiu como “instrumento de gestão a partir do qual se constroem formas de utilizar, harmoniosamente, a comunicação interna e externa, o mais eficaz e eficientemente possível, no intuito de criar relações favoráveis com os grupos de interesse, cuja organização mantém relações de dependência” (Riel, 1995, pp.26). Desta forma, a essência da Teoria de Excelência reside na eficácia comunicacional (Grunig, 1992) quando aplicada na gestão estratégica da organização de natureza pública ou privada, marcada pela acção dos stakeholders. Para a concretização de uma estrutura organizacional ideal, as funções dos profissionais de Relações Públicas devem estar próximas e integradas com as funções dos líderes de decisão, um conceito que Grunig denominou de dominant coalitions (1992, pp.5). Uma coligação de proposições capaz de manter o poder personalizado (Robbins, 1990) que Thompson (1967) simplificou denominando de “inner circle” – “circulo interno emergente”. Um meio de envolver, estrategicamente, a organização de forma a elevar a reputação e visibilidade interna e externa. A ideia de envolvimento estratégico está actualmente relacionada com o conceito de habilidade comunicacional, a que Grunig (1992) chamou de Comunicação de Excelência, representativo de um ideal de perfeição no funcionamento da organização, e que Grunig, Dozier e Larissa (2002, pp.252) classificaram de pontos orientadores dos objectivos internos e externos da organização para uma acção com retorno de benefícios. Neste sentido, o mundo organizacional deverá entender os processos de decisão como um conjunto de resultados que geram consequências que têm de ser geridas e avaliadas com o entendimento mútuo dos stakeholders. Uma relação estratégica que pode ser identificada na figura 1, uma adaptação ao Modelo ideal de Gestão Estratégica das Relações Públicas no campo organizacional apresentado por Grunig, Dozier and Larissa (2002, pp.145). 15 Figura 1. Quadro ideal para a Gestão Estratégica das Relações Públicas no campo organizacional4 Gestão de decisões Sem consequências Consequências Consequências Reputação organizacional Resultados das relações Programa de Comunicação (Relações, manutenção de estratégias + gestão de conflitos) Públicos Alcançar os objectivos Organizacionais Gestão de Crise Comportamento dos públicos criados Questões Numa análise à Figura 1, o profissional de Relações Públicas assume funções relevantes na gestão estratégica da organização a três níveis: stakeholders, públicos e questõeschave. Isto permite concluir que nas funções do profissional configuram a identificação do potencial dos públicos e dos stakeholders da organização e, consequentemente, a afectação, a gestão e a monitorização das decisões finais da organização. Neste esquema, as relações com o público assumem um papel relevante para as organizações quer ao nível da reputação quer ao nível do posicionamento social. No centro estão localizados os programas de comunicação propostos pela organização, com o objectivo de estabelecer relações estratégicas com os públicos e stakeholders, de forma a gerir possíveis conflitos e até mesmo evitar crises comunicacionais, através de um acompanhamento e conhecimento personalizado de cada caso. A Teoria de Comunicação de Excelência de Grunig (1992) é desta forma aplicada neste esquema para reforçar a necessidade de integração dos gabinetes de comunicação no organograma da organização junto dos gestores de decisão, uma vez que de outra forma os profissionais de Relações Públicas não terão recursos suficientes para elaborar uma estratégia eficaz na gestão e planeamento da organização. 4 Esquema adaptado do livro Excellent Public Relations and Effective Organizations – a study of communication management in three countries” de Grunig. J, Larissa A., Dozier. D. [2002], pp. 145 16 O coordenador do gabinete de Relações Públicas deverá, assim, ser integrado na coligação dominante, e obter funções que permitam uma integração natural no plano estratégico de desenvolvimento da organização. A apresentação deste modelo ideal sugere a clarificação e definição do conceito de institucionalização da comunicação nos Municípios, para a melhor compreensão do papel das Relações Públicas nas autarquias, que são guiadas por um sistema normativo e por conhecimentos cognitivos geradores de comportamentos de mudança social. É neste sentido que o papel do profissional de Relações Públicas deverá representar um instrumento de equilíbrio entre o poder político e a participação cívica, isto é, entre a autarquia e a comunidade, entre os eleitos e os eleitores. Desta forma é oportuno apresentar também as Relações Públicas sob uma nova perspectiva, a Nova Institucionalização Sociológica. Uma perspectiva que sugere uma nova forma de avaliar e analisar o trabalho das Relações Públicas no patamar das relações entre a organização e o ambiente envolvente (Sandhu, 2008). Um conceito que já não é novo, e que tem por base um cenário que privilegia o âmbito cultural para qualquer acção social (Weber, 1922, citado em Sandhu, 2008, pp.3). Nesta teoria, para além de uma visão da comunicação segundo a abordagem das Relações Públicas, deparamo-nos também com a visão sociológica de Max Weber (1922), que coloca a actuação da organização dependente não dos actores e das acções individuais, mas do resultado das acções conjuntas no processo institucional que afecta a organização. Como a eficácia da Comunicação Pública deverá ser avaliada através do nível de envolvência dos cidadãos no debate social, esta nova perspectiva pretende rectificar lacunas da teoria base das Relações Públicas no campo relacional entre os públicos e as organizações, através da definição e integração de uma análise às relações segundo as perspectivas Macro5, Meso6 e Micro7 (Sandhum, 2008, pp. 4). Sandhu (2008) contextualizou as três perspectivas segundo uma análise das relações Meso. A autora elaborou o esquema apresentado na Figura 2, segundo quatro critérios distintos: o nível de análise das relações, as unidades de análise, o tipo de relação e o papel da organização segundo o nível de análise. 5 6 Nível Macro – nível de envolvimento das relações nas áreas do negócio ou desenvolvimentos políticos. Nível Meso – análise associada à organização, representando o ponto de compreensão entre as relações das organizações 7 Nível Micro – a análise concentra-se nas acções individuais ou de grupo manifestadas através de regras. 17 Figura 2. Perspectiva Meso de uma organização8 Nível das Unidades Tipo de Papel da Análises de Análise Relação Organização Macro Sociedade e Meso-Macro: entre organizações subsistemas inseridas na sociedade Meso Organização Meso-Meso: entre organizações Micro Acções sociais de Micro-Meso: indivíduos e grupos indivíduos na organização Actor Actor Estrutura Nesta análise Meso, o destaque vai para as relações Meso-Macro9, concebidas estrategicamente para actuar nas organizações que interagem com as sociedades como um todo ou em subsistemas sociais como o sistema político ou económico, onde se posicionam os municípios. Nesta perspectiva, as organizações podem ser analisados como actores dentro de contextos institucionais específicos, sendo mais fácil a avaliação dos públicos envolvidos, uma vez que são eles que exercem pressão no funcionamento das organizações, forçando-as a desenvolverem estratégias de adaptação para poderem manter uma posição de legitimidade enquanto organização. Nas relações Meso-Meso10, prevalecem as relações entre as organizações, especialmente quando são estruturais ou funcionais interdependentes. Também nestas relações as organizações são apresentadas como actores. Nesta abordagem, o foco de actuação é centrado na observação mútua, que será determinante para garantir níveis de segurança e de adaptação entre as instituições. Os acordos de geminação entre autarquias são exemplo destas relações. Nesta perspectiva, as organizações podem desempenhar o papel de influenciadores de decisão mas também podem ser influenciados. A obtenção de uma maior segurança organizacional irá permitir maior profissionalização dos colaboradores e das organizações, que serão indicadores fundamentais para a partilha de valores e conhecimento. 8 Adaptação de Donges, 2008, p.69, citado em Sandhu, 2008, pp.5 Perspectiva Meso-Macro: analisa as relações das organizações com a sociedade. A organização é vista como uma entidade supra-individual, e podem ser úteis para avaliar o agendamento das relações entre a organização e seu ambiente. 10 Perspectiva Meso-Meso: relações entre as organizações, cuja concentração reside na observação mútua e na interacção da organização como forma de co-orientação e compreensão do processo de comunicação institucional 9 18 Ainda nesta perspectiva Meso organizacional podem ser analisadas as relações MicroMeso11. Uma perspectiva que em nada se assemelha às anteriores, mas também é importante estabelecer nas relações geradas ao nível do poder local. Aqui, a organização deixa de ser vista como actor e passa a ser uma estrutura base para os actores envolvidos, que no sector autárquico representam a base de desenvolvimento económico e social para a comunidade. Uma estrutura que poderá gerar pequenos grupos que irão gerar outras instituições que darão a estabilidade organizacional aos municípios (Sandhu, 2008, pp.6). Estes três níveis de análise ajudam-nos a melhor entender a dupla função que as autarquias adquirem nas relações com as comunidades: a de agente e a de estrutura base. Um dos conceitos chave do papel das Relações Públicas dentro de uma organização é a ideia de que os seus públicos, nomeadamente, os colaboradores, representantes locais, nacionais, corpo político e comunidade local, não podem receber a informação com o mesmo tratamento. Perceber que a segmentação da informação é inevitável mediante o público para quem estamos a comunicar, é vital para que a organização alcance os objectivos comunicacionais por si estipulados (Fawkes, 2001, pp.5, citado em Theaker, 2004). A eficácia destas relações está, assim, dependente dos públicos que possuem a capacidade de produzir acção social significativamente orientada. Brian Harvey (1995, pp.73) enumerou seis objectivos primordiais das funções das Relações Públicas no Sector Público: estabelecer, manter e projectar o carácter e a identidade da autoridade corporativa; criar conhecimento das políticas, procedimentos e das actividades da entidade através da transmissão máxima de informação aos munícipes; responder, de forma apropriada, quando a instituição é criticada; estabelecer e manter canais eficazes de comunicação, bem como desenvolver um programa consistente e apropriado de técnicas; criar e manter com as entidades locais uma consciência da necessidade de comunicar com os vários grupos e assegurar um nível sustentado de responsabilidade nas funções do profissional de Relações Públicas ao nível das políticas locais e nacionais. 11 Perspectiva Micro-Meso: Organização é vista como estrutura base da sociedade 19 2. O poder local em Portugal Portugal tem uma democracia de 35 anos alcançada a 25 de Abril de 1974. Uma revolução militar pacífica, que pôs fim a décadas de ditadura pela mobilização de uma grande mancha popular. A partir da revolução de Abril, foi impulsionada a criação do Poder Local democrático, que coincidiu também com outras grandes transformações revolucionárias (nacionalizações, reforma agrária, controlo operário, entre outras) e a afirmação do papel dos trabalhadores e das comunidades populares na construção de um país melhor. Com a entrada de Portugal na União Europeia em 1986 e, consequentemente, com o acesso aos Fundos Estruturais criaram-se, por um lado, novas formas de comunicar com o mundo, mas também se deu o fomento da dependência do poder local face ao poder central e às exigências comunitárias. É possível enquadrar o poder local em Portugal desde 1974 como um poder dividido por duas fases tendenciais: a do intervencionismo (com o apelo à participação cívica) seguida de uma fase de liderança efectiva no campo do desenvolvimento (Fernandes, 1992). Com a publicação de legislação que define as suas competências, é exigido ao poder local, nos tempos de hoje, uma elevada capacidade de gestão e um grau de autonomia que requer um conhecimento técnico não antes exigido. Aos líderes autárquicos é exigida não só uma gestão política, mas também uma abordagem estratégica não só dos problemas locais e regionais, mas também de conhecimentos em termos das agendas nacionais e internacionais. O cenário em que nos encontramos no momento de análise actual, é o propício para tornar o poder autárquico num espaço de democracia política e social de democracia participativa. Porém, para que o poder local português alcance, na Europa dos 27, a visibilidade desejada para a construção de uma representação significativa de Portugal no campo internacional, deve “centrar-se na capacidade de informar; criar pré-disposições e agir através da transformação dessas mesmas pré-disposições em comportamentos, para que estes possam ser repetidos e consolidados com a fidelização - local, regional, nacional e mesmo mundial” (Camilo, 1998, pp. 63-70). Perante este cenário, destacamos a reestruturação organizacional das autarquias como um ponto fulcral para que estas possam lidar com políticas comunitárias. 20 O projecto de investigação intitulado “Dinâmicas Locais num Contexto Europeu: Esboço de uma Relação”12 (Ruivo, 2004), concluiu que, apesar do afastamento eminente do poder local em relação à Europa, 75,2% dos Presidentes das autarquias portuguesas responderam ter uma actuação dinâmica e de mudança ao nível da Modernização de serviços (31,9%), dos Recursos Humanos (20,3%) e na criação de um Gabinete de Relações Internacionais (14,5%). Cerca de 18,3% dos inquiridos responderam não ter efectuado qualquer mudança governativa. Os resultados esboçam a emergência de uma reestruturação autárquica no poder local, na qual se inclui a reestruturação ou a inclusão das Relações Públicas ao nível da gestão autárquica. Para podermos avaliar a Comunicação Pública no sector autárquico é necessário efectuar uma breve apresentação do funcionamento do sistema político português e os seus órgãos legisladores. Assim, o sistema político é composto por quatro órgãos de soberania da República Portuguesa consagrados na Constituição13, nomeadamente, o Parlamento português, constituído por uma única Câmara designada de Assembleia da República, o Presidente da República, o Governo e os Tribunais. A Assembleia da República define-se como a “assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses”14. A Constituição, o Regimento e o Estatuto dos Deputados definem as competências e as regras de funcionamento da Assembleia da República e os direitos e deveres dos seus Membros. Compete à Assembleia da República assegurar a aprovação das leis fundamentais da República e a vigilância pelo cumprimento da Constituição das leis e dos actos do Governo e da Administração15. O Presidente da República é o Chefe do Estado, que representa a República Portuguesa. O Chefe de Estado tem assim a função de garantir a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas, sendo também o Comandante Supremo das Forças Armadas. A legitimidade democrática que lhe é conferida através da eleição directa pelos portugueses é a explicação dos poderes formais e informais que a Constituição lhe reconhece. 12 Desenvolvido pelo Observatório dos Poderes Locais do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra até 2003, ao qual apenas responderam 35% do universo dos inquiridos (Presidentes das Câmaras Municipais do Continente). 13 http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx 15 http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx 21 Ao Governo compete a condução da política geral do país, sendo atribuídas funções políticas, legislativas e administrativas, das quais se destacam a negociação com outros Estados ou organizações internacionais, a proposta de leis à Assembleia da República, o estudo dos problemas e a decisão sobre eles através da elaboração de leis e de regulamentos técnicos, a decisão de investir o dinheiro público, decisões administrativas para o bem comum, sempre em consonância com as leis estipuladas16. O PrimeiroMinistro também é o decisor nas escolhas dos representantes dos Ministérios. O Presidente da República dá posse ao Primeiro-Ministro e ao Governo que, seguidamente, faz o respectivo Programa, apresentando-o à Assembleia da República. Os Ministros que asseguram e representam os Ministérios estão dependentes das directrizes do Primeiro-Ministro, e têm como função ajudar a decidir a política geral do Governo. A relação que o Governo estabelece com as autarquias é baseada numa auscultação das suas opiniões, nos casos previstos na lei, como atutela administrativa17, o controlo da legalidade das suas acções e a disponibilização de meios financeiros. A eleição dos representantes dos órgãos soberanos é feita a partir do sufrágio, e são os cidadãos os detentores do poder final na escolha do eleito para governar. Os membros/deputados que constituem a Assembleia da República são nomeados pelos partidos, alternando o número de representações mediante o número de votos obtidos pelos partidos nas eleições autárquicas. A este nível podemos identificar a fragilidade do sistema político, uma vez que estão dependentes da intervenção, da inclusão e da aproximação dos cidadãos à política. Ao nível do governo local, a Lei n.º 169/99 de 18 de Setembro, revogada pela Lei n.º 5A de 11 de Janeiro de 2002, estabelece o quadro das competências e o regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios e das Freguesias. Cabe à Assembleia da República decretar, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, as competências da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal, da Juntas de Freguesia e da Assembleia de Freguesia. Os órgãos representativos do município são a Assembleia Municipal e a Câmara Municipal, sendo a Assembleia de Freguesia e a Junta de Freguesia, órgãos representativos da Freguesia. 16 www.portugal.gov.pt 17 Verificação do cumprimento da lei 22 Neste ponto é importante relembrar que em 2006, a Assembleia da República aprovou a Lei da Paridade n.º 3/2006 de 21 de Agosto, que estabeleceu como obrigatória a representação mínima de 33% de representantes do sexo feminino e masculino, nas listas apresentadas na Assembleia da República quer para o Parlamento Europeu, quer para as autarquias locais. Para uma contextualização do poder político local, decidimos elaborar também uma pequena descrição do sistema político ao nível do governo local e do nível de envolvimento com a população no âmbito da participação cívica. Assim, a Câmara Municipal, é constituída por um presidente e por vereadores, sendo o órgão executivo do município eleito pelos cidadãos eleitores recenseados na sua área. A eleição da equipa que compõe a Câmara Municipal é feita em simultâneo com a da Assembleia Municipal. No acto eleitoral, o presidente de Câmara é o candidato da lista mais votada. O número de vereadores está dependente do número de eleitores recenseados no Município 18. O presidente designa o vice-presidente, a quem cabe substituir o primeiro caso se ausente. Os vereadores podem ter cargos a tempo-inteiro e a meio-tempo, sendo esta uma decisão da responsabilidade da edilidade. As autarquias assumem como principais competências a organização e o funcionamento dos serviços e da gestão corrente. O mandato dos titulares dos órgãos das autarquias locais tem a duração máxima de 12 anos. Todas as decisões camarárias são aprovadas em reunião de câmara ordinária semanal, salvo se por conveniência dos órgãos for desejável apenas uma reunião quinzenal. Cabe ao presidente estabelecer o dia e a hora das reuniões. Depois da Câmara Municipal, a Junta de Freguesia surge como o órgão executivo colegial da freguesia. É constituída por um presidente e por vogais (secretário e o tesoureiro). Os vogais são eleitos pelo número de eleitores recenseados na freguesia19. Os membros das Juntas de Freguesia podem exercer os mandatos em regime de tempo inteiro ou a meio tempo, tendo as reuniões deste organismo a obrigatoriedade mensal ou quinzenal. Em relação aos órgãos representativos da Freguesia, a Assembleia Municipal define-se como o órgão deliberativo do município, e é constituída pelos presidentes de Junta e pelos membros eleitos pelo colégio eleitoral do Município. 18 Vide Anexo II 19 Freguesias até 5000 - 2 vogais; mais de 5000 e menos de 20 000 - 4 vogais e com 20 000 eleitores ou mais, 6 vogais 23 Nas sessões da Assembleia participam os cidadãos encabeçados nas listas mais votadas na eleição dos membros para a Assembleia de Freguesia da área do município. Fazem parte da mesa eleita o Presidente da Assembleia, o 1.º e o 2.º secretário. As principais competências deste órgão são acompanhar e fiscalizar a actividade da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados. A Câmara faz-se representar, obrigatoriamente, nas sessões da Assembleia Municipal pelo presidente, que pode intervir nos debates sem direito a voto. Os vereadores eleitos devem assistir às sessões, podendo intervir quando solicitado sem direito a voto. Os eleitores/público têm direito a intervir sem voto, nas sessões extraordinárias, podendo reformular sugestões. O outro órgão representativo da Freguesia é a Assembleia de Freguesia, sendo que a sua equipa é eleita por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos recenseados na área de freguesia, segundo o sistema de representação proporcional. Tal como os outros órgãos, também a sua composição está dependente do número de eleitores da freguesia 20. A mesa é composta pelo Presidente, o 1.º e o 2.º Secretário. O mandato é válido por quatro anos. Elaborada uma pequena apresentação dos órgãos que constituem o poder local português, interessa fazer uma abordagem do papel das Relações Públicas enquanto Disciplina base para o planeamento estratégico da Comunicação Pública no Sector Público. Desta forma, comunicar no e para o Sector Público é, numa primeira análise, uma tarefa mais difícil do que noutro qualquer sector, no sentido em que este é o sector que maior número de stakeholders envolve, quando comparado com o sector privado. O Sector Público exige, desta forma, não só uma comunicação mais ampla como também uma dualidade de funções. As autarquias são um dos melhores exemplos desta relação complexa, uma vez que albergam, habitualmente, cidadãos que são, em simultâneo, residentes na localidade e funcionários da instituição. Ou seja, o poder da mensagem no processo comunicativo é decisivo, uma vez que em jogo está a colisão entre a relação emotiva de proximidade entre as comunidades “colaborador – organização” vs “cidadão – poder político”. As novas competências das autarquias e dos líderes propõem uma intervenção activa em áreas tão distintas como a economia, o social, o cultural, o urbanismo, a comunicação, entre outras. 20 Vide Anexo I 24 O que significa que, o poder local, nomeadamente as autarquias, podem, através da integração de novas dinâmicas de comunicação, ser a rampa de lançamento para a criação de novos laços económicos-sociais. O sucesso está na predisposição dos políticos em adoptarem o novo discurso de gestão política, que pode e deve passar não só por dar prioridade ao mundo Online como também pelo estabelecimento de parcerias, geminações/cooperações internacionais que coloquem Portugal numa posição estratégica de centro inovador, passando a ser referência não só para os países em vias de desenvolvimento, mas também perante as grandes potências mundiais. A ausência de dados específicos que permitam uma contextualização completa do poder local português leva-nos a estruturar uma abordagem histórica a nível mundial, onde a realidade nacional pode ser integrada para efectuarmos uma análise mais rica e avaliativa da evolução das Relações Públicas no poder autárquico. 3. Gestão Estratégica da comunicação nas autarquias Com a Depressão da II Guerra Mundial, as cidades começaram a crescer e a complexidade dos problemas urbanos encorajaram a aceitação da “nacionalização do governo como uma força política dominante para a vida” (Lesley, 1997, pp.84). Nos tempos em que é feita esta análise, a nova classe política está mais profissionalizada e dotada de um background de assuntos políticos e públicos que torna o poder autárquico mais aprofundado e com mais espaço de actuação. No passado, os decisores políticos eram originários de sectores como a pecuária e a agricultura, enquanto hoje a grande maioria são formados nas áreas da Educação e no Direito. Actualmente, a média de idade dos legisladores também se alterou, rondando os 35 anos e os 40 anos de idade (Lesley, 1997, pp. 84), sendo as legislaturas compostas por mais mulheres e minorias, e estão também mais sintonizadas com as questões urbanas, onde “não há mais espaço para amadores, sendo necessário um cidadão legislador a tempo inteiro e um profissional” (Rosenthal, citado em Lesley, 1997, pp. 86)21. A alteração do papel das autarquias no governo local deve-se também às mudanças institucionais dos mandatos. 21 Director do Eagleton Institute of Politics at Rutgers University 25 Muitas das questões do programa dos assuntos públicos que estão na arena legislativa, assim como a aceitação e participação em questões de preocupação mundial mas de foro local, regional e nacional, são levadas a discussão através dos gestores de assuntos públicos, pequenos grupos de interesse que fazem a ligação entre os sectores Público e Privado. Na abordagem americana, que aqui se torna relevante para uma contextualização da realidade nacional, o papel do profissional de Relações Públicas está intimamente associado ao lobby, uma habitual presença nas relações governamentais americanas na gestão comunicacional entre Estados. Porém, em Portugal, o gestor do poder político22 é provavelmente o melhor exemplo de barreira da indústria das Relações Públicas à mudança social (Duarte: 2007, pp.58)23. Martins Lampreia, um dos três portugueses acreditados na gestão de assuntos públicos no Parlamento Europeu, considera que o lobby não funciona em Portugal por três razões: por não interessar à população portuguesa, por ser um conceito associado nos órgãos de comunicação social a uma conotação pejorativa, e porque as instituições nunca se debateram com verdadeiros problemas para atingir os decisores de topo (Duarte, 2007). Partilhando do mesmo conceito de Lobby exposto por Martins Lampreia, achamos que o conceito deve ser entendido em Portugal, como já é entendido em muitos países, como um conceito-chave para o desenvolvimento de canais de defesa dos interesses dos cidadãos não só a nível nacional como internacional. Uma forma de pressionar os órgãos decisores a agendarem assuntos públicos que de outra forma nunca seriam discutidos como um problema comum. Isto porque, a legitimidade do gestor dos assuntos públicos em Portugal é inexistente, embora tenha expressão no direito dos decisores de serem informados sobre todos os interesses implícitos. Desta forma, defendemos a integração do profissional de Relações Públicas do poder político nos quadros das organizações para estabelecer representações em vários pontos estratégicos, detectados numa análise interna. 22 O Lobby é neste projecto apresentado através em duas definições: Gestor de Assuntos Públicos e o Relações Públicas do poder político, pelo facto da terminologia Lobby e as suas funções não serem reconhecidas em Portugal como válidas. 23 www.prconversations.com 26 De acordo com Lesley (1997), a gestão de assuntos públicos corporativos ao nível dos esforços das grassroots24 deve ser dividida em três categorias (Lesley, 1997, pp. 93): o envolvimento de participações pessoais nos conselhos políticos, uma participação estimulada a partir de políticas de educação, de awareness25e de motivação, que poderão gerar o entendimento económico entre órgãos, o estabelecimento de relações políticas a vários níveis, o seu desenvolvimento está dependente das partes envolvidas, e por último, a representação política enquanto suporte da comunidade. Uma forma de atribuir à autarquia uma margem de manobra para responder perante os interesses da comunidade e incentivar, como já referimos anteriormente, à participação cívica. A gestão de interesses dos stakeholders traduz-se na projecção de uma imagem de segurança e de confiança da organização no âmbito local, regional, nacional e internacional. A gestão dos assuntos públicos é, frequentemente, assumida como uma função de consultoria quer como prestação de serviços a grandes empresas privadas como entidades públicas, onde se enquadram o Governo e as autarquias. Nesta abordagem, podemos ainda estabelecer pontos comuns entre os princípios estruturais da democracia e os princípios estruturais das Relações Públicas, na medida em que o sucesso do governo democrático está dependente das relações entre o eleitorado e o eleitor, relações baseadas num mútuo entendimento (Cutlip, 1999). O que significa que, sem informação e uma relação com base em grassroots sociais, a relação dos eleitos e dos eleitores torna-se mais frágil ao não ser construída com base nas necessidades da organização vs comunidade. E a este nível, a complexidade do trabalho das Relações Públicas enquanto disciplina torna-se determinante no poder local, uma vez que os profissionais de Relações Públicas que integram as equipas das autarquias podem estabelecer a ponte de ligação para aproximar e criar relações de grassroots capazes de sustentar uma relação de afinidade entre a organização e a comunidade que sem este nível de interacção não seria possível. Cutlip, Center e Broom, (1999, pp. 491) estabeleceram para o programa de Relações Públicas no Sector Público objectivos prioritários como: informar os eleitores das actividades governativas, assegurar uma actividade corporativa com base em relações de cumplicidade na regulação dos programas, e preparar a população para o acolhimento, sem contestação, das políticas e 24 Grassroots – Um esforço mútuo com o objectivo de mudar opiniões individuais ou de grupos de cidadãos (Payne, 2005) 25 Awareness - consciencializar 27 os programas aprovados pelo corpo político. O cumprimento dos objectivos políticos (obtenção de votos) é determinado pela participação cívica nas acções das autarquias, uma vez que a comunidade funciona como um barómetro do sucesso da organização. Também os profissionais de Relações Públicas assumem neste sector funções cívicas, no sentido em que se representam como intermediários entre o corpo político eleito, os colaboradores da autarquia e os cidadãos eleitores. Porém, urge uma limpeza conceptual quanto às funções do profissional de Relações Públicas no seio do Sector Público. Isto é, as funções do profissional não podem ser associadas às funções de um gestor de assuntos públicos, habitualmente dependentes da liderança política vigente. O profissional de Relações Públicas integrado numa autarquia é um técnico que desempenha funções num organismo público e deve estar o mais próximo possível do topo da hierarquia da organização, mas as suas funções não estão dependentes do resultado do sufrágio. Para Cutlip Center e Broom (1999), a comunicação no Sector Público deve ser entendida como um combate à apatia pública na participação das decisões. A função do profissional é, assim, estabelecer uma relação harmoniosa entre a organização e a comunidade. Estas são relações extremamente benéficas na medida em que ajudam a “perceber as expectativas da população perante a organização e a comunicar a sua história num entendível e ininterrupto caminho” (Cutlip, Center e Broom, 1999, pp.329). A comunidade espera da autarquia o direito à participação activa, e autarquia espera da comunidade uma actuação dinâmica nas actividades culturais, sociais, educativas e económicas, bem como estabilidade e o orgulho, reflectidas no reconhecimento. A construção de um movimento harmonioso entre estes actores é aquilo que os autores denominam grassroots public relations. (Cutlip, Center e Broom, 1999, pp.386). Para a construção de toda esta panóplia de relações, é importante que o profissional de Relações Públicas não esqueça o conceito de Ética na Comunicação. Apesar de tudo o que se expressa nos princípios orientadores do código de ética do profissional de Relações Públicas, como a advocacy26, a honestidade (respeito por padrões de rigor e verdade), integridade (respeito pelo código de ética), a especialização (aquisição de conhecimento especializado, promovendo o desenvolvimento profissional contínuo) e ainda a lealdade (respeito pelas obrigações para 26 Defender determinada causa de forma a gerar o debate público 28 servir os interesses da sociedade e apoiar o direito da livre expressão), por vezes é muito complicado para o profissional gerir conflitos de ideias, partidos políticos, orientações religiosas entre outros. Seitel (1995) apresenta sete princípios estabelecidos pela Associação Internacional de Comunicadores de Negócios (AIBC), E.U.A., para os membros da Associação como princípios éticos de actuação que podem ser generalizados para os profissionais e gestores da comunicação de forma a credibilizar o seu trabalho. Entre eles, a disseminação da comunicação e da informação na defesa da credibilidade e da dignidade dos profissionais, o estabelecimento de uma conduta uniformizada e determinada sob leis e regulamentos e a confidencialidade e a revelação, reflectidos no direito à privacidade e ao profissionalismo, que consubstancia um princípio ético. Os principais objectivos das associações de Profissionais de Relações Públicas, que assumem já um papel relevante no campo internacional, concentram-se na promoção de iniciativas com o intuito de analisar e melhorar a percepção das Relações Públicas nos países respectivos e aumentar a especificidade da profissão nos quadros da organização. No trabalho desenvolvido por estas associações, os princípios coordenadores do código de ética profissional e de auto-regulação individual do profissional de Relações Públicas têm como missão auxiliar os profissionais na defesa dos interesses de terceiros como empresários, clientes e interlocutores externos, e os interesses profissionais dos membros da associação. Eventos como o Festival Mundial de Relações Públicas, o Congresso Euprera e o IPR World Congress, são algumas das iniciativas de destaque ao nível do bom trabalho que estas associações têm desempenhado, tendo já alcançado um lugar consolidado ao nível internacional. Um trabalho de awareness e advocacy junto da comunidade e dos líderes, com a finalidade de facilitar o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre os profissionais e as instituições que representam. 29 CAPÍTULO II Comunicação Pública, Diplomacia Pública e Plataformas Digitais “ O génio da Europa é aquilo que William Blake, teria chamado “a santidade do pormenor diminuto”. É o génio da diversidade linguística, cultural e social, de um mosaico pródigo que muitas vezes percorre uma distância trivial, separado por vinte quilómetros, uma divisão entre mundos” George Steiner 30 1. Public Diplomacy O termo Public Diplomacy27 foi apresentado pela primeira vez em Janeiro de 1856 no jornal Times de Londres. Na época, a expressão foi utilizada pelo jornal como sinónimo de crítica à postura do Presidente Franklin: “if they have to make, as they conceive, a certain impression upon us, they have also to set an example for their own people, and there are few examples so catching as those of Public Diplomacy”. Quase trinta anos depois, foi a vez do jornal americano New York Times (1871) aplicar o conceito de open Public Diplomacy, numa grande reportagem apresentada num congresso, citando Samuel Cox28 (Cox, 1871, citado em Snow and Taylor, 2009), durante um discurso contra a conspiração da anexação da República Dominicana. Na época, o termo era também muito recorrente para descrever as novas práticas diplomáticas na Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), que derivavam das sucessivas declarações Germânicas sobre a política de guerra submarina, com base nas declarações de paz segundo os ideais de Woodrow Wilson’s29. Durante este período, muitos escritores recorriam à expressão open diplomacy, mas foi o conceito de Public Diplomacy que angariou mais adeptos, tornando-se também a terminologia mais usual nos relatórios Franceses. Em 1946, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paul-Henri Spaak, anunciou, entusiasticamente, durante a sessão inaugural da Assembleia-Geral das Nações Unidas30, que o mundo estava a viver “a idade da Public Diplomacy”, e em 1958, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjöld, afirmava que “o valor da Public Diplomacy nas Nações Unidas iria depender da forma decisiva como os portavozes responsáveis pelo cargo iriam considerar esta possível e estreita abordagem táctica na vida da política internacional” (Dag Hammarskjöld, 1958, citado em Snow and Taylor, 2009, pp.21). 27 Que em português se traduz para Diplomacia Pública 28 Democrata de Nova Iorque formado em jornalismo 29 Thomas Woodrow Wilson foi Presidente dos Estados Unidos da América durante a I Grande Guerra Mundial (1914 a 1918) e foi a figura chave na criação da Liga das Nações - fundada durante a Primeira Guerra Mundial para manter a paz internacional 31 Edmund Gullion (1965), um dos mentores do Centro de Public Diplomacy Edward R. Murrow definiu o conceito de Public Diplomacy como“(…) deals with the influence of public attitudes on the formation and execution of foreign policies. It encompasses dimensions of international diplomacy; the cultivation by governments of public opinion in other countries; the interaction of private groups and interests in one country with another; the reporting of foreign affairs and its impact on policy; communication between those whose job is communication, as diplomats and foreign correspondents; and process of intercultural communications” (Gullion, 1965, citado em Snow and Taylor, 2009, pp.19). Esta definição viria a ganhar ainda mais força nos anos 90, quando a expressão entrou em uso corrente no círculo dos políticos estrangeiros (Snow and Taylor, 2009, pp.22), nomeadamente em Inglaterra, onde o Governo de Blair31 estabeleceu um Conselho Estratégico de Public Diplomacy. Nos Estados Unidos da América, o conceito ganhou grande projecção com o trágico episódio de 11 de Setembro de 2001. De acordo com a definição da associação americana Place Branding & Public Diplomacy, o conceito de Public Diplomacy representa uma “reunião de todos os esforços de comunicação, directa ou indirectamente, entre o governo e membros de outro país”32. Neste contexto, o conceito é apresentado como parte integrante da política externa de um determinado país, e um suporte ou um serviço acessório para a maior parte das iniciativas diplomáticas com elevadas componentes políticas, económicas e militares. A criação da União Europeia, a expansão da NATO e a implementação do Plano de Marshall (1947) são alguns bons exemplos da aplicação do conceito nas relações diplomáticas entre países. John Spence (2007) apresenta a Public Diplomacy como uma ferramenta poderosa capaz de suportar os objectivos estabelecidos pelos ministérios estrangeiros para o Século XXI. Para o autor, o grande objectivo do conceito é provocar uma mudança de comportamento junto das comunidades ao nível da participação cívica, com o intuito de ajudar os governos a alcançarem os seus próprios objectivos internacionais (Spence, 2007, pp.3). Das muitas apresentações do conceito de Public Diplomacy, a abordagem que queremos trabalhar neste projecto é, no entanto, a apresentada por Gregory Payne. O autor apresenta o conceito como um instrumento integrado na estratégia people-to-people, baseada num esforço para estabelecer uma relação sustentável, aberta aos debates e à 31 Tony Blair foi Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1997 a 2007 32 www.nationbranding.de 32 discussão pública, com a finalidade de construir uma fundação de confiança e cooperação entre as partes e os públicos (Payne, 2008). A partir desta relação de confiança, Gregory Payne considera que se torna mais fácil alcançar um ponto de entendimento comum entre os valores e as crenças de cada país, representando assim uma oportunidade única para a compreensão das diferenças culturais, politicas, económicas e religiosas que muitas vezes chocam pelas diferenças ideológicas. A comunicação interpessoal representa, neste sentido, a maior oportunidade para construir relações de confiança, compreensão e amizade, dependendo do sucesso da reciprocidade de cada parte envolvida. A campanha eleitoral de Barack Obama33 é um dos grandes exemplos do sucesso de Public Diplomacy. Obama construiu uma campanha totalmente inovadora, com recurso a redes sociais, e criou uma mensagem política de partilha de valores, essencialmente baseada na confiança, promovendo o slogan “Yes, We Can”. Através desta perspectiva, Obama transmitiu não só a necessidade de união nas relações internas do país, mas também nas relações externas. Uma mudança que acontece numa altura em que as comunidades têm cada vez maior responsabilidade na participação e na decisão no que concerne os assuntos públicos. No século XXI as preocupações mundiais estão acrescidas e é atribuído à Public Diplomacy o papel fundamental na resolução de conflitos originados pela globalização e interdependência que apelam a uma maior responsabilidade social e governativa. A abertura da diplomacia ao “mundo” é uma reacção à mutação dos tempos e do lugar da Public Diplomacy na análise comunicacional. Dois bons exemplos da aplicação do conceito são os casos de sucesso apresentados na Nova Zelândia e nos Estados Unidos da América. No primeiro, o governo propôs à comunidade uma participação activa nas questões políticas do país. No segundo, aparecem as Bolsas Fulbright como forma de promover trocas de experiencias entre jovens de diferentes países. Um programa desenhado originalmente para aprofundar relações entre os jovens americanos e os jovens de outros países, através da apresentação de realidades distintas no âmbito educacional e cultural, de forma a fortalecer os laços entre os intervenientes34. 33 34 Actual presidente dos Estados Unidos da América Lei n.º 87-256 – http://exchanges.state.gov 33 Ao conceito de Public Diplomacy está associado também o conceito de Soft Power, apresentado pela primeira vez por Joseph Nye, em 1990, como um termo capaz de influenciar o comportamento de outros de forma a alcançar resultados pré-estabelecidos. O autor considerou ainda que juntos, os conceitos Power e Soft-Power assumem uma atitude de cumplicidade e persuasão única sobre os intervenientes. Nancy Snow (Snow and Taylor, 2009, pp.4) considera que o conceito é já bem entendido e aceite na Europa, nomeadamente em países como a França, a Itália, a Alemanha ou mesmo o Reino Unido, uma vez que as suas linhas orientadoras de comunicação estão em conformidade com as normas mundiais, de forma a alcançarem um mútuo entendimento político e cultural. Todos os países referenciados têm trabalho para a disponibilização de múltiplos canais de comunicação que lhes atribuem um maior enquadramento e contextualização nas agendas nacionais e internacionais, promovendo uma projecção única do país. O desporto é, neste contexto, uma das ferramentas mais importantes para o sucesso das relações diplomáticas. Por reunir áreas relacionais como a cultura e o desporto, muitos dos países responsáveis pela organização de competições desportivas de grande escala, perspectivam nestes momentos oportunidades únicas para obter visibilidade internacional e trabalhar relações que poderão aumentar a reputação do país. O Campeonato Mundial de Futebol realizado em 2006, na Alemanha, foi um bom exemplo do recurso à Public Diplomacy como um instrumento base para estabelecer relações sustentáveis entre a comunidade alemã e os visitantes. Esta evento foi uma excelente oportunidade para alterar a má reputação que Alemanha obtinha até então, conotada como “um país frio”. Durante a prova desportiva, o governo alemão promoveu inúmeras iniciativas que envolveram as comunidades, como foram os exemplos dos jogos para crianças africanas e o acesso livre aos treinos dos clubes alemães durante o mundial. O governo promoveu ainda acções de formação de acolhimento aos visitantes junto dos cidadãos locais expostos ao atendimento público, como foi o caso dos taxistas que foram incentivados a aprender frases chave em várias línguas estrangeiras para receber os turistas. O governo alemão equipou também os parques de lazer com ecrãs televisivos para os turistas que não conseguiram obter bilhetes para assistirem ao jogo no estádio, mas que viajaram até à Alemanha para participar na festa do Mundial. Pequenas acções que multiplicaram o impacto positivo do evento e do país a nível internacional. 34 Para além do desporto, também a arquitectura dos edifícios tem sido, desde há longos anos, uma ferramenta de expressão de poder e de identidade da Public Diplomacy. A Casa da Opera, em Sidney, é um dos exemplos que se tornou um ícone da cidade e ajudou a promover o turismo. O Museu Guggenheim, em Bilbao, é outra das obras de arte que impulsionou o crescimento económico da cidade. Património e referências culturais não só ao nível nacional como internacional e mundial, que representam a convergência de interesses entre países de cultura diferenciada, e que desta forma encontram uma estratégia de identificação com os públicos. A avaliação da eficácia da Public Diplomacy é, segundo John Spencer, (Spencer, 2007), essencial para a conjugação de quatro componentes chave na actuação de uma organização. O autor defende a conjugação de elementos como a previsão, para antecipar os potenciais problemas a estabelecer as prioridades; a estratégia, para promover a interacção e cooperação entre as campanhas de Public Diplomacy; a implementação dos programas Public Diplomacy e a posterior avaliação para assegurar os objectivos das organizações, e ainda a revisão dos mesmos, para analisar o sucesso ou o insucesso das estratégias planificadas. Sendo a Europa apresentada por muitos autores como a “comunidade da democracia” ou “a campeã do multilateralismo”, a Public Diplomacy deve ser entendida como um esforço de cada Estado/Governo local em comunicar e relacionar-se com os públicos estrangeiros. O Soft Power de cada país deverá assim ser ampliado através do envolvimento dos actores e das organizações nas múltiplas actividades. Os artistas, os escritores e os jornalistas são bons exemplos da ampliação deste conceito, uma vez que os seus trabalhos estão, constantemente, exposto a diferentes ideologias e assumem uma actividade multistakeholder, que interliga as realidades de cada país com as realidades internacionais (Bátora, 2005). Uma forma de encontrar nas relações governamentais pontos comuns, que tornem possível a cooperação. 35 2. Plataformas Digitais “Whether the internet will change PR for better or worse depends on whether you see it as a threat to established techniques …or an opportunity. The PR of the twenty first century will grasp technology but not be overwhelmed by it. Ultimately, despite new methods of getting the message across, the human element cannot, and should not, be eliminated”, Mario Tinley-Basset (citado em Theaker, 2004, pp.238). A Internet e os mundos virtuais são hoje encarados como redes de comunicação global que permitem às comunidades um acesso rápido, fragmentado e único, a uma realidade virtual em tempo real. Através deste novo mundo, onde se incluem as redes sociais e os mundos virtuais, o utilizador da Internet tem inúmeras possibilidades de criar, promover e sustentar o diálogo intercultural, em simultâneo, para vários pontos do mundo. Destas plataformas digitais, destacamos os mundos virtuais, como o Second Life que, se utilizados de forma eficaz, funcionam como instrumento de auxílio para uma melhor compreensão das diferenças culturais, políticas, económicas e ideológicas entre países. 0 projecto virtual do Centro de Diplomacia Pública35, da Universidade do Sul da Califórnia, desenvolveu formas inovadoras na adaptação dos mundos virtuais como instrumento de gestão de relações e do aumento da consciência destas oportunidades, para participação cívica no mundo virtual. Os videojogos e as redes sociais são bons exemplos deste tipo de participação. Estudos revelam que há um forte interesse da população em conhecer e experimentar os mundos virtuais. A noção de governar Online é actualmente um conceito muito desejado e que começa a dar pequenos passos. Um estudo que a BBC encomendou em 200536 para descobrir quem jogava videojogos demonstrou que, 59% dos inquiridos eram jogadores activos e estavam entre os 6 e os 65 anos de idade. O estudo demonstrou ainda que jogar representava uma actividade valiosa para os grupos com idades compreendidas entre os 6 e os 10 e os 11 e os 15, e que estava a ganhar adeptos nos grupos de idade entre os 25 e os 35. O que significa que os recém-chegados à Web olham para o mundo virtual como um mundo com acesso ao exterior a qualquer hora, local e momento. Um mundo onde o trabalho em rede com 35 36 http://uscpublicdiplomacy.com Estudo que teve como amostra 3.800 britânicos 36 base na partilha de conhecimentos e experiências, se torna um mundo de interesses para a construção de uma plataforma decisiva nas relações externas. A “Era digital” modificou, de forma significativa, o planeamento estratégico da comunicação nos sectores Público e Privado. No Sector Público português em análise, os profissionais de Relações Públicas começam a reconhecer a importância destes novos suportes para melhorar e aprofundar o relacionamento entre os vários públicos e stakeholders. Para estes profissionais, é fulcral a compreensão de que o discurso das Relações Públicas no ciberespaço foi alterado, adquirindo um novo papel comunicacional: o de prolongar uma medição tecnológica concomitante com a do discurso social (Elias, 2006). No “mundo Online” a finalidade do utilizador é criar ligações, referências, abandonar o anonimato e conhecer novas realidades, sem ter de se deslocar ou ser confrontado com uma situação desconfortável. A junção das potencialidades da Internet com os conhecimentos e técnicas do profissional de Relações Públicas pode permitir que as autarquias passem a funcionar como uma rede de comunicação global, capaz de captar a atenção de públicos fora do círculo primário de comunicação – “inner circle”. Como a Internet se tornou na plataforma de eleição para comunicar, também o profissional de Relações Públicas deverá adoptar um discurso tecnológico, que passa por recorrer a um conjunto infindável de redes sociais, como são os casos dos canais de conversação MSN-Messenger, SMS, MMs, Facebook, Hi5, Linkdin, Weblogs, e-mail, Skipe, fóruns temáticos, as Wikis 37, o Youtube, e os mundos virtuais como o Second Life. O segredo da eficácia desta relação é encontrado na personalização do tratamento da informação colocada na Internet. Isto é, a barreira do ecrã e a ausência do contacto pessoal entre a instituição e o público deverá ser colmatada com a qualidade do conteúdo transmitido. Neste campo, a recolha, o tratamento e a posterior segmentação de dados provenientes dos diversos públicos, fazem a diferença no trabalho do profissional, bem como na gestão das expectativas que o mesmo terá de acompanhar e gerir. 37 Wikis – bibliotecas online 37 A comunicação Online deverá, assim, no nosso entender, ter como base teórica o modelo de comunicação defendido por Grunig (1992), a Comunicação Simétrica de Duas Vias, onde a comunicação se torna mais educativa e direccionada para públicos específicos. “Eu continuo a acreditar que os canais cibernáuticos têm um forte potencial para a investigação e escuta, mas continuo a acreditar também no grande potencial do diálogo ou na comunicação simétrica de dois sentidos”, assumiu James Grunig (2008) durante a conversa com os leitores do blog “PR Conversations”38, acrescentando que acredita que os novos meios de comunicação são perfeitos para por em prática este modelo, sendo a grande barreira a má utilização dos canais pelos profissionais de comunicação. David Phillips (2001) define três fenómenos que os profissionais de Relações Públicas poderão ter de enfrentar com a globalização da Internet (Phillips, 2001, pp.49). A porosidade, a passagem da informação da audiência interna para a externa (o que significa que a comunicação não pode ser exclusiva para um só público); a transparência (a abertura interna do sistema para que a organização possa ser analisada ao pormenor) e a actuação da informação, como ferramenta criadora de relações de confiança entre os públicos. Isto porque, para os profissionais de comunicação, a questão chave da Internet está na interactividade entre os utilizadores e a criação ilimitada e livre de mensagens. Howard Rheingold (1994) considera que a rede de trabalho envolve caminhos multidireccionais de comunicação entre os cidadãos, onde os grandes actores desta indústria podem formar alianças e focus na rede. A tecnologia permite o imediatismo, e é neste diálogo que as Relações Públicas podem assumir um papel de destaque. Ao contrário do acontece nos canais de comunicação mais tradicionais como a televisão, a imprensa escrita e a rádio, onde existe, directa ou indirectamente, um gatekeeper39 na Internet essa questão não se coloca porque os dados veiculados não são controlados. Por isso, o processo de gatekeeping Online centra-se na presença da organização nos portais e na forma como a informação noticiosa é hoje disponibilizada e avaliada pelo utilizador da Internet. A melhor forma de tirar partido do processo de gatekeeping Online é estar atento e acompanhar a evolução dos acontecimentos para que a instituição não seja surpreendida com a veiculação de dados menos positivos. 38 39 www.prconversations.com Gatekeeper - guardião da informação – habitualmente faz-se representar pelo director do órgão de comunicação social, o jornalista que escreve a peça ou mesmo a fonte 38 Contrariando a ideia de que a figura do gatekeeper deixou de existir, cada instituição deve lutar pelo seu posicionamento Online, e actuar ela mesmo como gatekeeper, estando ciente de que qualquer utilizador pode hoje manipular, influenciar, interagir e produzir informação. Neste “jogo de relações”, captar o interesse dos opinion makers40 torna-se determinante para o posicionamento das autarquias perante os seus públicos, uma vez que na Internet todos podem assumir o papel de opinion makers, e abrir portas à produção de mensagens positivas e negativas. Cabe à organização ter a perspicácia de conseguir controlar, monitorizar e avaliar da informação veiculada. David Scott (2008) alertou os profissionais de Relações Públicas para a necessidade da distinção entre publicitar e criar uma relação, entre atrair e informar os públicos. Para o autor, a comunicação Online deve fornecer dados e não atrair, porque o utilizador da Internet não necessita de ser cativado mas sim de encontrar o conteúdo que procura. As Relações Públicas Online deverão assim delinear estratégias e implementar tácticas na Web mais eficazes, capazes de antecipar as necessidades dos navegadores, porque a autenticidade do conteúdo na Internet leva o utilizador à acção. E por isso, uma página Web ou uma plataforma Online bem concebida pode ser direccionada para diferentes públicos. Com a disponibilização gratuita, na sua maioria, de um grande conjunto de ferramentas de comunicação, cabe ao profissional de Relações Públicas ter a perspicácia de reaproveitar as mesmas como forma de complemento das suas funções. Países como o Canadá, a Austrália, Singapura, a Malásia, a Nova Zelândia, o Reino Unido e os Estados Unidos da América são actualmente conotados como “embaixadores” das Relações Públicas Online. Porém, o destaque vai para a República de Singapura, que no campo da Tecnologia da Informação se destaca desde 1986, altura em que apresentou um Plano Nacional de Tecnologia de Informação para o crescimento da sua economia. É, actualmente um dos melhores exemplos de serviços electrónicos para os cidadãos (Sudan, 2002). No campo de modernização de serviços, o governo Australiano definiu também um Gabinete de Tecnologia de Informação Governamental e ainda um Gabinete Nacional para a Economia de Informação. 40 Membros decisores, partners, sponsors entre outros 39 Outro dos casos de sucesso mundial é o projecto governativo Online da cidade de Andhra Pradesh, na Índia. Com uma população de 76,7 milhões de habitantes, quase o 13.º país com maior densidade populacional do mundo, Andhra Pradesh é um dos Estados da Índia menos desenvolvidos. Em 1998, e com uma taxa média de literacia de 54%, a vontade do Governo local de transformar a comunidade de Andhra Pradesh numa sociedade de conhecimento deu origem ao desenvolvimento de uma estratégia de Tecnologia de Informação. Um projecto que envolveu diferentes departamentos do município, e passou a integrar a lista das cidades SMART Governments. Uma aposta que posicionou a autarquia no patamar da sustentabilidade e da responsabilidade social, através de uma comunicação baseada na Public Diplomacy, proporcionando aos cidadãos a oportunidade de avaliarem as escolhas políticas pelo trabalho realizado. Bons exemplos que devem ser trazidos para a Comunicação Pública no Sector Público português, se considerarmos que as comunidades Online se servem destes recursos para estarem informadas e debater a actualidade. O sucesso da construção de uma plataforma de interligação entre comunidades reside no planeamento estratégico da mesma, na aplicação da estratégia e na monitorização e avaliação dessa mesma estratégia ao longo da sua implementação. Na visão do autor especialista em Relações Públicas Online David Phillips (2008), as experiências Online são criadas num contexto de amizade, uma vez que são construídas e estruturadas para produzirem resultados eficazes na formação de opiniões e disseminação de interesses. David Phillips (2008) considera que na Internet, as redes sociais e os mundos virtuais permitem às organizações consolidar a sua reputação, se as experiências divulgadas forem baseadas na verdade, e por isso, o trabalho desenvolvido pelo profissional de Relações Públicas nas autarquias deve considerar estas ferramentas como um “tubo de ensaio” para elevar o entendimento e a colaboração entre a entidade e a comunidade41. Um conjunto de ferramentas que permitirá às organizações chegar à eficácia do diálogo pela sua imediaticidade e capacidade de resposta directa. Esta relação deverá permitir uma maior compreensão e entendimento entre a organização e os públicos, e deverá gerar um processo de responsabilidade social que consequentemente gerará um sentimento de pertença. 41 Entendemos como comunidades neste projecto os partidos políticos, associações, sindicatos, escolas, igreja, família, empresas privadas, órgão não governamentais entre outros 40 Sentimento este que na comunicação autárquica representa um passo decisivo para a reputação do município quer nas acções políticas, quer nas relações desenvolvidas junto dos stakeholders. Segundo Phillips e Young, 74% dos utilizadores da Web recorrem à Internet para recolher informação, 71% para trocar emails com os amigos, 51% para procurar informação de âmbito académico, 45% para fazer compras Online e 42% navegam na Internet por necessidades profissionais (Phillips and Young, 2009, pp.111). Números que justificam a necessidade de mudança de comportamento na comunicação Online das autarquias portuguesas. Numa primeira avaliação à presença das organizações públicas portuguesas, neste caso, das autarquias portuguesas, na Internet, é notória ainda a existência de alguma reserva por parte das organizações/líderes políticos e mesmo dos profissionais de Relações Públicas na aceitação desta nova forma de estar, agir e interagir neste sector. Segundo uma análise do Laboratório de Estudos e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho (GÁVEA) sobre a “Presença na Internet das Câmaras Municipais portuguesas em 2007 – Estudo sobre Local eGovernment em Portugal”42, houve uma evolução significativa da presença das autarquias na Web (através de Websites oficiais) desde 1955 a 2007, mas ainda não é suficiente para acompanhar esta nova Era Digital. No ranking global, Leonel Santos e Luís Amaral, autores da investigação (GÁVEA, 2007, pp. 8), classificam a qualidade das páginas Web das câmaras municipais portuguesas de satisfatória. O modelo de avaliação do estudo teve por base o Método de Avaliação Externa de Websites dos Organismos da Administração Directa e Indirecta do Estado, classificando os sítios dos municípios numa escala de quatro níveis preconizados pelo modelo eEurope43. A classificação baseou-se na atribuição de notas qualitativas como: Bom, Suficiente, Insuficiente e Muito Insuficiente. Das 306 autarquias com sítio disponível44, apenas 26 autarquias conseguiram alcançar o patamar de Bom, seguido pelo patamar de Suficiente, alcançado por 115 municípios. 42 www.dsi.uminho.pt 43 Níveis avaliados pelo GAVE ((www.dsi.uminho.pt) - Nível 4 (o mais elevado) - estuda a transição de serviços, analisa a existência de pagamentos online e respectivo comportamento processual entre outros; Nível 3 - analisa os mecanismos de comunicação nos dois sentidos (download e upload de formulários e consultas ao estado dos processos); Nível 2 – Critérios associados com o download de formulários; Nível 1 – Publicação de Informação. 44 Dados disponíveis aquando a realização do estudo 41 Apesar da classificação geral ser satisfatória, o estudo refere que ainda há um longo caminho a traçar, uma vez que cerca de 36% das autarquias (102) se encontram no patamar de Insuficiente, e 1% no patamar de Muito Insuficiente (4). Traduzindo estes números por distritos, ao nível do índice de maturidade na Web, o distrito de Faro liderou, em 2007, a classificação, seguido dos distritos de Santarém e Lisboa. Além destes, o estudo classificou acima da média de maturidade os distritos de Aveiro, Braga, Guarda, Leiria, Porto e Setúbal. Uma análise que permite afirmar que apesar da maior parte das autarquias portuguesas já assumirem os seus Websites como um canal de forte potencial na divulgação e promoção de conteúdos informativos, eventos, programação cultural, disponibilização Online de serviços e de organização de agendas políticas, a comunicação institucional Online ainda não tem o seu papel definido. E se a Internet passou a ser um instrumento de trabalho capaz de estabelecer, manter e projectar a identidade corporativa das instituições a uma dimensão internacional, as autarquias portuguesas não devem descurar estes dados para promoverem relações ao nível da Public Diplomacy. Para a construção de uma estratégia inovadora de Relações Públicas Online nas autarquias portuguesas, a nossa proposta recai sobre a plataforma digital Second Life, que se representa, neste projecto, como um instrumento na Comunicação Pública para o fortalecimento das relações entre as autarquias e as comunidades ao nível das grassroots. O Second Life é já, para muitos utilizadores da Web, um espaço de trabalho virtual. Para outros, um espaço de entretenimento que possibilita a escolha de um perfil (Avatar45), de um aspecto físico e de um estilo de vida, onde não existem barreiras geográficas, culturais e religiosas (Fouts and King, 2008). Definimos como campo de actuação deste projecto as geminações autárquicas, o Second Life, lançado desde o ano de 200346, surge como uma ferramenta de comunicação de grande potencial, que no Século XXI não só é apresentada como uma potência informática, mas também como uma força cultural capaz de promover o diálogo e o debate de problemas sociais “em prol de um acordo global cívico, que interliga a realidade com um mundo que deve ser 45 Avatar - trata-se de uma representação digital animada – mais especificamente um boneco que ganha forma própria, permitindo ao utilizador a atribuição de um nome e, em caso de funcionário de uma organização, um nome próprio e um sobrenome corporativo, de forma a criar identidade com a empresa que representam, in www.secondlife.com 46 Plataforma lançada pela empresa americana Linden Lab - http://lindenlab.com 42 não só habitado por humanos mas também transformado pelos mesmos” (Fouts and King, 2008, pp.8). No Website oficial47, a plataforma é apresentada como uma ferramenta segura e poderosa para experiências de aprendizagem interactiva, permitindo a criação de réplicas exactas do mundo real, tendo como característica principal a eficiência nas simulações de interacção de dinâmicas de equipa. Para além das inúmeras características já apresentadas que justificam o sucesso da plataforma, os objectivos operacionais do Second Life vão ao encontro dos objectivos operacionais deste projecto, na medida em que pretende unir equipas dispersas, reduzir o tempo e os custos associados a viagens; aumentar a criatividade e a inovação; refinar a colaboração e a comunicação (através da conjugação de voz, áudio, conversa de texto e interacções 3D, mapas mentais, ferramentas de brainstorming criativo entre outros) e desenvolver um trabalho “mais ecológico”, que começa com a redução de emissão de dióxido de carbono, que nesta plataforma é substituída pela energia gasta pelos computadores e servidores, sendo o impacto ambiental mínimo. Este último objectivo operacional é integrado na visão sustentável que as autarquias deverão começar a assumir como crucial para o seu funcionamento enquanto parte integrante da sociedade globalizada. Isto porque, também o Sector Público deverá apresentar preocupações futuras que, caso não sejam previstas, poderão adulterar as orientações europeias, nacionais e locais dos municípios. O Second Life é, para além de uma estrutura, uma plataforma que conta já com mais de 1 milhão de registos mundiais de login (dados de Março de 2009)48, 30 milhões de horas de navegação, com um pico de simultaneidade de utilizadores que supera as 80.000 visitas únicas. O mercado educacional e corporativo representa, actualmente, 20% dos negócios da plataforma, que se assume pioneira nos mundos virtuais ao nível da criação fácil e económica de ambientes envolventes, já implementada em mais de 150 países com software personalizado. 47 www.secondlife.com 48 www.secondlife.com 43 Uma das grandes vantagens deste mundo virtual está na oportunidade do utilizador poder usufruir, no mesmo espaço, de um leque alargado de idiomas como o Inglês, o Francês, o Alemão, o Japonês, o Chinês, o Coreano, o Holandês, o Italiano e o Português. A presença do português como língua opcional dá a este projecto ainda maior credibilidade, no sentido de permitir às autarquias uma margem de manobra e de interacção superior sem barreiras linguísticas. De recordar que o espaço virtual é ainda suportado por várias ferramentas internas de tradução de texto para idiomas não incluídos na lista dos idiomas prioritários. Uma ferramenta muito útil, uma vez que o Second Life tem uma vasta afluência de comunidades e grupos (empresários, educadores, historiadores, entidades governativas e organizações sem fins lucrativos) que recorrem à plataforma para fins de entretenimento, educacionais, de interacção social, pesquisas, compras e ainda uma ferramenta de trabalho muito utilizada pelas empresas multinacionais e instituições de carácter governamental para a realização de reuniões, sessões de trabalho, simulações e protótipos49. Uma plataforma que nos parece ideal para trabalhar relações ao nível das grassroots entre as autarquias e as comunidades que definimos para o projecto. As vantagens que as empresas encontram ao recorrerem a esta plataforma concentram-se no facto do Second Life deter 90% do mercado dos mundos virtuais, sendo a solução de trabalho virtual mais flexível, sofisticada e avançada disponível até ao momento no mercado. Para além de todas as vantagens já apresentadas, o Second Life possui ainda a maior biblioteca virtual de conteúdos, que recebe, diariamente, milhões de itens que permitem às entidades individuais e colectivas, públicas e privadas, um acesso à informação de forma gratuito e credível. Para navegar na plataforma é necessária a criação de um registo (uma identidade) gratuito, que passa a exigir custos se o utilizador optar por estar na plataforma como detentor de ilhas/regiões50 privadas, com a finalidade de construir infra-estruturas necessárias à implementação de um projecto específico. O aparecimento de plataformas tão sofisticadas ao nível da programação como é o caso do Second Life, proporcionou e proporciona à comunidade, a capacidade de acreditar, aceitar e experimentar uma realidade não familiar de ideias, que estão intimamente associadas às viagens efectuadas no mundo físico. 49 www.secondlife.com 50 Ilhas/regiões privadas são espaços equivalentes a 4km2 ou 6,5 hectares no mundo físico 44 Dados disponíveis no Website oficial demonstram que 60% dos utilizadores são do sexo masculino, estando o sexo feminino representado em 40% dos utilizadores. A média de idades dos Avatares ronda os 30 anos. Empresas como a IBM, a Northrop Grumman e a Intel, bem como organizações governamentais como a Naval Warfare Center e a National Oceanic and Atmosphere Administration, têm vindo a desenvolver os seus negócios no Second Life com resultados lucrativos. A IBM é hoje uma empresa adepta do Second Life, e tem vindo a apostar numa política de credibilização da plataforma junto dos seus colaboradores. A prova do sucesso chegou em 2008, quando promoveu uma conferência sobre o mundo virtual e uma reunião anual a partir da plataforma, com espaços desenhados para a realização de trabalhos de grupo, uma simulação de centro de dados ecológicos, uma biblioteca e várias áreas para reunir com a sua comunidade. Com esta acção, a IBM estima que o retorno sobre o investimento anterior no mesmo evento rondou os 320.000 Dólares (216.216 Euro), e que a reunião anual foi concretizada com 1/5 dos custos habituais quando realizada em espaço físico. Uma plataforma tão revolucionária que fez com que a Reuteurs, a maior agência de informação do mundo, criasse um cargo de correspondente para a Second Life, e também que o Governo Sueco aderisse às novas tecnologias ao criar uma embaixada virtual. Na Internet, a possibilidade de aumentar a criatividade no fortalecimento de relações entre comunidades locais e globais, é cada vez mais um ponto de partida para motivar a participação das instituições públicas, como as autarquias, em plataformas digitais como o Second Life. A plataforma tem produzido resultados positivos também ao nível da Public Diplomacy, como está identificado no projecto americano “Digital Diplomacy – Understanding Islam Through Virtual Worlds”( Founts and King, 2008), que definiu como grande objectivo dar a conhecer e aprofundar relacionamentos entre cidadãos islâmicos ou cidadãos que estabeleçam relações com comunidades islâmicas. Na impossibilidade de contactar todos os islâmicos a nível mundial, os autores encontraram na plataforma uma forma de criar uma amostra aceitável de relatos e experiências deste público, permitindo a construção de uma história à volta da realidade Islâmica. 45 Ao Sector Público, e neste projecto específico, ao poder local, é exigida a percepção de que o paradigma da comunicação está a mudar, e que as políticas estrangeiras exigem uma perspectiva das Relações Públicas ao nível da Public Diplomacy, que ajudará as autarquias a construírem uma estratégia de comunicação que funcione como instrumento de integração das autarquias na interacção humana e na rede de trabalho virtual51. E uma vez que o mundo virtual ainda não está ao nível de acesso de todos os cidadãos, apesar dos esforços da União Europeia neste sentido, as autarquias têm de incluir nos seus planos estratégicos as comunidades infoexcluídas e trabalha a partir delas, estratégias de impacto social que promovam a participação cívica. Isto porque, não faz sentido comunicar a partir da Web se as comunidades não estiverem na mesma sintonia. 3. Estudo de Caso A apresentação do Estudo de Caso de duas campanhas estratégicas elaboradas por profissionais de Relações Públicas para a cidade de Rosarito Beach, no México, surge neste capítulo como uma abordagem relevante para justificar a importância da Public Diplomacy enquanto instrumento de gestão de interesses entre governos e o entendimento entre comunidades. Um projecto que mostra a importância da construção de relações entre cidadãos/comunidade em geral designadas por Grassroots relationship, que funcionam como instrumento de equilibro para o entendimento social e cultural de uma sociedade, produzindo níveis de confiança e de lealdade determinantes para o sucesso da comunicação entre as partes envolvidas. Um Estudo de Caso de sucesso que representa neste projecto um incentivo ao desenvolvimento de um Plano Estratégico de Relações Públicas para geminações autárquicas. O interesse em analisar este Estudo de Caso surgiu durante o estágio/projecto de investigação realizado por três alunos do Mestrado de Gestão Estratégica das Relações Públicas52, que durante dois meses (Fevereiro e Março 2009) trabalharam na área das Relações Públicas Online 51 www.secondlife.com 52 Este estágio foi realizado no âmbito do Mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas da Escola Superior de Comunicação Social, do Instituto Politécnico de Lisboa, em parceira com a Universidade Emmerson College, Boston, pelos alunos: Ana Mafalda Cândido (autora da tese), Carla Oliveira e Pedro Rodrigues. A campanha de Relações Públicas Online foi também desenvolvida pelos três alunos. 46 na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos da América. No programa de estágio estava incluída uma visita a Rosarito Beach, Baja, no México, onde o grupo tomou conhecimento da situação instável que a região de Baja estava a viver, com maior enfoque na cidade de Rosarito, através de uma reunião com o mayor53 Hugo Torres. Rosarito passou de destino turístico para milhares de californianos, a uma rota perigosa e assombrada pelos consecutivos assaltos e raptos, passando a estar conotada negativamente nos órgãos de comunicação social americanos. Em menos de um ano, Rosarito Beach sofreu uma quebra de 30% nas receitas turísticas, e as consequências foram grandes: despoletar de um conflito social, cultural e económico. Problemas que afectaram e afectam as entidades governantes e comunidades locais e externas, que necessitam de ser educadas para uma nova realidade através da Public Diplomacy. Durante dois dias, os alunos visitaram a cidade e não detectaram qualquer sinal de desordem ou sinal de perigo, apesar da ausência de cidadãos nas ruas e das manifestações ansiosas dos empresários nocturnos. Baja Califórnia, no México, era até ao ano de 2006, conhecida como uma região turística com uma vasta multiculturalidade racial, sendo escolhido, na sua grande maioria por surfistas, moradores de San Diego (cidade ainda pertencente ao Estado da Califórnia) e pelos Spring Breakers54. Segundo um estudo realizado pelos alunos da Emmerson College de Boston, parceiros deste projecto, 40% dos visitantes da região são de raça branca, onde se incluem mexicanos e espanhóis, 36% mestiços, 9% asiáticos e 15% oriundos da América Central. Um leque racial que se estende à cultura, à gastronomia e ao estilo de vida praticado em Baja. Até 2006, Rosarito era um paraíso turístico onde residiam cerca de 130.000 habitantes. Porém, a situação mudou drasticamente quando foi tornado público, principalmente nos órgãos de comunicação social americanos, relatos e testemunhos de ocorrências criminosas como assaltos, assassinatos e raptos na região, devido ao contrabando de estupefacientes, na realidade não negada pelo Mayor Hugo Torres, nem pelo governo mexicano, que, aliás, desde que tomou posse, implementou um plano para combater o tráfico de droga na costa mexicana. 53 54 A figura de Mayor equivale à figura de Presidente de Câmara em Portugal Spring Break é um conceito muito usado pela população da América do Norte e já por alguns países Europeus, para definirem um período de férias onde durante uma semana, os alunos de todas as escolas, Secundárias e Universidades, entre Março e Abril. 47 Dados oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas Mexicano mostram que em 2005 foram registados 24 assassinatos, mas desde então não há registos oficiais de mortes. Com o medo instalado, e sendo Rosarito Beach um paraíso turístico essencialmente para os californianos, em 2006, o Departamento dos Estados Unidos da América lançou um alerta a todos os americanos que planeassem viajar até Baja, comunicando que o México já não era um destino seguro. Isto porque, na maioria dos relatos transmitidos pela imprensa americana, as vítimas eram quase sempre americanas, confirmando as suas medidas drásticas com números alarmantes: 128 mortes (americanos) de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2007. Números que não foram confirmados pelas autoridades mexicanas. Porém, ninguém, nem mesmo as autoridades dos dois países, chegaram a uma conclusão e a um acordo. A única certeza que existia era a de que a violência instalada na região era originária nos Carteis de Droga, que estão desde essa altura sob maior fiscalização por parte do Presidente Mexicano Felipe Calderón, que assumiu guerra aberta contra os mesmos. Perante a situação insustentável, apresentava-se urgente a necessidade de intervir ao nível do entendimento público entre os dois países, sendo a Public Diplomacy um instrumento de “reactivação” das políticas externas, e consequentemente, das relações entre a comunidade de Rosarito Beach e a comunidade americana. E tal como Nye (2002) considera, os actos de Public Diplomacy geram a criação de conceitos e valores unificadores entre estados e é, habitualmente, um caminho, ainda que indirecto, viável para a reconstrução da imagem de uma nação. Para voltar a atribuir a Rosarito o estatuto de paraíso turístico, nasceu a campanha de Relações Públicas “Rediscovery Rosarito”. Um projecto estratégico orientador de boas tácticas baseado nos princípios da Disciplina de Relações Públicas para alcançar e fortalecer as relações ao nível autárquico, entre os representantes do governo local e as comunidades envolvidas, em prol de uma comunicação unificadora, baseada em valores para a construção de um caminho mútuo de influência directa e indirecta nas atitudes e opiniões dos intervenientes. Desafiados pelo professor do mestrado em Gestão da Comunicação da Emmerson College, Boston, Doutor Gregory Payne55, também um dos 55 Um dos profissionais de RP com forte historial ao nível do desenvolvimento de projectos de Diplomacia Pública, nomeadamente nas relações estabelecidas com a comunidade islâmica, aquando do atentado terrorista de 11 de 48 co-autores do projecto, os alunos delinearam uma estratégia de comunicação em colaboração com ao município de Rosarito. A aventura começou no fim-de-semana de 1 e 2 de Março de 2008, aquando da deslocação de uma equipa de trabalho a Baja. Numa visita posterior, nove estudantes e professores da Emmerson College reuniram-se com Hugo Torres, e perceberam que tinham um aliciante projecto para melhorar e reestruturar a percepção que dos cidadãos californianos de Rosarito Beach como uma região segura e como opção atractiva para o turismo, convenções, investimentos imobiliários e destino de primeira residência para reformados aposentados (americanos). O objectivo final do projecto centra-se na criação de estruturas que ajudem a comunidade e os órgãos legislativos de Rosarito Beach a responder à crise económica, política e social que a região está a ultrapassar. Os alunos de Boston revelaram que foi crucial o entendimento com as entidades locais para a implementação do plano estratégico, bem como para a construção de uma relação com os públicos baseada em grassroots. Uma relação que teve como base de actuação o respeito mútuo dos valores e ideologias das comunidades envolvidas, que geraram um entendimento perfeito entre os alunos de Boston a comunidade mexicana e a autarquia de Rosarito Neste contexto, as Relações Públicas assistem a uma constante evolução de novos canais que transmitem inúmeras mensagens e significados por vezes não perceptíveis. Porém, é aqui que a Public Diplomacy se posiciona como vencedora, quando relembra aos pensadores, aos historiadores, aos académicos, aos profissionais da comunicação e aos estudantes de Relações Públicas, enquanto Disciplina, que o sucesso da comunicação pública entre comunidades é garantido numa abordagem pessoal (Payne, 2008). Uma perspectiva que é expressa ao longo desta campanha com a aplicação de princípios de gestão de comunicação de crise, e de princípios de comunicação política, numa abordagem das Relações Públicas na perspectiva americana. Setembro de 2001, tendo sido pioneiro no programa SAE - www.saudiamericanexchange.org – que ganhou corpo no próprio dia do ataque terrorista. Após conversa telefónica com uma aluna natural da Arábia Saudita – Faisal F.Al, lamentando a morte da mãe de uma amiga de ambos, Sónia Puopolo, que viajava num dos aviões que embateu nas TwinTowers. Um telefonema que perdurou durante dias, meses, anos e que deu origem ao SAE, que tem como missão e finalidade de aprofundar a compreensão através da comunicação (Payne:Reflections on Diplomacia Pública: People to People Communication, 2008) 49 Princípios que colocam como valores mais altos a garantia de que a opinião pública deve ser fundamentada em factos e não em boatos, capazes de transmitir informação orientadora de atitudes e comportamentos. A redescoberta da serenidade, da beleza e da hospitalidade de Rosarito Beach foi a visão delineada para o projecto, sendo a sua missão o desenvolvimento de uma coligação internacional entre alunos da Emmerson Collegue e líderes políticos da cidade, de forma a reposicionar Rosarito como um destino seguro e um paraíso turístico. Para este projecto foram definidos como públicos de acção: os turistas (essencialmente os do Sul da Califórnia, os do Sudoeste, os da Florida e os turistas internacionais: Espanha e Austrália e também os próprios mexicanos), as comunidades locais: expatriados, empresários, residentes, agentes imobiliários, investidores, veraneantes, os media (local, regional e nacional) e ainda os participantes nas redes de promoção da região. Os objectivos gerais do plano foram estruturados no sentido de criar uma credível e visível coligação com os interesses públicos das comunidades; suportar e promover estratégias do governo local que garantam a segurança da região; comunicar os factos e os possíveis incidentes de forma a refutar e descredibilizar os exageros das mensagens pejorativas das reportagens americanas; desenvolver mensagens positivas sobre a região junto da imprensa americana, motivar os antigos, os actuais e os futuros visitantes de Rosarito Beach a acreditar que os incidentes na região de Baja não fazem de Rosarito Beach um local inseguro; convencer os investidores de que Rosarito Beach é um destino lucrativo e de desenvolvimento, e por último, encorajar os reformados e os futuros compradores de uma segunda residência, de que Rosarito seria uma boa opção de escolha. De acordo com Gregory Payne (2008), a Public Diplomacy não está focada somente no Governo nem nos sponsors, mas sim na comunicação entre pessoas e nas relações que podem contribuir para o desenvolvimento de uma relação madura capaz de assumir projectos e mudança. Desta forma, a estratégia de Boston passou pela aposta no “poder partilhado”, com a finalidade de retirar benefícios para os todos os intervenientes. 50 Uma situação que foi possível porque houve um mútuo entendimento nas relações entre os grupos, as comunidades e as organizações de Rosarito Beach que juntas construíram, e têm construído, uma rede de trabalho onde se incluem as relações Online. O plano de Relações Públicas incluiu ainda a criação de case studies positivos, testemunhados por líderes de opinião, a criação de um comité de delegações para coordenar iniciativas pedagógicas e educativas56, o desenvolvimento de material de suporte de trabalho para os órgãos de comunicação social como press kits, conferências, documentários, entre outros, a elaboração de material promocional, campanhas de educação turística entre outras. Em colaboração com o grupo de alunos de Boston, Hugo Torres implementou também uma campanha de segurança nas ruas de Rosarito, com o reforço de militares das forças especiais, “Polícia Turística”, nas ruas da cidade. Hugo Torres desenvolveu ainda iniciativas para envolver a comunidade, como a criação da “Linha Segurança”, para que a população estivesse em comunicação com as autoridades policiais caso testemunhasse algum comportamento ou indício de crime. Foi ainda criado um Conselho de Cidadãos de Assistência aos Turistas. Todas as iniciativas foram divulgadas no site “Rediscover Rosarito”57, cumprindo assim o principal requisito para iniciar uma relação positiva e dinâmica entre comunidades, o estabelecimento da verdade e da confiança entre as partes. Para reforçar a campanha de Relações Públicas dos alunos de Boston no campo Online, os alunos do Mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas, da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, que conceberam o projecto “Rosarito, come and see”58. Uma campanha desenvolvida a partir do desafio lançado, mais uma vez, pelo Doutor Gregory Payne, que faz uma abordagem das Relações Públicas como uma estratégia funcional enquanto disciplina identitária de si mesma. Sendo as Relações Públicas capazes de oferecer uma adaptação correcta entre a comunidade envolvente, a disciplina assume uma função de gestão que opera estratégica e socialmente num interesse comum. 56 Espécie de roadshow nas escolas da cidade, com a finalidade de realizar intercâmbios com as escolas de Boston 57 www.rediscoverosarito.org 58 Um trabalho apresentado a 4 de Abril de 2009, via Skype, durante o congresso International Academy of Business Disciplines, subordinado ao tema Communication Strategies for Success in Global Business, que decorreu de 2 a 4 de Abril em St Louis, Missouri 51 A partir daquilo que já estava construído pelos alunos de Boston, a fragilidade da situação levou o grupo de Lisboa a idealizar uma campanha de Relações Públicas59 para ser implementada Online, partindo do princípio de que na Internet qualquer país está sujeito a percepções que ficarão expostas em todo o lado por largos períodos de tempo. Uma escolha justificada por a Internet ser também uma ferramenta e um canal que promove a exposição total de acções, reacções e interacções, ou a falta delas, e que estão em constante observação critica e catalogação pelos simples motores de busca como o Google e o Yahoo. Ao longo da campanha, os objectivos gerais foram a redução do impacto negativo da má reputação da cidade nos órgãos de comunicação social americanos e a educação dos públicos externos na interpretação da realidade da cidade mexicana. Como objectivos de comunicação, a principal ideia do projecto foi desenvolver Online, através das redes sociais, tácticas de envolvimento dos públicos (jovens), de forma a torná-los mais conscientes da realidade de Rosarito Beach. Focada essencialmente nos jovens, mas não restrita a eles, a estratégia foi delineada a partir da fomentação de uma rede social com a finalidade de contribuir para a educação das camadas mais jovens, clarificando as suas percepções sobre a verdadeira situação da região, e estimulando um maior envolvimento com a cidade através de imagens, vídeos e da interacção virtual (imediata), com o intuito de projectar a cidade mexicana como uma cidade de destino turístico e seguro. Uma campanha que teve como principal orientação comunicar para o exterior, e influenciar, individualmente, os cidadãos estrangeiros, através da apresentação de diferenças que devem representar não uma barreira mas sim uma ponte unificadora para a aceitação de realidades e valores culturais. A abordagem proposta pela campanha dos alunos de Lisboa é uma abordagem que permite assumir as Relações Públicas como parte integrante no processo de decisão estratégica. A implementação desta campanha foi encarada como uma forma das Relações Públicas serem um ponto de equilíbrio entre os interesses económicos e sociais da cidade de Rosarito e os interesses dos jovens americanos. A escolha pela implementação de uma campanha Online prendeu-se com a força da Internet e pelos dados já registados Online. Isto porque, é através da interacção Online, da disponibilização da informação de forma gratuita e eficaz, sem recorrer a leituras maçudas, que os jovens estão mais predispostos a receber essa informação. 59 Vide Anexo II 52 Outros dos factores para a escolha dos jovens como público-alvo prendeu-se pelo facto de estes terem demonstrado resistência para com os alertas americanos, uma vez que continuaram a viajar para Rosarito. Uma resistência que apenas aconteceu porque os jovens não se deixaram levar pelos relatos da imprensa americana e quiseram conhecer a verdadeira realidade através de outros canais sociais como o Facebook, o Myspace, o Youtube, o Tripadvisor, o Wayne ou o Twitter. Os jovens tornaram-se assim uma ferramenta preciosa no processo de interacção entre públicos, uma vez que estes são fortes instrumentos influenciadores de comunidades. São ainda os mais desejados para educar e clarificar a ideia errada criada em torno do perigo mediatizado de “Rosarito Beach”. Ao nível mais tradicional das Relações Públicas, o trabalho desenvolvido teve como base uma comunicação unidireccional, onde o significado e a relevância do conteúdo são avaliados na emissão da mensagem, o que poderá causar alguma desconfiança entre os intervenientes. Nesta estratégia de Relações Públicas Online, os objectivos estabelecidos incidiram numa comunicação bidireccional, onde há uma clara tentativa de trazer para a conversa pública relações com base na verdade. Uma verdade que só pode ser alcançada se a comunicação for entendida. Para criar essa compreensão, é necessário mostrar, experimentar e verificar, tal como o lema da campanha “Rosarito, Come and see”, sem esquecer a importância do contexto. Os projectos “Rediscover Rosarito” e “Rosarito, Come and See” são duas campanhas desenvolvidas por profissionais das Relações Públicas que delinearam para Rosarito Beach um projecto de integração e partilha de valores culturais, sociais e económicos entre as comunidades: Governo, cidadãos locais, turistas, investidores e jornalistas americanos e mexicanos. Um trabalho que, ainda sem um deadline previsto, mas que demonstra a eficácia que as Relações Públicas no contexto da comunicação autárquica, enquanto estratega de grassroots public diplomacy e actores centrais da Comunicação Pública. Com a colaboração do governo local nesta estratégia, foi possível conhecer as verdadeiras intenções de cada interveniente e definir, cuidadosamente, conceitos e valores essenciais para as partes envolvidas. 53 Depois de alcançar um acordo comum, onde foi possível a partilha de valores num contexto de verdade, criou-se um ambiente oportuno para explorar diversos níveis de envolvimento relacional capazes de suportar conceitos base para dar a Rosarito Beach a dinâmica cultural e turística que a cidade perdeu. Este estudo de caso serve de exemplo para mostrar a eficácia da Public Diplomacy enquanto instrumento de fortalecimento das relações entre comunidades ao nível do governo local, motivando as autarquias e os profissionais de Relações Públicas de Portugal a abordarem a Comunicação Pública como uma ferramenta de gestão de 54 CAPÍTULO III Planeamento Estratégico do Projecto “Alcobaça Abroad Center” “Se [a Europa] conseguir libertar-se da sua própria herança negra, confrontando-a sem receios, a Europa de Montaigne e Erasmo, de Voltaire e Immanuel Kant, pode, uma vez mais, indicar o caminho a seguir” George Steiner 55 1. Apresentação A elaboração deste Plano Estratégico de Relações Públicas, estruturado para um período de três anos, tem como objectivo principal desenvolver relações entre comunidades, mais especificamente, entre a comunidade portuguesa, da cidade de Alcobaça, e a comunidade polaca, da cidade de Belchatów. Um plano que terá como base uma estrutura de Public Diplomacy, que deverá incluir valores comuns às duas comunidades, onde as diferenças culturais, religiosas e ideológicas deverão representar neste projecto, não uma barreira mas sim um ponto unificador. O objectivo geral deste Plano Estratégico será a criação para o Sector Público, mais especificamente para as autarquias portuguesas, de uma estrutura base de actuação das Relações Públicas enquanto Comunicação Pública. Isto é, pretendemos que as Relações Públicas se afirmem como instrumento de defesa e de gestão dos interesses do governo local, e uma ferramenta essencial para a criação de infra-estruturas que possam garantir não só um quadro de políticas comuns entre os municípios, mas também um espaço propício à discussão e partilha de valores, com base num trabalho desenvolvido ao nível das grassroots. A apresentação das vantagens estratégicas do recurso às Relações Públicas como instrumento de gestão, através de um acordo de geminação internacional, representa um desafio que deverá ser colocado não só ao longo deste plano, mas também no seio de todas as organizações públicas. Este trabalho irá incidir sobre um acordo de cooperação estabelecido entre o município de Alcobaça e o município de Belchatów, firmado oficialmente a 20 de Agosto de 2009. Um projecto estruturado essencialmente para ser implementado na Internet por razões de sustentabilidade, agilidade e rapidez de actuação que acreditamos serem necessárias neste tipo de acordos de cooperação à distância. Porém, e para consolidar as acções propostas para o meio Online, foi necessário a criação de um background de acções que vão para além das relações estabelecidas unicamente na Internet. As taxas elevadas dos níveis de literacia das duas comunidades, e a aposta contínua dos municípios na formação dos cidadãos, irão consolidar a aposta deste projecto no meio Online, com principal enfoque para a plataforma digital Second Life, apresentada no Capítulo II. Uma opção estratégica que vai ao encontro das condutas políticas de ambas as cidades, 56 no sentido que apresentam planos estratégicos esboçados, que acompanham a evolução tecnológica exigida pela gobalização. Para dar corpo a este projecto e após uma análise detalhada do contexto, definimos como stakeholders as comunidades polacas (jovens, turistas seniores, empresários, colaboradores e políticos do Município de Belchatów) e portuguesas (colaboradores da autarquia de Alcobaça, representantes políticos, organizações governativas, associações culturais, operadores turísticos, unidades hoteleiras, a população e cidadãos de Alcobaça), cujo nível de envolvimento no projecto será determinante para a avaliação da eficácia do mesmo. A inserção das comunidades no planeamento estratégico Online da autarquia irá fortalecer a ideia da necessidade do governo local reconhecer e adoptar uma estratégia de modernização administrativa com a inclusão de plataformas digitais para o fortalecimento de relações, neste caso, entre países diferentes com grandes assimetrias geográficas. Para garantir a eficácia da implementação do projecto, são identificadas variáveis às quais não poderemos ficar indiferentes. A familiaridade das comunidades não só com a plataforma mas com a “era digital”, o nível de acesso das comunidades à Web, as actividades Online desenvolvidas pela autarquia para e em conjunto com as comunidades, o nível de inserção das comunidades no planeamento estratégico das autarquias e ainda a forma como as autarquias comunicam com as comunidades são variáveis que irão conduzir a estrutura deste Plano Estratégico de Relações Públicas. Este projecto que será desenvolvido e implementado a partir de uma abordagem da Comunicação Pública segundo uma visão sustentável, poderá vir a conferir a Alcobaça, a conotação de SMART City. Uma designação atribuída às cidades que ao longo do percurso e das relações estabelecidas adoptam uma conduta activa com base em recursos tecnológicos e inovadores, passíveis de capacitar os cidadãos e as instituições de ferramentas chave para uma comunicação eficaz. Uma proposta que permitirá que os cidadãos portugueses façam uma analogia entre o Sector Público e o Privado, no que toca à celeridade na prestação de serviços, e no acompanhamento dos assuntos públicos que mais afectam as comunidades locais, mas que habitualmente nunca são debatidos nas agendas nacionais e internacionais. 57 2. Análise da Situação De todas as conclusões que se podem retirar do desenvolvimento local de uma determinada região, para além do Turismo (um dos sectores com mais impacto na economia de uma cidade, região ou país), a cooperação descentralizada assumida pelos municípios sob a forma de geminação tem vindo a garantir um lugar de excelência no campo do crescimento económico e da visibilidade da região. Numa era globalizada, aos governos é agora exigido um novo modelo de sistema político Estado-Nação, em que o quadro é de afirmação das diferenças e das “identidades regionais e locais, correspondentes a bases organizativas, culturais, sociais e económicas, que permitem o aparecimento de uma pluralidade de novos actores com poder de intervenção tal como as autarquias locais ou os Municípios” (Amaro; 1991, pp.168-170, citado em Costa e Ferreira, 2004, pp.2). Criar relações e mecanismos protocolares, essencialmente ao nível económico e cultural, através dos quais as cidades de áreas geográficas ou políticas distintas estabelecem laços de cooperação, é a definição que podemos atribuir ao conceito de geminação. Um programa que se assume cada vez mais como um eficaz veículo para estabelecer novas amizades políticas entre governos. Jean Bareth, um dos fundadores do Conselho dos Municípios e Regiões da Europa (CMRE), apresenta as geminações como “um encontro de dois municípios que pretendem proclamar que se associam para agir numa perspectiva europeia, para confrontar os seus problemas e para desenvolver laços de amizade cada vez mais estreitos” (ANMP, s.d, pp.5,7). Uma perspectiva que se assemelha aos princípios defendidos pela noção de Public Diplomacy apresentado por Gregory Payne (2008). Uma noção que coloca a eficácia da comunicação nas relações estabelecidas através de uma abordagem pessoal e a compreensão dos valores individuais e colectivos das partes integrantes da relação. As geminações desenvolveram-se pouco depois de 1945, num período pós II Guerra Mundial, quando novos valores primários para uma geminação foram identificados, entre eles, a amizade, a cooperação e a compreensão entre os povos da Europa. Na época, presidentes de municípios e cidadãos determinaram que a Europa não voltaria a ser destruída pela Guerra, e desta forma, as geminações representam, desde esse período, a expressão da unidade e da identidade europeia. 58 Analisando a história dos primeiros países a aderirem ao protocolo de geminações, percebemos que os países atingidos e afectados por cenários de Guerra foram os primeiros a aceitar uma aliança. A promoção deste novo movimento constituiu, em 1951, uma das prioridades do Conselho dos Municípios e Regiões da Europa (CMRE). O decénio seguinte foi marcado por uma explosão do número de geminações60. A adesão de Portugal e Espanha à União Europeia em 1986 (antiga CEE – Comunidade Económica Europeia) fomentou a explosão de novas parcerias de geminação entre os dois municípios destes dois países, enquanto na Europa Central, em 1989, surge uma nova vaga de geminações, contribuindo em grande parte para a entrada de muitos países na União Europeia, em 2004, onde se inclui a Polónia. Nesta perspectiva, as geminações, os protocolos e os acordos de cooperação aparecem como parte integrante daquilo a que Maria Costa e Manuel Ferreira (2004) denominam de Cooperação Intermunicipal como forma de Cooperação Descentralizada. Para clarificar o papel das geminações nas relações autárquicas, é indispensável identificar a existência de geminações bilaterais (onde apenas dois municípios são envolvidos) e multilaterais, que prevêem da reunião de várias entidades que formulam uma parceria de interesses. Identificada a importância da União Europeia nas relações “intragovernos”, relembre-se que foi na II Guerra Mundial (1939 – 1945) que o desenvolvimento desta tipologia de cooperação começou a movimentar adeptos entre as cidades da Europa Ocidental61. Um dos principais estímulos subjacentes foi precisamente a vontade de aproximar os cidadãos e promover a integração no âmbito europeu, bem como estabelecer laços de amizade entre países sem entendimento político, de forma a prevenir novos conflitos, aquilo a que a Public Diplomacy define como criação de relações de base grassroots. O conceito de cooperação municipal internacional foi mais tarde consagrado no âmbito das Nações, no início do Século XX (1925), tendo sido reafirmado em 1971, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Mas foi em Maio de 2004 que se deu o grande passo para a incrementação do conceito, quando foi constituída a organização mundial “Cidades e Governos Locais Unidos”62. 60 http://www.twinning.org Países como Alemanha e Itália, aos quais se juntou o Japão, com o objectivo de ampliarem as suas respectivas áreas de influência, uniram-se numa coligação que ficou conhecida como Eixo. 62 http://www.cities-localgovernments.org/uclg/upload/template/templatedocs/status.doc. 61 59 Na União Europeia, a importância do conceito é assumida desde 1989, no artigo 10.º do Regulamento do Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional (FEDER), e reforçado pela Comissão Europeia através do Programa RECITE – Regiões e Cidades da Europa63. Em Portugal, e muito em parte pelo sistema político totalitário vigente até 25 de Abril de 1974, o poder local apenas assumiu um papel relevante com a criação da Constituição da República, em 1976. A consagração das competências do governo local a este nível aconteceu com a publicação da Lei - Quadro n.º 159/9964, de 14 de Setembro, e mais tarde pela Lei n.º 11/2003, que delega aos Municípios atributos no domínio da cooperação externa, dotando o poder autárquico de capacidades acrescidas para receber novas atribuições e competências que se encontram deslocadas na esfera da Administração Central (ANMP, 2004). Actualmente, em Portugal, a cooperação descentralizada é apoiada pelo Estado através do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento65 (IPAD), organismo do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Um Protocolo de Cooperação entre este Ministério e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), em 21 de Julho de 1992, determinou algumas áreas de colaboração neste domínio. As geminações autárquicas desempenham, desde então papel de importância crescente na promoção da cultura, dos valores, dos costumes e da História dos países para além das fronteiras, das suas raízes e habitats. Porém, a revisão histórica do papel das autarquias no campo das geminações não é suficiente para explicar o aumento significativo das geminações no âmbito dos governos locais, pelo que, apenas nos é percepcionado que a oficialização de uma geminação entre municípios é, habitualmente determinada pela existência de laços de interesse comuns, de âmbito cultural, geográfico, histórico, social, político e ou económico. Ao estabelecer uma parceria, a autarquia está a criar um interface relacional entre redes de trabalho que envolvem diferentes agentes e organizações económicas e instituições locais. 63 Programa que esteve na base da criação da maior parte das redes europeias de cooperação inter-regional e interurbanas. 64 C.F.artigo 31.º da Lei n.º159/99, 14 de Setembro 65 www.ipad.mne.gov.pt 60 Em Portugal existem bons exemplos de geminações com cidades estrangeiras, como é o caso da autarquia do Porto, que é uma das parceiras da cooperação descentralizada estabelecida entre Bristol (cidade Inglesa considerada como uma das grandes detentoras do título de “Cidade Criativa”), Beira (Moçambique), Bordéus (França), Hannover (Alemanha), Puerto Morazan (Nicarágua) e Tbilisi (Georgia). Um programa de geminação que dá corpo à dimensão de um acordo estabelecido para trabalhar internacionalmente e em parceria a área da Educação. Por conseguinte, uma geminação pressupõe sempre a criação de uma relação de benefício, baseada na ideia de que a criação de uma relação origina o estabelecimento de laços estreitos, quer entre a população quer entre regiões e, consequentemente, a partilha de problemas, de ideias e uma descoberta contínua de pontos de interesse. Para o sucesso da geminação, estes elementos são comuns e partilhados com a comunidade envolvente. Relações que “transcendem as mudanças na vida política local e as dificuldades passageiras que podem afectar os parceiros, e permitem um apoio mútuo em período de dificuldade”66, uma vez que é exigido às autoridades locais e às comunidades um duplo compromisso. Assim, na Europa existem aproximadamente 18.000 mil geminações concretizadas, segundo o Website oficial de geminações67, e os acordos de cooperação contemporâneos actuam com uma predisposição mais direccionada para projectos muito específicos em áreas ou sectores também específicos como a sustentabilidade, as energias renováveis, o desenvolvimento económico ou a melhoria dos serviços sociais de uma cidade/região. A bilateralidade e a multiculturalidade são também traços da contemporaneidade das geminações e da necessidade de maior envolvimento ao nível internacional, fomentada pela globalização. Centrando a abordagem nos acordos de cooperação nos municípios em análise, verificamos que Alcobaça não é um município com grande história no campo das geminações, muito em parte pelo facto de Alcobaça, a sede de freguesia, apenas ter visto reconhecida a denominação de Cidade em 1995. Actualmente com 55.643 mil habitantes, o concelho está integrado no Distrito de Leiria, e pertence à Região de Turismo do Oeste. Composta por 18 Freguesias, Alcobaça abrange uma área de 408 km², e uma densidade populacional de 136.1 hab/km². 66 67 www.twinning.org www.twinning.org 61 Localizado no centro litoral, este é um concelho heterogéneo na sua geologia, no seu relevo, nos seus recursos e, consequentemente, nas suas formas de povoamento. É possível reconhecer três unidades territoriais muito distintas entre si: a Serra (Serra de Candeeiros) as terras baixas e a faixa litoral (praias). O primeiro registo oficial de geminações no município de Alcobaça surge nos anos 90, com a autarquia de Tarouca, Distrito de Viseu, em 1992. Nesse ano, as autarquias começavam a conhecer novas funções na gestão do poder local. Tarouca e Alcobaça oficializaram a sua geminação a 20 de Junho de 1992, uma cerimónia que teve como base os seus ancestrais valores históricos, culturais, étnicos e religiosos, alicerçados à sombra dos seus Mosteiros de Cister e S. Bernardo, onde ambas as regiões viram nascer a sua história, o seu povo e a sua identidade nacional. A projecção do nome de Alcobaça para o patamar internacional e mundial ficou traçada com a nomeação do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça como monumento Património Mundial da UNESCO, em 1989. Facto que despoletou o envolvimento dos líderes políticos num panorama internacional, até então não explorado. A 27 de Fevereiro de 1996, o município de Alcobaça estabelece o primeiro acordo de cooperação internacional, desta vez com o município de Cacuaco, uma região da Província de Luanda, em Angola. Os acordos de geminação com Tarouca e Cacuaco estabeleceram como objectivos gerais um conjunto de linhas de actuação semelhantes, com base no desenvolvimento de acções para o bem-estar dos cidadãos e de programas de intercâmbio cultural, artístico, social, educativo e turístico. Também no mesmo ano, em 1996, Aubergenville, em França, é nomeada como cidade geminada com Alcobaça. Três anos mais tarde, a 29 de Maio de 1999, as relações internacionais viajam até ao outro lado do Atlântico, e o município de Alcobaça do Brasil, no Brasil, oficializa a cerimónia em Portugal, no próprio Mosteiro de Alcobaça. Um protocolo que assumiu os mesmo objectivos estipulados para as anteriores geminações. As geminações mais recentes foram efectuadas com dois municípios Africanos. Em Outubro de 2007, o protocolo é assinado na cidade da Beira, e em Agosto de 2009, é a vez da Ilha de Moçambique oficializar a sua ligação com Alcobaça, no Mosteiro de Santa Maria. As ligações foram estabelecidas com o objectivo de partilhar valores, costumes e tradições das comunidades, promovendo o intercâmbio de conhecimentos nas áreas da cultura, da lusofonia, da educação, da gestão municipal, do turismo, do urbanismo e no envolvimento de estratégias comuns para o desenvolvimento de actividades 62 económicas. No mesmo dia, o município de Alcobaça oficializou também o acordo de cooperação com o Município de Belchatów, na Polónia68. A geminação com Belchatów é assumida pelo município de Alcobaça como uma oportunidade única para estabelecer uma posição estratégica no relacionamento com países da Europa do Leste. Uma relação que nasce das fortes ligações que Alcobaça e Belchatów mantêm com o município de Aubergenville, em França, podendo ser aqui apresentado um exemplo de geminação multilateral. Quanto aos pontos unificadores das duas entidades, e apesar das assimetrias geográficas e percurso histórico bastante distinto, as cidades apresentam algumas similitudes, sendo ambas devotas pelo mesmo Santo cristão, São Bernardo, apresentando ainda riqueza de produção frutícola (Maçã) e da indústria vidreira. Os objectivos deste protocolo estabelecem o fomento de relações de amizade entre as comunidades locais e a criação de condições adequadas para a troca de conhecimentos e de experiências em vários domínios. Foi ainda acordada a partilha de experiências e a cooperação nas matérias da Administração, da Educação, da Cultura, do Desporto, do Turismo e Recreio, da Acção Social, da Saúde e do Desenvolvimento económico e outras esferas. Para uma melhor análise do trabalho do município de Alcobaça no campo das geminações, propomos a consultado quadro sumário de todas as geminações da autarquia apresentado em anexo69. A Figura 3 permite uma percepção geográfica das geminações estabelecidas com o município de Alcobaça. 68 69 Vide Anexo III Vide Anexo IV 63 Figura 3: Mapa-mundo das cidades geminadas com Alcobaça Apresentada a realidade autárquica do município de Alcobaça no campo das geminações, achamos oportuno elaborar uma análise idêntica ao município de Belchatów. Apresentada na brochura oficial da autarquia elaborada especificamente para os turistas como uma cidade jovem e dinâmica, Belchatów é composta por mais de 64 mil habitantes (números de Dezembro de 2007), dos quais 40% correspondem a uma média de idade igual ou inferior a 25 anos. É uma cidade do Distrito de Lódz Voivodeship, que cobre uma área de 312 679 km2. As paisagens naturais são a principal atracção turística desta cidade multiétnica (polacos, judeus e alemães), e a parte velha da contemporânea cidade de Belchatów ainda guarda vestígios de guerra, considerando que durante a II Guerra Mundial, Belchatów foi incluída na rota de Guerrilha. A decisão do Governo, em estabelecer em Belchatów uma central petrolífera e a forte aposta na produção de energia, deu uma nova esperança à cidade no campo do investimento e, consequentemente, originou a migração de população. Esta migração conferiu à cidade uma nova realidade cultural e construiu uma nova fotografia mais urbana e cosmopolita de Belchatów. Actualmente, é uma cidade industrial com mais de 5000 empresas, deixando para trás um longo percurso no sector agrícola. Nos documentos oficiais produzidos pela autarquia de Belchatów70, os sectores da educação e da acção social são apresentados como prioritários para o desenvolvimento da região. A cidade é constituída por infra-estruturas de Ensino (como jardins-deinfância, Escolas públicas do 1,2,3. º ciclo, Secundário e Universidades públicas) e 80 instituições não governamentais (que recebem um subsídio anual da autarquia) aptas a receber e apoiar a comunidade. Ao nível do Ensino Superior, a cidade detém um pólo/campus da Universidade Técnica de Lódz, com oferta formativa nas áreas da Gestão, do Marketing e das Engenharias Ambiental e Civil. O ensino técnico conquistou no ano lectivo de 2007/2008, 1577 alunos, em 369 escolas vocacionais e 103 vagas no ensino especializado. Em 2008 as escolas contabilizavam 500 novos alunos graduados, revelando que as áreas mais procuradas para estágio foram o catering e a 70 Disponíveis em www.belchatow.pl 64 hotelaria. O sector económico é outra das fortes apostas da autarquia, que conseguiu, através da criação de bons acessos à cidade, posicionar Belchatów como uma cidade em desenvolvimento. Localizada no centro da Polónia, a cidade beneficia de uma rede viária eficaz, com óptimas estradas nacionais que fazem a ligação aos países fronteiros como a República Checa e a Lituânia. Os acessos aéreos à cidade são assegurados pelos dois grandes aeroportos localizados num raio de 132km, em Katowice, e a 150 km, em Warsaw. O aeroporto mais próximo encontra-se em Lódz, a 50 km de Belchatów, mas apenas efectua voos domésticos para Bydgoszcz, e voos internacionais para a Áustria, Dinamarca, Irlanda, Alemanha, Reino Unido e Itália. A rede ferroviária mais próxima situa-se a 25km de distância, em Piotrków Trybunalski. Também para o crescimento económico da cidade muito têm contribuído as candidaturas da autarquia aos fundos comunitários europeus, como os fundos comunitários do QREN71 (2007-2013). Neste sentido, o município estabeleceu como projectos prioritários o desenvolvimento dos acessos à cidade, a construção e a modernização das estruturas sanitárias; a criação de um serviço de apoio às empresas em expansão e a reconstrução de infra-estruturas urbanas (integrado no Plano de Desenvolvimento Estratégico de Belchatów 2007-2011)72, de forma a tornar Belchatów uma cidade moderna e atractiva quer para os habitantes, quer para os turistas quer para os investidores externos. As oportunidades de investimento em Belchatów são explicadas pela excelente centralização geográfica e o apoio que a autarquia disponibiliza aos empreendedores. Iniciativas como o desenvolvimento de um sistema de suporte operacional para os negócios estabelecidos em Belchatów, denominado de Zona industrial e Tecnológica activa desde 2003, e o ponto de consulta para pequenas e médias empresas, confirmam a importância que o poder local atribui ao sector económico, como forma de projectar a cidade para um patamar superior de interesse nacional e internacional. Acompanhando o crescimento económico e a modernização da cidade, a taxa de desemprego entre 2003 e 2007 apresentou um decréscimo bastante positivo, com a redução do número de desempregado nas faixas etárias dos mais jovens, 18 aos 24 anos, jovens adultos dos 23 aos 34, dos adultos entre os 35 e os 44 e dos 45-54 anos, 71 72 Quadro de Referência Estratégico Nacional Disponível em www.belchatow.pl, porém unicamente na versão polaca 65 verificando-se apenas uma inversão de resultados positivos nas faixas etárias dos 55-59 e 60-64 anos de idade. O sector do Turismo tem sido também parte integrante do projecto de desenvolvimento da cidade que tem feito uma aposta na área cultural contribuindo para que a cidade se emancipe neste sector A experiência da autarquia de Belchatów no campo das geminações tem vindo a ter um percurso crescente, e torna-se assim bastante importante para a análise desta relação entre autarquias a apresentação de um quadro de referência no plano nacional entre Portugal e Polónia73. Uma forma de contextualizar as realidades políticas e culturais dos dois países, como base estrutural para o enquadramento estratégico correcto desta geminação. Depois de analisado o quadro de referência, é importante reforçar que o município de Belchatów tem demonstrado um investimento nas relações estabelecidas entre as cidades geminadas. Dados que podem trazer à geminação com Alcobaça uma maior dinâmica cultural e principalmente económica. A geminação mais antiga da cidade polaca data o ano de 1997 com a cidade de Aubergenville, em França, um protocolo aprovado com o apoio da Federação Mundial de Cidades Parceiras. Em 2001, Belchatów estabelece um acordo de geminação com a cidade com quem faz fronteira oriental, Taurogi, na Lituânia. No mesmo ano gemina-se a Sowieck, localizada no Distrito de Kaliningrado, na Rússia, uma cidade com uma base económica multifuncional e bem desenvolvida no campo social e cultural. Este é um acordo multilateral entre Belchatów, Sowieck e Taurogi. Myslenice, na Polónia, é a única cidade polaca geminada com Belchatów desde 2003. A cidade, localizada a 30 km de Cracóvia, é uma região turística que tem ganho inúmeros adeptos. Devido à sua localização perto dos chamados "Zakopane Road", que facilita a conexão rápida a Cracóvia, Myslenice assume-se, actualmente, como uma cidade de lazer. Em Junho de 2005 foi a vez da cidade húngara Csongrad assinar o acordo de cooperação. Uma pequena cidade situada na foz dos rios Koros e Cisa, a 130 km de Budapeste, que se distingue pelos seus parques e beleza natural. A mais recente geminação de Belchatów foi estabelecida com Alcobaça a 20 de Agosto de 2009. Nesta perspectiva de integração das duas cidades na Europa, Alcobaça e Belchatów são duas cidades que constituem dois dos 27 Estados Membros da União Europeia. Portugal desde 1986 e a Polónia quase dez anos mais 73 Vide Anexo V 66 tarde, em 2004, o que proporcionou estabilidade política e prosperidade económica aos países e cidadãos. Actualmente, a União Europeia é a terceira maior população do mundo, depois da China e da Índia, e é composta por nações soberanas e decididas a partilhar um destino comum e a exercer, em conjunto, uma parte crescente da sua soberania, “que incide sobre valores profundos como a paz, o bem-estar físico e económico, a segurança, a democracia participativa, a justiça e a solidariedade”74. Por estas razões parecem, assim, estarem criadas condições para o avanço na constituição de uma geminação cooperativa, sem barreiras ideológicas, no acordo estabelecido entre o município de Alcobaça e o município de Belchatów. Um acordo que será avaliado segundo os princípios de Public Diplomacy, enquanto instrumento de gestão das relações entre as comunidades e os governos locais. Este processo institucional de actualização das regras que regem as relações entre os EstadosMembros, os seus cidadãos e a União Europeia, deu o seu último passo com a aprovação do Tratado de Lisboa, em Dezembro de 200775. Segundo dados oficiais disponíveis no Website da União Europeia, a Europa está a viver uma revolução tecnológica que está a transformar profundamente a vida dos cidadãos num mundo industrializado. Um cenário que surge na sequência de um investimento que a União Europeia tem assumido como objectivo prioritário, o investimento na Educação e nas pessoas. Neste campo, as tecnologias de informação estão contempladas nos programas de educação, e são apresentadas pela União Europeia como um instrumento essencial para a evolução cognitiva e o posicionamento social do cidadão no mundo. De acordo com a União Europeia, em 2007 a maioria das empresas e 54% dos agregados familiares dispunham de acesso à Internet. 74 http://europa.eu/index_pt.htm 75 Um Tratado criado sobre as predisposições: reforço dos poderes legislativos e orçamentais do Parlamento Europeu; atribuição aos parlamentos nacionais de competências para assegurar o respeito do princípio da subsidiariedade; alargamento a um maior número de domínios da decisão por maioria qualificada no Conselho; Definição mais clara da repartição de competências e responsabilidades entre a União Europeia e os seus Estados-Membros; Incorporação no Tratado de um Carta dos Direitos Fundamentais juridicamente vinculativa que garante as liberdades e os direitos dos cidadãos europeus; Eleição de um Presidente do Conselho Europeu e criação do novo posto de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança para reforçar o impacto, a coerência e a visibilidade da acção externa da União Europeia. 67 Outra das prioridades da União Europeia é “garantir que todos os cidadãos disponham de um acesso rápido e fiável à Internet e dos conhecimentos necessários para lidar com as tecnologias da informação”76. Nesta abordagem deve ser integrada a noção já antes apresentada de SMART Cities, que poderá ser atribuída às cidades envolvidas após a implementação deste projecto. Ghafar Ahmad (2001) define uma cidade SMART City como uma cidade que incrementa, nas relações com os parceiros geminados, uma conduta activa com base em recursos tecnológicos e inovadores, passíveis de capacitar pessoas e instituições de ferramentas que possam tornar as acções diárias mais eficazes e eficientes. As geminações contribuem desta forma, para a expressão de um movimento de cidadania activa. A promoção da paz, a compreensão dos povos e o reforço do diálogo são algumas das funções do papel da Public Diplmacy no campo das geminações, que podem ser reforçadas nesta conduta de cidade SMART City através da comunicação em plataformas digitais como as redes sociais e os mundos virtuais. A criação de uma geminação exige por si só muita disciplina, sendo importante relembrar dez princípioschave essenciais para uma estrutura eficaz, como podemos analisar na Figura 477. Estes princípios são, normalmente, suportados pelo apoio financeiro que a Comissão Europeia concede desde 1989, no seguimento de uma iniciativa do Parlamento Europeu com o objectivo de apoiar actividades de geminação e aproximar a Europa dos seus Cidadãos. Bom parceiro Envolvimento da população Dimensão Europeia Objectivos Comuns Dimensão Europeia Estrutura de apoio Desafios Trabalho a médio longo prazo Cooperação Futuros intercâmbios Figura 4. Dez princípios base para geminar 76 http://europa.eu/index_pt.htm 77 Adaptação dos princípios base apresentados no site www.twinning.org 68 Mediante a apresentação deste dez princípios, importa relembrar que o percurso da autarquia de Belchatów ao nível das geminações autárquicas é neste projecto determinante para percebermos as verdadeiras intenções da autarquia nesta geminação, bem como para percebermos amplitude e a predisposição do município polaco para um envolvimento ao nível da comunicação Online. A escolha do Second Life como plataforma digital base para o desenvolvimento das relações entre as comunidades e as autarquias portuguesas e polacas, traz a este projecto uma nova dinâmica que pode ser essencial para o posicionamento de Alcobaça como uma cidade Europeia em crescimento. A não muito longa mas rica experiência de Belchatów em projectos de geminação com objectivos estratégicos de crescimento económico, poderá trazer a este acordo a dimensão internacional desejada, que será determinante para o envolvimento das comunidades na elaboração de um plano estratégico de integração das duas cidades, na rota do debate público para o desenvolvimento europeu e mundial. Para melhor contextualizarmos esta geminação, resolvemos elaborar uma análise genérica ao município de Alcobaça e da Comunicação Pública dos municípios geminados circunscrita ao campo da Internet, uma vez que o projecto irá ser desenvolvido essencialmente Online. Na análise aos Websites dos Municípios78, foram avaliados os conteúdos informativos referentes a geminações, o nível de acesso dos utilizadores da Web à informação e o nível de envolvência da Comunicação Pública das autarquias com a comunidade, que se apresenta neste projecto como factor determinante para o sucesso do Plano Estratégico. Com a apresentação da Figura 5, uma análise SWOT genérica ao município de Alcobaça que termina com a apresentação da análise da Comunicação Pública Online das autarquias, foi detectada a necessidade de delinear uma estratégia de comunicação para a autarquia de Alcobaça, não só para os acordos de cooperação, e as relações externas mas, principalmente, para a criação de raízes e valores de pertença com a sua população. Já apresentadas as inúmeras vantagens da importância da disponibilização de conteúdos Online e de uma actuação estratégica na Web para o Sector Público, as autarquias 78 www.alcobaca.pt e www.belchatow.pl 69 devem assumir estas novas plataformas digitais como ferramentas essenciais como forma de integrar as comunidades que de outra forma não terão acesso à informação. Uma abordagem “people to people” que trará à relação entre o governo local e os cidadãos a união necessária para o desenvolvimento da região, através da qual a comunidade se sentirá parte integrante dos objectivos estratégicos desse desenvolvimento. Uma abordagem que é apresentada ao longo do estudo de caso de Rosarito Beach, como essencial para o desenvolvimento de uma região e das relações profícuas entre o governo local e as comunidades. Para este projecto propomos a elaboração de um Plano Estratégico de Relações Públicas segundo a mesma perspectiva do estudo de caso de Rosarito Beach, uma vez que o problema apresentado se centra na necessidade de estruturar e implementar na autarquia de Alcobaça, uma comunicação direccionada para as comunidades envolvidas no projecto. O objectivo final será promover a participação e a integração das comunidades na realidade política, social, educacional e económica para que a autarquia possa estruturar um plano de acção de interesses comuns. Desta breve análise da Comunicação Pública dos municípios, que foi completada com a realização de entrevistas semi-estruturadas a representantes das autarquias, Eduardo Nogueira79, adjunto da Presidência da Câmara Municipal de Alcobaça80, e Monika Szczerbak, responsável pelo Gabinete de Promoção e Cooperação entre Cidades Parceiras (GPCCP)81, podemos reflectir sobre a necessidade das autarquias assumirem o papel das Relações Públicas como forma de gestão de relações com base na sustentabilidade que é defendida ao longo deste projecto 79 Vide Anexo VI 80 De referir que o ano de 2009 foi um ano se eleições autárquicas, estando as referências aos cargos políticos neste projectos sujeitas a alteração a partir do dia 1 de Novembro de 2009. 81 Vide Anexo VII 70 Figura 5: Análise genérica do Município de Alcobaça e da Comunicação Pública Online nas autarquias envolvidas na geminação Pontos Fortes Pontos Fracos Ameaças Oportunidades Município de Alcobaça Forte aposta na cultura e no património Escassez de unidades hoteleiras no Concelho Região rica em património natural e arquitectónico Falta de informação do Município e da região na Web Variedade gastronómica Proximidade de outros pólos turísticos (Nazaré e Óbidos) Condicionalismo do Turismo em torno do Património de Cister Mosteiro de Alcobaça Mudança de líder político zona de águas termais Proximidade de Fátima (Turismo Religioso) Clima ameno: sol no Verão e Invernos pouco rigorosos Maus acessos rodoviários e ferroviários Má preparação dos operadores turísticos para receberem turistas Desenvolvimento Estratégico do Concelho onde está incluída a construção de campos de Golfe Concelho ricob em praias, lagoas e serra Falta de informação Turística Pouca familiaridade dos stakholders com as novas tecnologias Criação de Rotas Turísticas para públicos específicos Boas acessibilidades (perto da A1 e da A8) Envolvimento em Projectos Comunitários como o URBACT, INTERREG e Carta de Cister Proximidade do aeroporto (1 hora de Lisboa) Comunidade de Alcobaça disposta a aprendizagem de novas culturas Forte ligação à Religião Católica Desenvolvimento económico da cidade, do Concelho e da Região Um dos concelhos que mais apoios recebeu da parte do Estado no âmbito do QREN e das medidas compensatórias da mudança de lugar do aeroporto O número de polacos que efectuam visitas ao estrangeiro têm vindo a aumentar - de 2007 para 2008 aumentou 9,9% Principais motivações dos polacos para viajar são o Turismo e o recreio, principalmente para países de Sol e Mar População hospitaleira Conhecimento de línguas Óptima relação entre os Municípios de Alcobaça e Belchatów Alcobaça líder na indústria extractiva, produção de calçado, cerâmica, calçado, vidro, artesanato e produção frutícola Perspectivas de crescimento dos fluxos turísticos de polacos para Portugal Análise da Comunicação Pública Online das autarquias de Belchatów e Alcobaça No plano comunicacional autarquia tem vindo a crescer e tem feito um esforço para se especializar ao nível dos acordos de cooperação Abordagem Online estruturada, com referências a todas as geminações estabelecidas, e opção de escolha de ler o conteúdo em 4 Línguas: polaco, inglês, alemão e russo Apresentação de um plano estruturado e existência de um Gabinete responsável, o Gabinete de Promoção e Cooperação entre Cidades Modernização administrativa dos serviços já implementada Não existem referências das geminações do município de Alcobaça na Internet nem no Website da autarquia As geminações são referenciadas Cenário ideal para ser desenvolvida uma apenas quando são desenvolvidas estratégia de comunicação de raiz com acções protocolares planificação. Ausência de um plano estratégico para as relações com as cidades geminadas A comunicação Online é feita unicamente na língua portuguesa Com uma estratégia de comunicação Online, as barreiras geográficas tenderão a desaparecer e Alcobaça pode tornar-se num destino central na Europa. Modernização administrativa ainda por implementar Pouca, ou quase nula, a presença da autarquia de Alcobaça nas plataformas digitais como as redes sociais e mundos virtuais A comunicação Pública Online poderá trazer novos públicos e novos desafios à autarquia, numa perspectiva de participação cívica nos assuntos da cidade Pouca, ou quase nula, a presença da autarquia de Alcobaça nas plataformas digitais como as redes sociais e mundos virtuais Divulgação de brochuras online desenhadas especificamente para os turistas 71 3. Planificação, monitorização e Avaliação A partir da existência do acordo de geminação entre o município de Alcobaça e o município de Belchatów, ainda sem um plano estratégico de Relações Públicas definido, e apenas com vontades políticas expressas, surgiu a ideia de criar o projecto “Alcobaça Abroad Center” para fortalecer as relações entre as comunidades destes dois municípios Este é um Plano Estratégico de Relações Públicas planeado a curto médio prazo, apresentando-se aqui a primeira fase do projecto de forma mais aprofundada para um ano. Este plano terá a finalidade de promover não só o envolvimento das comunidades com as geminações autárquicas do município de Alcobaça, mas também o potencial turístico da cidade, de forma a projectá-la, nacional e internacionalmente, como um pólo de investimento. Para alcançar o posicionamento desejado, o projecto propõe como objectivos gerais: aumentar o envolvimento económico dos polacos na cidade de Alcobaça de forma a aumentar as sinergias entre os municípios e as comunidades; aumentar o número de visitas de turistas internacionais à cidade, concelho, Região Oeste e Distrito de Leiria; criar awareness sobre a cultura, costumes e tradições das comunidades envolvidas e posicionar Alcobaça como um pólo de investimento, associando a Região do Oeste a um destino de Turismo de Excelência. Definidos os objectivos gerais de comunicação do Plano, este projecto será dividido em quatro frentes de actuação, isto é, quatro Programas com objectivos específicos que passamos a apresentar. Bússola pública Memorando de assuntos públicos Ponto de Ideias Interage e partilha Objectivos Objectivos Objectivos Objectivos Optimização da comunicação interna e dos serviços online Marcação de presença nas agendas politicas internacionais Promoção internacional do Município Apresentação de novos projectos e divulgação de uma cidadania activa Optimização de projectos internacionais para a comunidade local Projecção do potencial da cidade Diplomacia económica, cultural e educacional Criação de valor quer da cidade quer da população Intercâmbio de valores 72 Para cada programa serão criadas mensagens de awareness e de advocacy para as comunidades. Para o Programa Bússola Pública a mensagem será “Encontre”, uma forma de criar a noção de orientação para as comunidades envolvidas. No programa Memorando de Assuntos públicos, a mensagem será “Mostre”. Uma espécie de convite aos líderes políticos nacionais e internacionais para envolver também os assuntos públicos do poder local nas agendas europeias. Para o programa Ponto de Ideias, a proposta para a mensagem principal será “Valorize”, um slogan que surge no interior de um programa que será gerido essencialmente por técnicos da comunicação e de cooperação entre cidades, e por isso, este é o espaço ideal para a criação de estratégias que promovam a valorização do património de cada cidade. No último programa, Interage e Partilha, aquele que mais acções promoverá para as comunidades numa abordagem com base nas relações grassroots Public Diplomacy, a mensagem será “Desfrute”. Um convite directo às comunidades para a troca de valores, culturas e histórias, que possam enriquecer esta geminação e criar laços forte de pertença. Mensagens que darão força ao projecto no sentido de projectar a cidade e o concelho como um pólo turístico de qualidade e com garantias de investimento, e consciencializar as comunidades de que as geminações autárquicas internacionais podem ser uma rampa para o conhecimento e troca de culturas (awareness) bem como pressionar o governo local a agir e a identificar as geminações autárquicas e a modernização tecnológica como prioridades de governação (Advocacy). Assim, para dar a conhecer o concelho através do trabalho de Online desenvolvido entre as autarquias, é a abordagem estratégica que nos parece mais viável para combater as barreiras geográficas, físicas e linguísticas que persistem no campo das geminações entre diferentes países. E, para aprofundar as relações entre as autarquias, o projecto apresenta uma proposta de consciencialização do papel da Comunicação Pública enquanto Public Diplomacy. Estes quatro programas desenvolvidos através da plataforma Second Life, que será a ferramenta de suporte para o encontro das comunidades e o desenvolvimento das tácticas apresentadas ao longo do plano. Programas que terão como públicos-alvo as comunidades de Alcobaça (autarquia, colaboradores, associações culturais e comunitárias, operadores turísticos, unidades hoteleiras e de formação e cidadãos locais) e Belchatów (autarquia, jovens, investidores e turistas seniores) que assumem neste projecto, objectivos específicos e individuais e serão a base para a construção de relações entre as duas autarquias. 73 Apesar de temos definidos como públicos do projecto as comunidade de Alcobaça e Belchatów, iremos apenas apresentar de forma mais exaustiva o perfil dos jovens polacos, dos investidores e dos turistas seniores bem como os objectivos gerais, porque toda a estratégia terá como finalidade, para além do aprofundamento as relações entre as autarquias, aumentar o número de visitas de polacos à região do Oeste e projectar a identidade de Alcobaça no campo internacional, sendo estes os públicos que mais nos interessam trabalhar. Todos os outros apresentados, serão parte integrante deste projecto. Investidores polacos - Idade compreendida entre os 40 e os 55 Jovens polacos - Idade dos 18 aos 35 anos - Com algum poder económico - Estudantes universitários ou trabalhadores - Aventureiros Turista Sénior polaco - Idades compreendidas entre os 60 e os 65 anos - Pais e avós de jovens - Reformados - Poder económico - Activos - Informados - Gosto por viajar - Adeptos das novas tecnologias - Adeptos do turismo religioso e do património - Gosto em viajar - Adeptos das novas tecnologias anos; - Gosto pelo sector da indústria - Gosto pelo sector hoteleiro -Conhecimentos no ramo empresarial - Ambicioso - Empreendedor - Determinado - Responsável - Poder económico - Gosto por ler revistas e jornais especializados na área empresarial Gosto pelas novas tecnologias Capacidade de liderança Predisposição para investir Os objectivos gerais deste plano para os jovens polacos são: o aumento do número de visitas deste público ao concelho e à região, a projecção da cidades como rota de turismo ideal para umas férias alternativas, com sol e praia, e ainda, promover o intercâmbio nas áreas da cultura e na educação. 74 Para os investidores, os objectivos irão centrar-se no aumento do número de visitas de negócio à cidade de Alcobaça, na colocação da cidade na rota de investimentos externos dos empresários de Belchatów, no aumento das qualificações exigidas no sector empresarial, e ainda conseguir obter, num período de três anos, o envolvimento físico de entidades, individuais ou colectiva na região. Para os turistas seniores, os objectivos assemelham-se aos objectivos dos jovens. O aumento de visitas à cidade e à região, a promoção da identidade de Alcobaça juntos das comunidades polacas, e promover a cidade como um possível destino para a aquisição de uma segunda residência. Apresentados os objectivos específicos para cada público, torna-se relevante categorizar, de forma pormenorizada o nosso público, para uma avaliação mais aprofundada do seu envolvimento neste plano. Para desenvolvermos este plano, o Turismo apresenta-se neste projecto como a ponte de ligação entre as duas cidades, e o meio mais eficaz que encontrámos para promover as qualidades da cidade de Alcobaça Online, junto dos públicos identificados. Uma abordagem que apenas alcançará sucesso se houver uma participação activa da comunidade local na promoção e integração do intercâmbio cultural. Neste sentido, Portugal conta com o desenvolvimento de projectos que representam já boas bases estruturais para a promoção do Turismo como é o caso do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), apresentado pelo Instituto de Turismo de Portugal (ITP) em 2007, em parceria com o Governo (Ministério da Economia). O objectivo principal do programa é desenvolver o Turismo em Portugal ao nível qualitativo e quantitativo para apresentar uma estratégia exigente, ambiciosa e inovadora para o sector. De acordo como PENT, Portugal dispõe das matérias-primas necessárias para a consolidação e desenvolvimento de vários produtos turísticos estratégicos, nomeadamente: “Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico, City Break, Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Saúde e Bem-Estar, Golfe, Resorts integrados e Turismo Residencial, Gastronomia e Vinhos” (PENT, 2007, pp.6). 75 Para a zona Centro, onde se insere Alcobaça, os objectivos de crescimento até 2015 são no âmbito das dormidas estrangeiras, um aumento para 2,2 e 2,3 milhões de dormidas, aumentando a taxa média anual para 7,3%, o que significaria um aumento de 6,2% em número de turistas (PENT, 2007). Para esta região, a aposta vai para o Touring cultural e Paisagístico, o Turismo de Natureza e o Turismo de Golfe. O PENT prevê ainda a criação do Pólo de Turismo do Oeste. A região Centro apresenta infra-estruturas que não passam despercebidas neste projecto e que podem funcionar como recursos de projecção de Alcobaça a nível internacional, se bem comunicados. Na região Centro destacam-se como potenciais pontos turísticos o património natural, os monumentos históricos e religiosos, Fátima, as aldeias típicas e históricas, os parques naturais, as grutas, a gastronomia, os campos de Golfe, a zona costeira composta por inúmeras praias e a qualidade das águas termais. Para a promoção destes espaços, o Turismo de Portugal propõe a elaboração de rotas temáticas (exemplo: Monges de Cister, Pastorinhos de Fátima), rotas gastronómicas e a recuperação de edifícios e adaptação para hotéis de charme. O PENT aparece também integrado no Plano Estratégico de Desenvolvimento de Alcobaça82 para o ano 2020 e Plano de Acção para 2013, onde o Turismo é apresentado como um dos sectores com maior relevo estratégico do documento. Também no plano do município de Alcobaça é identificada a variedade de opções turísticas do Concelho desde a cultura ao património (Alcobaça, Aljubarrota, Alfeizerão e Cós), do sol ao mar (São Martinho do Porto em articulação com a Nazaré e as praias do Norte do Concelho, Pataias), do desenvolvimento de unidades hoteleiras aos campos de Golfe (Pataias), e ainda a projecção do Termalismo (Vestiaria e Termas da Piedade). O Plano de Desenvolvimento Estratégico de Alcobaça apresenta três linhas estratégicas chave que conjugam uma abordagem conceptual base e que se vinculam nas vertentes “Viver, Investir e Trabalhar”, “Visitar e Consumir” e “Aprender e Conhecer”. Segundo dados da delegação polaca do Instituto de Turismo de Portugal (IT)83, o mercado emissor da Polónia verifica uma evolução significativa entre os anos 20052008, sendo que em 2008, os turistas polacos efectuaram 7,6 milhões de viagens ao estrangeiro, ou seja, quase mais 10% que o ano transacto. Dados do IT revelam ainda que os turistas polacos que mais saem do país são oriundos das grandes cidades da 82 83 Vide Anexo VIII Vide Anexo IX 76 Polónia, como Varsóvia e as principais regiões industriais. Os principais destinos turísticos em 2008 foram a Alemanha, a República Checa, a Eslováquia e Grã-Bretanha. As boas perspectivas da delegação polaca anunciam para os próximos anos um crescimento do número de viagens ao estrangeiro (crescimento anual de 3 a 4%). As previsões apontam que em 2013 o número de viagens ao estrangeiro cresça até aos 8 milhões. Um crescimento que se deve ao desenvolvimento do mercado de transporte aéreo low-cost e ao aumento do poder de compra da população polaca. Em Portugal, o ano de 2008 regista cerca de 85.605 hóspedes polacos (mais 16,7% que 2007) na hotelaria global portuguesa84. Dados que permitiram à Polónia manter a 1.ª posição no ranking dos principais emissores para Portugal ao nível dos Países da Europa Central e Oriental. As regiões portuguesas mais procuradas pelos polacos no campo da hotelaria são as regiões de Lisboa (24.796), Algarve (20.442), Centro (13.531), Norte (11.098), Alentejo (2.109) e os Açores (374). A Polónia foi também em 2008, em termos percentuais, o país com maior crescimento no campo das dormidas na hotelaria portuguesa entre todos os mercados internacionais. Os meses de Maio e Setembro são os períodos de eleição polaca para visitarem Portugal. O sol e o mar são as principais razões pela escolha do destino turístico. Actualmente as ligações aéreas da Polónia para Portugal estão facilitadas com a recente recuperação dos voos em Junho de 2009, pela companhia aérea portuguesa, TAP, que efectua cinco voos por semana entre Varsóvia e Lisboa. Os voos charter continuam a ser uma opção válida. Comprovada a existência de condições para o desenvolvimento de um projecto de comunicação autárquica enquanto Public Diplomacy, através do envolvimento não só do corpo diplomático mas também das comunidades, este projecto tem todas as características para passar a ser não só um acordo de geminação entre duas cidades com entendimento político, mas também um acordo de cooperação e exploração do que há de melhor em cada cidade. E é aqui que se posiciona a abordagem das Relações Públicas enquanto Public Diplomacy e são relembrados conceitos como Soft Power. Conceitos que explorados numa abordagem essencialmente Online, proporcionarão o posicionamento mais imediato de Alcobaça no panorama nacional e internacional, no sentido em que, com um maior número de participações, será mais fácil construir uma comunicação estratégica e planificada da cidade e da autarquia enquanto gestora de 77 relações. Esta projecção terá como finalidade não só do envolvimento económico dos polacos a nível local, como também o aumento do número de visitas turísticas, através da divulgação e partilha dos valores culturais, das tradições e das fortes capacidades turísticas do Concelho e da Região, Online. Nesta rede de trabalho, que será desenvolvida essencialmente no Second Life, mas que terá também uma ligação directa com o Website da autarquia e as redes sociais como o Facebook e o Twitter, funcionará uma estrutura que se assemelha a uma cidade virtual, que terá como ferramentas os quatro programas previamente definidos que irão ter como fonte de alimentação a participação das comunidades. Para cada programa estão definidos públicos de acção e tácticas que deverão permitir uma avaliação do projecto. Um projecto que tem como finalidade contar histórias que possam agilizar e fomentar na comunidade polaca a vontade de conhecer a realidade transmitida online, como podemos analisar na Figura 5. 78 Autarquia GCRP G.P.E.D Gabinete Informático Bússola Pública Recolha de informação junto dos colaboradores para melhorar a perspectiva global do projecto Memorando de assuntos públicos Regional: Associações Culturais, Desportivas e Recreativas: Associação Barafunda S.A.Marionetas – Teatro & Bonecos AMA -Academia de Música de Alcobaça CeDeCe - Companhia de Dança Contemporânea ACSIA - Associação Comercial de Serviços e Industrial de Alcobaça ADEPA – Associação de Desenvolvimento…. Associação Maçã CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional CENCAL Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Europeia: RTL – Região de Turismo do Oeste IGESPAR CARTA DE CISTER ANJE TP- Turismo de Portugal AICEP – Agência para o Investimento e comercio Externo em Portugal INFTUR – Instituto de Formação Turística LEADEROESTE - Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural do Oeste INTELI – Centro de Inovação e Inteligência Interage e Partilha Ponto de Ideias Espaço de troca de partilha de Know-How Técnico com o pelo Gabinete de Promoção e Cooperação entre Cidades Parceiras Espaço de interacção entre a comunidade – recolha de testemunhos Biblioteca virtuais: Figura 5. Planificação do projecto “Alcobaça Abroad Center” estrutura do EUROCIDADES IPAD Imagens Informação geral do Concelho Representação diplomática Rotas turísticas Espaço de Interacção com: Operadores Turísticos Agenda de actividades oficiais Unidades Hoteleiras Unidades de Formação Comunidade polaca: Jovens, investidores, turistas seniores Site do Município Diplomacia Facebook Pública digital Issue Blogs media Media 79 A Internet é um espaço virtual onde tudo acontece, onde tudo se sabe, onde não se informa mas são fornecidos dados, que analisados com precisão podem construir uma nova realidade da comunicação autárquica. A monitorização das tácticas escolhidas para a implementação de cada programa será avaliada a partir de métricas de input85, output86, outcome87 e outtake88 e o impacto89. De seguida passaremos a apresentar, individualmente, os quatro programas, para que a partir dessa contextualizarmos possamos construir uma proposta estratégica suportada por tácticas que irão permitir a monitorização e posterior avaliação do projecto, bem como a medição do impacto junto das comunidades. De referir que este plano estratégico terá duas fases de actuação. Numa primeira fase, será implementado a nível interno da organização, no sentido de garantir uma base estrutural forte para que o plano ganhe consistência quando for aplicado junto das comunidades. E a segunda fase será a exposição do plano às comunidades envolvidas e a promoção da sua interacção. Para o desenvolvimento de uma comunicação estratégica planeada, definimos quatro programas que se interligam e têm como gestores principais do projecto e dos programas o Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, o Gabinete de Gestão de Planeamento Estratégico e Desenvolvimento (GPED), recentemente criado no organograma da autarquia, e o Gabinete de Informática. 85 Input (entrada) – A pesquisa de informação e os dados oriundos de fontes internas e externas à concepção, aprovam e desenhas as etapas de entrada do processo de produção de comunicação. 86 Output (saída) – é o resultado do programa ou campanha de Relações Públicas, o impacto do produto no público- alvo envolvidos no processo comunicacional. Esta é considerada uma fase muito importante para o investigador, uma vez que é a fase final do produto de comunicação, da produção e do processo de difusão. Por exemplo a eficácia do output de uma newsletter é avaliada através do número de pessoas que leram a abriram e quantas vezes foi lida. 87 Outtake – permite medir o nível de compreensão do produto de comunicação junto do público. Por exemplo, saber se determinado colaborador continua a ler a newsletter enviada há três meses atrás. O outtake é a reacção do público à recepção de um produto de comunicação e a retenção da mensagem. 88 Outcome – representa a mudança de comportamento que o produto induziu. São mudanças quantificáveis, a consciencialização e o conhecimento, um efeito consequência de um conjunto d acções comunicacionais de curto prazo ou a longo prazo. 89 Impacto – Corresponde ao conjunto de implicações futuras que advêm do sucesso das açcções e da sua afirmação. 80 3.1 Programa “Bússola Pública” Para a manutenção do Programa “Bússola Pública”, está definida a nomeação de uma rede interna de interlocutores, composta por elementos nomeados internamente por cada gabinete, departamento ou pelouro, que terão a missão de dar os feedbacks dos colaboradores da autarquia sobre o projecto. Uma forma de envolver os colaboradores, que também fazem parte da comunidade de cidadãos, na partilha de projectos pessoais e profissionais que possam representar bons contributos para o desenvolvimento eficaz do plano, incentivando-os ainda à participação cívica. Este é, na nossa opinião, um elemento crucial para o envolvimento da comunidade local, porque os colaboradores são o espelho da realidade da autarquia. Neste programa deverá ser ainda considerada a questão que é trazida cada vez mais à agenda de assuntos públicos (Public Affairs) no Sector Público, a da emergência da modernização administrativa nos serviços autárquicos. De acordo com os dados fornecidos pela Microsoft, em 2050, aproximadamente 80% da comunicação entre o governo e os cidadãos/comunidades, será feita ao nível local, e apenas 2/3 da população viverá nas cidades. Números suficientemente expressivos para que o papel do governo local e as suas competências ao nível da agilização de serviços públicos seja analisado neste projecto como um investimento crucial. Um investimento com retorno garantido não apenas monetário mas também ao nível da visibilidade da autarquia, da região e do País. A modernização administrativa e tecnológica surge neste ponto como um salto colossal para que a autarquia possa responder às exigência propostas pelas novas competências do governo local, e para poder estar no mesmo patamar comunicacional que alguns municípios portugueses já se encontram, de que nos são exemplo o Município do Porto. Parece-nos então essencial apresentar, antes de mais, a necessidade da criação de uma plataforma de modernização administrativa, baseada na arquitectura de referência que a Microsoft sugere para implementação no governo local - Modelo de 4 layers - que apresenta uma plataforma de serviços para os cidadãos locais com o objectivo de aumentar a partilha de informação, a segurança e individualização dos serviços e permitir o acesso mais eficaz e rápido à informação. 81 Plataforma de serviços para os cidadãos locais 1.Desafios-chave para a autarquia 2. Pessoas e Processos 3. Aplicações e Templates 4. Tecnologia Devemos, neste sentido, entender esta modernização estratégica como um instrumento para a monitorização da comunicação autárquica junto dos seus colaboradores, e a partir daí fazer uma avaliação dos resultados alcançados. Para colocar em prática esta rede de trabalho interna, os gabinetes gestores do projecto deverão agendar reuniões quinzenais com os representantes da rede interna de interlocutores, para que sejam avaliadas as necessidades mediante as participações dos colaboradores. O cumprimento dos objectivos propostos para o primeiro programa como a optimização da comunicação interna e dos serviços online e a posterior optimização de projectos internacionais junto da comunidade local, deverá ser analisado através da monitorização e avaliação das tácticas propostas, como podemos ver em baixo. 82 Formações livres e gratuitas sobre a Reuniões mensais entre os gestores do projecto e os representantes da rede de interlocutores Produção de uma newsletter interna sobre o projecto Reuniões trimestrais entre os gestores do projecto Plataforma Second Life Formações gratuitas sobre a modernizaçã o dos serviços CALENDARIZAÇÃO Duas vezes por semana De Fevereiro a Maio 1.º Ano de implementação De Janeiro a Dezembro Durante os três anos de implementação De Janeiro a Dezembro Durante os três anos de implementação Mensalmente, Duas vezes por De Março a Dezembro semana 1.º Ano de implementaçãoDe Fevereiro a Agosto 1.º Ano de implementação A medição da aceitação das tácticas será avaliada na monitorização da implementação estratégica deste programa através de outputs, outtakes, outcomes e o impacto, que se tornam mais claros com a esquematização apresentada de seguida. 83 INPUT/OUTPUTS N. º de pessoas interessadas na plataforma OUTTAKES N.º de aderentes às formações N. º de novos utilizadores do Second Life Quantidade de informação recolhida na rede de N.º de participações na plataforma digital interlocutores N.º de colaboradores e membros políticos que N.º de reuniões produzidas frequentaram as formações N.º de downloads efectuados Quantidade de informação apresentada nas N.º de documentos produzidos reuniões quinzenais N.º de leitores assíduos da newletter Nº de esclarecimentos efectuados Online N.º de atendimentos por dia OUTCOME/IMPACTO N.º de informação produzida na plataforma digital Nível de interacção e envolvimento do colaborador Nível de interacção e envolvimento do corpo político Apresentação de um novo conceito tecnológico Aumento da partilha de informação na plataforma Redução de presenças nos munícipes nos espaços físicos da autarquia 84 Com a dinamização de reuniões, a calendarização de formações e a criação de grupos de trabalho internos (inputs), este programa pretende aumentar não só o número de interessados na plataforma digital do Second Life, como também o número de aderentes às formações, a quantidade de informação recolhida pela rede interna de interlocutores, o número de reuniões produzidas e o número de feedbacks obtidos (outputs). O sucesso da implementação da plataforma de serviços no governo local para a modernização administrativa poderá ser analisado através do número de downloads efectuados dos documentos disponíveis no Website da autarquia e através do número de documentos disponibilizados na plataforma (input/output). O número de novos utilizadores/colaboradores do Second Life, do número de participações na plataforma, do número de colaboradores e membros políticos frequentadores das formações, a quantidade de informação (feedbacks) apresentada nas reuniões trimensais pelos membros da rede interna de interlocutores, o número de esclarecimentos Online efectuados pelos funcionários e o número de atendimentos públicos por dia, configuram o conjunto de outtakes. A avaliação será feita mediante o número de participantes online no dia do lançamento da plataforma, o número de pessoas envolvidas no projecto, o número de visitantes do website e o número de visualizações dos documentos no website oficial da autarquia, bem como o número de visitantes nas plataformas de redes sociais e o número de notícias e reportagens produzidas sobre a plataforma. O outcome será analisado através do número de informação produzida no Second Life sobre Alcobaça, representando o nível de interacção a que o colaborador e o corpo político se propõem, simultaneamente, enquanto utilizadores e parte integrante do projecto. A avaliação estará sujeita à aceitação do projecto junto das comunidades envolvidas, sendo o impacto avaliado na eficácia da comunicação autárquica Online em detrimento da comunicação “tradicional”, como sendo a divulgação televisiva, rádio, spots publicitários, acções de rua entre outras. A avaliação do impacto será feita através do nível de envolvimento dos colaboradores e políticos no projecto e do aumento da informação partilhada na plataforma, que será demonstrada através de inquéritos online de satisfação, através do número de colaboradores e membros políticos que lêem a newsletter mensal do projecto e através dos resultados dos relatórios estatísticos semestrais. 85 O impacto da implementação da modernização administrativa será avaliado através da redução da presença do número de munícipes no espaço físico da autarquia nos seis meses seguintes à implementação da plataforma Online e a consequente mudança de comportamento será avaliada através do número de mensagens positivas produzidas nos inquéritos de satisfação online bimensais, desenvolvidos pelos gestores do projecto, e que estarão disponíveis no Website da autarquia e nas newsletter interna. Cronograma de monitorização da estratégia do programa Bússola Pública Janeiro Dezembro Junho Apresentação do projecto a nível interno e aprovação Formação gratuita para os colaboradores sobre a modernização administrativa Formação para colaboradores, e líderes políticos Reunião trimestral dos gestores do projecto Elaboração de inquéritos de satisfação Apresentação da plataforma digital dentro da autarquia Reunião trimestral dos gestores do projecto Elaboração de inquéritos de satisfação Elaboração de inquéritos de satisfação Reunião trimestral dos gestores do projecto Reunião trimestral dos gestores do projecto Implementação da modernização administrativa – Plataforma de serviços para o Governo Local Reuniões mensais entre os interlocutores dos colaboradores e os gestores do projecto 86 3.2 Programa “Memorando de Assuntos Públicos” No segundo programa, que denominamos de “Memorando de Assuntos Públicos”, o principal objectivo será criar relações de interdependência através de uma comunicação com base na Public Diplomacy. A construção de relações com comunidades influentes no âmbito nacional e internacional, levará a que este programa se apresente como uma estrutura base para as políticas nacionais e internacionais. A criação deste programa na plataforma digital terá como finalidade colocar Alcobaça nas agendas nacional e europeia, através da criação de um espaço de debate e partilha, a um nível diplomático, de informação preciosa para a actuação dos públicos de interacção neste programa. A concretização dos objectivos deste programa, que se caracterizam pela presença dos públicos nas agendas políticas internacionais e a projecção do potencial da cidade no campo exterior, só será alcançada com o agendamento e discussão dos programas em organismos como a Assembleia da República (em Portugal), o Parlamento Europeu ou a Comissão Europeia (na Europa). Para que este grupo de acção consiga fazer passar para o interior destas instituições mensagens de advocacy e awareness, com a finalidade de exercer pressão e coacção sobre os decisores acerca do papel do Sector Público, com maior enfoque no governo local, será relevante o aparecimento neste programa de um gestor de assuntos públicos que fará a ligação entre as comunidades do programa e os decisores políticos, e assim encontrar soluções benéficas para ambas as partes. O recurso ao Second Life aparece neste programa como uma forma de interacção sustentável que permitirá uma maior rapidez no encontro de ideias e na elaboração de estratégias para uma comunicação de eficaz ao nível da Public Policy. O cumprimento dos objectivos propostos para o segundo programa deverá ser analisado através da monitorização e avaliação das tácticas propostas, como podemos ver em baixo. 87 Reuniões entre os grupos representantes regionais e europeus Conferência Formação aos grupos acerca do funcionamento da plataforma Criação de perfil em redes sociais Internacional Produção de newsletter, press kits para os media e e disponibilização de conteúdos online CALENDARIZAÇÃO Terá uma periodicidade bimensal Implementação ao longo dos 3 anos do projecto Terá uma periodicidade anual Decorrerá durante o dia da Europa, 9 de Maio. Implementação durante os 3 anos do projecto Duas vezes por mês de Fevereiro a Abril Implementação no 1 ano do projecto Actualização semanal das acções e dos resultados obtidos nas reuniões Implementação ao longo dos 3 anos do projecto Periodicidade mensal Implementação ao longo do 1 ano do projecto, sujeita depois a análise A medição da aceitação das acções definidas para este programa será avaliada na monitorização da implementação estratégica através da análise de outputs, outtakes, outcomes e do impacto, que se tornam mais claros com a esquematização apresentada de seguida. 88 INPUT/OUTPUT N. º de grupos que aderiram à plataforma OUTTAKES N.º de aderentes às formações N.º de reuniões produzidas N.º de participantes na conferência N.º de downloads efectuados N.º de participações nas reuniões N. º de leitores das newsletters N.º de participações nas formações N.º de inscrições na conferência N.º de noticias produzidas nos media N.º de convites emitidos N.º de visualizações e cliques nas redes N.º de papers inscritos na conferência sociais Quantidade de informação N.º de vídeos produzidos e distribuídos apresentada nas reuniões bimensais nas formações N.º de Press Releases emitidos N.º de emails enviados OUTCOME/IMPACTO N.º de contactos produzidos pelos media após a conferência e apresentação do programa N.º de pedidos de informação N.º de visitas ao website da autarquia e redes sociais N.º de confirmação de interessados em continuar a receber a newsletter N.º de adesões ao evento O número de mensagens positivas Nº º de vezes que os projectos do programa estão em agenda nacional e Internacional Aumento da compreensão do papel da Public Diplomacy Aumento da qualidade de vida e acesso à informação 89 Para a implementação estratégica das tácticas propostas para este programa estruturámos também, tal como aconteceu no primeiro programa, um agendamento de formações sobre a plataforma Second Life para as comunidades envolvidas. Formações que serão gratuitas e irão decorrer nos primeiros quatro meses do primeiro ano de implementação do “Alcobaça Abroad Center”. A par destas formações propomos a realização de reunião bimensais entre os dois grupos apresentados, o grupo regional e o grupo internacional que passamos a identificar: no campo de intervenção regional propomos a participação de Associações que actuam nas áreas cultural, educacional e desenvolvimento económico do concelho como a Associação Barafunda, a S.A.Marionetas – Teatro & Bonecos, a AMA -Academia de Música de Alcobaça, a Companhia de Dança Contemporânea (CeDeCe), a Associação Comercial de Serviços e Industrial de Alcobaça (ACSIA), a Associação para Defesa e Valorização do Património Cultural da Região de Alcobaça (ADEPA), a Associação Maçã de Alcobaça, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), o Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica (CENCAL) e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro. No âmbito de intervenção europeia, e de forma a proporcionar uma melhor perspectiva de possíveis projectos internacionais, o convite para a participação neste projecto será estendido a entidades como o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), o Instituto de Turismo de Portugal (IT), o Instituto de Formação Turística (INFTUR e a Associação L’Charte de Cister, no âmbito da divulgação do património e do sector turístico, a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), a Agência para o Investimento e comercio Externo em Portugal (AICEP), a Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural do Oeste (LeaderOeste) e o Centro de Inteligência em Inovação (INTELI). Os resultados destas reuniões serão demonstrados e analisados na Conferência Internacional. Para a conferência internacional virtual, que se realizará no Second Life, a finalidade do evento será debater o papel da comunicação Online no governo local para o desenvolvimento do país e a sua inclusão na gestão das agendas de assuntos públicos no campo internacional. Para a participação nesta conferência, o convite será feito não só a todas as instituições que serão convidadas a fazer parte integrante deste programa, mas também será convido o executivo do município de Belchatów. 90 A conferência será marcada para o Dia da Europa, 9 de Maio, sendo assim a data oficial do lançamento do programa. O objectivo é que esta acção seja integrada numa das actividades promovidas para a união e partilha de conhecimento na União Europeia, indo ao encontro dos ideias defendidos ao longo do projecto do papel das autarquias enquanto instrumento de promoção ao aumento da participação cívica. O convite será desta forma extensível à Comissão Europeia, à Assembleia da República, ao representante do Governo português e à Presidência da República. Os órgãos de comunicação social portugueses e estrangeiros também serão convidados a assistir à conferência. A nível logístico, aos participantes será exigida uma apresentação visual enquadrada no tema, que depois será estrategicamente integrada nos painéis. Será ainda atribuída uma senha de participação na conferência. A divulgação do evento será feita também através dos meios electrónicos: website da autarquia, websites das instituições participantes, redes sociais (Facebook, Twitter e Youtube), através da newsletter e mediante a divulgação do Press Release que será emitido pelos gestores do programa, neste caso, pelo Gabinete de Comunicação e Relações Públicas. A realização de uma conferência internacional online permite, assim, dar continuidade a uma visão de actuação sustentável que o projecto pretende incutir na Comunicação Pública das autarquias portuguesas, uma vez que a iniciativa não exige deslocações (redução de emissão de carbono), cada utilizador usará o seu habitual instrumento de trabalho (computador) e toda a preparação poderá ser feita durante o horário laboral. Com a disponibilização de todo o material online não será necessário o recurso do papel porque toda a informação será armazenada em plataformas digitais. A grande vantagem desta iniciativa está ainda na diversidade linguística permitida pelo Second Life, que possibilitará aos participantes uma interacção em tempo real no seu próprio idioma. Toda a conferência será testada uma semana antes da data do evento, através de reuniões personalizadas (também na Internet) com os participantes. Como inputs e outputs do programa, configuram o número de inscrições e aderentes às formações, às reuniões, à plataforma e à conferência anual, o número de vídeos produzidos e distribuídos para formar as entidades participantes bem como o número de downloads efectuados da documentação disponível online, o número de leitores da newsletter, o número de convites emails e Press Realeses emitidos. 91 Como outtake encontramos o número de participantes inscritos na conferência internacional, o número de participantes nas formações e nas reuniões personalizadas, o número de visualizações e cliques efectuados durante e depois do evento nos perfis criados nas redes sociais e a quantidade de informação apresentada nas reuniões bimensais do grupo. O outcome configurará no número de contactos produzidos pelos media após a conferência, no número de pedidos de informação sobre o programa e o projecto “Alcobaça Abroad Center”, o número de visitas ao Website da autarquia e restantes plataformas sociais após a apresentação do programa e realização do evento, o número de adesões finais ao evento, o número de interessados em receber newsletters informativas. O impacto será analisado a partir do número de vezes que os projectos definidos ao longo das reuniões e na conferência anual são agendados para os debates nacionais e internacionais, através do aumento da compreensão do papel das Relações Públicas enquanto Public Diplomacy no Sector Público e através do aumento da qualidade de vida e acesso à informação. A avaliação do sucesso do programa deverá ser suportado através da elaboração de relatórios semestrais (durante os três anos), da apresentação de propostas por parte dos dois grupos de intervenção (semestrais), com a realização de inquéritos de satisfação via email, no website da autarquia, nas redes sociais e na plataforma Second Life (trimensais) e ainda com a realização de reports bimensais sobre todas as notícias divulgadas nos meios de comunicação social. Instrumentos de avaliação que permitirão aos gestores do projecto fazer reajustamentos e melhorias logo no primeiro ano de implementação do projecto. No cronograma em baixo apresentado apenas será identificada a monitorização de acções para o primeiro ano de implementação estratégica. 92 Cronograma de monitorização da estratégia do programa Memorando de Assuntos Públicos Dezembro Junho Janeiro Conferência Avaliação do número de visitas nas rede sociais Internacional Formação aos grupos acerca do funcionamento da plataforma 9 de Maio e apresentação da plataforma Avaliação do número de visitas nas rede sociais Relatórios semestrais das actividades Relatórios semestrais das actividades Criação de perfil em redes sociais Reuniões entre os grupos represent antes regionais e europeus Reuniões entre os grupos represent antes regionais e europeus Reuniões entre os grupos represent antes regionais e europeus Reuniões entre os grupos represent antes regionais e europeus Reuniões entre os grupos represent antes regionais e europeus Disponibilização de informação online e envio de newsletter mensalmente Elaboração de inquéritos de satisfação Reports Reports Elaboração de inquéritos de satisfação Reports Reports 93 3.3 Programa “Ponto de Ideias” “Ponto de Ideias” é o nome que apresenta o terceiro programa, que tem como objectivos gerais a promoção internacional do Município de Alcobaça, e aprofundar as relações diplomáticas entre autarquias de Alcobaça e Belchatów, e assim trabalhar o intercâmbio de culturas com base nas grassroots de cada comunidades. Isto é, através do respeito e do entendimento dos valores e princípios das comunidades em estudo, será mais fácil construir uma relação com base diplomática. Assim, para este espaço a proposta é a criação de um grupo de trabalho privado que será constituído pelos gestores do projecto, Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, o Gabinete de Gestão de Planeamento Estratégico e Desenvolvimento e também o Gabinete de Promoção e Cooperação entre Cidades Parceiras. Para intensificar este trabalho em rede, a proposta é a integração de Associações que detêm grandes conhecimentos no campo dos projectos comunitários, como são exemplo disso a Eurocidades e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). A Eurocidades é considerada a maior e mais representativa associação de cidades europeias de carácter metropolitano, que estabelece como objectivo reforçar os interesses locais dentro do contexto da União Europeia. Trata-se da única rede internacional que representa as cidades europeias com unidade política face à União Europeia. A configuração de políticas europeias, o intercâmbio de “boas práticas” entre os membros e o impulso de projectos comuns transfronteiriços com o acompanhamento técnico de grupos de trabalho específicos, tornam-se relevantes para os municípios e para este projecto. O IPAD90, representa o organismo central da política oficial de Cooperação para o Desenvolvimento, assumindo como principais competências as tarefas de reforçar e dar maior consistência e coerência à participação de Portugal nos principais fóruns internacionais, na área da cooperação para o desenvolvimento, designadamente ao nível das Nações Unidas, Banco Mundial, OCDE e, muito especialmente, pela sua importância estratégica, ao nível da União Europeia. 90 http://www.ipad.mne.gov.pt 94 A apresentação sumária destas associações demonstram o papel fundamental que poderão assumir nas relações comunidade vs comunidade, podendo funcionar como instrumento de defesa dos interesses dos cidadãos e motivá-los a uma participação mais activa nos assuntos públicos. Para que este programa cumpra os objectivos propostos apresentamos um conjunto de acções que irão promover e dinamizar o “Ponto de Ideias”. Reuniões entre o GCRP, o GPED e o GPCCP Terá uma periodicidade mensal (1.ª segundafeira de cada mês) Implementação ao longo dos 3 anos do projecto Agenda de actividades oficiais CALENDARIZAÇÃO Terá uma periodicidade quinzenal. Implementação durante os 3 anos do projecto Reuniões entre os gestores do projecto e as associações identificadas Terá uma periodicidade semestral Implementação durante os 3 anos do projecto Formação aos grupos envolvidos no programa sobre a plataforma Second Life Periodicidade quinzenal, durante quatro meses De Fevereiro a Maio Para este espaço estão programadas reuniões mensais (para a primeira segunda-feira de cada mês, período da manhã), para manter activo o nível de troca de informações, bem como estudar e avaliar os possíveis projectos para dinamizar a geminação. Nestas reuniões será importante a participação de um representante político, uma vez que é na assembleia política que se tomam as decisões que serão avaliadas pelas comunidades. Neste espaço será também divulgada a agenda de actividades oficiais, para um acompanhamento personalizado da representação diplomática de ambos os países e para poder facilitar o acesso à informação por parte dos Gabinetes técnicos envolvidos no projecto. 95 Serão ainda promovidas acções de formação da plataforma Second Life para as comunidades envolvidas, sendo estas agendadas para os primeiros meses de actuação do projecto, de Fevereiro a Maio. Na monitorização da estratégia não pode faltar a calendarização semestral das reuniões com as duas associações apresentadas em cima como potenciais instrumentos na promoção do papel das geminações autárquicas enquanto projectos de integração de comunidades. Como outputs, outtkes, outcome e impacto da estratégia configuram: OUTTAKES INPUT/OUTPUT N.º de reuniões estipuladas N. º de actividades oficiais agendadas N.º de documentos produzidos N.º de formações propostas N.º de participações nas reuniões N.º de projectos desenvolvidos a partir das reuniões N.º de entidades participantes a aderir à plataforma digital OUTCOME/IMPACTO N.º de meios mobilizados Regularização de reuniões Aprofundamento das relações entre comunidades Na monitorização e a avaliação das tácticas neste programa podemos identificar como inputs/outputs o número de reuniões organizadas, o número de documentos produzidos, o número de actividades oficiais agendadas e o número de formações propostas. O outtake será avaliado mediante o número de participações dos membros envolvidos, o número de entidades que aderirem à plataforma, bem como o número de projecto apresentados ao longo do programa. 96 O outcome e o impacto das tácticas serão configurados através da mobilização de meios financeiros, técnicos e humanos para o programa, através do envolvimento de organismos e mecanismos multilaterais para potenciar intervenções de cariz bilateral e multilateral e na capacidade de esquematização de ideias para que representações diplomáticas possam ser, mais cada vez mais produtivas em prol dos interesses das comunidades. É também relevante a regularização das reuniões que permitirá avaliar o nível de envolvimento dos grupos. O impacto deste programa poderá ser ainda avaliado a partir da contribuição que cada entidade dará ao programa. Ao longo da implementação estratégica deste plano, o programa deverá ser avaliado a partir de inquéritos online semestrais junto dos parceiros, para que os gestores do projecto possam executar reajustamentos. Cronograma de monitorização da estratégia do Programa “Ponto de Ideias” Junho Janeiro Formação aos grupos acerca do funcionamento da plataforma Reuniões entre os gestores do projecto e as associações identificadas Dezembro Reuniões entre os gestores do projecto e as associações identificadas Reuniões entre os grupos representantes regionais e europeus Reuniões entre os gestores do projecto e as associações identificadas Elaboração de inquéritos de satisfação Elaboração de inquéritos de satisfação Reuniões mensais entre o GCRP, o GPED e o GPCCP – todas as primeiras segundas-feiras do mês, durante o período da manhã 97 3.4 Programa “Interage e Partilha” O último programa, que designámos de Interage e Partilha, surge neste Plano como o programa mais direccionado para as comunidades identificadas. Todos os outros apresentaram uma metodologia de integração directa e indirecta com as comunidades. Um programa que tem como objectivos gerais a apresentação de novos projectos à comunidade, a divulgação do conceito de participação activa na gestão das relações da autarquia e a criação de valor através da apresentação e respeito pelas culturas e ideologias das comunidades. Assim “Interage e Partilha” está estruturado para a promoção e o intercâmbio entre as comunidades, nomeadamente, cidadão locais, operadores turísticos, unidades hoteleiras, unidades de formação, diplomáticos, associações culturais e recreativas e colaboradores das autarquias, com a finalidade de criar mensagens de awareness da cultura, dos costumes e das tradições da cidade de Alcobaça e de posicionar Alcobaça como um pólo de investimento e uma região de turismo de excelência para os públicos; jovens, investidores e turistas seniores polacos. Para este espaço está programada a criação de diversas áreas de interacção que apresentem a cidade e a região à comunidade polaca, numa vertente turística e empreendedora. As duas áreas serão organizadas a partir de uma segmentação da informação em campos de intervenção: “Cultura, Turismo e Educação” e “Investimentos e projectos”. Para cada área serão desenvolvidas tácticas, monitorização e avaliação específicas. Passemos a apresentação esquemática das acções para este programa 98 “Cultura, Turismo e Educação” Espaço de apresentaç ão de case studies Criação de uma bibliotec a virtual “Investimentos e projectos” Formação sobre a plataforma Second Life Agenda de eventos Criação de um Centro Virtual de Serviços de Informação Empresarial Meeting Point anual CALENDARIZAÇÃO Criação de fórum Exposição interactiva Criação de rotas turística Encontro internacional de jovens de Alcobaça e Belchatów Reuniões entre empresários Passando a apresentação das tácticas, e antes de especificá-las por quadros, também neste programa estão planificadas acções de formação para as comunidades polacas e portuguesas envolvidas. Uma forma de não criar grupos de infoexcluídos. As acções de formação serão desenvolvidas, distribuídas pelos em vários edifícios do município de Alcobaça, para a comunidade local, e para a comunidade de Belchatów serão disponibilizados vídeos formativos nas várias redes sociais em que o projecto terá expressão. 99 Para o primeiro quadro de acções, “Cultura, Turismo e Educação”, as tácticas propostas estão planeadas, não exclusivamente, mas essencialmente para os jovens e para os turistas seniores, uma vez que o grande objectivo é apresentar Alcobaça como um turismo de excelência quer para os jovens quer para a população idosa, mostrando desta forma a abertura da autarquia para comunicar com dois públicos com características bem distintas, mas que permitirão um aprofundamento muito rico em experiências e intercâmbios de valor, que terão de ser bem avaliados no campo de actuação político. Assim, e como já foi apresentado em cima, as tácticas propostas são: Criação de uma biblioteca virtual de conteúdos, imagens e vídeos que apresentem a variedade cultural do concelho e da Região, que terá uma actualização de conteúdos semanal, mas que estará dependente da participação das comunidades; Criação de um fórum onde os participantes poderão conversar, trocando experiências e informações. Neste fórum deverá também estar inserida a participação política para que sejam promovidas relações institucionais também ao nível do envolvimento político e social. O forúm terá uma autogestão, mas deverá ser analisado mensalmente através de uma avaliação dos conteúdos produzidos. Criação de uma agenda online de eventos. A agenda terá uma periodicidade mensal e fará sugestões e convites. Terá o formato de revista online. A gestão ficará a cargo do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, que terá a missão de envolver, através dos conteúdos, os jovens e os turistas polacos. Promoção e divulgação de uma exposição interactiva virtual sobre o património cultural do Concelho – com data de inauguração marcada para as comemorações do dia da cidade, 20 de Agosto. Um forma de mostrar a cultura da cidade com base nas grassroots, nos valores e nos princípios que dão identidade à população de Alcobaça. Será uma exposição que terá a duração de um semestre e que terá rotatividade temática 100 Criação de uma área de apresentação de Case Studies de visitantes que passaram por Alcobaça – esta pode ser uma das tácticas com maior eficácia neste programa, uma vez é através da criação de relações com base na confiança que as comunidades se predispõem a envolver e a interagir. E a apresentação de relatos de cidadãos do mundo, será uma boa estratégia de envolvimento. A avaliação Área de criação de rotas turísticas para jovens e turistas seniores – através da disponibilização de base de dados de alojamento, preços de estadia, meios de transporte de acesso à cidade, de associações e empresas que promovam actividades diversas. Para os turistas seniores a proposta irá para além da divulgação de rotas turísticas gerais do Concelho, passando a estratégia pela exibição de um pacote de rotas genéricas, rotas com base no Turismo Religioso pela proximidade geográfica de Alcobaça a Fátima e pela ligação dos polacos à religião católica - devido ao percurso histórico da Polónia na Igreja Católica com a nomeação do Papa João Paulo II para o Vaticano. Propomos por exemplo – a rota dos Monges de Cister, ao Mosteiro de Alcobaça, Batalha e Tomar - e a Rota dos Pastorinhos de Fátima91, em Fátima. Organização do “Encontro internacional de Jovens de Alcobaça e Belchatów” sobre a temática: “Conhecer a oferta formativa e empregabilidade das cidades”, integrado Forúm da Juventude, uma actividade anual organizada pela autarquia entre os meses de Abril e Maio, será determinante para envolver os jovens das duas cidades num âmbito mais profissional e ambicioso, como é a prospecção do mercado de trabalho. Para estas jornadas serão convidadas todas as Escolas de Ensino Superior e do Ensino Técnico e Profissional do Distrito de Leiria e do Distrito de Lódz Voivodeship - uma vez que foi identificada na análise da oferta educativa de Belchatów um aumento significativo de inscritos em cursos técnicos. O convite deverá ser extensivo a associações, empresas e institutos que desenvolvam em Portugal projectos promotores de ideias inovadoras e empreendedoras, o que poderá ajudar à motivação da comunidade de jovens polacos a visitar o nosso país. Associações como a ANJE, INFTUR, a LEADEROESTE e a INTELI são exemplos importantes para este objectivo. Os procedimentos serão semelhantes aos da conferência internacional. 101 Os jovens e as entidades formadoras e associações convidadas receberão formação prévia sobre o funcionamento da plataforma. A participação exigirá uma inscrição prévia e o desenvolvimento de uma apresentação interactiva de um projecto elaborado ao longo do curso. As tácticas apresentadas serão estrategicamente divulgadas para além do Second Life, no Website da autarquia de Alcobaça e nas redes sociais como o Facebook, Twitter e Youtube. Deste conjunto de tácticas, a avaliação deve ser feita a partir das seguintes configurações de inputs/outputs, outtkes, outcome e impacto. INPUT/OUTPUT OUTTAKES N.º de conteúdos produzidos e disponibilizados N.º de participações nas formações nas plataformas digitais N.º de visitantes das plataformas N.º de inscrições para o encontro internacional N.º de pessoas que visitam e participam nos N.º de testemunhos produzidos fóruns na biblioteca virtual N.º de debates produzidos no fórum N.º de case studies apresentados N º de convites emitidos N.º de participações nas jornadas Nº de mensagens veiculadas N.º de downloads da informação disponível N.º de formações realizadas online N.º de voos marcados para Portugal N.º de contactos sobre o projecto N.º de reportagens produzidas sobre o projecto N.º de visitas e pesquisas online sobre a região OUTCOME/IMPACTO N.º de contactos estabelecidos do exterior com as Aumento na procura e Portugal como destino turístico para os polacos Aumento das participações nas redes sociais e plataformas digitais No aumento da procura de estágios curriculares e profissionais dos estudantes polacos No aumento do turismo da Região Oeste em 5% num período de dois anos 102 A monitorização e avaliação dos inputs/outputs das tácticas apresentadas configurará o levantamento do número de conteúdos produzidos e disponibilizados online como vídeos, imagens, rotas turísticas, base de dados, papers de apresentação de projectos, número de testemunhos produzidos, o número de debates, o número de convites e newsletters produzidos, o número de formações realizadas e o número de voos marcados para Portugal. Como outtake configuram o número de pessoas que visitaram as plataformas de divulgação e repetiram a visita à procura de novos conteúdos, o número de pessoas envolvidas nas acções, o número de participações no “Encontro Internacional de Jovens de Alcobaça e Belchatów”, o número de pessoas que descarregaram informação nas diversas plataformas, o número de reportagens e contactos jornalísticos depois de apresentadas as iniciativas, o número de leitores da revista da agenda de eventos, o número de vistas online a sites da região e ao site da autarquia, o número de contactos estabelecidos do exterior com as unidades hoteleiras e operadores de viagens e ainda o número de viagens concretizadas da Polónia para Portugal com destino a Região Oeste. O outcome e o Impacto avaliam do aumento da procura da informação, das comunidades envolvidas, e um maior envolvimento de organizações como o Turismo de Portugal, uma vez que a disponibilização de conteúdos terá também efeitos no plano estratégico da entidade. O impacto será medido, numa fase posterior, através do aumento da procura nas operadoras turísticas e hoteleiras da Região do Oeste como destino turístico, através do aumento das participações das comunidades nas redes sociais e plataformas digitais, através do aumento da procura de Portugal e da Região do Oeste como destino para os jovens polacos finalizarem os seus estudos e tentarem entrar no mercado de trabalho (estágios curriculares e estágios profissionais), e ainda o crescimento na procura de residências termais. O sucesso será alcançado quando houver um aumento em 5% da taxa de procura de Portugal, Região Centro, como destino turístico, e quando a cidade de Alcobaça começar a ser escolhida como segunda residência para a comunidade de Belchatów. Ao longo da implementação do projecto, pelo nível de participação e pela promoção da cultura e dos valores da cidade no panorama nacional estão criadas as condições para apresentar Alcobaça através do conceito de soft power. Para perceber a funcionalidade do espaço e o impacto alcançado deverão ser realizados inquéritos de satisfação Online, que permitam a avaliação da estrutura. 103 Também integrado no quarto programa, “Interage e Patilha”, surge a secção de Investimento e projectos que apresenta como objectivo deste subprograma a criação de um espaço de partilha de ideias e troca de experiências entre a comunidade empresarial de Alcobaça e de Belchatów. Uma das tácticas definidas é a criação de um Centro Virtual de Serviços Especializados de Informação Empresarial, que será gerido pelos técnicos do Gabinete de Desenvolvimento Estratégico da Autarquia, que contará com a participação de representantes dos sectores da Indústria e do Turismo, e que terão como missão trabalhar segundo as três linhas estratégicas definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento de Alcobaça para 2020 - “Viver, Investir e Trabalhar”. Para estas relações torna-se essencial estruturar uma estratégia que envolva a participação do corpo político nas reuniões trimestrais entres os empresários e autarquias, uma vez que o desenvolvimento económico de uma região está intimamente ligado à filosofia de gestão das autarquias. Desta forma, o desenvolvimento deste programa, que também será suportado com acções de formação sobre a plataforma Second Life, onde se irá desenvolver este espaço, terá de acompanhar o trabalho desenvolvido nos programas Memorando de Assuntos Públicos e Ponto de Ideias, que permitirá estabelecer as bases para que a área empresarial possa ter a abrangência de actuação desejada e aumentar o nível de envolvimento entre as comunidades, bem como proporcionar oportunidades de investimento polaco no Concelho. Para gerir estas relações e estabelecer ligações com as entidades governantes, que são as que detêm poder de decisão, é importante a criação da figura do “Gestor de Assuntos Públicos ou Relações Públicas do Poder Político”. Neste campo será também útil a criação de espaços para relatos de testemunhos entusiastas reflectida no conceito de mavens92, enquanto cidadãos determinantes para a credibilização do investimento no concelho e na região. Para que através de este plano estratégico, a autarquia consiga estruturar uma comunicação geradora de investimento na comunidade polaca, é necessária a construção de relações com base na confiança e na segurança para a concretização de relações B2B93. 92 Mavens – pessoas entusiastas por determinada categoria, produto, sector, e que abordam o tema com grande frequência e intensidade que conseguem fazer com que o receptor acredite realmente nas características do produto. 93 Business to Business 104 Nesse sentido, as Relações Públicas devem actuar neste campo ferramenta de suporte para uma comunicação planificada e uma análise das melhores estratégias para aumentar a taxa de concretização de negócios. Para garantir o desenvolvimento deste Centro, a proposta é a calendarização de reuniões virtuais de trabalho bimensais, que reúnam os representantes do sector empresarial português e polaco. Para suportar este trabalho será importante a disponibilização, trimestral, de projectos de desenvolvimento do concelho e de envolvimento comunitário e a apresentação semestral de relatórios estatísticos da região. Para o aumento de envolvimento económico da comunidade polaca no concelho, propomos um investimento inicial, em órgãos de comunicação social internacionais especializados no Turismo e em investimentos, com compra de três publireportagens que serão publicados bimensalmente. Uma forma de dar visibilidade à cidade e aos investimentos no concelho e na região, criando uma relação com base na confiança. O envio de vários press releases via electrónica apresentando os case studies de sucesso e os novos investimentos no concelho poderá ser uma boa forma de motivar o jornalista a elaborar uma peça sobre o sector e o projecto. Para uma fase posterior está estruturado a realização anual de um Meeting Point (Setembro) aberto às comunidades envolvidas e à população em geral, para apresentação dos trabalhos desenvolvidos no Centro. 105 INPUT/OUTPUT OUTTAKES N.º de conteúdos produzidos online N.º de participações nas formações N.º de inscrições no Meeting Point N.º de visitantes da plataforma N.º de testemunhos produzidos N.º de case studies apresentados N.º de testemunhos produzidos N.º de participações no Meeting Point N.º de debates produzidos N.º de projectos produzidos durante as reuniões Nº de mensagens veiculadas de trabalho N.º de formações realizadas N.º de contacto recebidos para obter informações N.º de newletters elaboradas sobre o projecto N.º de press Releases emitidos N.º de reportagens produzidas N.º de agendamento de reuniões N.º de visitas e pesquisas online sobre a região N.º de contactos estabelecidos do exterior N.º de viagens de carácter empresarial organizadas ao concelho OUTCOME/IMPACTO Aumento do número de estrangeiros interessados em investir em Portugal e na Região Aumento do número de visitas de grupos de empresários à região Reconhecimento do potencial do município Entendimento como uma cidade inovadora e sustentável 106 Na avaliação das tácticas propostas configuram como inputs/outputs o número de conteúdos produzidos online pelo grupo de trabalho, o número de inscrições efectuadas para o evento anual Meeting Point que irá promover o diálogo internacional entre empresários e o acesso a perspectivas distintas sobre o sector empresarial, o número de testemunhos produzidos na plataforma digital e nas redes sociais sobre casos de sucesso nesta área, o número de debates produzidos no Meeting Point e nas reuniões de trabalho, o número de newsletters e press produzidos e o número de reuniões. O outtake será analisado através do número de participações no Meeting Point, no número de contactos e reportagens produzidas após a publicação bimensal de três publireportagem sobre a região e as vantagens no investimento, do número de participações nas formações, no número de visitantes da plataforma, do número de case studies publicados, do número de projectos produzidos nas reuniões de trabalho, no número de contactos estabelecido com o exterior e no número de viagens empresariais empresariais realizadas ao concelho. O outcome é configurado através do aumento dos estrangeiros interessados em investir em Portugal e com o aumento do número de visitas de grupos de empresários à região. O impacto será alcançado no reconhecimento público nas agendas nacionais e internacionais do potencial do município nos sectores do Turismo e empresarial, e no seu entendimento da cidade inovadora como uma autarquia sustentável e apoiante de projectos que tragam ao concelho riqueza e conhecimento. O sucesso será alcançado com a nomeação de Alcobaça como uma cidade SMART City, e com quando a taxa de investimento no concelho de Alcobaça aumentar significativamente em 2% (números baseados nos dados fornecidos pela delegação do Turismo na Polónia) 107 Cronograma de monitorização da estratégia do Programa “Interage e Junho Janeiro Exposição interactiva Dezembro Publicação da Publireportagem Meeting Point anual Exposição interactiva Reuniões trimensais Formação sobre a plataforma Second Life Reuniões trimensais Publicação da Publireportagem Exposição interactiva Publicação da Publireportagem Reuniões trimensais Reuniões trimensais Implementação e gestão da biblioteca virtual, da agenda de eventos, do fórum e rotas turísticas A importância da implementação deste Plano Estratégico de Relações Públicas no Sector Público, governo local, ao nível da dinamização de projectos de cooperação descentralizada, deverá ser avaliada no impacto e nos efeitos que terá e implicará no futuro. A opção por desenvolver um plano estratégico para a comunicação pública essencialmente online, mas não exclusivamente, é uma escolha que aparece integrada na temática da sustentabilidade, que representa uma preocupação crescente e obrigatória num cenário futuro. 108 Conclusões A globalização e a evolução tecnológica têm obrigado a uma maior discussão e debate dos problemas mundiais, na sua forma de estar no mundo. A conjuntura europeia e mundial de sociedade global é hoje desenvolvida perante um conceito de partilha de valores entre comunidades e países. As regras do jogo para uma actuação proactiva das comunidades incluem a partilha de valores e de ideias que funcionam como pontos estratégicos para a estabilidade social e desenvolvimento económico de cada país. Um cenário que alargou o círculo de intervenção dos órgãos supremos nacionais e internacionais, e atribui maior responsabilidades às autarquias locais na promoção, posicionamento e divulgação da cidade e da região. Deste acréscimo de responsabilidades do Sector Público, as autarquias locais, neste caso concreto, portuguesas, são hoje confrontadas com um grande número de intermediários, que exigem à organização maior planificação e profissionalismo. Um profissionalismo que tem de ser acompanhado pela modernização administrativa dos serviços, e uma maior percepção das necessidades das comunidades locais e dos públicos com quem a autarquia estabelece relações. Com a delegação de um maior número de serviços de suporte de desenvolvimento local, regional e nacional, os Municípios, para além de prestarem serviço público à sociedade, são a configuração social, económica, cultural e até mesmo ambiental dos concelhos (Camilo, 2006). Para responder a estes novos desafios, urge nas autarquias portuguesas uma comunicação estratégica planificada, desenvolvida pelos profissionais de Relações Públicas, que devem assumir como principal função a gestão de relações entre a autarquia e as comunidades. Esta função só poderá ser desempenhada com base numa estratégia, se o profissional de Relações Públicas puder trabalhar, directamente, com os gestores e os decisores políticos, no sentido de obter uma maior e melhor perspectiva das necessidades não só da autarquia mas também dos cidadãos, que são os que elegem o corpo político. Razões suficientes para se exigir uma nova forma de estar das autarquias locais no patamar da Comunicação Pública, que passa pela discussão dos assuntos públicos locais nas agendas nacionais e internacionais e no seio das grandes organizações governativas. 109 Foi a partir desta percepção do papel das autarquias enquanto instrumento de Gestão de relações, que surgiu o desafio de trabalharmos a comunicação autárquica no campo dos acordos de geminação segundo uma abordagem de Public Diplomacy. Ou seja, estabelecer, através do acordo de geminação entre o município de Alcobaça e o município de Belchatów, uma relação entre as comunidades locais através de uma abordagem estratégica people-to-people, baseada num esforço para estabelecer uma relação sustentável, aberta aos debates e à discussão pública. A finalidade é a de construir uma estrutura base de confiança e cooperação entre as partes e os públicos (Payne, 2008). Para a construção de um “modelo eficaz” do papel da Comunicação Pública no poder local no campo das geminações autárquicas, apresentámos ao longo deste projecto um plano estratégico de Relações Públicas com a finalidade de fortalecer relações com base na criação de estruturas, a que chamámos de programas, com o objectivo de gerar pontos de entendimento comum entre valores e crenças dos países em análise, representando assim uma oportunidade única para a compreensão das diferenças culturais, politicas, económicas e religiosas. Assim, através do recurso a plataformas Online, construímos um plano que será capaz de dinamizar e extinguir as barreiras geográficas, habitualmente apresentadas como um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento de projectos mais arrojados e de maior envolvimento internacional ao nível do poder local. Envolver, partilhando realidades culturais, sociais e económicas de ambas as cidades, foram as linhas orientadoras de Relações Públicas apresentadas ao longo do plano através da estruturação de quatro programas. Programas que definiram tácticas e formas de monitorização e avaliação da estratégia, que serão essenciais para a dinamização da região. Uma estrutura que contribui para o fomento da participação cívica, que tem sofrido um decréscimo acentuado, muito em parte pela manipulação do império tecnológico, que tem contribuindo para o isolamento da população e a criação de mundos próprios. Com maior concentração de poderes nas autarquias, é necessário envolver e fortalecer a relação com as comunidades que estão directa e indirectamente ligadas ao concelho, onde não foram excluídas as comunidades infoexcluídas. 110 Neste projecto defendemos que as Relações Públicas se devem afirmar, no Sector Público, como instrumento de defesa e de gestão dos interesses do governo local, e uma ferramenta essencial para a criação de infra-estruturas que sejam capazes de garantir um quadro de políticas comuns entre os Municípios de Alcobaça e Belchatów, bem como um espaço mútuo propício à discussão e partilha de valores. O plano de comunicação apresentado ao longo deste projecto tem uma periodicidade de implementação de três anos, que nos permitirá, fazer reajustamentos mesmo no campo da sustentabilidade. Uma abordagem que permitirá à autarquia construir as bases e fundamentos de preparação que respondam, adequadamente, às futuras exigências Europeias e mundiais no campo a sustentabilidade. Segundo o relatório nacional da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC)94, desenvolvido em parceria com a Global E-Sustaintabiliity Initiative (GeSI) e o The Boston Consultating Group (BCG), com participações de grandes grupos portugueses e internacionais, intitulado: “SMART Portugal 2020: A redução de emissões e o aumento da eficiência energética através das TIC SMART 2020”, apresenta o futuro das cidades com uma amplitude de SMART Cities - cidades que estipulam como objectivos “a redução de emissões e o consumo, em cidades, para orientar os ambientes e o modo de vida urbanos numa óptica de sustentabilidade”, onde estão incluídas “iniciativas de eficiência de transporte e de energia que contribuem para o potencial identificado” (APDC, 112, pp.114). Neste relatório, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são identificadas como um instrumento essencial ao desenvolvimento de uma cidade verde em duas áreas: Desenvolvimento urbano sustentado, onde planeadores, arquitectos e consumidores têm acesso à energia sustentável como forma de equilibrar a utilização da energia, para além de poderem monitorizar, em tempo real, o processamento de dados de eficiência energética e, numa segunda área denominada de Mobilidade Sustentável ao nível dos transportes urbanos. Áreas que sugerem para um futuro próximo, a criação de normas específicas de preocupação ambiental e de uma estratégia de awareness capaz de aumentar a responsabilidade dos cidadãos relativamente às emissões, e consequentemente na redução do uso do veículo privado. 94 http://www.apdc.pt/filedownload.aspx 111 Aliada ao Plano de Desenvolvimento Estratégico do município de Alcobaça já anteriormente apresentado, será necessário pensar também na comunicação pública de forma sustentável, integrada no planeamento urbano e social da cidade. Por isso, as TIC e a evolução tecnológica, que tende a ser cada vez mais globalizada, irá permitir no futuro que a cidade de Alcobaça alcance uma visibilidade de SMART City, capaz de aliar as preocupações ambientais, às preocupações diplomáticas e às novas funções atribuídas ao governo local. Um desafio que n é apresentado também aos profissionais de Relações Públicas que terão a tarefa e tentar mudar comportamentos e gerir relações entre as comunidades. As novas competências atribuídas às autarquias exigem aos líderes políticos uma maior percepção do papel da comunicação pública na gestão autarca e do papel dos profissionais de Relações Públicas dentro da autarquia, uma vez que a integração do profissional dentro dos quadros operacionais decisores poderá determinar a política de actuação da autarquia. Uma política que urge desenvolver o conceito de cidadania activa e que deve construir, junto da comunidade, uma vontade de participação e de pertença de valores, para acabar com a apatia social actual. O projecto desenvolve uma estratégia com uma visão baseada na sustentabilidade, que representará um contributo basilar para promover e garantir qualidade de vida e bem-estar à comunidade local e visitante. Uma responsabilidade que vai para além da gestão política e se concentra, essencialmente, numa responsabilidade social que contribuirá para um Continente (Europa) que George Steiner (2004) definiu, “sem barreiras naturais e humanizado, a partir do qual é possível a idealização e a fusão e a partilha de valores comuns”. 112 FONTES 113 Bibliografia Cutlip, Center and Broom, [1999], Effective Public Relatios, 8.th ed. Prentice-Hall, New Jersey Dozier, D. [1995], Manager to Guide to Excellence in Public Relations and Communication management, Lea's communication series, Lawrence Erlbaum Associates, New Jersey, cap.5, pp. 140-149 Grunig, J. (ed.) [1992] Excellence in Public Relations and Communications Management, Lawrence Erlbaum Associates, New Jersey Gruning J., Hunt T. [1984] Managing Public Relations, Holt, Rinehart &Winston, Inc Grunig. J, Larissa A., Dozier. D. 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