Modelo Simplificado de Previsão do Comportamento
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Modelo Simplificado de Previsão do Comportamento
Mestrado em Engenharia Civil Processos e Gestão da Construção Dissertação Modelo Simplificado de Previsão do Comportamento Térmico de Edifícios Mestrando Licenciado Ricardo Jorge Alves Silvestre Lobão Orientador Professora Doutora Maria Manuela O. G. de Almeida Guimarães, Janeiro de 2004 À minha mulher Cila, aos meus pais, e aos meus amigos. modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 2 Resumo O tema deste trabalho prende-se com a necessidade de, nos dias de hoje, encontrar uma ferramenta técnica que responda aos diversos tipos de tipologia construtiva existente sob o ponto de vista de uma análise térmica comparativa entre os vários constituintes da envolvente. Na certeza de que, cada vez mais, e na observância das novas Directivas Europeias, os factores relacionados com o conforto térmico assumem uma maior importância no contexto global dos edifícios, definiu-se um programa de cálculo automático, baseado num modelo teórico existente, e que assenta numa plataforma de programação que permite uma maior contextualização e interacção entre o utilizador e os modelos matemáticos até agora utilizados. O trabalho agora proposto tem como objectivo a simulação de situações concretas representando soluções construtivas diversas, sendo capaz de antecipar conclusões quanto às diferentes tipologias estruturais e de organização espacial, permitindo maximizar o conceito de conforto térmico dos espaços. Este modelo, designado de “mpcte” foi desenvolvido em linguagem de programação Visual Basic 6.0 e permite ao utilizador definir quer em termos físicos quer em termos espaciais toda a envolvente em estudo, incluindo as suas coordenadas no globo terrestre (latitude e longitude). O modelo permite também o carregamento de um ficheiro climático, representativo da localização do espaço em estudo, que não é mais que o conjunto das medições horárias da temperatura exterior e da radiação solar. Em termos de resultados, podemos obter outputs que avaliam a evolução das temperaturas interiores e a inércia térmica em termos horários durante todo o período de simulação. Palavras-chave: Ferramentas de simulação térmica de edifícios, avaliação do conforto térmico, inércia térmica, construção sustentável. modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 3 Abstract The work performed arose due to the necessity now-a-days for a technical tool that can adequately perform a comparative analysis between the various elements of a compartment with regards to different types of construction typologies. Ever more, and in accordance with the new European Directives, the factors related to thermal comfort assume a greater importance within the global context of buildings. Therefore, a software was developed, based on an existing theoretical model, that allows for greater contextualization and easier interaction in between the user and the mathematical models now available. The objective of the proposed work is to simulate realistic situations defining the diverse constructive solutions, being able to predict conclusions with regards to the different structural typologies and the spatial organization, allowing the maximization of the concept of spatial thermal comfort. The software, named “mpcte”, was developed using the Visual Basic 6.0 programming language. It allows the user to define the surrounding space, both in physical and spatial terms, including the coordinate on the earth surface (longitude and latitude). The model can also load a climatic file, representing the space under study, with regards to the variation in time of the external temperatures and solar radiation. The results show the time evolution (hourly values) of the compartment interior temperatures and of the thermal inertia associated to the space throughout the simulation period. Keywords: Building thermal simulation tools, thermal comfort assessment, thermal inertia, sustainable construction. modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 4 Resumé Le sujet de ce travail se tient avec le besoin de, à nos jour, trouver un outil technique qui puise répondre aux différents types de typologie constructive existante sur l’endroit d’une analyse thermique comparative entre les différents constituants de l’enveloppe. Certes que, de plus en plus, et dans l’observance dés nouvelles Directives Européennes, les facteurs rapportés au confort thermique prennent une importance plus forte au contexte global dés bâtiments, on a défini un programme de calcul automatique fondé sur un modèle théorique existante, et qui se porte sur une plate-forme de programmation qui permet une majeur contextualisation et une plus facile interaction entre l’utilisateur et les modèles mathématiques utilisés jusqu’au moment. Le travail proposé maintenant a le bute de simuler des situations concrètes en représentant des solutions constructives variées capables d’anticiper des conclusions en ce qui concerne les différents typologies structurales et de l’organisation spatiale, en permettant maximiser le concept de confort thermique des espaces. Ce modèle, dénommé de “mpcte“ a été développé dans le langage de programmation Visual Basic 6.0 et permet à utilisateur définir soit en termes physiques soit en termes spatiales tout l’enveloppe en étude, compris ses coordonnées au globe terrestre (latitude et longitude). Le modèle permet encore le chargement d’un fichier climatique, représentatif de la localisation de l’espace en étude, l’assemblage des méditions horaires de la température extérieur et de la radiation solaire. En ce qui concerne les résultats, on peut obtenir outputs qu’évaluent l’évolution des températures intérieures et de l’inertie thermique en termes horaires pendent tout le période de simulation. Keywords: Outils de simulation thermique des édifices, évaluation du confort thermique, inertie thermique, construction soutenable. modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 5 Agradecimentos Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, à Professora Manuela Almeida, minha orientadora científica, cujo interesse e empenho foram fundamentais para a concretização desta tese. Agradeço também a todos os autores e investigadores cujo trabalho e pensamento fui conhecendo através de livros e artigos, e com quem aprofundei o gosto por este tema, que considero de supra importância para o futuro de uma construção sustentada. À minha esposa pelo apoio constante, paciência e compreensão demonstrados. modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 6 Simbologia e Notações A Área do elemento (m2) a Coeficiente de absorção ar Azimute do elemento (graus) as Azimute do Sol (graus) azimute Ângulo horizontal medido em relação ao Norte (graus) Ceff Capacidade térmica efectiva do compartimento (MJ/ºC) ceffi Capacidade térmica efectiva do elemento (MJ/ºC) ei Espessura do elemento (m) envidraçado/parede direita Distância do envidraçado à parede direita (m) envidraçado/parede esquerda Distância do envidraçado à parede esquerda (m) ET Equação do tempo (horas) FRV Factor de redução do envidraçado (varia entre 0 e 1) fs Factor de sombreamento fsolar factor solar do vão envidraçado fsp factor solar da protecção do vão envidraçado fsv factor solar do vidro G Radiação exterior (W/m2) hs Ângulo solar (graus) I Radiação incidente nos elementos da envolvente (MJ/ºC) U Coeficiente global de perdas (W/m2ºC) largura Largura do compartimento (m) latitude Latitude (graus) longitude Longitude (graus) N Número de renovações de ar por hora pé direito Pé direito do compartimento (m) período de simulação Período de simulação do estudo (dias) profundidade Profundidade do compartimento (m) Qarm Calor armazenado nos elementos da envolvente (MJ/ºC) Qpe Perdas pela envolvente (MJ/ºC) Qpi Perdas por infiltração (MJ/ºC) Ri Radiação incidente nos elementos da envolvente (MJ/ºC) Text Temperatura exterior ao compartimento (ºC) modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 7 Tint Temperatura interior do compartimento (ºC) TSV Tempo solar verdadeiro (horas) V Volume do compartimento (m3) α Altura solar (graus) δ Declinação solar (graus) ∆T Amplitude térmica interior (ºC) λi Condutibilidade térmica da camada i (W/mK) αint Coeficiente de convecção da face interior (W/m2K) αext Coeficiente de convecção da face exterior (W/m2K) modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 8 Índice do Trabalho Resumo .................................................................................................................................... 3 Abstract .................................................................................................................................... 4 Resumé ..................................................................................................................................... 5 Agradecimentos ....................................................................................................................... 6 Notações e Unidades ................................................................................................................ 7 Índice do Trabalho ................................................................................................................... 9 Índice de Figuras .................................................................................................................... 13 Índice de Tabelas ................................................................................................................... 17 Capítulo 1 – Introdução ....................................................................................................... 18 1.1 Enquadramento do trabalho ..................................................................................... 18 1.2 Objectivos do trabalho ............................................................................................. 19 1.3 Motivação ................................................................................................................ 19 1.4 Metodologia, organização e estrutura do texto ........................................................ 20 Capítulo 2 – A questão energética associada aos edifícios ............................................... 22 2.1 Construção sustentável ............................................................................................ 22 2.2 O comportamento energético dos edifícios ............................................................. 24 2.3 Factores que afectam o comportamento térmico dos edifícios ................................ 27 2.4 Arquitectura bioclimática – conceitos para um edifício sustentável ....................... 31 2.4.1 Soluções para arrefecimento no Verão ........................................................... 32 2.4.1.1 Protecção da radiação ......................................................................... 32 2.4.2.2 Sistemas de arrefecimento evaporativo .............................................. 35 2.4.1.3 Ventilação .......................................................................................... 36 2.4.2.4 Iluminação .......................................................................................... 39 2.4.2 Soluções para aquecimento no Inverno .......................................................... 41 2.4.2.1 Captação solar .................................................................................... 41 2.4.3 Incentivos à aplicação do conceito ................................................................. 43 2.4.3.1 Casos concretos de aplicação ............................................................. 44 2.5 Enquadramento legal enquanto suporte do conceito ............................................... 46 2.5.1 Directivas, normas e regulamentos ligados ao comportamento térmico dos edifícios em Portugal ...................................................................................... 48 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 9 2.5.1.1 Âmbito de aplicação dos regulamentos RCCTE e RSECE ............... 50 2.5.1.2 Regulamento de características de comportamento térmico de edifícios (RCCTE) ........................................................................................................ 51 2.5.1.3 Regulamento dos sistemas energéticos de climatização em edifícios (RSECE) ......................................................................................................... 52 2.6 Ferramentas para avaliação do comportamento térmico dos edifícios .................... 53 Capítulo 3 – Metodologia .................................................................................................... 55 3.1 Introdução ................................................................................................................ 55 3.2 Balanço energético de um espaço ............................................................................ 55 3.2.1 Introdução ....................................................................................................... 55 3.2.2 Solicitações exteriores .................................................................................... 57 3.2.3 Perdas pela envolvente opaca ......................................................................... 57 3.2.4 Perdas por infiltração ...................................................................................... 58 3.2.5 Ganhos solares ................................................................................................ 59 3.2.6 Capacidade térmica efectiva de um compartimento ....................................... 60 3.3 Quantificação da capacidade de armazenamento térmico de elementos construtivos .............................................................................................................. 61 3.3.1 Método de cálculo da quantidade de calor armazenado diariamente ............. 62 3.3.2 Solicitações exteriores .................................................................................... 63 3.3.3 Calor armazenado em vários elementos ......................................................... 64 3.4 Método de cálculo da temperatura ambiente interior .............................................. 66 3.5 Desenvolvimento do modelo de cálculo .................................................................. 67 3.5.1 Geometria solar .............................................................................................. 68 3.5.1.1 Pavimento ........................................................................................... 70 3.5.1.1 Paredes laterais ................................................................................... 71 3.5.1.1 Parede do fundo ................................................................................. 72 3.6 Modelação dos elementos da envolvente ................................................................. 73 3.6.1 Dados gerais do programa .............................................................................. 74 3.6.2 Elementos de parede ....................................................................................... 74 3.6.3 Elementos de cobertura .................................................................................. 75 3.6.4 Elementos de pavimento ................................................................................ 76 3.6.5 Elementos de envidraçado .............................................................................. 77 3.6.5.1 Factor solar do vão envidraçado ........................................................ 77 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 10 3.7.5.2 Factor de sombreamento (fs) .............................................................. 78 Capítulo 4 – Implementação do modelo num programa de cálculo automático ............ 79 4.1 Caracterização geral ................................................................................................. 79 4.2 Utilizando o programa ............................................................................................. 79 4.2.1 Como iniciar um trabalho ............................................................................... 80 4.2.2 Caracterização da envolvente ......................................................................... 82 4.2.2.1 Definição de elementos de parede ..................................................... 83 4.2.2.2 Definição de elementos de cobertura ................................................. 86 4.2.2.3 Definição de elementos de pavimento ............................................... 88 4.2.2.4 Definição de elementos de envidraçados ........................................... 91 4.2.3 Carregamento do ficheiro climático ............................................................... 93 4.2.4 Executando o cálculo ...................................................................................... 97 4.2.5 Trabalhar com os comandos dos menus ....................................................... 100 4.2.5.1 Comando “adicionar” ....................................................................... 100 4.2.5.2 Comando “editar” ............................................................................ 101 4.2.5.3 Comando “eliminar” ........................................................................ 101 4.2.5.4 Comando “duplicar” ........................................................................ 102 4.2.5.5 Comando “sair” ................................................................................ 102 4.2.5.6 Comando “ajuda” ............................................................................. 103 4.2.6 Como utilizar o comando de “Ajuda” .......................................................... 103 4.2.6.1 Como utilizar .................................................................................... 104 4.2.6.2 Índice remissivo ............................................................................... 104 4.2.6.3 Palavra-chave ................................................................................... 106 4.2.6.4 Aspecto final da ajuda disponibilizada ............................................ 107 4.2.7 Ficheiros gerados pelo programa ................................................................. 109 4.2.7.1 Ficheiro de dados ............................................................................. 109 4.2.7.2 Ficheiro de resultados ...................................................................... 110 Capítulo 5 – Aplicação do programa a um caso prático ................................................ 111 5.1 Introdução .............................................................................................................. 111 5.2 A célula de teste ..................................................................................................... 111 5.3 Recolha de dados ................................................................................................... 115 5.4 Validação do modelo matemático desenvolvido ................................................... 115 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 11 Capítulo 6 – Conclusões ..................................................................................................... 119 6.1 Conclusões gerais .................................................................................................. 119 6.2 Perspectivas de trabalho futuro .............................................................................. 121 Referências bibliográficas ................................................................................................. 122 Bibliografia ......................................................................................................................... 126 Anexo A – Calor armazenado por elementos construtivos típicos dos edifícios de Portugal, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente ............................ 134 Tabela A1.1 Paredes interiores ................................................................................... 135 Tabela A1.2 Lajes interiores ....................................................................................... 136 Tabela A1.3 Lajes de pavimento sobre espaços interiores não aquecidos ................. 138 Tabela A1.4 Lajes de cobertura sob espaços interiores não aquecidos ...................... 140 Tabela A1.5 Pano interior de parede dupla ................................................................. 144 Tabela A1.6 Paredes exteriores simples, isoladas pelo exterior ................................. 145 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 12 Índice de Figuras Figura 2.1 Ciclo da vida ................................................................................................... 22 Figura 2.2 Influência da zona climática de implantação dos edifícios nas suas necessidades energéticas, em função do nível de isolamento ........................ 27 Figura 2.3 Influência da forma nas necessidades energéticas em função da orientação . 28 Figura 2.4 Influência do tipo de inércia em função do nível de isolamento dos elementos ........................................................................................................ 29 Figura 2.5 Exemplo de um programa de modelação que permite calcular as pontes térmicas .......................................................................................................... 30 Figura 2.6 Avaliação da eficiência energética dos diversos tipos de parede, em função do isolamento ...................................................................................................... 31 Figura 2.7 Avaliação da eficiência energética dos diversos tipos de envidraçado, em função do tipo de caixilharia .......................................................................... 31 Figura 2.8 Exemplo de palas fixas numa situação de Inverno (à esquerda) e Verão (à direita) ............................................................................................................ 33 Figura 2.9 Influência do ângulo de incidência da radiação na sua penetração. Inverno (em cima), Verão (em baixo) ................................................................................. 33 Figura 2.10 Exemplo de sombreamento natural ................................................................ 34 Figura 2.11 Exemplo de sombreamento com uma árvore de folha de caduca no Inverno (à esquerda) e no Verão (à direita) ..................................................................... 35 Figura 2.12 Exemplo de sombreamento com uma trepadeira ........................................... 35 Figura 2.13 Exemplo de um sistema “roof spraying” ....................................................... 36 Figura 2.14 Óculo circular destinado à ventilação da sala ................................................ 36 Figura 2.15 Pormenor do funcionamento da chaminé solar .............................................. 37 Figura 2.16 Esquema de funcionamento de um sistema de arrefecimento/ventilação durante um dia de Verão ............................................................................................. 38 Figura 2.17 Plano do piso térreo da “Casa Solar de Porto Santo” em Porto Santo ........... 38 Figura 2.18 Edifício com elevada área envidraçada .......................................................... 39 Figura 2.19 Exemplos de mecanismos de captação solar .................................................. 41 Figura 2.20 Exemplo de uma parede de captação solar ..................................................... 42 Figura 2.21 Casa Schäfer, Porto Santo. Fotografia do aspecto exterior de uma parede de Trombe; esquema do seu funcionamento consoante as estações do ano ....... 43 Figura 2.22 Edifício “The Foyer” ...................................................................................... 45 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 13 Figura 2.23 Edifício “Torre Verde” ................................................................................... 46 Figura 3.1 Esquema do compartimento simulado ........................................................... 56 Figura 3.2 Balanço energético do espaço em estudo ....................................................... 56 Figura 3.3 Equação do tempo .......................................................................................... 69 Figura 3.4 Área do pavimento atingida pela radiação solar ............................................ 70 Figura 3.5 Radiação solar que entra no compartimento .................................................. 71 Figura 3.6 Área da parede lateral que recebe radiação solar ........................................... 72 Figura 3.7 Área da parede de fundo que recebe radiação solar ....................................... 73 Figura 4.1 Organograma do programa ............................................................................. 80 Figura 4.2 Janela de entrada do programa ....................................................................... 80 Figura 4.3 Menu “Projecto” de entrada do programa ..................................................... 81 Figura 4.4 Janela de definição de dados gerais do projecto ............................................. 81 Figura 4.5 Menu “Dados” ................................................................................................ 82 Figura 4.6 Janela referente a “Dados de Paredes” .......................................................... 83 Figura 4.7 Janela de alerta para introdução de paredes ................................................... 84 Figura 4.8 Janela para definição de elemento de parede ................................................. 84 Figura 4.9 Mensagem de alerta de limite máximo de elementos ..................................... 85 Figura 4.10 Janela de “Dados de Paredes” com um elemento definido ........................... 85 Figura 4.11 Janela de “Dados de Paredes” completamente definida ................................ 86 Figura 4.12 Janela referente a “Dados de Coberturas” ..................................................... 86 Figura 4.13 Janela para definição de elemento de cobertura ............................................. 87 Figura 4.14 Mensagem de alerta de limite máximo de elementos...................................... 88 Figura 4.15 Janela de “Dados de Coberturas” com um elemento definido ....................... 88 Figura 4.16 Janela referente a “Dados de Pavimentos” ..................................................... 89 Figura 4.17 Janela para definição de elemento de pavimento ........................................... 89 Figura 4.18 Mensagem de alerta de limite máximo de elementos ..................................... 90 Figura 4.19 Janela de “Dados de Pavimentos” com um elemento definido ...................... 90 Figura 4.20 Janela referente a “Dados de Envidraçados” ................................................. 91 Figura 4.21 Janela para definição de elemento de envidraçado ........................................ 92 Figura 4.22 Mensagem de alerta de limite máximo de elementos ..................................... 92 Figura 4.23 Janela de “Dados de Envidraçados” com um elemento definido .................. 93 Figura 4.24 Introdução de ficheiro de dados de elementos climáticos .............................. 94 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 14 Figura 4.25 Dados de elementos climáticos por introdução de valores ............................. 95 Figura 4.26 Dados de elementos climáticos por introdução de valores – Radiação .......... 95 Figura 4.27 Dados de elementos climáticos por introdução de valores – Temperatura .... 95 Figura 4.28 Dados de elementos climáticos por leitura de ficheiro ................................... 96 Figura 4.29 Mensagem de falta de carregamento do ficheiro climático ............................ 97 Figura 4.30 Menu de gráficos gerados pelo programa ...................................................... 98 Figura 4.31 Gráfico Temperatura – Tempo gerado pelo programa ................................... 98 Figura 4.32 Gráfico Amplitude Térmica – Tempo gerado pelo programa ......................... 99 Figura 4.33 Gráfico Ceff – Tempo gerado pelo programa ................................................. 99 Figura 4.34 Gráfico Ceff – Amplitude Térmica gerado pelo programa ........................... 100 Figura 4.35 Comando adicionar elementos ..................................................................... 100 Figura 4.36 Comando editar elementos ........................................................................... 101 Figura 4.37 Janela de definição de elemento a editar ...................................................... 101 Figura 4.38 Comando eliminar elementos ....................................................................... 101 Figura 4.39 Janela de definição de elemento a eliminar .................................................. 102 Figura 4.40 Comando duplicar elementos ....................................................................... 102 Figura 4.41 Janela de definição de elemento a duplicar .................................................. 102 Figura 4.42 Comando sair ............................................................................................... 102 Figura 4.43 Comando ajuda ............................................................................................ 103 Figura 4.44 Aceder aos menus de “Ajuda” ..................................................................... 103 Figura 4.45 Como utilizar a ajuda ................................................................................... 104 Figura 4.46 Menu do índice remissivo ............................................................................ 105 Figura 4.47 Menu do índice ............................................................................................. 106 Figura 4.48 Menu de ajuda por palavra-chave ................................................................ 107 Figura 4.49 Ajuda referente a elemento de cobertura ...................................................... 108 Figura 4.50 Ficheiro de dados .......................................................................................... 109 Figura 4.51 Ficheiro de resultados ................................................................................... 110 Figura 5.1 A célula de teste estudada – CAT1 ............................................................... 112 Figura 5.2 Planta, alçados e corte do CAT1 .................................................................. 112 Figura 5.3 Elementos da envolvente .............................................................................. 114 Figura 5.4 Gráfico comparativo entre os valores da temperatura medida e simulada na CAT1 ............................................................................................................ 116 Figura 5.5 Evolução do Ceff ao longo do período de simulação (horas) ....................... 117 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 15 Figura 5.6 Evolução do Ceff ao longo do período de simulação (dias) ......................... 117 Figura 5.7 Variação do Ceff com a amplitude térmica .................................................. 117 Figura 5.8 Capacidade térmica efectiva e temperatura ambiente interior ..................... 118 Figura 5.9 Capacidade térmica efectiva e radiação solar exterior ................................. 118 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 16 Índice de Tabelas Tabela 2.1 Valores do consumo de energia para um edifício de qualidade mínima ........ 26 Tabela 2.2 Âmbito da aplicação nos edifícios de habitação ............................................ 50 Tabela 2.3 Âmbito da aplicação nos edifícios de serviços ............................................... 51 Tabela 5.1 Coordenadas da CAT1 ................................................................................. 111 Tabela 5.2 Dimensões da CAT1 .................................................................................... 111 Tabela 5.3 Propriedades térmicas dos materiais constituintes da envolvente ................ 113 Tabela 5.4 Coeficientes de convecção, emissividade e coeficiente de absorção dos materiais da envolvente ................................................................................ 114 Tabela 5.5 Coeficientes U dos elementos ...................................................................... 114 Tabela 5.6 Espessura e coeficiente U do vidro .............................................................. 115 modelo simplificado de previsão do comportamento térmico de edifícios 17 CAPÍTULO 1 Introdução 1.1 Enquadramento do trabalho Desde sensivelmente meados da década de 90 do século XX, os computadores passaram a fazer parte da rotina diária de todos aqueles, que de uma forma ou outra, desenvolvem a sua vida pessoal e profissional utilizando as suas infindáveis potencialidades. Pode-se afirmar, sem incorrer em qualquer erro, que nos dias de hoje, nenhuma área de investigação ou de desenvolvimento tecnológico prescinde da utilização, nas suas diversas vertentes, de computadores ou dos seus componentes associados, independentemente da área de aplicação ou dos propósitos e objectivos a alcançar. Mais concretamente na área da Física das Construções, a sua aplicação veio trazer outras formas de encarar problemas, até então de difícil resolução, que exigiam modelos teóricos com grandes dificuldades associadas ao seu cálculo e assim ao seu desenvolvimento e aplicabilidade. É de referir que o trabalho agora proposto surge como a continuação, ou evolução, de um outro trabalho [1] desenvolvido em finais dos anos 80 e estruturado em linguagem de programação Fortran, e que apresentava a simulação da evolução da temperatura interior de um dado espaço nas mesmas condições das agora propostas. Este trabalho surge deste modo como uma evolução, baseado num modelo teórico [2] já testado, tendo como contexto o desenvolvimento dos sistemas operativos e das plataformas de programação, tendo como finalidade contribuir para o aparecimento de um método de cálculo mais simplificado e funcional ao nível do utilizador e, sobretudo, mais consentâneo com a aplicabilidade requerida aos elementos em análise. Foi, dentro desta tendência de evolução, que o mpcte foi desenvolvido, adaptado a sistemas informáticos de uso generalizado onde a interacção entre o utilizador e o programa assume novas formas em termos gráficos e constituindo-se como uma ferramenta de análise qualitativa deveras importante na realidade e contexto actual da análise térmica de edifícios. Para tal foi estruturado recorrendo à linguagem de programação Visual Basic 6.0, o que permitiu acentuar a sua capacidade gráfica sem prejuízo do poder de cálculo necessário. Em termos práticos a utilização deste software não necessita de grandes conhecimentos teóricos para desenvolver acções que conduzam a uma análise rápida e concisa das condições existentes no modelo em estudo, pelo que se torna numa ferramenta de fácil acesso com a vantagem de ser utilizado em qualquer PC de uso generalizado. Recomenda-se como configuração mínima a utilização de um processador capítulo 1 introdução 18 Pentium II 250Mhz com 64 MB de memória RAM e uma resolução gráfica de 1024×768, sob sistema operativo Windows (98, 2000, NT, xp). 1.2 Objectivos do trabalho Até há pouco tempo, a pouca importância atribuída ao estudo térmico dos edifícios, sob o ponto de vista da concepção de espaços e dos diferentes sistemas construtivos, comparativamente com as restantes especialidades envolvidas, constituía a maior dificuldade na obtenção de modelos específicos de análise e desenvolvimento de espaços termicamente confortáveis sob o ponto de vista de projecto. A comparação e interligação dos diversos componentes da envolvente, quer sob o ponto de vista do ambiente físico quer sob o ponto de vista constitutivo dos diversos elementos, revela-se fundamental para conhecermos a capacidade intrínseca de um dado espaço em fornecer o grau de conforto requerido. Neste caso, o estudo dos mecanismos de transferência de calor entre a envolvente e o exterior, bem como a capacidade dos diversos materiais em interagir com as necessidades específicas de cada caso em concreto, revela-se fundamental. A falta de um programa de fácil utilização que permitisse um estudo efectivo e concreto de cada caso foi um passo importante no sentido do aparecimento do mpcte. O desenvolvimento desta nova aplicação de simulação pretende oferecer a possibilidade de um estudo sistemático, numérico e conclusivo quer em termos de análise em fase de projecto quer em termos de estudo de espaços durante a utilização em vida útil de forma a introduzir, se for o caso, as necessárias medidas correctivas. 1.3 Motivação Para quem lida com a indústria da construção no seu dia a dia, quer a nível de projecto quer a nível construtivo, sabe que os problemas associados à falta de condições térmicas de conforto nos espaços podem revelar-se mais cedo ou mais tarde interligados com outro tipo de patologias degenerativas da construção. Neste caso uma avaliação da qualidade global da construção engloba necessariamente uma análise térmica coerente com os restantes elementos. Deste modo, um estudo mais aprofundado e sistemático deste problema poderá, e deverá, traduzir-se num aumento da qualidade efectiva das construções. Deve ser reconhecido que a investigação que é desenvolvida em diversos campos e diversas áreas do conhecimento, não tem tradução directa na sua aplicabilidade prática, ou quando existe, processa-se com um desfasamento considerável. No caso concreto da indústria da construção, o mesmo se passa. Isto sucede devido a muitas e variadas razões, que não importa aqui apontar, mas também pelo facto da transição entre a investigação para a concretização e capítulo 1 introdução 19 desenvolvimento dos modelos não ser a mais eficiente. O presente trabalho pretende efectuar essa ponte, de modo a disponibilizar uma ferramenta de investigação e análise simplificada e que possa ser disponibilizada sempre que se verifique necessário, sobretudo aos projectistas e técnicos responsáveis pela avaliação térmica associada à qualidade ambiental. O facto de se poder simular, ainda que de forma parcial, o comportamento de um dado espaço sob o ponto de vista de uma análise evolutiva das temperaturas interiores e da capacidade térmica efectiva da envolvente ao longo de um dado período, poderá permitir uma escolha de soluções construtivas e constitutivas de forma mais consciente e informada, com ganhos evidentes na qualidade final do conjunto. Apesar dos países do Norte da Europa há muito valorizarem as questões relacionadas com o conforto térmico e a escolha das melhores opções construtivas como garante dessa qualidade, os países do Sul só mais recentemente acordaram para uma realidade que se encontra à vista de todos e que diz respeito às despesas relacionadas com os gastos energéticos quer em arrefecimento quer em aquecimento dos espaços. 1.4 Metodologia, organização e estrutura do texto O trabalho apresentado foi orientado através da definição de um modelo contextualizado para a linguagem de programação Visual Basic 6.0, o qual foi estruturado da seguinte forma: Capítulo 1: apresenta um resumo do trabalho onde se indicam os objectivos, a metodologia utilizada bem como a motivação e a forma como o trabalho foi organizado. Capítulo 2: capítulo onde está incluído o enquadramento do trabalho. Apresenta a perspectiva global que serviu de base ao trabalho assim como o conjunto de factos que permitiram o desenvolvimento do modelo no contexto actual da análise térmica dos edifícios. Capítulo 3: apresenta o modelo teórico em que se baseou o trabalho, tal como a perspectiva matemática aplicada ao modelo utilizado. Capítulo 4: mostra a aplicação do modelo num programa de cálculo automático, onde são apresentados os elementos relativos à validação do programa. Esclarecem-se aspectos referentes à concepção e estrutura do programa mpcte, ao nível dos módulos, funções de cálculo e de interface gráfica e onde se procede também à descrição do funcionamento do programa, com a definição detalhada dos elementos necessários, com indicações das várias opções disponíveis, do modo de funcionamento, bem como da forma de apresentação dos resultados. Capítulo 5: é apresentada a validação experimental do programa, por comparação com resultados numéricos retirados da análise concreta de um espaço. São estabelecidas também capítulo 1 introdução 20 as várias condições iniciais, e são apresentados os resultados e as bases de comparação. Em termos de apresentação e análise serão sempre apresentados os gráficos representativos de cada caso e em cada situação para uma melhor e mais rápida apreensão pelo utilizador. Nos estudos de comparação serão efectuadas análises relativas aos erros e desvios verificados relativamente às condições padrão e representativas da realidade do caso, para comprovação do rigor e desempenho do programa. Capítulo 6: neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais bem como as perspectivas de trabalho futuro, no que respeita ao desenvolvimento do programa. Referências bibliográficas que serviram de base à elaboração do trabalho. Bibliografia consultada durante a elaboração do trabalho. No Anexo A foram colocadas as tabelas referentes à base de dados relativa ao calor armazenado por elementos construtivos típicos dos edifícios de Portugal, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. O Anexo B, devido à sua grande dimensão, foi colocado em CD. Neste anexo está colocada a listagem dos ficheiros de dados, de resultados, e dos códigos do programa bem como um manual de utilização do programa onde se inclui tudo sobre o funcionamento do mesmo à semelhança do descrito no capítulo 4. Neste CD será também disponibilizado o Setup executável para instalação do programa e do respectivo manual de utilização, assim como os ficheiros referentes ao compartimento estudado (CAT1). capítulo 1 introdução 21 CAPÍTULO 2 A questão energética associada aos edifícios 2.1 Construção sustentável Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial será de 8,5 milhares de milhões de habitantes em 2025 e atingirá os 10,2 milhares de milhões em 2100 [3] sendo que os maiores aumentos de população serão nos países menos favorecidos. A par desta evolução demográfica, está também uma forte urbanização, bastião do desenvolvimento económico e social. Estes factores exercem uma enorme pressão no meio ambiente, visto esgotarem os recursos e aumentarem os resíduos, o que provoca a sobrecarga do biociclo natural e levando à inevitável poluição (Figura 2.1). Este é, infelizmente, um dos problemas com que a humanidade se tem vindo a debater nas últimas décadas, e é claro, que é hoje, muito mais relevante que há alguns séculos atrás, em que a população não ultrapassava os 5 a 10 milhões de habitantes [3]. Torna-se então premente, conseguir que o ciclo natural na origem da vida seja preservado. Figura 2.1 – Ciclo da vida [3] Desta forma, têm sido seguidas duas estratégias: melhorar os passos limitantes do ciclo e economizar os recursos. A primeira estratégia envolve políticas de reciclagem, de tratamento de resíduos e eventualmente, num estado já de poluição severa, de remediação. A segunda estratégia envolve o aumento da eficiência dos processos utilizados, para que, o consumo de recursos seja minimizado. Importa realçar que esta abordagem traz importantes benefícios económicos. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 22 A aplicação desta estratégia tem sido possível com o aperfeiçoamento tecnológico, sendo exemplo disto, as importantes reestruturações de que foi, e tem sido alvo, a indústria a partir dos anos 80, e que permitiu diminuir o consumo de energia, de um rácio de 40% do total consumido na UE nos anos 80, para apenas 28% do total da energia consumida actualmente [3]. É também vital a sensibilização dos cidadãos para esta problemática, contribuindo com isso para desmistificar a ideia de que o bem-estar está relacionado com o esbanjamento de recursos. Na área da construção, o fascínio pela técnica e a inconsciência da esgotabilidade dos recursos, conduziram a que, as boas práticas ancestrais fossem sendo esquecidas, talvez por se pensar que a tecnologia poderia resolver todos os problemas. Entrou-se então numa época, em que, grande parte dos princípios básicos de construção, foram sendo substituídos por interesses económicos ou estéticos, e onde foi necessário, para suplantar o desconforto causado, introduzir soluções tecnológicas, tais como sistemas de iluminação e climatização artificiais. Isto levou a que, os consumos energéticos dos edifícios, sobretudo em energia eléctrica, aumentassem de forma exagerada, consumos totalmente desnecessários que poderiam ser diminuídos ou mesmo eliminados seguindo outras vias. Ora esta realidade, só começou a ser um problema, quando se começou a falar não só da escassez de combustíveis fósseis, mas também do aquecimento global, provocado em grande parte pela emissão de gases de efeito de estufa como o CO2. As emissões em massa deste gás, resultantes essencialmente da queima de combustíveis fósseis, quer nas centrais termoeléctricas para produção de energia eléctrica, quer nos meios de transporte, são uma carga para o ciclo do carbono. Como consequência o CO2 acumula-se na atmosfera, contribuindo assim para a retenção da radiação solar na Terra e consequentemente para o seu aquecimento global. Por este motivo, e desde que se tomou consciência deste problema, esforços têm sido feitos para diminuir este tipo de emissões, nomeadamente através do protocolo de Quioto, quer no sector dos transportes, quer no sector da indústria bem como no dos edifícios! Cerca de 50% dos recursos materiais retirados da natureza e 50% dos resíduos produzidos em cada país, estão relacionados com o sector da construção [3]. Em paralelo, cerca de 40% do consumo de energia na Europa está relacionado com os gastos em edifícios [3]. Por estes motivos, e por existirem soluções que minimizam estes desperdícios, o sector da construção tem potencial para evoluir no sentido de adoptar e favorecer medidas que minimizem os gastos energéticos e os impactos ambientais no meio ambiente de forma a promover um capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 23 urbanismo sustentável. Quando, no início dos anos oitenta, se começou a introduzir o vidro duplo em Portugal, verificou-se a existência de alguma resistência, por parte de alguns sectores, a esse lançamento. Hoje o vidro duplo é um material usado de forma generalizada, como acontece também com o isolamento térmico, que era praticamente inexistente até então na construção do século XX. Mas o uso de novos materiais e tecnologias não basta. Alias, há hoje materiais e tecnologias no mercado, cujo uso, sem um juízo acerca do seu comportamento térmico em obra, conduz geralmente a erros graves. Faltam duas coisas: (sempre) cultura tecnológica, nomeadamente dos profissionais que lidam com os produtos tecnológicos, e uma prática regulamentar que oriente e discipline a actividade da construção, certamente a mais autóctone das actividades industriais [4]. Um edifício pode ser considerado como verdadeiramente funcional quando a sua construção se interliga com uma aproximação sensível e consciente às questões energéticas, assim como a variadas outras situações (qualidade de vida, saúde, aspectos sociais, etc). É necessário por isso, a criação de novas soluções arquitectónicas e de ferramentas técnicas que ofereçam resposta a todo este conjunto de especificações. Uma “boa arquitectura” tem de preencher necessariamente muitos requisitos, e uma aproximação sensível e consciente às questões energéticas é seguramente uma delas. Alguns edifícios, no entanto, assemelham-se mais a “máquinas energéticas” que a propriamente edifícios, uma vez que o objectivo da poupança de energia é muitas vezes negligenciado. “Forma, Função e Construção” – Estes são os três critérios regulares utilizados para avaliar a qualidade arquitectónica de um edifício. Não existe a necessidade da criação de um outro critério intitulado “Consumo de Energia” uma vez que este se encontra incorporado no critério “Função”. Os edifícios que apresentam deficiências no relacionamento com questões de consumo de energia, possuem invariavelmente falta de funcionalidade, sendo incapazes de responder favoravelmente às necessidades dos seus ocupantes. A cada dia, os novos edifícios estão a tornar-se elementos cada vez mais complexos, devido ao aumento generalizado de novos materiais, tecnologias e métodos de construção. A quantidade de substâncias e materiais utilizados na indústria da construção tem aumentado de forma exponencial no último século, sendo que a arquitectura tem procurado constantemente a aplicação prática das inovações na concretização de novos projectos de edifícios. Nascem por isso diariamente, numerosos desafios relacionados com esta nova complexidade e diversidade. Para cada era arquitectónica pode ser observado uma relevância que, no actual capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 24 momento, se centra na questão do desenvolvimento sustentado. Esta procura verifica-se para soluções sistemáticas o que muitas vezes conduz a conflitos na realização de programas concretos de desenvolvimento. Todo o conceito de sustentabilidade requer uma aproximação sistemática e metódica. Os pré-requisitos básicos para os edifícios sustentáveis são um longo período de ocupação e um prolongado uso de todos os sistemas associados. É o caso, por exemplo, da comparação entre passar o máximo de tempo de ocupação possível numa habitação em que o seu funcionamento requer baixos níveis de energia, assim como baixos custos de manutenção, e alguns edifícios, com baixos índices de conforto térmico, e que necessitam de uma renovação total do seu conceito funcional. Um edifício sustentável deverá ter uma capacidade funcional de pelo menos um século [5]. Em termos de síntese refira-se que, a sustentabilidade na construção passa por três medidas essenciais: em primeiro lugar, a melhoria dos projectos em termos de eficiência energética, diminuindo as suas necessidades em iluminação, ventilação e climatização artificiais; em segundo lugar, a substituição do consumo de energia convencional por energia renovável, não poluente e gratuita; e finalmente, em terceiro lugar, a utilização de materiais locais, preferencialmente materiais de fontes renováveis ou com possibilidade de reutilização e que minimizem o impacto ambiental (extracção, gastos de energia, consumo de água na sua extracção, aspectos de saúde, emissões poluentes etc.). É também de notar, que a construção sustentável pode ainda adoptar outras medidas, como sistemas de tratamento de resíduos orgânicos, sistemas de reaproveitamento de água e outros que não vão ser abordados por não estarem no âmbito deste trabalho. 2.2 O comportamento energético dos edifícios O trabalho desenvolvido tem como linha de orientação os aspectos relacionados com o comportamento energético dos edifícios nas suas diversas vertentes. A União Europeia, no seu Plano de Acção para as questões energéticas [6], considera de fundamental relevância a vertente da poupança de energia em edifícios, sublinhando que o potencial nesta área é enorme. De facto, a indústria da construção, indica estimativas de poupança na ordem dos 10% a 25% em edifícios antigos, através da implementação de medidas como o isolamento térmico melhorado, sistemas de revestimento, de iluminação e de controlo mais eficientes [7]. O potencial é consideravelmente superior para os edifícios novos. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 25 Em termos de energia, o consumo no sector dos edifícios representa 22% da energia final consumida em Portugal [7]. Apesar de longe dos 40% da média comunitária, este consumo tem aumentado de forma preocupante a uma taxa de 7.5% ao ano [7], tendo na última década o consumo de energia nos edifícios aumentado 30% [7]. Este número corresponde a um consumo de energia (e consequente emissão de CO2) equivalente a 3.5 milhões de toneladas de petróleo [7]. O comportamento energético dos edifícios urbanos torna-se, deste modo, um alvo de análise e de intervenção prioritário. Neste momento, os gastos com energia superam largamente a energia poupada nos edifícios existentes, onde as despesas com a produção de energia e manutenção são maiores do que toda a poupança efectuada ao longo do período de ocupação [5]. A título de exemplo, mostra-se na tabela 2.1 os consumos energéticos médios de dois tipos comuns de unidades residenciais portuguesas: um apartamento e uma moradia [8]. Através da análise dos valores tabelados, verifica-se que os consumos energéticos são substancialmente elevados, principalmente no que se refere à estação de aquecimento. De referir que os consumos na estação de arrefecimento, apesar de baixos em valor absoluto, são também exagerados dado que o clima português não exige, na maior parte das situações, qualquer sistema para assegurar as necessárias condições de conforto estival. A análise dos valores tabelados permite concluir que existe um elevado potencial de redução de consumos energéticos nos edifícios portugueses. Tabela 2.1 – Valores do consumo de energia para um edifício de qualidade mínima Zona Climática Inverno I1 I2 I3 Verão V1 V2 V3 Consumo de energia (kWh/m2 ano) Apartamento (100m2) Moradia (210m2) Aquecimento 40 55 70 90 125 160 Arrefecimento 10 15 15 20 20 30 Para reduzir os consumos energéticos nos edifícios pode-se intervir a vários níveis, pois são vários os factores que interferem no seu comportamento térmico como brevemente se referem no ponto seguinte. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 26 2.3 Factores que afectam o comportamento térmico dos edifícios De entre os diversos factores que afectam o comportamento térmico dos edifícios, destacamse sobretudo os relacionados com a localização, orientação e os materiais utilizados na definição da envolvente. A figura 2.2 além de mostrar a discrepância entre as necessidades de aquecimento para cada uma das zonas climáticas, realça a importância da escolha da zona em detrimento do nível ou espessura de isolamento que se possa incluir na habitação. Verifica-se perfeitamente, que a partir de determinado ponto, o aumento da espessura do isolamento não tem tradução directa na diminuição dos gastos com o aquecimento. Figura 2.2 – Influência da zona climática de implantação dos edifícios nas suas necessidades energéticas, em função do nível de isolamento [8] Quanto à orientação do edifício, o mais importante a ter em conta é a exposição solar. Normalmente é importante ter um edifício com a maior fachada voltada a Sul para receber o máximo de energia possível, tendo no entanto sombreamentos programados para o Verão. A orientação do edifício deve também contar com os ventos dominantes e a sua influência na ventilação natural e infiltrações. Existem ainda outras particularidades interessantes, tal como a orientação das diferentes divisões de uma casa de forma a proporcionar o ambiente mais adequada à sua função. Por exemplo, a biblioteca deve estar orientada com uma forte componente Norte, visto ser um local em que habitualmente se pretende uma atmosfera fresca e seca, enquanto que a cozinha deve estar orientada com uma forte componente Sul, visto ser esse um local onde uma temperatura elevada é mais habitual. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 27 Através da análise da figura 2.3 constata-se que as necessidades de arrefecimento e sobretudo de aquecimento advêm especialmente da escolha da orientação do edifício. Esta figura mostra que um edifício com a maior fachada orientada a nascente/poente apresenta mais do dobro das necessidades energéticas do mesmo edifício com uma orientação Norte/Sul. Para além disso, é também evidente que, mais de 80% das necessidades energéticas do edifício são necessidades de aquecimento. Figura 2.3 – Influência da forma nas necessidades energéticas em função da orientação [8] A presença ou não de massa de armazenamento térmico é outro factor a ter em conta. De facto, a massa térmica é responsável pelo atraso entre o fornecimento de calor e o aumento da temperatura no interior do edifício. Este fenómeno pode ser explorado a diferentes níveis, nomeadamente em associação com um correcto isolamento térmico e ventilação. Numa base diária, durante o Inverno, uma massa térmica estudada leva a que a energia recebida durante o dia se manifeste no interior durante a noite. No Verão a função é idêntica mas o calor pode ser libertado durante a noite para o exterior usando ventilação. Também é possível este funcionamento em escalas de tempo mais elevadas, mas apenas massas térmicas enormes seriam capazes de tal proeza. Generalizando, materiais de construção com massas elevadas comportam-se como massas térmicas eficazes. Em Portugal, este é um factor essencial, visto que o maior problema de climas quentes é o calor. Consequentemente, uma das preocupações ao construir edifícios, é prever mecanismos que consigam evitar a entrada excessiva de calor e que consigam dissipar o calor que entra. Como tal, uma massa térmica elevada, associada a isolamento (preferencialmente externo) capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 28 deve ser uma estratégia na construção em Portugal para preservar uma temperatura fresca durante o dia e apenas permitir libertação de calor à noite, altura em que se pode utilizar a ventilação nocturna para dissipar esse calor. Esta ventilação nocturna pode ser assegurada por diversos mecanismos sofisticados mas funciona também a partir de uma das técnicas mais antigas e conhecidas: o abrir das janelas durante a noite! Através da análise da figura 2.4 pode-se verificar que quanto maior for a inércia menor são as necessidades requeridas para aquecimento. De facto, observa-se que, mesmo para um baixo nível de isolamento, se consegue, através de uma inércia forte, uma maior redução das necessidades energéticas de aquecimento em contraponto com uma fraca inércia mesmo que inerente a um elevado nível de isolamento dos elementos. Figura 2.4 – Influência do tipo de inércia em função do nível de isolamento dos elementos [8] Quanto ao isolamento, este previne a transferência de calor por condução entre o interior e o exterior do edifício. Esta razão faz do isolamento uma característica essencial tanto no Verão como no Inverno. Por exemplo, é corrente na indústria de construção que, as pontes térmicas, devem ser evitadas tanto quanto possível, visto que podem constituir a fonte de até 30% das perdas de calor do edifício [3] (Figura 2.5). A preocupação com o isolamento deve ser considerada tanto a nível das superfícies opacas, como também a nível das áreas envidraçadas, visto ser esse um dos principais pontos de absorção e perda de radiação solar, tanto no Verão como no Inverno. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 29 Figura 2.5 – Exemplo de um programa de modelação que permite calcular as pontes térmicas [3] Em termos de reabilitação urbana, é possível, e bastante exequível, embora com alguns custos, a reabilitação de um edifício em termos de isolamento térmico, pelo exterior. O grande problema desta técnica é a possibilidade de vandalismo nos andares térreos e/ou acessíveis pelo exterior do edifício visto que não é muito resistente. Esta técnica deve ser implementada com o cuidado necessário de forma a não permitir a perda de calor pelo solo, e a deterioração da instalação nas esquinas dos edifícios. Mesmo em edifícios novos esta técnica pode ser vantajosa pelo facto de eliminar pontes térmicas nos revestimentos dos edifícios. Pela análise da figura 2.6 pode-se constatar que a definição da localização do isolamento sobrepõe-se, em termos de resultados qualitativos, ao tipo de definição física da parede. Além disso, verifica-se que são as paredes com isolamento pelo exterior (11+11 ext e 11+15 ext) que se destacam pela positiva no que se refere a necessidades energéticas de edifícios que as integrem. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 30 Figura 2.6 – Avaliação da eficiência energética dos diversos tipos de parede, em função do seu isolamento [8] A figura 2.7 reflecte que a escolha dos materiais de fenestração terá de ser avaliado sob um ponto de vista qualitativo global em termos de capacidade de transmissão térmica. De facto, quanto mais baixo for o coeficiente de perdas do conjunto, melhor será o seu comportamento, pelo que a análise do elemento, neste caso um envidraçado, terá ser efectuada no âmbito do seu comportamento enquanto um todo. Figura 2.7 – Avaliação da eficiência energética dos diversos tipos de envidraçado, em função do tipo de caixilharia [8] Todos estes factores não devem, no entanto, ser encarados individual e isoladamente. Só faz sentido actuar em cada um numa perspectiva global, que encare a questão energética de uma capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 31 forma mais abrangente como é o caso, por exemplo, dos conceitos inerentes à Arquitectura Bioclimática. 2.4 Arquitectura Bioclimática – conceitos para um edifício sustentável Um dos factores chave para um design passivo eficaz e eficiente é a compreensão de que não existe uma solução óptima e aplicável a todas as situações, mas sim, inúmeros mecanismos que devem ser seleccionados no sentido de se encontrar uma solução adequada para determinado local. Alguns dos factores que podem afectar esta escolha são o facto de o edifício ser urbano ou rural, se está localizado numa montanha ou numa planície, a quantidade de radiação solar recebida diariamente, etc. O primeiro passo para se desenvolver uma estratégia de Arquitectura Bioclimática, consiste em começar por estudar as características climáticas do local onde se pretende implantar a habitação, seguindo esse estudo por uma análise de quais as localizações específicas que se adaptam a uma utilização eficaz em termos de factores de conforto humano (“bioclimatic chart”). De seguida devem ser considerados factores técnicos associados a diversas vertentes, como orientação, cálculos de sombreamento, forma da habitação, movimentos do ar e avaliação das temperaturas internas. Finalmente, deve ser realizado um projecto arquitectónico, recorrendo a modelos de simulação idênticos ao apresentado neste trabalho, e que aproveite os resultados das fases anteriores de forma a contribuir com o plano de uma habitação bioclimática. Este método foca as particularidades regionais em termos de clima e às vezes mesmo de microclima inerentes a cada construção. Como tal, cada projecto bioclimático deve ser analisado isoladamente. Esta questão da envolvente é crucial no que respeita à Arquitectura Bioclimática, o que significa que já não basta a um arquitecto criar um projecto esteticamente bem conseguido e integrado com a envolvente urbanística, sendo necessário uma completa integração com o meio ambiente (efeitos dos edifícios envolventes em termos de exposição solar e ventos, radiação solar recebida ao longo do ano, etc). 2.4.1 Soluções para arrefecimento no Verão Este tema é de fundamental importância para Portugal porque reduziria ou eliminaria grande parte das necessidades energéticas de arrefecimento por ar condicionado e consequentemente reduziria em muito as necessidades energéticas dos edifícios além de que traria enormes benefícios em termos de conforto e ambientais. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 32 2.4.1.1 Protecção da radiação Como é óbvio, no Verão os ganhos de calor têm de ser reduzidos ao mínimo. Felizmente o Sol encontra-se mais alto durante o Verão o que reduz a sua penetração em vãos voltados a Sul. A utilização de sombreamentos vai reduzir ainda mais esta penetração (Figura 2.8). Por fim, também o vidro contribui para a redução da captação de energia solar por radiação devido ao seu comportamento. É que a radiação incidente tem mais dificuldades em atravessar o vidro quanto maior for o ângulo de incidência (Figura 2.9). Para além disso podese, hoje em dia, utilizar vidros com diferentes tipos de características, tais como vidros com baixa emissividade o que reduz consideravelmente os ganhos de calor. Por outro lado, o tamanho das janelas ou aberturas é também um factor de extrema importância no nosso clima. A área de fenestração deve ser cuidadosamente planeada para não ser exagerada e provocar condições de desconforto térmico. Figura 2.8 – Exemplo de palas fixas numa situação de Inverno (à esquerda) e Verão (à direita) [3] Figura 2.9 – Influência do ângulo de incidência da radiação na sua penetração. Inverno (em cima), Verão (em baixo) [3] capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 33 No entanto, existem alguns problemas que necessitam uma atenção especial. Por um lado, o solstício de Verão não coincide com os dias mais quentes do ano o que significa que quando os dias mais quentes chegam, o Sol já está mais baixo, penetrando assim melhor nas janelas voltadas a Sul. Por outro lado, os dias são mais longos e com mais Sol que no Inverno. Ou seja, embora se consiga evitar a radiação directa, a difusa e reflectida permanecem e são também factores importantes no aquecimento dos edifícios. Entre as técnicas que se utilizam para reduzir a radiação que entra nos edifícios no Verão encontram-se as seguintes: • Pala fixa, que ao estar colocada no local correcto e dimensionada de acordo com as cartas solares, impeça a passagem de radiação directa no Verão sem perturbar muito no Inverno (Figura 2.10); Figura 2.10 – Exemplo de sombreamento natural [3] • Palas exteriores ajustáveis como estores, portadas ou toldos ou então sombreamento interior como cortinas e cortinados. Apesar dos mecanismos de sombreamento internos serem de manuseamento mais fácil, em virtude da sua acessibilidade, são cerca de 30% [3] menos eficientes do que os mecanismos externos, visto que os primeiros estão localizados no interior do edifício e a reflexão da luminosidade nunca é conseguida a 100%, sendo parte da energia absorvida pela habitação. Em mecanismos externos a capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 34 energia é dissipada pela ventilação exterior, constituindo portanto um sistema mais eficiente; • Estruturas com plantas de folha caduca que promovem sombreamento no Verão e transparência no Inverno (Figura 2.11); • Utilização de árvores. Funcionam como sombreamento e ainda promovem o arrefecimento da área através da sua transpiração (Figura 2.12); • Utilizações de cores claras (idealmente o branco), que não absorvam muita radiação solar. As fachadas a Oeste e Leste, assim como o tecto estão sujeitas a radiação muito intensa durante o Verão. Assim, devem ser incluídas poucas aberturas nestas zonas e a existir devem ser de pequena dimensão visto a sua única função ser ventilação e iluminação pois não são úteis para captura de radiação no Inverno. Figura 2.11 – Exemplo de sombreamento com uma árvore de folha de caduca no Inverno (à esquerda) e no Verão (à direita) [3] Figura 2.12 – Exemplo de sombreamento com uma trepadeira [3] capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 35 2.4.1.2 Sistemas de arrefecimento evaporativo Como já foi referido, a evaporação de água arrefece as zonas adjacentes pelo que, sempre que possível, devem ser consideradas pequenas fontes e zonas com plantas no projecto do edifício. No entanto muitas plantas vão levar a um aumento da humidade do ar o que pode reduzir o conforto térmico no Verão. Este tipo de soluções cumpre um papel importante, não só em termos térmicos mas também em termos de conforto psicológico pois são sempre agradáveis esteticamente e produzem um efeito de habitabilidade. Existem ainda soluções diversas que propõem fontes de água dentro do edifício. Para além disto existem inúmeras soluções que podem e devem ser utilizadas sobretudo num clima como o de Portugal. Exemplos são as “roof-ponds” ou sistemas de “roof-spraying”, que, tal como os nomes indicam, permitem um arrefecimento do telhado, promovendo a dissipação do calor da radiação solar através da evaporação da água (Figura 2.13). Figura 2.13 – Exemplo de um sistema “roof spraying” [3] 2.4.1.3 Ventilação Na Arquitectura Bioclimática a ventilação é também muito importante, visto que num clima médio em termos de humidade e temperatura, pelo menos 1/3 [3] do volume de ar de cada divisão deve ser substituído em cada hora, de forma a assegurar um nível de conforto, de qualidade do ar e de habitabilidade mínimo na divisão em causa (Figura 2.14). capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 36 Figura 2.14 – Óculo circular destinado à ventilação da sala [3] No Verão, aumenta o conforto térmico, pois como já foi dito o movimento do ar aumenta as perdas de calor do corpo humano e como promove convecção forçada com as paredes, chão e tectos, ajuda a dissipar o calor. Todas as configurações ao nível das aberturas para ventilação podem ser estudas através do ensaio destas (configurações) em túneis de vento como é referido em [9]. Em Portugal a ventilação é um dos factores essenciais a ter em consideração na projecção de um edifício existindo já inúmeras hipóteses desde chaminés ditas “solares” (Figura 2.15) até à simples ventilação cruzada. Figura 2.15 – Pormenor do funcionamento da chaminé solar [3] capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 37 Existem várias soluções que podem ser aplicadas à ventilação. Uma delas consiste em aproveitar a elevada massa térmica do solo como aliado (Figura 2.16). Figura 2.16 – Esquema de funcionamento de um sistema de arrefecimento/ventilação durante um dia de Verão [3] Durante o Verão a temperatura do solo é inferior à do ar e no Inverno é superior, fazendo assim do solo um aliado. Existem efectivamente soluções que tiram partido deste facto como é o caso de um sistema que consiste em enterrar uma rede de condutas de ar de ventilação num local adjacente ao edifício (Figura 2.17). O ar é captado a partir de uma abertura a uma certa distância do local e é introduzido no edifício. A vantagem deste sistema é que proporciona uma ventilação “condicionada”, ou seja no Verão a temperatura da terra é inferior à do ar e portanto o ar introduzido é mais frio do que o ar ambiente e promove o arrefecimento, acontecendo o inverso no Inverno. Figura 2.17 – Plano do piso térreo da “Casa Solar de Porto Santo” em Porto Santo [3] capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 38 2.4.1.4 Iluminação A boa iluminação de um edifício, sobretudo com luz natural, é essencial ao seu bom funcionamento energético e ao conforto dos seus ocupantes. Aproximadamente 25% do consumo energético em edifícios é utilizado no sistema de iluminação e equipamentos [3]. Estima-se aliás que por cada kWh de energia poupada em iluminação na estação quente contribui-se para uma poupança de cerca de 0.3 kWh em ar condicionado [10]. Deste modo, o arquitecto deve sempre ter em consideração o arranjo das aberturas e distribuição das superfícies internas para garantir uma distribuição de luz adequada. O objectivo é portanto maximizar a área do edifício e pessoas com acesso à iluminação natural, dando prioridade a locais onde se desempenhem tarefas com maior exigência visual. Áreas de ocupação secundária ou pouco prolongada devem ser então remetidas para as zonas mais interiores do edifício. Deve todavia ser considerado que um aumento da radiação que penetra no edifício leva também a um aumento do efeito de estufa aquecendo assim o edifício. As decisões de projecto devem assim ser ponderadas e optimizadas tendo em conta a localização e horário principal de utilização do edifício em causa. Figura 2.18 – Edifício com elevada área envidraçada [3] capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 39 Outro modo de solucionar de certa forma o problema do sobreaquecimento de edifícios com elevada área envidraçada (Figura 2.18), logo sujeitos a muita radiação solar, é jogar com a ventilação. Existem inúmeras hipóteses para aberturas de iluminação que, ao mesmo tempo, permitem encontrar soluções de ventilação. É uma questão que depende quase que unicamente da criatividade do projectista. As aberturas para iluminação natural podem ser subdivididas em: iluminação lateral, iluminação de cobertura, iluminação indirecta (luz reflectida), iluminação com luz directa do sol, iluminação de pátios, átrios, reentrâncias e as suas diversas combinações. Importa sublinhar que, sobretudo em climas como o de Portugal, a iluminação tem sempre de ser prevista tendo em atenção o factor de sobreaquecimento. Por esta razão, é importante nunca esquecer de prever sombreamentos eficientes e ventilação adequada e bem projectada para que um bom efeito estético não se transforme num forno no período Verão! Devido à natureza do trabalho em causa, parece-nos desnecessário entrar em pormenores em questões como implementação/orientação e aberturas nos edifícios, tipologias de aberturas, características do ambiente externo e interno e avaliação de desempenho luminotecnico e grandezas fotométricas. Um ponto relevante em termos de optimização da componente de iluminação de um edifício prende-se com os sistemas de Gestão de Energia (BEMS). Estes constituem uma componente importante num quadro de reabilitação de edifícios, visto permitirem a optimização da eficiência energética de diversos componentes activos, como a iluminação artificial. Este tipo de sistema inclui por exemplo a instalação nas diversas áreas que necessitem de iluminação de sensores de presença evitando situações em que as luzes estão acesas sem necessidade. Em [11] sugere-se que existam sensores em zonas que possam ser servidas por iluminação natural (preferencial), para que a iluminação artificial possa ir aumentando à medida que a iluminação natural desapareça e vice-versa. Isto permitiria manter a mesma qualidade de iluminação no edifício, privilegiando a iluminação natural sempre que possível. No entanto é importante alertar que embora estes sistemas permitam uma diminuição efectiva dos gastos em energia, é fundamental que permitam rapidamente a um utilizador ultrapassar o controlo automático. Aliás um outro ponto focado em [11] é o de sistemas autónomos de controlo da iluminação, mas que, em caso do utilizador preferir o modo manual, lhe indiquem em paralelo qual o dispêndio adicional de energia envolvido na operação alternativa, alertando-o assim para uma situação desfavorável. E finalmente um ponto que é menosprezado normalmente é o que se refere à limpeza da iluminação e encaixes associados: capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 40 por vezes cerca de 30% da luz é perdida desta forma [3]. Claro que de forma a incentivar esta operação todo o sistema deve estar facilmente acessível para limpeza. 2.4.2 Soluções para aquecimento no Inverno 2.4.2.1 Captação solar A energia solar é um factor determinante na arquitectura bioclimática. Desde sempre o Sol constituiu um ponto central na vida das comunidades humanas, sendo que todas as habitações eram construídas tendo em vista o ciclo solar, de forma a optimizar o efeito térmico, a higiene e os efeitos psicológicos a si associados. A própria acção germicida da radiação solar levou a que alguns códigos de construção obrigassem à iluminação de todas as zonas habitacionais durante pelo menos 2 horas diárias em 250 dias do ano [12]. Figura 2.19 – Exemplos de mecanismos de captação solar [3] No Inverno, devido à diferença entre a temperatura no interior de um edifício e a temperatura exterior, existem perdas de energia, neste caso de calor, que para manter o conforto térmico necessitam ser compensadas. Num edifício moderno comum, o mais frequente é utilizarem-se sistemas de aquecimento para compensar estas perdas. Ora a Arquitectura Bioclimática propõe precisamente soluções que maximizam os ganhos solares de um edifício para que estes sejam os necessários, ou quase, para compensar as perdas, não havendo então necessidade de recorrer aos sistemas de aquecimento artificiais. Estes sistemas incluem, factores tão simples como a orientação do edifício e área de fenestração assim como sistemas mais complexos de captação de energia solar (Figura 2.19). capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 41 Figura 2.20 – Exemplo de uma parede de captação solar [3] Os sistemas de captação de energia solar podem ser definidos por dois parâmetros: eficiência (energia retida vs. energia incidente) e atraso (tempo entre o armazenamento da energia e a sua libertação). Os sistemas de retenção classificam-se de directos, indirectos e semi-directos. Nos directos, como no caso das janelas comuns, o Sol penetra directamente no edifício através do vidro, conseguindo-se eficiência máxima e atraso mínimo. Nos semi-directos, a energia solar passa por um espaço intermédio onde o calor que transita para o interior pode ser controlado. Nos indirectos, para reter a energia solar recorre-se ao efeito de estufa. A captação da energia dá-se num elemento montado logo após o vidro (com uns centímetros de intervalo) e o calor armazenado desloca-se para o interior por condução, convecção e radiação. Um dos exemplos são as paredes “Trombe” que possuem passagens ajustáveis que permitem controlar a transferência de calor, conforme se pode observar na Figura 2.20. Um exemplo da aplicação destas paredes, que felizmente já vão sendo utilizadas com alguma frequência, é na “Casa Schäfer” ilustrado na Figura 2.21 [3]. Sublinha-se que o projecto deve sempre prever sombreamentos e obstáculos para os sistemas de captação de modo a que esta seja mínima no Verão e máxima no Inverno. É bastante importante ter-se a noção de que em edifícios desenhados sem qualquer preocupação especial, a energia solar contribui com 20% para o seu aquecimento, podendo esse valor aumentar para 40% caso se dedique algum tempo a esta temática quando da concepção do edifício [3]. É impressionante notar que se a preocupação com os ganhos solares associados aos edifícios estivesse generalizada em Portugal (como já acontece em cerca de 10% dos edifícios), a contribuição seria de cerca de 1Mtep, que era em 1997 cerca de 7% do total de energia final consumida [3]! capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 42 Figura 2.21 – Casa Schäfer, Porto Santo. Fotografia do aspecto exterior de uma parede de Trombe; esquema do seu funcionamento consoante as estações do ano [3] 2.4.3 Incentivos à aplicação do conceito De maneira a criar as condições para que estes conceitos sejam aplicados de forma generalizada, têm sido criados alguns projectos temáticos de desenvolvimento, dos quais se destaca a Rede Europeia de Habitação Ecológica – EHEN [13] que teve a sua origem em 1993. Na base da sua formação esteve um grupo de promotores de habitação cujos projectos inovadores na área da construção sustentável foram contemplados com um subsídio comunitário no âmbito do programa THERMIE (apoio de projectos inovadores de utilização de energias renováveis). A candidatura a estes subsídios implicou a formação de parcerias entre dois ou mais países, e promoção de reuniões regulares entre todos os projectos apoiados, tendo em vista a disseminação das tecnologias e dos conceitos envolvidos na arquitectura sustentável. A Rede Europeia de Habitação Ecológica (EHEN) transformou-se num fórum de diálogo técnico em prol da construção sustentável, atraindo a atenção de muitos promotores europeus. Em menos de quatro anos a Rede reuniu 38 membros de 10 países europeus diferentes. Actualmente a rede é constituída por 57 membros oriundos de 11 países da Europa [14]. Para todos estes promotores o objectivo é reduzir o impacto ambiental dos seus empreendimentos, independentemente de estes se localizarem em contextos climáticos e capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 43 culturais muito diferentes. Todos os membros da rede estão desde há muito conscientes de que nestas reuniões não importa a troca de "receitas", porque estas não funcionam da mesma maneira quando aplicadas a contextos climáticos diferentes, mas, ao contrário, é importante o acesso à informação e à troca de experiências e saberes entre empreendimentos diferentes, cujos resultados de sucesso estimulam o grupo a prosseguir no caminho da sustentabilidade. 2.4.3.1 Casos concretos de aplicação Desde 1993 a Rede Europeia de Habitação Ecológica reuniu 14 vezes em cidades europeias diferentes. O programa de cada reunião contempla sempre um período de discussão técnica e um período de visitas guiadas a empreendimentos sustentáveis no país anfitrião. Destas visitas, que, são sempre de enorme interesse, são de destacar dois empreendimentos sustentáveis exemplares, a Ecolonia na Holanda e a Egebjerggars na Dinamarca (duas áreas urbanas criadas nos anos 90) [14]. Nos dias 27 e 28 de Abril de 2000, a Rede Europeia de Habitação Ecológica reuniu em Lisboa, sob a coordenação de Tirone Nunes e com o patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa que cedeu o Padrão dos Descobrimentos para a realização do evento. Para além de dois dias de diálogo técnico, no qual participaram cerca de 80 pessoas, foi visitado um edifício habitacional a custos controlados na Avenida de Ceuta, construído no âmbito do programa PER no qual foi possível integrar algumas medidas de eficiência energética, através da participação do INETI. Foram visitados também o Edifício Administrativo do Parque das Nações e o Pavilhão Atlântico – ambos considerados exemplares pelas medidas de eficiência energética aplicadas que reduziram em 50% os seus gastos energéticos. Foi finalmente visitada a Torre Verde, edifício residencial bioclimático, também no Parque das Nações, onde se reduziram em mais de 80% [14] os gastos energéticos e os moradores podem usufruir de um elevado nível de conforto térmico durante todo o ano. Na reunião EHEN – Lisboa 2000, apresentaram-se vários novos projectos. Da Finlândia ao País de Gales ficou claro que, os promotores encaram a eficiência energética dos edifícios como uma medida que já faz parte do "business as usual" dos empreendimentos que promovem. Dos empreendimentos apresentados faz-se aqui referência aqueles que parecem mais interessantes para demonstrar a diversidade de soluções possíveis – todas elas sustentáveis. Por isso, as imagens de cada projecto – Figuras 2.22 e 2.23 – são acompanhadas de alguns capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 44 elementos técnicos para demonstrar que apesar da diversidade de medidas técnicas utilizadas, os resultados comprovam uma redução clara do consumo de energia. THE FOYER Figura 2.22 – Edifício “The Foyer” [3] Localização: Swansea, Wales Medida sustentáveis: Recuperação da fachada de um edifício classificado. Localização do empreendimento perto de rede de transportes públicos. Janelas super eficientes. Utilização de materiais reciclados e reutilização de materiais da demolição. Aplicação de sistema solar passivo através da cobertura em vidro do átrio actuando como zona de transição para reduzir as perdas de calor das residências. Sistema de painéis solares para aquecimento da água quente doméstica e de painéis fotovoltaicos para sistema de apoio mecânico dos sombreamentos da cobertura do átrio. Sistema de ventilação natural para o arrefecimento do átrio. Elevada integração de sistemas de isolamento térmico para redução de perdas de calor Medidas para redução do consumo de água e electricidade. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 45 TORRE VERDE Figura 2.23 – Edifício “Torre Verde” [3] Localização: Lote 4.21 – Parque das Nações, Lisboa Medidas sustentáveis: Todos os apartamentos usufruem de orientação privilegiada a Sul. Proporção correcta das áreas envidraçadas em função de cada orientação. Isolamento térmico contínuo aplicado pelo exterior (com 6cm de espessura). Aplicação de vidros duplos de grande espessura (conforto térmico e acústico). Aplicação de palas e estores exteriores (protecção solar). Aplicação de paredes de “Trombe” (não ventiladas) no alçado Sul. Selecção de materiais, tendo em conta o ciclo de vida energético e o grau de toxicidade. Aplicação de pavimentos flutuantes para reduzir a transmissão de ruído. Medidas para redução do consumo de água e electricidade. 2.5 Enquadramento legal enquanto suporte do conceito A crescente consciência ambiental por parte da sociedade em geral, tem levado a uma contínua procura de soluções para resolver os problemas associados à produção e consumo de energia, tentando reduzir o impacto negativo do seu uso, sem contudo reduzir os actuais padrões de qualidade e de conforto no interior dos edifícios. Tudo passa pelo recurso crescente às energias renováveis e, mais concretamente, pelo aproveitamento da energia solar no sector dos edifícios, tanto de uma forma activa como de uma forma passiva [7]. No entanto, estas medidas só serão viáveis com um forte apoio legislativo nesse sentido. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 46 Um dos actuais objectivos da Comissão Europeia consiste em, até 2010, reduzir em 20% o consumo de energia primária no parque habitacional urbano. O comportamento energético dos edifícios urbanos torna-se, deste modo, um alvo de análise e de intervenção prioritário. Com o objectivo de estabelecer um quadro comum para promoção da melhoria do rendimento energético dos edifícios, o Parlamento Europeu e o Conselho adoptaram, em 16 de Dezembro de 2002, a Directiva 2002/91/CE [15], relativa ao desempenho energético dos edifícios. Inserida no âmbito das iniciativas comunitárias em matéria de alterações climáticas (obrigações decorrentes do Protocolo de Quioto) e de segurança do aprovisionamento energético (Livro Verde sobre a segurança do aprovisionamento energético), esta directiva surge na sequência das medidas adoptadas em relação às caldeiras, aos produtos de construção e às disposições do programa SAVE (Decisão n.º 647/2000/CE) [16] relativas aos edifícios. Efectivamente, a directiva relativa à certificação energética dos edifícios (Directiva 93/76/CE), adoptada em 1993, é anterior à conclusão do acordo de Quioto e às dúvidas recentemente colocadas pelo relatório sobre a segurança do aprovisionamento energético da União, pelo que se impunha uma directiva complementar favorável à abordagem da racionalização do consumo energético dos edifícios no contexto de novos desafios, capaz de propor acções mais concretas para colmatar as lacunas existentes. Uma das respostas encontradas para resolver os problemas energéticos da UE, em especial a sua forte dependência face a fontes de energia externas e o aumento das emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa, consta da Directiva 2002/91/CE visando um melhor desempenho energético dos edifícios, residenciais e do sector terciário, aos quais se atribui mais de 40% do consumo final de energia da Comunidade, com tendência para crescer. Esta directiva estabelece requisitos em matéria de: • enquadramento geral para uma metodologia de cálculo do desempenho energético integrado dos edifícios; • aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético dos novos edifícios; • aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético dos grandes edifícios existentes que sejam sujeitos a importantes obras de renovação; • certificação energética dos edifícios; • inspecção regular de caldeiras e instalações de ar condicionado nos edifícios e, complementarmente, avaliação da instalação de aquecimento quando as caldeiras tiverem mais de 15 anos. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 47 2.5.1 Directivas, normas e regulamentos ligados ao comportamento térmico dos edifícios em Portugal Dada a urgência do cumprimentos dos objectivos delineados em Quioto por parte da UE, todos os países membros têm de implementar a nível nacional, planos para promover o uso de tecnologias energéticas que levem à redução da emissão de gases de efeito de estufa (GEE) e em particular do CO2, gás que é largamente o maior responsável pelo aquecimento global do planeta. Portugal, conta desde 19 de Outubro de 2001 com uma Resolução do Conselho de Ministros que adopta o Programa E4 (Eficiência Energética e Energias Endógenas) [17] como a base para a obtenção a nível nacional do objectivo que a UE pediu ao nosso país em termos da redução das emissões até 2012 (a par com o PNAC, Plano Nacional para as Alterações Climáticas [18]). O nosso país ultrapassou já os limites estabelecidos para 2012 e portanto o cumprimento do objectivo final está agora mais longe. No entanto não é intenção deste trabalho abordar esse problema. Dentro deste Programa está incluído o programa nacional para a eficiência energética dos edifícios, designado por P3E [19]. Neste sub programa destinado aos edifícios são de salientar os seguintes objectivos: • promover a melhoria da eficiência energética nos edifícios, ou a utilização racional de energia (URE), cobrindo todos os tipos de consumo, desde a preparação de água quente sanitária (utilização básica de maior consumo nos edifícios residenciais), passando pela iluminação e pelos equipamentos e electrodomésticos (acesso aos resultados dos avanços tecnológicos), sem esquecer a melhoria da envolvente tendo em conta o impacto desta nos consumos de climatização (aquecimento, arrefecimento e ventilação) para assegurar o conforto ambiente; • promover o recurso às energias endógenas nos edifícios, criando os meios e instrumentos que facilitam a penetração das energias renováveis (solar térmico, solar fotovoltaico, etc.) e das novas tecnologias energéticas (micro-turbinas para micro-cogeração, células de combustível, etc.), incluindo o estabelecimento das condições para a ligação destes pequenos produtores de electricidade em baixa tensão à rede eléctrica nacional. Como objectivos mais concretos são apontados os seguintes: • revisão dos regulamentos térmicos RCCTE [20] e RSECE [21] já que o primeiro tem mais de dez anos sem alterações, e o segundo deve ser revisto a breve prazo. Salientam-se as medidas para obrigar ao aumento do isolamento dos edifícios para que o coeficiente de capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 48 transmissão térmica seja cerca de 40% mais baixo que o actual e a adopção de vidros duplos (em situações de pouco ganho solar); • certificação energética de edifícios; incluindo-a no Sistema Português da Qualidade para clarificar a qualidade da oferta e ao mesmo tempo do consumidor mais intensivo de energia (Sector dos Serviços). Bastante interesse suscita a apresentação obrigatória do Certificado Energético no final da construção de edifícios novos ou reabilitações importantes de edifícios existentes antes da concessão da licença de utilização. A definição de um “limite aceitável” para o consumo específico de cada sub-sector é, por si só, um conceito inovador. Definindo esse limite por exemplo, em cerca de 60% ou 75% da distribuição real de consumos, impõe-se aos edifícios com consumos superiores a esse limite, a necessidade obrigatória de promover acções de conservação de energia que reduzam, efectivamente, por exemplo 1% ao ano, o consumo de energia para os níveis aceitáveis, tendo em conta parâmetros de viabilidade económica da intervenção. • verificação mais efectiva do RCCTE e do RSECE, consertando esforços com a certificação energética; • requisitos de formação e competência técnica para os técnicos, quer a nível da autoria dos projectos, quer na verificação e certificação energética através da sua responsabilização pela aplicação efectiva; • organizar acções de formação acreditadas obrigatórias para a qualificação dos técnicos intervenientes no processo, envolvendo todos os intervenientes. Nomeadamente envolver Associações de Engenheiros Técnicos e Ordens para que haja reconhecimento da importância destas acções; • certificação energética do património da Administração, para dar o exemplo aos particulares; • alteração do sistema de incentivos do POE (Plano Operacional da Economia) para a eficiência energética, o MAPE (Medida de Apoio ao Aproveitamento do Potencial Energético e Racionalização dos Consumos), introduzindo os ajustes necessários à promoção de bons edifícios, novos ou reabilitados, bem como de bons sistemas de climatização e demais equipamentos consumidores de energia; • indexar os incentivos ao desempenho global dos edifícios e sistemas de climatização, entre 30% e 40% do investimento elegível, em função do grau de melhoria relativo às exigências do RCCTE e do RSECE, acima dos 30%; capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 49 • promover acções de gestão da procura junto da população, baseado num Observatório para a Energia nos Edifícios, com o apoio da Agência para a Energia. Este observatório, que deve também informar a Administração no sentido de se poder intervir mais rápida e eficazmente; • promover o recurso às energias renováveis nos edifícios, incluindo a promulgação de uma Lei dos Direitos de Acesso ao Sol. Resumindo, e em termos mais específicos, o objectivo deste programa é promover a melhoria do desempenho energético dos edifícios, tendo em conta as condições climáticas externas e as condições locais, bem como as exigências em matéria de clima interior e a rentabilidade económica. 2.5.1.1 Âmbito de aplicação dos regulamentos RCCTE e RSECE Os regulamentos RCCTE e RSECE foram alvo de revisão recente esperando-se que sejam publicados a breve prazo. Nesta proposta o âmbito de aplicação destes regulamentos varia de acordo com a tipologia e função dos edifícios. Assim, e conforme se pode observar na tabela 2.2, o RCCTE é aplicado a todo o tipo de edifícios destinados a habitação. Por sua vez, o RSECE só é aplicado aos edifícios que incluam sistemas AVAC. Tabela 2.2 – Âmbito da aplicação nos edifícios de habitação HABITAÇÃO 2 < 150 m > 150 m2 sem AVAC com AVAC RCCTE SIM SIM RSECE NÃO SIM Em relação aos edifícios de serviços (Tabela 2.3), verifica-se que para áreas inferiores a 1000m2 sem sistema AVAC, se impõe a aplicação do RCCTE em detrimento do RSECE. A partir de 1000m2 impõe-se por sua vez a aplicação do RSECE em detrimento do RCCTE. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 50 Tabela 2.3 – Âmbito da aplicação nos edifícios de serviços SERVIÇOS 2 < 1000 m e sem sist. AVAC > 1000 m2 e com sist. AVAC > 1000 m2 RCCTE SIM NÃO* NÃO* RSECE NÃO SIM** SIM 2.5.1.2 Regulamento de Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE) Relativamente ao regulamento que aborda as questões energéticas associadas ao comportamento da envolvente dos edifícios (RCCTE), os seus principais objectivos são: • Melhorar a qualidade da construção tirando partido da arquitectura e das tecnologias para, explorando as potencialidades do clima, satisfazer as condições de conforto; • Reduzir as necessidades energéticas para o conforto de aquecimento e de arrefecimento contribuindo assim para a sustentabilidade urbana. Segundo a nova proposta de regulamento, deve também ser contabilizada a energia gasta no aquecimento das águas sanitárias (AQS), o que é uma das novidades introduzidas. Para além disso, há a referir, como novidades, o seguinte: • Definição do clima mais detalhado, incluindo a diferenciação por altitude; • Condições interiores definidas com maior rigor; • Consideração, com maior detalhe, das trocas de calor por renovação de ar (natural, mecânica, …); • Consideração das perdas térmicas para o terreno e maior detalhe na definição das pontes térmicas; • Contabilização no modelo de diferentes padrões de ganhos internos; • Maior detalhe no cálculo dos ganhos de Verão, mas ainda simplificados; • Possibilidade de contabilização da contribuição dos sistemas solares passivos. A energia necessária para aquecimento das águas sanitárias, normalmente pode ser fornecido através de sistemas de Energia Solar Térmica Activa – AQS [22] – como colectores solares térmicos, que acumulam a energia solar disponível durante o dia em depósitos de água, _________________________ * não significa que, no RSECE, não se declarem aplicáveis certos requisitos de qualidade mínima para a envolvente. ** requisitos a definir nunca inferiores aos do actual RSECE, desde que acima do limiar de potência instalada, como indicado no actual RSECE ou mesmo na Directiva Europeia. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 51 disponibilizando assim, água quente para consumo. Existem sistemas aplicáveis tanto para a pequena escala como para a grande escala de consumos. Em condições normais, os sistemas solares podem fornecer entre 70 a 80% da energia necessária para o aquecimento das AQS’s [23]. Vários estudos económicos mostram que a rentabilidade numa aplicação doméstica deste tipo de sistemas solares pode ser bastante interessante: tendo em conta os benefícios fiscais existentes no IRS (deduzir 30% das importâncias despendidas na aquisição de equipamentos novos de energias renováveis, com o limite máximo de 700€), o rendimento dos equipamentos existentes no mercado assim como o seu custo, é possível atingir valores para o período de retorno do investimento entre os 6 e os 10 anos, dependendo do tipo de energia de substituição (gás natural, gás propano, electricidade, ...) e da escala do sistema aplicado [23]. Em aplicações de raiz ou de maior dimensão é possível diminuir consideravelmente os valores do período do retorno do investimento, o que torna o solar térmico para o aquecimento das AQS, tanto no sector doméstico ou residencial como no sector institucional ou serviços, uma boa solução para a redução dos consumos energéticos. 2.5.1.3 Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) Relativamente ao RSECE, os principais objectivos delineados por este programa englobam os seguintes pontos: • Assegurar condições de higiene e de conforto ambiente; • Limitar os consumos de energia nos edifícios com sistemas AVAC; • Garantir a qualidade dos equipamentos e instalações de AVAC bem como a sua manutenção. Este regulamento visa sobretudo aplicar regras mais exigentes aos edifícios que possuem sistemas de climatização mecânicos e colocar uma barreira mais elevada para casos com área superior a 1000m2. Os requisitos que terão de ser aplicados aos edifícios que se incluam neste âmbito são: • Conforto e higiene (conforto higrotérmico, qualidade e velocidade do ar); • Ventilação e filtragem de ar; • Técnicas eficientes de climatização; • Requisitos mínimos de eficiência de equipamentos (bombas, ventiladores, motores, …); • Ensaios de recepção; • Requisitos de manutenção e limpeza de condutas; • Segurança (multi-splits). capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 52 2.6 Ferramentas para avaliação do comportamento térmico dos edifícios Tem-se verificado nos últimos anos uma maior preocupação pelo conforto térmico e logo um aumento dos consumos dedicados a aquecimento e arrefecimento, prevendo-se que esta tendência se mantenha. Torna-se pois necessária a introdução de tecnologias e metodologias que melhorem o conforto térmico nos edifícios, mas minimizem os gastos energéticos. Há que adoptar novas ferramentas, novos métodos de abordagem e análise dos edifícios e do ambiente construído nas nossas cidades, nova regulamentação e métodos de certificação, introduzir sistemas solares passivos e medidas de eficiência energética, e preparar os profissionais do sector. Uma vez assegurado o quadro legal de apoio à implementação de medidas que visem o controlo dos consumos energéticos no sector dos edifícios, torna-se importante dotar os profissionais do sector, com ferramentas que lhes permitam avaliar as consequências das suas opções a nível construtivo, no comportamento térmico dos edifícios. A melhor forma de encarar a situação actual é utilizando ferramentas que permitam efectuar as correcções necessárias e, simultaneamente, efectuar uma análise custo/benefício em termos da avaliação térmica dos edifícios. Torna-se então necessário que essas ferramentas estejam acessíveis desde o primeiro instante junto de quem tem responsabilidades sobre a execução dos projectos de edifícios. Da mesma forma terá que haver uma consciência de desempenho energético sempre que existam obras de remodelação ou alteração de edifícios, aproveitando desta forma para efectuar correcções energéticas consideradas fundamentais. Para avaliar esse desempenho energético, o mais correcto será utilizar programas de simulação que permitam identificar as soluções construtivas mais eficientes e adequadas a determinadas situações específicas. A utilização destes programas irá permitir verificar, qual a melhor estratégia que potencie o conforto térmico requerido, minimizando simultaneamente os custos associados ao desenvolvimento da mesma e durante a sua vida útil. É de fundamental importância analisar os custos associados ao funcionamento do edifício ao longo da sua vida útil! Através do recurso a um programa de simulação será possível efectuar várias comparações entre soluções e estratégias construtivas que permitam constatar a influência dos diversos elementos relacionados quer com a envolvente quer com a localização dos edifícios. Até agora as ferramentas existentes que permitiam a avaliação da evolução das condições térmicas num dado espaço estavam restritas a alguns programas que necessitavam de grandes modelos de cálculo, com grandes tempos de computação e de difícil interface com o utilizador. Foi, atendendo a todos estes elementos, que surgiu o programa agora apresentado. Uma vez que utiliza um interface gráfico de fácil utilização, poderá revelar-se muito útil na capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 53 observância das condições exigidas a um determinado espaço, consoante a sua localização geográfica e características térmicas requeridas, com base nos pressupostos funcionais que hoje em dia regem a generalidade dos projectos, contribuindo deste modo para a convergência com a politica de desempenho energético estabelecida pela UE. capítulo 2 a questão energética associada aos edifícios 54 CAPÍTULO 3 Metodologia Pretende-se neste capítulo, dar a conhecer a metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho agora proposto, que tem como objectivo a criação de uma interface de comunicação agradável e acessível entre o utilizador e uma aplicação informática, que implementa um método simples, capaz de efectuar a previsão da evolução da temperatura ambiente de um dado espaço fechado não climatizado. 3.1 Introdução A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho assenta na implementação de um modelo matemático que, recorrendo a uma simples equação de balanço entre os ganhos e perdas térmicas desse espaço, prevê a evolução da temperatura ambiente em função da solução construtiva existente, caracterizando simultaneamente a inércia que lhe está associada. Apresenta-se de seguida, e de forma breve, o modelo previamente desenvolvido [2]. 3.2 Balanço energético de um espaço 3.2.1 Introdução O espaço para o qual se desenvolveu o modelo matemático tem uma geometria simples. A configuração geométrica corresponde à de uma sala, paralelipipédica, com um único compartimento, podendo ser representativa de um edifício unizona ou de um compartimento independente de um edifício. Sendo assim, a envolvente é constituída por quatro paredes, a cobertura e o pavimento. Admitiu-se que a captação dos ganhos solares é feita por um envidraçado, existente numa das quatro possíveis fachadas, qualquer que seja a sua orientação. Admitiu-se ainda não haver quaisquer ganhos internos. Na figura 3.1 pode ver-se um esquema representativo do compartimento simulado. capítulo 3 metodologia 55 comprimento pldir profundidade plesq pé direito pfundo pfachada Figura 3.1 – Esquema do compartimento simulado A evolução da temperatura ambiente no interior do espaço não depende somente dos ganhos solares ou da inércia térmica associada aos elementos que constituem a envolvente desse espaço. A temperatura interior é o resultado de um balanço energético dinâmico entre os ganhos solares através dos envidraçados (Gsol) e as perdas verificadas através da envolvente para o exterior, quer por condução através de elementos opacos (Qpe), quer por renovação de ar (infiltração e ventilação natural – Qinf). Tint Gsol Qinf Text Qpe Figura 3.2 – Balanço energético do espaço em estudo Uma vez caracterizados a envolvente e o clima, é possível estabelecer o balanço de ganhos e perdas de energia para o espaço em estudo: Ceff dTint n = Gsol − Q inf − Qpe = Gsol − Q inf − ∑i =1U i Ai (Tint − Text ) dt (3.1) O parâmetro Ceff – capacidade térmica efectiva – é uma variável que está relacionada com a quantidade de massa presente e, por isso, com a inércia do espaço. Este parâmetro é utilizado capítulo 3 metodologia 56 para caracterizar a inércia e em função dela prever a evolução da temperatura ambiente interior. A equação 3.1 subentende uma situação monodimensional de transferência de calor, o que na realidade não se verifica, pois as envolventes dos edifícios são constituídas por vários elementos de características térmicas diferentes. Como consequência, os fenómenos de condução térmica são normalmente bidimensionais ou tridimensionais, devido, principalmente, às heterogeneidades nas zonas de ligação, e são de difícil quantificação analítica. Poder-se-ia ter optado por outro modelo mais preciso e detalhado que descrevesse com precisão a situação real do espaço em estudo. Modelos deste género têm a vantagem de conduzir a resultados mais rigorosos e de se poderem adaptar a qualquer tipo de espaço, sendo por isso, mais versáteis. No entanto, também apresentam alguns inconvenientes, tais como precisarem de meios de computação mais poderosos, períodos mais longos de computação ou grande detalhe na definição de dados relativos ao edifício em estudo. Optou-se, então, por este modelo menos preciso e com uma gama de aplicabilidade mais restrita, sacrificando o rigor à rapidez e facilidade de utilização do modelo. A equação 3.1 foi implementada num modelo matemático que foi traduzido num programa numérico – mpcte – cujo modo de funcionamento é explicado no capítulo 4. Para se fazer a simulação de um dado espaço torna-se necessário definir a envolvente, as solicitações exteriores, calcular as perdas por condução através da envolvente opaca, bem como as perdas por renovação de ar e determinar ganhos solares pelos envidraçados. 3.2.2 Solicitações exteriores Para caracterizar estas solicitações, é indispensável conhecer os valores da temperatura ambiente exterior, da radiação solar incidente e o modo como evoluem no tempo. O mpcte está preparado para receber valores horários da temperatura ambiente exterior e da radiação solar incidente. 3.2.3 Perdas pela envolvente opaca As perdas pela envolvente opaca dão-se através das paredes, envidraçados, cobertura e pavimento. Estas, dão-se por condução através dos elementos sólidos e por convecção e radiação de grandes comprimentos de onda nas duas superfícies em contacto com os espaços confinantes. Estes fluxos de calor entre o interior e o exterior são devidos às diferenças de temperatura existentes entre os dois espaços. capítulo 3 metodologia 57 O seu cálculo pode ser feito por integração da equação de perdas instantâneas de calor em regime permanente, para o tempo de simulação pretendido: Qpe = ∑i =1U i Ai (Tint − Text ) n (3.2) Para ser possível determinar estas perdas através dos elementos opacos torna-se por isso necessário conhecer as propriedades térmicas (o coeficiente global de perdas – U) e físicas (a área – A) de todos os elementos, i, pertencentes à envolvente. O coeficiente global de perdas pode ser obtido em tabelas [24,25,26,27] ou calculado através da seguinte expressão: 1 1 1 n e = + + ∑i =1 i U i α int α ext λi (3.3) onde, α − coeficiente de convecção λi − condutibilidade térmica da camada i ei − espessura da camada i Os valores dos coeficientes de condutibilidade térmica e as resistências superficiais ou são medidos, ou calculados, ou usados valores tabelados [20,27]. 3.2.4 Perdas por infiltração As perdas por infiltração são devidas ao processo natural de renovação do ar no interior de um edifício. O fluxo de perdas por infiltração é dado por: Q inf = mc p (Tint − Text ) (3.4) que em termos volumétricos é: Q inf = ρVc p (Tint − Text ) (3.5) capítulo 3 metodologia 58 onde V representa o caudal de ar que entra no edifício (m3/s). A grande dificuldade da quantificação destas perdas reside no cálculo deste caudal de ar de renovação. Este, quantificado pelo parâmetro N (número de renovações de ar por hora), é altamente instacionário e, para além de depender das variações do vento, depende também das características das caixilharias de portas e envidraçados. Valores típicos de N para as construções portuguesas situam-se entre 0.5 e 1 [28,29]. Nestas circunstâncias, o caudal de ar que entra no compartimento é definido por: V =N V 3600 (3.6) Então, a equação 3.5 toma o seguinte aspecto: Q inf = ρc p 3600 NV (Tint − Text ) = 0.34 NV (Tint − Text ) (3.7) É necessário deste modo, para calcular as perdas por infiltração através das frinchas, fornecer o valor de N bem como o volume do compartimento. 3.2.5 Ganhos solares Os ganhos solares são de dois tipos: os que entram directamente através dos envidraçados e os absorvidos pelas superfícies exteriores opacas da envolvente e posteriormente conduzidos para o interior. Estes últimos são insignificantes face aos primeiros, principalmente se a envolvente for isolada [2], e foram, por isso, desprezados. Dos restantes, nem toda a radiação incidente num envidraçado representa uma contribuição útil para o balanço energético do edifício ou compartimento: uma parte é reflectida nas zonas opacas da caixilharia e outra parte é reflectida pelo vidro. O efeito da caixilharia foi contabilizado pelo que será necessário introduzir o respectivo valor de factor de redução do vão (FRV), considerando deste modo apenas uma percentagem da área do envidraçado, à semelhança da metodologia seguida pelo RCCTE. capítulo 3 metodologia 59 Para calcular os ganhos solares torna-se necessário conhecer as dimensões do envidraçado (Aenv) e o respectivo factor de redução do vão (FRV), para apurar a área útil de vidro, o factor solar do vão envidraçado (fsolar), o factor de sombreamento (fs) bem como os valores da radiação solar em superfície vertical (G) ao longo do período em estudo. Então: Gsol = (1 − FRV ) × Aenv × fsolar × fs × G (3.8) Onde o factor de redução do vão (FRV) é calculado através da seguinte equação: FRV = Avidro Avão (3.9) A definição do factor solar (fsolar) e do factor de sombreamento (fs) é apresentada mais à frente, quando for abordada a questão da modelação dos elementos da envolvente. 3.2.6 Capacidade térmica efectiva de um compartimento Para caracterizar a inércia térmica de um elemento e, posteriormente, de um espaço fechado, recorreu-se ao conceito de capacidade térmica efectiva já utilizado, se bem com valores constantes, em outros estudos [30,31,32,33]. Segundo estes, a capacidade térmica efectiva de um dado elemento armazenador define-se como a quantidade de calor armazenado por m2 de área de elemento e por grau centígrado de amplitude térmica diária verificada no interior do espaço em estudo. A capacidade térmica efectiva quantifica o calor que pode ser efectivamente armazenado nas massas inérciais durante o período do ciclo diário em que há ganhos solares e posteriormente devolvido a esse mesmo espaço no período em que não os há. A resposta dos elementos armazenadores em períodos de 24 horas é útil dada a importância do harmónico natural de 24 horas de radiação solar e da temperatura ambiente exterior e consequentemente, dada a importância dos ganhos solares diários. Neste trabalho, para caracterizar a inércia de um dado elemento armazenador, e posteriormente do espaço, recorreu-se à mesma definição de capacidade térmica efectiva (ceff), sendo então, que, para um dado elemento armazenador, i: capítulo 3 metodologia 60 ceff i = Qarmi ∆T (3.10) O parâmetro Qarm – calor armazenado – representa a quantidade de calor armazenado por m2 de um dado elemento armazenador num período de 24 horas. Este parâmetro é calculado, para cada um destes elementos pertencentes à envolvente, recorrendo-se a uma base de dados (ver anexo A), desenvolvida no decurso de outro trabalho [34], onde este parâmetro é correlacionado com a energia solar total incidente durante um dia nesse elemento e com a amplitude térmica diária verificada no interior do espaço. O cálculo deste parâmetro será abordado no ponto seguinte. De acordo com as solicitações externas e para a solução construtiva existente, recorrendo a essas correlações matemáticas (ver anexo A), é possível obter a quantidade de calor armazenada por cada um dos elementos pertencentes à envolvente do espaço, por unidade de área. Para obter a capacidade térmica efectiva característica do espaço (o parâmetro Ceff da expressão 3.1) é necessário calcular a quantidade de calor armazenado por todos os elementos pertencentes à envolvente. Assim, Ceff = ∑i =1 ceff i Ai n (3.11) Este parâmetro é, assim, uma medida da quantidade total de calor que pode ser armazenado, em períodos de 24 horas, por toda a envolvente do espaço em estudo e por grau de variação da amplitude térmica interior verificada no mesmo período. No ponto seguinte faz-se uma breve descrição do método de cálculo da capacidade de armazenamento térmico de elementos construtivos. 3.3 Quantificação da capacidade de armazenamento térmico de elementos construtivos A quantificação da quantidade de calor armazenada pelos diversos elementos da envolvente de um edifício é essencial para a precisão do trabalho agora proposto, pelo que resulta a necessidade do seu cálculo com algum rigor e precisão. capítulo 3 metodologia 61 O calor armazenado por um dado elemento construtivo depende de vários factores, como sejam as propriedades termofísicas dos materiais que o constituem, a área e a espessura desse elemento, a distribuição interna das temperaturas, a evolução das temperaturas ambientes dos dois lados do elemento armazenador, a localização desse elemento e, ainda, se esse elemento está ou não sob a acção directa da radiação solar. Mas, apesar da quantificação do calor armazenado pelos diversos elementos da envolvente ser essencial para a precisão de qualquer modelo de simulação térmica de edifícios, grande parte dos modelos existentes usam apenas o produto da massa pelo calor especifico, ou seja, a sua capacidade calorífica total, para quantificar o calor armazenado pelos diversos elementos armazenadores presentes. Isto é incorrecto porque, na realidade, a energia armazenada é menor do que a calculada por este processo, pois a massa situada mais perto da superfície em contacto com o ar interior tem uma maior participação na transferência de calor, sofrendo maiores flutuações de temperatura e sendo assim, um armazenador mais eficiente [35]. Deste modo, a quantificação da capacidade de armazenamento térmica dos diversos elementos construtivos passa pelo cálculo da quantidade de calor armazenada diariamente por esses elementos. Como já referido, este parâmetro depende de vários factores, sendo a radiação solar incidente e as amplitudes térmicas verificadas nos espaços adjacentes dois dos factores que mais fortemente afectam a capacidade de armazenamento de qualquer elemento construtivo. Seguidamente irá ser apresentada a metodologia que foi usada para o cálculo da quantidade de calor armazenada em períodos de 24 horas, descrevendo-se a forma como foram estabelecidas as dependências deste parâmetro com os dois factores apontados [36]. 3.3.1 Método de cálculo da quantidade de calor armazenado diariamente O modelo utilizado para o cálculo da quantidade de calor armazenado em períodos de 24 horas pelos diversos elementos construtivos de um edifício está descrito em [30,36]. Para o cálculo da quantidade de calor armazenada em períodos de 24 horas, Qarm, cada elemento armazenador foi submetido a perfis típicos diários de temperaturas ambientes e de radiação solar incidente. No que se refere às temperaturas ambientes, optou-se por submeter o elemento armazenador a variações sinusoidais em ambas as faces, dado o harmónico natural de 24 horas das solicitações exteriores. Como o calor armazenado tem uma evolução que acompanha o andamento das temperaturas ambientes com as quais está em contacto, uma vez submetido o elemento às referidas solicitações, e uma vez atingido o regime permanente, é capítulo 3 metodologia 62 possível determinar o calor armazenado num período de 24 horas por um dado elemento, bastando para isso fazer a diferença entre os valores máximo e mínimo de calor armazenado durante esse período [35]. 3.3.2 Solicitações exteriores Para se obter as relações matemáticas entre o calor armazenado e os parâmetros que o influenciam (radiação solar incidente e amplitude térmica interior diária), é necessário definir os perfis de variação das temperaturas ambientes e da radiação solar incidente que tipificam as solicitações a que normalmente ficam submetidos os elementos armazenadores. A radiação solar é um parâmetro variável com o local, a hora do dia ou a época do ano considerada. Além disso, o total da radiação incidente num elemento armazenador depende do intervalo de tempo em que há incidência sobre esse elemento, o que, consequentemente, terá efeitos diferentes na quantidade de calor por ele armazenada. Para resolver este problema, o calor armazenado foi relacionado não com o valor da intensidade da radiação solar incidente mas sim com o total de energia incidente sobre o elemento ao longo de um dia. Assim, o valor da radiação solar incidente é integrado para o intervalo de tempo em que o elemento está sob a acção directa da radiação solar, e este valor global da energia total que sobre ele incide, Ri, é, então, relacionado com o calor armazenado. No que se refere às temperaturas ambientes, cada face do elemento é submetida a um perfil médio diário típico. Estes perfis foram gerados com base em alguns parâmetros característicos da temperatura, nomeadamente a temperatura média (Tméd), a amplitude térmica (∆T) e as horas de ocorrência das temperaturas máxima e mínima (HTmax e HTmin respectivamente). Adoptou-se o método recomendado pelo LNEC/INMG [37] onde o perfil médio de temperaturas é constituído por três ramos sinusoidais [36]: T (t ) = Tmed + ⎡ ⎤ ∆T 180 cos ⎢ (t − H T max )⎥, 2 ⎣ 24 − H T max + H T min ⎦ T (t ) = Tmed − ⎡ ⎤ 180 ∆T cos ⎢ (t − H T max )⎥, 2 ⎣ H T max + H T min ⎦ T (t ) = Tmed + ⎡ ⎤ ∆T 180 cos ⎢ (t − H T max )⎥, 2 ⎣ 24 − H T max + H T min ⎦ capítulo 3 metodologia 0h ≤ t ≤ H T min H T min ≤ t ≤ H T max H T max ≤ t ≤ 24h (3.12) (3.13) (3.14) 63 O parâmetro Qarm, foi correlacionado com o parâmetro ∆T, único que de facto tem alguma influência, uma vez que a quantidade de calor que cada elemento armazena está relacionada com as flutuações de temperatura sofridas pela sua massa e não com o valor absoluto dessas temperaturas. No ponto seguinte mostra-se a forma de cálculo do calor armazenado nos elementos construtivos. 3.3.3 Calor armazenado em vários elementos Para o cálculo do calor armazenado foram estabelecidas correlações matemáticas entre os três parâmetros em jogo (Ri, ∆T e Qarm) [2,34], pelo que se dividiu o estudo em três partes. Primeiro analisou-se a variação do calor armazenado, Qarm, com a variação da amplitude térmica diária, ∆T. Em seguida, estudou-se a variação do calor armazenado com a radiação solar incidente, Ri. Por último, relacionam-se estes três factores em simultâneo. Os elementos construtivos foram divididos em dois grupos, de acordo com a localização no edifício [35]: • elementos de separação interiores: com ou sem simetria de condições fronteira no que se refere aos perfis de temperaturas ambientes nas duas faces dos elementos; • elementos da envolvente interior ou exterior: considerando-se neste caso apenas os elementos isolados pela superfície exterior ou com isolamento aplicado na caixa de ar. Os elementos exteriores sem isolamento não foram considerados porque esta prática construtiva tende a desaparecer rápidamente dados os níveis de exigência impostos pela legislação em vigor [20]. Para relacionar o calor armazenado com o ∆T interior, para cada valor de energia total incidente no elemento armazenador, fez-se variar este parâmetro entre 2 ºC e 12 ºC. Em todas as situações e para todos os elementos estudados, verificou-se uma relação quasi-linear entre estes dois parâmetros, qualquer que seja o valor da energia solar incidente. Obviamente, quanto maior for a amplitude térmica sofrida pelo elemento, maior é a quantidade de calor por ele armazenada [36]. As correlações matemáticas entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior (Ri), podem ser apresentadas, para todos os elementos construtivos de acordo com a equação genérica: capítulo 3 metodologia 64 Qarm = A∆TRi + BRi + C∆TRi + DRi + E∆T + F 2 2 ( MJ / m 2 ) (3.15) Para analisar a variação do calor armazenado exclusivamente com a radiação solar incidente, fixou-se o valor da amplitude térmica e fez-se variar o valor deste parâmetro. Os valores dos coeficientes A, B, C, D, E, e F da equação genérica 3.15 para diversos elementos constituintes da envolvente podem ser observados no anexo A [34]. Para a obtenção destes valores foram usados valores de referência para as propriedades termofísicas dos materiais [20,27], e consideraram-se as geometrias e as dimensões mais usuais para esses materiais [24,25]. Consideraram-se, ainda, rebocos de cor clara (coeficientes de absorção solar de 0.35) bem como os revestimentos de piso em madeira com valores do coeficiente de absorção solar da ordem de 0.60 ou ladrilho cerâmico com valores do coeficiente de absorção solar 0.35 [34,36]. Estes valores foram utilizados para quantificar a quantidade de calor armazenada diariamente pelos diversos elementos construtivos. Este parâmetro foi utilizado no modelo utilizado, o que permite, de um modo simples, quantificar a inércia de um espaço fechado e, ao mesmo tempo, fazer a previsão da evolução horária da temperatura ambiente desse espaço. A quantificação da quantidade de calor armazenada foi feita para vários elementos construtivos, os mais típicos das construções portuguesas, de modo a cobrir as várias situações possíveis no que se refere ao tipo de material, à sua espessura ou ao tipo de elemento: interior, exterior, simples, composto, isolado, não isolado, homogéneo, maciço, etc. Os valores dos coeficientes A, B, C, D, E, e F da equação genérica 3.15 para diversos elementos constituintes da envolvente foram inseridos na base de dados do programa, pelo que na escolha do elemento constitutivo como definição do elemento da envolvente faz com que o programa assuma automaticamente os valores dos coeficientes respectivos e de acordo com as tabelas do anexo A. É de referir que nesta versão do programa e uma vez que nele está incluída a generalidade dos tipos mais frequentes de elementos constitutivos da envolvente, não existe a possibilidade de definição de um outro tipo de elemento. Os coeficientes que aparecem no quadro de definição do elemento da envolvente são os correspondentes ao elemento escolhido. capítulo 3 metodologia 65 3.4 Método de cálculo da temperatura ambiente interior Na equação 3.1 o valor da temperatura ambiente interior – Tint – é desconhecido bem como o valor da capacidade térmica efectiva – Ceff – uma vez que este parâmetro também depende do valor da temperatura interior (mais concretamente da amplitude) e do valor da energia solar incidente. Para se dar inicio à simulação é, então, necessário arbitrar um valor para a amplitude térmica diária interior – ∆T – à custa do qual é calculado um valor inicial para o parâmetro Ceff característico do espaço. A quantidade de calor que cada elemento consegue armazenar está relacionada com o que se passou com esse elemento em períodos anteriores. Cada elemento tem um “passado” em termos térmicos que influencia o seu comportamento presente. Por isso, o cálculo do calor armazenado, Qarm e do respectivo valor da capacidade térmica efectiva, Ceff, não deve ser feito apenas numa base diária com um único valor característico para um dia, não entrando em consideração, no dia seguinte, com o que se passou termicamente, pelo menos no dia anterior. No modelo utilizado [2], para de algum modo se entrar em consideração com este facto, e embora usando novamente um método simplificado, em vez de se considerar um valor único de Ceff, como faz a maioria dos modelos existentes, ou mesmo de os actualizar em cada período de 24 horas, coincidente com um dia, ele é aqui calculado hora a hora tendo em consideração a amplitude térmica (∆T) verificada nas 24 horas anteriores e o valor de radiação solar incidente (Ri) dessas mesmas últimas 24 horas. O cálculo de Ri depende da geometria do compartimento e da geometria e dimensões do envidraçado. Como a altura e o azimute do Sol estão em constante mutação, e a mancha solar em qualquer um dos elementos armazenadores da envolvente não é estática, dependendo da hora, local, época do ano e geometria do compartimento, haverá zonas que não estarão expostas à radiação solar ao longo de todo o dia e outras que o estarão mas por períodos de tempo distintos e em horas diferentes do dia. Usando de novo um método simplificado, optouse por dividir cada elemento armazenador em áreas e, em função da geometria solar do caso em estudo, calcular a energia solar que incide em cada uma delas. Uma vez identificadas estas áreas (Ai) e o respectivo valor da energia solar total incidente em cada uma (Ri), recorrendo às regressões do ponto anterior, facilmente se calcula o valor do calor armazenado por esse elemento: elemento Qarm = ∑i =1 Qarmi Ai n (3.16) capítulo 3 metodologia 66 em que o parâmetro Qarmi é o valor encontrado, para cada área Ai, da quantidade de calor armazenado por m2. Uma vez determinado o primeiro valor do parâmetro Ceff, e à custa da equação (3.1), são calculados os valores da temperatura ambiente ao longo de um período de 24 horas e, em seguida, o valor da amplitude térmica verificada nesse mesmo período. Este último valor é posteriormente comparado com o valor inicialmente arbitrado de ∆T. Quando os valores, inicial e final de ∆T convergirem, está encontrado o valor da capacidade térmica efectiva característico dessas primeiras 24 horas e o respectivo perfil de variação de temperatura ambiente interior. Ao fim das primeiras 24 horas, o cálculo de Ceff passa a ser feito hora a hora tendo sempre em consideração os últimos 24 valores da temperatura ambiente e da radiação solar incidente. 3.5 Desenvolvimento do modelo de cálculo O programa mpcte resolve a equação 3.1 de balanço térmico de um espaço fechado não climatizado. Com este programa é possível obter a evolução horária da temperatura ambiente no interior do espaço em função da solução construtiva existente bem como o parâmetro Ceff, que está dependente das temperaturas ambientes e da radiação solar incidente em cada uma das superfícies que constituem a envolvente desse espaço. O modelo teórico associado ao programa mpcte pode ser dividido em três importantes estádios de cálculo: i – Ângulos solares: onde são obtidos todos os parâmetros relacionados com os ângulos solares, necessários ao calculo da evolução da mancha solar incidente em cada elemento da envolvente. ii – Quantidade de calor e energia solar incidente: onde é calculada a quantidade de calor armazenada, bem como a energia solar incidente nos vários elementos pertencentes à envolvente Em relação à quantidade de calor armazenado, é nesta fase que são fornecidas as correlações matemáticas entre o calor armazenado (Qarm), a energia solar incidente (Ri) e a amplitude térmica verificada no interior do espaço em estudo (∆T). É também nesta fase que é calculada a energia solar incidente nos vários elementos, ou seja, o parâmetro Ri e a respectiva área. Dada a evolução contínua da mancha solar em cada superfície, hora a hora é calculada a energia solar total incidente e a respectiva área. Para a realização deste cálculo é capítulo 3 metodologia 67 necessário fornecer a radiação solar incidente numa superfície vertical orientada a Sul que, de acordo com a metodologia a seguir apresentada, é convertida em radiação incidente numa dada superfície qualquer que seja a sua orientação. Para tal é necessário recorrer a algumas noções de geometria solar uma vez que o valor da radiação solar que incide numa dada superfície depende da latitude do lugar, da altura do sol e do azimute da superfície, conforme se poderá observar mais a frente. iii – Capacidade térmica efectiva e temperatura ambiente interior: nesta fase é calculada para cada hora a capacidade térmica efectiva do compartimento fechado e a respectiva temperatura interior (Tint) ao longo de todo o período de simulação. O cálculo da temperatura é efectuado recorrendo à equação de balanço de energia 3.1. 3.5.1 Geometria solar Como já referido, uma vez que o valor da radiação solar que incide numa dada superfície depende da latitude do lugar, da altura do sol e do azimute da superfície, é necessário utilizar algumas noções de geometria solar que permitam definir com rigor a evolução da mancha solar no interior do compartimento [38,39]: senα = cos Φ. cos δ . cos(hs) + senΦ.senδ (3.17) onde α − altura do sol Φ − latitude do lugar δ − declinação hs − ângulo horário A declinação, δ , pode ser calculada por: ⎛ ⎝ δ = 23.45.sen⎜ 360. (284 + n ) ⎞ 365 ⎟ ⎠ (º ) (3.18) Onde n é o dia do ano contado a partir de 1 de Janeiro. capítulo 3 metodologia 68 O ângulo solar, hs, obtém-se por: hs = (12 − TSV ) × 15 (3.19) (º ) Onde o Tempo Solar Verdadeiro (TSV) é obtido por: TSV = TL + ET + ⎧1 − Abril → Setembro −⎨ 15 ⎩0 − Outubro → Março λ * (horas ) (3.20) sendo λ a longitude do lugar e ET a equação do tempo representada na figura 3.3 20 15 minutos 10 5 0 -5 0 50 100 150 200 250 300 350 400 -10 -15 -20 Equação do Tempo Figura 3.3 – Equação do Tempo O azimute solar, as, é obtido pela seguinte expressão: sen(a s ) = cos(δ ). sen(hs ) cos(α ) (o) (3.21) Em função destes parâmetros é então possível determinar a energia solar total incidente nas diversas superfícies ao longo de um dia e a respectiva área. _________________________ * Nas referências indicadas [38,39], para a obtenção do tempo solar verdadeiro é subtraída 1 hora ou 0 horas conforme a época do ano. Devido à alteração da nossa hora legal, os valores terão de ser corrigidos para 2 horas e 1 hora respectivamente. capítulo 3 metodologia 69 Apresenta-se de seguida a metodologia adoptada para as várias superfícies, de modo a determinar a evolução da mancha solar ao longo do dia e do ano: 3.5.1.1 Pavimento De acordo com a figura 3.4, os parâmetros D e l são os limites da área do pavimento atingido pela radiação solar: L α H l D as-ar D* + _ Figura 3.4 – Área do pavimento atingida pela radiação solar ⎫ ⎪ H ⎪ . cos(a s − a r ) ⎬⇒ D = tgα ⎪ D = D * . cos(a s − a r ) ⎪ ⎭ ( m) (3.22) ⎫ ⎪ H ⎪ . cos(a s − a r ) ⎬⇒ D = tgα ⎪ D = D * . cos(a s − a r ) ⎪ ⎭ ( m) (3.23) tgα = tgα = H D* H D* onde, ⎫ l − L = D * .sen(a s − a r )⎪ ⎪ ⎬ ⇒ l = L + D.tg (a s − a r ) ⎪ D D* = cos(a s − a r ) ⎪⎭ capítulo 3 metodologia ( m) (3.24) 70 A quantidade de energia solar que entra no compartimento, Qsol, é obtida, de acordo com a figura 3.5, por: G H . cos(a s ) = G sol QH * ⎫ G .L .H . cos(a r ) ⎪ = G H * .Lwi .H wi . cos(a r − a s )⎬ ⇒ Qsol = sol wi wi cos(a s ). cos(α ) ⎪ Qsol . cos(α ) = QH * ⎭ (J ) (3.25) onde Lwi e Hwi são as dimensões do envidraçado. horizontal GH* as GSOL vertical QSOL as ar as-ar α QH* + _ Figura 3.5 – Radiação solar que entra no compartimento Quando a radiação atinge uma determinada área dx.dy, a quantidade de energia recebida por essa área nas horas precedentes é aumentada de Ifloor.(dx.dy), onde: cos(a s − a r ) ⎫ tg (α ) ⎪ G sol .tg (α ). cos(a r ) ⎪ ⎬ ⇒ I floor = cos(a s − a r ). cos(a s ). cos(α ) ⎪ = I floor . A floor ⎪ ⎭ A floor = H wi * Li . Qsol (J ) (3.26) 3.5.1.2 Paredes laterais Usando uma metodologia semelhante para as paredes laterais, os limites da área atingida pela radiação solar, D e h, e os valores da energia incidente, Isw, de acordo com a figura 3.6, são: capítulo 3 metodologia 71 L H H α h* h as-ar L* L + D _ Figura 3.6 – Área da parede lateral que recebe radiação solar D= L tg (a s − a r ) (3.27) (m) h = H − h* ⎫ h* = l * .tg (α ) ⎪⎪ d .tg (a s − a r ).tg (α ) ⇒h=H− 1 ⎬ l* = sen(a s − a r ) sen(a s − a r ) ⎪ ⎪ l = d .tg (a s − a r ) ⎭ Asw = Qsol Lwi .H wi ⎫ tg (a s − a r ) ⎪ G sol .tg (a s − a r ). cos(a r ) ⎪ ⎬ ⇒ I sw = cos(a s ). cos(α ) = I sw . Asw ⎪ ⎪ ⎭ ( m) (J ) (3.28) (3.29) 3.5.1.3 Parede do fundo Para a parede do fundo, o processo é o mesmo. De acordo com a figura 3.7, os limites da área atingida pela radiação solar, l e h, e os valores da energia incidente, Ibw, são: capítulo 3 metodologia 72 L H α H* H h l* as-ar l + _ Figura 3.7 – Área da parede fundo que recebe radiação solar ⎫ ⎪ tg (α ) ⎪ H * = D * .tg (α ) ⎬ ⇒ h = H − D. cos(a s − a r ) ⎪ D D* = cos(a s − a r ) ⎪⎭ h=H −H* ( m) (3.30) l = L−l* ⎫ D ⎪ D ⎬⇒l = L+ l* = tg (a s − a r ) tg (a s − a r )⎪⎭ ( m) (3.31) Abw = H wi .Lwi ⎫ G sol . cos(a r ) ⎬ ⇒ I bw = Qsol = I bw . Abw ⎭ cos(a s ). cos(α ) (J ) (3.32) Como se pode verificar nas equações, para o cálculo da energia solar incidente nas diversas superfícies, é assumido um local fixo na Terra, definido pela latitude. É, por isso, necessário mudar o valor deste parâmetro quando se muda de local de simulação. 3.6 Modelação dos elementos da envolvente Para cada elemento da envolvente, parede, pavimento, cobertura ou envidraçado, foram executados diversas bases de dados que correspondem aos elementos característicos que regem o comportamento térmico de cada elemento. Para a definição de cada um destes elementos é necessária a contribuição de diversos factores que se encontram intrinsecamente ligados às características de cada um. Nos pontos seguintes, irá ser feita uma abordagem capítulo 3 metodologia 73 acerca de cada elemento da envolvente e o modo como a sua definição no programa assume diversos pressupostos de ordem regulamentar e numérica. 3.6.1 Dados gerais do programa A definição dos dados gerais pressupõe a indicação de diversos elementos necessários à execução das rotinas de cálculo do programa relacionadas sobretudo com o cálculo dos ângulos solares. De facto será necessário definir o período de simulação, geometria do compartimento, latitude, longitude, número de renovações de ar por hora, algumas características geométricas do compartimento e as distâncias entre os elementos de paredes laterais e o vão envidraçado. Estas distâncias são necessárias para que a cada hora o programa assuma o cálculo exacto dos ângulos solares de modo à definição da área de parede atingida pela radiação solar incidente. 3.6.2 Elementos de parede Para a definição deste elemento foi inserida a base de dados referente às correlações matemáticas entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior (Ri), apresentadas, de acordo com a equação genérica 3.15, e de acordo com o tipo de parede e condição fronteira estabelecida, quer seja no confinamento de espaços interiores ou exteriores. Esta base de dados é relativa aos seguintes tipos de parede e condição fronteira: • paredes simples que confinam com espaços interiores (simples interior); • paredes duplas que confinam com espaços exteriores (dupla exterior); • paredes simples que confinam com espaços exteriores (simples exterior). No programa está inserido ainda outro tipo de parede (dupla interior) mas que não se encontra disponível nesta versão de programa. A selecção do tipo de parede carrega automaticamente a base de dados respectiva onde se pode encontrar diversas tipologias construtivas associadas. Cada definição pressupõe os coeficientes A, B, C, D e F respectivos, e referentes à equação genérica 3.15, os quais são automaticamente colocados na tabela que se encontra na parte inferior da janela. De notar que não é possível a introdução de qualquer outro tipo de elemento sem ser aqueles que se encontram na base de dados, ou alteração dos valores dos mesmos. capítulo 3 metodologia 74 É também necessário definir a orientação da parede para que o programa consiga estabelecer a localização do elemento nas coordenadas espaciais que estão na base do cálculo dos ângulos solares. É de referir que para tal, na definição de cada elemento, terá de ser dada uma referência de acordo com o indicado na figura 3.1 (pfundo, pldir, plesq e pfachada). Os restantes elementos necessários ao funcionamento do programa são o coeficiente global de perdas do elemento (U) e a respectiva área (A). O programa necessita de verificar a completa ortogonalidade do espaço. Isto acontece devido à forma como são calculados os ângulos solares com os elementos. Devido a esta situação, nesta versão do programa, apenas é permitida a introdução de quatro elementos de parede, onde cada um assume características constantes em dimensão e constituição. 3.6.3 Elementos de cobertura À semelhança dos elementos de parede, também para a definição da cobertura foi inserida a base de dados referente às correlações matemáticas entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior (Ri), apresentadas, de acordo com a equação genérica 3.15, e de acordo com o tipo de cobertura e condição fronteira estabelecida, quer seja no confinamento de espaços interiores ou exteriores. Nesta versão do programa apenas se encontra disponível a opção de tipologia de cobertura executada em blocos e vigotas de betão armado e pré-esforçado (B.A.P.E). Esta base de dados é relativa aos seguintes tipos de cobertura e condição fronteira: • blocos + vigotas de B.A.P.E que confina com espaços interiores (espaços úteis); • blocos + vigotas de B.A.P.E que confina com espaços exteriores (espaços não úteis). A selecção do tipo de condição fronteira carrega automaticamente a base de dados respectiva onde se podem encontrar diversas tipologias construtivas associadas. Cada definição pressupõe os coeficientes A, B, C, D e F respectivos, e referentes à equação genérica 3.15, os quais são automaticamente colocados na tabela que se encontra na parte inferior da janela. De notar que não é possível a introdução de qualquer outro tipo de elemento sem ser aqueles que se encontram na base de dados, ou alteração dos valores dos mesmos. Devido à ortogonalidade do espaço, apenas é permitida a introdução de um elemento de cobertura, que assume características constantes em dimensão e constituição. capítulo 3 metodologia 75 É de referir ainda que, na definição de cada elemento, terá de ser dada uma referência, que poderá ser qualquer uma vez que este elemento não está sujeito aos mesmos condicionalismos impostos na definição das paredes. Os restantes elementos necessários ao funcionamento do programa são igualmente, o coeficiente global de perdas do elemento (U) e a respectiva área (A). 3.6.4 Elementos de pavimento À semelhança dos elementos de cobertura, também para a definição do pavimento foi inserida a base de dados referente às correlações matemáticas entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior (Ri), apresentadas, de acordo com a equação genérica 3.15 e de acordo com o tipo de pavimento e condição fronteira estabelecida, quer seja no confinamento de espaços interiores ou exteriores. Nesta versão do programa estão disponíveis duas opções de tipologia de pavimento: em blocos e vigotas de betão armado e pré-esforçado (B.A.P.E) ou em betão armado. Esta base de dados é relativa aos seguintes tipos de pavimento e condição fronteira: • blocos + vigotas de B.A.P.E que confina com espaços interiores (espaços úteis); • blocos + vigotas de B.A.P.E que confina com espaços exteriores (espaços não úteis); • betão armado que confina com espaços exteriores (espaços não úteis). Nesta versão do programa não se encontra disponível a opção de pavimento de betão armado que confina com espaços interiores (espaços úteis). A selecção do tipo de condição fronteira carrega automaticamente a base de dados respectiva onde se pode encontrar diversas tipologias construtivas associadas. Cada definição pressupõe os coeficientes A, B, C, D e F respectivos, e referentes à equação genérica 3.15, os quais são automaticamente colocados na tabela que se encontra na parte inferior da janela. De notar que não é possível a introdução de qualquer outro tipo de elemento sem ser aqueles que se encontram na base de dados, ou alteração dos valores dos mesmos. É de referir ainda que, na definição de cada elemento, terá de ser dada uma referência, que novamente poderá ser qualquer uma, vez que este elemento também não está sujeito aos mesmos condicionalismos impostos na definição das paredes. Os restantes elementos capítulo 3 metodologia 76 necessários ao funcionamento do programa são também o coeficiente global de perdas do elemento (U) e a respectiva área (A). 3.6.5 Elementos envidraçados Para a definição de um elemento envidraçado o programa necessita de elementos como a orientação, definição do tipo de vidro e protecção, da área do vão, coeficiente global de perdas, factor de sombreamento e factor de redução do vão. Estes elementos são necessários para a completa discretização e desempenho térmico do elemento. De notar que nesta versão o programa apenas permite a introdução de um vão envidraçado. 3.6.5.1 Factor solar do vão envidraçado O programa apresenta duas soluções de estrutura de vidro: vidro simples ou vidro duplo. Através da selecção do tipo de vidro tem-se acesso às opções de protecção solar do vão, que poderão ser de três tipos: • sem protecção solar; • com protecção interior; • com protecção exterior. Na definição de elementos envidraçados com protecção, o programa entra em linha de conta com os diversos factores solares associados quer ao tipo de vidro quer ao tipo de protecção solar, e que foram introduzidos numa base de dados do programa. Assim, e após a selecção da constituição do vidro e da opção de protecção, o programa assume para o factor de protecção do vão a seguinte metodologia de cálculo: Se existir protecção solar e o vidro for simples e incolor: factor solar do vão = fsp onde: fsp – factor solar da protecção capítulo 3 metodologia 77 Se existir protecção solar e o vidro for simples e colorido: factor solar do vão = fsv × fsp 0.85 onde: fsp – factor solar da protecção fsv – factor solar do vidro Se existir protecção solar e o for vidro duplo e incolor: factor solar do vão = fsp Se existir protecção solar e o vidro for duplo e colorido: factor solar do vão = fsv × fsp 0.75 Se não existir protecção solar: factor solar do vão = fsv 3.6.5.2 Factor de sombreamento (fs) O factor de sombreamento serve para traduzir a existência de elementos susceptíveis de criar efeitos de sombra no vão, diminuindo deste modo os ganhos solares através do envidraçado. O factor de sombreamento poderá traduzir a existências de palas de sombreamento verticais ou horizontais ou simplesmente a existência de obstáculos à incidência directa dos raios solares sobre o envidraçado. No capítulo seguinte mostra-se de que modo todos estes factores foram tidos em conta através da implementação do modelo num programa de cálculo automático. capítulo 3 metodologia 78 CAPÍTULO 4 Implementação do modelo num programa de cálculo automático Neste capítulo, será feita a demonstração da aplicação do modelo num programa de cálculo automático, desenvolvido em linguagem de programação Visual Basic 6.0. A utilização desta plataforma de programação, vem acrescentar um maior poder de contextualização entre as diversas partes do modelo e o utilizador, conforme se poderá constatar através dos pontos seguintes. 4.1 Caracterização geral O desenvolvimento de modelos em linguagem Visual Basic 6.0 consiste essencialmente na programação de “objectos” permitindo estabelecer um interface gráfico entre o utilizador e o modelo de cálculo inserido nos códigos de programação. Deste modo o modelo apresentado pode dividir-se em duas partes distintas: inputs e outputs. Os “objectos” referentes aos dados necessários ao funcionamento do programa (inputs) são necessários para a constituição de uma base de dados de referência onde as rotinas de cálculo associadas ao modelo teórico desenvolvido irão permitir a obtenção dos resultados finais do estudo. Os outputs são assim, a consequência final do desenvolvimento de diversas sequências de procedimentos. 4.2 Utilizando o programa Para que a aplicação se inicie terá de se proceder à instalação do programa através do Setup de instalação contido no CD que acompanha este trabalho. É de referir que com a instalação do programa é instalado também o respectivo manual de utilização com a extensão .pdf. Para executar o programa recomenda-se como configuração mínima a utilização de um processador Pentium II 250Mhz com 64 MB de memória RAM e uma resolução gráfica de 1024×768, sob sistema operativo Windows (98, 2000, NT, xp). O programa é composto por diversos módulos (objectos) que permitem ao utilizador uma interacção com os dados de entrada de forma a caracterizar física e espacialmente o modelo de simulação. Através da figura 4.1 pode-se ter uma perspectiva da maneira como estes objectos estão organizados. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 79 mpcte Ficheiro Climático Paredes dados de paredes elemento de parede CÁLCULO Coberturas dados de coberturas elemento de cobertura RESULTADOS Pavimentos dados de pavimentos elemento de pavimento Envidraçados dados de envidraçados elemento de envidraçado Definição da Envolvente Dados Gerais gráficos ficheiro .res Temperatura - Tempo Amplitude Térmica - Tempo Ceff - Tempo Ceff - Amplitude Térmica Figura 4.1 – Organograma do programa A figura 4.2 representa a janela de entrada do programa. Para se aceder a esta janela basta clicar no ícone do programa que estará disponível após a instalação do mesmo. Figura 4.2 – Janela de entrada do programa 4.2.1 Como iniciar um trabalho Os módulos de inputs que permitem definir e caracterizar o modelo em estudo, tanto física como espacialmente, estão situados na parte superior do programa, conforme se pode observar na figura 4.3. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 80 Figura 4.3 – Menu “Projecto” de entrada do programa Através do menu “Projecto” pode-se optar por iniciar um novo trabalho, abrir um outro já efectuado (.mce) ou simplesmente sair do programa. Os restantes menus desta janela “Ajuda” e “Mpcte”, permitem, como o próprio nome indica, aceder a menus de ajuda, o primeiro, e informações do programa, o segundo. A partir do menu Projecto dá-se início a um novo trabalho (Figura 4.3). Através do item Novo acede-se a uma janela denominada “Dados Gerais do Projecto”, que terá o aspecto idêntico ao apresentado na figura 4.4. Figura 4.4 – Janela de definição de dados gerais do projecto capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 81 Nesta janela, além de se poder definir espacialmente o compartimento, pode-se também introduzir informação relativa ao período de simulação, as coordenadas do local no globo terrestre – latitude e longitude – e a variável N, correspondente ao número de renovações de ar no compartimento. Esta janela permite também guardar o projecto em curso com a extensão .dat. Este ficheiro está organizado de forma a colocar todos os dados relativos ao projecto e servirá sobretudo para facilitar a análise dos dados inseridos. Simultaneamente será gerado um novo ficheiro, com o mesmo nome do definido anteriormente, mas com extensão .mce. Este ficheiro será um ficheiro do programa, que servirá apenas para leitura dos dados do projecto guardado. Em caso de se abrir um trabalho já executado, será este o ficheiro a seleccionar. 4.2.2 Caracterização da envolvente Seleccionando o subitem “Caracterização da Envolvente”, tem-se acesso a um outro nível de definição da envolvente, mais específico, permitindo seleccionar qual o elemento da envolvente a definir, conforme se pode observar na figura 4.5. Figura 4.5 – Menu “Dados” capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 82 4.2.2.1 Definição de elementos de parede Através da selecção do elemento “Paredes” tem-se acesso a uma outra janela – “Dados de Paredes” (Figura 4.6), onde será definido mais concretamente o elemento. Esta nova janela faz a gestão dos elementos, permitindo, através dos comandos situados na sua parte superior, adicionar, editar, eliminar, duplicar elementos e retornar à janela de “Dados Gerais do Projecto”. Permite também através do último comando, aceder à ajuda disponibilizada pelo programa. Todos os campos em branco serão preenchidos apenas e só quando se aceder à próxima janela através do comando “adicionar”. Figura 4.6 – Janela referente a “Dados de Paredes” Ao se optar por “adicionar” um elemento, acede-se a uma outra janela (Figura 4.8) que permitirá definir a designação e referência do elemento, a sua constituição física, a sua orientação, o tipo e condição fronteira, área e o respectivo coeficiente global de perdas do elemento (U). É de notar que imediatamente antes de se aceder à janela da figura 4.8, irá aparecer no ecrã uma mensagem de aviso (Figura 4.7) relativamente ao cuidado a ter ao preencher o campo referência e que está relacionado com o modo como a informação é tratada no interior do programa. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 83 Figura 4.7 – Janela de alerta para introdução de paredes Figura 4.8 – Janela para definição de elemento de parede Os coeficientes que aparecem na janela são os mesmos da equação genérica já definida no capítulo anterior e que podem ser encontrados na tabela A1.6 do anexo A, referentes à correlação matemática entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior do elemento (Ri). O programa permite definir até quatro elementos de parede (1) , pelo que se tentar introduzir um quinto elemento, surgirá no ecrã a mensagem da figura 4.9. _________________________ (1) Em cada orientação o programa apenas admite a definição de um único elemento com características constitutivas homogéneas. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 84 Figura 4.9 – Mensagem de alerta de limite máximo de elementos O menu “Projecto” permitirá voltar ao menu principal de “Dados de Paredes”, onde a janela da figura 4.6 terá agora o aspecto da figura 4.10. Figura 4.10 – Janela de “Dados de Paredes” com um elemento definido O tratamento da informação disponível será efectuada da forma já descrita anteriormente e permitirá completar o quadro de paredes (Figura 4.11) ou voltar para a janela da figura 4.4 – “Dados Gerais do Projecto” – para definição dos restantes elementos da envolvente. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 85 Figura 4.11 – Janela de “Dados de Paredes” completamente definida 4.2.2.2 Definição de elementos de cobertura De volta à janela da figura 4.5, seleccionar-se-á agora o item “Coberturas”. Ao fazê-lo, temse acesso a uma janela em tudo idêntica à da figura 4.6, com todos os comandos necessários para efectuar o mesmo nível de tratamento de dados do verificado para os elementos de parede, mas onde os campos traduzem outro tipo de informação necessária para a definição deste novo elemento da envolvente, nomeadamente a definição do tipo de condição fronteira estabelecida, conforme se pode observar na figura 4.12. Figura 4.12 – Janela referente a “Dados de Coberturas” capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 86 De referir que a condição fronteira pode ser definida de duas formas: • Confinante com espaços úteis (E.U.); • Confinante com espaços não úteis (E.N.U.). Utilizou-se a definição de espaço útil e não útil que é utilizada no RCCTE [20]. Seguindo o mesmo procedimento adoptado para as paredes, pode-se adicionar um novo elemento de cobertura através do comando “adicionar”. Deste modo tem-se acesso à janela da figura 4.13. Figura 4.13 – Janela para definição de elemento de cobertura Também para este elemento, os coeficientes que aparecem na janela são os mesmos da equação genérica já definida no capítulo anterior e que podem ser encontrados na tabela A1.4 do anexo A, referentes à correlação matemática entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior do elemento (Ri). O programa permite definir neste caso apenas um elemento de cobertura (2), pelo que se tentar a introdução de um outro elemento, surgirá no ecrã a mensagem da figura 4.14. _________________________ (2) O programa apenas admite a definição de um único elemento de cobertura com características constitutivas homogéneas. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 87 Figura 4.14 – Mensagem de alerta de limite máximo de elementos O menu “Projecto” permitirá voltar ao menu principal de “Dados de Coberturas”, onde a janela da figura 4.12 terá agora o aspecto da figura 4.15. Figura 4.15 – Janela de “Dados de Coberturas” com um elemento definido De forma análoga aos procedimentos efectuados para os elementos de parede, pode-se agora tratar a informação disponível da forma já descrita ou voltar para a janela da figura 4.4 – “Dados Gerais do Projecto” – para definição de outros elementos da envolvente. 4.2.2.3 Definição de elementos de pavimento De volta à janela da figura 4.5, e seleccionando agora o item “Pavimentos”, tem-se acesso a uma janela idêntica à da figura 4.12, com todos os comandos necessários para efectuar o mesmo nível de tratamento de dados, e onde também os campos traduzem a mesma informação necessária à semelhança do elemento “Cobertura”, conforme se observa pela análise da figura 4.16. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 88 Figura 4.16 – Janela referente a “Dados de Pavimentos” Através do comando “adicionar” tem-se acesso a uma outra janela (Figura 4.17) onde se pode definir a designação e referência do elemento, o tipo de pavimento e sua constituição física, a condição fronteira, área e o respectivo coeficiente global de perdas do elemento (U). Figura 4.17 – Janela para definição de elemento de pavimento Também para este elemento, os coeficientes que aparecem na janela são os mesmos da equação genérica já definida no capítulo anterior e que podem ser encontrados na tabela A1.3 capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 89 do anexo A, referentes à correlação matemática entre as três variáveis, calor armazenado (Qarm), amplitude térmica diária (∆T) e energia solar incidente na face interior do elemento (Ri). O programa permite definir apenas um elemento de pavimento (3) , pelo que se tentar a introdução de um outro elemento, surgirá no ecrã a mensagem da figura 4.18. Figura 4.18 – Mensagem de alerta de limite máximo de elementos O menu “Projecto” permitirá voltar ao menu principal de “Dados de Pavimentos”, onde a janela da figura 4.16 terá agora o aspecto da figura 4.19. Figura 4.19 – Janela de “Dados de Pavimentos” com um elemento definido De forma análoga aos procedimentos efectuados para os elementos de parede, pode-se agora tratar a informação disponível da forma já descrita ou voltar para a janela da figura 4.4 – “Dados Gerais do Projecto” – para definir outros elementos da envolvente. _________________________ (3) O programa apenas admite a definição de um único elemento de pavimento com características constitutivas homogéneas. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 90 4.2.2.4 Definição de elementos envidraçados Utilizando ainda o mesmo tipo de procedimento, e seleccionando agora o item “Envidraçados” a partir da janela da figura 4.5, tem-se acesso a uma outra janela, idêntica à da figura 4.12, com todos os comandos necessários para efectuar o mesmo nível de tratamento de dados, e onde também os campos traduzem a mesma informação necessária à semelhança do elemento “Parede”, conforme se observa pela análise da figura 4.20. Figura 4.20 – Janela referente a “Dados de Envidraçados” Ao se proceder à adição de um novo elemento tem-se acesso a uma outra janela (Figura 4.21) onde se poderão definir os seguintes elementos: • - designação e referência que permitirão ao projectista identificar a solução; • - tipo de vidro; • - tipo de protecção solar; • - orientação do envidraçado; • - área total do vão envidraçado (A); • - factor de redução do vão (FRV); • - factor de sombreamento (fs); • - coeficiente global de perdas (U). capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 91 Figura 4.21 – Janela para definição de elemento de envidraçado O programa permite definir apenas um elemento envidraçado (4) , pelo que se tentar a introdução de um outro elemento, surgirá no ecrã a mensagem da figura 4.22. Figura 4.22 – Mensagem de alerta de limite máximo de elementos O menu “Projecto” permitirá voltar ao menu principal de “Dados de Pavimentos”, onde a janela da figura 4.20 terá agora o aspecto da figura 4.23. _________________________ (4) O programa apenas admite a definição de um único elemento envidraçado com características constitutivas homogéneas. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 92 Figura 4.23 – Janela de “Dados de Envidraçados” com um elemento definido A partir deste momento, onde todos os elementos da envolvente estão definidos, pode-se agora proceder ao carregamento do ficheiro climático (.clm), que irá fornecer os dados referentes à radiação e temperatura exterior durante o período de simulação. 4.2.3 Carregamento do ficheiro climático (.clm) (5) Este ficheiro normalmente é obtido recorrendo ao Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica através das suas estações de medição espalhadas pelo território nacional (isto se o local em estudo se localizar em Portugal). Para se proceder ao carregamento deste ficheiro, será necessário recorrer à janela da figura 4.5, e seleccionar o item “Dados de Elementos Climáticos” e de seguida o subitem “Por leitura de ficheiro” conforme indica a figura 4.24. O formato deste ficheiro é indicado mais à frente neste capítulo. _________________________ (5) Para criar um ficheiro de extensão .clm, basta editar a informação horária da radiação e temperatura num qualquer processador de texto e alterar a extensão para .clm. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 93 Figura 4.24 – Introdução de ficheiro de dados de elementos climáticos Deste modo opta-se por efectuar um carregamento mais rápido dos dados do que se se optasse pelo subitem “Por introdução de valores”, onde se teria que introduzir um a um os valores horários da radiação e temperatura exterior, o que objectivamente torna o processo muito mais moroso (Figuras 4.25, 4.26 e 4.27). capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 94 Figura 4.25 – Dados de elementos climáticos por introdução de valores Figura 4.26 – Dados de elementos climáticos por introdução de valores – Radiação Figura 4.27 – Dados de elementos climáticos por introdução de valores – Temperatura capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 95 Se se optar pela primeira hipótese, apenas se tem que considerar a existência de um ficheiro de extensão .clm conforme se pode observar na figura 4.28. Figura 4.28 – Dados de elementos climáticos por leitura de ficheiro. Neste ficheiro os dados são apresentados por colunas. Assim a primeira coluna é respeitante aos valores de radiação exterior e a segunda à temperatura exterior. Estes valores deverão estar separados por vírgulas como no exemplo abaixo. Rad. Text 0, 11.6 0, 11.5 0, 10.5 0, 9.4 0, 9 Exemplo: Rad = 0 W/m2, Text = 11.6ºC ….. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 96 De notar que neste exemplo os valores aparecem separados apenas para se ter uma melhor percepção das variáveis envolvidas. No ficheiro real não poderá haver qualquer espaçamento entre os valores e a vírgula. 4.2.4 Executando o cálculo Após a conclusão do carregamento do ficheiro climático está-se em condições de dar ordem de cálculo ao programa. Se eventualmente se der a ordem de cálculo sem se ter procedido ao carregamento do ficheiro climático será dado o alerta para o facto através da janela da figura 4.29. Figura 4.29 – Mensagem de falta de carregamento do ficheiro climático Após a ordem de cálculo o programa gera automaticamente um ficheiro de resultados com extensão .res (CAT1.res). Além deste ficheiro serão gerados também gráficos que podem ser consultados através do menu “Resultados” da figura 4.30. O ficheiro de resultados, que pode ser consultado mais à frente (Figura 4.51) dispõe de todos os elementos calculados e que estiveram na base do cálculo da temperatura ambiente interior e da capacidade térmica efectiva dos elementos. Este ficheiro pode ser dividido em duas partes. A 1ª parte serve essencialmente para efectuar uma análise horária, onde a cada hora, estão indicados os ângulos solares, perdas pela envolvente, perdas por infiltração, amplitude térmica das últimas 24 horas, capacidade térmica efectiva e temperatura ambiente interior. A 2ª parte serve sobretudo para efectuar uma análise gráfica com os parâmetros mais importantes calculados, neste caso a capacidade térmica efectiva e a temperatura ambiente interior. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 97 Figura 4.30 – Menu de gráficos gerados pelo programa Através do subitem “Temperatura – Tempo” obtém-se o gráfico da figura 4.31. Este gráfico mostra a evolução da temperatura interior média diária por sobreposição com a temperatura média exterior. Figura 4.31 – Gráfico Temperatura – Tempo gerado pelo programa capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 98 Através do subitem “Amplitude Térmica – Tempo”, obtém-se o gráfico da figura 4.32. Este gráfico efectua a sobreposição da temperatura interior média diária com a amplitude térmica diária verificada. Figura 4.32 – Gráfico Amplitude Térmica – Tempo gerado pelo programa Através do subitem “Ceff – Tempo”, obtém-se o gráfico da figura 4.33. Este gráfico mostra a evolução da capacidade térmica efectiva ao longo do período de simulação. Figura 4.33 – Gráfico Ceff – Tempo gerado pelo programa capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 99 Através do subitem “Ceff – Amplitude Térmica” obtém-se o gráfico da figura 4.34. Como referido na análise do gráfico anterior, também aqui se mostra a evolução da capacidade térmica efectiva com a amplitude térmica. È possível notar que, quanto maior é amplitude térmica menor é a capacidade térmica efectiva. Figura 4.34 – Gráfico Ceff – Amplitude Térmica gerado pelo programa Qualquer um destes gráficos possui uma opção de impressão que pode ser acedida através do menu “Projecto” localizado no canto superior esquerdo do gráfico. 4.2.5 Trabalhar com os comandos dos menus Todas as janelas possuem menus que permitem ao utilizador aceder aos diversos níveis do programa. Dentro destes níveis existem as denominadas janelas gerenciadoras dos elementos (Figuras 4.6, 4.12, 4.16 e 4.20), onde se pode efectuar o tratamento dos dados referentes aos vários elementos em estudo, pela utilização dos botões de comando incorporados em cada uma delas. É de referir que estes comandos são iguais para todas as janelas gerenciadoras. 4.2.5.1 Comando “adicionar” Figura 4.35 – Comando “adicionar” elementos capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 100 Este comando permite adicionar elementos de forma a permitir a definição da envolvente. Dá acesso à janela que permite definir o elemento da envolvente em estudo (Figuras 4.8, 4.13, 4.17 e 4.21) 4.2.5.2 Comando “editar” Figura 4.36 – Comando “editar” elementos Este comando permite editar um elemento já definido ou guardado num projecto anterior e dará acesso a uma janela de input (Figura 4.37) onde se tem de identificar qual o elemento a editar, através da numeração sequenciada no campo #. Figura 4.37 – Janela de definição de elemento a editar Ao ser identificado o elemento, ter-se acesso à janela (Figuras 4.8, 4.13, 4.17 e 4.21) onde consta toda a informação do elemento em estudo, podendo deste modo modificar-se os dados e promover as alterações pretendidas. 4.2.5.3 Comando “eliminar” Figura 4.38 – Comando “eliminar” elementos À semelhança do botão editar também o botão eliminar funciona com o mesmo tipo de procedimento, só que aqui, depois de se identificar o elemento a eliminar, o utilizador mantém-se na janela gerenciadora do elemento da envolvente em estudo. É de referir que após a eliminação de um elemento o programa ordena automaticamente o campo #. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 101 Figura 4.39 – Janela de definição de elemento a eliminar 4.2.5.4 Comando “duplicar” Figura 4.40 – Comando “duplicar” elementos Este comando permite proceder à duplicação de um elemento. Se eventualmente se tiver um elemento com as mesmas características de um outro já inserido, basta identificar qual o elemento, através da janela da figura 4.41, que imediatamente toda a informação desse elemento é copiada para um outro que passa a fazer parte da envolvente. Posteriormente podese editar o elemento e proceder às alterações que eventualmente sejam necessárias para completar a definição do elemento. É de referir que também aqui, após a duplicação de um elemento, o programa ordena automaticamente o campo #. Figura 4.41 – Janela de definição de elemento a duplicar 4.2.5.5 Comando “sair” Figura 4.42 – Comando “sair” capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 102 Este comando sai da janela gerenciadora e volta à janela da figura 4.5 – “Dados Gerais do Projecto”. 4.2.5.6 Comando “ajuda” Figura 4.43 – Comando “ajuda” Este comando permite ao utilizador aceder à ajuda disponibilizada pelo programa sempre que necessário. 4.2.6 Como utilizar o comando de “Ajuda” O programa disponibiliza a qualquer momento um manual de instruções de preenchimento dos campos de dados consoante o elemento envolvido. Este manual pode ser acedido através do item “Ajuda” localizado na barra de menus do programa. Conforme se pode observar pela figura 4.44, o menu “Ajuda” disponibiliza três tipos de ajuda fundamentais: o primeiro apresenta aspectos mais generalistas do menu de ajuda, nomeadamente como utilizar a mesma; o segundo diz respeito ao índice remissivo e ao acesso à ajuda necessária através de palavras-chave; o terceiro é apresentado através de um índice de itens ramificados, directamente relacionados entre si, apresentados consoante o nível a que se encontram dentro do programa. Figura 4.44 – Aceder aos menus de “Ajuda” capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 103 4.2.6.1 Como utilizar Este nível está relacionado com o modo de actuação deste menu. Tal como o nome indica, serve para o utilizador conhecer o ambiente disponibilizado e respectivo modo de actuação (Figura 4.45). Figura 4.45 – Como utilizar a ajuda 4.2.6.2 Índice remissivo Neste nível é incorporada uma lista de palavras onde se pode ter acesso a todos os elementos relacionados com o programa. Consoante o elemento analisado (n.d.r. elementos da envolvente) pode-se aceder a toda a informação disponibilizada pelo programa referente a esse elemento. Pode-se também aceder a todo o tipo de informação referente ao modo de configuração do espaço em estudo, nomeadamente a sua definição espacial e dimensional (Figura 4.46). capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 104 Figura 4.46 – Menu do índice remissivo Neste menu tem-se acesso também ao “Índice”, que não é mais que a estratificação dos níveis necessários para a correcta configuração do espaço (Figura 4.47). capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 105 Figura 4.47 – Menu do índice 4.2.6.3 Palavra-chave O utilizador ao seleccionar este nível de ajuda, está a redireccionar a ajuda para uma palavrachave, que está inserida no sistema, e que conduz para o tipo de ajuda necessária consoante a nossa localização dentro do programa. Deste modo se se estiver a definir, por exemplo, o elemento da envolvente “cobertura”, ao seleccionar este nível, o programa irá conduzir o utilizador directamente à ajuda relacionada com o elemento de cobertura (Figura 4.48). capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 106 Figura 4.48 – Menu de ajuda por palavra-chave 4.2.6.4 Aspecto final da ajuda disponibilizada Após a selecção do tipo de ajuda mais adequada ao caso em estudo, e definido o respectivo contexto, obtém-se um quadro com a descrição sucinta da informação mais relevante referente ao tema abordado. Para concretizar com um exemplo, suponha-se que se está a definir um elemento de cobertura e que se pretendes aceder ao nível de ajuda por palavra-chave. O quadro obtido seria o da figura 4.49. capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 107 Figura 4.49 – Ajuda referente a elemento de cobertura capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 108 4.2.7 Ficheiros gerados pelo programa 4.2.7.1 Ficheiro de dados Figura 4.50 – Ficheiro de dados capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 109 4.2.7.2 Ficheiro de resultados Devido à sua extensão apenas será exposto uma parte deste ficheiro para efeitos de apresentação do mesmo. O ficheiro completo poderá ser consultado no capítulo B1.2 do anexo B. Figura 4.51 – Ficheiro de resultados capítulo 4 implementação do modelo num programa de cálculo automático 110 CAPÍTULO 5 Aplicação do programa a um caso prático 5.1 Introdução Uma vez desenvolvido o programa, este foi testado com o objectivo de verificar a sua eficácia. Para isso, utilizou-se uma simulação efectuada em 1989 numa das células de teste existentes no campi do INETI no Porto – CAT1 (Célula de Teste 1), por existir informação bastante detalhada acerca dessas experiências, quer do ponto de vista construtivo e geométrico quer do ponto de vista climático. A simulação foi feita para um mês de Inverno (Dezembro), tendo-se obtido a evolução da temperatura ambiente no interior da célula ao longo desse mês, em função dos valores medidos da temperatura ambiente exterior e da radiação solar incidente e das características termofísicas da envolvente. Os valores simulados foram posteriormente comparados com os valores medidos da temperatura ambiente verificada no interior da célula, para o mesmo período. A tabela 5.1 mostra-nos as coordenadas da célula estudada no globo terrestre. Estes valores são necessários para a definição do cálculo dos ângulos solares. Tabela 5.1 – Coordenadas da CAT1 Latitude Longitude 41.09º N 8.37º W 5.2 A célula de teste A célula de teste utilizada neste trabalho fazia parte de um conjunto de seis células de teste existentes no campi do INETI no Porto. A célula de teste, como se pode ver na figura 5.1, consiste numa construção monozona, à escala real, perfeitamente orientada a Sul, e cujas dimensões interiores são as que constam da tabela 5.2 [40,41]: Tabela 5.2 – Dimensões da CAT1 Largura (m) Profundidade (m) Altura (m) 4.00 m 3.00 m 2.55 m capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 111 Figura 5.1 – A célula de teste estudada (CAT1) Na figura 5.2 podem ver-se alguns pormenores (alçado, planta e corte) da CAT1. SUL ESTE 1 PLANTA 1' CORTE 1-1' Figura 5.2 – Planta, alçados e corte do CAT1 A CAT1 dispunha apenas de um sistema de ganho directo, apresentando o envidraçado uma área de captação de 3.60m2. A estrutura desta célula de teste consiste no seguinte: capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 112 Paredes Exteriores – blocos maciços de betão de 20 cm de espessura, revestidos pelo exterior com 5 cm de isolamento (Dryvit – poliestireno expandido com reboco exterior). A superfície interior foi regularizada com uma camada de 1.5 cm de reboco. As paredes são pintadas tanto no interior como no exterior de cor clara (cor creme). Laje de Pavimento – laje maciça de betão de 20 cm de espessura isolada pelo exterior com uma camada de 3 cm de espessura de Roofmate (poliestireno extrudido). Esta laje não se encontra em contacto com o solo de fundação tendo sido feita a elevação da célula para evitar os problemas resultantes do contacto da laje com o terreno. A superfície interior foi regularizada com uma camada de 1.5 cm de argamassa sendo a cor final a do cimento (cinzento). Laje de Cobertura – laje aligeirada com blocos cerâmicos de 12 cm × 22 cm, separados por vigotas de betão armado pré-esforçado de 12 cm e cobertos com uma camada de 3 cm de betão seguida de uma camada de 3 cm de isolamento (placas de poliestireno expandido). A superfície interior foi regularizada com uma camada de 1.5 cm de reboco pintado de cor clara. Envidraçado – O vão envidraçado, localizado na fachada Sul, tem 2.29 m de altura e 2.34 m de largura (dimensões exteriores). A janela, com caixilharia de madeira, é constituída por três envidraçados com 1.20 m2 cada. As propriedades térmicas dos materiais e os valores dos coeficientes de convecção, emissividades e coeficientes de absorção, são as que constam das tabelas 5.3 e 5.4 [40]: Tabela 5.3 – Propriedades térmicas dos materiais constituintes da envolvente Material Betão Bloco Cerâmico Barro Ar Roofmate Dryvit Poliestireno Expandido Reboco λ cp ρ (W/mK) (J/kg K) (kg/m3) 1.750 1.150 0.023 0.035 0.043 0.035 1.150 880 840 1004.8 1220 1029 1220 836 2100 1800 1.29 33 26 33 1800 capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 113 Tabela 5.4 – Coeficientes de convecção, emissividade e de absorção dos materiais da envolvente α Elemento ε a 0.82 0.75 0.70 0.70 0.70 0.70 0.33 0.40 0.35 0.65 0.33 0.40 (W/m2K) Paredes Exteriores Laje de Pavimento Laje de Cobertura Face Ext. Face Int. Face Ext. Face Int. Face Ext. Face Int. 25.0 7.8 20.0 7.8 12.0 7.8 Para a simulação da célula de teste era também necessário conhecer o número de renovações de ar por hora aí verificado. O valor usado foi de 0.30 resultante de medições efectuadas no decurso de outros estudos [40,41]. 3.0cm 20.0cm 1.5cm 20.0cm 1.5cm 12.0cm 3.0cm 3.0cm Elemento de Pavimento Elemento de Tecto 5.0cm 1.5cm Elemento de Parede Figura 5.3 – Elementos da envolvente Na tabela 5.5 e 5.6 podem ver-se os coeficientes U dos elementos da envolvente. Tabela 5.5 – Coeficientes U dos elementos da envolvente U Elemento (W/m2K) Paredes Pavimento Cobertura 0.6919 0.8698 0.8027 capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 114 Tabela 5.6 – Espessura e coeficiente U do vidro Elemento Vidro espessura U (mm) (W/m2K) 5.0 5.9 5.3 Recolha de dados O comportamento da célula foi simulado para um mês de Inverno, Dezembro de 1989, durante o qual os valores horários da temperatura ambiente exterior e da radiação solar global em superfície vertical orientada a Sul foram medidos por uma sonda de temperatura e um piranómetro pertencentes a uma estação meteorológica montada no campi do INETI, junto às células de teste. Os valores horários da temperatura ambiente efectivamente verificada no interior da CAT1 encontravam-se disponíveis para o mesmo período, tendo sido medidos por um termopar do tipo T colocado no interior da célula a meio do compartimento. Todos os sensores foram calibrados individualmente [42]. O mês de Dezembro foi escolhido por ser o mês que apresentava menos falhas nos valores horários medidos, quer das temperaturas ambientes, quer da radiação solar incidente. 5.4 Validação do modelo matemático desenvolvido Uma vez conhecidas as características geométricas da célula, as propriedades termofísicas dos elementos pertencentes à sua envolvente e os valores horários das solicitações exteriores, é possível determinar a evolução da temperatura no interior da célula de teste. Para o fazer é também necessário conhecer, para cada um dos elementos pertencentes à envolvente, a equação característica desse elemento que relacione o calor nele armazenado em vinte e quatro horas com a energia solar incidente e com a amplitude térmica diária verificada no espaço em estudo. Para a CAT1, essas equações, encontravam-se disponíveis em [2,34,37]: Parede Exterior a receber radiação apenas na face interior: Qarm = −0.0029∆TRi + 0.1471Ri + 0.0910∆T + 0.0783 ( MJ / m 2 ) (5.1) ( MJ / m 2 ) (5.2) Laje de Pavimento: Qarm = −0.0053∆TRi + 0.3326 Ri + 0.0944∆T + 0.0971 capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 115 Laje de Cobertura: Qarm = 0.1256∆T + 0.1423 ( MJ / m 2 ) (5.3) Uma vez todos estes elementos disponíveis, foi simulado o comportamento da célula de teste para o mês de Dezembro de 1989. Os resultados obtidos por simulação e os medidos no interior da célula podem ser observados na figura 5.4. Observando os resultados, verifica-se que os valores obtidos por simulação possuem um andamento semelhante aos valores medidos e, tendo em conta as diversas simplificações efectuadas, e uma vez que se trata de um método aproximado, os resultados obtidos parecem bastante satisfatórios dado que o erro relativo médio obtido foi de 1.70ºC. 25 Temperatura (ºC) 20 15 10 5 0 8016 8091 8166 8241 8316 8391 8466 8541 8616 8691 Período de Simulação (horas) Tint. M edição Tint. Simulação Figura 5.4 – Gráfico comparativo entre os valores da temperatura medida e simulada na CAT1 Na figura 5.4 são apresentados os valores da evolução da temperatura ambiente ao longo do tempo. No entanto, é também interessante conhecer a capacidade térmica efectiva desse espaço, que é um parâmetro que vai depender da amplitude térmica aí verificada. Na figura 5.5 e 5.6 pode-se observar, para o caso estudado, a variação do Ceff ao longo do período de simulação, e na figura 5.7 a variação do Ceff com a amplitude térmica para toda a envolvente. Pela análise deste último gráfico, podemos verificar que quanto menor for o valor do Ceff, maior é a amplitude térmica verificada. capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 116 70 60 Ceff (MJ/ºC) 50 40 30 20 10 0 8016 8091 8166 8241 8316 8391 8466 8541 8616 8691 Período de Simulação (horas) Ceff Figura 5.5 – Evolução do Ceff ao longo do período de simulação (horas) 40 35 Ceff (MJ/ºC) 30 25 20 15 10 5 0 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 Período de Simulação (dias) Ceff Figura 5.6 – Evolução do Ceff ao longo do período de simulação (dias) 100 Ceff (MJ/ºC) 75 50 25 0 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 Amplitude Térmica (ºC) Ceff Figura 5.7 – Variação do Ceff com a amplitude térmica capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 117 Com o método implementado, como a capacidade térmica efectiva da envolvente do espaço não climatizado depende das solicitações a que está submetida, é um parâmetro variável no tempo. Ao contrário de outros estudos [31,32,33,43] que associam a capacidade de armazenamento apenas às características termofísicas da envolvente, e por isso apresentam um valor único constante característico do espaço, com o método desenvolvido, o Ceff varia, para cada instante, com as flutuações da temperatura ambiente interior e com o valor da radiação solar incidente, como se pode observar respectivamente nas figuras 5.8 e 5.9 para o caso estudado relativo ao mês de Dezembro. 70 25 60 20 15 40 30 10 Ceff (MJ/ºC) Temperatura (ºC) 50 20 5 10 0 0 8016 8091 8166 8241 8316 8391 8466 8541 8616 8691 Período de Simulação (horas) Tint. Simulação Tint. M edição Ceff Figura 5.8 – Capacidade térmica efectiva e temperatura ambiente interior 1000 70 900 60 50 700 600 40 500 30 400 300 Ceff (MJ/ºC) Radiação Solar (W/m2) 800 20 200 10 100 0 8016 0 8091 8166 8241 8316 8391 8466 8541 8616 8691 Período de Simulação (horas) Radiação exterior Ceff Figura 5.9 – Capacidade térmica efectiva e radiação solar exterior capítulo 5 aplicação do programa a um caso prático 118 CAPÍTULO 6 Conclusões 6.1 Conclusões gerais Nos últimos anos, o número de aparelhos de ar condicionado tem vindo a aumentar nos países do Sul da Europa. Este facto cria importantes dificuldades nas horas de ponta, problema que, tem por consequência, um aumento do preço da energia eléctrica e uma deterioração do equilíbrio energético nesses países, para além de negativas consequências para o meio ambiente. Consequentemente, deverá ser dada prioridade a estratégias, que contribuam para melhorar o comportamento térmico dos edifícios durante o Verão. Concretamente, devem desenvolver-se ainda mais as técnicas de arrefecimento passivo, principalmente as que contribuem para melhorar a qualidade do clima interior e o microclima em torno dos edifícios. Dado o impacto, que a longo prazo os edifícios vão ter em termos de consumo de energia, os novos edifícios deverão cumprir requisitos mínimos de desempenho energético, adaptados às condições climáticas locais. As boas práticas deverão, neste contexto, orientar-se para a melhor utilização possível de factores relevantes para reforçar o desempenho energético. Como a aplicação de sistemas alternativos de fornecimento de energia não está, em geral, aproveitada no seu máximo potencial, justifica-se uma avaliação da viabilidade técnica, ambiental e económica desses sistemas. Também as grandes obras de renovação de edifícios existentes, acima de uma determinada dimensão, devem ser consideradas uma oportunidade para tomar medidas economicamente rentáveis de melhoria do desempenho energético. Todavia, a melhoria do desempenho energético global de um edifício existente, não significa necessariamente a renovação total do mesmo, podendo limitar-se aos componentes que são mais importantes para o seu desempenho energético e que são economicamente rentáveis, pelo que a existência de ferramentas que permitam a avaliação das melhores soluções construtivas sob o ponto de vista de uma análise térmica comparativa também aqui assumem grande importância. Essa avaliação pode ser efectuada através de um estudo, que resultará numa lista de medidas de conservação da energia para condições médias do mercado local, que satisfaçam critérios de rentabilidade económica. Antes do arranque da construção, poderão ser necessários estudos específicos caso a medida, ou medidas, sejam consideradas viáveis. capítulo 6 conclusões 119 Do ponto de vista do aproveitamento global da energia solar (activa e passiva), as diversas soluções disponíveis no mercado, algumas simples e de baixo custo, outras mais complexas e dispendiosas, poderiam originar a redução significativa dos consumos energéticos (térmicos) nos edifícios, desde que estes sejam planeados de raiz e sustentávelmente. Mesmo para os edifícios já existentes é sempre possível encontrar soluções de forma a reduzir os custos energéticos. Neste sentido, a dimensão e âmbito do universo dos edifícios, requer uma forte mobilização politica que, por sua vez, é um indicador insofismável de uma sensibilidade politica ambientalmente responsável. Com o intuito da redução do consumo energético nos edifícios em Portugal, será brevemente publicada a revisão do RCCTE (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios) assim como implementada a certificação energética dos edifícios no âmbito do Programa para a Eficiência Energética em Edifícios – P3E, promovido pela DGGE (Direcção Geral de Geologia e Energia) e apoiado pelo POE (Plano Operacional da Economia), tem como objectivo final a melhoria da eficiência energética dos edifícios em Portugal. Este programa, definiu um conjunto de actividades estratégicas a desenvolver no muito curto prazo, algumas delas de índole inovador, por forma a moderar a actual tendência de crescimento dos consumos energéticos nos edifícios e, consequentemente, o nível das emissões dos Gases de Efeito de Estufa (GEE) que lhes são inerentes. Mais uma vez a aplicação das Energias Renováveis, neste caso a Energia Solar, aliadas a utilização racional da energia, revela-se como um dos principais meios para a redução dos consumos energéticos e para o cumprimento das metas estabelecidas no protocolo de Quioto. O cumprimento destas políticas energéticas, coloca constantes desafios aos projectistas que, para efectuarem a análise e o projecto de edifícios energeticamente eficientes, necessitam de saber quais as condições térmicas preferidas pelo Homem e ao mesmo tempo compreender a influência que as diversas tipologias dos edifícios têm na obtenção dessas condições. É, por isso, importante que disponham de métodos de previsão do comportamento térmico dos edifícios e de avaliação do conforto térmico dos mesmos. Foi na procura de instrumentos de análise e avaliação, que procurassem a aplicabilidade das políticas de desempenho energético definidas no âmbito das directivas europeias e dos planos nacionais, sob a forma de uma interface gráfica mais clara e simples, que surgiu o presente trabalho. Através da utilização da ferramenta que se propõe, e perante a observação dos resultados obtidos, pode-se concluir que capítulo 6 conclusões 120 se está perante um modelo que responde de forma bastante favorável aos objectivos e desígnios traçados para a obtenção de um modelo simplificado, que reproduzisse as condições térmicas de um determinado espaço fechado. É de referir ainda que, as condições reais verificadas, jamais em circunstância alguma poderão ser rigorosamente simuladas, devido aos inúmeros condicionalismos existentes quer em termos físicos quer em termos climáticos. Deste modo, o desvio médio de 1.70ºC obtido relativamente à temperatura interior registada na célula CAT1, pode ser considerado aceitável dentro dos pressupostos estabelecidos para este modelo, tendo em conta as diversas simplificações efectuadas, e uma vez que se trata de um método aproximado. Em termos de aplicação prática, este programa pretende criar uma “interface” simples e clara na análise térmica de soluções construtivas, de modo a compatibilizá-lo com as ferramentas de projecto e/ou de desenho utilizadas pelos projectistas, de modo a poder-se simplificar a avaliação térmica dos edifícios quer na fase de projecto quer na fase de estudo da melhoria das suas condições climáticas, através da avaliação da influência de diferentes parâmetros (orientação do edifício e dos envidraçados, sombreamentos, tipos de componentes, diferentes elementos construtivos, etc.) no desempenho térmico do edifício. 6.2 Perspectivas de trabalho futuro É claro que se está ainda perante um programa na sua versão inicial, limitado pela análise de um único espaço, e em que a sua definição está sujeita a diversos condicionalismos, pelo que, as próximas versões, abordarão sobretudo, além do aspecto gráfico, o alargamento do âmbito da aplicação a um conjunto mais vasto de edifícios, em que a análise será efectuada simultaneamente a diversos espaços, confinantes entre si, e com uma gama mais vasta de opções para definição da envolvente. Apesar da interface gráfica aparecer significativamente melhorada neste programa, comparativamente, as futuras versões deverão alargar a sua base gráfica para uma maior definição e rigor de todos os elementos da envolvente, permitindo estudar, por exemplo, a planta de um andar de um edifício no seu conjunto. capítulo 6 conclusões 121 Referências bibliográficas [1] Harold Brocken, Manuela G. Almeida, E. Maldonado; "Simplified Building Thermal Simulation", Porto, FEUP, 1989. [2] M. Guedes de Almeida; "Simulação Térmica de Edifícios com um Modelo Numérico de Capacidade Térmica Variável", Dissertação apresentada à FEUP para obtenção do grau de Doutora em Eng.ª Mecânica, Universidade do Porto, 1995. [3] Ana Lanham, Pedro Gama, Renato Braz; “Arquitectura Bioclimática – perspectivas de inovação e futuro”, Seminários de Inovação, IST, Junho de 2004. 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Paredes submetidas a simetria de condições de fronteira, relativamente à temperatura. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F Elemento construtivo: Paredes interiores tijolo furado de 11cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco tijolo furado de 11cm de espessura, faces revestidas com 1cm de reboco e 0.5cm de estuque tradicional tijolo furado de 7cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco tijolo furado de 15cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco blocos maciços de betão normal de 7cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco (MJ/m2). A B C D E F 0.0011 -0.0110 -0.0133 0.1731 0.1129 0.0081 0.0011 -0.0089 -0.0118 0.1323 0.1047 0.0070 0.0008 -0.0102 -0.0098 0.1553 0.0979 0.0381 0.0015 -0.0113 -0.0186 0.1899 0.1340 -0.0284 0.0018 -0.0136 -0.0222 0.2284 0.1586 -0.0550 0.0005 -0.0061 -0.0063 0.0949 0.0612 0.0287 0.0007 -0.0065 -0.0087 0.1055 0.0711 0.0096 0.0009 -0.00665 -0.0117 0.1148 0.0827 -0.0131 0.0014 -0.0127 -0.0175 0.2072 0.1363 -0.0208 0.0010 -0.0095 -0.0122 0.1548 0.1005 0.0116 blocos maciços de betão celular autoclavado de 10cm de espessura, faces revestidas com 0.5cm de estuque projectado blocos maciços de betão celular autoclavado de 12cm de espessura, faces revestidas com 0.5cm de estuque projectado blocos maciços de betão celular autoclavado de 15cm de espessura, faces revestidas com 0.5cm de estuque projectado blocos de betão normal (50.20.10) de 10cm de espessura, (NFH=4, NFV=1), faces revestidas com 1.5cm de reboco blocos de betão normal (50.20.10) de 10cm de espessura, (NFH=4, NFV=1), faces revestidas com 1.5cm de reboco anexo A 135 Tabela A1.2 – Calor armazenado no período de 24 horas por lajes interiores, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. Paredes submetidas a simetria de condições de fronteira, relativamente à temperatura. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F Elemento construtivo: lajes interiores (MJ/m2) A B C D E F 0.0039 -0.0250 -0.0436 0.3877 0.2463 -0.1614 0.0036 -0.0235 -0.0412 0.3950 0.2035 -0.1644 0.0039 -0.0262 -0.0419 0.3811 0.2196 -0.1548 0.0034 -0.0231 -0.0379 0.3774 0.1790 -0.1493 0.0035 -0.0247 -0.0365 0.3508 0.1891 -0.1297 0.0038 -0.0230 -0.0459 0.3918 0.2710 -0.1823 0.0036 -0.0235 -0.0395 0.3548 0.2048 -0.1493 0.0031 -0.0208 -0.0346 0.3549 0.1621 -0.1434 0.0043 -0.0277 -0.0480 0.4189 0.2607 -0.1790 0.0036 -0.0255 -0.0380 0.3621 0.1975 -0.1351 0.0032 -0.0227 -0.0348 0.3627 0.1610 -0.1384 a) blocos cerâmicos e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 2cm de ladrilho cerâmico blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 22x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de ladrilho cerâmico b) blocos de betão leve e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira anexo A 136 blocos de 30x07 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 30x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 30x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira 0.0033 -0.0271 -0.0336 0.3593 0.1849 -0.1043 0.0037 -0.0236 -0.0418 0.3661 0.2267 -0.1577 0.0031 -0.0206 -0.0364 0.3632 0.1805 -0.1538 0.0034 -0.0249 -0.0356 0.3510 0.1898 -0.1272 0.0026 -0.0206 -0.0276 0.3308 0.1216 -0.0044 0.0041 -0.0256 -0.0480 0.4105 0.2678 -0.1821 0.0029 -0.0233 -0.0313 0.3236 0.1682 -0.1092 0.0032 -0.0210 -0.0359 0.3188 0.1871 -0.1333 c) blocos de betão normal e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira blocos de 38x16 cm, duplo, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico d) blocos de maciços de betão celular autoclavado e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 58x10 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 58x15 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico anexo A 137 Tabela A1.3 – Calor armazenado no período de 24 horas por lajes de pavimento sobre espaços interiores não aquecidos, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. Paredes submetidas a simetria de condições de fronteira, relativamente à temperatura. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F Elemento construtivo: lajes sobre espaços não úteis (MJ/m2) A B C D E F 0.0033 -0.0230 -0.0375 0.3956 0.1621 0.0328 0.0024 -0.0213 -0.0269 0.3889 0.0978 0.0437 0.0039 -0.0267 -0.0471 0.4973 0.2173 0.0325 0.0031 -0.0267 -0.0353 0.4984 0.1292 0.0460 0.0028 -0.0217 -0.0305 0.3431 0.1281 0.0391 0.0020 -0.0191 -0.0219 0.3362 0.0796 0.0453 0.0024 -0.0208 -0.0265 0.3807 0.0961 0.0427 0.0021 -0.0190 -0.0225 0.3374 0.0819 0.0449 0.0029 -0.0218 -0.0313 0.3469 0.1319 0.0385 a) blocos cerâmicos e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 22x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira blocos de 22x16 cm, duplo, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira b) blocos de betão leve e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira blocos de 38x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira blocos de 38x16 cm, vigotas de 12cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico anexo A 138 c) blocos de betão normal e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 1cm de ladrilho cerâmico blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm. Revestimento de piso: 2cm de madeira 0.0029 -0.0216 -0.0305 0.3429 0.1289 0.0377 0.0020 -0.0187 -0.0219 0.3320 0.0798 0.0439 anexo A 139 Tabela A1.4 – Calor armazenado no período de 24 horas por lajes de cobertura sob espaços interiores não aquecidos, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. Paredes submetidas a simetria de condições de fronteira, relativamente à temperatura. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F Elemento construtivo: lajes de cobertura (MJ/m2) A B C D E F - - - - 0.1256 0.1423 - - - - 0.1122 0.1353 - - - - 0.1066 0.1332 - - - - 0.0886 0.1229 - - - - 0.0779 0.1171 - - - - 0.1242 0.1114 - - - - 0.1108 0.1057 - - - - 0.1051 0.1040 - - - - 0.0871 0.0958 a) blocos cerâmicos e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm e 3cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 26x12 cm, vigotas de 11cm e 3cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm e 3cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 3cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 48x12 cm, vigotas de 11cm e 3cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 26x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco anexo A 140 blocos de 48x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de - - - - 0.0764 0.0911 - - - - 0.1230 0.0852 - - - - 0.1095 0.0807 - - - - 0.1039 0.0793 - - - - 0.0858 0.0726 - - - - 0.0751 0.0689 - - - - 0.1277 0.1180 - - - - 0.1137 0.1112 - - - - 0.0892 0.0990 - - - - 0.1189 0.1150 - - - - 0.0969 0.1029 - - - - 0.0840 0.0954 - - - - 0.0871 0.0958 reboco blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 26x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 30x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 48x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 22x16 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 26x16 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x16 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 22x20 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 32x20 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x20 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco anexo A 141 blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 5cm de betão e 1cm de - - - - 0.0848 0.0965 - - - - 0.0961 0.0970 - - - - 0.1330 0.1154 - - - - 0.1039 0.1021 - - - - 0.0940 0.0983 - - - - 0.0827 0.0934 - - - - 0.0932 0.1002 - - - - 0.0930 0.0998 - - - - 0.2059 0.1552 - - - - 0.1360 0.1214 reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 2cm de reboco b) blocos de betão leve e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 22x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 30x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 48x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x20 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco laje dupla, blocos de 22x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco laje dupla, blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco anexo A 142 c) blocos de betão normal e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 34x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de - - - - 0.1011 0.0941 - - - - 0.0943 0.0936 - - - - 0.0831 0.0895 - - - - 0.0933 0.0962 - - - - 0.1308 0.1149 - - - - 0.0776 0.0939 - - - - 0.0774 0.0942 reboco blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliuretano expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 48x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 38x16 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco laje dupla, blocos de 38x12 cm, vigotas de 11cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco d) blocos maciços de betão celular autoclavado e vigotas de betão armado pré-esforçado blocos de 58x12 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco blocos de 58x15 cm, vigotas de 12cm e 4cm poliestireno expandido, 3cm de betão e 1cm de reboco anexo A 143 Tabela A1.5 – Calor armazenado no período de 24 horas por pano interior de parede dupla, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. Na caixa de ar, são aplicados 4cm de poliestireno expandido, colados ao pano interior. Radiação solar incidente na face interior. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F Elemento construtivo: paredes duplas tijolo furado de 11cm de espessura, faces interior revestida com 1.5cm de reboco tijolo furado de 15cm de espessura, faces interior revestida com 1.5cm de reboco tijolo furado de betão normal de 10cm de espessura, faces interior revestida com 1.5cm de reboco tijolo furado de betão leve de 15cm de espessura, faces interior revestida com 1.5cm de reboco (MJ/m2) A B C D E F 0.0008 -0.0099 -0.0094 0.1788 0.0633 0.0521 0.0010 -0.0098 -0.0120 0.1825 0.0679 0.0347 0.0011 -0.0116 -0.0138 0.2162 0.0804 0.0188 0.0005 -0.0083 -0.0065 0.1435 0.0464 0.0724 anexo A 144 Tabela A1.6 – Calor armazenado no período de 24 horas por paredes exteriores simples isoladas pelo exterior, em função da amplitude térmica e da energia solar incidente. Na caixa de ar, são aplicados 4cm de poliestireno expandido, no caso da parede de tijolo de 22cm, e de 3cm no caso da parede de blocos maciços. Coeficientes A, B, C, D, E e F da equação: Qarm =A ∆TRi2 + B Ri2 + C ∆TRi2 + D Ri + E ∆T + F (MJ/m2) Qarm =A ∆TRe2 + B Re2 + C ∆TRe2 + D Re + E ∆T + F (MJ/m2) Elemento construtivo: paredes exterior simples tijolo furado de 22cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco. Radiação solar na face interior A B C D E F 0.0011 -0.0094 -0.0133 0.1811 0.0688 0.0773 - - -0.0001 0.0032 0.0687 0.1203 - - -0.0084 0.1629 0.1289 0.0225 - - -0.0005 0.0056 0.1390 -0.0051 tijolo furado de 22cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco. Radiação solar na face exterior. Blocos maciços de betão normal de 20cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco. Radiação solar na face interior. Blocos maciços de betão normal de 20cm de espessura, faces revestidas com 1.5cm de reboco. Radiação solar na face exterior. anexo A 145