biografia milton da costa - semect

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biografia milton da costa - semect
MILTON DA COSTA
Milton Rodrigues Dacosta nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 19 de outubro
de 1915. Em 1931 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, mas dois meses
depois a Escola fechou. No mesmo ano participou da formação do Núcleo Bernadelli,
grupo de jovens artistas que se reuniam no porão do prédio da Escola.
Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Expôs entre
os anos de 1933 a 1945 no Salão Nacional de Belas Artes, conquistando o Prêmio de
Viagem ao Estrangeiro em 1944, com a obra “Cena de Atelier”. Sua primeira
exposição individual aconteceu em 1937 na Galeria Santo Antônio.
O artista viajou para os Estados Unidos em 1944 e em seguida seguiu para
Paris, onde conhece Cícero Dias e Pablo Picasso e freqüentou a Academie de La
Grande Chaumière.
Aos vinte anos casou-se com a pintora Maria Leontina, com quem teve um
filho, Alexandre Dacosta, também artista plástico, em 1959. A união durou 37 anos e
terminou com a morte da pintora em 1984.
Na década de 50 aderiu ao abstracionismo geométrico. Nesse mesmo ano
expôs no Ministério da Educação e Cultura do Rio e representou o país na XXV Bienal
de Veneza. Dacosta recebeu na II Bienal de são Paulo o Prêmio de Melhor Pintor
Nacional, com a obra “Construção”. Entre 54 e 61 mudou-se para o Rio de Janeiro.
Nos anos 60, o artista expõe uma série de gravuras coloridas em metal com o
tema “Vênus”, tornando-se constante esse estilo em suas obras. Trabalhou como
ilustrador de livros, principalmente ilustrador de algumas obras do escritor Carlos
Drummond de Andrade.
Faleceu em setembro de 1988, quatro anos após a morte de Maria Leontina, no
Rio de Janeiro.
Autorretrato
Artista
Título
Tamanho
Ano
Milton da Costa
Castelo
21.7 x 18.1 in. / 55 x 46 cm.
1945 -
Milton Dacosta
Figura cabeçuda
1963
27 x 22 cm
óleo sobre tela
Milton Da Costa
Roda, 1942
Óleo sobre tela
Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM RJ
O que é releitura?
Assim como há diferentes interpretações de uma obra de arte, há diferentes
possibilidades de releituras dessa obra. Uma boa releitura será sempre coerente com a
compreensão construida na leitura da obra. Reler uma obra é totalmente diferente de
procurar apenas reproduzi-la, pois é preciso interpretar bem aquilo que se vê e trabalhar
a criatividade. Ao recriar uma obra, não é necessário empregar a mesma técnica usada
pelo artista. Na releitura de uma pintura podemos utilizar outras formas de expressão
artística como o desenho, a escultura, a fotografia ou a colagem. O mais importante é
criar algo novo que mantem um elo com a fonte que serviu de inspiração. Uma boa
proposta de releitura se baseia em um conhecimento prévio do artista e da obra: a época
em que ele viveu, sua biografia, artistas que admirava, outros artistas de seu tempo, o
tema da obra e de outros trabalhos seus, a técnica utilizada, etc. Há inúmeros casos de
grandes artistas que a utilizaram para se aperfeiçoar, homenagear seus mestres ou
alguma obra em especial. No caso das artes, as atividades de releitura possuem um
enorme valor educativo e, algumas vezes, geram resultados que se tornam conhecidos e
resultam em uma sequência de obras, em outros tempos e estilos. Existem vários
exemplos disso na arte, como é o caso da pintura Almoço na Relva de Manet que
inspirou o quadro de Picasso. Manet se inspirou em Concerto Pastoral de Giorgione e
em uma gravura de Marcantonio Raimondi, O Julgamento de Paris, gravura baseada em
desenho de Rafael Sanzio. Ou, ainda, O Balcão de Manet de Magritte, releitura de O
Balcão de Manet, que releu O Balcão de Goya. Abaixo, exemplos interessantes de
releitura de alunos dos cursos de Design Gráfico, Design de Produto, Design de
Ambientes e Licenciatura em Artes Visuais da UEMG. Releituras realizadas em 2007.
coresematizes.wordpress.com/.../o-que-e-releitura/
Revista Caras - Edição 712 - Ano 14 - Número 26 - Arte
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MILTON DACOSTA
Construção sobre Fundo Vermelho (33 x 41 cm), óleo sobre tela, de 1957-1960: castelo
iluminado numa cidade imaginária. Coleção particular. Dacosta/Espaços da arte
brasileira/Cosac Naify/1999
Aos 15 anos, Milton Dacosta (1915-1988) fazia paisagens. Mais tarde, aproximou-se
da pintura metafísica do ítalogrego Giorgio de Chirico (1888-1978) e, na década de
1950, experimentou o construtivismo. Para surpresa de muitos, voltou ao figurativo,
com as Vênus roliças que viriam a ilustrar o livro Amor Natural, do poeta mineiro
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Sua produção mais preciosa, no entanto,
é a da fase construtivista, que remete à arquitetura. Talvez seja "a mais arquitetural das
artes plásticas brasileiras", segundo escreveu Paulo Venancio Filho (54) no livro
Dacosta (Cosac Naify). De acordo com Maria Alice Milliet (57), os castelos do artista,
que deixou cerca de mil trabalhos, sugerem cidades iluminadas. A obra acima mostra
que sugerem mesmo.
Sua época
Terminada a 2a Guerra Mundial, a década de 1950, quando Dacosta produziu a parte
mais importante de sua obra, foi um período de otimismo e criatividade. Nos chamados
"anos dourados", o Brasil veria a primeira transmissão de TV, a União Soviética
mandaria a cadela Laika ao espaço e seria lançado o primeiro rádio portátil. Nas artes,
ganhava espaço o abstrato, o concreto. E ampliavam-se os espaços de exposição. Já no
comecinho da década, em 1951, seria inaugurada a 1a Bienal de São Paulo, com 1 854
obras de 23 países. Dacosta estava lá.
O autor
Filho de um escrivão, Milton Rodrigues da Costa (Auto-retrato, 1937)
nasceu em Niterói (RJ). Estudou arte com o alemão August Hantz e aos 15 anos
ingressou na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio, onde ajudou a criar o Núcleo
Bernardelli de arte livre ao lado de Pancetti (1902-1958) e outros. Premiado no Salão de
Belas- Artes de 1944, viveu dois anos entre Nova York e Paris. Casado com a artista
plástica Maria Leontina (1917-1984), teve um filho, Alexandre Dacosta (49), que é
artista plástico, cineasta, ator, poeta e músico. Morreu em 1988, de trombose.