Antagonistas colinérgicos
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Antagonistas colinérgicos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – MODALIDADE MÉDICA BMF-354-355 FARMACOLOGIA BÁSICA E APLICADA Antagonistas colinérgicos Ananssa M. dos S. Silva 2015.2 Novembro / 2014 1 Sistema nervoso autônomo colinérgico Sistema nervoso Sistema nervoso central Sistema nervoso periférico Aferente/Sensorial Eferente/Motor Somático Autônomo Simpático 2 Parassimpático Sistema nervoso autônomo colinérgico Receptores Muscarínicos 3 Nicotínicos Parassimpático Simpático Midríase Miose salivação Salivação FC Broncodilatação FC Broncoconstrição Estômago Estômago Inibe a atividade Estímulo da atividade Pâncreas Pâncreas Glândula biliar Adrenal Contração da bexiga Ereção peniana 4 Liberação de glicose Secreção de NA e Adr Relaxamento da bexiga Ejaculação SISTEMA NERVOSO CENTRAL Antagonistas colinérgicos 5 Antagonistas muscarínicos Antagonistas nicotínicos Bloqueadores ganglionares Bloqueadores neuromusculares Antagonistas muscarínicos Alcalóides naturais: Atropina Atropa belladonna (beladona) Datura stramonium (figueira-do-inferno) Escopolamina (hioscina) Hyoscyamus niger Derivados de origem sintética e semi-sintética: Ipratrópio Pirenzepina (seletivo M1) Homatropina Tropicamida Tiotrópio Propantelina Ciclopentolato Benzotropina Tolterodina (seletivo M3) 6 Solifenacina Darifenacina Antagonistas muscarínicos Antagonistas competitivos reversíveis Acetilcolina (ACh) Atropina Benzotropina Ipratrópio Homatropina 7 Escopolamina Pirenzepina Antagonistas muscarínicos Histórico: Atropina • Império romano e Idade Média: envenenamento “obscuro” e prolongado; • Droga ou mesmo veneno em situações como guerras e campanhas politicas; • Mulheres italianas: dilatação da pupila para dar mais “brilho aos olhos”; • Isolamento por Mein em 1831; • Bezold e Bloebaum (1867) mostraram o bloqueio da estimulação vagal no sistema cardiovascular; • Heidenhain (1872) encontra o efeito em prevenir a salivação. Não-seletivo Alta lipossolubilidade Ação no SNC – excitatória Atropa belladonna 8 Datura stramonium Antagonistas muscarínicos Histórico: Escopolamina • Na Índia, a raiz e folhas eram queimadas e a fumaça inalada utilizada para tratar a asma; • Colonos britânicos observaram esse ritual e introduziram os alcalóides na medicina ocidental na início de 1800; • “Droga da verdade” e “sono do crepúsculo” 1915 – 1922 : Dr. Robert House sugeriu e usou a escopolamina em interrogatórios; Não-seletivo Pode ser absorvida pela pele Ação no SNC – depressora Butilbrometo de escopolamina 9 Hyoscyamus niger Antagonistas muscarínicos Homatropina Derivado semisintético da atropina Ipratrópio Alívio de cólicas renais e biliares e dismenorréia + Tiopatrópio e tolterodina: tratamento da asma e DPOC Amina terciária Seletiva para M1 Pirenzepina 10 Derivado sintético da atropina Via inalatória – broncodilatação Utilizada, no passado, para o tratmento da úlcera péptica Antagonistas muscarínicos Amina terciária Benzotropina Mesilato de benzatropina: utilizado no tratamento da doença de Parkinson Doença de Parkinson Rigidez, tremor e instabilidade postura, com declínio cognitivo e outros sintomas nãomotores. Nos núcleos da base do cérebro, há um equilíbrio normal das influências colinérgicas e dopaminérgicas. Na doença de Parkinson, há diminuição da concentração de dopamina nesse mesmo local. 11 Antagonistas muscarínicos Propriedades farmacológicas Glândulas: o secreção Sistema cardiovascular: o bradicardia seguida de taquicardia (M2) o inervação vagal - parassimpática 12 Antagonistas muscarínicos Propriedades farmacológicas Olhos: o midríase, ciclopegia Sistema respiratório: o broncodilatação e redução das secreções traqueobrônquiais Trato gastrintestinal: o motilidade intestinal, secreção gástrica Trato urinário: o relaxamento da bexiga, contração do esfíncter SNC: o leve excitação (atropina) 13 o * escopolamina sonolência, amnésia, fadiga, euforia Antagonistas muscarínicos Usos terapêuticos Bradicardia após infarto agudo do miocárdio Exames oftalmológicos Asma e DPOC (ipatrópio e tiotrópio) Anti-espasmódico (diciclomina) Prevenção da cinetose (escopolamina) Doença ácido-péptica (pirenzepina) Incontinência urinária (tolterodina) Parkinsonismo (benzotropina – no sistema extrapiramidal) redução dos movimentos involuntários e a rigidez pelo efeito Intoxicação com anticolinesterásicos Pré-anestésico (atropina) 14 Antagonistas muscarínicos Contra-indicações Glaucoma – diminuição da drenagem do humor aquoso Hipertrofia prostática benigna (agravamento da retenção urinária) Constipação Efeitos adversos Xerostomia Ciclopegia e fotofobia temperatura corpórea Rubor 15 Antagonistas muscarínicos Efeitos adversos (ATROPINA) "Blind as a bat, mad as a hatter, red as a beet, hot as Hades, dry as a bone, the bowel and bladder lose their tone, and the heart runs alone.“ " Cego como um morcego, louco como um chapeleiro, vermelho como uma beterraba, quente como Hades, seco como um osso, o intestino e a bexiga perdem seu tom, e o coração corre sozinho. " 16 Efeitos adversos (ATROPINA) "Blind as a bat, mad as a hatter, red as a beet, hot as Hades, dry as a bone, the bowel and bladder lose their tone, and the heart runs alone.“ " Cego como um morcego, louco como um chapeleiro, vermelho como uma beterraba, quente como Hades, seco como um osso, o intestino e a bexiga perdem seu tom, e o coração corre sozinho. " 17 Bloqueadores neuromusculares 18 Em conjunto com a anestesia relaxamento da musculatura esquelética melhoria das condições operatórias Bloqueadores neuromusculares Histórico Curare América do Sul Paralisia e morte da caça Ausência de sintomas de intoxicação e morte de quem consumia Strychnos toxifera 19 Chondrodendron tomentosum Bloqueadores neuromusculares Histórico 1850 – Claude Bernard : ação paralisante efeito periférico 1906 - Langley : interação com “substância receptiva” na placa motora 1935: elucidada estrutura da d-tubocurarina 1942 - Griffth e Jonhson: d-tubocurarina e uso clínico na anestesiologia 1952: uso clínico da succinilcolina 20 Bloqueadores neuromusculares Mecanismo de ação Interrupção da transmissão química e do impulso nervoso na junção neuromuscular esquelética por serem estruturalmente semelhantes à acetilcolina e atuarem no receptor nicotínico pós-sináptico. 21 despolarizantes não-despolarizantes Fisiologia do músculo esquelético Unidade motora 22 A JNM e os receptores nicotínicos 23 Naguib et al., 2002, Anesthesiology Junção neuromuscular 24 Acoplamento excitação-contração muscular 25 Fármacos bloqueadores neuromusculares 26 DESPOLARIZANTES Estimulação do receptor nicotínico Acetilcolina (ACh) o o 27 Suxametônio (succinilcolina) Decametônio DESPOLARIZANTES • Despolarização mantida, seguida de dessensibilização (perda da excitabilidade) Bloqueio do canal ainda aberto Fasciculações e PARALISIA FLÁCIDA 28 Mecanismo de ação - bifásico DESPOLARIZANTES • Despolarização mantida, seguida de dessensibilização (perda da excitabilidade) Bloqueio do canal ainda aberto Fasciculações e PARALISIA FLÁCIDA 29 Mecanismo de ação - bifásico DESPOLARIZANTES 30 Farmacocinética • Via de administração: via intravenosa • Metabolização: fígado • Excreção: urina - forma inalterada • Duração do efeito: 5 minutos (succinilcolina) Rapidamente hidrolisados por colinesterases do plasma Pacientes com comprometimento renal e hepático DESPOLARIZANTES Uso terapêutico: junto à anestesia 31 Hipertermia Maligna DESPOLARIZANTES Efeitos adversos Podem ser perigosos, mas a recuperação do bloqueio é rápida 32 • Hiperpotassemia • ↑ cálcio : arritmia cardíaca ; ativação dos receptores nos gânglios • Bradicardia (efeitos diretos no miocárdio e estimulação muscarínica e ganglionar) • Rabdomiólise e dor muscular • Aumento da pressão intraocular (contraçãotônica das miofibrilas ou vasodilatação ocular) Fármacos bloqueadores neuromusculares NÃO-DESPOLARIZANTES • Antagonistas competitivos reversíveis o Benzilisoquinolinas : d-tubocurarina metocurina alcurônio (Alloferine®) atracúrio (Tracrium®) cisatracúrio (Nimbium®) doxacúrio mivacúrio o Aminoesteróides: pancurônio (Pancuron®) vecurônio rocurônio (Esmeron®) pipecurônio 33 o Amina quaternária: galamina (Flaxedil®) NÃO-DESPOLARIZANTES Incapazes de atravessar a BHE e a placenta. 34 NÃO-DESPOLARIZANTES Mecanismo de ação Diminuição progressiva da amplitude do potencial pós juncional excitatório, reduzindo a freqüência dos eventos de abertura dos canais • Fraqueza muscular com posterior PARALISIA FLÁCIDA 35 NÃO-DESPOLARIZANTES Mecanismo de ação Diminuição progressiva da amplitude do potencial pós juncional excitatório, reduzindo a freqüência dos eventos de abertura dos canais • Fraqueza muscular com posterior PARALISIA FLÁCIDA 36 NÃO-DESPOLARIZANTES • Mecanismo de ação Efeito lento início do efeito com inibição de 75 a 80% dos receptores na fibra muscular • interrupção completa da contração: ocupação de 90 a 95% dos receptores. • bloqueio dos autorreceptores présinápticos • 37 NÃO-DESPOLARIZANTES 38 Farmacocinética • Via de administração: via intravenosa • Metabolização: fígado • Excreção: urina - forma inalterada • Duração do efeito: 15 minutos a 1 - 2 horas Pequena absorção (hidrofílicas) Rapidamente hidrolisados pela butirilcolinesterase Pacientes com comprometimento renal e hepático 39 NÃO-DESPOLARIZANTES Efeitos adversos Tubocurarina (bloqueio ganglionar), atracúrio, mivacúrio • Hipotensão; Liberação de histamina dos • Brocospasmo; mastócitos • Secreçãos brônquicas e salivares excessivas Pancurônio e galamina • Taquicardia (bloqueio dos receptores muscarínicos) 40 Reversão do efeito Inibidor de colinesterases + atropina Sugamadex 41 Comparação entre bloqueadores competitivo e despolarizante Bloqueio competitivo é revertido pela AchE diferentemente do bloqueio despolarizante Bloqueio despolarizante produz fasciculações inicias e frequentemente, dores musculares no pós operatório. O suxametônio é hidrolizado pela AchE e normalmente tem ação muito curta, porém pode causar paralisia de longa duração em pequeno grupo de invidíduos com deficiência congênita de colinestresases. 42 Interações medicamentosas Uso de anticolinesterásicos para reversão do bloqueio NM competitivo, associado a atropina; Sinergismo dos anticolinesterásicos com a succilcolina – bloqueio intenso e prolongado; Antibióticos aminoglicosídeos – diminuição da liberação de ACh do terminal pré-ganglionar pelo bloqueio de canais de Ca2 causando bloqueio neuromuscular. 43 Bloqueadores ganglionares 44 Bloqueadores ganglionares Mecanismos de ação: • Bloqueio dos receptores nicotínicos Hexametônio Mecamilamina Tetraetilamônio Trimetafano 45 Bloqueadores ganglionares Propriedades farmacológicas • midríase e ciclopegia • redução da pressão arterial Uso terapêutico • redução da pressão arterial e do sangramento em cirurgias (uso raro) • procedimentos de emergência • *mecamilamina: uso com restrições Efeitos adversos • boca seca • constipação • retenção urinária • hipotensão postural 46 Bloqueadores ganglionares 47 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – MODALIDADE MÉDICA BMF-354-355 FARMACOLOGIA BÁSICA E APLICADA Antagonistas colinérgicos Ananssa M. dos S. Silva 2015.2 Novembro / 2014
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