soap opera vivere
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soap opera vivere
N º. 2 1 AUDIOVISUAL Coração D’ouro de A a Z Exteriores Quando as novelas saem dos estúdios A experiência de Mar Salgado Entrevista Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara Municipal de Setúbal TURISMO EC Travel Award para o Adriana Beach Club INTERNACIONALIZAÇÃO Séries de TV pelo mundo . O U T . 2 0 1 5 ÍNDICE Tema de capa CORAÇÃO D’OURO de A a Z 4 Saúde BASE HOLDING COM NOVA PARCERIA | 22 Vinhos VINDIMAS NA QUINTA DE SÃO SEBASTIÃO 10 Entrevista MARIA DAS DORES MEIRA 24 32 | Prémios MULTIWINES E ADRIANA BEACH CLUB | Imobiliário JARDINS DE SANTA EULÁLIA 20 Audiovisual BEM-VINDOS A BEIRAIS CHEGOU AO FIM | Edição LANÇAMENTOS DO OUTONO 16 | | Agroalimentar AS PRIMEIRAS AMORAS DA AGRIVABE 14 | 37 | Audiovisual PINTO BALSEMÃO VISITOU A SP TELEVISÃO | 40 | FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE : Madre, SGPS SEDE : Av. da Liberdade, 144-156, 6º Dtº, 1250-146 Lisboa, Tel: 213 243 220, Fax: 213 243 239 [email protected] www.madre.com.pt FOTOGRAFIAS : Arquivo Madre e stock.xchng. PAGINAÇÃO E ARTE FINAL: Inês Mateus IMPRESSÃO E ACABAMENTO : Europress Indústria Gráfica PERIODICIDADE : Semestral TIRAGEM : 800 exemplares DEPÓSITO LEGAL N.º 272037/08 1 Marta Cavaco A Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, enquadrada pela vinha, onde são produzidas as marcas Quinta de São Sebastião, S. Sebastião, Mina Velha e Mil Caminhos JOSÉ PINTO RIBEIEIRO EDITORIAL A resiliência do tecido empresarial português é um caso notável de estudo e que merece os maiores louvores. O mercado interno é exíguo, a esfera financeira da economia está aparentemente mais debilitada do que a esfera real e as crises políticas associadas ao comportamento errático na regulação de alguns setores vitais vão criando bolsas de incerteza que minam a confiança e contribuem para a retração do investimento. Sem procura interna, com crescentes obstáculos no acesso ao financiamento e sem grandes perspetivas de estabilidade política no médio prazo é uma enorme aventura para a grande maioria das empresas nacionais conseguirem atingir níveis de criação de riqueza satisfatórios. Resta como orientação estratégica (ou de sobrevivência) o mercado externo. Este, porém, não pode ser visto como uma salvação mas sim como uma plataforma, por um lado, de maior exigência competitiva; por outro, potencia as necessidades de mobilização de recursos financeiros para assegurar as dificuldades inerentes ao início de qualquer actividade em ambiente empresarial e cultural diferente, muitas vezes hostil. Perante este enquadramento de dificuldades para os países pequenos e periféricos como Portugal, cujas complicações aumentaram com a crescente mundialização da economia, é importante que se mantenha intacta a criatividade e a capacidade de encontrar mesmo dentro do País espaço para criar valor acrescentado. Ora, esta maneira de olhar a realidade empresarial necessita de outro elemento de sustentação − a diversidade − que dilui o risco do excesso de concentração. Muitas vezes em conversas que vamos tendo, nomeadamente em ocasiões de apresentação daquilo que fazemos e das atividades onde temos investimento muitos se interrogam e acham estranho a multiplicidade de atividades que se integram no Grupo Madre: Audiovisual, Agroalimentar, Turismo, Energias Renováveis, Imobiliário, Montagens Industriais, Aluguer de Equipamento, Edição, Saúde, para além de alguns outros investimentos de caráter puramente financeiro e estratégico. Porém, é essa diversidade que alisa o risco e permite movimentos de compensação setorial que não seriam possíveis caso nos focássemos apenas em uma ou duas áreas de negócios. É difícil para países que tradicionalmente não são acumuladores de riqueza por falta de recursos naturais e produtividades tradicionalmente baixas, como Portugal, criarem unidades de negócio que extravasem a dimensão do País. Nesse sentido creio que o melhor é ajustarmos os processos empresariais a unidades pequenas e flexíveis com equipas de gestão conhecedoras e eficientes que possam antecipar dificuldades mas que simultaneamente adiram a uma cultura de risco controlado. Esta foi a estratégia seguida por nós desde há muito e que julgamos ajustado prosseguir aprofundando os princípios-chave da diversidade, da criatividade, do conhecimento e do risco controlado como elementos basilares do processo de criação de valor face ao enquadramento económico que temos. Como elemento prático, convido-vos agora à leitura de mais um número da nossa revista, onde fazemos a atualização das notícias mais importantes da maior parte das atividades que fazem parte do conjunto. De registar também a entrada de uma nova participada, a Ipsuminvest, unidade com vocação imobiliária, para atuar em pequenos nichos de mercado, nomeadamente na recuperação de imóveis para revenda. Acreditamos que é uma área com hipóteses de registar níveis interessantes de funcionamento desde que assertivamente dirigida. Até breve! António Parente 3 TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL CORAÇÃO D’OURO Projeto ambicioso ‘viaja’ de Lisboa ao Porto e Açores Mãe e filha. Um conflito, um dilema moral. A condição humana e as relações familiares estão no centro de Coração d’Ouro, novela produzida pela SP Televisão e que está no ar no horário nobre O Portugal contemporâneo está em Coração d’Ouro, cujos exteriores vão ter uma incidência significativa e paisagens espetaculares, algumas delas classificadas Património da Humanidade pela UNESCO. Uma das novidades deste título, com o que se aposta em surpreender o público, são as imagens captadas em diversos locais nos Açores, permitindo perceber que, mais do que a contemplação da Natureza, existem inúmeras possibilidades de atividades ao ar livre, em terra e no mar, como adiantou Bruno José, Diretor-Geral da SP Televisão, que produz esta novela. Lisboa vai aparecer num dos núcleos e os exteriores incluem ainda o Douro. No Porto, vão figurar locais como a Ribeira, a Casa da Música, a Torre dos Clérigos, a Universidade do Porto, o Jardim da Cordoaria, a Livraria Lello, o Passeio das Virtudes, os jardins do Palácio de Cristal e o Parque da Cidade. Na vertente técnica, Patrícia Sequeira, a quem cabe a direção geral artística do projeto, salienta o facto de os exteriores da SIC. Com autoria de Pedro Lopes, é um original e propõe-se surpreender os espectadores, quer pela narrativa, quer pela imagem, graças a exteriores gravados em Lisboa, Porto, Douro e Açores Rita Blanco protagoniza Coração d'Ouro 4 N º 21 . OUTUBRO serem feitos com câmeras fixas, «o que já não é completamente novidade pois já temos usado estas lentes em outros projetos» − sublinhou. E comenta, a propósito: «De realização desta vez é mostrar bem... uma paisagem assim fotogénica não precisa de grandes inovações técnicas, apenas de ser bem filmada». A novela vai viver de conflitos dilacerantes dos quais se destaca o que opõe Maria João Bastos, Beatriz em Coração d'Ouro AaZ mãe e filha (papéis desempenhados por Rita Blanco e Mariana Pacheco, respetivamente) e temas fraturantes, como uma relação multiétnica enquadrada numa família, e os que se prendem com a prática médica e a investigação clínica. Este novo título estreou a 7 de setembro e substituiu Mar Salgado, líder de audiências no mesmo horário na SIC, confirmando-se as grandes expectativas quanto ao seu desempenho. Comédia. R A inclusão de núcleos de humor tornou-se uma característica das novelas da SIC, que surgem para aliviar a tensão criada em cenas densas e de grande tensão dramática. O resultado é Algumas palavras-chave ajudam a conhecer comparável às emoções sentidas numa Coração d’Ouro e a forma como o género da ficção de comédia permitem ao espectador televisiva se alicerça no panorama audiovisual respirar fundo. montanha russa, pelo que os momentos Douro. Base A paisagem do rio, da qual o Alto Douro Vinhateiro é classificado Autoria. Coração d’Ouro é uma novela na original, à semelhança das anterior- Televisão está a preferência do público, UNESCO, consiste num dos atrativos da mente produzidas pela SP Televisão, com ponto alto para a exibição de novela. De resto, os exteriores de seja por autores da produtora ou Dancin’ Days, que conquistou a lide- Coração d’Ouro repartir-se-ão ainda externos, à exceção de Dancin’ Days, rança no horário nobre para a SIC. Este pela Ribeira do Porto, Lisboa e várias remake do original brasileiro. A equipa ‘pico’ nunca foi ultrapassado até agora, localizações nos Açores, da Terceira ao de autoria, liderada por Pedro Lopes, com mais de um milhão e meio de Pico. A convicção é de que os exteriores integra José Pinto Carneiro, Filipa espectadores. «’enchem o olho’, deixam que a novela do êxito das novelas da SP Património da Humanidade pela Poppe, Lígia Dias, Manuel Moura respire, tenha outros ambientes, não Marques, Marina Ribeiro, Marta Pais fique só saturado de ambiente de Lopes e Miguel Simal. estúdio» − refere Pedro Lopes. 2 0 1 5 R 5 TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL Episódios. A duração das novelas atuais Inovação. Surpreender o público e Melodrama. A Televisão consagrou a tende a ser cada vez mais longa, o que contribuir para o desenvolvimento do telenovela como género melodramá- se explica pelos custos da produção, género é desejo constante das equipas tico mais popular, segundo a entrada que se atenuam com a extensão deste responsáveis, da autoria à realização, dedicada a este conceito no E-Dicio- produto. Serão para cima de 300, passando pela produção. Estes contri- nário de Termos Literários, de Carlos embora o número exato não esteja butos distribuem-se desde o ineditismo Seia. Para Pedro Lopes, a novela joga-se determinado nesta fase. dos temas à abordagem técnica, esté- muito em torno das tensões familiares, tica e artística, procurando-se novos neste caso entre mãe e filha, estando rumos, muitas vezes arriscando, ao pisar em causa relações de poder. E aponta terreno ainda não explorado. exemplos de que a novela pode socor- Ficheiro. As incontáveis resmas de papel rer-se: colocar uma figura masculina a contendo os episódios necessários ganhar mais do que o elemento femi- para circular entre produção e elenco nino do casal; ou revelar que as relações são coisa do passado, reduzindo a Jovens atores. As novelas representam importância das impressoras, agora rampas de lançamento de carreira para apenas um equipamento, para um os mais novos, ainda que não corres- coletivo de 30 autores. Hoje as cerca de pondam a estreias absolutas, como 38 páginas de cada capítulo estão aconteceu com Joana Santos em Laços contidas em ficheiro informático e a de Sangue ou Joana Ribeiro em Dancin’ escrita centrada num servidor. Days. Em Coração d’Ouro, surgirão tam- Nomeações… e prémios. A candidatura bém caras novas, a exemplo de Mariana da SP Televisão ao Emmy Internacional Pacheco, no papel de Catarina, prota- para o género telenovela ocorreu duas gonista e filha de Maria, uma grande vezes, a primeira com Laços de Sangue, aposta desta produção. título que saiu vencedor na competição ‘Gancho’. Palavra-chave nas novelas, é fundamental para a estrutura dramá- extraconjugais de um personagem se dão com o conhecimento da mulher. Tudo isto configura relações de poder. e a segunda com Rosa Fogo, consa- tica do género, em que a história está grando a atuação de uma produtora concebida diariamente para funcionar com uma determinada unidade dramá- Língua portuguesa. Segundo Pedro relativamente nova e abrindo perspe- tica. Acontece, porém, a exibição não Lopes, proporcionar ao público produ- tivas para a internacionalização dos corresponder por vezes exatamente a tos de ficção nos quais a portugalidade respetivos títulos. essa estrutura. está impressa vai ao encontro do apreço deste pelas histórias em português. Além disso, o facto de diversos sotaques Horário. A consistência da exibição num horário regular, ao princípio do serão, na chamada primeira faixa do horário nobre, é considerada condição essencial para a fidelização do público. regionais estarem contemplados em Coração d’Ouro consiste num grande desafio, principalmente por se tratar de uma produção muito longa, nuances que enriquecem este título. Objetivo de excelência. A preocupação com a receção pelo público e com a qualidade do produto é a única forma de fazer Televisão, na opinião de Pedro Lopes. Acredita que a novela é um produto de ficção que deve ser trabalhado Coração d’Ouro é exibido a partir das com o objetivo da excelência como 21.30. qualquer outro género de ficção. Nesta postura distingue-se do que acontece por vezes com a alguma crítica, ao considerar este um género menor. 6 N º 21 . OUTUBRO Segundo Pedro Lopes, Diretor de Conteúdos da SP Televisão, a novela decorre do projeto ambicioso de representar o País inteiro: não o rural, mas um país moderno, e que ainda assim valoriza a memória e tradições. O elenco de consagrados e de novos valores integra entre outros Miguel Guilherme, João Reis, Ana Padrão, Maria João Bastos, Alexandre Sousa, Lúcia Moniz, Anabela Teixeira, Fátima Belo, Custódia Gallego, José Raposo, Diana Chaves e Luciana Abreu. Ana Zanatti está de volta à Televisão com esta novela no papel de uma psicóloga e João Perry surge numa breve aparição na figura de António, o patriarca da família, personagem que morre após o início da narrativa. A novela foi lançada a 6 de setembro numa gala na Alfândega do Porto, promovida pela SIC e pela SP televisão, com a presença do elenco e convidados. Os resultados na estreia e nas semanas que se seguiram confirmam a liderança da estação no seu horário. Mariana Pacheco, num desempenho de grande destaque no papel de Catarina Pedro Lopes A novela é um produto muito sincero O Emmy atribuído a uma novela de sua autoria, Laços de Sangue, seria o suficiente para a consagração de Pedro Lopes JOSÉ PINTO RIBEIRO S Pedro Lopes, Diretor de Conteúdos da SP Televisão e autor de Coração d'Ouro 2 0 1 5 e o currículo já vasto na escrita de ficção não bastasse, o Emmy atribuído a uma novela de sua autoria, Laços de Sangue, seria o suficiente para a consagração de Pedro Lopes, guionista e Diretor de Conteúdos da SP Televisão, na produtora desde a fundação, em 2007. A experiência, maturidade e autoconfiança marcam a postura do autor, além de mostrar ideias claras: não encara a novela como um género menor e trabalha para a excelência, em todas as componentes deste produto, que conquistou inegavelmente as preferências do público televisivo. Acredita que, mais do que «atirar dinheiro para o ecrã», uma produção assenta na história que lhe está na base, a exemplo de uma peça de teatro «que pode ser toda passada num quarto». Opinião em que terá certamente muitos a secundá-lo e que ecoa a afirmação sempre repetida por Manoel de Oliveira, de que «o cinema é teatro filmado». Ou seja: o que interessa é o drama que se passa à frente da câmara. 7 R TEMA DE CAPA AUDIOVISUAL a visão em família no sofá, contando Pressão. O facto de este título suceder Sinopse ou story line prende-se com o a Mar Salgado, líder de audiências conceito da novela, apresentada à no canal no mesmo horário, exerce estação para ser aprovado, antes do pressão sobre a autoria. Porém, nada desencadear da produção. No caso de que não tenha acontecido antes, em Coração d’Ouro, pode resumir-se a particular desde a atribuição do Emmy «Que fazer quando o nosso maior ini- a Laços de Sangue, em 2010. A migo é a pessoa que mais amamos?». A capacidade de ter um produto que ideia integra sempre um dossier de Verosimilhança. Alicerce do género, a «comunique bem» é uma preocupação cerca de 50 páginas, que já contempla procura de conflitos da atualidade constante. o levantar do véu sobre a história, os em que o público se reveja, não o perfis dos personagens e permite ava- remetendo para o passado, contrói a liar o potencial da novela. Designado ponte para a desejada verosimilhança high-low concept pelos americanos, da novela, resultando no esbatimento permite perceber se o conflito pode ser de fronteiras entre ficção e realidade. Quebra-cabeças. O controlo da narrativa é um imperativo para a autoria, evitando situações que podem resultar (em detrimento da visão em equipamentos como tablets e telemóveis) potencia este efeito. de longa duração, como numa novela. em ‘nós’ difíceis de desatar na con- Xenofobia. Lutar contra conflitos sociais dução do argumento, de que existem exemplos na ficção contemporânea Temas internacional, frequentemente aponta- fazendo jus à tradição deste género dos pela crítica (a série Lost é um deles). televisivo. Porém, se anteriormente era fraturantes. São diversos, comum haver um grande tema de merchandising social eleito para cada Répérage com ecrãs cada vez de maior dimensão como a marginalização de minorias étnicas é recorrente nas novelas, graças ao poder de a ficção televisiva influenciar comportamentos, lutando contra o preconceito. Em Coração d’Ouro, vai surgir um casal multiétnico, de locais. A escolha dos ficção, atualmente grande número de exteriores a incluir nas novelas dá-se temas aparece ‘pulverizado’ pela narra- após persistente procura dos espaços tiva, associados a diferentes persona- que melhor se adequem ao desen- gens. Vão surgir a investigação médica, volvimento da narrativa. Estão a cargo os testes clínicos e o transplante pul- de um produtor de locais, experiente monar. A crise económica está ausente nestas andanças, implicam muitos quiló- deste universo, com a evolução da Zanatti, Ana. A atriz, autora literária e metros de estrada e uma agenda de situação do País e principalmente com ex-apresentadora de TV interpreta o contactos recheada. Segundo Bruno uma mudança de comportamento da papel da psicóloga Sara Amaral, que José, a atual novela exigiu contactos população em prol de uma atitude mais assinala o seu regresso ao ecrã, depois de raiz, por se tratar de regiões onde a positiva. de ter integrado o elenco da série Teresa e Jonas, integrando um núcleo familiar que permite desenvolver esta questão. produtora nunca tinha gravado ante- Os Compadres, na RTP1, em 2012, riormente. o seu anterior trabalho na Televisão. Foi Uau factor. Surpreender entre outras formas pela imagem é um dos objetivos da novela atual, e a inserção de paisa- muito desejada para o papel pela produtora, que não imaginava mais ninguém para o desempenhar. gens espetaculares do Douro aos Açores é um dos meios para atingir esse fim. O facto de no caso das novelas prevalecer 8 N º 21 . OUTUBRO O autor defende também o que se tornou uma característica distintiva das novelas da SIC, a integração de núcleos de comédia no decorrer da história, criteriosamente inseridos de forma a permitir uma dinâmica da narrativa, nos quais a produtora investe na escrita, no elenco, na produção e na realização. Além de mestre do ofício da escrita, é também um observador do fenómeno e reflete sobre o terreno que pisa todos os dias, em jornadas longas rodeado de equipas de profissionais escolhidos a dedo. Não gosta de escrever à partida para atores específicos, o que redundaria numa limitação, preferindo pensar nas personagens. Porém, Mariana Monteiro e Mariana Pacheco 2 0 1 5 Mariana Pacheco e Rita Blanco: o confronto de uma consagrada com uma atriz da nova geração reconhece que, a partir de certa altura do desenrolar da produção, se enceta um diálogo entre a escrita e a interpretação: «A partir desse momento, o que me atrai no ator é a capacidade que tem de agarrar num determinado personagem e trabalhá-lo». Sobre a telenovela como género e a evolução a que se tem assistido, que faz com que se distinga da tradicional soap opera americana, equaciona a questão colocando as diferenças nos devidos lugares: vê o género ficcional em Portugal com origem no ramo latino oriundo do Brasil e da Argentina, distinto do anglo-saxónico, caracterizado para ser exibido durante o dia. Do primeiro decorreu o prime-time soap, melodrama de periodicidade semanal, a exemplo de Revenge e Empire; a telenovela portuguesa distingue-se pelas características próprias, afirma Pedro Lopes, pois tal como outras indústrias, acabou por conquistar maturidade e autonomizar-se. A relação entre orçamento e produto final não é linear, ao contrário do que possa pensar-se, e contém a sua subtileza, como salienta. Sendo um produto de orçamento controlado, evidencia as suas imperfeições. Afinal, a novela «é um produto muito sincero». Sobre a ficção televisiva e o universo da língua portuguesa, enuncia um sonho: «Seria interessante que o Português não fosse apenas a nossa fronteira, mas que permitisse a ligação aos países de língua portuguesa, e haver aqui um viajar da ficção maior do que existe». B 9 VINHOS Da vinha para a adega As vindimas na Quinta de São Sebastião e nas propriedades dos parceiros da Multiwines em Arruda dos Vinhos, na Região de Lisboa, saldaram-se pela recolha de 600 toneladas de uva, destinadas às diferentes chancelas A habitual azáfama das vindimas animou a Quinta de São Sebastião desde o final de agosto (o arranque deu-se a 25 daquele mês), durante cerca de quatro semanas. A campanha de 2015 mobilizou braços da propriedade e ainda uma equipa de trabalhadores temporários, de origem cabo-verdiana, contratada especialmente para o efeito. A apanha de uva nesta propriedade é manual, dadas as características do terreno, de acentuado declive. O final do mês de agosto representa o culminar de um processo de trabalho árduo, persistente e minucioso, levado 10 a cabo ao longo de todo o ano, gera invariavelmente enormes expectativas e é acompanhado à minúcia pelo enólogo da Multiwines, Filipe Sevinate Pinto. As semanas a anteceder as vindimas são particularmente críticas, exigindo uma monitorização permanente dos cachos. É altura de fazer os controlos de maturação, com análises de campo (dos níveis de açúcar, acidez, ph), o parâmetro mais objetivo desta abordagem, realizado talhão a talhão. Estes controlos começam por ser semanais, mas essa periodicidade pode ser encurtada, à medida que a vindima se aproxima. O MARTA CAVACO da empresa, rumo aos mercados nacional e internacional N º 21 . OUTUBRO MARTA CAVACO acompanhamento é realizado não apenas na Quinta de São Sebastião, como nas propriedades dos parceiros, pelo que nada é deixado ao acaso. Para imponderáveis, já basta a meteorologia! A acrescer a estes parâmetros, existem outros, mais subjetivos, em que o enólogo se socorre da experiência e conhecimento. É altura de «ir percebendo a dinâmica da vindima» − refere o enólogo, em que o sucedido no ano anterior se destaca na memória mais recente. Acontece, porém, que todos os anos a vindima resulta num acontecimento diferente. «Varia a dinâmica − 2 0 1 5 a circunstância de ser uma vindima espaçada no tempo, ou muito concentrada – e a decisão sobre se se apanha primeiro nos terrenos mais férteis, ou nos mais pobres», revela o enólogo. Percebida a referida dinâmica da vindima, de que é exemplo o facto de as castas menos produtivas serem aquelas que amadurecem mais cedo, é com a rios, basta saber que alguns deles são detentores de mais do que uma propriedade na região. A operacionalização é outra das questões, em locais onde a vindima é manual ou mecânica, consoante os casos, neste último com recurso a equipamentos próprios ou alugados para o efeito. As vindimas de 2015 culminaram um leitura desses indicadores que se vai tomando decisões. Daí que a colheita comece habitualmente pelas castas brancas, já que «os vinhos aqui produzidos exigem níveis de maturação médios, de álcool médio e alguma acidez, o que lhes confere frescura. Já nos tintos é preciso chegar a maturações um pouco mais altas» − confia o enólogo. Neste processo, há que pôr em prática uma cuidadosa logística, com a calendarização das vindimas na Quinta de São Sebastião e nas propriedades dos parceiros. Para se perceber a importância das vindimas para estes proprietá- ano agrícola seco. Assim, no caso da vinha da Quinta de São Sebastião, as uvas ficaram dependentes das reservas de água que se acumularam durante o Inverno. Além disso, o balanço de 2015 assinala-se por uma episódica queda de granizo na Primavera que danificou algumas cepas, do que ainda estão a ressarcir-se. Antecipando-se um ano de produção média-baixa, Filipe Sevinate Pinto revela que antevê, em contrapartida, uma produção de vinhos de qualidade soberba. Ao atingir-se, no final de setembro, um total de 600 toneladas de uva para 11 R VINHOS Produtores unem esforços com a Fine Wine Alliance Recentemente criada, a Fine Wine Alliance integra propriedades de diferentes regiões vínicas. Além da Quinta de São Sebastião e da Wine Ventures (Região de Lisboa), a Quinta de Cottas (Douro) e a Santa Vitória (Alentejo). Esta parceria empresarial propõe-se responder às necessidades dos atuais mercados, crescentemente competitivos e que exigem respostas rápidas, com um portfolio diversificado de marcas de vinhos premium e canais de comunicação centralizados. A união de esforços da parceria, criada em 2015, dá continuidade à expressão nacional e internacional das exportações dos respetivos vinhos (de que se salienta 42% na Europa, 27% na América do Sul, 16% em África e 8% na América do Norte). O portfolio citado inclui marcas como o Cottas Douro Reserva, Quinta de Cottas Touriga Nacional, Cottas 20 Year Old (vinho do Porto) e Prova Régia (Arinto – Bucelas, Lisboa), Morgado de Sta Catherina, Principium, Vivere, as diversas designações do Quinta de S. Sebastião (branco, rosé, Colheita, Reserva, Syrah e Grande Escolha Touriga Nacional), Mina Velha (tinto, branco, rosé e Selection) e S. Sebastião (tinto, branco e rosé), da Região de Lisboa. As marcas Versátil e Santa Vitória integram o leque na Região do Alentejo, assim como o Longue Tubi representa a Região da Provença, em França. Nas referidas propriedades, as marcas são criações de enólogos como João Silva Sousa (Quinta de Cottas), Bernardo Cabral (Santa Vitória), Manuel Pires da Silva e Maria Godinho (Quinta da Romeira), Manuel Vieira (Quinta da Romeira e Quinta de Cottas) e Filipe Sevinate Pinto (Quinta de São Sebastião). Grande parte destas marcas de vinhos já arrecadaram prémios de relevo, com destaque para as medalhas de ouro obtidas no Sommeliers Wine Awards, Selections Mondiales des Vins Canada, Berliner _Wine Trophy, Concurso de Vinhos de Lisboa e no Concours Mondial de Bruxelles, assim como classificações destacadas pelo prestigiado crítico norte-americano Robert Parker. Africa 16% América do Sul 27% Ásia 2% Oceania 1% Outros 4% Europa 42% América do Norte 8% Fonte: Fine Wine Alliance 12 vinificação das marcas da empresa, está-se perante um crescimento de 50% (recorde-se que no ano de 2014 se recolheram 400 toneladas). Este contingente destina-se a uma produção já com colocação no mercado e corresponde, portanto, a um crescimento sustentado da empresa. Novos equipamentos aumentam capacidade da empresa Na adega a azáfama não é menor do que no terreno. Sérgio Lopes não tira os olhos da entrada do amplo espaço, pois espera a todo o momento a chegada de mais uvas, oriundas de uma propriedade parceira da empresa, num dia em que o contingente recebido chegou às 50 toneladas. Os cachos destinam-se ao novo tegão da adega, o mais recente investimento na receção de uva, onde são rapidamente esmagados e desengaçados, sem mais demoras. A novidade das vindimas de 2015 é a ampliação e reequipamento da adega da empresa, em Arruda dos Vinhos. O espaço inclui também novas cubas de fermentação, que dispõem de um sistema de refrigeração, tudo dispositivos que representam a vanguarda deste setor de atividade. A adega da Multiwines conquistou um espaço contíguo, ampliando para o dobro a área já existente, destinado a funcionar para engarrafamento, etiquetagem e armazenagem do produto final, de onde sairá diretamente para a expedição. Criou-se assim um circuito de entrada de matéria-prima e de saída de produto acabado, para a distribuição. A Multiwines é responsável pela comercialização das marcas Quinta de N º 21 . OUTUBRO 6 PERGUNTAS A… Filipe Sevinate Pinto Jogo de xadrez afirmar que a intervenção do enólogo é fundamental no decorrer das vindimas. Porém, Filipe Sevinate Pinto tem consciência de que, para a generalidade de quem está fora do meio, a sua função nos bastidores deste processo é praticamente desconhecida. Sublinha que a vindima consiste num jogo de xadrez cujo imperativo é a qualidade da matéria-prima S. Sebastião, S. Sebastião, Mina Velha e Mil Caminhos, vinhos da Região de Lisboa, distribuídos por todo o território nacional e ainda fora do País, nomeadamente em países como a Suíça, países do Benelux, Reino Unido, Brasil, 2 0 1 5 NM − De que forma intervém nas vindimas? FSP − O mês de agosto é a altura para uma permanente monitorização das uvas, tanto na Quinta de São Sebastião como nas propriedades dos parceiros fornecedores. Nenhuma uva entra na adega sem ter sido observada. − A vindima todos os anos traz surpresas? − Sempre. A frase não é minha, mas é comum dizer-se que «cada vindima é diferente, tal como um parto é sempre diferente de outro». − Fica ansioso? − Um pouco, porque há sempre circunstâncias que nos escapam, como as condições meteorológicas. Depois, a logística das vindimas passa por uma enorme pressão por parte dos parceiros, que querem vindimar o mais cedo possível as suas uvas, pois realizam enormes investimentos nas propriedades, enquanto nós, por um imperativo de qualidade, queremos manter as uvas o mais possível na vinha, tirando o máximo partido delas. Pretendemos apanhá-las e trabalhá-las no momento Moçambique e Colômbia. Estas marcas têm vindo a conquistar o seu espaço, despertando a atenção dos críticos da imprensa especializada e das instituições nacionais e estrangeiras, que as têm distinguido em concursos de RODRIGO DE SOUZA É um lugar-comum ideal. É difícil conseguir montar este jogo de xadrez. − O que mais o preocupa, nesta altura? − A possibilidade de chover, ou o excesso de calor. Tratando-se de películas muito sensíveis, no primeiro caso, porque podem rebentar e, no segundo, porque desidratam. − Prevê-se o surgimento de novas marcas da Multiwines em 2016? − Marcas, não, mas novas designações nas diversas marcas já existentes. − Fica satisfeito com os prémios atribuídos às marcas da Multiwines, em particular os mais recentes? − É sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido por entidades externas, algo que ajuda na comercialização dos vinhos. âmbito internacional. A atestar da sua oferta diversificada no mercado, a Multiwines já dispõe do catálogo de Natal, no qual incluiu amostragem das marcas e designações disponíveis no mercado. B 13 AGROALIMENTAR Agrivabe Já há amoras na Quinta do Mirante As amoras já estão a ficar maduras na Quinta do Mirante, propriedade explorada pela Agrivabe, que se dedica à produção de pequenos frutos vermelhos. Depois da floração, a nova cultura experimental dá os primeiros sinais. Segue-se a plantação de mirtilos de modo a diversificar a atividade da empresa 14 E m plena segunda campanha de framboesa na Agrivabe, empresa que se dedica à cultura de pequenos frutos vermelhos em hidroponia no concelho de Tavira, num pequeno setor do Bloco 5, vão ser colhidas amoras pela primeira vez. Esta espécie começou a ser produzida este ano a título experimental; da experiência faz parte também o mirtilo, que entra na estufa em novembro e só dará frutos em 2016. A produção destas duas espécies junta-se à cultura tradicional de framboesa na Quinta do Mirante, explorada pela empresa naquele concelho. Integra-se numa estratégia de diversificação encorajada pela Driscoll’s, distribuidora multinacional e parceira da empresa, que coloca estes pequenos frutos no mercado internacional. À semelhança das framboesas que saem das estufas desta propriedade, amoras e mirtilos serão encaminhados para países do Norte da Europa, tradicionalmente consumidores e apreciadores de pequenos frutos vermelhos. Muito semelhante à framboesa, é principalmente conhecida em Portugal a amora silvestre, geralmente mais pequena do que a produzida em estufa. Já em cultura, ainda não existe experiência significativa da produção de amora em Portugal no Outono, pelo que praticamente não se conhece histórico do seu desenvolvimento. Na região, até agora, apenas outra empresa integrante da organização de produtores local, a Hubel, já produziu amoras, no mesmo sistema. No que respeita ao mirtilo, Portugal situa-se na linha da N º 21 . OUTUBRO frente desta cultura em hidroponia, a par da Califórnia (principalmente no Norte do Pais). Assim, a experiência agora a decorrer na Agrivabe reveste-se de algum vanguardismo − daí que os pequenos frutos ocupem nesta fase inicial apenas um pequeno setor no Bloco 5, o mais recente, erguido na Quinta do Mirante já no decorrer de 2015 e a produzir desde junho passado. Por tudo isto, é natural que os resultados sejam aguardados com expectativa. Com as novas culturas, além de diversificar a oferta para o mercado, a empresa potencia a sua atividade, preenchendo um período do ano em que a cultura da framboesa não acontece na região e aproveitando assim todo o potencial da estrutura. Como explica Carla Martins, Diretora Geral e Gerente da Agrivabe, a amora produz até dezembro, dando depois lugar à primeira campanha de framboesa, para voltar em junho e julho. O grande desafio que se coloca à Agrivabe com esta cultura experimental e no qual a empresa vai Carla Martins, Diretora Geral e Gerente da Agrivabe 2 0 1 5 pôr à prova a sua capacidade técnica e experiência consiste em produzir de acordo com os padrões de qualidade exigidos pelos mercados internacionais, à semelhança do que acontece com a restante produção. Já no que respeita à valorização destas espécies pelos mercados é cedo para falar, esperando-se conhecer esse dado na altura em que começar a distribuição. Quanto à aceitação pelos consumidores destes pequenos frutos, espera-se que haja uma evolução nos hábitos dos consumidores na Europa por forma a aumentar o consumo per capita, à semelhança do que acontece nos EUA, ainda que sejam conhecidas a composição nutritiva, com percentagem de fibras e vitaminas, as qualidades estimulantes e anti-envelhecimento deste fruto, com benefícios para a saúde. Balanço positivo da produção de 2015 Perto do fim do ano, ainda não é possível àquela responsável avançar um balanço de 2015, pois prefere uma postura cautelosa. Ainda assim e pelos dados conhecidos até agora, revela que foram atingidos os objetivos pretendidos e quantificados em 23 a 24 toneladas de frutos vendáveis por hectare. O facto de não terem existido excedentes de frutos por escoar levou a que esteja por avançar a participação no projeto de aproveitamento de frutos que não seguem para a distribuição para a produção de sumos, compotas e polpas, em parceria com outros produtores da organização Madrefruta. Isso não significa, no entanto, que a iniciativa tenha deixado de estar em análise, e a ser equacionado o respetivo custo-benefício pois, a ser concretizada, exige investimento de vulto em infra-estruturas. «Estamos animados com o conseguimos fazer este ano» − afirma Carla Martins, referindo-se à evolução de janeiro a setembro, ao progredir-se com aquilo que foi «mais um degrau» na atividade da empresa. Confiante no desenvolvimento gradual da Agrivabe, com etapas a vencer a cada ano, revela que 2015 correu dentro das expectativas. Mostrando uma postura ambiciosa a pensar em 2016, avança que «é natural que queiramos sempre mais», tratando-se de uma estrutura aguerrida e que quer destacar-se no setor em que atua. Recorde-se que a Quinta do Mirante, uma das propriedades exploradas pela empresa, dispõe de 13.3 hectares de estufas, até à atual experiência exclusivamente preenchidas por framboesas. Exigindo uma permanente monitorização dos frutos, a produção em hidroponia no Algarve, em estufa, consiste num desafio acrescido, devido às condições meteorológicas. No caso de temperaturas muito elevadas, diurnas e noturnas, implicam recursos que Carla Martins designa como «driblar» o clima e as temperaturas, por exemplo fazendo incidir mais ou menos luminosidade sobre as plantas e promover maior arejamento dentro das estufas ou fechar para manter temperaturas noturnas. E o Verão de 2015, no Sotavento algarvio, onde a propriedade se situa, foi exemplo disso ao registarem-se temperaturas elevadas com especial incidênB cia no mês de julho. 15 EDIÇÃO O ex-diplomata português Luís Pinto Coelho com Kit Talbot, evocado no livro O Meu Avô Luís, de Sofia Pinto Coelho. O casal visto pelo fotógrafo Lew Parrella O MEU AVÔ LUÍs e o Portugal de meados do século XX A rentrée editorial da Guerra & Paz aposta na coleção Clube do Livro SIC com cinco novos títulos, de que se destaca O Meu Avô Luís, da jornalista Sofia Pinto Coelho. Em destaque, a figura do ex-diplomata Luís Pinto Coelho e a época em que viveu, o Portugal de meados do século XX, do regime de Salazar e o meio social da Linha de Cascais 16 P ara Sofia Pinto Coelho, jornalista da SIC e agora autora, Luís Pinto Coelho (1912-1995) foi simplesmente ‘o avô Luís’. Para o regime, ele foi um homem de confiança, comissário da Mocidade Portuguesa, jurista, docente universitário de Direito e diplomata. Colocado na embaixada em Madrid após o eclodir da Guerra Colonial, em 1961, quando a estratégia motivada pelo conflito obrigou Salazar a uma mudança de cadeiras, este momento da sua vida está na origem do livro. Semelhante perfil faria deste homem casado e patriarca de uma família numerosa, conhecido por ser católico, alguém de destaque. E, no âmbito familiar, semelhante a outros que contribuíram para os contornos conservadores da sociedade portuguesa de meados do século XX. Não se imaginaria uma história controversa, não fosse o imprevisto que acabou por revelar a personalidade frontal e inequívoca do então embaixador de Portugal no país vizinho. Em plena capital madrilena, Pinto Coelho trava conhecimento com uma americana de grande beleza (como as fotografias incluídas no livro atestam), rompe com o círculo familiar ao separar-se da mulher legítima, abdica do cargo e inicia uma nova etapa da vida com a recente paixão. As circunstâncias levá-lo-ão para a América Latina, nomeadamente o Brasil, onde voltará a exercer a profissão original, num processo não isento de dificuldades e agruras, junto da que foi a sua companheira até ao final da vida. Detentora de informação privilegiada e de documentos fotográficos que ilustram este percurso, Sofia Pinto Coelho não se limita a escrever a biografia do avô, N º 21 . OUTUBRO enriquecendo a obra com o enquadramento na época. O Portugal de meados do século XX, e no meio social em que o avô se moveu, no restrito círculo das famílias abastadas da Linha de Cascais e do Estoril. O perfil de Luís Pinto Coelho pode ser identificado no seguinte parágrafo do livro: «Quando comecei a dizer que ia contar a história dele, houve quem achasse «corajoso» contar-se a história de um «fascista». Como se fosse o mesmo que ser um assassino ou outra coisa terrível. À medida que ia lendo as suas cartas e conhecendo o que viveu e sentiu, fui-me interessando pela história do meu país, de uma forma que nunca tinha sentido quando lia o Manuais de História no liceu. Na história do avô, todos os acontecimentos adquiriam vida. Enquanto estava a visionar os seus filmes, por exemplo, aparece Salazar. Nessas imagens havia um toque familiar que me causou estranheza, pois estamos habituados a vê-lo, hirto e solene, a discursar com a habitual pose de estadista, mas ali estava Salazar a chegar, descontraidamente, à inauguração do Estádio do Braga (foi no dia 28 de Maio de 1950) e a sorrir». A história serviu de tema para o livro O Meu Avô Luís, da autoria da neta do diplomata e incluído nos lançamentos da rentrée editorial da Guerra & Paz, no âmbito da ‘locomotiva’ da editora, o Clube do Livro SIC. Esta coleção inclui agora mais quatro títulos, e consiste na iniciativa editorial mais expressiva desta chancela, no que se refere às vendas. A paralisia cerebral na primeira pessoa As edições da rentrée do Clube do Livro SIC incluem ainda Vamos falar de sexo, versão em livro de uma série de reportagens da SIC, coordenada por Maria João Ruela, pivô da estação e pelo jornalista do Expresso Bernardo Mendonça. O volume consagra em texto os testemunhos dos que deram o nome e a cara, falando sobre as suas fantasias e desejos, e conta com posfácio da sexóloga Marta Crawford. Os restantes lançamentos são Anjos e Milagres, de Maria Helena, conhecida apresentadora do programa A vida nas cartas. O Dilema, das manhãs da SIC e igualmente campeã de vendas da editora. Neste novo título, a autora inclui um conjunto de elementos de autoajuda, como orações e conselhos sobre os aspetos centrais da vida, da profissão à saúde, passando pelas relações afetivas. Dado o êxito da anterior edição desta autora (60 mil exemplares), o título está no mercado num lançamento inicial de 17 mil exemplares, esperando-se que possam surgir novas edições, consoante o comportamento das vendas. O outro título, Aos Olhos da Rita, é escrito por Rita Bulhosa, adolescente de 16 anos, testemunho inspirador sobre a paralisia cerebral na primeira pessoa. Assumindo as limitações que este quadro clínico acarreta, redunda numa mensagem de esperança e ajuda para outros que se encontram na mesma situação. A obra é enriquecida com um conjunto de mais de três dezenas de ilustrações, uma para cada entrada do livro, por diferentes artistas. Conta ainda com textos assinados por Mário Augusto, jornalista da RTP e pai de Rita, e de Francisco José Viegas, prefácio de Valter Hugo Mãe e um contributo de Diogo Mainardi, cronista brasileiro igualmente familiarizado com esta condição. Aposta nos clássicos Com O Principezinho, de Saint Exupery, a Guerra & Paz completa este ciclo de grandes apostas da rentrée na referida coleção, ao mesmo tempo que marca presença no mercado dos clássicos, 2 0 1 5 17 R EDIÇÃO nicho em que se propõe investir. Esta edição conta com tradução nova da autoria conjunta de Manuel S. Fonseca e Rui Santana Brito. Com o lançamento, a editora propõe-se massificar este título junto do público leitor. Ainda no âmbito dos clássicos, está no mercado Os Maias, de Eça de Queiroz, que ganhou uma nova fixação de texto de Helder Guégués, linguista e conhecido por ser autor do blogue Linguagista (recorde-se que a fixação vigente, até agora, era de Helena Cidade Moura). Esta edição contou com a colaboração do bisneto do autor oitocentista, António Eça de Queiroz, que assina o posfácio. Os Maias inaugura uma coleção que vai distinguir-se pelas capas características, desenhadas a partir da repetição de um ícone que se associa ao autor, no caso de Eça de Queiroz o bigode e o monóculo. Conhecida pelo lançamento de livros práticos e de temas de atualidade, a editora lançou Remar Contra a Maré, de Luís Ferreira Lopes, que apresenta regularmente na SIC Notícias o programa Sucesso.pt no qual aborda casos de sucesso no tecido empresarial português. O livro conta com prefácio de Filipe de Bottom. A economia, neste caso a nível global, está em foco em Estados Unidos, a Globalização e o Desafio do Novo Milénio, de José Manuel Felix Ribeiro, já autor da chancela, onde publicou anteriormente Portugal – A economia de uma nação rebelde, muito bem acolhido pelo mercado. Este economista, que integrou um gabinete de estudos prospetivos do Estado antes de se retirar, analisa nesta obra as questões centrais na economia e geoestratégia de grandes potências como os EUA, China, Japão, Rússia e Índia. De contornos práticos e um precioso auxiliar de quem escreve, ensina, ou simplesmente aspira ao domínio do falar, escrever e pronunciar corretamente, é a obra Em Português se faz favor, de Helder Guégués, onde se abordam nomeadamente os erros mais Fernando Pessoa E AS mulheres Manuel S. Fonseca regressa à figura de Fernando Pessoa para tema do volume de luxo a lançar em outubro e destinado às vendas natalícias – quando se sabe que o período entre setembro e dezembro é o mais animado em termos de aquisições de livros pelos leitores. O poeta, recorde-se, já foi o autor escolhido para obra de destaque na quadra de Natal passada. Esse volume consistiu numa fortíssima aposta, quer em termos da materialidade do livro, extremamente original, quer do seu conteúdo, num lançamento limitado e numerado, As Flores do Mal. Desta vez, o objeto da edição intitulada Minha Mulher a Solidão consiste em reunir textos de Fernando Pessoa e dos heterónimos, entre os quais Maria José, sobre mulheres, mas também homoeróticos e até masoquistas. A edição, limitada a 1800 exemplares e numerada, propõe-se surpreender também pela originalidade da materialidade do objeto. A capa, com o título gravado, deixa ver a costura dos cadernos, ficando presa ao volume apenas na contracapa. Com recurso a três diferentes papéis (o munken print white e o munken pure, por exemplo), o livro conta ainda com encartes em papel de jornal e de uma pintura original da artista plástica Ana Vidigal, além de um poema escrito a pedido para esta edição de Eugénia de Vasconcelos. Produzido com grande recurso a trabalho manual, o que encarece a edição, está à venda por 55 euros, e resulta numa obra de luxo organizada para enriquecer o conhecimento quer de pessoanos, quer do público em geral, sobre a complexidade deste autor, que certamente marca o catálogo da editora. Este livro está a ser objeto de uma campanha de crowdfunding, dados os custos inerentes à edição. Assim, a Guerra & Paz faz um apelo ao público para que se torne co-editor desta emblemática obra. 18 N º 21 . OUTUBRO comuns da língua portuguesa, além de referências aos numerais, verbos, regências verbais, plurais, modismos e maus usos, e a ortografia de certo tipo de palavras. Ainda a pensar em professores e formadores, refira-se o guia prático sobre avaliação, Avaliar é Preciso? Guia prático para professores e formadores, de Anabela Costa Neves e Antonieta Lima Ferreira, que pode ainda ser útil às empresas onde os procedimentos de avaliação são realizados. O conjunto de lançamentos não fica pelos temas práticos e inclui um romance de estreia, de autor até agora desconhecido do público (e também até agora da editora, à qual o original chegou por correio eletrónico), e que assina sob o pseudónimo Daniel Simon. Como Musgo na Pedra, assim se inti- tula, impressionou o Administrador Editorial da chancela, Manuel S. Fonseca, pela qualidade literária. Trata-se igualmente de um testemunho de alguém que descobre que é seropositivo, informação na base de uma autêntica reviravolta na sua vida. Esta obra distingue-se também pelo facto de trabalhar um tema inédito na literatura em Portugal. B Quero, posso e edito A autoedição é um dos fenómenos da atualidade no setor livreiro, assim como o print on demand, referidos num estudo da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que identificou as tendências no setor no decorrer da segunda década do século, no contexto nacional e internacional 2 0 1 5 A entrada das grandes superfícies comerciais no retalho livreiro, iniciada nos EUA, e a mudança de paradigma das indústrias culturais, incluindo o modelo de negócio de edição e comércio livreiro, são consideradas pela APEL, num relatório publicado em setembro de 2014, realizado em parceria com o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) e intitulado Comércio livreiro em Portugal. Estado da arte na segunda década do século XXI como fenómenos na origem das grandes transformações que influenciaram o panorama internacional do comércio do livro. O estudo da APEL identificou um conjunto de tendências «susceptíveis de condicionar a situação atual do comércio livreiro em Portugal», a começar pela inversão da tendência de crescimento do universo de leitores; por outro lado, de acordo com o mesmo estudo, a oferta de livros eletrónicos «ganhou uma dimensão relevante, e em acelerado crescimento». E, como se lê, «embora ainda longe da do formato impresso, nomeadamente em português e por editoras portuguesas». Segundo o mesmo estudo, os hábitos de consumo dos portugueses passam sobretudo pelos centros comerciais e pelas livrarias situadas nesses locais e pelos super e hipermercados (que ocupam, com as cadeias de livrarias, três quartos do mercado, em detrimento das livrarias independentes), com consequências para o modelo de negócio e para as margens de comercialização. O setor assiste ainda aos fenómenos de auto-edição, e de print on demand, assim como os cartões de desconto e campanhas de Natal e noutros períodos, que passaram a ser práticas correntes. Em conclusão, o estudo sintetiza que são enormes os desafios enfrentados pelo comércio livreiro do livro impresso, numa altura em que se assiste à mudança de perfil da população, em prol de uma maior qualificação, aos efeitos da crise e em que se sublinha o valor cultural do livro. B 19 IMOBILIÁRIO DESIGN contemporâneo para os Jardins de Santa Eulália A IPSUMINVEST, Lda., sociedade participada em 50% pela Madre Imobiliária, vai reabilitar um imóvel recentemente adquirido junto à praia de Santa Eulália, no concelho de Albufeira, no Algarve, para posterior revenda, destinado a habitação e comércio 20 O projeto de arquitetura dos Jardins de Santa Eulália, em Albufeira, recentemente adquirido pela IPSUMINVEST, aposta numa atualização do edifício existente, conferindo-lhe um aspeto moderno e elegante. Destina-se a reabilitar uma antiga unidade hoteleira e reconvertê-la para habitação e comércio, valorizando o edificado, as zonas N º 21 . OUTUBRO comuns e áreas verdes, com um design simultaneamente arrojado e contemporâneo. Nas linhas direitas e na escolha de uma paleta de cores que vai do branco tradicional no Sul do País, a vários tons de cinzento, esta opção arquitetónica conjuga-se em harmonia com a mancha verde de arbustos, plantas e árvores. A reabilitação do edifício, com projeto da empresa Ofiarte − Oficina de Arquitectura, Engenharia e Construção, passará por intervir no edifício existente, na alteração da fachada, nos arranjos exteriores e na piscina. A valorização, que permitirá a esta unidade destacar-se pela sua modernidade e conforto na zona onde está implantada, destina-se a posterior venda no mercado nacional e internacional. O complexo distribui-se por dois pisos com um total de 40 apartamentos de tipologias do T0 ao T2 e uma área comercial com 1.100m2, a que acrescem 110 lugares de garagem e 39 garagens-box. Este projecto insere-se na estratégia de abordagem ao mercado que a IPSUMINVEST pretende concretizar, nos 2 0 1 5 setores de habitação, turismo e comércio, promovendo a respetiva valorização para posterior comercialização ou aluguer, consoante as oportunidades proporcionadas pelo mercado. Esta iniciativa em Santa Eulália vem ao encontro de uma tendência de recuperação do mercado imobiliário, que se confirma pelos dados mais recentes vindos a público. Segundo os indicadores contidos no relatório Marketbeat Outono 2015 para Portugal, da consultora Cushman & Wakefield, de 16 de setembro, o mercado residencial «manteve na primeira metade do ano a tendência de recuperação que se tem vindo a sentir desde 2013». A recuperação é decorrente da subida do nível de confiança das famílias, da correção em baixa do desemprego e, entre outros fatores que contribuíram para a retoma do setor, do aumento considerável da procura por parte de estrangeiros não residentes. De acordo com a consultora, o mesmo se passa com o investimento imobiliário, em que também se confirma a retoma sentida desde meados do ano passado. B 21 SAÚDE O HPA Gambelas, em Faro Base Holding com nova parceria no Algarve A Base Holding está a crescer. Por um lado, aumentando a sua implantação no território, com uma nova parceria no Algarve no âmbito de um dos setores tradicionais em que atua, a Imagiologia. E, por outro, alargando o espetro da sua atuação a duas novas áreas, a Gastroenterologia e a Cardiologia de Intervenção 22 A ntes do final do ano, a Base Holding terá novidades na sua estrutura e âmbito de atuação, decorrentes de negociações levadas a cabo ao longo dos últimos meses e já firmadas em contrato. Destaca-se a nova parceria com o Hospital Particular do Algarve (Grupo HPA Saúde ou HPA), que detém um conjunto de equipamentos de Saúde no Algarve. O HPA foi criado na origem há 25 anos pelo Dr. João Bacalhau para dar resposta à população estrangeira que, de forma consistente, tem acorrido àquela região, quer para passar férias, quer para ali residir. O grupo tem vindo a crescer ao passo da expressão da referida população, atendendo também às necessidades dos residentes locais. Detém atualmente três hospitais, o HPA Alvor, HPA Gambelas Faro e gere o Hospital de S. Camilo, em Portimão, detido pela Santa Casa da Misericórdia daquela cidade. Além disso, dispõe de um conjunto de clínicas, estruturas de proximidade, o Centro Médico Internacional de Vila Real de St.º António, a Clínica Particular no Algarve Shopping, a Medchique, em Monchique, a Clínica International Health Center e a Clínica Particular em Vilamoura. Ao estabelecer uma parceria com este Grupo, a Base Holding passará a gerir os respetivos serviços de Imagiologia e de Medicina Nuclear, tratando-se neste último caso do único serviço de Medicina Nuclear a Sul de Lisboa, através da Dr. Campos Costa (DCC), estrutura que se integra no seu universo empresarial e é referência nas referidas áreas, Imagiologia e Medicina Nuclear. A nova sociedade entre as duas entidades designa-se Centro Integrado de Diagnóstico do Algarve (CDA), é detida em 51% pela DCC e em 49% pelo HPA e dá continuidade à anterior parceria na N º 21 . OUTUBRO área das Análises Clínicas, firmada em 2009. A nova parceria foi concretizada a 1 de julho passado. A Base Holding detetou ali uma oportunidade, uma vez que é crescente a procura do Algarve por cidadãos estrangeiros, que escolhem a região para residir ao longo de todo o ano, permitindo ao Grupo alargar o seu espetro de atuação: «Vamos contribuir com as nossas competências nestas áreas, designadamente em termos de organização, processos e corpo clínico» − no que consiste a mais-valia que a empresa vai aportar ao HPA, referiu António Aguiar Moreira, CEO da empresa. Este responsável sublinha o interesse do contrato, não só pela associação de longo prazo a um Grupo de referência como o HPA, como pelo perfil muito diferenciado dos seus utentes. Considera de igual modo que este suporte hospitalar «é fundamental para a fixação da população estrangeira na região», se bem que a prestação de serviços aos residentes também seja expressiva. A Base Holding vai aportar não só o seu know how na gestão, como as competências tecnológicas e do corpo clínico (já que o sistema Medweb utilizado na DCC agiliza a comunicação entre os corpos clínicos dos hospitais), e vai fazer novas contratações de médicos. O Grupo prevê realizar também investimentos em equipamentos de Imagiologia, de forma a dar resposta à procura nestes hospitais pelos utentes. Novo Centro de Cardiologia de Intervenção no Porto No Porto, a Base Holding acaba de estabelecer outra parceria, desta vez com os Profs. Henrique Cyrne de Carvalho e José Baptista, duas figuras de referência na sua especialização, para o Centro de Cardiologia de Intervenção (CCI), agora criado. Instalado na Casa de Saúde da Boavista, este novo centro passará a dispor do seu próprio espaço e de apoio tecnológico de ponta, de que é exemplo um novo angiógrafo, e prestará um serviço até agora não existente naquela instituição. 2 0 1 5 Por outro lado e na sequência do concurso lançado pelo Governo para a criação de novas convenções na prestação de serviços de Gastroenterologia, através do qual procurou dar resposta, nomeadamente, à capacidade de realização de colonoscopias (um tema que esteve muito em foco na Comunicação Social, dada a incapacidade de as parcerias darem resposta às necessidades da população), a Base Holding candidatou-se a dez convenções em todo o País. Anteriormente, o Grupo apenas prestava este serviço no âmbito privado, na Clínica Dr. Krug Noronha. Gerido pelo Ministério da Saúde, o processo de celebração das convenções, habitualmente demorado, avançou rapidamente no caso de Lisboa, pelo que já foram celebradas com a Base Holding a 28 de setembro passado os primeiros acordos, que darão origem à prestação destes serviços na Cardioteste da Avenida da Liberdade. Para acolher esta nova prestação, serão realizadas obras nesta clínica, onde será instalado novo equipamento. Além da capital, a Base Holding candidatou-se a convenções no Porto, Amarante, Aveiro, Braga, Guimarães e Chaves, entre outras cidades, esperando-se a curto prazo o resultado dos concursos. A acrescentar às suas iniciativas, conta-se a aquisição em junho passado a um grupo de médicos da Centac – Centro de Tomografia Computorizada de Aveiro, adicionando esta cidade ao mapa da implantação da Base Holding no território nacional. A Base Holding surgiu em janeiro de 2009 e atua no setor da Saúde, em três grandes áreas das Análises Clínicas, Imagiologia e Cardiologia. B 23 AUDIOVISUAL ENTREVISTA Maria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal de Setúbal MAR SALGADO fez justiça a Setúbal No último dia de gravações de Mar Salgado, a 13 de maio, registaram-se imagens da cerimónia do círio fluvial das Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia, com a participação de Maria das Dores Meira, presidente da autarquia. Em entrevista realizada antes da travessia, confiou-nos as suas impressões sobre o protagonismo de Setúbal na novela, que resultou numa influente operação de branding da cidade novela), no sentido de saber do eventual interesse do município quanto às gravações dos exteriores de uma telenovela na cidade. Entretanto, o tempo foi passando e os produtores não se decidiam, achando que Setúbal era bonito, mas… falta-lhe algo. E perguntavam-se: «O que vamos filmar?». Colocaram-se questões que evidenciavam as dificuldades dos produtores e a sua indecisão. Nessa altura, comecei a ver as coisas a descambarem. E agarrei-me à telenovela com convicção, porque considerei que era uma oportunidade única de Setúbal tomar este comboio, de aparecer numa ficção televisiva e nos efeitos que isso traria para a terra − seja esta, ou outra qualquer – de projeção e de visibilidade. NM – É possível ter a noção já do impacto que as gravações de Mar Salgado tiveram em Setúbal, ou é algo que se vai conhecer com o tempo? 24 MDM – Fomos abordados pelos responsáveis da SIC, mas primeiro houve um contacto exploratório, de Alexandre Hachmeister (na altura produtor da SP Televisão e Diretor de Produção da – Quais eram as suas expectativas? Impacto no Turismo? – Projeção, visibilidade, protagonismo, tudo! Isso traz Turismo. E acima de tudo, fazer justiça a Setúbal, que é das mais belas terras de Portugal e há muito sofria de uma espécie de estigma. N º 21 . OUTUBRO – Por causa da pobreza que afeta alguma da população? – Questões da pobreza, das questões sociais, dos bairros mais problemáticos. E Setúbal tinha uma espécie de Estão instaladas no município das maiores fábricas e das maiores empresas do País carimbo. Tentámos retirá-lo, através da requalificação da cidade, da melhoria dos bairros sociais, de criação de mais emprego com a instalação de maior número de empresas na cidade. Mas era preciso mostrá-lo a nível nacional. – Ao País. E fora? – Era preciso dizer que Setúbal tem uma serra que casa com o rio. Um rio único, que faz parte do Clube das Mais Belas Baías do Mundo (criado em 1997, em Berlim, e que a cidade integra desde novembro de 2002). E tem os golfinhos, e parece que ninguém se apercebe! Aparentemente, o estigma que pendia sobre Setúbal sobrepunha-se a todas estas belezas. E cultura: Luísa Todi, Bocage! E concentrados, na Península da Mitrena, dos maiores PIBs nacionais, com a Portucel, a maior fábrica de papel do mundo, e a Lisnave, o maior estaleiro de reparação naval da Europa. Estão instaladas no município das maiores fábricas, das maiores empresas. Portanto, eu tinha de dizer isto, custasse o que custasse. Logo, insisti para que a novela se concretizasse. – Estão representados no argumento alguns setores da atividade económica. A pesca, a indústria conserveira, a aquacultura, o pequeno comércio, com o mercado. – E temos os serviços, o Turismo. – Estava a enumerar o que está contido no argumento. E as atividades náuticas de recreio, além da paisagem. A novela está a acabar de ser gravada. Costuma ver? – Sempre que possível, porque às vezes o horário não o permite. – Na sua opinião, a cidade e o município ficaram bem representadas em Mar Salgado? 25 R AUDIOVISUAL ENTREVISTA Perfil Ao leme DA autarquia Falámos no interior de um armazém. (O elenco já estava a almoçar, apesar de ser cedo – meio-dia – imperativos da produção. A ementa constava de cozido à portuguesa). A entrevista deu-se antes da entrada na embarcação, operação que recriou uma tradição de Setúbal e que foi produzida de propósito para as gravações pela SP Televisão. Maria das Dores Meira, presidente da autarquia de Setúbal desde setembro de 2006, após ter sido vereadora desde 2002, teve a seu cargo pelouros tão decisivos como a cultura, educação, juventude, inclusão social e deporto. Assumiu as atuais funções naquela data, em substituição do anterior presidente da autarquia, Carlos Sousa. No ato eleitoral de 2009, venceu por maioria absoluta, com 38,8 % dos votos. Militante do PCP, é advogada especializada em Direito Industrial e Propriedade Intelectual, área em que completou uma pós-graduação e na qual desenvolveu, desde muito jovem, intensa atividade empresarial. Fundou, apenas com 24 anos, a que viria a ser uma das mais importantes empresas na área do registo de marcas e patentes. Foi agente oficial de Propriedade Industrial no Instituto Nacional da Propriedade Industrial e representante da Organização Mundial da Propriedade. É natural de Lisboa, mas criou uma relação com a cidade de Setúbal, construindo uma pertença à cidade, com tudo o que isso acarreta, o apego ao lugar e à população local. Ao longo da entrevista, sublinha repetidamente essa ligação: «A nossa cidade, as nossas tradições, os nossos pescadores». A atuação de Maria das Dores Meira em Setúbal tem apostado na requalificação do concelho e na melhoria da qualidade de vida das populações, nomeadamente através de um conjunto de candidaturas lideradas pela autarquia no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), da Direção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT) e do Turismo de Portugal. Podem citar-se a valorização da Zona Ribeirinha da cidade, a regeneração urbana do Centro Histórico e da Bela Vista e zona envolvente, o Plano que permitiu melhorar o acesso à Internet no 1.º Ciclo do Ensino Básico e a instalação da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, entre outras iniciativas e empreendimentos. Incluem-se neste impulso programas de qualificação dos profissionais da Administração Pública, de igualdade de género e de mobilidade dos cidadãos. 26 – Muito bem! Quero dizer que gostei muito. Os naturais de Setúbal olham para a cidade e reconhecem que afinal a nossa terra é muito bonita. Nós não tínhamos bem esta noção porque há muita gente que está cansada da vida, do clima social. Foi possível levantar a autoestima dos setubalenses, algo conseguido e que resultou num tra- Saíram daqui muitos afetos e proximidades, entre a população e os atores balho fantástico. A novela teve outra particularidade: criou-se uma relação da comunidade com os artistas, de parte a parte. Saíram daqui muitos afetos e proximidades, um carinho muito grande. As pessoas adoram os nossos atores! O que é importante, porque eles são nossos e têm de ser muito acarinhados. – Qual a razão da sua presença nas gravações, no decorrer da cerimónia? Veio ver as filmagens, vai participar? – Nós damos grande importância às nossas tradições, às festas e romarias. Por isso, eu dizia no princípio aos produtores da SP Televisão que aqui existe muita matéria para se fazer a telenovela. Os exteriores, eu acho, foram também uma chave importante para o sucesso desta ficção, como é óbvio. E na apresentação das nossas tradições, uma das mais importantes das quais o culto religioso dos pescadores; um desses cultos, que se manifestam de várias N º 21 . OUTUBRO formas, é a procissão das Festas da Nossa Senhora do Rosário de Troia, que é hoje (13 de maio). Eu participo em tudo e, por consequência, nessas festas tradicionais. Costumo ir no barco que transporta a imagem de Nossa Senhora, embarcação que habitualmente sai da Caldeira, do lado de lá do rio (Sado) e vem para cá. Eu venho de lá, entro no início da procissão, até aqui (Setúbal). Hoje parece-me que a procissão sairá daqui, mas o que interessa é o percurso no rio. Portanto, eu vou fazer aquilo que costumo fazer normalmente, que é acompanhar a procissão no rio. − E vai aparecer? − Provavelmente, sim. − Aparecem nesta novela mulheres das mais variadas condições e de diferentes atividades profissionais. Como detentora de um cargo público, político, o que lhe parece a atenção prestada à condição feminina em Mar Salgado? − Muito justa, porque também se cruza com a história da cidade. Em Setúbal, as mulheres têm estado sempre na vanguarda. Aqui já houve governadores civis (Eurídice Pereira), é a primeira vez que existe uma presidente (da autarquia) mulher. E, no passado, na história laboral deste município, as mulheres estiveram sempre na linha da frente. Aqui, na Av. Luísa Todi, caiu Mariana Torres, operária conserveira, por reivindicar melhores salários. À semelhança do que aconteceu com Catarina Eufémia, estava grávida e foi assassinada pela GNR. B 2 0 1 5 Veio gente de Norte a Sul O impacto no Turismo em Setúbal começou a sentir-se logo no decorrer da transmissão de Mar Salgado na SIC, que estreou em setembro de 2014. Segundo a presidente da autarquia, «já vem muita gente de Norte a Sul do País, saber se Setúbal, de que existia má impressão generalizada, corresponde de facto ao que está a passar na telenovela». Quando chegam cá, não escondem a surpresa: «Ninguém nos enganou…isto é mesmo assim!». Maria das Dores Meira salienta a importância da novela para a autarquia, ao proporcionar protagonismo, brilho e visibilidade a Setúbal, valores que a cidade «nunca devia ter perdido». Resta saber como a gestão autárquica conseguirá manter o interesse pela cidade como destino turístico, após o termo da transmissão da novela. Vai apostar-se na visibilidade e na dinâmica local, do Turismo à Cultura e ao Desporto, no âmbito do que Setúbal vai ser Cidade Europeia em 2016. Entretanto, espera-se a abertura de dois hostels na cidade, iniciativa que a autarquia vê com bons olhos, por se tratar de uma modalidade ajustada à procura turística local, em detrimento de unidades hoteleiras de grande dimensão. As condições naturais contribuem para a procura por nacionais e estrangeiros (Ver pág. 28), com a Baía de Setúbal e o estuário do Sado no âmbito da Reserva Ecológica Nacional (REN); o Portinho da Arrábida, uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal, na orla costeira da baía, e a Pedra da Anixa, Reserva Zoológica. Já quanto aos golfinhos, a espécie local é o roaz-corvineiro, conhecida por ser uma das raras comunidades sedentárias de golfinhos da Europa. B 27 AUDIOVISUAL Crescimento no Turismo A Câmara Municipal de Setúbal comenta os dados disponíveis sobre a afluência de turistas nacionais à cidade como possível consequência da exposição na telenovela É possível avaliar o impacto da exibição da novela Mar Salgado no Turismo de Setúbal? A partir de dados disponibilizados pela autarquia, com origem na Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, números do primeiro trimestre de 2015, aquela entidade conclui que existe «um crescimento de turistas nacionais, o que pode ser um resultado motivado pela exposição de Setúbal na telenovela», se bem que apenas através de um inquérito específico se poderia chegar a resultados rigorosos e conclusivos, refere a mesma fonte. Vista panorâmica da Arrábida A autarquia precisa ainda que «as informações de que dispomos referem-se a 87% da oferta turística (praticamente todo o universo, o que confere a estas informações um grau de rigor bastante grande)». 28 A entidade prossegue, acrescentando que «ainda assim, medindo a evolução entre os primeiros semestres de 2015 e 2014 e descriminando os resultados do mercado nacional (o único que pode ser influenciado pela novela) em relação aos resultados dos mercados internacionais, podemos concluir o seguinte: – Setúbal cresceu (dormidas na hotelaria, 1º. Semestre 2015 versus 1º. Semestre 2014) 10,5%; – Para o mesmo referencial as dormidas de portugueses cresceram 15,2%; – Para o mesmo referencial as dormidas de estrangeiros cresceram 5,2%.» Ainda no âmbito do mesmo comentário aos referidos dados, pode ler-se: «Aparentemente, dentro de resultados globais positivos, os resultados do mercado nacional são cerca de 3 vezes superiores aos dos mercados internacionais». Aquela entidade sublinha ainda dois aspetos relativos a algumas peculiaridades do ano 2015 em Setúbal. Trata-se do encerramento, em 2015, de duas unidades hoteleiras em Setúbal (o Hotel Isidro e a Pousada de São Filipe) que, somadas, valiam cerca de 20 mil dormidas/ano; por outro lado, o facto de não se ter realizado, em 2015, a final da Champions League em Lisboa, como no ano passado (a 24 de maio), «realização que teve impacto expressivo na ocupação hoteleira em Setúbal». Tais circunstâncias levam a autarquia a referir que, «exatamente por estas duas condicionantes negativas os resultados que se verificaram são ainda mais relevantes e mais positivos». B N º 21 . OUTUBRO António Parente, Presidente da SP Televisão e Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, após a assinatura do protocolo entre as duas entidades Quando a novela sai dos estúdios Destino: Setúbal As gravações dos exteriores de Mar Salgado foram objeto de um protocolo entre a SP Televisão, produtora da novela, e a Câmara Municipal de Setúbal. Entre as condições acordadas contam-se o apoio à produção de cerca de 30 entidades, que obtiveram a visibilidade proporcionada por um programa líder de audiências 2 0 1 5 A Câmara Municipal de Setúbal foi umas das cinco autarquias que prestaram apoio à produção no decorrer das gravações em exteriores em Mar Salgado. A produtora contou também com o apoio de Alcácer do Sal, Grândola, Palmela e Sesimbra. As autarquias não foram as únicas entidades envolvidas: contaram-se também a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Marinha, Docapesca, Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), Clube Naval de Sesimbra, Clube Naval Setubalense e a transportadora Atlantic Ferries. Contam-se também entidades públicas e privadas ligadas ao mar e uma dezena e meia de entidades públicas e privadas associadas ao projeto. O apoio prestado por estas entidades – de resto, consagrado em protocolo – prevê o retorno para estes parceiros de uma telenovela líder de audiências, vista por mais de milhão e meio de espectadores, diariamente, e com 32% de share diário médio. As parcerias previam igualmente, de acordo com a SP Televisão, «visibilidade ímpar para todos os parceiros envolvidos, para a cidade de Setúbal, para a economia do mar, Turismo de Troia e Arrábida». O protocolo celebrado com a Câmara Municipal de Setúbal, por exemplo, contemplou 104 dias de isenção de taxas e licenças; e apoio logístico diverso, utilização de equipamentos municipais, etc. (sem valor estipulado). Segundo Bruno José, Diretor-Geral da SP Televisão, os apoios citados agilizam e facilitam a tarefa da Produção. No que respeita a Mar Salgado, o responsável recorda situações concretas como o apoio da Marinha para a gravação de cenas como a do salvamento da protagonista, Leonor, papel interpretado por Margarida Vila-Nova, e o constante apoio de entidades oficiais com recurso a um submarino, um helicóptero e outros meios, que permitiram conferir o realismo desejado às cenas desempenhadas, impossível de conseguir de B outra forma. 29 AUDIOVISUAL À volta do Mundo As gravações em exteriores acrescentam valor de produção a uma série ou novela. Mas o mais importante continua a ser o argumento ilustrado pela criação de um circuito turístico em Nova Iorque na sequência do êxito da série O Sexo e a Cidade, a partir dos locais frequentados pelas protagonistas. Tudo isto decorre de uma aliança entre as autarquias locais e a produtora. Este investimento merece um comentário de Bruno José, Diretor Geral da SP Televisão, para quem os exteriores redundam em valor de produção que consiste num atrativo para o público interno, ó com a indústria bem rodada, a teledramaturgia portuguesa começou a usar exteriores do País de forma expressiva, pois constrangimentos do orçamento remeteram os argumentos das novelas para o interior dos estúdios durante muito tempo. Outra prática consistiu em incluir imagens de exteriores em países estrangeiros, mesmo noutros continentes. O impulso conferido pelos exteriores, de que Mar Salgado, com imagens nomeadamente em Setúbal, é exemplo recente, permitiu promover as localidades, mostrando a uma vastíssima audiência as paisagens mais características de determinadas cidades e países, entrosando a trama na vivência local. A prática é corrente numa estação de referência como a Rede Globo, mas o repetido recurso a imagens do Pão de Açúcar acabou por banalizar o efeito desejado, situação a que o conceituado guionista brasileiro Aguinaldo Silva fez referência no seu blogue numa postagem de 4 de abril de 2015, no seu estilo incisivo e informal. Outro exemplo que ilustra o impacto dos exteriores é 30 JOSÉ PINTO RIBEIRO S Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira e as gémeas Inês e Joana Aguiar em Mar Salgado mas também num argumento de venda de séries e novelas nos mercados internacionais. José Amaral, Diretor de Planeamento e Novos Negócios da SP Televisão, corrobora esta opinião, ao salientar que «as cenas em exteriores são normalmente mais espetaculares e os grandes eventos acontecem fora do estúdio». Por outro lado, «acresce ainda que um conteúdo com uma elevada percentagem de exteriores pressupõe um significativo investimento, o chamado production value que numa leitura mais técnica torna o conteúdo mais interessante atendendo ao investimento que foi realizado». No entanto e apesar do peso deste dado, José Amaral salienta que «em termos de venda nos mercados internacionais o que conta é uma boa história e as audiências que foram atingidas». Tendo em conta a variedade de locais já registados em séries e novelas da SP Televisão, a recorrência de imagens semelhantes ao referido no caso do Rio de Janeiro nunca se verificou. Antes pelo contrário, impera a diversidade. As gravações em exteriores, além do investimento exigido, têm condicionantes que se prendem, por exemplo, com a meteorologia, o único fator impossível de prever com precisão e que pode deixar uma equipa inteira de braços cruzados, com os inevitáveis prejuízos para o andamento da produção. Anteriormente produtor de exteriores, Bruno José confessa que os imprevistos do tempo sempre foram o que mais o angustiou na sua atividade, por deixarem as equipas frequentemente paralisadas. Hoje em dia – lembra ainda – já existem recursos para fazer frente à chuva e à humidade, de resto postos em prática no decorrer dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Ali, lembra, recorreu-se a técnicas para manipular o clima, dentre as quais o bombardeio de nuvens com iodeto de prata para aumentar a condensação e provocar a chuva antes de grandes eventos (para que fizesse sol durante estes). Também se testou técnicas in- N º 21 . OUTUBRO Público global para ficção portuguesa A s séries Voo Directo e Lua Vermelha e as novelas Perfeito Coração e Rosa Fogo, produzidas pela SP Televisão, prosseguem o seu percurso internacional, com vendas para o continente europeu, África, América do Norte e do Sul e Médio Oriente. De outubro de 2014 até agora, realizou-se a segunda venda da primeira daquelas produções para a Nigéria (em inglês), e para os países de língua oficial francesa em África e na Europa (em francês). Confirma-se também a segunda venda da telenovela Rosa Fogo (versão internacional/SIC em francês) e a comercialização desta produção para os territórios ultramarinos franceses, assim como para Madagáscar. Após a comercialização para um canal do Paquistão, já conhecida, a novela Perfeito Coração (versão internacional/SIC em russo) foi comercializada para dois canais na Rússia. Quanto à série juvenil Lua Vermelha, podem referir-se seis vendas já confirmadas (em espanhol) para o Equador, Estados Unidos, México, Panamá, Peru e Venezuela. Entretanto, a SP Televisão está a desenvolver contactos internacionais com vista à internacionalização da atividade da produtora, e foram estabelecidos como prioridade os mercados de Espanha, Alemanha e EAU, de acordo com um comunicado conjunto de José Amaral, Diretor de Planeamento e Novos Negócios da SP Televisão, e Piethein Bakker, Diretor da SP Entertainment. Segundo a mesma fonte, «através de uma parceria estratégica celebrada com a Globomedia, a maior produtora de ficção independente em Espanha, a SP Televisão encontra-se em contacto estreito com as principais estações de televisão Espanholas com o intuito de poder vir a produzir alguns dos seus títulos em parceria com a referida pro- dutora». Ao mesmo tempo, o comunicado revela que foram encetadas negociações na Alemanha, com vista a estabelecer parceria com uma produtora local e desenvolver a produção de long run fiction. Para o último trimestre de 2015, perspetivam-se algumas novidades sobre o desenvolvimento de produção de ficção neste país. Revelaram também que, no mercado dos EAU, a SP Televisão celebrou uma parceria com a produtora Creative Venture, com o objetivo de adaptação de histórias para a realidade e costumes locais, de forma a serem produzidas para o mercado pan-árabe. A SP Televisão está em contacto com algumas estações de televisão locais interessadas nos seus conteúdos e modelo de produção. Aqueles dois responsáveis estão convictos de que «o último trimestre de 2015 e o ano de 2016 serão momentos de viragem para o exterior onde o conteúdo SP Televisão correrá, seguramente, além-fronteiras». B versas, bombardeando as nuvens com diatomita, um mineral com grande poder de absorção, para impedir a chuva. Bruno José comenta, a propósito, com humor: «Pode ser que um dia seja mais fácil para todos nós!». As novelas desta produtora há muito que saem dos estúdios, mostrando paisagens do País e também no exterior. Podia Acabar o Mundo (2008-2009) foi uma delas, ao incluir exteriores em Lisboa e Viana do Castelo, nomeadamente para a reconstituição histórica da chegada dos retornados das ex-colónias a Portugal. Perfeito Coração (2009/ 2010), contou com imagens captadas na Suíça e exteriores na Baixa de Lisboa, onde foi gravada uma manifestação popular pelo emprego, incluindo um confronto com as forças de segurança, envolvendo os protagonistas e dezenas de figurantes. Já a série Voo Directo (2010), incluiu imagens gravadas em Angola; quanto a Laços de Sangue (2010), novela galardoada com um Emmy Internacional, incluiu gravações no Brasil e em Itália. Outros locais longínquos situados em Moçambique, Argentina, Dubai e Malásia apareceram no desenrolar de títulos como Rosa Fogo (2011-2012), Sol de Inverno (2013-2014), Mar Salgado (2014-2015) B e Poderosas (2015). 2 0 1 5 2016, ano de viragem 31 AUDIOVISUAL BEM-VINDOS A BEIRAIS chegou ao fim Voltem sempre Bem-Vindos a Beirais vai deixar saudades. É o sentimento generalizado junto da SP Televisão, que produziu, do elenco e dos habitantes do Carvalhal, onde os exteriores foram rodados. Fomos conhecer alguns contornos dos bastidores da série mais longa da Televisão portuguesa O elenco no arraial de despedida da série E streada a 13 de maio de 2013, a produção de Bem-Vindos a Beirais cessou em junho passado. A série, produzida pela SP Televisão para a RTP 1, termina com a 5.ª temporada. Com mais de 600 episódios, gira em torno da figura de Diogo Almada (Pêpê Rapazote), que troca o estilo de vida intenso na cidade pela aldeia de Beirais, integrando-se nesta comunidade. Este projeto é totalmente inédito, como salienta Pedro Lopes, Diretor de Conteú- 32 dos da SP Televisão, graças ao número de autores envolvidos, num total de quatro dezenas, e também a um extenso elenco, renovado na temporada final. Caso de sucesso, o projeto destinava-se inicialmente a três meses de produção mas acabou por se tornar a série mais longa da Televisão portuguesa. Com um percurso ascensional nas audiências, gerou tal entusiasmo que o anúncio do fim da série esteve na origem de N º 21 . OUTUBRO uma petição pública à RTP em junho passado, para que continuasse. O elenco também se manifestou e a imprensa e os blogues especializados em Televisão fizeram eco da postagem de Luísa Ortigoso (Olga Fontes na série) no seu perfil do Facebook, sobre o balanço entre a expectativa inicial e aquilo em que o projeto se tornou: «Esta é a estatística dos 3 meses previstos: 2 anos, 3 meses, 3 semanas e 1 dia. Durante este tempo, gravámos, para vocês 22.125 páginas, 14.610 cenas, 640 episódios, 25.600 minutos, 426 euros e 40 minutos. São 18 dias inteirinhos a ver Beirais na tv». Na 5.ª temporada da série, Beirais é candidata à eleição da Melhor Aldeia de Portugal e está prestes a viver os seus dias de glória. Toda a população – ou quase toda – contribui como pode. Afinal, o orgulho dos beiralenses está em jogo nesta circunstância. E também as finanças da Junta, que se encontra falida. Surgem igualmente novos personagens e situações, como uma comunidade hippie, entre muitos outros. Apesar da sua extensão, Beirais distingue-se das novelas. Ainda que, segundo Pedro Lopes, tenha características de soap opera, o único produto da SP Televisão com semelhante perfil, por integrar episódios ‘fechados’ – ou seja, com uma história que termina no final de cada um – e com um modo de escrita em que cada episódio tem autoria individual. Inicialmente prevista para 80 episódios, a série acabou por ter mais de seis centenas. Tudo isto o leva a afirmar que a série vai deixar saudades. Bruno José acompanhou de perto todo o projeto na qualidade de Diretor- 2 0 1 5 -Geral da SP Televisão, com experiência alicerçada na produção. Recorda como se chegou à escolha da aldeia do Carvalhal, no concelho do Bombarral, para as gravações de exteriores, depois Luísa Ortigoso e Carla Chambel, com Duarte Ferreira de muita pesquisa. Por um lado, a localidade parecia perfeita para o objetivo pretendido, salienta aquele responsável, por conter num perímetro relativamente pequeno um conjunto de características necessárias: a igreja e as fachadas de habitações particulares que foram cenografadas de forma a figurarem como estabelecimentos comerciais, tais como o minimercado e a agência funerária, a sociedade recreativa e as residências dos personagens que integram a série. Por outro lado, e apesar de corresponder ao que se imagina ser uma aldeia nos confins de Portugal, era relativamente próxima da sede da produtora, condição para ser eleita para as gravações de exteriores. O processo de negociação entre a produtora e as entidades locais decorreu como habitualmente. Iniciou-se pelos contactos institucionais – neste caso com a Junta de Freguesia, cujo presidente, João Mendonça, se revelou uma pessoa aberta ao projeto – até aos contactos com os particulares. De uma ligeira desconfiança inicial, passou-se à criação de laços de amizade, gerados por uma convivência intensa ao longo de dois anos. Bruno José acredita que, hoje, é natural que os residentes do Carvalhal, alguns dos quais foram figurantes na série, até sintam saudades da azáfama que marcou as gravações, que exigiram a presença de grande número de pessoas, entre técnicos, produtores e atores. Segundo o mesmo responsável, a presença das equipas e a utilização de espaços, assim como os apoios locais são todos protocolados e as situações previstas ao pormenor. Ainda assim, as equipas de produção não estão livres de imprevistos, como aconteceu recentemente em Vila Nova de Gaia, no decorrer das gravações de Coração d’Ouro, quando estas foram confrontadas com o aparecimento de roulottes de farturas e um carrocel em pleno set de exteriores, sem aviso prévio à produção. Beirais trouxe visitantes ao Carvalhal O principal interlocutor de Bruno José na negociação das gravações em exteriores da série foi João Mendonça, presidente de Junta de Freguesia local. O autarca revela que a única exigência que fez à SP Televisão foi de que 80% dos figurantes da série fossem recrutados junto da população, reivindicação aceite. Além disso, este responsável envolveu-se em todos os pormenores da relação entre a produção e a freguesia, à exceção dos contratos para o aluguer de residências particulares, que foram desenvolvidas entre a produtora 33 R AUDIOVISUAL e os próprios. «Apercebi-me de que esta iniciativa seria benéfica para a freguesia», reconhece, para acrescentar: «Portanto, ou a agarrava ou perdia-se a oportunidade». João Mendonça faz um balanço muito positivo da exibição da série, à qual assiste diariamente com a família, fazendo eco dos restantes habitantes locais, na generalidade apreciadores desta produção. Conta também que, como seria de prever, o Carvalhal nunca mais foi o mesmo a partir da estreia de série, ao atrair visitantes, tanto nacionais como estrangeiros – que chegam a vir de regiões tão distantes como os Estados Unidos e, na Europa, do Reino Unido, França e Luxemburgo, entre outros – para conhecer a localidade de perto. Com a Junta a servir de ponto de referência a quem chegava, as funcionárias deste serviço de atendimento dos habitantes acabaram por se tornar fonte de informação preciosa para forasteiros e turistas. E a economia local também beneficiou, principalmente os quatro restaurantes ali estabelecidos, que ganharam novos clientes entre os visitantes. À semelhança de muitos, das equipas técnica e artística, habitantes locais e público em geral, lamenta o termo da série, que gostava de ver prolongada. Não podendo ser assim, João Mendonça espera que a localidade possa vir a figurar de novo noutra produção vindoura, como está a acontecer no Sanguinhal, aldeia da mesma freguesia, onde são gravados exteriores da novela Poderosas, da SIC. Entretanto, o Carvalhal tem sido alvo do interesse do setor imobiliário, com os forasteiros a adquirirem casas para segunda habitação, o que também tem contribuído para animar a economia da localidade e tem trazido gente nova. É que, à semelhança da generalidade do País, a freguesia perdeu muitos filhos da terra nos últimos anos para a emigração. Para este responsável, não foi apenas a transmissão de Beirais que impulsionou o entusiasmo pelo Carvalhal. Conta que foi sempre prioridade da sua atuação que a localidade mantivesse as características históricas e a sua beleza original, evitando a adulteração da identidade local. B Os primos dos ‘esquemas e negociatas’ Miguel Dias e Heitor Lourenço interpretaram os personagens de Joaquim e Moisés, os primos proprietários da agência funerária da localidade. À falta de movimento no negócio original, promovem as alternativas, como o contrabando, que procuram disfarçar a todo o custo M iguel Dias, o Joaquim de Beirais, um dos proprietários na agência funerária da série, juntamente com o primo Moisés, afirma o mesmo. Que a série deixa saudades. E porquê? O ator volta algum tempo atrás para lembrar um trabalho que começou por ser gizado para ter 80 episódios e acabou por ter mais de 600. E ocupar nada mais nada menos do que dois anos e quatro 34 meses da vida de elenco, equipa técnica e de produção. De permeio criou-se um espírito de equipa ímpar, um excelente ambiente de trabalho, sem fricções nem atritos. Por tudo isso, Miguel Dias não hesita em afirmar que se tratou do projeto em que mais aprendeu e se divertiu. Com Bem-vindos a Beirais regressou à ficção após um afastamento de sete anos, cabendo-lhe o que considera «um bom-bom»: o personagem que lhe foi atribuído, a parceria com Heitor Lourenço e o ambiente de trabalho na generalidade. Miguel Dias e Heitor Lourenço, que nunca anteriormente tinham trabalhado juntos, dão corpo a «uma dupla de aldrabões, sempre prontos para esquemas e negociatas», no dizer do N º 21 . OUTUBRO Miguel Dias e Heitor Lourenço, uma dupla de comediantes em Beirais primeiro. Como frequentemente acontece nas terras pequenas, apesar de existir habitualmente uma agência funerária, o movimento não é grande, o que justifica a procura de atividades alternativas dos dois, no caso o contrabando dos mais variados produtos. O intérprete de Joaquim lembra que os dois atores partiram para o projeto apenas dispondo da sinopse da série, dos perfis dos personagens e duas cenas. A partir daí, foi trabalhar à medida que a série se desenvolvia e aprendendo um com o outro. Salienta o desempenho do Coordenador de Projeto, o realizador Manuel Amaro da Costa, e de Bruno José (Produtor Executivo da série), que são vistos como «autênticos ‘pais’ de todos nós», pela 2 0 1 5 condução de todo o processo, assim como da Direção de Atores, a cargo de Rita Lello e Inês Rosado. Neste processo, ao criar uma empatia com o elenco, acabaram por permitir que este o transmitisse esse clima ao público, que aderiu de tal forma que a série «começou com 200 mil espectadores e acabou por chegar a um milhão». Para Heitor Lourenço, que estava um pouco receoso, de início, da relação de trabalho que então se iniciava com Miguel Dias, o rumo indicado pelo ‘trio’ Miguel Amaro da Costa, Rita Lello e Inês Rosado foi fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho. A dupla de personagens – como veio a provar-se – vivia disso mesmo: uma química mútua, por não se tratar de personagens isolados e que, no início da primeira temporada, dispunham de pouco material. A dupla foi sendo construída a dois: «Ouvimo-nos muito reciprocamente e sobretudo entendíamo-nos e trabalhávamos muito com o contributo mútuo. Eu trabalhava muito com o que o Miguel me dava, e o Miguel trabalhava muito com aquilo que eu lhe dava a ele. E fomos construindo assim os papéis até parecermos um bocado siameses!», recorda, com humor. Esta foi parte da preparação inerente a todo o trabalho do ator, semelhante a toda a criação artística, «a do pintor quando pinta um quadro, do escultor uma escultura e do escritor um livro». A figura de Moisés acabou por «sair muito naturalmente, até em termos físicos», quase sem o ator dar por isso, se bem que tenha tido de «perceber este homem, além das coisas que estavam mais à vista, as coisas mais escondidas, para lhe dar um corpo e uma identidade». No termo de primeira temporada, a única que estava inicialmente prevista, Heitor Lourenço recebeu um convite da concorrência, que acabou por declinar, contra a opinião do agente. Este considerou «uma loucura» recusar trabalho numa conjuntura em que as propostas não abundavam. O ator explica a recusa, confessando que se sentia cansado e não queria envolver-se tão cedo num novo projeto. Eis que, contra as expectativas, a série é retomada, o que lhe deu muita satisfação. E apesar da exigência desta produção, Heitor Lourenço conciliou este papel com um desempenho na peça O Guru, produção da UAU, que esteve em cena cerca de um ano, a que se seguiu outro projeto teatral, intitulado Sílvia. Um dos segredos do êxito da série, segundo o intérprete de Moisés, reside na estrutura da equipa técnica, a todos os níveis, da coordenação à direção de atores e à realização. O ator destaca ainda a pós-produção áudio e a banda sonora, que conferiu ao produto final contornos muito originais, graças à selecção de música contemporânea, «engraçada, inovadora e dissonante, do jazz a Massive Attack», em detrimento de soluções mais óbvias que seriam ilustrar as cenas exclusivamente com temas populares portugueses. Sobre a receção à série, sublinha a transversalidade (no que respeita às gerações e aos estratos sociais) do público. B 35 AUDIOVISUAL MAR SALGADO bate recorde de audiências no episódio final A A exibição de Mar novela Mar Salgado, produzida pela SP Televisão e exibida pela SIC, estreou a 15 de setembro de 2014 e foi escrita por Inês Gomes. Contou com Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira, Joana Santos e José Fidalgo nos papéis principais. Segundo números divulgados pela imprensa e com origem nas audiências oficiais, o programa, estreado com média 14,8 % rating e 29,1 % de share e 1 milhão e 438 mil espectadores, teve um percurso ascensional de audiências, com picos nos dias 25 de setembro de 2014 (16,5% de rating e 33,9% de share), a 6 de outubro (16,9% de rating e 33,6% de share). A evolução das audiências até ao final da exibição situou- Salgado terminou a 18 de setembro, com 19,6% de rating, 42,8% share e 1.862 mil espectadores, audiência recorde. Ao longo de 316 episódios, registou uma audiência média que a colocou no segundo lugar as novelas mais vistas da SIC 17,0 0 16, 16 5 16,5 0 16,0 15,5 15, 5 15,0 0 14, ,5 14,5 14,0 0 13,5 13, 5 Rating Ratin ng No Novembro ovembro Dezembro 20 15 20 15 Se te m br o 20 15 Ag os to Ju lh o 20 15 Ju nh o 20 15 M ai o Ab ril 20 15 20 15 20 15 M ar ço 20 15 Fe ve re iro 20 14 Ja ne iro 20 14 D ez em br o 20 14 N ov em br o O ut ub ro Se te m br o 20 14 0 13,0 Setembro Outubro Janeiro Fevereiro Março Abril A Maio Junho Julho Agosto Setembro Setem mbro 2014 2014 2 2014 2014 2015 2015 2015 20 2015 015 2015 2015 2015 2015 201 2015 5 15,0 14,8 14,4 15,2 16,6 15,9 15,7 15 5,5 15,5 15,1 14,6 14,3 14,3 16,0 16,0 Fonte: página de Mar Salgado, Wikipedia. 36 -se entre os 14,3% de rating e 31,7% de share (agosto de 2015) e os 16,6 % de rating e 33,1% de share (janeiro de 2015). A média de audiências, ao longo de toda a exibição, foi de 15,2% de rating e 31,5% de share. A exibição terminou a 18 de setembro, com 19,6% de rating e 42,8% share e 1.862 mil espectadores, audiência recorde. Um comunicado da Impresa, detentora da SIC, de agosto deste ano, destaca o desempenho das audiências da estação e de Mar Salgado, ao continuar no topo das audiências televisivas em Portugal. O comunicado sublinha: «“Mar Salgado” é líder de audiências desde a estreia, desde setembro do ano passado.“Mar Salgado” é líder incontestável e absoluto nos targets comerciais (A/B C D 15/54 e A/B C D 25/54) com 29.5% e 30.4% de share respetivamente. “Mar Salgado” apresenta uma performance bastante heterógena, uma vez que lidera em ambos os géneros, em todas as classes sociais (na classe A/B lidera no universo dos canais generalistas) e em todos os grupos etários acima dos 25 anos, e vista em agosto por perto de 1 milhão e 400 mil telespectadores». Os dados divulgados pela SIC têm origem na GfK/CAEM. Os últimos episódios de Mar Salgado antecederam na SIC os primeiros de Coração d’Ouro, que estreou a 7 de setembro e é exibida no Brasil, na SIC Internacional, desde 13 de abril, às 17.30, com repetição às 21.00. B N º 21 . OUTUBRO VINHOS Medalhas de Ouro para Grande Escolha e S. Sebastião A Multiwines soma galardões. Desta vez, têm origem na CVR Lisboa, onde obteve duas medalhas de ouro no mais recente concurso promovido por esta entidade 2 0 1 5 O s vinhos Quinta de S. Sebastião Grande Escolha Touriga Nacional 2012 e S. Sebastião Tinto 2013 foram galardoados com medalhas de ouro no Concurso de Vinhos de Lisboa deste ano, promovido pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR). A Multiwines, que comercializa estas marcas, manifestou satisfação com a atribuição das distinções, salientando que, no caso da última destas marcas, se tratou de um prémio atribuído a uma marca no seu primeiro mês de mercado. Quanto ao vinho Quinta de S. Sebastião Grande Escolha Touriga Nacional 2012, a empresa destaca o facto de se tratar do reconhecimento «da qualidade e consistência do nosso vinho». O Concurso de Vinhos de Lisboa, organizado pela CVR de Lisboa, em parceria com a Confraria dos Enófilos da Estremadura, recebeu a concurso 119 participantes, sendo galardoados 34 vinhos e aguardentes (29 com medalha de ouro e cinco com medalha de prata). Num comunicado à imprensa, a Multiwines recorda a afirmação do presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, Vasco Torre do Vale d' Avilez, a propósito do certame. O responsável sublinha a satisfação ao atribuir aos vinhos da Região de Lisboa «estas merecidas distinções, a profissionais cuja grande motivação é produzir vinhos de grande qualidade com cada vez mais aceitação nos mercados internacionais». A atribuição dos galardões ocorreu a coincidir com o anúncio, pela CVR, de que o consumo dos vinhos de Lisboa disparou 26% nos primeiros meses do ano, com a certificação de 16.3 milhões de garrafas. Aquela entidade estima que até ao final de 2015 sejam atribuídos 30 milhões de selos. A CVR considera que, a contribuir para esta «excelente performance» estão as exportações, que representam 65% da produção da Região. Nos lugares cimeiros dos principais destinos dos Vinhos de Lisboa figuram os países nórdicos, Brasil, EUA, Benelux, Angola e Rússia, entre outros. Já no que respeita ao mercado interno, e segundo dados vindos a público, a Região dos Vinhos de Lisboa está a conquistar terreno, representando já 35% do total da produção, o equivalente a 6.5 milhões de garrafas só nos primeiros seis meses do ano, ao encontro de um público-alvo entre os 30 e os 40 anos. Esta região é a segunda maior do país, logo a seguir ao Douro, e produz cerca de 100 milhões de litros de vinho em anos normais. B 37 MARTA CAVACO TURISMO EC Travel distingue Adriana Beach Club O Adriana Beach Club Hotel Resort foi distinguido em julho com o prémio para o melhor All Inclusive pelo operador turístico EC Travel. Para a Diretora desta unidade hoteleira, Mar Bayo, trata-se do reconhecimento de um trabalho de equipa que tornou este equipamento uma referência no Algarve 38 O Adriana Beach Club Hotel Resort recebeu, na quarta edição da gala Algarve Travel Awards, realizada a 10 de julho no Hotel Grande Real Santa Eulália, em Albufeira, promovido pela EC Travel, a distinção para o melhor estabelecimento hoteleiro na categoria All Inclusive. No evento, a EC Travel distingue os melhores parceiros daquele operador turístico em diversas categorias, como o aluguer de veículos, hotel de 3* e de 4*, aparthotel, aldeamento, cadeia de hotéis, apartamentos turísticos, All Inclusive, departamentos de reservas e comercial, entre outros galardões. A EC Travel é um operador recetivo relativamente novo, que iniciou a atividade em 2010. Desde 2012 para cá, tem promovido anualmente uma gala na qual premeia as diferentes empresas do setor turístico por categorias. Não se tratou da primeira vez que o Adriana Beach Club Hotel Resort figura entre os finalistas da categoria Melhor Resort Tudo Incluído, acabando por ser galardoado na mais recente edição. Segundo Mar Bayo, Diretora-Geral deste equipamento hoteleiro, o prémio corresponde a «mais um reconhecimento pelo trabalho que a equipa, junto com o apoio da nossa Administração tem vindo a desempenhar, que nos motiva para continuar a ser um referente no Algarve». Crescimento consistente no setor Este galardão surge em plena conjuntura favorável do Turismo, em termos N º 21 . OUTUBRO Outro fator relevante são as 85 bandeiras azuis atribuídas às praias da costa portuguesa, e as 91 praias com Qualidade de Ouro, segundo designação da Quercus. A região venceu os World Travel Awards 2015 em mais de dez categorias, com destaque para Melhor Destino Europeu de Praia. Entre as circunstâncias que permitiram estas variações contam-se a abertura de novas rotas de voos low cost diretos, por exemplo entre Madrid e Faro, rea- MARTA CAVACO MARTA CAVACO Mar Bayo, Diretora Geral do Resort (ao centro), rodeada da sua equipa nos jardins do resort globais do País, mas também no Algarve. Estratégico para a Economia nacional, o setor representa 46% das exportações de serviços e 14% das exportações totais, segundo o relatório Desafios do Turismo em Portugal 2014, da responsabilidade da consultora PwC Portugal. Destino tradicional de férias de nacionais e de estrangeiros, o Algarve tem registado um crescimento consistente nos últimos anos. Já em 2013 se veri- 2 0 1 5 ficaram valores crescentes em todos os indicadores (hóspedes, dormidas, proveitos e taxas de ocupação), com o ano que se seguiu a alcançar recordes no setor. Com efeito, em 2014, alcançaram-se «os melhores números dos últimos 20 anos, pelo menos», segundo o Boletim Algarve Conjuntura Turística n. 8, de junho de 2015, publicação do Turismo de Portugal Algarve, que analisa os dados do ano passado. lizados pela AirNostrum, companhia operada pelo Grupo Iberia. É de referir ainda a ligação da capital do Algarve a Barcelona pela Vueling. Estas são as duas mais recentes novidades da operação de baixo custo entre cidades da Europa e o Algarve, ligações que, em todo o caso, se restringem aos meses de Verão. E, se bem que, até agora, sejam apenas conhecidos os valores deste setor relativos a 2014, são expressivos, no sentido em que apontam para a afluência turística se ter situado, em termos globais do País, nos 17 milhões e os valores despendidos em 10 mil milhões de euros. Os dados citados têm origem no documento Estatísticas do Turismo do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicado em julho passado e divulgado pela imprensa. B 39 AUDIOVISUAL Pinto Balsemão visitou a SP Televisão F rancisco Pinto Balsemão, fundador e chairman da Impresa (detentora da SIC e do semanário Expresso, no âmbito de um vasto grupo editorial), visitou no dia 16 de julho passado as instalações da SP Televisão, em S. Marcos, no concelho de Sintra. Foi acompanha- JOSÉ PINTO RIBEIRO Da esquerda para a direita: Pedro Norton, Francisco Pinto Balsemão, Jorge Marecos e António Parente do por Pedro Norton, CEO da Impresa, e recebido pelo Presidente da produtora, António Parente e por Jorge Marecos, administrador da SP Televisão. Neste local está situado o coração da produtora televisiva, que verá o seu perímetro alargado a novos estúdios e funcionalidades em breve, após a aquisição de um terreno contíguo e consequente remodelação do edifício existente. Na sede da empresa, encontram-se atualmente três dos estúdios e ainda um conjunto de serviços de apoio. Pinto Balsemão só tinha estado nas instalações anteriormente por ocasião do lançamento da novela Laços de Sangue, em setembro 2010, sem nessa altura ter tido oportunidade de conhecer o espaço com mais pormenor. A SP Televisão produz ficção para a SIC desde a fundação e tem atualmente duas novelas saídas dos seus estúdios em exibição na primeira e segunda faixas do prime-time, Coração d’Ouro e Poderosas, respetivamente, a primeira das quais detém a liderança das audiências televisivas. B 40 N º 21 . OUTUBRO