Untitled - CEC Poli USP

Transcrição

Untitled - CEC Poli USP
Editorial
Chegamos por fim à última edição do “Cê-Viu?” de 2014, fechando com chave de ouro. Começamos
contando pra vocês sobre o CEC e o que aconteceu de mais importante aqui na Civil e Ambiental durante o
segundo semestre: Tivemos a SeTEC (Semana Temática de Engenharia Civil e Ambiental), palestras do
Civilizados, a viagem para Itaipu, o OktoberCEC e muito mais. Não deixe de ler para conhecer um pouco mais
sobre o centrinho do momento!
Temos um depoimento incrível do presidente do CEC na gestão 81/82, Cesar Augusto Massaro, pai
do grande Brunão, contando sobre o CEC, a Poli e o próprio “Cê-Viu?” na época em que ele estudava aqui.
A equipe também preparou alguns textos sobre o trânsito na USP e a questão da segurança nas festas na
Universidade.
Entrevistamos o atual reitor da USP, o prof. Marco Antonio Zago, e perguntamos sobre tudo que
ocorreu aqui este ano e o que pode ocorrer nos próximos anos de sua gestão. Foi um momento certamente
muito relevante para a equipe, diga-se de passagem.
Contamos também com um texto informativo sobre a PoliFinance, grupo de extensão aqui da Poli; e
textos de ajuda aos bixos, que devem fazer a escolha de curso nesse mês, escolhendo entre Engenharia Civil
e Ambiental. O texto artístico do Márcio Sartorelli e a página de diversões fecham a edição.
É isso, pessoal, esperamos que tenham gostado da atuação do “Cê-Viu?” durante o ano, e que
continuem nos acompanhando durante o ano que vem, porque nosso intuito é crescer cada vez mais,
trazendo matérias e entrevistas de maior qualidade para vocês.
Se você tem alguma sugestão ou gostaria de mandar um texto, envie um e-mail para
[email protected] ou um inbox no perfil do Facebook (Cê-Viu Poli Usp). Estaremos sempre abertos
a novos membros que possam contribuir com o jornal. Basta procurar alguém da equipe que você será
convidado a participar das reuniões.
Tenham um bom fim de ano, boas férias e até ano que vem!
A Equipe
Cê Viu? – Edição de novembro de 2014
Equipe
Alice Lepique
Bárbara Paes
Gabriela Marques
Igor Rossi
Igor Tsuyoshi
Júlia Azeredo
Márcio Rolim
Márcio Sartorelli
Maurílio da Mata
Agradecimentos
Arq. Toshie Sugawara
Beatriz Beccari Barreto
Bruno Abrahão de Barros
Cesar Augusto Massaro
Daniel Martins
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Eng. Enéa Neri
Giovanni Amaral
Luciana Capuano Mascarenhas
Prof. Dr. Marco Antonio Zago
Tabita Said
Panorama CEC 2014
Pessoal, estarei dando continuidade à série
de textos sobre nossas atividades, sendo este o meu
último texto ao “Cê-viu?” como presidente do CEC.
No segundo semestre começamos com a SeTEC,
nesta edição há um texto próprio para esse
grandioso projeto. De qualquer forma vou comentar
brevemente, a IV SeTEC tomou magnitudes
impressionantes esse ano, escolhemos um tema de
extrema importância à engenharia atualmente e
trouxemos
renomados
profissionais
para
palestrarem. A Semana Temática ganhou grande
poder e influência com os professores e alunos da
Escola Politécnica.
Continuando na parte mais Acadêmica,
iniciamos um novo projeto, o “Civilizados”, que visa
complementar a graduação dos alunos com
assuntos relevantes aos engenheiros civis e
ambientais. Temos pretensão de fazer esse
segmento tomar proporções muito maiores,
possibilitando trazer cada vez mais profissionais de
extrema importância e relacionados a temas
relevantes a formação do aluno. Desde a criação do
projeto já tivemos um total de 6 eventos, entre
palestras e visitas técnicas. Se você tem interesse e
gostaria de nos ajudar na organização ou apenas
sugerir temas para futuras edições, nos procure,
ficaremos felizes em recebê-lo! Não se esqueçam
que já no início do ano que vem, o “Civilizados”
junto a InCAD fornecerá um curso de Revit (software
da plataforma BIM) aos alunos por um preço abaixo
do mercado.
Ainda na parte Acadêmica, tivemos a
palestra de opção de curso, essa iniciativa visa
prestar suporte aos bixos, fornecendo informações
dos 2 cursos da GA Civil. Além dessas atividades, o
CEC junto aos RD’s vem fazendo um trabalho
objetivando a melhoria do curso da Civil, estamos
tentando unir esforços para trazer mudanças
benéficas aos alunos. Ainda, somos responsáveis
pela organização das eleições dos RD e da próxima
gestão do Centro Acadêmico. Gostaria de frisar a
importância dos votos e o conhecimento dos
candidatos. Os representantes discentes são
aqueles que levam a opinião e demandas dos alunos
ao corpo docente da escola. Eles são os
intermediários que podem defender o interesse do
aluno buscando uma maior representatividade nos
órgãos da Escola. Provavelmente as eleições para os
cargos de 2015 já terão acabado quando este texto
for publicado, mas como todo ano temos que votar
achei válido destacar a questão.
Na parte de festas, o CEC no segundo
semestre comemorou mais uma vez seu aniversário
com o maior estilo alemão de todos os tempos no
XII OktoberCEC, que foi no Club 33. Esse ano, pelos
incidentes ocorridos, tivemos que realizar nosso
evento fora do Campus portanto tivemos algumas
mudanças em seu estilo. Esse Oktober forneceu
open chopp EISENBAHN, durante a festa tivemos
alguns problemas com as choppeiras, pedimos
desculpas a todos e garantimos que nas próximas
festas nos certificaremos que o problema não se
repetira. Mas fique tranquilo, se você perdeu essa
festa ainda temos muitos Oktobers pela frente! E
ainda esse ano realizaremos a Festa de Fim de Ano
da Poli. Essa festa era organizada em parceria com o
Grêmio, mas por causa dos problemas ocorridos na
sua festa de aniversário, eles solicitaram que
saíssem da organização esse ano. Na FFA desse ano
estamos trazendo uma atração de nível
internacional, o famoso Michel Teló! Se você ainda
não comprou seu ingresso está esperando o que?
Vamo mexe moçada!
Para finalizar minha participação no “Cêviu?” como presidente, gostaria de fazer um pedido
aos alunos. Se você ainda não conhece o CEC, nem
suas atividades e colaboradores, peço que tente, de
alguma forma, aumentar seu contato conosco.
Estamos sempre abertos a sugestões, opiniões e
críticas, nossas portas estão abertas para todos.
Nesse ano, a gestão 2014 tentou fazer com que mais
os alunos da civil e ambiental se aproximarem do
seu Centro Acadêmico. Pra gente, era de vital
importância essa aproximação, para podermos
atender
as
demandas
estudantis
mais
efetivamente. O CEC precisa de uma maior
participação dos alunos para podermos crescer
ainda mais! Então fica o convite a todos, queremos
te ouvir, queremos que você participe, queremos
fazer um Centro Acadêmico que atenda a todos!
Igor Tsuyoshi Kaga
Presidente CEC 2014
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Gestão CEC 2015
Lucas Mendes (Boleta)
Cargo: Presidente
Gabriel Kato (Alegria)
Cargo: 1º Vice-Presidente
Mariana Meletti
Cargo: 2º Vice-Presidente
Bruno Massaro
Cargo: 1º Secretário
Luiz Possetti
Cargo: 2º Secretário
Bruno Yao (Cocobas)
Cargo: 1º Tesoureiro
Marina Arantes (Moça)
Cargo: 2º Tesoureiro
Eduardo Mainardes
Cargo: Diretor de Divulgação
Renan Ruffo
Cargo: Diretor de Patrimônio
Matheus Amaral (Tetas)
Cargo: Diretor de Eventos
André Pelosi
Cargo: Diretor de Eventos
Alice Lepique
Cargo: 1ª Diretora Acadêmica
Paola Gaspar
Cargo: 2ª Diretora Acadêmica
Márcio Sartorelli
Cargo: Secretário de Imprensa
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Lucas Ajaj Piccoli
Cargo: Secretário Político
Representantes Discentes 2015
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Victor Ortega
Titular
Julie Miyuki Kuahara
Suplente
PCC – Departamento de Construção Civil
Alice Lopes Moriamez
Titular
Alexandre Félix (Piauí)
Suplente
PHA – Departamento de Hidrologia
Aline Moraes
Titular
Murilo Soto
Suplente
PTR – Departamento de Transportes
Fernanda Fulan
Titular
Thiago Almeida (CEC)
Suplente
Tiago Moherdaui
Titular
Steffano Esteves
Suplente
CoC Civil
CoC Ambiental
Emiliana Barra Soares
Titular
Miguel Giansante
Suplente
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Setec 2014: o que rolou?
No mês de agosto desse ano realizou-se a IV
SeTEC (Semana Temática de Engenharia Civil e
Ambiental). Pra quem ainda não sabe: trata-se de
uma semana acadêmica que reúne palestras, mesas
redondas, estudos de caso e visitas técnicas a
respeito de uma temática relacionada aos cursos de
Engenharia Civil e Ambiental. Na prática, é uma
ótima forma de expandir seu conhecimento e
aprimorar sua interação com o estudo da
engenharia, além de estreitar expressivamente seu
contato com professores, profissionais de renome e
diretamente com empresas do ramo.
Tivemos gratas surpresas logo no primeiro
dia de inscrições. As vagas para todas as visitas
técnicas se esgotaram em questão de horas, e todas
as palestras contaram com expressiva adesão dos
alunos (tanto de dentro quanto de fora da Escola
Politécnica). Felizmente, tal aceitação nos permitiu
o redimensionamento do evento para proporções
maiores: realocamos palestras e aumentamos o
investimento financeiro. E frente a tanta
expectativa, não nos decepcionamos: todas as
atividades
da
semana
foram
bastante
movimentadas!
A Semana abordou os tópicos mais
expressivos relacionados ao tema de “Gargalos de
Infraestrutura”, incluindo setores como a
Mobilidade Urbana, a crise no Sistema Cantareira, o
Custo Brasil e os gargalos ao investimento e o PAC
na infraestrutura brasileira. Foi com grande
satisfação que pudemos contar com nomes
marcantes como o do jornalista Carlos Alberto
Sardenberg, o engenheiro e economista Luiz Carlos
Mendonça de Barros, entre muitos outros, além do
patrocínio e apoio de grandes empresas como a
construtora Camargo Corrêa e a Autodesk.
Ao final da IV SeTEC, o feedback nos
pareceu, no geral, bastante positivo. Contamos com
a participação de um grande número de alunos e
também de professores, não apenas como
palestrantes, mas também como ouvintes.
Recebemos forte apoio da Escola, bem como dos
departamentos e Coordenadores de Curso. Em
suma, ficou claro que o evento ganhou nome e força
de atuação.
No início dos preparativos para o evento,
nós da organização trabalhávamos a partir do
pressuposto que o estudante politécnico costuma
demonstrar pouco interesse por atividades extraclasse, limitando-se apenas a cumprir com o
necessário para sua aprovação nas disciplinas.
Sabíamos que mudar tal costume seria difícil, mas,
ao final da Semana, nos foi provado que esse
pensamento estava pra lá de equivocado. O que na
verdade existe é a necessidade de maior
planejamento e investimento em divulgação
consciente dos eventos, o que, no fim das contas,
envolve e cativa a participação de todos de forma
muito mais marcante.
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O objetivo para 2015 é não apenas aumentar
ainda mais o evento, como também perpetuar nos
alunos da Poli o costume de comparecer a eventos
extra-classe, mantendo sempre o teor enriquecedor
de cada palestra, visita técnica, mesa redonda ou
estudo de caso. Em meu nome e em nome de toda
a organização: muito obrigada pela participação de
todos! E fique ligado: os preparativos para a
próxima SeTEC começarão logo no início do ano.
Todos que quiserem podem contribuir com a
organização, e já adianto: ajudar com tudo isso e
receber tantos resultados positivos é nada menos
que extremamente gratificante.
Júlia Azeredo
Diretora Acadêmica – CEC 2014
Depoimento: Colaborador da IV Setec
Como muita gente da Poli, eu não sou o cara-docentrinho, aquele aluno que sempre tá nos sofás,
tomando cerveja ou jogando sinuca. Muito pelo
contrário, dava para contar nos dedos o número de vezes
que tinha ido ao CEC nos meus dois primeiros anos de
faculdade.
Não ia ao CEC por não me sentir bem ali. Meus
amigos mais próximos ou não eram da Civil, ou
frequentavam o CEC tanto quanto eu. Mas esse ano as
coisas mudaram um pouco.
Um amigo se tornou Gestão. Outros começaram
a ir mais pra lá. A nova Gestão era mais aberta, mais afim
de saber o que quem estava de fora pensava. Começou
a ser mais acadêmico, também. Foi nisso ai que eu
entrei: depois de uma aula, me falaram de um projeto
que o CEC tinha, a SETEC (que, sinceramente, eu não
conhecia) e que estava no começo da preparação para a
nova edição. Achei que ali era o momento para eu
participar mais da faculdade, de me integrar.
No começo você pensa que nem vão dar muita
bola para você, que vai ser aquela velha panelinha de
quem está dentro, que vai se sentir deslocado. Mas
posso lhe dizer que foi exatamente o contrário. Desde a
primeira reunião eu senti que podia expor minhas ideias
sem medo. Que, ao final, participar de algo relacionado
ao centrinho não era um problema, ou algo que eu não
gostaria de participar.
É engraçado como esse tipo de coisa toma conta
da gente. Você quer ver aquela coisa dando certo,
funcionado. Logo no início o problema era o logo, que
apesar de estar na 4ª edição, eles nunca tinham criado
um. Fiquei feliz de encontrar um contato que fez esse
logo legal aí, que todos curtiram (ok, eu confesso que
não foi fácil acharmos o logo ideal mesmo com o
designer que tínhamos!). E você se sente mais parte do
conjunto.
Passou bem rápido, pra falar a verdade.
Começamos acho que em Abril e a SETEC foi em Agosto.
Discutir o jeitão que a Semana ia ficar, o estilo de cada
evento e principalmente os convidados. É coisa pra
caramba. E a gente aprende com essas coisas. Ao final, a
Semana foi boa demais, todos sabem.
Acho que posso falar que a SETEC foi pra mim
muito além do que eu imaginei em abril. Eu conheci
gente nova, aprendi a lidar com grupos e prazos, por
mais informais que parecessem, conheci profissionais da
nossa área e, por que não, me diverti.
Giovanni Amaral
Colaborador da IV Setec
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Civilizados: Construindo Formadores de Opinião
Nesse semestre, o CEC, visando promover
uma complementação à formação acadêmica dos
alunos, criou um ciclo de atividades que ocorrerão
periodicamente durante o ano, chamado
"Civilizados". O objetivo é trazer temas relacionados
aos cursos de Engenharia Civil e Ambiental, além de
assuntos mais gerais de interesse dos alunos, que
não são abordados ou aprofundados em classe e
que são importantes para formar profissionais mais
atualizados
e
conectados
às
questões do mercado
de trabalho.
Inauguramos
o projeto no mês de
setembro, com uma
palestra ministrada
pelo Prof. Dr. Pedro
Caetano
Sanches
Mancuso,
especialista
em
Engenharia Sanitária,
que explorou o tema
de recuperação e
despoluição de rios
urbanos, com ênfase
no Rio Pinheiros.
Também contamos
com a presença do
arquiteto Marcio Sequeira de Oliveira, idealizador e
criador do “Kit Estrutural Mola”, um modelo táctil e
visual para estudar o comportamento de estruturas
reais. A palestra foi muito interessante, e houve
grande adesão dos alunos, especialmente com a
demonstração do kit feita ao final.
Em outubro, ainda realizamos uma palestra
com o Professor Paulo Helene, especialista em
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Patologia das Estruturas, sobre acidentes e erros
nas estruturas de concreto. Finalizamos então o mês
com uma visita técnica para uma obra da Camargo
Correa de canalização do Córrego Ponte Baixa,
muito enriquecedora tanto do ponto de vista civil
quanto ambiental.
Temos a intenção de ampliar ainda mais o
projeto trazendo mais profissionais para
ministrarem palestras e mesas redondas,
promovendo
mais
visitas
técnicas,
cursos
e,
eventualmente, até
estudos de casos
aplicados
por
empresas, de forma
que haja grande
amplitude
na
exposição e aplicação
das questões da
Engenharia,
com
maior (porém não
exclusivo) enfoque
na Civil e Ambiental.
Dessa forma, nosso
objetivo é tentar criar
uma cultura entre os
alunos de buscar
conhecimento além
da sala de aula,
construindo formadores de opinião.
Fique por dentro dos nossos próximos eventos, que
serão divulgados em breve na nossa página:
www.facebook.com/civilizadoscec
Alice Lepique
Diretora Acadêmica CEC 2015
Festas do 2º Semestre
No segundo semestre desse ano, o CEC
organizou 3 festas: Junina, OktoberCEC e Festa de
Fim de Ano.
Em agosto, junto com o Diretório da Poli,
organizamos mais um tradicional Festa Junina da
Poli. É isso mesmo, Festa Junina em agosto, mais
uma coisa sem sentido na Poli. Recebendo um
público de quase 6 mil pessoas no estacionamento
da Poli, tivemos muito sertanejo, brincadeiras
típicas (alcoólicas) e até um touro mecânico. A
barraca do CEC tinha duas brincadeiras: “Fire in the
Hole”, onde tínhamos que jogar uma bola em
determinados espaços para ganhar seu prêmio (de
pinga à tequila), e “Flip Cup”, onde grupos de
amigos podiam se desafiar pra ver quem bebe mais
rápido a mais pura betonada. Uma festa tradicional
que teve mais um ano de sucesso.
No fim de setembro nos deparamos com a
proibição de festas dentro da USP, após o incidente
ocorrido na festa do Grêmio. Apesar disso, o CEC
ainda tinha duas festas programadas e não podia
deixá-las de lado. Então, tivemos um novo desafio:
organizar festas tradicionais em locais fora da
Cidade Universitária.
USP e pelas ruas de São Paulo para divulgar a festa,
além de organizarmos juntos o novo modelo do
Oktober. Mais uma vez, nosso bixos se mostraram
os melhores possíveis, atuando lado a lado com
todos para trazer uma boa festa.
Com a presença de ex-membros do CEC, que
voltam ano após ano para prestigiar o Oktober,
alemães (ou nem tanto) com roupas típicas da festa
e um público apaixonado por cerveja, esperamos ter
trazido uma ótima festa a todos os presentes!
Finalizando o ano com chave de ouro,
apresentamos a maior atração sertaneja do Brasil:
Michel Teló! E como não poderia deixar de ser, junto
com o Teló teremos um OPEN BAR pra deixar todas
as notas ruins da P3 pra trás. Essa é a 4ª edição da
Festa de Fim de Ano da Poli, desta vez sem a
presença do Grêmio Politécnico por motivos
próprios da entidade, trazendo sempre uma super
atração para fechar o ano de festas politécnicas da
melhor maneira possível. Já comprou seu ingresso?
Corra pra não ficar de fora!
Dia 8 de novembro tivemos a 12ª edição da
MAIOR FESTA ALEMÃ UNIVERSITÁRIA DO MUNDO:
o OKTOBERCEC! A festa mais esperada pelos
membros do CEC aconteceu numa das mais novas e
conceituadas casa de evento de São Paulo, o Club
33, trazendo ainda um Open Chopp Eisenbahn e Oak
Bier, além das cervejas importadas que são a marca
especial do OktoberCEC.
Durante mais de um mês, veteranos e bixos
vestiram seus trajes típicos bávaros e saíram pela
Igor Rossi
Vice- Presidente CEC 2014
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Visita Técnica a Itaipu
Mais uma semana da pátria chegou, e o que
vem junto com ela? CEC em Itaipu!
visitantes, sendo um marco do impacto da
tecnologia do homem na natureza.
A viagem que ocorre a mais de 10 anos para
conhecer a Usina de Itaipu, trazer muambas do
Paraguai e integrar ainda mais os alunos das
engenharias Civil e Ambiental aconteceu entre os
dias 5 e 10 de setembro, contando com a presença
de 90 alunos, desde bixos até formados.
Agradecemos o apoio da FDTE - através do prof.
Piqueira -, e da FCTH - através da prof.ª Mônica
Porto - que patrocinaram a viagem e nos ajudaram
a realizá-la.
Começamos então a visita técnica no interior
da Usina. Passamos por salas de controle, extensos
corredores de operação, visitamos uma turbina em
funcionamento e ouvimos informações dos
métodos construtivos e operação de uma
engenheira-guia da Usina. Durante a visita é que
percebemos a aplicação do que é estudado em sala.
A aplicação dos modelos teóricos que vemos dia
após dia, numa obra de dimensões monumentais
como essa, são impressionantes e nos trazem mais
motivação para a formação como engenheiros.
Saindo do CEC após uma ‘esfihada’,
embarcamos em dois ônibus com um ‘open bar’
inesquecível (ou esquecível) para aguentar as
próximas 15 horas de estrada. Apesar de cansativa,
esta é uma das melhores partes da viagem, onde já
conhecemos pessoas novas, interagimos com
estrangeiros e colegas que, às vezes, nunca vimos na
correria politécnica.
Como também já é tradição, com a viagem
vem a muamba! Seja no Paraguai ou no ‘Free Shop’,
muambeiros experientes ou de primeira viagem
fazem a festa. Não há nada como passear nas belas
ruas de ‘Ciudad del Este’ com suas sacolas de
muamba.
O CEC acredita que a viagem foi de grande
valia para todos os alunos envolvidos, não só pelo
aspecto técnico, mas também pelo social. A visita a
Usina proporcionou conhecimento de uma forma
que não temos na Escola Politécnica, e a integração
entre os alunos também ocorre de forma diferente
do ambiente escolar. É por isso que a visita
apresenta alta procura todos os anos, aliar o
conhecimento à diversão. Como entidade
acadêmica, esperamos ter proporcionado uma
experiência memorável a nossos alunos e que a
viagem esteja sempre presente em suas lembranças
enquanto futuros engenheiros.
Passamos também um dia no Parque
Nacional do Iguaçu, visitando uma das 7 maravilhas
naturais do mundo: as Cataratas do Iguaçu. Apesar
da seca que atinge o sudeste, pudemos ver as
cataratas com uma grande vazão, sendo um
espetáculo da natureza para todos os visitantes.
Uma viagem do CEC também não pode
deixar de ter festa! Fomos à Wood’s Foz do Iguaçu,
passamos boas tardes na piscina do hotel, além das
pequenas festas nos quartos. A integração entre os
alunos é parte essencial da nossa viagem.
Por fim, chegamos à Usina Hidrelétrica de
Itaipu. O tamanho da obra impressiona à primeira
vista, desde o reservatório até o diâmetro dos
condutos forçados. A paisagem também
proporciona uma vista inesquecível para os
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Igor Rossi
Vice-Presidente CEC 2014
Quem somos:
O Poli Finance é o clube de finanças da Escola
Politécnica da USP. Nossa missão é aproximar os
politécnicos do mercado financeiro.
Nossa fundação ocorreu em fevereiro de
2012. Desde então, tivemos um rápido
reconhecimento dos politécnicos e hoje contamos
com mais de 1200 likes em nossa página do
Facebook (www.facebook.com/polifinance) e
realizamos grandes eventos com ampla participação
dos alunos da Poli e de outras faculdades.
O que fazemos:
Organizamos aulas, palestras e visitas a
instituições renomadas do mercado e elaboramos
um boletim mensal com notícias, cotações e
resumos sobre a economia brasileira e
internacional. Além disso, também realizamos a
ponte entre as instituições e os alunos divulgando
vagas e outras oportunidades.
Parceiros:
Temos como parceiros instituições como
BTG Pactual, Itaú BBA e Credit Suisse.
Como fazer parte?
Há duas maneiras de se envolver com o Poli
Finance. A primeira é como parte do nosso público,
curtindo e acompanhando nossa página e
comparecendo aos nossos eventos.
A segunda é tornando-se um gestor e de fato
administrando o clube. Entre as responsabilidades
de um gestor estão a organização de eventos, a
elaboração de nossos materiais e a manutenção do
relacionamento com instituições. Ao longo do
segundo semestre, nós realizaremos um processo
seletivo para escolher novos gestores. As
informações serão divulgadas em nossa página do
Facebook.
Novos eventos:
Para o ano que vem, o Poli Finance está com
novos projetos para aproximar e melhor capacitar
os politécnicos interessados em trabalhar no
mercado financeiro. Com o intuito de conhecer
como é o cotidiano de um estagiário nas diversas
áreas de um banco de investimentos e discutir
outros temas relacionados ao mercado, o Poli
Finance irá organizar um Happy Hour com
estagiários que já atuam em grandes bancos. Além
disso, procurando uma melhor preparação para o
politécnico enfrentar as entrevistas do mercado
financeiro, o Poli Finance irá oferecer novamente o
curso “Introdução ao Mercado Financeiro” com
algumas reformulações. Para não perder essas e
outras oportunidades fique atento à nossa página
no Facebook!
Equipe Poli Finance
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Opção de Curso: Engenharia Ambiental
O curso de Engenharia Ambiental, por ser
muito novo, causa várias dúvidas nos estudantes
que pensam em cursá-lo. O Engenheiro Ambiental
tem uma formação abrangente e multidisciplinar,
dando a ele uma visão ampla dos componentes do
meio ambiente. Isso o torna o profissional ideal para
coordenar equipes compostas por profissionais de
diversas especialidades. Sua visão holística também
deve permitir que dialogue com diversos atores da
sociedade, e atribua a devida importância a cada um
deles.
e Segurança, acompanhando o dia-a-dia da
produção, garantindo que todos os resíduos,
efluentes e emissões estejam em conformidade
legal e tenham a destinação correta. Pode-se
trabalhar em grandes empresas de engenharia,
como construtoras e mineradoras, que possuem um
departamento de controle ambiental para suas
operações. Pode-se trabalhar em empresas de
engenharia de infraestrutura, que projetem
sistemas de saneamento. E, por fim, o ramo em que
trabalho, é a consultoria ambiental.
No entanto, acredito que a maior dúvida que
exista seja com relação ao mercado de trabalho. A
Engenharia Ambiental não surgiu como algo novo,
para fazer coisas que ninguém nunca fez antes.
Desde a década de 1970, quando se iniciou a
preocupação com a degradação ambiental,
biólogos, geólogos e outros engenheiros se
encarregaram de cumprir esse papel. O curso surgiu
da necessidade de um profissional que fosse
especializado em compreender o meio ambiente
como um todo (e não apenas um compartimento
dele) e que possuísse as ferramentas de solução de
problemas, gestão e elaboração de projetos de um
engenheiro.
Consultorias são empresas privadas que
vendem seu trabalho a outras empresas, então
denominadas clientes. O cliente geralmente
contrata a consultoria ambiental quando possui um
problema e não tem corpo técnico para resolvê-lo,
ou mesmo para “ouvir” a opinião de especialistas
antes de realizar alguma ação ou interferência no
meio ambiente. O trabalho das consultorias
costuma envolver não só o cumprimento a
requisitos legais, mas também a aplicação de
melhores práticas ambientais, que irão trazer
benefícios indiretos ao empreendedor, como boa
reputação e diminuição de riscos associados a
passivos ambientais. Atualmente, existe uma
diversidade enorme de consultorias ambientais, e a
quantidade de trabalho disponível varia de acordo
com o aquecimento da economia e do mercado.
Quanto melhor a economia, mais se investe em
novos empreendimentos, principalmente de
infraestrutura, e consequentemente a consultoria
ambiental é mais demandada.
Dessa forma, vejo o Engenheiro Ambiental
como o profissional que atuará na área de meio
ambiente com um diferencial. Sua compreensão
ampliada o torna muito mais flexível e adaptável
para trabalhar em diferentes áreas. Essa
característica torna o Engenheiro Ambiental muito
atraente para as empresas.
O Engenheiro Ambiental tem possibilidade
de exercer sua profissão tanto na esfera pública
como privada. No poder público, geralmente irá
trabalhar em agências ambientais fiscalizadoras,
interpretando e autorizando novos projetos que
estejam em concordância com as leis ambientais e
autuando e punindo empreendedores que não
estejam em conformidade com a legislação. Já na
esfera privada, o engenheiro ambiental tem uma
ampla gama de ramos de atuação. Pode exercer
sua função em indústrias, assumindo o papel de
responsável pelas áreas de Meio Ambiente, Saúde
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Entendo que a Engenharia Ambiental já está
reconhecida e consolidada como profissão no
mercado. Recebemos o CREA e temos permissão e
competência para assinar projetos técnicos. As
opções de trabalho também são diversas, cabe ao
aluno aproveitar os semestres de estágio para
experimentar empresas diferentes e descobrir
aquilo que mais se identifica.
Luciana Capuano Mascarenhas (Oi)
Formada Engenheira Ambiental 2008
Opção de Curso: Civil
Antes de tudo, queria agradecer à gestão do
CEC. Valeu, bixarada! O renascimento do “Cê Viu?”
era um sonho antigo que não tive o prazer de
testemunhar quando era do CEC e é com grande
prazer que dou um texto de contribuição para essa
edição.
Quando entrei na Poli, em 2005, o governo
Lula nadava de braçada na herança “maldita” do
FHC e, embora eu não soubesse, a engrenagem da
construção civil voltava a girar. No meu vestibular
nós ainda não escolhíamos a grande área. Essa
escolha era feita ao final do primeiro ano e somente
ao final do segundo poderíamos optar entre
engenharia civil ou ambiental. A GA Civil era a última
opção, então muita gente entrava na Poli sonhando
com produção e caia na civil. Felizmente, em pouco
tempo a galera começou a perceber que essa era
uma carreira que voltava a prometer bons salários e
a procura pelo curso (e a qualidade/motivação dos
alunos) aumentou. Em 2007 (acho) a GA Civil
ultrapassou a elétrica, deixando a lanterna da
concorrência interna da Poli. Em 2011 engenharia
civil em São Carlos passou medicina como o curso
mais concorrido da Fuvest.
Hoje a situação parece ter se invertido. O
governo Dilma não foi lá muito habilidoso, a
economia começa a ruir e a galera que entrou na
Poli sonhando com altos salários e ascensão
meteórica já enxerga um caminho um pouco mais
incerto à frente. A construção civil tem demitido e
os estoques das construtoras estão relativamente
encalhados. Vamos ver como fecharemos o ano
depois dessas eleições. Onde eu quero chegar com
isso? Simples: não escolham entre civil e ambiental
se baseando no mercado! É um parâmetro que tem
se mostrado volátil demais e é bastante difícil saber
como ele estará daqui a 4 ou 5 anos, quando você
se formar, ou daqui a 40, quando você se aposentar.
De minha parte, Engenharia Civil na Poli É
FODA! Em todos os sentidos. A carga horária
bastante pesada (que está sendo reduzida) nos faz
espartanos no mercado de trabalho! Se você de fato
se preocupar em entender o que os professores
estão falando (o que exigirá doses tremendas de
boa vontade de sua parte, dependendo do
professor), ao final do curso você será um
profissional de enorme versatilidade, conhecimento
técnico e boa visão de engenharia. Lembro de um
amigo que estava insatisfeito, largou a Poli e foi pra
GV (que convenhamos, não é nenhuma Unidunitê
da vida). Pouco tempo depois ele voltou pra Civil: “A
galera lá é muito burra”. Hahaha, não é pra qualquer
um fazer o que fazemos! Vários dos nossos
professores são expoentes em sua área e ter uma
aula de graça com eles é uma oportunidade única e
acessível a muito poucos. A grande quantidade de
parcerias do nosso curso abre ainda mais portas
para aqueles que as aproveitam. Pesquisem sobre
os programas de duplo diploma, aproveitamento de
créditos no exterior ou o programa Poli-FAU antes
de optarem por qual carreira seguir.
Hoje, com 3 anos de formado, dou
consultoria em Geotecnia, mas poderia ter ido
trabalhar com transporte, gestão, saneamento,
logística, estrutura, infraestrutura... O leque à nossa
frente é talvez o mais amplo entre todas as
engenharias e há caminhos para os mais variados
gostos!
Já fiz fundações para prédios comerciais,
residenciais, em São Paulo e em outras cidades. Já
participei até de obra da Olimpíada (meu sonho
quando entrei na Poli)! Minha turma está toda
empregada. Meus amigos ajudaram a construir o
Itaquerão, Belo Monte, o Terminal 3 do aeroporto
de Guarulhos, o rodoanel, o metrô, o monotrilho...
Alguns estão na Odebrecht, Andrade Gutierrez,
Gafisa, Tecnisa, Cyrela etc. Alguns estão em
escritórios de projeto (inclusive de professores) e
alguns têm negócio próprio. Enfim, independente
de qual caminho você seguir na Engenharia Civil,
não será fácil, mas sem dúvida valerá à pena!
Bruno “Girafales” Abrahão
Barros
Formado Engenharia Civil 2010
de
13
Depoimento: POLI no início dos anos 80
Fui convidado a dar um depoimento para o
Cê-Viu? sobre minha época de POLI, em especial
quando fui Presidente do CEC (81/82). Creio que a
maioria dos meus contemporâneos deve concordar
que um dos elementos mais marcantes desse
período foi o próprio “Cê-Viu?”.
O “Cê-Viu?” passou a ser editado no final de
1979. Aos poucos cresceu e ganhou notoriedade
pela linha editorial aberta e colaborativa que o CEC
criou e sustentou por muito tempo. Todos eram
convidados a contribuir com artigos, comentários e
outras formas de colaboração (desenhos,
ilustrações, citações, etc.). Numa época de intensos
debates políticos, ele conseguiu ser canal de
expressão de diferentes posições existentes na Civil
e gestor de polêmicas, reconhecido como o
principal canal de expressão e debates dessas
opiniões divergentes. Toda contribuição entregue
era impressa e por isso todos se reconheciam nele.
Com uma editoração criativa, democrática e bem
humorada, tornou-se rapidamente a referência de
muitos alunos da Civil e de fora dela.
O “Cê-Viu?” era impresso na gráfica do
Grêmio Polítécnico. Saia em duas ou três edições
semestrais. Chegou a ter tiragens de cerca de 1000
exemplares com mais de 50 páginas de matérias
criadas por colaboradores diferentes e juntadas,
compostas e editadas pelo grupo editorial
organizado pelo CEC. Era quase uma revista mensal,
pelo tamanho e frequência que saía. No dia da
distribuição, muitas pessoas da Civil, de outras
unidades da Poli e da USP corriam para o CEC em
busca de um exemplar. Essa foi a sua dinâmica por
uns cinco anos.
Muitos talentos foram identificados pelo
“Cê-Viu?”. O mais famoso é o Marcelo TAS (o
Cocão), que foi responsável pela área de Imprensa
do CEC na gestão 80/81 e colaborador até se formar.
Mas ele não foi o único. Vários colegas começaram
a escrever, desenhar, debater, organizar eventos e
trabalhos e buscar novas oportunidades por conta
da atividade que o “Cê-Viu?” gerava.
A gestão em que fui Presidente (81/82) pode
também ser caracterizada por ter sido de
“transição”. Talvez tenha sido uma das últimas
14
eleitas em uma disputa entre chapas com grande
polarização política que arrastavam grande número
de eleitores. A partir dela quase todas as gestões
foram compostas por chapas únicas, com enfoque
mais voltado para as atividades internas da Civil.
Nessa época, o movimento estudantil deixou
de ser o protagonista na luta contra a ditadura
militar e pela redemocratização do país. As
principais entidades estudantis da POLI (Grêmio
Politécnico, Centrinhos e em especial o CEC)
estiveram na liderança desse processo desde 1976,
na criação do DCE livre da USP, nas manifestações
de rua de 1977/78 e na reconstrução da UNE em
1979. Porém, a partir desse ano, novos atores
entraram no cenário político institucional naquela
época. Em 1979, houve as Greves do ABC. No
mesmo ano, um novo Presidente foi indicado pelo
regime militar (General Figueiredo) e inicia-se uma
fase de negociação que levaria a criação de novos
partidos e à eleição direta de Governadores em
1982. A participação política dos estudantes passou
a ser feita principalmente por outros canais, sejam
nas entidades gerais (DCE, UEE e UNE), partidos
políticos e outras organizações da sociedade civil.
Os Centrinhos, e o CEC na Engenharia Civil,
sempre tiveram também uma característica de
preocupação com aspectos do mercado de trabalho
e da formação técnica e profissional.
A gestão coincidiu com uma guinada no
mercado de trabalho do Engenheiro Civil, com
reflexos internos para alunos e professores. A
economia mesmo instável ainda permitia alguma
perspectiva profissional nas áreas tradicionais de
projeto e construção. Porém em 1981 entrou numa
forte recessão por conta da crise da dívida externa
e o mercado para engenheiros civis praticamente
desapareceu. O número de alunos matriculados na
Civil caiu drasticamente nos anos seguintes.
Muitos
colegas
buscaram
novas
oportunidades. Alguns foram para bancos e
instituições financeiras, outros para a área de
microinformática (que estava começando) e outros
para novas áreas da engenharia civil (ambiental,
logística e transportes, gestão da construção e
negócios imobiliários). Muitos buscaram na própria
POLI um caminho para suas carreiras e hoje se
tornaram professores. Outros ainda foram para
novos e diferentes caminhos.
Muitos anos depois de formado voltei a
atuar na área da engenharia civil. Nesse ínterim tive
a oportunidade de circular em diferentes áreas
profissionais e de me encontrar com colegas desse
período. O recado que tenho é de otimismo. Pude
ver que vários colegas que viveram aquele período
na Civil, CEC e “Cê-Viu?” encararam as dificuldades
com seriedade, alguns deram mais certo e outros
nem tanto, mas todos levaram consigo boas
lembranças da vivência conjunta e também tudo o
que a POLI nos ensinou (como mãe e como
madrasta).
Cesar Augusto Massaro
Presidente CEC 1981/1982
Dia de apuração das eleições do CEC Gestão (81/82) - Maio de 81
A chapa chamava-se "Volta ao Futuro" (bem antes do nome do filme). Todos estavam vestindo a camisa da chapa
desenhada pelo Carlos Guena - artista talentoso - que depois se tornou Ilustrador, Artista Gráfico e Editor. Foto tirada
por Luiz Ricardo de Mello Biccari, hoje engenheiro da Secretaria de Licenciamento (PMSP).
Na foto, da esquerda pra a direita:
1. Prof.ª Liedi Bernucci, ex Diretora do CEC (80/81) Professora do Depto. de Engenharia de Transportes (PTR) e Vice
Diretora da EPUSP.
2. Prof.ª Maria Eugênia Gimenez Boscov, ex Diretora do CEC (80/81), Profa. do Departamento de Estruturas e
Fundações (PEF).
3. Norberto Lichtenstein, ex Presidente do Grêmio Politécnico, ex Professor do Dept. Construção Civil e hoje
empresário do ramo de varejo.
4. Nelson Rubens Kunze, ex Diretor do CEC (80/81), músico e Diretor-Editor da Revista Concerto (de música clássica) ao fundo;
5. Eu (Cesar Augusto Massaro), recém eleito Presidente do CEC (81/82)
15
Trânsito na USP: o que fazer?
A probabilidade de você que está lendo esse
texto já ter se estressado de alguma forma com o
trânsito na USP é muito alta: parado durante muito
tempo na fila que se forma no P1, tendo que
competir aos sábados por um lugar na via com os
ciclistas de alta velocidade, sendo apenas um ciclista
que gostaria de chegar logo em casa, mas passa por
algumas emoções no caminho ou até mesmo sendo
um pedestre que só queria atravessar a rua, mas
sofre com os carros em alta velocidade que nunca
param... Enfim, estamos na famigerada São Paulo e
nem mesmo a USP escapa do seu trânsito caótico.
saindo das festas se encontra com o fluxo dos
esportistas que estão chegando, o que gera
acidentes como o ocorrido em agosto: um motorista
bêbado atropelou 5 pessoas e o corredor Alvaro
Teno de 67 anos morreu.
Conversamos com o engenheiro Enéa Neri e
a arquiteta Toshie Sugawara da Prefeitura do
Campus e pudemos ter uma visão melhor sobre o
que está acontecendo na USP.
Uma licitação já foi feita e hoje em dia uma
empresa já fornece o mobiliário urbano como
totens e banners para incentivar o respeito mútuo
entre aqueles que utilizam as vias da Universidade.
A missão da Prefeitura do campus, em suma,
é prover a Universidade com serviços de
infraestrutura e manutenção, assim algumas
medidas já estão sendo tomadas.
Conscientização dos usuários
Entendendo os motivos
Perguntamos sobre a situação da mobilidade
no campus e eles disseram que o fluxo de veículos
no campus Butantã já é alto pelo número de pessoas
que frequentam suas 36 unidades, mas um dos
principais problemas é o trânsito de passagem
(aquele constituído por motoristas que não têm a
USP como destino) e ele aumenta na medida em
que os repórteres das emissoras de rádio indicam o
campus como alternativa para “cortar caminho” ou
escapar de congestionamentos.
16
Um dos totens instalados
Uso do campus
esportivas
para
práticas
Ônibus, caros, ciclistas e corredores na mesma via
A USP juntamente com a Associação dos
Treinadores de Corrida, a Federação Paulista de
Triathlon e esportistas independentes, está
elaborando uma forma de organizar o uso do
campus aos sábados. No dia 01 de novembro o “1º
teste do Projeto Piloto para Práticas Esportivas na
Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”
(CUASO)” foi realizado. Cerca de 5 mil atletas
participaram do teste.
Aliado a isso, principalmente nos fins de
semana, motoristas de ônibus ou automóveis têm
que dividir a via com ciclistas de alta velocidade e
corredores. Muitas vezes o fluxo de carros que estão
Em suma, montou-se um circuito de 6,2km
(em boa parte, paralelo à raia olímpica), separado
dos automóveis por cones ou canteiros. Das 4h às
6h, ciclistas de alta velocidade podiam utilizá-lo e
das 7h às 12h era para caminhadas, corridas e
ciclistas a passeio.
Ciclistas de alta velocidade no campus
Haverá um segundo teste ainda este ano
para a feitura de um estudo e posterior envio para
o Conselho Gestor para sua aprovação.
Ciclovia e faixa de ônibus
A arquiteta Toshie é uma das responsáveis
por esses projetos que estão para ser implantados
em 2015.
Ela comentou que devido às árvores, a faixa
de ônibus deverá ser afastada da guia para a
passagem dos veículos, pois estes, muito altos,
poderiam danificá-las. Dessa forma, esse espaço
entre a guia e a faixa de ônibus poderia ser utilizado
para a construção da ciclovia. O engenheiro Enéa
disse que um estudo sobre o trânsito do campus já
foi encomendado e que ele ajudará na elaboração
mais detalhada do projeto. A ideia é que
inicialmente a ciclovia e a faixa tenham 1500m, da
Casa de Cultura Japonesa (avenida Lineu Prestes,
159) até a Portaria 1, onde a faixa se integraria à já
existente na rua Alvarenga. Posteriormente, haverá
uma expansão e a ideia é que a rede seja ramificada,
ou seja, os ciclistas não precisarão sair dos caminhos
exclusivos das bicicletas para acessar os prédios de
suas faculdades.
São previstas também estações de
empréstimo, inclusive uma no metrô Butantã (ao
todo serão 25, num total de 250 bicicletas). A ideia
é retomar o projeto-piloto “Pedalusp”, criado por
alunos aqui da Escola Politécnica e que já foi
testado, mas na época não se desenvolveu.
A presença da CET
Atualmente há um termo de cooperação
entre a USP e a Secretaria Municipal de Transportes.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) está
dando um auxílio para a elaboração do projeto das
ciclovias, do uso do campus pelos esportistas e
sempre que há algum evento grande, como
corridas, ela ajuda a organizar o trânsito no entorno.
O que se busca agora é um convênio com a
CET, para fiscalização (para que seus fiscais possam
trabalhar no interior da Cidade Universitária) e
sinalização vertical e horizontal.
Outras medidas
Na UNICAMP, por exemplo, para aumentar a
segurança, todos os carros são cadastrados e os
visitantes se identificam na entrada. Enéa disse que
isso seria inviável aqui no campus, pois qualquer
tipo de bloqueio na entrada faz com que um caos se
instale no entorno. Nesse sentido, há várias ideias
(que ainda estão em desenvolvimento) para tentar
inibir o trânsito de passagem, como bloquear o
acesso a determinadas vias dentro do campus,
obrigando o motorista a fazer um caminho maior.
Programa Campus Sustentável
Todos esses projetos citados integram o
Projeto Campus Sustentável, cujo objetivo é que a
USP seja referência nacional em sustentabilidade,
articulando pesquisa, ensino, cultura e extensão. A
ideia é melhorar o campus com ações da própria
universidade.
Há nove principais projetos, entre eles,
Gestão Integrada de Resíduos, Gestão de Áreas
Verdes e Governança do Campus, nos quais os
projetos para melhoria do trânsito se inserem.
Todos são projetos muito interessantes, vale a pena
procurar e conhecer melhor!
Ah, e não se esqueça de fazer a sua parte
para ajudar a USP a ter um trânsito melhor!
Bárbara Paes
3º ano Engenharia Civil
17
Entrevista Zago
Este foi um ano de muita agitação na USP.
Desde o problema na USP Leste, passando pela
questão segurança até a crise financeira da
Universidade. Talvez o homem mais notório atrás de
tudo isso foi o reitor Marco Antonio Zago, graduado
em Medicina pela FMRP, mestre e doutor pela mesma
faculdade. Assumiu o cargo no início de 2014 e
conduziu uma série de medidas polêmicas, fato que
desencadeou a greve da USP neste ano. Diante disso o
“Cê-viu?” realizou uma entrevista com nosso reitor
para nos deixar a par da situação geral da
universidade, fazer uma análise do seu primeiro ano
no cargo e expor seus planos para o próximo ano.
* No momento em que o senhor assumiu a
reitoria da USP, como estava a situação
financeira da universidade?
Quando assumimos a reitoria, já sabíamos que
havia dificuldades financeiras, já tínhamos indícios
disso no final do segundo semestre de 2013. No
entanto, o tamanho e a gravidade da situação ficou
evidente somente no momento em que assumimos e
recolhemos todos os dados da universidade. Isto, em
parte, se deve ao fato de que, no ano final do ano
passado, não ocorreram as reuniões do conselho
universitário relacionadas à questão orçamentária. Na
USP, tradicionalmente, as duas últimas reuniões do
Conselho Universitário tratam especificamente da
questão orçamentária, mas de 2013 para 2014 isso
não ocorreu. Sendo assim, ninguém tinha um balanço
exato da situação financeira naquele momento, foi só
no início de 2014 que vimos que tínhamos um grande
problema representado com o excesso de gasto com
pessoal.
18
início da reunião dizendo qual é a situação financeira
da universidade naquele momento. Ano passado não
ocorreu nenhuma reunião do conselho universitário,
salvo em uma no dia 1º de outubro que tratou
exclusivamente do processo eleitoral. Então não
houve informação formal ao conselho universitário
sobre a situação financeira da universidade.
* Então o Conselho Universitário em geral
não tinha conhecimento da situação exata?
* Nesse primeiro ano de mandato, quais
foram as principais medidas adotadas pela
reitoria no combate à crise orçamentária?
Essa é uma coisa que não se pode responder
com segurança, o fato é que o Conselho Universitário
toma conhecimento formal quando as coisas lhe são
apresentadas formalmente; claro que cada
conselheiro ou identidade pode ter acesso a
informações, mas no ponto de vista formal é na
reunião
do
conselho
universitário
que
tradicionalmente o presidente da Comissão de
Orçamento de Patrimônio traz um informativo no
Quando nós assumimos entendemos que a
universidade tem dificuldade e problemas, o que é
natural de qualquer grande instituição. A USP conta
com 100 mil pessoas envolvidas e chegou a esse
tamanho sem que a sua gestão tivesse de fato se
planejado pra isso, fomos apenas nos adaptando a
esse crescimento. Quando assumimos percebemos
que haviam dois grandes problemas que tomariam
grande parte do nosso tempo: a questão da USP Leste
e a situação orçamentária da universidade.
Quando nós assumimos, o campus da USP
Leste estava interditado e esse não era um problema
menor: 5 mil estudantes estão lá com outro grande
número de professores, cursos, laboratórios e etc. Nós
abruptamente fomos barrados e tivemos que nos
organizar em dois meses para acomodar toda esse
contigente, não estávamos preparados para isso. A
afirmação que a USP já estava ciente desse problema
a muito tempo e que não se tomou providências para
resolvê-lo é verdade, mas o fato é que: quando
assumimos a USP Leste já estava barrada e nos levou
muito tempo para acomodar todo o pessoal. Claro que
o resultado não é satisfatório, você não acha
facilmente um lugar na cidade de São Paulo que
comporte 5mil alunos, o refeitório, bibliotecas e assim
por diante, além de que tivemos que resolver o
problema específico que levou à interdição do local.
Neste aspecto nós conseguimos com o tempo
equacionar os problemas, conseguimos acomodar os
alunos e retornar para lá.
Além disso, havia o problema orçamentário,
hoje, estamos gastando com salários mais do que
recebemos de repasse do ICMS, além disso gastamos
cerca de 15% adicionais com a manutenção da
universidade (material de consumo, transporte,
contratos, permanência estudantil, bolsas e etc). Se
estamos gastando mais do que estamos recebendo o
dinheiro tem que sair de algum lugar, no caso de uma
reserva, uma poupança que se formou ao longo dos
anos em que a universidade gastava menos do que nós
recebia. Quando nos defrontamos com essa situação
tínhamos dois objetivos: primeiro, na medida do
possível proteger essa poupança, que está reduzindo
rapidamente, e segundo, recompor a situação
financeira da universidade principalmente onde está
nosso maior problema: recursos humanos.
Para proteger a poupança, uma das medidas
foi reduzir gastos com obras de grande proporção, que
estavam sendo sacados dessa poupança, então houve
obras que foram interrompidas. De início paramos
tudo, agora o Conselho da Superintendência de
Espaço Físico vai criteriosamente estudar quais as
obras prioritárias, nas quais podemos alocar recurso,
como por exemplo o teatro Guarnieri. Obras que
atendam cursos de graduação são prioritárias sempre.
A segunda medida foi o reequilíbrio financeiro,
quando você olha o gasto da universidade com pessoal
você vai ver que, hoje, a USP gasta 38% do orçamento
com docentes e 62% com servidores, a massa de
servidores na universidade é muito grande. Isso não
quer dizer que acreditamos, como afirmam os
sindicatos, que os culpados da crise sejam os
servidores. Eu nunca disse e nem penso isso,
servidores qualificados são essenciais pra vida
universitária em qualquer lugar do mundo. Eu tenho
uma carreira fundada em produção científica,
coordenei laboratórios altamente competitivos e os
servidores técnicos tem um papel fundamental. Isto é
um fato, outro fato, que não contradiz a esse, é que
nós temos muita gente e pagamos salários que na
visão externa, não minha, estão acima dos salários
pagos pelo mercado. Temos muitos funcionários?
Temos, principalmente quando comparamos com
outras instituições, especialmente com as
estrangeiras.
Uma universidade do tamanho da nossa, a
Universidade de Bologna, que tem em torno de 87mil
estudantes, tem 3 mil professores, 3 mil funcionários
e 2 mil terceirizados. A USP tem 6 mil professores, 17
mil funcionários e cerca de 2 mil terceirizados, nossa
força de trabalho tem 22 mil pessoas. Para começar a
mudar isso, uma das medidas criadas foi o plano de
incentivo a demissão voluntária, isto é, funcionários
com grande tempo de serviço terão vantagens caso
peçam demissão. Algumas pessoas dizem que vamos
perder funcionários em áreas críticas, mas essa é uma
oportunidade também da universidade se
reestruturar do ponto de vista administrativo.
Concomitantemente a isso nós temos um programa
de mobilidade de funcionários, para que possamos
enxugar e depois transferir funcionários para outras
funções. A terceira coisa que devemos fazer é
modernizar o fluxo de documentos, decisões e etc,
temos sistemas extremamente arcaicos que derivam
do fato que a universidade ter crescido sem
planejamento. Agora é uma oportunidade de
revermos essas coisas.
Ao lado disso, há outras medidas que teremos
que tomar, entre elas a universidade se desfazer de
gastos que não são tipicamente universitários. O
maior exemplo a questão do Hospital Universitário
(HU). O HU tem uma função importante no
atendimento médico da população, mas praticamente
não existem mais exemplos no mundo de hospitais
geridos pela universidade. Nos EUA não há, na Itália
existem 3, todos vivendo uma crise financeira, porque
a quantidade de recursos que o hospital drena são
imensos e não é necessário que o hospital pertença a
universidade para que se possam fazer ali atividades
universitárias. Tomo dois exemplos: o Hospital das
Clínicas da FMRP, que conheço muito bem, há mais de
25 anos possui gestão vinculada à secretaria da saúde,
19
o superintendente do hospital é um professor da
faculdade de medicina, o conselho deliberativo é
formado por professores dela e todas as atividades
que lá são feitas são controladas pela FMRP sem que
a universidade ponha dinheiro nisso, pois é uma
questão que interessa a saúde pública, o hospital
atende à população. Um outro exemplo é o HC de São
Paulo, toda a gestão está ligada a secretaria da saúde,
mas quem controla aquilo é a faculdade de medicina.
A ideia é vincular o HC ao Hospitais das
Clinicas. O HC, que tem 7 institutos, teria mais um.
Qual a dificuldade?
* O senhor acredita que o aumento do
repasse do ICMS à universidade resolveria
o problema? Ou cortes de orçamento
também são necessários? Como essa equação
se equilibra?
A pergunta ai não é essa, a pergunta é: essa
seria uma solução viável? Ter sonhos faz parte da vida,
mas os sonhos tem que se adaptar à realidade. Quem
decide a questão do repasse não somos nós. Nós
temos, dentro da USP, que tratar daquilo que nós
podemos fazer. Há coisas que seriam muito melhores
se a lei fosse diferente, mas pra mudar a lei você
deverá conversar com deputados, com o senado e o
governo e convencê-los que aquela é uma boa
medida. Enquanto isso não acontecer temos que
obedecer a lei, e hoje ela diz que o repasse a
universidade é de 9,57% do ICMS.
Em volume esse recurso vai crescer menos do
que o esperado para o próximo ano, porque a situação
econômica do pais não vai bem, portanto o ICMS do
Estado no ano que vem será maior que desse ano, mas
não crescerá tanto quanto gostaríamos. Esta é a
realidade, mas nós vamos pedir pro governo mudar?
Podemos pedir, já mandamos um ofício pedindo, mas
essa decisão não é nossa, essa decisão é do Governo
do Estado e da ALESP. Dizem que a nossa gestão é
contrária a isso, claro que não somos contrários, se os
recursos aumentarem seria ótimo, mas é uma questão
de realismo, temos que tratar com o orçamento desse
ano. A lei de diretrizes orçamentarias deste ano já foi
votada, e nós vamos receber 9,57% do ICMS.
* Qual a repercussão esperada pela reitoria
ao divulgar a folha de pagamento da
universidade?
Alguns dias tivemos uma mesa redonda, com
participação da imprensa, chamada “A USP e a
20
sociedade”. Nesse evento, um dos jornalistas disse:
“Eu não gostaria que meu salário fosse divulgado”. No
entanto esse é um ônus a que tem que submeter todo
funcionário público, a sociedade tem direito de saber
o quanto ela está pagando para cada servidor.
Portanto, não é uma questão de gostar ou não, acho
que temos que fazer isso porque todas as entidades e
organizações do Governo fazem. Isso trará muitos
benefícios, inclusive o de desfazer mitos. Desfazer o
mito de que a USP está em péssima situação financeira
porque aqui está cheio de gente ganhando acima do
teto do governador. Já fizemos uma conta, se
abatêssemos o excedente do teto seco do governador
isto corresponderia a 0,06% do que gastamos com
salários. Então não é isso que cria dificuldades para a
universidade.
As pessoas poderão ver os salários e os
comparar, e poderão observar uma coisa muito grave
pro futuro da USP: Que a questão do teto salarial, ao
longo prazo, fará com que percamos competitividade.
Por exemplo, hoje, em São Paulo, existe dois tetos
salariais: o das universidades paulistas, que está em
torno de 20 mil e o das federais instaladas aqui, que é
29 mil reais. Tem quase 10 mil reais da diferença do
teto das federais e estaduais. Isso a longo prazo criará
uma dificuldade séria para as universidades paulistas
e vai fazer com que percamos competividade. E estes
salários não são um mar de marajás, porque veja,
estes salários são para quem está há 25, 30 anos na
universidade com dedicação exclusiva, ou seja, não
pôde trabalhar no mercado e abriu mão disso pela
carreira universitária.
* Nos últimos anos ocorreram vários
incidentes que levaram a contestação da
segurança dentro e ao redor do campus.
Como o senhor vê esse problema e quais as
medidas tomadas pela reitoria para
solucioná-los?
A questão da segurança exige que todos os
envolvidos entendam que ela deve ser planejada para
nos proteger. Então seria necessário despir essa
questão de conotações políticas e ideológicas e
tratarmos da maneira mais pratica possível. Ocorrem
crimes na área do campus da USP? Ocorrem. Ocorrem
crimes na área dos Jardins e do Centro? Ocorrem. A
característica não é muito diferente, fazemos parte de
uma grande cidade que tem um problema de
segurança. Quem trata da questão de ocorrências
criminais na Paulista ou no centro velho da cidade é a
polícia, é uma questão de polícia, não adianta politizar
isso. Guarda universitária não serve pra isso, é uma
guarda desarmada, que não vai prender bandido, é
uma guarda principalmente patrimonial, de regulação
de fluxo de pessoas, ela não vai coibir crimes na área
da universidade. Temos que ter um acordo, claro que
a universidade tem que tomar medidas para melhorar
seu sistema de segurança, por exemplo o sistema
eletrônico. Isso é fundamental e acontece no mundo
todo, o sistema eletrônico de vigilância facilita
enormemente pois permite, com uma quantidade de
pessoal muito menor, onde o risco de ocorrências é
maior.
Agora, ao lado disso há uma questão muito
especial, que é a questão de festas. A USP não é um
clube, é uma universidade. Organizar um evento com
2 mil a 4 mil pessoas não é trivial. Demandam pessoas
qualificadas, treinadas pra isso, é necessário obedecer
uma série de requisitos de segurança. Então permitir
que os CA’s realizem festas dessa dimensão para, com
isso, arrecadar dinheiro para sua sobrevivência
configura uma visão muito simplista da situação,
porque eles perdem controle depois, pois a
universidade não tem segurança treinada e nem faz
parte dela organizar festas, assim acabam
acontecendo desastres. Já aconteceu e eu tenho
certeza que, se continuarem ocorrendo esses grandes
eventos, haverão novas tragédias, é impossível conter
isso, porque nós não temos estrutura para isso, não é
nosso objetivo. Essa questão tem que ser repensada,
os próprios estudantes precisam entender que esses
grandes eventos tem que ser preparados e feitos em
locais diferentes onde haja estrutura e segurança.
* O senhor acredita que o convênio
USP/PM foi efetivo nos seus objetivos?
Acho que a questão central não é o convênio,
porque como se trata de um espaço público a
responsável pela segurança pública é a PM , não cabe
a nós controlarmos a segurança. O que precisamos,
mais do que convênio, é um acordo. Conversarmos
sobre como e de que jeito nós devemos tratar a
presença da polícia aqui. É inevitável o exercício da
autoridade policial, que não nos cabe. Querer limitar a
ação da polícia vem de coisas do passado e não acho
que neste momento precisamos disso, acho que
devemos ter uma atuação muito prática, quais são as
questões que precisamos resolver e como vamos
resolvê-las. Vai haver ronda? A PM será chamada só
quando houver queixa ou precisaria de um
policiamento preventivo? Nós temos que nos resolver
com relação a isso. Quando ocorre alguma coisa
reclamam que não tem polícia, quando a polícia
aparece dizem que ela esta aqui para reprimir a
liberdade de pensamento. Temos também que
dialogar com a polícia, existem escalas de
comportamento que são mais perigosos e outros que
são menos.
*Qual o seu feedback do primeiro ano de
gestão? Quais foram, na sua opinião, os
erros e acertos?
Uma parte significativa desse ano foi gasto
resolvendo essas duas grandes questões: a USP Leste
e a situação financeira, nenhuma das duas estão
definitivamente resolvidas, mas foram equacionadas e
portanto permite que outras questões poderão agora
ter um caminho mais aberto. A mais importante delas
é a questão da reestruturação dos cursos e de todo o
sistema de graduação na USP. O pró-reitor vem
tratando isso com muita assiduidade e na próxima
reunião do conselho universitário já vamos votar uma
modificação de estatuto que aumenta a
responsabilidade das unidades nas decisões que
dizem respeito aos seus próprios públicos, com as
modificações curriculares. Vamos simplificar esse
processo e os órgãos centrais terão um caráter muito
mais regulatório, as decisões poderão ser feitas dentro
das próprias unidades.
Nós temos tratado da questão do ingresso da
universidade e esperamos que no ano que vem
possamos fazer modificações no sistema de acesso a
universidade. O acesso à universidade não precisa
obrigatoriamente ser um único formato. A FUVEST vai
continuar tendo um papel significativo na seleção dos
estudantes, mas podemos sim estudar métodos
adicionais que complementem a FUVEST. Além disso,
devemos nos inserir nos sistemas de avaliação global
de ensino no Brasil, como o ENADE. As vantagens disso
serão enormes, não só para o sistema, que poderá ser
aperfeiçoado, mas também para conhecermos melhor
os nossos pontos fortes e fracos no que diz respeito ao
ensino de graduação. Fazer gestão sem informação é
ilusão, temos alguns indicadores externos de
qualidade, mas precisamos de algo mais regular que
nos comparem com os outros.
Ao mesmo tempo estamos reformulando o
sistema de estrutura do sistema digital para dar apoio
aos cursos de graduação. Outra questão que está
sendo encaminhada é a reforma do próprio estatuto
da universidade. Há opiniões muito divergentes em
relação a isso e essa questão inclui o sistema de
eleição de dirigentes. As discussões estão
encaminhadas, mas no início do ano que vem tomarão
um folego maior porque haverá um processo
21
decisório.
Também queria chamar atenção dos
estudantes e pedir que eles participem ativamente de
um grupo de trabalho que está tratando da reforma
dos regimes de trabalho docente. É algo que diz muito
respeito a vida dos docentes, mas afeta direta ou
indiretamente os alunos. A avaliação dos docentes
vem sendo criticada por haver uma baixa valorização
do ensino de graduação em relação a outas
atribuições dos docentes, o que faz com que o docente
se dedique pouco a isso. Essa questão vem tomando
volume cada vez maior e peço que esse grupo de
trabalho analise a heterogeneidade de atividades dos
docentes nas diferente áreas. É interessante
reconhecermos que existem perfis diferentes de
docentes, existem docentes mais importantes para
produção científica, mas também existem professores
importantes no ensino de graduação, que também
merecem reconhecimento.
*Quais os desafios para a universidade nos
próximos anos?
Acho que a universidade tem muitos desafios
e certamente não serão todos resolvidos nesta gestão.
Talvez o maior desafio da universidade hoje seja se
modernizar. A universidade surgiu na era medieval, a
história passou e as
universidades não
desapareceram, muito pelo contrário, se fortaleceram
e são hoje fontes de referência na sociedade, pois ela
trata de questões centrais: a formação de pessoal
qualificado, a criação de conhecimento e sua análise
crítica. Mas ocorreram mudanças na sociedade, a
universidade deixou de ser a única fonte de formação
de pessoal qualificado e portando estruturas menores
ocupam espaços importantes. Ela deixou também de
ser a única fonte de geração de conhecimento e de
inovação. No Brasil, as universidades ainda são os
principais institutos de geração de conhecimento, mas
em muitos outros países o cenário é outro. Então a
universidade tem que se adaptar a esse mundo novo
e encontrar uma maneira de conviver com estas
mudanças. As mudanças na universidade, no entanto,
ocorrem lentamente, porque a universidade não é
como uma empresa onde as decisões podem ser
tomadas e impostas muito rapidamente, nas
universidades este é um processo lento, porque ele
passa pelo convencimento. Nenhuma decisão se
impõe na USP se não houver convencimento. Isto
torna difícil acompanhar as mudanças da sociedade
que são cada vez mais rápidas.
22
Um exemplo disso, é que o nome da sua
qualificação torna-se cada vez menos relevante. O
Brasil ainda tem uma cultura de conselhos que
aprovam diplomas, mas a sociedade é muito mais
dinâmica que isso. Vocês conhecem muito bem o
exemplo de que o mercado financeiro foi uma época
inundado por pessoal formado na POLI e ainda são
altamente competitivos, se formam com o título de
engenheiro mas vão atuar no mercado financeiro.
Situações como essa vão ficando cada vez mais
frequentes, o que quer dizer que a universidade
precisa pensar que é mais importante para a
sociedade reestruturar cursos. Nos EUA, por exemplo,
algumas grandes universidade tem cursos chamados
“Barchelor in Liberal Art” que é qualificado para o que
der e vier. Ele tem algumas formações básicas seja em
literatura e comunicação (que é uma deficiência
enorme na universidade, a capacidade de nossos
estudante de se comunicar), uma formação meio
avançada em matemática, em algumas das ciências
naturais e em artes. Esta pessoa vai estar preparada
pra vida e pode se complementar caso necessário.
Essa divisão em profissões e sub-profissões
carimbadas em diplomas está cada vez mais perdendo
relevância e a universidade tem que estar preparada
para isso.
Minha mensagem final, que é outro desafio, é
recuperar esta participação universitária da maioria
silenciosa. A grande movimentação da universidade
hoje se faz com uma parcela muito pouco significativa
das pessoas que estão na universidade e isto não é
bom. Fazemos reuniões, seminários para discutir
questões da vida e do futuro da universidade e as
pessoas não se interessam. Parece que as únicas
coisas que atraem o público são as eleições de reitor e
composição de colegiados, fico assustado com isso.
Então minha mensagem é: os estudantes são o motivo
da vida da universidade, agora, a relevância deles na
universidade se dará da participação deles mesmos, os
estudantes de um modo geral precisam se fazer muito
mais presentes na universidade. A participação dos
estudantes será sempre conflituosa, criara discussões,
mas isso que traz vida a universidade. O que não é
bom é quando a gente vê uma pequena parcela dos
estudantes repetindo alguns mantras que passam com
uma visão. Está faltando ouvir a diversidade dos
estudantes na vida da universidade, não tenho
nenhuma restrição em conversar continuamente com
os estudantes, gosto disso, mas gostaria que as vozes
fossem mais diversificadas.
Festas e Segurança na USP
18 de Maio de 2011
O assassinato de Felipe Ramos Paiva, 24
anos, da FEA, aconteceu às 21h30 de uma quartafeira comum, no estacionamento de sua Faculdade.
O estudante foi abordado por dois assaltantes ao
sair da aula e, após confronto, recebeu um disparo
na nuca, morrendo no local.
Apesar de muitos de nós ainda não sermos
alunos da USP na época - eu mesmo me enquadro
nesse grupo - é importante relembrar o que pode
ter sido, dentre os acontecimentos mais recentes, o
marco de um debate que hoje está realmente em
pauta na Universidade: a segurança. Recordo-me
que o caso foi televisionado por dias.
outubro. Um acréscimo de 55% em relação ao
mesmo período de 2012, apesar do convênio com a
PM desde 2011.
Por um lado, apontam a PM como ineficiente
no seu trabalho, que sua presença na CUASO não
reduz a criminalidade e que sua sobreposição à
Guarda Universitária faz com que esta perca seu
espaço, como aponta o diretor do Sintusp (sindicato
de funcionários). Por outro, há pressão pelo
aumento do efetivo da PM. Retrucam que com o
atual número de policiais no campus, é quase
impossível controlar a violência.
O comportamento da reitoria diante do
problema ficou evidenciado com a nomeação da
professora e antropóloga da FFLCH, Ana Lúcia
Pastore Schritzmeyer, ao cargo de superintendente
de segurança, no lugar do ex-coronel Luiz de Castro
Júnior. A professora promete maior diálogo com a
comunidade da USP e descentralização de medidas
como formas de enfrentar essa questão.
20 de Setembro de 2014
O também estudante Victor Hugo, de 20
anos, desaparece durante o aniversário de 111 anos
do Grêmio Politécnico, aproximadamente às 4h30.
Seu corpo é encontrado três dias depois, na manhã
Já na época se discutia a falta de iluminação
e de patrulha na CUASO. Alguns projetos foram,
então, previstos e aplicados: a instalação de mais de
sete mil luminárias para ruas, calçadas, praças e
estacionamentos é um exemplo disso.
Segurança no Campus e a PM
Entretanto, indo à direção oposta ao
esperado, foram registrados 93 casos de roubo e
furto no campus, de janeiro a setembro de 2014, de
acordo com o jornal Folha de S. Paulo de 02 de
23
do dia 23, na raia olímpica.
acabam acontecendo desastres.”
O caso gerou grande repercussão na mídia,
trazendo à tona novamente para o público em geral
a questão da segurança na Universidade.
É nesse momento que os membros de
gestões dos centros acadêmicos se perguntam o
que é que a reitoria quer que eles façam. Sem as
quantias fornecidas pelas festas, é basicamente
impossível que o centro se mantenha e ainda
contribua para o desenvolvimento do aluno dentro
da Escola.
Diversas opiniões se formaram a respeito de
sua morte, alguns cogitavam a possibilidade do
assassinato, outros, que sob efeito de álcool ou
drogas, o rapaz teria entrado na raia e se afogado. E
após quase um mês do ocorrido, foi divulgado que,
de acordo com o laudo do IML, ele havia usado 25BNBOMe, uma droga muito similar ao LSD, que tem
efeitos alucinógenos no usuário. A causa da morte
foi apontada como sendo afogamento. Por fim o
inquérito foi decretado como sigiloso pela Polícia
Civil.
Suspensão das Festas na Universidade
Posteriormente à morte de Victor Hugo,
foram suspensos todos os eventos do velódromo, e
várias festas precisaram ser realocadas. Várias
faculdades e institutos da USP também proibiram
por tempo indeterminado o acontecimento de
festas em suas dependências
Em entrevista recente, que você pode ler
aqui mesmo no Cê-Viu? (Leia na página 18), o prof.
Marco Antonio Zago, reitor da USP, disse ser contra
a realização de eventos em grande porte dentro da
Universidade.
Apontou que festas como as realizadas pelos
centros acadêmicos e atléticas, em função do alto
número de pessoas, necessitam de especialistas em
segurança para que tudo ocorra sem grandes
problemas, e que, porém, as instituições estudantis
não estão preparadas o suficiente para isso:
“(...) permitir que os CA’s realizem festas
dessa dimensão para, com isso, arrecadar dinheiro
para sua sobrevivência configura uma visão muito
simplista da situação, porque eles perdem controle
depois, pois a Universidade não tem segurança
treinada e nem faz parte dela organizar festas, assim
24
O CEC é um ótimo exemplo disso, ao
organizar eventos como a SeTEC, que permitem aos
alunos um contato maior com empresas do ramo
das engenharias civil e ambiental, independente do
ano de graduação em que ele esteja, e digo isso com
base em experiência própria.
O que podemos tirar disso tudo?
Você já deve ter percebido que o intuito
desse texto não foi criticar uma ou outra opinião,
mas sim, fornecer dados e visões que, mesmo sendo
simples em diversos momentos, podem não ser do
conhecimento de todos.
Por mais que o CUASO seja um ambiente
público e que tenha níveis de violência semelhantes
ao resto de São Paulo, ela também é a nossa
Universidade.
E
eu
acredito
que,
independentemente da opinião que você tenha a
respeito de como solucionar o problema da
segurança, você tem como objetivo tornar a USP um
lugar melhor, mais seguro.
Impulsionar o
debate
dentro
da
Universidade, ainda mais em temas tão recorrentes
aos alunos como os aqui já citados - a segurança, as
festas e como esses tópicos se interagem - é nosso
dever como alunos e usuários do campus.
É evitar que mais casos como os de Felipe e
Victor aconteçam, seja por descuido ou por
violência propriamente dita.
Maurilio da Mata
1º Ano G.A. Civil
Ciao a tutti!
Meu nome é Beatriz e estou desde o dia
25/08 fazendo duplo diploma em Milão, Itália. Estou
estudando Engenharia Ambiental aqui e nesse
pequeno texto espero dividir algumas experiências
que tive até agora.
Sempre que chegamos a um local diferente
temos um tempo de adaptação que varia muito de
pessoa pra pessoa. Devo dizer que, felizmente, me
adaptei bem rápido a cidade. Milão é uma cidade
grande, mas não é o caos de São Paulo. É uma
cidade bem heterogênea com cada vez mais
imigrantes (com o tempo acostumei a ouvir diversas
línguas no metrô). É uma cidade plana, o que faz
qualquer caminhada ficar muito mais agradável do
que minha costumeira ida pela Rodrigues Alves ao
metrô Ana Rosa. Também tem a sua história, como
qualquer cidade italiana. Há o Duomo que é com
certeza de tirar o fôlego, o Castelo Sforzesco e a
Galeria Vittoria Emmanuelle (que só mostra que
Milão é a cidade da moda).
Sobre a faculdade, há algumas diferenças em
relação a POLI. Primeiramente, aqui o biênio é um
triênio, que seria a “Laurea”. Após terminar a
“Laurea”, há o ingresso para a “Laurea Magistrale”,
a parte específica. Na “Politecnico di Milano”, há a
possibilidade de escolher entre quatro áreas da
engenharia ambiental para estudo (”Difesa del
suolo e prevenzione dai rischi naturali”,
”Monitoraggio e diagnostica ambientale”,
“Pianificazione e gestione delle risorse naturali”,
“Tecnologie di risanamento ambientale”). Eu
escolhi “ Pianificazione e gestione dele risorse “ por
me identificar mais com a área e achar que é um
pouco mais ampla. A grade horária aqui é mais
aberta, há mais liberdade para escolher as matérias
que serão cursadas. Porém, durante um semestre
cada aluno faz muito menos matérias, havendo em
cada uma dessas disciplinas muito mais conteúdo.
Nesse semestre estou cursando quatro disciplinas,
algumas em inglês e outras em italiano, já aqui está
havendo um processo de internacionalização.
Até agora posso falar que não tive problemas
para me “socializar”. As pessoas são bem tranquilas
e oferecem ajuda sem problemas e os professores
foram todos bem solícitos também. Isso é muito
bom, pois no começo é tudo diferente e eu estava
super perdida. Pelo que vi isso é bem diferente
entre a engenharia ambiental e as outras (ambiental
sempre sendo muito mais amor!).
Uma coisa que até agora não consegui
entender é porque aqui é normal haver conflito de
horário entre as disciplinas. Todo mundo tem
conflito e os professores mesmo falam que se
alguém tiver conflito depois é só pegar as anotações
de aula com um colega. Além disso, aqui há só uma
prova final na maioria das matérias, a qual pode ser
oral, escrita ou ambos. Então imagina você só ter
matéria de oito créditos, porque aqui são menos
matérias com mais conteúdo em cada, e só ter uma
prova final e ela ser oral. Torçam por mim porque
não tá fácil pra ninguém. Outro ponto interessante
é que aqui na Itália sua média ponderada vai para o
seu currículo e é extremamente importante para
uma contratação de emprego, o que faz os alunos
serem extremamente desesperados com provas e
notas (de uma maneira que, pessoalmente, acho
bem ruim).
Muitas vezes sinto falta da “descontração”
que é comum no Brasil como um todo e que muitas
vezes faz o professor ser mais próximo do aluno.
Porém, devo dizer que esse “jeitinho” nosso deve
atrapalhar os professores durante as aulas. Muita
gente chegando atrasada, tem conversa, celular.
Aqui, achei que o respeito para com o professor é
muito maior, o que acredito que, de maneira geral,
todos devemos melhorar. Ainda que aqui a
presença não seja obrigatória, as pessoas vão na
aula pra realmente assistir aula. Pode ser que seja
porque precisem ir bem nas provas, mas achei um
comportamento muito legal.
Se tiverem a oportunidade, façam
intercâmbio, até agora tem sido uma experiência
única pra mim. Sempre que puderem, conversem
com os intercambistas que estão na POLI. Com
certeza todos sairão ganhando.
Se alguém precisar de ajuda ou quiser saber
mais sobre o Duplo Diploma aqui na Itália fico a
disposição para ajudar!
Beatriz Beccari Barreto
4º ano Engenharia Ambiental
Intercambista da Politécnica de Milão
25
O perfeito
- Eu não entendo o porque de me sentir mal. Sou a pessoa perfeita.
-Desde criança sempre tive as melhores notas, todos os professores gostaram e gostam de mim, do
jardim de infância à faculdade. Sou elogiado pela minha família e admirado pelos meus amigos. Sou bom em
tudo o que faço: Sou voluntário em 2 ONG’s, medalhista em competições de Judô e Tae-Kon-Do, estudo na
melhor faculdade do país, sou presidente do centro acadêmico, toco piano e guitarra, vou em todas as festas
possíveis e sempre estou cercado de pessoas em volta. Sou desejado por várias mulheres, tenho uma vida
profissional promissora e não canso de ouvir pessoas me dizendo “Como eu queria ser você”. Tudo isso parece
que não basta, não era pra ser assim.
- Mas, dentre tudo isso, o que você realmente gosta?
Ficou meio incomodado, olhou para as mãos, e fez uma expressão de dúvida respondendo daquele
clássico jeito meio envergonhado, meio convencido:
- Ah, eu até que gosto das mulheres...
Márcio Sartorelli
2º ano de Engenharia Civil
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