Sonhos e Ambições - Ordem do Dragão Dourado

Transcrição

Sonhos e Ambições - Ordem do Dragão Dourado
Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
Sonhos e Ambições
Por Antônio Augusto Shaftiel
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Conto baseado no RPG Star Wars, principalmente nas idéias do livro The Dark Side of the Force
Lin estava pensativo. Seus olhos azuis
fitavam o espaço a seu redor. Através do
vidro, ele podia ver o brilho das estrelas, os
asteróides e até mesmo o sol daquele sistema
solar. Mas nada disso importava para o
homem. Tudo o que queria estava naquele
planeta primitivo logo abaixo, chamado apenas
de Dabi-6, por ser o sexto planeta do sistema
Dabi.
Lin viajara para Dabi com seu grupo,
deixando todo o conforto que tinha no Império,
apenas para caçar. A serviço do Imperador
Palpatine, ele deveria procurar eliminar por
toda criatura que manifestasse de qualquer
maneira a Força. Por isso era chamado de
Inquisidor Imperial.
O próprio Lin manifestava a Força e
era capaz de controlá-la, mas servia ao
Imperador e ao Lado Negro. Diferente de seu
alvo, que abominava os aspectos mais
obscuros desse poder. Podia-se dizer que Lin
e sua caça eram lados opostos, em uma luta
constante. Enquanto um preferia a paz, a
justiça e a harmonia, outro apreciava a
violência, o orgulho, o ódio. E Lin adorava
espalhar medo e ódio pela galáxia. Não era à
toa que o chamavam de Sombra do Mal. O
Inquisidor estava sempre preparado para
aconselhar o mal e a tortura. Sempre nas
sombras, sussurrando palavras que vinham do
lado mais obscuro de sua mente. Justamente
de seu coração dominado pelo Lado Negro.
O Inquisidor coçou o cavanhaque
enquanto imaginava como seria a caçada
naquele planeta avermelhado logo à sua
frente. Sabia que não seria fácil, por isso
trouxera ajuda. Mas ele deveria sair dali com o
maior mérito. O Imperador deveria congratular
apenas a Lin, não a seus servos. Então ele
não seria mais chamado de Sombra do Mal,
mas de Arauto do Lado Negro.
- Onde pousaremos? – perguntou
alguém.
Lin estava tão distraído que mal
escutara a pergunta. O Lado Negro sussurrava
em sua mente, não permitindo que ouvisse
mais nada além de suas próprias ambições. O
Inquisidor virou-se para o piloto enquanto
arrumava seu manto negro e azul. Passou a
mão na cabeça calva, olhou de volta para Dabi
e mais uma vez para o piloto.
- Nakini, você tem as coordenadas.
Foi você quem conseguiu as informações –
disse ele, ríspido e incapaz de ser polido com
alguém que considerava inferior. Isto é,
qualquer um que não possuísse as habilidades
do Lado Negro.
- Eu sei, mas quero saber se pretende
ter uma abordagem direta ou ser mais furtivo –
respondeu o piloto, claramente contendo sua
raiva. Lin notava facilmente qualquer
sentimento negativo vindo de qualquer pessoa
e apenas riu da cólera contida por Nakini.
- De qualquer maneira, precisaremos
perguntar aos nativos onde nosso alvo está.
Desça perto de uma das aldeias, mas que
esteja próxima do nosso alvo – falou ele,
fazendo um movimento com a mão como se
não se importasse.
O piloto não respondeu, apenas
iniciou a descida. Ao contrário de Lin, Nakini
não era capaz de sentir a Força, a energia que
permeava todo o universo, emanada de todos
os seres. Era apenas um humano normal, um
ótimo piloto, soldado e informante. Estava ali
para cuidar da nave e comandar um grupo de
apoio, uma elite de soldados que o seguia
fielmente.
Lin sabia que nem Nakini ou os seis
soldados que o seguiam seriam páreo para
seu alvo. Seriam apenas uma distração ou
ajudariam a conter outros possíveis inimigos.
A verdadeira ajuda do Inquisidor estava nos
outros dois aliados.
O primeiro era Leir Sem Mundo.
Também era capaz de usar a Força, só que da
maneira mais violenta possível. Era apenas
uma máquina de batalha. Sua própria
aparência era agressiva, tendo os cabelos
raspados e a cabeça cheia de tatuagens com
os nomes de inimigos vencidos, crânios e
várias armas. Seus olhos castanhos fitavam
seus aliados sempre com desconfiança e
raiva, não importando quem fosse.
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Leir fora treinado para lutar, mas
acabara um escravo completo do Lado Negro,
servindo apenas para a violência. O Imperador
e Lorde Vader já estavam incomodados com
suas ações extremamente violentas e
encarregaram Lin de mantê-lo sob controle.
O segundo aliado era o oposto de Leir.
Maltis, também chamado de Mão do
Imperador, era uma pessoa fria e calculista.
Sempre pensava muito bem antes de agir e
não era violento, apenas cumpria as ordens de
Palpatine, eliminando tiranos e assassinos que
representavam alguma ameaça a seu poder.
Lin desconfiava que Maltis era não fora
totalmente corrompido pelo Lado Negro.
Talvez o Imperador tivesse o mandado para
morrer ali.
- Pousaremos em dez minutos,
senhores – avisou Nakini.
- Já tem algum plano, Lin? –
perguntou Maltis, levantando-se e fitando o
inquisidor com seus olhos castanhos. Seu
cabelo negro era curto e bem aparado, sua
pele branca, até um pouco pálida.
- Sim – respondeu o Inquisidor, sem
querer falar mais nada com o assassino.
Todo o grupo preparou suas armas
enquanto a nave atravessou a atmosfera rumo
ao solo de Dabi-6. Os seis soldados
prepararam seus blasters. Cada um tinha duas
pistolas e um rifle, além de uma armadura
leve. Lin os observou pensando no quanto
aquele equipamento seria inútil contra seu
alvo.
O Inquisidor, o Mão do Imperador e o
guerreiro do Lado Negro não precisavam
desse tipo de arma. Tinham seus sabres de
luz, armas de poder incontestável. Cada um
verificou o seu. No caso de Leir, ele verificou
seus dois sabres; os dois roubados de dois de
seus alvos.
A nave pousou suavemente, uma
aterrissagem perfeita, sem problema algum. A
porta se abriu lentamente, revelando aos
poucos o grupo de caça. Na frente estavam
três soldados e Nakini. Eles seriam os guias
do grupo. Logo depois viam Lin, Leir, Maltis e
um dróide de protocolo. Guardando o grupo
estavam os outros três soldados.
Ninguém precisaria proteger a nave.
Nakini acionou o computador, ativando os
escudos e o mecanismo de defesa. Além
disso, aquele planeta era muito primitivo, não
haveria ninguém ali que pudesse fazer algo
contra a espaçonave. A não ser seu alvo. Mas,
caso ele atacasse, de nada adiantaria manter
apenas os soldados ali para a defesa.
O grupo observou atentamente a
paisagem. Árvores pequenas e retorcidas se
distribuíam sobre uma terra vermelha e
pedregosa. Suas folhas eram grandes e
grossas, seus troncos com cascas duras e
resistentes. Eles estavam na parte mais árida
do planeta. As nuvens vermelhas no céu não
indicavam chuva, apenas ocultavam um pouco
o sol.
Não precisaram andar muito para
chegar até a aldeia que procuravam. O lugar
era extremamente primitivo. Os nativos
construíam suas casas com os troncos das
árvores e as pedras avermelhadas do solo.
Muitos deles corriam pela praça central e
pararam apenas quando perceberam a
aproximação dos servos do Imperador.
Nenhum deles temeu a aparição do grupo.
Não sabiam quem era o Imperador Palpatine,
aquele que instalara a Nova Ordem. Se
soubessem, teriam começado a correr há
muito tempo. Mas, pelo contrário, os nativos
se aproximaram curiosos. Seus grandes olhos
de cristal fitavam os humanos e suas mãos de
pele cinza tentavam tocar suas vestes como
se vissem deuses.
- Malditos primitivos. Nakini, use seu
dróide para perguntar a eles onde está nosso
alvo.
O dróide emitiu alguns sons
estranhos. Conhecia milhões de idiomas e
mesmo algum de um planeta tão primitivo não
era problema.
- Mestre Nakini, o nativo afirma que
não sabe onde está o deus, mas ele esteve
aqui o hoje.
- Deus? – perguntou Leir. – Que
loucura é essa? Será que eles consideram
aquele idiota um deus? Isso é porque não
conhecem Leir Sem Mundo, aquele que não
nasceu em planeta algum. O filho do espaço,
do frio da galáxia, esse sim eles devem temer
como deus.
- Pare com o discurso, Leir. Não
estamos com paciência para isso –
interrompeu Maltis. – Diga que nós também
somos deuses e que queremos que nos levem
ao deus deles. Viemos para visitá-lo.
- Para que isso? Para que conversar
com esses primitivos? Vamos acabar com ele
e achar o Jedi – Leir disse, ativando seus dois
sabres de luz. As duas espadas luminosas
brilharam e emitiram um barulho surdo e
constante. Seu brilho azul assustou os nativos.
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Maltis sentiu raiva de Leir e teve
vontade e matá-lo com seu próprio sabre, mas
controlou-se. O Mão do Imperador tinha que
ser frio. Não podia recorrer à violência assim.
Ele simplesmente não entendia como
Palpatine poderia enviá-lo a uma missão com
um bando de psicóticos. Logo ele, um
assassino treinado para acabar com o mal da
galáxia de maneira discreta.
O assassino sempre acreditou que
Palpatine fazia um serviço para a galáxia,
acabando com o caos e instaurando a lei.
Maltis achava que estava fazendo o bem ao
assassinar tiranos e líderes de organizações
criminais. E usava a Força para isso, flertando
com o Lado Negro, imaginando que poderia
controlá-lo, que só usaria em casos de
extrema necessidade.
- Não precisamos matá-los. Quanto
mais discreta for essa missão, melhor para
nós – salientou Maltis, estendendo a mão para
impedir Leir.
- Deixe disso, Maltis – irritou-se Lin,
dando um tapa na mão do assassino. - Nosso
alvo é um Jedi, um guerreiro que também usa
a Força. Ele já sabe que estamos aqui. O que
precisamos fazer no momento é encontrá-lo.
Se matarmos essas criaturas, ele aparecerá.
Maltis
duvidava
que
o
Jedi
aparecesse. Isso porque acreditava que os
Jedi eram guerreiros perversos que serviam a
República e criavam caos na galáxia. Perdido
em suas ilusões e nas mentiras do Imperador
e que ele mesmo criava para justificar seu
trabalho, Maltis não sabia que era o contrário.
Os Jedi eram arautos da paz e da justiça. Lin e
Leir sabiam a verdade e não se importavam.
Os dabianos continuavam olhando o
grupo,
excitados
com
uma
possível
demonstração de poder divino. Estavam
encantados com os sabres de luz de Leir.
Então Lin ativou o seu sabre. A espada
vermelha brilhou, fazendo o mesmo barulho.
- É hora da diversão. Vamos fazer os
primitivos enxergarem o outro lado da vida –
brincou Nakini enquanto sacava sua arma e
ordenava o mesmo para seus soldados.
O que se seguiu foi um verdadeiro
massacre. Os dabianos nem reagiram. Talvez
por pensarem que fosse uma punição divina
ou por puro medo. O fato é que sabres de luz
os cortaram, blasters perfuraram seus corpos.
No fim, a maioria já estava morta. Apenas
alguns gemidos eram ouvidos em meio a
corpos mutilados e queimados.
Maltis
apenas
ficou
parado,
observando a destruição. Não moveu um
músculo. Seus olhos se fixaram em um ponto
e não se mexeram. Não se moveu nem
quando um dabiano morreu a seus pés.
- Vai chorar, Maltis? – zombou Leir ao
se aproximar. Ele acabara de desativar seus
sabres.
O Mão do Imperador quase sacou sua
arma para partir o guerreiro ao meio, mas
controlou-se mais uma vez. A hora de Leir
ainda chegaria.
Lin também se aproximou com um
sorriso perverso no rosto. Olhou para Maltis e
riu cinicamente. O Inquisidor já desconfiava
porque Palpatine mandara o Inquisidor. Não
era para deixar a missão mais eficiente e
discreta. Era para que o assassino
conhecesse o Lado Negro plenamente. E,
talvez, fizesse isso matando Leir. Apenas um
dos dois sairia vivo dali.
- Vamos seguir em frente. Nakini,
mande seus soldados procurarem por pistas
ou rastros para acharmos o Jedi – ordenou o
inquisidor.
Em pouco tempo eles acharam
pegadas. Seguiram em frente, rumo a sua
missão e esperavam que o Jedi viesse até
eles.
****
Outra nave chegou em Dabi-6 naquele
mesmo dia, pouco tempo depois dos servos
do Império pousarem. Quem pilotava o X-Wing
era Lara Silipi. A mulher viu a nave imperial e
decidiu pousar a sua bem distante para que
pudesse escapar sem ser percebida. Ela até
pensou em destruir a nave inimiga, mas
decidiu não fazê-lo.. Não queria usar a
violência à toa. Havia métodos mais práticos
de sair dali sem causar mortes. Lara também
era um Jedi e poderia utilizar a Força a seu
favor. Era capaz de manipular a mente das
pessoas e poderia fazer os imperiais
esquecerem que ela estivera ali ou pensarem
que haviam cumprido sua missão e que
poderia partir em paz.
Sempre havia uma maneira menos
violenta de agir. Seu mestre a ensinara isso
antes de morrer. E, após a morte de Dalua,
Lara era uma das últimas Jedi vivas. Escapara
milagrosamente do massacre há anos atrás
quando ainda era uma criança e começara seu
treinamento. Quando os Jedi foram destruídos
e caçados, poucos conseguiram fugir. Dalua
levou Lara para fora do território do Império e
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a criou. Ela cresceu apenas ouvindo histórias
de outros Jedi, sem conhecer nenhum outro
cavaleiro.
Mas antes de Dalua se unir à Força,
ela contou que havia alguns poucos Jedi vivos,
mas muito escondidos. Eles deveriam ser
encontrados e se unirem para treinarem novos
cavaleiros e poderem, um dia, restaurar a
justiça. Seria um processo lento, mas Dalua
acreditava que poderia dar certo. E Lara
também.
A Jedi acreditava que poderia
conseguir um aliado em Dabi-6. Sabia que há
muito tempo um cavaleiro se escondera ali.
Seu nome era Noru Kalipse, descendente de
uma família que sempre gerara crianças
poderosas na Força. Pelo menos um menino
ou menina por geração era levado para os
Jedi para que se tornasse um guerreiro da
justiça. Os Kalipse sempre apoiaram o
Conselho e a justiça na galáxia.
Noru era muito jovem quando
ocorreram as Guerras Clônicas, mas já
demonstrava bastante habilidade. Muitos
diziam que ele se tornaria um dos grandes
cavaleiros Jedi. Dizem que recebeu elogios do
próprio Mestre Mace Windu e do Mestre Yoda.
Lara esperava encontrá-lo ainda em
forma. Sabia que Noru não a decepcionaria,
que ajudaria a lutar contra o Império. Mas,
para isso, deveria impedir que fosse morto
pelas forças imperiais.
Desceu da nave e observou toda a
paisagem. Tentou sentir a presença de Noru,
mas não conseguiu nada. Ele estava se
ocultando, assim como os inquisidores. Lara
sentiu apenas o horror do massacre na aldeia.
Segurou-se para evitar que as lágrimas
descessem por seu rosto, tentando fazer uma
espécie de oração pelas vidas dos dabianos.
A Jedi correu para tentar ajudar. Não
podia deixar que os nativos fossem
massacrados. Ela passou pelas árvores
rasgando sua roupa e embaraçando seu longo
cabelo negro nos galhos. Precisou parar para
prender os cabelos e arrumar a roupa. Em
seguida, usou sua velocidade sobrenatural
para chegar à aldeia.
Não adiantou nada. Ela encontrou
apenas cadáveres. Sentia apenas sofrimento,
quase podia ouvir os espíritos dos mortos. No
entanto, ela não derramou uma lágrima.
Também não permitiu que seu coração
sentisse raiva pelo assassinato daquelas
criaturas. Não se vingaria, mas traria justiça.
Não poderia permitir que os inquisidores
continuassem espalhando o mal.
Lara pensou no que faria. Precisava
seguir os inquisidores, mas não poderia atacálos sozinha. Usou seus poderes para sentir o
caminho que os inimigos haviam seguido.
Começou a caminhar no mesmo rumo,
mantendo os sentidos atentos e ligados à
Força.
Os inimigos nem imaginavam que
aquela mulher de pele parda e olhos
castanhos estava os seguindo. Nem
pensavam que aquela guerreira poderia ser
perigosa para sua missão.
*****
Os servos do Imperador seguiram os
rastros de seu alvo até uma rede de cavernas
próxima a uma montanha. No entanto, não
eram cavernas comuns. Os túneis haviam sido
feitos artificialmente. Não havia nada de
natural ali. Muito pelo contrário.
Lin, Leir e Maltis sentiram que havia
algo de errado no local. A Força era poderosa
ali e não era por causa do Jedi. Havia outro
motivo. Só que apenas Lin tinha sensibilidade
suficiente para perceber o que estava
acontecendo. O Lado Negro era poderoso
naqueles túneis. Existia algo naquelas
cavernas e o Jedi deveria estar guardando o
que quer que fosse. Talvez houvesse corrido
para destruir tudo quando percebeu a chegada
dos inquisidores.
- Vamos! Depressa! Quero acabar
logo com esse Jedi. Vamos entrar. Preciso de
muita atenção. – ordenou o inquisidor, afobado
para investigar o que estava lá dentro e ter o
sangue do Jedi em suas mãos.
O grupo entrou caminhando com
cuidado, todos atentos para não cair em uma
armadilha.
Não havia nenhuma iluminação. Os
soldados precisaram ligar os bastões de luz
para enxergarem o caminho. Suas armas
estavam prontas para atingir o que quer que
se movesse.
Lin observava atentamente cada
detalhe das paredes. Não deixava de olhar em
lugar algum. Ficava atento principalmente aos
equipamentos que apareciam de vez em
quando. Alguns estavam velhos e estragados,
mas outros ainda funcionavam de alguma
maneira. Lamentou por não ter tempo para
parar para verificar para que serviam.
Foram forçados a penetrar cada vez
mais nos túneis. Lin, Leir e Maltis podiam
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sentir o Jedi apesar de não saber sua
localização precisa. De vez em quando, o
grupo via uma sombra se movendo pelos
túneis ou o barulho das botas do inimigo se
chocando no chão. Ele estava correndo, se
distanciando dos inquisidores.
Andaram em conjunto sem se
separarem até chegarem em uma série de
divisões, onde os túneis ficavam mais
estreitos. Era possível passar apenas duas
pessoas, uma do lado da outra.
- Vamos nos separar aqui. Maltis, você
vai com Nakini e mais quatro soldados. Leir e
mais dois soldados vêem comigo. Vocês para
a esquerda, nós pelo meio. Verificaremos o
túnel da direta depois – comandou Lin, já com
planos se formando em sua mente pérfida.
- Não acho que seja bom o grupo se
dividir – retrucou Maltis, ainda que não
quisesse contrariar Lin. Sabia que não era
muito sadio fazê-lo com freqüência.
- Não me importa o que você acha.
Siga as ordens – falou o inquisidor, olhando
para o guerreiro com aquela expressão fria
que raramente deixava seu rosto.
- Se quer nos dividir, pelo menos me
mande sozinho. Esses soldados fazem
barulho demais – Maltis disse, sem se
intimidar com os olhos azuis do colega.
- Siga as ordens, Maltis – ordenou Lin
com uma voz fria e seca. Não havia qualquer
emoção naquele comando além de um ódio
frio e calculado.
Maltis resolveu seguir o comando. O
Imperador colocara Lin na liderança, portanto
suas ordens deveriam ser seguidas. Chamou
Nakini e seguiu pelo túnel com os soldados.
Lin entrou no outro túnel. Ele sabia
que o Jedi não estava ali. Sentira o cavaleiro
no túnel da esquerda e enviara Nakini e Maltis
para encontrá-lo. Lin sabia que Noru estava os
guiando para uma armadilha. Deixara os
inúteis morrerem nas mãos do cavaleiro
enquanto ele procuraria pelo que lhe
interessava. Rumaria na direção que emanava
as energias do Lado Negro.
O inquisidor percebera os códigos e a
escrita Sith nos corredores. Felizmente,
nenhum dos outros sabia o que aquilo
significava. Mas Lin reconhecia que ali fora
uma base dos Lordes Sith que um dia foram
poderosos na galáxia, antes de serem
vencidos pelos Jedi. Agora só existiam, e só
poderiam existir, dois deles. Estes eram Vader
e Palpatine. Se um deles morresse, outro
poderia surgir.
E aquele lugar guardava muitos
segredos dos Sith. Com certeza havia
artefatos poderosos ali, armas que Lin poderia
utilizar para acabar com Vader e se tornar o
novo servo de Palpatine. E, também, um Lorde
Sith. Maltis não poderia saber o que o
inquisidor procurava. O assassino era fiel ao
Imperador. Entregaria o que encontrasse sem
pensar duas vezes, por isso precisava morrer
nas mãos do Jedi. No entanto, o Mão do
Imperador seria um grande desafio para Noru.
Depois que o Jedi matasse o assassino,
estaria fraco e não seria páreo para Lin e Leir.
*****
- Eu não gosto disso. Apenas você
contra um Jedi? Não acredito que nosso grupo
saia vivo daqui. – Nakini disse.
- Não me subestime. E lembre-se que
os Jedi não são invencíveis. Já matei um deles
– respondeu Maltis tentando manter sua
atenção enquanto caminhava pelos corredores
escuros.
- Ótimo. Será que poderia matar esse
antes que ele pegue um de nós?
Maltis não respondeu. Não estava
disposto a suportar as idiotices que Nakini
falava. Só imaginava o que o imperador
pensaria se Lin e Leir encontrassem o Jedi
primeiro e o matassem. Com certeza seria
uma decepção e um ponto negativo em sua
carreira.
Eles andaram pelos túneis até
encontrarem uma grande câmara. Havia
alguns computadores ligados e sinais de que
foram usados recentemente. Os soldados
tentaram verificar o que estava escrito nas
telas, mas não identificaram a escrita. Notaram
alguns equipamentos estranhos, que nunca
haviam visto. Com certeza aquilo pertencia a
uma cultura diferente. Pensaram que eram
armas dos Jedi.
De repente, eles ouviram um barulho
em uma das salas que se conectava com a
câmara. Havia outras duas delas. Uma se
aproximava de um penhasco e dava vista para
uma bela cachoeira. Outra estava levemente
iluminada e parecia um quarto de descanso.
O barulho se repetiu e Maltis sacou
seu sabre de luz imediatamente. A lâmina
vermelha brilhou e refletiu nas telas dos
computadores.
- Vocês três, verifiquem aquela sala –
ordenou Nakini a seus soldados.
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Os três seguiram para a sala com as
armas nas mãos. Assim que entraram, a porta
se fechou.
- Por que deu essa ordem? É uma
armadilha
óbvia!
–
xingou
Maltis,
aproximando-se de Nakini.
O homem apenas olhou de volta para
o assassino sem entender o que acontecera.
Ele simplesmente emitira a ordem. Nem
pensara duas vezes. Parecia o mais óbvio a
se fazer no momento. Maltis sabia o que
acontecera. O Jedi estava ali e manipulara a
mente de Nakini. Os soldados já poderiam ser
considerados mortos.
Dentro da sala, os homens se
surpreenderam quando a porta se fechou.
Tudo ficou escuro. Seus bastões de luz
perderam a energia e se apagaram.
Um sabre de luz se acendeu atrás do
grupo. Nenhum deles percebeu a luz azul,
nem o barulho. Estavam distraídos tentando
reativar os bastões. Não tiveram tempo de
reagir quando o Jedi atacou com golpes
rápidos e mortais. Em segundos, todos os
soldados já estavam caídos.
Noru Kalipse, um homem de olhos
castanhos, barba e longos cabelos negros,
observava os corpos e pensava como
acabaria com os outros inimigos. Não podia
deixar que tocassem nos artefatos Sith. Ajeitou
seu típico traje Jedi e rumou para uma
passagem secreta. Ele conhecia todas as
passagens daquele lugar. Pegaria seus
inimigos de surpresa. Não enfrentaria todos de
uma vez só.
*****
- Vamos procurar Lin – Nakini disse,
com dificuldade para controlar o medo em sua
voz.
- Fale com ele pelo ComLink. Mande-o
vir para cá agora. O Jedi está aqui – disse
Maltis, tentando ficar atento ao próximo
artifício do Jedi.
- Certo – concordou o piloto.
Nakini tentava enviar uma mensagem
para o inquisidor quando o chão se abriu atrás
de seu soldado. Era uma passagem secreta
que dava para um corredor estreito, onde
apenas uma pessoa poderia passar por vez.
No momento, quem passava por ali era Noru.
Ele saltou do buraco com o sabre ativado e fez
o que apenas alguém com os poderes da
Força faria: em pleno o ar, decapitou o último
soldado com apenas um golpe.
O Jedi começou a correr na direção de
Nakini, mas foi surpreendido por Maltis.
Percebeu seu sabre de luz ativado e notou
que o assassino também podia manipular a
Força.
- Você também utiliza a Força... É
capaz de esconder isso muito bem. Só senti a
Força nos outros dois – Noru comentou.
Maltis não disse nada. Não estava ali
para conversar com um Jedi maldito. Estava
ali para matá-lo e levar seu sabre de luz para o
Imperador.
Os dois apontaram suas armas um
para o outro e se prepararam para um duelo
mortal. As pontas dos sabres brilhavam na
direção dos olhos do oponente. Cada um
esperava um ataque. No entanto o primeiro a
atacar foi Nakini. O soldado atirou três vezes
contra o Jedi. E, após atirar, olhou boquiaberto
as defesas do inimigo.
Noru defendeu-se de cada um dos
tiros usando seu sabre. Desviou cada um
deles com movimentos rápidos e precisos. Os
raios foram parar no teto e no chão,
arrancando faíscas ao atingir o metal.
Maltis aproveitou-se da distração para
lançar-se no primeiro ataque do duelo. Seu
sabre cortou o ar na direção do Jedi, tentando
atingir o peito do oponente. Bastaria um golpe
para eliminá-lo, mas Noru foi rápido e aparou a
lâmina de luz.
Nakini observou o duelo por algum
tempo. Os movimentos eram rápidos demais
para que pudesse segui-los. Mal podia
perceber os ataques e defesas. Apenas via o
assassino e o Jedi andando de um lado para o
outro, ganhando e perdendo território à
medida que atacavam ou defendiam.
O soldado não ousou atirar de novo.
Poderia acertar Maltis e não queria ser
responsável pela morte de uma das Mãos do
Imperador. Era melhor procurar Lin e Leir e
avisá-los. E seria mais seguro fazer isso
pessoalmente. Nakini não queria estar ali
quando Maltis fosse derrotado. Saiu correndo
pelos túneis, apenas gritando que procuraria
os outros.
Noru não teve tempo de deter a fuga
de Nakini. Maltis era um oponente formidável,
bastante treinado no uso da força e do sabre
de luz. Mas ele sabia que seu treinamento Jedi
era superior ou esperava que fosse.
Maltis não queria perder. Precisava
vencer, por ele mesmo e pelo Imperador. Não
podia deixar um Jedi vivo. O assassino
defendeu dois ataques seguidos e saltou para
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trás, deixando uma pequena distância entre os
dois. Deixou que Noru atacasse mais uma vez.
Quando o Jedi se movimentou, o
assassino usou um de seus poderes. Movendo
objetos com o poder da mente, fez a arma do
soldado morto voar na direção de Noru. Ela
atingiu o joelho do inimigo, desequilibrando-o e
fazendo-o cambalear.
Maltis atacou em seguida. Golpeou
rapidamente com o sabre, mas o Jedi ainda
teve forças para se defender. Noru apenas
fora ferido no joelho. Ele usou sua velocidade
sobrenatural para se esquivar e pular para
longe de Maltis.
- Acha que pode usar a Força tão bem
assim? Deixe-me te mostrar como se faz –
Noru disse.
Em pouco tempo, todos os objetos da
sala começaram flutuar e rumaram na direção
de Maltis como um verdadeiro furacão. O
assassino conseguiu se defender de alguns e
esquivar-se de outros. No entanto, seria
impossível escapar de todos. Depois de ser
atingindo duas vezes seguidas, Maltis não
conseguiu mais se defender, sentindo o
impacto do metal em seu corpo diversas
vezes. Tentou utilizar a Força para evitar os
objetos, mas Noru tinha mais experiência.
O Jedi começou a caminhar na
direção do inimigo com calma e com um
sorriso vitorioso no rosto. Seu sabre de luz já
apontava para o inimigo, declarando sua
sentença de morte.
Mas Maltis não estava disposto a
perder. Ele ouviu os sussurros assim que
sentiu o medo da morte e a raiva por ser
derrotado. O Lado Negro falava com ele.
Invocando todo o poder que podia, o
assassino usou a Força para empurrar Noru
para longe. Jogou o Jedi contra a parede e
conseguiu algum tempo para se recuperar.
Queria correr e enfiar o sabre de luz no peito
do inimigo ou usar a Força mais uma vez,
invocando o Lado Negro para aumentar seu
poder. Poderia enforcá-lo apenas com um
aceno, mas não o fez.
Maltis conseguiu se controlar. Ele
precisava desse controle. Sabia que o Jedi era
rápido. Um simples empurrão não o venceria.
Assim que chegasse até ele, já o encontraria
pronto para outro ataque. Usando a razão,
preferiu transferir sua energia para curar-se.
Precisava se recuperar de alguns ferimentos
para continuar lutando.
Enquanto Maltis se curava, Noru se
levantou. Colocou-se de pé com um salto e
invocou a Força. Usando a mesma técnica de
Maltis, empurrou o assassino e jogou-o contra
a parede. O Jedi riu da surpresa no rosto do
inimigo.
Mais uma vez, Maltis invocou a força
para se movimentar rapidamente. Pôs-se de
pé e preparou seu sabre. Assim que ergueu
sua arma, Noru começou seus ataques. O Jedi
atacava rápida e impiedosamente. Seus
sabres batiam e deixavam um barulho típico e
grave escapar pela sala e pelos corredores,
enquanto os homens suavam para saírem
vencedores na disputa.
Maltis temeu por sua vida. Era forçado
a recuar cada vez mais. A batalha chegou a
uma das salas, justamente a que tinha uma
sacada, aquela que tinha a vista da cachoeira.
O assassino estava encurralado. Sentia que ia
morrer.
- Medo é o caminho para o Lado
Negro... – disse Noru, enquanto golpeava.
O coração de Maltis encheu-se de
raiva ao ouvir aquelas palavras. O Jedi estava
zombando dele. Zombando de sua derrota.
- ...medo leva à raiva... – continuou
Noru.
O assassino invocou o Lado Negro
mais uma vez. Agora para acertar um ataque
preciso, com todas as suas forças. Deveria
passar pelas defesas de Noru e destruí-lo.
Ergueu a espada e atacou, assumindo a
ofensiva pela primeira vez desde que se
levantara.
Não adiantou. Noru defendeu o
ataque, mas ficou surpreso. Por pouco não foi
atingido. Com um sorriso nos lábios,
recomeçou a seqüência de golpes.
Maltis viu-se encurralando. Saltou
para cima da sacada para evitar um último
golpe. Olhou para baixo e viu o penhasco
anunciando-lhe um destino triste. Havia
apenas algumas árvores crescendo nas
pedras. E, no fundo, ele via apenas a água da
cachoeira encontrando-se com o solo, gerando
uma cena bonita e, possivelmente, seu túmulo.
Noru olhou para Maltis e sorriu.
- Que a Força esteja com você!
O Jedi apontou sua mão para o
inimigo e usou a Força. Empurrou-o para a
morte como se estivesse lidando com um
objeto ou um animal. Maltis caiu balançando
os braços, sem chance de tentar se equilibrar.
Noru apenas sorriu e se virou para
continuar a batalha, afinal, ainda faltavam dois
inquisidores e dois soldados.
7
Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
*****
Nakini corria desesperado enquanto
tentava avisar Lin que o Jedi aparecera. O
inquisidor demorou a responder.
- Onde você está? – perguntou Lin
com uma voz irritada.
- Estou chegando naqueles corredores
onde nos dividimos. Volte para nos
encontrarmos. Não quero ficar sozinho com
um Jedi aqui. Sei que Maltis não durará muito
tempo.
- Já estamos indo. Fique parado aí.
Estou enviando os soldados na frente para te
dar apoio.
O homem não sabia o que fazer. Era
corajoso, mas não era burro. Não tinha chance
nenhuma contra um Jedi, a não ser que
acertasse um tiro preciso. Mas, pelo que vira,
blaster algum serviria.
Mesmo assim, Nakini sacou sua
pistola, enquanto deixava o ComLink
preparado na outra mão. Tentou se controlar.
Ficar nervoso apenas pioraria a situação. Mas
as coisas pioraram mesmo sem seu
nervosismo. De repente, tanto o ComLink
quanto a pistola saltaram de sua mão. Uma
Força invisível arrancou os objetos. Quando
percebeu, Nakini estava de mãos vazias.
Ficou olhando-as sem saber o que fazer.
Quando ergueu a cabeça, viu uma mulher
para a sua frente.
- Deixe-me adivinhar... Você é Jedi... –
falou ele, pensando no quão terrível seria sua
morte.
A mulher assentiu com a cabeça e
com um sorriso divertido.
- E me disseram que todos estavam
mortos. Disseram que os Jedi agora eram uma
lenda. Ótimo. E eu acabo aqui, com dois deles
me caçando.
- Onde está o outro? Diga...
- Pode seguir naquela direção que
você o acha – disse, apontando na direção
dos inquisidores.
Lara olhou para o túnel e sentiu a
Força naquela direção, mas havia algum além.
Seu corpo foi possuído por uma repentina
onda de frio e ódio, uma manifestação do Lado
Negro que emanava displicente nas cavernas.
Algo de ruim permeava tudo no rumo indicado,
como se o dedo do soldado do Império
indicasse o caminho para o mal. Havia ali algo
que Noru estava guardando e não queria que
os inquisidores pegassem.
A Jedi preparou-se para usar seu
poder e fazer Nakini esquecer que a vira, mas
não houve tempo. Os dois soldados que
estavam com Lin chegaram apressados. Já
estavam com as armas preparadas e atiraram
depressa, gerando filetes de luz que voaram
depressa para atingir a Jedi.
Lara não foi mortalmente atingida por
pouco. Pulou no chão e rolou pelo túnel. Mas
os soldados não se deram por vencidos,
preparando-se para atirar mais uma vez. Ela
não teria tempo de sacar seu sabre, então
usou a Força, empurrando os homens contra a
parede.
Quando se preparou para se levantar
e sacar seu sabre, viu que Nakini estava na
sua frente. Tinha uma pistola apontada para
sua testa e um sorriso de vitória nos lábios.
- Parece que é seu fim, bruxa – disse,
passando a língua nos lábios.
Lara pensou que fosse seu fim. Dalua
nunca lhe ensinara a desviar tiros a queima
roupa sem o auxílio de um sabre ou evitar o
dano de um blaster na testa. E duvidava que
estas técnicas existissem.
- Eu não quero atirar em você... –
Nakini disse para a surpresa da Jedi. – Eu não
vou atirar em você.
Lara só percebeu o que estava
acontecendo quando viu um homem saindo
das sombras e caminhando na direção de
Nakini. Tinha um sabre de luz na mão e vestia
trajes Jedi. Com certeza, aquele era Noru. Ele
aproximou-se e retirou a arma das mãos do
inimigo.
A Jedi pretendia cumprimentá-lo, mas
não teve tempo. Percebeu os soldados se
levantando e preparando-se para atirar. Lara
sacou seu sabre de luz e correu para a frente.
Desviou dois tiros e atacou, acertando as
armas e as inutilizando.
- Rendam-se! – gritou.
Os soldados não fizeram nenhuma
objeção. Ergueram as mãos e se ajoelharam
em sinal de rendição.
Lara virou-se para Noru apenas para
encontrá-lo olhando para o corpo inerte de
Nakini.
- Por que você o matou? – perguntou
ela, sem entender a morte do piloto.
- Ele tinha uma arma. Apenas me
defendi. Foi puro reflexo. Cuidado!
O aviso de Noru pegou Lara de
surpresa. O Jedi usou sua velocidade para
passar por ela e atacar os soldados. Quando a
mulher percebeu, ambos já estavam mortos.
8
Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
- Não confie demais nos outros. Veja
as armas deles! Acha que esses soldados
carregam apenas uma arma?
Lara olhou para os corpos e viu que
cada um tinha uma pistola blaster nas mãos.
Nakini também estava armado.
- Mais uma lição – disse ela,
constrangida. Em seguida, desculpou-se. - É
que eu evito a violência. Foi um dos
ensinamentos de minha mestra.
- Quem é você e quem foi sua mestra?
Quer dizer que há outros Jedi vivos? Pensava
que houvesse apenas três, no máximo.
- Sou Lara Silipi e minha mestra era
Dalua. Ela morreu há pouco tempo. Ensinoume tudo sobre o Código. E me disse que você
vivia aqui. Você é Noru Kalipse? – explicou
ela, falando com respeito.
- Sim, sou eu. Por que me procura,
Lara? – perguntou ele com um tom de orgulho.
Seus olhos brilhavam, mas havia uma certa
dose de desconfiança no fundo.
- Porque tenho planos. Planos que
também eram de Dalua. Pretendemos reunir
alguns Jedi e salvar qualquer um que seja
ligado à Força. O Império está os perseguindo
e os matando. Acredito que podemos salvá-los
e treiná-los – falou ela, na esperança de ter
encontrado um aliado.
- Só há uma maneira de vencer o
Imperador, Lara. E não será fácil. Você está
disposta a lutar? – perguntou, olhando
diretamente em seus olhos.
- Sim... – respondeu ela com medo
daquele olhar fixo.
- Ótimo. Então vamos começar essa
batalha agora. Há dois inquisidores aqui. Eles
vieram me pegar. Vamos atrás deles – disse,
começando a correr na direção dos
oponentes.
- Eu vi a nave deles. Acha que são
poderosos? – questionou ela, procurando
acompanhá-lo.
- Enfrentei um deles antes e era
experiente, mas não o suficiente para mim.
Quanto a esses dois, eu não sei.
*****
Lin e Leir não saíram do lugar. Após o
chamado de Nakini, os dois continuaram na
sala onde estavam, apenas olhando para a
porta que continha um grande símbolo Sith.
Lin estava apenas esperando todos os outros
serem mortos para que pudesse entrar e
pesquisar tudo. Sabia que havia um enorme
poder contido naquele lugar. A tecnologia
guardada ali poderia satisfazer muitas de suas
gigantescas ambições.
- Não vamos ajudar os outros? –
perguntou Leir.
- Não. O que queremos está aqui.
Fique de guarda. Eu vou entrar – disse
enquanto apertava um botão na parede e abria
a porta.
Lin ficou maravilhado com o que viu.
Havia armas Sith espalhadas por toda parte.
Ele podia reconhecê-las. Pela história que
conhecia, havia armaduras ali capazes de
desativar sabres de luz assim que fossem
tocadas. Também havia espadas tão
resistentes que poderiam fazer páreo para as
armas dos Jedi.
O
inquisidor
ligou
um
dos
computadores e começou a vasculhar os
arquivos. Estava tudo escrito em Sith, mas ele
podia entender. Não era capaz de decifrar
todas as informações, mas grande parte. Com
um pouco de esforço, todo aquele
conhecimento seria dele.
Havia um livro sobre a alquimia Sith
ali. Aquilo deixou Lin maravilhado. O poder
realmente estava em suas mãos para fazer o
que quisesse. Poderia usar aquela alquimia
para aumentar o poder físico de Leir e dominar
sua mente. Assim, não haveria mais perigo de
o guerreiro continuar desagradando o
imperador e ainda seria um servo
extremamente fiel. Ainda mais fiel.
O inquisidor sabia que o guerreiro só o
servia porque podia matar e assassinar
naquele trabalho. Mas Lin reconhecia que Leir
sairia do controle em breve. Só que não
precisava mais se preocupar com isso.
Apenas Vader deveria se preocupar, pois
haveria um novo Lorde Sith. E não mais que
dois podiam existir ao mesmo tempo.
Lin estava tão distraído que nem
percebeu quando os Jedi chegaram. Sua
sensibilidade apurada só o alertou do perigo
quando os dois já estavam com os sabres de
luz ativados, prontos para enfrentar Leir.
- Inquisidor Lin, há dois Jedi aqui. Não
é só um. São dois! – gritou o guerreiro, já com
suas armas na mão.
- Entre aqui! Depressa! – gritou Lin,
enquanto corria para fechar a porta.
Mas Noru não deixou que o inquisidor
ativasse o botão. Usando seus poderes mais
uma vez, arremessou o homem. Lin
escorregou pelo chão, só parando ao se
chocar contra uma cadeira.
9
Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
Leir até pensou em entrar na sala e
fechar a porta, mas seu coração violento o
dominou. A sede de sangue e a vontade de
matar dois Jedi tomaram sua mente. Precisava
se testar, precisava mostrar que era um ótimo
guerreiro, que era invencível. Apontou seus
dois sabres para os inimigos.
- Posso vencer vocês dois juntos –
declarou com os olhos brilhando com uma
fúria vermelha.
- Garoto arrogante. Acha que dois
sabres de luz te fazem um guerreiro? Você
poderia ter quantos sabres quisesse, mas
ainda não poderia me vencer. Não passa de
um guerreiro com dois sabres. Eu sou um Jedi
com um sabre de luz – disse Noru.
Lara ficou orgulhosa ao ouvir aquelas
palavras. Deu um passo à frente e se preparou
para a batalha, seu coração batendo mais
forte por estar lutando ao lado de alguém
como Noru.
Lin se levantou dentro da sala e sacou
seu sabre de luz. Seu rosto expressava seu
ódio. Não podia se controlar de tanta raiva. Até
pensou em fechar a porta, mas Leir estava
bem na passagem. Se ativasse o botão, ele
seria esmagado. Lin não poderia matá-lo, pois
não venceria dois Jedi sozinho.
Noru saltou sobre Leir atacando
rapidamente e fazendo-o recuar para dentro
da sala. Os dois entraram na sala enquanto
atacavam e defendiam. Leir foi obrigado a
recuar, não importando a vantagem de lutar
com duas armas.
Lin fechou a porta assim que os dois
entraram na esperança de que Lara não
pudesse passar, mas a Jedi estava atenta.
Usou seus poderes e a velocidade espantosa
para rolar pelo chão e entrar antes que a porta
se fechasse.
Em uma manobra impressionante, a
Jedi já se levantou e saltou sobre o inquisidor.
Seus sabres de luz se chocaram e afastaramse. Lin recuou e olhou a mulher, procurando
por uma falha em sua defesa. Não parecia
haver nenhuma. Ela fora treinada para lutar
defensivamente. Era daqueles Jedi que
raramente utilizavam seu sabre para uma luta
direta.
A batalha entre os dois recomeçou.
Lin atacava com agressividade e invocava o
Lado Negro. Ainda sim, não era capaz de
passar pela defesa de Lara. Seus sabres se
chocavam rapidamente. E Lara não contraatacava. Parecia apenas esperar por uma
brecha. Isso deixava Lin irritado. Sabia que
cedo ou tarde acabaria falhando e o golpe da
Jedi seria mortal.
Invocando o Lado Negro mais uma
vez, Lin tentou acertar dois golpes. Só que
ambos foram uma distração para força Lara a
recuar. Ela esbarrou em uma cadeira e perdeu
a concentração por alguns segundos. Lin
atacou pela terceira vez e a desarmou. A Jedi
ficou de mãos vazias, frente a frente com o
inquisidor, que agora tinha um sorriso bizarro
no rosto.
Noru lutava bravamente com Leir. Os
dois eram ótimos guerreiros. Enquanto o
primeiro tinha técnica apurada, o segundo
tinha força e violência. Seus dois sabres de luz
retiravam parte da vantagem garantida pela
experiência de Noru.
A velocidade do Jedi permitia que
aparasse os ataques feitos pelos dois sabres
do inimigo. Durante a batalha, Noru começou
a observar que Leir sempre usava a mesma
seqüência de golpes. Não variava muito. E ele
já estava se acostumando com as defesas
certas do Jedi, procurando trespassá-las
sempre com as mesmas técnicas.
- ... raiva leva ao ódio... – disse Noru.
- Eu realmente te odeio, Jedi maldito! Leir continuou atacando, utilizando os golpes
que o Jedi já previra.
Noru aproveitou-se desses erros.
Esperou o primeiro ataque e não se defendeu.
Esquivou-se rapidamente e aparou o segundo
ataque. Socou o braço direito de Leir,
impedindo que atacasse com aquele sabre.
Em seguida, chutou uma das pernas do
inimigo, fazendo-o cair.
- ... ódio leva ao sofrimento. Nesse
caso, o seu sofrimento.
Leir estava caído, mas se levantaria
em breve. Noru percebeu que Lara estava
encurralada e desarmada. Poderia aproveitar
o tempo para salvá-la de Lin, mas se fizesse
isso, precisaria enfrentar Leir mais uma vez. E
o Jedi já estava ficando cansado.
Noru apontou seu sabre de luz para o
oponente caído e o enfiou em seu coração.
Não precisou pensar para decidir isso. Queria
apenas ver aquele inimigo morto.
- Noru! – gritou Lara.
Para a sorte da Jedi, Lin se assustou
quando viu seu discípulo ser morto. Sabia que
não seria páreo para Noru, pois enquanto
matasse Lara, o Jedi já estaria o atacando.
Então ele segurou a mulher e preparou-se
para cortá-la com o sabre.
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Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
- Eu a mato se você não soltar seu
sabre e se render. – disse o inquisidor com
uma voz desesperada.
- Mate... – falou o Jedi, andando com
passos lentos na direção do inimigo.
- Você está blefando – gritou ele,
cuspindo em Lara.
Lara se assustou quando ouviu Noru
falando, mas percebeu que ele não estava
blefando. O Jedi não se importava. Parara de
se importar há muito tempo. Ela podia ver em
seus olhos. O Lado Negro o dominara.
- Sabe que não. Leia a minha mente e
verá – declarou Noru.
Lin percebeu que era verdade. Estava
perdido. Tanto ele quanto Lara. Os dois
morreriam nas mãos de Noru.
- Você não está aqui para guardar
estes artefatos. Está aqui para usá-los! –
concluiu Lin.
- Quanta perspicácia! – ironizou o Jedi
caído. – Agora seu imperador vai sofrer. Tanto
ele quanto o traidor. Tanto ele quanto
Skywalker! Os dois sofrerão pelo que fizeram!
Usarei as armas dos Sith contra os dois e
vencerei. Nada sobrará de seu precioso
Império.
- Não! Não faça isso, Noru. A vingança
é um dos caminhos para o Lado Negro. O que
você quer não é justiça, é vingança –
argumentou Lara.
- Que seja! Eu vi amigos morrendo,
até minha família foi morta. Vi um traidor
agindo. Você não sabe o que é isso. – Parou
para passar a mão nos cabelos e apontar para
as armas com o sabre. – Agora usarei essas
armas. Mas eu posso me controlar. Posso
controlar o Lado Negro. Eu as usarei apenas
até a destruição de Skywalker e de Palpatine.
Depois destruirei tudo o que sobrou dos Sith e
reerguerei os Jedi.
- Você está se iludindo. Sabe que não
fará isso. Já foi tomado pelo Lado Negro –
afirmou Lara.
Lin já estava tremendo. Pensava no
que fazer. Precisava escapar de alguma
maneira. Precisava invocar o Lado Negro mais
uma vez. Ampliaria seus poderes para ferir
Noru. Concentrou-se e usou toda a força de
seu ódio para arremessar o Jedi com a Força.
Sem chance de defesa, Noru caiu do outro
lado da sala.
O inquisidor pretendia matar Lara e
correr para o ataque enquanto o inimigo
estivesse caído, mas a Jedi foi mais rápida.
Ela usou sua velocidade para se desvencilhar
do captor e rolou pelo chão. Pegou seu sabre
e abriu a porta para fugir.
Assim que atravessou a porta, a Jedi
tratou de fechá-la e destruir o mecanismo de
abertura com um golpe de sabre.
Lin viu-se preso com Noru. Não
poderia sair dali sem gastar muito tempo.
Precisava eliminar o Jedi primeiro. Ergueu seu
sabre e partiu para o ataque. Noru ainda
estava no chão. Era o alvo perfeito.
O Jedi estava um pouco tonto com o
golpe, mas não totalmente desconcentrado.
Ainda podia agir. Quando viu o inquisidor
correndo em sua direção, usou seu poder para
movimentar uma espada Sith que estava
presa na parede. A lâmina voou na direção de
Lin, que só a percebeu quando sentiu sua pele
ser perfurada. O inquisidor parou de correr e
olhou para o próprio peito. Viu a ponta da
lâmina e o sangue escorrendo. Caiu no chão
com um olhar de dor e surpresa.
Noru se levantou e caminhou até uma
das mesas sem dar atenção para os corpos.
Pegou uma maleta e a abriu. Havia várias
seringas ali. O Jedi caído pegou uma e injetou
em seu próprio corpo. Seu conteúdo o deixaria
com força suficiente para enfrentar Lara sem
problemas. Recuperaria um pouco de sua
força mental e física. Conseguira isso graças à
alquimia Sith. Não poderia deixar estas armas
para trás. Precisava utilizá-las para acabar
com o Imperador. Conseguiria a vitória apenas
assim.
****
Lara não podia crer que aquilo estava
acontecendo. Sentia-se sozinha na galáxia.
Noru era uma de suas últimas esperança. Era
o primeiro Jedi que encontrava desde a morte
de Dalua. Não tinha nem idéia do que fazer.
Não podia deixar que ele utilizasse aquelas
armas perigosas contra o Imperador.
Lara aprendera algo sobre os Sith com
sua mestra. Conhecia alguns de seus
símbolos e suas armas, pois Dalua passara
muito tempo procurando por estes artefatos
para os Jedi, sabendo que eles precisavam
ser destruídos. Imaginou como Noru acabaria
derrotado e deixaria aquelas armas caírem
nas mãos de Vader e de Palpatine. Seria
ainda mais difícil destruí-los. Mas o que
poderia fazer para impedir Noru?
Quando passou pela sala onde
estavam os corpos dos soldados e de Nakini,
notou que nenhum deles tinha armas nas
mãos. Noru a enganara, usara alguma ilusão,
11
Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
manipulara sua mente para que ela
acreditasse que os homens estavam armados.
Quase sentiu raiva naquele momento, mas
controlou-se. Não podia permitir que esses
sentimentos a dominassem.
Ela correu até a saída, mas deparouse com a porta trancada. Noru trancara tudo.
Lara estava presa. Tentou voltar e procurar
outra saída, deixando que a Força a guiasse.
Não sabia se caminhava devagar e
silenciosamente ou se corria. Enquanto ainda
estava se decidindo, foi surpreendida. Noru
saiu de uma das passagens secretas, já
atacando com seu sabre.
Lara de defendeu por pouco. Teria
morrido se não estivesse atenta.
Os dois Jedi se encararam. Noru
sorriu.
- Fique do meu lado. Fique comigo –
disse, estendendo a mão.
Ela negou e usou a Força para afetar
a mente de Noru. Invocou todo o poder que
podia naquele momento. Fez o Jedi ficar
parado por alguns preciosos segundos. Ele
não teria nenhuma reação violenta, a não ser
que ela também tivesse.
Então se aproveitou para escapar pela
passagem secreta que ele utilizara. Fechou a
porta e destruiu o mecanismo de abertura.
- Medo é o caminho para o lado
Negro. E você está com medo!
Ouviu os gritos de Noru do outro lado,
já utilizando seu sabre para abrir caminho pelo
metal. Ele realmente tinha uma mente
poderosa; o poder de Lara durara menos
tempo do que esperava.
A Jedi começou a correr sem rumo.
Não sabia por onde seguir. Apenas deixava a
Força a guiar para a saída mais próxima.
Usava a Força para ocultar sua presença e
impedir que Noru a seguisse.
Finalmente, achou uma saída. Ela
sentia que deveria tomar aquele rumo. Havia
uma porta secreta logo acima. Abriu-a e
começou a subir devagar e atenta. Mas sua
atenção não foi suficiente. Quando olhou para
cima, Maltis estava apontando seu sabre de
luz em sua direção.
Ela não sabia, mas aparecera
justamente na câmara em que Maltis e Noru
haviam lutado. Pôde ver a sala com a sacada
e a cachoeira logo adiante.
- Suba! – ordenou. – Dê-me seu
sabre.
Lara subiu lentamente após entregar
sua única arma. Já perdera as esperanças.
Não poderia mais escapar.
- Outro Jedi! Vai morrer agora, em
nome do Imperador. Responda onde está o
outro antes de ser executada – exigiu Maltis,
mantendo sua atenção na Jedi e procurando
pelo outro inimigo.
- Escute-me! Noru está louco. Ele não
é mais um Jedi. Quer acabar com seu
Imperador. Ele trancou tudo aqui e só
poderemos sair se o matarmos. Você tem que
me escutar. Não siga o mesmo caminho –
implorou ela, sem orgulho algum.
Mesmo sabendo que de nada
adiantaria falar, ela tentou convencer Maltis.
Podia sentir que o lado Negro não o dominara
ainda, mas que estava próximo de fazê-lo.
- Eu estou aqui, executor. Imaginava
que você sobreviveria de alguma maneira. Há
muitas maneiras de se escapar dessa queda.
Há árvores demais e penhasco não é tão
íngreme. – disse Noru, enquanto entrava na
câmara. – Esperava manter um de vocês vivo
para conseguir algumas informações. E você
não me parecia do tipo covarde. É daqueles
que sempre soltam para cumprir fielmente sua
missão. E se morresse, sempre há outro servo
do
Imperador
para
liberar
algumas
informações.
- Não pense que conseguirá algo de
mim. Você e esta Jedi vão morrer – disse ele,
rodopiando seu sabre.
Lara viu-se forçada a usar seus
poderes mais uma vez. Sabia que Maltis
estava cansado e mais suscetível à sugestão
mental assim como acontecera com Noru.
- Você não quer me matar. Sabe que
sozinho não poderá vencê-lo. Nós dois juntos
conseguiremos. Depois que Noru estiver
morto, você pode me matar – disse ela,
usando seus poderes com maestria.
A sugestão funcionou. Lara a usou
enquanto o assassino estava distraído
conversando com o Jedi caído. Maltis
entregou o sabre dela. Assim que pegou a
arma, Lara saltou para trás, rumo à sacada.
Era a única saída.
- Maldita! – xingou Maltis quando
percebeu o que acontecera.
Noru gargalhou e apontou sua arma
para Maltis. O assassino o encarou e
preparou-se para mais um duelo. Era hora de
lutar. Ele só esperava que não precisasse
utilizar o lado Negro mais vezes. Sentia-se
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Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
cada vez mais violento, mal conseguindo
controlar seus impulsos.
O duelo se iniciou. As duas partes
tentavam poupar suas forças. Precisavam
utilizar seus poderes apenas nos momentos
decisivos. Por enquanto, apenas esperariam
por um erro do adversário.
*****
Lara saltou da sacada e se pendurou
em uma árvore. Viu que a queda era morte
certa. Evitando o medo e concentrando-se,
conseguiu escalar o penhasco e chegar ao
topo. Utilizando seus poderes, não foi muito
difícil chegar até lá.
Ela já tinha um plano em mente.
Correu até sua X-Wing usando o que restava
de suas forças. Não tinha mais energia para
utilizar seus poderes, pois se esforçara demais
para fugir de Noru.
Enquanto corria, pensava no que
aconteceria a partir dali. Aquela solidão
continuava criando um vazio. Não tinha
esperanças de encontrar outro Jedi.
Subiu na nave e decolou. Voou até
chegar ao penhasco. Preparou-se para atirar
com tudo o que tinha. Sua mira foi certeira.
Não errou nenhum, mesmo estando tão
cansada. Os tiros passaram pela sacada e
entraram na sala, explodindo tudo. Lara ainda
voltou várias vezes e atirou em outras partes
da caverna para garantir que tudo fora
destruído. Só parou quando não tinha mais
munição.
Rumou para o espaço logo depois de
destruir a nave do Império. Precisava procurar
um planeta para descansar e recuperar suas
forças. Depois tentaria encontrar outros Jedi.
Ela sabia que havia outros vivos. Só não sabia
quem ou onde. Dalua comentara sobre Obi
Wan Kenobi, mas não dissera onde ele
estava.
Lara sabia que seria difícil, mas ela
encontraria outros. Por enquanto, fugiria para
os territórios de fora do Império. Talvez se
deparasse com crianças que fossem sensíveis
à Força. Então as treinaria para serem
verdadeiros Jedi. Sonhar não custava nada.
Ela tinha que manter sua esperança viva de
alguma maneira. Não podia se entregar,
mesmo que fosse a última Jedi.
****
Maltis viu a nave se aproximando.
Naquele momento, Noru estava de costas
para a sacada e não pôde notar a X-Wing
pronta para atirar. O assassino percebeu que
seria seu fim se continuasse ali. Era hora de
utilizar suas últimas Forças.
Defendendo-se de um ataque de
Noru, Maltis saltou e rolou pelo chão apenas
para ganhar algum tempo. O Jedi saltou sobre
ele, dando chance de apenas uma defesa. O
assassino rolou mais uma vez. Enquanto isso,
ele usou a Força para ativar o controle que
fechava a porta para a sala que dava para a
sacada.
Noru não notou isso. Só percebeu que
Maltis estava usando seus poderes quando o
assassino invocou a Força para aumentar a
velocidade e fugir. Ele correu e passou pela
porta que já estava se fechando.
Noru
achou
que
o
inimigo
desperdiçaria suas últimas forças. Agora
estava vencido. Correu e abriu a porta,
apenas para ver Maltis pronto para pular da
sacada. Os dois se olharam.
- Que a Força esteja com você –
Maltis disse, com um sorriso cínico no rosto.
O assassino saltou, abrindo caminho
para que o Jedi caído visse a X-Wing
disparando tudo o que poderia. Noru não teve
tempo de dizer nada. Apenas esperou por sua
morte.
Maltis não morreu por pouco. Agarrouse às pedras e foi atingido por vários
estilhaços das explosões. Algumas pedras o
machucaram gravemente. Ainda precisou
invocar o Lado Negro para desviar as maiores.
O assassino demorou muito para
escalar o penhasco. Estava fraco e ferido, mas
conseguiu. Evitou utilizar o Lado Negro mais
uma vez, por mais que quisesse. Estava
tentado a utilizá-lo, ouvindo sussurros e
provocações dentro de sua mente. Só que
resistiu. Assim que chegou ao topo, ele
desmaiou.
Mesmo não sabendo, Maltis estava
preso em Dabi-6 e não sairia dali tão cedo.
Não até que alguém aparecesse para
investigar o que acontecera com os
inquisidores. E não tinha nem idéia de que
uma série de artefatos Sith foram perdidos
naquele dia. Nem o Imperador sabia disso.
Palpatine fora o mais beneficiado com
a história. Eliminara servos problemáticos
como Lin e Leir em uma missão e acabara
com um Jedi. Além disso, aproximara Maltis
do Lado Negro, deixando-o a um passo da
corrupção total. E o enviaria para caçar essa
Jedi. Lara não poderia fugir assim.
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Por Antônio Augusto Shaftiel
Autor de Entre Anjos e Demônios, Assassino de Almas e Busca por Sangue
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