Leia a sinopse!

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Leia a sinopse!
 G.R.E.S.UNIDOS DO VIRADOURO
CARNAVAL 2016
Presidente: Gustavo Clarão
Vice-Presidente: Adolfo Maia
Carnavalesco: Max Lopes
Diretor de carnaval : Wilson Alves
Inspirado na Obra de Altay Veloso,
O Alabê de Jerusalém, A Saga de Ogundana.
INTRODUÇÃO
Motivado, sobretudo, pelos dramáticos conflitos étnicos e religiosos que assolam o
ventre da Mãe Terra, o GRES Unidos da Viradouro propõe como enredo para o
carnaval de 2016 a saga de Ogundana, o Alabê de Jerusalém, cujo principal objetivo é a
união entre os povos através do que há em comum entre eles, independente de suas
diversidades.
O africano contemporâneo de Jesus Cristo, Ogundana, o Alabê de Jerusalém, é o
principal personagem da obra literária e de uma ópera com o mesmo nome que, ao ser
encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, recebeu uma série de comentários
elogiosos.
O enredo será apresentado em quatro partes:
Gênese:
Há dois mil anos, início da Era Cristã, nasce em Ifé, reino Ioruba do antigo Daomé,
Ogundana, filho espiritual de Oxum e Xangô.
Às vésperas de completar seus doze outonos, Ogundana é iniciado um “Alabê”
(Cuidador da música nos rituais tribais) e, recebe dos sacerdotes a empunhadura do
archote que ilumina os fundamentos dos Orixás, o conhecimento dos segredos
terapêuticos dos metais, folhas, raízes e o saber de que com cânticos, preces cura-se
doentes da alma, traumas desaparecem e, que quando um Orixá desce na cabeça de um
Iniciado todo o mal pode ser neutralizado e até as feras obedecem.
Ao ser portador desses dons, o espírito cigano que desde muito cedo o acompanha se
manifesta em plenitude.
Então, numa daquelas noites, quando a aldeia dorme, busca as bênçãos dos Orixás, faz a
Oxum e Xangô, oferendas e parte em direção ao Norte africano à busca do
desconhecido, compreendendo que, vai como galho de uma árvore ao quintal do
vizinho, mas com permissão da raiz e, que se sangrar os pés no caminho a Mãe Terra o
reconhecerá onde quer que esteja.
Trajetória:
Na solidão da dura caminhada, restaura-lhe a altivez, o destemor, a irradiação de calor
da faísca de Xangô em suas veias, das mãos de Oxum desce águas do Orum nas tranças
do seu cabelo, a lança de Exu, o Agadá de Ogum, cruzando-se no céu lhe doam o anel e
o colar dos guerreiros, da concha do mar, ouve a voz de Iemanjá revelando-lhe
segredos, quando a tristeza o fustiga, sente as mãos de Omolu e Nanã lhe acariciando a
fronte.
E assim, seguindo em frente, Ogundana foi agricultor junto aos núbios, pastor de
ovelhas entre os árabes, condutor de parelha de bois nas savanas sudanesas. Ao
conhecer o deserto inclina-se diante de sua soberania, reverencia sua coroa,
compreendendo que quem ao deserto se alia, o trata sem heresia, respeita sua geografia,
a si mesmo aperfeiçoa.
Assim foi feito.
Chegando à primazia na leitura dos búzios, reconhece o poder medicinal nas novas
plantas que encontra, assim sendo, chega à fama de curador, entre os pobres e a
nobreza.
No Egito, encanta-se com as divindades, Ísis, Horus e principalmente com majestade
do espírito doador do Nilo. Nessas terras conheceu seu primeiro amor.
Por onde passa, Ogundana percebe a presença dos Orixás em confraternização com
deuses de outros povos e certifica-se, cada vez mais, que o Divino em nós, é que nos
aproxima.
No reino da Núbia, Ogundana deparando-se com um centurião romano, gravemente,
ferido em batalha, põe-se a cuidar do guerreiro com ervas sagradas, cânticos e preces.
O Centurião, quando curado, encantado com sua sabedoria, o convida a ir para Roma.
Na cidade das sete colinas, Ogundana reconhece algumas afinidades entre alguns
deuses romanos e os iorubás e, reconhecida sua competência, passa a receber soldo
militar para cuidar dos oficiais, senadores do Império Romano e suas famílias.
Encontro:
Depois de algum tempo, seus feitos causam inveja e despeito em romanos, aos quais
estava ligado em função de seu ofício, fatos que o levam a temer por sua integridade.
Alertado pelo amigo centurião, Ogundana integra-se, como médico, à tropa do novo
Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos e cruza o Mediterrâneo em direção ao Oriente
Médio.
Em Cesaréia, domínio de Herodes Antipas, a uma unha da águia romana, Ogundana
tem contato com um homem que lhe parece possuir a vibração de Xangô, o gigante do
deserto, João, o Batista.
Herodes Antipas costumava promover festas monumentais nos suntuosos jardins de seu
palácio com a presença de escravas para servir à volúpia de seus aduladores.
Num desses festejos, exibiu-se Salomé, oferecendo-se ao soberano em troca da cabeça
do grande João Batista.
Ogundana desgastado com os exageros dos que lhe garantiam o salário, mesmo
continuando em Cesaréia, abandona as tropas do Império.
Um dia, passeando às margens do Mediterrâneo, encontra aquela que se tornaria o
grande amor de sua vida, a bela judia da comunidade essênia, Judith.
Fundem-se suas almas, suas culturas, como se fundem os matizes de uma original
tintura extraída de diferentes raízes, pra assim, tornar possível uma pintura nova,
fecunda e arrojada.
Judith aprende os preceitos das cerimônias yorubanas, ao toque dos tambores dança
como uma africana, Ogundana encanta-se com as homilias dos profetas, a maestria
1 do poeta dos salmos, com as danças, as profanas e as sagradas. Unem-se então, num
ritual híbrido, judaico-africano.
Judith, orgulhosa do seu homem, o leva a Galiléia, pra que conheça o mais jovem
profeta da Judéia. Ogundana, se comove ao ouvi-lo no poema do Sermão das BemAventuranças e vai às lágrimas quando a luminosidade do jovem Jesus, o remete a
Oxalá.
Ao retornarem a Cesareia, Herodes Antipas cometera mais uma de suas levianas
atitudes, confiscara propriedades de grupos religiosos, entre as quais, a doce morada
dos vinhedos, onde vivia a família de Judith.
Com ajuda financeira de Ogundana, a família ruma a Jerusalém, onde viviam alguns
parentes. Judith a acompanha, Ogundana ainda não, pois não teria como abandonar
uns tantos enfermos aos seus cuidados.
Meses depois, chegando em Jerusalém, impressiona-se com a beleza da cidade que,
lhe parece uma jóia dourada incrustada sobre a rocha, seus muros iluminados por
tochas, um colar majestoso, um protetor orgulhoso daquele lugar feminino tomado
por viajantes das mais variadas origens, uma bela mistura de idiomas e etnias.
Todavia, toma consciência da tensão ambiente, por conta da perturbação dos
sacerdotes com a presença do jovem ornamentado com os diamantes da dignidade
espiritual, vestido com os esvoaçantes tecidos da sabedoria ornados com filamentos
da ética e do respeito, bordados com pérolas raras da inacessível verdade, Jesus.
Ogundana reencontra então, sua amada Judith.
O belo casal tem contato com outros seguidores do Messias, entre esses, um libanês
que promovia encontros em sua casa. Num deles, Ogundana conhece as Mães de
Belém que tiveram seus filhos mortos por Herodes o Grande, elas foram a Jerusalém
para rever Jesus, o único menino sobrevivente àqueles terríveis dias.
Acompanhando Jesus Cristo, Ogundana afirma, em seu íntimo, a certeza das estreitas
relações entre todas as formas de religiosidade e, de que só com sincera busca do
Divino em nós é que pode produzir a igualdade entre os humanos.
Com a morte de Jesus, a cidade perdendo o encanto, Ogundana e Judith decidem
descer Jerusalém e viver próximo ao Mar da Galiléia.
Antes da partida, vão ao Gólgota pra matar saudade do Mestre, lá encontram grande
quantidade de seguidores e, aos prantos ao assiste Maria acalentando o coração da
senhora que lhe foi pedir perdão pelo erro do filho, a mãe de Judas Iscariotes.
Purificação:
Hoje, mais de dois mil anos depois que o sol nasceu e se pôs, esse filho da terra dos
Orixás, que andou pelos três continentes conhecidos em sua época, África, Europa e
Ásia, é uma luminosa entidade espiritual que se manifesta nos templos de matriz
africana, O Alabê de Jerusalém que, retornando à Mãe Terra para cumprimentar o
Novo Mundo das Américas escolhe o Brasil, pátria do céu do Cruzeiro do Sul, para
onde migrou o Panteão de Daomé, do povo Yorubá, Gêge, Banto, Keto, Nagô, que
une brancos e pretos em torno dos atabaques, os da alta roda, os do gueto, os sem
camisa e os de fraque na celebração da vida.
Quando questionado sobre a que rumo tomar para que, entre os humanos, se
manifeste, em plenitude, o sublime, responde:
A Terra ficou pequena, às gerações por vir, menor ainda. No meu tempo eram os
tambores a transmitir mensagens, hoje, na velocidade da comunicação, as diferenças
entre vós, tribos terrestres, se agigantam, é o que, eventualmente, vos parece.
Mas sois um único povo, cuja beleza reside nos tantos matizes a colorir vossos
corpos, almas, cidades, paises, continentes, sois cidadãos de uma única pátria, a
TERRA, cuja bandeira, é ainda por ser concebida e hino por ser inspirado.
2 Os grandes Avatares já vos visitaram e, por amor e bondade, impuseram-se a dores e
angústias pesadas. Não há dúvida que sabiam que vosso limitado olhar poderia
transformar suas orientações em vergões a vos fustigar, assim tem sido feito.
Corrigirão equívocos, as gerações por vir, não que sejam melhores que as velhas
gerações, essa é a estrada, todavia, a lentidão nesse avanço já não vos é permitida,
torna-se urgente a negação do futuro paraíso ou seu oposto, dois imaginários reinos que
vos afastaram de casa.
Demonstrai gratidão pelos elementos que Terra vos empresta na construção do
magnífico corpo físico.
Devolvei esse carinho preservando o ar, a água dos mares, dos rios, as florestas, os
preciosos bens naturais que vos mantém vivos.
Assim sereis religados à soma de todos os “eus”, Deus.
É o bastante, pois não há como unificar os homens, agrupa-los numa única fé, nem
tampouco o porquê. É bem mais bonito saber, que Deus manifesta-se de muitas
formas diferentes e, de que em nenhum lugar é ausente.
No Egito, os que adoravam Isis, não eram menos felizes que nenhum de vós, quando
estive em suas terras, não tenho nenhuma dúvida que a divindade do Nilo veio
sempre em meu auxílio ao ouvir a minha voz.
Como reverenciar na Judéia, a divindade das florestas, se lá elas não existem, a
entidade do rio, se eles são tão poucos, como crer que Yemanjá é rainha do mar, se
na Judéia o mar, é Mar Morto?
Assim, O Alabê de Jerusalém, um filho de Daomé, que conduzido pela fé, um dia, em
sua caminhada encontra com a Sagrada Luz de Jesus, o Nazareno, hoje, na linha dos
Pretos-Velhos. retorna à Mãe Terra, a cortina do tempo descerra e, sob os auspícios da
arte, ao som dos atabaques, reparte o vinho de sua trajetória, reacende a luz da memória
e canta.
“Meu nome é Alabê de Jerusalém, chamado por essa tão querida Irmandade, cheguei
pra matar saudade.”
Que os tambores ronquem por essa doce entidade que, com delicadeza, respeito e
alegria, vem nos falar sobre solidariedade, tolerância, união e harmonia.
Altay Veloso, Max Lopes e Marco Beja
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