Buda Siddharta Gautama (VI a.C.)

Transcrição

Buda Siddharta Gautama (VI a.C.)
Buda Siddharta Gautama (VI a.C.)
Buda significa Desperto, Iluminado. É um título dado na religião budista àqueles que despertaram
plenamente para a verdadeira natureza dos fenómenos e se puseram a divulgar tal redescoberta
aos demais seres. "A verdadeira natureza dos fenómenos", aqui, quer dizer o entendimento de que
todos os fenómenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas
características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos
mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento.
Do ponto de vista da doutrina budista clássica, a palavra "Buda" denota não apenas um mestre
religioso que viveu em uma época em particular, mas toda uma categoria de seres iluminados que
alcançaram tal realização espiritual. As escrituras budistas tradicionais mencionam pelo menos 24
Budas que surgiram no passado, em épocas diferentes.
Actualmente, as referências ao Buda referem-se em geral a Siddharta Gautama, mestre religioso e
fundador do Budismo no século VI antes de Cristo. Ele seria, portanto, o último Buda de uma
linhagem de antecessores cuja história se perdeu no tempo. Nasceu no sopé do Himalaia.
Sabendo do nascimento do Príncipe, o ermitão Asita, que vivia nas montanhas próximas, decidiu
visitá-lo no palácio. Percebendo a aura iluminada da criança, Asita, aos prantos, revelou aquilo que
acabava de prever: "O pequeno príncipe, se permanecer no palácio, após a juventude, tornar-se-á
um grande rei e governará o mundo. Por outro lado, se abandonar os prazeres do mundo e ingressar
na senda mística, tornar-se-á um Buddha, o Salvador do Mundo". Siddhartha apresentava também
os 32 sinais no corpo, que revelava as condições indispensáveis para se tornar um Buda.
Profundamente tocado, o ancião Asita alegrava-se com a notícia dada, mas continuava
derramando lágrimas, pois não viveria o suficiente para ouvir os ensinamentos do mestre.
Sentindo que seu filho crescia insatisfeito com uma vida luxuosa, e temendo que a profecia sobre ser
Buda pudesse se realizar (o que consequentemente terminaria com a linhagem real), o Rei ordenara
que ele vivesse uma vida em total isolamento, sem poder jamais deixar as dependências do palácio.
Um dia resolveu sair sem avisar ao pai, sem as pompas de costume, acompanhado somente com o
seu fiel escudeiro, Channa, pelas ruas estreitas de Kapila. Então ele conheceu a cidade como
realmente era, sem os enfeites e as festas. Estavam vestidos com roupas simples e ninguém os
reconheceu. Impressionado com o sofrimento do mundo que lhe era desconhecido, quis deixar o
palácio e partir em busca do conhecimento que o libertasse do sofrimento e conduzisse à
serenidade. Mas seu pai fechou-o, mais uma vez. Então meditou sobre tudo o que tinha visto e nem
sequer comia. Quando completou 29 anos decidiu fugir do palácio. Despojou-se de todos os
adornos e roupa real, rapou a cabeça e vestiu um manto amarelo. Entregou o cavalo ao seu
escudeiro e partiu a pé em busca de resposta para as aflições do mundo.
Viajou para sul e iniciou a prática da meditação com dois mestres importantes. Atingiu estádios que
impressionaram os professores, mas continuava insatisfeito porque ainda não tinha conseguido as
respostas que procurava. Siddhartha abandonou os dois mestres da meditação e foi refugiar-se na
floresta de Uruvela, cortada pelo rio Nairanjana. Lá encontrou os ascetas Sadus, e com eles praticou
o ascetismo, com grande rigor, por aproximadamente seis anos. Diz-se que se alimentava com um
grão de arroz por dia. Esgotado e enfraquecido, um dia aceitou uma taça de leite coalhado de
uma jovem pastora que por ali passava. Os companheiros ascetas que o seguiam acharam que ele
era um fraco e abandonaram-no. Abandonado à própria sorte, Siddhartha resolveu iniciar um novo
período de meditação, sem se deixar abater pelo desânimo: "Mesmo que o sangue se esgote,
mesmo que a carne se decomponha, mesmo que os ossos caiam em pedaços, não arredarei os pés
daqui, até que encontre o caminho da iluminação".
Sentado em posição meditativa (conhecida hoje como Zazen), esvaziou o pensamento e não se
deteve em forma alguma de apego. Diz a lenda que Siddhartha permaneceu assim por vários dias,
sob a sombra de uma figueira, nas margens do rio. Então, uma luz começou a brilhar no meio de sua
testa. Entretanto, muitas distracções surgiram para ele: sede, luxúria, descontentamento e tentações
de prazer. E ao longo de sua concentração meditativa, ele foi tomado por visões de incontáveis
exércitos de demónios atacando-o com as mais terríveis armas. Mas, por causa de sua meditação
indestrutível, ele pôde converter a negatividade em harmonia e pureza, e as flechas lançadas
contra ele se transformaram em flores.
Uma chuva caiu de um céu totalmente sem nuvens em resposta à sua suprema conquista. Então
uma serpente Naja gigante postou-se atrás e acima da cabeça de Gautama, para que os pingos
da chuva não atrapalhassem sua meditação.
A história simboliza duas coisas: a elevação da Kundalini, que é a energia mais densa que fica na
base da coluna (representada por uma serpente pelo perigo que encerra se não estiver sob
controle) e o estado de paz e atenção que a meditação zazen proporciona. Ele está em repouso
como alguém que dorme, mas atento a tudo o que o cerca, como uma serpente. Finalmente, na
manhã de lua cheia de Dezembro, no momento
em que olhava o planeta Vénus brilhando no
céu oriental, ele obteve a perfeita Iluminação.
Percebeu então que toda a realidade é uma só.
Que, no Cosmos, todos os seres estão
harmoniosamente unidos. Que nada existe por si
mesmo, nem pode a natureza de alguma coisa
ser conhecida senão conforme se relaciona
com o Cosmos. Com a luz do Cosmos, a
consciência se torna iluminada. E então, aos 35
anos, Siddhartha tornou-se Buda. E disse assim de
sua experiência:
"Existe uma esfera onde não é terra, nem água,
nem fogo, nem ar... que não é nem este mundo
e nem outro, nem sol e nem lua. Eu nego que esteja vindo ou indo, que permanece e que seja morte
ou nascimento. É simplesmente o fim do sofrimento. Essencialmente todos os seres vivos são Budas,
dotados de sabedoria e virtude, mas como a mente humana se inverteu através do pensamento
ilusório, não o conseguem perceber".
Resolveu, então, passar todo o conhecimento apreendido naquele estado de iluminação. Os
ensinamentos estão fundamentados em quatro nobres verdades:
1. Existência do sofrimento
2. A causa do sofrimento: os apegos humanos, como a cobiça, raiva, etc
3. A extinção do sofrimento: desapego
4. O caminho que leva a extinção do sofrimento: prática do óctuplo O caminho do óctuplo é um
guia para alcançar o objectivo final do budismo, a liberdade e felicidade:
1. Visão correcta
2. Pensamento correcto
3. Fala correcta
4. Acção correcta
5. Meio de vida correcto
6. Esforço correcto
7. Atenção correcta
8. Meditação correcta
Siddhartha faleceu (sua morte é celebrada no dia 15 de Fevereiro) aos 80 anos de idade. Assim
como Sócrates e Jesus, não deixou nada escrito, tendo seus discípulos se reunido 100 anos após sua
morte para escrever o que haviam ouvido de seus mestres, e fizeram assim o Tipitaka, que é a "bíblia"
da escola Theraveda de ensino budista.
"Não crie sofrimento. Pratique a virtude.
Seja senhor de sua mente."
"Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele."
"O ódio não destrói o ódio, só o Amor destrói o ódio. Sêde como o sândalo, que perfuma o machado
que o corta."
Buda