O mercado imobiliário antecipa as alterações na
Transcrição
O mercado imobiliário antecipa as alterações na
V Encontro da LARES - LATIN AMERICAN REAL ESTATE SOCIETY O mercado imobiliário antecipa as alterações na estrutura dos bairros? Evidências do caso de São Paulo Do Real Estate investment decisions anticipate neighborhood changes? Some evidences from Sao Paulo, Brazil Las inversiones inmobiliarias anticipan cambios en los barrios? Algunas evidencias en el caso de la ciudad de Sao Paulo, Brasil Emílio Haddad, Professor Doutor Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil e-mail: [email protected] Tárcio Lázaro Fiusa Salvador, Flávia Ribeiro do Valle Damiani e Lucila Monteiro de Barros Martens Bolsistas de Iniciação Científica, CNPq Resumo O trabalho apresenta resultados de um estudo empírico sobre as relações entre o investimento imobiliário e a geografia socioeconomica da cidade de São Paulo, em torno do ano de 1987. Através dos recursos para tratamento de dados espacialmente referenciados de programas de Sistemas de Informação Espacial - SIG, foi possível relacionar dados de oferta de imóveis residenciais obtidos através do boletim de lançamentos residenciais da EMBRAESP - Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio e dados sócio-econonômicos que definem a demanda deste tipo de imóvel, estes últimos provenientes basicamente da Pesquisa Origem/Destino, realizada pela Cia do Metrô, em 1987. Através da análise de regressão entre as variáveis preço médio do metro quadrado de oferta e renda média familiar, puderam ser identificados bairros nos quais o mercado produziu imóveis destinados a uma faixa de renda diferente daquela dos moradores da região. Para exemplificar, tivemos o caso das regiões nas quais, no ano de 1987 estavam sendo produzidos imóveis com valor superior ao previsto, como Veiga Filho, Campo Limpo ou Vila Formosa, que gradualmente foram sendo transformadas em extensões de zonas valorizadas, respectivamente Higienópolis, Morumbi ou Jardim Anália Franco. No outro extremo, verificamos o caso da região denominada Paulista, na qual passava-se a se produzir unidades habitacionais menores – como os “flats”, com preços inferiores ao esperado tendo em vista a renda média familiar do bairro. Esta mudança reflete alterações no perfil do consumidor de habitação nesta região, com maior presença de moradores solteiros e famílias menores. Abstract This paper presents the results from an empirical study of the relationship between Real Estate investment and the socio-economic geography of the city of Sao Paulo, around the year of 1987. By using capabilities for handling spatial data, from GIS (Geographical Information Systems) softwares, it has been possible to relate residential supply, as obtained by the survey of new housing in the market carried on by EMBRAESP - a Brazilian private company working in Real Estate valuation - with socio-economic data that defines the demand for this king of property, the latter obtained by a Origin/Destination survey, made by the Sao Paulo subway company, in the year of 1987. A regression analysis using the two variables -- average price per square meter of new apartment units and average family income, has indicated neighborhoods in which the market has produced residential properties aimed at families of in higher income brackets than the existent residents. For example, the was the case of regions -- such as Veiga Filho, Campo Limpo or Vila Formosa -- that in 1987, where residential units produced had prices superior to the expected, and were gradually transformed in extensions of higher prices neighboring areas, respectively Higienopolis, Morumbi of Jardim An'alia Franco. At the other end, there is the case of Paulista, where market were delivering smaller and therefore cheaper units -- such as a single dormitory flat, that had prices below the expected, given the existent average family income. This outcome was due to change in the consumer profile of the region in this n eighborhood, with larger presence of single and/or smaller families. Introdução Observa-se um crescente interesse na área do planejamento urbano por um melhor conhecimento do mercado imobiliário e do processo de decisão de seus agentes. A nova legislação federal que disciplina o planejamento urbano, conhecida como Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001), contempla uma série de instrumentos de intervenção urbana cuja lógica operacional – visando criar estímulos ou restrições ao incorporador através de alterações das “regras do jogo” -- exige dos seus aplicadores um conhecimento sobre o funcionamento do mercado imobiliário no qual se propõe intervir. Entre estes instrumentos incluem-se a outorga onerosa do direito de construir, as operações interligadas, as operações urbanas consorciadas, o direito de superfície, as parcerias público/privadas. Uma nova agenda de pesquisa se coloca tendo em vista a análise destes instrumentos e das condições de sua aplicabilidade. Nesta nova agenda, uma questão que tem interessado aos planejadores urbanos se refere às relações entre a dinâmica do mercado imobiliário e a conformação das cidades. Não é sem motivo que o título de um dos trabalhos mais conhecidos sobre o assunto seja: “Quem planeja as cidades norteamericanas: os planejadores urbanos ou os incorporadores?” (Peiser, A questão que se quer estudar é a das relações que se estabelece entre oferta e demanda. Neste trabalho, enfocamos a demanda habitacional. Afinal, quando planejam um investimento residencial em uma dada região da cidade, os incorporadores buscam atender ao perfil de demanda existente, ou buscam atender à uma demanda futura regional a ser projetada? Colocada a questão de outra forma: quando e em que circunstâncias o incorporador antecipa mudanças na cidade no processo de análise de novos investimentos. Dentro deste contexto, foi desenvolvido um projeto de pesquisa tendo como objetivo estudar esta questão das relações entre a dinâmica do mercado imobiliário e a estrutura urbana. Metodologia O presente trabalho teve como motivação estudar as relações entre a dinâmica imobiliária e a estrutura urbana a partir do cruzamento de dados já existentes. Trata-se de uma perspectiva de análise que vem se tornando cada vez mais comum com o advento e do acesso a informações na forma de banco de dados, muitas das quais disponíveis através da rede Internet. Buscar fazer ilações e tirar conclusões a partir de dados existentes tem sido um campo crescente de interesse nos domínios da estatística, onde nos últimos tempos tem florescido a chamada mineração de dados (“data mining”). Num certo sentido, esta postura se contrapõe ao modelo tradicional de pesquisa pelo qual o levantamento de dados é feito tendo em vista obter respostas a uma questão científica previamente formulada. No caso de informações urbanas, em que o elemento espaço deve ser considerado, o tratamento e análise de dados, tornou-se facilitada com o aparecimento de programas conhecidos como SIG - Sistemas de Informação Geográfica. A possibilidade de uso deste instrumento apresentou-se como motivação complementar para nosso projeto de pesquisa. A parte inicial de nossa pesquisa se constituiu na montagem de um SIG, para o município de São Paulo, contendo informações previamente existentes relativas às características urbanas da cidade e dos determinantes da oferta e da demanda habitacional. Uma vez montado este sistema, o passo seguinte foi buscar organizar estes dados e interpretá-los. Recursos do SIG, como o da superposição de informações (“overlay”) e recuperação seletiva de dados por áreas geográficas, facilitaram em muito o cruzamento de dados, permitindo abordar os problemas decorrentes de se encontrarem organizados segundo divisões espaciais diversas. Uma das primeiras questões interpretativas que, naturalmente, vieram a suscitar interesse foi justamente o da verificação empírica da questão de como a oferta imobiliária se relacionou com a demanda no período considerado. Notas sobre a teoria Algumas vertentes teóricas abordam este tema. Há, por exemplo, uma perspectiva comportamental, com foco nas decisões individuais: uma pequena literatura estuda a estratégia de incorporadores, acentuando o seu caráter empreendedor, de cunho individualista, que gosta de seguir os ditames de sua experiência e intuição e, em certos ambientes menos desenvolvidos, seu poder político, capaz de criar sua própria demanda. Em outra perspectiva de análise, com uma visão agregada, um dos principais temas de pesquisa urbana enfocando a questão da segregação espacial, tem buscado analisar o papel do mercado imobiliário neste processo. Como bem coloca Smolka (1990), citando o exemplo do Rio de Janeiro, a dinâmica imobiliária “expulsa os pobres e redistribui os ricos” Entre as variáveis explicativas do valor imobiliário a mais importante é a renda familiar, de acordo com o conhecimento tanto empírico (V. por exemplo: Quigley, 1999). quanto teórico. A análise econômica neoclássica chama esta relação de “propensidade marginal para o consumo de um dado bem”: todo o resto sendo igual, rendas familiares maiores devem corresponder a moradias de maior valor. Como uma primeira forma de abordagem desta relação, foi proposto um singelo modelo para análise: fazer um gráfico do preço por metro quadrado vs. renda média familiar, e uma curva de regressão que – a prevalecer a hipótese da existência de uma propensidade média -- corresponderia o valor esperado de um lançamento imobiliário num dado bairro. Valores superiores ao esperado representariam lançamentos imobiliários destinados a uma população com renda familiar acima da média local e, inversamente, valores inferiores ao esperado, significariam que os lançamentos estão destinados a famílias com renda inferior à média existente. O resultado de uma destas regressões é apresentado adiante no Gráfico 1. Descrição do Sistema de Informação Geográfica O sistema de informações geográficas foi constituído a partir de uma geobase, contendo os logradouros de São Paulo e camadas com informações atribuídas a pontos como, por exemplo, os lançamentos e à zonas como, por exemplo, os dados sócio-econômicos da Pesquisa Origem/Destino. (Haddad, 1997). A tabela abaixo apresenta um resumos dos principais dados lançados, seguidos de alguns mapas ilustrativos das camadas. Dados Conteúdo Fonte Logradouros Planta de São Paulo com todas as vias públicas contendo a numeração das esquinas, o que possibilita o *adressmatching dos lançamentos. LOGIT. Lançamentos Dados relativos aos lançamentos de prédios de apartamentos de 1.985 a 1.990 ( localização, área, preço pretendido, número de dormitórios, etc). EMBRAESP, Pesquisa O/D do Metrô Perímetro das zonas O/D e informações socioeconômicas correspondentes para os anos de 1.977, 1.987 e 1.997. LOGIT. Informações sócioeconômicas Valores médios de grau de escolaridade, renda, número de famílias e de empregos, entre outras, das diversas áreas do Município de São Paulo. Pesquisa Origem/Destino do Metrô de 1.987. Zonas de Uso do Solo (*) Perímetro e nome das zonas de uso do solo, Foram digitalizadas para este projeto Bairros Perímetro e nome dos bairros e renda média (dados associados a esta camada obtidos por superposição desta com a da Pesquisa O/D do Metrô). EMBRAESP Distritos Administrativos Perímetro dos distritos administrativos e dados socioeconômicos relacionados a estas áreas. (*) As zonas de uso de solo eram as vigentes no ano de referência dos dados (1987), e foram substancialmente alteradas com a nova Lei do Zonemento do Município de São Paulo, em vigor a partir de 2005. Camada-base de Logradouros Elementos gráficos do tipo linha. Abaixo, estão os atributos associados a um dos segmentos que compõem cada elemento desta camada: Nome da Rua Origem Esquerda Destino Esquerda Origem Direita Destino Direita CEP Código do Logradouro Sel. Linha Número Base Quadrícula AV PAULISTA 349 465 348 464 1311000 156566 1 3 11GC2 Camada de Lançamentos Elementos gráficos do tipo ponto. A tabela seguinte apresenta os atributos associados ao elemento desta camada indicado pela seta: Identificador Referência Número do Bloco Nome do Edifício Endereço do Edifício Bairro Zona de Uso Setor Quadra N° de Dormitórios N° de Banheiros N° de Vagas N° de Elevadores N° de Coberturas N° de Blocos Unidades por Andar 568 3149 05 PERDIZES HOUSE R TAGIPURU, 119 BARRA FUNDA Z3 021 008 2 1 1 4 4 1 4 Data de Entrega Entrega em Meses Área Útil Área Total Área do Terreno Cota do Terreno Preço Total em CZ$ Preço por m2 em CZ$ Preço Total em OTN Preço por m2 em OTN Nome da Construtora Endereço da Construt. Eng. Responsável Incorporadora Vendedora Cond. Pagamento N° de Andares Total de Unidades 12 48 Administr. Hoteleira Observações 06/01/1988 24 78,23 130,83 1.133,02 0,00 634.000,00 4.845,98 5.837,40 44,62 SISTEMA ENG R CANUTO, 69 ANGELO NETO SISTEMA ENG COHABITA PREÇO FECHADO - Os dados relativos a cada empreendimento, que estavam contidos em planilhas, foram convertidos em arquivos de banco de dados e tiveram os dados relativos ao endereço formatados e submetidos a um controle de qualidade. Foram, a seguir, importados para o Sistema de Informação Geográfica onde foram digitalizados através de adress-matching Camada da Pesquisa Origem/Destino do Metrô Elementos gráficos do tipo área. Abaixo, os atributos associados ao elemento desta camada em destaque: Identificador Nome da Zona Área em km2 Número da Zona Número de Sub-Zonas Classe População Total Renda Número de Famílias Renda Média Renda de 0 a 4 Sal. Mínimos Renda de 4 a 8 Sal. Mínimos Renda de 8 a 15 Sal. Mínimos Renda de 15 a 30 Sal. Mínimos Renda acima de 30 Sal. Mín. Renda Não Declarada Famílias que Declararam Renda Renda Média das Famílias Renda Média Per Capta Núm. Médio de Pessoas na Família Renda Média dos Familiares Total de Empregos Empregos em Agricultura Empregos em Indústria Empregos em Comércio Empregos em Serviços Outros Empregos Total de Viagens Atraídas 1 Sé 3,66 1 9 66.728 236.642 25.135 9,41 8.909 14.215 14.224 14.947 2.447 11.966 21.701 10,90 3,55 54.762 4,32 404.010 334 29.574 117.276 239.961 2.263 845.585 Total de Viagens Produzidas Viagens de Bicicleta Viagens de Caminhão Viagens de Carro - Motorista Viagens de Carro - Passageiro Viagens de Ônibus Escolar Viagens de Lotação Viagens de Moto Viagens de Ônibus Viagens de Ônibus Fretado Viagens de Trolebus Viagens de Metrô Viagens de Trem Viagens de Táxi Viagens em Outros Veículos Total de Viagens - Coletivo Total de Viagens - Individual Viagens Motivadas por Compras Viagens Motivadas por Lazer Viagens Motivadas por Negócios Viagens Motivadas por Residência Viagens Motivadas por Comércio Viagens Motivadas por Serviços Viagens Motivadas por Saúde Moradia em Casa Própria Moradia em Casa Alugada Outras Situações de Moradia Total de Moradia 842.266 116 1.424 111.743 30.114 1.152 2.256 4.444 249.731 2.166 17.419 253.273 25.231 9.654 3.763 551.328 161.260 76.005 51.627 149.111 58.525 24.162 298.695 17.748 8.594 13.704 2.837 25.135 Camada de bairros Os atributos desta camada foram obtidos através dos recursos do GIS, uma vez que não existem informações diretamente associadas aos bairros. Isto foi feito sobrepondo a camada de bairros a alguma outra que apresente os dados necessários, como por exemplo a camada da pesquisa origem/destino que contém informações sobre a renda, e associando estes dados às áreas dos bairros. Como as áreas da pesquisa origem/destino são diferentes da áreas dos bairros, foi necessário estabelecer um critério para essa associação. Resultados O Gráfico 1 apresenta auma plotagem da relação entre preço total de apartamentos (medida em OTN – unidade monetária utilizada pelo Banco Nacional da Habitação para financiamento imobiliários) e renda média familiar (em salários mínimos), por bairro de São Paulo. É indicada também e a reta obtida por análise de regressão linear dos dados. Preço Total (OTN) 40000 35000 30000 25000 20000 15000 y = 463,26x + 6987,7 R2 = 0,2748 10000 5000 0 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 Renda Média Familiar (sal. Mínimos) Gráfico 1 - Relação entre preço total de apartamentos e renda média familiar, por bairro de São Paulo (Obs.: Tendo em vista maior clareza na apresentação, no gráfico acima foram plotados apenas pon tos correspondentes a alguns bairros) A análise das relações entre preço médio de imóveis e renda média familiar foi estabelecida em nível de zonas residenciais. Utilizou-se um entendimento proposto por modelo econômico, pelo qual há uma proporcionalidade entre o valor de um imóvel e a renda familiar da família que ele ocupa. Conforme apresentado nas tabelas e mapas, os dados de lançamento imobiliário mostram evidências que comprovam a nossa hipótese de que, através da forma e da localização dos lançamentos feitos, o mercado imobiliário tem responsabilidade pelas transformações sócio-econômicas observadas na cidade. Para exemplificar, podemos verificar o caso das regiões nas quais, no ano de 1987 estavam sendo produzidos imóveis com valor superior ao previsto, como Veiga Filho, Campo Limpo ou Vila Formosa, que gradualmente foram sendo transformadas em extensões de zonas valorizadas, respectivamente Higienópolis, Morumbi ou Jardim Anália Franco. No outro extremo, verificamos o caso da região denominada Paulista, na qual passava-se a se produzir unidades habitacionais menores – como os “flats”, com preços inferiores ao esperado tendo em vista a renda média familiar do bairro. Esta mudança reflete em larga escala alterações no perfil do consumidor de habitação na região, com maior presença de famílias menores. No ano de 2000, foi publicado o Mapa da Exclusão Social (Spozati, 2000), no qual os bairros (mais exatamente, os distritos) de São Paulo são classificados por um critério que pondera a qualidade da sua infra-estrutura e provisão de serviços. Tendo em vista a limitação de espaço no presente artigo, foi preparada a tabela a seguir, com a posição relativa de alguns bairros selecionados (casos extremos). Tabela 1 – Tabela da Exclusão Social. Bairros com maiores variações BAIRROS Anhanguera José Bonifácio Cambuci Jaraguá Cangaíba Cidade Líder Tatuapé Sacomã São Rafael RANKING 1996 27 57 23 48 46 49 19 30 70 RANKING 2000 77 96 54 76 72 74 41 51 91 VARIAÇÃO -50 -39 -31 -28 -26 -25 -22 -21 -21 Ipiranga Arincanduva Vila Formosa República Rio Pequeno Capão Redondo Cidade Ademar Limão Jabaquara Cachoeirinha Brás Vila Andrade 26 50 51 37 59 87 80 52 61 85 67 68 46 69 31 16 38 64 55 27 35 56 28 15 -20 -19 20 21 21 23 25 25 26 29 39 53 Fonte: Spozati (2000) Foi interessante se constatar como o investimento imobiliário nos bairros citados se refletiu em alterações no seu “ranking”, ocorridas após uma década de sua implantação. Por exemplo: Vila Formosa: A região passou de 51° lugar no ranking em 1996 para 31° em 2000, uma melhoria considerável. Campo Limpo: A região OD de Campo limpo inclui o bairro Vila Andrade, justamente onde se vê uma grande quantidade de Lançamentos. O bairro de Vila Andrade foi do 68° lugar para o 15° lugar, a maior variação do Mapa. Veiga Filho: Esta região OD está incluída no Bairro de Santa Cecília no Mapa, alterando sua posição de 28° para 13° lugar. Paulista: A região correspondente no Mapa da Exclusão Social é a Bela Vista, que caiu de 15° lugar para 20°. Essas informações denotam que de fato ocorreram as tendências previstas anteriormente neste estudo. Esta pesquisa ainda sugere desdobramentos, como a ampliação da análise acima, para para todo o município. Conclusões No presente trabalho foram apresentados elementos descritivos do mercado lançador de apartamentos residenciais em São Paulo, e das transformações ocorridas nos bairros em que atuaram. Foram utilizadas informações disponíveis, tendo sido escolhido o ano de 1987, tendo em vista a utilização dos dados da pesquisa Origem/Destino realizada naquele ano. A análise dos resultados permitiu o conhecimento mais rigoroso e detalhado sobre o processo decisório do mercado lançador e de seu impacto sobre a estrutura urbana. Conforme exposto no início deste trabalho, um tal conhecimento é fundamental para o desenho de intervenções urbanas utilizando-se ferramentais elencados no Estatuto da Cidade. O trabalho aponta também para os recursos para acompanhamento e análise do mercado imobiliário oferecidos pelos programas de GIS (Geographical Information Systems), que vêm sido utilizados em trabalhos acadêmicos e profissionais desenvolvidos em nosso meio, encorajados pela crescente montagem de banco de dados com informações urbanas, passíveis de georeferenciamento. Agradecimentos: A pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo e do Conselho Nacional e Desenvolvimento Cientírfico e Tecnológico – CNPq, do qual foram bolsistas respectivamente o Prof. Dr,. Emílio Haddad (Pesquisa) e Tárcio Lázaro Fiusa Salvador, Flávia Ribeiro do Valle Damiani e Lucila Monteiro de Barros Martens (bolsistas de iniciação científica). As informações sobre lançamentos foram cedidas pela EMBRAESP – Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio. Bibliografia Peiser, R “Who Plans America: Planners or Developers?” Journal of the American Planning Association, Autumn, 1990, pp. 496-503 Haddad, E "Using GIS to monitor housing markets in Sao Paulo, Brazil" In: International Conference on Computers in Urban Planning and Urban Management, Mumbai, Anais, 1997. Quigley J. “Real Estate Prices and Economic Cycles”. International Real Estate Review, 2(1), 1999: 1-20. Spozati A (coord.) Mapa da Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo: Dinâmica Social dos Anos 90. São Paulo, FAPESP, 2000 Smolka, M “Expulsando os pobres e redistribuindo os ricos: a “dinâmica imobiliária” e segreação residencial na cidade do Rio de Janeiro” Revista Brasileira de Estudos Populacionais, n.9 (1), 1992, p. 320