COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E
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COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E
1 COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO UNIÃO DA VITÓRIA – PR setembro - 2010 2 SUMÁRIO Apresentação ................................................................................................. 03 Identificação .................................................................................................. 04 Objetivo Geral ................................................................................................ 10 Marco situacional ........................................... ............................................... 11 Marco conceitual ............................................................................................ 33 Marco operacional .......................................................................................... 61 Avaliação do projeto-politico-pedagógico ....................................................... 65 Avaliação institucional .................................................................................... 66 Bibliografia ..................................................................................................... 68 Anexos ............................................................................................................ 70 3 APRESENTAÇÃO O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio foi elaborado coletivamente pela comunidades escolar. Para tanto, foram realizadas reuniões com os profissionais da escola, trabalhos em sala de aula com os alunos e reunião com os responsáveis pelos alunos para orientá-los sobre o preenchimento de um questionário para que pudéssemos conhecer melhor a comunidade, saber seus anseios e expectativas em relação à escola. Nas reuniões com os profissionais da escola foram estudados e discutidos vários textos, na maioria orientados pela Secretaria Estadual de Educação e Núcleo Regional de Ensino, o que possibilitou o estabelecimento de relações com a nossa prática, ou seja, a reflexão sobre a realidade e a definição de objetivos e ações necessárias para a construção de uma escola democrática que garanta aos alunos uma educação de qualidade. Dessa forma, o Projeto Político Pedagógico possibilitou uma reflexão sobre as finalidades da escola, assim como a explicitação de ações a serem empreendidas por todos os envolvidos no processo educativo. A construção do Projeto Político Pedagógico, além de ser uma necessidade, pois aponta uma direção para um compromisso estabelecido coletivamente, atende o previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, em seu artigo 12, inciso I: “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Essa elaboração é caracterizada pela autonomia dentro da escola para efetivação de um trabalho coletivo ao nível de uma prática cotidiana. IDENTIFICAÇÃO O Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio, código 00862, 4 está localizado na Rua Ivaldo Thomazi, s/nº, no bairro Cidade Jardim, município de União da Vitória, código 2840, estado do Paraná. O bairro onde o Colégio está localizado pertence à zona urbana de União da Vitória e fica a dois quilômetros de distância do Núcleo Regional de Ensino. O contato com o Colégio pode ser realizado também pelo telefone/fax (42) 3524 4031 e dos e-mails colé[email protected], [email protected], [email protected]. O site www.uvaadilesbordin.seed.pr.gov.br está a disposição da comunidade como mais uma alternativa para conhecer melhor o Colégio. Este Estabelecimento de Ensino está sob a jurisdição do Núcleo Regional de Ensino (NRE) de União da Vitória, código 29, e tem como mantenedor o Governo do Estado do Paraná. Aspectos Históricos Em quatro de outubro de mil novecentos e setenta e nove foi fundada, no bairro Cidade Jardim, a Escola Estadual Dario Bordin para atender os alunos de 1ª a 4ª séries da comunidade local. O terreno no qual a escola foi construída foi doado pela família Bordin e a construção do prédio foi realizada com recursos do governo do estado do Paraná. Com o processo de municipalização do ensino que ocorreu com a maioria das escolas de 1ª a 4ª série do Estado, em 1991, a Escola Dario Bordin passou a ser municipal e em 28 de novembro do mesmo ano é fundada a Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental para atender, a partir da 5ª série, os alunos da mesma comunidade, somente no período da manhã e funcionando as duas escolas no mesmo prédio. Quando fundada, em 1991, a escola teve como primeiro nome Escola Estadual do Conjunto Habitacional Bento Munhoz da Rocha – Ensino de 1º Grau. Recebeu a autorização de funcionamento do Ensino de 1º Grau nº4056 de 28/11/91, para implantação gradativa das séries a partir de 1992. Em 23 de outubro de 1992, pelo ato 3571, a escola passou a denominar-se Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino de 1º Grau. Sua primeira diretora foi a professora Irene Niemes Jeremias, que mais tarde foi homenageada pela comunidade escolar, tendo a Biblioteca da escola seu nome. Em 1993, preocupada em minimizar os problemas de evasão, repetência e 5 avaliação classificatória, a Escola busca uma nova metodologia para garantir uma educação de qualidade e concretizar as orientações do Currículo Básico das Escolas Públicas do Paraná. Desde então, a sistemática avaliativa foi o cerne das mudanças, ou seja, buscou-se uma forma de avaliação do desempenho dos alunos não apenas com provas e notas, pois estas não traduzem o desenvolvimento e a aprendizagem. Optou-se por uma avaliação diagnóstica e contínua, registrada através de pareceres descritivos que já eram realizados pelos professores do Ciclo Básico de Alfabetização. Mas, como o sistema formal ainda exigia notas, o trabalho dos professores foi realizado paralelamente com notas e pareceres descritivos. Assim, com as duas formas de registro, além de se tornar mais trabalhoso, a comunidade escolar foi sentindo que as notas eram desnecessárias e que descaracterizava a prática pedagógica desejada. Em 2001 a escola passou a trabalhar legalmente com esse sistema de avaliação, implantando os ciclos de aprendizagem: III e IV ciclo, permitindo a reprovação somente ao final de cada ciclo. Em 1994 a escola recebe a renovação para funcionamento nº 1986 de 19/04/94. O reconhecimento do curso de 1º grau foi outorgado pelo parecer 0038/1995 e pelo ato 4107 de 27/10/95. Pelo ato 3120 de 31/08/98, a escola passa a ser denominada Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental. A renovação do reconhecimento do Ensino Fundamental foi outorgada pelo parecer 0858/2002 e pelo ato 4649 de 26/11/2002. Com o aumento do número de alunos, devido ao crescimento dos bairros próximos à escola, houve a necessidade de aumentar a estrutura física da escola. Em 2005, com recursos que foram doados pela comunidade à Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), a escola iniciou a construção de oito novas salas de aula em alvenaria. Também em 2005 é autorizado o funcionamento da Sala de Recursos, no período vespertino, para atender os alunos de III e IV ciclo na área de deficiência mental e distúrbios de aprendizagem, de acordo com o parecer 0969/2005 e com o ato 1761 de 05/07/2005. No início do ano de 2006 a escola implantou, de forma gradativa, o Ensino Médio, passando a denominar-se Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio, através do parecer 0342/2006 e do ato 203/2006 de 03/02/2006 que autoriza seu funcionamento. Com essa implantação e o aumento constante de matrículas, o Colégio dobrou seu turno de atendimento em 2006, passando a oferecer no período vespertino turmas de 6 1º e 2º ano do III ciclo, com a previsão de, gradativamente, atender até o 2º ano do IV ciclo nesse período. Em 2008 a Escola recebe seu primeiro Laboratóriod e Informática (Paraná Digital) Em 2009, a Escola passou a oferecer a Educação de Jovens e Adultos (EJA), Ensino Fundamental séries finais e Ensino Médio, passando a coordenadar 03 (três) APEDs (Ação Pedagógica Descentralizada), sendo duas turmas no Colégio Estadual Inocêncio de Oliveira ( uma turma de fundamental e uma turma de médio); duas turmas na Escola Municipal Maridalva Palamar ( uma turma de fundamenta e uma turma de médio) e, duas turmas na Escola Municipal Jacinto Pasin (uma turma de fundamental e uma turma de médio). Ainda nete ano é construída a quadra de esporte coeberta da escola, antiga reivindicação dos alunos(as). Outros diretores nes período foram: Marli Brugnago; Kátia Elizabeth Drosda Senn, Pedro Rinaldo Ribeiro e, desde 2003, Salvador Ribeiro Jazzini. Caracterização do Atendimento O Colégio Estadual Adiles Bordin oferece as séries finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) como SEDE, e coordenando 03(três) APEDs e Paraná Alfabetizado. O Ensino Fundamental é organizado em dois ciclos de formação: III e IV ciclo. O Ensino Médio teve sua implantação do ano letivo de 2006, de forma gradativa, tendo hoje todas as turmas e funcionando. A partir de 2010, está fincionando por Blocos de Disciplinas. A Eja atende por disciplinas, tanto no Fundamental quanto no Médio. O atendimento ocorre em três períodos: matutino (das 7 h e 30 min às 11 h e 55 min) e vespertino (das 13 h às 17 h e 25 min), com aulas de 50 minutos e intervalo de 15 minutos (Anexo I), à noite atende das 19:00 às 20:30. Atualmente, o Colégio possui em torno de 500 alunos matriculados no Ensino Regular, distribuídos em três turmas de 1º ano do III ciclo, sendo duas no período matutino e uma no período vespertino, três turmas de 2º ano do III ciclo, sendo duas no período matutino e uma no período vespertino, três turmas de 1º ano do IV ciclo no período matutino, sendo duas no período matutino e uma no vespertino, duas turmas de 2º ano do IV Ciclo no período matutino, duas turmas de 1ª série, uma turma de 2ª série e uma turma de 3ª série do Ensino Médio no período matutino (Anexo II). Possui seis APEDs (EJA) e na SEDE atende turmas de Ensino Médio 7 e Ensino Fundamental. No período vespertino funciona uma Sala de Recursos para atender, no máximo vinte alunos regularmente matriculados no período matutino no Ensino Fundamental de III e IV ciclo ou 5ª a 8ª séries da rede estadual, egressos da Educação Especial ou aqueles que apresentam problemas de aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem que necessitam de apoio especializado complementar para obter progresso no processo de aprendizagem na Classe Comum. Esses alunos são atendidos individualmente ou em grupos de até três alunos, conforme cronograma elaborado pela professora regente da Sala de Recursos e equipe pedagógica (Anexo III). Os grupos de alunos são organizados por faixa etária e/ou conforme as necessidades pedagógicas semelhantes dos mesmos. O atendimento pode ser de duas a quatro vezes por semana, não ultrapassando duas horas diárias. O Colégio também oferece Salas de Apoio à Aprendizagem, que é uma ação pedagógica da Secretaria de Estado da Educação para enfrentamento dos problemas relacionados ao ensino de Língua Portuguesa e Matemática e às dificuldades de aprendizagem, identificadas nos alunos matriculados no 1º ano do III ciclo, no que se refere aos conteúdos de leitura, escrita e cálculo. No período matutino o Colégio tem uma Sala de Apoio de Matemática e uma de Língua Portuguesa para atender os alunos que estudam regularmente no período vespertino, e neste tem uma Sala de Apoio de Matemática e uma de Língua Portuguesa para atender os alunos que estudam regularmente no período matutino. A carga horária para cada uma das disciplinas é de quatro horas-aula semanais, sendo ofertadas duas vezes por semana duas aulas germinadas (Anexo IV). O Colégio também oferece o Centro de Estudos de Língua Estrangeira Moderna (CELEM) de Espanhol, conforme cronograma em anexo (V). Também oferece duas turma do Viva a Escola ( projeto da Secretaria de Estado da Educação), uma turma de voleibol e uma turma de informática. Quadro de Pessoal O Colégio Estadual Adiles Bordin possui atualmente quarenta professores quatorze funcionários (Anexo VI). A maioria dos professores (72,5%) são concursados (QPM/SCO2), 97,5% dos professores possuem o Ensino Superior completo em sua área de atuação. Os professores que ainda não possuem o Ensino Superior completo não são 8 concursados, estão cursando a faculdade e atuam na área em que estão sendo formados. Duas professoras possuem formação na área de Educação Especial, sendo que uma é professora da Sala de Recursos e outra é professora de Apoio Permanente de uma aluna com Esquizofrenia . Essa professora atua no contexto da sala de aula em que o aluno está matriculado, auxiliando-o em suas dificuldades. Quanto aos funcionários, onze são concursados e apenas dois possuem outro vínculo (PSS). Um funcionário é contratado e pago com recursos da APMF. Sete funcionários possuem curso superior completo, quatro funcionários possuem o Ensino Médio completo, três possuem o Fundamental completo. Para atender aos 600 alunos matriculados atualmente, a escola precisa de mais funcionários (inspetor e pedagogo), sobretudo, no período matutino que possui cerca de 430 alunos. Organização do Espaço Físico O Colégio Estadual Adiles Bordin funciona no mesmo prédio da Escola Municipal Dario Bordin e a maioria dos espaços são compartilhados. O Colégio Estadual Adiles Bordin ampliou seu espaço construindo salas de aula (duas no piso inferior e seis no superior) e, atualmente, possui seis salas de aula no piso inferior e seis salas no superior. Duas salas foram disponibilizadas para o Laboratório do Paraná Digital e sala de professores e uma para Biblioteca e Laboratório do PROINFO. No piso inferior possui ainda: duas secretarias (uma estadual e outra municipal), duas salas de uso dos pedagogos (uma estadual e outra municipal), uma cozinha pequena, uma despensa também pequena e sem ventilação, dois banheiros para professores e funcionários com apenas um vaso sanitário e uma pia em cada, um banheiro para meninas com quatro vasos sanitários, um banheiro para meninos com três vasos sanitários, uma pequena área coberta onde estão dispostas cinco mesas com bancos para que os alunos possam lanchar, que funciona como um refeitório inadequado. Há também três salas de aula separadas do prédio principal que são usadas apenas pelo município. Com o crescente aumento de alunos, professores e funcionários, esses espaços tornaram-se pequenos e, segundo medidas técnicas da FUNDEPAR, insuficientes para o número de alunos. Além disso, a escola não possui um banheiro adaptado para os alunos cadeirantes que já estão matriculados (um aluno no estado e dois alunos no município). 9 Na parte externa há uma quadra coberta e outra quadra pequena sem cobertura, com piso bruto, e um pátio na frente da escola. Há também uma pequena parte coberta, além daquela onde estão as mesas, onde os alunos formam as filas para a entrada nas salas de aula. O Colégio possui também um pequeno estacionamento, uma área lateral onde foram construídos os canteiros para os alunos desenvolverem a horta escolar, uma casa de alvenaria onde mora um Policial Militar que cuida da escola. Apesar de ser fácil o acesso à parte inferior da escola, ela não possui nenhuma adaptação para alunos cadeirantes, apenas a entrada nas salas, e o acesso ao piso superior é impossível a estes. OBJETIVO GERAL O Colégio Estadual Adiles Bordin se preocupa com a formação humana do aluno, 10 por isso queremos construir uma escola que forme um cidadão integralmente, que tenha um projeto de vida que leve em conta o bem comum e que use o conhecimento para sua efetivação. Queremos uma escola que dê todas as condições para o aluno, através do seu aprendizado, para que ele possa romper com essa sociedade capitalista, excludente e injusta. Uma escola que seja democrática, que dê as mesmas condições de partida para todos os alunos, mas também as mesmas condições de chegada, uma escola pública que garanta o pleno desenvolvimento do aluno. Portanto, é necessário que a escola trabalhe para formar sujeitos críticos, que saibam defender seus interesses e os da coletividade, que não fiquem apáticos e paralisados diante das injustiças que ameaçam o bem comum, que se reconheçam parte da sociedade e que saibam que o que nela ocorrer os afetam diretamente, que lutar por ela é lutar por si e pelos outros sujeitos. Para tanto, é necessário valorizar e respeitar a cultura que o aluno traz, além de trabalhar outras culturas para que ele também valorize e respeite a diversidade. Partindo do conhecimento que o aluno possui, será trabalhado o conhecimento científico como um processo dinâmico que precisa ser compreendido, construído e reelaborado, e não como algo pronto e acabado que deve ser memorizado. A avaliação terá um papel central na efetivação dos nossos objetivos. A partir da avaliação diagnóstica e emancipadora é que poderemos incluir todos os alunos no círculo da aprendizagem, fazendo com que superem suas dificuldades e desenvolvam suas potencialidades. MARCO SITUACIONAL Vivemos em uma sociedade capitalista, injusta, organizada em classes desiguais. 11 A globalização é um fenômeno que tem sido usado para caracterizar essa sociedade que exclui, classifica, explora, gera desemprego e todo tipo de violência. Essa globalização apresenta, de um lado, a homogeneização dos espaços e da sociedade e, de outro, a ampliação das desigualdades sociais e econômicas. Ou seja, teoricamente, todos têm liberdade e possibilidade de participar de todos os espaços sociais, mas na realidade o que acontece é que a grande maioria da população vive à margem, sem ter acesso nem aos direitos básicos como educação e saúde, numa evidente exclusão. Para que possamos considerar uma pessoa realmente incluída na sociedade, de acordo com Kuenzer (2005), é preciso, em primeiro lugar, que ela participe da produção e apropriação dos bens, ou seja, que tenha um trabalho e possa usufruir de tudo o que a humanidade produz. Em segundo lugar é preciso que a pessoa participe da posse e da construção do conhecimento e da cultura e, finalmente que ela tenha acesso ao poder, usando seu direito de eleger e ser eleito. Isto não é possível numa sociedade capitalista, portanto, poucas pessoas num mundo que vende o sonho da liberdade são realmente livres para incluírem-se nele. Nosso país vive essa realidade que vem sendo construída há mais de quinhentos anos: apesar de ser grande e rico, a maioria da população não possui condições dignas de vida. A riqueza sempre concentrada na mão de poucos é a principal causa do empobrecimento da maioria da população, ao lado do desemprego, da vulnerabilidade externa, da carência de serviços básicos, como saúde e educação, e das relações de corrupção, principalmente entre políticos e grandes empresas. A concentração de renda pode ser entendida melhor quando transformamos os dados em um exemplo mais prático: imaginemos que 57 pessoas, que são as mais pobres, tenham que dividir 3 sanduíches; 26 pessoas, que são pobres, tenham que dividir 9 sanduíches; que 13 pessoas, que são ricas, tenham que dividir 26 sanduíches; e que 4 pessoas, que são as mais ricas, tenham 62 sanduíches para serem divididos. Esses são os dados da riqueza produzida por todos, mas que ficam nas mãos de poucos. O Colégio Adiles Bordin atende exatamente essa população que participa da produção da riqueza, mas que é excluída do produto dessa produção. Para ter um conhecimento melhor da comunidade que a escola atende, elaboramos um questionário (Anexo VII) para ser respondido pelas famílias. Assim, foi possível levantar vários dados importantes que contribuirão para nossa ação pedagógica. Além da comunidade do bairro Cidade Jardim, o Colégio atende os alunos dos bairros próximos (Bairro Bento Munhoz, Conjunto Panorama, Conjunto Bandeirante, 12 Bairro Bom Jesus, Bairro Ouro Verde e Bairro São Sebastião), porque nesses bairros não há escolas que ofereçam as séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Não possuímos, no momento, alunos que venham de reservas indígenas, do campo, quilombolas, itinerantes e ilhéus. A grande maioria das famílias dos alunos possui religião (97%), sendo que 75% das que possuem declaram-se católicas e as demais evangélicas. Quanto à origem étnica, 66% são descendentes de europeus (portugueses, italianos, poloneses, ucranianos, alemães) e 28% são descendentes de índios e negros e, quanto à raça, 56% declaram-se brancos, 8% negros, 30% pardos e 6% amarelos. A comunidade acredita que no Brasil há o pior tipo de racismo, que não há raças superiores ou inferiores e que os preconceitos que temos, mas negamos, nos são passados pelas piadas, pela televisão e pela própria família. Em nossa sociedade não existe apenas um modelo de família, pois construímos laços familiares com as pessoas com as quais moramos. Em nossa comunidade, a maioria das famílias (62%) são formadas por até cinco pessoas, possuindo vários graus de parentescos entre elas, como pais, avós, tios e primos. Quase na metade das famílias (42%) existem problemas constantes de saúde que afetam um ou mais membros da família. Entre os mais freqüentes aparecem os problemas com pressão arterial, pulmão, coração e depressão. Além disso, 24% da comunidade possui um familiar dependente químico (álcool ou fumo). Várias dificuldades encontradas na comunidade foram apontadas, em ordem de preocupação: uso de drogas, animais soltos na rua, roubos, esgotos e valetas a céu aberto, ruas em péssimas condições de tráfego, vandalismo contra o patrimônio público, lixo nas ruas, iluminação pública precária, falta de áreas de lazer, falta de segurança, destruição ambiental, falta de respeito entre as pessoas. Quanto ao problema dos animais soltos nas ruas (cachorros, gatos e cavalos), que preocupa 62% da população, a comunidade sugere que as autoridades das áreas da saúde e justiça tomem providência e que haja um trabalho de conscientização que atinja principalmente os donos desses animais. Sobre o problema do lixo, a grande maioria (71%) coloca na frente de casa para ser levado pelo caminhão de coleta, apenas 3% utiliza o lixo orgânico no quintal da própria casa. Ao colocar o lixo para ser coletado, 51% da comunidade faz a separação dos materiais que podem ser reciclados. As pessoas da nossa comunidade têm valor pelo que são e não pelo que têm, 13 mas acreditamos que elas deveriam ter acesso a todos os serviços e bens produzidos pelo trabalho humano para a garantia de sua cidadania. Infelizmente não é isso que acontece: os bens materiais que a maioria das famílias possuem são a televisão (82%), a geladeira (73%), o aparelho de som (66%), a casa (66%) e a bicicleta (66%). Apenas uma pequena minoria possui vídeo-cassete, DVD, computador, internet, antena parabólica e carro. Quanto aos serviços, a maioria tem apenas água encanada e luz elétrica (80%), esgoto, telefone fixo e celular são possuídos por menos da metade das famílias. O meio de locomoção mais usado é a bicicleta e os menos usado são o ônibus (pelo custo da tarifa) e o carro. O serviço de telefonia é considerado importante pela comunidade, sendo que o celular ainda é mais acessível que o fixo. A comunidade destaca, porém, que na escola o telefone celular é desnecessário e prejudicial aos estudos, não concordando em hipótese alguma com seu uso dentro do Colégio. O lazer é considerado importante para uma boa qualidade de vida, sendo uma atividade presente na maioria das famílias, através das seguintes atividades: campeonatos, festas, bailes, jogos e passeios. Por isso, a comunidade sugere que nos finais de semana o Colégio e outros espaços, como o Centro Comunitário, sejam usados para atividades desse tipo, além de serem usados para oferecer cursos de teatro, dança e informática. Sobre a questão do trabalho, a comunidade apresenta a seguinte realidade: a maioria trabalha com carteria assinada exercendo as seguintes profissões: mecânico, pedreiro, pintor, doméstica, professora, vigia, secretária, cozinheira, marcineiro, comerciante, motorista, servente, operador de máquina e jardineiro. Na comunidade existem casos de menores que trabalham para ajudar na renda familiar, fazendo “bicos” como ajudante de pedreiro, ajudante de mecânico, sorveteiro, jardineiro. A renda da maior parte da comunidade (55%) é de um a dois salários mínimos, 13% ganham menos que um salário e apenas 11% mais que cinco salários. Portanto, a maioria da comunidade é beneficiada com algum programa do governo que visa diminuir as desigualdades sociais: 40% são beneficiadas com o programa Bolsa-família do governo federal, 13% participam do programa Leite das Crianças, 13% são beneficiadas com o programa Luz Fraterna e 2% com o programa Água em sua Casa, todos do governo estadual. A opinião que possuem a respeito desses auxílios é que eles ajudam muito, são importantes para melhorar um pouco as condições sociais das famílias, mas o 14 ideal seria que todos tivessem oportunidade de trabalhar e com isso garantir o sustento e o bem-estar da sua família. Quanto ao nível de escolaridade da comunidade, a maioria possui o Ensino Fundamental incompleto e uma pequena minoria possui o Ensino Superior completo. Várias pessoas das famílias dos nossos alunos, que não tiveram a oportunidade de continuar seus estudos anteriormente, voltaram a estudar na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Vários pontos positivos da escola são destacados pela comunidade: a atuação dos professores, o atendimento prestado pelos funcionários, as atividades oferecidas pela escola (piquenique, festas, futsal, grupo de teatro), o nível de aprendizagem dos alunos e os conteúdos trabalhados em sala de aula e a organização da escola em geral. Alguns pontos também são destacados para serem melhorados: o comportamento de alguns alunos que desrespeitam os colegas, a indisciplina de alguns alunos. Através do questionário e das conversas freqüentes com as pessoas da comunidade, sentimos que todos querem um futuro melhor para seus filhos, querem que eles sejam pessoas felizes, que tenham acesso ao conhecimento e que possuam um trabalho e possam usufruir do produto dele, ou seja, o rompimento desse modelo de sociedade em que vivemos é uma necessidade urgente, pois da maneira como ela está organizada não terá espaço para todos viverem com dignidade. Sabemos que esse modelo de sociedade foi construído historicamente, segundo valores da classe dominante e que, portanto, pode ser transformada. Nesse sentido é que destacamos o papel da escola, descartando duas posturas inadequadas, citadas por Kuenzer (2005). A primeira postura diz respeito ao imobilismo, ou seja, não podemos pensar que a sociedade é assim mesmo e que nada podemos fazer porque a escola é determinada pelas mesmas políticas que mantém esse modelo de sociedade. A segunda postura diz respeito ao idealismo, ou seja, não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que somente através da escola mudaremos o mundo e que ela é a solução para todos os males. Diante disso, nossa opção é por uma postura responsável, ou seja, temos consciência que a burguesia cede alguns espaços para a classe trabalhadora e um deles é o espaço escolar. Sendo cedido pela classe dominante não está isento das ideologias dessa classe que deseja apenas a reprodução do modelo social que oprime, explora, classifica e exclui. Mesmo assim, acreditamos que o objetivo do nosso trabalho, que contraria o que vemos na sociedade é formar a pessoa humana para que seja ética, 15 solidária, que possua um projeto de vida que leve em conta o bem comum e que force espaços de atuação para que essa sociedade perversa seja transformada. Nosso trabalho, por si só, não transforma a sociedade, mas pode formar pessoas melhores, com capacidade para intervir e transformar. Nesse contexto é que se situa o Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio e EJA, apresentando a seguinte realidade: Aprendizagem Fase ano Sem freq Aprov % Reprov % Transf % Desist % % 1º 2005 0 2,4 6,0 4,8 ANO 2006 0 0,0 15,0 7,0 3º 2007 0 3,8 13,6 2,9 CICLO 2008 0 10,2 10,2 0 2009 2005 2006 2007 2008 2009 2005 2006 2007 2008 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100,00% 72,9 65,0 76,9 77,7 93 4,9 8,0 5,4 11,1 7 2,0 0,0 0,0 5,7 22,2 10,0 13,2 11,1 0 17,0 4,3 0 10,2 11,0 7,6 5,7 0 9,0 3,2 1,1 2009 0 100 2º 2005 0 79,2 6,9 4,6 9,3 ANO 2006 0 64,0 8,0 16,0 12,0 IV 2007 0 71,1 11,5 8,7 8,7 CICLO 2008 0 82,6 10,6 6,6 0 2009 0 94 4,1 2006 0 45,0 6,0 21,0 28,0 2007 0 60,4 16,2 9,3 13,9 2008 0 63,7 22,4 6,9 6,9 2009 0 89,1 6,9 2º ANO 3º CICLO 1º ANO IV CICLO 1EM 3,9 4 16 2 EM 3 EM 2007 0 74,0 3,7 11,1 11,1 2008 0 71,4 14,2 14,2 0 2009 2008 2009 0 0 0 92 77,7 100 4 0 16,6 4 5,5 Analisando o quadro acima, vemos que no 1º Ano do III Ciclo e no 1º Ano do IV Ciclo não há porcentagem de aprovação porque a escola está organizada em ciclos de aprendizagem e nessas séries não há reprovação, exceto por freqüência, como determina a LDB 9394/96, artigo 24, inciso VI, “o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de sententa e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação”. Há uma grande porcentagem de transferidos porque as famílias dos alunos mudam muito de endereço por questões sociais: moram em casas alugadas ou mudam de cidade em busca de emprego. É comum, porém, haver retorno desses alunos no decorrer do ano letivo. Um dado que preocupa a todos é a porcentagem de alunos desistentes e sem freqüência, ou seja, alunos que foram matriculados e não frequentam regularmente as aulas. Mesmo sendo um índice baixo, nos inquieta já que nosso objetivo é garantir o acesso a e permanência das crianças/adolescentes na escola. O motivo dessas desistências, na maioria das vezes, é o ingresso desses no mercado de trabalho. Geralmente são alunos em defasagem idade/série que precisam trabalhar para ajudar no sustento da família e esta, por sua vez, incentiva o trabalho em detrimento da escola porque a necessidade que possuem é imediata. Sabemos que vários alunos que desistem da escola regular acabam retornando mais tarde para a Educação de Jovens e Adultos. Em todos os casos de alunos que reprovaram por freqüência e que desistiram houve o seguinte procedimento por parte da direção e equipe pedagógica: conversa com o aluno, conversa com os responsáveis pelo aluno, encaminhamento para o Conselho Tutelar. Infelizmente estas ações não deram conta de mantê-los na escola. Mesmo não sendo possível avaliar a aprendizagem somente através de dados, sendo esta um processo contínuo, que não acontece por saltos, os dados nos dizem que a grande maioria dos alunos aprende. Um avanço significativo que tivemos foi a implantação da Sala de Recursos e da Sala de Apoio à Aprendizagem no ano de 2005, 17 pois os alunos que antes possuíam dificuldade e necessitavam de um atendimento diferenciado tinham apenas o período regular para superá-las. Desde a implantação dos ciclos, os profissionais da escola começaram a se preocupar com as questões de avaliação e com um apoio para todas as turmas no período contrário da sala regular, o que tem sido uma reivindicação constante. Enfrentamos algumas dificuldades no dia-a-dia que interferem na aprendizagem dos alunos, como a não realização das tarefas de casa, a falta de cuidado dos materiais por parte dos alunos, a falta do hábito de estudo, a falta de incentivo e motivação para estudar, a dificuldade de relacionamento entre alguns alunos e a dificuldade que alguns alunos apresentam na atenção, concentração e memória. Outra dificuldade se refere à concepção de alguns alunos que, influenciados pelo mundo adulto e pela sociedade em que vivem, acreditam que devem estudar apenas para passar de ano e que a escola que tenta não classificar nem excluir não exige estudo. As disciplinas trabalhadas no Colégio Adiles Bordin, assim como a carga horária, estão de acordo com a matriz curricular (Anexo VIII) que ficou assim definida para atender ao artigo 26 da LDB 9394/96, a instrução nº 04/2005 da Secretaria Estadual de Educação e as necessidades e realidade da escola. Além da Base Nacional Comum, o Colégio oferta no Ensino Fundamental uma Língua Estrangeira Moderna como parte diversificada: Língua Inglesa e no Ensino Médio a Língua Inglesa e a Língua Espanhola A prática pedagógica dentro de cada área é orientada pelas Diretrizes Curriculares Estaduais que foram construídas pelos professores do Estado do Paraná. O planejamento em cada área do conhecimento é realizado pelos professores semestralmente, depois que tivereem conhecimento da turma que irão trabalhar. Os conteúdos trabalhados em cada área levam em consideração os conhecimentos que os alunos já possuem. Ou seja, parte-se da prática social, ampliam-se os conhecimentos para que, novamente, eles sejam aplicados na prática social. Existem conteúdos que se tornam mais difíceis para os alunos fazerem essa ponte conhecimentoprática, por isso é fundamental partir da realidade mais próxima e valorizar a contribuição dos alunos durante as aulas. Portanto, os professores não se prendem somente ao livro didático ou ao planejamento; acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia são aproveitados para se trabalhar com o conhecimento científico, temas sociais contemporâneos (desemprego, fome, racismo, relações de gênero, água e meio ambiente, entre outros) são valorizados e estão muito presentes em sala de aula, assim como temas que vão surgindo durante o 18 ano e criando a necessidade de serem abordados (Drogas, Sexualidade, entre outros). A história e a cultura afro-brasileira, africana e indígena também são temas contemplados, sobretudo, nas áreas de História, Língua Portuguesa e Artes, e os estudos sobre o Estado do Paraná estão inseridos nas disciplinas de História e Geografia. Com relação à Educação Fiscal, seis professores foram capacitados para serem os disseminadores, possuindo o compromisso de trabalhar com os colegas e alunos os conteúdos inerentes ao Curso on-line do programa Nacional de Educação Fiscal, como objetivo de promover o exercício da cidadania. São trabalhados em todas as turmas os temas sociais contemporâneos. Avaliação da Aprendizagem Procuramos desenvolver a avaliação da aprendizagem de acordo com nossa concepção de escola e sociedade e para atender aquilo que os ciclos de aprendizagem pressupõem, ou seja, trabalhamos com uma avaliação contínua que se desenvolve ao longo do processo educativo e não se destina a julgamento definitivo, mas ao diagnóstico. Isso significa que a avaliação não serve para selecionar os alunos e, sim, para incluir todos no círculo da aprendizagem. Todos os professores utilizam vários mecanismos para avaliar os alunos, como: provas, trabalhos individuais, trabalhos em grupo, pesquisas, apresentações, exercícios realizados em aula, acompanhamento dos cadernos. A participação dos alunos é sempre valorizada, havendo constantemente incentivo para que todos façam as tarefas, exponham seu pensamento e tirem suas dúvidas. Como não trabalhamos com o sistema de notas no Ensino Fundamental, os(as) professores(as) utilizam conceitos e pareceres nas avaliações. O grupo de professores avaliam tudo o que é produzido pelos alunos em todas as aulas, sem a preocupação em pontuar atividades que servem somente para avaliar. Os professores(as) conversam no início do ano com as turmas para estabelecer junto com os alunos os critérios de avaliação. Assim como são oportunizadas várias chances para os(as) alunos(as) demonstrarem o que e como aprenderam, existe, por parte dos(as) professores(as), uma preocupação constante em retomar os conteúdos que não foram bem compreendidos. Ou seja, não priorizamos recuperação de estudos depois do processo de aprendizagem, valorizando-a no próprio processo de aprendizagem. Alguns professores demonstram várias preocupações, principalmente pelo fato de 19 nossa escola ser organizada em ciclos de formação que não prevêem reprovações nos primeiros anos de III e IV ciclo, acreditando que, por esse motivo, alguns alunos precisam de mais apoio no período contrário da aula (no momento é oferecido somente para os alunos do 1° ano do III ciclo); em caso de transferência para outra escola, temem que os alunos não consigam acompanhar os conteúdos. O Conselho de Classe realizado ao final de cada bimestre (Ensino Médio) e de cada trimestre (Ensino Fundamental) tem sido um espaço para exposição de nossas angústias, reflexão sobre a prática e para a avaliação do nosso trabalho. Mas, ainda tem sido um espaço com vários limites: não conta com a participação de todos os professores, apontam-se muitos fatores negativos, em detrimento dos avanços, não sobra tempo para estudo de textos que são necessários para desencadear uma boa discussão. No Conselho de Classe do Ensino Fundamental que ocorre no final do ano é que decidimos, coletivamente, sobre o aproveitamento ou não por parte dos(as) alunos(as). Esse não é um momento fácil, pois é preciso avaliar o desempenho dos alunos durante todo o ciclo, e não apenas durante o último ano, e em todas as áreas do conhecimento. Só acontece a reprovação quando há consenso entre os professores e não temos o sistema de dependência no Ensino Fundamental. No Ensino Médio, por ser organizado de forma seriada (por Blocos de Disciplinas), o aluno precisa atingir a média no final dp Bloco, de seis pontos em cada disciplina. Quando o aluno não atinge a média em até três disciplinas, no ano, ele pode passar para a série seguinte, ficando em dependência. Ou seja, além de ter que aprender os conteúdos do Bloco em que está, terá que estudar novamente os conteúdos do Bloco anterior das disciplinas em que ficou em dependência. O registro da avaliação do Ensino Fundamental acontece da seguinte forma: semestralmente os professores elaboram pareceres descritivos do desempenho de cada aluno, dentro de cada área do conhecimento. Esses pareceres substituem as notas usadas nos sistemas seriados e acompanham os históricos escolares em caso de transferência. Para comunicar aos pais o rendimento dos alunos e para complementar a poposta difrerenciada de avaliação, o Colégio adota um parecer trimestral individual onde os professores registram o desempenho dos alunos em cada área do conhecimento, usando para isso conceitos pré-estabelecidos (Anexo IX). Além disso, cada turma realiza, sob a coordenação do professor conselheiro, um parecer sobre os avanços e as dificuldades encontradas no período e registram as expectativas para o próximo (Anexo X). 20 Depois da avaliação da turma, cada aluno faz individualmente uma autoavaliação, registrando suas dificuldades, seus avanços e suas expectativas. Quando os pais recebem a pasta com esses pareceres têm a oportunidade de identificar qual é efetivamente o desempenho de seu filho e têm, também, a oportunidade de dar seu posicionamento sobre a vida escolar dele, preenchendo o seu parecer (Anexo XI). Essa maneira de registrar a avaliação, além dar condições para que os alunos percebam quais são suas dificuldades, incentiva os alunos a estudarem e faz com que todos assumam seu papel no processo educativo. O que os alunos e os pais escrevem nos pareceres tem ajudado muito na reflexão sobre nossas ações e cada vez mais reafirma a validade da nossa prática avaliativa. No início de cada ano letivo os pareceres são revistos pelos professores; e podem sofrer alterações, de acordo com as necessidades que vão surgindo. O Ensino Médio apresenta o registro da avaliação em forma de boletins. A EJA apresenta registro de avaliação em livro de registro de classe próprios, conforme quadro de disciplinas e cronograma (anexos) Inclusão Mesmo não possuindo ainda todas as condições necessárias para que nossa escola se constitua o lugar preferencial para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais que não necessitam de atendimento educacional em Escola Especial, sabemos da importância da inclusão. A escola acolhe os alunos, mas entende que este é um processo gradativo, que tem que ser construído aos poucos e que algumas condições devem ser dadas no momento da inclusão (professor de apoio permanente, intérprete de libras, por exemplo) e outras farão parte do próprio processo. Temos, atualmente, na área da Educação Especial, dois serviços de apoio especializados: Sala de Recursos e Professora de Apoio Permanente. A Sala de Recursos é ofertada aos alunos do Ensino Fundamental no período contrário daquele em que freqüentam a classe comum, com professor da Educação Especial, onde o atendimento pedagógico específico se dá individualmente ou em pequenos grupos, com cronograma de atendimento, com vista ao progresso global dos alunos que apresentam dificuldade no processo de aprendizagem, com utilização de programações específicas, métodos, estratégias, atividades diversificadas e 21 extracurriculares. A professora regente da Sala de Recursos vem à escola uma vez por semana no período da manhã para conversar com os professores da classe regular e com a equipe pedagógica sobre as dificuldades e os avanços para redefinição de ações junto aos alunos que freqüentam essa sala. A professora de apoio permanente atua no contexto da sala de aula junto a uma aluna com esquizofrenia. O Colégio não possui ainda nenhuma adaptação de sanitários para alunos cadeirantes, exceto as carteiras escolares adaptadas que foram recebidas no início do ano de 2006. Formação inicial e continuada Consideramos a formação continuada essencial no exercício da nossa profissão, pois é através do estudo teórico e da reflexão sobre nossa prática que temos oportunidade de revermos nossos pontos de vista, reconsiderarmos nossas ações e melhorarmos nossa atuação. Quanto à formação inicial, todos/as os/as professores/as possuem a formação na sua área de atuação e a maioria tem especialização. Os funcionários também possuem a formação mínima exigida para o exercício de suas funções. No que se refere à formação continuada, os professores têm tido várias oportunidades, como: cursos de formação nas diferentes áreas realizados em Curitiba e Faxinal do Céu, palestras realizadas pelo Núcleo Regional de Ensino (NRE), grupos de estudos por disciplina e por temas realizados na própria cidade aos sábados, simpósios nas diferentes áreas realizados em Curitiba e em Faxinal do Céu, Jornada Pedagógica organizada pelo NRE, encontros realizados no NRE para discussão de assuntos específicos (exemplo: grupo de estudo das Salas de Apoio), capacitações realizadas no início dos períodos letivos nas escolas e cursos on-line (Ex.: Educação Fiscal, Prevenção ao Uso de Drogas). Os conteúdos abordados e os materiais disponibilizados nessas formações são bons, os professores são de qualidade, mas destacamos alguns pontos que precisam ser melhorados para atingir todos os professores. O primeiro ponto diz respeito aos grupos de estudo por área e temas que deveriam acontecer no horário de trabalho, pois a formação faz parte do exercício da nossa profissão. O segundo se refere às palestras que o NRE organiza e que acontecem no horário das aulas sem haver dispensa de alunos, ou seja, apenas alguns professores podem participar. O terceiro ponto se refere aos simpósios e 22 cursos oferecidos fora da cidade que também dificultam a participação de todos porque, além das vagas serem limitadas, alguns professores não podem se ausentar da cidade. Quanto a outros pontos mais específicos de cada formação, preenchemos sempre as avaliações colocando nossas opiniões a respeito. As capacitações realizadas na escola atingem um número maior de professores e a discussão é voltada especificamente para nossa realidade, por isso consideramos que deva ocorrer com maior freqüência e não apenas duas vezes ao ano. Por iniciativa da própria escola, temos forçado algumas reuniões de estudo durante o ano (uma hora a cada quinze dias) para discutir assuntos que assumem no dia-a-dia relevância e urgência, mas pela necessidade de pensar mais sobre nossa prática e relacionar nossas dificuldades com teorias que nos apontem um caminho, esses espaços ainda são insuficientes. Infelizmente, os funcionários ainda não possuem todas essas oportunidades. Mesmo quando as formações ocorrem na escola, não há a participação efetiva de todos os funcionários porque ocorrem justamente nos períodos em que eles precisam organizar a escola para a volta dos alunos. Consideramos necessário investir mais na formação dos(as) funcionários(as), oportunizando cursos direcionados às funções que exercem e espaços para que realmente possa haver a participação de todos. Quanto ao repasse dos conteúdos abordados nos cursos pelos professores que participaram, o tempo impede sua efetivação. O espaço do recreio não atinge todos os professores e é insuficiente para o repasse do mínimo que se pode socializar. O que ocorre, então, é uma socialização rápida com os colegas que estão naquele dia na escola ou com um ou dois colegas que realizam a hora-atividade juntos. Organização do tempo e do espaço A Colégio Adiles Bordin oferece, de acordo com a LDB 9394/96, a carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar. O calendário escolar é adequado, atendendo a comunidade local e o que rege a legislação (Anexo XII). É ofertado aos alunos apenas um turno de estudo regular e, são oportunizadas atividades que além das Salas de Apoio a Aprendizagem, da Sala de Recursos e do CELEM, complementam a ação educativa, como: - Futebol de campo (masculino) e futsal (masculino e feminino), sob coordenação do Sr. 23 Brandizio Borges Domingues (campo) e Jesse Voidaleski e Alex Felipe Alves (futsal), voluntários da comunidade. Os alunos que participam dos treinos participam também dos Jogos Colegiais. - Horta escolar ( a ser implantado a partir de setembro) que foi um projeto iniciado pela professora Marlene de Fátima Gavasso para incentivar os alunos para usar técnicas de plantio sem uso de agrotóxico, além de enriquecer a merenda escolar. Atualmente, é coordenado pela direção e tem a participação de todas as turmas do Colégio, sendo que será inserida no Programa Agenda 21, que terá inicício em setembro de 2010, coordenado por vários professsores. - Música – desenvolvido em párceria com a FAFI/SETI - Trabalho realizado pelos acadêmicos do curso de Farmácia da Uniguaçu de acompanhamento parasitológico dos/as alunos/as. - Projetos Viva a Escola desenvolvidos de acordo com as instruções recebidas da Secretaria de Estado da Educação: – Familiarização com os recursos tecnológicos (Informática), coordenado pelo professor Aldo Roman Alves Chuk. – Vôlei, coordenado pela professora Eleice Pigatto Além dessas atividades, temos o atendimento no período integral da biblioteca e do laboratório de informática para que os alunos possam ler e realizar seus estudos e pesquisas. O tempo escolar, assim como acontece nas escolas seriadas, é dividido em cinco aulas diárias, sendo que a maioria das disciplinas não possui aulas conjugadas. O tempo de cada aula é curto para se trabalhar com metodologias diferenciadas, prevalecendo, muitas vezes, as aulas expositivas. A fragmentação do tempo é sentida, sobretudo, pelos alunos que iniciam o III ciclo que vem de outra organização de tempo escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental: um professor regente que trabalha com quase todas as disciplinas e mais um ou dois professores que trabalham com Artes e Educação Física. Acontecem, no decorrer do ano, alguns trabalhos interdisciplinares para amenizar a fragmentação do conhecimento, retomando sua totalidade. Para facilitar esses trabalhos, no início do ano letivo são levantados alguns temas de importância social para serem trabalhados em todas as turmas por todas as disciplinas. Também decidimos coletivamente, para que haja participação de todos num 24 trabalho interdisciplinar, que participaremos e/ou desenvolveremos as seguintes atividades: – FERA (Festival de Arte da Rede Estudantil) que é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e que tem por objetivo estimular experiências nas diversas áreas e linguagens artísticas, desenvolvendo a interdisciplinaridade, trabalhando o conhecimento da arte e da cultura, contribuindo para a reflexão sobre a arte na educação e, ainda, promovendo o intercâmbio para enriquecer o tempo e o espaço escolar. – Com Ciência que também é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e se caracteriza como uma atividade pedagógica complementar e interativa, na qual as escolas – alunos e professores – possuem espaço para expor publicamente suas produções planejadas e executadas no cotidiano escolar. – Agenda 21 que envolve diversas ações relacionadas ao meio ambiente, entendendo-o não apenas como a natureza, mas a relação dos sujeitos no meio em que vivem, seja este social ou natural. Apoiaremos as ações desenvolvidas pelo grupo Eco que trabalha com as escolas essas questões, a exemplo da Passeata que participamos em defesa da Vida e da Água. Além disso, fizemos no Colégio uma Conferência Ambiental envolvendo todos os alunos na decisão de uma questão para se trabalhar com o objetivo de melhorar o meio em que vivemos. Realizada em 2005, discutimos a importância da preservação do Rio Vermelho que passa perto da nossa escola e que está sofrendo com a devastação da mata ciliar e com a plantação de pinus em áreas próximas. - Aula de Leitura que acontece em todas as turmas semanalmente, conforme cronograma pré-estabelecido. Esse momento é destinado a leitura de diversos gêneros e conta com a participação de todos os professores, independente da disciplina que leciona pois entendemos que a leitura é fundamental para a aprendizagem e para o exercício da cidadania. – Noite da Poesia que é organizada na própria escola pelas professoras de Língua Portuguesa, que após desenvolverem um trabalho sobre poesia nas salas de aula, fazem da noite um ponto de culminância, com declamação de poemas feita por vários alunos. – Festival da Canção que também é uma atividade organizada anualmente pela própria escola com o objetivo de desenvolver no aluno o gosto pela música, o respeito pelos diversos estilos musicais, além de ser uma atividade educativa que envolve toda a 25 comunidade escolar e é coordenado por Francis Rafael Alves, músico, formado emHistória, ex-aluno da escola e integrante da Banda Coração Tapera que contribui para o evento. - OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) que é uma iniciativa do governo federal, através dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, e tem como objetivos: contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento, identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas. - Jogos Colegiais e Jogos diversos – competições esportivas em que as equipes da escola participam. Além de recuperar o caráter totalizante do conhecimento, essas atividades favorecem a aprendizagem porque contam com a participação efetiva dos alunos. A organização do Grêmio Estudantil Ismela Weber, que é um espaço de atuação dos alunos, tem como objetivo, de acordo com o seu estatuto, representar condignamente o corpo discente; defender os interesses individuais e coletivos dos alunos do Colégio; incentivar a cultura literária, artística e desportiva de seus membros; promover a cooperação entre administradores, funcionários, professores e alunos no trabalho escolar, buscando seus aprimoramentos; realizar intercâmbio e colaboração de caráter cultural e educacional com outras instituições de caráter educacional, lutar pela democracia permanente na Escola, através do direito de participação nos fóruns internos de deliberação da Escola. Organização e distribuição das turmas Os professores lotados na escola escolhem, no início do ano letivo, as turmas com as quais vão trabalhar e as aulas que sobram são oferecidas, em nível de NRE, para os professores que estão sem lotação, depois para os professores que trabalham com aulas extraordinárias e, se mesmo assim faltarem professores, o NRE se encarrega de chamar aqueles que se inscreveram no Processo Seletivo Simplificado (PSS). Quanto à organização das turmas, essa se dá da seguinte forma: os alunos que são matriculados no início do III ciclo escolhem o período em que querem estudar (manhã ou tarde). Depois de escolhido o período, as turmas são distribuídas de maneira que fiquem equilibradas quanto ao número e ao sexo dos alunos e seguem assim até que os 26 alunos saiam do Colégio. Quando ocorre matrícula nova no decorrer do ano, o aluno é colocado na turma que, no momento, tem menos alunos, garantindo assim um equilíbrio entre as turmas. Quando há necessidade e consenso entre os professores, mudanças são feitas nas turmas no início do ano ou ocorre remanejamentos no decorrer das aulas. O horário das aulas é organizado pela direção e equipe pedagógica depois de conversar com os professores. Cada professor faz a opção pelos dias de suas aulas e são atendidos na medida do possível. Alguns casos se tornam impossíveis de serem atendidos porque a maioria dos professores possui aulas em outras escolas e é preciso conciliar e estudar cada possibilidade separadamente. O horário é feito logo no início do ano letivo, mas, devido às alterações no quadro de professores, é mudado durante o ano, ocasionando algumas vezes descontentamentos. Hora-atividade: Infelizmente, depois de organizado o horário é que se pensa a hora-atividade, que fica nas “janelas” e dificilmente os professores da mesma área conseguem fazê-la juntos. Isso também dificulta algumas trocas que se fazem necessárias como, por exemplo, quando um professor é chamado fora do horário para participar de uma reunião de estudo sem poder compensá-la porque sua hora-atividade não é nem no início e nem no final do horário das aulas, impedindo sua saída da escola. O Núcleo Regional de Educação propôs um calendário para concentrar a hora-atividade dos professores, mas, infelizmente, há uma grande dificuldade de organizar dessa forma o horário. A hora-atividade é usada pelos professores para leitura, estudo, conversa com os colegas, direção e equipe pedagógica, planejamento, preparação de aulas, avaliação, preenchimento de pareceres e livro de chamada. Ou seja, a demanda é grande para ter somente vinte por cento do tempo destinado à hora-atividade. Sofremos com a falta de um espaço físico adequado para fazer a hora-atividade, pois a sala dos professores é muito pequena e usada também pelo município e a biblioteca possui um fluxo muito grande de pessoas. Equipamentos Físicos: O Colégio Estadual Adiles Bordin possui vários equipamentos e materiais que são essenciais para a prática docente, como mostra a relação de bens móveis (Anexo XIV). Destacamos, portanto, as necessidades atuais: 27 - As cortinas das salas de aula estão novas, mas são feitas com um tecido muito fino, prejudicando algumas vezes a visibilidade que os alunos devem ter do quadro. Participação dos pais A participação dos pais acontece nas reuniões realizadas durante o ano. Geralmente, as reuniões são realizadas da seguinte forma: uma no início do ano para conversarmos sobre o funcionamento da escola e sobre o que está previsto para o ano, uma reunião ao final de cada trimestre (Ensino Fundamental) para entrega dos pareceres e conversa geral sobre o que acontece na escola, e uma ao final de cada bimestre (Ensino Médio) para entrega dos boletins e também para uma conversa geral sobre o que acontece na escola. Nessas reuniões há uma boa participação dos pais, pois acontecem no período da noite, quando a maioria não está em horário de trabalho. As reuniões ao final de cada trimestres são realizadas em dois momentos: no primeiro, a direção expõe para todos os presentes como a escola está desenvolvendo seu trabalho, e, no segundo, os pais vão até as salas de aula, separadas por série, para receberem dos professores os pareceres. Ou seja, no segundo momento, os pais podem conversar especificamente sobre a aprendizagem de seus filhos. Em algumas reuniões fazemos apresentações artísticas para que os pais também tenham a oportunidade de acompanhar as atividades que a escola desenvolve. Nas promoções que a escola precisa fazer para arrecadar dinheiro e fazer melhorias, há também uma boa participação dos pais. Há também a participação através da APMF (Associação de Pais, Mestres e Professores) e do Conselho Escolar, mas essa se dá, geralmente, acatando o que a escola decide, pois confiam naquilo que ela determina. Quanto à participação fora das reuniões e eventos, a maioria dos pais vêm até a escola somente quando são chamados para conversar sobre o desenvolvimento de seus filhos. Sabemos que isso ocorre, também, por falta de tempo, pois a maioria trabalha o dia todo fora de casa. Relações de trabalho Apesar de termos um objetivo comum que é a aprendizagem dos alunos, as relações entre os profissionais da escola não acontecem sem conflito, o que é positivo, 28 pois gera discussão e crescimento. As relações entre professores, alunos, direção e funcionários são relações de poder que, algumas vezes, ainda refletem a hierarquia tão presente em toda sociedade. Os professores possuem um relacionamento bom, de confiança, com a maioria dos alunos. Em algumas turmas isso é mais complicado, pois os próprios alunos, entre eles, possuem dificuldade de relacionamento. Quando o coletivo de professores encontra a necessidade de encaminhar alunos que possuem dificuldades que vão além das pedagógicas, ou seja, dificuldades de ordem psicológica, o Colégio busca ajuda na Universidade do Contestado (UnC), através do Projeto Psicologia Escola que esta desenvolve, e ajuda na área da saúde. Quando surgem problemas no que dizem respeito à área da saúde e que também interferem no processo educativo (visão, audição, fala, entre outros), os pais dos alunos são chamados na escola e orientados para que procurem o serviço de saúde. Quanto aos problemas que ocorrem com os alunos referentes à disciplina, a direção e equipe pedagógica tentam fazer um trabalho de orientação junto aos alunos e às famílias, sendo necessário, algumas vezes, a convocação do responsável. Havendo reincidência ou um ato infracional grave, a direção da escola recorre ao Conselho Tutelar e a Promotoria Pública, tendo ouvido o Conselho Escolar ou Patrulha Escolar. A relação dos professores com os pais é insuficiente, o contato entre eles ocorre somente nas reuniões e quando os pais são chamados na escola e mauitas vezes os professores não vem na reunião ou não estã na escola quando os pais vem. Um fator que interfere diretamente nas relações de trabalho é a falta de circulação de algumas informações, ou seja, nem todos ficam sabendo o que está acontecendo ou vai acontecer na escola. Isto se deve a vários fatores, entre eles: vários professores não estão todos os dias na escola, os murais sempre estão cheios de informações e mesmo assim não estão contemplando todas, alguns professores não participam do recreio que é onde circula mais informações. O Colégio compartilha o espaço com a escola municipal e, algumas vezes, surgem conflitos que são resolvidos pelas direções das duas escolas, devido ao pouco investimento que o município faz na escola e no que se refere à divisão do trabalho dos funcionários que cuidam da limpeza e organização das escolas. Contradições e conflitos A maior contradição que sentimos está no desejo que temos em construir uma 29 escola que não cabe nesse modelo de sociedade que faz com ela seja um espaço para atender aos interesses do capital. Nós, educadores, que somos frutos de uma educação autoritária, também sentimos dificuldade em romper com alguns conceitos que não cabem no sonho de escola que queremos. Algumas vezes nossa prática também não condiz com nosso discurso por questões externas (organização do espaço e tempo escolar, condições físicas e materiais da escola, por exemplo). Outras vezes, o que planejamos realizar em determinada turma ou circunstância não funciona para atingir nossos objetivos, forçando algumas atitudes que também contrariam nossos princípios e concepções. Estudos e discussões são realizados para diminuir a distância entre aquilo que acreditamos e aquilo que fazemos, mas a prática demora um pouco mais para mudar. MARCO CONCEITUAL 30 Quando falamos em educação, a reflexão deve partir sempre do contexto social no qual está inserida. Torna-se fundamental, portanto, relacionar educação, cultura e sociedade, centrando a atenção na perspectiva política da prática educativa, apontando características de que se reveste a escola em nossa sociedade. Para falar da educação é preciso refletir sobre a cultura, na medida em que se pode afirmar que educação é um fenômeno histórico e social de socialização de cultura. Não existe sociedade sem cultura, nem cultura sem uma relação social. Podemos definir cultura, de acordo com Rios (1994), como o mundo transformado pelas pessoas, através das relações estabelecidas. O mundo com o qual o ser humano se relaciona se apresenta em duas dimensões: natureza e cultura. A primeira independe do homem e da mulher para existir e a segunda é o mundo transformado pelo ser humano devido a sua necessidade de sobrevivência e interesse de alguns grupos. No momento que se interfere na natureza para satisfação de algumas necessidades, é posta em ação razão e criatividade, que são elementos inseparáveis. Dessa forma, cria-se cultura porque as maneiras de atender às necessidades não estão inscritas na natureza humana. Assim, não existem culturas melhores ou piores, existem culturas diferentes, pois todas as pessoas são cultas porque participam de algum modo da criação cultural, que é o resultado do trabalho. Não podemos falar em cultura sem falar em trabalho, que é a intervenção consciente e intencional na realidade. O trabalho está na essência humana, é o que nos faz sermos, não pode ser separado da sociedade, na medida em que é com os outros que se trabalha e cria cultura. Trabalhamos e criamos culturas que precisam ser preservadas e socializadas porque não estão incorporadas ao patrimônio natural, sendo esta a função fundamental das diversas instituições sociais. Podemos dizer que a educação, definida como socializadora de cultura, está presente em todas as instituições, mas especificamente na escola, o espaço de socialização sistemática do saber historicamente acumulado pela sociedade, com o objetivo de formar pessoas capazes de participar na construção dessa sociedade. Em cada sociedade a organização do trabalho determina a tarefa da educação escolar. Por exemplo, na sociedade capitalista, a escola é concessão da burguesia para que os sujeitos sejam inseridos nos valores e crenças da classe dominante. A ideologia presente na sociedade encontra na escola um espaço privilegiado para instalar-se no bojo do saber a ser transmitido e é caracterizada na dissimulação da realidade, apresentando como naturais elementos que são determinados pela relação 31 econômica de produção. Surge, assim, uma questão fundamental que merece consideração: se a escola é socializadora do saber acumulado, ela deve ser fonte de apropriação da herança social pelos que estão em seu interior. Entretanto, constatamos que grande parte de população está excluída do processo educativo formal e que a maioria que freqüenta a escola não tem oportunidade de apropriar-se dessa herança. Como a educação se insere na prática social global, passa a ser espaço de luta entre as classes sociais opostas. Saviani (1994) destaca que para uma classe tem uma função de ajustar, acomodar à ordem social vigente; para a outra, atua como instrumento de luta de mobilização, com vistas à promoção integral do ser humano. O processo educativo é, pois um conjunto de práticas que, ao mesmo tempo, mantêm e transformam a estrutura social. A escola intervém nos rumos da sociedade e é também continuamente influenciada pelo que ocorre fora do seu âmbito, na sociedade global. A ação das pessoas em sociedade tem um caráter político, ou seja, o poder é um elemento presente como constituinte do social. A idéia de política está associada à de poder, que, por sua vez, não se separa da idéia de força, e esta significa a posse de meios que permitam influir no comportamento das pessoas. A escola é uma instituição que tem como função específica a influência, na medida em que se destina a ensinar, dando-lhes o acesso ao saber necessário para direcionar sua inserção na sociedade. O poder não é somente a capacidade de influência, mas também a possibilidade de escolha, de definição entre alternativas de ação. Não há vida social que não seja política; é função de fins específicos, definidos por certos interesses, que as pessoas estabelecem suas relações com a natureza e uns com os outros, articulando em sua ação sua vontade com as condições concretas do contexto em que vivem. A função da educação tem uma dimensão técnica e uma política, dialeticamente relacionadas. É na articulação do que é especificamente pedagógico com a totalidade do social que se realiza a dimensão política da educação. O papel político da educação se revela na medida em que ele se cumpre sempre na perspectiva de determinado interesse. A escola está posicionada no âmbito da correlação de forças da sociedade em que se insere e, portanto, servindo às forças que lutam para perpetuar ou transformar o modelo de sociedade. 32 A escola está funcionando, na realidade, como um aparelho privilegiado para inculcação ideológica. Não apenas no que diz respeito aos conteúdos e técnicas, mas, principalmente, na postura dos educadores que nela desenvolvem sua prática. É importante lembrar o que Paulo Freire (1996) nos fala sobre o ato de ensinar: ensinar não é apenas transferir conhecimentos como se os alunos fossem bancos, onde o professor pode depositar o que quiser, como se o conhecimento fosse pronto e acabado e os alunos tivessem a obrigação apenas de guardar na memória o que o professor fala. Ao contrário, ensinar é uma atividade de produção e construção que envolve ensinantes e aprendentes, não sendo necessariamente o professor apenas aquele que ensina e educando apenas aquele que aprende. Diante disso, Freire (1996) propõe uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à autonomia do educando. O educador deve reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão, sempre levando em conta os saberes que os educandos já trazem consigo, respeitando-os e ampliando-os através da pesquisa, da criticidade, da estética e da ética. É imprescindível que o educador negue a velha postulação: “faça o que eu falo, não faça o que eu faço”, pois ele deve ensinar pelo exemplo e não apenas por palavras, aceitando o novo (negando-o ou acolhendo-o) e rejeitando qualquer forma de preconceito e discriminação. O professor não deve abrir mão da competência técnico-científica no desenvolvimento de seu trabalho, mas é preciso lembrar que isso é perfeitamente compatível com a amorosidade necessária às relações educativas. A postura amorosa, humilde e tolerante favorece a construção de um ambiente propício à produção do conhecimento, onde o medo do professor e o mito que se cria em torno da sua pessoa não possuem espaço. Enfim, é preciso ser coerente, agir com bom senso. De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudanças. Através de sua prática, movida pelo desejo e vivida com alegria, o professor não deve abrir mão do sonho, do rigor, da seriedade e da simplicidade, inerente à competência. Os educadores são desafiados constantemente pelo desconhecido e a renovação de suas práticas educacionais, através da formação continuada, torna-se uma questão de sobrevivência da escola. Porém esta renovação é complexa, primeiro porque perpassa todos os aspectos da prática pedagógica; segundo, porque exige abertura dos envolvidos no processo, somada à vontade política de mudar e, terceiro, porque os meios para 33 concretizar as aspirações devem estar em consonância com o contexto histórico concreto. Para isso, é fundamental, de acordo com Doll (1997), que o professor trabalhe levando em consideração os conceitos norteadores: autonomia, qualidade e cidadania (numa relação dialética entre os mesmos). Esses conceitos contribuem para o desenvolvimento de uma educação com qualidade formal e política e, conseqüentemente, instrumentalizam os/as professores/as para a participação na vida da escola. Destaca-se a autonomia, por ser um reconhecido valor hoje que “se constitui numa categoria central da essência da vida humana, e como tal, confere o poder de determinar os processos e as estratégias de ação, escolher caminhos e alternativas, bem como objetivar desejos e ideais no sentido de efetivar a ação crítica nas mais diversas situações que a vida nos impõe” (Soares; Pereira, 1997, p. 04). Castoriadis (1992), destaca que a autonomia é uma necessidade emocional, uma vez que os indivíduos precisam desenvolver uma efetiva comunicação entre si, numa sociedade em que o diálogo é essencial para o desenvolvimento das atividades. A falta de autonomia cria obstáculos às discussões abertas, gera violência e impede a manifestação plural. É uma necessidade sócio-cultural, uma vez que a nova sociedade traz, em suas contradições produtivas um amplo movimento cultural de superação de velhas concepções de mundo, exigindo uma nova direção das relações sociais e a elaboração de um novo comportamento chamado reflexivo. Sob este aspecto, a autonomia torna-se necessidade política, pois somente um indivíduo autônomo possui condições de entender as contradições do mundo globalizado, questionando-as e agindo no sentido de canalizar as oportunidades para mudanças qualitativas. Por tudo isso, a autonomia tornou-se condição de sobrevivência para os indivíduos na sociedade atual. Somente o ser humano autônomo será capaz de interferir nas esferas econômica, sócio-cultural e/ou política, pois a autonomia faz interrogar, refletir e deliberar com liberdade e responsabilidade, ou como diz Castoriadis (1992, p. 46), "é capaz de uma atividade refletida própria", e não de uma atividade que foi pensada por outro sem a sua participação. É importante, pois, que todos os envolvidos com o processo educativo reconheçam a importância da mesma, e estejam trabalhando para favorecer a autonomia individual e, conseqüentemente coletiva, pois é assim que nos tornaremos conscientes e autores de nosso próprio envolver histórico. A escola que tem como princípio norteador a autonomia, "permite que os poderes 34 humanos de organização e reorganização criativa da experiência, sejam operativos no contexto educacional" (Doll, 1997, p.117). Esse sistema aberto permite que professores, alunos, funcionários, pais de alunos, pedagogos e diretores estabeleçam uma comunicação dialógica, propícia à criação de estruturas metodológicas mais flexíveis para reinventar sempre que for preciso. A confirmação desse contexto só poderá ser dada numa escola autônoma, onde as relações pedagógicas são humanizadas. Portanto, pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da educação. Observamos que não há autonomia por questões burocráticas tais como documentação, organização com relação ao horário e espaço, atendimentos diferenciados de acordo com a necessidade. A respeito da qualidade, entende-se a mesma no sentido colocado por Demo (1994, p.35), como "elaboração histórica, o que se cria, em contraposição às circunstâncias dadas (...). É diminuir as formas dadas de determinação externa, é conquistar o espaço de autodeterminação". Este não é um entendimento ingênuo, mas crítico e que exige, além da capacitação de cunho mais técnico, a capacitação política para atingi-la. Um verdadeiro processo educativo só é possível se feito com qualidade; ao mesmo tempo, sabemos da complexidade desta questão quando estamos tratando de um contexto contraditório como o da escola, mas que por isto mesmo precisamos colocá-la a fim de sanar lacunas que impedem a educação de ser um canal para a cidadania. Já com relação à cidadania destaca-se sua concepção plena analisada por Gadotti; Romão (1997, p.38), e que consiste na mobilização da sociedade para a conquista dos direitos civis, sociais e políticos: "pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência de direitos e deveres e exercício da democracia”. Portanto, uma educação para a cidadania, deve ser conscientizadora desses direitos, bem como da importância da participação da sociedade na reivindicação dos mesmos. Logo, educar para a cidadania deve ser o objetivo político de cada área de ensino, fazendo da cidadania uma questão interdisciplinar por excelência. Este é um caminho que leva à construção do que se chama hoje escola cidadã, e cujos eixos norteadores são: “a integração entre educação e cultura, escola e comunidade (...), a democratização das relações de poder dentro da escola, o enfrentamento da questão da repetência e da avaliação, a visão interdisciplinar e transdisciplinar e a formação permanente dos educadores” (Gadotti; Romão, 1997, p.40). 35 A nós, educadores, cabe o compromisso de direcionar nossa prática nesses parâmetros, fazendo educação para a emancipação das pessoas e, para tal, necessário se faz adotarmos uma postura metodológica que viabilize a educação numa perspectiva revolucionária; ou então, faremos o jogo do sistema que representa as elites tão distantes da realidade do nosso povo, repetindo o modelo de sociedade desigual em que vivemos. Para construirmos a escola que queremos é preciso rever um conceito fundamental, que é motivo de nossa prática diária: o/a aluno/a. A criança, ao longo da história e da evolução do ser humano, nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente, gracioso, ou ainda imperfeito e incompleto. Estas noções se constituíram em elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança, entendido como um ser sem existência social, miniatura do adulto. Atualmente, a concepção que temos sobre criança está relacionada à criança como ser social. Nesta visão, o/a aluno/a como cidadão caracteriza-se por ser um sujeito ativo, onde a situação sócio-cultural, as condições econômicas, o sexo e a etnia exercem grande influência sobre ele e seu comportamento. Dessa forma, o conceito de aluno/a passa a não ser único, mas depende de vários fatores, do contexto onde ele/a está inserido. Por isso, os/as educadores/as que atuam junto a ele/a precisam estar atentos para o atendimento de suas necessidades básicas, a fim de contribuírem positivamente no seu desenvolvimento. Esse estar atento refere-se também à posição que tomamos, enquanto educadores/as, diante dos processos de aprendizagem e desenvolvimento do/a aluno/a. Diante das posições que explicam o desenvolvimento infantil, a interacionista é a que considera a criança da forma como a vemos hoje. Sem desconsiderar os fatores maturação e transmissões culturais, os interacionistas atribuem participação ativa da criança no processo de desenvolvimento. Ela constrói seus conhecimentos interagindo com o mundo em que vive. Nesse desenvolvimento intervém um conteúdo biológico, sem o qual nada é possível. Se não houver um organismo dotado de estruturas orgânicas e funcionando de modo integrado, não há possibilidade de os conhecimentos progredirem. Ocorre também a influência do meio social adulto, das experiências e do que, a partir delas, a criança pode abstrair das transmissões educativas e dos fatores ligados ao funcionamento interno da organização intelectual. Durante a evolução da aprendizagem, a criança reelabora a seu modo o que lhe é 36 transmitido e extrai de suas experiências aquilo que seu nível de entendimento possibilita. Mas a evolução das suas conquistas é, de fato, um ato de criação. O/a aluno/a é, portanto, um ser em desenvolvimento, com características próprias e que constrói seu conhecimento e se estrutura na interação com o meio. Desde o nascimento, está em constante interação com os adultos, que compartilham com ele seus modos de viver, de fazer as coisas, de dizer e de pensar, integrando-a aos significados que foram sendo produzidos e acumulados historicamente. As atividades que realiza adquirem significados nos sistemas de comportamento social do grupo a que pertence. Com certeza, esse pensamento nos remete a Vygotsky. A partir de suas concepções sobre o desenvolvimento e aprendizagem, podemos apontar, de acordo com Castorina (1996), três idéias básicas desse estudioso que têm particular relevância para a questão do ensino escolar. Em primeiro lugar sua postulação de que o desenvolvimento psicológico deve ser olhado de maneira prospectiva, isto é, além do momento atual, com referência ao que está por acontecer na trajetória do indivíduo. O conceito de zona de desenvolvimento proximal (zdp), talvez o conceito específico de Vygotsky mais divulgado e reconhecido como típico de seu pensamento, está estreitamente ligado à essa postulação: marca como mais importante, no percurso do desenvolvimento, exatamente aqueles processos que já estão embrionariamente presentes no ser humano, mas ainda não se consolidaram. Em termos de atuação pedagógica, essa postulação traz consigo a idéia de que o papel explícito do/a professor/a de provocar nos/as alunos/as avanços que não ocorreriam espontaneamente consiste exatamente em uma interferência na zdp dos alunos. Em segundo lugar, é fundamental para a educação a postulação de Vygotsky de que os processos de aprendizado movimentam os processos de desenvolvimento. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, a escola, agência social explicitamente encarregada de transmitir sistemas organizados de conhecimento e modos de funcionamento intelectual às crianças e aos jovens, tem um papel essencial na promoção do desenvolvimento psicológico das pessoas que vivem nas sociedades letradas. A terceira idéia de Vygotsky que tem particular relevância para a educação fala da importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo e na promoção dos processos interpsicológicos que serão posteriormente internalizados. O mero contato com objetos de conhecimento não garante a aprendizagem, assim como a simples imersão em ambientes informadores não promove, 37 necessariamente, o desenvolvimento, balizado por metas culturalmente definidas. O referencial teórico vygotskyano nos aponta, assim, os processos pedagógicos como processos intencionais, deliberados, dirigidos à construção de seres psicológicos que são membros de uma cultura específica, cujo perfil, portanto está delimitado por parâmetros culturalmente definidos. É nesse sentido que a escola, enquanto criação cultural das sociedades letradas, tem um papel singular na construção do desenvolvimento pleno dos membros dessas sociedades. Ao lado da concepção de aluno e aluna, destacamos a visão de currículo. O conceito de currículo tem se modificado ao longo do tempo. O sentido mais usual relaciona-se ao conteúdo, à matriz curricular, à organização dos conteúdos distribuídos pelas disciplinas e carga horaária. Outras definições apontam para planejamento ou para o conjunto de experiências vividas pelos alunos e alunas. Todas essas definições estão presentes nas nossas práticas, mas o eixo do currículo, em torno do qual ele gira, é o conhecimento escolar. Podemos dizer que o currículo apresenta quatro características: é instrumento organizador do processo educativo, envolve intenções e práticas, é um conjunto de escolhas e gera efeitos, contribuindo para a construção de identidades. As escolhas devem ser feitas de maneira coletiva, nenhum/a professor/a pode abdicar do direito e do dever de discutir o currículo com o qual vai trabalhar. Construir um currículo não é um trabalho técnico, que uma pessoa faz para outros seguirem. O planejamento, a implementação e a avaliação de um currículo deve ser uma tarefa de todos que trabalharão com ele. Coletivamente os/as educadores/as devem ter condições de decidir o que se considera significativo que os/as alunos/as aprendam, como fazer para que eles e elas compreendam e transformem o mundo em que vivem. Esse processo de discussão coletiva e construção foi realizado pelos educadores do estado do Paraná resultando na versão preliminar das Diretrizes Curriculares (2006) que direcionarão nossa Proposta Pedagógica. 38 Sendo o conhecimento o centro do currículo, devemos pensar como trabalhar com ele na forma de conteúdo escolar sem que a aprendizagem se torne algo repetitivo, mecânico e que privilegie apenas a memorização de conceitos. Vasconcellos (1995), partindo do princípio de que os conteúdos trabalhados na escola devem estar relacionados aos conhecimentos prévios dos alunos e que estes devem adotar uma atitude favorável para a aprendizagem, faz uma crítica à metodologia expositiva, devido a dois fatores: sua presença é ainda muito atuante e representa um obstáculo para o educador na construção de uma nova concepção metodológica e, muitas vezes,não oportuniza uma aprendizagem significativa. Nessa metodologia o grande trabalho do professor se concentra na exposição, o mais clara e precisa possível, a respeito do objeto de estudo, onde procura trazer para os alunos elementos mais importantes para a compreensão do mesmo, recuperando o conhecimento acumulado pela humanidade. Ou seja, a metodologia expositiva passa pelas seguintes etapas: apresentação do ponto, resolução de um exercício modelo, proposição de vários exercícios para que os alunos fixem o ponto. Os grandes problemas da metodologia expositiva são: seu alto risco de não aprendizagem, em função do baixo nível de interação sujeito-objeto de conhecimento e a formação do homem passivo, não crítico. Buscando o inverso, a escola deve superar a metodologia tradicional através da utilização da metodologia dialética, como sugere Vasconcellos (1995), passando a ter três grandes preocupações: 1- mobilização para o conhecimento que corresponde a uma sensibilização para o conhecimento. Trata-se de estabelecer um primeiro nível de significação, em que o sujeito chegue a elaborar as primeiras representações mentais do objeto a ser conhecido. Para tanto, o educador deve: conhecer a realidade do grupo, para ver as suas redes de relações e necessidades; partir do que é mais próximo, mas absolutamente não ficar ali; ter clareza dos objetivos; buscar as mediações apropriadas, estabelecendo 39 uma prática pedagógica para o grupo. 2- construção do conhecimento que é o processo de conhecer, é o estabelecimento de relações significativas entre as representações, idéias, conceitos do sujeito e o objeto, num determinado contexto. Contextualizar é uma estratégia fundamental para a construção de significações. Se pensarmos a informação ou o conhecimento como uma referência ou parte de um texto maior podemos entender o sentido da contextualização: enraizar o conhecimento ao texto original do qual foi extraído ou a qualquer outro contexto que lhe empreste significado. Para que a aprendizagem seja eficaz há a necessidade da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. O/a educador/a deve orientar quanto ao processo de conhecimento, revelar ao aluno como deve ser a abordagem do objeto para que se possibilite o melhor conhecimento. Aqui, o livro didático não ocupa o papel central. Ele deve ser concebido pelos/as professores/as como um recurso, entre outros, colocado à sua disposição para favorecer o trabalho pedagógico e não como o condutor do processo de aprendizagem em sala de aula. O/a professor/a é, sem dúvida, mais capacitado do que o autor do livro didático, para encaminhar os alunos e alunas da melhor maneira possível na aprendizagem, pois, convivendo com eles, conhece suas possibilidades, dificuldades e expectativas. 3- elaboração da síntese do conhecimento que é o momento em que o/a educando/a, tendo percorrido as etapas anteriores da aproximação e análise do objeto de conhecimento, deve ter oportunidade de sistematizar o conhecimento que vem adquirindo e expressá-lo concretamente, seja de forma oral, gestual, gráfica, escrita ou prática. Assim, o educando deverá expor os vários níveis de relações que conseguiu estabelecer com o objeto de conhecimento, seu significado, bem como a generalização, a aplicação em outras situações que não as estudadas. É certo que nem todo conhecimento permite uma articulação prática imediata, mas é importante que, mesmo através de mediações, seja garantido seu vínculo com a transformação da realidade. Mesmo utilizando essa metodologia, é preciso pensarmos que quando estudamos alguma realidade a fim de conhecê-la, fazemos isso com os objetivos próprios de uma área do conhecimento. Esse estudo é rico e necessário, mas é importante termos consciência de que estamos fazendo um recorte do nosso objeto de estudo. A visão obtida é necessariamente fragmentada. 40 È preciso reconhecer que as disciplinas, como produto do desenvolvimento histórico, encontram-se em transição contínua e estão submetidas a forças exteriores em constantes mudanças e que a superação da fragmentação das disciplinas é possível a partir de uma prática interdisciplinar, que segundo Fazenda (1993, p.17) parte do princípio de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta, pois, o diálogo com outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. Assim, por exemplo, aceita o conhecimento do senso comum como válido, pois é através do cotidiano que damos sentido às nossas vidas. Ampliando através do diálogo com o conhecimento científico, tende a uma dimensão utópica e libertadora, pois permite enriquecer nossa relação com o outro e com o mundo. Pensar a interdisciplinaridade enquanto processo de integração recíproca entre várias disciplinas e campos de conhecimento "capaz de romper as estruturas de cada uma delas para alcançar uma visão unitária e comum do saber trabalhando em parceria" , conforme afirma Palmade, citado por Doll (1997, p.48), é sem dúvida, uma tarefa que demanda, de nossa parte, um grande esforço no rompimento de uma série de obstáculos ligados a uma racionalidade extremamente positivista da sociedade industrializada. A primeira tarefa é oportunizar momentos que os professores(as) se reúnam e discutam as questões que estão sendo trabalhadas. O contexto histórico vivido nessa virada de milênio, caracterizado pela divisão do trabalho intelectual, fragmentação do conhecimento e pela excessiva predominância das especializações, demanda a retomada do antigo conceito de interdisciplinaridade que no longo percurso desse século foi sufocado pela racionalidade da revolução industrial. Trabalhar a interdisciplinaridade, de acordo com Soares; Pereira (1997), não significa negar as especialidades e objetividade de cada ciência. O seu sentido, reside na oposição da concepção de que o conhecimento se processa em campos fechados em si mesmo, como se as teorias pudessem ser construídas em mundos particulares sem uma posição unificadora que sirva de base para todas as ciências, e isoladas dos processos e contextos histórico-culturais. A interdisciplinaridade tem que respeitar o território de cada campo do conhecimento, bem como distinguir os pontos que os unem e que os diferenciam. Essa é a condição necessária para detectar as áreas onde se possa estabelecer as conexões possíveis. Como observa Gusdorf, citado por Gadotti (2000, p. 26), "a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as contribuições das outra disciplinas". 41 Ou seja, a interdisciplinaridade deixa de ver barreiras entre áreas de conhecimento e, a partir de uma área estabelece o diálogo com a outra, buscando nela elementos necessários para o alargamento explicativo de alguma problematização proposta, de modo a superar as concepções redutoras das disciplinas isoladas. Esse diálogo é caracterizado por atividades mentais como refletir, situar, problematizar, verificar, especular, relacionar. Ele ocorre entre uma e outra, e entre elas, fazendo com que o ser que aprende construa um saber consciente e globalizador da realidade. Ainda sobre currículo, é preciso refletir mais sobre duas questões que estão sempre presentes na escola: a inclusão e a diversidade. Essas reflexões fazem parte de dois documentos elaborados pela Secretaria Estadual de Educação (2006). constitui verdade inquestionável o fato de que, a todo momento, as diferenças entre os homens fazem-se presentes, mostrando e demonstrando que existem grupos humanos dotados de especificidades naturalmente irredutíveis. As pessoas são diferentes de fato, em relação à cor da pele e dos olhos, quanto ao gênero e à sua orientação sexual, com referência às origens familiares e regionais, nos hábitos e gostos, no tocante ao estilo. Em resumo, os seres humanos são diferentes, pertencem a grupos variados, convivem e desenvolvem-se em culturas distintas. São então diferentes de direito. É o chamado direito à diferença; o direito de ser, sendo diferente (Ferreira; Guimarães, 2003, p. 37). No que se refere à educação, a tradução desse direito compreende a construção de um espaço dialógico no qual as diferenças se complementem, e não sejam fatores de exclusão, e os currículos tornem-se abertos e flexíveis, oportunizando a reflexão crítica sobre a história das minorias, dos estigmatizados, dos colonizados, dos dominados. A escola deve ter, assim como as políticas da SEED, como alvo, todos os grupos que sofreram exclusão física ou simbólica, ao longo da história, reconhecendo seus direitos sociais como é o caso, entre outros, dos grupos afrodescendentes, das crianças e jovens que, por inúmeros motivos, se evadem da escola, das pessoas que apresentam necessidades especiais, oriundas ou não de deficiências. Cabe ao Estado democrático, por meio da implementação de políticas públicas, enfrentar as desigualdades sociais e promover o reconhecimento político e a valorização dos traços e especificidades culturais que caracterizam a diferença das minorias sem visibilidade social, historicamente silenciadas. É a preocupação da escola com o atendimento à diversidade social, econômica e cultural existente que lhe garante ser reconhecida como instituição voltada, indistintamente, para a inclusão de 42 todos os indivíduos (...) o grande desafio dos educadores é estabelecer uma proposta de ensino que reconheça e valorize práticas culturais de tais sujeitos sem perder de vista o conhecimento historicamente produzido, que constitui patrimônio de todos (Paraná, 2005). Esse conjunto de fatos inverte a ótica da discussão para a questão do amplo leque da exclusão e não mais para a preocupação com a inclusão de um único grupo no espaço escolar: o das pessoas com deficiência. “As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos” (Carvalho, 2004, p.26). A partir dessa concepção fica evidente que há muitos alunos que apresentam problemas ou dificuldades de aprendizagem, por razões inerentes a sua compleição física, limitações sensoriais ou déficits intelectuais. Entretanto, há um sem número de alunos que não atingem às expectativas de aprendizagem e avaliação da escola em decorrência das condições econômicas e culturais desfavoráveis que vivenciam. Assim, o insucesso na escola revela que não são apenas os alunos com deficiência os que apresentam necessidades referentes ao processo de aprendizagem e que devem ser beneficiados com recursos humanos, técnicos, tecnológicos ou materiais diferenciados que promoverão a sua inclusão. Não se admite, portanto, continuarmos a ouvir declarações em que a escola inclusiva seja caracterizada apenas como aquela, que possui, matriculados em suas turmas, alunos com deficiências, ainda que continue a apresentar altos índices de evasão e repetência, um grande número de analfabetos funcionais, ou alunos marginalizados por sua condição de pobreza extrema ou pela cor de sua pele, entre outras situações de exclusão e fracasso. Especificamente, quanto à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, esta tem que acontecer de maneira responsável. O desafio da inclusão escolar deve ser enfrentado como uma nova forma de repensar e reestruturar políticas e estratégias educativas, de maneira a não apenas criar oportunidades efetivas de acesso para crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais, mas, sobretudo, garantir condições indispensáveis para que possam manter-se na escola e aprender. A inclusão educacional é mais que a presença física, é muito mais que acessibilidade arquitetônica, é muito mais que matricular alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um movimento da educação especial, pois se impõe como movimento responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio aos educadores, alunos e familiares (Carvalho, 2004). 43 É partindo desse princípio que entendemos que embora a escola regular seja o local preferencial para promoção da aprendizagem e inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, há uma parcela de crianças e adolescentes que, em função de seus graves comprometimentos ou necessidade de comunicação diferenciada, requerem atenção individualizada e adaptações curriculares significativas, os quais necessitam que seu atendimento seja, atualmente, realizado em classes ou escolas especiais. Uma inclusão responsável requer a constante avaliação da qualidade dos serviços prestados, seja em escolas comuns, seja em escolas especiais. A reflexão acerca da educação inclusiva e seus desafios aos pais, educadores, gestores e pessoas com necessidades educacionais especiais provocam o surgimento de uma vasta gama de expectativas a respeito da efetivação, na prática, do ideal de uma escola pública de qualidade, que acolha todos os alunos. No entanto, essa é uma tarefa que não depende apenas da convicção e do compromisso técnico e político dos governos, mas de pais, familiares, professores, profissionais, enfim, de todos os membros da sociedade, sob o risco de termos apenas o efeito de seus benefícios para os alunos no discurso e nenhuma ação concreta e transformadora da realidade em que se encontram. O processo de inclusão educacional exige planejamento e mudanças sistêmicas político-administrativas na gestão educacional, que envolvem desde a alocação de recursos governamentais até a flexibilização curricular que ocorre em sala de aula. Mesmo com todas as garantias legais que asseguram o direito de acesso à escola, na prática, nem sempre se garante o ensino de qualidade, almejado nos princípio das políticas educacionais. Isso se deve a um complexo conjunto de fatores que envolvem desde a ineficaz gestão de órgãos governamentais, consideradas barreiras político-administrativas, até as que são consideradas as formas mais perversas de exclusão, aquelas com baixa visibilidade, que se manifestam simbolicamente por meio de (pré)conceitos e discriminação que constroem estereótipos e mitos sobre as pessoas, consideradas barreiras atitudinais, presentes na sociedade como um todo. De fato, há uma diversidade de atitudes e práticas, favoráveis e desfavoráveis no enfrentamento desse processo e, infelizmente, algumas posturas hostis residem na desinformação. A educação escolar, nesse contexto, ocupa um inegável papel de destaque na formação do cidadão, já que detém os mecanismos sistematizados que oferecem possibilidades de reflexão e, conseqüente, transformação da realidade. 44 É preciso construir coletivamente na escola culturas inclusivas, o que envolve propostas para a construção de uma comunidade escolar segura, receptiva, colaboradora e estimulante em que todos são considerados importantes para a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação. Além disso, é preciso rever organização do processo de aprendizagem, por meio da flexibilização e adaptações curriculares (de conteúdos, métodos, avaliação), de modo a contemplar a participação de todos os alunos, considerando seus conhecimentos prévios, suas necessidades lingüísticas diferenciadas e o contexto social. Como afirma Matiskei (2004), nesse processo, cada sujeito é um elemento fundamental na trama que constitui a rede que sustenta o processo inclusivo. Certamente, não podemos esperar que todos os requisitos necessários estejam prontos para que a inclusão se concretize, de fato. Do mesmo modo, não podemos estabelecer, por meio de um decreto governamental, que ela se transforme em realidade, como em um passe de mágica, do dia para a noite. Quanto à diversidade cultural, os grupos sociais constituem muitas formas de simbolizar o mundo e, embora a base social seja a mesma, o modo de valorizar, simbolizar, classificar é diferente. Estamos inseridos num quadro em que a natureza é a mesma, no entanto o modo de apropriação é culturalmente determinado. O problema é que na sociedade capitalista tudo é hierarquizado, as diferenças étnicas e culturais são transformadas em desigualdade. As desigualdades estão ligadas à condição econômica. Partilhamos da mesma sociedade, mas cada um vive conforme suas possibilidades. Esta é a sociedade de classes sociais que nomina e hierarquiza as pessoas conforme a quantidade de bens materiais. Ser pobre significa estar num lugar social desigual que impede o acesso a determinados bens e serviços. Ser pobre, negra, idosa e homossexual pode complicar ainda mais a condição de pobreza. Assim fica claro que na situação de classe social agregam-se outras condições tais como: espacialidades, temporalidades, pertencimento étnico, diferenças etárias, étnicas, de gênero, de orientações sexuais, religiosas, de visões de mundo, projetos individuais, desejos, valores, potencialidades, habilidades, experiências vividas e ressignificadas, etc. Sabemos que a sociedade brasileira constitui-se de diferentes matrizes étnicas e culturais, entre as quais se ressaltam índios, caboclos e negros. Esses grupos têm sobrevivido com muitas dificuldades a diferentes etnocídios e múltiplas formas de 45 invisibilidade social, ainda assim permanecem reafirmando suas identidades étnicas. Entretanto, a nacionalidade brasileira transmitida nos meios de comunicação de massa e, às vezes, na própria escola, muitas vezes se apresenta de forma acabada como se não existissem outros mecanismos de pertencimentos diferentes do modelo eurocêntrico. Os diferentes modos de vida que se organizam no meio social, algumas vezes, são conteúdos negados nas práticas escolares. Muitos talentos são ocultados, impossibilitados de transformarem-se em ato não apenas pela falta de oportunidade, mas principalmente, porque na escola muitas vezes paira uma espécie de recusa em ensinar aqueles que já chegam marcados pela pobreza, pelo trabalho rural, pela cor, pelo sexo, pela idade e por outros pertencimentos diferentes daquele que se têm como modelo hegemônico. Em uma mesma sala de aula estão reunidos educandos de gêneros diferentes, religiosidades, pertencimentos étnicos, culturais, trajetórias de vida, saberes acumulados, fazeres, espacialidades vividas, temporalidades, concepções, etc. Essa diversidade de sujeitos implica práticas pedagógicas que, evidentemente, não podem ser a mesma para todos. Algumas crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos conseguem aprender conforme os ditames dos padrões didáticos hegemônicos, mas outros necessitam de suportes diferenciados por que também existem diferenças cognitivas. O atendimento às especificidades sócioculturais demanda políticas diferenciadas. Em termos mais concretos isso implica também que a distribuição de verbas públicas deve ser feita de acordo com as necessidades sociais e não apenas conforme os critérios burocráticos. As tentativas oficiais de objetivar o princípio da igualdade universal esbarram em políticas iguais para grupos que vivem em desigualdade social. A igualdade universal permanece como o horizonte a ser alcançado. Essa luta impõe a necessária democracia econômica e a eliminação de privilégios. Reconhecer que sabemos pouco sobre as culturas com as quais lidamos no diaa-dia do trabalho docente e, mais do que isso, pesquisar sobre as manifestações e ações resultantes das interações entre culturas diferentes, bem como garantis o reconhecimento do outro, faz parte das necessidades mais imediatas no campo escolar. Para além do reconhecimento da heterogeneidade e da complexidade do ser humano é preciso acolher as diversidades nas práticas educativas. Trata-se de uma caminhada cujos atalhos deverão ser construídos enquanto se caminha. A configuração desses atalhos depende 46 da sensibilidade dos envolvidos na educação. A heterogeneidade emerge na medida em que se processam comparações, e, conforme os critérios que são utilizados, ora são ressaltadas as diferenças, ora as semelhanças. Nessa direção se pode reafirmar que as práticas educativas devem estar fundamentadas na alteridade (olhar o outro no seu mundo de cultura) e não na etnicidade (o meu mundo cultural prevalecendo sobre o do outro), devem trabalhar com as diferenças de modo a reconhecê-las e valorizá-las, devem quebrar a cultura do silêncio, para que os educandos possam falar e ser ouvidos. Aos/as educadores/as incumbe a tarefa mais importante de conhecer as esperanças, lutas, trajetórias e especificidades culturais que caracterizam os/as alunos/as e levar em consideração os saberes e fazeres populares, o bom senso presente no senso comum a fim de estabelecer diálogos pedagógicos mais interculturais, mais reflexivos e menos excludentes. Outra questão que acompanha todo o processo educativo e que merece atenção especial é a avaliação. A avaliação da aprendizagem escolar somente adquire sentido quando articulada com um projeto pedagógico porque subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. Dessa forma, a prática da avaliação da aprendizagem destina-se a servir de base para tomada de decisões no sentido de construir com e nos/nas educandos/as conhecimentos que possibilitem o seu efetivo desenvolvimento, por meio de assimilação ativa do legado cultural da sociedade. A avaliação deve ser praticada como uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos/das educandos/as, tendo por base seus aspectos essenciais e, como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione o aprendizado e, conseqüentemente, o desenvolvimento do educando. Nesse sentido, ao avaliar, o professor deverá: - coletar, analisar e sintetizar, da forma mais objetiva possível, as manifestações das condutas dos educandos, produzindo uma configuração do efetivamente aprendido; - atribuir uma qualidade a essa configuração da aprendizagem a partir de um padrão preestabelecido e admitido como válido pela comunidade dos educadores e especialistas dos conteúdos que estejam sendo trabalhados; - a partir dessa qualificação, tomar uma decisão sobre as condutas docentes e discentes a serem seguidas, tendo em vista: - a reorientação imediata da aprendizagem, caso sua qualidade se mostre 47 insatisfatória e caso o conteúdo que esteja sendo aprendido seja efetivamente essencial para a formação do/a educando/a; - o encaminhamento dos educandos para passos subseqüentes da aprendizagem, caso se considere que, qualitativamente, atingiram um nível satisfatório no que estava sendo trabalhado. A prática da avaliação da aprendizagem, só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando. Se nós, professores/as, ensinamos e os/as alunos/as não aprenderam e estamos interessados em que aprendam, há que se ensinar até que aprendam, deve-se investir na construção dos resultados desejados. Sem essa perspectiva dinâmica de aprendizagem para o desenvolvimento, a avaliação não terá espaço; terá espaço, sim, a verificação, desde que ela só dimensiona o fenômeno sem encaminhar decisões. O processo de verificação configura-se pela observação, obtenção, análise e síntese dos dados ou informações que delimitam o objeto ou ato com o qual se está trabalhando. A verificação encerra-se no momento em que o objeto ou ato de investigação chega a ser configurado. A dinâmica do ato de verificar encerra-se com a obtenção do dado que se busca, por isso não implica que o sujeito retire dela conseqüências novas e significativas. Dentro dessa visão, em que educar é formar e aprender é reconstruir o próprio saber, a avaliação não se reduz em atribuir notas. As notas são enganosas do ponto de vista de ter ciência daquilo que o educando desenvolveu. As notas criam uma forte distorção na expressão da realidade. Por isso, o ideal é a construção de pareceres descritivos realizados de todos os alunos individualmente. Ao lado dessa avaliação feita pelos professores, a auto-avaliação do aluno, a avaliação coletiva da turma e a avaliação dos responsáveis pelos alunos dão conta de dizer quais foram os avanços e as dificuldades encontradas. Ou seja, quais práticas devem permanecer e quais devem ser reorientadas para garantir a aprendizagem de todos. A avaliação educativa é um processo complexo, que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor (Sarabbi apud Sant’ Anna, 1995, p. 28). Completando esse pensamento, Luckesi (1998) afirma que a avaliação é um ato 48 amoroso e que por isso é difícil mudar a sua prática em uma sociedade que não é amorosa. As provas são mais compatíveis com o senso comum exigido pela sociedade burguesa e implicam julgamento, com conseqüente exclusão; já a avaliação pressupõe acolhimento, tendo em vista a transformação: “enquanto as finalidades e funções das provas e exames são compatíveis com a sociedade burguesa, as da avaliação a questionam; por isso, torna-se difícil realizar a avaliação na integralidade do seu conceito, no exercício de atividades educacionais, sejam individuais ou coletivas” (Luckesi, 1998, p. 171). O autor afirma que a avaliação é um ato amoroso porque este pode ser considerado como aquele que acolhe a situação como ela é, sem a característica de julgar. Julgamentos aparecerão, mas, é claro, para dar continuidade à ação e não para excluí-la. A avaliação, neste sentido, tem por base acolher uma situação, para, então, ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, quando necessário. Isto quer dizer que avaliar um aluno com dificuldades é criar a base do modo de como incluí-lo na aprendizagem; o diagnóstico permite a decisão de direcionar ou redirecionar aquilo que precisa ser melhorado. A avaliação da aprendizagem possui dois objetivos: auxiliar o/a educando/a no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensino-aprendizagem; e responder à sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado. Esses dois objetivos só fazem sentido se caminharem juntos, ou seja, “se dermos atenção exclusivamente ao sujeito individual, podemos cair no espontaneísmo; caso centremos nossa atenção apenas no segundo, chegaremos ao limite do autoritarismo” (Luckesi, 1998, p. 174). Além dos objetivos da avaliação propostos acima, ressalta-se que a função primordial da avaliação é de diagnosticar e conseqüentemente levar a uma tomada de decisão. Articuladas com esta função básica, estão outras funções destacadas por Melchior (1994): propiciar a autocompreensão, motivar o crescimento, aprofundar e auxiliar na aprendizagem. Para que estas funções sejam efetivadas na prática, é necessário que o/a professor/a esteja atento/a aos instrumentos utilizados como meio de avaliação, nos seguintes pontos destacados por Rabelo (1998): a) Articular o instrumento com os conteúdos planejados, ensinados e aprendidos pelos/pelas educandos/as, no decorrer do período escolar que se toma para avaliar. b) Cobrir uma amostra significativa de todos os 49 conteúdos ensinados e aprendidos de fato, compatibilizando as habilidades do instrumento de avaliação com as habilidades trabalhadas e desenvolvidas na prática do ensino-aprendizagem. c) Compatibilizar os níveis de dificuldade do que está sendo avaliado com os níveis de dificuldade do que foi ensinado e aprendido, usando uma linguagem clara e compreensível para salientar o que se deseja pedir nas avaliações. d) Construir instrumentos que auxiliem a aprendizagem dos/as educandos/as, seja pela demonstração da essencialidade dos conteúdos, seja pelos exercícios inteligentes, ou pelos aprofundamentos cognitivos propostos. Os instrumento de avaliação devem ser, portanto, variados, não se admitindo mais fazer uso de uma ou duas provas no final dos bimestre ou trimestres. Se o processo de aprendizagem é contínuo, a avaliação, que tem por objetivo acompanhar todo o processo, também deve ser contínua. Dessa forma, as avaliações podem ser diárias e não com datas marcadas ou rituais próprios que só deixam os/as alunos/as tensos/as. A avaliação deve ser encarada, por professores/as e alunos/as, como uma atividade normal, que faz parte do processo e não como algo que cria um abismo entre o aluno e sua aprendizagem. Assim, a avaliação assume uma dimensão diagnóstica e orientadora, pois permite que o/a professor/a tome consciência dos avanços e dificuldades dos/as educandos/as, direcionando sua prática para que os/as mesmos/as continuem progredindo na construção do conhecimento. Hoffmann (1991) ressalta que a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor em sua interação com a classe bem como sua relação com o aluno. Por exemplo, um/a professor/a autoritário/a e inseguro/a, poderá ver na avaliação uma arma de tortura ou punição para alunos/as apáticos/as ou indisciplinados/as. Por sua vez, um professor sério e responsável, que orienta as atividades de aprendizagem, tenderá a encarar a avaliação como uma forma de diagnóstico dos avanços e dificuldades dos alunos e como indicador para o replanejamento de seu trabalho docente. Nessa perspectiva, a avaliação ajuda o aluno a progredir na aprendizagem e o/a professor/a aperfeiçoar sua prática pedagógica. Para ser coerente aos princípios de uma avaliação contínua, mediadora, que se fundamenta no princípio da continuidade do conhecimento, é preciso que a organização escolar seja em forma de ciclos de aprendizagem plurianuais. Isto se justifica porque, de acordo com Hoffmann (2001), os regimes 50 seriados estabelecem obstáculos ao prosseguimento dos estudos a partir de critérios, definidos pelos professores como requisitos à promoção dos alunos à série seguinte. O processo de aprendizagem é dividido em etapas anuais e a tendência é analisar cada ano separadamente dos demais. Alguns/algumas professores/as se responsabilizam pela aprendizagem dos/as alunos/as ao longo de um ano, sem estabelecer ligações com o passado e o futuro deles na escola. Ao contrário, os ciclos de aprendizagem visam o acompanhamento integral dos alunos, a sua progressão por ciclos de formação, respeitando ritmos e interesses individuais, sem deixar de perseguir a aprendizagem máxima possível de todos os/as alunos/as. Nesta perspectiva, toda manifestação dos/as alunos/as é provisória frente à história do seu conhecimento, que é reformulada, complementada, enriquecida ao se levantar dúvidas sucessivamente. O seu acompanhamento exige a compreensão dessa história pelo/a educador/a. Trata-se de um compromisso compartilhado pelos educadores que ultrapassa limites de tempo e divisões disciplinares, e confia na capacidade de aprendizagem de todos os alunos a partir de desafios e oportunidades que levem em conta suas possibilidades e interesses. Para Perrenoud (2000, p. 46) é preciso cada vez mais um trabalho em equipe: Não basta ter uma idéia aproximada dos programas dos anos anteriores e posteriores, assim como aqueles que moram em um país têm vaga idéia dos países limítrofes. O verdadeiro desafio é o domínio da totalidade da formação de um ciclo de aprendizagem, e, se possível, da escolaridade básica, não tanto para ser capaz de ensinar indiferentemente em qualquer nível ou ciclo, mas para inscrever cada aprendizagem em uma continuidade em longo prazo. Mesmo considerando a continuidade da aprendizagem, alguns alunos e alunas podem apresentar, em algum momento, dificuldades em aprender. Quando isso acontece, o ideal é que pudessem contar com apoio no horário contrário das aulas. É importante lembrar que o/a aluno/a que freqüenta um apoio é o que mais precisa de estímulos para vencer os obstáculos relacionados à sua aprendizagem. Sua freqüência nesse período é necessária 51 pelas dificuldades apresentadas e por precisar de um atendimento diferenciado, mas sua capacidade de aprender se equivale à dos demais. A assiduidade do/a aluno/a, a qualidade desse ensino, as condições físicas e materiais, as oportunidades de aprendizagem e a disposição do/a professor/a são fatores essenciais para a superação das dificuldades. Além disso, é necessário que haja muito incentivo a esse/a aluno/a e seria obstáculo muito grande para a sua aprendizagem se ele/a perceber sentimento de discriminação ou de neutralidade por parte do/a professor/a, principalmente o/a da turma regular a que pertence. Outro obstáculo igualmente significativo é o possível desinteresse em um trabalho integrado entre os professores do apoio e os regentes da classe comum. Esse trabalho deve estar em consonância com as necessidades da criança e as concepções de ensinoaprendizagem que embasam nosso projeto de escola. Portanto, é preciso que o/a professor/a da turma de ensino regular e o/a professor/a do apoio tenham oportunidades de estarem em contato para garantia da integração e para que a interferência no apoio garanta a superação das dificuldades. É bem mais difícil a superação das dificuldades quando os/as professores/as fazem um trabalho isolado, assim como é igualmente difícil quando o/a professor/a regente distancia-se das necessidades do/a aluno/a esperando que só o/a professor/a de apoio consiga o resultado esperado. As atividades a serem ofertadas no apoio não devem visar um reforço, mas devem despertar a continuidade de aprender, pois o/a aluno/a não esqueceu nada que precise reforçar. Por isso, não podem ser atividades repetitivas, mecânicas, sem significado, mas dinâmicas, inovadoras, com espaço garantido para o manuseio de material didático, jogos, situações de observação, comparações, convites variados e sugestivos para a aprendizagem. O apoio pedagógico é o espaço ofertado para garantir condições que levem à aprendizagem. Assim sendo, torna-se necessário considerar o que cada aluno já sabe e ofertar atividades diferenciadas que levem em conta as especificidades de cada aluno. Um momento privilegiado de avaliação das práticas pedagógicas deve ser o Conselho de Classe que precisa ser pensado, de acordo com Hoffmann (2001) como um espaço educativo dos educadores na construção de uma proposta interdisciplinar, para a ampliação de seus perspectivas acerca dos diferentes jeitos de ser e aprender do/a aluno/a na relação com outros saberes. Os Conselhos de Classe só possuem sentido se 52 tiverem o propósito de aprofundar a análise epistemológica e didática dos processo de aprendizagem dos alunos, de decisões conjuntas que contribuam para o aprimoramento das ações futuras de toda a equipe de profissionais. As discussões nos Conselhos de Classe não podem ser restritas à problemas emocionais e de conduta, é preciso que as questões epistêmicas e didáticas assumam o centro das discussões para que o trabalho pedagógico da escola seja beneficiado. Além disso, os Conselhos de Classe devem partir do pressuposto de que a avaliação é um compromisso de futuro que deve reforçar que vale a pena confiar, apoiar, sugerir e desafiar os/as alunos/as para que prossigam o caminho da aprendizagem. Para a escola realmente se tornar esse espaço para a construção contínua da cidadania, através de práticas que neguem a exclusão e a seleção, é preciso que a gestão seja democrática. Nesse sentido, a participação de toda comunidade (alunos, famílias, funcionários, professores, pedagogos e direção) na escola não é uma concessão, mas uma prática que expressa princípios, que influencia na qualidade da educação e está vinculada a um projeto coletivo por uma sociedade melhor. Para superar a lógica burocrática, fragmentada e autoritária que ainda está presente no cotidiano da escola é preciso abrir espaços para a efetivação da participação da comunidade no interior da escola. Essa participação não diz respeito à integração da escola com a família ou a colaboração dos pais e mães na escola, e, sim, à participação enquanto mecanismo de representação e participação política. A organização das pessoas envolvidas no processo educativo deve ocorrer a partir da possibilidade real de serem tomadas decisões e, sobretudo, o reconhecimento da responsabilidade, da diversidade de concepções e de práticas. Neste sentido, o consenso não é ponto de partida, mas o de chegada, devendo ser buscado dialógica e coletivamente. Para contribuir com esse organização, a eleição para direção é fundamental, mas por si só não garante a gestão democrática. É essencial rever a participação da comunidade escolar nos órgãos colegiados (Conselho Escolar, APMF, Grêmio Estudantil), assim como nas Reuniões de Pais e Mães e Conselhos de Classe. Os órgãos colegiados não podem existir apenas para concordar com as decisões já tomadas pela escola, a eles cabe: avaliar o trabalho desenvolvido na escola, propor metas e ações para serem incorporadas no plano de ação, definir as linhas que orientarão a (re) construção do Projeto Político Pedagógico e discutir e deliberar sobre a aplicação dos recursos 53 financeiros. Para isso, as pessoas envolvidas no processo educativo precisam ser ouvidas e não podem ter receio em expor suas idéias, sugestões e críticas.Esse espaço precisa ser construído através do diálogo, da valorização da comunidade na qual a escola está inserida e do conhecimento real dos anseios e expectativas que esta comunidade possui em relação à escola. Quando se fala em participação da comunidade escolar é importante ressaltar o papel dos/as funcionários/as da escola que desempenham funções que atingem indiretamente a aprendizagem dos alunos. Infelizmente, as funções que os/as funcionários/as dempenham, muitas vezes, não são valorizadas, fazendo com que pertençam a um outro bloco no trabalho da escola que os coloca em condições de reconhecimento social diferente dos/as professores/as. A organização do trabalho escolar ainda fortalece a separação entre trabalho manual e intelectual. Neste sentido, o trabalho considerado simples acaba por ser “naturalmente” desconsiderado no fazer pedagógico da escola. É preciso que se questione o papel dos/as funcionários/as como sujeitos ativos da escola. Esta não é uma tarefa fácil, mas é possível começar superando o autoritarismo, democratizando os mecanismos de comunicação, fazendo com que os/as funcionários/as participem dos Conselhos de Classe (onde podem expor informações sobre os alunos que nem sempre os professores dispõem) e da construção do Projeto Político Pedagógico. A tomada de decisões em seus vários âmbitos, a socialização do conhecimento e dos espaços são condições necessárias para a superação da sepração entre pensar e fazer e para que os/as funcionários/as sintam-se realmente incluídos/as no processo educativo. Para finalizar, precisamos insistir na formação continuada dos profissionais da escola. A LDB 9394/96 afirma que os sistemas de ensino deverão promover a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes aperfeiçoamento profissional continuado e período reservado a estudos, planejamento e avaliação incluído na carga de trabalho. A escola deve ser o local privilegiado para essa formação que faz parte da ação docente. Isso significa que devemos forçar momentos além da hora-atividade que foi uma conquista para que os/as professores/as deixassem de levar tanto trabalho para casa (planos de aula, avaliações, seleção de materiais, leituras, pesquisas, entre outras 54 atividades). Esses momentos devem contar também com a participação efetiva dos/as funcionários/as. A formação continuada permite a reflexão sobre nossa prática, melhora nossa atuação como pessoa e como profissional, contribui consideravelmente para a melhoria da qualidade do ensino, além de alimentar nossos argumentos e nossa prática em defesa de uma escola includente, humana, solidária, autônoma e participativa, que contribua para a construção da sociedade que tanto sonhamos. MARCO OPERACIONAL 55 Diante da realidade apresentada pelo Colégio Estadual Adiles Bordin e à luz de teorias que embasam nossa concepção de sociedade, de homem e de educação, o coletivo definiu algumas ações, além daquelas que já fazem parte do marco situacional, para melhorar o processo educativo. Registraremos todos os casos de transferências para conhecermos com precisão os motivos das mesmas, sabendo, assim, se cabe à escola desenvolver alguma ação a esse respeito. Quanto aos problemas de freqüência às aulas, seguiremos os passos descritos no programa FICA e, além de encaminhar os casos, cobraremos com mais rigor ações dos órgãos competentes. Encaminharemos um documento elaborado coletivamente pela comunidade escolar denunciando aos órgãos competentes a questão das crianças e adolescentes que passam o dia todo na rua, sem oportunidade de freqüentar um programa social. Dessa forma agiremos também no que diz respeito ao serviço de saúde, que é direito de todos. A escola possui uma função específica, que é o trabalho com o conhecimento, e não dá conta de resolver todas as questões que acabam interferindo no processo educativo, por isso, chamaremos os responsáveis por cada área para que façam a parte que lhes cabe. Trabalharemos com a comunidade escolar, em reuniões organizadas em horário que a maioria possa participar, a questão do direito à educação para conscientizar as famílias que os/as alunos/as não devem estar na escola somente porque a lei assim determina, conscientizar sobre a importância da freqüência, da responsabilidade na entrega dos trabalhos e nos estudos. Além disso, continuaremos insistindo no trabalho diário, incentivando os alunos, valorizando seus avanços e apontando o que precisa ser superado. Faremos um trabalho com todas as turmas sobre o hábito de estudar, utilizando técnicas que incentivem os alunos e alunas e dêem a eles/as sugestões para melhorar o desempenho. Nas aulas de Educação Física serão trabalhadas, além dos conteúdos da disciplina, atividades que levem o/a aluno/a a desenvolver sua atenção, concentração e memória. Para isso, faremos uma coletânea de atividades que ficarão à disposição dos professores. Entraremos em contato com a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras 56 – FAFI para firmarmos uma parceria no sentido de nos cederem estagiários, principalmente na área de Matemática, para que realizem, no período contrário da classe regular, aulas de apoio à aprendizagem aos alunos e alunas do 2° ano do III ciclo e dos dois anos do IV ciclo. Desenvolveremos um projeto de leitura, pois sabemos que ela é fundamental no processo de aprendizagem. Uma vez por semana faremos uma aula de leitura, com todas as turmas, de acordo com cronograma pré-estabelecido, mas não será, portanto, somente nas disciplinas de Língua Portuguesa. Para que esta seja aproveitada ao máximo, os/as alunos/as terão um horário semanal para fazer empréstimos e/ou troca de livros na biblioteca, também seguindo um cronograma pré-estabelecido. Outro projeto que será desenvolvido, sobretudo com os alunos do IV ciclo, diz respeito à prevenção ao Uso Indevido de Drogas. O projeto será coordenado pelo professores que participaram da capacitação on-line oferecida pelo MEC e SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas), em parceria com a UnB. Para trabalhar os temas que surgem e assumem relevância no dia-a-dia da escola (assédio, aborto, afetividade, gravidez na adolescência, machismo, entre outros), além dos mesmos serem abordados nas diferentes áreas do conhecimento, chamaremos pessoas especializadas para conversar com os/as alunos/as, agrupando-os de acordo com a necessidade. Para ajudar nesse trabalho faremos coletâneas de textos (dados, imagens, pesquisas, informações, depoimentos, entre outros) para leitura de alunos/as e professores/as e deixaremos à disposição na biblioteca. Trabalharemos com todas as turmas a questão da Educação Fiscal, através de um projeto que será aplicado pelos professores que participaram do curso de Disseminadores, com o objetivo de contribuir permanentemente para a formação das pessoas, visando ao desenvolvimento da conscientização sobre seus direitos e deveres no tocante ao valor social do tributo e ao controle social do Estado democrático. Para que nós, educadores/as, tenhamos mais clareza sobre o desenvolvimento dos/as nossos/as alunos/as e para conhecermos melhor as características dessa fase pela qual estão passando (11 a 16 anos aproximadamente), buscaremos textos para serem estudados em nossos grupos de estudo e entraremos em contato também com pessoas especializadas para socializarem o saber que possuem conosco. Acreditamos que, conhecendo melhor sobre o desenvolvimento psicológico dos/as alunos/as, podemos desenvolver um trabalho melhor, com atitudes mais adequadas e voltadas aos interesses e expectativas deles e delas. 57 Sobre a questão da avaliação é visto que precisamos de mais estudo para definirmos alguns critérios que deverão fazer parte da prática de todos/as os/as professores. Para isso, organizaremos reuniões de estudo e chamaremos, também, pessoas especialistas no assunto para que possamos discutir e chegar a alguns pontos comuns que atendam o nosso projeto de escola. Depois de definido pelos professores os critérios de avaliação, trabalharemos com os/as alunos/as essa questão e entregaremos por escrito para cada um deles como é a prática avaliativa da nossa escola. Quanto à nossa formação continuada, continuaremos participando, na medida do possível, das capacitações oferecidas pelo estado, insistiremos nos grupos de estudo quinzenalmente e abriremos um espaço de, no mínimo, quinze minutos para que o professor que participou de um curso tenha a oportunidade de repassar para os colegas no dia do seu retorno à escola. As ações referentes às condições físicas, materiais e didáticas deverão ser sempre decididas no coletivo para que todos possam colocar as necessidades que sentem no dia-a-dia e, assim, otimizar os recursos. As instâncias colegiadas (Grêmio Estudantil, APMF e Conselho Escolar) que, no momento, se mostram pouco atuantes, devem receber maior incentivo para que haja uma atuação mais efetiva. Faz-se necessário para isso esclarecer para as pessoas que participam dessas instâncias quais são as verdadeiras funções e como estas podem ser exercidas. Quanto às relações de trabalho, buscaremos cada vez mais a abertura para a participação de todos os envolvidos no processo educativo, tomaremos decisões coletivamente e buscaremos manter todos informados através da confecção de um mural específico para o agendamento das atividades semanais. Incentivaremos aos pais e mães a participarem mais da escola, tornando as reuniões agradáveis, trazendo pessoas da comunidade para conversar com eles/as a respeito de temas que interessem, questionando e pedindo opniões, mesmo através de bilhetes, sobre o que acham de determinados assuntos que envolvem a escola. Acreditamos que através dessas ações, junto com as ações expressas nos planos de trabalho da direção e da equipe pedagógica, teremos um bom resultado no que se refere à organização e ao trabalho pedagógico, não perdendo de vista que nosso objetivo é a formação, através do conhecimento científico, de pessoas que tenham capacidade para intervir e transformar a sociedade. AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 58 Toda avaliação é o núcleo da ação de formação, pois todas as informações obtidas através dela são úteis aos ajustes necessários para o cumprimento dos objetivos da escola. Faremos, portanto, uma avaliação ao final de cada ano letivo do Projeto Político Pedagógico para reformular as questões que merecem atenção, considerando todos os momentos de avaliação ocorridos ao longo do período, como Conselhos de Classe, reuniões com a comunidade escolar e todas as atividades desenvolvidas com os/as alunos/as. A colocação de um tempo determinado para sua avaliação não impede de revermos as questões que se mostrarem relevantes e urgentes antes do término do ano letivo, possibilitando as modificações necessárias no documento no decorrer do próprio período. Os registros realizados desses momentos na escola é um mecanismo que facilitará a discussão e a reorientação das práticas, favorecendo uma avaliação que tem como objetivo não apenas encontrar falhas, mas reafirmar nossas convicções e cumprir com o objetivo de formação da pessoa humana. Para avaliar o Projeto Político Pedagógico é preciso compreender os vários fatores que influenciam sua aplicação para que as ações sejam redefinidas e cumpram seu sentido na prática cotidiana. Portanto, a participação de toda comunidade escolar é fundamental, assim como foi na sua elaboração. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 59 A avaliação institucional é uma política que objetiva conhecer de forma sistemática a realidade das instâncias do estado, através da intensa participação de seus profissionais, a fim de intervir nesta realidade de forma responsável e efetiva. Um dos pontos centrais tem sido a preocupação com o caráter educacional do processo, na medida em que os indivíduos, além da tomada de consciência de seu papel e do papel da instituição, vão se co-responsabilizando com a implantação do programa e com a utilização dos resultados da auto-avaliação como referência para tomar decisões coletivas e para projetar melhorias necessárias e possíveis. Nesse sentido, a avaliação se configura com um caráter formativo, descartando, portanto, qualquer espécie de classificação, premiação ou punição, e processual, sendo possível de alteração por não se encontrar acabada. O Colégio Estadual Adiles Bordin acha importante a auto-avaliação. Vemos isso como um momento importante nas relações democráticas da escola, para descobrirmos nossos pontos destaque e buscarmos solução para os problemas encontrados. Toda a auto-avaliação tende a uma reflexão critica que leva todos a se engajarem na luta da qualidade educacional. Criticamos a SEED com relação a falta de organização e priorização de atividades da entidade, o que acarreta em muitas atividades próximas umas das outras, e espaços sem matrículas, Projeto Político Pedagógico e atividades de fim de ano nas Escolas. Também destacamos o apoio da SEED na escola, já que conseguimos para 2006 a implantação do Ensino Médio na Escola, a dobra de turno (atendemos matutino e vespertino), ganhamos a cobertura para uma quadra de esportes; conseguimos demanda para o curso de Espanhol (duas turmas na Escola), seremos beneficiados com um laboratório de informática com 12 computadores, temos uma merenda escolar suficiente e de qualidade para os alunos. Outro ponto destacável na SEEd foi proporcionar capacitação continuada a todos os profissionais da educação. Criticamos a Fundepar com relação às questões físicas que não são proporcionadas à Escola, já que temos um projeto de ampliação da área administrativa que está lá parado. Também solicitamos mesa e bancos para refeitório e ainda não veio; solicitamos prateleiras para a biblioteca que também ainda não foram entregues. A Fundepar também não fornece algumas coisas solicitadas na Escola como extintor de incêndios, quadro-negro, tendo que a Escola comprar através do Fundo Rotativo, dinheiro que poderia ser investido na parte pedagógica da Escola. 60 Destacamos o apoio dos professores e funcionários da Escola, tanto nas questões pedagógicas e no empenho em atender e superar as dificuldades, as vezes agindo de unhas e dentes nessa superação. Destacamos o trabalho coletivo, comandado pela direção, que se empenhou em conseguir todos os itens relacionados acima, além der estar comandando, via APMF, a ampliação da Escola. Atualmente estamos construindo 08 salas via APMF. Esperamos que esta avaliação venha a construir e melhorar mais ainda a educação do Paraná, tão abandonada em administração passadas. BIBLIOGRAFIA 61 APP-Sindicato. IV Conferência de Educação. 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O Sentido da Autonomia no Processo de Globalização. Santa Maria: UFSM, 1997 (texto). VASCONCELLOS, C. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. São Paulo: Libertad, 1995. ANEXO I HORÁRIO DAS AULAS 63 MANHÂ AULA 1ª 2ª 3ª RECREIO 4ª 5ª INÍCIO 07:30 08:20 09:10 10:00 10:15 11:05 TÉRMINO 08:20 09:10 10:00 10:15 11:05 11:55 TARDE AULA 1ª 2ª 3ª RECREIO 4ª 5ª INÍCIO 13:00 13:50 14:40 15:30 15:45 16:35 TÉRMINO 13:50 14:40 15:30 15:45 16:35 17:25 NOITE AULA 19:00 ás 22:30 ANEXO II NÚMERO DE ALUNOS POR TURMA 64 SÉRIE 1º Ano do III Ciclo 2º Ano do III Ciclo 1º Ano do IV Ciclo 2º Ano do IV Ciclo 1ª Ensino Médio 2ª Ensino Médio 3ª Ensino Médio TURMA A 30 TURMA B 28 TURMA C 31 TOTAL 89 34 32 31 97 33 25 31 89 26 30 26 82 28 40 20 30 - - 58 40 20 TOTAL DE ALUNOS Ensino Fundamental e Médio Regular – 475 total de alunos matutino - 356 total de alunos vespertino - 119 ANEXO III 65 CRONOGRAMA DE ATENDIMENTO SALA DE RECURSOS AU LA 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª SEGUNDA-FEIRA Grupo 3 Grupo 3 Grupo 2 Grupo 2-5 Grupo 5 TERÇA-FEIRA Grupo Grupo Grupo Grupo 4 4 1 1 ANEXO IV QUINTA-FEIRA Grupo Grupo Grupo Grupo 4 4 1 1 SEXTA-FEIRA Grupo 3 Grupo 2 e 3 Grupo 2 e 3 66 HORÁRIO DE ATENDIMENTO SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM 1º ANO DO III CICLO TARDE DIA -TERÇA - FEIRA QUINTA-FEIRA QUARTA-FEIRA SEXTA-FEIRA DISCIPLINA L. PORTUGUESA L. PORTUGUESA MATEMÁTICA MATEMÁTICA HORÁRIO 13:00 ÀS 14;40 13:50 ÀS 15:30 15:45 ÀS 17:25 15:45 ÁS 17:25 ANEXO V HORÁRIO CELEM – ESPANHOL TURMA DIA HORÁRIO 67 1º ANO A 1º ANO B 2º ANO A 2º ANO B SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUINTA-FEIRA 07:30 ÀS 09:10 13:15 ÀS 14:55 15:15 ÀS 16:55 07:30 ÁS 09:10 ANEXO VI RELAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NOME CH SEMANAL NA ESCOLA FUNÇÃO 68 Antonia Zatorski 40 Aux. Serviços gerais Daiane Glaza Lopes 20 Técnico-administrativo Eliane de Fátima Pattes 40 Secretária Elisana Saldeni Moretti 20 Pedagoga Luciane Maria Serrer 20 Pedagoga Josiane Peres 20 Pedagoga Mari Inês Mocknacz 40 Técnico-administrativo Maria da Luz Guimarães 40 Aux. Serviços gerais Nilce Stachera 40 Aux. Serviços gerais Salvador R. Jazzini 40 Diretor Samara de Lara 40 Aux. Serviços gerais Silvia Arrabar da Cruz 40 Aux. Serviços gerais Solange T. Mysczak 40 Aux. Serviços gerais Alex Felipe Alves 20 Inspetor Francisca Camilo Ribeiro 40 Aux. Serviços gerais Eliane Ostvald de Oliveira 40 Aux. Serviços gerais Marli Freitas 20 Pedagoga Pedro Rinaldo G Ribeiro 16 Vice direção Cláudia Ribeiro de Cristo 16 Pedagoga noturno Fernando José Mattos 20 Técnico Administrativo Relação de Professores (as) NOME CH SEMANAL NA ESCOLA DISCIPLINA Adelhet Hobi Zimer 16 CELEM - Espanhol Aldo Roman Chuk 16 História Ana Cristina Covlachuk 16 Língua Portuguesa Arnaldo Araújo Filho 8 Educação Física Angelita Dombrowski 32 Ciências/Matemática Alceu Pereira Júnior 16 Biologia Cheila Rosane Kudlack 16 Inglês Cladian R. Eggers 8 Artes Ana Maria Fonseca 12 Sociologa/ E Religioso Carlos Henrique Miranda 12 Educação Física 69 Dilmeri Henkel Silveira 16 Língua Portuguesa Edson Vande Weiwanko 12 Educação Física Elenice Maria Muniz 8 Língua Portuguesa Eliane Affonso 16 Língua Portuguesa Eliane Ap. Bughay 16 História Elenice Pigatto 12 Educação Física e Viva a Escola Erickson Clementino da Silva 8 Sociologia Gislaine Carla Waltrik 12 Geografia Gizele Ap. Crespo 16 Apoio Permanente Ivaneide Zaboroski 16 História Izaura Crema 6 Ensino Religioso Jociliane Maria Ferreira 24 Ciências/Matemática Janete Sebben 16 Arte Lilian Beatrz Kingerski 4 E Religioso Katia E. Drosda 16 Sala de Recursos Lori Pereira de Almeida 4 Química Leia Bodnar 9 Geografia Luciane Ap. Ristow 8 Física Marcia Maria da Maia 8 L Inglesa Marcio H. Rzewuski 14 Ciências/Matemática Maria Bernadete Lapa 34 Ciências/Matemática Maria Salete Xavier Correia 4 L Inglesa Maria Regina Martins 20 Língua Portuguesa Marlon Angelo Maltauro 3 História Miguel Angelo Chmileski 4 Química Mirian Martins Nunes 32 Geografia Noely de Fátima Pira Fila 16 Geografia Pedro Rinaldo G Ribeiro 12 E Física Rosemeire Vezaro 16 Arte Sandra Vilhena Zortea 4 L Portuguesa Verônica Conceição 3 História Ana Maria Y Dolinski 16 Física - EJA Arsênio L Garbin 16 L Portuguesa – EJA 70 Carla Eliane Mikolaiewski 6 E Física – EJA Eliane Kraczkovski 8 História – EJA Huerlin Ademar Balyk 16 Física – EJA José Adilson 8 História – EJA Luis Hélio Chamaleski 16 L Portuguesa – EJA Marisa Nancy de Souza 16 Inglês – EJA Marlene de Fátima Gavasso 16 Ciências – EJA Marta Michalichen 16 Matemática – EJA Suelen Antoniazzi 8 Filosofia ANEXO IX COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO FONE/FAX (42) 3524-4031 E-mail: [email protected] 71 UNIÃO DA VITÓRIA PARANÁ NOME: Série: Nº: Ano Letivo: 2006 PARECER TRIMESTRAL Senhores Pais: Este parecer refere-se ao desempenho do(a) aluno(a) nos respectivos trimestres e substitui o boletim escolar. Para maiores esclarecimentos, por favor, dirija-se à escola. Nº PARECER 01. Continue assim, você esta compreendendo e/ou praticando os conhecimentos trabalhados 02. Continue se esforçando, você pode superar suas dificuldades. 03. Você precisa melhorar seu rendimento, sendo mais participativo(a) e atencioso(a) 04. Leia, pois é através da leitura que crescemos e nos inteiramos com o mundo. 05. Você é faltoso(a), lembre-se que sua presença é importante para o seu sucesso. 06. Você esta com caderno e/ou pastas incompletos, coloque em dia suas atividades. 07. Seja responsável. Entregue seus trabalhos nas datas marcadas. 08. Melhore seu comportamento. As suas boas atitudes auxiliarão na construção de sua cidadania. Disciplinas 1º TRIM FALTAS PARECER FALTAS 2ºTRIM 3ºTRIM Ciências Educação Artística Educação Física Ensino Religioso Geografia História Língua Portuguesa Matemática Inglês ASSINATURA DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre ANEXO X FALTAS 72 COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO FONE/FAX: (42) 3524-4031 E-mail: [email protected] UNIÃO DA VITÓRIA PARANÁ PARECER – 2º TRIMESTRE DE 2006 NOME DO(A) ALUNO(A):___________________________________________ SÉRIE:__________ PARECER DA TURMA ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ 73 ANEXO XI AUTO-AVALIAÇÃO DO(A) ALUNO(A) 1º- QUAIS FORAM OS MEUS AVANÇOS? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________ 2º- QUAIS FORAM AS MINHAS DIFICULDADES? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________3º- O QUE EU PRETENDO PARA O PRÓXIMO TRIMESTRE? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 4º- ASSINALE AS DISCPLINAS QUE VOCÊ POSSUI MAIS DIFICULDADES: ( ) Língua Portuguesa ( ) Educação Artística ( ) Ensino Religioso ( ) Geografia ( ) Ciências ) Inglês ( ( ( ) História ) Educação Física ( ) Matemática PARECER DOS PAIS: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ____________________________ __________________________________________________________________________________________ 74 ANEXO XIV QUANTIDADE 18 3 06 44 5 01 04 12 02 01 16 02 01 7 01 01 02 2 8 01 02 4 02 02 01 01 01 01 03 01 01 01 20 06 11 05 02 10 03 06 245 240 RELAÇÃO DE BENS MÓVEIS DESCRIÇÃO Televisor Vídeo cassete Retroprojetor Microcomputador Copiadora Mimeógrafo Impressora Mesa para micro/terminal Microscópio monocular Episcópio Caixa acústica Máquina de escrever manual Máquina de escrever eletrônica DVD Guilhotina Alarme Relógios Bebedouro Rádio CD Freezer vertical Fogão semi-industrial Extintor de incêncio Antena parabólica Carrinho com suporte TV e vídeo Geladeira Circulador de ar Liquidificador industrial Batedeira semi-industrial Botijão de gás Pia Globo mundi Rack para TV e vídeo Armário Escrivaninha Cadeira fixa estofada Quadro negro Arquivo de aço Mesa para professor Carteiras educação especial Enciclopédia Cadeiras escolares Carteiras escolares 75 PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO 76 O presente Projeto Político Pedagógico apresenta como anexos: 1. Proposta Pedagógica 2. regimento Escolar 3. Plano de Ação da Escola 4. Plano de trabalho Pedagógico 5. Calendário Escolar 6. Estatuto do Conselho Escolar 7. Estatuto do Grêmio Estudantil (onde houver Grêmio) 8. Estatuto da APMF 9. Estatuto da Biblioteca Escolar (se tiver) 10. Estatuto da Cantina Comercial (se tiver) 11. Quadro de Pessoal 12. Projetos Desenvolvidos pela Escola 13. Parecer Foi aprovado pelo Conselho Escolar do Colégio Estadual Adiles Bordin Local e Data: União da Vitória, 08 de setembro de 2010 ] Diretor: Salvador Ribeiro Jazzini NRE de União da Vitória COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR UNIÃO DA VITÓRIA – PR 2 SUMÁRIO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ................................................................. 003 Apresentação ....................................................................................................... 004 Identificação ......................................................................................................... 005 Objetivo Geral ...................................................................................................... 011 Marco situacional ........................................... ..................................................... 012 Marco conceitual .................................................................................................. 034 Marco operacional ................................................................................................ 060 Avaliação do projeto-politico-pedagógico ............................................................ 064 Avaliação institucional .......................................................................................... 065 Bibliografia ............................................................................................................ 067 Anexos .................................................................................................................. 069 PROPOSTA CURRICULAR ................................................................................. 008 Proposta Curricular de Física para o Ensino Médio ............................................. 081 Proposta Curricular de Língua Estrangeira Moderna para o Ensino Fundamental e Médio.......................................................................................... 090 Proposta Curricular de Matemática para o Ensino Fundamental e Médio .......... 101 Proposta Curricular de Arte/Artes para o Ensino Fundamental e Médio ............ 119 Proposta Curricular de Biologia para o Ensino Médio ........................................ 137 Proposta Curricular de História para o Ensino Fundamental e Médio ................ 152 Proposta Curricular de Ciências para o Ensino Fundamental e Médio ............... 177 Proposta Curricular de Geografia para o Ensino Fundamental e Médio ............ 198 Proposta Curricular de Educação Física para o Ensino Fundamental e Médio ... 215 Proposta Curricular de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental .............. 223 Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio.................................................................................................................. 234 Proposta Curricular de Filosofia para o Ensino Médio ........................................ 256 Proposta Curricular de Sociologia para o Ensino Médio ...................................... 262 Proposta Curricular de Química para o Ensino Médio ......................................... 271 3 COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO UNIÃO DA VITÓRIA – PR 2007 4 APRESENTAÇÃO O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio foi elaborado coletivamente pela comunidades escolar. Para tanto, foram realizadas reuniões com os profissionais da escola, trabalhos em sala de aula com os alunos e reunião com os responsáveis pelos alunos para orientá-los sobre o preenchimento de um questionário para que pudéssemos conhecer melhor a comunidade, saber seus anseios e expectativas em relação à escola. Nas reuniões com os profissionais da escola foram estudados e discutidos vários textos, na maioria orientados pela Secretaria Estadual de Educação e Núcleo Regional de Ensino, o que possibilitou o estabelecimento de relações com a nossa prática, ou seja, a reflexão sobre a realidade e a definição de objetivos e ações necessárias para a construção de uma escola democrática que garanta aos alunos uma educação de qualidade. Dessa forma, o Projeto Político Pedagógico possibilitou uma reflexão sobre as finalidades da escola, assim como a explicitação de ações a serem empreendidas por todos os envolvidos no processo educativo. A construção do Projeto Político Pedagógico, além de ser uma necessidade, pois aponta uma direção para um compromisso estabelecido coletivamente, atende o previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, em seu artigo 12, inciso I: “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Essa elaboração é caracterizada pela autonomia dentro da escola para efetivação de um trabalho coletivo ao nível de uma prática cotidiana. 5 IDENTIFICAÇÃO O Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio, código 00862, está localizado na Rua Ivaldo Thomazi, s/nº, no bairro Cidade Jardim, município de União da Vitória, código 2840, estado do Paraná. O bairro onde o Colégio está localizado pertence à zona urbana de União da Vitória e fica a dois quilômetros de distância do Núcleo Regional de Ensino. O contato com o Colégio pode ser realizado também pelo telefone/fax (42) 3524 4031 e dos e-mails colé[email protected], [email protected], [email protected]. O site www.uvaadilesbordin.seed.pr.gov.br está a disposição da comunidade como mais uma alternativa para conhecer melhor o Colégio. Este Estabelecimento de Ensino está sob a jurisdição do Núcleo Regional de Ensino (NRE) de União da Vitória, código 29, e tem como mantenedor o Governo do Estado do Paraná. Aspectos Históricos Em quatro de outubro de mil novecentos e setenta e nove foi fundada, no bairro Cidade Jardim, a Escola Estadual Dario Bordin para atender os alunos de 1ª a 4ª séries da comunidade local. O terreno no qual a escola foi construída foi doado pela família Bordin e a construção do prédio foi realizada com recursos do governo do estado do Paraná. Com o processo de municipalização do ensino que ocorreu com a maioria das escolas de 1ª a 4ª série do Estado, em 1991, a Escola Dario Bordin passou a ser municipal e em 28 de novembro do mesmo ano é fundada a Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental para atender, a partir da 5ª série, os alunos da mesma comunidade, somente no período da manhã e funcionando as duas escolas no mesmo prédio. Quando fundada, em 1991, a escola teve como primeiro nome Escola Estadual do Conjunto Habitacional Bento Munhoz da Rocha – Ensino de 1º Grau. Recebeu a autorização de funcionamento do Ensino de 1º Grau nº4056 de 28/11/91, para implantação gradativa das séries a partir de 1992. Em 23 de outubro de 1992, pelo ato 3571, a escola passou a denominar-se Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino de 1º Grau. Sua primeira diretora foi a professora 6 Irene Niemes Jeremias, que mais tarde foi homenageada pela comunidade escolar, tendo a Biblioteca da escola seu nome. Em 1993, preocupada em minimizar os problemas de evasão, repetência e avaliação classificatória, a Escola busca uma nova metodologia para garantir uma educação de qualidade e concretizar as orientações do Currículo Básico das Escolas Públicas do Paraná. Desde então, a sistemática avaliativa foi o cerne das mudanças, ou seja, buscou-se uma forma de avaliação do desempenho dos alunos não apenas com provas e notas, pois estas não traduzem o desenvolvimento e a aprendizagem. Optou-se por uma avaliação diagnóstica e contínua, registrada através de pareceres descritivos que já eram realizados pelos professores do Ciclo Básico de Alfabetização. Mas, como o sistema formal ainda exigia notas, o trabalho dos professores foi realizado paralelamente com notas e pareceres descritivos. Assim, com as duas formas de registro, além de se tornar mais trabalhoso, a comunidade escolar foi sentindo que as notas eram desnecessárias e que descaracterizava a prática pedagógica desejada. Em 2001 a escola passou a trabalhar legalmente com esse sistema de avaliação, implantando os ciclos de aprendizagem: III e IV ciclo, permitindo a reprovação somente ao final de cada ciclo. Em 1994 a escola recebe a renovação para funcionamento nº 1986 de 19/04/94. O reconhecimento do curso de 1º grau foi outorgado pelo parecer 0038/1995 e pelo ato 4107 de 27/10/95. Pelo ato 3120 de 31/08/98, a escola passa a ser denominada Escola Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental. A renovação do reconhecimento do Ensino Fundamental foi outorgada pelo parecer 0858/2002 e pelo ato 4649 de 26/11/2002. Com o aumento do número de alunos, devido ao crescimento dos bairros próximos à escola, houve a necessidade de aumentar a estrutura física da escola. Em 2005, com recursos que foram doados pela comunidade à Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), a escola iniciou a construção de oito novas salas de aula em alvenaria. Também em 2005 é autorizado o funcionamento da Sala de Recursos, no período vespertino, para atender os alunos de III e IV ciclo na área de deficiência mental e distúrbios de aprendizagem, de acordo com o parecer 0969/2005 e com o ato 1761 de 05/07/2005. No início do ano de 2006 a escola implantou, de forma gradativa, o Ensino Médio, passando a denominar-se Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio, através do parecer 0342/2006 e do ato 203/2006 de 03/02/2006 que autoriza seu 7 funcionamento. Com essa implantação e o aumento constante de matrículas, o Colégio dobrou seu turno de atendimento em 2006, passando a oferecer no período vespertino turmas de 1º e 2º ano do III ciclo, com a previsão de, gradativamente, atender até o 2º ano do IV ciclo nesse período. Caracterização do Atendimento O Colégio Estadual Adiles Bordin oferece as séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. O Ensino Fundamental é organizado em dois ciclos de formação: III e IV ciclo. O Ensino Médio funciona de maneira seriada e sua implantação se deu no início do ano letivo de 2006, de forma gradativa. O atendimento ocorre em dois períodos: matutino (das 7 h e 30 min às 11 h e 55 min) e vespertino (das 13 h às 17 h e 25 min), com aulas de 50 minutos e intervalo de 15 minutos (Anexo I). Atualmente, o colégio possui 360 alunos matriculados, distribuídos em três turmas de 1º ano do III ciclo, sendo duas no período matutino e uma no período vespertino, três turmas de 2º ano do III ciclo, sendo duas no período matutino e uma no período vespertino, três turmas de 1º ano do IV ciclo no período matutino, sendo duas no período matutino e uma no vespertino, duas turmas de 2º ano do IV Ciclo no período matutino , uma turma de 1ª série do Ensino Médio no período matutino e uma turma de 2ª série do Ensino Médio no período matutino.(Anexo II). No período vespertino funciona uma Sala de Recursos para atender, no máximo trinta alunos regularmente matriculados no período matutino no Ensino Fundamental de III e IV ciclo ou 5ª a 8ª séries da rede estadual, egressos da Educação Especial ou aqueles que apresentam problemas de aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem e/ou deficiência mental e que necessitam de apoio especializado complementar para obter progresso no processo de aprendizagem na Classe Comum. Esses alunos são atendidos individualmente ou em grupos de até dez alunos, conforme cronograma elaborado pela professora regente da Sala de Recursos e equipe pedagógica (Anexo III). Os grupos de alunos são organizados por faixa etária e/ou conforme as necessidades pedagógicas semelhantes dos mesmos. O atendimento pode ser de duas a quatro vezes por semana, não ultrapassando duas horas diárias. O Colégio também oferece Salas de Apoio à Aprendizagem, que é uma ação pedagógica da Secretaria de Estado da Educação para enfrentamento dos problemas 8 relacionados ao ensino de Língua Portuguesa e Matemática e às dificuldades de aprendizagem, identificadas nos alunos matriculados no 1º ano do III ciclo, no que se refere aos conteúdos de leitura, escrita e cálculo. No período matutino o Colégio tem uma Sala de Apoio de Matemática e uma de Língua Portuguesa para atender os alunos que estudam regularmente no período vespertino, e neste tem uma Sala de Apoio de Matemática e uma de Língua Portuguesa para atender os alunos que estudam regularmente no período matutino. A carga horária para cada uma das disciplinas é de quatro horas-aula semanais, sendo ofertadas duas vezes por semana duas aulas germinadas (Anexo IV). O colégio também oferece o Centro de Estudos de Língua Estrangeira Moderna (CELEM) de Espanhol. São quatro turmas de aproximadamente 25 alunos que freqüentam duas vezes por semana duas horas-aulas (Anexo V). Três turmas funcionam no período vespertino para atender os alunos que estudam no matutino e uma funciona no período matutino para atender os alunos que estudam no vespertino. Uma turma do vespertino concluirá o 4º período no final deste ano, fazendo a formatura na data prevista para a formatura do Ensino Fundamental. Quadro de Pessoal O Colégio Estadual Adiles Bordin possui atualmente trinta e cinco professores onze funcionários (Anexo VI). Desses professores, um exerce a função de direção e dois são pedagogos. A maioria dos professores (77%) são concursados (QPM/SCO2), 88% dos professores possuem o Ensino Superior completo em sua área de atuação e 62,9% possui Especialização. Os professores que ainda não possuem o Ensino Superior completo não são concursados, estão cursando a faculdade e atuam na área em que estão sendo formados. Atualmente, uma professora está em licença para participar do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Duas professoras possuem formação na área de Educação Especial, sendo que uma é professora da Sala de Recursos e outra é professora de Apoio Permanente de um aluno cadeirante, portador de Distrofia Muscular de Duchene (DMD). Essa professora atua no contexto da sala de aula em que o aluno está matriculado, auxiliando-o em sua dificuldade física. Quanto aos funcionários, seis são concursados e quatro possuem outro vínculo 9 (PSS, CLADE, PR Educação). Um funcionário é contratado e pago com recursos da APMF. Três funcionárias possuem curso superior completo, duas funcionárias possuem o Ensino Médio completo, duas estão cursando o Ensino Médio uma possui o Ensino Fundamental completo e duas cursaram somente as séries iniciais. Para atender aos 360 alunos matriculados atualmente, a escola precisa de mais funcionários (inspetor e pedagogo), sobretudo, no período matutino que possui 278 alunos. Organização do Espaço Físico O Colégio Estadual Adiles Bordin funciona no mesmo prédio da Escola Municipal Dario Bordin e a maioria dos espaços são compartilhados. O Colégio Estadual Adiles Bordin ampliou seu espaço construindo salas de aula (duas no piso inferior e seis no superior) e, atualmente, possui sete salas de aula no piso inferior e seis salas no superior. Uma dessas salas de aula é usada para o laboratório de informática. Possui também duas salas de aula de madeira que são separadas do prédio principal e que, atualmente, são ocupadas somente pelo município. No piso inferior possui ainda: uma sala de aula que está sendo usada como biblioteca, duas secretarias (uma estadual e outra municipal), uma sala de professores inadequada pelo seu tamanho, duas salas de uso dos pedagogos (uma estadual e outra municipal), uma cozinha pequena, uma despensa também pequena e sem ventilação, um banheiro desativado onde é guardado materiais para as aulas de Educação Física, um banheiro para professores e funcionários com apenas um vaso sanitário e uma pia, um banheiro para meninas com quatro vasos sanitários, um banheiro para meninos com três vasos sanitários, uma pequena área coberta onde estão dispostas cinco mesas com bancos para que os alunos possam lanchar, que funciona como um refeitório inadequado. Com o crescente aumento de alunos, professores e funcionários, esses espaços tornaram-se pequenos e, segundo medidas técnicas da FUNDEPAR, insuficientes para o número de alunos. Além disso, a escola não possui um banheiro adaptado para os alunos cadeirantes que já estão matriculados (um aluno no estado e dois alunos no município). Na parte externa há uma pequena quadra sem cobertura, com piso bruto, onde são realizadas as aulas de Educação Física e um pátio na frente da escola também utilizado para Educação Física, Horas-cívicas, apresentações, entre outras atividades que precisam reunir todos os alunos. Há também uma pequena parte coberta, além daquela 10 onde estão as mesas, onde os alunos formam as filas para a entrada nas salas de aula e que, em dias de chuva ou com muito sol, é usada para as aulas de Educação Física, o que prejudica a qualidade das aulas, assim como o barulho interfere nas salas de aula. O Colégio possui também um pequeno estacionamento, uma área lateral onde foram construídos os canteiros para os alunos desenvolverem a horta escolar, uma casa de alvenaria onde mora um Policial Militar que cuida da escola e ainda um pequeno pedaço de terra atrás das salas de madeira onde também foram feitos canteiros. Nesse ano será construída pelo Governo do Estado do Paraná a tão esperada quadra coberta. Para tanto, o terreno ao lado da escola foi cedido pela Prefeitura Municipal de União da Vitória, através da lei municipal 3324/05. Apesar de ser fácil o acesso à parte inferior da escola, ela não possui nenhuma adaptação para alunos cadeirantes e o acesso ao piso superior é impossível a estes. OBJETIVO GERAL O Colégio Estadual Adiles Bordin se preocupa com a formação humana do aluno, por isso queremos construir uma escola que forme um cidadão integralmente, que tenha um projeto de vida que leve em conta o bem comum e que use o conhecimento para sua efetivação. Queremos uma escola que dê todas as condições para o aluno, através do seu aprendizado, para que ele possa romper com essa sociedade capitalista, excludente e injusta. Uma escola que seja democrática, que dê as mesmas condições de partida para todos os alunos, mas também as mesmas condições de chegada, uma escola pública que garanta o pleno desenvolvimento do aluno. Portanto, é necessário que a escola trabalhe para formar sujeitos críticos, que saibam defender seus interesses e os da coletividade, que não fiquem apáticos e paralisados diante das injustiças que ameaçam o bem comum, que se reconheçam parte da sociedade e que saibam que o que nela ocorrer os afetam diretamente, que lutar por ela é lutar por si e pelos outros sujeitos. Para tanto, é necessário valorizar e respeitar a cultura que o aluno traz, além de trabalhar outras culturas para que ele também valorize e respeite a diversidade. Partindo do conhecimento que o aluno possui, será trabalhado o conhecimento científico como um processo dinâmico que precisa ser compreendido, construído e reelaborado, e não como 11 algo pronto e acabado que deve ser memorizado. A avaliação terá um papel central na efetivação dos nossos objetivos. A partir da avaliação diagnóstica e emancipadora é que poderemos incluir todos os alunos no círculo da aprendizagem, fazendo com que superem suas dificuldades e desenvolvam suas potencialidades. MARCO SITUACIONAL Vivemos em uma sociedade capitalista, injusta, organizada em classes desiguais. A globalização é um fenômeno que tem sido usado para caracterizar essa sociedade que exclui, classifica, explora, gera desemprego e todo tipo de violência. Essa globalização apresenta, de um lado, a homogeneização dos espaços e da sociedade e, de outro, a ampliação das desigualdades sociais e econômicas. Ou seja, teoricamente, todos têm liberdade e possibilidade de participar de todos os espaços sociais, mas na realidade o que acontece é que a grande maioria da população vive à margem, sem ter acesso nem aos direitos básicos como educação e saúde, numa evidente exclusão. Para que possamos considerar uma pessoa realmente incluída na sociedade, de acordo com Kuenzer (2005), é preciso, em primeiro lugar, que ela participe da produção e apropriação dos bens, ou seja, que tenha um trabalho e possa usufruir de tudo o que a humanidade produz. Em segundo lugar é preciso que a pessoa participe da posse e da construção do conhecimento e da cultura e, finalmente que ela tenha acesso ao poder, usando seu direito de eleger e ser eleito. Isto não é possível numa sociedade capitalista, portanto, poucas pessoas num mundo que vende o sonho da liberdade são realmente livres para incluírem-se nele. Nosso país vive essa realidade que vem sendo construída há mais de quinhentos anos: apesar de ser grande e rico, a maioria da população não possui condições dignas 12 de vida. A riqueza sempre concentrada na mão de poucos é a principal causa do empobrecimento da maioria da população, ao lado do desemprego, da vulnerabilidade externa, da carência de serviços básicos, como saúde e educação, e das relações de corrupção, principalmente entre políticos e grandes empresas. A concentração de renda pode ser entendida melhor quando transformamos os dados em um exemplo mais prático: imaginemos que 57 pessoas, que são as mais pobres, tenham que dividir 3 sanduíches; 26 pessoas, que são pobres, tenham que dividir 9 sanduíches; que 13 pessoas, que são ricas, tenham que dividir 26 sanduíches; e que 4 pessoas, que são as mais ricas, tenham 62 sanduíches para serem divididos. Esses são os dados da riqueza produzida por todos, mas que ficam nas mãos de poucos. O Colégio Adiles Bordin atende exatamente essa população que participa da produção da riqueza, mas que é excluída do produto dessa produção. Para ter um conhecimento melhor da comunidade que a escola atende, elaboramos um questionário (Anexo VII) para ser respondido pelas famílias. Assim, foi possível levantar vários dados importantes que contribuirão para nossa ação pedagógica. Além da comunidade do bairro Cidade Jardim, o Colégio atende os alunos dos bairros próximos (Bairro Bento Munhoz, Conjunto Panorama, Conjunto Bandeirante, Bairro Bom Jesus, Bairro Ouro Verde e Bairro São Sebastião), porque nesses bairros não há escolas que ofereçam as séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Não possuímos, no momento, alunos que venham de reservas indígenas, do campo, quilombolas, itinerantes e ilhéus. A grande maioria das famílias dos alunos possui religião (97%), sendo que 75% das que possuem declaram-se católicas e as demais evangélicas. Quanto à origem étnica, 66% são descendentes de europeus (portugueses, italianos, poloneses, ucranianos, alemães) e 28% são descendentes de índios e negros e, quanto à raça, 56% declaram-se brancos, 8% negros, 30% pardos e 6% amarelos. A comunidade acredita que no Brasil há o pior tipo de racismo, que não há raças superiores ou inferiores e que os preconceitos que temos, mas negamos, nos são passados pelas piadas, pela televisão e pela própria família. Em nossa sociedade não existe apenas um modelo de família, pois construímos laços familiares com as pessoas com as quais moramos. Em nossa comunidade, a maioria das famílias (62%) são formadas por até cinco pessoas, possuindo vários graus de parentescos entre elas, como pais, avós, tios e primos. Quase na metade das famílias (42%) existem problemas constantes de saúde que 13 afetam um ou mais membros da família. Entre os mais freqüentes aparecem os problemas com pressão arterial, pulmão, coração e depressão. Além disso, 24% da comunidade possui um familiar dependente químico (álcool ou fumo). Várias dificuldades encontradas na comunidade foram apontadas, em ordem de preocupação: uso de drogas, animais soltos na rua, roubos, esgotos e valetas a céu aberto, ruas em péssimas condições de tráfego, vandalismo contra o patrimônio público, lixo nas ruas, iluminação pública precária, falta de áreas de lazer, falta de segurança, destruição ambiental, falta de respeito entre as pessoas. Quanto ao problema dos animais soltos nas ruas (cachorros, gatos e cavalos), que preocupa 62% da população, a comunidade sugere que as autoridades das áreas da saúde e justiça tomem providência e que haja um trabalho de conscientização que atinja principalmente os donos desses animais. Sobre o problema do lixo, a grande maioria (71%) coloca na frente de casa para ser levado pelo caminhão de coleta, apenas 3% utiliza o lixo orgânico no quintal da própria casa. Ao colocar o lixo para ser coletado, 51% da comunidade faz a separação dos materiais que podem ser reciclados. As pessoas da nossa comunidade têm valor pelo que são e não pelo que têm, mas acreditamos que elas deveriam ter acesso a todos os serviços e bens produzidos pelo trabalho humano para a garantia de sua cidadania. Infelizmente não é isso que acontece: os bens materiais que a maioria das famílias possuem são a televisão (82%), a geladeira (73%), o aparelho de som (66%), a casa (66%) e a bicicleta (66%). Apenas uma pequena minoria possui vídeo-cassete, DVD, computador, internet, antena parabólica e carro. Quanto aos serviços, a maioria tem apenas água encanada e luz elétrica (80%), esgoto, telefone fixo e celular são possuídos por menos da metade das famílias. O meio de locomoção mais usado é a bicicleta e os menos usado são o ônibus (pelo custo da tarifa) e o carro. O serviço de telefonia é considerado importante pela comunidade, sendo que o celular ainda é mais acessível que o fixo. A comunidade destaca, porém, que na escola o telefone celular é desnecessário e prejudicial aos estudos, não concordando em hipótese alguma com seu uso dentro do Colégio. O lazer é considerado importante para uma boa qualidade de vida, sendo uma atividade presente na maioria das famílias, através das seguintes atividades: campeonatos, festas, bailes, jogos e passeios. Por isso, a comunidade sugere que nos 14 finais de semana o Colégio e outros espaços, como o Centro Comunitário, sejam usados para atividades desse tipo, além de serem usados para oferecer cursos de teatro, dança e informática. Sobre a questão do trabalho, a comunidade apresenta a seguinte realidade: a maioria trabalha com carteria assinada exercendo as seguintes profissões: mecânico, pedreiro, pintor, doméstica, professora, vigia, secretária, cozinheira, marcineiro, comerciante, motorista, servente, operador de máquina e jardineiro. Na comunidade existem casos de menores que trabalham para ajudar na renda familiar, fazendo “bicos” como ajudante de pedreiro, ajudante de mecânico, sorveteiro, jardineiro. A renda da maior parte da comunidade (55%) é de um a dois salários mínimos, 13% ganham menos que um salário e apenas 11% mais que cinco salários. Portanto, a maioria da comunidade é beneficiada com algum programa do governo que visa diminuir as desigualdades sociais: 40% são beneficiadas com o programa Bolsa-família do governo federal, 13% participam do programa Leite das Crianças, 13% são beneficiadas com o programa Luz Fraterna e 2% com o programa Água em sua Casa, todos do governo estadual. A opinião que possuem a respeito desses auxílios é que eles ajudam muito, são importantes para melhorar um pouco as condições sociais das famílias, mas o ideal seria que todos tivessem oportunidade de trabalhar e com isso garantir o sustento e o bem-estar da sua família. Quanto ao nível de escolaridade da comunidade, a maioria possui o Ensino Fundamental incompleto e uma pequena minoria possui o Ensino Superior completo. Várias pessoas das famílias dos nossos alunos, que não tiveram a oportunidade de continuar seus estudos anteriormente, voltaram a estudar na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Vários pontos positivos da escola são destacados pela comunidade: a atuação dos professores, o atendimento prestado pelos funcionários, as atividades oferecidas pela escola (piquenique, festas, futsal, grupo de teatro), o nível de aprendizagem dos alunos e os conteúdos trabalhados em sala de aula e a organização da escola em geral. Alguns pontos também são destacados para serem melhorados: o comportamento de alguns alunos que desrespeitam os colegas, a indisciplina de alguns alunos e a falta quadra de esportes. Através do questionário e das conversas freqüentes com as pessoas da comunidade, sentimos que todos querem um futuro melhor para seus filhos, querem que eles sejam pessoas felizes, que tenham acesso ao conhecimento e que possuam um 15 trabalho e possam usufruir do produto dele, ou seja, o rompimento desse modelo de sociedade em que vivemos é uma necessidade urgente, pois da maneira como ela está organizada não terá espaço para todos viverem com dignidade. Sabemos que esse modelo de sociedade foi construído historicamente, segundo valores da classe dominante e que, portanto, pode ser transformada. Nesse sentido é que destacamos o papel da escola, descartando duas posturas inadequadas, citadas por Kuenzer (2005). A primeira postura diz respeito ao imobilismo, ou seja, não podemos pensar que a sociedade é assim mesmo e que nada podemos fazer porque a escola é determinada pelas mesmas políticas que mantém esse modelo de sociedade. A segunda postura diz respeito ao idealismo, ou seja, não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que somente através da escola mudaremos o mundo e que ela é a solução para todos os males. Diante disso, nossa opção é por uma postura responsável, ou seja, temos consciência que a burguesia cede alguns espaços para a classe trabalhadora e um deles é o espaço escolar. Sendo cedido pela classe dominante não está isento das ideologias dessa classe que deseja apenas a reprodução do modelo social que oprime, explora, classifica e exclui. Mesmo assim, acreditamos que o objetivo do nosso trabalho, que contraria o que vemos na sociedade é formar a pessoa humana para que seja ética, solidária, que possua um projeto de vida que leve em conta o bem comum e que force espaços de atuação para que essa sociedade perversa seja transformada. Nosso trabalho, por si só, não transforma a sociedade, mas pode formar pessoas melhores, com capacidade para intervir e transformar. Nesse contexto é que se situa o Colégio Estadual Adiles Bordin – Ensino Fundamental e Médio, apresentando a seguinte realidade: 1º ANO 3º CICLO 2º ano Fase Aprendizagem Sem freqüência 2003 2004 2005 2006 2003 % 1,5 1,8 0 0 0 Aprovados Reprovados Transferidos Desistentes % % % % 69,9 4,5 3,6 2,4 0,0 12,7 14,9 3,6 6,0 15,0 17,4 0 0 4,8 7,0 0 16 ANO 3º CICLO 1º ANO IV CICLO 2º ANO IV CICLO 1EM 2004 2005 2006 2003 2004 2005 2006 2003 2004 2005 2006 2006 0 0 0 0 0 0 0 2,0 0 0 0 0,0 66,7 72,9 65,0 86,3 90,2 79,2 64,0 45,0 17,3 4,9 8,0 0 2,0 2,0 0,0 9,7 4,9 6,9 8,0 6,0 13,3 22,2 10,0 15,0 8,2 10,2 11,0 2,0 4,9 4,6 16,0 21,0 2,7 0 17,0 0 0 0 9,0 0 0 9,3 12,0 28,0 Analisando o quadro acima, vemos que no 1º Ano do 3º Ciclo e no 1º Ano do IV Ciclo não há porcentagem de aprovação porque a escola está organizada em ciclos de aprendizagem e nessas séries não há reprovação, exceto por freqüência, como determina a LDB 9394/96, artigo 24, inciso VI, “o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de sententa e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação”. Há uma grande porcentagem de transferidos porque as famílias dos alunos mudam muito de endereço por questões sociais: moram em casas alugadas ou mudam de cidade em busca de emprego. É comum, porém, haver retorno desses alunos no decorrer do ano letivo. Um dado que preocupa a todos é a porcentagem de alunos desistentes e sem freqüência, ou seja, alunos que foram matriculados no início do ano letivo, mas que nunca compareceram. Mesmo sendo um índice baixo, nos inquieta já que nosso objetivo é garantir o acesso a e permanência das crianças/adolescentes na escola. O motivo dessas desistências, na maioria das vezes, é o ingresso desses no mercado do trabalho. Geralmente são alunos em defasagem idade/série que precisam trabalhar para ajudar no sustento da família e esta, por sua vez, incentiva o trabalho em detrimento da escola porque a necessidade que possuem é imediata. Sabemos que vários alunos que desistem da escola regular acabam retornando mais tarde para a Educação de Jovens e Adultos. Em todos os casos de alunos que reprovaram por freqüência e que desistiram houve o seguinte procedimento por parte da direção e equipe pedagógica: conversa com o aluno, conversa com os responsáveis pelo aluno, encaminhamento para o Conselho Tutelar. Infelizmente estas ações não deram conta de mantê-los na escola. 17 Mesmo não sendo possível avaliar a aprendizagem somente através de dados, sendo esta um processo contínuo, que não acontece por saltos, os dados nos dizem que a grande maioria dos alunos aprende. Um avanço significativo que tivemos foi a implantação da Sala de Recursos e da Sala de Apoio à Aprendizagem no ano de 2005, pois os alunos que antes possuíam dificuldade e necessitavam de um atendimento diferenciado tinham apenas o período regular para superá-las. Desde a implantação dos ciclos, os profissionais da escola começaram a se preocupar com as questões de avaliação e com um apoio para todas as turmas no período contrário da sala regular, o que tem sido uma reivindicação constante Enfrentamos algumas dificuldades no dia-a-dia que interferem na aprendizagem dos alunos, como a não realização das tarefas de casa, a falta de cuidado dos materiais por parte dos alunos, a falta do hábito de estudo, a falta de incentivo e motivação para estudar, a dificuldade de relacionamento entre alguns alunos e a dificuldade que alguns alunos apresentam na atenção, concentração e memória. Outra dificuldade se refere à concepção de alguns alunos que, influenciados pelo mundo adulto e pela sociedade em que vivem, acreditam que devem estudar apenas para passar de ano e que a escola que tenta não classificar nem excluir não exige estudo. As disciplinas trabalhadas no Colégio Adiles Bordin, assim como a carga horária, estão de acordo com a matriz curricular (Anexo VIII) que ficou assim definida para atender ao artigo 26 da LDB 9394/96, a instrução nº 04/2005 da Secretaria Estadual de Educação e as necessidades e realidade da escola. Além da Base Nacional Comum, o Colégio oferta no Ensino Fundamental uma Língua Estrangeira Moderna como parte diversificada: Língua Inglesa. No Ensino Médio, a parte diversificada é composta de uma Língua Estrangeira Moderna (Língua Inglesa) e das disciplinas de Sociologia (1ª série) e Filosofia (2ª e 3ª séries). A prática pedagógica dentro de cada área é orientada pelas Diretrizes Curriculares Estaduais que foram construídas pelos professores do Estado do Paraná. O planejamento em cada área do conhecimento é realizado pelos professores no início de cada ano letivo, depois que tiveram conhecimento da turma que irão trabalhar. Na maioria das vezes, os professores se reúnem por área para elaborá-lo. Os conteúdos trabalhados em cada área levam em consideração os conhecimentos que os alunos já possuem. Ou seja, parte-se da prática social, ampliam-se os conhecimentos para que, novamente, eles sejam aplicados na prática social. Existem conteúdos que se tornam mais difíceis para os alunos fazerem essa ponte conhecimentoprática, por isso é fundamental partir da realidade mais próxima e valorizar a contribuição 18 dos alunos durante as aulas. Portanto, os professores não se prendem somente ao livro didático ou ao planejamento; acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia são aproveitados para se trabalhar com o conhecimento científico, temas sociais contemporâneos (desemprego, fome, racismo, relações de gênero, água e meio ambiente, entre outros) são valorizados e estão muito presentes em sala de aula, assim como temas que vão surgindo durante o ano e criando a necessidade de serem abordados (Drogas, Sexualidade, entre outros). A história e a cultura afro-brasileira e africana também são temas contemplados, sobretudo, nas áreas de História, Língua Portuguesa e Artes, e os estudos sobre o estado do Paraná estão inseridos nas disciplinas de História e Geografia. Com relação à Educação Fiscal, seis professores foram capacitados para serem os disseminadores, possuindo o compromisso de trabalhar com os colegas e alunos os conteúdos inerentes ao Curso on-line do programa Nacional de Educação Fiscal, como objetivo de promover o exercício da cidadania. Avaliação da Aprendizagem Procuramos desenvolver a avaliação da aprendizagem de acordo com nossa concepção de escola e sociedade e para atender aquilo que os ciclos de aprendizagem pressupõem, ou seja, trabalhamos com uma avaliação contínua que se desenvolve ao longo do processo educativo e não se destina a julgamento definitivo, mas ao diagnóstico. Isso significa que a avaliação não serve para selecionar os alunos e, sim, para incluir todos no círculo da aprendizagem. Todos os professores utilizam vários mecanismos para avaliar os alunos, como: provas, trabalhos individuais, trabalhos em grupo, pesquisas, apresentações, exercícios realizados em aula, acompanhamento dos cadernos. A participação dos alunos é sempre valorizada, havendo constantemente incentivo para que todos façam as tarefas, exponham seu pensamento e tirem suas dúvidas. Como não trabalhamos com o sistema de notas no Ensino Fundamental, os(as) professores(as) utilizam conceitos e pareceres nas avaliações. O grupo de professores avaliam tudo o que é produzido pelos alunos em todas as aulas, sem a preocupação em pontuar atividades que servem somente para avaliar. Os professores(as) conversam no início do ano com as turmas para estabelecer junto com os alunos os critérios de avaliação. Assim como são oportunizadas várias chances para os(as) alunos(as) 19 demonstrarem o que e como aprenderam, existe, por parte dos(as) professores(as), uma preocupação constante em retomar os conteúdos que não foram bem compreendidos. Ou seja, não priorizamos recuperação de estudos depois do processo de aprendizagem, valorizando-a no próprio processo de aprendizagem. Alguns professores demonstram várias preocupações, principalmente pelo fato de nossa escola ser organizada em ciclos de formação que não prevêem reprovações nos primeiros anos de III e IV ciclo, acreditando que, por esse motivo, alguns alunos precisam de mais apoio no período contrário da aula ( no momento é oferecido somente para os alunos do 1° ano do III ciclo); em caso de transferência para outra escola, temem que os alunos não consigam acompanhar os conteúdos. O Conselho de Classe realizado ao final de cada bimestre (Ensino Médio) e de cada trimestre (Ensino Fundamental) tem sido um espaço para exposição de nossas angústias, reflexão sobre a prática e para a avaliação do nosso trabalho. Mas, ainda tem sido um espaço com vários limites: não conta com a participação de todos os professores, apontam-se muitos fatores negativos, em detrimento dos avanços, não sobra tempo para estudo de textos que são necessários para desencadear uma boa discussão. No Conselho de Classe do Ensino Fundamental que ocorre no final do ano é que decidimos, coletivamente, sobre o aproveitamento ou não por parte dos(as) alunos(as). Esse não é um momento fácil, pois é preciso avaliar o desempenho dos alunos durante todo o ciclo, e não apenas durante o último ano, e em todas as áreas do conhecimento. Só acontece a reprovação quando há consenso entre os professores e não temos o sistema de dependência no Ensino Fundamental. No Ensino Médio, por ser organizado de forma seriada, o aluno precisa atingir a média anual de seis pontos, ou seja, somar ao final do ano vinte e quatro pontos em cada disciplina. Quando o aluno não atinge a média em até duas disciplinas, ele pode passar para a série seguinte, ficando em dependência. Ou seja, além de ter que aprender os conteúdos da série em que está, terá que estudar novamente os conteúdos da série anterior das disciplinas em que ficou em dependência. O registro da avaliação do Ensino Fundamental acontece da seguinte forma: semestralmente os professores elaboram pareceres descritivos do desempenho de cada aluno, dentro de cada área do conhecimento. Esses pareceres substituem as notas usadas nos sistemas seriados e acompanham os históricos escolares em caso de transferência. Para comunicar aos pais o rendimento dos alunos e para complementar a poposta difrerenciada de avaliação, o Colégio adota um parecer trimestral individual onde 20 os professores registram o desempenho dos alunos em cada área do conhecimento, usando para isso conceitos pré-estabelecidos (Anexo IX). Além disso, cada turma realiza, sob a coordenação do professor conselheiro, um parecer sobre os avanços e as dificuldades encontradas no período e registram as expectativas para o próximo (Anexo X). Depois da avaliação da turma, cada aluno faz individualmente uma autoavaliação, registrando suas dificuldades, seus avanços e suas expectativas. Quando os pais recebem a pasta com esses pareceres têm a oportunidade de identificar qual é efetivamente o desempenho de seu filho e têm, também, a oportunidade de dar seu posicionamento sobre a vida escolar dele, preenchendo o seu parecer (Anexo XI). Essa maneira de registrar a avaliação, além dar condições para que os alunos percebam quais são suas dificuldades, incentiva os alunos a estudarem e faz com que todos assumam seu papel no processo educativo. O que os alunos e os pais escrevem nos pareceres tem ajudado muito na reflexão sobre nossas ações e cada vez mais reafirma a validade da nossa prática avaliativa. No início de cada ano letivo os pareceres são revistos pelos professores; e podem sofrer alterações, de acordo com as necessidades que vão surgindo. O Ensino Médio apresenta o registro da avaliação em forma de boletins com notas, mas, decidimos juntamente com os alunos manter o parecer da turma e o individual para serem entregues aos responsáveis que também poderão fazer seus pareceres. Inclusão Mesmo não possuindo ainda todas as condições necessárias para que nossa escola se constitua o lugar preferencial para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais que não necessitam de atendimento educacional em Escola Especial, sabemos da importância da inclusão. A escola acolhe os alunos, mas entende que este é um processo gradativo, que tem que ser construído aos poucos e que algumas condições devem ser dadas no momento da inclusão (professor de apoio permanente, intérprete de libras, por exemplo) e outras farão parte do próprio processo. Temos, atualmente, na área da Educação Especial, dois serviços de apoio especializados: Sala de Recursos e Professora de Apoio Permanente. A Sala de Recursos é ofertada aos alunos do Ensino Fundamental no período contrário daquele em que freqüentam a classe comum, com professor da Educação 21 Especial, onde o atendimento pedagógico específico se dá individualmente ou em pequenos grupos, com cronograma de atendimento, com vista ao progresso global dos alunos que apresentam dificuldade no processo de aprendizagem, com utilização de programações específicas, métodos, estratégias, atividades diversificadas e extracurriculares. A professora regente da Sala de Recursos vem à escola uma vez por semana no período da manhã para conversar com os professores da classe regular e com a equipe pedagógica sobre as dificuldades e os avanços para redefinição de ações junto aos alunos que freqüentam essa sala. A professora de apoio permanente atua no contexto da sala de aula junto a um aluno cadeirante, portador de Distrofia Muscular de Duchene. Essa é uma doença rara e grave que se manifesta na criança por volta dos três anos de idade e que não tem cura. Essa doença pode ocorrer nos sexos masculino e feminino, no entanto, as meninas apenas são portadoras da doença, enquanto os meninos manifestam-na da seguinte forma: não se sustentam em pé, devido à flacidez dos músculos e têm dificuldades respiratórias. O Colégio não possui ainda nenhuma adaptação para alunos cadeirantes, exceto as carteiras escolares adaptadas que foram recebidas no início do ano de 2006. A freqüência desse menino às aulas tem sido prejudicada porque a cadeira de rodas que ele possui não suporta seu peso e as condições das ruas, estando constantemente estragada. Outras alternativas estão sendo buscadas pela escola junto aos órgãos competentes (cadeira de rodas nova, transporte de sua casa até à escola), mas ainda sem respostas. Formação inicial e continuada Consideramos a formação continuada essencial no exercício da nossa profissão, pois é através do estudo teórico e da reflexão sobre nossa prática que temos oportunidade de revermos nossos pontos de vista, reconsiderarmos nossas ações e melhorarmos nossa atuação. Quanto à formação inicial, todos/as os/as professores/as possuem a formação na sua área de atuação e a maioria tem especialização. Os funcionários também possuem a formação mínima exigida para o exercício de suas funções. No que se refere à formação continuada, os professores têm tido várias oportunidades, como: cursos de formação nas diferentes áreas realizados em Curitiba e Faxinal do Céu, palestras realizadas pelo 22 Núcleo Regional de Ensino (NRE), grupos de estudos por disciplina e por temas (Ex.: História e Cultura Afro) realizados na própria cidade aos sábados, simpósios nas diferentes áreas realizados em Curitiba e em Faxinal do Céu, Jornada Pedagógica organizada pelo NRE, encontros realizados no NRE para discussão de assuntos específicos (exemplo: grupo de estudo das Salas de Apoio), capacitações realizadas no início dos períodos letivos nas escolas e cursos on-line (Ex.: Educação Fiscal, Prevenção ao Uso de Drogas). Os conteúdos abordados e os materiais disponibilizados nessas formações são bons, os professores são de qualidade, mas destacamos alguns pontos que precisam ser melhorados para atingir todos os professores. O primeiro ponto diz respeito aos grupos de estudo por área e temas que deveriam acontecer no horário de trabalho, pois a formação faz parte do exercício da nossa profissão. O segundo se refere às palestras que o NRE organiza e que acontecem no horário das aulas sem haver dispensa de alunos, ou seja, apenas alguns professores podem participar. O terceiro ponto se refere aos simpósios e cursos oferecidos fora da cidade que também dificultam a participação de todos porque, além das vagas serem limitadas, alguns professores não podem se ausentar da cidade. Quanto a outros pontos mais específicos de cada formação, preenchemos sempre as avaliações colocando nossas opiniões a respeito. As capacitações realizadas na escola atingem um número maior de professores e a discussão é voltada especificamente para nossa realidade, por isso consideramos que deva ocorrer com maior freqüência e não apenas duas vezes ao ano. Por iniciativa da própria escola, temos forçado algumas reuniões de estudo durante o ano (uma hora a cada quinze dias) para discutir assuntos que assumem no dia-a-dia relevância e urgência, mas pela necessidade de pensar mais sobre nossa prática e relacionar nossas dificuldades com teorias que nos apontem um caminho, esses espaços ainda são insuficientes. Infelizmente, os funcionários ainda não possuem todas essas oportunidades. Mesmo quando as formações ocorrem na escola, não há a participação efetiva de todos os funcionários porque ocorrem justamente nos períodos em que eles precisam organizar a escola para a volta dos alunos. Consideramos necessário investir mais na formação dos(as) funcionários(as), oportunizando cursos direcionados às funções que exercem e espaços para que realmente possa haver a participação de todos. Quanto ao repasse dos conteúdos abordados nos cursos pelos professores que participaram, o tempo impede sua efetivação. O espaço do recreio não atinge todos os 23 professores e é insuficiente para o repasse do mínimo que se pode socializar. O que ocorre, então, é uma socialização rápida com os colegas que estão naquele dia na escola ou com um ou dois colegas que realizam a hora-atividade juntos. Organização do tempo e do espaço A Colégio Adiles Bordin oferece, de acordo com a LDB 9394/96, a carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar. O calendário escolar é adequado, atendendo a comunidade local e o que rege a legislação (Anexo XII). É ofertado aos alunos apenas um turno de estudo regular e, são oportunizadas atividades que além das Salas de Apoio a Aprendizagem, da Sala de Recursos e do CELEM, complementam a ação educativa, como: - Grupo de Teatro que acontece duas vezes por semana, durante uma hora, sob coordenação da professora Maria Regina Martins Gelchaki, que faz este trabalho de forma voluntária. - Escolinha de Futebol de Campo que acontece duas vezes por semana, durante duas horas, sob coordenação do Sr. Brandizio Borges Domingues, voluntário da comunidade. Os alunos que participam da escolinha participam também dos Jogos Colegiais. - Horta escolar que foi um projeto iniciado pela professora Marlene de Fátima Gavasso para incentivar os alunos para usar técnicas de plantio sem uso de agrotóxico, além de enriquecer a merenda escolar. Atualmente, é coordenado pela direção e tem a participação de todas as turmas do Colégio. - Arte na Argila que é um projeto desenvolvido uma vez por semana, sob coordenação do Sr. Osmair Antônio Lazier, para desenvolver a sensibilidade e a criatividade. Além disso, o acesso à arte incentiva as manifestações culturais e contribui para a inclusão social. - Capoeira que acontece uma vez por semana sob a coordenação do Sr. Adilson Cordeiro, com o objetivo de difundir e valorizar a cultura afro-brasileira, além de desenvolver nos educandos a socialização, o respeito e a disciplina. - Dança que acontece duas vezes por semana, sob coordenação de Jofrancis Gelchaki, com o objetivo de desenvolver a expressão corporal, a socialização e contribuir para a desinibição e auto-estima. Além dessas atividades, temos o atendimento no período integral da biblioteca e do laboratório de informática para que os alunos possam ler e realizar seus estudos e 24 pesquisas. O tempo escolar, assim como acontece nas escolas seriadas, é dividido em cinco aulas diárias, sendo que a maioria das disciplinas não possui aulas conjugadas. O tempo de cada aula é curto para se trabalhar com metodologias diferenciadas, prevalecendo, muitas vezes, as aulas expositivas. A fragmentação do tempo é sentida, sobretudo, pelos alunos que iniciam o III ciclo que vem de outra organização de tempo escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental: um professor regente que trabalha com quase todas as disciplinas e mais um ou dois professores que trabalham com Artes e Educação Física. Acontecem, no decorrer do ano, alguns trabalhos interdisciplinares para amenizar a fragmentação do conhecimento, retomando sua totalidade. Para facilitar esses trabalhos, no início do ano letivo são levantados alguns temas de importância social para serem trabalhados em todas as turmas por todas as disciplinas. Para o ano letivo de 2006 foram escolhidos os seguintes temas: Mulher, Eleição, Racismo, Preconceito, Sexualidade, Drogas, Grêmio Estudantil, Avaliação. Também decidimos coletivamente, para que haja participação de todos num trabalho interdisciplinar, que participaremos e/ou desenvolveremos as seguintes atividades: - FIEL (Feira Intercolegial Estudantil do Livro) que é uma iniciativa de um grupo de pessoas para incentivar a leitura. A Feira não tem caráter lucrativo e é o momento de culminância de várias atividades envolvendo as escolas e realizadas anteriormente: estudo do livro de reflexões sobre a FIEL, criação de slogans, leituras e produções de textos, palestra para professores, apresentações para alunos (Exemplo: poeta João Bello). -Festa Ambiental que é realizada por nove municípios da região Sul do Paraná, em parceria com as escolas, através do Núcleo Regional de Educação, Secretaria Estadual da Educação, Instituto Ambiental do Paraná e Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Cada ano a festa acontece em um dos nove municípios e um tema é trabalhado nas escolas que podem preparar apresentações para representar o seu município. A Festa Ambiental tem como objetivo sensibilizar os alunos para as questões ambientais e conscientizá-los do papel que cada um tem na preservação do meio ambiente. - FERA (Festival de Arte da Rede Estudantil) que é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e que tem por objetivo estimular experiências nas 25 diversas áreas e linguagens artísticas, desenvolvendo a interdisciplinaridade, trabalhando o conhecimento da arte e da cultura, contribuindo para a reflexão sobre a arte na educação e, ainda, promovendo o intercâmbio para enriquecer o tempo e o espaço escolar. - Com Ciência que também é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e se caracteriza como uma atividade pedagógica complementar e interativa, na qual as escolas – alunos e professores – possuem espaço para expor publicamente suas produções planejadas e executadas no cotidiano escolar. - Agenda 21 que envolve diversas ações relacionadas ao meio ambiente, entendendo-o não apenas como a natureza, mas a relação dos sujeitos no meio em que vivem, seja este social ou natural. Apoiaremos as ações desenvolvidas pelo grupo Eco que trabalha com as escolas essas questões, a exemplo da Passeata que participamos em defesa da Vida e da Água. Além disso, fizemos no Colégio uma Conferência Ambiental envolvendo todos os alunos na decisão de uma questão para se trabalhar com o objetivo de melhorar o meio em que vivemos. Realizada em 2005, discutimos a importância da preservação do Rio Vermelho que passa perto da nossa escola e que está sofrendo com a devastação da mata ciliar e com a plantação de pinus em áreas próximas. - Aula de Leitura que acontece em todas as turmas semanalmente, conforme cronograma pré-estabelecido. Esse momento é destinado a leitura de diversos gêneros e conta com a participação de todos os professores, independente da disciplina que leciona pois entendemos que a leitura é fundamental para a aprendizagem e para o exercício da cidadania. Noite da Poesia que é organizada na própria escola pelas professoras de Língua Portuguesa, que após desenvolverem um trabalho sobre poesia nas salas de aula, fazem da noite um ponto de culminância, com declamação de poemas feita por vários alunos. Festival da Canção que também é uma atividade organizada anualmente pela própria - - escola com o objetivo de desenvolver no aluno o gosto pela música, o respeito pelos diversos estilos musicais, além de ser uma atividade educativa que envolve toda a comunidade escolar e é coordenado por Francis Rafael Alves, músico, formado emHistória, ex-aluno da escola e integrante da Banda Coração Tapera que contribui para o evento. - OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) que é uma iniciativa do governo federal, através dos Ministérios da Educação e da Ciência e 26 Tecnologia, e tem como objetivos: contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento, identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas. Além de recuperar o caráter totalizante do conhecimento, essas atividades favorecem a aprendizagem porque contam com a participação efetiva dos alunos. A organização do Grêmio Estudantil Ismela Weber, que é um espaço de atuação dos alunos, tem como objetivo, de acordo com o seu estatuto, representar condignamente o corpo discente; defender os interesses individuais e coletivos dos alunos do Colégio; incentivar a cultura literária, artística e desportiva de seus membros; promover a cooperação entre administradores, funcionários, professores e alunos no trabalho escolar, buscando seus aprimoramentos; realizar intercâmbio e colaboração de caráter cultural e educacional com outras instituições de caráter educacional, lutar pela democracia permanente na Escola, através do direito de participação nos fóruns internos de deliberação da Escola. Para isso, a professora Maria Regina Martins Gelchaki desenvolve um trabalho com todas as turmas para conscientizá-los da importância da organização estudantil e para incentivar todos os alunos a participarem. No ano de 2006, a chapa TPC (Trabalhando para Crescer) foi eleita para dirigir o Grêmio pelo período de dois anos com várias propostas de melhorias na escola (Anexo XIII). Organização e distribuição das turmas Os professores lotados na escola escolhem, no início do ano letivo, as turmas com as quais vão trabalhar e as aulas que sobram são oferecidas, em nível de NRE, para os professores que estão sem lotação, depois para os professores que trabalham com aulas extraordinárias e, se mesmo assim faltarem professores, o NRE se encarrega de chamar aqueles que se inscreveram no Processo Especial do Paraná (PEPR). Até o ano de 2006, com o aumento de turmas, houve a necessidade de mais professores, modificando a forma de trabalho. Quanto à organização das turmas, essa se dá da seguinte forma: os alunos que são matriculados no início do III ciclo escolhem o período em que querem estudar (manhã ou tarde). Depois de escolhido o período, as turmas são distribuídas de maneira que fiquem equilibradas quanto ao número e ao sexo dos alunos e seguem assim até que os 27 alunos saiam do Colégio. Esse ano, os alunos do 2° ano do III ciclo e do 1º ano do IV Ciclo também tiveram a oportunidade de escolher o turno e os que permaneceram no período da manhã, ficaram na mesma turma do ano anterior.Quando ocorre matrícula nova no decorrer do ano, o aluno é colocado na turma que, no momento, tem menos alunos, garantindo assim um equilíbrio entre as turmas. Quando há necessidade e consenso entre os professores, mudanças são feitas nas turmas no início do ano ou ocorre remanejamentos no decorrer das aulas. O horário das aulas é organizado pela direção e equipe pedagógica depois de conversar com os professores. Cada professor faz a opção pelos dias de suas aulas e são atendidos na medida do possível. Alguns casos se tornam impossíveis de serem atendidos porque a maioria dos professores possui aulas em outras escolas e é preciso conciliar e estudar cada possibilidade separadamente. O horário é feito logo no início do ano letivo, mas, devido às alterações no quadro de professores, é mudado durante o ano, ocasionando algumas vezes descontentamentos. Hora-atividade: Infelizmente, depois de organizado o horário é que se pensa a hora-atividade, que fica nas “janelas” e dificilmente os professores da mesma área conseguem fazê-la juntos. Isso também dificulta algumas trocas que se fazem necessárias como, por exemplo, quando um professor é chamado fora do horário para participar de uma reunião de estudo sem poder compensá-la porque sua hora-atividade não é nem no início e nem no final do horário das aulas, impedindo sua saída da escola. A hora-atividade é usada pelos professores para leitura, estudo, conversa com os colegas, direção e equipe pedagógica, planejamento, preparação de aulas, avaliação, preenchimento de pareceres e livro de chamada. Ou seja, a demanda é grande para ter somente vinte por cento do tempo destinado à hora-atividade. Sofremos com a falta de um espaço físico adequado para fazer a hora-atividade, pois a sala dos professores é muito pequena e usada também pelo município, a biblioteca possui um fluxo muito grande de pessoas,. Outra necessidade é a aquisição de materiais para leitura, como revistas, periódicos e livros para formação dos profissionais da escola. Equipamentos Físicos: 28 O Colégio Estadual Adiles Bordin possui vários equipamentos e materiais que são essenciais para a prática docente, como mostra a relação de bens móveis (Anexo XIV). Destacamos, portanto, as necessidades atuais: - Os televisores ficam no piso inferior e é difícil levá-los até o superior, portanto em cada sala de aula que fica em cima é necessário colocar um aparelho para evitar trocas de salas de aula entre as turmas, como acontece atualmente. Além disso, é necessário que todos os aparelhos eletrônicos passem por uma revisão periódica para manter sempre seu bom estado de conservação. - As cortinas das salas de aula estão novas, mas são feitas com um tecido muito fino, prejudicando algumas vezes a visibilidade que os alunos devem ter do quadro. - A aquisição de scanner e data show facilitaria várias ações da escola: aulas, reuniões com pais e com professores, apresentações. - A aquisição de jogos e materiais para uso na Sala de Apoio e Sala de Recursos também são essenciais, pois a quantidade que o Colégio possui atualmente não atende à demanda. Além disso, é preciso investir mais em mapas, que estão desatualizados, livros, CDs e materiais esportivos. Participação dos pais A participação dos pais acontece nas reuniões realizadas durante o ano. Geralmente, as reuniões são realizadas da seguinte forma: uma no início do ano para conversarmos sobre o funcionamento da escola e sobre o que está previsto para o ano, uma reunião ao final de cada trimestre (Ensino Fundamental) para entrega dos pareceres e conversa geral sobre o que acontece na escola, e uma ao final de cada bimestre (Ensino Médio) para entrega dos boletins e também para uma conversa geral sobre o que acontece na escola. Nessas reuniões há uma boa participação dos pais, pois acontecem no período da noite, quando a maioria não está em horário de trabalho. As reuniões ao final de cada trimestres são realizadas em dois momentos: no primeiro, a direção expõe para todos os presentes como a escola está desenvolvendo seu trabalho, e, no segundo, os pais vão até as salas de aula, separadas por série, para receberem dos professores os pareceres. Ou seja, no segundo momento, os pais podem conversar especificamente sobre a aprendizagem de seus filhos. Em algumas reuniões fazemos apresentações artísticas, como do grupo de teatro, para que os pais também tenham a oportunidade de acompanhar as atividades que a 29 escola oferece. Nas promoções que a escola precisa fazer para arrecadar dinheiro e fazer melhorias, há também uma boa participação dos pais. Há também a participação através da APMF (Associação de Pais, Mestres e Professores) e do Conselho Escolar, mas essa se dá, geralmente, acatando o que a escola decide, pois confiam naquilo que ela determina. Quanto à participação fora das reuniões e eventos, a maioria dos pais vêm até a escola somente quando são chamados para conversar sobre o desenvolvimento de seus filhos. Sabemos que isso ocorre, também, por falta de tempo, pois a maioria trabalha o dia todo. Relações de trabalho Apesar de termos um objetivo comum que é a aprendizagem dos alunos, as relações entre os profissionais da escola não acontecem sem conflito, o que é positivo, pois gera discussão e crescimento. As relações entre professores, alunos, direção e funcionários são relações de poder que, algumas vezes, ainda refletem a hierarquia tão presente em toda sociedade. Os professores possuem um relacionamento bom, de confiança, com a maioria dos alunos. Em algumas turmas isso é mais complicado, pois os próprios alunos, entre eles, possuem dificuldade de relacionamento. Quando o coletivo de professores encontra a necessidade de encaminhar alunos que possuem dificuldades que vão além das pedagógicas, ou seja, dificuldades de ordem psicológica, o Colégio busca ajuda na Universidade do Contestado (UnC), através do Projeto Psicologia Escola que esta desenvolve, e ajuda na área da saúde, agendando encaminhamentos com a Dra. Margarete, especialista em adolescentes. Quando surgem problemas no que dizem respeito à área da saúde e que também interferem no processo educativo (visão, audição, fala, entre outros), os pais dos alunos são chamados na escola e orientados para que procurem o serviço de saúde. Quanto aos problemas que ocorrem com os alunos referentes à disciplina, a direção e equipe pedagógica tentam fazer um trabalho de orientação junto aos alunos e às famílias, sendo necessário, algumas vezes, a direção da escola seguir o que diz o regimento escolar em vigor: advertência oral, advertência por escrito, convocação do responsável. Havendo reincidência ou um ato infracional grave, a direção da escola 30 recorre ao Conselho Tutelar e a Promotoria Pública, tendo ouvido o Conselho Escolar. A relação dos professores com os pais é insuficiente, o contato entre eles ocorre somente nas reuniões e quando os pais são chamados na escola. Um fator que interfere diretamente nas relações de trabalho é a falta de circulação de algumas informações, ou seja, nem todos ficam sabendo o que está acontecendo ou vai acontecer na escola. Isto se deve a vários fatores, entre eles: vários professores não estão todos os dias na escola, os murais sempre estão cheios de informações e mesmo assim não estão contemplando todas, alguns professores não participam do recreio que é onde circula mais informações e nem todas as decisões são tomadas no coletivo. O Colégio compartilha o espaço com a escola municipal e, algumas vezes, surgem conflitos que são resolvidos pelas direções das duas escolas, devido ao pouco investimento que o município faz na escola e no que se refere à divisão do trabalho dos funcionários que cuidam da limpeza e organização das escolas. Contradições e conflitos A maior contradição que sentimos está no desejo que temos em construir uma escola que não cabe nesse modelo de sociedade que faz com ela seja um espaço para atender aos interesses do capital. Nós, educadores, que somos frutos de uma educação autoritária, também sentimos dificuldade em romper com alguns conceitos que não cabem no sonho de escola que queremos. Algumas vezes nossa prática também não condiz com nosso discurso por questões externas (organização do espaço e tempo escolar, condições físicas e materiais da escola, por exemplo) . Outras vezes, o que planejamos realizar em determinada turma ou circunstância não funciona para atingir nossos objetivos, forçando algumas atitudes que também contrariam nossos princípios e concepções. Estudos e discussões são realizados para diminuir a distância entre aquilo que acreditamos e aquilo que fazemos, mas a prática demora um pouco mais para mudar. 31 MARCO CONCEITUAL Quando falamos em educação, a reflexão deve partir sempre do contexto social no qual está inserida. Torna-se fundamental, portanto, relacionar educação, cultura e sociedade, centrando a atenção na perspectiva política da prática educativa, apontando características de que se reveste a escola em nossa sociedade. 32 Para falar da educação é preciso refletir sobre a cultura, na medida em que se pode afirmar que educação é um fenômeno histórico e social de socialização de cultura. Não existe sociedade sem cultura, nem cultura sem uma relação social. Podemos definir cultura, de acordo com Rios (1994), como o mundo transformado pelas pessoas, através das relações estabelecidas. O mundo com o qual o ser humano se relaciona se apresenta em duas dimensões: natureza e cultura. A primeira independe do homem e da mulher para existir e a segunda é o mundo transformado pelo ser humano devido a sua necessidade de sobrevivência e interesse de alguns grupos. No momento que se interfere na natureza para satisfação de algumas necessidades, é posta em ação razão e criatividade, que são elementos inseparáveis. Dessa forma, cria-se cultura porque as maneiras de atender às necessidades não estão inscritas na natureza humana. Assim, não existem culturas melhores ou piores, existem culturas diferentes, pois todas as pessoas são cultas porque participam de algum modo da criação cultural, que é o resultado do trabalho. Não podemos falar em cultura sem falar em trabalho, que é a intervenção consciente e intencional na realidade. O trabalho está na essência humana, é o que nos faz sermos, não pode ser separado da sociedade, na medida em que é com os outros que se trabalha e cria cultura. Trabalhamos e criamos culturas que precisam ser preservadas e socializadas porque não estão incorporadas ao patrimônio natural, sendo esta a função fundamental das diversas instituições sociais. Podemos dizer que a educação, definida como socializadora de cultura, está presente em todas as instituições, mas especificamente na escola, o espaço de socialização sistemática do saber historicamente acumulado pela sociedade, com o objetivo de formar pessoas capazes de participar na construção dessa sociedade. Em cada sociedade a organização do trabalho determina a tarefa da educação escolar. Por exemplo, na sociedade capitalista, a escola é concessão da burguesia para que os sujeitos sejam inseridos nos valores e crenças da classe dominante. A ideologia presente na sociedade encontra na escola um espaço privilegiado para instalar-se no bojo do saber a ser transmitido e é caracterizada na dissimulação da realidade, apresentando como naturais elementos que são determinados pela relação econômica de produção. Surge, assim, uma questão fundamental que merece consideração: se a escola é socializadora do saber acumulado, ela deve ser fonte de apropriação da herança social pelos que estão em seu interior. Entretanto, constatamos que grande parte de população 33 está excluída do processo educativo formal e que a maioria que freqüenta a escola não tem oportunidade de apropriar-se dessa herança. Como a educação se insere na prática social global, passa a ser espaço de luta entre as classes sociais opostas. Saviani (1994) destaca que para uma classe tem uma função de ajustar, acomodar à ordem social vigente; para a outra, atua como instrumento de luta de mobilização, com vistas à promoção integral do ser humano. O processo educativo é, pois um conjunto de práticas que, ao mesmo tempo, mantêm e transformam a estrutura social. A escola intervém nos rumos da sociedade e é também continuamente influenciada pelo que ocorre fora do seu âmbito, na sociedade global. A ação das pessoas em sociedade tem um caráter político, ou seja, o poder é um elemento presente como constituinte do social. A idéia de política está associada à de poder, que, por sua vez, não se separa da idéia de força, e esta significa a posse de meios que permitam influir no comportamento das pessoas. A escola é uma instituição que tem como função específica a influência, na medida em que se destina a ensinar, dando-lhes o acesso ao saber necessário para direcionar sua inserção na sociedade. O poder não é somente a capacidade de influência, mas também a possibilidade de escolha, de definição entre alternativas de ação. Não há vida social que não seja política; é função de fins específicos, definidos por certos interesses, que as pessoas estabelecem suas relações com a natureza e uns com os outros, articulando em sua ação sua vontade com as condições concretas do contexto em que vivem. A função da educação tem uma dimensão técnica e uma política, dialeticamente relacionadas. É na articulação do que é especificamente pedagógico com a totalidade do social que se realiza a dimensão política da educação. O papel político da educação se revela na medida em que ele se cumpre sempre na perspectiva de determinado interesse. A escola está posicionada no âmbito da correlação de forças da sociedade em que se insere e, portanto, servindo às forças que lutam para perpetuar ou transformar o modelo de sociedade. A escola está funcionando, na realidade, como um aparelho privilegiado para inculcação ideológica. Não apenas no que diz respeito aos conteúdos e técnicas, mas, principalmente, na postura dos educadores que nela desenvolvem sua prática. É importante lembrar o que Paulo Freire (1996) nos fala sobre o ato de ensinar: 34 ensinar não é apenas transferir conhecimentos como se os alunos fossem bancos, onde o professor pode depositar o que quiser, como se o conhecimento fosse pronto e acabado e os alunos tivessem a obrigação apenas de guardar na memória o que o professor fala. Ao contrário, ensinar é uma atividade de produção e construção que envolve ensinantes e aprendentes, não sendo necessariamente o professor apenas aquele que ensina e educando apenas aquele que aprende. Diante disso, Freire (1996) propõe uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à autonomia do educando. O educador deve reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão, sempre levando em conta os saberes que os educandos já trazem consigo, respeitando-os e ampliando-os através da pesquisa, da criticidade, da estética e da ética. É imprescindível que o educador negue a velha postulação: “faça o que eu falo, não faça o que eu faço”, pois ele deve ensinar pelo exemplo e não apenas por palavras, aceitando o novo (negando-o ou acolhendo-o) e rejeitando qualquer forma de preconceito e discriminação. O professor não deve abrir mão da competência técnico-científica no desenvolvimento de seu trabalho, mas é preciso lembrar que isso é perfeitamente compatível com a amorosidade necessária às relações educativas. A postura amorosa, humilde e tolerante favorece a construção de um ambiente propício à produção do conhecimento, onde o medo do professor e o mito que se cria em torno da sua pessoa não possuem espaço. Enfim, é preciso ser coerente, agir com bom senso. De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudanças. Através de sua prática, movida pelo desejo e vivida com alegria, o professor não deve abrir mão do sonho, do rigor, da seriedade e da simplicidade, inerente à competência. Os educadores são desafiados constantemente pelo desconhecido e a renovação de suas práticas educacionais, através da formação continuada, torna-se uma questão de sobrevivência da escola. Porém esta renovação é complexa, primeiro porque perpassa todos os aspectos da prática pedagógica; segundo, porque exige abertura dos envolvidos no processo, somada à vontade política de mudar e, terceiro, porque os meios para concretizar as aspirações devem estar em consonância com o contexto histórico concreto. Para isso, é fundamental, de acordo com Doll (1997), que o professor trabalhe levando em consideração os conceitos norteadores: autonomia, qualidade e cidadania (numa relação dialética entre os mesmos). Esses conceitos contribuem para o 35 desenvolvimento de uma educação com qualidade formal e política e, conseqüentemente, instrumentalizam os/as professores/as para a participação na vida da escola. Destaca-se a autonomia, por ser um reconhecido valor hoje que “se constitui numa categoria central da essência da vida humana, e como tal, confere o poder de determinar os processos e as estratégias de ação, escolher caminhos e alternativas, bem como objetivar desejos e ideais no sentido de efetivar a ação crítica nas mais diversas situações que a vida nos impõe” (Soares; Pereira, 1997, p. 04). Castoriadis (1992), destaca que a autonomia é uma necessidade emocional, uma vez que os indivíduos precisam desenvolver uma efetiva comunicação entre si, numa sociedade em que o diálogo é essencial para o desenvolvimento das atividades. A falta de autonomia cria obstáculos às discussões abertas, gera violência e impede a manifestação plural. É uma necessidade sócio-cultural, uma vez que a nova sociedade traz, em suas contradições produtivas um amplo movimento cultural de superação de velhas concepções de mundo, exigindo uma nova direção das relações sociais e a elaboração de um novo comportamento chamado reflexivo. Sob este aspecto, a autonomia torna-se necessidade política, pois somente um indivíduo autônomo possui condições de entender as contradições do mundo globalizado, questionando-as e agindo no sentido de canalizar as oportunidades para mudanças qualitativas. Por tudo isso, a autonomia tornou-se condição de sobrevivência para os indivíduos na sociedade atual. Somente o ser humano autônomo será capaz de interferir nas esferas econômica, sócio-cultural e/ou política, pois a autonomia faz interrogar, refletir e deliberar com liberdade e responsabilidade, ou como diz Castoriadis (1992, p. 46), "é capaz de uma atividade refletida própria", e não de uma atividade que foi pensada por outro sem a sua participação. É importante, pois, que todos os envolvidos com o processo educativo reconheçam a importância da mesma, e estejam trabalhando para favorecer a autonomia individual e, conseqüentemente coletiva, pois é assim que nos tornaremos conscientes e autores de nosso próprio envolver histórico. A escola que tem como princípio norteador a autonomia, "permite que os poderes humanos de organização e reorganização criativa da experiência, sejam operativos no contexto educacional" (Doll, 1997, p.117). Esse sistema aberto permite que professores, alunos, funcionários, pais de alunos, pedagogos e diretores estabeleçam uma comunicação dialógica, propícia à criação de estruturas metodológicas mais flexíveis para 36 reinventar sempre que for preciso. A confirmação desse contexto só poderá ser dada numa escola autônoma, onde as relações pedagógicas são humanizadas. Portanto, pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da educação. Observamos que não há autonomia por questões burocráticas tais como documentação, organização com relação ao horário e espaço, atendimentos diferenciados de acordo com a necessidade. A respeito da qualidade, entende-se a mesma no sentido colocado por Demo (1994, p.35), como "elaboração histórica, o que se cria, em contraposição às circunstâncias dadas (...). É diminuir as formas dadas de determinação externa, é conquistar o espaço de autodeterminação". Este não é um entendimento ingênuo, mas crítico e que exige, além da capacitação de cunho mais técnico, a capacitação política para atingi-la. Um verdadeiro processo educativo só é possível se feito com qualidade; ao mesmo tempo, sabemos da complexidade desta questão quando estamos tratando de um contexto contraditório como o da escola, mas que por isto mesmo precisamos colocá-la a fim de sanar lacunas que impedem a educação de ser um canal para a cidadania. Já com relação à cidadania destaca-se sua concepção plena analisada por Gadotti; Romão (1997, p.38), e que consiste na mobilização da sociedade para a conquista dos direitos civis, sociais e políticos: "pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência de direitos e deveres e exercício da democracia”. Portanto, uma educação para a cidadania, deve ser conscientizadora desses direitos, bem como da importância da participação da sociedade na reivindicação dos mesmos. Logo, educar para a cidadania deve ser o objetivo político de cada área de ensino, fazendo da cidadania uma questão interdisciplinar por excelência. Este é um caminho que leva à construção do que se chama hoje escola cidadã, e cujos eixos norteadores são: “a integração entre educação e cultura, escola e comunidade (...), a democratização das relações de poder dentro da escola, o enfrentamento da questão da repetência e da avaliação, a visão interdisciplinar e transdisciplinar e a formação permanente dos educadores” (Gadotti; Romão, 1997, p.40). A nós, educadores, cabe o compromisso de direcionar nossa prática nesses parâmetros, fazendo educação para a emancipação das pessoas e, para tal, necessário se faz adotarmos uma postura metodológica que viabilize a educação numa perspectiva revolucionária; ou então, faremos o jogo do sistema que representa as elites tão distantes 37 da realidade do nosso povo, repetindo o modelo de sociedade desigual em que vivemos. Para construirmos a escola que queremos é preciso rever um conceito fundamental, que é motivo de nossa prática diária: o/a aluno/a. A criança, ao longo da história e da evolução do ser humano, nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente, gracioso, ou ainda imperfeito e incompleto. Estas noções se constituíram em elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança, entendido como um ser sem existência social, miniatura do adulto. Atualmente, a concepção que temos sobre criança está relacionada à criança como ser social. Nesta visão, o/a aluno/a como cidadão caracteriza-se por ser um sujeito ativo, onde a situação sócio-cultural, as condições econômicas, o sexo e a etnia exercem grande influência sobre ele e seu comportamento. Dessa forma, o conceito de aluno/a passa a não ser único, mas depende de vários fatores, do contexto onde ele/a está inserido. Por isso, os/as educadores/as que atuam junto a ele/a precisam estar atentos para o atendimento de suas necessidades básicas, a fim de contribuírem positivamente no seu desenvolvimento. Esse estar atento refere-se também à posição que tomamos, enquanto educadores/as, diante dos processos de aprendizagem e desenvolvimento do/a aluno/a. Diante das posições que explicam o desenvolvimento infantil, a interacionista é a que considera a criança da forma como a vemos hoje. Sem desconsiderar os fatores maturação e transmissões culturais, os interacionistas atribuem participação ativa da criança no processo de desenvolvimento. Ela constrói seus conhecimentos interagindo com o mundo em que vive. Nesse desenvolvimento intervém um conteúdo biológico, sem o qual nada é possível. Se não houver um organismo dotado de estruturas orgânicas e funcionando de modo integrado, não há possibilidade de os conhecimentos progredirem. Ocorre também a influência do meio social adulto, das experiências e do que, a partir delas, a criança pode abstrair das transmissões educativas e dos fatores ligados ao funcionamento interno da organização intelectual. Durante a evolução da aprendizagem, a criança reelabora a seu modo o que lhe é transmitido e extrai de suas experiências aquilo que seu nível de entendimento possibilita. Mas a evolução das suas conquistas é, de fato, um ato de criação. O/a aluno/a é, portanto, um ser em desenvolvimento, com características próprias e que constrói seu conhecimento e se estrutura na interação com o meio. Desde o 38 nascimento, está em constante interação com os adultos, que compartilham com ele seus modos de viver, de fazer as coisas, de dizer e de pensar, integrando-a aos significados que foram sendo produzidos e acumulados historicamente. As atividades que realiza adquirem significados nos sistemas de comportamento social do grupo a que pertence. Com certeza, esse pensamento nos remete a Vygotsky. A partir de suas concepções sobre o desenvolvimento e aprendizagem, podemos apontar, de acordo com Castorina (1996), três idéias básicas desse estudioso que têm particular relevância para a questão do ensino escolar. Em primeiro lugar sua postulação de que o desenvolvimento psicológico deve ser olhado de maneira prospectiva, isto é, além do momento atual, com referência ao que está por acontecer na trajetória do indivíduo. O conceito de zona de desenvolvimento proximal (zdp), talvez o conceito específico de Vygotsky mais divulgado e reconhecido como típico de seu pensamento, está estreitamente ligado à essa postulação: marca como mais importante, no percurso do desenvolvimento, exatamente aqueles processos que já estão embrionariamente presentes no ser humano, mas ainda não se consolidaram. Em termos de atuação pedagógica, essa postulação traz consigo a idéia de que o papel explícito do/a professor/a de provocar nos/as alunos/as avanços que não ocorreriam espontaneamente consiste exatamente em uma interferência na zdp dos alunos. Em segundo lugar, é fundamental para a educação a postulação de Vygotsky de que os processos de aprendizado movimentam os processos de desenvolvimento. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, a escola, agência social explicitamente encarregada de transmitir sistemas organizados de conhecimento e modos de funcionamento intelectual às crianças e aos jovens, tem um papel essencial na promoção do desenvolvimento psicológico das pessoas que vivem nas sociedades letradas. A terceira idéia de Vygotsky que tem particular relevância para a educação fala da importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo e na promoção dos processos interpsicológicos que serão posteriormente internalizados. O mero contato com objetos de conhecimento não garante a aprendizagem, assim como a simples imersão em ambientes informadores não promove, necessariamente, o desenvolvimento, balizado por metas culturalmente definidas. O referencial teórico vygotskyano nos aponta, assim, os processos pedagógicos como processos intencionais, deliberados, dirigidos à construção de seres psicológicos que são membros de uma cultura específica, cujo perfil, portanto está delimitado por parâmetros culturalmente definidos. 39 É nesse sentido que a escola, enquanto criação cultural das sociedades letradas, tem um papel singular na construção do desenvolvimento pleno dos membros dessas sociedades. Ao lado da concepção de aluno e aluna, destacamos a visão de currículo. O conceito de currículo tem se modificado ao longo do tempo. O sentido mais usual relaciona-se ao conteúdo, à matriz curricular, à organização dos conteúdos distribuídos pelas disciplinas e carga horaária. Outras definições apontam para planejamento ou para o conjunto de experiências vividas pelos alunos e alunas. Todas essas definições estão presentes nas nossas práticas, mas o eixo do currículo, em torno do qual ele gira, é o conhecimento escolar. Podemos dizer que o currículo apresenta quatro características: é instrumento organizador do processo educativo, envolve intenções e práticas, é um conjunto de escolhas e gera efeitos, contribuindo para a construção de identidades. As escolhas devem ser feitas de maneira coletiva, nenhum/a professor/a pode abdicar do direito e do dever de discutir o currículo com o qual vai trabalhar. Construir um currículo não é um trabalho técnico, que uma pessoa faz para outros seguirem. O planejamento, a implementação e a avaliação de um currículo deve ser uma tarefa de todos que trabalharão com ele. Coletivamente os/as educadores/as devem ter condições de decidir o que se considera significativo que os/as alunos/as aprendam, como fazer para que eles e elas compreendam e transformem o mundo em que vivem. Esse processo de discussão coletiva e construção foi realizado pelos educadores do estado do Paraná resultando na versão preliminar das Diretrizes Curriculares (2006) que direcionarão nossa Proposta Pedagógica. Sendo o conhecimento o centro do currículo, devemos pensar como trabalhar com ele na forma de conteúdo escolar sem que a aprendizagem se torne algo repetitivo, mecânico e que privilegie apenas a memorização de conceitos. Vasconcellos (1995), partindo do princípio de que os conteúdos trabalhados na escola devem estar relacionados aos conhecimentos prévios dos alunos e que estes devem adotar uma atitude favorável para a aprendizagem, faz uma crítica à metodologia expositiva, devido a dois fatores: sua presença é ainda muito atuante e representa um obstáculo para o educador na construção de uma nova concepção metodológica e, muitas vezes,não oportuniza uma aprendizagem significativa. Nessa metodologia o grande trabalho do professor se concentra na exposição, o mais clara e precisa possível, a respeito do objeto de estudo, onde procura trazer para os alunos elementos mais importantes para a compreensão do mesmo, recuperando o conhecimento acumulado pela humanidade. Ou seja, a metodologia expositiva passa pelas seguintes etapas: apresentação do ponto, resolução de um exercício modelo, proposição de vários exercícios para que os alunos fixem o ponto. Os grandes problemas da metodologia expositiva são: seu alto risco de não aprendizagem, em função do baixo nível de interação sujeito-objeto de 40 conhecimento e a formação do homem passivo, não crítico. Buscando o inverso, a escola deve superar a metodologia tradicional através da utilização da metodologia dialética, como sugere Vasconcellos (1995), passando a ter três grandes preocupações: 1- mobilização para o conhecimento que corresponde a uma sensibilização para o conhecimento. Trata-se de estabelecer um primeiro nível de significação, em que o sujeito chegue a elaborar as primeiras representações mentais do objeto a ser conhecido. Para tanto, o educador deve: conhecer a realidade do grupo, para ver as suas redes de relações e necessidades; partir do que é mais próximo, mas absolutamente não ficar ali; ter clareza dos objetivos; buscar as mediações apropriadas, estabelecendo uma prática pedagógica para o grupo. 2- construção do conhecimento que é o processo de conhecer, é o estabelecimento de relações significativas entre as representações, idéias, conceitos do sujeito e o objeto, num determinado contexto. Contextualizar é uma estratégia fundamental para a construção de significações. Se pensarmos a informação ou o conhecimento como uma referência ou parte de um texto maior podemos entender o sentido da contextualização: enraizar o conhecimento ao texto original do qual foi extraído ou a qualquer outro contexto que lhe empreste significado. Para que a aprendizagem seja eficaz há a necessidade da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. O/a educador/a deve orientar quanto ao processo de conhecimento, revelar ao aluno como deve ser a abordagem do objeto para que se possibilite o melhor conhecimento. Aqui, o livro didático não ocupa o papel central. Ele deve ser concebido pelos/as professores/as como um recurso, entre outros, colocado à sua disposição para favorecer o trabalho pedagógico e não como o condutor do processo de aprendizagem em sala de aula. O/a professor/a é, sem dúvida, mais capacitado do que o autor do livro didático, para encaminhar os alunos e alunas da melhor maneira possível na aprendizagem, pois, convivendo com eles, conhece suas possibilidades, dificuldades e expectativas. 3- elaboração da síntese do conhecimento que é o momento em que o/a educando/a, tendo percorrido as etapas anteriores da aproximação e análise do objeto de conhecimento, deve ter oportunidade de sistematizar o conhecimento que vem adquirindo e expressá-lo concretamente, seja de forma oral, gestual, gráfica, escrita ou prática. Assim, o educando deverá expor os vários níveis de relações que conseguiu estabelecer com o objeto de conhecimento, seu significado, bem como a generalização, a aplicação em outras situações que não as estudadas. É certo que nem todo conhecimento permite uma articulação prática imediata, mas é importante que, mesmo através de mediações, seja garantido seu vínculo com a 41 transformação da realidade. Mesmo utilizando essa metodologia, é preciso pensarmos que quando estudamos alguma realidade a fim de conhecê-la, fazemos isso com os objetivos próprios de uma área do conhecimento. Esse estudo é rico e necessário, mas é importante termos consciência de que estamos fazendo um recorte do nosso objeto de estudo. A visão obtida é necessariamente fragmentada. È preciso reconhecer que as disciplinas, como produto do desenvolvimento histórico, encontram-se em transição contínua e estão submetidas a forças exteriores em constantes mudanças e que a superação da fragmentação das disciplinas é possível a partir de uma prática interdisciplinar, que segundo Fazenda (1993, p.17) parte do princípio de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta, pois, o diálogo com outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. Assim, por exemplo, aceita o conhecimento do senso comum como válido, pois é através do cotidiano que damos sentido às nossas vidas. Ampliando através do diálogo com o conhecimento científico, tende a uma dimensão utópica e libertadora, pois permite enriquecer nossa relação com o outro e com o mundo. Pensar a interdisciplinaridade enquanto processo de integração recíproca entre várias disciplinas e campos de conhecimento "capaz de romper as estruturas de cada uma delas para alcançar uma visão unitária e comum do saber trabalhando em parceria" , conforme afirma Palmade, citado por Doll (1997, p.48), é sem dúvida, uma tarefa que demanda, de nossa parte, um grande esforço no rompimento de uma série de obstáculos ligados a uma racionalidade extremamente positivista da sociedade industrializada. A primeira tarefa é oportunizar momentos que os professores(as) se reúnam e discutam as questões que estão sendo trabalhadas. O contexto histórico vivido nessa virada de milênio, caracterizado pela divisão do trabalho intelectual, fragmentação do conhecimento e pela excessiva predominância das especializações, demanda a retomada do antigo conceito de interdisciplinaridade que no longo percurso desse século foi sufocado pela racionalidade da revolução industrial. Trabalhar a interdisciplinaridade, de acordo com Soares; Pereira (1997), não significa negar as especialidades e objetividade de cada ciência. O seu sentido, reside na oposição da concepção de que o conhecimento se processa em campos fechados em si mesmo, como se as teorias pudessem ser construídas em mundos particulares sem uma posição unificadora que sirva de base para todas as ciências, e isoladas dos processos e contextos histórico-culturais. A interdisciplinaridade tem que respeitar o território de cada campo do 42 conhecimento, bem como distinguir os pontos que os unem e que os diferenciam. Essa é a condição necessária para detectar as áreas onde se possa estabelecer as conexões possíveis. Como observa Gusdorf, citado por Gadotti (2000, p. 26), "a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as contribuições das outra disciplinas". Ou seja, a interdisciplinaridade deixa de ver barreiras entre áreas de conhecimento e, a partir de uma área estabelece o diálogo com a outra, buscando nela elementos necessários para o alargamento explicativo de alguma problematização proposta, de modo a superar as concepções redutoras das disciplinas isoladas. Esse diálogo é caracterizado por atividades mentais como refletir, situar, problematizar, verificar, especular, relacionar. Ele ocorre entre uma e outra, e entre elas, fazendo com que o ser que aprende construa um saber consciente e globalizador da realidade. Ainda sobre currículo, é preciso refletir mais sobre duas questões que estão sempre presentes na escola: a inclusão e a diversidade. Essas reflexões fazem parte de dois documentos elaborados pela Secretaria Estadual de Educação (2006). constitui verdade inquestionável o fato de que, a todo momento, as diferenças entre os homens fazem-se presentes, mostrando e demonstrando que existem grupos humanos dotados de especificidades naturalmente irredutíveis. As pessoas são diferentes de fato, em relação à cor da pele e dos olhos, quanto ao gênero e à sua orientação sexual, com referência às origens familiares e regionais, nos hábitos e gostos, no tocante ao estilo. Em resumo, os seres humanos são diferentes, pertencem a grupos variados, convivem e desenvolvem-se em culturas distintas. São então diferentes de direito. É o chamado direito à diferença; o direito de ser, sendo diferente (Ferreira; Guimarães, 2003, p. 37). No que se refere à educação, a tradução desse direito compreende a construção de um espaço dialógico no qual as diferenças se complementem, e não sejam fatores de exclusão, e os currículos tornem-se abertos e flexíveis, oportunizando a reflexão crítica sobre a história das minorias, dos estigmatizados, dos colonizados, dos dominados. A escola deve ter, assim como as políticas da SEED, como alvo, todos os grupos que sofreram exclusão física ou simbólica, ao longo da história, reconhecendo seus direitos sociais como é o caso, entre outros, dos grupos afrodescendentes, das crianças e jovens que, por inúmeros motivos, se evadem da escola, das pessoas que apresentam necessidades especiais, oriundas ou não de deficiências. Cabe ao Estado democrático, por meio da implementação de políticas públicas, enfrentar as desigualdades sociais e promover o reconhecimento político e a valorização 43 dos traços e especificidades culturais que caracterizam a diferença das minorias sem visibilidade social, historicamente silenciadas. É a preocupação da escola com o atendimento à diversidade social, econômica e cultural existente que lhe garante ser reconhecida como instituição voltada, indistintamente, para a inclusão de todos os indivíduos (...) o grande desafio dos educadores é estabelecer uma proposta de ensino que reconheça e valorize práticas culturais de tais sujeitos sem perder de vista o conhecimento historicamente produzido, que constitui patrimônio de todos (Paraná, 2005). Esse conjunto de fatos inverte a ótica da discussão para a questão do amplo leque da exclusão e não mais para a preocupação com a inclusão de um único grupo no espaço escolar: o das pessoas com deficiência. “As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos” (Carvalho, 2004, p.26). A partir dessa concepção fica evidente que há muitos alunos que apresentam problemas ou dificuldades de aprendizagem, por razões inerentes a sua compleição física, limitações sensoriais ou déficits intelectuais. Entretanto, há um sem número de alunos que não atingem às expectativas de aprendizagem e avaliação da escola em decorrência das condições econômicas e culturais desfavoráveis que vivenciam. Assim, o insucesso na escola revela que não são apenas os alunos com deficiência os que apresentam necessidades referentes ao processo de aprendizagem e que devem ser beneficiados com recursos humanos, técnicos, tecnológicos ou materiais diferenciados que promoverão a sua inclusão. Não se admite, portanto, continuarmos a ouvir declarações em que a escola inclusiva seja caracterizada apenas como aquela, que possui, matriculados em suas turmas, alunos com deficiências, ainda que continue a apresentar altos índices de evasão e repetência, um grande número de analfabetos funcionais, ou alunos marginalizados por sua condição de pobreza extrema ou pela cor de sua pele, entre outras situações de exclusão e fracasso. Especificamente, quanto à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, esta tem que acontecer de maneira responsável. O desafio da inclusão escolar deve ser enfrentado como uma nova forma de repensar e reestruturar políticas e estratégias educativas, de maneira a não apenas criar oportunidades efetivas de acesso para crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais, mas, sobretudo, garantir condições indispensáveis para que possam manter-se na escola e aprender. A inclusão educacional é mais que a presença física, é muito mais que 44 acessibilidade arquitetônica, é muito mais que matricular alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um movimento da educação especial, pois se impõe como movimento responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio aos educadores, alunos e familiares (Carvalho, 2004). É partindo desse princípio que entendemos que embora a escola regular seja o local preferencial para promoção da aprendizagem e inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, há uma parcela de crianças e adolescentes que, em função de seus graves comprometimentos ou necessidade de comunicação diferenciada, requerem atenção individualizada e adaptações curriculares significativas, os quais necessitam que seu atendimento seja, atualmente, realizado em classes ou escolas especiais. Uma inclusão responsável requer a constante avaliação da qualidade dos serviços prestados, seja em escolas comuns, seja em escolas especiais. A reflexão acerca da educação inclusiva e seus desafios aos pais, educadores, gestores e pessoas com necessidades educacionais especiais provocam o surgimento de uma vasta gama de expectativas a respeito da efetivação, na prática, do ideal de uma escola pública de qualidade, que acolha todos os alunos. No entanto, essa é uma tarefa que não depende apenas da convicção e do compromisso técnico e político dos governos, mas de pais, familiares, professores, profissionais, enfim, de todos os membros da sociedade, sob o risco de termos apenas o efeito de seus benefícios para os alunos no discurso e nenhuma ação concreta e transformadora da realidade em que se encontram. O processo de inclusão educacional exige planejamento e mudanças sistêmicas político-administrativas na gestão educacional, que envolvem desde a alocação de recursos governamentais até a flexibilização curricular que ocorre em sala de aula. Mesmo com todas as garantias legais que asseguram o direito de acesso à escola, na prática, nem sempre se garante o ensino de qualidade, almejado nos princípio das políticas educacionais. Isso se deve a um complexo conjunto de fatores que envolvem desde a ineficaz gestão de órgãos governamentais, consideradas barreiras político-administrativas, até as que são consideradas as formas mais perversas de exclusão, aquelas com baixa visibilidade, que se manifestam simbolicamente por meio de (pré)conceitos e discriminação que constroem estereótipos e mitos sobre as pessoas, consideradas barreiras atitudinais, presentes na sociedade como um todo. De fato, há uma diversidade de atitudes e práticas, favoráveis e desfavoráveis no 45 enfrentamento desse processo e, infelizmente, algumas posturas hostis residem na desinformação. A educação escolar, nesse contexto, ocupa um inegável papel de destaque na formação do cidadão, já que detém os mecanismos sistematizados que oferecem possibilidades de reflexão e, conseqüente, transformação da realidade. É preciso construir coletivamente na escola culturas inclusivas, o que envolve propostas para a construção de uma comunidade escolar segura, receptiva, colaboradora e estimulante em que todos são considerados importantes para a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação. Além disso, é preciso rever organização do processo de aprendizagem, por meio da flexibilização e adaptações curriculares (de conteúdos, métodos, avaliação), de modo a contemplar a participação de todos os alunos, considerando seus conhecimentos prévios, suas necessidades lingüísticas diferenciadas e o contexto social. Como afirma Matiskei (2004), nesse processo, cada sujeito é um elemento fundamental na trama que constitui a rede que sustenta o processo inclusivo. Certamente, não podemos esperar que todos os requisitos necessários estejam prontos para que a inclusão se concretize, de fato. Do mesmo modo, não podemos estabelecer, por meio de um decreto governamental, que ela se transforme em realidade, como em um passe de mágica, do dia para a noite. Quanto à diversidade cultural, os grupos sociais constituem muitas formas de simbolizar o mundo e, embora a base social seja a mesma, o modo de valorizar, simbolizar, classificar é diferente. Estamos inseridos num quadro em que a natureza é a mesma, no entanto o modo de apropriação é culturalmente determinado. O problema é que na sociedade capitalista tudo é hierarquizado, as diferenças étnicas e culturais são transformadas em desigualdade. As desigualdades estão ligadas à condição econômica. Partilhamos da mesma sociedade, mas cada um vive conforme suas possibilidades. Esta é a sociedade de classes sociais que nomina e hierarquiza as pessoas conforme a quantidade de bens materiais. Ser pobre significa estar num lugar social desigual que impede o acesso a determinados bens e serviços. Ser pobre, negra, idosa e homossexual pode complicar ainda mais a condição de pobreza. Assim fica claro que na situação de classe social agregam-se outras condições tais como: espacialidades, temporalidades, pertencimento étnico, diferenças etárias, étnicas, de gênero, de orientações sexuais, religiosas, de visões de mundo, projetos individuais, desejos, valores, potencialidades, habilidades, 46 experiências vividas e ressignificadas, etc. Sabemos que a sociedade brasileira constitui-se de diferentes matrizes étnicas e culturais, entre as quais se ressaltam índios, caboclos e negros. Esses grupos têm sobrevivido com muitas dificuldades a diferentes etnocídios e múltiplas formas de invisibilidade social, ainda assim permanecem reafirmando suas identidades étnicas. Entretanto, a nacionalidade brasileira transmitida nos meios de comunicação de massa e, às vezes, na própria escola, muitas vezes se apresenta de forma acabada como se não existissem outros mecanismos de pertencimentos diferentes do modelo eurocêntrico. Os diferentes modos de vida que se organizam no meio social, algumas vezes, são conteúdos negados nas práticas escolares. Muitos talentos são ocultados, impossibilitados de transformarem-se em ato não apenas pela falta de oportunidade, mas principalmente, porque na escola muitas vezes paira uma espécie de recusa em ensinar aqueles que já chegam marcados pela pobreza, pelo trabalho rural, pela cor, pelo sexo, pela idade e por outros pertencimentos diferentes daquele que se têm como modelo hegemônico. Em uma mesma sala de aula estão reunidos educandos de gêneros diferentes, religiosidades, pertencimentos étnicos, culturais, trajetórias de vida, saberes acumulados, fazeres, espacialidades vividas, temporalidades, concepções, etc. Essa diversidade de sujeitos implica práticas pedagógicas que, evidentemente, não podem ser a mesma para todos. Algumas crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos conseguem aprender conforme os ditames dos padrões didáticos hegemônicos, mas outros necessitam de suportes diferenciados por que também existem diferenças cognitivas. O atendimento às especificidades sócioculturais demanda políticas diferenciadas. Em termos mais concretos isso implica também que a distribuição de verbas públicas deve ser feita de acordo com as necessidades sociais e não apenas conforme os critérios burocráticos. As tentativas oficiais de objetivar o princípio da igualdade universal esbarram em políticas iguais para grupos que vivem em desigualdade social. A igualdade universal permanece como o horizonte a ser alcançado. Essa luta impõe a necessária democracia econômica e a eliminação de privilégios. Reconhecer que sabemos pouco sobre as culturas com as quais lidamos no diaa-dia do trabalho docente e, mais do que isso, pesquisar sobre as manifestações e ações resultantes das interações entre culturas diferentes, bem como garantis o reconhecimento 47 do outro, faz parte das necessidades mais imediatas no campo escolar. Para além do reconhecimento da heterogeneidade e da complexidade do ser humano é preciso acolher as diversidades nas práticas educativas. Trata-se de uma caminhada cujos atalhos deverão ser construídos enquanto se caminha. A configuração desses atalhos depende da sensibilidade dos envolvidos na educação. A heterogeneidade emerge na medida em que se processam comparações, e, conforme os critérios que são utilizados, ora são ressaltadas as diferenças, ora as semelhanças. Nessa direção se pode reafirmar que as práticas educativas devem estar fundamentadas na alteridade (olhar o outro no seu mundo de cultura) e não na etnicidade (o meu mundo cultural prevalecendo sobre o do outro), devem trabalhar com as diferenças de modo a reconhecê-las e valorizá-las, devem quebrar a cultura do silêncio, para que os educandos possam falar e ser ouvidos. Aos/as educadores/as incumbe a tarefa mais importante de conhecer as esperanças, lutas, trajetórias e especificidades culturais que caracterizam os/as alunos/as e levar em consideração os saberes e fazeres populares, o bom senso presente no senso comum a fim de estabelecer diálogos pedagógicos mais interculturais, mais reflexivos e menos excludentes. Outra questão que acompanha todo o processo educativo e que merece atenção especial é a avaliação. A avaliação da aprendizagem escolar somente adquire sentido quando articulada com um projeto pedagógico porque subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. Dessa forma, a prática da avaliação da aprendizagem destina-se a servir de base para tomada de decisões no sentido de construir com e nos/nas educandos/as conhecimentos que possibilitem o seu efetivo desenvolvimento, por meio de assimilação ativa do legado cultural da sociedade. A avaliação deve ser praticada como uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos/das educandos/as, tendo por base seus aspectos essenciais e, como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione o aprendizado e, conseqüentemente, o desenvolvimento do educando. Nesse sentido, ao avaliar, o professor deverá: - coletar, analisar e sintetizar, da forma mais objetiva possível, as manifestações das condutas dos educandos, produzindo uma configuração do efetivamente aprendido; - atribuir uma qualidade a essa configuração da aprendizagem a partir de um padrão preestabelecido e admitido como válido pela comunidade dos educadores e especialistas dos conteúdos que estejam sendo trabalhados; - a partir dessa qualificação, tomar uma decisão sobre as condutas docentes e discentes 48 a serem seguidas, tendo em vista: - a reorientação imediata da aprendizagem, caso sua qualidade se mostre insatisfatória e caso o conteúdo que esteja sendo aprendido seja efetivamente essencial para a formação do/a educando/a; - o encaminhamento dos educandos para passos subseqüentes da aprendizagem, caso se considere que, qualitativamente, atingiram um nível satisfatório no que estava sendo trabalhado. A prática da avaliação da aprendizagem, só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando. Se nós, professores/as, ensinamos e os/as alunos/as não aprenderam e estamos interessados em que aprendam, há que se ensinar até que aprendam, deve-se investir na construção dos resultados desejados. Sem essa perspectiva dinâmica de aprendizagem para o desenvolvimento, a avaliação não terá espaço; terá espaço, sim, a verificação, desde que ela só dimensiona o fenômeno sem encaminhar decisões. O processo de verificação configura-se pela observação, obtenção, análise e síntese dos dados ou informações que delimitam o objeto ou ato com o qual se está trabalhando. A verificação encerra-se no momento em que o objeto ou ato de investigação chega a ser configurado. A dinâmica do ato de verificar encerra-se com a obtenção do dado que se busca, por isso não implica que o sujeito retire dela conseqüências novas e significativas. Dentro dessa visão, em que educar é formar e aprender é reconstruir o próprio saber, a avaliação não se reduz em atribuir notas. As notas são enganosas do ponto de vista de ter ciência daquilo que o educando desenvolveu. As notas criam uma forte distorção na expressão da realidade. Por isso, o ideal é a construção de pareceres descritivos realizados de todos os alunos individualmente. Ao lado dessa avaliação feita pelos professores, a auto-avaliação do aluno, a avaliação coletiva da turma e a avaliação dos responsáveis pelos alunos dão conta de dizer quais foram os avanços e as dificuldades encontradas. Ou seja, quais práticas devem permanecer e quais devem ser reorientadas para garantir a aprendizagem de todos. A avaliação educativa é um processo complexo, que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor (Sarabbi apud Sant’ Anna, 1995, p. 28). 49 Completando esse pensamento, Luckesi (1998) afirma que a avaliação é um ato amoroso e que por isso é difícil mudar a sua prática em uma sociedade que não é amorosa. As provas são mais compatíveis com o senso comum exigido pela sociedade burguesa e implicam julgamento, com conseqüente exclusão; já a avaliação pressupõe acolhimento, tendo em vista a transformação: “enquanto as finalidades e funções das provas e exames são compatíveis com a sociedade burguesa, as da avaliação a questionam; por isso, torna-se difícil realizar a avaliação na integralidade do seu conceito, no exercício de atividades educacionais, sejam individuais ou coletivas” (Luckesi, 1998, p. 171). O autor afirma que a avaliação é um ato amoroso porque este pode ser considerado como aquele que acolhe a situação como ela é, sem a característica de julgar. Julgamentos aparecerão, mas, é claro, para dar continuidade à ação e não para excluí-la. A avaliação, neste sentido, tem por base acolher uma situação, para, então, ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, quando necessário. Isto quer dizer que avaliar um aluno com dificuldades é criar a base do modo de como incluí-lo na aprendizagem; o diagnóstico permite a decisão de direcionar ou redirecionar aquilo que precisa ser melhorado. A avaliação da aprendizagem possui dois objetivos: auxiliar o/a educando/a no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensino-aprendizagem; e responder à sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado. Esses dois objetivos só fazem sentido se caminharem juntos, ou seja, “se dermos atenção exclusivamente ao sujeito individual, podemos cair no espontaneísmo; caso centremos nossa atenção apenas no segundo, chegaremos ao limite do autoritarismo” (Luckesi, 1998, p. 174). Além dos objetivos da avaliação propostos acima, ressalta-se que a função primordial da avaliação é de diagnosticar e conseqüentemente levar a uma tomada de decisão. Articuladas com esta função básica, estão outras funções destacadas por Melchior (1994): propiciar a autocompreensão, motivar o crescimento, aprofundar e auxiliar na aprendizagem. Para que estas funções sejam efetivadas na prática, é necessário que o/a professor/a esteja atento/a aos instrumentos utilizados como meio de avaliação, nos seguintes pontos destacados por Rabelo (1998): a) Articular o instrumento com os 50 conteúdos planejados, ensinados e aprendidos pelos/pelas educandos/as, no decorrer do período escolar que se toma para avaliar. b) Cobrir uma amostra significativa de todos os conteúdos ensinados e aprendidos de fato, compatibilizando as habilidades do instrumento de avaliação com as habilidades trabalhadas e desenvolvidas na prática do ensino-aprendizagem. c) Compatibilizar os níveis de dificuldade do que está sendo avaliado com os níveis de dificuldade do que foi ensinado e aprendido, usando uma linguagem clara e compreensível para salientar o que se deseja pedir nas avaliações. d) Construir instrumentos que auxiliem a aprendizagem dos/as educandos/as, seja pela demonstração da essencialidade dos conteúdos, seja pelos exercícios inteligentes, ou pelos aprofundamentos cognitivos propostos. Os instrumento de avaliação devem ser, portanto, variados, não se admitindo mais fazer uso de uma ou duas provas no final dos bimestre ou trimestres. Se o processo de aprendizagem é contínuo, a avaliação, que tem por objetivo acompanhar todo o processo, também deve ser contínua. Dessa forma, as avaliações podem ser diárias e não com datas marcadas ou rituais próprios que só deixam os/as alunos/as tensos/as. A avaliação deve ser encarada, por professores/as e alunos/as, como uma atividade normal, que faz parte do processo e não como algo que cria um abismo entre o aluno e sua aprendizagem. Assim, a avaliação assume uma dimensão diagnóstica e orientadora, pois permite que o/a professor/a tome consciência dos avanços e dificuldades dos/as educandos/as, direcionando sua prática para que os/as mesmos/as continuem progredindo na construção do conhecimento. Hoffmann (1991) ressalta que a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor em sua interação com a classe bem como sua relação com o aluno. Por exemplo, um/a professor/a autoritário/a e inseguro/a, poderá ver na avaliação uma arma de tortura ou punição para alunos/as apáticos/as ou indisciplinados/as. Por sua vez, um professor sério e responsável, que orienta as atividades de aprendizagem, tenderá a encarar a avaliação como uma forma de diagnóstico dos avanços e dificuldades dos alunos e como indicador para o replanejamento de seu trabalho docente. Nessa perspectiva, a avaliação ajuda o aluno a progredir na aprendizagem e o/a professor/a aperfeiçoar sua prática pedagógica. Para ser coerente aos princípios de uma avaliação contínua, mediadora, que se fundamenta no princípio da continuidade do conhecimento, é preciso que a organização escolar seja em forma de ciclos de aprendizagem plurianuais. Isto se justifica porque, de acordo com Hoffmann (2001), os regimes 51 seriados estabelecem obstáculos ao prosseguimento dos estudos a partir de critérios, definidos pelos professores como requisitos à promoção dos alunos à série seguinte. O processo de aprendizagem é dividido em etapas anuais e a tendência é analisar cada ano separadamente dos demais. Alguns/algumas professores/as se responsabilizam pela aprendizagem dos/as alunos/as ao longo de um ano, sem estabelecer ligações com o passado e o futuro deles na escola. Ao contrário, os ciclos de aprendizagem visam o acompanhamento integral dos alunos, a sua progressão por ciclos de formação, respeitando ritmos e interesses individuais, sem deixar de perseguir a aprendizagem máxima possível de todos os/as alunos/as. Nesta perspectiva, toda manifestação dos/as alunos/as é provisória frente à história do seu conhecimento, que é reformulada, complementada, enriquecida ao se levantar dúvidas sucessivamente. O seu acompanhamento exige a compreensão dessa história pelo/a educador/a. Trata-se de um compromisso compartilhado pelos educadores que ultrapassa limites de tempo e divisões disciplinares, e confia na capacidade de aprendizagem de todos os alunos a partir de desafios e oportunidades que levem em conta suas possibilidades e interesses. Para Perrenoud (2000, p. 46) é preciso cada vez mais um trabalho em equipe: Não basta ter uma idéia aproximada dos programas dos anos anteriores e posteriores, assim como aqueles que moram em um país têm vaga idéia dos países limítrofes. O verdadeiro desafio é o domínio da totalidade da formação de um ciclo de aprendizagem, e, se possível, da escolaridade básica, não tanto para ser capaz de ensinar indiferentemente em qualquer nível ou ciclo, mas para inscrever cada aprendizagem em uma continuidade em longo prazo. Mesmo considerando a continuidade da aprendizagem, alguns alunos e alunas podem apresentar, em algum momento, dificuldades em aprender. Quando isso acontece, o ideal é que pudessem contar com apoio no horário contrário das aulas. É importante lembrar que o/a aluno/a que freqüenta um apoio é o que mais precisa de estímulos para vencer os obstáculos relacionados à sua aprendizagem. Sua freqüência nesse período é necessária pelas dificuldades apresentadas e por precisar de um atendimento diferenciado, mas sua capacidade de aprender se equivale à dos demais. A assiduidade do/a aluno/a, a qualidade desse ensino, as condições físicas e materiais, as oportunidades de aprendizagem e a disposição do/a professor/a são fatores essenciais para a superação das dificuldades. Além disso, é necessário que haja muito incentivo a esse/a aluno/a e seria obstáculo muito grande para a sua aprendizagem se ele/a perceber sentimento de discriminação ou de neutralidade por parte do/a professor/a, principalmente o/a da turma regular a que pertence. Outro obstáculo igualmente significativo é o possível desinteresse em um trabalho 52 integrado entre os professores do apoio e os regentes da classe comum. Esse trabalho deve estar em consonância com as necessidades da criança e as concepções de ensinoaprendizagem que embasam nosso projeto de escola. Portanto, é preciso que o/a professor/a da turma de ensino regular e o/a professor/a do apoio tenham oportunidades de estarem em contato para garantia da integração e para que a interferência no apoio garanta a superação das dificuldades. É bem mais difícil a superação das dificuldades quando os/as professores/as fazem um trabalho isolado, assim como é igualmente difícil quando o/a professor/a regente distancia-se das necessidades do/a aluno/a esperando que só o/a professor/a de apoio consiga o resultado esperado. As atividades a serem ofertadas no apoio não devem visar um reforço, mas devem despertar a continuidade de aprender, pois o/a aluno/a não esqueceu nada que precise reforçar. Por isso, não podem ser atividades repetitivas, mecânicas, sem significado, mas dinâmicas, inovadoras, com espaço garantido para o manuseio de material didático, jogos, situações de observação, comparações, convites variados e sugestivos para a aprendizagem. O apoio pedagógico é o espaço ofertado para garantir condições que levem à aprendizagem. Assim sendo, torna-se necessário considerar o que cada aluno já sabe e ofertar atividades diferenciadas que levem em conta as especificidades de cada aluno. Um momento privilegiado de avaliação das práticas pedagógicas deve ser o Conselho de Classe que precisa ser pensado, de acordo com Hoffmann (2001) como um espaço educativo dos educadores na construção de uma proposta interdisciplinar, para a ampliação de seus perspectivas acerca dos diferentes jeitos de ser e aprender do/a aluno/a na relação com outros saberes. Os Conselhos de Classe só possuem sentido se tiverem o propósito de aprofundar a análise epistemológica e didática dos processo de aprendizagem dos alunos, de decisões conjuntas que contribuam para o aprimoramento das ações futuras de toda a equipe de profissionais. As discussões nos Conselhos de Classe não podem ser restritas à problemas emocionais e de conduta, é preciso que as questões epistêmicas e didáticas assumam o centro das discussões para que o trabalho pedagógico da escola seja beneficiado. Além disso, os Conselhos de Classe devem partir do pressuposto de que a avaliação é um compromisso de futuro que deve reforçar que vale a pena confiar, apoiar, sugerir e desafiar os/as alunos/as para que prossigam o caminho da aprendizagem. Para a escola realmente se tornar esse espaço para a construção contínua da 53 cidadania, através de práticas que neguem a exclusão e a seleção, é preciso que a gestão seja democrática. Nesse sentido, a participação de toda comunidade (alunos, famílias, funcionários, professores, pedagogos e direção) na escola não é uma concessão, mas uma prática que expressa princípios, que influencia na qualidade da educação e está vinculada a um projeto coletivo por uma sociedade melhor. Para superar a lógica burocrática, fragmentada e autoritária que ainda está presente no cotidiano da escola é preciso abrir espaços para a efetivação da participação da comunidade no interior da escola. Essa participação não diz respeito à integração da escola com a família ou a colaboração dos pais e mães na escola, e, sim, à participação enquanto mecanismo de representação e participação política. A organização das pessoas envolvidas no processo educativo deve ocorrer a partir da possibilidade real de serem tomadas decisões e, sobretudo, o reconhecimento da responsabilidade, da diversidade de concepções e de práticas. Neste sentido, o consenso não é ponto de partida, mas o de chegada, devendo ser buscado dialógica e coletivamente. Para contribuir com esse organização, a eleição para direção é fundamental, mas por si só não garante a gestão democrática. É essencial rever a participação da comunidade escolar nos órgãos colegiados (Conselho Escolar, APMF, Grêmio Estudantil), assim como nas Reuniões de Pais e Mães e Conselhos de Classe. Os órgãos colegiados não podem existir apenas para concordar com as decisões já tomadas pela escola, a eles cabe: avaliar o trabalho desenvolvido na escola, propor metas e ações para serem incorporadas no plano de ação, definir as linhas que orientarão a (re) construção do Projeto Político Pedagógico e discutir e deliberar sobre a aplicação dos recursos financeiros. Para isso, as pessoas envolvidas no processo educativo precisam ser ouvidas e não podem ter receio em expor suas idéias, sugestões e críticas.Esse espaço precisa ser construído através do diálogo, da valorização da comunidade na qual a escola está inserida e do conhecimento real dos anseios e expectativas que esta comunidade possui em relação à escola. Quando se fala em participação da comunidade escolar é importante ressaltar o papel dos/as funcionários/as da escola que desempenham funções que atingem indiretamente a aprendizagem dos alunos. Infelizmente, as funções que os/as funcionários/as dempenham, muitas vezes, 54 não são valorizadas, fazendo com que pertençam a um outro bloco no trabalho da escola que os coloca em condições de reconhecimento social diferente dos/as professores/as. A organização do trabalho escolar ainda fortalece a separação entre trabalho manual e intelectual. Neste sentido, o trabalho considerado simples acaba por ser “naturalmente” desconsiderado no fazer pedagógico da escola. É preciso que se questione o papel dos/as funcionários/as como sujeitos ativos da escola. Esta não é uma tarefa fácil, mas é possível começar superando o autoritarismo, democratizando os mecanismos de comunicação, fazendo com que os/as funcionários/as participem dos Conselhos de Classe (onde podem expor informações sobre os alunos que nem sempre os professores dispõem) e da construção do Projeto Político Pedagógico. A tomada de decisões em seus vários âmbitos, a socialização do conhecimento e dos espaços são condições necessárias para a superação da sepração entre pensar e fazer e para que os/as funcionários/as sintam-se realmente incluídos/as no processo educativo. Para finalizar, precisamos insistir na formação continuada dos profissionais da escola. A LDB 9394/96 afirma que os sistemas de ensino deverão promover a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes aperfeiçoamento profissional continuado e período reservado a estudos, planejamento e avaliação incluído na carga de trabalho. A escola deve ser o local privilegiado para essa formação que faz parte da ação docente. Isso significa que devemos forçar momentos além da hora-atividade que foi uma conquista para que os/as professores/as deixassem de levar tanto trabalho para casa (planos de aula, avaliações, seleção de materiais, leituras, pesquisas, entre outras atividades). Esses momentos devem contar também com a participação efetiva dos/as funcionários/as. A formação continuada permite a reflexão sobre nossa prática, melhora nossa atuação como pessoa e como profissional, contribui consideravelmente para a melhoria da qualidade do ensino, além de alimentar nossos argumentos e nossa prática em defesa de uma escola includente, humana, solidária, autônoma e participativa, que contribua para a construção da sociedade que tanto sonhamos. 55 MARCO OPERACIONAL Diante da realidade apresentada pelo Colégio Estadual Adiles Bordin e à luz de teorias que embasam nossa concepção de sociedade, de homem e de educação, o coletivo definiu algumas ações, além daquelas que já fazem parte do marco situacional, para melhorar o processo educativo. Registraremos todos os casos de transferências para conhecermos com precisão os motivos das mesmas, sabendo, assim, se cabe à escola desenvolver alguma ação a esse respeito. Quanto aos problemas de freqüência às aulas, seguiremos os passos descritos no programa FICA e, além de encaminhar os casos, cobraremos com mais rigor ações dos órgãos competentes. Encaminharemos um documento elaborado coletivamente pela comunidade escolar denunciando aos órgãos competentes a questão das crianças e adolescentes que passam o dia todo na rua, sem oportunidade de freqüentar um programa social. Dessa forma agiremos também no que diz respeito ao serviço de saúde, que é direito de todos. A escola possui uma função específica, que é o trabalho com o conhecimento, e não dá conta de resolver todas as questões que acabam interferindo no processo educativo, por isso, chamaremos os responsáveis por cada área para que façam a parte que lhes cabe. Trabalharemos com a comunidade escolar, em reuniões organizadas em horário que a maioria possa participar, a questão do direito à educação para conscientizar as famílias que os/as alunos/as não devem estar na escola somente porque a lei assim determina, conscientizar sobre a importância da freqüência, da responsabilidade na entrega dos trabalhos e nos estudos. Além disso, continuaremos insistindo no trabalho diário, incentivando os alunos, valorizando seus avanços e apontando o que precisa ser superado. Faremos um trabalho com todas as turmas sobre o hábito de estudar, utilizando 56 técnicas que incentivem os alunos e alunas e dêem a eles/as sugestões para melhorar o desempenho. Nas aulas de Educação Física serão trabalhadas, além dos conteúdos da disciplina, atividades que levem o/a aluno/a a desenvolver sua atenção, concentração e memória. Para isso, faremos uma coletânea de atividades que ficarão à disposição dos professores. Entraremos em contato com a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras – FAFI para firmarmos uma parceria no sentido de nos cederem estagiários, principalmente na área de Matemática, para que realizem, no período contrário da classe regular, aulas de apoio à aprendizagem aos alunos e alunas do 2° ano do III ciclo e dos dois anos do IV ciclo. Desenvolveremos um projeto de leitura, pois sabemos que ela é fundamental no processo de aprendizagem. Uma vez por semana faremos uma aula de leitura, com todas as turmas, de acordo com cronograma pré-estabelecido, mas não será, portanto, somente nas disciplinas de Língua Portuguesa. Para que esta seja aproveitada ao máximo, os/as alunos/as terão um horário semanal para fazer empréstimos e/ou troca de livros na biblioteca, também seguindo um cronograma pré-estabelecido. Outro projeto que será desenvolvido, sobretudo com os alunos do IV ciclo, diz respeito à prevenção ao Uso Indevido de Drogas. O projeto será coordenado pelo professores que participaram da capacitação on-line oferecida pelo MEC e SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas), em parceria com a UnB. Para trabalhar os temas que surgem e assumem relevância no dia-a-dia da escola (assédio, aborto, afetividade, gravidez na adolescência, machismo, entre outros), além dos mesmos serem abordados nas diferentes áreas do conhecimento, chamaremos pessoas especializadas para conversar com os/as alunos/as, agrupando-os de acordo com a necessidade. Para ajudar nesse trabalho faremos coletâneas de textos (dados, imagens, pesquisas, informações, depoimentos, entre outros) para leitura de alunos/as e professores/as e deixaremos à disposição na biblioteca. Trabalharemos com todas as turmas a questão da Educação Fiscal, através de um projeto que será aplicado pelos professores que participaram do curso de Disseminadores, com o objetivo de contribuir permanentemente para a formação das pessoas, visando ao desenvolvimento da conscientização sobre seus direitos e deveres no tocante ao valor social do tributo e ao controle social do Estado democrático. Para que nós, educadores/as, tenhamos mais clareza sobre o desenvolvimento 57 dos/as nossos/as alunos/as e para conhecermos melhor as características dessa fase pela qual estão passando (11 a 16 anos aproximadamente), buscaremos textos para serem estudados em nossos grupos de estudo e entraremos em contato também com pessoas especializadas para socializarem o saber que possuem conosco. Acreditamos que, conhecendo melhor sobre o desenvolvimento psicológico dos/as alunos/as, podemos desenvolver um trabalho melhor, com atitudes mais adequadas e voltadas aos interesses e expectativas deles e delas. Sobre a questão da avaliação é visto que precisamos de mais estudo para definirmos alguns critérios que deverão fazer parte da prática de todos/as os/as professores. Para isso, organizaremos reuniões de estudo e chamaremos, também, pessoas especialistas no assunto para que possamos discutir e chegar a alguns pontos comuns que atendam o nosso projeto de escola. Depois de definido pelos professores os critérios de avaliação, trabalharemos com os/as alunos/as essa questão e entregaremos por escrito para cada um deles como é a prática avaliativa da nossa escola. Quanto à nossa formação continuada, continuaremos participando, na medida do possível, das capacitações oferecidas pelo estado, insistiremos nos grupos de estudo quinzenalmente e abriremos um espaço de, no mínimo, quinze minutos para que o professor que participou de um curso tenha a oportunidade de repassar para os colegas no dia do seu retorno à escola. As ações referentes às condições físicas, materiais e didáticas deverão ser sempre decididas no coletivo para que todos possam colocar as necessidades que sentem no dia-a-dia e, assim, otimizar os recursos. As instâncias colegiadas (Grêmio Estudantil, APMF e Conselho Escolar) que, no momento, se mostram pouco atuantes, devem receber maior incentivo para que haja uma atuação mais efetiva. Faz-se necessário para isso esclarecer para as pessoas que participam dessas instâncias quais são as verdadeiras funções e como estas podem ser exercidas. Quanto às relações de trabalho, buscaremos cada vez mais a abertura para a participação de todos os envolvidos no processo educativo, tomaremos decisões coletivamente e buscaremos manter todos informados através da confecção de um mural específico para o agendamento das atividades semanais. Incentivaremos aos pais e mães a participarem mais da escola, tornando as reuniões agradáveis, trazendo pessoas da comunidade para conversar com eles/as a respeito de temas que interessem, questionando e pedindo opniões, mesmo através de bilhetes, sobre o que acham de 58 determinados assuntos que envolvem a escola. Acreditamos que através dessas ações, junto com as ações expressas nos planos de trabalho da direção e dos pedagogos, teremos um bom resultado no que se refere à organização e ao trabalho pedagógico, não perdendo de vista que nosso objetivo é a formação, através do conhecimento científico, de pessoas que tenham capacidade para intervir e transformar a sociedade. 59 AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Toda avaliação é o núcleo da ação de formação, pois todas as informações obtidas através dela são úteis aos ajustes necessários para o cumprimento dos objetivos da escola. Faremos, portanto, uma avaliação ao final de cada ano letivo do Projeto Político Pedagógico para reformular as questões que merecem atenção, considerando todos os momentos de avaliação ocorridos ao longo do período, como Conselhos de Classe, reuniões com a comunidade escolar e todas as atividades desenvolvidas com os/as alunos/as. A colocação de um tempo determinado para sua avaliação não impede de revermos as questões que se mostrarem relevantes e urgentes antes do término do ano letivo, possibilitando as modificações necessárias no documento no decorrer do próprio período. Os registros realizados desses momentos na escola é um mecanismo que facilitará a discussão e a reorientação das práticas, favorecendo uma avaliação que tem como objetivo não apenas encontrar falhas, mas reafirmar nossas convicções e cumprir com o objetivo de formação da pessoa humana. Para avaliar o Projeto Político Pedagógico é preciso compreender os vários fatores que influenciam sua aplicação para que as ações sejam redefinidas e cumpram seu sentido na prática cotidiana. Portanto, a participação de toda comunidade escolar é fundamental, assim como foi na sua elaboração. 60 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A avaliação institucional é uma política que objetiva conhecer de forma sistemática a realidade das instâncias do estado, através da intensa participação de seus profissionais, a fim de intervir nesta realidade de forma responsável e efetiva. Um dos pontos centrais tem sido a preocupação com o caráter educacional do processo, na medida em que os indivíduos, além da tomada de consciência de seu papel e do papel da instituição, vão se co-responsabilizando com a implantação do programa e com a utilização dos resultados da auto-avaliação como referência para tomar decisões coletivas e para projetar melhorias necessárias e possíveis. Nesse sentido, a avaliação se configura com um caráter formativo, descartando, portanto, qualquer espécie de classificação, premiação ou punição, e processual, sendo possível de alteração por não se encontrar acabada. O Colégio Estadual Adiles Bordin acha importante a auto-avaliação. Vemos isso como um momento importante nas relações democráticas da escola, para descobrirmos nossos pontos destaque e buscarmos solução para os problemas encontrados. Toda a auto-avaliação tende a uma reflexão critica que leva todos a se engajarem na luta da qualidade educacional. Criticamos a SEED com relação a falta de organização e priorização de atividades da entidade, o que acarreta em muitas atividades próximas umas das outras, e espaços sem matrículas, Projeto Político Pedagógico e atividades de fim de ano nas Escolas. Também destacamos o apoio da SEED na escola, já que conseguimos para 2006 a implantação do Ensino Médio na Escola, a dobra de turno (atendemos matutino e vespertino), ganhamos a cobertura para uma quadra de esportes; conseguimos demanda para o curso de Espanhol (duas turmas na Escola), seremos beneficiados com um laboratório de informática com 12 computadores, temos uma merenda escolar suficiente e de qualidade para os alunos. Outro ponto destacável na SEEd foi proporcionar capacitação continuada a todos os profissionais da educação. Criticamos a Fundepar com relação às questões físicas que não são proporcionadas à Escola, já que temos um projeto de ampliação da área administrativa que está lá parado. Também solicitamos mesa e bancos para refeitório e ainda não veio; solicitamos prateleiras para a biblioteca que também ainda não foram entregues. A 61 Fundepar também não fornece algumas coisas solicitadas na Escola como extintor de incêndios, quadro-negro, tendo que a Escola comprar através do Fundo Rotativo, dinheiro que poderia ser investido na parte pedagógica da Escola. Destacamos o apoio dos professores e funcionários da Escola, tanto nas questões pedagógicas e no empenho em atender e superar as dificuldades, as vezes agindo de unhas e dentes nessa superação. Destacamos o trabalho coletivo, comandado pela direção, que se empenhou em conseguir todos os itens relacionados acima, além der estar comandando, via APMF, a ampliação da Escola. Atualmente estamos construindo 08 salas via APMF. Esperamos que esta avaliação venha a construir e melhorar mais ainda a educação do Paraná, tão abandonada em administração passadas. BIBLIOGRAFIA APP-Sindicato. IV Conferência de Educação. Caderno de Debates. A Escola como Território de Luta. Curitiba, 2005. CAPELO, M. R. C. Diversidade aproximações. São Paulo, 2005 (Texto) Cultural e Desigualdade Sociais: Primeiras 62 CARNEIRO, M. A. LDB Fácil: leitura crítico-compreensiva artigo a artigo. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1998. CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva: com os pingos nos is. Porto alegre: Mediação, 2004 CASTORIADIS, C. As Encruzilhadas do Labirinto III: O Mundo Fragmentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. CASTORINA, J. A. et al. Piaget, Vygotsky. São Paulo: Ática, 1996. DEMO, P. Desafios Modernos da Educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. DOLL, W. E. Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. FAZENDA, I. (org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993. FERREIRA, M. E. C.; GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. GADOTTI, M. Perspectivas atuais da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. GADOTTI, M.; ROMÃO, J. (org). Autonomia da Escola: princípios e propostas. São Paulo: Cortez, 1997. HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafio. 24 ed. Porto Alegre: Mediação, 1991. _______. Avaliar para Promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001 KUENZER, A. Z. A Educação Pública como Direito Social. IV Conferência de Educação. APP-Sindicato. Curitiba, 2005. LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 8 ed. São Paulo: Cortez, 1988. MATIESKI, A. S. R. M. Políticas Públicas de Inclusão Educacional: desafios e perspectivas. IN: Educar em Revista. n. 23. Curitiba: UFPR, 2004. MELCHIOR, M. C. Avaliação Pedagógica: função e necessidade. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. FICA Comigo. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Inclusão e Diversidade: reflexões para a construção do projeto político pedagógico. Curitiba: SEED/SUED, 2005 (texto). PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Ensino Fundamental na Rede Pública de Ensino da Educação Básica do Estado do Paraná. 63 Curitiba: SEED/SUED, 2005 (texto). PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Identidade do Ensino Médio. Curitiba: SEED/SUED, 2005 (texto). PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. A Educação Especial no Paraná. Curitiba: SEED/SUED, 2004 (texto). PERRENOUD, P. Os Ciclos de Aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2000. RABELO, E. H. Avaliação: novos tempos, novas práticas. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1998. RIOS, T. A. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1994. SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1995. SAVIANI, D. Escola e Democracia. Campinas: Mercado de Letras, 1994. SOARES, H.; PEREIRA, M. A. O Sentido da Autonomia no Processo de Globalização. Santa Maria: UFSM, 1997 (texto). VASCONCELLOS, C. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. São Paulo: Libertad, 1995. ANEXO I HORÁRIO DAS AULAS MANHÂ AULA 1ª 2ª 3ª RECREIO 4ª INÍCIO 07:30 08:20 09:10 10:00 10:15 TÉRMINO 08:20 09:10 10:00 10:15 11:05 64 5ª 11:05 11:55 TARDE AULA 1ª 2ª 3ª RECREIO 4ª 5ª INÍCIO 13:00 13:50 14:40 15:30 15:45 16:35 TÉRMINO 13:50 14:40 15:30 15:45 16:35 17:25 ANEXO II NÚMERO DE ALUNOS POR TURMA SÉRIE 1º Ano do III Ciclo 2º Ano do III Ciclo 1º Ano do IV Ciclo 2º Ano do IV Ciclo TURMA A 27 TURMA B 28 TURMA C 32 TOTAL 87 29 25 26 80 22 21 24 67 32 31 - 63 65 1ª Ensino Médio 2ª Ensino Médio 40 23 - - 40 23 ANEXO III CRONOGRAMA DE ATENDIMENTO SALA DE RECURSOS AULA 1ª SEGUNDA-FEIRA Grupo 4 TERÇA-FEIRA Grupo 2 QUINTA-FEIRA Grupo 2 SEXTA-FEIRA Grupo 1 66 2ª 3ª Grupo 4 Grupo 1 4ª 5ª Grupo 1 Hora-atividade Grupo 2 Atendimento Individual Grupo 3 Grupo 3 Grupo 2 Grupo 4 Grupo 1 Hora-atividade Grupo 3 Grupo 3 Hora-atividade Hora-atividade ANEXO IV HORÁRIO DE ATENDIMENTO SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM 67 1º ANO DO III CICLO DIA SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUINTA-FEIRA MANHÃ DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA MATEMÁTICA MATEMÁTICA HORÁRIO 8:00 ÀS 9:40 8:00 ÀS 9:40 8:00 ÀS 9:40 9:50 ÀS 11:30 TARDE DIA SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUINTA-FEIRA DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA MATEMÁTICA MATEMÁTICA ANEXO V HORÁRIO 13:15 ÀS 14:50 13:15 ÀS 14:50 13:15 ÀS 14:50 15:45 ÀS 17:25 68 HORÁRIO CELEM – ESPANHOL TURMA 1º PERÍODO A 1º PERÍODO B 1º PERÍODO C 2º PERÍODO A DIA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA QUARTA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUINTA-FEIRA HORÁRIO 9:40 ÀS 11:25 8:00 ÀS 9:40 15:20 ÀS 17:00 13:20 ÀS 15:00 15:20 ÀS 17:00 15:20 ÀS 17:00 13:20 ÀS 15:00 15:20 ÀS 17:00 ANEXO VI 01 NOME Adolfo Eduardo Rodrigues VÍNCULO REPR FUNÇÃO Professor FORMAÇÃO Artes Visuais (em 69 02 03 04 05 06 07 Aldanila Enite Sequinelli Aldo Roman Alves Chuk Ana Cristina Adler Michel Angelita Dombrowski Cheila Rosane Kudlack Daiane Glaza Lopes QPM REPR QPM / SCO2 QPM QPM / SCO2 QPPE Professora Professor Professora Professora Professora 08 Denise Mary Ribeiro F. Alliot Divanzir de Lima Junior Doralice deFátima Pereira Eliane Affonso Smykaluk Eliane Aparecida Bughay Eliane de Fátima Pattes Emili Coimbra de Souza Francisca Camilo Ribeiro Gisele Barcelos Amaral Gizele Aparecida Crêspo Wolf SCO2 Professora QPM READ QPM QPM QPPE REPR QPPE QPM / SCO2 QPM Professor QPPE 19 20 Ivanira Luczkeivicz da Silva Jucemir Adam Lazier Juliana Amora Martins QPM REPR Pedagogo Professora 21 Kátia Elizabeth Drosda QPM 22 23 24 25 Luciane Maria Serrer Márcia Coleraus Mari Inês Mocknacz Maria Bernadete Klobuko Lapa Maria Regina Martins Gelchaki Mariza Aparecida Nascimento Nilce de Paula Xavier Rafael Cândido Ferreira Salvador Ribeiro Jazzini Samara de Lara Vera Lucia Dobler Wilson Eduardo Lech Drosda Zuleica Eni Colita QPM QPM QPPE QPM / SCO2 Professora (Sala de Recursos) Pedagoga Professora 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Professora Professora Professora Professora Professora de Apoio Permanente curso) História História Geografia Ciências/Matemática Letras-Port/Inglês Letras- Port/Inglês (em curso) Educação Física Educação Física 4ª série Ensino Fund. Letras-Port/Inglês História Geografia Letras- Port/Espanhol 4ª série Ensino Fund. Ciências/Matemática Pedagogia Curso na área de DM História Pedagogia Artes Visuais (em curso) Ciências/Matemática Curso na área de DM Pedagogia Biologia/Matemática Professora Ciências/Matemática QPM / SCO2 Professora Letras-Port/Inglês REPR Professora Letras- Port/Inglês Professor Diretor Professora Professor Química (em curso) Letrras-Port/Inglês Ensino Médio História Ciências/Matemática Professora Geografia QPPE REPR QPM PEAD QPM SCO2 REPR 70 OBS.: O quadro de professores(as) e funcionários(as) refere-se ao ano letivo de 2006 ANEXO IX COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO FONE/FAX (42) 3524-4031 E-mail: [email protected] UNIÃO DA VITÓRIA PARANÁ NOME: Série: Nº: Ano Letivo: 2006 PARECER TRIMESTRAL Senhores Pais: Este parecer refere-se ao desempenho do(a) aluno(a) nos respectivos trimestres e substitui o boletim escolar. Para maiores esclarecimentos, por favor, dirija-se à escola. Nº PARECER 01. Continue assim, você esta compreendendo e/ou praticando os conhecimentos trabalhados 02. Continue se esforçando, você pode superar suas dificuldades. 03. Você precisa melhorar seu rendimento, sendo mais participativo(a) e atencioso(a) 04. Leia, pois é através da leitura que crescemos e nos inteiramos com o mundo. 05. Você é faltoso(a), lembre-se que sua presença é importante para o seu sucesso. 06. Você esta com caderno e/ou pastas incompletos, coloque em dia suas atividades. 07. Seja responsável. Entregue seus trabalhos nas datas marcadas. 08. Melhore seu comportamento. As suas boas atitudes auxiliarão na construção de sua cidadania. Disciplinas 1º TRIM Ciências Educação Artística Educação Física Ensino Religioso Geografia História Língua Portuguesa Matemática Inglês FALTAS PARECER FALTAS 2ºTRIM 3ºTRIM FALTAS 71 ASSINATURA DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre ANEXO X COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO FONE/FAX: (42) 3524-4031 E-mail: [email protected] UNIÃO DA VITÓRIA PARANÁ PARECER – 2º TRIMESTRE DE 2006 NOME DO(A) ALUNO(A):___________________________________________ SÉRIE:__________ PARECER DA TURMA ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ 72 ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ __________________________________________ ANEXO XI AUTO-AVALIAÇÃO DO(A) ALUNO(A) 1º- QUAIS FORAM OS MEUS AVANÇOS? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ 2º- QUAIS FORAM AS MINHAS DIFICULDADES? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________3º- O QUE EU PRETENDO PARA O PRÓXIMO TRIMESTRE? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ _________________________________________ 4º- ASSINALE AS DISCPLINAS QUE VOCÊ POSSUI MAIS DIFICULDADES: ( ) Língua Portuguesa ( ) Geografia ( ) Educação Artística ) História ( ( ) Educação Física ) Matemática ( ( ) Ciências ) Ensino Religioso ( ) Inglês PARECER DOS PAIS: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ 73 ____________________________ __________________________________________________________________________________________ ANEXO XIV QUANTIDADE 08 05 06 03 01 01 04 03 02 01 16 02 01 01 01 01 02 01 02 01 02 03 02 02 01 01 01 01 03 01 01 01 20 06 11 05 02 10 03 RELAÇÃO DE BENS MÓVEIS DESCRIÇÃO Televisor Vídeo cassete Retroprojetor Microcomputador Copiadora Mimeógrafo Impressora Mesa para micro/terminal Microscópio monocular Episcópio Caixa acústica Máquina de escrever manual Máquina de escrever eletrônica DVD Guilhotina Alarme Relógio Bebedouro Rádio CD Freezer vertical Fogão semi-industrial Extintor de incêncio Antena parabólica Carrinho com suporte TV e vídeo Geladeira Circulador de ar Liquidificador industrial Batedeira semi-industrial Botijão de gás Pia Globo mundi Rack para TV e vídeo Armário Escrivaninha Cadeira fixa estofada Quadro negro Arquivo de aço Mesa para professor Carteiras educação especial 74 06 245 240 425 Enciclopédia Cadeiras escolares Carteiras escolares Conjunto carteira/cadeira PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO O presente Projeto Político Pedagógico apresenta como anexos: 1. Proposta Pedagógica 2. regimento Escolar 3. Plano de Ação da Escola 4. Plano de trabalho Pedagógico 5. Calendário Escolar 6. Estatuto do Conselho Escolar 7. Estatuto do Grêmio Estudantil (onde houver Grêmio) 8. Estatuto da APMF 9. Estatuto da Biblioteca Escolar (se tiver) 10. Estatuto da Cantina Comercial (se tiver) 11. Quadro de Pessoal 12. Projetos Desenvolvidos pela Escola 13. Parecer Foi aprovado pelo Conselho Escolar do Colégio Estadual Adiles Bordin Local e Data: _______/_______/______. Diretor: Salvador Ribeiro Jazzini NRE de União da Vitória 75 COLÉGIO ESTADUAL ADILES BORDIN ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO 76 PROPOSTA CURRICULAR UNIÃO DA VITÓRIA 2010 77 PROPOSTA CURRICULAR FÍSICA ENSINO MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Dimensão histórica da Física A Física tem como objeto de estudo o Universo, em toda a sua complexidade. Por 78 isso a disciplina de Física propõe aos estudantes o estudo da natureza. A Física estudada no Ensino Médio não é as coisas da natureza, ou a própria natureza, mas modelos de elaborações humanas. O olhar sobre a natureza tem origem em tempos remotos, provavelmente período paleolítico, na tentativa de resolver seus problemas de ordem prática e garantir sua subsistência. Assim, a astronomia é, talvez, a mais antiga das ciências, tendo encontrado a sua racionalidade pelo interesse dos gregos em explicar as variações cíclicas observadas nos céus. É o início do estudo dos movimentos. Na Idade Média, a Igreja tornou-se uma instituição poderosa. O conhecimento do universo foi associado a Deus e oficializado pela Igreja Católica que o transforma em dogmas, os quais deveriam ser questionados. Dessa forma, a filosofia medieval cristã (escolástica), é uma filosofia que submete a fé e as verdades ao cristianismo. Esse discurso procura afastar os filósofos das questões relativas ao estudo dos fenômenos naturais, mas já se pronunciava algumas mudanças, a partir dos que não se enquadravam à escolástica. A ampliação da sociedade comercial tornou-se favorável para que surgissem mudanças econômicas, políticas e culturais, e contribuiu para a queda do poder arbitrário abrindo caminho apara as revoluções industriais do século XVII e, para que a ciência se desenvolvesse. Nesse contexto, a Física tal qual a conhecemos hoje foi inaugurada por Galileu Galilei, no século XVI, com uma nova forma de se conceber o Universo, através da descrição matemática dos fenômenos físicos. Bacon, Galileu, Descartes e, provavelmente outros anônimos, ao instituírem o método, retiraram das autoridades eclesiásticas o controle sobre o conhecimento e iniciaram um novo período que chamamos de moderno, abrindo caminho para que Isaac Newton (1642-1727) fizesse a primeira grande unificação da ciência elevando a Física, no século XVII, aos status de Ciência. A nova ciência, que vem a partir de Newton e seus sucessores, carregam a idéia de que o universo se comporta com uma regularidade mecânica, conhecida como mecanismo, e está alicerçada em dois pilares: a Matemática, como linguagem para expressar leis, idéias e elaborar modelos para descrever os fenômenos físicos e a experimentação, como forma de questionar a natureza, de comprovar ou confirmar idéias, de testar nossos modelos. Na Inglaterra, na segunda metade do século XVII, o capitalismo consolidava a sua 79 formação, com a incorporação das máquinas à indústria, mudando a maneira de produzir bens e dando início a grandes transformações sociais e tecnológicas. O contexto social e econômico favoreceu o avanço do conhecimento físico e a Termodinâmica evoluiu. O trabalho do velho artesão aquele que dominava todas as etapas do seu ofício, é substituída pelo trabalho especializado e fragmentado, não sobrando ao trabalhador sequer o tempo para a educação, uma vez que é transformado em força de trabalho. Contraditoriamente, é a revolução industrial burguesa que vai levantar a bandeira da educação gratuita para todos. Em 1808, com a vinda da família real ao Brasil o ensino da Física é traduzido para o nosso país para atender a corte e os desejos da intelectualidade local. O ensino da Física tem, então, a preocupação com a formação de engenheiros e médicos, de modo a formar as elites do país. Portanto, não era para todos, visto que esse conhecimento não fazia parte da grade curricular das poucas escolas primária ou profissionais, as quais as classes populares freqüentavam. O século XX estava com o cenário preparado para que mudanças ocorressem em todos os campos. No científico ocorre uma outra unificação da Física, cabendo ao escocês James C. Maxwell, por volta de 1861, a sua sistematização. A intensificação do processo de industrialização no país, a partir dos anos 1950, tornou a Física no Brasil parte dos currículos do ensino secundário, hoje ensino médio. Desta forma a diretriz busca construir um ensino de Física centrado em conteúdos e metodologias capazes de levar, aos estudantes, uma reflexão sobre o mundo das ciências sob a perspectiva de que esta não é somente fruto da pura racionalidade científica, compartilhando, como disse Menezes: (2004) “com mais gente e com menos álgebra, a emoção dos debates, a força dos princípios e a beleza dos conceitos científicos”. Entende-se, então, que a Física deve educar para cidadania contribuindo para o desenvolvimento de um sujeito crítico, capaz de admirar a beleza da produção científica ao longo da história e compreender a necessidade desta dimensão do conhecimento para o estudo e o entendimento do universo de fenômenos que o cerca. OBJETIVOS GERAIS A Física, com todos os seus conteúdos estruturantes e desdobramentos, visa à evolução do educando como um todo. Esta evolução está alicerçada nos três campos do 80 conhecimento: Movimento, Termodinâmica e Eletromagnetismo. Após reconhecer a realidade da escola e dos alunos, a partir do ponto de vista social, econômico e cultural, cabe ao professor elaborar a partir dos conteúdos, a proposta curricular que melhor se adapte a esses sujeitos, buscando garantir-lhes significados. Mostrar uma visão de mundo que procure representar o real, sob a forma de conceitos e definições ao buscar descrever e explicar seus objetos de estudo através de leis que sejam universais, ampliando em teorias, num conjunto de hipóteses, acompanhadas de um formalismo matemático, cujo conjunto de equações devem permitir que se façam previsões, podendo, as vezes, receber o apoio de experimentos, onde se defronta aos dados coletados com os previstos pela teoria. CONTEÚDOS Os conteúdos estruturantes englobam diversos itens que por sua vez são trabalhados em todas as séries diferenciando apenas no que diz respeito a profundidade do assunto, bem como a sua complexidade, evitando-se esgotar em uma determinada série esse item, mais utilizar-se do mesmo com outra abordagem em séries seguintes, fazendo a inter relação entre as séries. Segue abaixo uma proposta de divisão de conteúdos por série sendo que já foi mencionado na metodologia em que se deve respeitar o conhecimento prévio do aluno e a complexidade do assunto inerente a série. Ensino Médio MOVIMENTO 81 M E C Â N I C A Conteúdo específico 1ª Conceitos básicos da x 2ª x 3ª x cinemática Velocidade Aceleração Movimento Uniforme Movimento x x x x x x x x x x x x Uniformemente Variado Cinemática vetorial Lançamentos Movimentos circulares Dinâmica Trabalho e Potência Energia Impulso e Quantidade x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1ª x 2ª x x x x x x x x x x 3ª x 2ª 3ª x x A CI R T É M O E G ÓPTICA de Movimento Estática TERMODINÂMICA Conteúdo específico Termometria Dilatação Calorimetria Transmissão do calor Termodinâmica Luz Reflexão da luz Refração da luz Lentes Anomalias de visão ELETROMAGNETISMO Conteúdo específico 1ª x x x 82 Corrente elétrica Estudo dos resistores Associação de x x x resistores Medidores elétricos Geradores e x x receptores Capacitores Força elétrica x Campo elétrico Trabalho e Potencial x x x x x Elétrico Capacidade x de condutor capacitores Magnetismo Eletromagnetismo Física Moderna um x x x x x x METODOLOGIA A Ciência surge na tentativa humana de decifrar o Universo físico, determinada pela necessidade humana de resolver problemas práticos e necessidades materiais em determinada época. Uma abordagem histórica dos conteúdos se apresenta como útil e rica, pois pode auxiliar sujeitos a reconhecerem a ciência como um objeto humano, tornando o conteúdo científico mais interessante e compreensível, humanizando a ciência, aproximando-a dos estudantes. Também a história que mostre a evolução das idéias e conceitos da Física, um caminho quase sempre não linear, cheio de erros e acertos, avanços e retrocessos típicos de um objeto essencialmente humano. As concepções espontâneas dos estudantes relacionadas ao conhecimento científico devem encontrar-se paralelo na história da Ciência. O Ensino da Física constitui um processo no qual nos impõe uma reflexão a partir de suas múltiplas faces: os sujeitos (docentes e estudantes), os livros didáticos, os conteúdos escolares, os processos de transmissão e avaliação, o contexto escolar, os laboratórios e a sociedade em que vivemos. Diante disso, entendemos que a Física deve contribuir para a formação dos sujeitos, porém através dos conteúdos que dêem conta do entendimento do objeto de 83 estudo da Física, ou seja, a compreensão do Universo, a sua evolução, suas transformações e as interações que nele se apresentam. Assumindo para o ensino da Física o pressuposto fundamental que considera a ciência como uma produção cultural, um objeto humano construído e produzido nas e pelas relações sociais e, a partir desse pressuposto, consensuamos: a) Que o processo de ensino-aprendizagem, em Física, deve partir do conhecimento prévio trazido pelos estudantes, como fruto de suas experiências de vida em seu contexto social e que, na escola, se fazem presentes no momento em que se inicia aquele processo. Interessam-nos particularmente, as concepções alternativas apresentadas pelos estudantes a respeito de alguns conceitos, as quais acabam por influenciar a aprendizagem desses conceitos do ponto de vista científico; b) Que a experimentação no ensino de Física é importante se entendida como uma metodologia de ensino que pode contribuir para fazer a ligação entre teoria e prática, por proporcionar uma melhor interação entre professor e alunos e, entre grupos de alunos, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo e social dos estudantes, dentro de um contexto especial que é a escola; c) que saber Matemática não pode ser um pré-requisito para ensinar Física, ainda que a linguagem matemática seja, por excelência, uma ferramenta para a Física. Entendemos que precisamos permitir que os estudantes se apropriem do conhecimento físico, daí a ênfase aos aspectos conceituais sem, no entanto, descartar o formalismo matemático; d) que embora estamos adotando um tratamento disciplinar, devemos ir além, visto que a Física não se separa das outras disciplinas, o que deve ser considerado no planejamento de nossas atividades; e) que é preciso localizar os conteúdos a serem trabalhados num contexto social, econômico, cultura e histórico, situando-o no tempo o no espaço. Enfim, desejamos é formar pessoas que sejam criativas e participativas capazes de atuar na sociedade atual. AVALIAÇÃO A avaliação deve levar em conta os pressupostos teóricos adotados pela diretriz 84 curricular. Deve levar em conta o progresso do estudante. A avaliação deve tem um caráter diversificado, levando em consideração todos os aspectos: a compreensão dos conceitos físicos; a capacidade de análise de um texto; a capacidade de elaborar um relatório sobre um experimento ou qualquer outro evento que envolva Física. No entanto, a avaliação não pode ser utilizada para classificar os alunos com uma nota, como tradicionalmente tem sido feita, com o objetivo de testar o aluno ou mesmo puni-lo, mas sim de auxiliá-lo na aprendizagem. Deve ser diagnóstica e contínua. Ou seja, avaliar só tem sentido quando utilizada como instrumento para intervir no processo de aprendizagem dos estudantes, visando o seu crescimento. REFERÊNCIAS ABRANTES, P.C.C. Newton e a Física Francesa no século XIX. IN; CAD. DE HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA, série 2,1 (1): 5-131. P.5-31, jan-jun, 1989. ALVARENGA Beatriz, Máximo Antônio. Curso de Física. São Paulo: Editora Harbra LTDA, 1993. CHAVES, A. Física: Mecânica. Vol. 1. Rio de Janeiro: Reichanne e Affonso editores, 2000a. PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Física para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO/Grupo de Reelaboração do Ensino de Física – GREF: Física 1/Gref: Mecânica. São Paulo: Edusp, 1991. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO/Grupo de Reelaboração do Ensino de Física – GREF: Física 2/Gref: Física Térmica e Óptica. São Paulo: Edusp, 1991. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO/Grupo de Reelaboração do Ensino de Física – GREF: Física 3/Gref: Eletromagnetismo. São Paulo: Edusp, 1991. 85 PROPOSTA CURRICULAR LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO 86 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA As línguas estrangeiras, no Brasil, passaram por vários momentos ao longo da história. O ensino das línguas modernas só começou a ser valorizado depois da chegada da Família Real, em 1808. Em 1809 cria-se cadeiras de inglês e francês com o objetivo de melhorar a instrução pública e atender às demandas advindas da abertura de portos ao comércio. Fato culminante ocorreu em 1837 com a fundação do Colégio Pedro II, onde o currículo inspirava-se nos moldes franceses, e o seu programa constava de sete anos de francês, curso de inglês e três anos de alemão. Esse modelo de ensino de línguas manteve-se até 1929. A publicação de COUR de LINGUISTIC GENERELE por Ferdinand Saussure, 1916, na Europa, inaugura os estudos da linguagem em caráter científico. Tais estudos fundamentaram o estruturalismo, uma das principais correntes da língua moderna. Final do século XIX e início do século XX houve uma série de fatores que marcaram a história da Europa, como o aumento populacional, falta de emprego e de terras, períodos de guerra e pós-guerra e perseguições étnicas, europeus acreditaram numa melhor qualidade de vida no Brasil. No Brasil, por toda sua extensão territorial, foram criadas as colônias de imigrantes. Nos sul do país, particularmente no Paraná, as colônias maiores foram as de imigrantes italianos, alemães, ucranianos, japoneses. Na tentativa de preservar suas culturas, colonos organizaram-se para construir escolas para seus filhos, uma vez que a escolarização já fazia parte da vida dessas populações em seus países de origem e o Estado brasileiro não ofertava atendimento escolar a todos as crianças. Em muitas escolas de imigrantes, o currículo era centrado no ensino de línguas e da cultura dos ascendentes das crianças. É possível ainda encontrar culturas bilíngües no Paraná. O ensino da língua Portuguesa, era tido como uma língua estrangeira nessas escolas. Em meados da década de 1910, a concepção nacionalista, se expressava pela busca de novos padrões culturais e, conseqüentemente, voltava-se para o campo educacional, com vistas não só à escolarização, mas à solidificação dos ideais nacionalistas nas futuras gerações. Em 1930, no governo de Getúlio Vargas, iniciaram-se estudos com vistas à reforma do sistema de ensino. A reforma de 1931, intitulada Francisco Campos, constituiu-se também como um marco de centralização das decisões educacionais do 87 governo federal, atingindo todas as escolas do país. O diferencial dessa reforma foi um método de ensino de língua estrangeira que foi estabelecido: Método Direto. No Método Direto, a língua materna perde e seu papel de mediadora no ensino de língua estrangeira e tem como princípio fundamental a aprendizagem em constante contato com a língua em estudo. Foram privilegiados os conteúdos de História do Brasil e seus heróis. Deixando de lado o estudo de línguas estrangeiras em muitas escolas, principalmente de colônias alemãs. Com a Reforma Capanema (1942), o ensino retornava a tradição clássica. Nessa conjuntura, o prestígio das línguas estrangeiras foi mantido no ginásio. O espanhol foi introduzido como matéria obrigatória como alternativa ao ensino do alemão e o latim permaneceu como língua clássica. Foi centralizada no Ministério de Educação e Cultura, a incumbência de indicar aos estabelecimentos de ensino o idioma a ser ministrado nas escolas, a metodologia e o programa curricular para cada série. Mesmo contemplando o ensino de língua estrangeira, o MEC, comprometido com os ideais nacionalistas, preconizava que a disciplina deveria contribuir para a formação da mentalidade do aprendiz e com o desenvolvimento de hábitos de reflexão, para conhecimento da civilização estrangeira e das tradições de outros povos. Mesmo com a valorização do espanhol no ensino secundário, é importante destacar que o ensino de inglês teve o seu espaço garantido nos currículos oficiais por ser o idioma mais usado nas transações comerciais. Após a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a necessidade de aprender inglês. Falar inglês passou a ser anseio das populações urbanas e o ensino dessa língua ganhou cada vez mais espaço no currículo. A partir da década de 60, fase em que o método áudio-visual está em expansão, não apenas no Brasil, os estudos se fortalecem. Chomsky, em 1965, ao retornar a discussão entre língua e fala, propõe a teoria inatista de aquisição de linguagem, a qual postula que o ser humano já nasce com determinadas capacidades que serão desenvolvidas com o tempo. Numa visão de caráter estruturalista, a língua é vista como uma estrutura que faz intermediação entre o indivíduo e o mundo, ou seja, ela seria um elemento de ligação entre dois (KRAUSE-LEMKE, 2004). Nos anos 70, Piaget desenvolveu a abordagem cognitiva construtivista, na qual a aquisição da língua resulta na interação entre o organismo e o ambiente, através do 88 desenvolvimento da inteligência. Desde a década de 50, o sistema educacional brasileiro era voltado ao mercado de trabalho (ensino técnico), com o intuito de formar profissionais capazes de fazer mudanças ao país. Acarretando assim a diminuição da carga horária das línguas estrangeiras. A LDB – 4.024 de 1961 – determinou a retirada da obrigatoriedade do ensino de LE. Mesmo assim, a língua inglesa não perdeu a sua valorização devido às demandas do mercado de trabalho. Com a reforma da LDB – através da Lei 5692/71 – houve a desobrigação da inclusão de línguas estrangeiras no currículo de 1º e 2º Graus. Tornando-se, desta forma, o ensino de LE um privilégio das classes abastadas. Em 1976, o ensino da LE volta a ser valorizado desde que em condições favoráveis na escola. Isso fez com que muitas escolas suprimissem a língua estrangeira ou reduzissem seu ensino para uma hora semanal. Ofertando apenas um único idioma. No Paraná, iniciou-se um movimento de professores de LE pelo retorno da pluralidade da oferta de línguas estrangeiras nas escolas públicas. Surgindo assim, a partir de 1986, os Centros de Línguas Estrangeiras Modernas (CELEMS). Com as constantes necessidades de mudanças metodológicas, surgiram novas abordagens, baseadas no conceito de competência comunicativa, englobando as quatro habilidades: leitura, escrita, fala e audição. A partir das idéias de Paulo Freire de 1990, a abordagem comunicativa passou a ser criticada, dando vazão ao campo da pedagogia crítica, com a análise do discurso, onde o foco até então, centrado na gramática, passou para o texto. Em 1996, a LDB – Lei de nº 9.394/96 – determinou a oferta obrigatória de pelo menos uma língua estrangeira moderna, no ensino Fundamental a partir da 5 ª série, onde a escolha do idioma fica a cargo da comunidade escolar. Já no Ensino Médio, a lei determina a inclusão de uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, também escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. Observando todo o processo histórico do ensino da língua estrangeira, em nosso país, desde a implantação até os dias de hoje, deparamo-nos frente a novos enfoques teóricos, que se interessam pela análise do discurso a partir da perspectiva de interação social. Como afirma Paulo Freire: - “não há cultura nem história imóveis”. Dessa forma, o ensino de Lê voltar-se-á para o desenvolvimento dos conteúdos 89 estruturantes, como prática social. Favorecendo, desta forma, o uso da língua nessa perspectiva interativa. Esses conhecimentos de maior amplitude do ponto de vista do processo dialógico, dialogam e relacionam-se continuamente uns com os outros, o que vai possibilitar uma abordagem do discurso na sua totalidade, garantindo assim a compreensão e expressão do aluno, através das seguintes práticas: leitura, escrita, expressão verbal e compreensão auditiva. Recaindo, desta forma, o foco do trabalho dirigido para a necessidade dos sujeitos interagirem ativamente dentro de diferentes formas discursivas. Segundo Freire – “Faz-se necessário que sejam desenvolvidas atividades em sala de aula em que os alunos possam interagir entre si e aprender uns com os outros”, pág. 1243, pois estas estruturas de apoio colaborativo desenvolvem o processo dialógico numa circunstância natural e evolutiva. OBJETIVOS GERAIS O principal objetivo da LEM contempla as relações com a cultura, a ideologia, o sujeito e a identidade no processo ensino/aprendizagem, assim o professor ensina e aprende línguas, percepções de mundo e maneiras de construir sentidos, e formar subjetividade, num resgate da função social e educacional, através de LE. Nas aulas de LE podem constituir-se um espaço para a construção de identidades. Os alunos devem observar as questões de ordem global, desenvolver consciência crítica a respeito do papel das línguas na sociedade, voltada para a formação básica do cidadão, conforme a LDB 9394/96. Assim espera-se que o aluno: - tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade; - compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social; - vivencie formas de participação que lhe possibilite estabelecer relações ente ações individuais e coletivas; - reconheça e compreenda a diversidade lingüística e cultural, bem como seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país. - seja capaz de usar a língua em situações de comunicação oral e escrita; 90 CONTEÚDOS Os conteúdos específicos serão desdobrados a partir do conteúdo estruturante com referência de diferentes discursos, contemplando uma análise dialógica dos elementos do texto, sendo observada e respeitada a diversidade textual, bem como o princípio da continuidade. Nesta seleção de textos não serão levados em conta os objetivos lingüísticos, mas sim, com fins educativos, contemplando as necessidades e os interessados alunos. Possibilitando, desta forma, relações coletivas e individuais na construção do conhecimento. O texto, desta forma, será uma unidade de comunicação verbal que pode ser tanto escrita, oral ou visual, como ponto de partida de aula de língua estrangeira. Tendo em vista a concepção discursiva da língua, não segmentada em habilidades, consideram-se que tais práticas não se separam em situações concretas de comunicação e, logicamente, naquelas efetivadas em sala de aula. Os conceitos propostos poderão ser trabalhados em todas as séries, devendo-se apenas observar o nível/maturidade, bem como, os conhecimentos de mundo dos alunos e a necessidade de aprofundamento em determinados temas/assuntos. • Prática de leitura, escrita e oralidade; • Identificação de diferentes gêneros textuais, informativos, narrativos, descritivos, poesias, tiras humorísticas, correspondência, receitas, bulas de remédios, manuais, folders, outdoors, placas de sinalização, etc; • Identificação de elementos coesivos e marcadores do discurso como responsáveis pela progressão textual, encadeamento dês idéias e coerência do texto; • Reconhecimento de variedades lingüísticas: diferentes registros e graus de formalidade; • • Identificação da idéia principal do texto (skimming); Identificação de informações expressa em diferentes formas de linguagem (verbal e não-verbal); • Interferência de significados a partir de um contexto; • Trabalho com cognatos/falsos, afixos, grupos nominais; • Textos (escritos, orais, visuais, dentre outros); • Os conhecimentos lingüísticos poderão estar presentes em qualquer momento do processo de aprendizagem independente de série, desde que seja respeitados os 91 critérios de continuidade, necessidade e aprofundamento dialógico. • Reconhecer a diversidade cultural: interna e externa entre as comunidades de língua estrangeira e/ou de língua materna e, ainda dentro de uma mesma comunidade. METODOLOGIA O ensino de língua estrangeira, na escola, tem papel importante à medida que permite aos alunos entrarem em contato com outras culturas, assim promovendo o interesse deles pelo idioma. Assim, é fundamental que o professor desenvolva com os alunos um trabalho que lhes possibilite confiar na própria capacidade de aprender, dentro de uma atmosfera de interação, motivação e afetividade. E que os temas abordados os leve a desenvolver as quatro habilidades. O professor deve utilizar todos os materiais disponíveis, tais como: livros, figuras, áudios, vídeos, revistas, a fim de desenvolver processos que venham contribuir para um contexto interativo, visando atividades em grupo ou atividades individuais que venham contribuir para desenvolver o processo dialógico do conhecimento. A gramática, assim, deve ser reconhecida como um elemento de ligação entre fenômenos que se interpenetram, dando conta da interação que ocorre entre os discursos e também entre os fatores psicológicos e sociais, levando o aluno a refletir sobre o processo, devendo o conhecimento do mundo interagir com provável falta de competência lexical, compensando este. Pois, segundo Benites (11) – “Todo discurso se constrói pela relação com os outros, que dessa forma, se estabelecem com seu exterior constitutivo”, sem levar-se em conta que o aluno possa vir a ter através da diversidade cultural apresentada. Na seleção de textos, não serão levados em conta os objetivos lingüísticos, mas sim, os fins educativos, contemplando as necessidades e os interesses dos alunos. Possibilitando, desta forma, relações coletivas e individuais na construção de conhecimento. O texto, desta forma, será uma unidade de comunicação verbal que, pode ser escrita, oral ou visual, como ponto de partida da aula de língua estrangeira. Ao interagir com textos provenientes de vários gêneros, o aluno perceberá que as formas lingüísticas não são sempre idênticas, não assumem sempre o mesmo significado, mas são flexíveis e variam, dependendo do contento e da situação em que a prática social do uso da linguagem ocorre. 92 Esse processo de aprendizagem e interação envolve, deste modo, um tipo de negociação constante, observando: 1 - O conhecimento de mundo dos envolvidos. 2 – Sua interação com os elementos do processo. 3 – Fatores que envolvem o processo em si. Buscando assim, intrínseca relação entre LE e a pedagogia crítica, num contexto global educativo em que a sala de aula passa a ser um espaço de produção de discurso marcado de significação que levem a reflexões e que observam que os seus discursos cruzam-se e se fundem com muitos outros. Tal processo variará observando o nível em que o aluno está inserido, varando assim a complexidade e aprofundamento do conteúdo. Assim, o professor deve buscar constante atualização, para ser capaz de provocar mudanças necessárias no processo e adequá-las à sua realidade. Proporcionando subsídios, para que os alunos sejam capazes de inserir e colaborar com o processo, para partilhar com estratégias de aprendizagem, conforme Vigotski (1998) – “a interação, o diálogo é a chave para o desenvolvimento cognitivo”. AVALIAÇÃO A avaliação do ensino-aprendizagem de Língua Inglesa está intrinsecamente atrelada à concepção de língua e aos objetivos para o ensino da Língua Inglesa, subsidiando a construção da aprendizagem bem sucedida, deixando de ser usada como forma de autoridade que decide os destinos do educando e assuma seu papel de auxilio no crescimento desse educando. Várias formas de avaliação, diagnóstica, formativa e contínua, serão oferecidas para que cada aluno possa participar efetivamente do processo ensino/aprendizagem, pois se cada um tem uma forma diferenciada de aprender, também precisa ser avaliado a partir de diferentes experiências. Dessa forma, além das avaliações escritas e orais o aluno será observado em todas as suas formas de participação e construção do conhecimento, levando-se em conta sua capacidade individual e sua contribuição neste processo. A Forma de trabalho em grupo também proporcionarão oportunidades para que os alunos interajam e dessa forma possam ser avaliados por seu trabalho de equipe, organização e participação. 93 O aproveitamento dos alunos será feito em forma de “parecer” e constará de duas formas: parecer trimestral e parecer semestral. No parecer trimestral tanto o aluno como o pai também farão a sua avaliação pessoal. A avaliação está profundamente relacionada com o processo de ensino e, portanto, deve ser entendida como mais um momento em que o aluno aprende. A relevância e adequação de um conteúdo estão atrelados a diversos fatores, entre eles as características psicossociais dos alunos, seu grau de desenvolvimento intelectual, a aplicabilidade dos objetos de conhecimentos ensinados, a capacidade do aluno em estabelecer relações entre os conteúdos, as necessidades de seu diaa-dia e o contexto cultural dos alunos. Para que um processo de aprendizagem seja efetivo, ele deve contemplar a avaliação diagnóstica, contínua, formativa e reflexiva. O registro e observação do desempenho do aluno devem ser feitos de forma contínua e reflexiva, tendo em vista as aprendizagens previstas. Ressalta-se a necessidade de um envolvimento por parte de toda a comunidade escolar, sendo que o professor avaliará o desempenho do aluno, seu progresso e verificará se a sua metodologia está sendo adequada. Enquanto isso, o aluno, necessita saber como está progredindo, como está sua evolução cultural e sua aquisição de conhecimento. Os pais também devem estar envolvidos no processo, já que se trata da educação de seus filhos. E devem acompanhar os degraus alcançados e as dificuldades apresentadas por eles na escola. E, finalmente, a sociedade, esta a quem a educação comprovar a sua eficiência no papel de sujeito crítico e participativo no meio que o cerca. A língua, avaliada oralmente ou por escrito, permite nos observar as limitações e os avanços dos aprendizes, bem como o reflexo do ambiente sócio-cultural, no qual estão envolvidos. As práticas – escrita, leitura e oralidade – realizam a abordagem do discurso em sua totalidade, enquanto interagem entre si, constituindo uma prática sócio-cultural. Os critérios, utilizados na avaliação, deverão ser flexíveis, levando em conta a progressão de desempenho de cada aluno, as características particulares da classe em que o aluno se encontra e as condições em que o processo de ensino aprendizagem se concretize. Alguns instrumentos de avaliação – exercícios individuais e em grupos, testes, relatórios, pesquisas, leitura, produção de textos curtos, representações. 94 REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira para o Ensino Fundamental e Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. FREIRE, P. Pedagogia da Indignação. São Paulo. Editora Unesp, 2000 LEFFA, V (org) A interação na aprendizagem das línguas. Pelotas – R. S. EDUCAT Editora da Universidade Católica de Pelotas, 2006 Projeto Político-Pedagógico do Colégio Adiles Bordin. 95 PROPOSTA CURRICULAR MATEMÁTICA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO 96 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Educação Matemática nos fornece fundamentação teórica e metodológica para direcionar nossa prática docente, conforme Fiorentini, buscando melhor fazer o ensino, para que se efetive a aprendizagem e o conhecimento matemático. Como citam Miguel e Miorim “fazer com que o estudante compreenda e se aproprie da própria Matemática concebida como um conjunto de resultados, métodos, procedimentos, algoritmos, etc.” “fazendo com que o estudante construa, por intermédio do conhecimento matemático, valores e atitudes de natureza diversa, visando a formação integral do ser humano e, particularmente, do cidadão, isto é, do ser humano público”. A postura a ser adotada por nós, educadores dedicados ao ensino de Matemática 97 é a que garanta a aprendizagem durante as aulas semanais previstas e nos encontros sociais com nossos educandos pois, sentimos que ser educador faz parte da nossa natureza. (...) o ensino de Matemática, assim como todo ensino, contribui (ou não) para as transformações sociais não apenas através da socialização (em si mesmo) do conteúdo matemático, mas também através de uma dimensão política que é intrínseca a essa socialização. Trata-se da dimensão política contida na própria relação entre o conteúdo matemático e a forma de sua transmissão-assimilação (Duarte, 1987). A busca contínua se justifica para que possamos optar pelo ensino da Matemática no contexto da Educação Matemática envolvendo falar na busca de transformações que intencionam minimizar problemas de ordem social, visto que esta educação se dá em uma escola que, por sua vez, está inserida em uma sociedade, cujo modelo de organização precisa ser questionado, ou seja, a pensar nos aspectos pedagógicos e cognitivos da produção do conhecimento matemático, mas também nos aspectos sociais envolvidos. Pensar em uma prática docente a partir da Educação Matemática, portanto, implica pensar na sociedade em que vivemos, constituindo-se assim, o ato de ensinar numa ação reflexiva e política, de forma questionadora e participativa na comunidade escolar. Sabendo que é necessário que o processo de ensino e aprendizagem em Matemática contribua para que o educando tenha condições de constatar regularidades matemáticas, generalizações e apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar fenômenos ligados à Matemática e a outras áreas do conhecimento, possibilitando ao estudante criticar questões sociais, políticas, econômicas e históricas. “Assim como acontece com todo conhecimento, a Matemática é também um saber historicamente em construção que vem sendo produzido nas e pelas relações sociais e, como tal, tem seu pensamento e sua linguagem. Ocorre, entretanto, que essa linguagem com o passar dos anos foi se tornando formas, precisa e rigorosa, distanciando-se daqueles conteúdos dos quais se originou, ocultando, assim, os processos que levaram a Matemática a tal nível de abstração e formalização”. SURGIMENTO DOS NÚMEROS O homem primitivo registrava o que caçou, deixando riscos em uma madeira, osso, ou paredes da caverna onde vivia. Com o decorrer dos tempos o homem passou a criar animais e a cultivar a terra. Eles precisavam saber com maior precisão o numero de rezes 98 do seu rebanho ou a quantidade de cereais colhidos. O pastor dessa época, ao soltar suas ovelhas do abrigo pela manhã, precisava recolher pedrinhas, contando assim suas ovelhas. Eles faziam contagem biunívoca (correspondência um a um). OS PRIMEIROS SISTEMAS DE NUMERAÇÃO Os sumérios, na região onde hoje é o Iraque, representavam a escala sexagesimal -com base 60 e não 10, como a que usamos- com figuras parecidas com as de seu alfabeto. Herdamos deles a nossa contagem de tempo em 60 minutos, 60 segundos e também aos 360° da volta inteira da circunferência. Os romanos também faziam a relação das letras com os números e suas combinações: I, V, X, C, L e D. Os egípcios também são citados como pertencentes a uma das civilizações mais antigas que desenvolveram o estudo da geometria e de cálculos devido a necessidade de se efetuadas e registradas as marcações de terras férteis nos vales do rio Nilo antes e depois das cheias. Por volta de 2000 antes de Cristo, os gregos tiveram um grande progresso em sua cultura, desenvolvendo a Filosofia, Matemática, Música e Ciências Sociais. (Podemos nos referir a escola Pitagórica). SISTEMA INDO-ARÁBICO DE NUMERAÇÃO Grandes comerciantes, os árabes sempre mantiveram contato com os hindus e tomaram conhecimento das descobertas matemáticas dos mesmos.A partir do século VIII, passaram a adotar todo o conjunto do sistema numérico hindu: os símbolos, a numeração decimal de posição e os métodos de calcular. Levados para a Europa pelos árabes, a partir da Espanha, esses símbolos ficaram conhecidos como indo-arábicos. A partir do século XIV, os símbolos adquirem aparência definitiva que hoje conhecemos, passando a serem chamados de algarismos ou dígitos. Atualmente, os símbolos indo-arábicos ou algarismos são usados na maioria dos países para representação dos números. Segundo Ribnikov: “do pensamento aristotélico entre os séculos X e XV, baseado em um conjunto de premissas consideradas verdadeiras e inquestionáveis, a história passa para o período das matemáticas de grandezas variáveis, no século XVI, chegando às matemáticas contemporâneas, século XIX. Essas etapas seguiram-se dentro de academias, nas mãos de teóricos e voltadas para os interesses maiores das nações, 99 passando pelas Revoluções Francesa e Industrial. Em nosso país, como resultado dessas três etapas históricas ocorre o ensino matemático de caráter técnico, preparando os estudantes para as academias militares, ou formando engenheiros, geógrafos e topógrafos, atendendo a demanda da época, Era a Matemática que demarcava os programas de ensino, por ser a ciência que daria a base do conhecimento para solucionar os problemas de ordem prática”. O primeiro aparelho a voar e a teoria da relatividade foram dois fatos históricos que, com todo o avanço tecnológico e científico que provocaram, marcaram os rumos da Ciência e passaram a influenciar a história da humanidade. O século XX, marcado por dois grandes conflitos mundiais, exigiu toda a tecnologia de guerra, construção e reconstrução do pós-guerra, exercia sobre o ensino em geral uma característica tecnicista, voltada para a corrida armamentista e da conquista do espaço. A instalação do regime militar brasileiro em 1964, oficializou a tendência pedagógica tecnicista, com um método enfatizado na memorização, manipulação de algoritmos, expressões algébricas e resolução de problemas. Centrada nos objetivos e técnicas, tinha como função manter e estabilizar o sistema de produção capitalista, preparando o indivíduo para ser útil e servir o sistema – o que se firmou durante a década de 1970. Em 1987 e 1988 ocorreram discussões referentes à reestruturação do ensino de Segundo Grau. Em 1990 se concretizou com a participação ativa de discussões e relatos o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná; momento este em que as idéias da Educação Matemática começava a se firmar no âmbito educacional tendo como fundamento principal que “aprender matemática é mais do que manejar fórmulas, saber fazer contas ou marcar X nas respostas: é interpretar, criar significados, construir seus próprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver raciocínio lógico, a capacidade de conceber, projetar e transcender o imediatamente sensível”. Em 1996 aconteceu a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LBDEN, inserindo novas interpretações para o ensino de Matemática, nas quais a própria escola exerce certa autonomia em relação ao Projeto Político Pedagógico, o que dividiu o ensino da Matemática proposta no Currículo Básico, criando disciplinas onde eram propostos eixos que integravam o ensino da disciplina. Os educadores atuantes neste Estabelecimento de Ensino sempre estão 100 procurando participar ativamente das discussões visando a construção do PPP e adequando-se a realidade em que se encontra. OBJETIVOS GERAIS A matemática deve desenvolver relações entre o ensino, a aprendizagem e o conhecimento matemático. Visam desenvolver enquanto campo de investigação e de produção de conhecimento. Este campo de investigação prevê a formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas suas relações sociais, para isso é necessário que ele se aproprie de conhecimentos, também o matemático. O estudante se apropria de conhecimentos que possibilita as relações sociais. Assim sendo possível o estudante criticar questões sociais, políticas,econômicas e históricas. Possibilitar o reconhecimento das inter-relações sociais entre os vários campos da matemática e desta com outras áreas. Valorizar o conhecimento do aluno, proporcionarlhe a construção permanente de seu aprendizado. A aprendizagem não ocorre apenas quando se apresenta um conteúdo de forma organizada, mas sim quando existe reflexão em face das várias situações que envolvem uma mesma idéia, e que aprender com compreensão é mais dos que dar respostas certas, é poder construir o maior numero possível de relações entre os diferentes significados da idéia investigada, saber criar e transformar o que já conhece, assim poderemos garantir que houve aprendizagem, que o aluno é proprietário do conhecimento que ele o controla com a necessária autonomia. É necessário que o processo ensino aprendizagem em matemática contribua para que o educando tenha condições de constatar regularidades matemáticas, generalizações e apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar fenômenos ligados a matemática e ouras áreas do conhecimento.Possibilitando ao estudante criticar questões sociais, políticas, econômicas e históricas. Partindo, não somente do senso comum (VYGOTSKY) para ter acesso à teoria cientifica da matemática, oferecendo condições para apropriação dos aspectos que vão alem daquelas observados pela aparência da realidade (RAMOS,2004) a opção pela educação matemática para o nosso exercício docente, seguindo o que propõe as Diretrizes Curriculares. A educação matemática nos fornece fundamentação teórica metodológica para 101 direcionar nossa pratica docente, conforme FIORENTINI, buscando melhor fazer o ensino, para que se efetive a aprendizagem e o conhecimento matemático. (...) o ensino de matemática, assim como todo ensino, contribui (ou não) para as transformações sociais não apenas através da socialização (em si mesma) do conteúdo matemático, mas também através de uma dimensão política que é intrínseca a essa socialização. Trata-se da dimensão política contida na própria relação entre o conteúdo matemático e a forma de sua transmissão- assimilação. (DUARTE, 1987) CONTEÚDOS No Ensino Fundamental os conteúdos estruturantes são: Números, Operações e Álgebra, Medidas, Geometria e Tratamento da Informação. Apos estudos é possível visualizar os conteúdos estruturantes como referências para contemplar a tradição da Matemática como disciplina escolar. Números, Operações e Álgebra - Sistema de numeração decimal e não decimal - Números naturais e suas representações. - Conjuntos numéricos (naturais, racionais, reais, inteiros e irracionais) - As seis operações e suas inversas (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação). - Transformação de números fracionários na forma de razão/quociente em números decimais. - Adição, subtração, multiplicação e divisão de frações por meio de equivalência. - Juros e porcentagens nos seus diferentes processos de calculo (razão, proporção, frações e decimais). - As noções de variável e incógnita e a possibilidade de cálculo a partir da substituição de letras por valores numéricos. - Noções de proporcionalidade: fração, razão, proporção, semelhança e diferença. - Grandezas diretamente e inversamente proporcionais. - Equações de 1° e 2° graus, inequações e sistemas de equações de 1° grau. - Polinômios e os casos notáveis. 102 - Ângulos. - Fatoração. - Calculo do número de diagonais de um polígono. - Expressões numéricas. - Funções. - Trigonometria no triângulo retângulo. Medidas - Organização do sistema métrico decimal e do sistema monetário. - Transformações de unidades de medidas de massa, capacidade, comprimento e tempo. - Perímetro, área, volume, unidades correspondentes e aplicações na resolução de problemas algébricos. - Capacidade e volume e suas relações. - Ângulos e arcos – unidade, fracionamento e cálculo. - Congruência e semelhança de figuras planas – teorema de Talles. - Triangulo retângulos- relações métricas e teorema de Pitágoras. - Triângulos quaisquer. - Poliedros regulares e suas relações métricas. Geometria - Elementos de geometria euclidiana e noções de geometria não euclidiana. - Classificação e nomenclatura dos sólidos geométricos e figuras planas. - Construções e representações no espaço e no plano. - Planificação de sólidos geométricos. - Padrões entre bases, faces e arestas de pirâmides e prismas. - Condições de paralelismo e perpendicularidade. - Definição e construção do baricentro, ortocentro, incentro e circuncentro. - Desenho geométrico com régua e compasso. - Classificação de triângulos. - Representação cartesiana e confecção de gráficos. - Estudo dos poliedros de Platão. 103 - Construção de polígonos inscritos em circunferências. - Circulo e cilindro. - Noções de geometria espacial. Tratamento de informação - Coleta, organização e descrição de dados. - Leitura e interpretação e representação de dados por meio de tabelas, listas, diagramas, quadros e gráficos. - Gráficos de barras, colunas, linhas poligonais, setores e de curvas e histogramas. - Noções de probabilidade. - Medias, moda e mediana. CONTEÚDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 1º ANO DO III CICLO Números: -Números naturais e racionais absoluto em contagens e medidas. -O S.N.D. e os outros sistemas de numeração: romana, maia, babilônicos. -Números fracionários e números decimais como resultado da divisão. -Números relativos em problemas de ganho e dívida. -As noções de incógnita e de variável. Operações: -As quatro operações. -Cálculo do fracionamento de quantidades e de porcentagens.Conceito de potenciação e radiciação com naturais e sua relação com volumes e áreas. Medidas: -Fracionamento das medidas de tempo e de valor. -Organização do Sistema Métrico Decimal e comparação do outros sistemas de medida. -Verificação da estatura. -Conceito de área, perímetro e volume. As unidades agrárias e as unidades padrão de superfície. -Conceito de volume e capacidade. 104 Geometria: -Construções e representações no espaço e no plano. -Corpos redondos e poliedros, polígonos e círculos. -Classificação dos triângulos quanto à medida dos ângulos e dos lados. 2º ANO DO III CICLO Números: -Números naturais e racionais em contagens e medidas (dividas e ganhos) -Números inteiros e racionais relativos: comparação, ordenação e representação geométrica (reta numerada). -Tradução de problemas para a linguagem algébrica. -Noção de incógnita, o papel a igualdade em sentenças algébricas e noções de equação de 1° grau (idéia sobre função). Operações: -As seis operações com números naturais e com inteiros absolutos. -Adição, multiplicação e divisão com inteiros e racionais relativos. -Noção de proporcionalidade: fração e razão, semelhanças e diferenças, razão e proporção. -Grandezas diretamente e inversamente proporcionais. -Resolução de equações de 1° grau. -Porcentagens e juros (a partir da idéia de proporcionalidade). Medidas: -Medidas de ângulos com o uso de transferidor, soma dos ângulos internos de um triangulo e de um polígono qualquer. -Fracionamento do grau. -Área e perímetro dos polígonos que formam as bases e superfícies laterais dos prismas e pirâmides. -Volume de cubos e de paralelepípedos. Geometria: -Representação cartesiana, confecção de gráficos. -Montagem usando figuras planas ou sólidos geométricos (idéia de representação) -Estudo dos polígonos encontrados a partir dos prismas e pirâmides. -Noção de paralelismo e perpendicularismo, revendo a classificação de poliedros, de 105 polígonos, de triângulos e quadriláteros. Tratamento da informação: -Estatura dos alunos e organização dos dados em listas, tabelas e gráficos. -Plano cartesiano, barras, setores... 1º ANO DO IV CICLO Números: -Generalização da idéia de número: variáveis e parâmetros, escrita numérica e escrita literal. -Tradução de problemas em linguagem algébrica. Noção de equação e inequações. Sistemas de equações. -Noções de proporcionalidade, fração, razão, proporção, semelhança e diferença. -Variação de uma grandeza em relação à outra: diretamente e inversamente proporcional. Idéia de função. Operações: -Operações com ângulos envolvendo minutos e graus. -Resolução e Equações e Inequações. -As quatro operações algébricas, com monômios, binômios e polinômios e os casos notáveis. -Composição e decomposição de binômio e trinômios e o calculo de área e de volume. -Cálculo do numero de diagonais de um polígono com a dedução da fórmula. Medidas: -Medidas de ângulos: unidade, fracionamento e cálculo. -Área e perímetros de triângulos, quadrados, trapézios e losangos, com a dedução de formulas. -Superfícies laterais de prismas, pirâmides, cones e cilindros. -Verificação experimental das congruências. Geometria: -Interpretação geométrica de equações, inequações e sistemas de equações. -Noção de ângulo como mudança de direção de um segmento. -Noção de plano, reta e ponto a partir de poliedros regulares. -Os poliedros regulares e os poliedros: semelhanças e diferenças, numero de faces, arestas, vértices. 106 -Congruência: principais propriedades relativas a triângulos e quadriláteros. -Lugar geométrico. -Diagonais de um polígono. Tratamento de informação: -Levantamento e tabulação de uma amostra. -Construção e interpretação de gráficos. 2º ANO DO IV CICLO Números: -A linguagem algébrica e as equações: incógnitas e variáveis. -Resolução de sistemas de equações de 1° e 2° grau. -Fórmula de Baskara e a equação de 2° grau. -Equações fracionárias e sistemas de equação de 2° grau. -Ampliação do campo numérico: os números irracionais, representação na reta numérica, forma de radical e aproximação decimal. -Os números reais e o “preenchimento” da reta numérica. Operações: -Operações algébricas: produtos notáveis e a fatoração. -Uso dos produtos notáveis na abreviatura de expressões algébricas. -Completar os quadrados para formar os produtos notáveis. -A fatoração como possibilidade para a simplificação de expressões algébricas. -Operações com racionais e irracionais. -Propriedades dos racionais e irracionais. -Propriedade da radiciação e da potenciação. -Discussão sobre a impossibilidade de transformar os irracionais em fração. -Racionalização. Medidas: -Perímetro e área de polígonos. -Apótema e lado de polígonos inscritos. -Congruência e semelhança de figuras planas (triângulo). Teorema de Tales. -O triângulo retângulo: relações métricas e teorema de Pitágoras. Um triângulo qualquer. -Poliedros regulares e suas relações métricas. Geometria: 107 -Representação geométrica dos produtos notáveis. -Interpretação geométrica de equações e sistemas de equações. -Interpretação geométrica de procedimento de completar os quadrados. -Estudos dos poliedros de Platão (teorema de Euller). -Construção de polígonos inscritos em uma circunferência de raio dado. Tratamento de informação: -Construção e interpretação de gráficos, histogramas, gráficos de barras, de setores, de linhas poligonais e de curvas. CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO No ensino médio os conteúdos estruturantes são: números e álgebra, geometrias, funções e tratamento de informação. As discussões baseadas na pratica docente e nos valores que subscrevem essa prática, na evolução dos conceitos com base nos registros da Ciência Matemática e na constituição da disciplina Matemática no decurso histórico é que permitiram a organização dos conteúdos estruturantes a seguir: Números e álgebra - Conteúdos dos números reais e noções de números complexos. - Matrizes. - Determinantes. - Sistemas Lineares. Funções - Função Afim. - Função Quadrática. - Função Exponencial. - Função Logarítmica. - Função Trigonométrica. - Função Modular. - Progressão Aritmética e Progressão Geométrica. Geometria - Geometria plana. 108 - Geometria espacial. - Geometria analítica. - Noções básicas de Geometria não-euclidiana. Tratamento de informação - Analise combinatória. - Binômio de Newton. - Probabilidades. - Estatística. - Matemática Financeira. 1ª SÉRIE Números e álgebra: -Conjuntos numéricos. -Teoria dos conjuntos. -Operações com arcos. Funções: -Trigonometria no triangulo retângulo. -Relações trigonométricas em um triangulo qualquer. -Função exponencial, logarítmica. -Trigonometria na circunferência. -Razoes trigonométricas na circunferência de raio unitário. -Funções trigonométricas. Geometria: -Triangulo retângulo. -Circunferência e seus componentes (raio, arcos, diâmetro) Tratamento de informação: -Coordenadas cartesianas. 2ª SÉRIE Números e álgebra: -Sucessão ou seqüência. -Matrizes. -Determinantes. -Sistemas Lineares. 109 Funções: -Progressão Aritmética. -Progressão Geométrica. -Trigonometria. Geometria: -Geometria plana e espacial. -Perímetro, áreas e volumes. Tratamento de informação: -Análise combinatória. -Binômio de Newton. -Teoria das probabilidades. 3ª SÉRIE Números e algebra: -Números complexos: a unidade imaginária e a forma algébrica, igualdade dos números complexos. -O conjugado de um número complexo. -Operações cmo números complexos. -Potências e plano de Argand-Gauss. Geometria: -Geometria Analítica: a reta no plano cartesiano. -A circunferência no plano cartesiano. Tratamento de informação: -Estatística. -Matemática Financeira. METODOLOGIA “Vincular o Ensino da Matemática ao domínio de um saber fazer Matemática e de um saber pensar Matemática.” O ensino da Matemática partirá de situações problemas desafiadoras. Sempre permeado pelo estudo e discussão sobre historia da matemática, resolução de problemas, conceitos matemáticos e sociais, linguagem matemática e suas representações, cálculo 110 e/ou algoritmos, jogos e desafios. Os conteúdos estruturantes e os conteúdos específicos serão desenvolvidos em conjunto e de forma articulada, de maneira a proporcionar aos educandos a possibilidade de desenvolver a capacidade de observar, argumentar, verificar, generalizar, concluir e abstrair. - RESOLUÇÃO DE PROBLEMA Envolve a leitura, a interpretação matemática, a coleta e organização dos dados apresentados, o levantamento de hipóteses, o cálculo e a comprovação, ou não das hipóteses levantadas, e a retomada das hipóteses quando não comprovadas, podendo ser concluída com uma resposta ou com um relato de todas as etapas. Abordando conhecimentos prévios, com o intuito de fazer o educando pensar produtivamente, desenvolver o raciocínio, enfrentamento de situações novas, dando a oportunidade de envolvimento com as aplicações da matemática. - ETNOMATEMÁTICA Tendo como papel reconhecer e registrar questões de relevância social que produzem conhecimento matemático, levando em consideração que não existe um único saber, mas vários saberes distintos e nenhum menos importante que o outro. Uma forma de trabalhar e valorizar as diferenças culturais/étnicas, como os indígenas, os afrodescendentes, e seus saberes. - MODELAGEM MATEMÁTICA A modelagem como sendo “um ambiente de aprendizagem no qual os educandos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade. Essas se constituem como integrantes de outras disciplinas ou do dia-a-dia.” BARBOSA (2001) Essa pratica favorece a articulação com outras áreas do conhecimento, resgatando o verdadeiro papel da Matemática como um das ciências que estabelece relações a partir de observações e analise de fatos reais, o fazer matemático. - USO DE TECNOLOGIAS 111 Por ser um recurso a mais a ser apropriado por educadores e educandos precisaremos sempre nos reportar às afirmações de outrem referentes ao uso das mídias. “Destaca-se que abordar atividades matemáticas com os recursos tecnológicos enfatizam a experimentação.” BORBA e PENTEADO(2001) As comunidades virtuais que abrangem o campo da matemática promovem trocas e ganhos de aprendizagem ao envolverem educadores, educandos e interessados na área. - HISTÓRIA DA MATEMÁTICA A elaboração de problemas, partindo da História Matemática, favorece o conhecimento de que a Matemática é um campo do conhecimento que se encontra em construção, dividindo com os educandos as dúvidas e questionamentos que levam à construção da Ciência Matemática. Neste caso, se faz necessário consultas e pesquisas de textos referentes ao assunto que se deseja abordar, intervindo em questões de épocas (tempo, espaços e culturas) diferenciadas: suas dificuldades encontradas para resoluções de situações problemas que deveriam e precisariam ser resolvidas de alguma forma. A curiosidade e a criatividade dos educandos devem ser incentivadas neste momento histórico. AVALIAÇÃO A avaliação tem um processo de mediação no processo de ensino e aprendizagem, estes devem ser vistos integrados na prática docente. Ela faz parte do processo de construção do conhecimento, sendo possível identificar falhas nesse processo. Dessa forma o educador pode rever sua metodologia aplicada. É necessário que o educando tenha a oportunidade de expressar suas dificuldades, de mostrar o que não está aprendendo. É importante a avaliação de atitudes de cooperação, solidariedade e de autonomia, não somente conteúdos. Como critérios de avaliação são sugeridos: - provas - trabalhos individuais e em grupos - recuperação de conteúdos (recuperação paralela) - pesquisas - confecção de materiais (jogos, maquetes, sólidos geométricos,etc.) 112 - participação e interesse (dedicação) durante as aulas. REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Matemática para o Ensino Fundamental e Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. Currículo Básico para a Escola Publica do Paraná, 1992. Livros Didáticos, sobre o processo de construção histórica da Matemática. PROPOSTA CURRICULAR 113 ARTE/ARTES ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O papel da Arte na educação é grandemente afetado pelo modo como o professor e o aluno vêem o papel da arte fora da escola. A Arte não tem importância para o homem somente como instrumento para desenvolver sua criatividade, sua percepção etc, mas tem importância em si mesma, como assunto, como objeto de estudos. O trabalho com a arte na escola tem uma amplitude limitada, mas ainda assim há possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e qualitativamente bem-feita. 114 A primeira forma registrada de arte na educação surgiu no periodo colonial, na vilas e reduções jesuíticas, incluindo onde hoje é o Estado do Paraná. A congregassão jesuita veio ao Brasil e desenvolveu uma educação de tradição religiosa, para grupos de origem portuguesa, indígena e africana, bem como para as Missões Guaranis no estados do sul de poder espanhol. As reduções jesuíticas realizaram um trabalho de catequização dos indígenas com os ensinamentos de artes e ofícios, através da retórica, literatura, música, teatro, dança, pintura, escultura e outras artes manuais. Promoveram essas formas artísticas não somente cultivando as formas ibéricas da alta idade média e renascentista como assimilando também as formas locais. O trabalho educacional jesuitico perdurou aproximadamente 250 anos, de 1500 a 1795 e foi importante pois influenciou na constituição da matriz cultural brasileira. Por volta do século XVIII, busca-se a efetiva superação do modelo teoocêntrico medieval, voltando-se ao projeto conhecido comi iluminista. O governo do Marquês de Pombal expulsa os Jesuítas do território do Brasil Colônia e estabelece uma reforma na educação colonial conhecido como Reforma Pombalina, que dava enfase ao ensino das ciências naturais e dos estudos literários. Apesar da formalização dessa Reforma, na prática não se registrou efetivas mudanças. Os espaços que eram ocupados pelos colégios jesuítas foram substituídos por colégios-seminários de outras congregações religiosas. Em 1808 com a vinda da família real de Portugal para o Brasil, fugindo da invasão de Napoleão Bonaparte, inicia-se uma série de obras e a ações para acomodar, em termos materiais e culturais, a corte portuguesa. Entre essas ações destaca-se a chegada ao Brasil de um grupo de artistas franceses encarregado da fundação da Acadêmia de Belas-Artes, na qual os alunos poderia aprender as artes e ofícios artísticos. O grupo ficou conhecido como Missão Francesa, e obedecia ao estilo neoclássico, fundamentado no culto à beleza clássica, centrando os exercícios na cópia e reprodução de obras consagradas que caracterizava a pedagogia da escola tradicional. Com o fim dos colégios-seminários e sua transformação em estabelecimentos públicos houve um processo de dicotomização do ensino de Arte: o de Belas Artes e música pra a formação estética e o de artes manuais. Nesse contexto surge a primeira reforma educacional do Brasil República em 1890. Entre conflitos de idéias positivistas e liberais, os positivistas inspirados em Augusto Comte, valorizavam a Arte, o ensino do desenho geométrico, como forma de desenvolver 115 a mente para o pensamento científico e os liberais inspirados nas idéias de Spencer e Walter Smith, que baseavam-se no desenvolvimento economico e industrial, estavam preocupados com a preparação do trabalhador. Benjamim Constant, responsável pelo texto da reforma, direcionava o ensino novamente prara a valorização da ciência e da geometria, propagando o ideário positivista no Brasil. No periodo do governo de Getulio Vargas, houve a generalização do ensino profissionalizante nas escolas públicas. Um marco importante para a arte brasileira e os movimentos nacionalistas foi a Semana da Arte Moderna de 922, nesse contexto o ensino da Arte teve o enfoque na expressividade, espontaneidade e criatividade; pensada inicialmente para as crianças, essa concepção foi gradativamente incorporada para o ensino de outras faixas etárias. Essa valorização da arte encontrou espaço na pedagogia da Escola Nova, fundamentada na livre expressão de formas, na genialidade individual, inspiração e sensibilidade, desfocando o conhecimento em arte e procurando romper com a transposição mecanicista de padrões estéticos da escola tradicional. Em todos os períodos históricos a arte foi ensinada em diversos espaços sociais. De acordo com a classe social, desenvolviam-se formas de ensino como a corporação de músicos e a corporação de artesãos em Vila Rica no século XVIII, as aulas particulares de piano das senhoritas burguesas do século XIX, nos circos com atores, músicos e malabaristas e de diversos outros grupos sociais. Os PCNs em Arte tiveram como principal fundamentação metodológica a proposta de Ana Mae Barbosa, denominada Metologia Triangular, inspirada a D.B.A.E note americana. A proposta relaciona o fazer artístico, a apreciação e os conhecimentos históricos, estéticos e contextuais em Arte.. O ensino de Arte deixa de ser coadjuvante no sistema educacional e passa também a se preocupar com o desenvolvimento do sujeito gente a uma sociedade construída historicamente e em constante transformação. OBJETIVOS GERAIS O ensino da Educação Artística tem como objetivo o desenvolvimento global da personalidade através de formas as mais diversificadas e complementares possíveis de atividades expressivas, criativas e sensibilizadoras. 116 Assim, a criatividade, a imaginação e a emoção precisam ser desenvolvidas através da apropriação dos meios que ampliem e consolidem a capacidade de ler e construir imagens. A assimilação dos conhecimentos artísticos é fundamental para ampliar o campo do já criado e desta forma, servir de base para novas criações. Mesmo que se coloque a criação como meta principal, é indispensável, assimilar, repetir e trabalhar com as soluções já existentes, sem estreitar ou limitar o trabalho escolar. Através da arte somos levados a conhecer aquilo que não temos oportunidades de experiênciar em nossa vida cotidiana. E isto é básico para que se possa compreender as experiências vividas por outros homens, seja no cinema, no teatro, na música ou ao apreciar uma tela. A arte vem a constituir um estímulo permanente para que nossa imaginação flutue e crie mundos possíveis, novas possibilidades de ser e sentir-se. Pela arte a imaginação é convidada a atuar, rompendo o estrito espaço que o cotidiano lhe reserva. Sendo a criatividade um potencial presente em todos os seres humanos, a arte favorece o desenvolvimento desta dimensão da existência humana. Acredito que a experiência nas artes é um instrumento básico de educação que promove o pensamento criador. A Educação Artística na escola deve ser como uma disciplina propiciadora do desenvolvimento criativo. CONTEÚDOS 1º ANO DO III CICLO Desenho: - Elementos visuais; - Elementos Conceituais; - Desenho de memorização; - Desenho de observação; - Desenho criativo dirigido e desenho criativo livre; - Desenho da figura humana; - Cópia por decalque; - Estilização; 117 Uso de instrumentos auxiliares do desenho: - Régua, lápis, compasso, transferidor Relação fundo-Imagem: - Contraste; Noções de Geometria: - Formas Geométricas; - Formas geométricas na natureza. A Cor e suas possibilidades: - O que é cor? - Cores primárias; - Cores secundárias; - Cores neutras; - Cores monocromáticas; - Cores Policromáticas. Trabalhos Criativos: - Atividades práticas com pintura (Obras e Pintores famosos); - Colagens; - Mosaico. - Vitral Artes Cênicas: - O que é Teatro e seus elementos; - Origem do Teatro; - Jogos teatrais. Música: - O que é som; - As propriedades do som. Trabalhos manuais: 118 - Desenvolver a criatividade e coordenação utilizando-se de material reciclável ou sucata, criando formas e figuras; 2º ANO DO III CICLO Desenho: - Elementos Conceituais; - Elementos Visuais; - Desenho de memorização; - Desenho de Observação; - Desenho criativo dirigido e criativo livre; - Ampliação e Redução; - Desenho com repetição de formas; - Estilização; - Letras e algarismos em faixa; - Desenho em profundidade - Técnicas de sombreamento; Desenho Geométrico: - Classificação dos ângulos; - Sólidos geométricos - Polígonos - Tangram Cores: - Cores primárias, secundárias, terciárias; - Cores análogas; - Cores Neutras; - Cores quentes e frias; Artes Gráficas: - Recursos Gráficos; - Onomatopéias - Expressões Fisionômicas; 119 - Criação de personagens; - História em quadrinhos; História da Arte: - Semana da Arte Moderna; - Pintura e artistas brasileiros e da história; Artes Cênicas: - Elementos de uma peça teatral ( palco, figurino, elenco, adereços...) - Tragédia e Comédia; - Dramatização; Música: - Instrumentos musicais; - MPB Trabalhos manuais: - Desenvolver a criatividade e coordenação utilizando-se de material reciclável ou sucata, criando formas e figuras. 1º ANO DO IV CICLO Desenho: - Ponto; - Linha; - Textura; - Desenho de Observação; - Desenho de memorização; - Desenho criativo dirigido/ criativo livre - Ampliação e Redução; - Arte mural ( grafite); - Ilustração de textos; - Estilização; - Decalque 120 - Desenho em profundidade; - Perspectiva cônica; - Anatomia artística; - Letras e números em perspectiva; - Sombra própria e projetada; Estudo das cores - Cores primárias, secundárias, terciárias; - Cores análogas, - Cores complementares; - Cores quentes, frias e neutras; - Harmonia das cores entre si; - Escalas cromáticas Desenho Geométrico: - Sólidos Geométricos, - Tangran - Quebra-cabeça. Publicidade e Propaganda: - Logotipos; - Baners Monograma História da Arte: - Artistas e obras; Música: - Produção de paródias - Música clássica; - Música no cenário atual 121 Artes Cênicas: - Teatro de fantoches; - Construção de Mascaras Trabalhos manuais: - Desenvolver a criatividade e coordenação utilizando-se de material reciclável ou sucata, criando formas e figuras. 2º ANO DO IV CICLO História da Arte - Evolução da arte através dos tempos; - Divisão da arte; - Artistas e obras; Desenho: - Ponto; - Linha; - Textura; - Desenho de Observação; - Desenho de memorização; - Desenho criativo dirigido/ criativo livre - Ampliação e Redução; - Arte mural ( grafite); - Ilustração de textos; - Estilização; - Decalque - Desenho em profundidade; - Perspectiva cônica; - Anatomia artística; - Caricatura; - Letras e números em perspectiva; - Sombra própria e projetada; - Projeção ortogonal; 122 - Vistas ortogonais em perspectiva; - Cortes de formas tridimensionais; Estudo das cores - Cores primárias, secundárias, terciárias; - Cores análogas, - Cores complementares; - Cores quentes, frias e neutras; - Harmonia das cores entre si; - Escalas cromáticas Dramatização a partir de um texto dado: - Improvisação, atuação, e interpretação de personagens, tipos, coisas, situações Monogramas - Entrelaçamento das letras iniciais do nome de uma pessoa. Propaganda: - Rafe, leiaute e arte final; - Logotipos; - Banners; - Painel decorativo (Desenvolver o senso de estética/ Desenvolver a criatividade) Música: - Produção de paródias - Música clássica; - Música no cenário atual Leitura de imagens; Cartoon ENSINO MÉDIO 1ª SÉRIE 123 História da Arte: - Pré História; - Arte Medieval; - Arte Acadêmica; - Arte Moderna; - Arte Nacional; Artes Visuais: - Pintura; - Arquitetura; - Escultura; - Gravura; - Desenho Desenho: - Ponto; - Linha; - Textura; - Desenho de Observação; - Arte mural (grafite); - Ilustração de textos; - Estilização; - Decalque - Desenho em profundidade; - Perspectiva cônica; - Anatomia artística; - Letras e números em perspectiva; - Sombra própria e projetada; - Projeção ortogonal; - Vistas ortogonais em perspectiva; - Cortes de formas tridimensionais; - Traços Mistos; - Tipo de retas; - Traços do desenho; - Desenho geométrico (noções básicas) 124 - Tangram Música: - O que é som; - As propriedades do som; - Instrumentos musicais; - Música clássica - Cenário atual; Trabalhos criativos: - Colagens; - Fotografia; - Mosaico. Dança Artística: - Clássica; Publicidade: - Monograma; - Logotipos; - Murais Criativos (Desenvolver o senso de estética/ Desenvolver a criatividade) 2ª SÉRIE História da Arte: - Pré História - Arte no Egito - Arte na Grécia - Arte Romana - O Renascimento - Arte Barroca - Arte da Primeira Metade do Século XX Artes Visuais: 125 - Pintura; - Gravura; - Desenho Desenho: - Desenho de Observação; - Ilustração de textos; - Desenho em profundidade; - Letras e números em perspectiva; - Sombra própria e projetada; - Traços Mistos; - Tipo de retas; - Traços do desenho; Pintura - Tipos de tinta; - Materiais para pintura; - Estilo de pintores famosos Música: - O que é som; - As propriedades do som; - Instrumentos musicais; Trabalhos criativos: - Colagens; - Mosaico. - Releitura de obras Publicidade: - Logotipos; - Anúncios; - Outdoors 126 3ª SÉRIE História da Arte: - Impressionismo - Modernização da Arte no Brasil - Arte Contemporanêa Artes Visuais: - Pintura - Desenho Desenho: - Desenho de Observação; - Desenho em profundidade; - Anatomia artística; - Sombra própria e projetada; - Projeção ortogonal; Pintura: Tendências: - Guache - Aquarela - Acrilica - Óleo Música: - Classificação, gênero; - Melodia, timbra , harmonia - Pesquisa de som Trabalhos criativos: - Colagens; - Mosaico. - Fotografia 127 - Origami METODOLOGIA Oferecer aos educandos oportunidades para o seu desenvolvimento de suporte o qual compreende vários fatores como o auto-conhecimento, autonomia, iniciativa, ousadia, criatividade, protagonismo, autoria, compreensão do erro como parte de um processo, consciência da interdependência, sociabilização, e outros. Promover oportunidades nas aulas para que o educando possa preparar-se para enfrentar o público através de apresentações de interpretação, dramatizações e expressão de sentimentos dentro e fora da escola. Desenvolver o respeito mutuo, valorização, eliminação de pré-conceitos adquiridos pela cultura de cada individuo, compreensão dos defeitos e erros, consciência da importância de cada individuo e do trabalho em grupo. Buscar progressivamente um desenvolvimento totalizado do educando para que possa futuramente ser um agente ativo na sociedade, um cidadão crítico e capaz de resoluções de problemas e principalmente um ser consciente de seus valores, direitos e deveres. A partir das concepções da arte e de seu ensino as diretrizes consideram alguns campos conceituais que contribuem para as reflexões a respeito do objeto de estudo desta disciplina: • O conhecimento estético está relacionado à apreensão do objeto artístico em seus aspectos sensíveis e cognitivos. O pensamento , a sensibilidade e a percepção articulam numa organização que espressa esses pensamentos e sentimentos, sob a forma de representações artisticas como, por exemplo palavras na poesia, sons melódicos na música, expressões corporais na dança ou no teatro, cores, linhas e formas nas artes visuais. (LOWENDFELD, V.; BRITTAIN, L.W. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou, 1977) • O conhecimento artístico está relacionado com o fazer e com o processo criativo. Considera desde o imaginário, a elaboração e a formalização do objeto artístico até o contato com o público. Durante esse processo, as formas resultantes das sínteses emocionais e cognitivas expressam saberes especificos a partir da experienciação 128 com materiais, com técnicas e com os elementos formais básicos constitutivos das artes visuais, da dança , da música e do teatro. (FUSARI. M.F.R; FERRAZ, H.C.T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992) • O conhecimento contextualizado envolve o contexto histórico (político, econômico e sociocultural) dos objetos artísticos e contribui para a compreensão de seus conteúdos explícitos e implícitos, possibilitando um aprofundamento na investigação desse objeto. Sendo a educação básica um processo que se inicia no Ensino Fundamental e se conclui no Ensino Médio, é necessário considerar neste documento de diretrizes, as características e necessidades dos alunos dos diversos níveis e modalidades de ensino. A partir dos diagnóticos realizados durante a discussão coletiva destas diretrizes, optou-se por elaborar fundamentos teóricos que comtemplassem a educação básica como um todo, apresentando as especificidades no encaminhamento metodológico. AVALIAÇÃO A avaliação dentro de Educação Artística considerará a história do processo pessoal de cada aluno, e a sua relação com as atividades desenvolvidas na sala de aula. É um contínuo trabalho de verificação e acompanhamento em seus processos de elaborar, assimilar e expressar os novo conhecimentos de arte. Serão avaliados a coordenação motora, capricho com os materiais, comportamento em sala de aula , participação efetiva das aulas e desenvolvimento de exercícios . Para a viabilização da avaliação serão empregadas as seguintes técnicas: TÉCNICA Caderno Artístico FUNÇÃO - o caderno será avaliado pela sua aparência (estética), desenvolvimento dos trabalhos, dificuldade dos trabalhos e a evolução do aluno a Avaliação cada trabalho desenvolvido. Testes avaliativos da matéria teórica . O colégio trabalha no Ensino Fundamental com o sistema de Ciclo, o rendimento escolar do aluno é feito através de um parecer trimestral, onde não há notas, e sim 129 conceitos avaliativos. No Ensino médio a avaliação é bimestral, com os rendimentos escolares apresentados em forma de boletim e notas de 0 a 10. REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte para o Ensino Fundamental e Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. 130 PROPOSTA CURRICULAR BIOLOGIA ENSINO MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 131 A biologia tem como objeto de estudo o fenômeno VIDA compreendido como estudo dos seres vivos e relações entre eles e o meio. A preocupação em registrar as observações de fenômenos naturais, animais e plantas já estavam presentes nos primórdios da evolução humana e está registrada em pinturas ruprestes. Inúmeras tentativas de definir VIDA foram registradas na antiguidade, Platão (428/27-347 a.C) Aristóteles (384 a.C. 322.aC.) Na idade (séc. V séc. XV) influencia do cristianismo, dogmas da igreja católica – visão teocêntrica e concepção filosófica teológica medieval. Entre a idade média e a idade moderna, a igreja perde o poder, surgindo a revolução industrial (séc. XVIII) deixando de influenciar as ciências de modo geral. Na renascença (séc. XV – XVI), período marcado pela contradição, surge o pensamento matemático, com Leonardo da Vinci (1452 – 1519) enquanto na zoologia e na botânica, Carl Von Linne (1707 – 1778) com o seu livro Systema Naturae (1735) seguindo os princípios da criação divina introduz o pensamento biológico descritivo. No inicio do séc. XIX a imutabilidade da VIDA é questionada, neste contexto Erasmus Darwin (1731 – 1802) e Jean Baptiste Lamarck (1744 – 1829) e mais tarde Charles Darwin (1809 – 1882) utilizam o método – hipotético – dedutivo. Mendel em 1863 descreve as leis da hereditariedade, Schleidem e Schuwuan 1838/39 propõe a Teoria Celular no séc. XIX dando inicio a Revolução Conceitual na Biologia ocorrida a partir do séc. XX levando à unificação da Ciências biológicas. A biologia passa a ser vista como utilitária na medicina, agricultura e outras áreas. Com o desenvolvimento da genética surge o pensamento biológico da manipulação genética. No Brasil o ensino da biologia inicia-se na década de 30 com o curso de ciências naturais em que o ensino era de natureza descritiva, livresca e teórico-memorística. Nos anos 50 surgem as aulas práticas ilustrativas, em 1960 os conhecimentos são reduzidos a transmissão de um único método cientifico e a escola é voltada para a elite cultural - anos 80 – concepção empírica indutiva – anos 90 – pensamento construtivista. Em 1998 surgem os PCNS que propiciaram um retrocesso marcado pela concepção neoliberal. Em 2003 percebe-se a descaracterização do objeto de estudo da biologia, estabelecendo-se a construção das Diretrizes Curriculares para o Ensino da Biologia. Considerando a concepção histórica da Ciência, foram identificados os marcos conceituais da construção do pensamento metodológico. 132 Estando esta proposta em conformidade com o atual contexto, sob a concepção da ciência enquanto a construção humana. Destacam-se os principais encaminhamentos metodológicos que são a utilização de atividades que configurem a construção do conhecimento por meio do dialogo e da pesquisa, rompendo com a tradição de separar o espaço de aprendizado do espaço de discussão que, aliás, raramente é espaço de discurso e sozinho desarticula o pensamento. Com base nos conteúdos estruturantes da disciplina, conteúdos estes que constituíram historicamente e estruturam o Ensino da Biologia, os quais são: Organização dos seres vivos Mecanismos biológicos Biodiversidade Implicações dos avanços biológicos no fenômeno Vida. Propõe-se o estudo dos conceitos da biologia e de suas relações interdisciplinares, a partir da leitura textual e da resolução de atividades bem como, do aprofundamento dos conteúdos estudados por meio de pesquisas e de debates. OBJETIVOS GERAIS A biologia, como ciência, ao longo da historia da humanidade vem construindo modelos para tentar explicar e compreender o fenômeno – VIDA – com isto, estuda os seres vivos quanto a sua origem, classificação e distribuição ; mecanismos de funcionamento; evolução das espécies e manipulação do material genético pelo homem. Fornecer noções dos conceitos científicos e suas respectivas implicações, com a utilização de textos que valorizem os conhecimentos científicos, filosóficos e artísticos bem como a dimensão histórica da disciplina de biologia de maneira contextualizada, numa linguagem que aproxime esses saberes de sua realidade. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Os conteúdos estruturantes de biologia agrupam as diferentes áreas de biologia, e ao mesmo tempo proporcionam um novo pensar sobre a forma de relacioná-los sem que se perca de vista o objetivo do ensino da disciplina no Ensino médio. 133 Esta proposta curricular estabelece os conteúdos estruturantes e uma nova forma a relacioná-los com seus conteúdos pontuais sob vários pontos de vista procurando uma lógica que leve o professor a integrá-los e relacioná-los maneira que o aluno tenha uma visão mais abrangente da biologia e não apenas de forma fragmentada e com pouco relacionamento dos conteúdos entre si. A) Organização dos seres vivos O estudo acerca da organização dos seres vivos iniciou-se com as observações macroscópicas dos animais e plantas ocorridas já nos primórdios de nossa civilização. Somente com a invenção dos microscópio no século XVII, o misterioso mundo microscópico, ate então totalmente desconhecido, foi evidenciado a luz da ciência e da tecnologia. A descoberta deste mundo microscópico colocou em xeque varias teorias sobre o surgimento da vida e proporcionou estudos específicos sobre as estruturas celulares, anatomia das células e também o aperfeiçoamento de teorias evolucionistas a partir do século XVIII. E no século XIX, graças a estes conhecimentos e teorias desenvolveram-se estudos sobre embriologia que estabeleceram as bases para o estudo da teoria celular. Assim, como relatam GAGLIARD & GIORDAN (apud BASTOS, 1998,9255)”... a relação entre o nível microscópico e o macroscópico é um conceito estruturante, uma vez que o aluno tenha adquirido poderá entender que a compreensão de todos fenômenos de um ser vivo requer um conhecimento dos níveis moleculares subjacentes “. Justifica-se então, este conteúdo estruturante por ser a base do pensamento biológico sobre a organização celular do ser vivo, relacionando-a com a distribuição dos seres vivos na natureza, o que proporcionará ao aluno compreender a organização e o funcionamento dos fenômenos vitais e estabelecer conexões com os demais conteúdos estruturantes da disciplina. B) Biodiversidade A curiosidade humana sobre os fenômenos naturais e a necessidade de caçar para se alimentar e vestir, tentar curar doenças, entre outras atividades vitais, fizeram com que o ser humano passasse a estudar e observar a natureza. 134 Têm-se registros deste conhecimento biológico empírico das atividades humanas através de representações de animais e plantas nas pinturas ruprestes realizadas nas cavernas e também de alguns manuscritos deixados pelos Babilônios por volta do ano 1800 a.C. Através destes registros antigos, percebe-se que as primeiras áreas de biologia foram a zoologia e a botânica, não só pela curiosidade e necessidade, mas também pela facilidade de observação. Justificam-se estudos pelos mesmos motivos dos povos antigos, que seria conhecer a diversidade de plantas e animais que habitam a Terra, qual sua utilidade para nossa sobrevivência e a sobrevivência de todos seres viços. Alem destes aspectos há a necessidade de se estudar outras implicações decorrentes da história da humanidade que permeiam hoje as atividades agrícolas, de manejo de florestas, o mau uso dos recursos naturais, a destruição das espécies de animais e vegetais, a construção de cidades em lugares impróprios para habitação, como também a influencia da tecnologia em nosso cotidiano. É importante salientar que ao estudar biodiversidade estaremos diante de grandes desafios frente ao progresso cientifico. C) Mecanismos biológicos A partir do século XVII com o desenvolvimento do microscópio, a biologia celular e molecular teve um significativo avanço em suas descobertas observando uma grande quantidade de tecidos animais e vegetais a estrutura celular e os microorganismos. Houve vários avanços tecnológicos decorrentes deste desenvolvimento inclusive a formação de novas teorias sobre a origem da vida diferentes idéias transformistas foram se consolidando entre os cientistas, sendo o grande marco para o mundo cientifico e biológico a publicação do livro “Origens das Espécies” de Charles Darwin no século XIX, foi também nesta época que entendeu-se o papel desempenhado pelos microorganismo no desenvolvimento de doenças infecciosas. No século XX com a descoberta do DNA foram desenvolvidas técnicas de manipulação do material genético que permitem modificar espécies, produzir substâncias e a aplicação de terapias gênicas para o tratamento e eliminação de doenças. A biologia ajuda a compreender melhor essas e outras técnicas que com certeza vão transformar nossa vida e aprofundar o conhecimento que temos de nós mesmos e de outras espécies, daí a importância de seus estudos, dar o mínimo de conhecimento a 135 todas as pessoas para que possam opinar e criticar a utilização dessas técnicas, uma vez que o controle delas e a aplicação destas descobertas cientificas são função importante da própria sociedade. D) Implicações dos avanços biológicos no contexto da vida Esse acelerado desenvolvimento cientifico e tecnológico nos deixa perplexos, sem saber exatamente ate onde podemos chegar e do que realmente podemos nos apropriar, mas por outro lado, proporcionam um enorme conhecimento sobre a natureza. É importante o estudo da biotecnologia dos avanços científicos e das suas implicações éticas e morais na sociedade, para que os estudantes possam discutir questões como nutrição, saúde emprego e preservação do ambiente que indiretamente influenciam suas vidas. Quantos as questões éticas, a atual discussão sobre manipulação genética do ser humano provoca inúmeras controvérsias sobre o uso da tecnologia e as perspectivas de mudanças de valores morais, e devemos ser capazes de questionar, de nos manifestar contra ou a favor de determinadas atitudes para procurar esclarecer ou resolver problemas. Porém questões sobre aborto, eutanásia, clonagem, transgênia, gera duvidas quanto a decisão a ser tomada e põem ba prova, alem de nosso senso moral, nossa consciência moral, pois exigem que justifiquemos nossas decisões e escolhas e requer que assumamos todas as conseqüências delas, pois somos responsáveis por nossas decisões. Caberá ao professor de Biologia indicar temas de discussão ética e auxiliar o aluno na analise das questões. É necessário que este conteúdo estruturante não faz parte de uma determinada etapa ou serie de estudos, mas sim, devera estar integrado com os demais conteúdos, analisando a cada novo tópico estudado, discutidas suas relações e conseqüências e a todo instante devem ser acrescidos novos conhecimentos e discussões. QUADRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E CONTEÚDOS PONTUAIS 136 ORGANIZAÇÃO BIODIVERSIDADE DOS SERES VIVOS (OSVIV) MECANISMOS IMPLICAÇÕES BIOLOGICOS AVANÇOS (BIODIV) BIOLÓGICOS (MECBIOL) • • • • • Característic as dos seres vivos Biologia celular Classificaçã o dos seres vivos Taxonomia Reinos dos seres vivos • • • • • • DOS Teorias evolutivas Ecossistemas Relações ecológicas Regiões Biogeográfica s Ciclos Biogeoquímic os Desequilíbrios ambientais • • • • • Origem da • vida • Reprodução Fisiologia • dos grupos • animais Genética e • evolução Hereditarie-• dade CONTEÚDOS ESPECÍFICOS 1ª SÉRIE 1- Conceito e definição da biologia (OSVIV) 1.1-Principais características dos seres vivos 1.1.1-composição química 1.1.2-reprodução 1.1.3-evolução 1.1.4-metabolismo 1.1.5-irritabilidade 1.1.6-ciclo vital 1.1.7-nível de organização 1.2-Principais divisões da Biologia NO FENÔMENO VIDA (AVBIOL) Reprodução assistida Fertilização Biotecnologia Bioética Manipulação genética Desequilíbrios interferências ambientais e 137 2- Relações dos seres vivos com o meio ambiente (MECBIOL) 2.1-Origem do Universo 2.2.1-Teoria do Big-Bang 2.2-Origem da Terra 2.3-Origem da Vida 2.3.1-Evolução Pré Biológica 2.3.2-Abiogênese 2.3.3-Biogênese 3-Organização dos seres vivos (osviv) 3.1-Citologia 3.1.1-Estudo da Célula 3.1.2-Estrutura e composição Celular 3.1.2.1-Componentes 3.1.2.2-composição Química 3.2-Organelas citoplasmáticas 3.2.1-Hialoplasma 3.2.2-Reticulo Endoplasmático 3.2.3-Ribossomos 3.2.4-Complexo de golgi 3.2.5-Lisossomos 3.2.6-Vacúolos 3.2.7-Plastos 3.2.7.1-Fotossíntese 3.2.8-mitocôndrias 3.2.8.1-Respiração celular 3.2.8.1.1-Anaeróbia 3.2.8.1.2-Aeróbia 3.2.9-Núcleo celular 3.2.9.1-Cromatina 3.2.9.2-Cromossomos 3.3-Divisão celular 3.3.1-Mitose 138 3.3.2-Meiose 3.4- Histologia 3.4.1-Conceito de Tecido 3.4.2-Tecidos Animais 3.4.2.1-Tecido Epitelial 3.4.2.2-Tec. Conjuntivo 3.4.2.3-Tec. Muscular 3.4.2.4-Tec. Nervoso 3.3.3-Tec. Vegetais 4-Funções de conservação da espécie (MECBIOL) 4.1-Gametogênese 4.1.1-Espermatogênese 4.1.2-Ovulogênese 4.2-Reprodução 4.2.1- Reprodução assexuada 4.2.2- Reprodução sexuada 4.3- Reprodução humana 4.3.1-Aparelho Reprodutor Feminino 4.3.2- Aparelho Reprodutor Masculino 4.4-Embriologia 5-Implicações dos avanços biológicos no fenômeno vida (AVBIOL) 2ª SÉRIE 1-Classificação dos seres vivos(BIODIV) 1.1-Critérios Básicos 1.2-Grupos taxonômicos 1.3-Regras de Nomenclatura 2- Classificação dos seres vivos em Reinos (BIODIV) 2.1-Vírus 2.2-Reino Monera 139 2.3-Reino Protista 2.4-Reino fungi 2.5-Reino plantae 2.6-Reino Animália 3-Caracterização e fisiologia dos grande grupos vegetais (MECBIOL) 3.1-Talófitos 3.2-Briófitas 3.3-Pteridófitos 3.4-Espermatófitos 4-caracterização e fisiologia dos grandes grupos animais ( mecbiol ) 4.1-Poríferos 4.2-Cnidários 4.3-platelmintos 4.4-Nematelmintos 4.5-Anelídeos 4.6-Moluscos 4.7-Artrópodes 4.7.1-Insetos 4.7.2-Crustáceos 4.7.3-Aracnídeos 4.7.4-Diplópodes 4.7.5-Quilópodes 4.8-Equinodermos 4.9-Cordados 4.9.1-Protocordados 4.9.2-Vertebrados 4.9.2.1-Peixes 4.9.2.2-Anfíbios 4.9.2.3-Répteis 4.9.2.4-Aves 4.9.2.5-Mamíferos 140 5-Implicações dos avanços biológicos no Fenômeno vida (AVBIOL) 3ªSÉRIE 1-Citogenética (OSVIV) 1.1-Revisão Geral Conteudos Citologia 1.2-Mitose e Meiose 1.3-Acido Desoxirribonucléico 1.3.1-Estrutura do DNA 1.3.2-Duplicação do DNA 1.4-Ácido Ribonucléico 1.4.1-Tipos de RNA 1.5-Síntese de Proteínas 1.6-Códons e Anticódons 2-Genética Clássica(MECBIOL) 2.1Introdução a Genética 2.1.1-Conceitos da genética 2.1.2-Histórico da Genética 2.2-terminologia Genética 2.3-Alelos dominantes e Recessivos 2.3.1-A primeira lei de Mendel 2.4-Codominância 2.5-Cruzamentos testes em Genética 2.6-Dihibridismo 2.6.1-A segunda Lei de Mendel 2.7-Interação Gênica 2.8-Teoria cromossômica da Herança 3-Hereditariedade Humana (MECBIOL) 3.1-Genética do sistema ABO 3.2-Genética do sistema RH 3.3-herança ligada ao sexo 141 -Daltonismo -Hemofilia 3.4-Herança Restrita e influenciada pelo sexo 3.5-Aberrações cromossômicas 4-Evolução (MECBIOL) 4.1-Histórico das idéias evolucionistas 4.2-Teoria Evolucionista de Lamarck 4.3-Teoria Evolucionista de Darwin Wallace 4.4-Moderna Teoria da evolução 4.5-Origens das Espécies 4.6-Grandes linhas da Evolução 4.6.1-Origem dos grandes grupos de seres vivos 4.6.2-Evolução do Homem 5-Ecologia (BIODIV) 5.1-Ecossistemas / Equilíbrio ecológico 5.2-Cadeias e teias Alimentares 5.2.1-Produtor 5.2.2-Consumidor 5.2.3-Decompositor 5.3-Relações ecológicas 5.3.1-Harmônicas 5.3.1.1-Interespecíficas 5.3.1.2-Intraespecíficas 5.3.2-Desarmônicas 5.3.2.1-Interespecíficas 5.3.2.2-Intraespecíficas 5.4-Regiões Biogeográficas 5.5-Ciclos Biogeoquímicos 5.5.1-Ciclo da Água 5.5.2-Ciclo do carbono 5.5.3-Ciclo do Nitrogênio 5.5.4-Ciclo do Oxigênio 142 5.6-Desequilíbrios ambientais 5.6.1-Poluição 5.6.2-Desmatamento 5.6.3-Recursos naturais 6-Implicações dos avanços biológicos no fenômeno vida (AVBIOL) METODOLOGIA Apontamos as seguintes estratégias metodológicas; aula dialogada, a leitura, escrita, a experimentação, as analogias que possibilitem a participação dos alunos. Diferentes imagens de vídeo transparência, data show, fotos e atividades experimentais, visitas, passeios, aulas demonstrativas jogos didáticos. Utilizaremos ainda a pratica social, problematização e instrumentalização possibilitando a expressão de pensamentos e o confronto de diferentes idéias. AVALIAÇÃO A avaliação é uma atividade constante na vida de todas as pessoas, somos avaliados a todo instante por nossos semelhantes, seja através de nossas ações, comportamentos atitudes, etc. Na escola o processo de avaliação é também imprescindível para que o aluno e o professor possam quantificar e analisar se esta ou não ocorrendo o aprendizado. A avaliação muitas vezes está sendo usada meramente como um instrumento para classificar os alunos, aferir resultados e tentar quantificar os conhecimentos assimilados pelos alunos, o que muitas vezes mostra-se ineficiente, uma vez que as avaliações usadas tendem a não contemplarem todos os aspectos necessários de serem avaliados. No que tange ao processo de avaliação é primordial que se busque analisar as questões que são de extrema importância, ou seja, avaliar o que? Que resultados esperam obter com a avaliação? É, portanto muito importante, definir se avaliamos para diagnosticar como esta ocorrendo o processo ensino-aprendizagem ou se avaliamos para quantificar e promover ou não os educamos. Assim é necessário estabelecer parâmetro para uma avaliação mais competente e que realmente demonstre o grau de sucesso que tanto professor como aluno estão 143 alcançando. Assim a avaliação deve ser um processo contínuo, sistemático que forneça um diagnóstico da aprendizagem do aluno, em que este se identifique, compreenda e formule conceitos através de textos e objetivos; a avaliação deve ser orientadora, pois deve permitir ao aluno conhecer os erros e corrigi-los, priorizando assim a retomada de conceitos e pendentes de forma diferenciada de modo a suprir dificuldades, tornando o aluno parte efetiva do processo ensino e aprendizagem. Também obedecendo as normas vigentes, é preciso que haja uma quantificação através de atribuições de notas aos resultados demonstrados com as avaliações, portanto esta quantificação da avaliação será executada através da realização de provas escritas, trabalhos de pesquisa, tarefas realizadas em classe, trabalhos grupais e também através da analise da participação nas atividades propostas. REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Biologia para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. LOPES, SONIA ROSSO, SÉRGIO. Biologia – vol. Único Saraiva, 2005. PAULINO, WILSON ROBERTO Biologia – vol. 1,2 e 3 Ática, 2005. Vários autores, Biologia-Curitiba SEED/PR, 2006 p 272. 144 PROPOSTA CURRICULAR HISTÓRIA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO 145 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 1.1 Dimensão Histórica Foi no ano de 1837, que a História passou a ser disciplina escolar obrigatória no Brasil. Isso se deu com a criação do Colégio D.Pedro II, no Rio de Janeiro. Com o nascimento do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), História passa também a ser disciplina acadêmica. Eram os intelectuais do IHGB os responsáveis pela elaboração dos programas escolares, manuais didáticos e conteúdos a serem ensinados. Estes sofriam grande influência da escola metódica e positivista com características da história política, orientada pela linearidade dos fatos pelo uso restrito de documentos oficiais escritos e pela valorização dos heróis. Sob essa ótica, o modelo de nação brasileira seria mera extensão da Europa Ocidental. A nacionalidade era a síntese das raças branca, índia e negra com predominância da ideologia do branqueamento. O currículo oficial tinha então por objetivo legitimar os valores aristocráticos onde eram o s líderes que conduziam a História sem espaço para pessoas comuns. Esse modelo de ensino de História manteve-se com o advento da República. Houve pequena mudança em 1901, quando a História do Brasil passou a ser 146 contida dentro da História Universal e na maioria das vezes nem era tratada por professores e professoras. Na ditadura do Estado Novo, o projeto político nacionalista fez com que a História do Brasil retornasse aos currículos escolares por força da lei orgânica do Ensino Secundário de 1942. O acesso à disciplina era restrito às elites que se preparavam para conduzir os destinos da nação. Seu conteúdo reforçava o caráter moral e cívico do ensino. Desde 1930, discutia-se a inclusão dos estudos sociais no ensino de História. Sob influência norte-americana, a Lei 5692/71, implanta o ensino de Estudos Sociais, no primeiro grau. Essa mesma lei que organiza o primeiro grau em 8 anos e o segundo grau profissionalizante. Com isso as disciplinas da área de ciências humanas perdem espaço nos currículos. No primeiro grau, História e Geografia são condensadas como área de Estudos Sociais, dividindo ainda a carga horária com Educação Moral e Cívica (EMC). No segundo grau, a carga horária de História foi reduzida. E a disciplina Organização Social e Política Brasileira (OSPB) passaram a compor o currículo. Proliferam com isso os cursos de licenciatura curta em Estudos Sociais. O ensino de História desta época, era de caráter estritamente político, pautado no estudo de fontes oficiais e narrado apenas do ponto de vista factual, com a presença dos “grandes heróis”, exemplos a serem seguidos e não contestados pelas novas gerações. O Estado figurava como o principal sujeito histórico, responsável pelos grandes feitos da nação, exemplificado nas obras dos governantes e das elites condutoras do país. Com a abertura democrática na década de 1980, o ensino de Estudos Sociais começou a ser bastante contestado. E, no início da década de 1990, buscavam-se reformas democráticas no ensino de História. Prova disso foi a tentativa da produção acadêmica da História com o ensino desta disciplina, no primeiro grau, fundamentada na pedagogia histórica-crítica, por meio do currículo básico para a escola pública do estado do Paraná (1990). Essa proposta tinha 147 como pressupostos teóricos, a historiografia social pautada no materialismo históricodialético e alguns elementos da nova história. A década de 1990 então foi a busca na superação dos estragos que sofrem tanto o ensino de História, quanto a produção acadêmica de História, nos anos do Regime Militar. Com o fortalecimento do neoliberalismo, nos 1990, o Ministério da Educação divulgou os parâmetros curriculares nacionais (PCNs), para os ensinos fundamental e médio. E o estado do Paraná, de uma forma autoritária, apesar da autonomia das escolas ser garantida na LDBN/96, implantou os PCNs. Ainda que se propusesse o ensino humanístico, as novas propostas de ensino confrontaram-se com a necessidade de preparar indivíduos para o mercado de trabalho. Mais uma vez, a área de Ciências Humanas perde espaço no currículo escolar. Foram contratados menos profissionais por concursos públicos, bem como se investiu pouco ou quase nada em formação continuada destes profissionais. A partir de 2003, a Secretaria Estadual do Paraná - SEED - trabalha na elaboração das diretrizes curriculares para o ensino de História, buscando superar os problemas diagnosticados, na organização curricular da disciplina e ainda atender as demandas dos movimentos sociais organizados, como a aprovação da lei 13.381/01, que torna obrigatória no ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, os conteúdos de história do Paraná, além da lei 10.639/036, que obriga a inserção dos estudos da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 1.2 - Correntes Historiográficas São os “conflitos” entre correntes historiográficas que fazem com que novas configurações e construções apareçam dentro da História. As Diretrizes Curriculares tem sua fundamentação teórica apoiada na Nova História Cultural incluindo historiadores da Nova História e da Nova Esquerda Inglesa. Dentro da Nova História, alguns descompassos e críticas trocados entre intelectuais fez com que ocorressem migrações para a História Cultural, entendida como um campo de 148 investigação resultante das tendências que nasceram dos trabalhos dos historiados italiano Carlo Ginzburg, do francês Roger Charter e do inglês Eduaward P.Thompson, este último representante da Nova Esquerda Inglesa. Segundo Peter Burke, tanto a Nova História Cultural quanto a nova História da década de 1970, se utilizam do termo nova para distinguirem-se das produções historiográficas das formas anteriores, muito embora a palavra “cultura” aqui ganhe nova dimensão dada à influência da antropologia nesta nova História Cultural. Além disso, historiadores culturais passam a utilizar-se em suas produções conceitos como descrição densa, dialogismo, polifonia, representações, práticas culturais, descontinuidades culturais, rupturas, entre outros. A Nova Esquerda Inglesa surge em 1956 dadas à divergência dentro do Partido Comunista Inglês. Intelectuais membros do Partido, descontentes com o Regime Stalinista rompem com o partido e passam a reescrever a História britânica a partir de uma revisão crítica do marxismo e contribuindo para os estudos da História Social. Além disso, esses historiadores passam a utilizar novos métodos e a fazer uma releitura das fontes históricas já pesquisadas e divulgadas em outros trabalhos. Eles pautam seus estudos na experiência do historiador, na sua dimensão social e investigativa, possibilitando novos questionamentos sobre o passado, a partir dos quais têm surgido novos métodos de pesquisa histórica. Essa concepção de História, enquanto experiência de homens e mulheres e sua relação dialética com a produção material valorizam a possibilidade de luta e transformação social. Justifica-se assim a concepção de História que se pretende, a qual não se vincula ás teorias deterministas da estrutura e nem as teorias voluntaristas da consciência que reduzem a produção historiográfica á categoria de ficção. A nova História Cultural e a Nova Esquerda Inglesa como fundamentação teórica nestas diretrizes são oportunas à necessária superação da História que vem se desenvolvendo desde o Colégio D. Pedro II. CONTEÚDOS 149 ENSINO FUNDAMENTAL Como há muito a ser trabalhado em pouco tempo, faz-se necessária a seleção de conteúdos que nos pareçam essenciais serem trabalhados. Importância fundamental é sabermos a realidade de nossa comunidade escolar e a partir daí traçar a melhor maneira de trabalho. Para o Ensino Fundamental, a abordagem dos conteúdos estruturantes está apresentada nas Diretrizes Curriculares como dimensões: política, econômico-social e cultural em consonância com a concepção da fundamentação teórica. Dimensão Política É necessária para ressaltar a importância de sujeitos comuns na História e corrigir a “injustiça histórica” do ensino tradicional da História pautada nos grandes “heróis”, grandes guerras, etc. Dimensão Econômico-Social Essa dimensão propõe superar a abordagem economicista e reducionista que tem marcado o ensino de História. Através da busca de seu referencial teórico metodológico, e também o intercâmbio com a antropologia, e o uso de fontes orais que possibilitem o resgate do passado de sujeitos excluídos da história tradicional. Dimensão Cultural Ao longo dos tempos a humanidade criou conjuntos de significados para explicar o mundo a seu redor. As Ciências Sociais ampliaram o conceito de cultura nos séculos XIX e XX e contribuíram à novas leituras. Com isso cada comunidade pode ser notada como resultado da cultura de cada indivíduo. Cultura não é mais só a cultura das elites. Prova disso foi a tentativa de aproximação da produção acadêmica da História com o ensino desta disciplina no Primeiro Grau, fundamentada na pedagogia histórica-crítica, 150 por meio do Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná (1990). Essa proposta tinha como pressupostos teóricos a historiografia social, pautada no materialismo histórico dialético e alguns elementos da Nova História. Com o fortalecimento do neoliberalismo nos anos 1990 o Ministério da Educação divulgou os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio. E o Estado do Paraná, de uma forma autoritária, apesar da autonomia das escolas ser garantida na LDBEN/96, implantou os PCNs . A partir de 2003, a secretaria Estadual do Paraná -SEED - trabalha na elaboração das diretrizes curriculares para o ensino de História buscando superar os problemas diagnosticados na organização curricular da disciplina e ainda atender ás demandas dos movimentos sociais organizados, como a aprovação da Lei 13381/01 obrigatória que torna no Ensino Fundamental e médio da rede pública de ensi-no os conteúdos de História do Paraná, além da lei 10639/036 que obriga inserção dos estudo da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 1º ANO DO III CICLO DAS ORIGENS DO HOMEM AO SÉCULO XVI – DIFERENTES TRAJETÓRIAS, DIFERENTES CULTURAS. DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 151 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS CONTEÚDOS COMPLEMENTARES Produção do conhecimento A Humanidade e a História histórico De onde viemos quem somos, como O historiador e a produção do sabemos? conhecimento histórico; Tempo, temporalidade; Fontes, documentos; Patrimônio material e imaterial; Pesquisa; Articulação da História com outras áreas do conhecimento Arqueologia, antropologia, paleontologia, geografia, geologia, sociologia, etnologia e outras. *Observação: produção o do estudo da conhecimento histórico e a articulação da História com outras áreas do conhecimento se fazem necessário em todas as séries do ensino fundamental, não necessariamente no início do ano letivo como está posto para a 5ª série. Arqueologia no Brasil Surgimento, Lagoa Santa: Luzia (MG); humanidade e grandes migrações Serra da Capivara (PI) Teorias do surgimento do homem na Sambaquis (PR) América; desenvolvimento da Mitos e lendas da origem do homem; Desconstrução do conceito de Préhistória; Povos ágrafos, memória e história oral. Povos indígenas no Brasil e no As primeiras civilizações na América Paraná Olmecas, Mochicas, Tiwanacus, 152 DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 153 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS A chegada dos europeus CONTEÚDOS COMPLEMENTARES na Península Ibérica nos séculos XIV E XV: América cultura, sociedade e política (des) encontros entre culturas; Reconquista do território; Resistência e dominação; Religiões: judaísmo, cristianismo e Escravização; islamismo; Catequização; Comércio (África, Ásia, América e Europa). Formação da sociedade brasileira Os reinos e sociedades africanas e os e americana contatos com a Europa América portuguesa; América espanhola; Monomotapa (Zimbabwe) e outros; América franco-inglesa; Comércio; Manifestações culturais Uso de tecnologias: engenho de social açúcar, a batea, construção civil... (família patriarcal e escravismo); Escravização de indígenas e africanos; Economia (pau-brasil, cana-de- Diáspora Africana açúcar e minérios). 2º ANO DO III CICLO Congo, Organização social; (sagrada e profana); Organização Ifé, (capitanias Manifestações culturais; hereditárias, sesmarias); Benin, político- Organização político-administrativas; Organização administrativa Songai, 154 DAS CONTESTAÇÕES A ORDEM COLONIAL AO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – SÉCULO XVII AO XIX DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 155 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS Expansão e consolidação CONTEÚDOS COMPLEMENTARES do Consolidação dos estados nacionais território europeus e Reforma Pombalina Missões; Reforma e contra-reforma; Bandeiras; Invasões estrangeiras; Colonização do território “paranaense” Economia; Organização social; Manifestações culturais; Organização político- administrativa. Movimentos de contestação Independência Quilombos (BR e PR); inglesas da América do Norte Irmandades: Revoltas treze colônias manifestações Diáspora africana religiosas sincretismo; das Nativistas e Nacionalistas; Revolução Francesa Inconfidência mineira; Comuna de Paris. Conjuração baiana; Revolta da cachaça; Revolta do maneta; Guerra dos mascates. Chegada da família real no Brasil De colônia a Reino Unido; Missões artístico-científicas; Biblioteca Nacional; Banco do Brasil Urbanização na Capital; Imprensa régia. Invasão napoleônica na Península Ibérica 156 1º ANO DO IV CICLO PENSANDO A NACIONALIDADE: DO SÉCULO XIX AO XX – A CONSTITUIÇÃO DO IDEÁRIODE NAÇÃO NO BRASIL DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 157 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS A construção da Nação CONTEÚDOS COMPLEMENTARES Revolução Industrial e relações Governo de D. Pedro II; trabalho (XIX e XX) Criação do IHGB; Ludismo; de Lei de Terras, Lei Euzébio de Socialismos; Queiroz – 1850; Anarquismo; Início da imigração européia; Relacionar: Definição do território; Movimento Abolicionista Taylorismo, Fordismo, e Toytotismo. emancipacionista. Emancipação política do Paraná (1853) Economia; Organização social; Manifestações culturais; Organização político- administrativa; Migrações: internas (escravizados, libertos e homens livres pobres) e externas (europeus); Os povos indígenas e a política de terras. A Guerra do Paraguai e/ou a Guerra da Tríplice Aliança O processo de abolição da Colonização da África e da Ásia escravidão Legislação; Resistência e negociação; Guerra Civil Abolição; estadunidense; e Imperialismo Imigração – senador Vergueiro; Branqueamento e miscigenação (Oliveira Vianna, Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Silvio Romero, no Brasil, Sarmiento na Argentina). Carnaval na América Latina: entrudo, murga e candomblé; 158 2º ANO DO IV CICLO REPENSANDO A NACIONALIDADE BRASILEIRA: DO SÉCULO XX AO SÉCULOXXI – ELEMENTOS CONSTRUTIVOS DA CONTEMPORANEIDADE DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 159 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS CONTEÚDOS COMPLEMENTARES A Semana de 22 e o repensar da Crise de 29 nacionalidade Economia; Organização social; Organização político- administrativa; Manifestações culturais; Coluna Prestes. A “Revolução” de 30 e o período Ascensão dos regimes totalitários na Vargas (1930 a 1945) Europa Leis trabalhistas; Voto feminino; Ordem e disciplina no trabalho; Mídia e divulgação do regime; Movimentos populares na América Latina Criação do SPHAN, IBGE; Futebol e carnaval; Contestações a ordem; Segunda Guerra Mundal Integralismo; Participação do Brasil na II Guerra Mundial. Populismo no Brasil e na América Independência Latina asiáticas Cárdenas – México; Perón – Argentina; Vargas, JK, Jânio Quadros e João Guerra Fria Goulart – Brasil. Construção do Paraná atual Governos: Manoel Ribas, Moyses Lupion, Bento Munhoz da Rocha Netto e Ney Braga; Frentes de colonização do Estado, Guerra Fria das colônias afro- 160 DIMENSÕES POLÍTICA ECONOMICO-SOCIAL CULTURAL CONTEÚDO ESTRUTURANTE 161 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS CONTEÚDOS COMPLEMENTARES O Regime Militar no Paraná e no Guerra fria e os Regimes Militares na Brasil América Latina Repressão ideológico e censura dos meios uso Política de boa vizinhança; de Revolução cubana; comunicação; 11 de setembro no Chile e a O uso ideológico do futebol na deposição de Salvador Allende; década de 70; O tricampeonato mundial Censura aos meios de comunicação; O uso ideológico do futebol na A criação da liga nacional década de 70; (campeonato brasileiro) A copa as Argentina – 1978; Cinema novo; Teatro; Itaipu, Sete Quedas e a questão da terra. Movimentos de contestação no Brasil Movimentos de contestação no mundo Resistência armada; Maio de 68 – França; Tropicalismo; Movimento Negro; Jovem Guarda; Movimento Hippie; Novo sindicalismo; Movimento Homossexual; Movimento Estudantil. Movimento feminista; Movimento Punk; Movimento Ambiental; Paraná no contexto atual Redemocratização Fim da bipolarização mundial Constituição de 1988; Desintegração do bloco socialista; Movimentos rurais e urbanos: Neoliberalismo; MST (Movimento dos sem Terra), Globalização; MNLM (Movimento Nacional de Luta 11 de setembro nos EUA. pela Moradia) CUT (Central Única de Trabalhadores), Marcha Zumbi dos África e América Latina no contexto Palmares, etc. atual Mercosul; 162 CONTEÚDOS ENSINO MÉDIO “A proposta curricular reconhece a importância do conhecimento sistematizado, fundamentado na idéia de conteúdos estruturantes das disciplinas escolares. Pra a disciplina de História do Ensino Médio, os conteúdos estruturantes são as relações de trabalho, relações de poder e as relações culturais, os quais dão seqüência aos conteúdos estruturantes trabalhados no Ensino Fundamental. No Ensino Médio, esses conteúdos assumem um recorte mais específico, apontando para o estado das relações humanas. “Os conteúdos estruturantes da disciplina de História estão interligados entre si e permitem a busca do entendimento da totalidade das ações humanas.” Relações de Trabalho: “Expressa a relação que o ser humano estabelece entre si e a natureza”. A execução do trabalho requer o emprego físico e mental. Estes esforços transformam elementos natureza em bens que satisfazem as necessidades humanas. A investigação sobre as relações de trabalho, a partir de problemáticas do presente tais como: impactos ambientais, movimentos sociais e culturais, desemprego, desigualdade social, fome, violência e articulações aos demais conteúdos estruturantes, permitem a alunos(as) e professores(as) entender como as relações de trabalho foram construídas no decorrer do processo histórico’. Relações de Poder 163 “O poder não possui forma de coisa ou de objeto, mas se manifesta como relações sociais e ideológicas, estabelecidas entre aquele(a) que exerce e aquele(a) que se submete. Portanto, o que existe são relações de poder”. O estudo das relações de poder geralmente remete à idéia de poder político. Porém as relações de poder não se limitam somente à dimensão política. Essas relações encontram-se também na dimensão econômico-social e na dimensão cultural, ou seja, em todo o corpo social. O entendimento que as relações de poder são exercidas nas diversas instâncias sócio-históricas, como o mundo do trabalho, as políticas públicas e as diversas instituições permitem a alunos(as) perceberem que estas relações fazem parte de seu cotidiano. Assim eles(as) poderão identificar onde se localizam as arenas decisórias, porque determinada decisão foi tomada e de que forma ela foi executada ou implantada, para que ele(a) entenda como, quando e onde reagir nas medidas do processo em definição. Relações Culturais “O conceito de cultura“ aqui proposto parte de Raymond Williams (2003), o qual afirmava que esta é comum a todos os seres humanos, na medida em que existe uma estrutura comum de modos de pensar, agir e perceber o mundo que leva à constituição de organizações sociais diferentes. Assim, na forma de organizar a vida político-econômica, as sociedades contemporâneas não são tão diferentes, pois são poucas as sociedades que destoam de padrão cultural imposto pelo capitalismo contemporâneo. Em outras palavras, as classes dominadas, existem numa relação de poder com as classes dominantes, de tal modo que ambas partilham um processo social comum, portanto de uma experiência histórica comum, produto dessa história coletiva. No entanto, os benefícios produzidos por esta sociedade e seu controle se repartem desigualmente. 164 O estudo das relações culturais deve considerar a especificidade de cada sociedade e relações entre elas. O processo histórico constituído na relação entre as diversas sociedades é o que pode ser chamado de cultura comum. 1ª SÉRIE Relações de Trabalho Conteúdos Específicos: 1- Conceito de Trabalho O Trabalho e sua valorização Divisão do Trabalho Regimento da Escola 2- O Mundo do Trabalho em diferentes sociedades O mundo do trabalho no Egito antigo O mundo do trabalho nas sociedades Pré-Colombianas O mundo do trabalho nas sociedades da antiguidade clássica: Grécia e Roma Filosofia e escravidão O mundo do trabalho na sociedade feudal. Relações de Poder Conteúdos Especificos: 1- O Estado nos mundos Antigo e Medieval Conceito de Estado Estados na Antiguidade oriental: poder político e religioso: Mesopotâmia, Egito, Hebreus e Grécia. Relações entre conquistadores e conquistados: Persas, Macedônicos. Estado na Idade Média: a hierarquização do poder Estado Islâmico. Relações Culturais Conteúdos Específicos: 1- As cidades na História 165 Cidades Neolíticas Cidades antigas: urbanismo em Grécia e Roma Islã As cidades pré-colombianas Expansão urbana na Europa séculos Xl-Xlll 2- As relações culturais nas sociedades grega e romana na antiguidade: mulheres, plebeus e escravos. Mulheres na sociedade grega Mulheres na sociedade romana A luta por direitos da plebe na sociedade romana Revolta dos escravos. 3- Relações culturais na sociedade medieval européia: camponeses, artesãos, mulheres, hereges e doentes. Conceito de Idade Media Sociedades medievais Dominação e resistência dos camponeses Dominação e resistência nas cidades Exclusão social Hereges Doentes. 2ª SÉRIE Relações de Trabalho Conteúdos Especificos: 1- A Construção do Trabalho Assalariado Artesão independente a tarefeiros assalariados Constituição do sistema de fábricas Organização do tempo do trabalho Trabalho infantil Trabalho feminino 2- Transição do trabalho escravo para o trabalho livre: a mão-de-obra no contexto da 166 consolidação do capitalismo na sociedade brasileira e estadunidense. Os europeus e as etnias do Novo Mundo Instituição da escravidão africana na América Trabalho escravo na América Abolição da escravidão nos EUA e no Brasil Imigração Escravidão do mundo contemporâneo. Relações de Poder Conteúdos Especificos: 1- O Estado e as relações de poder: formação dos Estados Nacionais Formação do Estado Moderno Teóricos do Estado Nacional Absolutista Do Estado Absolutista ao Estado Nação Independência do Brasil e formação do Estado Nacional Construção de idéia de nação brasileira. 2- Relações de poder e violência no Estado O Estado e as relações de poder Guerras revolucionárias e nacionais: Revolução Francesa, 1º e 2º Guerra Mundial. Totalitarismo e violência Guerra Fria Relações de poder e forma de violência Violência e tortura. Relações Culturais Conteúdos específicos: 1- Relações Culturais nas sociedades africanas e asiáticas. Sociedade e religiosidade 2- Movimentos sociais, políticos, culturais e religiosos na Idade Moderna. Transformação do mundo moderno Reforma Protestante França Antártica: experiência protestante na América Portuguesa. 167 Revolução Gloriosa Iluminismo Novas idéias e as contestações dos trabalhadores. 3ª SÉRIE Relações de Trabalho Conteúdos específicos: 1- Relações de dominação e resistência no mundo do trabalho contemporâneo séc. XVlll e XlX. As revoluções Manifestações femininas Organização dos operários Os jovens, a participação política e cidadania 2- Urbanização e industrialização no Brasil: Atividades econômicas no Brasil colonial As cidades do Brasil Vida urbana e industrialização no Brasil 3- Urbanização e industrialização no Paraná As primeiras vilas e cidades do Paraná A erva-mate na formação do Paraná Ocupação do interior Diversidade agropecuária e industrialização; 4- O Trabalho na sociedade contemporânea. Trabalho assalariado Mundo do trabalho no Brasil O Trabalho na Era Vargas O Trabalho como garantia do progresso brasileiro O trabalho na década de 90. Relações de Poder Conteúdos específicos: 168 1- O Estado Imperialista e sua crise. Formação de Impérios e colônias no século XlX Disputas coloniais Crise dos Estados Imperialistas Formação dos regimes totalitários Arte nos regimes totalitários: Alemanha e Itália Indústria Cultural Os Estados e a bipolarização do mundo contemporâneo Crise do socialismo na União Soviética. Relações Culturais Conteúdos específicos: 1- Urbanização e industrialização no século XlX. Industrialização e urbanização Cidade industrial Problemas urbanos Arquitetura Revolução nos transportes Eletricidade Literatura e Arte 2- Movimentos sociais, políticos e culturais na sociedade contemporânea. Mundo após 2º Guerra Mundial Camponeses e a luta pela terra Movimento feminista Revolução jovem Movimento negro. 3- Urbanização e industrialização na sociedade contemporânea. Mundialização Explosão urbana. OBJETIVOS GERAIS 169 O principal objetivo do estudo de História é contribuir na formação de cidadania, uma vez que permite a análise, a crítica e o debate em torno dos diversos aspectos da sociedade humana, podendo estabelecer relações com a realidade atual e tirar conclusões a partir dela para buscar a solução de problemas de sua realidade. Promover práticas pedagógicas que conduzam ao desenvolvimento do espírito crítico do aluno. Favorecer a produção do conhecimento histórico pela utilização de metodologias diferenciadas. Refletir historicamente os conteúdos apresentados pela ação de homens e mulheres, do cotidiano, sua mentalidade e as relações do presente e passado. AVALIAÇÃO A avaliação deve estar colocada a serviço da aprendizagem de todos os alunos e alunas, de modo que permeie o conjunto das ações pedagógicas, e não como um elemento externo ao processo. O professor (a) não deve avaliar o aluno(a) como uma pratica de caráter classificatório, autoritário, que se desvincula da função da aprendizagem, que não se ocupam dos conteúdos conforme a concepção pedagógica expressa no projeto político pedagógico da escola. “A avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem” (Luckesi), 2002, p.8l). Assim, a partir da avaliação diagnóstica, tanto professor(a) quanto alunos (as) poderão revisar as práticas desenvolvidas e juntos(as) verificar as lacunas no processo de ensino e aprendizagem, bem como planejar e propor outros encaminhamentos que visem superar os obstáculos encontrados. Para o pleno êxito dessa avaliação é necessário um diálogo entre alunos(as) e professor(as), envolvendo questões relativas aos critérios adotados, a função de avaliação e a necessidade de tomada de decisões a partir do que 170 foi constatado, tanto individualmente ou coletivamente, dando um caráter de avaliação compartilhada, contínua, processual e diversificada, permitindo análise crítica das práticas do professor(a), que podem constantemente serem retomadas e reorganizadas. A avaliação será realizada através de síntese que pode ser apresentada por meio de várias linguagens: produção de textos, desenhos, interpretações de texto, dramatizações, história em quadrinhos, charges, estudos de gravuras e fotografias; e provas subjetivas e objetivas. METODOLOGIA O ensino de História visa desenvolver o senso crítico, rompendo com a valorização do saber enciclopédico, socializando a produção da ciência histórica, passando da reprodução do conhecimento à compreensão das formas como esse se reproduz, capaz de compreender a estrutura do mundo, da produção, onde ele se insere e nela interfere. O/A aluno(a) que será motivado(a) a desenvolver e a expressar seu pensamento será colocado(a) em situações que o conduzirão ao levantamento das hipóteses, à coleta de dados e à reflexão do seu conhecimento prévio. Essa reflexão partirá da produção individual para a coletiva, na qual serão valorizados o debate, a discussão e a troca de idéias e informações. Desse aprendizado será realizada a síntese que pode ser apresentada por meio de várias linguagens: produção de textos, desenhos, interpretações de texto, dramatizações, história em quadrinhos, charges, estudos de gravuras e fotografias. REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de História para o Ensino Fundamental e Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Adiles Bordin 171 PROPOSTA CURRICULAR CIÊNCIAS ENSINO FUNDAMENTAL 172 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Desde que o homem começou a se interessar pelos fenômenos a sua volta e aprender com eles a ciência já estava presente. Mesmo antes da descoberta do fogo o homem já utilizava técnicas e instrumentos rudimentares disponíveis na natureza para satisfazer suas técnicas cotidianas. A descoberta do fogo foi um marco na história da humanidade, a partir dela o ser humano apresentou outras necessidades como cozinhar alimentos. Uma forma primitiva de experiências químicas é criada para ajudar na transformação de uma substancia em outra e facilitar a vida do homem primitivo. Há aproximadamente dez mil anos atrás o homem passou a cultivar a terra e criar animais, assumindo assim outras condutas frente a seu meio. Alguns processos importantes da história marcaram acentuadamente a ciência: Do séc. XI ao XIII as Cruzadas foram importantes na disseminação da cultura entre o Oriente e o Ocidente. Nos séculos XVII e XVIII a Revolução Industrial. Grandes navegações séc. XIV e XV. A Renascença séc. XV e XVI a partir da imprensa algumas ciências buscam explicar o mundo através de novas teorias. Por meio da Botânica e da Zoologia a ciência hoje chamada de Biologia se destacou através de ilustrações detalhadas, a ciência atualmente conhecida como Química colaborou com a mineração, a metalúrgica e a pólvora. A ciência conhecida como Física definiu os estudos referentes ao magnetismo, a mecânica e a óptica. Séc. XVIII o Iluminismo a partir dessa época a ciência se torna mais independente das religiões. Séc. XVIII a revolução Industrial. O séc. XIX vem para consolidar a ciência evidenciando as relações entre homem-homem e homem-natureza. Já no séc. XX as contribuições das ciências para a humanidade são incontáveis e considerando os últimos 50 anos ela evoluiu mais que em 10 mil anos. Entretanto, a ciência também teve momentos de efeitos negativos, ao incrementar guerras e influenciar a miséria de muitos. Alguns pensadores foram importantes e suas descobertas foram marcos na historia das ciências e da humanidade: Leonardo Da Vinci, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Francis Bacon, René Descartes, Isaac Newton, Denis Diderot, Jean-Baptiste d’Alembert, Antonie Lavoisier, Dimitri Mendeleiev, 173 Charles Darwin, Gregor Mendel. Nesse contexto, fica cada vez mais claro que a ciência é uma construção humana, tem suas aplicações, é falível, intencional e está diretamente relacionada com o avanço da tecnologia e com as relações sociais (CHASSOT, 2004). Nessa mesma perspectiva histórica é importante analisar o currículo de ciências seguindo o trajeto histórico dos acontecimentos que marcaram o ensino aprendizagem no Brasil: Década de 20: ensino das verdades clássicas; Década de 50: a experiência pela experiência; Década de 60: a solução dos problemas pelo método cientifico; Década de 70: as unidades de trabalho com base na tecnologia educacional (DOMINGUES et al.2000). Década de 80: o mundo se encontrava numa competição tecnológica enquanto no Brasil estávamos na transição da ditadura. Alguns temas freqüentemente estiveram presentes nos programas desenvolvidos, para aprimorar o ensino de ciências, dentre eles a educação ambiental, a saúde, as relações entre indústria e agricultura e entre a ciência e a tecnologia. Década de 90: o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná veio responder as necessidades sociais e históricas que caracterizavam a sociedade brasileira daquela época. A partir da promulgação da lei nº 9394/96 que estabeleceu as diretrizes e bases para a Educação Nacional o Currículo Básico perdeu força como documento orientador da disciplina, isso se deve, entre outros fatores, a mudança de paradigma da educação na qual a escola perdeu o caráter de espaço social e transformador e passou a ser entendida como empresa. A partir de 1996, mediante políticas publicas federais, o ensino de ciências teve seu objeto de estudo redirecionado e o esvaziamento de seus conteúdos clássicos, tendo em vista a publicação e ampla distribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental - Ciências Naturais (PCNs) e temas transversais, hoje denominados temas transversais contemporâneos. A partir de 2003, iniciou-se um novo período na historia da educação paranaense devido à reformulação da política educacional do Estado. Destacase como aspecto desta reformulação o resgate da escola precípua bem como a formação continuada dos professores, alem de instituir o currículo escolar como eixo fundante da escola. Cabe ressaltar que o acesso a formação continuada fornece subsídios consistentes e úteis ao cotidiano da sala de aula. Ao analisar a educação e o currículo de ciências, em cada momento histórico, percebeu-se que o seu desenvolvimento seguiu uma trajetória de acordo com os interesses políticos, econômicos e sociais de cada período,determinando assim, a mudança de foco do processo ensinoaprendizagem. Isso alterou a concepção de aluno, professor, ensino, aprendizagem, escola e educação, contribuindo para a formação em diferentes 174 épocas de novos cientistas, de cidadãos de pensamento lógico e critico, de mão de obra qualificada para o trabalho e de cidadãos participativos, críticos e transformadores. Pautado nessa concepção, o processo de ensino e aprendizagem de Ciências valoriza a duvida, a contradição, a diversidade e a divergência, o questionamento de certezas e incertezas, superando o tratamento curricular dos conteúdos por eles mesmos, priorizando-se a sua função social. A partir de uma abordagem pedagógica critica e histórica para a definição do currículo de ciências no Ensino Fundamental a “corrente teórica” denominada “Movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade” CTS (TEIXEIRA,2003,p177), contribui, juntamente com os conhecimentos físicos, químicos e biológicos, como um instrumental positivo que favorece a reflexão, a contextualização e a articulação dos conteúdos específicos propiciando uma analise critica relação entre ciência, a tecnologia e a sociedade. A partir dessa concepção, os conteúdos específicos poderão ser abordados em suas inter-relações com os outros conteúdos e disciplinas, considerando seus aspectos conceituais, científicos, históricos, econômicos, políticos e sociais, as quais devem ficar evidentes no processo de ensinoaprendizagem da disciplina (GASPARIM,2003). O currículo de Ciências no Ensino Fundamental é constituído historicamente por um conjunto de ciências que somam numa mesma disciplina escolar pra compreender os fenômenos naturais nesta etapa da escolarização, os conhecimentos físicos, químicos e biológicos, dentre outros são contemplados nesta disciplina com vistas à compreensão das diferenças e inter-relações entre essas ciências de referencia que compõem a área de ciências no processo ensino-aprendizagem. De forma geral os fenômenos naturais são tratados na disciplina focando: Os conhecimentos físicos: a partir dos conhecimentos científicos em relação aos diversos fenômenos naturais e tecnológicos, abordando conteúdos como: movimentos, sons, luz, eletricidade, magnetismo, calor e ondas dentre outros. Os conhecimentos químicos: contemplam as noções e conceitos científicos sobre os materiais e as substancias, sua constituição, suas propriedades e transformações necessárias para a compreensão dos processos básicos da química. Os conhecimentos biológicos: orientam progressivamente na interpretação e compreensão dos processos biológicos, contribuindo no entendimento dos ambientes e da manutenção da vida. Assim pode-se identificar como as ciências de referência orientam a definição dos conteúdos significativos na formação dos alunos na medida em que oportunizam o estudo da vida, do ambiente, do corpo humano, do universo, da tecnologia, da matéria e da energia, dentre outros, fornecendo subsídios para a compreensão critica e histórica do mundo natural (conteúdo da ciência), do mundo construído (tecnologia) e da pratica social (sociedade). Nesse sentido foram elencados os conteúdos estruturantes, entendidos 175 aqui como saberes fundamentais, capazes de organizar teoricamente os campos de estudo da disciplina, essenciais para a compreensão de seu objeto de estudo: Corpo Humano e Saúde, Ambiente, Matéria e Energia, Tecnologia. Para que o tratamento de conteúdos específicos, na escola, seja de fato relevante, tendo em vista o currículo de ciências articulado, os conteúdos estruturantes e seus desdobramentos precisam ser abordados numa perspectiva critica e histórica, que leve em conta a pratica social do sujeito e suas implicações e limitações das relações entre ciência, a tecnologia e a sociedade. Para tanto, aos tratar os conteúdos específicos é preciso considerar os elementos dos CTS: os aspectos sociais, políticos, econômicos e éticos, abordados por meio da historicidade, da intencionalidade, da provisoriedade, da aplicabilidade e das relações e inter-relações. OBJETIVOS GERAIS Despertar no educando o interesse pela pesquisa e suas vantagens quanto ao conhecimento do que ocorre nas transformações do nosso cotidiano. Fazer com que sua visão de ciência, seja modificada e ampliada para o lado positivo do futuro. Compreender a natureza como um todo dinâmico, o ser humano, em sociedade, o meio ambiente e compreensão tecnológica. METODOLOGIA Para termos noção em Astronomia, transformação e interação de matéria, energia, saúde e melhoria da qualidade de vida, é conveniente criarmos oportunidades para que o estudante aprenda a interpretar o mundo de maneira critica e objetiva, apresentando a eles os conceitos e as descobertas cientificas. Também dando condições ao nosso aluno para que ele possa aprender a partir de sua própria experiência de vida, habilitando ele a obter dados, organizar e registrar suas observações. Baseado em observações, explicações, experimentando ou na combinação. Estabelecendo conexões significativas entre assuntos do Ensino Fundamental através de: Aulas expositivas; Pesquisas bibliográficas orientadas; Desenvolvimento de mini projetos; Palestras; Feira de ciências; Uso de diversos materiais didáticos: livros, revistas cientificas, vídeos, CD- 176 ROM, Internet, esqueleto, torso, retroprojetor,, episcópio, sponlight; Uso de material natural: plantas (folhas, flores, sementes e frutos); Exposição de resultados dos estudos realizados; Realização de passeios ecológicos. CONTEÚDOS 1º ANO DO III CICLO Inter relações entre os seres vivos e o meio ambiente. Água no ecossistema. Ar no ecossistema. Solo no ecossistema. 2º ANO DO III CICLO Biodiversidades – características básicas dos seres vivos. Níveis de organização dos seres vivos - organização celular. Biodiversidade – classificação e adaptações morfológicas. 1º ANO DO IV CICLO Doenças, infecções, intoxicações e defesas do organismo. Corpo humano como um todo integrado. 2º ANO DO IV CICLO Poluição e contaminação do ar, da água e do solo. Transformações da matéria e da energia. Astronomia e Aeronáutica. Segurança no transito. CONTEÚDOS ESPECÍFICOS 1º ANO DO III CICLO 177 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CORPO HUMANO E SAÚDE – AMBIENTE – MATÉRIA E ENERGIA – TECNOLOGIA 178 SOLO NO ECOSSISTEMA CONHECIMENTOS FÍSICOS CONHECIMENTOS QUÍMICOS CONHECIMENTOS BIOLÓGICOS Tecnologia utilizada para preparar o solo para o cultivo. Composição do solo: Tipo de solo: arenoso, argiloso, calcário e húmus; Combate à erosão: tipos de erosão; Mata ciliar; Contaminação do solo. Agentes de transformação do solo: água, ar, seres vivos; Doenças – prevenção e tratamento; Utilidades do solo; Adubação: orgânica e inorgânica (compostagem e fertilizantes) ; Correção de Ph dos solos; Condições para manter a fertilidade do solo: curvas de nível, faixas de retenção, terraceamento, rotação de culturas, culturas associadas. Processos que contribuem para o empobrecimento do solo: queimadas, desmatamentos e poluição, dentre outros. AR NO ECOSSISTEMA Existência do ar: ausência do ar; vácuo; aplicação do vácuo, atmosfera, camadas, propriedades, compressibilidade, expansão, exercer pressão; Movimentos do ar: formação dos ventos, tipos de vento, brisa terrestre e marítima; Composição do ar: Oxigênio (O2) e Gás Carbônico (CO2) Fotossíntese, respiração e combustão; Ciclos biogeoquímicos; Outros elementos presentes no ar; Gases nobres: suas propriedades e aplicações. O ar e os seres vivos; Pressão atmosférica e a audição; Contaminação do ar: doenças causadas por bactérias e vírus – prevenção e tratamento; Poluição do ar: agentes causadores; Causas e 179 Velocidade e direção dos ventos; resistência do ar, pressão atmosférica, aparelhos que medem a pressão do ar, pressão atmosférica e umidade, Meteorologia e previsão do tempo; conseqüências: efeitos nocivos resultantes do contato com esses agentes; Medidas para diminuir a poluição do ar. Eletricidade atmosférica; ar como recurso energético; Tecnologia aeroespacial e aeronáutica, força de atrito; aerodinâmica; Deslocamento de veículos automotores, velocidade, segurança no transito, prevenção de acidentes. ÁGUA NO ECOSSISTEMA Estados físicos da água; Forças de atração e repulsão entre as partículas da água; Mudanças de estado físico da água; Ciclo da água; Composição da água; Ciclo da água; Potencial de Hidrogênio Disponibilidade da (Ph); água na natureza; Salinidade; Água e os seres vivos; Água como solvente universal; Habitat aquático; Pureza; Soluções e misturas Pressão e temperatura; heterogêneas. Densidade: pressão exercida pelos líquidos; Contaminação da água: doenças – preservação e tratamento; Equilíbrio ecológico. Empuxo; Água como recurso energético. ASTRONOMIA E ASTRONÁUTICA Sol: fonte de luz e Sol: composição Planeta Terra: Biosfera, 180 calor; química; radiação; Sistema Solar: composição da Terra. Instrumentos construídos para estudar os astros: astrolábio, lunetas, telescópios, satélites, foguetes, estações espaciais, radiotelescópios; Planeta Terra: movimento de rotação(dias e noites) e movimento de translação (estações do ano); Inclinação do eixo da terra em relação ao plano de órbita; Força gravitacional; Medidas de tempo – instrumentos construídos pelos seres humanos para marcar os dias no tempo e no espaço: relógio de sol, ampulhetas, relógios analógicos, digitais e calendários; Desenvolvimento da Astronáutica e suas aplicações Telecomunicações: satélites, internet, onda, fibra óptica, dentre outras; Exploração aerofotogramétrica (monitoramento por imagens de satélites); Utilização de satélites na meteorologia sideral por meio de foguetes, sondas espaciais, sol, produção de vitamina D; Movimentos da Terra e suas conseqüências – ritmos biológicos; A Lua como satélite natural da Terra; Influencias sobre a biosfera, marés; Diagnóstico, tratamento e prevenção dos efeitos das radiações do sol sob o corpo humano: queimaduras, insolação e câncer de pele; O ser humano do homem às viagens espaciais; Sol: fonte de luz e energia; Fotossíntese: processo e armazenamento de energia; Estrutura da Terra – atmosfera, litosfera e hidrosfera. 181 ônibus espacial e estação espacial; Estrelas: constelações e orientação; Sistema Solar: posição da terra e dos demais planetas. TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA E DA ENERGIA Energia: condutores – tipos, fontes, aplicações, transformações, segurança e prevenção; Eletricidade: condutores, transformações, segurança e prevenção; Fotossíntese; Fermentação; Cadeia alimentar: Teia alimentar; Relações de interdependência: Decomposição;combust seres vivos - seres ão. vivos; seres vivos – ambiente; Respiração; Magnetismo: imãs; Bússola. Energia na célula: produção, transparência, fontes, armazenamento, utilização; Nutrientes: tipos e funções. 2º ANO DO III CICLO CONTEUDOS ESTRUTURANTES CORPO HUMANO E SAUDE – AMBIENTE – MATERIA E ENERGIA – TECNOLOGIA INTER-RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS 182 CONHECIMENTOS FÍSICOS CONHECIMENTOS QUIMICOS CONHECIMENTOS BIOLOGICOS População: taxas, densidade demográfica e fatores que influenciam. Comunidade: transferência de matéria e energia (ciclos biogeoquímicos, teias e cadeias alimentares); Seres vivos – Ambiente - Fotossíntese: importância do processo de produção e armazenamento de energia química (glicose) Biosfera – Ecossistema – Comunidade – População – Indivíduo – Habitat e nicho ecológico: Divisão da Biosfera: biociclos terrestre, marinho e de água doce; Teias e cadeias alimentares: produtores, consumidores e decompositores; Alimentação e saúde: tipos e funções dos alimentos, nutrientes. BIODIVERSIDADE – CLASSIFICAÇÃO E ADAPTAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS Capilaridade; Osmose; Fototropismo; Absorção; Geotropismo: movimento e locomoção: referencial, impulso, velocidade, aceleração. Fotossíntese; Respiração; Gutação; Fermentação; Decomposição; Hibridação. Modo de agrupar os seres vivos: critérios de classificação: cinco reinos dos seres vivos; Biosfera: adaptações dos seres vivos (animais e vegetais) nos ambientes terrestres e aquáticos; Biotecnologia da utilização industrial de microorganismos e vegetais: industria, química e alimentícia (organismos geneticamente modificados) dentre outras; 183 vegetais: raiz, caule, folha, flor, fruto e semente; Vegetais: reprodução e hereditariedade – polinização, fecundação, formação do fruto e semente, disseminação; Animais: digestão (alimentação) respiração, circulação, excreção, locomoção, coordenação, relação com o meio ambiente, reprodução e hereditariedade. NIVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS – ORGANIZAÇÃO CELULAR Unidade de medida; Equipamentos para observação e descrição das células: microscópios e lupas. Unidades de medida; Conceitos Básicos: colóides, osmose, difusão, substancias orgânicas e inorgânicas. Aspectos morfofisiológicos básicos das células; Células animais e vegetais (membrana, parede celular, citoplasma e núcleo); Divisão celular: mitose (células somáticas); câncer ; Divisão celular (meiose (gametogênese) ; Anomalias cromossômicas; Aspectos morfofisiológicos básicos dos tecidos animais e vegetais; Conceitos básicos: biosfera- ecossistema – comunidade população - indivíduo – sistema – órgãos – 184 tecidos – células – organelas – moléculas – átomos. 1º ANO DO IV CICLO CONTEUDOS ESTRUTURANTES CORPO HUMANO E SAUDE – AMBIENTE – MATERIA E ENERGIA – TECNOLOGIA CORPO HUMANO COMO UM TODO INTEGRADO CONHECIMENTOS ESPECIFICOS CONHECIMENTOS QUIMICOS CONHECIMENTOS BIOLOGICOS Ação mecânica da digestão: mastigação, deglutição, movimentos peristálticos; Nutrição: necessidades nutricionais, hábitos alimentares; alimentos diet e light; Sistema digestório (digestão): disfunção do sistema digestório: prevenção: aspectos preventivos da obesidade, da anorexia e da bulimia, dentre outros; Transporte de nutrientes; Ação química da digestão: transformação dos alimentos; Pressão arterial: Inspiração e Expiração; Aproveitamento dos nutrientes; reações Tecnologia de químicas; equações reprodução in vitro, inseminação artificial; químicas; transformação Tecnologias associadas energética; ao diagnóstico e tratamento das DSTs - Eliminação de resíduos, Tecnologias envolvidas hemodiálise; sabores, odores e texturas; na manipulação ácidos e bases: genética: clonagem e identificação, células troncos; nomenclatura e Tecnologias associadas aplicações; Ph de ao aconselhamento diversos produtos e genético como forma substâncias; óxidos e de prevenção à má sais; formação genetica; Substâncias tóxicas de Sistema cardiovascular; Disfunção do sistema cardiovascular: prevenção; aspectos preventivos do Acidente Vascular Cerebral (AVC), do enfarte, da hipertensão e da arteriosclerose, dentre outros; Sistema Respiratório; disfunção do sistema respiratório: respiração; aspectos preventivos do enfisema pulmonar, da 185 Tecnologia envolvida uso industrial: soda na doação de sangue e cáustica, cal e ácido órgãos; sulfúrico entre outras; A luz e a visão; Substâncias tóxicas de Propagação retilínea da uso agrícola, agrotóxicos, luz e a formação de fertilizantes e sombras: reflexão da inseticidas dentre luz e as cores dos outras; objetos: olho humano como instrumento Substancias tóxicas de óptico; uso doméstico: detergentes, sabões, Modelo físico do ceras, solventes, processo de visão; lustra-móveis, tintas e espelhos, lentes e colas, dentre outras; refração; poluição visual; fibras ópticas; Propagação do som com no ar ; velocidade do som; o som e a audição; a qualidade do som; Reflexos sonoros: eco, poluição sonora; Próteses que substituem parte e funções de alguns órgãos do corpo; Aparelhos e instrumentos que o homem constrói para corrigir algumas deficiências físicas; Objetos e aparelhos fabricados para corrigir deficiências dos órgãos dos sentidos; Tecnologia utilizada para diagnosticar problemas relacionados aos sistemas sensorial, nervoso, endócrino, locomotor (esquelético e muscular), genital, digestório, respiratório, cardiovascular e Composição química do álcool; teor alcoólico das bebidas; reações que ocorrem no sistema nervoso e no organismo com a liberação de neurônios, como por exemplo e adrenalina. asma e da bronquite, dentre outras; Sistema urinário: disfunção do sistema urinário: prevenção; aspectos preventivos da nefrite, da cistite e da infecção urinária, dentre outros; Sistema genital feminino: prevenção; Sistema genital masculino: prevenção; Métodos anticoncepcionais – tipos, ação no organismo, eficácia, acesso, causas e conseqüências do uso; Tecnologias de reprodução in vitro, inseminação artificial; Tecnologias associadas ao diagnostico e tratamento das DSTs – AIDS; Manipulação genética: clonagem e célulastronco; Aconselhamento genético como forma de prevenção à má formação genética; Doação de sangue e órgãos; Reprodução – hereditariedade; Causas e conseqüências da gravidez precoce – prevenção; Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) – Síndrome de 186 urinário; Imunodeficiência Adquirida (AIDS): prevenção; defesa do organismo; Tecnologias que causam danos ao sistema nervoso central: radiação, metais pesados, drogas, acidentes com armas de fogo, acidentes de trânsito, automedicação, dentre outras; Sistema Sensorial: visão, audição, gustação, olfato e tato; Portadores de Necessidades Educacionais Especiais: deficiência congênita e adquirida (causas, conseqüências e prevenção); Correção de lesões ósseas e musculares: traumatismos, fraturas e lesões. Sistema nervoso: central, periférico e autônomo. DOENÇAS, INFECÇÕES, INTOXICAÇÕES E DEFESAS DO ORGANISMO Diagnósticos exames clínicos por imagens; Tratamento: radioterapia; Imunização artificial: soros, vacinas, medicamentos; Diagnósticos: exames clíni-cos; Tratamento: Intoxicações por Quimiotera- pia. agentes físicos: elementos radioativos, Intoxicação por pilhas, baterias, dentre agentes químicos: agrotóxicos, inseticidas outros. e metais pesados, dentre outros. Doenças causadas por animais: parasitoses, zoonoses e verminoses; Doenças causadas por microorganismos: parasitoses, infecções bacterianas, viroses, protozooses e micoses; Intoxicações causadas por plantas tóxicas; Diagnósticos: exames clínicos; prevenção e tratamento: alopatia, homeopatia, fitoterapia, dentre outros; Efeitos das intoxicações causadas por agentes físicos e químicos no organismo; 187 Sistema imunológico: imunidade, barreira mecânica, glóbulos brancos (fagacitose), anticorpos. 2º ANO DO IV CICLO CONTEUDOS ESTRUTURANTES CORPO HUMANO E SAUDE – AMBIENTE – MATERIA E ENERGIA – TECNOLOGIA POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA, DO AR E DO SOLO CONHECIMENTOS ESPECIFICOS CONHECIMENTOS QUIMICOS CONHECIMENTOS BIOLOGICOS Poluição térmica; Gases tóxicos, resíduos industriais, metais pesados, chuva ácida, elementos radioativos, dentre outros; Equilíbrio e conservação da natureza: fauna, flora, ar, água e solo; Poluição sonora: medidas contra a poluição – fontes alternativas de energia:energia eólica, causas e hidrelétrica, solar entre conseqüências da outras; poluição e contaminação da água, Fenômenos: do ar e do solo: efeitos superaquecimento do planeta, efeito estufa, noviços nos seres vivos e no ambiente; buraco na camada de ozônio (alterações de temperatura e mudanças de estado físico da matéria). Prevenção e tratamento dos efeitos nocivos resultantes do contato com agentes químicos; Prevenção e recuperação de áreas degradadas por agentes químicos; Substâncias puras, misturas homogêneas, densidade de substâncias; Agentes causadores da contaminação e poluição da água, do ar e do solo; Agentes causadores e transmissores de doenças; Prevenção e tratamento das doenças relacionadas a poluição e contaminação do ar, da água e do solo; Saneamento básico: estações de tratamento da água (ETA), de 4 mde agosto (ETE) e do lixo (aterros sanitários, reaproveitamento e reciclagem do lixo); 188 Separação de misturas; Doenças relacionadas à falta de saneamento Fase química do básico e prevenção; tratamento da água; Fenômenos: superaquecimento do planeta, efeito estufa, buraco na camada de ozônio e poluentes responsáveis. Biodigestor; Fenômenos: superaquecimento do planeta, efeito estufa, buraco na camada de ozônio e seus efeitos nocivos aos seres vivos e ao ambiente. BIODIVERSIDADE – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS SERES VIVOS Temperatura; Metabolismo – Calor: diferenças entre transformação da os conceitos de calor e matéria e da energia: fotossíntese; temperatura; respiração; Equilíbrio térmico; fermentação; Transferência de calor; decomposição; combustão. Transmissão de calor; Isolamento térmico; Movimento e locomoção. Características básicas que diferenciam os seres vivos dos nãovivos; Relações de interdependência: seres vivos – seres vivos; seres vivos – ambiente; Adaptações e controle da temperatura corporal nos organismos; Interações da pele com o meio: proteção do organismo, regulação de água e temperatura . SEGURANÇA NO TRÂNSITO Movimento, Teor alcoólico das deslocamento, bebidas e suas trajetória e referencial; consequencias no Velocidade, velocidade trânsito. média e aceleração; Distância ; Tempo; Inércia; Acidentes de trânsito relacionados ao uso de drogas (álcool) – causas e consequencias; Tempo de reação e reflexo comparado entre um organismo 189 Resistência do ar; que não ingeriu drogas (álcool) e um embriagado; Força de atrito; Aerodinâmica; equipamentos de segurança nos meios de transporte: a relação entre força, massa e aceleração; Máquinas simples. Efeitos do álcool e outras drogas no organismo; Prevenção de acidentes. AVALIAÇÃO Para podermos avaliar precisamos conhecer nossos alunos, sua vivência de aprendizagem, seus conhecimentos informais sobre um dado assunto, além disso é preciso considerar o desenvolvimento da capacidade do mesmo com relação a aprendizagem de conceitos, de procedimentos e de atitudes. Sendo que a avaliação é por parecer descritivo. Também teremos como base de avaliação os seguintes procedimentos: A análise de pesquisas bibliográficas ou práticas realizadas pelos mesmos; Sugestões coerentes propostas para temas trabalhados; Formulação de textos sobre assuntos estudados e observados; Descrição de procedimentos e argumentação para a solução de determinadas situações; Resolução de listas de exercícios envolvendo conceitos e procedimentos; Observação do desenvolvimento de habilidades como expressão oral e escrita; Organização e registro de dados; Sendo que a interpretação desses resultados nos servirá para reorientar a prática pedagógica; REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental. Curitiba: SEED, SUED, 2006. 190 PROPOSTA CURRICULAR GEOGRAFIA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 191 O conhecimento da natureza e do espaço geográfico, suas relações e dinâmicas permitiram às sociedades modificá-los em benefício próprio. As informações sobre localização, acesso e características de áreas conquistadas eram cruciais para a organização política e econômica dos Impérios da antigüidade. As discussões a respeito da forma, tamanho, diâmetro, cálculo das latitudes da Terra, eram conhecimentos necessários às Grandes Navegações. Posteriormente, era uma preocupação dos grandes impérios coloniais entender os saberes geográficos; comércio, formas de poder, organização do espaço, produtividade natural do solo, recursos minerais, crescimento populacional, forma de representação e extensão de território. No imperialismo do século XIX, surgiram escolas nacionais de pensamento geográfico, com destaque para a alemã de Ratzel, cuja escola defendia o determinismo geográfico, e para a escola francesa, representada por Vidal de La Blache, que pregava o possibilismo geográfico. Enquanto na Europa a Ciência Geográfica já se encontrava sistematizada e presente nas universidades desde o século XIX, no Brasil as idéias geográficas só foram institucionalizadas a partir da década de 1930. As mudanças decorridas da Segunda Guerra Mundial interferiram no pensamento geográfico, e ao longo da segunda metade do século XX essas transformações ocorreram mais intensamente. Novos enfoques para o espaço geográfico originaram-se do ponto de vista econômico, com a internacionalização da produção e, político, à degradação ambiental, desigualdades e organização do espaço. Do ponto de vista econômico e político, a internacionalização da economia e a instalação das empresas multinacionais em vários países do mundo alteraram as relações de produção e consumo, trazendo para as discussões geográficas assuntos ligados: a) à degradação da natureza em relação à intensa exploração dos recursos naturais e suas conseqüências para o equilíbrio ambiental no planeta; b) às desigualdades e injustiças da produção e organização do espaço geográfico no modo capitalista de produção em relação à experiência de organização sócio-espacial do socialismo como uma das realidades geográficas do mundo bipolarizado e; c) às questões culturais e demográficas mundiais afetadas pela internacionalização da economia e pelas relações econômica e política de dependência materializadas, cada vez mais, nos espaços geográficos dos diferentes países. O golpe militar ocorrido em 1964, implicou em reformas na educação com valorização da formação profissional o que contribuiu para transformações significativas no ensino, regulamentadas pela Lei 5692/71 (Lei de Diretrizes e Base da Educação 192 nacional) que afetou, principalmente, as disciplinas relacionadas às ciências humanas, Geografia e História fundiram-se instituindo as disciplinas de OSPB ( Organização Social e Política do Brasil) e Educação Moral e Cívica. Nos anos 80, após o parecer 332/84, o Conselho Estadual de Educação permitiu que as escolas pudessem optar por ensinar as disciplinas de Geografia e História separadamente. O desmembramento definitivo só ocorreu em 1986. Com o fim da ditadura militar, a renovação do pensamento geográfico chegou ao Brasil. Uma linha teórico-metodológica deu novas interpretações aos conceitos geográficos e ao objeto de estudo da Geografia ( Espaço Geográfico), chamada Geografia Crítica, anunciada já em 1978 pelo geógrafo Yves Lacoste em seu livro “A Geografia: Isso serve antes de mais nada para fazer a guerra”. Esse movimento adotou o método de materialismo histórico dialético para os estudos geográficos e para a abordagem dos conteúdos de ensino da Geografia. A chamada Geografia Crítica, como linha teórico-metodológica do pensamento geográfico, deu novas interpretações aos conceitos geográficos e ao objeto de estudo da Geografia, trazendo as questões econômicas, sociais e políticas como fundamentais para a compreensão do espaço geográfico. Atualmente a abordagem teórico-crítica proposta para o ensino da Geografia, segundo as diretrizes curriculares vigentes, propõe a reflexão da disciplina partindo das seguintes conteúdos estruturantes: A dimensão Sócioambiental; Dinâmica Cultural Demográfica; Dimensão Econômica de Produção do/no Espaço; A Questão Geopolítica. Além da integração da cultura africana como reconhecimento da contribuição, às vezes, complexa e valiosa aos modelos matemáticos, geométricos, de engenharia, astronomia, construções jurídicas, sistemas políticos, doutrinas filosóficas, para citar algumas. Diante disso, com o objetivo de estimular as reflexões a respeito da Geografia e do seu ensino, problematizando a abrangência dos conteúdos desse campo do conhecimento, necessária para compreensão do espaço geográfico no atual período histórico, que por sua vez deverá estar ancorada num suporte teórico crítico, que vincula o objeto da Geografia, seus conceitos referenciais, conteúdos de ensino e abordagens metodológicas aos determinantes sociais, econômicos, políticos e culturais ao atual contexto histórico. FUNDAMENTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS 193 O ensino de Geografia inicia-se pelas reflexões epistemológicas do seu objeto de estudo, hoje entendido como o Espaço Geográfico. Porém a expressão Espaço Geográfico, bem como sua composição conceitual básica – lugar, paisagem, região, território, natureza, sociedade entre outros -, não se auto-explicam. Ao contrário, exigem esclarecimentos, pois dependendo das correntes de pensamento à qual se vinculam, assumem posições filosóficas e políticas distintas. Na tentativa de conceituar o objeto de estudo, os geógrafos de diferentes correntes de pensamentos especializaram-se em seus estudos, percorreram caminhos e métodos de pesquisas distintos e, com isso, evidenciaram e, em alguns momentos aprofundaram a dicotomia entre Geografia Física e Geografia Humana, que permanece até hoje em alguns currículos universitários, assim como, em algumas práticas escolares. Desse modo, as diretrizes curriculares propõem aprofundar a discussão no sentido de buscar a superação dessa dicotomia. A partir disso, o conceito adotado para o objeto de estudo da Geografia nas diretrizes curriculares é Espaço Geográfico, entendido como o espaço produzido (LEFEBVRE, 1974) e apropriado pela sociedade, composto por objetos (naturais, culturais e técnicos) e ações (relações sociais, culturais, políticas e econômicas) inter-relacionados (SANTOS, 1996b). Assim, a espacialização dos conteúdos de ensino, bem como a explicação das localizações relacionais dos eventos (objetos e ações) em estudo, são próprios do olhar geográfico sobre a realidade. De acordo com a concepção de Espaço Geográfico adotado nas diretrizes, tornase necessário compreender as escolhas das localizações e as relações políticas, sociais, culturais e econômicas que as orientam. Para isso é preciso um referencial teórico (conceitos geográficos) que sustente esta reflexão. Considerando que nas diretrizes pretende-se a formação de um aluno consciente das relações sócio-espaciais de seu tempo, assume-se o quadro conceitual das teorias críticas da Geografia, ou seja, desconsidera as linhas de pensamento que negam, em suas construções conceituais, os conflitos e as contradições sociais, econômicas, culturais e políticas que constituem o espaço geográfico, pois estas são consideradas acríticas. Cabe salientar que a relação dos conceitos, vinculada as teorias críticas da Geografia, contemplam os estudos apenas de alguns autores que desenvolvem pesquisas neste campo teórico. Porém o professor não deve se limitar somente a estas 194 definições conceituais, podendo aprofundá-las em outras referências pertinentes. Desse modo, apresenta-se algumas explicações sobre os conceitos básicos da Geografia. O conceito de paisagem teve sua origem no pensamento naturalista e na idéia de ecologia onde era entendida como resultado de um relacionamento harmonioso dos objetos/elementos naturais (clima, vegetação, relevo, solo, fauna, etc.), com o homem como mais um agente que por um lado adapta-se a estas condições naturais (em termos biológicos) e por outro utiliza os elementos do meio em seu benefício, através de técnicas que ele era capaz de desenvolver. No movimento crítico de retomada do conceito de paisagem, o aspecto empírico herdado da geografia tradicional é mantido, entendendo-se como “o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volume, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc” (SANTOS, 1998, p. 61). Assim, as teorias críticas da Geografia reconhecem a dimensão subjetiva da paisagem, já que o domínio do visível está ligado à percepção e à seletividade, mas acredita que seu significado real é alcançado pela compreensão de sua objetividade. Sua observação e descrição serve como ponto de partida para as análises do espaço geográfico, mas é insuficiente para a compreensão do mesmo. Santos argumenta que o Estado ainda é um elemento importante na organização do espaço geográfico, ao contrário daqueles que falam do seu fim. Afirma que abalada está a soberania nacional e não o Estado, cada vez mais indispensável diante da multinacionalização de organizações e firmas. O que se redefine no atual período histórico são as relações entre as porções territoriais do espaço nacional com as empresas multinacionais. Esta redefinição afeta e modifica também os conceitos de região e de lugar, como argumenta SANTOS (1996b, p. 197): “No decorrer da história das civilizações, as regiões foram configurando-se por meio de processos orgânicos, expressos através da territorialidade absoluta de um grupo onde prevaleciam suas características de identidade, exclusividade e limites, devidas à presença desse grupo, sem outra mediação.” Contrário a argumentação de que a globalização tende a eliminar as diferenças regionais do planeta, homogeneizando os espaços e tornando obsoleto o conceito de região, Santos diz que: “As regiões são o suporte e a condição de relações globais que de outra forma não se realizariam. Agora, exatamente, é que não se pode deixar de considerar a região, ainda que a reconheçamos como um espaço de conveniência e mesmo que a chamemos por outro nome” (1996b, p. 196). 195 Seguindo em sua argumentação, esse autor afirma ainda que no mundo globalizado onde as trocas são intensas e constantes a forma e o conteúdo das regiões mudam rapidamente. “Mas o que faz a região não é a longevidade do edifício, mas a coerência funcional, que a distingue das outras entidades, vizinhas ou não” (SANTOS, 1996B, P. 197). Gomes, nesta mesma linha de análise, afirma que o fundamento político do conceito de região se baseia no “controle e gestão de um território”. O conceito de lugar é um dos mais ricos do atual período histórico. Pode ser compreendido a partir de diferentes enfoques. Por um lado é no lugar que a globalização acontece. O lugar, cada vez mais participa das redes e deixa de explicar-se por si mesmo. Por outro lado o lugar é o espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade permanecem presentes. Ele revela especificidades, subjetividades, racionalidades próprias do espaço local. Os lugares diferenciam-se uns dos outros enquanto espaços produtivos, mas a produtividade do lugar é transitória, na medida que a qualquer momento outro lugar pode oferecer atrativos maiores quanto a equipamentos e localização. Diante destas reflexões, é possível perceber uma valorização intensa do conceito de território, sobretudo pela conotação política do mesmo. O território está ligado à normalização das ações, tanto globais quanto locais, portanto, seja ele nacional, regional ou local, e é nele (território) que acontecerá a relação dialética de associação e confronto entre o lugar e o mundo. Com o aparente enfraquecimento do Estado – neoliberalismo – a sociedade civil criou outras formas de combate ao império do mercado organizou maneiras de suprir a ausência do Estado nos setores sociais. Esse rearranjo político-social trouxe à tona novas territorialidades. Assim, a idéia de território passa a considerar mais do que o Estado e o território nacional, como era na geografia tradicional. Outro conceito base da Geografia é o de natureza, que deve ser isto aqui, como um conjunto de elementos naturais que possuem em sua origem uma dinâmica própria e que independe da ação humana, mas que, na atual fase histórica do capitalismo acabam sendo reduzidos apenas a recursos (MENDONÇA, 2002). SANTOS (1996), ainda destaca, que a natureza é vista muitas vezes apenas enquanto recurso, e dessa forma está vinculada a uma crescente artificialização do meio, não apenas na cidade, mas, também, para o mundo rural. Assim, a natureza, no atual período técnico, perde a importância que tinha nos 196 momentos iniciais do capitalismo em que os recursos naturais eram os grandes direcionadores dos interesses locacionais do capital (SANTOS, 1996). O conceito de sociedade sempre foi um importante conceito geográfico, porém nas correntes a-críticas da Geografia, a preocupação era o estudo e a descrição dos aspectos culturais que delimitam um região-paisagem e mais tarde essa preocupação passou a ser, quantificar a população local e global, sem analisar profundamente suas especificidades sociais e culturais. As teorias críticas da Geografia, por sua vez, procuram entender a sociedade em sua relação com a natureza e em seus aspectos culturais, políticos, sociais e econômicos. O conceito de sociedade deve ser discutido também, a partir das relações que se estabelecem entre sua composição local, em suas relações com sociedades distantes (relação global-local) e com os migrantes, que têm fortes ligações com seu espaço de origem e que ao se movimentarem levam influências do mesmo. Aos apontamentos sobre a construção conceitual para análise do espaço geográfico no atual período histórico, cabe a afirmação de Santos (1996b, p. 271) de que “Não existe um espaço global, mas, apenas, espaços de globalização”. As ações globais são desterritorializadas, mas o território faz a mediação entre o global e o local. E no território está a “materialidade, esse componente imprescindível do espaço geográfico, que é, ao mesmo tempo, uma condição para a ação; uma estrutura de controle, um limite à ação; um convite à ação” (1996b, p. 257). A partir desses apontamentos, cabe à escola, como um dos lugares onde se analisa, produz e sistematiza-se conhecimentos, subsidiar os alunos no enriquecimento e sistematização dos saberes para que sejam sujeitos capazes de interpretar, com olhar crítico, o mundo que os cerca. Para conseguir tais saberes, cabe ao professor ter uma postura investigativa de pesquisa, recusando uma visão receptiva e reprodutiva de mundo – não somente de sua parte, mas em conjunto com os alunos – tendo em vista sua função enquanto agente transformador do ensino e da escola e, em decorrência disso, da própria sociedade. Diante do exposto, assume-se a retomada do trabalho pedagógico a partir das teorias críticas da educação e da Geografia, sem ortodoxias. Considera-se que o campo das teorias críticas possibilita o ensino de Geografia com base na análise e na crítica das relações sócio-espaciais, nas diversas escalas geográficas, do local ao global, retornando ao local. Esta opção teórica é coerente com a concepção de currículo e com a identidade que esta reformulação curricular quer atribuir à Educação Básica. 197 OBJETIVO GERAL Fornecer ao educando condições de desenvolvimento da capacidade de pensar, de raciocinar lógica e criticamente o Espaço Geográfico; o impacto das novas tecnologias, da comunicação e da informação; as relações entre conhecimento, poder e currículo; a cultura como área de conflito em que se enfrentam diferentes concepções da vida social, diferentes linguagens e diferentes interesses. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ENSINO FUNDAMENTAL 1º ANO DO III CICLO Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos - Paisagens natural, cultural e geográfica - Localização e orientação no espaço - Cartografia A Dimensão Socioambiental - Noções de Astronomia - Movimentos da Terra - Teorias da origem da Terra - Agentes internos da Terra: vulcanismo, Dinâmica Cultural Demográfica tectonismo e abalos sísmicos. - Agentes externos: intemperismo, erosão e acumulação. - Litosfera:camadas, rochas, minerais, Dimensão Econômica de Produção do/no relevo, solo. Espaço - Atmosfera: camadas,temperatura, pressão atmosférica, ventos, climas. - Hidrografia: oceanos, mares, rios, lagos. - Ecossistema A Questão Geopolítica 198 2º ANO DO III CICLO Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos - O Brasil: dados gerais A Dimensão Socioambiental Dinâmica Cultural Demográfica - População: densidade crescimento natural, população (migrações, demográfica, movimentos da imigrações, emigrações e êxodo rural - Origem do espaço brasileiro - O espaço socioeconômico: indústria, Dimensão Econômica de Produção do/no comércio, agricultura, serviço, comércio e Espaço turismo. - O espaço urbano - A divisão regional segundo o IBGE: A Questão Geopolítica aspectos físicos, humanos e econômicos da região Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro Oeste.. 1º ANO DO IV CICLO Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos - Geopolítica e Globalização A Dimensão Socioambiental As novas tecnologias, as multinacionais e a globalização da 199 economia Dinâmica Cultural Demográfica Organização do espaço mundial Socialismo e Capitalismo Guerra Fria Dimensão Econômica de Produção do/no Espaço Degradação Ambiental - As Américas: dinâmica físico / natural – humana / social - América do Norte A Questão Geopolítica - América Central - América do Sul - Geografia do Paraná 2º ANO DO IV CICLO Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos - Geopolítica e Globalização - Continente Europeu: dinâmica físico / A Dimensão Socioambiental natural – humana / social - União Européia -Migrações e desemprego no continente europeu Dinâmica Cultural Demográfica - Continente Africano: dinâmica físico / natural – humana / social - África: Instabilidade política e a miséria humana Dimensão Econômica de Produção do/no - Continente Asiático: dinâmica físico / Espaço natural – humana / social - Grupos terroristas - Os conflitos no Oriente Médio A Questão Geopolítica -Avanço Industrial dos países “emergentes” 200 - Avanço do “dragão chinês” -- Continente da oceania: dinâmica físico / natural – humana / social -As questões da posse de terras no continente antártico ENSINO MÉDIO 1ª. Série Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos Definição de geografia. Espaço, paisagem e lugar. A Dimensão Socioambiental O Sistema Solar, Os Movimentos da Terra Os pontos de Orientação As Dinâmica Cultural Demográfica coordenadas geográficas, Fusos Horários Cartografia, mapas temáticos,escalas e projeções Geográficas Evolução e Estrutura da Terra Dimensão Econômica de Produção do/no Deriva Continental e a teoria das Tectônicas Espaço de Placas Estrutura Geológica, relevo terrestre. Formação dos Solos e sua degradação Composição e camadas da atmosfera, A Questão Geopolítica Os climas, massas de ar. Efeito estufa, aumento da camada de gás ozônio, chuvas ácidas, Hidrografia Biomas da Terra. 2ª. Série 201 Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos População da Terra Taxas de mortalidade e natalidade, A Dimensão Socioambiental Crescimento da população e as teorias demográficas, Dinâmica Cultural Demográfica Distribuição geográfica do mundo. Movimentos da População Dimensão Econômica de Produção do/no Agropecuária Espaço Comércio Fontes de Energia A Questão Geopolítica Industrialização e suas características Os continentes 3ª. Série Conteúdos Estruturantes Conteúdos Específicos A Dimensão Socioambiental Brasil no mundo globalizado Brasil: estrutura geológica, relevo e solo, Dinâmica Cultural Demográfica hidrografia brasileira ... Brasil: aspectos humanos Dimensão Econômica de Produção do/no Brasil: aspectos econômicos Espaço Geografia da região Sul do Brasil e do Paraná. A Questão Geopolítica Obs.: Os temas emergentes (turismo, agricultura transgênica, clonagem), geopolítica e as questões ambientais serão estudados a medida que forem necessários, em todas as 202 séries. METODOLOGIA Considerando o objeto de estudo da Geografia (Espaço Geográfico), os principais conceitos geográficos, os Conteúdos Estruturantes, bem como, seus conteúdos específicos, cabe apontar como os mesmos devem ser abordados no ambiente escolar. Propõe-se, ainda, que os conteúdos específicos sejam trabalhados de uma forma crítica e dinâmica, interligando teoria, prática e realidade, mantendo uma coerência dos fundamentos teóricos propostos, utilizando a cartografia como ferramenta essencial, possibilitando assim transitar em diferentes escalas espaciais, ou seja, do local ao global e vice-versa. Os conteúdos estruturantes estão inter-relacionados, garantindo uma totalidade de abordagem dos conhecimentos específicos que estão dispostos em diferentes materiais didáticos e não podem ser vistos isoladamente, permitindo assim, que o professor possa a todo momento folhear e utilizar os materiais didáticos sem adotar uma linearidade de conteúdos ou alimentando a dicotomia sociedade-natureza ( Geografia Física/Humana). A partir do exposto, espera-se que o aluno, ao iniciar seus estudos na 5ª. Série do ensino fundamental, amplie as suas noções espaciais, pos isso o professor abordará os conhecimentos necessários para o entendimento das inter-relações entre as paisagens naturais e artificiais. Dentro dessa perspectiva o professor aprofundará os conceitos de lugar e paisagem, e em caráter introdutório, os conceitos de região e território. Na 6ª. Série, o aluno pode, com mais propriedade e profundidade, analisar os fenômenos citados na escala nacional (Brasil), relacionando-os quando possível, com a realidade mundial. Quando as especificidades do território nacional estiverem compreendidas, na 7ª. e 8ª. Séries, o aluno ampliará e aprofundará suas analises espaciais com relação aos continentes: América, Europa, África, Ásia, Oceania e Regiões Polares. Importante ressaltar que o professor de Geografia deve estar atento à Lei 10.639/03 que altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual torna brasileira e Africana. Sendo assim, o professor de Geografia pode abordar essa temática nas diferentes séries, através de mapas, maquetes, textos, imagens, fotos, entre outros, que tragam conhecimentos sobre: a população brasileira/miscigenação dos povos, a distribuição espacial da população afro-descendente no Brasil e no mundo, a contribuição 203 do negro na construção da nação brasileira, o movimento do povo africano no tempo e no espaço, questões relativas ao trabalho e renda, a colonização da África pelos europeus, estudo de como o continente africano se configurou espacialmente, discussões de práticas de segregação racial, entre outros. O professor, quando necessário, pode promover aulas de campo, buscando sempre fortalecer a relação entre teoria e prática na relação professor/aluno e garantindo uma melhor compreensão do tema abordado. Destaca-se, ainda, o uso de linguagem cartográfica, pois esta resulta de uma construção teórica e prática que vem desde as séries iniciais e que deve seguir até o final da Educação Básica. Como afirmou Rua (1993, p. 13) o trabalho com mapas deve ser iniciado com as representações dos alunos, ou seja, trabalhos que envolvam a representação da sala de aula, da escola, da casa, do caminho de casa até a escola, pos meio da utilização de símbolos (cores, figuras, formas, entre outros), familiarizando o aluno com o mundo da representação e da linguagem cartográfica. Levando em consideração o avanço do pensamento geográfico, os fundamentos teóricos metodológicos, o quadro conceitual de referência, os conteúdos estruturantes, suas especificidades bem como o encaminhamento metodológico, percebe-se que a proposta não se finaliza no ensino fundamental, tendo continuidade no ensino médio, onde, os mesmos conteúdos estruturantes serão abordados, porém, de maneira verticalizada, pois o ensino médio é considerado, uma continuação do ensino fundamental. AVALIAÇÃO A avaliação está inserida dentro do processo de ensino/aprendizagem e, antes de mais nada, deve ser entendida como mais uma das formas utilizadas pelos professores para avaliar a sua metodologia e o nível de compreensão dos conteúdos específicos tratados durante determinado período. O ensino da Geografia deve oportunizar situações em que o aluno teorize e textualize as significações do Espaço Geográfico. Este ensino para qualquer série ou ciclo jamais pode se sustentar apoiada em uma descrição empírica do espaço ou de outros tempos, nem pode se revelar obcecado pó um papel condenatório de uma ideologia política ou econômica nacional. Ao contrário, deve percorrer diferentes temas, 204 encadeando-os sempre, contextualizando-os com o “aqui”e o “agora” do corpo e do entorno do aluno, com as relações socioculturais do espaço neste e em outros tempos e com os elementos físicos e biológicos que deles fazem parte, investigando suas múltiplas interdependências. É preciso possibilitar oportunidades de interação entre o saber formal e o saber vivenciado por ele no cotidiano. O processo de avaliação, então, será articulado com os conteúdos estruturantes, com os conceitos geográficos e as relações espaço-tempo e sociedade-natureza para a compreensão do espaço nas diversas escalas geográficas. Assim, as avaliações serão feitas de formas diversificadas: atividades por escrito, dramatizações, trabalho de pesquisa, avaliação oral e escrita, experimentação, desenhos, gráficos, maquetes, interpretação de fotos, aulas de campo, produção de mapas. Esta proposta avaliativa deve estar bem clara para os alunos, sendo um processo não-linear de construções e reconstruções, assentado na interação e na relação entre os sujeitos do processo – professor e aluno. REFERÊNCIAS ANTUNES,C. A Sala de Aula de Geografia e História – Inteligências múltiplas, aprendizagem significativa e competências no dia-a-dia. 2.ed. Campinas:Papirus, 2003. BENTO, M.A.S. Cidadania em preto e branco – Discutindo as relações raciais. 3.ed. São Paulo:Ática. CAVALCANTI, L.S. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. 8.ed. Campinas: Papirus, 1998. FRANCISCHETT, M.N. A Cartografia no Ensino da Geografia – Construindo os Caminhos do Cotidiano. 1.ed. Francisco Beltrão: Grafit, 1997. PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Geografia para o Ensino Fundamental e Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. RUA, J.; WASZKIAVICUS, F. A.; TANNURI, M.R.P.; PÓVOA NETO, H. Para ensinar geografia: contribuição para o trabalho com 1º. E 2º. Graus. Rio de Janeiro: ACESS, 1993. SANTOS, M. A natureza do Espaço – Técnica e Tempo.Razão e Emoção. 4.ed. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2006. 205 PROPOSTA CURRICULAR EDUCAÇÃO FÍSICA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO 206 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A trajetória histórica da Educação Física passa por fatos ocorridos a partir do século XIX, devido as transformações sociais pelas quais o Brasil passava,dentre elas ,o fim da exploração escrava que já traziam na sua cultura e forma de viver a prática da capoeira,uma mistura de dança,jogo e competição demonstrando o sentimento de emoção e saudades de um povo,pratica essa que permanece até os dias atuais. Dois documentos nortearam os princípios da Educação Física. O primeiro foi a Carta Régia de 04/12/1810,que introduzia a Ginástica Alemã uma tentativa de equipar no mesmo grau de importância o intelecto e o físico do homem) na Academia Real Militar.Nesse momento instaura-se a função higienista, pois era importante termos homens fortes,sadios,robustos com condutas morais e intelectuais para o desenvolvimento do Brasil. O segundo documento foi o de RUI BARBOSA,deputado geral do império,através de um parecer sobre o projeto denominado “Reforma do Ensino Primário e várias instituições complementares da Instituição Pública”,no ano de 1882,dentre outras conclusões,afirmou a importância da ginástica para a formação do cidadão,e a partir daí,a Educação Física tornou-se componente obrigatório dos currículos escolares. Desde então a Educação Física foi influenciada por diversos modelos, principalmente o modelo militar, pela medicina, pelos desportos e pelos governos, como forma de manipulação política.Em 207 função dessa realidade política, dentro do processo educativo, podemos observar que, a formação do homem consciente e crítico nunca existiu. Na década de 80 a comunidade científica se faz presente na Educação Física delimitando tendências ou correntes, levantando os primeiros debates voltados a uma criticidade progressista destacando-se as seguintes abordagens: - Desenvolvimentalista: que defende a idéia que o movimento é o principal meio e fim da Educação Física. - Construtivista: através da psicomotricidade, e preocupada coma cultura infantil desenvolve o trabalho fundamentado na psicologia do desenvolvimento. Ainda assim essas duas tendências não se vinculam a uma teoria critica da educação,no sentido de fazer da crítica o papel da educação na sociedade capitalista. As duas propostas seguintes estão mais diretamente vinculadas a discussão da pedagogia crítica, passando a incorporar discussões nas ciências humanas principalmente a partir das contribuições da sociologia e filosofia da educação: - Critico Superadora: baseia-se nos pressupostos da pedagogia crítica desenvolvida por Demerval Saviani, a proposta tem como objeto de conhecimento da Educação Física a Cultura Corporal, concretizando-se nos seus diferentes conteúdos: o esporte,a ginástica, os jogos, as lutas e a dança. - Crítico Emancipatória: o movimento humano é entendido como forma de comunicação, concepção dialógica, e a crítica se dá através de uma ressintetização do movimento, sem considerar questões sócio-econômicas. Na década de 90 com a elaboração do Currículo Básico no Estado do Paraná por profissionais comprometidos com a educação pública,surgiu uma proposta avançada onde o corpo deixava de ser apenas um instrumento dando lugar a formação humana do aluno em todas as suas dimensões,mas a rígida listagem de conteúdos limitava o trabalho do professor,enfraquecendo seus pressupostos teóricos-metodológicos. No mesmo período,foi elaborado o documento de Reestruturação da Proposta Curricular do Ensino de Segundo Grau para a disciplina de Educação Física, proposta essa fundamentada na concepção histórico-crítica da educação que pretendia o resgate do compromisso social da ação pedagógica da Educação Física, e vislumbrava-se a perspectiva de mudança e transformação de uma sociedade fundamentada em valores individuais para uma sociedade igualitária. Ainda na década de 90 após a discussão e aprovação da LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o MEC Ministério da Educação apresentou os Parâmetros 208 Curriculares Nacionais (PCNs) para a disciplina de Educação Física. Assim, os PCNs passaram a subsidiar propostas curriculares nos Estados e Municípios. O que deveria ser um referencial curricular tornou-se um currículo mínimo,para além da idéia de Parâmetros e propôs objetivos,conteúdos,métodos,avaliação e temas transversais. Considerando o contexto histórico citado, onde a Educação Física transitou em diversas perspectivas teóricas, desde as mais reacionárias até as mais críticas, torna-se possível justificar sua presença na escola,através de propostas pedagógicas que orientem estas diretrizes,com vistas a avançar sobre a visão hegemônica que aplicou e continua aplicando a Educação Física a função de treinar o corpo,sem qualquer reflexão sobre o fazer corporal. O papel da Educação Física é ir além do senso comum e desmitificar formas arraigadas e equivocadas em relação as diversas práticas e manifestações corporais. Priorizam-se o conhecimento sistematizado, como oportunidade para reelaborar idéias, e práticas que ampliem a compreensão do aluno sobre os saberes produzidos pela humanidade e suas implicações para a vida. A Educação Física deve ser trabalhada de interagindo com disciplinas variadas que permitam entender o corpo em sua complexidade; ou seja, sobre uma abordagem biológica, antropológica, sociológica, psicológica, filosófica e política, justamente por sua constituição interdisciplinar. Através desta proposta nos conduzimos a ver que a finalidade das práticas corporais deve ser a modificação das relações sociais. Portanto, os conteúdos esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e lutas devem estar comprometidos com uma Educação Física transformadora. Devido as distintas características dos alunos do ensino fundamental e médio,os conteúdos estruturantes foram abordados em complexidade crescente já que cada um desses níveis de ensino trazem múltiplas experiências relativas ao conhecimento sistematizado. Para o Ensino Fundamental a expressividade corporal deve ser o foco principal abordado através das manifestações culturais, essenciais para a educação do corpo,como alicerce do projeto educativo. A noção de CORPORALIDADE, entendida como construção histórica e social do corpo, e a noção de CULTURA ESCOLAR baseiam a discussão dos conteúdos estruturantes para o Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio ,a cultura corporal norteará o trabalho com os conteúdos estruturantes,constituindo,portanto,seu objeto de ensino,abordando os fundamentos próprios da disciplina articulado com aspectos políticos,históricos,sociais,econômicos e 209 culturais. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL - Manifestações esportivas - Manifestações ginásticas - Manifestações estético-corporais na Dança e no Teatro - Jogos,brinquedos e brincadeiras CONTEÚDOS ESTRUTURANTES DO ENSINO MÉDIO - Ginástica - Esporte - Dança - Lutas - Jogos OBJETIVOS GERAIS Produzir uma cultura escolar de Educação Física que mobilize práticas que afirmem valores e sentimento que ampliem possibilidades formativas, evitando formas de discriminação e competição exacerbada. O objetivo principal das práticas escolares e da Educação Física deve ser a humanização das relações, não só no motriz, mas que possibilite manifestações humanas. A Educação Física dos alunos, o cuidado com a saúde, abordando elementos sociais, culturais, políticos, econômicos. Deve também oportunizar uma maior valorização da cultura como lugar de produção de sentimento e de pontencialização da riqueza da experiência humana,eminentemente corporal, aspecto fundamental para a Educação Física. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES - O CORPO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICO SOCIAL: manifestações corporais, saúde, higiene, possibilidades expressivas, dimensões biológicas, histórica, cultural e social do corpo, doenças, modismos; - CONHECIMENTO DO CORPO: Auto conhecimento corporal, interação 210 corporal, educação corporal (postura e deslocamento), concentração, relaxamento e descontração, educação dos sentidos, atenção; - MANIFESTAÇÕES ESPORTIVAS: Origem e história dos esportes, princípios básicos, práticas esportivas: atletismo, basquete, voleibol, handebol, táticas e regras; - MANIFESTAÇÕES GINÁSTICAS: origem, tipos, práticas; - BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS: Tradicionais, com e sem material, jogos e brincadeiras, adaptações, criação de novos; - MANIFESTAÇÕES ESTÉTICAS-CORPORAIS: Na dança e no teatro, mímicas, imitação, expressão corporal, desenvolvimento de formas corporais expressivas; - LUTA: origem e técnica da capoeira. METODOLOGIA A corporalidade, como concepção orientadora da Educação Física, pretende,por meios de práticas corporais, seja do esporte,da dança, da ginástica, dos jogos, das brincadeiras e brinquedos, ir além da dimensão motriz levando em conta a multiplicidade de experiências manifestadas pelo corpo os quais permeiam estas práticas, ou seja, manifestam-se expressões de alegria, raiva, dor, violência, preconceito, sexualidade, dentre outras que tem sentido amplo no corpo e são historicamente produzidos. O professor de Educação Física é, portanto, um intelectual responsável pela organização e sistematização dessas práticas corporais que possibilitam a comunicação e o diálogo com a diferentes culturas. Por isso, é essencial conhecer as culturas que envolvem a realidade em que a escola está inserida. Além disso, é importante dialogar com as outras áreas do conhecimento que possam colaborar para o entendimento das manifestações corporais,tendo no horizonte as problemáticas culturais que se evidenciam em torno da corporalidade atual. O professor não pode resumir a educação do corpo a prática de atividades físicas descontextualizadas, mas entendê-las como uma dimensão complexa e abrangente. Isso poderá viabilizar-se na medida em que os alunos explorem sua corporalidade por meio de atividades e experiências orientadas pelo professor que considerará as diversas manifestações corporais presentes na escola. Para a apreensão crítica dos conteúdos da disciplina de Educação Física, a aula será organizada em três momentos distintos: 211 - o conteúdo da aula é apresentado aos alunos e problematizado buscando as melhores formas de organização para execução das atividades a serem desenvolvidas; - atividades são desenvolvidas e o professor observa as diferentes manifestações. O professor poderá fazer registros para uma posterior orientação ou intervir pedagogicamente quando se observarem reações desfavoráveis ou quando ocorre recusa na participação durante a aula; - prática é refletida através do diálogo. Cada aluno será levado a pensar suas atitudes pedagógicas durante a aula, ou seja, levantará os pontos positivos e os que deverá ser melhorado; Os conteúdos específicos partem da expressividade do corpo e são desenvolvidos de quinta a oitava série. O tratamento dado na sétima e oitava série terá maior amplitude,complexidade e aprofundamento. AVALIAÇÃO A avaliação deve ser colocada a serviço da aprendizagem de todos os alunos, de modo que permeie o conjunto das ações pedagógicas e não como um elemento externo ao processo. A avaliação estará vinculada ao Projeto Político Pedagógico da escola, a fim de priorizar a qualidade e o processo de ensino e aprendizagem, sendo contínua, formativa e diagnóstica. Não serão atribuídas notas ao desempenho dos alunos, pois o objetivo não é quantificar e sim desenvolver no aluno a corporalidade e o seu posicionamento crítico diante das diferenças. Assim, o professor fará parecer descritivo dos avanços e das dificuldades constatadas. REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Física para o Ensino Fundamental. Curitiba: SEED, SUED, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná. Curitiba: SEED, SUED, 1992. GONÇALVES, M. C. Et al. Aprendendo a Educação Física da Pré-escola até a oitava série do 1º Grau. São Paulo: Bolsa Nacional do Livro,1996 212 213 PROPOSTA CURRICULAR ENSINO RELIGIOSO ENSINO FUNDAMENTAL APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O Ensino Religioso no Paraná como no Brasil, tradicionalmente era da Religião Católica Apostólica Romana, com a Proclamação da República o ensino passou a ser laico, público gratuito e obrigatório. A partir da Constituição de 1934 passou a ser admitido como disciplina na escola pública, porém com matricula facultativa. Nas Constituições de 37, 46 e 67 foi mantido como matéria do currículo, de freqüência livre para o aluno e de acordo com o credo da família, mas o catolicismo predominava. Na LDB 4024/61, Art. 97, determinava de matricula facultativa, sem ônus para o 214 poder publico, delegando-se a responsabilidade às diferentes tradições religiosas. Com o regime militar e a Lei nº 5692/71, no Art 7º no Estado do Paraná em 1972, cria-se a Associação Internacional de Curitiba. (ASSINTEC) de caráter ecumênico, que assumem a elaboração de material pedagógico, cursos de formação continuada e apostilas. Por isso realizou-se o I Simpósio de Educação Religiosa no Centro de Treinamento de Professores do Estado do Paraná (CETEPAR), e ai se buscou definir o papel do Ensino Religioso, na nova Constituição que se projetava para o País. Em 1987 teve início o Curso de Especialização em Pedagogia Religiosa, numa parceria da SEED, ASSINTEC, e PUC/PR, voltada à formação para professores, aberta a pluralidade religiosa. Neste ínterim os movimentos garantiram a segunda maior emenda popular que deu entrada na Assembléia Constitucional garantindo-se á liberdade de culto e expressão religiosa. Em 1990 quando da elaboração do Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná, o Ensino Religioso recebe, só em 1992, um caderno nos modelos do Currículo. Com a nova LDB-EN 9364/96 no Art. 33, as discussões fazem jus e legitimam o caráter proseletista. Após um ano é promulgada a lei nº 9475/97 que dá nova redação ao artigo 33 da LDBEN. De 1995 a 2002 o Ensino Religioso no Paraná sofre um esvaziamento. No inicio da gestão 2000-2003 o Estado retoma a responsabilidade observando a deliberação 03/02 do CEE, e a disciplina é legitimada na rede Estadual. Com a aprovação da Deliberação nº 01/06 institui-se novas normas para o Ensino Religioso no Sistema Estadual de Ensino do Paraná, como: repensar o objetivo da área de formação docente tendo por base a diversidade religiosa. Assim sendo o Ensino Religioso visa a apropriação dos conhecimentos: paisagem religiosa, simbologia e textos sagrados, tendo como foco o Sagrado das diferentes manifestações. Por isso, os conteúdos devem partir do desconhecimento ou pouco conhecido para depois inserir a comunidade, alargando assim a compreensão do conhecimento. Tendo em vista que o conhecimento religioso constitui o patrimônio da humanidade, conforme a legislação brasileira que trata do assunto o conhecimento desta disciplina é importante como saber escolar e contribui para a formação do educando: • Colaborando com a formação da pessoa; • Promovendo a escolarização fundamental para que o educando se aproprie de saberes religiosos para entender os movimentos religiosos específicos de cada cultura, 215 valorizando a diversidade em todas as suas formas, pois a sociedade brasileira é composta por grupos muito diferentes que fazem parte de um contexto diverso. O Ensino Religioso contribui também para superar a desigualdade étnico-religiosa e garantir o direito Constitucional de liberdade de crença e expressão, conforme Art. 5º, inciso VI, da Constituição brasileira, sendo um desafio da escola superar o preconceito, fornecendo instrumentos de leitura da realidade e criando as condições para melhorar a convivência entre as pessoas, pelo conhecimento, isto é, construir os pressupostos para o diálogo propiciando oportunidade de identificação, de entendimento, de conhecimento e de aprendizagem em relação as diferentes manifestações religiosas presentes na sociedade, e fomentar medidas de repúdio a toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Isto se fará observando a legislação brasileira que torna obrigatório o ensino da História da África e a cultura Afro-brasileira, através da lei nº 10.639/03 que altera a LDB. Temos por objetivos promover alteração positiva na realidade vivenciada pela população negra, étnico social, trilhando um rumo à sociedade democrática, mais justo e menos desigual. Por isso a disciplina de Ensino Religioso tem como prioridade o estudo do Sagrado, tendo-o como foco do Fenômeno Religioso que é cerne da experiência religiosa do cotidiano, contextualizando no universo cultural. Por isso ao se apropriar do conhecimentos de diferentes manifestações do Sagrado o educando deverá buscar explicitar a experiência do mesmo, nas diferentes culturas expressas nas religiões mais sedimentares e nas manifestações mais recentes. Explicando os caminhos percorridos da busca do Sagrado na sua dimensão cultural se terá a compreensão da influência deste na construção do cognitivo presente nas sociedades e no cotidiano. Ao se apropriar dos conhecimentos: paisagem religiosa, simbologia, textos sagrados como patrimônio cultural da humanidade os educandos poderão contribuir para a construção e a socialização do conhecimento religioso na formação integral, no respeito e o convívio com o diferente. • Foco de Estudo: Sagrado • Conteúdos Estruturantes: 216 Paisagem religiosa Símbolos Textos sagrados CONTEÚDOS DE ENSINO RELIGIOSO 1º ANO DO III CICLO O Ensino Religioso na Escola Pública • Orientações legais • Objetivos • Principais diferenças entre aulas de Religião e Ensino Religioso como disciplina Escolar. I RESPEITO À DIVERSIDADE RELIGIOSA Instrumentos legais que visam assegurar a liberdade religiosa. • Declaração Universal dos Direitos Humanos e Constituição Brasileira: respeito á liberdade religiosa. • Direito a professar fé e liberdade de opinião e expressão. • Direito á liberdade de reunião e associação pacificas. • Direitos Humanos e sua vinculação com o Sagrado. II LUGARES SAGRADOS Caracterização dos lugares e templos sagrados: lugares de peregrinação, de reverência, de culto, de identidade, principais práticas de expressão do Sagrado nestes locais. - Lugares na natureza: Rios, lagos, montanhas, grutas, cachoeiras, etc. - Lugares construídos: Templos, Cidades Sagradas, etc. III TEXTOS ORAIS E ESCRITOS – SAGRADOS Ensinamentos sagrados transmitidos de forma oral e escrita pelas diferentes culturas religiosas. Literatura oral escrita (Cantos, narrativas, poemas, orações, etc.) 217 Exemplos: Vedas – Hinduismo, Escrituras Bahá – Is Fé Bahá’I, Tradições Orais Africanas, Afro – brasileiras e Ameríndias, Alcorão – Islamismo, etc. IV ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS As organizações religiosas compõem os sistemas religiosos organizados institucionalmente. Serão tratadas como conteúdos, destacando-se as suas principais características de organização, estrutura e dinâmica social dos sistemas religiosos que expressam as diferentes formas de compreensão e de relações com o Sagrado. Fundadores e / ou Lideres Religiosos. Estruturas Hierárquicas. Exemplos de organizações Religiosas Mundiais e regionais: Budismo (Sidarta Gaudama), Confucionismo (Confúcio), Espiritismo (Allan Kardec), Taoísmo (Lao Tse), etc... CONTEÚDOS DE ENSINO RELIGIOSO 2º ANO DO III CICLO I UNIVERSO SIMBÓLICO RELIGIOSO Os significados simbólicos dos gestos, sons formas, cores e textos. • Nos ritos • Nos mitos • No cotidiano Exemplo: Arquitetura Religiosa, Mantras, Parâmetros, Objetos, etc. II RITOS São práticas celebrativas das tradições / manifestações religiosas, formadas por um conjunto de rituais. Podem ser compreendidos como a recapitulação de um acontecimento sagrado anterior, é imitação, serve à memória e à preservação da identidade de diferentes tradições / manifestações religiosas e também podem 218 remeter a possibilidades futuras a partir de transformações presentes. • Ritos de passagem • Mortuários • Propiciatórios • Outros Exemplos: Dança (Xire) – Candomblé, Kiki (Kaiangangue – ritual fúnebre), Via Sacra, Festejo indígena de colheita, etc. III FESTAS RELIGIOSAS São eventos organizados pelos diferentes grupos religiosos, com objetivos diversos: confraternização, rememoração dos símbolos, períodos ou datas importantes. • Peregrinações, festas familiares, festas nos templos, datas comemorativas. Exemplos: Festa do Dente Sagrado (Budismo), Ramadã (Islâmica), Kuarup (indígena), Festa de Iemanjá (Afro – brasileira), Pessach (judaísmo), etc. IV VIDA E MORTE As respostas elaboradas para vida além da morte nas diversas tradições / manifestações religiosas e sua relação como sagrado. • O sentido da vida nas tradições / manifestações religiosas. • Reencarnação • Ressurreição – ação de voltar á vida • Alem da morte • Ancestralidade – vida dos antepassados – espíritos dos antepassados se tornam presentes. • Outras interpretações. Obs: no decorrer do ano nas aulas de Ensino Religioso deverão ser contempladas a Lei 10. 639/03, sobre a História e Cultura Afro – brasileira e Africana; as novas legislações sobre o meio ambiente, a necessidade de participação nos movimentos sociais, políticos, festivos, esportivos da comunidade local, buscando conhecimentos e daí análise com crítica construtiva a nível de Estado, País e Continente (exemplos: PAM, catástrofes: chuvas, granizo, calor, enfim a preocupação com o clima, a sobrevivência dos seres vivos, acidentes, violência, injustiças). 219 METODOLOGIA O encaminhamento metodológico pressupõe um constante repensar das ações que substituirão o trabalho em sala de aula. As práticas pedagógicas desenvolvidas na disciplina contribuirão para o respeito as diversas manifestações religiosas, ampliando e valorizando o universo cultural dos alunos. A nova abordagem dos conteúdos de Ensino Religioso tendo como objeto de estudo o Sagrado, será a base, a partir da qual serão tratados todos os conteúdos, assegurando a especificidade dos conteúdos da disciplina, sem desconsiderar a sua aproximação com as demais áreas do conhecimento, sendo que os espaços sagrados podem constituir conteúdos de outras disciplinas, mas os significados atribuídos a esses espaços pelos adeptos dessa ou daquela religião, serão mais aprofundados nas aulas, tendo como foco o Sagrado. A apresentação dos conteúdos específicos, intenciona-se a partir de abordagens e manifestações religiosas ou expressões do sagrado desconhecidas ou pouco conhecidas dos alunos, para posteriormente inserir os conteúdos que tratam de manifestações religiosas mais comuns que já fazem parte do universo cultural da comunidade, levando a um alargamento da compreensão do conhecimento a respeito da diversidade religiosa e dos múltiplos significados do sagrado. De modo que os conhecimentos apreendidos de outras manifestações religiosas, constituam-se em novas referências para se analisar e aprofundar conhecimentos a respeito das manifestações já conhecidas ou praticadas pelos alunos e ou na comunidade. Todos os conteúdos a serem tratados, contribuirão para a superação da discriminação de qualquer expressão do Sagrado. Os conteúdos contemplam as diversas manifestações do sagrado, entendidas como integrantes do patrimônio cultural, enriquecidos pelo professor e contribuirão para a construção, reflexão e a socialização do conhecimento religioso, favorecendo a formação integral dos educandos, o respeito e o convívio com o diferente. Se estabelecerá uma relação pedagógica com os conhecimentos que compõem o universo sagrado das manifestações religiosas como construção histórico social, agregando-se ao patrimônio cultural da humanidade. 220 As reflexões e analises se darão por meio do tratamento dos conteúdos, destacando-se os aspectos científicos do universo cultural do sagrado e da diversidade socio-cultural. Assim o currículo dessa disciplina propõe subsidiar os alunos, por meio dos conteúdos, a compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações do sagrado, com vistas à interpretação dos seus múltiplos significados, na compreensão e comparação de conceitos básicos no campo religioso e na forma como a sociedade sofre interferências das tradições religiosas ou mesmo na afirmação ou negação do sagrado. O processo de ensino aprendizagem visa à construção / produção de conhecimento e que, por conseqüência se caracteriza pela promoção do debate, da hipótese divergente, da dúvida – real ou metódica, do confronto de idéias, de informações discordantes e, também da exposição competente de conteúdos formalizados. O Ensino Religioso permitirá que possa se refletir e entender como os grupos sociais se constituem culturalmente e como se relacionam com o Sagrado, compreendendo suas trajetórias e manifestações para poder elaborar o seu saber, passando a entender a diversidade de nossa cultura e da constituição da vida em sociedade, marcada pela religiosidade. Com isso participar dos projetos da comunidade escolar: Projeto Fera, Agenda 21, Semana Cultural e outros, bem como a interação com outras disciplinas, será imprescindível. AVALIAÇÃO A disciplina do Ensino Religioso por não constituir objeto de reprovação, não deve ter registro de notas ou conceitos na documentação escolar. De matrícula facultativa, a avaliação terá caráter educativo. Assim permitirá acompanhar a apropriação do conhecimento, observando-se a compreensão do sagrado no cotidiano. Isto se fará através da observação com o respeito as diferenças. Deverá ser objeto de registro para que: escola, alunos, pais e responsáveis possam identificar os progressos da disciplina e das disciplinas tanto na escrita, oralidade e conhecimento, mesmo não tendo registros de nota no SERE. Também dará a oportunidade para a auto-avaliação do professor dando base para continuidade do trabalho ou reorganização do mesmo, retomada das lacunas e, ou, aprofundamento dos conteúdos. Possibilitará a articulação desta disciplina com as 221 demais, pois abordam a cultura também. REFERÊNCIAS ____________. Tratado de história das religiões. 2. edição, São Paulo: Martins Fontes, 1998. ________________. & GIL, H. C. F. Identidade religiosa e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. In ROSENDAHL, Z & CORREA, R. L. (org) Elementos de Epistemologia da Geografia Contemporâneo, Curitiba: Editora UFPR, 2002. CISALPIANO, Murilo. Religiões. São Paulo: editora Scipione Ltda, 1994. COSTELLA, Domenico. O Fundamento Epistemológico do Ensino Religioso. In: JUNQUEIRA, Sérgio; WAGNER, Raul (Orgs) O ensino religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. DURKHEIM. Émile. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: ed. Paulinas, 1989. ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1992. GIL FILHO, Sylvio F. Espaço de representação e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. Ra´a Ga O espaço Geográfico em Análise: Curitiba, v.3.3, p 91-1220, 1999. MACEDO, Carmem Cinira. Imagem do eterno: religiões no Brasil. São Paulo: editora Moderna Ltda, 1989. OLIVEIRA, Maria Antonieta Albuquerque de “Componente Curricular”. In: Ensino Religioso no Brasil. JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; WAGNER, Raul. Curitiba: Champagnat, 2004, p.119. OTTO, R. O Sagrado, Lisboa: Edições 70, 1992. PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental. Curitiba: SEED, SUED, 2006. Texto Introdução as Diretrizes Curriculares Doutora Yvelise Freitas de Souza Arco-verde. Superintendente da Educação. 222 223 PROPOSTA CURRICULAR LÍNGUA PORTUGUESA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 224 O ensino de Língua Portuguesa/Literatura precisa estar pautado na interlocução e perpassar as práticas de oralidade, leitura e escrita em situações reais de uso da língua, tendo em vista o multiletramento que vai além do trabalho com o texto verbal (oral e escrito), considerando outras modalidades de linguagem dando ao trabalho com a língua um caráter interdisciplinar. Nesta perspectiva, o ensino da língua está focado no texto, através da leitura, produção de textos e a análise lingüística no interior de atividades de uso real da língua com reflexões sobre o seu uso em diferentes contextos e situações. Assim, não se justifica mais o estudo da gramática como tradicionalmente se fez, atendo-se somente ao texto escrito, mas à sua real função no interior dos textos, conhecimento que não se constrói com o estudo de regras e exercícios gramaticais, incapazes de abranger o dinâmico sistema da linguagem. Na disciplina de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Adiles Bordin há o objetivo de se romper com o ensino tradicional da língua, no qual o ensino é centrado em exercícios mecânicos e na cobrança de nomenclatura gramatical, tirando da escrita o seu significado e real função. Assim, busca-se fazer acontecer a concepção sociointeracionista que considera a necessidade de interlocução entre os sujeitos para a interiorização da língua, priorizando a produção e reflexão lingüística, a avaliação diagnóstica. “Não é a gramática abstrata, mas a vida em comum que nos deu uma língua comum. Ensinar a língua é ampliar a experiência do aluno com a nossa.” GERALDI, Portos de Passagem-1993 “Todo o menino que vem sentar-se nos bancos de uma escola traz consigo, sem consciência de tal, o conhecimento prático dos princípios da linguagem, o uso dos gêneros, dos números, das conjunções e, sem sentir, distingue as várias espécies de palavras. É a gramática natural, o sistema de regras que formam a estrutura da língua e que os falantes interiorizam ouvindo e falando.” GERALDI, Portos de Passagem-1993 Priorizar o ensino da língua nas práticas discursivas valoriza o capital cultural que a aluna e aluno traz da socialização familiar, étnica e de classe dentro da cultura acadêmica dominante (currículo escolar formal), tornando as aulas de língua portuguesa 225 espaço de análise das práticas generificadas, racistas e excludentes presentes tradicionalmente no currículo masculino e branco, que sempre reafirmou desigualdades de classe, gênero e raça, negando as culturas femininas, de classes sociais e grupos étnicos que não exercem poder. O ensino da língua que tradicionalmente reforçou desigualdades, segregou e revelou indiferença à diversidade da língua juntamente com a de etnia/”raça”, de gênero, religião e religião dos alunos e alunas continua, principalmente na constatação que os estudos das DCEs também abordam timidamente essas questões. Só foi possível perceber após varias revisões no PPP de Língua Portuguesa do Colégio Adiles Bordin, que neste, estava praticamente ausente qualquer abordagem sobre o sexismo, racismo e classismo na educação, embora sejam assuntos de pauta nas discussões nas reuniões e no cotidiano das salas de aula de nossa escola. Isso se comprova pelo constante uso do gênero feminino nos textos do PPP do colégio que foram construídos coletivamente. Se ainda vai demorar para que toda a menção à mulher seja feita mediante o uso do gênero feminino e que esteja presente nos textos dos livros didáticos, paradidáticos e outros, é importante perceber que concepções trazem a respeito de gênero, raça/etnia, classes sociais, nacionalidade geralmente pautadas na desigualdade para que nossos alunos e alunas reconheçam a opressão e desigualdade social presentes na linguagem e espaços sociais, já que imagens estereotipadas interferem na constituição da autoimagem e na aprendizagem. CONTEÚDO ESTRUTURANTE Nas Diretrizes Curriculares se adotou o conceito “conteúdo estruturante” pela mobilidade histórica que o mesmo propõe, desafiando ao rompimento com o ensino tradicional da gramática e seus conteúdos fixos e imutáveis, propondo, com a adoção do novo conceito, que se assuma uma nova concepção de língua na qual o discurso, enquanto prática social, passa a ser objeto de estudo e a linguagem a ser entendida no seu caráter contextual e dialógico, não mais como algo pronto, mas como campo de ação onde acontecem práticas de uso real da língua que contribuem para o aprimoramento da competência lingüística dos(as) educandos (as). No entanto, é necessário compreender que, nas diretrizes, não há a pretensão de limitar as possibilidades das práticas docentes, mas, em todo o documento, propõe-se uma abertura no campo das práticas de ensino num evidente respeito à diversidade e às 226 peculiaridades das comunidades escolares existentes em todo o estado, numa proposta clara aos(às) professores(as) de uma ação contínua de escrita e reescrita do texto das diretrizes, a mesma orientação que norteia o ensino da língua, ao ser tomada, a partir dos estudos de Bakhtin, como forma de interação entre as pessoas, levando-se em conta a enunciação, já que são nos enunciados que o discurso se constrói, exigindo uma nova abordagem para o ensino da língua. OBJETIVOS GERAIS De acordo com o texto das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica (página 23), assim se apresentam os objetivos: Tendo em vista a concepção de língua como discurso que se efetiva nas diferentes práticas sociais, os objetivos a seguir fundamentarão o processo de ensino: • Empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a cada contexto e interlocutor, descobrindo as intenções que estão implícitas nos discursos do cotidiano e propiciar a possibilidade de um posicionamento diante deles: • Desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas por meio de práticas sociais, considerando-se os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, os gêneros e suportes textuais, além do contexto de produção/leitura; • Refletir sobre os textos produzidos, lidos ou ouvidos, de modo a atualizar o gênero e tipo de texto, assim como os elementos gramaticais empregados na sua organização; • Aprimorar, pelo contato com os textos literários, a capacidade de pensamento crítico e a sensibilidade estética, bem como propiciar pela Literatura, a constituição de um espaço dialógico que permita a expansão lúdica da oralidade, da leitura e da escrita: • Reconhecer a importância da norma culta da língua, de maneira a propiciar acesso aos recursos de expressão e compreensão de processos discursivos, como condição para tornar o aluno capaz de enfrentar as contradições sociais em que está inserido e para a 227 afirmação da sua cidadania, como sujeito singular e coletivo. “É importante ressaltar que tais objetivos e as práticas deles decorrentes supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica do aluno e não se esgota no período escolar, mas se estende por toda a sua vida.” Dentro desse entendimento, questões como discriminação de gênero, raça e classe social não devem ser tratadas eventualmente, mas em todas as atividades do cotidiano escolar as quais podem trazer a neutralização da diversidade ou os conflitos delas provenientes. Embora não haja essa abordagem no documento das DCEs, há que se destacar que no uso da língua oral é que mais comumente se evidenciam o preconceito lingüístico, a neutralização do feminino, expressões racistas, presentes mais sutilmente nos textos escritos, mas que precisam ser desvelados nas práticas discursivas. A valorização do uso do feminino, a não depreciação ao uso das variantes lingüísticas, o respeito às falas que foram construídas coletivamente ao longo da história, são assuntos para o debate dos diferentes preconceitos na linguagem. Assim, é possível despertar nas alunas e alunos das classes populares a necessidade de se apropriar da língua da classe dominante e das causas políticas e históricas para que sua variante “culta” fosse eleita como norma padrão. CONTEÚDOS O documento das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio não apresenta e não propõe a segmentação das práticas discursivas e uma divisão de conteúdos gramaticais por série e de forma linear. Assim sendo, a definição do trabalho com a língua e conteúdos dentro de um determinado período de tempo, só deve ocorrer a partir do diagnóstico do conhecimento lingüístico dos(as) alunos(as) e de acordo com as necessidades reais dentro de uma prática de leitura e produção de textos orais e escritos, bem como a reflexão sobre o uso da língua,conforme consta nas DCEs da Educação Básica do Estado do Paraná: “É importante frisar que a escolha pelo professor deste ou daquele conteúdo, nesta ou naquela série, vai depender dos conhecimentos prévios e do desenvolvimento 228 cognitivo e lingüístico dos alunos, bem como das possibilidades de reflexão que cada texto oferece.” Portanto, há que se considerar, a partir das experiências e necessidades percebidas na interação, as possibilidades de compreensão dos(as) alunos(as) para a seleção e aprofundamento dos conteúdos, tornando-os mais complexos conforme a autonomia lingüística adquirida nas práticas discursivas. Ao se pautar a prática pedagógica no respeito à diversidade cultural, ao modo de falar de cada povo como preservação da identidade, ao se destacar a necessidade das pessoas aprenderem a norma culta, pouco se esclarece sobre a importância da utilização de sua variante no uso cotidiano da linguagem. PRÁTICAS DE ORALIDADE GÊNEROS PARA PRODUÇÃO DE TEXTOS ORAIS Textos literários: Canção e textos dramáticos. Textos de imprensa: Notícia, entrevista radiofônica e televisiva, debate e depoimento. Texto de divulgação científica: exposição, debate, relato de experiência científica. Textos da ordem do relatar: Histórias em família, experiências vividas, diários, testemunhos, autobiografia, notícia curta, etc. Textos argumentativos: exposição e debate. Textos instrucionais ou prescritivos: Instruções, regras em geral, receitas, normas. Conteúdos decorrentes da produção oral em função da reflexão e do uso: a prática da 229 análise lingüística na oralidade • Materialidade fônica dos textos poéticos • Reconhecimento das diferentes possibilidades de uso da língua • Recursos lingüísticos próprios da oralidade • As variedades lingüísticas e a adequação da linguagem ao contexto de uso: diferentes registros, grau de formalidade em relação à fala e à escrita • Aspectos formais e estruturais do texto. O que observar na prática da oralidade: A utilização pelo aluno da linguagem oral, com eficácia, sabendo adequá-la a intenções e situações comunicativas, conforme as instâncias de uso da linguagem, ou seja, para defender pontos de vista, narrar, relatar expor, intervir, formular questões, etc., tendo em vista o atendimento à natureza da informação ou do conteúdo veiculado e adequação ao nível de linguagem. PRÁTICA DE LEITURA DE TEXTOS GÊNEROS PARA LEITURA Textos literários: Canção, textos dramáticos, romance, crônica, conto, poema, contos de fada e fábula. Textos lúdicos: Adivinhas, parlendas, quadrinhas, cantigas. Textos de narrativa gráfico-visual: Histórias em quadrinho, tiras e cartum Textos de imprensa: Notícia, entrevista, textos informativos e de opinião, classificados, anúncios, folhetos, entre outros. Textos midiáticos: textos publicitários, chats, e-mails, mensagens de telefone. • Texto de divulgação científica: verbetes de dicionário e enciclopédia, relatos de experiência científica. • Textos da ordem do relatar: Histórias em família, experiências vividas, diários, 230 testemunhos, autobiografias, etc. * Textos da ordem da correspondência: Cartas familiares, correspondências comerciais, bilhetes, convites. • Textos argumentativos: Textos de opinião, editoriais. • Textos instrucionais ou prescritivos: Instruções, regras em geral, receitas, normas, leis e estatutos. Conteúdos decorrentes da leitura em função da reflexão e do uso: a prática da análise lingüística: • Organização do plano textual: conteúdo veiculado, possíveis interlocutores, assunto, fonte, papéis sociais representados, intencionalidade e valor estético. • Diferentes vozes presentes no texto • Reconhecimento e importância dos elementos coesivos e marcadores de discurso para a progressão textual, encadeamento das idéias e para a coerência do texto, incluindo o estudo, a análise e a importância contextual de conteúdos gramaticais na organização do texto: • A importância e função das conjunções no conjunto do texto e seus efeitos de sentido. • Expressividade dos nomes e função referencial no texto (substantivos, adjetivos, advérbios) e efeitos de sentido. • O uso do artigo como recurso referencial e expressivo em função da intencionalidade do conteúdo textual • Papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomada e seqüenciação do texto. • Valor sintático e estilístico dos tempos verbais em função dos propósitos do texto, estilo composicional e natureza do gênero discursivo. • Relações semânticas que as preposições e os numerais estabelecem no texto. • A pontuação como recurso sintático e estilístico em função dos efeitos de sentido, entonação e ritmo, intenção, significação e objetivos do texto. 231 O que observar na prática da leitura: • Os processos utilizados pelos alunos para a construção do sentido do texto de forma colaborativa. Esses processos são: produção de inferências, coerência de sentido, previsão, conhecimento prévio, leitura de mundo, intertextualidade, expressão da subjetividade por meio do diálogo e da interação. • Compreensão do texto de maneira global e não fragmentada. • Utilização de diferentes modalidades de leitura adequadas a diferentes objetivos: ler para revisar, obter uma informação, produzir outros textos, adquirir conhecimentos, etc. • O entendimento do aluno sobre os elementos lingüísticos do texto como pistas, marcas, indícios da enunciação. • Compreensão do aluno acerca do funcionamento dos elementos lingüísticos/ gramaticais presentes no texto. PRÁTICAS DE ESCRITA GÊNEROS PARA PRODUÇÃO ESCRITA • Textos literários: Canções, textos dramáticos, poemas, textos narrativos, etc. • Textos de narrativa gráfico-visual: Histórias em quadrinho. • Textos de imprensa: Notícias, entrevistas, textos informativos e de opinião, classificados, anúncios, folhetos, entre outros. • Textos midiáticos: Textos publicitários, chats, e-mails, mensagens de telefone • Texto de divulgação científica: Relatos de experiências científicas • Textos da ordem do relatar: Histórias em família, experiências vividas, diários, testemunhos, autobiografias, etc. • Textos da ordem da correspondência: Cartas familiares, correspondência comercial, bilhetes, convites. 232 • Textos argumentativos: Textos de opinião, carta do leitor. • Textos instrucionais ou prescritivos: Instruções, regras em geral, receitas, normas, leis e estatutos. Conteúdos decorrentes da produção escrita em função da reflexão e do uso: a prática da análise lingüística • Conteúdos relacionados à norma padrão em função do aprimoramento das práticas discursivas, tendo em vista o uso e o princípio da regularidade: concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal, acentuação, crase, ortografia, pontuação, tempos verbais. • Elementos de coesão e coerência na constituição textual, incluindo os conteúdos relacionados aos aspectos semânticos e léxicos: sinônimos, antônimos, polissemia, nominalizações, hiperonímia. • Elementos composicionais formais e estruturais dos diferentes gêneros discursivos O que observar na prática da escrita enquanto processo: • Atendimento à natureza da informação ou do conteúdo veiculado • Adequação ao nível de linguagem e/ou à norma padrão • Coerência com o tipo de situação em que o gênero se situa (pública, privada, corriqueira, solene, etc) • Observância à relação entre os participantes (conhecidos, desconhecidos, nível social, formação, etc.) • Atendimento aos objetivos do texto • Unidade temática • Clareza na exposição das idéias • Utilização dos recursos coesivos • Atualização do gênero - as características são percebidas no uso. Embora na norma padrão prevaleça o uso de vocábulos masculinos para se referir ao gênero feminino, exista expressões racistas e preconceituosas, os movimentos sociais 233 populares e intelectuais progressistas denunciam o preconceito lingüístico como instrumento de perpetuação de estereótipos, o mito de que no Brasil se fala uma única língua quando são falados por volta de duzentos idiomas. O reconhecimento do país como multilingüe e pluricultural é fundamental para a construção de uma nova concepção de língua e para o rompimento com o ensino tradicional, no entanto, isso não se evidenciou nas discussões das DCEs. METODOLOGIA De acordo com o documento das DCEs de Língua Portuguesa – Educação Básica (pág. 29): “Na sala de aula e nos outros espaços de encontro com os alunos, os professores de Língua Portuguesa têm o papel de aprimorar as possibilidades do domínio discursivo na oralidade, na leitura e na escrita, para que compreendam e interfiram nas relações de poder, em relação ao pensamento e às práticas de linguagem imprescindíveis ao convívio social. Isso significa desvelar as cristalizações de verdade na língua, possibilitando aos educandos tanto o entendimento do poder configurado pelas diferentes práticas discursivas-sociais quanto a sua emancipação e autonomia em relação a essas práticas.” Para que se defina a metodologia de trabalho a ser realizado nas aulas de Língua Portuguesa, faz-se necessário que se assuma a concepção de linguagem na perspectiva sociointeracionista defendida na fundamentação teórica das Diretrizes Curriculares discutidas e construídas coletivamente pelos(as) professores(as) paranaenses, na qual os(as) alunos(as) devem ser valorizados enquanto sujeitos da linguagem e suas experiências, enquanto leitores(as) e produtores(as), devem se transformar em objeto de reflexão do uso da língua em situações reais de uso. Dessa forma, não se justifica defender conteúdos historicamente valorizados, principalmente no ensino médio, tendo em vista o vestibular e o mercado de trabalho, já que o compromisso da educação básica é com uma formação ampla e abrangente para o exercício da cidadania, numa prática pedagógica diferenciada que exige uma reorientação para que se tenha clareza dos objetivos do ensino da Língua. Para se garantir essa formação pautada na diversidade necessário se faz uma prática pedagógica que priorize as questões de gênero, etnia/raça e classes sociais que devem perpassar todas as práticas de linguagem entre professores(as) e alunos(as) nas salas de aulas, outros segmentos e espaços da escola e comunidade. 234 A prática de oralidade Precisam ser desenvolvidas em sala de aulas atividades que favoreçam o desenvolvimento das habilidades de falar e ouvir, bem como a sensibilidade de saber ouvir o(a) outro(a), considerando a influência do discurso oral na nossa história cultural, as variantes e o preconceito lingüístico , os diferentes gêneros textuais, as diferenças entre a fala e escrita e não somente suas similaridades. A prática de leitura Segundo Bakhtin (1986), “o texto deve ser entendido como um veículo de intervenção no mundo, ao mesmo tempo em que está articulado ao modo de produção social”. O trabalho com a leitura deve ocorrer possibilitando aos(às) alunos(as) a diversidade de gêneros textuais presentes na sociedade, estimulando-os à leitura de textos selecionados , respeitando, no entanto, suas preferências e opiniões. A leitura não deve estar vinculada a questionários, já que há muitas possibilidades de trabalho com a mesma, fazendo os(as) alunos(as) perceberem seus papéis na interação com o texto, os elementos de linguagem que o texto manipula, as ideologias, valores e estereótipos pautados nos preconceitos de etnia/raça, gênero, de classe nele presentes,numa prática crítica e transformadora que permite a construção de significados. A prática de escrita O trabalho com a escrita deve ser adotado na perspectiva discursiva, sem vinculálo à gramática tradicional que sempre ocorreu de maneira descontextualizada através de exercícios vazios de significação. É necessário que os (as) professores(as) adotem uma nova postura no ensino da língua para que as aulas sejam de escrita e reescrita de textos de diferentes gêneros, tornando-se mais significativas através do hábito de planejar, escrever, revisar e reescrever suas produções textuais que devem ser socializadas para se recuperar o caráter interlocutivo da linguagem. 235 Literatura Principalmente no Ensino Médio, tradicionalmente não se tem priorizado a formação do leitor e sua experiência real de leitura ao se valorizar, no trabalho pedagógico, apenas a historiografia literária com dados bibliográficos de autores, resumo de obras, lista de obras e sua descrição, fragmentos de textos em livros didáticos, circunscrição da obra a um contexto histórico desvinculado da realidade do aluno e aluna, privando de um contato mais rico com as obras de arte literária (a literatura afrodescendente, feminina, escritores(as) negras, etc.), possibilitando o contato com textos integrais, levando-o à reflexão, á analise de como a mulher, o(a) negro(a), o índio(a), o brasileiro(a) entre outros(as) estão representados, ao aprimoramento do pensar, sendo necessário que se reserve um espaço nas aulas semanais para a leitura. A análise lingüística O trabalho com a complexibilidade dos fenômenos lingüísticos não é possível ao se privilegiar somente o ensino da gramática normativa que predomina nas aulas de língua, a qual a considera como uma série de regras a serem obedecidas, atendo-se somente à língua escrita na modalidade padrão. Daí a importância de se considerar a gramática descritiva e a internalizada que consideram a modalidade oral, sendo mais flexíveis, já que o erro nestas, não é considerado transgressão à regra, mas necessário para se adequar às situações reais de uso ou bem aceito dentro de determinada variante. Mais importante é o contato dos(as) alunos(as) com diferentes tipos e gêneros de textos para poder assimilar as regularidades do uso da língua e a utilização da gramática normativa como documento de consulta nas atividades de reflexão sobre os seus próprios textos e de outros, sempre que possível numa análise coletiva de um texto selecionado. PRÁTICA DE ANÁLISE LINGÜÍSTICA - 3º E 4º CICLOS – ENSINO MÉDIO • Problemas de estrutura textual Respostas às questões: quem? o quê? quando? onde? como? por quê? • Problemas de ordem sintática 236 - concordância verbal - concordância nominal - regência • Problemas de ordem morfológica - léxico: adequação vocabular - conjugação verbal - formas de plural e feminino/masculino • Problemas de ordem fonológica - ortografia - acentuação - divisão silábica Ainda no 2º ano do III ciclo ou já no IV ciclo e no Ensino Médio, dependendo do nível da turma, podem ser acrescentados: • Problemas de ordem textual - ponto de vista do narrador (narrar na 1ª pessoa e 3ªpessoa) - passagem do discurso direto para o indireto e vice-versa - no quarto ciclo, considerar questões de clareza, objetividade e fidelidade aos fatos • Problemas de ordem estilística - transformações simples de orações - reescrita de parágrafos (sugestões retiradas da proposta para prática de análise lingüística de João W. Geraldi no livro: “O texto na sala de aula”) AVALIAÇÃO A avaliação na disciplina de Língua Portuguesa deve ser coerente com a 237 concepção de língua presente nas diretrizes curriculares. Portanto, deve ser feita sobre “as pistas concretas do caminho que o aluno está trilhando para se apropriar, efetivamente, das atividades verbais – a fala, a leitura e a escrita. Logo, por sua característica diagnóstica, a avaliação formativa é a que mais se presta ao processo de ensino e aprendizagem da língua.” Nessa perspectiva, a oralidade deve ser avaliada considerando-se a participação do(a) aluno(a) em atividades nas quais expõe suas idéias verbalmente bem como a sua fluência , desembaraço, argumentação na defesa de seus pontos de vista e adequação do seu discurso aos diferentes interlocutores e situações. Quanto à leitura, devem ser oportunizadas diferentes situações e atividades que permitam avaliar as estratégias empregadas, a compreensão do texto lido e o seu posicionamento e reflexão a partir do mesmo. Em relação à escrita, os textos produzidos devem ser considerados no seu processo de produção e não como produto final, como fornecedores de elementos para se atuar sobre os mesmos, como direcionadores das atividades para que ocorra o aperfeiçoamento da leitura e escrita, que só se dará com o profundo respeito pelas diferenças na sala de aula e pela promoção de uma ação pedagógica de qualidade. Na disciplina de Língua Portuguesa do Colégio Adiles Bordin, não há um tempo de ensinar e um tempo de avaliar enquanto momentos estanques. É a partir das pistas do caminho que o aluno faz na apropriação do conhecimento lingüístico que seu progresso e suas necessidades podem ser analisados e avaliados para as intervenções necessárias Para isso, as produções textuais escritas são organizadas numa coletânea, após as revisões e refacções. Dessa forma, a análise e observação permite que se compreenda o nível de conhecimento dos alunos, aos quais não são concedidos nem retirados pontos. A eles e elas é permitido errar e todas as intervenções são feitas no sentido de que observem e reparem para que avancem progressivamente na apropriação da norma culta da língua. As atividades de produção oral e leitura não estão desassociadas das produções escritas e interferem na sua qualidade, sendo devidamente valorizadas na avaliação.. Nesse sentido, a organização do Ensino Fundamental da escola em ciclos de formação favorece essa prática no trabalho da disciplina de língua portuguesa devido à utilização de pareceres descritivos e não de notas. No entanto, no Ensino Médio, apesar das notas que favorecem a classificação e rotulação de alunos(as) em bons e ruins, a avaliação acontece durante o processo 238 ensino-aprendizagem através da avaliação diagnóstica que permite as intervenções necessárias para que se oportunize aos alunos e alunas a apropriação desse bem comum que é a língua-padrão, além do respeito a diversidade lingüística e cultural. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOMÍNIO DA LÍNGUA ORAL - Exposição de idéias com clareza, seqüência, objetividade, consistência argumentativa e adequação vocabular; - Reconhecimento das intenções e objetivos na fala do outro; - Julgamento da fala do outro quanto à adequação às circunstâncias, à clareza e consistência argumentativa; - Domínio progressivo da norma padrão na fala (concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal, conjugação verbal e emprego de pronomes, advérbios e conjunções); - Reconhecimento da contribuição complementar de elementos não verbais na comunicação (gestos, expressões faciais e postura corporal); DOMÍNIO DA LEITURA - Identificação das idéias básicas apresentadas no texto; - Reconhecimento das especificidades dos textos; - Compreensão das configurações de diferentes tipos de textos; - Identificação do processo e contexto de produção; - Confronto das idéias contidas no texto e argumentação; - Atribuição de significados que extrapolem o texto lido; - Prática de leitura contrastiva (vários textos sobre o mesmo tema em linguagens diferentes, em épocas diferentes ou sob perspectivas diferentes); - Avaliação do texto na perspectiva da unidade temática e unidade estrutural; - Percepção do valor expressivo do texto e sua relação com os sinais de pontuação; - Ampliação da capacidade de reconhecer as intenções do enunciador e posições ideológicas do seu discurso; E M - Troca de impressões com outros leitores a respeito dos textos lidos; E M - Seleção de textos segundo seu interesse e suas necessidades. 239 DOMÍNIO DA ESCRITA - Produção de textos considerando as condições de produção (finalidade, gênero, áreas de circulação e interlocutor); - Produção de textos com clareza, coerência e argumentação; - Utilização dos processos se coordenação e subordinação na construção das orações; - Utilização dos recursos coesivos (conjunções, advérbios, pronomes, etc.); - Organização dos textos em parágrafos e fazendo uso dos recursos da pontuação (ponto, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, ponto de exclamação, ponto de interrogação e reticências) e outros sinais gráficos (aspas, travessão e parênteses); - Adequação do texto à norma padrão (concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal e conjugação verbal); - Utilização da organização gráfica do texto (ortografia, acentuação e recursos gráficos visuais como margem, título, etc.); - Utilização dos padrões da escrita em função do projeto textual e das condições de produção; - Análise e revisão do próprio texto em função dos objetivos e interlocutores; - Construção do conjunto de conhecimentos sobre o funcionamento da língua e sobre o sistema lingüístico para a prática de leitura e produção, através da análise lingüística. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO PARA O TERCEIRO E QUARTO CICLO E ENSINO MÉDIO NA LÍNGUA ORAL: - Expor suas idéias verbalmente com clareza; - Argumentar em defesa de suas idéias; - Manter um ponto de vista coerente ao longo de um debate; - Adequar a fala aos diferentes interlocutores e diversas situações sociais; - Ouvir com atenção a exposição oral do outro, respeitando sua vez de falar e as opiniões alheias; - Manifestar-se e intervir sem fugir do assunto tratado; - Formular e responder perguntas; - Identificar elementos não -verbais na comunicação; - Identificar as intenções, valores e preconceitos presentes na fala; - Resumir as idéias centrais de um texto lido ou dito; 240 - Atribuir sentido aos textos orais, posicionando-se criticamente diante dos mesmos; - Produzir textos orais, planejando-os previamente em função dos objetivos propostos; - Apresentar publicamente textos memorizados sem apoio escrito; - Elaborar esquemas e outros recursos para apoio na exposição oral; - Identificar, nos textos orais, o dialeto característico de uma região ou classe social; - Preocupar-se com a qualidade das produções orais próprias. NA LÍNGUA ESCRITA – PRODUÇÃO DE TEXTOS: - Escolher o tipo de texto de acordo com suas intenções: dar instruções, comunicar-se com alguém que está longe, convencer, divertir, emocionar, enredar, divulgar, reivindicar, etc.; - Utilizar uma configuração discursiva adequada às finalidades dos textos; - Utilizar recursos próprios do discurso escrito, em oposição à escrita impregnada de marcas da oralidade; - Utilizar recursos básicos de coesão: conjugações, advérbios, preposições, etc., para garantir clareza e coerência; - Aplicar estratégias de escrita como: planejar o texto, redigir rascunhos, relê-los, etc.; - Compor um novo texto a partir de outras fontes e fazer roteiros, resumos, esquemas, tópicos e sínteses; - Escrever com clareza e coerência; - Resumir as idéias centrais de um texto lido ou ouvido; - Escrever textos com pontuação adequada e ortografia convencional; - Conhecer as regularidades ortográficas e saber usar o dicionário para tirar dúvidas quanto à grafia das palavras; - Utilizar recursos gráfico-espaciais ( distribuição espacial, margem, marcação de parágrafos e letra maiúscula); - Utilizar mecanismos básicos de concordância verbal e nominal; - Utilizar a inclusão do discurso alheio ( discurso direto e indireto) e a passagem de um discurso para outro; - Utilizar esquemas temporais básicos (presente x passado); - Separar, no texto, o discurso direto e indireto e os turnos de diálogo utilizando travessão e dois pontos ou aspas; - Indicar, por meio de vírgulas, as listas e enumerações no texto; 241 - Utilizar a acentuação das palavras segundo as regras gerais relacionadas à tonicidade. NA LÍNGUA ESCRITA – LEITURA: - Identificar diferentes suportes de textos, percebendo as diversas configurações textuais aí presentes (notícias, reportagens, crônicas, contos, romances, cartas, contas, receitas, bulas, etc.); - Identificar diferentes tipos de textos de acordo com suas finalidades: informativos, argumentativos ou de convencimento, de enredamento ( narrativos e poéticos) e instrucionais; - Identificar as características gráficas dos textos; - Ler com autonomia par si e para o outro, textos cuja complexidade seja compatível com seu nível de escolarização; - Compreender as finalidades de diferentes tipos de textos; - Explorar diferentes modalidades de leitura (ler para revisar, obter informações, se divertir, etc.) e atingir diferentes objetivos; - Extrair informações de notícias, reportagens, relatórios, textos didático - científicos, cartas, etc.; - Seguir instruções de receitas, bulas, regras de jogo, orientações para atividades, etc.; - Perceber recursos lingüísticos e visuais utilizados em anúncios e propagandas, bem como suas intenções; - Diferenciar fatos de opiniões emitidas, bem como os argumentos utilizados em artigos e editoriais; - Deixar-se enredar por narrativas e poemas, reconhecendo suas características; - Relacionar um texto a outro e à própria vida; - Identificar os recursos utilizados pelo autor; - Identificar os pontos mais relevantes de um texto; - Identificar o tema central de um texto lido; - localizar informações no texto lido; - Inferir afirmações implícitas num texto; - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto imediato; - Relacionar uma informação identificada no texto com outras no próprio texto ou em outros textos; - Utilizar informações oferecidas pelo dicionário e/ou enciclopédias na compreensão do 242 texto; - Associar as características e estratégias de um texto ao gênero; - Comparar opiniões e pontos de vista entre textos sobre o mesmo tema; - Identificar características típicas da fala num texto escrito; - Diferenciar, no texto, o registro formal do registro informal; - Diferenciar, por comparação ou identificação de características, textos de diferentes gêneros; - Apropriar-se do sentido mais profundo do texto, atribuindo sentido ao que lê; - Compreender a utilização de notações como travessão, aspas, dois pontos e reticências na construção de um texto; - Identificar e analisar os usos da língua enquanto instrumento de divulgação de valor e preconceitos de raça, etnia, gênero, credo ou classe. REFERÊNCIAS O PPP de 2001 do Colégio Estadual Adiles Bordin e as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica – versão 2006. 243 PROPOSTA CURRICULAR FILOSOFIA ENSINO MÉDIO 244 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina de filosofia, em razão de sua história inconstante traz consigo o problema de seu ensino. Constituída como pensamento há mais de 2600 anos, sempre enfrentou problemas em relação à construção de sua identidade, de seu papel e conseqüentemente com a elaboração dos conteúdos programáticos. Ao longo de sua história a disciplina de filosofia sofreu várias alterações no que se refere ao seu lugar, ao seu papel e a sua importância junto ao trabalho de formação do educando. Foi retirada dos currículos do segundo grau em pleno regime militar, desaparecendo por completo dos currículos escolares nesse período, principalmente por não servir aos interesses técnicos e econômicos do momento. Em virtude da luta de vários profissionais da área, a filosofia retorna ao currículo ocupando a condição de disciplina facultativa nas escolas do ensino médio (LDB 9.394/96). Esse esforço, a luta, a reflexão e análise em conjunto, assim como as instigações contribuíram para a construção de uma identidade e homogeneidade da disciplina, proporcionando uma maior solidez no ensino médio. A filosofia apresenta-se como conteúdo filosófico e também como um conhecimento que possibilita ao estudante desenvolver estilo próprio de pensamento. O ensino de filosofia é um espaço para a criação de conceitos, sob esse caráter unindo filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis buscou-se estabelecer um referencial teórico metodológico por meio de conteúdos estruturantes e específico: Mito e Filosofia; 245 Teoria do Conhecimento; Ética; Filosofia Política; Filosofia da Ciência; Estética. Lembrando que esses conteúdos servem como mediadores da reflexão filosófica com possíveis recortes a partir de problemas sobre os quais cada conteúdo estruturante nos remete a pensar. OBJETIVOS GERAIS Por mais que a técnica e a praticidade abreviam a necessidade do homem em compreender-se a si mesmo e ao mundo ao qual pertence, a busca de respostas sobre suas indagações ainda constitui o centro da preocupação humana. Sendo assim, a tarefa da filosofia no processo educacional é desafiante. Não podemos tratá-la apenas como mais uma disciplina, mas como uma pratica reflexiva que auxilie na descoberta da identidade do homem diante da natureza, na construção da liberdade e na transformação consciente da realidade. É fundamental que o professor leve em conta as questões filosóficas para garantir ao estudante a assimilação reflexiva e o desenvolvimento de uma postura filosófica perante os problemas que a realidade apresenta. Desse modo, o ensino da filosofia ajudará a construir o desenvolvimento e a autonomia do educando, o dialogo, a discussão coletiva, a analise de textos filosóficos, e principalmente a filosofia contribuirá para a análise e reflexão crítica, criativa, a formação, e o exercício intelectual na busca incessante da compreensão com reflexões sobre o homem, sua evolução através do trabalho, da linguagem, do desenvolvimento para possibilitar o exercício da cidadania. Portanto, nesse sentido, o ensino de filosofia não se dá no vazio, no indeterminado, na generalidade, na individualidade isolada, mas requer dos estudantes compromissos consigo mesmo, com os outros e com o mundo. CONTEÚDOS Obs: É importante salientar que os conteúdos estão distribuídos para as três séries do ensino médio, visto que, as escolas têm a distribuição diferenciada da disciplina. MITO E FILOSOFIA • Mito e filosofia; 246 • Condições históricas para o surgimento da filosofia; • O deserto do real; • Ironia e Maiêutica. TEORIA DO CONHECIMENTO • O problema do conhecimento; • O conhecimento e os primeiros filósofos; • Filosofia e método; • Perspectivas do conhecimento. ÉTICA • A existência ética; • A virtude em Aristóteles e Sêneca; • Amizade; • Liberdade; • Liberdade em Sartre. FILOSOFIA POLÍTICA • As filosofias políticas; • Origem da vida política; • Em busca da essência do político; • A política em Maquiavel; • Política e violência; • A questão democrática. FILOSOFIA DA CIÊNCIA • A atitude cientifica; • O ideal cientifico e a razão instrumental; 247 • O progresso da ciência; • Pensar e ciência; • Bioética. ESTÉTICA • Pensar a beleza; • A universalidade do gosto; • Necessidade ou fim da arte?; • O cinema e uma nova percepção. METODOLOGIA O estudo da filosofia é essencial porque ela nos ajuda a promover a passagem do mundo infantil ao mundo adulto, na condição de amadurecimento no pensar e no agir. Nesse sentido os conteúdos da disciplina serão trabalhados em quatro momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de conceitos. O ensino de filosofia deve estar na perspectiva de quem dialoga com a vida, na busca de resolução do problema, na análise da realidade, de textos jornalísticos, literários, filosóficos, debates e discussões, na elaboração e nas condições teóricas para a superação da consciência ingênua e o desenvolvimento da consciência crítica, pela qual a experiência vivida é transformada em experiência compreendida, isto é em um saber. AVALIAÇÃO A avaliação terá a função diagnóstica levando em consideração que o educando deverá ter o domínio dos conhecimentos de filosofia necessários para uma reflexão crítica, rigorosa desenvolvendo seu estilo próprio de pensamento. Sendo assim a avaliação terá como função subdividir e redirecionar através da observação direta e individual do processo de pesquisa, na produção de texto, na elaboração de conceitos, opinião própria e principalmente na autonomia de pensamento. A filosofia tem como recursos de avaliação: provas, debates, trabalhos, recortes. 248 REFERÊNCIAS PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Filsoofia para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. 13ª edição. São Paulo. Ática. 2003. VÁRIOS AUTORES. Filosofia e seu ensino. 2ª edição. Petrópolis. São Paulo. Vozes. 1996. FILOSOFIA/ VÁRIOS AUTORES - Curitiba: SEED – PR. 2006. 336p. GALLO, S.; KOHAN, W. O. Filosofia no Ensino Médio. Petrópolis: Vozes. 2000. 249 PROPOSTA CURRICULAR SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO 250 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Sociologia no presente tem o papel histórico que vai muito além da leitura e explicações teóricas da sociedade. Não cabem mais explicações e compreensões das normas sociais e institucionais, para melhor adequação social, ou mesmo para a mera critica social, mas sim a desconstrução e desnaturalização do social no sentido de sua transformação. Os grandes problemas que vivemos hoje, provenientes do acirramento das forças do capitalismo mundial e de desenvolvimento industrial desenfreado, entre outras causas, exigem indivíduos capazes de romper com a lógica neoliberal da destruição social e planetária. É tarefa inadiável, de uma nova ética e de novas práticas sociais que apontem para a possibilidade de construção de novas relações sociais, esta é a tarefa desta ciência social e das instituições educacionais. O objeto de estudo da sociologia, então, constitui-se historicamente como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade. Interessa, para a sociologia, portanto, não o individuo isolado, mas inter-relacionado com os diferentes grupos sociais, dentre outros. Não é o homem enquanto ser isolado da história que interessa ao estudo da sociedade, mas os homens enquanto seres vivos que vivem e fazem a história. Tudo isso nos coloca algumas questões centrais: como os homens agem em sociedade? Como as ações de diferentes indivíduos se influenciam reciprocamente? Como as pessoas obedecem as regras definidas pela sociedade? Como as práticas sociais acabam definindo individualidade e, ao mesmo tempo, grupos homogêneos? É nessa perspectiva, que a sociologia vem ao encontro da identidade de um Ensino Médio que se quer capaz de instrumentalizar o aluno para prosseguir seus estudos e/ou participar ativamente do mundo do trabalho. As políticas públicas implantadas como o concurso para licenciados em ciências sociais, as diretrizes curriculares de sociologia, a construção do livro público de sociologia, a formação continuada, a Biblioteca do Professor, vem reforçar a importância dada ao conhecimento sociológico para a efetivação da qualidade da educação pública do Estado do Paraná. A Sociologia do Ensino Médio se pautará em explicar como as ações individuais podem ser pensadas no seu relacionamento com outras ações como, por exemplo, as eleições, ou como os indivíduos incorporam as regras determinadas pela sociedade, 251 seja através da escola, das igrejas, ou de outros grupos dos quais faz parte, ou ainda, como práticas coletivas acabam definindo diferentes grupos sociais, como as associações de bairros, os sindicatos ou os diferentes movimentos sociais. Em todas essas situações citadas, estará em jogo o relacionamento entre individuo e sociedade. Por isso, a Sociologia não deverá tratar o individuo como um dado da natureza, isto é, como um ser autônomo, livre e absoluto desde o nascimento, mas, também, como um produto social, em alguma medida. É necessário mostrar que a idéia da individualidade é historicamente constituída, ou seja, em cada sociedade, em certo momento histórico, há uma visão especifica a respeito do problema da individualidade. A Sociologia possui um campo teórico capaz de orientar o estudo da cultura, dos processos de socialização – informal e formal – as relações entre política, poder e ideologia, os movimentos sociais, a industria cultural, os processos de trabalho e produção num mundo globalizado, a violência institucionalizada ou não, as desigualdades sociais e, assim, ajudar os alunos a confrontar com a realidade de seu bairro, cidade, município, estado, país e mundo. Independentemente, entretanto, do caminho a ser feito, se pela teoria, pelos conceitos ou por temas, deve-se sempre partir sempre da prática social dos alunos, o que permitirá a tomada de consciência sobre essa mesma prática. A prática aqui pensada não é apenas o que pensam ou sentem os alunos, mas é, também, uma expressão social do grupo do qual ele faz parte. Teorizar sobre essa prática permitirá que se busque um suporte teórico capaz de desvelar, explicitar e explicar essa realidade. Este é o caminho pelo qual nossos alunos poderão passar do conhecimento empírico para o teórico ou, dito de outra, passar do senso comum para conceitos científicos. Passando pela teorização da prática social, o aluno pode se posicionar de maneira diferente em relação a sua prática, pois pode entende-la a seu pensar e agir passam a ser direção da transformação da realidade. OBJETIVOS GERAIS Compreender a sociedade, sua gênese e transformação da mesma, e os múltiplos fatores que nela intervem, como produtos de ação humana; a si mesmo como agente social; e os processos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos. 252 Inserção do aluno como sujeito social que compreende a sua realidade imediata, mas que também percebe o que se estabelece além dela. Questionamentos quanto à existência de verdades absolutas, sejam elas na compreensão comum do cotidiano, ou na constituição da ciência. Ao longo do ano letivo, a História e Cultura Afro-brasileira e Africana serão estudadas na perspectiva de proporcionar aos alunos uma educação compatível com uma sociedade democrática, multicultural e pluriétnica CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Pelo fato de não haver uma série definida para a disciplina, a mesma não foi dividida por série. Os conteúdos estão distribuídos para as três séries do ensino médio, já que os estabelecimentos de ensino, distribuem de forma diferenciada a disciplina, e em alguns casos esta disciplina esta sendo implantada a partir de 2007. A - Processo de socialização de instituições sociais • Desenvolvimento histórico da sociologia • Instituição familiar • Instituição escolar • Instituição religiosa B – Cultura e industria cultural • Diversidade cultural • Relativismo • Etnocentrismo • Questões de gênero, étnicas e outras minorias. C – Trabalho, Produção e Classes Sócias • Salário e lucro • Desemprego (conjuntural e estrutural) • Subemprego e informalidade • Terceirização • Voluntariado e cooperativismo 253 • Empreendedorismo • Agronegócios • Empregabilidade e produtividade • Capital humano • Reforma trabalhista e organização internacional do trabalho • Economia solidária • Flexibilização • Reforma agrária e sindical • Toyotismo e fordismo • Estatização e privatização (parcerias público-privadas) • Relações de mercado D – Poder, Política e Ideologia • Poder • Estado • Globalização E – Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais. Movimentos sociais urbanos (urbanização, serviços públicos e conflitos) Movimentos estudantis (grêmios, UPES,UNE e outros) Movimentos sociais rurais (origens históricas, distribuição da terra no Brasil, movimentos de luta como o MST e outros). Movimentos sociais conservadores (UDR, TFP, golpe militar). METODOLOGIA A explicação da sociedade através da compreensão das diversas formas pelas quais os seres humanos vivem em grupos, das relações que se estabelecem no interior e entre esse diferentes grupos, bem como a compreensão das conseqüências das relações para indivíduos e coletividades. Procurar explicar a sociedade capitalista como forma de organização social. O conteúdo a ser desenvolvido não pode ser absolutista ou discutido como 254 certezas pensadas por “alguns eleitos” ou ainda como uma doutrina pronta e acabada, mas visto como um processo construído historicamente. É pertinente que o aluno tenha acesso a diferentes concepções, possibilitando que ele perceba as abordagens dos temas, bem como possa construir suas próprias questões. Levar em conta o saber que o aluno tem construído nas suas relações procurando problematizar este saber e sistematiza-lo, superando assim o senso comum. A disciplina de sociologia deve estar centrada na construção do conhecimento dos alunos, no desenvolvimento pessoal e no espírito solidário, sentimentos indispensáveis para o estabelecimento das relações sócias cotidianas. A participação, a pesquisa, o interesse e o diálogo devem superar a aquisição mecânica do conhecimento estimulando o desenvolvimento do espírito crítico e consciente do educando. Os métodos a serem utilizadas devem garantir a aprendizagem dos conteúdos estruturantes propostos na disciplina. Utilizar textos dos clássicos é fundamental, pois assim, os educandos poderão perceber a maneira que os pensadores clássicos realizaram suas pesquisas, suas análises e quais os métodos que foram utilizados. A pesquisa teórica aliada à pesquisa de campo, com temas como instituições sociais, movimentos sociais, questões sobre desemprego, violência deve ser utilizada, pois os alunos, além de se envolverem com os conteúdos trabalhados, poderão ter contato com as opiniões e perceber como o conhecimento chega à população e como ela se organiza. O uso de sala com Tv, Vídeos, Retroprojetor, Data Schow, Slides, Filmes, músicas e com a literatura e material escrito, como livros, jornais, revistas, folder e outros, serão utilizados para que os alunos possam aprofundar os conteúdos que estão sendo aprendido-ensinado. Aulas com exposição oral dialogada serão indispensáveis para além de motivar, estimular os educandos a problematizarem os conteúdos a serem aprendidos-ensinados. Metodologicamente esta disciplina deverá levar em consideração as diferentes formas de pensar, proporcionando aos educandos a ampliação e as possibilidades de análises que colaborem para a capacidade de compreensão e assimilação dos conteúdos propostos. Para Lakatos (1999, p.33) a “sociologia emprega, em suas investigações, vários 255 métodos e técnicas, na maioria dos concomitantemente”. Sendo assim, é necessário proporcionar meios para que os educandos tenham uma visão sobre a constituição das relações sociais em nível nacional e internacional fazendo com que os alunos desenvolvam o raciocínio sociológico. AVALIAÇÃO A função do ensino de Sociologia é mostrar ao aluno de Ensino Médio que, essa disciplina estará ajudando o aluno a ser um cidadão crítico, consciente e atuante na transformação da sociedade. Entendendo que avaliar é um processo diagnóstico contínuo, portanto serão observadas as mudanças de visão global dentro dos conteúdos trabalhados, buscando o entendimento destes conteúdos trabalhados de forma integral, comportamento, levando a uma nova visão do mundo por meio de: • Relatórios • Pesquisas • Auto-avaliação • Interpretação de fatos obtidos em pesquisas • Observação do professor • Exercícios realizados • Recuperação paralela • Provas escritas bimestrais METODOLOGIA • Aula expositiva • Vídeo • Produção de textos • Interpretação de Textos • Exercícios individuais • Exercícios em grupos mudanças de 256 • Interpretação de mapas • Utilização de jornais e revistas REFERÊNCIAS ORDOÑÈZ, Marlene e QUEVEDO, Júlio. História para o Ensino Médio. Coleção Horizontes, editora Ibep. CONTRIM, Gilberto. História e Consciência do Mundo. Editora Saraiva. CONTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil. Editora Moderna. ADAS, Melhem. Geografia: o subdesenvolvimento e o desenvolvimento mundial e o estudo da América. Volume 3, editora Moderna. ADAS, Melhem. Panorama Geográfico do Brasil. Editora Moderna. COMTE, A. Sociologia. São Paulo: Ática, 1978. História (terceiro volume) – editora Lê – Ricardo, Adhemar e Flávio. HORT, João. Geografia do Município de União da Vitória. FAFI, 2ª edição, 1990. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. Editora Àtica. 2001. PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Sociologia para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. PAZZIANOTO, Alceu Luiz e SENISE, Maria Helena Valente. História Moderna e Contemporânea. Editor Ática, 6ª edição. PIFFER, Osvaldo. Geografia no Ensino Médio. Coleção horizontes, editora ibep. SCHMIDT, Mario Furley. Nova história crítica: ensino médio: volume único. 1.ed. são Paulo: Nova Geração, 2005. VICENTINO, Cláudio. História Geral. Editora Scipione. 257 PROPOSTA CURRICULAR QUÍMICA 258 ENSINO MÉDIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA No transcorrer da história, o homem conheceu a extração, produção e tratamento de metais em especial o cobre, o ferro e o ouro. A crença de que o ouro poderia ser obtido a partir de outras substâncias iniciou uma nova era conhecida como alquimia. Seus praticantes eram chamados de alquimistas, os quais desenvolviam trabalhos primitivos em laboratórios, executando experiências e acumulando observações. Dominavam as técnicas de metalurgia. Na época os alquimistas não eram bem vistos pela sociedade, eram considerados bruxos. Na transição dos séculos XV – XVI, estudos desenvolvidos por Paracelso, possibilitaram o nascimento da latroquímica, antecessora da Química (Bioquímica). A partir do século XVII os precursores dos químicos começaram a encarar a natureza sem mistérios ou mistificações. O inglês Robert Boyle foi um dos primeiros cientistas a estabelecer vínculos teóricos para a interpretação dos fatos observados experimentalmente. 259 A química teve seu marco como constituição de ciência no final do século XVIII com a publicação do “Traité Elémentaire de Chimie” escrito pelo cientista francês Antoine Laurent Lavoisier. Podemos dizer que o século XIX foi o período no qual a ciência se consolidou realmente como a principal disciplina associada à industria e passou a definir as marcas na caminhada da humanidade. A ciência passou a interferir na própria natureza, a determinar novas e melhores maneiras de viver. No século XX, a química e todas as outras ciências naturais tiveram um grande desenvolvimento. Com o esclarecimento da estrutura atômica, foi possível entender melhor a constituição e formação das moléculas em especial a do DNA. As primeiras atividades de caráter educativo envolvendo a química no Brasil surgiram a partir do século XIX, provenientes das transformações de ordem política e econômica como resultado da vinda da corte real portuguesa. A construção dos currículos de química antiga teve por base as normas do curso de filosofia contidas no Estatuto da Universidade de Coimbra, o texto de Lavoisier: Sobre a maneira de ensinar química e as diretrizes para a cadeira de química da Bahia do Conde da Barca. Contribuições para a melhoria do ensino da química no Brasil vieram pelas mãos de Francisco Ferreira de Abreu, que ministrou um curso livre no Museu Nacional do Rio de Janeiro, e de Manuel Maria Moraes e Valle, autor de importantes compêndios de química e responsável pela formação de diversos discípulos. Em 1922, realizou-se no Rio de Janeiro, o primeiro Congresso Brasileiro de Química, resultando na fundação da Sociedade Brasileira de Química. A partir de 1931, com a Reforma Francisco Campos, a disciplina de Química passou a ser ministrada de forma regular no currículo do ensino secundário brasileiro. O período compreendido entre 1950 e 1970 foi caracterizado pelo método positivista de ensinar ciências através da descoberta e redescoberta, a partir de experimentos com o objetivo de prepara o aluno para ser cientista. Isto influenciou sobre a maneira da atividade docente. No início dos anos 1990, com a introdução da perspectiva histórico-cultural e o papel da linguagem e das interações sociais no processo de ensino aprendizagem, o professor passa a ter um papel fundamental na mediação do conhecimento. Atualmente o plano de ação é que o educando interaja com o meio em que vive 260 contextualizando o conhecimento fazendo disso pleno exercício da cidadania. O conhecimento químico sistematizado, só tem sentido quando interagido com outros campos de conhecimento. Faz parte do trabalho do professor, mediar à visão do conhecimento químico, com os conhecimentos que o aluno traz para a sala de aula. Como as demais ciências, a química não é um conjunto de conhecimentos prontos e acabados, como geralmente é entendida, mas sim uma construção humana, em contínua mudança. A história da química deve permear todo o ensino de química, possibilitando a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento com seus avanços, erros e conflitos. A química utiliza-se de símbolos, fórmulas, equações e nomenclaturas para representar e classificar o real fenômeno, substâncias e transformações. As formas de representação acompanham as mudanças de concepções do mundo, de ciências e de conhecimento. Assim, a tabela periódica é um exemplo de representação e classificação do real, isto é, dos elementos químicos. Deve-se salientar e banir a concepção errada que só se aprende química, o aluno que possui uma carga muito grande de inteligência. A educação em química acompanha os avanços e pensam na formação do cidadão e em sua relação com o contexto socialpolítico, cujos conhecimentos serão essenciais à vida em sociedade, onde o saber químico será requisito para a reflexão, análise, julgamento e ação. O objeto de estudo de Química é a matéria, suas propriedades, composições e suas transformações. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES → Matéria e sua Natureza → Biogeoquímica → Química Sintética OBJETIVO GERAL Para o estudo da disciplina de Química, é importante que se destaque o conhecimento da historia da disciplina e, o emprego dos conteúdos estruturantes, que possibilitem reconhecer a disciplina como campo de conhecimento que se constitui historicamente nas relações políticas, sociais e culturais das diferentes sociedades. Estaremos desse modo, formando um aluno apropriado dos conhecimentos químicos e 261 também, possibilitado de refletir sobre o período histórico atual. Levar a alfabetização cientifica do sujeito, centrada na inter–relação de dois componentes básicos: conhecimento químico e o contexto social. Propiciar condições para uma aprendizagem significativa, atualizada e eficaz, que prepare alunos competentes, éticos e com argumentação sólida e desenvolver hábitos, atitudes e valores que identifique um cidadão comprometido com a sociedade. A abordagem no ensino da Química será orientada pela construção e reconstrução de significados dos conceitos científicos, vinculados aos contextos históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais, fundamentada em Chassat, Martiner, Maldaner e Bernadelli. CONTEÚDOS 1ª Série: Matéria e Energia Propriedades Substâncias Transformações da Matéria Matéria e sua natureza Alotrópicas Fenômenos químicos e físicos Misturas Química Sintética Biogeoquímica Homogêneas e Heterogêneas (colóides) Separação: Catação; destilação; filtração; Biogeoquímica Matéria e sua natureza Dissociação fracionada do petróleo. Química Sintética 262 Estudo do átomo: Histórico; modelos atômicos de história e Dalton, Thomson, Rutherford, constituição Matéria e sua natureza Modelo atômico Bohr (luminosos de néon; fogos de artifício, espectro, radiações eletromagnéticas, microondas, Química sintética laser, infravermelho). Modelo Atual Matéria e sua natureza Números Quânticos Principal; Secundário; Magnético; Azimutal. Átomo Matéria e sua natureza Partículas fundamentais; caracterização de um átomo; elemento químico; número atômico e de massa; Matéria e sua natureza Comparação entre átomos: isótopos; isotonos; isóbaros, isoeletrônicos (água dura, isótopos Química Sintética radioativos). Distribuição Eletrônica (eletrosfera) Níveis, subníveis e orbitais. Matéria e sua natureza 263 Estudo do núcleo Natural e artificial; primeiras (radioatividade) descobertas. Matéria e sua natureza ; leis de desintegração radioativas (elementos radioativos empregados em metalúrgicas para controle de qualidade, descobertas de novos elementos não Química Sintética oficialmente reconhecidos, obtenção de energia, contador Geiger). Radioterápicos e radiofármacos Meia vida e vida média Biogeoquímica Matéria e sua natureza Fissão e fusão nuclear Efeitos e aplicações Tabela Periódica Classificação; Propriedades (a fórmula do corpo humano) Super-actnídeos Biogeoquímica Química sintética Matéria e sua natureza Química Sintética 264 Ligações Valência; ligações. Matéria e sua natureza ligação covalente; ligação metálica; ligação covalente dativa (Comprova a essência de promover um sistema estável e Biogeoquímica harmônico entre o homem e o meio ambiente). Forças intermoleculares (ponte de hidrogênio, dipolo-dipolo, dipolo permanente, wan der walls). Biogeoquímica Funções Inorgânicas Ácidos: Conceitos; propriedades; classificação; nomenclatura; Matéria e sua formulação; indicadores; pH. natureza (ácidos do nosso organismo. Ex: HCl segregado pelo estômago. Efeito tampão do sangue, condutor de corrente elétrica, sais do Biogeoquímica organismo). (Produção de explosivos; fertilizantes; refrigerantes e águas gasosas; tintas e pigmentos; indústria de papel; refino do Química Sintética petróleo). Bases: Conceitos; propriedades; classificação; nomenclatura; formulação; indicadores; pó. Matéria e sua natureza 265 Antiácidos estomacais; ciclo do nitrogênio parte da excreção dos morcegos da amônia, aumenta a dependência da nicotina do cigarro Biogeoquímica (drogas) Produtos de limpeza; construção civil (argamassa), desodorante. Química Sintética Sais: Conceito; propriedades; classificação; formulação; Matéria e sua nomenclatura; aplicação. natureza CuSO4.H2OBactericidas, tratamento de água de piscinas; NaNO3, KNO3 conservantes de queijos; BaSO4 contraste em radiografias estomacais e intestinais; AgNO3 cauterizações químicas; KMnO4 agente bactericida em banhos de imersão, quando crianças apresentam Biogeoquímica brotoejas; cátions e ânions em forma de sais, necessidade do organismo K+,Na+, Ca+, Mg+2, Fe2+, I-, PO43-; CaCO3 correção do pH do solo; NaF anti-cárie; NaCl deficiência: bócia, soro fisiológico Uso na produção de vidros; Produção de fertilizantes NaClO. Química Sintética Óxidos: Conceito; propriedades; formulação; nomenclatura. Aplicação Matéria e sua natureza 266 Reações Químicas Equações químicas: reação de neutralização. Matéria e sua natureza Balanceamento das equações; método das tentativas; Classificação. Formação de gases Biogeoquímica tóxicos 2ª Série Cálculos químicos Massa atômica Matéria e sua natureza Massa molecular; molar; número de Avogadro e mol (erros de conversão de unidades primárias comuns Ex: desvio da rota da sonda Mars Climate Orbiter, erro da NASA, custo: 125 milhões). Química sintética 267 Estequiometria Estudo quantidades de substâncias Matéria e sua natureza Determinação estequiométrica da quantidade de poluentes despejados pelas indústrias; Cálculo da quantidade de LiOH necessária para absorver o CO2 liberado na respiração de Biogeoquímica astronautas; análise de excessos de reagentes da combustão, explicação do motivo de difícil controle de incêndios florestais. Cálculos de combustão de combustíveis fósseis, determinação de tempo de corrida feito no pit-stop de equipes de F1; Química Sintética rendimento de combustão interna. Leis Ponderais e volumétricas Matéria e sua natureza 268 Soluções Composição das soluções Matéria e sua natureza Dispersão de colóides; transformação de sol a gel; alteração de quantidade ou ações externas. Fagocitose de células, citoplasma passa de sol a gel Biogeoquímica dando movimento e englobando o seu objetivo. Solubilidade (coeficiente) Matéria e sua natureza Meio ambiente; evitar jogar soluções quentes nos rios, o aumento de temperatura dificulta a Biogeoquímica solubilidade de gases, afetando a vida aquática. Fabricação de refrigerantes ao dissolverem CO2 somente sob pressão. Química sintética Concentrações das soluções Matéria e sua Concentração comum natureza Matéria e sua natureza Determinação de excesso de algum íon no sangue, facilita diagnósticos prévios. Biogeoquímica Título em massa e volume (porcentagem em massa e volume). Partes por milhão (ppm) Matéria e sua natureza Matéria e sua natureza Determinação de quantidade de iodeto acrescentado ao sal de cozinha é 0,01 ppm para evitar 269 Propriedades Pressão de vapor Coligativas Matéria e sua natureza Panelas de pressão aceleram cozimentos e desnaturação de proteínas. Tonoscopia Biogeoquímica Matéria e sua natureza Ebulioscopia: Água pura e água saturada de sais; diferenciação de ponto de ebulição (EX: cozimento Biogeoquímica do macarrão). Crioscopia: abaixamento do ponto de solidificação da água saturada de sais Biogeoquímica Pressão osmótica: transfusão sanguínea, soro fisiológico, injeções intravenosas de glicose (sangue 7,38). Biogeoquímica 270 Termoquímica Entalpia; Equações termoquímicas; entalpia de formação. Matéria e sua natureza Função dos alimentos, produzir calor, mantendo temperatura ideal para catálise enzimática e fonte de energia para produção de trabalho; diferenciação da coloração mais avermelhada do Biogeoquímica sangue da população dos trópicos pelo menor consumo de oxigênio pelo corpo. A propulsão de naves espaciais, uso da hidrozina N2H4 liquida cuja entalpia de formação 506kJ/mol; Gasodutos: liberação de CO2 e H2O durante a combustão. Química Sintética 271 Cinética química (velocidades das reações químicas) Teoria das colisões; energia de ativação. Uso do H3C-COOH, ácido acético como antioxidante atuando como inibidor. Matéria e sua natureza Química sintética Velocidade das reações (atuação de efervescentes, cápsulas ou comprimidos como medicamentos, suas velocidades de atuação no Biogeoquímica organismo); cálculo de velocidade de reação. Lei de velocidade (conversores catalíticos dos automóveis, redução de poluição) Equilíbrio Reações reversíveis e irreversíveis Químico (transformações químicas) Química Sintética Matéria e sua natureza Reação da hemoglobina Hb + O2 ↔ HbO2, transporte de oxigênio no organismo. Biogeoquímica Constante de equilíbrio; grau de equilíbrio; deslocamento do equilíbrio. Matéria e sua natureza Alteração do equilíbrio de hemoglobina e oxigênio no sangue devido baixas pressões atmosféricas. Sintomas: náuseas, fadiga, dores de cabeça. Biogeoquímica 272 Produto Iônico da água Matéria e sua natureza pH e pOH (alterações na disposição do organismo na ingestão de alimentos, sonolência e fadiga, alteração devido à Biogeoquímica mudança de pH que se deve manter neutro no sangue). Oxidação – Redução (reação com transferência de elétrons) Conceito; Número de oxidação (NOX). Corrosão e chuvas ácidas Balanceamento de equações oxiredução Eletroquímica Matéria e sua natureza Biogeoquímica Matéria e sua natureza Potencial normal de redução; cálculo do potencial de uma pilha; reações de óxido-redução espontâneas; pilhas comerciais e Biogeoquímica baterias, reciclagem de baterias. 3ª Série Química orgânica Histórico Matéria e sua natureza Estudo do carbono Classificação das Primária, secundária, terciária, cadeias carbônicas quaternária, aberta, fechada, mista, normal, ramificada, homogênea, heterogênea, saturada, insaturada, aromáticas, aliciclicas, mononucleares, Química Sintética Matéria e sua natureza 273 polinucleares, homocíclica, heterocíclica. Funções orgânicas Nomenclatura Hidrocarbonetos Alcanos, Alcenos, Alcinos, Alcadienos, Ciclanos, Ciclenos, Aromáticos. Química Sintética Química Sintética Adulteração da gasolina; pixe, GLP (gás liquefeito do Petróleo), querosene. Matéria e sua natureza Petróleo; gasolina; compostos orgânicos do organismo; combustíveis fósseis. Radicais ou cadeias ramificadas Haletos Orgânicos Biogeoquímica Química Sintética Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética CFC, desinfetantes; Dicloro-difeniltricloroetano DDT. Funções Nomenclatura (oficial e não oficial) Oxigenadas; classificações Biogeoquímica Química Sintética Álcoois. Combustíveis; fermentação; doenças hepáticas; alcoolismo; vinho. Biogeoquímica 274 Fenóis Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Desinfetantes, DDT, indicadores pH. Aldeídos Biogeoquímica Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Formol; conservação de cadáveres; remédio; secreção de aldeídos; Bile. Extração e produção através de formigas. Cetonas Biogeoquímica Matéria e sua natureza Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química sintética Solventes de tintas e vernizes; pólvora sem fumaça; produtos medicinais; sedas artificiais. Ácidos carboxílicos Biogeoquímica Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Corantes de tecidos, germicidas, tratamento de reumatismo com ácido metanóico; AAS (ácido acetil Biogeoquímica salicílico); ácidos graxos. Sais de Ácidos Nomenclatura e classificação Química Sintética Sabão, dissolução de óleos; polaridades entre moléculas. Biogeoquímica 275 Éster Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Aromas, sabores artificiais, Biodiesel, esterificação e transesterificação. Éter Matéria e sua natureza Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Colódio, anestésico local, produtos inflamáveis. Biogeoquímica Reações entre álcoois Matéria e sua natureza Funções Nomenclatura (oficial e não oficial) Nitrogenadas – classificações Corantes, Amônia, compostos da Aminas Amidas vida, alcalóides, drogas, fármacos. Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Biogeoquímica Química Sintética Uréia, ácido úrico, fertilizantes, testes antidoping. Nitrocompostos Biogeoquímica Nomenclatura (oficial e não oficial) classificações Química Sintética Explosivos, TNT, Reações com HNO3. Ácidos Sulfônicos Nomenclatura e Classificação Detergentes; biodegradáveis. Polaridade das moléculas Biogeoquímica Química Sintética Biogeoquímica Matéria e sua natureza 276 Tiocompostos Nomenclatura Química Sintética Tratamento de intoxicação por metais pesados – BAL Organometálicos Nomenclatura Biogeoquímica Química Sintética Clorofila, captação da luz e transformação de energia, reações fotossensíveis. Isômeros – isomeria Isomeria de cadeia; posição; plana função; metameria; tautomeria. Visão – retinal, retinol. Isomeria espacial Geométrica ou cis-trans Cis-retinal e trans-retinal Isomeria óptica Matéria e sua natureza Química Sintética Biogeoquímica Sintética Biogeoquímica Assimétrica; levógiro e dextrógiro; simetria molecular e efeito biológico, aspartame – adoçantes Biogeoquímica doces e amargos. Reações Orgânicas Reação de adição /dupla e a tripla – reação de adição Óleo x Margarina, quebra de insaturações. Halogenação, hidrogenação, halogenidretos, hidratação. Química Sintética Biogeoquímica. Matéria e sua natureza Inseticida – BHC; benzeno hexa clorado, obtido pela halogenação do benzeno. Ressonância Posições das insaturações; Benzeno – kekulé. Biogeoquímica Matéria e sua Natureza 277 Reação de Alcanos: halogenação, nitração, substituição sulfonação; Aromática: alquilação, acilação. Bronzeamento, filtros solares. Efeitos da radiação solar nas reações de substituição Reação do Reação base forte: Williamson, Halogênio nos Grignard; cianetos; amônia; sódio. haletos Substituição da Álcoois, fenóis, ácidos. oxidrila Compostos Glicídios: Glicose, Frutose, orgânicos naturais Sacarose; amido; Celulose; lipídeos; glicerídeos; Aminoácidos; Proteínas; Enzimas. Polímeros Borracha, plásticos, PVC, náilon, garrafas PET. Química Sintética Biogeoquímica Matéria e sua natureza Química Sintética Química Sintética Biogequímica, matéria e sua natureza, química sintética. Biogeoquímica; química sintética, matéria e sua natureza. METODOLOGIA O conteúdo de Química, não deve ser tratado superficialmente. É necessário que seja desenvolvido, que se consiga a construção dos significados dos conceitos científicos da disciplina. A apropriação e a compreensão do conhecimento químico deve acontecer por meio do contato do aluno com o objeto de estudo da Química, numa relação dialógica, onde a aprendizagem dos conceitos químicos aconteça no sentido da organização do conhecimento cientifico. Deve-se usar a experimentação, não somente para ilustrar a teoria e motivar o aluno, mas para que possibilite a compreensão e o questionamento da ciência do seu 278 tempo. Ela favorece a apropriação efetiva do conceito onde a reflexão proveniente das situações que o professor integra o trabalho prático na sua argumentação, é o que realmente tem importância. O professor deve contribuir para que o aluno pense mais criativamente sobre o mundo, reflita sobre as razões dos problemas (exemplos ambientais), devendo-se dessa forma, criar situações de aprendizagem. Deve-se trabalhar a interdisciplinaridade, fazendo-se uso dos conteúdos estruturantes. AVALIAÇÃO A avaliação será processual e formativa, condicionada ao diagnostico e da continuidade do aprendizado. E isto se dará no dia a dia, na própria aula, por meio de interações recíprocas (professor–aluno). Serão diversificadas, através de provas, leituras, produções e interpretações de textos, pesquisas bibliográficas, relatórios de aulas e laboratórios, apresentações de seminários, etc. Os critérios e formas de avaliação devem ficar claro aos alunos, como um direito deles, de acompanhar esse processo. O principal critério de avaliação em química será a formação de conceitos científicos, na perspectiva critica. Dessa forma, nos debates conceituais, o aluno deverá posicionar-se criticamente, articulando o conhecimento químico, às questões sociais, econômicas e políticas, ou seja, a construção coletiva do conhecimento, a partir do ensino, da aprendizagem e da avaliação. REFERÊNCIAS COVRE, Geraldo José. Química Total. São Paulo, 2001. FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química, São Paulo; Moderna, 2001. FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia, Editora Cortez, São Paulo, 1987. PARANÁ. Secretaria da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Química para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, SUED, 2006. RAMANOSKI, Marcelo e JOSEPH, Elias. Química. São Paulo: Atual, 2003. SARDELLA, Antônio. Química Ensino Médio. São Paulo: Editora Ática, 2003. USBERCO, João e SALVADOR Edgar. Química. São Paulo: Saraiva, 2002. 279 PROPOSTA CURRICULAR DA DISCIPLINA DELÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ESPANHOL LÍNGUA ESPANHOLA – Ensino Médio e Curso de CELEM 280 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O ensino de Línguas Estrangeiras no Brasil tem passado por várias mudanças para atender as necessidades sociais atuais e para oportunizar a aprendizagem dos conhecimentos produzidos ao longo da história às novas gerações. No início da colonização houve a preocupação do Estado português em promover a educação para facilitar a dominação e expandir o catolicismo. Assim coube aos jesuítas a função de ensinar o latim aos gentios. Com a chegada da família real ao Brasil, passou a ser valorizado o ensino de línguas. Surgindo então os primeiros professores de Inglês e Francês com o objetivo de melhorar a instrução pública e atender às necessidades do comércio. Esse ensino era voltado para a Abordagem Tradicional privilegiando a escrita e o estudo da gramática. A partir do século XIX, Saussure estabelece a oposição entre “langue” e “parole”, surgindo então elementos possíveis para a análise da língua. Fundamentando assim o estruturalismo. Devido a várias questões sociais, econômicas e políticas, muitos imigrantes vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Essas colônias que se formaram no Brasil, tentavam preservar suas culturas, organizando-se muitas vezes até para manter as escolas de seus filhos, uma vez que o Estado brasileiro não ofertava atendimento escolar a todos. Devido a isso, o currículo era centrado no ensino de língua e da cultura dos ascendentes das crianças. No Paraná, as colônias que prevaleciam eram de italianos, alemães, ucranianos, russos e japoneses, muitas vezes, o ensino da Língua Portuguesa era tido como língua estrangeira. Em 1917, com a concepção nacionalista, a educação passou a ser solidificada valorizando o espírito nacional, assim as escolas estrangeiras ou de imigrantes foram fechadas e então foram criadas primárias sob a responsabilidade dos estados. Neste contexto, em 1931, foi iniciada a reforma do sistema de ensino para encaminhar o país ao crescimento econômico, surgindo assim o Método Direto, vindo de encontro aos novos anseios sociais, impulsionando as habilidades orais. Perdendo aqui a língua materna seu papel de mediadora, e todo o processo passou a ser voltado para o acesso direto da língua, sem intervenção da tradução. Desta forma, o MEC passou a privilegiar, nos currículos oficiais, conteúdos que fortaleciam e valorizavam a identidade nacional. Resultando assim a aversão ao 281 estrangeirismo, onde muitas escolas foram fechadas ou perderam sua autonomia. Com a Reforma Capanema de 1942, o currículo oficial solidifica ideais nacionalistas. Com a divisão do curso secundário em ginasial e colegial, o prestígio das línguas estrangeiras foi mantido apenas no ginásio. Sendo que o MEC era responsável de indicar aos estabelecimentos de ensino o idioma a ser ensinado nas escolas. Pós a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a necessidade de se aprender inglês, quando o ensino ganhou, cada vez mais, espaço no currículo, em detrimento do francês. Nos anos 50, com o desenvolvimento da lingüística, surgiram mudanças significativas quanto aos métodos de ensino. Quando os lingüistas Bloomfield, Fries, Lado, dentre outros, baseados nos estudos da escola Behaviorista, trabalhavam a língua a partir da forma para se chegar ao significado. Surgindo assim os métodos audiovisual e áudio-oral. Com o intuito de formar rapidamente falantes de uma segunda língua. A partir da década de 60, com base na psicologia cognitiva, a validade da teoria Behaviorista passou a ser questionada. Então, sob as idéias de Chomsky (1965), surge a Gramática Gerativa Transformacional que reestruturou a visão da língua e de sua aquisição. Nos anos 70, Piaget desenvolveu a abordagem cognitiva construtivista, na qual a aquisição da língua resulta na interação entre o organismo e o ambiente, através do desenvolvimento da inteligência. Desde a década de 50, o sistema educacional brasileiro era voltado ao mercado de trabalho ( ensino técnico), com o intuito de formar profissionais capazes de trazer mudanças ao país. Acarretando assim a diminuição da carga horária das línguas estrangeiras. A LDB – 4.024 de 1961 – determinou a retirada da obrigatoriedade do ensino de LE. Mesmo assim, a língua inglesa não perdeu a sua valorização devido às demandas do mercado de trabalho. Com a reforma da LDB – através da Lei 5692/71 – houve a desobrigação da inclusão de línguas estrangeiras no currículo de 1º e 2º Graus. Tornando-se, desta forma, o ensino de LE um privilégio das classes abastadas. Em 1976, o ensino da LE volta a ser valorizado desde que em condições favoráveis na escola. Isso fez com que muitas escolas suprimissem a língua estrangeira ou reduzissem seu ensino para uma hora semanal. Ofertando apenas um único idioma. No Paraná, iniciou-se um movimento de professores de LE pelo retorno da 282 pluralidade da oferta de línguas estrangeiras nas escolas públicas. Surgindo assim, a partir de 1986, os Centros de Línguas Estrangeiras Modernas (CELEMS). Com as constantes necessidades de mudanças metodológicas, surgiram novas abordagens, baseadas no conceito de competência comunicativa, englobando as quatro habilidades: leitura, escrita, fala e audição. A partir das idéias de Paulo Freire de 1990, a abordagem comunicativa passou a ser criticada, dando vazão ao campo da pedagogia crítica, com a análise do discurso, onde o foco até então, centrado na gramática, passou para o texto. Em 1996, a LDB – Lei de nº 9.394/96 – determinou a oferta obrigatória de pelo menos uma língua estrangeira moderna, no ensino Fundamental partir da 5ª série, onde a escolha do idioma fica a cargo da comunidade escolar. Já no Ensino Médio, a lei determina a inclusão de uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, também escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. Observando todo o processo histórico do ensino da língua estrangeira, em nosso país, desde a implantação até os dias de hoje, deparamo-nos frente a novos enfoques teóricos, que se interessam pela análise do discurso a partir da perspectiva de interação social. Como afirma Paulo Freire: - “não há cultura nem história imóveis”. Dessa forma, o ensino de LE voltar-se-á para o desenvolvimento dos conteúdos estruturantes, como prática social. Favorecendo, desta forma, o uso da língua nessa perspectiva interativa. Esses conhecimentos de maior amplitude do ponto de vista do processo dialógico, dialogam e relacionam-se continuamente uns com os outros, o que vai possibilitar uma abordagem do discurso na sua totalidade, garantindo assim a compreensão e expressão do aluno, através das seguintes práticas: leitura, escrita, expressão verbas e compreensão auditiva. Recaindo, desta forma, o foco do trabalho dirigido para a necessidade dos sujeitos interagirem ativamente dentro de diferentes formas discursivas. Segundo Figueiredo – “Faz-se necessário que sejam desenvolvidas atividades em sala de aula em que os alunos possam interagir entre si e aprender uns com os outros”, pág. 124, pois estas estruturas de apoio colaborativo desenvolvem o processo dialógico numa circunstância natural e evolutiva. O ensino de Língua Estrangeira não é algo estático, mas transforma-se histórica e socialmente. Desta forma, não deve ser considerada como um conjunto de estruturas 283 sistemáticas do código lingüístico, mas como um processo dinâmico que é construído e organizado de acordo com as percepções de mundo das culturas e sociedades envolvidas. O objeto da língua estrangeira é a língua como processo discursivo, envolvendo cultura, ideologia, sujeito e identidade. Na proposta pedagógica curricular, construída segundo Bakhtin, o discurso é construído a partir da interação e em função do outro. De acordo com esta visão, a língua estrangeira serve como instrumento para ampliar as formas de conhecer outros meios de construção da realidade. Assim, sendo a língua considerada como discurso, transmite significados e não apenas os constrói. Neste enfoque, língua e cultura são vistas como variantes de grupos e contextos específicos. Na concretização do discurso são passadas cargas ideológicas repletas de significados culturais. Desta forma, conclui-se que, a língua estrangeira pode favorecer a construção das identidades dos alunos e as ligações entre a comunidade local e planetária. Com base nessas considerações, entende-se que o objetivo do ensino de língua estrangeira não é somente o lingüístico, mas também ensinar e aprender formas de perceber o mundo e construir sentidos e identidade. Tal construção acontecerá nas interações entre professores e alunos, na análise das questões globais, desenvolvendo uma consciência crítica sobre o papel das línguas na sociedade. Trata-se do envolvimento do aluno em situações significativas de comunicação, produções verbais e não verbais, ou seja, o indivíduo como participante do processo de construção da língua como discurso. CONTEÚDOS O conteúdo estruturante no ensino de língua estrangeira é o discurso como prática social e efetiva-se a partir da leitura, escrita e oralidade. Na prática da leitura, o aluno entrará em contato com diferentes gêneros textuais. O professor deverá providenciar meios para que o aluno olhe o texto de forma crítica, analisando-o e comparando-o com acontecimentos do meio em que vive e interagir com o mesmo. Na prática da escrita o aluno deverá saber o que é significativo para a adequação ao gênero: a forma, a intenção de quem escreve prevendo a reação de quem lê. Na prática da oralidade são fundamentais o desenvolvimento da expressão oral e a compreensão de enunciados orais. Para que isso ocorra efetivamente, é necessário que o aluno esteja envolvido em atividades que exijam sua participação ativa, respondendo a perguntas 284 significativas e dando opiniões, expressando sua visão como sujeito ativo e social. Os conteúdos específicos serão desdobrados a partir do conteúdo estruturante com referência de diferentes discursivos, contemplando uma análise dialógica dos elementos do texto, sendo observada e respeitada a diversidade textual, bem como o princípio da continuidade. A seleção de textos não será feita levando-se em conta apenas os objetivos lingüísticos, mas sim, com fins educativos, contemplando as necessidades e os interesses dos alunos, possibilitando, desta forma, relações coletivas e individuais na construção do conhecimento. O texto, desta forma, será uma unidade de comunicação verbal que, pode tanto ser escrita, oral ou visual, como ponto de partida da aula de língua estrangeira. Tendo em vista a concepção discursiva da língua, não segmentada em habilidades, consideram-se que tais práticas não se separam em situações concretas de comunicação e, logicamente, naquelas efetivadas em sala de aula. Os conceitos propostos poderão ser trabalhados em todas as séries, devendo-se apenas observar o nível e maturidade, bem como, os conhecimentos de mundo dos alunos e a necessidade de aprofundamento em determinados temas ou assuntos. • Prática da leitura: gêneros textuais sugeridos a serem trabalhados: diálogos, histórias em quadrinhos, músicas, cartas de apresentação pessoal, poesias, receitas, propagandas, contos, textos informativos ( cultura, temas transversais e sociais), entrevistas, notícias, autobiografias e biografias, sinopses de filmes, previsões meteorológicas e astrológicas, bilhetes, mensagens. • Prática da escrita: a habilidade de produzir textos dar-se-á com a elaboração de apresentações pessoais; perguntar e informar em situações básicas de comunicação; descrever previsões; elaborar narrações de sua vida pessoal; expressar opiniões nas compreensão de textos literários e informativos; produzir descrições físicas e sociais; textos publicitários sobre alimentos; resumos de histórias; elaborar bilhetes para comunicação em sala de aula; relacionar a linguagem verbal e nõ-verbal para o ampliar o conhecimento. Enfim, a produção escrita será efetivada a partir de discussões e observação de gêneros textuais diversos, dependendo da situação. • Prática da oralidade: busca-se proporcionar apresentações em sala de aula através de textos lidos para demonstrar a produção feita pelos alunos através de diálogos, notícias, previsões, trava-línguas, cartões postais, opiniões. • Identificação de diferentes gêneros textuais, informativos, narrativos, descritivos, 285 poesias, tiras humorísticas, correspondência, receitas, bula de remédios, manuais, folders, outdoors, placas de sinalização, etc. • Identificação de elementos coesivos e marcadores do discurso como responsáveis pela progressão textual, encadeamento das idéias e coerência do texto. • Reconhecimento de variedades lingüísticas: diferentes registros e graus de formalidade. • Identificação da idéia principal dos textos (skimming). • Identificação de idéias específicas em textos (scanning). • Identificação de informações expressas em diferentes formas de linguagem ( verbal e não-verbal). • Interferência de significados a partir de um contexto. • Trabalho com cognatos/falsos cognatos, afixos, grupos nominais. • Textos (escritos, orais, visuais, dentre outros). • Os conhecimentos lingüísticos poderão estar presentes em qualquer momento do processo de aprendizagem independente de série, desde que seja respeitado o critério de continuidade, necessidade e aprofundamento dialógico. • Reconhecer a diversidade cultural: interna e externa, ou seja, entre comunidades de língua estrangeira e/ou as de língua materna e, ainda, dentro de uma mesma comunidade. ( Cultura afro-brasileira) Alem dos conteúdos basicos serão contemplados em momentos oportunos os Desafios Educacionais Contemporaneos e as Diversidades Prevencao ao uso indevido de drogas. Enfrentamento a violência na escola. Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Cidadania e Educação Fiscal. Educação Ambiental. Educação das Relações Étnico Raciais e Afro Descendência. Gênero e Diversidade Sexual. Observação: Os conteúdos não foram divididos por série, pois os gêneros textuais poderão repetir-se em todas as séries. No entanto, é preciso levar-se em conta o critério da continuidade, ou seja, a progressão entre as séries, considerando os meios para o ensino da língua inglesa, tais como condições de trabalho, projetopolítico pedagógico, o intercâmbio com outras disciplinas e o perfil do aluno. 286 METODOLOGIA O Ensino de língua estrangeira, na escola, tem um papel importante à medida que permite aos alunos entrarem em contato com outras culturas, assim promovendo o interesse deles pelo idioma. Assim, é fundamental que o professor desenvolva com os alunos um trabalho que lhes possibilite confiar na própria capacidade de aprender, dentro de uma atmosfera de interação, motivação e afetividade. E que os temas abordados os leve a desenvolver as quatro habilidades. O professor deve utilizar todos os materiais disponíveis, tais como: livros, figuras, áudios, vídeos, revistas, a fim de desenvolver processos que venham contribuir para um contexto interativo, visando atividades em grupo ou atividades individuais que venham contribuir para desenvolver o processo dialógico do conhecimento. A gramática, assim, deve ser reconhecida como um elemento de ligação entre fenômenos que se interpenetram, dando conta da interação que ocorre entre os discursos e também entre os fatores psicológicos e sociais, levando o aluno a refletir sobre o processo, devendo o conhecimento do mundo interagir com provável falta de competência lexical, compensando este. Pois, segundo Benites (11) – “Todo discurso se constrói pela relação com os outros, que dessa forma, se estabelecem com seu exterior constitutivo”, sem levar-se em conta análises desconectadas de elementos gramaticais, extrapolando o domínio lingüístico que o aluno possa vir a ter através da diversidade cultural apresentada. Na seleção de textos, não serão levados em conta os objetivos lingüísticos, mas sim, os fins educativos, contemplando as necessidades e os interesses dos alunos. Possibilitando, desta forma, relações coletivas e individuais na construção do conhecimento. O texto, desta forma, será uma unidade de comunicação verbal que, tanto pode ser escrita, oral ou visual, como ponto de partida da aula de língua estrangeira. Ao interagir com textos provenientes de vários gêneros, o aluno perceberá que as formas lingüísticas não são sempre idênticas, não assumem sempre o mesmo significado, mas são flexíveis e variam, dependendo do contexto e da situação em que a prática social do uso da linguagem ocorre. Esse processo de aprendizagem e interação envolve, deste modo, um tipo de negociação constante, observando: 287 O conhecimento de mundo dos envolvidos. Sua interação com os elementos do processo. Fatores que envolvem o processo em si. Buscando assim, intrínseca relação entre a LE e a pedagogia crítica, num contexto global educativo em que a sala de aula passa a ser um espaço de produção de discurso marcado de significação que levem as reflexões e que observem que os seus discursos cruzam-se e se fundem com muitos outros. Algumas atividades podem ser realizadas na efetivação do processo: comparação de um texto com outro; interpretação de textos a partir das reflexões em sala de aula; leitura de textos autênticos (textos dos países que falam a língua estudada); análise de textos sobre o mesmo assunto escritos na língua materna e na língua estrangeira. Serão utilizados todos os materiais disponíveis na escola, tais como livros,figuras,áudios, vídeos,revistas,tv,multimídia,tv pendrive,etc. Tomando por base que o aluno é parte integrante do processo e deve ser considerado como agente ativo, a aprendizagem se concretizará através de atividades significativas e de seu interesse, respeitando sua faixa etária e seu desenvolvimento físico-intelectual, bem como sua individualidade, suas limitações e habilidades, o nível em que está inserido, variando assim a complexidade e aprofundamento de conteúdo. Assim, o professor deve buscar constante atualização, para ser capaz de provocar mudanças necessárias no processo e adequá-las à sua realidade. Proporcionando subsídios, para que os alunos sejam capazes de inferir e colaborar com o processo, para partilhar com estratégias de aprendizagem, Conforme Vigotski (1998) - “a interação, o diálogo é a chave para o desenvolvimento cognitivo”. AVALIAÇÃO A avaliação está profundamente relacionada com o processo de ensino e, portanto, deve ser entendida como mais um momento em que o aluno aprende. A relevância e adequação de um conteúdo estão atrelados a diversos fatores, entre eles as características psicossociais dos alunos, seu grau de desenvolvimento intelectual, a aplicabilidade dos objetos de conhecimentos ensinados, a capacidade do aluno estabelecer relações entre os conteúdos, as necessidades de seu dia-a-dia e o contexto 288 cultural dos alunos. Para que um processo de aprendizagem seja efetivo, ele deve contemplar a avaliação diagnóstica, contínua, formativa e reflexiva. O registro e observação do desempenho do aluno devem ser feitos de forma contínua e reflexiva, tem em vista as aprendizagens previstas. Ressalte-se a necessidade de um envolvimento por parte de toda a comunidade escolar, sendo que o professor avaliará o desempenho do aluno – seu progresso – e verificará se a sua metodologia está sendo adequada. Enquanto isso, o aluno, necessita saber como está progredindo – como está sua evolução cultural – e sua aquisição de conhecimentos. Os pais também devem estar envolvidos no processo, já que se trata da educação de seus filhos. E devem acompanhar os degraus avançados e as dificuldades apresentadas por eles na escola. E, finalmente, a sociedade, esta a quem a educação deve comprovar a sua eficiência no papel de sujeito crítico e participativo no meio que o cerca. A língua, avaliada oralmente ou por escrito, permite-nos observar as limitações e os avanços dos aprendizes, bem como o reflexo do ambiente sócio-cultural, no qual estão envolvidos. As práticas – escrita, leitura e oralidade – realizam a abordagem do discurso em sua totalidade, enquanto interagem entre si, constituindo uma prática sócio-cultural. Os critérios, utilizados na avaliação, deverão ser flexíveis, levando em conta a progressão de desempenho de cada aluno, as características particulares da classe em que o aluno se encontra e as condições em que o processo de ensino e aprendizagem se concretize. A nota é um registro formal, sendo importante o professor considerar todo o processo avaliativo, desde o desenvolvimento do trabalho até o esforço para sua efetivação, observando os critérios pré-estabelecidos pelo professor. Alguns instrumentos de avaliação – exercícios individuais e em grupos, testes, relatórios, pesquisas, leitura, produção de textos curtos, representações, participação efetiva do aluno, etc... Sendo ofertada a recuperação paralela e concomitante, como mais uma oportunidade para rever o conteúdo. Ao avaliar o professor deve ter em mente os objetivos a serem alcançados, observando se o aluno foi envolvido na construção do conhecimento como agente ativo e crítico, transformador da realidade. 289 REFERÊNCIAS COLÉGIO ESTADUAL ADILES. Projeto político-pedagógico. União da Vitória: CEAB, 2010. COLEGIO ESTADUAL ADILES. Regimento Escolar. União da Vitória. CEAB, 2010. FREIRE, P. Pedagogia da Indignação. São Paulo. Editora Unesp, 2000. LEFFA,V. (org.) A interação na aprendizagem das línguas. Pelotas – R.S.EDUCAT Editora da Universidade Católica de Pelotas, 2006. SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCACÃO. Diretrizes curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná: língua estrangeira moderna. Curitiba, 2006.