Dissertacao Rafael Diego Barbosa Soares - SIGAA

Transcrição

Dissertacao Rafael Diego Barbosa Soares - SIGAA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
MESTRADO
COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E
ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA.
Rafael Diego Barbosa Soares
Dissertação de Mestrado
São Luís
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
MESTRADO
COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E
ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA.
Rafael Diego Barbosa Soares
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós- Graduação em Sustentabilidade de
Ecossistemas - UFMA, como prérequisito à obtenção do título de Mestre
em Sustentabilidade de Ecossistemas.
Orientador: Dr. Marco Valério Jansen Cutrim
Agência Financiadora: FAPEMA
São Luís
2013
Soares, Rafael Diego Barbosa.
Comunidade ictioplanctônica da bacia hidrográfica do rio
Bacanga, com ênfase nas características ambientais e econômicas,
São Luís - MA – Rafael Diego Barbosa Soares. – São Luís, 2013.
124 folhas
Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas) –
Universidade Federal do Maranhão, 2013.
1. Bacia hidrográfica do rio Bacanga 2.Comunidade
Ictioplanctônica 3.Comunidade Ictiofaunística I. Titulo
CDU 556.51 (812.1)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
MESTRADO
DEFESA DE DISSERTAÇÃO
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: “COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E
ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA”.
AUTOR: RAFAEL DIEGO BARBOSA SOARES
ORIENTADOR: PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM
Aprovado pela Banca Examinadora:
___________________________________________________
PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM
____________________________________________________
PROF. DRA. PAULA CILENE ALVES DA SILVEIRA
______________________________________________________________________
PROF. DRA. ANDREA CHRISTINA GOMES DE AZEVEDO CUTRIM
Data de realização: 26/04/2013
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais (José Maria Rodrigues Soares e Vânia Maria Barbosa
Melo Soares), pelo apoio em todos os momentos difíceis.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, a Jesus Cristo, por ter proporcionado essa conquista em minha vida;
Ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas, PPGSE, pela
oportunidade de realização do trabalho em minha área de pesquisa;
Ao meu orientador profº. Dr. Marco Valério Jansen Cutrim e a profª Dra. Paula Cilene Alves
da Silveira por terem dado todo o suporte no processo da pesquisa;
A todos os professores, demais funcionários e colegas envolvidos com o Mestrado em
Sustentabilidade de Ecossistemas da UFMA, em especial ao coordenador do curso profº Dr.
Ricardo Barbieri, pelo constante acompanhamento em todas as atividades;
À oceanógrafa Delzenira da UFMA, que muito colaborou na identificação do ictioplâncton;
À
Mestre
Josinete
Sampaio
Monteles
da
UFPA
e
aos
professores:
Dr.
Nivaldo Magalhães Piorski e Dr. Antônio Carlos Leal de Castro pela ajuda nas análises
estatísticas
Aos pescadores entrevistados que forneceram dados valiosos sobre os peixes pescados na
bacia do rio Bacanga;
A todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente com o meu sucesso;
À Fundação de Amparo à Pesquisa e desenvolvimento científico do Maranhão - FAPEMA,
pela bolsa de estudo concedida.
“Feliz é o homem que acha sabedoria e
o homem que adquire conhecimento,
porque melhor é o lucro que ela dá do
que a prata, e melhor a sua renda do
que o ouro mais fino. Mais preciosa do
que pérolas, e tudo o que pode desejar
não é comparável a ela”.
Provérbios 3:13-14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 17
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 20
2.1 Geral ................................................................................................................................ 20
2.2 Específicos ...................................................................................................................... 20
3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 21
3.1 A Bacia Hidrográfica do rio Bacanga ............................................................................. 21
3.2 Ictioplâncton ................................................................................................................... 23
3.3 A Gestão dos Recursos Pesqueiros ................................................................................. 27
3.4 Comunidades de peixes da bacia hidrográfica do rio Bacanga....................................... 28
4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 30
4.1. Caracterização da Área de Estudo ................................................................................. 30
4.2 Materiais e Métodos ........................................................................................................ 33
4.2.1 Pesquisa de campo e laboratório .............................................................................. 33
4.2.1.1 Precipitação Pluviométrica ............................................................................... 33
4.2.1.2 Variáveis físico-químicas da água .................................................................... 33
4.2.1.3 Análise do Material Biológico .......................................................................... 36
4.2.1.3.1 Coleta e identificação do Ictioplâncton ..................................................... 36
4.2.1.3.2 Coleta e identificação da Ictiofauna .......................................................... 37
4.2.1.4 Entrevista com os pescadores ........................................................................... 38
4.2.1.5 Tratamento numérico dos dados ....................................................................... 39
4.2.1.5.1 Abundância relativa (%) ............................................................................ 39
4.2.1.5.2 Frequência de ocorrência ........................................................................... 39
4.2.1.5.3 Densidade .................................................................................................. 40
4.2.1.5.4 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza ....................................... 41
4.2.1.6 Tratamento estatístico dos dados ...................................................................... 42
4.2.1.6.1 Análise de Agrupamento ........................................................................... 42
4.2.1.6.2 Análise dos Componentes Principais (ACP) ............................................. 42
4.2.1.6.3 Análise de Variância (ANOVA) ............................................................... 43
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 44
5.1 Dados climatológicos ...................................................................................................... 44
5.1.1 Precipitação pluviométrica ....................................................................................... 44
5.2 Variáveis Físicas e Químicas .......................................................................................... 45
5.2.1 Variáveis Físicas ...................................................................................................... 45
5.2.1.1 Salinidade da água ............................................................................................ 45
5.2.1.2 Temperatura da água ........................................................................................ 46
5.2.1.3 Profundidade e Transparência da água (cm) .................................................... 47
5.2.1.4 Sólidos Totais Dissolvidos e Turbidez ............................................................. 48
5.2.3 Variáveis Químicas .................................................................................................. 49
5.2.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH) ......................................................................... 49
5.2.3.2 Oxigênio dissolvido (mg.L-1) ........................................................................... 50
5.2.3.3 Sais Nutrientes .................................................................................................. 53
5.2.3.3.1 Nitrato ........................................................................................................ 53
5.2.3.3.2 Nitrito ........................................................................................................ 54
5.2.3.3.3 Amônia ...................................................................................................... 55
5.3 Variáveis Biológicas ....................................................................................................... 57
5.3.1 Ictioplâncton ............................................................................................................. 57
5.3.1.1 Composição ictioplanctônica ................................................................................ 57
5.3.1.2 Abundância Relativa do Ictioplâncton .................................................................. 58
5.3.1.3 Frequência de ocorrência do ictioplâncton............................................................ 60
5.3.1.4 Densidade (org.100 m-3) do ictioplâncton ............................................................. 61
5.3.1.4.1 Densidade de Larvas de peixe ............................................................................ 61
5.3.1.4.1.1 Padrões de Distribuição das larvas de peixe ................................................... 64
5.3.1.4.2 Densidade de ovos de peixe ............................................................................... 64
5.3.1.5 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza. .................................................. 66
5.3.1.6 Análise Estatística ................................................................................................. 67
5.3.1.6.1 Análise de Variância Simples (ANOVA) .......................................................... 67
5.3.1.6.2 Análises de Agrupamentos. ........................................................................... 67
5.3.1.6.2.1 Associação das Amostras ....................................................................... 67
5.3.1.6.2.2 Associação dos Táxons........................................................................... 69
5.3.1.6.3 Análise dos Componentes Principais (ACP) ................................................. 70
5.3.2 Ictiofauna ................................................................................................................. 75
5.3.2.1 Composição Ictiofaunística ................................................................................... 75
5.3.7.1 Padrões de distribuição da ictiofauna ............................................................... 77
5.3.2.2 Frequência de ocorrência da ictiofauna ................................................................. 78
5.4 Relação entre a comunidade ictioplanctônica e a ictiofaunística................................... 81
5.5 Avaliações dos aspectos sociais, econômicos e ambientais............................................ 83
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Pontos de coleta das variáveis físico-químicas e biológicas na bacia hidrográfica
do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013..................................................... 34
Tabela 2. Composição taxonômica das larvas de peixes na bacia hidrográfica do rio
Bacanga (segundo NELSON, 2006). ..................................................................... 57
Tabela 3. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos da
bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013....................... 70
Tabela 4. Composição taxonômica da ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga
(segundo NELSON, 2006)..................................................................................... 75
Tabela 5. Frequência absoluta e relativa (%) do número (N) de espécies de peixes na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, no período de estiagem e chuvoso. ......................... 79
Tabela 6. Número de indivíduos e participação relativa por família, na bacia hidrográfica
do rio Bacanga, no período de chuvoso e de estiagem. ......................................... 78
Tabela 7. Comparação entre as larvas de peixes capturadas e os peixes adultos encontrados
na região e os comercializados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................. 82
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do rio Bacanga, Ilha de São Luís/MA. ............... 30
Figura 2. Localização das sub-bacias e pontos de coleta da bacia do rio Bacanga, São
Luís/MA. .................................................................................................................. 32
Figura 3. Localização dos pontos de coletas ao longo da bacia rio Bacanga, São Luís/MA. .. 35
Figura 4. Locais de coleta das variáveis físico-químicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
B1. Barragem; B2. Rio das Bicas; B3. Igarapé Jambeiro; B4. Igarapé do Coelho;
B5. Igarapé do Mamão; B6. Rio Gapara. ................................................................. 35
Figura 5. Rede de plâncton acoplada com o fluxômetro, utilizada na coleta de amostras de
ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................ 36
Figura 6. Quantificação e identificação do ictioplâncton sob o microscópio estereoscópio
binocular da marca Zeiss Stemi 2000-C. ................................................................. 37
Figura 7. Pescadores realizando coleta do material ictiológico na bacia hidrográfica do rio
Bacanga. ................................................................................................................... 38
Figura 8. Total de chuvas (abr./12 a fev./13) e média histórica mensal de chuvas (2002-2012)
em São Luís - MA. ................................................................................................... 44
Figura 9. Variação da salinidade relacionada com precipitação pluviométrica (mm) na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das
Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara. ..................................................................................................................... 45
Figura 10. Variação da temperatura da água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de
abr./2012 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro,
(4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .................................... 46
Figura 11. Variação da transparência da água relacionada com a profundidade na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio
das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara. ..................................................................................................................... 47
Figura 12. Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos - TDS na água e turbidez (NTU) na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão,
(6) rio Gapara. .......................................................................................................... 49
Figura 13. Variação do pH e enquadramento na resolução nº 357 do CONAMA na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das
Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara. ..................................................................................................................... 50
Figura 14. Variação dos valores de oxigênio dissolvido na água na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas,
(3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. . 51
Figura 15. Variação dos teores de nitrato na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a
fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 53
Figura 16. Variação dos teores de nitrito na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a
fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 54
Figura 17. Variação dos teores de amônia na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012
a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 56
Figura 18. Composição percentual do ictioplâncton total na bacia hidrográfica do rio Bacanga,
de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................................................................ 58
Figura 19. Variação sazonal e distribuição espacial da abundância relativa das larvas na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................. 59
Figura 20. Frequência de ocorrência das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................................................ 61
Figura 21. Variação espaço-temporal da densidade ictioplanctônica (org.100m-3) na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão,
(6) rio Gapara. .......................................................................................................... 62
Figura 22. Distribuição temporal das densidades (ind.100m-3) das espécies de ictioplâncton na
bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1)
Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé
do Mamão, (6) rio Gapara. ....................................................................................... 63
Figura 23. Variação sazonal da densidade de larvas (org.100m-3) e salinidade na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão,
(6) rio Gapara. .......................................................................................................... 63
Figura 24. Variação espaço-temporal da densidade de ovos (ovos.100m-3) na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão,
(6) rio Gapara. .......................................................................................................... 65
Figura 25. Variação sazonal da densidade de ovos (ovos.100m-3) e salinidade na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão,
(6) rio Gapara. .......................................................................................................... 65
Figura 26. Índices de diversidade específica (bits.ind-1), equitabilidade e riqueza do
ictioplâncton, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho,
(5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .................................................................... 67
Figura 27. Associação dos pontos e meses de coleta do ictioplâncton na bacia hidrográfica do
rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (B1) Barragem, (B2) rio das
Bicas, (B3) Igarapé Jambeiro, (B4) Igarapé Coelho, (B5) Igarapé do Mamão, (B6)
rio Gapara. ................................................................................................................ 68
Figura 28. Associação dos táxons de larvas de peixe encontradas na bacia hidrográfica do rio
Bacanga. ................................................................................................................... 69
Figura 29. Análise dos Componentes Principais dos dados físico-químicos e biológicos da
bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS)
Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp)
Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial
Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de
ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das
Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6); Meses:
(Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). 71
Figura 30. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos,
relacionados com a densidade ovos de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga,
de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal)
Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez,
(Nitri)
Nitrito,
(Amô)
Amônia,
(pH)
Potencial
Hidrogeniônico,
(Prof)
Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade
de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé
Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab)
abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). ......... 72
Figura 31. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos,
relacionados com a densidade larvas de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga,
de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal)
Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez,
(Nitri)
Nitrito,
(Amô)
Amônia,
(pH)
Potencial
Hidrogeniônico,
(Prof)
Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade
de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé
Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab)
abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). ......... 73
Figura 32. Faixa etária dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. .. 84
Figura 33. Ocupação dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ..... 84
Figura 34. Tempo que os pescadores exercem a sua atividade na bacia hidrográfica do rio
Bacanga. ................................................................................................................... 85
Figura 35. Ordenamento de pesca utilizado pelos pescadores entrevistados na bacia
hidrográfica do rio Bacanga. .................................................................................... 85
Figura 36. Peixes mais pescados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................. 85
Figura 37. Quantidade de pescado/dia de pescaria na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ...... 86
Figura 38. Destino do pescado na bacia hidrográfica do rio Bacanga. .................................... 86
Figura 39. Pescados vendidos por um maior preço na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ..... 87
Figura 40. Pesca piorou nos últimos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................... 87
Figura 41. O que aconteceu com os peixes ao longo dos anos na bacia hidrográfica do rio
Bacanga. ................................................................................................................... 88
LISTA DE SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira Normas Técnicas
ACP – Análise dos Componentes Principais
ANOVA – Análise de Variância
APHA - American Public Health Association
BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
FAO – United Nations Food and Agriculture
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
LABOHIDRO – Laboratório de Hidrobiologia
MPA – Ministério da Pesca e Agricultura
PPGSE – Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas
SMEWW – Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE – Superintendência do desenvolvimento do Nordeste
SUDEPE – Superintendência do desenvolvimento da Pesca
UFMA – Universidade Federal do Maranhão
ZEE – Zona Econômica Exclusiva
Estudo da comunidade ictioplanctônica, com ênfase nas características ambientais e
econômicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, em São Luís - MA
Resumo. Com o intuito de contribuir para o conhecimento do potencial pesqueiro da região
da bacia hidrográfica do rio Bacanga, estudos sobre o ictioplâncton foram desenvolvidos,
visando avaliar sazonalmente a comunidade ictioplanctônica e ictiofaunística sob a óptica das
dimensões ambientais e econômicas. A área estudada tem estado sujeita a uma gama de
alterações ambientais, devido à intensa urbanização. Foram estabelecidos seis pontos de
coleta ao longo da bacia obedecendo à sazonalidade. Foram realizadas medidas de salinidade,
pH, temperatura, oxigênio dissolvido, transparência e profundidade da água, sólidos totais
dissolvidos, turbidez e nutrientes (nitrato, nitrito e amônia). As amostras de ictioplâncton
foram coletadas com rede de plâncton cônico-cilíndrica com abertura de malha de 300 µm,
com arrasto de três minutos. As coletas da ictiofauna foram feitas por pescadores da área em
dois períodos (chuvoso e estiagem) nos mesmos pontos onde foram coletadas as amostras de
ictioplâncton. A comunidade ictioplanctônica esteve representada por 9 espécies, pertencentes
a 7 famílias. As espécies Anchoa sp. Anchoviella lepidentostole e Mugil curema, se
destacaram na área estudada. As famílias de larvas de peixes da bacia em estudo apresentam
um padrão espacial de influência marinha, que são determinados pela salinidade, com altas
densidades nas áreas próximas à foz do rio, funcionando como um berçário para algumas
espécies de peixes marinhos, principalmente da família Engraulidae. A composição
taxonômica da ictiofauna esteve representada por 20 espécies e 14 famílias, destacando-se os
indivíduos pertencentes às famílias Gerreidae e Engraulidae. Comparando as larvas de peixe
capturadas na bacia em estudo com a ictiofauna encontrada na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, verifica-se que a área exerce um papel de “berçário” de uma fauna íctia importante
para a pesca artesanal. Constatou-se que a bacia em estudo apesar de afetada pela poluição, é
considerada importante do ponto de vista social e econômico, promovendo o sustento da
população a partir da pesca, sendo também utilizada por várias espécies importantes como
área de desova. Esses dados, aliados a estudos das áreas de desova dos peixes costeiros, são
fundamentais para a implantação de medidas de gestão sustentável das espécies endêmicas e
das que utilizam a bacia como ambiente para reprodução.
Palavras-chaves: bacia hidrográfica do rio Bacanga; comunidade ictioplanctônica;
comunidade ictiofaunística.
Ichthyoplankton study community, with emphasis on environmental and economic
characteristics in the river basin Bacanga in São Luís - MA
Abstract. In order to contribute to the knowledge of the fishing potential of the region's river
basin Bacanga, ichthyoplankton studies were carried out to evaluate the community
seasonally ichthyoplanktonic and ichthyofaunistic from the perspective of environmental and
economic dimensions. The study area has been subject to a range of environmental changes
due to intense urbanization. We established six sampling along the basin obeying seasonality.
Measurements were made of salinity, pH, temperature, dissolved oxygen, transparency and
water depth, total dissolved solids, turbidity and nutrients (nitrate, nitrite and ammonia).
Ichthyoplankton samples were collected with a plankton net conical-cylindrical with an
aperture of 300 microns with trailing three minutes. The samples collected from the
ichthyofauna were made by fishermen in the area in two periods (wet and dry) in the same
spots where the samples were collected from ichthyoplankton. The community
ichthyoplankton was represented by 9 species belonging to 7 families. The species Anchoa sp.
Anchoviella lepidentostole and Mugil curema, stood out in the study area. The families of fish
larvae in the basin study show a spatial pattern of marine influence, which are determined by
salinity, with high densities in areas near the mouth of the river, working as a nursery for
several species of marine fish, mainly family Engraulidae . The taxonomic composition of
ichthyofauna, was represented by 20 species and 14 families, especially those belonging to
individuals and families Gerreidae Engraulidae. Comparing the larvae of fish captured in the
basin under study with the fish fauna found in the region, it appears that the area plays a role
of "nursery" of a fauna íctia important for artisanal fisheries. It was found that although the
study watershed affected by pollution, is considered important in terms of social and
economic development, promoting the livelihoods of the people from the fishing and is also
used by many species as important spawning area. These data, together with studies of
spawning areas of coastal fish, are essential to the implementation of measures for sustainable
management of endemic species and using the bowl as environment for reproduction.
Keywords: River basin Bacanga; ichthyoplanktonic community; ichthyofaunistic community.
17
1. INTRODUÇÃO
Os primeiros estudos sobre migração, idade e maturação dos recursos
pesqueiros foram iniciados no Mar do Norte no final do século XIX com arenque, bacalhau e
linguado, que eram as principais espécies consumidas pelos europeus (CASTELLO, 2007).
Estes recursos são de grande importância para a humanidade e estão entre os
alimentos que fazem parte da dieta, principalmente das populações que vivem nas regiões
costeiras do Brasil. Ao longo da história, foram ganhando grande valor econômico e sendo
retirados da natureza em grande escala, o que tornou relevante conhecer a composição das
fases do seu ciclo de vida.
Dentre as fases de grande importância do ciclo de vida dos peixes, a que
apresenta comportamento planctônico é a mais importante, sendo denominada ictioplâncton.
Esta é representada pelo conjunto de ovos e larvas de peixes, cujo seu sucesso influenciará
diretamente no estoque dos adultos (BORGES et al.,2003).
Esta fase é utilizada no estudo da biologia reprodutiva dos peixes e sua
sincronia temporal, bem como a relação destes com outros fatores ambientais. O seu
desenvolvimento ocorre geralmente de forma bastante acelerada, sendo que a abundância
desta é quase sempre considerada como um indicador da existência de desovas, permitindo
inferir sobre épocas, locais e estratégias para a reprodução (BORGES et al., 2003).
A variabilidade de fatores bióticos e abióticos é fundamental para esta fase,
influenciando na sua distribuição espaço-temporal em zonas costeiras. Os fatores bióticos de
extrema importância nas populações de peixes são: competição entre os indivíduos,
abundância sazonal de adultos e estratégias reprodutivas, pois os peixes desovam em áreas
que possam garantir a disponibilidade de alimentos (CUNNINGHAM et al., 2005).
Dentre os fatores abióticos de grande relevância para a comunidade
ictioplanctônica, destacam-se aqueles que se relacionam diretamente com a qualidade da
água, como: temperatura, oxigênio dissolvido, salinidade e nutrientes. Outros fatores tais
como as correntes, ventos, turbulência e/ou estratificação da coluna d’água, podem também
interferir no processo reprodutivo dos peixes. A influência destes elementos é fundamental
18
para o ictioplâncton, devido a estes indivíduos possuírem uma alta sensibilidade às variações
do meio (RÉ, 1999).
Esses fatores apresentam grandes variações em ambientes estuarinos (DAY et
al., 1989; LAGLER et al., 1977; QUEIROZ, 2005), que são considerados áreas tampão entre
o mar e os rios (CAMARGO e ISAAC, 2003), e são importantes para esses organismos, pois
funcionam como berçário para as larvas de várias espécies, apresentando em sua camada
superficial uma alta abundância, o que torna esse ambiente um ótimo local para estudos do
ictioplâncton (HEMPEL e WEIKERT, 1972).
Estas regiões são caracterizadas pela maior disponibilidade de alimentos, baixa
abundância de predadores, além dos padrões de circulação que favorecem a retenção dos
estágios ictioplanctônicos (DOYLE et. al 1993; LEIS, 1993 CASTILLO et al., 1991; FRANK
e LEGGETT, 1983).
Os ambientes estuarinos favorecem também as populações humanas costeiras,
que utilizam os recursos oferecidos, através de atividades como pesca tradicional e a coleta
extrativista da fauna e da flora (FURTADO et al., 2006). A maioria das grandes cidades está
situada margeando áreas estuarinas, que são importantes devido ao crescimento econômico e
populacional que ocorrerem em torno delas (MELO, 2009).
A cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, está inserida neste
aspecto, ocorrendo um processo de crescimento sem planejamento da população urbana,
ocasionando o declínio da qualidade ambiental (MARTINS, 2008).
Nas áreas urbanizadas da cidade, está inserida a bacia hidrográfica do rio
Bacanga, que apresenta uma grande importância, devido à sua localização e utilização como
fonte de suprimento de água potável e outros recursos para a população (MARTINS, 2008).
Nesta bacia é observada a ocupação das margens de maneira irregular, que depois vieram
constituir bairros sem nenhuma infraestrutura e pessoas vivendo sem as condições mínimas de
higiene (RHAMA, 2008).
As alterações na dinâmica dos elementos físicos, químicos, biológicas e
antrópicos estão refletidas diretamente nos corpos d´água, provocando modificações na
estrutura e nas interações da biota nesse ambiente, afetando diretamente a comunidade
ictioplanctônica e consequentemente a ictiofauna da região.
19
Até o presente momento, nenhum trabalho foi desenvolvido na bacia do rio
Bacanga para a identificação e avaliação da assembleia ictioplanctônica. Diante disso, este
estudo pretende gerar informações ecológicas relevantes sobre as espécies de peixes
estuarinos que utilizam a bacia do rio Bacanga em seu processo reprodutivo, inferindo quanto
a sua distribuição espaço-temporal e suas relações com algumas variáveis ambientais, para
subsidiar a implantação de políticas de gestão ambiental para proteção e/ou exploração
sustentável dos estoques pesqueiros locais e de regiões adjacentes, e a ampliação do
conhecimento ecológico e biológico necessário para a exploração aquícola das espécies
autóctones da região.
20
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Avaliar a comunidade ictioplanctônica da bacia hidrográfica do rio Bacanga
sazonalmente sob a óptica das dimensões ambientais e econômicas.
.
2.2 Específicos
 Identificar o ictioplâncton de forma a quantificar a abundância de ovos e larvas de
peixes, avaliando a composição, frequência de ocorrência, entre os pontos de coleta da
bacia em estudo;
 Comparar a comunidade ictioplanctônica com a ictiofaunística, de acordo com a
ocorrência das mesmas;
 Verificar sazonalmente a distribuição espacial e temporal do ictioplâncton
relacionando com os parâmetros físico-químicos;
 Caracterizar a comunidade de pescadores da bacia, quanto ao grau de conhecimentos
relativos à importância do ictioplâncton e a comercialização do pescado.
21
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A Bacia Hidrográfica do rio Bacanga
As bacias hidrográficas são delimitadas a partir de uma área drenada por um
rio principal e seus atributos, sendo limitadas pelos divisores de água. Estas áreas são
consideradas unidades naturais de planejamento, podendo, também, serem usadas como
unidades de manejo, uma vez que nelas se desenvolvem todas as atividades de uso e ocupação
do solo (SOARES, 2010).
A ocupação da bacia hidrográfica do rio Bacanga iniciou-se desde a
colonização da Ilha de São Luís pelos europeus, que foi fundada em 1612, às margens da baía
de São Marcos, do Oceano Atlântico e do Estreito dos Mosquitos. O município possui uma
área de 834.785 km2 e é habitada por uma população de 1.014.837 pessoas, de acordo com o
último dado populacional divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2010.
Esta ocupação ocorreu sem nenhum planejamento e comprometeu a estrutura e
funcionamento dos corpos hídricos de grande expressão da rede hidrográfica da Ilha de São
Luís (TEIXEIRA e TEIXEIRA, 2005), isto vem causando grandes alterações na vegetação
nativa e consequentemente na bacia em estudo, que vem sofrendo com ocupações nas suas
margens em consequência dessa expansão demográfica, que são apropriadas em suas áreas
baixas, como manguezais e matas secundárias (OLIVEIRA, 2008).
Esta situação ocorreu de forma parecida nas bacias dos rios Anil e Paciência,
devido ao processo de grilagem, que desarticulou a pequena produção no interior do Estado,
expulsando agricultores de suas terras e empurrando-os para outros centros, inclusive para a
Capital, como também, o anúncio de grandes investimentos inseridos no Projeto Grande
Carajás que transformou São Luís em polo de atração de enormes contingentes populacionais
que demandavam emprego. Essa situação alterou a paisagem da bacia, principalmente quanto
ao uso e ocupação do solo, com os recursos ambientais explorados sem qualquer
planejamento, atingindo um elevado grau de degradação, necessitando de esforços urgentes,
no sentido de levar a comunidade e aos poderes públicos o entendimento de que é
indispensável compreender a importância dos recursos existentes no próprio ambiente, e de
conhecer as formas corretas de fazer a sua utilização sustentada (TEIXEIRA, 2005).
22
O Governo do Estado do Maranhão, na década de setenta, construiu na foz do
rio Bacanga uma barragem com comportas, que tinha como objetivos diminuir a distância de
São Luís ao Porto de Itaqui e urbanizar as áreas inundáveis marginais ao rio (FERREIRA,
2007). A partir de 1977, a Eletrobrás solicitou a empresas nacionais, estudos sobre o
aproveitamento das marés no território brasileiro e, especificamente, um projeto para usina
maré-motriz do Bacanga (FERREIRA 2007 apud Eletrobrás, 1981).
Durante os anos de 1973 e 1980, a situação do estuário do Bacanga modificouse drasticamente, o que restringiu a implantação do projeto desenvolvido. Dentre as principais
alterações, a inauguração de uma avenida no entorno do reservatório limitou a subida do nível
e estimulou a ocupação urbana. A sedimentação comprometeu o volume de armazenamento
de água no reservatório e o padrão de propagação de maré no estuário. A deterioração da
estrutura da barragem alterou seu regime de funcionamento como dique de proteção. Desta
maneira, os volumes de água e alturas de queda para a geração de energia não estavam mais
de acordo com aqueles previstos no projeto, e por fim, resultou na inviabilidade econômica
daquela concepção (LIMA et al., 2004).
Esta barragem foi responsável por grande parte da urbanização na bacia do
Bacanga, que possui uma das maiores áreas verdes do Estado, tendo uma grande importância,
principalmente pela imensa diversidade ecológica, levando o Governo criar uma Unidade de
Conservação (UC): Parque Estadual do Bacanga (TEIXEIRA e TEIXEIRA, 2005),
constituindo um banco genético único que abriga uma biodiversidade de imensa relevância
(TEIXEIRA, 2005).
Esta Unidade de Conservação foi criada pelo Decreto Estadual nº 7.545 de 02
de março de 1980 e ocupa uma área de 3.065ha. Seus limites originais, no entanto, já
sofreram várias alterações, sendo consideradas as mais expressivas: a alteração feita pelo
Decreto de nº 9.550, de 10.04.1984, que ocorreu em razão do processo de ocupação,
proporcionando a consolidação de habitações dentro desta reserva. A outra modificação foi
feita pela Lei nº 7.712 de 24 de dezembro de 2001, que redefiniu os seus limites até então
estabelecidos (ao Norte, Parque Pindorama, Parque Timbira, Coroadinho e Sacavém; ao Sul,
área do Distrito Industrial de São Luís; a Leste, bairros de Santo Antônio e Tirirical, e a
Oeste, Vila do Maranhão e área da Companhia Vale do Rio Doce), acarretando ao Parque a
supressão de uma grande quantidade de terras, reduzindo sua área para os atuais 2.634,06 ha
(MARANHÃO, 1992).
23
Desta forma, tal ecossistema, apesar das grandes alterações sofridas, ainda
representa um estoque de espécies, podendo, por essa razão, também funcionar como um
provedor de espécies para a recomposição de ecossistemas degradados circunvizinhos, o que
ressalta a sua importância como Unidade de Conservação (TEIXEIRA, 2005).
Poucos trabalhos foram realizados na bacia do Bacanga, sendo a grande
maioria sobre o Parque Estadual, que está localizado na área, destacando-se os realizados por
ROCHA (2003), que tem como objetivo principal identificar os principais impactos e medidas
mitigadoras no local, PINHEIRO JÚNIOR (2006), realizou ainda estudos sobre a gestão da
área, utilizando geotecnologias, BITTENCOURT (2008) estudou as concepções e percepções
no Parque do Bacanga. ANDRADE e CASTRO (2007) avaliaram o plano de manejo do
Parque Estadual do Bacanga. MARTINS (2008) avaliou a qualidade ambiental da bacia
hidrográfica do Bacanga, através de indicadores físico-químicos, biológicos e populacionais,
gerando subsídios para a gestão e planejamento ambiental sustentável da mesma.
NASCIMENTO (2010) utilizou e validou um índice de sustentabilidade ambiental do uso da
água para a bacia do Bacanga.
Na APA do Maracanã destacam-se os trabalhos realizados por NASCIMENTO
(2004) e SOARES (2010), este último, avaliou a aplicação de um índice de sustentabilidade
de bacias hidrográficas, nas sub-bacias do Batatã e Maracanã, como instrumento de
planejamento ambiental e socioeconômico de auxilio à formulação de políticas públicas no
sentido de promover a sustentabilidade da região.
Na bacia também foram realizados estudos para implantação de um programa de
recuperação ambiental e melhoria da qualidade de vida no local, que foi financiado pela
prefeitura de São Luís e Banco Mundial – BIRD (MARTINS, 2008).
3.2 Ictioplâncton
Os primeiros estudos sobre ovos e larvas de peixes ocorreram por volta do final
do século XIX. Em 1865 G.O Sars realizou as primeiras investigações sobre a pesca de Gadus
morhua e constatou que esta espécie possuía ovos planctônicos (RÉ, 1999), a partir disso, os
estudos começaram a ser voltados para espécies de interesse comercial, posteriormente foram
24
iniciados estudos quantitativos, com a finalidade de estimar a abundância de populações e
suas relações com fatores ambientais (NAKATANI, et al., 2001).
Atualmente, estudos com o ictioplâncton são fundamentais para se conhecer a
ecologia e evolução da ictiofauna, assim como, sua composição, estrutura e dinâmica da
comunidade, que são diretamente dependentes das características hidrográficas das massas de
água e de suas variações regionais e sazonais (MOSER e SMITH, 1993; YONEDA, 2000).
Em um ecossistema aquático natural, a base de sua teia trófica é representada
pelo plâncton, que são organismos incapazes de vencer a correnteza, sendo transportados
pelos movimentos d´água. Nele encontram-se os produtores primários, que são representados
principalmente pelo fitoplâncton e seus consumidores primários, o zooplâncton, que
desempenha a função de transferência de energia aos demais níveis tróficos da teia trófica
(PALHETA, 2005).
O ictioplâncton é um dos componentes mais importantes da comunidade
zooplanctônica, sendo constituído por ovos e larvas de peixes, possuindo grande relevância na
renovação de estoques pesqueiros, avaliando os recursos existentes em áreas pouco
conhecidas, determinando a susceptibilidade dos mesmos e estabelecendo medidas para o
aproveitamento sustentável (NAVARRO-RODRIGUES et al., 2006).
Esta fase planctônica é uma das etapas mais frágeis do ciclo de vida dos peixes,
com mortalidade associada à escassez de alimento, ação de predadores, competição e
condições abióticas (RÉ, 1999; SWERARER, et al., 2002;).
Dessas condições abióticas, os processos físicos, como as correntes e ventos
são responsáveis pelo transporte ictioplanctônico dos locais de desova para as áreas de
berçário, contribuindo para o recrutamento (adição de uma nova classe anual à população
adulta ou ao estoque explorado) e sucesso reprodutivo dos peixes (RÉ, 1999).
Esse sucesso deve-se às numerosas variações dos estágios de desenvolvimento,
com muitas espécies possuindo ovos bentônicos e demersais. Após a eclosão, o saco
vitelínico é a estrutura proeminente visível na região anterior do corpo. A utilização completa
das reservas vitelínicas marca o final de uma etapa importante na fase larval, que passa a
alimentar-se de forma exógena. A distribuição dessas larvas está relacionada à atividade
reprodutiva da população adulta e das características topográficas e hidrográficas, que afetam
25
a distribuição e ajudam a compreender as inter-relações entre as espécies durante as suas fases
iniciais de vida, bem como para entender os padrões de desova dos adultos (SILVEIRA,
2008; NONAKA et al, 2000).
Os estudos das variações espaço-temporais revelam que a ocorrência de ovos e
larvas de diferentes espécies de peixes ósseos, demostram uma sequência estacional, que é
dependente da distribuição de cada espécie e da sua época de postura, entre outros fatores
(RÉ, 1999).
As variáveis físicas influenciam diretamente nessas variações de larvas de
peixes dentro de um ambiente, sendo a salinidade e a temperatura as principais
(KINGSFORD et al., 1997; RAMOS et al., 2006).
Estudos afirmam ainda que, o
ictioplâncton orienta-se na coluna de água para aumentar sua chance de sobrevivência através
do transporte físico, especialmente em áreas parcialmente fechadas, como os estuários
(COSER et al., 2007.). No entanto, KLINGER e KIDO (2003) encontraram pouca relação
entre as correntes de superfície e de dispersão larval. Apesar das larvas de peixes terem fracas
habilidades sensoriais e natatórias após a eclosão, elas possuem sentidos olfativos e visuais
potencializados. O conhecimento sobre comportamento sensorial e natação é limitado, devido
às mudanças no desenvolvimento e diferenças muito específicas entre as espécies
(KINGSFORD et al., 2002).
A maioria dos estudos com ictioplâncton são realizados em ambientes
estuarinos de regiões temperadas, havendo uma quantidade mínima de informações quanto à
composição e ecologia da assembleia ictioplanctônica em estuários tropicais, sobretudo, no
Brasil (CASTRO, 2005).
Um dos grandes problemas no estudo desses organismos na região do Atlântico
Sul, refere-se a pouca bibliografia disponível para auxiliar na identificação dos indivíduos
coletados, havendo a necessidade de que se efetue a descrição ontogênica das espécies
capturadas, além disso, existem poucas referências acerca das espécies tropicais do Atlântico
sul, para se comparar os resultados obtidos nos poucos trabalhos realizados (CASTRO, 2005).
Nos últimos anos têm sido realizados estudos no Brasil enfocando a
distribuição e abundância de ovos e larvas de peixes, destacando-se a região Sul e Sudeste
com um maior número de trabalhos.
26
COSTA (2011), por exemplo, descreveu a variação espaço-temporal do
ictioplâncton na Baía de Babitonga (SC) como instrumento para definição de áreas prioritárias
para conservação. FRANCO e MUELBERT (2003), realizaram um trabalho enfocando a
distribuição e composição do ictioplâncton na quebra da plataforma Sul do Brasil.
BONEKER (1997) com o estudo do ictioplâncton na Baía de Guanabara (RJ). COSER (2003)
determinou a influência da maré sobre as comunidades ictioplanctônicas no Canal de
Passagens, em Vitória- ES. PEREIRA et al.,(2000) descreveu ainda a ocorrência, abundância,
sazonalidade, tempo de imigração e distribuição temporal das larvas e ovos de peixes na
entrada do estuário da Baía de Vitória- ES.
Na região Centro-Oeste, destaca-se o trabalho realizado por NASCIMENTO e
NAKATANI (2006), que estudaram as relações entre os fatores ambientais e a distribuição de
ovos e larvas de peixes na sub-bacia do rio Ivinhema no Mato Grosso do Sul.
Na região Norte, OLIVEIRA (2003) estudou a abundância e distribuição do
ictioplâncton na área da Estação Ecológica de Anavilhanas, rio Negro, no Estado do
Amazonas. LEITE et al. (2006) que pesquisou sobre a abundância mensal de larvas de peixes
no Lago Catalão, situado próximo ao rio Solimões e Negro (AM). WANDERLEY (2010)
investigou as variações espaciais e temporais das larvas de peixe, relacionando com
informações da qualidade ambiental da água e as características hidrodinâmicas em BelémPA.
Na região nordeste MAFALDA JR et al., (2004) estudou a distribuição e
abundância do ictioplâncton da costa norte da Bahia. MARCOLIN et al.,(2010) descreveu a
composição do ictioplâncton das comunidades estuarinas em Jandaíra (BA), no rio Tabatinga.
BEZERRA JÚNIOR (2011) estudou os ovos e larvas de peixes como indicadores da
qualidade da água do porto de Suape (PE), sob influência da pluma de gás natural.
No Estado do Maranhão, foram realizados poucos estudos, destacando-se entre
eles o de SILVEIRA (2011) na Zona Econômica Exclusiva do Estado do Maranhão, que
descreveu a distribuição e abundância de larvas de peixes. DOURADO e CASTRO (2009) em
estudo no estuário do rio Paciência, caracterizaram a estrutura da comunidade
ictioplanctônica. SILVEIRA (2008) estudou na costa maranhense o impacto das condições
oceanográficas sobre a abundância e distribuição larval. BONECKER et al., (2007) na Baía
27
de São Marcos, fez um estudo da composição de larvas de peixe na estação seca. SILVEIRA
(2003), na Zona Econômica Exclusiva, do Maranhão, estudou o ictionêuston.
3.3 A Gestão dos Recursos Pesqueiros
O início dos estudos com os recursos pesqueiros aconteceu no Mar do Norte no
final do século XIX com arenque, bacalhau e linguado, que eram as principais espécies
consumidas pelos europeus. Aspectos como migrações, idade e maturação já eram abordados
naquela época. A pesca é conceituada como uma forma de caça aquática, que era inicialmente
uma atividade de pequena escala que progrediu velozmente com a chegada da Revolução
Industrial, causando profundas modificações na tecnologia de exploração dos recursos e nos
mercados de consumo (CASTELLO, 2007).
Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria pesqueira possibilitou um
aumento no esforço da pesca triplicando sua produtividade até a década de 1970 (WATSON
et al., 2004). Nos anos seguintes segundo FAO (2007) as proporções sofreram um aumento
considerável, com um consumo ao redor de 0,4% ao ano desde 2002.
Segundo as bases de dados da FAO coletadas entre fevereiro e outubro de
2011, que trazem informações da produção pesqueira do período de 1950 a 2009, a produção
mundial de pescado (proveniente tanto da pesca extrativa quanto da aquicultura) atingiu
aproximadamente 146 milhões de toneladas em 2009 e 142 milhões de toneladas em 2008,
sendo os maiores produtores a China com 60,5 milhões de toneladas e Indonésia com 9,8
milhões de toneladas. O Brasil ganhou quatro posições e passou a ocupar o 18º lugar no
ranking geral dos maiores produtores de pescado do mundo.
Os recursos pesqueiros no Brasil, juridicamente, podem ser caracterizados
como de livre acesso até o ano 1988, sendo que o Estado brasileiro exercia a tutela sobre tais
bens e decretava normas com o objetivo de controlar o acesso e o uso para alguns dos
principais recursos pesqueiros, como camarões e lagostas.
A carta magna promulgada em 1988, embora não se refira diretamente aos
recursos pesqueiros, modifica profundamente tal situação, o constituinte, ao se referir aos rios,
lagos, mar e à plataforma continental, não se fala apenas em água ou do solo, mas daquilo que
28
está na água, conclui-se que os recursos pesqueiros, no Brasil, pertencem ao Estado, sejam da
União ou das Unidades da Federação. Na análise jurídica quanto à propriedade dos recursos
pesqueiros devem agora ser analisadas à luz do art. 225 da Constituição, considerando que
tais recursos, também, constituem recursos ambientais, por força do inciso V, art. 3º, da lei
6.938 de 31 de agosto de 1981.
Segundo KALIKOSKI et al., (2009) o Estado brasileiro até recentemente tinha
feito a gestão de recursos pesqueiros centrada no Estado, não dialogando como os grupos
sociais usuários, em que somente os objetivos do governo estavam presentes nas decisões.
A gestão do uso dos recursos pesqueiros deve considerar a pesca como parte
integrada de um ecossistema natural maior. A gestão da pesca enfocava o componente natural
(ecossistema) de forma separada do componente humano. Hoje a orientação é pensar a gestão
da pesca evidenciando as relações existentes entre os peixes, o ambiente que eles habitam as
pessoas e os diversos usos que fazem parte do mesmo ecossistema (a pesca, vários tipos de
pesca atuando juntos na mesma área, o uso da água para irrigação, o despejo de esgotos, a
construção de barragens hidrelétricas, etc.). Na última década, em decorrência da preocupação
com a gestão convencional, com a sobre pesca e a degradação ambiental, os objetivos,
abordagens e políticas dos sistemas de gestão pesqueira começaram a mudar. A gestão
convencional, baseada em estoques, em espécies e na produção, vem sendo substituída pela
mais sustentável, baseada na participação dos usuários, na conservação dos ecossistemas e na
promoção da qualidade de vida, para as comunidades de pescadores ou para os trabalhadores
da pesca (THÉ e RUFFINO, 2009).
3.4 Comunidades de peixes da bacia hidrográfica do rio Bacanga
HAIMOVICI e KLIPPEL (1999) afirmam que na região costeira brasileira,
estima-se que das 809 espécies de peixes teleósteos marinhos ou estuarinos, cerca de 20% são
exclusivamente marinhas e 20% utilizam-se dos ecossistemas estuarinos em alguma fase do
seu ciclo biológico.
O Estado do Maranhão de acordo com o MPA (2012) é o maior produtor da
região Nordeste, produzindo 25.944 toneladas de pescado, sendo que na Ilha de São Luís, a
29
bacia do rio Bacanga, possui grande relevância, com a maioria da população que sobrevive da
pesca (MARTINS, 2008).
Em levantamentos ictiofaunísticos realizados no Maranhão, 43 espécies foram
registradas para as Reentrâncias maranhenses (SUDEPE, 1976), 52 espécies para a plataforma
continental (SUDENE, 1976) e no acompanhamento de desembarques de pescado capturado
no estuário do rio Cururuca foram citadas 50 espécies (SUDAM, 1983), na Ilha de São Luís
foram identificados 132 espécies (MARTINS-JURAS et al., 1987), CASTRO (1997)
registrou 106 espécies, CARVALHO-NETA (2004) registrou 32 espécies em três igarapés da
Ilha dos Caranguejos e SILVA-JUNIOR (2012) encontrou 55 espécies de peixes no estuário
do rio Paciência.
Na bacia do rio Bacanga, MATINS (2008) coletou durante cinco meses na
bacia hidrográfica do Bacanga, 3.682 indivíduos da ictiofauna, sendo representada por 36
espécies, pertencentes a 18 famílias e 9 ordens. As espécies mais abundantes durante esse
período amostral foram Diapterus rhombeus, Centengraulius edentulus, Mugil incilis,
Hexanematichthys bonullai e Mugil curema. As espécies que mais se destacaram em termos
de contribuição de biomassa foram D. rhombeus, Tilapia rendali, M. incilis, M. curema e C.
edentulus. As espécies C. edentulus e D. rhombeus se destacou como altamente constante em
quase todos os pontos amostrados.
30
4. METODOLOGIA
4.1. Caracterização da Área de Estudo
O Estado do Maranhão sofre uma grande influência da Amazônia Oriental,
contribuindo principalmente para a umidade da atmosfera e no processo de formação de
nuvens, favorecendo a elevados índices de precipitação que incidem de forma cíclica e
sazonal (MARANHÃO, 2002).
No Estado localiza-se a Ilha do Maranhão, também conhecida como Ilha de
São Luís, sob as coordenadas de 02º24’09” e 02º46’13” S e 44º01’20” e 44’29”47”W, tendo
como limites a oeste a baía de São Marcos; a leste a baía de São José; ao sul o Estreito dos
Mosquitos e ao norte o Oceano Atlântico, sendo constituída por quatro municípios: São Luís,
São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa (COELHO e DAMÁZIO, 2006) (Figura 1).
No município de São Luís, encontra-se a bacia hidrográfica do rio Bacanga,
com superfície da ordem de 11.030,00 ha, ocupando a porção Noroeste, com localização
definida pelas coordenadas 2º32’26” e 2º38’07” S e 44º16’00” e 44º19’16” W (COELHO e
DAMAZIO, 2006).
(Fonte: OLIVEIRA, 2008)
Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do rio Bacanga, Ilha de São Luís/MA.
31
Esta bacia representa 12,33% do território no município de São Luís, com
perímetro de 44,2 km e curso d’água principal nascendo na região do Maracanã e percorrendo
uma distância de aproximadamente 22 km de suas nascentes, que estão localizadas na
chapada do Tirirical, na sua borda voltada para Oeste, a uma altitude de aproximadamente
58m, PIDU (1995), até o ponto onde ocorre a comunicação de suas águas com o mar (Baía de
São Marcos). Tem um curso de pequeno porte, com reduzida contribuição de água doce e
expressiva influência das marés, cujas elevadas amplitudes (ordem de 7,0m) condicionam a
formação de um prisma de água salgada no interior da barragem por ocasião das preamares.
Esse corpo d’água vem sendo utilizado como depurador de esgotos de parte do centro da
cidade de São Luís e bairros situados no entorno do corpo hídrico, conforme MELO (1998) e
CASTRO (2008), sendo composta por 05 (cinco) sub-bacias hidrográficas de acordo com
NASCIMENTO (2010).
Destas subdivisões, a região mais urbanizada representa a área, em que está
localizado o centro histórico e alguns dos bairros mais antigos de São Luís, com casas
construídas à beira do rio. A área em que estão localizados alguns bairros antigos, como
Coheb, Bairro de Fátima, Filipinho, além do Sítio do Físico, está mais exposta à degradação
ambiental, onde ocorre a descarga de grande parte dos esgotos da cidade, esta possui
cobertura vegetal caracterizada por capoeira baixa, além de áreas de cultivos, com os
principais afluentes representados pelo rio das Bicas e Igarapé Coelho A região localizada nas
proximidades do Parque Estadual do Bacanga, caracterizada por apresentar poucas
habitações, contudo, encontram-se os núcleos habitacionais da Vila Itamar e Recanto Verde.
Nesta sub-bacia encontra-se o riacho Batatã, e o Igarapé do Mamão. A região próxima da
desembocadura do rio Gapara é caracterizada por apresentar poucas residências nas suas
margens, porém alguns locais apresentam-se desmatados em função do cultivo de arroz.
Nesta, encontra-se um bairro bastante populoso, a Vila Embratel. A área que se encontram
bairros mais novos, mas que são bastante populosos como o Anjo da Guarda, Sá Viana, Vila
Nova e, ainda, o Campus Universitário da UFMA apresenta grande influência urbana, com
muitas casas localizadas às margens do curso d’água, às quais tem substituído cada vez mais
as vegetações de mangue (NASCIMENTO, 2010) (Figura 2).
Conforme NASCIMENTO (2010), a bacia do rio Bacanga mostra-se poluída
devido ao comprometimento das suas sub-bacias, causado pela falta de planejamento da
expansão urbana e a inexistência de rede esgoto, falta de tratamento dos efluentes domésticos.
32
B1 - Barragem
B2 - rio das Bicas
B3 - Igarapé Jambeiro
B4 - Igarapé Coelho
B6 - Rio Gapara
B5 – Igarapé Mamão
(Fonte: NASCIMENTO, 2010)
Figura 2. Localização das sub-bacias e pontos de coleta da bacia do rio Bacanga, São Luís/MA.
O clima da região apresenta classificação climática quente úmida e tropical de
zona equatorial, de acordo com o IBGE. De acordo com os dados climatológicos da série
temporal entre 2002-2012, da Estação Meteorológica do INMET, a chuva apresenta média
anual de 2.169,2 mm com valor mínimo anual de 1.133,2 mm.
33
4.2 Materiais e Métodos
O trabalho constituiu em análises das variáveis físico-químicas da água e
avaliação da composição e estrutura da comunidade ictioplanctônica e ictiofaunística, além da
caracterização sócio-econômico-ambiental da população de pescadores da bacia do rio
Bacanga.
As variáveis foram dispostas em gráficos a partir do quais foram avaliados em
conformidade com a resolução CONAMA nº 357/05 em relação à classe 1, para águas
salobras, destinadas a: Recreação de contato primário; proteção das comunidades aquáticas;
aquicultura e a atividade de pesca; irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de
frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película; irrigação de parques, jardins, campo de esporte e lazer com os quais o público possa
vir a ter contato direto (ANEXO B)
4.2.1 Pesquisa de campo e laboratório
4.2.1.1 Precipitação Pluviométrica
Os dados climatológicos referentes à precipitação pluviométrica (mm) foram
obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
4.2.1.2 Variáveis físico-químicas da água
A amostragem das variáveis físico-químicas da água foi realizada
bimestralmente em 6 (seis) pontos de coleta, com as comportas da barragem fechadas,
abrangendo a bacia hidrográfica do rio Bacanga no turno da manhã, sendo cinco no ano de
2012, nos meses abril, junho, agosto, outubro e dezembro e uma no ano de 2013 no mês de
fevereiro. As coletas foram realizadas com o objetivo de avaliar interações dos parâmetros
físico-químicos da água do rio Bacanga com a comunidade ictioplanctônica nas estações de
estiagem e chuva. (Tabela 1; Figura 1)
34
Para caracterização hidrológica da área foi realizada a determinação dos
seguintes parâmetros: temperatura da água, potencial hidrogeniônico (pH) e sólidos totais
dissolvidos, através de multiparâmetro da marca Hanna; salinidade aferida com um
refratômetro; transparência da água (cm), com disco de Secchi.
Os dados do oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram obtidos utilizando-se o
método de Winker, descrito por AMINOT E CHAUSSEPIED (1983) em que adicionou-se à
amostra sulfato manganoso, em seguida iodeto de potássio em meio fortemente alcalino de
hidróxido de sódio.
Para a determinação dos sais nutrientes: nitrito, nitrato e amônia (mg.L-1)
foram empregados respectivamente os métodos SMEWW 4500 – NO-3-E Cadmium
Reduction Method, SMEWW 4500 – NO-2-B Colorimetric Method, SMEWW NH3-F
Phenate Method (md), com análises realizadas no laboratório da Bioagri Ambiental, na cidade
de Piracicaba (SP).
Os pontos de coleta foram determinados de acordo com os dados gerados por
NASCIMENTO (2010), que avaliou as sub-bacias do rio Bacanga (Tabela 1).
Tabela 1. Pontos de coleta das variáveis físico-químicas e biológicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de
abril/2012 a fevereiro/2013.
Ponto 1 (B1 – Barragem): Compreendido entre as coordenadas 577573.98 mE e 9718391.85 mS, ponto
localizado no “lago” formado pela barragem existente no local e bastante urbanizada com muita vegetação de
mangue;
Ponto 2 (B2 – rio das Bicas): Compreendido entre as coordenadas 579378.10 mE e 9717993.00 mS, ponto que
está mais exposto a degradação ambiental e mais poluído, por está circundado pelos bairros da Coheb, Sacavém e
parte de Parque dos Nobres, Timbiras e Pindorama, além dos bairros de invasão do Coroadinho e parte do
Coroado, com descarga da maior parte dos esgotos da cidade;
Ponto 3 (B3 – igarapé Jambeiro): Compreendido entre as coordenadas 577673.42 mE e 9716536.51 mS, com
grande influência urbana e muitas casas localizadas às margens do curso d’água;
Ponto 4 (B4 – igarapé Coelho): Compreendido entre as coordenadas 579729.54 mE e 9715910.91 mS, próximo a
zona urbana com estágio acentuado de degradação ambiental próximo ao parque Timbiras e do bairro do Coroado,
com cobertura vegetal representada por capoeira baixa e pequenas áreas de cultivo;
Ponto 5 (B5 – igarapé do Mamão): Compreendido entre as coordenadas 579359.79 mE e 9714286.72 mS, com
área localizada nas proximidades do Parque Estadual do Bacanga, caracterizada por apresentar poucas habitações,
com pequenas áreas de cultivo;
Ponto 6 (B6 – rio Gapara): Compreendido entre as coordenadas 577244.75 mE e 9714428.92 mS, com área
bastante desmatada em função do cultivo de arroz.
Fonte: MARTINS (2008)
35
Figura 3. Localização dos pontos de coletas ao longo da bacia rio Bacanga, São Luís/MA .
B1
B2
B3
B4
B5
B6
Figura 4. Locais de coleta das variáveis físico-químicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga. B1. Barragem; B2.
Rio das Bicas; B3. Igarapé Jambeiro; B4. Igarapé do Coelho; B5. Igarapé do Mamão; B6. Rio Gapara.
36
4.2.1.3 Análise do Material Biológico
4.2.1.3.1 Coleta e identificação do Ictioplâncton
O ictioplâncton foi coletado através de arrastos horizontais na camada subsuperficial da água, com duração de três minutos, utilizando-se uma rede de plâncton cônicocilíndrica de 48 cm de diâmetro de boca e 1,5 m de comprimento, com abertura de malha de
300µm, acoplada com um fluxômetro mecânico para auxiliar nos cálculos do volume de água
filtrada pela rede (Figura 5).
As coletas foram feitas a bordo de uma lancha com motor, em marcha lenta,
realizando movimentos circulares a uma velocidade máxima de 33 m.min-1, de modo a
capturar maior número de ovos e larvas de peixes.
Figura 5. Rede de plâncton acoplada com o fluxômetro, utilizada na coleta de amostras de ictioplâncton na
bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Tais amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno e etiquetadas, as
quais foram fixadas com formol a 4%, neutralizado com tetraborato de sódio, para estudo do
ictioplâncton. No Laboratório de Zooplâncton da Universidade Federal do Maranhão, as
amostras foram triadas, e as larvas e ovos de peixes separados dos demais organismos
zooplanctônicos com o auxílio de um estereomicroscópio da marca Zeiss.
37
O ictioplâncton foi quantificado e identificado ao nível taxonômico o mais
baixo possível, e confirmada das seguintes características merísticas e morfométricas:
contagem de miômeros e raios das nadadeiras dorsais, peitorais, pélvicas, anal e caudal;
pigmentação do corpo; presença de fotóforo e da segunda nadadeira dorsal membranosa,
avaliando a proporção entre as nadadeiras e medindo o comprimento do espécime.
Na identificação dos táxons foram utilizados os trabalhos de RICHARDS
(2006); BOLTOVSKOY (1999); OXENFORD et al. (1995); FAROOQI et al. (1995);
OLIVAR e FORTUÑO (1991); MATARESE et al. (1989); OKYAMA (1988); MOSER
(1984); ARHLSTROM SYMPOSIUM (1983); FAHAY (1983); SMITH (1979); STTAIGER
(1965); entre outros. Em seguida foram registradas microfotografias sob o microscópio
estereoscópio binocular da marca Zeiss Stemi 2000-C (Figura 6).
Figura 6. Quantificação e identificação do ictioplâncton sob o microscópio estereoscópio binocular da
marca Zeiss Stemi 2000-C.
4.2.1.3.2 Coleta e identificação da Ictiofauna
Foram realizadas coletas da ictiofauna por pescadores da área, em dois
períodos, período chuvoso e período de estiagem, nos mesmos pontos onde foram coletadas
as amostras de ictioplâncton. As capturas do material biológico ocorreram com o uso de redes
do tipo malhadeira (com malhas de 18, 20, 25 e 40 mm entre-nós adjacentes), com um esforço
de pesca de 12 horas (Figura 7).
38
Após as coletas, os peixes foram acondicionados em sacos plásticos
etiquetados com informações sobre local de amostragem, data e horário da captura, etc. Em
seguida foram colocados em caixas de isopor contendo gelo e transportados para o laboratório
de Ictiologia do LABOHIDRO, onde foram identificadas as respectivas espécies.
Estes coletas tiveram o propósito de verificar entre as formas adultas, quais as
espécies do ictioplâncton que chegam a esta fase de desenvolvimento.
Figura 7. Pescadores realizando coleta do material ictiológico na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
4.2.1.4 Entrevista com os pescadores
A fim de se obter a avaliação dos aspectos sociais, econômicos e ambientais na
área, foram aplicados questionários semiestruturados à população de pescadores da bacia
(Apêndice A), sendo 22 pescadores entrevistados, usando-se a técnica “Bola de Neve” (Snow
ball), que prioriza os idosos, moradores e pessoas mais experientes (BECKER, 1993), nas
proximidades dos pontos de coleta das variáveis físico-químicas. Para a aplicação destes,
partiu-se do pressuposto de que a partir da não variabilidade das respostas dadas, a amostra
foi considerada suficiente.
39
Estes questionários foram aplicados a fim de se avaliar o uso do pescado e os
conhecimentos relativos à importância dos ovos e larvas de peixes. Os mesmos constaram
principalmente de itens relacionados à caracterização do entrevistado, caracterização da
atividade pesqueira e sondagem dos conhecimentos biológicos e ambientais dos pescadores.
4.2.1.5 Tratamento numérico dos dados
4.2.1.5.1 Abundância relativa (%)
A abundância relativa foi calculada de acordo com a fórmula:
Onde:
Na: Número total de organismos de cada espécie na amostra;
NA: Número total de organismos na amostra.
Os resultados foram dados em porcentagem, utilizando o seguinte critério de
classificação de acordo com OMORI e IKEDA (1984):
>70%  dominantes
<70% - 40%  abundantes
<40% - 10% pouco abundantes
≤10% - raras
4.2.1.5.2 Frequência de ocorrência
A frequência de ocorrência de cada organismo, em termos percentuais foi
calculada pela fórmula:
Onde:
Fo: Frequência de Ocorrência;
40
Ta: Número de amostras em que a espécie ocorreu;
TA: Número total de amostras.
Os resultados faram dados em percentagem, utilizando o seguinte critério de
classificação de OMORI e IKEDA (1984):
>75% - dominante
<75% - 50% - constantes
<50% - 25% - acessórias
≤25% - raras
4.2.1.5.3 Densidade
Nos cálculos da densidade para as larvas (ind.100 m-3) e ovos (ovos. 100 m-3)
de peixes, foi empregada a fórmula utilizada por SMITH e RICHARDSON (1979), obtida a
partir do quociente entre o número total de ovos ou de larvas de peixes obtidos em cada
amostra (N) e o volume de água filtrada (V), através da fórmula:
O cálculo do volume de água filtrada pela rede foi realizado através da seguinte
fórmula:
Onde:
V = volume de água filtrada (m3);
a = área da boca da rede (m2);
n = número de rotações durante o arrasto (rot);
c = fator de aferição do fluxômetro (m.rot-1).
41
4.2.1.5.4 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza
Para a caracterização ecológica da comunidade ictioplanctônica foram
utilizados os seguintes índices ecológicos: diversidade de Shannon (H’), equitabilidade de
Pielou (J’) e riqueza específica de Margalef (d). Para o cálculo dos respectivos índices foi
utilizado o número absoluto de espécies de larvas e ovos de peixes do total das amostras, para
todas as estações de coleta e estações do ano.
Para o cálculo da diversidade específica (H’) utilizou-se o índice de Shannon
(1948), foi estimado através da seguinte equação:
H’ = - Σi pi log (pi), onde:
pi = porcentagem de importância da espécie i na amostra.
log = logaritmo na base 2
Os resultados foram apresentados em bits.organismos-1, considerando-se que 1
bit equivale a uma unidade de informação e que a diversidade específica varia de 1,0 a 3,0
bits.organismos-1. De acordo com VALENTIN et al. (2000) esses valores podem ser
enquadrados na seguinte classificação:
≥ 3,0 bits.organismos-1  alta diversidade
< 3,0 ≥ 2,0 bits.organismos-1  média diversidade
< 2,0 ≥ 1,0 bits.organismos-1  baixa diversidade
< 1,0 bits.organismos-1  diversidade muito baixa
Para estimar a uniformidade na distribuição dos indivíduos dentre as espécies,
foi utilizado o índice de Equitabilidade de Pielou (PIELOU, 1969), através da expressão:
J’ = H’ / log S, onde:
H’ = índice de diversidade de Shannon:
S = número de espécies na amostra.
log = logaritmo na base 2
42
Os resultados da equitabilidade variam de 0 a 1. Quando mais próximo de 0
(zero) mais baixa será a equitabilidade. Acima de 0,5 é considerada significativa e equitativa,
o que representa uma distribuição relativamente uniforme de todas as espécies na amostra ao
se aproximar de 1 (um), mais bem distribuídos estarão seus espécimes dentro das espécies
pertencentes à comunidade, indicando elevada equitabilidade.
A riqueza específica utilizada foi proposta por MARGALEF (1958), que se
baseia na relação entre o número de espécies identificadas e o número total de indivíduos
coletados, calculada pela seguinte expressão:
d = (S-1) / log N, onde:
S = número total de espécies presentes na amostra;
log = logaritmo na base 2
N = número total de indivíduos na amostra.
A riqueza consiste no número total de espécies (S) em uma unidade amostral,
sendo que quanto maior a amostra, maior o número de espécies que poderão ser amostradas.
Desta forma, ela diz pouco a respeito da organização da comunidade, aumentando em função
da área, mesmo sem modificação do habitat. Esta variável foi estimada através do índice de
riqueza de Margalef.
Valores de riqueza maiores que 5,0 significam grande riqueza de espécies
(VALENTIN et al., 1991).
4.2.1.6 Tratamento estatístico dos dados
4.2.1.6.1 Análise de Agrupamento
Foram realizadas análises de agrupamento (Cluster) a partir da qual foram
feitas a correlação dos meses e locais de coleta, bem como a correlação das espécies
encontradas, para tal foram utilizados dados de densidade logaritimizados (log x+1). O
coeficiente de associação empregado foi à distância de Bray-Curtis.
4.2.1.6.2 Análise dos Componentes Principais (ACP)
Para avaliar o grau de interação dos fatores ambientais nos pontos de coleta foi
utilizada a análise fatorial em componentes principais (Análise dos Componentes Principais –
43
ACP), que corresponde a uma técnica da análise multivariada de ordenação, que tem por
objetivo identificar os principais fatores responsáveis pela variação da distribuição das
espécies, esta é bastante útil quando se parte do pressuposto da não normalidade dos dados,
muito comum nos parâmetros ambientais (LEGENDRE e LEGENDRE, 1988).
Na Análise de Componentes Principais (ACP), a matriz formada com as
densidades de ovos e larvas de peixes e os parâmetros ambientais mais significativos, foi
submetida a uma padronização por fileiras, para reduzir os efeitos das diferentes escalas. Em
seguida, calculada a similaridade por correlação momento-produto de Pearson, da qual foram
extraídos os autovalores da matriz de dispersão, associadas a cada um desses autovalores,
autovetores, que correspondem aos eixos principais do espaço multidimensional enquanto que
os eixos principais seguintes passam por dimensões sucessivas gradativamente menores
(LEGENDRE e LEGENDRE, 1998).
4.2.1.6.3 Análise de Variância (ANOVA)
Sobre os índices ecológicos e os grupos de pontos de coleta, foram realizadas
análises de variância (ANOVA) quando os pressupostos de normalidade e homocedasticidade
foram atingidos. Quando necessário, foi aplicada a transformação logarítmica da variável x
em estudo, de forma a obter a variável x’ transformada, tal que x’ = log (x+1). Ainda nos
casos em que os pressupostos de análise não foram atendidos, recorreu-se ao teste de KruskalWallis. Para as comparações de média entre os grupos, foi empregado o teste post-hoc de
Tukey (no caso dos testes ANOVA) ou rank de comparação de médias (Kruskal-Wallis).
Em todas as análises multivariadas os dados de abundância de larvas de peixes
foram transformados para log (x+1) a fim de reduzir a influência da dominância de poucas
espécies em detrimento de outras. As análises estatísticas foram obtidas utilizando os
softwares Statistica 7.0 (StatSoft Inc., 2005), Primer 6.1.6 (CLARK; GORLEY, 2006) e
PAST (PAleontological STatistics) 2.16 (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001).
44
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Dados climatológicos
5.1.1 Precipitação pluviométrica
A precipitação é formada pela condensação do vapor presente na atmosfera, em
pequenas gotículas que, quando atingem determinada dimensão, precipitam-se na forma de
chuva, variando espacial e temporariamente. Este fenômeno está diretamente ligado ao clima
presente na região, que por sua vez está diretamente ligado às massas de ar presentes no local
(FINOTTI et al., 2009). O estudo do padrão de precipitações de uma região é importante para
se conhecer a disponibilidade hídrica do local, sendo então necessários estudos a partir de
séries históricas de precipitação com longos períodos de observação (FINOTTI et al., 2009).
Em São Luís, os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de
abr./12 a fev./13 registraram valor mínimo de zero em out./12 e máximo de 249,5 mm de
chuva em abr./12, tendendo a acompanhar a média histórica de 10 anos (2002 a 2012),
possuindo um ciclo sazonal definido, onde o período chuvoso abrange de janeiro a junho, com
máximas de precipitação em março e abril e período de estiagem de julho a dezembro.
Verificou-se durante o período amostrado que nenhum dos meses enquadrados no período
Precipitação Pluviométrica (mm)
chuvoso superou a média histórica (Figura 8, Anexo A).
600
500
400
300
200
100
0
Abr.
Mai.
Jun.
Jul.
Ago.
Média histórica
Set.
Out.
Nov.
Dez.
Jan.
Fev.
Total de Chuvas
Fonte: INMET
Figura 8. Total de chuvas (abr./12 a fev./13) e média histórica mensal de chuvas (2002-2012) em São Luís - MA.
45
5.2 Variáveis Físicas e Químicas
A água possui duas propriedades fundamentais que influenciam em sua
qualidade: dissolução e transporte, sendo determinantes para que se estabeleça a sua
qualidade. As principais variáveis utilizadas na determinação da qualidade são divididas em
físicas, químicas e biológicas (FINOTTI et al., 2009).
5.2.1 Variáveis Físicas
5.2.1.1 Salinidade da água
Com relação à salinidade, o menor valor registrado foi de 2,7 (ponto 6 –
Gapara em abr./12) e o maior foi de 32,3 (ponto 3 – Jambeiro em dez./12) (Figura 9,
Salinidade
40
300
250
200
150
100
50
0
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
Salinidade
out./12
dez./12
fev./13
Precipitação Pluviométrica
(mm)
Apêndice B).
Precipitação Pluviométrica
Figura 9. Variação da salinidade relacionada com precipitação pluviométrica (mm) na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho,
(5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
Em estudo realizado por MARTINS (2008) na bacia do rio Bacanga, os
menores valores registrados foram no rio Gapara e no Igarapé do Mamão, em abr./08 e o
maior valor foi na Barragem, em out./07, confirmando o estudo de LABOHIDRO (1998), que
afirma sobre a salinidade estar diretamente associada ao aporte fluvial, precipitação
pluviométrica, evaporação e contribuição marinha da baía de São Marcos, aumentando a
concentração de sais (ESTEVES, 1998).
46
De maneira geral, no presente estudo a salinidade apresentou os maiores
valores nos pontos próximos à foz, e mais baixos nos meses chuvosos de coleta, confirmando
estudos realizados por MARTINS (2008) e NASCIMENTO (2010).
5.2.1.2 Temperatura da água
A temperatura na bacia do rio Bacanga variou do mínimo de 27,8ºC (ponto 3 –
Jambeiro, em out./12) e máximo de 32,2ºC (ponto 6 – Garapa, em fev./13) (Figura 10,
Temperatura (°C)
Apêndice B).
33
32
31
30
29
28
27
26
25
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
out./12
dez./12
fev./13
Temperatura (°C)
Figura 10. Variação da temperatura da água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./13.
Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara.
No presente estudo, a temperatura está provavelmente relacionada à hora do
dia em que as coletas foram realizadas e a frequência de abertura e fechamento das comportas
da barragem, não concordando com dados do estudo de MARTINS (2005), que afirmou sobre
a inexistência de variação significativa desta variável na bacia do Bacanga. Já no estudo de
MARTINS (2008), a temperatura alcançou os menores valores em fev./08 e os maiores em
dez./07.
A elevação da temperatura das águas resulta na diminuição da sua viscosidade,
o que implica no afundamento do plâncton, estimulando a atividade biológica, resultando em
consumo de oxigênio, justamente na ocasião em que a água tem menor capacidade de
solubilizar esse elemento. Por isso, as condições sanitárias dos cursos da água tendem a se
agravar durante os períodos mais quentes, dependendo das exigências dos organismos
47
aquáticos, sendo que as espécies mais sensíveis às restrições de oxigênio podem morrer
(FINOTTI et al., 2009).
A ação desta variável pode agir diretamente sobre a periodicidade e
distribuição dos organismos aquáticos, assumindo assim grande importância na produtividade
biológica da água, influenciando na distribuição de espécies de animais e vegetais,
SIPAÚBA-TAVARES (1998), nos aspectos fisiológicos dos organismos aquáticos,
LABOHIDRO (1983), e no crescimento microbiológico (MACÊDO, 2001).
5.2.1.3 Profundidade e Transparência da água (cm)
No período de estudo da bacia hidrográfica do rio Bacanga, a profundidade
variou de 0,6 m (ponto 5- Mamão, em fev./13) a 6,1 m (ponto 1 – Barragem, em abr./12)
(Figura 11, Apêndice B), sendo influenciado diretamente pela abertura e fechamento das
comportas e pluviosidade (LABOHIDRO, 1998).
A transparência da água teve uma variação de 26,0 cm (ponto 6 - Gapara, em
abr./12) a 150,0 cm (ponto 1-Barragem, em ago./12) (Figura 11, Apêndice B). Esta variável
nos ecossistemas aquáticos possui importante relação com a produção primária, podendo
sofrer interferências de fatores bióticos e abióticos (HONORATO et al., 2004). Na bacia em
estudo, esta variável não apresentou um padrão específico, assim como afirma MARTINS
200
7
6
5
4
3
2
1
0
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
profundidade
out./12
dez./12
Profundidade (m)
Transparência (cm)
(2008).
fev./13
Transparência
Figura 11. Variação da transparência da água relacionada com a profundidade na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abr./2012 a fev./2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé
Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
48
5.2.1.4 Sólidos Totais Dissolvidos e Turbidez
Nesse estudo os valores obtidos para sólidos totais dissolvidos variaram
consideravelmente, alcançando mínimo de 5,5 g.L-1 (ponto 6 – Gapara, em
jun./12), e
-1
máximo de 26,8 g.L (ponto 6 – Gapara, em fev./13), confirmando estudo de MARTINS
(2008) em que foi observado um padrão para essa variável (Figura 12, Apêndice B).
MARTINS (2008) que analisou os mesmos pontos do presente estudo
considera que a bacia hidrográfica do rio Bacanga não constitui apenas áreas de estuário,
como também de água doce, devendo-se levar em consideração a grande interferência sofrida
no local, devido à existência da barragem, que dificulta a renovação das águas, o que ocasiona
o acúmulo de matéria orgânica de origem natural, oriundas dos mangues e de origem
antrópica, originadas de esgotos e lixo doméstico.
Estes aspectos influenciam diretamente na comunidade ictioplanctônica,
principalmente em indivíduos no estágio ontogênico de pós-flexão, pois em estágios mais
avançados, as larvas de peixe dispõem de maiores habilidade natatórias, sendo o movimento
controlado pelo próprio indivíduo (BERASATEGUI et al., 2004).
De acordo com SANTOS et al., (2009), os sólidos totais dissolvidos referem-se
às concentrações de íons dissolvidos presentes nas águas, sendo que sua análise ao longo de
cursos d’água mostra que suas concentrações tendem a aumentar da cabeceira para foz,
podendo estar refletindo a influência das atividades antrópicas, maior exposição dos solos e
lixiviação, devido a retirada da mata ciliar e lançamento de efluentes domésticos nestes locais.
Em se tratando de turbidez, o valor máximo foi de 26,0 NTU (ponto 6 –
Gapara, em abr./12), enquanto o valor mínimo 3,8 NTU (ponto 1 – Barragem, em fev./13)
(Figura 12, Apêndice B). Estes dados representam o grau de interferência que a água
apresenta à passagem de luz, devido à presença de uma carga sólida em suspensão, estando
associado ao período chuvoso, em função da lixiviação de partículas dos solos.
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
Turbidez (NTU)
Sólidos Totais Dissolvidos na
água - TDS (g.L-1)
49
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
TDS (g/L)
out./12
dez./12
fev./13
Turb
Figura 12. Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos - TDS na água e turbidez (NTU) na bacia hidrográfica do
rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
5.2.3 Variáveis Químicas
5.2.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH)
O pH (potencial hidrogeniônico) teve como menor valor registrado 7,3 (ponto
6 – Gapara, em abr./12), enquanto o maior foi 8,7 (ponto 5 – Mamão, em jun./12), sendo
referentes às amostras de superfície, onde de acordo com KUBITZA (1998), existe um
equilíbrio no sistema gás carbônico-bicarbonatos-carbonatos, entre a água superficial e a
atmosfera, conferindo as águas do ambiente um poder tampão.
No presente estudo, o pH teve variação ligeiramente ácida devido a
contribuição fluvial até ligeiramente alcalina, em função da influência marinha, sendo que a
variação deste parâmetro na bacia do Bacanga ocorreu de modo semelhante a da salinidade,
mostrando uma correlação positiva e significativa, confirmando dados de estudo anterior
realizado por MARTINS (2005).
50
Na bacia em estudo, a maioria dos pontos se enquadrou na Res. CONAMA nº
357/05, que exige uma variação de 6,5 a 8,5 para classe 1 de águas salobras. O que não
acontece nos pontos 5 (Mamão) e 6 (Gapara) – out/12; ponto 1 (Barragem) - dez/12, pontos 4,
5 e 6 – fev./13, que apresentaram valores superiores ao permitido para atividade de pesca,
corroborando com os dados de NASCIMENTO (2010), em que o pH apresentou os maiores
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Resolução nº 357 CONAMA
pH
valores próximo à foz do rio. (Figura 13, Apêndice B).
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 1 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
pH
out./12
dez./12
fev./13
Res. 357 CONAMA
Figura 13. Variação do pH e enquadramento na resolução nº 357 do CONAMA na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho,
(5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
Essa variável é decisiva na distribuição de espécies aquáticas. Os peixes
geralmente suportam um pH na faixa de 5 a 9. Quando essa faixa é extrapolada tanto para
valores menores quanto maiores, pode-se esperar uma mortalidade maciça dos peixes
(DAJOZ, 1983). De acordo com CAVALCANTI (2003), o pH afeta diretamente o nível de
toxidez da amônia e do sulfeto de hidrogênio (H2S), sendo que a concentração de amônia
aumenta com o incremento da temperatura e do pH, e quando este aumenta, diminui as
concentrações de H2S.
5.2.3.2 Oxigênio dissolvido (mg.L -1 )
O oxigênio dissolvido no período de coleta na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, teve valor mínimo de 0,9 mg.L-1 (Ponto 4 - Igarapé Coelho, em out./12) e máximo
de 9,0 mg.L-1 (Ponto 1-Barragem, em jun./12).
51
No presente estudo, os valores mais elevados de oxigênio dissolvido na água
foram observados nos pontos mais distantes da emissão de esgotos e onde, em função da
turbulência provocada pela barragem, ocorre uma maior troca gasosa com a atmosfera,
juntamente com uma elevada produção primária. Os valores mais baixos dessa variável
possivelmente são influenciados pelo consumo de oxigênio no processo de decomposição da
matéria orgânica, principalmente em função do esgoto doméstico e do material orgânico
oriundo de manguezais adjacentes, corroborando com os dados de MARTINS (2005).
Quanto à variação espacial, no geral, os menores valores do oxigênio
dissolvido foram registrados no ponto 4 (Igarapé Coelho) e os maiores no ponto 6 (rio
Gapara), e sazonalmente foram menores no período de estiagem do que no período chuvoso,
discordando dos valores encontrados por MARTINS (2008), que obteve os menores valores
no ponto 2 (rio das bicas) e os maiores nos ponto 1 (Barragem) e 5 (Igarapé do Mamão)
16
14
12
10
8
6
4
2
0
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Res. nº 357 CONAMA
Oxigênio Dissolvido (mg.L-1)
(Figura 14, Apêndice B).
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
ago/12
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
out/12
dez/12
fev/13
Res. nº 357 CONAMA
Figura 14. Variação dos valores de oxigênio dissolvido na água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de
abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho,
(5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
No presente estudo, a bacia hidrográfica do rio Bacanga encontra-se imprópria
para a pesca de acordo com os padrões de oxigênio dissolvido definidos para a classe 1 de
águas salobras, com 50% das amostras não enquadradas na resolução nº 357/05 do
CONAMA, destacando-se o ponto 4 (Igarapé Coelho) e ponto 5 (Igarapé do Mamão), em
outubro de 2012, que possivelmente estão sendo afetados por fontes pontuais de poluição
doméstica, corroborando com o estudo de NASCIMENTO (2010), que destacou também os
locais próximos aos rios das Bicas e Gapara, por apresentarem os menores valores de
52
oxigênio dissolvido na água, devido uma intensa atividade de bactérias decompondo a matéria
orgânica lançada no corpo d’água.
O oxigênio dissolvido é um parâmetro essencial para a vida aquática dos
organismos aeróbios, incluindo os microrganismos responsáveis pela autodepuração em águas
naturais (BRAILE e CAVALCANTI, 1979).
As baixas concentrações deste gás podem indicar poluição química, física e
biológica, e os valores elevados estão ligados ao processo de eutrofização, podendo causar
redução de substâncias ou processos químicos e biológicos, também conhecida como
depleção noturna, que pode provocar a migração ou morte de organismos (FLORESMONTES, 1996).
No caso do rio Bacanga, que recebe diariamente grandes quantidades de
esgotos domésticos, a diminuição do oxigênio dissolvido ocorre de maneira expressiva com
posterior produção de gás sulfídrico (H2S) que é tóxico para os organismos aquáticos
(MARTINS, 2005).
Além de um importante indicador de poluição, as taxas de oxigênio dissolvido
evidenciam também a redução de substâncias orgânicas e a intensidade de autodepuração.
Alterações na concentração de oxigênio dissolvido podem originar-se de mudanças bruscas na
temperatura da água, bem como de processos físico-químicos e bioquímicos (oxidação
aeróbica de substâncias orgânicas) (MARQUES, 1993).
No rio Bacanga, o processo de circulação e mistura é deficiente em função da
barragem do mesmo nome, o que impede o fluxo e refluxo das águas pela ação das marés.
Isso impede a renovação das águas e faz com que ocorra um acúmulo de matéria orgânica de
origem natural (manguezal) e antropogênica (esgoto e lixo doméstico), fazendo com que o
consumo de oxigênio seja intenso nos processos de oxidação química e biológica da matéria
orgânica (MARTINS, 2005).
53
5.2.3.3 Sais Nutrientes
5.2.3.3.1 Nitrato
Na concentração de nitrato, o valor mínimo foi de 0,03 mg.L-1 (ponto 4 –
Igarapé Coelho, ponto 6 – rio Gapara, em abr./12 e Ponto 1 – Barragem, em jun./12),
5
5
4
4
3
3
2
2
1
1
0
Res. n° 357 CONAMA
Nitrato mg.L1
enquanto o máximo foi de 4,9 mg.L-1 (todos os pontos em ago./12) (Figura 15, Apêndice B).
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
Nitrato
out./12
dez./12
fev./13
Res. nº 357/05 CONAMA
Figura 15. Variação dos teores de nitrato na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6)
rio Gapara.
No presente estudo quase todos os valores encontrados estão dentro do
permitido para classe 1 da Resolução CONAMA nº 357/05, que é 0,4 mg.L-1 , com exceção
dos meses de junho e agosto de 2012, que apresentaram valores bem elevados, sendo
possivelmente influenciados pelo tempo de residência da água, devido a falta de regularidade
na abertura das comportas da barragem, confirmando o estudo de MATOS (2006), que em
águas superficiais, a concentração de nitrato não ultrapassa 5 mg.L-1, a menos que ocorra
poluição excessiva, e condições plenas de aeração da água.
O nitrato é considerado uma substância com baixa toxicidade, sendo o produto
final da nitrificação e solúvel em água, podendo causar efeitos letais em diferentes
organismos, ou atuar sinergicamente com as outras formas nitrogenadas (THURSTON et al.,
1986; OSTRENSKY, 1997). Em estudos realizados com peixes, CAMARGO et al. (2005)
afirmam que as concentrações máximas de nitrato para organismos aquáticos não devem
ultrapassar 20 mg.L-1, permitindo assim afirmar que os valores encontrados para a bacia do
Bacanga não são suficientes para causar a letalidade em massa dos organismos.
54
O mecanismo de ação tóxica do nitrato ainda é pouco conhecido, em estudos
com peixes há evidencias de necroses tubulares, com consequente destruição dos rins,
aumento dos níveis de ferro-hemoglobina no sangue, assim como nos centros hematopoiéticos
e fígado, modificações dos padrões de coloração, alterações no comportamento de natação em
espécies de peixes submetidos às concentrações mais altas de nitrato (GRABDA et al, 1974;
FRAKES e HOFF, 1982; POERSCH et al., 2007).
5.2.3.3.2 Nitrito
Os resultados das análises de nitrito são apresentados na figura 16 e no
apêndice B. O valor máximo obtido para nitrito foi de 0,09 mg.L-1 no ponto 3 (Igarapé
Jambeiro), em fev./13 e mínimo de 0,00001 mg/L-1 no ponto 1 (Barragem) em ago./12 e
apresentou um padrão espacial, com os maiores valores no ponto 3 (Igarapé Jambeiro), sendo
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
ago./12
Nitrito
out./12
dez./12
Res. n° 357 CONAMA
Nitrito mg/L
possível afirmar que são oriundos de fontes pontuais de poluição.
fev./13
Res. nº 357 CONAMA
Figura 16. Variação dos teores de nitrito na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara.
No atual estudo a bacia hidrográfica do rio Bacanga apresentou todos os
valores, com exceção do ponto 3 (Igarapé Jambeiro) em fev./13, dentro do permitido para a
classe 1 de águas salobras da Res. CONAMA nº 357/05, que é de 0,07 mg.L-1 (ANEXO B),
confirmando com estudos de PANSWAD e ANAN (1999) que afirmam não ser possível
encontrar concentrações acima de 0,2 mg.L-1 em águas naturais.
O nitrito (NO2-) é uma forma transitória, sendo rapidamente oxidado a nitrato
(NO3-) e sua persistência indica despejo contínuo de matéria orgânica, podendo ainda ser
utilizado pelas plantas como uma fonte de nitrogênio (PANSWAD e ANAN, 1999).
55
Na bacia do Bacanga houve uma tendência de aumento de nitrito a partir do
mês de junho, em todos os pontos, com decréscimo no mês de outubro, corroborando com
estudo realizado por MARTINS (2005), que encontrou valores baixos, sendo que, segundo o
autor, os menores foram obtidos em locais que sofreram pouca influência dos esgotos
domésticos.
A quantidade de nitrito com relação à sazonalidade foi pouco evidenciada,
ocorrendo valores baixos tanto no período chuvoso, quanto no período de estiagem. Este
acontecimento foi explicado por MARTINS (2005), em razão de algumas espécies de
fitoplâncton e/ou bactérias e pelo processo de redução ou oxidação. Já os valores elevados
ocorrem em função da desnitrificação (redução dos íons nitrato ou oxidação do amônio).
5.2.3.3.3 Amônia
A presença de amônia orgânica (NH3) e amônia inorgânica (NH4+) nos
ambientes aquáticos caracteriza poluição recente por esgotos domésticos, enquanto a presença
de nitrato (NO3-) caracteriza uma poluição remota, em função de o nitrogênio apresentar-se no
seu último estágio. A forma livre de amônia (NH3) é tóxica, porém muito volátil. Sua
conversão a nitrito e depois nitrato consome oxigênio dissolvido, alterando as condições
bioquímicas do sistema aquático. A amônia é, portanto um bom traçador de poluição urbana
(GÖRGÉNYI et al., 2005).
As altas concentrações do íon amônio pode influenciar diretamente a dinâmica
do oxigênio dissolvido no meio, uma vez que para oxidar 1,0 mg do íon amônio são
necessários cerca de 4,3 mg de oxigênio, o que, por sua vez influi sobre a comunidade de
peixes, pois em pH básico, o íon amônio se transforma em amônia (NH3 livre, gasoso), que
pode ser tóxico para esses organismos (TRUSSEL, 1972), esta em concentração elevada pode
prejudicar a transformação da energia dos alimentos em ATP, com isso inibindo o
crescimento dos peixes e provocando a desaminação dos aminoácidos, o que, por sua vez,
impede a formação de proteínas, elemento essencial no crescimento dos animais (PARKER e
DAVIS, 1981 apud CAVERO, et al., 2004).
De acordo com KUBTZA (1999), os valores de amônia não ionizada acima de
0,20 mg.L-1 já são suficientes para induzir toxicidade crônica e levar à diminuição do
56
crescimento e da tolerância dos peixes a doenças. Níveis de amônia entre 0,70 e 2,40 mg.L-1
podem ser letais para os peixes, quando expostos a curto período. Exposição continua ou
frequente a concentrações de amônia acima de 0,02 mg.L-1 pode causar intensa irritação e
inflamação nas brânquias. A concentração de amônia aumenta com o incremento da
temperatura e do pH, e quando esta aumenta, diminui as concentrações de H2S
(CAVALCANTI, 2003)
Os resultados das análises da amônia variaram entre 0,00073 mg.L-1 (Ponto 1 –
Barragem, em ago./12) e 8,50 mg.L-1 (Ponto 2 –rio das Bicas, em fev./13) (Figura 17,
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Res. n° 357 CONAMA
Amônia (mg.L-1)
Apêndice B).
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr./12
jun./12
Amônia
ago./12
out./12
dez./12
fev./13
Resolução CONAMA nº 357/05
Figura 17. Variação dos teores de amônia na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio
Gapara.
No presente estudo, destacam-se os pontos 2 (rio das Bicas) e 4 (Igarapé
Coelho), estes apresentaram os maiores valores de amônia e exibiram lançamentos de esgotos,
corroborando com estudos anteriores realizados por MARTINS (2008) e NASCIMENTO
(2010), que também afirmam sobre as maiores influências das elevadas concentrações de
amônia. Vale ressaltar que atualmente, o rio das Bicas continua sendo o ponto da bacia que
apresenta as concentrações mais elevadas de amônia em relação à classe 1 de águas salobras
da Resolução CONAMA nº 357/05, sendo imprópria para atividade de pesca.
57
5.3 Variáveis Biológicas
5.3.1 Ictioplâncton
5.3.1.1 Composição ictioplanctônica
Os ovos e larvas de peixes no plâncton podem ocorrer em diversos estágios de
desenvolvimento, e em diferentes épocas do ano, sendo variável, relacionando principalmente
o ciclo anual de maturação gonadal diferenciado das espécies, levando a mudanças na
distribuição e na composição qualitativa do ictioplâncton (CIECHOMSKI, 1981 apud
DOURADO e CASTRO, 2009).
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, foram coletadas 3.626 larvas e 14.594
ovos de peixes durante o período de amostragem. As larvas identificadas são pertencentes a 7
famílias Engraulidae, Clupeidae, Gobiidae, Achiridae, Carangidae, Mugilidae e Gerreidae,
representadas por 9 espécies (APÊNDICE F). Algumas larvas não puderam ser identificadas
por estarem em período de desenvolvimento bastante inicial.
Tabela 2. Composição taxonômica das larvas de peixes na bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo
NELSON, 2006).
Classe Actinopterygii
Ordem Clupeiformes
Família Clupeidae
Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879)
Família Engraulidae
Anchoviella lepidentostole (Fowler, 1911)
Anchoa sp.
Pterengraulis atherinoides (Linnaeus, 1766)
Ordem Pleuronectiformes
Família Achiridae
Achirus achirus (Linnaeus, 1758).
Ordem Perciformes
Família Carangidae
Oligoplites palometa (Cuvier, 1932)
58
Família Gerreidae
Diapterus sp.
Família Gobiidae
Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837)
Ordem Mugiliformes
Família Mugilidae
Mugil curema (Valenciennes, 1830)
5.3.1.2 Abundância Relativa do Ictioplâncton
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, o único táxon abundante foi Anchoa sp.
(49%), seguida pelas espécies Anchoviella lepidentostole (31%) e Mugil curema (16%), que
foram classificadas como pouco abundantes. As demais espécies apresentaram abundância
relativa inferior a 10% e foram classificadas como esporádicas (Figura 18, Apêndice C).
4%
31%
16%
49%
Anchoviella lepidentostole
Anchoa sp
Mugil curema
Outros
Figura 18. Composição percentual do ictioplâncton total na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012
a fevereiro/2013.
O táxon Anchoa sp. predominou em três do total dos meses amostrados, sendo
marcante em agosto, dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. A espécie Anchoviella
lepidentostole foi mais evidente nos meses de abril e junho de 2012. Já o táxon Mugil curema
foi mais evidente em dois meses de agosto de 2012 e fevereiro de 2013 (Figura 19).
59
100
80
60
40
20
0
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
dez/12
fev/13
Diapterus spsp.
Mugil curema
Achirus achirus
Anchoviella lepidentostole
Anchoa sp
Bathygobius soporador
Oligoplites palometa
Pterigraulis atherinoides
Sardinella brasilienses
Figura 19. Variação sazonal e distribuição espacial da abundância relativa das larvas na bacia hidrográfica do
rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
A maioria das famílias registradas neste estudo é comum em regiões estuarinas
e tropicais, sendo todas marinhas (NELSON, 2006). De acordo com HAEDRICH (1983) a
ocorrência de espécies costeiras em estuários acontece devido à semelhança destes
ecossistemas de águas costeiras.
Em estudo sobre a ictiofauna estuarina da costa norte brasileira, CAMARGO e
ISAAC (2003) afirmaram que a família Engraulidae, possui seus representantes pelágicos,
sendo mais comuns em habitats costeiros, onde a água é mais transparente do que em
estuários.
Os representantes desta família são muito abundantes, desempenhando um
importante papel na produção da pesca em todo o mundo, assim como na forragem a muitas
espécies de peixes e aves marinhas (HILDEBRAND, 1963; BAXTTER, 1967; BENDAZOLI
et al. 1990; FAO, 1995). De acordo com CERVIGÓN (1985), os adultos de um dos
engraulídeos mais importantes (Anchoviella lepidentostole), têm um habitat costeiro e migram
para águas estuarinas internas para desovar, preferindo águas com salinidade baixa, sendo
comuns em estuários tropicais e temperados (FROESE e PAULY, 2013).
Na região Nordeste do Brasil, esta espécie foi considerada abundante no Estado
do Maranhão na estação seca (BONECKER et al., 2007), e no litoral do Estado do Piauí
(LEGAT e MAI, 2010). Nestas regiões também foi encontrada a espécie Anchoa spnifer, que
60
é considerada residente em ambientes estuarinos e usa a região costeira de São Luís, como um
berçário (CASTRO, 1997)
Segundo CAMARGO e ISAAC (2003), esta espécie é fortemente eurialina
podendo ser encontrada a partir da plataforma continental, atingindo até a parte mais alta dos
rios.
No presente estudo também foram encontrados mugilídeos, que são
caracterizados por estarem distribuídos em águas tropicais e subtropicais marinhas de todo o
mundo ANDRADE-TALMELLI et al., (1996), sendo espécies que se encontram
principalmente em zonas costeiras, estuarinas, marinhas e também em lagoas hipersalinas e
águas dulcícolas (CERVIGÓN et al., 1992). Geralmente as espécies costeiras dessa família
desovam no mar, enquanto as espécies dulcícolas desovam em águas salobras (HARRISON,
2002). Alimentam-se através da filtragem de grande quantidade de detritos, ingerindo
microalgas, pequenos invertebrados, microrganismos e partículas de matéria orgânica
(RAMANATHAN et al., 1980; HARRISON, 2002).
Deste grupo, a espécie Mugil curema, ocorre no Atlântico Ocidental: Nova
Escócia até Argentina, Atlântico Oriental: Senegal até Namíbia, Pacífico oriental: Califórnia
até Chile, habitando águas costeiras arenosas, estuarinas e às vezes rios. Os juvenis
alimentam-se de plâncton e os adultos alimentam-se de detritos orgânicos e inorgânicos
(HARRISON, 2002). A abundância desses peixes varia em águas marinhas costeiras e
estuários durante o período reprodutivo, uma vez que a espécie é catádroma, onde os
indivíduos maduros migram para desovar no oceano (IBAÑES e GUTIERREZ, 2004).
5.3.1.3 Frequência de ocorrência do ictioplâncton
Durante o período de estudo na bacia do rio Bacanga a única espécie que foi
considerada acessória foi a Anchoviella lepidentostole (36,1%), o restante das espécies
Anchoa sp. (22,2%), Mugil curema (22,2%), Diapterus sp. (13,8%), Achirus achirus (8,3%),
Sardinela brasilienses (2,7%), Pterigraulis atherinoides (2,7%), Oligoplites palometa (2,7%),
Bathygobius soporador (2,7%) foram consideradas raras. (Figura 20).
61
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Anchoviella lepidentostole
Anchoasp.
sp
Anchoa
Mugil curema
Diapterus
Diapterus sp.
sp.
não identificado
Achirus achirus
Sardinela brasilienses
Pterigraulis atherinoides
Oligoplites palometa
Bathygobius soporator
Figura 20. Frequência de ocorrência das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de
abril/2012 a fevereiro/2013.
Na bacia do Bacanga, a maioria das espécies larvárias foram consideradas
raras, demonstrando que, em regiões estuarinas há um baixo número de espécies, confirmando
o estudo de HARRIS et al. (2001). Esta baixa frequência de ocorrência pode refletir
diretamente na comunidade ictiofaunística local.
5.3.1.4 Densidade (org.100 m -3 ) do ictioplâncton
5.3.1.4.1 Densidade de Larvas de peixe
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, a densidade larvária variou de 1,55
org.100m-3 a 2.608,52 org.100m-3. O mês que apresentou a maior densidade foi junho de 2012
(2.608,52 org.100m-3) no ponto 4 (Igarapé Coelho), seguido pelos meses de agosto de 2012
(2.451,66 org.100m-3) e abril de 2012 (627,6 org.100m-3) ambos no ponto 4 (Igarapé Coelho).
O menor valor mensal foi registrado em dezembro de 2012 (1,55 org.100m -3) no ponto 6
(Gapara). Nos meses de outubro de 2012 (Pontos 2, 3, 4, 5 e 6), dezembro 2012 (Ponto 4 e 5)
e fevereiro de 2013 (Ponto 6) não foram registradas larvas de peixe (Figura 21).
62
Densidade de Larvas (org/100m-3)
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
dez/12
fev/13
Figura 21. Variação espaço-temporal da densidade ictioplanctônica (org.100m-3) na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
Nesta bacia a espécie que apresentou maior densidade foi Anchoa sp. (6.354,32
org.100m-3) sendo seus maiores valores registrados no mês de agosto de 2012 no ponto 1
(Barragem) (3.830,60 org.100m-3) e ponto 2 (rio das Bicas) (1.784,06 org.100m-3), a segunda
com maior densidade foi a Anchoviella lepidentostole (2.608,60 org.100m-3) no mês de junho
de 2012 (ponto 4 – Igarapé Coelho), merecem destaque ainda as espécies Mugil curema
(2.033,38 org.100m-3) e Achirus achirus (46,7 org.100m-3), tendo seus maiores valores nos
meses de junho de 2012 e fevereiro de 2013, respectivamente, seguida pelas espécies
Diapterus sp.(41,96 org.100m-3), Bathygobius soporador (13,04 org.100m-3) e Sardinella
brasiliensis (10,52 org.100m-3), tendo os maiores valores nos meses de abril de 2012 (ponto
4), outubro de 2012 (ponto 1 - Barragem), fevereiro de 2013 (ponto 3 – Igarapé Jambeiro),
respectivamente. As demais espécies Pterigraulis atherinoides (1,56 org.100m-3) e
Oligoplites palometa (5,26 org.100m-3), tiveram densidade menor que 6 org.100m-3 (Figura
22)
63
Densidade de Larvas
(org.100m-3)
6000
4000
2000
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
Anchoa sp
Diapterus sp
ago/12
out/12
Anchoviella lepidentostole
Achirus achirus
dez/12
fev/13
Mugil curema
Bathygobius soporador
Figura 22. Distribuição temporal das densidades (ind.100m-3) das espécies de ictioplâncton na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé
Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
De maneira geral os maiores valores de densidade foram encontrados nos
meses de junho de 2012 (2.608,52 org.100m-3) e agosto de 2012 (2.451,66 org.100m-3),
3000
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2500
2000
1500
1000
500
0
Salinidade
Densidade de Larvas (ind.100m-3)
período em que há uma diminuição das chuvas, com salinidade abaixo de 25. (Figura 23).
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
ago/12
Densidade Larvas
out/12
dez/12
fev/13
Salinidade
Figura 23. Variação sazonal da densidade de larvas (org.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4)
Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
Em estuários tropicais, as espécies estão sujeitas as variações ambientais
extremas: como o ciclo hidrológico e as altas mudanças de salinidades (PALHETA, 2005). De
acordo com BLABER (1997) somente algumas espécies são capazes de tolerar tais variações
e residir em estuários. Em um estudo no estuário do rio Mucuri, CASTRO e BONECKER
(1996) observaram que houve um aumento na densidade ictioplanctônica com o aumento da
salinidade, discordando com os dados observados no rio Bacanga. Na bacia hidrográfica do
64
rio Bacanga, foi observado que a mudança no regime pluviométrico provoca uma variação da
salinidade e, esta tem influência direta na composição e densidade do ictioplâncton, aspecto
este, que também foi observado por PALHETA (2005) em estudo no estuário do rio Mucuri,
estado do Pará.
5.3.1.4.1.1 Padrões de Distribuição das larvas de peixe
A fauna ictioplanctônica estuarina da bacia hidrográfica do rio Bacanga pode
ser classificada de acordo com CASTRO (1997) baseado em POTTER et al.,(1997) em duas
categorias bioecológicas: migrantes-marinhas e estuarinas-oportunistas. A maioria dos táxons
são estuarino-oportunistas, sendo a espécie Anchoviella lepidentostole a única migrantemarinha. Estes dados confirmam os estudos realizados por CASTRO (1997) com a ictiofauna,
hierarquizando os peixes estuarinos identificados na ilha do Maranhão.
5.3.1.4.2 Densidade de ovos de peixe
A densidade de ovos de peixe nos pontos de coleta variou de 7,28 (ponto 1 –
Barragem) em abril de 2012 a 15.643,48 ovos. 100 m-3 (ponto 1 – Barragem) em junho de
2012). Vale destacar que não ocorreram ovos nos meses de abril de 2012 (Ponto 6 - Gapara),
outubro de 2012 (Ponto 5 - Mamão e Ponto 6 - Gapara) e dezembro de 2012 (Ponto 5 Mamão e Ponto 6 - Gapara). (Figura 24).
Densidade de ovos (ovos.100m-3)
65
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
dez/12
fev/13
Figura 24. Variação espaço-temporal da densidade de ovos (ovos.100m-3) na bacia hidrográfica do rio Bacanga,
de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé
Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
De acordo com MADRIGAL (1985), a desova de peixes em regiões tropicais é
contínua ou apresenta vários picos de maior intensidade, isto se deve geralmente, como
estratégia para evitar predação (BLABER, 1997). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga a
densidade de ovos apresentou seu maior valor em junho, que pode ter sido influenciado pela
baixa salinidade, esta possivelmente proporcionou a desova das espécies da família
Engraulidae. Nos meses de abril, agosto, outubro de 2012 e fevereiro de 2013 também foram
registrados ovos de peixe, sugerindo a ocorrência de picos de desova, semelhante ao
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Salinidade
Densidade de ovos (ovos.100m-3)
encontrado por PALHETA (2005) nos estuários dos rios Curuçá e Muriá (PA) (Figura 25).
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
Densidade Ovos (ind/100 m³)
dez/12
fev/13
Salinidade
Figura 25. Variação sazonal da densidade de ovos (ovos.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé
Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
66
5.3.1.5 Índices de diversidade, equitabilidade e riquez a.
Os índices de diversidade são usados para comparar comunidades, sendo que
diferentes medidas refletem características distintas de um mesmo local (PATIL e TAILLIE,
1982). A diversidade de espécies numa área é fundamental para a compreensão do ambiente,
principalmente quando ele está sujeito a influências antrópicas, saindo do seu equilíbrio
natural (MARTINS, 2008).
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, observou-se que a diversidade específica
(índice de diversidade de Shannon) teve média geral de 0,22 bits.ind-1, para a comunidade
ictioplanctônica, variando entre 0,08 a 0,99 (41,6% das amostras), em todo período de
estiagem e parte do período chuvoso, com baixa diversidade. Em junho de 2012, no ponto 5
(Igarapé do Mamão) ocorreu a menor diversidade de espécies, com 0,08 bits.ind-1, o valor
máximo ocorreu no mês de agosto, no ponto 3 (Igarapé Jambeiro), com 0,99 bits.ind-1 (Figura
26, Apêndice D).
Neste estudo não houve um padrão bem definido para a diversidade, sendo que
esse índice alcançou valores diversos nos diferentes pontos e meses de coleta. Apesar de
serem registrados valores muito baixos (todos menores que 1,00), isso não possibilitou uma
visualização clara das mudanças relacionadas ao estresse ambiental. MARTINS (2008)
realizou um trabalho na bacia do rio Bacanga utilizando esse índice para a ictiofauna, não
encontrando também uma relação claramente visível.
Quanto ao índice de Riqueza de Margalef, foram similares nos períodos de
abril e agosto de 2012, atingindo a máxima de 0,92 no ponto 2 (rio das Bicas), no mês de abril
de 2012. Entretanto os valores diminuíram durante os meses de junho e agosto de 2012 (início
do período de estiagem).
De forma geral os Índices de Riqueza de Margalef e Diversidade de Shannon e
Weaver demonstraram dois picos (abril e agosto de 2012). Quanto ao Índice de Equitabilidade
de Pielou, permaneceu similar a diversidade nos mesmos períodos. Estes índices podem
também estar relacionados com os níveis de estresse ambiental local.
Riqueza/Diversidade/Equitabilidade
67
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
abr/12
jun/12
Riqueza (d)
ago/12
out/12
Equitabilidade (J')
dez/12
fev/13
Diversidade H'
Figura 26. Índices de diversidade específica (bits.ind-1), equitabilidade e riqueza do ictioplâncton, na bacia
hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3)
Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara.
5.3.1.6 Análise Estatística
5.3.1.6.1 Análise de Variância Simples (ANOVA)
Os resultados da ANOVA evidenciaram que não há diferenças significativas
para os descritores ecológicos riqueza e densidade de ovos de peixe. O teste de KruskalWallis revelou diferença significativa (p < 0,05) apenas para densidade de larvas entre os
períodos de chuvoso e de estiagem, devido aos picos de densidade ocorrido nos meses
chuvosos. Os demais descritores ecológicos não apresentaram diferenças em relação à
sazonalidade.
5.3.1.6.2 Análises de Agrupamentos.
5.3.1.6.2.1 Associação das Amostras
A análise de agrupamento dos pontos de coleta considerando os fatores
densidade e meses de coleta relevam a formação de dois grupos: o primeiro (A) agrupando os
meses abril 2012 (B2 – rio das Bicas), dezembro (B1 - Barragem, B3 - Jambeiro e B6 Gapara) e fevereiro de 2013 (B2 – rio das Bicas e B5 - Mamão), sendo que, estas amostras
foram agrupadas, através dos baixos valores de densidade, sendo representados pelas espécies
68
Anchoa sp., Anchoviella lepidentostole e Diapterus sp., agrupadas em aproximadamente 55%
de similaridade no dendograma.
O segundo grupo (B) esteve agrupando os meses de abril (B1 - Barragem, B3 Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), junho (B1 - Barragem, B2 – rio das
Bicas, B3 - Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), agosto (B1 - Barragem, B2 Bicas, B3 - Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), outubro (B1 - Barragem) e
fevereiro (B1 - Barragem, B2 - Bicas, B3 - Jambeiro e B4 - Coelho), devido aos elevados
valores de densidade e serem compostas principalmente pelas espécies Anchoa sp., Mugil
curema, Achirus achirus, Diapterus sp., Oligoplites palometa, Bathigobius soparator e
Pterigraulis atherinoides (Figura 27).
Figura 27. Associação dos pontos e meses de coleta do ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de
abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (B1) Barragem, (B2) rio das Bicas, (B3) Igarapé Jambeiro, (B4) Igarapé
Coelho, (B5) Igarapé do Mamão, (B6) rio Gapara.
69
Na análise de agrupamento visualiza-se a existência de um padrão na
distribuição da densidade de larvas, com a variação do ciclo hidrológico e consequentemente
com a salinidade, como afirma BARLETTA-BERGAN (1999) e PALHETA (2005), com alta
densidade de larvas nos meses de junho e agosto de 2012, que correspondem ao período de
transição do transição da estação chuvosa para a seca, porém também foram registrados
valores elevados nos meses de abril de 2012 e fevereiro de 2013.
5.3.1.6.2.2 Associação dos Táxons
A análise de cluster revelou três grupos, influenciados diretamente pela
abundância relativa. O primeiro com menor abundância relativa agruparam as espécies
Bathgobius soporator e Oligoplites palometa, que tiveram suas densidades mais
correlacionadas no ponto 1 (Barragem) em outubro de 2012. O segundo grupo esteve
representado com as espécies com maior correlação de densidade: Mugil curema e Anchoa
sp., e o terceiro grupo juntou as espécies que não ocorreram em amostras próximas e foram
raras (Anchoviella lepidentostole, Achirus achirus, Diapterus sp.,Sardinella brasilienses e
Pterigraulis atherinoides (Figura 28).
Figura 28. Associação dos táxons de larvas de peixe encontradas na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
70
5.3.1.6.3 Análise dos Componentes Principais (ACP)
Para a análise dos componentes principais (ACP) os dois primeiros fatores
explicaram 39,80 % da variação dos dados físico-químicos e biológicos (Tabela 3).
Tabela 3. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do
rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013.
PC1
PC2
Autovalores
2,69
2,48
% de explicação
20,70
19,10
Prof
-0,38
0,16
Temp
0,32
-0,14
Sal
-0,05
0,52
OD
0,05
0,26
TDS
0,18
0,55
Turb
0,43
-0,13
pH
-0,25
-0,28
Transp
-0,50
0,10
Nitrato
-0,09
-0,31
Nitrito
0,24
-0,08
Amônia
0,08
-0,003
DensLarv
-0,14
-0,27
Dens Ovos
-0,31
-0,05
O fator 1, explicou 20,70% da variação dos dados e associou diretamente os
parâmetros: profundidade, salinidade, pH, transparência da água, nitrato, densidade de ovos e
larvas e estes inversamente correlacionados com temperatura, oxigênio dissolvido, sólidos
totais dissolvidos, turbidez, nitrito e amônia. O fator 2 explicou 19,10% da variação dos dados
físico-químicos e biológicos, e associou diretamente os parâmetros: temperatura, turbidez,
pH, nitrato, nitrito, amônia, densidade de larvas e ovos, estes inversamente correlacionados
com profundidade, salinidade, oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos e transparência
da água
A principal consistência na ordenação dos pontos amostrais em função dos
correspondentes ambientais foi associada aos pontos de coleta. Quase todos os pontos no mês
71
de abril e junho apresentaram uma correlação direta com nitrato, pH, profundidade, salinidade
e transparência da água, sendo que esta correlação mais forte está sendo visualizada
graficamente por uma localização de quase todos os pontos do lado positivo do primeiro eixo.
Provavelmente essa associação dos pontos de coleta do mês de abril e junho pode ser
explicada devido à alta pluviosidade que ocorreu nestes meses. Ao contrário do ponto 6 em
abril/12 e de todos os pontos no mês de dezembro e outubro de 2012, que foram associados
temperatura, turbidez, pH, nitrato, nitrito, amônia., densidade de larvas e ovos, visualizado
graficamente por uma localização de quase todos os pontos do lado positivo do segundo eixo
(Figura 29).
Figura 29. Análise dos Componentes Principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do
rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD)
Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial
Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de
Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5)
Igarapé do Mamão, (6); Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro).
72
Quanto à densidade de ovos e larvas, apresentaram uma forte correlação com
amônia, nitrito, nitrato, turbidez e temperatura no primeiro eixo, comprovando estudos já
realizados anteriormente para determinação de áreas de desova, que podem ser influenciadas
tanto por fatores hidrológicos, quanto pela disponibilidade de alimentos, temperatura e
partículas em suspensão, que são fatores suscetíveis de estimular ou inibir as funções
biológicas dos peixes (SARPEDONTI e CHONG, 2008). Assim, na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, as principais áreas que apresentaram as maiores densidade de ovos foram: Ponto 2 –
rio das Bicas, nos meses de agosto, junho de 2012 e fevereiro de 2013; Ponto 1 – Barragem,
nos meses de junho e agosto de 2012 e Ponto 4 – Igarapé Coelho, no mês de abril de 2012
(Figura 30).
Figura 30. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a
densidade ovos de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS)
Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez,
(Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência,
Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas,
(3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab) abril, (Jn) junho,
(Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro).
73
Quanto à densidade de larvas as áreas que apresentaram as maiores densidades
foram: Ponto 1 – Barragem, nos meses de abril, junho e agosto de 2012; Ponto 2 – rio das
Bicas, em agosto de 2012; Ponto 4 – Igarapé Coelho, nos meses de abril e junho de 2012;
Ponto 5 – Igarapé Mamão, no mês de junho de 2012; Ponto 6 – rio Gapara, em abril e junho
de 2012 (Figura 31).
Figura 31. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a
densidade larvas de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis:
(TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb)
Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp)
Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem,
(2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab)
abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro).
Estes dados de densidade de ovos e larvas de peixes estão intimamente ligados
à variação de fatores físicos e químicos do ambiente, sendo fundamentais para determinação
de áreas de desova da ictiofauna local. Essas áreas podem estar sofrendo influência do pico de
abundância fitoplanctônica, o que pode estar relacionado com o período em que ocorre uma
perceptível deposição de nutrientes, bem como a ressuspensão destes, beneficiando assim a
74
produção primária e, consequentemente, o incremento de alimento para as larvas de peixe
(VIANA, 2006).
Contudo, esse beneficiamento do fitoplâncton pode não ocorrer apenas no
período de chuvas mais intensas, uma vez que estas promovem o aumento da descarga dos
rios e o consequente transporte de nutrientes às áreas mais externas do estuário, depreciando
desta forma o estabelecimento da comunidade fitoplanctônica (PAIVA et al., 2006), assim
como as demais ligações tróficas. O aumento da pluviosidade interligada ao início das cheias,
como reguladores do processo reprodutivo dos peixes, já foram descritos nos estudos de
OLIVEIRA (2000), LOWE-McCONEELL(1999), RÉ (1999) e VAZZOLER (1996).
A restrita diversidade ictioplanctônica registrada, considerando os meses
estudados, pode está relacionada principalmente pela inexistência de uma gestão que
regulamente a abertura e fechamento das comportas da barragem, que influencia diretamente
no estrangulamento do volume de água que transita, além de sofrer influência da pluviosidade
que altera a salinidade do ambiente.
Em estudos ictiofaunísticos em áreas estuarinas, foram registrados em regiões
tropicais que a salinidade pode ser vista como um dos fatores mais importantes na dinâmica
temporal e espacial das comunidades biológicas (PAULY, 1994), porém segundo ODUM
(1983), a presença e o sucesso dos organismos dependem de uma série de fatores ambientais,
assim como, dependem da tolerância dos indivíduos a tais fatores.
Neste contexto, outros fatores ambientais podem ser influenciados pela
pronunciada atividade antrópica na bacia em estudo, sobretudo aquelas relacionadas aos
despejos domésticos e industriais que resultam no enriquecimento orgânico. Desta maneira
ressalta-se que a qualidade da água, não pode ser indicada como um fator limitante à
abundância de ovos e larvas de peixes, pois os resultados dos referidos parâmetros avaliados
na maioria das vezes, estiveram dentro dos valores considerados compatíveis à sobrevivência
e ao desenvolvimento larval e/ou não foram fortemente associados à comunidade de larvas de
peixes, assim como afirma o estudo de WANDERLEY (2010).
Dos nutrientes mais prejudiciais a fauna aquática, o nitrito apresentou
concentrações relativamente baixas (< 2 mg.L-1), a qual de acordo com a literatura constitui
característica natural deste composto (RIBEIRO, 2002). No entanto, altas concentrações de
75
nitrito podem refletir a carência de oxigênio e indicar processo de poluição recente
(BRANCO, 1986).
5.3.2 Ictiofauna
5.3.2.1 Composição Ictiofaunística
Durante as amostragens no período de estiagem e chuvoso foram capturados
279 indivíduos da ictiofauna, sendo registradas 20 espécies, distribuídas em 6 ordens, 14
famílias, com 45% das espécies pertencentes à ordem Perciformes, 15% à ordem
Clupeiformes, 15% Tetradontiformes, 10% Pleuronectiformes, 10% Siluriformes e 5%
Mugiliformes.
A lista taxonômica da ictiofauna e os respectivos nomes comuns das espécies
capturadas na bacia do Bacanga são apresentados abaixo ((Tabela 4, Apêndice G). A
sequência das ordens e famílias segue o roteiro de Nelson (2006), enquanto as espécies são
colocadas em ordem alfabética. Atualizações dos nomes científicos das espécies foram
realizadas segundo a nomenclatura atual adotada pelo FishBase (FROESE e PAULY, 2012).
Tabela 4. Composição taxonômica da ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo NELSON,
2006)
Classe Actinopterygii
Ordem Clupeiformes
Família Clupeidae
Opisthonema oglinum (LeSueur, 1818) – “Sardinha-peú”
Família Engraulidae
Centengraulis edentulus (Cuvier, 1829) – “sardinha verdadeira”
Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) – “sardinha papel”
Ordem Siluriformes
Família Ariidae
Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945) – “Uriacica braco”
Sciades herzbergii (Bloch, 1794) – “Bagre Guribu”
Ordem Mugiliformes
76
Família Mugilidae
Mugil curema (Valenciennes, 1836) – “Tainha sajuba”
Ordem Perciformes
Família Carangidae
Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) – “Timbiro Branco”
Selene vomer (Linnaeus, 1758) – “Peixe Galo”
Família Lutjanidae
Lutjanus sp. – “Carapitanga”
Família Gerreidae
Diapterus sp. – “Peixe prata”
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) – “Escrivão”
Família Haemulidae
Pomadasys corvaeniformes (Steindachner, 1869) – “Jiquirí”
Família Ephippidae
Chaetodipterus faber (Brounsonet, 1782) – “Paru”
Família Sciaenidae
Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830) – “Corvina uçú”
Micropogonias furnieri (Desmorest, 1823) – “Cururuca”
Ordem Pleuronectiformes
Família Cynoglossidae
Paralichthys sp.- “linguado”
Família Achiridae
Achirus achirus (Linnaeus, 1758) – “solha verdadeira”
Ordem Tetraodontiformes
Família Tetraodontidae
Colomesus psittacus (Bloch e Schneider, 1801) – “Baiacú açú”
Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) – “Baiacú-pininga”
Família Diodontidae
Chilomycterus antillarum (Jordan e Rutter,1897)–“Baiacú-de-espinho”
Nos levantamentos realizados na Ilha de São Luís, sobre a ictiofauna, foram
registradas 101 espécies de peixes, as quais pertenciam a 44 famílias (JURAS-MARTINS,
1989). Em outro estudo realizado em cinco estuários da Ilha de São Luís, foram registradas
77
106 espécies de peixes, com 65% pertencentes às ordens Perciformes e Siluriformes
(CASTRO, 1997), num padrão coincidente encontrado na bacia do rio Bacanga, em que a
ordem Perciforme está representada pela maioria dos peixes. Outros estudos na Ilha de São
Luís registraram 43 espécies no rio Anil, sendo 63% pertencentes à ordem Siluriformes e 26%
à ordem Mugiliformes (PINHEIRO JÚNIOR et al., 2005), 44 espécies na área de influência
da indústria ALUMAR que abrange o rio dos Cachorros e o Estreito do Coqueiro, com
frequência de ocorrência de 31,3% de indivíduos pertencentes à ordem Perciformes e 22,2% à
ordem Cyprinodontiformes (CASTRO, 2003). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga durante
cinco meses de coleta da ictiofauna, foi contabilizado 1 classe, 9 ordens e 36 espécies, com
53% das espécies pertencentes à ordem Perciformes, 17% Siluriformes, as demais ordens
somando 30% (MARTINS, 2008).
Nesta análise comparativa pode-se verificar que o número de espécies foi
sempre superior ao encontrado na bacia hidrográfica do rio Bacanga (20 espécies), mas
igualmente, com predominância da ordem Perciforme, que se distribui amplamente ao longo
da costa norte brasileira, devido à sua tolerância as variações de salinidade, o que permite
existir espécies com capacidade de explorar habitats estuarinos (CAMARGO e ISAAC,
2004).
5.3.7.1 Padrões de distribuição da ictiofauna
A ictiofauna estuarina pode receber diversas classificações quanto às categorias
ecológicas, sendo difícil estabelecer critérios que identifiquem os peixes como sendo
verdadeiramente estuarinos (CARVALHO-NETA et al.,2011). Os autores CAMARGO e
ISAAC (2003) explicam que isso ocorre devido a esses organismos apresentarem níveis de
capacidade para tolerar as variações nos teores de salinidade da água e, de acordo com sua
capacidade fisiológica, movimentam-se periodicamente entre os diferentes sistemas. Estes
pesquisadores elaboraram então um sistema de quatro categoriais para classificar as
comunidades de peixes, de acordo com suas preferências de distribuição ao longo dos
estuários da costa Norte, estas são: (a) maior afinidade pelo ambiente fluvial; (b)
intermediários com capacidade eurialina; (c) maior afinidade pelos ambientes costeiros e (d)
distribuição ao longo de todo gradiente.
Uma classificação semelhante, também em quatro categorias bioecológicas, foi
utilizada por CASTRO (1997) para hierarquizar os peixes estuarinos identificados na Ilha do
78
Maranhão, baseado em POTTER et al.,(1997). As categorias, com as respectivas espécies
identificadas na bacia hidrográfica do Bacanga são citadas a seguir:
As espécies Lycengraulis grossidens, Cetegraulis edentulus, Opisthonema
oglinum, Chilomycterus antillarum, Chaetodipterus faber, Achirus achirus, Paralichthys sp
são classificadas como migrantes-marinhas, ou seja, ocorrem ocasionalmente na região além
de terem apresentado pouca abundância e regularidade ao longo do ano.
As espécies Eucinostomus sp, Mugil curema, Diapterus rhombeus, Cynoscion
microlepidotus são consideradas como estuarino-oportunistas, pois geralmente chegam até os
estuários para complementar apenas uma etapa do ciclo de vida, utilizando a área para
alimentação ou reprodução.
Os peixes Sciades herzbergii, Pomadasys corvaeniformes, Lutjanus sp.
Hexanematichthys bonillai, Colomesus psittacus, Oligoplites saurus, Selene vômer são
consideradas como estuarino-residentes, ou seja, efetuam todo o ciclo biológico nos estuários,
utilizando permanentemente a área para a alimentação, crescimento e reprodução.
5.3.2.2 Frequência de ocorrência da ictiofauna
A Tabela 6 mostra a participação relativa das famílias encontradas na bacia do
Bacanga, em número de indivíduos, com destaque para: Gerreidae (35,48%) e Engraulidae
(19,35%), Tetradontidae (9,67%), Clupeidae (6,45%), Ariidae (5,37%), Diodontidae (4,30%),
Ephippidae (4,30%), Haemulidade (3,22%), Lutjanidae (3,22%), Sciaenidae (2,15%),
Carangidae (2,15%), Mugilidae (2,15%), Achiridae (1,07%) e Cynoglossidae (1,07%).
Tabela 5. Número de indivíduos e participação relativa por família, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, no
período de chuvoso e de estiagem.
Famílias
Clupeidae
Engraulidae
Ariidae
Mugilidae
Carangidae
Lutjanidae
Gerreidae
Haemulidae
Ephippidae
Sciaenidae
Nº de indivíduos
18
54
15
6
6
9
99
9
12
6
%
6,45
19,35
5,37
2,15
2,15
3,22
35,48
3,22
4,30
2,15
79
Cynoglossidae
Achiridae
Tetradontidae
Diodontidae
TOTAL
3
3
27
12
279
1,07
1,07
9,67
4,30
100,00
Para o conjunto da comunidade, verificou-se a dominância numérica de
indivíduos pertencentes às famílias Gerreidae e Engraulidae. DOURADO e CASTRO (2009),
em estudo no estuário do rio Paciência afirmam ainda que as larvas de peixe da família
Engraulidae foram encontradas em maiores densidades nas estações onde há o menor contato
com águas marinhas. YÁNEZ-ARANCIBIA (1986) afirma que a família Engraulidae tem
grande importância na composição ictiofanística de ambientes estuarinos e lagunares, sendo
formada principalmente por peixes costeiros, que buscam tais ambientes para a desova,
preferindo águas de baixa salinidade.
A Tabela 5 indica o número total de indivíduos e participação relativa das
espécies capturadas na bacia do rio Bacanga no período chuvoso e de estiagem. As espécies
que apresentaram maior número de indivíduos no período chuvoso foram Eucionostomus
melanopterus,Opisthonema oglium, Sciades herzbergii, Lutjanus sp., Diapterus sp.,
Chaetodipterus faber, Sphoeroides testudineus. No período de estiagem, as espécies com
maior número de indivíduos foram Opisthonema oglium, Centengraulis grossidens,
Lycengraulis
grossidens,
Diapterus
sp.,
Eucinostomus
melanopterus,
Sphoeroides
testudineus, Chilomycterus antillarum.
No período chuvoso, uma espécie teve destaque em relação ao número de
indivíduos, representando 31,09% do total capturado, com uma dominância quantitativa. No
período de estiagem, três espécies tiveram destaque em número de indivíduos, representando
65,2% do total capturado. CERVIGÓN et al. (1992) generalizam esse padrão também para
diferentes ambientes estuarinos temperados e sub-tropicais, que apresentam poucos táxons
dominantes, normalmente com menos de seis espécies de peixes, representando cerca de 70%
das capturas.
Tabela 6. Frequência absoluta e relativa (%) do número (N) de espécies de peixes na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, no período de estiagem e chuvoso.
Espécie
Opisthonema oglium
Centrengraulis eddentulus
Período Chuvoso
N
%(N)
9
5,48
6
3,65
Período Seco
N
%N
9
7,82
15
13,04
80
Lycengraulis grossidens
Hexanematichthys bonillai
Sciades herzbergii
Mugil curema
Selene vômer
Oligoplites saurus
Lutjanus sp.
Diapterus sp.
Eucionostomus melanopterus
Pomadasys corvaeniformes
Chaetodipterus faber
Cynoscion microlepidotus
Micropogonias furnieri
Paralichthys sp.
Achirus achirus
Colomesus psittacus
Sphoeroides testudineus
Chilomycterus antillarum
TOTAL
3
6
9
3
3
3
9
9
51
9
12
3
3
2
2
2
14
6
164
1,82
3,65
5,48
1,82
1,82
1,82
5,48
5,48
31,09
5,48
7,31
1,82
1,82
1,21
1,21
1,21
8,53
3,65
100,00
30
0
0
3
0
0
0
9
30
0
0
0
0
1
1
1
10
6
115
26,08
0
0
2,60
0
0
0
7,82
26,08
0
0
0
0
0,86
0,86
0,86
8,69
5,21
100,00
Eucionostomus melanopterus foi o táxon mais significativo em espécimes
capturadas no período chuvoso, sendo responsável por 31,09% da captura total. Em estudos
semelhantes, MARTINS-JURAS (1987), CASTRO (1997, 2001) capturaram esta espécie.
Esta é conhecida como “peixe prata”, pertencente à família Gerreidae, sendo abundante em
estuário e abandonam na época reprodutiva, desovando no mar (CYRUS e BLABER, 1984;
TAYER et al. 1987). Normalmente os adultos não retornam ao estuário, e assim apenas os
jovens nele ingressam (ALBARET e DESFOSSEZ, 1988).
Em estudo na Baía de Guaratuba (PR), CHAVES e ROBERT (2002) afirmam
que esta espécie não desova no interior do estuário, diferentemente do caso geral para a
família, quando adultos os indivíduos retornam a este sistema, aí se distribuindo segundo um
padrão influenciado pela salinidade.
A outra espécie mais frequente foi a Lycengraulis grossidens, que é
classificada como peixe estuarino residente, abundante o ano todo no estuário (CHAO et al.,
1985).
Deve-se levar em consideração que as espécies registradas no presente estudo
podem ter sofrido influência da hora e do dia durante os quais as amostragens foram
efetuadas. Diante dos resultados é importante ressaltar que existe a problemática relativa à
seletividade do apetrecho de pesca, tendo em vista que a abundância de uma determinada
espécie está diretamente relacionada à sua adaptação ao meio ambiente, à disponibilidade de
81
alimento e à competição existente entre os grupos, dentre outras coisas, podendo também
refletir condições ambientais passadas (MARTINS, 2008). O tamanho da malha influencia no
tamanho dos exemplares capturados e algumas espécies podem passar pela malha.
Em relação ao meio sabe-se que a barragem do Bacanga influência diretamente
na vida aquática, contribuindo ainda para a diminuição da qualidade da água do rio, e a
consequente redução no número de espécies e na quantidade de peixes, pois com a construção
da mesma, há um desvio e interrupção do curso natural da água, o que impossibilita a
migração de cardumes em época de desova (ARAÚJO apud. MARTINS, 2008). Assim a
distribuição da ictiofauna em um determinado local pode estar relacionada tanto a fatores
naturais como também a pressões antrópicas.
De acordo com todas essas observações, atribui-se a bacia do Bacanga um
importante papel ecológico de criadouro de peixes de importância econômica para a pesca
artesanal no Maranhão. Assim, o desenvolvimento dessa atividade deve ser avaliado e
monitorado continuamente a partir de medidas que visem à exploração sustentável desses
recursos.
5.4 Relação entre a comunidade ictioplanctônica e a ictiofaunística
A estrutura da assembleia ictioplanctônica indica resultar da combinação da
seleção do local de desova pelos adultos, processos físicos e adaptações biológicas das larvas
e relação a estes processos (POWLES et al. 1984). A abundância e ampla distribuição espaçotemporal de estágios iniciais de larvas de peixes ressaltam a importância da área como
criadouro de peixes importantes para a pesca.
A grande abundância de larvas é atribuída ao tipo de desenvolvimento inicial
NAKATANI, (1994), que favorece na dispersão na superfície (HOLLAND, 1986). Além
disso, a alta fecundidade, as grandes populações de adultos e a baixa mortalidade larval
também podem contribuir para o sucesso reprodutivo das espécies (ARAÚJO-LIMA e
OLIVEIRA 1998).
Segundo ALMEIDA et al. (2011), a ictiofauna marinha e estuarina maranhense
é composta de 274 espécies. Destas, as três mais dominantes para a Ilha de São Luís na
82
década de 80 foram Genyatremus luteus, Mugil curema e Sciades herzberggii (MARTINSJURAS et al., 1987). Na década de 90, as dominantes foram Genyatremus luteus, Sciades
herzbergiiI e Mugil curema, de acordo com estudo de CASTRO (1997). No ambiente
estuarino do rio Anil, PINHEIRO JÚNIOR et al. (2005) afirma que houve a dominância das
espécies Sciades herzbergii, Mugil curema, Achirus sp.,Pseudauchenipterus nodosus e Mugil
gaimardianus, representando 87% das espécies capturadas.
As variações da ictiofauna podem estar relacionadas com as particularidades
ambientais das regiões amostradas e pela metodologia de coleta empregada, cujos
pesquisadores trabalham com métodos e artes de pescas diferentes (ALMEIDA et al., 2011).
Das larvas de peixes encontradas na bacia hidrográfica do rio Bacanga,
somente as espécies Achirus achirus, Mugil curema e Diapterus sp. correspondem aos peixes
adultos encontrados na região, no entanto, estes são comercializados pelos pescadores da
bacia, o que corrobora com os dados do estudo de MARTINS (2008) (Tabela 7).
Tabela 7. Comparação entre as larvas de peixes capturadas e os peixes adultos encontrados na região e os
comercializados na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Espécies
Larvas
Achirus achirus (Linnaeus, 1758)- “Sôlha”
X
Peixes
adultos
X
Mais
Pescados
X
Mugil curema (Valenciennes, 1830) – “tainha sajuba”
X
X
X
Diapterus sp.- “Peixe prata”
Anchoviella lepidentostole (Flowler, 1911)
Colomesus psittacus (Bloch e Schneider, 1801) –
“baiacu açú”
X
X
X
X
X
Eucinostomus sp. “Escrivão”
Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)- “ baiacu
pininga”
X
X
X
Sciades herzberguii (Bloch, 1974)-“Bagre guribu”
Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945) –“Uriacica
Branco”
X
X
X
Chilomycteruss antillarum (Jordan e Rutter, 1897) –
“Baiacu espinho”
X
Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) – “Sardinha
Papel”
Centengraulis edentulus (Cuvier, 1829) – “Sardinha
verdadeira”
X
Opisthonema oglinum (LeSueur,1818) - 'sardinha·peú"
Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) – “Timbiro
X
X
X
83
Branco”
Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830) – “Corvina
uçú”
Selene vômer (Linnaeus, 1758) – “Peixe Galo”
Micropoponias furnieri (Desmorest, 1823) – “Cururuca”
Paralichthys sp. – “linguado”
Pomadasys corvaeniformes (Steindachner, 1869) –
“Jiquirí”
Chaetodioterus faber (Braussonet, 1782) – “Parú”
Lutjanus sp. – “carapitanga”
Anchoa sp.- “sardinha”
Pseudauchenipterus nodosus (Bloch, 1749) - "papista"
Centropomus parallelus (poey, 1860) - "camurim
branco"
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
5.5 Avaliações dos aspectos sociais, econômicos e ambientais .
Na costa do Estado do Maranhão a maioria da atividade pesqueira desenvolvese de maneira artesanal, envolvendo grande quantidade de pessoas que vivem na captura de
peixes, principalmente estuarinos, constituindo assim uma atividade produtiva de grande
importância social (CARVALHO-NETA, 2004 apud MARTINS, 1989).
Esta pesca é conceituada como aquela em que o pescador sozinho ou em
parcerias participa diretamente da captura do pescado, praticando a pesca com simplicidade
de tecnologia e baixo custo de produção, utilizando instrumentos simples, baseando-se em
conhecimentos adquiridos de pai para filho ou dos mais velhos da comunidade, adquirindo
um extenso conhecimento sobre o meio ambiente (PIORSKI et al., 2009; MALDONADO,
1986).
Os questionários foram aplicados em 2012 com 22 pescadores das
comunidades, sendo assim possível afirmar que todos vivem nas proximidades do rio
Bacanga.
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de acordo com a entrevista realizada
com os pescadores artesanais que ali atuam, existe pescado em todo o ano, aumentando a
quantidade quando as comportas da barragem são abertas.
84
Dos entrevistados, todos eram do sexo masculino. No que diz respeito à faixa
etária, a maioria (66.6%) possuía entre 40-49 anos, enquanto a minoria (33,3%) entre 60-69
anos, havendo um acréscimo no número de pescadores com idade entre 40-49 anos,
comparando com os dados obtidos por MARTINS (2008) (Figura 32).
33,30%
40 A 49 ANOS
66,60%
60 A 69 ANOS
Figura 32. Faixa etária dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
No que tange a ocupação dos pescadores, a maioria só trabalha com a pesca
(83,3%), enquanto a minoria exerce outras atividades: pedreiro (8,33%), feirante (8,33%),
confirmando dados do estudo de MARTINS (2008) (Figura 33).
8,33%
8,33%
Pedreiro
Feirante
Pescador
83,30%
Figura 33. Ocupação dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Quanto ao ordenamento de pesca a tarrafa e rede são usadas pela maioria
(83,3%), enquanto 16,7% utilizam somente a rede (Figura 34). Com relação a melhor época
para a pesca, todos (100%) afirmaram que as melhores épocas são: período de estiagem
(novembro) e período chuvoso (junho). Quanto ao tempo de pesca a maioria possui entre 2130 anos (91,6%), enquanto a minoria possui entre 1 a 10 anos, confirmando os dados
pretéritos de MARTINS (2008) (Figura 35).
85
8,33%
91,60%
21-30 anos
1-10 anos
Figura 34. Tempo que os pescadores exercem a sua atividade na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
16,70%
Tarrafa e Rede
83,30%
Somente Rede
Figura 35. Ordenamento de pesca utilizado pelos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, os peixes mais pescados segundo relatos
dos entrevistados, foram: peixe prata (40%), tainha (20%), sardinha (15%) e o bagre (10%),
além de outros menos citados (Figura 36). Em estudo anterior MARTINS (2008) cita a tilápia
como um dos peixes mais pescados, havendo uma redução de sua captura nos últimos anos.
2%
1%
2% 1% 4%
5%
40%
15%
Peixe Prata
Tainha
Bagre
Sardinha
Tilápia
Escrivão
Camurim
Uriacica
Papista
Sôlha
10%
20%
Figura 36. Peixes mais pescados na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
86
Entre os pescadores entrevistados constatou-se que a maior parte (40%)
adquire em média até 5 kg/dia de peixe, enquanto a menor parte pesca 16 a 20 kg/dia (5%) e
mais de 20 kg/dia (5%) (Figura 37). Nos estudos realizados por MARTINS (2008) e
CARVALHO (2000), a maior parte deles pescavam em média 5 a 10 kg/dia de peixe. No
entanto, em relatos feitos pelos pescadores, o pescado diminui consideravelmente quando as
comportas da barragem ficam fechadas por períodos muito extensos, impedindo a renovação
da massa d’água, consequentemente as variáveis físico-químicas ficam abaixo dos limites,
condicionando um ambiente desfavorável para as espécies pescadas.
5%
5%
40%
20%
30%
até 5 kg
6 - 10 kg
11 - 15 kg
16 - 20 kg
mais de 20 kg
Figura 37. Quantidade de pescado/dia de pescaria na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Quanto aos peixes capturados na bacia hidrográfica do rio Bacanga, os
entrevistados relataram que 85% são destinados à venda e ao consumo, e somente 15% é
destinada ao consumo, mantendo-se na mesma proporção, quando comparado ao estudo de
MARTINS (2008) (Figura 38).
15%
85%
venda/consumo
consumo
Figura 38. Destino do pescado na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
87
No estudo de MARTINS (2008) na bacia do Bacanga, há a afirmação de que
muitos pescadores realizam a atividade pesqueira para complementar a sua alimentação, visto
que o número de residentes na sua casa é elevado, gerando a necessidade contínua da
pescaria, outros realizam essa atividade de forma esporádica, para complementar a renda
familiar.
Quanto ao preço do pescado, nota-se que o preço mais elevado é dado à tainha
(Mugil curema), seguido pelo camurim (Centropomus parallelus) e peixe-prata (Diapterus
sp). Estas espécies foram às mesmas citadas por MARTINS (2008) (Figura 39).
10%
20%
70%
tainha
camurim
peixe prata
Figura 39. Pescados vendidos por um maior preço na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Em relação à situação da pesca na bacia do rio Bacanga, a maioria dos
pescadores (85%) afirmou que a situação foi agravada nos últimos anos, principalmente pelo
fato do aumento da poluição no rio, e pela demora na abertura das comportas da barragem,
que segundo pescadores, afeta diretamente a produção do pescado local (Figura 40), sendo
que para 90% dos entrevistados a diminuição do pescado é a principal causa desse problema
(Figura 41). Para 90% dos entrevistados a demora na abertura das comportas é a principal
causa da baixa disponibilidade de pescado na área.
15%
sim
não
85%
Figura 40. Pesca piorou nos últimos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
88
Em estudo anterior MARTINS (2008) afirmou que esta situação de piora da
pesca na bacia do Bacanga é causada principalmente pelo elevado número de pescadores,
presença da barragem, assoreamento do rio e grande quantidade de lixo.
MARTINS (2008) afirma ainda em relação aos problemas ambientais, que a
falta de redes de esgoto no local e de conscientização de moradores pode causar sérios
problemas a saúde da população.
Esta falta de rede de esgoto leva ao seu lançamento in natura nas águas do rio e
a deposição de lixo em suas margens podem provocar eutrofização no local e consequente
redução na produção pesqueira (MMT, 2007).
10%
90%
Quantidade de peixes diminuiu
Composição do pescado mudou
Figura 41. O que aconteceu com os peixes ao longo dos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga.
Na entrevista com os pescadores, todos (100%) afirmaram que sabem da
importância das larvas e ovos para a manutenção do pescado adulto. Sobre a época de
reprodução dos peixes abordada na entrevista, os pescadores afirmaram que os maiores
números de indivíduos jovens encontrados são de: “papista” (Pseudauchenipterus nodosus),
“peixe prata” (Diapterus sp.) e “sardinha” (Anchoa sp.). Os entrevistados afirmaram ainda
que fêmeas ovadas são encontradas principalmente nos meses de outubro e novembro,
principalmente de “tilápia” e “camurim” (Centropomus parallelus).
Essas afirmações são importantes a ponto de gerar estudos a fim de investigar
os períodos reprodutivos e subsidiar a estipulação legal do período de defeso para as espécies
ameaçadas de extinção ou sobre-explotadas. Essa situação permite a interlocução com os
proprietários de saberes e valorização do conhecimento tradicional.
89
O conhecimento sobre maturação sexual e desova é importante para determinar
as causas das variações de distribuição, disponibilidade e abundância dos peixes, subsidiando
no processo de administração da pesca, visando racionalizar os métodos de exploração
(CAMARGO-ZORRO, 1999).
Quanto à percepção ambiental de pescadores, pode-se afirmar que é uma
ferramenta importante no auxílio do poder público em questões ambientais. Sendo
considerados por MARTINS (2008) atores sociais altamente dependentes da bacia
hidrográfica do rio Bacanga.
Esta bacia é um ambiente impactado, sendo que a situação atual em relação à
pesca afeta os pescadores tanto social, quanto economicamente. Desta forma, não é suficiente
analisar a área apenas do ponto de vista da qualidade ambiental, sendo necessário saber sobre
como a diminuição dessa qualidade afeta as populações humanas, confirmando o estudo feito
por MARTINS (2008).
Considerando o cenário atual da atividade pesqueira, pode-se afirmar que a
manutenção desta realidade, tenderia a piorar a situação, visto que os pescadores notaram a
diminuição dos estoques ao longo dos anos, prejudicando a economia local, confirmando o
prognóstico desenhado por MARTINS (2008).
O aumento da degradação poderá diminuir a quantidade de peixes, podendo até
levar ao desaparecimento dos mesmos em alguns locais, o que ocasionaria graves problemas
sociais devido à situação econômica insustentável.
O ideal para a bacia do rio Bacanga, seria a aplicação de investimentos
dirigidos por um modelo de desenvolvimento sustentável, influenciando diretamente nos
padrões quantitativos e qualitativos da ictiofauna, caracterizando, assim, um ambiente
propício para reprodução, com a manutenção de suas funções ecológicas, aumento de
estoques, beneficinando, dessa forma, a economia local, como afirma MARTINS (2008).
Tais dados, aliados a estudos sobre a desova de espécies de peixes, são de
fundamental importância para a implantação de medidas de gestão sustentável das espécies
enquanto recurso explorável na área.
90
6. CONCLUSÕES
O presente trabalho procurou avaliar a comunidade ictioplanctônica
sazonalmente sob a óptica das dimensões ambientais e econômicas da bacia hidrográfica do
rio Bacanga.
As variáveis ambientais demonstraram grandes variações nos períodos de
amostragem. A precipitação pluviométrica apresentou um ciclo sazonal definido, não
superando a média histórica. Nos pontos próximos a foz a salinidade foi mais elevada. A
profundidade sempre foi maior nos pontos próximos a barragem. Os sólidos totais dissolvidos
apresentaram maiores valores nos períodos de estiagem. Dos nutrientes analisados, apenas a
amônia é a mais importante com as concentrações mais elevadas.
Na área de estudo há uma forte correlação da densidade de ovos e larvas de
peixe com o oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos, pH, transparência da água e
nitrato.
Na comunidade ictioplanctônica, a espécie mais abundante durante o tempo
amostral foi a Anchoa sp. As outras espécies que se destacaram quanto à abundância foram:
Anchoviella lepidentostole e Mugil curema. Destes táxons encontrados dentro do período de
um ano, estão grupos de importância para a pesca costeira.
As famílias que compõem a fauna ictioplanctônica são: Engraulidae,
Clupeidae, Gobiidae, Achiridae, Carangidae, Mugilidae e Gerreidae e identificam o ambiente
com habitat-chave na história de vida desses organismos.
A assembleia de larvas de peixes da bacia em estudo apresentou um padrão
espacial composto por grupos associados às áreas de influência marinha (externa), que são
determinados pela salinidade, combinada ou não, com temperatura e transparência da água.
Nos pontos mais próximos a foz (Barragem, rio das Bicas, Igarapé Jambeiro e
Igarapé Coelho) do rio Bacanga, houve uma ocorrência de alta densidade larvária, o pode
indicar uma exportação de larvas, cujo processo reprodutivo ocorreu no interior da bacia,
sugerindo assim, que o estuário, mesmo modificado pela ação humana, é um autêntico
berçário para algumas espécies de peixes marinhos, principalmente da família Engraulidae.
Quanto à densidade de ovos de peixe, as maiores densidades ocorreram também nos pontos
91
próximos à foz do rio, com valores elevados no período chuvoso e no início do período de
estiagem.
A alta amplitude de salinidade em alguns trechos do rio Bacanga, demonstra
ser um fator importante na reprodução de muitos peixes, sendo nesta área encontrada a maior
riqueza de espécies. Além disso, a variação de salinidade, em função da pluviosidade,
estabelece padrões sazonais na composição ictioplanctônica na área.
A associação das amostras com base no ictioplâncton mostrou a formação de
quatro grupos, definidos possivelmente em função do gradiente salinidade da água,
demonstrando certa sazonalidade. A associação dos táxons mostrou a formação de três
grupos, que tiveram suas densidades correlacionadas pela semelhança entre os pontos de
coleta.
Quanto a composição da ictiofauna as espécies que apresentaram maior
número de indivíduos no período chuvoso foram Eucionostomus melanopterus,Opisthonema
oglium, Sciades herzbergii, Lutjanus sp., Diapterus sp., Chaetodipterus faber, Sphoeroides
testudineus. No período de estiagem, as espécies com maior número de indivíduos foram
Opisthonema oglium, Centengraulis grossidens, Lycengraulis grossidens, Diapterus sp.,
Eucinostomus melanopterus,Sphoeroides testudineus, Chilomycterus antillarum.
Estas
espécies coincidem com as capturadas em outros ambientes estuarinos do Maranhão pela
pesca artesanal, revelando que a área de estudo representa um importante local de exploração
pesqueira.
Quanto a comunidade ictiofaunística encontrada na área de estudo, é
importante ressaltar que houve uma dominância numérica de indivíduos pertencentes às
famílias Gerreídae e Engraulidae.
Comparando as larvas de peixe capturadas na bacia em estudo com ictiofauna
encontrada na região, verifica-se que a bacia do Bacanga exerce um papel de “berçário” de
uma fauna íctia importante para a pesca artesanal. Entretanto a falta de regularidade das
coletas do presente trabalho sugere-se novas abordagens sobre a distribuição das espécies,
destacando o ciclo reprodutivo ao longo dos períodos chuvoso e de estiagem, a fim de
aprofundar discussões sobre o tema.
92
Quanto os pescadores da bacia, ressalta-se que a maioria vive da pesca,
possuindo uma grande experiência de atividade pesqueira. Os peixes mais pescados na região
são: peixe-prata (Diapterus sp.), tainha (Mugil curema) e sardinha (Anchoa sp). Sendo a
tainha (Mugil curema), o peixe mais vendido na região.
A situação da pesca agravou nos últimos anos, segundo os pescadores,
principalmente pela poluição no rio, e falta de regularidade na abertura das comportas da
barragem, que afetam diretamente na produção do pescado. Com relação à importância das
larvas e ovos de peixes para a manutenção do pescado adulto, todos os pescadores
demonstraram preocupação e entendimento sobre o tema.
A bacia em estudo, apesar de afetada pela poluição, é considerada importante
do ponto de vista social e econômico, promovendo o sustento da população local a partir da
pesca, sendo também utilizada por várias espécies importantes com área de desova.
Os dados obtidos neste trabalho, aliados a estudos das áreas de desova dos
peixes costeiros, são fundamentais para a implantação de medidas de gestão sustentável das
espécies que utilizam a bacia como ambiente para reprodução e para as que são endêmicas.
93
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Z. da S. de.; MORAIS, G.C.; CARVALHO-NETA, R.N.F.; CAVALCANTE,
A.do N.; SANTOS, N.B. Síntese do Conhecimento sobre a ictiofauna da Costa Maranhense,
Brasil. In: NUNES, J.L.S; PIORSKI, N.M. (Org). Peixes Marinhos e Estuarinos do
Maranhão. Café e Lápis; Fapema, 2011, 1ª ed. São Luís (MA), 2011, p. 148-174.
ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer referências: bibliográficas, eletrônicas e
demais formas de documentos. Disponível em: <http: //bu.ufsc.br/framerfer.html> . Acesso
em 23 mai, 2002.
ALBARET, J.J. e P. DESFOSSEZ. Biologie et écologie des Gerreidae (Pisces, Teleostei) em
Laguna Ebreé (Côte d’Ivoire) Rev. Hydrobiol. Trop. 21: 71-88, 1988.
AMINOT, A.; CHAUSSEPIED, M. Manuel des analyses chimiques en milieu marin:
Brest: CNEXP, 1983. 395p.
ANDRADE, A.A.S; CASTRO, A.C.L. Evoluation of the Management plan of the Bacanga
State Park, Istand of Maranhão, Northeast Brazil. Boletim do Laboratório de
Hidrobiologia. 20:61-68. 2007.
ANDRADE-TALMELLI, E. F., ROMAGOSA E. , NARAHARA, M. Y. e GODINHO, H. M.
Reproductive characteristics of the mullet Mugil platanus (Teleóstei Peciformes, Mugilidae)
in the Cananaeia estuarine – lagoon system, São Paulo. Revista Ceres, 43:165-185. 1996.
APHA. Standard methods for the examination the water and wastewater. 16.ed. Washington,
D.C. American Public Health Association, American Water Works Association and
Water Pollution Control Federation. 2005.
ARAUJO, F.G. Adaptação do índice de integridade biótica usando a comunidade de peixes
para o rio Paraíba do Sul. Rev. Bras. Biol., São Carlos, v.58, n.4, p. 547-558, nov. 1998.
ARAÚJO-LIMA, C.A.R.M.; OLIVEIRA, E.C. Transport of larval fish in the Amazon.
Journal of Fish Biology, 53 (Supplement A): 297-306. 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASIELIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2000. 22p.
BARBOSA, L.P. Avaliação de procedimentos de extração sequencial de fósforo em
sedimento do rio Bacanga (São Luís-MA), 2000. São Luís, 95. Dissertação (Mestrado em
Química), Universidade Federal do Maranhão.
BAXTER, J.L. Summary of biological information on the northern Anchovy Engraulis
mordax Girand. CalCOFI Report, 1:110-116. 1967.
BENDAZOLI, A., ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C.L.D.B., GIAMAS, M.T.D. e FROSCH,
L. A manjuba (Anchoviella lepidentostole) no rio Ribeira Iguapé: biologia,
comportamento e avaliação de estoque. São Paulo, IBAMA/IOUSP/IP-AS/SEMA, 116 p.
1990.
94
BERASATEGUI, A.D.; ACHA, E.M. e ARAOZ, N.C.F. Spatial patterns of ichthyoplanckton
assemblages in the rio de la Plata Estuary (Argentina-Uruguai). Estuar. Coast. Shelf S.;
60:599-610. 2004.
BEZERRA-JR., J.L., DIAZ, X.G., NEUMANN-LEITÃO, S. Diversidade de larvas de peixes
das áreas internas e externas do Porto de Suape (Pernambuco-Brazil), Tropical
Oeanography. V.39, n.1, p.1-13, 2011.
BITTENCOURT, D.C. Concepções e percepções ambientais no Parque Estadual do
Bacanga, São Luís, MA, São Luís, 2008. 60 p. Monografia (Curso de Ciências Biológicas) –
Universidade Federal do Maranhão.
BLABER, S. J. M. Fish and Fisheries of Tropical Estuaries. Ed. Chapman e Hall, Fish and
Fisheries Series 22.367. 1997.
BOLTOVSKOY, D. South Atlantic Zooplankton. Leiden, Backhuys Publishers, 1706 p.
1999.
BONECKER, A.C.T. Caracterização do Ictioplâncton na Entrada da Baía de Guanabara
(RJ). PhD Thesis. Federal University of São Carlos, 1997
BONECKER, A.C.T.; CASTRO, M.S.; NAMIKI, C.A.P.; BONECKER, F.T.; BARROS,
F.B.A.G. Larval fish composition of a tropical estuary in northern Brazil (2º18’2º47’S/044º20’-044º25’W) during the dry season. Pan-American Journal of Aquatic
Sciences, v.2, n.3, p.235-241, 2007.
BORGES, R.; FARIA, C.; GIL, F.; GONÇALVES, E. J.; ALMADA, V. C. Embryonic and
larval development of Gobius paganellus (Pisces: Gobiidae). Journal of the Marine
Biological Association of the United Kingdom, v. 83, p. 1151-1156, 2003.
BRAILE, P.M.; CAVALCANTI, J.E.W.A. Manual de tratamento de águas residuárias
industriais. São Paulo: Cetesb, 1979.
BRANCO, S. M. Hidrografia aplicada à Engenharia Sanitária. São Paulo: Convênio
CETESB ASCETESB. 1986.
BRITO, M.C.A. Qualidade ambiental de corpos d’água de São Luís, Alcântara e Rosário.
São Luís, 1997. 63 p. Monografia (Curso de Ciências Biológicas), Universidade Federal do
Maranhão.
CAMARGO, J.A.; ALONSO, A.; SALAMANCA, A. Nitrate toxicity to aquatic animals a
review with new data for freshwater invertebrates. Chemosphere, 58:1255-1267. 2005.
CAMARGO, M. e ISAAC, V. Reproductive biology and spatio-temporal distribuition of
Stellifer rastrifer, Stellifer naso and Macrodon ancylodon (Scianidae) in the Caeté estuary,
northern Brazil. Brazilian Joournal of Oceanography, 53(1/2): 13-21, 2005.
CAMARGO, M. e ISAAC, V. Food categories reconstruction and feeding consuption
estimatives for the Sciaenids Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider), and the cogeneric
fishes Stellifer rastrifer (Jordan) e Stellifer naso (Jordan) (Pisces, Perciformes) in the Caeté
Estuary, Norhern Coast of Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. 21(1): 85-89. 2004
95
CAMARGO, M.; ISAAC, V.J. Ictiofauna. In: FERNANDES, M.E.B. (org). Os manguezais
da costa norte brasileira. São Luís: Fundação Rio Bacanga, 142 p, 2003.
CAMARGO-ZORRO, M. Biologia e estrutura populacional das espécies da família
Sciaenidae (Pisces: Perciformes), no estuário do rio Caeté município de Braganca, Para Brasil. M.Sc. Thesis, Universidade Federal do Pará, 1999.
CARVALHO-NETA, R.N.F. Fauna de Peixes Estuarinos da Ilha dos Caranguejos-MA:
Aspectos Ecológicos e Relações com a pesca artesanal. São Luís, 2004, 90p. Dissertação
(Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas), Universidade Federação do Maranhão.
CARVALHO-NETA, R.N.F. NUNES, J.L.S.; PIORSKI, N.M. Peixes estuarinos do
Maranhão. In: NUNES, J.L.S; PIORSKI, N.M. (Org). Peixes Marinhos e Estuarinos do
Maranhão. São Luís(MA), Fapema, 2011, Café e Lápis, p. 95-104.
CASTELLO, J.P. Distribucion, crescimento y maduración sexual de la corvina juvenil
(Micropogonias furnieri) en el estuario de la “Lagoa dos Patos”, Brasil. Physis, 44 (106):2136. 1986.
CASTELLO, J.P. Gestão Sustentável dos recursos pesqueiros, isto é realmente possível? Pan
American Journal of Aquatic Sciences 2(1): 47-52. 2007.
CASTILLO, G.; MUNOZ, H.; GONZALEZ, H.; BERNAL, P. Daily analysis of abundance
and size variability of fish larvae in relation to oceanic water intrusions in coastal areas.
Biologia Pesquera, v. 20, p. 21-35, 1991.
CASTRO, A.C.L de. Características ecológicas da ictiofauna da Ilha de São Luís-MA.
Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 10: 1-18. 1997.
CASTRO, A.C.L de. Diversidade da Assembleia de peixes em igarapés do estuário do rio
Paciência (MA-Brasil). Atlântica, Rio Grande, n.23, p.61-72, 2001.
CASTRO, A.C.L. de. Aspectos ecológicos da ictiofauna estuarina da Ilha de São LuísMA, 72p. Tese (Professor Titular) – Departamento de Oceanografia e Limnologia,
Universidade Federal do Maranhão, 1997.
CASTRO, M.F. Abundância, distribuição e desenvolvimento das fases iniciais de peixes
no estuário do rio Formoso, Pernambuco – Brasil, 72p. 2005. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife – PE.
CASTRO, M.S. e BONECKER, A.C.T. Ocorrência de larvas de peixe no sistema estuarino do
rio Mucuri. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 39 (1): 171-185. 1996.
CASTRO, T.C.S. Identificação de áreas potenciais para a recarga de aquífero na bacia
hidrográfica do rio Bacanga. São Luís. 56p. 2008. Monografia (Curso de Ciências
Aquáticas). Departamento de Oceanografia e Limnologia, UFMA.
CAVALCANTI, P.F.F. Integrated aplication of the UASB reactor and ponds for
domestic seweg treatment in tropical regions. The Netherlands, Thesis Wageningen,
University. 139 p. 2003.
96
CAVERO, B.A.S; PEREIRA-FILHO, M.; BORDINHON, A.M.; FONSECA, F.A.L.;
ITUASSÚ, D.R.; ROUBACH, R.; ONO, E. A. Tolerância de juvenis de pirarucu ao aumento
da concentração de amônia em ambiente confinado. Pesq. Agrop. Brasil., 39(5):513-516.
2004.
CERVIGÓN, F. La ictiofauna de las aguas estuarinas del delta río Orinoco em la costa
atlântica occidental Caribe. In: Ecología de Comunidades de peces em estuários y lagunas
costeras: hacia um integración de ecossistemas. A YÁNES-ARANCIBIA (Ed), 57-78,
Universidad Nacional Autónoma de México, Programa Universitário de Alimentos, Instituto
de Ciências del Mar y Limnologia, ISBN 968-837-618-3, México, 1985.
CERVIGÓN, F., CIPRIANI, R., FISCHER, W., GARIBALDI, L., HENDRICK, M.,
LEMUS, A.J., MÁRQUES, R., POUTIERS, J. M., ROBAINA, G. e RODRIGUEZ, B. Guia
de Campo de lase species comerciales marines y de aguas salobras de la costa
septentrional de Sur América. Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la
Alamentación, Roma, 1992.
CHAO, L.N.; PEREIRA, L.E. e VIEIRA, J.P. Estuarine fish community of the Patos Lagoon
Lagoa dos Patos, RS Brasil. – A baseline study. Chapter 20, 26p. In: A. YÁNEZ- YÁNEZARANCIBIA 1986. (ed) Fish community ecology in estuaries and costal lagoons.
Towards an ecosystem integration. UNANN, México – DF, 900p. 1985.
CHAO, L.N.; PEREIRA, L.E.; VIEIRA, J.P.; BEMVENUTI, M.A. e CUNHA, L.P.R.
Relação preliminar dos peixes estuarinos e marinhos da Lagoa dos Patos e região costeira
adjacente, Rio Grande do Sul, Brasil. Atlântica, Rio Grande 5 (1): 67 – 75. 1982.
CHAVES, P.T. A pesca artisanal na plataforma do estado do Paraná, entre a baía de
Graratatuba e o estuário do Rio Saí-Guaçú: uma abordagem ictiológica e social. Relatório
Final do projeto Fundação Araucária 106/2000. Curitiba, 2002.
CHAVES, P.T. & M.C. ROBERT. Nota complementar sobre os hábitos de Gerres
melanopterus (Teleostei: Gerreidae) na Baía de Guaratuba (PR, Brasil). Revista Brasileira de
Zoologia 18 (1): 255-259. 2002
CIECHOMSKI, J.D. Ictioplâncton. In: FISHER, W. (ed). FAO species identification sheets
for fishery porpose. West Atlântic. (Fishing Áreo 31). Rome: FAO, v.4, 1981.
CLARKE, K.R; GORLEY, R.N. PRIMER v.6.1.6: User Manual/Tutorial. Plymouth:
PRIMER. 2006.
COELHO, C.J.C.; DAMÁZIO, E. Aspectos da Disponibilidade e dos Usos da Água na Bacia
do Bacanga/Ilha do Maranhão (Ilha de São Luís) – MA. Boletim do Laboratório de
Hidrobiologia, 19:73-84. 2006.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resol. Nº 357, de março de 2005.
Estabelece a classificação para as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional, DOU
nº 53. Seção 1. p 58, Brasília-DF, de 18 de março de 2005.
COSER, L.M. Avaliação das relações entre o ictioplâncton e a maré no canal da
Passagem, Vitória-ES, 2003. (Monografia) – Universidade Federal do Espírito Santo.
97
COSER, L.M., PEREIRA, B,B.; JOYEUX, J. Descrição da comunidade ictioplanctônica e sua
distribuição espacial nos estuário dos rios Piraquê-Açú e Piraquê-Mirim, Aracruz, ES, Brasil.
Interciência. Caracas. V. 32, n.4, p.233-241. Abril/2007.
COSTA, M.D. de P. Ictioplâncton da baía de Babitonga (SC-Brasil): instrumento para a
definição de áreas prioritárias para a conservação. 2011. Dissertação (Mestrado) –
Universidade do Vale do Itajaí, 141 p.
CYRUS, D.P. E BLABER, S.J.M. Species identification, distribution and abundance of
Gerreidae (Teleostei) Bleeker, 1859 in the estuaries of Natal. S.-Afr. Tydskr. Dierk., 17,
105-116. 1982.
CYRUS, D.P. E BLABER, S.J.M.. The reproductive biology of Gerres in Natal estuaries. J.
Fish Biol., 24, 491-504. 1984.
CUNNINGHAMA, M. E.; MARKLE, D. F.; WATRAL, V. G.; KENT, M. L.; CURTIS, L. R.
Patterns of fish deformities and their association with trematode cysts in the Willamette River,
Oregon. Environmental Biology of Fishes, v. 73, p. 9–19. 2005
DAY, J.M. JR.; HALL, C.A.S.; KEMP, W.M, and YANEZ-ARANCIBA, A.Estuarine
ecology. New York: John Wiley e Sons. Pp 558. 1989.
DAJOZ, R. Ecologia Geral. Petrópolis: Vozes. 1983.
DOYLE, M. J.; MORSE, W. W.; KENDALL,Jr., A. W. A comparision of larval fish
assemblages in the temperate zone of northeast Pacific and the northwest Atlantic ocean. Bull.
Mar. Sci., v. 53. p. 588-644, 1993.
DOURADO, E.; CASTRO, A.C.L de. Ictioplâncton do Estuário do rio Paciência, São LuísMA. IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação e
Tecnologia. Belém-PA, 2009.
DUPAS, M. A. Pesquisando e normalizando: Noções básicas e recomendações úteis para a
elaboração de trabalhos científicos (Série Apontamentos). São Carlos: EDUFSCar, 2002. 73p.
ELETROBRÁS, Usina Marémotriz – Estuário do Bacanga, projeto comercial, In: Relatório
Técnico Sondotécnica S.A., Brasil, 1980.
ELETROBRÁS. Estado da Arte de projeto e operação e usinas maremotriz, In: Relatório
Técnico Sondotécnica S.A., Brasil, 1981.
ESTEVES, F. de A. Fundamentos de Limnologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência. 601p.
1998.
FAHAY, M. P. Guide to the early stages of marine fishes occurring in the Western North
Atlantic Ocean, Capes Hatteras to the Southern Scotian Shelf. Journal of Northwest
Atlantic Fishery Science, 4: 419. 1983.
FAO. Fisheries statistics: catches and landing. Rome Vol. 80. 713p. 1995.
FAO. Organizacion de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación.
Departamento de Pesca y Acuicultura, Subdirección de Politicas y Apoyo em Materia de
Publicación Eletrónica. El Estado Mundial de la pesca y la acuicultura. Roma, 2007.
98
FERREIRA, R.M. da S. do A. Aproveitamento da energia das marés: Estudo de Caso
Estuário do Bacanga, MA. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Naval e Oceânica) –
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
FIGUEREDO, J. L.; MENEZES, N. A. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil: II.
Teleostei (1). São Paulo: Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, 1978.
FINOTTI, A.R; SCNHEIDER, V.E. Monitoramento de recursos hídricos em áreas
urbanas. Caxias do Sul, RS: Educs, 272p, 2009.
FLORES-MONTES, M. Variação nictimeral do fitoplâncton e parâmetros hidrológicos
no canal de Santa Cruz (Itamaracá-PE). 1996. 119 f. Dissertação (Mestrado em
oceanografia) CTG. UFPE, Recife.
FRAKES, T. e HOFF, F.H. Effect of high nitrite-N on the growth na survival of juvenile and
larval anemonefish, Amphiprion ocellaris. Aquaculture. 29:155-158. 1995.
FRANCO, B.C. e MUELBERT, J.H. Distribuição e composição do ictioplâncton na quebra
da plataforma do Sul do Brasil. Altântica, v. 25, ob15. 2003.
FRANK, K. T.; LEGGETT, W. C. Multispecies larval fish associations: accident or
adaptation. Can. J. Fish. Aquat. Sci., v. 40, p. 754-762, 1983.
FROESE, R. e PAULY. D. (Ed). FishBase Word Web eletronic publication
www.fishbase.org., version (03/2013).
FURTADO, L.G.; NASCIMENTO, I.H.; SANTANA, G.; MANESCHY, M.C. Formas de
utilização de manguezais no litoral do estado do Pará: casos de Marapanim e São Caetano de
Odivelas. Amazônia: Ciência e Desenvolvimento, 1 (2). 2006.
GORGÉNYI, M.; DEWULF, J.; LANGENHOVE, H.V.; KIRÁLY, Z. Solubility of volatile
organic compounds in aqueous ammonia solution. Chemosphere. v.59, n.8, p.1083-1090,
2005.
GRABDA, E.; EINSZPORN-ORECKA, T.; FELINSKA, C.; ZBANYSEK, R. Experimental
methomoglobinemia in trout. Acta Ichthyol., Pisc., 4:43-71. 1974.
HAEDRICH, R.L. Estuarine Fishes Pp. 183-207. In: Ketchum, B.H. (Ed). Estuaries and
Enclosed. Seas. New York, Elsevier Scientific., vol.26, 500 p. 1983.
HAIMOVICI, M. KLIPPEL, S. Diagnóstico da biodiversidade de peixes teleósteis
demersais
marinhos
e
estuarinos
do
Brasil.
1999.
Disponível
em
www.anp.gov.br/brnd/round16/guias/perfuraçao/refere/peixesdemersais.pdf.
HAMMER.; HARPER, D. A. T. e RYAN, P. D. 2001. Past Palaentological Statistics, ver.
1.16. Disponível em: <http://folk.uio.no/ohammer/past>. Acesso em: 31 de jul. 2012.
HARRIS, S., D. CYRUS e L. BECKLEY. Horizontal trends in larval fish diversity and
abundance along an ocean-estuarine gradient on the northern Knazulu-Natal Coast, South
Africa. Estuar. Coast. Shelf. S., 53;221 – 235. 2001.
99
HARRISON, I. J. Mugilidae, Mullets. In: K.E. Carpenter (Ed) FAO species identification
guide for fishery purposes. The living marine resourses of the Western Central. Atlanctic
2:1071-1085. 2002.
HEMPEL, G. e WEIKERT, H. The neuston of the subtropical and boreal Northeaestern
Atlantic Ocean, a review. Mar. Biol., 13(1): 70.88. 1972.
HILDEBRAND, S.F. Family Engraulidae. In Fishers of the Western, North Atlantic
Memoirs of Sears Fundation for Marine Research, new Haven, 1(3): 152-249. 1963.
HOLLAND, L.E. Distribution of early life history stages of fishes in selected pools of the
upper Mississipi River. Hydrobiologia, Dordrecht, v. 136, p. 121-130.
HONORATO, M. da S.; PASSAVANTE, J.Z.O; SILVA-CUNHA, M.G.G.; NASCIMENTO,
V.D.A.; GREGO, C.K.S. e MUNIZ, K. Distribuição espacial e sazonal da biomassa
fitoplanctônica e dos parâmetros hidrológicos do estuário do rio Formoso (rio Formoso,
Pernambuco, Brasil). Tropical Oceanography, 32:89-106. 2004.
IBAÑEZ, A. L.; GUTIERREZ-BENITEZ, O. Climate variables and spaweing migrations of
the striped mullet and white mullet in the nort-Western area of the Gulf of México. J. Fish
Biol. 65: 822-831, 2004.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de Desenvolvimento
Sustentável. Rio de Janeiro, 2010.
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. (s.d). Acesso em abril de 2013, disponível
em INMET – Instituto Nacional de Meteorologia: http://www.inmet.gov.br/
KALIKOSKI, D.C.; SEIXAS, C.S.; ALMUDI, T. Gestão compartilhada e comunitária da
pesca no Brasil: Avanços e desafios. Ambiente e Sociedade. Campinas v. XII, n.1. p.151172. Jan-Jun, 2009.
KINGSFORD M. FINN M. The influence of the phase of the moon and physical processo on
the input of presettlement fishers to the coral reefs. J. Fish Bid. 51:176-205. 1977.
KINGSFORD, M.J., LEIS J. SHANKS, A. LINDEMAN, K. MORGAN, S., PINEDA, J.
Sensory environments, larvas abilities and local self-recrutment bull Mar. Sci. (in press).
2002.
KLINGER, T. e KIDO, J. Patterns of larval settlement are not predictable from coarse
measures of surface circulation. Proc. Georgia Basin/Puget Sound Res. Cont. 2003.
KUBITZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. Piracicaba: Gráfica e Editora
Degaspara. 60 p. 1998.
KUBTZA, F. Nutrição e alimentação dos peixes cultivos. 3ed. Jundiaí: KUBITZA, F. 123p.
1999.
LABOHIDRO. Laboratório de Hidrobiologia da UFMA. Relatório Técnico: Diagnóstico
Ambiental do Estuário do rio Bacanga, Ilha de São Luís-MA. São Luís. 1999.
100
LABOHIDRO. Laboratório de Hidrobiologia da UFMA. Relatório Técnico Final. Estudo da
Poluição química e biológica na Ilha de São Luís-MA: rios Anil e Bacanga. São Luís,
1983.
LAGLER, K. F.; BARDACH, J. E.; MILLER, R. R.; PASSINO, D. R. M. Ichthyology. John
Wiley & Sons, Inc., New York, 2nd Ed, 1977. 505 p.
LANDEATA, M. F.; LÒPES, G.; SUÀREZ-DONOSO, N.; BUSTOS, C. A.; BALBONTÍN,
F. Larval fish distribution, growth and feeding in Patagonian fjords: potencial effects of
freshwater discharge. Environ. Biol. Fish. 2011.
LEIS, J. M. Larval fish assemblages near Indo-Pacific coral reefs. Bull. Mar. Sci., v. 53,
p.362-392, 1993.
LEGAT, J. F. A; MAI. A.C.G. A riqueza da ictiofauna capturada em currais de pesca artisanal
no litoral do Piauí. Agrosoft Brasil. Fonte: www.agrosoft.org.br/agropag/216624.htm.
Impresso: 11/04/2013. 2010.
LEGENDRE, L.; LEGENDRE, P. Ecologie numérique. 2 ed. Quebec: Masson Presses de
L’Université du Quebec,: La structure dês données écologiques. (Colllection d’écologie,
13).v. 2, 1984b.
LEIS, J. M.; CARSON-EWART, B. M. The Larvae of Indo-Pacifi c Coastal Fishes: An
Identifi cation Guide to Marine Fish Larvae. Fauna Malesiana Handbooks. Brill, Leiden.
2000.
LEIS, J. M.; RENNIS, D. S. The larvae of Indo-Pacific coral reef fishes. New South Wales
University Press, Sydney. 1983.
LEIS, J. M.; TRNSKI, T. The larvae of Indo-pacific Shorefishes, a companion volume to the
larvae of Indo-Pacific Coral Reef fishes. Honolulu: University of Hawaii Press. 371 p. 1989.
LEITE, R.G., SILVA, J.V.V. de e FREITAS, C.E. Abundância e distribuição das larvas de
peixe no lago Catalão e no encontro dos rios Solimões e Negro, Amazonas, Brasil. Acta
Amazônica. 36(4): 557-562. 2006.
LIMA, S.L., SAAVEDRA, O.R.M., ARAÚJO, I.A., AZOUBEL, G.G. Anteprojeto usina
piloto maré-motriz do rio Bacanga. Universidade Federal do Maranhão – UFMA. São Luís.
2004.
LOWE-McCONNELL, R.H. Estudos Ecológicos de Comunidades de Peixes Tropicais.
(Trads.: Vazzoler, A.E.A. de M.; Agostinho, A.A.; Cunnhingham, P.T.M.). São Paulo:
EDUSP. p.19-38. 1999.
MACÊDO, J.A.B. Águas e águas. São Paulo: Valera. 2001.
MADRIGAl, E.; PACHECO, O.; ZAMORA, E.; QUESADA, E.; ALFARO, J. Tasa de
filtración del ostión de manglar (Crassostrea rhizophorae, Guilding, 1828), a diferentes
salinidades y temperature. Rev. Biol. Trop. 33:77-79, 1985.
101
MAFALDA-JR, P.O, SINQUE, C., MUELBERT, J.H., SOUZA, C.S. Distribuição e
abundância do ictioplâncton na costa norte da Bahia, Brasil. Tropical Oceanography,
Recife, 32(1): 69-88. 2004 a.
MALDONADO, S.C. Pescadores do Mar. Ática.São Paulo. Brasil. pp. 136-154. 1986.
MARANHÃO. Atlas do Maranhão, São Luís: GEPLAN/LABGEO-UEMA. 2002.
MARANHÃO. Secretaria de Meio Ambiente e Turismo. Plano de Manejo do Parque
Estadual do Bacanga. São Luís, 125 p. 1992.
MARCOLIN, C.R., CONCEIÇÃO, B.L., NOGUEIRA, M.M., MAFALDA-JR., P.O.,
JOHNSSON, R. Mesozooplankton and Ichthyoplankton composition in two tropical estuaries
of Bahia, Brazil. Check list, v.6, n.2, p. 210-216. 2010.
MARGALEF, R. Temporal sucession and spatial heterogeneity in phytoplankton. In:
BUZZATI-TRAVERSO, A. A. (Ed.) Perspectives in Marine Biology. Berkeley:
Universidade California Press, 1958. p. 323-349.
MARQUES, M.A. A importância da mineração para a economia do Brasil. Revista Brasil
Mineral. São Paulo. p. 7. Set. 1983.
MARTINS, A.G.L. de A.; NASCIMENTO, A.R.; VIEIRA, R.H.S. dos F.; SERRA, J.L.;
ROCHA, M.M.R.M. Quantificação e identificação de Aeromonas spp. em águas de superfície
do estuário do rio Bacanga em São Luís-MA (Brasil). B. CEPPA, Curitiba v.27, n.1, p.107118, jan-jun. 2009.
MARTINS, A.G.L.A. Efeitos da emissão dos efluentes domésticos na proliferação de
Aeromonas sp. em águas de superfície e pescado do estuário do rio Bacanga, São LuísMA. Fortaleza. 107p. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) –
Universidade Federal do Maranhão, 2005.
MARTINS, A.L.P. Avaliação da qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Bacanga
(São Luís-MA) com base em variáveis físico-químicas, biológicas e populacionais:
subsídios para um manejo sustentável. São Luís, 2008, 113p. Dissertação (Mestrado em
Sustentabilidade de Ecossistemas), Universidade Federal do Maranhão, 2008.
MARTINS, P.R. Campesinato e pesca artesanal. In: III Encontro de Ciências Sociais e do
Mar, 3. São Paulo. Coletânea de trabalhos apresentados. São Paulo: Programa de Pesquisa e
Conservação de áreas úmidas no Brasil/IOUSP/F. FORD/UICN, p. 49-61. 1989.
MARTINS-JURAS, I.A.G.; JURAS, A.A. e MENEZE, N.A. Relação preliminar dos peixes
da Ilha de São Luís, Maranhão, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, n.4, v.2, p.105-113.
1987.
MATOS, A.T. Qualidade do meio físico ambiental. Associação dos Engenheiros Agrícolas
de Minas Gerais (Série Caderno Didático nº 33), Viçosa-MG. 54p. 2006.
MELO, Y.P. da C. Caracterização da ictiofauna durante o período seco na Baía do
Gajará e Baía do Marajó. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Pesca). Universidade
Federal do Pará, 2009
102
MELO, O.T. Comportamento biogeoquímico de nutrientes no estuário do rio Bacanga,
ilha de São Luís-MA, Belém. 115f. 1998. Dissertação (Mestrado em geoquímica) – Curso de
Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Centro de Geociências, Universidade Federal do
Pará, 1998.
MMT. Planejamento e Consultoria. Relatório de consultoria ambiental. Programa de
recuperação e melhoria da qualidade de vida do Bacanga. São Luís. 87p.1998.
MOSER, H. G. (Editor). The early stages of fishes in the California current region.
California Cooperative oceanic fisheries investigations. National Marine Fisheries
Service. California. Atlas Nº. 33. 1517p. 1996.
MOSER, H.G., e SMITH, P.E. Larval fish assemblages of the California Curret Region and
Their horizontal and vertical distribuitions across a front. Bulletin of Marine Science 53(2),
645-691. 1993.
MPA. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura, Brasil-2010. Brasília-Fev.2012.
NAKATANI, K. Estudo do ictioplâncton no reservatório de Itaipu (rio Paraná - Brasil):
levantamento das áreas de desova. 1994. 254 f., il. Tese (Doutorado em Zoologia) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1994.
NAKATANI, K.; AGOSTINHO, A.; BAUMGARTNER, G.; BIALETZKI, A; SANCHES,
A.; MAKRAKIS, M.C e PAVANELLI, C.S. Ovos e larvas de peixes de água doce:
desenvolvimento e manual de identificação. Maringá, PR, 2001.
NASCIMENTO, E.L.; NAKATANI, K. Relações entre os fatores ambientais e a
distribuição de ovos e larvas de peixes na sub-bacia do rio Ivinhema, Estado de Mato
Grosso do Sul, Brasil. Acta Biol. Sci. Vol. 28, num 2, p. 117-122, abril-junho. 2006.
NASCIMENTO, J.D.O. Índice de Sustentabilidade Ambiental do uso da Água (ISA)
como ferramenta de contribuição às políticas públicas de desenvolvimento e conservação
na bacia do rio Bacanga, São Luís, 2010. 95p. Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade
de Ecossistemas), Universidade Federal do Maranhão, 2010.
NAVARRO-RODRIGUES, M.C., GUEVARA, L.F.G., FLORES-VARGAS, R., RUELAS,
M.E.G. e GONZALES, F.M.C. Composición e variabilidade del ictioplâncton de la laguna El
Quelele, Nayarit, México. Revista de Biologia Marina y Oceanografia, 41(1): 35-43. 2006.
NELSON, J.S. Fishes of the world. 4ed. John Willey B. Sons, New Jersey, 2006.
NONAKA, R.; MATSUURA, Y. e SUZUKI, K. Seasonal variation in larval fish assemblages
in relation to oceanographic conditions in the Abrolhos Bank Region off eastern. Brazil.
Fishery Bulletin, 98, 767-784. 2000.
ODUM, E.P. Ecologia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1983.
OLIVEIRA, C.C.C.O. O padrão de ocupação urbana e sua influência nas formações
vegetais ciliares do rio Bacanga. São Luís, 2008. 53 p. Monografia (Ciências Aquáticas) –
Universidade Federal do Maranhão, 2008.
103
OLIVEIRA, E.C. Distribuição e abundância do ictioplâncton na área da Estação
Ecológica de Anavilhanas, rio Negro, Amazonas, Brasil. 2003. Tese de Doutorado,
Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 2003
OLIVEIRA, E.C. Distribuição sazonal das larvas de Mylossoma aureum e M. duriventre
(Osteichthyes: Serrasalmidae) na costa do Catalão, rio Amazonas, Amazonas, Brasil. Acta
Amazonica, Manaus, v. 30, n. 1, p. 155-166. 2000.
OMORI, M.; IKEDA,T. Methods in marine zooplankton ecology. Wiley-Interscience
Publication. New York. 331p. 1984.
OSTRENSKY, A. Estudos para urbanização tecnológica dos cultivos de camarões
marinhos no litoral do Paraná, Brasil. Curitiba. 122 p. 1977. (Tese de Doutorado) – UFPR,
1977.
OXENFORD, H.A., R. MAHON AND W. HUNTE. Distribution and relative abundance of
flyingfish (Exocoetidae) in the eastern Caribbean. I. Adults. Mar. Ecol. Prog. Ser. 117: 1123. 1995a
OXENFORD, H.A., R. MAHON AND W. HUNTE. Distribution and relative abundance of
flyingfish (Exocoetidae) in the eastern Caribbean. III. Juveniles. Mar. Ecol. Prog. Ser. 117:
39-47. 1995b.
PAIVA, R.S; ESKINAZI-LEÇA, E; PASSAVANTE, J.Z.O; SILVA-CUNHA, M.G.G. e
MELO, N.F.A.C. Considerações ecológicas sobre o fitoplâncton da baía do Guajará e foz do
rio Guamá (Pará, Brasil). Boletim Museu do Paraná Emílio Goeldi 2(2): 133-146, 2006.
PAIVA-FILHO, A. M.; GIANNINI, R.; NETO, F. B. R. A pesca da manjuba Anchoviella
lepidentostole (Engraulidae) no estuário de São Vicente, SP. Relat. Int. Inst. Oceanogr.
Univ. S. Paulo. 29: 1-6. 1990.
PAIVA-FILHO, A. M.; ZANI TEIXEIRA, M. L. e KIHARA, P.K. Contribuição ao
conhecimento da biologia da manjuba, Anchoviella lepidentostole (FLOWER, 1911), no
estuário de São Vicente, SP (Osteichthyes, Engraulidae). Boletim Instituto Oceanogr. São
Paulo, 34: 71-77, 1986.
PALHETA, G.D.A. Composição e distribuição espaço-temporal de ovos e larvas de peixe
nos estuários dos rios Curuçá e Muriá (CURUÇÁ-PARÁ), 2005. 88p. Dissertação
(Mestrado em Ciência Animal), Universidade Federal do Pará, 2005.
PANSWAD, T., ANAN, C. Specific oxygen ammonia and nitrate uptake rates of a biological
nutrient removal process treating elevated salinity wastewater. Bioresource Tecnology, 70:
237-243, 1999.
PARKER, N., DAVIS, K. Requeriments of Warnwater fish, In: L. Proceedings of the
Bioengineering Symposium for fish culture. Fish Culture Section of the American
Fisheries Society, Bethesda, Maryland, USA. Allen and E. Kinney, p.21-28.1981.
PATIL G.P., e TAILLIE,C. Diversity as a concept and its measurement. Journal of the
American Statistical Association, 77:548-567., 1982.
104
PAULY, D. A freamework for latitudinal compararisons of flatfish recruitment. Neth. Jour.
Sea Res. 32:107-118, 1994.
PEREIRA, B.B.; ALMEIDA, H.G.; CASTRO, L.L.M.; VIEIRA, G.R.A.S. e JOYEUX, J.C.
Características físico-químicas da água na entrada do sistema estuarino da Baía de Vitória.
Resultados Preliminares. V. Simpósio de Ecossistemas Brasileiros: conservação, Vitória,
ES: ACIESP, 109(2): 198-205. 2000.
PIDU. Plano Integrado de Desenvolvimento Urbano de São Luís-PIDU. São Luís:
Prefeitura municipal de São Luís. 1995.
PIELOU, E.E. An introduction to mathematical ecology. New York, 1969.
PINHEIRO JÚNIOR, J.R. Uso de Geotecnologias como subsídio à gestão do Parque Estadual
do Bacanga, São Luís, Maranhão, Brasil. Bol. Ciênc. Geod., Curitiba, v.12, n.2, p. 377-379,
jul-dez. 2006.
PIORSKI, N. M.; SERPA, S.S.; NUNES, J. L. S. Análise comparativa da pesca de curral na
ilha de são Luís, estado do maranhão, Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 42, p. 1-7. 2009.
POERSCH, L.H.; SANTOS, M.H.S; MIRANDA-FILHO, K.; WASIELESKY JR.,W. Efeito
agudo do nitrato sobre alevinos da tainha Mugil platanus (PISCES: MUGILIDAE). B. Inst.
Pesca, São Paulo, 33(2): 247-252. 2007.
POTTER, I.C.; CLARIDGE, P.N.; HYNDES, G.A.; CLARKE, K.R. Seasonal annual and
regional variations in ichthyofaunal composition in the inner severn estuary and inner Bristrol
channel. Journal Marine Biology Association, U.K., 77, p.507-525. 1997.
POWLES, H., AUGER, F. E FITZGERALD, G. J. Nearshore ichthyoplankton of a north
temperate estuary. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 41: 1653-1662.
1984.
QUEIROZ, G. M.L.N. Caracterização da ictiofauna demersal de duas áreas do complexo
estuarino de Paranaguá, Paraná. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação).
Universidade Federal do Paraná. 92 p. 2005.
RAMANATHAN, S., ARAÚJO, R. A. e CHELLAPPA, N. T. Food and feending habitats of
adult Mugil curema (Valenciennes) in the brackish water ponds and the Potengi estuary – in
Rio Grande do Norte, Brazil. Ciência e Cultura, 32 (5) 578-580, 1980.
RAMOS, S., COWEN, R.K., RÉ, P., BORDALO, A.A. Temporal and spatial distribuitions of
larval fish assemblages in the Lima estuary (Portugual) Estuar. Coast. Shelf Sci. 66:303-314.
2006.
RÉ, P. Ictioplâncton estuarino da Península Ibérica (Guia de identificação dos ovos e
estados larvares planctónicos). Prémio do Mar, 1996. Câmara Municipal de Cascais. 163 p.
1999.
RHAMA. Consultoria Ambiental. Relatório Final. Modelagem hidrodinâmica e da
qualidade da água da embocadura estuarina de São Luís/MA. 2008. 141p.
105
RIBEIRO, J. L. Conflicts in the Mondego Estuary: sustainability of natural resources
and of traditional land use. Littoral 2002 (6.th International Symposyum) – The Changing
Coast. Eurocoast/Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Vol. III (pp. 111-115).
2002
RICHARDS, W. J. Early Stages of Atlantic Fishes. An Identification Guide for the Western
Central North Atlantic. CRC / Taylor e Francis. 2v. 2640p. 2006.
RICHARDS, W. J., Early stages of Atlantic fishes: An Identification Guide for the
Western Central North Atlantic. Vol. I and II, 1824p. 2005.
ROCHA, L.E. Impactos ambientais relevantes e principais medidas mitigadoras no
Parque Estadual do Bacanga, São Luís, 37 p. Monografia. 2003. (Especialização em
Gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) – Universidade Federal do Maranhão, 2003.
SANTOS, J.S dos; SANTOS, S. dos; SANTOS, M.L.P dos. Parâmetros indicativos do
processo de salinização em rios urbanos do semi-árido brasileiro. Revista Química Nova,
v.32, n.6, 1534-1538. 2009.
SARPEDONTI V.; CHONG V.C. Abundance and distribution of Stolephorus baganensis
Hardenberg, 1933, and Thryssa kammalensis (Bleeker, 1849) larvae in relation to ontogeny
and environmental factors in a Malaysian estuary. Tropical Zoology. 2008.
SILVA-JÚNIOR, M.G. da. Ecologia da Ictiofauna do Estuário do rio Paciência, Ilha do
Maranhão – Brasil. Belém-PA, 2012, 165 p. Tese (Doutorado em Ecologia Aquática e
Pesca). Universidade Federal do Pará, 2012.
SILVEIRA, P.C.A da. Distribuição e abundância das larvas de peixes na Zona Econômica
Exclusiva do Estado do Maranhão, Brasil. In: NUNES, J.L.S; PIORSKI, N.M. (Org). Peixes
Marinhos e Estuarinos do Maranhão. São Luís(MA): Café e Lápis; Fapema, 2011.
SILVEIRA, P.C.A da. Ictionêuston da Zona Econômica Exclusiva referente ao Estado do
Maranhão (Região Norte do Brasil). 2003. Dissertação de Mestrado. Programa de PósGraduação em Oceanografia d UFPE, 56f, 2003.
SILVEIRA, P.C.A. da. Impact of oceanographic conditions on distribution and
abundance of larval fish in northern Brazil, 2008. 91 p. Tese (Doutorado em Ciências
Naturais), Universidade de Bremen, Alemanha, 2008.
SMITH, P.E. e S.L. RICHARDSON. Técnicas modelo para propecciones de huevos y larvas
de peces pelagicos. FAO, Doc. Tec. Pesca. 175: 107. 1979.
SIPAÚBA-TAVARES, L.H. Limnologia aplicada á aquicultura. Boletim Técnico FUNEP,
São Paulo, 1:1-72. 1994.
SIPAÚBA-TAVARES, L.H. Limnologia dos sistemas de cultivo. In: W.C VALENTIN (ed)
Carcinocultura para produção de camarões. Brasília, IBAMA/FAPESP. 1998.
SOARES, L.S. Avaliação da aplicação do “índice de sustentabilidade de bacias
hidrográficas como subsídio para formulação de políticas públicas de conservação nas
sub-bacias dos rios Batatã e Maracanã, Ilha de São Luís-MA. 216 p. 2010. Dissertação
106
(Mestrado) – Universidade Federal do Maranhão. Programa de Pós-Graduação em
Sustentabilidade de Ecossistemas. São Luís, 2010.
STATSOFT, INC. STATISTICA (data analysis software system). v. 7. Disponível
em:<http://www.statsoft.com>. 2004
SUDAM. Caracterização ambiental e prospecção pesqueira do estuário do rio
Cururuca-Maranhão. Belém: SUDAM/UFMA, 141 p. 1983.
SUDENE. Pesquisas dos recursos pesqueiros da plataforma continental maranhense.
Recife: Divisão de Reprografia, 67p. 1976.
SUDEPE. Pesquisas dos Recursos Pesqueiros Maranhenses. Série Estudos de Pesca. Nº 6,
76p, 1976.
SWERARER, S.E., SHIMA, J.S., HEILBERG, M.E., THORROLD, S.R., JONES, G.P.,
ROBERTSON, D.R., MORGAN, S.G., SELKOE, K.A., RUIZ, G.M., WARNER, R.R.
Evidence of Self-recruitment in demersal marine populations. Bull Mar Sci. 70:251-271.
2002.
TEIXEIRA, A.M.S. Proposta de elaboração de material didático pedagógico para
educação ambiental nas escolas da região do Parque Estadual do Bacanga, 2005. 85 p.
Monografia (Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Maranhão, 2005.
TEIXEIRA, A.M.S.; TEIXEIRA, M.P.S.S. A preservação do Parque Estadual do Bacanga
a
partir
de
uma
proposta
didático-pedagógica.
Disponível
em:
http://www.senept.cefetmg.br/galerias/arquivos_senept/anais/terca_tema4/terxatema4artigo4.
pdf, Acesso em: 13 fev 2013, 2005.
THAYER, G.W.; COLBY, D.R. E HETTLER JR., W.F. Utilization of the red mangrove prop
root habitat by fishes in south Florida. Mar. Ecol. Prog. Ser., 35, 25-38. 1987.
THÉ, A.; RUFFINO, M. Gestão Compartilhado do uso dos recursos pesqueiros: uma nova
possibilidade. In: KALIKOS et al (org). Gestão compartilhada do uso sustentável de
recursos pesqueiros: refletir para agir. Brasília. IBAMA, 2009.
THURSTON, R.U.; RUSSO, R.C.; PHILLIPS, G.R. Acute toxicity of ammonia to fathead
mimmows Trans. Am. Fish. Soc., 112:705-711. 1986.
TRUSSEL, R.P. The percent un-ionized ammonia in aqueous ammonia solutions at diferente
pH level and temperatures J. Fish. Res. Board. Can., 29:10. 1972.
VALENTIN, J. L. Ecologia Numérica. Rio de Janeiro: Interciência, 117 p. 2000.
VALENTIN, J. L.; MACÊDO-SAIDAH, F. E.; TENENBAUM, D. R.; SEIVA, N. L. A.
Diversidade específica para análise das sucessões fitoplanctônicas. Aplicação ao Ecossistema
de ressurgência de Cabo Frio (RJ). Nerítica. Pontal do Sul: v.6, n. ½, p. 7-26. 1991.
VAZZOLER, A.E.A .M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática.
Maringá: EDUEM, 196p. 1996.
107
VIANA, E.M de F., SANTOS, H. de A., MAGALHÃES,V.P.F., MARTINEZ, C.B.
Elaboração de um projeto de mecanismo para transposição de peixes utilizando um canal de
adubação de uma pch. Comitê brasileiro de barragens. In: V simpósio Brasileiro Sobre
Pequenas e médias centrais elétricas FLORIANÓPOLIS – SC, 2006.
WANDERLEY, C. M. S. Distribuição espaço-temporal das larvas de peixe e sua relação
à hidrodinâmica e à qualidade da água no entorno das ilhas do Combu e Murucutu,
Belém – PA. 2010. 86 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Belém,
2010.
WATSON, R.; HOSHINO. E.; BEBLOW, J.; REVENGA, C.; KURA, Y.; KITCHINGMAN,
A. Fisheries Centre Research Reports, Fishing Gear Associated With Global Marine Catches,
Fisheries Centre, University of British Columbia. v.12. n.6., 2004.
YÁNEZ-ARANCIBIA, A. Ecologia de la zona costera: análisis de siete tópicos. México, A.
G. T. Editor. 189p. 1986.
YONEDA, N.T. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da zona
costeira e marinha – plâncton. Base de dados tropical. Disponível em
http://www.bdt.org.br/workshop/costa/plancton/copepode. Acesso em: 2013. 2000.
108
APÊNDICES
109
APÊNDICE A – Questionário aplicado com pescadores da bacia hidrográfica do rio Bacanga
(São Luís-MA).
Data_____________________
Nome:_______________________________ Apelido_________________
1.
A quanto tempo pesca?______________________
2.
O que o Sr. Observa que está acontecendo com o local de captura ao longo dos anos?
( ) Conservado
( ) Degradado
( ) Comprometido
3.
Quais peixes você pesca no rio?
4.
Qual o tipo de pescaria praticado por você?
5.
Qual peixe tinha em grande quantidade e agora não tem mais?
6.
Qual peixe não era pescado e agora passou a ser pescado?
7.
Na sua opinião, qual a importância dos ovos e larvas de peixes para o peixe adulo?
8.
Qual a produção média do pescado por
viagem?__________________________________
9.
O Sr. Exerce outro tipo de atividade rentável (fora da pesca)?
Qual/___________________
10.
Qual é a principal atividade econômica exercida por você?
11.
Qual o período em que você captura mais peixes (mês principal)?
12.
Quantos dias você pesca durante a semana?_____________________
13.
Quantas horas você pesca por dia?_____________________________
14.
Qual a quantidade pescada (kg) por dia de pescaria?___________________
15.
Qual a finalidade da
pesca?____________________________________________________
16.
Quais os pescados com maiores
preços?_________________________________________
17.
Qual sua renda mensal com atividade
pequeira?___________________________________
18.
A pesca melhorou nos últimos
anos?___________________________________________
19.
Quais os problemas ambientais que você observa no lugar? Isso atrapalha a pesca?
20.
Quais as causas desse problema?
110
21.
Na sua opinião, o que pode ser feito para melhorar a pesca neste rio?
22.
Você tem algum projeto que vise a recuperação do rio? Qual?
111
APENDICE B - Variáveis ambientais mensuradas nos meses de abril/2012 a fevereiro de 2013, na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1
(Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (Abril), Jn (junho),
Ag (Agosto).
B1Ab
B2Ab
B3Ab
B4Ab
B5Ab
B6Ab
B1Jn
B2Jn
B3Jn
B4Jn
B5Jn
B6Jn
B1Ag
B2Ag
B3Ag
B4Ag
B5Ag
B6Ag
Profundidade Temperatura Salinidade Oxigênio Sólidos
Turbidez pH
Secchi Nitrato Nitrito
(mg.L-1) (mg.L-1)
(m)
(°C)
Dissolvido Totais
(NTU)
(cm)
-1
(mg.L )
Dissolvidos
(g.L-1)
6,10
28,80
13,70
3,90
11,47
9,87
9,93
89,00
0,30
0,01
1,30
30,30
17,27
2,40
14,20
16,80
9,18
47,00
0,30
0,02
1,00
29,80
14,07
2,50
12,27
17,30
8,23
68,00
0,30
0,04
1,70
30,50
16,37
1,50
13,39
13,39
7,50
74,00
0,03
0,01
1,23
30,30
11,08
3,90
11,05
11,05
7,58
82,00
0,30
0,01
1,47
30,10
2,74
7,50
26,06
26,06
6,60
26,00
0,03
0,01
4,18
28,73
14,70
9,08
18,08
11,20
7,40 118,00
0,03
0,02
0,97
28,83
13,31
5,79
11,09
13,30
7,90
51,50
0,30
0,02
1,71
30,16
11,32
3,16
9,60
10,80
7,80
83,00
0,30
0,04
1,22
30,91
10,52
4,87
11,56
10,05
7,80
70,00
0,30
0,03
0,91
29,74
3,54
2,68
8,60
11,50
7,70
64,00
13,40
0,01
1,08
30,11
4,84
2,41
5,59
9,92
7,80 108,00
3,10
0,04
4,50
28,96
25,32
6,78
19,99
4,20
8,41 150,00
4,90 0,00001
0,98
30,51
22,00
5,03
13,83
7,50
8,30
71,00
4,90
0,01
0,76
30,89
22,54
3,39
19,92
9,00
8,25
60,00
4,90
0,05
1,00
31,68
31,68
5,28
19,09
17,00
7,82
56,00
4,90
0,01
0,76
28,31
13,00
5,09
15,87
11,00
7,78
76,00
4,90
0,006
1,50
30,83
16,25
3,82
13,16
7,71
7,71
73,00
4,90
0,01
Amônia
(mg.L-1)
1,41
5,38
1,20
4,20
0,30
0,73
0,85
2,36
1,50
1,50
0,59
1,47
0,00073
0,98
0,00098
2,00
0,002
0,49
Continua...
112
APÊNDICE B - Variáveis ambientais mensuradas, nos meses de abril/2012 a fevereiro de 2013, na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos:
B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ou (outubro), De
(Dezembro), Fe (Fevereiro).
B1ou
B2ou
B3Ou
B4Ou
B5Ou
B6Ou
B1De
B2De
B3De
B4De
B5De
B6De
B1Fe
B2Fe
B3Fe
B4Fe
B5Fe
B6Fe
Profundidade Temperatura Salinidade Oxigênio Sólidos
Turbidez pH
Secchi Nitrato Nitrito Amônia
-1
(mg.L-1) (mg.L ) (mg.L-1)
(m)
(°C)
Dissolvido Totais
(NTU)
(cm)
(mg.L-1)
Dissolvidos
(g.L-1)
1,00
27,83
32,67
3,79
25,02
5,90
8,44
87,00
0,30
0,01
1,10
1,30
27,85
30,28
1,43
23,16
7,90
8,07
87,00
0,30
0,01
3,10
1,53
27,80
32,31
3,24
24,77
12,00
7,86
68,00
0,30
0,01
0,40
1,90
30,07
31,00
0,95
23,84
7,60
8,23
58,00
0,30
0,01
2,60
1,01
32,10
22,35
6,86
21,75
4,50
8,66 101,00
0,30
0,01
0,10
1,40
28,09
23,24
5,87
18,09
5,30
8,60 104,00
0,30
0,01
0,20
4,10
28,57
31,00
7,09
26,66
7,10
8,63
70,00
0,30
0,02
0,20
1,07
29,24
32,00
7,08
25,44
10,00
8,25
49,00
0,30
0,02
0,80
1,52
28,51
35,00
7,26
26,64
11,00
8,38
68,00
0,30
0,02
0,20
1,60
31,59
27,00
4,14
25,57
16,00
7,91
62,00
0,30
0,02
5,50
1,10
31,40
29,00
8,52
23,74
9,70
8,45
95,00
0,30
0,02
0,50
1,90
31,52
26,00
6,81
21,77
14,00
8,30
70,00
0,30
0,03
0,80
3,34
29,89
31,00
4,85
26,16
3,80
8,39 125,00
0,30
1,40
0,02
1,50
30,29
23,00
4,67
20,02
5,80
8,38
87,00
0,30
8,50
0,02
1,02
30,76
25,00
7,02
24,12
7,60
8,15
69,00
0,30
1,50
0,09
1,70
32,04
26,00
5,51
25,52
14,00
8,64
93,00
0,30
1,60
0,02
0,67
30,98
10,00
8,72
21,15
16,00
8,74
42,00
0,30
0,60
0,02
1,27
32,22
12,00
7,41
26,82
20,00
8,65
28,00
0,30
1,10
0,05
113
APÊNDICE C – Abundância relativa (%) das espécies de larvas de peixe contabilizadas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de
abril/2012 e fevereiro/2013.
Abril/12 Junho/12 Agosto/12 Outubro/12 Dezembro/12 Fevereiro/13
Diapterus sp
1,92
Mugil curema
0,16
Achirus achirus
0,32
Anchoviella
97,43
0,12
0,19
25,60
3,20
0,25
99,80
1,07
lepidentostole
Anchoa sp
73,90
50,00
Bathygobius soporador
75,00
Oligoplites palometa
25,00
Pterigraulis
40,80
16,60
atherinoides
Sardinella brasilienses
2,10
114
APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da
bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé
Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (Abril), Jn (junho).
Sardinella brasilienses
Anchoviella
lepidentostole
Anchoa sp.
Pterigraulis
atherinoides
Achirus achirus
Mugil curema
Oligoplites palometa
Diapterus sp.
Bathgobius soporator
não identificado
B1Ab
B2Ab
B3Ab
B4Ab
B5Ab
B6Ab
B1Jn
B2Jn
B3Jn
B4Jn
B5Jn
B6Jn
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Continua...
115
APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da
bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé
Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ag (Agosto), Ou (outubro).
Sardinella brasilienses
Anchoviella
lepidentostole
Anchoa sp.
Pterigraulis atherinoides
Achirus achirus
Mugil curema
Oligoplites palometa
Diapterus sp.
Bathgobius soporator
não identificado
B1Ag
B2Ag
B3Ag
B4Ag
B5Ag
B6Ag
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
B1ou
B2ou
B3Ou
B4Ou
B5Ou
B6Ou
*
*
*
*
*
Continua...
116
APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da
bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé
Mamão), B6 (Garapa); Meses: De (Dezembro), Fe (Fevereiro).
B1De
Sardinella brasilienses
Anchoviella
lepidentostole
Anchoa sp.
Pterigraulis atherinoides
Achirus achirus
Mugil curema
Oligoplites palometa
Diapterus sp.
Bathgobius soporator
não identificado
* Espécie presente
B2De
B3De
B4De
B5De
B6De
B1Fe
B2Fe
B3Fe
*
B4Fe
B5Fe
B6Fe
*
*
*
*
*
*
*
*
117
APÊNDICE E – Valores do número total de espécies, indivíduos, índices de diversidade, equitabilidade e riqueza na bacia hidrográfica do rio
Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé
Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (abril), Jn (junho), Ag (agosto), Ou (outubro), De (Dezembro) e Fe (Fevereiro).
Total de Espécies
Total de
Indivíduos
Riqueza
Equitabilidade
Diversidade
B1Ab
B2Ab
B3Ab
B4Ab
B5Ab
B6Ab B1Jn
B2Jn
B3Jn
B4Jn
B5Jn
B6Jn
4,00
2,00
2,00
2,00
2,00
1,00
2,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
60,00
3,00
13,00 226,00
100,00 220,00
16,00
11,00
2,00 390,00
80,00
16,00
0,73
0,18
0,36
0,91
0,91
0,91
0,38
0,61
0,61
0,18
0,19
0,19
0,21
8,08E-02
8,08E-02
0,36
0,33
0,33
B1Ag
B2Ag
B3Ag
B4Ag
B5Ag
B6Ag
B1ou
B2ou
Total de espécies
4,00
3,00
3,00
2,00
2,00
3,00
2,00
Total de Indivíduos 1.735,00 477,00
26,00
14,00
46,00
30,00
4,00
Riqueza
0,40
0,32
0,61
0,37
0,26
0,58
0,72
Equitabilidade
0,42
0,56
0,63
0,37
0,98
0,26
0,81
Diversidade
0,84
0,89
0,99
0,37
0,98
0,42
0,81
B1De
B2De
B3De
B4De
Total de Espécies
1,00
1,00
1,00
Total de Indivíduos
1,00
2,00
2,00
Riqueza
Equitabilidade
Diversidade
B5De
B3Ou
B6De
B1Fe
B2Fe
B3Fe
1,00
2,00
1,00
1,00
40,00
38,00
0,27
0,38
0,38
B4Ou
B5Ou
B4Fe
B5Fe
1,00
2,00
B6Ou
B6Fe
1,00
1,00
118
APÊNDICE F – Ictioplâncton da bacia hidrográfica do rio Bacanga, coletado entre abril/2012
a fevereiro/2013.
Sardinella brasiliensis (Steindachner,
1879)
Anchoviella lepidentostole (Flowler,
1911).
Anchoa sp.
Achirus achirus (Linnaeus, 1758)
Oligoplites palometa (Cuvier, 1932)
Diapterus sp.
Bathygobius soporator (Valenciennes,
1837)
Mugil curema (Valenciennes, 1830).
119
APÊNDICE G – Ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga, coletado no período
chuvoso e de estiagem, de abril/2012 a fevereiro/2013.
Opisthonema oglium (LeSueur, 1818)
Centegraulis edentulus (Cuvier, 1829)
Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829)
Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945)
Sciades herzbergii (Bloch, 1794)
Mugil curema (Valenciennes, 1836)
Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801)
Selene vomer (Linnaeus, 1758)
Lutjanus sp.
Diapterus sp.
120
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)
Pomadasys corvaeniformes (Steindachner,
1869)
Chaetodipterus faber (Brounsonet, 1782)
Cynoscion microlepdotus (Cuvier, 1830)
Micropogonias furnieri (Desmorest, 1823)
Paralichthys sp.
Achirus achirus (Linnaeus, 1758)
Colomesus psittacus (Bloch e Schneider,
1801)
Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)
Chilomycterus antillarum (Jordan e Rutter,
1897)
121
ANEXOS
122
ANEXO A – Variação Sazonal da precipitação pluviométrica (mm) registrada na estação meteorológica de São Luís pelo Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) durante os anos de 2002 a 2013.
Ano/Mês
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
Janeiro
345,60
359,10
445,70
33,10
189,90
16,30
124,40
375,80
108,20
490,30
102,40
60
220,90
Fevereiro
83,40
491,10
485,40
230,80
277,50
545,10
413,50
367,20
121,50
457,40
238,10
279,2
332,51
Março
314,10
570,20
388,00
350,40
369,20
457,40
584,50
365,40
316,90
430,90
331,70
-
407,15
Abril
489,30
428,80
452,90
371,40
537,30
348,60
607,00
767,10
393,70
621,70
249,50
-
478,84
Maio
295,40
207,70
183,50
219,60
536,10
286,10
314,20
467,70
377,50
310,80
86,40
-
298,63
Junho
237,00
148,00
213,10
256,50
261,90
61,40
380,00
207,60
218,30
166,80
50,80
-
200,12
Julho
42,30
64,60
233,00
166,40
63,20
136,30
104,90
71,80
105,20
128,00
60,50
-
106,92
Agosto
4,60
34,40
83,90
12,80
67,00
0,20
51,40
12,30
7,00
38,70
11,20
-
29,40
Setembro
0
5,90
1,50
0
2,30
2,20
0,40
0
0,40
0
0,20
-
1,17
Outubro
0
0,20
0
0,20
0
1
0,40
0
0
61,60
0
-
5,76
4,70
3,20
4,00
9,30
2,40
0,60
2,60
16,20
6,50
1,60
-
7,30
55,80
6,60
158,10
40,50
42,00
18,50
10,30
90,70
0,60
0,80
-
42,84
Novembro 29,30
Dezembro
47,40
Total
1888,40 2370,50 2496,80 1803,30 2354,20 1899,00 2599,80 2847,80 1755,60 2713,30 1133,20 339,90
Média de 2002 a 2012 = 2169,26 mm
123
ANEXO B – Tabela dos limites dos parâmetros monitorados, segundo a resolução CONAMA nº 357/05 de 15/03/05.
CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS
PADRÕES
PARÂMETROS
Salinidade
VALORES
>0,5 a <30
pH
6,5 a 8,5
OD
≥ 5,0 mg.L-1
Nitrato
0,40 mg.L-1 N
Nitrito
0,07 mg.L-1 N
Nitrogênio amoniacal total
0,40 mg.L-1 N