Dissertacao Rafael Diego Barbosa Soares - SIGAA
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Dissertacao Rafael Diego Barbosa Soares - SIGAA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS MESTRADO COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA. Rafael Diego Barbosa Soares Dissertação de Mestrado São Luís 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS MESTRADO COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA. Rafael Diego Barbosa Soares Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas - UFMA, como prérequisito à obtenção do título de Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas. Orientador: Dr. Marco Valério Jansen Cutrim Agência Financiadora: FAPEMA São Luís 2013 Soares, Rafael Diego Barbosa. Comunidade ictioplanctônica da bacia hidrográfica do rio Bacanga, com ênfase nas características ambientais e econômicas, São Luís - MA – Rafael Diego Barbosa Soares. – São Luís, 2013. 124 folhas Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas) – Universidade Federal do Maranhão, 2013. 1. Bacia hidrográfica do rio Bacanga 2.Comunidade Ictioplanctônica 3.Comunidade Ictiofaunística I. Titulo CDU 556.51 (812.1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS MESTRADO DEFESA DE DISSERTAÇÃO CERTIFICADO DE APROVAÇÃO TÍTULO: “COMUNIDADE ICTIOPLANCTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BACANGA, COM ÊNFASE NAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E ECONÔMICAS, SÃO LUÍS – MA”. AUTOR: RAFAEL DIEGO BARBOSA SOARES ORIENTADOR: PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM Aprovado pela Banca Examinadora: ___________________________________________________ PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM ____________________________________________________ PROF. DRA. PAULA CILENE ALVES DA SILVEIRA ______________________________________________________________________ PROF. DRA. ANDREA CHRISTINA GOMES DE AZEVEDO CUTRIM Data de realização: 26/04/2013 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais (José Maria Rodrigues Soares e Vânia Maria Barbosa Melo Soares), pelo apoio em todos os momentos difíceis. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, a Jesus Cristo, por ter proporcionado essa conquista em minha vida; Ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas, PPGSE, pela oportunidade de realização do trabalho em minha área de pesquisa; Ao meu orientador profº. Dr. Marco Valério Jansen Cutrim e a profª Dra. Paula Cilene Alves da Silveira por terem dado todo o suporte no processo da pesquisa; A todos os professores, demais funcionários e colegas envolvidos com o Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas da UFMA, em especial ao coordenador do curso profº Dr. Ricardo Barbieri, pelo constante acompanhamento em todas as atividades; À oceanógrafa Delzenira da UFMA, que muito colaborou na identificação do ictioplâncton; À Mestre Josinete Sampaio Monteles da UFPA e aos professores: Dr. Nivaldo Magalhães Piorski e Dr. Antônio Carlos Leal de Castro pela ajuda nas análises estatísticas Aos pescadores entrevistados que forneceram dados valiosos sobre os peixes pescados na bacia do rio Bacanga; A todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente com o meu sucesso; À Fundação de Amparo à Pesquisa e desenvolvimento científico do Maranhão - FAPEMA, pela bolsa de estudo concedida. “Feliz é o homem que acha sabedoria e o homem que adquire conhecimento, porque melhor é o lucro que ela dá do que a prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa do que pérolas, e tudo o que pode desejar não é comparável a ela”. Provérbios 3:13-14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 17 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 20 2.1 Geral ................................................................................................................................ 20 2.2 Específicos ...................................................................................................................... 20 3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 21 3.1 A Bacia Hidrográfica do rio Bacanga ............................................................................. 21 3.2 Ictioplâncton ................................................................................................................... 23 3.3 A Gestão dos Recursos Pesqueiros ................................................................................. 27 3.4 Comunidades de peixes da bacia hidrográfica do rio Bacanga....................................... 28 4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 30 4.1. Caracterização da Área de Estudo ................................................................................. 30 4.2 Materiais e Métodos ........................................................................................................ 33 4.2.1 Pesquisa de campo e laboratório .............................................................................. 33 4.2.1.1 Precipitação Pluviométrica ............................................................................... 33 4.2.1.2 Variáveis físico-químicas da água .................................................................... 33 4.2.1.3 Análise do Material Biológico .......................................................................... 36 4.2.1.3.1 Coleta e identificação do Ictioplâncton ..................................................... 36 4.2.1.3.2 Coleta e identificação da Ictiofauna .......................................................... 37 4.2.1.4 Entrevista com os pescadores ........................................................................... 38 4.2.1.5 Tratamento numérico dos dados ....................................................................... 39 4.2.1.5.1 Abundância relativa (%) ............................................................................ 39 4.2.1.5.2 Frequência de ocorrência ........................................................................... 39 4.2.1.5.3 Densidade .................................................................................................. 40 4.2.1.5.4 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza ....................................... 41 4.2.1.6 Tratamento estatístico dos dados ...................................................................... 42 4.2.1.6.1 Análise de Agrupamento ........................................................................... 42 4.2.1.6.2 Análise dos Componentes Principais (ACP) ............................................. 42 4.2.1.6.3 Análise de Variância (ANOVA) ............................................................... 43 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 44 5.1 Dados climatológicos ...................................................................................................... 44 5.1.1 Precipitação pluviométrica ....................................................................................... 44 5.2 Variáveis Físicas e Químicas .......................................................................................... 45 5.2.1 Variáveis Físicas ...................................................................................................... 45 5.2.1.1 Salinidade da água ............................................................................................ 45 5.2.1.2 Temperatura da água ........................................................................................ 46 5.2.1.3 Profundidade e Transparência da água (cm) .................................................... 47 5.2.1.4 Sólidos Totais Dissolvidos e Turbidez ............................................................. 48 5.2.3 Variáveis Químicas .................................................................................................. 49 5.2.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH) ......................................................................... 49 5.2.3.2 Oxigênio dissolvido (mg.L-1) ........................................................................... 50 5.2.3.3 Sais Nutrientes .................................................................................................. 53 5.2.3.3.1 Nitrato ........................................................................................................ 53 5.2.3.3.2 Nitrito ........................................................................................................ 54 5.2.3.3.3 Amônia ...................................................................................................... 55 5.3 Variáveis Biológicas ....................................................................................................... 57 5.3.1 Ictioplâncton ............................................................................................................. 57 5.3.1.1 Composição ictioplanctônica ................................................................................ 57 5.3.1.2 Abundância Relativa do Ictioplâncton .................................................................. 58 5.3.1.3 Frequência de ocorrência do ictioplâncton............................................................ 60 5.3.1.4 Densidade (org.100 m-3) do ictioplâncton ............................................................. 61 5.3.1.4.1 Densidade de Larvas de peixe ............................................................................ 61 5.3.1.4.1.1 Padrões de Distribuição das larvas de peixe ................................................... 64 5.3.1.4.2 Densidade de ovos de peixe ............................................................................... 64 5.3.1.5 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza. .................................................. 66 5.3.1.6 Análise Estatística ................................................................................................. 67 5.3.1.6.1 Análise de Variância Simples (ANOVA) .......................................................... 67 5.3.1.6.2 Análises de Agrupamentos. ........................................................................... 67 5.3.1.6.2.1 Associação das Amostras ....................................................................... 67 5.3.1.6.2.2 Associação dos Táxons........................................................................... 69 5.3.1.6.3 Análise dos Componentes Principais (ACP) ................................................. 70 5.3.2 Ictiofauna ................................................................................................................. 75 5.3.2.1 Composição Ictiofaunística ................................................................................... 75 5.3.7.1 Padrões de distribuição da ictiofauna ............................................................... 77 5.3.2.2 Frequência de ocorrência da ictiofauna ................................................................. 78 5.4 Relação entre a comunidade ictioplanctônica e a ictiofaunística................................... 81 5.5 Avaliações dos aspectos sociais, econômicos e ambientais............................................ 83 6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 90 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 93 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Pontos de coleta das variáveis físico-químicas e biológicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013..................................................... 34 Tabela 2. Composição taxonômica das larvas de peixes na bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo NELSON, 2006). ..................................................................... 57 Tabela 3. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013....................... 70 Tabela 4. Composição taxonômica da ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo NELSON, 2006)..................................................................................... 75 Tabela 5. Frequência absoluta e relativa (%) do número (N) de espécies de peixes na bacia hidrográfica do rio Bacanga, no período de estiagem e chuvoso. ......................... 79 Tabela 6. Número de indivíduos e participação relativa por família, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, no período de chuvoso e de estiagem. ......................................... 78 Tabela 7. Comparação entre as larvas de peixes capturadas e os peixes adultos encontrados na região e os comercializados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................. 82 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do rio Bacanga, Ilha de São Luís/MA. ............... 30 Figura 2. Localização das sub-bacias e pontos de coleta da bacia do rio Bacanga, São Luís/MA. .................................................................................................................. 32 Figura 3. Localização dos pontos de coletas ao longo da bacia rio Bacanga, São Luís/MA. .. 35 Figura 4. Locais de coleta das variáveis físico-químicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga. B1. Barragem; B2. Rio das Bicas; B3. Igarapé Jambeiro; B4. Igarapé do Coelho; B5. Igarapé do Mamão; B6. Rio Gapara. ................................................................. 35 Figura 5. Rede de plâncton acoplada com o fluxômetro, utilizada na coleta de amostras de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................ 36 Figura 6. Quantificação e identificação do ictioplâncton sob o microscópio estereoscópio binocular da marca Zeiss Stemi 2000-C. ................................................................. 37 Figura 7. Pescadores realizando coleta do material ictiológico na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................................................................................... 38 Figura 8. Total de chuvas (abr./12 a fev./13) e média histórica mensal de chuvas (2002-2012) em São Luís - MA. ................................................................................................... 44 Figura 9. Variação da salinidade relacionada com precipitação pluviométrica (mm) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. ..................................................................................................................... 45 Figura 10. Variação da temperatura da água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .................................... 46 Figura 11. Variação da transparência da água relacionada com a profundidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. ..................................................................................................................... 47 Figura 12. Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos - TDS na água e turbidez (NTU) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .......................................................................................................... 49 Figura 13. Variação do pH e enquadramento na resolução nº 357 do CONAMA na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. ..................................................................................................................... 50 Figura 14. Variação dos valores de oxigênio dissolvido na água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. . 51 Figura 15. Variação dos teores de nitrato na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 53 Figura 16. Variação dos teores de nitrito na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 54 Figura 17. Variação dos teores de amônia na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara........................................... 56 Figura 18. Composição percentual do ictioplâncton total na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................................................................ 58 Figura 19. Variação sazonal e distribuição espacial da abundância relativa das larvas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................. 59 Figura 20. Frequência de ocorrência das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. ................................................................ 61 Figura 21. Variação espaço-temporal da densidade ictioplanctônica (org.100m-3) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .......................................................................................................... 62 Figura 22. Distribuição temporal das densidades (ind.100m-3) das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. ....................................................................................... 63 Figura 23. Variação sazonal da densidade de larvas (org.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .......................................................................................................... 63 Figura 24. Variação espaço-temporal da densidade de ovos (ovos.100m-3) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .......................................................................................................... 65 Figura 25. Variação sazonal da densidade de ovos (ovos.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .......................................................................................................... 65 Figura 26. Índices de diversidade específica (bits.ind-1), equitabilidade e riqueza do ictioplâncton, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. .................................................................... 67 Figura 27. Associação dos pontos e meses de coleta do ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (B1) Barragem, (B2) rio das Bicas, (B3) Igarapé Jambeiro, (B4) Igarapé Coelho, (B5) Igarapé do Mamão, (B6) rio Gapara. ................................................................................................................ 68 Figura 28. Associação dos táxons de larvas de peixe encontradas na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................................................................................... 69 Figura 29. Análise dos Componentes Principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6); Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). 71 Figura 30. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a densidade ovos de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). ......... 72 Figura 31. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a densidade larvas de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). ......... 73 Figura 32. Faixa etária dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. .. 84 Figura 33. Ocupação dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ..... 84 Figura 34. Tempo que os pescadores exercem a sua atividade na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................................................................................... 85 Figura 35. Ordenamento de pesca utilizado pelos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. .................................................................................... 85 Figura 36. Peixes mais pescados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................. 85 Figura 37. Quantidade de pescado/dia de pescaria na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ...... 86 Figura 38. Destino do pescado na bacia hidrográfica do rio Bacanga. .................................... 86 Figura 39. Pescados vendidos por um maior preço na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ..... 87 Figura 40. Pesca piorou nos últimos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................... 87 Figura 41. O que aconteceu com os peixes ao longo dos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga. ................................................................................................................... 88 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira Normas Técnicas ACP – Análise dos Componentes Principais ANOVA – Análise de Variância APHA - American Public Health Association BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento FAO – United Nations Food and Agriculture INMET – Instituto Nacional de Meteorologia LABOHIDRO – Laboratório de Hidrobiologia MPA – Ministério da Pesca e Agricultura PPGSE – Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas SMEWW – Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia SUDENE – Superintendência do desenvolvimento do Nordeste SUDEPE – Superintendência do desenvolvimento da Pesca UFMA – Universidade Federal do Maranhão ZEE – Zona Econômica Exclusiva Estudo da comunidade ictioplanctônica, com ênfase nas características ambientais e econômicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, em São Luís - MA Resumo. Com o intuito de contribuir para o conhecimento do potencial pesqueiro da região da bacia hidrográfica do rio Bacanga, estudos sobre o ictioplâncton foram desenvolvidos, visando avaliar sazonalmente a comunidade ictioplanctônica e ictiofaunística sob a óptica das dimensões ambientais e econômicas. A área estudada tem estado sujeita a uma gama de alterações ambientais, devido à intensa urbanização. Foram estabelecidos seis pontos de coleta ao longo da bacia obedecendo à sazonalidade. Foram realizadas medidas de salinidade, pH, temperatura, oxigênio dissolvido, transparência e profundidade da água, sólidos totais dissolvidos, turbidez e nutrientes (nitrato, nitrito e amônia). As amostras de ictioplâncton foram coletadas com rede de plâncton cônico-cilíndrica com abertura de malha de 300 µm, com arrasto de três minutos. As coletas da ictiofauna foram feitas por pescadores da área em dois períodos (chuvoso e estiagem) nos mesmos pontos onde foram coletadas as amostras de ictioplâncton. A comunidade ictioplanctônica esteve representada por 9 espécies, pertencentes a 7 famílias. As espécies Anchoa sp. Anchoviella lepidentostole e Mugil curema, se destacaram na área estudada. As famílias de larvas de peixes da bacia em estudo apresentam um padrão espacial de influência marinha, que são determinados pela salinidade, com altas densidades nas áreas próximas à foz do rio, funcionando como um berçário para algumas espécies de peixes marinhos, principalmente da família Engraulidae. A composição taxonômica da ictiofauna esteve representada por 20 espécies e 14 famílias, destacando-se os indivíduos pertencentes às famílias Gerreidae e Engraulidae. Comparando as larvas de peixe capturadas na bacia em estudo com a ictiofauna encontrada na bacia hidrográfica do rio Bacanga, verifica-se que a área exerce um papel de “berçário” de uma fauna íctia importante para a pesca artesanal. Constatou-se que a bacia em estudo apesar de afetada pela poluição, é considerada importante do ponto de vista social e econômico, promovendo o sustento da população a partir da pesca, sendo também utilizada por várias espécies importantes como área de desova. Esses dados, aliados a estudos das áreas de desova dos peixes costeiros, são fundamentais para a implantação de medidas de gestão sustentável das espécies endêmicas e das que utilizam a bacia como ambiente para reprodução. Palavras-chaves: bacia hidrográfica do rio Bacanga; comunidade ictioplanctônica; comunidade ictiofaunística. Ichthyoplankton study community, with emphasis on environmental and economic characteristics in the river basin Bacanga in São Luís - MA Abstract. In order to contribute to the knowledge of the fishing potential of the region's river basin Bacanga, ichthyoplankton studies were carried out to evaluate the community seasonally ichthyoplanktonic and ichthyofaunistic from the perspective of environmental and economic dimensions. The study area has been subject to a range of environmental changes due to intense urbanization. We established six sampling along the basin obeying seasonality. Measurements were made of salinity, pH, temperature, dissolved oxygen, transparency and water depth, total dissolved solids, turbidity and nutrients (nitrate, nitrite and ammonia). Ichthyoplankton samples were collected with a plankton net conical-cylindrical with an aperture of 300 microns with trailing three minutes. The samples collected from the ichthyofauna were made by fishermen in the area in two periods (wet and dry) in the same spots where the samples were collected from ichthyoplankton. The community ichthyoplankton was represented by 9 species belonging to 7 families. The species Anchoa sp. Anchoviella lepidentostole and Mugil curema, stood out in the study area. The families of fish larvae in the basin study show a spatial pattern of marine influence, which are determined by salinity, with high densities in areas near the mouth of the river, working as a nursery for several species of marine fish, mainly family Engraulidae . The taxonomic composition of ichthyofauna, was represented by 20 species and 14 families, especially those belonging to individuals and families Gerreidae Engraulidae. Comparing the larvae of fish captured in the basin under study with the fish fauna found in the region, it appears that the area plays a role of "nursery" of a fauna íctia important for artisanal fisheries. It was found that although the study watershed affected by pollution, is considered important in terms of social and economic development, promoting the livelihoods of the people from the fishing and is also used by many species as important spawning area. These data, together with studies of spawning areas of coastal fish, are essential to the implementation of measures for sustainable management of endemic species and using the bowl as environment for reproduction. Keywords: River basin Bacanga; ichthyoplanktonic community; ichthyofaunistic community. 17 1. INTRODUÇÃO Os primeiros estudos sobre migração, idade e maturação dos recursos pesqueiros foram iniciados no Mar do Norte no final do século XIX com arenque, bacalhau e linguado, que eram as principais espécies consumidas pelos europeus (CASTELLO, 2007). Estes recursos são de grande importância para a humanidade e estão entre os alimentos que fazem parte da dieta, principalmente das populações que vivem nas regiões costeiras do Brasil. Ao longo da história, foram ganhando grande valor econômico e sendo retirados da natureza em grande escala, o que tornou relevante conhecer a composição das fases do seu ciclo de vida. Dentre as fases de grande importância do ciclo de vida dos peixes, a que apresenta comportamento planctônico é a mais importante, sendo denominada ictioplâncton. Esta é representada pelo conjunto de ovos e larvas de peixes, cujo seu sucesso influenciará diretamente no estoque dos adultos (BORGES et al.,2003). Esta fase é utilizada no estudo da biologia reprodutiva dos peixes e sua sincronia temporal, bem como a relação destes com outros fatores ambientais. O seu desenvolvimento ocorre geralmente de forma bastante acelerada, sendo que a abundância desta é quase sempre considerada como um indicador da existência de desovas, permitindo inferir sobre épocas, locais e estratégias para a reprodução (BORGES et al., 2003). A variabilidade de fatores bióticos e abióticos é fundamental para esta fase, influenciando na sua distribuição espaço-temporal em zonas costeiras. Os fatores bióticos de extrema importância nas populações de peixes são: competição entre os indivíduos, abundância sazonal de adultos e estratégias reprodutivas, pois os peixes desovam em áreas que possam garantir a disponibilidade de alimentos (CUNNINGHAM et al., 2005). Dentre os fatores abióticos de grande relevância para a comunidade ictioplanctônica, destacam-se aqueles que se relacionam diretamente com a qualidade da água, como: temperatura, oxigênio dissolvido, salinidade e nutrientes. Outros fatores tais como as correntes, ventos, turbulência e/ou estratificação da coluna d’água, podem também interferir no processo reprodutivo dos peixes. A influência destes elementos é fundamental 18 para o ictioplâncton, devido a estes indivíduos possuírem uma alta sensibilidade às variações do meio (RÉ, 1999). Esses fatores apresentam grandes variações em ambientes estuarinos (DAY et al., 1989; LAGLER et al., 1977; QUEIROZ, 2005), que são considerados áreas tampão entre o mar e os rios (CAMARGO e ISAAC, 2003), e são importantes para esses organismos, pois funcionam como berçário para as larvas de várias espécies, apresentando em sua camada superficial uma alta abundância, o que torna esse ambiente um ótimo local para estudos do ictioplâncton (HEMPEL e WEIKERT, 1972). Estas regiões são caracterizadas pela maior disponibilidade de alimentos, baixa abundância de predadores, além dos padrões de circulação que favorecem a retenção dos estágios ictioplanctônicos (DOYLE et. al 1993; LEIS, 1993 CASTILLO et al., 1991; FRANK e LEGGETT, 1983). Os ambientes estuarinos favorecem também as populações humanas costeiras, que utilizam os recursos oferecidos, através de atividades como pesca tradicional e a coleta extrativista da fauna e da flora (FURTADO et al., 2006). A maioria das grandes cidades está situada margeando áreas estuarinas, que são importantes devido ao crescimento econômico e populacional que ocorrerem em torno delas (MELO, 2009). A cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, está inserida neste aspecto, ocorrendo um processo de crescimento sem planejamento da população urbana, ocasionando o declínio da qualidade ambiental (MARTINS, 2008). Nas áreas urbanizadas da cidade, está inserida a bacia hidrográfica do rio Bacanga, que apresenta uma grande importância, devido à sua localização e utilização como fonte de suprimento de água potável e outros recursos para a população (MARTINS, 2008). Nesta bacia é observada a ocupação das margens de maneira irregular, que depois vieram constituir bairros sem nenhuma infraestrutura e pessoas vivendo sem as condições mínimas de higiene (RHAMA, 2008). As alterações na dinâmica dos elementos físicos, químicos, biológicas e antrópicos estão refletidas diretamente nos corpos d´água, provocando modificações na estrutura e nas interações da biota nesse ambiente, afetando diretamente a comunidade ictioplanctônica e consequentemente a ictiofauna da região. 19 Até o presente momento, nenhum trabalho foi desenvolvido na bacia do rio Bacanga para a identificação e avaliação da assembleia ictioplanctônica. Diante disso, este estudo pretende gerar informações ecológicas relevantes sobre as espécies de peixes estuarinos que utilizam a bacia do rio Bacanga em seu processo reprodutivo, inferindo quanto a sua distribuição espaço-temporal e suas relações com algumas variáveis ambientais, para subsidiar a implantação de políticas de gestão ambiental para proteção e/ou exploração sustentável dos estoques pesqueiros locais e de regiões adjacentes, e a ampliação do conhecimento ecológico e biológico necessário para a exploração aquícola das espécies autóctones da região. 20 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Avaliar a comunidade ictioplanctônica da bacia hidrográfica do rio Bacanga sazonalmente sob a óptica das dimensões ambientais e econômicas. . 2.2 Específicos Identificar o ictioplâncton de forma a quantificar a abundância de ovos e larvas de peixes, avaliando a composição, frequência de ocorrência, entre os pontos de coleta da bacia em estudo; Comparar a comunidade ictioplanctônica com a ictiofaunística, de acordo com a ocorrência das mesmas; Verificar sazonalmente a distribuição espacial e temporal do ictioplâncton relacionando com os parâmetros físico-químicos; Caracterizar a comunidade de pescadores da bacia, quanto ao grau de conhecimentos relativos à importância do ictioplâncton e a comercialização do pescado. 21 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 A Bacia Hidrográfica do rio Bacanga As bacias hidrográficas são delimitadas a partir de uma área drenada por um rio principal e seus atributos, sendo limitadas pelos divisores de água. Estas áreas são consideradas unidades naturais de planejamento, podendo, também, serem usadas como unidades de manejo, uma vez que nelas se desenvolvem todas as atividades de uso e ocupação do solo (SOARES, 2010). A ocupação da bacia hidrográfica do rio Bacanga iniciou-se desde a colonização da Ilha de São Luís pelos europeus, que foi fundada em 1612, às margens da baía de São Marcos, do Oceano Atlântico e do Estreito dos Mosquitos. O município possui uma área de 834.785 km2 e é habitada por uma população de 1.014.837 pessoas, de acordo com o último dado populacional divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Esta ocupação ocorreu sem nenhum planejamento e comprometeu a estrutura e funcionamento dos corpos hídricos de grande expressão da rede hidrográfica da Ilha de São Luís (TEIXEIRA e TEIXEIRA, 2005), isto vem causando grandes alterações na vegetação nativa e consequentemente na bacia em estudo, que vem sofrendo com ocupações nas suas margens em consequência dessa expansão demográfica, que são apropriadas em suas áreas baixas, como manguezais e matas secundárias (OLIVEIRA, 2008). Esta situação ocorreu de forma parecida nas bacias dos rios Anil e Paciência, devido ao processo de grilagem, que desarticulou a pequena produção no interior do Estado, expulsando agricultores de suas terras e empurrando-os para outros centros, inclusive para a Capital, como também, o anúncio de grandes investimentos inseridos no Projeto Grande Carajás que transformou São Luís em polo de atração de enormes contingentes populacionais que demandavam emprego. Essa situação alterou a paisagem da bacia, principalmente quanto ao uso e ocupação do solo, com os recursos ambientais explorados sem qualquer planejamento, atingindo um elevado grau de degradação, necessitando de esforços urgentes, no sentido de levar a comunidade e aos poderes públicos o entendimento de que é indispensável compreender a importância dos recursos existentes no próprio ambiente, e de conhecer as formas corretas de fazer a sua utilização sustentada (TEIXEIRA, 2005). 22 O Governo do Estado do Maranhão, na década de setenta, construiu na foz do rio Bacanga uma barragem com comportas, que tinha como objetivos diminuir a distância de São Luís ao Porto de Itaqui e urbanizar as áreas inundáveis marginais ao rio (FERREIRA, 2007). A partir de 1977, a Eletrobrás solicitou a empresas nacionais, estudos sobre o aproveitamento das marés no território brasileiro e, especificamente, um projeto para usina maré-motriz do Bacanga (FERREIRA 2007 apud Eletrobrás, 1981). Durante os anos de 1973 e 1980, a situação do estuário do Bacanga modificouse drasticamente, o que restringiu a implantação do projeto desenvolvido. Dentre as principais alterações, a inauguração de uma avenida no entorno do reservatório limitou a subida do nível e estimulou a ocupação urbana. A sedimentação comprometeu o volume de armazenamento de água no reservatório e o padrão de propagação de maré no estuário. A deterioração da estrutura da barragem alterou seu regime de funcionamento como dique de proteção. Desta maneira, os volumes de água e alturas de queda para a geração de energia não estavam mais de acordo com aqueles previstos no projeto, e por fim, resultou na inviabilidade econômica daquela concepção (LIMA et al., 2004). Esta barragem foi responsável por grande parte da urbanização na bacia do Bacanga, que possui uma das maiores áreas verdes do Estado, tendo uma grande importância, principalmente pela imensa diversidade ecológica, levando o Governo criar uma Unidade de Conservação (UC): Parque Estadual do Bacanga (TEIXEIRA e TEIXEIRA, 2005), constituindo um banco genético único que abriga uma biodiversidade de imensa relevância (TEIXEIRA, 2005). Esta Unidade de Conservação foi criada pelo Decreto Estadual nº 7.545 de 02 de março de 1980 e ocupa uma área de 3.065ha. Seus limites originais, no entanto, já sofreram várias alterações, sendo consideradas as mais expressivas: a alteração feita pelo Decreto de nº 9.550, de 10.04.1984, que ocorreu em razão do processo de ocupação, proporcionando a consolidação de habitações dentro desta reserva. A outra modificação foi feita pela Lei nº 7.712 de 24 de dezembro de 2001, que redefiniu os seus limites até então estabelecidos (ao Norte, Parque Pindorama, Parque Timbira, Coroadinho e Sacavém; ao Sul, área do Distrito Industrial de São Luís; a Leste, bairros de Santo Antônio e Tirirical, e a Oeste, Vila do Maranhão e área da Companhia Vale do Rio Doce), acarretando ao Parque a supressão de uma grande quantidade de terras, reduzindo sua área para os atuais 2.634,06 ha (MARANHÃO, 1992). 23 Desta forma, tal ecossistema, apesar das grandes alterações sofridas, ainda representa um estoque de espécies, podendo, por essa razão, também funcionar como um provedor de espécies para a recomposição de ecossistemas degradados circunvizinhos, o que ressalta a sua importância como Unidade de Conservação (TEIXEIRA, 2005). Poucos trabalhos foram realizados na bacia do Bacanga, sendo a grande maioria sobre o Parque Estadual, que está localizado na área, destacando-se os realizados por ROCHA (2003), que tem como objetivo principal identificar os principais impactos e medidas mitigadoras no local, PINHEIRO JÚNIOR (2006), realizou ainda estudos sobre a gestão da área, utilizando geotecnologias, BITTENCOURT (2008) estudou as concepções e percepções no Parque do Bacanga. ANDRADE e CASTRO (2007) avaliaram o plano de manejo do Parque Estadual do Bacanga. MARTINS (2008) avaliou a qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Bacanga, através de indicadores físico-químicos, biológicos e populacionais, gerando subsídios para a gestão e planejamento ambiental sustentável da mesma. NASCIMENTO (2010) utilizou e validou um índice de sustentabilidade ambiental do uso da água para a bacia do Bacanga. Na APA do Maracanã destacam-se os trabalhos realizados por NASCIMENTO (2004) e SOARES (2010), este último, avaliou a aplicação de um índice de sustentabilidade de bacias hidrográficas, nas sub-bacias do Batatã e Maracanã, como instrumento de planejamento ambiental e socioeconômico de auxilio à formulação de políticas públicas no sentido de promover a sustentabilidade da região. Na bacia também foram realizados estudos para implantação de um programa de recuperação ambiental e melhoria da qualidade de vida no local, que foi financiado pela prefeitura de São Luís e Banco Mundial – BIRD (MARTINS, 2008). 3.2 Ictioplâncton Os primeiros estudos sobre ovos e larvas de peixes ocorreram por volta do final do século XIX. Em 1865 G.O Sars realizou as primeiras investigações sobre a pesca de Gadus morhua e constatou que esta espécie possuía ovos planctônicos (RÉ, 1999), a partir disso, os estudos começaram a ser voltados para espécies de interesse comercial, posteriormente foram 24 iniciados estudos quantitativos, com a finalidade de estimar a abundância de populações e suas relações com fatores ambientais (NAKATANI, et al., 2001). Atualmente, estudos com o ictioplâncton são fundamentais para se conhecer a ecologia e evolução da ictiofauna, assim como, sua composição, estrutura e dinâmica da comunidade, que são diretamente dependentes das características hidrográficas das massas de água e de suas variações regionais e sazonais (MOSER e SMITH, 1993; YONEDA, 2000). Em um ecossistema aquático natural, a base de sua teia trófica é representada pelo plâncton, que são organismos incapazes de vencer a correnteza, sendo transportados pelos movimentos d´água. Nele encontram-se os produtores primários, que são representados principalmente pelo fitoplâncton e seus consumidores primários, o zooplâncton, que desempenha a função de transferência de energia aos demais níveis tróficos da teia trófica (PALHETA, 2005). O ictioplâncton é um dos componentes mais importantes da comunidade zooplanctônica, sendo constituído por ovos e larvas de peixes, possuindo grande relevância na renovação de estoques pesqueiros, avaliando os recursos existentes em áreas pouco conhecidas, determinando a susceptibilidade dos mesmos e estabelecendo medidas para o aproveitamento sustentável (NAVARRO-RODRIGUES et al., 2006). Esta fase planctônica é uma das etapas mais frágeis do ciclo de vida dos peixes, com mortalidade associada à escassez de alimento, ação de predadores, competição e condições abióticas (RÉ, 1999; SWERARER, et al., 2002;). Dessas condições abióticas, os processos físicos, como as correntes e ventos são responsáveis pelo transporte ictioplanctônico dos locais de desova para as áreas de berçário, contribuindo para o recrutamento (adição de uma nova classe anual à população adulta ou ao estoque explorado) e sucesso reprodutivo dos peixes (RÉ, 1999). Esse sucesso deve-se às numerosas variações dos estágios de desenvolvimento, com muitas espécies possuindo ovos bentônicos e demersais. Após a eclosão, o saco vitelínico é a estrutura proeminente visível na região anterior do corpo. A utilização completa das reservas vitelínicas marca o final de uma etapa importante na fase larval, que passa a alimentar-se de forma exógena. A distribuição dessas larvas está relacionada à atividade reprodutiva da população adulta e das características topográficas e hidrográficas, que afetam 25 a distribuição e ajudam a compreender as inter-relações entre as espécies durante as suas fases iniciais de vida, bem como para entender os padrões de desova dos adultos (SILVEIRA, 2008; NONAKA et al, 2000). Os estudos das variações espaço-temporais revelam que a ocorrência de ovos e larvas de diferentes espécies de peixes ósseos, demostram uma sequência estacional, que é dependente da distribuição de cada espécie e da sua época de postura, entre outros fatores (RÉ, 1999). As variáveis físicas influenciam diretamente nessas variações de larvas de peixes dentro de um ambiente, sendo a salinidade e a temperatura as principais (KINGSFORD et al., 1997; RAMOS et al., 2006). Estudos afirmam ainda que, o ictioplâncton orienta-se na coluna de água para aumentar sua chance de sobrevivência através do transporte físico, especialmente em áreas parcialmente fechadas, como os estuários (COSER et al., 2007.). No entanto, KLINGER e KIDO (2003) encontraram pouca relação entre as correntes de superfície e de dispersão larval. Apesar das larvas de peixes terem fracas habilidades sensoriais e natatórias após a eclosão, elas possuem sentidos olfativos e visuais potencializados. O conhecimento sobre comportamento sensorial e natação é limitado, devido às mudanças no desenvolvimento e diferenças muito específicas entre as espécies (KINGSFORD et al., 2002). A maioria dos estudos com ictioplâncton são realizados em ambientes estuarinos de regiões temperadas, havendo uma quantidade mínima de informações quanto à composição e ecologia da assembleia ictioplanctônica em estuários tropicais, sobretudo, no Brasil (CASTRO, 2005). Um dos grandes problemas no estudo desses organismos na região do Atlântico Sul, refere-se a pouca bibliografia disponível para auxiliar na identificação dos indivíduos coletados, havendo a necessidade de que se efetue a descrição ontogênica das espécies capturadas, além disso, existem poucas referências acerca das espécies tropicais do Atlântico sul, para se comparar os resultados obtidos nos poucos trabalhos realizados (CASTRO, 2005). Nos últimos anos têm sido realizados estudos no Brasil enfocando a distribuição e abundância de ovos e larvas de peixes, destacando-se a região Sul e Sudeste com um maior número de trabalhos. 26 COSTA (2011), por exemplo, descreveu a variação espaço-temporal do ictioplâncton na Baía de Babitonga (SC) como instrumento para definição de áreas prioritárias para conservação. FRANCO e MUELBERT (2003), realizaram um trabalho enfocando a distribuição e composição do ictioplâncton na quebra da plataforma Sul do Brasil. BONEKER (1997) com o estudo do ictioplâncton na Baía de Guanabara (RJ). COSER (2003) determinou a influência da maré sobre as comunidades ictioplanctônicas no Canal de Passagens, em Vitória- ES. PEREIRA et al.,(2000) descreveu ainda a ocorrência, abundância, sazonalidade, tempo de imigração e distribuição temporal das larvas e ovos de peixes na entrada do estuário da Baía de Vitória- ES. Na região Centro-Oeste, destaca-se o trabalho realizado por NASCIMENTO e NAKATANI (2006), que estudaram as relações entre os fatores ambientais e a distribuição de ovos e larvas de peixes na sub-bacia do rio Ivinhema no Mato Grosso do Sul. Na região Norte, OLIVEIRA (2003) estudou a abundância e distribuição do ictioplâncton na área da Estação Ecológica de Anavilhanas, rio Negro, no Estado do Amazonas. LEITE et al. (2006) que pesquisou sobre a abundância mensal de larvas de peixes no Lago Catalão, situado próximo ao rio Solimões e Negro (AM). WANDERLEY (2010) investigou as variações espaciais e temporais das larvas de peixe, relacionando com informações da qualidade ambiental da água e as características hidrodinâmicas em BelémPA. Na região nordeste MAFALDA JR et al., (2004) estudou a distribuição e abundância do ictioplâncton da costa norte da Bahia. MARCOLIN et al.,(2010) descreveu a composição do ictioplâncton das comunidades estuarinas em Jandaíra (BA), no rio Tabatinga. BEZERRA JÚNIOR (2011) estudou os ovos e larvas de peixes como indicadores da qualidade da água do porto de Suape (PE), sob influência da pluma de gás natural. No Estado do Maranhão, foram realizados poucos estudos, destacando-se entre eles o de SILVEIRA (2011) na Zona Econômica Exclusiva do Estado do Maranhão, que descreveu a distribuição e abundância de larvas de peixes. DOURADO e CASTRO (2009) em estudo no estuário do rio Paciência, caracterizaram a estrutura da comunidade ictioplanctônica. SILVEIRA (2008) estudou na costa maranhense o impacto das condições oceanográficas sobre a abundância e distribuição larval. BONECKER et al., (2007) na Baía 27 de São Marcos, fez um estudo da composição de larvas de peixe na estação seca. SILVEIRA (2003), na Zona Econômica Exclusiva, do Maranhão, estudou o ictionêuston. 3.3 A Gestão dos Recursos Pesqueiros O início dos estudos com os recursos pesqueiros aconteceu no Mar do Norte no final do século XIX com arenque, bacalhau e linguado, que eram as principais espécies consumidas pelos europeus. Aspectos como migrações, idade e maturação já eram abordados naquela época. A pesca é conceituada como uma forma de caça aquática, que era inicialmente uma atividade de pequena escala que progrediu velozmente com a chegada da Revolução Industrial, causando profundas modificações na tecnologia de exploração dos recursos e nos mercados de consumo (CASTELLO, 2007). Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria pesqueira possibilitou um aumento no esforço da pesca triplicando sua produtividade até a década de 1970 (WATSON et al., 2004). Nos anos seguintes segundo FAO (2007) as proporções sofreram um aumento considerável, com um consumo ao redor de 0,4% ao ano desde 2002. Segundo as bases de dados da FAO coletadas entre fevereiro e outubro de 2011, que trazem informações da produção pesqueira do período de 1950 a 2009, a produção mundial de pescado (proveniente tanto da pesca extrativa quanto da aquicultura) atingiu aproximadamente 146 milhões de toneladas em 2009 e 142 milhões de toneladas em 2008, sendo os maiores produtores a China com 60,5 milhões de toneladas e Indonésia com 9,8 milhões de toneladas. O Brasil ganhou quatro posições e passou a ocupar o 18º lugar no ranking geral dos maiores produtores de pescado do mundo. Os recursos pesqueiros no Brasil, juridicamente, podem ser caracterizados como de livre acesso até o ano 1988, sendo que o Estado brasileiro exercia a tutela sobre tais bens e decretava normas com o objetivo de controlar o acesso e o uso para alguns dos principais recursos pesqueiros, como camarões e lagostas. A carta magna promulgada em 1988, embora não se refira diretamente aos recursos pesqueiros, modifica profundamente tal situação, o constituinte, ao se referir aos rios, lagos, mar e à plataforma continental, não se fala apenas em água ou do solo, mas daquilo que 28 está na água, conclui-se que os recursos pesqueiros, no Brasil, pertencem ao Estado, sejam da União ou das Unidades da Federação. Na análise jurídica quanto à propriedade dos recursos pesqueiros devem agora ser analisadas à luz do art. 225 da Constituição, considerando que tais recursos, também, constituem recursos ambientais, por força do inciso V, art. 3º, da lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Segundo KALIKOSKI et al., (2009) o Estado brasileiro até recentemente tinha feito a gestão de recursos pesqueiros centrada no Estado, não dialogando como os grupos sociais usuários, em que somente os objetivos do governo estavam presentes nas decisões. A gestão do uso dos recursos pesqueiros deve considerar a pesca como parte integrada de um ecossistema natural maior. A gestão da pesca enfocava o componente natural (ecossistema) de forma separada do componente humano. Hoje a orientação é pensar a gestão da pesca evidenciando as relações existentes entre os peixes, o ambiente que eles habitam as pessoas e os diversos usos que fazem parte do mesmo ecossistema (a pesca, vários tipos de pesca atuando juntos na mesma área, o uso da água para irrigação, o despejo de esgotos, a construção de barragens hidrelétricas, etc.). Na última década, em decorrência da preocupação com a gestão convencional, com a sobre pesca e a degradação ambiental, os objetivos, abordagens e políticas dos sistemas de gestão pesqueira começaram a mudar. A gestão convencional, baseada em estoques, em espécies e na produção, vem sendo substituída pela mais sustentável, baseada na participação dos usuários, na conservação dos ecossistemas e na promoção da qualidade de vida, para as comunidades de pescadores ou para os trabalhadores da pesca (THÉ e RUFFINO, 2009). 3.4 Comunidades de peixes da bacia hidrográfica do rio Bacanga HAIMOVICI e KLIPPEL (1999) afirmam que na região costeira brasileira, estima-se que das 809 espécies de peixes teleósteos marinhos ou estuarinos, cerca de 20% são exclusivamente marinhas e 20% utilizam-se dos ecossistemas estuarinos em alguma fase do seu ciclo biológico. O Estado do Maranhão de acordo com o MPA (2012) é o maior produtor da região Nordeste, produzindo 25.944 toneladas de pescado, sendo que na Ilha de São Luís, a 29 bacia do rio Bacanga, possui grande relevância, com a maioria da população que sobrevive da pesca (MARTINS, 2008). Em levantamentos ictiofaunísticos realizados no Maranhão, 43 espécies foram registradas para as Reentrâncias maranhenses (SUDEPE, 1976), 52 espécies para a plataforma continental (SUDENE, 1976) e no acompanhamento de desembarques de pescado capturado no estuário do rio Cururuca foram citadas 50 espécies (SUDAM, 1983), na Ilha de São Luís foram identificados 132 espécies (MARTINS-JURAS et al., 1987), CASTRO (1997) registrou 106 espécies, CARVALHO-NETA (2004) registrou 32 espécies em três igarapés da Ilha dos Caranguejos e SILVA-JUNIOR (2012) encontrou 55 espécies de peixes no estuário do rio Paciência. Na bacia do rio Bacanga, MATINS (2008) coletou durante cinco meses na bacia hidrográfica do Bacanga, 3.682 indivíduos da ictiofauna, sendo representada por 36 espécies, pertencentes a 18 famílias e 9 ordens. As espécies mais abundantes durante esse período amostral foram Diapterus rhombeus, Centengraulius edentulus, Mugil incilis, Hexanematichthys bonullai e Mugil curema. As espécies que mais se destacaram em termos de contribuição de biomassa foram D. rhombeus, Tilapia rendali, M. incilis, M. curema e C. edentulus. As espécies C. edentulus e D. rhombeus se destacou como altamente constante em quase todos os pontos amostrados. 30 4. METODOLOGIA 4.1. Caracterização da Área de Estudo O Estado do Maranhão sofre uma grande influência da Amazônia Oriental, contribuindo principalmente para a umidade da atmosfera e no processo de formação de nuvens, favorecendo a elevados índices de precipitação que incidem de forma cíclica e sazonal (MARANHÃO, 2002). No Estado localiza-se a Ilha do Maranhão, também conhecida como Ilha de São Luís, sob as coordenadas de 02º24’09” e 02º46’13” S e 44º01’20” e 44’29”47”W, tendo como limites a oeste a baía de São Marcos; a leste a baía de São José; ao sul o Estreito dos Mosquitos e ao norte o Oceano Atlântico, sendo constituída por quatro municípios: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa (COELHO e DAMÁZIO, 2006) (Figura 1). No município de São Luís, encontra-se a bacia hidrográfica do rio Bacanga, com superfície da ordem de 11.030,00 ha, ocupando a porção Noroeste, com localização definida pelas coordenadas 2º32’26” e 2º38’07” S e 44º16’00” e 44º19’16” W (COELHO e DAMAZIO, 2006). (Fonte: OLIVEIRA, 2008) Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do rio Bacanga, Ilha de São Luís/MA. 31 Esta bacia representa 12,33% do território no município de São Luís, com perímetro de 44,2 km e curso d’água principal nascendo na região do Maracanã e percorrendo uma distância de aproximadamente 22 km de suas nascentes, que estão localizadas na chapada do Tirirical, na sua borda voltada para Oeste, a uma altitude de aproximadamente 58m, PIDU (1995), até o ponto onde ocorre a comunicação de suas águas com o mar (Baía de São Marcos). Tem um curso de pequeno porte, com reduzida contribuição de água doce e expressiva influência das marés, cujas elevadas amplitudes (ordem de 7,0m) condicionam a formação de um prisma de água salgada no interior da barragem por ocasião das preamares. Esse corpo d’água vem sendo utilizado como depurador de esgotos de parte do centro da cidade de São Luís e bairros situados no entorno do corpo hídrico, conforme MELO (1998) e CASTRO (2008), sendo composta por 05 (cinco) sub-bacias hidrográficas de acordo com NASCIMENTO (2010). Destas subdivisões, a região mais urbanizada representa a área, em que está localizado o centro histórico e alguns dos bairros mais antigos de São Luís, com casas construídas à beira do rio. A área em que estão localizados alguns bairros antigos, como Coheb, Bairro de Fátima, Filipinho, além do Sítio do Físico, está mais exposta à degradação ambiental, onde ocorre a descarga de grande parte dos esgotos da cidade, esta possui cobertura vegetal caracterizada por capoeira baixa, além de áreas de cultivos, com os principais afluentes representados pelo rio das Bicas e Igarapé Coelho A região localizada nas proximidades do Parque Estadual do Bacanga, caracterizada por apresentar poucas habitações, contudo, encontram-se os núcleos habitacionais da Vila Itamar e Recanto Verde. Nesta sub-bacia encontra-se o riacho Batatã, e o Igarapé do Mamão. A região próxima da desembocadura do rio Gapara é caracterizada por apresentar poucas residências nas suas margens, porém alguns locais apresentam-se desmatados em função do cultivo de arroz. Nesta, encontra-se um bairro bastante populoso, a Vila Embratel. A área que se encontram bairros mais novos, mas que são bastante populosos como o Anjo da Guarda, Sá Viana, Vila Nova e, ainda, o Campus Universitário da UFMA apresenta grande influência urbana, com muitas casas localizadas às margens do curso d’água, às quais tem substituído cada vez mais as vegetações de mangue (NASCIMENTO, 2010) (Figura 2). Conforme NASCIMENTO (2010), a bacia do rio Bacanga mostra-se poluída devido ao comprometimento das suas sub-bacias, causado pela falta de planejamento da expansão urbana e a inexistência de rede esgoto, falta de tratamento dos efluentes domésticos. 32 B1 - Barragem B2 - rio das Bicas B3 - Igarapé Jambeiro B4 - Igarapé Coelho B6 - Rio Gapara B5 – Igarapé Mamão (Fonte: NASCIMENTO, 2010) Figura 2. Localização das sub-bacias e pontos de coleta da bacia do rio Bacanga, São Luís/MA. O clima da região apresenta classificação climática quente úmida e tropical de zona equatorial, de acordo com o IBGE. De acordo com os dados climatológicos da série temporal entre 2002-2012, da Estação Meteorológica do INMET, a chuva apresenta média anual de 2.169,2 mm com valor mínimo anual de 1.133,2 mm. 33 4.2 Materiais e Métodos O trabalho constituiu em análises das variáveis físico-químicas da água e avaliação da composição e estrutura da comunidade ictioplanctônica e ictiofaunística, além da caracterização sócio-econômico-ambiental da população de pescadores da bacia do rio Bacanga. As variáveis foram dispostas em gráficos a partir do quais foram avaliados em conformidade com a resolução CONAMA nº 357/05 em relação à classe 1, para águas salobras, destinadas a: Recreação de contato primário; proteção das comunidades aquáticas; aquicultura e a atividade de pesca; irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; irrigação de parques, jardins, campo de esporte e lazer com os quais o público possa vir a ter contato direto (ANEXO B) 4.2.1 Pesquisa de campo e laboratório 4.2.1.1 Precipitação Pluviométrica Os dados climatológicos referentes à precipitação pluviométrica (mm) foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 4.2.1.2 Variáveis físico-químicas da água A amostragem das variáveis físico-químicas da água foi realizada bimestralmente em 6 (seis) pontos de coleta, com as comportas da barragem fechadas, abrangendo a bacia hidrográfica do rio Bacanga no turno da manhã, sendo cinco no ano de 2012, nos meses abril, junho, agosto, outubro e dezembro e uma no ano de 2013 no mês de fevereiro. As coletas foram realizadas com o objetivo de avaliar interações dos parâmetros físico-químicos da água do rio Bacanga com a comunidade ictioplanctônica nas estações de estiagem e chuva. (Tabela 1; Figura 1) 34 Para caracterização hidrológica da área foi realizada a determinação dos seguintes parâmetros: temperatura da água, potencial hidrogeniônico (pH) e sólidos totais dissolvidos, através de multiparâmetro da marca Hanna; salinidade aferida com um refratômetro; transparência da água (cm), com disco de Secchi. Os dados do oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram obtidos utilizando-se o método de Winker, descrito por AMINOT E CHAUSSEPIED (1983) em que adicionou-se à amostra sulfato manganoso, em seguida iodeto de potássio em meio fortemente alcalino de hidróxido de sódio. Para a determinação dos sais nutrientes: nitrito, nitrato e amônia (mg.L-1) foram empregados respectivamente os métodos SMEWW 4500 – NO-3-E Cadmium Reduction Method, SMEWW 4500 – NO-2-B Colorimetric Method, SMEWW NH3-F Phenate Method (md), com análises realizadas no laboratório da Bioagri Ambiental, na cidade de Piracicaba (SP). Os pontos de coleta foram determinados de acordo com os dados gerados por NASCIMENTO (2010), que avaliou as sub-bacias do rio Bacanga (Tabela 1). Tabela 1. Pontos de coleta das variáveis físico-químicas e biológicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Ponto 1 (B1 – Barragem): Compreendido entre as coordenadas 577573.98 mE e 9718391.85 mS, ponto localizado no “lago” formado pela barragem existente no local e bastante urbanizada com muita vegetação de mangue; Ponto 2 (B2 – rio das Bicas): Compreendido entre as coordenadas 579378.10 mE e 9717993.00 mS, ponto que está mais exposto a degradação ambiental e mais poluído, por está circundado pelos bairros da Coheb, Sacavém e parte de Parque dos Nobres, Timbiras e Pindorama, além dos bairros de invasão do Coroadinho e parte do Coroado, com descarga da maior parte dos esgotos da cidade; Ponto 3 (B3 – igarapé Jambeiro): Compreendido entre as coordenadas 577673.42 mE e 9716536.51 mS, com grande influência urbana e muitas casas localizadas às margens do curso d’água; Ponto 4 (B4 – igarapé Coelho): Compreendido entre as coordenadas 579729.54 mE e 9715910.91 mS, próximo a zona urbana com estágio acentuado de degradação ambiental próximo ao parque Timbiras e do bairro do Coroado, com cobertura vegetal representada por capoeira baixa e pequenas áreas de cultivo; Ponto 5 (B5 – igarapé do Mamão): Compreendido entre as coordenadas 579359.79 mE e 9714286.72 mS, com área localizada nas proximidades do Parque Estadual do Bacanga, caracterizada por apresentar poucas habitações, com pequenas áreas de cultivo; Ponto 6 (B6 – rio Gapara): Compreendido entre as coordenadas 577244.75 mE e 9714428.92 mS, com área bastante desmatada em função do cultivo de arroz. Fonte: MARTINS (2008) 35 Figura 3. Localização dos pontos de coletas ao longo da bacia rio Bacanga, São Luís/MA . B1 B2 B3 B4 B5 B6 Figura 4. Locais de coleta das variáveis físico-químicas na bacia hidrográfica do rio Bacanga. B1. Barragem; B2. Rio das Bicas; B3. Igarapé Jambeiro; B4. Igarapé do Coelho; B5. Igarapé do Mamão; B6. Rio Gapara. 36 4.2.1.3 Análise do Material Biológico 4.2.1.3.1 Coleta e identificação do Ictioplâncton O ictioplâncton foi coletado através de arrastos horizontais na camada subsuperficial da água, com duração de três minutos, utilizando-se uma rede de plâncton cônicocilíndrica de 48 cm de diâmetro de boca e 1,5 m de comprimento, com abertura de malha de 300µm, acoplada com um fluxômetro mecânico para auxiliar nos cálculos do volume de água filtrada pela rede (Figura 5). As coletas foram feitas a bordo de uma lancha com motor, em marcha lenta, realizando movimentos circulares a uma velocidade máxima de 33 m.min-1, de modo a capturar maior número de ovos e larvas de peixes. Figura 5. Rede de plâncton acoplada com o fluxômetro, utilizada na coleta de amostras de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Tais amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno e etiquetadas, as quais foram fixadas com formol a 4%, neutralizado com tetraborato de sódio, para estudo do ictioplâncton. No Laboratório de Zooplâncton da Universidade Federal do Maranhão, as amostras foram triadas, e as larvas e ovos de peixes separados dos demais organismos zooplanctônicos com o auxílio de um estereomicroscópio da marca Zeiss. 37 O ictioplâncton foi quantificado e identificado ao nível taxonômico o mais baixo possível, e confirmada das seguintes características merísticas e morfométricas: contagem de miômeros e raios das nadadeiras dorsais, peitorais, pélvicas, anal e caudal; pigmentação do corpo; presença de fotóforo e da segunda nadadeira dorsal membranosa, avaliando a proporção entre as nadadeiras e medindo o comprimento do espécime. Na identificação dos táxons foram utilizados os trabalhos de RICHARDS (2006); BOLTOVSKOY (1999); OXENFORD et al. (1995); FAROOQI et al. (1995); OLIVAR e FORTUÑO (1991); MATARESE et al. (1989); OKYAMA (1988); MOSER (1984); ARHLSTROM SYMPOSIUM (1983); FAHAY (1983); SMITH (1979); STTAIGER (1965); entre outros. Em seguida foram registradas microfotografias sob o microscópio estereoscópio binocular da marca Zeiss Stemi 2000-C (Figura 6). Figura 6. Quantificação e identificação do ictioplâncton sob o microscópio estereoscópio binocular da marca Zeiss Stemi 2000-C. 4.2.1.3.2 Coleta e identificação da Ictiofauna Foram realizadas coletas da ictiofauna por pescadores da área, em dois períodos, período chuvoso e período de estiagem, nos mesmos pontos onde foram coletadas as amostras de ictioplâncton. As capturas do material biológico ocorreram com o uso de redes do tipo malhadeira (com malhas de 18, 20, 25 e 40 mm entre-nós adjacentes), com um esforço de pesca de 12 horas (Figura 7). 38 Após as coletas, os peixes foram acondicionados em sacos plásticos etiquetados com informações sobre local de amostragem, data e horário da captura, etc. Em seguida foram colocados em caixas de isopor contendo gelo e transportados para o laboratório de Ictiologia do LABOHIDRO, onde foram identificadas as respectivas espécies. Estes coletas tiveram o propósito de verificar entre as formas adultas, quais as espécies do ictioplâncton que chegam a esta fase de desenvolvimento. Figura 7. Pescadores realizando coleta do material ictiológico na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 4.2.1.4 Entrevista com os pescadores A fim de se obter a avaliação dos aspectos sociais, econômicos e ambientais na área, foram aplicados questionários semiestruturados à população de pescadores da bacia (Apêndice A), sendo 22 pescadores entrevistados, usando-se a técnica “Bola de Neve” (Snow ball), que prioriza os idosos, moradores e pessoas mais experientes (BECKER, 1993), nas proximidades dos pontos de coleta das variáveis físico-químicas. Para a aplicação destes, partiu-se do pressuposto de que a partir da não variabilidade das respostas dadas, a amostra foi considerada suficiente. 39 Estes questionários foram aplicados a fim de se avaliar o uso do pescado e os conhecimentos relativos à importância dos ovos e larvas de peixes. Os mesmos constaram principalmente de itens relacionados à caracterização do entrevistado, caracterização da atividade pesqueira e sondagem dos conhecimentos biológicos e ambientais dos pescadores. 4.2.1.5 Tratamento numérico dos dados 4.2.1.5.1 Abundância relativa (%) A abundância relativa foi calculada de acordo com a fórmula: Onde: Na: Número total de organismos de cada espécie na amostra; NA: Número total de organismos na amostra. Os resultados foram dados em porcentagem, utilizando o seguinte critério de classificação de acordo com OMORI e IKEDA (1984): >70% dominantes <70% - 40% abundantes <40% - 10% pouco abundantes ≤10% - raras 4.2.1.5.2 Frequência de ocorrência A frequência de ocorrência de cada organismo, em termos percentuais foi calculada pela fórmula: Onde: Fo: Frequência de Ocorrência; 40 Ta: Número de amostras em que a espécie ocorreu; TA: Número total de amostras. Os resultados faram dados em percentagem, utilizando o seguinte critério de classificação de OMORI e IKEDA (1984): >75% - dominante <75% - 50% - constantes <50% - 25% - acessórias ≤25% - raras 4.2.1.5.3 Densidade Nos cálculos da densidade para as larvas (ind.100 m-3) e ovos (ovos. 100 m-3) de peixes, foi empregada a fórmula utilizada por SMITH e RICHARDSON (1979), obtida a partir do quociente entre o número total de ovos ou de larvas de peixes obtidos em cada amostra (N) e o volume de água filtrada (V), através da fórmula: O cálculo do volume de água filtrada pela rede foi realizado através da seguinte fórmula: Onde: V = volume de água filtrada (m3); a = área da boca da rede (m2); n = número de rotações durante o arrasto (rot); c = fator de aferição do fluxômetro (m.rot-1). 41 4.2.1.5.4 Índices de diversidade, equitabilidade e riqueza Para a caracterização ecológica da comunidade ictioplanctônica foram utilizados os seguintes índices ecológicos: diversidade de Shannon (H’), equitabilidade de Pielou (J’) e riqueza específica de Margalef (d). Para o cálculo dos respectivos índices foi utilizado o número absoluto de espécies de larvas e ovos de peixes do total das amostras, para todas as estações de coleta e estações do ano. Para o cálculo da diversidade específica (H’) utilizou-se o índice de Shannon (1948), foi estimado através da seguinte equação: H’ = - Σi pi log (pi), onde: pi = porcentagem de importância da espécie i na amostra. log = logaritmo na base 2 Os resultados foram apresentados em bits.organismos-1, considerando-se que 1 bit equivale a uma unidade de informação e que a diversidade específica varia de 1,0 a 3,0 bits.organismos-1. De acordo com VALENTIN et al. (2000) esses valores podem ser enquadrados na seguinte classificação: ≥ 3,0 bits.organismos-1 alta diversidade < 3,0 ≥ 2,0 bits.organismos-1 média diversidade < 2,0 ≥ 1,0 bits.organismos-1 baixa diversidade < 1,0 bits.organismos-1 diversidade muito baixa Para estimar a uniformidade na distribuição dos indivíduos dentre as espécies, foi utilizado o índice de Equitabilidade de Pielou (PIELOU, 1969), através da expressão: J’ = H’ / log S, onde: H’ = índice de diversidade de Shannon: S = número de espécies na amostra. log = logaritmo na base 2 42 Os resultados da equitabilidade variam de 0 a 1. Quando mais próximo de 0 (zero) mais baixa será a equitabilidade. Acima de 0,5 é considerada significativa e equitativa, o que representa uma distribuição relativamente uniforme de todas as espécies na amostra ao se aproximar de 1 (um), mais bem distribuídos estarão seus espécimes dentro das espécies pertencentes à comunidade, indicando elevada equitabilidade. A riqueza específica utilizada foi proposta por MARGALEF (1958), que se baseia na relação entre o número de espécies identificadas e o número total de indivíduos coletados, calculada pela seguinte expressão: d = (S-1) / log N, onde: S = número total de espécies presentes na amostra; log = logaritmo na base 2 N = número total de indivíduos na amostra. A riqueza consiste no número total de espécies (S) em uma unidade amostral, sendo que quanto maior a amostra, maior o número de espécies que poderão ser amostradas. Desta forma, ela diz pouco a respeito da organização da comunidade, aumentando em função da área, mesmo sem modificação do habitat. Esta variável foi estimada através do índice de riqueza de Margalef. Valores de riqueza maiores que 5,0 significam grande riqueza de espécies (VALENTIN et al., 1991). 4.2.1.6 Tratamento estatístico dos dados 4.2.1.6.1 Análise de Agrupamento Foram realizadas análises de agrupamento (Cluster) a partir da qual foram feitas a correlação dos meses e locais de coleta, bem como a correlação das espécies encontradas, para tal foram utilizados dados de densidade logaritimizados (log x+1). O coeficiente de associação empregado foi à distância de Bray-Curtis. 4.2.1.6.2 Análise dos Componentes Principais (ACP) Para avaliar o grau de interação dos fatores ambientais nos pontos de coleta foi utilizada a análise fatorial em componentes principais (Análise dos Componentes Principais – 43 ACP), que corresponde a uma técnica da análise multivariada de ordenação, que tem por objetivo identificar os principais fatores responsáveis pela variação da distribuição das espécies, esta é bastante útil quando se parte do pressuposto da não normalidade dos dados, muito comum nos parâmetros ambientais (LEGENDRE e LEGENDRE, 1988). Na Análise de Componentes Principais (ACP), a matriz formada com as densidades de ovos e larvas de peixes e os parâmetros ambientais mais significativos, foi submetida a uma padronização por fileiras, para reduzir os efeitos das diferentes escalas. Em seguida, calculada a similaridade por correlação momento-produto de Pearson, da qual foram extraídos os autovalores da matriz de dispersão, associadas a cada um desses autovalores, autovetores, que correspondem aos eixos principais do espaço multidimensional enquanto que os eixos principais seguintes passam por dimensões sucessivas gradativamente menores (LEGENDRE e LEGENDRE, 1998). 4.2.1.6.3 Análise de Variância (ANOVA) Sobre os índices ecológicos e os grupos de pontos de coleta, foram realizadas análises de variância (ANOVA) quando os pressupostos de normalidade e homocedasticidade foram atingidos. Quando necessário, foi aplicada a transformação logarítmica da variável x em estudo, de forma a obter a variável x’ transformada, tal que x’ = log (x+1). Ainda nos casos em que os pressupostos de análise não foram atendidos, recorreu-se ao teste de KruskalWallis. Para as comparações de média entre os grupos, foi empregado o teste post-hoc de Tukey (no caso dos testes ANOVA) ou rank de comparação de médias (Kruskal-Wallis). Em todas as análises multivariadas os dados de abundância de larvas de peixes foram transformados para log (x+1) a fim de reduzir a influência da dominância de poucas espécies em detrimento de outras. As análises estatísticas foram obtidas utilizando os softwares Statistica 7.0 (StatSoft Inc., 2005), Primer 6.1.6 (CLARK; GORLEY, 2006) e PAST (PAleontological STatistics) 2.16 (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). 44 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Dados climatológicos 5.1.1 Precipitação pluviométrica A precipitação é formada pela condensação do vapor presente na atmosfera, em pequenas gotículas que, quando atingem determinada dimensão, precipitam-se na forma de chuva, variando espacial e temporariamente. Este fenômeno está diretamente ligado ao clima presente na região, que por sua vez está diretamente ligado às massas de ar presentes no local (FINOTTI et al., 2009). O estudo do padrão de precipitações de uma região é importante para se conhecer a disponibilidade hídrica do local, sendo então necessários estudos a partir de séries históricas de precipitação com longos períodos de observação (FINOTTI et al., 2009). Em São Luís, os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de abr./12 a fev./13 registraram valor mínimo de zero em out./12 e máximo de 249,5 mm de chuva em abr./12, tendendo a acompanhar a média histórica de 10 anos (2002 a 2012), possuindo um ciclo sazonal definido, onde o período chuvoso abrange de janeiro a junho, com máximas de precipitação em março e abril e período de estiagem de julho a dezembro. Verificou-se durante o período amostrado que nenhum dos meses enquadrados no período Precipitação Pluviométrica (mm) chuvoso superou a média histórica (Figura 8, Anexo A). 600 500 400 300 200 100 0 Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Média histórica Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Total de Chuvas Fonte: INMET Figura 8. Total de chuvas (abr./12 a fev./13) e média histórica mensal de chuvas (2002-2012) em São Luís - MA. 45 5.2 Variáveis Físicas e Químicas A água possui duas propriedades fundamentais que influenciam em sua qualidade: dissolução e transporte, sendo determinantes para que se estabeleça a sua qualidade. As principais variáveis utilizadas na determinação da qualidade são divididas em físicas, químicas e biológicas (FINOTTI et al., 2009). 5.2.1 Variáveis Físicas 5.2.1.1 Salinidade da água Com relação à salinidade, o menor valor registrado foi de 2,7 (ponto 6 – Gapara em abr./12) e o maior foi de 32,3 (ponto 3 – Jambeiro em dez./12) (Figura 9, Salinidade 40 300 250 200 150 100 50 0 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 Salinidade out./12 dez./12 fev./13 Precipitação Pluviométrica (mm) Apêndice B). Precipitação Pluviométrica Figura 9. Variação da salinidade relacionada com precipitação pluviométrica (mm) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. Em estudo realizado por MARTINS (2008) na bacia do rio Bacanga, os menores valores registrados foram no rio Gapara e no Igarapé do Mamão, em abr./08 e o maior valor foi na Barragem, em out./07, confirmando o estudo de LABOHIDRO (1998), que afirma sobre a salinidade estar diretamente associada ao aporte fluvial, precipitação pluviométrica, evaporação e contribuição marinha da baía de São Marcos, aumentando a concentração de sais (ESTEVES, 1998). 46 De maneira geral, no presente estudo a salinidade apresentou os maiores valores nos pontos próximos à foz, e mais baixos nos meses chuvosos de coleta, confirmando estudos realizados por MARTINS (2008) e NASCIMENTO (2010). 5.2.1.2 Temperatura da água A temperatura na bacia do rio Bacanga variou do mínimo de 27,8ºC (ponto 3 – Jambeiro, em out./12) e máximo de 32,2ºC (ponto 6 – Garapa, em fev./13) (Figura 10, Temperatura (°C) Apêndice B). 33 32 31 30 29 28 27 26 25 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 out./12 dez./12 fev./13 Temperatura (°C) Figura 10. Variação da temperatura da água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. No presente estudo, a temperatura está provavelmente relacionada à hora do dia em que as coletas foram realizadas e a frequência de abertura e fechamento das comportas da barragem, não concordando com dados do estudo de MARTINS (2005), que afirmou sobre a inexistência de variação significativa desta variável na bacia do Bacanga. Já no estudo de MARTINS (2008), a temperatura alcançou os menores valores em fev./08 e os maiores em dez./07. A elevação da temperatura das águas resulta na diminuição da sua viscosidade, o que implica no afundamento do plâncton, estimulando a atividade biológica, resultando em consumo de oxigênio, justamente na ocasião em que a água tem menor capacidade de solubilizar esse elemento. Por isso, as condições sanitárias dos cursos da água tendem a se agravar durante os períodos mais quentes, dependendo das exigências dos organismos 47 aquáticos, sendo que as espécies mais sensíveis às restrições de oxigênio podem morrer (FINOTTI et al., 2009). A ação desta variável pode agir diretamente sobre a periodicidade e distribuição dos organismos aquáticos, assumindo assim grande importância na produtividade biológica da água, influenciando na distribuição de espécies de animais e vegetais, SIPAÚBA-TAVARES (1998), nos aspectos fisiológicos dos organismos aquáticos, LABOHIDRO (1983), e no crescimento microbiológico (MACÊDO, 2001). 5.2.1.3 Profundidade e Transparência da água (cm) No período de estudo da bacia hidrográfica do rio Bacanga, a profundidade variou de 0,6 m (ponto 5- Mamão, em fev./13) a 6,1 m (ponto 1 – Barragem, em abr./12) (Figura 11, Apêndice B), sendo influenciado diretamente pela abertura e fechamento das comportas e pluviosidade (LABOHIDRO, 1998). A transparência da água teve uma variação de 26,0 cm (ponto 6 - Gapara, em abr./12) a 150,0 cm (ponto 1-Barragem, em ago./12) (Figura 11, Apêndice B). Esta variável nos ecossistemas aquáticos possui importante relação com a produção primária, podendo sofrer interferências de fatores bióticos e abióticos (HONORATO et al., 2004). Na bacia em estudo, esta variável não apresentou um padrão específico, assim como afirma MARTINS 200 7 6 5 4 3 2 1 0 150 100 50 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 profundidade out./12 dez./12 Profundidade (m) Transparência (cm) (2008). fev./13 Transparência Figura 11. Variação da transparência da água relacionada com a profundidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./2012 a fev./2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. 48 5.2.1.4 Sólidos Totais Dissolvidos e Turbidez Nesse estudo os valores obtidos para sólidos totais dissolvidos variaram consideravelmente, alcançando mínimo de 5,5 g.L-1 (ponto 6 – Gapara, em jun./12), e -1 máximo de 26,8 g.L (ponto 6 – Gapara, em fev./13), confirmando estudo de MARTINS (2008) em que foi observado um padrão para essa variável (Figura 12, Apêndice B). MARTINS (2008) que analisou os mesmos pontos do presente estudo considera que a bacia hidrográfica do rio Bacanga não constitui apenas áreas de estuário, como também de água doce, devendo-se levar em consideração a grande interferência sofrida no local, devido à existência da barragem, que dificulta a renovação das águas, o que ocasiona o acúmulo de matéria orgânica de origem natural, oriundas dos mangues e de origem antrópica, originadas de esgotos e lixo doméstico. Estes aspectos influenciam diretamente na comunidade ictioplanctônica, principalmente em indivíduos no estágio ontogênico de pós-flexão, pois em estágios mais avançados, as larvas de peixe dispõem de maiores habilidade natatórias, sendo o movimento controlado pelo próprio indivíduo (BERASATEGUI et al., 2004). De acordo com SANTOS et al., (2009), os sólidos totais dissolvidos referem-se às concentrações de íons dissolvidos presentes nas águas, sendo que sua análise ao longo de cursos d’água mostra que suas concentrações tendem a aumentar da cabeceira para foz, podendo estar refletindo a influência das atividades antrópicas, maior exposição dos solos e lixiviação, devido a retirada da mata ciliar e lançamento de efluentes domésticos nestes locais. Em se tratando de turbidez, o valor máximo foi de 26,0 NTU (ponto 6 – Gapara, em abr./12), enquanto o valor mínimo 3,8 NTU (ponto 1 – Barragem, em fev./13) (Figura 12, Apêndice B). Estes dados representam o grau de interferência que a água apresenta à passagem de luz, devido à presença de uma carga sólida em suspensão, estando associado ao período chuvoso, em função da lixiviação de partículas dos solos. 30 30 25 25 20 20 15 15 10 10 5 5 0 Turbidez (NTU) Sólidos Totais Dissolvidos na água - TDS (g.L-1) 49 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 TDS (g/L) out./12 dez./12 fev./13 Turb Figura 12. Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos - TDS na água e turbidez (NTU) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. 5.2.3 Variáveis Químicas 5.2.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH) O pH (potencial hidrogeniônico) teve como menor valor registrado 7,3 (ponto 6 – Gapara, em abr./12), enquanto o maior foi 8,7 (ponto 5 – Mamão, em jun./12), sendo referentes às amostras de superfície, onde de acordo com KUBITZA (1998), existe um equilíbrio no sistema gás carbônico-bicarbonatos-carbonatos, entre a água superficial e a atmosfera, conferindo as águas do ambiente um poder tampão. No presente estudo, o pH teve variação ligeiramente ácida devido a contribuição fluvial até ligeiramente alcalina, em função da influência marinha, sendo que a variação deste parâmetro na bacia do Bacanga ocorreu de modo semelhante a da salinidade, mostrando uma correlação positiva e significativa, confirmando dados de estudo anterior realizado por MARTINS (2005). 50 Na bacia em estudo, a maioria dos pontos se enquadrou na Res. CONAMA nº 357/05, que exige uma variação de 6,5 a 8,5 para classe 1 de águas salobras. O que não acontece nos pontos 5 (Mamão) e 6 (Gapara) – out/12; ponto 1 (Barragem) - dez/12, pontos 4, 5 e 6 – fev./13, que apresentaram valores superiores ao permitido para atividade de pesca, corroborando com os dados de NASCIMENTO (2010), em que o pH apresentou os maiores 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Resolução nº 357 CONAMA pH valores próximo à foz do rio. (Figura 13, Apêndice B). 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 1 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 pH out./12 dez./12 fev./13 Res. 357 CONAMA Figura 13. Variação do pH e enquadramento na resolução nº 357 do CONAMA na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abr./12 a fev./13. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. Essa variável é decisiva na distribuição de espécies aquáticas. Os peixes geralmente suportam um pH na faixa de 5 a 9. Quando essa faixa é extrapolada tanto para valores menores quanto maiores, pode-se esperar uma mortalidade maciça dos peixes (DAJOZ, 1983). De acordo com CAVALCANTI (2003), o pH afeta diretamente o nível de toxidez da amônia e do sulfeto de hidrogênio (H2S), sendo que a concentração de amônia aumenta com o incremento da temperatura e do pH, e quando este aumenta, diminui as concentrações de H2S. 5.2.3.2 Oxigênio dissolvido (mg.L -1 ) O oxigênio dissolvido no período de coleta na bacia hidrográfica do rio Bacanga, teve valor mínimo de 0,9 mg.L-1 (Ponto 4 - Igarapé Coelho, em out./12) e máximo de 9,0 mg.L-1 (Ponto 1-Barragem, em jun./12). 51 No presente estudo, os valores mais elevados de oxigênio dissolvido na água foram observados nos pontos mais distantes da emissão de esgotos e onde, em função da turbulência provocada pela barragem, ocorre uma maior troca gasosa com a atmosfera, juntamente com uma elevada produção primária. Os valores mais baixos dessa variável possivelmente são influenciados pelo consumo de oxigênio no processo de decomposição da matéria orgânica, principalmente em função do esgoto doméstico e do material orgânico oriundo de manguezais adjacentes, corroborando com os dados de MARTINS (2005). Quanto à variação espacial, no geral, os menores valores do oxigênio dissolvido foram registrados no ponto 4 (Igarapé Coelho) e os maiores no ponto 6 (rio Gapara), e sazonalmente foram menores no período de estiagem do que no período chuvoso, discordando dos valores encontrados por MARTINS (2008), que obteve os menores valores no ponto 2 (rio das bicas) e os maiores nos ponto 1 (Barragem) e 5 (Igarapé do Mamão) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Res. nº 357 CONAMA Oxigênio Dissolvido (mg.L-1) (Figura 14, Apêndice B). 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 ago/12 Oxigênio Dissolvido (mg/L) out/12 dez/12 fev/13 Res. nº 357 CONAMA Figura 14. Variação dos valores de oxigênio dissolvido na água na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. No presente estudo, a bacia hidrográfica do rio Bacanga encontra-se imprópria para a pesca de acordo com os padrões de oxigênio dissolvido definidos para a classe 1 de águas salobras, com 50% das amostras não enquadradas na resolução nº 357/05 do CONAMA, destacando-se o ponto 4 (Igarapé Coelho) e ponto 5 (Igarapé do Mamão), em outubro de 2012, que possivelmente estão sendo afetados por fontes pontuais de poluição doméstica, corroborando com o estudo de NASCIMENTO (2010), que destacou também os locais próximos aos rios das Bicas e Gapara, por apresentarem os menores valores de 52 oxigênio dissolvido na água, devido uma intensa atividade de bactérias decompondo a matéria orgânica lançada no corpo d’água. O oxigênio dissolvido é um parâmetro essencial para a vida aquática dos organismos aeróbios, incluindo os microrganismos responsáveis pela autodepuração em águas naturais (BRAILE e CAVALCANTI, 1979). As baixas concentrações deste gás podem indicar poluição química, física e biológica, e os valores elevados estão ligados ao processo de eutrofização, podendo causar redução de substâncias ou processos químicos e biológicos, também conhecida como depleção noturna, que pode provocar a migração ou morte de organismos (FLORESMONTES, 1996). No caso do rio Bacanga, que recebe diariamente grandes quantidades de esgotos domésticos, a diminuição do oxigênio dissolvido ocorre de maneira expressiva com posterior produção de gás sulfídrico (H2S) que é tóxico para os organismos aquáticos (MARTINS, 2005). Além de um importante indicador de poluição, as taxas de oxigênio dissolvido evidenciam também a redução de substâncias orgânicas e a intensidade de autodepuração. Alterações na concentração de oxigênio dissolvido podem originar-se de mudanças bruscas na temperatura da água, bem como de processos físico-químicos e bioquímicos (oxidação aeróbica de substâncias orgânicas) (MARQUES, 1993). No rio Bacanga, o processo de circulação e mistura é deficiente em função da barragem do mesmo nome, o que impede o fluxo e refluxo das águas pela ação das marés. Isso impede a renovação das águas e faz com que ocorra um acúmulo de matéria orgânica de origem natural (manguezal) e antropogênica (esgoto e lixo doméstico), fazendo com que o consumo de oxigênio seja intenso nos processos de oxidação química e biológica da matéria orgânica (MARTINS, 2005). 53 5.2.3.3 Sais Nutrientes 5.2.3.3.1 Nitrato Na concentração de nitrato, o valor mínimo foi de 0,03 mg.L-1 (ponto 4 – Igarapé Coelho, ponto 6 – rio Gapara, em abr./12 e Ponto 1 – Barragem, em jun./12), 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 Res. n° 357 CONAMA Nitrato mg.L1 enquanto o máximo foi de 4,9 mg.L-1 (todos os pontos em ago./12) (Figura 15, Apêndice B). 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 Nitrato out./12 dez./12 fev./13 Res. nº 357/05 CONAMA Figura 15. Variação dos teores de nitrato na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. No presente estudo quase todos os valores encontrados estão dentro do permitido para classe 1 da Resolução CONAMA nº 357/05, que é 0,4 mg.L-1 , com exceção dos meses de junho e agosto de 2012, que apresentaram valores bem elevados, sendo possivelmente influenciados pelo tempo de residência da água, devido a falta de regularidade na abertura das comportas da barragem, confirmando o estudo de MATOS (2006), que em águas superficiais, a concentração de nitrato não ultrapassa 5 mg.L-1, a menos que ocorra poluição excessiva, e condições plenas de aeração da água. O nitrato é considerado uma substância com baixa toxicidade, sendo o produto final da nitrificação e solúvel em água, podendo causar efeitos letais em diferentes organismos, ou atuar sinergicamente com as outras formas nitrogenadas (THURSTON et al., 1986; OSTRENSKY, 1997). Em estudos realizados com peixes, CAMARGO et al. (2005) afirmam que as concentrações máximas de nitrato para organismos aquáticos não devem ultrapassar 20 mg.L-1, permitindo assim afirmar que os valores encontrados para a bacia do Bacanga não são suficientes para causar a letalidade em massa dos organismos. 54 O mecanismo de ação tóxica do nitrato ainda é pouco conhecido, em estudos com peixes há evidencias de necroses tubulares, com consequente destruição dos rins, aumento dos níveis de ferro-hemoglobina no sangue, assim como nos centros hematopoiéticos e fígado, modificações dos padrões de coloração, alterações no comportamento de natação em espécies de peixes submetidos às concentrações mais altas de nitrato (GRABDA et al, 1974; FRAKES e HOFF, 1982; POERSCH et al., 2007). 5.2.3.3.2 Nitrito Os resultados das análises de nitrito são apresentados na figura 16 e no apêndice B. O valor máximo obtido para nitrito foi de 0,09 mg.L-1 no ponto 3 (Igarapé Jambeiro), em fev./13 e mínimo de 0,00001 mg/L-1 no ponto 1 (Barragem) em ago./12 e apresentou um padrão espacial, com os maiores valores no ponto 3 (Igarapé Jambeiro), sendo 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 ago./12 Nitrito out./12 dez./12 Res. n° 357 CONAMA Nitrito mg/L possível afirmar que são oriundos de fontes pontuais de poluição. fev./13 Res. nº 357 CONAMA Figura 16. Variação dos teores de nitrito na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. No atual estudo a bacia hidrográfica do rio Bacanga apresentou todos os valores, com exceção do ponto 3 (Igarapé Jambeiro) em fev./13, dentro do permitido para a classe 1 de águas salobras da Res. CONAMA nº 357/05, que é de 0,07 mg.L-1 (ANEXO B), confirmando com estudos de PANSWAD e ANAN (1999) que afirmam não ser possível encontrar concentrações acima de 0,2 mg.L-1 em águas naturais. O nitrito (NO2-) é uma forma transitória, sendo rapidamente oxidado a nitrato (NO3-) e sua persistência indica despejo contínuo de matéria orgânica, podendo ainda ser utilizado pelas plantas como uma fonte de nitrogênio (PANSWAD e ANAN, 1999). 55 Na bacia do Bacanga houve uma tendência de aumento de nitrito a partir do mês de junho, em todos os pontos, com decréscimo no mês de outubro, corroborando com estudo realizado por MARTINS (2005), que encontrou valores baixos, sendo que, segundo o autor, os menores foram obtidos em locais que sofreram pouca influência dos esgotos domésticos. A quantidade de nitrito com relação à sazonalidade foi pouco evidenciada, ocorrendo valores baixos tanto no período chuvoso, quanto no período de estiagem. Este acontecimento foi explicado por MARTINS (2005), em razão de algumas espécies de fitoplâncton e/ou bactérias e pelo processo de redução ou oxidação. Já os valores elevados ocorrem em função da desnitrificação (redução dos íons nitrato ou oxidação do amônio). 5.2.3.3.3 Amônia A presença de amônia orgânica (NH3) e amônia inorgânica (NH4+) nos ambientes aquáticos caracteriza poluição recente por esgotos domésticos, enquanto a presença de nitrato (NO3-) caracteriza uma poluição remota, em função de o nitrogênio apresentar-se no seu último estágio. A forma livre de amônia (NH3) é tóxica, porém muito volátil. Sua conversão a nitrito e depois nitrato consome oxigênio dissolvido, alterando as condições bioquímicas do sistema aquático. A amônia é, portanto um bom traçador de poluição urbana (GÖRGÉNYI et al., 2005). As altas concentrações do íon amônio pode influenciar diretamente a dinâmica do oxigênio dissolvido no meio, uma vez que para oxidar 1,0 mg do íon amônio são necessários cerca de 4,3 mg de oxigênio, o que, por sua vez influi sobre a comunidade de peixes, pois em pH básico, o íon amônio se transforma em amônia (NH3 livre, gasoso), que pode ser tóxico para esses organismos (TRUSSEL, 1972), esta em concentração elevada pode prejudicar a transformação da energia dos alimentos em ATP, com isso inibindo o crescimento dos peixes e provocando a desaminação dos aminoácidos, o que, por sua vez, impede a formação de proteínas, elemento essencial no crescimento dos animais (PARKER e DAVIS, 1981 apud CAVERO, et al., 2004). De acordo com KUBTZA (1999), os valores de amônia não ionizada acima de 0,20 mg.L-1 já são suficientes para induzir toxicidade crônica e levar à diminuição do 56 crescimento e da tolerância dos peixes a doenças. Níveis de amônia entre 0,70 e 2,40 mg.L-1 podem ser letais para os peixes, quando expostos a curto período. Exposição continua ou frequente a concentrações de amônia acima de 0,02 mg.L-1 pode causar intensa irritação e inflamação nas brânquias. A concentração de amônia aumenta com o incremento da temperatura e do pH, e quando esta aumenta, diminui as concentrações de H2S (CAVALCANTI, 2003) Os resultados das análises da amônia variaram entre 0,00073 mg.L-1 (Ponto 1 – Barragem, em ago./12) e 8,50 mg.L-1 (Ponto 2 –rio das Bicas, em fev./13) (Figura 17, 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Res. n° 357 CONAMA Amônia (mg.L-1) Apêndice B). 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr./12 jun./12 Amônia ago./12 out./12 dez./12 fev./13 Resolução CONAMA nº 357/05 Figura 17. Variação dos teores de amônia na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. No presente estudo, destacam-se os pontos 2 (rio das Bicas) e 4 (Igarapé Coelho), estes apresentaram os maiores valores de amônia e exibiram lançamentos de esgotos, corroborando com estudos anteriores realizados por MARTINS (2008) e NASCIMENTO (2010), que também afirmam sobre as maiores influências das elevadas concentrações de amônia. Vale ressaltar que atualmente, o rio das Bicas continua sendo o ponto da bacia que apresenta as concentrações mais elevadas de amônia em relação à classe 1 de águas salobras da Resolução CONAMA nº 357/05, sendo imprópria para atividade de pesca. 57 5.3 Variáveis Biológicas 5.3.1 Ictioplâncton 5.3.1.1 Composição ictioplanctônica Os ovos e larvas de peixes no plâncton podem ocorrer em diversos estágios de desenvolvimento, e em diferentes épocas do ano, sendo variável, relacionando principalmente o ciclo anual de maturação gonadal diferenciado das espécies, levando a mudanças na distribuição e na composição qualitativa do ictioplâncton (CIECHOMSKI, 1981 apud DOURADO e CASTRO, 2009). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, foram coletadas 3.626 larvas e 14.594 ovos de peixes durante o período de amostragem. As larvas identificadas são pertencentes a 7 famílias Engraulidae, Clupeidae, Gobiidae, Achiridae, Carangidae, Mugilidae e Gerreidae, representadas por 9 espécies (APÊNDICE F). Algumas larvas não puderam ser identificadas por estarem em período de desenvolvimento bastante inicial. Tabela 2. Composição taxonômica das larvas de peixes na bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo NELSON, 2006). Classe Actinopterygii Ordem Clupeiformes Família Clupeidae Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) Família Engraulidae Anchoviella lepidentostole (Fowler, 1911) Anchoa sp. Pterengraulis atherinoides (Linnaeus, 1766) Ordem Pleuronectiformes Família Achiridae Achirus achirus (Linnaeus, 1758). Ordem Perciformes Família Carangidae Oligoplites palometa (Cuvier, 1932) 58 Família Gerreidae Diapterus sp. Família Gobiidae Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Ordem Mugiliformes Família Mugilidae Mugil curema (Valenciennes, 1830) 5.3.1.2 Abundância Relativa do Ictioplâncton Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, o único táxon abundante foi Anchoa sp. (49%), seguida pelas espécies Anchoviella lepidentostole (31%) e Mugil curema (16%), que foram classificadas como pouco abundantes. As demais espécies apresentaram abundância relativa inferior a 10% e foram classificadas como esporádicas (Figura 18, Apêndice C). 4% 31% 16% 49% Anchoviella lepidentostole Anchoa sp Mugil curema Outros Figura 18. Composição percentual do ictioplâncton total na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. O táxon Anchoa sp. predominou em três do total dos meses amostrados, sendo marcante em agosto, dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. A espécie Anchoviella lepidentostole foi mais evidente nos meses de abril e junho de 2012. Já o táxon Mugil curema foi mais evidente em dois meses de agosto de 2012 e fevereiro de 2013 (Figura 19). 59 100 80 60 40 20 0 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13 Diapterus spsp. Mugil curema Achirus achirus Anchoviella lepidentostole Anchoa sp Bathygobius soporador Oligoplites palometa Pterigraulis atherinoides Sardinella brasilienses Figura 19. Variação sazonal e distribuição espacial da abundância relativa das larvas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. A maioria das famílias registradas neste estudo é comum em regiões estuarinas e tropicais, sendo todas marinhas (NELSON, 2006). De acordo com HAEDRICH (1983) a ocorrência de espécies costeiras em estuários acontece devido à semelhança destes ecossistemas de águas costeiras. Em estudo sobre a ictiofauna estuarina da costa norte brasileira, CAMARGO e ISAAC (2003) afirmaram que a família Engraulidae, possui seus representantes pelágicos, sendo mais comuns em habitats costeiros, onde a água é mais transparente do que em estuários. Os representantes desta família são muito abundantes, desempenhando um importante papel na produção da pesca em todo o mundo, assim como na forragem a muitas espécies de peixes e aves marinhas (HILDEBRAND, 1963; BAXTTER, 1967; BENDAZOLI et al. 1990; FAO, 1995). De acordo com CERVIGÓN (1985), os adultos de um dos engraulídeos mais importantes (Anchoviella lepidentostole), têm um habitat costeiro e migram para águas estuarinas internas para desovar, preferindo águas com salinidade baixa, sendo comuns em estuários tropicais e temperados (FROESE e PAULY, 2013). Na região Nordeste do Brasil, esta espécie foi considerada abundante no Estado do Maranhão na estação seca (BONECKER et al., 2007), e no litoral do Estado do Piauí (LEGAT e MAI, 2010). Nestas regiões também foi encontrada a espécie Anchoa spnifer, que 60 é considerada residente em ambientes estuarinos e usa a região costeira de São Luís, como um berçário (CASTRO, 1997) Segundo CAMARGO e ISAAC (2003), esta espécie é fortemente eurialina podendo ser encontrada a partir da plataforma continental, atingindo até a parte mais alta dos rios. No presente estudo também foram encontrados mugilídeos, que são caracterizados por estarem distribuídos em águas tropicais e subtropicais marinhas de todo o mundo ANDRADE-TALMELLI et al., (1996), sendo espécies que se encontram principalmente em zonas costeiras, estuarinas, marinhas e também em lagoas hipersalinas e águas dulcícolas (CERVIGÓN et al., 1992). Geralmente as espécies costeiras dessa família desovam no mar, enquanto as espécies dulcícolas desovam em águas salobras (HARRISON, 2002). Alimentam-se através da filtragem de grande quantidade de detritos, ingerindo microalgas, pequenos invertebrados, microrganismos e partículas de matéria orgânica (RAMANATHAN et al., 1980; HARRISON, 2002). Deste grupo, a espécie Mugil curema, ocorre no Atlântico Ocidental: Nova Escócia até Argentina, Atlântico Oriental: Senegal até Namíbia, Pacífico oriental: Califórnia até Chile, habitando águas costeiras arenosas, estuarinas e às vezes rios. Os juvenis alimentam-se de plâncton e os adultos alimentam-se de detritos orgânicos e inorgânicos (HARRISON, 2002). A abundância desses peixes varia em águas marinhas costeiras e estuários durante o período reprodutivo, uma vez que a espécie é catádroma, onde os indivíduos maduros migram para desovar no oceano (IBAÑES e GUTIERREZ, 2004). 5.3.1.3 Frequência de ocorrência do ictioplâncton Durante o período de estudo na bacia do rio Bacanga a única espécie que foi considerada acessória foi a Anchoviella lepidentostole (36,1%), o restante das espécies Anchoa sp. (22,2%), Mugil curema (22,2%), Diapterus sp. (13,8%), Achirus achirus (8,3%), Sardinela brasilienses (2,7%), Pterigraulis atherinoides (2,7%), Oligoplites palometa (2,7%), Bathygobius soporador (2,7%) foram consideradas raras. (Figura 20). 61 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Anchoviella lepidentostole Anchoasp. sp Anchoa Mugil curema Diapterus Diapterus sp. sp. não identificado Achirus achirus Sardinela brasilienses Pterigraulis atherinoides Oligoplites palometa Bathygobius soporator Figura 20. Frequência de ocorrência das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Na bacia do Bacanga, a maioria das espécies larvárias foram consideradas raras, demonstrando que, em regiões estuarinas há um baixo número de espécies, confirmando o estudo de HARRIS et al. (2001). Esta baixa frequência de ocorrência pode refletir diretamente na comunidade ictiofaunística local. 5.3.1.4 Densidade (org.100 m -3 ) do ictioplâncton 5.3.1.4.1 Densidade de Larvas de peixe Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, a densidade larvária variou de 1,55 org.100m-3 a 2.608,52 org.100m-3. O mês que apresentou a maior densidade foi junho de 2012 (2.608,52 org.100m-3) no ponto 4 (Igarapé Coelho), seguido pelos meses de agosto de 2012 (2.451,66 org.100m-3) e abril de 2012 (627,6 org.100m-3) ambos no ponto 4 (Igarapé Coelho). O menor valor mensal foi registrado em dezembro de 2012 (1,55 org.100m -3) no ponto 6 (Gapara). Nos meses de outubro de 2012 (Pontos 2, 3, 4, 5 e 6), dezembro 2012 (Ponto 4 e 5) e fevereiro de 2013 (Ponto 6) não foram registradas larvas de peixe (Figura 21). 62 Densidade de Larvas (org/100m-3) 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13 Figura 21. Variação espaço-temporal da densidade ictioplanctônica (org.100m-3) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. Nesta bacia a espécie que apresentou maior densidade foi Anchoa sp. (6.354,32 org.100m-3) sendo seus maiores valores registrados no mês de agosto de 2012 no ponto 1 (Barragem) (3.830,60 org.100m-3) e ponto 2 (rio das Bicas) (1.784,06 org.100m-3), a segunda com maior densidade foi a Anchoviella lepidentostole (2.608,60 org.100m-3) no mês de junho de 2012 (ponto 4 – Igarapé Coelho), merecem destaque ainda as espécies Mugil curema (2.033,38 org.100m-3) e Achirus achirus (46,7 org.100m-3), tendo seus maiores valores nos meses de junho de 2012 e fevereiro de 2013, respectivamente, seguida pelas espécies Diapterus sp.(41,96 org.100m-3), Bathygobius soporador (13,04 org.100m-3) e Sardinella brasiliensis (10,52 org.100m-3), tendo os maiores valores nos meses de abril de 2012 (ponto 4), outubro de 2012 (ponto 1 - Barragem), fevereiro de 2013 (ponto 3 – Igarapé Jambeiro), respectivamente. As demais espécies Pterigraulis atherinoides (1,56 org.100m-3) e Oligoplites palometa (5,26 org.100m-3), tiveram densidade menor que 6 org.100m-3 (Figura 22) 63 Densidade de Larvas (org.100m-3) 6000 4000 2000 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 Anchoa sp Diapterus sp ago/12 out/12 Anchoviella lepidentostole Achirus achirus dez/12 fev/13 Mugil curema Bathygobius soporador Figura 22. Distribuição temporal das densidades (ind.100m-3) das espécies de ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. De maneira geral os maiores valores de densidade foram encontrados nos meses de junho de 2012 (2.608,52 org.100m-3) e agosto de 2012 (2.451,66 org.100m-3), 3000 40 35 30 25 20 15 10 5 0 2500 2000 1500 1000 500 0 Salinidade Densidade de Larvas (ind.100m-3) período em que há uma diminuição das chuvas, com salinidade abaixo de 25. (Figura 23). 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 ago/12 Densidade Larvas out/12 dez/12 fev/13 Salinidade Figura 23. Variação sazonal da densidade de larvas (org.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. Em estuários tropicais, as espécies estão sujeitas as variações ambientais extremas: como o ciclo hidrológico e as altas mudanças de salinidades (PALHETA, 2005). De acordo com BLABER (1997) somente algumas espécies são capazes de tolerar tais variações e residir em estuários. Em um estudo no estuário do rio Mucuri, CASTRO e BONECKER (1996) observaram que houve um aumento na densidade ictioplanctônica com o aumento da salinidade, discordando com os dados observados no rio Bacanga. Na bacia hidrográfica do 64 rio Bacanga, foi observado que a mudança no regime pluviométrico provoca uma variação da salinidade e, esta tem influência direta na composição e densidade do ictioplâncton, aspecto este, que também foi observado por PALHETA (2005) em estudo no estuário do rio Mucuri, estado do Pará. 5.3.1.4.1.1 Padrões de Distribuição das larvas de peixe A fauna ictioplanctônica estuarina da bacia hidrográfica do rio Bacanga pode ser classificada de acordo com CASTRO (1997) baseado em POTTER et al.,(1997) em duas categorias bioecológicas: migrantes-marinhas e estuarinas-oportunistas. A maioria dos táxons são estuarino-oportunistas, sendo a espécie Anchoviella lepidentostole a única migrantemarinha. Estes dados confirmam os estudos realizados por CASTRO (1997) com a ictiofauna, hierarquizando os peixes estuarinos identificados na ilha do Maranhão. 5.3.1.4.2 Densidade de ovos de peixe A densidade de ovos de peixe nos pontos de coleta variou de 7,28 (ponto 1 – Barragem) em abril de 2012 a 15.643,48 ovos. 100 m-3 (ponto 1 – Barragem) em junho de 2012). Vale destacar que não ocorreram ovos nos meses de abril de 2012 (Ponto 6 - Gapara), outubro de 2012 (Ponto 5 - Mamão e Ponto 6 - Gapara) e dezembro de 2012 (Ponto 5 Mamão e Ponto 6 - Gapara). (Figura 24). Densidade de ovos (ovos.100m-3) 65 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13 Figura 24. Variação espaço-temporal da densidade de ovos (ovos.100m-3) na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. De acordo com MADRIGAL (1985), a desova de peixes em regiões tropicais é contínua ou apresenta vários picos de maior intensidade, isto se deve geralmente, como estratégia para evitar predação (BLABER, 1997). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga a densidade de ovos apresentou seu maior valor em junho, que pode ter sido influenciado pela baixa salinidade, esta possivelmente proporcionou a desova das espécies da família Engraulidae. Nos meses de abril, agosto, outubro de 2012 e fevereiro de 2013 também foram registrados ovos de peixe, sugerindo a ocorrência de picos de desova, semelhante ao 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Salinidade Densidade de ovos (ovos.100m-3) encontrado por PALHETA (2005) nos estuários dos rios Curuçá e Muriá (PA) (Figura 25). 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 Densidade Ovos (ind/100 m³) dez/12 fev/13 Salinidade Figura 25. Variação sazonal da densidade de ovos (ovos.100m-3) e salinidade na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. 66 5.3.1.5 Índices de diversidade, equitabilidade e riquez a. Os índices de diversidade são usados para comparar comunidades, sendo que diferentes medidas refletem características distintas de um mesmo local (PATIL e TAILLIE, 1982). A diversidade de espécies numa área é fundamental para a compreensão do ambiente, principalmente quando ele está sujeito a influências antrópicas, saindo do seu equilíbrio natural (MARTINS, 2008). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, observou-se que a diversidade específica (índice de diversidade de Shannon) teve média geral de 0,22 bits.ind-1, para a comunidade ictioplanctônica, variando entre 0,08 a 0,99 (41,6% das amostras), em todo período de estiagem e parte do período chuvoso, com baixa diversidade. Em junho de 2012, no ponto 5 (Igarapé do Mamão) ocorreu a menor diversidade de espécies, com 0,08 bits.ind-1, o valor máximo ocorreu no mês de agosto, no ponto 3 (Igarapé Jambeiro), com 0,99 bits.ind-1 (Figura 26, Apêndice D). Neste estudo não houve um padrão bem definido para a diversidade, sendo que esse índice alcançou valores diversos nos diferentes pontos e meses de coleta. Apesar de serem registrados valores muito baixos (todos menores que 1,00), isso não possibilitou uma visualização clara das mudanças relacionadas ao estresse ambiental. MARTINS (2008) realizou um trabalho na bacia do rio Bacanga utilizando esse índice para a ictiofauna, não encontrando também uma relação claramente visível. Quanto ao índice de Riqueza de Margalef, foram similares nos períodos de abril e agosto de 2012, atingindo a máxima de 0,92 no ponto 2 (rio das Bicas), no mês de abril de 2012. Entretanto os valores diminuíram durante os meses de junho e agosto de 2012 (início do período de estiagem). De forma geral os Índices de Riqueza de Margalef e Diversidade de Shannon e Weaver demonstraram dois picos (abril e agosto de 2012). Quanto ao Índice de Equitabilidade de Pielou, permaneceu similar a diversidade nos mesmos períodos. Estes índices podem também estar relacionados com os níveis de estresse ambiental local. Riqueza/Diversidade/Equitabilidade 67 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 abr/12 jun/12 Riqueza (d) ago/12 out/12 Equitabilidade (J') dez/12 fev/13 Diversidade H' Figura 26. Índices de diversidade específica (bits.ind-1), equitabilidade e riqueza do ictioplâncton, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara. 5.3.1.6 Análise Estatística 5.3.1.6.1 Análise de Variância Simples (ANOVA) Os resultados da ANOVA evidenciaram que não há diferenças significativas para os descritores ecológicos riqueza e densidade de ovos de peixe. O teste de KruskalWallis revelou diferença significativa (p < 0,05) apenas para densidade de larvas entre os períodos de chuvoso e de estiagem, devido aos picos de densidade ocorrido nos meses chuvosos. Os demais descritores ecológicos não apresentaram diferenças em relação à sazonalidade. 5.3.1.6.2 Análises de Agrupamentos. 5.3.1.6.2.1 Associação das Amostras A análise de agrupamento dos pontos de coleta considerando os fatores densidade e meses de coleta relevam a formação de dois grupos: o primeiro (A) agrupando os meses abril 2012 (B2 – rio das Bicas), dezembro (B1 - Barragem, B3 - Jambeiro e B6 Gapara) e fevereiro de 2013 (B2 – rio das Bicas e B5 - Mamão), sendo que, estas amostras foram agrupadas, através dos baixos valores de densidade, sendo representados pelas espécies 68 Anchoa sp., Anchoviella lepidentostole e Diapterus sp., agrupadas em aproximadamente 55% de similaridade no dendograma. O segundo grupo (B) esteve agrupando os meses de abril (B1 - Barragem, B3 Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), junho (B1 - Barragem, B2 – rio das Bicas, B3 - Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), agosto (B1 - Barragem, B2 Bicas, B3 - Jambeiro, B4 - Coelho, B5 - Mamão e B6 - Gapara), outubro (B1 - Barragem) e fevereiro (B1 - Barragem, B2 - Bicas, B3 - Jambeiro e B4 - Coelho), devido aos elevados valores de densidade e serem compostas principalmente pelas espécies Anchoa sp., Mugil curema, Achirus achirus, Diapterus sp., Oligoplites palometa, Bathigobius soparator e Pterigraulis atherinoides (Figura 27). Figura 27. Associação dos pontos e meses de coleta do ictioplâncton na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: (B1) Barragem, (B2) rio das Bicas, (B3) Igarapé Jambeiro, (B4) Igarapé Coelho, (B5) Igarapé do Mamão, (B6) rio Gapara. 69 Na análise de agrupamento visualiza-se a existência de um padrão na distribuição da densidade de larvas, com a variação do ciclo hidrológico e consequentemente com a salinidade, como afirma BARLETTA-BERGAN (1999) e PALHETA (2005), com alta densidade de larvas nos meses de junho e agosto de 2012, que correspondem ao período de transição do transição da estação chuvosa para a seca, porém também foram registrados valores elevados nos meses de abril de 2012 e fevereiro de 2013. 5.3.1.6.2.2 Associação dos Táxons A análise de cluster revelou três grupos, influenciados diretamente pela abundância relativa. O primeiro com menor abundância relativa agruparam as espécies Bathgobius soporator e Oligoplites palometa, que tiveram suas densidades mais correlacionadas no ponto 1 (Barragem) em outubro de 2012. O segundo grupo esteve representado com as espécies com maior correlação de densidade: Mugil curema e Anchoa sp., e o terceiro grupo juntou as espécies que não ocorreram em amostras próximas e foram raras (Anchoviella lepidentostole, Achirus achirus, Diapterus sp.,Sardinella brasilienses e Pterigraulis atherinoides (Figura 28). Figura 28. Associação dos táxons de larvas de peixe encontradas na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 70 5.3.1.6.3 Análise dos Componentes Principais (ACP) Para a análise dos componentes principais (ACP) os dois primeiros fatores explicaram 39,80 % da variação dos dados físico-químicos e biológicos (Tabela 3). Tabela 3. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. PC1 PC2 Autovalores 2,69 2,48 % de explicação 20,70 19,10 Prof -0,38 0,16 Temp 0,32 -0,14 Sal -0,05 0,52 OD 0,05 0,26 TDS 0,18 0,55 Turb 0,43 -0,13 pH -0,25 -0,28 Transp -0,50 0,10 Nitrato -0,09 -0,31 Nitrito 0,24 -0,08 Amônia 0,08 -0,003 DensLarv -0,14 -0,27 Dens Ovos -0,31 -0,05 O fator 1, explicou 20,70% da variação dos dados e associou diretamente os parâmetros: profundidade, salinidade, pH, transparência da água, nitrato, densidade de ovos e larvas e estes inversamente correlacionados com temperatura, oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos, turbidez, nitrito e amônia. O fator 2 explicou 19,10% da variação dos dados físico-químicos e biológicos, e associou diretamente os parâmetros: temperatura, turbidez, pH, nitrato, nitrito, amônia, densidade de larvas e ovos, estes inversamente correlacionados com profundidade, salinidade, oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos e transparência da água A principal consistência na ordenação dos pontos amostrais em função dos correspondentes ambientais foi associada aos pontos de coleta. Quase todos os pontos no mês 71 de abril e junho apresentaram uma correlação direta com nitrato, pH, profundidade, salinidade e transparência da água, sendo que esta correlação mais forte está sendo visualizada graficamente por uma localização de quase todos os pontos do lado positivo do primeiro eixo. Provavelmente essa associação dos pontos de coleta do mês de abril e junho pode ser explicada devido à alta pluviosidade que ocorreu nestes meses. Ao contrário do ponto 6 em abril/12 e de todos os pontos no mês de dezembro e outubro de 2012, que foram associados temperatura, turbidez, pH, nitrato, nitrito, amônia., densidade de larvas e ovos, visualizado graficamente por uma localização de quase todos os pontos do lado positivo do segundo eixo (Figura 29). Figura 29. Análise dos Componentes Principais dos dados físico-químicos e biológicos da bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6); Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). 72 Quanto à densidade de ovos e larvas, apresentaram uma forte correlação com amônia, nitrito, nitrato, turbidez e temperatura no primeiro eixo, comprovando estudos já realizados anteriormente para determinação de áreas de desova, que podem ser influenciadas tanto por fatores hidrológicos, quanto pela disponibilidade de alimentos, temperatura e partículas em suspensão, que são fatores suscetíveis de estimular ou inibir as funções biológicas dos peixes (SARPEDONTI e CHONG, 2008). Assim, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, as principais áreas que apresentaram as maiores densidade de ovos foram: Ponto 2 – rio das Bicas, nos meses de agosto, junho de 2012 e fevereiro de 2013; Ponto 1 – Barragem, nos meses de junho e agosto de 2012 e Ponto 4 – Igarapé Coelho, no mês de abril de 2012 (Figura 30). Figura 30. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a densidade ovos de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). 73 Quanto à densidade de larvas as áreas que apresentaram as maiores densidades foram: Ponto 1 – Barragem, nos meses de abril, junho e agosto de 2012; Ponto 2 – rio das Bicas, em agosto de 2012; Ponto 4 – Igarapé Coelho, nos meses de abril e junho de 2012; Ponto 5 – Igarapé Mamão, no mês de junho de 2012; Ponto 6 – rio Gapara, em abril e junho de 2012 (Figura 31). Figura 31. Análise dos componentes principais dos dados físico-químicos e biológicos, relacionados com a densidade larvas de peixe na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de abril/2012 a fevereiro/2013. Variáveis: (TDS) Sólidos Totais Dissolvidos, (Sal) Salinidade, (OD) Oxigênio Dissolvido, (Temp) Temperatura, (Turb) Turbidez, (Nitri) Nitrito, (Amô) Amônia, (pH) Potencial Hidrogeniônico, (Prof) Profundidade, (Transp) Transparência, Dovo (Densidade de ovo, (Dlarv) Densidade de Larva, (Nitra) Nitrato; Pontos: (1) Barragem, (2) rio das Bicas, (3) Igarapé Jambeiro, (4) Igarapé Coelho, (5) Igarapé do Mamão, (6) rio Gapara; Meses: (Ab) abril, (Jn) junho, (Ag) agosto, Ou (outubro), De (dezembro), Fe (fevereiro). Estes dados de densidade de ovos e larvas de peixes estão intimamente ligados à variação de fatores físicos e químicos do ambiente, sendo fundamentais para determinação de áreas de desova da ictiofauna local. Essas áreas podem estar sofrendo influência do pico de abundância fitoplanctônica, o que pode estar relacionado com o período em que ocorre uma perceptível deposição de nutrientes, bem como a ressuspensão destes, beneficiando assim a 74 produção primária e, consequentemente, o incremento de alimento para as larvas de peixe (VIANA, 2006). Contudo, esse beneficiamento do fitoplâncton pode não ocorrer apenas no período de chuvas mais intensas, uma vez que estas promovem o aumento da descarga dos rios e o consequente transporte de nutrientes às áreas mais externas do estuário, depreciando desta forma o estabelecimento da comunidade fitoplanctônica (PAIVA et al., 2006), assim como as demais ligações tróficas. O aumento da pluviosidade interligada ao início das cheias, como reguladores do processo reprodutivo dos peixes, já foram descritos nos estudos de OLIVEIRA (2000), LOWE-McCONEELL(1999), RÉ (1999) e VAZZOLER (1996). A restrita diversidade ictioplanctônica registrada, considerando os meses estudados, pode está relacionada principalmente pela inexistência de uma gestão que regulamente a abertura e fechamento das comportas da barragem, que influencia diretamente no estrangulamento do volume de água que transita, além de sofrer influência da pluviosidade que altera a salinidade do ambiente. Em estudos ictiofaunísticos em áreas estuarinas, foram registrados em regiões tropicais que a salinidade pode ser vista como um dos fatores mais importantes na dinâmica temporal e espacial das comunidades biológicas (PAULY, 1994), porém segundo ODUM (1983), a presença e o sucesso dos organismos dependem de uma série de fatores ambientais, assim como, dependem da tolerância dos indivíduos a tais fatores. Neste contexto, outros fatores ambientais podem ser influenciados pela pronunciada atividade antrópica na bacia em estudo, sobretudo aquelas relacionadas aos despejos domésticos e industriais que resultam no enriquecimento orgânico. Desta maneira ressalta-se que a qualidade da água, não pode ser indicada como um fator limitante à abundância de ovos e larvas de peixes, pois os resultados dos referidos parâmetros avaliados na maioria das vezes, estiveram dentro dos valores considerados compatíveis à sobrevivência e ao desenvolvimento larval e/ou não foram fortemente associados à comunidade de larvas de peixes, assim como afirma o estudo de WANDERLEY (2010). Dos nutrientes mais prejudiciais a fauna aquática, o nitrito apresentou concentrações relativamente baixas (< 2 mg.L-1), a qual de acordo com a literatura constitui característica natural deste composto (RIBEIRO, 2002). No entanto, altas concentrações de 75 nitrito podem refletir a carência de oxigênio e indicar processo de poluição recente (BRANCO, 1986). 5.3.2 Ictiofauna 5.3.2.1 Composição Ictiofaunística Durante as amostragens no período de estiagem e chuvoso foram capturados 279 indivíduos da ictiofauna, sendo registradas 20 espécies, distribuídas em 6 ordens, 14 famílias, com 45% das espécies pertencentes à ordem Perciformes, 15% à ordem Clupeiformes, 15% Tetradontiformes, 10% Pleuronectiformes, 10% Siluriformes e 5% Mugiliformes. A lista taxonômica da ictiofauna e os respectivos nomes comuns das espécies capturadas na bacia do Bacanga são apresentados abaixo ((Tabela 4, Apêndice G). A sequência das ordens e famílias segue o roteiro de Nelson (2006), enquanto as espécies são colocadas em ordem alfabética. Atualizações dos nomes científicos das espécies foram realizadas segundo a nomenclatura atual adotada pelo FishBase (FROESE e PAULY, 2012). Tabela 4. Composição taxonômica da ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga (segundo NELSON, 2006) Classe Actinopterygii Ordem Clupeiformes Família Clupeidae Opisthonema oglinum (LeSueur, 1818) – “Sardinha-peú” Família Engraulidae Centengraulis edentulus (Cuvier, 1829) – “sardinha verdadeira” Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) – “sardinha papel” Ordem Siluriformes Família Ariidae Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945) – “Uriacica braco” Sciades herzbergii (Bloch, 1794) – “Bagre Guribu” Ordem Mugiliformes 76 Família Mugilidae Mugil curema (Valenciennes, 1836) – “Tainha sajuba” Ordem Perciformes Família Carangidae Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) – “Timbiro Branco” Selene vomer (Linnaeus, 1758) – “Peixe Galo” Família Lutjanidae Lutjanus sp. – “Carapitanga” Família Gerreidae Diapterus sp. – “Peixe prata” Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) – “Escrivão” Família Haemulidae Pomadasys corvaeniformes (Steindachner, 1869) – “Jiquirí” Família Ephippidae Chaetodipterus faber (Brounsonet, 1782) – “Paru” Família Sciaenidae Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830) – “Corvina uçú” Micropogonias furnieri (Desmorest, 1823) – “Cururuca” Ordem Pleuronectiformes Família Cynoglossidae Paralichthys sp.- “linguado” Família Achiridae Achirus achirus (Linnaeus, 1758) – “solha verdadeira” Ordem Tetraodontiformes Família Tetraodontidae Colomesus psittacus (Bloch e Schneider, 1801) – “Baiacú açú” Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) – “Baiacú-pininga” Família Diodontidae Chilomycterus antillarum (Jordan e Rutter,1897)–“Baiacú-de-espinho” Nos levantamentos realizados na Ilha de São Luís, sobre a ictiofauna, foram registradas 101 espécies de peixes, as quais pertenciam a 44 famílias (JURAS-MARTINS, 1989). Em outro estudo realizado em cinco estuários da Ilha de São Luís, foram registradas 77 106 espécies de peixes, com 65% pertencentes às ordens Perciformes e Siluriformes (CASTRO, 1997), num padrão coincidente encontrado na bacia do rio Bacanga, em que a ordem Perciforme está representada pela maioria dos peixes. Outros estudos na Ilha de São Luís registraram 43 espécies no rio Anil, sendo 63% pertencentes à ordem Siluriformes e 26% à ordem Mugiliformes (PINHEIRO JÚNIOR et al., 2005), 44 espécies na área de influência da indústria ALUMAR que abrange o rio dos Cachorros e o Estreito do Coqueiro, com frequência de ocorrência de 31,3% de indivíduos pertencentes à ordem Perciformes e 22,2% à ordem Cyprinodontiformes (CASTRO, 2003). Na bacia hidrográfica do rio Bacanga durante cinco meses de coleta da ictiofauna, foi contabilizado 1 classe, 9 ordens e 36 espécies, com 53% das espécies pertencentes à ordem Perciformes, 17% Siluriformes, as demais ordens somando 30% (MARTINS, 2008). Nesta análise comparativa pode-se verificar que o número de espécies foi sempre superior ao encontrado na bacia hidrográfica do rio Bacanga (20 espécies), mas igualmente, com predominância da ordem Perciforme, que se distribui amplamente ao longo da costa norte brasileira, devido à sua tolerância as variações de salinidade, o que permite existir espécies com capacidade de explorar habitats estuarinos (CAMARGO e ISAAC, 2004). 5.3.7.1 Padrões de distribuição da ictiofauna A ictiofauna estuarina pode receber diversas classificações quanto às categorias ecológicas, sendo difícil estabelecer critérios que identifiquem os peixes como sendo verdadeiramente estuarinos (CARVALHO-NETA et al.,2011). Os autores CAMARGO e ISAAC (2003) explicam que isso ocorre devido a esses organismos apresentarem níveis de capacidade para tolerar as variações nos teores de salinidade da água e, de acordo com sua capacidade fisiológica, movimentam-se periodicamente entre os diferentes sistemas. Estes pesquisadores elaboraram então um sistema de quatro categoriais para classificar as comunidades de peixes, de acordo com suas preferências de distribuição ao longo dos estuários da costa Norte, estas são: (a) maior afinidade pelo ambiente fluvial; (b) intermediários com capacidade eurialina; (c) maior afinidade pelos ambientes costeiros e (d) distribuição ao longo de todo gradiente. Uma classificação semelhante, também em quatro categorias bioecológicas, foi utilizada por CASTRO (1997) para hierarquizar os peixes estuarinos identificados na Ilha do 78 Maranhão, baseado em POTTER et al.,(1997). As categorias, com as respectivas espécies identificadas na bacia hidrográfica do Bacanga são citadas a seguir: As espécies Lycengraulis grossidens, Cetegraulis edentulus, Opisthonema oglinum, Chilomycterus antillarum, Chaetodipterus faber, Achirus achirus, Paralichthys sp são classificadas como migrantes-marinhas, ou seja, ocorrem ocasionalmente na região além de terem apresentado pouca abundância e regularidade ao longo do ano. As espécies Eucinostomus sp, Mugil curema, Diapterus rhombeus, Cynoscion microlepidotus são consideradas como estuarino-oportunistas, pois geralmente chegam até os estuários para complementar apenas uma etapa do ciclo de vida, utilizando a área para alimentação ou reprodução. Os peixes Sciades herzbergii, Pomadasys corvaeniformes, Lutjanus sp. Hexanematichthys bonillai, Colomesus psittacus, Oligoplites saurus, Selene vômer são consideradas como estuarino-residentes, ou seja, efetuam todo o ciclo biológico nos estuários, utilizando permanentemente a área para a alimentação, crescimento e reprodução. 5.3.2.2 Frequência de ocorrência da ictiofauna A Tabela 6 mostra a participação relativa das famílias encontradas na bacia do Bacanga, em número de indivíduos, com destaque para: Gerreidae (35,48%) e Engraulidae (19,35%), Tetradontidae (9,67%), Clupeidae (6,45%), Ariidae (5,37%), Diodontidae (4,30%), Ephippidae (4,30%), Haemulidade (3,22%), Lutjanidae (3,22%), Sciaenidae (2,15%), Carangidae (2,15%), Mugilidae (2,15%), Achiridae (1,07%) e Cynoglossidae (1,07%). Tabela 5. Número de indivíduos e participação relativa por família, na bacia hidrográfica do rio Bacanga, no período de chuvoso e de estiagem. Famílias Clupeidae Engraulidae Ariidae Mugilidae Carangidae Lutjanidae Gerreidae Haemulidae Ephippidae Sciaenidae Nº de indivíduos 18 54 15 6 6 9 99 9 12 6 % 6,45 19,35 5,37 2,15 2,15 3,22 35,48 3,22 4,30 2,15 79 Cynoglossidae Achiridae Tetradontidae Diodontidae TOTAL 3 3 27 12 279 1,07 1,07 9,67 4,30 100,00 Para o conjunto da comunidade, verificou-se a dominância numérica de indivíduos pertencentes às famílias Gerreidae e Engraulidae. DOURADO e CASTRO (2009), em estudo no estuário do rio Paciência afirmam ainda que as larvas de peixe da família Engraulidae foram encontradas em maiores densidades nas estações onde há o menor contato com águas marinhas. YÁNEZ-ARANCIBIA (1986) afirma que a família Engraulidae tem grande importância na composição ictiofanística de ambientes estuarinos e lagunares, sendo formada principalmente por peixes costeiros, que buscam tais ambientes para a desova, preferindo águas de baixa salinidade. A Tabela 5 indica o número total de indivíduos e participação relativa das espécies capturadas na bacia do rio Bacanga no período chuvoso e de estiagem. As espécies que apresentaram maior número de indivíduos no período chuvoso foram Eucionostomus melanopterus,Opisthonema oglium, Sciades herzbergii, Lutjanus sp., Diapterus sp., Chaetodipterus faber, Sphoeroides testudineus. No período de estiagem, as espécies com maior número de indivíduos foram Opisthonema oglium, Centengraulis grossidens, Lycengraulis grossidens, Diapterus sp., Eucinostomus melanopterus, Sphoeroides testudineus, Chilomycterus antillarum. No período chuvoso, uma espécie teve destaque em relação ao número de indivíduos, representando 31,09% do total capturado, com uma dominância quantitativa. No período de estiagem, três espécies tiveram destaque em número de indivíduos, representando 65,2% do total capturado. CERVIGÓN et al. (1992) generalizam esse padrão também para diferentes ambientes estuarinos temperados e sub-tropicais, que apresentam poucos táxons dominantes, normalmente com menos de seis espécies de peixes, representando cerca de 70% das capturas. Tabela 6. Frequência absoluta e relativa (%) do número (N) de espécies de peixes na bacia hidrográfica do rio Bacanga, no período de estiagem e chuvoso. Espécie Opisthonema oglium Centrengraulis eddentulus Período Chuvoso N %(N) 9 5,48 6 3,65 Período Seco N %N 9 7,82 15 13,04 80 Lycengraulis grossidens Hexanematichthys bonillai Sciades herzbergii Mugil curema Selene vômer Oligoplites saurus Lutjanus sp. Diapterus sp. Eucionostomus melanopterus Pomadasys corvaeniformes Chaetodipterus faber Cynoscion microlepidotus Micropogonias furnieri Paralichthys sp. Achirus achirus Colomesus psittacus Sphoeroides testudineus Chilomycterus antillarum TOTAL 3 6 9 3 3 3 9 9 51 9 12 3 3 2 2 2 14 6 164 1,82 3,65 5,48 1,82 1,82 1,82 5,48 5,48 31,09 5,48 7,31 1,82 1,82 1,21 1,21 1,21 8,53 3,65 100,00 30 0 0 3 0 0 0 9 30 0 0 0 0 1 1 1 10 6 115 26,08 0 0 2,60 0 0 0 7,82 26,08 0 0 0 0 0,86 0,86 0,86 8,69 5,21 100,00 Eucionostomus melanopterus foi o táxon mais significativo em espécimes capturadas no período chuvoso, sendo responsável por 31,09% da captura total. Em estudos semelhantes, MARTINS-JURAS (1987), CASTRO (1997, 2001) capturaram esta espécie. Esta é conhecida como “peixe prata”, pertencente à família Gerreidae, sendo abundante em estuário e abandonam na época reprodutiva, desovando no mar (CYRUS e BLABER, 1984; TAYER et al. 1987). Normalmente os adultos não retornam ao estuário, e assim apenas os jovens nele ingressam (ALBARET e DESFOSSEZ, 1988). Em estudo na Baía de Guaratuba (PR), CHAVES e ROBERT (2002) afirmam que esta espécie não desova no interior do estuário, diferentemente do caso geral para a família, quando adultos os indivíduos retornam a este sistema, aí se distribuindo segundo um padrão influenciado pela salinidade. A outra espécie mais frequente foi a Lycengraulis grossidens, que é classificada como peixe estuarino residente, abundante o ano todo no estuário (CHAO et al., 1985). Deve-se levar em consideração que as espécies registradas no presente estudo podem ter sofrido influência da hora e do dia durante os quais as amostragens foram efetuadas. Diante dos resultados é importante ressaltar que existe a problemática relativa à seletividade do apetrecho de pesca, tendo em vista que a abundância de uma determinada espécie está diretamente relacionada à sua adaptação ao meio ambiente, à disponibilidade de 81 alimento e à competição existente entre os grupos, dentre outras coisas, podendo também refletir condições ambientais passadas (MARTINS, 2008). O tamanho da malha influencia no tamanho dos exemplares capturados e algumas espécies podem passar pela malha. Em relação ao meio sabe-se que a barragem do Bacanga influência diretamente na vida aquática, contribuindo ainda para a diminuição da qualidade da água do rio, e a consequente redução no número de espécies e na quantidade de peixes, pois com a construção da mesma, há um desvio e interrupção do curso natural da água, o que impossibilita a migração de cardumes em época de desova (ARAÚJO apud. MARTINS, 2008). Assim a distribuição da ictiofauna em um determinado local pode estar relacionada tanto a fatores naturais como também a pressões antrópicas. De acordo com todas essas observações, atribui-se a bacia do Bacanga um importante papel ecológico de criadouro de peixes de importância econômica para a pesca artesanal no Maranhão. Assim, o desenvolvimento dessa atividade deve ser avaliado e monitorado continuamente a partir de medidas que visem à exploração sustentável desses recursos. 5.4 Relação entre a comunidade ictioplanctônica e a ictiofaunística A estrutura da assembleia ictioplanctônica indica resultar da combinação da seleção do local de desova pelos adultos, processos físicos e adaptações biológicas das larvas e relação a estes processos (POWLES et al. 1984). A abundância e ampla distribuição espaçotemporal de estágios iniciais de larvas de peixes ressaltam a importância da área como criadouro de peixes importantes para a pesca. A grande abundância de larvas é atribuída ao tipo de desenvolvimento inicial NAKATANI, (1994), que favorece na dispersão na superfície (HOLLAND, 1986). Além disso, a alta fecundidade, as grandes populações de adultos e a baixa mortalidade larval também podem contribuir para o sucesso reprodutivo das espécies (ARAÚJO-LIMA e OLIVEIRA 1998). Segundo ALMEIDA et al. (2011), a ictiofauna marinha e estuarina maranhense é composta de 274 espécies. Destas, as três mais dominantes para a Ilha de São Luís na 82 década de 80 foram Genyatremus luteus, Mugil curema e Sciades herzberggii (MARTINSJURAS et al., 1987). Na década de 90, as dominantes foram Genyatremus luteus, Sciades herzbergiiI e Mugil curema, de acordo com estudo de CASTRO (1997). No ambiente estuarino do rio Anil, PINHEIRO JÚNIOR et al. (2005) afirma que houve a dominância das espécies Sciades herzbergii, Mugil curema, Achirus sp.,Pseudauchenipterus nodosus e Mugil gaimardianus, representando 87% das espécies capturadas. As variações da ictiofauna podem estar relacionadas com as particularidades ambientais das regiões amostradas e pela metodologia de coleta empregada, cujos pesquisadores trabalham com métodos e artes de pescas diferentes (ALMEIDA et al., 2011). Das larvas de peixes encontradas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, somente as espécies Achirus achirus, Mugil curema e Diapterus sp. correspondem aos peixes adultos encontrados na região, no entanto, estes são comercializados pelos pescadores da bacia, o que corrobora com os dados do estudo de MARTINS (2008) (Tabela 7). Tabela 7. Comparação entre as larvas de peixes capturadas e os peixes adultos encontrados na região e os comercializados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Espécies Larvas Achirus achirus (Linnaeus, 1758)- “Sôlha” X Peixes adultos X Mais Pescados X Mugil curema (Valenciennes, 1830) – “tainha sajuba” X X X Diapterus sp.- “Peixe prata” Anchoviella lepidentostole (Flowler, 1911) Colomesus psittacus (Bloch e Schneider, 1801) – “baiacu açú” X X X X X Eucinostomus sp. “Escrivão” Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)- “ baiacu pininga” X X X Sciades herzberguii (Bloch, 1974)-“Bagre guribu” Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945) –“Uriacica Branco” X X X Chilomycteruss antillarum (Jordan e Rutter, 1897) – “Baiacu espinho” X Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) – “Sardinha Papel” Centengraulis edentulus (Cuvier, 1829) – “Sardinha verdadeira” X Opisthonema oglinum (LeSueur,1818) - 'sardinha·peú" Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) – “Timbiro X X X 83 Branco” Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830) – “Corvina uçú” Selene vômer (Linnaeus, 1758) – “Peixe Galo” Micropoponias furnieri (Desmorest, 1823) – “Cururuca” Paralichthys sp. – “linguado” Pomadasys corvaeniformes (Steindachner, 1869) – “Jiquirí” Chaetodioterus faber (Braussonet, 1782) – “Parú” Lutjanus sp. – “carapitanga” Anchoa sp.- “sardinha” Pseudauchenipterus nodosus (Bloch, 1749) - "papista" Centropomus parallelus (poey, 1860) - "camurim branco" X X X X X X X X X X 5.5 Avaliações dos aspectos sociais, econômicos e ambientais . Na costa do Estado do Maranhão a maioria da atividade pesqueira desenvolvese de maneira artesanal, envolvendo grande quantidade de pessoas que vivem na captura de peixes, principalmente estuarinos, constituindo assim uma atividade produtiva de grande importância social (CARVALHO-NETA, 2004 apud MARTINS, 1989). Esta pesca é conceituada como aquela em que o pescador sozinho ou em parcerias participa diretamente da captura do pescado, praticando a pesca com simplicidade de tecnologia e baixo custo de produção, utilizando instrumentos simples, baseando-se em conhecimentos adquiridos de pai para filho ou dos mais velhos da comunidade, adquirindo um extenso conhecimento sobre o meio ambiente (PIORSKI et al., 2009; MALDONADO, 1986). Os questionários foram aplicados em 2012 com 22 pescadores das comunidades, sendo assim possível afirmar que todos vivem nas proximidades do rio Bacanga. Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, de acordo com a entrevista realizada com os pescadores artesanais que ali atuam, existe pescado em todo o ano, aumentando a quantidade quando as comportas da barragem são abertas. 84 Dos entrevistados, todos eram do sexo masculino. No que diz respeito à faixa etária, a maioria (66.6%) possuía entre 40-49 anos, enquanto a minoria (33,3%) entre 60-69 anos, havendo um acréscimo no número de pescadores com idade entre 40-49 anos, comparando com os dados obtidos por MARTINS (2008) (Figura 32). 33,30% 40 A 49 ANOS 66,60% 60 A 69 ANOS Figura 32. Faixa etária dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. No que tange a ocupação dos pescadores, a maioria só trabalha com a pesca (83,3%), enquanto a minoria exerce outras atividades: pedreiro (8,33%), feirante (8,33%), confirmando dados do estudo de MARTINS (2008) (Figura 33). 8,33% 8,33% Pedreiro Feirante Pescador 83,30% Figura 33. Ocupação dos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Quanto ao ordenamento de pesca a tarrafa e rede são usadas pela maioria (83,3%), enquanto 16,7% utilizam somente a rede (Figura 34). Com relação a melhor época para a pesca, todos (100%) afirmaram que as melhores épocas são: período de estiagem (novembro) e período chuvoso (junho). Quanto ao tempo de pesca a maioria possui entre 2130 anos (91,6%), enquanto a minoria possui entre 1 a 10 anos, confirmando os dados pretéritos de MARTINS (2008) (Figura 35). 85 8,33% 91,60% 21-30 anos 1-10 anos Figura 34. Tempo que os pescadores exercem a sua atividade na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 16,70% Tarrafa e Rede 83,30% Somente Rede Figura 35. Ordenamento de pesca utilizado pelos pescadores entrevistados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Na bacia hidrográfica do rio Bacanga, os peixes mais pescados segundo relatos dos entrevistados, foram: peixe prata (40%), tainha (20%), sardinha (15%) e o bagre (10%), além de outros menos citados (Figura 36). Em estudo anterior MARTINS (2008) cita a tilápia como um dos peixes mais pescados, havendo uma redução de sua captura nos últimos anos. 2% 1% 2% 1% 4% 5% 40% 15% Peixe Prata Tainha Bagre Sardinha Tilápia Escrivão Camurim Uriacica Papista Sôlha 10% 20% Figura 36. Peixes mais pescados na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 86 Entre os pescadores entrevistados constatou-se que a maior parte (40%) adquire em média até 5 kg/dia de peixe, enquanto a menor parte pesca 16 a 20 kg/dia (5%) e mais de 20 kg/dia (5%) (Figura 37). Nos estudos realizados por MARTINS (2008) e CARVALHO (2000), a maior parte deles pescavam em média 5 a 10 kg/dia de peixe. No entanto, em relatos feitos pelos pescadores, o pescado diminui consideravelmente quando as comportas da barragem ficam fechadas por períodos muito extensos, impedindo a renovação da massa d’água, consequentemente as variáveis físico-químicas ficam abaixo dos limites, condicionando um ambiente desfavorável para as espécies pescadas. 5% 5% 40% 20% 30% até 5 kg 6 - 10 kg 11 - 15 kg 16 - 20 kg mais de 20 kg Figura 37. Quantidade de pescado/dia de pescaria na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Quanto aos peixes capturados na bacia hidrográfica do rio Bacanga, os entrevistados relataram que 85% são destinados à venda e ao consumo, e somente 15% é destinada ao consumo, mantendo-se na mesma proporção, quando comparado ao estudo de MARTINS (2008) (Figura 38). 15% 85% venda/consumo consumo Figura 38. Destino do pescado na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 87 No estudo de MARTINS (2008) na bacia do Bacanga, há a afirmação de que muitos pescadores realizam a atividade pesqueira para complementar a sua alimentação, visto que o número de residentes na sua casa é elevado, gerando a necessidade contínua da pescaria, outros realizam essa atividade de forma esporádica, para complementar a renda familiar. Quanto ao preço do pescado, nota-se que o preço mais elevado é dado à tainha (Mugil curema), seguido pelo camurim (Centropomus parallelus) e peixe-prata (Diapterus sp). Estas espécies foram às mesmas citadas por MARTINS (2008) (Figura 39). 10% 20% 70% tainha camurim peixe prata Figura 39. Pescados vendidos por um maior preço na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Em relação à situação da pesca na bacia do rio Bacanga, a maioria dos pescadores (85%) afirmou que a situação foi agravada nos últimos anos, principalmente pelo fato do aumento da poluição no rio, e pela demora na abertura das comportas da barragem, que segundo pescadores, afeta diretamente a produção do pescado local (Figura 40), sendo que para 90% dos entrevistados a diminuição do pescado é a principal causa desse problema (Figura 41). Para 90% dos entrevistados a demora na abertura das comportas é a principal causa da baixa disponibilidade de pescado na área. 15% sim não 85% Figura 40. Pesca piorou nos últimos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga. 88 Em estudo anterior MARTINS (2008) afirmou que esta situação de piora da pesca na bacia do Bacanga é causada principalmente pelo elevado número de pescadores, presença da barragem, assoreamento do rio e grande quantidade de lixo. MARTINS (2008) afirma ainda em relação aos problemas ambientais, que a falta de redes de esgoto no local e de conscientização de moradores pode causar sérios problemas a saúde da população. Esta falta de rede de esgoto leva ao seu lançamento in natura nas águas do rio e a deposição de lixo em suas margens podem provocar eutrofização no local e consequente redução na produção pesqueira (MMT, 2007). 10% 90% Quantidade de peixes diminuiu Composição do pescado mudou Figura 41. O que aconteceu com os peixes ao longo dos anos na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Na entrevista com os pescadores, todos (100%) afirmaram que sabem da importância das larvas e ovos para a manutenção do pescado adulto. Sobre a época de reprodução dos peixes abordada na entrevista, os pescadores afirmaram que os maiores números de indivíduos jovens encontrados são de: “papista” (Pseudauchenipterus nodosus), “peixe prata” (Diapterus sp.) e “sardinha” (Anchoa sp.). Os entrevistados afirmaram ainda que fêmeas ovadas são encontradas principalmente nos meses de outubro e novembro, principalmente de “tilápia” e “camurim” (Centropomus parallelus). Essas afirmações são importantes a ponto de gerar estudos a fim de investigar os períodos reprodutivos e subsidiar a estipulação legal do período de defeso para as espécies ameaçadas de extinção ou sobre-explotadas. Essa situação permite a interlocução com os proprietários de saberes e valorização do conhecimento tradicional. 89 O conhecimento sobre maturação sexual e desova é importante para determinar as causas das variações de distribuição, disponibilidade e abundância dos peixes, subsidiando no processo de administração da pesca, visando racionalizar os métodos de exploração (CAMARGO-ZORRO, 1999). Quanto à percepção ambiental de pescadores, pode-se afirmar que é uma ferramenta importante no auxílio do poder público em questões ambientais. Sendo considerados por MARTINS (2008) atores sociais altamente dependentes da bacia hidrográfica do rio Bacanga. Esta bacia é um ambiente impactado, sendo que a situação atual em relação à pesca afeta os pescadores tanto social, quanto economicamente. Desta forma, não é suficiente analisar a área apenas do ponto de vista da qualidade ambiental, sendo necessário saber sobre como a diminuição dessa qualidade afeta as populações humanas, confirmando o estudo feito por MARTINS (2008). Considerando o cenário atual da atividade pesqueira, pode-se afirmar que a manutenção desta realidade, tenderia a piorar a situação, visto que os pescadores notaram a diminuição dos estoques ao longo dos anos, prejudicando a economia local, confirmando o prognóstico desenhado por MARTINS (2008). O aumento da degradação poderá diminuir a quantidade de peixes, podendo até levar ao desaparecimento dos mesmos em alguns locais, o que ocasionaria graves problemas sociais devido à situação econômica insustentável. O ideal para a bacia do rio Bacanga, seria a aplicação de investimentos dirigidos por um modelo de desenvolvimento sustentável, influenciando diretamente nos padrões quantitativos e qualitativos da ictiofauna, caracterizando, assim, um ambiente propício para reprodução, com a manutenção de suas funções ecológicas, aumento de estoques, beneficinando, dessa forma, a economia local, como afirma MARTINS (2008). Tais dados, aliados a estudos sobre a desova de espécies de peixes, são de fundamental importância para a implantação de medidas de gestão sustentável das espécies enquanto recurso explorável na área. 90 6. CONCLUSÕES O presente trabalho procurou avaliar a comunidade ictioplanctônica sazonalmente sob a óptica das dimensões ambientais e econômicas da bacia hidrográfica do rio Bacanga. As variáveis ambientais demonstraram grandes variações nos períodos de amostragem. A precipitação pluviométrica apresentou um ciclo sazonal definido, não superando a média histórica. Nos pontos próximos a foz a salinidade foi mais elevada. A profundidade sempre foi maior nos pontos próximos a barragem. Os sólidos totais dissolvidos apresentaram maiores valores nos períodos de estiagem. Dos nutrientes analisados, apenas a amônia é a mais importante com as concentrações mais elevadas. Na área de estudo há uma forte correlação da densidade de ovos e larvas de peixe com o oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos, pH, transparência da água e nitrato. Na comunidade ictioplanctônica, a espécie mais abundante durante o tempo amostral foi a Anchoa sp. As outras espécies que se destacaram quanto à abundância foram: Anchoviella lepidentostole e Mugil curema. Destes táxons encontrados dentro do período de um ano, estão grupos de importância para a pesca costeira. As famílias que compõem a fauna ictioplanctônica são: Engraulidae, Clupeidae, Gobiidae, Achiridae, Carangidae, Mugilidae e Gerreidae e identificam o ambiente com habitat-chave na história de vida desses organismos. A assembleia de larvas de peixes da bacia em estudo apresentou um padrão espacial composto por grupos associados às áreas de influência marinha (externa), que são determinados pela salinidade, combinada ou não, com temperatura e transparência da água. Nos pontos mais próximos a foz (Barragem, rio das Bicas, Igarapé Jambeiro e Igarapé Coelho) do rio Bacanga, houve uma ocorrência de alta densidade larvária, o pode indicar uma exportação de larvas, cujo processo reprodutivo ocorreu no interior da bacia, sugerindo assim, que o estuário, mesmo modificado pela ação humana, é um autêntico berçário para algumas espécies de peixes marinhos, principalmente da família Engraulidae. Quanto à densidade de ovos de peixe, as maiores densidades ocorreram também nos pontos 91 próximos à foz do rio, com valores elevados no período chuvoso e no início do período de estiagem. A alta amplitude de salinidade em alguns trechos do rio Bacanga, demonstra ser um fator importante na reprodução de muitos peixes, sendo nesta área encontrada a maior riqueza de espécies. Além disso, a variação de salinidade, em função da pluviosidade, estabelece padrões sazonais na composição ictioplanctônica na área. A associação das amostras com base no ictioplâncton mostrou a formação de quatro grupos, definidos possivelmente em função do gradiente salinidade da água, demonstrando certa sazonalidade. A associação dos táxons mostrou a formação de três grupos, que tiveram suas densidades correlacionadas pela semelhança entre os pontos de coleta. Quanto a composição da ictiofauna as espécies que apresentaram maior número de indivíduos no período chuvoso foram Eucionostomus melanopterus,Opisthonema oglium, Sciades herzbergii, Lutjanus sp., Diapterus sp., Chaetodipterus faber, Sphoeroides testudineus. No período de estiagem, as espécies com maior número de indivíduos foram Opisthonema oglium, Centengraulis grossidens, Lycengraulis grossidens, Diapterus sp., Eucinostomus melanopterus,Sphoeroides testudineus, Chilomycterus antillarum. Estas espécies coincidem com as capturadas em outros ambientes estuarinos do Maranhão pela pesca artesanal, revelando que a área de estudo representa um importante local de exploração pesqueira. Quanto a comunidade ictiofaunística encontrada na área de estudo, é importante ressaltar que houve uma dominância numérica de indivíduos pertencentes às famílias Gerreídae e Engraulidae. Comparando as larvas de peixe capturadas na bacia em estudo com ictiofauna encontrada na região, verifica-se que a bacia do Bacanga exerce um papel de “berçário” de uma fauna íctia importante para a pesca artesanal. Entretanto a falta de regularidade das coletas do presente trabalho sugere-se novas abordagens sobre a distribuição das espécies, destacando o ciclo reprodutivo ao longo dos períodos chuvoso e de estiagem, a fim de aprofundar discussões sobre o tema. 92 Quanto os pescadores da bacia, ressalta-se que a maioria vive da pesca, possuindo uma grande experiência de atividade pesqueira. Os peixes mais pescados na região são: peixe-prata (Diapterus sp.), tainha (Mugil curema) e sardinha (Anchoa sp). Sendo a tainha (Mugil curema), o peixe mais vendido na região. A situação da pesca agravou nos últimos anos, segundo os pescadores, principalmente pela poluição no rio, e falta de regularidade na abertura das comportas da barragem, que afetam diretamente na produção do pescado. Com relação à importância das larvas e ovos de peixes para a manutenção do pescado adulto, todos os pescadores demonstraram preocupação e entendimento sobre o tema. A bacia em estudo, apesar de afetada pela poluição, é considerada importante do ponto de vista social e econômico, promovendo o sustento da população local a partir da pesca, sendo também utilizada por várias espécies importantes com área de desova. Os dados obtidos neste trabalho, aliados a estudos das áreas de desova dos peixes costeiros, são fundamentais para a implantação de medidas de gestão sustentável das espécies que utilizam a bacia como ambiente para reprodução e para as que são endêmicas. 93 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Z. da S. de.; MORAIS, G.C.; CARVALHO-NETA, R.N.F.; CAVALCANTE, A.do N.; SANTOS, N.B. Síntese do Conhecimento sobre a ictiofauna da Costa Maranhense, Brasil. In: NUNES, J.L.S; PIORSKI, N.M. (Org). Peixes Marinhos e Estuarinos do Maranhão. Café e Lápis; Fapema, 2011, 1ª ed. São Luís (MA), 2011, p. 148-174. 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O Sr. Exerce outro tipo de atividade rentável (fora da pesca)? Qual/___________________ 10. Qual é a principal atividade econômica exercida por você? 11. Qual o período em que você captura mais peixes (mês principal)? 12. Quantos dias você pesca durante a semana?_____________________ 13. Quantas horas você pesca por dia?_____________________________ 14. Qual a quantidade pescada (kg) por dia de pescaria?___________________ 15. Qual a finalidade da pesca?____________________________________________________ 16. Quais os pescados com maiores preços?_________________________________________ 17. Qual sua renda mensal com atividade pequeira?___________________________________ 18. A pesca melhorou nos últimos anos?___________________________________________ 19. Quais os problemas ambientais que você observa no lugar? Isso atrapalha a pesca? 20. Quais as causas desse problema? 110 21. Na sua opinião, o que pode ser feito para melhorar a pesca neste rio? 22. Você tem algum projeto que vise a recuperação do rio? Qual? 111 APENDICE B - Variáveis ambientais mensuradas nos meses de abril/2012 a fevereiro de 2013, na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (Abril), Jn (junho), Ag (Agosto). B1Ab B2Ab B3Ab B4Ab B5Ab B6Ab B1Jn B2Jn B3Jn B4Jn B5Jn B6Jn B1Ag B2Ag B3Ag B4Ag B5Ag B6Ag Profundidade Temperatura Salinidade Oxigênio Sólidos Turbidez pH Secchi Nitrato Nitrito (mg.L-1) (mg.L-1) (m) (°C) Dissolvido Totais (NTU) (cm) -1 (mg.L ) Dissolvidos (g.L-1) 6,10 28,80 13,70 3,90 11,47 9,87 9,93 89,00 0,30 0,01 1,30 30,30 17,27 2,40 14,20 16,80 9,18 47,00 0,30 0,02 1,00 29,80 14,07 2,50 12,27 17,30 8,23 68,00 0,30 0,04 1,70 30,50 16,37 1,50 13,39 13,39 7,50 74,00 0,03 0,01 1,23 30,30 11,08 3,90 11,05 11,05 7,58 82,00 0,30 0,01 1,47 30,10 2,74 7,50 26,06 26,06 6,60 26,00 0,03 0,01 4,18 28,73 14,70 9,08 18,08 11,20 7,40 118,00 0,03 0,02 0,97 28,83 13,31 5,79 11,09 13,30 7,90 51,50 0,30 0,02 1,71 30,16 11,32 3,16 9,60 10,80 7,80 83,00 0,30 0,04 1,22 30,91 10,52 4,87 11,56 10,05 7,80 70,00 0,30 0,03 0,91 29,74 3,54 2,68 8,60 11,50 7,70 64,00 13,40 0,01 1,08 30,11 4,84 2,41 5,59 9,92 7,80 108,00 3,10 0,04 4,50 28,96 25,32 6,78 19,99 4,20 8,41 150,00 4,90 0,00001 0,98 30,51 22,00 5,03 13,83 7,50 8,30 71,00 4,90 0,01 0,76 30,89 22,54 3,39 19,92 9,00 8,25 60,00 4,90 0,05 1,00 31,68 31,68 5,28 19,09 17,00 7,82 56,00 4,90 0,01 0,76 28,31 13,00 5,09 15,87 11,00 7,78 76,00 4,90 0,006 1,50 30,83 16,25 3,82 13,16 7,71 7,71 73,00 4,90 0,01 Amônia (mg.L-1) 1,41 5,38 1,20 4,20 0,30 0,73 0,85 2,36 1,50 1,50 0,59 1,47 0,00073 0,98 0,00098 2,00 0,002 0,49 Continua... 112 APÊNDICE B - Variáveis ambientais mensuradas, nos meses de abril/2012 a fevereiro de 2013, na bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ou (outubro), De (Dezembro), Fe (Fevereiro). B1ou B2ou B3Ou B4Ou B5Ou B6Ou B1De B2De B3De B4De B5De B6De B1Fe B2Fe B3Fe B4Fe B5Fe B6Fe Profundidade Temperatura Salinidade Oxigênio Sólidos Turbidez pH Secchi Nitrato Nitrito Amônia -1 (mg.L-1) (mg.L ) (mg.L-1) (m) (°C) Dissolvido Totais (NTU) (cm) (mg.L-1) Dissolvidos (g.L-1) 1,00 27,83 32,67 3,79 25,02 5,90 8,44 87,00 0,30 0,01 1,10 1,30 27,85 30,28 1,43 23,16 7,90 8,07 87,00 0,30 0,01 3,10 1,53 27,80 32,31 3,24 24,77 12,00 7,86 68,00 0,30 0,01 0,40 1,90 30,07 31,00 0,95 23,84 7,60 8,23 58,00 0,30 0,01 2,60 1,01 32,10 22,35 6,86 21,75 4,50 8,66 101,00 0,30 0,01 0,10 1,40 28,09 23,24 5,87 18,09 5,30 8,60 104,00 0,30 0,01 0,20 4,10 28,57 31,00 7,09 26,66 7,10 8,63 70,00 0,30 0,02 0,20 1,07 29,24 32,00 7,08 25,44 10,00 8,25 49,00 0,30 0,02 0,80 1,52 28,51 35,00 7,26 26,64 11,00 8,38 68,00 0,30 0,02 0,20 1,60 31,59 27,00 4,14 25,57 16,00 7,91 62,00 0,30 0,02 5,50 1,10 31,40 29,00 8,52 23,74 9,70 8,45 95,00 0,30 0,02 0,50 1,90 31,52 26,00 6,81 21,77 14,00 8,30 70,00 0,30 0,03 0,80 3,34 29,89 31,00 4,85 26,16 3,80 8,39 125,00 0,30 1,40 0,02 1,50 30,29 23,00 4,67 20,02 5,80 8,38 87,00 0,30 8,50 0,02 1,02 30,76 25,00 7,02 24,12 7,60 8,15 69,00 0,30 1,50 0,09 1,70 32,04 26,00 5,51 25,52 14,00 8,64 93,00 0,30 1,60 0,02 0,67 30,98 10,00 8,72 21,15 16,00 8,74 42,00 0,30 0,60 0,02 1,27 32,22 12,00 7,41 26,82 20,00 8,65 28,00 0,30 1,10 0,05 113 APÊNDICE C – Abundância relativa (%) das espécies de larvas de peixe contabilizadas na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 e fevereiro/2013. Abril/12 Junho/12 Agosto/12 Outubro/12 Dezembro/12 Fevereiro/13 Diapterus sp 1,92 Mugil curema 0,16 Achirus achirus 0,32 Anchoviella 97,43 0,12 0,19 25,60 3,20 0,25 99,80 1,07 lepidentostole Anchoa sp 73,90 50,00 Bathygobius soporador 75,00 Oligoplites palometa 25,00 Pterigraulis 40,80 16,60 atherinoides Sardinella brasilienses 2,10 114 APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (Abril), Jn (junho). Sardinella brasilienses Anchoviella lepidentostole Anchoa sp. Pterigraulis atherinoides Achirus achirus Mugil curema Oligoplites palometa Diapterus sp. Bathgobius soporator não identificado B1Ab B2Ab B3Ab B4Ab B5Ab B6Ab B1Jn B2Jn B3Jn B4Jn B5Jn B6Jn * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Continua... 115 APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ag (Agosto), Ou (outubro). Sardinella brasilienses Anchoviella lepidentostole Anchoa sp. Pterigraulis atherinoides Achirus achirus Mugil curema Oligoplites palometa Diapterus sp. Bathgobius soporator não identificado B1Ag B2Ag B3Ag B4Ag B5Ag B6Ag * * * * * * * * * * * * * * B1ou B2ou B3Ou B4Ou B5Ou B6Ou * * * * * Continua... 116 APÊNDICE D – Distribuição da comunidade ictioplanctônica na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013, da bacia hidrográfica do rio Bacanga. Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: De (Dezembro), Fe (Fevereiro). B1De Sardinella brasilienses Anchoviella lepidentostole Anchoa sp. Pterigraulis atherinoides Achirus achirus Mugil curema Oligoplites palometa Diapterus sp. Bathgobius soporator não identificado * Espécie presente B2De B3De B4De B5De B6De B1Fe B2Fe B3Fe * B4Fe B5Fe B6Fe * * * * * * * * 117 APÊNDICE E – Valores do número total de espécies, indivíduos, índices de diversidade, equitabilidade e riqueza na bacia hidrográfica do rio Bacanga, nos meses de abril/2012 a fevereiro/2013. Pontos: Pontos: B1 (Barragem), B2 (rio das Bicas), B3 (Igarapé Jambeiro), B4 (Igarapé Coelho), B5 (Igarapé Mamão), B6 (Garapa); Meses: Ab (abril), Jn (junho), Ag (agosto), Ou (outubro), De (Dezembro) e Fe (Fevereiro). Total de Espécies Total de Indivíduos Riqueza Equitabilidade Diversidade B1Ab B2Ab B3Ab B4Ab B5Ab B6Ab B1Jn B2Jn B3Jn B4Jn B5Jn B6Jn 4,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,00 2,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 60,00 3,00 13,00 226,00 100,00 220,00 16,00 11,00 2,00 390,00 80,00 16,00 0,73 0,18 0,36 0,91 0,91 0,91 0,38 0,61 0,61 0,18 0,19 0,19 0,21 8,08E-02 8,08E-02 0,36 0,33 0,33 B1Ag B2Ag B3Ag B4Ag B5Ag B6Ag B1ou B2ou Total de espécies 4,00 3,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,00 Total de Indivíduos 1.735,00 477,00 26,00 14,00 46,00 30,00 4,00 Riqueza 0,40 0,32 0,61 0,37 0,26 0,58 0,72 Equitabilidade 0,42 0,56 0,63 0,37 0,98 0,26 0,81 Diversidade 0,84 0,89 0,99 0,37 0,98 0,42 0,81 B1De B2De B3De B4De Total de Espécies 1,00 1,00 1,00 Total de Indivíduos 1,00 2,00 2,00 Riqueza Equitabilidade Diversidade B5De B3Ou B6De B1Fe B2Fe B3Fe 1,00 2,00 1,00 1,00 40,00 38,00 0,27 0,38 0,38 B4Ou B5Ou B4Fe B5Fe 1,00 2,00 B6Ou B6Fe 1,00 1,00 118 APÊNDICE F – Ictioplâncton da bacia hidrográfica do rio Bacanga, coletado entre abril/2012 a fevereiro/2013. Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) Anchoviella lepidentostole (Flowler, 1911). Anchoa sp. Achirus achirus (Linnaeus, 1758) Oligoplites palometa (Cuvier, 1932) Diapterus sp. Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Mugil curema (Valenciennes, 1830). 119 APÊNDICE G – Ictiofauna da bacia hidrográfica do rio Bacanga, coletado no período chuvoso e de estiagem, de abril/2012 a fevereiro/2013. Opisthonema oglium (LeSueur, 1818) Centegraulis edentulus (Cuvier, 1829) Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Hexanematichthys bonillai (Miles, 1945) Sciades herzbergii (Bloch, 1794) Mugil curema (Valenciennes, 1836) Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) Selene vomer (Linnaeus, 1758) Lutjanus sp. Diapterus sp. 120 Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) Pomadasys corvaeniformes (Steindachner, 1869) Chaetodipterus faber (Brounsonet, 1782) Cynoscion microlepdotus (Cuvier, 1830) Micropogonias furnieri (Desmorest, 1823) Paralichthys sp. Achirus achirus (Linnaeus, 1758) Colomesus psittacus (Bloch e Schneider, 1801) Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) Chilomycterus antillarum (Jordan e Rutter, 1897) 121 ANEXOS 122 ANEXO A – Variação Sazonal da precipitação pluviométrica (mm) registrada na estação meteorológica de São Luís pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) durante os anos de 2002 a 2013. Ano/Mês 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média Janeiro 345,60 359,10 445,70 33,10 189,90 16,30 124,40 375,80 108,20 490,30 102,40 60 220,90 Fevereiro 83,40 491,10 485,40 230,80 277,50 545,10 413,50 367,20 121,50 457,40 238,10 279,2 332,51 Março 314,10 570,20 388,00 350,40 369,20 457,40 584,50 365,40 316,90 430,90 331,70 - 407,15 Abril 489,30 428,80 452,90 371,40 537,30 348,60 607,00 767,10 393,70 621,70 249,50 - 478,84 Maio 295,40 207,70 183,50 219,60 536,10 286,10 314,20 467,70 377,50 310,80 86,40 - 298,63 Junho 237,00 148,00 213,10 256,50 261,90 61,40 380,00 207,60 218,30 166,80 50,80 - 200,12 Julho 42,30 64,60 233,00 166,40 63,20 136,30 104,90 71,80 105,20 128,00 60,50 - 106,92 Agosto 4,60 34,40 83,90 12,80 67,00 0,20 51,40 12,30 7,00 38,70 11,20 - 29,40 Setembro 0 5,90 1,50 0 2,30 2,20 0,40 0 0,40 0 0,20 - 1,17 Outubro 0 0,20 0 0,20 0 1 0,40 0 0 61,60 0 - 5,76 4,70 3,20 4,00 9,30 2,40 0,60 2,60 16,20 6,50 1,60 - 7,30 55,80 6,60 158,10 40,50 42,00 18,50 10,30 90,70 0,60 0,80 - 42,84 Novembro 29,30 Dezembro 47,40 Total 1888,40 2370,50 2496,80 1803,30 2354,20 1899,00 2599,80 2847,80 1755,60 2713,30 1133,20 339,90 Média de 2002 a 2012 = 2169,26 mm 123 ANEXO B – Tabela dos limites dos parâmetros monitorados, segundo a resolução CONAMA nº 357/05 de 15/03/05. CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS PADRÕES PARÂMETROS Salinidade VALORES >0,5 a <30 pH 6,5 a 8,5 OD ≥ 5,0 mg.L-1 Nitrato 0,40 mg.L-1 N Nitrito 0,07 mg.L-1 N Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg.L-1 N