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Tarso Mazzotti Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios 1ª edição Marília 2007 Poïesis Editora Editor: Ilustrador da capa: Roberto Cavallari Filho Anderson Luíz Pereira Editoração eletrônica Edevaldo D. Santos Revisão Gramatical: Rony Farto Pereira Conselho Editorial Alexandre Vaz (UFSC/Florianópolis, Brasil) David Hansen (Columbia University, Teachers College / NY, EUA) Divino José da Silva (Unesp/Presidente Prudente, Brasil) Eugénia Vilela (Universidade do Porto/cidade do Porto, Portugal) Fernando Bárcena (Universidad Complutense de Madrid/Espanha) Hélio Rebello (Unesp/Assis, Brasil) James Garrison (Virginia Tech University/ lacksburg, EUA) José Geraldo Poker (Unesp/Marília, Brasil) Larry Hickman (Southern Illinois University/Carbondale, EUA) Leoni Henning (UEL/Londrina, Brasil) Luiz Henrique de Araújo Dutra (UFSC/Florianópolis, Brasil) Marcus Vinícius da Cunha (USP/Ribeirão Preto, Brasil) Nel Noddings (Stanford University/San Francisco, EUA) Pedro Angelo Pagni (Unesp/Marília, Brasil) Ralph Ings Bannell (PUC/Rio de Janeiro, Brasil) Silvio Gallo (Unicamp/Campinas, Brasil) Sinésio Ferraz Bueno (Unesp/Marília, Brasil) Tarso Mazzotti (UFRJ e Estácio de Sá/Rio de Janeiro, Brasil) Vera Teresa Valdemarin (Unesp/Araraquara, Brasil) Walter Kohan (UERJ/Rio de Janeiro, Brasil) Mazzotti, Tarso B. (1946 - ). Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios. 1ª Edição / 128 p. – Marília: Poïesis Editora, 2007. ISBN 978-85-61210-00-7 Índices para catálogo sistemático 1. Filosofia da Educação. 2. História da Educação. 3. Doutrinas pedagógicas. 4. Análise Retórica. 2007 Poïesis Editora www.poiesiseditora.com.br Marilia, São Paulo. Todos os direitos reservados pela Poïesis Editora, sendo proibida qualquer reprodução de partes ou de todo o conteúdo dessa publicação sem a autorização prévia da editora. SUMÁRIO Introdução ............................................................................. i Percurso, metáfora central das doutrinas pedagógicas ........ 1 Há um método para conhecer, há um para ensinar .............. 19 O percurso do espírito absoluto: de sua infância à maturidade ............................................................ 35 Percurso determinado pela mistura das raças ...................... 51 Educação ambiental, percurso ao “paraíso perdido” ............ 71 História, como foro da metáfora percurso educativo ........... 87 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios .... 107 Referências ............................................................................ 117 Tarso Mazzotti INTRODUÇÃO A tese aqui defendida foi contestada, quando a apresentei para ser admitida em uma das Reuniões Anuais da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). Na ocasião, os pareceristas anônimos afirmaram: “O estudo revela com clareza os limites de uma análise restrita à linguagem, que passa a ser tomada aprioristicamente e não como indicadora de relações que vão além da forma discursiva”. Crítica interessante. Seus autores consideram que as “relações que vão além da forma discursiva” não são apriorísticas, são dadas, basta saber ver. Tal objeção expressa uma longa tradição, iniciada por Platão, que fundou a Filosofia como uma doutrina expressamente contrária ao movimento Sofista. Temos, como se sabe, poucas informações sobre os Sofistas, salvo as apresentadas por seus inimigos e outras compiladas muito depois da época em que eles floresceram. Sabemos, no entanto, que os sofistas consideravam ser impossível dizer o que algo é, pois as nossas sensações das coisas do mundo são idiossincráticas, cada qual apreende com seus órgãos sensórios. Caso se pudesse dizer algo sobre o odor, por exemplo, o dito não seria apreendido da mesma maneira pelo outro, logo a comunicação perfeita é inviável. Aristóteles, em Sobre a Alma (De Anima, 980a 18), apresenta essa posição, ao dizer: “Assim como a visão não consiste em conhecer os sons da voz, do mesmo modo a audição não ouve as cores, mas os sons; e, aquele que diz, não põe uma cor nem uma coisa”. A sofística sustentou que estabelecemos o que é algo por meio do discurso por uma negociação de significados do que se julga ser algo, o qual não emerge diretamente das sensações (aisthêsis, estética). Cassin (1999, p. 222), em uma passagem aguçada, afirma: “Não bebemos jamais aquilo [o vinho] do qual falamos”. Dizemos algo a respeito do vinho, mas não saboreamos o que foi dito. O mundo sensível, em Aristóteles, não é sensação, é discurso (lógos), que Cassin diz ser “lógico, Fenômeno/lógico, ou mesmo lógicofenomenal”. Para ela, Aristóteles é duplamente sofístico: ao se opor a Platão, que sustenta que o ser é, mantendo a posição defendida por Parmênides; e, ao afirmar uma tese contrária à idéia i Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios de que haja alguma sensação própria ou apropriada, uma vez que “ele fornece, por fim, a prova de que é o lógos como tal, e não a aisthêta (sensação) que performa o mundo” (CASSIN, 1999, p. 222). Quando se sustenta, como o fazem os pareceristas anônimos, que há “relações” que se apresentam na forma de enunciados que as representam por inteiro, está-se endossando as teses de Parmênides (Platão). Resta, então, saber como devem ser tratadas as ilusões dos sentidos, bem como qual o caminho ou método para evitar os erros de exposição. A linguagem, nessa chave interpretativa, é um instrumento mais ou menos adequado para apresentar o que é algo em si e por si (absoluto). Nesse registro, apreender o mundo é “estar aberto” às sensações verdadeiras que adentram em nós, permitindo que delas falemos com certeza categórica. A descrição do “vinho” fornecerá uma sensação veraz do que ele é, e, mais, podemos comunicar o percebido aos outros, que conhecerão o descrito por nós. Apenas a habilidade discursiva está em questão, pois a palavra é o veículo para pôr nas sensações dos outros o que sabemos (no duplo sentido de conhecer e saborear). Defendo outra posição: a linguagem é um meio privilegiado de negociação de significados. Não há o vinho, mas algo que estabelecemos em nossas conversações, um conhecimento que expressa uma gradação de qualidades admitidas por aqueles que consideramos especialistas e por nós mesmos. De fato, há tantos vinhos quantos são seus apreciadores. Categorizamos e classificamos as coisas por seus predicados ou atributos que já se encontram na língua usual, o que, no geral, não questionamos, porque os admitimos como óbvios, inquestionáveis, até que alguém questione. Nesse caso, o questionador apresentará as razões pelas quais não pode admitir a categorização ou a classificação usual, comum, admitida pela maioria ou por todos. Começa-se, então, um processo de discussão, de debates, que permitirá novos acordos, caso não haja algum veto autocrático. Apenas em sociedades autoritárias o questionamento é banido do espaço público. A condição para a negociação de significados é a situação democrática, em que todos estão autorizados a tomar a palavra, sob certas restrições consensuadas, as da democracia. A teoria ou concepção de democracia participativa foi, pela primeira vez, estabelecida por Protágoras, um dos próceres do Movimento Sofista. Protágoras considerava que todos “os homens, através do processo educativo de viver em família e em sociedade, adquirem algum grau de percepção moral e política” (KERFERD, 2003, p. ii Tarso Mazzotti 246). Tal “percepção” pode e deve ser desenvolvida por meio de programas educacionais formalizados, bem como se dá nos processos deliberativos requeridos pela pólis (cidade-Estado). Os programas formais de educação visavam a ensinar “o homem a respeito dos assuntos de Estado, de modo que ele pudesse vir a ser uma verdadeira força nos negócios da cidade, tanto como orador quanto como homem de ação; em outras palavras, tornar-se um político eficiente e bem sucedido” (KERFERD, 2003, p. 48). Ensinavam-se as técnicas de argumentar – as da retórica, as da dialética – assim como as da demonstração, que depois recebeu o nome de lógica. Esse programa de formação foi objeto de oposição da nobreza de sangue, uma vez que os homens comuns adquiriam, por meio daquelas técnicas, as habilidades necessárias para o governo e os negócios, pois, para aqueles, a virtude, a excelência, tem origem no “sangue”. Estar com os sofistas, em nossos dias, implica uma condenação a priori. No entanto, fico com eles contra as filosofias que pretendem estabelecer a verdade em si e por si (absoluta), para além ou aquém dos homens. Corro esse risco, por confiar na humanidade, não nas ideologias que têm produzido catástrofes, ao afirmarem seus dogmas a ferro e fogo... PLANO DO LIVRO E ntendo por doutrinas pedagógicas as proposições a respeito da educação escolar que procuram estabelecer um modo de fazer apropriado àquela prática. São enunciados, discursos, não se confundem com o fazer. São discursos que visam convencer ou persuadir as pessoas a respeito do que é próprio da educação. Aqui não está em questão a sua veracidade, mas seu caráter persuasivo, sua capacidade de mobilizar pessoas para efetivarem o que proclamam. Os problemas relativos à possibilidade de constituir conhecimentos confiáveis acerca das práticas educativas não serão tratados neste livro; aos interessados, permitam-me sugerir Mazzotti e Oliveira (2000), Mazzotti (2007), assim como Azanha (1992), Brezinka (1992) e Chambers (1992). Seja qual for a concepção que se tenha de teoria, ela é um conjunto de enunciados a respeito de algo. Ela se apresenta com um “modelo”, um “mapa”, ou seja, uma metáfora que procura apreender os elementos que permitem expor o modo de ser ou de operar de alguma coisa (ver, por exemplo, BLACK, 1962; MAZZOTTI, 2005). Por isso, iii Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios uma teoria ou uma doutrina – não me parece necessário distinguilas – é um discurso analisável pelos instrumentos desenvolvidos nas técnicas retórica, dialética e analítica (lógica), segundo as necessidades postas na situação de crítica. Neste livro, examino algumas doutrinas constituídas na Modernidade – a partir do século XVII d. C. – que direta ou indiretamente operam nos discursos a respeito da educação escolar. No primeiro capítulo, mostro que elas têm em comum a metáfora PERCURSO, em seus dois sentidos antagônicos: ou é determinado ou indeterminado. Nele, saliento que há doutrinas pedagógicas que não se condensam em metáforas, como é o caso da apresentada por John Dewey. No segundo, exponho a doutrina defendida por Comenius, considerado o pai da didática moderna, que busca efetivar a educação escolar em massa. Comenius propõe, para isso, uma arte universal de ensinar tudo a todos, operando com a metáfora DIDACOGRAFIA , por ele cunhada. O capítulo terceiro dedica-se à Filosofia de Hegel; ainda que não possa ser considerado pedagogo, ele expõe uma doutrina de educação/formação, cujos elementos centrais ocorrem em muitos discursos a respeito da educação. Hegel nos dá uma Filosofia do Espírito, em que afirma o movimento do Espírito Absoluto (Deus) no Mundo, explicando a diversidade das épocas históricas pelas Figuras do Espírito, cada uma das quais é um Espírito do Povo (Volksgeist), que expressa certo caráter do povo/ nação. Sua metáfora central é retirada da comparação entre o crescimento orgânico, as etapas da vida humana, transferida para o percurso universal do espírito. O tema caráter nacional encontra-se presente nos debates brasileiros a respeito da educação que nos convém, os quais aconteceram de maneira clara no Parlamento, por ocasião da Reforma Rivadávia (1911-1915), examinados no capítulo quarto. Por que liberais e positivistas, aliados do reformador, opuseram-se à Reforma? A razão da oposição deve ser buscada na metáfora organicista que informava as doutrinas em torno do “brasileiro”, sustentadas no sistema sintético de filosofia, devido a Herbert Spencer e outros teóricos do racismo. No quinto capítulo, trato de uma doutrina contemporânea: a da educação ambiental, proposta por um grupo de latino-americanos, os quais estabeleceram um documento que denominei consenso latinoamericano de educação ambiental ou simplesmente consenso. Veremos que as metáforas empregadas por eles originam-se de uma analogia com o que julgam ser próprio das relações naturais: a SETA DO TEMPO iv Tarso Mazzotti e o CICLO DO TEMPO. São metáforas antagônicas, por isso produzem um permanente litígio entre os ambientalistas. Além disso, o consenso latino-americano de educação ambiental considera que o “natural” encontra-se em equilíbrio tal como um corpo saudável, donde os “desequilíbrios ambientais” são como “doenças”. Por essas metáforas, difusas na sociedade, persuadem amplas camadas da população que os autorizam ser representantes da Natureza, pelo que são vistos como porta-vozes de um ser sem voz. No sexto capítulo a história é tratada como foro do tema percurso educacional. Nele, exponho duas concepções presentes, de maneira explícita ou implícita, nos debates: o sistema sintético de filosofia, devido a Spencer; e o que se diz ser a “filosofia da história”, de Karl Marx. Mostro que Spencer opera com a metáfora do PERCURSO HISTÓRICO DETERMINADO pelo vital, condensado nas raças humanas, enquanto Marx opta pelo PERCURSO INDETERMINADO, embora muitos marxistas tenham adotado a concepção spenceriana. Finalizo com uma revisão, em que procuro mostrar que o debate em torno das doutrinas pedagógicas não se fecha, talvez nunca venha a se fechar, pois se sustenta em metáforas inconciliáveis, donde Charbonnel dizer que aquelas são “máquinas de criar litígios intelectuais”, de que me servi para estabelecer o título e o fio condutor deste livro. Rio de Janeiro, Março de 2007 v Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios vi Tarso Mazzotti 1 PERCURSO, metáfora central das doutrinas pedagógicas O objetivo deste livro é apresentar uma análise retórica de algumas doutrinas pedagógicas, mostrando quais são seus argumentos persuasivos, caracterizando-as como máquinas produtoras de litígios intelectuais. Para tanto, exponho a metáfora que as condensam e coordenam: PERCURSO1 . A metáfora PERCURSO assume dois significados antagônicos: (1) caminho determinado e determinável, e (2) indefinido e indeterminável. Os autores das doutrinas pedagógicas procuram persuadir ou convencer, mostrando que têm razão ao assumirem este ou aquele significado. Por que metáfora? Porque qualquer processo é invisível, não se apresenta imediatamente para nós, é abstrato, resulta de uma inferência a partir de uma comparação com algo que supomos ser mais visível. Por exemplo: assim como uma estrada permite que chegue a algum lugar, o caminho educativo conduz uma pessoa de seu estado inicial não educado ao de educado. Estrada e processo educativo são diferentes, pouco ou nada têm em comum, mas aquele que os compara assume que há pelo menos uma coisa similar: tanto a estrada quanto o processo educativo permitem que se vá de um ponto a outro, donde afirmar que o processo educativo é como uma ESTRADA ou CAMINHO. Recorde-se que a palavra método, originária do grego, significa caminho. As doutrinas pedagógicas partilham o seguinte axioma: é possível conduzir o educando de seu estado de ignorância ao do saber ou ao estado educado, não importa, aqui, definir qual é a característica desses estados ou condições. Quando a condução é estabelecida por meio da comparação entre “coisas” diferentes, em gênero ou em espécie, tem-se que ele se sustenta em uma metáfora. Pois, característico da metáfora é a comparação entre o conhecido e o que se quer conhecer, sendo ambos diversos em gênero ou espécie. Ao 1 Daqui por diante, quando tomar uma expressão metafórica por objeto, ela será grafada em versalete, acompanhando recomendações do periódico Metaphor and Simbol (Lawrence Erlbaum Associetes, Publishers, Mahwah, New Jersey; London). 1 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios dizer, por exemplo, Aquiles é um leão, compara-se Aquiles – um ser humano – com o leão – um animal selvagem –, transferindo significados considerados próprios do segundo para o primeiro. Supõe-se ser verdade que leão é corajoso, qualidade que se transfere ao homem Aquiles. Busca-se a semelhança por meio de uma analogia entre o tema e o foro. Tema é o que queremos expressar ou conhecer; foro o que se toma por objeto de comparação, do qual se extrai os significados que são transportados (metáfora, em grego, é o mesmo que transporte) ao tema. Por exemplo, quando Aristóteles (Metafísica, A, 993b) diz: “o estado dos olhos do morcego frente à luz do dia é também o do entendimento de nossa alma perante as coisas mais claras por natureza”, ele opera uma analogia na forma A está para B assim como C está para D ( A/B :: C/D ) ou: TEMA FORO A: Entendimento de nossa alma C: Os olhos do morcego B: As coisas claras por natureza D: A luz do dia Aqui, o tema refere-se às coisas espirituais, o foro às materiais, pelo que Aristóteles procura mostrar que o ofuscamento do entendimento frente às coisas consideradas claras por si mesmas é análogo ao que ocorre com o morcego, à luz do dia: ofuscam ou cegam. Note-se que a relação A/B :: C/D precisa ser provada, pois “comparação não é razão”, nos alerta Reboul (1998, p. 186). A contestação de uma analogia, que sempre se encontra na base de alguma metáfora, faz-se pela refutação do foro. Por exemplo: “Se o bispo é seu pastor, vocês não passam de ovelhas” (REBOUL, 1998, p. 186). Na ocorrência a figura religiosa “bispo” é comparada a do “pastor das almas”, não de ovelhas; alterando-se o foro para “pastor de ovelhas”, chega-se àquela contestação. Outra maneira de questionar a relação é opor outro foro, por exemplo: face à afirmação de que a figura retórica é um ornamento, Cícero replicou, dizendo que ela não é “cosmética”, mas uma “cor” originada do saudável fluxo de sangue. Os adversários da retórica ou eloqüência sustentavam que suas figuras —metáfora, metonímia, sinédoque, ironia e outras— são cosméticas, apenas embelezam o que nada 2 Tarso Mazzotti tem de belo, ao que Cícero retruca mudando o foro de uso de cosmético para dar uma cor à face, para o rubro do sangue que corre com fluidez pelo rosto. A metáfora tem sido tratada como uma figura ou esquema próprio dos contextos literários, poéticos, retóricos, não devendo ser utilizada nos discursos filosóficos ou científicos. Essa maneira de ver, bastante difundida, não faz sentido, uma vez que em qualquer contexto utilizamos metáforas e as demais figuras ou esquemas argumentativos. Questionável é o uso inadequado de metáforas e de outras figuras, uma vez que não há como comunicar sem utilizar tais recursos do pensamento e da língua. A seguir, justifico a eleição da metáfora PERCURSO como a que condensa e coordena as doutrinas pedagógicas. PERCURSO, metáfora central das doutrinas pedagógicas? A noção-chave nas teorias pedagógicas, bem como de outras que tratam de processos, é a de percurso, como já foi afirmado. Percurso, caminho, currículo e outras palavras, ou sinônimas, ou quase sinônimas podem ser subsumidas na metáfora PERCURSO ou JORNADA. Há, para essa metáfora, dois significados concorrentes e antagônicos. Em um deles, o percurso é perfeitamente determinado e determinável; em outro, há muitas incertezas, não sendo factível considerá-lo nem determinado e nem determinável. A disputa em torno desses dois significados faz correr muita tinta, envolve muitos interlocutores, e não se mostra conclusiva, isso porque a discussão sobre PERCURSO decorre da experiência dos contendores que determinam o foro que julgam adequado ao processo de estabelecimento de significados. Os que defendem a perfeita determinação de certo percurso tomam para si as experiências que parecem validar ou justificar sua maneira de ver, como, por exemplo, ir de um ponto a outro em um caminho físico. Em tais casos, os eventos que contrariem a determinação do percurso são considerados ruídos, interveniências espúrias, acidentes experimentais, exceções que confirmam a regra. Tal ocorre, por exemplo, quando se procura mostrar a adequação da física newtoniana aos sistemas mecânicos usuais ou na escala humana de parâmetros, quando os desvios da teoria são imputados a ruídos (ver, por exemplo, Berger; Pomeu; Dubois-Gance, 1996). Outro exemplo: muitos livros didáticos e obras de difusão científica apresentam uma ilustração da evolução como uma seqüência 3 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios predeterminada de etapas, uma escada ou uma árvore, que supõe uma gradação entre as espécies que culmina na humana. Essa representação icônica da teoria da evolução está longe de ser a sua expressão correta, mas se apresenta como a verdadeira explicação da origem das espécies. É com base nessa metáfora PERCURSO DETERMINADO E DETERMINISTA que muitos afirmam que ”fulano” é um dinossauro, para dizer que é ele atrasado, ultrapassado, como se os dinossauros fossem, ou responsáveis por sua extinção ou que não eram adaptados ao meio e, por isso, desapareceram. Apenas quando se opera com base na metáfora percurso determinado e determinista admite-se tal concepção enganosa e falsa a respeito da descendência das espécies. As figuras ao lado mostram isto, em uma delas um macaco-professor expõe a origem de sua espécie invertendo o percurso evolutivo, aquele que seria próprio do humano; na outra, uma caricatura de Charles Darwin, em que ele aparece como um macaco. Ambas são expressões satíricas da metáfora percurso determinado e determinista que se atribui à teoria da origem das espécies proposta por Darwin. Na pedagogia comeniana, que será apresentada no segundo capítulo, o percurso escolar pode ser perfeitamente delineado, planejado, realizando-se a educação das crianças e jovens em um tempo definido. Para isso, basta organizar a vida escolar de tal maneira que a cada hora do dia, a cada dia da semana, a cada semana do mês e a cada mês do ano se tenha bem definida a meta a ser alcançada, o que se quer ensinar. Daí Comenius propor uma arte universal de ensinar tudo a todos. Tal maneira de ver encontra-se, por exemplo, na filosofia da educação defendida por Seymour Papert, ao defender que a linguagem Logo é uma 4 Tarso Mazzotti “mathesis universalis” ou matética,2 pela qual os educandos tornamse epistemólogos, e apenas por meio daquela linguagem para computação (ver MAZZOTTI, 1991). A metáfora PERCURSO DETERMINADO E DETERMINÁVEL estabelece que a escola deve ser um sistema organizado de tal maneira, que garanta certo fluxo ideal dos escolares pelas séries ou etapas do caminho da ignorância à sabedoria; quando isso não ocorre, busca-se alguma explicação. No geral, considera-se que os desvios no percurso são perturbações produzidas por alguma externalidade em relação aos procedimentos utilizados, donde a noção de fracasso escolar, por exemplo. Outros podem considerar que o processo escolar proposto legitima-se pela exclusão dos não-adaptados, donde a eficácia se expressa pela eliminação dos que não podem realizar oportunamente o PERCURSO DETERMINADO. A seleção dos mais capazes, segundo as regras da instituição, é, para uns, a expressão do sucesso da escolarização e, para outros, a indicação de seu fracasso. Em Comenius, o processo de escolarização é o meio eficaz de seleção de pessoas para ocuparem postos de trabalho intelectual , ou manual segundo suas aptidões ou vocações. Os que se opõem ao sentido acima consideram que o percurso é indeterminado e indeterminável, faz-se por si, o qual só pode ser exposto depois de realizado, ainda que seja factível alguma previsão aproximada do que se realizará. A contingência rege o percurso que se faz em seu desenrolar, o que se apresenta pela metáfora O CAMINHO FAZ-SE NO CAMINHAR. Em nossos dias, nas ciências naturais, em particular na Física, Química e Biologia, argumenta-se que os fenômenos se estabelecem de maneira contingente, não sendo factível determinar claramente suas condições finais pelas iniciais. Note-se que, em tais fenômenos, não há intencionalidade, ou seja, não se supõe existir algum agente que determine ou defina o caminho, o percurso, o processo, o qual é considerado um resultado das atividades mais ou menos casuais dos operadores do fenômeno, como é o caso da teoria sobre a origem das espécies, em Darwin. A mesma concepção aparece nas doutrinas sobre a vida social, quando afirmam que esta emerge das relações 2 Matética refere-se a um conjunto de princípios-guias para o desenvolvimento do ensino, os quais seriam estruturais, originados da Matemática, por exemplo. No caso de Papert, o ensino tem por suporte as estruturas matemáticas que ele considera necessárias a todo e qualquer conhecimento. Por isso, para Papert, os computadores são mais bem utilizados quando possibilitam um trabalho com aquelas estruturas (cfr. Papert, 1980, p. 39, 52, 120, 159). 5 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios conflituosas entre pessoas e grupos, como veremos mais adiante, em especial no capítulo sexto. Há os que sustentam ser inviável estabelecer o percurso educativo, pois os elementos fundamentais são inconscientes – para todos os envolvidos –, não sendo possível definir qual caminho é efetivamente educativo (por exemplo, MANNONI, 1977; LAJONQUIÈRE, 1992). Há, além disso, a posição que concebe que os educandos são ativos produtores de sua educação, cabendo ao professor a tarefa de auxiliar no processo, como defendem os escolanovistas, para os quais o percurso não é determinável por inteiro. Quando não se tem uma metáfora E xaminemos, ainda que sumariamente, a proposta pedagógica de John Dewey, um dos próceres do dito movimento escolanovista, que procura estabelecer o percurso escolar a partir das atividades do trabalho científico, considerando que elas são educadoras per se. Para Dewey, nas escolas, é preciso que os estudantes realizem trabalhos que simulem o modo de proceder dos cientistas, por meio de uma atividade progressiva que permita alcançar o domínio técnico e conceitual (CUNHA, 2004). Nesse caso, não há uma metáfora organizadora, pois se comparam coisas ou entes do mesmo gênero, ou seja, o trabalho intelectual e manual dos cientistas com a formação do trabalhador manual e intelectual. Esse procedimento dá origem a uma metonímia, a figura que associa significados familiares, conexos, contíguos, que examinaremos melhor mais adiante. Assume-se que os procedimentos próprios do trabalho intelectual e manual definem o que deve ser feito nas escolas, o que não requer uma transferência de significados, mas associação ou familiaridade entre o que se diz ser o processo de trabalho dos cientistas e técnicos e o que se diz ser o trabalho discente para aprender uma ciência ou uma arte (ver, por exemplo, GILLE, 1978, p. 1.416-1.425). O trabalho dos artesãos ou dos técnicos e dos cientistas, assim como dos escritores e outros trabalhadores intelectuais são tomados por modelos, paradigmas, exemplos as serem seguidos, como se fazia na educação escolar antes do predomínio do Romantismo (século XVIII). Durante séculos, o ensino da técnica retórica, bem como de outras necessárias ao trabalho intelectual e manual, sustentou-se na cópia, ou reprodução do paradigma ou modelo. Comenius (1966, 6 Tarso Mazzotti p. 319), em sua Didática Magna, recomenda que o método de ensino das artes ou técnicas se efetive a partir de um “modelo ou imagem, que é uma espécie de forma externa, que o artista observa e tenta reproduzir”. Nisso, Comenius mantém a tradição anterior. A formação por meio da reprodução de um modelo continua sendo realizada nos programas que visam formar pesquisadores científicos bem como em outras profissões. No entanto, uma corrente cultural importante – o Romantismo ou o Idealismo subjetivo alemão – opôs-se àquela maneira de educação, sustentando que cada um tem em si algo que deve ser exposto (posto para fora), o que é impedido pelo exercício com base em modelos, uma vez que restringe a autenticidade. Tal concepção, mais saliente na música e nas artes literárias, sublinha que as técnicas retórica e poética são inúteis, porque o poético é expressão do intangível, do inefável, é a “obra do gênio de cada um”. Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa e Serguei M. Eisenstein, para ficarmos no campo do que se tem denominado artes expressivas, opuseram-se aos preceitos idealistas ou românticos, sustentando que os processos de produção de poemas, romances e filmes, respectivamente, requerem o pleno domínio da composição, da estruturação da narrativa, o que os retoristas latinos denominam dispositio ou disposição ou composição das partes de um discurso, com vistas a produzir certo efeito nos auditórios. Têm-se, então, duas posições: a que afirma factível emocionar e persuadir o outro por meio de artifícios, manobras ou técnicas discursivas; e, a sua oposta, que sustenta uma comunicação dos espíritos por meio do intangível ou inefável. Nesse último caso, não há como ensinar a técnica do artista, uma vez que ela é única, sendo surpreendente sua comunicação com outros (daí a noção de “gênio incompreendido em sua época”). Para a primeira posição, a arte é ensinável, mas da habilidade e destreza de cada um resultam variações significativas, tal como ocorre com um marceneiro, por exemplo; para a outra, não há como ensinar qualquer arte ou técnica, uma vez que o essencial é inefável. O mesmo problema foi posto por Platão, em Menón, a respeito da impossibilidade de se ensinar a “virtude”, que Aristóteles procura resolver, ao defender que a “coragem”, por exemplo, instaura-se a partir de ações corajosas, bem como quando trata da phrónesis ou sabedoria ou prudência necessária à filosofia prática ou política (ver, sobre isso, BERTI, 1998, p. 143 a 156; AUBENQUE, 2003). 7 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios Vejamos o que nos diz Fernando Pessoa, a respeito da técnica poética, em uma de suas anotações acerca de uma caracterização dos poetas. Em um primeiro grau, tem-se o poeta centrado em seus sentimentos; no segundo, o poeta é mais imaginativo do que sentimental, que vive seus “estados de alma antes pela inteligência do que pela emoção”; outro tipo amplia ainda mais a imaginação e despersonaliza o poeta; neste caso, [...] temos o poeta que em cada um de seus estados mentais vários se integra de tal modo nele que de todo se despersonaliza, de sorte que, vivendo analiticamente esse estado da alma, faz dele como que a expressão de um outro personagem, e, sendo assim, o mesmo estilo tende a variar. Dê-se o passo final, e teremos um poeta que seja vários poetas, um poeta dramático escrevendo em poesia lírica (PESSOA, 1977, p. 198-199). Contra os que julgam que o fazer do poeta é pura expressão de seus sentimentos, ideais, valores, crenças, Pessoa (1977, p. 199) diz que ele finge e tem o direito de o fazer, assim como Shakespeare, em sua dramaturgia. Negar-lhe tal direito é o mesmo que [...] negar a Shakespeare o direito de dar expressão à alma de Lady Macbeth, com o fundamento de que ele, poeta, nem era mulher, nem, que se saiba, histero-epilético, ou de lhe atribuir uma tendência alucinatória e uma ambição que não recua perante o crime. Se assim é das personagens fictícias de um drama, é igualmente lícito das personagens fictícias sem drama, pois que é lícito porque elas são fictícias e não porque estão num drama. Parece escusado explicar uma coisa de si tão simples e intuitivamente compreensível. Sucede, porém, que a estupidez humana é grande, e a bondade humana não é notável. O poeta inventa a personagem, adota um estilo, apresenta-se pela forma fictícia de ser, produzindo no leitor a impressão de uma pessoa autônoma, tal como se faz nas peças de teatro. Logo, não é a pessoa do poeta que se apresenta, mas a que ele finge ser. Esse fingimento resulta de uma técnica apurada, mais pensada do que sentida, ecoando a “filosofia da composição” exposta por Edgar Allan Poe,3 em que descreve como pensou e produziu seu poema “O Corvo”. Leiamos um trecho daquela exposição: 3 POE, E. A. O Corvo. Filosofia da composição. Tradução: Silveira de Souza, http:// virtualbooks.terra.com.br/artigos/o_corvo_Silveira_de_Souza01.htm. Acesso em 09 nov. 2007. 8 Tarso Mazzotti Prefiro começar considerando um efeito. Tendo sempre em vista a originalidade (porque é falso consigo mesmo quem se atreve a desprezar um meio de interesse tão evidente e fácil), digo-me, antes de tudo: “Dentre os inumeráveis efeitos ou impressões que é capaz de receber o coração, a inteligência ou, falando em termos mais gerais, a alma, qual será o único que eu deva eleger no presente caso?” Tendo já eleito um tema novelesco e, depois, um vigoroso efeito, indago se vale mais evidenciar os incidentes ou o tom – ou os incidentes vulgares e um tom particular ou a singularidade tanto dos incidentes, quanto do tom –; logo procuro, em torno de mim, ou melhor, em mim mesmo, as combinações de acontecimentos ou de tons que podem ser mais adequados para criar o efeito em questão. Mais adiante, afirma que o seu poema foi construído “passo a passo, com a mesma exatidão e lógica rigorosa de um problema matemático”, nada podendo ser atribuído ou à sorte ou à intuição. O mesmo apuro técnico requer Sergei Eisenstein (2007), ao dizer: Os autores de uma série de filmes recentes “relegaram” a montagem a ponto de esquecer a sua finalidade essencial e a missão que justifica qualquer obra de arte – missão inseparável do seu papel de conhecimento – de fornecer uma exposição logicamente coerente do tema, da história, da ação, dos comportamentos, do movimento dentro do episódio e dentro do drama, no seu todo. [...] Ainda mais que a missão de nossos filmes não é somente contar com lógica e coerência, mas com o máximo de capacidade patética de emoção. Composição, montagem, estruturação da narrativa, dispositio são nomes de uma mesma prática: organizar o discurso, no sentido extenso, para persuadir/emocionar os outros. Suas regras podem ser ensinadas, mas a habilidade depende do aprendiz, o que os 4 retoristas sempre souberam, mas foram silenciados pelo discurso idealista que apregoa o valor da obra no inefável, algo que está no interior do orador, do artista, pelo que negam todo valor da técnica retórica e poética, tomando como tecnicistas os que as ensinam ou valorizam. Por que tecnicistas? Porque julgam que a técnica impede a autenticidade do orador, do artista, do poeta, que ela é uma camisa de força. Percebem a obra bem feita, bem produzida, julgam ser uma obra de gênio inspirado, sem apreender o trabalho técnico que ela oculta. 4 Esta palavra não se encontra no Novo Aurélio (eletrônico), todavia existe na língua portuguesa e se refere ao cultor da retórica, não é necessariamente o orador, mas o estudioso e o que ensina retórica 9 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios Assim como as mercadorias apresentam-se como se fossem por si mesmas, ocultando todo o trabalho socialmente necessário que as põe em nossa presença, as obras de arte, quando bem feitas, ocultam o trabalho do técnico ou artístico que as produziu. Ao lado do fetiche da mercadoria, de que fala Marx, há o da obra de arte, que nos leva a pensar que brotou no espírito do artista sem maiores esforços, donde ser obra do gênio inspirado, de uns poucos agraciados. Edgar Allan Poe é um dos que expuseram os mecanismos utilizados na produção de um de seus poemas. Porém, muitos não acreditam no que ele disse, assumindo a doutrina que aquele combate, em seu artigo. O mesmo ocorre com Fernando Pessoa, que muitos julgam que era um psicógrafo, ao que ele respondeu com um poema intitulado “Autopsicografia”, que transcrevo: O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Em outro poema, “Isto”, Pessoa é ainda mais explícito: Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda, Essa coisa é que é linda. 10 Tarso Mazzotti Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meio enleio, Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê. Se temos técnicas para organizar o discurso persuasivo, bem como o que deleita, será que há regras próprias das ciências? Se as há, podem ser ensinadas? O método científico é a expressão raciocinada das técnicas empregadas pelos cientistas, mas, como recorda Azanha (1976, p. 95), não se pode supor “que haja um conjunto fixo de procedimentos”, como muitos julgam, em particular os que consideram a descrição apresentada por Dewey. Os que pensam que há tais regras, admitem uma descrição do método científico que permite estabelecer “a seqüência ideal da aprendizagem em qualquer situação (e, conseqüentemente, do ensino) [a qual] reproduz a ordem do desenvolvimento da ciência”, o que é, de fato, “uma discutível generalização empírica e uma arbitrária e dogmática 5 legislação epistemológica” (ibidem). Cunha (2004), no entanto, mostrou que a teoria de história da ciência assumida por Dewey expressa-se pela metáfora PERCURSO INDETERMINADO, contraditando a posição de Azanha. Não se pode dizer que Dewey proponha uma seqüência ideal para o ensino, a partir de sua concepção de história da ciência, uma vez que esta, para ele, não permite determinar ou definir alguma ordem. Para Dewey, a arte ou técnica realiza-se no mundo contingente, logo, não passível de plena determinação. Daí supor que o ensino deva estar em conformidade com o desenvolvimento dos alunos, requerendo um professor capaz de auxiliar os educandos, em seus processos experimentais, em seus ensaios e erros. Ainda que se possam ter momentos peculiares de tal processo, este não está fixado de uma vez para sempre, ao contrário do que afirma Azanha. Talvez aqui se encontre uma das razões das dificuldades encontradas para implementar um ensino que se denominou centrado no aluno, pois 5 Recentemente foi publicado, no Brasil, uma obra (Collins e Pinch, 2003) que mostra claramente os problemas próprios do “fazer ciência”, os quais não podem ser reduzidos ao disposto nos manuais de metodologia científica, uma vez que os cientistas se encontram em uma situação social que condiciona seus modos de operar. 11 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios não se tem um programa de ensino estabelecido previamente para todos os alunos, nem se sabe exatamente aonde chegarão. Em suma, quando se comparam procedimentos de um mesmo campo semântico ou conceitual – por exemplo, o trabalho intelectual realizado pelos cientistas – para obter algumas regras comuns, as quais serão recomendadas como as que devem ser simuladas pelos educandos, não se opera com metáforas, mas, na ocorrência, estabelece-se uma metonímia, porque se realiza uma comparação entre gêneros ou espécies de trabalho humano; toma-se, por exemplo, uma descrição do trabalho do poeta para estabelecer os procedimentos para se aprender a construir poemas. O problema, agora, é o da descrição de uma prática humana, a qual, por sua vez, pode ser organizada em torno de alguma comparação com algo que lhe é estranho, como são os mecanismos ou o que se considera ser as operações realizadas por uma aranha a tecer suas teias. Nesse caso, a explicação dos procedimentos instaura-se por meio de uma metáfora, fazendo com que a metonímia (descrição) seja coordenada e condensada naquela metáfora. Deixemos, contudo, esse âmbito, reafirmando que a doutrina de Dewey se ampara em uma concepção não determinista dos procedimentos das ciências, pois ele não julgava factível estabelecer uma história determinista daquelas. Pelo menos foi o que Marcus Vinicius da Cunha mostrou. Uma vez que as metáforas coordenam e condensam discursos persuasivos para certos auditórios, como proceder para as identificar? Análise retórica P ela análise retórica podemos apreender os esquemas utilizados para persuadir, dentre eles as metáforas e metonímias. Essa análise busca apreender o persuasivo em um discurso, em um conjunto de argumentos, considerando a relação integral entre o orador/escritor e o auditório/leitores. O orador (ethos) fala (lógos) para um auditório (pathos), procurando persuadi-lo ou o convencer a respeito do tema em debate. Pela análise, é factível dizer qual orador se apresenta como a expressão ou o representante de um auditório/grupo social e vice-versa, ou seja, apresenta as razões que os membros de um grupo apresentam 12 Tarso Mazzotti para autorizarem algum discurso e seus oradores (autoridades). É o que se denomina “contexto retórico”, que envolve aqueles três termos: o orador, o auditório e o discurso. A técnica de análise retórica é mais eficiente quando há discursos opostos, considerando que são sustentados por grupos humanos antagonistas a respeito de um tema, por meio de seus oradores autorizados. Considera-se, então, que os opositores têm suas razões para se oporem. Por isso, o contexto retórico é mais amplo do que um discurso e o grupo que o sustenta, uma vez que é preciso considerar seus antagonistas. Pela análise retórica, não é factível dizer qual grupo tem razão, mas apresentar os argumentos das partes de maneira a mais correta possível. A verificação da correta descrição dos discursos é realizada por duas vias: a que expõe as razões dos adversários, que tomam por base os argumentos centrais do outro; e os leitores/ouvintes da exposição dos argumentos, que representam o discurso dos grupos sociais e verificam a sua pertinência, quer dizer, agem como juízes bem informados. Tomemos um exemplo histórico: o debate em torno da teoria da origem das espécies proposta por Charles Darwin, que construiu a metáfora da SELEÇÃO NATURAL a partir da seleção de animais e plantas realizadas pelos homens. A idéia original procede de Lamarck, o qual observara a impropriedade da teoria das espécies fixas, uma vez que os agricultores e pecuaristas produzem modificações significativas em animais e plantas. Assim, se é factível modificar intencionalmente as características das plantas e animais, então as espécies não são fixas, não saíram das mãos do Criador tal como as conhecemos, porém se modificaram ao longo da história natural. Darwin argumentou que a modificação das espécies não tem por base nem alguma intencionalidade nem a transmissão de caracteres adquiridos (como queria Lamarck), mas resulta da seleção de caracteres adequados a certo habitat, que se altera segundo as forças naturais ou ao acaso. Os adversários da teoria darwiniana contestam-na, afirmando não ser razoável conceber que as espécies foram e são modificadas ao sabor das circunstâncias ou do acaso. Com isso, mostram as razões que têm para não aceitarem a teoria da seleção natural, bem como qual é seu núcleo argumentativo. A exposição de ambas as posições, assim como dos grupos sociais que as sustentam, não implica decidir por uma ou outra, mas permite que saibamos o que está em debate, viabilizando um exame mais acurado, para decidirmos a respeito do assunto ou objeto da controvérsia. 13 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios As técnicas para decidir qual teoria é correta não são as da análise retórica, mas as da dialética ou da metodologia científica, envolvendo a análise lógica dos argumentos e os mecanismos de verificação da pertinência de enunciados ao que se está examinando. Como a retórica é a contraparte da dialética, temos que a análise retórica pode ser compreendida como um momento dos procedimentos dialéticos, ainda que não suficiente, porque, pela dialética, busca-se pôr em presença os argumentos contraditórios ou antagônicos com vistas a verificar qual deles é ou verdadeiro ou falso ou se ambos são indicidíveis, enquanto, na análise retórica, procura-se compreender o que é persuasivo em um discurso. Em qualquer dos casos, é preciso ter em vista a lógica – o que hoje denominamos lógica e que Aristóteles denominou “demonstração” –, arte ou técnica pela qual se verifica o encadeamento dos raciocínios para afastar as falácias e sofismas, com isso preparando uma exposição correta, a partir de enunciados tidos por verdadeiros (axiomas ou 6 postulados). Uma das vertentes da análise retórica toma por objeto os slogans ou lemas presentes da linguagem da educação, não considerando o papel das metáforas na coordenação e condensação das doutrinas pedagógicas. Os slogans são fórmulas da “retórica do abreviado”. Para Reboul (1984, p. 97), o “slogan é uma fórmula chocante, autodissimuladora, anônima, polêmica, sumária e muito curta para o que quer dizer. Penso que todos estes traços são nocivos”. Por que são nocivos? Porque, ao sumariar dessa maneira uma doutrina pedagógica, o slogan dá-lhe um poder de atração e de agregação. Nisto, ele é certamente polêmico. Mas, não é este o caráter de todo discurso pedagógico? Mais amplamente, não é o caráter de todo discurso sobre um certo domínio que não saiu da ciência e que só se alcança o verossímil? Por outro lado, apesar da etimologia, a polêmica não é a guerra, é mesmo o seu contrário, uma vez que, enquanto se fala, não se mata. Toda polêmica pode tornar-se diálogo. [...] Mais do que um resumo, o slogan é um “abreviado” que tende a apagar as dificuldades, os problemas, bem como as contradições. Desforra da utopia sobre a vida, ele aparece freqüentemente como um Abre te sésamo, uma fórmula mágica capaz de mudar as coisas (REBOUL, 1984, p. 97). 6 Atualmente, ocorre uma revisão do papel de cada uma dessas técnicas, entendendoas como complementares, provavelmente tal como Aristóteles as considerava. Veja, por exemplo, Berti (1998, 1987) Wolf (1995), Mazzotti (2005; 2003; 1998; no prelo). 14 Tarso Mazzotti Ao pensar o slogan, ao expor seus traços, ao analisar seus sentidos expondo os pensamentos abreviados e ocultos, bem como as paixões envolvidas, descobrimos o que ele expressa, e descobrir é pensar, o “único meio que não pensar por slogan é pensar os slogans” (REBOUL, 1984, p. 99). Pode-se opor a análise retórica que busca expor as metáforas centrais das doutrinas pedagógicas àquela que busca pensar os slogans, como faz Reboul? Não, pois são compatíveis. A exposição das metáforas é adequada para apreender as doutrinas organizadas, e a dos slogans, as difusas, uma vez que são anônimas, condição mesma para o estabelecimento do slogan. Porém, mesmo no discurso difuso, os atores sociais operam por meio de metáforas que instituem o que se considera ser o real, permitindo sustentar seus slogans. Por exemplo, Reboul (1984, p. 98), ao analisar o slogan “ensino, transmissão do saber”, mostra que tanto seus adeptos quanto seus adversários julgam que ele é uma efetiva descrição daquele processo. “Os primeiros”, diz Reboul, “afirmam que ensinar é transmitir tão fielmente quanto possível todos os conhecimentos e valores que constituem a herança social e, mais ainda, o patrimônio humano”. Contra essa concepção os adversários respondem, dizendo que tal “bagagem escolar” é um peso morto, o qual “culmina na ‘repressão de seu desejo’ e de sua ‘criatividade’. Mas, nem uns nem outros perguntam-se se o saber pode ser objeto de transmissão”. Em seguida, recorda que “transmissão” é uma desastrosa metáfora retirada da mecânica, uma vez que supõe uma relação de passividade, assim como uma “sentinela que transmite uma mensagem que não precisa compreender”. Nesse, como em outros casos, os slogans sustentamse em alguma metáfora. Isso não significa que as análises de Reboul são pouco acuradas, por não ter exposto as metáforas para cada caso. Significa apenas que se pode ampliar a análise dos slogans, expondo os argumentos sustentados em algum esquema de pensamento, como são as metáforas e metonímias. No caso da exposição das doutrinas pedagógicas com a finalidade de mostrar as razões pelas quais são persuasivas para certos auditórios e contraditadas por outros, como faço aqui, a exposição das metáforas é condição para as pensarmos. Pela análise retórica que expõe as metáforas organizadoras dos discursos sobre a educação, é factível apreender as razões de seus apoiadores e as de seus adversários, sem as classificar por meio de esquemas externos a cada uma delas. Além disso, podemos perceber 15 Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios que uma mesma metáfora, como PERCURSO, pode apresentar sentidos diversos, segundo o esquema conceitual, afetivo e pragmático agenciado, que determinam os embates verificados na história. Essa história não pode ser periodizada com base nos momentos políticos ou econômicos, como geralmente se faz, pois uma mesma compreensão do processo educacional atravessa os séculos, adaptando-se às circunstâncias, como é o caso da metáfora PERCURSO DETERMINADO E DETERMINISTA . Tem-se, então, que o núcleo argumentativo das doutrinas pedagógicas é estável, sofrendo modificações que permitem adequá-lo aos auditórios, sem que seja alterado em seu conteúdo ou significado. Por exemplo, a metáfora PERCURSO DETERMINADO E DETERMINISTA encontra-se presente tanto no discurso de Platão, quanto no de Comenius, de Hegel e de Spencer, cada qual se apoiando em outra metáfora sobre o homem e a vida social humana, todas originadas de uma comparação entre o humano e o orgânico, como veremos. Em suma, as teorias sobre o processo educativo buscam pôr sob os olhos (hypothiposis) algo que não aparece: a mudança de estado do educando. Quando tal procedimento sustenta-se em processos diversos daqueles que seriam próprios do trabalho intelectual, abrem-se as portas para a instauração de alguma metáfora que condense e coordene os significados plausíveis. A metáfora da criança como uma PLANTA FRÁGIL origina-se de uma comparação entre o ser humano e o crescimento de vegetais, com implicações facilmente perceptíveis. Porém, quando se compara o processo de aprendizagem e de ensino com o que se faz necessário para o trabalho intelectual, a questão se desloca para a teoria de conhecimento admitida, que deve ser examinada para verificar se elas se sustentam em metáforas. Esse é um estudo a ser realizado com maior amplitude do que o esboço que aqui apresentei. Por meio da exposição e análise das metáforas, é factível estabelecer qual a correta? Não. A exposição explicita o que está em debate, mostra o poder persuasivo das metáforas, mas não permite decidir por uma delas. A decisão sobre a “verdade” de algum enunciado escapa aos propósitos deste livro, uma vez que pretendo expor a eficácia persuasiva da metáfora PERCURSO que condensa e coordena doutrinas pedagógicas, o que, parece-me, foi realizado. Há metáfora quando se opera uma comparação entre entes diferentes em gênero ou em espécie, para apreender semelhanças que serão transferidas para o tema, o assunto que precisamos conhecer. Caso a comparação tenha por foro algo da mesma espécie ou gênero, não 16 Tarso Mazzotti se produz uma metáfora, mas uma descrição, que pode ser apropriada, ou, então, uma metonímia. É o caso da comparação entre o trabalho intelectual realizado por literatos e cientistas, por exemplo, e o que o aprendiz deve fazer para se tornar um deles. As doutrinas pedagógicas não se satisfazem com a apresentação das técnicas ou artes intelectuais e manuais que os aprendizes devem exercitar e desenvolver, porque atribuem à educação uma tarefa muito superior ao “simples aprender as técnicas”. Tem-se, assim, que a “redução” da educação ao exercício correto das artes ou técnicas 7 é algo inferior, o que é expressado pela palavra impactante “tecnicismo”. Ante o cálculo técnico de um Edgar Allan Poe, opõese a “autenticidade” do espírito de cada um, que deve manifestar-se sem as amarras ou a CAMISA DE FORÇA das técnicas. Há, nessa concepção, a adesão ao Romantismo ou Idealismo alemão, como veremos no capítulo a respeito de Hegel. As doutrinas pedagógicas aqui examinadas propõem-se, ou conservar, ou instituir certa concepção de vida social, bem mais do que estabelecer os modos de fazer para ensinar as técnicas e os conhecimentos. A força persuasiva de cada uma se encontra nas metáforas que as condensam e coordenam, que permitem organizar os conhecimentos e o desejável (valores), orientando as ações das pessoas. Com isso, as doutrinas arregimentam grupos de pessoas que concordam com elas e seus adversários, os quais denunciam a precariedade ou insuficiência de suas metáforas centrais, propondo outras. A metáfora PERCURSO, com seus sentidos antagônicos, organiza as doutrinas e é objeto de um litígio interminável. Comecemos nosso exame pela doutrina que inaugura a Pedagogia moderna, a estabelecida por Comenius. 7 Palavra impactante ou chocante é o nome utilizado por Reboul (1984, p. 82) para designar as que “chocam” pela “carga afetiva”, pela conotação. Ele nos dá os seguintes exemplos: “Crescimento, autonomia, criatividade são percebidas de conjunto como portadoras de valor, enquanto outras como obrigar, reprodução, seleção são pejorativas para a maioria dos interlocutores” (eu traduzi esta e as demais passagens). 17 Tarso Mazzotti Referências ACOT, P. História da ecologia. Rio de Janeiro: Campus, 1990. ALVES-MAZZOTTI, A. J. Representações sociais de meninos de rua. Educação e Realidade, 22, n. 11, p. 183-207, 1996. Analytica, Revista de Filosofia, v. 8, n. 1, 2004 (Sobre Ciência e Dialética em Aristóteles). ANGSTRØM, Anders. The Contemporary Theory of Metaphor Revisited. Metaphor and Symbol, 14, n. 1 (1999): 53-61. ARAUJO, R. C. P. Um autor e seu auditório. 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