Complexo da Tijuca - EMOP - Governo do Estado do Rio de Janeiro
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Complexo da Tijuca - EMOP - Governo do Estado do Rio de Janeiro
CRÉDITOs Coordenação do trabalho pelo Governo do Estado Ruth Jurberg – Coordenadora do PAC Social Marcela Moreira – Assessora da Coordenação do PAC Social Coordenação geral do trabalho William Resende de Castro Jr. – Engenheiro Equipe de campo Coordenação da pesquisa de campo Maria Gabriela Bessa – Socióloga – Especialista em Política e Planejamento Urbano Sub coordenação de campo Julia Coelho de Castro – Turismóloga Coordenação da pesquisa de campo Christian Andrade Vieira- Cientista Social Pesquisadores Aretusa de Paula Amanda Fonseca Pangaio Evânio Pereira de Paula Fernando Cesar Vicente Rosa José Ramos da Silva Rafaela da Silva Cassiano Silvia Nascimento dos Santos Thiago Isabel Rosa Assistente geral Verônica da Cruz Equipe de produção Coordenação da produção do trabalho, pesquisa, redação, criação e diagramação miolo e capa Leila Maria Baptista Fernandes - Arquiteta e Urbanista – M.Sc. Planejamento Urbano e Regional IPPUR/UFRJ e Designer Gráfico Diagramação dos cadernos das oficinas Daniel Yuhasz – Arquiteto e Designer Gráfico Mapas em geral Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento. Fotografias Equipe de Campo e fotos cedidas por Frank Moehr Apresentação deste conteúdo em Flash elaborada por Carlos Maurício da Costa Ramos – Designer - M.Sc. Desenho Industrial PUC RIO 1 ÍNDICE APRESENTAÇÃO 2 Apresentação 3 Introdução 8 História dos Bairros da Tijuca e Andaraí O presente documento abordará a caracterização dos territórios que compõem o Complexo da Tijuca, assim definido como o conjunto de comunidades que se estendem pelos bairros da Tijuca, Andaraí e Vila Isabel, na zona Norte do Rio de Janeiro. O intuito é apresentar e consolidar informações importantes quanto ao histórico, localização, entorno, caracterização física, urbanística e socioeconômica 11 Histórico da Ocupação das Comunidades do Complexo da Tijuca 13 Legislação Vigente e Restrições Urbanísticas e Ambientais na Área do Complexo da Tijuca 24 Localização e Inserção na Cidade 30 Divisão Sociopolítica Local 43 Caracterização Socioeconômica da População Local 52 Identificação e Caracterização das Organizações Presentes – Pesquisa de Campo 60 Equipamentos Sociais - existentes e previstos a partir da demanda da comunidade 63 Infraestrutura Física 89 Tipologia Edilícia O objetivo principal deste documento será subsidiar a captação de recursos para novos investimentos nas comunidades do Complexo da Tijuca, de forma a implementar o seu desenvolvimento socioeconômico e físico espacial. Desta proposta, fará parte um amplo estudo sócio urbanístico da região com a participação dos moradores e lideranças, visando o enquadramento da mesma no denominado PAC 2. 114 Intervenções já realizadas e/ou projetos tanto do Governo Federal, quanto do Estado e da Prefeitura 115 Planos e Programas Governamentais Co-Localizados 116 Intervenções Previstas pelo PAC 117 Oficinas do Imaginário 120 Cadernos das Oficinas 146 Anexo 1 – Modelo do questionário aplicado na pesquisa de campo 147 Anexo 2 – Modelo do convite para as Oficinas do Imaginário 149 Anexo 3 – Proposta de Trabalho Técnico Social 2 INTRODUÇÃO Desde a sua fundação, os dirigentes do Rio de Janeiro não tiveram uma preocupação acentuada com a questão da organização espacial da cidade com vistas ao seu futuro desenvolvimento, assim como o fizeram vários outros governantes para com cidades das Américas Espanholas, na mesma época. “Os portugueses, em seu hemisfério, encontraram território pobres e inóspitos...assim, fundam somente uma série de bases navais, para controlar o comércio oceânico, e não têm condições de realizar uma verdadeira colonização em grande escala”1, ao contrário dos espanhóis que o fizeram nos planaltos da América Central e Meridional, ocupados por grandes cidades indígenas como Cuczo, no Peru, colonizada por Cortez e Tenochtitlan (atual cidade do México), colonizada por Pizarro, que se viram transformadas às necessidades dos colonizadores. Na Europa, em pleno Renascimento, a forma ideal e as configurações das cidades deveriam corresponder às novas relações e arranjos políticos e sociais da época. “A cidade ideal era assim concebida como uma invenção artística e política”2. Mas, a fundação dessas cidades era rara e mesmo em território brasileiro, que naquele momento apresentava condições de nele se estabelecerem tais cidades ideais, por muitas razões políticas e econômicas, não o foi, sendo aqui estabelecida apenas as bases navais fortificadas. então denominado Cara de Cão (hoje Morro São João), lançou os fundamentos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A localização, no entanto, pouco estratégica do ponto de vista da defesa do território, logo foi mudada para o local onde hoje se desenvolve o Centro da cidade e que era constituído pelo antigo Morro de São Januário e depois do Castelo, já demolido para dar lugar à atual Cinelândia. Além disso, a planície que ia desde o Morro de São Januário e se estendia entre os morros de Santo Antônio, São Bento e da Conceição eram terras propícias à lavoura por sua privilegiada posição com relação ao sol nascente. Durante quase 250 anos, desde a sua fundação até a vinda da família real para o Brasil, a cidade não foi além de uma província colonial e sua expansão foi antes de tudo uma luta árdua para vencer, além dos índios, os brejos, mangues, pântanos e as lagoas que se espalhavam por todo o território. A lagoa de Santo Antônio que margeava o morro de Santo Antônio, hoje ocupada pelo Largo da Carioca, e a vala que se estendia pelo local onde hoje se situa a Rua Uruguaiana, construída para drenar a lagoa, são exemplos dessa enorme dificuldade para a expansão urbana do Rio de Janeiro. Na verdade, a cidade do Rio de Janeiro só se tornou algo importante para Portugal quando do episódio de invasão de suas terras pelos franceses, até então praticamente abandonadas. Com o primeiro governo de Mem de Sá em terras cariocas3 (1560-1565), ocorreu simultaneamente a expulsão dos franceses, assim como a ocupação e retomada do território. Mas, somente com a gestão de Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, é que se pode dizer que essas terras foram definitivamente ocupadas pelos portugueses para não mais serem abandonadas. Poucas eram as inserções para dentro do território e estas se davam através de perpendiculares à Rua Direita (atual 1º de Março), como o Desvio do Mar (atual rua do Ouvidor) e outros de penetração como o caminho de Matacavalos (atual rua do Riachuelo) ou o caminho de Cupueruçu ou da Lagoa da Sentinela (onde se situa a atual rua da Alfândega) que começava perpendicular à praia, atravessava a área onde se encontra hoje o Campo de Santana e desembocava na Lagoa da Sentinela (onde autalmente se encontra a confluência das ruas Mem de Sá com Frei Caneca), juntando-se ao caminho de Matacavalos4. Neste processo, Estácio de Sá, que desembarcou aos pés do Pão de Açúcar e entre este e o morro O somatório da população residente nas freguesias urbanas e rurais no início do século XIX5 1 BENEVOLO, L. A cidade na história. 3ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003. Pág. 475. 2 GUIMARÃES, P. P. Configuração urbana: evolução, avaliação, planejamento e urbanização. São Paulo: Prolivros, 2004. Pág. 51. 3 Aparentemente carioca significa “casa de branco” em “kari’oka”. Mas, segundo o Dicionário Histórico de Palavras Portuguesas em Tupi (Editora melhoramentos, 1982), a pouca documentação sobre a evolução histórica dessa palavra torna um pouco controversa sua etimologia. 4 Dados extraídos de: “Arcos da Lapa 1755 a 1991 – Um passeio no tempo” - Instituto de Planejamento Municipal – 4ª edição – 1991; JUNIOR, D. M. Rio de Janeiro: planos, plantas e aparências. Livro editado pela João Fortes Engenharia para a exposição de mesmo nome, realizada em março de 1988 na Galeria de Arte do Centro Empresarial Rio. 5 Brasil. Ministério dos Negócios do Império. Relatório do Ministério dos Negócios do Império, Sessão Ordinária. Rio de Janeiro, Typografia Nacional, 1939. Apud LOBO, E. M. L., História do Rio de Janeiro (do capital comercial ao capital era de apenas cerca de 110 mil pessoas, sendo que dessas, cerca de 70 mil ou 64%, portanto, residiam nas freguesias urbanas de Candelária, Glória, São José, Santa Rita, Sacramento, Santana e Santo Antônio (algo que corresponde hoje às áreas das RAs do Centro e Portuária. Note-se que, a maioria da população da cidade nessa época era constituída por escravos, poucos trabalhadores livres e em número ainda menor por uma “elite administradora/militar/ mercantil” que a dirigia.6 Além das dificuldades geográficas, os meios de transporte precários eram outra razão para a reduzida expansão da cidade, somado, é claro, à necessidade de defesa. Fatores que, reunidos, faziam com que o território urbano fosse quase indiferenciado morfologicamente, aparecendo a discrepância apenas na forma e aparências das casas da elite carioca. Todo esse cenário, no entanto, mudou com a vinda da família real para o Brasil no dia 7 de março de 1808. As necessidades, antes supridas por um punhado de escravos, se modificaram e se ampliaram. As classes sociais e sua ocupação do espaço urbano, antes quase indiferenciadas, se transformaram e se ampliaram de acordo com a nova lógica política, econômica e ideológica. Acompanhando a família real havia um coletivo de cerca de 18.000 pessoas, entre a Corte, famílias e empregados, que para cá acorreram sem qualquer preparo prévio ou planejamento, acarretando sérios problemas de abastecimento de gêneros, habitação, trabalho e alojamento de todos os bens reais (biblioteca, erário real, tipografia etc.) e dos demais estrangeiros. Vale lembrar que a população da cidade, contabilizada pelo censo de 1799, era de 43.376 habitantes7, e isso acabou por gerar um súbito aumento populacional de 25 a 30%! Na cidade de uma maneira geral, apesar de todo o transtorno ocasionado pela imprevista mudança de sede e status, começaram a surgir progressos. “As festas populares se aprimoram, aparecendo o desfile de ‘carros de ideias’, que seriam um prenúncio dos préstitos carnavalescos. “O aspecto geral da cidade, também, melhorou com industrial e financeiro). Rio de Janeiro, Ibmec, 1978, vol. 1, p135. 6 ABREU, M. de A. A evolução urbana no Rio de Janeiro. 4ª.ed. Rio de Janeiro: Ipanrio, Zahar, 2010. 7 FERREZ, G. O Paço da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró Memória, 1984. as primeiras medidas sanitárias além de outras, visando à infraestrutura urbana: calçamento das Ruas da Vala e do Cano, aterro de lagoas da zona urbana, isolamento de leprosos num hospital, construção de um cais, abertura dos primeiros jardins e praças, iluminação com lampiões de azeite de peixe, construção de chafarizes, úteis e belos, graças a primeira adutora do Carioca. Surgem, ainda, os primeiros prédios públicos dignos de uma capital, como o Palácio dos Governadores (o Paço Imperial na Praça Quinze de Novembro), o Palácio Episcopal, no Morro da Conceição, o Senado da Câmara (no mesmo local onde hoje está o Palácio Tiradentes), a Casa do Trem (posteriormente Arsenal de Guerra, hoje Museu Histórico Nacional), o Arsenal da Marinha, o Hospital Militar e vários quartéis de Infantaria, Artilharia e Cavalaria”8. Além destes também se construíram o Arquivo Militar, a Academia de Marinha, a Imprensa Régia, a Biblioteca, o Real Horto, o Museu, a Escola Médica, o Banco do Brasil, a Casa da Suplicação, a Junta do Comércio, a Fábrica de Pólvora etc. Prédios culturais também se multiplicam como o Real Teatro São João, hoje João Caetano, e muitas igrejas são erguidas como a Igreja do Carmo (na Praça Quinze de Novembro) e a de São Francisco da Penitência (ao lado do Convento de Santo Antônio). Capelas e pequenas ermidas de séculos anteriores se transformam em imponentes templos. A população aumentou e o comércio também se expandiu, o porto melhorou, assim como os produtos importados. Após o restabelecimento das relações diplomáticas com a França, em 1816, os franceses aqui se estabeleceram em comércios variados e de luxo ao longo da rua do Ouvidor, vendendo tecidos, joias, perfumes e moda. Com relação aos costumes, no entanto, a cidade mantinha seus aspectos provincianos: horas anunciadas pelos badalos de sinos, relógios de sol, comemorações religiosas, procissões promovidas com pompa pelas irmandades rivais. Em 07 de setembro de 1822, o Brasil torna-se independente, transforma suas concepções e passa a possuir então uma cultura fortemente baseada na exportação de matérias-primas. O café foi o produto que impulsionou a economia do país desde o início do século XIX (1800) até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São 8 Portal Brasil - www.portalbrasil.net 3 Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. O surto e incremento da produção do café foram favorecidos por uma série de fatores existentes à época da Independência. As culturas do açúcar e do algodão estavam em crise, batidas no mercado internacional pela produção das Antilhas e dos EUA. Nesse sentido, os fazendeiros precisavam encontrar outro produto de fácil colocação no mercado internacional. Além disso, a decadência da mineração libertou mão-de-obra e recursos financeiros na região centro-sul (Minas Gerais e Rio de Janeiro, principalmente) que poderiam ser aplicados em atividades mais lucrativas. A independência política e o início do reinado do café atraíram no decorrer do século um grande número de trabalhadores livres, tanto brasileiros quanto estrangeiros. E a independência passou a seduzir também o capital estrangeiro. Para o Rio de Janeiro significou investimento desse capital no setor de serviços (esgoto, transportes, água etc.). Além disso, as mudanças ocorridas no século XIX foram acompanhadas de alterações profundas nos meios materiais em todo o mundo. A introdução de novos meios de transporte populares, verticais (elevadores, em 1852, nos EUA e, 1906, no Rio de Janeiro) e horizontais (trens urbanos a vapor, em 1858, no Rio de Janeiro, bondes de burros, desde 1859), a redefinição dos serviços urbanos com a adoção de iluminação a gás (1854) e depois a eletrificação urbana no início do século XX, esgotamento sanitário (1863)9 e abastecimento de água (1723)10, assim como o emprego de materiais de construção mais resistentes (como o cimento e o ferro para a elaboração do concreto armado)11 na infraestruturação 9 Levado a cabo pelo Rio de Janeiro Improvenmets Company Limited. O Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de rede de esgotos sanitários, precedida por Londres (1815) e Hamburgo (1842). Somente Londres, como capital se antecipou ao Rio, na construção de suas redes de esgotos. http://www.cedae.com.br/raiz/002002004. asp. 10 Em 1723 foi construído o Aqueduto do Carioca, que captava água no Alto de Santa Tereza, passando pela atual rua Almirante Alexandrino e chegando ao local hoje conhecido como Arcos da Lapa, onde havia um chafariz em que os escravos recolhiam a água e levavam para a casa de seus senhores. http://www.cedae.com.br/raiz/002002003.asp. 11 O concreto armado começou a ser usado na Europa em meados do século XIX. Com sua utilização foi possível vencer grandes vãos, construir muitos pavimentos, em grandes alturas e estabelecer novos e variados formatos. Junto com o aço e o vidro, constitui o conjunto de materiais por exce- das edificações são elementos importantes para a expansão urbana e para intensificação do uso do solo (verticalização) em determinadas áreas da cidade. As comunicações receberam melhoramentos com a introdução de novos processos, como o telégrafo, o correio domiciliar, o cabo submarino para o telégrafo e até a introdução da telefonia12 - importantes aspectos para a modernização socioeconômica e cultural da cidade. “Medidas a favor da higiene, como o sistema de esgotos, construção de hospitais e cemitérios públicos vieram contribuir para reformular o conceito negativo que os estrangeiros tinham do Rio. Os acontecimentos políticos, como a Guerra do Paraguai, a Campanha Abolicionista e a própria Proclamação da República, repercutiam intensamente nesta capital, a ponto de influir diretamente na mudança da nomenclatura dos lugares públicos. As consequências desses eventos não se refletiram somente nesse aspecto mas, sim, no próprio estilo de vida do carioca, isto é, sobre a sociedade de então. Por exemplo, a falta do trabalho escravo nas velhas mansões apalacetadas do Segundo Reinado, vivendas que possuíam imensos jardins e numerosos cômodos a zelar, obrigou muitos nobres senhores a se desfazerem das mesmas. O próprio Governo Provisório comprou alguns desses palácios e os utilizou para suas repartições públicas. Tal foi o caso do Palácio Itamarati, transformado, depois, em Ministério das Relações Exteriores, onde hoje funciona o Museu Histórico e Diplomático do Palácio Itamarati.” 13 Muitos melhoramentos foram introduzidos na cidade no século XIX. Comparada à pequena capital da Colônia encontrada por D. João com a extensa cidade deixada por D. Pedro II, várias dilência da arquitetura moderna. Esses materiais passaram a ser produzidos em escala industrial e viabilizaram desde a construção de arranha-céus a pontes, bem como todos os elementos arquitetônicos característicos do cenário do mundo moderno do século XX. No Brasil, seu uso como material estrutural é quase hegemônico, sendo bastante difundido nas cidades brasileiras, seja em áreas formais ou informais. BENÉVOLO L. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. Pág. 42. 12 Em 1877, Dom Pedro II ordena a instalação de linhas telefônicas interligando o palácio da Quinta da Boa Vista às residências dos seus ministros. Isso aconteceu através dos serviços de montagem da “Western and Brasilian Telegraph”, que inaugurava efetivamente a telefonia no Brasil. http://www.mc.gov.br/o-ministerio/historico/historia-datelefonia. 13 Portal Brasil - www.portalbrasil.net ferenças tornaram-se notórias, a começar pelos limites expandidos da parte urbana. Enquanto no alvorecer do século XIX, no tempo dos ViceReis, o núcleo urbano atingia apenas o Campo de Santana - ainda um simples terreno baldio, sem jardins - no final do mesmo século, a urbanização do Centro ultrapassava o Largo do Rossio Pequeno, depois Praça Onze de Julho e, fazia-se necessária a drenagem dos pântanos que atingiam São Cristóvão, através do Canal do Mangue. É também no século XIX que se lançam as bases para uma maior estratificação do uso do solo urbano. A atração de novos e maiores capitais internacionais aplicados, sobretudo, na infraestruturação urbana e nos serviços urbanos, a economia apoiada no cultivo do café, atraindo mais trabalhadores livres, tanto imigrantes quanto brasileiros, a independência política nacional, foram fatores que fundamentaram a expansão da cidade. A separação das classes sociais no espaço da cidade foi, segundo Maurício de Abreu, fortemente apoiada no aparecimento dos trens e bondes urbanos que permitiram sua expansão para diferentes direções e segundo o tipo de transporte utilizado. Para a zona Sul, servida por bondes, dirigiu-se a elite carioca; para a zona Norte e subúrbios, servidos por trens, dirigiram-se as classes mais pobres e trabalhadoras. O aparecimento dos trens urbanos se inicia com a contratação da construção de estrada de ferro Central do Brasil, inicialmente denominada D. Pedro II que tinha 6 estações, as “de início e fim da linha (Corte e Queimados respectivamente e mais quatro intermediárias: Engenho Novo, Cascadura, Sapopemba (atual Deodoro) e Maxambomba (atual Nova Iguaçu).”14 Em 1870, segundo Maurício de Abreu, a Central do Brasil aumenta o transporte de trens suburbanos, na mesma época em que o sistema escravagista começa a entrar em colapso. Já ao final do século XIX havia quatro outras linhas de trens suburbanos: a Rio D’Ouro, a Leopoldina e a Linha Auxiliar. Seus trajetos serviam a diversos subúrbios cariocas. A linha 2 do Metrô ocupa a maior parte do leito da Rio D’Ouro, desativado no início da década de 70. Em 1886, a Northern Railway inaugurou um per14 MACEDO, R. A. Os trens suburbanos do Rio de Janeiro nas décadas de 50 e 60 sob o ponto de vista de um usuário. http://www.efbrasil. curso entre a estação de São Francisco Xavier e Duque de Caxias, então denominada Mirity, interligando diversos núcleos urbanos na região que, com o advento da ferrovia, experimentaram um grande surto de progresso. A The Leopoldina Railway Company só começou a operar na área urbana do Rio de Janeiro a partir de 1898 ao incorporar o acervo da Northern Railway que havia falido. Em 1893, foi inaugurada a Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, que anos mais tarde, em 1903 foi incorporada à Central do Brasil, com o nome de Linha Auxiliar. Atualmente, os seus trens partem da Estação D. Pedro II e atendem, entre outros, os subúrbios de Jacarezinho, Del Castilho, Rocha Miranda, Honório Gurgel, Pavuna, estendendo-se até a sua estação final em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A dualidade das relações de produção, de um lado arcaica e escravista, e de outro, capitalista e arrojada, formaram as bases das contradições das crises que se desenrolaram no final do século e culminaram com a libertação dos escravos, a independência política, as revoluções do início do século seguinte e não tardaram a se refletir no próprio espaço da cidade. Conviviam no início do século essas duas dimensões. E mesmo após a chegada da família real, por muitos anos ainda a cidade continuou acanhada, amontoada e reduzida ao seu núcleo inicial. O final do século XX assistiu ao término do sistema escravagista, com a libertação dos escravos pela Lei Áurea, assinada a 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel, ao declínio da atividade de cafeicultura e, a 15 de novembro de 1889, a República foi instaurada no Brasil. A esses fatos mais um se juntou. À revelia das classes até então dominantes de cafeicultores, o final do século assistiu também ao incremento das atividades industriais no Rio de Janeiro e as fábricas se multiplicaram pelos bairros cariocas, sobretudo São Cristóvão que perdia seu status de bairro nobre com o final do império, mas era dos mais bem providos com infraestrutura para acolher às fábricas que ali se instalavam e a um acelerado processo migratório de estrangeiros para a cidade. Às vésperas da Proclamação da República, portanto, a cidade sede do Império no Brasil vivia ainda surtos de febre amarela, fábricas se multiplicavam na cidade toda, desde Bangu até La4 ranjeiras, passando pelo Jardim Botânico, crescia a população aceleradamente, especialmente de migrantes por conta do declínio da atividade cafeeira na província do Rio de Janeiro, agravando de forma extraordinária o problema habitacional da cidade e tornando essa uma questão crucial cuja consequência foi o crescimento dos cortiços e a degradação do ambiente urbano, especialmente nas áreas centrais. Esses foram fatos que vieram a promover mudanças substanciais à vida da cidade durante o século XX e, no conjunto desses processos, a cidade se remodelou. E num curto espaço de pouco mais de 40 anos dobrou de tamanho. Em 1870, comportava 235.291 pessoas, sendo que as freguesias urbanas passam a suportar não apenas cerca de 60% da população total, mas cerca de 80% desta. As necessidades de adequar a cidade às novas necessidades capitalistas tanto de criação, quanto de concentração e acumulação, sobretudo com relação à inserção do país na economia mundial formaram as bases para as reformas que remodelaram e reorganizaram o espaço urbano da cidade no início do século XX. No entanto, esse modelo de urbanização mostrou-se desde seu princípio como segregador, excludente e desigual. 15 As políticas públicas implementadas, especialmente a partir da reforma Pereira Passos em 1906, apenas reforçam essa lógica de exclusão e segregação, apartando os mais pobres dos benefícios da urbanização e relegando-os às áreas menos favorecidas da cidade, em geral em terrenos públicos, áreas de preservação, encostas íngremes e impróprias, propriedades abandonadas ou seguindo, em geral, o curso de ocupação industrial ou acompanhando a linha dos trens urbanos como forma de ficar mais próximo de possíveis locais de trabalho. Nesse processo, a especulação imobiliária teve 15 Referências bibliográficas: SCHMIDT, B. V. E FARRET, R. L. A Questão Urbana. RJ, Jorge Zahar Editor, 1986. MELO, Marcus A. B. C. de, O Padrão de Intervenção Pública no Saneamento Básico. In: Revista de Administração Pública, nº 23. Rio de Janeiro, FGV, 1989. AZEVEDO, S; ANDRADE, L. A.G. de. Habitação e Poder. RJ, Jorge Zahar Editor, 1982. MARICATO, E. Brasil 2000: qual planejamento urbano? in: Cadernos IPPUR, vol XI nº 1 e 2, jan/dez 1997. RJ. IPPUR. Azevedo, S. A crise da política habitacional. In: Ribeiro, L. C. de Q. e Azevedo, S. A crise da moradia nas grandes cidades: da questão habitacional à reforma urbana, RJ, Editora UFRJ, 1996. um papel fundamental, sobretudo nas áreas mais distantes do centro urbano ou localizadas nos municípios adjacentes, o que gerou um tipo de “urbanização por expansão de periferias”16 cuja intensidade aumentou a partir da década de 40. Assim como os Complexos da Penha, do Alemão, do Lins de Vasconcelos, do Jacarezinho, Rocinha, Manguinhos e tantos outros no Rio de Janeiro, as comunidades que habitam hoje o que se denominou Complexo da Tijuca surgem a partir das diretrizes e políticas públicas que mais do que nunca se fundearam na lógica da acumulação capitalista, especialmente, no modelo de desenvolvimento seguido a partir da década de 50 no Brasil, com a adoção do Plano de Metas (1956/ 1961). Esse não foi um processo fácil e isento de contradições. Ao contrário, muitos dos conflitos urbanos que afloraram ao longo de todo o século XX foram marcados pelas reivindicações em torno de melhoria das condições de vida, mais ou menos localizadas no espaço urbano e levados a cabo pelas associações de bairros e associações classistas, ao nível de organizações de base, articulados, muitas vezes por agentes externos como a igreja, partidos políticos, militantes de esquerda, políticos, etc. Na foto, vemos o acesso para a velha Fábrica Aliança, conhecido como Rua Aliança (atual rua General Glicério. Fechando no horizonte, vemos o imponente pórtico da fábrica (http://www.fotolog.com.br/ andredecourt/23156011) Sul América. O terreno possuía 15.000 m² e seu uso era distribuído entre 23 edifícios em estilo art déco, contabilizando 158 unidades de um até quatro quartos que se destinavam a abrigar desde gerentes até os serventes da empresa. Vila Arthur Sauer, no Horto A vila foi ocupada em três setores diferenciados que refletiam a hierarquia interna da empresa: os quatro edifícios mais próximos à rua principal, a rua das Laranjeiras, foram destinados aos funcionários mais graduados. No início do processo de industrialização, nos idos dos anos 30 e enquanto a população trabalhadora era ainda de pequeno vulto, as empresas optaram por construir moradias para seus empregados, geralmente próximo às fábricas, incentivadas pelo Decreto Legislativo de 08/02/1888 que concedia privilégios de isenção de impostos sobre importação de materiais de construção, além de concessão de terrenos e edifícios, às firmas que se propusessem a construir casas populares. No Rio de Janeiro ainda é possível observar alguns exemplos dessas “vilas operárias”: as casas da vila operária da Fábrica Corcovado, denominadas Vila Arthur Sauer, no Horto, construídas em 1891 e os prédios da antiga rua Jardim Sul América, atual rua Pires de Almeida17, em Laranjeiras, ambas na zona Sul do Rio de Janeiro. 16 MARICATO, E. Brasil 2000: qual planejamento urbano? In: Cadernos IPPUR, vol XI nº 1 e 2, jan/dez 1997. RJ. IPPUR. 17 ALCÂNTARA, D. de; RHEINGANTZ, P. A.; BARBOSA, A.; LAUREANO, A. e AMORIM, F.. Texto do link http://www.fau. ufrj.br/prolugar/arq_pdf/diversos/enepea_2006_rua_pires_de_almeida safe.pdf O Jardim Sul América foi edificado na década de 20 pela empreiteira Monteiro Aranha para servir de vila aos funcionários da Cia. de Seguros 5 Em todos os edifícios, as dependências de empregados ficavam no último pavimento e com acessos independentes pelo acesso de serviço. vam muitas vezes mais às classes médias e altas do que às classes de baixa renda, assim como aconteceu com o BNH, na década de 60. Um segundo momento da política habitacional se instaurou nos breves nove meses do governo Jânio Quadros com a criação do IAP (Instituto de Assistência Habitacional) para fazer frente, principalmente, às graves condições sociais que apontavam já para o perigo de uma convulsão social e onde a crise habitacional se revelava em toda a sua extensão na expansão das favelas e periferias. Fotos da Vila Operária da Gamboa: na época em que foi construída. Fotos do setor 1 - de edifícios mais nobres Fotos do setor 3 - popular Com o crescimento da classe operária urbana, a pressão da classe trabalhadora sobre a demanda de moradias populares se intensificou e diante de um quadro de valorização dos terrenos urbanos – sobretudo aqueles ocupados no entorno das fábricas, servidos por infraestrutura – e de um fluxo migratório intenso, estimulado pela industrialização crescente da cidade, em contradição com a maior parte do restante do país, especialmente o nordeste – essa modalidade de oferta de moradias populares mostrou-se inviável. Como resposta parcial às crescentes demandas e reivindicações, várias políticas urbanas foram levadas à prática por meio de providências concretas através de políticas habitacionais, políticas de transportes urbanos, de saneamento, entre tantas outras. Com relação, em especial, às políticas habitacionais, resumiram-se muitas vezes a programas pouco expressivos em que os supostos beneficiados não tinham como amortizar as prestações contratadas e, em muitos casos, ou deixavam de pagá-las ou eram transferidas a pessoas de renda mais elevada, enquanto essas pessoas, às quais se destinavam os investimentos, voltavam às suas condições anteriores ou até piores. Vista do cul-de-sac ao final da rua e da praça Múcio Leitão no setor 2 Há ainda a notável Vila Operária da Gamboa, projetada pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa e construída com a ajuda do arquiteto Gregori Warchavchik, em 1933. Cite-se que os vários governos, tanto a nível estadual quanto federal, elaboravam políticas habitacionais desde a década de 40, quando disseminou-se a criação das carteiras prediais dos Institutos e Caixas de Aposentadorias e Pensões e no âmbito nacional a Fundação da Casa Popular (FCP), instituída em 1º de maio de 1946. Responsáveis por 90% das moradias construídas por instituições no período Vargas, estas se destina- lógica dessas políticas, embora correspondam a relações sociais concretas, marcadas pelas disparidades sociais, pela exclusão e pela desigualdade. Mas, a conjuntura econômica da época, limitando o acesso dessa população ao mercado formal de construção da casa própria ou ao mercado formal de aluguel de imóveis para re-sidências, impeliu, por outro lado, para as soluções informais de construção da casa própria – em favelas, loteamentos periféricos das grandes cidades, áreas públicas invadidas etc... Outras tentativas de resolver essa problemática foi a criação do Banco de Nacional da Habitação (BNH), em agosto de 1964, que representa de forma emblemática essa fase posterior de políticas públicas, sobretudo no que tange às áreas de habitação e de saneamento básico, com a criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do SFS (Sistema Financeiro do Saneamento). Mas, assim como as propostas dos Institutos e Caixas de Pensões, atendia mais às classes médias e altas do que às classes populares. A demanda pelo crescimento da oferta de bens e equipamentos públicos de uso coletivo também cresce e não se distribuem de maneira igualitária no espaço urbano. E correspondem a essa lógica concentradora e centralizadora do capital, também no interior do espaço urbano desses grandes centros, gerando enormes focos de tensões sociais e problemas de infraestrutura urbana que demandam, até hoje, um investimento considerável em planejamento e ações de governo, especialmente do governo municipal. Porém, a partir de 1971 o BNH se transformaria em empresa pública e banco de segunda linha, trabalhando com o repasse de financiamentos. Com relação ao saneamento, é criado o Pplanasa (Plano Nacional de Saneamento), onde os estados, que dele quisessem participar, deveriam instituir uma Empresa Estadual de Saneamento – o que acarretava, no mais das vezes, em mudanças no formato daquelas existentes. Extinto em dezembro 1985, o BNH jamais atendeu de forma adequada à intensa demanda habitacional do país e o quadro interno de recessão e desemprego determinou o aumento da inadimplência dos mutuários do Banco, criando e ampliando o enorme rombo no SFH, que repassou então suas atribuições para a Caixa Econômica Federal enquanto as políticas de investimentos urbanos passaram a ser atribuição do Ministério de Desenvolvimento Urbano. Na área da Tijuca, onde baseiam-se as comunidades do Complexo da Tijuca, essa é uma situação evidente e o processo de ocupação irregular das encostas dessa região apresenta todos os problemas característicos da ocupação desordenada e desassistida. De um lado, o apoio ideológico que deu suporte a essas políticas habitacionais apontava para a ideia de ascendência e segurança socioeconômica representado pela casa própria diante de um quadro de baixa remuneração da força de trabalho, de desemprego e inflação. A periferização urbana acelerou-se: cresceram os loteamentos – legais e ilegais –, se proliferaram os cortiços e favelas e as invasões passaram a ser o modo dominante de aquisição da propriedade fundiária. Como lembra Ermíria Maricato, “A ocupação ilegal da terra urbana é não somente permitida como parte do modelo de desenvolvimento urbano no Brasil... É funcional para a manutenção do baixo custo de reprodução da força de trabalho, como também de um Foi dessa forma que a ideia da casa própria como solução de moradia das classes trabalhadoras urbanas acabou por constituir-se na base ideo- A crise urbana brasileira não pode ser contida a despeito de todos os esforços e mudanças no aparato institucional com a criação das Regiões Metropolitanas, em 1973 (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, For¬taleza e Belém), através da Lei Complementar 14 e, em 1974, à criação da Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Políticas Urbanas (CNPU) pelo Decreto 74.156 de 1975, que é o mesmo decreto que desativou o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau). 6 mercado imobiliário especulativo (ao qual correspondem relações de trabalho atrasadas na construção), que se sustenta sobre a estrutura fundiária arcaica”18. Diante deste quadro e num clima de abertura democrática, desde os anos 80, sucessivos governos municipais investiram na urbanização de favelas no Rio de Janeiro, desenvolvendo projetos e obras em comunidades de baixa renda. Em 1982, foi iniciado o Projeto de Desenvolvimento Social das Favelas do Rio de Janeiro pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) cujo objetivo era traçar um perfil completo das comunidades em estudo nos aspectos socioeconômico, físico, urbanístico e jurídico a fim de elaborar um modelo de intervenção genérico e passível de ser aplicado em outras comunidades e cujo enfoque era a intervenção integrada. O Governo Estadual, desde o início da gestão de Leonel Brizola (1983-1986), desenvolveu uma série de projetos para intervenções em favelas: O Programa de Favelas da Cedae (PROFACE ) desenvolvido entre 1983 e 1985; a ação da Comlurb com a compra de micros tratores para atuação em favelas; um programa de iluminação pública, iniciado em 1985 pela Comissão Municipal de Energia; o Programa Cada Família um Lote19, da Secretaria de Estado do Trabalho e da Habitação, que incluía a regularização fundiária nas áreas de ação.20 A ausência de investimentos em habitações populares, a partir da extinção do BNH, em 1985, impulsionou o crescimento e expansão das áreas de favelas. Diante disso, em 1987 é realizada a reformulação do Projeto Mutirão, visando a substituição de ações pontuais por intervenções mais integradas e consequentes de urbanização, através da Superintendência de Desenvolvimento Comunitário (SDC), com a criação do Programa de Urbanização Simplificada, precursores do Programa Favela Bairro. O Plano Diretor da Cidade, sancionado em 1992, define favelas como sendo “área predominante18 MARICATO, E. Brasil 2000: qual planejamento urbano? In: Cadernos IPPUR, vol XI nº 1 e 2, jan/dez 1997. RJ. IPPUR, pp. 123 19 O programa se desenvolveu junto à gestão de Brizola, nesses anos 83 a 85. 20 MENDES, I. C. R. Programa Favela-Bairro: uma inovação estratégica? Estudo do Programa Favela-bairro no contexto do plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado para a FAUUSP, São Paulo, 2006. mente habitacional, caracterizada por ocupação da terra por população de baixa renda, precariedade da infraestrutura urbana e de serviços públicos, vias estreitas e de alinhamento irregular, lotes de forma e tamanho irregular e construções não licenciadas, em desconformidade com os padrões legais.” (art. 147). Consolida a ideia de um programa global de integração das favelas ao bairro e ao aglomerado de favelas onde se situa a cidade e, diante disso, sua integração ao meio urbano como bairros populares, apontando a ausência de infraestrutura como o maior problema a ser enfrentado nessas áreas, além do déficit habitacional, a urbanização e a regularização fundiária dessas áreas e dos loteamentos irregulares existentes. Preconiza ainda a preservação da tipicidade da ocupação local (art. 152). É também no início dos anos 80 que a teoria neoliberal ganha expressão no mundo todo, desde a China de Deng Xiaoping até o governo de Margareth Tatcher, na Inglaterra, e o Governo Ronald Reagan, nos Estados Unidos. E no cerne desse curso, ao final dos anos 80, os processos de globalização já ensejavam uma visão de cidade que deve operar a nível regional, mas também no plano global e transnacional, estruturada a partir de processos competitivos entre cidades globais, forçando-as a enfrentar e responder a esses novos desafios pari e passu com as demandas de bem-estar e convivência democrática urbana. Os planos estratégicos aparecem como uma resposta a essas novas demandas, a fim de adequarem o espaço urbano às exigências do mundo globalizado. Baseados nos modelos militares, depois também adotados no meio empresarial, surge como o modelo ideal de administração urbana no cenário da globalização por permitir “agilidade de gestão, estabelecimento de metas e prazos, participação cidadã na construção da cidade, maior controle sobre os objetivos que se estabelece, flexibilidade para mudanças que se tornem necessárias e, principalmente, por se caracterizar como um plano de ações”.21 Em 1993, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) selecionava a cidade do Rio de Janeiro para colocar em andamento seu maior programa de integração urbana, tendo em conta a experiência acumulada pela prefei¬tura em urbanização de favelas. Contratualmente, o 21 Idem nota anterior programa foi denominado Programa de Urbanização de Assentamentos Populares e, para dar conta de uma melhor forma de comunicação, recebeu o nome de Favela-Bairro. Este tinha a intenção precípua de integrar as comunidades das favelas ao resto da cidade, investindo, sobretudo em infraestrutura urbana dos demais bairros da cidade. Nesse momento, a prefeitura criou o Grupo Executivo de Assentamentos Populares (Geap) que congregava secretarias e empresas municipais atuantes no setor, cujo objetivo era criar uma política pública para o município e articular as ações neste setor. Trabalhando juntos, BID e Prefeitura, através do Geap, desenvolveram uma metodologia e implementaram o programa que beneficiou diversas comunidades e inclusive às comunidades do Complexo da Tijuca. Em 1995, o primeiro Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – Rio Sempre Rio – foi apresentado, como resultado de uma parceria entre o município e a iniciativa privada. Este já contemplava em sua Estratégia 4 (foram apresentadas oito es¬tratégias) – Rio Integrado – o Programa Favela Bairro como um dos projetos capazes de resolver a normalizar a situação urbanística. O Programa, realizou-se em duas etapas, em 143 favelas e 15 loteamento. No entanto, entre os anos 2000 e 2007, o Programa perdeu fôlego e as obras já realizadas ficaram em boa parte sem manutenção apropriada. Nesse mesmo período, “houve um crescimento geral de cerca de três milhões de metros quadrados, correspondentes a 6,88% de acréscimo na área ocupada pelas favelas cariocas” . O que significa dizer que para dar conta de atender adequadamente a todas as comunidades, o Programa precisaria, ao contrário do que aconteceu, ganhar fôlego. A área do Complexo da Tijuca foi contemplada com a ação em Jamelão (Vila Isabel), Salgueiro, Formiga, Morro da Casa Branca (estes últimos na Tijuca), na primeira fase. Rua Conde de Bonfim e Praça Saens Penha, ambas na Tijuca, e no Boulevard 28 de Setembro, Praça Barão de Drummond e Largo do Maracanã, em Vila Isabel. O PAC – Programa de Aceleração de Crescimento – significa uma mudança de paradigma na cultura do planejamento urbano e, sobretudo, do planejamento e revitalização de áreas subnormais porque trabalha grandes áreas e atinge a uma população e a áreas muito maiores. O Governo Federal lançou em 2007 o PAC em todo Brasil e trouxe para o estado do Rio de Janeiro investimentos em 15 cidades - sendo 12 municípios da Região Metropolitana e três municípios de outras regiões. No Rio de Janeiro, os investimentos do PAC atingem, até o momento, um montante de R$ 3.237.000.000,00 (R$ 643.000.000,00 de contrapartida) e pretende atingir a 2 milhões de famílias, com prioridades para o abastecimento de água do sistema Guandu; a urbanização de cinco favelas do Rio de Janeiro; inves¬timentos em esgotamento sanitário com a despoluição das baías de Sepetiba e Guanabara; revitalização do rio Paraíba do Sul e construção de unidades habitacionais para população de baixa renda. É preciso ressaltar que, segundo o Instituto Pereira Passos e a Secretaria de Urbanismo, o Rio de Janeiro tem hoje mais de 1.300 favelas levantadas e os dados do Censo 2010 devem mostrar uma mudança para pior no crescimento de assentamentos subnormais. O Projeto Rio Cidade, um Programa de Governo nascido no âmbito do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – Rio Sempre Rio – apresentado na Estratégia 2 – Rio acolhedor – como um dos programas cujo objetivo era o de qualificar a vida dos bairros e melhorar os espaços públicos, contemplou a área onde assentam as comunidades do Complexo da Tijuca, executando obras na 7 HISTÓRIA DOS BAIRROS DA TIJUCA E ANDARAÍ TIJUCA Xavier foi construída ao lado do Engenho Velho, no mesmo local que ocupa até hoje, em 1625. O nome Tijuca vem “Ty-Yúc, mais tarde “tijuco” ou “tijucal”que em tupi22 significa lama e lameiro (ou terreno encharcado), respectivamente, e denota as condições da área onde hoje localizam-se os bairros da Tijuca e Andaraí, ao pé do maciço da Tijuca e da serra do Andaraí. Essas terras estendiam-se desde o Rio Iguaçu (rio Catumbi) até a tapera de Inhaúma (aldeia indígena abandonada)23 e haviam sido doadas aos Jesuítas por interferência de Mem de Sá a fim de que “os padres pudessem tirar sustento dessas terras para assim levar adiante os trabalhos da igreja”24. Foi aí que os jesuítas instalaram três engenhos de açúcar. O primeiro, entre 1582 e 1586, que se chamava Engenho Pequeno, mais tarde passou a chamar-se Engenho Velho, dividido em Andaraí Grande (onde atualmente se situa o bairro do Andaraí) e Andaraí Pequeno (onde hoje se situa o bairro da Tijuca). O segundo, instalado mais ao norte, chamou-se Engenho Novo e o terceiro foi denominado São Cristóvão. Eram vastas essas terras e ocupavam a área onde na atualidade situam-se os bairros do Rio Comprido, Estácio, São Cristóvão, Maracanã, Tijuca, Vila Isabel, Grajaú, Andaraí, Méier, Engenho de Dentro, Engenho Novo e Benfica25. Mas inclui também, segundo Oliveira (2004), os bairros do Catumbi, Praça da Bandeira e Alto da Boa Vista, este último uma imensa área de difícil acesso que permaneceu quase intocada por um longo período, até o ciclo da economia cafeeira.26 Em 1710, o corsário francês Jean François Duclerc, tentando invadir a Baía de Guanabara, distanciou-se na costa e foi dar na praia da barra de Guaratiba. Ao buscar o Centro da cidade, marchou com 900 homens através das terras alagadas, vales floresta e serras. Atravessou Jacarepaguá, Tijuca e Engenho Velho e daí para a Lagoa da Sentinela (onde hoje se encontra a confluência das ruas Mem de Sá com Frei Caneca) por terras praticamente desertas. Outra invasão, desta vez pelo corsário René Duguay-Trouin, também francês, fez com muitas pessoas se refugiassem em terras dos jesuítas, nas bandas da Tijuca. “Contam os viajantes do início do século XIX que ainda se encontravam na Tijuca, tanto em Furnas como na Cascata Grande, vestígios de altares e celas erguidos naquela ocasião por eclesiásticos que lá foram buscar refúgio. E não foi por outro motivo que as Furnas, depois chamadas de Agassiz, tiveram por certo tempo o nome de Pedras Santas”28. Segundo documento do Instituto Pereira Passos (IPP), “os jesuítas utilizavam grande número de escravos em seus empreendimentos, o que impulsionou a ocupação territorial e a expansão demográfica da área. A colonização teve início nos territórios do Engenho Velho e do Engenho Novo, estendendo-se posteriormente aos núcleos que se formavam no entorno dos templos construídos pelos religiosos, como a Igreja de São Francisco Xavier.”27 A Igreja de São Francisco Em 1783, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Engenho Novo. Pode-se dizer que os subúrbios cariocas nasceram no Engenho Novo, pois foi a partir daí que o progresso se acentuou.29 22 Segundo o Dicionário Histórico de Palavras Portuguesas em Tupi. Editora melhoramentos, 1982. 23 OLIVEIRA L. R. C. e AGUIAR N. Tijuca, de rua em rua. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2004. 24 Bairros do Rio: Tijuca e Floresta. Rio de Janeiro: Editora Fraiha, 2000. 25 Bairros do Rio: Tijuca e Floresta e Bairros do Rio: Méier e Engenho de Dentro. Rio de Janeiro: Editora Fraiha, 2000 e 2002. 26 Idem nota 2. 27 Notas Técnicas do plano Estratégico, 2, 3 e 4. Coleção Estudos da Cidade, IPP, 2003. Com a expulsão dos Jesuítas em 1759 pelo Marquês de Pombal, em decorrência das querelas provocadas por sua proclamação da liberdade indígena brasileira, suas terras foram confiscadas, batizadas de sesmaria do Iguaçu e vendidas pelo governo a novos proprietários, que abriram picadas e caminhos nas encostas dos morros com o objetivo de explorar a madeira e, posteriormente para o cultivo de frutas e hortaliças, e foram os colonizadores daquela região. Descrições de viajantes da época à região onde hoje se situa a Floresta da Tijuca revelam que era uma área de clima puro, beleza natural, águas límpidas e terras férteis com plantações de café, cana-de-açúcar, mandioca, frutas e que a Tijuca 28 Cruls, 1952, 139 apud Oliveira, 2004, 17. 29 Em meados do século XVII havia apenas três freguesias na cidade do Rio de Janeiro. A primeira foi a de São Sebastião, instituída a 20 de janeiro de 1569, quatro anos após a fundação da cidade. A segunda, criada em 1634, foi a da Candelária. A terceira, criada em 1644, foi a de Irajá. A quarta freguesia de Nossa Senhora do Loreto e Santo Antônio de Jacarepaguá foi criada de em 6 de março de 1661, pelo governador do Rio de Janeiro, João Correia de Sá, a partir de uma separação da Freguesia de Irajá. era um lugar de bons hotéis, belas resi-dências e grandes plantações. Mas o caminho até a Floresta era árduo e mesmo os índios nativos, os Tupinambás, iam lá apenas esporadicamente para capturar animais selvagens. Com o declínio da economia açucareira, os engenhos da região foram perdendo importância até serem desmobilizados e suas áreas foram então desmembradas em fazendas menores. Com a chegada da Corte ao Brasil, essas fazendas se tornaram importantes centros de abastecimento para a recém-aumentada população urbana. Especialmente no Engenho Velho, área mais próxima ao Centro, começou a surgir um bairro ocupado por nobres e ricos estrangeiros que habitavam chácaras, palacetes e vivendas, que ocuparam a área para fugir do calor e das epidemias do Centro, e passaram a explorar a área com o plantio de cafezais a fim de aumentar suas fortunas. A plantação de café possibilitou a ocupação intensiva do bairro e, em 1810, o Conde de Gestas, Aymar Marie Jacques, adquiriu um sítio acima da Cascatinha ao qual denominou Boa Vista. Parte desse sítio foi posteriormente vendido ao pintor francês Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Francesa que chegou ao Brasil em 1816. Nesse sítio, Taunay construiu um rancho de palha e mais tarde ergueu uma casa ao lado da Cascatinha onde hoje se encontra o restaurante de mesmo nome, mas da qual não existe mais vestígio. “Acima da Cascatinha, havia as chácaras da baronesa de Rouen, do conde de Gestas, do Roquefeuil, do conde de Montbéliard e do comerciante Carlos Midosi. Aos poucos, formou-se no Alto da Boa Vista uma concentração de nobres e comerciantes franceses que se dedicavam principalmente à cultura do café. Somando os novos métodos de plantio trazidos por esses estrangeiros à qualidade da água, do solo e do clima, os sítios e as fazendas alcançaram um grande desenvolvimento na época”30. Mas o uso intensivo da terra para o plantio de café levou à devastação das matas ainda existentes, especialmente a mata Atlântica, formando grandes espaços vazios que atraíram posseiros e foreiros e permitiram a ocupação do solo. O Imperador Dom Pedro II, assustado com tal situação, ordenou em 1861, juntamente com o Barão do Bom Retiro, o replantio total da floresta, após 30 OLIVEIRA L. R. C. e AGUIAR N. Tijuca, de rua em rua. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2004. intensivos debates com os latifundiários para desapropriação de suas terras e com os carvoeiros e lenhadores da região para que evitassem as queimadas e cortes de árvores, dando início ao que hoje conhecemos como Parque Nacional da Tijuca, que inicia na Praça Afonso Viseu, no Alto da Boa Vista. Foto da praça Afonso Viseu, no Alto da Boa Vista Foi também o Barão do Bom Retiro, um apaixonado pela Tijuca, que realizou a abertura dos caminhos que ligaram o Alto da Boa Vista à Vista Chinesa, ao Jardim Botânico e à Gávea pela Estrada Dona Castorinha. Ele residia por algum período do ano em um sítio denominado Solidão, encravado no interior da floresta, que até hoje preserva esse nome. Outra apaixonada pela floresta e pela botânica, a Imperatriz Leopoldina apreciava os passeios àquela região para seus estudos, e subia pelo antigo caminho da Fazenda Velha, depois denominada Estrada Nova e hoje em dia avenida Edson Passos para melhor apreciar a beleza e a tranquilidade da floresta. Costumava visitar também o sítio Boa Vista e quando sua filha, Maria da Glória, estava crescida a levava para passear de carro pela floresta. Com o advento da República, a floresta foi praticamente esquecida e só voltou a ser lembrada em meados do século XX quando contou com a paixão de Raymundo Castro Maya e a ajuda do arquiteto Vladimir Alves de Souza e do paisagista Burle Marx para sua recuperação, no período de 1943 a 1947. Em 1961, a Floresta da Tijuca foi finalmente alçada à categoria de Parque Nacional, um oásis dentro da cidade, e é considerada a maior floresta urbana do mundo. 8 “Ainda hoje, podemos encontrar na floresta vestígios das antigas chácaras e de seus proprietários. Ali onde fica o restaurante A Floresta, por exemplo, localizava-se a senzala dos escravos do major Archer. A seu lado, encontram-se as ruínas de sua residência. A pequena capela Mayrink, do começo do século XIX, depois de passar por vários proprietários como o visconde de Asseca, o conde de Gestas, o visconde Alves de Souto e o conde de Bonfim, recebeu o nome do último proprietário, o conselheiro Francisco Paula Mayrink. Pequena e modesta, guarda no interior obras do pintor Cândido Portinari. O adorável Jardim dos Manacás tem em seu centro uma fonte da fundição de Val d’Osne, datada de 1872. Meu Recanto, hoje Centro de Visitantes, era propriedade do barão de Mesquita e nela se realizava a secagem de grãos de café . Finalmente, o Restaurante Esquilos, antiga casa do barão d’Escragnolle, cujo nome lhe foi dado, em 1944, por Raymundo Castro Maya”. 31 A rua Haddock Lobo, antigamente denominada rua do Engenho Velho, é uma das ruas que trocou de nome ao longo dos séculos na Tijuca, mas outros nomes como Largo da Segunda-Feira, Muda, Usina e Alto da Boa Vista ainda se preservam. O Largo da Segunda-Feira adquiriu esse nome após um assassinato ocorrido na área que é hoje o encontro das ruas São Francisco Xavier, Haddock Lobo e Conde de Bonfim. Conta a história que nessa área que ficava perto do rio Trapicheiro, havia um vasto canavial, cortado por um pequeno riacho, sobre o qual existia uma ponte onde um homem apareceu assassinado numa segunda-feira e onde foi enterrado, passando o local a ser designado por este nome, por ser este um acontecimento incomum no século XVIII. A denominação Muda, por sua vez, está ligada aos animais que puxavam os bondes denomi-nados ‘maxambombas’ ou ‘carros da Tijuca’. Ao chegar a este local, os animais eram alimentados e ‘mudados’ por outros. Esses veículos foram mais tarde substituídos por vapor e energia elétrica, mas sua designação de Muda permaneceu. O nome Usina deve-se à usina geradora de energia elétrica para os trens da Estrada de Ferro da Tijuca, inaugurada em 1898, que partia do terminal dos bondes de burro, que se chamava Junção do Elétrico, para o Alto da Boa Vista. 31 OLIVEIRA L. R. C. e AGUIAR N. Tijuca, de rua em rua. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2004. A estação de bonde do Alto da Boa Vista foi construída em 1880 e continua no mesmo lugar até hoje no local onde funcionava o Bar das Pombas. Hoje, descaracterizada se parece mais com um chalé. Uma outra estação de bondes do Alto abriga o atual Centro de Arte Popular Heitor dos Prazeres. riormente funcionava na Casa Rosa, preservado dentro do Sesc Tijuca. Com a crescente industrialização da economia nacional e, em especial da cidade sede do governo brasileiro, nas primeiras décadas do século XX, a Tijuca viu instalarem-se inúmeras e diversificadas fábricas em seu território, especialmente por conta da água abundante da região. Fábricas de tecidos (algodão e lã), chapéus (de lã, palha e feltro), rapé, cigarros, cervejas, laticínios, conservas, papel etc. difundiam-se pela região. Na antiga Chácara do Mata, próxima ao Largo da Segunda-Feira, foi criado o primeiro internato do Colégio Pedro II que mais tarde foi ocupado pelo colégio Santa Teresa de Jesus e é até hoje dirigido pelas irmãs teresianas. A Fábrica das Chitas, fundada por volta de 1830, estampava tecidos de algodão vindos da Índia e ficava no Largo da Fábrica das Chitas, atual Saens Penha. Havia ainda a Fábrica de Tecidos Cruzeiro, fundada em 1895; a Fábrica de Rapé Areia Preta; a de papel Müller; a Fábrica de Fumos e Rapé de Borel & Cia, na Rua Conde de Bonfim. No Alto da Boa Vista, ficava a Fábrica de Rapé Paulo Cordeiro, mais tarde de Cigarros Souza Cruz. Na rua Conde de Bonfim, localizava-se o laboratório Fimatozan, fundado em 1904. Também criada em 1904, a fábrica da Brahma situava-se na Avenida Maracanã, onde atualmente fun-ciona o Supermercado Extra. Havia ainda a Cervejaria Maurim, na Rua Barão de Iguatemi, a Companhia Brasileira de Discos, na Estrada das Furnas, a Fábrica de Tecidos Covilhã, na rua Garibaldi. Destas fábricas todas, apenas a Fábrica de Bebidas Underberg funciona no bairro, na rua de mesmo nome, Paul Underberg. A Tijuca era também um lugar que abrigava grandes colégios, muitos dos quais foram instala-dos em locais onde havia antigas chácaras. O Instituto São Vicente de Paulo foi instalado na chácara da baronesa (depois condessa) de Lages no local onde hoje situa-se a rua Dr. Satamini. Fundado em 1853, tinha então o nome de Asilo Francês. Na Rua Mariz e Barros, no casarão doado pelo conselheiro Francisco Mayrink, ficava o Colégio Isabel, fundado pelo monsenhor Amador Bueno de Barros, em 1891. O Colégio Santos Anjos, de notável arquitetura, é outro famoso colégio da região que fica perto da Muda e foi ali instalado em 1900, mas ante- O primeiro Colégio Militar, que ficava no sopé do morro da Babilônia, foi instalado no antigo solar do Barão de Mesquita, construído em 1830 (hoje tombado pelo Patrimônio). Havia também o colégio para moças Sacré-Coeur, no Alto da Boa Vista, criado em 1905 e o colégio Batista, fundado em 1908, na rua São Francisco Xavier, mas que foi transferido em 1911 para a antiga propriedade do Barão de Itacurussá. O colégio Santa Marcelina é outro estabelecimento que funcionava no Alto da Boa Vista desde 1939 no prédio denominado Castelinho, mas que hoje funciona em um prédio construído em 1940. Na Usina, funcionava o colégio Regina Coeli, dentro da Floresta da Tijuca, inaugurado em 1909, na sede do antigo hotel Villa Moreau, mas nada resta dessa edificação. O colégio Maria Raythe foi erguido em 1914, na rua Haddock Lobo, em terreno doado por Maria Guilhermina Bernardes Rythe, onde funciona até hoje. No local onde hoje funciona a Fundação Bradesco, também na rua Haddock Lobo, funcionava o Instituto LaFayette masculino. Fundado em 1916 no antigo solar do Barão de Mesquita. O setor feminino do Instituto funcionava, desde 1928, no local onde residiu o duque de Caxias. O local cuja fachada ruiu e foi demolido na década de 80 foi, posteriormente, foi utilizado pela antiga loja de departamentos Mesbla. O colégio Marista São José, cujo externato funcionava na rua Barão de Mesquita desde 1928, está hoje desativado, embora seu prédio principal ainda se encontre preservado. O internato ainda funciona na rua Conde de Bonfim, desde 1932, em terreno íngreme de uma grande chácara, cujas águas de uma mina ainda abastece o colégio. Colégios públicos notáveis também não faltam à Tijuca, sendo destaque a Escola Municipal Menezes Vieira, fundada em 1913, a Escola Municipal Orsina da Fonseca, inaugurada em 1877, o Insti- tuto de Educação, instituído em 1880 e o Colégio de Aplicação, fundado em 1957 para que alunos da Uerj da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras pudessem praticar o magistério. Outro ponto de destaque na Tijuca eram os cinemas, cujo número de salas de projeção superava à Cinelândia em dois cinemas. Instalados no bairro, na rua Haddock Lobo nº 20, desde 1908, ano em que se regulamentou o fornecimento de energia elétrica em todo o centro da cidade. A musicalidade acompanhou o desenvolvimento do bairro desde os saraus ocorridos nas chácaras que caracterizavam a Tijuca, dos séculos XVIII e XIX, até as casas de espetáculo que começaram a aparecer no século XX. Ali surgiu o Bando dos Tangarás que contava com Noel Rosa, João de Barros, Carlos Braga (Braguinha), Almirante, nenhum destes residentes da Tijuca de fato. Outro cantor famoso, Lamartine Babo, que residia na rua Conde de Bonfim, na Muda. Na rua Haddock Lobo, perto da rua do Matoso, ficava o Divino Bar, ao lado do Cine Madrid e em frente ao cine Comodoro. Ali reunia-se a Jovem Guarda carioca e compositores como Tim Maia, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, que ali morava, Wanderléia, que residia na Almirante Cochrane, e Jorge Benjor. Hoje, o local é bastante decadente e nem de longe lembra essa época gloriosa. Era também em um sobrado da rua Jaceguai que se reuniam Ivan Lins, Gonzaguinha e Cesar Costa Filho para comandar o Movimento Artístico Universitário (MAU). É ainda na Tijuca que se situam três das grandes escolas de samba do Rio de Janeiro. A Unidos da Tijuca, mais antiga, foi fundado em 1931 no morro do Borel, cujos componentes iniciais vinham das fábricas da região: Cigarros Souza Cruz, Tecidos Maracanã, Laticínios Alto da Boa Vista, Tecidos Covilhã e outras do bairro. A Império da Tijuca, fundada em 1940, por Sinval Machado Silva, Emídio Cador e os irmãos Rodolfo e Joaquim Augusto de Oliveira. Finalmente, a Acadêmicos do Salgueiro, fundada em 1953, a partir de três agremiações do morro, destacando a região como reduto de sambistas famosos. Outro ponto notável na Tijuca é a Igreja situada na rua Haddock Lobo 266, construída em 1928 para guardar os restos mortais do fundador da cidade, Estácio de Sá, e o marco fundador, conhecida como Igreja dos Capuchinhos. 9 A Tijuca é o único bairro do Rio cujos moradores possuem um epíteto: tijucano, do qual, aliás, se orgulham. Sua melhor definição, segundo Oliveira, é: tradicional, saudosista e amigo. Ainda segundo Oliveira, ela mesma uma tijucana, os moradores do bairro conhecem seus vizinhos e comerciantes locais há anos, a casa onde foram batizados, participam de encontros de ex-alunos, caminham na praça Xavier de Brito, aprendem a dirigir nas curvas do Alto da Boa Vista, adoram a Floresta da Tijuca, lembram com saudades dos cinemas de rua e, mesmo que mudem para a Barra da Tijuca, que adoram, continuam procurando pretexto para passear no bairro. ANDARAÍ O nome do bairro do Andaraí tanto pode ter procedência no antigo nome do rio Joana, que se chamava ANDARA-HY AÇU, ou “rio Grande dos Morcegos”, ou no Pico do Andaraí, cuja tradução do tupi para o português seria “empinado para cima”, mas não há uma descrição histórica precisa de sua etimologia. Indissociável da Tijuca inicialmente, o atual Andaraí fazia parte do território doado aos Jesuítas ainda no início do período colonial, como o Andaraí Grande. A Tijuca, antigamente denominada Andaraí Pequeno, sofreu o retalhamento do seu território quando da expulsão dos Jesuítas e “lá pelo século XIX parte dessas terras teriam sido adquiridas por um juiz, tornando-se um grande latifúndio. Mais tarde vieram as chácaras e depois as vilas de casas populares, ainda hoje muito frequentes, que abrigavam os operários das fábricas que lá pelos anos 1890 passaram a ser comuns no bairro. Depois, lentamente essas fábricas foram sendo desativadas”32. Ainda no século XIX, o termo “Andaraí Grande” foi abolido, dando origem aos bairros de Vila Isabel (1873), Aldeia Campista e Grajaú (1912). Os primeiros registros de loteamentos regulares na área datam de 1917, em torno das atuais ruas Leopoldo e Barão de Mesquita, que foi a primeira rua do bairro, em 1875, aberta com o nome de Estrada do Andarahy, marcando o bairro como um bairro tipicamente residencial. 32 A denominação; delimitação e codificação do Bairro foram estabelecidas pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985. http://portalgeo. rio.rj.gov.br/armazenzinho/web/ BairrosCariocas/main_bairro.asp?area=037 “A partir de meados do século XIX, o Andaraí tornou-se um bairro industrial, com a instalação da primeira fábrica de tecidos do Rio de Janeiro: a Fábrica São Pedro de Alcântara de Tecidos de Algodão. Ao lado da fábrica, foi fundado o Hospital Militar do Andarahy Grande, onde atualmente é o Batalhão Zenóbio da Costa (1º Batalhão da Polícia do Exército), localizado entre a Rua Barão de Mesquita e a Avenida Maracanã. Outros estabelecimentos industriais e comerciais estabeleceram-se posteriormente no bairro, como América Fabril (onde atualmente localizam-se a ASBAC, a sede de Compensação Nacional do Banco do Brasil e o Núcleo Habitacional Solaris da Torre mais conhecido por “Tijolinho”), Knoll, Atkinson e a Companhia Hanseática (onde funcionou a Cervejaria Brahma até final da década de 90, área atual do Supermercado Extra, na Rua José Higino), entre outros estabelecimentos menores”33. elaborada... A marcha ‘Ô Abre Alas’ tornou-se o seu maior sucesso e é tocada até hoje em todos os bailes carnavalescos”.34 O Rio Cidade beneficiou recentemente o entorno da rua Barão de Mesquita na sua parte da Andaraí, levando melhorias às calçadas, novos estacionamentos, criação de novas baias de ônibus, entre outros aportes. Nele foi construído o Iguatemi Shopping, na divisa com Vila Isabel, inaugurado em 1996. Em virtude da intensa industrialização do bairro, vilas operárias foram se formando no entorno das fábricas. Atualmente muitas das moradias dos antigos operários ainda estão preservadas. No século XX, o bairro deixou de lado sua virtude industrial e passou a ser um bairro residencial, com a construção de inúmeros condomínios e edifícios. Neste século também, estabeleceram-se no bairro o estádio do América Football Club, na Rua Barão de São Francisco (onde, em 1996, foi construído o Shopping Iguatemi). A partir do surgimento do Estado da Guanabara, os limites do Andaraí foram reduzidos e definidos e outra forma, começando na Praça Lamartine Babo, entrando pela Rua Gonzaga Bastos e subindo em toda a extensão da Teodoro da Silva. Dobrando na Rua Barão do Bom Retiro, subindo a Rua Borda do Mato até a serra. Em toda a extensão da Rua Uruguai até o Rio Maracanã, onde divide com a Tijuca, só não lhe pertencendo a Rua Espírito Santo Cardoso. Foto do Shopping Iguatemi, na divisa do Andaraí com Vila Isabel. 34 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-docarnaval/chiquinha-gonzaga-2.php “Por volta de 1899, Chiquinha mudou-se para o bairro do Andaraí. Lá, os cordões carnavalescos faziam grande sucesso, agremiando moradores e foliões de diversos cantos da cidade. Um dia, em sua casa, ao ouvir despreocupadamente os ensaios do cordão Rosa de Ouro, sentou-se ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo. Assim nasceu a primeira música de carnaval. Até então, nenhum compositor havia elaborado uma composição para um cordão carnavalesco, o que existia eram estribilhos populares, sem melodia 33 http://pt.wikipedia.org/wiki/Andara%C3%AD_(bairro_ do_Rio_de_Janeiro) 10 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DAS COMUNIDADES DO COMPLEXO DA TIJUCA O histórico da ocupação das comunidades que constituem o que aqui se denomina Complexo da Tijuca remete ao início do século XX, mas não difere muito da ocupação das demais comunidades dos subúrbios cariocas. Baseia-se na própria história do país e da cidade, assim como na ação do poder público e das classes urbanas hegemônicas com relação às diretrizes de uso e ocupação do solo urbano.35 A ocupação das encostas, das áreas públicas e daquelas desprovidas de serviços públicos e benfeitorias, mas próximas aos locais de oferta de empregos, apresentou-se como a solução possível à exclusão econômica e social no âmbito de um modelo econômico urbano industrial. Este movimento se deu através de um processo de autoconstrução, mas de forma problemática e insuficiente. No final do século XIX e início do século passado, a cidade do Rio de Janeiro encontrava-se em um momento de forte contradição. De um lado, havia a economia cafeeira e escravagista, em franco declínio, e de outro, havia a ascensão da economia ancorada na industrialização e num crescente modo de produção capitalista e que já se espalhava por toda a cidade. Além disto, a Libertação da Escravatura, a Proclamação da República e as mudanças tecnológicas ocorridas no mundo todo em função da Revolução Industrial, principiavam a reorganizar as feições da cidade. Na Tijuca, assim como em muitos bairros da zonas Sul, Norte e subúrbios cariocas espalhavamse as indústrias dos mais diversos tipos. Assim, ainda que os pressupostos e marcos regulatórios de uma cidade formal nem sempre se apliquem à singularidade das áreas das comunidades de baixa renda, com sua cultura e modus vivendi próprios, o que salta aos olhos é a falta de serviços básicos, infraestrutura urbana e a precariedade das habitações. Essa conjuntura, é claro, refletiu-se em toda a política e vida cotidiana nacional, mas, com a peculiar situação da cidade, essas questões e contradições ficavam mais evidentes e começavam a se refletir na estruturação espacial da cidade, quer no seu conteúdo, quer na sua aparência, que acabou marcada pelo processo de desenvolvimento altamente desigual e contraditório, num curso caracterizado por forte estigmatização e segregação espacial que finalizaram por caracterizar o desenvolvimento urbano da cidade. A vinda da família real portuguesa que tornando a cidade a nova capital do Império transformou-a, segundo o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti, professor da Universidade Federal Fluminense na segunda cidade mais rica de todo o império, atrás apenas de Lisboa.36 O rápido crescimento populacional e a inclusão de uma nova classe social, até então praticamente inexistente, apoiaram novas necessidades na cidade, novos desejos e impõe outro cenário que facilitasse o desempenho das atividades econômicas, políticas e ideológicas que a cidade passa a exercer. As classes urbanas ligadas ao desenvolvimento industrial, sobretudo a classe trabalhadora livre nacional e estrangeira, crescia à proporção que prosperava a economia capitalista e à medida que o Rio de Janeiro se adequava ao desenvolvimento global do país. Na época, sempre vinculado à urbanização de um modo geral, modernizando-se e ajustando-se às demandas da inserção do país na economia mundial, a terra urbana passou a adquirir um valor de mercado com o qual as populações mais pobres, sempre crescentes nesse processo, não podiam arcar. 35 Referências bibliográficas: A maior parte dos dados apresentados neste item foram extraídos de ABREU, M. de A. A evolução urbana do Rio de Janeiro. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Ipanrio/ZAHAR, 2010; CARVALHO, D C. História do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: DGDI, Divisão de Editoração da Secretaria Municipal de Saúde, 1994 e JUNIOR, D. M. Rio de Janeiro: Planos, plantas e aparências. Rio de Janeiro: João Fortes Engenharia, 1988. Alguns dos fatos históricos analisados anteriormente, são do mesmo modo consideráveis para o processo de favelização da cidade do Rio de Janeiro, e se combinam com o processo de desenvolvimento político e econômico nacional, tendo em conta que o Rio de Janeiro tinha também o status de capital, primeiro da Colônia, depois do Império e, finalmente, da República. Outro fato importante, também já analisado, foi a independência no país e nessa época o Rio de Janeiro era ainda uma pequena cidade com cinco freguesias urbanas, confinadas entre os morros do Castelo, Santo Antônio, São Bento e Conceição. Eram as freguesias da Candelária, São José, Sacramento, Santa Rita e Santana localizadas onde hoje se encontram as RAs do Centro e Portuária. As demais freguesias eram predominantemente rurais. As freguesias centrais de Candelária e São José foram pouco a pouco se notabilizando por ser o local preferido de ocupação das classes dirigen36 Chegada da corte portuguesa muda o Rio de Janeiro; Wanderley Preite Sobrino - Colaboração para a Folha Online em 07/03/2008 tes. As demais freguesias: Sacramento, Santa Rita e Santana (as duas últimas situadas onde hoje estão os bairros de Saúde, Santo Cristo e Gamboa) foram ocupadas e adensadas pelas demais classes sociais. A ocupação da cidade pelas classes de maior poder aquisitivo e capacidade de mobilidade, portanto, deu-se a partir de dois vetores principais: para o sul, onde se deslocavam as classes mais abastadas, ocupando terras das chácaras que foram sendo retalhadas para esses fins e onde habitava a rainha Carlota Joaquina ou para a região de São Cristóvão, privilegiada por ser o local de residência da família Imperial, depois que a área de mangue do Saco de São Diogo foi aterrado – local onde atualmente se situa a Cidade Nova – área que era vizinha ao Caminho do Aterrado ou Caminho das Lanternas – hoje situado do lado par da Avenida Presidente Vargas. A ação do poder público foi definitiva para o crescimento territorial das áreas urbanas, abrindo caminhos e estradas para os arredores da cidade para onde se dirigiram as classes mais ricas (São Cristóvão e Zona Sul). Enquanto isto, as classes menos abastadas ocupavam cada vez mais as áreas centrais da cidade, fossem trabalhadores livres ou escravos, devido, principalmente, ao seu menor poder de mobilidade dentro do território. O trem e o bonde, como vimos, mudaram esse cenário. Após 1870, aproximadamente, a cidade começou a sofrer um acelerado processo de expansão, graças à mobilidade que a implantação dos bondes e trens permitiu, como se viu anteriormente. Enquanto o primeiro convinha basicamente para intensificar a ocupação de áreas já consolidadas e em franca expansão, como Catete, Glória, Botafogo, Gávea, Copacabana, Tijuca, Andaraí, Vila Isabel, Grajaú, Maracanã, São Cristóvão, os trens convieram a outro vetor de expansão da cidade, as freguesias que até sua implantação eram basicamente rurais, produzindo matéria prima e alimentos para as freguesias centrais do Rio de Janeiro e para exportação, como era o caso do café naquela época. A partir de sua implantação e ao longo de seu percurso e, sobretudo ao redor das estações, um vigoroso processo de ocupação começou a dar forma aos subúrbios cariocas, especialmente após a década de 30. Em fins do século XIX, às vésperas da República, o Rio de Janeiro contava já com 21 fregue- sias urbanas e rurais. Destas últimas, surgiram os subúrbios cariocas. Cascadura e Engenho Novo eram então freguesias rurais que mantinham relações constantes com as freguesias da área central. Mas, a despeito de todos os melhoramentos introduzidos ao longo do século XIX, o problema habitacional, especialmente nas áreas centrais da cidade, muito adensadas, e as epidemias de febre amarela tornaram-se preocupantes para os dirigentes da cidade. Medidas preventivas e saneadoras que pudessem minimizar os efeitos que a degradação das condições de vida trazia para a cidade e para a força de trabalho faziamse necessárias e foram tomadas. Uma delas foi com a criação de vilas operárias, alavancadas por decretos que estimulavam sua construção em troca de favorecimentos fiscais. Pela primeira vez, o Estado assumia seu papel formal de subsidiar a reprodução da força de trabalho. A cidade do Rio de Janeiro, no entanto, ao assumir o papel de capital da República, de uma cidade capitalista, precisava adequar-se ainda mais às premissas postas pela necessidade de criação, concentração e acumulação de capital. Assim, outra medida tomada foi a reforma urbana levada a cabo pelo então Prefeito Pereira Passos, no início de século XX (1902-1906) que representou a maior revolução até então planejada do espaço da cidade para, via transformação da forma urbana, resolver as contradições que apresentava na representação simbólica de um estado capitalista moderno, uma vez que era a capital nacional, que divulgasse sua importância no contexto internacional como principal produtor de café do mundo. Mas, serviu também para resolver, na prática, as questões da produção e reprodução do capital. Era preciso agilizar a exportação e importação de bens e mercadorias e a adoção de medidas higienistas com a finalidade de acabar com os surtos de febre amarela que tanto desabonavam a imagem da cidade internacionalmente. Atraída pelo desenvolvimento industrial, a população proletária não parou de crescer e aparentemente dirigiu-se maciçamente para os subúrbios. Os dados sobre o crescimento das freguesias suburbanas mais próximas ao Centro parecem confirmar este fato. Até a década de 20, a preferência de localização industrial se dava na região do Porto e em São Cristóvão. O apoio do Estado Novo às atividades 11 industriais a partir da década de 30, possível graças à crise mundial do capitalismo em 1929 e à segunda Guerra Mundial, expandiu esse setor produtivo e mudou significantemente o padrão de localização industrial para as áreas servidas pelas três principais linhas de trens: a Leopoldina, a linha Auxiliar e a Rio Douro. Nestas regiões, os terrenos eram mais baratos. Como consequência redirecionou o crescimento suburbano para essas áreas. Nesse período, o Estado passou também a intervir de forma mais objetiva no processo de localização industrial e o Decreto-lei 6.000/37 definiu pela primeira vez uma zona industrial para a cidade. Pelo Decreto, foram excluídas as áreas da zona Sul, de importante tradição fabril, o ramal de Santa Cruz, a margem esquerda da linha da Central do Brasil e as linhas situadas entre esta e a Baixada de Jacarepaguá. Incluía São Cristóvão, o novo bairro de Jacarezinho até Bonsucesso e, pela orla litorânea, até Ramos. Nos anos 50, a inauguração da Avenida Brasil fomentou um novo eixo de expansão fabril. Se por um lado, essas medidas representaram um exemplo importante da intervenção do Estado no espaço da produção capitalista, que significou a eliminação das formas antigas e contraditórias com a nova realidade, por outro lado, ao eliminar do Centro da cidade os espaços normalmente ocupados pelas classes pobres e trabalhadoras, os cortiços, sem uma adequada política de construção de casas populares, alavancou uma aceleração da ocupação dos subúrbios. Com isso, os morros do Centro da Cidade (Providência, São Carlos, Santo Antônio) passaram a ser ocupados pelo que viria a ser uma referência na paisagem carioca, as favelas. A designação de favela para os assentamentos subnormais resulta, aliás, da ocupação do Morro da Providência, o primeiro a ser ocupado, que já era conhecido, desde 1897, como Morro da Favela, quando passou a ser tomado por militares de baixa hierarquia que retornavam da Guerra de Canudos. O modelo de planejamento urbano estratégico traz consequências, apontadas por seus críticos, que promovem ou pioram a fragmentação e a segregação espacial e ainda o acirramento das disparidades sociais, o que pode também contribuir para a condição de “problema” das áreas de favelas. Na contramão, o que observamos é a adoção de práticas que dizem estar de acordo com os conceitos desse modelo de gestão e intervenção urbana, justamente para se obter o cenário oposto nas favelas cariocas – o de integração e o de inclusão social. Estabelece-se assim um paradoxo interessante.37 Na década de 80, as favelas são já um fenômeno urbano materializado e consolidado, integrado à paisagem da cidade. O reconhecimento desse fato levou às práticas políticas integradoras no tecido urbano nos períodos subsequentes, mas que, num período marcado pelo autoritarismo não se deu sem lutas, especialmente das Associações de Moradores locais. Na área que compreende o Complexo da Tijuca o processo de favelização remonta ao início do século XX e as encostas do maciço da Tijuca e do Andaraí receberam uma parte do contingente populacional que foi removido da área central da cidade quando das medidas higienistas e renovadoras impostas pela reforma urbana do prefeito Pereira Passos que as expulsou dessa área. Uma das mais antigas comunidades a ocupar a Tijuca foi a do morro do Salgueiro, em 1901. Segundo informações dos moradores, os primeiros habitantes da favela foram os escravos que abandonaram as fazendas de café, no Alto da Boa Vista, e começaram a ocupar o local construindo as primeiras choupanas, que depois estenderam para outros pontos. Na década de 1940, o crescimento da favela acelerou, devido ao processo migratório do interior do Rio de Janeiro, sobretudo da região Norte-fluminense do estado. Em 1966, o crescimento já estava estabilizado e a população da favela assistiu a desabamentos e remoções de famílias devido à ocorrência de fortes chuvas. Outra das mais antigas comunidades a ocupar a área da Tijuca foi a do morro da Formiga. Os registros mais antigos da ocupação da favela datam de 1911, por migrantes. No entanto, a intensificação da ocupação teve início a partir de um loteamento que se estendeu pelas encostas adjacentes, principalmente nas décadas de 1940 e 1960. A ocupação do morro do Borel teve início no ano de 1922 e, assim como todas as favela da cidade, era uma saída para a grave crise habitacional da época. Antes, o terreno do morro era de propriedade da família francesa Puri Borel, que realizava extração de madeira. Posteriormente, proliferaram os casebres de madeira com telhado de zin37 MENDES, I. C. R. Programa Favela-Bairro: uma inovação estratégica? Estudo do Programa Favela-bairro no contexto do plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado para a FAUUSP, São Paulo, 2006. co em uma área de vegetação densa que concentrava muitas nascentes de água. A área onde se situa a comunidade de Doutor Catrambi era uma fazenda do Conde Modesto Leal, que teve sua ocupação anterior a 1926, quando os herdeiros lotearam a área. Alguns dos atuais moradores possuem promessa de compra e venda registrada em cartório. Os moradores considerados invasores são geralmente pessoas que habitavam próximo a área, e que não conseguiram pagar o aluguel, passando a construir suas moradias no local. A ocupação das áreas dos morros da Casa Branca e Bananal tiveram início a partir de 1931, quando começou a funcionar uma pedreira no morro da Casa Branca e os operários desta procuraram se estabelecer próximo ao local de trabalho. A pedreira foi interditada em 1969, porém, a ocupação continuou intensificando-se devido à grave crise habitacional da época. A ocupação do Morro do Bananal começou com poucas moradias no meio de uma plantação de bananeiras, que chegava até a rua Gurindiba. Atualmente, as comunidades da Casa Branca e Bananal fazem parte do complexo do Borel, que inclui ainda as comunidades da Indiana, Morro do Cruz e Chácara do Céu. O início da ocupação do morro da Coréia ocorreu entre as décadas de 1940 e 1950, aproximadamente em 1946, quando uma família instalou-se no terreno, sendo posteriormente ocupado por outros moradores. Em 1966, um senhor se apresentou como dono da terra, despejando várias famílias que ali residiam. Estas foram removidas para uma capela, atual sede da Associação de Moradores. Em seguida, alguns retornaram e outros foram para a Cidade de Deus. No passado, a área apresentava uma vegetação densa, o que favoreceu a futura instalação de moradores, em 1941, no morro do Jamelão. Após determinado período, houve a migração de várias famílias provenientes da região Nordeste para o local. Consequentemente, ocorreu o desmatamento para a construção das moradias. Os primeiros moradores do morro do Andaraí eram portugueses e espanhóis que realizaram a grilagem do local, durante a década de 1930. A comunidade apresentou uma expansão maior a partir da década de 1940 e, na década de 1990, se encontrava em processo de expansão vertical. No entanto, as últimas grandes chuvas de fevereiro de 1988 provocaram a morte de três pessoas e a destruição de casas e ruas na parte mais alta e íngreme do morro . A maior parte dos domicílios dessa comunidade é de alvenaria. A comunidade do Morro do Cruz fica no sopé do Morro do Andaraí e se dividem entre a VIII e a IX Regiões Administrativas. Segundo relatos de moradores, a ocupação das comunidades começou em 1941, pelo Buraco Quente. O Morro do Cruz recebeu seus primeiros moradores em 1950. Eram famílias nordestinas, que construíram suas casas com a permissão dos proprietários do terreno, que ficou conhecido como “subida da chácara”, numa referência à mansão de Kalil M. Gebara, proprietário da área. A partir daí, outras casas surgiram em diferentes terrenos, cujos proprietários jamais reclamaram a devolução das terras. Segundo a Associação de Moradores, a família de José Pereira da Cruz foi a primeira a ocupar o local, o que explicaria o nome do morro. Em 1978, 104 moradores assinaram à ata de fundação da Associação de Moradores do Morro do Cruz. Segundo dados de 2001, moram no Morro do Cruz cerca de 1.100 pessoas; na comunidade de França Júnior, 288; e no Buraco Quente, 357. Na década de 80, as favelas já eram um fenômeno urbano materializado e consolidado, integrado à paisagem da cidade. O reconhecimento deste fato levou às práticas políticas integradoras no tecido urbano nos períodos subsequentes, mas que, num período marcado pelo autoritarismo, não se deu sem lutas, especialmente das Associações de Moradores locais. “Nos primeiros anos desse período a necessidade de urbanização das favelas e de participação dos moradores neste processo já aparece na agenda política dos governos. A este respeito, a primeira gestão do governo Brizola (1982-1986) foi reveladora, definindo uma nova forma de interlocução com as comunidades faveladas, senão menos autoritária, certamente menos tecnocrática.”38 Destaca-se assim que, historicamente, as associações têm atuado, sobretudo, como mediadoras tanto nos conflitos e lutas pelo espaço urbano ocupado, quanto na briga pela instalação de bens de consumo coletivo de infraestrutura urbana. No Rio de Janeiro como um todo, é notável esse processo de favelização crescente, especialmente nas áreas servidas pelos transportes urbanos de massa, trens e metrô, assim como a degradação evidente da infraestrutura, dos serviços e equipamentos urbanos. 38 Idem nota anterior 12 LEGISLAÇÃO VIGENTE E RESTRIÇÕES URBANÍSTICAS E AMBIENTAIS NA ÁREA DO COMPLEXO DA TIJUCA As comunidades que compõem o Complexo da Tijuca inserem-se na AP 2 e pertencem às XVIII e IX Região Administrativa (R.A.) - Andaraí e Tijuca, respectivamente - do município do Rio de Janeiro.39 A legislação urbanística define a divisão administrativa, o uso permitido e as restrições tanto urbanísticas quanto ambientais do município e, portanto, dos bairros onde se inserem am comunidadem do Complexo da Tijuca. A partir da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, a cidade passou a ser capital do novo estado. Em 1977 o poder público se viu diante da necessidade de elaborar um novo plano para a cidade, Plano Urbanístico Básico - PUB-Rio, aprovado pelo Decreto nº 1269 de 27 de outubro de 1977. Este plano dividia o território municipal em cinco Áreas de Planejamento, instituía os Projetos de Estruturação Urbana (PEU) para o planejamento local, respeitando as características dos diferentes bairros e criava políticas setoriais para o desenvolvimento econômico e social. Além disso, o Decreto nº 322, de 3 de março de 1976, aprovou o Regulamento de Zoneamento do Município do Rio de Janeiro que já definia as regras para o uso e ocupação do solo. O decreto, no Capítulo II – Divisão e Delimitação das Zonas – Art. 4º definiu as seguintes zonas, com as delimitações adiante referidas: I – área central (AC), com duas subdivisões: AC-1 e AC-2, delimitadas nos anexos 1 e 2; II – zona industrial (Zl), com duas subdivisões: Zl-1 e ZI-2, delimitadas nos anexos 3 e 4; lll – zona portuária (ZP), delimitada no anexo 5; IV – os centros de bairro (CB), com três subdivisões: CB-1, CB-2 e CB-3, compreendendo os logradouros e as quadras relacionados no anexo 20; V – zona de indústria e comércio (ZlC), delimitada no anexo 14; 39 A maior parte dos dados e mapas aqui apresentados encontram-se disponíveis no site da Secretaria Municipal de Urbanismo: http://www2.rio.rj.gov.br/smu/ e no site do Armazém de dados da Prefeitura do Rio de Janeiro: http:// www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/. MAPA 01 – Divisão administrativa do Município com destaque para a AP3 Vl – zona turística (ZT), com duas subdivisões: ZT-1 e ZT-2, delimitadas nos anexos 6 e 7; Vll – zona residencial (ZR), com seis subdivisões: ZR-1, ZR-2, ZR-3, ZR4, ZR-5, ZR-6, delimitadas nos anexos 8, 9, 10, 11, 12 e 13; Vlll – zonas especiais (ZE), que são: 1 – ZE-1 – zona de reserva florestal –, de que trata o art. 157*; (*Obs. Na realidade, é o art. 163, cuja redação diz: A ZE-1 compreende as áreas acima da curva de nível de 60 m, nos morros do Pão de Açú- car, Urca, Telégrafo, e serra do Engenho Novo, e as que estão acima da curva de nível de 100m, nos demais morros e serras do Município, consideradas áreas de reserva florestal, obedecida a competência federal). 2 – ZE-2 – Ilha de Paquetá –, compreendendo a XXl Região Administrativa; 3 – ZE-3 – Santa Teresa –, delimitada no anexo 15; 4 – ZE-4 – Guaratiba –, delimitada no anexo 16; 5 – ZE-5 – Barra da Tijuca –, delimitada no anexo 17; 6 – ZE-6 – Grumari –, delimitada no anexo 18; 7 – ZE-7 – áreas de administração e governo –, compreendendo aquelas sob jurisdição militar, 8 – ZE-8, Cidade Nova (Regulada pelo Decreto nº 10.040, de 11/3/1991); 9 – ZE-9; (Acrescentado pelo Decreto nº 1.271, de 27/10/1977, e revogado pelo Decreto nº 13.177, de 26/8/1994) 13 MAPA 03– ZONEAMENTO (delimitação ZE - 1 e ZE-10) MAPA 02– Divisão Administrativa MAPA 04 – Demarcação da Divisão Administrati va, do Zoneamento e das áreas protegidas 14 (O Decreto nº 3.103, de16/6/ 1981, acrescentou o item 10 – ZE-10:) 10 – ZE-10 – de recuperação urbana de áreas já consolidadas, constituídas por aglomerações de habitações subnormais, consideradas de interesse social... (Ver mapa 02, acima). § 4º - Os bairros correspondem a porções do território que reúnem pessoas que utilizam os mesmos equipamentos comunitários, dentro de limites reconhecidos pela mesma denominação. Art. 44 - O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO respeitarão os seguintes princípios e objetivos: Garantido pela Constituição Federal de 1988 e em clima de abertura democrática e participação popular, foi elaborado o Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro, Lei Complementar nº 16, de 04 de junho de 1992, atualmente em vigor. Mais do que diretrizes para o desenvolvimento da cidade o Plano Diretor estabelece instrumentos e regras para o planejamento, visando distribuir mais justamente os recursos aplicados na cidade. Funciona como uma carta de princípios para o planejamento urbano que, com as constantes e rápidas transformações da sociedade, torna-se cada vez mais importante para fazer frente às desigualdades econômicas e sociais nas cidades. I - distribuição equilibrada dos ônus e benefícios da urbanização e atendimento à função social da propriedade, com a subordinação do uso e ocupação do solo ao interesse coletivo; Do ponto de vista DA ORDENAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO o Rio de Janeiro de acordo com o Plano Diretor, Lei Complementar nº 16/92 corrobora as áreas definidas no PUB-Rio e define as áreas seguintes: V - prioridade para a ocupação dos vazios urbanos que não atendam ao interesse coletivo para o adensamento das áreas com potencial de melhoria de infra-estrutura, controlando-se a expansão da malha urbana; Art. 42 – Para o planejamento e controle do desenvolvimento urbano o território municipal divide-se em: VI - adensamento ou controle de crescimento de áreas em função da oferta de transportes; I - Áreas de Planejamento - AP; II - Regiões Administrativas – RA; III - Unidades Espaciais de Planejamento - UEP; IV - Bairros. § 1º - As Áreas de Planejamento são formadas por agrupamento de várias Regiões Administrativas e poderão ser divididas em Subáreas de Planejamento, em função de fatores sócioeconômicos e de relativa homogeneidade da ocupação. § 2º - As Regiões Administrativas são formadas por uma ou mais Unidades Espaciais de Planejamento. § 3º - As Unidades Espaciais de Planejamento correspondem às áreas objeto dos Projetos de Estruturação Urbana, constituídas por um ou mais bairros em continuidade geográfica e definidas por analogias físicas ou urbanísticas, segundo indicadores de integração e compartimentação. II - proteção do meio ambiente e respeito aos recursos naturais e ao patrimônio cultural como condicionantes da ocupação do solo; III - não remoção das favelas; IV - inserção das favelas e loteamentos irregulares no planejamento da Cidade com vista à sua transformação em bairros ou integração com os bairros em que se situam; VII - controle do impacto das atividades geradoras de tráfego nas áreas já adensadas e nos principais corredores de transportes; VIII - prioridade na distribuição de investimentos públicos para: a) a Área de Planejamento 3; b) a XVI Região Administrativa - Jacarepaguá, na Área de Planejamento 4; c) a Área de Planejamento 5; Art. 45 – A ocupação urbana do Município consolidará os grandes vetores de crescimento do centro da Cidade para a Zona Norte – Área de Planejamento 3, para a Zona Oeste – Área de Planejamento 5 para região de Jacarepaguá, na Área de Planejamento 4, bem como os vetores que se irradiam a partir de centros de comércio e serviços. Art. 65 - As diretrizes de uso e ocupação para a Área de Planejamento 2 são as seguintes: I - contenção do adensamento dos bairros para evitar a saturação da infra-estrutura existente; a) IV Região Administrativa - Botafogo; II - preservação da paisagem, com a proteção dos monumentos naturais e construídos, em função do potencial de lazer e turístico de alcance metropolitano, nacional e internacional; II - Subárea de Planejamento 2-B: III - reestruturação dos centros de comércio e serviços da Tijuca e de Copacabana, com o estabelecimento de critérios para a utilização dos espaços públicos, assegurada a livre circulação de pedestres e a redução da intensidade do transporte rodoviário no interior dos centros; IV - estruturação da faixa ao longo da linha do sistema metroviário nos bairros do Catete, Flamengo, Botafogo e Tijuca, com o estímulo à ocupação dos lotes remanescentes com equipamentos urbanos de uso coletivo; PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO V - criação de condições de estacionamento compatíveis com as características locais em todos os bairros; VI - racionalização da circulação de veículos coletivos de passageiros e individual nos principais corredores, para redução da poluição sonora e do ar; VII - implantação de sistema cicloviário; VIII - prioridade para projetos e investimentos no trecho Tijuca, e suas adjacências, do sistema Zona Norte de esgotamento sanitário da Companhia Estadual de Águas e Esgotos - CEDAE; IX - criação e delimitação das áreas de crescimento limitado nos bairros de Copacabana, Flamengo e Laranjeiras; X - controle e fiscalização da ocupação de encostas e vistas panorâmicas, visando à preservação ambiental e paisagística. Parágrafo único - A Área de Planejamento 2 fica dividida em Subáreas assim definidas: I - Subárea de Planejamento 2-A: b) VI Região Administrativa – Lagoa. a) V Região Administrativa – Copacabana. III - Subárea de Planejamento 2-C: a) VIII Região Administrativa - Tijuca; b) IX Região Administrativa - Vila Isabel; IV - Subárea de Planejamento 2-D: a) XXVII Região Administrativa - Rocinha. Art. 66 - Integram o patrimônio paisagístico do Município, sujeitos à proteção ambiental, as seguintes áreas e bens localizados no território da Área de Planejamento 2: I - a orla marítima, entre o Aeroporto Santos Dumont e a Praia da Gávea, em São Conrado, incluídos as faixas de areia, as formações rochosas, as ilhas, as amuradas e os cais de atracamento existentes; II - O Maciço da Tijuca; III - os Morros Azul, Cara de Cão, Cochrane, Corcovado, da Babilônia, da Catacumba, da Formiga, da Saudade, da Urca, da Viúva, de São João, do Cantagalo, do Leme, do Pão de Açúcar, do Pasmado, do Urubu, Dona Marta, dos Cabritos, dos Macacos, Mundo Novo e Nova Cintra; IV - as Pedras Bonita, da Babilônia, da Gávea, do Arpoador e Dois Irmãos; V - os Parques da Catacumba, da Chacrinha, da Cidade, do Flamengo, do Pasmado, Garota de Ipanema, Guinle e Laje; VI - o Parque Nacional da Tijuca; VII - o Jardim Botânico; VIII - a reserva florestal do Grajaú; IX - o Gávea Golfe Clube; X - os fortes de Copacabana, de São João e do Leme; XI - o arquipélago das Cagarras; XII - a Lagoa Rodrigo de Freitas, suas ilhas e as áreas de seu entorno; 15 MAPA 05 – Uso do solo com destaque para a AP 2 e para a área do Complexo da Tijuca 16 XIII - outros conjuntos arquitetônicos e monumentos de valor cultural e paisagístico da Área. Parágrafo único - Na hipótese de demolição de edificação situada no entorno do Morro da Viúva, o Poder Público instituirá servidão de passagem para assegurar o acesso a esse bem natural e a sua contemplação. Art. 130 - O programa de proteção e valorização do patrimônio cultural e do ambiente urbano compreenderá: I - a delimitação e declaração das Áreas de Proteção do Ambiente Cultural e definição dos critérios de proteção; II - a proteção e valorização da paisagem e dos conjuntos urbanos de interesse; III - a identificação dos ambientes urbanos adequadamente integrados à morfologia da Cidade que terão seu crescimento e renovação compatibilizados com as necessidades de proteção; IV - a elaboração de projetos de recomposição da paisagem, do ambiente urbano e da recuperação dos logradouros e espaços públicos, visando à sua adequação aos conjuntos protegidos; V - a revisão dos procedimentos e avaliação permanente da aplicação de isenção do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana como instrumento de incentivo à conservação do patrimônio cultural; VI - a criação de novos instrumentos de caráter tributário, urbanísticos e financeiros de incentivo à conservação do patrimônio cultural; VII - o inventário, classificação e cadastramento do patrimônio cultural e paisagístico do Município, sua atualização permanente e integração ao banco de dados ambientais; VIII - a revisão dos Projetos de Alinhamento em vigor para os logradouros incluídos em Área de Proteção do Ambiente Cultural que estejam em desacordo com seus critérios de preservação; IX - a reavaliação das autorizações para instalação de mobiliário urbano, de vinculação publicitária, anúncios indicativos, artefatos e pequenos equipamentos de uso público; X - o controle e fiscalização das obras, instalações e atividades que incidam sobre os bens tombados e suas áreas de entorno e nas Áreas de Proteção do Ambiente Cultural; XI - a integração das ações de proteção, conservação e revitalização do patrimônio cultural entre órgãos e entidades municipais, estaduais e federais e a comunidade. Art. 131 - Na criação de uma Área de Proteção do Ambiente Cultural serão relacionados os bens preservados e os bens tutelados e definidos seus critérios de preservação. conjunto preservado, podendo ser modificado ou demolido, ficando a nova edificação sujeita a restrições para evitar a descaracterização do conjunto preservado, a critério do órgão de tutela. Art. 132 - As demolições, construções e quaisquer obras a serem efetuadas nas áreas de entorno de bens tombados e nos limites das Áreas de Proteção do Ambiente Cultural deverão ser previamente aprovadas pelos órgãos e entidades municipais, estaduais e federais de tutela. Decreto Nº 23.236 de 05 de agosto de 2003 Santo Afonso; Igreja Matriz dos Sagrados Corações; Igreja Nossa Senhora do Líbano; Igreja São Francisco Xavier; Santuário da Medalha Milagrosa e sua primitiva Capela, e o Hospital Universitário Gafrée e Guinle e Capeia Nossa Senhora da Conceição do Brasil, todos situados no bairro da Tijuca -VIII A.R. Decreto Nº 23.237 de 05 de agosto de 2003 Determina o tombamento definitivo do bem que menciona, localizado no bairro da Tijuca, VIII R.A., delimita seu entorno e estabelece critérios para a sua proteção Determina o tombamento definitivo dos bens que menciona, localizados no bairro da Tijuca, VII - RA, delimita seus entornos e estabelece critérios para a sua proteção O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o que consta no processo 12/002 877/96 O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de sues atribuições legais, tendo em vista o que consta no processo 12/002 877/96 Considerando os valores arquitetônicos da Igreja Nossa Senhora da Conceição e do Hospital da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência; § 2º - Entende-se por bem preservado aquele que, situado em Área de Proteção do Ambiente Cultural, deverá manter as caracteristicas que tenham sido identificadas como de importância para a ambiência e identidade cultural da Área, segundo critérios estabelecidos pelo órgão de tutela. Considerando a incidência de magníficos exemplares de arquitetura religiosa de tipologias diversas, dos templos: Matriz Basílica de Santa Terezinha do Menino Jesus de Praga; Igreja de Santo Afonso; Igreja Matriz dos Sagrados Corações; Igreja Nossa Senhora do Líbano; São Francisco Xavier; Santuário da Medalha Milagrosa e Capela Primitiva; Hospital Universitário Gafrée e Guinle e Capela Nossa Senhora da Conceição; todas no bairro da Tijuca; Considerando que essas edificações constituem exemplares representativos da história e da memória do bairro da Tijuca; § 3º - Considera-se bem cultural passível de preservação aque-le que atenda alguma das seguintes exigências: Considerando que essas edificações constituem exemplares representativos da história e da memória do bairro da Tijuca; I - seja parte de um conjunto de bens de valor cultural na área na qual está inserido; Considerando sua importância para a comunidade em que estão inseridas e a necessidade de salvaguardá-las de ações que prejudiquem suas integridade e ambiência; § 1º - Para controle e acompanhamento dos critérios de preservação, a declaração de Área de Proteção do Ambiente Cultural poderá conter a criação de escritório técnico em função da natureza e do grau de complexidade da área protegida. II - apresente características morfológicas típicas e recorrentes na área na qual está inserido; III - constitua-se em testemunho das várias etapas da evolução urbana da área na qual está inserido; IV- possua inequívoco valor afetivo coletivo ou se constitua em marco na história da comunidade. § 4º - Entende-se por bem tutelado aquele que, situado em Área de Proteção do Ambiente Cultural, integra a ambiência do bem ou Considerando os estudos elaborados pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal das Culturas; Considerando o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, DECRETA: Art. 1º - Ficam tombados definitivamente, nos termos do art. 1º da Lei 166 de 27 de maio de1980, os templos: Matriz Basílica de Santa Terezinha do Menino Jesus de Praga; Igreja de Considerando sua importância para a comunidade em que estão inseridas e a necessidade de salvaguardá-las de ações que prejudiquem suas integridade e ambiência; Considerando os estudos elaborados pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal das Culturas; Considerando o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. DECRETA: Art. 1º - Ficam tombados definitivamente, nos termos do art. 1º da Lei 166 de 27 de maio de 1980, o templo Igreja Nossa Senhora da Conceição e os dois prédios pertencentes ao Hospital da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência. o Pavilhão Central e o Laboratório de Análise Clínica, Banco de Sangue e Farmácia, situados no bairro da Tijuca –VIII R. A. Art. 2º - Quaisquer obras ou intervenções a serem realizadas nas referidas edificações, querexterna ou internamente, deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. 17 Art. 3º - Os bens móveis localizados no interior da igreja só poderão ser retirados, para qualquer finalidade, com autorização do órgão de tutela. Art. 4º - Fica criada a Área de Proteção de Entorno do Bem Tombado, abrangendo os logradouros relacionados nos Anexos I e II, incluindo todas as edificações existentes dentro dos limites dos terrenos da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência e da Igreja Nossa Senhora da Conceição, que ficarão sob tutela do órgão executivo de proteção do patrimônio cultural do município. Art. 5º - Os Imóveis tutelados podem ser modificados ou demolidos, desde que as alterações sejam previamente aprovadas pelo órgão de tutela. Parágrafo 1º - As reformas das edificações sob tutela, inclusive muros e fechamentos, e materiais de acabamento, deverão ser compatíveis com as edificações tombadas. Parágrafo 2º - Em caso de novas construções, próximas às edificações tombadas e dentro dos limites do terreno da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência e da Igreja Nossa Senhora da Conceição, suas localizações deverão ser compatíveis com as edificações tombadas e o gabarito máximo permitido não deverá ultrapassar a sua linha de beiral de telhado, aí incluídos todos os elementos construtivos. Art. 6º - Em caso de sinistro, demolição não autorizada ou obras, interna ou externamente, que resultem em descaracterização do bem tombado, o órgão de tutela pode estabelecer a obrigatoriedade de reconstrução ou recomposição do bem, reproduzindo suas características originais, conforme o previsto no artigo 133 da Lei Complementar nº 16 de 4 de junho de 1992 (Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro). ANEXO I Descrição e Delimitação da Área de Proteção de Entorno dos Bens Tombados Lado ímpar da rua Conde de Bonfim entre as ruas Pinheiro da Cunha e Basiléia; a Praça Professor Pinheiro Guimarães; ambos os lados das ruas e Basiléia e Pinheiro da Cunha; e os limites de fundos dos terrenos da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência e da Igreja Nossa Senhora da Conceição. ANEXO II Altura Máxima e Número Máximo de Pavimentos para Edificar nos Imóveis Tutelados 12,00 metros (doze metros) - 4 (quatro) pavimentos Rua Basiléia Rua Conde de Bonfim, entre as ruas Basiléia e Pinheiro da Cunha Rua Pinheiro da Cunha. Decreto Nº 23.238 de 05 de agosto de 2003 Determina o tombamento definitivo do bem que menciona, localizado no bairro da Tijuca, VIII – R. A., delimita seu entorno e estabelece critérios para a sua proteção O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o que consta no processo 12/002 877/96 Considerando os valores arquitetônicos da Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro; Considerando que essas edificações constituem exemplares representativos da história e da memória do bairro da Tijuca; Considerando sua importância para a comunidade em que estão inseridas e a necessidade de salvaguardá-las de ações que prejudiquem suas integridade e ambiência; Art. 7º - A colocação de letreiros, anúncios, engenhos de publicidade ou toldos nos bens situados na Área de Proteção do Entorno dos Bens Tombados, criadas por este decreto, assim como quaisquer intervenções urbanísticas, como a colocação de mobiliário urbano nos espaços públicos nos seus limites, deverão ser previamente aprovadas pelo órgão de tutela. Considerando os estudos elaborados pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal das Culturas; Art. 8º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação Rio de Janeiro, 05 de agosto de 2003 – 439º ano da fundação da Cidade Art. 1º - Fica tombado definitivamente, nos termos do art.1º da Lei 166 de 27 de maio de 1980, CESAR MAIA o templo Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro, situado no bairro da Tijuca -VIII R.A. D.O. RIO de 06/08/03 Considerando o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro DECRETA: Art. 2º - Qualquer obras ou intervenções a serem realizadas no referido templo, quer externa ou internamente, deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Art. 8º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação Art. 3º - Os bens móveis localizados no Interior do templo só poderão ser retirados, para qualquer finalidade, com autorização do órgão de tutela. CESAR MAIA Art. 4º - Fica criada a Área de Proteção de Entorno do Bem Tombado, abrangendo os logradouros relacionados nos Anexos I e II, incluindo todas as edificações existentes dentro dos limites do terreno da Ordem dos Missionários Capuchinhos do Rio de Janeiro, que ficarão sob tutela do órgão executivo de proteção do patrimônio cultural do município Descrição e Delimitação da Área de Proteção de Entorno do Bem Tombado Art.5º- Os imóveis tutelados podem ser modificados ou demolidos, desde que as alterações sejam previamente aprovadas pelo órgão de tutela. Parágrafo 1º - As reformas das edificações sob tutela, inclusive muros e fechamentos, e materiais de acabamento, deverão ser compatíveis com as edificações tombadas. Parágrafo 2º - As localizações de novas construções, próximas à edificação tombada e dentro dos limites do terreno da Ordem dos Missionários Capuchinhos do Rio de Janeiro, deverão ser compatíveis com a edificação tombada e o gabarito máximo permitido não deverá ultrapassar a sua linha de beiral de telhado, aí incluídos todos os elementos construtivos. Rio de Janeiro, 05 de agosto de 2003 – 439º ano da fundação da Cidade D.O. RIO de 06/08/03 ANEXO I Lado par da rua Haddock Lobo entre as ruas Manuel Leitão e Alberto Siqueira, e a Praça Professor Pinheiro Guimarães; ambos os lados das ruas Manuel Leitão e Alberto Siqueira; e os limites de fundos dos terrenos de propriedade da Ordem dos Missionários Capuchinhos do Rio de Janeiro. ANEXO II Altura Máxima e Número Máximo de Pavimentos para Edificar nos Imóveis Tutelados 12,00 (doze metros) - 4 (quatro) pavimentos Rua Alberto Siqueira Rua Manuel Leitão Decreto Nº 24.133 de 27 de abril de 2004 Delimita a área de entorno do bem tombado Colégio Batista Shepard e estabelece os parâmetros de ocupação do Lote 02 desmembrado do PAL 44.904 no bairro da Tijuca - VIII R.A. Art 6º - Em caso de sinistro, demolição não autorizada ou obras, interna ou externamente, que resultem em descaracterização do bem tombado, o órgão de tutela pode estabelecer a obrigatoriedade de reconstrução ou recomposição do bem, reproduzindo suas características originais, conforme o previsto no artigo 133 de Lei Complementar nº 16 de 4 de junho de 1992 (Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro). O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o que consta do Decreto nº 19.342, de 2000, e do processo administrativo nº 12/002.766/2003, Art. 7º - A colocação de letreiros, anúncios, engenhos de publicidade ou toldos nos bens situados na Área de Proteção do Entorno dos Bens Tombados, criadas por este decreto, assim corno quaisquer intervenções urbanísticas, como a colocação de mobiliário urbano nos espaços públicos nos seus limites, deverão ser previamente aprovadas pelo órgão de tutela. Considerando a possibilidade de ocupação do novo lote, fruto de desmembramento; Considerando o valor excepcional das edificações e do terreno do BTM acima citado; Considerando a importância paisagística do conjunto para o bairro da Tijuca; Considerando a necessidade de se preservar a integridade do BTM e do seu entorno imediato; Considerando o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro; 18 DECRETA Art. 1º - Fica criada a Área de Entorno do Colégio Batista Shepard, definida no Anexo Único deste Decreto. vimento de cobertura, caixas d’água e casa de máquinas de elevadores. LISTAGEM DOS IMÓVEIS TUTELADOS Rua Andrade Neves Art. 2º - Fica incluído na Área de Entorno do BTM o Lote 2 a que se refere este Decreto. Art. 3º - Quaisquer obras ou intervenções nas edificações citadas no art. 1º deverão ser previamente analisadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Parágrafo único. A ocupação do novo lote deverá obedecer às seguintes condições: Art. 4.º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. lado ímpar - 33; lote 02 (desmembrado do PAL 44.904) I - Fica estabelecida uma faixa (área livre arborizada) de 28,00m X 50,00m, situada de forma contígua ao afastamento lateral existente (2,65m) do BTM - Edifício Love (parte integrante do conjunto do Colégio Batista Shepard) com o limite do novo lote, com testada voltada para a Rua Visconde de Cabo Frio; Rio de Janeiro, 27 de abril de 2004 – 440º ano da Fundação da Cidade lado par - 40. II - nesta faixa deverão ser plantadas obrigatoriamente espécimes arbóreas nativas de médio e grande porte (frutíferas ou não), obedecendo ao espaçamento de 2,00m a 5,00m, dependendo do espécime, e observando o espaçamento de plantio viável para o pleno desenvolvimento da copa e dos frutos, sendo que o plantio deverá abranger toda a área acima descrita; III - aos fundos desta faixa poderão ser construídas apenas edículas, com no máximo 3,00m de altura, destinadas ao atendimento dos compartimentos exigidos para o PUC (Pavimento de Uso Comum), tais como apartamento de zelador, área de recreação. alojamento de empregados do condomínio, etc.; IV - a projeção da ocupação descrita no inciso III deverá estar inscrita numa faixa máxima de 10,00m de profundidade, a partir da divisa dos fundos do lote, por 28,00m de largura, totalizando 280,00m2, dos quais apenas cinqüenta por cento poderão ser ocupados; V - o teto destes compartimentos poderão abrigar áreas de lazer, inclusive piscina; VI - em face da altura do BTM adjacente, Edifício Love (21,00m), a altura máxima permitida para o prédio a ser erguido na faixa remanescente de 38,00 X 50,00m deverá ser de 25,50m, incluindo pavimento de acesso, garagem, pavimentos-tipo, pa- CESAR MAIA DO RIO de 28/04/04 ANEXO ÚNICO LISTAGEM DAS RUAS INCLUIDAS NA ÁREA DE ENTORNO DO COLÉGIO BATISTA SHEPARD Praça Barão de Corumbá; Rua Andrade Neves. trecho entre a Rua Itacuruçá e a Rua José Higino; Rua Homem de Melo, trecho próximo do seu encontro com a Rua Visconde de Cabo Frio (na altura do nº 55); Rua Visconde de Cabo Frio, trecho entre a Rua Homem de Melo e a Rua Conde de Bonfim. LISTAGEM DOS IMÓVEIS PRESERVADOS Praça Barão de Corumbá lado ímpar - 17, 49; lado par – 12, 50. Rua Andrade Neves lado impar - 75; lado par - 46, 92, 102, 104. Rua Homem de Meio lado ímpar - 3, 13; lado par - 6, 20, 32, 44. Rua Visconde de Cabo Frio lado ímpar - 29, 39; lado par - 30, 52. lado ímpar - 197, 209, 213; lado par - 206. Rua Visconde de Cabo Frio Decreto n.º 29339 de 19 de maio de 2008 Determina o tombamento provisório e cria área de entorno de bem tombado da antiga elevatória de água do Bairro da Tijuca e adjacências, situada na Rua Otávio Kelly nº 110, na Tijuca – XIII R.A. O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e, CONSIDERANDO o valor cultural desta edificação, que se constitui em um exemplar da arquitetura eclética com influências do neoclassicismo; CONSIDERANDO a necessidade de salvaguardála de ações que prejudiquem sua integridade e sua ambiência; CONSIDERANDO a importância cultural deste edifício, no que se refere à história da infraestrutura urbana da cidade do Rio de Janeiro e da tecnologia da engenharia mecânica no início do século XX, relativo ao abastecimento de água; CONSIDERANDO a importância do edifício como marco arquitetônico na paisagem urbana local; CONSIDERANDO os estudos elaborados pela Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento e Revitalização do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural da Cidade do Rio de Janeiro – SEDREPAHC; ficação, o equipamento mecânico, desativado, instalado no interior da edificação, destinado ao bombeamento de água potável para o consumo no bairro da Tijuca e adjacências, o muro e os gradis existentes no alinhamento frontal do terreno; Art. 2º – Quaisquer intervenções físicas a serem realizadas no referido imóvel deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Art. 3º – Fica criada a Área de Entorno de Bem Tombado da edificação da antiga elevatória de água da Tijuca e adjacências, definida pela delimitação do terreno em que se encontra. Art. 4º – Ficam tutelados todos os demais bens imóveis incluídos nesta Área de Entorno. Art. 5º – Para efeito de proteção da ambiência deste Bem Tombado, ficam regulamentados os limites de alturas para a Área de Entorno em 6 (seis) pavimentos ou 18,00 m (dezoito metros). § 1º – Qualquer nova construção deverá ser afastada da edificação tombada no mínimo 5,00 m (cinco metros), respeitando o afastamento frontal mínimo de 3,00 m (três metros). § 2º – A altura máxima das edificações, definida em metros, será medida a partir do ponto médio da testada do lote, referente à cota de implantação do pavimento de acesso, incluindo todos os elementos construtivos, com exceção de caixas d’água, caixas de escadas comuns e equipamentos mecânicos. § 3º – O pavimento em subsolo semi-enterrado não será computado no número total de pavimentos desde que o trecho situado acima do nível do meio-fio não ultrapasse 1,50 m (um metro e cinqüenta centímetros) de altura. DECRETA: § 4º – Caso haja divergência entre os parâmetros estabelecidos pelo presente decreto e os estabelecidos em outra norma legislativa, sempre prevalecerão os parâmetros mais restritivos. Art. 1º – Fica tombada provisoriamente, nos termos do Art. 5º da Lei 166, de 27 de maio de 1980, a edificação da antiga elevatória de água do bairro da Tijuca e adjacências, situada na Rua Otávio Kelly nº 110, na Tijuca – XIII R.A. Art. 6º – A colocação de letreiros, anúncios, engenhos de publicidade, bem como a instalação de toldos nos imóveis situados nesta Área de Entorno deverá ter seu licenciamento previamente aprovado pelo órgão de tutela. Parágrafo Único – Ficam incluídos no tombamento: as fachadas, telhado e volumetria da edi- Art. 7º – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. 19 Rio de Janeiro, 19 de maio de 2008 - 444o ano de fundação da cidade. CESAR MAIA DO RIO de 20/05/08 Decreto nº 31569 de 11 de dezembro de 2009 Determina o tombamento definitivo do imóvel sito à rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca – VIII R.A. – e cria área de entorno de bem tombado. O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e; CONSIDERANDO que o palacete situado na Rua Conde de Bonfim n.º 824 constitui um excepcional exemplo do ecletismo na arquitetura, manifestação típica e recorrente no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX; CONSIDERANDO que o imóvel é exemplar representativo das construções e da ocupação urbana desse tradicional bairro residencial burguês, constituindo um dos últimos exemplares desta tipologia de parcelamento, implantação, solução arquitetônica e tendência estilística no bairro e um marco na paisagem local; CONSIDERANDO que o referido casarão abriga hoje o Centro Municipal de Referência da Música Carioca, importante equipamento cultural da Cidade; CONSIDERANDO a existência, no seu entorno, de conjunto arquitetônico remanescente da primeira metade do século XX e a necessidade de salvaguardar o bem de ações que prejudiquem sua integridade e sua ambiência; e, CONSIDERANDO o pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, que consta do processo n.º 12/000.524/92; DECRETA: Art. 1.º Fica tombado definitivamente, nos termos do artigo 1.º da Lei n.º 166, de 27 de maio de 1980, a edificação situada na Rua Conde de Bonfim, 824, Tijuca, VIII R.A.. Art. 2.º Fica criada a Área de Entorno de Bem Tombado definida pelos limites dos lotes 822, 824, 830 e 832 da Rua Conde de Bonfim, 5, 11, 13, 19 e 21 da Rua Garibaldi e 1723 da Avenida Maracanã, na forma do Anexo I deste Decreto. Art. 3.º Ficam preservados os imóveis de números 822, 830 e 832 da Rua Conde de Bonfim e 5, 11 e 13 da Rua Garibaldi, situados dentro dos limites da Área de Entorno de Bem Tombado criada por este Decreto e definida no Art. 2.º. Parágrafo único. Preservam-se as fachadas, os telhados e a volumetria originais das edificações supracitadas. Art. 4.º Ficam tutelados todos os demais imóveis situados dentro dos limites da Área de Entorno e Bem Tombado criada por este Decreto e definida no Art. 2.º. Art. 5.º Quaisquer intervenções físicas a serem realizadas nos Bens imóveis listados no Art. 1.º e/ou nas Áreas de Entorno de Bem Tombado definidas pelo Art. 2.º, deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Art. 6.º No caso de alteração ou demolição ilegal ou, ainda, sinistro no bem tombado ou preservado, o órgão de tutela poderá estabelecer a obrigatoriedade de sua recomposição ou reconstrução, reproduzindo as características originais, conforme o disposto no artigo 133 da Lei Complementar n.º 16, de 04 de junho de 1992 (Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro). Art. 7.º A colocação de letreiros, anúncios, engenhos de publicidade, bem como a instalação de toldos nos Bens Tombados deverão ter seu licenciamento previamente aprovado pelo órgão de tutela. Parágrafo único. Os engenhos publicitários e/ou indicativos e toldos não poderão encobrir total ou parcialmente os elementos decorativos e/ou arquitetônicos de significação cultural que façam parte das fachadas. Art. 8.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2009 – 445º no da fundação da Cidade. EDUARDO PAES DO RIO de 14/12/09 Decreto nº 6.997 de 30 de setembro de 1987 Estabelece condições de uso e ocupação do solo para a 18ª Unidade Espacial de Planejamento (UEP) que corresponde aos bairros do Andaraí, Maracanã e Vila Isabel, situados na IX Região Administrativa – Vila Isabel, e dá outras providências. O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, no uso de atribuições legais e tendo em vista o que consta do processo nº 14/1207/87 DECRETA: CAPÍTULO I DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Art. 1º – As condições de uso e ocupação do solo para a 18ª Unidade Espacial de Planejamento (UEP) que corresponde aos bairros do Andaraí, Maracanã e Vila Isabel situados na IX Região Administrativa – Vila Isabel, são as estabelecidas no presente Decreto. Art. 2º – Os bairros do ANDARAÍ, MARACANÃ e VILA ISABEL, ficam divididos nas seguintes zonas: I – ANDARAÍ: Zona Residencial Multifamiliar (ZRM), Zonas Comerciais (ZC), Zona Especial I (ZE 1) e Zona Especial 10 (ZE 10); II – Na Zona Especial 1 (ZE 1) não é permitido loteamento ou arruamento de iniciativa particular tolerando-se apenas o desmembramento em lotes com testada mínima de 50m (cinqüenta metros) e área mínima de 10.000m2 (dez mil metros quadrados ), obedecidos onde couber os artigos 163 à 170 do Decreto nº 322 de 03 de março de 1976; III – A Zona Especial 10 (ZE-10) obedecerá legislação específica; IV– Os parâmetros para o parcelamento e ocupação da Área de Proteção Ambiental a que se refere o art. 2º serão os mesmos definidos neste Decreto para as Zonas Residenciais dos bairros de Vila Isabel e Andaraí; V – As tipologias das edificações e os usos e atividades permitidos na Área de Proteção Ambiental a que se refere o art. 2º serão, igualmente, os mesmos definidos neste Decreto para as zonas residenciais dos bairros de Vila Isabel e Andaraí; II – MARACANÃ: Zona Residencial Multifamiliar (ZRM), Zonas Comerciais (ZC); VI – Na Área de Proteção Ambiental, só será permitido o remembramento de lotes, quando o maior lote resultante apresentar testada de l5m (quinze metros) e área de 600m2 (seiscentos metros quadrados). III – VILA ISABEL: Zona Residencial Multifamiliar (ZRM), Zonas Comerciais (ZC), Zona Especial l (ZE l ) Zona Especial 10 (ZE 10); Art. 5º – O uso residencial é adequado em todas as zonas, obedecido o disposto nos Anexos IV e V. IV – Fica criada a Área de Proteção Ambiental em torno do conjunto remanescente da antiga Companhia de Fiação e Tecidos Confiança, atual Supermercado Boulevard, (APA), conforme delimitação dos Anexos I e II desse Decreto. Art. 6º – O uso e atividades residenciais permitidos são os relacionados no Anexo III deste Decreto, obedecido o disposto nos Anexos IV e V. Art. 3º – As zonas a que se refere o Art. 2º estão delimitadas no Mapa de Zoneamento (Anexo 1) e descritas no Anexo II deste Decreto. Art. 4º – O parcelamento da terra dos bairros do ANDARAÍ, MARACANÃ e VILA ISABEL, obedecerá às seguintes condições: I – Na Zona Residencial Multifamiliar (ZRM) e nas Zonas Comerciais (ZC) é permitido o parcelamento em lotes com testada mínima de 8m (oito metros) e área mínima de 125m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados); Parágrafo Único – Empresas caseiras podem se estabelecer em edificações unifamiliares situadas em Zona Residencial Multifamiliar (ZRM) e em Zona Comercial (ZC), observados os Anexos III, IV e V deste Decreto, e observado ainda o disposto no Decreto nº 6.615 de 08 de maio de 1987 e seu anexo, desde que essas empresas não ultrapassem uma ocupação de 100m2 (cem metros quadrados). Art. 7º – Os usos especiais relacionados no item C do Anexo III deste Decreto terão sua aprovação condicionada ao prévio estudo de avaliação dos impactos causados sobre o sistema viário e a vizinhança e à prévia discussão entre o órgão municipal competente e o Conselho Governo/ Comunidade. 20 Art. 8º – Os usos e atividades não permitidos por este Decreto, são considerados “não conforme” nos termos do art. 13 da Lei nº 1.574 de 11 de dezembro de 1967, admitindo-se apenas a prorrogação de alvará de localização para a mesma categoria e o mesmo local. Art. 9º – As áreas ocupadas pelos clubes relacionados no Anexo VI deste Decreto ficam com o uso atual consagrado, não podendo ser alterada sua destinação, salvo para atividades esportivas, recreativas, culturais e de lazer. Art. 10 – A altura máxima e o número máximo de pavimentos das edificações, qualquer que seja a sua natureza, são estabelecidos por logradouro e obedecerão ao disposto nos Anexos VII e VIII deste Decreto. I – a altura máxima inclui todos os elementos construtivos da edificação situados acima do nível do meio-fio do logradouro e será medida a partir do ponto médio da testada do lote; II – os pavimentos destinados a garagem em subsolo, não serão computados para efeito de número máximo de pavimentos; III – o 1º (primeiro) pavimento em subsolo poderá ser apenas semi-enterrado, desde que o piso do pavimento imediatamente superior não fique acima da cota de + 1,5m (mais um metro e cinqüenta centímetros) em relação ao ponto mais baixo do meio-fio do logradouro, correspondente a testada do lote; IV– no caso de terrenos em declive, a altura máxima é contada a partir do piso do pavimento da edificação situado em nível inferior. Art. 11 – O Índice de Aproveitamento de Área (IAA) é estabelecido por logradouro obedecendo ao Anexo VIII deste Decreto. Art. 12 – A Área Total Edificada (ATE) é calculada pela fórmula ATE = IAA x S, onde lAA = Índice de Aproveitamento de Área e S = Área do Terreno. Art. 13 – No calculo da ATE serão computadas todas as áreas construídas, salvo os pavimentos em subsolo, terraços descobertos, casas de máquinas, caixas d’água, portaria, medidores de luz e gás, apartamento de porteiro, sala da administração do condomínio, e as varandas previstas no art. 114 do Decreto nº 322 de 03 de março de 1976. Art. 14 – Acima do último pavimento é permitido terraço de uso comum, sem contar no número de pavimentos. III – Nas vias interiores para veículos não será exigido passeio e a largura atenderá ao disposto no seguinte quadro: Parágrafo Único – O terraço de uso comum poderá dispor de área coberta para abrigar as atividades sociais do condomínio desde que esta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da área do terraço; mantenha afastamento mínimo de 3m (três metros) do plano de paredes do pavimento imediatamente inferior; seja computada na ATE e não ultrapasse a altura máxima definida no logradouro. Nº de unidades servidas pela via interior Largura da via interior (metros) Art. 15 – Os pavimentos térreos das edificações afastadas das divisas, em Zonas Comerciais, quando destinados a lojas, não estão sujeitos aos afastamentos laterais e de fundos ,obedecendo ao afastamento frontal mínimo obrigatório. Art. 16 – São permitidos simultaneamente no mesmo pavimento os seguintes usos, desde que isolados e independentes entre si: estacionamento, unidades habitacionais ou comerciais, áreas comuns de recreação e de serviços. Art. 17 – O número de vagas de estacionamento obedecerá ao disposto no Anexo X deste Decreto. Art. 18 – São permitidas vilas, consideradas como tais os grupamentos de edificações residenciais, com unidades isoladas justapostas ou superpostas, com no máximo 3 (três) pavimentos de qualquer natureza e 11 (onze) metros de altura, dotadas de acessos independentes através de área comum descoberta, observadas as seguintes condições: Até 3 unidades 2,5m De 4 até 12 unidades 3,7m Acima de 12 unidades 6,0m Não serão computadas as edificações que tenham frente para logradouro público, tenham acesso direto pelo mesmo e distem até 20m (vinte metros) deste logradouro. IV – A extensão máxima de uma via interior para veículos, sempre considerado o seu início no alinhamento do logradouro, não poderá exceder a 80m (oitenta metros); V – Cada unidade manterá acesso por área comum, garantido-se um mínimo de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) de largura; VI – Cada edificação poderá distar um máximo de 30m (trinta metros) do acesso de veículos, seja da via interna ou do logradouro público; VII – A área de estacionamento poderá ser centralizada ou distribuída em áreas destinadas à atender a uma ou mais edificações, cujas vagas deverão estar demarcadas no projeto; VIII – São permitidas edificações constituídas apenas por dependências de uso comum e exclusivas dos grupamentos, obedecidas as seguintes condições: I – Cada edificação poderá ter duas unidades superpostas; 1 – as dependências somente poderão destinar-se a recreação, creche e administração; II – Os afastamentos mínimos laterais e de fundos, quando exigidos, bem como os prismas de iluminação e ventilação terão dimensões de: 2 – as dependências serão incluídas na área total de edificação (ATE); 3– as edificações não serão autônomas e não receberão qualquer numeração. 1 – 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) para as edificações até 7,50m (sete metros e cinqüenta centímetros) de altura; IX – Na vila será admitida loja desde que esta tenha acesso direto pelo logradouro público; 2 – 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) para as edificações com altura de 7,50m (sete metros e cinqüenta centímetros), inclusive, até 11m (onze metros); X – Serão permitidos elementos construtivos divisórios (muros e muretas) que limitem áreas suscetíveis de utilização comum do grupamento formando lotes autônomos, apenas quando constituam limites de prismas de ventilação e iluminação, vedado seu prolongamento até as vias de acesso; XI – Será permitida área de estacionamento situada ao longo da via interior, observado o disposto no artigo 145 do Decreto nº 322 de 03 de março de 1976. Art. 19 – As condições de uso e ocupação que não estiverem expressamente reguladas pelo presente Decreto deverão obedecer ao disposto no Regulamento de Zoneamento aprovado pelo Decreto nº 322 de 03 de março de 1976 e nos regulamentos aprovados pelo Decreto “E” nº 3800, de 20 de abril de 1970. CAPÍTULO II DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 20 – É dispensada a obrigatoriedade do Pavimento de Uso Comum (PUC), sem prejuízo das áreas de recreação exigidas para as edificações. Art. 21– A taxa de ocupação dos lotes não está sujeita a limitação com exceção da Zona Especial 1 (ZE 1) , onde prevalecerá o disposto nos artigos 166 a 170 do Decreto nº 322 de 03 de março de 1976. Art. 22 – A área útil mínima das unidades residenciais é de 40m2 (quarenta metros quadrados) Art. 23 – As edificações situadas na Área de Proteção Ambiental referida no art. 2º (segundo) deste Decreto submeterão o licenciamento de demolições, construções e quaisquer obras à aprovação do Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura. Art. 24 – Ficam preservados as características de fachada, cobertura e volumetria das edificações listadas no Anexo IX deste Decreto: I – o órgão citado no art. 23 poderá obrigar a reconstrução da edificação, mantidas suas características originais – em caso de sinistro e demolição não licenciada, ou a reconstituição do imóvel quando haja obras ilegais inclusive acréscimo; II – é obrigatório a apresentação de fotografia com esquemas das alterações em caso de pintura e quaisquer outros reparos. Art. 25 – Este Decreto entrará em vigor na data de publicação, revogadas as disposições em contrário. 21 Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1987 ROBERTO SATURNINO BRAGA Flávio de Oliveira Ferreira Decreto Nº 11.301 de 21 de agosto de 1992 Cria área de proteção ambiental e recuperação urbana do Alto da Boa Vista O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 463, inciso XI, da Lei Orgânica do Município, tendo em vista o que consta do processo n.º 02/001 224/92 e Considerando o objetivo da Lei Orgânica do Município de compatibilizar o desenvolvimento urbano coma proteção do meio ambiente, através da utilização racional do patrimônio natural, cultural e construído e da sua conservação e recuperação em benefício das gerações atuais e futuras; Considerando que o Maciço da Tijuca constitui patrimônio paisagístico do Município, sujeito à proteção ambiental na forma do artigo 463, inciso IX, alínea “e “, n.º 5, da Lei Orgânica do Município; Considerando que o bairro do Alto da Boa Vista representa um exemplo raro da coexistência harmoniosa entre os patrimônios natural e histórico-natural da Cidade; Considerando que, no bairro, encontra-se a Floresta da Tijuca, bem tombado nacional, maior floresta urbana do planeta, manifestação pioneira de reflorestamento urbano com preocupações ambientais e por esses atributos, área de preservação permanente, na forma do artigo 463, inciso IX, alínea “e”, n.º 2, da Lei Orgânica do Município; Considerando que no bairro, encontram-se ainda marcos da memória da Cidade, neles incluídos bens tombados pela União, Estado e Município; Considerando que o crescimento urbano desordenado do bairro tem produzido impactos ambientais nas encostas, nascentes e rios; Considerando que a carência de infra-estrutura instalada nas áreas ocupadas vem provocando prejuízo à qualidade de vida e ao ambiente local; Considerando a necessidade da revisão dos parâmetros de ocupação das encostas no bairro, para que passem a se constituir em instrumentos de efetiva proteção e recuperação ambiental; Considerando a necessidade de estabelecer parâmetros de controle de crescimento das áreas já ocupadas por favelas; Considerando, por fim, o disposto na Constituição Federal, no Código Federal – Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965 - , no Código de Caça – Lei n.º 5.197, de 03 de janeiro de 1967 - , nas Leis Federais n.º s 6.902, de 27 de abril de 1981, e 6.938, de 31 de agosto de 1981, no Decreto Federal n.º 99.274, de 06 de junho de 1990, nas Resoluções CONAMA 001, de 23 de janeiro de 1986 e 04, de 18 de setembro de 1985, na Lei Orgânica do Município e nos Decretos Municipais 322, de 03 de março de 1976, e 8.321, de 29 de dezembro de 1988, DECRETA: (O Decreto Nº 11.451, de 08 de outubro de 1992, acrescentou ao art. 1º o Parágrafo Único) Art. 1º - É criada a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana do Alto da Boa Vista, compreendendo o bairro do Alto da Boa Vista, parte do Parque Nacional da Tijuca e contendo zona de reserva florestal, constituída pelas áreas situadas acima da cota de 100m (cem metros). A zona de reserva florestal é considerada Zona Especial –1 (ZE-1). V – promover o controle do crescimento das favelas existentes; VI – estabelecer prioridades para projetos e ações, no seu limite; VII – proteger e recuperar os mananciais existentes; VIII – implantar o seu sistema da gestão, para implemento das ações de preservação, proteção e recuperação ambiental. Art. 3º - A tutela e a gestão da APARU do Alto da Boa Vista cabem ao órgão competente do Meio Ambiente, ouvido o órgão competente do Patrimônio Cultural, quando se tratar de defesa do Patrimônio Cultural. § 1º - O licenciamento de qualquer tipo de construção, modificação, acréscimo e demolição de construções existentes, de uso e atividades, está sujeito à prévia realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), assim como à aprovação do § 2º - São vedados os seguintes usos e atividades nos limites da APARU, sem prévio Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e autorização do órgão existente: bana - APARU - do Alto da Boa Vista no prazo de cento e vinte dias, contados a partir da data de publicação deste Decreto. Parágrafo Único - O ato de regulamentação da APARU disporá sobre: I. zoneamento ambiental; II. programa de recuperação das condições ambientais, contemplando reflorestamento, controle de desmatamento e proteção dos mananciais, rios e encostas de todo o Maciço da Tijuca. Art. 5° - Os estudos para elaboração do ato de regulamentação da APARU do Alto da Boa Vista serão realizados por Grupo de Trabalho criado no âmbito da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com a seguinte composição: I. um procurador da PGM; II. um representante da GEO-RIO; III. um representante do RIO-ÁGUAS; IV. um representante da SMH; 1. desmatamento, extração de madeira e de vegetação características, bem como a retirada de espécimes vegetais; V. um representante do DGPC da SMC; Parágrafo único - Os limites da APARU são os constantes dos Anexos I (descrição em texto) e II (mapa). 2. utilização, perseguição, caça, apanha ou captura de animais, bem como a retirada de ovos, destruição de ninhos e de criadouros; VII. dois representantes da SMAC, um dos quais o coordenará. Art. 2º - São objetivos da APARU do Alto da Boa Vista: 3. extração de recursos minerais; I – preservar, proteger e recuperar o ecossistema da Mata Atlântica existente; II – preservar, proteger e recuperar o patrimônio cultural do bairro; III – promover a compatibilização entre o aproveitamento do solo e a defesa do meio ambiente, mediante a revisão dos parâmetros de uso, ocupação e parcelamento do solo, de modo a garantir a defesa ambiental; IV – promover a regularização das favelas existentes, nos seus aspectos fundiários, urbanístico e ambiental; 4. alteração do perfil natural do terreno. § 3º - É proibido, nos limites da APARU; 1. o exercício de atividades capazes de provocar erosão ou assoreamento das coleções hídricas; 2. o exercício de atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental. VI. um representante da SMU; § 1° - A critério do Coordenador, poderão ser convidados a integrar o Grupo de Trabalho representantes de outros órgãos da Administração Municipal, Estadual e Federal, de entidades cientificas e acadêmicas, de associações de defesa do meio ambiente e de associações comunitárias, bem como técnicos especializados, para execução de tarefas específicas. § 2° - Caberá ao Grupo propor modelo de gestão integrada dos vários órgãos da Administração Municipal, Estadual e Federal, com jurisdição sobre a área.” ( O Decreto N.º 17.374, de 08 de março de 1999, deu aos artigos 4º e 5º a seguinte redação:) Art. 6º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. “Art. 4° - O Poder Executivo regulamentará a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Ur- Rio de Janeiro, 21 de agosto de 1992 – 428º da Fundação da Cidade 22 MARCELLO ALENCAR DO RIO de 09.10.92 (O Decreto N.º 11.451, de 08 de outubro de 1992, acrescentou os Anexos I e II ao Decreto N.º 11.301, de 21 de agosto de 1992) ANEXO I Delimitação da APA do Alto da Boa Vista Do final da Estrada do Excelsior; por esta (incluída) até o ponto de cota 653m, e pela cumeada da Serra dos Três Rios, passando pelos pontos de cota 686m, 856m e 788m até o ponto mais alto do Pico da Tijuca; dai, pela cumeada, passando pelos pontos de cota 743 m, 750m, 921m e 954m até o ponto de cota 992m no Morro do Bico do Papagaio; dai, em direção sul, passando pelos pontos de cota 986m, 868m e 982m, até ponto de cota 814m no Morro da Taquara; deste ponto, por uma linha reta , ao final da Estrada do Soberbo, toma a direção sul até o ponto de coordenadas aproximadas: 7.458.000 e 674.150 (1), por este toma a direção leste até o ponto de coordenadas 7.458.000 e 674.460 (2), toma a direção sul até o ponto de coordenadas aproximadas 7.457.000 e 674.460 (3), por este em linha reta até o ponto mais alto do Morro da Pedra Bonita (cota 694m); daí, descendo e subindo os espigões na direção nordeste, passando pelo ponto cota 499m, ao ponto de cota 544m; daí atravessando a Estrada da Pedra Bonita em direção ao Morro do Cochrane, passando pelos pontos de cota 421m e 399m até o seu ponto mais alto (cota 716m); daí pela cumeada, passando pelo ponto de cota 674m em direção ao Parque da Cidade (todo excluído), e excluindo a Estrada Santa Marinha, até encontrar a curva de nível 100m, por esta (excluindo a Rua Osório Duque Estrada); circundando a bacia do Rio dos Macacos e atravessando a Estrada Dona Castorina, na direção do final da Rua Euclides de Figueiredo (excluída); daí, em linha reta, subindo a vertente do Morro do Corcovado, até atingir o Monumento do Cristo Redentor (excluído, cota 701 m); daí, pela Estrada de Ferro Corcovado (excluída), até o Largo das Paineiras (excluído); deste ponto , em direção norte, subindo e descendo os espigões das serras da Formiga e da Lagoinha (incluindo a Estrada do Sumaré), passando pelos pontos de cota 623m e 338m, até o ponto de cota 273m no entroncamento da Estrada Dom Joaquim Ma- mede com a Estrada do Sumaré (cota 304m); daí pela cota 300m, contornando os Morros do Salgueiro, e da Formiga, até encontrar o prolongamento que parte do primeiro alinhamento da Avenida Edson Passos; por este, até o entroncamento da Rua Conde de Bonfim com a Avenida Edson Passos; por esta (excluída) até a Rua Doutor Catrambi; por esta (incluída); Rua Ângelo dos Reis (incluída); Rua Caetano de Campos (incluída); Rua Custódio Corrêa (incluída) até o seu final; daí, subindo o espigão em direção ao final da Estrada Excelsior, ponto de partida. ANEXO II (MAPA) ( OBS: O Mapa que faz parte do ANEXO II deste decreto ainda está em estudos na Câmara dos Vereadores. Informação dada pela SMAC em 01.10.2004) 23 LOCALIZAÇÃO E INSERÇÃO NA CIDADE (LOCALIZAÇÃO, PONTOS NOTÁVEIS, HIDROGRAFIA, RELEVO, ACESSOS E ENTORNO IMEDIATO) A área do Complexo da Tijuca, situa-se na AP-2, Zona Norte do Rio de Janeiro, entre os bairros de Tijuca e Andaraí. Bem localizada, a região fica a poucos quilômetros dos melhores centros de comércio e serviços, sendo grandes polos geradores de empregos e serviços para uma população de baixa qualificação profissional.40 Conforme visto anteriormente, no princípio da colonização do Brasil, a Região da Tijuca/Vila Isabel era um grande território pantanoso. O cultivo do café promoveu uma intensa ocupação da área e também sua devastação, parte dela posteriormente reflorestada, dando origem à floresta da Tijuca. O bairro da Tijuca fica na região da Tijuca/Vila Isabel, constituída pelos bairros de Tijuca, Alto da Boa Vista, Andaraí, Grajaú, Vila Isabel, Maracanã e Praça da Bandeira. Estes bairros cobrem uma área de 5.517 hectares, na qual residiam 367.005 habitantes, segundo o Censo 2000. Com uma densidade líquida de 240,5 habitantes por hectare, configura-se como uma região de alta densidade. A Região está classificada como de alto desenvolvimento humano, tanto pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH=0,853) como pelo Índice de Condições de Vida (ICV=0,852), ocupando a segunda posição no critério do IDH e a primeira no critério do ICV, quando consideradas todas as 12 regiões que compuseram a análise para a elaboração do Plano Estratégico do Rio de Janeiro. • Canto do Sabiá • Morro da Formiga • Morro da Coreia • Morro do Salgueiro cimento das favelas esteve acima do aumento da cidade, as antigas favelas sofrem processo de adensamento e surgem novas. Tal fato deve-se ao processo de ocupação da periferia que entra em colapso pois a população perde a capacidade de endividamento e pelo Nessa região, nos bairros da Tijuca, Alto da Boa Vista e Andaraí, situa-se o Complexo da Tijuca que divide-se em doze comunidades localizadas ao longo da encosta do Maciço da Tijuca, nos morros do Andaraí e Tijuca. • Morro do Jamelão • Morro do Andaraí • Morro do Cruz • Morro da Chácara do Céu • Morro do Bananal • Morro do Borel MAPA 07– Mapa de vias de acesso (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento Mapa 06 – Limite da área de intervenção no contexto da Região de Tijuca e Vila Isabel. 40 A maior parte dos dados aqui expostos foram transcritos do documento Notas Técnicas do Plano Estratégico - Campo Grande, Grande Méier e Barra da Tijuca (nº 2, 3 e 4), publicado em RIO ESTUDOS nº 94, fevereiro de 2003 pelo IPP. Disponível em: Armazém de dados da Prefeitura do Rio de Janeiro: http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/. • Morro da Casa Branca • Doutor Catrambi Segundo dados dos censos, a taxa de crescimento anual da população das favelas decresceu na década de 60, acentuando-se na década de 70, devido: à diminuição do ritmo de crescimento populacional da cidade como um todo (principalmente pela diminuição do movimento migratório, comparado às décadas de 40 e 50), abertura de loteamentos a preços populares na periferia metropolitana com baixo investimento em infraestrutura e financiados a longo prazo e, finalmente, à implementação de políticas de remoção de favelas com caráter seletivo nas décadas de 60 e 70.41 As favelas tenderiam a decrescer e desaparecer mas, apesar disto, na década de 80, ocorre a retomada do crescimento, onde o ritmo de cres41 CEZAR, Paulo Bastos, Evolução da população de favelas na Cidade do Rio de Janeiro – Coleção Estudos da cidade nº 46. IPP, fevereiro de 2002. encarecimento da terra e, a partir de 82, ocorre o período de legitimação da favela por parte do poder público, em sua política vigente. Como fato marcante da década de 80, o crescimento das favelas se dá mais intensamente em direção às Áreas de Planejamento 4 e 5, ou seja, baixada e zona oeste. O crescimento das favelas até então observado, deixa de ter o caráter de polos concentradores. A cidade passa a ter um crescimento uniforme em todas as favelas através do adensamento de áreas existentes. No último período inter-censitário, a taxa média de crescimento demográfico foi de 0,73% ao ano, maior que os 0,67% anuais do período anterior (1980 a 1991). Considerando separadamente setores normais e subnormais, a diferença é bem grande. A taxa de crescimento dos setores subnormais é de 2,4% ao ano, enquanto que o resto 24 da cidade cresce apenas 0,38% ao ano. Isso quer dizer que as “favelas” crescem em um ano o que o “asfalto” leva mais de seis anos para crescer, no conjunto. E o crescimento das “favelas” se acelerou recentemente, pois na década anterior a população dos setores subnormais havia crescido apenas 1,91% ao ano. Em resumo, éramos 5.480.778 residentes no Rio em 1991, e passamos a ser 5.851.914 em 2000. E o número de “favelados” já passa de um milhão. Geografia e Geologia A área em questão ocupa parte do Maciço da Tijuca, em áreas que vão, no mais das vezes, até a cota 100 e, em muitos casos acima dela, lembrando que a ocupação acima desse limite é protegida por legislação ambiental e urbanística. É composta basicamente por taludes e sedimentações de baixa drenagem, propiciando deslizamentos nas encostas e formação de enchentes, principalmente nos bairros Maracanã e Praça da Bandeira. Por outro lado, a densa cobertura vegetal do Parque Nacional da Tijuca (cobrindo 3.360 hectares de área), a reserva Florestal do Grajaú (com 55 hectares de superfície), a área de proteção ambiental Recanto do Trovador, em Vila Isabel (com 7,7 hectares de área) e a existência de parques e jardins propiciam a diminuição do escoamento superficial e, consequentemente, a erosão nas encostas e o assoreamento do solo nas partes baixas. O Maciço da Tijuca, assim como o Maciço da Pedra Branca, consiste em blocos soerguidos durante o cenozoico, paralelamente às cadeias montanhosas das Serras do Mar e Mantiqueira. Os maciços costeiros são remanescentes de uma antiga borda meridional do Gráben da Guanabara, antes inserida no Planalto Atlântico (época do Paleoceno, período terciário, era cenozoica), que foi intensamente sujeita às intempéries. A maioria das rochas do subsolo do Estado do Rio de Janeiro data do período pré-cambriano (há mais de 500 milhões de anos). Essas rochas são de origem magmática (consolidação do magma no interior da Terra) ou originadas pelo metamorfismo das rochas preexistentes (ação de grandes pressões e altas temperaturas). MAPA 08 – Geologia do Rio de Janeiro A predominância no embasamento no Estado do Rio de Janeiro é de granitos (magmáticas) e de gnaisses (metamórficas) que são constituídas pelos mesmos minerais, mas apresentam estruturas/texturas diferentes. Os granitos e gnaisses do embasamento estão entrecortados por diques de basalto e de diabásico provenientes de fendas que foram preenchidas por material magmático, no final do período jurássico (era mesozoica), quando ocorreu a separação da América do Sul da África. Ao final da era mesozoica e no início da era cenozoica, formaram-se as grandes massas rochosas hoje identificadas como Itatiaia, Mendanha, Rio Bonito e Tinguá e, concomitantemente, ocorreram atividades vulcânicas com registros na Serra do Mendanha e na de Madureira. Espacialmente, os três grandes maciços do Rio de Janeiro se posicionam de forma contígua, configurando um triângulo, cuja base é formada pelo Maciço da Tijuca, na posição central do município, o Maciço da Pedra Branca e o vértice pelo Maciço de Gericinó. Entre eles, as zonas depressivas, que são formadas por diversas baixadas. O Maciço da Tijuca compreende aproximadamente 131km² e situa-se a leste da cidade, próxi-mo ao oceano. Apresenta no seu conjunto aspectos morfológicos peculiares, com a presença de numerosos pontões e, no todo, um grande número de dobramentos com numerosas variedades de gnaisses, o que produz uma diversidade litológica com diferentes resistências ao intemperismo, justificando a variedade do modelado. 25 Mapa 09 – Mapa de localização dos maciços do Rio de Janeiro É formado por uma grande variedade de serras e por morros, alguns com vertentes para a Zona Norte, outras para o centro da cidade, e ainda outras em direção ao Oceano Atlântico e, à Baixada de Jacarepaguá. Este maciço é separado pelo da Pedra Branca por uma estreita passagem no bairro da Taquara e pela grande Baixada de Jacarepaguá. Dos três grandes maciços, este é o que apresenta grande parte das rochas do período pré-cambriano. Portanto, podemos considerá-lo o mais antigo. A predominância de suas rochas é de gnaisse. Portanto, resultante de metamorfismo. Isto significa que foram empurradas para cima por meio de forças tectônicas, ocasionando dobra-mentos e grande quantidade de diáclases e, posteriormente, de veios e diques de rochas encaixadas, como: aplitos, quartzitos, pegmatitos, fonolitos, diabásicos, basaltos etc... Devido à proximidade com o mar, o intemperismo na vertente voltada para ele é diferente daquelas que são direcionadas para a Zona Norte. A área em questão é composta pelos morros do Andaraí e Tijuca, uma ramificação da Serra dos Três Rios (limite leste da Floresta da Tijuca, com vertentes para os bairros do Grajaú, Andaraí e Tijuca) e parte da Serra da Carioca (estendida do Alto da Boa Vista ao Cosme Velho; separa a Zona Norte e Sul). É composta pelos seguintes morros e picos: Morros do Andaraí e Tijuca Morros Altitude (m) Bairro (s) Grajaú Pico do Andaraí – 861 maior Pedra do Conde 819 Alto da Boa Vista Pedra da Caixa 744 Andaraí do Elefante 728 Grajaú do Anhanguera 699 Grajaú e Anou Excelsior daraí divisor do Excel- 690 Grajaú e Alto sior da Boa Vista Alto da Bandeira 565 do Areão 557 Alto da Boa Vista Mapa 10 – Maciço da Tijuca do Almeida 538 Alto da Boa Vista Usina Andaraí Andaraí Andaraí do Felizardo Redondo da Ração Alto do Fernandes Alto da Mayrink Alto do Mesquita do Visconde do Tijuaçu 533 529 526 523 Pedra do Perdido do Colina da Crista do Borel da Casa Branca 445 328 Andaraí Alto da Boa Vista Grajaú Usina 320 226 Usina Muda 522 518 517 504 Serra da carioca Morros Pico da Carioca Altitude (m) Bairro (s) 786 Alto da Boa Vista Alto do Sumaré 753 do Queimado 719 da Boa Vista 712 do Andaime Pequeno da Embratel Carioca Mirim da Freira 699 685 648 631 Alto do Pai Ricar- 423 do da Formiga ou 625 Pedra do Bispo Alto do Gama 622 do Sumaré 557 da Moganga Sete Quedas 557 552 Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Tijuca Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Cosme Velho Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Tijuca Jardim Botânico 26 Pedra do Cão 518 Alto da Coroa 482 Mesa do Imperador do Mirante (Salgueiro) Serra da Lagoinha dos Trapicheiros 482 da Pedra D’Água 575 do Turano 154 Jardim Botânico Cosme Velho Alto da Boa Vista Cosme Velho 343 340 262 Alto da Boa Vista Jardim Botânico Tijuca Sobre este maciço encontra-se o Parque Nacional da Tijuca (mapa 08), que é composto por quatro áreas distintas: • Região do Morro do Corcovado e entorno; • Região da Pedra da Gávea e entorno; • Região da Serra dos Três Rios e entorno e Região da Serra dos Pretos Forros e entorno, onde se situa o Complexo do Lins. Esse parque encontra-se sob a direção do Ibama. Localizado dentro da macro bacia hidrográfica da Baia de Guanabara e da sub-bacia do Canal do mangue, a região é basicamente formada pelas bacias dos rios Maracanã, Joana e Trapicheiro, com encostas de alta declividade que vêm sofrendo, há décadas, processos de ocupa-ção desordenada. É composta basicamente por taludes e sedimentações de baixa drenagem, propiciando deslizamentos nas encostas e formação de enchentes, principalmente nos bairros Maracanã e Praça da Bandeira. A sub-bacia do Canal do Mangue é composta pelos cursos d’água que estão listados na tabela abaixo: Curso d’Água Rio das Bananas Bairro (s) Rio Comprido Vertente Foz Mapa 11 – Parque Nacional da Tijuca Rio PapaCouve Rio Maracanã Santa Tereza, Catumbi e Cidade Nova Alto da Boa Vista, Tijuca, Maracanã e Praça da Bandeira S. da Carioca Alto da Boavista R. Catumbi C. do Mangue Rio São João Rio Trapicheiro Rio Joana Alto da Boa Vista Tijuca e Praça da Bandeira Grajaú, Andaraí, Vila Isabel e Maracanã M. do Excelsior S. da Carioca R. Maracanã R. Maracanã M. do Elefante R. Maracanã Rio Andaraí Riacho Excelsior Rio Perdido Rio dos Cachorros Andaraí Grajaú Grajaú Vila Isabel e Maracanã S. do Andaraí M da Caveira M. do Elefante R. Joana R. Jacó R. Jacó R. Joana 27 Rio Comprido Rio Agostinho Rio Cascata Rio dos Urubus Rio Cachoeira Rio Joana Inferior Riacho do Mirante Alto da Boa Vista, Santa Tereza, Rio Comprido e Praça da Bandeira Alto da Boa Vista e Tijuca Tijuca Grajaú e Andaraí Grajaú São Cristóvão Parque Nacional da Tijuca Córrego Parque do Tanque Nacional da Tijuca Riacho do Professor Parque Nacional da Tijuca Rio Jacó Parque Nacional da Tijuca Rio do Comando Parque Nacional da Tijuca Rio do Picafumo Parque Nacional da Tijuca Parque Nacional da Tijuca Riacho da Coruja Rio São Manuel S. da For- C. do mi-ga e M. Mangue do Sumaré Rio do Felizardo ou Pai Vicente Rio Catumbi Floresta da Usina Leste do R. Jacó M. Felizardo Catumbi e Cidade Nova União dos R. Coqueiros e Papa-couve Rio Coqueiros Cidade Nova M. Paula Matos Catumbi Parque Alegria S. do Andaraí Rua Agostinho Vertente Noroeste do M. da For-miga S. da Cachoeirinha S. do Andaraí São Cristovão Vertente Leste do M. do Elefante Vertente Leste do M. do Elefante Vertente Leste do M. do Elefante União dos R. Cachoeira e R. Intermediário S. dos Três Rios e S. do Matheus S. do Matheus e S. do Andaraí S. do Andaraí R. Joana Pi da Carioca Mirim R. Perdido Rio Estrela C. do Cunha R. Jacó C. do Mangue R. Excelsior R. Excelsior R. Excelsior R. Joana R. Perdido R. Perdido R. Perdido Rio Interme-diário Grajaú cupação das áreas acima da cota 100 poderiam reverter o quadro nefasto que se avizinha num futuro nem tão distante. Imagens geradas com a matriz de transição média, considerando o uso e cobertura do solo de 1972, 1984 e 1996Acessos C. do Mangue, próximo à Praça Onze R. Catumbi R. Don Carlos R. Jacó Situação Ambiental A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou simulações para o Maciço da Tijuca, considerada a maior floresta urbana do mundo, empregando os mapas de uso de solos dos anos de 1972, 1984 e 1996. Estes mapas pertencem ao Projeto Estudos de Qualidade Ambiental do Geoecossistema do Maciço da Tijuca desenvolvido pelo Laboratório de Geo-Hidroecologia (GEOHECO), do Instituto de Geociências, do Departamento de Geografia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (GEOHECO, 2000a, 2000b, 2000c). Baseando-se em matrizes de transição foi possível simular imagens em projeção da área para os anos de 2032 e 2092. Por essas projeções, pode-se perceber que o Maciço da Tijuca teria sua área urbana bastante ampliada em praticamente toda a sua extensão e, da mesma forma, teria sua área florestal consideravelmente reduzida, em cerca de 30 anos. Os impactos dessa devastação com a perda da vegetação original, a destruição da estrutura do solo, que é necessária à sua agregação e firmeza, causariam a impermeabilização do mesmo, o ressecamento dos rios que dependem da vegetação e a aceleração da erosão e do assoreamento, pondo em risco as comunidades que vivessem nas encostas e o próprio equilíbrio do ecossistema. Hoje, já é possível ver os impactos da devastação do meio ambiente pela ocupação irregular e predatória do solo. Porém o cumprimento da legislação ambiental pertinente e ações de deso28 Acessos A principal via de acesso é a rua Conde de Bonfim para a maioria das comunidades do Complexo da Tijuca. No entanto, parte das comunidades do complexo têm acesso pelo bairro do Andaraí – Morro do Andaraí, Jamelão e Morro do Cruz –, sendo a principal via de acesso, nesses três casos, a rua São Miguel. O acesso dentro das comunidades, no entanto, é bastante difícil na maioria das vezes. À exceção dos moradores que habitam de frente para as ruas principais de cada uma das comunidades, a realidade interna é de acesso por escadarias, vielas e becos, quase sempre íngremes, em mau estado de conservação e construção precária. As principais vias de acesso às comunidades estão abaixo relacionadas e localizadas no mapa 09 – Vias de acesso. Morro do Jamelão Acesso principal: Rua Ferreira Pontes, 720 Morro do Andaraí Acesso principal: Rua Santo Agostinho Morro do Cruz Acesso principal: Rua Tenente Marques Souza, 259 Morro do Bananal e Chácara do Céu MAPA 12 – Vias de acesso (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geo-processamento) Acesso principal: Rua Gurindiba, 81 Morro do Borel Acesso principal: Rua São Miguel, 400 A 572 Doutor Catrambi Morro da Formiga Morro do Salgueiro Morro da Casa Branca Acesso principal: Rua Alves Câmara, 61 A 69 Acesso principal: Rua Jocelina Fernandes, 335 Acesso principal: Rua Junquilhos Acesso principal: Rua São Miguel, 130, 254 E 280 Canto do Sabiá (Beco da Coruja) Morro da Coreia (Trapicheiros) Acesso principal: Rua Pinheiro Da Cunha, 260 Acesso principal: Rua Henrique Fleiuss, 475 29 DIVISÃO SOCIOPOLÍTICA LOCAL Segundo o Sistema de Assentamentos de Baixa Renda (Sabren) – , criado pela Diretoria de Informação Geográfica do Instituto Pereira Passos, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, a área de intervenção possui 751.870 m². As áreas a serem tratadas possuem as seguintes características: Morro do Jamelão Bairro: Andaraí RA: IX AP: AP2 Planta Cadastral: 286-D-II-5; 286-D-II-6 Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2008) 101.111 m² – Fonte: IPP REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2499 26/11/1996 Resolução de Projeto de Alinhamento (PA) 11291 sem informação Decreto de reconhecimento de logradouros 27129 10/10/2006 Morro do Andaraí Bairro: Andaraí RA: IX AP: AP2 Planta Cadastral: 286-D-II-5; 286-D-II-6 Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2004) 80.620 m² – Fonte: IPP Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2008) 30.914 m² – Fonte: IPP REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 3689 24/11/2003 Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2647 27/05/1998 Bairro: Tijuca RA: VIII AP: AP2 Resolução de Projeto de Alinhamento (PA) 11390 sem informação Planta Cadastral: 287-C-I-5 Programa de Urbanização e Regularização: sem informação Área ocupada – (2008) 18.253 m² – Fonte: IPP Morro do Bananal e Chácara do Céu Bairro: Alto da Boa Vista RA: VIII AP: AP2 REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Bairro: Tijuca RA: VIII AP: AP2 Planta Cadastral: 286-D-IV-2 Sem informação Planta Cadastral: 286-D-II-6; 287-C-II-4 Programa de Urbanização e Regularização: Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2008) 15.461 m² – Fonte: IPP Área ocupada – (2008) 12.473 m² – Fonte: IPP REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Sem informação Morro do Salgueiro Bairro: Tijuca RA: VIII AP: AP2 Planta Cadastral: 287-C-I-3; 287-C-I-5; 287-C-I-6 Sem informação Canto do Sabiá (Beco da Coruja) Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Morro do Borel Bairro: Tijuca RA: VIII AP: AP2 Área ocupada – (2008) 172.350 m² – Fonte: IPP Bairro: Tijuca – RA: VIII – AP: AP2 Planta Cadastral: 287-C-III-1 REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Planta Cadastral: 286-D-II-6; 286-D-IV-3 Programa de Urbanização e Regularização: a comunidade foi reassentada, vindo de áreas de risco Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2818 23/06/1999 Área ocupada – (2004) – 4.850 m² – Fonte: IPP Resolução de Projeto de Alinhamento (PA) 11664 sem informação Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2008) 362.594 m² – fonte: IPP REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2616 16/01/1998 REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2499 26/11/1996 Decreto de reconhecimento de logradouros 27559 25/01/2007 Resolução de Projeto de Alinhamento (PA) 11291 sem informação Morro da Casa Branca Morro do Cruz Morro da Coreia (Trapicheiros) Doutor Catrambi Resolução de Projeto de Alinhamento (PA) 11328 sem informação Decreto de reconhecimento de logradouros 27129 10/10/2006 REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA Bairro: Tijuca – RA: VIII – AP: AP2 Planta Cadastral: 286-D-II-6; 286-D-IV-3; 287-CI-4; 287-C-III-1 Bairro: Andaraí RA: IX AP: AP2 Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Planta Cadastral: 286-D-II-6 Área ocupada – (2008) 79.764m² – Fonte: IPP REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA sem informação Morro da Formiga Bairro: Tijuca RA: VIII AP: AP2 Planta Cadastral: 287-C-I-4; 287-C-III-1 Programa de Urbanização e Regularização: Favela Bairro Área ocupada – (2008) – 199.991 m² – Fonte: IPP Os mapas a seguir apresentam os limites da área de intervenção e mapas setoriais das áreas específicas de cada comunidade que deverá ser objeto da intervenção. Os dados sobre os limites das comunidades foram levantados a partir de plantas cadastrais na escala 1:10.000, cedidas pela equipe de arquitetos que foi incumbida da elaboração dos projetos de arquitetura e urbanismo e geoprocessados a partir de base geográfica disponibilizada no aplicativo Google Earth. Lei de Área de Especial Interesse Social (AEIS) 2818 23/06/1999 As comunidades em questão, apesar de estarem circunscritas a um mesmo território, apresentam diferenciações internas, tanto no que diz respeito à morfologia espacial, quanto à situação socioeconômica. Doutor Catrambi foi subdividida em três áreas para facilitar a visualização. Decreto de reconhecimento de logradouros 18342 01/02/2000 Os mapas 13 a 24 apresentam os limites de cada comunidade. REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA FUNDIÁRIA 30 Mapa 13 – Comunidade do Morro do Jamelão (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 31 Mapa 14 – Comunidade do Morro do Andaraí (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 32 Mapa 15– Comunidade do Morro do Cruz (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 33 Mapa 16 – Comunidade do Morro do Bananal (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 34 Mapa 17 – Comunidade da Chácara do Céu (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 35 Mapa 18 – Comunidade do Morro do Borel (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 36 Mapa 19 – Comunidade do Morro Casa Branca (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 37 Mapa 20 – Comunidade Dr. Catrambi (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 38 Mapa 21 – Comunidade Canto do Sabiá (Beco da Coruja) (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 39 Mapa 22– Comunidade do Morro da Formiga (Beco da Coruja) (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 40 Mapa 23 – Comunidade do Morro da Coréia / Trapicheiros (Beco da Coruja) (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 41 Mapa 24 – Comunidade do Morro do Salgueiro (Beco da Coruja) (Elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento) 42 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA POPULAÇÃO LOCAL Dos quase 22 mil habitantes do Complexo da Tijuca, poucos conhecem sua história. Embora a violência seja fortemente explicitada no dia a dia dessas comunidades pela presença do poder paralelo imposto pelo tráfico de drogas, a área que se estende pelos bairros da Tijuca e Andaraí cumpre o papel de abrigo para indivíduos privados de recursos financeiros e incapacitados de exprimir a escolha pelo habitat desejado, em área provida de infraestrutura adequada.42 Além do crescimento endógeno, o crescimento exógeno, ou seja, a partir da escolha por habitar naquelas comunidades do Complexo, se dá a partir da existência de algum parente ou conhecido no local. Segundo o CENSO 2000 do IBGE, a população local era composta43, em 2.000, por 21.646 habitantes, sendo que destas 11.820 eram mulheres, a maior incidência, e 10.456 eram homens. Essa população residia, em 2.000, em 6.197 habitações, o que constituía uma densidade média de 3,49 hab/domicílio na região, como é apresentado na TABELA 01, abaixo, sendo que a maior densidade encontrada foi na comunidade do Morro do Salgueiro, uma das mais antigas da região. alcançado algum nível de escolaridade, especificamente no ensino fundamental. Apenas 16,9 % chegaram ao ensino médio. A escolaridade é baixa e raros são os que tiveram a oportunidade de frequentar o curso superior, apenas 4,06 % . TABELA 02 ANOS DE ESTUDO POR RESPONSÁVEL DE DOMICÍLIO - CENSO 2000 COMUNIDADE Resp. Domicílio Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior JAMELÃO 344 210 55 19 ANDARAÍ 491 311 101 24 MORRO DO CRUZ 309 221 46 10 MORRO DO BANANANAL / CHÁCARA DO CÉU 102 82 4 0 1.840 1.199 308 71 MORRO DA CASA BRANCA 609 390 98 13 DR. CATRAMBI *** *** *** *** CANTO DO SABIÁ *** *** *** *** MORRO DO BOREL MORRO DA FORMIGA 1.513 1.005 249 78 MORRO DA CORÉIA *** *** *** *** MORRO DO SALGUEIRO 910 601 173 34 6.118 4.019 1.034 2.49 TOTAL Fonte: Censo 2000 – IBGE TABELA 01 TABELA 03 CRIANÇAS FORA DA ESCOLA - CENSO 2000 DADOS POPULACIONAIS POR COMUNIDADE - CENSO 2000 COMUNIDADE POPULAÇÃO MULHERES HOMENS DOMICÍLIOS DENSIDADE JAMELÃO 1.259 653 606 344 3,65 ANDARAÍ 1.689 885 804 491 3,44 MORRO DO CRUZ 1.110 583 527 309 3,59 421 222 199 102 4,13 MORRO DO BOREL 6.831 3.570 3.261 1.840 3,71 MORRO DA CASA BRANCA 1.191 1.154 1.037 609 1,96 DR. CATRAMBI 167 *** *** 55 3,04 CANTO DO SABIÁ 59 *** *** 20 2,95 5.344 2.874 2.470 1.513 3,53 144 *** *** 40 3,60 3.431 1.879 1.552 874 3,92 21.646 Fonte: Censo 2000 – IBGE e SABREM 11.820 10.456 6.197 3,49 MORRO DO BANANANAL / CHÁCARA DO CÉU MORRO DA FORMIGA MORRO DA CORÉIA MORRO DO SALGUEIRO TOTAL A Tabela 02 abaixo permite observar que entre a maior parte a dos 6.118 responsáveis dos domicílios do Complexo da Tijuca, apenas 65,69% havia 42 Os mapas foram elaborado por Antônio Sales - Geógrafo - Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento. 43 Não foi possível obter os dados assinalados com asteriscos (***) porque o CENSO do IBGE não considera os assentamentos com menos de 50 domicílios Também o número de crianças fora da escola em 2000 era grande, das 2.393 crianças entre cinco e nove anos, 1.189 não estavam alfabetizadas, correspondendo a 49,68% deste universo. Total crianças de 5 a 9 anos Alfabetizadas de 5 a 9 anos Não Alfabetizadas de 5 a 9 anos JAMELÃO 139 89 50 ANDARAÍ 161 83 78 MORRO DO CRUZ 103 65 38 MORRO DO BANANAL / CHÁCARA DO CÉU 57 29 28 MORRO DO BOREL 721 386 335 MORRO DA CASA BRANCA 231 94 137 DR. CATRAMBI *** *** *** COMUNIDADE CANTO DO SABIÁ *** *** *** MORRO DA FORMIGA 600 279 321 MORRO DA CORÉIA *** *** *** MORRO DO SALGUEIRO TOTAL Fonte: Censo 2000 – IBGE 381 179 202 2.393 1.204 1.189 A renda per capta é baixa, conforme se pode observar na Tabela 04. A maior parte dos indivíduos encontra-se numa está na faixa renda entre 2 a 5 salários mínimos correspondendo a 39,60% dos responsáveis familiares. Na faixa de ½ a 2 salários mínimos, são 38,74% dos responsáveis familiares. 43 TABELA 04 RENDA DO RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO – CENSO 2000 até 1/2 SM 1/2 até 1 SM 1 até 2 SM 2 até 5 SM 5 a 10 SM Acima de 10 SM JAMELÃO 0 69 131 119 13 2 ANDARAÍ 0 63 162 161 40 13 COMUNIDADE MORRO DO CRUZ 2 57 80 117 11 4 MORRO DO BANANAL / CHÁCARA DO CÉU 1 18 42 30 0 0 MORRO DO BOREL 8 369 534 466 110 8 MORRO DA CASA BRANCA 6 113 154 144 32 3 DR. CATRAMBI *** *** *** *** *** *** CANTO DO SABIÁ *** *** *** *** *** *** 9 326 493 413 82 20 *** *** *** *** *** *** MORRO DA FORMIGA MORRO DA CORÉIA MORRO DO SALGUEIRO 0 264 252 230 41 10 TOTAL 26 1.279 1.848 1.680 329 60 * Em 2000, o salário era de R 151,00 Fonte: Censo 2000 – IBGE No Complexo da Tijuca existe, hoje, um grande contingente de desempregados e assalariados de baixa renda. Outros são trabalhadores do terceiro setor ou mantém sua subsistência com base no trabalho temporário e informal. Grande parte é fruto da economia informal. Observam-se alguns poucos pequenos comerciantes, que assumem o papel de suprir às comunidades, em relação aos itens de consumo básicos, como: ovos, açúcar, leite, pilhas, papel higiênico, antigripais, bebidas etc. Todavia, a falta de infraestrutura desses estabelecimentos não comportaria a regularização dos mesmos e tampouco a existência de um quadro de funcionários. Não foi possível identificar processos de geração de recursos próprios capazes de promoverem a auto sustentabilidade. E novamente aqui seria necessário a realização de um Censo que venha a corroborar ou refutar a afirmação. Os MAPAS de 25 a 31 mostram estas distribuições no território. 44 MAPA 25 – Distribuição da população no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 45 MAPA 26 – Número de domicílios, com até cinco moradores no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 46 MAPA 27 – Número de domicílios, com cinco a dez moradores no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 47 MAPA 28 – Anos de estudo por responsável do domicílio no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 48 MAPA 29– Renda por responsável do domicílio ½ a 2 SM no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 49 MAPA 30 – Renda por responsável do domicílio 2 a 5 SM no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 50 MAPA 31 – Renda por responsável do domicílio 5 a10 SM no Complexo da Tijuca – Fonte: Censo 2000 – IBGE 51 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES PRESENTES / PESQUISA DE CAMPO As associações de moradores foram nossos principais canais de interlocução com as comunidades e seus moradores. Elas exercem um papel fundamental de articuladora. Os presidentes, em sua maioria, possuem aprovação de sua gestão por parte dos moradores. São articulados, entre eles, e sempre foram muito solícitos a atender todas nossas demandas. Pela primeira vez, trabalhamos em áreas pacificadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Desta maneira, os comandantes também se tornaram um importante canal de interlocução e de apoio para o trabalho. Fomos recebidos em suas sedes, conversamos, caminharam pela comunidade conosco e nos apoiaram na divulgação do evento. Em algumas comunidades, foi possível perceber a satisfação com esse novo modelo de segurança pública. Foi possível observar uma carência em projetos e atividades dentro das comunidades. Neste momento do trabalho, ainda não foi possível fazer o mapeamento completo das organizações sociais presentes, sendo de extrema importância esse levantamento na etapa pré obras. A PESQUISA DE CAMPO Com o objetivo de diagnosticar as carências e as demandas dos moradores das comunidades que compreendem o Complexo da Tijuca, formulamos um questionário, que trazia as identificações básicas dos entrevistados; o conhecimento sobre a história do lugar onde vive; o que ele mais gosta e menos gosta nesse lugar. Posteriormente, elencamos diversos itens que incluíram obras, e prestação de serviços para que pudessem identificar se falta muito, pouco, ou não falta. Para esses mesmos itens, pedimos para que nos fossem destacados os três mais importantes. Medimos também à acessibilidade e a satisfação com a oferta de alguns serviços públicos. A etapa final da pesquisa visava identificar quais seriam os serviços públicos satisfatórios; como os moradores usufruem seu tempo livre; e que tipos de equipamentos gostariam que existisse para melhorar a qualidade de vida dos mesmos. Deixamos de realizar o trabalho de campo em três comunidades a saber: Morro da Coréia, Favela Canto do Sabiá e Morro do Bananal, cada uma delas por diferentes variáveis. 1. No caso do Morro da Coréia, por conta da ausência da Polícia Pacificadora ainda não estar instalada. Diferentemente do restante de toda área do Complexo, consideramos que não havia segurança para que a equipe pudesse transitar entre territórios vizinhos pacificados, e não pacificados. 2. A Favela Canto do Sabiá, o número de habitantes é muito pequeno e não há proposta de construção de equipamento público para a área. 3. O Morro do Bananal é uma área que está localizada em área de risco, e que se prevê a realocação das famílias. Portanto, consideramos que não haveria necessidade da pesquisa de campo. Assim, o trabalho de campo foi realizado no Morro do Salgueiro, Morro da Formiga, Favela Dr. Catrambi, Morro da Casa Branca, Morro do Borel, Morro do Cruz/ Chácara do Céu, Morro do Andaraí e Jamelão. Respeitando uma proporcionalidade que garantisse o valor de uma amostragem, entrevistamos assim 500 moradores distribuídos por todo o Complexo, considerando o valor de 1% de entrevistados por comunidade. As entrevistas foram realizadas entre os dias 20 e 29 de outubro de 2010. Os pesquisadores de campo formados em serviço social, geografia e sociologia, caminhavam pelas ruas e vielas das comunidades, abordando os moradores que tivessem interesse em responder às questões. A abordagem consistia numa breve apresentação sobre quais eram os nossos objetivos, aplicação dos questionários e ao final os entrevistados eram convidados a participarem, também, da Oficina do Imaginário que foi realizada em cada comunidade. PESQUISA QUANTITATIVA NO COMPLEXO DA TIJUCA Com a finalidade de obter informações sobre a percepção da população moradora com relação às comunidades populares da Tijuca, foram realizadas 501 entrevistas nas diversas localidades. A amostra final, estratificada por faixa de idade e sexo está representada na tabela 1. e assegura com 95% de confiança que o erro é menor que 3%. Na tabela 2 vemos a escolaridade da população pesquisada comparada com seu local de moradia em cada comunidade. Na coluna % temos a proporção dos que moram na parte alta, média e baixa dos morros. Ao longo de cada linha da tabela, o percentual de cada local de moradia, conforme sua escolaridade declarada. Não há aparente correlação entre os dados levantados. Perguntados se poderiam contar um pouco da história de sua comunidade, um em cada 4 moradores pode atender o pedido. Na tabela 3 estão os percentuais de moradores de cada comunidade que souberam contar sua versão. Vale à pena ler ao final desta seção, as histórias contadas. de educação. Aproximadamente a metade tem membros da família no ensino fundamental, hoje quase universalizado. Entretanto fica evidente o gargalo antes e depois do ensino fundamental. Metade das famílias que usam ensino fundamental (45,5%) usa a creche pública (23,8%); apenas 19,2% utilizam ensino médio e parcos 8,4% acessam cursos profissionalizantes. Complementarmente, a tabela 9 aponta a avaliação dos moradores sobre a qualidade dos mesmos serviços. Os moradores foram perguntados se com relação a serviços básicos ofertados, falta muito, pouco ou não falta, em sua comunidade. A tabela 4 apresenta o percentual de respostas relativos a cada serviço relacionado na coluna à esquerda. A coluna % mostra que OPORTUNIDADE DE TRABALHO é a maior carência, seguida por deficiência no fornecimento de ÁGUA, CONTENÇÃO DE ENCOSTAS, ESGOTAMENTO SANITÁRIO e COLETA DE LIXO. Na Tab. 10 podemos aferir a satisfação dos moradores de cada comunidade, sobre os serviços ofertados em função do uso feito deles. A tabela 5 apresenta os resultados sobre o que mais gostam em sua comunidade. Os itens marcados em cinza são relativos a características das pessoas, seus comportamentos sociais, suas práticas coletivas. Um futuro trabalho social deve buscar valorizar estes pontos apontados por quase 30% dos pesquisados. Os outros pontos dizem respeito ao território. Oportunidade de trabalho, água tratada, iluminação pública, contenção de encostas, esgotamento sanitário, coleta de lixo e atividades de lazer. Tais escolhas mostram a enorme sabedoria popular na busca do fundamental. As respostas sobre o que menos gostam estão na tabela 6. As destacadas com pequenos pontos dizem respeito a percepções sobre relações interpessoaois. As destacadas em cinza liso dizem respeito à segurança. Complementarmente, a falta d’água, a sujeira e o transporte/acesso às comunidades são os itens que mais os incomodam. Perguntados sobre a dificuldade de entrar e sair nas comunidades, 74,1% afirmou ter Nenhuma Dificuldade, e 14,8% ter Pouca Dificuldade. Suas razões para estas restrições aparecem nas linhas horizontais da tabela 7. Dos 11% que afirmaram ter Muita Dificuldade para entrar e sair da comunidade, mais da metade (58,1%) aponta questões ligadas ao transporte, e 16,4% apontam a altura do local em que moram. Não relacionaram a dificuldade de circular com a violência ou medo. Quando perguntados sobre os itens mais importantes a serem resolvidos, responderam da forma apontada pela tabela 11. Vale destacar as principais questões a serem resolvidas: Questionados sobre os sonhos de lazer, apontaram demandas listadas na tabela 12. São destaques: campo de futebol, clube, praças, biblioteca, cinema, centro de informática, e lona cultural. Na tabela 13 estão apontadas as questões que melhorariam as vidas das pessoas. Oportunidade de trabalho, e oferta de cursos profissionalizantes mais do que coerência de políticas, confirmam as demandas sociais. Saúde, fornecimento de água, acesso e lazer completam as soluções apontadas. Questionados sobre o que ouviram sobre o PAC, salta aos olhos a imensa aprovação de tal Programa, conforme dados da tabela 14. Ao passo que 1/3 afirma nada ter ouvido, outro terça só tem elogios. A tabela 8 montra o resultado quando perguntados se alguém em suas casas usa ou não serviços 52 TABELA 1 TABELA 4 TABELA 2 TABELA 3 53 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7 54 TABELA 8 TABELA 9 55 TABELA 10 TABELA 11 56 TABELA 12 TABELA 13 TABELA 14 57 HISTÓRIAS ORAIS DAS COMUNIDADES ANDARAÍ SABIA QUE AQUI ERA UMA FAZENDA, DAÍ FICARAM OS ESCRAVOS ANTIGOS QUE NÃO TINHAM PARA ONDE IR ATÉ ONDE EU SEI ERA UMA FAZENDA CHAMADA ANDARAÍ. ANTIGAMENTE ERA MORRO DO ANDARAÍ ERA UMA FAZENDA DE CAFÉ, DEPOIS VEIO A POSSE BARRO, 15 ANOS ATRÁS QUE PAVIMENTARAM BOREL PESSOAS DE OUTROS ESTADOS QUE CONSTRUIRAM CASAS NO ALTO DO MORRO ERA MUITO MATO O POVO FOI SURGINDO, ANTES ERA PARALELEPIPEDO, AI VEIO O FAVELA BAIRRO PERTENCIA A UMA COMPANHIA CHAMADA BOREL MIORAM E AS CASAS ERAM ALUGADAS PELO SR PACHECO, UM PORTUGUÊS. E O ADVOGADO MARGARINO TORRES CONSEGUIU UM TÍTULO DE PROPRIEDADE ERA UMA CHÁCARA DE CAFÉ DO SR. ALBERTO BORELI, QUE CEDEU O TERRENO PARA AS PESSOAS QUE CHEGAVAM A REGIÃO SEM CASA. DAÍ VEIO O NOME BORÉO O TEMPO QUE O MORRO NÃO MUDOU NADA, CONTINUA ENCHENDO QUANDO CHOVE E CONTINUAM JOGANDO LIXO NAS RUAS, SOU MORADOR A 45 ANOS A VÓ CONTAVA QUE ERA SÓ MATO QUANDO VEIO MORAR AQUI EXISTEM VÁRIAS VERSÕES, COMO A QUE CONTA QUE SURGIU DE UMA FÁBRICA DE TELHAS E SEUS TRABALHADORES MUDANÇA MAIS SIGNIFICATIVA E POSITIVA FOI A UPP COMUNIDADE SEMPRE ESPEROU POR MUDANÇAS QUE ESTÃO COMEÇANDO A APARECER AGORA ERA UM LUGAR ONDE SE CRIAVA CABRITO. PERTO DO RIO MARACANÃ TINHA PLANTAÇÃO DE AGRIÃO NASCIDO E CRIADO NO BORÉO PELA HISTÓRIA SURGIU PELA EMPRESA SOUZA CRUZ, O BORÉO É O NOME DO CIGARRO CUJO SÍMBOLO ERA UM POVO QUE HOJE É SÍMBOLO DA UNIDOS DA TIJUCA. A FÁBRICA FICAVA ONDE ERA O ANTIGO CARREFOUR MINHA VÓ VIVEU AQUI QUASE 100 ANOS, QUANDO CHEGOU NÃO ERA LEGALIZADO E TINHA DERRUBAMENTO DE CASAS ATÉ QUE SE LEGALIZOU E ELA COMPROU O TERRENO. ESCUTOU QUE ERA UMA FAZENDA DA FAMÍLIA BORELLI QUE DEPOIS SE FEZ O TERRENO. INVASÃO POSSE DO POVO BOREL ERA O NOME DE UMA EMPRESA. INVASÃO DOS IMIGRANTES MORADOR HÁ 30 ANOS. NESSE TEMPO SEMPRE HOUVE FALTA DE ÁGUA E ANTES HAVIA CORREIO, AGORA NÃO TEM MAIS.ANTES NÃO HAVIA ROUBO NEM AGRESSÃO. TINHAM FESTAS E O ACESSO ERA LIVRE DEPOIS DO FAVELA BAIRRO MELHOROU BASTANTE QUANDO CHEGUEI HAVIAM POUCAS CASAS, AS RUAS ERAM DE BARRO, A POPULAÇÃO FOI CRESENDO E FOI MUDANDO. HOJE TÁ MUITA COISA PIOR. ELA PERTENCIA A FAMÍLIA BORELI QUE TINHA UMA INDUSTRIA DE FUMO. E DEPOIS COMEÇOU A OCUPAÇÃO.NO GOVERNO BRISOLA ELES FIZERAM UMA TROCA NOS TERRENOS HISTÓRIA DA COMUNIDADE É PÁGINA VIRADA, FICOU NO PASSADO E NÃO TEM QUE FICAR FALANDO DE COMO ERA, MAS DE COMO VAI SER DAQUI PRA FRENTE NÃO TEM NADA NÃO, PORQUE MUITA COISA QUE TEM QUE FAZER NÃO SE FAZ AQUI JÁ FOI MUITO RUIM COM BARRACOS, E AGORA TEM ALVENARIA, MELHOROU BASTANTE QUANDO VIM MORAR AQUI ESTAVA MAIS OU MENOS INTEGRADO, NÃO HAVIA MAIS BRIGA DA PREFEITURA COM POSSEIROS, SOU MORADOR HÁ 30 ANOS NASCIDA E CRIADA AQUI, HOUVE MUITA LUTA PARA ISTO AQUI NÃO VIR ABAIXO, O PAI JÁ FOI PRESIDENTE DA ASSOSSIIAÇÃO NASCIDA E CRIADA, ANTIGAMENTE GOSTAV, MUDOU PRA PIOR. TINHA FESTIVIDADE, TUDO ORGANIZADO E BOM, CADA UM RESPEITANDO O OUTRO MORADORA A 2 MESES NADA ALÉM DAS DIFICULDADES MUITA LUTA PARA ARRUMAR ÁGUA, PASSAMOS SEMANAN DENTRO DA MATA PUXANDO ÁGUA, DEPOIS AGNALDO TIMÓTEO COLOCOU CAIXA NA CHÁC.DO CÉU E NOS BENEFICIOU, NÃO TINHA LUZ AQUI. TRABALHA NA ASSOCIAÇÃO DESDE 1986, O PAI JÁ FOI PRESIDENTE ENTRE 1946 E 1951 NASCIDA E CRIADA AQUI, QUANDO CRIANÇA ERA TRANQUILO, MAS DE TEMPO EM TEMPO TINHA PROBLEMAS. MORADORA A 46 ANOS, TODA FAMÍLIA SE CRIOU AQUI, TEVE ÉPOCAS BOAS, MESMO MARGINALIZADA, PIOROU E SÓ TEVE MELHORA COM ENTRADA DA FAMÍLIA. NÃO TEM MAIS GATO DE LUZ E QUANDO ACABA VOLTA LOGO. CHEGOU EM 1985 NASCIDA E CRIADA NA COMUNIDADE QUANDO CHEGUEI AQUI A 40 ANOS NEM LUZ TINHA HÁ 5 ANOS ATRÁS QUANDO CHEGOU NA COMUNIDADE, AS COISAS ERAM MUITO PIOR. AGORA ESTÃO MELHORANDO, AS RUAS, O FORNECIMENTO DE ÁGUA E OUTRAS COISAS. MORO A 4 SEMANAS NA COMUNIDADE EU VIVI QUANDO TINHA VIOLÊNCIA E TRÁFICO DEMAIS, E COM A UPP MELHOROU, HÁ ESPECTATIVA DAS OBRAS DE MELHORIA DO PAC, OFERECENDO CURSOS CASA BRANCA VIM DA PARAÍBA PARA CÁ HÁ 5 ANOS PORTUGUESES ANTES ERA TUDO BARRO DESDE A CONDE DE BONFIM. MORA AQUI NA COMUNIDADE A 19 ANOS NASCI AQUI. ANTES O NÍVEL DE POBREZA ERA MAIOR, ESGOTO A CÉU ABERTO, RUA DE BARRO. HOJE TEM MAIS EDUCAÇÃO, LAZER PARA CRIANÇAS, CAMPO, ILUMINAÇÃO E ATÉ PRESENÇA DO GOVERNO E DE OUVIR A COMUNIDADE HÁ 2 ANOS ATRAS QUANDO CHEGOU TINHA POLÍCIA COMUNITÁRIA, MAS PARA INGLÊS VER, TINHA DESLIZAMENTO DE TERRA MAS MELHOROU COM A UPP E GEOTÉCNICA SOU NASCIDA E MORADORA HÁ 30 ANOS. COM A UPP MELHOROU MUITO O DIREITO DE IR E VIR QUANDO CHEGUEI AQUI NÃO TINHA MUITA COISA. SÓ VIOLÊNCIA TINHA A CASA DE UM PORTUGUES QUE ERA BRANCA E POR ISSO É CHAMADO MORRO DA CASA BRANCA É FOLHA APAGADA NA HISTÓRIA ERA PARTE DA TIJUCA E DEPOIS DIVIDIU, FUNDANDO A CASA BRANCA CHÁCARA DO CÉU MORADOR A 26 ANOS, A COMUNIDADE DESDE 8 ANOS PARA CÁ MELHOROU MUITO COM CALÇAMENTO, UM POUCO COM CANALIZAÇÃO DE ÁGUA MORADORA HÁ MAIS DE 20 ANOS, ANTIGAMENTE NÃO TINHA ESTRADA, TINHA MUITA VIOLÊNCIA, FAZENDO MUITAS FAMÍLIAS IREM EMBORA E TEREM PARENTES VITIMADOS. CRIA 8 FILHOS COM MUITA DIFICULDADE, MAS VEM DANDO CERTO COM A JUDA DO PROJETO RODA VIVA E CURSOS. NASCI AQUI, ANTIGAMENTE ERA TUDO ESTRADA DE LAMA, QUANDO CHOVIA TINHA QUE COLOCAR PLÁSTICO NO PÉ PARA NÃO ESCORREGAR QUANDO CHEGUEI EM 1980 ERA MAIS CALMO, E AS PESSOAS ERAM MAIS PRÓXIMAS E HOJE EM DIA tem ANTIGAMENTE ERA MAIS ANIMADO, NINGUEM É MAIS ANIMADO PORQUE ACABOU O LAZER PRINCIPALMENTE OS JOVENS NÃO TINHA ENTRADA ALÉM DA QUE HÁ PELO BOREL, O ABASTECIMENTO DE ÁGUA ERA PIOR PORQUE TINHA QUE COLETAR COM BALDE DISTANTE, CHEGOU ILUMINAÇÃO, ETC. ANTIGAMENTE ERA TUDO BARRO, ERA BEM DIFÍCIL E FACILITOU COM KOMBIS E MOTOS O ACESSO ANTIGAMENTE TINHA PROSTITUIÇÃO, DROGAS, CRIANÇAS DE 12 ANOS ENGRAVIDAVAM MORO AQUI A 60 ANOS. A COMUNIDADE ERA DESCALÇADA E NÃO TINHA POLICIAMENTO, ERA MUITO PERIGOSO ANTES DA UPP. MAIOR MUDANÇA QUE VIU FOI A ENTRADA DA UPP E AS OBRAS QUE COMEÇARAM HÁ 10 ANOS, MAS NÃO FORAM CONTINUADAS O MORRO ERA DE BARRO, TINHA QUE IR PARA A ESCOLA COM SACO NOS PÉS E ISSO MUDOU 58 MORO HÁ 52 ANOS. AQUI JÁ FOI MUITO TRISTE, MAS ESTÁ MELHOR DEPOIS DA UPP. TINHA MUITA CRIMINALIDADE FORMIGA SENHOR RODOLFO FOI UM DOS PRIMEIROS MORADORES. ANTIGAMENTE ERA MATAGAL ERA PROPRIEDADE DA SULAMÉRICA FOI ORIGINADO POR IMIGRANTES PORTUGUESES ERA UM FAZENDA E COMEÇARAM A CHEGAR PESSOAS DE MG PRA CÁ.COMEÇARAM A FAZER AS CASAS ATÉ VIRAR O QUE É HOJE ERA UMA FAVELA COM 288 MORADORES, ANTES PERTENCIAM ÁS FREIRAS, AGORA AS PESSOAS TEM QUE COMPRAR E ALUGAR SUAS CASAS, QUEM NÃO TEM DINHEIRO PRA ISSO FOI EMBORA ERA UM LOCAL DE TORTURA DE ESCRAVOS, OUTROS QUE OS MORADORES SUBIAM EM FILAS, COMO FORMIGAS, DAÍ O NOME TEM MAIS DE 60 ANOS QUE MORA AQUI E QUANDO CHEGOU ERA TUDO DE BARRO,NÃO TINHA ÁGUA ENCANADO,LUZ E ESGOTO QUANDO CHEGUEI ERA TUDO MATA COM O TEMPO FORAM CHEGANDO OS BARRACOS.DEPOIS DO FAVELA BAIRRO QUE O COMUNIDADE GANHOU A CARA QUE TEM HOJE COMUNIDADE SURGIU ATRAVÉS DE UM PESSOAL QUE VEIO DA ROÇA E NÃO TINHA ONDE MORAR,ENTÃO FOI SUBINDO ATÉ ONDE HÁ CASAS HOJE NO ALTO DO MORRO DESDE QUE É MORADOR (6 ANOS) A ÚNICA MUDANÇA SIGNIFICATIVA FOI A CHEGADA DA UPP LEMBRA QUE AJUDOU A ASFALTAR AS RUAS QUE ERAM TODAS DE BARRO E NEM CARRO DE PASSEIO PASSAVA QUANDO CHEGUEI HÁ 40 ANOS ERA TUDO MATO HAVIAM POUCAS CASAS,OS RIOS ERAM LIMPOS.COM O TEMPO FOI CRESCENDO DE QUALQUER JEITO ATÉ CHEGAR AO QUE É HOJE SEMPRE FALTOU ÁGUA DA CEDAE, MUITOS ATÉ HJ RECEBEM ÁGUA CAPTADA DA NASCENTE ANTIGAMENTE SÓ TINHA BARRO E DEPOIS FOI MELHORANDO POR CAUSA DA OCUPAÇÃO RÁPIDA E DA QUANTIDADE DE FORMIGAS NO LOCAL MORADOR HÁ 4 ANOS. NESSE TEMPO NÃO VIU MUITA COISA MUDAR ALEM DA CHEGADA DA UPP QUE TEVE ORIGEM DAS PESSOAS DE MINAS,QUE ERA UMA FAZENDA E FOI EXPANDINDO E FAZENDO AS CASAS O QUE MAIS MODIFICOU A COMUNIDADE FOI O PROGRAMA FAVELA BAIRRO,CORTES DISSO A HISTÓRIA DA COMUNIDADE É DE MUITA DIFICULDADE TINHA UM FORMIGUEIRO ENORME TINHA CAMINHOS COM PESSOAS SUBINDO COM COMPRAS E DE LONGE PARECIA QUE ERA UM MONTE DE FORMIGAS ANDANDO HISTÓRIA SEMPRE FOI DE ABANDONO E DIFICULDADE. JÁ FOI PIOR QUE ATUALMENTE,NÃO TINHA LUZ NEM CALÇAMENTO JAMELÃO É JAMELÃO POR CAUSA DOS PÉS DE JAMELÃO QUANDO CHEGOU AQUI EM 1957 JÁ ESTAVA FORMADA TODA A COMUNIDADE MATO E POUCAS CASAS ERA UMA GRANDE PLANTAÇÃO DE BANANAS E QUE FOI FORMADA POR JESUÍTAS QUE TIVERAM AS TERRAS DOADAS NO IMPÉRIO MORO HÁ 60 ANOS,A ÚNICA MELHORA QUE SE TEVE FOI A ESTRADA QUE ERA TUDO DE TERRA,ILUMINAÇÃO E ÁGUA DA FONTE DO RIO MORRO DA CRUZ ERAM CASAS ALUGADAS E DEPOIS POSSE ANTIGA PEDREIRA QUE ESTAVA ABALANDO A ESTRUTURA DOS PRÉDIOS EM VOLTA E POR ISSO A PREFEITURA NA ÉPOCA DECIDIU FECHAR A PEDREIRA QUE ERA DO SR EDUARDO QUE FICOU 10 ANOS SEM PAGAR IMPOSTO E AI O PESSOAL DE OUTRAS COMUNIDADES INVADIRAM PARTE DO MORRO DO ANDARAÍ QUE OCUPOU ESTÁ ÁREA ESTA OCUPAÇÃO COMEÇOU COMO POSSE E DEPOIS HOUVE UMA OCUPAÇÃO MAS SEM CONTROLE COM ÓRGÃO PÚBLICO UMA OCUPAÇÃO CHÁCARA DE CAFÉ QUE TINHA UM DONO O SR BOREL, QUE MORREU E A SRA DORALICE CALDEIRA (FUNDADORA DA TIJUCA) E SR BONIFÁCIO QUE COMEÇARAM A CONSTRUIR AS CASAS ERA MATO, E FOI SUBINDO UM BARRAQUINHO AQUI E ALI, POR MAIS DE 37 ANOS INVASÃO INVASÃO, TERRENO HIPOTECADO AO BANCO DO BB ERA UMA FAZENDA DE CAFÉ E FOI OCUPADA E VIROU O SALGUEIRO QUANDO VIM SÓ TINHA TERRA SALGUEIRO ERA UM ANTIGO CAFEZAL E TINHA UMA USINA QUE FORAM TRANSFORMANDO EM FÁBRICA DE TECIDOS E O PESSOAL OCUPOU ESTE ESPAÇO JÁ FOI MELHOR. AGORA EU ESPERO QUE MELHORE FAZENDA DE CAFÉ.O DONO ERA SENHOR ANTÔNIO SALGUEIRO ERA UM CAFEZAL QUE PERTENCIA AO SR. SALGUEIRO, COM O TEMPO FOI OCUPADO E SURGIRAM OS BARRACOS CAFEZAL.OCUPADO POR NEGROS VIU O FAVELA BAIRRO ACONTECER, O QUE FOI A MUDANÇA MAIS SIGNIFICANTE ERA UMA FAZENDA DE CANA DE AÇUCAR, O DONO ERA DOMINGOS SALGUEIRO, OS ESCRAVOS VINHAM TRABALHAR E DAÍ SURGIU A COMUNIDADE IGREJA QUE FEZ A CADA DA SRA DOLORES SABE QUE ANTIGAMENTE AS DIFICULDADES ERAM MAIORES, MAIS LIXO, SEM ÁGUA, SEM ASFALTO,... ERA UMA PLANTAÇÃO DE CAFÉ E HOUVE UMA OCUPAÇÃO E PASSOU A SER CHAMADO DE SALGUEIRO MAIOR MUDANÇA FOI A FAVELA BAIRRO QUE MELHOROU O ABASTECIMENTO DE ÁGUA,LUZ E ASFALTO ERA BARRO E PEDRAS O MORRO ERA TUDO MATO E PERTENCIA A UM MILITAR.NO GOVERNO BRIZOLA QUE HOUVE UMA MAIOR URBANIZAÇÃO E COMEÇARAM MUITAS COISAS ERA UM CAFEZAL ANTIGO, HAVIAM DUAS FÁBRICAS DE ÓLEO QUE VIROU ESCOLA E UMA OUTRA DE TECIDO QUE VIROU IGREJA 59 EQUIPAMENTOS SOCIAIS - EXISTENTES E PREVISTOS A PARTIR DA DEMANDA DA COMUNIDADE Os dados, especialmente para os equipamentos comunitários de educação e saúde existentes nas comunidades, foram obtidos através do SABREN. No que se refere ao lazer no interior das comunidades, foram encontrados praças e quadras de futebol danificadas. Os jovens não têm muitas opções de lazer dentro das comunidades. São poucas as áreas com equipamentos para esses fins. As praças existentes precisam de manutenção. Apesar disso a comunidade é bem localizados estando perto de grandes Centros Comerciais na Tijuca onde há cinemas, restaurantes e bares. Além disso há fácil acesso às praias da Zona Sul e da Barra da Tijuca e a área fica relativamente próxima e com fácil acesso de transporte para a Zona Sul e Central da cidade. A TABELA 15, a seguir apresenta um quadro resumo sobre os EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS EXISTENTES. TABELA 15 Equipamentos sociais Existentes (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella - No entorno Hospital Geral do Andarai - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Praça Nobel - No entorno POUSO (Posto de Orientação Urbnística e Social Nome: Andaraí MORRO DO CRUZ ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Escola Municipal Rodrigo Mello Franco Andrade - No Entorno Escola Municipal Afrânio Peixoto - No Entorno Escola Municipal Epitácio Pessoa - No Entorno Escola Municipal Jardim de Infância Aníbal Machado - No Entorno CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Cantinho do Céu - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social JAMELÃO CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Creche Municipal Galdino Manoel da Silva - No Assentamento Centro de Referência da Assistência Social Encontro Creche Municipal Nova Divinéia - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Creche Municipal São Sebastião - Arrelia - No entorno Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues Creche Municipal Winnie Mandela - No entorno UNIDADES DE SAÚDE Creche Municipal Papa João Paulo II - No entorno (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) CRAS - Centro de Referência da Assistência Social Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella - No entorno (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Hospital Geral do Andarai - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Encontro Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno UNIDADES DE SAÚDE PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Praça Tabatinga - No entorno Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella - No entorno Praça Monte Caseros Hospital Geral do Andarai - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno MORRO DO BANANAL / ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) CHÁCARA DO CÉU Escola Municipal Chácara do Céu - No Entorno Praça José Ribeiro - No entorno Escola Municipal Rodrigo Mello Franco Andrade - No Entorno Praça Nobel - No entorno Escola Municipal Epitácio Pessoa - No Entorno POUSO (Posto de Orientação Urbnística e Social Escola Municipal Jardim de Infância Aníbal Machado - No Entorno Nome: Andaraí CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Casa Branca - Professor Paulo Freire - No entorno ANDARAÍ CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Cantinho do Céu - No entorno Creche Municipal Galdino Manoel da Silva - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social Creche Municipal São Sebastião - Arrelia - No Assentamento (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Creche Municipal Winnie Mandela - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Creche Municipal Papa João Paulo II - No entorno Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues CRAS - Centro de Referência da Assistência Social UNIDADES DE SAÚDE (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Centro de Referência da Assistência Social Encontro Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Hospital Geral do Andarai - No entorno UNIDADES DE SAÚDE Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno 60 Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Praça Prof. Pinheiro Guimarães - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Praça Tabatinga - No entorno Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues Praça Prof. Gondim Neto - No entorno UNIDADES DE SAÚDE POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Nome: Borel Hospital Geral do Andarai - No entorno Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno MORRO DO BOREL ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500 m da sua borda) Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno Classe em Cooperação Dr. Marcelo Candia - No Assentamento PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Escola Municipal Borel - No Entorno Praça Prof. Pinheiro Guimarães - No entorno Escola Municipal Chácara do Céu - No Assentamento Praça Tabatinga - No entorno Ciep Doutor Antoine Magarinos Torres Filho - No Entorno Praça Prof. Gondim Neto - No entorno Escola Municipal Rodrigo Mello Franco Andrade - No Entorno POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social Escola Municipal Epitácio Pessoa - No Entorno Nome: Borel Escola Municipal Jardim de Infância Aníbal Machado - No Entorno CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) DOUTOR CATRAMBI ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Casa Branca - Professor Paulo Freire - No entorno Escola Municipal Mário Faccini No Entorno Creche Municipal Raio de Sol - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social Creche Municipal Cantinho do Céu - No entorno (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Creche Municipal São Sebastião - Arrelia - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Creche Municipal Winnie Mandela - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social CANTO DA SABIÁ ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Ciep Doutor Antoine Magarinos Torres Filho No Entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) UNIDADES DE SAÚDE Creche Municipal Casa Branca - Professor Paulo Freire No entorno (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Creche Municipal Tia Bela No entorno Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella - No entorno Creche Municipal Doutor Ronaldo Luiz Gazolla No entorno Hospital Geral do Andarai - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí sem informação PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) UNIDADES DE SAÚDE Praça Prof. Pinheiro Guimarães - No entorno (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Largo São Camilo de Lilles - No entorno Hospital Geral do Andarai No entorno Praça Tabatinga - No entorno Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão No entorno Praça Prof. Gondim Neto - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa No entorno POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Nome: Borel Praça Prof. Pinheiro Guimarães No entorno Praça Tabatinga No entorno MORRO DA CASA BRANCA ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Praça Prof. Gondim Neto No entorno Classe em Cooperação Dr. Marcelo Candia - No Entorno Escola Municipal Borel - No Entorno MORRO DA FORMIGA ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Escola Municipal Chácara do Céu - No Entorno Escola Municipal Jornalista Brito Broca - No Entorno Ciep Doutor Antoine Magarinos Torres Filho - No Entorno CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Tia Bela - No entorno Creche Municipal Casa Branca - Professor Paulo Freire - No Assentamento Creche Municipal Tia Maria - No Assentamento Creche Municipal Raio de Sol - No entorno Creche Municipal Doutor Ronaldo Luiz Gazolla - No entorno Creche Municipal Tia Bela No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social Creche Municipal Doutor Ronaldo Luiz Gazolla - No entorno (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) 61 Centro de Referência da Assistência Social Renascer do Andaraí Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues UNIDADES DE SAÚDE (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Hospital Geral do Andarai - No entorno Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Praça Prof. Pinheiro Guimarães - No entorno Praça Prof. Gondim Neto - No entorno POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social Nome: Formiga MORRO DA CORÉIA CRAS - Centro de Referência da Assistência Social (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues UNIDADES DE SAÚDE (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Praça Barão de Corumbá - No entorno Praça Gabriel Soares MORRO DA SALGUEIRO ESCOLAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Escola Municipal Bombeiro Geraldo Dias - No Entorno Escola Municipal Prudente de Moraes - No Entorno CRECHES (Localizadas no assentamento ou em um raio de 500m da sua borda) Creche Municipal Raízes do Salgueiro - No entorno Creche Municipal dos Sonhos - No entorno CRAS - Centro de Referência da Assistência Social (Localizados no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Central de Recepção de Adultos e Famílias Tom Jobim Centro de Acolhimento Raul Seixas - Casa de Passagem Centro de Referência da Assistência Social Homero José dos Santos Centro de Referência Especializado de Assistência Social Arlindo Rodrigues UNIDADES DE SAÚDE (Localizadas no assentamento ou em um raio de 2000m da sua borda) Hospital Municipal Salles Neto - No entorno Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Oscar Clark - No entorno Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro - No entorno Posto de Assistência Médica Hélio Pellegrino - No entorno Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão - No entorno Posto de Saúde Prof. Júlio Barbosa - No entorno PRAÇAS (Localizadas no assentamento ou em um raio de 1000m da sua borda) Praça Gabriel Soares - No entorno Praça Inominada do Morro do Salgueiro - No entorno POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social Nome: Salgueiro 62 INFRAESTRUTURA FÍSICA Os dados sobre infraestrutura física só puderam ser tabulados para aquelas comunidades que possuíam mais de 50 unidades em 2000. Assim, as comunidades de Doutor Catrambi, Coréia e Canto do Sabiá não foram contabilizadas na avaliação da infraestrutura física. Os Mapas 29 e 30 mostram os dados censitários no território abrangido pelo Complexo da Tijuca, com relação ao abastecimento de água e esgotamento sanitário. No Complexo da Tijuca, observa-se uma escassez de projetos urbanísticos, à exceção do Projeto Favela Bairro. Mas as obras realizadas se encontram em mau estado de conservação, umas pela falta de manutenção e uso inadequado (depredação) e outras por falta de conclusão das obras. Embora os dados censitários de 2000 apontem para um atendimento quase universal dos domicílios nessa comunidade, sendo 85,96% atendidos por rede de esgotamento sanitário e 88,12% atendidos pela rede de abastecimento de água, ou seja, 82,5 % de domicílios atendidos por rede, nas entrevistas realizadas e nas Oficinas do Imaginário estas são questões recorrentes: acesso e qualidade das redes de abastecimento de água, de drenagem, de esgotos, de iluminação pública, de transportes, de pavimentação e telefonia.44 O esgotamento sanitário, em muitas áreas, é precário e encontra-se em condições inadequadas, causando danos a saúde dos moradores. Os dejetos descem a céu aberto em alguns locais, os bueiros não têm tampa. TABELA 17 Infraestrutura urbana, em domicílios particulares pernentes, segundo as áreas selecionadas do Complexo da Tijuca - Censo 2000 INCIDÊNCIA Bruto % Total de domicílios permanentes 6.118 100 5.259 85,96 Servidos por escoamento em fossa séptica ou rudimentar 54 0,88 Servidos por escoamento em vala 629 10,28 Servidos por outras formas de escoamento 5 0,08 Sem serviço de esgotamento sanitário 92 1,5 Escoamento em rio, lago ou mar 79 1,29 5.391 88,12 Servidos por abastecimento por poço 516 8,43 Servidos por outras formas de abastecimento 211 3,45 ESGOTAMENTO SANITÁRIO ABASTECIMENTO DE ÁGUA Servidos por rede de abastecimento de água Fonte: Censo 2000 – IBGE 44 Fotos e dados coletados nos locais pela equipe de campo. Mapas seguintes elaborados por Antônio Sales - Geógrafo Analista Ambiental, Especializado em Geoprocessamento. A iluminação pública é precária e inexistente em diversos pontos das comunidades. Em muitos locais não existem postes. Assim, é possível inferir que, a despeito de algumas poucas intervenções já realizadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o que se pode observar é uma baixa qualidade desses serviços e de sua manutenção. As fotos tiradas pela equipe de campo durante a realização da pesquisa e das Oficinas do Imaginário e de fotografias, ilustram o acima exposto e são a seguir apresentadas. Em certos pontos as chuvas provocam risco de desabamentos e a falta de esgotamento pluvial acaba por permitir a formação de verdadeiros rios nas ruas que são asfaltadas. Muitos moradores improvisam sua própria rede de esgoto. Em certos locais o abastecimento de água, o esgotamento sanitário e a drenagem simplesmente inexistem. A TABELA 17 abaixo, apresenta um resumo dos dados expostos acima. Servidos por escoamento em rede de esgotamento sanitário são feitas, as chamadas “gambiarras” representam perigo de vida. As redes não sofrem manutenção e os canos e taludes estão danificados. Os reservatórios locais não são suficientes para atender à população. Todos os indícios de asfaltamento e calçamento são precários. Algumas vias não possuem uma largura apropriada e, em caso de curva, não possuem angulação que comporte o trânsito de mão dupla. De qualquer forma, na quase totalidade das áreas, são permeadas por becos estreitos e algumas escadarias. Todos em péssimas condições de uso. Não existe a preocupação com a adequação à realidade dos portadores de necessidades especiais. A coleta de lixo existe, mas é insuficiente. A Em muitas áreas a frequência desse serviço é baixa e inversamente proporcional a quantidade de dejetos produzidos. Existe um acúmulo de lixo por vários pontos das comunidades. O sistema de energia elétrica não atua com constância e nem abrange todos os domicílios. Dessa forma, observam-se um emaranhado de fios, dispostos à revelia, com fins de captação ilegal e inadequada de energia. A gravidade desta questão vai além da inadimplência. Nos moldes como 63 MAPA 32 – Domicílios ligados á rede de esgoto – Fonte: Censo 2000 – IBGE 64 MAPA 33 – Domicílios ligados á rede de água – Fonte: Censo 2000 – IBGE 65 JAMELÃO 66 67 68 ANDARAÍ 69 70 MORRO DO CRUZ 71 72 MORRO DO BOREL 73 74 75 76 MORRO DA CASA BRANCA 77 78 79 80 DOUTOR CATRAMBI CANTO DO SABIÁ 81 MORRO DA FORMIGA 82 83 84 MORRO DA CORÉIA 85 MORRO DO SALGUEIRO 86 87 88 TIPOLOGIA EDILÍCIA A tipologia edilícia das comunidades da região ,objeto da intervenção segue o padrão de ocupação subnormal: habitações de um modo geral pequenas, com baixa qualidade estrutural e construtiva, acabamentos precários, baixo ou até mesmo nenhum acesso aos serviços básicos de saneamento e abastecimento de água.45 JAMELÃO Uma grande parte das construções, em todas as quatorze comunidades da área, é agora de alvenaria, mas sem revestimentos de reboco ou emboço, também na maioria das vezes. Em algumas áreas de ocupação mais recente, sobretudo nas partes mais próximas aos aterros recentes realizados na Lagoa da Tijuca para ganhar mais terras para a comunidade, as habitações são ainda mais precárias e algumas são de taipa ou refugos de madeira e sequer possuem sanitários instalados. Conforme é hoje entendido pelo Ministério das Cidades, um assentamento subnormal é um assentamento contíguo caracterizado pelas condições precárias das habitações. Segundo a ONU, cinco componentes refletem essa precariedade: • Status residencial inseguro • Acesso inadequado à água potável • Acesso inadequado a saneamento e infraestrutura em geral; • Baixa qualidade estrutural dos domicílios; • Adensamento excessivo. Um fato que logo chama a atenção é o encontro entre o adensamento das habitações e o baixo índice de verticalização da área, mesmo naquelas áreas onde o acesso à infraestrutura e serviços urbanos é formal. Situação que se transforma ao ingressar mais para dentro das comunidades, onde o acabamento das residências termina por evidenciar o local. O investimento em melhorias habitacionais poderá reverter este quadro de precariedade, pelo menos no que tange ao aspecto morfológico. A seguir, são apresentadas fotos coletadas no local que evidenciam os aspectos acima descritos. 45 Fotos e dados coletados nos locais pela equipe de campo. 89 90 91 92 93 ANDARAÍ 94 95 96 MORRO DO CRUZ 97 98 MORRO DO BOREL 99 100 101 102 103 MORRO DA CASA BRANCA 104 105 106 DOUTOR CATRAMBI CANTO DO SABIÁ 107 MORRO DA FORMIGA 108 109 MORRO DO SALGUEIRO 110 111 112 113 INTERVENÇÕES JÁ REALIZADAS: PELO GOVERNO FEDERAL, PELO ESTADO OU PELA PREFEITURA As muitas intervenções realizadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro em comunidades que era atualizado a cada quatro anos passará a ser anual. O Plano Estratégico I da Cidade do Rio de Janeiro – Rio Sempre Rio – não contemplou a área do Complexo do Jacarezinho com o Programa Favela Bairro através de intervenção urbanística e social. Dadas as dimensões das comunidades do Complexo da Tijuca e os poucos projetos que o atenderam já se aponta a extrema necessidade de vê-lo atendido pelo PAC 2. O Rio Cidade, outro Programa de Governo nascido no âmbito do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – Rio Sempre Rio – apresentado na estratégia 2 – Rio acolhedor – como um dos programas cujo objetivo era o de qualificar a vida dos bairros e melhorar a qualidade dos espaços públicos, também não atingiu as áreas do Jacaré e do Jacarezinho. Ciente desta situação, o Governo do Estado incluiu as comunidades do Complexo da Tijuca no PAC 2, considerando aindasua localização, as Olimpíadas e a Copa do Mundo, além do Programa de instalação das UPPs nesses locais, visando a melhoria da qualidade de vida das populações que aí se estabelecem. O Programa Mutirão realizou no Jacarezinho obras de infraestrutura em 1980: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e pavimentação. O Mutirão Obras Comunitárias é um dos mais antigos e eficientes programas de urbanização da Prefeitura. Empregando, sempre que possível, mão de obra da própria comunidade, o Mutirão Obras Comunitárias vem recuperando espaços ociosos em pequenas áreas de loteamentos, favelas e vilas existentes na cidade. Cerca de 600 comunidades em 76 bairros já receberam obras de infra-estrutura através desse programa. A iniciativa emprega em média equipes de 15 pessoas, ganhando cada uma em torno de R$ 400,00. Em 2000 a comunidade começou a ser atendida pelo Programa Grandes Favelas, da Secretaria de Habitação de este consiste na intervenção urbanística em favelas com mais de 2.500 domicílios, aos moldes do programa Favela Bairro. O prefeito Eduardo Paes lançou em 27/07/2010 no Palácio da Cidade, o programa Morar Carioca, que prevê a urbanização de todas as favelas do Rio até 2020, com gabaritos fixados e limites demarcados. O programa “Morar Carioca”, também conhecido como Plano Municipal de Integração dos Assentamentos Informais Precários, tem como objetivo promover a integração e a urbanização das favelas, bem como implantar um sistema de controle e ordenamento da ocupação e uso do solo urbano. A Secretaria Especial de Ordem Pública será responsável pela fiscalização permanente dos limites das comunidades e pelo combate ao crescimento irregular. O mapeamento das favelas, através de fotos aéreas e satélites, 114 PLANOS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS CO-LOCALIZADOS O PAC Favelas, lançado no ano de 2007, destina investimentos vultosos para as camadas mais pobres da população, visando promover a urbanização em assentamentos precários, através da construção de equipamentos sociais, unidades habitacionais, saneamento, áreas de lazer, centros culturais e esportivos, creches, escolas técnicas, postos de saúde, bibliotecas e sistemas de abastecimento de água, esgoto e iluminação pública entre outros. Soma-se ainda, o trabalho social ao qual se destina no mínimo 2,5% do valor das obras e tem como objetivo geral transformar as intervenções físicas de urbanização em processos de Desenvolvimento Sustentável incentivando a manutenção dos recursos através da gestão democrática, organização comunitária e participação política. Através de altos investimentos em favelas cariocas na ordem de aproximadamente R$ 940 milhões, que estão sendo aplicados nos Complexos do Alemão, Manguinhos e Rocinha objetiva-se tornar a favela parte integrante da cidade, por não se tratar apenas de intervenções físicas e urbanísticas, mas por se tratar de intervenções sociais, modificando o habitus da população mediante a transformação do espaço físico (o que interfere indiscutivelmente na economia local). As cidades brasileiras abrigavam, há menos de um século, 10% da população nacional. Atualmente são 82%. Incharam, num processo de exclusão e de desigualdade. O PAC- Favelas objetiva reverter o quadro de desigualdade social e territorial existente, de modo a tornar efetivo o direito à cidade dos habitantes dos assentamentos precários. Os investimentos do PAC no Complexo do Alemão, Manguinhos e Rocinha têm tido, e terão ainda mais ao final das intervenções, um forte impacto sobre a vida das pessoas daquelas comunidades. Do ponto de vista do trabalho técnico social do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o PAC no Rio de Janeiro se caracteriza pela forma inusitada de atuação porque coloca a população desde o princípio como agente e corresponsável pelas decisões e manutenção sobre os investimentos em seus territórios. Ainda de acordo com a coordenação do trabalho social no Estado do Rio de Janeiro, o trabalho tem como objetivo geral transformar as Intervenções físicas de urbanização (as obras de transforma- ção do território) em processos de desenvolvimento sustentável (crescimento econômico com distribuição de benefícios e sustentação de recursos sob gestão democrática – Transformação do Território + Transformação das Pessoas). O lançamento do PAC 2 no Rio de Janeiro foi noticiado no Folha EMOP (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro em 05/05/2008: A Secretaria Municipal de Habitação46, em parceria com o Governo Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 379,5 milhões (R$ 100,5 milhões da Prefeitura do Rio e R$ 279 milhões da União), está realizando obras de urbanização e implantação de infraestrutura nos complexos do Alemão e de Manguinhos; em um conjunto de 11 comunidades na Tijuca; na Colônia Juliano Moreira (Jacarepaguá); e na construção de 293 unidades habitacionais no Centro e em Marechal Hermes, para famílias que ganham de 0 a 3 salários mínimos. No total, 179,5 mil pessoas serão beneficiadas pelas ações. No Complexo de Manguinhos, o investimento é de R$ 93,3 milhões, sendo R$ 70 milhões do governo federal e R$ 23,3 milhões da Prefeitura. Serão alcançados pelas intervenções cerca de 46 mil moradores das comunidades CHP2, Vila Turismo, Parque João Goulart, Vila União, Mandela de Pedra, e dos conjuntos habitacionais Nelson Mandela e Samora Machel. Em Manguinhos, com as obras de urbanização, serão construídas quatro creches, cinco estações elevatórias de esgoto e um posto do Programa de Saúde da Família. Estão previstas, de acordo com a abertura das frentes de obra, 1.548 desapropriações com reassentamento das famílias, incluindo as 365 que estão nas margens do Rio Jacaré. Na Tijuca, as intervenções do PAC contam com investimento da ordem de R$ 66,7 milhões sendo R$ 50 milhões da União e R$ 16,7 milhões da Prefeitura. Promover o crescimento econômico, a distribuição de benefícios relacionados ao acesso, à mobilidade e integração, aos serviços de qualidade, à regularização fundiária e à sustentabilidade dos recursos através de educação sanitária e ambiental, assim como a gestão compartilha e democrática através da participação e da mobilização, com a criação de instâncias de gestão compartilhada do processo de planejamento e implantação da transformação, deve ser o foco a que se deve dar agora a Rio das Pedras. 46 Portal da prefeitura do Rio de Janeiro, site da Secretaria Municipal de Habitação, Programa de Aceleração de Crescimento: http://www.rio.rj.gov.br/habitacao/ 115 INTERVENÇÕES DO PAC NAs AP2, AP3 e ap4 Oito comunidades receberão PAC 2 Oito comunidades da cidade do Rio de Janeiro serão beneficiadas com a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que será apresentada no próximo dia 12, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As intervenções terão as mesmas características da primeira etapa do PAC, que já está em andamento nas comunidades da Rocinha, Manguinhos e Complexo do Alemão. O mapa a seguir mostra as áreas de intervenção do PAC na AP3, tanto do Governo do Estado quanto da Prefeitura do Rio de Janeiro. As principais metas são melhorar a acessibilidade, construir novas unidades habitacionais e fazer melhorias nas que já existem, além de instalar programas sociais e de geração de renda. Complexo da Penha, Jacarezinho, Borel, Mangueira, Kelson, Coroa e Andaraí receberão as intervenções da segunda etapa do PAC. Assim como o Complexo do Alemão, um teleférico será instalado no Complexo da Penha, na segunda etapa do PAC. Serão cinco estações, saindo da linha ferroviária, com paradas na Igreja da Penha, Vila Cruzeiro e Proletário da Penha, até chegar à estação do Parque da Serra da Misericórdia, que irá ligar a comunidade da Penha à do Alemão. - O teleférico irá valorizar muito a festa da Penha, e a estação no Parque da Serra da Misericórdia fará a interface dos complexos da Penha com o Alemão – explica o presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), Ícaro Moreno Júnior. Chapéu Mangueira e Babilônia também serão interligados após as obras do PAC. Um plano inclinado vai sair da Rua General Ribeiro da Costa, no Leme, unir as duas comunidades e chegar até a Área de Proteção Ambiental (APA) do local. O presidente da Emop lembra que as comunidades também receberão obras de infra-estrutura, como tratamento esgoto, água potável, drenagem e tratamento de lixo. - No Borel, vamos resolver um problema muito sério de drenagem do Rio Maracanã, que perdura há anos, e a Mangueira está contemplada tanto na parte de esgoto da comunidade como nos acessos à comunidade, na Rua Visconde de Niterói. Não haveria sentido entrar nas comunidades sem resolver as questões de infra-estrutura – disse Ícaro Moreno Júnior. A segunda etapa do programa também continuará cadastrando moradores das comunidades para trabalhar nas obras. O treinamento de mão de obra, através do Programa Canteiro-Escola, também será mantido. Para o presidente de Emop, essa é a principal característica do programa. - A capacitação e geração de empregos é uma vertente muito forte do PAC. Não estamos apenas gerando oportunidades, mas motivando a comunidade. Eles estão empolgados em executar as obras com qualidade. Isto está dando resultados expressivos. Considero que a permanente geração de empregos, para acabar com esse desequilíbrio de oportunidades que estas comunidades sofrem hoje, é o grande diferencial do PAC – defende o presidente da Emop. Após esta notícia também foram incluídas as áreas do Complexo do Lins e do Complexo da Tijuca e Rio das Pedras para receberem os benefícios do PAC em suas comunidades. MAPA 34 – Intervenções do PAC estaduais e municipais 116 OFICINAS DO IMAGINÁRIO De uma maneira geral, as oficinas contaram com ampla participação, chegamos a ter por duas vezes um público superior a 150 participantes. As Oficinas do Imaginário têm sido desenvolvidas com o intuito de levantar junto às comunidades as suas demandas e prioridades, ancorados no modelo de urbanização das comunas de Medellin com o PUI (Programa de Urbanização Integrada). Vale ressaltar aqui, durante a dinâmica da Oficina do Imaginário, foi orientado que nosso objetivo era de captar os detalhes que melhorariam a qualidade de vida dos indivíduos que vivem nesses lugares. Sabendo disso, salientamos que tudo que é básico para um projeto de urbanização está garantido no projeto de obras de infraestrutura, por tanto poderíamos partir da idéia que pavimentação das ruas, obras de contenção de encostas, regularização do sistema de esgoto e de abastecimento de água, já estariam inclusos em nossas propostas. O modelo em questão privilegia as comunidades na busca das definições sócio espacias e as colocam como cogestoras e corresponsáveis pelos espaços trabalhados. Esses espaços, que historicamente são aspectos sociais ausentes na paisagem urbana dessas áreas, como o não acesso aos equipamentos, aos bens e aos serviços públicos, isto é, às condições materiais da urbanidade, e cujo déficit aumenta na mesma proporção em que crescem as populações dessas comunidades. Ainda sim, os elementos de infraestruturas básicos apareceram como uma necessidade em todos os grupos no momento de suas apresentações, consideramos compreensível, uma vez que muitos desses moradores viveram por décadas em um abandono por parte do poder público, tendo eles mesmos que prover de maneira precária os serviços básicos. Por esta razão o nome “Oficina do Imaginário” é tão revelador do que é preciso buscar os sonhos. Através da materialização dos sonhos e desejos é que o Governo do Estado pretende melhorar a vida da comunidade, pactuando deveres e fazendo cumprir direitos fundamentais. A Oficina do Imaginário é uma das atividades que tem por objetivo a realização de um diagnóstico dos desejos da comunidade A metodologia adotada para essas Oficinas obedeceu à seguinte sistemática: Em uma reunião de planejamento foi decidido que a mobilização para as Oficinas deveria ser mais lúdica, considerando que ela é uma atividade diferente das convencionais. Foi definido junto à Associação de Moradores do Complexo da Tijuca, única da comunidade, que as Oficinas seriam todas sediadas em seu espaço, visto que ela está situada no centro da comunidade e possui uma ótima infraestrutura. Para tanto, optou-se pela utilização de balões de gás hélio com algumas finalidades: 1- colocar um conjunto em lugares problemáticos que trouxessem o olhar reflexivo da comunidade; ex: lixo espalhado, bueiros abertos, esgoto a céu aberto, canal poluído, etc. 2- distribuir convites colados em balões para crianças acompanhadas de responsáveis; 3- colocar balões na entrada das Oficinas, utilizando-as como identidade da ação. Com o apoio da Associação de Moradores, que colaborou distribuindo convites, convidando atores locais estratégicos e ainda com a gravação de uma mensagem que foi transmitida na rádio comunitária local e em um carro de som circular, entre os dias 20 e 24 de setembro, uma equipe de três pessoas ficou encarregada de distribuir os convites, convidar no boca a boca e ainda executar as ações relacionadas aos balões. A mobilização foi feita durante dois dias em cada uma dessas áreas para que as Oficinas ficassem com número equilibrado de participantes. Também durante o trabalho de campo, durante a pesquisa, os pesquisadores já convidavam à população local para a realização da Oficina, através de um panfleto especialmente composto para estes fins, conforme modelo anexo. Para que todas as comunidades fossem convidadas para participar, ainda com auxílio da Associação e de mapa, foram pré definidas três áreas: Área I – região próxima à associação e Pinheiros; Área II – região da Areal I (outro lado da pista) e Área III- região da Areinha, do outro lado do canal. É importante ressaltar que a equipe de mobilização foi composta por entrevistadores do questionário social, o que facilitou o reconhecimento das áreas preestabelecidas para cada dia. 117 O desejo por determinados equipamentos públicos, dentro de cada uma das comunidades se repetiram em praticamente todas as oficinas, tais como: creche, escolas, praças, quadras e postos de saúde. Essas solicitações aparecem em todas as oficinas e em todos os grupos. Consideramos louvável quando entendemos a dificuldade para mobilidade interna à comunidade. O ir e vir são extremamente prejudicados pela geografia local. Talvez, por isso tenha aparecido recorrente nas oficinas a construção de um transporte coletivo que auxilie a locomoção interna às comunidades. Conseguimos identificar que transportes públicos como o teleférico e plano inclinado, se tornaram uma grande marca do PAC 1 no Rio de Janeiro e se transformou num grande sonho para os moradores das favelas com as quais trabalhamos no Complexo da Tijuca. Apareceu com bastante freqüência, sobretudo nas comunidades mais altas o desejo por um transporte público para a parte alta da comunidade. Outra solicitação que foi muito freqüente nas oficinas foi a construção de unidades habitacionais para famílias que vivem em área de risco. 118 Quadro Comparativo Oficina do Imaginário Creche Escola POUSO Biblioteca Posto de saúde Centro Comunitário Bondinho Teleférico Unidades Habitacionais Vila olimpica Reforma das Quadras Criação de novas áreas de lazer Proposta de obras - EMOP Creche Escola POUSO Biblioteca Posto de saúde Centro Comunitário Estação Monotrilho Unidades habitacionais Status Legenda Fomos muito procurados para esclarecer sobre unidades habitacionais, pois muitos moradores forem atingidos pelas fortes chuvas de abril e suas casas foram condenadas. De maneira geral, a realocação de famílias também foi muito comum nas oficinas. Em muitas oficinas foi discutida uma outra finalidade para o antigo terreno do Carrefour, em algumas oficinas solicitou-se que fosse destinado a construção de unidades habitacionais, e em outros casos, para que o espaço fosse transformado em uma vila olímpica. Coincide Não coincide cia com o que os moradores anseiam. Abaixo segue a sistematização de cada uma das oficinas do imaginário realizada, nessa sistematização teremos como identificar o que cada uma das comunidades trabalhadas almeja. Vejamos a seguir, mais detalhadamente, os resultados das Oficinas: Foi possível identificar que a esperança desses moradores foi renovada com a chegada da UPP e com o fato de saberem que podem ser contemplados com recursos para o PAC 2. Abaixo destacamos um quadro comparativo entre as demandas que surgiram das oficinas do Imaginário, e o que está sendo proposto de equipamentos públicos para o complexo. Esse quadro resumo comparativo nos ajuda a compreender que o que esta sendo proposto por equipamentos públicos esta em consonân119