centro federal de educação tecnológica do paraná
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA PROJETO FINAL VENTILADOR PULMONAR ARTIFICIAL CARLOS EDUARDO ARAÚJO EDSON JOSÉ PRZYBYLSKI FABIANO KALINOWSKI JACKSON AFONSO KRAINER RODRIGO CORDEIRO JUNQUEIRA CARLOS EDUARDO ARAÚJO EDSONJOSÉ PRZYBYLSKI FABIANO KALINOWSKI JACKSON AFONSO KRAINER RODRIGO CORDEIRO JUNQUEIRA VENTILADOR PULMONAR Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Industrial Elétrica, Departamento Acadêmico de Eletrotécnica do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. CURITIBA 2001 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7 2. NOÇÕES SOBRE O APARELHO RESPIRATÓRIO – FISIOLOGIA................... 9 2.1. COMO O SER HUMANO RESPIRA ....................................................................... 11 2.2. COMO O SANGUE ENTRA NO PULMÃO ............................................................... 12 2.3. POR QUE O CORPO NECESSITA DE OXIGÊNIO..................................................... 13 2.4. INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO PULMONAR ARTIFICIAL .......................................... 14 2.5. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS ............................................................................ 15 2.6. INDICAÇÕES PROFILÁTICAS ............................................................................. 15 2.7. CONTRA-INDICAÇÕES DE VENTILAÇÃO PULMONAR ARTIFICIAL ............................. 16 2.8. ACESSOS AÉREOS ARTIFICIAIS ......................................................................... 17 3. VENTILADORES ARTIFICIAIS ......................................................................... 20 3.1. VISÃO GERAL ................................................................................................. 20 3.2. DETERMINANTES DO INÍCIO DA FASE INSPIRATÓRIA ........................................... 22 3.2.1. Ventilação Controlada ........................................................................... 23 3.2.2. Ventilação Assistida .............................................................................. 23 3.3. PARÂMETROS REFERENTES A FASE INSPIRATÓRIA ............................................ 24 3.3.1. Volume inspiratório................................................................................ 24 3.3.2. Fluxo inspiratório ................................................................................... 26 3.3.3. Pressão inspiratória............................................................................... 26 3.3.4. Tempo inspiratório................................................................................. 27 3.3.5. Pausa inspiratória final .......................................................................... 27 3.4. CARACTERÍSTICAS DO GÁS INSPIRADO ............................................................. 28 3.4.1. Fração inspirada de oxigênio (FiO2) ...................................................... 28 3.4.2. Temperatura e umidificação .................................................................. 28 3.5. DETERMINANTES DO TÉRMINO DA FASE INSPIRATÓRIA ....................................... 29 3.5.1. Ventiladores ciclados por pressão......................................................... 30 3.5.2. Ventiladores ciclados por volume .......................................................... 31 3.5.3. Ventiladores ciclados por tempo ........................................................... 32 3.5.4. Ventiladores ciclados por fluxo.............................................................. 32 3.5.5. Ventiladores de ciclagem mista ............................................................. 32 3.6. PARÂMETROS REFERENTES A FASE EXPIRATÓRIA ............................................. 33 3.6.1. Volume .................................................................................................. 33 3.6.2. Tempo ................................................................................................... 33 3.6.3. Pressão ................................................................................................. 34 3.6.4. Outros parâmetros................................................................................. 34 3.7. COMPONENTES ESSENCIAIS DOS VENTILADORES PULMONARES ARTIFICIAIS ......... 36 3.7.1. Fontes de energia.................................................................................. 36 3.7.2. Sistemas de propulsão .......................................................................... 36 3.7.3. Curvas de fluxo inspiratório ................................................................... 38 3.7.4. Sistemas de controle de ciclagem......................................................... 40 3.7.5. Fornecimento de gás e sistemas de mistura ......................................... 41 3.7.6. Circuitos e válvulas................................................................................ 41 3.7.7. Sistemas de condicionamento do ar Inspirado e de nebulização.......... 42 3.7.8. Sistemas de expirometria ...................................................................... 42 3.7.9. Principais controles, indicadores e alarmes ......................................... 43 4. VENTILADORES CONTROLADOS POR MICROPROCESSADORES ............ 45 4.1. VANTAGENS POTENCIAIS DE VENTILADORES CONTROLADOS POR ........................ 46 MICROPROCESSADORES ........................................................................................ 46 4.1.1. Versatilidade geral................................................................................. 46 4.1.2. Capacidade de exibição e comunicação ............................................... 47 4.1.3. Reparos e manutenção ......................................................................... 48 4.1.4. Sistemas de alça aberta e fechada ....................................................... 49 4.1.5. Memória de acesso aleatório e memória exclusiva de leitura ............... 52 4.1.6. Algoritmos operacionais ........................................................................ 53 5. AVALIAÇÃO/SEGURANÇA DOS VENTILADORES ......................................... 55 6. O PROJETO VIDATECH................................................................................... 57 6.1. SOFTWARE UTILIZADO PARA A INTERFACE GRÁFICA ........................................... 62 6.1.1. Aplicações ............................................................................................. 63 6.1.2. O Ambiente labview............................................................................... 64 6.1.3. Programa de comunicação serial .......................................................... 66 6.1.4. Diagrama em blocos do programa de comunicação serial.................... 71 6.2. MICROPROCESSADOR .................................................................................... 72 6.2.1. SAB 8051 - Diagrama em blocos .......................................................... 73 6.2.2. Características gerais............................................................................ 74 6.2.3. Organização de memória em dispositivos SAB-51 ............................... 75 6.2.5. RAM interna .......................................................................................... 84 6.2.6. Instruções booleanas ............................................................................ 85 6.2.7. Instruções de jumps .............................................................................. 86 6.2.7.2. Jump condicionais ............................................................................ 88 6.2.8. Ciclo de máquina................................................................................... 89 6.2.9. Estruturas de interrupção ...................................................................... 90 6.2.10. Temporizadores................................................................................... 93 6.2.11. Interface Serial .................................................................................... 94 6.2.12. Principais vantagens do microcontrolador 8051.................................. 95 6.2.13. Atuais tendências ................................................................................ 96 7. MERCADO ........................................................................................................ 97 7.1. NICHO DE MERCADO ....................................................................................... 97 7.2. MERCADO EM POTENCIAL................................................................................ 98 7.3. DADOS ESTATÍSTICOS ..................................................................................... 99 7.4. CONCORRENTES ............................................................................................ 99 7.5. PLANO DE COMERCIALIZAÇÃO........................................................................ 100 7.6. SEGMENTO DO MERCADO EM QUE A EMPRESA ATUA ........................................ 101 7.7. PRINCIPAIS AMEAÇAS E OPORTUNIDADES DO MERCADO ................................... 101 7.8. FORNECEDORES .......................................................................................... 102 7.9. SUPORTE TÉCNICO ....................................................................................... 103 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 104 ANEXO 01........................................................................................................... 105 ANEXO 02........................................................................................................... 106 ANEXO 03........................................................................................................... 107 ANEXO 04........................................................................................................... 108 ANEXO 05 – DIAGRAMA DE BLOCOS.............................................................. 109 ANEXO 06 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA .................................................. 112 1. Introdução A ventilação mecânica pulmonar possui um papel primordial no âmbito da terapia intensiva moderna, desde pequenos hospitais a grandes centros de médicos. Por esse motivo, a medicina atual depende cada vez mais de equipamentos, inovações tecnológicas e um suporte adequado que forneça aos médicos condições de salvar vidas. A possibilidade de desenvolver equipamentos com a importância de dar suporte a vida e o grande mercado existente para esses equipamentos no Brasil, motivaram o desenvolvimento deste projeto. A ventilação pulmonar artificial vem sofrendo transformações importantes no decorrer dos tempos, equipamentos microprocessados, abertos a comunicação via internet, wap evoluções que motivaram o desenvolvimento de um novo equipamento que é o resultado deste projeto. Uma noção básica do aparelho respiratório é mostrada para que o entendimento da finalidade deste equipamento bem como as técnicas e softwares utilizados para o seu desenvolvimento, que estão explicitados no decorrer deste memorial, sejam mais bem entendidas, pois o entendimento do funcionamento do aparelho respiratório é fundamental para se entender o real aproveitamento de um servo ventilador. Os estudos e meios utilizados para mostrar a viabilidade econômica e de mercado do desenvolvimento de equipamentos para essa finalidade estão igualmente demonstrados, procurando mostrar a carência existente de equipamentos de alta tecnologia a preços adequados ao mercado brasileiro, que tem um sistema de saúde extremamente carente e com recursos limitados. 2. Noções sobre o aparelho respiratório – fisiologia Ao processo de inspirar e expirar o ar dá-se o nome de respiração. Ela permite ao corpo absorver o oxigênio necessário para gerar energia e eliminar o gás carbônico resultante das reações químicas. Durante a respiração, o ar é tomado dos pulmões e forçado a voltar para trás. Isto normalmente é feito automática e involuntariamente. Como os pulmões não podem se mover por eles mesmos, a respiração depende de movimentos do diafragma e dos músculos do tórax que estão entre as costelas. Quando os músculos da parede do tórax se contraem, eles alargam a cavidade do tórax, levando a uma diminuição da pressão do ar. Isto faz os pulmões se expandirem e empurrarem o ar. Quando os músculos relaxam, o tórax se contrai e o ar é levado para fora. Figura 01 – Aparelho respiratório O diagrama acima ilustra os principais órgãos que constituem o trato respiratório. São eles: Fossas nasais - servem para filtrar o ar quando ele entra no corpo; Faringe - onde se localiza a epiglote cuja função é impedir o alimento de chegar ao pulmão; Laringe - faz o ar vibrar as cordas vocais; Traquéia - é a continuação da laringe e bifurca-se em dois tubos menores chamados brônquios; Brônquios - que penetram nos pulmões e ramifica-se em tubos menores chamados bronquíolos; Bronquíolos - têm diâmetro de aproximadamente 1 mm; Alvéolos pulmonares - onde ocorre a troca de oxigênio por gás carbônico. Em cada pulmão, o ar continua o seu trajeto através de tubos. Os tubos maiores são chamados brônquios. Os dois brônquios principais se originam na traquéia e, dentro dos pulmões, dividem-se em brônquios menores, que por sua vez dividem-se num grande número de bronquíolos menores ainda. Os bronquíolos dividem-se em ductos alveolares, que contém alvéolos, comumente chamados de sacos de ar. Os alvéolos contêm uma parede muito fina ou membrana que separa o sangue do ar contido nos alvéolos. Esta fina membrana permite que o oxigênio e o nitrogênio passem do ar para o sangue. Desta forma, o sangue leva oxigênio para todo o corpo. Quando o sangue retorna aos alvéolos, o dióxido de carbono e outros gases passam do sangue para os alvéolos. Estes gases são eliminados do seu corpo com o ar que você expira. Cada pulmão é envolvido pela pleura, uma fina membrana que se dobra sobre si formando uma dupla camada ao redor de cada pulmão. Há um espaço mínimo entre estas membranas preenchido por um fluido que possibilita o deslizamento das duas durante a respiração. A pleura interna está ligada ao pulmão; a externa, à caixa torácica. A principal função delas é permitir a contração e a expansão dos pulmões de forma suave e uniforme. Ao respirar, a caixa torácica se expande para cima e para fora fazendo com que os pulmões se expandam e se encham de ar ao mesmo tempo. Quanto mais forte a ação muscular, maior quantidade de ar penetra nos pulmões. 2.1. Como o ser humano respira A cavidade nasal tem funções de extrema importância que são filtrar (limpar), aquecer e umidificar o ar que entra pelas vias aéreas, conforme pode ser visto na figura 02 abaixo. O interior das narinas contém “ pelos” que retiram as partículas de sujeira do ar inspirado. Para o aquecimento do ar inspirado, existem finas paredes que possuem finas veias que circula o sangue responsável pelo aquecimento através da irradiação de calor. A cavidade nasal é mantida umedecida pela secreção de glândulas situadas na cavidade nasal, essa secreção é responsável pela umidificação do ar que entra pelas narinas. Assim, a cavidade nasal é responsável por deixar o ar nas condições ideais para o aproveitamento pelo organismo. Durante o tratamento com ventilação mecânica é essencial a correta umidificação e aquecimento do gás inspirado pois este vai chegar aos pulmões pelos tubos (traquéias) e não vai passar pela cavidade nasal. Durante a inspiração, o diafragma se achata e perde a forma abaulada que possui quando relaxado. Ao mesmo tempo, os músculos intercostais se contraem e empurram a caixa torácica para cima e para fora. Esses movimentos aumentam o volume do tórax e permitem que os pulmões se expandam e se encham de ar. Na expiraçào, o diafragma e os músculos intercostais relaxam, diminuindo o volume da caixa torácica e fazendo com que os pulmões se contraiam e expulsem o ar para fora. Filtro Aquecimento Umidificação Figura 02 – Funções da cavidade nasal 2.2. Como o sangue entra no pulmão Os pulmões são órgãos esponjosos constituídos por milhões de alvéolos, pequenos sacos aéreos. A fina parede dos alevéolos é constituída por pequenos vasos sanguíneos e é através delas que ocorrem as trocas vitais de oxigênio e gás carbônico. Os alvéolos permitem um contato muito estreito entre o sangue e o ar: o oxigênio passa para a corrente sanguínea e o gás carbônico é expelido na expiração. 2.3. Por que o corpo necessita de oxigênio Os seres humanos podem viver por vários dias sem alimento ou água, mas eles morreriam em poucos minutos na ausência de ar. O oxigênio, um gás encontrado no ar, é necessário para o metabolismo da célula, o processo crucial para transformar alimento em energia. O ar que entra nos pulmões contém mais oxigênio e o ar que deixa os pulmões contém mais dióxido de carbono, medido em milímetros de mercúrio (mmHg). A respiração traz oxigênio ao corpo e envia para fora um outro gás, o dióxido de carbono, considerado o “lixo” do metabolismo. Esta substituição de gás é realizada por pequenos sacos alveolares que ocupam a maior parte do espaço dos pulmões. É através deles que o oxigênio entra na corrente sanguínea e o gás carbônico pode ser expelido do organismo. Durante o processo, o diafragma, uma lâmina muscular localizada entre o peito e o abdome, se contrai e se relaxa num movimento ritmado, fazendo com que as costelas e os pulmões se expandam, sugando assim o ar, e encolhem, forçando o ar a sair. 2.4. Indicações da ventilação pulmonar artificial A ventilação pulmonar artificial, apesar de ser um recurso freqüentemente utilizado em terapia intensiva, é mais propriamente voltada para a manutenção de condições respiratórias adequadas, na expectativa de que o tratamento tenha êxito e seja possível o da ventilação espontânea do paciente em condições satisfatórias. Assim, os objetivos da assistência ventilatória são: Prover ventilação alveolar capaz de permitir trocas gasosas compatíveis com as necessidades metabólicas, consideradas as condições pulmonares preexistentes do paciente; Manter volumes e características mecânicas pulmonares, prevenindo a deterioração da função respiratória. As indicações de assistência ventilatória em terapia intensiva relacionam-se primordialmente com os quadros de insuficiência respiratória, que em resumo, caracteriza-se, do ponto de vista laboratorial, pela redução parcial de O2 no sangue arterial, variando a pressão parcial de CO2 de acordo com o acometimento funcional respiratório. Sistematicamente, as indicações de ventilação pulmonar artificial classificam-se como terapêuticas ou profiláticas. Estas últimas visam evitar a progressão do comprometimento pulmonar em situações críticas, quando o aumento das necessidades metabólicas impõe grandes exigências a um aparelho respiratório com condições funcionais limitadas. 2.5. Indicações terapêuticas Apnéia e hipoventilação: o Alterações do sistema nervoso central, tanto estruturais (traumatismos, hemorragias, meningoencefatiles) quanto taráxicas; o Afecções neuromusculares periféricas; o Paralisias musculares induzidas farmacologicamente (tétano); o Anestesia geral; Durante manobras de ressucitação cardiopulmonar; Hipoxemia: o Síndrome da angústia respiratória do adulto; o Síndromes lobares agudas (pneumonias, embolia pulmonar); o Edema pulmonar hidrostático de difícil tratamento; Alterações mecânicas da dinâmica toracopulmonar: o Traumatismos torácicos graves (lesões); o Pós-operatório toráxico. Situações adversas em que o aparelho respiratório mostra-se incapaz de atender as demandas orgânicas aumentadas. 2.6. Indicações Profiláticas Choque prolongado de qualquer etiologia; Pós-operatório: o Cirurgias abdominais em risco de sepse maciça (contaminação fecal da cavidade peritoneal); o Cirurgias abdominais em pacientes extremamente obesos. Situações em que a redução do esforço respiratório obtida pela ventilação artificial possa contribuir para limitar o nível de demanda do aparelho cardiovascular, sobretudo após cirurgias cardíacas de maior risco; Broncoaspiração maciça de ácido gástrico; Grandes agressões orgânicas em pacientes caquéticos (infecções, traumatismos, cirurgias); O grau de liberdade na indicação de assistência ventilatória nas diversas situações clínicas depende também em grande parte de fatores não estritamente ligados ao paciente, tais como: Condições materiais: disponibilidade de equipamentos, monitores e exames complementares como gasometria arterial; Condições humanas: graus de experiência da equipe médica com as técnicas de ventilação, nível de treinamento da equipe de enfermagem, existência de recursos de fisioterapia e outros. 2.7. Contra-Indicações de ventilação pulmonar artificial Poucas são as indicações reais para assistência ventilatória pulmonar. Entre elas, destaca-se o pneumotórax hipertensivo, quando a insuflação de gás sob pressão expande ainda mais o compartimento aerado, resultando comprometimento importante da função pulmonar contralateral e das condições hemodinâmicas. O objetivo desta modalidade de apoio clínico é assegurar condições respiratórias compatíveis com a manutenção da vida enquanto são instituídas medidas terapêuticas capazes de reverter o quadro mórbido subjacente. Se não há possibilidades concretas de recuperação da falência orgânica, não há sentido real na indicação de ventilação pulmonar artificial. 2.8. Acessos aéreos artificiais A obtenção e a manutenção de um acesso adequado às vias aéreas do paciente representam etapas de fundamental importância no âmbito da assistência à função respiratória. Nas situações de maior gravidade, é necessário a instalação de acessos artificiais às vias aéreas do paciente, seja por meio de intubação traqueal, seja por traqueostomia. Tais recursos possibilitam administrar diretamente misturas gasosas com maiores concentrações de oxigênio, melhorando assim as trocas gasosas pulmonares, além de facilitar a mobilização de secreções, pela umidificação e aspiração mecânica, por outro lado, a insuflação do balonete terminal das cânulas traqueais assegura o isolamento das vias aéreas inferiores, colaborando com a prevenção de broncoaspiração do conteúdo oral gástrico. A intubação traqueal consiste na inserção translaríngea de um tubo especial na traquéia, seja por via oral (conforme figura 03), seja por via nasal. Quando realizada por pessoas adequadamente treinadas, é um procedimento relativamente simples, com reduzidos índices de morbidade, sobretudo quando comparado a traqueostomia. Nas situações clínicas em que há indicação de acesso artificial as vias aéreas, o procedimento inicialmente indicado é a intubação oro ou nasotraqueal. Figura 03 – Paciente Iintubada Este é um recurso rápido e eficiente de acesso as vias aéreas para prover ventilação aoveolar, prevenir secreções e prevenir broncoaspiração. As principais contra-indicações para intubação traqueal incluem: Traumatismos raquimedulares (pela necessidade de mobilização cervical); Queimaduras faciais graves e fraturas múltiplas de ossos da face; Casos especiais de obstrução das vias aéreas superiores. Nas condições acima o método indicado é a traquostomia. Figura 04 – Aparelho respiratório, vias aéreas superiores e inferiores A traqueostomia consiste de um acesso cirúrgico direto as vias aéreas pela face anterior do pescoço, por meio do qual uma cânua especial é introduzida na traquéia. O procedimento geralmente é indicado para ventilação, oxigenação e remoção de secreções quando o tubo oro ou nasotraqueal não está sendo adequado. As contra-indicações da traqueostomia são raras, devendo ser avaliadas comparativamente com a a necessidade clínica do procedimento. Entre elas citam-se os procedimentos infecciosos (celulite) e o efisema de subcutâneo na região cervical. Figura 05 – Cânula de traqueostomia 3. Ventiladores artificiais 3.1. Visão geral Conceituam-se ventiladores pulmonares artificiais como dispositivos eletromecânicos capazes de insuflar, segundo parâmetros reguláveis, uma mistura gasosa de composição e características preestabelecidas nas vias respiratórias de pacientes (fase inspiratória), permitindo a seguir a exalação do conteúdo aéreo pulmonar (fase expiratória). Fase expiratória Fase inspiratória Figura 06 – Sucessão de fases do ciclo ventilatório artificial Os critérios para avaliação dos ventiladores mecânicos dependem basicamente do tipo e aplicação pretendida. Os ventiladores podem ser classificados quanto a sua aplicação neonatal/pediátrica ou pediátrica/adulta. Outra classificação possível é quanto ao uso em UTI, emergência, transporte, domiciliar ou ainda em anestesia. Obviamente os requisitos em termos de controles, alarmes e desempenho poderão ser completamente distintos. O projeto em questão trata especificamente de ventiladores para utilização pediátrica/adulta em UTI. Estes ventiladores, conhecidos genericamente como volumétricos, permitem atualmente, devido ao desenvolvimento tecnológico, uma flexibilidade muito grande no que se refere aos modos de ventilação disponíveis. A simplicidade do esquema mostrado na figura 05, contrapõem-se a multiplicidade de parâmetros que devem ser mantidos sob controle no ciclo ventilatório, classificados em quatro grupos: 1. Processos de decisão de mudança de fase expiratória para inspiratória, correspondendo a ativação do ventilador; 2. Parâmetros relativos à fase inspiratória (volume e fluxo inspirado, composição do gás inspirado, entre outros). 3. Processo de decisão de mudança de fase inspiratória para expiratória, ou desativação temporária do aparelho; 4. Parâmetros relativos à fase expiratória (pressão expiratória, duração da expiração, entre outros). Os componentes internos do ventilador, responsáveis pelas decisões de mudanças de fase do ciclo, podem ser de diversos tipos, entre eles microprocessado, fluídico, pneumático ou eletrônico. Fase expiratória PRESSÃO VOLUME Esforço inspiratório do paciente TEMPO ∆t do aparelho FLUXO Fase inspiratória Figura 07 – Sucessão de fases do ciclo ventilatório artificial, fatores inerentes as fases ins e expiratórias 3.2. Determinantes do início da fase inspiratória Em seus primórdios, a ventilação pulmonar artificial era utilizada essencialmente em pacientes em apnéia, acometidos de patologias do sistema neuromuscular (poliomelite) ou durante procedimentos anestésicos. Com este intuito os equipamentos eram projetados para administrar volumes reguláveis de ar a intervalos fixos de tempo, sem levar em consideração a possibilidade de existência de uma freqüência respiratória própria do paciente. Com a evolução dos equipamentos e técnicas, a ventilação artificial estendeu suas aplicações, complementando a ventilação própria de pacientes incapazes de gerar condições adequadas às trocas gasosas pulmonares ideais. Tornando-se, portanto, imprescindível capacitar os ventiladores a acompanhar, dentro de certos limites, a freqüência respiratória espontânea do paciente. 3.2.1. Ventilação Controlada É aquela em que um mecanismo automático de tempo ativa o ventilador, na ausência ou independentemente de esforço inspiratório do paciente; esta modalidade de ventilação aplica-se portanto, a pacientes em apnéia (própria ou farmacologicamente induzidos) que requerem uma freqüência respiratória artificialmente controlada. 3.2.2. Ventilação Assistida É aquela em que o próprio paciente, ao gerar um esforço inspiratório inicial, determina o momento da ativação do ventilador, neste caso, um mecanismo sensor detecta o estímulo do paciente e assiste o restante da inspiração, administrando a mistura gasosa sob pressão. 3.3. Parâmetros referentes a fase inspiratória Durante a fase inspiratória, o controle preciso e permanente de uma série de parâmetros relativos a administração da mistura gasosa, tem por objetivo adapta as condições de ventilação à situação de cada paciente em particular. A capacidade de controlar os parâmetros apresentados a seguir, depende do aprimoramento técnico de cada equipamento. 3.3.1. Volume inspiratório O volume inspiratório (VI) corresponde àquele programado no ventilador para ser administrado ao paciente. Pode não corresponder exatamente ao volume corrente do paciente (VC), devido a vazamentos no circuito e em torno ao balonete do tubo traqueal, distensibilidade (complacência) do circuito inspiratório frente à pressão gerada, e ainda por funcionamento inadequado do aparelho. Por esse motivo, o volume corrente deve ser constantemente aferido por espirometria, para ajustes na regulagem do volume inspirado do ventilador. O VI a ser instituído varia de acordo com a idade do paciente, o grau de complacência pulmonar e a freqüência respiratória, entre outros. Figura 08 – Efeito da alteração da complacência Efeito da alteração da complacência (simulada por um peso no tórax) na ventilação do paciente: A) O ventilador ciclado ao volume está ajustado para liberar um VT de 1.000 ml, dos quais 880 ml chegam ao paciente e 120 ml são comprimidos dentro do circuito ventilatório. Observe que a pressão de inflação máxima (P) é de 30 cmH2O. B) Um peso de 9 Kg é colocado sobre o tórax do paciente para simular uma diminuição na complacência tóraco-pulmonar. O ventilador novamente fornece um VT de 1.000 ml, porém, devido à complacência reduzida do paciente; uma pressão de 60 cmH2O é exigida e apenas 760 ml atingem o paciente, enquanto 240 ml são comprimidos ou “deixados para trás" na tubulação do circuito respiratório. Neste exemplo, o fator de compressão é 4 ml/cmH2O, ou seja, 4 ml/cmH2O x 60 cmH2O = 240 ml, (VT = volume corrente selecionado; Vp = volume corrente do paciente; Vc = volume de , compressão). (Reproduzido com permissão de Kirby AR, Desautels DA, Smith RA. "Mechanical ventilation". In: Burton GG, Hodgkin JE (eds). Respiratory care. 2nd ed. Philadelphia, JB Lippincott Co., 1984, p. 556). 3.3.2. Fluxo inspiratório De acordo com a física dos fluidos, considera-se o fluxo num determinado circuito como o volume transferido em uma determinada unidade de tempo. Da fórmula F=V/T, observa-se que o fluxo e o tempo variam em razão inversa, o que aplicado aos parâmetros inspiratórios equivale a afirmar que quanto maior o fluxo inspiratório, menor será a duração da inspiração e vice-versa. Na maioria dos ventiladores, a regulagem do fluxo inspiratório representa o principal recurso determinante da duração da inspiração. 3.3.3. Pressão inspiratória A pressão gerada na via aérea proximal do paciente durante a fase de injeção de mistura gasosa é denominada pressão de admissão (Padm), sendo registrada no ponto de excursão máxima do ponteiro do manômetro do painel do aparelho. A Padm varia em função de parâmetros inerentes tanto ao paciente quanto ao ventilador, entre eles: Complacência pulmonar e resistência das vias aéreas: mantido o mesmo volume inspiratório, quanto maior for a resistência (menor a complacência pulmonar), maior será a pressão gerada na inspiração; Fluxo inspiratório: fluxos elevados, acima de um valor crítico (característico de cada gás), podem acarretar a transformação do fluxo laminar normal nos circuitos do ventilador e nas vias aéreas altas em fluxo turbilhonar, elevando anormalmente a pressão gerada pelo aparelho para injetar o volume inspiratório. A medida freqüente da Padm é de grande importância, uma vez que elevações súbitas podem alertar para afecções potencialmente sérias, como obstruções brônquicas por rolhas de secreção, pneumotórax e embolia pulmonar. 3.3.4. Tempo inspiratório A fase inspiratória estende-se do momento em que o ventilador é ativado (paciente ou automaticamente) até que o parâmetro de ciclagem seja atingido (volume, pressão, tempo ou fluxo). A duração da fase inspiratória varia em razão inversa com o fluxo inspiratório. Portanto, mantendo o fluxo constante, quanto maiores forem a pressão ou o volume programados para a ciclagem, maior será o tempo necessário para completar a inspiração. Na maior parte dos ventiladores, a duração da inspiração é regulada exclusivamente pelo ajuste do fluxo inspiratório. 3.3.5. Pausa inspiratória final A pausa inspiratória é um período regulável de tempo no final da inspiração, durante o qual o ventilador interrompe a injeção gasosa mantendo, no entanto a válvula expiratória fechada, retardando momentaneamente o esvaziamento pulmonar. Este recurso torna a distribuição dos gases intrapulmonares mais homogêneas, sobretudo nos locais em que a ventilação se faz com menor velocidade – pequenas vias aéreas e em regiões em que há algum grau de obstrução. 3.4. Características do gás inspirado A crescente utilização da assistência ventilatória em situações de insuficiência respiratória propriamente dita exige um aprimoramento maior da qualidade da mistura gasosa administrada, obtido pelo controle das características seguintes. 3.4.1. Fração inspirada de oxigênio (FiO2) A concentração de oxigênio no ar ambiente é de 20,9%. A possibilidade de enriquecer a mistura inspirada administrando frações mais elevadas de oxigênio depende dos recursos do ventilador utilizado. Enquanto aparelhos mais simples permitem apenas duas regulagens de FiO2 (0,4 ou 1), os mais sofisticados possuem dispositivos misturadores (blenders) capazes de fornecer toda gama de frações de 0,21 a 1. 3.4.2. Temperatura e umidificação Na ventilação espontânea, as vias aéreas superiores exercem a importante função de condicionamento do ar inspirado, no que diz respeito à umidificação e aquecimento. Entretanto, o acesso direto a traquéia, utilizado durante a ventilação artificial, implica que a mucosa das vias aéreas distais à mesma assuma parcialmente as funções de saturação hídrica e aquecimento, do que resultam danos ao epitélio e prejuízo da atividade mucociliar da remoção da secreções e impurezas. Para minimizar tais efeitos, procura-se administrar a mistura gasosa nas condições mais próximas das fisiológicas, com umidade relativa entre 80% e 100% e aquecimento entre 32° e 37°. O ar inspirado deve ser aquecido e umidificado durante a ventilação artificial e durante todos os casos de intubação traqueal ou traqueostomia. Os ventiladores mais aprimorados possuem os sistemas de aquecimento e umidificação em geral acoplados, que consistem de recipientes nos quais o ar inspirado borbulha no interior de água aquecida a temperatura constante ou de câmaras saturadas de vapor, interpostas no circuito. aparelhos mais simples podem dispor apenas de componentes onde o ar entra em contato com nuvens de pequenas partículas de água a temperatura ambiente gerados pelo fluxo auxiliar do circuito. 3.5. Determinantes do término da fase inspiratória Ao contrário do início da inspiração, que pode ser deflagrado tanto pelo paciente quanto pelo aparelho ventilador, a decisão do término da fase inspiratória baseia-se exclusivamente em parâmetros inerentes à própria arquitetura do ventilador. A transição da fase ins para expiratória ocorre tão logo seja atingido um nível crítico (preestabelecido na regulagem do aparelho) de um dos seguintes parâmetros: Pressão nas vias aéreas; Volume; Tempo; Fluxo inspiratório. Esse parâmetro caracteriza o mecanismo de ciclagem do ventilador. 3.5.1. Ventiladores ciclados por pressão Terminam a fase inspiratória quando um determinado nível de pressão é atingido. Durante a fase de injeção da mistura gasosa, a pressão intrapulmonar em elevação progressiva é transmitida retrogradamente ao circuito inspiratório, sendo detectada por sensores no interior do aparelho, ocorrendo a ciclagem no nível preestabelecido. Os ventiladores ciclados por pressão caracterizados pela variabilidade do volume corrente e da duração da inspiração em função da dinâmica respiratória do paciente. Figura 09 -A curva de pressão das vias aéreas na ventilação controlada por pressão (PCV O ventilador pode ser iniciado ou acionado pelo paciente, ou iniciado por tempo, o que ocorrer primeiro. O ventilador finaliza o ciclo após um tempo inspiratório pré-selecionado ter transcorrido. O clínico predetermina o limite pressórico, o tempo inspiratório e a freqüência mínima do ventilador. 3.5.2. Ventiladores ciclados por volume Interrompem a fase inspiratória quando um determinado volume preestabelecido no aparelho for injetado no circuito inspiratório. São também denominados ventiladores volumétricos. Geralmente são aparelhos com circuito duplo, consistindo de uma turbina o sistema primário de propulsão e de um fole cilíndrico o circuito de fornecimento da mistura ao paciente. 3.5.3. Ventiladores ciclados por tempo Concluem a fase inspiratória após decorrido um intervalo de tempo preestabelecido, em resposta ao sinal de um temporizador intrínseco do ventilador. 3.5.4. Ventiladores ciclados por fluxo Ciclam quando um determinado fluxo inspiratório crítico é atingido. Estes ventiladores são habitualmente geradores de pressão constante. A medida que ocorre insuflação pulmonar na inspiração, o gradiente pressórico entre o gerador e os pulmões diminui. A redução progressiva do fluxo inspiratório determina, abaixo de um valor crítico determinado, a ciclagem do aparelho, por meio de uma válvula especial. 3.5.5. Ventiladores de ciclagem mista São aqueles dotados de mais de um mecanismo de ciclagem, tanto opcionalmente como por medida de segurança. No primeiro caso, por exemplo, situam-se os ventiladores que oferecem ao operador a opção de ciclagem por tempo ou por pressão. 3.6. Parâmetros referentes a fase expiratória A fase expiratória do ciclo artificial corresponde à exalação passiva dos gases, uma vez inativado o aparelho. Entretanto, os parâmetros a seguir citados, devem ser mantidos sob controle durante a fase expiratória. 3.6.1. Volume O volume expirado indica com maior precisão o volume corrente do paciente, podendo inclusive diferir do volume inspiratório do aparelho. A correta avaliação do volume expiratório é de grande importância no controle da ventilação artificial, juntamente com a monitorização dos parâmetros gasométricos. Ventiladores mais modernos fornecem leituras espirométricas permanentes, tanto pelo deslocamento de um fole cilíndrico quanto pela inferência do volume por sensores de fluxo. 3.6.2. Tempo O tempo expiratório representa o intervalo de tempo durante o qual o ventilador permanece desativado, antes do início da fase inspiratória. Pode ser constante, na ventilação controlada, ou variável na ventilação assistida ou assisto/controlada. 3.6.3. Pressão Em condições habituais de ventilação artificial, a expiração se faz contra a pressão atmosférica. Opõe-se ao fluxo expiratório apenas as resistências exercidas pelas vias aéreas do paciente, pelo tubo traqueal, pelos circuitos e válvula expiratória do ventilador e pela inércia dos expirômetros. 3.6.4. Outros parâmetros 3.6.4.1. Freqüência respiratória (FR) Na ventilação assistida, o próprio paciente determina a FR efetiva, devendo-se ajustar apenas a duração do tempo inspiratório para que sejam obtidas relações ins/expiratórias adequadas. Na ventilação controlada, a FR é um parâmetro mais complexo e depende de ajustes no aparelho. A maior parte dos aparelhos utiliza tempo expiratório para regulara FR outros tem dispositivos de ajuste próprios da FR. 3.6.4.2. Relação inspiração / expiração Durante a ventilação espontânea, observa-se a duração da expiração supera o da inspiração na razão de aproximadamente ½.. Sendo a expiração um fenômeno passivo, é importante manter-se uma relação semelhante durante a ventilação artificial, afim de que o esvaziamento pulmonar adequada. Uma vez estabelecida a FR, ajusta-se a relação I/E por intermédio do fluxo inspiratório. 3.6.4.3. Alarmes sonoros e visuais Embora não sejam parâmetros propriamente ditos, os alarmes aão importantes componentes dos ventiladores artificiais, que, na dependência do grau de aprimoramento tecnológico do aparelho, incluem uma série de recursos audiovisuais que alertam o operador sempre que um parâmetro respiratório extrapola os limites pré-programados. 3.7. Componentes essenciais dos ventiladores pulmonares artificiais 3.7.1. Fontes de energia Em sua estrutura essencial, os ventiladores pulmonares artificiais compreendem, além dos sistemas responsáveis pela obtenção da mistura gasosa com características definidas, dois grupos de componentes: Aqueles relacionados com a propulsão da mistura aérea para as vias aéreas do paciente (por meio de circuitos de conexão), objetivando insuflação pulmonar; Aqueles relacionados com o controle automático das mudanças de ciclo, bem como com a definição dos parâmetros ins e expiratórios. Ambos os componentes dependem do fornecimento contínuo de energia, a qual pode ser de dois tipos: elétrica ou pneumática (originada pela pressão de fornecimento de oxigênio e ar comprimido, pela rede ou por cilindros). De acorde com a modalidade energética, os ventiladores podem ser descritos como: Acionados e controlados pneumaticamente; Acionados e controlados elétrica/eletronicamente; Acionados pneumaticamente e controlados elétrica/eletronicamente. 3.7.2. Sistemas de propulsão A transferência da mistura aérea do interior do aparelho para as vias respiratórias do paciente depende da geração de uma pressão positiva, pelos sistemas de propulsão. A dinâmica ventilatória resultante é estritamente dependente das características de cada propulsor. Podem ser de diversos modelos entre eles: Geradores de fluxo constante: são sistemas capazes de gerar pressões inspiratórias elevadas, superando em muito as pressões pulmonares habituais. Podem ser motores elétricos de elevada potência acionadores de turbinas ou ventoinhas, pistons impulsionados linearmente ou foles impulsionados por pesos. Geradores de pressão constante: geram pressões moderadas, permitindo o equilíbrio com a pressão alveolar. Geralmente são motores elétricos de potência moderada acionadores de turbinas ou ventoinhas, injetores baseados no efeito venturi ou foles impulsionados por pequenos pesos. Geradores de fluxo não constante: impulsionam o ar segundo ondas sinusiodais de fluxo, permanecendo as curvas de pressão dependentes da dinâmica pulmonar. Podem ser pistons impulsionados não linearmente ou ventiladores microprocessados. Geradores de pressão não constante: são ventiladores de fluxo constante acrescidos de redutores de pressão, que resultam em curvas pressóricas sinusoidais, relativamente independentes das condições pulmonares do paciente. Geradores de pressão e fluxo decrementais: sistemas em que a pressão e o fluxo sofrem decréscimo progressivo no decorrer da inspiração, sujeitando ambos os parâmetros a significativas alterações, na dependência da dinâmica pulmonar. Ventiladores de circuitos simples e duplo: um ventilador é classificado como de circuito simples se o gás no interior do sistema propulsor é o mesmo que vai para as vias aéreas do paciente. Se por outro lado o gás impulsionado é responsável pela impulsão de um segundo que vai para o interior das vias aéreas do paciente, o ventilador é um sistema de circuito duplo. 3.7.3. Curvas de fluxo inspiratório Curvas de fluxo inspiratório constantes, sinusoidais, em desaceleração ou em aceleração, disponíveis em muitos dos ventiladores mecânicos mais modernos, controlados por microprocessadores, podem costituir outro método de classificar os ventiladores mecânicos (Fig. 9) (isto é, os ventiladores podem ser classificados como geradores de fluxo constante ou não constante). Geradores de fluxo constante necessitam de uma alta pressão propulsora para manter um gradiente pressórico elevado entre o ventilador e o paciente. Uma curva de fluxo inspiratório constante ou quadrada é obtida com este tipo de ventilador (Fig. 9. coluna I). Idealmente, a curva de fluxo inspiratório e o volume não devem ser afetados por alterações na CTP e na resistência das vias aéreas. Um mecanismo excêntrico de discos e pistões (p. ex., IMV Emerson Ventilator, J.H. Emerson, Co., Cambridge, MA) origina uma taxa de fluxo que varia de acordo com o tempo inspiratório e é, portanto, um gerador de fluxo não constante. Uma curva de fluxo inspiratório sinusoidal é obtida com este tipo de ventilador. A curva de fluxo inspiratório deve permanecer essencialmente a mesma de uma respiração para outra, conforme ocorram alterações na mecânica pulmonar. Curvas de fluxos inspiratórios em aceleração e em desaceleração obviamente representam uma taxa de fluxo não constante; portanto, ventiladores que apresentam estas curvas podem ser considerados geradores de fluxo não constante. Existem dúvidas se um tipo particular de curva de fluxo inspiratório pode melhorar a distribuição da ventilação, a razão VA/Q, e a troca gasosa. A discrepância entre alguns relatos relaciona-se a uma enormidade de variáveis conflitantes. Em alguns estudos, a alteração da curva de fluxo inspiratório pode ter afetado o tempo inspiratório, a relação tempo inspiratório-expiratório (I/E), a taxa de fluxo inspiratório máximo, o VT e a ventilação minuto. Alguns investigadores, usando uma pausa inspiratória final, compararam várias curvas de fluxo inspiratório e encontraram poucas diferenças na distribuição da ventilação. Entretanto, a duração do tempo inspiratório é ampliada pela presença de uma pausa inspiratória final, o que sugere que sua influência sobre a distribuição da ventilação e sobre a troca gasosa é tão ou mais importante que o tipo de curva de fluxo utilizada. Figura 10 – Curvas De Fluxo Inspiratório A pressão das vias aéreas (Pva), taxa de fluxo (V) e volume corrente (VT) são representados por curvas de fluxo inspiratório constantes, sinusoidais, em aceleração e em desaceleração. O tempo inspiratório, o VT, a complacência pulmonar e a resistência das vias aéreas foram mantidas constantes. A pressão de inflação máxima foi mais alta com a curva em aceleração e mais baixa com a curva em desaceleração; entretanto, a pressão média das vias aéreas foi maior com a última curva de fluxo inspiratório. 3.7.4. Sistemas de controle de ciclagem As decisões de mudança de fase do ciclo respiratório são realizados por dispositivos intrínsecos ao ventilador, os quais podem ser: Pneumático: a diferença de pressão entre as câmarasdetermina a ciclagem do aparelho; Fluídico: a ciclagem depende da mudança do sentido de fluxos gasosos, em componentes internos do aparelho; Microprocessadores: modalidade mais aprimorada de controle , onde componentes lógicos determinam a mudança de fase. 3.7.5. Fornecimento de gás e sistemas de mistura A mistura gasosa administrada ao paciente pelos ventiladores consiste de uma composição de ar ambiente filtrado e oxigênio, em proporções ajustáveis às necessidades de enriquecimento do ar alveolar para melhor oxigenação arterial. O oxigênio é sempre fornecido a partir de sistemas pressurizados. O ar pode ser captado diretamente do ambiente ou ser fornecido sob pressão, por compressores elétricos ou cilíndricos. No primeiro caso os ventiladores possuem um filtro que deve ser freqüentemente limpo ou substituído. 3.7.6. Circuitos e válvulas A finalidade dos circuitos e válvulas é conectar o ventilador ao acesso às vias aéreas do paciente (tubo traqueal ou traqueostomia). Geralmente são constituídos por material plástico com paredes corrugadas, de forma a evitar obstrução em angulações acentuadas. Adaptadas aos circuitos, encontram-se as válvulas, que tem por objetivo o correto direcionamento do fluxo aéreo. Destaca-se a válvula expiratória, a qual, ao fechar-se na fase inspiratória, oclui a saída do circuito, impedindo o escape do ar e dirigindo-o para as vias aéreas do paciente. 3.7.7. Sistemas de condicionamento do ar Inspirado e de nebulização O sistema de condicionamento tem por objetivo substituir artificialmente as funções de umidificação e aquecimento doa ar inspirado normalmente exercidas pelas vias aéreas superiores, fluidificando as secreções e preservando a atividade mucociliar da árvore brônquica. O ar administrado deve ter umidade relativa entre 80 e 100% e temperatura entre 32° e 37°. Figura 11 – Sistema de condicionamento do ar inspirado por borbulhamento em água aquecida 3.7.8. Sistemas de expirometria Os ventiladores mais modernos, de circuitos ins e expiratório, são habitualmente dotados de expirômetros. Destes, o mais simples é a cânula com fole circular, acionado a cada expiração e desativado na inspiração, possibilitando determinar ciclo a ciclo o volume expiratório. Existem modelos mais aprimorados de expirômetros, que determinam continuamente o volume expiratório, por inferência a partir da fluxometria eletrônica, tendo o resultado exposto digitalmente no painel. 3.7.9. Principais controles, indicadores e alarmes Além dos indicadores de parâmetros, os ventiladores pulmonares de acionamento elétrico devem incluir alarmes (visuais e sonoros), indicativos de alterações na função do aparelho e de parâmetros ventilatórios fora da faixa preestabelecida. Os controles dos ventiladores pulmonares são dispositivos responsáveis pela regulagem de parâmetros ventilatórios nos valores desejados, a seguir são citados alguns dos principais comandos, alarmes e indicadores. Chave geral: acionamento geral do ventilador; Alarme de queda de energia: alertar para interrupção do funcionamento do aparelho por falta de energia elétrica ou desconexão acidental. É acionado por baterias. Manômetro de O2 e ar comprimido: indicador da pressão de fornecimento e oxigênio e de ar comprimido (quando for o caso); Alarme de baixa pressão de oxigênio: indicador da queda de pressão de fornecimento de O2; Indicador de tempo de utilização: registrar, cumulativamente, o número de horas de funcionamento do ventilador; Seletor do tipo de ventilação: estabelecer a modalidade de operação, VMC ou VMI; Seletor do parâmetro de ciclagem: para ventiladores de ciclagem mista; Manômetro: indicação da variação das pressões no circuito inspiratório, durante o ciclo respiratório; Limite da pressão inspiratória: nos ventiladores volumétricos, determina a pressão de admissão máxima que será tolerada, registrada no manometro do aparelho; Alarme do limite máximo da pressão inspiratória: alarta para o caso da pressão no circuito inspiratório atingir o valor máximo pré-fixado; Controle de tempo inspiratório: regular em segundos ou frações, a duração da pausa no acionamento cíclico, quando ocorre, passivamente, a expiração; Controle da freqüência respiratória: regular diretamente a freqüência respiratória do aparelho, quando em ventilação controlada. Indicador de freqüência respiratória: informar a freqüência efetiva do aparelho, que no caso de ventilação controlada, corresponde a programada no painel; Alarme de freqüência respiratória: alerta para o caso do paciente ciclar o ventilador em freqüências acima à estabelecida. 4. Ventiladores controlados por microprocessadores A tecnologia pneumática foi combinada ao microprocessamento para produzir uma nova geração de ventiladores mecânicos – os ventiladores controlados por microprocessadoress. Estes ventiladores (p. ex., Puritan-Bennett 7200a, Puritan-Bennett, Co., Carlsbad, CA; Bird 6400 ST, Bird Products, Co.; Palm Springs, CA; Hamilton Veolar and Amadeus, Hamilton Medical lnc., Reno, NV; Bear V, Bear Medical Systems, Riverside, CA; e Ohmeda CPU-l, Ohmeda, Madison, WI) diferem em vários aspectos dos modelos de ventiladores mais tradicionais, não microprocessados (p. ex., Puritan-Bennett MA-l). Capazes de múltiplas modalidades de ventilação e monitorização computadorizada, os ventiladores controlados por microprocessadores também podem adquirir, processar, armazenar e recuperar dados. O microprocessador, também conhecido como unidade de processamento central (CPU), é o "cérebro" desse tipo de ventilador mecânico, no qual o processamento e as decisões realmente acontecem. Os microprocessadores são circuitos de chips integrados, programados para tarefas específicas através da utilização de um soft-ware adequado. Os circuitos elétricos miniaturizados incorporados ao microprocessador permitem que ele realize operações aritméticas (adição, subtração, multiplicação e divisão), relacionais e lógicas, assim como o controle do processamento e do fluxo de informações. Os microprocessadores são utilizados em uma variedade de equipamentos que exigem controle extensivo, como mecanismos de instrumentação complexos e sistemas ventilatórios mecânicos de suporte à vida. Os microcomputadores pessoais consistem em microprocessadores, módulos de memória e interfaces de entrada/saída. Analogamente, os ventiladores mecânicos controlados por microprocessadores possuem o mesmo hardware, além dos componentes mecânicos fundamentais, para proporcionar ventilação mecânica. Portanto, os ventiladores controlados por microprocessadores podem ser vistos como um ventilador mecânico associado ao poder de cálculo de um microcomputador. 4.1. Vantagens potenciais de ventiladores controlados por microprocessadores 4.1.1. Versatilidade geral Capazes de proporcionar várias modalidades de PPV mecânica e espontânea; Possibilidade de ventilar com várias curvas de fluxo inspiratório; Escolha do mecanismo de ciclagem (p. ex., ciclado ao tempo, volume ou pressão); Capacidade de ser facilmente reprogramado e atualizado para evitar obsolescência prematura; Capacidade de ventilar pacientes adultos e pediátricos; Capacidade de monitorização; Monitorização em tempo real de uma variedade de parâmetros ventilatórios ; Habilidade de calcular e monitorizar: complacência tóraco-pulmonar, resistência das vias aéreas, ventilação minuto expiratória, pressão média das vias aéreas, trabalho respiratório etc; Cada microprocessador se auto-avalia e cruza os dados para garantir o funcionamento apropriado das funções computadorizada e pneumática; A memória do computador permite o armazenamento e a recuperação de dados ventilatórios para análises de tendências; Capacidade de correção do computador; Hipoteticamente, o microprocessador seria capaz de realizar correções automáticas para manter a taxa e a curva de fluxo inspiratórlo e o VT quando a pressão de inflação máxima aumenta devido às alterações na complacência tóraco-pulmonar e na resistência das vias aéreas; Volume corrente e volume minuto são corrigidos para BTPS; Teoricamente, as perdas de volume no circuito respiratório do ventilador, decorrentes da compressão, podem ser calculadas e/ou compensadas. 4.1.2. Capacidade de exibição e comunicação Monitores controlados pelo computador indicam todos os parâmetros, alarmes, e limites ventilatórios correntes; Possibilidade de comunicação com outros microcomputadores ou com um computador “mainframe” para a monitorização e o armazenamento de dados. 4.1.3. Reparos e manutenção Quedas do sistema devem ser reduzidas devido à relativa facilidade em diagnosticar e solucionar problemas nos programas de ventilação e nos componentes móveis de um ventilador controlado por microprocessador; Componentes moduladores facilitam os reparos. Figura 12 – Funcionamento De Um Ventilador Controlado Por Microprocessador Acima uma representação esquemática mostrando o funcionamento de um ventilador controlado por microprocessador. Os parâmetros ventilatórios préselecionados, registrados como sinais analógicos através de botões no painel frontal, são convertidos em dados digitais por um conversor analógico-digital (ND) e então dirigidos ao microprocessador que controla o funcionamento geral do ventilador. Os dados são, por sua vez, encaminhados à memória de acesso aleatório (RAM). O programa de controle geral do ventilador pode ser armazenado na memória exclusiva para leitura (ROM). Dados de controle de rendimento (linhas cheias), através de conversão digital-analógica (D/A) são então enviados do microprocessador para o sistema misturador de oxigênio/ar, válvula de controle de fluxo inspiratório e válvula de pressão positiva contínua/expiratória das vias aéreas (CPAP). Dados de feedback (linhas tracejadas), originados do analisador de oxigênio, transdutor de pressão das vias aéreas e sensor de fluxo/volume, através de conversão ND, são devolvidos ao microprocessador. Idealmente, o ventilador deve funcionar como um sistema de controle de feedback de alça fechada. Na maioria dos ventiladores os locais de medição de pressão e fluxo/volume estão no interior do ventilador, na margem de exalação do circuito respiratório ou na peça Y. Para maior precisão é recomendado medir a pressão das vias aéreas na extremidade carinal do tubo endotraqueal (TET) e o fluxo/volume na peça Y do circuito respiratório. 4.1.4. Sistemas de alça aberta e fechada Os sistemas de controle nos ventiladores mecânicos podem constituir modelos de alça aberta ou fechada. Um sistema de controle de alça aberta não utiliza feedback (processo pelo qual o rendimento de um sistema é retransmitido e usado como dado de informação adicional, para modular o sistema de produção) em suas operações. Sistemas de controle de alça aberta são típicos de muitos ventiladores mecânicos não microprocessados. Por exemplo, um sistema de controle de alça aberra é empregado no ventilador mecânico não microprocessado Puritan-Bennett MA-l. Com este ventilador, não ocorre feedback da pressão das vias aéreas, taxa de fluxo ou VT (rendimento do sistema) para controlar o mecanismo do ventilador. Em contraste, os sistemas de controle de alça fechada, como os encontrados em muitos ventiladores mecânicos equipados com microprocessadores, retroalimentam dados de rendimento para o mecanismo de controle do microprocessador, para orientar o ventilador (isto é, a diferença [erro] entre a informação de referência [parâmetros do ventilador pré-selecionado] e o rendimento medido (parâmetros realmente observados) conduzem o sistema ao rendimento desejado). Como resultado, alega-se que a taxa de fluxo inspiratório, por exemplo, possa ser mantida dentro do valor pré-selecionado ou próxima a este, mesmo que, ocorram alterações na mecânica respiratória. Entretanto, quando a pressão das vias aéreas, taxa de fluxo e VT característicos dos ventiladores controlados por microprocessadores foram comparados, observou-se que, conforme a complacência pulmonar diminuía e a resistência das vias aéreas aumentava, ocasionando assim um aumento na pressão de inflação máxima, ocorreram diminuiçöes na taxa de fluxo inspiratório e no VT pré-selecionados. Estes dados são, no mínimo, desapontadores. Duas explicações possíveis para estas observações são que o tempo de resposta (tempo para o sistema reagir e responder a uma informação ou instrução) do sistema de controle alça fechada é muito lento, ou que a localização dos transdutores de pressão e fluxo das vias aéreas poderia ser inadequada. Além disso, o desempenho de um sistema de controle alça fechada depende da exatidão de seus transdutores de feedback. Transdutores imprecisos ou localizados inadequadamente comprometarão a eficiência da alça fechada. Recomenda-se que esses transdutores sejam instalados na abertura das vias aéreas, e não dentro do ventilador ou na margem expiratória do circuito respiratório. O sistema de controle de alça fechada de um ventilador controlado por microprocessador é constituído por diversos componentes organizados em série. Um microprocessador recebe dados digitais (dados que são codificados na forma de padrões de dígitos binários ou “bit”) introduzidos por meio de um teclado no painel de controle do ventilador (isto é, os parâmetros ventilatórios préselecionados). Como os dados digitais de um microprocessador são inexpressivos para o mundo externo, eles são convertidos em sinais analógicos (um sinal contínuo que pode ser um número infinito de valores) através de um conversor digiral-analógico. Estes sinais de voltagem analógica são as instruções que controlam a operação das válvulas de fluxo durante as fases inspiratória e expiratória do ventilador. O rendimento da válvula de controle de fluxo é monitorizado pelos transdutores de fluxo e de pressão. Uma vez que os microprocessadores trabalham apenas com dados digitais, os sinais analógicos destes transdutores devem ser transformados nos dados digitais apropriados por um conversor analógico-digital. Estes dados digitais, por sua vez, são redirecionados ao microprocessador como dados adicionais de informação, constituindo assim a alça de feedback descrita. 4.1.5. Memória de acesso aleatório e memória exclusiva de leitura A memória é essencial para a operação de um ventilador controlado por microprocessador. Memória de acesso alearório (RAM ou random acess memory) e memória exclusiva de leirura (ROM, ou random only memory) são dois tipos de módulos de memória encontrados nos ventiladores controlados por microprocessadores. Por exemplo, para indicar uma tendência na CTP o ventilador deve ser capaz de adquirir e então “lembrar” ou armazenar as alterações da CTP no decorrer do tempo. Nesse exemplo, na RAM é que os dados serão registrados para posterior recuperação. Uma desvantagem da RAM é que quando a energia elétrica é interrompida, todos os dados armazenados são perdidos. A memória RAM, portanto, seria inviável para armazenar um programa de controle do ventilador, por exemplo. Ao contrário, com a memória permanente ou ROM, os dados não são perdidos quando a energia elétrica é interrompida. Conseqüentemente, a ROM é utilizada para armazenar as rotinas ou algoritmos que controlam o funcionamento do ventilador (ver Fig. 10). O programa de controle do ventilador é registrado na memória ROM e não pode ser acidentalmente deletado ou sobrescrito durante o funcionamento do ventilador. 4.1.6. Algoritmos operacionais O microprocessador, aliado ao software apropriado, executa rotinas ou a1goritmos específicos para realizar e monitorizar uma variedade de funções ventilatórias. Os algorítmos são utilizados para verificar a operação da válvula de controle de fluxo do ventilador na liberação da curva de fluxo inspiratório, taxa de fluxo inspiratório máximo e VT pré-selecionados, por exemplo. Rotinas préprogramadas também são usadas para verificar a programação dos parâmetros ventilatórios pre-selecionados e em seguida monitorizar o rendimento do ventilador. Outros algoritmos são utilizados para controlar os limites de alarme préselecionados (p. ex.. pressões de inflação máxima e média de vias aéreas). O diagrama de fluxo abaixo representa um programa de controle geral para um ventilador controlado por microprocessador. Ele descreve uma rotina préprogramada que pode ser usada para conferir a programação dos parâmetros ventilatórios pré-selecionados e em seguida monitorizar o rendimento do ventilador. (Reproduzido com permissão de Lampotang S. "Microprocessorcontrolled ventilation, systems and concepts". In: Kirby RR, Banner MJ, Downs JB (eds). Clinical applications of ventilatory support. New York, Churchill Livingstone, Inc., 1990, p. 107.) INÍCIO ATIVAÇÃO PROGRAMAR PARÂMETROS, p. ex., VT, CPAP, FIO2 etc. OS PARÂMETROS não SELECIONADOS MENSAGEM DE ERRO SÃO ACEITÁVEIS sim EXECUTAR O PROGRAMA DE VENTILAÇÃO MONITORIZAR PARÂMETROS EXIBIR DADOS MONITORIZADOS TODOS OS PARÂMETROS VENTILATÓRIOS não MENSAGEM ALARME sim Figura 13 - Diagrama de fluxo DE Símbolos Básicos de um Diagrama de Fluxo - oval indica os pontos iniciais e finais de um programa terminal. - paralelogramo refere-se a dados registrados pelo programador/operador ou gerados pelo computador - retângulo representa processamento executado pelo computador - losango simboliza uma decisão que determina a próxima ação do computador 5. Avaliação/segurança dos ventiladores Procedimentos específicos para avaliar os ventiladores mecânicos são necessários para garantir o funcionamento adequado, assim como a segurança do paciente. Um formulário ou inventário de avaliação para documentar as capacidades de um ventilador, destarte como as suas características de monitorização e alarmes, é aconselhável. Uma avaliação neste sentido, anterior à compra e ao uso de um ventilador mecânico, deve remeter a questões específicas, tais como: O ventilador funciona de acordo com as especificações do fabricante para aquele modelo? O ventilador apresenta características de pressão, taxa de fluxo e volume ou outras, indicadas para o tipo de paciente existente na minha instituição? Trabalho respiratório do paciente é excessivo quando a CPAP é aplicada? O ventilador é simples demais ou sofisticado demais para as minhas necessidades? O ventilador é muito difícil de manejar? O ventilador possui um sistema compreensível de alarme e monitorização? As capacidades de monitorização são tais que dados excessivos ou insuficientes são exibidos? O ventilador pode ser atualizado facilmente conforme ocorram melhorias e inovações, ou o ventilador ficará obsoleto em pouco tempo? Qual é o custo do ventilador? Finalmente, quanto a alarmes e monitorização, muitos dos ventiladores mecânicos da nova geração possuem sistemas de monitorização e alarme instalados na fábrica, que podem ser ajustados às exigências ventilarórias do paciente. Transdutores de pressão e fluxo são utilizados para monitorizar pressões das vias aéreas (p. ex., pressão de inflação máxima, pressão média das vias aéreas), CPAP e taxa de fluxo gasoso (p. ex., taxa de fluxo expiratório, VT e volume minuto). A partir destes dados são calculados a complacência tóracopulmonar, a resistência das vias aéreas e o trabalho respiratório. Alarmes sonoros e visuais são empregados para indicar eventos como alterações súbitas na F1O2, apnéia, perda de CPAP, vazamento no circuito respiratório do ventilador e limite de pressão de inflação máxima. Utilizados para avaliar a adequação da ventilação, capnógrafos monitorizam continuamente a tensão de dióxido de carbono expiratório final (PETCO2). Limites de alarme para PETCO2 são ajustados para indicar anormalidades ventilatórias. 6. O projeto vidatech O desenvolvimento refere-se a um “respirador artificial para pacientes com deficiência respiratória”, ou mais particularmente a um equipamento que comporta um microprocessador, dotado de uma placa eletrônica de aquisição de dados fisiológicos, tais como: pressão endotraqueal, fluxo inspirado e expirado, volume de ar inspirado e expirado, temperatura dos gases, concentração de oxigênio e ar,tempos de inspiração e expiração, especialmente desenvolvida para este fim, um modem para comunicação via rede, um programa de computador especialmente desenvolvido para esta finalidade, gerador de ar comprimido, além de vários sensores e válvulas eletro-pneumáticas que serão melhor detalhados ao longo deste relatório descritivo e que, em conjunto, têm a função de manter o suporte da vida de um paciente através de ciclos respiratórios de modo automático. Como é de conhecimento dos técnicos, fisioterapeutas, médicos e engenheiros desta área, atualmente existem vários tipos de respiradores ou ventiladores artificiais nacionais e importados sendo notória a baixa qualidade dos equipamentos nacionais e o alto preço dos importados além do alto custo de manutenção dos importados em função da falta de técnicos habilitados ou peças de reposição com garantia, e ainda por não haver a possibilidade de acesso e controle remoto dos parâmetros e ajustes monitorados pelo equipamento via rede. O aparelho tornará possível, ainda para um médico, poder, acessar uma tela de microcomputador em seu consultório ou casa e alterar ou verificar os ajustes e os parâmetros para tratamento de um ou mais pacientes, em um mesmo hospital ou em inúmeros hospitais e/ou clínicas em poucos segundos. Este tipo de procedimento que o "respirador artificial para pacientes com deficiência respiratória" permite é que o torna inédito e extremamente vantajoso em relação a outros. Ainda, o equipamento pode contar com o monitoramento via câmera de vídeo o que auxilia na verificação das conexões de gases e sensores eletrônicos podendo também visualizar monitores cardíacos, bombas de infusão e outros aparelhos utilizados em unidades de terapia intensiva, tornando possível a criação de um grande arquivo de imagens de como ocorreu o tratamento com riqueza de gráficos dos parâmetros controlados, diagnósticos, prognósticos e anotações. Portanto, o objetivo do presente desenvolvimento é inovar na aquisição de dados e controle de variados parâmetros via microcomputador do próprio equipamento ou de outro computador locado à certa distância do primeiro via rede telefônica ou similar utilizando-se de hardware e software dedicados para esta finalidade sendo estes os principais elementos inovadores, além das particularidades quanto ao uso de sensores de pressão, fluxo e concentração de oxigênio na mistura dos gases fornecidos ao paciente. Para melhor entendimento do aparelho, é feita em seguida uma descrição detalhada do mesmo, fazendo-se referências aos desenhos anexos, onde: Anexo 1, representa um diagrama de blocos geral com uma visão equipamento como um todo; do Anexo 2, ilustra um diagrama de blocos detalhando o bloco "compartimento de válvulas e placas eletrônicas" visto no diagrama anterior do Anexo 1; Anexo 3, ilustra outro diagrama de blocos detalhando o bloco "placa de entradas e saídas de dados" do diagrama anterior do Anexo 1 ; Anexo 4, ilustra outro diagrama de blocos detalhando o bloco "software dedicado" do diagrama anterior do Anexo1. De acordo com estas ilustrações e em seus pormenores, o dispositivo “respirador artificial parapacientes com deficiência respiratória ”, é do tipo ciclado a tempo, volume ou pressão mediante a escolha dos operadores, apresentando-se em base móvel que suporta o compartimento que abriga todos os componentes do equipamento (anexo 1), e ainda circuitos respiratórios, braço articulado para suporte do circuitos respiratórios, e demais conexões tradicionalmente usadas em qualquer respirador artificial. De acordo com o observado no diagrama de blocos na figura (anexo 2) a entrada de oxigênio se faz por via rede hospitalar ou cilindro de oxigênio tendo sua pressão regulada por uma válvula reguladora de pressão tradicionalmente encontrada em grande parte dos equipamentos similares, enquanto a entrada de ar comprimido segue o mesmo processo por tubulação própria podendo além, de ser alimentada via rede hospitalar ou cilindro de ar comprimido contar com um gerador interno (compressor) que encontra-se dentro ou acima da base móvel do respirador, seguindo as duas saídas das válvulas reguladoras encontram-se dispositivos de sensoramento eletrônico os quais são encontrados somente neste aparelho, que enviam dados para o hardware (anexo 3) de aquisição sendo amplificados, convertidos em sinal digital e gravados e servem de dados para a fórmula do software (anexo 4/4) que realiza a leitura, compara com os ajustes pré-fixados e se necessário, regula qual deve ser a abertura de cada gás, ar e oxigênio, de modo que se obtenha a riqueza necessária para o tratamento, tendo então o valor calculado e transformado em corrente esta é enviada via hardware (anexo 3), depois de um conversor digitalanalógico, para alimentação das bobinas da válvulamisturadora. Partindo de tal válvula a tubulação segue e novamente encontra um sensor de oxigênio (só existente neste aparelho) o qual monitora o verdadeiro valor da mistura enviando dados para o hardware (anexo 3/4) que amplifica, converte em sinal digital, grava o dado e calcula possíveis correções da válvula misturadora. Prosseguindo em (anexo 2), a tubulação irá para a válvula reguladora de fluxo a qual é controlada por um sensor eletrônico de fluxo que executa os mesmos passos dos demais sensores, sensor(anexo 2) - hardware (anexo 3) - software (anexo 4) - hardware (anexo 3) - válvula (anexo 2), regulando desta maneira a saída de fluxo conforme desejo e necessidade do operador e paciente respectivamente. A partir deste ponto a tubulação chega a uma válvula reguladora de pressão a qual é monitorada por um sensor que executa os passos dos demais sensores e que faz com que a válvula reguladora de pressão abra ou feche corretamente, esta, por sua vez, está ligada por tubulação ao termo-umidificador , que regula temperatura e umidade dos gases e envia finalmente , após passar por um sensor de temperatura, a tubulação para a boca ou possível traqueostomia do paciente. Da válvula de conexão ao paciente parte uma tubulação ao aparelho conectando-se à válvula expiratória. Aí mais uma inovação tecnológica, onde um transdutor especial transforma os dados de pressão em sinais elétricos analógicos que serão enviados ao dispositivo de amplificação localizado na placa de aquisição (anexo 3) transformado em sinal digital por um conversor análogo-digital e gravado por meio de software especial caracterizado pelo fato de realizar gráficos e manômetros virtuais de alta precisão e apresentar alarmes sonoros e visuais de extrema qualidade facilitando, desta forma, o acesso dos operadores. Todos os dados coletados são confrontados com o banco de dados do software fazendo-se desta forma diagnósticos e prognósticos assim como todos os parâmetros obtidos via hardware(anexo 3) e software(anexo 4) estão disponíveis para acesso quer por via painel frontal do aparelho, tela do microcomputador do aparelho ou por acesso remoto em outro computador via senha apropriada. Valendo-se de todas as leituras realizadas e gravadas no disco rígido do computador o mesmo mostra na tela as seguintes controles e indicadores virtuais: indicadores de tempo de inspiração, tempo de expiração, freqüência respiratória, relação de tempos inspiratório e expiratório, percentual de oxigênio, temperatura dos gases, modalidade de respiração: IPPB, ASSIST, SIMV, CPAP, gráfico da pressão endotraqueal em função do tempo, gráfico do volume consumido em função do tempo, gráfico de pressão em função de volume, manômetro de pressão endotraqueal, manômetro de entrada de oxigênio, manômetro de entrada de ar comprimido, indicador de fluxo de ar, indicador de oxigênio e os controles para uso dos médicos: pressão máxima, pressão final de respiração, sensibilidade à pressões negativas, tempo máximo de apnéia, temperatura do aquecedor, controle de fluxo, controle de concentração de oxigênio além dos alarmes relativos a todos os valores controlados e indicados se estes últimos não satisfazerem os limites dos primeiros. Todos estes controles e indicadores se encontram no aparelho real. Como se percebe, após o que foi exposto e ilustrado, trata-se de um aparelho passível de ser utilizado em hospitais, clínicas e unidades de terapia intensiva, onde a aplicação do conjunto é realizada de maneira segura, contando com a mais atual tecnologia de controle digital e analógico sendo os sensores eletrônicos, feitos pela Motorola ou pela Sensym. Esses sensores foram implementados de maneira à inovar na aquisição e tratamento dos dados efetuados por um aparelho de respiração artificial tornando-o mais seguro e confiável sua operação. A placa de aquisição de dados (anexo 3) também é uma melhoria inovadora tendo em vista que não apenas mostra os dados na tela do aparelho, mas também, por estar conectada ao barramento de um computador, permite acesso remoto através de um também inovador programa arquitetado para esta finalidade realizado em linguagem C++, LabView ou similar (anexo 4). Portanto, o "respirador artificial para pacientes com deficiência respiratória", é um aparelho que conta com várias modificações em relação aos seus similares mantendo logicamente suas finalidades essenciais, mas podendo ser muito melhor operado pelos médicos devido à maneira como são apresentados os parâmetros de indicação e controle e otimizando a técnica de suporte respiratório aos pacientes devido à maneira como foram implementados os sensores (anexo 2), hardware(anexo 3) e software(anexo 4). 6.1. Software utilizado para a interface gráfica O LabView e uma linguagem de programação gráfica(G) para aplicações de aquisição, controle e analise e apresentação de dados. Em detrimento as linguagens de programação baseadas em texto, onde as instruções determinam a execução do programa, o LabView utiliza programação dirigida por fluxo de dados, onde os dados determinam sua execução. Existem varias ferramentas e módulos, tais como controle PID e gerenciamento de dados, que podem ser adicionados para expandir a funcionalidade do LabView no desenvolvimento de aplicações especializadas. O LabView e completamente integrado para comunicação com uma ampla variedade de interfaces e dispositivos de hardware, como GPIB, VXI, PXI, RS232, RS485 e, nesse aspecto, sua principal característica que auxilia e agiliza o trabalho do desenvolvedor e o fato de existirem drivers de software prontos para a comunicação com uma ampla variedade de dispositivos e instrumentos. 6.1.1. Aplicações O LabView e usado extensivamente em vários segmentos industriais ao redor do mundo, tais como telecomunicações, fabricação, automotivo, semicondutor, biomédico, Aeroespacial e eletrônica. Sua aplicabilidade abrange todas as fases de desenvolvimento do produto, incluindo pesquisa e desenvolvimento, engenharia e validação, fabricação, controle de qualidade e serviços. Por esse motivo, o LabView tornou-se uma ferramenta padrão para a industria. 6.1.2. O Ambiente labview No LabView é possível construir uma interface do usuário utilizando um grupo de ferramentas e objetos. Essa interface do usuário e conhecida como painel frontal. Códigos são usados para representações gráficas de funções numa interface conhecida como diagrama de blocos para controlar os objetos do painel frontal. Se organizado adequadamente, o diagrama de blocos será semelhante a um fluxograma. Os programas LabView são chamados instrumentos virtuais, ou VI's, porque sua aparência e operação assemelha-se a instrumentos físicos, tais como osciloscópios e multímetros. Todo VI utiliza funções que manipulam entrada de dados oriunda da interface do usuário ou de outras fontes, e demonstra a correspondente informação ou move-a para outros arquivos ou computadores na rede. Podem ser ajustados pontos de parada (breakpoints) e uma execução passo-a-passo através dos programas para facilitar o seu desenvolvimento e manutenção. Vejamos a seguir os principais componentes deste ambiente. Painel frontal: é a interface do usuário no programa ou VI, e é construída com controles e indicadores, os quais são os interativos terminais de entrada e saída, respectivamente. Exemplos de controles são botões e outros dispositivos de entrada. Indicadores podem ser expressos pelos gráficos, LED's e outros displays. Os controles simulam os instrumentos como dispositivos de entrada e fornecem dados para o diagrama de blocos do VI. Indicadores simulam os instrumentos como dispositivos de saída e demonstram dados adquiridos ou gerados no diagrama de blocos. Figura 14 – Tela de operação do software Diagrama de blocos: depois de construir o painel frontal são adicionados códigos usando representações gráficas de funções para controlar os objetos do painel frontal. O diagrama de blocos contem este código fonte gráfico e nele os objetos do painel frontal aparecem como terminais no diagrama de blocos. Todo controle ou indicador no painel frontal tem um terminal correspondente no diagrama de blocos. A execução dos dados ocorre através da conexão de fios entre cada no do diagrama de blocos, incluindo terminais de controle e indicadores, funções e estruturas. Paletas: as paletas existentes no ambiente de programação do LabView contem as opções necessárias para criar e editar o painel frontal e o diagrama de blocos. As paletas subdividem-se em paletas de ferramentas (Tools), paletas de controles (Controls) e paletas de funções (Functions). A paleta de ferramentas serve para operar e modificar o painel frontal e o diagrama de blocos. Alem disso, toda vez que se seleciona uma ferramenta, o ícone do mouse muda para o ícone da ferramenta. Já a paleta de controles esta disponível apenas no painel frontal e contem os controles e indicadores para criar a interface do usuário. A ultima paleta e a paleta de funções a qual esta disponível apenas no diagrama de blocos e contem os objetos necessários para se programar o VI, tais como operações de dados. 6.1.3. Programa de comunicação serial O programa mostrado a seguir foi desenvolvido para executar a comunicação serial entre o instrumento respirador e o microcomputador. Este programa possibilita a comunicação bidirecional com a porta de comunicação serial RS232. O programa inicializa a porta, escreve e executa a leitura da porta com um timeout especifico. A leitura com timeout espera uma requisição de bytes disponíveis na porta ou ate exceder o limite de tempo especificado, ou o que ocorrer antes. A seguir será descrito em detalhes cada função do diagrama em blocos, do programa de comunicação serial. 6.1.3.1. Bloco 1 - Inicialização da porta serial Inicializa a porta serial especificada (COM) “setando” os valores de cada pino de controle : bits de dados, bit de parada, taxa de amostragem, paridade, tamanho do buffer e controle de fluxo e código de erro para a transmissão assíncrona. 6.1.3.2. Tabela de diagnósticos de erro Este bloco e usado principalmente para informar o usuário se um erro existe e descrever e identificar o erro ocorrido. A informação precisa ser derivada da entrada e uma tabela de códigos de erro e gerada com a descrição do erro. A tabela lista todos os códigos de erro que podem ser criados pelo LabView associados a operação da porta I/O. 6.1.3.3. Negação e OU lógico de entrada. Tem a função lógica de “setar” os clusters para a integração booleana. 6.1.3.4. Bloco 2 - Escrita de Dados Tamanho da String Esta função retorna o numero de caracteres (bytes) da entrada. A entrada pode ser escalar, não dimensional ou cluster. A saída tem a mesma estrutura que a entrada, porem esta e integrada. Substring Retorna uma substring contendo o tamanho e numero de caracteres. O tamanho e ajuste de offset precisa ser escalar. Escreve String no port number Escreve os dados da string na porta serial no port number indicado. 6.1.3.5. Bloco 3 - Leitura da Sring com TimeOut A serial e lida com um timeout pre-setado quando existirem bytes para serem adquiridos pelo buffer da porta serial. Se existirem estes bytes os caracteres sao lidos e retornados imediatamente. Converção String em byte unsigned Converte uma string em bytes sem sinal. O byte menos significativo retorna o valor ASCII do primeiro caracter da string. Subtrator Calcula a diferença lógica das entradas. 6.1.4. Diagrama em blocos do programa de comunicação serial Figura 16 – Diagrama de blocos 6.2. Microprocessador Microcontrolador é um dispositivo utilizado para controlar e monitorar funções durante um processo. A partir do advento dos circuitos integrados TTL, pode-se delinear três gerações no que diz respeito à implementação de controladores. Na primeira geração estão os projetos envolvendo circuitos integrados TTL, na sua maioria. O alto consumo de energia, a grande quantidade de chips envolvidos e a dificuldade em se realizar reengenharia tornou a segunda geração atraente aos projetistas. O advento dos microprocessadores tornou versátil o projetos de circuitos destinados ao controle: era a segunda geração dos controladores. Boa parte das funções antes implementadas por hardware passaram a ser implementadas por software. A terceira geração veio para integrar em um único chip boa parte dessa estrutura. Microcontroladores integram as funções de um microprocessador, memória de dados e de instruções e ainda, dependendo da complexidade, portas seriais e paralelas bidirecionais, conversores A/D, timers, watchdog e outros. 6.2.1. Fabricantes de microcontroladores Motorola Microchip Zilog Mitsubish Matsushitta Texas Instruments Siemens Toshiba Sharp NEC National Semiconductor Intel Hitach Philips 6.2.1. SAB 8051 - Diagrama em blocos Figura 17 – Diagrama de blocos 8051 6.2.2. Características gerais Esse trabalho focaliza o microcontrolador da Siemens Components, Inc. mas o componente é totalmente compatível com o de outros fabricantes. O SAB 8051 é o membro original da família SAB-51. Entre as características do SAB-8051, estão: CPU de 8bits otimizada para aplicações em controle. Alta capacidade de processamento booleano (manipulação de variáveis de um bit); 32 linhas de E/S bidirecionais e individualmente endereçáveis; 128 bytes de RAM interna destinada a dados; RAM de baixo consumo de energia; 2 temporizadores/contadores de 16bits; UART full duplex; 5 estruturas de interrupção com 2 níveis de prioridade; Clock interno; 4 Kbytes de memória de programa interna; 64 Kbytes de memória de programa endereçáveis; 64 Kbytes de memória de dados endereçáveis; Freqüência de clock entre 1.2 MHz e 12 MHz. O SAB 8051 é um microcontrolador de alta-performance que opera em +5V, construído sob a alta tecnologia Siemens MYMOS (III). O SAB 8031 difere do SAB 8051 por não ter memória ROM interna. Dessa forma, todas as instruções são buscadas na memória externa. 6.2.3. Organização de memória em dispositivos SAB-51 6.2.3.1. Separação lógica de memória de programa e de dados Toda a família SAB-51 tem espaços de endereços separados para memória de programas e de dados (configuração Harvard). Essa separação permite que a memória de dados seja acessada por endereços de 8bits, podendo ser mais rapidamente manipulada pela CPU de também 8bits. Não obstante, endereços de 16bits para essa memória possam ser gerados através do registrador DPTR. O microcontrolador pode acessar 4Kbytes de memória de programas internamente e mais 64Kbytes externamente. O dispositivo emite o sinal PSEN ( Program Store Enable) para ler a memória de programa externa. Os 64Kbytes de Memória de Dados Externa são acessados pelo dispositivo através dos sinais RD e WR. Os sinais PSEN e RD podem ser injetados na entrada de um porta AND e a saída dessa porta utilizada como sinal de requisição de leitura a uma memória externa de dados e programas convencional. 6.2.3.2. Memória de programas Na Memória de Programas estão alocadas as posições alvos de interrupções. Em cada uma dessas posições, deve iniciar a rotina que serve à respectiva interrupção. O espaçamento entre essas posições fixas é de 8bytes. Na maioria das aplicações de controle, essas rotinas cabem inteiramente nesse intervalo, de outra forma, um jump nessas posições se faz necessário. Os primeiros 4Kbytes da Memória de Programas podem ser endereçados interna ou externamente. Se o pino EA (External Acces) estiver em nível alto, esses bytes são acessados on-chip. Levando o pino EA a nível baixo, o acesso a tais bytes é feito na memória externa. A configuração do hardware para execução de programas externos é mostrado na Figura 1. As 16 linhas de E/S ( Portas 0 e 2) são dedicadas para desempenhar função de bus durante buscas na Memória de Programas. A Porta 0 emite o byte menos significativo do Contador de Programas (PCL). Nesse momento o sinal ALE funciona como clock para o Latch armazenando o PCL. As linhas da Porta 0 entram em estado de alta impedância. Enquanto isso, a Porta 2 emite o byte mais significativo do Contador de Programas (PCH). O Latch e a Porta 2 formam portanto o endereço necessário ao acesso da ROM externa. O sinal PSEN, em nível baixo, habilita a ROM à leitura. A Porta 0 entra no modo entrada e a instrução da ROM do correspondente endereço é enviado à essa porta. Figura 18 – Execução a partir de memória externa. 6.2.3.3. Memória de dados Figura 19 – Acesso à memória de dados externa A figura acima mostra a configuração do hardware para o acesso de 2Kbytes de RAM externa. Neste caso a CPU está executando a partir da ROM interna. O endereço pode ter largura 1 ou 2bytes. Quando utilizando 1byte, uma ou mais outras linhas de E/S podem ser utilizadas, como mostrado na figura. Quando utilizando 2bytes de largura, o byte mais significativo é enviado pela Porta2. O mapeamento da memória interno é mostrado figura abaixo. Ela é dividida em três blocos que são referidos como Lower 128, Upper 128 e SFR. Os registradores, mapeados em memória, ocupam os primeiros 32bytes do bloco Lower, agrupados em bancos de 8 (R0 a R7). Dois bits na Palavra de Status de Programa (PSW-Program Status Word) seleciona um dos bancos. Isto permite maior eficiência no espaço do código, uma vez que, instruções que referem a registradores são menores que as instruções de endereçamento direto. Figura 20 - Memória de dados interna Os 16bytes acima do banco de registradores, formam o espaço de bits endereçáveis. O conjunto de instruções do SAB-51 inclui uma grande quantidade de instruções de um único bit, e os 128 bits dessa área podem ser acessados por essas instruções. O bloco Lower ocupa o intervalo de endereços de 00H até 7FH e seu mapeamento é visto na Figura abaixo. Figura 21 – Região Lower 128 Todos os bytes do bloco Lower podem ser acessados direta ou indiretamente (veja seção 5.2). O bloco Upper 128, não disponível no 8051 mas sim, no 8053B, no 80515 e no 80C517, é acessado unicamente por endereçamento indireto. O bloco SFR (Special Function Register), mostrado na abaixo, inclui latches, timers, controle de periféricos, etc. e ocupa o espaço de endereçamento 80H a FFH. Tais registradores podem ser acessados exclusivamente por acesso direto. Figura 22 – Região SFR ( Special Function Registers ) 6.2.3.4. O Conjunto de instruções Todos os membros da família 8051 executam o mesmo conjunto de instruções classificadas como: aritméticas, lógicas, transferência de controle, transferência de dados e booleanas. Dispõem de uma variedade de rápidos modos de endereçamento à RAM interna, para facilitar operações com bytes em pequenas estruturas de dados. Suporte à variáveis de um bit também é disponível, permitindo manipulação direta em sistemas de controle e lógica que requerem processamento booleano. 6.2.3.5. Program status word (PSW) Este byte, localizado no espaço SFR, contém alguns bits de status que refletem o estado da CPU. Mostrado na figura 6, contém flags Carry, Auxiliay Carry, Overflow, Paridade, dois bits (RS0 e RS1) de seleção de banco de registradores e dois bits de status definidos pelo usuário. Figura 23 – Registrador PSW ( Program Status Word ) 6.2.3.6. Modos de endereçamento Para acessar um dado, as instruções do microcontrolador 8051 contam com seis tipos de endereçamentos: Direto, Indireto, por Registradores, por Registrador Específico, Imediato e Indexado. Endereçamento Direto: nesse modo, o endereço do operando é especificado por um campo de 8bits na instrução. Somente RAM de dados interna e a região SFR pode ser diretamente endereçadas. Endereçamento Indireto: a instrução especifica um registrador que contém o endereço do operando. Ambas externa e interna RAM’s podem ser indiretamente acessadas. Se tal endereço possui 8bits, seu valor é armazenado em R0 ou R1, do respectivo banco selecionado, ou no Stack Pointer. Por outro lado, se tal endereço possui 16bits, seu valor é armazenado no registrador DPTR. Endereçamento por Registradores: instruções que suportam um espaço de três bits em seu opcode podem acessar registradores de R0 a R7 dos bancos de registradores. Tais instruções são eficientes por eliminarem um byte de endereço. Quando uma instrução desse tipo é executada, um dos quatro bancos de registradores é selecionado pelos bits RS0 e RS1 de PSW em tempo de execução. Endereçamento por Registrador Específico: algumas instruções são específicas a certos registradores. Por exemplo, algumas instruções sempre operam no Acumulador e, para elas, não é necessário um ponteiro. O próprio opcode é capaz de realizar tal tarefa. Endereçamento Imediato: quando uma constante segue o opcode. Endereçamento Indexado: somente a Memória de Programas, cuja única operação é leitura, pode ser acessada por esse modo. É usado para fazer leituras em tabelas na Memória de Programas. Um registrador de 16bits (DPTR ou PC) aponta para o início da tabela enquanto o Acumulador é ajustado para a n-ésima posição da mesma. O endereço de uma entrada para a tabela é formado pela soma entre o Acumulador e o registrador de 16bits. Uma outra aplicação desse tipo de endereçamento é na formação do endereço destino de jumps pela soma do índice e do valor do Acumulador. 6.2.3.7. Instruções aritméticas O conjunto de instruções 8051 pode acessar suas variáveis pelos diferentes modos de endereçamento. Por exemplo, a instrução ADD A, <byte> pode ser escrita como: ADD A, 7FH (direto) ADD A,@R0 (indireto) ADD A,R7 (registrador) ADD A,#127 (imediato) 6.2.3.8. Instruções lógicas Essas instruções realizam operações booleanas ( AND, OR, Exclusive OR e NOT) bit a bit entre dois bytes. Elas podem endereçar seus operandos por diversos modos como por exemplo, a instrução ANL A, <byte>: ANL A,7FH (direto) ANL A,@R1 (indireto) ANL A,R6 (por registrador) ANL A,#53H (imediato) Todas instruções desse tipo que utilizam o Acumulador como registrador específico tomam 1 s para serem executadas, enquanto as demais tomam 2 s. Os modos de endereçamento disponíveis tornam desnecessário carregar qualquer operando que estiver na Memória de Dados interna para o Acumulador. Não utilizar o Acumulador, economiza o tempo em empilhar seu conteúdo quando do atendimento a uma interrupção. Instruções de rotação deslocam de um bit para direita ou esquerda o conteúdo do Acumulador. Se for para esquerda, o bit LSB recebe o bit MSB, enquanto, se for para direita, o bit MSB recebe o bit LSB. A instrução SWAP permuta os quatro bits menos significativos com os quatro bits mais significativos do Acumulador. 6.2.3.9. Instruções de transferência de dados Essas instruções são divididas em três subgrupos conforme a localização do dado: na RAM interna, na RAM externa ou na Memória de Programas (Lookup Tables). 6.2.5. RAM interna Sob um clock de 12MHz, uma operação desse tipo é realizada em 1 2 s ou s. Esse conjunto de instruções mostrado na tabela 3, conta com a facilidade, por exemplo, de MOV <dest>,<src> que transfere dados entre duas posições de RAM interna ou região SFR dispensando qualquer carregamento do Acumulador (lembre que a região Upper 128 da RAM de dados pode ser acessada somente por endereçamento indireto e a região SFR somente por endereçamento direto). PUSH e POP utilizam endereçamento direto para identificar o byte a ser salvo ou restaurado, mas usa endereçamento indireto para acessar a pilha através do registrador SP. Isso significa que a pilha (que cresce no mesmo sentido dos endereços e localizada na região Lower 128) pode avançar sobre a região Upper 128 mas não na região SFR. Em dispositivos que não contam com a região Upper 128 ( 8051A, 80C51 e 80512 e versões ROMless) se a pilha tenta avançar sobre ela, bytes de PUSH são perdidos e de POP são indeterminados. Movimentação com 16bits é útil para inicializar DPTR para acesso a Lookup Tables na Memória de Programas ou acessar Memória de Dados externa. 6.2.6. Instruções booleanas Os dispositivos da família 8051 contam com um completo conjunto de operações booleanas ( tabela 6) sob bits únicos. A o espaço Lower 128 da RAM interna suporta 128 bits endereçáveis e o espaço SFR pode suportar outros 128 bits endereçáveis. Todas as linhas das portas são bit-endereçáveis e cada uma dessas linhas pode ser tratada como uma porta de um único bit. As instruções que acessam esses bits não são apenas branches condicionais mas uma completa lista de move, set, clear, complement, OR e AND. Esse tipo de operações sobre bits não é facilmente obtido em outras arquiteturas sem uma razoável quantidade de código. Todos esses bits são endereçados diretamente. Bit-Endereços entre 00H e 7FH acessam o espaço Lower 128 enquanto entre 80H e FFH acessam o espaço SFR. Note como é fácil um flag interno ser movido para um pino de uma porta: MOV C, FLAG MOV P1.0, C Onde FLAG é o nome de qualquer Bit-Endereçável em Lower 128 ou SFR. Nessa seqüência, bit de FLAG é movido para o bit menos significativo da Porta1. O Carry bit de PSW é utilizado como acumulador para operações Booleanas. As operações de jump desse conjunto testam um único bit, que possa ser diretamente endereçável, como condição. Uma vez que todos os bits de PSW são endereçados diretamente, pois estão no espaço SFR, pode-se utilizá-los como alguma condição de jump. Para jumps relativos, o endereço contido no código é somado ao PC em complemento de dois se o jump é tomado. Portanto, a distância de jump pode variar na faixa de -128 a +127 bytes a partir do endereço do byte de desvio . 6.2.7. Instruções de jumps O conjunto de instruções de jumps pode ser dividido em dois subgrupos: jumps condicionais e jumps incondicionais. 6.2.7.1. Jumps incondicionais O conjunto de jumps incondicionaispossuem seis instruções em seu repertório. JMP é apenas um mnemônico genérico utilizado pelo programador que não precisa saber como ela é realmente interpretada pelo assembler. Na realidade, JMP corresponde a três instruções: SJMP, LJMP e AJMP. A instrução SJMP calcula o endereço destino como descrito acima que pode varrer uma largura de -128 a +127 bytes na Memória de Programas. A instrução LJMP codifica o endereço destino como uma constante de 16bits que pode ser qualquer localidade dos 64Kbytes da Memória de Programas. A instrução AJMP codifica o endereço destino como uma constante de 11bits. A instrução consiste em 2 bytes: 3bits do endereço localizam-se no opcode enquanto os outros 8bits localizam-se no próximo byte. Os 11bits assim formados simplesmente substituem os 11bits menos significativos de PC. Em todos os casos, o programador especifica o endereço destino de duas maneiras: ou como um label ou como uma constante de 16bits. O assembler se encarrega de colocar o endereço destino para o correto formato de instrução. A instrução JMP @A + DPTR implementa a comando CASE. O endereço destino é computado em tempo de execução como a soma do conteúdo do Acumulador e o registrador DPTR. Tipicamente, DPTR é carregado com o endereço de uma tabela de jumps e, ao Acumulador, é dado o valor de um índice dessa tabela. Semelhantemente à instrução JMP, a instrução CALL, na realidade, são duas : LCALL e ACALL que diferem na forma como que o endereço da subrotina é dado à CPU. LCALL utiliza o endereço destino em 16bits que pode ser qualquer localidade dos 64Kbytes da Memória de Programas. ACALL utiliza formatos em 11bits o que significa que o endereço destino deve estar no mesmo bloco de 2Kbytes seguintes a instrução. A transparência para o programador em CALL é semelhante à de JMP. As instruções RET e RETI são utilizadas em finais de subrotinas. A diferença entre elas é que RETI informa ao sistema de controle de interrupções que a interrupção em progresso terminou. 6.2.7.2. Jump condicionais O conjunto de jumps condicionais só permite endereçamento de destino relativo o que limita a distância de salto entre -128 e +127 bytes de distância da instrução jump. Importante notar que o programador especifica o endereço como um label ou uma constante de 16bits. Não há flag zero, portanto, JZ e JNZ testam o dado do Acumulador para tal condição. A instrução DJNZ (Decrementa e Jump se Não Zero) é utilizada para controle de loops assim como CJNE (Compara e Jump se Não Igual). Uma aplicação para esta instrução está em comparações "maior que, menor que". Pelo valor do Carry bit distingue-se as duas situações. Se o primeiro é menor que o segundo, Carry bit é setado. Se o primeiro é maior ou igual ao segundo, Carry bit é zerado. 6.2.8. Ciclo de máquina Um ciclo de máquina consiste de uma seqüência de 6 estados (S1 a S6). Cada estado toma 2 períodos de clock e, portanto, um ciclo de máquina toma 12 períodos de clock ou 1 s sob uma freqüência de 12MHz. A Figura 7 mostra a seqüência de busca/execução para alguns tipos de instruções. Normalmente dois ciclos de busca são executados em cada ciclo de máquina mesmo que a instrução sendo executada não o requer, caso em que o byte buscado é ignorado e o PC não é incrementado. Figura 24 – Sequência de Estados Instruções de um ciclo começam em S1, em S4 é gerado uma segunda busca e, no fim de S6, a instrução está completa. O ciclo busca/execução é o mesmo se a Memória de Programas é externa ou interna. A Figura 7 mostra os sinais e as temporizações envolvidas quando a Memória de Programas é externa. Nesse caso, o sinal PSEN é ativo duas vezes por ciclo de máquina. Se um acesso à Memória de Dados externa ocorre, como mostrado na Figura 2, dois PSENs são pulados porque o bus de endereços e o bus de dados estão sendo utilizados para acesso à Memória de Dados. Note que um ciclo de Memória de Dados externa toma duas vezes mais tempo que um ciclo de Memória de Programas. A Figura 8 mostra a dinâmica dos endereços sendo enviados às Portas 0 e 2 e dos sinais ALE e PSEN. O sinal ALE é ativado indiferentemente se a CPU está executando a partir da Memória de Programas externa ou interna, podendo ser utilizado como uma saída de clock 6.2.9. Estruturas de interrupção Os microcontroladores 8051A, 80C51 e suas versões ROMless dispõem de 5 fontes de interrupção: 2 interrupções externas, 2 interrupções de temporizadores e uma interrupção por porta serial. O 8052B e o 80C52 possuem essas cinco interrupções e mais uma associada ao terceiro temporizador. Outras interrupções são disponíveis em membros mais avançados da família. Cada uma das fontes de interrupção pode ser habilitada ou desabilitada setando ou limpando um bit do registrador IE localizado na região SFR. Este registrador também contém um bit global que pode desabilitar todos as interrupções de uma só vez. A Figura 9 mostra o registrador IE para o 80528 e 80C52. Figura 25 – Interrup Enable Cada fonte de interrupção pode ser programada para um de dois níveis de interrupção ( os microcontroladores 80515, 80C515, e 80C517 têm quatro níveis de interrupção) setando ou limpando um bit do registrador IP (Interrupt Priority) localizado no espaço SFR e mostrado na figura abaixo. Figura 26 – Interrupt Priority Se requisições de interrupção de mesma prioridade são recebidas simultaneamente, uma seqüência de pooling é ativada para determinar qual interrupção será atendida. Todos os flags de interrupção são carregados no sistema de controle de interrupção durante o Estado 5 de todo ciclo de máquina. A análise desses flags é feita no ciclo seguinte. Se um flag para uma interrupção habilitada é encontrado setado, o sistema de interrupção gera um LCALL para a correta localização na Memória de Programas a menos que uma situação de bloqueio de verifique (ex. interrupção de igual ou maior prioridade sendo atendida). Com LCALL sendo executado, o conteúdo de PC é salvo na pilha e este registrador recebe o valor do endereço inicial da rotina de interrupção. Somente PC é automaticamente salvo na pilha. Isso permite ao programador decidir quanto tempo deve ser gasto salvando outros registradores. Como resultado, tem-se uma melhoria no tempo de resposta a uma interrupção. 6.2.10. Temporizadores O microcontrolador 8051 conta com 2 temporizadores/contadores de 16bits para uso geral. A configuração dos temporizadores/contadores 0 e 1 é feita no registrador TMOD localizado na região SFR no endereço 89H. Se o bit C/T desse registrador é setado, o temporizador/registrador atua como contador e, se zerado, atua como temporizador. Quando na função temporizador, o registrador de tempo, localizado na região SFR é incrementado a cada ciclo de máquina. Logo, podemos pensá-lo como um contador de ciclos de máquina. Desde que um ciclo de máquina toma 12 ciclos de clock, a resolução de contagem é 1/12 da freqüência de clock. Quando na função contador, o registrador é incrementado a cada transição 1 para 0 do correspondente sinal externo T0 ou T1 (pino 4 ou pino 5 respectivamente da porta 3). É necessário um ciclo de máquina para detectar a transição e outro para incrementar o registrador de contagem. Portanto, a resolução de contagem é 1/24 da freqüência do sinal de entrada. É fortemente recomendado que o sinal seja aplicado no mínimo durante um ciclo de máquina completo. Cada temporizador/contador consiste em 2 registradores de 8bits que podem ser configurados em um dos 4 possíveis modos. Modo 0: o registrador é configurado como um registrador de 13bits. Os bits TF0 (8DH) e TF1 (8FH) são utilizados como flags de overflow associadas às interrupções INT0 e INT1 respectivamente aos temporizadores/contadores 0 e 1. Modo 1: semelhante ao modo 0 com a diferença de que o registrador atua em 16bits. Modo 2: o registrador é configurado em 8bits com recarregamento automático, isto é, quando numa situação de overflow de TLO (8bits menos significativos), tal registrador é recarregado com o conteúdo de TLH (8bits mais significativos) cujo conteúdo permanece constante. Modo 3: temporizador/contador 1 é desligado enquanto o temporizador/contador 0 é utilizado como dois registradores de 8bits. A interrupção associada a TL0 é INT0 enquanto a interrupção associada a TH0 é INT1. 6.2.11. Interface Serial O 8051 possui uma porta serial full-duplex, o significa que ela pode enviar e transmitir dados simultaneamente. Essa interface pode operar em 4 modos: Modo 0: (modo síncrono) 8 bits do dado serial entram e saem por RxD0. TxD0 tem como saída o sinal de clock deslocado em fase. A velocidade de transmissão é de 1/12 clock. Modo 1: (modo assíncrono) 10 bits são transmitidos (TxD0) ou recebidos (RxD0): 8bits de dados, 1 stop bit e 1 start bit. A velodidade de transmissão é variável. Modo 2: (modo assíncrono) 11 bits são transmitidos (TxD0) ou recebidos (RxD0): 1 start bit, 8bits de dados, 1bit programável pelo usuário (por exemplo: bit de paridade) e um stop bit. A velocidade de transmissão pode ser porgramável para 1/32 ou 1/64 clock Modo 3: (modo síncrono) exatamente como no Modo 2, porém, a velocidade de transmissão é variável. Em cada um dos modos, a transmissão é iniciada quando da execução de uma instrução cujo registrador destino é o registrador S0BUF (endereço 99H, região SFR). A recepção é iniciada no modo 0 pela condição RI0 = 0 (endereço 98H) e REN0 = 1 (endereço 9CH), ambos localizados no registrador S0CON (endereço 98H, região SFR). Em outros modos, a recepção é iniciada quando REN0 = 1. 6.2.12. Principais vantagens do microcontrolador 8051 Popular: prontamente disponível e amplo suporte. Gama completa de produtos de suporte estão disponíveis de graça e comercialmente; Rápido e eficaz: a arquitetura se correlaciona de perto com o problema sendo solucionado (sistemas de controle). Instruções especializadas significam que menos bytes precisam ser buscados e menos jumps condicionais são processados; Baixo custo: alto nível de integração do sistema em um único componente. Poucos componentes são necessários para se criar um sistema que funcione; Ampla gama de produtos: uma única família de microcontroladores cobre as opções que outros fornecedores só conseguem cobrir com um número razoável de diferentes e incompatíveis famílias. Desse modo, o 8051 proporciona economia real em termos de custo de ferramentas, treinamento e suporte para software; Compatibilidade: opcodes e código binário são os mesmos para todas as variações do 8051, diferente de outras famílias de microcontroladores; Multi-Sourced: mais de 12 fabricantes, centenas de variedades; Aperfeiçoamentos constantes: melhorias na manufatura aumentam a velocidade e potência anualmente. Há ainda versões de 16 bits vindo de diversos fabricantes. 6.2.13. Atuais tendências Recentemente a PHILIPS Semiconductors lançou a versão 16bits do 8051: o 80C51XA (eXtended Architecture). O conjunto de códigos mais denso não perde a compatibilidade com códigos escritos para o 8051. O XA foi uma resposta às três maiores tendências no desenvolvimento de sistemas microcontrolados: a necessidade de se ter maior processamento por Dólar, o aumento do uso de linguagens de alto nível e o crescente desenvolvimento de sofisticados sistemas operacionais multi-tarefas e de tempo real. Entre outras características, o XA conta com baixo consumo ( 3V com capacidade de gerência de energia), endereçamento e conjunto de instruções expandidos. Com um preço de U$ 7.00 e uma razão performance por dólar superior a qualquer outro microcontrolador de 16bits, o XA resolve problemas de projeto por um inigualável preço/performance. Inspirada no sucesso do microcontrolador 8051, a indústria usou a mesma estratégia lançando a completa família 80C51XA. 7. Mercado 7.1. Nicho de mercado O nicho de mercado do produto em questão seriam os hospitais públicos e particulares que possuam as áreas de UTI (adulto e pediátrica), e também clínicas que trabalhem com o aparelho. Futuramente pode ser estudada a possibilidade da locação do aparelho para particulares. 7.2. Mercado em potencial O mercado em potencial e os possíveis clientes seriam os hospitais públicos e particulares que possuam as áreas citadas acima, inicialmente do Paraná e Santa Catarina, mas visando uma ampliação do mercado de atuação nos próximos anos. E também clínicas que necessitam do aparelho para o desenvolvimento do seu trabalho.Um mercado pouco explorado seria a locação dos aparelhos para particulares. Foi realizada uma pesquisa nos principais hospitais de Curitiba, e constatou-se que os hospitais possuem em média 20 aparelhos respiratórios. E que a expectativa de troca desses aparelhos é em média de 8 anos, existindo hospitais que mantém seus aparelhos por mais de 15 anos em funcionamento, devido ao alto custo que acarreta a substituição do aparelho por um novo. Foi constatado nesta pesquisa que o Hospital Evangélico de Curitiba está em processo de substituição dos seus aparelhos de respiração artificial. Também o Instituto Cruz Vermelha está em processo de ampliação e modernização de sua rede de pronto atendimento. Podendo ser grandes clientes em potencial. A perspectiva de crescimento no mercado é positiva, pois os preços finais oferecidos pelos produtos em questão são significativamente menor aos dos seus concorrentes, o aparelho VIDDA 100 é de simples manuseio e o custo de manutenção e reposição de peças é baixo, já o aparelho VIDDA PLUS apresentará características próprias, inovações tecnológicas, apresentando grandes diferenciais em relação aos seus similares existentes no mercado. Nossa pesquisa foi feita apenas em Curitiba, nos seus principais hospitais. Existe a possibilidade do interesse de outros hospitais do Paraná e Santa Cataria de estarem substituindo seus aparelhos de respiração artificial, ou até mesmo a inauguração de novos hospitais. 7.3. Dados estatísticos Número de Hospitais Públic. Privad. Univers. Número de Leitos Número de de UTI Leitos 1000 hab Curitiba 48 25 5 273 3.75 Paraná 113 400 7 645 4.2 Santa 21 194 14 351 3.7 Catarina *Secretaria Estadual de Saúde do Paraná/Santa Catarina. 7.4. Concorrentes NACIONAIS INTERNACIONAIS K.Takaoka Siemens Intermed Screisht Engesp Benet Promédico Draeger New Port p/ A situação atual dos concorrentes nacionais perante o mercado deixa a desejar em relação ao custo/benefício. A marca K.Takaoka peca por não aliar adequadamente a tecnologia adotada ao preço praticado. Já a Intermed apesar de ter uma tecnologia significativa, seu preço está acima ao que será oferecido pelo nosso produto. A Engesp, mesmo possuindo um produto com pouca diferença de preço em relação ao nosso, os custos com insumos após a utilização chegam a ser tão elevados que a vantagem da diferença de preço chega a ser irrisória a longo prazo. Já os concorrentes internacionais apresentam uma situação privilegiada quanto à tecnologia empregada, mas um custo impraticável no setor de saúde nacional. Esses produtos importados possuem uma deficiência quanto à reposição de peças devido ao tempo e ao custo despendido na importação. Aliado à essa deficiência, a assistência técnica fornecida e a manutenção é dificultada. Para determinar o faixa de mercado, em termos de configuração dos aparelhos, foi desenvolvido um questionário em conjunto com o Professor Dr. Zaki Akel Sobrinho, da Universidade Federal do Paraná para facilitar a orientação no desenvolvimento de um equipamento que atenda os anseios dos clientes não atendidos hoje pelos equipamentos no mercado. 7.5. Plano de comercialização Os primeiros seis meses de incubação seriam dedicados ao aprimoramento do aparelho mais compacto, simples e mais barato e após esse tempo ele sairia para o mercado. Após esses seis meses haverá a continuidade do desenvolvimento do aparelho a fim de lançar um aparelho mais avançado. Uma boa oportunidade será a feira hospitalar que ocorre todos os anos em São Paulo no mês de julho, para o lançamento do aparelho mais avançado. Para a comercialização do produto será contratado um vendedor que ficará responsável de atender os pedidos dos clientes. A publicidade do produto será feita por distribuição de folders para clientes em potenciais e visitas para a apresentação do aparelho em hospitais. Há a possibilidade de veiculação do produto na televisão ou canais médicos e também propaganda através da NET. O principal fator de limitação de comercialização seria atender agora um grande número de clientes e em locais distantes de Curitiba (fora de nosso mercado inicial – PR/SC) 7.6. Segmento do mercado em que a empresa atua O segmento de mercado que estaria atuando a empresa seria a manufatura, prestação de serviços e comércio de aparelhos de respiração artificial. 7.7. Principais ameaças e oportunidades do mercado O Paraná não possui nenhuma fábrica de respirador artificial, e o mercado que almejamos inicialmente, Paraná e Santa Catarina, compra seus equipamentos em São Paulo ou de revendedores autorizados, muitas vezes equipamentos usados, já com a vida útil ultrapassada, devido os altos custos dos aparelhos novos. Como foi citado anteriormente a locação de aparelhos é uma boa oportunidade, não havendo o conhecimento de empresas que façam este serviço. O principal motivo para os hospitais não trocarem seus equipamentos por novos é o alto custo que isso acarretará, portanto o nosso produto entrará no mercado, inicialmente com o primeiro modelo mais simples, com o preço relativamente mais baixo aos dos concorrentes. O nosso modelo TOP possui algumas características exclusivas(como já foi citado anteriormente na apresentação do produto) aos similares existentes no mercado com um custo mais baixo. Tendo em vista o número de hospitais conveniados ao SUS existentes no Brasil (6.449) um indicativo de aumento da demanda do produto é a disponibilização por parte do governo federal de R$ 502 milhões a mais Setor de Saúde para o próximo ano. *Fonte: Estado de São Paulo – terça-feira – 04/07/2000. 7.8. Fornecedores para o FORNECEDORES INSUMOS Teleradio São Paulo Sensores Facilmente encontrados Componentes eletrônicos Facilmente encontrados Metais Encontrado em São Paulo Mangueiras 7.9. Suporte técnico A empresa ficará responsável pelo fornecimento da assistência. Após a instalação do aparelho será oferecida a assistência técnica gratuitamente durante o período de garantia de seis meses. 9. Referências bibliográficas 1. STOCK, M. Christine; PEREL, Azriel. Handbook of mechanical ventilatory support. 2. ed. Atlanta: Lippincott Willians & Wilkins, 1999. 2. GEDDES, L. A.; BAKERS, L.E. Principles of biomedical instrumentation. 3. ed. Ed. New York: Wiley, 1989. 3. SILVA JÚNIOR, Vidal Pereira da. Aplicações práticas do microprocessador 8051. 5. ed. São Paulo: Erica, 1994. 4. ALLOCCA, Jhon; STUART, Allen. Transducers Theory and Applications. ed. New York: Reston, 1984. 5. DELMÉE, Gerard Jean. Manual da medição de vazão. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1982. 6. Sebrae 2000. Programa Brasil empreendedor, orientação para crédito. 7. BAHNS, Ernets. The evolution of ventilation. Dräger Equipaments. 8. MAIA, José A.; EMMERICH, João C. Ventilação pulmonar artificial. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1990. Anexo 01 Anexo 02 Anexo 03 Anexo 04 Anexo 05 – Diagrama de Blocos (Continuação) (Continuação) Anexo 06 – Questionário de Pesquisa