estudo dos picos de torque concêntrico e excêntrico dos

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estudo dos picos de torque concêntrico e excêntrico dos
Vol.
9 1413-3555
No. 2, 2005
Estudo Funcional do Ombro de Atletas de Pólo Aquático
ISSN
Rev. bras. fisioter. Vol. 9, No. 2 (2005), 137-143
©Revista Brasileira de Fisioterapia
137
ESTUDO DOS PICOS DE TORQUE CONCÊNTRICO E EXCÊNTRICO
DOS ROTADORES MEDIAIS E LATERAIS DO OMBRO DE
ATLETAS DO PÓLO AQUÁTICO
Campos, T. F., Petrone, K. C. O., Navega, M. T., Renner, A. F. e Mattiello-Rosa, S. M.
Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil
Correspondência para: Stela Márcia Mattiello-Rosa, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de São
Carlos, Rodovia Washington Luís, km 235, CEP 13565-905, São Carlos, SP, e-mail: [email protected]
Recebido: 5/1/2004 – Aceito: 16/11/2004
RESUMO
Contexto: O ombro é a região mais comprometida nos jogadores de pólo aquático. As lesões que ocorrem têm como fator predisponente
um desequilíbrio entre os músculos do manguito rotador durante o arremesso, principalmente pela sobrecarga excêntrica. Objetivo:
Analisar os valores de pico de torque concêntrico e excêntrico e a relação de torque entre os movimentos de rotações lateral e medial
do ombro, nos membros de arremesso e contralateral, em atletas do pólo aquático. Método: Participaram deste estudo 12 atletas
de pólo aquático do sexo masculino e com idade média de 20,8 ± 1,7 anos. O teste isocinético foi realizado no modo concêntrico
e excêntrico, no dinamômetro BiodexII, nas velocidades de 60º/s e 150º/s. Os dados foram analisados por meio do teste t de Student,
com nível de significância p < 0,05. Resultados: Os valores encontrados mostraram que houve diferenças estatísticas no pico de
torque dos músculos rotadores mediais para ambos os membros em ambas as velocidades na contração concêntrica. Na contração
excêntrica houve diferenças estatísticas apenas para o membro de arremesso em ambas as velocidades, sendo maiores para os músculos
rotadores mediais. Na relação entre o pico de torque dos músculos rotadores laterais e mediais houve diferença significativa na
contração excêntrica, em ambos os membros, apenas na velocidade de 60º/s. Conclusão: Os resultados apontaram desequilíbrio
muscular nas contrações concêntrica e excêntrica entre pares de músculos do manguito rotador, no ombro de jogadores de pólo
aquático, sendo mais evidenciado na contração excêntrica, principalmente no membro de arremesso.
Palavras-chave: ombro, isocinético, manguito rotador, pólo aquático.
ABSTRACT
Study of the difference of eccentric and concentric peak torque in lateral and
medial rotators in water polo players’ shoulder
Background: The shoulder is the most injured joint in water polo players. Lesions may occur due to functional imbalance in the
rotator cuff. This imbalance can be caused by continuous and brusque use of the arm in overhead or throwing positions, especially
due to eccentric overload. Objective: To investigate the difference between eccentric and concentric peak torque in the lateral and
medial rotators in both shoulders, and the isokinetic ratio between them, among water polo players. Method: Twelve male volunteers
water polo players, 20.8 ± 1.7 years old, were assessed. They underwent isokinetic evaluation using the Biodex IIâ dynamometer,
at speeds of 60º/s and 150º/s, to obtain the eccentric and concentric peak torque in the lateral and medial rotators of the shoulder.
The data were analyzed using Student’s t test (p <0.05). Results: For concentric contraction, there were statistical differences in
peak torque of the medial rotators, for both limbs at both speeds. For eccentric contraction, there were statistical differences only
for the throwing limb, at both speeds, and it was greater for the medial rotators. In the ratio between peak torque of the lateral
and medial rotators, there was a significant difference in the eccentric contraction, in both limbs, only at the speed of 60º/s. Conclusion:
The results indicated that there is an imbalance in the concentric and eccentric contractions between the pairs of rotator cuff muscles
in water polo players’ shoulders. This is more evident in eccentric contraction, particularly in the throwing limb.
Key words: shoulder, isokinetic, rotator cuff, water polo.
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INTRODUÇÃO
O pólo aquático é um esporte de explosão, sendo que
o jogo se desenvolve à base de velocidade, resistência e força,
exigindo dos praticantes os mais rápidos, variados e
extenuantes movimentos dentro da água num tempo
considerável. A natação e o arremesso, bases do jogo, são
atividades que enfatizam a adução e a rotação medial do
ombro. Esses gestos esportivos levam a fortalecimento mais
acentuado dos músculos (rotadores mediais e adutores) em
relação aos seus antagonistas.1,2,3,4,5
Considerando os efeitos combinados dos movimentos
da natação com as fases de arremesso, os aquapolistas estão
sob risco duplo de desenvolver um desequilíbrio muscular
entre os componentes do manguito rotador.1 Colville &
Markman4 relataram que, quanto menor a força dos rotadores
laterais e maior a força dos rotadores mediais, maior será
o risco do atleta sofrer algum tipo de lesão no ombro. Os
músculos do manguito rotador trabalham em sinergismo,
sendo responsáveis por manter a cabeça do úmero centralizada
na fossa glenóide durante a movimentação do braço. Portanto,
um desequilíbrio dos músculos do manguito rotador pode
levar a uma deficiência no controle da articulação glenoumeral
e à conseqüente lesão nas estruturas dessa região.5,6,7,8,9,10
Em aquapolistas, além do desequilíbrio muscular entre
os rotadores, também ocorre nos ombros uma sobrecarga
excêntrica que incide sobre os rotadores laterais durante a
fase de desaceleração – período final do arremesso, que ocorre
após a perda do contato da bola com a mão. Vários estudos
que avaliaram algumas funções do complexo do ombro
mostraram que os músculos posteriores do manguito rotador
trabalham na fase excêntrica, executando uma ação muscular
vigorosa para desacelerar o braço na fase final do arremesso,
sendo esse o período de maior atividade desses músculos.
Essa ação pode causar a separação entre a cabeça do úmero
e a fossa glenóide, pois o braço apresenta uma tendência
natural em seguir a bola, levando a microtraumas de manguito
rotador, lábio glenoidal, cápsula e ligamentos.5,9,11,12,13,14
Análises de relações força–velocidade constataram que,
considerando-se uma mesma velocidade, a tensão muscular
é sempre maior no trabalho excêntrico e essa diferença
aumenta em função do aumento da velocidade de contração.15
Assim, desaceleradores fortes e resistentes são fundamentais
para prevenir possíveis lesões nos tecidos que compreendem
o arco coraco-acromial, principalmente em atividades de
arremesso.11,13,14
Nos jogadores de pólo aquático, os membros superiores
realizam atividades distintas, enquanto a bola é arremessada
pelo chamado membro de arremesso, o contralateral realiza
movimentos de sustentação do tronco dentro da água. Dessa
forma, é possível que haja diferenças funcionais entre os
membros. Na literatura são escassos os estudos dos membros
em jogadores de pólo aquático, assim como registros do
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torque excêntrico para os movimentos de rotação lateral e
medial.
Considerando a importância do desequilíbrio muscular
entre membros superiores de jogadores do pólo aquático,
assim como as funções excêntrica e concêntrica no movimento
de arremesso, o objetivo deste trabalho foi analisar por meio
do dinamômetro isocinético o pico de torque concêntrico
e excêntrico dos movimentos de rotação medial e lateral do
ombro e as relações de torque concêntrica e excêntrica nos
membros de arremesso e contralateral desses atletas.
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos: Participaram deste estudo 12 jogadores de pólo
aquático do sexo masculino, com idade média de 20,8 ± 1,7
anos, destros que praticavam a atividade há, no mínimo, 1
ano, com freqüência de treino de cinco vezes por semana.
Critérios de inclusão e exclusão dos sujeitos: Este estudo
foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal
de São Carlos. Todos os sujeitos foram submetidos a uma
avaliação física, a fim de excluir os atletas que apresentaram
dores nos ombros, assim como alterações cardiorrespiratórias,
reumáticas e musculoesqueléticas dos membros superiores,
relatadas pelos mesmos.
Equipamentos: Utilizou-se um dinamômetro isocinético
da marca BIODEX System II e um cicloergômetro
(Ergocycle Modelo 167).
Procedimentos: O dinamômetro foi calibrado conforme
as orientações do fabricante. A avaliação isocinética foi
precedida por exercícios de aquecimento em cicloergômetro
por cinco minutos e alongamentos para membros superiores
enfatizando o grupo muscular do manguito rotador com
três séries de repetições, sendo cada uma de 30 segundos.
O voluntário foi posicionado no equipamento por meio de
cintos pélvicos torácicos (em posição diagonal) e apoio
dos pés. O ombro em teste, selecionado de forma randômica,
foi colocado em 60º de abdução, no plano escapular, e o
cotovelo, em 90º de flexão. A amplitude total do movimento
do ombro foi realizada partindo de 40º de rotação medial
e atingindo 60º de rotação lateral. Na seqüência, o sujeito
foi devidamente instruído sobre os procedimentos a serem
realizados. Os testes foram realizados nos modos
concêntrico/concêntrico e excêntrico/excêntrico, sendo
registrados os valores de pico de torque e a relação de torque
nos movimentos de rotação lateral e medial (RL/RM) para
ambos os membros. Foram utilizadas as velocidades
angulares de 60º/s e 150º/s.11 Para cada velocidade foram
realizadas 2 repetições submáximas, para familiarização
do sujeito com o equipamento. Foi dado intervalo de 1
minuto de repouso, iniciando-se em seguida o teste com
5 repetições para registro das medidas em cada velocidade.
Entre as velocidades foi feito um repouso de 3 minutos.
Primeiramente foi realizada a avaliação concêntrica em
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ambos os membros e 48 horas após, a excêntrica.15 Todos
os dados obtidos foram registrados pelo software do
equipamento.
Análise dos dados: Inicialmente realizou-se uma análise
descritiva. Em seguida, os resultados relativos às médias dos
picos de torque nos movimentos de rotação lateral e medial
do ombro nos membros de arremesso e contralateral em ambas
as velocidades foram analisados por meio do teste t de Student
(p < 0,05), assim como os dados obtidos na relação de torque
entre os músculos rotadores laterais e mediais.
RESULTADOS
Os resultados mostraram que a 60º/s (Figura 1), em
contração concêntrica, os músculos rotadores mediais atingiram picos de torque significativamente maiores que os
músculos rotadores laterais no membro de arremesso (p =
0,00016), assim como no membro contralateral (p = 0,00037).
A Figura 2 ilustra os resultados obtidos na velocidade
de 150º/s em contração concêntrica, na qual os rotadores
mediais também apresentaram significância estatística com
maior pico de torque, em ambos os membros avaliados.
Para as contrações excêntricas, na velocidade de 60º/s
(Figura 3), foi encontrada diferença estatisticamente
significativa maior para os músculos rotadores mediais no
membro de arremesso (p = 0,014). Entretanto, não foi
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encontrada diferença estatística para o membro contralateral
(p = 0,09).
A Figura 4 evidencia que na velocidade de 150º/s
também foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre os músculos rotadores mediais e laterais
no membro de arremesso (p = 0,049), mas não foi encontrada
diferença no membro contralateral (p = 0,13).
Com referência à relação RL/RM, os rotadores laterais
realizaram 67% do pico de torque dos rotadores mediais,
durante contração concêntrica a 60º/s, no membro de
arremesso, enquanto no membro contralateral essa relação
foi de 63%. Na velocidade de 150º/s, os músculos rotadores
laterais do membro de arremesso desenvolveram 64% do pico
de torque desenvolvido pelos rotadores mediais, enquanto
no membro contralateral os rotadores laterais realizaram 60%
da força dos rotadores mediais (Tabela 1).
Na contração excêntrica a 60º/s, os músculos rotadores
laterais do membro de arremesso desenvolveram uma relação
de torque de 75% dos músculos rotadores mediais, enquanto
no membro contralateral essa relação foi de 85%, havendo
diferença estatisticamente significativa entre eles. Na
velocidade de 150º/s, os rotadores laterais do membro de
arremesso desenvolveram 77% do pico de torque atingido
pelos rotadores mediais, enquanto no membro contralateral
o valor do pico de torque para os rotadores laterais foi de
87% dos rotadores mediais (Tabela 1).
Figura 1. Médias do pico de torque (Nm) em contração concêntrica na velocidade angular de 60º/s entre os membros de arremesso e contralateral
e entre os movimentos de rotação medial e lateral da articulação do ombro.
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Figura 2. Médias do pico de torque (Nm) em contração concêntrica na velocidade angular de 150º/s entre os membros de arremesso e contralateral
e entre os movimentos de rotação medial e lateral da articulação do ombro.
Figura 3. Médias do pico de torque (Nm) em contração excêntrica na velocidade angular de 60º/s entre os membros de arremesso e contralateral
e entre os movimentos de rotação medial e lateral da articulação do ombro.
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Tabela 1. Valores médios da relação entre rotadores laterais e mediais (%) dos membros de arremesso e contralateral, da articulação do ombro,
nas velocidades angulares de 60 e 150º/s.
Membro de arremesso
Membro contralateral
Concêntrica
Excêntrica
Concêntrica
Excêntrica
60º/s
67%
75%*
63%
85%*
150º/s
64%
77%
60%
87%
* Significância estatística (p < 0,05).
Figura 4. Médias do pico de torque (Nm) em contração excêntrica na velocidade angular de 150º/s, entre os membros de arremesso e contralateral e entre os movimentos de rotação medial e lateral da articulação do ombro.
DISCUSSÃO
Atletas que utilizam o braço acima do nível da cabeça,
como no pólo aquático, na natação, no beisebol, no tênis e
no voleibol, tendem a apresentar os rotadores mediais do
ombro mais fortes que os laterais. Esse desequilíbrio de forças
entre os músculos que compõem o manguito rotador pode
atuar como fator predisponente para o desenvolvimento de
lesões nessa articulação. Essas atividades apresentam uma
base biomecânica comum e a origem desses desvios é o gesto
esportivo repetitivo com ênfase na adução e na rotação medial
do ombro.1,2,4,6,9,16,17,18
No pólo aquático, ainda está associado um aumento de
forças de tensão no manguito rotador em decorrência dos efeitos
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combinados do arremesso, do nado, da falta de uma base firme
de suporte e, por fim, de uma posição quase verticalizada que
o jogador adota durante o nado, a fim de obter boa visibilidade
da bola durante a realização do passe.1,4,19
McMaster et al.2 avaliaram o torque concêntrico de
nadadores e encontraram uma tendência de maior força dos
rotadores mediais em relação aos laterais, sendo que os
mediais no grupo de nadadores foram mais fortes que no
grupo-controle. Segundo esses autores, essa diferença nos
pares de força colaborou para o desenvolvimento de lesões
no ombro e está relacionada à fraqueza dos músculos rotadores
laterais do ombro, ou seja, ao despreparo desses músculos
para o estresse a que são submetidos durante a prática
esportiva.
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Os resultados obtidos em nosso estudo são similares
aos encontrados por MacMaster et al.,2 apresentando uma
relação de desequilíbrio de forças entre os músculos rotadores
laterais e mediais. Entretanto, esses autores não avaliaram
diferenças entre membros, assim como a força excêntrica.
Neste estudo, em ambas as velocidades, foi encontrado na
contração concêntrica maior torque nos músculos rotadores
mediais do ombro de arremesso e contralateral. Entretanto,
em contração excêntrica, essa mesma diferença entre os
músculos rotadores mediais e laterais aparece apenas no
membro de arremesso, enquanto no membro contralateral
não houve diferença estatisticamente significativa entre os
músculos rotadores mediais e laterais, nas velocidades
estudadas. Os diferentes resultados encontrados entre os
membros dos jogadores de pólo aquático sugerem diferentes
gestos esportivos entre os membros de arremesso e contralateral desses atletas.
Quanto à relação de torque RL/RM, McMaster et al.1
encontraram desequilíbrio entre os pares de forças no
manguito rotador, numa proporção de 0,6:1 (RL/RM) entre
jogadores de elite de pólo aquático e não-atletas. Da mesma
forma, Alderinck & Kuck16 avaliaram a força concêntrica
do ombro em jogadores de beisebol usando o Cybex 2 e
encontraram que a média de pico de torque dos rotadores
laterais é de aproximadamente dois terços da média dos
rotadores mediais. Esses autores sugerem que, considerando
a alta atividade dos músculos rotadores laterais durante o
arremesso, principalmente na fase de desaceleração, os
programas de treinamento e reabilitação devem esforçarse para aumentar a relação RL/RM.13 Em nosso trabalho
observamos, por meio de análise descritiva, que a relação
de torque isocinética entre o pico de torque de rotadores
laterais e mediais foi de aproximadamente 0,63:1 para
contração concêntrica em ambos os membros e nas duas
velocidades estudadas, confirmando assim um desequilíbrio
entre os grupos musculares do manguito rotador, concordando
com os trabalhos citados anteriormente.
Na contração excêntrica, a relação de torque encontrada
foi de 0,76:1 no membro de arremesso e de 0,86:1 no membro
contralateral em ambas as velocidades. Para essa análise não
foram encontrados trabalhos na literatura com atletas
identificando relações de torque isocinéticas excêntricas.
Os dados sugerem que o membro de arremesso desses atletas
apresentam uma diferença entre os pares de força do manguito
rotador, quando comparado ao membro contralateral,
sugerindo um possível desequilíbrio muscular entre os
músculos rotadores do ombro, predispondo esta articulação
a possíveis lesões por trauma repetitivo.
Em relação às velocidades estudadas, McMaster et al.1
em um estudo com jogadores de pólo aquático, apresentaram
os valores de normalidade da relação entre rotadores laterais
e mediais em contração concêntrica, sendo de 75% em
velocidades baixa e de 67% em velocidades altas. Os
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resultados obtidos neste trabalho mostram uma aproximação
dos valores considerados normais para velocidades altas e
um pequeno déficit funcional em relação às baixas
velocidades.
Assim, um programa de treinamento preventivo deverá
destacar os rotadores laterais do ombro com o objetivo de
promover fortalecimento muscular e resistência à fadiga.5,7,9
Além disso, os músculos rotadores laterais têm importante
papel como desaceleradores do ombro no período final do
arremesso. Em decorrência dessa função é necessário enfatizar
a fase excêntrica do exercício em um programa de treinamento
voltado para atletas que realizam esse gesto esportivo.
CONCLUSÃO
Nossos resultados confirmam o desequilíbrio existente
entre os pares musculares do manguito rotador, com déficit
no pico de torque dos músculos rotadores laterais em relação
aos rotadores mediais concêntrica e excentricamente, o que
pode interferir, de forma lesiva, na fase de desaceleração
do movimento de arremesso. Sendo assim, sugerimos aos
atletas que desenvolvem o arremesso superior um treinamento
específico dos rotadores laterais para que haja um reequilíbrio
funcional da musculatura do complexo ombro envolvida no
gesto esportivo, evitando-se assim possíveis quadros lesivos.
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