Vila do Conde daqui pra frente - CREA-PA
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Vila do Conde daqui pra frente - CREA-PA
ENTREVISTA REAPA Revista César Meira apresenta o BRT Metropolitano Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará Outubro 2015– Ano IV – nº 17 Pag. 08 Desde o naufrágio do navio Haidar no mais importante porto do Pará, ocorrido no dia 6 de outubro, especulações de todas as espécies já foram acenadas, chegando inclusive à hipótese do fechamento de Vila do Conde. A Revista CREAPA ouviu os setores que direta ou indiretamente estão sofrendo o impacto após o naufrágio. FOTO AGÊNCIA PARÁ Vila do Conde daqui pra frente Pag. 11 OBRAS ACESSIBILIDADE TRANSPORTE Vias públicas de Belém não são adequadas aos PNEs Malha hidroviária Órgãos públicos pedem pode ser solução para suspensão de licenças desafogar o trânsito em Miritituba Pag. 22 Pag. 19 Pag. 16 PALAVRA DO PRESIDENTE Caro profissional, niciamos essa edição parabenizando aos profissionais da Engenharia e Agrimensura, dando destaque à importância da data comemorativa para as categorias profissionais citadas, as quais se apresentam como marco às engenharias, regulamentadas pelo DECRETO Nº 23.569, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1933, no âmbito das profissões tecnológicas, contribuindo ao longo da história na construção e oferecimento de serviços qualificados em prol da sociedade. Esse é um dia muito importante para todos que fazemos o Sistema Confea/Crea/Mútua. Celebrar o I dia é melhor ainda quando temos a certeza de que estamos trabalhando intensamente para garantir que as atividades profissionais sejam exercidas por gente qualificada para tal, assim como firmar os direitos para o seu exercício. Destaco ainda que Belém foi a capital da Agronomia no final do mês de setembro e início de outubro, quando o Crea-PA realizou, junto com o Confea, a 3ª Reunião Ordinária da Coordenadoria das Câmaras Especializadas de Agronomia. Foi um momento singular para nosso Regional, pois defendemos políticas de avanço à categoria, levando em consideração as singularidades dos profissionais agrônomos no Pará. Cada estado passa por uma dificuldade. A região Norte talvez seja a mais prejudicada, por conta do difícil acesso ao produtor e deslocamento às áreas rurais. Mas aos poucos, esses problemas vão se diluindo. Agora as propostas aprovadas na CCEAGRO serão levadas ao Confea, para que subsidiem atos normativos, que orientem sobre a forma que cada uma das Câmaras deve se posicionar com relação à atividade fiscal nos CREA’s, considerando as caracteristicas existentes na fiscalização e no exercício profissional da classe agronômica. Outro assunto também vem mobilizando toda a classe agronômica: os encaminhamentos de reação ao PL 1016/2015, projeto que exclui a atribuição de zootecnia dos engenheiros agrônomos e médicos veterinários. Esse PL tem como relatora a deputada federal Elcione Barbalho e pretende alterar a Lei nº 5.550, de 4 de dezembro de 1968. Deixo claro que sou contra este projeto, pois ele prejudica a sociedade quando estreita para o produtor contratar somente o profissional de Zootecnia, quando existem outros que já estão atribuídos e têm competência para a produção animal. Não somos contra os zootecnistas, mas entendemos que essas atribuições estão no nosso dia a dia profissional desde o Decreto 23.196 de 12/10/1933. Temos, cada vez mais, que defender as atribuições que competem a cada profissão, em favor da sociedade. Outro fato relevante para a categoria foi que recentemente ainda a Câmara de Agronomia do Pará esteve junto com o Ministério Público Estadual, em Castanhal, para tratar da pauta de agrotóxicos no Estado. E finalmente destaco que concomitantemente à CCEAGRO, os CREAs da Região Norte estiveram presentes em Belém para subsidiar demandas que estão sendo levadas ao Colégio de Presidentes, que por sua vez levará para o Confea deliberar as decisões. Mais uma importante ação que busca melhorias para nossas atividades no Norte. Estamos trabalhando em várias frentes para a valorização profissional. Desejo a todos uma boa e produtiva leitura. ENGENHEIRO AGRÔNOMO ELIAS LIMA PRESIDENTE DO CREA-PA 08 BRT METROPOLITANO 11 VILA DO CONDE NOSSAS SEÇÕES Em Curso 4 Expressas 5 Mercado de Trabalho 24 Artigo Técnico 26 Livros 27 22 HIDROVIÁRIO 22 ACESSIBILIDADE CREA-PA EM CURSO Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará SEDE: Tv. Doutor Moraes, 194 • Nazaré • Belém-PA • CEP 66.035-080 FONE/FAX: (91) 3219-3402 / 3219-3403 / 3219-3404 / 3219-3408 FUNCIONAMENTO: 2ª feira a 6ª feira das 8h às 15h E-MAIL: [email protected] OUVIDORIA: (91) 3219-1132 / 3219-1136 ou [email protected] / www.creapa.com.br DIRETORIA 2015 Presidente Eng. Agrônomo Elias Lima da Silva 1º Vice-Presidente Engª. Civil Maria do Carmo Pereira de Melo 2º Vice-Presidente Eng. Civil Luiz Sérgio Campos Lisboa 1º Secretário Eng. Agrônomo Roberto das Chagas Silva 2º Secretário Eng. Mecânico Fábio Lins Castro Marinho 1º Tesoureiro ---2º Tesoureiro ---CÂMARAS ESPECIALIZADAS Câmara Especializada de Agronomia e Florestal Coordenador: Eng. Agrônomo Raimundo Cosme de Oliveira Jr. Adjunto: Eng. Agrônomo Pedro Paulo da Costa Mota Câmara Especializada de Engenharia Civil e Geologia e Minas Coordenador: Eng. Civil José da Silva Neves Adjunto: Eng. Sanitarista Augusto Alves Ordonez Câmara Especializada de Engenharia Elétrica Coordenador: Eng. Eletricista José Emmanuel de Carvalho Mesquita Jr. Adjunto: Eng. Eletricista Ricardo Guedes Accioly Ramos Câmara Especializada de Engenharia Mecânica, Metalurgia e Química Coordenador: Eng. Naval Juarez Botelho da Costa Jr. Revista REAPA COMISSÃO EDITORIAL Coordenador Geólogo José Waterloo Lopes Leal Coordenador Adjunto Eng. Agrônomo Dilson Augusto Capucho Frazão Coordenador do Núcleo de Relações Institucionais - NRI Relações Públicas Marcelo Rodrigo da Silva Pantoja Ascom CREA-PA: Ercília Wanzeler Esta é uma publicação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA) executada pela Holy Comunicação e Editora (Rua Manoel Barata, 1569. Reduto. CEP 66053-320. Fone 91 3218-4698) Diretores: Alexandre e Olinda Mendes Edição: Mara Góes DRT/PA 1.430 / Produção: Luciana Cavalcante Reportagens e textos: Elielton Amador e Luciana Cavalcante Fotos: Ascom CREA-PA, Agência Pará, e banco de imagens Diagramação e arte: Holy Comunicação Tratamento de imagens: Elias Portilho Comercialização: Olinda Rodrigues e Rodrigo Pinho Impressão: Gráfica Halley 4 Revista CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia PA PREJUÍZO Com o dólar forte e preço menor do minério de ferro, a Vale teve prejuízo de R$ 6,6 bi no 3º trimestre de 2015, mesmo com produção recorde nesse período, contra um lucro líquido de R$ 5,144 bilhões no trimestre anterior. No terceiro trimestre de 2014, a Vale havia registrado prejuízo de R$ 3,381 bilhões. Como mais de 90% da dívida da empresa são denominados em moeda americana, isso acaba neutralizando os ganhos operacionais, ou seja, os ganhos obtidos com a venda de seus produtos. MINERAÇÃO Diante da crise que está tomando conta do setor mineral no País, o Governo tenta destravar a mineração, já que não há perspectivas de ver aprovado no curto prazo o novo marco regulatório da mineração. Para isso, as alternativas são estimular a exploração mineral nacional. Uma dessas medidas foi tomada no início de outubro pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Ministério de Minas e Energia responsável pelo setor. A medida foi alterar as normas para emissão das chamadas “guias de utilização”, um documento que permite aos mineradores explorar suas jazidas ainda durante a fase de pesquisa do solo, ou seja, antes de terem nas mãos a efetiva portaria de lavra emitida pelo órgão. O documento pode ser solicitado, por exemplo, por empresas que queiram extrair areia e brita, insumos básicos da construção civil. Ficou decido também que as guias poderão ser solicitadas por micro e pequenas empresas que atuem em “áreas em situação de formalização da atividade”, um sinal claro para atrair empresas para a exploração legal de minérios, o que significa aumento de arrecadação pelo DNPM. Só pra não esquecer: o novo marco regulatório da mineração está parado no Congresso desde junho de 2013. O código em vigor data 1967, feito ainda no governo militar. VAZIO DA SOJA O vazio sanitário da soja está em andamento no Pará. Esse é um período em que o produtor não pode ter em sua lavoura plantas vivas de soja. A prática é uma das formas de manejo para evitar a ferrugem asiática, praga severa e que pode comprometer a produção. Aqui no Pará, devido as diferenças climáticas, foram estabelecidas três etapas. A última fase vai até 30 de novembro nas microrregiões de Santarém, Paragominas, Bragantina, Guamá e Altamira (com exceção Distrito Castelo dos Sonhos). FERTILIZANTES A Subcomissão Permanente de Acompanhamento do Setor de Mineração (Subminera) tem promovido encontros com representantes do setor de insumos para a agricultura e pecuária brasileira. A preocupação é uma possível falta de fertilizantes, resultando em prejuízos ao setor agropecuário. Segundo o setor, é preciso que o Brasil desenvolva políticas de apoio à produção desses minerais (como calcário, potássio e fósforo), pois é um grande consumidor e a dependência da importação desses insumos coloca o tema como uma questão estratégica nacional. Dados mostram que o Brasil importa cerca de 78% dos minerais de adubação e fertilização que consome. E a produção interna ocupa apenas o nono lugar na lista global. EMPREENDIMENTO O Pará vai receber a base operacional da quarta maior empresa privada de petróleo e gás do mundo e uma das principais operadoras nas áreas de gás natural, refino, produtos petroquímicos e varejo de combustível e lubrificantes. O Grupo Total E&P (Exploração e Produção) do Brasil anunciou a instalação do escritório administrativo em Belém, concentrando a gestão empresarial na capital paraense. As operações físicas estão previstas para o próximo ano na área litorânea dos Estados do Pará e Amapá. BLOQUEIO Uma área de terra, adquirida pela empresa Oderbrecht Transport S/A na área portuária de Miritituba, no município de Itaituba, teve sua matrícula bloqueada pela justiça de Itaituba. A área foi adquirida pela empresa de terceiros, por um valor bem alto, comenta-se em R$ 26.000.000,00, porém o caso foi parar na justiça, por conta da suspeita de uma procuração, supostamente falsa, expedida pelo Cartório de Brasília Legal. EXPRESSAS AGENDA DE EVENTOS PROFISSIONAIS A Geocar Consultoria e a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Pará promoverão nos dias 6 e 7 de novembro, na sede da Aeapa, em Belém, o curdo de Cadastro Ambiental Rural, com base na Lei Federal 12.651/2012. Informações pelo fone (91) 3226-6007. Com apoio do Crea-PA, a Treide-Treinamento e Desenvolvimento promove de 10 a 13 de novembro, no Hotel Regente, a Semana sobre Licitações e Contratos em Obras e Serviços de Engenharia. Entre os palestrantes con- firmados estão o Ministro Benjamin Zymler, presidente do TCU na gestão 2011/2012; Prof. Cláudio Sarian Altounian, ex-secretário de Fiscalização de Obras e Patrimônio do TCU; Prof. Rolf Dieter Bräunert, especialista e consultor em licitações nacionais e internacionais. O evento pretende ampliar o conhecimento sobre os procedimentos relativos a obras e serviços de engenharia no âmbito da administração pública, através de exposições, discussões e conclusões dos problemas mais recorrentes na contratação e execução das atividades nessa área. Para mais informações acesse www.treide.com.br ou entre em contato pelo telefone (91) 4005-4200 ou e-mail atendimento@ treide.com.br. Livro ressalta o cotidiano amazônico A geógrafa e professora de história da Amazônia, Noemi Ferreira, hoje radicada em Minas Gerais, acaba de lançar a obra “Sol e Chuva”. O romance é uma narrativa simples e contemporânea que relata o cotidiano de uma comunidade tradicional ribeirinha e sua relação com um jovem pesquisador. A história trata das experiências de um engenheiro agrônomo chamado Jairo, formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, que deserta da vida urbana para viver no coração da floresta em uma comunidade ribeirinha. A escolha vai gerando alguns conflitos, mas ao final sua pesquisa leva a uma grande descoberta. Marabá bate recorde histórico com royalties O município de Marabá recebeu no dia 7 de setembro, por meio da conta corrente da prefeitura, R$ 4.527.327,95 em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), referente à extração de minérios do mês de julho. O montante é o maior já recolhido por Marabá desde que a Cfem começou a ser paga no Brasil por força de lei. No município, os maiores pagadores de royalties são a multinacional Vale, que explora cobre em concentrado via projeto Salobo, e a empresa Buritirama, que extrai manganês em projeto que leva o nome da mineradora. UFPA vai ofertar curso inédito de Engenharia Em 2016, a Universidade Federal do Pará (UFPA) oferecerá à comunidade pela primeira vez o curso de Engenharia de Bioprocessos. A graduação será lotada em Belém, com 40 vagas matutinas, com início programado para o segundo semestre. O curso visa formar profissionais capazes de planejar, desenvolver, gerenciar e monitorar os processos biotecnológicos com base no aproveitamento dos recursos naturais, bem como analisar e projetar instalações industriais, linhas de produção e equipamentos, e avaliar a viabilidade técnico-econômica para a implantação e o desenvolvimento de novos empreendimentos e produtos nessa área. 001 PREMAC 59 57 52 5 0 Revista @Premac REAPA 5 O Dia da Amazônia, criado para chamar a atenção das pessoas à importância dessa reserva natural de interesse mundial, bem comum a todos que vivem nesse planeta, e a recente publicação da Carta Encíclica do Papa Francisco denominada Laudato Si (Cuidando da Casa Comum), onde expressa a preocupação com as mudanças climáticas da Terra, motivaram a organização do Seminário ‘Amazônia Sustentável’, ocorrido no dia 4 de setembro, no auditório David Mufarrej, da Universidade da Amazônia (Unama). A comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), FOTOS ASCOM CREA PARÁ Seminário marcou comemoração do Dia da Amazônia Autoridades que participaram do seminário Amazônia Sustentável com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semas), da Escola Superior de Advocacia, da Unama e do Conselho Regional de Engenharia (Crea), promoveu o evento dedicado ao Dia da Amazônia, comemorado dia 5 de setembro. O seminário tomou como base a Carta CREA PARÁ cota proposta comercial para reestruturação do prédio sede A Seção de Suprimentos e Patrimônio (SSP) do CREA-PA está recebendo propostas comerciais de prestação de serviços técnicos profissionais para a elaboração de projetos executivos para a reestruturação do prédio-sede do Conselho em Belém. Os serviços incluem Projeto Elétrico, Lógico, Telefônico, SPDA (Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas) e CFTV (Circuito Fechado de TV, projeto Estrutural, com troca de piso, pintura e tratamento contra infiltração, mofo, e afins, das paredes internas e externas, revisão e reforma do telhado (estrutura, telhas, calhas, rufos, condutores, tubos e conexões), retirada de infiltrações, tratamentos especializados e afins, retirada de parede com o devido laudo estrutural, construção e reformas de WC’s, adaptados para PNE, acessibilidade ao prédio, dentre outros serviços afins e necessários. A proposta deverá ser elaborada em papel timbrado da empresa e encaminhada ao CREA-PA para o e-mail [email protected] e deverá conter as seguintes informações: identificação da empresa, n° do CNPJ, validade da proposta, prazo de garantia dos serviços e condições de pagamento. Mais informações no portal www.creapa. com.br. Encíclica, que expressa os graves efeitos do clima sobre os seres vivos, especialmente nas pessoas menos favorecidas. Para ouvir a voz da igreja local foi convidado como palestrante o Padre Idamor da Mota Junior, Reitor do Centro Cultural de Formação Cristã e representante do Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira. Caixa abre licitação para serviços de engenharia A Caixa publicou o Edital do Pregão Eletrônico Nº. 070/70502015. O objeto é a contratação de empresa para a prestação de serviços comuns de engenharia, visando adequação de imóvel destinado à instalação da Agência CAMETÁ/ PA, no Município de Cametá, pelo prazo de 12 (doze) meses. O edital está disponível no endereço eletrônico caixa.gov.br/portal de compras / pregão eletrônico. VI Corrida do Engenheiro foi sucesso Com grande participação de engenheiros e simpatizantes das corridas, o Clube de Engenharia do Pará promoveu em setembro a VI Corrida do Engenheiro, com o apoio da Mútua-PA, do Crea-PA, entre outras instituições. As edições anteriores do circuito foram realizadas dentro do Parque do Utinga, mas devido a obras de revitalização do espaço, este ano a corrida aconteceu Avenida João Paulo II, em percurso com 7,7 quilômetros. O presidente do Clube de Engenharia do Pará, que também é diretor administrativo da Mútua-PA, eng. eletric. Gilmário da Silva Drago, agradeceu a participação de todos e parabenizou os atletas pelo esforço e empenho. “Esta é uma corrida que prioriza o congraçamento dos participantes na prática de esporte e integra os estudantes e profissionais da Engenharia com a sociedade”, destacou. 6 Revista PA Belém sedia 3ª Reunião Ordinária da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia Pelo menos quarenta pessoas, representantes de Câmaras Especializadas e Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia de todos os estados brasileiros, participaram da abertura da 3ª Reunião Ordinária da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO). Pela primeira vez sediado em Belém, o evento teve como objetivo padronizar opiniões e discutir sugestões para aprimorar a fiscalização da agronomia realizada no país, levando em consideração as especificações e dificuldades de cada região. “Debater sobre a fiscalização é importante, porque é uma forma de garantir a defesa da sociedade, ou seja, de dar segurança alimentar e acesso a produtos saudáveis, sem contaminantes”, explicou Kléber Santos, coordenador nacional das Câmaras Especializadas Crea-PA marcou presença na 72ª Soea em Agronomia. “Além de abordarmos as questões nacionais, trazer ao Pará o encontro abre espaço para que a Amazônia esteja em debate. Nosso sistema é muito heterogêneo”, complementou. As propostas aprovadas durante o encontro estão sendo levadas ao Plenário do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA, para que surjam atos normativos, que orientem sobre a forma que cada uma das Câmaras deve se posicionar com relação à atividade fiscal, considerando as dificuldades que existem na fiscalização e no exercício profissional. ENGENHARIA COM QUALIDADE E EXCELENCIA E NA FAMAZ NOTA 4 PELO MEC RROV FE ER E NC E E NT G UÇ ÃO GÍSTIC O EN A L IA TR L VI HARIA C EN I RAS PROTEC. CONCESSIONÁRIO CASE. INDÚS RGIA EN G DO CAMPO À CONSTRUÇÃO, MAIS ECONOMIA E PRODUTIVIDADE COMO VOCÊ PRECISA. E COMO SÓ UMA CASE PODE OFERECER. AD TR AS S M IA O D ENG EN CÃO IA DE PR O AR H OB E PROTEC S IA A ADMI ST R NI A delegação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA) esteve presente na 72ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (Soea), em Fortaleza/CE. Todos os anos, a Soea é uma oportunidade de trocar experiências, manter contato com profissionais de todo o País e debater temas relevantes relativos às profissões da área. “A participação de nossos conselheiros, diretores e inspetores é de fundamental importância, pois trata-se do maior evento da engenharia brasileira, com apresentação das grandes novidades da área tecnológica”, ressalta o presidente do Crea-Pa, Eng. Agr. Elias da Silva Lima. TEL.: (91) 4008-9700 – (91) 3739-1041 – (98) 3258-2007 www.proteconline.com.br ENTREVISTA César Meira Diretor Geral do Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano ELIELTON AMADOR C FOTOS ASCOM NGTM ésar Brasil Meira é formado em Arquitetura pela UFPA. Atuou como se secretário de obras públicas do Pará entre março de 2001 e abril de 2002. Foi diretor geral da Secretaria Municipal de Habitação de Belém e diretor de Patrimônio da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área MetroMetro politana de Belém (Codem), no biênio 2005/2006. Desde dezembro de 2011 é DiDi retor Geral do Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM), órgão responsável pela implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT) na ReRe gião Metropolitana de Belém, que pretende interligar Belém-Ananindeua-MariBelém-Ananindeua-Mari tuba. Mas o BRT Metropolitano depende ainda da autorização de uso ao Estado da BR-316 pelo Ministério dos Transportes, entretanto tem previsão de estar implantado no segundo semestre de 2017. Em entrevista excluexclu siva à Revista CREA-PA, César Meira fala sobre o processo de planejamento, a política e a engenharia por trás desse projeto. Há quanto tempo o BRT Metropolitano está sendo projetado? No final de 2013 iniciamos um processo licitatório internacional para a elaboração do projeto executivo e execução do gerenciamento da obra do BRT Metropolitano. Em fevereiro de 2014 foi assinado o contrato com o Consórcio Troncal, vencedor do certame. Esse consórcio é constituído por quatro empresas, duas brasileiras e duas japonesas. 8 Revista PA Então, desde 2014 esse consórcio está trabalhando nessa etapa metropolitana do BRT? Sim, desde então está sendo desenvolvido o projeto executivo do BRT Metropolitano. Mas o histórico do BRT tem mais tempo, não é mesmo? Desde quando vem essa trajetória de planejamento do transporte público urbano em Belém? O histórico do BRT tem mais de 20 anos, quando a JICA – a Agência de Cooperação Internacional do Japão – começou a trabalhar com os técnicos do Governo do Estado no planejamento da mobilidade urbana na RMB. Os estudos avançaram e em setembro de 2012 fomos ao Japão, acompanhando o Governador Simão Jatene, para a assinatura do contrato de financiamento. Então, a contribuição da agência japonesa nesse processo é muito relevante porque a JICA é parceira técnica e financeira. Consideramos que essa relação extrapola a esfera comercial. Esse projeto prevê o uso dos 11 primeiros quilômetros da BR-316... Sim. Para ser mais exato, a etapa que será licitada agora tem 10,7 quilômetros de extensão. Mas já começamos a trabalhar no projeto do seu prolongamento, de mais cinco quilômetros. E como é que está essa questão da cessão de uso desse trecho da rodovia, já que ela é uma rodovia de administração federal? Estamos aguardando que o Ministério dos Transportes autorize o Governo do Pará a realizar essa obra, através de um Termo de Cessão de Uso. Solicitamos a cessão dos primeiros 16 quilômetros, porque nessa primeira etapa vamos fazer 11 quilômetros, mas já estamos realizando os estudos para os próximos cinco. Então, pedimos ao Governo Federal esse trecho, que vai do entroncamento até a estrada para Benfica. No dia 8 de junho, o governador Jatene solicitou ao ministro, em audiência, a cessão de uso, ficando definido o prazo de um mês para a conclusão desse processo. Porém o prazo expirou e o governador reiterou o pedido, em Manaus, durante reunião dos governadores da Amazônia. Recentemente, há uns 15 dias atrás, uma comissão de deputados estaduais esteve em audiência com o ministro para tentar agilizar esse processo, quando o ministro informou que encaminharia um ofício ao Governo do Estado com alguns questionamentos. Desde então, estamos no aguardo deste documento, já que para lançarmos a licitação da obra é necessário esse termo de cessão por se tratar de uma rodovia federal. Talvez a reforma ministerial e a crise política tenham travado alguns processos no Governo Federal? Pois é. Todos esses problemas econômicos e políticos podem estar refletindo nessa demora. Mas acreditamos que estamos caminhando para um final feliz. Até porque não vemos motivos para que o Governo Federal não conceda esse termo, pois com a cessão o Governo do Estado será responsável por toda a manutenção da via, enquanto a fiscalização continuará com a Polícia Rodoviária Federal. Para o Governo Federal é um acor- Revista PA 9 do interessante. Vamos falar um pouco em relação a esse conceito de BRT Metropolitano. O que ele vai trazer de novo para o transporte público de Belém e da RMB? O BRT Metropolitano, como o próprio nome diz, vai integrar a Região Metropolitana de Belém. Primeiramente, Belém, Ananindeua e Marituba, através de um sistema de transporte rápido, seguro, eficiente e que vai realmente diminuir esse sofrimento da população. As pessoas que moram nesses municípios e vêm trabalhar no centro de Belém perdem até quatro horas dentro do transporte coletivo, sem condições de segurança e higiene. Isso representa 24 horas semanalmente, ou seja, um dia por semana dentro do transporte coletivo. Esse sistema do BRT Metropolitano vai trazer mais qualidade de vida para a população, pois reduzirá em cerca de 50% o tempo de viagem. Com o novo sistema, a população contará com um transporte limpo, seguro, de qualidade, com horários precisos de chegada e saída. Como vai ser essa integração? Haverá apenas uma linha? Na verdade, teremos duas linhas, a expressa e a paradora. A linha expressa vai parar apenas nos terminais e nas estações diferenciadas. A paradora, nos terminais e em todas as estações. Desta forma, a linha expressa que sairá do terminal de Marituba irá parar no terminal de Ananindeua, na estação Tavares Bastos, logo após o Entroncamento, e na Estação São Brás. Em seguida fará o circuito interno, indo até o centro da cidade. Por sua vez a linha paradora retorna de São Braz. Assim, quem sai de Marituba ou de Ananindeua e tem como destino Belém utilizará a linha expressa e fará uma viagem muito mais rápida. Existe algum desafio de engenharia nesse trajeto? Porque é um trajeto longo e a gente houve falar em adutoras e outras coisas. Haverá desapropriações? Essa obra não tem nenhum grande desafio de engenharia, mas vai mudar a cara da BR-316. Não será simplesmente a construção de uma via para o BRT. Vamos fazer uma nova avenida. Serão duas pistas com quatro faixas por sentido, senRevista 10 PA O BRT Metropolitano sai do entroncamento até o Km 16 da BR. Serão três pistas de rolamento em cada via, mais duas pistas do BRT, além de ciclovias e calçamento do uma exclusiva para o BRT. O projeto contempla ainda nova iluminação de led, drenagem, pavimentação, paisagismo, calçadas arborizadas e ciclovias bidirecionais nas duas extremidades. Teremos ainda um novo elevado de quatro pétalas em Ananindeua, além dos terminais de Ananindeua e Marituba, que serão dotados de túneis para que o acesso do BRT aos mesmos seja efetuado sem a necessidade de paralização do tráfego a via. Esses túneis vão exigir desapropriações? A obra certamente vai gerar algum transtorno... Haverá algumas desapropriações pontuais, mas nada muito relevante. O problema maior será a logística para executar essa obra. A gente sabe que a BR-316, nesse trecho, não é mais uma Rodovia, É uma via urbana com intenso volume de tráfego, em todas as horas. E, obviamente, esse tipo de intervenção gera transtornos à população. Isso acontece em toda grande cidade, em toda Região Metropolitana, a exemplo do que está acontecendo atualmente no Rio de Janeiro por conta das obras de mobilidade urbana em execução. Na verdade, o Brasil demorou muito a encarar esse problema de frente. Mas o que for preciso fazer para amenizar esse impacto para a população será feito. Por que é outra engenharia, não é? Uma engenharia de tráfego no meio da obra... Isso tudo foi estudado pelos técnicos do consórcio, responsáveis pela elaboração do projeto executivo. E também será estudado em conjunto com a empresa que vencer a licitação para a execução da obra, que poderá trazer novas soluções. CAPA O futuro do porto de Vila do Conde FOTO AGÊNCIA PARÁ Setor produtivo teme prejuízo com exportações, após naufrágio do navio Haidar LUCIANA CAVALCANTE Revista PA 11 A FOTO AGÊNCIA PARÁ lém da tragédia ambiental, que prejudicou centenas de famílias de Vila do Conde e de ilhas do entorno de Barcarena, no dia 6 de outubro, o naufrágio da embarcação libanesa Haidar, que despejou quase cinco mil bois mortos e que ainda tem cerca de 700 mil litros de óleo submersos dentro do navio, também ameaça as importações e exportações paraenses. Com uma série de medidas judiciais a todo momento, criando um clima de instabilidade, inclusive pedindo o fechamento do porto, o setor produtivo acompanha o caso com preocupação. O Ministério da Agricultura acredita que o fato pode refletir negativamente em mercados como europeu, resultando na rejeição à carne brasileira de forma generalizada. Revista 12 PA Dados do Centro Internacional de Negócio do Sistema FIEPA (Federação das Indústrias do Pará), sobre os embarques em Vila do Conde mostram que, de janeiro a setembro deste ano, o volume de exportações somente neste porto representou U$ 2.6 bilhões e o das importações ficou em U$ 51 mil. O porto da CDP de Vila do Conde embarca quase toda produção do estado, sendo principalmente minerais, como alumina, alumínio, bauxita, caulim, além de bovinos, madeira, dendê, entre outros produtos. Na avaliação do setor produtivo, uma medida como o fechamento do porto, seja por quanto tempo for, pode trazer prejuízos incontáveis. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) também apontam que 35% dos produtos exportados paraenses saem de Vila do Conde e 55% dos importados aportam lá. Diante do cenário de instabilidade que se criou, várias autoridades e representantes do setor criticaram a forma como a situação foi conduzida inicialmente. “As autoridades demoraram muito a se manifestar e quando o fizeram se preocuparam mais em punir, ameaçando com multa e fechamento do porto. Numa hora dessas é preciso resolver o problema e depois buscar os culpados. Deveria haver ainda um plano de contingência para que, caso ocorresse uma situação como essa, já saberiam como agir”, afirma o vice-presidente da Fiepa, José Maria Mendonça. Apesar do susto inicial, Mendonça explica que a Federação esteve conversando com a CDP e que até o mo- mento não houve prejuízo à atividade de importação e exportação no porto. “Recebemos informação de que eles estão trabalhando ao máximo para compensar a perda desse espaço onde houve o acidente. Por hora o embarque de boi está sendo feito por Itaqui, no Maranhão”, informou. Entretanto, a tragédia também pode afetar a comercialização da carne brasileira como um todo, na avaliação da integrante da Comissão de Bem-estar Animal do Ministério da Agricultura, Katherine Fragoso. Ela explica que, mesmo o Estado não exportando diretamente para a União Europeia, o caso ainda assim pode repercutir negativamente para a carne brasileira. “Esse mercado pode generalizar e entender que o Brasil não está se preocupando com o bem-estar animal na criação e transporte desse gado e isso pode reduzir a demanda pela carne brasileira na Europa. Lá se não for comprovado que o gado foi bem tratado, teve um abate humanitário, a própria população não aceita o produto”, ressalta. Segundo explica a representante do Ministério da Agricultura, o mercado europeu é muito rígido quanto aos procedimentos de criação e abate do gado, que devem seguir rígidos padrões, levando em consideração o bem-estar animal. O controle é tão grande que até os rótulos das embalagens rastreiam todo esse processo e trazem informações muito detalhadas ao consumidor, desde a criação até o abate do gado. “Eles conseguem rastrear quase todas as informações. É um mercado muito exigente e muito voltado para o bem-estar animal”, afirma. Em nota em seu site, a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) ressaltou que a atividade exportadora do boi vivo está presente no mundo inteiro e é praticada há séculos. Reforçou que ela foi intensificada há alguns anos no Pará em razão da excelente qualidade do rebanho e do excedente de produção. O texto diz ainda que a exportação é das atividades mais fiscalizadas do setor agropecuário, recebendo fiscalização do Ministério da Agricultura e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). Defendeu que os animais são ‘quarentenados’ em Estabelecimentos de Pré-Embarque que possuem Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal, o que comprova que nenhum animal exportado provém de área de desmatamento ilegal ou de propriedade embargada pelo Ibama. E que, neste sentido, os animais exportados atendem os melhores padrões por exigência de acordos internacionais. A Faepa também reforçou que as proporções do desastre ainda não podem ser mensuradas com exatidão, mas espera que medidas cabíveis sejam tomadas para que não haja prejuízo a atividade exportadora, geradora de divisas e de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do Estado. OS NÚMEROS DE VILA DO CONDE 1,7 mil toneladas transportadas/mês 20 milhões de toneladas/ano De janeiro a setembro de 2015 Volume de exportações U$ 2.6 bilhões Volume de importações U$ 51 mil Revista PA 13 INFRAESTRUTURA O dilema do desenvolvimento da Amazônia Grandes obras de infraestrutura e logística, como o Complexo Portuário de Miritituba e a Hidrelétrica de Belo Monte, são importantes para o País, mas estão na mira de órgãos federais e estaduais. Entenda por quê. ELIELTON AMADOR FOTOS REPRODUÇÃO GOOGLE Porto de Miritituba, em Itaituba Revista 16 PA FOTO REGINA SANTOS/FOTOS PÚBLICAS M inistério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado (MPE) enviaram à Secretária de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), no dia 17 de setembro, uma recomendação: “que se abstenha de conceder licenças prévias, de instalação e operação às empresas e/ou consórcios de empresas que atuam ou pretendem atuar nas atividades dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo e Terminais de Grãos no distrito de Miritituba”. Os promotores que assinam a recomendação – a saber, Daliana Monique Viana, Ione Nakamura, João Batista Cavaleiro de Macedo Jr., Lilian Regina Braga e Pedro Brasil, além da procuradora da República, Janaína Andrade – querem que as empresas apresentem dois documentos exigidos pela legislação ambiental. Tratam-se da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) e a Avaliação Ambiental Integrada (AAI), que, de acordo com os promotores, são documentos necessários para uma avaliação ampla dos impactos de vários empreendimentos em uma mesma região. Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu Quando um território – como a Amazônia, que tem uma grande extensão de áreas protegidas e um ecossistema complexo – sedia empreendimentos de grande porte, a relação de interdependência entre as populações de seus microterritórios e o ecossistema pode sofrer impactos também complexos a curto, médio e longo prazos. Conflitos sociais, contaminação de mananciais, movimentação de grandes massas populacionais e consequente déficit de serviços de saúde, educação e saneamento são alguns deles. Nesses casos, afirmam os promotores e a procuradora da República, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) não é suficiente para conceder licenças prévias, pois é um documento que trata especificamente dos impactos de um único empreendimento. O histórico de impactos sobre a Amazônia provocados pelos chamados “grandes projetos” e recentes acidentes de grandes proporções, como o ocorrido no Porto de Vila do Conde, em Barcarena, quando quase 5 mil bois vivos naufragaram, poluindo o rio e trazendo enorme pre- juízo à população, parecem ser o suficiente para ter cautela. Mas alguns gestores e empresários não veem da mesma forma. O Governo do Estado, por exemplo, elaborou um pacote de medidas que visa aumentar a produtividade do estado para tentar conter o desemprego agravado pela recessão econômica. Entre elas, está a promessa de celeridade em licenças prévias de empreendimentos, como o complexo de portos de Miritituba, em Itaituba. Até o momento do fechamento desta edição, porém, já se passavam alguns dias do prazo dado pelo MPF/MPE para obter resposta e a Semas ainda não havia se manifestado a respeito. A Revista CREA-PA também ouviu a Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), que, juntamente com a questão de Miritituba, comentou a suspensão da operação da hidrelétrica de Belo Monte por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão alega falta de contrapartidas sociais e ambientais previstas no projeto e nas condicionantes exigidas. Revista PA 17 Para o vice-presidente da Fiepa, José Maria da Costa Mendonça, que também é presidente do Centro das Indústrias do Pará (CIP) e do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiepa, a rota de escoamento dos grãos do Centro-Oeste brasileiro para o exterior pela Amazônia, que inclui o complexo de Miritituba, é uma oportunidade de desenvolvimento para a região. “A insegurança jurídica causa prejuízos, desalentos e desistências, impactando negativamente no desenvolvimento econômico da sociedade amazônica”, afirmou, depois de explicar as vantagens competitivas da região, que necessita de obras de infraestrutura para se afirmar nessa área. Sobre a possibilidade de suspensão de licenças e consequente embargo das obras, Mendonça fez a seguinte declaração: “O Sistema Fiepa considera que, sob a ótica de proteger poucos, se leva o prejuízo a muitos. Desconhecemos o capítulo da Constituição que dá prerrogativa de se proteger somente as minorias, esquecendo a maioria e o futuro da sociedade verdadeiramente amazônica.” Na ótica pelo crescimento econômico dos empresários locais, não é concebido que obras de tal magnitude para a economia do País tenham entraves jurídicos. “O prejuízo é de toda a sociedade brasileira, pois continuaremos, enquanto permanecem os embates, a produzir energia através das termoelétricas a óleo com um custo maior, lançando dióxido de carbono na atmosfera. Estas são as contradições motivadas pelos constantes embargos e paralisações”, diz Mendonça. Por outro lado, as questões ambientais e a própria sustentabilidade – conceito que consiste em preservar os recursos para as gerações futuras – são pautas relevantes, reconhecidas por segmentos importantes da sociedade nacional e internacional. Na alentada recomendação de 10 páginas enviada à Semas, os promotores fazem nada menos que 31 considerações, citando a Constituição Federal, leis específicas, resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e tratados internacionais de sustentabilidade. De acordo com Janaína Andrade, uma das autoras da peça, da Procuradoria de Itaituba, cada empresa fez seu próprio levantamento de impacto ambiental, mas os empreendedores não consideraram o conjunto de obras. “Cada empresa que terá estação de transbordo (são 14, salvo engano) fez o seu estudo separadamente, como se não fosse um só complexo. Não fizeram o estudo considerando que estão todos no mesmo espaço territorial. Os danos ambiental e social não podem ser analisados isoladamente”, diz a procuradora. O MPF considera que os empreendimentos se interligam e que um afetará o outro, como a todas as populações das áreas. “Os empreendimentos têm Estudos de Impactos Ambientais (EIA) isolados. Cada empresa fez o seu. Então, a falta de visão integrada do projeto (construção de estações de transbordo, hidrelétricas, hidrovias, etc) é o foco do Ministério Público”, informou a assessoria de comunicação do órgão. * Projeto e fabricação de estruturas pré-moldadas para galpão e estruturas especiais para a construção civil em geral. * Linhas de Transmissão e Subestação. Postes para linhas de distribuição e iluminação pública. * Blocos de concreto para alvenaria estrutural e vedação. Pavimentos intertravados, meiofio, mourão, tubos e calhas para drenagem. Revista 18 PA Rod. PA 150 (Alça Viária), Km 2,5 s/nº - Marituba-PA Fone (91) 3184-8559 - E-mail: [email protected] www.premazon.com.br ESPECIAL Transporte hidroviário pode desafogar trânsito na RMB FOTO AGÊNCIA PARÁ Engenheiro vislumbra a integração do transporte Metropolitano de Belém por meio da malha hidroviária do seu entorno e dos limites do município de Ananindeua ELIELTON AMADOR Revista PA 19 Revista 20 PA FOTO REPRODUÇÃO GOOGLE M uito já se falou sobre o potencial para o transporte hidroviário de passageiros em Belém. Cercada pela Baía do Guajará e pelo Rio Guamá, a cidade já foi cortada por vários pequenos rios, furos e igarapés, que hoje, com o processo de urbanização, foram aterrados e/ou transformados em canais de esgoto. Mas, nos limites do município vizinho de Ananindeua, que mantém grande tráfego de passageiros com a capital, existe ainda um rio navegável, o Maguari. Para o engenheiro agrônomo Everaldo de Vasconcelos Martins, com mais de 40 anos de experiência na Amazônia e um Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento pela UFPA/NAEA, o Maguari pode ser um ponto de referência para o transporte fluvial entre os limites de Ananindeua e os bairros centrais de Belém. “Com o uso de inovações tecnológicas e de um plano intermodal, acredito ser possível reduzir de 20% a 30% o congestionamento que se forma entre os dois municípios nos horários de pico”, afirma. Martins compõe a equipe técnica da coordenação de elaboração e avaliação de planos de desenvolvimento da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Ele formulou o projeto de integração por meio do transporte hidroviário na Região Metropolitana de Belém há dois anos. Desde então, vem tentando apresentá-lo à Prefeitura Municipal de Belém, entretanto ainda não obteve sucesso. No ano passado, Everaldo Martins chegou ao vereador Luiz Pereira, presidente da Comissão de Transpor- O Amphibus, muito utilizado na Europa, poderia fazer o transporte nos rios e no asfalto tes da Câmara Municipal, e entregou a ele o projeto para análise. Mas até agora não obteve resposta. Para ele, seria um grande presente para os 400 anos de Belém se o transporte intermodal e hidroviário fosse implantado na cidade. “Não sei por que motivo os gestores ainda não acordaram para essa questão. É claro que o lobby das empresas rodoviárias é muito grande, envolve vários setores, da manutenção ao combustível. Então, é difícil, mas é preciso pensar na cidade e nos cidadãos que enfrentam esses engarrafamentos diariamente. Além do mais, a vocação fluvial de Belém pode ser uma atração turística a parte”, defende o engenheiro. A proposta de Martins, que é uma iniciativa pessoal já apresentada à Sudam, precisa ser abraçada por um órgão de competência municipal. Ela prevê ainda uma série de ações que devem ser executadas para configurar o projeto final, entre elas, estudos de impacto ambiental, viabilidade econômica e técnica. Sem dúvida, trata-se de um es- forço considerável, mas o investimento é válido em se tratando de uma cidade histórica, localizada na foz do Rio Amazonas, na região mais vislumbrada do planeta, onde habitam mais de 2 milhões de pessoas. Em defesa de sua proposta, Martins lembra que em 2009 foi criada uma frente parlamentar de navegação fluvial da Amazônia. “Numa região de economia em desenvolvimento, que carece de políticas públicas essenciais, é imprescindível o papel do estado brasileiro para dar suporte e alavancar todos os aspectos do desenvolvimento regional, seja com recursos públicos subsidiados, seja com formação e capacitação, seja com ações eficazes de fiscalização e controle. Tenho certeza que esta frente será um núcleo importante para debatermos a navegação fluvial na Amazônia”, discursou a deputada amapaense Janete Capiberibe, à época. O projeto “Transporte Hidroviário de Passageiros na Área Metropolitana de Belém – Diagnóstico, Possibilida- ROTA A grandeza de Belém Saindo do rio Maguari, nos limites de Ananindeua, Martins acredita poder integrar quase toda a região com pontos de embarque e desembarque e integração modal, com pontos de mototáxis, ciclovias, ônibus modulados até o BRT. “Tudo é uma questão de engenharia. Em cerca de uma hora e meia é possível circundar toda a Belém, saindo do Maguari (veja mapa), cobrindo vários pontos de acesso aos bairros”, conclui. des, Limites e Principais Tendências” é uma iniciativa que merece atenção. No momento em que se fala em crise econômica e que uma crise política abala as estruturas institucionais do País, é preciso ter força política na região para que o nosso desenvolvimento não fique, mais uma vez, à margem de outros interesses nacionais. Uma das alternativas apontadas pelo engenheiro seria a importação de tecno- logia europeia, como o Amphibus, um veículo usado para transporte terrestre e hidroviário em cidades como Budapeste, que, assim como Belém, é cercada de rios navegáveis. “É preciso estar antenado com as tecnologias do mundo globalizado. Nossos políticos não podem fechar os olhos para as alternativas de inovação que se apresentam. Poderíamos chamar a empresa a fazer orçamentos e planejamentos”, explica o engenheiro. Belém tem uma área de 1.064,918 Km², e uma densidade de 1.351,8 habitantes/Km², sendo a 13ª maior capital no Brasil em área territorial. Trinta e nove ilhas fazem parte de seu território, com destaque para a ilha de Mosqueiro, com 211,7923 km² - a mais extensa - e as ilhas de Caratateua (31,4491 km²), Cotijuba (15,8071 km²) e Combu (14,9360 km²). Todas as ilhas do município possuem, juntas, um total de 329,9361 km². Limita-se com os municípios de Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Barcarena, além das baías do Marajó e Guajará. Criada por lei complementar federal em 1973, alterada em 1995, 2010 e em 2011, a Região Metropolitana de Belém (RMB), com 2.381.661 habitantes (IBGE/2014), compreende os municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Santa Isabel do Pará e Castanhal. Devido ao intenso processo de urbanização, hoje a RMB é um dos maiores aglomerados urbanos da Região Norte. É a 177ª maior área metropolitana do mundo e 12ª do Brasil. 400 ANOS AGENDA Belém tem acessibilidade abaixo da média FOTOS ELIELTON AMADOR 123RF Falta um plano de emergência para tornar as ruas da cidade acessíveis aos portadores de necessidades especiais e idosos B elém vai completar 400 anos com uma avaliação negativa em seus padrões de acessibilidade. A opinião é compartilhada por profissionais de engenharia, arquitetura e urbanismo, como Aíla Seguin, que tem mestrado em acessibilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e por militantes dos direitos dos deficientes, como Jordeci Santa Brígida, assistente social da Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD), ele mesmo deficiente visual. Para uma capital com quase 2 milhões de habitantes e uma estimativa de quase 300 mil deficientes, de acordo com análises da APPD sobre números do IBGE, Belém está muito aquém do que poderia ter avançado nas últimas décadas no tema. Para Santa Brígida, esse é um dilema que envolve questões técnicas e políticas, e o cerne da questão estaria, segundo ele, na falta de participação popular nas decisões sobre a cidade. “Sempre existem questões técnicas e questões políticas. Toda decisão de gestão inclui essas duas dimensões. Mas a gente sabe que a questão política sempre fala mais alto. Revista 22 PA A decisão de fazer, de como fazer e de onde fazer não pode depender exclusivamente do prefeito, tem que ser debatida com quem faz parte da comunidade afetada por suas decisões”, argumenta Santa Brígida. As primeiras decisões e leis que garantem os critérios de acessibilidade urbana de pessoas com deficiência datam dos anos 1990. De lá para cá, pouco se fez nessa área em Belém segundo a arquiteta e mestre em acessibilidade Aíla Seguim. “Algumas iniciativas foram feitas no governo de Duciomar Costa, mas aquelas iniciativas estavam tecnicamente incorretas. Havia muitas irregularidades. Colocaram pisos tácteis, por exemplo, de qualquer jeito, sem ter um acompanhamento de técnicos especializados”, explica. Jordeci, da APPD, vai além. Diz que houve iniciativas também no governo do então prefeito Edmilson Rodrigues, mas elas não foram para frente. “Na Avenida Governador José Malcher, na Calçada Cidadã implantada por Duciomar Costa, tem um piso táctil que começa em um poste e termina em um bueiro”, conta o deficiente visual, que ao longo dos anos desenvolveu grande autonomia em sua mobilidade. Em alguns aspectos a acessibilidade foi implantada em Belém. Em alguns prédios e escolas, mas a questão é que o deficiente precisa chegar até o local, e para isso ele precisa usar o transporte público e andar pelas vias públicas, onde, na maioria dos casos, não existe acessibilidade. “Não adianta nada você ter prédios acessíveis e não ter ruas. Como o deficiente vai chegar até lá?”, pergunta Aíla. Por sua vez, Jordeci diz que em muitos prédios, principalmente em bancos, nem isso existe. Na gestão do prefeito Zenaldo Coutinho, cujo slogan é “fazendo do jeito certo”, numa clara alusão aos erros de seu antecessor, ao menos na questão da acessibilidade o “certo” ainda não é uma referência. Isso porque a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) não tem um plano de acessibilidade e lhe faltam parâmetros. De acordo com o engenheiro Francisco Damião, diretor de obras civis da Seurb, o Ministério Público solicitou à Secretaria uma cartilha de orientação para as pessoas construírem suas calçadas seguindo padrões de acessibilidade. Mas ele explica que “não há uma norma padrão. Estamos realizando um estudo com projetos de outras capitais e cidades para desenvolver essa cartilha, que deve estar pronta em cerca de dois meses”, afirmou. Para ele, o problema é que as pessoas não pensam nas outras e estão cada vez mais “egoístas”, apenas preocupadas com as suas calçadas, com suas fachadas e a própria vida, sem se importarem com a coletividade. Mas Jordeci e Aíla ressaltaram em suas entrevistas que ainda que a falta de alteridade seja uma constante no mundo contemporâneo, o poder público tem um papel de orientação e planejamento do qual não pode se eximir. “Sim, estamos em uma situação de falta de preocupação com o outro e com o futuro. A ciência está evoluindo, a qualidade de vida aumentando e a população vai ficar cada vez mais idosa. E como nós vamos nos localizar na cidade”, pondera Aíla Seguim. Damião disse que a falta de um código de postura atualizado é uma das dificuldades de planejar a cidade. “O Código de Postura da Cidade é de 1977 e houve alguns decretos reguladores na década de 1990. Então, são cerca de 30 anos de regulação. Falta muito ainda, mas eu posso dizer que já foi bem pior”, tenta justificar o técnico da Seurb. Já a arquiteta Aíla, uma verdadeira militante da causa da acessibilidade em Belém, discorda. Para ela, a Seurb desconhece a nor- ma técnica. Ela lembra que a Norma Brasileira de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos está em sua terceira edição e a última entrou em vigor no último dia 11 de outubro. “Dizer que não há padrão ou regulação de norma mostra o nível em que estamos em Belém. Já existem arquitetos que trabalham com isso, mas quase nenhum em Belém. Outro problema é a execução das obras. Não adianta o arquiteto/engenheiro planejar se não houver fiscalização das obras”, frisou ela. Jordeci Santa Brígida é taxativo. Para ele, a nota de Belém para acessibilidade é zero. “Sustento o que digo. Apesar de existirem problemas históricos, como uma Cidade Velha (bairro mais antigo) que é tombada e com vários problemas, existem exemplos em cidades como Uberlândia e Curitiba onde os projetos demonstram que pode haver muito mais boa vontade e qualidade técnica do que está sendo empregado em Belém. É como eu disse, as decisões políticas superam as decisões técnicas e acabam por comprometer a gestão pública”, disse ele. De acordo com a Seurb foram implantados 28 mil m² de calçadas com acessibilidade (sejam rampas ou piso táctil) esse ano na cidade e novas atas de serviços vão ser licitadas ano que vem. Francisco Damião disse que a decisão de onde implantar as calçadas vem do gabinete do prefeito. Ele também mostrou o padrão modelo desenvolvido pela Seurb para as vias públicas, mas admite que esse modelo já terá que ser alterado, pois o tipo de piso causa trepidação para cadeirantes. Em ritmo lento e no esquema de tentativa e erro, é assim que segue a mobilidade acessível de Belém em seus 400 anos. Revista PA 23 MERCADO DE TRABALHO Contecc é vitrine de novidades científicas 123RF LUCIANA CAVALCANTI A produção familiar de açaí em Ponta de Pedras, na ilha do Marajó; e a atuação do sistema Confea/CREA no contexto das profissões podem até parecer assuntos distintos, mas estão estritamente ligados. As duas pesquisas foram temas de trabalhos apresentados no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), este ano. Como em todas as áreas de atuação, os congressos são a vitrine para profissionais exporem sua criatividade no desenvolvimento de pesquisas inovadoras que possam suprir as necessidades da sociedade em cada segmento a que se propõem. Só este ano engenheiros e agrônomos de todo país tiveram seiscentos trabalhos aprovados no Contecc, sendo que 21 foram premiados e convidados para apresentação oral no evento. O Contecc abre janelas para que o profissional possa buscar investimentos para soluções desenvolvidas a partir de ações do seu dia a dia. Passar uma ideia para o papel não é tarefa fácil para todo mundo, mas a importância de transmitir aos outros as soluções, muitas vezes simples, para problemas complexos ou mesmo de discutir questões relevantes para a so- ciedade serve como estímulo à pesquisa. E quando há um canal aberto para a divulgação desses trabalhos, melhor ainda. Por isso foi criado o Contecc, que teve sua segunda edição em 2015, para fornecer um espaço de divulgação de trabalhos desenvolvidos por várias instituições brasileiras, que também serão publicados nos anais do evento e em revistas científicas. Durante o evento anual, uma vasta programação promove uma troca de experiências e uma atualização entre profissionais de todo país, também sobre as novidades tecnológicas, através de sessões com trabalhos técnico-científicos, conferências e palestras de especialistas, reuniões sobre temas polêmicos e atuais. O engenheiro agrônomo José Geraldo Vasconcelos, coordenador do Contecc, ressalta que a atualização tecnológica é um dos papéis importantes do Congresso. “A engenharia e a agronomia dependem essencialmente da ciência, portanto da tecnologia, e esta é inovada a cada momento. Por isso é necessário ter conhecimento de todo esse processo para estar atualizado”, ressalta. O coordenador do evento chama atenção para a importância dos profissionais estarem sempre atentos a essas inovações, que estão diretamente ligadas à melhoria da produtividade. “A competitividade em qualquer país está em cima de sua produtividade e essa, ligada à inovação. Por isso os profissionais devem se reunir todos os anos para estar atentos aos novos serviços e aprimoramento dos antigos para oferecer à sociedade”, completa. O coordenador reforçou ainda que o evento tem o objetivo de reunir trabalhos de pesquisa acadêmica, mas também soluções inovadoras de profissionais que atuam mercado/campo e a importância de desmistificar a produção desse conteúdo. “Tem muito profissional que tem ótimas ideias, mas tem preguiça de escrever sobre elas, se sentem intimidados com o formato acadêmico. Por isso defendemos a ausência de formalidades para inscrição de trabalhos no Contec”, disse o conselheiro. Para inscrever seus trabalhos no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), profissionais das áreas contam com a facilidade da internet. As normas estabelecidas para submissão de pesquisas estão descritas de forma clara na página do evento na internet. As inscrições das pesquisas também são feitas via internet. As áreas cujos profissionais podem inscrever seus projetos de pesquisa são: civil, agronomia, elétrica, experiência profissional, educação e gestão, geologia e minas, mecânica e metalurgia e química. O regulamento está disponível no endereço eletrônico http://72soea.soea.org.br/regulamento/. Novo curso FAMAZ Arquitetura & Urbanismo Tudo começa com um grande projeto Revista REAPA 25 ARTIGO TÉCNICO TURBINA AMAZÔNICA: FONTE DE ENERGIA ELÉTRICA SUSTENTÁVEL PARA COMUNIDADES DA AMAZÔNIA Eraldo Cruz dos Santos Doutor em Ciência da Engenharia Mecânica O Brasil ocupa atualmente a sétima maior economia do mundo, tendo como principais fontes de geração de recursos a indústria, a agricultura e o comércio. O crescimento econômico brasileiro é fundamentado na geração e distribuição de eletricidade para os seus diversos setores, sendo este um fator de suma importância para o desenvolvimento da nação, tanto no âmbito econômico, como na melhoria da qualidade de vida da população. A distribuição da energia elétrica nacional é feita a partir de uma rede, de alta e baixa tensão, percorrendo grande parte dos centros nacionais. Todavia, ainda hoje existem inúmeras localidades que não são atendidas ou que nunca terão atendimento com energia elétrica, em função das grandes extensões territoriais, devido aos elevados custos da rede elétrica, ao processo de manutenção, sem contar que estas localidades, geralmente, apresentam pouco retorno financeiro às concessionárias ou empresas que detém a concessão para o fornecimento de energia. As localidades afastadas dos centros urbanos e sem acesso ao Sistema Interligado Nacional (SIN) necessitam de formas diferentes para suprir a falta de energia elétrica. Em certas comunidades são instaladas micro usinas termelétricas, tendo como fonte o óleo diesel, que provem a energia necessária para o cotidiano da população, entretanto, na maioria das comunidades não se tem uma quantidade populacional suficiente para ser viável a instalação de tais usinas. Objetivando suprir as necessidades energéticas de pequenas comunidades da região amazônica, como a população ribeirinha, as escolas, igrejas e comunidades, que necessitam de pequenas quantidades de energia, aproximadamente 1.000 watts, um grupo de pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), da Universidade Federal do Pará (UFPA), está desenvolvendo uma microturbina Revista 26 PA Equipe que desenvolve a Turbina Amazônica Protótipo da turbina Amazônica hidráulica de ação e de duplo fluxo. A equipe de pesquisa conta ainda com o professor-doutor Marcelo de Oliveira e Silva e os alunos de graduação Cássio Willian Corrêa Tavares e Paulo Augusto Soares de Aquino. Eles buscam desenvolver uma turbina hidráulica com capacidade de gerar 2.000 Watts, a ser instalada em uma base flutuante, feita de material reciclável, que deverá ser ancorada nos trapiches ou nas margens dos locais a serem atendidos. O objetivo é desenvolver uma instalação simples e que não necessita de uma barragem, ou seja, é uma microcentral conhecida como “fio d’água” para atuar nos rios da região amazônica, sendo que esta é mais uma fonte alternativa para a geração de pequena quantidade de energia elétrica. A turbina Amazônica, mostrada na Figura, tem como princípio de funcionamento uma fonte de energia renovável abundante na região, a água de rios e córregos, que não necessitam ser estocadas para gerar energia, já que a turbina está sendo projetada para funcionar apenas com a velocidade da água em seu ritmo natural, minimizando os impactos ambientais. Este projeto visa atender localmente cada comunidade, reduzindo gastos com fabricação, instalação e manutenção dos equipamentos. Atualmente a Turbina Amazônica se encontra na fase inicial do projeto, necessitando de vários testes em bancada e simulações computacionais para que a mesma venha a ser aplicada em uma situação real. Porém, tal projeto já gerou um artigo publicado no 23rd ABCM Internacional Congress of Mechanical Engineering (COBEM 2015), e os alunos de graduação já foram aceitos no mestrado na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), no sul de Minas. Os dados do projeto estão em processo de patente. LIVROS R EDES ELÉTRICAS INTELIGENTES: APLICAÇÕES, COMUNICAÇÃO E SEGURANÇA explica como as diversas tecnologias atuam lado a lado na construção e manutenção das redes elétricas inteligentes. O livro investiga diversos aspectos de comunicação, fornece uma visão ampla da eletrônica de potência, sensoriamento, monitoramento, tecnologias de controle e salienta o potencial para as novas tecnologias e mercados. Os autores mostram que a mesma preocupação em entender as mudanças e modernidades pelas quais passa a rede, deve ser a de reconhecer a importância da segurança desses sistemas. Editora LTC. I M ODELAGEM DE SISTEMAS AMBIENTAIS, de Antônio Christofoletti, é destinado àqueles que buscam conhecimento dos sistemas ambientais, em sua complexidade, e no tratamento relacionado com os componentes representados pelo embasamento geológico, relevo, solos, clima, águas, vegetação e ocupação humana. Chama atenção para os procedimentos da modelagem aplicada na análise dos sistemas ambientais, com implicações diretas para a avaliação e gerenciamento desses sistemas. nformações teóricas e práticas sobre transformadores são assunto obrigatório dos cursos de Engenharia Elétrica, especialmente na área da Eletrotécnica. Além de o transformador ser o mais simples dos dispositivos eletromagnéticos, os princípios fundamentais de seu funcionamento são aplicáveis à grande maioria dos dispositivos eletromecânicos, nestes incluídos os motores e os geradores elétricos. TRANSFORMADORES, de Rubens Guedes Jordão é uma introdução aos fundamentos da teoria dos transformadores para, em seguida, passar a uma análise mais objetiva dessa teoria quando aplicada ao transformador em sua realidade física, com a constante preocupação de firmar conceitos e justificar métodos adotados. A segunda edição revista de CADERNO DE MUROS DE ARRIMO trata da estabilização das encostas, a estabilidade dos taludes, os tipos de muro de arrimo, a verificação de estabilidade elástica de uma estaca, sondagens e muros com gigantes, entre outros tópicos. Apresenta problemas ao final de cada capítulo, que variam de dificuldade, indo do muito simples ao mais complexo. D ESSALINIZAÇÃO DE ÁGUAS é o primeiro livro de pesquisadores brasileiros a explicar o processo de dessalinização da água do mar e de outras fontes salinas e salobras. Os autores Ariovaldo Nuvolari, Ana Paula Pereira Da Silveira e Francisco Tadeu Degasperi detalham a química da água, o pré-tratamento da água bruta, os diferentes processos de dessalinização – tanto os de destilação quanto os de eletrodiálise – e também o pós-tratamento da água produzida. Aspectos ambientais e sanitários do processo recebem atenção. O livro se encerra com os relatos de vários casos reais de dessalinização, analisando os prós e contras de cada técnica. Editora Oficina de Textos. AS CAIXAS: ACRE, AMAPÁ, AMAZONAS, PARÁ, RONDÔNIA, RORAIMA E TOCANTINS Reunidas em Belém para discutir políticas de interesse dos Mutualistas.