Plano Diretor - Prefeitura Municipal de Campestre
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Plano Diretor - Prefeitura Municipal de Campestre
Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPESTRE DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES PARA A ESTRUTURA URBANA E DO TERRITÓRIO MUNICIPAL VOLUME I Setembro de 2006 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPESTRE Nivaldo Donizeti Muniz Prefeito Municipal INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL – IDM Marieta de Campos Alves Vitorino Diretora Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais REPRESENTANTES DA PREFEITURA, DA CÂMARA DE VEREADORES, DE ÓRGÃOS PÚBLICOS, EMPRESAS, E OUTRAS REPRESENTAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL, QUE EFETIVAMENTE CONTRIBUÍRAM COM OS TRABALHOS DO PLANO DIRETOR Supervisão Geral dos Trabalhos Nivaldo Donizeti Muniz Prefeito Municipal Coordenação dos Trabalhos Tatiana Maria Salomão Equipe da Prefeitura que participou efetivamente dos trabalhos Ana Alice Mendes Góes (Esportes) Antônio de Pádua do Lago (Assessoria Jurídica) Maria Aparecida Figueiredo Faria (Contabilidade) Aristides Tadeu Teixeira (Vigilância Sanitária) Carlos Augusto Flores (Engenheiro) Fabiano Zeferino de Almeida (Cadastro) Fernando Luiz Franco (Transportes) Francis Leandro Silvério (Epidemiologia) Gisselma da Silva (Assistência Social) Helene Maria Garcia Ferreira (Educação) Iray dos Santos (Esportes) José Donizete de Souza (SAÚDE - EPIDEMIOLOGIA) José Donizete Pereira (Obras) Luiz Fernando Corrêa (Agricultura) Marcelo Fortes da Silva (Saúde) Marcos Inácio Garcia (ASSUNTOS URBANOS) Marlene Milani (Saúde) Regina Célia Vieira Jorge Loiola (Diretora Escolar) Robson Teixeira do Lago (Agricultura) Rodrigo Alexandre Figueiredo (Controle Interno) Rosana Luiza da Silva (SIAT) Sílvia Helena de Moura (Diretora Escolar) Tânia Loiola (Professora) Vitor Pereira Araújo (Recursos Humanos) Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Câmara Municipal Vereador Antônio Francisco da Silva Vereador Clóvis Bassoto de Andrade Vereador Fábio Borges Rugani Vereadora Leilamar de Araújo Garcia Vereadora Maria Isabel Rocha Vereador Osmar José da Silva Vereador Paschoal Casagrande Filho Vereador Saulo Francisco de Paula Representantes de órgãos e empresas estaduais, representantes de diferentes entidades e cidadãos que participaram efetivamente e contribuiram com os trabalhos Alexandre de Paiva (Fundação Bom Samaritano) Célia Cristina Salomão Santos (Casa da Criança) Cristiano Eusébio Ferreira (Sargento PM) Felipe Rugani (Estudante de Administração) Florindo Góes (Produtor Rural) Jorge Alves de Souza (Creche Casa da Criança) Leonardo Capobianco Ramos (Arquiteto Urbanista) Luis Guilherme de Oliveira (Tenente PM) Marco Antônio Melo (Empresário) Marco Aurélio Ribeiro ( COPASA – Regional de Alfenas) Maria Carmem Alvarenga ( Comerciante) Maria Delza Santiago (Casa da Criança) Maria Eugênia Franco Alvim (Arquiteta) Paulo Roberto Muniz (COPASA – Escritório Local) Rita de Cássia Barbosa Mendes (Asilo São Francisco de Paula) Representantes dos Bairros Rurais que participaram efetivamente através de entrevistas e cedendo informações Bairro Inhamal - Vicente Noel Bairro Pedra Grande - Fernando Fabiano Bairro Rio do Peixe - Carlos Roberto de Oliveira Bairro Barra – João Belchior Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Bairro Posses – Florindo Góes / Eliane Souto da Silva Bairro Córrego do Ouro – Luiz Antônio do Lago Bairro Cafundó – Edvar Amaral Bairro Pitangeiras – Maria Aparecida Bairro Borda do Mato – João Caetano Rodrigues Bairro Vargem do Rio – Rita de Castro Pereira Bairro Brejo – Jecy Dias Bairro Pinhal – Narciso Piedade Bairro Pião do Meio – José Dias Bairro Caxambu – Giovana Rosa Evangelista Bairro Milho Verde – Francisco de Lima Bairro Capituva – Ouvideo Batista Bairro Esmeril – Aroldo Rosa Empresas que participaram efetivamente através de entrevistas e cedendo informações Campestre Confecções Faenza Lago e Ducca Malone Confecções Santa Clara de Assis Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL – IDM Coordenação Geral dos Trabalhos Marieta de Campos Alves Vitorino Equipe Técnica Marieta de Campos Alves Vitorino – Arquiteta e Urbanista/ Especialista em Planejamento Urbano e Regional. Leonardo Capobianco Ramos – Arquiteto e Urbanista/ profissional de arquitetura e urbanismo, cidadão de Campestre, que prestou apoio técnico aos trabalhos integrando-se à equipe do IDM Damião Campos Guimarães – Engenheiro Civil/ Especialista em Engenharia Sanitária/ Mestre em Saneamento Ambiental André Teixeira Sampaio – Engenheiro Ambiental Cândido Luis de Lima Fernandes – Economista/ Mestre e Doutor em Economia Heinz Charles Kohler – Geógrafo/ Mestre e Doutor em Geografia Christian Jardim Vitorino – Biólogo/ Especialista em Planejamento Ambiental/ Mestre em Geografia Maria Amélia Alves Vitorino – Educadora/ Especialista em Educação Francisco Eustáquio Mendes – Administrador/ Especialista em Administração Publica e Finanças Lídia Lane Ferreira Alves – Desenhista Industrial/ Especialista em Geoprocessamento Apoio Técnico Marcelo Francisco Moraes – Estagiário de Geografia Apoio Administrativo Camila Matias Francisco Washington Honorato Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1. - Aspectos Estratégicos e Metodológicos de Elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Campestre .................................................................. 9 2 - ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS ................................................................ 12 2.1 - Localização na Estrutura Espacial do Estado de Minas Gerais ........................... 12 2.2 - Breve Histórico do Município de Campestre ........................................................ 12 2.3 - Indicadores Econômicos ...................................................................................... 14 2.4 - Indicadores Sociais .............................................................................................. 21 2.4.1 - Índice de Desenvolvimento Humano ................................................................. 21 2.4.2 - Indicadores de Desigualdade ............................................................................ 24 2.4.3 - Percentual de Apropriação da Renda (Entre Ricos e Pobres) .......................... 25 2.4.4 - Outros Indicadores Sociais ................................................................................ 25 2.5 - Aspectos Demográficos ........................................................................................ 27 2.6 - Economia Local .................................................................................................... 31 2.6.1 - Setor Primário .................................................................................................... 34 2.6.2 - Setor Secundário ............................................................................................... 44 2.6.3 - Setor Terciário ................................................................................................... 45 2.6.4 - Infra-Estrutura de Apoio ..................................................................................... 46 2.6.5 - Diretrizes ........................................................................................................... 48 3 - ANÁLISE GEOAMBIENTAL INTEGRADA DO TERRITÓRIO MUNICIPAL ................. 52 3.1 - Objetivo ................................................................................................................. 52 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 3.2 - Localização ........................................................................................................... 52 3.3 - Procedimento ........................................................................................................ 53 3.4 - Aspectos Ambientais do Município e Leitura Comunitária .................................. 53 3.5 - Análise Integrada do Ambiente ........................................................................... 62 3.5.1 - Compartimentação Geomorfológica .................................................................. 62 3.5.2 - Aspectos Jurídicos - Restrições Ambientais .................................................... 63 3.5.3 - Macro-zoneamento Ambiental Integrado .......................................................... 69 3.6 - Diretrizes Ambientais Integradas .......................................................................... 70 3.7 - Conclusão ............................................................................................................ 74 4 – ESTRUTURA URBANA E DO TERRITÓRIO MUNICIPAL .................................... 75 4.1 - Localização e Acesso .......................................................................................... 75 4.2 - Informe Histórico .................................................................................................. 75 4.3 - Análise do Território Municipal ............................................................................. 76 4.3.1 - Sistema Viário Municipal ................................................................................. 77 4.3.2 - Proposta para Estruturação do Território Municipal........................................... 78 4.3.3 - Diretrizes para o Território Municipal de Campestre ......................................... 82 4.3.4 - Diretrizes Específicas para os Sub-centros ............................................................ 82 4.4 - Análise da Estrutura Urbana ................................................................................ 84 4.4.1 - Estrutura da Ocupação e Uso do Solo Urbano ................................................. 85 4.4.2 - Sistema Viário e Circulação de Veículos e Pedestres ...................................... 86 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.4.3 - Patrimônio de Interesse Histórico/ Ambiental/ Cultural ..................................... 88 4.4.4 - Áreas de Expansão Urbana .............................................................................. 88 4.4.5 - Legislação Urbanística Municipal - .................................................................... 89 4.4.6 - Espaços e Equipamentos de Uso Público ........................................................ 89 4.4.7 - Áreas de Diretrizes Especiais para Projeto ....................................................... 90 4.4.8 - Interseções Viárias ou “Pontos Nodais” ............................................................ 92 4.4.9 - Diretrizes para Estrutura Urbana ....................................................................... 92 4.5 - Conclusões ........................................................................................................... 95 4.6 - Anexo ................................................................................................................... 97 5 - ASPECTOS SANITÁRIOS E AMBIENTAIS ............................................................ 105 5.1 - Abastecimento de Água ....................................................................................... 105 5.1.1 - Diretrizes ........................................................................................................... 115 5.2 - Esgotamento Sanitário e Drenagem Pluvial ......................................................... 116 5.2.1 - Diretrizes ........................................................................................................... 124 5.3 - Limpeza Pública ................................................................................................... 124 5.3.1 - Diretrizes ........................................................................................................... 129 5.4 - Questões Ambientais ........................................................................................... 130 5.4.1 - Diretrizes ........................................................................................................... 133 6 - POLÍTICAS SOCIAIS INTEGRADAS ...................................................................... 134 6.1 - Introdução ............................................................................................................ 134 6.2 - Esporte e Lazer .................................................................................................... 135 6.2.1 - Diretrizes Específicas para Esporte e Lazer ..................................................... 137 6.3 - Assistência Social ................................................................................................ 138 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.3.1 - Diretrizes Específicas para a Assistência Social .............................................. 144 6.4 - Segurança Publica ............................................................................................... 145 6.4.1 - Diretrizes Específicas para a Segurança Publica .............................................. 146 6.5 - Educação .............................................................................................................. 147 6.5.1 - Diretrizes Específicas para a Educação ............................................................ 148 6.6 - Cultura .................................................................................................................. 149 6.6.1 - Diretrizes Específicas para a Cultura ................................................................ 149 6.7 - Saúde ................................................................................................................... 150 6.7.1 - Diretrizes Específicas para a Saúde ................................................................. 152 7 - ANALISE FINANCEIRA DA PREFEITURA ............................................................. 153 7.1 - Aspectos Administrativos ..................................................................................... 153 7.2 - Aspectos Orçamentários ...................................................................................... 158 7.3 - Aspectos Tributários ............................................................................................. 161 7.4 - Aspectos Financeiros ........................................................................................... 162 7.4.1 - Receitas Municipais ........................................................................................... 162 7.4.2 - Despesas Municipais ......................................................................................... 169 7.4.3 - Endividamento Municipal ................................................................................... 184 7.4.4 - Despesas Constitucionais ................................................................................. 186 7.4.5 - Recomendações ................................................................................................ 188 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 1 - INTRODUÇÃO O processo de desenvolvimento e expansão das cidades exige, por parte do Poder Público e da população, uma discussão contínua sobre as transformações daí decorrentes e seus impactos sobre a estrutura urbana e a qualidade de vida de seus habitantes. Neste sentido, o planejamento urbano é uma ação necessária e imperativa a ser implementada pelos governos municipais, em parceria com os diferentes agentes públicos e privados que atuam e interferem no espaço da cidade. A Constituição Federal de 1988, em capítulo específico sobre política urbana, aponta para a necessidade do Poder Público municipal ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. O artigo 182 deste capítulo constitucional, em seu parágrafo primeiro, diz que o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. O texto constitucional, em seu artigo 30, diz também que compete ao município promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. A Constituição Federal aponta ainda para um trabalho de planejamento com maior sintonia entre governo e sociedade, de forma a que as propostas e as prioridades em ações e investimentos, ali definidos, possam refletir as necessidades e as aspirações de todos e gerar os benefícios pretendidos. Os dispositivos constitucionais do capítulo sobre política urbana foram regulamentados pelo Congresso Nacional ao aprovar a Lei 10.257/01, denominada Estatuto da Cidade, sancionada no dia 10 de julho de 2001 pelo Presidente da República, e entrando em vigor no dia 10 de outubro de 2001. É importante ressaltar alguns dos dispositivos constantes da Lei Federal 10.257/01, que orientam a ação dos governos municipais em termos do planejamento municipal e da definição de políticas adequadas de expansão urbana, de uso e ocupação do solo, de preservação do patrimônio cultural, histórico e ambiental e, principalmente, de gestão democrática da cidade, garantindo ampla discussão pública sobre as ações de planejamento a serem empreendidas pela Prefeitura e sobre os instrumentos legais de controle urbanístico a serem encaminhados pelo Executivo e aprovados pela Câmara de Vereadores, dentro do Plano Diretor, tendo em vista o desenvolvimento sustentável. Alguns dos principais dispositivos do Estatuto da Cidade, entre outros: Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: 1 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais I- garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II- gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; III- cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV- planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V- oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; VI- ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos móveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e degradação ambiental; VII- integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socio-econômico do município e do território sob sua área de influência; 2 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais VIII- adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites de sustentabilidade ambiental, social e econômica do município e do território sob sua área de influência; IX- justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; X- adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI- recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; XII- proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; XIII- audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população; XIV- ........................ XV- ......................... XVI- ........................ ....................................................... ....................................................... Art. 4º Para os fins desta lei serão utilizados, entre outros instrumentos: I - ................................. II - ................................ III - planejamento municipal, em especial: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental; 3 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentária e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social. IV- institutos tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros. V- institutos jurídicos e políticos: a) desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície; m) direito de preempção; 4 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações urbanas consorciadas; q) regularização fundiária; r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; s) referendo popular e plebiscito. VI- estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). ........................................................ ........................................................ Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. ....................................................... ....................................................... Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. 5 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais §1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. §2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo. §3º A lei que institui o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. §4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: I - a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; II - a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III - o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos. Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: I - com mais de vinte mil habitantes; II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; III - onde o poder público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4º do art. 182 da Constituição Federal; IV - integrantes de áreas de especial interesse turístico; V - inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional. §1º No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadradas no inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas. §2º ....................................... ......................................................... ......................................................... Art. 43- Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos : I - órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; 6 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais II - debates, audiência e consultas públicas; III- conferências sobre assunto d interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; IV - iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; Art.44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do art.4º desta lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal. ................................................... ................................................... Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de noventa dias, a partir da entrada em vigor desta lei, para fixar prazos, por lei, para a expedição de diretrizes de empreendimentos urbanísticos, aprovação de projetos de parcelamento e de edificação, realização de vistorias e expedição de termo de verificação e conclusão de obras. Parágrafo único - Não sendo cumprida a determinação do caput, fica estabelecido o prazo de sessenta dias para a realização de cada um dos referidos atos administrativos, que valerá até que os Estados e Municípios disponham em lei de forma diversa. Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação prevista nos incisos I e II do art.41 desta lei que não tenham plano diretor aprovado na data de entrada em vigor desta lei, deverão aprová-lo no prazo de cinco anos. .................................................... .................................................... Art. 52 - Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de Junho de 1992, quando: I- .............................................. II- ............................................. III- ............................................ IV- ............................................ V- ............................................ VI- deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto no parágrafo 4º do art. 40 e no art. 50 desta lei; 7 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais VII- .......................................... ............................................................ ............................................................ Art. 58. Esta lei entra em vigor após decorridos noventa dias de sua publicação. Brasília, 10 de Julho de 2001 8 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 1.1 - Aspectos Estratégicos e Metodológicos de Elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Campestre A elaboração do Plano Diretor de Campestre buscou responder aos princípios básicos do planejamento democrático, da função social da cidade e do desenvolvimento sustentável contidos no Estatuto da Cidade. Assim, os trabalhos se iniciaram com a realização do Curso Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal, com carga horária de 20 horas/aula, ministrado pelos professores e técnicos do IDM - Instituto de Desenvolvimento Municipal, durante período de 24 a 27 de outubro de 2005, tendo a participação de representantes da Prefeitura Municipal, da Câmara de Vereadores, da iniciativa privada, de órgãos públicos, de lideranças comunitárias, de entidades da sociedade civil e cidadãos de Campestre. O objetivo principal do Curso foi o de promover uma discussão ampla acerca do processo de planejamento municipal, levantando os aspectos estratégicos e metodológicos referentes à elaboração do Plano Diretor e aos instrumentos básicos de gestão municipal ali definidos, bem como discutindo as variáveis que intervêm na transformação e estruturação do espaço urbano e do território municipal, o papel dos diversos agentes que participam dessa transformação e os princípios básicos e instrumentos da política urbana definidos no Estatuto da Cidade. Em seguida, durante um mês, sempre em busca de garantir maior participação e comprometimento com os trabalhos por parte das representações locais e iniciar um processo efetivo de gestão democrática do desenvolvimento municipal, foram realizadas Reuniões de Trabalho onde essas representações, em sua grande maioria participantes do Curso, foram organizadas em Grupos Locais de Trabalho, para uma reflexão, em profundidade, sobre macro temas básicos dentro do processo de desenvolvimento sustentável - desenvolvimento econômico, políticas sociais integradas, saneamento e meio ambiente e estrutura urbana e do território municipal, consolidando a leitura comunitária sobre o processo de desenvolvimento municipal. Nos dias 28, 29 e 30 de novembro foi realizado o Primeiro Seminário Público sobre o Plano Diretor, com o caráter de audiência pública, onde os Grupo Locais de Trabalho apresentaram a Leitura e Comunitária, abrindo espaço para debates com os demais participantes do Seminário, aprofundando as questões, ajustando, e dando maior consistência à leitura realizada. A partir desta Leitura Comunitária a equipe técnica do IDM, em trabalho conjunto com os Grupos Locais de Trabalho, aprofundou e detalhou essa leitura incorporando novas informações e análises técnicas obtidas em pesquisas, em percursos de campo, tanto na área urbana como nas áreas rurais, e em novas reuniões de trabalho, mantendo o caráter participativo e transparente do processo de elaboração do Plano Diretor. O Trabalho conjunto com os Grupos Locais de Trabalho buscou também garantir um maior envolvimento e compromisso dos representantes da Administração Municipal e da 9 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais sociedade, com aspectos relacionados aos problemas da cidade, em seus diferentes bairros, e do território municipal como um todo, em termos das transformações ocorridas e dos recursos naturais ali existentes. As reuniões ocorridas, e todo esse processo de trabalho integrado, criaram condições para a elaboração de documentos preliminares contendo diretrizes para a estruturação do espaço urbano e do território municipal tendo em vista um processo de desenvolvimento econômico e social. Estes documentos foram apresentados e discutidos pelos Grupos Locais de Trabalho, em reuniões abertas, com a participação de outros cidadãos e representantes da sociedade, que incorporaram novas informações e propostas, complementando o trabalho. Simultaneamente a estas reuniões foram realizadas entrevistas junto a representações da comunidade, nas áreas urbana e rural, com o objetivo de ouvir e conhecer melhor as características de cada regiões da cidade e de cada bairro rural, de forma a detectar suas potencialidades e suas necessidades, tendo em vista o planejamento de ações e a formulação de diretrizes para a estrutura urbana e do território municipal. As proposta final, decorrente desse processo de trabalho foi apresentada e discutida no Segundo Seminário Público sobre o Plano Diretor, com o caráter de Audiência Pública que ocorreu em setembro de 2006, com participação de representantes da Prefeitura, da Câmara de Vereadores, de comerciantes, de professores, de associações e conselhos comunitários, bem como de moradores dos bairros da área urbana e dos bairros rurais, cumprindo, assim, as disposições do Estatuto da Cidade. É importante ressaltar que, no decorrer de todas as etapas do trabalho, houve o envolvimento efetivo da Administração Municipal, da Câmara de Vereadores, de entidades públicas e da iniciativa privada, de associações comunitárias e de cidadãos de Campestre que se colocaram à disposição do Plano Diretor. Para a elaboração final dos documentos resultantes desse trabalho, o Instituto de Desenvolvimento Municipal – IDM contou com muitos levantamentos, informações, e textos produzidos pelo Grupo Local de Trabalho, decorrentes das reuniões e dos percursos de campo, material, este, que traduziu a vivência, as expectativas, as aspirações e as esperanças dos cidadãos de Campestre. O presente documento, portanto, apresenta os resultados desse processo de trabalho e procura, através das análises e diretrizes apontadas, demonstrar o caráter processual e dinâmico do planejamento, e a importância de se fortalecer o processo de gestão integrada e democrática iniciado no município. Os resultados dos trabalhos de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Campestre estão contidos nos seguintes documentos: 10 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Diagnóstico e Diretrizes para a Estrutura Urbana e do Território Municipal - Volume I Diagnóstico e Diretrizes para a Estrutura Urbana e do Território Municipal – Volume II – Mapas Projeto de Lei do Plano Diretor 11 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 2 - ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS 2.1 Localização na Estrutura Espacial do Estado de Minas Gerais Segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Campestre faz parte da região de planejamento Sul de Minas, sendo um dos 13 municípios da microrregião de Poços de Caldas1, da qual fazem parte: Albertina , Andradas , Bandeira do Sul , Botelhos , Caldas , Campestre , Ibitiúra de Minas , Inconfidentes , Jacutinga , Monte Sião , Ouro Fino , Poços de Caldas e Santa Rita de Caldas. Campestre, cujo território abrange, atualmente, uma área de 576,94 km2 (IGA), está localizado a uma distância de 422 Km de Belo Horizonte. Sua população total em 2000 era de 20.501 habitantes, sendo 10.132 correspondentes à população rural, a qual representa 49,4% da população total, e 10.369 correspondentes à população urbana, a qual representa 50,6% da população total – apresentando, pois, uma densidade demográfica de 35,53 hab / km2- segundo dados do IBGE. Campestre faz limite com os seguintes municípios: Divisa Nova, Botelhos, Bandeira do Sul, Caldas, Santa Rita de Caldas, Ipuíuna, Poço Fundo, Machado, Serrania e Poços de Caldas. Os rios que drenam o município pertencem à Bacia do Rio Grande, sendo o Rio do Peixe o principal curso d’ água que corta o município. Segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município apresenta uma altitude máxima de 1478 m, na Serra do Tripuí. A menor cota altimétrica, por sua vez, é registrada na foz do Rio do Peixe, com 954 m. A sede municipal, situada a 1075,97 m de altitude. A temperatura média anual está em torno de 18,2º C, oscilando com média máxima anual próxima de 24,3º C e média mínima de 12,9° C. Apresenta um índice pluviométrico de aproximadamente 1 605 mm. 2.2 Breve histórico município de Campestre2 Segundo a historiografia oficial, a fundação de Campestre data de 1830, sendo atribuída a dois irmãos, Francisco José e Manoel José Muniz, que tinham fazendas na região e desejavam criar um povoado junto delas. O primeiro construiu um cemitério, o segundo uma igreja, em cuja construção Francisco Muniz também auxiliou. Os irmãos cederam 12 alqueires para a formação do povoado, que não tardou a se desenvolver No registro da diocese de São Paulo consta a previsão da fundação da capela original que foi construída 1 O código com o qual o município de Campestre aparece no anexo estatístico do IBGE é 31.1002 sendo o código de sua região de planejamento – Sul de Minas - o de número 3 e de sua microrregião – Poços de Caldas – 051. 2 Informações encontradas no Diagnóstico Municipal de Campestre, elaborado pelo SEBRAE-MG em 2000, nos sites: www.almg.gov.br/municipioshistoria e www.campestre.mg.gov.br/história. Histórico da cidade por Eneida Gláucia de Souza Franco, Campestre 20/03/1998. 12 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais para atendimento da população de Boa Vista do Campestre do Termo da Freguesia de Cabo Verde do Bispado de São Paulo. Esta capela, que serviu de núcleo à formação do arraial “Campestre”, teve a invocação da Nossa Senhora do Carmo, tendo recebido provisão de ereção em 04/04/1832. Esta provisão foi concedida na cidade de São Paulo por Dom Joaquim Gonçalves de Andrade. Os bandeirantes, que, partiam de São Paulo à procura de ouro e pedras preciosas, penetraram no território. Sendo a localidade ponto de passagem de viajantes que se dirigiam às antigas cidades de Aparecida do Norte (SP) e Campanha (MG), logo surgiram no local os primeiros ranchos e abrigos de descendentes de portugueses vindos de Campanha, Cabo Verde e Santana. Em 1885, os moradores do contorno da Capela do Campestre, existente dentro dos limites da Freguesia de Cabo Verde, através do procurador Manoel José Muniz fizeram um abaixo assinado para pedir a “regalia de uma Capela Curada e de um capelão revestido de toda jurisdição paroquial”. Tal pedido foi atendido, sendo Campestre elevado à Curato em 02/07/1835. O Curato de Campestre da Freguesia de Cabo Verde do município de Jacuí foi elevado a Distrito de Paz pela Lei Provincial de nº 120, de 12 de março de 1839. A Lei nº 184, de 3 de abril de 1840, elevou o Curato à categoria de Paróquia, passando esta posteriormente a Freguesia e desmembrando-se de Cabo Verde. Pela Lei nº 558 de 11 de outubro de 1851, Campestre foi incorporado ao município de Caldas. Por volta de 1890, os chefes políticos e autoridades locais, descontentes com o descaso do Governo da Província de Minas Gerais, resolveram transformar o distrito em República. Mas a "República de Monte Carmelo" teve vida breve, sendo rapidamente dissolvida pelo Governo Central. A emancipação política de Campestre aconteceu em 30 de agosto de 1911, sob a Lei nº 556, promulgada pelo governador do estado, Cel. Júlio Bueno Brandão. Embora Campestre oficialmente já tivesse este nome, a Lei nº 843, de 7 de setembro de 1923, determinou que o distrito de Nossa Senhora do Carmo do Campestre passasse a denominar-se Campestre. A sede do município de Campestre, até então com a categoria de vila, foi elevada a cidade pela Lei nº 893, de 10 de setembro de 1925. De acordo com o Decreto Lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938, Campestre passou a pertencer à comarca de Machado, situação essa que se manteve até ser elevado a comarca, em 14 de julho de 1947, sendo a mesma instalada em 15 de novembro do ano seguinte. Finalmente, pela Lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948, que estabeleceu um novo quadro da divisão territorial do estado, a vigorar no qüinqüênio de 1949-1953, foi criado um novo distrito, Bandeira, nome esse mudado para Bandeira do Sul, de acordo com a Lei nº 1039, de 12 de dezembro de 1953. Assim, o município passou, a partir daquela data, a constituir-se de dois distritos: 13 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Campestre e Bandeira do Sul. Em dezembro de 1962, pela Lei 2764, deu-se o desmembramento da Bandeira do Sul do município de Campestre. Campestre, que surgiu ao longo de uma picada, conservou, em suas feições urbanísticas, a impressão de que tem uma única rua e que lhe valeu o apelido de: “Vira o Santo”. Em homenagem à Lei de 30 de agosto de 1911, comemora-se em 30 de agosto o aniversário da cidade de Campestre. 2.3 Indicadores Econômicos A seguir, apresenta-se o PIB das regiões de planejamento do estado de Minas Gerais, com ênfase na região de planejamento Sul de Minas. Logo abaixo, apresenta-se o PIB da microrregião de Poços de Caldas, que faz parte da região de planejamento do Sul de Minas, e do município de Campestre, com suas devidas participações. O PIB é um índice estritamente econômico, que agrega de modo sintético o valor da produção de bens e serviços da unidade que se quer analisar, por exemplo, município, estado ou país. Até o final da década passada, as comparações entre países eram feitas com base no PIB. Conforme a Tabela 1, a região Sul de Minas apresenta uma participação de 18,1% no PIB agropecuário do estado, 10,8% no PIB industrial, 12,6% no PIB de comércio e serviços, correspondendo a 12,3% na formação do PIB total do estado. A microrregião de Poços de Caldas participa em 11,6% na formação do PIB agropecuário da região de planejamento Sul de Minas, em 16,4% na formação do PIB industrial e em 12,7% na formação do PIB de comércio e serviços. Seu PIB/HAB. é 13.7% superior ao da região de planejamento. Observa-se que o município de Campestre participa em 18,5% na formação do PIB agropecuário, 1% na formação do PIB industrial e em 4,7% na participação do PIB de comércio e serviços da microrregião de Poços de Caldas. O seu PIB/HAB. representa apenas 58,9% da média da microrregião. 14 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 1 VALOR ADICIONADO (VA) CORRENTE, POR SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA E PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO (PIBpm) POR HABITANTE, SEGUNDO REGIÕES DE PLANEJAMENTO MINAS GERAIS - 1999-2003 (R$1.000,00) VALOR ADICIONADO CORRENTE ESPECIFICAÇÃO AGROPECUÁRIO Ano 2003 Minas Gerais............................................... Central........................................................... Mata.............................................................. Sul de Minas................................................ Triângulo....................................................... Alto Paranaíba............................................... Centro-Oeste de Minas.................................. Noroeste de Minas......................................... Norte de Minas.............................................. Jequitinhonha/Mucuri................................... Rio Doce........................................................ INDUSTRIAL 10.786.856 1.110.325 1.006.939 1.950.367 1.899.090 1.271.948 782.310 971.232 770.886 470.395 553.364 PIBpm/HAB. SERVIÇOS 58.759.929 28.640.322 3.471.026 6.398.006 8.327.228 1.751.683 2.273.168 467.655 1.749.644 616.272 5.064.926 TOTAL (1) 66.362.672 29.104.329 6.218.132 8.340.265 7.024.495 2.204.426 3.139.177 1.054.403 3.087.900 1.790.772 4.398.772 (R$) 135.909.457 58.854.977 10.696.097 16.688.638 17.250.813 5.228.058 6.194.655 2.493.290 5.608.430 2.877.438 10.017.062 7.709 9.721 5.191 6.870 13.491 8.400 6.053 7.176 3.665 2.922 6.751 VALOR ADICIONADO (VA) CORRENTE, POR SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA E PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO (PIBpm) POR HABITANTE, SEGUNDO MICREGIÃO DE FORMIGA 2003 VALOR ADICIONADO CORRENTE ESPECIFICAÇÃO AGROPECUÁRIO Microrregião de Poços de Caldas INDUSTRIAL 225.567 PIBpm/HAB. SERVIÇOS 1.051.477 TOTAL (1) 1.061.895 (R$) 2.338.939 7.813,57 (%) Micro/Região Planejamento 11,57 16,43 12,73 14,02 113,73 (%) Campestre/Microrregião 18,53 0,98 4,74 4,38 58,88 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI) A Tabela 2 apresenta o PIB a preços constantes de 1996 do município de Campestre e do estado de Minas Gerais para os anos de 1985, 1991 e 1996. Tabela 2 Produto Interno Bruto (PIB) total, a preços constantes de 1996 e taxas de crescimento médio anual - município de Campestre e Minas Gerais 1985/1991/1996 PIB total A preços constantes de 1996 ( EM MILR$) Tx cresc. Médio anual (%) 1985 Abs Especificação Campestre 44.276,00 Minas Gerais 45.288.851,00 (%) 0,098 1991 Abs 43.430,00 100,00 49.038.132,00 (%) 0,09 100,00 Fonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações (CEI), 1998 15 1996 Abs 49.350,00 57.322.163,00 (%) 0,09 100,00 1985/96 1985/91 1991/96 1,0 2,2 -0,3 1,3 2,60 3,2 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Verifica-se que o PIB do município de Campestre obteve uma taxa de crescimento médio anual inferior à do estado de Minas Gerais para todos os períodos analisados, sendo que apresentou uma taxa de crescimento médio anual negativa no período 1985/91. Em 1985, o PIB do município representava 0,098% do PIB do estado de Minas Gerais, passando em 1996 a representar 0,09%, portanto mantendo sua participação ao longo dos anos. Constata-se, entretanto, que em todos os anos registrados (1985, 1991 e 1996), a contribuição do município para formação do PIB estadual é ínfima. Quanto ao PIB por habitante (Tabela 3), observa-se que seus valores absolutos para o município são bem menores que os do estado. Constata-se que, entre 1985 e 1996, o PIB por habitante de Campestre apresentou taxas de crescimentos inferiores às do estado. Tabela 3 Produto Interno Bruto (PIB) por HAB., a preços constantes de 1996 e taxas de crescimento médio anual - município de Campestre e Minas Gerais 1985/1991/1996 PIB / HAB. A preços constantes de 1996 (R$) Tx cresc. médio anual (%) Especificação Campestre Minas Gerais 1985 Abs (%) 2.550,94 3.156,47 80,82 100,00 1991 Abs (%) 2.490,25 79,947 3.114,89 100,00 1996 Abs (%) 2.712,26 3.438,00 1985/96 1985/91 1991/96 78,89 100,00 0,6 0,8 -0,4 -0,2 1,70 2,07 Fonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações (CEI), 1998 A Tabela 4 apresenta o PIB a preços correntes do município de Campestre e sua composição por setor de atividade, para os anos de 1999 a 2003. Tabela 4 PIB a preços correntes (em mil R$) por setor de atividade Campestre - MG 1999 - 2003 Ano Agropecuário ABS (%) Industrial ABS (%) Serviços ABS (%) Total ABS (%) 1999 45.021 50,76 8.687 9,79 34.985 39,45 88.693 100 2000 49.533 50,26 10.365 10,52 38.649 39,22 98.547 100 2001 27.813 35,42 9.599 12,22 41.105 52,35 78.517 100 2002 48.915 45,29 9.883 9,15 49.208 45,56 108.007 100 2003 41.792 40,80 10.278 10,03 50.373 49,17 102.443 100 Fonte: Fundaçao João Pinheiro, CEI ( Centro de Estatística e Informaões). 16 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O setor agropecuário, que participava com 50,76% na formação do PIB total em 1999, teve sua participação reduzida para 40,80% em 2003. Embora a participação do setor agropecuário tenha se reduzido no período analisado, ele mantém, ao lado do setor terciário, expressiva representatividade no PIB do município. O setor industrial, que participava com 9,79% na formação do PIB total em 1999, aumentou sua participação para 10% em 2003. Finalmente, o setor terciário (comércio e serviços), que participava com 39,45% na formação do PIB total em 1999, teve sua participação aumentada para 49,17% em 2003. A Tabela 5 apresenta o PIB a preços constantes (PIB Real) de Campestre, tendo como ano base 1999, mostrando a taxa de crescimento do PIB total e por setor de atividade ao longo dos anos 1999 – 2003 Tabela 5 PIB a preços constantes de 1999 (em mil R$) por setor de atividade Campestre - MG 1999 - 2003 Ano ABS Agropecuário Tx. Cresc.(%) Industrial ABS Tx. Cresc.(%) ABS Serviços Tx. Cresc.(%) ABS Total Tx. Cresc.(%) 1999 45021 - 8687 - 34985 - 88693 - 2000 46457 3,19 9142 5,23 36978 5,69 90944 2,54 2001 24181 -47,95 7740 -15,34 36629 -0,94 67443 -25,84 2002 38200 57,98 7137 -7,79 39395 7,55 84216 24,87 2003 25889 -32,23 6301 -11,72 36447 -7,48 69467 -17,51 Fonte: Fundaçao João Pinheiro, CEI ( Centro de Estatística e Informaões). Como se observa na Tabela 5, a economia de Campestre, após crescer 2,54% em 2000, apresentou taxas de crescimento negativas em 2001 e 2003 e taxa de crescimento positiva em 2002. Isso se deve principalmente ao decréscimo apresentado pelos setores agropecuário e industrial no período analisado, cujas taxas de crescimento revelaram-se negativas em 2001 e 2003. A seguir, apresenta-se o gráfico do PIB a preços constantes de 1999 por setor de atividade para o município de Campestre com sua evolução/involução ao longo dos anos. Através do gráfico n o 1 observa-se que a tendência do PIB para os setores agropecuário e industrial foi de redução, enquanto o setor terciário apresentou uma tendência de crescimento de aproximadamente 4,2% de 1999 a 2003. 17 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Série PIB a preços constantes Campestre - MG (1999 - 2003) 36.447 2003 25.889 39395 Anos 2002 38200 36629 2001 24181 36978 2000 46457 34985 1999 45021 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 Valores em Mil R$ agropecuário industrial serviços Linear (agropecuário) Linear (industrial) Linear (serviços) Gráfico N°1 – PIB a preços constantes de 1999 Campestre – MG, 1999 – 2003. Fonte: Fundação João Pinheiro, Censo 2000. O gráfico n o 2 mostra a evolução do PIB/HAB. do município de Campestre, no período 1999 – 2003. PIB/HAB. Campestre - MG, (1999 - 2003) 5.000 4.500 Valores em R$ 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 1999 2000 2001 2002 2003 Anos PIB/HAB 2 por. Méd. Móv. (PIB/HAB) Gráfico N° 2 – PIB/HAB. Campestre – MG, 1999 – 2002. Fonte: Fundação João Pinheiro, Censo 2000. 18 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Observa-se que o PIB/HAB. de Campestre, depois de apresentar uma acentuada queda de 2000 para 2001, voltou a crescer em 2002, reduzindo-se em 2003 para um patamar semelhante ao de 2001. A Tabela 6 apresenta a população economicamente ativa (PEA) distribuída por sexo e a população não economicamente ativa (NPEA). Tabela 6 Pessoas de 10 anos ou mais de idade, Por condição na semana de referência e sexo, Campestre/ 2000 População Homens Mulheres Total Economicamente ativas Não economicamente ativas Total 7 021 1 895 8 916 3 326 4 632 7 958 10 347 6 527 16 874 Fonte: Censo Demográfico 2000 e Fundação João Pinheiro. A PEA do município de Campestre distribui-se da seguinte forma: 7021 pessoas do sexo masculino, o que representa 67,8% da população economicamente ativa, e 3326 pessoas do sexo feminino, o que representa 22,2% da população economicamente ativa. A população não economicamente ativa (NPEA) é constituída de 1895 pessoas do sexo masculino o que representa 29% desta população e 4632 pessoas do sexo feminino, o que representa 71% da NPEA. Portanto, no município de Campestre as mulheres têm participação muito maior que os homens na população não economicamente ativa, o que retrata a falta de oportunidade e mesmo de dinamismo da economia local em absorvê-las. A População Economicamente Ativa - PEA - nos vários setores de atividade evidencia a predominância do setor agropecuário enquanto gerador de ocupação (57,7% em 2000 conforme a tabela 7). 19 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 7 População Ocupada por Setores Econômicos Campestre - MG, 2000 SETORES No. DE PESSOAS Agropecuário, extração vegetal e pesca 5.811 Industrial 1.152 Comércio de Mercadorias 961 Serviços 2.140 TOTAL 10.064 Fonte: Fundação Instituto de Geografia e Estatística - IBGE Entretanto, quando se analisa a tabela 8, que apresenta o número de empregos gerados pelas empresas nos diversos setores de atividade em Campestre no ano de 2003, verificase que o setor que mais emprega no município de Campestre é o setor terciário, vindo logo em seguida o setor industrial e, por último, o setor agropecuário. Tabela 8 Pessoal Ocupado em Empresas por setor de atividade Campestre – MG/ 2003 Ramos de Atividade Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal Indústrias extrativas Empregos 35 7 Indústrias de transformação 432 Construção 16 Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos 718 Alojamento e alimentação 69 Transporte, armazenagem e comunicações 86 Intermediação financeira 19 Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 77 Educação 34 Saúde e serviços sociais 58 Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 28 1579 Total Fonte: IBGE, Cadastro Geral de Empresas, 2003. 20 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 2.4 Indicadores Sociais 2.4.1 Índice de Desenvolvimento Humano Desde 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publica o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano (RDH). No RDH, é apresentado um indicador chamado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que tem como finalidade medir a qualidade de vida e o progresso humano no âmbito mundial, incorporando dimensões que ultrapassem a abordagem meramente econômica. Sendo assim, o IDH busca combinar três componentes básicos do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda (PNUD, 2002). Em 1998, os Institutos de Pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), juntamente com o PNUD, uniram-se para desenvolver um projeto que tinha como objetivo adaptar a metodologia do IDH, a fim de que fosse possível a aplicação dos conceitos de medidas de desenvolvimento humano a unidades geo-político-administrativas mais desagregadas. O resultado desse trabalho foi à criação do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, que, além de apresentar o IDH-M, um índice de desenvolvimento humano adaptado para os estados e municípios brasileiros, conta com dados e indicadores sobre população, renda, educação, habitação, saúde e outros3. O IDH Municipal é formado por três índices: a) Um indicador renda, medido pela renda familiar per capita média do município. No IDH, a renda é baseada no PIB per capita; b) Um indicador das condições de saúde (longevidade), obtido a partir da esperança de vida ao nascer. c) Um indicador das condições de educação, obtido a partir da taxa de alfabetização de adultos e da taxa bruta de freqüência à escola, que é o somatório da quantidade de pessoas (total das idades) que freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior dividido pelo total de pessoas na faixa etária de 7 a 22 anos, sendo ambos convertidos em índices. O IDH-M Educação é a média desses dois índices, com peso 2 para a taxa de alfabetização e peso1 para a taxa bruta de freqüência; Segundo os valores obtidos, os municípios podem ser classificados como apresentando IDH baixo (de 0 até 0,5), médio (entre 0,5 e 0,8) ou alto (acima de 0,8). 3 O Novo Índice foi denominado Índice de Desenvolvimento Humano e é designado pela sigla IDH-M, reservando a denominação Índice de Desenvolvimento Humano e a sigla IDH exclusivamente para os índices calculados segundo a metodologia padrão do PNUD. 21 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O que está por trás dessa combinação é a idéia de que o crescimento material de um país, refletido na renda per capita, deve vir acompanhado de um aumento na esperança de vida de seus habitantes e de uma expansão nas condições de educação. Depois de uma série de manipulações estatísticas, cada um desses três indicadores transforma-se num número que varia entre zero e um, sendo efetuada posteriormente uma média aritmética simples entre eles. Os índices de Gini (G), L de Theil (L) são as medidas de desigualdade mais comumente usadas nos estudos sobre distribuição de renda.4 Não há como apontar entre as três medidas a melhor a ser usada, pois o emprego de cada uma delas dependerá da natureza da análise. O índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos, segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a distribuição de renda é perfeitamente igualitária), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). O índice de Theil (L) mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos, segundo a renda domiciliar per capita. É o logaritmo da razão entre as médias aritméticas e geométricas das rendas individuais, sendo nulo quando não existir desigualdade de renda entre os indivíduos e tendente ao infinito quando a desigualdade tender ao máximo. Para seu cálculo excluem-se do universo os indivíduos com renda domiciliar per capita nula. No IDH estão equacionados três sub-índices direcionados às análises educacionais, de renda e de longevidade de uma população. O resultado das análises educacionais é medido por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a da taxa combinada nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior). Já o resultado do sub-índice renda é medido pelo poder de compra da população, baseado pelo PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC). E por último, o subíndice longevidade tenta refletir as contribuições da saúde da população medida pela esperança de vida ao nascer. Existem diferenças metodológicas entre os lançamentos até 1991 e a partir de 2000. O cálculo de IDH-E (educação), na metodologia anterior (1991), era composto pela taxa de alfabetização e pela média de anos de estudo. No Novo Atlas (2000) a média de anos de estudo foi substituída pela taxa bruta de freqüência à escola nos três níveis de ensino, tornando-se mais semelhante ao IDH internacional. Já no IDH-R (renda), a fórmula de cálculo mudou. Antes (1991), ela apresentava um forte redutor apenas para rendas que ultrapassavam o valor médio mundial. No novo Atlas (2000), seguindo a mudança realizada no IDH internacional em 1999, a fórmula de redução é mais suave e aplicada em todos os valores, a partir de uma função logarítmica. E por último, no IDH-L (longevidade), o 4 Estas medidas podem ser utilizadas para medir o grau de desigualdade de qualquer distribuição estatística. 22 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais indicador de esperança de vida do nascer foi recalculado para todos os municípios brasileiros porque foi implementada uma atualização nos cálculos de sobrevivência-padrão. A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região. Cabe observar, pois, que, devido a mudanças na metodologia de cálculo do IDH, os resultados de 2000 não são comparáveis aos calculados para o período 1970 -1991. A tabela 9 apresenta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e seus sub-índices: educação, longevidade e renda, indicadores que servem para medir a qualidade de vida da população. Apresenta a evolução do IDH ao longo dos anos de 1970, 1985 e 1991 para Campestre e para o estado de Minas Gerais. Tabela 9 Índice de Desenvolvimento Humano Município de Campestre e Estado de Minas Gerais 1970, 1980 e 1991 Campestre Minas Gerais Indicadores / Índices 1970 1985 1991 1970 1985 1991 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Longevidade Educação Renda 0,423 0,667 0,660 0,412 0,675 0,699 0,536 0,657 0,726 0,427 0,538 0,645 0,457 0,603 0,637 0,488 0,576 0,653 0,276 0,740 0,618 0,322 0,910 0,798 Fonte:Fundação João Pinheiro, 1980 - 1991, Belo Horizonte, 1996 Em 1970 o IDH do município se mostrava superior ao estadual (0,423 e 0,412, respectivamente). No decorrer dos anos seguintes, verifica-se que o IDH do município manteve-se próximo dos índices apresentados para o estado. O IDH eleva-se para 0,699, em 1991, no estado de Minas Gerais, enquanto em Campestre reduziu-se para 0,660. O sub-índice que registrou o pior descompasso com o estado foi o de renda: enquanto no estado este sub-índice evolui de 0,322 para aproximadamente 0,8, em Campestre este subíndice evoluiu de 0,293 para 0,618. Por outro lado, o sub-índice que registrou o melhor desempenho em comparação com o estado foi o de longevidade: enquanto no estado este sub-índice evolui de 0,427 para aproximadamente 0,645, em Campestre este sub-índice evoluiu de 0,536 para 0,726. A Tabela 10 apresenta o IDH e seus sub-índices referentes à nova metodologia de cálculo em 2000. 23 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 10 Índice de desenvolvimento humano e seus sub-índices Campestre e Minas Gerais 2000 Município/Estado Índice de Índice de Desenvolvimento Desenvolvimento Humano MunicipalHumano Municipal, 2000 Educação, 2000 Índice de Desenvolvimento Humano MunicipalLongevidade, 2000 Índice de Desenvolvimento Humano MunicipalRenda, 2000 Campestre 0,759 0,806 0,79 0,681 Minas Gerais 0,765 0,855 0,759 0,719 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 O município de Campestre apresentou um IDH Municipal bem próximo à média do estado. O sub-índice educação apresenta um resultado inferior ao do estado, o sub-índice longevidade apresenta um resultado significativamente superior ao do estado (o que denota uma qualidade de vida no município superior ä média do estado), sendo o sub-índice renda o que esboça os piores resultados quando comparados ao estado de Minas Gerais. 2.4.2 Indicadores de Desigualdade A Tabela 11 apresenta a evolução dos indicadores de desigualdade de renda ao longo dos anos 1991-2000. Tabela 11 Índice de Gini e Índice L de Theil Campestre e Minas Gerais 1991 e 2000 Município/ Estado Índice de Gini, 1991 Índice de Gini, 2000 Índice L de Theil, 1991 Índice L de Theil, 2000 Campestre 0,54 0,5 0,51 0,41 Minas Gerais 0,61 0,62 0,7 0,67 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 O índice de Gini de Campestre, que era de 0,54 em 1991, diminuiu para 0,50 em 2000, enquanto o índice no estado permaneceu praticamente constante de 1991 a 2000. Isso retrata que a desigualdade na distribuição de renda apresentou uma tendência de redução no município e de estabilidade no estado. O índice L de Theil de Campestre, que em 1991 era de 0,51, reduziu-se para 0,41 em 2000, o mesmo ocorrendo no estado, onde em 1991 era de 0,70 e reduziu-se para 0,67 em 2000. A tendência em Campestre é a mesma observada no estado: enquanto a desigualdade na distribuição de renda diminuiu no estado no período de 1991-2000, registra-se uma redução mais acentuada dessa desigualdade no município de Campestre. 24 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 2.4.3 Percentual de Apropriação da Renda (Entre Ricos e Pobres) A Tabela 12 apresenta a proporção da renda apropriada pelos mais ricos e mais pobres tanto para o município de Campestre quanto para o estado de Minas Gerais. Tabela 12 Percentual da renda apropriada Campestre e Minas Gerais/ 2000 Município/ Estado Percentual da renda Percentual da renda Percentual da renda Percentual da renda Percentual da renda apropriada 10% mais apropriada 20% mais apropriada 40% mais apropriada 60% mais apropriada 80% mais ricos da população, pobres da população, pobres da população, pobres da população, pobres da população, 2000 2000 2000 2000 2000 Campestre 40,85 4,51 12,95 25,41 44,3 Minas Gerais 50,56 2,18 7,96 17,71 34,29 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 O percentual de renda apropriada pelos 10% mais ricos em Campestre é inferior ao percentual obtido para o estado de Minas Gerais. Os percentuais de renda apropriada pelos 20, 40, 60 e 80% mais pobres da população são sempre superiores à média percentual obtida para Minas Gerais. Isso mostra que a população do município de Campestre tende a apresentar melhores condições de renda que o estado de Minas Gerais como um todo. 2.4.4 Outros Indicadores Sociais Apresentam-se, a seguir, dados sobre mortalidade infantil, fecundidade, esperança de vida ao nascer e sobrevivência para o município de Campestre e do estado de Minas Gerais. Tabela 13 Mortalidade infantil e Fecundidade Campestre e Minas Gerais/ 1991 e 2000 Taxa de fecundidade total, 1991 Taxa de fecundidade total, 2000 Campestre 2,32 2,23 35,96 Minas Gerais 2,69 2,23 35,39 Município/ Estado Mortalidade até Mortalidade até um ano de idade, um ano de 1991 idade, 2000 Mortalidade até cinco anos de idade, 1991 Mortalidade até cinco anos de idade, 2000 21,91 56,78 23,99 27,75 55,49 30,37 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 A taxa de fecundidade 5 de Campestre em 1991 foi de 2,32, enquanto que no estado de Minas Gerais foi de 2,69. Em 2000, a taxa de fecundidade caiu para 2,23 tanto no município quanto no estado. 5 Número médio de filhos que uma mulher teria ao terminar o período fértil reprodutivo. 25 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais De acordo com o relatório do Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000, em 1991, a mortalidade até um ano 6 de idade do Brasil era 44,68, enquanto no estado era de 35,39. Dentre os municípios da microrregião de Poços de Caldas, os que apresentaram melhores resultados foram Andradas, Monte Sião e Poços de Caldas, com um índice de 13,27 e os que apresentaram piores resultados foram Albertina, Campestre, Inconfidentes e Santa Rita de Caldas, com um índice de 21,91. Em 2000, a mortalidade até um ano de idade do Brasil reduz-se para 30,57, enquanto no estado de Minas Gerais decresceu para 27,75. Dentre os municípios da microrregião de Poços de Caldas, os municípios com o melhores resultados continuaram sendo Andradas, Monte Sião e Poços de Caldas. A mortalidade até cinco 7 anos em 1991 era de 56,78 em Campestre e de 55,49 no estado de Minas Gerais. Em 2000, reduziu-se em Campestre para 23,99, e no estado para 30,37. De acordo com o relatório do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000, Campestre é um dos municípios que apresenta os piores indicadores de mortalidade infantil dentro da microrregião. Tabela 14 Esperança de Vida e Probabilidade de Sobrevivência Campestre e Minas Gerais 1991 e 2000 Município/ Estado Probabilidade Probabilidade de Esperança de Esperança de Probabilidade de de Probabilidade de sobrevivência vida ao vida ao sobrevivência sobrevivência sobrevivência até 60 anos, até 40 anos, até 60 anos, 2000 nascer, 1991 nascer, 2000 até 40 anos, 1991 1991 2000 Campestre 65,77 72,38 87,53 93,91 72,29 83,78 Minas Gerais 66,36 70,55 87,86 90,51 69,33 76,95 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 A esperança de vida ao nascer 8 em Campestre, em 1991, era de 65,77 anos, no estado era de 66,36 anos. Em 2000, a esperança de vida elevou-se para 72,38 anos no município e para 70,55 anos no estado de Minas Gerais. A probabilidade de sobrevivência da população até 40 anos em Campestre, em 1991, é bem próxima à do estado de Minas Gerais. Em 2000, a probabilidade de sobrevivência cresce tanto no município quanto no estado, sendo que o município apresenta índices mais elevados, portanto melhores, neste quesito. O mesmo ocorre com a probabilidade de sobrevivência da população até 60 anos. A Tabela 15 apresenta a intensidade da pobreza e da indigência em 1991 e 2000. 6 Número de crianças que não irão sobreviver ao primeiro ano de vida em cada mil crianças nascidas vivas. Probabilidade de morrer entre o nascimento e a idade exata de cinco anos por mil crianças nascidas vivas. 8 Número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento. 7 26 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 15 Intensidade da Indigência e da Pobreza Formiga e Minas Gerais 1991 e 2000 Intensidade da indigência, 1991 Intensidade da indigência, 2000 Intensidade da pobreza, 1991 Intensidade da pobreza, 2000 Campestre 26,48 40,22 41,58 29,64 Minas Gerais 37,00 47,05 44,96 41,67 Município/Estado Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000 A distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos indigentes diminuiu tanto no município de Campestre, quanto no estado de 1991 para 2000. Em Campestre, a renda domiciliar per capita média para intensidade da indigência9 é inferior ao valor obtido para o estado. Em 2000, temos uma intensidade da pobreza10 da ordem de 41,58 para Campestre e de 41,67 para Minas Gerais. Dessa forma, os quadros de pobreza pioraram tanto no município quanto no estado, enquanto melhoraram os quadros de indigência. 2.5 Aspectos Demográficos Apresentam-se, a seguir, dados sobre a população do município de Formiga por faixa etária, sexo e por classificação urbana e rural. 9 Distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos indigentes (definidos como os indivíduos com renda per capita inferior a R$37,75, referente a 1/4 do salário mínimo brasileiro de 2000 (R$150,00)) do valor da linha de pobreza medida em termos de percentual do valor dessa linha de pobreza. 10 Distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos indigentes (definidos como os indivíduos com renda per capita inferior a R$75,50, referente a 1/2 do salário mínimo brasileiro de 2000 (R$151,00)) do valor da linha de pobreza medida em termos de percentual do valor dessa linha de pobreza. 27 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 16 População Residente Campestre por Faixa Etária e Sexo, 2005 Faixa Etária Menor 1 ano Masculino Feminino 192 Total 171 363 1 a 4 anos 870 774 1.644 5 a 9 anos 1.021 1.001 2.022 10 a 14 anos 1.007 936 1.943 15 a 19 anos 1.044 1.027 2.071 20 a 29 anos 2.003 1.853 3.856 30 a 39 anos 1.884 1.676 3.560 40 a 49 anos 1.583 1.358 2.941 50 a 59 anos 1.038 857 1.895 60 a 69 anos 653 588 1.241 70 a 79 anos 362 354 716 80 anos e mais 122 131 253 11.779 10.726 22.505 Total Fonte: IBGE, Censos e Estimativas A tabela 16 apresenta a população de Campestre por faixa etária e sexo para o ano de 200511. A proporção de homens na população é de 52,3%, sendo a de mulheres de 47,7%. Verifica-se, pois, percentuais superiores de homens sobre os percentuais de mulheres, o que já não ocorre na população do estado e no país, onde a proporção de mulheres é superior à de homens. 11 Considerando o horizonte de 10 anos, que é o prazo estabelecido por lei para revisão do Plano Diretor, a projeção da população de Campestre para o ano de 2016 é de 26.090 habitantes. Tal projeção foi elaborada pelo demógrafo Frederico Poley Martins Ferreira, com base na técnica AiBi, que considera a projeção de áreas maiores para as áreas menores. Os dados da projeção também foram ajustados de acordo com as projeções da FJP feitas até 2010. 28 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O gráfico n o 3 apresenta a pirâmide etária da população de Campestre para o ano de 2005. Piramide Etária de Campestre, 2005 8 0 o u + a no s 7 0 a 7 9 a no s Faixa Etária 6 0 a 6 9 a no s 5 0 a 5 9 a no s 4 0 a 4 9 a no s 3 0 a 3 9 a no s 2 0 a 2 9 a no s 10 a 19 a no s 0 a 9 a no s -0,1 -0,05 0 0,05 0,1 Percentual de População Mulheres Homens Gráfico N° 3 – Pirâmide Etária Campestre – MG, 2005. Fonte: IBGE, Censos e Estimativas. A redução da população do grupo etário entre 10 a 19 anos para o grupo etário entre 20 a 29 anos em Campestre pode ser atribuída, principalmente, aos fluxos migratórios, que têm aumentado nos últimos anos. A carência de empregos e a falta de melhores oportunidades locais geram, indubitavelmente, um êxodo da sua juventude, que parte em busca de aprendizado e formação profissional em cidades de maior porte. A tabela 17 apresenta uma série de população residente por ano. O dado referente ao ano de 1996 foi coletado a partir de contagem populacional. O de 2000 é referente ao último Censo Demográfico. Os dados dos anos de 1997, 1998, 1999, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 foram elaborados através de estimativas. Nota-se que, em 1996, a população era de 18195 habitantes, segundo a contagem populacional, em 2000, era de 20553 habitantes, segundo o Censo, e em 2005, segundo estimativas projetadas pelo IBGE, reduziu-se para 22505 habitantes. 29 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 17 Série de população residente Campestre – MG/ 1996 – 2005 Ano População Método 2006 - Estimativa 2005 22.505 Estimativa 2004 21.816 Estimativa 2003 21.515 Estimativa 2002 21.209 Estimativa 2001 20.881 Estimativa 2000 20.553 Censo 1999 18.767 Estimativa 1998 18.588 Estimativa 1997 18.406 Estimativa 1996 18.195 Contagem populacional Fonte: IBGE, Censos e Estimativas A tabela 18 apresenta dados da população residente urbana e rural em Campestre de 1970 a 2005.12 Tabela 18 Anos 1970 1980 1991 2000 2005 População Residente Campestre 1970 - 2005 Urbana Rural (%) * Abs (%)* Total Abs 3925 0,25 11653 0,75 15578 6663 0,39 10625 0,61 17288 8304 0,48 9136 0,52 17440 10369 0,51 10132 0,49 20501 22503 Fonte: IBGE O Percentual de População. A população urbana, que, em 1970, representava 25% da população total do município, teve sua participação elevada para 39% em 1980, para 48% em 1991, para 51% em 2000. O gráfico n° 4 mostra como se deu a evolução da população urbana e rural de 1970 a 2000. 12 Atendendo ao dispositivo legal, lei nº 8443, de 16 de julho de 1992, no artigo 102, o IBGE fez publicar no Diário Oficial da União, em 31 de agosto de 2005, as estimativas de população para os municípios brasileiros, com data de referência em 1º de julho de 2005. 30 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Evolução da População Urbana x Rural Campestre - MG 0,8 0,7 Percentual 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 1970 1980 1991 2000 Anos População Urbana População Rural 2 por. Méd. Móv. (População Urbana) Gráfico N° 4 – Evolução da População Rural e Urbana Campestre (1970 – 2000) Fonte: IBGE, Censos e Estimativas. Observa-se que o município de Campestre, ainda é predominantemente voltado ao campo, sua base econômica de maior destaque é o setor agropecuário, embora, a partir de 2000, a população urbana no município tenha superado a população rural. 2.6 Economia Local Caracterização da Economia de Campestre Esta seção contempla o estudo da economia do município de Campestre por setores de atividade econômica. A tabela 19 apresenta a estrutura empresarial do município de Campestre discriminada por setores de ocupação, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2001. 31 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 19 Estrutura empresarial e Número de Empresas Campestre – MG/ 2003 Ramo de Atividade Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal Indústrias extrativas Indústrias de transformação Produção e distribuição de eletricidade, gás e água Construção Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos Alojamento e alimentação Transporte, armazenagem e comunicações Intermediação financeira Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas Administração pública, defesa e seguridade social Educação Saúde e serviços sociais Outros serviços coletivos, sociais e pessoais Total Unidades 8 5 89 1 9 380 45 38 9 33 2 6 10 45 680 Fonte: IBGE, Cadastro Geral de Empresas, 2003. O setor de comércio é o que mais se destaca em número de estabelecimentos. Observa-se que, na área urbana, o setor terciário é a atividade econômica mais relevante. O sub-setor ‘’outros serviços coletivos, sociais e pessoais’’ apresentou 45 estabelecimentos, o sub-setor ‘’alojamento e alimentação’’ apresentou 45 estabelecimentos e o sub-setor ‘’atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas’’ apresentou 33 estabelecimentos. Por sua vez, a indústria de transformação apresentou 89 estabelecimentos, sendo que, neste setor, destaca-se a confecção de artigos de vestuário e a fabricação de móveis. As principais empresas13 segundo o número de empregados do município de Campestre para o ano de 2000: Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios: Campestre Confecções; Malome Confecções Ltda. Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas: Lago & Ducca Indústria e Comércio Ltda; Faenza Indústria e Comércio de Móveis Ltda. 13 Foram considerados nesta listagem apenas aqueles estabelecimentos com número de empregados igual ou superior a dez. 32 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Fabricação de Máquinas e Equipamentos: Santa Clara de Assis. Indústria de Produtos Alimentícios: Café Campestre (associado à Multinacional Nestlé). A seguir, apresenta-se o Valor Adicionado Fiscal, mais conhecido pela sigla "VAF", é um indicador econômico-contábil utilizado pelo Estado para calcular o repasse de receita do ICMS e do IPI aos municípios. O VAF de um município corresponde ao valor que se acrescentou (adicionou) nas operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços realizadas em seu território, em determinado ano civil. Corresponde, portanto, ao valor que, somado/adicionado ao valor de compra, resulta no valor de venda das mercadorias e serviços. Esse valor espelha o movimento econômico e, consequentemente, o potencial que o município tem para gerar receitas públicas. Quanto maior é o movimento econômico e, portanto, quanto maior é o VAF do município, maior é seu índice de participação no repasse de receitas oriundas da arrecadação com ICMS e IPI Exportação. A tabela 20 apresenta dados do Valor Adicionado Fiscal (VAF) do município para o exercício de 2003 apurados em 2004, que também permitem avaliar a importância relativa das atividades secundárias e terciárias na economia municipal. Como se pode constatar, as atividades primárias constituem o setor que mais agrega valor ao município, representando cerca de 32,6% do total, vindo a seguir o setor de indústria de produtos alimentares, com cerca de 24,9% do total, seguida do setor de comércio atacadista com cerca de 18,4% e do setor comércio varejista com cerca de 9,4%. 33 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 20 Valor Adicionado Fiscal Exercício de 2003/ Campestre – MG Descrição VAF (em R$) Participação(%) EXTRAÇÃO DE MINERAIS NÃO METÁLICOS INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS INDÚSTRIA METALÚRGICA INDÚSTRIA MECÂNICA INDÚSTRIA DA MADEIRA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO INDÚSTRIA DE PERFUMARIA, SABÕES E VELAS INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO, CALÇADOS E ARTEFATOS DE TECIDOS INDÚSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES INDÚSTRIA DE BEBIDAS 1.561 0,002 33.800 0,052 27.409 0,042 179.461 0,278 42.503 0,066 987.917 1,529 8.158 0,013 306.779 0,475 16.101.409 24,925 40.300 0,062 4.553 0,007 45.699 0,071 ENERGIA ELÉTRICA, DISTRIBUIÇÃO DE GÁS CANALIZADO E OUTROS SERVIÇOS 4.015.050 6,215 COMÉRCIO VAREJISTA 6.112.834 9,463 11.896.942 18,417 INDÚSTRIA DO FUMO INDÚSTRIA EDITORIAL E GRÁFICA COMÉRCIO ATACADISTA SERVIÇOS DE TRANSPORTE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO 621.830 0,963 2.734.264 4,233 310.431 0,481 SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO, TELEVISÃO E DIVERSÕES 18.800 0,029 SERVIÇOS DE COMPRA, VENDA, ADMINISTRAÇÃO E LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS 28.558 0,044 21.080.864 32,633 64.599.122 100,000 SERVIÇOS DE ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO ATIVIDADES PRIMÁRIAS - EXCLUSIVE EXTRAÇÃO MINERAL TOTAL Fonte: SEF - MG (Secretaria Estadual de Fazenda do Estado de Minas Gerais). 2.6.1 Setor Primário Utilização das Terras e Estrutura Fundiária Esta seção apresenta estatísticas referentes à utilização das terras e estrutura fundiária do município. No que se refere à utilização das terras, a tabela 21 permite visualizar uma série de transformações tendenciais ocorridas no período 1970/96. 34 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 21 Utilização das terras (%) Campestre - MG 1970/75/85/96 Anos Total da área utilizada no município (ha) Lavouras Permanentes Pastagens Temporárias Naturais Plantadas Matas e Florestas Terras em descanso e produtivas não Naturais Plantadas utilizadas 1970 53667 6,44 9,95 67,93 1,86 8,49 0,31 1,02 1975 54858 11,50 10,11 63,86 1,33 8,00 0,50 0,94 1985 51138 17,54 11,19 40,15 17,03 6,90 0,79 0,72 1996 46978 21,74 8,85 28,38 27,93 5,77 0,83 0,47 Fonte: IBGE, Censos Agropecuários,1970,1975, 1980 e 1996. A tabela 21 permite visualizar uma série de transformações ocorridas no período 1970/96. Os dados comparativos para o período como um todo mostram tendências de médio prazo, a saber: • houve redução significativa da área usada para a atividade agropecuária; • houve aumento da utilização das terras para lavouras permanentes e redução para lavouras temporárias; • redução da área ocupada por pastagens naturais e aumento da área ocupada por pastagens plantadas; • diminuição da área ocupada por matas e florestas naturais e aumento da área ocupada pelas matas e florestas plantadas; • diminuição das terras em descanso e produtivas não utilizadas. Quando se analisa a estrutura fundiária do município (tabela 22), percebe-se que houve aumento do número de estabelecimentos e redução da área total ocupada. O total de estabelecimentos apresentou um aumento de cerca de 10% e a área se reduziu em cerca de 7%. Predominam no município os pequenos e médios estabelecimentos rurais. As pequenas – de até 50 ha – apresentaram aumento de sua participação no período analisado, tanto em número quanto em área ocupada e as médias propriedades – de 50 a 200 ha - apresentaram redução de sua participação tanto em número quanto em área ocupada no período analisado. Da mesma forma, a participação das propriedades maiores – acima de 200 ha – reduziu-se em número e área, sendo que os estabelecimentos classificados como de grande porte – que, em 1985, representavam 1,8% do total detinham cerca de 24% da área total ocupada. 35 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 22 Estrutura Fundiária Campestre – MG 1970, 1980 e 1985 Tamanho dos Estabelecimentos Anos 1975 1980 1985 Estab (N) 1448 1637 1.592 Área (ha) 54.858 51.703 51.138 Até 10 ha Estab Área(ha) 34,60 5,00 42,76 7,11 42,09 6,79 10 a 50 ha Estab Área(ha) 46,48 28,82 41,78 31,92 42,71 31,14 50 a 100 ha Estab Área(ha) 12,22 23,25 9,90 22,07 9,55 21,55 100 a 200 ha Estab Área(ha) 4,28 15,53 4,15 18,82 3,83 16,24 200 a 500 ha Estab Área(ha) 1,93 14,52 1,16 10,09 1,44 12,81 500 a 1000 ha Estab Área(ha) 0,35 7,69 0,12 2,99 0,25 6,67 1000 e + ha Estab Área(ha) 0,14 5,18 0,12 6,98 0,13 4,79 Fonte: IBGE, Censos Agropecuários: 1975,1980,1985 Dados mais recentes sobre a estrutura fundiária do município (tabela 23) indicam que os pequenos estabelecimentos rurais – até 50 ha - compreendem 90,75% do número total de estabelecimentos e 43,34% da área total ocupada, enquanto os grandes estabelecimentos acima de 200 ha - representam 1% do número total de estabelecimentos e 23,57% da área total ocupada. Tabela 23 Estrutura Fundiária Campestre –MG/ 2005 Tamanho Propriedade Número 98 menos de 1 ha 1 a 1,9 ha 260 2 a 4,9 ha 596 5 a 9,9 ha 357 10 a 19,9 ha 340 20 a 49,9 ha 322 50 a 99,9 ha 136 100 a 199 ha 44 200 a 499 ha 14 500 a 999 ha 3 acima de 1000 ha 4 2174 Total (%) Área (ha) (%) 4,51 11,96 27,41 16,42 15,64 14,81 6,26 2,02 0,64 0,14 0,18 100 59,86 375,22 2046,36 2690,69 4994,35 10197,29 9534,28 6012,04 3685,42 2301,13 5085,2 46981,84 0,127 0,799 4,356 5,727 10,630 21,705 20,294 12,797 7,844 4,898 10,824 100 Fonte:Departamento Municipal de Agricultura, 2005 36 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Produção Agrícola A agricultura no município de Campestre é praticada predominantemente em pequenas e médias propriedades, com predominância de mão-de-obra familiar. Segundo informações do Departamento Municipal de Agricultura de Campestre, o município tem cerca de 6.960 produtores rurais, dos quais 5.348 são considerados mini e pequenos. São tradicionalmente cultivados no município, café, milho, cana-de-açúcar e laranja. É indubitável , contudo, a relevância do primeiro produto mencionado para a economia municipal. A cafeicultura foi inserida na região na década de 1850 e muitas cidades surgiram a partir das grandes fazendas. Atualmente, o café corresponde a 70% da renda das propriedades rurais do Sul de Minas. A região produz café arábica e a altitude média é de aproximadamente 950 metros. As variedades mais cultivadas são o Catuaí e o Mundo Novo. Porém, também existem as variedades Icatu, Obatã e Catuaí Rubi. A região Sul de Minas é conhecida por ter bebidas finas. A média do Sul de Minas é de quatro mil cafeeiros por hectare, o que representa o sistema de cultivo semi-adensado. Apesar de ter um terreno com muito declive, os cafeicultores fazem muito uso da mecanização em suas lavouras. Quanto à irrigação, a tecnologia vem sendo utilizada, apesar de não terem sido feitas pesquisas para comprovar os resultados. "Nos últimos três anos, devido ao clima desfavorável, em várias propriedades implantou-se a irrigação". A falta de chuvas é um problema no Sul de Minas. Nos últimos dois anos, o nível ficou abaixo da média e as chuvas foram mal distribuídas. Outro problema climático são as geadas, que também costumam afetar a região. A geada de 2000 atingiu os cafeeiros, mas, se comparada com a que ocorreu em 1994, o saldo não foi tão drástico. "Nessa última geada, as lavouras novas foram as que mais sofreram, pois ocorreu o fenômeno da geada de canela, que é o congelamento da seiva do tronco". A doença que mais atinge os cafeeiros do Sul de Minas é a ferrugem. Outra que também tem causado preocupação aos produtores é a antracnose. Quanto às pragas, a maior incidência é de bicho mineiro e broca. Em 2000, existiam em Campestre 8.300 ha de café em produção, com expansão prevista. O café irrigado praticamente inexiste devido à acidentada topografia local e regional. De acordo com o Diagnóstico Municipal de Campestre elaborado pelo Sebrae Minas, em setembro de 2000, a tendência de muitos produtores é expandir o plantio, mas sem melhorar a infra-estrutura da propriedade. Entretanto, também há os que estão investindo em aprimorar e ampliar, por exemplo, o terreiro usado para secagem do café introduzindo novos tratos culturais. A produtividade média é de 18 sacas de 60kg por ha. Antes, o café era vendido em coco, para muitos compradores existentes na área (intermediários, empresas e cooperativas). 37 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Atualmente, vem crescendo a tendência de comercializar o produto beneficiado, sendo que os grandes produtores o beneficiam na propriedade e os de menor porte que já o fazem contratam prestadores de serviços. Os entrevistados ressaltaram a expressiva evasão de ICMS do setor no município, embora as cooperativas, por exemplo, só operem através da emissão de notas fiscais. A mão-de-obra contratada para a colheita vem principalmente do norte de Minas e do Paraná, mas também são buscados trabalhadores em Campinas e municípios próximos. Segundo os informantes-chave, os trabalhos realizados em parceria (meia) vem diminuindo em toda a região. No entanto, eles ponderam que essa forma de atuação permite o maior equilíbrio do ponto de vista social e econômico que a simples contratação de mão-de-obra temporária. Obviamente, os produtores de maior porte são estruturados, fazem a adequada gestão financeira de seus empreendimentos, estão filiados grandes cooperativas (como a COOXUPÉ) buscam a constante melhoria da produtividade e da qualidade de seu produto. Quanto aos pequenos, enfrentam muitas dificuldades para atingir tais objetivos. Um segmento que tende a crescer é o do café orgânico, ainda pouco desenvolvido em Campestre. Segundo o Diretor Municipal de Agricultura de Campestre, engenheiro agrônomo Robson Teixeira do Lago, existem no município 12 a 16 produtores de café orgânico, que vendem sua produção para empresas de Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre. Acrescentou ainda que, na localidade de Posses, tem uma empresa que explora palha de café queimada que é vendida para Coca Cola, Nestlé e indústria de cosméticos. A tabela 24 apresenta a evolução da cultura de café no município de Campestre no período de 1990 – 2002. Tabela 24 Lavoura Permanente Campestre – MG 1990 - 2002 Produção/ Anos Café (ton) 1990 1991 9134 16650 1992 15372 1993 1994 13203 25500 1995 6509 1996 18000 1997 1998 8100 23040 1999 22876 2000 28728 2001 2002 14364 19800 Fonte: IBGE, Produçao Agrícola Municipal A seguir, apresenta-se o gráfico nº 5 mostrando a evolução da produção de café em Campestre ao longo do período 1990 - 2002. 38 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Produção de Café Campestre - MG 35000 Produção (ton) 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Anos Café 2 por. Méd. Móv. (Café) Gráfico Nº 5 – Produção de café em campestre – MG, (1990 -2002). Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal. A tabela 25, a seguir, apresenta a produção das culturas temporárias do município de Campestre para a safra de 2005. Tabela 25 Lavouras Temporárias Campestre – MG/ 2005 Produto Área colhida (ha) Produção (t) Rendimento médio (kg/ha) Arroz Sequeiro (2005) 160 240 1.500 Arroz de Várzea (2005/2006) 100 250 2.500 Batata-inglesa das A (2006) 850 21.250 25.000 Batata-inglesa das S (2005) 400 11250 25.000 Batata-inglesa inverno/2005 150 3750 25.000 Cana-de-açúcar (2005) 120 7.800 65.000 Feijão das águas (2005/2006) 600 540 900 Feijão das secas (2005) 500 450 900 Fumo (2003) 10 6 600 Mamona (2006) 30 48 1.600 Mandioca (2005) 200 4.000 20.000 Milho em grão (2005/2006) 4.800 26.400 5.500 Milho forrageiro (2004) Tomate (2005) 1.600 50 48.000 1.750 30.000 35.000 Fonte: Departamento Municipal de Agricultura Campestre-MG, Produção(2005/2006), Produção Agrícola Municipal (IBGE), 2003. 39 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Segundo dados da Emater-MG, a cultura de milho é uma atividade que se destaca na agricultura do município, sendo que, no ano de 2003, o produto teve uma área plantada de 4.500 ha com uma produtividade de 4.800 kg/ha e uma produção de 21.600 toneladas. Outras culturas temporárias com grau de importância são: a cana-de-açúcar, o feijão, a mamona, (que vem ganhando destaque, nos últimos anos, na região do Sul de Minas) e a batata inglesa. Esta última apresentou em 2005 uma área plantada de 1.400 ha com uma produtividade de 25.000 kg/ha e uma produção de cerca de 36.000 toneladas. Cabe observar que a produção de batata é feita, muitas vezes à beira dos cursos de água, com forte uso de agroquímicos. No que se refere à horticultura, destaca-se a produção de tomate, fava e moranga, no bairro Campos. Em geral, os produtos hortícolas são comercializados na CEASA de Poços de Caldas. Quanto à fruticultura, o Departamento Municipal de Agricultura vem implementando um plano de expansão em parceria com a unidade da EPAMIG situada em Caldas. O trabalho já compreende 10 mil mudas enxertadas de 12 diferentes culturas, como pêssego, nectarina, maracujá, citrus e nonácea. Nos últimos anos, tem tido destaque a cultura do figo, sendo que em 2005 Campestre obteve o melhor lugar entre os produtores deste produto na região. Todavia a produção de frutas de Campestre é direcionada para a agroindústria localizada em Poços de Caldas, Caldas, Santa Rita de Caldas e Campinas. Uma das ações que devem ser empreendidas é a de se procurar agregar valor na fruticultura de Campestre, incentivando a implantação de agroindústrias que utilizem como insumos as frutas produzidas no município. A tabela 26 apresenta os principais produtos da fruticultura de Campestre no ano de 2005. Segundo dados fornecidos pelo Departamento Municipal de Agricultura existem atualmente 52 produtores no município, cultivando principalmente figo, pêssego, uva, amora preta e nectarina. Tabela 26 Fruticultura Campestre – MG/ 2005 Produto Maracujá Azedo (2005) Amora Preta (2005) Banana (2005) Figo (2005/2006) Nectarina (2005) Laranja (2005) Morango (2005) Pêssego (2005/2006) Uva (2005/2006) Área colhida (ha) 1 3 500 6 11 50 0,5 18 15 Produção (t) 15 24 21.250 42 187 1.200 5 306 120 Fonte: Departamento Municipal de Agricultura Campestre-MG, Produção(2005/2006), 40 Rendimento médio (kg/ha) 15.000 8.000 25.000 7.000 17.000 24.000 10.000 17.000 8.000 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A silvicultura e a extração vegetal são insignificantes na economia local (tabela 27). Nota-se que, nos últimos anos, a produção de lenha e madeiras em tora foi praticamente inexistente, segundo dados fornecidos pelo IBGE. Tabela 27 Produção Extrativa Vegetal Campestre – MG/ 1990 a 2002 Descrição/Anos Carvão Vegetal Lenha Madeira em Tora 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2001 2002 5 -- -- -- -- -- 22 5 1998 1999 2000 -- -- -- -- -- 1.200 89 233 46 1.073 94 206 108 33 63 125 8 385 18 300 4 175 100 60 28 45 -- 20 -- 6 4 Fonte: IBGE, Produção Extrativa Vegetal. A Prefeitura Municipal de Campestre, através da Departamento Municipal de Agricultura, vem desenvolvendo, entre outras, as seguintes ações para o desenvolvimento da agricultura local: A) Estímulo à fruticultura O projeto beneficia e assiste 55 famílias de fruticultores, no período de 40 a 50 dias em suas propriedades. Serão entregues mais de 25 mil mudas de plantas frutíferas de clima temperado (amora preta, figo pêssego, uva e nectarina). B) Assistência Técnica Gratuita Atende a 945 pequenos e médios produtores nas atividades como: piscicultura, cultura de café, tomate, batata inglesa, milho, feijão, banana, maracujá, mamão, dentre outras. C) Adoção de Tecnologia de Ponta Este projeto é realizado em parceria com a EPAMIG, que apresenta um grande avanço em tecnologias de ponta, em pesquisa e em formação de mudas. D) Custeio para Colheita de Café Através dos recursos do FUNCAFË, foram realizados 43 projetos totalmente gratuitos ao produtor, tendo sido neles aplicados um montante de R$1.250.000,00 (hum milhão e duzentos e cinqüenta mil reais). E) PRONAF Outro programa realizado no município é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que tem por objetivo apoiar o desenvolvimento rural a partir do fortalecimento da agricultura familiar como segmento gerador de postos de trabalho e 41 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais renda. O programa é executado de forma descentralizada, envolvendo a prefeitura, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável, os agricultores familiares e suas organizações e outros órgãos e entidades municipais públicas ou privadas. O volume de recursos aplicados no município de Campestre em 2005 pelo PRONAF através do Banco do Brasil foi da ordem de R$ 6.5000.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais), favorecendo mais de 500 micro e pequenos produtores. F) Financiamento de Tratores e Implementos Em parceria com o Governo Federal, Banco do Brasil e Rema Tratores (Yanmar Agritec) forma realizados 35 projetos de viabilidade e capacidade de pagamento para financiamento de tratores e implementos, sem quaisquer despesas ao produtor, num montante de R$1.750.000,00 (hum milhão e setecentos e cinqüenta mil reais). G) Merenda Escolar O Programa Merenda Escolar, realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, abrange 15 projetos de olericultura nas escolas do município com o objetivo de estimular os alunos a manejar hortas e adicionar as hortaliças colhidas na merenda escolar. Pecuária A tabela 28, a seguir apresenta a pecuária do município de Campestre para os anos de 1990 a 2002. Tabela 28 Pecuária Campestre – MG 1990 a 2002 Descrição Bovinos 1990 25.232 1991 1992 1993 1994 1995 1996 26.230 27.100 26.881 27.031 26.008 28.320 1997 24.004 1998 24.668 1999 24.959 2000 24.722 2001 24.227 2002 24.576 Bubalinos 120 40 80 60 34 24 7 -- 29 25 20 22 60 Caprinos -- -- -- -- -- -- 152 150 160 150 155 160 200 3.500 3.000 3.080 3.150 900 Equínos 3.350 3.400 1.050 1.000 980 950 960 1.200 Galinhas 26.000 28.000 25.900 27.000 25.000 20.000 25.405 25.000 26.000 25.000 28.000 31.500 30.000 Galos, Frangas, Frangos e Pintos 10.000 9.600 9.100 9.500 9.500 15.000 14.000 16.000 17.000 16.500 18.000 Muar Ovinos 1.600 -- 1.200 -- 800 -- 600 -- 550 -- 550 -- 200 100 230 110 220 120 200 115 210 110 220 105 400 150 Suínos 6.780 7.000 7.250 10.200 9.900 10.000 4.500 5.300 5.420 5.480 5.410 5.750 12.000 15.572 6.080 Fonte: IBGE, Censos Verifica-se a criação de gado bovino como uma atividade de destaque no município, com um rebanho de 24.576 cabeças, predominando o gado misto (girolanda). Segundo dados fornecidos pelo Departamento Municipal de Agricultura, a pecuária em Campestre é predominantemente leiteira, sendo a atividade de corte realizada em menor proporção. A 42 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais bovinocultura de leite é praticada principalmente pelos pequenos produtores rurais (cerca de 70 %). Nos últimos anos, a produção leiteira vem ampliando cada vez mais seu lugar na economia de Campestre, como atividade complementar à cafeicultura. Em geral, ainda é baixo o grau de adoção de novas tecnologias, como adequado arraçoamento do rebanho, inseminação artificial, granelização do leite,etc. De acordo com o Diagnóstico Municipal de Campestre elaborado pelo SEBRAE-MG, a atividade leiteira no município é pulverizada e desorganizada. Observa-se a presença de dois laticínios (um da Roseira e um do Rio do Peixe), duas empresas produtoras de leite tipo C e uma de iogurte caseiro. Há também um intermediário que compra leite para a Danone. Quanto à produção de carne bovina, existe um matadouro municipal, mas é comum o abate nas fazendas, sem qualquer tipo de fiscalização. Os maiores produtores vendem para frigoríficos situados principalmente em Itajubá e Poços de Caldas. O gráfico no 6, a seguir, retrata a criação da bovinocultura no município de Campestre ao longo dos anos 1990 - 2002. Evolução do Número de Bovinos de Campestre - MG, 1990 - 2002 29000 Número de Cabeças 28000 27000 26000 25000 24000 23000 22000 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 21000 Anos Bovinos 2 por. Méd. Móv. (Bovinos) Gráfico N° 6 - Número de cabeças de bovinos em Campestre – MG (1990 – 2002). Fonte IBGE. Ao longo dos anos observa-se uma trajetória de aumento do rebanho até 1996, apresentando, em seguida, uma tendência de redução desse rebanho, que se verifica até nos dias de hoje. 43 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Destaca-se ainda no município de Campestre a criação de frangos, galos, frangas, pintos, que totalizam 18.000 cabeças, e a de suínos, com um rebanho de 6.080 cabeças. Os criadores de suínos têm seu principal comprador no vizinho município de Bandeira do Sul. Apresenta-se na tabela 29, a seguir, a produção de origem animal no município de Campestre. A quantidade de vacas ordenhadas chega a 5.521 cabeças. A produção anual de leite de vaca atingiu, em 2005, 10 milhões de litros. A produção de mel de abelha é de destaque, representando uma produção de 30 mil kg. Existem cerca de 15 produtores que desenvolvem apicultura no município. Tabela 29 Produção de Origem Animal Campestre – MG/ 2005 Especificação Quantidade Produzida Vacas Ordenhadas (2005) Leite tipo C (2005) Ovos de Galinha (maio/2005) Mel de Abelha (2005) 5.521 (cabeças) 10.074 (mil litros) 28,23 (mil dúzias) 30.000 kg Fonte: Departamento Municipal de Agricultura Campestre (01/12/2005) 2.6.2 Setor Secundário O setor industrial no município de Campestre tem pequena expressão na economia municipal, participando com apenas 10% do PIB. Campestre teve diversas indústrias que encerraram sua atividades, com evidente impacto negativo sobre a economia local, como, por exemplo, fábrica de guarda-chuvas; as confecções Sunshine e K10; fábricas de doces e compotas; indústria de isolantes elétricos; um laticínio situado na zona rural; e uma fábrica de sabão. Atualmente, as principais atividades industriais se resumem às facções, às fábricas de móveis, às indústrias de produtos alimentares e a uma indústria de equipamentos para café. Existe, ainda, a fabricação de artesanato e a produção caseira de doces. Predomina no município o sistema de facção, que promove elevada ocupação de mão-deobra, principalmente feminina. Existem em Campestre 8 facções, com uma produção estimada em 22 mil peças/mês. As principais são a Malome Confecções e a Campestre Confecções. A primeira, com 10 anos de existência, emprega 62 pessoas na produção, sendo 50% homens e 50% mulheres. Atua no setor de tarja e jeans e vende sua produção para Porto Feliz e São Paulo. A segunda emprega 70 pessoas e produz calças e jaquetas de jeans. Traz o produto cortado monta-o e manda de volta para São Paulo. Para agregar 44 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais mais valor ao produto os empresários do setor têm planos de mesclar confecção com facção. O setor moveleiro de Campestre é representado principalmente pelas empresas Lago & Ducca e Faenza. A primeira empresa, criada em 1963, traz matéria-prima de fora do município e fabrica dormitórios, que são vendidos por atacado para todo o Brasil, possuindo lojas também Alfenas, Guaxupé e Poços de Caldas. Ocupa um total de 86 pessoas na fábrica. Possui, ainda, uma loja de materiais de construção. A segunda, criada em 1993, fabrica mesas, cadeiras, aparadores e camas de balcão. Emprega um total de 30 pessoas. Seus principais clientes situam-se em São Paulo, hoje a empresa não mais exporta. Seus produtos são comercializados também nas lojas da Lago & Ducca. Dentre as indústrias de produtos alimentares do município, destaca-se o Café Campestre, associado à multinacional Nestlé. Campestre conta ainda com uma empresa, a Santa Clara de Assis, que fabrica equipamentos para secagem e beneficiamento do café, que são comercializados e todo o estado. Esta empresa, fundada em 1999, emprega 15 pessoas na fábrica. 2.6.3 Setor Terciário Comércio e Serviços O setor terciário, que compreende a atividade comercial, os serviços e os transportes, teve importante participação no PIB do município de Campestre durante as últimas décadas. O comércio da cidade é basicamente varejista, formado por empresas de pequeno porte e, portanto, mostra-se pouco competitivo em relação ao das cidades vizinhas, como, por exemplo, Poços de Caldas, que possui um comércio mais diversificado (contando, inclusive, com shopping center) e algumas empresas de maior porte. O comércio de Campestre atende apenas à população local, embora não totalmente. Esta tende a comprar no município vizinho de Poços de Caldas devido à falta de opções que o comércio campestrense oferece. Os supermercados, por exemplo, ofertam pouca variedade de produtos. Tem-se informações de que o comércio de municípios vizinhos como Serrania consegue atrair a população do meio rural de Campestre. Dentre os estabelecimentos comerciais do município destacam: 27 oficinas mecânicas, 14 estabelecimentos varejistas de auto-peças, 10 estabelecimentos de comércio varejista de produtos agropecuários, 10 casas de material de construção, 7 estabelecimentos de comércio atacadista de café em grão, 10 mini-mercados, 20 estabelecimentos de comércio varejistas de secos e molhados, 16 açougues, 6 depósitos de bebidas, 18 quitandas, 43 estabelecimentos de comércio varejista de artigos do vestuário, 6 farmácias, 5 estabelecimentos de comércio varejista de cosméticos, 5 estabelecimentos de comércio varejista de eletro-eletrônicos, 3 estabelecimentos de comércio varejista de móveis, 10 estabelecimentos de comércio varejista de utilidades domésticas, 5 estabelecimentos de 45 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais comércio varejista de vidros, 8 papelarias, 7 estabelecimentos de comércio varejista de gás liquefeito (GLP), 33 bares, 11 lanchonetes, 13 mercearias, 2 pizzarias e 2 sorveterias. Quanto as instituições bancárias e financeiras, o município tem agências do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Itaú, além de contar com um banco postal do Bradesco e com o SICOOB, ligado a COOXUPÉ. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos mantém uma agência na sede municipal. De acordo com o Diagnóstico Municipal de Campestre, elaborado pelo SEBRAE-MG, o município conta, no setor de educação, com 30 estabelecimentos de ensino, com um total de 4.080 estudantes. No que se refere à prestação de serviços de saúde, o município conta com a Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, com um total de 24 leitos e 6 médicos e com a Santa Casa de Misericórdia, com 27 leitos e 9 médicos; e o Pronto Socorro/Centro de Saúde Municipal, com 5 leitos e 10 médicos. Existem, ainda, um posto de saúde no bairro rural das Posses; um trailler médico-odontológico, que faz atendimento na zona rural; e sete ambulâncias. Em termos de entidades de classe, cabe destacar a Associação de Indústria, Comércio e Agropecuária de Campestre (AICAC), com 160 associados. O setor hoteleiro no município de Campestre é muito pequeno, sendo formado por apenas 3 hotéis. 2.6.4 Infra-Estrutura de Apoio Energia Elétrica A distribuição de energia elétrica no município sob análise é feita pela CEMIG. Segundo informações fornecidas pela empresa, em 2003 o total de consumidores de Campestre era de 5.972, apresentando um consumo total de 14.061.920 Kwh (tabela 30). Os consumidores residenciais eram 3.741, com um consumo de 4.353.022 Kwh, no setor urbano, e 1.616 no setor rural, com um consumo de 5.049.731 Kwh. Quanto ao setor industrial, este contava com 66 consumidores, com um consumo de 1.593.952 Kwh. Já o número de consumidores do setor comercial era, de 510, apresentando um consumo de 1.633.501 Kwh. O número de consumidores classificados na categoria “outros“ era de 39, com um consumo de 1.431.714 Kwh. 46 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Tabela 30 Consumo de Energia por Setores Campestre - MG (1999 - 2003) CLASSE 1999 2000 2001 2002 2003 1620266 1723043 1419484 1688832 1593952 64 63 58 63 66 1783153 1790477 1635170 1605591 1633501 403 423 460 476 510 4801580 4956875 4316379 4143637 4353022 3213 3361 3513 3619 3741 5327549 5903694 4824041 5721997 5049731 1301 1443 1509 1546 1616 1649303 1572892 1288393 1323373 1431714 41 38 37 39 39 15181851 5022 15946981 5328 13483467 5577 14483430 5743 14061920 5972 Industrial consumo (KWh) n° consumidores Comercial consumo (KWh) n° consumidores Residencial consumo (KWh) n° consumidores Rural consumo (KWh) n° consumidores Outros consumo (KWh) n° consumidores Total consumo (KWh) nº consumidores Fonte: Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Observa-se que o número de consumidores aumentou em todos os setores analisados. Todavia, o consumo de energia elétrica apresentou uma pronunciada queda em todos os setores. Este fato pode ser atribuído às medidas de política econômica que afetaram negativamente o desempenho da economia com um todo, além dos altos reajustes que o setor de energia teve no estado de Minas Gerais. Comunicações A cidade tem como empresa concessionária a TELEMAR, que é responsável pelos serviços de telefonia fixa, com cerca de 1.000 aparelhos instalados. A torre de retransmissão de TV existente na sede do município permite a Campestre o recebimento de imagens das principais redes nacionais: Globo, Bandeirantes, Rede TV, Record, SBT e Rede Vida. Existe uma emissora de rádio – Rádio Campestre FM - e dois jornais – a Tribuna Regional e o Jornal da Praça. É muito lido também o jornal Alto do Rio Pardo (produzido em santa Rita de Caldas), com periodicidade mensal e tiragem de oito mil exemplares. 47 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Acesso (rodoviário) As principais rodovias que servem de acesso ao município de Campestre são: BR-267,BR381, BR-491 e MG-453. As distâncias rodoviárias entre o município de Campestre e os principais centros nacionais são as mostradas na tabela 31. Tabela 31 Distância de Campestre em relação aos principais Centros Nacionais Município Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Brasília Vitória Distância (KM) 422 510 395 1,158 960 Fonte: Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais Água e Esgoto Este assunto será abordado em detalhes no Capítulo 5 Aspectos Sanitários e Ambientais, deste documento. 2.6.5 - Diretrizes Através da análise sócio-econômica de Campestre, identificam-se algumas das principais potencialidades do município: 1- Expressiva produção de café; 2- Produção de gado leiteiro e de corte; 3- Presença de indústrias moveleiras bem estruturadas; 4- Existência de mananciais abundantes, inclusive de águas minerais, que demandam análises para se conhecer devidamente sua qualidade; 5- Clima e paisagem agradáveis, com locais de beleza cênica e paisagística; 6- Presença de confecções e facções, bem como existência de artesanato, produção caseira de doces, apicultura e horticultura. 48 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Por outro lado, identificam-se algumas das principais limitações do município: 1- Predomínio da cafeicultura sobre outras atividades agropecuárias, com venda de parte do produto in natura, sem agregar valor no município; 2- Tradicionalismo das atividades comerciais; 3- Fechamento de indústrias, sem a correspondente criação de novos postos de trabalho, gerando desocupação de parte da população; 4- Carência de locais de lazer, embora existam lugares desaproveitados como o Cine Campestre e um galpão da prefeitura, situado no centro da cidade e antes ocupado por uma cooperativa de costureiras; 5- Presença de problemas ambientais, como disposição inadequada do lixo urbano e das embalagens de agro-químicos. Com base no presente diagnóstico e nas exposições feitas pelos participantes do Primeiro Seminário do Plano Diretor de Campestre apresentam-se, a seguir, as seguintes diretrizes estratégicas para o desenvolvimento dos setores da economia do município: Agropecuária Recomenda-se implementar a diversificação produtiva do setor, com base nas atividades relacionadas a seguir: 1- Incentivar atividades de apoio à criação de agroindústrias, com o objetivo de agregar valor aos produtos agrícolas produzidos pelo município, em especial o café; 2- Incrementar a produção de café orgânico; 3- Incrementar a produção pecuária; 4- Implantar um Horto Florestal, com mudas nativas e para reflorestamento, que também possa ser utilizado pela população como local de lazer; 5- Criar um calendário de eventos ligados ao café – por exemplo, Festa da Colheita , Festa da Floração – e à pecuária – rodeios, Festa do Peão, exposições diversas; 6- Criar condições propícias à criação de uma escola agrícola ou incorporar cursos técnicos nas unidades escolares já existentes na zona rural; 7- Criar condições para expansão do fomento agrícola e levar tais informações aos produtores rurais; 49 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 8- Incentivar o aumento da capacidade de estocagem de grãos a granel no município; 9- Facilitar a aquisição de máquinas e implementos agrícolas para os pequenos produtores (secadores, beneficiadores); 10- Incrementar, por meio de cursos e palestras, a conservação dos recursos naturais e do solo. Comércio e Serviços Desenvolver ações para incrementar o comércio e a prestação de serviços locais, através de: 1- Criação de um parque de exposições que se destine tanto a atividades de cunho econômico, quanto social, artístico-cultural e de lazer; 2- Ampliação da área de prestação de serviços com educação, saúde, hospedagem e alimentação; 3- Modernização da administração tributária e geração de mecanismos setoriais de controle e de fiscalização, minimizando o mercado informal e ampliando o crescimento do setor terciário no município; 4- Oferecimento de treinamento especializado aos empregados do comércio com objetivo de melhorar a postura profissional e aumentar as vendas do setor; 5- Capacitação dos comerciantes através de cursos e oficinas de gestão empresarial, custos, formação de preços, seleção de pessoal, planejamento estratégico e linhas de financiamentos vigentes; 6- Estímulo às iniciativas de produção cooperativa ao artesanato e aos bens e serviços desenvolvidos por meio de micro e pequenas empresas ou de estruturas familiares de produção; 7- Criação de um depósito de calcário no município. Indústria Estimular o desenvolvimento industrial no município através de: 1- Fomento a iniciativas que visem atrais investimentos públicos ou privados acionais e estrangeiros; 2- Concatenação do setor primário com o setor secundário, com o objetivo de obter maior sinergia; 50 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 3- Criação do Distrito Industrial com local e regulamentação adequados e com infraestrutura suficiente; 4- Oferecimento de treinamentos voltados para o aperfeiçoamento empresarial e mãode-obra técnica para os setores industrial e de agronegócios; 5- Definição, quando possível de estímulos fiscais para instalação de novas indústrias; 6- Apoio às empresas de confecção e facção existentes para ampliar a absorção de mão-de-obra feminina; 7- Estímulo à complementação da cadeia produtiva da confecção/facção, para aumentar o valor agregado dos produtos deste setor. Turismo Implantar, organizar e expandir as atividades turísticas através de: 1- Realização do inventário turístico do município; 2- Incentivo à manutenção do patrimônio histórico e ecológico do município classificando e incentivando sua exploração turística; 3- Elaboração e divulgação de calendário anual de eventos do município; 4- Promoção de treinamento e cursos de capacitação em diversas áreas ligadas direta e indiretamente ao turismo; 5- Organização de feiras anuais de ramos importantes da economia local, como café, pecuária e confecções; 6- Investimentos na expansão da Festa Municipal do Café; 7- Instalação e melhoria da sinalização turística urbana e rodoviária; 8- Apoio à melhor organização do artesanato no município e estímulo ao desenvolvimento do setor através do oferecimento de treinamento e cursos e do acesso ao crédito para os artesãos por meio de uma instituição financeira; 9- Estímulo à modernização e melhoramento dos estabelecimentos de hospedagem e alimentação existentes, bem como à instalação de novos empreendimentos deste setor; 10- Incentivo e desenvolvimento das atividades de ecoturismo, integrando o município às cidades do Circuito das águas e às ligadas ao turismo ecológico; 51 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 3 - ANÁLISE GEOAMBIENTAL INTEGRADA DO TERRITÓRIO MUNICIPAL 3.1 - Objetivo O objetivo geral deste capítulo é apresentar um estudo ambiental integrado do território municipal de Campestre – MG, de forma a contribuir para o planejamento e gerenciamento de seu espaço territorial. Irá, servir de apoio às ações gerenciais que irão compor as diretrizes propostas para o Plano Diretor Municipal. Irá propor recomendações de proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e antrópico, para minimizar a poluição e degradação, direcionando à uma melhor qualidade de vida no Município, segundo a proposta de um Macro-Zoneamento Ambiental Integrado. 3.2 - Localização O Município de Campestre localiza-se na Região de Planejamento III, Sul de Minas (Figura 1) e na Microrregião de Poços de Caldas. Limita-se com os Municípios de Divisa Nova, Machado e Serrania ao norte, Bandeira do Sul, Caldas, Santa Rita de Caldas e Ipuiúna ao sul, a leste Poço Fundo e a oeste Bandeira do Sul, Botelhos e Poços de Caldas. Figura 1: Localização do Município de Campestre Campestre está inserido na região Sul de Minas onde a cultura cafeeira se destaca em termos de economia. A sua proximidade com Poços de Caldas (cidade turística a 39 Km de Campestre) pode favorecer o desenvolvimento de outras fontes de renda, tal como o turismo rural, a ser absorvido pela demanda de Poços de Caldas. Outro fator que venha a favorecer o município é a sua proximidade com o Estado de São Paulo, onde Campestre poderá se integrar economicamente com alguns municípios desse estado. 52 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 3.3 - Procedimento A proposta de um levantamento das condições ambientais do Município de Campestre, para integrar o Plano Diretor, pressupõe uma temática de levantamentos dos aspectos físicos da estrutura da paisagem local. Para esta tarefa, foram levantados, consultados e analisados os trabalhos já realizados visando sobre: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, clima e uso e ocupação do solo. A análise e a interpretação destes documentos foram realizadas, complementadas e adaptadas à realidade atual. O resultado gerou os seguintes mapas temáticos na escala de 1:75.000: mapa da Declividade do terreno; e o mapa das Restrições ambientais impostas pelas leis federais e estaduais. Além destes, fazem parte do conjunto os mapas: Solos, Relevo e a Carta Imagem de Uso e ocupação do Solo. Estes mapas foram cruzados em ambiente digital SIG (Sistema de Informação Geográfica), gerando os seguintes mapas síntese (resumo da análise integrada das diferentes temáticas): Compartimentação Geomorfológica (famílias de tipos de relevo) e o mapa georreferenciado do Macro-Zoneamento Ambiental Integrado. Para apoiar a elaboração de todos estes produtos, foram realizadas atividades de campo analisando-se os elementos da paisagem. Durante o processo de elaboração do Plano Diretor, foram realizadas, também, reuniões setoriais e reuniões integradas na forma de seminário público ou audiência pública, onde informações doadas e discutidas pelas representações da administração pública local e da sociedade foram compiladas e se encontram analisadas e integradas no presente capítulo. Este documento final estabelece então uma proposta com recomendações de diretrizes e metas, para um gerenciamento racional do território municipal. Trata-se de um instrumento fundamental para estabelecer, dentro das leis, o diálogo entre a Sociedade e a Prefeitura, para uma tomada de postura, visando a qualidade ambiental e o bem estar da população. 3.4 - Aspectos Ambientais do Município e Leitura Comunitária Com cerca de 580 km², e mais de vinte e dois mil habitantes, segundo estimativas do IBGE 2005, Campestre possui características únicas, que vão desde a sua rede de drenagem até a sua estrutura geomorfológica. De acordo com o Atlas IBGE (2002), o município de Campestre encontra-se na zona de clima Tropical Brasil Central, cujas condições climáticas caracterizam uma área de clima quente, com temperatura média acima de 18°C em todos os meses, semi-úmido, com 4 a 5 53 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais meses secos e altos índices pluviométricos. Possui temperaturas rígidas no inverno e amenas no verão. A população considera o clima de Campestre um fator importante no desenvolvimento agrícola e também na atração de um potencial que o município apresenta, o turismo rural. A alta disponibilidade hídrica faz com que a rede de drenagem do município de Campestre seja marcada por cursos d'água perenes. Devido a fatores físicos, há o favorecimento da formação de muitas nascentes na região que é drenada por rios permanentes, afluentes da bacia do Rio Grande. Os principais rios são Rio do Peixe e Rio Marambaia, além das bacias do Rio Muzambo, do Rio do Machado e do Córrego Pinhal. Campestre está inserido dentro do domínio do relevo de “Mar de Morros”, que se caracteriza por um relevo (Mapa de Relevo, anexo) de morros de vertentes poli-convexas, com declividades (Mapa de Declividaes, anexo) acima de 30%, alojando uma rede de drenagem fluvial retangular, comandada pelos lineamentos estruturais do Pré Cambriano. No município encontram-se várias Serras como a Serra da Serrinha, do Pião, dos Pinheiros, da Bocaina e do Tripuí, ponto mais alto do município com 1478m. Em termos geológicos, o município de Campestre apresenta rochas do pré-cambriano granito-gnáissicas. As rochas graníticas - rocha ígnea intrusiva mais abundante na crosta terrestre, resultante do resfriamento do magma - foram desenvolvidas durante o tectonismo. O gnaisse – rocha cristalofiliana com os mesmos elementos do granito (quartzo, feldspatos e mica), porém, orientados - pode derivar do metamorfismo em depósito sedimentar ou de origem ígnea, caracterizando-se em paragnaisse ou ortognaisse respectivamente. O município, em sua quase totalidade, incluindo a região da Serra do Tripuí, é caracterizado por gnaisses graníticos a tonalíticos, porfiróides ou não, com intercalações de anfibolito, datados do Arqueano. Apenas uma pequena porção ao sul, está caracterizada por gnaisses charnockiticos, enderbiticos, sieníticos e noríticos, com intercalações de granulitos básicos, também datados do Arqueano. Na porção sudoeste, bacia do Rio Marambaia (vide Compartimentação Geomorfológica) ainda observa-se um relevo fortemente estruturado pelo evento tectônico vulcânico de Poços de Caldas, apresentando-se na borda de um vulcão de menor dimensão que orienta toda a drenagem centrífuga daquela porção. Devido à toda esta estrutura geológica, Campestre apresenta uma possível riqueza em minerais explotáveis, assim como Poços de Caldas. Fato este a ser tratado com muita cautela e restrições, pois a vocação rural do município ainda é forte e sustenta a economia local. Campestre já possui pequenas mineradoras (Foto 1) que começam a mostrar um hipotético potencial de explotação mineral. No entanto, a população se mostra bem apegada às culturas que dão sustentação econômica ao município. Porém, há um interesse em diversificar a economia buscando alternativas de prevenção à fragilidade da agricultura, que depende do aquecimento ou esfriamento do mercado externo. 54 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Mineração próxima a Serra do Tripuí Foto 1: Mineração no segundo plano da foto, próxima à Serra do Tripuí A estrutura geológica deu origem aos diferentes tipos de solos (Mapa de Solos, anexo) encontrados no município: O Latossolo Vermelho-Amarelo é encontrado na porção Norte do município. Este solo é caracterizado por apresentar cor amarelada homogênea em profundidade, além de uma textura média geralmente muito argilosa. Normalmente, o relevo onde este tipo de solo é encontrado é suavemente ondulado, o que pode facilitar o manejo agrícola. Não obstante, o Latossolo Vermelho-amarelo também é caracterizado por apresentar baixa quantidade de água disponível às plantas, além disso, sua textura pode propiciar compactação, principalmente se o teor de argila e silte for elevado, fator que limita ainda mais sua utilização. O Latossolo Vermelho-Escuro é encontrado em Campestre nas regiões Nordeste, Centro e Sudeste do município. Este tipo de solo é caracterizado por ser encontrado em relevo suavemente ondulado e por cor avermelhada em profundidade. Por se tratar de um solo que ocorre em relevo pouco ondulado, ele facilita a mecanização agrícola. Além disso, por ser profundo e poroso, possui favorecimentos para o desenvolvimento radicular em profundidade, evitando assim a incidência de grandes processos erosivos. Todavia, a relevante presença do Alumínio e eventual baixo teor de Cálcio e Fósforo, inibe o potencial nutricional do solo, sendo em muitos casos necessário a adubação e correção do mesmo. É interessante ressaltar ainda que se a textura for argilosa ou muito argilosa, o mesmo estará sujeito à compactação, principalmente se o teor se silte for elevado. 55 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O Podzólico Vermelho-Escuro é encontrado nas porções Nordeste e Sul de Campestre e geralmente, assim como os podzóis em geral, são caracterizados por uma grande diferenciação de cor em suas camadas superficiais (Horizontes A e B) sendo que o teor de argila no horizonte B (avermelhado) é bem maior do que no horizonte A. Este solo é caracterizado ainda por ser dotado de uma boa potencialidade de enraizamento em profundidade. Porém, este solo está sujeito a um alto índice de erodibilidade, fato que pode ser explicado pelo relevo que geralmente é acidentado, facilitando assim os movimentos de massa. Para que isso não ocorra é indispensável que sua utilização se faça se maneira adequada, respeitando o as altas declividades, características destas regiões. O Podzólico Vermelho-Amarelo apresenta-se dominante no território municipal, principalmente na região central. Este solo ocorre geralmente em relevos ondulados ou fortemente ondulados com o Horizonte B normalmente marcado pelo maior teor de argila que no Horizonte A, sendo o primeiro, caracterizado pelas cores amarela e vermelhoamarela. Possui diversas limitações geralmente explicadas pelo relevo que o acompanha, o qual devido a grande declividade, pode favorecer o processo erosivo, principalmente se o teor de argila do Horizonte B for muito maior que o do Horizonte A, caso contrário este solo está sujeito à compactação. Caracteriza-se, ainda, por apresentar um baixo teor de água disponível para as plantas, principalmente em meses de seca, além disso, é dotado de baixo potencial nutricional no Horizonte B, sendo necessário, portanto adubá-lo se a intenção é de trabalhar com cultivos agrícolas. O Cambissolo pode ser encontrado na região Sudeste e em pequena parte da região sul do município de Campestre. É marcado por ser encontrado em local onde o relevo é ondulado, fortemente ondulado ou montanhoso, sendo portando pouco profundo. O cambissolo é caracterizado ainda pela homogeneidade do teor de argila nas camadas superficiais do solo e relevante presença de silte. Por ser encontrado predominantemente em relevo movimentado, este tipo de solo pode estar sujeito a processos erosivos se o solo tiver baixo nível de nutrientes, além de possível presença de rochas do decorrer do perfil, prejudicando assim o desenvolvimento radicular. Com relação ao uso e ocupação do solo (Cara Imagem de Uso e Ocupação do Solo, anexo), Campestre apresenta suas culturas e estrutura fundiária típica de região com relevo de “Mar de Morros" (Fotos 2 e 3). Está associado, também, à estrutura pedológica, que favorece o desenvolvimento de diversas culturas, predominando o café. 56 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Pasto café mata Foto 2: exemplo de propriedade que diversifica as culturas (ex.: pasto e café) Foto 3: Área de culturas bem marcadas (feijão, café e milho) mostrando a diversidade. 57 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Outrora, os relevos de “Mar de Morros” eram recobertos pela Mata Atlântica, devastada num primeiro momento (séc.XIX), para o cultivo de café, principalmente no vale do Paraíba em São Paulo. Esta prática estendeu-se também para a região de Campestre, que hoje tem o café uma importante cultura para a economia local. Além do café, as vertentes podem estar ocupadas por capim para pastoreio do gado leiteiro. Este por sua vez, imprime os sulcos do pisoteio nas vertentes (terracetes próximas das curvas de nível), dispersando as águas das enxurradas, impedindo em parte, o escoamento linear perpendicular às curvas de nível, responsável pela abertura de ravinas e voçorocas. Os rios, ribeirões e córregos meandram em amplas várzeas de inundação (alvéolos). Na zona rural, os moradores ocupam a rampa que liga a baixa vertente (Foto 4) dos morros ao alvéolo ou os altos terraços margeando os sopés dos morros, onde estabelecem moradia, estábulo, curral, alambique, capineira, cana de açúcar, milho, feijão, horta e plantio de subsistência, dentre outros. Todas estas culturas são trabalhadas em pequenas propriedades. Ocupação na baixa vertente Pastos Café Foto 4: Ocupação na baixa vertente (alvéolos) A cafeicultura, predominante no município, é responsável pela posição de 6º maior produtor de café do Sul de Minas Gerais e 9º maior do Estado, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável. Com 2.320 propriedades rurais e quase 7.000 produtores, o município é referência em distribuição de terras e reforma agrária eficiente. A população rural ainda é bem atendida e assessorada pela Secretaria de 58 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Desenvolvimento Municipal Sustentável que trabalha dentro de uma visão de equilíbrio da exploração do solo e da conservação do meio ambiente. Há, ainda, a produção de gado leiteiro e de corte, considerados importantes para a economia local. Nas reuniões públicas, ficou claro do interesse da população em desenvolver um turismo rural, conforme supracitado, com sustentação na produção rural familiar, através da oferta de produtos e subprodutos da terra, principalmente o orgânico. Porém, o município ainda convive com impactos importantes, principalmente sobre os recursos hídricos e o solo, destacando-se a degradação de nascentes, o empobrecimento e a exposição do solo, o assoreamento dos córregos e ribeirões, o desmatamento, o uso de implementos agrícolas. Segundo a população local, ainda existem três dragas que explotam areia, em processo de licenciamento ambiental, além de outras duas ilegais. Este tipo de explotação estaria provocando o assoreamento de cursos d´água, em especial o Rio do Peixe (Foto 5), o que pode vir comprometer o desenvolvimento da agropecuária. É necessário que se estabeleçam regras para o licenciamento, a fiscalização destas atividades e a regularização dessas dragas, devendo ser tratados com rigor quando das licenças ambientais e medidas de minimização de impactos destas atividades. Rio do Peixe – próximo a explotação de areia Foto 5: área próxima à explotação de areia por dragagem, segundo informações da população local 59 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A caça e a pesca também foram apontadas como impactos negativos ao ambiente, devendo ser tratados dentro da lei de crimes ambientais. É importante salientar que a população de Campestre zela muito pelo ambiente que tem, exaltando a presença de mananciais como fator extremamente importante, pois abastece diretamente as famílias rurais e são fontes de irrigação para suas terras e, então, para seu sustento. Relativo à cobertura vegetal, o município de Campestre está situado no domínio fitofisionômico da Floresta Estacional Semidecidual (variação da Mata Atlântica) (Foto 2), bastante fragmentado pela presença das propriedades rurais e diversidades de culturas. Este fato deverá ser mais bem analisado para se conhecer a proporção de mata nativa, visando a preservação da mesma e constituição de corredores ecológicos. Ainda, em Campestre, encontram-se quatro empreendimentos madeireiros que, segundo a população local, trabalham basicamente com pinus e eucalipto, mostrando outras culturas desenvolvidas no município. Foi bastante discutido que Campestre tem vocação para o turismo, não só rural (conforme dito anteriormente), mas também para o turismo ecológico. Possui paisagens de rara beleza cênica, destacando-se a usina Barragem de Poço Fundo (Foto 6), a Serra do Tripuí (ponto mais alto do município), a cachoeira Tonico Novato, Pedra Grande (foto 7), além das fazendas antigas. Para que este potencial seja aproveitado, é necessário um planejamento ambiental e turístico integrado, a fim de se preservar, não só a paisagem, mas também a estrutura e o equilíbrio do ambiente. È necessário que se levante e inventarie todo este potencial. 60 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Foto 6: Usina Poço Fundo, barragem; administrada pela CEMIG Foto 7: Pedra Grande 61 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Para complementar a análise ambiental do território municipal, é necessário que se analise os aspectos jurídicos, pois determinam as restrições de uso e ocupação do solo e irão servir de base para se chegar ao Macro-Zoneamento Ambiental proposto. Os aspectos jurídicos referentes às questões ambientais geraram, portanto, o Mapa de Restrições ao Uso e Ocupação do Solo, em que as principais leis que regem sobre a ocupação do homem foram mapeadas gerando áreas com restrições legais (vide item “Aspectos Jurídicos”). As principais leis que regem o ambiente buscam o controle do uso e ocupação do solo, minimizando os impactos inerentes às atividades antrópicas, bem como criando obrigações e incentivos à preservação de áreas que apresentam grande importância no equilíbrio ambiental. No entanto, estas mesmas leis possuem atributos de não engessar o desenvolvimento econômico seja em nível Federal, Estadual, ou Municipal. 3.5 - Análise Integrada do Ambiente A análise integrada do ambiente é o resultado da leitura técnica somada à leitura comunitária. Esta integração gerou os mapas síntese que servirão de referência à administração municipal na gestão ambiental de seu território. 3.5.1 - Compartimentação Geomorfológica A Compartimentação Geomorfológica fornece o arcabouço para uma análise espacial da circulação, percolação e armazenamento das águas pluviais, elemento prioritário para se estabelecer um plano de gerenciamento racional em Campestre. A Compartimentação Geomorfológica objetiva agrupar as diferentes formas do Relevo. Os compartimentos apresentam traços em comum: altitude, declividade, drenagem, rocha, solo, vegetação e mesmo de ocupação, conferindo ao compartimento uma dinâmica única. No Município de Campestre, a Compartimentação Geomorfológica foi orientada e baseada principalmente sobre: relevo e bacias hidrográficas. A caracterização dos diferentes compartimentos é a base para um ordenamento territorial em macro-zonas diferenciadas e funcionais. Permitem um gerenciamento racional do território tendo em vista uma ocupação entrosada e funcional, em direção a um conviver harmonioso e sustentável. Os Compartimentos definidos em Campestre foram: Rio do Machado: delimitado pela bacia do Rio do Machado, limite com os Municípios de Poço Fundo, Ipuiúna, Santa Rita de Caldas e Caldas. Possui a barragem de Poço Fundo a CEMIG. Suas nascentes do lado esquerdo encontram-se no ponto mais alto do município, na Serra do Tripuí, em altitude de 1478m. Dentro de Campestre possui como principal 62 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais afluente o Córrego do Roque. Predominam, em termos de uso e ocupação, pastagens e solo exposto. Rio do Peixe: delimitado pela bacia do Rio do Peixe que cruza o território municipal na direção SE – NW, com cota altimétrica máxima de 1220m e mínima de 900. É a bacia mais importante de Campestre, onde se localiza a sede municipal e onde possui a captação de água da COPASA para o município (sede) a noroeste do território. Possui como principais afluentes o Ribeirão Campestre, Ribeirão das Posses, Córregos Pinhalzinho e Faxinal. Deve receber um planejamento ambiental direcionado à garantia da qualidade do abastecimento público. A paisagem é retalhada por culturas diversas e pastagens. Rio Muzambo: delimitado pela bacia do Rio Muzambo apresentando cotas altimétricas entre 1200m e 980m. Seus principais afluentes são o Córrego Bocaina e Ribeirão Boa Vista. Localiza-se na porção Nordeste do município, limitando-se com os municípios de Divisa Nova, Serrania e Machado. Dentro de Campestre, é a bacia que possui o relevo menos acidentado, favorecendo propriedades maiores e culturas mecanizadas. Rio Marambaia: delimitado pela bacia do Rio Marambaia localizado na porção noroeste do território municipal, limitando-se com os municípios de Caldas e bandeira do Sul. Está sobre terreno estruturado pelo evento tectônico vulcânico de Poços de Caldas, apresentando hipotético potencial mineral. A paisagem é retalhada por culturas diversas e pastagens. Córrego Pinhal: ocupa pequena área da sua margem direita dentro da porção leste do território municipal. Limita-se com o município de Botelhos e Bandeira do Sul. Sua altimetria encontra-se entra as cotas de 1180 a 920m. A paisagem é retalhada por culturas diversas e pastagens. 3.5.2 - Aspectos Jurídicos – Restrições Ambientais A ocupação e uso do solo, levando em consideração a abrangência ambiental de preservação de áreas especiais de proteção, com restrição de uso, de acordo com a legislação vigente, precisa ser respeitada no intuito de propiciar a preservação das características naturais do ambiente, assegurar o direito moral de existência da fauna e flora e garantir uma boa qualidade de vida para a população de um modo geral. As principais leis que regem o ambiente buscam o controle do uso e ocupação do solo, minimizando os impactos inerentes às atividades antrópicas, bem como criando obrigações e incentivos à preservação de áreas que apresentam grande importância no equilíbrio ambiental. No entanto, estas mesmas leis possuem atributos de não engessar o desenvolvimento econômico seja em nível Federal, Estadual, ou Municipal. Dentre elas podemos citar a Lei Federal 4.771 de 1965 que institui o Código Florestal Brasileiro. Nesta lei inicia-se a discussão sobre as Áreas de Preservação Permanente – APPs como áreas de grande restrição à ocupação humana, conforme descrito em seu artigo 2º , abaixo: 63 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre as margens; 3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros. b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, mesmo nos chamados "olhos d'água", seja qual for a sua situação topográfica; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos taboleiros ou chapadas; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres. Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. 64 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Seguindo a mesma linha ideológica e obedecendo a hierarquia constitucional das leis brasileiras, a legislação estadual mineira referente as APP’s também delibera e define normas mais restritivas de forma a alcançarem padrões melhores para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade regional. A Lei Estadual 14.309 de 2002 que dispõe sobre as Políticas Florestal e de Proteção à Biodiversidade no Estado de Minas Gerais, redefine as delimitações das APP´s e também prevê formas de sua intervenção, além de várias outras diversas atribuições. Em seu artigo 9º, classifica as APP´s como áreas produtivas com restrição de uso: Art. 9º - As áreas produtivas com restrição de uso classificam-se em: I - área de preservação permanente; II - reserva legal; III - unidade de conservação. Ainda segundo a Lei 14.309, em sua Seção II, artigo 10º, as áreas de preservação permanente são definidas: Art. 10 - Considera-se área de preservação permanente aquela protegida nos termos desta lei, revestida ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas e situada: I - em local de pouso de aves de arribação, assim declarado pelo Poder público ou protegido por convênio, acordo ou tratado internacional de que o Brasil seja signatário; II - ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água, a partir do leito maior sazonal, medido horizontalmente, cuja largura mínima, em cada margem, seja de: a) 30 m (trinta metros), para curso d'água com largura inferior a 10 m (dez metros); b) 50 m (cinqüenta metros), para curso d'água com largura igual ou superior a 10 m (dez metros) e inferior a 50 m (cinqüenta metros); c) 100 m (cem metros), para curso d'água com largura igual ou superior a 50 m (cinqüenta metros) e inferior a 200 m (duzentos metros); d) 200 m (duzentos metros), para curso d'água com largura igual ou superior a 200 m (duzentos metros) e inferior a 600 m (seiscentos metros); 65 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais e) 500 m (quinhentos metros), para curso d'água com largura igual ou superior a 600 m (seiscentos metros); III - ao redor de lagoa ou reservatório de água, natural ou artificial, desde o seu nível mais alto, medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja de: a) 15 m (quinze metros), para o reservatório de geração de energia elétrica com até 10 ha (dez hectares), sem prejuízo da compensação ambiental; b) 30 m (trinta metros), para a lagoa ou reservatório situados em área urbana consolidada; c) 30 m (trinta metros), para corpo hídrico artificial, excetuados os tanques para atividade de aqüicultura; d) 50 m (cinqüenta metros), para reservatório natural de água situado em área rural, com área igual ou inferior a 20 ha (vinte hectares); e) 100 m (cem metros), para reservatório natural de água situado em área rural, com área superior a 20 ha (vinte hectares). IV - em nascente, ainda que intermitente, qualquer que seja a sua situação topográfica, em um raio mínimo de 50 m (cinqüenta metros); V - no topo de morros, monte ou montanha, em área delimitada a partir da curva de nível, correspondente a dois terços da altura da elevação em relação à base; VI - em encosta ou parte dela, com declividade igual ou superior a 100% (cem por cento) ou 45º (quarenta e cinco graus) na sua linha de maior declive, podendo ser inferior a este parâmetro, a critério técnico do IEF, tendo em vista as características edáficas da região; VII - nas linhas de cumeada, no seu terço superior em relação à base, nos seus montes, morros ou montanhas, fração esta que pode ser alterada para maior, a critério técnico do IEF, quando as condições ambientais assim o exigirem; VIII - em borda de tabuleiro ou chapada, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 m (cem metros), em projeção horizontal; IX - em altitude superior a 1.800 m (mil e oitocentos metros); X - em ilha, na faixa marginal além do leito maior sazonal, medida horizontalmente, em conformidade com a largura mínima de preservação permanente exigida para o corpo d'água; 66 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais XI - em vereda. § 1º - Considera-se, ainda, de preservação permanente, quando declarada por ato do Poder Público, a área revestida ou não com cobertura vegetal, destinada a: I - atenuar a erosão; II - formar as faixas de proteção ao longo das rodovias e das ferrovias; III - proteger sítio de excepcional beleza, de valor científico ou histórico; IV - abrigar população da fauna ou da flora raras e ameaçadas de extinção; V - manter o ambiente necessário à vida das populações indígenas; VI - assegurar condições de bem-estar público; VII - preservar os ecossistemas. § 2º - No caso de reservatório artificial, resultante de barramento construído sobre drenagem natural, a área de preservação permanente corresponde à estabelecida nos termos das alíneas "d" e "e" do inciso III do caput deste artigo, ressalvadas a abrangência e a delimitação de área de preservação permanente de represa hidrelétrica, que será definida no âmbito do licenciamento ambiental do empreendimento, com largura mínima de 30 m (trinta metros), observado o disposto neste artigo, inciso III, alínea "a". § 3º - Os limites da área de preservação permanente previstos na alínea a do inciso III deste artigo poderão ser ampliados, de acordo com o estabelecido no licenciamento ambiental e, quando houver, de acordo com o Plano de Recursos Hídricos da bacia onde o reservatório se insere. O Decreto Estadual 43.710 de 2004 regulamenta a Lei nº 14.309 de 2002, que dispõe sobre as Políticas Florestal e de Proteção à Biodiversidade no Estado de Minas Gerais. Assim sendo, endossa as definições e limites de APP definidas pela Lei Estadual 14.309, estabelecendo-as como padrões legais a serem seguidos em todo o Estado. A Lei Federal 6.766 de 1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, estabelece alguns condicionantes relevantes à abrangência ambiental. No parágrafo único do artigo 3º desta lei, em que define a localização de parcelamento de solo urbano para fins urbanos, é deliberado: Artigo 3° - Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal. 67 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Parágrafo Único - Não será permitido o parcelamento do solo: I - Em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; II - Em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III - Em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento) salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; IV - Em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V - Em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. As bacias de captação de água para abastecimento público também são alvo de restrições legais. A Lei Estadual 10.793 de 1992, que dispõe sobre a proteção de mananciais de abastecimento público no Estado de Minas Gerais, ampara restrições e proibições de uso e ocupação do solo nos limites das bacias em questão. O artigo 4o detalha: Art. 4o – fica vedada a instalação, nas bacias de mananciais, dos seguintes projetos ou empreendimentos que comprometam os padrões de qualidade das águas: I – indústrias poluentes a) b) c) d) e) f) g) h) fecularias destilarias de álcool metalurgias e siderurgias químicas artefatos de amianto matadouro processamento de material radioativo curtumes II – atividade extrativa vegetal ou mineral III – estabelecimentos hospitalares a) hospitais b) santórios c) leprosários IV – cemitérios 68 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais V – depósito de lixo e aterro sanitário VI – parcelamento de solo a) loteamento b) conjunto habitacional VII – atividade agropecuária intensiva ou hortifrutigrangeira que envolva a necessidade de aplicação de doses maciças de herbicidas, defensivos agrícolas, fertilizantes químicos e produtos veterinários organofosforados ou organoclorados VIII – suinocultura intensiva XIX depósito de produtos tóxicos Os aspectos jurídicos referentes às questões ambientais, conforme descrito neste item, geraram um mapa síntese de Restrições ao Uso e Ocupação do Solo, em que todas as leis supracitadas foram mapeadas gerando áreas com restrições legais. Este mapa subsidiou, através do cruzamento com outras cartas temáticas, a concepção do Macrozoneamento Ambiental. 3.5.3 - Macro-Zoneamento Ambiental Integrado O Macro-zoneamento Ambiental Integrado é a síntese da integração ambiental a partir do cruzamento da Compartimentação Geomorfológica com as Restrições ao Uso e Ocupação do Solo. Esta divisão servirá de base para o gerenciamento do território a partir da concepção do Sistema de Gestão Ambiental Territorial – SISGAT (vide item “Diretrizes Ambientais Integradas”). Foram definidas 4 Macro-Zonas a partir das restrições impostas e potencial de cada uma, considerando fatores de fragilidade ambiental, potencialidade econômica, recursos hídricos, impactos ambientais, aspectos legais e outros. Com isto, ficam definidas as seguintes Macro-zonas, representadas pelo Mapa de MacroZoneamento Ambiental Integrado, caderno de mapas: Macro-Zona de Preservação Ambiental – MZPA A expressão “Preservação Ambiental” traduz o cuidado que se deva ter com esta MacroZona em função dos impactos diretos sobre a dinâmica hídrica, principalmente, no que diz respeito à qualidade de água, à estabilidade do solo, preservação da vegetação, entre outros. A implantação de empreendimentos imobiliários, indústrias, atividades extrativistas e culturas que utilizem uso maciço e implementos agrícolas potencializam altos riscos ambientais. Portanto, esta Macro-Zona deverá apresentar restrições ou mesmo proibições 69 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais para determinadas atividades em uma idéia de preservação a fim de garantir qualidade e quantidade dos recursos naturais. Macro-Zona de Conservação Ambiental – MZCA A expressão “Conservação Ambiental” reflete o caráter conservacionista da área em uma alusão à transição entre proibição e uso irrestrito. É uma área que apresenta fragilidade ambiental moderada, devendo assumir um tratamento direcionado ao uso racional com restrições legais e apoiadas à estudos mais aprofundados do ambiente em questão. Em Campestre, a MZCA está representada pelo Compartimento do Rio Marambaia, pois suas características são peculiares quando do potencial exploratório que, hipoteticamente oferece: a explotação mineral (mineração), por estar próxima ao sistema vulcânico de Poços de Caldas. Neste caso, esta Macro-zona torna-se uma área a ser tratada com cuidado pelas autoridades ambientais estaduais e municipais, a fim de que quaisquer usos futuros seja planejado em respeito ao meio ambiente. Macro-Zona de Uso Irrestrito – MZUI A expressão “Uso Irrestrito” está relacionada à restrições menores onde a legislação ambiental deverá ser aplicada, sem engessar o desenvolvimento de atividades que venham contribuir para a geração de emprego e renda e para o desenvolvimento econômico do município. A vocação rural de Campestre deverá ser trabalhada visando não só o desenvolvimento econômico, mas também o controle e monitoramento das atividades para o uso racional do solo. A MZUI está representada pela jusante da captação de água do Rio do Peixe, e pelos Compartimentos do Rio do Machado, Rio Muzambo e Córrego do Brejo. Macro-Zona de Influência Urbana – MZUI A Macro-Zona de Influência Urbana é uma área caracterizada por possuir o ambiente meramente urbanizado e seu entorno de influência direta, exercendo e sofrendo pressão das atividades econômicas desenvolvidas nesta área. Seu tratamento deverá acompanhar as diretrizes de saneamento básico para a cidade e do parcelamento do solo urbano, respeitando a influência das sub-bacias sobre a sede e a pressão desta sede sobre o entorno. 3.6 - Diretrizes Ambientais Integradas • Aprovar o Macro-zoneamento Ambiental Integrado constante do Mapa Macrozoneamento Ambiental Integrado, anexo. • Elaborar o Zoneamento Ambiental, dentro do território de Campestre, integrando variáveis ambientais com as particularidades de cunho cultural, social, político e econômico, respeitando as potencialidades e fragilidades do ambiente em questão. 70 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Deverá ser trabalhado em um nível de detalhamento adequado para escala de 1:10.000. • Elaborar Mapa de Cobertura Vegetal e Uso do Solo utilizando metodologia de Sensoriamento Remoto para a classificação (por pixel) dos diversos usos do solo e mensuração da proporção das atividades humanas sobre o mesmo. Deverá respeitar a escala de 1 : 10.000 a fim de apoiar o Zoneamento Ambiental proposto e para se conhecer melhor a distribuição geográfica dos usos. • Criar um Sistema de Gestão Ambiental Territorial - SISGAT contemplando a criação de um banco de dados georreferenciados com atualização periódica. Este banco de dados deverá conter informações dos eventos sobre a superfície territorial, dos impactos oriundos do uso e ocupação do solo tais como, desmatamento, atividades mineradoras, queimadas, uso de agrotóxicos, erosões e outros, sendo estas informações constantemente mapeadas e trabalhadas em Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Deverá utilizar variáveis de estrutura fundiária e distribuição das propriedades e suas respectivas produções. • Definir prioridades de ações a respeito de fiscalização, recuperação ambiental, preservação ambiental e outros, em que o SISGAT estabeleça um cronograma das ações definidas a partir da demanda e em função das necessidades emergenciais de curto prazo. • Integrar o SISGAT com as ações e intenções de outros setores da administração pública. • Implantar e fortalecer a Secretaria Municipal de Meio Ambiente montando infraestrutura adequada às suas atribuições, no que diz respeito aos aspectos sanitários e ambientais e aos aspectos do meio físico e do território municipal. Esta secretaria deverá dispor de técnicos qualificados para a fiscalização do território, com conhecimentos das diversas disciplinas ambientais, cartografia e SIG, legislação ambiental, noções de planejamento e gestão ambiental. Sua infra-estrutura física deverá conter veículo para os percursos no território, computador, GPS, máquina fotográfica, outros para apoio na manipulação das informações sobre o meio ambiente em Campestre. Os técnicos contratados serão responsáveis, também, pelo apoio nas decisões do CODEMA, utilizando os conhecimentos sobre o território municipal para amparar as deliberações do conselho. • A Secretaria de Meio Ambiente será a responsável pela aplicação total da política municipal de proteção, conservação, controle e recuperação do meio ambiente de Campestre, a ser proposta pelo Plano Diretor, abaixo. 71 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Elaborar uma Política Ambiental Municipal para se tornar referência na gestão ambiental municipal onde suas diretrizes básicas deverão ser cumpridas e incorporadas ao Plano Diretor. Dentre estas diretrizes destacam-se: • proteger, ampliar e recuperar a cobertura vegetal, no território municipal, especialmente nas bacias dos Rios Peixe e Marambaia; • promover a proteção dos animais de qualquer espécie, em qualquer fase do seu desenvolvimento, que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais; • promover a melhoria das condições atmosféricas de forma adequada à saúde, a segurança e ao bem estar da população, bem como ao desenvolvimento da vida animal e vegetal; • promover a melhoria dos cursos d’água das demais bacias hidrográficas, tendo em vista seus usos a jusante do território municipal; • promover a proteção e o uso racional do solo e subsolo; • estimular a recuperação de áreas erodidas. • Esta Política deverá estar baseada no Macro-zoneamento Ambiental integrado proposto. • A Secretaria Municipal de Meio Ambiente deverá priorizar a fiscalização do território municipal para empreendimentos com maior potencial poluidor, tais como as minerações e o uso indiscriminado de implementos agrícolas, realizando a autuação quando do descumprimento das regras. • A Secretaria Municipal de Meio Ambiente deverá monitorar o desmatamento, as queimadas, a disposição inadequada de lixo e minerações, entre outras ações geradoras de impactos ambientais, utilizando o SISGAT como referência. • A Secretaria Municipal de Meio Ambiente deverá trabalhar em conjunto com outros setores da administração pública, visando a integração de informações, uma vez que questões ambientais estão diretamente relacionadas aos aspectos culturais, políticos, sociais e econômicos. • Consolidar parcerias com instituições e universidades para fins de apoio técnico, assessoria e desenvolvimento de projetos dentro da esfera ambiental, bem como na orientação ao desenvolvimento das atividades agrícolas, apoiando a Prefeitura Municipal. 72 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Estabelecer uma rede de monitoramento da qualidade e quantidade das águas superficiais e subterrâneas, a fim de se conhecer precisamente os impactos ambientais sobre o território municipal. Esta rede de monitoramento poderá ser realizada através das parcerias estabelecidas e deverá alimentar o banco de dados do SISGAT, conforme diretrizes supracitadas. • Mapear os fragmentos de florestas e vegetação de grande porte para o estabelecimento de áreas passíveis a se tornarem unidades de conservação e/ou corredores ecológicos objetivando aumentar a área verde em Campestre. • Incentivar a criação de Unidades de Conservação com o objetivo assegurar a preservação dos recursos naturais para garantir o equilíbrio ecológico e assegurar a vida da fauna e da flora, bem como da qualidade e quantidade dos recursos hídricos. Faz-se necessário o mapeamento de áreas passíveis a se tornarem unidades de conservação, classificando-as de acordo com sua importância e seguindo orientação da Lei Federal 9.985/2000 (Lei do SNUC) que estabelece normas e critérios para a criação de Unidades de Conservação. • Elaborar Programa de Educação Ambiental atingindo toda a sociedade de Campestre, contemplando escolas públicas e privadas, as comunidades rurais e bairros. Deverá mobilizar toda a população, focando os recursos hídricos e seus impactos associados e o agricultor quando do uso de agrotóxicos, desmatamento, erosão e outros. O programa deverá ser elaborado e executado pelo corpo técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e parceiros, integrando-se com a equipe da Secretaria Municipal de Educação, mobilizando também, outros setores da administração pública. Todo este trabalho será desenvolvido dentro de um cronograma com avaliações periódicas, correções e adaptações que se fizerem necessárias. • Elaborar Plano para o desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo ambiental e rural, realizando inventários das potencialidades que o município oferece. Todos estes potenciais deverão ser mapeados e integrados ao SISGAT proposto. • Elaborar e executar Plano Integrado de Recuperação das principais Bacias destacando-se as bacias de mananciais de abastecimento público, no intuito de promover o resgate da qualidade dos cursos d´água. Este Plano deverá se iniciar através da formação de comitês para cada bacia hidrográfica. Estes comitês deverão ser constituído por representantes das diversas comunidades integrantes destas bacias, contemplando os municípios vizinhos que integram os limites das mesmas. Este plano deverá ser elaborado pelos comitês criados e pelos poderes públicos municipais integrantes destas bacias. Deverá contemplar a realização de análises da qualidade da água para investigar a origem de contaminações e apontar ações corretivas para sanar os problemas identificados. Poderá estar integrado ao SISGAT 73 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais e à rede de monitoramento da qualidade e quantidade das águas superficiais e subterrâneas propostas acima. • Elaborar e aprovar leis e normas específicas para: os processos de licenciamento ambiental; a explotação mineral; o uso de fertilizantes e agrotóxicos; o plantio e manejo de monoculturas; parcelamento do solo, uso das APPs, outros. • Criar dispositivos de incentivos aos produtores rurais que cooperarem na preservação ambiental de suas propriedades em ações de recuperação de suas nascentes e no reflorestamento de áreas degradadas, principalmente as matas ciliares. As ações nesta direção deverão estar integradas com o Programa de Educação Ambiental proposto e com as atribuições de implantação e fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. • Realizar estudos limnológicos das águas da usina Poço Fundo para se conhecer a real dimensão dos impactos ambientais sobre elas e estabelecer ações na busca da minimização dos mesmos. É necessário que se busque parcerias com as instituições que atuam no município, com as universidades e com a CEMIG, responsável pela gestão hídrica da represa. • Implantar um setor de Geoprocessamento a fim de manipular dados ambientais georreferenciados, visando a integração e cruzamento de informações, gerando cartografia e, desta forma, facilitando todo o gerenciamento do território municipal. Este setor deverá ter um técnico especializado, com domínio do geoprocessamento. Todas as informações do ambiente deverão estar georreferenciadas e espacializadas para que este setor possa gerar as cartas temáticas atualizadas do município. Desta forma, poder-se-á localizar problemas e criar cenários futuros do território. 3.7 - Conclusão A análise ambiental integrada somada à leitura comunitária gerou diretrizes que irão nortear a administração pública na busca do desenvolvimento sustentável. Foram elaborados mapas para facilitar a compreensão do território e a localização dos eventos sobre a superfície terrestre. Na síntese, o Macro-Zoneamento definido a partir de restrições legais e da fragilidade ambiental apresentada deverá ser o apoio na orientação e na distribuição espacial das atividades humanas sobre o solo. Com isso, o poder público terá em mãos a base inicial na busca ao desenvolvimento sustentável. 74 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4 - ESTRUTURA URBANA E DO TERRITÓRIO MUNICIPAL 4.1 Localização e Acessos 2 Campestre é um município com 576,94 Km de território (IGA-MG) e pertence à Microrregião de Poços de Caldas e à Região de Planejamento Sul de Minas, conforme já apresentado no Capítulo referente aos Aspectos Econômicos e Sociais. O território municipal faz divisa ao norte com Divisa Nova, a noroeste com Botelhos, a leste com Bandeira do Sul, ao sul com Poços de Caldas e Santa Rita de Caldas, a sudeste com Poço Fundo, a leste com Machado e a nordeste com Serrania. O acesso ao município é feito basicamente pela rodovia federal BR-267. Existem ligações internas, pelas estradas rurais, que ligam à sede e a outros municípios, porém não pavimentadas. A distância entre Belo horizonte e Campestre é de 422 km e o acesso é feito pela rede rodoviária formada pela BR 381 (Fernão Dias) / BR 491 / MG 453 e BR 267 (em direção a Poços de Caldas). A ligação com o Estado de São Paulo é feita também através da BR 267, seguindo em direção a Poços de Caldas, onde a partir da fronteira estadual se acessa a rede rodoviária paulista, que articula facilmente as ligações entre cidades importantes ( São Paulo - capital, Campinas, Ribeirão Preto, etc). Distâncias dos principais centros (Km): Fonte: DER-MG Belo Horizonte: Rio de Janeiro: São Paulo: Brasília: 422 Km 510 Km 395 Km 1.158 Km 4.2 Informe Histórico A Região começou a ser ocupada em meados do século XVIII, quando os primeiros aventureiros chegaram ao interior de Minas sonhando com muito ouro, pedras preciosas ou o lucro em outras atividades. Ponto de passagem para exploradores de riquezas e tropeiros, Campestre se tornou, em meados do século XVIII, abrigo para as primeiras e pequenas populações da região, constituídas principalmente de imigrantes. Essa gente se fixou em terras provavelmente doadas por Manoel José Muniz e Francisco José Muniz. Chegaram primeiro os portugueses com seus escravos, por volta de 1.740; depois em 1.880, os imigrantes europeus, italianos e mais portugueses; e em 1.890 levas de sírios libaneses. O povoado foi fundado em 1.830 com o nome de Carmo de Campestre; em 30 de agosto de 1.911, o distrito é elevado a município pela Lei nº 556, e passa à condição de cidade. 75 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Histórico de divisão territorial-administrativa Ouro Preto Æ São João Del Rey (08/07/1713) Æ Campanha ( 20/09/1798) Æ Pouso Alegre ( 13/10/1831) ÆCaldas ( 16/03/1839) Æ Campestre (30/08/1911). 4.3 Análise do Território Municipal O Município de Campestre apresenta uma dimensão territorial considerável (576,94 km²), onde predomina a monocultura do café. Segundo o Censo do IBGE no ano de 2.000, a população rural representava 49,4% do total de seus 20.501 habitantes. No município de Campestre predominam as pequenas propriedades rurais (90,57% do total de estabelecimentos), que ocupam 43,34% do total da área de seu território. As grandes propriedades ocupam 23,57% da área total ocupada e representa menos de 1% do total de estabelecimentos. Conforme Capítulo referente aos Aspectos Econômicos e Sociais, neste documento. A população rural encontra-se dispersa pelo território, e está distribuída em regiões geográficas denominadas “Bairros Rurais”. Esses bairros são formados, normalmente, de um conjunto de pequenas propriedades e seus moradores, mas não constituem aglomerações com características urbanas, com exceção do Bairro de Posses. Todos esses bairros rurais apresentam os mesmos problemas e limitações, principalmente devido à carência de oferta de serviços públicos e à falta de um sistema de transporte coletivo para a sede, conforme descrito a seguir. Nos bairros rurais de Campestre não existem postos de saúde, salvo no Bairro de Posses. No Bairro de Pedra Grande apesar da existência de um edifício construído para a finalidade de Posto de Saúde, este funcionou por pouco tempo, sendo desativado e, atualmente, seus equipamentos estão sendo encaminhados para o Posto de Saúde da Sede. Assim, nos bairros rurais onde existe uma estrutura para esta finalidade, o serviço de saúde não funciona, como em Pedra Grande, ou funciona com restrições como no caso do Bairro de Posses, onde o serviço só funciona no período da manhã. Em relação à educação, alguns bairros rurais possuem escolas em funcionamento: Pedra Grande, Posses, Vargem do Rio, Pitangueiras, Pião, Sertãozinho e Pinhal. No ensino nos bairros rurais, a maioria das salas são multi-seriadas, até a 4ª série do ensino fundamental. A única escola que atende também de 5ª a 8ª série é a Escola Municipal de Pedra Grande. Verificou-se, através de percursos de campo, que as edificações escolares dos bairros rurais nem sempre atendem às normas e exigências específicas para esse tipo de construção. A política para esporte, cultura e lazer no Município de Campestre, no que diz respeito aos Bairros Rurais é deficiente, ou inexistente. O que se observa são campos de futebol, muitos sem estrutura de vestiários ou arquibancadas. Esses campos de futebol são hoje o único 76 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais equipamento público para a pratica de esportes na área rural de Campestre. Como o futebol é uma prática predominantemente masculina, as mulheres não têm opções quanto à prática de atividades físicas. Não existe, também, uma política cultural voltada para a população rural. A ausência de um sistema de transporte coletivo municipal e de telefones públicos, na maioria das comunidades rurais, coloca uma parcela considerável da população em situação de isolamento quando precisa de um atendimento médico em caráter de urgência, por exemplo. As questões relacionadas aos aspectos sanitários e ambientais nos diferentes bairros rurais foram tratadas em Capítulo específico neste documento, mostrando precariedade no atendimento da população ali residente. A violência é uma questão preocupante, não só na zona urbana, como também na área rural. A crescente onda de roubo de maquinários, produção e criação, vem sendo uma preocupação entre os moradores dos bairros rurais de Campestre, principalmente na época de colheita, onde os grandes produtores trazem mão-de-obra de outras cidades, e muito desses trabalhadores chegam sem qualquer referência. O Município de Campestre possui uma enorme riqueza hídrica, porém ainda carece de um programa de gestão integrada desses recursos. 4.3.1 - Sistema Viário Municipal O território é cortado praticamente ao meio pela rodovia BR-267, única ligação pavimentada do Município com o restante do estado e do país. A situação precária em que a rodovia se encontra na maior parte do ano (salvo pequenos espaços de tempo quando, paliativamente, faz-se o chamado “tapa-buracos”), vem afetando diretamente o escoamento da produção e tem peso negativo em relação a uma possível implantação de empresas no município, afetando a viabilização do desenvolvimento econômico local. As estradas rurais são vitais na estrutura do território municipal de Campestre, tanto que os moradores que as usam sempre colocam que a primeira preocupação que têm é justamente com a manutenção sistemática dessas estradas, para que ofereçam uma boa condição de tráfego. A sede urbana exerce um papel centralizador, e as estradas rurais são as únicas ligações entre os bairros rurais e a sede, já que os quase 50% da população do município, encontram-se na área rural, e precisam ter acesso aos serviços públicos. A rede de estradas rurais é muito extensa, sendo todas de terra, sem nenhuma pavimentação. A grande extensão da rede municipal de estradas e o pouco maquinário do setor de Serviços Urbanos afetam a qualidade de transito dessas vias e sua manutenção. Logo, a situação precária das estradas rurais é o reflexo da enorme malha viária municipal e das dificuldades existentes para sua manutenção, de ordem financeira, pelos recursos 77 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais escassos, e estruturais, pela deficiência material e técnica da prefeitura ao realizar esse trabalho de manutenção. Dentro da rede de estradas rurais de Campestre não há uma hierarquização clara das vias, ou seja, não existe um plano de gestão das estradas rurais, o que possibilitaria a maximização dos investimentos através de propostas especificas para a melhoria e manutenção dessa rede de estradas, priorizando-se as estradas-tronco. Como não existe um sistema de transporte público municipal, os moradores da área rural se vêem impedidos para se dirigirem à sede para um exame de saúde, recebimento de benefícios, etc. Essas pessoas então tem que se locomoverem a pé ou contarem com alguma carona. Assim, nota-se claramente uma limitação no que tange à mobilidade da população dentro do território. Há de ressaltar, ainda, o papel que as estradas rurais desempenham em relação ao escoamento da produção agrícola, ou seja, sua importância enquanto apoio ao desenvolvimento econômico do município. 4.3.2 - Proposta para a Estruturação do Território Municipal Devido à centralização dos serviços e equipamentos públicos na sede do município e às más condições das estradas rurais, a população rural de Campestre encontra-se, de certa forma, isolada, seja pela carência de serviços e equipamentos públicos que não estão disponibilizados na sua comunidade ou no entorno próximo, seja pela ausência de um sistema de transporte coletivo municipal e até mesmo pela inexistência de um telefone público. Assim, considerando-se a estrutura fundiária, a grande parcela da população residente na área rural, a importância da atividade agrícola no cenário econômico de Campestre, além da centralização dos serviços públicos na sede urbana, propõe-se a estruturação do território municipal mediante o fortalecimento de bairros rurais que possam desempenhar o papel de sub-centros de apoio às comunidades mais próximas, resolvendo questões e atendendo essas comunidades, em uma instância intermediária, antes de se recorrer à sede. Os sub-centros serão bairros rurais com localização geográfica estratégica, ligação facilitada com a sede e com as comunidades de seu entorno através do sistema viário municipal, com vocação ou papel já consolidado de aglutinador de pessoas. Os sub-centros disponibilizarão serviços e equipamentos públicos diminuindo gradativamente o papel centralizador da sede e melhorando a qualidade de vida dos moradores da área rural pelo acesso direto aos serviços e equipamentos públicos. Essas ações se refletirão, com certeza, no controle do êxodo rural, qualificação de mão-deobra, acesso à educação e cultura e mobilidade no território municipal. 78 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Variáveis para a escolha dos Sub-Centros: A escolha dos sub-centros se deu obedecendo a algumas variáveis que apoiaram uma leitura do território de Campestre e a distribuição das localidades rurais neste trritório. Desta forma, a escolha dos sub-centros foi embasada nesta leitura, conforme apresentado a seguir: A.1 - Estrutura Existente Analisou-se a estrutura de ocupação de cada bairro rural, considerando aqueles que apresentassem edificações, espaços físicos e equipamentos que caracterizassem a oferta de serviços e atividades capazes de consolidar um lugar central e aglutinar pessoas (escola, comércio, campo de futebol, posto de saúde, telefone público, etc.). Essa estrutura de ocupação foi considerada o suporte para a formação ou o fortalecimento de um sub-centro de convergência e de apoio às comunidades de seu entorno. A.2 - Localização Geográfica A posição geográfica estratégica que o núcleo rural estava insserido no território municipal, considerando a facilidade de acesso à sede e a possibilidade de exercer o papel aglutinador de pessoas, serviços e atividades. A.3 - Sistema de Ligação Viária A rede de estradas rurais somou-se à Localização Geográfica, verificando-se a possibilidade de articulação das comunidades existentes no raio de abrangência do sub-centro, bem como a ligação desse sub-centro com a área urbana da sede. Através dessa leitura, de levantamentos e visitas aos locais, entrevistas e análise da estrutura de diversos bairros rurais do município de Campestre, chegou-se ao número de cinco Sub-Centros: a) Sub-Centro Caxambu: Embora não exista uma aglomeração de casas no núcleo indicado, o ponto focal é o conjunto composto pela escola, centro comunitário, igreja e campo de futebol e um pequeno comércio. A escola é da 1ª à 4ª série e atende as comunidades de: • • • • • Pessegueiros Primos Capituvas Milho Verde Caxambu (FONTE: Entrevista com moradores locais) 79 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A vocação de convergência dessas comunidades para o núcleo Caxambu, a sua inserção na rede de sistema viário municipal, o conjunto existente e sua conformação em termos de assentamento, foram determinantes na escolha. b) Sub-Centro Posses: É uma comunidade diferenciada, não só devido ao número da sua população, mas também pela sua morfologia, com características urbanas. As edificações estão implantadas ao longo da estrada rural, que assume papel de rua com residência, comércio e serviços. Dessa rua principal partem ruas perpendiculares. A comunidade é servida por escola, igreja, centro comunitário, telefone público e posto de saúde. Conta também com vendas, um mercado, posto de gasolina, oficinas, farmácia, academia de ginástica e lojas de roupas. Há previsão para a construção de um Ginásio poliesportivo na comunidade. Apesar da sua população, a escola é apenas da 1ª à 4ª série e atendendo as comunidades de: • Lajeado • Roseira • Baixadão • São Benedito • Posses • Alves Ferreira (FONTE: Entrevista com moradores locais) A importância incontestável desse núcleo, dada pelo número de moradores, acrescido com a população das áreas de entorno, associado à sua localização geográfica e possibilidade de maior articulação pela proximidade com a BR 267, já configuravam Posses como um Sub-Centro natural. Semelhantemente ao sub-centro Caxambu, não c) Sub-Centro Pitangueiras: existe uma aglomeração de casas no núcleo, entretanto a estrutura de ocupação dos equipamentos existentes (escola, igreja e campo de futebol) e sua posição estratégica no território municipal, pesaram favoravelmente na escolha do núcleo Pitangueiras como sub-centro. A escola é da 1ª à 4ª série, multiseriada e possui um dos edifícios escolares mais novos na zona rural. A escola Municipal de Pitangueiras atende as comunidades de: • Barragem • Moreiras • Cafundó • Pereiras • Pitangueiras • Tripuí. (FONTE: Entrevista com moradores locais) 80 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Apesar da Comunidade de Tripuí se localizar no município de Caldas, a maioria da sua população freqüenta Campestre, fazendo uso de seu comércio e de serviços públicos e privados. d) Sub-Centro Pinhal: A comunidade de Pinhal se apresenta como uma pequena aglomeração de casas com uma venda, um campo de futebol no limite dessa ocupação, duas igrejas e escola nas proximidades. A existência das igrejas, elemento indutor de aglutinação de pessoas, mobiliza um bom número de pessoas para esta comunidade. A facilidade de acesso, bem como sua localização no território municipal, determina a vocação natural dessa comunidade como ponto de convergência de pessoas. Essa vocação será fortalecida através da consolidação de Pinhal como sub-centro. A escola Municipal de Pinhal atende os alunos de 1ª à 4ª série das comunidades: • Cachoeira Grande • Cachoeirinha • Brejo • Esmeril • Pinhal (FONTE: Entrevista com moradores locais) e) Sub-Centro Pedra Grande: O ponto definido para o sub-centro Pedra Grande é onde se localiza a Escola Municipal de Pedra Grande e o Posto de Saúde desativado. O núcleo encontra-se às margens da BR 267 e conta com dois restaurantes e posto de gasolina, além de um campo de futebol nas proximidades. Não há uma aglomeração de casas no núcleo. A comunidade Pedra Grande é outro núcleo com incrível poder de aglutinação de pessoas, principalmente nos fins de semana, por causa dos restaurantes. A escola de Pedra Grande atende alunos da 1ª à 8ª séries, que vêm das seguintes comunidades: • Fazenda Cigana • Fazenda Pedra Grande • Fazenda Itaguaçu • Fazenda Piedade • Pinheiro de Baixo • Usina • Boa Vista • Inhamal • Pinheiros (FONTE: Entrevista com moradores locais) 81 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.3.3 Diretrizes para o Território Municipal de Campestre • Criação, implantação e fortalecimento dos Sub-Centros definidos, através de projetos de urbanização, da instalação de equipamentos públicos e comunitários, de tratamento paisagístico, e da melhoria das condições sanitárias e ambientais; • Implementar espaços de convivência de uso múltiplo, onde poderão ser realizadas desde palestras educativas, cursos profissionalizantes ou atividades de lazer, contornando a deficiência na política de cultura e lazer nas comunidades da área rural; • Implantação do PSF rural, considerando o atendimento através da estrutura dos sub-centros rurais; • Estudar a viabilidade de implantação de uma Patrulha Rural; • Elaboração de políticas especificas para o abastecimento de água, esgotamento doméstico e lixo, conforme definido no Capítulo Aspectos Sanitários e Ambientais, deste documento; • Elaboração de um plano de manutenção e conservação das estradas rurais: no sistema viário do município, algumas estradas se destacam pela acessibilidade que promovem. Deste modo é importante a hierarquização da rede viária municipal para a melhoria e conservação dessas estradas, dando prioridade às estradas tronco (ligação entre a sede urbana e os sub-centros) e às coletoras principais (ligação entre os sub-centros e sua área de entorno), maximizando o uso de recursos públicos através de investimentos sistemáticos e periódicos. • Realizar estudos para a implantação de um Sistema de Transporte Coletivo Municipal, com linhas de transporte regulares, ligando a Sede aos sub-centros, visando resolver a questão da acessibilidade e mobilidade no território municipal. • Viabilizar a implantação de um sistema de coleta seletiva de lixo na área rural. 4.3.4 Diretrizes Específicas para os Sub-centros Sub-centros de Pitangueiras e de Caxambu • Estruturação do núcleo através da implantação de novos equipamentos (quadras, espaços de convivência, posto de saúde) e melhoria dos equipamentos existentes, estabelecendo o prazo de seis meses a partir da aprovação desta Lei para a elaboração e aprovação dos projetos, dentro do processo de Gestão Democrática conforme estabelece a Lei 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade. 82 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Fazer levantamento topográfico detalhado do núcleo, com curvas de nível, para a determinação de perímetro urbano, elaboração de projeto de desenho urbano e definição de normas de controle urbanístico para regular e controlar futuros parcelamentos e a ocupação do solo. • Viabilizar a colocação de telefones públicos nas comunidades, no prazo de seis meses a partir da aprovação do Plano Diretor. Sub-centros de Posses e Pinhal • Elaboração de um cadastro imobiliário detalhado da área parcelada e de suas edificações. • Realizar levantamentos topográficos e estudos que, incorporados ao cadastro imobiliário, determinarão projeto de desenho urbano, definição de perímetro e de normas urbanísticas para regular e controlar a ocupação do solo e os novos parcelamentos. • Elaboração e aprovação de projetos de urbanização e paisagismo integrados, definindo calçadas e pavimentação de vias, incorporando a comunidade nas decisões a partir de um processo de Gestão Democrática, de acordo com a Lei 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade. • Realizar estudos e levantamentos para viabilizar a implantação de um sistema de abastecimento de água e esgoto. Sub-centro de Pedra Grande • Realizar levantamento topográfico detalhado do núcleo, com curvas de nível, para a determinação de perímetro urbano, elaboração de projeto de desenho urbano e definição de normas de controle urbanístico para regular futuros parcelamentos e a ocupação do solo. • Viabilizar, a curto prazo, a solução do problema do abastecimento de água da Escola Municipal de Pedra Grande e do Posto de Saúde desativado. • Reativação do Posto de Saúde. • Elaborar projeto para a construção de uma quadra poliesportiva e para o espaço de convivência, incorporando a comunidade nas decisões a partir de um processo de Gestão Democrática, em conformidade com a Lei 10.257 de 2001- estatuto da Cidade. 83 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.4 Análise da Estrutura Urbana A ocupação da área urbana de Campestre foi espontânea, o que resultou em uma malha urbana com ruas estreitas. Em alguns pontos da cidade ainda encontram-se ruas sem pavimentação. Verificou-se que os loteamentos, principalmente até a aprovação e entrada em vigor da Lei Federal 6.766/79 – Parcelamento do Solo, foram abertos sem quaisquer exigências por parte do Poder Público municipal. Em muitos casos, o próprio Poder Público se responsabilizou pela abertura das vias e a implantação da infra-estrutura. Ruas isoladas, ainda hoje, são abertas pela Prefeitura, caracterizando um repasse de responsabilidades do proprietário ou empreendedor, para o poder público . Com a Lei Federal 6.766 de 1979, a Prefeitura passou a exigir dos loteamentos projetados, a obediência da legislação, o que, entretanto, não gerou muitas melhorias ambientais ou qualitativas no planejamento do espaço urbano. Loteamentos sem cumprimento, por parte do loteador, de obrigações exigidas por lei, foram vendidos aos compradores. Espaços destinados a áreas verdes e a equipamentos comunitários estão muitas vezes em áreas de alta declividade e sem relação de integração com a malha urbana existente. Essa situação mostra deficiência na estrutura administrativa da Prefeitura e ausência de legislação urbanística específica, de recursos humanos e procedimentos necessários ao processo de análise a aprovação dos parcelamentos do solo e à localização de edificações. Mostra também a ausência de planejamento da expansão e da ocupação urbana da cidade, uma vez que loteamentos implantados não apresentam uma proposta de integração e articulação com a malha urbana já consolidada, gerando perdas para a qualidade do espaço em termos de circulação, áreas de uso público, preservação ambiental, valorização de patrimônio histórico e paisagístico, entre outras questões. É importante comentar que, mesmo com a pouca qualidade do espaço de uso público oferecido, a apropriação da rua como extensão da casa é intensa, não só pelo fato das residências terem muitas vezes dimensões reduzidas, mas também pela diversidade de atividades existentes dentro de uma mesma área da cidade, favorecendo a vitalidade urbana. A diversidade, ou seja, ao uso misto (residencial e comercial) define um caráter importante na relação de uso e de vida dos espaços públicos. Essa diversidade do uso do solo urbano também mostra uma realidade onde atividades de caráter rural e espaços urbanos se interpenetram, expressando um quadro interessante, no qual alguns terrenos não ocupados por edificações, ou terrenos maiores, dentro da cidade, são utilizados para plantio de hortas e outros produtos agrícolas e criação de galináceos, quase sempre com a finalidade de subsistência. 84 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.4.1 Estrutura da ocupação e uso do solo urbano Os lotes que predominam no tecido urbano são de 10m x 20m (200 m2), mas existem e são aprovados, lotes menores que 150 m2. Verifica-se, também, a ocupação de lotes por duas, três ou mais famílias. È daí que surgem os becos, cortiços, casas de fundo, tão comuns na cidade. Predominam casas implantadas nas divisas do terreno, tanto na testada como na sua divisa lateral onde, pela deficiência de fiscalização, são freqüentemente encontradas aberturas sem o recuo mínimo exigido pelo Código de Obras do Município. O recuo frontal também é pouco obedecido. O grau de impermeabilização dos lotes é muito alto nos lotes de 150 a 200 m2. Do total de lotes existentes na cidade, 26% estão desocupados, entretanto muitos deles são de difícil ocupação, devido à topografia. Há ainda, na cidade, grandes vazios urbanos entre os loteamentos, para onde deve ser priorizada a implantação de novos parcelamentos para maior unidade do tecido urbano, criando condições melhores de deslocamento e diminuindo o custo da cidade. Esses vazios estão fora do perímetro urbano atual, que não reflete uma intenção planejada de conformação e expansão da cidade, uma vez que funciona apenas como delimitador da área já urbanizada. Na ocupação dos lotes pelo uso residencial predominam casas de um pavimento, não geminadas, e sobrados (edificações de dois pavimentos) que normalmente apresentam garagem e/ou comércio no pavimento térreo e a residência no pavimento superior. Esta ultima configuração residencial, o sobrado, constitui uma forte tendência na cidade, sob a idéia de morar e trabalhar, economizando aluguel ou tendo uma renda com o aluguel do pavimento térreo. No centro da cidade de Campestre (a partir da Praça Delfim Moreira até o final da rua Coronel José Guilherme) começam a aparecer prédios com mais de três pavimentos, o que pode constituir um adensamento prejudicial àquela área, se não forem impostas limitações urbanísticas e construtivas para os novos empreendimentos deste tipo. Essas construções novas, ou reformas, vem gerando a valorização dos imóveis, nesta parte da cidade, que passa a ser vista como área nobre de Campestre, pois a maior parte desses investimentos são voltados para pontos comerciais de aluguel. Os usos comercial e de serviços ocorrem de forma linear, ao longo de trechos de vias de maior movimento de tráfego e circulação de pessoas, como a Rua Coronel José Custódio, trecho do eixo principal de penetração na cidade. A distribuição dos equipamentos públicos concentra-os na área central da cidade. Ali estão escolas, Hospital e o principal centro de recreação - o Centro Municipal de Educação Física. 85 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Embora a Prefeitura tenha entregado algumas quadras poliesportivas em pontos periféricos da cidade, esses equipamentos carecem de melhorias para favorecer mais sua utilização e criar maior identificação com os usuários. Uma questão que merece destaque é o percurso de pedestres imposto pela topografia local, que acaba potencializando distancias, criando barreiras físicas e dificultando o acesso, não só para parte da população idosa ou portadores de necessidades especiais, mas para os pedestres em geral, já que a cidade não conta com transporte coletivo. As calçadas em toda a área urbana são marcadas por obstáculos impostos pelos moradores como degraus e rampas, buscando dar um jeitinho na questão da topografia acentuada das ruas. Com calçadas estreitas e muitas vezes tomadas por postes, buracos, garagens ou apropriações indevidas que obstruem a passagem dos pedestres, estes tem que trafegar na rua, ficando expostos a riscos próprios do confronto com os veículos. Como empreendimento público mais recente estão as Casas Populares, com cerca de 120 a 130 lotes. As casas entregues são de dois dormitórios.e não ultrapassam 50m2. Embora necessária, a política habitacional adotada não levou em consideração especificidades locais, sendo um projeto COHAB padrão. Outros pontos a ressaltar é a distancia desse empreendimento do centro, principal ponto de trocas, serviços e empregos da população e também a ausência de equipamentos públicos para os moradores locais. O mercado imobiliário de Campestre apresenta-se em desequilíbrio devido a baixa oferta de lotes e grande procura. Atualmente o preço dos lotes está bem acima do preço comum de mercado. Os aluguéis na parte central da cidade são bem elevados considerando uma cidade do porte de Campestre. Os pontos comerciais no centro da cidade têm seus aluguéis em torno de R$ 30,00/ m2. 4.4.2 Sistema viário e circulação de veículos e pedestres A rede viária de Campestre não tem uma hierarquia definida, e isso contribui para a geração de conflitos entre uso do solo, tráfego de veículos, trânsito de pedestres. Determinadas vias são muito estreitas e inadequadas para conversão de ônibus e caminhões. Pedestres e automóveis, em muitas situações, são obrigados a compartilhar o mesmo espaço nas vias devido à ausência de calçadas adequadas para o trânsito do pedestre. Calçadas estreitas são interrompidas por rampas de acesso a garagens, degraus e outros obstáculos, tornando o caminhar inseguro, principalmente para idosos e portadores de necessidades especiais. O eixo estrutural da cidade é formado pela Rua Joaquim Alves, e seu prolongamento pelas ruas Afonso Dias de Araújo, Praça Delfim Moreira, Praça Brasil, Rua Coronel José Custódio, Rua Coronel José Guilherme, Praça Ana Zenun e Rua Gabriel Junqueira. No 86 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais trecho mais central este eixo é dividido em um sentido binário entre a Praça Delfim Moreira até a Rua Coronel José Custódio. Há ocorrência de binário também na Praça Ana Zenun. Outro importante eixo viário é a Avenida José André Avelino e seu prolongamento com a Rua Antonio Carlos. O eixo principal de tráfego acaba ligando as duas entradas principais da cidade, reforçando a caracterização desse eixo como parte de uma estrada que ligava os municípios de Campanha e Jacuí. As ruas estreitas em certas partes do centro da cidade dificultam o tráfego de veículos e causam transtorno quando há veículos estacionados nos dois lados da rua. Com isso, observa-se que a rede viária da cidade tem sua hierarquia pouco ou nada definida, com vias estreitas e esquinas inadequadas para a conversão de ônibus e caminhões. Ainda hoje, nos loteamentos aprovados, as ruas não ultrapassam 10 metros. As ruas em sua maioria não são arborizadas. Torna-se importante, então, o desenvolvimento de estudos e ações para a definição de uma hierarquização viária, quanto à vocação funcional, tipo de tráfego, largura das faixas de rolamento, largura dos passeios, tipo de pavimentação, tipo de iluminação e de arborização, considerando a malha viária existente e sua integração com os futuros parcelamentos a serem aprovados. Neste sentido, normas urbanísticas deverão constar da lei municipal de parcelamento do solo, a ser elaborada e aprovada como desdobramento do Plano Diretor. A hierarquização viária, somada às estratégias e diretrizes de ordenamento territorial definidas pelo Plano Diretor, dará melhores condições para a distribuição adequada das atividades, espaços e equipamentos públicos, resultando na melhor organização física e funcional do espaço da cidade. O sistema viário proposto para Campestre objetiva a consolidação de uma estrutura urbana em condições de dar suporte às novas metas de dinamização da economia e às demandas de deslocamento da comunidade, e constituirá em principal elemento indutor do crescimento urbano. A atual Rua José Borges Franco e seu prolongamento pela Rua Miguel Ramos deverá ser uma via coletora principal de importância vital para a expansão da cidade naquela área. Entretanto o ponto vital dessa expansão é o prolongamento da Rua Ambrosina Ferreira, que fará a ligação direta dessa via coletora principal com o eixo estrutural da cidade, na altura da Rua Cel. José Custódio, início da Rua Cel. José Guilherme. A Rua Ambrosina Ferreira foi escolhida pela sua posição estratégica e pela largura da via, já que é mais larga que as demais vias existentes na cidade. 87 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Entretanto, hoje, existe um estrangulamento na largura da Rua Ambrosina Ferreira, na altura da Rua Padre Joaquim. Este trecho estrangulado deverá ser futuramente objeto de desapropriação pelo Poder Público, com o objetivo de regularizar toda a extensão da via. É importante destacar que estava tramitando na Câmara Municipal projeto de lei que regulamentava o prolongamento dessa via, sem considerar os trabalhos de elaboração do Plano Diretor, podendo a aprovação dessa Lei constituir-se em barreira para a função proposta para a Rua Ambrosina Ferreira na hierarquia viária. As Intercessões viárias ou “Pontos Nodais”, deverão ser caracterizadas como áreas especiais de projeto definindo-se um prazo para sua elaboração. 4.4.3 - Patrimônio de Interesse Histórico / Ambiental / Cultural Através de fotos antigas da cidade de Campestre se percebe o quanto de sua riqueza histórico-arquitetônica foi derrubada em nome do progresso . Há ainda algumas edificações historicamente importantes para a cidade, mas também existem barreiras culturais de aceitação de tombamentos de imóveis particulares, o que dificulta a implementação de uma política cultural patrimonial. A questão histórico-cultural esbarra também na visão de grande parte da população de que, por exemplo, asfaltamento significa desenvolvimento, modernidade, e somente indústrias podem gerar emprego. São poucas as edificações de valor histórico, mas estas deverão ser inventariadas e, por meio de uma política de incentivos, ser realizado um trabalho para sua manutenção. Ambientalmente, o patrimônio do município de Campestre conta com cachoeiras como a do Tonico Novato e pontos de beleza natural, como a Pedra Grande e a Barragem. 4.4.4 - Áreas de Expansão Urbana Pelas declividades existentes e barreiras topográficas, observadas as questões estruturais e morfológicas dos assentamentos na malha urbana, estabeleceu-se como área de expansão, principalmente, toda a parte localizada a oeste e sudoeste da cidade. A área apresenta topografia mais branda em relação às da parte nordeste da cidade. A ligação prevista da Rua Ambrosina Ferreira, ligando a Rua Cel José Custodio com a Rua Jose Borges Franco, será responsável pela indução dessa expansão, integrando facilmente a área em questão com o centro da cidade. A localização das Casas Populares deste lado da cidade, também foi determinante para a determinação desta área de expansão, facilitando o planejamento da Prefeitura, otimizando condições para a implantação de novos pontos de serviços públicos, já que, no futuro, grande parte da população estará assentada nesta região da cidade. 88 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Outra área definida de expansão urbana localiza-se na parte norte da Cidade, onde também está prevista uma via coletora principal ao longo do Córrego Forquilha, cortando a Vila do Beijo. Esta área será destinada para atividades econômicas de pequeno e médio porte, não poluidoras e não geradoras de tráfego pesado, que se implantarão nas áreas marginais da via prevista. Os vazios existentes no tecido urbano deverão ser ocupados, sendo prioritário o parcelamento e a ocupação dessas áreas. Para tanto deverão ser utilizadas as disposições da Lei 10.257 de 20001 – Estatuto da Cidade referentes ao parcelamento e edificação compulsórios. A ocupação desses vazios urbanos visa uma maior unidade da área urbana, diminuindo os efeitos negativos da especulação imobiliária, maximizando os investimentos públicos em serviços de infra-estrutura urbana, equipamentos públicos e comunitários. 4.4.5 - Legislação Urbanística Municipal A legislação municipal no âmbito do controle urbanístico consta apenas com alguns artigos na Lei Orgânica Municipal (artigos 145 a 162), e com os Códigos de Postura – Lei Municipal 894 de 05/07/85 e de Obras Lei Municipal 952 de 20/05/87. Além da elaboração das leis de Parcelamento do Solo e de Uso e Ocupação do Solo, deverão ser revistos o Código de Obras e o Código de Posturas que, embora existentes, estão desatualizados. Entretanto, o grande problema é a fiscalização e o cumprimento das leis, havendo necessidade de se estruturar espaço institucional próprio para o controle urbanístico, com corpo de fiscais treinados para o exercício dessa função. Há necessidade também da redefinição do Perímetro Urbano, já que o atual serve apenas como um delimitador da área já ocupada. 4.4.6 - Espaços e Equipamentos de uso público Observa-se em Campestre a concentração de equipamentos de uso público na área central da cidade. A população residente nas áreas periféricas tem que se locomover a pé para fazer uso desses equipamentos, já que não existe sistema de transporte coletivo na área urbana. Para a estruturação da cidade de forma a propiciar o acesso aos equipamentos públicos é importante que haja uma melhor distribuição desses equipamentos na malha urbana. Assim, a implantação de novos equipamentos públicos em Campestre deverá observar, principalmente, aspectos relacionados à sua localização e à demanda existente. Dentre as propostas do Plano Diretor está a de um espaço para um Parque Urbano, que deverá tornar-se um espaço de convivência, com equipamentos de lazer, cultura e esportes. Este espaço está localizado nas proximidades da Vila do Beijo e entrada da cidade, em 89 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais área de várzea do Córrego Forquilha, onde a Prefeitura poderá usar o Direito de Preempção previsto no Estatuto da Cidade. Outros parques e áreas verdes, em outras áreas são propostos pelo Plano Diretor, seja para a preservação de nascentes como também para ambientação paisagística, conforme Macro-zoneamento Urbano, Volume II Mapas. É importante que a inserção de espaços/equipamentos públicos, em toda a área urbana, seja feita de forma planejada e integrada com a proposta de estruturação urbana e qualidade de vida, maximizando a eficácia das políticas públicas. Esses espaços/equipamentos, aqui denominados “Pontos Focais para a Cidadania”, devem merecer especial interesse e se constituir em áreas de diretrizes especiais para projeto, a serem objeto de discussões públicas. 4.4.7- Áreas de Diretrizes Especiais para Projeto – “Pontos Focais para a Cidadania” Área Comunitária Bairro Nossa Senhora Aparecida O Bairro Nossa Senhora Aparecida, a sudoeste do centro da cidade, é um dos bairros periféricos que abrigam grande parte da população carente de Campestre. O Bairro não conta com nenhum equipamento público de caráter educativo, cultural ou de saúde. No Bairro Nossa Senhora Aparecida encontra-se o Campo de Futebol de Campestre onde, dentro de suas dependências, há também uma quadra esportiva. A cadeia pública também se localiza nesse Bairro, que é visto com certas restrições pela população do restante da cidade, pois é popularmente conhecido como Favela. Embora tenha alguns pontos desse bairro que têm indicios de favelização, na maior parte são apenas casas de baixíssimo padrão construtivo, que não chegam, necessariamente, a configurar, de fato, uma favela. Na Área Comunitária Nossa Senhora Aparecida deverá se observar a recuperação do conjunto urbano formado pela Praça Nossa Senhora Aparecida, antigo Grupo Escolar Cel. José Custódio (primeira escola da cidade) e a Capela de Nossa Senhora Aparecida, além da Praça Ana Zenun. A remodelação das praças, tomada em seu conjunto, pode emprestar qualidade ambiental urbana ao bairro e à própria imagem da cidade. A recuperação deste conjunto urbano, integrado à recuperação da memória da cidade, através da preservação de seu patrimônio histórico, deverá ser desenvolvida juntamente com a inserção da comunidade local no processo de discussão, visando uma efetiva apropriação deste espaço, depois de recuperado. 90 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Praça de Esportes Um dos pontos, mais importante de esporte e lazer em Campestre é a Praça de Esportes Municipal. Ali é desenvolvida a maioria das aulas de Educação Física, além de atividades para crianças, adultos e adolescentes. A Reestruturação da Praça de Esporte potencializará o uso desse equipamento público, que poderá concentrar uma nova, moderna e adequada Biblioteca Pública Municipal. Centro da Cidade A Área Central ou Centro da cidade, devido às pressões sofridas e principalmente à sua enorme importância no conjunto urbano da cidade, assume a condição de principal Área de Diretrizes Especiais de projeto no Plano Diretor. É no Centro da cidade de Campestre onde se concentram os principais estabelecimentos de comércio e serviços. Além de área comercial, o Centro da cidade funciona também como centro de convergência, para onde todos se dirigem, seja para um passeio, para compras, para lazer, para encontro com amigos, entre outros motivos. Os principais eventos de caráter público são realizados na Praça Brasil. É esta área também, a mais valorizada de toda a cidade. Apesar de ser importante centro de convergência e ponto de encontro, recebendo grande número de pedestres, as calçadas são estreitas e as intervenção feitas foram no sentido de privilegiar os veículos. As praças do Centro (Brasil e Delfim Moreira) mantêm a configuração das praças tradicionais das cidades brasileiras, com árvores e canteiros, como área de convívio e dispersão após as missas de domingo, de encontro e descanso no dia a dia. É nessas Praças que ocorrem também as festas tradicionais e folclóricas (festas juninas, shows, carnaval), além das manifestações religiosas, como as procissões. Devido às intervenções ocorridas no centro da cidade, sem a existência de um projeto integrado e sem discussão pública, é importante e necessário a Lei do Plano Diretor suspender todas as intervenções e aprovação de projetos nos espaços de uso público, nesta área central, durante um prazo de no máximo seis meses, para que se possa elaborar, com ampla participação comunitária, um projeto integrado de requalificação, revitalização e valorização desta área central. É importante reafirmar que a elaboração deste projeto integrado para o Centro da Cidade deverá ser de acordo com o processo de gestão democrática estabelecido pela Lei Federal 10.257 de 2001 - Estatuto da Cidade, com ampla consulta à comunidade. 91 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.4.8 - Interseções Viárias ou “Pontos Nodais” Na análise do sistema viário existente identificaram-se pontos de intersecção de vias potencialmente problemáticas, que deverão ser trabalhadas para evitar quaisquer tipos de transtornos no tráfego – Mapa Circulação Viária, Volume II Mapas. Esses pontos deverão ser trabalhados dentro de critérios técnicos da engenharia de tráfego, obedecendo a normas do Código de Transito Brasileiro, devendo também receberam tratamento paisagístico para a melhoria ambiental da cidade de Campestre. 4.4.9 - Diretrizes para a Estrutura Urbana • Cumprir as diretrizes gerais e utilizar os instrumentos de política urbana, definidos pela Lei Federal 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade, nos Capítulos I e II, respectivamente, para apoiar o processo de estruturação urbana, desenvolvimento sustentável e função social da propriedade. • A elaboração de um cadastro imobiliário, detalhado, é importante para o maior conhecimento dos aspectos de ocupação e uso do solo na malha urbana. Com o cadastro, o Poder Público terá maior conhecimento das irregularidades existentes para, elaborar e realizar projetos necessários de regularização. A partir desse cadastro imobiliário será elaborada a Planta de Valores Venais, visando o lançamento do IPTU com justiça tributária. • Elaboração de legislação urbanística adequada às especificidades locais • Integração das atribuições dos órgãos municipais responsáveis pelo planejamento, controle urbanístico e pelo licenciamento das atividades, consolidando-as em espaço institucional adequado para a atribuição de planejamento urbano e do desenvolvimento municipal; • Adequação do quadro técnico dos órgãos de planejamento, meio ambiente, controle e fiscalização às necessidades municipais, tanto em termos quantitativos, relacionado ao número de funcionários, quanto em termos qualitativos, relacionado à capacitação dos funcionários para o exercício da função. • Definir um novo perímetro urbano, com a finalidade de compatibilizar aspectos relacionados à expansão urbana, localização de atividades, serviços de infraestrutura, transportes, equipamentos sociais, entre outras questões, de forma a maximizar investimentos públicos. • Elaboração de Lei de Parcelamento do Solo, que deverá exigir a infra-estrutura completa nos novos loteamentos, bem como o licenciamento ambiental, observando a competência do Estado, através do COPAM e do Município através do CODEMA. 92 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • A Lei de Uso e Ocupação do Solo deverá ainda prever uma taxa de permeabilidade nos terrenos a serem edificados a fim de permitir a infiltração das águas pluviais. • Os lotes mínimos deverão ser de 300m2, com exceção dos Loteamentos de Interesse Social, onde o lote mínimo poderá ser de 240m2. Os loteamentos de interesse social também se sujeitarão ao licenciamento ambiental, podendo apresentar soluções técnicas alternativas, desde que aprovadas dentro do processo de licenciamento ambiental. • Definição de uma menor taxa de ocupação de terreno( Máximo de 50%), para lotes localizados em áreas de declividade acentuada, de forma a favorecer a permeabilidade do solo e não sobrecarregar o sistema de drenagem de águas pluviais. • Aprovação do Macro-zoneamento Urbano definido no Mapa Macro-zoneamento, Urbano, Volume II Mapas, anexo a este documento, e que será a base para informar as disposições da Lei de Uso e Ocupação do Solo. O Macro-zoneamento Urbano proposto define: Áreas para Atividades Econômicas de Grande Porte: se localizará ao longo da rodovia BR-267. Os parcelamentos destinados a esta finalidade deverão implantar uma via secundária, marginal à rodovia para maior segurança de veículos de carga, devido as atividades que ali se localizarão. Áreas para Atividades Econômicas de Pequeno e Médio Porte: Será na área lindeira às Avenidas José Avelino e Joaquim Alves serão a Áreas para Atividades Econômicas de Pequeno e Médio Porte. Áreas Preferenciais para Uso Misto – residencial, comercial e de serviços: áreas marginais à via coletora a ser projetada e implantada ao longo do Córrego Forquilha, conforme proposta de estruturação viária. Áreas de Ocupação Prioritária de Caráter Residencial: o Poder Público deverá criar e implementar instrumentos para a ocupação dos Vazios Urbanos, definidas como, como o Parcelamento e Edificação Compulsórios, conforme a Lei Federal 10.257 de 2001- Estatuto da Cidade, determinando esses vazios para ocupação residencial. • Suspender quaisquer intervenções e aprovação de projetos nos espaços de uso público, no centro comercial ou área central da cidade de Campestre, durante um prazo de no máximo seis meses, após a data de aprovação do Plano Diretor. Este prazo se justifica para que as definições sobre a reorganização dos espaços, estabelecimento dos índices urbanísticos da legislação de Uso e Ocupação do Solo 93 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais (taxa de ocupação no terreno, altura de edificações, afastamentos frontais, etc.), dentre outras questões possam ser definidas e aprovadas por lei. • Pela importância do centro comercial ou área central de Campestre, o projeto integrado para sua requalificação, revitalização e valorização, deverá ser desenvolvido por uma equipe multidisciplinar (engenheiro de tráfego, engenheiro sanitarista, urbanistas, paisagista, entre outros) dentro de um processo de gestão democrática, conforme estabelecido pelo Estatuto da Cidade - Lei Federal 10.257 de 2001, incorporando a participação da comunidade na tomada de decisão. O projeto integrado da área central deverá buscar a estruturação desta área dentro de princípios que favoreçam a mobilidade urbana, acesso a serviços públicos, qualidade ambiental, preservação do patrimônio edificado, bem como a manutenção da paisagem urbana relativamente ao conjunto edificado. • Definir como Pontos Focais para a Cidadania os espaços constituídos pela Área Central de Campestre ou centro comercial; Área Comunitária do Bairro Nossa Senhora Aparecida e Praça de Esportes, por se constituírem focos importantes para o convívio, inserção social e exercício da cidadania. • Elaborar e aprovar os projetos dos espaços definidos como Pontos Focais para a Cidadania, de acordo com o processo de gestão democrática estabelecido pela Lei Federal 10.257 de 2001 - Estatuto da Cidade, com ampla consulta à comunidade. • Adquirir ou reservar áreas onde possam ser instalados equipamentos institucionais, culturais, esportivos, ou áreas de lazer, usando o direito de preempção, quando necessário. • Definição de parâmetros urbanísticos e de critérios específicos para a ocupação e uso do solo urbano, no Centro ou Área Central de Campestre, objetivando a manutenção da ambiência e características do conjunto urbano ali existente e conformador da paisagem urbana de Campestre. • Elaborar e implantar plano de circulação viária para toda a área urbana objetivando a eliminação de conflitos, principalmente nas interseções e buscando, inicialmente, estudar a implantação da seguinte proposta constante do Mapa Circulação Viária, Volume II Mapas, anexo a este documento. - Rua Antonio Carlos: mão-única no sentido entrada da cidade-centro; - Rua Sete de Setembro: mão-única no sentido centro- saída da cidade; - elaboração dos projetos e execução prioritária das interseções viárias ou “Pontos Nodais” indicados. 94 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais - Alongamento da Travessa Ambrosina Ferreira, dentro de parâmetros urbanísticos pré-determinados pela Lei do Plano Diretor. • Fiscalizar o cumprimento das normas urbanísticas através da estruturação de espaço institucional necessário às atividades de controle urbanístico e do aprimoramento dos mecanismos de fiscalização municipal. • Exigir em conformidade com a Lei Federal 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade, a elaboração de Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) para implantação de empreendimentos privados ou públicos, de grande porte, ou atividades que possam gerar impactos sobre a estrutura urbana e a qualidade de vida da população residente na área e em suas proximidades. • Realização do inventário e mapeamento dos bens históricos, culturais e ambientais no município de Campestre, fomentando sua divulgação através de ações de educação patrimonial, resgatando a história da cidade e recuperando a identidade local. • Institucionalizar o Sistema de Gestão Democrática do Desenvolvimento municipal, em conformidade com a Lei Federal 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade, através da criação, implantação e consolidação da Secretaria Municipal de Planejamento, criação e fortalecimento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, criação, implantação e fortalecimento do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Urbano, de caráter deliberativo, cuja composição deverá estar em conformidade com as orientações do Ministério das Cidades/Conselho Nacional das Cidades, funcionando como um órgão colegiado constituído por representações do governo e da sociedade. 4.5 - Conclusões Campestre, como a maioria dos pequenos e médios municípios de Minas Gerais e do Brasil, sofre a ausência de um processo de gestão e planejamento do desenvolvimento municipal e urbano, de forma integrada e intersetorial, que possibilitasse não só investimentos eficientes e sistemáticos a partir de uma visão abrangente, como também desse o suporte necessário ao desenvolvimento sustentável de todo o território municipal. Ao longo do processo de elaboração do Plano Diretor de Campestre observou-se a ocorrência de iniciativas paralelas por parte da Administração Municipal tanto no âmbito da estruturação e organização do espaço urbano, como, por exemplo, o asfaltamento do centro da cidade. O principal desafio para a implementação do Plano Diretor é a mudança de atitudes por parte da população e do Poder Público, tendo em vista ações responsáveis e necessárias à implantação de diretrizes de planejamento que atendam ao bem estar e interesse coletivo. 95 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Essas atitudes deverão responder, principalmente, às diretrizes gerais da Lei Federal 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, no sentido de serem democráticas, participativas e inclusivas. O Capítulo V do Estatuto da Cidade determina que a gestão da cidade se dê de forma democrática, através da constituição órgãos colegiados, consultas públicas, debates, ou seja, com participação conjunta entre governo (Executivo e Legislativo) e sociedade nas tomadas de decisões. Por isso torna-se imprescindível institucionalizar o Sistema de Gestão Democrática do Desenvolvimento Municipal, em conformidade com a Lei Federal 10.257 de 2001 – Estatuto da Cidade, através da criação, implantação e consolidação da Secretaria Municipal de Planejamento, da criação e fortalecimento da Secretaria de Meio Ambiente e da criação, implantação e fortalecimento do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Urbano, de caráter deliberativo, cuja composição deverá estar em conformidade com as orientações do Ministério das Cidades/Conselho Nacional das Cidades e funcionar como um órgão colegiado para discutir e deliberar sobre a política desenvolvimento urbano e rural no âmbito municipal. 96 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 4.6 - Anexo - Exemplos de tratamento urbanístico nos Sub-Centros Rurais - Aspectos da Estrutura Urbana da Sede 97 Bairro Rural Posses Bairro Rural Posses – proposta de tratamento da área de entorno da Igreja Bairro Rural Pitangueiras Bairro Rural Pitangueiras – proposta de requalificação de espaço para ponto de encontro da comunidade OCUPAÇÃO URBANA FAIXAS de DECLIVIDADE 0 A 10% > 10% A 20% > 20% A 30% ACIMA DE 30% IGREJA GINÁSIO GINÁSIO ÇAS LOU DE ICA F ÁBR A IA CAS ÓRD ERIC DE TRE MIS PES CAM TA SAN LARGO D. APARECIDA ARRUAMENTO HIDROGRAFIA PRINCIPAL Evolução urbana de Campestre – área central Passeios estreitos – dificuldade para instalar equipamentos Degraus nos passeios – dificuldade para pedestres Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 5 - ASPECTOS SANITÁRIOS E AMBIENTAIS 5.1 - Abastecimento de Água Inicialmente, deve ser comentado que todas as informações, aqui apresentadas, referentes ao abastecimento de água da cidade de Campestre, foram fornecidas pela COPASA, que participou do curso Plano Diretor e o Estatuto da Cidade bem como das reuniões de trabalho para discussão dos problemas municipais, que ocorreram durante o processo de elaboração deste Plano Diretor. Nestas ocasiões a COPASA foi representada por funcionários de suas administrações, local e regional, e estavam também presentes representantes da sociedade local, funcionários da Prefeitura e Vereadores. O sistema de abastecimento de água da cidade de Campestre é administrado pela COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais desde 01 de fevereiro de 1.974 quando foi assinado o contrato de concessão. Este contrato foi assinado pelo Poder Executivo após a autorização dada pela Câmara Municipal, através da Lei Municipal nº. 648, de 15 de janeiro de 1974. Deve ser registrado que este contrato foi feito apenas para o abastecimento de água da Sede Municipal. As comunidades rurais continuaram sendo assistidas pela Prefeitura e sem a participação da COPASA. Este contrato possuía validade de 30 anos e, desta forma, expirou em 2.004. Em sua cláusula vigésima estava previsto que, após o seu vencimento, se decorressem 12 meses sem qualquer manifestação do poder concedente, a sua renovação seria automática por um período de mais 10 anos. Assim, a vigência do novo contrato ficou, automaticamente, alterada para 01 de fevereiro de 2.014. Em atendimento ao pedido de informações, feito pelo IDM, a COPASA forneceu o Relatório de Situação, com data de 08 de abril de 2.005, relatando a situação do sistema de abastecimento de água da Cidade de Campestre. O manancial utilizado no abastecimento de água é o Rio do Peixe, com tomada de água em plataforma flutuante. A bacia hidrográfica, a montante do ponto de captação, é de aproximadamente 92km². A adução é feita por recalque através de duas estações elevatórias, localizadas nas proximidades do ponto de tomada de água. A mais próxima do ponto de captação, a EEAB1 – Estação Elevatória de Água Bruta 1, retira a água do rio e a envia para o poço de sucção da EEAB-2 – Estação Elevatória 2, por meio de um conjunto de duas bombas, sendo uma de reserva, em tubulação de ferro fundido de 42m de comprimento e 300 mm de diâmetro. A EEAB-2 possui outros dois conjuntos de bombas, sendo um de reserva, recebe a água da EEAB-1 e a envia até a ETA percorrendo uma distância de 3,5 km. Neste intervalo, a água passa por uma caixa de passagem e, a partir daí, o escoamento é feito por gravidade. Existem duas linhas de adução que alimentam a caixa de passagem, uma de 300 mm e 105 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais outra de 150 mm, ambas de ferro fundido. A partir da caixa a adutora é constituída por apenas uma tubulação de 300 mm de ferro fundido. A ETA, localizada no perímetro urbano da Cidade de Campestre, é do tipo convencional pré-fabricada, construída com material denominado de POLYPLASTER, possui capacidade de tratamento de 54 l/s e funciona 13,5 horas por dia. Deve-se comentar que uma ETA convencional possui dispositivos de coagulação, floculação e filtração, por meio de filtros rápidos de areia. A água recebe ainda soluções de hipoclorito de sódio, para sua desinfecção e de fluorsilicato de sódio para prevenção de cáries dentárias. Atualmente a ETA está funcionando 17 horas por dia. Em 2.004 a vazão média distribuída variou entre 20 a 26 l/s. Anteriormente, a Prefeitura administrava o serviço utilizando a água do Córrego Campestre, captada através de uma barragem de regularização de nível. Este manancial possuía uma vazão mínima de teórica de 8,39 l/s e, segundo os registros da COPASA, em 18 de setembro de 1.978, estavam sendo captados 7,5 l/s e estava extravasando na barragem uma vazão de 3,0 l/s. No mês seguinte, a vazão captada era de 8,0 l/s e não havia sobra na barragem. Nesta ocasião a ETA possuía capacidade de produção de 12,5 l/s e existiam 1.380 ligações domiciliares. Neste mesmo ano foi perfurado um poço profundo, denominado de C-01, para suprir qualquer eventualidade de desabastecimento de água de Campestre, que apresentou vazão de 3,0 l/s. Já estava sendo observada uma redução progressiva da quantidade de água do Ribeirão Campestre. Em 1.982 já haviam sido perfurados mais três poços, o C-02, o C-03 e o C-04, que produziram as vazões de 3,33, 2,38 e 2,38 l/s, respectivamente. Todos os quatro poços possuíam diâmetro de 200 mm e profundidade variando entre 87m e 117m. Ficou evidenciado que a utilização de poços profundos não era solução para o abastecimento de água da cidade de Campestre, pois seria necessária uma bateria de muitos poços para atender a demanda. O potencial hidrogeológico da região é muito baixo. Em 1.999 o sistema existente começava a entrar em falência e foram elaborados estudos que apontaram a utilização do Rio do Peixe como nova fonte de abastecimento de água da cidade. Este estudo confirmou a mesma proposição de outros dois outros elaborados em 1.982 e 1.988, que se posicionavam pela utilização do Rio do Peixe. A nova captação do Rio do Peixe entrou em operação em 2.001 e está garantindo totalmente o abastecimento de água da cidade e os cálculos foram feitos para que a produção de água fosse suficiente para o seu abastecimento até o ano de 2.030. No entanto, a capacidade de reservação deverá ser aumentada a partir do ano de 2.009. O sistema possuía outorga do IGAM para captação de 25 l/s e em agosto de 2.004 esta outorga foi ampliada para 45 l/s. Neste ano o sistema de abastecimento antigo foi 106 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais desativado, ou seja, todos os poços profundos bem como a captação do Ribeirão Campestre foram abandonados. O projeto de engenharia do novo sistema de abastecimento de água foi elaborado pela empresa de consultoria Função Engenharia Ltda e concluído em setembro de 1.999. O projeto previa a construção de uma barragem, de regularização de nível, para a captação, que não foi construída devido a restrições financeiras. Em decorrência disto a operação do sistema passou a apresentar vários problemas como: • Variação do nível da água que prejudica a sucção direta; • Danificação das bombas, das EEAB I e II, devido a sucção de areia; • Queda da vazão de recalque; • Carreamento de areia na adutora; • Erosão das margens do Ribeirão Campestre. A seguir apresentam-se quadros com a evolução demográfica com as respectivas vazões, dos reservatórios existentes e da extensão atual da rede de distribuição. Projeção Populacional da Sede Municipal de Campestre Ano 2.005 2.010 2.020 2.030 População 15.608 17.047 19.787 22.291 Vazão de Captação (l/s) 16 h/dia 20 h/dia 24 h/dia 47,85 37,67 31,39 53,27 42,62 35,51 61,83 49,46 41,22 69,66 55,73 46,44 Fonte: COPASA Reservatórios Existentes Reservatório (tipo) 1 - Enterrado 2 - Apoiado 3 - Apoiado 4 - Apoiado 5 - Elevado Material Localização Concreto Concreto Metálico Metálico Metálico R. Gabriel Junqueira,180 R. Sabato Generoso, 199 R. Oswaldo Cruz, sn R. Gabriel Junqueira,180 R. Gabriel Junqueira,180 Total Fonte: COPASA (Dez/04) 107 Capacidade (m³) 200 250 27 300 25 802 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Rede de Distribuição Existente Material PVC JS PVC JS PVC JE PVC JE PVC JE PVC JE PVC JS DEFOFO DEFOFO FERRO FUNDIDO Diâmetro (mm) 25 32 40 50 75 100 125 150 250 150 Total Extensão (m) 2.392 2.439 11.737 23.414 2.945 2.089 433 1.405 190 1.153 48.197 Fonte: COPASA (Dez/04) Em dezembro de 2.004 o sistema possuía 3.825 ligações e 4.391 economias na totalidade, dentre as quais 3.291 eram residenciais com 3.781 economias residenciais. O abastecimento de água atendia a 98,54% da população da cidade. Os estabelecimentos não abastecidos referiam-se a imóveis não habitados e cerca de 20 casas que utilizam fontes alternativas de abastecimento. Foi estimado, nesta ocasião, que o sistema possuía cerca de 23% de perdas de água, um índice considerado como aceitável. O sistema é todo hidrometrado e o serviço prestado pela COPASA é considerado de boa qualidade. É interessante comentar que o contrato de concessão esclarece alguns aspectos que sempre geram dúvidas. A recomposição do pavimento de uma via, como asfalto, poliédrico ou outro, danificado em decorrência de obras de manutenção de rede, é de responsabilidade da COPASA. A Prefeitura, por sua vez, se compromete na ocasião de aprovação de novos loteamentos, submeter à avaliação prévia da COPASA os projetos de rede de água, cuja construção deve ser de responsabilidade do empreendedor. A seguir está apresentado um quadro com os investimentos a serem feitos pela COPASA no sistema de abastecimento de água da cidade de Campestre até o ano de 2.009. 108 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Investimentos Previstos pela COPASA Ano 2.005 2.005 2.006 2.006 2.006 2.009 2.009 Investimentos Elaboração de projetos e construção de barragem de nível, desarenador e proteção de margens, no local de captação de água. Melhoria geral na Estação Elevatória de Água Bruta II. Melhoria geral na casa de química. Implantação de Rede de Distribuição: 1.000m de rede de PVC de 50 mm de diâmetro e 2.120m de rede de PVC de 75 mm de diâmetro. Reforma geral no escritório. Construção de reservatório de 300m³ e desapropriação de área. Construção de elevatória de água tratada e desapropriação de área. Total Valor (R$) 400.000,00 40.000,00 30.000,00 197.847,62 60.000,00 230.000,00 50.000,00 1.007.847,00 Fonte: COPASA (Dez/04) Na reunião local do grupo temático de Saneamento Ambiental foi abordada a questão da possibilidade de contaminação de água por agrotóxicos utilizados nas culturas de café, existentes em grande escala na bacia hidrográfica de captação de água. Ficou registrado que esta possibilidade era real e foi considerada, pelo representante da COPASA, como um problema de difícil solução. Esta abordagem foi feita considerando que os produtos químicos, na maioria constituída por metais pesados, oriundos da aplicação de defensivos agrícolas, não são retirados pelo processo de tratamento de água convencional, descrito anteriormente. Estes produtos químicos, considerados como cancerígenos, percorrem todo o processo de tratamento da água sem sofrer nenhuma alteração e, desta forma, podem causar problemas de saúde na população, se os seus teores forem elevados. No entanto, a solução, para sua redução ou até eliminação, existe se a COPASA e a Prefeitura trabalharem juntas. A COPASA faria permanentemente as análises específicas, de identificação de metais pesados, para monitorar a qualidade da água e comunicar qualquer eventualidade à Prefeitura para serem tomadas as providências, na hipótese de serem identificados qualquer elemento acima dos teores permitidos. A Prefeitura, por sua vez, deveria dispor de um programa permanente de monitoramento dos agrotóxicos permitidos para serem utilizados, principalmente, na área da bacia de captação. A Prefeitura, que já presta assistência aos produtores rurais, pode ampliá-la no tocante da escolha de defensivos agrícolas alternativos ou menos agressivos. Neste sentido, seria necessário o envolvimento das Secretarias Municipais da Agricultura e a do Meio Ambiente, que deveria ser criada. É importante destacar que se não houver um corpo 109 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais de fiscais, para acompanhar sistematicamente este processo, os resultados não serão positivos. Nesta reunião foi registrado que algumas pessoas da cidade de Campestre possuem o hábito de utilizar água de minas, existentes na área urbana, deixando de consumir água tratada. Estas águas, segundo informações, são de qualidade duvidosa, e são utilizadas, provavelmente, com a ilusão de que são muito boas, pois são colhidas em nascentes. O problema, no entanto, é que estas nascentes estão dentro da área urbana, que pode estar contaminando o lençol freático que as sustenta. A utilização desta água pode ser também decorrente da intenção de se reduzir o valor da conta de água da COPASA. O poder público deveria dispor de uma campanha para o esclarecimento da população quanto à qualidade destas águas. Nesta reunião foi abordada também a questão do abastecimento de água do Bairro de Posses, considerado precário pelos moradores. O Bairro de Posses é constituído por um aglomerado de casas, construídas nas margens da estrada rural que liga Campestre a Poço Fundo, e por casas construídas de forma esparsa, afastadas deste aglomerado. O trecho da estrada, dentro do povoado, possui cerca de 600m e é asfaltado. Existem também pequenos trechos de ruas abertas transversalmente ao trecho asfaltado, que não possuem pavimentação. Foi observado também que existe um poço profundo, perfurado às margens do asfalto, porém nunca foi utilizado. Com o objetivo de se buscar uma integração entre o meio urbano e o meio rural do município de Campestre a equipe do IDM percorreu todo o seu território, visitou os bairros rurais e através de entrevistas com representantes de cada bairro, acompanhada sempre por representantes da Prefeitura, elaborou uma leitura de sua realidade. Foram pesquisados dezessete bairros rurais, e, neste processo, estiveram sempre presentes representantes das secretarias municipais da agricultura e da saúde. Quanto ao suprimento de água da população rural observou-se que apenas as instituições públicas e algumas casas, geralmente localizadas nas proximidades destas instituições, recebem assistência da Prefeitura. E, ainda, não existe gestão dos recursos hídricos no município que tem relação direta com a qualidade das águas utilizadas. Por se situar em uma área rica em recursos hídricos, com mananciais perenes, Campestre não enfrenta dificuldades no que diz respeito à quantidade de água. Assim , todos os bairros rurais visitados captam água de nascentes, a maioria de forma individual, pois existem muitas. No entanto, elas são consumidas sem cuidados especiais como, por exemplo, da proteção do local de captação ou de fazer algum tipo de tratamento. O abastecimento de água do Bairro Rural de Posses possui duas formas distintas. Uma delas foi construída apenas para servir a Escola Estadual, o Posto de Saúde e o Centro Comunitário. Posteriormente outras três residências passaram a utilizar também desta água. Este abastecimento foi feito pela Prefeitura utilizando a água de uma nascente, 110 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais situada nas proximidades, captada sem nenhuma proteção. Esta água alimenta, por gravidade, um reservatório apoiado de alvenaria de 15m³, localizado junto à Escola Estadual. São feitas análises bacteriológicas periódicas da água e, até o presente, os resultados estão dentro da normalidade. As demais casas da aglomeração do Bairro Rural retiram água de outras nascentes, também sem nenhum cuidado especial e de forma totalmente desordenada. Cada morador possui uma mangueira que leva água até sua casa. As nascentes são desprotegidas do acesso de pessoas e animais e, portanto, estão sujeitas a contaminação. Nunca foram feitas análises bacteriológicas destas águas, que podem estar impróprias para o consumo humano. As casas construídas, de forma esparsa, retiram água de nascentes existentes em suas propriedades, porém sem nenhum cuidado especial. Cada propriedade possui sua nascente. A Prefeitura, da mesma forma que no Bairro Rural de Posses, construiu outros pequenos sistemas de abastecimento de água e a Secretaria Municipal de Saúde, de cinco em cinco meses, coleta amostras e faz análises bacteriológicas destas águas. As demais nascentes, utilizadas para o abastecimento dos bairros rurais, nunca tiveram suas águas analisadas. A seguir está apresentado um quadro mostrando as localidades onde a Prefeitura construiu os sistemas de água e onde são feitas análises de água. 111 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Localidades Rurais com Abastecimento de Água com controle de Qualidade Abastecimento Escola Pedra Grande, Posto de Saúde da Pedra, Restaurante da Pedra e Posto de Gasolina. Escola das Pitangueiras e Campo de Futebol. Escola Municipal Posses, Posto de Saúde de Posses e 3 Residências. Escola Municipal Pião e 2 Residências. Escola Municipal Sertãozinho. Fazenda Itaguaçu, Colônia Olaria, Sede e Colônia de Baixo. Fazenda das Perobas. Fazenda da Usina. Captação Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade. Local da Nascente BR – 267 (Pedra Grande) Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório de 15 m³. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Mina sem proteção. Alimenta reservatório. Água de boa qualidade Bairro Pitangueiras Bairro Posses Bairro Pião do Meio Bairro Caxambu Fazenda Itaguaçu Usina da Pedra Usina da Pedra Fonte: S. M. de Saúde – As análises feitas são bacteriológicas com contagem bacteriana – coliformes totais e coliformes fecais (Jul./06) O Bairro Rural Inhamal é uma comunidade com 34 casas. O abastecimento de água de 24 casas deste bairro é feito, por gravidade, utilizando a água de uma única nascente localizada à aproximadamente 300m do conjunto destas residências. A água é conduzida por uma tubulação de PVC de 50 mm de diâmetro até um reservatório de ferrocimento de capacidade de 15m³. A distribuição é feita por mangueiras de plástico ½”. Cada morador possui a sua própria mangueira. As dez casas restantes, localizadas de forma esparsa, utilizam água das nascentes. Cada morador possui sua própria bomba e se responsabiliza pela energia elétrica consumida. O recalque é feito por bombas tipo “sapo” de 1CV através de mangueiras de plástico de ½” até as suas casas. 112 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Foi comentado que na época da seca a quantidade da água destas minas diminui muito, porém, até o presente, ainda não faltou água. Soube-se, também, que o terreno, onde se localiza a mina que abastece as 24 casas, está sendo desmatado para cultivar café. O Bairro Rural da Pedra Grande é uma comunidade com 59 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Ribeirão Pinheiros. Utilizam água de nascentes, conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural do Papagaio é uma comunidade de cerca de 170 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Peixe. Utilizam água de nascentes, conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. A comunidade reivindica a implantação de um poço artesiano pois consideram que a água do poço tenha melhor qualidade. O Bairro Rural da Barra é uma comunidade de 43 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Peixe. Utilizam água de nascentes, conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. A comunidade reivindica a implantação de um poço artesiano pois consideram que a água do poço tenha melhor qualidade. O Bairro Rural Cafundó é uma comunidade de cerca de 40 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Machado. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Pitangueiras é uma comunidade com 59 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Machado. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Borda do Mato é uma comunidade de cerca de 30 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Peixe. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de 113 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Vargem do Rio é uma comunidade de cerca de 80 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Rio do Peixe. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural do Brejo é uma comunidade com 23 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego São Gonçalo, afluente do Ribeirão Campestre. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Pinhal é uma comunidade de cerca de 80 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Ribeirão Cachoeira afluente do Rio do Peixe. Vinte e cinco famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As famílias restantes utilizam também de água de nascentes que é conduzida por meio de bomba tipo “sapo”. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Pião do Meio é uma comunidade de cerca de 200 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego Pandeira afluente do Rio do Pardo. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro rural Caxambu é uma comunidade de cerca de 200 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego Caxambu. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Milho Verde é uma comunidade de cerca de 100 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego Pandeira afluente do Rio do Pardo. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. 114 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O Bairro Rural Capituva é uma comunidade de cerca de 40 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego Capituva, afluente do Rio do Pardo. Todas as famílias utilizam água de nascentes, conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. O Bairro Rural Esmeril é uma comunidade de cerca de 50 casas, construídas de forma esparsa, localizadas na bacia do Córrego Esmeril afluente do Rio do Pardo. Todas as famílias utilizam água de nascentes, que é conduzida por gravidade. As minas são descobertas e não possuem proteção quanto ao acesso de pessoas e animais. Cada morador retira sua água através de mangueiras de plástico preto de ½”. Foi comentado que nunca foi feita qualquer análise da água consumida. Acredita-se que, no momento, seria importante que houvesse uma campanha de educação sanitária e ambiental, com âmbito de ação a todo o território municipal, visando orientar as pessoas com referência a higiene pessoal e dos alimentos e com a preservação de nascentes. Deve ser comentado que existem ocorrências de moradores, que utilizavam água de nascentes localizadas a jusante de lavoura de café e decidiram abandoná-las e procuraram outras fontes de água, para evitar um possível contato com os elementos químicos contidos nos defensivos agrícolas. Ainda não foram feitas análises químicas das águas dos mananciais municipais, para investigar a presença e quantificar os níveis desses produtos, se presentes. Neste sentido, seria interessante que houvesse uma parceria com a COPASA, que possui laboratórios tanto na Sede Municipal como na Regional de Varginha, para apoiar a verificação constante desta questão. Diante do exposto pode-se concluir que o abastecimento de água da sede municipal é um serviço de boa qualidade e está atendendo a expectativa da comunidade, porém é necessário que sejam tomados os cuidados comentados. Com relação a esta mesma questão, na área rural, não pode ser dito o mesmo e a questão da qualidade é colocada em dúvida e demanda, portanto, uma ação imediata. 5.1.1 - Diretrizes A partir destas considerações é possível se chegar às seguintes diretrizes que devem integrar a Lei do Plano Diretor: • Criar programa, entre Prefeitura e COPASA, para monitoramento de elementos prejudiciais a saúde humana oriundos da utilização de defensivos agrícolas e 115 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais fertilizantes na bacia hidrográfica de captação de água do Rio do Peixe. À COPASA caberá a função de elaborar as análises específicas necessárias. À Prefeitura caberá definir e orientar a utilização dos defensivos e fertilizantes permitidos. A fiscalização e o acompanhamento deste processo caberiam a ambos; • Criar programa, entre Prefeitura e COPASA, visando abrir um canal de aproximação para resolver questões de rotina, como aprovação de loteamentos, recuperação de pavimentos e apresentação e discussão dos planos, programas e projetos referentes a questão do abastecimento de água; • Elaborar campanha de educação sanitária e ambiental com âmbito de ação, nas áreas urbana e rural do município, envolvendo órgãos municipais e estaduais como COPASA e IEF; • Solucionar a questão do abastecimento de água do Bairro Rural de Posses, com o fornecimento de água em quantidade e qualidade adequadas. O encaminhamento poderia ser através da modificação do contrato com a COPASA ou ser resolvida diretamente pela Prefeitura, que é a responsável direta pelo problema; • Iniciar processo de preservação de nascentes, com amplitude a todo o território municipal, priorizando as utilizadas no abastecimento doméstico e as formadoras do Rio do Peixe à montante da captação de água da COPASA. Deve ser lembrado que a preservação de nascentes está relacionada também com a preservação da vegetação de topos de morro, que garante a recarga do lençol freático, que as alimenta. Neste sentido devem ser envolvidos outros órgãos correlatos como COPASA e IEF; • Ampliar programa de análise de água para todas as nascentes utilizadas, na área urbana e rural, para o suprimento doméstico; 5.2 - Esgotamento Sanitário e Drenagem Pluvial O sistema de esgotamento sanitário do Município de Campestre é administrado pela Prefeitura, através de seu Departamento de Obras. Este serviço não é cobrado. A drenagem pluvial urbana também está sob a responsabilidade deste departamento e, por este motivo, estes dois temas estão sendo tratados conjuntamente. A Prefeitura não dispõe de registros dos dispositivos existentes tanto da rede de esgotos sanitários como da rede de drenagem pluvial, também denominados de cadastros físicos. O cadastro destas estruturas deveria conter, pelo menos, o diâmetro e o comprimento e o material das tubulações. Outras informações com a localização dentro da rua, a profundidade e a declividade de assentamento, também seriam importantes para avaliar a capacidade de escoamento de cada trecho. 116 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Apenas uma pessoa, o encarregado da manutenção das redes de águas pluviais e de esgoto, possui um conhecimento maior destas estruturas, que foram construídas, provavelmente, sem projetos de engenharia e sem critério técnico. A Prefeitura não dispõe de nenhum registro neste sentido. Foi solicitado ao Departamento de Obras o levantamento destas estruturas, apenas quanto aos comprimentos, diâmetros e materiais, e por falta de pessoas qualificadas para fazer estes registros, esta tarefa não foi realizada. A única pessoa, dentro do Departamento de Obras, que poderia fazer este levantamento está permanentemente sobrecarregada de trabalho e não pôde fazer o trabalho. Estes registros são importantes para que, em ocasião posterior, sejam avaliadas as capacidades de escoamento e se conhecer melhor o seu estado de conservação para se planejar os eventuais reparos ou substituições. Assim, não existem registros de onde existe e não existe rede de esgotos e, portanto, não é possível planejar a expansão do serviço. Não é conhecido o índice de atendimento da prestação deste serviço. Soube-se, no entanto, que a população recebe este serviço gratuitamente. O responsável pela manutenção das redes de águas pluviais e de esgotamento sanitário possui, além desta atribuição, a de organizar o serviço de coleta regular do lixo domiciliar, da varrição e capina das ruas bem como do afastamento dos demais resíduos gerados dentro da área urbana, como do lixo hospitalar, da limpeza do cemitério, limpeza de córregos, limpeza de bocas de lobo. Ele responde também pela manutenção das vias urbanas, manutenção de placas de trânsito, recolhimento de animais mortos e atender demandas de emergência decorrentes de acidentes ocorridos em ocasião de chuvas. Ele responde, finalmente, pela manutenção dos prédios escolares, tanto da área urbana como da área rural. A rede de esgotos gera uma média de quatro a seis demandas diárias para resolver problemas de funcionamento, como de rompimento de rede, circunstância decorrente de construção com pouca profundidade, ou decorrente de entupimento. A maior demanda, segundo o encarregado do serviço, se refere a entupimentos decorrentes de trechos de rede subdimensionados ou de trechos de rede com declividade inadequada ou, ainda, decorrentes de objetos lançados na rede. Desta forma, são necessários que existam, permanentemente, dois funcionários fixos apenas para atender a todas estas demandas. A questão de entupimentos da rede decorrente de objetos de maiores dimensões está relacionada à ausência de caixas de gordura nas residências. Assim, será necessário que seja criado um programa para que as residências construam estas caixas e eliminem este fator de entupimentos na rede. Além destes problemas, segundo o encarregado, existem muitas ligações indevidas de águas pluviais na rede de esgotos sanitários que, em ocasião de chuvas, provocam refluxo de esgotos das casas situadas nas partes mais baixas da cidade. 117 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Pode-se concluir que, dentro deste contexto, é necessário reestruturar o Departamento de Obras com profissionais preparados para conhecer e planejar a expansão e manutenção destas duas estruturas, pluvial e sanitária, que são serviços que a Prefeitura deve prestar à comunidade. A maioria dos problemas de drenagem urbana é decorrente da expansão urbana, permitida sem a exigência da construção da infra-estrutura de escoamento pluvial. Outros problemas, já comentados, decorrem de redes construídas sem critério técnico e que não funcionam adequadamente. Outros, ainda, ocorrem em decorrência da falta de limpeza das bocas de lobo e das galerias pluviais, que é uma atribuição da Secretaria de Obras. E, por fim, existem os problemas do lançamento inadequado de águas pluviais sem os cuidados necessários para a mitigação dos conseqüentes impactos nos locais de lançamento. Observa-se com freqüência uma outra questão que tem relação direta com o escoamento pluvial. Decorre do lançamento de vias sem observar o relevo natural e sem respeitar o caminho natural das águas. As ruas com declividades altas favorecem o aumento da velocidade de escoamento das águas pluviais e, consequentemente, o início dos processos abrasivos nos pavimentos e sarjetas. Estes processos destroem estruturas de concreto ou asfalto que, se não forem reparadas a tempo, dão lugar a grandes erosões deixando em risco a estabilidade de todas as edificações mais próximas. Deve também ser comentado que qualquer loteamento, após ter sido implantado e depois de ter vendido todos os seus lotes, dificilmente receberá novos investimentos pelo seu empreendedor e os problemas ficarão, sem dúvida, por conta da administração pública, que deverá assumir com todo o trabalho e com todos os ônus para resolvê-los. Na ocasião de chuvas acontecem muitos problemas de alagamentos, decorrentes de falta de dispositivos de drenagem ou da insuficiência dos dispositivos existentes. Por exemplo, dentro da área urbana existe um córrego que nasce no meio do quarteirão formado pelas ruas Ambrosino Ferreira, Coronel José Custódio, Travessa Zenum e Rua Virgílio Melo Franco. Sua água foi canalizada e o seu leito foi transformado nas Avenidas Francisco Flores e Benedito Jorge. A interligação destas duas avenidas foi feita por meio de um túnel que passa sob a Rua Cônego Arthur. Estas duas avenidas sempre inundam na ocasião de chuvas em decorrência da canalização, construída para escoar a água do córrego, ser insuficiente para o escoamento também das águas pluviais. O problema maior se concentra nas imediações do túnel que dificulta o escoamento superficial das águas que ficam represadas. O Córrego Bela Vista possui um trecho que passa meio de alguns quarteirões e até sob residências e se localiza, aproximadamente, entre as ruas Antônio Cruz e Travessa Zenum. Quando o seu volume de água aumenta, na ocasião de chuvas, provoca refluxo de água para dentro de residências mais próximas, causando muitos transtornos. Deve ser lembrado que ele recebe parte dos esgotos sanitários da cidade. 118 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A cidade possui outros problemas de escoamento pluvial, além desses comentados, que não foram levantados em decorrência da insuficiência do quadro de pessoal da Secretaria de Obras. Sabe-se, no entanto, que na ocasião de chuvas existe sempre uma grande demanda de pedidos de ajuda referentes a alagamentos e de risco de desabamento de casas. Estes pedidos são dirigidos à Secretaria de Obras e até à Polícia Militar quando a Secretaria de Obras não consegue atender de forma rápida. Na reunião do Grupo Local de Trabalho de Saneamento Ambiental foi registrada a existência de ligações de água pluvial na rede de esgotos bem como de ligações clandestinas de esgotos na rede pluvial. As duas circunstâncias são problemas. As águas pluviais lançadas na tubulação de esgoto sanitário, que possuem diâmetro reduzido, modificam o seu funcionamento. Elas são dimensionadas para que o escoamento aconteça em regime livre, ou seja, sem pressão. O aumento da quantidade de líquidos pode transformá-la em conduto forçado fazendo com que os esgotos refluem para dentro das casas, principalmente daquelas situadas nas partes mais baixas. A situação inversa, ou seja, quando os esgotos sanitários são lançados na rede de águas pluviais, acarreta um grande mau cheiro que é exalado pelas bocas de lobo, construídas para captar as águas pluviais. O mau cheiro decorre da decomposição da matéria orgânica contida nos esgotos e sua intensidade é maior na ocasião de calor, quando o processo de decomposição é acelerado. O lançamento de esgotos na rede pluvial faz com que sejam lançados nos cursos d’água e, desta forma, quando for construída uma estação de tratamento de esgotos a parte que for lançada em galerias pluviais não serão tratadas e continuarão poluindo os cursos d’água. Considerando que a construção e manutenção destas redes são da responsabilidade da Secretaria de Obras, esta Secretaria deveria dispor de um programa permanente de identificação destes problemas para solucioná-los. O IDM normalmente convida as organizações representativas da comunidade para conhecer sua percepção sobre os serviços públicos. No entanto, esta avaliação não foi possível já que estas organizações não existem na Cidade de Campestre. Assim, torna-se necessário que se contratem a elaboração dos cadastros das redes de esgotos e de drenagem. Este conhecimento é fundamental para se fazer uma avaliação crítica do funcionamento hidráulico e de se conhecer os respectivos estados de conservação para se definir os trechos que precisam ser substituídos. Além disso, este conhecimento é fundamental para a elaboração do projeto da rede de interceptores e da estação de tratamento de esgotos. Assim, será possível criar um programa de obras e investimentos de acordo com a prioridade dos problemas identificados e de acordo com os recursos disponíveis. 119 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais É bom lembrar que o cadastro deve apresentar a localização das tubulações na rua, os diâmetros, os materiais, os comprimentos, os estados de conservação, as declividades e finalmente, a localização de seus acessórios como poços de visita e bocas de lobo, por exemplo. Na parte mais baixa do trecho asfaltado existe uma única boca de lobo que resolve o escoamento pluvial do povoado. No entanto, nas ruas transversais, que são de terra e não possuírem dispositivos de drenagem, já está começando a aparecer processos erosivos. Com relação às estradas vicinais municipais verificou-se que estão em boas condições, porém, na época de chuvas, o trânsito por elas fica comprometido em decorrência da falta de dispositivos de drenagem. Seria interessante que fosse criado um programa permanente de construção de dispositivos de drenagem nestas estradas, desviando as águas e lançando-as em pequenas barragens de acumulação que são úteis também para realimentar o lençol freático. Os esgotos coletados são lançados diretamente nos cursos d'água que cruzam a cidade. Neste sentido, deve ser lembrado que foi criada a Deliberação Normativa nº 96, de 12 de abril de 2.006, que “Convoca municípios para o licenciamento ambiental de sistema de tratamento de esgotos e dá outras providências”. A cidade de Campestre integra o Grupo 7, ou seja, o dos municípios que possuem população urbana inferior a 20.000 habitantes, segundo o censo demográfico do ano 2.000. Neste contexto as etapas com os respectivos prazos são os seguintes: I - até março de 2.008, devem providenciar cadastramento mediante preenchimento de formulário específico a ser disponibilizado e Relatório Técnico; II - até março de 2.017, deve ser formalizado o processo de Autorização Ambiental de Funcionamento, para atendimento mínimo de 80% da população urbana com eficiência de tratamento de 60%. Na ocasião das audiências públicas percebeu-se que representantes da Câmara Municipal, já haviam se empenhado na discussão da possibilidade de conceder a exploração dos serviços de esgotamento sanitário à COPASA. É bom lembrar que a população deve ser convocada para conhecer as obrigações e os ônus das partes envolvidas, comunidade e COPASA. Neste sentido, a população deverá saber, por exemplo, quais serão os valores das tarifas que deverá pagar. A COPASA normalmente cobra o mesmo valor, definido pelo consumo de água, pelo serviço de esgotos, ou seja, a conta de cada usuário, depois que a COPASA assumir o serviço de esgotos, ficaria automaticamente dobrada. A COPASA também já elaborou alguns estudos para avaliar a possibilidade de assumir a concessão deste serviço e em janeiro de 2.004 fez um levantamento sumário junto às 120 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais pessoas envolvidas com o serviço de esgotamento sanitário da Prefeitura e elaborou um relatório. Nele consta que existe que existe um trecho de rede interceptora de esgotos de concreto, com diâmetro de 1m e extensão de 1.080m porém não informou onde foi construído. Deve ser comentado que o material da tubulação utilizado, o concreto, não é adequado para conduzir esgotos sanitários, pois deteriora muito rapidamente. O relatório apresenta também um quadro com os quantitativos da rede coletora existente. Quantitativos da Rede Coletora Cidade de Campestre Diâmetro Material Extensão (mm) (m) 100 Manilha Cerâmica 8.840 150 Manilha Cerâmica 23.932 200 Manilha Cerâmica 990 300 Manilha Cerâmica 200 400 Concreto (Rede Pluvial) 130 600 Concreto (Rede Pluvial) 150 Total 34.222 Fonte: COPASA – Relatório de Situação - Jan/04 Segundo este relatório, para o pleno funcionamento do sistema de esgotamento sanitário da cidade seria necessário fazer os investimentos apresentados a seguir. Interceptores Necessários Córregos Campestre e Forquilha Diâmetro (mm) 150 150 200 200 250 250 300 300 Material Manilha Cerâmica Ferro Fundido Manilha Cerâmica Ferro Fundido Manilha Cerâmica Ferro Fundido Manilha Cerâmica Ferro Fundido Total Extensão (m) 2.318 122 1.449 82 1.159 61 952 50 6.193 Fonte: COPASA – Relatório de Situação - Jan./04 121 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Será necessária, ainda, a construção de 11.152m de rede coletora de 150 mm e 98m de rede coletora de 200 mm sendo que não foram especificados os materiais destas tubulações. Estimou-se que, em fase inicial de operação, existiriam 3.365 ligações domiciliares de esgotos e, para o cálculo deste valor, foi considerado que 90% das ligações de água seriam ligadas à rede de esgotos. Para o tratamento dos esgotos, esta avaliação previu a construção de uma ETE – Estação de Tratamento de Esgotos do tipo RAFA – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Filtro Anaeróbio e Leito de Secagem com capacidade de tratamento aproximada de 50 l/s. Neste contexto, estimaram-se os seguintes valores para a execução das obras, dentro das limitações da ausência de projetos de engenharia, que estão apresentados na tabela a seguir: Estimativa de Investimentos Sistema de Esgotamento Sanitário de Campestre Ano 1º 2º 2º 2º 3º 3º 4º 4º Obra Valor (R$) Elaboração de projetos de engenharia 200.000,00 Substituição de redes coletoras 389.312,00 Padronização e execução de novas LPE 99.209,00 Poços de Visita 101.472.00 Implantação de Interceptores 882.024,00 Desapropriações 184.230,00 Implantação de Elevatórias 165.920,00 Implantação da ETE 2.411.320,00 Valor Total 4.433.487,00 Fonte: COPASA – Relatório de Situação (Jan/04) O esgotamento sanitário dos bairros rurais é feito de forma individual e sem nenhum critério, ou seja, existem casas que deixam seus esgotos correrem a céu aberto, casas construídas nas margens de córregos lançando seus esgotos diretamente nos mesmos e casas que possuem fossas de buraco também conhecidas como “fossas negras”. Soube-se que cerca de 50% das casas possuem banheiro com fossas desta modalidade. Todas as casas do Bairro Rural Inhamal lançam seus esgotos, sem tratamento, diretamente nos afluentes do Ribeirão Pinheiro. Alguns dos afluentes que recebem o esgoto são intermitentes, e na época da seca só corre o esgoto. Os moradores questionam o mau cheiro e a quantidade de insetos oriunda deste local. A maioria das casas do Bairro Rural de Posses possui fossa. Existem, no entanto, cerca de vinte e cinco famílias que possuem rede de esgoto que lança, sem tratamento, nos afluentes do Ribeirão das Posses. 122 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Apenas doze casas do Bairro Rural do Córrego do Ouro lançam os esgotos em fossas de buraco. As casas restantes deixam seus esgotos escoarem a céu aberto. Este bairro se localiza na bacia do Rio Machado. Cinqüenta e cinco famílias do Bairro Rural Pitangueiras lançam os esgotos em fossas de buraco. As casas restantes deixam seus esgotos escoarem a céu aberto. Este bairro se localiza na bacia do Rio Machado. Apenas uma família do Bairro Rural Borda do Mato lança seus esgotos a céu aberto. Este bairro se localiza na bacia do Rio do Rio Peixe. As demais lançam seus esgotos em fossas de buraco. Todas as casas do Bairro Rural do Brejo lançam seus esgotos, sem tratamento, diretamente no Ribeirão Cachoeira, afluente do Ribeirão São Gonçalo. Setenta casas do Bairro Rural Pinhal lançam seus esgotos, sem tratamento, diretamente no Córrego Cachoeira. As demais lançam seus esgotos em fossas de buraco. A maioria das casas do Bairro Rural Caxambu, construídas nas margens do Córrego Caxambu, lançam seus esgotos diretamente nele sem tratamento. As demais lançam seus esgotos em fossas de buraco. A maioria das casas do Bairro Rural Milho Verde, construídas nas margens do Córrego Milho Verde lançam seus esgotos diretamente nele sem tratamento. As demais lançam seus esgotos em fossas de buraco. A maioria das casas do Bairro Rural Capituva, construídas nas margens do Córrego Capituva, lançam seus esgotos diretamente nele sem tratamento. As demais lançam seus esgotos em fossas de buraco. Todas as casas do Bairro Rural Esmeril são construídas nas margens do Córrego Esmeril e lançam seus esgotos diretamente nele sem tratamento. Todas as casas dos Bairros Rurais da Pedra Grande, do Papagaio, da Barra, do Cafundó, Vargem do Rio e Peão do Meio lançam seus esgotos em fossas de buraco. Diante desta avaliação, pode-se concluir que os sistemas de esgotos sanitários e de drenagem pluvial da cidade de Campestre não funcionam adequadamente. Na Sede Municipal os esgotos não são tratados e poluem os cursos d’água e, todos os anos, no período de chuvas, a cidade têm problemas de alagamentos. Quanto a área rural, boa parte dos esgotos são lançados diretamente nos cursos d’água sem qualquer tratamento. 123 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 5.2.1 - Diretrizes A partir destas considerações é possível se chegar às seguintes diretrizes que devem integrar a Lei do Plano Diretor: • Convocar a comunidade para decidir se a Prefeitura deve ou não continuar com a operação do serviço de esgotamento sanitário da sede municipal; • Iniciar programa de retirada dos esgotos sanitários da rede pluvial e de retirada de águas pluviais da rede de esgotos; • Definir e incentivar a construção de alternativas de baixo custo, para o afastamento dos esgotos sanitários dos bairros rurais visando à preservação dos recursos hídricos e manutenção da saúde da comunidade; • Iniciar programa de construção de caixas de gordura domiciliares, nas casas da Sede Municipal, visando reduzir o número de entupimentos da rede de esgotos; • Elaborar os cadastros das redes de esgotos e de drenagem pluvial; • Elaborar projeto de engenharia de drenagem pluvial, abrangente a toda a cidade, para definir, com critério técnico, os locais onde os investimentos serão prioritários e, a partir daí, elaborar programa de investimentos no setor; • Iniciar os procedimentos exigidos pela Deliberação Normativa nº 96, de 12 de abril de 2.006, que “Convoca municípios para o licenciamento ambiental de sistema de tratamento de esgotos e dá outras providências”; • Elaborar programa permanente de construção de dispositivos de drenagem das estradas rurais construindo pequenas barragens de dissipação de energia e de infiltração; • Elaborar reforma administrativa da Secretaria de Obras visando adequá-la às demandas do Plano Diretor; 5.3 - Limpeza Pública Inicialmente, deve ser comentado que as informações, a seguir apresentadas, foram obtidas junto ao encarregado dos serviços de coleta regular do lixo domiciliar, da varrição e capina da cidade, cuja função é operação do serviço. Isto aconteceu porque é a única pessoa que detém o conhecimento amplo da prestação deste serviço e também devido à inexistência de registros, dentro da administração, fundamentais ao processo de sua avaliação. 124 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O serviço de limpeza pública da cidade de Campestre é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras e, portanto, está localizada dentro da administração direta. Ele sempre foi prestado gratuitamente e não são conhecidos os custos referentes à sua execução. Nem a Secretaria de Obras e nem a Secretaria de Administração e Finanças conhecem estes valores, que são importantes para a administração correta dos serviços. Seria de muita utilidade que o setor dispusesse de uma planilha mensal para acompanhamento dos custos do serviço de limpeza pública, por exemplo, saber quanto está custando a mão de obra, ou quanto está consumindo com combustíveis, ou com peças de reposição como pneus e peças, em geral. Seria interessante saber também quanto está custando bem como o tempo de duração dos acessórios e equipamentos de trabalho, utilizados na coleta regular, na varrição e na capina, como uniformes, calçados, luvas, carrinhos, vassouras, sacos plásticos. O serviço de limpeza urbana conta, para sua execução, com um caminhão compactador, com capacidade de quatro toneladas, trabalhando em dois turnos, uma caminhonete F1.000 e, ainda, com um caminhão basculante que trabalha apenas em emergência quando um dos outros dois veículos estragam. Para a execução, o serviço conta com dois motoristas e sete garis, que acompanham os caminhões, fazendo a coleta regular do lixo domiciliar e a do lixo séptico, também denominado como lixo hospitalar. Estes resíduos são recolhidos no hospital, no asilo, nos postos de saúde, laboratórios, farmácias, consultórios médicos e dentários e de atendimento veterinário. A coleta regular do lixo domiciliar é feita diariamente na área central e em dias alternados nas outras regiões. O lixo hospitalar é coletado duas vezes por semana pela caminhonete F-1000, que não é apropriada para realizar este serviço. A varrição é feita diariamente nas ruas centrais e em uma vez por semana no restante da cidade. Este serviço conta com três homens e sete mulheres, que não recebem uniformes, luvas e calçados para a execução do trabalho. O lixo recolhido no serviço de varrição é misturado com o lixo domiciliar e levado para o aterro sanitário. A capina é feita por duas pessoas utilizando produtos químicos, que são aplicados com uma bomba manual transportada nas costas, denominada de bomba “costal”. A limpeza de praças e jardins é feita por uma pessoa. A Prefeitura presta também, gratuitamente, o serviço de coleta de entulhos de construção e de afastamento de resíduos de limpeza de quintais. Estes resíduos são amontoados nas calçadas aguardando sua retirada. O encarregado do serviço comentou que as pessoas entendem que este serviço é uma obrigação da Prefeitura e se houver demora na retirada, as pessoas reclamam muito. 125 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Não existe atenção com relação aos resíduos sólidos, gerados na área rural, ou seja, cada morador cuida do seu, sem nenhum cuidado especial. Foi observada grande quantidade de lixo espalhada nas imediações das comunidades rurais. Os resíduos de natureza orgânica, quando não são utilizados como alimento de animais, são lançados a esmo da mesma forma que os demais resíduos. O problema, desta forma, se torna de natureza sanitária e ambiental. Os resíduos de natureza orgânica atraem animais e insetos, vetores de vários tipos de doenças. Os resíduos secos descartáveis como garrafas “PET”, plásticos em geral, papéis e latas, são espalhados pelos ventos ou pelas chuvas e inevitavelmente atingem os cursos d’água. Outro fato que merece destaque no meio rural é o uso indiscriminado de produtos químicos principalmente nas culturas de café e batata. As embalagens destes produtos, altamente tóxicos, também são descartadas a esmo e possuem alto poder de contaminação. Todo o lixo coletado é levado para o aterro sanitário, construído pela Prefeitura e licenciado pelo COPAM. Este aterro ocupa uma área de 3 ha e se localiza na área rural, em local denominado “Bairro Vanglória”. Foi projetado para uma vida útil de 15 anos, ou para atender uma população inicial de 10.500 habitantes e uma população final de projeto de 21.500 habitantes. É um aterro que possui unidades de triagem e separação do material coletado e compostagem da matéria orgânica. Possui duas lagoas facultativas primárias para o tratamento do chorume, vala séptica para o recebimento de resíduos sépticos e local para o aterramento de animais mortos. Possui, ainda, locais para o monitoramento constante do lençol freático e dispositivos de drenagem dos gases. Na última audiência pública do Plano Diretor foi comentado que o aterro está produzindo grande quantidade de moscas que está se espalhando a uma grande distância, em toda a região de seu entorno. Esta circunstância decorre, provavelmente, de operação inadequada. Soube-se que é necessária a aquisição de um trator de esteira para operar permanentemente no aterro atuando no recobrimento dos resíduos. A localização deste aterro, no entanto, não é adequada, pois fica a montante da captação de água da COPASA, no Rio do Peixe, já comentada anteriormente. Os efluentes do tratamento do chorume são lançados neste manancial de abastecimento público. Esta circunstância agrava a preocupação com relação a metais pesados na água de abastecimento público. Já foi comentado anteriormente sobre a possibilidade de contaminação da água por metais pesados existentes nos defensivos agrícolas utilizados nas plantações de café. Os resíduos urbanos, que são os mais variados possíveis, a existência de outros metais pesados, como os existentes em pilhas e baterias elétricas, por exemplo, é bem grande. 126 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais No entanto, pode ser considerado que a produção de chorume não terá um volume significativo e o efluente do tratamento poderá ser armazenado e transportado para outro local menos problemático. Esta possibilidade já está sendo avaliada pela Prefeitura. Estima-se que a produção de lixo está próxima de 5,5 toneladas de lixo por dia se for considerado que cada pessoa gera, em média, 0,5 kg de lixo por dia, um valor dentro da realidade de municípios mineiros, e que atualmente a cidade possui cerca de 11.000 habitantes. Não existe coleta seletiva na cidade. Desta forma, todos os resíduos recicláveis são levados para o aterro sanitário. Estão sendo separados dentro do aterro, porém como chegam misturados com os resíduos orgânicos possuem pouco ou nenhum valor de revenda. Assim, é muito importante que se inicie esta atividade o mais breve possível. Neste sentido, segundo a Lei Orgânica de Campestre, elaborada em 1.990, em seu Capítulo III, do Saneamento Básico, está definido o seguinte: Art. 190 – O Município manterá sistema de limpeza urbana, coleta, tratamento e disposição final do lixo. §1º - A coleta do lixo deverá ser seletiva; §2º - Os resíduos recicláveis devem ser acondicionados de modo a serem reintroduzidos no ciclo do sistema ecológico; §3º - Os resíduos não recicláveis devem ser acondicionados de modo a minimizar o impacto ambiental; §6º - A comercialização dos materiais recicláveis por meio de cooperativas de trabalho será estimulada pelo Poder Público; De acordo com o §6º deverá ser criada a Associação de Catadores de Campestre. Assim, a Prefeitura deverá adquirir ou alugar, dentro da Cidade de Campestre, um galpão, para ser utilizado pelos catadores no armazenamento dos resíduos coletados. Neste sentido, a participação da população será decisiva. A população deverá ser sensibilizada a entregar os resíduos de forma separada, uma para o lixo seco e outra para o lixo o orgânico, para que os catadores exerçam o seu papel. A coleta regular da Prefeitura passaria a recolher apenas os resíduos orgânicos se todas as pessoas estiverem colaborando. Assim, será necessário elaborar campanha de educação ambiental, junto a todos os moradores, estabelecimentos públicos e particulares, visando conseguir um maior envolvimento da comunidade no processo da coleta seletiva e da preservação ambiental. 127 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Reavaliar os atuais roteiros, praticados pelos serviços de coleta e de varrição, visando obter melhor eficiência. Neste sentido, deverão ser levantados os itinerários atualmente percorridos para serem analisados e divulgar permanentemente os itinerários e respectivos horários dos caminhões de coleta para serem seguidos pela população; Seria interessante que fosse avaliada a possibilidade de se cobrar taxa de limpeza pública que deveria ser feita de acordo com a realidade sócio econômica da população de Campestre. Os critérios de cobrança de taxas deverão ser incluídos no Código Tributário Municipal. É necessário que seja organizado o serviço de coleta de entulhos. Este serviço também deveria ser cobrado com valores compatíveis com a realidade sócio econômica do município. Os critérios de cobrança de taxas deverão ser incluídos no Código Tributário Municipal. Estes entulhos de construção, que são materiais inertes, às vezes são acompanhados por resíduos orgânicos que atraem animais e insetos gerando insalubridade ambiental e são problemas de saúde pública. Neste sentido a campanha de educação sanitária e ambiental deverá abordar esta questão. Será também necessário que exista um local, que não seja o utilizado pelo aterro sanitário, para o afastamento deste tipo de resíduos inertes. O aterro sanitário não deve ser utilizado, com esta finalidade, pois sua vida útil seria reduzida. O funcionamento do setor de limpeza pública precisa dispor de local próprio para o atendimento dos funcionários da limpeza, com instalações de vestiários e sanitários e depósito dos equipamentos utilizados. O lixo domiciliar gerado no Bairro Rural de Posses é queimado ou é espalhado a esmo. Desta forma, cada família cuida do seu, propiciando, com este comportamento, o aparecimento de animais e insetos indesejados, como ratos, cobras, baratas, escorpiões e moscas, vetores na transmissão de várias doenças. Neste Bairro Rural não existe um serviço de varrição e nem de capina. Os moradores executam estas funções espontaneamente quando precisam. Os entulhos de construção bem como os de limpeza de quintais, gerados nesta localidade, também não possuem uma destinação final adequada e são espalhados a esmo pelas imediações. O mesmo acontece com o lixo produzido nos outros bairros rurais, ou seja, os resíduos são queimados ou são espalhados a esmo. Cada família cuida do seu, propiciando com este comportamento o aparecimento de muitos animais e insetos, como ratos, baratas e moscas, vetores na transmissão de várias doenças. Nesse sentido é importante que na área rural sejam construídos depósitos em cada Bairro Rural, para armazenar os resíduos secos que seriam levados pelos moradores. Estes resíduos seriam coletados, periodicamente, pela Secretaria de Obras em parceria com a 128 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Associação dos Catadores. Uma campanha de educação ambiental deverá divulgar esta questão. Os moradores da área rural poderiam, também, aprender a fazer composto orgânico e possuir culturas domésticas de hortaliças utilizando o composto produzido. Soube-se que muitos deles vão até a Cidade para comprar estes produtos. A Prefeitura poderia fazer doação de sementes de hortaliças. 5.3.1 - Diretrizes A partir destas considerações é possível se chegar às seguintes diretrizes que devem integrar a Lei do Plano Diretor: • Implantar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente com recursos humanos, materiais e financeiros necessários ao cumprimento de suas atribuições; • Alocar o serviço de limpeza urbana, que está funcionando na Secretaria de Obras, para a Secretaria do Meio Ambiente, que deverá ser estruturada e cumprir as determinações do Art. 158 da Lei Orgânica Municipal; • Reavaliar os atuais roteiros, praticados pelo serviço de coleta e de varrição, visando obter melhor eficiência; • Avaliar a questão da cobrança de taxa de limpeza pública de acordo com a realidade sócio econômica de Campestre; • Organizar o serviço de coleta de entulhos e cobrar taxas, compatíveis com a realidade sócio econômica de Campestre; • Definir local para o recebimento de entulhos de construção e de resíduos da varrição para que o aterro sanitário receba apenas os resíduos domiciliares; • Organizar o serviço de coleta de resíduos sépticos, oriundos dos estabelecimentos de saúde e afins, cobrando taxas compatíveis com a realidade sócio econômica de Campestre; • Implantar a coleta seletiva, em todo o território municipal, por meio de cooperativas de trabalho, conforme definido na Lei Orgânica Municipal, Art. 190, §1º e §6º; • Construir depósitos de lixo nos bairros rurais para o recebimento dos resíduos secos produzidos nestas localidades; • Elaborar campanha permanente de coleta seletiva e de educação ambiental, com amplitude a todo o território municipal. A população da área urbana deveria entregar 129 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais seus resíduos, em embalagens separadas, uma para os resíduos secos e outra para os resíduos orgânicos. Os resíduos secos seriam coletados pelos catadores vinculados à Associação. Os resíduos secos produzidos na área rural seriam levados pelos moradores para depostos fixos, construídos pela Prefeitura, e esvaziados periodicamente por ela, em parceria com a Associação dos Catadores; • Monitorar, permanentemente, o efluente do tratamento do chorume do aterro sanitário, para evitar a contaminação do Rio do Peixe, ou coletar permanentemente este efluente e conduzi-lo a local apropriado. 5.4 - Questões Ambientais A avaliação das questões ambientais do Município de Campestre pode ser iniciada a partir de sua lei orgânica, promulgada em 21 de setembro de 1.990. Em seu Capítulo VIII, do Meio Ambiente, pode ser destacado o seguinte: Art. 214 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público Municipal, entre outras atribuições: I – promover a educação ambiental multidisciplinar em todos os níveis das escolas municipais e disseminar as informações necessárias ao desenvolvimento da consciência crítica da população para a preservação do meio ambiente; II – assegurar o livre acesso às informações ambientais básicas e divulgar, sistematicamente, os níveis da qualidade do meio ambiente do Município; III – prevenir e controlar a poluição, o desmatamento, a erosão, o assoreamento e outras formas de degradação ambiental; VI - estimular e promover o reflorestamento com espécies nativas, objetivando especialmente a proteção de encostas, de estradas e dos recursos hídricos; VII – fiscalizar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que importem riscos para a vida, a qualidade de vida e ao meio ambiente, bem como o transporte e o armazenamento dessas substâncias no território municipal; IX – sujeitar à prévia anuência do Órgão Municipal de Controle e Política Ambiental o licenciamento para início, ampliação ou desenvolvimento de quaisquer atividades, construção, reforma e loteamentos, capazes de causar a degradação do meio ambiente, sem prejuízo de outras exigências legais; 130 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais XI – implantar e manter hortos florestais que visem à recomposição da flora nativa e à produção de espécies diversas, destinadas a arborização de logradouros públicos e à distribuição de mudas; XII – promover ampla arborização dos logradouros públicos da área urbana, bem como a reposição das espécies em processo de deterioração ou extinção. § 2º - O licenciamento de que trata o inciso IX do parágrafo anterior dependerá, no caso de atividade ou obra potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, de prévio relatório de impacto ambiental, seguido de audiências públicas para informação e discussão sobre o projeto; § 3º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado, desde o início da atividade, a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica previamente indicada pelo Órgão Municipal de Controle e Política Ambiental; Art. 215 – São vedados no território municipal: II – o armazenamento e a eliminação inadequada de resíduo tóxico ou de risco; V – a dragagem de córregos, ribeirões e rios do Município e também em nascentes de água; VI – plantação que utilize qualquer agrotóxico, nas margens dos rios, nascentes d’água e cabeceiras dos rios, principalmente nas águas que servem o Município; Art. 219 – Cabe ao Poder Público: III – implantar medidas preventivas e corretivas para a recuperação dos recursos hídricos; IV – estimular a adoção de alternativas de pavimentação, como forma de garantir menor impacto a impermeabilização do solo; V – Implantar e manter áreas verdes de preservação permanente, em proporção nunca inferior a dez metros quadrados por habitante, distribuídos eqüitativamente; VI – Estimular a adequação do perfil industrial do Município, incentivando indústrias de menor impacto ambiental. Art. 220 – Fica criado o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CODEMA, órgão colegiado deliberativo, constituído por representantes da comunidade local, com o objetivo de fazer praticar e fiscalizar a política de proteção e conservação do meio ambiente. 131 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O Município de Campestre, apesar de possuir uma legislação ambiental, definida em sua Lei Orgânica, está em posição de inferioridade, quanto ao envolvimento com as questões ambientais, se comparado com a maioria dos municípios mineiros. Existem muitas dificuldades em termos de capacidade de desenvolvimento de ações efetivas e de capacidade de gestão tanto em relação às questões sanitárias quanto em relação com as de natureza ambiental, principalmente, por parte dos órgãos da administração municipal. Essa dificuldade em termos da capacidade de desenvolvimento de ações e de um processo efetivo de gestão, por parte de governos locais, acarreta uma apatia na população que, por falta de informações, não se envolve e não dá sua contribuição. Em cidades menores, como Campestre, o apoio governamental é decisivo para se conseguir o envolvimento e a participação da comunidade. Existem em Campestre, nas áreas urbana e rural, atividades que precisam ser regulamentadas para poderem ser fiscalizadas. Dentre elas podem ser destacadas: • A indústria urbana de torrefação que gera incômodos aos moradores em decorrência do forte cheiro exalado; • O abate irregular de animais, sem os mínimos cuidados de higiene, que têm provocado riscos à saúde da população em geral, que não sabe a origem da carne que está consumindo; • A indústria de torrefação de palha de café que lança seus resíduos nos cursos d’água sem um cuidado especial; • O uso e a aplicação de defensivos agrícolas; • Locais de descarte e de armazenamento de embalagens de defensivos agrícolas; É necessário que se estruture o CODEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, que foi criado pela Lei Orgânica Municipal, para cumprir as suas atribuições de licenciamento ambiental, no nível de competência municipal. Soube-se que, inicialmente, após a sua criação, foram feitas algumas reuniões e por falta de apoio dos órgãos do Executivo Municipal ele se dissolveu. Para que o CODEMA funcione plenamente é necessário que seja criada a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, estruturada com pessoal qualificado para a fiscalização das determinações previstas na legislação municipal e apoiar tecnicamente os procedimentos de licenciamento a ser feito pelo CODEMA. Neste sentido é necessário criar ou rever o seu estatuto de funcionamento. 132 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais É importante também que a Secretaria do Meio Ambiente, apoiada pelo CODEMA, acompanhe os eventuais processos de licenciamento ambiental, em nível de Estado ou União, para garantir que os interesses municipais estejam preservados. Deve também ser iniciada a gestão ambiental dos recursos hídricos municipais e, especialmente, os destinados ao abastecimento público e doméstico como o Rio do Peixe e as nascentes utilizadas para o suprimento doméstico de bairros rurais. Este processo deve envolver todos os órgãos do Executivo Municipal, a COPASA, o IEF e a Polícia Ambiental. 5.4.1 - Diretrizes A partir destas considerações é possível se chegar às seguintes diretrizes que devem integrar a Lei do Plano Diretor: • Criar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com recursos humanos, materiais e financeiros necessários a fiscalização da legislação municipal e apoiar tecnicamente o funcionamento do CODEMA; • Alocar o serviço de limpeza urbana, que está funcionando na Secretaria de Obras, para a Secretaria do Meio Ambiente; • Estruturar o CODEMA, criado pela Lei Orgânica Municipal, para cumprir as suas atribuições de licenciamento ambiental, no nível de competência municipal; • Iniciar o processo de licenciamento ambiental, dentro da esfera de competência municipal, conforme determinação do Art. 214, § 1º, inciso IX; • Criar comitês municipais para fazer a gestão ambiental das principais bacias hidrográficas do município; • Regulamentar as principais atividades que geram impactos ambientais em Campestre para poderem ser fiscalizadas. 133 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6 - POLÍTICAS SOCIAIS INTEGRADAS 6.1 - Introdução O jornalista Gilberto Dimenstein, em seu livro O mistério das bolas de gude: história de humanos quase invisíveis, faz alusão sobre a grave crise de segurança que atinge as cidades brasileiras. Um desafio para as autoridades competentes. Segundo o autor, vamos ter que saber lidar com a violência. Entretanto, lidar não é aceitar, mas desenvolver políticas públicas coordenadas na área de educação, saúde, cultura, esporte e lazer. Vamos ter que aprender a agir e lidar, aprender a evitar o desperdício de recursos públicos, aprender como as várias políticas devem se cruzar para gerar mais eficiência. Enfatiza que as políticas públicas devem ser trabalhadas a partir das comunidades. A reflexão contida no livro de Dimenstein vem de encontro com o processo de elaboração do Plano Diretor Participativo, onde a população local, conhecedora das potencialidades, belezas, dificuldades, necessidades econômicas e sociais do seu município, vem contribuir com os Poderes Executivo e Legislativo na busca de soluções de curto, médio e longo prazo, que irão influir diretamente na qualidade de vida de todos os munícipes. O objetivo geral deste capítulo é apresentar uma leitura da realidade vivenciada pelo conjunto de setores que compõem o núcleo Políticas Sociais Integradas (Figura 1), leitura essa, realizada a partir de encontros com a comunidade de Campestre e de entrevistas técnicas com representantes dos órgãos municipais. A partir das duas leituras, comunitária e técnica, foram propostas diretrizes para serem incorporadas ao Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Campestre. Saúde Segurança Pública Educação Políticas Sociais Integradas Cultura, Esporte, Lazer e Turismo Assistência Social Figura 1: nucleação das Políticas Sociais Integradas 134 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.2 - Esporte e Lazer O esporte é o jeito de você tirar uma criança da rua, das drogas, trabalhar a parte afetiva e social... Eray dos Santos – Diretor do Departamento Municipal de Esporte e Lazer Segundo o diretor do Departamento de Esporte e Lazer, o setor oferece atividades para todas as faixas etárias: crianças da pré-escola até pessoas da 3a idade. Projetos desenvolvidos pelo setor: Esporte de Base e Formação de Atletas Esporte Educacional Esporte, Lazer e Qualidade Social de Vida, direcionado para a 3a idade. Esporte , Lazer e Promoção de Saúde Esporte e o Portador de Necessidades Especiais O Projeto Minas Olímpica Nova Geração, em parceria com o governo estadual, atende cerca de 210 crianças. Existe, também, uma parceria com a APAE visando a inclusão dos portadores de necessidades especiais nas atividades esportivas da Olimpíada de Campestre. O Centro Municipal de Educação Física Dr. Zenun Elias Zenun, construído com recursos do Governo Municipal, possui ótima infra-estrutura e atende praticamente toda a população local (Foto 1). Foto 1: Fachada do Centro Municipal de Educação Física Dr. Zenun Elias Zenun 135 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Equipamentos localizados na área do Centro: • 03 ginásios poliesportivos (foto 2) • Piscina semi-olímpica • Piscina infantil • Parque infantil com brinquedos construídos com tronco de eucalipto especial (Foto 3) • Pista de skate • Quadras de peteca Foto 2: quadra do Ginásio Poliesportivo Tancredo de Almeida Neves Foto 3: Parque Infantil do Centro Municipal de Educação Física Horário de funcionamento: de 8:00 às 22:00 horas, de domingo a domingo O Governo Municipal também arca com o pagamento do salário dos funcionários e com a manutenção do Centro. Cerca de 1000 crianças passam pelo Centro todas as semanas. O Centro, através da sua diretoria, vem negociando parcerias com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, objetivando atender maior número de crianças. Modalidades esportivas oferecidas: • Handebol • Voleibol • Basquetebol • Futsal • Futebol de campo • Atletismo • Natação • Hidroginástica • Tênis de mesa 136 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Dama • Xadrez Atividades para a 3a idade: • Jogo de bocha • Ginástica e recreação • Campeonato de truco • Campeonato de buraco O Departamento de Esporte e Lazer promove campeonatos de futebol de campo e de futsal na zona rural, como também rua de lazer. O Bairro Rural de Posses ganhou um ginásio poliesportivo que irá atender cerca de três mil pessoas. Um professor de educação física ficará responsável para desenvolver o esporte de base no poliesportivo de Posses. Dificuldades enfrentadas • Falta de apoio do comércio local com investimento e patrocínio • Falta de local adequado para a prática de treinamento de atletismo • Falta de materiais esportivos • Acompanhamento de um profissional de saúde 6.2.1 - Diretrizes Específicas para Esporte e Lazer • Realizar estudos sobre a possibilidade da criação de uma lei municipal de incentivo financeiro ao esporte. • Buscar recursos, junto aos órgãos da esfera estadual e federal, para fazer adaptações arquitetônicas nos poliesportivos, visando a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais. • Viabilizar estudos objetivando a construção de um Parque Municipal para a prática de caminhadas, esportes radicais, atletismo e outras atividades de lazer. • Organizar um calendário de eventos esportivos para o município. 137 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.3 - Assistência Social O município de Campestre possui os seguintes conselhos: • Conselho Tutelar • Conselho Municipal da Criança e do Adolescente • Conselho Municipal de Assistência Social • Conselho do Programa Bolsa Família • Pretende-se criar o Conselho Municipal do Idoso O número de funcionários do Departamento de Assistência Social é insuficiente devido à grande demanda. Recursos materiais disponíveis: • 02 computadores • 01 máquina de datilografia • 01 impressora • 01 aparelho de telefone O espaço físico não é adequado ( pequeno ) devido ao grande fluxo de pessoas que procuram atendimento. Serviços Prestados: Distribuição de cesta básica – 26 famílias são beneficiadas mensalmente Ajuda financeira para: reforma de casa, instalação de padrão de luz, compra de óculos, medicação de custo elevado, despesas com fisioterapia particular. Auxílio funeral para famílias carentes Benefício do leite: crianças carentes com idade de 0 a 04 anos – 224 famílias beneficiadas Segunda via de certidões de nascimento e casamento Passes para as cidades de Machado, Bandeira do Sul e Poços de Caldas Projetos em andamento: Escola de Corte e Costura 138 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Centro de Referência de Assistência Social – CRAS – Atenção integral às famílias em situação de vulnerabilidade social: trabalhos educativos de orientação, encaminhamento social, inclusão das famílias em programas de geração de emprego e renda. No Programa Bolsa Família tem cerca de 1350 famílias cadastradas Programa Benefício de Prestação Continuada – BPC ( idoso e portadores de deficiência física carentes, considerados incapazes de sobreviver sozinhos) Entidades cadastradas no Departamento de Assistência Social que atendem à população carente do município de Campestre Asilo São Vicente de Paula Creche Casa da Criança Associação de Assistência Social de Campestre - AASC Maçonaria Clube de Mães Comunidade Evangélica Boas Novas Fundação Bom Samaritano Dificuldades enfrentadas Espaço físico inadequado Recursos materiais insuficientes Recursos humanos insuficientes Asilo São Vicente de Paula (Foto 4) Foto 4: jardim interno do Asilo São Vicente de Paula 139 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Possui aproximadamente 36 quartos, assim distribuídos: • Ala masculina • Ala feminina • Ala mista Capacidade para abrigar em torno de 60 a 65 idosos (Foto 5) Foto 5: aposento do Asilo São Vicente de Paula Profissionais que atuam no asilo: • Nutricionista • Psicóloga • Fisioterapeuta • Médico • Enfermeira padrão • 03 auxiliares de enfermagem • Dentistas ( todos voluntários) Transporte próprio : Kombi e Toyota ( adquiridos através da Campanha do Café) Recursos Financeiros: • Prefeitura: verba de R$ 3.600,00 mensais • Campanhas • Festas • Bingos • Rifas • Aposentadoria dos internos ( 70% asilo – 30% idoso ) 140 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Atualmente o asilo possui 63 internos, 25 não são aposentados Internos portadores de deficiência mental: em torno de 70% Creche Casa da Criança (Foto 6) Foto 6: Creche Casa da Criança Recursos: • A Prefeitura arca com o pagamento do salário dos funcionários e das contas de água e luz. Canteiro de mudas: venda de mudas de café e eucalipto (Foto 7) Foto 7: canteiro de mudas localizado em frente à Creche Casa da Criança 141 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Verba da SETASCAD: R$ 1.366,60 As famílias contribuem com 1 dia de serviço na creche A Associação dos Produtores Rurais contribui com 10 caixas de banana e 45 dúzias de ovos por semana. Número de crianças atendidas: • Em torno de 120 crianças • Faixa etária: de 03 meses a 10 anos Equipe de profissionais que atuam na creche: • 08 professoras formadas e concursadas • berçaristas • faxineiras • cozinheira Horário de Funcionamento: • De 6:00 às 18:30 A creche também recebe apoio da nutricionista da APAE Fundação Bom Samaritano (Fotos 8 e 9) Foto 8: fachada da casa sede da Fundação Bom Samaritano Foto 9: fachada da Casa Feminina da Fundação Bom Samaritano 142 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A Fundação Bom Samaritano possui duas casas para acolhimento: • A Casa Sede com capacidade para 10 acolhidos fixos (imóvel doado) • A Casa Feminina – acolhe mulheres e crianças (imóvel alugado) • Um sítio – em torno de 60.000 metros quadrados ( terreno doado) para recuperação de dependentes químicos (álcool e drogas). • Possui área de lazer (campo de futebol gramado ) , uma horta para subsistência local, tanques para criação de peixes, cultivo de mudas de café e fruticultura. Foto 10: área externa do sítio da Fundação Bom Samaritano Recursos: • Doações em dinheiro ou mantimentos feitas pela comunidade de Campestre. • Almoços beneficentes. • A Prefeitura paga as contas de água e luz da Casa Sede Todo o trabalho é realizado por voluntários Como a cidade não possui abrigo, a Fundação Bom Samaritano supre essa necessidade. A equipe da Pastoral de Rua percorre a rodoviária e o trevo, verificando se há alguém necessitando de acolhimento. Um dos trabalhos realizados pela Fundação é dirigido a grupo de jovens. São proferidas palestras de evangelização e feito um trabalho de prevenção, através de palestras 143 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais informativas sobre o efeito nocivo das drogas, nas escolas, nas igrejas, além de buscar o contato direto com o usuário, nos locais conhecidos como pontos de uso de drogas. Dificuldades enfrentadas: • A estrutura física das casas não é boa • Número reduzido de profissionais para darem suporte à Fundação ( exemplo: médicos) • Falta de veículo próprio • Poucos móveis ( camas beliche, mesas, cadeiras), colchões, geladeiras, fogões e roupas de cama. 6.3.1 - Diretrizes específicas para a Assistência Social • Ampliar o número de Assistentes Sociais • Promover cursos de capacitação para os funcionários do órgão municipal de Assistência Social • Incentivar a criação de programas de geração de emprego e renda ( exemplos: curso de corte e costura, manicure, cabeleireiro, pedreiro, padeiro, entre outros) • Promover, através de parceria com a Secretaria de Cultura, oficinas de artesanato, objetivando a geração de renda para a população da área urbana e rural. • Promover campanhas de conscientização da população quanto ao real objetivo do Departamento de Assistência Social: promover o desenvolvimento de indivíduo enquanto cidadão. O trabalho realizado pela assistência social não é meramente paliativo e nem assistencialista como tem sido visto pela população. • Viabilizar estudos para a construção de um abrigo provisório para crianças em situação de risco. • Promover reuniões periódicas com representantes do Asilo São Vicente de Paula, Creche Casa da Criança e Fundação Bom Samaritano, visando a realização de ações integradas. 144 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.4 - Segurança Pública A 164a CIA da PMMG sediada no município de Campestre, está instalada em um imóvel alugado. A Prefeitura arca com o pagamento do aluguel do imóvel, das contas de água, luz, telefone, combustível para as viaturas e com a compra de material de escritório. Frota: • Duas viaturas, modelo corsa, ano 2001, em bom estado de conservação, equipadas com rádio. Comunicação: • Rádio fixo na central de operações • Fax • 03 computadores antigos Efetivo: • 13 policiais militares • Todos os policiais militares possuem colete a prova de bala Os policiais em serviço utilizam pistola 40 Quando há eventos com maior aglomeração de pessoas, busca-se reforço policial em Machado ou em Poços de Caldas O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – PROERD, parceria entre a Polícia Militar e Secretaria Municipal de Educação, ainda não foi implantado em Campestre Segundo o Tenente PM Luis Guilherme de Oliveira da 164a CIA, a Defesa Civil é precária no município e não possui conselho formado Ações Preventivas: • Policiamento ostensivo ( há grande demanda na área central, principalmente na sexta-feira e sábado à noite) • Palestras educativas nas escolas sobre educação para o trânsito • Realização de blitz educativa 145 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Distribuição de panfletos educativos sobre medidas de auto-proteção, como evitar o furto na zona rural e prevenção ao uso de drogas. Delitos mais freqüentes: • Pequenos furtos na zona rural • Aumento do consumo de drogas e, conseqüentemente, do tráfico de drogas A PM vem realizando operações conjuntas com a Polícia Civil O Conselho de Segurança Pública – CONSEP foi reativado Cadeia Pública: A Cadeia Pública de campestre comporta 19 presos e encontra-se em condições precárias. O trabalho de segurança da Cadeia Pública é feita pela Polícia Militar ( 04 policiais militares) A PM também faz a escolta de detentos para o Fórum, Hospital e Pronto Socorro. 6.4.1 - Diretrizes específicas para a Segurança Pública • Viabilizar a implantação do PROERD nas escolas públicas do município. • Elaborar amplo programa sobre ações preventivas, através de palestras dirigidas às comunidades da zona urbana e rural. • Buscar parceria com a Associação Comercial para a instalação de uma cabine da PM na área central • Realizar estudos sobre a possibilidade da implantação da Guarda Municipal • Viabilizar a criação da Patrulha Rural através do CONSEP, em parceria com o Poder Executivo e Legislativo. 146 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.5 - Educação A Educação não é só uma questão cultural, mas também econômica e social. Ela é uma das soluções preventivas contra a criminalidade. Zuenir Ventura A Rede Municipal de Ensino atende ao Ensino Fundamental, possui 07 escolas na zona rural e 02 escolas na sede. A Rede Estadual de Ensino possui 02 escolas que atendem ao Ensino Fundamental e 01 que atende ao Ensino Fundamental e Médio A Escola Municipal Ilma Ambrósio de Pádua oferece curso técnico em informática ( pósmédio ) A Fundação Educacional de Machado oferece graduação em Pedagogia Será implantado o Ensino Superior a Distância, em Campestre, a partir de 2007 Transporte Escolar: • O transporte escolar atende aos alunos da Rede Municipal e Estadual de Ensino O Programa Brasil Alfabetizado não foi implantado. Motivo: não houve número suficiente de alunos para formar uma turma ( mínimo de 13 alunos ), apesar da ampla divulgação nas escolas, igrejas, centros comunitários e rádio. Proposta da Secretaria Municipal de Educação: iniciar um curso noturno de alfabetização O espaço físico das escolas municipais ficam à disposição da comunidade sempre que necessário. Foi criado o Conselho Municipal de Educação Plano Municipal decenal de Educação – 2006/2015 já foi aprovado Todas as Escolas Municipais possuem cantinho de leitura Há pouca evasão escolar Não existe uma prática pedagógica diferenciada nas escolas nucleadas da zona rural 147 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Dificuldades Enfrentadas: • Condições e custo do transporte escolar • Falta de recursos humanos e supervisoras nas unidades escolares. • Falta de professor de educação física para os alunos de 1a a 4a série. • Alto índice de analfabetismo • Falta recursos financeiros para capacitação continuada e formação dos profissionais de educação. 6.5.1 - Diretrizes específicas para a Educação • Viabilizar estudos objetivando a implantação de curso de alfabetização de adultos em parceria com a Fundação Educacional de Machado • Fazer cumprir as metas do Plano Municipal Decenal de Educação • Estimular a criação e o fortalecimento do Conselho Municipal de Educação • Viabilizar recursos junto aos órgãos governamentais para a promoção de cursos e seminários, visando a melhoria do desempenho acadêmico em todos os níveis de ensino. • Incentivar a valorização do profissional da educação • Garantir a implantação e o desenvolvimento, nas escolas localizadas na zona rural, de um currículo voltado para atividades que contribuam para a permanência do aluno na sua comunidade, reduzindo, assim, o êxodo rural. Viabilizar parcerias com empresas privadas, órgãos públicos ou entidade não governamentais. • Implantar no município a inclusão digital, através de parcerias com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. 148 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 6.6 - Cultura O município de Campestre possui grande potencial cultural e um artesanato bastante diversificado: peças em madeira, palha, taboa e bordados. Entretanto carece de local apropriado para os artesãos exporem seus trabalhos. • Grupos Culturais • Grupo de teatro “Filhos da Fama” • Corais • Bandas de música Festas Populares: • Festas Juninas: Santo Antônio e São João • Folia de Reis • Festa do Aniversário da Cidade • Festa do Milho • Carnaval O município não possui um calendário anual de eventos e nem um Centro Cultural Campestre não possui Museu Possui edificações históricas Possui o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural O cinema fechou por falta de público A sala de cinema está sendo utilizada para a realização de eventos: apresentações musicais, peças teatrais e outros. Encontra-se em estudo a possibilidade da criação de uma orquestra de violão em Campestre 6.6.1 Diretrizes específicas para a Cultura • Viabilizar estudos para a elaboração do projeto “Centro Cultural de Campestre”, objetivando obter recursos junto ao Ministério da Cultura para a implantação de um espaço amplo que abrigue a Biblioteca Pública Municipal, um museu, um centro de artesanato, escola de música, oficinas de artes plásticas, dança e artes cênicas. • Organizar calendário anual de eventos culturais e esportivos para atender, tanto o público local, quanto pessoas oriundas de outras cidades. 149 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais • Negociar a reativação da sala de cinema, e buscar parcerias com empresas privadas para a promoção do “Festival de Cinema de Campestre”, com data definida no calendário de eventos do município. • Fortalecer o Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Campestre • Implantar site para divulgação dos eventos culturais • Incentivar a preservação do evento “Poesia ao ar Livre” • Estabelecer parceria com a Secretaria Municipal de Educação para a implantação da Educação Patrimonial nas escolas da rede municipal 6.7 Saúde Rede de Atendimento • 01 Posto de Saúde na zona Urbana • 01 Posto de saúde no Bairro Rural de Posses - zona rural • 01 Posto de Saúde no Bairro Rural da Pedra Grande – desativado • 01 equipe de PSF • 01 Pronto Socorro Municipal A Secretaria Municipal de Saúde, o Posto de Saúde da sede, o Ambulatório e todos os demais serviços relativos à saúde funcionam no mesmo local. O Ambulatório oferece consultas nas seguintes especialidades: • Clínica Geral • Ortopedia • Ginecologia • Otorrinolaringologia • Pediatria • Psiquiatria • Psicologia • Fisioterapia • Também possui aparelho de ultra-sonografia e laboratório de análises clínicas 150 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Farmácia Faz distribuição gratuita de remédios fornecidos pelo governo estadual e pela prefeitura municipal Secretaria Municipal de Saúde Local onde são feitos agendamentos e marcação de consultas fora do município de Campestre Consultório Odontológico • Atendimento precário • Proposta de construção de um Centro Odontológico na sede • Proposta de um trabalho de saúde bucal nas escolas Vigilância Sanitária e Epidemiológica • Possui uma equipe composta por dois funcionários e um veículo • 01 sala para atendimento à população Posto de Saúde no Bairro Rural de Posses • 01 sala para atendimento à população • São realizadas 30 consultas semanais de clínica geral • Distribuição gratuita de medicamentos Programa de Saúde da Família – PSF • Abrange uma área de 4.500 habitantes • São realizadas 70 consultas semanais de clínica geral • Distribuição de medicamentos • Coleta de material para exames • Visitas periódicas na área de cobertura O Pronto Socorro Municipal - funcionamento 24 horas. O programa de hanseníase desenvolvido em Campestre tornou-se referência no Estado. O programa HIPERDIA, direcionado para pacientes portadores de hipertensão arterial e diabetes, encontra-se em fase de implantação. A incidência de câncer é muito grande no município: 02 a 03 casos por semana e atinge todas as faixas etárias. 151 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Não há histórico de AIDS, entretanto há grande incidência de doenças sexualmente transmissíveis. O Conselho Municipal de Saúde é atuante. A técnica do IDM não teve acesso ao Plano Municipal de Saúde porque ainda não havia sido finalizado.O Secretário Municipal de Saúde, Marcelo Fortes da Silva, prometeu enviar uma cópia para o IDM, o que não ocorreu. Dificuldades Enfrentadas • Falta de veículo para transporte de pacientes • Falta de médico pediatra • Necessidade de infomatização do setor • Dificuldades no agendamento de exames e consultas fora do município • Dificuldades nas internações cirúrgicas nos municípios pactuados • Falta de interesse de recursos humanos pela saúde pública 6.7.1 Diretrizes específicas para a Saúde • Viabilizar a implantação de mais uma unidade do PSF • Realizar parcerias intergovernamentais e com a sociedade civil para: aquisição de 01 mamógrafo; construção de um Centro Odontológico e compra de um veículo para hemodiálise • Viabilizar a contratação de 01 cardiologista e 01 oftalmologista • Mapear todo o sistema municipal de saúde: faz-se necessário mapear a origem das primeiras incidências a fim de conhecer a distribuição espacial das doenças. Com isso, poder-se-á descobrir as principais causas destas incidências para fins de priorização de ações que visem à correção e prevenção de novos casos. • Desenvolver campanhas preventivas tanto na zona urbana, quanto zona rural. • Intensificar programas integrados com a Secretaria Municipal de Educação para a implantação de cursos e/ou palestras sobre Educação Sanitária, Sexualidade na Adolescência e Prevenção de Doenças de Veiculação Hídrica, nas escola da sede e da zona rural. 152 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais 7 - ANÁLISE FINANCEIRA DA PREFEITURA Este Capítulo destaca três aspectos relacionados à administração pública municipal. Enfatiza, primeiramente, o momento atual da administração, assim como o exame da estrutura administrativa em vigor diante da proposta de implantação do Plano Diretor. Em seguida, analisa e apresenta as condições dos processos de operacionalização das áreas orçamentária e tributária vigentes. Finalizando, discute a situação atual das finanças públicas do município de Campestre. Tomou-se como informações principais os dados contidos nos demonstrativos contábeis e orçamentários do município referentes ao triênio 2002/2004. 7.1 Aspectos Administrativos A Lei complementar número 001, de 06 de março de 1997, institui a Estrutura Administrativa, a Tabela de Vencimentos, o Plano de Cargos de Provimento Efetivo, o Plano de Cargos, Função, Quantitativo de Vagas, Forma de Provimento, Carga Horária Semanal e Níveis de Vencimentos dos servidores públicos municipais. A estrutura administrativa representa apenas a administração direta, não existindo entes de administração indireta na estrutura municipal. O quadro dos recursos humanos apresenta a seguinte situação, considerando o vínculo contratual: Recursos Humanos de acordo com o vínculo contratual Vínculo Contratual Efetivos Contratados Comissionados Função Pública Inativos / Pensionistas (1) TOTAL Quantidade 310 137 34 08 51 % 57,41 25,37 6,30 1,48 9,44 540 100,00 Fonte: Prefeitura Municipal de Campestre. Nota: (1) São três pensionistas e 48 (quarenta e oito) aposentados. Os servidores contratados representam ¼ do número total de servidores. Essa situação normalmente indica a falta de uma política adequada de contratação de recursos humanos, tendo como uma das causas a não realização de concursos públicos (o último foi realizado em 11 de fevereiro de 1999), conforme determina o inciso II, do artigo 37 da Constituição Federal, que assim nos diz: Artigo 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 153 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em Lei, ressalvada as nomeações para cargo em comissão declarado em Lei de livre nomeação e exoneração. A Lei Federal nº. 8.745, de 09 de dezembro de 1993, dispõe sobre as contratações por tempo determinado, mas sempre ressalvando o caráter temporário e a excepcionalidade dessas contratações. É importante ressaltar que, na maioria dos municípios, observa-se a falta da aplicação da legislação federal em seu inteiro teor. Faz-se necessário reavaliar as necessidades do quadro de pessoal, assim como os procedimentos adotados nas suas contratações, seguindo o ensinamento do eminente jurista Carlos Pinto Coelho Motta: “Creio que a alternativa do servidor temporário (independentemente do regime adotado) não apresenta vantagens consideráveis e, ao contrário, evidencia graves inconvenientes de gestão, sendo superada sob todos os ângulos pela execução indireta”.14[1] Outra variável a considerar é em relação à apropriação correta das despesas realizadas, que poderá alterar os resultados contábeis e financeiros, de acordo com os serviços contratados. Dependendo da caracterização dos serviços a serem elaborados, a apropriação se dará na rubrica de pessoal. Entretanto, dependendo dos serviços prestados, sua apropriação será na rubrica de serviços de terceiros. O Regime Jurídico dos servidores municipais é o estatutário. O município não conta com sistema próprio de previdência, sendo adotado o Regime Geral da Previdência Social do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social. Existe um parcelamento de débito junto ao Instituto no valor de R$ 281.924,20 (duzentos e oitenta e um mil, novecentos e vinte e quatro reais e vinte centavos), em 31 de dezembro de 2004. O custo estimado dos gastos com aposentadorias e pensões, situação previdenciária anterior, é em média de R$ 32.000,00. Percentualmente, representa 14,55% (R$ 32.000,00 / R$ 220.000,00), sem considerar os custos do FUNDEF – Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, e de 10,32% (R$ 32.000,00 / R$ 310.000,00), quando considerados. A Prefeitura Municipal de Campestre coloca vários servidores municipais á disposição do Estado e da União, apresentando a seguinte situação: 14[1] Vide MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Servidores temporários: até quando? BDA 8, 1996, p.494. 154 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Recursos Humanos cedidos a outros órgãos do Estado e da União Órgão da Cessão Ente Federativo Estado União Cartório Eleitoral Ministério do trabalho e Emprego Junta Militar Fórum Delegacia da Polícia Civil Secretaria da Fazenda - SIAT Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA Assembléia Legislativa de Minas Gerais TOTAL X X X Quant. de Servidor es 02 Cargo ou Função Exercida 01 Professora (1) e 01 Digitador 01 Serviços Gerais e 01 Auxiliar de Datilografia Serviços Gerais Defensor Público 01 Serviços Gerais, 01 Serviços de Limpeza, 01 Digitador e 01 Datilógrafo X 02 01 01 X 04 X 01 Agente Tributário X 01 Professora (1) X 01 NI 08 05 13 - Fonte: Prefeitura Municipal de Campestre. Notas: (1) Desvio de função; NI = Não informado. Os municípios mineiros recebem pressão por parte do Estado e da União para a cessão de pessoal aos seus órgãos visando à instalação e / ou a manutenção de serviços de suas responsabilidades. A não alocação de pessoal por parte da prefeitura determina a paralisação dos serviços prestados. Entendemos, de acordo com a responsabilidade federativa de cada ente, que a prática em questão é prejudicial aos municípios e que não existem justificativas para acomodá-la. Torna-se necessário uma tomada de posição pelos municípios para extirpar tal prática. No caso de Campestre, ao mesmo tempo em que o município financia gastos com “servidores estaduais”, paga um parcelamento de débito junto ao IPSEMG – Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, cujo saldo era de R$ 230.319,62 (duzentos e trinta mil, trezentos e dezenove reais e sessenta e dois centavos), em 31 de dezembro de 2004. Os treze servidores colocados à disposição representam 2,41% do total de servidores municipais. O organograma atual de Campestre apresenta a seguinte disposição: Gabinete do Prefeito - Controladoria - Comissão de Licitação - Assuntos Jurídicos - Secretaria 155 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Departamento Municipal de Administração - Almoxarifado Geral Departamento Municipal de Fazenda - Administração Fazendária - Administração Financeira - Controle Interno Departamento Municipal de Educação e Cultura - Diretoria de Educação - Biblioteca Municipal - Escola Cônego Arthur - Escola Comercial - Pré-Escolar - Ensino 1º Grau Escolas Rurais - Diretoria de Parques Recreativos e Desportivos Departamento Municipal de Saúde - Diretoria de Saúde - Assessoria Médica e Sanitária - Inspeção Mercado Municipal Departamento Municipal de Assistência Social - Diretoria de Assistência Social - Assessoria Social - Creches Municipais Departamento Municipal de Obras, Urbanismo, Saneamento e Transporte - Administração - Serviços Urbanos - Vias Urbanas, Limpeza Pública, Serraria e Parques e Jardins - Serviço Funerário - Garagem, Mercado e Terminal Rodoviário - Serviços Rurais - Estradas Vicinais – Manutenção Departamento Municipal de Serviços Gerais - Telefonia - Radiodifusão - Produto Rural A proposta de mudança da estrutura organizacional de Campestre, em estudo quando da elaboração deste Capítulo, não preenche as necessidades para que o Plano Diretor possa ser implementado em sua plenitude e corretamente, acompanhado e avaliado para correção de possíveis desvios. A modificação proposta precisa definir as atribuições da responsabilidade pelo processo orçamentário municipal. A Secretaria Municipal da Fazenda não deve estar integrada com a Secretaria de Administração. O processo orçamentário assume papel essencial como instrumento de política urbana, conforme determinação contida no Art. 4º - Inciso III, letras d, e, e f, e inciso IV, letras a, b e c da Lei Federal nº. 10.257/2001. 156 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A Secretaria de Obras deveria ficar responsável pelas ações relacionadas à execução de obras públicas em geral, na área urbana e área rural, relacionadas aos equipamentos sociais, às estradas municipais de rodagem, compreendendo a manutenção e/ou abertura, à canalizações, pontes e mata-burros, entre outras obras. Entendendo o Turismo como atividade econômica, seria necessário aumentar a abrangência das atribuições da Secretaria de Desenvolvimento, apontada pela proposta em estudo, transformando-a em Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável, contemplando o Departamento de Agricultura e Pecuária, o Departamento de Indústria, Comércio e Serviços e o Departamento de Turismo. Outra secretaria que deveria ser incluída no processo de revisão da estrutura organizacional de Campestre é a Secretaria de Planejamento Urbano e Estruturação do Território, tendo em vista a força expressiva da atividade rural no desenvolvimento do município. O Órgão Municipal de Meio Ambiente, proposto no estudo, deveria incorporar entre suas atribuições a criação e consolidação do Sistema Municipal de Meio Ambiente apoiado pelo CODEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, que integra o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente. A estrutura proposta pelo estudo deveria, ainda, incorporar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Planejamento – COMDEPLAN, órgão colegiado que deverá cumprir as disposições da Lei Federal 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, relativamente à gestão democrática do desenvolvimento municipal, acompanhando e avaliando o processo de planejamento municipal e de implementação do Plano Diretor. Finalmente, é preciso dizer que a Controladoria Municipal não deve ter vinculo com qualquer outro órgão para que possa ter um papel relevante de avaliação de programas, projetos e ações de responsabilidade da administração pública municipal. Para que a Controladoria dê respostas a essas atribuições é necessário que se elimine do controle burocrático e formal (meios) e passar para o controle baseado nos resultados (fins), de forma a permitir maior entendimento e participação da sociedade, pois o cidadão é o beneficiário principal das ações do governo. Assim considerado e segundo as normas constitucionais, o órgão deverá ter, entre outras, as seguintes atribuições: a) a responsabilidade pela elaboração e apresentação da prestação de contas anuais junto ao Tribunal de Contas do Estado; b) formular documentos, relatórios e de indicadores financeiros, econômicos e sociais de modo a facilitar o processo decisório; c) controlar, avaliar e demonstrar os resultados alcançados, abandonando os aspectos quantitativos e realçando os aspectos qualitativos, com controlar significando monitorar os resultados obtidos, verificando o cumprimento das regras estabelecidas, especialmente do Plano Diretor de Campestre, os planos, programas e projetos 157 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais inseridos nos Planos Plurianuais – PPA’S, nas Leis de Diretrizes Orçamentárias – LDO’S e nas Leis Orçamentárias Anuais – LOA’S; 7.2 - Aspectos Orçamentários Os instrumentos do processo orçamentário incorporado na Constituição Federal de 1988, bem como na Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, inclui o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, que compõem o Plano de Ação Governamental da União, dos estados e dos municípios. Na maioria dos casos, a elaboração desses instrumentos tem como objetivo principal apenas atender ás exigências contidas na legislação. Mesmo quando são realizadas audiências públicas, os programas e/ou projetos apresentados já se encontram definidos, cabendo aos participantes das audiências apenas aprová-los, sem qualquer discussão relevante. Temos, ainda, como agravante, que o instrumento mais importante do tripé da ação governamental, o Plano Plurianual, teve um tratamento muito superficial na Lei de Responsabilidade Fiscal. A falta de uma discussão mais abrangente de seu conteúdo continua provocando entendimento superficial e incompleto nos responsáveis pela sua elaboração. Assim, o Plano Plurianual é entendido como uma programação de investimentos para o período de quatro anos, sendo três anos do governo que o elabora e um do governo seguinte. O Plano Plurianual de Ação Governamental – PPA elaborado por Campestre para as despesas de Capital e outras dela decorrentes, relativas ao período de 2006 a 2009, contêm todas as imperfeições descritas nos parágrafos anteriores. Como exemplo da situação descrita, vejamos o anexo I do PPA – OBRAS E PROGRAMAS que incluiu as Despesas de Capital da administração para o quadriênio 2006/2009. ANEXO I – OBRAS E PROGRAMAS DESPESAS DE CAPITAL Programa: Não identifica código e o nome do programa. Objetivo: Não existe a descrição. Indicação de uma despesa de capital: Pavimentação Asfaltica e calçamento vias urbanas - Define apenas o valor das despesas de cada ano – 2006 = 900.000,00; 2007 = 500.000,00; 2008 = 500.000,00 e 2009 = 300.000,00, totalizando R$ 2.200.000,00. Como podemos verificar, o conteúdo da proposta é de difícil compreensão. O objetivo do programa indica a ação a ser implementada, mas não existem informações adicionais sobre essas ações, tais como: quantos metros serão construídos a cada ano; quantos metros de 158 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais asfalto; quantos metros de calçamento; qual é o custo unitário de cada m2 de asfalto e de calçamento; quais são os locais em que se aplicará a pavimentação asfaltica e quais que receberão o calçamento. São muitas perguntas sem respostas. A proposta informa os custos, mas não o número dos beneficiados a serem atendidos a cada exercício, ou seja, apresenta a informação para os quatros anos de aplicação sem detalhar as informações de cada exercício. A inclusão do exemplo demonstra como a elaboração e a aprovação do Plano Plurianual foi superficial. Além do mais, o PPA não deve incluir apenas a programação de investimentos, pois, para isso, o município deverá atender, num primeiro momento, o pagamento de todo o custeio da máquina pública para não ocasionar a paralisação da prestação de serviços essenciais à comunidade. A principal pergunta é: como é possível definir que o município aplicará R$ 900.000,00, quase um milhão de reais em pavimentação asfaltica e calçamento de vias urbanas se não se conhece o valor a ser utilizado na cobertura do custeio e dos programas de duração continuada? Outro aspecto a ser considerado é que, para atender às exigências legais, a maioria dos municípios brasileiros mantém apenas bancos de dados formados naturalmente no decorrer dos exercícios financeiros. Não existe uma determinação de elaborar bancos de dados próprios direcionados para a tomada de decisão. Assim, na maioria das administrações públicas municipais, verificamos a falta de apuro das informações à disposição, tanto para a sociedade como para a própria administração quando da elaboração de relatórios e documentos mais relevantes. As últimas quatro edições das Leis que dispõem sobre as diretrizes orçamentárias repetem, em grande parte do seu conteúdo, basicamente a legislação federal (Constituição e a Lei 4.320), não acrescentando nada de relevante. Incluem apenas o que já existe sobre o assunto, com adaptações, visando atender à Lei de Responsabilidade Fiscal, inclusive, repetindo erros de numeração de parágrafos desde a Lei número 1.386, de 05 de julho de 2002, que dispôs sobre as diretrizes orçamentárias do exercício de 2003. Após o Inciso V, do artigo 16, são incluídos alguns parágrafos com a numeração partindo do parágrafo segundo. É certo que houve erro de datilografia. Entretanto, na elaboração das Leis posteriores, não houve a devida correção. Foi inserido o parágrafo primeiro, corrigindo a numeração, mas com o mesmo texto do parágrafo segundo, ou seja, o primeiro e o segundo parágrafo contêm o mesmo texto (artigo 21 das Leis 1.210, de 14 de julho de 2003 – diretrizes da Lei orçamentária de 2004, e 1.462, de 08 de julho de 2004 – diretrizes orçamentárias de 2005). Na Lei 1.499, de 01 de julho de 2005, que estabelece as diretrizes orçamentárias de 2006 (artigo 21) retorna o erro de numeração anterior, estabelecendo dois segundos parágrafos com o mesmo teor. Ainda nesse mesmo artigo referenciado, após os Incisos I e II do parágrafo quinto, aparece um parágrafo terceiro, que foge totalmente da lógica de numeração das Leis citadas. 159 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais A introdução desse detalhe é para reforçar o nosso argumento da repetição do conteúdo contido na legislação federal sobre o assunto. Outro exemplo é quanto às leis mencionarem sobre a seguridade social em autarquias e fundações públicas, sendo que o município apresenta apenas administração direta. Porém, torna-se essencial destacarmos os seguintes fatores relevantes: a) Abertura de créditos adicionais suplementares: as leis apenas esclarecem que sua abertura deverá conter as mesmas exigências e detalhamentos estabelecidos nas LOAs – Leis Orçamentárias Anual. Para ficar completo e correto, é primordial incluir que a abertura de créditos suplementares e especiais, além de conter as exigências e detalhamentos da Lei orçamentária anual, ficará condicionada, também, às exigências contidas na Lei nº. 4.320, de 1964; b) Reserva de Contingência: são definidos percentuais diminutos destinados à rubrica de reserva de contingência, mas não se aplicam os percentuais aprovados, conforme abaixo: - 2003 → % definido = 1,50% - % aplicado = 0,52%; - 2004/2005/2006 → % definido = 1,00% - % aplicado = 0,30%. Entende-se que a inclusão de reserva de contingência nas leis orçamentárias é imprescindível. O que ocorre com a questão é mais uma visão equivocada sobre o tema. A reserva de contingência é tomada como uma dotação global, não especificamente destinada a determinado programa ou unidade orçamentária, cujos recursos são utilizados para a abertura de créditos suplementares quando as dotações constantes do orçamento anual se evidenciar insuficientes durante o exercício. Assim, de uma aplicação incerta e não sabida de recursos (contingências), já se definiu como serão aplicados os recursos, a priori. Na verdade, a reserva de contingência deveria funcionar como um “fundo de reserva” para a cobertura de períodos de recessão, calamidades públicas ou conflitos fiscais com redução de receitas. c) Participação da comunidade: a partir da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2003, abre-se a possibilidade da participação dos cidadãos no processo de elaboração e fiscalização do orçamento, através da definição das prioridades de investimento local, mediante regular processo de consulta em audiências públicas. Falta institucionalizar efetivamente essa participação para que não vire homologação dos programas e projetos da administração pública nas audiências públicas, que é o que vem ocorrendo. d) Transferência de recursos: o texto da Lei só menciona a destinação de recursos para pessoas jurídicas, sendo omissa em relação a transferências de recursos diretamente às pessoas físicas, tais como material de construção, óculos, cestas básicas, passagens etc. No nosso entendimento, é útil a introdução de um artigo especifico para atender essa modalidade de ajuda financeira. 160 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais e) Convênios com entidades públicas e privadas: a autorização para celebrar convênios com entidades públicas e privadas é genérica. Também, nesse caso, o entendimento é que deveria ser incluído um artigo indicando autorização específica para celebração de convênios com os órgãos de segurança pública, já que a responsabilidade constitucional de segurança pública é do estado. f) Anexos: os anexos das Metas e Prioridades da Administração, das Metas Fiscais e dos Riscos Fiscais, praticamente apresentam os mesmos programas, ações, produtos, medidas, metas, valores etc., indicando a falta de uma avaliação permanente por parte da administração municipal. 7.3 - Aspectos Tributários O Código Tributário Municipal de Campestre foi reformulado recentemente, incluindo, inclusive, as modificações recentes da legislação sobre o ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, que ampliou a quantidade de serviços a serem tributados, bem como a instituição da alíquota mínima. Incluiu, também, a Emenda Constitucional nº. 39, de 19 de dezembro de 2002, que instituiu a contribuição econômica para o custeio do serviço de iluminação pública nos municípios. Entretanto, o pessoal da área tributária ainda considera necessária uma revisão completa da legislação tributária municipal, tendo em vista que é preciso adequá-la às modificações aprovadas nos últimos anos pela esfera federal, além da regulamentação do Código Tributário. Campestre mantém a Planta Genérica de Valores contendo a planta de valores de terreno e a tabela de preços de edificações (ano de construção e estado de conservação) apenas da sede do município. Os valores dos imóveis são corrigidos anualmente pelo índice inflacionário. A última correção dos imóveis a preços de mercado foi realizada em 2001. O Cadastro Técnico Imobiliário – CTI, apresenta o índice de atualização de 90% (noventa por cento). O cadastro é informatizado, utilizando-se um programa alugado para a sua manutenção. O cadastro é gerenciado pelo Setor de Cadastro e Tributos. O lançamento do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano é efetivado no mês de julho de cada ano. O imposto é cobrado em três parcelas e tem desconto de 10% (dez por cento) para pagamento à vista. As parcelas vencidas sofrem reajustes aplicando-se 10% de multa e 1% de juros ao mês por atraso. Estima-se que o recebimento do IPTU representa apenas 60% (sessenta por cento) do total do imposto lançado, aumentando a divida ativa a cada ano. Em relação ao ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, não tem regulamento próprio e baseia-se no Código Tributário Municipal para a efetivação da sua cobrança. O Cadastro de Atividades Econômicas – CAE contém o cadastro de pessoas físicas e jurídicas e abrange apenas as atividades desenvolvidas na sede do município. O cadastro está desatualizado e não foi informada a data da última atualização. É pretensão 161 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais da área tributária proceder a sua atualização no exercício de 2006. O cálculo para a cobrança do imposto devido pelas pessoas jurídicas utiliza-se apenas da modalidade de cobrança por declaração do valor dos serviços prestados. A cobrança do ITBI – Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos utiliza como parâmetro para cobrança os valores dos imóveis contidos na Planta Genérica de Valores do IPTU. O município não cobra tarifas, preços públicos e contribuição de melhoria. Em relação às taxas cobradas, apenas na sede, as mais significativas são as Taxa de Serviços Diversos, Taxas pela Prestação de Serviços, Taxa de Localização e Funcionamento e a Taxa de Expediente e Emolumentos. A cobrança administrativa da dívida ativa é realizada espaçadamente, ou seja, não é operacionalizada continuamente. O retorno obtido, quando se efetiva a cobrança via administrativa, é de no máximo 25%. A última cobrança via judicial, evitada por constrangimentos políticos, foi realizada em 2000. A fiscalização tributária (impostos e taxas) não é exercida. A prefeitura conta com um fiscal para todas as atividades desenvolvidas, excetuando-se a tributária. A escolaridade do fiscal é o 1º grau completo, exercendo sua atividade em desvio de função, pois é concursado como eletricista. 7.4 - Aspectos Financeiros Nesse tópico, buscaremos discutir e comparar a evolução e a composição das despesas e receitas municipais, considerando como período de análise o triênio 2002/2004. 7.4.1 - Receitas Municipais Na avaliação das receitas públicas municipais, foram excluídas, no caso das receitas correntes nos exercícios de 2002 e 2003, os valores relacionados à receita de Contribuição de Melhoria, por representar pequeno valor e ser uma receita eventual. No exercício de 2004 não se exclui nenhuma receita. Tais exclusões facilitam nossa análise ao eliminar receitas de comportamento atípico, ao mesmo tempo em que nos permite focar as receitas tributárias próprias diretamente arrecadadas e as transferências federais e estaduais repassadas constitucionalmente. Tal medida não altera o volume das receitas municipais, pois trabalharemos com 99,99% das receitas em 2002, 99,98%, em 2003, e 100,00% em 2004. Os totais da receita do triênio, com a exclusão das receitas mencionadas no parágrafo anterior, são apresentados a seguir no Quadro Receitas Municipais – Valores Arrecadados 2002/2004 (R$ Correntes). 162 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Receitas Municipais – Valores Arrecadados Triênio 2002/2004 (R$ Correntes) 2002 Discriminação Valor 2003 % Valor 2004 % Valor % Total da Receita 9.066.829 100,00 9.311.851 100,00 11.264.288 100,00 Receitas Correntes 8.076.091 89,07 9.269.979 99,55 11.012.957 97,77 425.734 4,70 551.666 5,92 702.989 6,24 IPTU 81.483 0,90 77.720 0,83 146.673 1,30 ITBI 60.636 0,67 125.502 1,35 78.075 0,69 ISS 45.207 0,50 88.624 0,95 113.992 1,01 IR - Retido 58.184 0,64 56.240 0,60 104.996 0,93 Contrib./Taxa Iluminação 82.751 0,91 83.113 0,89 154.423 1,37 Tributárias Demais Taxas Outras Rects.Correntes 97.473 1,08 120.467 1,29 104.830 0,93 142.630 1,57 110.605 1,19 314.018 2,79 Transferências Correntes 7.507.727 82,80 8.607.708 92,44 9.995.950 88,74 Transferências da União 3.985.201 43,95 4.866.465 52,26 5.535.353 49,14 3.327.777 36,70 4.073.567 43,75 4.516.819 40,10 FPM Quota-parte Salário Educação 43.184 0,48 51.796 0,56 98.589 0,88 130.240 1,44 139.799 1,50 108.632 0,96 ITR 22.888 0,25 21.833 0,23 23.934 0,21 Fdo. Especial Petróleo 32.215 0,36 44.263 0,48 50.741 0,45 340.352 3,75 457.498 4,91 506.802 4,50 0 0,00 0 0,00 0 0,00 88.545 0,98 77.709 0,83 229.836 2,04 ICMS - Desoneração Transferências - SUS / FNS FUNDEF Outras Transfs./Convs. União Transferências do Estado 3.506.936 38,68 3.684.784 39,57 4.430.597 39,33 ICMS 2.119.436 23,38 2.091.610 22,46 2.532.223 22,48 IPVA 334.217 3,69 291.277 3,13 399.640 3,55 54.700 0,60 111.643 1,20 46.429 0,41 998.583 11,01 1.190.254 12,78 1.452.305 12,89 0 0,00 0 0,00 0 0,00 15.590 0,17 56.459 0,61 30.000 0,27 990.738 10,93 41.872 0,45 251.331 2,23 348.600 3,84 41.872 0,45 225.826 2,00 75.000 0,83 0 0,00 25.505 0,23 567.138 6,26 0 0,00 0 0,00 IPI - Exportação FUNDEF Quota-parte Salário Educação Transfs. de Convênios Receitas de Capital Transferências da União Transferências do Estado Transferências - FPM TOTAL DAS RECEITAS 9.066.829 100,00 9.311.851 100,00 ( - ) EXCLUSÃO FUNDEF 0 0,00 957.492 TOTAL DAS RECEITAS 9.066.829 100,00 8.354.359 Fonte: Balanços de Prefeitura Municipal de Campestre 163 10,28 89,72 11.264.288 100,00 1.071.262 10.193.026 9,51 90,49 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Como o interesse maior da presente análise está direcionado para as receitas tributárias próprias diretamente arrecadadas e as transferências federais e estaduais repassadas constitucionalmente, torna-se necessário, a guisa de informação, um maior detalhamento de algumas receitas próprias municipais, bem como de certas transferências estaduais e federais, que acabam sendo significativas na composição das receitas totais do município. Em determinados casos, são recursos aplicados diretamente em políticas públicas federais específicas, como os das transferências do FUNDEF e as deduções da receita, que não será objeto de avaliação. Desta forma, vamos começar a verificar a composição das outras receitas correntes incluídas no quadro apresentado a seguir: Composição de Outras Receitas Correntes Triênio - 2002/2004 (R$ Correntes) Receitas 2002 2003 2004 Incluídas Valor % Valor % Valor % Multas e Juros de 38.011 26,65 17.832 16,12 47.715 15,19 Mora Indenizações e Restituições 15.028 10,54 6.878 6,22 41.043 13,07 Receita da Dívida 51.202 35,90 37.904 34,27 133.728 42,59 Ativa Receitas Diversas 20.487 14,37 29.260 26,45 60.031 19,12 Aplicações 14.672 10,28 16.689 15,09 29.487 9,39 Financeiras 3.230 2,26 2.042 1,85 2.014 0,64 Receitas de Serviços TOTAL 142.630 100,00 110.605 100,00 314.018 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Como já salientamos, o objetivo principal é demonstrar o volume da arrecadação destas receitas no triênio 2002/2004. Cada receita incluída no total das outras receitas correntes, além de ter um comportamento específico, é dependente de vários fatores de operacionalização do dia a dia da administração pública municipal na sua arrecadação, impossibilitando uma análise mais acurada. É importante destacarmos as seguintes situações: a) O aumento do montante das receitas da dívida ativa arrecadado, por representar recuperação de impostos em atrasos, mais especificamente do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU demonstra um contraste com a informação obtida junto à área tributária que questiona a operacionalização aplicada em relação à inscrição e cobrança da dívida ativa, bem como o pequeno retorno (25%) da cobrança efetuada; b) Em relação às receitas diversas, os valores arrecadados estão relacionados às rendas de serviços prestados no cemitério e no Centro de Educação Física. 164 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais c) As receitas diversas informam as receitas com as Taxas de Embarque auferidas na rodoviária municipal, locação de máquinas e equipamentos e tarifa do serviço de esgoto; d) Quanto às receitas de Aplicações Financeiras, apesar do seu crescimento no ano de 2004, entendemos que os valores arrecadados são pequenos frente ao volume de recursos mensais movimentados. A discriminação e o detalhamento acima descrito, das outras receitas correntes, exemplificam e reforçam o nosso ponto de vista inicial da atipicidade do comportamento dessas receitas, tanto em relação ao direcionamento para aplicação em programas e/ou projetos específicos, quanto em relação ao horizonte temporal de seu repasse. A existência dessas receitas, em determinado exercício, não indica que haverá o devido repasse no exercício seguinte. Devemos considerar, ainda, a questão dos valores repassados, pois além de não existir a obrigação constitucional do repasse dos recursos, na maioria dos casos o valor do repasse é desconhecido, a priori. Receitas Tributárias Próprias As receitas tributárias próprias frente ao total dos recursos arrecadados pelo município no triênio 2002/2004 representaram respectivamente 4,70%, 5,92% e 6,24% de participação. Observa-se uma oscilação constante da arrecadação da receita tributária própria no triênio, em termos relativos, tanto no total da arrecadação como em todos os impostos e taxas municipais, quando considerados individualmente, excetuando-se a participação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, com um crescimento em 2003 e 2004, sempre em relação ao exercício imediatamente anterior. A participação das receitas tributárias próprias encontra-se em patamares muito baixos para um município do porte de Campestre. Essa constatação não é para um imposto especifico, mas para todos os impostos arrecadados diretamente, que apresentam participações percentuais anêmicas em relação ao total da arrecadação municipal. Apesar de participação em patamares baixos, as receitas tributárias próprias cresceram, ano a ano no triênio, sua participação relativa, quando comparadas com o total arrecadado. Enquanto o crescimento das receitas totais de 2003 e 2004, em relação ao exercício de 2002, foi de 2,70% e 24,23% respectivamente, as receitas tributárias próprias apresentaram um acréscimo de 29,58% em 2003 em relação a 2002, e de 27,43% em 2004 em relação a 2003, isto é, um comportamento diferenciado do crescimento das receitas totais. A arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU apresenta, em termos relativos, comportamento irregular no triênio 2002/2004, ou seja, 0,90%, 0,83% e 1,30 respectivamente. Em valores absolutos, em 2003 constatou-se decréscimo de R$ 3.763,00 e em 2004 um acréscimo de R$ 65.190,00, sempre em relação ao exercício de 2002. Em termos per capita, considerando a população total de 2004, conforme dados preliminares da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o imposto apresenta o valor 165 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais arrecadado de R$ 6,62 (seis reais e sessenta e dois centavos) por habitante no exercício de 2004, (R$ 146.673/22.150 habitantes). Em 2002, essa relação era de R$ 3,84 (três reais e oitenta e quatro centavos), considerando uma população total de 21.208 habitantes e um valor arrecadado de R$ 81.483 (oitenta e um mil quatrocentos e oitenta e três reais). Proporcionalmente apenas aos habitantes da área urbana, podemos dividir os valores per capita encontrados por dois, ou 50% para cada área. Assim, teremos o valor de R$ 3,31 em 2004 e de 1,92 em 2002. Apesar do aumento per capita de R$ 2,78 (dois reais e setenta e oito centavos) no período, ainda é um valor irrisório. Esse pequeno valor per capita arrecadado está relacionado a dois fatores principais. O primeiro, já mencionado anteriormente, refere-se aos baixos valores definidos (base de cálculo), apesar da atualização anual da planta genérica de valores. O segundo fator está relacionado à baixa capacidade contributiva da população de Campestre, que deve ter piorado nos últimos anos, devido à estagnação da economia do estado e do país na última década, que tem determinado o crescimento do desemprego e a queda constante da renda e dos salários dos trabalhadores. O artigo 231 de Lei Orgânica de Campestre, complementado com novas redações dadas pelas emendas de nº. 02 de março de 1992, e nº. 03 de março de 1995, isenta todos os aposentados e pensionistas, independentes de sexo, idade ou motivo da referida aposentadoria, do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. Tal isenção pode ensejar renúncia de receitas municipais, proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal quando não se efetiva a compensação da mesma. A arrecadação do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI mostra-nos uma participação relativa irregular, com crescimento em 2003 em relação a 2002, e diminuição em 2004 em relação a 2003, representando, respectivamente, no triênio analisado, uma participação de 0,67%, 1,35% e 0,69%. Em termos absolutos, os valores arrecadados no triênio 2002/2004 são também irregulares. No exercício de 2003 constata-se acréscimo importante de receitas de R$ 64.866,00 (sessenta e quatro mil e oitocentos e sessenta e seis reais) em relação ao exercício anterior. Entretanto, no exercício de 2004, o valor arrecadado diminui em R$ 47.427,00 (quarenta e sete reais e quatrocentos e vinte e sete reais), em relação ao exercício de 2003. De acordo com o total arrecadado a cada ano, podemos deduzir o montante das transações imobiliárias realizadas no triênio: exercício de 2002: R$ 60.636 X 100/2, 00 = R$ 3.031.800,00; exercício de 2003: R$ 125.502 X 100/2, 00 = R$ 6.275.100,00; exercício de 2004: R$ 78.075 X 100/2, 00 = R$ 3.903.750,00, perfazendo o total de R$ 13.210.650,00 no triênio, com média de R$ 4.403.550,00. A receita tributária própria do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN apresenta comportamento crescente, tanto em termos relativos como em termos absolutos no triênio em análise. Os valores arrecadados no período demonstram uma participação de 0,50% em 2002, 0,95% em 2003 e 1,01% em 2004. Em termos absolutos, observa-se um acréscimo de R$ 43.417,00 em 2003 em relação ao exercício de 2002. Em 2004, observase um crescimento da arrecadação de R$ 68.785,00 em relação a 2002, e de R$ 25.368,00 quando comparados ao exercício de 2003. O crescimento observado é significativo quando lembramos que o Cadastro das Atividades Econômicas – CAE encontra-se desatualizado. 166 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O setor de serviços é o que mais cresce atualmente no país e o que apresenta o maior potencial de arrecadação. Portanto, é importante uma dedicação mais efetiva na arrecadação do imposto, inclusive, adotando procedimentos mais modernos. Um desses instrumentos poderia ser a introdução de um acompanhamento da evolução da receita por atividade econômica. O momento é propício para empregar efetivos esforços na reformulação completa dos procedimentos arrecadatórios, tendo em vista a ampliação da cobrança do imposto para as atividades instaladas em todo o território municipal e a aprovação recente de legislação federal que ampliou o número de serviços a serem tributados e definiu a alíquota mínima a ser aplicada. Normalmente, o volume de arrecadação da taxa de iluminação pública deve ser suficiente para atender às despesas com a própria iluminação pública, os custos de energia elétrica dos prédios municipais (escolas, postos de saúde, etc.), exigindo-se, ainda, uma sobra de recursos que seja suficiente para atender à expansão do serviço. O valor arrecadado no triênio apresenta comportamento crescente. A taxa de iluminação pública, que sofreu o questionamento de sua inconstitucionalidade, agora se apresenta regularizada conforme a Emenda Constitucional nº. 39, de 19 de dezembro de 2002, instituindo a Contribuição de Custeio de Serviço de Iluminação Pública. Optamos por manter a arrecadação da contribuição dentro do somatório das Receitas Tributárias. A principal ação a ser realizada em relação às demais taxas é equilibrar os valores cobrados de acordo com o custo real dos serviços colocados à disposição. É possível estipular a cobrança de valores unitários diferenciados de acordo com a região da cidade, distribuindo de forma mais justa a carga tributária. Outro ponto relevante a ser considerado de forma geral na administração das finanças públicas municipais, é a necessidade de uma política, mais contundente, de informatização da área, de forma a disponibilizar instrumentos modernos para uma adequada gestão da arrecadação tributária dos impostos e taxas municipais. Receitas Tributárias Transferidas Em relação aos recursos transferidos, a análise será centrada nos repasses da cota-parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, no caso da união, e na transferência estadual da cota-parte do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS. A justificativa dessa decisão, reforçando relato anterior, baseia-se no fato de que as demais transferências constitucionais, tanto da União como do Estado, não são representativas. Nos casos em que os recursos transferidos têm alguma significação, normalmente estão vinculados à prestação de serviços ou a programas específicos, e a maioria dos repasses está vinculada, também, à contrapartida de recursos municipais. Essa observação pode perfeitamente ser estendida às transferências de capital, apesar de, no caso de Campestre, existir transferências de recursos de receitas de capital que não estejam vinculadas a priori. A transferência de capital citada é referente ao 167 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais exercício de 2002, sendo parte do repasse do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, classificadas como receitas de capital. Os demais impostos transferidos pela União e pelo Estado apresentam participações importantes, mas modestas em relação ao total das receitas municipais no período em destaque, excetuando-se a transferência estadual do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, com participação relativa praticamente linear de 3,69% em 2002, de 3,13% em 2003 e de 3,55% no exercício de 2004. Em termos absolutos, o comportamento da transferência do IPVA apresenta oscilação na sua participação, recuando R$ 42.940,00 em 2003 em relação a 2002, mas recuperando-se em 2004, com acréscimo de R$ 65.423,00 em relação a 2002 e de R$ 108.363,00 em relação ao ano de 2003. O somatório das duas transferências indicadas nos possibilita apresentar todos os recursos transferidos ao município para podermos avaliar o grau de dependência de Campestre em relação às transferências federais e estaduais. Dependência de Recursos Transferidos Discriminação Cota-parte – FPM Receita Total Cota-parte - ICMS Receita Total Cota-parte (FPM + ICMS) Receita Total Demais Valores Transferidos(2) Receita Total Totais das Transferências Correntes + Capital(3) Receita Total Exercícios Sociais 2002 2003 (1) 42,96% 43,75% 2004 40,10% 23,38% 22,46% 22,48% 66,34% 66,21% 62,58% 22,72% 26,23% 26,16% 93,73% 92,89% 90,97% Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. NOTAS: (1) A Cota-parte do FPM representada compreende R$ 3.327.777,00 (36,70%) contabilizados como Transferências Correntes + R$ 567.138,00 (6,26%) contabilizados como Transferências de Capital; (2) As Transferências Correntes Incluem, no caso da União: Cota-parte salário educação, ITR, ICMS - Desoneração, Fundo Especial Petróleo, transferências SUS / FNS e outras transferências/convênios da União. No caso do Estado: IPVA, IPI – exportação, FUNDEF e transferências de convênios. (3) As Transferências de Capital incluem em ambos os casos, transferências de diversos órgãos. Os percentuais apurados nas sentenças, apesar da pequena queda de participações das transferências no período, evidenciam o grau da dependência do município de Campestre 168 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais em relação aos recursos transferidos pela União e pelo Estado, notadamente do Fundo de Participação dos Municípios – FPM - e da cota-parte do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS, que tem como base principal de distribuição o Valor Adicionado Fiscal - VAF de cada município do Estado. Por outro lado, o município gera, com arrecadação tributária própria, um percentual médio em torno de 7,47% de suas receitas, insuficientes frente às necessidades da comunidade local. As variáveis externas do Estado e do país também são fatores que condicionam e restringem o desenvolvimento econômico municipal. Dentre elas podemos citar como as mais importantes restrições o fraco crescimento econômico Brasileiro e a forte concentração da arrecadação tributária nas mãos do governo federal, ou seja, quem menos presta serviços à comunidade retém a maior fatia de recursos. A tão falada reforma tributária, nos moldes em que está sendo proposta, não mudará essa situação, pois a questão mais relevante, que é o pacto federativo, não está sendo colocada em discussão. 7.4.2 - Despesas Municipais Para serem avaliados com mais clareza os gastos públicos, serão trabalhadas as despesas municipais de Campestre, de acordo com a estrutura de gastos das funções e subfunções orçamentárias de governo, tendo em vista a Portaria nº. 42, de 14 de abril de 1999, do Ministério de Orçamento e Gestão, que incluiu outras funções e separou e incluiu diversas subfunções até então inexistentes, em relação às exigências contidas na legislação federal anterior. A análise dos dados das despesas por função e subfunção de governo compreenderá quatro grupos principais, agregados da seguinte forma: GRUPO 1 – Despesas Legislativas (função legislativa); GRUPO 2 – Despesas Administrativas (funções: Administração e Segurança Pública); GRUPO 3 – Despesas de Infra-estrutura (funções: Agricultura, Comunicações, Energia, Urbanismo, Indústria e Transporte); GRUPO 4 – Despesas Sociais (funções: Educação, Cultura, Saúde, Saneamento, Habitação, Gestão Ambiental, Desporto e Lazer, Assistência Social e Previdência Social). 169 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Estrutura de Gastos de Governo por Funções Agrupadas (R$ correntes) Grupo de Despesas Grupo 1 – Desps. Legislativas Grupo 2 – Desps. Administrativas Grupo 3 – Desps. de Infra-Estrutura Grupo 4 – Despesas Sociais TOTAL 2002 Valor 363.792 2003 Valor 389.677 % 3,98 % 4,51 2004 Valor 425.408 % 4,63 1.317.845 14,46 1.353.228 15,65 1.247.247 13,57 1.116.113 12,24 1.267.017 14,65 1.225.219 13,33 6.323.603 69,32 5.636.608 65,19 6.295.296 68,47 9.121.353 100,00 8.646.530 100,00 9.193.170 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. É necessário deixar claro que o reagrupamento proposto pode ser estruturado de outras formas. Contudo, entendemos que para o tipo de análise que se está elaborando, essa é ainda a melhor forma de agrupar as despesas por função de governo. A consolidação das despesas por grupos nos mostra de início, uma composição de despesas incomum, quando comparada com outros municípios mineiros do mesmo porte. É útil salientarmos: • Os gastos do Grupo 3, de Despesas de Infra-estrutura, são inferiores no triênio aos gastos do Grupo 2, Despesas Administrativas; • O Grupo 4, das Despesas Sociais, representam mais de 2/3 dos gastos totais no período, com média de participação de 67,66%. Para melhor compreensão dos gastos municipais, vamos, a partir desse ponto, discutir separadamente cada grupo de despesas inserido no Quadro de Estrutura de Gastos de Governo por Funções Agrupadas. GRUPO 1 – Despesas Legislativas As despesas legislativas tiveram um comportamento crescente no triênio 2002/2004, tanto em termos relativos como em termos absolutos. Em termos relativos, o exercício de 2002 apresentou participação de 3,98%, subindo para 4,51% em 2003. Em 2004, observa-se novamente o acréscimo de participação (4,63%), suplantando a participação percentual dos exercícios anteriores. Constata-se um crescimento significativo das despesas legislativas do município em 2003, na faixa de 9,36%, e de 19,40% em 2004, sempre em relação a 2002. As despesas legislativas tiveram comportamento inverso ao das despesas totais no período. Enquanto as despesas totais apresentaram uma diminuição em 2003 em relação a 2002, de 5,21%, e um pequeno crescimento de 0,79% em 2004 em relação ao exercício de 2002, as despesas legislativas apresentaram um acréscimo de participação, conforme já 170 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais demonstrado. No ano de 2003, em termos absolutos, observa-se um acréscimo de R$ 33.381,00 em relação aos gastos legislativos do ano anterior. Em 2004, observa-se, também, aumento de gastos na ordem de R$ 69.112,00 em relação a 2002, e de R$ 35.731,00 em relação a 2003. As despesas legislativas verificadas no período analisado representam uma média de 3,99% das receitas totais arrecadadas no triênio. Se dividirmos o total de gastos efetivados a cada ano pelo número de vereadores atuais, vamos encontrar a seguinte relação: 2002: R$ 363.792,00 / 9 = R$ 40.421,00; 2003: R$ 389.677,00 / 9 = R$ 43.297,00; 2004: R$ 425.408,00 / 9 = R$ 47.268,00. Torna-se necessário informar que houve uma queda do número de vereadores recentemente, mas para a manutenção da homogeneidade dos valores apresentados fixamos o número de nove vereadores para a definição do custo individual de cada vereador de Campestre. É lógico que deve-se lembrar dos gastos com a manutenção e a operacionalização do legislativo municipal, mesmo por que o valor alocado no triênio para pagamento dos mesmos não sofreu reajustes, e permaneceu na casa de R$ 217.582. Entretanto, ao dividirmos o total gasto pelo número de vereadores (R$ 217.582 / 9 = R$ 24.175,78), e em seguida, dividir por 12 meses (24.175,78 / 12 = R$ 2.014,65), constata-se que o valor mensal aplicado é superior ao salário médio (R$ 1.700,00) dos vereadores dos grandes municípios Brasileiros, de acordo com o 1º Censo do Legislativo Brasileiro. A situação agrava-se quando comparamos os gastos à situação econômica do país e do próprio município, podendo-se concluir que os dos vereadores são relevantes frente à pobreza municipal. Outro indicador que se pode obter é dividir as despesas anuais do poder legislativo pelo número de habitantes do município. Utilizando as informações (dados preliminares) do exercício de 2002 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, obtém-se a seguinte relação: (R$ 356.296,00 – gastos legislativos de 2002/21.208 habitantes) = R$ 16,80, ou seja, um valor 4,4 vezes (R$ 16,80/R$ 3,84) superior aos gastos dos munícipes despendidos com o pagamento do principal imposto municipal, o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, senão vejamos: (R$ 81.483,00 – valor arrecadado com o IPTU em 2002/21.208 habitantes) = R$ 3,84 (três reais e oitenta e quatro centavos). GRUPO 2 – Despesas Administrativas Neste grupo, foram realizados gastos com as funções de Administração e de Segurança Pública, nos seguintes valores: 171 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Estrutura de Gastos do Município por Grupo de Despesas – Grupo 2 – Despesas Administrativas – (R$ Correntes) Funções de Governo Administração Segurança Pública TOTAL 2002 2003 2004 Valor % Valor % Valor % 1.269.721 96,35 1.313.804 97,09 1.199.625 96,18 48.124 3,65 39.424 2,91 47.622 3,82 1.317.845 100,00 1.353.228 100,00 1.247.247 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre Administração O principal componente do Grupo 2 – Despesas Administrativas são as despesas da função Administração, que apresentaram uma participação relativa no triênio, em patamares relevantes, apesar de lineares, assim observados: 2002 = 14,46%; 2003 = 15,65%; e 2004 = 13,57%, das despesas totais. Em termos absolutos, constata-se um pequeno crescimento dos gastos em 2003, quando comparado a 2002 no montante de R$ 44.083,00. Em 2004, o valor realizado com a função é de R$ 1.199.625,00, inferiores às despesas do exercício de 2002 em R$ 70.096,00, e do exercício de 2003 em R$ 114.179,00. Em relação à composição dos gastos com a função, podemos destacar as seguintes despesas: - Amortização da Dívida Interna – compreende o pagamento do principal, acrescido de juros e encargos pagos, assim compreendidos (valores pagos e % das despesas totais): 2002 – valor pago = R$ 319.040 – 25,13%; 2003 – valor pago = R$ 353.988 – 26,94% e 2004 – valor pago = R$ 205.860 – 17,16%; - Custos dos Departamentos: de Recursos Humanos, Finanças, Contabilidade, Compras e Patrimônio e Cadastro e Arrecadação. O total desses custos no triênio 2002 / 2004 representou respectivamente 18,00%, 17,00% e 21,59% do total da função Administração. Se dividirmos o total do custo do Departamento de Cadastro e Arrecadação pelo valor das Receitas Tributárias Próprias arrecadadas a cada ano, é possível definir o percentual anual dos gastos com a cobrança dos impostos e taxas municipais. No caso, encontramos as seguintes sentenças: • 2002 → despesa do departamento = R$ 75.418 / valor arrecadado = R$ 425.734 = 25,13%; • 2003 → despesa do departamento = R$ 69.606 / valor arrecadado = R$551.666 = 12,62%; • 2004 → despesa do departamento = R$ 58.909 / valor arrecadado = R$702.989 = 8,38%. 172 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Notamos que a relação encontrada é considerável, tanto em termos absolutos como em termos relativos. Enquanto a despesa do departamento diminuiu, o valor arrecadado cresceu durante todos os anos do triênio. - Pagamento de Agentes Políticos: apresenta participação importante no triênio 2002 / 2004, no percentual de 8,50%, 8,22% e 11,00%, respectivamente; - Serviços de Terceiros: também apresenta desembolsos consideráveis e crescentes no período, com 7,18% (R$ 91.140), em 2002; 10,40% (R$ 136.672), em 2003 e de 13,05% (R$ 156.533), em 2004; - Associações Microrregionais: os dispêndios respectivos com as Associações Municipais, em termos relativos, foram 3,03%, 3,45% e de 4,11%. Aqui cabem algumas perguntas: qual é o retorno que o município de Campestre tem com a manutenção dos pagamentos às associações em dia? Quem realiza esse acompanhamento? Ou não é realizado? Segurança Pública Os gastos com a função de Segurança Pública - não relacionada com a esfera municipal -, apesar de modestos, demonstram o início da participação dos municípios mineiros assumindo responsabilidades concretas na área de vigilância pública, que constitucionalmente são de responsabilidade do governo estadual. As despesas advêm de convênios assinados com a Polícia Civil e Militar do Estado de Minas Gerais, compreendendo repasses de recursos para o pagamento de diversos tipos de despesas, tais como: aluguéis, peças de automóveis, combustíveis e óleos lubrificantes e cessão de pessoal. Acreditamos que os encargos com a cessão de pessoal não estão alocados nos valores contabilizados. Quanto aos gastos com a função de Administração, tendo em vista a dimensão econômica, o montante dos recursos arrecadados das transferências constitucionais repassadas, o número de habitantes e os baixos valores dos recursos próprios arrecadados, conclui-se que estão em patamares acima do normal para o porte do município de Campestre. Os totais de dispêndios com o Grupo 2 – Despesas Administrativas (atividade meio) são superiores em todo o período aos gastos com o Grupo 3 – Despesas de Infra-estrutura (atividade fim). Parece-nos imprescindível a realização de uma avaliação quantitativa e qualitativa da estrutura de gastos com a função que, por ser uma função meio, não representa qualquer melhoria das condições de vida da população em geral, tendo em vista os custos em patamares inapropriados apurados no triênio em análise, as possibilidades tecnológicas à disposição no mercado para serem utilizadas e a dimensão do gasto em si. 173 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais GRUPO 3 – Despesas de Infra-estrutura Foram apropriados no GRUPO 3 – Despesas de Infra-estrutura e dispêndios com as funções de: Agricultura, Comunicações, Energia, Urbanismo, Indústria e Transporte, apresentando a seguinte estrutura: Estrutura de Gastos do Município por Grupo de Despesas – Grupo 3 – Despesas de Infra-estrutura (R$ Correntes) Funções de Governo Agricultura Indústria Comunicações Energia Transporte Urbanismo TOTAL 2002 2003 2004 Valor % Valor % Valor % 41.345 3,70 53.897 4,25 54.699 4,46 45.734 4,10 46.199 3,65 34.122 2,79 3.975 0,36 5.089 0,40 7.203 0,59 95.974 8,60 176.756 13,95 241.601 19,72 555.122 49,74 213.989 16,89 333.626 27,23 373.965 33,50 771.087 60,86 553.968 45,21 1.116.113 100,00 1.267.017 100,00 1.225.219 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Agricultura A função Agricultura apresentou, em termos relativos, participação crescente nas despesas do Grupo de Infra-estrutura no triênio, com 3,70% em 2002, 4,25% em 2003 e 4,46% no ano de 2004. Em termos absolutos, de uma participação de R$ 41.345,00 em 2002, observa-se um acréscimo de R$ 12.552,00 em 2003, em relação ao exercício de 2002. Em 2004, há um pequeno acréscimo dos gastos da função de R$ 802,00 em relação a 2003. O total dos gastos aplicados concentra-se na subfunção de Abastecimento e de Extensão Rural. Em relação ao abastecimento, os valores foram utilizados no programa de Inspeção, Padronização e Classificação de Produtos. As despesas desembolsadas com a Extensão Rural concentram-se na manutenção das atividades dos agricultores e nas Transferências a Instituições Multigovernamentais, com repasses importantes de R$ 9.000,00 em 2002, R$ 17.000,00 em 2003 e de R$ 11.000,00 em 2004. Indústria A função Indústria demonstra uma participação, em termos relativos, decrescente no período, com participação de 4,10%, 3,65% e 2,79%, respectivamente, nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, sempre em relação às despesas do Grupo de Infra-estrutura. Em termos absolutos, apresenta os valores aplicados de R$ 45.734,00 em 2002; R$ 46.199,00 em 2003; e de R$ 34.122,00 em 2004. O total dos dispêndios foi alocado na manutenção da serraria e da olaria municipal. 174 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Comunicações Os gastos relacionados à função Comunicações, apropriados no triênio 2002 / 2004, e em valores crescentes, foram consumidos na manutenção do serviço de radiodifusão de Campestre. Energia As despesas incorridas com a função Energia são direcionadas para duas atividades principais: iluminação pública e extensão da rede elétrica da sede e da zona rural. O programa de extensão da rede elétrica da sede e da zona rural não apresentou custos em 2002. No biênio 2003 / 2004 foi alocado, respectivamente, o valor de R$ 54.683,00 e de R$ 36.749,00. Conforme salientamos quando falávamos da receita arrecadada com a Taxa de Iluminação Pública e / ou a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública, normalmente, o volume de arrecadação deve ser suficiente para atender as despesas com a própria iluminação pública, com os custos de energia elétrica dos prédios municipais (escolas, postos de saúde, etc.), exigindo-se, ainda, uma sobra de recursos que seja suficiente para atender à expansão do serviço. Apesar da referida receita apresentar comportamento crescente no triênio, sua arrecadação é insuficiente para cobrir os custos incorridos, conforme demonstrativo abaixo: Demonstrativo entre Receitas e Despesas com a Taxa de Iluminação Pública e / ou a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública- (R$ correntes) Títulos Valores Arrecadados ( - ) Gastos com Iluminação Pública = Déficit parcial ( - ) Gastos com Extensão de Rede = Déficit total 2002 82.751 (95.974) 2003 83.113 (122.073) 2004 154.423 (204.851) (13.223) (0,00) (38.960) (54.683) (50.428) (36.750) (13.223) (93.643) (87.178) Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre O quadro nos permite visualizar claramente a diferença existente entre as receitas arrecadadas e os custos incorridos e a necessidade de uma revisão e avaliação completa da situação, tendo como norte a tentativa de diminuir a distância considerável entre os valores arrecadados e os aplicados. Transporte Quanto aos dispêndios da função Transporte, nota-se uma participação irregular, tanto em valores relativos como em valores absolutos, com a participação de 49,74% em 2002 caindo para 16,89% em 2003 e aumentando para 27,23% em 2004, quando se compara as 175 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais despesas das funções incluídas no Grupo 3 das Despesas de Infra-estrutura. Em termos absolutos, o valor alocado em 2002 foi de R$ 555.122,00, caindo para R$ 213.989,00 em 2003 e crescendo para R$ 333.626,00 em 2004, permanecendo em patamar inferior ao primeiro ano (2002) do triênio. A maior parte dos recursos vem sendo aplicada na manutenção dos serviços de estradas, especialmente do exercício de 2002, e na construção, abertura e conservação de estradas vicinais. O maior volume de recursos ocorridos no exercício de 2002 foi direcionado à aquisição de veículos, máquinas rodoviárias e equipamentos, no valor de R$ 99.581,00. A função relaciona, também, desembolsos com o terminal rodoviário do município, que são superiores as receitas auferidas e revela déficits crescentes no triênio, conforme quadro abaixo: Demonstrativo entre Receitas arrecadadas e Despesas desembolsadas do Terminal Rodoviário – (R$ Correntes) Títulos Receitas Arrecadadas ( - ) Despesas Desembolsadas = Déficit da Prestação do Serviço 2002 2.111 (7.306) (5.195) 2003 1.639 (8.534) (6.895) 2004 1.820 (21.396) (19.576) Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre Urbanismo O valor incluído no desenvolvimento da função Urbanismo demonstra uma oscilação de participação relativa no período. Em 2002, a participação ficou em 33,50%. No exercício de 2003 a participação da função cresce para 60,86%. No último exercício do período, 2004, a participação dos gastos com a função representou 45,21% das despesas do Grupo 3 – Despesas de Infra-estrutura daquele ano. Em termos absolutos, os valores apropriados repetem a oscilação salientada, com maior volume de gastos no exercício de 2003 devido à inclusão de desembolsos não efetuados no exercício anterior, com a implantação da usina de reciclagem do lixo, calçamento e asfaltamento na sede, distrito e zona rural. Em 2004, há um recuo dos gastos (R$ 217.119,00) em relação a 2003, tendo em vista a menor aplicação de recursos nos programas citados. Os demais valores apropriados da função foram utilizados na manutenção das atividades de planejamento urbano, manutenção da usina de reciclagem de lixo, limpeza pública, praças, parques, jardins e vias urbanas, ou seja, voltados para a infra-estrutura urbana. É preciso mencionar que não existe arrecadação relacionada à manutenção do serviço de limpeza urbana municipal. Concluindo, é importante assinalar a oscilação no comportamento da participação das despesas com as funções agrupadas no Grupo 3 – Despesas de Infra-estrutura, no período analisado, demonstrando certa descontinuidade na aplicação das políticas públicas voltadas 176 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais para a área. Outro ponto que necessita ser enfatizado é o de que o total dos recursos aplicados na infra-estrutura municipal são inferiores aos valores apropriados no Grupo 2 – das Despesas Administrativas. GRUPO 4 – Despesas Sociais Foram apropriadas no Grupo 4 – Despesas Sociais (funções: Educação, Cultura, Saúde, Saneamento, Habitação, Gestão Ambiental, Desporto e Lazer, Assistência Social e Previdência Social). Estrutura de Gastos do Município por Grupo de Despesas – Grupo 4 – Despesas Sociais (R$ Correntes) Funções de Governo Educação Cultura Saúde Saneamento Habitação Gestão Ambiental Desporto e Lazer Assistência Social Previdência Social TOTAL 2002 2003 2004 Valor % Valor % Valor % 3.646.982 57,67 2.965.512 52,61 3.154.269 50,10 11.682 0,18 12.185 0,22 16.007 0,25 1.558.175 24,64 1.577.969 28,00 1.652.964 26,26 94.097 1,49 37.695 0,67 215.255 3,42 4.618 0,07 60.925 1,08 153.004 2,43 15.515 0,25 16.325 0,29 1.858 0,03 329.826 5,22 343.702 6,10 389.857 6,19 101.432 1,60 88.889 1,58 67.494 1,07 561.276 8,88 533.406 9,45 644.588 10,25 6.323.603 100,00 5.636.608 100,00 6.295.296 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. A função trabalho não apresentou nenhum gasto no triênio, evidenciando a inexistência de políticas públicas municipais voltadas para o emprego e renda, que não é uma exclusividade do município de Campestre. Normalmente, quando não existe a política federal para atender a uma determinada situação, dificilmente iremos encontrar essa política pública na esfera municipal. Tendo o governo federal como espelho, o que não reflete não é desenvolvido localmente. A participação mais intensa nas despesas sociais está localizada na função Educação. No total das despesas do grupo, a função representa em termos relativos e decrescentes de participação: 57,67%, 52,61%, e 50,10%, respectivamente em 2002, 2003 e 2004. Em seguida aparecem, em valores lineares, os gastos da função Saúde com 24,64% em 2002, 28,00% em 2003, e 26,26% em 2004. O grupo como um todo diminuiu sua participação em 10,86% em 2003, com decréscimos de R$ 686.995,00 em relação ao exercício social de 2002, e cresceu em 11,69% em 2004, em relação ao ano de 2003, retornando aos patamares de gastos do exercício de 2002, com o aumento de R$ 658.688,00 nos gastos do grupo Despesas Sociais. A participação das Despesas Sociais, representando, em média, 67,66% dos gastos totais do município, é bastante sintomática ao perfil do município de Campestre. Como características desse perfil, podemos enumerar: a) os gastos da 177 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais população local com alimentação e lazer fora do município; b) a pequena capacidade contributiva da população; e c) a política de prestação de serviços, de acentuado caráter paternalista. Educação A função Educação deteve o maior consumo de recursos municipais, tanto em termos relativos como absolutos no triênio 2002/2004. O fato de se destinar a maior parte de recursos municipais para a função Educação e Cultura não nos permite avaliar a qualidade da educação oferecida à população, mas apenas constatar que os recursos direcionados para a área são significativos. De acordo com as exigências constitucionais, o maior volume de recursos foi alocado no Ensino Fundamental. Para melhor visualização, apresentamos o quadro demonstrativo, abaixo: Demonstrativo da Função Educação por Modalidade de Ensino (R$ Correntes) Modalidade de Ensino Ensino Fundamental Ensino Médio Educação Infantil Educação Especial Ensino Supletivo Ensino Superior 2002 1.053.473 167.339 234.803 111.576 747 12.356 Exercícios 2003 1.288.798 101.853 256.722 133.557 0 500 2004 1.306.548 90.105 270.419 105.647 1.155 340 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre Devemos deixar claro que não avaliaremos os recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental - FUNDEF, pois a quase totalidade dos recursos é direcionada ao pagamento dos vencimentos e vantagens fixas, salário família e obrigações patronais do quadro de recursos humanos da educação. A maior parte dos valores utilizados com o ensino fundamental é despendida com o transporte escolar (aquisição de veículos e manutenção da prestação de serviços) e com a previdência da educação que, somados, representam 77,96%, 66,48% e 90,84% respectivamente dos gastos no triênio 2002 / 2004. Os custos de transporte, individualmente considerados, demonstram crescimento no período, saindo de um percentual de 51,44% em 2002 (R$ 541.868,00) para uma participação de 56,02% em 2004 (R$ 731.977,00). A despesa com a previdência da educação cresce com mais vigor, passando de 26,52% (R$ 279.372,00) para 34,82% (R$ 454.927,00) no mesmo período. Os demais recursos foram aplicados na manutenção do serviço do ensino fundamental e na construção, ampliação e reforma das escolas municipais. Deve-se salientar que os valores utilizados na formação e capacitação de professores são irrisórios, ou seja: R$ 138,20 em 2002; R$ 174,16 em 2003 e R$ 1.700,00 em 2004. 178 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Em relação ao ensino médio, os valores foram consumidos com a manutenção da prestação de serviços do ensino médio. Os gastos com a educação infantil compreendem os valores destinados à manutenção do funcionamento das creches, com média de participação de 61,91% (R$ 156.908,00) e da educação pré-escolar, com gastos médios no período de R$ 97.074,00, ou 38,09%. A educação especial apresenta a totalidade das despesas realizadas na manutenção das atividades da Associação dos Pais dos Alunos Excepcionais – APAE. Os menores custos foram realizados com o Ensino Supletivo e Superior. No caso do ensino superior, os valores alocados foram destinados ao transporte de estudantes. Cultura Todos os valores apropriados como despesas da função Cultura foram utilizados na manutenção da Biblioteca Pública Municipal. Saúde Também a função Saúde acumula gastos relativos importantes no Grupo das Despesas Sociais, no triênio. Em 2002, a participação é de 24,64%, cresce para 28,00% em 2003 e recua ligeiramente para 26,26% no exercício de 2004. Em termos absolutos, constatamos comportamento crescente da participação dos gastos com a função, com aplicação de R$ 1.558.175,00 em 2002, R$ 1.577.969,00 em 2003, e de R$ 1.652.964,00 em 2004, ultrapassando os gastos absolutos do biênio anterior. A maior parte dos recursos foi alocada em Assistência Médica e Odontológica, na manutenção das atividades e na manutenção do pronto socorro, representando em média, no triênio, 73,23% ou R$ 1.169.192,00 do total dos recursos. Os demais recursos foram aplicados em Assistência Médica e Sanitária, Saúde da Família, Vigilância Epidemiológica, Alimentação e Nutrição e na Farmácia Básica. Devemos ressaltar que, em relação à Assistência Medica e Sanitária, os maiores valores foram destinados a contribuições a CISLAGOS, CISMARPA, ao Conselho de Secretários de Saúde – CONSENS e à aquisição de veículos e ambulâncias. Os recursos aplicados no programa de Saúde da Família apresentam-se em queda no período. Em 2002 foi aplicado R$ 198.409,00, no ano seguinte (2003) cai para R$ 170.981,00, e continua em queda em 2004, com utilização de R$ 142.920,00. Em relação à Vigilância Epidemiológica, os gastos principais foram com manutenção do serviço e aquisição de veículos, móveis e utensílios. Quanto à Alimentação e Nutrição, o valor total aplicado foi na distribuição de alimentos. Deve ser observado que foram aplicados recursos de pouca monta na Vigilância Sanitária, com ocorrência de R$ 5.898,00 apenas em 2002 e na Farmácia Básica, com gastos de R$ 2.346,00 em 2003 e de R$ 7.343,00 em 2004. 179 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Saneamento Os valores utilizados correspondem à manutenção dos Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário. Tanto em termos relativos como em termos absolutos, a participação dos gastos com a função é oscilante no período. Os gastos com a manutenção do serviço de abastecimento de água não apresentou despesas em 2003. Em 2002 foram aplicados R$ 54.213,00 e em 2004 R$ 171.176,00, com crescimento de mais de três vezes em relação ao gasto anterior. A manutenção dos Serviços de Esgotamento Sanitário apresenta despesas em todo o triênio com R$ 39.884,00 em 2002, caindo para R$ 37.695,00 em 2003 e aumentando para R$ 44.079,00 em 2004. Habitação Quanto aos dispêndios da função Habitação, nota-se uma participação crescente, tanto em valores relativos como absolutos, com participação de 0,07% (R$ 4.618,00) em 2002, crescendo para 1,08% (R$ 60.925,00) em 2003 e aumentando para 2,43% (R$ 153.004,00) em 2004, quando se compara as despesas das funções incluídas no Grupo 4 das Despesas Sociais. A totalidade dos recursos foi direcionada à construção de casas populares. Gestão Ambiental O valor incluído no desenvolvimento da função Gestão Ambiental constata uma oscilação acentuada de participação relativa no período. Em 2002, a participação ficou em 0,25%. No exercício de 2003, a participação da função cresce para 0,29%. No último exercício do período, 2004, a participação dos gastos com a função representou apenas 0,03% das despesas do Grupo de Despesas Sociais. A aplicação de recursos acontece com a manutenção da atividade de proteção ao meio ambiente. No exercício de 2004 aparecem R$ 300,00 aplicados em Projeto de Educação Ambiental. Desporto e Lazer Os valores aplicados na função dividem-se nos gastos ocorridos com a subfunção de Desporto Comunitário e de Lazer, assim distribuídos: Discriminação Desporto Comunitário - Const. Ampliaçao e Reformas de Quadras e Ginásio Poliesportivo - Subvenção Lazer - Aquis. de Veíc., Móveis e Utens. - Manut. Parques Recr. E Desport. TOTAL GASTO NA FUNÇÃO 2002 Valor % 2003 Valor % 2004 Valor % 169.380 51,35 204.678 59,55 240.879 61,79 164.380 5.000 160.446 1.055 159.391 329.826 49,84 1,52 48,65 0,32 48,33 100,00 180.178 24.500 139.024 0,00 139.024 343.702 52,42 7,13 40,45 0.00 40,45 100,00 225.879 15.000 148.978 1.401 147.577 389.857 57,94 3,85 38,21 0,36 37,85 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre 180 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Com a subfunção de Desporto Comunitário, a maior parte dos recursos aplicados, em valores crescentes, foi com a Construção, Ampliação e Reforma de Quadras e Ginásio Poliesportivo. Os valores destinados à subvenção foram direcionados para a Associação Atlética Monte Carmelo. Em Lazer, a quase totalidade dos gastos foi alocada na Manutenção de Parques Recreativos e Desportivos. Assistência Social As despesas se dividem nas subfunções de Assistência Comunitária e Assistência ao Idoso. Em relação à Assistência Comunitária, a maior parte das despesas está centrada na Manutenção da Assistência Comunitária Geral e na Manutenção do Fundo de Assistência Social. Em termos relativos, representa, com participação decrescente a cada ano, os seguintes percentuais: 70,56% em 2002, 42,88% em 2003 e 38,81% em 2004. Em menor escala foram utilizados recursos com subvenções ao Clube de Mães e à Associação AASC, bem como para a moradia de pessoas carentes. Os gastos da subfunção Assistência ao Idoso referem-se ao repasse ao Asilo municipal. Previdência Social As parcelas que compõem os gastos com Previdência Social foram assim realizadas: Discriminação Inativos Pensionistas PASEP Salário Família Obrigações Patronais TOTAL DOS GASTOS 2002 Valor 92.897 10.814 80.323 12.085 365.157 561.276 % 16,55 1,93 14,31 2,15 65,06 100,00 2003 Valor 96.842 10.932 82.923 11.675 331.034 533.406 2004 % 18,16 2,05 15,55 2,19 62,06 100,00 Valor 121.148 11.397 94.724 6.837 410.482 644.588 % 18,79 1,77 14,70 1,06 63,68 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre Em referência à função Previdência Social, observam-se acréscimos no período em análise. De uma participação de 6,15% dos gastos totais em 2002, cresceu para 6,16% em 2003 e para 7,02% em 2004, com um ganho de 0,86% em relação ao exercício de 2003. É preciso lembrar que os dispêndios incorridos na função estão direcionados, na maior parte das vezes, ao atendimento previdenciário dos servidores públicos municipais. No caso de Campestre, há aplicação de recursos tanto em relação a aposentadorias já consignadas quanto a futuras aposentadorias. Os valores utilizados no pagamento do PASEP devem ser entendidos de outra forma, pois quanto maior o recolhimento maiores são as receitas municipais arrecadadas, que é a base para o recolhimento da Contribuição. 181 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Concluindo, torna-se necessário enfatizar três aspectos que, de alguma forma, podem interferir na compreensão da análise realizada. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que foram observadas certas inadequações na apropriação de certas despesas (necessidade de maior detalhamento) e de apropriação em determinadas funções e subfunções. Tendo em vista essa dificuldade e para fins de uma análise equilibrada e sem distorções, utilizamos na análise, em seu aspecto geral, o Balanço Financeiro e o comparativo da despesa autorizada com a despesa realizada para a inclusão de exemplos e explicações específicas naqueles casos onde foi possível. O segundo aspecto a destacar é que, a partir do exercício de 2002, a apresentação de demonstrativos por funções faz cumprir as exigências contidas na Portaria nº. 42, de 14 de abril de 1999, do Ministério de Orçamento e Gestão, que demanda informar as funções e subfunções contidas na portaria. Assim, para melhor entendimento e compreensão, demonstramos abaixo os valores totais apresentados e a forma da agregação efetivada. Estrutura de Gastos do Município por Funções – (R$ Correntes) 2002 2003 2004 Funções de Governo % (2) Valor % (1) % (2) Valor % (1) Valor % (1) Legislativa 363.792 3,98 3,98 389.677 4,51 4,51 425.408 4,63 Administração 1.269.721 96,35 Seg. Pública 48.124 3,65 Total Grupo 2 Administração 1.317.845 100,00 % (2) 4,63 13,92 1.313.804 97,09 15,19 1.199.625 0,54 39.424 2,91 0,46 47.622 96,18 3,82 13,05 0,52 14,46 1.353.228 100,00 15,65 1.247.247 100,00 13,57 54.699 34.122 7.203 241.601 333.626 553.968 4,46 2,79 0,59 19,72 27,23 45,21 0,59 0,37 0,08 2,63 3,63 6,03 12,24 1.267.017 100,00 14,65 1.225.219 39,98 2.965.512 52,61 34,30 3.154.269 0,13 12.185 0,22 0,14 16.007 17,08 1.577.969 28,00 18,25 1.652.964 1,03 37.695 0,67 0,44 215.255 0,05 60.925 1,08 0,70 153.004 0,17 16.325 0,29 0,19 1.858 3,62 343.702 6,10 3,98 389.857 1,11 88.889 1,58 1,03 67.494 6,15 533.406 9,45 6,16 644.588 100,00 50,10 0,25 26,26 3,42 2,43 0,03 6,19 1,07 10,25 13,33 34,31 0,17 17,98 2,34 1,66 0,02 4,24 0,73 7,02 Total Grupo 4 Desp. Sociais 6.323.603 100,00 69,32 5.636.608 100,00 65,19 6.295.296 9.121.353 100,00 8.646.530 100,00 9.193.170 Total Geral 100,00 - 68,47 Agricultura Indústria Comunicações Energia Transporte Urbanismo Total Grupo 3 Infra-estrutura 41.345 3,70 45.734 4,10 3.975 0,36 95.974 8,60 555.122 49,74 373.965 33,50 1.116.113 100,00 3.646.982 57,67 Educação 11.682 0,18 Cultura 1.558.175 24,64 Saúde 94.097 1,49 Saneamento 4.618 0,07 Habitação Gestão Ambiental 15.515 0,25 Desporto e Lazer 329.826 5,22 Assistência Social 101.432 1,60 Previd. Social 561.276 8,88 0,45 0,50 0,04 1,05 6,09 4,11 53.897 4,25 46.199 3,65 5.089 0,40 176.756 13,95 213.989 16,89 771.087 60,86 0,62 0,53 0,06 2,04 2,48 8,92 100,00 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Notas: (1) Representa o percentual de gastos da função em relação às despesas de cada Grupo consolidado; (2) Representa o percentual de gastos da função em relação às despesas totais. 182 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais O terceiro e último aspecto a enfatizar é a introdução do quadro a seguir, que nos possibilita uma melhor compreensão e comparação do que avaliamos até aqui, em termos relativos, do crescimento ou diminuição das receitas e despesas municipais do triênio 2002/2004. Comparativo de Relações (Receitas e Despesas) em Base 100 Discriminação das Relações Exercícios Financeiros 2003 2004 2002(1) 100 92 112 100 95 101 100 107 117 100 104 95 100 82 99 100 130 132 100 101 75 100 128 181 100 184 252 100 39 60 100 206 148 100 81 87 100 104 137 100 101 106 100 40 228 100 1.319 3.313 100 105 12 100 104 118 100 88 67 100 95 115 Receitas Totais Despesas Totais Função Legislativa Função Administração Função Segurança Pública Função Agricultura Função Indústria Função Comunicações Função Energia Função Transporte Função Urbanismo Função Educação Função Cultura Função Saúde Função Saneamento Função Habitação Função Gestão Ambiental Função Desporto e Lazer Função Assistência Social Função Previdência Social Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Nota: (1) Exercício de 2002 é igual a 100. Despesas de Investimentos A avaliação das despesas de investimentos permite verificar o modo como Campestre está realizando a manutenção e a reposição dos bens de capital municipal. A intensidade de recursos destinados para obras públicas e a manutenção dos serviços do município facilitam a circulação de recursos, a geração de empregos e riquezas dentro do próprio município. O total das despesas de investimentos no triênio 2002/2004 apresentou o seguinte comportamento. 183 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Discriminação Despesas de Investimentos Despesas de Investimentos (R$ Correntes) Exercícios Financeiros 2002 2003 2004 746.188 843.042 648.525 Despesas de Investimentos Receitas Correntes (%) 8,26 10,09 6,36 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. A participação das despesas com investimentos apresenta um comportamento irregular no triênio. O exercício de maior aplicação, tanto relativa como absoluta, é o de 2003. Os valores aplicados em 2002 são inferiores aos do exercício de 2003 e superiores ao de 2004. Os gastos mais significativos no triênio estão concentrados nas despesas de Serviços de Iluminação Pública, Construção e Pavimentação Asfaltica de Vias Urbanas e Serviços Gerais de Água e Esgoto. Em 2003, acrescentam-se os gastos de implantação da usina de reciclagem de lixo de Campestre. O município não tem aplicado recursos suficientes na manutenção e reposição de bens de capital municipal. A manutenção e o incremento da aplicação desses recursos é uma boa política, pois seu adiamento acarreta aumento da depreciação dos ativos públicos e gera dívidas para as gerações futuras. 7.4.3 Endividamento Municipal A avaliação do comportamento do endividamento municipal, tanto da dívida flutuante como da fundada interna, é mais um componente das finanças públicas que deve ser acompanhado por interferir diretamente na gestão financeira municipal. Demonstrativo da Dívida Flutuante e Fundada Interna (R$ Correntes) Discriminação Exercícios Financeiros 2002 2003 2004 Dívida Flutuante 1.869.066 2.033.656 922.954 Dívida Fundada Interna NI 335.624 512.244 TOTAL 1.869.066 2.369.280 1.435.198 Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Nota: NI = não informado. A não informação do valor da Dívida Fundada Interna do exercício de 2002 não significa que ela não tenha existido. Na verdade ocorreu um engano e a Dívida Fundada Interna daquele exercício foi incorporada à Dívida Flutuante, com correção parcial nos exercícios seguintes. Parece-nos que o entendimento se relaciona à negociação final junto aos credores (Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS e Instituto de Previdência dos 184 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG). Enquanto a negociação do pagamento não se concretiza, os valores são lançados no conjunto da Dívida Flutuante. Foi impossível identificar os valores específicos da dívida na análise da documentação. A maior parte da dívida flutuante, a chamada dívida de curto prazo, compreende despesas com encargos sobre a folha de pagamento, a própria folha de pagamento, outros encargos, fornecedores e prestadores de serviços. A composição atual da dívida flutuante incluiu, também, restos a pagar de exercícios anteriores, com valores representativos a partir do exercício de 1999, conforme demonstrativo abaixo. Demonstrativo de Restos a Pagar de Exercícios Anteriores (R$ Correntes) Exercícios Anteriores Valores incluídos em cada exercício 2002 2003 2004 Exercício - 1999 (2.327) (2.327) (2.327) Exercício - 2000 558.854 558.854 558.854 Exercício - 2001 9.536 9.536 Exercício - 2002 70.488 355 Exercício - 2003 TOTAL 566.063 636.551 556.882 % Sobre Restos a Pagar 30,29% 31,30% 60,34% de cada ano (Dívida Flutuante) Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Apesar da Lei de Responsabilidade Fiscal exigir que haja saldos financeiros suficientes para pagamento dos Restos a Pagar apenas no último ano do mandato, é positivo que a gestão financeira incorpore essa prática em todos os anos, ou seja, ter disponibilidade financeira que possibilite cobrir todo o saldo da dívida flutuante existente de forma a não comprometer a realização do orçamento do exercício seguinte à sua aprovação. A posição de Campestre era a seguinte: 2002: Para uma dívida flutuante (RESTOS A PAGAR) de R$ 1.869.066,00, o saldo financeiro não vinculado era de R$ 49.222,00; 2003: Para uma dívida flutuante (RESTOS A PAGAR) de R$ 2.033.656,00, o saldo financeiro não vinculado era de R$ 62.662,00; 2004: Para uma dívida flutuante (RESTOS A PAGAR) de R$ 922.954,00 o saldo financeiro não vinculado era de R$ 82.632,00. Em 2002, o saldo financeiro era suficiente para pagar apenas 2,63% da dívida flutuante. No exercício seguinte ocorre um pequeno acréscimo neste saldo, mas o saldo financeiro continua sendo insuficiente para quitá-la, representando 3,08%. Em 2004 há uma 185 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais diminuição no montante da dívida, em relação aos exercícios anteriores, mas o saldo financeiro continua insuficiente frente aos compromissos assumidos, mesmo com o aumento dos saldos financeiros em mais de 50% em relação aos exercícios financeiros de 2002 e 2003, que passam a representar apenas 8,95% do montante da dívida a pagar. Devemos considerar que a existência de restos a pagar de exercícios anteriores ameniza a situação da gestão atual. Contudo, é necessário realizar uma conciliação do saldo de restos a pagar dos exercícios anteriores, a fim de se apresentar uma posição real da dívida flutuante, facilitando, inclusive, o processo de tomada de decisão. Quanto à dívida fundada interna, constata-se um crescimento durante o biênio 2003/2004. A dívida fundada interna do exercício de 2002 não foi informada, conforme explicação anterior. Em relação aos valores absolutos, a dívida de 2004 é maior em R$ 176.620,00 do que o valor da dívida do exercício de 2003. A dívida flutuante é composta de parcelamento junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS e ao Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG, ambos relacionados à questão previdenciária e de assistência médica dos servidores municipais. É preciso considerar que, normalmente, esses parcelamentos são pagos a longo prazo, ou seja, o saldo atual do parcelamento é uma variável-estoque. Portanto, é preciso conhecer em detalhes as condições do parcelamento (juros e amortizações) para dimensionar o impacto anual que o seu pagamento acarretará à estrutura de gastos municipais. A média de pagamentos no triênio foi de R$ 280.996,00 (duzentos e oitenta mil e novecentos e sessenta e seis reais), sendo perfeitamente administráveis nos patamares atuais ou em patamares ligeiramente superiores. A preocupação maior deve recair sobre o ajuste dos valores que se relaciona a cada dívida, levando em consideração o prazo de pagamento de cada uma delas como forma de ajustar os valores adequadamente. É preciso verificar os valores de Restos a Pagar de exercícios anteriores que interferem diretamente e comprometem uma gestão financeira eficaz, que vise à resolução dos problemas do município por utilizar recursos financeiros de um exercício para pagamento de despesas realizadas em exercícios anteriores. Por exemplo, recursos arrecadados no exercício de 2004 estarão pagando despesas realizadas nos exercícios anteriores (desde 1999, conforme demonstrado), comprometendo toda a programação orçamentária do exercício, uma vez que o saldo de caixa para o exercício seguinte é insuficiente para quitar as despesas de restos a pagar dos anos anteriores. 7.4.4 - Despesas Constitucionais Nesse tópico, são avaliadas as despesas vinculadas constitucionalmente e direcionadas ao pagamento de pessoal, aquelas aplicadas na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços de saúde, de acordo com as exigências legais. As despesas consumidas com pessoal apresentam um acréscimo de aplicação em 2003 e um decréscimo de aplicação em 2004, quando comparados à receita corrente líquida apurada a cada ano. O limite legal de aplicação anteriormente era de 60%. A partir da introdução da Lei complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000, os limites foram alterados, 186 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais passando a ser de 54% no caso do Poder Executivo, e de 6% no caso do Poder Legislativo. Avaliados separadamente, vamos encontrar a seguinte situação: 2002 – Poder Executivo = 48,87% e Poder Legislativo = 3,71%; 2003 – Poder Executivo = 49,94% e Poder Legislativo = 3,30%; 2004 – Poder Executivo = 45,44% e Poder Legislativo = 3,25%. Despesas Constitucionais com Pessoal, Ensino e Saúde (R$ Correntes) Despesas Exercícios Financeiros Constitucionais 2002 2003 2004 PESSOAL Limite Legal 60,00% 60,00% 60,00% % Aplicado 52,58% (1) 53,24% (1) 48,69% (1) ENSINO Limite Legal 25,00% 25,00% 25,00% % Aplicado 28,87% 27,75% 28,26%(2) SAÚDE Limite Legal 15,00% 15,00% 15,00% % Aplicado 22,91% 18,52% 20,05% Fonte: Balanços da Prefeitura Municipal de Campestre. Notas: (1) Inclui a remuneração dos agentes políticos; (2) Valor estimado. Os gastos com pessoal do Poder Legislativo no triênio foram inferiores ao teto permitido pela legislação. Os gastos totais do Poder Executivo também ficaram dentro dos limites estabelecidos. Quando comparamos os valores absolutos utilizados no pagamento dos servidores públicos municipais do Poder Executivo, constatamos um crescimento considerável, senão vejamos: 2002 - Custo da folha de pagamento do Poder Executivo = R$ 3.947.219,00; 2003 - Custo da folha de pagamento do Poder Executivo = R$ 4.152.779,00, ou seja, R$ 205.560,00 a mais ou 5,21% de acréscimo em relação ao exercício de 2002; 2004 - Custo da folha de pagamento do Poder Executivo = R$ 4.518.106,00, ou seja, R$ 570.887,00 a mais ou 14,46% de acréscimo em relação ao exercício de 2002 e R$ 365.327,00 a mais ou 8,80% de acréscimo em relação ao exercício de 2003. Apesar dos percentuais aplicados estarem inferiores ao limite legal, o importante, em relação ao custo de pessoal, não é atingir o teto estabelecido pela legislação, mas pagar um bom salário aos servidores, de acordo com o mercado da região, e manter um quadro 187 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais de servidores compatível com as necessidades da população local, ou seja, um quadro funcional bem equilibrado. Quanto ao percentual aplicado nas despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, os valores aplicados são lineares e ligeiramente superiores ao limite legal. A vinculação de valores para aplicação em determinada política pública apresenta como objetivo principal atender à exigência legal do administrador público destinar os recursos necessários ao desenvolvimento daquela política. Portanto, esse objetivo é meramente quantitativo. Em relação à qualidade da política pública aplicada, cabe a cada esfera de governo, em caráter permanente, avaliar, medir, modificar e/ou implementar a qualidade na gestão dessa política, inclusive, utilizando parâmetros e indicadores de medição, quando possível. Igualmente aos gastos aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino, os percentuais de aplicação de ações e serviços de saúde no triênio são superiores ao limite legal estabelecido. A média de aplicação no período foi de 20,49%, sendo 2002 com a maior aplicação (22,91%), e 2003 com a menor (18,52%). De maneira geral, as vinculações constitucionais têm um caráter quantitativo e genérico para todo o país, não se preocupando com as diferenças regionais entre estados e o porte econômico dos municípios brasileiros. Porém, cabe a cada ente governamental administrar as vinculações legais e não ficar preocupado apenas com a definição contida na legislação e na forma de atendê-la. É preciso alargar nossa compreensão sobre o tema e incluir a questão qualitativa de acordo com as necessidades da comunidade local. 7.4.5 - Recomendações Aspectos Administrativos 1 – Ajustar e atualizar a legislação municipal atual que regula a política de Pessoal; 2 – Regularizar a situação funcional dos servidores que ainda mantém o vínculo contratual em função pública; 3 – Adequar a legislação municipal à legislação federal sobre contratação de servidores através de contratos administrativos, de forma a minimizá-la; 4 – Realizar concurso público de forma a sanar os problemas atuais de preenchimento de cargos da área de pessoal; 5 – Avaliar a questão da cessão de pessoal a outros entes federados avaliando os aspectos financeiros e administrativos; 6 – Refazer o arranjo institucional – estrutura organizacional, de forma a atender às novas necessidades de gestão incorporadas pelo Plano Diretor. 188 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais Aspectos Orçamentários 1 – Aperfeiçoar a forma de elaboração do Plano Plurianual - PPA, principalmente quanto às informações principais; 2 – Detalhar o Plano Plurianual do período de 2006 / 2009, a fim de possibilitar uma Leitura mais fácil do plano; 3 – Revisar os dispositivos (numeração e texto) da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, de forma a evitar erros e repetições; 4 – Incluir artigo específico na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO para autorizar repasses e transferências às pessoas, de forma a iniciar-se o processo de institucionalização das políticas públicas de desenvolvimento social; 5 – Incluir artigo específico na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO para autorizar assinatura de convênios na área de segurança Pública (Polícia Civil e Policia Militar) e respectivos repasses, tendo em vista a responsabilidade constitucional da política de segurança; Aspectos Tributários 1 – Atualizar a planta genérica de valores, tendo em vista que os valores atuais (base de cálculo) são corrigidos apenas anualmente pelo índice inflacionário. A ultima correção, a preços de mercado, foi realizada em 2001; 2 – Adequar o trabalho de fiscalização de forma a compatibilizá-lo com as necessidades municipais, incluindo a capacitação, a abrangência e a eficiência da fiscalização hoje realizada; 3 – Instituir, de forma constante, a inscrição e a cobrança administrativa e judicial da Dívida Ativa, especialmente do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU; 4 – Manter atualizado o Cadastro Técnico Imobiliário – CTI e o Cadastro de Atividades Econômicas – CAE; 5 – Implantar modelos de acompanhamento da evolução da receita do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, por atividade econômica; 6 – Implantar o acompanhamento do valor arrecadado de cada taxa instituída pela prestação de serviços para efeito de comparação aos gastos dos serviços colocados à disposição; 7 – Rever a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, concedida aos aposentados e pensionistas, por ensejar interpretação dúbia advinda do teor dos 189 Prefeitura Municipal de Campestre Estado de Minas Gerais dispositivos (emendas) à Lei Orgânica de Campestre e, também, pela falta de justificativa nas Leis de Diretrizes Orçamentárias – LDOs da devida compensação financeira à renúncia da receita que a isenção enseja; 8 – Desenvolver campanhas de esclarecimento junto à população sobre a importância e a necessidade do pagamento de impostos e taxas municipais; 9 – Elaborar uma política de informatização completa da área de administração tributária, se possível utilizando programas próprios, visando um menor custo de operacionalização da cobrança da receita tributária e, ao mesmo tempo, colocar um serviço de qualidade à disposição do contribuinte. Aspectos Financeiros 1 – Efetivar a revisão completa da receita de Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública e da despesa de energia (iluminação pública, custo da energia dos próprios municipais e extensão da rede), de forma a equilibrar a defasagem existente entre a receita e despesa da prestação do serviço; 2 – Desenvolver instrumentos de acompanhamento das receitas e despesas dos serviços colocados à disposição da comunidade (Centro de Educação Física, Cemitério e Rodoviária) a fim de buscar “equilíbrio” entre os custos incorridos e as receitas auferidas; 3 – Implantar estudo de custo/benefício para avaliar os recursos repassados a instituições multigovernamentais e consórcios; 4 – Atualizar o cadastro e a inscrição do patrimônio cultural de Campestre, de forma a ajustar o repasse de recursos contidos no critério patrimônio cultural, parte integrante do repasse da cota-parte do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS; 5 – Elaborar uma conciliação das despesas inscritas em Restos a Pagar em exercícios anteriores (1999 / 2004) visando à identificação completa e correta dos valores apropriados; 6 – Separar adequadamente os valores que compõem a dívida total do município, obedecendo aos princípios contidos nos dispositivos legais, de forma a evidenciar corretamente o montante da Dívida Flutuante (curto prazo) e da Dívida Fundada Interna (longo prazo). 190