Introdução à cosmologia observacional - Mesonpi
Transcrição
Introdução à cosmologia observacional - Mesonpi
X ESCOLA DO CBPF – MÓDULO GRADUAÇÃO Introdução à cosmologia observacional Ribamar R. R. Reis IF - UFRJ O que é cosmologia? Cosmologia é o estudo do universo como um todo. ● Para tornar esse estudo possível nós frequentemente usamos uma abordagem de meios contínuos: termodinâmica e mecânica de fluidos. ● Para descrever o universo atual precisamos lidar com distâncias muito grandes (comparadas com o sistema solar). ● Para descrever o universo primordial precisamos lidar com distâncias muito pequenas. ● Na maior parte deste curso vamos supor que a gravitação é descrita pela relatividade geral. ● 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 2 ? Ao longo deste curso vou mostrar alguns resultados cuja dedução eu recomendo como exercício. Cada um desses resultados será indicado por um ponto de interrogação. Uma ótima referência para iniciantes em cosmologia é o livro “Introduction to cosmology”, de Barbara Ryden. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 3 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 4 Plano do curso Fundamentos da cosmologia relativística ● Cosmologia observacional I: Supernovas do tipo Ia ● Cosmologia observacional II: Lentes gravitacionais ● Cosmologia observacional III: Radiação cósmica de fundo ● Cosmologia observacional IV: Oscilações acústicas de bárions ● O modelo padrão da cosmologia ● Além do modelo padrão ● 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 5 1 – Fundamentos da cosmologia relativística 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 6 O princípio de equivalência Força gravitacional 2ª lei de Newton Massa gravitacional Massa inercial Em princípio, a aceleração de um objeto em queda livre poderia depender do objeto. Mas os experimentos não detectam nenhuma variação. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 7 Nenhum experimento pode determinar se um sistema está acelerado ou sob ação de um campo gravitacional. http://frigg.physastro.mnsu.edu/~eskridge/astr101/week10.html http://www.mysearch.org.uk/website1/html/259.Equivalence.html 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 8 Então a trajetória da luz não tem que ser uma reta? Não. Mas isso não é uma novidade em si. Isso acontece mesmo no caso não relativístico Um dos conceitos básicos da ótica é o princípio de Fermat, que estabelece que a trajetória da luz é aquela para a qual o tempo de percurso é um extremo. http://srikant.org/core/node7.html http://lipas.uwasa.fi/~TAU/AUTO3160/slides.php?Mode=Printer&File=1500Ray.txt&MicroExam=On 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 9 No vácuo, onde a velocidade da luz é constante, isso equivale a dizer que o caminho que a luz percorre entre dois pontos é o mais curto. ● Em geometria Euclidiana a solução é uma reta. Mas nós vimos que, na presença de um campo gravitacional, a trajetória da luz é curva. ● A solução, para Einstein, é que o espaço não é Euclidiano! ● ● Podemos caracterizar um espaço através da sua métrica, que determina a distância entre dois pontos. Num espaço Euclidiano a métrica pode ser escrita como: 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 10 Segundo Einstein, espaço e tempo são relativos, dependem do observador. Einstein postulou que a velocidade da luz no vácuo é a mesma em qualquer referencial inercial. A consequência disso é que a métrica da relatividade restrita, que descreve a física de referenciais inerciais é a de Minkowski: A trajetória da luz é tal que ds = 0, que chamamos de geodésica nula. http://physics.stackexchange.com/questions/129980/expansion-of-the-universe-will-light-from-some-galaxies-never-reach-us 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 11 As equações de Einstein GEOMETRIA 13 a 17 de Julho de 2015 MATÉRIA E ENERGIA X Escola do CBPF - Módulo Graduação 12 A distribuição de matéria no universo é isotrópica em grandes escalas. http://www.mpa-garching.mpg.de/mpa/research/current_research/hl2012-1/hl2012-1-en.html 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 13 A distribuição de matéria no universo é isotrópica em grandes escalas. http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/Planck/Planck_and_the_cosmic_microwave_background 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 14 Princípio Cosmológico Nós não ocupamos um lugar privilegiado no universo. Portanto, o que vemos é o que qualquer outro observador vê. ISOTROPIA + PRINCÍPIO COSMOLÓGICO = HOMOGENEIDADE A métrica que descreve um espaço homogêneo e isotrópico é a métrica de Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker http://abyss.uoregon.edu/~js/lectures/early_univ.html 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 15 O universo está em expansão. As galáxias ao nosso redor estão se afastando de nós e quanto maior a distância maior a velocidade de afastamento. “Big bang” é um abuso de linguagem. Pelo princípio cosmológico, qualquer observador vê seus vizinhos se afastando. Não é uma explosão! Coordenadas físicas Fator de escala Coordenadas comóveis https://universe-review.ca/R15-17-relativity08.htm Lei de Hubble 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 16 Efeito Doppler blueshift redshift http://wwphs.sharpschool.com/h_s_s_depts/science/ms_bugge/conceptual_physics/units/waves_and_sound/ ? 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 17 http://spiff.rit.edu/classes/phys301/lectures/parallax/parallax.html 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 18 http://www.casadaciencia.ufrj.br/cienciaparapoetas/Astronomia/De%20onde%20Viemos/A%20Expansao%20do%20Universo.htm 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 19 Vamos descrever o conteúdo de matéria e energia do universo como um fluido. Homogeneidade e isotropia exigem que o fluido seja perfeito. Com essas hipóteses as equações de Einstein se reduzem às Equações de Friedmann Essas equações podem ser combinadas para obter uma terceira, a equação de continuidade, que decorre da conservação local de energia e momento. Temos três incógnitas e apenas duas equações independentes. Para resolver o sistema precisamos de uma equação adicional. A equação de estado do fluido. Densidade crítica 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 20 A solução da equação de continuidade é ? Alguns valores importantes para o parâmetro da eq. de estado: ● Poeira ou matéria não-relativística, w = 0; ● Radiação ou matéria relativística, w = 1/3; ● Constante, w = -1; Matéria relativística é aquela que tinha sua energia de repouso muito menor que sua temperatura quando desacoplou das outras espécies. Matéria não-relativística é aquela que tinha sua energia de repouso muito maior que sua temperatura quando desacoplou das outras espécies. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 21 Somente poeira Somente radiação ? 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação ? 22 Constante Cosmológica Einstein estava originalmente interessado em um universo estático. Por isso, ele modificou suas equações, adicionando uma constante. Podemos tratar a constante cosmológica como um fluido com w = -1. Recentemente a constante cosmológica foi considerada novamente para explicar a aceleração cósmica, como veremos adiante. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 23 Somente curvatura Somente constante cosmológica ? 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação ? 24 Igualdade matéria-radiação 13 a 17 de Julho de 2015 Era da matéria Era da radiação Igualdade matériaconstante cosmológica X Escola do CBPF - Módulo Graduação ? 25 ? Mas no universo temos vários componentes misturados! 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 26 Universo com mais de um componente ? 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 27 Distâncias Distância comóvel () 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 28 Distância própria Considerando uma hipersuperfície de tempo constante, ou seja, considerando todos os pontos em um mesmo instante de tempo. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 29 Distância de Hubble A distância de Hubble não define um horizonte. O horizonte é dado pela distância própria correspondente a um instante de emissão igual a zero. Objetos mais distantes que isso não podem ser vistos porque a luz emitida não teve tempo para chegar ao observador. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 30 http://arxiv.org/abs/astro-ph/0310808 Tempo conforme 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 31 Distância de luminosidade Considere uma fonte que emite luz com luminosidade (potência) L, isotropicamente. A luz emitida pela fonte é coletada por um detetor que mede o fluxo (potência por área) f. Em um espaço Euclidiano, a relação entre essas grandezas é dada por Inspirados nesse resultado, nós definimos a distância de luminosidade em um espaçotempo genérico como Mas, devido ao efeito Doppler, ? Usando a métrica FLRW 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 32 Distância de diâmetro angular Considere agora que a fonte tem um tamanho próprio l, que é subentendido por um ângulo na observação. Em um espaço Euclidiano, a relação entre essas grandezas é dada por Usando a métrica FLRW 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 33 Todas as distâncias coincidem para z<<1. 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação ? 34 Como medimos distância? http://arxiv.org/abs/astro-ph/0407290 13 a 17 de Julho de 2015 X Escola do CBPF - Módulo Graduação 35