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Jornal impresso do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA | Ano 2 | Edição 6 | Julho de 2007 | www.metodistadosul.edu.br/sites/universoipa Ricardo Giusti Violência dentro de casa Heloisa Pacheco Com atendimentos mensais ultrapassando 120 crianças, o Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), do Hospital Presidente Vargas, oferece assistência clínica e psicológica às vítimas de abuso sexual e maus tratos. saúde Página 5 Biblioteca Pública Devido às reformas que iniciaram em maio de 2007 a Biblioteca Pública está funcionando provisoriamente na Casa de Cultura Mario Quintana, onde vai manter o atendimento ao público com parte de seu acervo entre outras atividades. história Rádio Guaíba Página 6 Com uma programação voltada para o jornalismo e o esporte, a Rádio Guaíba rompeu as barreiras do tempo e chegou ao seu cinqüentenário. Ao longo das suas cinco décadas, inovou em diversos segmentos jornalísticos, criando identidade com seus ouvintes. Iberê terá novo lar Grande parte do acervo do artista ficará em exposição permanente na nova sede da fundação, no bairro Cristal. A construção começou em julho de 2003 e está em fase de conclusão. Outras atividades, como cursos e seminários, também farão parte do projeto. cultura Página 7 T4 sofre assaltos diários A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os bairros da Zona Sul aos bairros da Zona Norte, mas tem sido alvo de assaltos periódicos sem uma ação efetiva da Brigada Militar para resolver a falta de segurança dos usuários. polícia Página 8 Conheça o porto-alegrês A mistura das gírias urbanas com expressões originárias do interior do Estado resultaram num linguajar típico da Capital gaúcha. Transmitido de geração para geração o portoalegrês já faz parte de estudos do regionalismo brasileiro. cultura Web elétrica Página 9 Beto Rodrigues Página 13 Página 11 Esporte e cidadania O Porto Alegre Futebol Clube investe em ações sociais e esportivas, ajudando jovens a realizar o sonho de ser jogador de futebol. A intenção é formar atletas cidadãos. cidadania Página 14 Prostituição na zona sul Mulheres entre 15 e 30 anos, com dificuldades financeiras e sem chances no mercado de trabalho, vendem o corpo, todas as noites, nas esquinas dos bairros da Zona Sul. Elas não possuem qualificação para trabalhar em outros meios tendo como única escolha a prostituição. geral Página 17 Corrida pela prefeitura Arquivo / Sehadur A disputa para a prefeitura de Porto Alegre será mais acirrada na próxima eleição, com a participação de três mulheres. Luciana Genro, Maria do Rosário e Manuela D’Ávila são nomes fortes de seus partidos para a disputa da Capital. Política Página 18 Projeto da Procempa leva internet via rede elétrica até a Restinga, bairro mais distante do Centro da Capital, e promove inclusão social Opinião julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA editorial Mais um jornal Standard está chegando nas mãos de vocês, leitores, para que possam ter contato com um dos impressos orientado e produzido nas disciplinas de Projeto Experimental I e Produção e Planejamento Gráfico I. São alunos do Jornalismo cursando o primeiro semestre matutino e noturno que receberam o desafio de produzir as pautas, as matérias e realizarem a diagramação do jornal. O trabalho não é fácil, mas é satisfatório quando observamos a evolução do grupo de estudantes e, principalmente, a evolução de cada um deles. E, ainda mais quando alcançamos juntos, docentes e estudantes, o gosto da tarefa cumprida. Pautados pela ética e pelo bom senso, os futuros jornalistas saíram da sala de aula à procura de suas fontes para a produção das matérias. Acreditamos que o desafio é válido, porque a teoria e a prática da profissão devem caminhar juntas e, muitas vezes, a prática chega antes e dificilmente vamos esquecer os acertos e erros cometidos. Apesar da atividade, produção dos impressos, ser a mesma todos os semestres para os estudantes de primeiro nível, os alunos não são. As experiências são totalmente diferentes, há escalas variadas nos níveis de ansiedade e de emoção para ver a sua matéria impressa num veículo de comunicação, para muitos, pela primeira vez. Os olhos atentos dos estudantes, o interesse que despertamos neles na busca de mais informações, impulsionam os professores do curso a seguir com a formação desses futuros jornalistas. Hoje, uma das tarefas dos docentes é orientar o estudante a administrar a bagagem de informações que recebe todos os dias. O profissional da comunicação precisa saber que tem uma missão e uma função: informar-se para informar o receptor (leitor, espectador, ouvinte e internauta). Uma boa leitura a todos e espero que gostem do que os nossos estudantes fizeram para vocês, leitores. A vida não tem preço Danielle Oliveira Vivemos num mundo, hoje, onde pessoas matam por um pedaço de pão, brigam e reagem por apenas um boné e acabam perdendo a própria vida. O que dizer disso? Até que ponto isso vai chegar? Questiono-me quando esses absurdos pararão, não querendo ser pessimista, mas a tendência daqui para frente tende a piorar, se não tivermos consciência de certas coisas. Sabemos que as pessoas necessitam se alimentar para sobreviver. Mas não é digno, independente de seus motivos que se assalte, que tire a vida de outras pessoas, por isso. Mesmo que estejam precisando alimentar o seu filho, que ele esteja necessitando tomar um leite ou algum remédio. O que as outras pessoas fizeram para pagar esse preço? Se a pessoas que assalta está precisando de di- nheiro, a vítima não tem a mínima culpa e, muitas vezes, é morta injustamente. Em vez de assaltar por que não tentam outras coisas antes? De repente porque acham roubar mais fácil que pedir, porque acham que não é justo o outro ter dinheiro e eles não. Por acharem mais garantido que se consiga algo mais rápido e que valha mais. Se precisarem realmente de alimentos para consumo ou remédios, será que tentam antes de roubar ou matar, pedir a alguém contar sua história? Ir em algum estabelecimento como padaria, farmácia? Se isso não o fazem, é porque não é bem isso que querem comprar com o dinheiro roubado. Mais injusto ainda, eu e minha família perder nosso dinheiro que íamos gastar com lazer, conhecimento, alimento, para elementos que queriam arruinar suas vidas e fazer cada vez mais mal a eles e aos outros Site: www.sxc.hu Profa. Ana Paula Megiolaro | Jornalista – registro prof. 11419 Supervisora Docente da Agência Experimental de Jornalismo / AJor Um lar não tão doce assim Camila Batista Nos próximos 50 anos, a expressão “lar doce lar” poderá certamente ser esquecida. Isso porque o nosso grande lar, o planeta Terra, está começando a sofrer mudanças e a previsão para um futuro próximo é catastrófica. O que deve ser feito para mudar o rumo dessa história? Essas mudanças que vêm acontecendo no planeta vão além da elevação da temperatura global, pois todo ecossistema sofre e se desequilibra. Em razão disso,os conceitos da humanidade precisam ser revistos e é ainda mais necessário que atitudes sejam tomadas. Os desastres naturais, como o tsunami, não acontecem por acaso, alguma mudança certamente houve naquele local propiciando para que ocorresse isso. Já em New Orleans, a economia quase quebrou para reparar os estragos de uma revolta da natureza, o furacão Katrina. E ainda mais recente, e não menos preocupante do que esses acontecimentos que chocaram o mundo é o caso das geleiras estarem derretendo e engolindo pequenas ilhotas e até mesmo cidades. Com isso já se fala em refugiados ambientais. O mundo certamente irá tentando reparar os danos que poderiam ser prevenidos. Especialistas já prevêem que uma entre seis pessoas não terá acesso a água potável em pouco menos de cinco décadas. Esse como outros dados surpreendentes sobre os efeitos do aumento da liberação dos gases CO2 e CFC’s na atmosfera enchem 700 páginas de um relatório deferido por Tony Blair para convencer os céticos de que o meio ambiente precisa de ajuda para mudar de rumo. Nesse sentido a mudança deve começar desde agora. Isso porque os especialistas não são como videntes, pois suas teses são comprovadas, e exemplos para suas teorias infelizmente existem. Certamente não queremos presenciar novamente os desastres naturais que já vêm acontecendo e que poderão ser ainda piores daqui pra frente. Então, cada um de nós precisa fazer a sua parte para mudar o rumo da história e quem sabe, de certo modo alterar o futuro do planeta. IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista conselho diretor: Presidente, Laan Mendes de Barros; Vice-presidente, Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan • conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca e Maria Flávia Kovalski. Centro Universitário Metodista IPA reitora: Adriana Menelli de Oliveira pró-reitor acadêmico: Francisco Cetrulo Neto Jornal elaborado por estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo IPA coordenação do curso de jornalismo Laura Glüer professores(as) Ana Paula Megiolaro, José Valentim Peixe, Lisete Ghiggi, Maria Cristina Vinas, Rogério Soares e Valéria Deluca Soares projeto experimental i e produção e planejamento editorial e gráfico i editores chefes: Ana Paula Megiolaro, Laura Glüer e Valéria Deluca Soares ajor - agência experimental de jornalismo finalização e montagem: Carlos Tiburski • distribuição: Leonardo Ferreira e Thays Leães • revisão: Ana Paula Megiolaro • contato ajor: Rua Dr. Lauro de Oliveira, 71 - Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-210 - 51 3316.1269 e [email protected] • impressão: Zero Hora (3.000 exemplares) Agradecimento especial ao Juska pelas ilustrações Dani Koetz Este texto começou quando um amigo me mostrou o Site da Polly e da Barbie, fiquei impressionada com o design, funcionalidade e imaginando toda a trabalheira que tiveram para produzí-los. Depois, uma amiga e eu resolvemos assistir ao tal desenho da Polly na TV, ficamos chocadas e a cada “conversa” entre as personagens, risos, gargalhadas e caras abismadas dignas de seres catatônicos. Em outro momento, a filha de dois anos de um amigo, pediu para entrar no site da Barbie e da Polly aqui em casa. Apenas dois anos de idade, mal constrói uma frase completa, e com o mouse na mãozinha, ela navegou por todo o site nos mostrando as músicas, brincadeiras, isso me chocou. Ontem uma menina, que diz ter 15 anos, mandou um e- com esse vício que raramente acaba um dia. Com elementos que queriam antecipar suas mortes. E as vítimas, logo nós que tanto queríamos continuar vivendo. Se pararmos para pensar, será que todos nós ainda acreditamos no amor, nas verdadeiras amizades, no amor presente nas famílias unidas? O mundo está desse jeito também por falta de amor e estrutura familiar. Gostaria muito que as pessoas entendessem que lhe podem tentar roubar todas as coisas materiais, mas certas coisas jamais conseguirão ser roubadas da gente como a cultura, conhecimentos, inteligência, nossos valores e sentimentos. Como sustentava Frei Damião, certos valores e verdades são eternos. Pois não serão as coisas materiais que levaremos junto com a morte e sim nossos valores e verdades. Temos de nos dedicar ao interior e não só as futilidades, comprar as melhores roupas, bolsas, carros, casas, móveis e etc. Tudo isso poderão tirar de nós um dia. Deixem que leve nosso boné, anéis, carro, dinheiro. Como sempre disse meu pai: Vãose os anéis ficam-se os dedos. Sairemos ganhando desde que continuemos com a nossa vida, nosso valor maior, não reajamos aos que assaltam, que seqüestram, que roubam. É claro que é horrível nesses momentos nos sentirmos impotente por não podermos fazer nada, enquanto alguém nos mostra uma arma. Enquanto alguém está roubando coisas nossas que levamos anos trabalhando e se esfolando para conquistar. Mas meu caro leito, a vida não tem e nunca terá o seu preço, então melhor que levem tudo da gente e ficamos com ela, a vida! Infância e consumo mail me convidando para conhecer o site dela, tudo rosa e apenas frases soltas do estilo “Não vivo sem meu cabelereiro”, “Sou Patty e daí”, “minha vida é no shopping”, “Amo cartão de crédito”. Hoje a filha de nove anos de outro amigo pediu um óculos Gucci “para o verão”. Depois fiquei pensando sobre tudo isso. 15 anos de idade e ela pensa que a vida é “malhação” ou “Rebelde”, pobre ser, fiquei com vontade de dar um livro para ela. Uma criança de nove anos pedir um óculos Gucci? Como assim? Mas tudo começa na infância, a “imaginação” sugerida às crianças e meninas de hoje, é totalmente ligada ao consumo, a Polly é a cópia em desenho da Paris Hilton, ela é herdeira de um hotel, chama amigas para festas na piscina, compras no shopping e tudo que você imaginar que o dinheiro e o status possam com prar ou produzir. Em nenhum momento a referência ao estudo, de qualquer forma, é mostrada. Onde estão as brincadeiras, sonhos criativos e a fantasia? Estamos criando monstros consumistas inócuos que crescem acreditando que você é o que tem e não o que pensa? Não vejo mais as cri anças de hoje assistindo aos clássicos desenhos de outrora, como Caverna do Dragão, salvo alguns que viram e leram Harry Potter ou então viram a coleção “Vaga-lume” na escola. Ok, tudo muda, eu entendo. Talvez por sonhar em ter filhos no futuro, tenho visto isso de outra forma, mas agora me choca muito ouvir uma criança em alguma brincadeira dizendo “Eu sou a Polly”. Claro, faz parte da imaginação infantil, mas era tão bom subir em uma árvore para ler um livro, era tão bom não precisar de mais nada além de um amigo para uma aventura no pátio, na rua. E a vida continua... Luís Bustamante Final de semestre letivo e um súbito veranico de junho remetem a arriscarem-se duas conclusões existenciais, óbvias, mas indiscutíveis: apesar dos pesares, graças a todas as graças, a vida continua – e tudo pode acontecer. A referência ao semestre é porque é assim mesmo: quem estudou, passou; quem não estudou, levou bomba, e seja qual for o resultado o negócio é seguir a sugestão da ministra do Turismo e aproveitar o que puder das férias escolares, pois a vida não muda seu curso – não há como voltar atrás e o único jeito de reparar os erros é fazer o certo (e, se possível, melhor) daqui para frente. E o veranico de junho, quem esperava? Conhecíamos o de maio, que acabou não acontecendo. Sabíamos que o inverno estava mesmo chegando antecipado e quem sabe a natureza nem percebesse e deixasse correr solto até voltar a primavera. Mas não, voltou o calor como se fosse a coisa mais normal, mostrando para gente que o inesperado pode mesmo acontecer, queiramos ou não. É assim com tudo mais que nos cerca. Nossa vida pessoal, os estudos, os negócios, as amizades, os compromissos, em que pese o melhor planejamento e a maior expectativa, podem ter revides que nos decepcionam e nos deprimem e a vida não vai mudar nenhum milímetro da sua rota. Daqui a pouco, amanhã, mais dia menos dia teremos que aceitar as perdas e, da mesma forma, continuar a viver. Sonhando de novo, planejamento mais uma vez e to- cando em frente novamente. Como também o que menos ou até nem esperamos, pode surgir do nada, de repente, de onde ou de quem tínhamos a menor esperança. Achar algo de valor na rua, ganhar um jantar de graça por ser o milésimo cliente a entrar num restaurante, encontrar alguém que nem sabíamos da existência, receber um elogio de uma pessoa desconhecida, enfim, basta estarmos vivos e disponíveis para um monte de coisa em um segundo passar a fazer parte da nossa vida. Tudo, mas tudo mesmo, pode acontecer. Pode o time favorito do campeonato não levar a taça, pode o filho em que se apostou tanto não querer nada com nada, pode a plantinha aquela tão mirradinha tornar-se a mais bonita do jardim, pode a cor- rupção deixar de existir, ocorrer um tsunami no Guaíba, o Barichelo em primeiro lugar, os idosos e as crianças serem respeitados, ninguém jogar lixo no chão, acabar qualquer tipo de tráfico, os Rolling Stones virem a Porto Alegre, Tom e Jerry pararem de brigar e o Sargento Garcia prender o Zorro, os governos governarem e os políticos trabalharem (ou, pior, fazerem ainda menos). Tudo pode acontecer, enquanto a vida segue sua jornada inexorável. Por isso, e por esses tempos malucos em que vivemos, creio que há duas atitudes adequadas: a do escoteiro – “sempre alerta!” – e a do título de uma música do Chico Buarque, “Vai passar”. As coisas vão acontecer, a gente tem que estar prevenido e, se possível, com um plano B. Por que a vida... essa continua. Economia Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Julho de 2007 Brique da Redenção, Mercado do Bom Fim e Lancheria do Parque, lugares de tradição no Bom Fim Do intelectual ao alternativo N Gustavo Nunes Gustavo Nunes e Telmo Motta No bairro Bom Fim, três lugares não passam desapercebidos, a Lancheria do Parque, o Brique da Redenção e o Mercado do Bom Fim. São estabelecimentos da região que ganham destaque a cada ano e recebem pessoas de todas as idades, turistas e muitas personalidades da música gaúcha e brasileira, assim como, políticos. A “Lanchéra”, como os freqüentadores costumam chamar, é ponto de encontro de diversas tribos, independentemente de horário. Pois funciona nos três turnos do dia. Oferece almoço e janta, pois, não pára. Abre o buffet às 11 horas e só termina de serví-lo às 21 horas, para satisfação de quem não tem tempo de ir ao supermercado ou similares. O estabelecimento conta com a presença assídua do vocalista do Graforreía Xilarmônica, Frank Jorge, que freqüenta o lugar no período matutino. “Lembro-me de conversar com o falecido vereador Isaac Ainhorn, morador conhecido no bairro. A Lancheria tem isso, pessoas de todas as camadas, desde o azulzinho da EPTC até personalidades como Ainhorn”, comenta. Antes de festas, a “Lanchéra” vira ponto de encontro de jovens, para celebrar o “aquecimento” (alternativa criada por adolescentes para se reunirem para ir à festa). Como lembra o vocalista dos grupos musicais RC6 e BackDoor’s Band, Gilberto Six, “é o lugar que eu mais curto. Na verdade, é o lugar que eu sempre freqüentarei antes de tocar”, ao destacar a tradição noturna do lugar. Outra atração é o Brique da redenção, antigamente chamado de Mercado de Pulgas. O brique abriga, atualmente, 120 bancas que expõem artesanatos, antiguidades e gastronomias da região e de outros Estados. “Já faz parte da minha vida. E o que eu mais gosto é a diversidade cultural que podemos encontrar, além de bons produtos artesanais para se adquirir”, diz morador há trinta anos da região, João Silveira. Os domingos são preenchidos com apresentações de companhias de teatro de rua, rodas de capoeira, comediantes de praça e artistas de rua. Nos sábados, há, também, a Feira de Agricultores Ecologistas (FAE), que conta com produtos ecologicamente tratados e cultivados com o mínimo pos sível de agrotóxicos, e que funciona até o meio-dia. A partir das 13 horas, dá-se início a outro evento, com diversas amostras de artesanatos e pinturas. Ao lado da Redenção, está o Mercado do Bom Fim. No final da década de 70, os bares do mercado eram freqüentados por um público diferente, pessoas que, hoje, são pais e que comentam com os seus filhos sobre a realidade que contrasta com a do passado. Por exemplo, a família Lippold, onde Walter (filho), historiador, e Ricardo (pai), artesão que viaja pelo Brasil e pelo exterior, atualmente, freqüentam o mercado juntos, quando podem: “É o lugar que eu freqüentei e que meu filho freqüenta, que quando podemos vamos juntos para beber”. Sebos: centro respira livros Rodrigo Ramos Centro de Porto Alegre. Milhares de pessoas de um lado para o outro. Muitos sebos. Estes acabam passando despercebidos por olhos menos atentos. Esquece-se que o coração da cidade não vive só de mendigos, mau cheiro, etc. Existe cultura a oferecer para quem anda pelas ruas apinhadas de gente. Quem anda pelo Centro, nota um grande número de sebos, nome popular dado às livrarias e afins que comercializam produtos usados, esses têm características em comum. Mas que, também, diferem dependendo do perfil do estabelecimento. O sócio majoritário e gerente da Ladeira Livros, Mauro Scheuer Messina, 39 anos, demonstra bem isso quando diz que não se sabe com que tipo de pessoa se está lidando nesta área da ciddade. “O cara pode ser da Al-Qaeda. Assim como pode ser tri gente fina”, afirma. Como qualquer consumidor, quem compra livros, também, compra por compulsão. É nisso que aposta o comerciante quando em seu negócio a vitrine é dividida entre clássicos e livros de auto-ajuda. Conforme fontes, no mundo inteiro as zonas centrais das diversas metrópoles vivem em crise. Há uma concentração de sebos nessa região da cidade, que vivem de livros velhos com muito valor emocional, cultural e histórico. No entanto, de valor monetário muito aquém dos best-sellers recém lançados. Esses recheiam os bolsos da indústria literária. Não é coincidência que as livrarias de marca estejam quase que em sua totalidade nos shoppings. A estudante de direito, Giana Barichello, 18, é assídua freqüentadora das livrarias. O que mais a atrai são os preços convidativos e o ambiente lúdico encontrado nos sebos. Mas existe o lado ruim. Por vezes, há mau atendimento ou como Barichello fala: “Já me fizeram de palhaça várias vezes”. O também estudante de direito, Pedro Martins Filho, 19, não é um habitué do mundo livreiro, mas ter trabalhado durante quase um ano em um escritório advocatício naquela zona da cidade, fez com que esta característica dos sebos ficasse marcada. Ele destaca o Beco dos Livros, referência nacional, que ficou famoso por ter sido apontado por Paulo Betti como a melhor livraria do país, em entrevista ao Jô Soares. Revitalização Matheus Correa Diversidade cultural no Brique da Redenção movimenta os finais de semana no Bom Fim Mbyás e Caigangues no brique Aos sábados e domingos, no Brique, se aproxima da cidade a cultura indígena da tribo Mbyá Guarani e Caigangue. Que vêem se adaptando ao sistema econômico atual. Os Mbyás Guaranis são nômades e percorrem em ciclo boa parte do território nacional e exterior. Partem do Rio Grande do Sul, passam pelos Estados de Santa Catarina, Pa raná, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Após, aces sam o Paraguai, Argentina e Uruguai, e retornam ao Rio Grande do Sul. Esse movimen to representa um ciclo vital para os indígenas Mbyás. A adaptação ao mercado ocorre em conjunto com outra tribo, a Caigangue, que melhor desenvolveu a habilidade artesanal com conhecimentos sobre o mercado capital. Os trabalhos vão de cestas e balaios, a esculturas de vicho ranga (bichinhos), que representam os animais da mata, como onça, tucano e corujas. O Mercado do Bom Fim sempre foi um dos pontos preferidos de encontro da juventude. Nos últimos anos, po rém, começou a sofrer grande decadência, com muitas lojas desocupadas. O projeto está em pauta na prefeitura Municipal de Porto Alegre, mas ainda não saiu do papel. A revitalização do Mercado do Bom Fim vem sendo discutida há várias gestões, mas não se concretiza devido a entraves judiciais e demora nas licitações para a abertura das lojas fechadas. O assessor jurídico da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (SMIC), Guilherme Cantori, explica: “A partir de 2006, tentamos reestabelecer o comércio local. Apenas 14 lojas estão em atividade, a maioria está desocupada”. Sobre a ampliação de segmentos no mercado, a prefeitura tem a idéia de abrir um estabelecimento no ramo gastronômico. Pelo lado dos comerciantes, as promessas da prefeitura são vistas com desconfiança e até certo descrédito. “O que nos falta é atenção da pre feitura, pois faz mais de cinco anos que prometem reabrir as lojas e as promessas não saem do papel”, reclama o proprietário da petshop Bichos e Cia, André Sangineto. “Apresentamos uma proposta dos permissionários de reestruturação do mercado, estamos aguardando”, complementa o empresário. Goteiras no centro da Capital Marcelus Augusto B. Trois Marcelus Augusto B. Trois Caminhar pelo centro de Porto Alegre, entre prédios e lugares históricos, remete a tempos antigos cheios de charme. Mas a sujeira e o descaso com a área central da cidade tira o brilho do antigo Porto dos Casais. Instalações irregulares de ar-condicionados, gerando goteiras nas calçadas, são algumas das reclamações mais freqüentes de quem por lá passa. Goteiras provocadas por ar-condicionados atrapalham e incomodam os pedestres. Ruas tradicionais da cidade, como Borges de Medeiros, Salgado Filho e Riachuelo, apresentam o problema que passa desapercebido para quem não caminha por lá. A empregada doméstica, Solange Rodrigues, que trabalha no centro da cidade, comenta que “as goteiras são um nojo, me causam um grande desconforto, pois nunca sei se são goteiras ou até mesmo urina”. Segundo a Lei Complementar nº 12, artigo 18, parágrafo sétimo, de 07/01/1975, “é proibido nos logradouros públicos, deixar cair água de aparelhos de ar-condicionado sobre os passeios”, com multa que varia conforme o grau da infração. A Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), órgão responsável por fiscalizar esta irregularidade, só atua com denúncias para este tipo de caso. Quando ocorre uma denún- Goteiras obrigam os pedestres a desviar das poças cia, um agente da fiscalização vai até o local e verifica se existe a irregularidade. Caso comprove, o proprietário tem 15 dias para regularizar a instalação ou comparecer à SMOV para dar explicações. Porém, se o problema persistir ou ele não comparecer à secretaria, a multa será aplicada. A secretaria recebe mais denúncias durante as estações quentes, devido o uso mais constante dos aparelhos. Nos meses de verão, a média chega a dez denúncias por mês e no inverno elas quase não ocorrem. O proprietário de um consultório médico próximo à praça Dom Feliciano, Luís Oliveira, tem seu ar-condicionado com essa irregularidade. Ele comentou que não havia percebido o problema, pois não costuma circular a pé pela região. Mas ao se deparar com a questão, prometeu regularizar a instalação do aparelho para não causar mais incômodos aos pedestres e evitar problemas futuros. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 3289 8825 ou na Borges de Medeiros 2244, terceiro andar. Camelôs em busca de espaço Eduardo Amaral O que poderia ser solução dos problemas para os camelôs de Porto Alegre, se mostra agora uma questão a ser solucionada pelo executivo. O projeto que cria o Centro Popular de Comércio (CPC), aprovado em 2006, encontra restrições da Associação Gaúcha Autônoma de Vendedores Profissionais (AGAVP). A presidente da Câmara de Vereadores, Maria Celeste (PT) diz que “O projeto veio para regulamentar a profissão e proporcionar um espaço fixo para localizá-los”. Porém alguns aspectos não contemplam o que os camelôs querem. Para a AGVP, os problemas começam em como o local está projetado. O CPC ficaria em uma estrutura com as lojas a sete metros do chão, dificultando o acesso dos cli entes. Há polêmica no fato das bancas terem uma área de apenas 2m², o que impediria o revezamento entre os familiares dos donos das bancas durante o atendimento. Os camelôs propõem a de marcação das bancas na Praça XV, com a oferta de um local razoável, para desempenharem suas atividades de graça. Isso porque as bancas do CPC trariam um gasto para os comerciantes, que pagariam pelo local. O presidente da AGAVP, Evaristo Matos esteve na Câmara de Vereadores no final de março, para pedir alterações na legislação. Ele solicita a criação de uma comissão para acompanhar a construção do centro. A AGAVP tenta uma audiência com o secretário Idenir Cecchim, da Secretaria da Produção Industria e Comércio (SMIC). Ele ainda não teve horário para recebê-los. Economia julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Comércio movimenta economia com valores atrativos Beto Rodrigues Beto Rodrigues S Simpáticas e generosas em preços e qualidade. Assim são conhecidas as Feiras Modelo por seus freqüentadores. Em diversos bairros de Porto Alegre, oferecem variedades em hortifrutigranjeiros e produtos coloniais. Com periodicidade semanal, de quartasfeiras a domingos, participam das feiras produtores rurais, associações de produtores e comerciantes, aprovados em processo de seleção pública. “As primeiras Feiras Livre datam dos anos 60. Na década de 80, começaram a ser controladas pela SMIC (Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio) e, em 1991, passaram a chamar-se Feira Modelo de Porto Alegre”, esclarece a coordenadora da Seção de Licenciamento de Atividades de Ambulantes da SMIC, Irapuama May. Ao todo, são 30 feiras. Dessas, quatro são ecológicas e montadas aos sábados e domingos nos bairros Bom Fim, Menino Deus, Tristeza e Floresta. As feiras ecológicas se diferem pelo fato de colocarem à venda produtos orgânicos, com preços diferenciados. Para fazer parte dessa feira, é necessário apresentar um laudo atestando que os produtos são realmente ecológicos. A Feira Ecológica do Bom Fim, que funciona aos sábados das 7 às 12 horas, é a maior em quantidade de comerciantes. Nas demais feiras, O aposentado e voluntário, Raimundo Vieira Azevedo na Feira do Rubi Gabriella Cardoso e Andreza Fiuza Produtos frescos e preços atraentes para os consumidores a maioria dos comerciantes compram os seus produtos na Central de Abastecimento Sociedade Anônima (CEASA) para revendê-los. A visão dos clientes em relação às Feiras Modelo é muito positiva. “Os preços são mais acessíveis e os produtos são fresquinhos e selecionados. Além disto, a feira fica bem pertinho da minha casa. O pessoal é muito bom. Eu venho aqui faz muito tempo”, comemora a aposentada Maria Lúcia, 57 anos. Ela reside na rua Santo Antônio, circuvizinhança da feira que se instala aos sábados na rua Irmão José Otão. A servidora pública, Luciara Spanquiado, que está utilizando a Feira pela primeira vez, diz estar gostando: “se encontra mais variedades e preços em relação aos supermercados”. A pedagoga, Cláudia Fernandes, sintetiza: “é muito astral, muito bom. Por isso venho aqui há dez anos”. Elas acontecem de quartas-feiras a domingos, das 7 às 21 horas, conforme a programação de cada bairro. Mais informações podem ser obtidas nos telefones 51 3227 5288 (Associação das Feiras Modelo de Porto Alegre) e 51 3289 4710 (SMIC). Pioneirismo no território nacional Pioneira no território nacional desde fevereiro de 2005, e tendo sido referência para São Paulo, as Feiras Modelo oferecem a alternativa do uso de cartões de crédito para facilitar a vida dos clientes e dos comerciantes. Os cartões aceitos são Visa, Master Card, Visa Net e Banricompras. A tecnologia utilizada é a General Packet Radio Service (GPRS), que dispensa a dependência da energia elétrica Andreza Fiuza Feiras atraem por qualidade e preço Rubi: a Moeda do rubem berta e a linha telefônica. “Para este sistema, criamos uma moeda paralela ao Real. Chama-se Circulante”, explica o comerciante e, também, presidente da Associação das Feiras Modelo de Porto Alegre, Giovani Oliveira. “O usuário vai até o quiosque, instalado na própria Feira, com o cartão da sua preferência e retira o valor desejado, em Circulante”, complementa Oliveira. Das 30 Feiras existentes, 15 possuem esse sistema. Segundo o presidente, a Associação dispõe de uma assessoria jurídica que cuida das questões legais da circulação dessa moeda, para que sejam evitados os riscos de falsificações. “Na Associação temos uma pessoa que cuida dos de pósitos nas contas bancárias dos feirantes. As instituições bancárias com quem trabalhamos são o Banrisul e o Banco do Brasil”, explica. Em busca de soluções para melhorar a qualidade de vida dos moradores do bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre, foi criado um projeto chamado “Mudando a Cara”. Houve a implantação de uma circulante local que funciona entre os membros cadastrados. A moeda recebeu o nome de Rubi em votação pela própria comunidade. O objetivo é fazer com que todo o tipo de comércio possa utilizar essa cédula como dinheiro real. O projeto conta com o apoio do Instituto Strohalm de Desenvolvimento Integral (Instrodi), que produz essas cédulas na Holanda. Há cédulas de um, dois, cinco e dez Rubis que equivalem ao valor do Real. O cadastro na Associação de Moradores do Conjunto Residencial Cohab Rubem Berta (Amorb) pode ser feito por comerciantes e autônomos que entram no guia de Serviços, além das pessoas que queiram fazer parte da “Feira do Rubi”. A feira tem como finalidade integrar pessoas da comunidade, sendo uma excelente opção para as pessoas que estão sem atividades, desempregados ou que querem auxiliar no orçamento com uma renda extra. Essa acontece aos sábados ao ar livre na avenida Adelino Ferreira Jardim, próximo ao final da linha do ônibus T-6. A implantação de um circulante local, junto ao projeto, trouxe benefícios à comunidade, como a revitalização dos prédios da Cohab que está sendo feita por pesso- as inclusas no Guia de Serviços. O processo acontece através de um “consórcio”, onde cada unidade habitacional paga 12 parcelas mensais de 20 reais. Atualmente, o bairro possui 38 prédios pintados. É indispensável que se saiba que antes desse projeto não existia nenhum tipo de atividade, mesmo informal, que favorecesse a capacidade produtiva dos moradores do bairro. “É um projeto social que empolga a gente de alguma forma, poder colaborar para melhorar um pouquinho a vida de cada pessoa. Isso é gratificante. Um retorno que recebemos”, diz o aposentado e voluntário, Raimundo Vieira Azevedo. Esse projeto comunitário possui um Comitê Gestor, constituído pela capela da Igreja Madre Tereza, Instituto Instrodi e pela Amorb, que é coordenada por Paulo César Santos. Para auxiliar no desenvolvimento empresários podem efetuar investimentos de recursos financeiros para a sustentabilidade do Projeto, bem como doação de produtos que sejam vendidos a Rubi. A comunidade-alvo participa das ações do Projeto, envolvendo-se diretamente no processo de desenvolvimento. O governo, apoiando as estratégias metodológicas no bairro e disponibilizando recursos humanos e financeiros. A sociedade civil organizada exerce o voluntariado em uma comunidade carente de recursos, apoio e atenção, realizando doações de produtos e materiais. Chega à Capital novo conceito de shopping Agência Estilo Comunicações A receita de sucesso Camila Aquino e Danielle Oliveira Uma zona residencial rodeada por uma extensa área verde, esse é o bairro Boa Vista. Além de sua bela arquitetura e urbanismo o bairro é conhecido por seus deliciosos lanches vendidos na rua. É na rua Anita Garibaldi em frente a um dos maiores condomínios do bairro, o Quinta da Boa Vista, que encontramos a famosa towner do Paulinho. O cachorro-quente feito por Paulo Aquinel Oliveira Matias é tão gostoso que os seus clientes criaram uma comunidade no site de relacionamentos Orkut. E o lanche não agrada apenas os jovens internautas, o local virou um ponto de encontro de diferentes faixas etárias. O comerciante acredita que o segredo para esse sucesso está em se trabalhar com o que se gosta. “Gosto muito do círculo de amizade que acaba se formando, de poder conhecer bastante gente, de tomar chimarrão com os clientes que se tornam meus amigos e de ouvir que o meu cachorro-quente é o melhor”, ressalta Paulinho. O vínculo que ele estabelece com os clientes é tão significativo que um deles, Evandro Schuster, desloca-se do bairro Cristo Redentor, onde mora, até a towner praticamente todo dia, no final da tarde, para se encontrar com os amigos. E as delícias do bairro Boa Vista não param aqui. Jairo da Rosa Machado vende pipocas, algodão-doce e sorvetes. Há 16 anos trabalha na frente do colégio Monteiro Lobato. Ele, como o Paulinho, diz gostar de ter a clientela sempre renovada. “A minha pipoca é considerada a melhor do Brasil”, brinca Jairo, ao contar que uma de suas clientes que experimentou pipocas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, afirma que de todas a dele é a sua preferida. Machado se diverte com as his tórias que ouve e vê pela rua. A diferença entre os dois comerciantes é que Paulo tem um ponto fixo e Jairo trabalha em dois lugares, aos finais de semana ele está no parcão. E um fato curioso comum na his tória dos dois é que Paulinho não gostava de comer cachorro-quente, mas depois que começou a vender, aprendeu a apreciar e, hoje, chega a comer três vezes ao dia. Enquanto Seu Jairo não gosta muito de comer pipoca porque acabou enjoando. “Logo que comecei a trabalhar com isso, eu vendia uma panela de pipoca e comia a outra. É até melhor que eu não goste porque assim tenho menos prejuízo”, ri e comenta. Ambos os vendedores trabalham com prazer e essa parece ser a receita do sucesso. Maquete virtual simulando o espaço onde ficará o shopping Gabriel Marquez e Rafael Alves Com conclusão prevista para agosto de 2008 o novo shopping da Capital promete inovações como centro de convenções, área externa avarandada com vista para o Guaíba, prédio de escritórios, duas torres residenciais, um hotel e um apart-hotel. Localizado às margens do Guaíba, próximo ao antigo Estaleiro Só e junto ao Hipódromo no Cristal, o shopping tra rá inovações, ainda, desconhecidas ao público brasileiro. Além de promover inovações e trazer entretenimento, o novo empreendimento irá gerar 3 mil empregos diretos e 4 mil indiretos, além de mil empregos, ainda, na fase de construção. Com mais de um km² de área o novo empreendimento, promete colocar Porto Ale gre e, especialmente, a região sul da cidade, em outro patamar, trazendo para a região o que há de mais inovador no ramo de Shoppings Centers. O projeto será o que se chama de projeto multiuso: além do shopping, com lojas, serviços e entretenimento, o complexo vai integrar um prédio de escritórios, duas torres residenciais, um hotel e um apart-hotel. Esses outros empreendimentos serão construídos após a inauguração do shopping. Com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões, o shopping tem tudo para repetir o sucesso do em preendimento homônimo, no Rio de Janeiro. Segundo a Multiplan, os dois projetos são parecidos em termos de conceito. O BarraShoppingSul vai contribuir para o desenvolvimento da região, assim como o BarraShopping carioca impulsionou o crescimento da Barra da Tijuca, hoje um dos bairros mais modernos e dinâmicos do Rio. Porém, o novo centro comercial da Capital enfrentará problemas. Um dos mais relevantes é a localização de outro grande shopping da cidade, o Praia de Belas Shopping, situar-se relativamente perto de onde será o BarraShopping. Outra complicação pela qual passa o novo shopping é a polêmica gerada junto aos lojistas gaúchos. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL) afirma que os preços cobrados pela administração são muito caros. A própria CDL tentou convencer o shopping a baixar as taxas, mas até o fechamento da reportagem não havia um acordo. Saúde Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 eQUIPE DO CONCEIÇÃO INCENTIVA DOAÇÃO DE ÓRgÃOS Fernanda Vaz Formadas por equipes multidisciplinares, as comissões intra-hospitalares de captação de órgãos e tecidos para transplantes do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) atuam em plantão 24 horas e abordam os familiares de pacientes que foram ao óbito para consentimento em relação a doações. Um único doador pode ajudar a pelo menos 25 pessoas que necessitam de órgãos transplantados e é por isso que o GHC desenvolve a campanha “Ajude o próximo”. Cerca de 1% das pessoas que morrem são doadores em potencial, entretanto a doação pressupõe certas circunstâncias especiais que permitam a preservação do corpo para o adequado aproveitamento dos órgãos. Um órgão pode ser aproveitado quando ocorre a morte encefálica, isto é, em decorrência de um acidente que ocasiona algum tipo de dano na cabeça. Uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. É possível, também, a doação de vivo para vivo e entre parentes, como, por exemplo, de rim e parte do fígado. Depois que a família consente, a comissão aciona a Central de Transplantes do Estado do Rio Grande do Sul, que manda uma equipe ao hospital para a retirada dos órgãos. Todo processo é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O doa dor, tanto vivo como em óbito, deve de ter acima de 18 anos de idade e ter um histórico médico considerável”, afirma a médica Denise Hide Alcaraz, coordenadora da campanha e do centro cirúrgico. Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras de doenças infecciosas incuráveis, câncer ou doenças que pela sua evolução tenha comprometido o estado do órgão. “Para as pessoas que desejam ser futuros doadores é importante que seja comunicado a família ou que se registre em documento oficial. Sem o documento ou a autorização de parentes próximos não é possível a doação”, diz o neurologista Ricardo Enrico Perini. Oficinas beneficiam pacientes psiquiátricos e comunidade em geral Integração no São Pedro Márcia Dihl Cássio Machado O Hospital Psiquiátrico São Pedro ainda é tratado com preconceito pelos moradores de Porto Alegre. O chamado “depósito de loucos”, no entanto, tem muitas funções sociais e importantes, que refletem na vida dos pacientes. Oficinas como Reciclagem e Criatividade, marcam presença no complexo hospitalar, dando atividades ocupacionais para pacientes e comunidade. A oficina Nise de Oliveira, criada em 1990, tinha como proposta atender apenas os moradores do São Pedro, mas mudou o seu foco. Com a abertura do hospital para a comunidade tornou-se um espaço de manifestação para várias pessoas, não necessariamente internadas. “Essa abertura para a comunidade teve como benefício a desmistificação da loucura”, diz a psicóloga e co ordenadora da oficina, Gisele Sanches. A oficina está adquirindo, ainda, um status de pes quisa na área de evolução da saúde mental, pois contém um acervo, que apesar de precário, armazena todas as obras realizadas por pacientes em Hospital Psiquiátrico tem suas portas abertas para integração da comunidade em trabalhos com pacientes 17 anos de existência. O funcionamento do espaço é diário, sendo realizado todas as manhãs, nas terças e quintas-feiras à tarde. Existem também as oficinas de reaproveitamento de papel, xilogravuras e escrita. Eventualmente, os trabalhos são expostos dentro ou fora do hospital. Sanches ressalta ainda a questão da falta de material (tintas, pincéis) e de recursos humanos como artistas plásticos. Está sendo promovido um almoço com a intenção de arrecadar fundos para a compra de materiais. Outra forma de terapia ocu Abuso sexual ameaça crianças Heloisa Pacheco Heloisa Pacheco Desde 2001, o Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), localizado no Hospital Infantil Presidente Vargas, atende crianças vítimas de abuso sexual e maus tratos. A iniciativa foi do Ministério Público, Prefeitura Municipal, Delegacia da Criança e do Adolescente (DECA) e do próprio hospital. A idéia surgiu da falta de um lugar único e Sorriso modelo dos mais de mil casos. A maior incidência de abusadores são pais e padrastos. Os dados comprovam que 80% das violências são cometidas por pessoas conhecidas da família. Pires informa que um dos casos mais chocantes foi de um menino que aos seis anos sofria abuso sexual com penetração anal por um vizinho de 27 anos. Ressalta que trabalhar com violência é complexo, “mas sempre estamos instigados a tentar”. Ele afirma que o ideal é a prevenção, através de campanhas publicitárias para crianças ainda pequenas, onde se aborde assuntos relacionados ao sexo. Isso porque, a criança entre três e seis anos não reconhece o abuso. “E quando acontece, ela considera como um carinho, ainda mais vindo do pai ou do padrasto”, finalizou. Site do governo Cíntia Teixeira e Márcia Souza Uma boca bem cuidada reflete a saúde de todo o corpo. Em 2003, o Governo Federal lançou o programa Brasil Sorridente, que até 2006 obteve o investimento de 1,3 bilhão do Ministério da Saúde. O objetivo é ampliar o atendimento e melhorar as condições de saúde bucal do brasileiro. Em Porto Alegre, o Centro de Saúde Modelo é referência na área de odontologia. Além do atendimento clínico, o centro oferece o Serviço de Atendimento Odontológico para Pacientes de Especiais (Saope). O coordenador de saúde bucal do CSM, Raul Fernando Pereira, cirurgião dentista e responsável pelo Saope, enfatiza que para pacientes com necessidades especiais não é exigido comprovar domicílio, basta que resida na cidade. “Se vier alguma pessoa de outro local, também será atendida. Ninguém sai daqui sem atendimento”, afirma. Ele explica que atualmente estão sendo formadas 25 equipes, os chamados Postos de Saúde Família (PSF). Essas equipes farão atendimento personalizado. “A expectativa é que facilite o atendimento pelos centros de saúde”, explica. A coordenadora do Centro, Denise Loureiro Pedroso, informa que na área de saúde bucal, atuam sete dentistas e, em média, 220 consultas são disponibilizadas semanalmente. Os agendamentos são feitos nas quartas-feiras, basta comprovar residência no bairro ou proximidades. Na primeira consulta é feita a triagem e a indicação para tratamento, podendo ser encami- Projeto amplia o atendimento e melhora a saúde bucal do brasileiro nhado para centros conveniados, como a UFRGS e o Hospital Conceição. O Centro de Saúde Mode- lo está localizado na Rua Jerônimo de Ornellas, 55. Para mais informações ligue para o telefone 3217 4703. de das vendas efetuadas, confirma Correa. O material doado por Instituições é separado e fardado para ser vendido. Do dinheiro recebido é feito o pagamento dos funcionários além de reparos, como, a gasolina do veículo que arrecada material. A oficina de costura atua na produção de roupas para os pacientes, crochê e bordados em panos de prato e acessórios com “fuxico”, que são realizados por habitantes da morada São Pedro. Os em pregados recebem salário fixo, não importando a quantidade produzida. Programa é destaque no tratamento bipolar Thaís Medeiros Presidente Vargas: atendimento a crianças vítimas de abuso sexual público, onde as famílias pudessem ir, sem precisar se dirigir a inúmeros postos de atendimento, ou seja, era necessário centralizar a assistência. A principal preocupação do CRAI é com a saúde da criança. Para isso, conta com uma equipe especializada na área. São dois pediatras, quatro médicos peritos, três assistentes sociais, três psicólogos, dois auxiliares de perícia, uma enfermeira e um policial civil que presta serviços até as 18 horas. Segundo o assistente social e coordenador do CRAI, Jarbas Pitaguary Machado Pires, as situações de violência sexual ocorrem a partir dos 12 anos. Entre elas, o número de meninas vítimas supera o do sexo oposto. A média de atendimentos no mês é de aproximadamente 120 crianças. Em um ano foram registra- pacional encontrada no hospital é a área de reciclagem, iniciada em 2000, com a intenção de implantar o exercício social do trabalho junto com a geração de renda, não só para pacientes como, também, para moradores da comunidade São Pedro. O coordenador técnico e psicólogo, Alexandre Baptista, conta com ajuda da terapeuta ocupacional, Joa na Helena Coelho e a administradora e responsável financeira Virgínia Correa. Todos trabalhadores passam por um período de experi ência. O salário mensal depen- Pacientes aguardam reunião do PROTAHBI Thaís Dias Medeiros O Programa de Atendimento do Transtorno Bipolar (PROTAHBI), realizado pela área de psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), atua há 20 anos prestando assistência a pessoas portadoras da doença. Vinculado academicamente à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realiza pesquisas clínicas, laboratoriais e bioquímicas relacionadas com o transtorno. Os pacientes participam de consultas psiquiátricas mensais, individuais e de atividades assistenciais em grupo. Outra iniciativa é o Grupo de Lítio (medicamento mais indicado para o tratamento da doença), que auxilia os pacientes no controle dos efeitos colaterais, como, por exemplo, a tremedeira. Há ainda o Curso de Educação Nutricional, o Grupo de Qualidade de Vida Farmacêutica e o Stabilitas. Esse último ministra palestras mensais aberta ao público com discussões sobre a bipolaridade. Atendendo hoje cerca de 200 pacientes, o PROTAHBI foi criado em função do alto número de casos da doença. Segundo a enfermeira, especialista em psiquiatria, Emi da Silva Tomé, 2% da população mundial sofre de bipolaridade. Afirma que para o desenvolvimento da doença “além da constituição, da pré-disposição genética, há também fatores sociais e familiares que contribuem”. Dentro do PROTAHBI, há uma grande incidência de tentativas de suicídio, cerca de 50% dos portadores atentaram contra a própria vida. O paciente chega ao projeto através de Postos de Saúde Municipais. Após passar pela triagem geral da psiquiatria do HCPA, é encaminhado para o ambulatório de bipolaridade. Há também casos que chegam diretamente da internação psiquiá trica, encaminhados pelo médico responsável. Uma dessas pacientes é R.N., 38 anos. A bipolaridade acompanhada de episódios de psicose a impedem de trabalhar. Ela afirma “não aguentar a pressão”. A ajuda financeira da família, o acompanhamento do PROTAHBI e o uso contínuo dos remédios possibilitam que ela hoje trabalhe como voluntária e participe do coral Nós com Voz, organizando pelo Centro de Atendimento Psico-Social do HCPA. O que é bipolaridade? Se caracteriza por variações do humor, do depressivo ao eufórico, de forma intensa e constante expressando dois pólos de humor. História julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Com uma programação voltada ao jornalismo e ao esporte, a emissora chega ao cinqüentenário Rádio Guaíba, 50 anos no ar S Ricardo Giusti Alex Sandro Gonçalves e Marla Gass São poucas as instituições que chegam aos 50 anos na plenitude de suas atividades. Quando fundou a Rádio Guaíba, o jornalista Breno Alcaraz Caldas, definiu que os eixos da programação seriam jornalismo, esporte, cultura e música. Ainda na inauguração, o primeiro diretor da Guaíba, o jornalista Arlindo Pasqualini, afirmou que “a programação não terá o luxo das grandes montagens, mas, mesmo quando singela, jamais cairá na vulgaridade”. Focando a sua programação na informação, a Guaíba atravessou os anos, porém sem envelhecer. A primeira grande cobertura da Guaíba foi a eleição do Papa João XXIII. No entanto, o destaque da emissora foi a transmissão da Copa do Mundo, em 1958, na Suécia. Com profissionais qualificados, a Guaíba consolidou o título de a Rádio da Informação com Credibilidade. O jornalista Flávio Alcaraz Gomes, um dos principais responsáveis pelas grandes inovações da emissora, não mediu esforços para levar o microfone da Guaíba pelas mais variadas partes do mundo. Participou da cobertura da guerra do Vietnã, do lançamento da nave espacial Apolo VIII, da chegada do homem à lua, entre outras tantas reportagens. Por problemas financeiros, Breno Caldas vendeu a emissora para o empresário Renato Bastos Ribeiro, em 1986. Inicia a segunda fase da Rádio Guaíba, marcada pela informatização de todos os setores da emissora. Ao completar 42 anos em 1999, a Rádio Guaíba inaugurou o Estúdio Cristal, que se localiza no encontro das ruas dos Andradas e Caldas Jr, conhecida “Esquina da Comunicação”. O mais antigo noticiário do Brasil é o Correspondente Guaíba. Responsável pela locução do noticiário desde 1964, Milton Jung é o locutor brasileiro que possui maior tempo apresentando o mesmo noticiário. O locutor afirma: “Estou completando 49 anos na empresa. São três gerações de ouvintes da Rádio Guaíba. Muitos deles ao me encontrar lembram que seus avós ou pais, pediam silêncio à família para ouvir o Correspondente”. Focando a sua comunicação na informação, a Rádio Guaíba atravessou os anos sem envelhecer Pró-HPS incetiva doação de órgãos Aline Chieza O Hospital de Pronto Socorro completa 60 anos como símbolo de segurança para a população. A trajetória está inserida na própria história da cidade. Diariamente, são atendidas cerca de 600 pessoas. Localizado no Largo Theodoro Herzl desde 1944. A demanda crescente de atendimentos tem gerado dificuldades para as equipes médicas e de enfermagem e para a estrutura física do hospital. Após debater e avaliar os desafios e objetivos da Instituição durante dois anos, a Mesa Curadora desenvolveu o projeto para a criação de uma fundação de direito privado e fins públicos. O objetivo deveria ser apoiar a administração pública e, especialmente, a do Hospital no desenvolvimento de ações e de projetos dos quais o HPS carece. A campanha publicitá- ria pela Unidade de Tratamento de Queimados servirá para dar visibilidade à Fundação. A Fundação Pró-HPS, implantada em 2004, trabalha no desenvolvimento de serviços e projetos que atendam demandas e potencialidades que o Hospital possui. Uma vez que o Hospital é um equipamento de grande reconhecimento comunitário, ele reúne as condições para transformar sua legitimidade em formas concretas de apoio da sociedade. Isso permitirá a ampliação e qualificação das atividades. A Fundação é o meio para organizar e implantar a mobilização comunitária de apoio ao HPS. Com sua institucionalização, a Mesa Curadora transformou-se em Conselho de Curadores da Fundação Pró-HPS.Segundo o diretor-executivo da fundação, Rogério Beidacki, o grupo de empresários e personalidades aceitou o desfio de constituir a fundação para servir como intermediário que captasse doações com a comunidade e as repassassem ao hospital. O HPS é o anjo da guarda da cidade – resume Beidacki. A definição do dirigente se explica pela gama de serviços que o hospital oferece. O Hospital de Pronto Socorro (HPS), além de ser um centro de referência regional para o atendimento de politraumatizados, é considerado modelo nacional em diversas especialidades de pronto atendimento. O atendimento de urgências destina-se a pacientes vítimas de acidentes de trânsito e de trabalho, agressões diversas, queimaduras, ferimentos e intoxicação. Nos casos de pacientes com queimaduras, o Hospital possui singular estrutura de atendimento rápido, internação, tratamento e recuperação, dispondo de equipamentos avançados e equipes especiali- zadas, incluindo a única UTI para queimados do Estado. Além disso, opera com um Banco de Sangue, com funcionamento de 24 horas por dia. Sistema Único de Saúde (SUS) reembolsa, por meio das guias de atendimento, em torno de 800 mil reais por mês. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre contribui com o restante do valor para manter o Hospital, ou seja, 6 milhões e 200 mil reais. O atendimento da Instituição é universal. Os serviços prestados pelo HPS são sempre gratuitos, independentemente do tipo de especialidade, equipamento ou medicamento prestado ou utilizado. Esse é um fator que também contribui para o relevante reconhecimento do Hospital junto à população. Informações pelo fone 51 3289 7699 ou site http://www.prohps.org.br ou e-mail: fundaçã[email protected] Fabio Berriel Histórias do bairro Santa Cecília Fabio Berriel Santa Cecília considerado um dos bairros mais bem localizados de Porto Alegre, possui moradores ilustres, grandes personalidades como Moacyr Scliar e Padre Edgar Jotz, cidadão honorário de Porto Alegre, atuando como pároco há 50 anos nessa região. Em 7 de dezembro de 1959 foi publicada a Lei nº 2022, dando origem legalmente ao bairro. Hoje possui 5,8 mil moradores, divididos em 2.528 homens e 3.272 mulheres, em uma área total de 60 hectares. Edgar Jotz comenta sobre sua vida desde a mudança para Porto Alegre: “Durante muito tempo pode-se ver mudanças. Fico olhando o quanto as pessoas se beneficiam das melhorias por aqui”. O bairro cresceu nos arredores da igreja Santa Cecília, construída em 1943, cujo nome deu origem ao nome do A equipe de esportes da Rádio Guaíba acompanhou de perto os principais eventos esportivos do Mundo nos últimos 50 anos. Há 22 anos na Guaíba, o jornalista Luiz Carlos Reche é o atual chefe da equipe esportiva. Classifica a Rádio Guaíba como “ é o melhor exemplo a ser seguido por outras emissoras do Brasil. Sempre manteve equilíbrio entre jornalismo, esporte e música. É uma emissora que ditou regras no rádio brasileiro”. O ano de 2007 marca a terceira fase da Rádio Guaíba, ao ser comprada pela Rede Record. O Presidente Jerônimo Alves Ferreira assume o comando afirmando que “em time que está ganhando, não se mexe”. Ferreira revelou também, a intenção de digitalizar totalmente as transmissões da emissora. Rádio Guaíba, procurando evoluir a cada ano, mas mantendo as suas principais características: Informação e credibilidade. Santa Isabel: Um bairro de histórias e lutas Daiane Benso e Eliandra Lopes Um bairro não é apenas o lugar onde se mora, mas onde se constrói uma história. Santa Isabel é o mais tradicional de Viamão, localizado na região metropolitana de Porto Alegre. A união de etnias e culturas é o seu marco principal, além de se destacar por seu comércio diversificado. Com a vinda dos imigrantes italianos, alemães, holandeses e franceses iniciou-se um processo que culminaria na formação de Santa Isabel. O surgimento basicamente se deu com a especulação imobiliária. A população de baixa renda que morava nas regiões periféricas de Porto Alegre, Canoas e Alvorada acabou migrando para o bairro. Outros fatores foram o êxodo rural e mecanização da lavoura. “Os distritos eram distantes, por isso se criou uma identidade local”, relata o historiador Paulo Ricardo Medeiros Lilja. Foi assim que em 1953 formou-se o primeiro núcleo urbano denominado Medianeira, que originou o bairro. Segundo ele, o letreiro do ônibus intitulado “Santa Isabel”, que circulava em Viamão, foi responsável pela origem do nome. Padre Guilherme Spann é um dos pioneiros. Contribui tanto religiosa como socialmente. Além disso, foi responsável pela criação de centros odontológicos e médicos. Por tamanha dedicação, atraía facilmente os fiéis, mesmo depois de ter renunciado a vocação para casar-se. A história do bairro também foi marcada por preconceito e racismo. Um exemplo disso era os bailes na Sociedade de Ginástica de Santa Isabel (SOGISI), criada em 1961, onde havia separação entre negros e brancos. Cada um freqüentava um local específico imposto pela sociedade. “Eu chegava e ia para o lugar destinado aos negros, se não fosse por vontade própria, sei que eles me mandariam”, conta o compositor e intérprete da escola de samba Unidos de Santa Isabel e, também, um dos coordenadores, Arizinho. Lilja, morador há 46 anos do bairro, ressalta que, “é raro um bairro que consegue contar a própria história. Santa Isabel é privilegiado, depois de meio século guarda registros memoráveis”. Paulo Lilja O bairro Santa Cecília possui 5,8 mil moradores em uma área total de 60 hectares bairro. “Na época a gente saia para ir a igreja, a Missa do Galo, realizada pelo Padre Luís de Nadal. Todos saiam, o pessoal da catequese, moradores, isto era algo bom na época”, diz a moradora há 58 anos, Ivani Rita Martins. O agrônomo Mário Lugokovinsqui explica, que o desenvolvimento do bairro é intenso: “Em 19 anos morando em Porto Alegre, residindo no bairro Santa Cecília e pude ver que muito mudou desde o início. O comércio expandiu-se e veio a crescer. O movimento nos colégios vizinhos da minha residência aumentou”. Algumas construções impulsionaram o desenvolvimento do bairro, como por exemplo, o Hospital de Clínicas, no final dos anos de 1950, e alguns dos prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como as faculdades de Medicina, Odontologia e Farmácia. Tradição e modernidade Av. Liberdade, a mais importante do Bairro Santa Isabel História Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Julho de 2007 Procurando melhor atender a população gaúcha, a sede histórica da instituição é restaurada Biblioteca Pública inicia nova fase Michelle Neckel Michelle Neckel e Rodrigo Brustolin N No mês de maio de 2007 iniciou a reforma do prédio da Biblioteca Pública Estadual (BPE). Com verba do governo federal e parceria de patrocinadores, o local terá a sua parte estrutural restaurada, pois apresenta problemas como infiltrações, entre outros. A primeira fase da reforma recebeu R$ 465 mil do Programa Monumenta, desenvolvido pelo governo federal, que visa a recuperação do patrimônio histórico urbano. O programa atua em cidades protegidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Essa etapa terá duração de seis a oito meses e, no período, serão resolvidos os problemas de umidade. A troca do motor do elevador, o mais antigo do Estado, foi feita. Após a restauração da parte estrutural do prédio, as partes hidráulica, elétrica e as mobílias dos três pavimentos serão renovadas. As pinturas originais das paredes, que foram cobertas em reformas anteriores, poderão novamente ser vistas. Essa fase das obras está estimada em R$ 7,3 milhões e utilizará recursos financeiros autorizados pelo Ministério da Cultura. O tempo dessa etapa será de 15 meses, aproximadamente. A preocupação com os usuários e a preservação do acervo fez com que a equipe da BPE buscasse locais apropriados para abrigar parte das obras e manter o seu funcionamento. Foram procurados diversos órgãos do governo, que pudessem emprestar um local, tais como o Exército e o Ministério Público. Nenhum deles, porém, tinha um local que atendesse as necessidades. Segundo a diretora do Departamento Estadual de Livros e Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul, Morgana Marcon, dos locais analisados, o mais apropriado foi na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ).“Precisamos de, no mínimo, mil metros quadrados disponíveis. Na CCMQ havia muitos espaços ociosos que, muitas vezes, serviam apenas de depósitos. Estes seriam o suficiente para abrigar, provisoriamente, nosso acervo”, explica Marcon. O acervo total da BPE é de 180 mil volumes. Foi realizada uma pré-seleção determinando o que seria transferido. Foram levados para tais espaços cerca de 42 mil livros: as obras mais procuradas, todo o material informatizado dos diversos setores, o setor braille e livros que não são facilmente encontrados em livrarias e bibliotecas. Os serviços de internet e fotocópias, também, estão disponíveis. No decorrer desse período de obras, será procurado mais um prédio para sediar oficialmente a BPE, pois o que está em reforma tem capacidade apenas para 80 mil livros. Nele, ficará a parte histórica: o acervo antigo, o setor geral de documentação sobre o Rio Grande do Sul. Também terá espaço para eventos culturais. Dentre os locais cogitados, está o prédio da antiga confeitaria Rocco, localizado no centro da Capital, construído em 1910 e tombado pela Prefeitura em 1997. Um pedaço do coração dos gaúchos é restaurado através de projeto federal Instituição reabre provisoriamente A Biblioteca Pública do Estado (BPE) está atendendo provisoriamente ao seu público, nos espaços da Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), situada na Rua dos Andradas, 736. Com o fechamento do prédio da BPE, logo após o Carnaval, começou o processo de encaixotamento e transferência do material. O transpor- te dos livros e equipamentos foi realizado nas segundas-feiras, dia em que a CCMQ está aberta apenas para expediente interno. Os ambientes da CCMQ precisavam ser adaptados. Foram feitas pequenas instalações elétricas e mobiliárias. “Não mexemos em quase nada, procuramos interferir o mínimo possível na Casa de Cultura”, afirma a diretora do Jornais de bairro em Porto Alegre surgiram na Zona Sul Luís Bustamante Os jornais de bairro são, hoje, importantes meios de comunicação comunitária. Surgiram em São Paulo, no final do século 19. Em Porto Alegre fazem história, sendo precursores os jornais O Sabido e Colméia, criados pelo servidor público Odemar Ferlauto. O Sabido, pioneiro no Rio Grande do Sul, foi lançado em agosto de 1954, no bairro Ipanema, como veículo de comunicação da Sociedade Amigos dos Balneários de Ipanema (SABI – que inspirou o nome). Foram os empresários da região que financiaram o custo de produção do jornal, que circulou por quatro anos. As causas do fechamento foram a estagnação da SABI e a diminuição do tempo dedicado à sua produção pelo editor, que trabalhava 40 horas semanais no serviço público. O Colméia foi editado pela primeira vez em maio de 1967, no mesmo bairro. Lançado pela Associação Comunitária e Assistencial de Ipanema (ASCAI), circulou por aproximadamente um ano e meio na região. Fechou com o acirramento da censura à imprensa, em 1968. Ambos circularam com distribuição gratuita entre os moradores, foram comercializados junto ao pequeno comércio da região e a profissionais liberais, e o modo de produção era artesanal. Esses jornais registraram o cotidiano dos anos 54 e 68 e serviram para disseminar as reivindicações da comunidade. O trabalho do editor tinha caráter de voluntariado e os jornais não visavam lucro. Departamento Estadual de Livros e Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul e dá BPE, Morgana Marcon. O s f re q ü e n t a d o re s d a CCMQ não se queixam desta estadia, pelo contrário, acham interessante. É o caso do comerciante Paulo Camargo, que relata: “Eu acho bom a Biblioteca Pública estar aqui. Gostaria que após sua saída, os mesmos espaços fossem ocupados por algo semelhante”. Mesmo depois da transferência da BPE, no último dia 8 de maio, os funcionários da CCMQ, ainda, não sentiram acréscimo no movimento. Mas para a recepcionista Lia Queirolo, quatro anos de serviço na CCMQ, o movimento aumentará com o tempo, devido à grande divulgação. Setores e seus horários ● Setor de emprestimos: terças as sextas, das 9h às 19h. ● Setor administrativo e técnico: terças as sextas, das 9h às 19h Setor do RS: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h. ● Setor de Referência e Pesquisa: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h. ● Setor Multi-Meios: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h. ● ● Setor Braille: terças as sextas, das 9h às 19h. Revelando o bairro Tristeza Andréa Barilli O bairro Tristeza é um dos mais belos, antigos e nobres da zona sul de Porto alegre. Pôr-do-sol no Guaíba, happyhour no shopping Granville e caminhada pelas inúmeras praças são as atividades mais praticadas pelos moradores e visitantes. “Não troco a Tristeza por nada. Aqui tem tudo o que a gente precisa: bancos, lojas, farmácias e shopping. O que falta, na minha opinião, é um cinema. Antigamente existia o “Gioconda”, mas foi mal administrado e além disso, não havia público. Hoje, com certeza haveria”, relata a moradora do bairro, Márcia Silva. Parte da história da Tristeza está guardada em um arquivo especial, em recortes de jornais sobre o Tristezense Futebol Clube. O material é uma das relíquias do aposentado e morador do bairro, Maurício Pellin, de 83 anos. A coletânea foi iniciada em 1933, quando ele presidia o Tristezense. O arquivo possui notícias sobre o clube e também sobre o estilo de vida da região. O trabalho teve a ajuda do primo Roberto Pellin, autor do livro “Revelando a Tristeza”. Entre os textos sobre os “domingos desportivos na Tristeza” estão relatos de costumes do bairro. Excursões, piqueniques e competições pontuavam a vida social da época. A fundação do clube, segundo um texto de Ro- Andréa Barilli Um dos oito belvedéres propostos pela prefeitura está pronto para o uso da população berto Pellin, aconteceu com “finalidades recreativas: bailes e pic-nics. Os pic-nics eram festas tradicionais de aniversário e se repetiam especialmente no verão. A turma saía a pé, bem cedo, como uma procissão, tendo à frente a banda da valorosa Brigada Militar e dirigia-se à praia do senhor Juca Batista. Aí o churrasco e o chope corriam grosso”, detalhou o autor. Esses e outros registros divertem Maurício Pellin, que vive no bairro desde que nasceu. Muito conhecido pelos moradores da Tristeza, hoje ele pas- sa o tempo em função das flores e folhagens que cultiva em sua casa, na rua Dona Paulina. Marido de Marisa, 76 anos, e pai de Vera Pellin, 56, sente-se feliz por ter visto o bairro se modificar sem perder a característica de boa vizinhança: “Isso aqui tudo era campo e hoje é uma cidade”. Quando bate a saudade, Pellin recorre à pasta para lembrar dos bons tempos em que a vida na Tristeza girava em torno do clube. Boa vizinhança e bairrismo são as principais característica dos moradores da região. Outro aspecto que encanta é o pôr- do-sol que a maioria dos porto-alegrenses não conhece. Boa parte das ruas acabam no rio Guaíba. Esses espaços estavam abandonados até o mês de maio, quando foram instalados dois belvedéres (dos oito propostos) para observar os fins de tarde. Os locais receberam bancos, jardins e iluminação. O projeto é uma parceria das secretarias do Planejamento Municipal e do Meio Ambiente e faz parte da intenção da prefeitura de revitalizar a orla e torná-la agradável para a população que ali vive e aos visitantes. Polícia julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA FAESP busca reinserção dos egressos ao mercado de trabalho Camila Jonco Integrantes da FAESP juntamente com a Presidente Tânia Spoerle de Souza (terceira da direita para a esq.) Camila Jonco A A Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário (FAESP) é uma entidade filantrópica de assistência social. Acolhe ex-detentos de liberdade total entre dois anos ou estando na condicional, independentemente do crime praticado. Os egressos participam de ações voltadas à área da saúde e da educação, podendo freqüentar cursos de arte e artesanato. Recebem vale-transporte, auxílio médico, kits alimentação e roupas. Todo ex-detento deve passar por um tratamento psicológico. “Muitos chegam aqui com depressão”, esclarece a auxiliar administrativa Luci Borba Birnfeld. Quem faz esse acom- panhamento são estagiários do Centro Universitário La Salle. Dentro da FAESP funciona a Cooperativa Social Laborsul, que proporciona a terceirização de mão-de-obra. Para exdetentos como a Adriana, 34 anos, “o trabalho na cooperativa me ajuda na renda familiar”. Mas, para Joyce, 43, não possui a mesma importância. Moradores pedem segurança “Estou aqui por falta de algo melhor”, destaca. A entidade tem atualmente 700 egressos, 98 voluntários, dois funcionários e o reconhecimento que vem de ex-detentos como Cleusa, 38. “É maravilhoso estar aqui, ganhei uma nova chance de vida”, afirma. A FAESP encontra alguns problemas, como a falta de apoio das empresas privadas, do Governo e, principalmente, da comunidade. “A sociedade ainda resiste muito”, ressalta Birnfeld. Contrapondo-se a isso a entidade recebe o apoio de voluntários. Estes são encaminhados através da instituição Parceiros Voluntários. A entidade fundada em 1998, através da iniciativa de nove entidades, sendo sete de caráter religioso. Essas inspiraram-se na Campanha da Fraternidade daquele ano. Em contato com a Presidente Tânia Spoerle de Souza, nas terças ou quintas-feiras, é possível praticar o voluntariado. A FAESP está situada na avenida Bento Gonçalves, número 2122, no bairro Partenon, na cidade de Porto Alegre. Lucas Carvalho Lucas Carvalho O bairro Medianeira, em Porto Alegre, vem sendo alvo de assaltos devido, principalmente, à falta de segurança. Esse problema está ocorrendo desde o ano passado. Embora haja segurança particular em determinadas ruas, não é o suficiente para evitar seguidos roubos, tanto no turno da tarde, como à noite. A moradora do bairro, Roberta da Costa, diz ter sido alvo dos assaltantes. “Era um sábado à noite, pelas 22 horas. Eu estava esperando o ônibus na parada, quando passou um rapaz e puxou a minha bolsa. Ele saiu correndo e não pude fazer nada, pois não havia ninguém por perto.” Outro morador do bairro, Anderson dos Reis, afirma que ao sair às ruas toma muito cuidado, pois não há seguranças em torno, e que isso deve ser tratado logo. “Faz algum tempo que eu moro aqui e nunca vejo o policiamento presente.” A capitã do 1° Batalhão de Polícia Militar, Cláudia Zanon, informou que mantém policiamento na Escola Costa e Silva e na Praça George Black, durante o dia. À noite, é feita a ronda com uma moto e uma viatura. Porém, isso só ocorre quando não há deslocamento de contingente. As ocorrências mais comuns são furtos de fios telefônicos e roubos no comércio e na via pública. O Batalhão atende, além do bairro Medianeira, o Menino Deus, Azenha e parte da Santana. Falta de policiamento causa insegurança na rua Silva Paes, Medianeira Moradores mudam rotina diária Eduardo Morin Balsemão Daniela Nunes, moradora do bairro Auxiliadora foi vítima de assalto Eduardo Morin Balsemão Em conseqüência dos roubos e assaltos no bairro auxiliadora e arredores, cada vez mais freqüentes, moradores e comerciantes insatisfeitos com a falta de segurança, pedem por mais policiamento na área. Tentado evitar esses dados preocupantes, a comunidade vem tomando medidas de prevenção, como segurança privada, grade nas janelas e atenção ao chegar em casa à noite. De acordo com a estudante de Design de Moda, Daniela Silveira Nunes, 20 anos, falta policiais, não só no bairro dela como em toda a cidade. Segundo a jovem, que mora no auxiliadora desde que nasceu, as ruas do bairro são na maioria residenciais, o que diminui o fluxo de pessoas, e, conseqüentemente, tornando-se mais perigosas. A estudante foi vítima de assalto em seu apartamento, que fica no segundo andar. “Foi o maior susto na hora, nunca esperava que fosse acontecer comigo, eu estava dormindo quando ouvi os gritos da minha mãe. O assaltante entrou pela janela do meu quarto enquanto eu dormia, e, graças a deus não aconteceu nada com a minha família”, afirma Nunes. Para o Farmacêutico, Jorge Brustolin, 49, as medidas devem ser tomadas pelos próprios comerciantes. O dono de farmácia conta com segurança privada 24 horas, e depois de adotar essa medida não sofreu mais assaltos. Brustolin afirma que os donos de estabelecimentos devem ter uma parte de sua folha de pagamentos destinada à vigilância particular, tamanha insegurança na Capital. “Se formos depender de policiamento nas ruas, continuaremos a ser roubados, cabe a comunidade se unir e tomar as medidas necessárias”, conclui o comerciante. As estatísticas mostram que violência na Capital Gaúcha tem vitimado jovens, adultos e mulheres, índices que aumentam a cada dia. Sem a previsão de melhora, essa realidade tem alterado a rotina dos porto alegrenses, que se vêem atingidos cada vez mais. Armindo Júnior Retornando a sociedade T4 Sofre assaltos diários Violência preocupa funcionários e usuários da linha T4 Armindo J. K. Júnior A ação é rápida, dura menos de um minuto. Três ou quatro rapazes entram pela porta dianteira do ônibus e mandam todos ficarem quietos. Um deles rende o motorista com uma faca, outro aponta o revólver para o cobrador e o(s) outro(s) cuida(m) a retaguarda, possibilitando que o portador da arma de fogo roube toda a quantia existente na gaveta para, em seguida, saírem correndo em direção ao matagal ou vila mais próxima. Essa é a estratégia mais comum entre os assaltantes da linha Transversal 4 (T4) da empresa Carris, cujos coletivos são roubados, diariamente, na mesma zona de seu itinerário. Segundo a cobradora da linha T4, Núbia Pinheiro Vargas, 32 anos, há sete anos na Carris e vítima de dois assaltos, a ousadia é tamanha que, desde novembro de 2006, os assaltos ocorrem no mesmo ponto entre as avenidas Protásio Alves e Antônio de Carvalho, no Bairro Jardim Carvalho e com os mesmos delinqüentes: jovens entre 16 e 20 anos. “Todo mundo sabe onde eles estão, a gente já os conhece e ninguém faz nada. Agora tem mais uma guria junto deles. Em vez de estarem fazendo alguma coisa produtiva, estão assaltando os ônibus. É a diversão deles”, indigna-se ela. A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os bairros da Zona Sul (Cristal, Nonoai, Teresópolis) aos bairros da Zona Norte ( Vila Jardim, Jardim Ipiranga, Cristo Redentor ), evitando, assim, a necessidade de o usuário pegar duas conduções até o seu destino. De acordo com o motorista Francisco Carlos D`Ávila Rosa, 44, há 23 anos na profissão, a empresa Carris orienta os funcionários a não reagir aos assaltos, ficarem calmos e deixarem os marginais levarem tudo que pedirem. Após o assalto, três passageiros são convidados a depor na delegacia mais próxima, enquanto os outros são colocados no próximo coletivo da linha. Depois, motorista e cobrador retornam à garagem dos ônibus levando o boletim de ocorrência e a disposição para explicar o incidente aos superiores. Os funcionários vítimas do assalto têm uma consulta com a assistente social da empresa com o objetivo de averiguar as suas condições psicológicas e encaminhá-los, ou não, para a psicóloga, a qual concede afastamento aos funcionários mais traumatizados. D` Ávila acredita que a única solução para os constantes assaltos é a detenção e a punição dos infratores. “A Brigada (Militar) está em cima sempre, fazendo barreiras nas ruas, nas paradas, o que facilita muito, mas não tem como botar um brigadiano em cada ônibus”, pondera ele. Como o interesse dos contraventores é o caixa, os passageiros que passam pela roleta não são vítimas dos roubos, apenas testemunhas, condição que não os livra dos momentos de tensão, medo e angústia. “Mesmo não estando perto deles (assaltantes), meu medo era de uma bala perdida dentro do ônibus, porque se eles começam a disparar, não tem para onde fugir”, afirma a técnica de enfermagem Débora de Freitas Cunha, 28, que presenciou um assalto em junho de 2006 e, desde então, nunca mais viajou no T4 durante a noite. O auxiliar de almoxarifado Paulo Sérgio dos Santos, 33, estava presente em dois episódios. No último, dia 8 de maio deste ano, houve gritaria, nervosismo e ameaças de tiro na presença de idosos e crianças. “Fico bem mais alerta, porque os que conhecem a redondeza dizem que é algo comum (assaltos). Fico mais atento com quem vai subir e carrego só o indispensável. Tenho que preservar a minha vida”, explica Santos. O 20° Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pela cobertura das áreas onde ocorrem os assaltos - imediações do cruzamento das avenidas Protásio Alves e Antônio de Carvalho e alguns pontos da avenida Ipiranga -, recebe diversas ocorrências relativas à violência nos coletivos urbanos. O soldado da 20° BPM Afonso (ele não quis revelar o sobrenome), conta que a Brigada Militar atua de maneira preventiva através de contenções de pessoas nos terminais de ônibus, bem como a abordagem de coletivos em trânsito para revista dos passageiros. O soldado salienta a importância da descrição exata das vestimentas dos criminosos por parte das vítimas, detalhe que facilita a captura dos marginais. “A única arma que o cidadão tem contra isso (os assaltos) é o telefone”, garante Afonso, aconselhando as vítimas a ligarem para o 190 da Brigada Militar. Evandra Jacques Cultura caderno “Penso que todos somos co-responsáveis, não apenas os órgãos públicos” Sociólogo Honor de Almeida Neto Misturando expressões interioranas com gírias, porto-alegrenses falam de modo diferente e exclusivo Porto Alegre tem um dialeto tri-legal Ilustração: Juska Luís Bustamante N No balcão da padaria, a mocinha comenta com a colega: “Bah, guria, não tem mais cacetinho!”. Ao que a outra responde: “Capaz!”. Para quem vem de outro Estado, principalmente do Norte ou Nordeste do país, o diálogo parece estranho, incompreensível até. Na verdade, trata-se de um linguajar característico da cidade de Porto Alegre, uma mistura de expressões interioranas com gírias que vão sendo incorporadas ao dia-a-dia da população metropolitana. Objeto de pesquisas de estudiosos locais, essa forma de comunicação lingüística recebe o apelido de “porto-alegrês”. Porto Alegre possui uma cultura rica e variada, que tem contribuições de várias etnias, o que explica em parte a diversidade de expressões idiomáticas e a facilidade com que aqui se criam gírias. O tema é tão rico e presente que chega a fazer parte de estudos de linguagem e regionalismo, resultando em publicações como o livro “Dicionário de Porto-alegrês” do professor de literatura brasileira na UFRGS, Luís Augusto Fischer, 45 anos. Lançado durante a Feira do Livro de 1999, o livro reúne centenas de expressões utilizadas na capital gaúcha e na região metropolitana. “A fala de Porto Alegre é diferente mesmo em relação a outras cidades do Rio Grande do Sul, e disso temos consciência”, explica Fischer. “Tudo o que fiz, depois de extensa pesquisa, foi catalogar essas expressões em ordem alfabética”, complementa. De fato, algumas expressões que fazem parte do diaa-dia do porto-alegrense parecem mesmo exclusivas daqui. É o caso de “cacetinho” (pãozinho francês), “abobado” (bobo), “deu pra ti” (chega!) e as abreviaturas que ainda não constam nos dicionários oficiais, como ”findi” (fim-de-semana), “churras” (churrasco), “super” (supermercado), “ceva” (cerveja). Algumas chegam mesmo a romper as fronteiras geográficas e vão parar em outros Estados, como “viajar na maionese”, que esteve em moda no Rio de Janeiro, e “deu pra ti”, nome de uma música de sucesso nacional da dupla Kleiton e Kledir. Há também aquelas que atravessam o tempo e, de tão antigas, não se sabe a origem, como “mãe do badanha”, “lá onde o diabo perdeu as botas”, “balaqueiro”, “tempo do epa”, “ariri pistola”, “lagartear”. Idioma exótico “Se existe um lugar do Brasil onde, junto ao português, se fala um idioma completamente exótico, esse lugar é Porto Alegre”, comenta a promotora de eventos Vera Molina, 43, que veio de São Paulo para os preparativos de uma feira de negócios em Novo Hamburgo. “Mas falo com respeito e admiração, porque aqui é uma das regiões do país onde melhor se fala o idioma brasileiro”, frisa Molina, no que é respaldada pelo professor Fischer. “Realmente há um cuidado em se falar corretamente, mas que não chega a conflitar com alguns pequenos deslizes, como o uso do tu sem a concordância ortodoxa”, observa. “Costumamos dizer “tu vai”, “tu foi” e não vemos problema nisso”. Exótico ou apenas diferente, o certo é que a maioria das expressões que formam o dialeto local são faladas há anos (ou “há horas”, no bom portoalegrês) e se agregam com naturalidade ao cotidiano da população, independentemente de posição social ou orientação cultural. Não é raro encontrar-se, numa cafeteria por exemplo, um engravatado executivo comentar que seu café está “tribom”, embora esteja “triquente” e que ele está “triafim” de mais uma xícara. Tanto é verdade que mesmo os críticos do fenômeno lingüís tico não escapam à sua influência; “Para mim esse modo de falar é chinelagem”, opina um cidadão que não quis se identificar, fazendo uso de uma expressão típica do dialeto porto-alegrês. Para saber mais O livro do escritor e professor da UFRGS, Luís Augusto Fischer, propõe uma catalogação de expressões e palavras típicas de Porto Alegre, acompanhadas de explicações históricas ou folclóricas, sempre muito divertidas. Cultura açoriana ganha refúgio em Gravataí Rafael Lamonatto A antiga Associação Amigos dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul tornou-se, em março de 2003, a Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul (CAERGS) na cidade de Gravataí. A instituição tem por objetivo fomentar e divulgar a cultura no Estado e manter viva essa tradição que muito influenciou na própria cultura gaúcha. As Casas dos Açores são representações das culturas açorianas espalhadas pelo mundo. Segundo o administrador de empresas e atual presidente da CAERGS e do Conselho Mundial das Casas dos Açores (CMCA), Régis Albino Marques Gomes, 45 anos, “hoje, 75% da população açoriana não vive nos Açores, basicamente no Canadá e nos Estados Unidos”. Nada mais justo que ter uma representação de sua cultura no seu país. No Brasil exis- tem quatro Casas do Açores, das quais todas integram o CMCA, que hoje conta com 11 Casas. Gomes afirma que o objetivo básico da CAERGS é divulgar a cultura açoriana no Estado. “Aqui no Rio Grande do Sul, a descendência açoriana é de quarta até a sétima geração, existe há mais de “Hoje, 75% da população açoriana não vive nos Açores”. 250 anos”, constata. A representação da CAERGS é muito grande. Para se ter uma idéia, antes da criação da Casa dos Açores no Rio Grande do Sul, existiam instituições semelhantes no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Hoje a CAERGS é uma instituição extremamente bem organizada, com departamentos diversos. Os mais conhecidos Fabiana Dias Gomes são o Rancho Folclórico e o Departamento de Cultura Gaúcha (DCG) Província do Quero-Quero. A fundação da CAERGS foi um grande passo para um grupo folclórico que trazia viva a cultura açoriana para o Estado do Rio Grande do Sul. Durante dez anos, o grupo Rancho Folclórico Estância Província de São Pedro foi dependente de um clube para a sua existência, mas em 2002 tornou-se independente e conseguiu a façanha de transformar-se em uma Casa do Açores. Foi com a vinda do Governo da Região Autônoma dos Açores, representado por dois funcionários, que auxiliou com informações sobre o funcionamento, mas vale ressaltar que todo o esforço, tanto institucional quanto financeiro, foi dado pelos próprios fundadores e colaboradores. A prefeitura da cidade de Gravataí auxiliou nessa idéia cedendo o que hoje vem a ser Rafael Lamonatto Casarão dos Fonseca, futura sede social da CAERGS um dos maiores objetivos da fundação. Foi dado à entidade o Casarão dos Fonseca, uma casa situada na rua Adolfo Inácio Barcelos com a rua Bernardino da Fonseca, no centro de Gravataí. O prédio, que foi construído em 1877, por filhos de açorianos, chama-se Solar da Magnólia, e estava em pés- simas condições quando a instituição ganhou o lugar. A restauração foi feita com o intuito de a partir de novembro de 2007 estar instalada a sede social da CAERGS. Restaurado, o Solar da Magnólia terá além de outras funções e espaços, uma biblioteca com um acervo muito rico sobre a cultura açoriana. Outro objetivo da casa é com o DCG, realizar no próximo semestre uma viagem à Europa, “o grupo irá representar o Brasil em festivais de folclore na Ilha da Madeira, dois festivais, e um na cidade de Trofa, ao norte de Portugal” conta Gomes. Nova morada do Laçador completa cinco meses Fabiana Dias Gomes Próximo a completar seis meses de inauguração do novo espaço, o Sítio do Laçador pode ser visto como um dos pontos turísticos com a melhor infra estrutura em Porto Alegre. O complexo conta com estacionamento próprio para os visitantes que chegarem ao local de carro e um espaço para ônibus, entre eles a Linha Turismo, que passa pelos principais pontos turísticos de Porto Alegre e agora inclui uma parada no novo espaço. O complexo turístico também tem um mirante, para que todos possam levar uma boa imagem do símbolo que hoje representa a cidade e o Estado, como cita a estudante de Nutrição Flávia Alessandra Dutra, de Porto Alegre. “Já passei varias vezes por este local mas devido ao difícil acesso não conseguia parar para admirá-lo”. O empresário Túlio Muller de Carvalho, que está fazendo um intercâmbio por cidades gaúchas, mostra muito entusiasmo com o passeio. Carvalho definiu como linda a estátua do Laçador. O espaço também possui bancos para acomodar quem quer descansar ou jogar uma conversa fora enquanto observa as subida e descida dos aviões do aeroporto Salgado Filho. O novo espaço inclui agora também um local exclusivo para a Chama Crioula (tocha que representa um dos símbolos da Revolução Farroupilha), onde se pretende finalizar todas as comemorações do 20 de setembro. O folclorista João Carlos Paixão Cortes, que serviu de modelo ao escultor Antônio Carigi para estátua do Laçador, em 1958, comenta que a mesma “hoje se encontra em um local apropriado, em dimensão maior que o anterior, agora escolas vão ao local com alunos para maior aproximação da nossa cultura junto à figura que simboliza o movimento tradicionalista”. Paixão Cortes ressalta ainda que não sugeriu muito na obra do sitio, devido a seus compromissos. Entretanto, por conhecer bem a equipe que desenvolvia o projeto, acreditou que a escultura estava em boas mãos. 10 Cultura julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Mil faces formam o dia e a noite do bairro Cidade Baixa, marcado por suas diversas alternativas Embora boêmio, sempre um bairro Emmanuel Denaui Joseane Cardoso e Emmanuel Denaui A Entretenimento é o destaque, tanto de dia quanto de noite, no bairro Cidade Baixa A noite da Cidade Baixa é conhecida por seus botecos, chopes, pubs com música ao vivo, bares tradicionais e baladas. O bairro, marcado pela sua diversidade, teve cinco dos seus estabelecimentos publicados e premiados no título Bares, do prêmio O Melhor da Cidade, pela revista VEJA, da Editora Abril. Se o assunto é relaxar depois do expediente, com certeza a rua Lima e Silva é muito lembrada como conta a advogada Clarice Ossen. “Venho à Lima e Silva para tomar uma cerveja, fazer um Happy Hour”, confessa. Descontração, cerveja, petiscos, conversa e é lógico, paquera, fazem parte do kit da hora tão esperada do dia. Bares da rua da República, José do Patrocínio e João Alfredo destacam-se como ponto de aquecimento para as baladas no final de semana, mas mantém o seu público fiel durante a semana, segundo o funcionário do Ossip (bar da rua João Alfredo), André Lacerda. O estudante de Publicida- Calçada ostenta fama Clássico elo de ligação entre Assis Brasil e Protásio Alves, duas das principais vias de Porto Alegre, a Avenida do Forte, nos últimos anos, vem ganhando destaque em outro segmento: a gastronomia. Restaurantes e lancherias de todos os gêneros estão transformando a conhecida avenida da Zona Norte em um novo pólo gastronômico da região. Variedade é a marca da Avenida do Forte no que se refere à gastronomia. São muitas alternativas de preço e sabores para todos os gostos. Famílias podem escolher entre as mais variadas culinárias, entre as quais chinesa, uru- Leonardo Ferreira Márcia Dihl Prédio histórico na Ilha da Pintada é local de encontro Taylor Alcântara da Silva Casal se conheceu na Calçada da Fama amigos, ser bem atendido e se sentir seguro. O casal Lisanea Azevedo, 28, e Márcio Longhi, 24, tem um motivo especial para freqüentar o local, pois foi num dos bares da Calçada que o namoro começou. “Poder tomar um vinho, comer bem e estar em boa companhia, quer coisa melhor?”, indaga Azevedo. Para o gerente de um dos bares, a região é atrativa, pois tem como diferencial a qualidade. O bom atendimento, conforto e a segurança têm o seu preço. Esse é outro diferencial para os consumidores da região. Mas isso não é problema pois, segundo o professor de Educação Física, Guilherme Costa, 28, é uma maneira de selecionar o ambiente. No entanto, alguns mora- dores do bairro desaprovam o burburinho causado pelos bares e pubs. “Gostaria que a rua voltasse a ter a tranqüilidade que ela tinha. Os bares trouxeram barulho, trânsito (os carros congestionam as ruas) e nem na calçada podemos andar mais pois, as mesas tomaram conta da passagem dos pedestres”, reclamou a antiga moradora, Clara Gaspary, 87. Novo pólo agita Porto Alegre Bruno Vinhola e Leonardo Santos Bairro 24 horas Um verdadeiro mix de oportunidades e histórias, não somente para os seus moradores, mas para comerciantes e vizinhos de bairro. Oferecendo cada vez mais novidades, o bairro possui dois supermercados, três cinemas, 25 danceterias de grande porte, estando ao lado do tradicional parque da Redenção e a dois grandes centros comerciais. Diariamente, pode-se registrar acontecimentos que marcam a vida dos que movimentam o comércio local, distribuindo muita energia e transformando a rotina da população. Segundo o proprietário da Banca da República, Fausto, não é necessário muito esforço para se apaixonar pela região. “É diferente de trabalhar, me sinto super bem, aqui é a minha verdadeira casa”, cita o jornaleiro. Padarias tradicionais, lanchonetes premiadas, bares alternativos, badalações e diversos atrativos. A cada dia, ou a cada noite, não importa, é só chegar e aproveitar. Van Gogh é um dos bares mais especiais da cidade. Sendo o único da Capital aberto 24 horas. Completando 45 anos de existência, nele é possível se ouvir muitos fatos marcantes, um deles com um de seus freqüentadores mais assíduos. “Uma vez, numa segunda pela manhã, íamos detetizar o restaurante, acreditando que o bar estivesse vazio, só após alguns minutos que nos demos conta que havia um cliente trancado no banheiro”, comenta, com bom humor, o sócio do bar, Cláudio Biosevan. Entretenimento é o destaque do bairro que complementa as opções da Capital gaúcha. Festa na Ilha da Pintada Márcia Dihl Gente bonita. Essa é a primeira idéia que vem à cabeça quando o assunto é Calçada da Fama. Mas engana-se quem pensa que o lugar se restringe aos belos. Entre a rua Fernando Gomes e a Padre Chagas existem muitos outros atrativos. Degustar um bom vinho, tomar café lendo um livro, jogar conversa fora entre um gole e outro de cerveja e, ainda, tendo a sensação de estar na Europa. A Calçada da Fama existe há dez anos e tornou-se conhecida por acolher famosos que apreciavam o charme das ruas, enquanto se reuniam em bares. Hoje, a região é um pólo comercial, repleta de escritórios, consultórios e prédios residenciais. A beleza das ruas fica por conta das grandes árvores que sombreiam as calçadas e dos bares que dão um ar europeu à região. “É como se eu estivesse em Paris”, diz o empresário, Sérgio Martins, 54 anos, freqüentador assíduo da Calçada. Ele comenta que é muito bom poder encontrar os de e Propaganda, Jonathan Romero, fala da sua preferência: “Na José do Patrocínio é mais a galera que curte o Rock’n’Roll, já a Lima e Silva é muito pop para o meu gosto”. Quando o assunto é balada na Cidade Baixa, não há distinção de ruas, a escolha é feita pela festa do momento. “Festa eu tenho ido mais na João Alfredo, acho que o momento está ali”, diz o estudante de Educação Física, Rogério da Costa Fortes. Mistura de classes, perfis, culturas com um único propósito, a diversão. guaia e mineira. Funcionários de empresas próximas, também, podem satisfazer as suas necessidades em restaurantes com preços mais acessíveis. O Gostos e Sabores, há nove anos na avenida, atinge esse tipo de público-alvo, oferecendo até mesmo café da manhã para os clientes. O analista administrativo da Sollo Pizza, instalada há um ano e meio na zona norte, Geovanni Filipetto, afirma que a Avenida do Forte está cada vez mais atrativa para a fixação de estabelecimentos comerciais. “A região tem o potencial de se tornar referência em gastronomia na cidade, como é hoje a avenida Plínio Brasil Milano”, afirma Filipetto. Um exemplo é o Cachorro do Bigode, um dos mais conhecidos lanches da capital gaúcha. Famoso há muitos anos na Galeria do Rosário, no centro de Porto Alegre, escolheu a Avenida do Forte para abrir há dois anos e meio, a sua única filial de bairro, devido ao crescimento da região. Inaugurado em 2005, o restaurante Engenho ganha espaço na Avenida do Forte oferecendo em seu cardápio a comida mineira e tendo a decoração rústica como principal característica. “O que mais nos chamou atenção foi o grande movimento de veículos que circulam na avenida”, diz o gerente Alberto Aimi, explicando o motivo da escolha do ponto na Zona Norte. Um dos estabelecimentos mais antigos é o restaurante Figueira. Situado quase na esquina com a Assis Brasil, desde 2 de abril de 1969, acompanhou todo o crescimento da região. Neto do fundador, o gerente Piero Silva Pereira conta que o Figueira tornouse famoso na região pela canja que é servida. Até mesmo moradores de outros bairros freqüentam o local. O estudante Gabriel Schindler Dihl, morador do bairro Menino Deus, relata que costuma freqüentar seguidamente os restaurantes da avenida. “Morei na Zona Norte quando era pequeno e me lembro que a Avenida do Forte não era tão abastecida de restaurantes como é hoje”, afirma Dihl. Dentre as ilhas do Delta do Jacuí, a Ilha da Pintada é a mais lembrada quando o assunto são festas noturnas. Os eventos ocorrem nos finais de semana, normalmente no sábado, tendo um intervalo de 15 dias entre elas. Acontecem na colônia de pescadores Z-5, que é um ponto de referência no local e tem fácil acesso tanto para barcos através de um pier como para carros. A colônia é alugada pelos produtores de eventos, suas equipes fazem toda a decoração do salão, explorando de todo o espaço disponível. Somente a copa pertencerá a direção da colônia. Os Dj’s são contratados pelas produtoras e tem seu próprio equipamento. São ecléticos quanto ao tipo de músicas tocando desde antiguidades como Beatles até os Funks que são moda nos dias de hoje. Em média cada festa recebe aproximadamente 500 pessoas por noite. O público alvo são jovens e adolescentes. A divulgação dos eventos começa algumas semanas antes do dia programado para a festa. Alessandra Gomes, 34 anos, moradora do local acha que a divulgação das festas esta sendo expandida. “Antigamente, as festas que haviam aqui na ilha quase não eram divulgadas e o público era somente os moradores do bairro, hoje são divulgados nas outras ilha e também no centro de Porto Alegre”, afirma. Além de ser um entretenimento para quem procura lazer e segurança, as Festas na Ilha da pintada oferecem uma bela paisagem e diversão garantida. Taylor Alcantara da Silva Colônia de pescadores Z-5 palco das festas noturnas Cultura Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 Em meio ao caos urbano, a arte conquista seu espaço com criatividade Novo museu Iberê Camargo Rodrigo Corrêa Xavier Situada na casa onde morou o pintor, a Fundação Iberê Camargo terá novo espaço na zona sul de Porto Alegre, em um terreno doado pelo governo, na Av. Padre Cacique, à beira do rio Guaíba. Agora, a obra de um dos artistas plásticos mais importantes do século 20 terá um museu com arquitetura e infra-estrutura dignas de seu acervo. Para assinar o empreendimento do novo museu foi escolhido o arquiteto português Álvaro Siza Vieira. A escolha foi feita pela esposa de Iberê, Maria Coussirat Camargo: “Me apresentaram vários arquitetos. Eu escolhi ele por ser português, afinal somos descendentes”. Vieira está trabalhando no projeto desde 2000, quando fez a sua primeira visita ao local. Ele está explorando cuidadosamente vários elementos como luz, textura, movimento e espaço. A intenção é proporcionar ao expectador uma experiência ainda mais rica ao visitar a obra de Iberê. O projeto lhe rendeu o prêmio Leão de Ouro, na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002. O museu, a exemplo das obras que serão expostas nele, será referência nacional. A Fundação Iberê Camargo foi criada em 1995, com o objetivo de preservar e divulgar o trabalho. O acervo possui mais de 7 mil obras deixadas a sua esposa. “O Iberê sempre me dava quadros e eu fui juntando uma espécie de acervo. Então depois que ele morreu tinha tudo isso. Foi assim que começou”, afirma Maria Camargo. Ela comentou com Jorge Gerdau sobre a idéia de criar uma fundação e então ele disse que ajudaria no projeto. “Ele é um grande fã da obra de Iberê e é atualmente um dos patrocinadores da fundação”. O novo prédio terá nove salas de exposições, distribuídas em três pavimentos, somado ao amplo espaço do primeiro andar, reservando 1,3 mil m² para mais de 4 mil obras do artista. Mas, o museu não pretende ser somente o local de exposições da obra de Iberê Camargo, e sim um verdadeiro centro cultural. Irá dispor de auditório, centro de pesquisa e informação, átrio, livraria e cafeteria, além de um estacionamento subterrâneo. Fábio Del Re Nova sede da Fundação, às margens do Guaíba Artistas alegram as ruas Keyla Souto Keyla Souto e Gabriel Belmont O Os artistas que se apresentam diariamente pelas ruas do centro de Porto Alegre despertam curiosidades em seu público e fazem a alegria das crianças, expressando sua arte e mostrando seus talentos com criatividade. Ao caminhar pelo centro da capital facilmente são encontradas figuras engraçadas chamando a atenção de todos que por eles passam. Os artistas de rua são assim chamados por utilizarem as ruas como seu palco e as pessoas que por elas transitam como seu público. A cada esquina encontram-se artistas desempenhando seu trabalho, músicos, atores, estátuas vivas, artistas circenses, uma diversidade de pessoas que se destacam em meio a todos por seus talentos curiosos. Apresentam-se também em casas noturnas, festas infantis e costumam visitar asilos e hospitais, em busca de oportunidades de demonstrar a qualidade de seu trabalho. “Sou artista de rua porque amo a arte e a cultura, preciso trabalhar para me sustentar, porém fazendo minha arte procuro levar alegria à crianças e idosos, não apenas na rua, mas em asilos e outros lugares que visito”, afirma Antônio Santos, 38 anos palhaço e vendedor de balões. Enfrentando o cansaço e as mais diversas temperaturas, os artistas de rua sustentamse com o que ganham e são valorizados por seu público. Mas a sobrevivência não é o único motivo que os levou às ruas, muitos destes artistas amam o que fazem e o objetivo de sua arte, como denominam, é levar alegria para todos. Histórias de artista Adentre no Parque da Redenção rumo ao chafariz central. Caminhe pela calçada, olhe para os bancos e lá estará ele sentado, com o seu constante carisma, sempre disposto a ter um dedo de prosa. Ao som da sua harmônica, o musicista Paulo Augusto inicia a narrativa que conta a trajetória de sua vida e afirma ser um livre pensador. Paulo Augusto lança este ano o oitavo volume de uma coleção de discos intitulados Harmônica Romântica. O músico é, também, o produtor de suas obras e comenta que, desde cedo, teve grande apego pela música. “Eu só não toquei na barriga da minha mãe porque não tinha gaita de boca. Acho que comecei a tocar com um pouco mais dos três anos de idade”, declara. Paulo Augusto, natural de Carazinho, aos oito anos de idade foi para um colégio interno, aos 11 perdeu a mãe e aos 16, o pai. A vida complicada destacou o seu talento e sensibilidade para as manifestações artísticas. Aos 18 anos, relata, teve o auge de seus poemas. Escreveu versos que, em pleno 2007, o surpreendem pela criatividade. Constatando a teoria de que ser artista é, também, questionar o mundo e refletilo, o instrumentista afirma ser Palhaço e vendedor de balões cativa o seu público na Andradas um “livre pensador” e enfatiza a sua opinião sobre a vida e o tempo. “Viver é vencer todos os obstáculos contrários a isso. E o tempo para mim não existe, o que existe são as conseqüências dos atos. O tempo é uma maneira para dominar a humanidade”, relata. O artista conclui: “o que chamam de tempo predispõe às pessoas a fazerem as coisas dentro da ordem. Se tirar das pessoas o hábito de medir o tempo elas vão ficar perdidas, sem saber o que fazer”. Os seus discos passam Ipanema: capital do lazer Xaene Pereira O calçadão na beira do rio, o entardecer que a natureza oferece e os bares ao longo do caminho, compõem a forma perfeita para o lazer dos moradores e visitantes de Ipanema. A avenida Guaíba é o ponto estratégico para quem busca um diferencial em termos de descanso e tranqüilidade. Diariamente, incluindo finais de semana e feriados, esse é o trajeto de muitas pessoas. Caminhadas pela manhã para manter a saúde em dia, chimarrão com os amigos para assistir ao pôr-do-sol, sentar em um bar para relaxar e sair da rotina são alguns dos motivos que atraem essas pessoas até o bairro. Para a estudante, Stella Bruna Gutierrez, 20 anos, moradora do bairro e adepta de Lado caminhadas, o diferencial está nas pessoas que freqüentam o calçadão. Segundo a estudante, não é preciso se preocupar em caminhar sozinha, pois sabe que sempre é possível encontrar algum conhecido ao longo do caminho, visto que a maioria do pessoal que freqüenta a “beira da praia” (como é chamado o calçadão por diversos moradores), acaba por criar um círculo de amizades, tornando-se parceiros também para outras atividades. Além da atividade física, a estudante ainda menciona um gosto diferenciado “para acompanhar um chimarrão, nada como uma caipirinha de laranja em um dos bares ali do calçadão”. Os bares são outro atrativo, muito freqüentados, principalmente por visitantes de fora do bairro. Além do tradicional atendimento noturno, B da arte da Capital Bruna Lago 11 Xaene Pereira alguns desses estabelecimentos estão abertos à tarde tendo um bom retorno do público diariamente. Conhecido há 28 anos na Zona Sul, o Destaques Bar, tradicionalmente chamado de Bat Bat, é sempre mencionado por pessoas quando em entrevista sobre lugares que costumam freqüentar em Ipanema. A dona do estabelecimento nos últimos 19 anos, Miriam Saicosque, sabe na ponta da língua o diferencial de seu bar: “Petiscos variados e gostosos além da cerveja sempre bem gelada”. Além de bares e uma paisagem indiscutível, o lazer em Ipanema ainda conta com a ciclovia, redes montadas para vôlei e cama elástica nos finais de semana para diversão infantil. São diversas atividades para atrair mais pessoas para Zona Sul. No Ano de 2007 a Bienal do Mercosul não estará sozinha. Paralelo a este evento acontecerão outras mostras de arte e uma delas pretende modificar a cena artística do Rio Grande do Sul. Entre o dia 1º de setembro e 18 de novembro, o projeto Bienal B será exposto , em diversos locais de Porto Alegre, mostrando um outro lado, da cidade anfitriã da 6º Bienal do Mercosul. O seu foco é a arte local, visando uma ampliação das reflexões para o público, propiciando mais visibilidade para os artistas. Aproveitando a repercussão que a Bienal do Mercosul gera no grande público, um grupo de artistas idealizou o projeto Bienal B. Esse projeto pretende inserir a arte no dia-a-dia das pessoas, mostrar que ela é feita com coração, com sentimento. A articuladora geral do projeto, Gaby Benedyct faz questão de frisar: “ A Bienal B é um instrumento de divulgação de artistas, fomentação por diversas cidades do Rio Grande do Sul e, também, por alguns Estados da região Sudeste do país. A Harmônica Romântica é uma agradável e lírica coleção que apresenta clássicos nacionais e internacionais, custando R$ 15 cada volume. De acordo com Paulo Augusto, é muito mais vantajoso comprar um de seus discos, do que comprar discos vendidos em lojas, pois seus volumes têm um custo menor e apresentam grande quantidade de faixas, chegando até vinte músicas. Vista à beira do Guaíba encanta freqüentadores da praia de Ipanema de cultura” e complementa: “ Estabelece pontes entre público e artistas”. Segundo ela, as pessoas vivem de uma forma muito individual, parece que não há opções o que não é verdade, querem carinho e coração e isso a arte tem muito a oferecer. O projeto recebeu inscrições de artistas interessados em participar. As inscrições estão encerradas, no entanto o site esta aberto para quem quiser ajudar na organização das mostras e disponibilizar espaços para as exposições. “Quem quiser oferecer um espaço para a Bienal B com certeza será bem vindo. “Nós precisamos de espaço e disposição” afirma Benedyct. Ela explica também que existe um termo de responsabilidade do artistas, que especifica que a Bienal B e o espaço são isentos de responsabilidade contra dano ou contra risco sobre a obra. O Joy Divison Pub, que fica no bairro Cidade Baixa confirmou parceria com o projeto, estará aberto a partir do dia 18 de agosto para uma serie de encontros informais. Acontecerão oito encontros durantes os sábados ás 17horas, onde serão debatidos temas polêmicos e interessantes sobre arte, criando assim uma ponte artistas, articuladores e o público em geral. Dessa maneira aberto para novas parcerias, o projeto conseguiu se solidificar sem a necessidade de verba. Benedyct explica que a Bienal B não trabalha com dinheiro. A articuladora geral destaca também que a Bienal B não esta se colocando em oposição a Bienal do Mercosul, não é concorrente, mas simpática a todas e quaisquer outras propostas paralelas á Bienal. O site www.bienalB.org está aberto para quem quiser divulgar a sua mostra artística. Funciona como um guia online, para conhecer as exposições e os artistas previamente. 12 Cultura julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Com o bom momento dos clubes, torcedores comparecem aos estádios Torcida é fundamental Mariah Amorim Arquivo Fábio Ott O Torcedores da dupla GRENAL aparecem como principais responsáveis pelo sucesso dos times A assessoria de imprensa do Internacional também foi consultada, mas preferiu não emitir opiniões sobre os seus torcedores. Mas não é só nos estádios que essa paixão se manifesta. Nas conversas entre amigos, é um dos principais assuntos e sempre rende intermináveis discussões. O colorado Charles Correia, defende que a Libertadores é uma prioridade gremista e que os demais clu- bes do país não dão tanta ênfase a essa conquista. “Em todas as rivalidades entre clubes brasileiros, o principal aspecto a ser considerado é o confronto direto. Só os gremistas se gabam de ter mais títulos da Libertadores que o rival”, afirma Correia, que conclui: “No confronto direto eles são filhos, e nem vou falar em segunda divisão para não humilhar ninguém”. Para o gremista Fernando Moura, O Grêmio tem muito mais tradição e renome fora do país do que o rival. “O Internacional foi justificar seu nome somente no ano passado. Ainda assim, algumas emissoras de televisão o apresentaram como Inter de Santa Maria, ou Inter de Milão, o que é uma vergonha. Até o site da Fifa, que eles tanto amam, anunciava o confronto contra o Barcelona exibindo o distintivo do São Paulo”, afirma Moura. Psicologia explica o fanatismo Segundo o dicionário Aurélio, fanático é aquele que adere cegamente a doutrina ou partido, que tem grande dedicação ou amor a alguém ou algo. A psicóloga Thaiza Ávila define o fanático como alguém que está tão afinado com a ideologia coletiva que ela basta como canal para a expressão de seus sentimentos. Ávila também diz que as pessoas procuram grupos como suportes, assim quando um jovem torcedor procura uma torcida organizada, por exemplo, irá se inserir num grupo que funcionará para ele como apoio e, conseqüentemente, este fará parte de um todo. “A partir do momento que o indivíduo, de maneira geral, passa a ser dominado por uma força maior, ou seja, que as vitórias, derro- tas e ofensas sejam tomadas como algo pessoal, pode-se gerar atos de violência e brutalidade e isso, pode ser considerado como uma doença”, afirma Ávila. Aplicando essas teorias psicológicas nos nossos torcedores, que mais do que gostar, amam (ou odeiam) jogadores e técnicos, fica fácil entender o porquê de tanta devoção aos clubes. Paredes pintadas, cartazes representativos, desenhos espalhados. A arte não se restringe às grandes galerias, está em todas as partes. O trabalho de grafiteiros e artistas muda as ruas da Capital. Projetos realizados pela a prefeitura, por ONGS ou pelos artistas resgatam uma criatividade muitas vezes banalizada e mal interpretada. Pintar muros pode ser considerado vandalismo, poluição visual, mas para o coordenador adjunto da Descentralização da Cultura, Lutti Pereira, é uma maneira de levar arte e cultura à periferia. Diz que a Descentralização, departamento da Secretária da Cultura, atende grande demanda de projetos relacionados ao Grafitti e Hip Hop, além de dança, teatro e vídeo. As 75 oficinas realizada por ano, duram oito meses e tem os temas escolhidos pelas Comissões de Cultura das 17 regiões da Capital. No ano passado, com apoio da Secretaria da Cultura, grafiteiros pintaram diversos viadutos e o muro da av. Maúa. Iniciativas de artistas abrem espaço para a arte urbana. A Galeria Mundo Arte Global foi inaugurada em setembro de 2006, por jovens grafiteiros. O designer e organizador, Emir Sarmento, fala da idéia de criar um local aberto, para exposições coletivas: “Queríamos familiarizar as pessoas com o ambiente urbano.” Hoje, além da mostra coletiva, foi criado um ambiente para exposições individuais. No espaço está também a loja de roupas alternativas Salada Atômica, e no interior da casa há um local para happy hours e música ao vivo. “ Queremos ser um espaço cultural. Nos sábados promovemos oficinas de yôga, malabares e também workshops, onde as pessoas trazem objetos para serem pintados”, afirma. O grupo que compõe a ONG Instituto Trocando Idéia de Tecnologia Social Integrada começou há oito anos, com um encontro de Hip Hop que chega à nona edição. Para a divulgação e inclusão da arte urbana, o grupo desenvolve eventos em diversas áreas de atuação dentro da cultura Hip Hop. Este ano, construíram a “Biblioteca Dialógica Pedro Ghóes”, no Morro da Cruz, onde, no ano passado, 20 meninas pintaram as fachadas de 20 casas. A presidente da ONG, Fabiana Menine, sabe da dificuldade enfrentada pela arte de rua, mas acredita que ela está ganhando reconhecimento. A ONG busca transformação social através da arte, incentivando a pintura de murais temáticos em locais de acesso público. Em 2006, a segunda edição do projeto Identidade de Rua reuniu 40 artistas que atuaram na pintura de mobiliários, grafitti, toy art e de quatro carros do trem urbano de Porto Alegre. Arquivo pessoal / lostart.com.br Os torcedores do estado nunca estiveram tão eufóricos. Gremistas e colorados vêm incentivando os seus times aos grandes êxitos alcançados pelos clubes, principalmente nos últimos dois anos. Quem vai ao Olímpico e ao Beira-Rio presencia dois espetáculos: O do time e o da torcida. Os clubes, envolvidos em competições internacionais, contam novamente com o apoio do torcedor. A torcida do Grêmio canta, vibra e empurra o time durante o jogo inteiro. Isso tem arrancado elogios de toda a imprensa brasileira e é considerada a melhor torcida do Brasil. A do Internacional não fica atrás. Ano passado, levou o time as suas maiores conquistas, lotando o Beira-Rio e intimidando os adversários do colorado. O assessor de imprensa do Grêmio, Haroldo Santos, afirma que o Olímpico é freqüentado por todos os tipos de torcedores. Desde os mais fanáticos até aqueles que vão ao estádio somente para assistir aos jogos com suas famílias. “O torcedor gremista acredita no Imortal Tricolor”, diz Santos. Outro motivo de orgulho é a média de sócios presentes nos jogos, cerca de 24 mil contribuintes do Grêmio. Santos afirma também que apóia qualquer atitude do torcedor gremista, desde que favoreça o espetáculo. Atitudes violentas e anti-desportivas são condenadas pelo Grêmio. O clube ainda faz um apelo aos torcedores que vão ao estádio: “Que os torcedores gremistas torçam e torçam, cada vez mais pelo tricolor, sempre acreditando”. ARTE URBANA CONQUISTA ESPAÇO Grafiteiros em ação pela cidade Bandas na rede Música em movimento Eduardo Nunes Hoje tudo está mais fácil para as bandas do cenário independente. A divulgação dos seus trabalhos pode ser feita de uma forma muito simples. Isso se deve aos sites que abrem espaço para o artista expor o seu trabalho. Muitos grupos conhecidos que atualmente fazem sucesso começaram assim, disponibilizando as suas músicas e conquistando espaço com os seus fãs virtuais. Um exemplo é a banda Fresno que alcançou notoriedade no cenário nacional. Segundo o vocalista da banda, Lucas Silveira, o “Paraíba”, o início da banda foi complicado como é para os músicos em geral. “Nossa principal arma foi a internet mesmo, porque lá está concentrado o nosso principal público, que é a gurizada”, diz Paraíba. Hoje, os fãs são responsáveis diretos para o sucesso das bandas. Basta ver a ação dos Street Teams, que são equipes de pessoas que têm em comum a afeição por uma banda ou artista e, por isso, querem ajudar essa a crescer cada vez mais. No Street Team da Fresno, as coisas funcionam assim: as atividades que devem ser re- alizadas são organizadas através de missões. A cada 15 dias, os integrantes receberão por e-mail uma tarefa a ser feita, por exemplo: ligar ou mandar e-mail para uma rádio pedindo que toquem Fresno. Com isso, além de ajudar seus ídolos, os membros participam de sorteios envolvendo material do grupo (CD’s, camisetas, bonés etc.). Também, são liberadas músicas exclusivas na rede e somente quem é do time pode ouvir antes. Paraíba fala sobre a importância da internet para a Fresno: “Não seríamos nada do que somos hoje se não existisse meios de divulgação alternativos, afinal as músicas não tocam no rádio a toda hora e o clipe não passa direto na MTV. A banda conquistou o público e o respeito que hoje tem em todo o país por causa da divulgação que aconteceu apenas pela internet e através do bom e velho boca-a-boca”. Fica claro que as inúmeras possibilidades abertas pelo mundo virtual diminuem a dependência de novos artistas em relação a indústria fonográfica. Tanto é que algumas bandas se dão ao luxo de disponibilizar álbuns na íntegra em seus sites. O TramaVirtual, pioneiro no Brasil possibilita a criação de uma home page personalizada com espaço para divulgação dos trabalhos, fotos, telefone de contato, eventos, etc. Além disso, o site contém muita informação para quem quer ficar atualizado sobre o cenário musical independente. Visite www.tramavirtual.com.br. Verônica Lara Transmitindo emoções e provocando reações através da musicalidade. O projeto Descentralização de Cultura é organizado pela Associação de Moradores do bairro Jardim Ipiranga (Asmoji), com apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Realizado duas vezes por semana no Colégio Dolores Alcaraz Caldas tem por objetivo ensinar música à comunidade. “Como aluna do projeto, juntamente com a comunidade, busco priorizar e destacar a música e a cultura que estão presentes nas ruas de nosso país, que nem sempre são vistas e valorizadas”, declara Juliana Silveira, 19 anos que frequenta a oficina de música. O músico Jorge Foques é voluntário no projeto como professor de música. Com vasto conhecimento em instrumentos musicais, em des- Ricardo Giusti Apresentação anual de música na Praça 20 de Novembro taque o violino, o professor aprofunda a teoria e a prática do violão e teclado. Foques também organiza acontecimentos musicais, como o Nós da Noite, que busca reunir em bares da Cidade Baixa músicos da grande Porto Alegre. As oficinas musicais são realizadas há seis anos. No fim de cada ano, os alunos se organizam para apresentar um concerto musical para a comunidade do bairro. Cada participante toca e canta uma música de escolha própria que foi ensaiada. Para o presidente da Asmoji, Adroaldo Corrêa Barboza, há necessidade de mais ajuda das entidades públicas da Capital para levar através desse e de outros projetos conhecimentos diversos às comunidades. As aulas ocorrem no Colégio Dolores Alcaraz Caldas, na rua Afonso Celso Pupe da Silveira 25, bairro Jardim Ipiranga, todas às quartas-feiras, das 18h às 21h e aos sábados das 14h às 17h, gratuitamente. Bares atraem o público na Goethe Roberta Lotti As casas noturnas da avenida Goethe foram trocadas por bares e pubs que vem atraindo cada vez mais o público. Atualmente, a única casa noturna na Goethe é o Manara, que abrange todas as tendências musicais e tenta atrair um público alternativo e de idade variada. Segundo o proprietário do local, Felipe Di- martino, em julho desse ano a casa começa com um projeto venerão (todos os estilos musicais) nas quartas-feiras, afim de atrair os freqüentadores dos bares e pubs. Em época de jogos, os bares e pubs lotam de torcedores, que chegam em torno das 18 horas e normalmente ficam até a hora de fechamento dos bares. Entre os mais freqüentados está o Twister bar, El Molino, Beer Streate, Tropicalli e Kripton. “Twister é o bar dos torcedores. A galera vai torcer quando tem jogo e acaba virando a noite, seja na quarta no sábado ou no domingo”, afirma o barman e também integrante da banda de pagode Inovação, Cleandro Carvalho. Os bares e pubs oferecem comida mais barata e cerveja mais gelada, contam com ambiente aconchegante, grupos de pagode aos domingos, televisão ao vivo, onde normalmente passam os jogos. E na disputa para atrair o público, a única danceteria da Goethe, a Manara, improvisa com som mecânico na pista de cima a noite toda, uma banda na pista de baixo, globos de espelho no teto, jogos de luzes, e som eclético, como emo, forró, pagode, metal e rock. Cidadania Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 iapi: pedacinho do interior Karen Vidaleti Há 60 anos iniciavam-se as obras do primeiro conjunto residencial do país. Construído pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) para amenizar os problemas habitacionais resultantes do crescimento populacional na região periférica de Porto Alegre, o Conjunto Residencial Passo D’Areia é conhecido pela sigla do instituto, IAPI. Projetado durante o Estado Novo, segue o modelo europeu chamado cidade-jardim, o qual busca harmonizar as construções e o ambiente natural. Inaugurado em 1953 por Getúlio Vargas, o residencial, que muitos moradores atribuem o status de bairro, representa muito bem a política populista da época. Inicialmente, as moradias eram destinadas a operários e associados ao instituto. Foi desse modo que o pai e o marido de Leny Lopes, 67 anos, moradora há 12 anos, passaram a residir no local. Segundo Lopes, as maiores mudanças ocorreram nas regiões próximas: ”O IAPI ficava no fim da cidade, nós nem conhecíamos a Plínio (avenida), que era chamada Estrada da Pedreira, nem íamos para lá, pegávamos o bonde na Brasiliano Índio de Moraes em direção ao Centro”. Moradora desde um mês de idade, Marisa Ramos, 55, define o IAPI como “um pedacinho do interior dentro da cidade grande”. Ela reside no Condomínio da Figueira, o mesmo em que viveu Elis Regina, e como amiga da cantora, mostrou-se contente com a homenagem que será colocada no “bairro”. “Admiro a Elis, ela foi uma irmã que deu certo. Então é gratificante, pois vim acompanhando-a desde o Clube do Guri”, confessou. Mesmo quem deixa o “bairro” guarda lembranças. É o caso do jornalista David Coimbra, 44, que ainda mantém contato com os amigos da adolescência e recebe fotos da época vivida no lugar. O IAPI, muitas vezes, cenário das crônicas de Coimbra, também, pertence à história de quem nele viveu.“Os amigos, as brincadeiras, os jogos de futebol, as primeiras namoradas, as primeiras saídas à noite. O IAPI é parte disso”, relatou Coimbra. Cresce a circulação de deficientes visuais no centro de Porto Alegre Luta cotidiana dos cegos Marília Miños D Devido a necessidades cotidianas, os deficientes visuais criam coragem para circular no movimentado centro da capital. Apesar dos obstáculos apresentados, como camelôs, orelhões, carros, eles recomeçam diariamente sua rotina rumo ao centro porto alegrense. Atualmente, portadores de deficiências visuais destacamse em meio à multidão das principais ruas da Capital. Essa capacidade de mobilidade é conseguida de uma forma pessoal, pois 60% desses deficientes sofre ao andar sozinho nas ruas, não só com o medo de locomoção sem a visão, mas com o preconceito da população. Sair às ruas torna-se um desafio diário. Com a falta de visão é extremamente complicado desviar da mercadoria dos camelôs, outra dificuldade citada pelos cegos são os desníveis nas calçadas que são imperceptíveis ao usar a bengala, o que dificulta um caminhar tranquilo. “Um sinal de trânsito, uma saliência na calçada, poderia nos ajudar, quase fui atropela- do quando um motorista ao avançar o sinal não me viu, um pedestre me ajudou, normalmente isso facilita muito minha vida sempre fica complicado sabe, vários deficientes têm acompanhantes ou um cão guia, mas no meu caso devido à dificuldade financeira minha única companheira é a bengala”, afirma o vendedor de jogos da Mega Sena, João Vilmar Fonseca, 54 anos, deficiente visual desde os 14 anos. Acessibilidade significa não apenas permitir que as pesso- Internet pela rede elétrica Beto Rodrigues Imagine ligar o seu computador direto na tomada e, automaticamente, estar conectado à internet. Um projeto da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação de Porto Alegre (Procempa) adota a tecnologia, chamada de Power Line Communication (PLC), que utiliza a rede de energia elétrica para a transmissão de dados, voz e imagem com conexão em banda larga. Em parceria com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), com o Centro de Tecnologias Avançadas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (CETA-SENAI) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentro do Programa de Pós-graduação em Computação (PPGC), a Procempa inaugurou, no final do ano passado, a primeira rede que utiliza tecnologia PLC no Rio Grande do Sul. O Diretor Técnico da Procempa, Zilmiro Tartari, afirma que, no Brasil, a tecnologia é bastante nova e está em fase experimental. Porém, mundialmente, se encontra em estágio avançado, funcionando em vários países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Segundo ele, “em alguns países, essa tecnologia já possui projetos em escala comercial”. Quatro pontos na Restinga O objetivo inicial do projeto foi possibilitar o acesso rápido à rede mundial de computadores, em quatro pontos da Restinga, bairro mais distante da região central de Porto Alegre. A CEEE levou cabos de fibra óptica até a subestação daquela região e, a partir de lá, criou uma rede de 3,5 Km de média tensão. No trajeto, foram criados quatro pontos em PLC: no Centro Terminais disponíveis no saguão do Centro Administrativo da Restinga Administrativo Regional da Restinga (CAR), no posto local do SENAI, na Escola Municipal Senador Alberto Pasqualini e, também, no Posto de Saúde Macedônia. No CAR, dois totens com computadores conectados em PLC encontram-se no saguão. Um aberto ao público, para uso da comunidade local, e outro da CEEE, voltado à utilização de serviços da companhia tais como pedidos de religação de luz, consulta de contas, entre outros. Segundo o Coordenador de Governança Local e Coordenador Regional do Orçamento Participativo da região da Restinga, Estevão Melnitzki, que possui escritório no CAR, ao lado do saguão, o tempo de acesso estipulado por pessoa é de dez minutos. Melnitzki diz que, atualmente, em média 30 pessoas utilizam os computadores diariamente. A Hypertrade Telecom, que representa, no Brasil, equipamentos da empresa Mitsubishi é, também, parceira da Procempa no projeto e forneceu os modens e amplificadores necessários para converter o sinal na rede. “Em função da qualidade da rede elétrica, o sinal sofre oscilações e perda de potência. Os amplificadores, a cada 500 ou 600 met- ros, potencializam, renovam e reinjetam o sinal”, afirma Tartari. Segundo ele, utilizando apenas um modem é possível fazer com que qualquer tomada de um prédio, por exemplo, tenha conexão à internet. 45 megabits por segundo Comparando com a banda larga convencional, o PLC se destaca pela velocidade da conexão. Tartari afirma que, enquanto uma conexão em ADSL tem, em média, um megabit por segundo, a conexão PLC proporciona a velocidade de 45 megabits por segundo. “A transferência de arquivos no ADSL leva, em média, 45 segundos. Para transferir um arquivo usando PLC, são necessários seis segundos”, compara o diretor que diz, ainda, haver em outros países, projetos com equipamentos mais avançados que utilizam a conexão com 200 megabits por segundo. Com relação aos custos, o diretor afirma que, por enquanto, a tecnologia não é a mais barata: “Exatamente por ser ainda nova e não ser desenvolvida em escala aqui no Brasil. A medida que os fabricantes começarem a fabricar equipamentos em escala, com certeza os custos irão baixar”. as com deficiências participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços, e informação, mas a inclusão e extensão do uso desses por todas as parcelas presentes na circulação urbana. “Trabalho, caminho, freqüento academias tudo isso com ajuda da minha irmã, pois o que mais me atrapalha são os camelôs eles são desorganizados, espalham suas mercadorias por toda a calçada nem pensam em nós”, diz a deficiente visual, telefonista há 25 anos, Fátima Fadine, 52. O secretário municipal de Acessibilidade e Inclusão Social, Tarcízio Teixeira Cardoso, obteve do diretor de Trânsito e Circulação da EPTC, José Wilmar Govinatzki, o compromisso de instalação até agosto de 2007 de botoeiras sonoras para facilitar a travessia de pessoas com deficiência visualem faixas de segurança para a implantação das sinaleiras com botoeiras sonoras são pontos estratégicos nas principais ruas do centro da Capital. Iniciativa voluntária movimenta belém novo Oscilações na rede são obstáculos “A rede no país ainda é bastante precária para desenvolver e implementar essa tecnologia em grande escala”, diz Tartari. “Enquanto no Brasil temos um transformador para cada 40 ou 50 famílias, no exterior esse número é de quatro ou cinco famílias por transformador”, completa. Mesmo assim, o diretor é otimista quanto ao projeto e a tecnologia. “Eu diria que nos próximos dois ou três anos nós teremos projetos com essa tecnologia em grande escala no Brasil”, diz. Segundo ele, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está em fase de regulamentação da tecnologia e dos equipamentos: “Existe um Comitê que discute o assunto, que está trabalhando em cima das normatizações”. Tartari explica que, para a tecnologia chegar à uma escala comercial, são necessários, também, outros estudos e investimentos. “A operadora de energia, por exemplo, para liberar a rede, quer ser remunerada. Mas, ainda não existem parâmetros bem definidos para se trabalhar essa questão comercial”, comenta. Quanto aos investimentos aplicados no projeto até agora, Tartari explica que “foram mais em termos de inteligência humana”. Segundo ele, a CEEE entrou com a parte técnica e os caminhões para fazer conexão nos postes, o SENAI com os laboratórios de medição para medir as interferências, o nível de ruído e os ajustes de equipamentos, a UFRGS contribuiu com estudo e pesquisa e a Procempa com a parte da comunicação. Tartari diz que o governo federal manifestou interesse em aportar recursos para desenvolver o projeto para fins de inclusão social, afirmando, ainda, que a Procempa recebeu consultas, de algumas empresas da Restinga, para instalação de internet via PLC. Anna Paula Medeiros Barbosa Max Antunes 13 Voluntários promovem a ressocialização no Chapéu do Sol Anna Paula Medeiros Barbosa Problemas como criminalidade, violência e falta de oportunidades, freqüentemente são encontrados em diversas regiões do país. Pensando nisso, voluntários possibilitam a mudança de uma realidade precária, na zona sul de Porto Alegre, com a criação da ONG Núcleo Comunitário Belém Novo, proporcionando a ressocialização do loteamento Chapéu do Sol. Segundo o presidente do núcleo , Major da 21º Cia da Brigada Militar, Antônio Marco Cidade Bevoneci, mais conhecido como Cidade, a iniciativa surgiu da necessidade de trabalhar as vilas da zona sul por uma questão social e pelo tráfico de drogas. Inicialmente, moradores do local não permitiam a entrada da Brigada Militar. A avenida Juca Batista, com frequência, era bloqueada pela população, influenciada pelos traficantes do local, uma vez que essa aproximação poderia ameaçar o comércio de entorpecentes. O núcleo, que existe há cinco anos, teve a sua primeira tentativa de contato com a população da região em 2002, com a distribuição de sopa às famílias. Desde então, outras pessoas se interessaram pelo trabalho, tanto que a sua distribuição ocorre até hoje todas as sextas-feiras. A ajuda de moradores do loteamento Terra Ville e uma doação de R$ 15 mil pelo presidente do Conselho de Administração da RBS, Jaime Sirostky, foram fundamentais na construção de sua sede. A ONG possui diversos cursos profissionalizantes e também conta com o auxílio do ex–jogador gremista, Tarcísio de Sousa,como voluntário, transmitindo para crianças de sete até 14 anos lições de cidadania através do esporte. A atividade leva em consideração o rendimento escolar da criança, como forma de relacionar esporte e educação. Atualmente, a escolinha de futebol possui 130 alunos, despertando assim os seus sonhos e proporcionando a noção da realidade, para que no futuro possam usufruir de um vida longe das ruas e da criminalidade. O sonho de ampliação do núcleo parece estar próximo de ser concretizado.Uma parceria envolvendo empresas como Gerdau e Klin Lavanderias trará mais oportunidades de trabalho aos moradores, assim como boa infra-estrutura, que possibilitará uma melhor forma de levar cultura e informação à uma realidade excluída pela sociedade. “Nossa utopia é viver sem muros”, disse o vice-presidente do projeto e consultor do Loteamento Terra Ville, José Maria. Kroff Filho. 14 Cidadania julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Clube investe em ações sociais e esportivas pensando no futuro Novo conceito em esporte Fernando Ferreira Cassius Zeilmann e Ney Martins F Formar atletas e se tornar um grande clube empresarial. É isso que o Porto Alegre Futebol Clube, de propriedade de Roberto Assis Moreira, está fazendo. O clube disponibiliza aos seus atletas uma infra-estrutura parecida com os complexos esportivos de times da primeira divisão do Brasil. É objetivo do clube integrar questões sociais com as esportivas, fazendo uma parceria com o Instituto Ronaldinho Gaúcho, que não está em atividade no momentononsequisi. Em janeiro de 2006, Assis comprou o Lami Futebol Clube. O empresário aluga a área do antigo clube, tendo um centro de treinamento (CT) e alojamentos que abrigam 22 atletas. No entanto, adquiriu um terreno na Restinga, onde está sendo construído uma arena poliesportiva, com capacidade para 40 mil pessoas. A previsão de entrega é para o final de 2008. Baiano, jogador mais antigo do clube, passou por diversas equipes entre elas Portuguesa, Olaria e Mesquita, todas no Rio de Janeiro, e afirmou que “clu- Baiano (esquerda) em ação contra o Cruzeiro de Porto Alegre, no estádio Parque Lami bes da primeira divisão do Rio não oferecem estrutura como a do PoAFC”. Baiano, joga de volante, tem 29 anos e passou por três peneiras até ser aprovado nos testes do time gaúcho. O Porto Alegre trabalha como uma empresa, atingindo as suas metas. “O trabalho está dentro das nossas expectativas”, disse o supervisor de futebol, Denilson Fraga. O clube lidera o seu grupo na Segundona Gaúcha. O clube também se envolve em ações sociais, tanto que tem um projeto chamado R10. Esse projeto é uma espécie de escola de futebol no Japão, Oriente Médio e EUA, fazendo um intercâmbio entre jogadores desses países com os brasileiros. Além disso, divulgar a marca R10, do craque Ronaldinho. No meio do ano, o clube vai abrir as categorias de base do mirim ao juvenil. Os jovens vão receber moradia, refeição, estudo, acompanhamento psicológico e salário para jogarem no PoAFC. O clube pretende formar atletas para lucrar em futuras negociações com grandes equipes da Europa. É o caso do jovem zagueiro Wagner Silva, de apenas 17 anos, que teve o seu passe vendido ao Barcelona, conforme afirma Fraga. O PoAFC quer consolidar o seu espaço entre as grandes potências do futebol gaúcho. Com a formação de jovens jogadores, as possíveis vendas no futuro devem render milhões a Assis, que hoje é um dos mais conceituados empresários do futebol mundial. Baixo número de escolas PPNE’s Everton Chaves e Leonardo Ferreira Em Porto Alegre, existem 2,2 mil alunos especiais registrados na Rede Municipal de Educação, entre escolas de educação para necessidades especiais e as escolas convencionais. No entanto, o número de alunos matriculados ainda é baixo, visto que a quantidade de crianças e adolescentes com deficiências é superior aos registros da Rede Municipal. O que pode justificar essa problemática é que existem apenas quatro escolas preparadas para esse tipo de educação. Conforme informações do Secretário Adjunto do Núcleo de Educação Especial de Porto Alegre, Adilso Corlassi, existe um baixo número de escolas de educação especial, que comportam 617 alunos portadores de necessida- des especiais, o que, no entanto, se eleva quando outros alunos nessa situação estão matriculados em escolas convencionais, subindo esse número para 2,2 mil crianças e adolescentes. Segundo a professora da Escola de Educação Especial Tristão, no bairro Restinga, Maria Lucia Guedes, isso implica em uma educação desqualificada para os que não estão presentes em escolas especiais. “A educação se torna falha devido às necessidades impostas por estes alunos”, relata Guedes. Corlassi justifica que “é um número baixo mas, isto é pelo fato de que esta secretaria faça parte da atual gestão do governo Municipal”. Professora há 19 anos da Rede Municipal de Educação, Guedes decidiu dedicar-se ao ensino especial por ser mãe de um portador de necessidades. Isso foi o fator funda- mental para que ela se engajasse nessa batalha social. Trabalhando com alunos especiais desde 2004, na Escola Tristão, ministra aulas de currículo básico e ensino de sociabilização, para a inserção destas crianças portadoras de necessidades especiais na nossa sociedade. Com um currículo educacional padrão, agregou conhecimento ao seu filho, Eduardo Guedes Araújo, 15 anos. Ele foi educado na Tristão e, hoje, participa do projeto da oficina do Núcleo de Educação Especial, além de estagiar na própria secretaria de educação, como Secretário Administrativo, relata Guedes. A moradora do bairro São Caetano, Adriana Schimidt Salazar, é mãe de duas crianças, João Vitor Salazar, 10, e Ana Luiza Salazar, 7. Aninha, como é chamada, é portadora da Síndrome de Down e, tam- bém, freqüenta a escola especial da Restinga. Conforme Salazar, a dificuldade para Aninha frequentar as aulas é a locomoção, pois não existe transportes coletivos com horários acessíveis. Mas a mãe garante que vale apena o esforço: “a Aninha teve um acréscimo no desenvolvimento, tanto motor quanto psicológico, de quase 100% devido às suas aulas”. Mesmo sendo uma menina dócil desde sempre, a mãe, hoje, percebe a compreensão de Aninha na questão dos valores de afetividade e com a pedagogia especifica para as suas necessidades. Aninha conta, “estou estudando porque gosto de bichinhos e quero ser veterinária”. A mãe fica emocionada, e relata que essa escola tem uma boa estrutura e beneficia sua a filha, que hoje escreve o seu próprio nome e lê algumas palavras. Dando voz aos meninos de rua Sandro Pereira Desde janeiro de 2000, o jornal Boca de Rua é produzido e vendido em Porto Alegre. O projeto é coordenado pelas jornalistas Clarinha Glock e Rosina Duarte. A publicação é responsabilidade da entidade não-governamental, Agência Livre para Infância Cidadania e Educação (Alice). A idéia do jornal é que as pessoas em situação de rua retratem os temas relacionados às suas experiências nas ruas, mas de forma jornalística. “Tem Solução” é manchete da edição 23 do jornal, onde denuncia que a prefeitura mandou fechar as pontes em Porto Alegre. “Os que viviam nestes locais foram para as praças ao redor. De que adianta sair de baixo das pontes e ficar na rua igual. O governo está empurrando a situação com a barriga, não resolve o problema. A FASC está falhando. A prefeitura está falhando. O dinheiro que gastam tampando as pontes podiam usar para construir casas para o povo da rua. O que um morador de rua pode fazer nesta situação”, alerta o Boca de Rua. As reportagens foram realizadas pelos jovens, com a ajuda e monitoria de jornalistas voluntários. Quem não sabia escrever tinha o seu depoimento coletado por colegas, transcritos e posteriormente editados. As jornalistas corrigem os erros de grafia, pois o objetivo do jornal é ser lido pelos leitores de jornal da cidade. O jornal é trimestral, com tiragem de 10 mil exemplares. Cada sem-teto, recebe 20 exemplares por semana, vendidos a R$ 1. Uma renda mensal de R$ 80. Atualmente, estão inscritos no projeto, 30 adultos e 15 crianças participam do projeto. Para as crian- Capoeira faz a cultura popular Bárbara Barbieri Formado em Educação Física, no IPA, e Educação Popular, na Unisinos, o professor de capoeira, Anselmo da Silva Accurso, 49 anos, fundou, em 07 de maio de 1995, a Associação Cultural de Capoeira Angola Rabo de Arraia (ACCARA). Baseado na cultura afro-brasileira e suas manifestações, o grupo ACCARA foi criado para mudar a visão da comunidade perante a capoeira, com aulas gratuitas em centros comunitários e estudos freqüentes sobre africanismo. Accurso, que é conhecido pelo apelido “Ratinho”, acredita que, a capoeira é a própria educação popular e tem muito a ensinar a todos, com a sua prática, o indivíduo inicia um processo de resgate de seu ser. “Ela é luta, é dança, é expressão corporal, é técnica, enfim, é cultura. Isso significa que deve estar a serviço da educação como prática ligada às necessidades básicas de nossa gente, nos aspectos físicos, psíquicos e culturais”, explica. O grupo tem sede no Centro Comunitário da Vila Ingá, onde acontecem os encontros, ministrados para todas as idades. Nas segundas, quartas e sextas, ocorrem treinos de movimentação. Em dois sábados por mês, o grupo se encontra, à tarde, para confecção de instrumentos e ensaios de dança, canto e toque. Aos domingos realiza rodas em lugares públicos. Integrantes mais antigos do grupo dão aulas para comunidades carentes. Accur- so zela para que os seus oficineiros tenham comprometimento com a cultura nacional, fazendo da capoeira um instrumento de conscientização e de esclarecimento, sobretudo nas camadas mais deserdadas da sociedade. O professor lembra que a capoeira esteve em várias fases da sociedade sendo marginalizada e depois tornou-se produto de consumo, por isso ressalta a importância de não esquecer de sua origem. “A capoeira não nasceu do abstrato, mas da vida como uma das tantas respostas a seus embates e a seus desafios. Foi ato afirmativo, gesto de identidade, ação de superação no plano individual, desejo coletivo de vencer”, salienta. Ele reclama do descaso das prefeituras em relação ao trabalho comunitário, onde os educadores não são valorizados. Enfatiza que uma instituição que promove cultura, tem um papel importantíssimo na aglutinação e desenvolvimento de atividades que valorizem as diversas formas pelas quais se plasmou o acontecer de um povo e se cristalizou sua experiência. A prática diária com a verdadeira cultura popular é sempre oportunidade de afirmação nacional e de inspiração a criatividades autênticas. E, conclui que “a capoeira por representar uma cultura de resistência, com sua história, com sua linguagem própria, é sem dúvida um instrumento precioso para a conscientização de mudanças sociais”. Bárbara Barbieri Encontro no Centro Comunitário da Vila Ingá Divulgação Comerciários têm opção de turismo mais acessível Bruna Carpenedo Participantes do projeto Boca de Rua na Praça da Matriz ças e adolescentes que se aproximaram do projeto por meio dos pais, foi criado, em 2003, um suplemento especial, o Boquinha. Os respon- sáveis pelas crianças e os adolescentes que participam da produção do jornal recebem uma bolsa-auxílio de R$ 10 por semana. O Serviço Social do Comércio (Sesc), localizado na avenida Protásio Alves, no bairro Alto Petrópolis, trabalha com uma forma diferenciada de turismo social. Segundo a secretária do Departamento de Turismo do Sesc, Cristina Flores, o objetivo dessa forma de turismo é oferecer bons serviços em programações que apresentam lazer, integração, cultura, educação e saúde destinadas a trabalhadores de baixa renda. Para isso, o Sesc disponibiliza 43 meios de hospedagem, com mais de 4,6 mil apartamentos e cerca de 15 mil leitos, em 19 Estados e no Distrito Federal. Apresentam preços mais acessíveis e com variadas formas de pagamentos, o que possibilita às pessoas, sem muitas condições financeiras, fazerem um passeio ou uma viagem. Comerciários com renda mensal de até seis salários mínimos e grupos da terceira idade formam a clientela preferencial. Profissionais especializados organizam visitas culturais, passeios, caminhadas e excursões pelo Brasil, de curta, média ou longa duração. O turismo social proporciona várias opções: o lazer, por exemplo, pode ser praticado no litoral, na montanha ou na cidade. O turismo ecológico pode ser feito no Pantanal. Há, ainda, o turismo cultural em Minas Gerais; o de eventos, no Espírito Santo e aqui no Rio Grande do Sul; e o rural, em Santa Catarina, além do turismo educacional, religioso e de saúde. Geral Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 EPTC: educação preventiva Vainer Heleno Rocha Segundo relatório totalizado pela empresa entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2007, ocorreram na Capital 748 acidentes, todos envolvendo jovens de 16 a 30 anos, com o total de 34 vítimas fatais e 1020 feridos, sendo 40% com pedestres, em razão de atropelamento. O restante são diluídos entre motociclistas, ciclistas e outros envolvendo veículos. A principal causa dos acidentes, ocorridos entre os jovens, é o uso de bebidas alcoólicas e o excesso de velocidade, causados em sua maioria pelos homens. Em função desse quadro, a coordenadora da Assessoria de Educação para o Trânsito (ASSET) da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Luciana Pereira da Silva, esclarece o trabalho que a EPTC realiza para a conscientização das pessoas, que tem como objetivo diminuir o número de acidentes na capital porto-alegrense. O Governo Federal prevê repasse de 5% do valor arrecadado em multas, que deve ser destinados para a educação no trânsito, mas essa porcentagem passa primeiramente por outras áre- as como planejamento, sinalização gráfica e equipamentos. Somente o restante é repassado à educação. A EPTC passou a fazer projetos na busca de educar a população quanto aos perigos existentes no trânsito e com as questões envolvendo álcool e direção. Levam em consideração a educação, a fiscalização e a engenharia que aborda a questão das condições de infra-estrutura. Com isso, são criadas campanhas de conscientização. Realizadas nas ruas, escolas, seminários e eventos públicos. Campanhas como “Faixa de Segurança”, “Espaço de Todos”, “Liberdade Sim, Racha na Rua Não”, são feitas pela ASSET. O projeto de educação desenvolvido pela empresa pública prevê atividades nas diversas áreas potencialmente envolvidas como formação de educadores para o trânsito, público infantil-crianças do ensino básico e fundamental, público jovem-adolescentes, produção de mídias, grupos de teatro (para todas as idades), desenvolvimento de cursos e campanhas institucionais. Solução dos alagamentos prejudica comércio A principal reclamação dos moradores é o excesso de ruídos na Azenha Bairro sofre com poluição Juliana Schweitzer Juliana Schweitzer O Os altos níveis de poluição sonora, visual e ambiental atingem os moradores da Azenha, prejudicando a qualidade de vida na região. O fluxo intenso de veículos, o não funcionamento de equipamentos de medição e o excesso de campanhas publicitárias são alguns dos problemas do bairro, que é um dos mais movimentados da Capital. Desde que o açoriano São Francisco da Silveira instalou seu moinho às margens do Arroio Dilúvio na metade do século 18, a Azenha sofreu grandes transformações. Hoje, o bairro tem como principais características o comércio de móveis, bares, farmácias, bancos, lancherias, lojas de vestuário e de calçados, além das tradicionais casas de autopeças. A poluição sonora é a principal reclamação dos moradores. A aposentada, Jane Terezinha Schweitzer, afirma que o barulho é constante, “quando não é o som dos ônibus, que transitam em horários freqüentes, ou as buzinas, sempre há Evidente poluição visual em uma das ruas do bairro Azenha alguma outra atividade que gera desconforto aos moradores”. Ela cita os trabalhos de melhoria da pavimentação, realizados recentemente pela Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). “Sabemos que foi uma iniciativa positiva, mas durante as obras o barulho incomodou. É sempre assim aqui, quando não é uma coisa é outra, um horror”, diz a aposentada. De acordo com o arquiteto da equipe de controle e combate à poluição visual da Secretaria Municipal do Meio ambiente (Smam), Carlos Gil- PROTESTO CONTRA ABERTURA DE RUA NO MOINHOS Mirna Winter O projeto que visa a abertura de uma área no encontro das ruas Xavier Ferreira e Mata Bacelar, entre os bairros Moinhos de Vento e Auxiliadora, não está agradando os moradores. A proposta surgiu como uma alternativa para desafogar o trânsito da rua 24 de Outubro e visa a ligação entre o trecho e a rua Coronel Bordini, desviando o fluxo para o local. Os moradores foram informados de que havia um pedido de estudo para a abertura do trecho, ligando-o à Coronel Bordini. “A meta atende a interesses estranhos à comunidade e nunca fomos consultados à respeito”, relata o sociólogo e morador da rua Mata Bacelar, João Corrêa, enfatizando que os moradores não querem que a rua perca as características locais, com trânsito tranqüilo e livre. Ele, junto ao arquiteto Fernando Bahima, organizou a mobilização comunitária: “Passagem para Pedestres: SIM! Rua para Carros: NÃO!”, com a coleta de 250 assinaturas. Dos participantes, mais de 220 são a favor da construção de uma passagem de pedestres na área. Entre esse número, há pessoas como o funcionário público Paulo Nührich: “Sou totalmente contra a abertura da rua, o trânsito ficará horrível”. Conforme o Supervisor do Escritório de Projetos e Obras da SMOV, Adriano Gularte, não há previsão para a execução do projeto. berto Santana, as condições são péssimas. Diz que há uma cultura entre lojistas de que se deve colocar anúncios, out doors, cartazes, formas diversas de propaganda, com muitas mensagens. Para ele, isso prejudica o entendimento e torna a comunicação inócua, além de trazer prejuízos estéticos à paisagem urbana. Poluição ambiental também preocupa Devido à greve dos municipários, a Smam não está fornecendo informações sobre o assunto, mas, segundo uma funcionária que não quis se identificar, o medidor de poluição do ar do bairro não está funcionando. Conforme a gerente de uma loja infantil, que se localiza na avenida Azenha, Maria Santos, há uma grande incidência de doenças respiratórias entre funcionários, devido à poluição do ar. Outro fator que prejudica o trabalho dos comerciantes é a sujeira. A vendedora de uma loja de calçados, Gisela Moraes, fala que é preciso uma limpeza constante no local, pois é visível a camada de pó preto sobre móveis e produtos. Lixo nas praças do Menino Deus Márcia Maria Santos Silva Luiz Mangabeira O conduto Álvaro Chaves-Goethe tem o intuito de solucionar 90% do problema de alagamentos em nove bairros da Capital gaúcha, beneficiando em média 100 mil moradores. O investimento de 50 milhões, tem 66% do valor financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outros 34% pela Prefeitura. Dados publicados no site da Prefeitura municipal de Porto Alegre. Um dos canteiros de obras na rua Cristóvão Colombo impede a circulação de carros pelo local. O trânsito que ali passava teve de ser desviado para a rua Marques do Pombal. Moradora do bairro há mais de 30 anos, Neide Campos Vilella passa todos os dias pela obra: “No horário de movimento é difícil atravessar a rua no local, uma vez eu vi um jovem quase ser atropelada”. Os comerciantes da Cristóvão Colombo tiveram as suas vendas afetadas desde que iniciaram as escavações. “O número de pessoas que circulam no local diminuiu e a poluição sonora é grande”, diz Maria do Carmo Soares, dona de uma loja de roupas. No período de Natal e Ano Novo, época de maior movimento de clientes, os donos das lojas conseguiram que as obras fossem paralisadas. Com cerca de 30% na queda de suas vendas, uma loja de moda unisex, com o intuito de superar os prejuízos, promoveu um desfile da sua moda outono-inverno no quarteirão do lado da obra. Os modelos eram os seus próprios clientes, que desfilaram com capacetes e ferramentas dos operários. 15 Moradores largam lixos em Praças do bairro Menino Deus Márcia Maria Santos Silva Considerado o mais antigo bairro de Porto Alegre, o Menino Deus que teve início apartir de dois caminhos abertos na década de 1840, obtendo apenas algumas chácaras e cerrados. Esses caminhos transformaram-se nas avenidas Getúlio Vargas e José de Alencar. Devido à crença pelo Menino Deus, costume trazido por colonos açorianos, originou-se o nome do bairro. A Capela Menino Deus construída em 1853, na praça com o mesmo nome, recebia a visita de moradores do centro da cidade e de outros bairros que estavam sendo formados. Com a construção de casas ao redor da capela e a abertura de novas ruas, como a Botafogo em 1858, auxiliou muito no desenvolvimento da região. Hoje, esse bairro passa por problemas sérios na área da limpeza, foi realizado um levantamento de quantas lixeiras restaram entre a rua José de Alencar e Getúlio Vargas, a maioria delas foi destruídas por vândalos. Além disso, alguns moradores depositam o seu lixo doméstico em locais e praças próximas a suas residências, deixando de respeitando horários e locais indicados. Com isso, juntam ratos e outros animais impedindo o acesso da circulação de crianças e adultos. Segundo o gerente da Zonal Sudeste do Departamento Municipal Limpeza Urbana (DMLU), Eduardo Menezes, a dificuldade maior vem com a falta de colaboração dos próprios moradores. O pior dia, declara os funcionários, é a segunda-feira, alguns aproveitam o domingo para colocar a casa em ordem, descendo os lixos e largando em qualquer outro longe de suas residências. Com a idéia de economizar, os carroceiros, solicitados para pequenos carretos, acabam deixando esse lixo no meio do caminho. Foram feitas campanhas, apelos no jornal de bairro, para que cada um preserve e use os serviços disponíveis. Geralmente, a população costuma sempre apontar um culpado, nunca reconhecendo que falta aquele exame de consciência, para a melhora absoluta do bairro. Participação Popular em Viamão Tailor Carvalho Tailor Carvalho A prefeitura da cidade criou um projeto que conta com a participação direta da população para calçar suas ruas. O projeto, que tem o nome de Calçamento Comunitário Participativo, funciona da seguinte maneira: o processo de calçamento de ruas é registrado nas Plenárias Regionais do Orçamento Participativo (OP) por um morador da região, no mínimo, e deve ser protocolado para a Coordenadoria de Relações com a Comunidade (CRC) – órgão criado para integração da prefeitura e comunidade – com um abaixo assinado contendo os nomes e endereços dos moradores interessados na parceria, no prazo de até dez dias antes dessa Plenária. O projeto possui mais de 40 Km de ruas calçadas e a tendência é que esse número Obras do projeto Calçamento Comunitário em uma das ruas de Viamão aumente, devido a quantidade cada vez maior de pessoas presentes nas plenárias do OP. Algumas pessoas, como o morador de uma das ruas que aderiram ao programa, João Pedro Reis, demonstram realmente satisfação com os resultados da parceria. “Gostei muito do resultado sim. Agora nós saímos nos dias de chuva e não ficamos mais com os sapatos cheios de barro. Além disso, para quem tem automóvel, reduz muito o custo em manutenção, pois não precisa mais passar por aqueles buracos que existiam anteriormente”, afirma Reis. Mas também existem moradores que não concordam com o Projeto e debatem se realmente é positiva esta união. “Não acredito que pagamos todos os impostos e ainda temos que pagar pelo calçamento da nossa rua”, diz um morador vizinho a uma das ruas que aderiram ao projeto e que preferiu não se identificar. Segundo o funcionário da CRC, Rodrigo de Quadros da Costa, “a Prefeitura não tem a obrigação de calçar as ruas, a obrigação dela é com o saneamento básico. Além disso é a comunidade que adere ao programa”. 16 Geral julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Jantares e bailes melhoram a qualidade de vida da maturidade Diversão não tem idade Mariana Pires Luluzinhas reunidas, no centro Irene Viero (segurando uma pasta) Kamila Johann e Mariana Pires C Cabelos grisalhos, cadeira de balanço são sinônimos de avó e avô? Para eles, estar na terceira idade, vai além de ficar cuidando da casa, almoçar com toda a família reunida ou passear com o cachorro. Festas, diversão e alegria são grandes oportunidades de distração para muitas pessoas que passaram dos 60 anos. O que importa, é estar de bem com a vida. Quando o assunto em dis- cussão é diversão e qualidade de vida, não se pode deixar de lembrar os bailes da terceira idade como exemplo. Idosos optam por dar um “plus” a suas vidas: dançar, fofocar e namorar como se estivessem novamente na adolescência. “Essa é a proposta do Salão Oliveira”, afirma o dono do estabelecimento, localizado no bairro São Lucas, em Viamão, Adão Oliveira. “É muito bom poder deixar o trabalho de lado por alguns momentos para descansar, se divertir e namorar um pouqui- nho”, alega o pedreiro, Antônio Malta. Quando se encontram, esquecem dos problemas, das doenças e da solidão. “Sinto-me relaxada. Dançar é melhor que fisioterapia”, comenta, a namorada do seu Malta, Olga Silva, que também é participante assídua dos bailes no Salão Oliveira. Ao terminarem as festas, os novos encontros são agendados para dar continuidade à diversão. “Dá uma saudade dos meus amigos. Sempre fico ansiosa para revê-los”, conclui Silva. Luluzinhas Há 35 anos, um grupo de senhoras formadas pelas esposas dos diretores da Sociedade Gondoleiros, no bairro São Geraldo, reuniu-se para um almoço de confraternização. Laura Fulginitti, Fifa Machado e Irene Vieiro eram algumas das responsáveis pela organização. Nasceu, então, o Clube das Luluzinhas. O almoço começou a fazer tanto sucesso que anos depois, passou para jantares anuais. “Sempre usávamos uma roupa diferente, foi assim que resolvemos fazer uma apresentação das Luluzinhas durante o evento”, esclarece Viero. Além da apresentação com fantasias luxuosas, ocorre ainda show com banda. A Sociedade Gondoleiros apóia a produção do jantar. A presidente, Fifa Machado, leva adiante a tradição feminina. Viero, por sua vez, relata que é maravilhoso distrai e traz lembranças. “Hoje tem muitas mulheres novas envolvidas na organização. Elas têm que sentir o que nós sentimos: uma grande satisfação e felicidade”, conclui com emoção. Cinquenta anos do 35 CTG Bruna Cabrera O 35 CTG alcança os seus 50 anos de existência e busca promover à comunidade show, invernadas e Domingueiras. O patrão Clóvis Fernandes incentiva a participação “afinal, o espírito galdério está em todos que se consideram gaúchos de coração” . No final da II Guerra Mundial, o principal centro de ir radiação da moda, da cultura e das elites urbanas foi o estilo way of life, por causa da grande influência exercida pela posição dos Estados Unidos. Com o fim da ditadura de Getúlio Vargas, a imprensa estava amordaçada, dificultando o desenvolvimento e a prática das culturas regionais. Em agosto de 1947, alunos do Colégio Júlio de Castilhos criaram o Departamento de Tradições Gaúchas, liderados por Paixão Cortes. O objetivo era preservar as tradições gaúchas e desenvolver e revitalizar a cultura riograndense. Com esse espírito que foi criada a Ronda Crioula, que acontece de 7 à 20 de setembro, datas mais significativas para os gaúchos. Entusiasmados com a idéia, entraram em contato com a Liga de Defesa Nacional, falaram com o Major Darcy Vignolli, responsável pela organização das festividades da Semana da Pátria. A proposta era retirar uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria para transformá-la em Chama Crioula, reforçando os laços do Rio Grande com a Pátria Mãe. Nessa oportunidade, Cortes foi convidado a formar uma guarda de gaúchos pilchados, em homenagem ao herói David Canabarro, que iria de Santana do Livramento a Porto Alegre. Ele formou, então, um piquete de oito gaúchos que no dia 5 de setembro prestara homenagem a Canabarro, hoje conhecido como o Grupo dos Oito ou Piquete de Tradição. Essa é considerada a primeira semente na criação do 35 CTG. O escritor Manoelito de Ornelas foi chamado para noticiar os acontecimentos da Ronda Crioula pelo Jornal Correio do Povo. Os pioneiros do evento participaram de programas da Rádio Farroupi- Leonardo Ferreira Há 50 anos valorizando a cultura gaúcha lha, o que ajudou outros jovens a se engajarem na comemoração. As primeiras reuniões do grupo aconteciam aos sábados à tarde, na casa de Cyro Dutra Ferreira. O grupo cresceu tanto que José Laerte Vieira Simch cedeu o porão dos Simch, na rua Duque de Caxias nº 704. Passado algum tempo, o porão também tornou-se pequeno foi, então, que os encontros passaram a ser no terraço da FARSUL. Após a concretização da fundação oficial da nova entidade em 24 de abril de 1948, começaram as se realizar, no auditório da FARSUL. Eram conferências, sessões de estudo, tertúlias e outros eventos artísticos culturais. Após a consolidação da fundação, os jovens trataram de escolher o nome do CTG. Surgiram oito propostas, todas em homenagem a 1935, data de início da Revolução Farroupilha. Por fim, elegeram o nome 35 Centro de Tradições Gaúchas. O símbolo do centro, logotipo, foi escolhido por Ferreira, ele havia mandado confeccionar cartões de visita, onde tinha um índio gineteando um bagual. O número 35 vinha entrecortado, da esquerda para a direita e de baixo para cima, por uma lança, numa referência à Revolução Farroupilha. Desrespeito à lei prejudica PPNE’s Robson Pandolfi “Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”. Essa é a primeira disposição do art. 1° da lei federal de n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece as normas gerais para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência. Por desconhecimento da legislação ou omissão, não é raro encontrar sinais de desrespeito à lei, o que é favorecido pela falta de fiscalização por parte do poder público. É o que afirma o médico Luis Fernando Knaack, que, cansado de esperar dos governantes o cumprimento da legislação que regulam o acesso dos deficientes aos diversos estabelecimentos, começou a denunciar o não cumprimento das leis através de publicações na Internet. “Por falta de interesse e conscientização, as prefeituras não fiscalizam. Resta então ao cidadão fazer o trabalho braçal”, disse Knaack. Com um breve olhar pelo centro de Porto Alegre, é possível ter uma visão abrangente da gravidade da situação. Prédios sem a infra-estrutura adequada para acesso de deficientes, escassez de vagas especiais em estacionamentos e ruas e calçadas inadequadas para a circulação de cadeirantes estão entre as constantes reclamações dos deficientes físicos e defensores da causa. De acordo com a advogada Neila Farias, mãe de Diego de Matos Farias, portador de Esclerose Lateral Amiotrófica, doença degenerativa que paralisa gradativamente os músculos do corpo, a dificuldade de acesso ocorre inclusive em prédios públicos. Ela afirma que é “inadmissível o fato de tu teres que subir 20 degraus de escada para ter acesso a uma repartição pública. Tenho que pedir auxílio para outras pessoas quando levo o meu filho comigo, pois raramente há rampas especiais para cadeiras de rodas ou equipamentos adequados para o transporte”. Knaack afirma ainda que para diminuir os obstáculos de acesso dos deficientes físicos, a população também tem de contribuir, através da fiscalização e denúncia de irregularidades nos locais de acesso. “Nada mais fazemos do que assumir o trabalho dos nossos governantes, em todos os níveis, igualmente omissos no trato da acessibilidade do deficiente físico”, complementa o médico. A vida no aeroporto Mariana Soares “A vida dentro do aeroporto é uma correria só”, declara o gerente geral da loja Wega, Ricardo Ellensohn. Com o fluxo intenso de passageiros, o aeroporto Internacional Salgado Filho torna-se um local bastante agitado. A supervisora comercial da loja Wega Livros e Revistas, localizada no aeroporto, Luciene Prieto, conta que a movimentação aumentou com a recente crise nos aeroportos: “O apagão aéreo nos ajudou, aumentando nosso número de vendas”. Prieto revela ainda que os períodos de dezembro a fevereiro e de junho a julho são aqueles em que o fluxo de passageiros cresce, devido aos meses de férias. O passageiro Alberto Coelho diz que a crise deixou vestígios no aeroporto. E completa que não está satisfeito com o acúmulo de passageiros no saguão, formando enormes filas. A comissária de bordo, Tânia Anacleto, conclui que o as filas são conseqüências do baixo número de funcionários em serviço. Formada em Letras na PUCRS, tornou-se aeromoça, pois era um desejo de infância. Para realizá-lo, foi preciso estudar as línguas inglesa e francesa, além de aprender a lidar com a saudade. Após 21 anos de profissão, viajando pelo mundo inteiro, Anacleto revela que para seguir a carreira de aeromoça, é preciso gostar muito do que se faz. E, acima de tudo, ter de abrir mão de muitas prioridades, principalmente a família. O movimento diário do Aeroporto Salgado Filho é de 174 aeronaves de vôos regulares, ligando Porto Alegre direta ou indiretamente às capitais do país, às cidades do interior dos estados do Sul e São Paulo, além de linhas internacionais com vôos diretos aos países do Cone Sul. A funcionária da Varig, Sandra Araújo, declara que os destinos mais procurados no Brasil e no mundo, tanto no inverno, quanto no verão, são o Nordeste e a Europa. O aeroporto possui uma área de aproximadamente 3,6 milhões de metros quadrados e está situado no bairro São João, zona norte da cidade de Porto Alegre. Dividido em quatro pavimentos, o terminal de passageiros do aeroporto pode receber até 28 aeronaves de grande porte, simultaneamente, tornandose o principal aeroporto e com maior embarque e desembarque de passageiros do sul do país. O antigo terminal do Salgado Filho, inaugurado em 3 de julho de 1940, foi utilizado até 11 de setembro de 2001, data em que o novo aeroporto entrou em atividade, com infra-estrutura moderna e tecnologia avançada. É oferecido aos passageiro um centro de comércio e lazer, funcionando 24 horas, que inclui três salas de cinema, as primeiras a serem implantadas em um aeroporto do Brasil. Ao todo, as salas comportam 456 espectadores e contam com ar condicionado, acesso e localização para deficientes. Conservação das praças Sandra M. S. Costa Um simples passeio pelo centro de Porto Alegre é o necessário para se observar a situação das praças públicas. A depredação, o lixo no chão, a falta de cuidado dos freqüentadores acabam prejudicando o visual das praças. A falta de conscientização das pessoas e o descaso do serviço público são os múltiplos fatores que contribuem para a degradação da qualidade de vida dessa região da Capital. A moradora da região, Lucila Martins Barcellos, 34 anos, que vive no bairro desde o seu nascimento, e Evandro Marques, 47, secretário da Divisão de Arborização de praças Parques e Jardins (DAPPJ), opinaram sobre essas situações precárias. Barcellos é freqüentadora da praça Brigadeiro Sampaio, a primeira a ser urbanizada, em 1865, que se tem registro. “Não tem segurança, policiamento. A limpeza é boa, só nós finais de semana que ficam a desejar, muitos dos brinquedos estão quebrados, poderia ter regularmente uma manutenção e mais lixeiras”, afirmou. São três gerações da família Martins que frequentam a praça. “Antigamente minha mãe levava-me, agora freqüento com minha filha e meu cachorro, fim de semana as famílias se reúnem pa- ra fazerem churrascada e tomarem chimarrão”, relembra Martins. A Secretaria do Meio Ambiente (SMAM) é responsável por cuidar da arborização dos parques, praças, reservas e áreas verdes públicas. Em 2005, a SMAM plantou 16 mil árvores, resultado do plano diretor que possui em conjunto de métodos e medidas adotadas para a preservação, manejo e expansão das áreas verdes na cidade. Marques diz que, através da fiscalização da DAPPJ, duas prestadoras de serviço terceirizado atuam na poda e remoção de vegetais irregulares na zona sul e na zona leste. De acordo com secretário, a DAPPJ realiza um mutirão para retirar os moradores de rua das praças, mas eles sempre acabam retornando para elas. A conservação das praças, com todos os seus atributos, pode ser o ponto de partida numa grande cruzada de resgate da qualidade de vida, sendo muito ocupada pelas crianças, jovens, idosos. Avô de dois netos, Carlos Berta, 52, brinca com Mariana, 7, e Bruna, 5, nas praças do Centro todos os finais de semana. “Eu arrisco até umas brincadeiras com elas”, comenta, sem importar-se com o vandalismo. Geral Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 Abandono na 3ª perimetral Kizzy Martins Borges A obra inicial do projeto Terceira Perimetral, em Porto Alegre, foi inaugurada no ano de 2003. A primeira estação foi construída no bairro Petrópolis, no cruzamento das avenidas Carlos Gomes e Protásio Alves. O projeto foi inaugurado há quatro anos. Não há segurança policial no local e os assaltos são constantes. Visitando a Terceira Perimetral é possível ver o abandono, pois de dia ou de noite não há segurança. É o que pensam pessoas como o professor de Filosofia, Jonatam Leandro: “Apesar de todas as ocorrência prestadas na delegacia nunca foram tomadas nem um tipo de atitude sobre os assaltos”. A mesma opinião tem outros usuários como a auxiliar de serviços gerais, Leila Lenes Ferreira, “prefiro me arriscar correndo no meio dos ônibus” e o pedreiro, Sessi Abraão, “nunca vi nem um guarda nesta parada, deveria ter uma viatura que pudesse amedrontar os bandidos”. A grade de segurança foi arrancada pelos pedrestes, com esse ato o local está propenso a acidentes, aos próprios, que temem usar os demais recursos da Terceira Perimetral e arriscam as suas vidas dividindo a pista com os carros. No ano passado, foram instaladas câmeras para ajudar o monitoramento nas paradas de embarque e desembarque do terceiro piso, comenta o funcionário da Prefeitura e monitor da obra há dois anos, Luiz Henrique Rosa da Rosa. O monitor relata que, quando acontece algum assalto ou outra emergência, auxilia a vítima a prestar queixa na delegacia mais próxima. Além dos assaltos, depredações, ocorreram, também, casos de violência sexual. “Já teve vigilância por parte da Guarda Municipal, mais foi apenas por alguns dias e não voltaram ao local”, revela. E acrescenta, “não trabalho armado, meu auxilio é apenas um rádio”. Segundo informações obtidas no 11º Batalhão da Brigada Militar, situado no bairro Jardim Botânico, “o patrulhamento é feito em toda a extensão dos bairros Jardim Botânico e Protásio Alves, porém não existe segurança específica, apenas para a Terceira Perimetral”. Um soldado da Brigada Militar, que preferiu não se identificar, afirma que a única maneira de controlar os acontecimentos na estação são por parte das denúncias através do 190. Procurados os responsáveis, por parte da Prefeitura de Porto Alegre, não quiseram prestar nenhum tipo de informação sobre o caso. Há uma visão otimista de alguns usuários como o pesquisador Alexandre Faria. “Acredito que o local poderia ser utilizado de forma criativa, poderiam permitir que os grafiteiros expusessem a sua arte na obra que está bastante prejudicada pelas pixações do vandalismo”, finaliza Faria. Discriminação na Restinga Profissionais do sexo tomam conta das esquinas da Zona Sul Mulheres vendem o corpo em Ipanema M Caroline Marques Meninas com idade entre 15 e 30 anos, de baixa renda, sem oportunidade de estudo e que não tiveram chances no mercado de trabalho, em busca de uma vida melhor para suas famílias acabam nas ruas para trabalhar como prostitutas, todas as noites, nos bairros da zona sul. Na Capital existem inúmeras profissionais do sexo sob as mais diversas condições, em bares, boates e ruas. Elas estão em todos os lugares, inclusive em bairros mais tranqüilos da zona sul, como Ipanema, que não possuía pontos de prostituição e agora aparece como um novo local para a venda do corpo. Segundo C.R.S, 27 anos, uma das prostitutas do ponto, o bairro é um lugar bom e tranqüilo para trabalhar, pois os clientes geralmente são os mesmos, o que traz mais segurança. Algumas possuem filhos, são separadas, perderam o emprego. E, em busca de uma vida melhor e dinheiro para sustentar a família, tiveram como última saída a prostituição. Em muitos casos lamentam ter escolhido esse caminho, pois não possuem experiência para seguir outras profissões. Outras tentam sair o mais rápido possível, uma vez que os seus filhos estão crescendo e desejam saber a profissão das mães. “Já estou cansada de ver minha filha chegar da escola perguntando por que eu cheguei tarde ontem à noite ou por que as crianças da es- não tinham ainda sido traçadas”, afirma a dona de casa, Rosane Trindade Gomes, uma das primeiras moradoras do bairro que ajudou na evolução do mesmo. Ainda hoje, depois de tantos esforços e conquistas, os moradores da Restinga ainda sofrem com o preconceito social que vem de um longo contexto histórico. Um exemplo foi o que aconteceu com o comerciante Luiz Rocha Fraga, quando esteve em uma loja de rede Nacional no bairro Azenha fazer uma compra que pagaria à vista. Quando Fraga disse que morava no bairro Restinga, constou no sistema da loja que era uma área de risco e n ã o p o d e r i a m e n t re g a r. “Achei um absurdo, e não quis mais comprar”, desabafa o comerciante. Beto Rodrigues Preconceito social ainda existe cola a chamam de filha de prostituta”, diz C.R.S, que tem uma filha com dez anos. Fiscalizações são muito raras, pois, segundo elas, os policiais alegam que não podem prendê-las por estarem na esquina. Afirmam que, muitas vezes, pagam um tipo de fiança aos policiais para não serem agredidas fisicamente. A mais nova delas D.G.S.,21, quase apanhou de um policial por estar com uma faca na bolsa. “Tive que dar todo o dinheiro da noite para um deles. Ele ia bater na minha cara só porque eu estava com uma faca na bolsa. Eu a carrego para minha segurança durante a noite”, diz. Para as prostitutas, o uso de camisinha é uma regra. Possuem auxílio permanente do Núcleo de Estudo da Prostituição (NEP), que visita o ponto de Ipanema todo mês distribuindo preservativos, oferecendo assistência médica, cartões com direito a exames mensais e palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis. Em 1987 foi criada a Rede Brasileira de Prostitutas, que apóia e defende legalmente a profissão, conquistando em 2003, pelo Ministério do Trabalho, o reconhecimento da prostituição como uma atividade profissional na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Ainda, conta com o apoio de Programas governamentais de Direitos Humanos, de Saúde, de Trabalho e do Ministério Público. Caroline Marques Em muitos casos as prostitutas lamentam ter escolhido esse caminho Elas entendem de moda A mais nova invenção da Rede Brasileira de Prostituição, com a ajuda das profissionais do sexo da ONG D’avida, que são apaixonadas por moda, foi a criação de uma marca de roupas para o cotidiano das prostitutas, a D’aspu. Elas discutem e desenham os modelos para as roupas de batalha (rua e casa), de lazer (praia e parques), de folia (festas e carnaval), e de ativismo (direitos humanos e prevenção de DST/Aids). Produzem roupas tanto para elas quanto para seus clientes. Atualmente, são realizados desfiles da marca e as roupas podem ser compradas através do site da própria instituição, na Internet. ONG no Belém Novo é premiada Alan Triumpho Marília Pereira O núcleo urbano da Restinga originou-se na década de 60, por iniciativa do Poder Publico. Uma politica de “desfavelização” foi destinada para o reassentamento de famílias de baixa renda que ocupavam áreas consideradas estratégicas, para o desenvolvimento urbano no centro de Porto Alegre. A uma distância de 22km do centro da cidade, os moradores viviam sem luz e água com um ônibus que sai às 5 horas e voltava às 18 horas. Depois de muitos anos de luta moradores conseguiram se estabilizar. “Nossa associação começou a se formar em 81. As conquistas foram fruto do trabalho da associação coma comunidade em geral. Nós buscamos água e energia elétrica. A primeira conquista foi a abertura das ruas, porque 17 Defesa dos Direitos Humanos Rita Santos O Núcleo Comunitário e Cultural de Belém Novo (NCC) ganhou o prêmio Defesa dos Direitos Humanos no Rio Grande do Sul (RS) no final do ano passado, por realizar diversas atividades com a comunidade. Ele oferece às pessoas do bairro aulas de língua estrangeira, dança, informática com ênfase em cidadania, canto lírico, violão, culinária, oficinas de artesanato, escolinha de futebol, biblioteca, cursos de Geração de Renda e sopão para pessoas carentes. O prêmio oferecido pela Or- ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Assembléia Legislativa do RS homenageou pessoas, organizações governamentais e não-governamentais do Estado nas categorias Formação de Consciência de Cidadania, Divulgação e Defesa dos Direitos Humanos e Protagonismo Juvenil na Promoção dos Direitos Humanos. O NCC concorreu com entidades como a Ulbra e a UFRGS. A Soldado da Brigada Militar, Cristiane Inveninato, que trabalha como voluntária no NCC, afirma que, “foi uma honra concorrermos com essas instituições e ganhar o prêmio, pois são entidades que têm recursos para manter seu projeto. Nós trabalhamos sem fins lucrativos, somente com doações”. “O Núcleo foi o único candidato que não se inscreveu para concorrer ao prêmio, a própria Unesco o inscreveu, após ter lido uma reportagem no jornal Zero Hora”, ressalta o Coordenador de Projetos, Alan Triumpho. Nela, foi mostrada uma família beneficiada pelo projeto. O Núcleo trabalha com um total de 23 pessoas, entre funcionários e voluntários. Na intenção de tornar alunos em cidadãos. Geração POA oferece oficinas Mariana Blessmann Localizado em um prédio próprio da prefeitura, em um bairro de classe média da cidade, encontra-se um estabelecimento pouco conhecido. O Projeto Geração POA Oficina Saúde e Trabalho existe desde 1996 e está fixado nesse local desde 2001. Conhecido antes como Oficina de Geração de Renda, teve o nome modificado após a ampliação dos seus eixos de ação. O lugar, hoje, acolhe os usuários da saúde mental e do trabalho e planeja dar um apoio maior a idosos e seus cuidadores, um projeto que está no papel, mas que deverá ser posto em prática logo. Encaminhados por outros serviços da rede de saúde, os usuários têm de manter critérios básicos para participar das oficinas, como o desejo de retornar para o mercado de trabalho (sem nenhuma imposição médica ou familiar), a vinculação com o tratamento e, por último, a possibilidade de circular com autonomia pela cidade. Acompanhados pela terapeuta, Carmen Vera Passos Ferreira, e demais colegas, os usuários participam de oficinas de trabalhos artesanais, aprendendo a fazer cartões, embalagens, luminárias, papel reciclado, customização, serigrafia e sabonetes aromáticos. O local é cedido, também, para a realização de um projeto chamado “Todas as Letras”, onde é realizada uma oficina de alfabetização. O objetivo do projeto é inserir os usuários na sociedade, contando com a equipe de terapeutas que acompanha os trabalhos e com a colaboração de neurologista, assistentes sociais, psicóloga, educadora, entre outros. O papel da Oficina é ajudar a gerar renda para essas pessoas, auxiliando na construção e elaboração dos materiais e depois colocandoos à venda em pontos próprios da cidade. Os recursos para a aquisição das matérias-primas, quando não fornecidos pela prefeitura, são adquiridos com a própria renda da comercialização dos produtos. V. K., 40 anos, morador da Vila Farrapos e P. C., 53, morador da Vila Jardim, ambos en- caminhados por profissionais da saúde e usuários da saúde mental, estão na Oficina desde 1999, trabalhando, atualmente, nas segundas-feiras pela manhã com o papel reciclado. Eles estão satisfeitos com o tratamento que recebem e dispostos a fazer os seus trabalhos, mesmo tendo uma renda baixa, como informa a terapeuta. Os trabalhos realizados pelos usuários podem ser encontrados através das lojas da Economia Solidária - POA Solidária situada nas lojas 89 e 90 no Mercado Público e Etiqueta Popular no Mercado do Bom Fim -, Casa do Artesão, na Júlio de Castilhos e Vitrine do Papel na Usina do Gasômetro, além de outras feiras na cidade. 18 Geral Julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA A disputa de três mulheres promete esquentar as eleições Municipais crise no ORIENTE MÉDIO reflete no bairro bom fim Em busca do poder Arquivo pessoal Andrei Braga Vessozi Andrei Braga Vessosi P Para quem pensa que 2008 será mais um ano de eleições monótonas para prefeitura de Porto Alegre, prepare-se para a surpresa. Estima-se em torno de dez candidatos na disputa e pela primeira vez está praticamente confirmada a presença de três mulheres, que prometem fazer a mais acirrada das eleições. Manuela D’Ávila, 25 anos, (Partido Comunista do Brasil, PcdoB), Luciana Genro, 36, (Partido Socialismo e Liberdade, PSOL) e Maria do Rosário, 41, (Partido dos Trabalhadores, PT), juntas, fizeram mais de meio milhão de votos no Estado na última eleição, onde concorreram para deputadas federal. Violência é assunto unânime entre as candidatas e concordam que a mudança é necessária. Genro afirma que a eleição à prefeitura da Capital será apenas a segunda oportunidade do PSOL mostrar ao cidadão gaúcho que é a verdadeira esquerda e que está junto ao povo nas suas lutas diárias. Para a deputada, uma das causas da violência não é a po- Rafael em Istambul, Turquia Amélia Ricciolini A atual crise no Oriente Médio entre judeus-israelenses e árabes-palestinos, a possível retomada das negociações sobre a desocupação e retomada de territórios entre estes dois grupos em Israel têm suscitado reflexões nas comunidades judaicas e árabes do Brasil e sobretudo no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, onde também se encontram. O radicalismo, a saudade da Pátria, as opiniões evidenciam a cautela em relação a um tema delicado. Igal Vischnovetzki, judeu israelense que mora há oito anos no Brasil, casado com Daniela, judia brasileira, descreve a relação com os brasileiros como muito boa, pois são acolhedores, carismáticos e tranqüilos. Uma singela alusão às tensas relações entre aqueles grupos no oriente. No Brasil, segundo Igal, não há animosidades. Árabes são amigos dos israelenses. Ele e sua família são proprietários da Cronk’s, sorveteria no coração do Bom Fim, e participam desta relação pacífica, quando, ao trabalharem em eventos, montam tendas árabes sob encomenda. “É uma bandeira da paz.”, enfatiza. Se aqui a serenidade prepondera, lá “os dois lados têm histórico de radicalismo, tanto palestinos quanto israelenses”, lamenta. Isto não interfere na solidariedade entre os patriotas e conterrâneos, sobretudo existe um fundo de apoio a Israel e para judeus mais carentes no Brasil, organizados pelos judeus brasileiros. “Sinto saudade de Israel, pois é minha pátria”, encerra. Rafael Souq, brasileiro, é empresário do SOUQ Pub Temático, onde encontramos um ambiente originalmente oriental, nas peças, utensílios e costumes, oriundos das viagens aos países árabes. É um conhecedor e admirador destes povos. Para o empresário, o conflito é injusto e teve o agravante do apoio dos EUA ao Egito, que cooperou com Israel, deixando tensa as relações com países vizinhos. “No Egito, também é tenso o ambiente, uma vez que é freqüente os atos terroristas, principalmente em Sinai, cidade turística onde os hotéis são alvos”, lamenta. Quanto aos palestinos, que são refugiados neste impasse, ele expõe que estão “magoados” com as atitudes adotadas por Israel, que os mais jovens estão desistindo de viver no oriente e casando-se com europeus, principalmente, e que trabalham em sub-empregos. No Brasil, segundo ele, são bem sucedidos, pois têm vocação para o comércio e cooperam entre si, e que aqui foram bem recebidos. Deste conflito, enfatiza, também, que é difícil a solução por causa do radicalismo. Luciana, Maria do Rosário e Manuela: força, experiencia e juventude na disputa da prefeitura de Porto Alegre breza e sim o choque que existe entre as classes sociais. Ela diz que a segurança é responsabilidade do governo do Estado e que só conseguirá melhorar a situação da Brigada Militar com salários dignos, para que o policial não acabe, também, virando bandido. “Isto não é um problema só de Porto Alegre, é um problema do Brasil. Apesar do discurso do Presidente Lula a desigualdade social é cada vez maior”, diz. Luciana entende que “o lançamento da deputada Manuela D’Ávila será uma candidatura fraca, sem consistência política, sem história, apesar de ser uma pessoa muito simpática, isto não dá consistência para uma disputa”. Manuela argumenta que ao contrário do que falam não é uma cara nova em disputas:“Foi minha primeira eleição, mas não me construí a partir de eleições”. Ela é militante política e estudantil desde os 16 anos. Considera, também, que construiu política alternativa com uma parcela muito grande da população, que é a juventude. Segundo a deputada, a prefeitura não pode garantir brigadianos nas ruas, mas pode minimizar áreas de pobreza concentrada e ter políticas de retirada da juventude do narcotráfico. “Estamos discutindo este projeto, e é isto que nos motiva”. Assim como Manuela, Rosário começou a sua carreira política no PCdoB, elegendose vereadora. Mudou para o PT em 1994, onde foi eleita vereadora, deputada estadual e duas vezes federal. Na última campanha municipal para a prefeitura de Porto Alegre concorreu como vice do atual deputado estadual Raul Pont. Sobre a segurança na Capital, Rosário analisa que a atual administração não tem como manter o discurso sobre a atual política de segurança, mesmo naquilo que é responsabilidade do município. “Sequer cumpriu sua parte, que é manter a cidade com as lâmpadas acesas”. Rosário considera muito positivo se ocorrer uma eleição marcada pela presença das mulheres, pois isto demonstra uma mudança cultural. “Considero Porto Alegre uma cidade que tem muito de feminino”. Albergues têm apoio da Fasc Ciro Oliveira Pontes A Associação Cultural Beneficente Ilê Mulher, na rua Gaspar Martins, 216, é conveniada à Fundação de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura de Porto Alegre (Fasc) para o atendimento diurno à população adulta em situação de rua. Para a Assistente So- Israel e os vizinhos árabes cial, Elizabete Ramos, não há critérios para atendimento na casa: “A chegada até a casa se dá através de procura espontânea e abordagem realizada pelo Atendimento Social de Rua da FASC. Não há limite de vagas”. O morador de rua, Reginaldo de Oliveira, 20 anos, diz que as vagas são limitadas e que mesmo tendo casa, pre- fere os abrigos: “Eu tenho casa, mas prefiro as ruas. Às vezes, quando procuro um albergue, é difícil encontrar, pois eles abrem muito cedo, às 19h. Daí fico nas ruas”. A Assessora de Comunicação da Fasc, Mônica Bidese, discorda da declaração de Reginaldo: “O albergue e/ou abrigos têm regras, como horários de entrada e saída. Não pode consumir drogas. Então, muitos preferem a rua. Não é porque abrimos cedo ou tarde”. Não há estatística atualizada do número de moradores de rua, mas estima-se que o número seja em tor no de 2,4/2,5 mil pessoas. A prefeitura pretende realizar uma nova pesquisa, segundo Bidese. Motéis aproximam casais Cemitério é história Artur Machado André e Carla Carús em Canela, curtindo um domingo de sol Arthur Machado Os motéis surgiram nos Estados Unidos no início da década de 30 com o objetivo de abrigar o descanso de caminhoneiros e viajantes. De lá para cá foram recebendo inovações que acabaram por transformar radicalmente a sua finalidade. Motel, hoje, é um ambiente de encontro, um refúgio para a maioria dos casais. Esse é o seu significado principal, mas não o único. Através de entrevistas com funcionários e usuários desses estabelecimentos, você leitor saberá o porquê. Dos estabelecimentos do gênero existentes, o Vison, na avenida Cavalhada, é dos mais modernos e completos. Composto por diversos atrativos, entre os quais descontos por assiduidade, o motel cativou o público. A assistente geral, Cláudia Costa, explica o motivo: “nos distinguimos da concorrência devido à exce- lência e discrição na prestação dos serviços. Nosso objetivo é a satisfação total do cliente”. Quando questionada sobre a atração principal que o motel põe a disposição de seus clientes, Costa diz que são as suítes Ilhas, também conhecidas por Ilhas da Fantasia. Segundo a assistente, as Ilhas são suítes amplas, com capacidade para até dez pessoas. “As constuímos com o intuito de atender ao público mais liberal, que reivindicava ambientes maiores para a troca de casais”, explica. Para o advogado André Carús, 25 anos, motel tem um significado especial: “Gosto muito e frequento com relativa assiduidade. É um ambiente estimulante e tranqüilo. Foi nesse ambiente que o meu namoro com a Carla, hoje minha esposa, começou”. Para o estudante de edu- cação física, Gilson Müller, 21, que se intitula um ‘exímio conhecedor do tema’, motéis são os melhores ambientes fechados do mundo: “Sou fã desses ambientes, gosto mesmo. Com bastante frequência vou com minha namorada. Nossa meta é conhecer todos. Inclusive, já estou a procura de um para o dia dos namorados”. Pode parecer estranho mas esses ambientes vem fazendo a cabeça também dos casados. Sobre o fato discorre o funcionário público Leonardo Barbosa, 29: “Sou casado há três anos e tenho duas filhas, uma do meu primeiro matrimônio. Sempre que sobra algum, levo minha esposa ao motel. Nele nos reencontramos, nos reapaixonamos. É o ambiente perfeito para a fuga das armadilhas da rotina. Na minha opinião, o medo desta fez com que os casados buscassem alternativas eficazes de combate, encontrando neste mundo a parte, uma válvula de escape interessante e saudável”. Pelo que se pode perceber após depoimentos de servidores e usuários desses estabelecimentos, o sexo, nos motéis da Capital, é só um detalhe. Antes são procurados por representarem ambientes afrodisíacos e propícios ao enlace. O que os deixa como excelente opção para os amantes, num jantar a luz de velas ou, quem sabe, para uma terapia de casal. Thays Leães Cemitérios são fontes históricas para o estudo da sociedade. O professor e mestre em História, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Harry Rodrigues Bellomo, especializado em arte cemiterial, afirmou que “a cidade dos mortos é o reflexo da cidade dos vivos”. Entre os fatores históricos revelados pelos cemitérios estão a ideologia política, a preservação da história familiar, as crenças religiosas, a fonte de formação étnica e a preservação do patrimônio histórico. Sobre a distribuição social dos túmulos, relatou que nos cemitérios se encontram elite, classe média e área dos indigentes, ocupadas por pessoas humildes. Os valores da época são representados em inscrições como “Fulano de Tal, bom pai, bom irmão, bom marido”, considerados importantes e escritos nos túmulos. Bellomo também citou o gosto artístico, manifestado através de estatuárias, vitrais, baixos relevos e pinturas. Destacou os túmulos dos positivistas Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado, pelo conteúdo artístico e político. A produção estatuária deixou de existir nos anos 60. Isso se deve ao fato de que possuir um grande túmulo deixou de ser sinal de status. Atualmente, uma prática funerária em ascensão é a cremação, considerada anti-histórica pelo professor. “É a negação do valor histórico do cemitério. A existência da comunidade vira pó, literalmente”, disse. Argumentou que os vestígios materiais da existência do morto deixarão de existir. “Geralmente, em uma grande civilização, todos os registros da comunidade estão nos cemitérios”, citando como exemplo, as pirâmides egípcias. O pesquisador lidera um grupo de alunos especializa- dos no estudo cemiterial. Eles viajam pelo interior, com o objetivo de catalogar as obras do Estado. As pesquisas estão no livro “Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, ideologia e sociedade”, editado pela PUCRS em 2000. A precariedade de algumas obras, devido a roubos e vandalismo, a dificuldade de acesso a cemitérios abandonados e a falta de documentos que complementem as informações contidas nas lápides são as dificuldades mais encontradas durante as pesquisas. Muitas pessoas têm medo de cemitérios por acreditar que neles existam assombrações. Bellomo afirmou que essas lendas reforçam o receio que a sociedade tem da morte, mas confessa que se deparou com figuras estranhas. “Encontrei coisas esquisitas. De repente é algo do inconsciente, esse constante contato com cemitérios pode provocar alucinações”, conclui. Thays Leães Túmulo-Monumento a Pinheiro Machado Geral Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007 Ocupantes desmatam área verde no bairro Guarujá em Porto Alegre Patas movem corações Arquivo ONG Moradores da Vila Jardim invadem uma área verde Carla Oliveira Carla Oliveira Sivuca é um dos cães recuperados a espera de um lar Dani Koetz Em Porto Alegre, são várias as organizações e pessoas que lutam pelo bem-estar de animais abandonados, na maioria, cães e gatos. Muitos são recolhidos da rua, em péssimo estado, doentes, e tratados até ficarem em condições de adoção. A professora Josiane Martins criou há um ano o site Focinho Online, que tem como objetivo servir de veículo para todas as ONGs e pessoas que querem ajudar de alguma forma. O site publica os anúncios de adoção disponíveis na cidade e dá apoio especial ao sítio da Dona Nadir, que aos 70 anos de idade, no bairro Belém Novo, cuida sozinha de mais de 150 cães e gatos e conta apenas com donativos e a contribuição de pessoas como Martins. “Tiramos dinheiro do próprio bolso para alimentar os animais e muitas vezes para pagar um veterinário”, conta a professora, que nunca havia trabalhado como voluntária antes e agora busca apoio de algum profissional que possa acompanhar os animais do sítio e também de pessoas dispostas a doar tempo, dinheiro e atenção aos animais. A bibliotecária Luzia Koehler diz que não lembra mais há quanto tempo participa como voluntária, uma vez que recolhe animais em sua própria casa há muitos anos, os trata e os encaminha para adoção. “Alguns ficam aqui por um tempo e depois são adotados, outros acabam ficando”, conta ela entre risos. Para adotar um animalzinho, contribuir para a alimentação e cirurgias ou ser voluntário, acesse os sites abaixo: http://www.focinhoonline.com/ http://duasmaosquatropatas.com.br/ http://www.bichoderua.com.br/ http://www.gatosreden.com/ História de cinema O cão “Churras” estrela do filme “Cão sem dono” que está nos cinemas, foi escolhido no centro de zoonozes da Capital pela equipe de produção do filme e o ator Julio Andrade. “Ele era o mais quieto, todos fizeram festa menos ele, ficou num canto do canil olhando para a rua, como quem sonha com a liberdade”, conta o ator. Após as gravações, Churras pôde escolher seu novo lar, hoje ele vive com Primo Juliani que trabalhou como iluminador na produção. COPA LIBERTADORES MUDA ROTINA EM PORTO ALEGRE Clarissa Mendelski e Tatiana Nassr E Em busca de uma moradia, desde abril, foi ocupada mais uma área pública municipal na Estrada da Serraria, essas ocupações ocorrem, na maioria das vezes, em áreas destinadas a escolas e praças, o qual foi o caso da Vila Jardim das Oliveiras no bairro Guarujá. “Invasão” é a única alternativa para uma boa parte da população de baixa renda que têm, nas áreas verdes desocupadas, uma oportunidade de realizar o velho sonho de conseguir um lugar para morar. Para que os moradores possam se organizar, a Vila Jardim das Oliveiras fundou uma associação de moradores com o objetivo de representar a comunidade. “Fundamos uma associação para que a gente pudesse lutar junto aos órgãos públicos via orçamento participativo”, diz o presidente Altair Mumbach. A primeira invasão nesse local ocorreu há 13 anos. No decorrer dos anos, as famílias foram aumentando e hoje, devido ao fato de haver sub-moradia, houve a necessidade de ocupar outra parte da área ainda vazia, o local que seria destinado à área de lazer pelo loteamento Residencial Ernesto Di Primo Beck. A invasão beneficiou em torno de 15 famílias. A associação trouxe resultados para vila, através dela tiveram vários benefícios como rede de água, esgoto e energia elétrica, entre outros. “Estamos na luta para continuar as demandas que vem daqui por diante para que eles possam ser regularizados e, também, ter as benfeitorias”, registra Mumbach, referindo-se aos ocupantes da área verde recém invadida. O presidente da entidade observa, ainda, que nunca houve interesse da prefeitura de fazer um projeto habitacional para essa área ou até mesmo a execução da área de la- Ocupantes da Estrada da Serraria, na Vila Jardim das Oliveiras, dão início à contrução das casas zer. Mesmo assim, pretende levar ao conhecimento dos órgãos públicos para que eles, também, sejam parceiros na regularização dos moradores. O morador Marcos Aurélio Possuelo conta que as famílias acreditam na possibilidade da prefeitura legalizar os terrenos. E, comenta o motivo pelo qual decidiram fazer a invasão. “O pessoal que estava ali foi tendo família e não tendo para onde ir, porque o espaço ficou pequeno e como existia aquela parte de área de terra ali sobrando”, afirma Possuelo. Acrescenta, também, que algumas famílias que moravam de aluguel não tinham mais condições de pagar, porque são assalariados, famílias com número considerável de filhos, outros desempregados e sem condições de adquirir a sua casa própria e que “ali foi o momento certo, a hora certa”. O ocupante Juliano Corrêa dos Santos concorda, “com certeza era o único jei- “Com certeza, a invasão era o único jeito”. to, era a invasão”. Possuelo relembra o dia da invasão, “então a gente mesmo pegou um dia de madrugada, nos reunimos, as dez famílias que precisavam de casa. Aí, invadimos e cada um pegou seu pedaço de terra”. SMAM esclarece Segundo os ocupantes, mesmo sem o conhecimento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sman), foi desmatada uma parte da área verde, tirando somente o mato pequeno, árvores pequenas, “metemo os peito”, afirma Santos, em referência ao fato de não ter autorização da Sman. A arquiteta responsável pela Divisão de Projetos e Construção, Valéria Damasceno Ferreira, informou que a ocupação mais antiga realmente ocupa parte da área destinada a escola e parte da área destinada à praça, pelo loteamento Residencial Ernesto Di Primo Beck. “As ocupações antigas, se atenderem a vários requisitos, podem reivindicar a Con- cessão do Direito Real de Uso”, diz a arquiteta. Quanto à nova invasão, a Sman tem conhecimento e nesse caso os novos ocupantes devem ser retirados imediatamente da área pública. Como a Smam é responsável pelas áreas públicas municipais que não podem ser usucapidas, o primeiro passo é tentar retirar as pessoas logo que a ocupação acontece ou entrar com ação de reintegração de posse, afirma Ferreira. Referente ao desmatamento, sempre que acontece um dano ambiental a Smam tem que notificar e paralisar a ação para então responsabilizar o proprietário da área ou os próprios ocupantes irregulares. E, se tratando da Vila Jardim das Oliveiras, os responsáveis foram autuados. Quanto ao processo de regularização e quanto à vila possuir uma associação de moradores, a arquiteta entende que cabe ao presidente encaminhar o processo para se cotizar e dar andamento as etapas necessárias. O verde do Jardim Botânico Denise Tamer A disputa entre Grêmio e Boca Juniors, pela final da Libertadores, no dia 20 de junho, causou euforia nas ruas da Capital. Os bares da cidade ficaram lotados, assim como o Estádio Olímpico, que contou com 46.198 torcedores. O evento alterou o dia-a-dia em alguns bairros, principalmente nos setores do comércio e do policiamento. O Tenente Rodrigues, integrante da Brigada Militar, prestou serviços no bairro Moinhos de Vento na noite da decisão e considera a mobilização um “evento atípico”. Ele afirma que a segurança foi reforçada, inclusive nas regiões da Grande Porto Alegre. A BM classificou as ações do dia como “Operação Libertadores” e contou com mil policiais distribuídos por toda a região metropolitana. Delegações e torcedores, tanto de argentinos como de brasileiros, tiveram acompanhamento da polícia. As prioridades foram os locais onde ocorre maior circulação de pessoas em dias de jogo de futebol, como terminais de ônibus, estações do Trensurb e bares. No bairro Azenha, Roger Ilha Moreira, estava no local e relata o confronto entre a BM e os torcedores do Grêmio: “Os brigadianos começaram a avançar com os cavalos para cima de todo mundo”. Moreira é morador do bairro Mon’t Serrat e testemunhou também o foguetório provocado pelos gremistas, que iniciou na noite de terça-feira e se estendeu até quarta, em frente ao hotel Holiday Inn, na av. Carlos Gomes. Houve quem soube tirar proveito do evento. Sônia Ibañez, atualmente desempregada, montou o seu “posto de vendas” de bandeira tricolores na esquina da av.Goethe com a Rua 24 de Outubro. Fábio Berriel Com lindas paisagens o JB nem parece situado no coração da Capital Denise Tamer Policiais mantem a ordem na chegada do Grêmio 19 Um lugar tranqüilo e seguro para contemplar, com 41 ha de área total, aberto ao público desde 1958, o Jardim Botânico é um dos cinco maiores do país. Conta com um acervo científico composto por cerca de 8 mil plantas e 1500 espécies de flora nativa do sul do Brasil. O Jardim Botânico tem como missão realizar a conservação integrada da flora nativa e dos ecossistemas regionais, consolidando-se como centro de referência em educação, pesquisa, cultura e lazer, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. São muitas as sugestões de roteiro para quem vai ao local; tais como as Plantas Perfumadas, os Pinheiros, as Florestas de Araucária e do Alto Uruguai, as Leguminosas, as Plantas Medicinais e as Trepadeiras. Em média 2 mil pessoas visitam o local por mês. A média é considerada baixa, pois em Porto Alegre e região metropolitana vivem cerca de 4,1 milhões de pessoas. “Muita gente se admira ao saber da existência de um Jardim tão vasto e bonito. Todos gostam de vir, mas ainda existem os que não conhecem!”, disse a funcionária do local há 12 anos, Angelita Cunha. Porto Alegre é uma das capitais mais arborizadas do país. Cada habitante tem direito a aproximadamente, 17m² de área verde. O Jardim Botânico ajuda a promover este índice com o projeto de incentivo ao plantio de árvores. Prioritariamente com plantas que estão em extinção, há a preocupação de manter vivas populações dessas espécies. A obra da Terceira Perimetral após concluída surtiu uma facilidade maior ao acesso do Jardim, mas teve efeitos negativos. “Não ocorreu nenhum impacto em relação á vegetação, e sim em relação á drenagem do solo e á fauna. Por questão dos ruídos dos carros e o constante movimento”, disse o agrônomo José Fernando Vargas, funcionário do local desde 2001. Ir conhecer o Jardim Botânico além de ser um passeio é uma oportunidade de aproximação com a natureza, prática fundamental para uma melhor qualidade de vida. Funciona de terças a domingo, das 8h às 17h, e seus visitantes são muito bem-vindos. 20 Esporte julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Futebol feminino, em Porto Alegre, sofre com a desorganização Gaúchas buscam espaço Bruna Geremias Duda de branco com suas alunas após o treino de futebol Bruna Geremias É comum para os brasileiros assistirem os meninos da seleção de futebol representando o país, cantando de forma emocionada o hino de sua Pátria. As meninas de Porto Alegre gostariam de partilhar do mesmo sentimento, porém a desorganização e a falta de incentivo impedem as atletas de realizarem o seu sonho. O futebol feminino em Por- to Alegre não possuía um espaço, até a formação da escolinha do Internacional, em 1984. De lá para cá, muita coisa mudou. O esporte foi reconhecido em nível mundial com a criação da Copa do Mundo, em 1991, tornou-se Olímpico em Atlanta, no ano de 1996. O Grêmio, principal força do Estado, ao lado do Internacional, também decidiu Peteca não, badminton do um espaço para atletas de todas as idades. Atualmente, Duda é proprietária de 11 escolas de futebol. Para ela, a maior dificuldade do futebol feminino é a falta de organização por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Duda enfatiza que, “as meninas sonham em jogar uma Olimpíada, em ir para a Europa, ou EUA, por que no Brasil não tem como viver só do futebol. Meu papel é fazer com que esse sonho vire realidade”. Centro-avante do Tricolor Gaúcho, Moacir Bastos, o Tuta tem na sua concepção que o principal problema do futebol feminino é a falta de incentivo por parte da imprensa, que não apóia a categoria. Aluna de uma das escolas da Duda, Luciane Brandelize, 15 anos, é uma das muitas garotas de Porto Alegre que sonha em ser jogadora de futebol. Duda sabe das dificuldades que o esporte enfrenta, mas acha que nada é impossível quando se tem força de vontade. Segundo ela, “as garotas que querem se profissionalizar precisam saber que a palavra desistir não pode fazer parte do nosso vocabulário”. Cassiano Pedroso O futebol profissional movimenta milhões de reais em todo mundo. Publicidade, televisão, estádios lotados e fanáticos torcedores tornam esse esporte o mais popular e milionário do planeta. Porém, no Parque Ararigbóia, no bairro Jardim Botânico, existe outra realidade, o futebol amador, onde toda semana acontecem jogos de torneios da cidade. Na década de 40, onde hoje existe o parque e o campo do Ararigbóia, existia apenas um terreno abandonado onde o gado pastava e os carros atolavam. Foi então que um empreiteiro, conhecido apenas como Arino, resolver cercar o local com madeira e construir um gramado de futebol para os seus funcionários. O aterro e a construção do gramado demoraram dois anos e o local passou a se chamar Sul Brasil. Em 1951, a prefeitura de Porto Alegre assumiu o terreno por ser público e criou a praça do Ararigbóia, mantendo o gramado principal. Em 1966, começaram a ser feitos torneios de futebol amador no local, organizados pelo ex-presidente da praça, Pedro Paulo Antunes, hoje aposentado, e conhecido como Paulinho. Ele trouxe várias equipes amadoras aos gramados do Ararigbóia nos seus dez anos de cargo de presidente. “Minha vida sempre foi o futebol, meu sentimento sempre foi de sentimento e amor à várzea. Fui presidente por dez anos e não ganhava nada. Era por amor.” Essas são palavras de Paulinho, que demonstram que a várzea vai muito além do futebol e da competição. Atualmente, um assíduo frequentador do parque, Paulinho conta que as amizades que fez ao longo dos anos no Ararigbóia são muitas e diz que personagens importantes do futebol profissional, como o técnico da seleção de Portugal, Felipão, ainda hoje joga bola com os amiugos quando possível. Laços das amizades criadas no futebol de várzea. Disputado nos finais de semana, o futebol amador nos gramados do Ararigbóia movimentam centenas de anônimos, comunidades e, orincipoalmente, muita paixão. Muito além das quatro linhas. Tarumã em alta velocidade Alexandre Bringhenti Arquivo / CBBd Guilherme Kumasaka conquistou a medalha de bronze no PAN Leonardo Ferreira O badminton, esporte que garantiu uma medalha de bronze nos Jogos Panamericanos 2007, até hoje permanece como um esporte desconhecido do grande público. Quem contou um pouco da história da modalidade original da Índia foi o representante da Confederação Brasileira de Badminton (CBBd), Hilton Fernando. O badminton surgiu na Índia, sobre o nome de Poona, oficiais ingleses a serviço no país, que na época encontrava-se sob o controle britânico, gostaram do jogo, em seguida o levaram para a Europa. O Poona passou a chamar-se badminton na década de 1870, quando uma nova versão do esporte foi jogada na propriedade de Badminton na Inglaterra, pertencente ao Duque de Beaufort’s. O jogo é disputado com uma raquete e uma peteca. O objetivo é fazer com que a peteca passe por cima da rede e caia na quadra do adversário para que o ponto possa ser computado. Pode ser jogado em simples, um contra um ou em duplas, masculina, feminina, ou duplas mistas. Uma partida consiste em três games de 21 pontos sem vantagem, quem vencer dois games primeiro, apoiar a categoria criando a sua escola de futebol feminino. A iniciativa não obteve sucesso, pois a taxa de atletas matriculadas na escolinha foi muito aquém da esperada pela direção gremista. Segundo o diretor das categorias de base, Fabio Andreta, “o Grêmio investiu muito na categoria e não obteve um retorno, o movimento era pequeno, não tivemos lucro”. A experiência do Grêmio com o futebol feminino não foi totalmente negativa. As atletas Maravilha e Maicon foram convocadas para a seleção. O clube conquistou o principal campeonato do estado em cima do rival Internacional. Apesar disso, a direção não pensa em retornar com os treinos femininos. “Possuímos seis campos todos estão ocupados, temos 1,1 mil alunos e mais de 400 na fila de espera o Grêmio não tem mais espaço físico para acoplar outra categoria”, diz Andreta. Ex-jogadora de futebol e professora de educação física, Eduarda Luizilli, também conhecida como Duda, revolucionou o futebol feminino na capital Gaúcha, disponibilizan- Além das quatro linhas automaticamente define-se como vencedor. Praticado ao ar livre, também é jogado em quadra coberta, onde não ocorram correntes de ar. O espaço entre a quadra e as paredes que cercam o recinto não devem ter menos de um metro nas laterais, e de um 1,5 metros no fundo. Fernando conta que o apoio financeiro somente vem de recursos da Lei Agnelo Piva, de 2001, que estabeleceu em 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Do total de recursos repassados, 85% são destinados ao COB e 15%, ao CPB: “Esses recursos tem que manter tudo, entidade, atletas, compra de materiais, e tudo mais, o que acaba dificultando e muito a situação”. No Brasil, o número de praticantes está em cerca de 9 mil praticantes: “A adesão é muito boa, sempre que alguém começa praticar badminton dificilmente pára”, afirmou o representante da Confederação. Nos Jogos Pan-americanos de 2007, Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo, conseguiu o inédito bronze na categoria de duplas masculinas. O Autódromo Internacional de Tarumã se localiza no bairro que leva o seu nome, em Viamão, cidade vizinha de Porto Alegre. É o circuito mais rápido do Brasil e também um dos mais tradicionais. A sua pista possui cerca de três quilômetros de extensão. Tarumã é o único autódromo privado no Brasil. A sua manutenção depende de eventos realizados pelo Automóvel Clube do Rio Grande do Sul (ACRGS), que faz muito esforço para que a pista seja palco de corridas referentes a grandes competições como, por exemplo, o Campeonato Brasileiro de Stock Car, a Fórmula Truck, a Fórmula Renault, as 12 Horas de Tarumã , o Racha Tarumã, entre outros. A Stock Car realizou a sua primeira prova na história em 22 de abril de 1979 no circuito viamonense. Outro evento, o Racha Tarumã foi criado por que ,antes, os motoristas faziam os “pegas” nas ruas da cidade, levando perigo para os pedestres e para os participantes. Agora, as disputas acontecem dentro do autódromo, onde há mais segurança. Com quase 37 anos de existência, o autódromo teve poucas reformulações. Aconteceram apenas algumas reformas na pista e no setor para o público. Porém, há um planejamento visando a modernização do local, tanto para os pilotos e a sua equipe, quanto para os fãs. Mas, o problema é que somente o apoio da ACRGS não trará fundos suficientes para amparar os custos do projeto. Seria necessário a participação de Único autódromo privado do Brasil, Tarumã é o circuito mais rápido pelo menos mais um ou dois investidores para que o plano de reforma possa começar a ser executado. O projeto traz mais segurança para os espectadores com uma mudança no setor de arquibancadas, o melhoramento da pista e a modernização na área dos boxes. Tarumã tem o seu calendário definido para este ano. A principal competição e a mais esperada pelos fãs de alta velocidade é a Stock Car, que acontece em 14 de outubro. O estilo radical do MotoCross Thiago Corrêa e Athilio Zanon MotoCross é um esporte radical onde força, coragem e determinação são necessários para a prática. Vôos de mais de cinco metros de altura misturados às pistas irregulares ou até trilhas em meio a matas fechadas dão ao piloto uma emoção sem limites. É um espetáculo que leva os torcedores a vibrarem a cada manobra realizada. A emoção passada pelo ronco dos motores faz o espectador gritar e torcer com tal intensidade dando a sensação de estarem correndo junto com os pilotos. Localizada no Lami, a primeira pista de MotoCross de Porto Alegre atrai competidores de todo o Estado. Funciona nas noites de quinta-feira para treinos oficiais do campeonato Gaúcho e aos domingos, à tarde, para corridas livres. O dono da pista, Telmo Alexandre Bringhenti Thiago Corrêa Pilotos voam alto no campeonato realizado na pista do Lami no dia 26 de maio Coelho da Costa, 54 anos, lembra que ela foi inaugurada em 2002, quando houve um aumento da procura desse esporte na região. O engenheiro civil, Alexandre Xavier Teixeira, 32, diz que “a construção da pista do Lami, fez com que eu não precisasse sair de Porto Alegre para praticar o esporte”. O professor de Geografia, Carlos Elly, 31, pratica MotoCross desde os 20 anos: “Eu sofri diversos acidentes, uma vez cheguei a quebrar um braço, mas a segurança daqui é muito boa. Nunca pensei em parar de correr”. Na pista do Lami foram registrados apenas acidentes com danos materiais. As modalidades do MotoCross são, basicamente, o Cross, o FreeStyle, o Trial e o En- duro. As duas últimas não são praticadas na pista do Lami. Pode-se praticar o MotoCross a qualquer época do ano. Alguns preferem a pista molhada ou úmida, enquanto outros preferem muita poeira. O inverno é adequado por ser mais fresco, visto que o equipamento de segurança e as roupas especiais aquecem o corpo.