Carta espiritual aos meus irmãos e irmãs beneditinos Queridos
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Carta espiritual aos meus irmãos e irmãs beneditinos Queridos
28 de agosto de 2016 Carta espiritual aos meus irmãos e irmãs beneditinos Queridos irmãos e irmãs, Em uma semana, começa o Congresso dos Abades, e paucos dias depois, a 9 de stembro, e o meu mandato chegará ao fim. Muitos me perguntam o que eu vou fazer depois. Bem, eu só vou voltar para a minha Abadia de St. Ottilien. Eu não vou chegar lá como um estranho; tive um bom contato com os meus irmãos todos estes anos. Duas vezes por ano, tenho dado cursos de vários dias para noventa pessoas de todas as idades e de diversas culturas na Casa de Retiros do mosteiro. Eu só quero fazer uma contribuição para a vida da minha comunidade e cantar louvores a Deus com eles como eu tinha feito anteriormente e, como eu fiz aqui em Sant' Anselmo. Também me perguntam como eu me sinto que eu já não tenho mais a chamada "alta posição", se eu estou preocupado em ser reduzido em nada de especial. Eu sempre parecia ser um pouco impotente diante esta pergunta e nunca sabia exatamente como responder. Tal pensamento é estranho para mim. Com o evangelho de hoje sobre a disputa para lugares mais altos num banquete, eu finalmente encontrei a solução. O problema é que nós pensamos que somos cristãos, mas o Evangelho nunca realmente penetra a nossa pele. São normas seculares que nos definem e não o pensamento de Jesus. Não somos todos criados e amados por Deus? Quem tem precedência sobre os outros? Quem tem menos valor? Em uma comunidade, não há serviços de maior ou menor. Se é o abade ou a pessoa de manutenção, somos todos um em Cristo. Não se trata de uma humildade especial, mas simplesmente sobre o que é necessário. Isso é serviço, não o que eu escolho para mim. Em nossas comunidades e categorias seculares, muitas vezes desempenhamos um papel mais importante do que o amor gratuito de um com o outro, mas o amor de todos, sem distinção. S. Anselmo é um campo maravilhoso onde podemos aprender que todos têm igual valor diante de Deus, além da cor de nossa pele, a idioma ou até mesmo a nossa própria cultura de origem. Deus chama todos nós, os batizados, bem como monges ou monjas. Leva um longo tempo até que percebemos que muitas vezes outros valores – seculares - desempenham um papel. O medo de nós mesmos muitas das vezes nos leva a uma necessidade exagerada de reconhecimento e para todos os tipos de jogos de poder. Podemos nos esconder atrás da disciplina, a qual é realmente necessario para una vida comunitaria ordenata, mas disciplina demais pode sufocar o amor. Eu não sou pessimista; tenho experimentado muito amor em nossos mosteiros: a paciência com que os jovens lidam com a idade, o interesse dos idosos têm para com os juniores, a assistência natural e simples, que manifesta para as pessoas de fora, o amor para os estudantes e a atenção dada aos convidados. O conselho de Bento para o celeireiro aplica-se em todos os lugares: "A boa palavra está acima da melhor dávida” (RB 31).Vamos dar um ao outro uma palavra amável e mais, vamos reavivar as nossas comunidades não apenas por padrões modernos de comunicação, mas baseado no Evangelho. O Evangelho é, de fato, a verdadeira chave para as nossas comunidades, nossos irmãos e irmãs, para que possam tornarem-se humanos. Nós certamente permanecemos com as nossas várias habilidades, com os nossos pontos fortes e fracos para seguir a Cristo, ou como diz São Paulo, para se tornar "um segundo Cristo", é um processo de aprendizagem ao longo da vida. Precisamos de muita paciência com nós mesmos e com os outros. Nós precisamos da compaixão que podemos aprender com Deus. Nossos salmos cantam tão frequentemente do amor misericordioso de Deus. Jesus faz a compaixão de seu Pai celestial, claro, em suas parábolas e poderosamente dá testemunho disso através de sua vida e morte. Sua ressurreição é o sinal de que a misericórdia amorosa supera a morte e o pecado, e leva a uma vida de liberdade e alegria. Que as nossas celebrações litúrgicas sejam não apenas celebrações de uma alta qualidade estética, mas, principalmente e acima de tudo, sejam o louvor para o amor misericordioso de Deus. Queridos irmãos e irmãs! Com estas palavras, eu gostaria de dizer adeus a vocês. Eu cheguei a conhecer muitos de vocês e era sempre uma alegria para mim. Espero que, ocasionalmente, possa encontrar um ou outro de vocês no futuro. Um simples obrigado por tudo que tem feito por Sant' Anselmo e por mim. Jubilate Deo! Em solidariedade fraterna, continuo, o seu + Notker Wolf, OSB Tradução: Duane G. Roy, OSB, Priorado São José, Mineiros-GO