guia de prática clínica: fisioterapia para redução do linfedema de
Transcrição
guia de prática clínica: fisioterapia para redução do linfedema de
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE FERNANDA KELLY SERENISKI BERALDO GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA: FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA Londrina - Paraná 2015 FERNANDA KELLY SERENISKI BERALDO GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA: FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA Cidade ano AUTOR Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira Londrina - Paraná 2015 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação B425g Beraldo, Fernanda Kelly Sereniski Guia de prática clínica: fisioterapia para redução de linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama / Fernanda Kelly Sereniski Beraldo. Londrina: [s.n], 2015. 60f. Relatório Técnico (Mestrado profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde). Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira. 1- Mestrado - UNOPAR 2- Linfedema 3- Fisioterapia 4- Exercício físico 5- Neoplasias da mama 6- Reabilitação I- Oliveira, Rodrigo Franco de, orient. IIUniversidade Norte do Paraná. CDU 615.8:618.19 BERALDO, Fernanda Kelly Sereniski. Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama. 60p. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015. RESUMO Introdução: O câncer é considerado hoje um incontestável problema de saúde pública; e sendo negativa sua influência sobre a qualidade de vida da paciente. O linfedema de membro superior é uma das principais morbidades decorrentes do tratamento do câncer de mama; sua prevalência varia de 6% a 80% entre os diferentes autores. A compreensão dos fatores clínicos relacionados ao linfedema, bem como das diferentes técnicas e recursos utilizados em seu manejo, como o exercício físico, têm sido foco de diversos estudos da área da saúde, sendo ressaltada frequentemente a necessidade de uma adequada formação profissional. Objetivo: Fornecer ao acadêmico da área da saúde ferramentas adequadas para o devido aprendizado, para que se disponibilize recursos que os orientem de forma clara nas dificuldades vivenciadas durante a sua formação. Com esta perspectiva, foi elaborado um livro eletrônico intitulado: “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama’’. Metodologia: A metodologia adotada incluiu uma atualização da literatura fundamentada em uma revisão bibliográfica nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro e uma breve descrição da rotina de avaliação e tratamento do linfedema adotada no ambulatório de Fisioterapia na clínica-escola da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Esses dados fundamentaram a elaboração do livro, com conteúdo teórico e imagens, produzido em formato digital, que será utilizado nas disciplinas que envolvem a Fisioterapia na Saúde da Mulher, como material complementar na formação acadêmica dos alunos do curso de Fisioterapia da UNOPAR. O material será disponibilizado aos alunos de forma online, por meio de plataforma de ensino já estruturada e adotada pela instituição. Resultados: Acreditamos que um material didático enriquecido das principais evidências científicas e utiliza adequadamente as variadas técnicas e recursos apresentados na literatura, como o exercício físico, possa aprimorar o processo de ensino aprendizagem, que se revestirá de melhor qualidade no atendimento à paciente. Palavras-chave:. Linfedema. Fisioterapia. Exercício Físico. Neoplasias da mama. Reabilitação. BERALDO, Fernanda Kelly Sereniski. Clinical Practice Guideline: Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast cancer. 60p. Technical Report. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2015. ABSTRACT Introduction: Cancer is considered today an incontestable public health problem; and it is a negative influence regarding the patient’s quality life. The upper limbs lymphedema is one of the main morbidities due to breast cancer; its prevalence varies between 6% to 80% among the different authors. The comprehension of the clinic factors related to the lymphedema, as well as different techniques and resources used in its management, such as exercise, have been the focus of several studies in the health front, being often highlighted the need of an appropriate professional formation. Purpose: It is then important to provide adequate tools for the student’s due learning, justifying this technic production for making means that guide them clearly available in the difficulties throughout their formation. With this perspective, the electronic book titled “Clinical Practice Guideline: Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast cancer” was elaborated. Methodology: The adopted methodology included an update of the literature based on a bibliographic review at the Bireme, PubMed, PEDro data base and a brief description of the evaluation routine and lymphedema treatment adopted at the Physical therapy ambulatory of a clinic-school from North of Paraná University (UNOPAR). This data justified the elaboration of the book, with theoretic content and images, produced in a digital format, which will be used in the subjects which involve Women’s health Physical therapy, as a complementary material for academic formation. The material will be available online to students, at a teaching platform which is already structured and adopted by the institution. Conclusion: We believe that a didactic material enriched by the main scientific evidences and the adequate use of the varied techniques and presented resources in the literature, such as exercise, might improve the teaching and learning process, which will be covered with a better quality treatment to the patient. Key words: Lymphedema. Physical Therapy. Exercise. Breast Neoplasms. Rehabilitation. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................... 14 2.1. CÂNCER DE MAMA ................................................................................................ 14 2.2. LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA ................... 21 2.2.1. Tratamento Fisioterapêutico do Linfedema de Membro Superior Secundário ao Câncer de Mama ....................................................................................................... 25 2.2.1.1. Terapia física complexa ................................................................................ 26 2.2.1.1.1. TFC – Drenagem linfática manual ............................................................. 27 2.2.1.1.2. TFC – Terapia compressiva ...................................................................... 28 2.2.1.1.3. TFC – Exercício físico ............................................................................... 29 2.2.1.1.4. TFC – Cuidados com o membro/pele ........................................................ 31 2.2.1.2. Hidroterapia .................................................................................................. 32 2.2.1.3. Eletroterapia ................................................................................................. 33 2.2.1.4. Terapia de compressão pneumática ............................................................ 34 3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 36 3.1. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO TÉCNICA.................................................................. 36 4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 40 4.1. PRODUÇÃO TÉCNICA ............................................................................................. 41 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico ..................................46 APÊNDICE B – Artigo Científico ............................................................................... 47 APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e Utilização de Imagens ............................................................................................... 60 12 1. INTRODUÇÃO O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, com estimativa de aproximadamente 57 mil novos casos no Brasil em 2014. 1 O diagnóstico de câncer de mama tem uma influência negativa sobre a qualidade de vida relacionada à saúde, como consequência das morbidades decorrentes do câncer ou do próprio tratamento oncológico.2,3 Ele é, hoje, incontestavelmente um problema de saúde pública no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer1 (INCA) recomenda ações de controle e prevenção em todas as regiões do país e alerta para a necessidade de formar profissionais da saúde, em todas as esferas de atuação, para o enfrentamento dessa doença. O linfedema de membro superior (MS) homolateral à mama afetada é uma das morbidades mais comuns desse tipo de câncer. Sua prevalência não é clara na literatura, tendo variação de 6% a 80%, dependendo dos critérios de diagnóstico utilizados pelos diferentes autores.4 Entre os principais fatores de risco desta morbidade podemos citar a dissecção dos nódulos linfáticos axilares, a extensão da cirurgia da mama, a radioterapia5-11 ou ainda a progressão locorregional da doença.12 Pesquisa de Binkley et al.13 constatou que o linfedema e seu tratamento provocam mudanças no estilo de vida da paciente com potenciais consequências psicossociais e alteração da autoimagem. Esta morbidade pode ser deflagrada em qualquer momento após o câncer de mama e requer cuidados constantes,12,14,15 o que ressalta a necessidade de preparo dos profissionais envolvidos em sua prevenção, diagnóstico e tratamento. A progressão do linfedema pode resultar em maior morbidade física, funcional, psicológica e social, com baixa qualidade de vida relacionada à saúde.7,9,10,12,15-17 Diferentes recursos são descritos para o controle e tratamento do linfedema, destacando-se, dentre eles, a fisioterapia com diversas técnicas que devem ser consideradas a partir de uma minuciosa avaliação da paciente. A adoção da prática clínica adequada deve ser realizada de forma a garantir a segurança do terapeuta e paciente, o bem-estar desta e a efetividade do tratamento. A tomada de 13 decisão acerca dos tratamentos e procedimentos fisioterapêuticos deve ser sempre respaldada na literatura científica e fundamentada em modelos já estudados. Na literatura são encontradas diferentes propostas terapêuticas direcionadas à paciente com linfedema secundário ao câncer de mama. Todavia, não há uma forma prática de difusão dessas propostas. A variedade de protocolos disponíveis não atende, de forma prática e objetiva, às necessidades clínicas do universo acadêmico. Tal lacuna restringe o acesso às possíveis intervenções terapêuticas para o satisfatório atendimento clínico das pacientes. A dificuldade de identificar harmonia nos estudos disponíveis resulta em obstáculos ao processo de ensino aprendizagem, nos aspectos tanto teóricos quanto práticos, pois os acadêmicos podem encontrar problemas para seleção e reprodução das técnicas propostas. Com a produção técnica resultante deste trabalho elaboramos um livro, em formato eletrônico, intitulado “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução de linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama”. Para isso, realizamos uma atualização da literatura sobre o linfedema e as intervenções fisioterapêuticas a ele relacionadas. Este material tem como objetivo elencar e descrever as recomendações fisioterapêuticas para o tratamento do linfedema de MS secundário ao câncer de mama, fundamentadas em uma atualização da literatura. O guia prático pretende levantar os principais tratamentos fisioterapêuticos relacionados a esta morbidade, como a terapia física complexa, a hidroterapia, a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática, descrevendo a execução de cada proposta terapêutica. A terapia física complexa é tida como o principal tratamento do linfedema, com a combinação de diferentes técnicas como a drenagem linfática manual (DLM), a terapia compressiva (luva ou enfaixamento), cuidados com a pele e o exercício físico terapêutico, importante recurso na melhora dos sintomas associados ao linfedema e na contenção do agravamento do quadro. Espera-se futuramente que o produto resultante desta pesquisa possa servir de apoio didático, voltado à formação acadêmica dos alunos do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), e assim, proporcionar o adequado tratamento da paciente, com melhor resultado no tratamento e na promoção da saúde. 14 2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1. CÂNCER DE MAMA O câncer de mama é uma neoplasia maligna 18 desenvolvida no tecido mamário, composto por lóbulos (glândulas produtoras de leite) e ductos que conectam os lóbulos ao mamilo. A sua constituição conta ainda com tecido adiposo, conectivo e tecido linfático.5 O epitélio ductal é responsável por cerca de 80% dos cânceres de mama, resultando no carcinoma ductal; e com menor frequência o epitélio lobular resulta no carcinoma lobular.1,19 De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no mundo. 1 As estimativas mundiais do Projeto Globocan (2012), da Internacional Agency for Research on Cancer (IARC), mostram cerca de 1,67 milhão de novos casos diagnosticados naquele ano, o que representou 25% de todos os cânceres no mundo. 20 Novo estudo do INCA projetou para 2014, 57.120 novos casos de câncer de mama no Brasil, o que revela o câncer como claro problema de saúde pública no país.1 O desenvolvimento dessa neoplasia tem fatores de risco bem definidos, sendo o envelhecimento o predominante. Entre outras causas, as mais citadas são as relacionadas ao estímulo estrogênico vinculado à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, antes dos doze anos; menopausa tardia, após cinquenta anos; primeira gestação a termo após os trinta anos; nuliparidade; terapia de reposição hormonal pós-menopausa), história familiar da doença (principalmente parentes de primeiro grau antes dos 50 anos; mutações nos genes BRCA1 e BRCA2), consumo de álcool etílico (ingestão regular, mesmo em quantidade moderada - 10g/dia), sedentarismo, excesso de peso pós-menopausa, exposição à radiação ionizante e alta densidade do tecido mamário.1,19-21 Segundo o INCA, a prevenção primária é bastante promissora, já que há fatores de risco relacionados ao estilo de vida saudável. Uma vez desenvolvida a doença, a detecção precoce possibilita melhor prognóstico de cura. Hoje, as principais formas de detecção são a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) que podem ser combinados com a ultrassonografia 1,2 e a ressonância magnética naquelas com próteses mamárias.5,19 O ECM detecta lesões já em 15 estágios avançados, por este motivo seu uso na prevenção e detecção deve ser acompanhada dos exames de imagem. A prevenção do câncer de mama tem forte ligação com os fatores de risco de desenvolvimento deste câncer. Alguns fatores, como o consumo de álcool etílico, o sedentarismo e o excesso de peso pós-menopausa, estão relacionados com hábitos de vida. Pesquisa do INCA ressalta que cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser prevenidos com práticas saudáveis, tais como manutenção do peso ideal, alimentação saudável e exercício físico regular. 1 Graças a este último, o risco de câncer de mama pode diminuir22 de 10% a 20%, principalmente no período pós-menopausa.5 Ainda com vistas à prevenção, o incentivo ao autoexame está sendo substituído pelas recomendações de autocuidado, isto porque o autoexame não mostrou redução significativa da mortalidade por câncer de mama.21 Hoje, recomenda-se que a mulher tenha conhecimento sobre seu corpo, além do conhecimento dos fatores de risco do câncer de mama e de seu histórico de saúde pessoal e familiar, se submeta aos exames de rotina, mantenha hábitos de vida saudáveis e comunique ao serviço de saúde o surgimento de sinais e sintomas. 1,21 As condições de tratamento e prognóstico são beneficiadas com a detecção precoce. O correto diagnóstico e o estadiamento do câncer orientarão o adequado planejamento terapêutico. As estratégias de rastreamento e detecção precoce potencializam a redução das morbidades resultantes da doença e de seu tratamento, além de maior probabilidade de cura.18,19,23 O INCA preconiza medidas que viabilizam o diagnóstico precoce. Tais medidas incluem o rastreamento anual por meio do ECM (exame de palpação da mama executado pelo profissional de saúde) para todas as mulheres acima de 40 anos18 e estratégias de comunicação que envolvam o autocuidado. Essas ações são fundamentadas no Programa de Controle do Câncer recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).1 A propedêutica para o diagnóstico do câncer de mama tem como foco o ECM e principalmente a mamografia, sendo a última, capaz de detectar o câncer de mama em estágio inicial, o que repercute diretamente na sobrevida da paciente e em suas opções de tratamento. Mulheres jovens e mulheres com alta 16 densidade do tecido mamário podem ser beneficiadas com a associação do exame de ultrassonografia aos seus exames de rotina.5,24 A ressonância magnética também pode ser indicada5,19,23 às mulheres com alto risco, e também àquelas que possuem implante mamário sobreposto ao músculo peitoral maior. A construção dos parâmetros da programação de rastreamento dessa doença utiliza o fator de risco predominante para desenvolvimento do câncer de mama, o envelhecimento.1,5,25 Elaborado pelo INCA, esse documento de rastreamento preconiza, no Brasil, a realização anual do ECM e mamografia bienal em mulheres de 50 a 69 anos. Para aquelas situadas na faixa etária de 40 a 49 anos de idade é indicado o ECM anualmente e a mamografia apenas nos casos em que os resultados do ECM se mostrarem alterados. Mulheres com 35 anos de idade ou mais, com risco elevado de câncer de mama, possuem a mesma orientação da população de 50 a 69 anos.1,25 O diagnóstico da doença é fundamentado na história clínica da paciente associada ao ECM e à análise da área monitorada pela mamografia e exames de imagem complementares. Detectada a lesão, o tecido suspeito deve ser biopsiado a fim de confirmar o diagnóstico e determinar a extensão da disseminação, além de caracterizar o padrão da doença por meio do exame histopatológico.5,18 O planejamento terapêutico deve ser amparado no diagnóstico e no estadiamento do câncer.18 A principal ferramenta de triagem é a mamografia convencional. Porém, em alguns casos, como nas mulheres com maior densidade do tecido mamário, esse exame não se mostra tão eficiente, podendo a mamografia digital ou a associação com imagem de ultrassonografia ser mais bem utilizada.24 Em alguns centros, a mamografia convencional está sendo gradativamente substituída pela mamografia digital, visto que esta apresenta maior precisão nos casos de mamas densas e em mulheres com menos de 50 anos de idade.5 O exitoso prognóstico do câncer de mama em países com estimativas decrescentes de mortalidade é ligado a condições como progresso na detecção precoce do câncer, melhoria no seu tratamento e declínio do uso de terapia de reposição hormonal (TRH).24 Em países desenvolvidos, a sobrevida se mostrou elevada nos últimos 40 anos, alcançando 85% em cinco anos. Já, nos países em desenvolvimento, as taxas se mantêm entre 50% e 60%, provavelmente 17 como consequência do alto volume de diagnósticos em estágio avançado. No Brasil, a sobrevida é calculada em 80% após cinco anos do diagnóstico do câncer de mama. As taxas de mortalidade continuam elevadas, estando esse fator vinculado, principalmente, ao diagnóstico realizado em estágios avançados da doença. 1 O tratamento do câncer tem como principais metas a cura da doença, o prolongamento da vida útil e a melhora da qualidade de vida relacionada à saúde da paciente. As modalidades de tratamento são usualmente divididas em local (cirurgia e radioterapia) e sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica).18 A abordagem terapêutica deve ser definida pelo médico e paciente, fundamentada em aspectos como idade da doente, estadiamento e características biológicas do câncer, além de avaliação dos riscos e benefícios associados a cada proposta terapêutica.5 A cirurgia é o principal tratamento local para o câncer de mama e conta com diferentes procedimentos; sua variação será indicada com base no estadiamento do câncer de mama.5 As cirurgias são frequentemente combinadas com a remoção dos nódulos linfáticos da axila (linfondectomia ou linfadenectomia), com o intuito de verificar se ocorreu disseminação do câncer, tendo isso grande impacto no prognóstico e tratamento da paciente.5,23 As opções de tratamento envolvem a cirurgia conservadora da mama (remoção do tumor e tecido adjacente) ou a mastectomia (cirurgia não conservadora, com remoção completa da mama). Esses procedimentos cirúrgicos geralmente são vinculados a outras modalidades terapêuticas como a radioterapia, a quimioterapia, a hormonioterapia e a terapia biológica. A mastectomia ainda pode ser associada a técnicas de reconstrução da mama com uso de implantes de materiais aloplásticos, tecidos autólogos ou a combinação de ambos. 5 As cirurgias conservadoras são indicadas em estágios iniciais do câncer e são comumente associados à radioterapia; nesta cirurgia é realizada a remoção do câncer e tecido normal adjacente.5,23 As cirurgias não-conservadoras são principalmente indicadas quando não é possível assegurar a obtenção de margens livres do câncer.26 A linfadenectomia axilar é a causa mais comum do linfedema de membro superior (MS).27 A instalação desta morbidade é favorecida pelo 18 esvaziamento axilar completo, que envolve os três níveis de gânglios axilares. Na tentativa de minimizar esta condição foi desenvolvida a biópsia do linfonodo sentinela (BLS).28 Este procedimento identifica, remove e examina o gânglio linfático que tem maior probabilidade de conter células cancerígenas , disseminadas a partir do tumor primário, sugerindo metástase deste. A BLS pode ser realizada antes, durante ou após a cirurgia de remoção do câncer.5 Quanto mais baixo o nível axilar comprometido, melhor o prognóstico e menor a probabilidade de deflagração do linfedema.28 A BLS e a linfadenectomia axilar podem ser associadas às cirurgias conservadoras ou não-conservadoras da mama. Uma nova opção na prevenção do câncer de mama é a mastectomia profilática, que realiza a retirada da mama antes do desenvolvimento cancerígeno, naquelas pacientes com identificação de mutação genética nos genes envolvidos no câncer de mama, de forma especial as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Esta abordagem tem sido considerada com o objetivo de reduzir, por exemplo, o desenvolvimento do câncer de mama, a realização de cirurgias radicais e o custo do tratamento oncológico, além da mortalidade por esta doença.29 Além do tratamento cirúrgico, outra intervenção local do câncer é a radioterapia, que utiliza doses de radiação nas células cancerígenas. Sua aplicação pode ter finalidade curativa, pré-operatória, profilática ou paliativa.18 Esta terapêutica está usualmente associada a cirurgias conservadoras e à redução da recorrência do câncer e do risco de morte.5 Uma complicação do tratamento de radiação, que envolve os linfonodos axilares, é o linfedema do MS homolateral. 5,27 Os tratamentos locais são frequentemente conciliados com os tratamentos sistêmicos na busca de melhor prognóstico para o câncer de mama. 1 A indicação do tratamento sistêmico é fundamentado nas características histopatológicas do tumor e no risco de recorrência da doença. Esta modalidade terapêutica é composta por quimioterapia, hormonioterapia e a terapia biológica. 18,23 A quimioterapia é utilizada como principal tratamento sistêmico e se serve de medicamentos antineoplásicos com administração em intervalos regulares. O mecanismo destes medicamentos direciona-se a atacar células de rápido crescimento, com o intuito de atingir as células cancerígenas. O método pode ser ministrado de forma curativa, prévia ou neoadjuvante, profilática ou paliativa. 18,23 19 A hormonioterapia também pode ser incluída no tratamento a partir da mensuração dos receptores hormonais (estrogênio e progesterona) presentes no tecido tumoral. Esse recurso terapêutico pode envolver o uso de modulador seletivo de estrogênio (tamoxifeno), inibidores de aromatase (letrozol, anastrozol, exemestano), com o intuito de bloquear os efeitos do hormônio estrogênico no crescimento das células cancerígenas. Mulheres na pré-menopausa, com câncer de mama positivo para receptores hormonais, podem beneficiar-se com a ablação ou supressão dos ovários quando não há resposta satisfatória com as outras modalidades terapêuticas.1 O tratamento com o uso de tamoxifeno, combinado com o uso dos inibidores de aromatase, tem demonstrado melhor perspectiva de sobrevida quando comparado ao tratamento isolado com o tamoxifeno. 5,23 Por fim, o tratamento sistêmico do câncer de mama conta com a terapia biológica anti-HER-2. O gene do receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER-2) amplificado ou superexpresso é presente de 15% a 20% dos casos de câncer de mama. Esses tumores têm crescimento mais acelerado e maior probabilidade de reincidência. Nesses casos, é necessário o uso da terapia biológica com anticorpo monoclonal (trastuzumabe) na busca do bloqueio da sinalização da proteína HER-2.5,23 O tratamento do câncer utiliza as terapias disponíveis de forma combinada, de acordo com a sensibilidade dos tumores a cada proposta terapêutica. Poucos casos de cânceres são tratados atualmente com o uso de uma única modalidade terapêutica. A efetividade do tratamento depende do diagnóstico, do estadiamento da doença e de fatores sociais de cada paciente, e uma abordagem multidisciplinar integrada mostra-se mais efetiva no manejo dessas mulheres por ele acometidas.18 Em virtude do tratamento local e/ ou sistêmico, diversas complicações têm sido relatadas na literatura e podem ocorrer em diferentes intensidades e abrangência.30 Os avanços no rastreamento e tratamento do câncer têm aumentado as taxas de sobrevida das pacientes, porém, existem efeitos agudos, crônicos e tardios do tratamento, com impacto negativo nas atividades de vida diária (AVD) e na qualidade de vida relacionada à saúde. 31 A intervenção oncológica no câncer de mama pode acarretar complicações quanto à capacidade funcional, dor, aspectos físicos e sociais, aumentando a necessidade de atenção da 20 equipe interdisciplinar. A perspectiva de desenvolvimento das sequelas é proporcional à extensão das condutas terapêuticas.32 As principais morbidades relacionadas ao câncer de mama são: linfedema de MS, seroma, trombose linfática superficial (síndrome do cordão axilar), dor, restrição de mobilidade articular, diminuição de força muscular, alterações posturais, deiscência, retração, fibrose e aderência cicatricial, mama fantasma, lesões nervosas (do nervo torácico longo ou do nervo intercostobraquial), perda de massa óssea e artralgia.30,32-35 A presença dessas morbidades e o prolongamento da sobrevida resultaram em uma nova realidade. Estudo da OMS de 2012 estimou em mais de 6 milhões as sobreviventes do câncer de mama.20 Evidências demonstram que as sequelas do câncer e de seu tratamento não cessam com sua conclusão; muitos pacientes apresentam sintomas persistentes, que podem afetar a capacidade de realizar AVD e diminuir a qualidade de vida por anos após o tratamento primário, além de interferir na adaptação psicossocial.36 Diante dessas peculiaridades, uma equipe interdisciplinar pode proporcionar maior benefício ao tratamento da paciente. O fisioterapeuta é membro integrante da equipe interdisciplinar na abordagem à paciente acometida de câncer; suas intervenções acompanham as fases do câncer de mama (prevenção, diagnóstico, seguimento, recidiva e terminalidade) e o quadro clínico apresentado em cada fase. A abordagem fisioterapêutica ao câncer de mama tem como principal objetivo manter a funcionalidade e a qualidade de vida da paciente. 21 O início precoce de intervenções, incluída a fisioterapia, tem importante repercussão na prevenção das complicações. 30 O INCA sugere a atuação da fisioterapia em todo processo, desde o pré-operatório, buscando-se mensurar alterações pré-existentes e fatores de risco de complicações pós-operatórias. Conforme esse documento, o tratamento pós-operatório deve minimizar e prevenir as possíveis sequelas.26 A fisioterapia tem papel fundamental na abordagem à paciente com câncer de mama, utilizando para isso diferentes recursos tais como a cinesioterapia, a terapia manual, a terapia física complexa,21,34 a eletroterapia e a crioterapia.1 Os problemas enfrentados por essas pacientes aumentam a necessidade da utilização 21 de técnicas específicas, no intuito de minimizar os efeitos colaterais pós-tratamento, manter a funcionalidade e melhorar sua qualidade de vida relacionada à saúde. 21, 33,37 2.2. LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA As intervenções clínicas oncológicas do câncer de mama favorecem o desenvolvimento de complicações proporcionais à extensão dos tratamentos realizados.20 A principal complicação é o linfedema do MS homolateral ao câncer, consequente à destruição dos canais de drenagem axilar, em razão das condutas terapêuticas no enfrentamento do câncer, ou da sua disseminação locorregional.4,12,14,16 Estudo de Hayes et al.,4 por meio de análises, constataram que, apesar dos avanços no tratamento do câncer de mama, o linfedema continua sendo alvo de preocupação, posto que o início dessa morbidade não se restringe ao período de tratamento do câncer. Pesquisa de Lacomba et al.,6 fundamentados nessa premissa e no aumento da taxa de sobreviventes ao câncer de mama, recomenda a realização de novos estudos para o tratamento do linfedema secundário ao câncer de mama. O linfedema é uma condição crônica resultante da disfunção do sistema linfático, que provoca aumento de volume do espaço intersticial por acúmulo anormal de líquido rico em proteína,7-10,27,38 susceptível este de conter, além de água e proteínas do plasma, glóbulos extravasculares e produto de células estromais com poder de causar deposição excessiva da matriz extracelular e tecido adiposo. 38 O linfedema requer cuidados constantes passível de ser deflagrado em qualquer momento após o câncer de mama.12,14,15 Sua progressão pode causar morbidade física, funcional, psicológica e social, com baixa qualidade de vida relacionada à saúde.7,9,10,12,15-17 Na literatura, a incidência do linfedema secundário ao câncer de mama varia, de acordo com cada pesquisa, entre 6% e 80%.4 A falta de critérios préestabelecidos para diagnóstico e avaliação dificulta a consonância dos estudos.4,7,15 Outros fatores que contribuem para a disparidade dos índices são o tempo pós- 22 cirúrgico, em que o linfedema é mensurado, e a discrepância da população analisada em cada estudo.4,8,11,39 O linfedema pode ser classificado como primário ou secundário. No primeiro caso, ele se apresenta como resultado de uma anormalidade congênita do sistema linfático. Já, o linfedema secundário é resultado de perturbação ou obstrução do sistema linfático decorrente de uma doença adquirida ou processo iatrogênico como, por exemplo, o linfedema no câncer de mama. 16,27,38 O desenvolvimento do linfedema secundário ao câncer de mama está usualmente vinculado à dissecção dos nódulos linfáticos axilares, à extensão da cirurgia da mama, à radioterapia5-11 ou ainda à progressão locorregional da doença.12 O alto risco de deflagração do linfedema na paciente com câncer de mama tem ainda outros fatores associados, tais como idade, raça, função do MS afetado, elevado índice de massa corpórea e nível de atividade física. Todavia, essas relações ainda não estão claramente estabelecidas na literatura. 4,40 Binkley et al.13 realizaram estudos qualitativos e quantitativos e verificaram que o linfedema e seu tratamento provocam mudanças no estilo de vida da paciente autoimagem. com potenciais consequências psicossociais e alteração da Esse estudo também salienta que o linfedema pode ser uma lembrança constante do câncer de mama à paciente e àqueles com quem ela convive. Segundo a referida análise, o linfedema pode provocar mais apreensão do que a própria mastectomia, pois se torna mais difícil para a paciente acobertar as consequências físicas.13 Esses fatores colaboram para diminuição da qualidade de vida relacionada à saúde.8,10 A literatura descreve complicações vinculadas ao linfedema como dor, diminuição da amplitude articular de movimento (ADM) do ombro,16 infecções recorrentes de pele, problemas relacionados à mudança do peso do MS afetado; 10 há ainda relatos de grande limitação da função do ombro e da atividade física da paciente.39 O quadro do linfedema necessita de acompanhamento contínuo, podendo, caso não tratado, ser agravado com aumento progressivo do volume e desenvolvimento de complicações, como celulites,16 linfangites e erisipelas, provocadas pela fibrose decorrente da estagnação de linfa, 12,41 a qual se torna um meio de cultura favorável ao desenvolvimento desses quadros. 12 23 A prevenção do linfedema deve iniciar-se a partir do diagnóstico do câncer de mama, conscientizando-se as pacientes, com orientações preventivas sobre os potenciais riscos de desenvolvimento dessa morbidade. Entre as orientações preventivas estão: evitar o uso do MS e hemitórax homolateral à cirurgia para a coleta de sangue e como via de administração medicamentosa parenteral; 21 adotar cuidados para evitar micoses nas unhas e MS, evitar traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto, queimaduras, retirar cutículas e depilação), evitar movimentos bruscos, repetitivos e de longa duração, evitar a compressão do membro (vestuário, relógio, anéis, pulseira e aferir a pressão arterial), evitar a exposição solar, evitar carregar peso ou deitar do lado operado; não fazer uso de banheiras, saunas e compressas quentes.14,26 Essas medidas visam prevenir os quadros que podem provocar o linfedema e devem ser seguidas continuamente ao longo da vida. 14 Por fim, Hayes et al.4 ressaltam, como estratégia de prevenção, o incentivo de hábitos saudáveis de vida, tais como exercício físico regular e manutenção do peso corporal saudável. Apesar da identificação dos fatores de risco, não é possível prever com precisão quais pacientes desenvolverão o linfedema, 4 cujo diagnóstico precoce, caso se instale, possibilita melhor controle do quadro. A literatura descreve quatro técnicas, definidas na sequência, para o exame de volume do membro no diagnóstico e avaliação dessa morbidade, as quais são: volumetria optoeletrônica, espectroscopia de bioimpedância,4,10,39,40 volumetria e cirtometria/perimetria, sendo as duas últimas técnicas as mais frequentes nos estudos analisados. 4,6,10,12,17,27,38-40 A volumetria optoeletrônica (perometer) utiliza a digitalização por meio de luz infravermelha para encontrar a medida do contorno do membro e assim quantificar o volume do membro.10,39,40 A espectroscopia de bioimpedância, avalia o volume do fluído extracelular.4,39,40,42 Outro meio de avaliação é a volumetria, técnica na qual é usado o princípio de Arquimedes, ou seja, o deslocamento da água é usado como parâmetro do diagnóstico, diferenças volumétricas iguais ou superiores a 200 ml serão classificadas como linfedema.10,12,39,40 E, por fim, a cirtometria/perimetria, a qual utiliza a medida em centímetros da circunferência do membro para avaliar e mensurar o linfedema,10,40,41 havendo um ou mais pontos com medida igual ou superior a 2 cm é diagnosticado o linfedema. 6,10,17,38-40,43 24 A precisão e a padronização da técnica de diagnóstico e avaliação favorecem o diagnóstico precoce.4,10,12,27,39,40 Smoot e colaboradores39 evidenciam a importância do diagnóstico precoce, pois este se mostra capaz de limitar as complicações vinculadas ao linfedema e melhorar a resposta ao tratamento proposto. Diversos estudos indicam como padrão-ouro para o tratamento dessa morbidade a terapia física complexa.7,8,14,17,21,38,40,42,44 Entretanto, outros recursos também são preconizados, como a hidroterapia, 27,41,45 a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática.9,14,16,40 Há, ainda, relatos do uso de medicamentos como diuréticos, benzopironas e compostos de selênio, porém, segundo achados de Harris et al.,40 não há evidências suficientes para apoiar o uso dessas terapias.12 Nas situações em que os tratamentos conservadores descritos não surtirem o efeito esperado, pode-se recorrer à intervenção cirúrgica, como último recurso recomendado para o tratamento do linfedema.4,46 As terapias conservadoras, não-médicas, citadas serão abordadas a seguir com maior consideração. Elas objetivam reduzir a filtração capilar, melhorar a drenagem do fluido extracelular, bem como prevenir ou minimizar o desenvolvimento de complicações associadas ao linfedema secundário ao câncer de mama. 46 Grande parte dos estudos analisados por esta pesquisa reiteram que maiores benefícios são alcançados quando há associação entre as técnicas. 6,10,11,41,45,47,48 A fisioterapia tem papel importante no linfedema de MS relacionado ao câncer de mama.21 Lacomba et al.,6 por meio de sua pesquisa, consolidam o papel da fisioterapia na conscientização, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do linfedema secundário ao câncer de mama. Este estudo mostra também que a fisioterapia precoce pode ajudar a prevenir e reduzir o linfedema relacionado ao câncer de mama. Entretanto, afirmam que ainda é necessário um maior número de pesquisas para aprimorar esse dado, 6 tornando os protocolos mais claros com relação à dose e modalidade de tratamento.8 O aperfeiçoamento das técnicas tende a repercutir na qualidade do tratamento oferecido às pacientes. O objetivo com a construção do Guia de Prática Clínica foi elencar e descrever as recomendações fisioterapêuticas para o tratamento do linfedema de MS secundário ao câncer de mama, fundamentadas em 25 uma atualização da literatura. Associada a isso, buscou-se descrever a rotina de atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. A escolha dessa morbidade para o desenvolvimento do Guia de Prática Clínica deveu-se a grande incidência no Ambulatório de Fisioterapia da UNOPAR. Nosso serviço tem, hoje, aproximadamente 60% de seu atendimento anual voltado às pacientes com linfedema secundário ao câncer de mama. Isso reiterou a relevância da construção de um material didático de apoio, direcionado ao aluno que fornecerá atendimento a essas pacientes. O uso desse material pretende viabilizar maior qualidade no processo de ensino aprendizagem. Levando-se em consideração a importância do linfedema para o ambiente clínico, a compilação dos tratamentos disponíveis, associada à descrição e ilustração das técnicas no Guia de Prática Clínica, pode proporcionar melhor desempenho do terapeuta no planejamento e execução do tratamento dessa morbidade, possibilitando, assim, melhor resposta da paciente ao plano terapêutico. 2.2.1. Tratamento Fisioterapêutico do Linfedema de Membro Superior Secundário ao Câncer de Mama O tratamento do linfedema demanda cuidados de uma equipe interdisciplinar, na qual o fisioterapeuta está integrado. 21,41 De acordo com as diretrizes respaldadas pela Sociedade Mundial de Mastologia, a atuação fisioterapêutica tem por objetivo identificar doenças e morbidades pré-existentes e, inicialmente, mensurar os possíveis fatores de risco precursores do linfedema de MS, no intuito de prevenir o quadro; caso o linfedema já esteja instalado, o objetivo passa a ser diagnosticar e tratar a morbidade.21 O processo terapêutico inicia-se com a avaliação físico-funcional composta por anamnese e exame físico. O serviço fisioterápico da UNOPAR preconiza, em sua rotina, o início do processo de tratamento com essa avaliação. Magee49 defende, em seu livro, que uma avaliação satisfatória é alcançada com a realização de um exame sistemático, adequado e detalhado. Para isso, são necessários conhecimento da anatomia envolvida, anamnese acurada, observação cuidadosa e exame físico minucioso. A finalidade da avaliação é compreender, total 26 e claramente, o quadro clínico da paciente, a partir do seu ponto de vista e da base física dos sintomas e achados dos exames complementares. 49 Nessa avaliação, é essencial que o volume dos membros superiores seja averiguado para viabilizar o diagnóstico precoce do linfedema.6,11 Uma vez finalizada a avaliação, os dados são interpretados para identificar, diagnosticar e classificar as morbidades, inclusive o linfedema. 49 O terapeuta deve fundamentar-se na avaliação físico-funcional realizada e, assim, traçar o plano terapêutico apropriado, com respaldo na literatura e programação das condutas direcionadas a cada caso, bem como no volume, intensidade e progressão delas. A seguir será detalhada cada conduta terapêutica e descritas sua forma de aplicação e sua participação na rotina de atendimento na Clínica da UNOPAR. 2.2.1.1. Terapia física complexa Esta é uma importante intervenção utilizada na rotina de atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. Após minuciosa avaliação, tem início o tratamento do linfedema da paciente por meio desta intervenção, com o objetivo de controlar o quadro e restabelecer a saúde do membro afetado. Diferentes pesquisas apontam a terapia física complexa (TFC) como tratamento padrão-ouro para o linfedema. Esta intervenção é composta por uma combinação de diferentes técnicas: drenagem linfática manual (DLM), compressão por enfaixamento ou malha, exercício físico terapêutico e cuidados com a pele.7,8,14,17,21,40,42,44 Embora seja uma sequela crônica, que requer cuidados constantes, o linfedema pode ser controlado por meio da TFC.9 Este tratamento é dividido em duas fases: na primeira, o intuito é mobilizar o líquido acumulado, reduzir a fibrose e restabelecer a saúde da pele, enquanto que a segunda fase é concentrada na manutenção e controle do quadro conquistado na primeira.8 A fase inicial da TFC tem, como principal ferramenta, a DLM e é associada a instruções de cuidados com a pele, medidas profiláticas e uso de terapia de enfaixamento compressivo. No segundo momento, busca-se a manutenção desse estado por meio de malha compressiva, exercício terapêutico e controle de peso corporal.8 27 2.2.1.1.1. TFC – Drenagem linfática manual A DLM é parte importante do tratamento do linfedema; consiste numa massagem suave com objetivo de estimular a reabsorção por meio do aumento do transporte da linfa do membro afetado, 6,9,11,14 reduzindo seu volume.14,40 Entre os efeitos da DLM constam dilatação dos canais tissulares, contribuição para formação de neoanastomoses linfáticas, aumento do fluxo filtrado por estímulo dos vasos linfáticos das válvulas e renovação das células de defesa. 14 Porém, resultados mais significativos não são observados em virtude de serem utilizados diferentes métodos de DLM em cada estudo.8 Desde 1892 há descrições do uso da DLM. Essa técnica foi apresentada por Winiwarter sendo, posteriormente, aprimorada por Vodder (19321960); o nome de terapia física complexa (TFC) foi introduzido por Foldie. Atualmente, três principais escolas são utilizadas como referência: Vodder, Leduc e Foldie. Apesar de serem diferentes as técnicas de drenagem, os aspectos de administração das três escolas são comuns; entre eles podemos elencar o período de aplicação da técnica de 45/60 minutos uma vez ao dia, com periodicidade semanal de 4 a 5 vezes, bem como a extensão do tratamento de 2 a 4 semanas.8 Para a execução adequada, é necessário ter conhecimento anatômico dos gânglios linfáticos e suas interconexões. A DLM tem início no pescoço e tronco, com evacuação das principais vias linfáticas, propiciando a drenagem do membro. Já, a captação é executada de forma descendente na parte afetada, facilitando-se o fluxo da linfa para as zonas íntegras.8 Em nosso serviço, propomos que a perimetria seja executada no início e no final de cada sessão de DLM, a fim de avaliar a resposta ao tratamento realizado. Recomendamos que a DLM seja aplicada por aproximadamente 50 minutos, com frequência variável de até 5 vezes na semana, de acordo com o quadro clínico da paciente. A DLM tem sido foco de diversos estudos. Martín et al.8 realizaram um estudo com o intuito de analisar a importância desse recurso dentro da TFC, no qual frisam que uma futura resposta positiva poderia sugerir a necessidade de melhor treinamento dos profissionais envolvidos. Devoogdt et al.11 não conseguiram encontrar relação entre a DLM e a prevenção do linfedema em sua pesquisa. Entretanto, Lacomba et al.6 demonstraram o efeito preventivo da DLM ao compararem dois grupos: um deles recebeu apenas orientações preventivas, 28 enquanto o outro obteve as orientações preventivas associadas à DLM e exercícios terapêuticos. Isto reforça um dado levantado por Tambour et al.,17 que relatam não terem sido encontradas, em sua revisão, evidências científicas consistentes do benefício no uso isolado da DLM. Diferentes pesquisas corroboram o conceito de associação entre as técnicas no alcance de maiores benefícios. 6,10,11,40,45,47,48 2.2.1.1.2. TFC – Terapia Compressiva Uma técnica comumente associada à DLM é a terapia compressiva. Martín e colaboradores8 analisaram estudos que mostram uma redução efetiva de volume, associando-se a DLM com o uso da malha compressiva. Essa técnica é recomendada para impedir o acúmulo de líquido no membro comprometido, 4,44 devendo ser diário e constante seu uso; a paciente pode retirá-la somente enquanto dorme.40 Essa prática contribui substancialmente para a estabilização do volume do membro e é admitida como recurso na fase de manutenção. 4,8,9 O efeito da DLM pode, dessa forma, ser prorrogado com o uso da malha compressiva, que é utilizada em nossa rotina de atendimento como um importante recurso na fase de manutenção. A terapia compressiva ainda conta com o enfaixamento compressivo que pode ser associado à cinesioterapia.8,40 Este recurso atua modificando a dinâmica capilar, venosa, linfática e tissular, o que promove o aumento da pressão intersticial e da eficácia do bombeamento muscular.14 Estudo de Forner-Cordero et al.7 mostra importante participação do enfaixamento compressivo na redução do volume excessivo do membro. Na Clínica de Fisioterapia da UNOPAR, este recurso é indicado em associação com exercícios terapêuticos durante a sessão de fisioterapia por aproximadamente 50 minutos. Forner-Cordero et al.7 alcançaram em seu estudo resultados satisfatórios no uso da terapia compressiva, destacando essa terapia como importante fator preditivo da resposta à TFC. Em revisão sistemática, elaborada por Hayes et al,4 é evidenciado que tratamentos que buscam a redução do membro, como a DLM e a compressão pneumática, associados à terapia compressiva, podem ter maiores resultados. 29 2.2.1.1.3. TFC – Exercício físico Ainda, com relação à TFC temos o exercício físico. Este recurso mostra importante desempenho na prevenção e controle do câncer de mama, bem como no gerenciamento das complicações relacionadas a essa doença ou ao seu tratamento.51 Essa conduta é um dos componentes da TFC no linfedema e, segundo estudos, mostra-se segura e benéfica.10,17,40 Na paciente com câncer, a prescrição de exercício físico deve ser individualizada, atentando-se para as características de cada paciente. Para prescrever um programa seguro e eficaz a uma paciente em tratamento ou póstratamento do câncer, o terapeuta deve conhecer os procedimentos oncológicos efetuados e suas complicações. É necessário haver uma contextualização que envolva o nível de condicionamento anterior à doença e ao quadro clínico atual, pois esses fatores podem interferir positiva ou negativamente na tolerância ao exercício.50 Ensaios clínicos analisados no consenso do American College of Sports Medicine50 (ACMS) demonstram que são seguros o exercício físico aeróbico e o de resistência praticados com essas pacientes, visto suas execuções não contribuírem para o aparecimento ou agravamento do linfedema.3,4,43,50, Os exercícios devem ter progressão lenta e serem associados ao uso de terapia compressiva para haver maior segurança.42,50 De acordo com esse estudo, as pacientes com câncer de mama, em tratamento ou pós-tratamento, podem beneficiar-se da prática regular de exercícios aeróbicos, treino de resistência e flexibilidade.50 Entre as justificativas para o efeito de melhora e prevenção do exercício resistido sobre o linfedema, Gautam et al.10 citam a melhora do fluxo linfático e ressaltam a importância da respiração durante o exercício, a qual promove modificação da pressão no interior da cavidade torácica e abdominal, auxiliando na drenagem dos vasos linfáticos. Ressaltam, ainda, o exercício de flexibilidade como fator de redução da obstrução linfática, por meio da redução de contraturas dos tecidos moles. Outros estudos afirmam que a melhora na movimentação e drenagem da linfa, pelo exercício, aprimora o uso funcional do MS. 14,43 Pesquisas 30 destacam que a redução do linfedema é alcançada por meio da compressão promovida pela contração muscular nos vasos coletores, 14,42 assim como pela redução da linfoestagnação e hipomobilidade dos tecidos moles, corroborando os achados de Gautam et al.10 Em sua análise, Hayes et al.4 não só confirmaram que o exercício não exacerba o linfedema existente, mas também relacionam o baixo nível de atividade física com o aumento do risco de desenvolvimento do linfedema. A mesma pesquisa mostra efeitos positivos do exercício sobre a morbidade estudada, com melhora dos sintomas associados e contenção do agravamento do quadro, o que reforça a prática regular de exercício físico. Estudo realizado por Smoot et al.39 comparou pacientes com e sem linfedema, encontrando, naquelas com morbidade presente, declínio da atividade física e menor aptidão cardiorrespiratória, situação que demonstra a importância do exercício físico aeróbico praticado regularmente por essa população. 39 Diferentes autores concordam que o exercício físico se mostra benéfico na prevenção e no controle do linfedema,3,4,6,10,14,39,40,42,43 mas ainda não há consonância entre os estudos quanto à proposta específica da frequência, intensidade, volume, progressão e tempo na intervenção no linfedema. O ACMS,50 analisando estudos em pacientes com câncer de mama de forma geral, recomenda treino aeróbico semanal, por 150 minutos com intensidade moderada, ou por 75 minutos de intensidade vigorosa ou, ainda, a combinação das duas. Já, para o treino resistido, recomendam-se de duas a três sessões semanais que incluam os principais grupos musculares. Esse treino deve ser supervisionado, por pelo menos 16 sessões, com baixa resistência e progressão, atentando-se para qualquer sintoma no MS; dependendo do sintoma, reduz-se a resistência ou interrompe-se o exercício. Para os exercícios de flexibilidade, a orientação é alongar os principais músculos e tendões, em concomitância com os outros exercícios. Trabalhos, como os de Sagen et al,3 Lacomba et al.,6 Tambour et al.,17 Kilbreath et al.43 desenvolveram protocolos de exercício físico voltados para paciente com linfedema no intuito de determinar a melhor modalidade a ser praticada, bem como a sua dose, mas ainda não existe um protocolo unificado. Contudo, avanços já foram obtidos por meio das pesquisas que se propuseram a 31 avaliar ou descrever a repercussão do exercício proposto para o quadro do linfedema.6,10,11,40,45,47,48 Hoje, graças às pesquisas desenvolvidas, é sabido que o exercício físico não contribui para o surgimento e agravamento do linfedema, ao contrário, são comprovados os mecanismos e os benefícios alcançados. 3,4,45,50 O Guia de Prática Clínica traz imagens com algumas propostas de exercícios terapêuticos promovidos em nosso serviço como parte da TFC. Priorizamos a prática do exercício terapêutico resistido, com foco nos músculos da cintura escapular e MS, incentivando a elevação do MS. Preconizamos a baixa resistência e progressão, com frequência de até 3 vezes na semana. A intensidade, o número de repetições, as séries e intervalo são adaptados ao quadro clínico de cada paciente. Cada sessão tem duração de aproximadamente 45 minutos. 2.2.1.1.4. TFC – Cuidados com o membro/pele Por fim, como parte da TFC, são utilizados cuidados com o membro/pele na busca da prevenção e estabilização do linfedema.11,17,40,45 Na rotina de atendimento da Clínica da UNOPAR, as pacientes são constantemente orientadas a seguir as recomendações descritas por Devoogdt et al.11 Em sua intervenção, forneceram às pacientes um guia com seguintes informações: elevar o membro em caso de sensação de aumento no seu peso; usar luva de compressão; ter cuidado com o membro/pele; evitar levantar objetos pesados, evitar realizar movimentos repetitivos, evitar estrangular o membro (roupas apertadas), evitar expor-se a extremos de temperatura ambiente e evitar elevar o peso corporal; e, por fim, utilizar o membro da forma mais natural possível. Os cuidados com o membro objetivam não sobrecarregar o sistema linfático, a fim de prevenir o aumento de volume da parte comprometida.6 As estratégias de educação foram utilizadas por Lacomba et al.6 em sua intervenção. Eles utilizaram material impresso, com informações sobre o sistema linfático, conceitos de carga normal e sobrecarga, fatores de risco do linfedema secundário, assim como as recomendações de cuidados acima descritas. Essa pesquisa mostrou que o tratamento fisioterapêutico associado às estratégias de educação teve maior eficácia na prevenção e redução do linfedema quando comparado ao uso isolado das estratégias. Esse estudo não indica o uso isolado desse recurso e salienta que a utilização dele pode ser mais bem explorada quando há associação com outras técnicas. 32 2.2.1.2. Hidroterapia Este recurso é oferecido às pacientes em atendimento na Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. O tratamento que envolve a hidroterapia promove exercícios terapêuticos na água com o objetivo de reduzir o linfedema. 27,40,45 Tratase de um recurso fundamentado nos efeitos proporcionados pela pressão hidrostática, como o relaxamento muscular, o aumento da amplitude de movimento e melhora da circulação sanguínea, o que reduz a tendência dos líquidos se depositarem nas extremidades. A drenagem é promovida de maneira uniforme, uma vez que, segundo a Lei de Pascal, a pressão da água é exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso. 27,41 Tidhar e Katz-Leurer45 utilizaram, em sua pesquisa, a hidroterapia no tratamento do linfedema leve e moderado. Eles afirmam que essa terapia busca manter e, até mesmo, melhorar o volume alcançado na primeira fase de tratamento da TFC. Para isso, utilizam-se das propriedades físicas da água, que oferece maior resistência aos movimentos do corpo. Também o aumento da profundidade proporciona maior pressão hidrostática e, consequentemente, oferece pressões alternadas sobre a pele, melhorando o bombeamento do sistema linfático. 41 Pesquisa desenvolvida por Carvalho e Azevedo 27 comparou o tratamento fisioterapêutico aquático com o convencional, utilizando a perimetria para avaliar a redução do membro. Em seus resultados encontraram redução do linfedema com as duas intervenções; todavia, a redução alcançada pela fisioterapia aquática foi mais expressiva. Esse estudo mostra importante vantagem: além de conquistar redução significativa do membro, esta intervenção permite a sociabilização entre as pacientes, porquanto que pode ser oferecida em grupo, trazendo como aspectos positivos o bem-estar social e emocional. Nesse serviço, utilizamos piscina coberta e aquecida com dimensão de 12 m X 7 m, profundidade de 1,5 m e temperatura de 32°C a 34°C. As intervenções propostas são fundamentadas no protocolo sugerido por Carvalho e Azevedo.27 O Guia de Prática Clínica descreve o referido protocolo, acompanhado de algumas imagens ilustrativas. 33 2.2.1.3. Eletroterapia Diante do amplo número de pesquisas voltadas ao linfedema de MS secundário ao linfedema, poucos estudos direcionam seus esforços para a eletroterapia.9,16 Em pesquisa de Belmonte et al.,9 essa terapia é relatada como eficaz quando comparada à DLM, mostrando-se relevante tanto no manejo de sintomas, como dor e sensação de peso, quanto na redução do volume do membro afetado e melhor relação na qualidade de vida relacionada à saúde. Entretanto, os autores salientam que maiores benefícios terapêuticos podem ser alcançados com a combinação das técnicas terapêuticas. A eletroestimulação de alta voltagem (EEAV) pode ser indicada para aumentar o fluxo sanguíneo venoso e absorção do edema. Essa indicação é fundamentada na premissa que relaciona a contração e relaxamento muscular, provocados pela corrente, com o aumento do fluxo venoso e linfático. Os parâmetros de estimulação, como a duração de pulso, a frequência, a amplitude da corrente e o tempo não são abordados pelo estudo analisado.14 Já, um estudo de Barros, et al.,51 encontrou eficácia na aplicação da EEAV, quando associada a exercícios terapêuticos, automassagem, e autocuidado. Em sua pesquisa, foram executadas 14 aplicações de EEAV, duas vezes por semana, por 20 minutos. Os parâmetros utilizados foram: técnica monopolar (negativa); 50 Hz, on/off de 3:9 s, rise/decay 2:1 s; modo sincronizado; e limiar motor com a maior intensidade suportada pela paciente. Os eletrodos de silicone (5x3 cm) foram posicionados sobre o membro superior (face anterior do antebraço e braço) e o eletrodo dispersivo (10x18 cm), posicionado em nível da escápula homolateral. Os resultados positivos alcançados foram justificados na associação das técnicas. Outra possibilidade de conduta da eletroterapia é o laser de baixa frequência. Essa conduta busca aumentar o fluxo da linfa e reduzir a quantidade de proteína no fluido intersticial, melhorando a funcionalidade do membro. Seus efeitos estão relacionados com a diminuição da síntese de prostaglandinas e repercutem na inflamação e edema locais. Há descrição de aumento do diâmetro e contratilidade do vaso linfático e também promoção da regeneração desses vasos além da estimulação da atividade fagocitária.14,16 Estudo de Kozanoglu et al.16 buscou demonstrar a eficácia do laser de baixa frequência em paciente com linfedema secundário ao câncer de mama; 34 para isso realizou, em 4 semanas, 12 sessões de atendimento. O protocolo era composto por laser de As Ga (Arseneto de gálio) (2800 Hz, 1,5 J/cm 2), que foi administrado 3 vezes por semana, com 20 minutos em cada sessão em 3 pontos da fossa antecubital e em 7 pontos da axila. A esse protocolo recomendou-se associar exercícios com o membro e cuidados com a pele. Os resultados mostraram-se positivos na redução da circunferência do membro e da dor. A eletroterapia, atualmente, não faz parte da rotina de atendimento do nosso serviço, mas pode ser considerada em situações futuras, respeitando-se a demanda da paciente correlacionada às evidências científicas. 2.2.1.4. Terapia de compressão pneumática A terapia de compressão pneumática propicia a mobilização do fluido retido no interstício para o sistema linfático por meio da mudança no gradiente de pressão.16 A literatura traz o emprego da terapia de compressão pneumática, mas Harris et al.,40 em seu guia de prática clínica, citam apenas um estudo randomizado no qual foram constatados benefícios com o uso dessa técnica, que se mostrou eficaz na ausência de outro tratamento. Belmonte et al.9 confirmam, em estudo analisado, que a compressão pneumática, isolada, alcançou 25% de diminuição de volume do membro, percentual inferior ao obtido com outras terapias. Kozanoglu et al.16 encontraram estudos nos quais constataram redução do volume do membro com essa proposta terapêutica, principalmente quando associada a outras técnicas terapêuticas, como a TFC. Um desses estudos foi o de Szuba et al., que utilizou a TFC associada à compressão pneumática, aplicada, diariamente, por 30 minutos com 40-50 mmHg, com resultados benéficos na redução do volume do membro. Na sua pesquisa, Kozanoglu et al.16 utilizaram um protocolo com 20 sessões, por 4 semanas, recorrendo apenas à terapia de compressão pneumática intermitente. O protocolo contou com terapias de 2 horas de duração, em que se utilizaram 60 mmHg de pressão. Como conclusão, essa pesquisa relatou que a terapia de compressão pneumática auxiliou na redução do linfedema, mas seu efeito não perdurou. Essa técnica ainda necessita de maiores pesquisas que evidenciem sua qualidade.40 35 Na Clínica de Fisioterapia da UNOPAR recorremos a compressão pneumática quando as demais técnicas descritas não surtem o efeito esperado, a redução da perimetria. O aparelho utilizado em nosso serviço executa pressão intermitente, dividido em três câmaras. A pressão inicia na câmara distal, prossegue na intermédia e finaliza na proximal; o tempo de compressão é de 180 segundos, sendo 60 segundos em cada câmara, e exaustão completa de 60 segundos. A terapia é realizada por 30 minutos, com pressão de 40-60 mmHg, e a frequência de uso segue o padrão da DLM. 36 3. DESENVOLVIMENTO 3.1. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO TÉCNICA Esta produção técnica teve o propósito de elaborar um livro, em formato eletrônico, intitulado “Guia de Prática Clínica”, para proporcionar um fácil acesso aos principais tratamentos fisioterapêuticos direcionados ao linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama. O público-alvo são os alunos do curso de Fisioterapia da UNOPAR. Com o “Guia de Prática Clínica” visamos fornecer um material de apoio didático, e, assim, aprimorar o processo de ensino aprendizagem a fim de propiciar maior qualidade ao tratamento ofertado às pacientes. A produção do material científico foi direcionada por uma atualização da literatura, em uma pesquisa de caráter descritivo, apoiada em um levantamento bibliográfico realizado nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro e servindo-se de descritores conjugados (DeCS): Fisioterapia (Physical Therapy), linfedema (lymphedema) e neoplasias da mama (breast neoplasms). Identificamos 428 publicações, das quais selecionamos os estudos provenientes de revistas científicas indexadas e de estudos de agências governamentais nacionais e internacionais publicados a partir de 2002, em português e inglês. Na análise inicial valemo-nos dos resumos disponíveis, selecionando aqueles que se enquadravam nos seguintes critérios de inclusão, isto é, que fossem: Estudos com mulheres diagnosticadas com câncer de mama que apresentam linfedema secundário ou risco de desenvolvimento da morbidade; Estudos em que o tratamento do linfedema se baseasse em técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico. Dessa forma, selecionamos 33 estudos cujo teor foi, posteriormente, objeto de análise baseada em seu conteúdo. Analisamos também as referências bibliográficas dos artigos selecionados, incluindo outras publicações relevantes que abordavam o tema e contribuíam para a construção deste trabalho. A análise das publicações selecionadas serviu como base para a construção de um livro eletrônico, denominado “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia 37 para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama”. Este livro foi dividido em quatro capítulos, distribuídos em 61 páginas. Construímos os três primeiros capítulos com dados bibliográficos levantados em materiais de outras publicações consideradas relevantes para a exploração do tema. Com texto explicativo e imagens ilustrativas, o primeiro capítulo apresenta uma revisão anatômica da mama e do sistema linfático, destacando a importância da compreensão deste conteúdo para a adequada avaliação e intervenção terapêutica; o segundo capítulo apresenta o câncer de mama, enfatizando as características relevantes do tratamento; o terceiro capítulo, por sua vez, introduz a aplicação da fisioterapia no tratamento do câncer de mama com as principais técnicas e recursos utilizados nesta prática. As ilustrações existentes nesta parte do material obtivemo-las em banco de imagens ou em outros materiais publicados, com a devida citação da fonte. O quarto capítulo foi construído com as informações obtidas no levantamento bibliográfico realizado. Secundado por essas informações, descrevemos os tratamentos fisioterapêuticos baseados em evidências científicas comprovadas e expomos a rotina de atendimento preconizada no ambulatório da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. Este capítulo traz um texto explicativo, ilustrado com imagens fotográficas, que retratam a execução da técnica de avaliação e tratamentos propostos. As imagens fotográficas foram obtidas de uma paciente, com diagnóstico de linfedema em membro superior esquerdo, atendida no ambulatório de Fisioterapia da UNOPAR, que atendia aos seguintes critérios: ter diagnóstico de linfedema de membro superior decorrente do câncer de mama; apresentar linfedema de membro superior clinicamente aparente; ser atendida no ambulatório de Fisioterapia da UNOPAR. A paciente foi convidada e, havendo recebido informações quanto à proposta de trabalho, aceitou participar de forma voluntária, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e Utilização de Imagem (Apêndice C). A produção das imagens foi executada por técnico competente, em ambiente preparado e com equipamento profissional. Todo material do guia prático, inclusive os textos e as imagens, foi encaminhado para um diagramador para execução do projeto gráfico, com 38 desenvolvimento do layout, tratamento de imagens e distribuição dos elementos gráficos, para adaptação do texto e imagens à programação visual. O material foi diagramado no programa Adobe InDesign, na plataforma Windows. O formato escolhido para o livro eletrônico foi de 768 x 1024 pixels, pela sua proporcionalidade retangular que se encaixa nos incontáveis formatos de telas existentes. Por se apresentar de forma exclusivamente digital, foi possível utilizar o padrão de cores RGB (sistema de cores aditivas em vermelho, verde e azul), o que permite melhor qualidade de imagem. As imagens foram manipuladas no Adobe Photoshop, programa específico para tratamentos e correções de cores para fotos e imagens. O Adobe PDF, Adobe InDesign e Adobe Photoshop são produtos da Adobe Systems. Este livro eletrônico foi desenvolvido para possibilitar a leitura nos diversos gadget's (dispositivos eletrônicos portáteis), principalmente tablets e smatphones, além de computadores e laptops. Foi utilizado o formato PDF (Portable Document Format) para sua versão final, que é um modelo de arquivo amplamente difundido e recomendado por possuir “código fonte aberto”, manter a qualidade de textos e imagens fiéis e produzir um arquivo com tamanho reduzido, o que facilita seu armazenamento e acesso. Este arquivo é aceito em quase todas as plataformas e sistemas operacionais existentes, o que maximiza a compatibilidade e difusão do produto. A proposta básica do “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama’’ é que ele seja utilizado como material de apoio didático pelos alunos do curso de graduação em Fisioterapia da UNOPAR, os quais se preparam para o desenvolvimento do estágio supervisionado nesta área de atuação. A distribuição do livro eletrônico ao público-alvo poderá ser feita por meio do Portal do Aluno, uma ferramenta online já utilizada pela instituição. O Portal do Aluno é uma área restrita aos alunos e docentes da instituição que, entre outros recursos, disponibiliza materiais didáticos e de apoio para o desenvolvimento das disciplinas acadêmicas buscando facilitar a interação entre os alunos e docentes. O livro será identificado com o ISBN (International Standard Book Number), que será solicitado à Agencia Brasileira do ISBN, e sua ficha catalográfica será solicitada junto à biblioteca da instituição, após aprovação do material na 39 apresentação e defesa pública do Trabalho de Conclusão Final do Curso – TCFC, do Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. 40 4. CONCLUSÃO O corpo de evidências científicas disponíveis perimitiu uma rica compilação e descrição das principais recomendações fisioterapêuticas no tratamento do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama. Este conteúdo, agregado à rotina de atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR direcionada às pacientes com esta morbidade, propiciou um amplo material para construção do “Guia de Prática Clínica“. O Guia destaca os aspectos relevantes relacionados ao conhecimento teórico e prático necessários à abordagem da paciente com linfedema relacionado com o câncer de mama. A pesquisa deste trabalho permitiu verificar que a Fisioterapia e seus recursos, como o exercício físico, se demosntraram importantes colaboradores no tratamento da paciente com linfedema de membro superior, contribuindo para promoção à saúde e para o processo de reabilitação da paciente. Este ‘’Guia de Prática Clínica’’ pretende, futuramente, ser utilizado como material de apoio didático, e assim, ser mais uma contribuição para a formação profissional dos alunos do curso de Fisioterapia da UNOPAR. A adequada formação acadêmica resulta na maior efetividade da atenção prestada à paciente e contribui para o processo de reabilitação que, associado à inclusão de ações de prevenção e promoção à saúde, pode resultar na melhor qualidade de vida. Além disso, a utilização do guia prático pode ajudar o aluno a compreender e executar, de forma mais fidedigna, os recursos e técnicas aplicáveis, com maior segurança para a paciente e o terapeuta. Este produto, como material didático, pode apresentar possíveis limitações ainda não detectadas, uma vez que se trata de um material inédito na Clínica de Fisioterapia desta instituição. Após um período, durante o qual este guia tiver sido posto em prática, poder-se-á fazer uma avaliação para aferir suas potencialidades e limitações como ferramenta de ensino. Dessa forma, o desenvolvimento de novos materiais neste formato, que abordem outros conteúdos relevantes para a formação acadêmica e contribuam com o processo de ensino aprendizagem, deve ser considerado para trabalhos futuros. Esses materiais podem contribuir para a qualificação profissional dentro e fora da instituição e para a divulgação de evidências científicas, recursos e técnicas de tratamento, reduzindo a distância entre a pesquisa e a prática clínica. 41 4.1. PRODUÇÃO TÉCNICA Livro Eletrônico: Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama CD-ROM 42 REFERÊNCIAS 1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014. 2. Hoving JL, Broekhuizen ML, Frings-Dresen MH. Return to work of breast cancer survivors: a systematic review of intervention studies. BMC Cancer. 2009;14:117. 3. Sagen A, Karesen R, Sandvik L, Risberg MA. Changes in arm morbidities and health-related quality of life after breast cancer surgery: a five-year follow-up study. Acta Oncol. 2009;48(8):1111-8. 4. Hayes SC, Rye S, Disipio T, Yates P, Bashford J, Pyke C, et al. Exercise for health: a randomized, controlled trial evaluating the impact of a pragmatic, translational exercise intervention on the quality of life, function and treatment-related side effects following breast cancer. Breast Cancer Res Treat. 2013;137(1):175-86. 5. American Cancer Society. Cancer Facts & Figures 2013. Atlanta: American Cancer Society; 2013. 6. Lacomba MT, Yuste Sánchez MJ, Zapico Goñi A, Prieto Merino D, Mayoral del Moral O, Cerezo Téllez E, et al E. Effectiveness of early physiotherapy to prevent lymphoedema after surgery for breast cancer: randomised, single blinded, clinical trial. BMJ. 2010;340:b5396. 7. Forner-Cordero I, Muñoz-Langa J, Forner-Cordero A, DeMiguel-Jimeno JM. Predictive factors of response to decongestive therapy in patients with breast-cancerrelated lymphedema. Ann Surg Oncol. 2010;17(3):744-51. 8. Martín ML, Hernández MA, Avendaño C, Rodríguez F, Martínez H. Manual lymphatic drainage therapy in patients with breast cancer related lymphoedema. BMC Cancer. 2011;11:94. 9. Belmonte R, Tejero M, Ferrer M, Muniesa JM, Duarte E, Cunillera O, Escalada F. Efficacy of low-frequency low-intensity electrotherapy in the treatment of breast cancer-related lymphoedema: a cross-over randomized trial. Clin Rehabil. 2012;26(7):607-18. 10. Gautam AP, Maiya AG, Vidyasagar MS. Effect of home-based exercise program on lymphedema and quality of life in female postmastectomy patients: pre-post intervention study. J Rehabil Res Dev. 2011;48(10):1261-8. 11. Devoogdt N, Christiaens MR, Geraerts I, Truijen S, Smeets A, Leunen K, et al. Effect of manual lymph drainage in addition to guidelines and exercise therapy on arm lymphoedema related to breast cancer: randomised controlled trial. BMJ. 2011;343:d5326. 12. Bergmann A, Mattos IE, Koifman RJ. Diagnóstico do linfedema: análise dos métodos empregados na avaliação do membro superior após linfadenectomia axilar para tratamento do câncer de mama. Rev Bras Cancerol. 2004;50(4):311-20. 13. Binkley JM, Harris SR, Levangie PK, Pearl M, Guglielmino J, Kraus V, et al. Patient perspectives on breast cancer treatment side effects and the prospective surveillance model for physical rehabilitation for women with breast cancer. Cancer. 2012;118(8 Suppl):2207-16. 43 14. Leal NFB da S, Carrara HHA, Vieira KF, Ferreira CHJ. Tratamentos fisioterapêuticos para o linfedema pós-câncer de mama: uma revisão de literatura. Rev Latino-Am Enfermagem. 2009;17(5):730-6. 15. Assis MR, Marx AG, Magna LA, Ferrigno ISV. Late morbidity in upper limb function and quality of life in women after breast cancer surgery. Braz J Phys Ther. 2013;17(3):236-43. 16. Kozanoglu E, Basaran S, Paydas S, Sarpel T. Efficacy of pneumatic compression and low-level laser therapy in the treatment of postmastectomy lymphoedema: a randomized controlled trial. Clin. rehabil. 2009;23(2):117-24. 17. Tambour M, Tange B, Christensen R, Gram B. Effect of physical therapy on breast cancer related lymphedema: protocol for a multicenter, randomized, singleblind, equivalence trial. BMC Cancer. 2014;14:239. 18. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Educação. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer. 2ª ed. revisada e atualizada Rio de Janeiro: Inca; 2012. 19. American Cancer Society. Cancer Facts & Figures 2014. Atlanta: American Cancer Society; 2014. 20. Ferlay J, Soerjomataram I, Ervik M, Dikshit R, Eser S, Mathers C, et al. GLOBOCAN 2012 v1.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase nº 11 [Internet]. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer [atualizada em 2013; acesso em 15 out 2014]. Disponível em: http://globocan.iarc.fr 21. Dias, EN. Diretrizes para assistência interdisciplinar em câncer de mama. Rio de Janeiro: Revinter; 2014. 22. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: Inca; 2011. 23. World Health Organization, International Agency for Research on Cancer. Breast cancer screening. In: IARC Handbooks of Cancer Prevention. v 7. [internet]. Lyon, France. [acesso 15 out 2014]. Disponível em: http://www.iarc.fr/en/publications/pdfsonline/prev/handbook7/Handbook7_Breast-1.pdf 24. American Cancer Society. Breast Cancer Facts & Figures 2013-2014. Atlanta: American Cancer Society; 2013. 25. Brasil, Ministério da Saúde; Instituto Nacional de Câncer (INCA). Parâmetros para o rastreamento do câncer de mama: recomendações para gestores estaduais e municipais. / Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA; 2009. 26. Ministério da Saúde; Instituto nacional de Câncer (INCA), Área Técnica da Saúde da Mulher. Controle do câncer de mama: documento de consenso. Rev Bras de Cancerol. 2004;50(2):77-90. 27. Carvalho APF, Azevedo EMM. Estudo comparativo entre a fisioterapia aquática e a convencional para reduzir linfedema pós-tratamento cirúrgico de câncer de mama: ensaio clínico randomizado. Rev Bras Mastol. 2009;19(4):133-40. 44 28. Pascoal CKP, Bergmann A, Ribeiro MJP, Vieira RJS, Fontoura HA. Relatos de mulheres submetidas à biópsia do linfonodo sentinela quanto às orientações recebidas para prevenção de linfedema: um estudo qualitativo. Rev Bras de Cancerol. 2010;56(2):219-26. 29. Dantas ELR, Sá FHDL, Carvalho SMDFD, Arruda AP, Ribeiro EM, Ribeiro EM. Genética do câncer hereditário. Rev Bras de Cancerol. 2009;55(3):263-9. 30. Bergmann A, Ribeiro MJP, Pedrosa E, Nogueira EA, Oliveira ACG. Fisioterapia em mastologia oncológica: rotinas do Hospital do Câncer III/INCA. Rev Bras Cancerol. 2006;52(1):97-109. 31. Mustian KM, Sprod LK, Janelsins M, Peppone LJ, Mohile S. Exercise recommendations for cancer-related fatigue, cognitive impairment, sleep problems, depression, pain, anxiety, and physical dysfunction: a review. Oncol Hematol Rev. 2012;8(2):81-8. 32. Faria SS, Freitas-Junior R, Silva PL. Prevalência e perfil clínico da síndrome de mama fantasma: revisão integrativa. Rev. Bras. Cancerol. 2013;59(1):113-22. 33. Winters-Stone KM, Schwartz AL, Hayes SC, Fabian CJ, Campbell KL. A prospective model of care for breast cancer rehabilitation: bone health and arthralgias. Cancer. 2012;118(8 Suppl):2288-99. 34. Nascimento SL do, Oliveira RR de, Oliveira MMF de, Amaral MTP do. Complicações e condutas fisioterapêuticas após cirurgia por câncer de mama: estudo retrospectivo. Fisioter Pesqui. 2012;19(3):248-55. 35. Ewertz M, Jensen AB. Late effects of breast cancer treatment and potentials for rehabilitation. Acta Oncol. 2011;50(2):187-93. 36. Alfano CM, Smith AW, Irwin ML, Bowen DJ, Sorensen B, Reeve BB, et al. Physical activity, long-term symptoms, and physical health-related quality of life among breast cancer survivors: a prospective analysis. J Cancer Surviv. 2007;1(2):116-28. 37. Lin YH, Pan PJ. The use of rehabilitation among patients with breast cancer: a retrospective longitudinal cohort study. BMC Health Serv Res. 2012;12:282. 38. International Society of Lymphology, Executive Committee. The diagnosis and treatment of peripheral lymphedema. Lymphology. 2013;46:1-11. 39. Smoot BJ, Wong JF, Dodd MJ. Comparison of diagnostic accuracy of clinical measures of breast cancer-related lymphedema: area under the curve. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(4):603-10. 40. Harris SR, Schmitz KH, Campbell KL, McNeely ML. Clinical practice guidelines for breast cancer rehabilitation: syntheses of guideline recommendations and qualitative appraisals. Cancer. 2012;118(8 Suppl):2312-24. 41. Carvalho APF, Azevedo EMM de. A fisioterapia aquática no tratamento do linfedema pós-mastectomia. FEMINA. 2007;35(7):413-16. 42. Oremus M, Dayes I, Walker K, Raina P. Systematic review: conservative treatments for secondary lymphedema. BMC Cancer. 2012;12:6. 43. Kilbreast SL, Refshauge KM, Beith JM, Qard LC, Lee M, Simpson JM et al. Upper limb progressive resistance training and stretching exercises following surgery 45 for early breast cancer: a randomized controlled trial. Breast Cancer Res Treat. 2012;133(2):667-76. 44. Stout NL, Pfalzer LA, Springer B, Levy E, McGarvey CL, Danoff JV. et al. Breast cancer-related lymphedema: comparing direct costs of a prospective surveillance model and a traditional model of care. Phys Ther. 2012;92(1):152-63. 45. Tidhar D, Katz-Leurer M. Aqua lymphatic therapy in women who suffer from breast cancer treatment-related lymphedema: a randomized controlled study. Support Care Cancer. 2010;18(3):383-92. 46. Damstra RJ, Voesten HG, van Schelven WD, van der Lei B. Lymphatic venous anastomosis (LVA) for treatment of secondary arm lymphedema. A prospective study of 11 LVA procedures in 10 patients with breast cancer related lymphedema and a critical review of the literature. Breast Cancer Res Treat. 2009;113(2):199-206. 47. Box R. Restriction of the range of arm elevation exercises for one week after surgery for breast cancer can reduce the incidence of lymphoedema. Aust J Physiother. 2009;55(1):64. 48. Cheema B, Gaul CA, Lane K, Fiatarone Singh MA. Progressive resistance training in breast cancer: a systematic review of clinical trials. Breast Cancer Res Treat. 2008;109(1):9-26 49. Magge DJ. Avaliação Musculoesquelética. 4ª ed. Barueri, SP: Manole; 2005. 50. Schmitz KH, Courneya KS, Matthews C, Demark-Wahnefried W, Galvão DA, Pinto BM, et al. American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors. Med Sci Sports Exerc. 2010;42:1409–26. 51. Barros VM e, Panobianco MS, Almeida AM de, Guirro EC de O. Linfedema pósmastectomia: um protocolo de tratamento. Fisioter Pesqui. 2013;20(2):178-83. 46 APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico Beraldo FKS, de Oliveira RF. Prática clínica em fisioterapia no câncer de mama. 1° Congresso Brasileiro de Promoção da Saúde. Paraná, Brasil: UniCesumar. 2014. 47 APÊNDICE B – Artigo Científico (Submetido ao periódico Fisioterapia & Pesquisa) FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA: ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast cancer: an update Fisioterapia para redução do linfedema Fernanda Kelly Sereniski BeraldoI; Rodrigo Franco de OliveiraI Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde – Universidade Norte do Paraná – UNOPAR – Londrina (PR), Brasil. I Estudo desenvolvido no Centro de Ciências da Saúde, Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde – Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) – Londrina (PR), Brasil. Endereço para correspondência: Fernanda Kelly Sereniski Beraldo Departamento de Fisioterapia – UNOPAR Av. Paris, 675 - CEP 86041-120 – Cx. P. 401 Londrina (PR), Brasil E-mail: [email protected] Fonte de financiamento: nenhuma. Conflito de interesses: nada a declarar. 48 RESUMO Os avanços na detecção e tratamento do câncer de mama permitiram um maior número de sobreviventes; os principais tratamentos dessa doença, porém, continuam a resultar em morbidades, sendo a mais comum o linfedema de membro superior. A fisioterapia contribui para seu tratamento com diferentes técnicas como a terapia física complexa (TFC), a hidroterapia, a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática. O objetivo deste trabalho foi reunir as principais recomendações fisioterapêuticas disponíveis na busca do melhor tratamento à paciente. O método consistiu na atualização da literatura, mediante um levantamento bibliográfico nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro, e para isso utilizou em conjunto os descritores (DeCS): Fisioterapia (Physical Therapy), linfedema (lymphedema) e neoplasias da mama (breast neoplasms), no período de 2009 a 2014, na busca de tratamento do linfedema por meio de técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico. Foram selecionados 23 artigos que abordavam o tratamento do linfedema secundário ao câncer de mama recorrendo a revisões e/ou ensaios clínicos randomizados. O resultado da pesquisa demonstrou que a combinação dos recursos detém melhores resultados que o seu uso isolado. Outro desfecho é a evidente necessidade de pesquisas voltadas a definir, com maior clareza, a execução da técnica, assim como a frequência, a intensidade, o volume, a progressão e o tempo das propostas terapêuticas levantadas, ficando assim a sugestão para futuros trabalhos. Descritores:. Linfedema. Fisioterapia. Exercício Físico. Neoplasias da mama. Reabilitação. ABSTRACT The advance in the detection and treatment of breast cancer have allowed a higher number of survivors; the main treatment of this disease, however, is still resulting in morbidities, the most common being the upper limb lymphedema. The physical therapy contributes for its treatment with different techniques such as the complex physical therapy, the hydrotherapy, the electrotherapy, and the pneumatic compression therapy. The objective of this paper was to gathered the main available physical therapeutic recommendation for the best treatment to the patient. The method consisted in literature update, regarding bibliographic research of Bireme, PubMed, PEDro database, and for this it was also researched a group of descriptors (DeCS): Physical Therapy, lymphedema and breast neoplasm, during the years 2009 to 2014, in the search for the lymphedema treatment through physical therapy techniques, and/or therapeutic physical exercise. 23 articles, which approached the secondary lymphedema treatment to breast cancer checking reviews and /or random clinic assay, were selected. The result of the research showed that the combination of resources achieves better results than an isolated use. Another conclusion is the obvious necessity of researches regarding defining, more clearly, the execution of the technique, as well as the frequency, intensity, volume, progression and the time of the therapeutic proposals found, remaining a suggestion for future work. Keywords: Lymphedema. Physical Therapy. Exercise. Breast Neoplasms. Rehabilitation. 49 1. INTRODUÇÃO As intervenções clínicas oncológicas contra o câncer (CA) de mama ocasionam o desenvolvimento de complicações proporcionais à extensão dos tratamentos realizados.1 A principal complicação é o linfedema do membro superior (MS) homolateral ao CA, consequente à destruição dos canais de drenagem axilar, em razão das condutas terapêuticas no enfrentamento do CA, como a dissecção dos nódulos linfáticos axilares, à extensão da cirurgia da mama, à radioterapia2-8 ou ainda a sua disseminação locorregional.9-11 O linfedema pós-tratamento do CA de mama é um estado crônico, classificado como secundário, que se manifesta pelo aumento do volume do membro acometido, resultante da disfunção do sistema linfático.3,5,6,7,12,13 O linfedema requer cuidados constantes e10,14 sua progressão pode causar morbidade física, funcional, psicológica e social, com baixa qualidade de vida.3,6,7,11,15 Na literatura, a incidência do linfedema secundário ao CA de mama varia, de acordo com cada pesquisa, entre 6% e 80%.9 A falta de critérios pré-estabelecidos para diagnóstico e avaliação dificulta a existência da consonância dos estudos.7,9,14 Outros fatores que contribuem para a disparidade dos índices são o tempo pós-cirúrgico em que o linfedema é mensurado e a diversidade da população analisada em cada estudo.4,5,9,16 A fisioterapia tem papel importante no tratamento do linfedema. Lacomba et al.,8 em sua pesquisa, consolidam o papel da fisioterapia na conscientização, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do linfedema. Esse estudo mostra que a fisioterapia precoce pode ajudar a prevenir e reduzir este quadro. Entretanto, afirmam que ainda é necessário um maior número de pesquisas para aprimorar esse dado,8 tornando os protocolos mais claros com relação à dose e modalidade de tratamento.5 Diferentes estudos indicam como padrão-ouro para o tratamento dessa morbidade, a terapia física complexa.5,7,13,15,17-19 Contudo, outros recursos também são recomendados, como a hidroterapia,12,20 a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática.3,11,17 Os problemas enfrentados pelas pacientes aumentam a necessidade da utilização de técnicas específicas, no intuito de minimizar os efeitos colaterais pós-tratamento, manter a funcionalidade e melhorar sua qualidade de vida.11,14 O objetivo deste estudo é expor recomendações terapêuticas práticas, disponíveis na literatura atual, que auxiliem o fisioterapeuta a oferecer o melhor tratamento 50 possível para as pacientes com linfedema de MS secundário ao CA de mama e assim contribuir para seu estado de saúde. 2. MÉTODO A pesquisa teve caráter descritivo, baseada em levantamento bibliográfico, com a finalidade de realizar uma atualização da literatura. Para a busca recorreu-se às bases de dados Bireme, PubMed, PEDro, utilizando em conjunto os descritores: Fisioterapia (Physical Therapy), linfedema (lymphedema) e neoplasias da mama (breast neoplasms). Foram identificados, por dois autores, 232 publicações. Destes, foram selecionados estudos provenientes de revistas científicas indexadas, publicados entre janeiro de 2009 e outubro de 2014, em português e inglês. Para a análise inicial, os dois autores, valeram-se dos resumos disponíveis, selecionados de acordo com os seguintes critérios: estudos que fosse em mulheres diagnosticadas com CA de mama que apresentam linfedema secundário ou risco de desenvolvimento da morbidade; estudos nos quais o tratamento do linfedema se baseasse em técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico. Assim, foram selecionadas 23 publicações que, posteriormente, foram analisadas com base em seu conteúdo. Além disso, foram averiguadas as referências bibliográficas dos artigos selecionados, incluindo outras publicações relevantes que abordavam o tema e contribuíam para a construção desta pesquisa. 3. RESULTADO A pesquisa realizada permitiu encontrar 232 publicações, destas, 209 foram excluídas por não cumprirem os critérios de inclusão. A tabela 1 reuni as 23 publicações selecionadas para este estudo, por meio das bases de dados. Tabela 1. Relação dos artigos. Autor Belmonte R, et al.3 n 36 Conduta utilizada DLM; EEAV Devoogdt N, et al.4 160 Martín ML, et al.5 58 Guia sobre prevenção do linfedema; exercício terapêutico; DLM TFC Resultado Sem diferença significante entre os grupos. A associação das técnicas tem melhor efeito sobre a redução do linfedema. Espera prover informações sobre a eficácia da DLM. 51 Gautam AP, et al.6 32 Exercício Físico Forner-Cordero I, et al.7 171 TFC Lacomba MT, et al.8 120 Fisioterapia precoce com a TFC Hayes SC, et al.9 194 Exercício físico Leal NFB da S, et al.10 RV Kozanoglu E, et al.11 47 Carvalho APF, Azevedo EMM.12 58 Assis MR, et al.14 81 TFC; Compressão pneumática; EEAV; laserterapia Compressão pneumática; laserterapia Fisioterapia aquática; Fisioterapia convencional Aplicação de questionário Tambour M, et al.15 160 TFC Smoot BJ, et al.16 141 Harris SR, et al.17 RV Cirtometria; bioimpedância. Guias de prática clínica Oremus M, et al.18 RV Tratamento ideal Stout NL, et al.19 100 TFC; Fisioterapia precoce Tidhar D, KatzLeurer M.20 Kilbreast SL, et al.21 48 Terapia aquática 160 Barros VM e, et al.22 17 Programa de exercício resistido EEAV; exercícios terapêuticos; automassagem; autocuidados Nascimento SL do, et 707 al.24 Cinesioterapia; terapia manual; TFC Box R.25 Restrição de movimento por uma semana pósoperatório 116 O programa obteve melhora no volume do membro e na qualidade de vida das pacientes. A terapia compressiva mostrou-se importante preditor de resposta da TFC. A Fisioterapia precoce pode ser uma terapia eficaz na prevenção do linfedema. O programa é seguro e eficaz no tratamento da paciente pós tratamento do CA de mama. A combinação das técnicas apresenta melhor resultado no tratamento. Ambas as técnicas demonstraram melhora após intervenção. A Fisioterapia aquática é um método eficaz para o tratamento. O comprometimento do MS tem impacto negativo no cotidiano e na qualidade de vida das pacientes. Pretende fornecer dados sobre um tratamento eficaz A bioimpedância é apropriada para avaliar o linfedema. São necessárias mais pesquisas sobre guias de prática clínica em lesões musculoesquelética do MS e linfedema. Não encontrou evidências do tratamento mais eficaz. A intervenção precoce, com um modelo de vigilância prospectiva é um potencial mecanismo de economia. É um método seguro, com alta adesão, com maior efeito imediato. O treino de resistência não precipitou o linfedema. A associação das técnicas foi eficaz na redução do linfedema. As estratégias de reabilitação se mostraram favoráveis a recuperação físicofuncional da paciente. A incidência de linfedema pode ser reduzida com a restrição de amplitude por uma semana no pós-operatório. 52 Schmitz KH, et al.26 Sagen A, et al.27 con sen so 204 O treino de exercício é seguro para pacientes com CA mama. Exercício físico Os pacientes pós-tratamento do CA de mama devem ser encorajados em manter o exercício físico em sua rotina, sem restrições ou medo de desenvolver linfedema. DLM – drenagem linfática manual; EEAV – eletroestimulação de alta voltagem; TFC – terapia física complexa; CA - câncer; RV – revisão sistemática 4. DISCUSSÃO Os artigos selecionados abordaram os principais tratamentos para o linfedema, tais como terapia física complexa, hidroterapia, eletroterapia e terapia de compressão pneumática. O linfedema foi abordado por todos os estudos analisados, seja como foco destes seja como parte das morbidades de MS desenvolvidas após o tratamento do CA de mama. O linfedema é uma condição crônica resultante da disfunção do sistema linfático.3,5-7,12,13 Este quadro pode ser deflagrado em qualquer momento e demanda cuidados constantes.10,14 O diagnóstico precoce possibilita melhor controle do quadro, limitando as complicações vinculadas ao linfedema e melhorando a resposta ao tratamento proposto.16 Os estudos analisados descrevem no diagnóstico e avaliação, quatro técnicas para o exame de volume do membro, as quais são: volumetria optoeletrônica, bioimpedância,6,9,16,17 volumetria e perimetria, sendo as duas últimas técnicas as mais frequentes nos estudos analisados.6,8,12,13,16,17,21 O levantamento bibliográfico verificou quatro principais propostas terapêuticas para o linfedema secundário ao CA de mama; são eles: terapia física complexa,5,7,13,15,17-19 hidroterapia,12,20 eletroterapia3,10,11,22 e terapia de compressão pneumática.3,11,17 Os tratamentos citados visam reduzir a filtração capilar, melhorar a drenagem do fluido extracelular, bem como prevenir ou minimizar o desenvolvimento de complicações associadas ao linfedema.23 Grande parte dos estudos analisados por esta pesquisa reitera que maiores benefícios são alcançados quando há associação entre técnicas.4,6,8,17,20,24,25 A seguir, discutiremos as recomendações terapêuticas, fundamentadas nos estudos explorados. 53 4.1 Terapia Física Complexa (TFC) O linfedema pode ser controlado por meio da terapia física complexa (TFC),3 apontada como tratamento padrão-ouro por diferentes pesquisas analisadas. Nessa intervenção conjugam-se as técnicas: drenagem linfática manual (DLM), terapia compressiva (enfaixamento ou malha), exercício físico terapêutico e cuidados com a pele.5,7,10,15,17-19,24 Segundo Martín et al.5, esse tratamento é dividido em duas fases: na primeira, o intuito é mobilizar o líquido acumulado, reduzir a fibrose e restabelecer a saúde da pele. Nessa fase, a principal ferramenta é a DLM associada a instruções de cuidados com a pele, medidas profiláticas e uso de terapia de enfaixamento compressivo. Já, a segunda fase é concentrada na manutenção e controle do quadro conquistado na primeira, sendo os recursos normalmente utilizados a malha compressiva, o exercício terapêutico e o controle de peso corporal. A DLM tem sido foco de diferentes estudos e seu principal objetivo é estimular a reabsorção do líquido intersticial por meio do aumento do transporte da linfa do membro afetado,3,4,8,10 e com isso reduzir seu volume.10,17 Devoogdt et al.4 não conseguiram encontrar relação entre a DLM e a prevenção do linfedema em sua pesquisa. Entretanto, Lacomba et al.8 em sua intervenção, foram capazes de observar a prevenção do linfedema nas pacientes tratadas com DLM, com exercícios terapêuticos e orientações preventivas, o que reforça dado levantado por Tambour et al.,15 os quais relatam que não há evidências científicas consistentes quanto ao benefício obtido com o uso isolado da DLM. Diferentes pesquisas corroboram o conceito de associação entre as técnicas para detenção de maiores benefícios. 4,6,8,17,20,25 Atualmente, são três as principais escolas-referências na DLM: Vodder, Leduc e Foldie. Apesar de serem diferentes as técnicas de drenagem, os aspectos de administração das três escolas são comuns; entre eles podemos elencar o período de aplicação, a periodicidade semanal, bem como a extensão do tratamento. A DLM tem início com a evacuação dos principais gânglios linfáticos, seguida da captação que é executada na parte afetada.5 Entre os efeitos da DLM constam dilatação dos canais tissulares, contribuição para formação de neoanastomoses linfáticas, aumento do fluxo filtrado por estímulo dos vasos linfáticos das válvulas e renovação das células de defesa.10 Uma técnica comumente associada à DLM é a terapia compressiva, que se utiliza de luva (malha) ou enfaixamento como contribuição para a estabilização do volume do 54 membro.3,5,9 Essa técnica é recomendada para impedir o acúmulo de líquido no membro comprometido;9,19 O uso da luva deve ser constante, a paciente deve retirá-la somente enquanto dorme, usando-a diariamente.17 Já o enfaixamento compressivo, pode ser associado à cinesioterapia,5,17 que atua modificando a dinâmica capilar, venosa, linfática e tissular, o que promove o aumento da pressão intersticial e a eficácia do bombeamento muscular.10 Estudo de Forner-Cordero et al.7 destaca essa terapia como importante fator preditivo da resposta à TFC. Em revisão elaborada por Hayes et al.,9 é evidenciado que tratamentos que buscam a redução do membro, como a DLM e a compressão pneumática, podem ter melhores resultados com a associação da terapia compressiva. Um dos componentes da TFC é o exercício físico. Ensaios clínicos analisados no consenso do American College of Sports Medicine26 (ACMS) demonstram que são seguros o exercício físico aeróbico, o de flexibilidade e o de resistência praticados nas pacientes em tratamento ou pós-tratamento do CA de mama, sendo comprovado que sua execução não contribui para o aparecimento ou agravamento do linfedema.9,21,26,27 Este documento traz ainda recomendações referentes a esses exercícios, orientando progressão lenta e associação ao uso de terapia compressiva para maior segurança.18,26 Outros estudos afirmam que a melhora na movimentação e drenagem da linfa, pelo exercício, aprimora o uso funcional do MS.10,21 Pesquisas destacam que a redução do linfedema é alcançada mediante tanto a compressão promovida pela contração muscular nos vasos coletores,10,18 como a redução da linfoestagnação e hipomobilidade dos tecidos moles, corroborando os achados de Gautam et al.6 Esse estudo também mostra que o exercício de flexibilidade é fator de redução da obstrução linfática, por meio da redução de contraturas dos tecidos moles. Trabalhos, como os de Lacomba et al.,8 Tambour et al.,15 Kilbreath et al.,21 Sagen et al.27 desenvolveram protocolos de exercício físico voltados para paciente com linfedema no intuito de determinar a melhor modalidade a ser praticada, bem como a sua dosagem,8,15,21,27 mas ainda não existe um protocolo unificado. Contudo, avanços já foram conquistados em virtude das pesquisas que se propuseram a avaliar ou descrever a repercussão do exercício proposto para o linfedema.4,6,8,17,20,25 Hoje, graças às pesquisas desenvolvidas, é sabido que o exercício físico não provoca o surgimento ou agravamento do linfedema, sendo comprovados seus mecanismos e benefícios.9,21,26,27 Por fim, como parte da TFC, recomendam-se cuidados com o membro/pele; o objetivo deste recurso é evitar a sobrecarga do sistema linfático, a fim de prevenir o 55 aumento de volume e estabilizar o linfedema.4,8,15,17,20 Devoogdt et al.,4 em sua intervenção, forneceram às pacientes um guia descrito, que contém as seguintes informações: elevar o membro em caso de sensação de aumento do peso; usar luva de compressão; ter cuidado com o membro; evitar levantar objetos pesados, evitar realizar movimentos repetitivos, evitar estrangular o membro, evitar expor-se a extremos de temperatura ambiente e evitar elevar o peso corporal; e utilizar o membro da forma mais natural possível.4 Intervenção de Lacomba et al.8 mostrou que o tratamento fisioterapêutico associado às estratégias de educação teve maior eficácia na prevenção e redução do linfedema quando comparado ao uso isolado das estratégias, assim não indicando seu uso isolado; ainda salienta que a utilização dele pode ser mais bem explorada quando se conjugam as técnicas. 4.2 Hidroterapia Além da TFC, a hidroterapia se mostra eficaz no manejo do linfedema. Este recurso promove exercícios terapêuticos na água com o objetivo de reduzir o linfedema,12,20 sendo seus resultados fundamentados nos efeitos proporcionados pela pressão hidrostática como o relaxamento muscular, o aumento da amplitude de movimento e melhora da circulação sanguínea, o que tende a reduzir os líquidos que se depositam nas extremidades. A drenagem é promovida de maneira uniforme, uma vez que, segundo a Lei de Pascal, a pressão da água é exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso.12 Tidhar e Katz-Leurer20 utilizaram, em sua pesquisa, a hidroterapia no tratamento do linfedema leve e moderado. Eles afirmam que essa terapia busca manter e, até mesmo melhorar, o volume alcançado na primeira fase de tratamento da TFC. Pesquisa desenvolvida por Carvalho e Azevedo12 comparou o tratamento fisioterapêutico aquático com o convencional, utilizando a perimetria para avaliar a redução do membro. Como resultado as duas intervenções obtiveram redução do linfedema; todavia, a redução alcançada pela fisioterapia aquática foi mais expressiva. Esse estudo levanta importante ponto: essa intervenção também permite a sociabilização entre as pacientes, visto poder ser oferecida em grupo, trazendo como aspectos positivos o bem-estar social e emocional. 4.3 Eletroterapia A eletroterapia é descrita de duas formas nas estratégias de tratamento do linfedema, a eletroestimulação de alta voltagem (EEAV) e o laser de baixa frequência. A EEAV pode ser indicada para aumentar o fluxo venoso e linfático e promover a absorção do edema por meio da contração e relaxamento muscular.10 Já, o laser de baixa frequência busca 56 aumentar o fluxo da linfa e reduzir a quantidade de proteína do fluido intersticial, pela diminuição da síntese de prostaglandinas, repercutindo na inflamação e edema locais. Há descrição de aumento do diâmetro e contratilidade do vaso linfático e também promoção da regeneração desses vasos além da estimulação da atividade fagocitária com o uso do laser.10,11 Belmonte et al.3 asseguram ser eficaz, quando comparada à DLM, e relevante no manejo de sintomas, como dor e sensação de peso, bem como na redução do volume do membro. No entanto, a combinação das técnicas pode alcançar maiores benefícios. Resultados positivos foram alcançados por de Barros et al.22 com o uso da EEAV, associada a exercícios terapêuticos, automassagem, e autocuidado, entretanto os resultados foram justificados na associação das técnicas. Estudo de Kozanoglu et al.11 buscou demonstrar a eficácia do laser de baixa frequência em paciente com linfedema secundário ao CA de mama, para isso utilizou o laser de As Ga (Arseneto de gálio) (2800 Hz, 1,5 J/cm2); ao protocolo recomendou-se associar exercícios com o membro e cuidados com a pele. Os resultados mostraram-se positivos na redução da circunferência do membro e da dor. 4.4 Terapia de Compressão Pneumática Por fim, o linfedema ainda conta com a compressão pneumática. Este recurso propicia a mobilização do fluido retido no interstício para o sistema linfático por meio da mudança no gradiente de pressão.11 Este não é o recurso mais comumente empregado no manejo do linfedema, pois apresenta eficácia inferior quando comparados aos demais tratamentos.3,17 Em análise de Kozanoglu et al.11 encontrou-se redução do volume do membro com essa terapêutica, principalmente quando associada a outras técnicas, como a TFC. Como conclusão, relataram que esta terapia auxiliou na redução do linfedema, mas seu efeito não perdurou.11 A técnica ainda necessita de maiores pesquisas que evidenciem sua qualidade.17 O aperfeiçoamento das técnicas tende a repercutir na qualidade do tratamento. Levando-se em consideração a importância do linfedema no ambiente clínico, a compilação dos tratamentos disponíveis pode proporcionar melhor desempenho do terapeuta no planejamento e execução do tratamento dessa morbidade, possibilitando assim melhor resposta do paciente ao plano terapêutico. 57 5. CONCLUSÃO Esta atualização da literatura pôde verificar o emprego de quatro principais recomendações terapêuticas: a terapia física complexa, a hidroterapia, a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática. Estas se mostraram efetivas no tratamento do linfedema secundário ao CA de mama; contudo a combinação dos recursos se mostrou mais benéfica, alcançando melhores resultados que o uso isolado das técnicas. Fundamentados no levantamento bibliográfico realizado nos últimos seis anos, sugerimos que a prevenção e o controle do linfedema sejam feitos com as terapias aqui elencadas combinadas. Espera-se que esta atualização possa estimular a produção de mais pesquisas que consigam definir, de forma clara e uniforme, as terapias aqui estudadas, detalhando com maior riqueza suas execuções, frequências, intensidades, volumes, progressões bem como sua duração, e, assim, propiciar melhores estratégias de tratamento ao fisioterapeuta que então terá condições de oferecer o melhor tratamento possível para as pacientes com linfedema de MS secundário ao CA de mama, contribuindo para seu estado de saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Ferlay J, Soerjomataram I, Ervik M, Dikshit R, Eser S, Mathers C, et al. GLOBOCAN 2012 v1.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase nº 11 [Internet]. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer [atualizada em 2013; acesso em 15 out 2014]. Disponível em: http://globocan.iarc.fr 2. American Cancer Society. Cancer Facts & Figures 2013. Atlanta: American Cancer Society; 2013. 3. Belmonte R, Tejero M, Ferrer M, Muniesa JM, Duarte E, Cunillera O, Escalada F. Efficacy of low-frequency low-intensity electrotherapy in the treatment of breast cancer-related lymphoedema: a cross-over randomized trial. Clin Rehabil. 2012;26(7):607-18. 4. Devoogdt N, Christiaens MR, Geraerts I, Truijen S, Smeets A, Leunen K, et al. Effect of manual lymph drainage in addition to guidelines and exercise therapy on arm lymphoedema related to breast cancer: randomised controlled trial. BMJ. 2011;343:d5326. 5. Martín ML, Hernández MA, Avendaño C, Rodríguez F, Martínez H. Manual lymphatic drainage therapy in patients with breast cancer related lymphoedema. BMC Cancer. 2011;11:94. 6. Gautam AP, Maiya AG, Vidyasagar MS. Effect of home-based exercise program on lymphedema and quality of life in female postmastectomy patients: pre-post intervention study. J Rehabil Res Dev. 2011;48(10):1261-8 7. Forner-Cordero I, Muñoz-Langa J, Forner-Cordero A, DeMiguel-Jimeno JM. Predictive factors of response to decongestive therapy in patients with breast-cancer-related lymphedema. Ann Surg Oncol. 2010;17(3):744-51. 58 8. Lacomba MT, Yuste Sánchez MJ, Zapico Goñi A, Prieto Merino D, Mayoral del Moral O, Cerezo Téllez E, et al E. Effectiveness of early physiotherapy to prevent lymphoedema after surgery for breast cancer: randomised, single blinded, clinical trial. BMJ. 2010;340:b5396. 9. Hayes SC, Rye S, Disipio T, Yates P, Bashford J, Pyke C, et al. Exercise for health: a randomized, controlled trial evaluating the impact of a pragmatic, translational exercise intervention on the quality of life, function and treatment-related side effects following breast cancer. Breast Cancer Res Treat. 2013;137(1):175-86. 10. Leal NFB da S, Carrara HHA, Vieira KF, Ferreira CHJ. Tratamentos fisioterapêuticos para o linfedema pós-câncer de mama: uma revisão de literatura. Rev Latino-am Enfermagem, 2009; 17(5), 730-36. 11. Kozanoglu E, Basaran S, Paydas S, Sarpel T. Efficacy of pneumatic compression and lowlevel laser therapy in the treatment of postmastectomy lymphoedema: a randomized controlled trial. Clinical rehabilitation, 2009;23(2), 117-124. 12. Carvalho APF, Azevedo EMM. Estudo comparativo entre a fisioterapia aquática e a convencional para reduzir linfedema pós-tratamento cirúrgico de câncer de mama: ensaio clínico randomizado. Rev Bras Mastol. 2009;19(4):133-140. 13. International Society of Lymphology. Executive Committee. The Diagnosis and Treatment of Peripheral Lymphedema. Lymphology. 2013;46:1-11. 14. Assis MR, Marx AG, Magna LA, Ferrigno ISV. Late morbidity in upper limb function and quality of life in women after breast cancer surgery. Braz J Phys Ther. 2013; 17(3):23643. 15. Tambour M, Tange B, Christensen R, Gram B. Effect of physical therapy on breast cancer related lymphedema: protocol for a multicenter, randomized, single-blind, equivalence trial. BMC Cancer. 2014;14:239. 16. Smoot BJ, Wong JF, Dodd MJ. Comparison of diagnostic accuracy of clinical measures of breast cancer-related lymphedema: area under the curve. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(4):603-10. 17. Harris SR, Schmitz KH, Campbell KL, McNeely ML. Clinical practice guidelines for breast cancer rehabilitation: syntheses of guideline recommendations and qualitative appraisals. Cancer. 2012;118(8 Suppl):2312-24. 18. Oremus M, Dayes I, Walker K, Raina P. Systematic review: conservative treatments for secondary lymphedema. BMC Cancer. 2012;12:6. 19. Stout NL, Pfalzer LA, Springer B, Levy E, McGarvey CL, Danoff JV. et al. Breast cancer-related lymphedema: comparing direct costs of a prospective surveillance model and a traditional model of care. Phys Ther. 2012;92(1): 152-63. 20. Tidhar D, Katz-Leurer M. Aqua lymphatic therapy in women who suffer from breast cancer treatment-related lymphedema: a randomized controlled study. Support Care Cancer. 2010;18(3):383-92. 21. Kilbreast SL, Refshauge KM, Beith JM, Qard LC, Lee M, Simpson JM et al. Upper limb progressive resistance training and stretching exercises following surgery for early breast cancer: a randomized controlled trial. Breast Cancer Res Treat 2012;133(2):667-76. 22. Barros VM e, Panobianco MS, Almeida AM de, Guirro EC de O. Linfedema pósmastectomia: um protocolo de tratamento. Fisioter. Pesqui. 2013;20(2): 178-83. 59 23. Damstra RJ, Voesten HG, van Schelven WD, van der Lei B. Lymphatic venous anastomosis (LVA) for treatment of secondary arm lymphedema. A prospective study of 11 LVA procedures in 10 patients with breast cancer related lymphedema and a critical review of the literature. Breast Cancer Res Treat. 2009;113(2):199-206. 24. Nascimento SL do, Oliveira RR de, Oliveira MMF de, Amaral MTP do. Complicações e condutas fisioterapêuticas após cirurgia por câncer de mama: estudo retrospectivo. Fisioter Pesqui. 2012;19(3):248-55. 25. Box R. Restriction of the range of arm elevation exercises for one week after surgery for breast cancer can reduce the incidence of lymphoedema. Aust J Physiother. 2009;55(1):64 26. Schmitz KH, Courneya KS, Matthews C, Demark-Wahnefried W, Galvão DA, Pinto BM, et al. American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors. Med Sci Sports Exerc. 2010;42:1409–26. 27. Sagen A, Karesen R, Sandvik L, Risberg MA. Changes in arm morbidities and healthrelated quality of life after breast cancer surgery — a five-year follow-up study. Acta Oncol. 2009;48(8): 1111-8. 60 APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e Utilização de Imagens Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Para Obtenção e Utilização de Imagens Eu, ________________________________________________________________, RG n. _____________________, CPF n. ___________________________residente e domiciliada à _______________________________________ n. _______, complemento _________, Bairro ______________________________, na cidade de _________________________, por meio deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, consinto que a fisioterapeuta Fernanda Kelly Sereniski Beraldo tire fotografias, faça vídeos e outros tipos de imagens minhas, sobre o meu caso clínico, consentindo que essas imagens sejam utilizadas para finalidade didática e científica, divulgadas em aulas, palestras, conferências, cursos, congressos, e também publicadas em livros, livros digitais/eletrônicos, artigos científicos, portais de internet, revistas científicas e similares. Em específico, permito que essas imagens (fotos e vídeos) sejam utilizadas no produto final, de autoria da citada profissional, como consequência de sua conclusão no Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, orientada pelo Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira. Estou ciente e também consinto que meu rosto apareça nas imagens (fotos e vídeos) que estarão no referido material, o que pode fazer com que eu seja reconhecida. Também autorizo expressamente a adequação das imagens (fotos e vídeos) ou qualquer tipo edição do material produzido, podendo ser feitos cortes, fixações, reproduções e/ou modificações necessárias ao contexto da obra, sem que isso signifique infração aos termos desta autorização e/ou violação aos direitos de personalidade. Fui esclarecida de que não receberei nenhum ressarcimento ou pagamento pelo uso das minhas imagens e também compreendi que a fisioterapeuta Fernanda Kelly Sereniski Beraldo poderá ter ganhos financeiros futuros com a comercialização do citado produto. Este consentimento pode ser revogado, sem qualquer ônus ou prejuízo à minha pessoa, a meu pedido ou solicitação, desde que ocorra antes do ato público de Defesa do Trabalho de Conclusão Final do Curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde e/ou publicação do citado produto. A presente autorização opera-se em caráter gratuito e é válida por prazo indeterminado, limitada a eventual revogação, estendendo-se por todo território nacional, não havendo limitação quanto ao número de edições, reimpressões, tiragens, exemplares reproduzidos e/ou formas de distribuição do material e abrange, exclusivamente, o uso de imagens. Londrina, _______ de _________________ de 2014. Assinatura ____________________________________
Documentos relacionados
SarahPatriziaAraujoValinote_GBCS2016
Nos ensaios que compararam o uso da DLM e luva, a um tratamento sem a DLM e luva, os resultados volumétricos foram inconsistentes Todos os ensaios incluídos nesta revisão usaram alguma intervenção ...
Leia mais