14.05.2013_ElseLemos_Resenha - Criando Comunidades Virtuais
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14.05.2013_ElseLemos_Resenha - Criando Comunidades Virtuais
A Geração Digital segundo Dan Tapscott A Geração Digital segundo Dan Tapscott: ascensão das redes de influência e dos prosumers Por Else Lemos Em “A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos”, Don Tapscott apresenta parte das conclusões do projeto de pesquisa “The Net Generation: a Strategic Investigation”, realizado pela New Paradigm/nGenera entre 2006 e 2008, ao custo de US$ 4 milhões, com o patrocínio de grandes empresas. No estudo, cerca de 10 mil representantes das gerações Internet (Y), X e Baby-boomers de todo o mundo participaram de entrevistas, presencialmente e pela internet. Além disso, acadêmicos, pesquisadores, líderes empresariais, educacionais e governamentais também foram ouvidos. Para definir o escopo do livro, realizaram-se pesquisas qualitativas por meio de uma comunidade no Facebook (Grown up Digital – Help me write the book), em que os participantes foram convidados a contribuir com suas opiniões e histórias. Especialistas também foram consultados sobre tópicos específicos emergentes das discussões do grupo. O resultado desses dois estudos é a base para o livro, dividido em três grandes partes: 1) Conheça a Geração Internet; 2) Transformando Instituições; 3) Transformando a Sociedade. Ao final, Tapscott apresenta detalhes sobre os métodos de pesquisa adotados no projeto e para a elaboração do livro. A obra é de fácil leitura. Rica em exemplos, gráficos e ilustrações, traz casos ilustrativos para todas as principais questões debatidas, além de oferecer Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 destaque visual (“olho”) para diversos depoimentos de participantes do estudo. Ao final de cada capítulo, o autor apresenta uma lista de considerações/recomendações sobre cada tema. A Parte I – Conheça a Geração Internet - está dividida em Introdução e quatro capítulos: 1) A geração Internet chega à maturidade; 2) Uma geração imersa em bits; 3) As oito normas da Geração Internet: características de uma geração; 4) O cérebro da Geração Internet. A Parte II – Transformando Instituições – divide-se em quatro capítulos: 5) Os estudantes da Geração Internet: repensando a educação; 6) A Geração Internet na força de trabalho: repensando talento e gestão; 7) Os consumidores da Geração Internet: redes de influência e a revolução dos prosumers; 8) A Geração Internet e a família: não há lugar como o novo lar. A Parte III – Transformando a Sociedade – traz os três capítulos finais: 9) A Geração Internet e a democracia: Obama, redes sociais e engajamento cívico; 10) Tornando o mundo um lugar melhor – no nível básico; 11) Em defesa do futuro. De maneira geral, a Parte I apresenta todos os conceitos debatidos ao longo do livro, daí a relevância de sua leitura e entendimento para compreender o livro e os achados da pesquisa realizada por Tapscott e seus colaboradores. Logo na introdução, Tapscott apresenta dez ideias recorrentes e amplamente debatidas sobre o “lado negro” da Geração Internet: - “Eles são mais burros do que nós quando tínhamos a mesma idade.” (BAUERLEIN, HALLOWELL, BLY). - “... vivem grudados em telas. São viciados em internet, estão perdendo suas habilidades sociais e não têm tempo para esportes nem para atividades saudáveis.” - “Eles não têm vergonha.” (DURHAM) Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 - “Eles estão à deriva no mundo e têm medo de escolher um caminho.” (DAMON, GOSMAN) - “Eles roubam.” - “Eles estão intimidando amigos pela internet.” (BECK) - “Eles são violentos.” - “Eles não têm ética profissional e serão maus funcionários.” (DAMON) - “Essa é a nova geração narcisista.” (TWENGE) - “Eles não estão nem aí.” Essa apresentação de diversos pontos de vista tem grande relevância para compreendermos a obra, visto que Tapscott se mostra mais otimista frente à Geração Internet que tantos outros estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, da psicologia à economia. Segundo ele, em geral, há um quadro pessimista nessas leituras acerca da Geração Internet. Para Tapscott (2010, p. 16), ... esses jovens emancipados estão começando a transformar todas as instituições da vida moderna. Desde o local de trabalho até o mercado, desde a política, passando pela educação, até a unidade básica de qualquer sociedade – a família -, eles estão substituindo uma cultura de controle por uma cultura de capacitação. O autor critica a resistência aos novos modos de agir e viver das novas gerações. Segundo ele, A maioria das críticas se baseia em desconfiança e medo, geralmente por parte de pessoas mais velhas. Esses temores talvez sejam compreensíveis. A nova rede, nas mãos de uma nova Geração Internet tecnologicamente preparada e com uma mentalidade comunitária, tem o poder de abalar a sociedade e derrubar autoridades em várias áreas. Quando a informação flui livremente e as pessoas têm as ferramentas para compartilhá-la de maneira eficaz e usá-la para se organizar, a vida como nós a conhecemos se torna diferente. (TAPSCOTT, 2010, p. 17). No capítulo 1, A Geração Internet chega à maturidade, Tapscott apresenta dados demográficos fundamentais, situando as gerações da seguinte forma: - Geração Baby Boom (1946-1964): forte economia pós-guerra, famílias confiantes, muitos filhos. Esperança, otimismo, paz e prosperidade. Ascensão da televisão, onipresença da “telinha” (TAPSCOTT, 2010, p. 23-25). Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 - Geração X (Baby Bust ou Geração de Retração da Natalidade) (1965-1976): queda da natalidade. Bem-instruídos, enfrentaram alta taxa de desemprego. Comunicadores agressivos, centrados na mídia. Quanto ao uso do computador, seus integrantes mais jovens têm hábitos parecidos com os da Geração Internet. “... a Geração X considera o rádio, a tevê, o cinema e a internet como mídias não especializadas, disponíveis para que todos acumulem informações e apresentem seu ponto de vista.” (TAPSCOTT, 2010, p. 26). - Geração Internet / Geração Y / Geração do Milênio (jan. de 1977 a jan. de 1997): ascensão do computador, da internet e de outras tecnologias digitais. Transição do HTML para o XML, para a colaboração, criação de conteúdo, comunidades virtuais: “Enquanto as crianças da Geração Internet assimilaram a tecnologia porque cresceram com ela, nós, como adultos, tivemos de nos adaptar a ela – um tipo diferente e muito mais difícil de processo de aprendizado.” (TAPSCOTT, 2010, p. 29). - Geração Z / Geração Next (jan. de 1998 até o presente). Segundo Tapscott, a Geração Internet vê menos televisão, e a vê de forma diferente. É mais provável que um jovem da Geração Internet ligue o computador e interaja simultaneamente com várias janelas diferentes, fale ao telefone, ouça música, faça o dever de casa, leia uma revista e assista à televisão. A tevê se tornou uma espécie de música de fundo para ele. (TAPSCOTT, 2010, p. 32). A questão da mudança nas formas de percepção e interação com a tela da televisão é um ponto de atenção para o autor. Segundo ele, A empresa de mídia impressa e a rede de televisão são organizações hierárquicas que refletem os valores de seus proprietários. As novas mídias, por outro lado, dão o controle a todos os usuários. A distinção entre estrutura organizacional descendente e ascendente é uma questão fundamental para a nova geração. Pela primeira vez, os jovens assumiram o controle de elementos essenciais para uma revolução nas comunicações. (TAPSCOTT, 2010, p. 33). Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 Tapscott menciona que o número de pessoas com acesso à internet mais que triplicou entre 2000 e 2008, e a Geração Internet se tornou global, com grandes semelhanças em diversos países. Com a ascensão da internet, de alguma maneira, as diferentes características locais específicas dos jovens estão sumindo. Sim, países e regiões ainda terão culturas próprias e características independentes, mas cada vez mais jovens em todo o mundo estão se tornando muito parecidos. (TAPSCOTT, 2010, p. 36). O autor também menciona neste capítulo as transformações que estão acontecendo no cérebro: Há muitos motivos para acreditar que o que estamos vendo é o primeiro caso de uma geração que está crescendo com conexões cerebrais diferentes das da geração anterior. Há cada vez mais evidências de que os integrantes da Geração Internet processam informações e se comportam de maneira diferente porque de fato desenvolveram cérebros funcionalmente diferentes dos de seus pais. (TAPSCOTT, 2010, p. 42). Neste capítulo, Tapscott faz um apanhado geral do que será comentado ao longo de todo o livro: a revolução que a Geração Internet está impondo ao mundo do trabalho, ao consumo e à política. Para o autor, por causa dessa geração, “as organizações precisam repensar muitos aspectos de como recrutam, remuneram, desenvolvem, supervisionam e colaboram com eles.” (TAPSCOTT, 2010, p. 51). Um dos aspectos relevantes da obra também ganha comentários neste capítulo: os impactos desta geração sobre o mercado e o consumo; é neste ponto que o autor introduz o termo prosumer, discutido de forma mais detalhada em outro capítulo. Segundo Tapscott (2010, p. 51), ... os integrantes da Geração Internet estão transformando os mercados e o marketing, não apenas porque têm poder de compra e influência enormes. Eles também valorizam características diferentes de produtos e serviços e querem que as empresas criem experiências grandiosas. As maneiras que influenciam a si mesmos e a outras gerações são novas, e a mídia tradicional é ineficaz para atingi-los. (...) Em vez de consumidores, eles querem ser “prosumers” – coinovando produtos e serviços com os fabricantes. Na política, Tapscott dá como exemplo a ampla participação da Geração Internet na campanha presidencial de Barack Obama, nos EUA, uma experiência que mostrou uma nova forma de ativismo cívico. Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 No capítulo 2, Uma geração imersa em bits, Tapscott fala sobre a imersão tecnológica – TVs, computadores e smartphones convivem e são o meio pelo qual a Geração Internet busca informações, conversa com amigos e se conecta com o mundo. Segundo o autor, Essa geração está revolucionando a própria natureza da internet. (...) Essa geração está transformando a internet de um lugar no qual você encontra informações em um lugar no qual você compartilha informações, colabora em projetos de interesse mútuo e cria novas maneiras para resolver alguns dos nossos problemas mais urgentes. (TAPSCOTT, 2010, p. 54). A Geração Internet vê tevê de forma diferente, seletiva; também é investigativa, buscando checar informações em tempo real. É criadora e remixadora de conteúdos, e está ultraconectada ao celular. O e-mail é considerado por essa geração um conceito ultrapassado, sendo visto como algo formal e apenas de uso profissional. O dia a dia é compartilhado por meio das redes sociais on-line. Também neste capítulo Tapscott fala sobre sua preocupação com a questão da privacidade e com o excesso de compartilhamento de informações da Geração Internet. Segundo o autor, esse compartilhamento é muitas vezes irrefletido e inconsciente, e poderá trazer consequências ruins, pois “A Internet tem memória longa” (TAPSCOTT, 2010, p. 84). O autor menciona o uso de Big Data e rastreamento que permite aos computadores cruzar dados, reorganizando nossas informações de diferentes maneiras. (TAPSCOTT, 2010, p. 82 a 90). No capítulo 3, Características de uma geração: as oito normas da Geração Internet, Tapscott apresenta as atitudes que diferenciam a Geração Internet das demais gerações. São elas: 1. Liberdade para experimentar coisas novas, escolher o que consumir, onde trabalhar, como trabalhar. “Os jovens insistem na liberdade de escolha.” (TAPSCOTT, 2010, p. 95). 2. Customização dos produtos e das experiências de compra, customização da mídia e do próprio emprego/descrição de cargo. Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 3. Escrutínio, sempre buscando checar informações. “Deve-se oferecer à Geração Internet informações amplas e facilmente acessíveis sobre os produtos.” (TAPSCOTT, 2010, p. 100). Neste tópico, o autor alerta para o escrutínio inverso: Muitos integrantes da Geração Internet não percebem que as informações privadas divulgadas em sites de rede social como o Facebook podem prejudicá-los quando se candidatam a um emprego importante ou a um cargo público. (TAPSCOTT, 2010, p. 101). 4. Integridade como sinônimo de lealdade e transparência. Segundo Tapscott (2010, p. 105), Os jovens da Geração Internet esperam que as outras pessoas também tenham integridade. Não querem trabalhar para uma organização desonesta nem consumir seus produtos. Esperam que as empresas tenham consideração por seus clientes, funcionários e pelas comunidades onde atuam. Têm mais consciência do que nunca do seu mundo, graças à abundância de informação na internet. Esta norma é particularmente controversa se considerarmos que recentes episódios de denúncia a grandes marcas de moda por práticas trabalhistas análogas a escravidão não afetaram o crescimento dessas empresas, tampouco a percepção de seus consumidores, que embora incomodados com os fatos, não chegam a romper os vínculos ou deixar de consumir. Nesse sentido, a expectativa de integridade não chegaria a abalar propriamente o consumo, mas talvez a confiança. 5. Colaboração, principalmente por meio de tecnologias digitais, formando-se novas comunidades que podem produzir. “Os jovens da Geração Internet são colaboradores naturais.” (TAPSCOTT, 2010, p. 110). Segundo o autor, Agora, os consumidores da Geração Internet estão dando mais um passo e se tornando produtores, criando produtos e serviços juntamente com as empresas. Alvin Toffler cunhou o termo prosumer em seu livro O Choque do futuro na década de 1970. Eu falei de prosumption (“prossumo”) há uma década. Posso ver que isso está acontecendo agora, à medida que a internet deixa de ser uma plataforma para apresentar informações e se transforma em um lugar no qual você pode colaborar e os indivíduos podem se organizar formando novas comunidades. Na Internet 2.0, novas Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 comunidades estão sendo formadas em redes sociais como o Facebook e o MySpace, e essas comunidades começando a produzir. As pessoas estão fazendo coisas juntas. Portanto, o “prossumo” era uma ideia prestes a acontecer, esperando uma geração que tivesse um instinto natural de colaboração e coinovação. (TAPSCOTT, 2010, p. 111-112) 6. Entretenimento é associado a quase todas as experiências da vida, a começar pelo trabalho, “porque a Geração Internet acredita que deve gostar do que faz para viver.” (TAPSCOTT, 2010, p. 113). 7. Velocidade é uma expectativa natural para quem está acostumado a respostas instantâneas. A Geração Internet está acostumada à velocidade: uma mensagem deve ser respondida rapidamente, um produto deve ser entregue rapidamente, enfim, é um ambiente instantâneo que gera ansiedade. No âmbito profissional, “Muitos integrantes da Geração Internet gostariam que suas carreiras progredissem com a mesma velocidade do resto de suas vidas.” (TAPSCOTT, 2010, p. 116). 8. Inovação é um modo contínuo para a Geração Internet, que “foi criada em uma cultura de invenção. A inovação acontece em tempo real.” (TAPSCOTT, 2010, p. 117). No capítulo 4, O cérebro da Geração Internet, Tapscott fala sobre a emergência de um novo cérebro, de uma mente mais flexível, adaptável e hábil em várias mídias. Acredito que concluiremos que o fato de terem ficado imersos em um ambiente digital interativo os tornou mais inteligentes do que o típico espectador passivo de televisão. Eles talvez leiam menos obras literárias, mas dedicam muito mais tempo à leitura e à redação on-line. (...) Em vez de apenas receber informações passivamente, eles as estão coletando rapidamente em todo o planeta. Em vez de simplesmente acreditarem que um apresentador de tevê está nos dizendo a verdade, eles estão avaliando e analisando uma montanha de informações, muitas vezes contraditórias ou ambíguas. Quando escrevem em seus blogs ou carregam um vídeo na internet, eles têm a oportunidade de sintetizar e criar uma nova formulação, o que gera uma enorme oportunidade. A geração Internet teve a chance de satisfazer seu potencial intelectual inerente como nenhuma outra. (TAPSCOTT, 2010, p. 122). Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 Neste capítulo, Tapscott comenta os estudos de C. Shawn Green e Daphne Bavelier sobre jogos interativos e o aumento da percepção do campo de visão e aceleramento do processamento de informações visuais; Norman Doidge e os estudos sobre a mudança do cérebro ao longo da vida de uma pessoa, tanto quanto ao tamanho quanto com relação à sua eficiência; Sarah-Jayne Blakemore e os estudos sobre diferenças entre o funcionamento do cérebro de um adolescente em comparação ao de um adulto, sugerindo que o cérebro do adolescente é uma obra em progresso; Steven Johnson e o impacto dos videogames sobre a mente, forçando-nos a decidir, escolher e priorizar; William D. Winn e as estruturas cognitivas não sequenciais, mas paralelas e hipertextuais; Marc Prensky e a ideia de que essa nova forma de estruturar (não linear, não sequencial e hipertextual), pela imersão digital, reconectou o cérebro de pessoas com menos de quarenta anos. A Parte 2, Transformando Instituições, traz uma reflexão sobre como a Geração Internet impacta a educação, o mercado de trabalho, o consumo e a família. No capítulo 5, Repensando a educação: os estudantes da geração Internet, Tapscott fala sobre o grande abismo que existe entre o ambiente digital em que os estudantes estão submersos e o sistema educacional projetado para a Era Industrial (TAPSCOTT, 2010, p. 150). O autor critica os modelos padronizados e unidirecionais de ensino, que não mais atendem aos desafios contemporâneos. Tapscott também menciona problemas como o aumento da evasão escolar, a queda da qualidade no ensino e os desafios de atrair estudantes. Segundo o autor, a economia global e a era digital requerem novas capacidades: O que importa não é mais o que você sabe, mas o que você pode aprender. Isso significa que os jovens da Geração Internet precisam de uma forma de educação diferente da que os baby boomers receberam. (...) Entramos na era do aprendizado ao longo da vida. (...) A capacidade de aprender novas coisas é mais importante do que nunca em um mundo no qual você precisa processar novas informações em grande velocidade. (TAPSCOTT, 2010, p. 155-156). Tapscott menciona que deve haver uma mudança de foco, do professor para o aluno, e uma visão renovada, do aprendizado em massa à interatividade. Por Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 fim, fala em uma mudança de paradigma, em que não se pense em instrução, mas em descoberta por parte do aluno, e que se deixe o foco no aprendizado individual para o aprendizado colaborativo – não à padronização, sim à personalização. No capítulo 6, Repensando talento e gestão: a geração internet na força de trabalho, Tapscott fala sobre as profundas transformações que a Geração Internet provoca no mercado de trabalho. Choque de gerações, guerra por talentos, novos modelos de trabalho de alto desempenho e mudanças profundas nas formas de gerir a própria carreira são apenas alguns dos temas que passaram a dominar as pautas de discussão nos contextos corporativos nas últimas décadas. Engajar e reter funcionários se tornou um desafio para gestores. Nesse contexto, o autor alerta para a necessidade de revisão dos padrões tradicionais de recrutamento, retenção e supervisão de funcionários. No capítulo 7, Redes de influência e a revolução dos prosumers: Os consumidores da Geração Internet, Tapscott critica a forma como ainda se ensinam os 4 Ps do marketing, como se ainda houvesse o controle da mensagem. Segundo o autor (TAPSCOTT, 2010, p. 224), ... os jovens da Geração Internet (...) esperam ter muitas opções e serviço rápido. Acham que a diversão deve fazer parte do produto. Não se satisfazem com itens padronizados que podem ser comprados apenas em certos lugares e horários. Querem algo que sirva para eles – onde, quando e da maneira que quiserem. Não são mais consumidores passivos do modelo massivo. Isso é coisa do passado. Também não são apenas consumidores. Alguns integrantes da Geração Internet estão ávidos para contribuir com a marca – algo que não teria ocorrido à maioria dos baby boomers. Chame-os de os novos “prosumers”. O autor complementa (TAPSCOTT, 2010, p. 225): Os jovens da Geração Internet, como veremos, são um novo tipo de consumidor. Acho que eles farão com que os publicitários reescrevam as regras do marketing para essa geração, e, em última análise, para o futuro. As empresas não terão mais o monopólio da criação do produto, da determinação do preço, da escolha da praça, da realização da promoção e do controle da mensagem. A Geração Internet está tornando os tais “quatro pês do marketing” obsoletos. Em vez disso, as empresas obedecerão Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 as seguintes regras do marketing: ubiquidade, marca, comunicação, descoberta e experiência (em inglês, ABCDE do marketing – anywhere, brand, communication, discovery e experience). (...) os jovens da Geração Internet querem comprar coisas em qualquer lugar, onde e quando lhes for conveniente. Tapscott (TAPSCOTT, 2010, p. 236-237) destaca a ascensão das redes de influência e o poder dos amigos, mais importantes que o discurso institucional e publicitário, mais importante que os críticos. O autor destaca a proposta de Malcolm Gladwell, que descreve três tipos de personalidades na rede: os conectores, indivíduos com círculos sociais grandes e espalhados, são plataformas de distribuição de suas redes sociais; os sabichões são populares ao tornarem-se fonte sobre assuntos específicos por meio de blogs, resenhas e outros ambientes virtuais. Os vendedores são capazes de difundir sua influência para o mundo. É neste capítulo que Tapscott explica as origens do termo prosumer. Pela relevância dos trechos a seguir, serão mantidos integralmente. Segundo o autor (TAPSCOTT, 2010, p. 251), Graças à Internet 2.0, as empresas em quase todos os setores podem transformar seus consumidores em produtores – ou seja, em “prosumers”. O fenômeno dos prosumers é mais do que uma mera extensão da customização em massa, da centralidade do cliente ou de qualquer outro termo que signifique a prática de fabricar produtos básicos e deixar que os clientes alterem os detalhes. (...) O conceito não é novo. Marshall McLuhan apresentou a ideia no início da década de 1970, Alvin Tofler cunhou o termo nos anos 1980, e eu refinei a ideia em meu livro Economia digital, de 1995. Esse conceito se tornou tão forte que Anthony Williams e eu dedicamos-lhe um capítulo inteiro em Wikinomics. Em cada caso, a mensagem nas entrelinhas era a mesma: os avanços tecnológicos possibilitariam, no futuro, que produtor e consumidor se fundissem. Mas essas eram ideias à espera de uma nova geração de consumidores que tivessem a inclinação e a habilidade para colocá-las em prática. Produtores e consumidores sempre foram o mesmo grupo de pessoas: produzimos coletivamente o valor que consumimos também coletivamente. O que diferencia o fenômeno dos prosumers é a eliminação da linha divisória entre produtores e consumidores em nível microeconômico. No passado, as empresas podiam ignorar e até mesmo resistir às inovações dos clientes que não se adaptassem a seus processos internos e modelos de Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 negócios. No entanto, a juventude de hoje trata o mundo como um lugar de criação, e não de consumo. (TAPSCOTT, 2010, p. 251). O fenômeno dos prosumers é, em grande parte, a manifestação de comunidades baseadas em interesses comuns que trabalham juntas para resolver um problema ou aprimorar um produto ou serviço. Hoje, temos as tecnologias de colaboração e comunicação em massa que permitem que esses grupos atuem e floresçam. (TAPSCOTT, 2010, p. 252) À medida que as ferramentas disponíveis para os consumidores se tornam cada vez mais semelhantes às de uso "profissional", qualquer pessoa que tenha habilidade e interesse pode usá-las para criar uma nova ideia, serviço ou objeto. Graças à democratização da tecnologia, as ferramentas não apenas existem, mas estão acessíveis a todos. (TAPSCOTT, 2010, p. 252). As redes sociais não são mais uma maneira de conhecer pessoas on-line ou de criar uma comunidade de jardinagem. Estão se tornando um novo modo de produção. Estão se transformando em produção social. Os consumidores podem finalmente se tornar os verdadeiros designers e até mesmo produtores de bens e serviços. (TAPSCOTT, 2010, p. 254-255). Sobre o conceito de Marketing 2.0, Tapscott afirma que ele pode ser caracterizado pelo ABCDE, que corresponde aos termos Ubiquidade, Marca, Comunicação, Descoberta e Experiência. Sobre ubiquidade, o autor reforça a ideia de que a mobilidade permite que se compartilhe informação em qualquer lugar, a qualquer momento. A questão da marca também é debatida por ele: ela passa a ser mais que palavra ou imagem, e se converte em uma arquitetura baseada em integridade, honestidade, confiabilidade, consideração e transparência. A comunicação sai do modelo de promoção, mídia unidirecional e padronizada, para um modelo multidirecional, dialogal. O preço perde o status de inalterável e passa a ser negociável - "Quando compradores e vendedores trocam mais informações, o preço se torna fluido." (TAPSCOTT, 2010, p. 257). Por fim, a experiência com produtos, serviços e eventos gera colaboração e engajamento: ..."os prosumers da Geração Internet querem estar envolvidos na coinovação dos produtos e, se você deixar, estarão preparando o terreno para que as experiências ricas e duradouras ocorram." (TAPSCOTT, 2010, p. 256). Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 No capítulo 8, Não há lugar como o novo lar: A Geração Internet e a família, Tapscott fala sobre a virada da liberdade. Segundo ele, os baby boomers buscavam liberdade fora de casa, mas a Geração Internet a tem dentro de casa. Num contexto de muita violência, criminalidade e outros tipos de temores da vida social urbana, o medo guiou muitos pais a manter os filhos em casa. Com a Internet, esse enclausuramento se tornou relativo, uma vez que o acesso à rede trouxe liberdade para sair dos muros. Na família da Geração Internet, o filho é o centro das decisões, da liderança e da definição de direitos e responsabilidades. Temas como pornografia, pedofilia, cyberbullying e preocupações ganham a pauta das discussões familiares. Em Obama, redes sociais e engajamento cívico: A Geração Internet e a democracia (capítulo 9), Tapscott fala sobre a mudança na forma como a política é apresentada na Internet, tendo como ponto de análise a campanha de Barack Obama. Por meio do my.barackobama.com, criou-se uma comunidade on-line de mais de um milhão de pessoas. Segundo Tapscott, depois disso, a política nunca mais seria a mesma: "Acho que essa geração será uma força irrefreável a favor da mudança nos processos políticos do país." (TAPSCOTT, 2010, p. 293). Para o autor, a campanha de Obama reflete as normas da Geração Internet, pois foi customizada para cada eleitor, foi inovadora, colaborativa. A interpretação de Tapscott se confirmou tempos depois, com a chamada Primavera Árabe, mostrando a força que as redes sociais on-line e a Geração Internet tem sobre as decisões políticas e sobre a noção de civismo. Segundo o autor, a principal crise a enfrentar, hoje, é a de confiança nas instituições políticas. Como confiança requer transparência, os governos estão desafiados a se comunicar cada vez mais, pois se não o fizerem, a sociedade cobrará caro. O capítulo 10, Tornando o mundo um lugar melhor - no nível básico, Tapscott comenta o ativismo na rede e como as pessoas têm buscado tornar o mundo melhor por meio de iniciativas que geram engajamento com causas como saudabilidade, sustentabilidade, cuidados com animais e diversos temas de Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 interesse coletivo e comunitário. O voluntariado é um fenômeno em expansão, apontam os números. No capítulo 11, Em defesa do futuro, Don Tapscott retoma os já mencionados aspectos do lado negro da Geração Internet (introdução), comentando-os e apresentando seus argumentos em defesa da Geração Internet. O autor reforça que as mudanças de comportamento dessa geração não devem ser vistas com juízos de valor negativos, mas como mudanças a observar, pois trabalham competências distintas que ainda exigem estudo e análise. Referência TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. (tradução de Marcelo Lino). Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010. Prosumers: uma mudança paradigmática Por Else Lemos Em sua obra Wikinomics: how mass collaboration changes everything, Tapscott & Williams dedicam um capítulo da obra para os prosumers. Partindo da premissa de que os consumidores hoje são também os produtores, ou seja, prosumers, os autores retomam a introdução do termo na obra de Tapscott (The Digital Economy, 1996), ao falar sobre "prosumption" para descrever como a distância entre produtores e consumidores está evaporando. (TAPSCOTT & WILLIAMS, 2007, p. 125). Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 A primeira crítica trazida pelos autores é sobre a confusão entre o entendimento do conceito de prosumer e a centralidade do cliente, esta sendo a oferta de produtos básicos que os clientes/consumidores podem modificar parcialmente, como customizar um carro, por exemplo. No modelo de prosumption, os consumidores/clientes participam da criação de produtos de forma ativa e contínua. Um dos exemplos ilustrativos é o Second Life, em que o consumidor inova e coproduz os produtos que também consome. In other words, customers do more than customize or personalize their wares; they can self-organize to create their own. The most advanced users, in fact, no longer wait for an invitation to turn a product into a platform for their own innovations. They just form their own prosumer communities online, where they share product-related information, collaborate on customized projects, engage in commerce, and swap tips, tools, and product hacks. (TAPSCOTT & WILLIAMS, 2007, p. 126) Ao falar sobre o Second Life, os autores mencionam que, embora ele seja uma plataforma infinita para inovação, e não um produto, essa nova geração de prosumers trata o mundo como um lugar para criação, não consumo. (TAPSCOTT & WILLIAMS, 2007, p. 127). Um dos casos apresentados por Tapscott e Williams (2007, p. 129) é o do designer de calçados John Fluevog, que criou o calçado "opensource" (http://www.fluevog.com/files_2/os-1.html): consumidores submetem desenhos para avaliação por parte de Fluevog, e os melhores são produzidos. Ele não oferece contrapartidas em royalties ou remuneração financeira, ou mesmo em direitos de uso comunitários, mas se compromete simplesmente a adornar o sapato escolhido com o nome de seu criador. Alguns dos aspectos reforçados pelos autores para caracterizar o comportamento dos prosumers são: inovação e coinovação, capacidade sofisticada de criar e lidar com aplicativos, fortalecimento da cultura do remix (que não é nova, porém hoje acontece em escala muito maior), criatividade para produzir música, arte e Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013 invenções sem depender de grandes grupos econômicos, cultura open source, e a ideia de que "nós somos a mídia" (TAPSCOTT & WILLIAMS, 2007, p. 143). Os principais pontos destacados por Tapscott & Williams (2007) são: - Prosumption é mais que customizar; - A perda de controle sobre produtos, plataformas e formas de interação é um fato; - Os prosumers buscam produtos e plataformas que possam modular, reconfigurar, editar. - O negócio real para prosumers não é criar produtos acabados, mas ecossistemas de inovação. - Os prosumers desejam compartilhar os frutos de sua criação. Referência TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony D. The Prosumers. In: Wikinomics: how mass collaboration changes everything. New York, USA: Penguin Books, 2007. (capítulo 5, p. 124-150) Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes Disciplina: Novas lógicas e literacias emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões Profa.: Dra. Brasilina Passarelli Aluna: Else Lemos Inácio Pereira – n. USP 3368660 Atividade: Resenha 14/05/2013
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