XXVII Domingo do Tempo Comum Evangelho: Mc 10,2
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XXVII Domingo do Tempo Comum Evangelho: Mc 10,2
XXVII Domingo do Tempo Comum Evangelho: Mc 10,2-16. “Vocês reduziram a normas o respiro do início da criação!” Ir. Sandra M. Pascoalato, sjbp. No seu caminhar para Jerusalém, Jesus deixa de vez a Galileia. É quanto nos diz o primeiro versículo do cap. 10 do evangelho de Marcos. Esta anotação que indica uma passagem do ponto de vista geográfico tem um significado bem mais profundo. Conclui-se a missão de Jesus na Galilieia, caracterizada pelo anúncio do Reino, pela pregação às multidões, pela realização de sinais prodigiosos, pelo ensinamento aos discípulos e está para ter início um novo capítulo na sua vida, o último. Pontuais, neste novo ciclo da vida de Jesus, marcado por contrastes sempre mais violentos, são as controvérsias com os seus adversários, gente dos diferentes grupos: fariseus (10,2-9), sumos sacerdotes, escribas, anciãos (11,27-33), herodianos (12,13-17), saduceus (12,18-27). No texto do evangelho deste Domingo, a controvérsia se dá entre Jesus e alguns fariseus. É a primeira cena do texto, narrada nos vv. 2 a 9. Na segunda cena (vv.10-12) encontramos Jesus que, em casa, instrui os seus discípulos. Fecha o texto, o quadro que nos faz ver Jesus, acolhendo e abençoando as crianças (vv.13-16). Os fariseus interrogam Jesus sobre uma questão de liceidade: “É lícito?”, perguntam. (10,2). E este é o primeiro ponto que merece reflexão. Concentrar toda a força da pergunta unicamente sobre a liceidade ou menos de um determinado gesto é demasiado redutivo, como a dizer: ‘se a lei me consente, estou em paz com Deus e a com a minha consciência’. É a atitude de fundo deste grupo de fariseus. Jesus, que parece encontrar-se pouco à vontade na estreiteza da lei, põe a questão num outro plano, no plano da relação com Deus e das responsabilidades pessoais. A menção da certidão de divórcio permitida por Moisés se torna, para os fariseus, fundamento de um direito. Jesus se opõe à instrumentalização desta disposição mosaica e, pela boca mesma dos fariseus, deixa claro que Moisés lhes dera somente uma permissão e não uma ordem, uma concessão, sujeita aos princípios que fundam o matrimônio e que não revoga a lei fundamental: “Os dois serão uma só carne”. É como se Jesus dissesse: ‘Vocês reduziram a normas aquele respiro do início da criação!’ A sensação é de que Jesus queira fazer-nos respirar o ar do início, reencontrar o projeto primeiro de Deus: “Não é bom que o homem esteja só” (Gen 2,18). Isto é o que interessa a Deus: que ninguém se sinta sufocado pela solidão. E a solidão, narra o livro do Gênesis, não é preenchida pelas coisas. Adão tinha tudo. A emoção mais profunda, a experiência da ‘companhia’ que apazigua a alma ele a encontrou naquela ‘formada com osso dos seus ossos e carne da sua carne’. Em casa, interrogado pelos seus discípulos, Jesus retoma o assunto, precisando com clareza que, tanto para o homem como para a mulher, o projeto de Deus exclui completamente qualquer dispensa da aliança entre eles. Os discípulos haviam terminado de repreender umas crianças. Jesus se aborrece com a atitude deles e lhes ensina, não somente como devem comportar-se com elas, mas, sobretudo, como devem aprender com elas: trata-se de acolher o reino de Deus como uma criança sabe acolher, porque o reino é um dom, um presente de Deus. Texto consultado: DELORME, J. Lettura del Vangelo di Marco. Cittadella Editrice, Assisi, 1977.
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