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Nossa Senhora do Loreto Padroeira Universal da Aviação t ALCAFOZES Somos Tripulantes de Cabine! Isto significa muito para além de vestir uma farda, arranjar-se cuidadosamente, fazer uma mala e viajar. Aliás, o que pouco fazemos é mesmo viajar! Quando saímos do conforto das nossas casas, dos braços e da companhia de quem amamos, vestimos a pele de Tripulantes de Cabine para garantirmos a segurança dos que embarcam connosco, ficando atentos a cada passo, a cada possível atitude insegura, a cada movimento, barulho ou odor que possa vir a comprometer a segurança. Entre tantas outras aptidões que desenvolvemos, aprendemos a amar à distância. E a julgar menos as dificuldades que a vida propõe; no nosso íntimo, não desistimos dos que nos são queridos e pouco vemos. E porque nada nem ninguém fica por nós descurado, e para que sintamos sempre o apoio dos nossos familiares e amigos, ao final de cada jornada, quando chegamos ao destino, aprendemos a acrescentar uma importante frase às nossas orações: Abdicamos, pela nossa profissão, das datas importantes como o Natal, o Ano Novo, a Páscoa, o nosso aniversário e o daqueles que nos são chegados. Privamos os que amamos, pais, mulheres, maridos, filhos e amigos, para que pessoas anónimas, e à nossa responsabilidade em cada voo, se sintam e estejam seguras. Para estes, o nosso rosto está sempre publicamente sorridente e afável, escondendo a mágoa que o coração sente pelas ausências forçadas. «Pelo seu amor Pai, permita que não desistam do meu amor, da minha amizade e perdoem a minha ausência. Ámen» Ser Tripulante de Cabine é aprender a diagnosticar, a avaliar e a decidir em conformidade, a prestar um serviço de qualidade no qual a segurança activa e passiva têm o principal papel. O nosso agradecimento à Comissão de Festas e a toda a população do concelho de Idanha-a-Nova, que todos os anos nos acolhem com extremo carinho e com a beleza da sua genuína simplicidade. Este é um singelo contributo da APTCA, em representação dos Tripulantes de Cabine Portugueses, para as Festas em honra de Nossa Senhora do Loreto, Padroeira Universal da Aviação em Alcafozes. Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine Av. Alm. Gago Coutinho, 90 1749-039 Lisboa – Portugal Tel: (+351) 218 452 020 Fax: (+351) 218 452 029 Telm: (+351) 937 437 119 [email protected] www.aptca.pt 1 2 ÍNDICE Origem e história da Padroeira Universal da Aviação 4 Nossa Senhora do Loreto em Alcafozes, Portugal 6 Missal 9 Alcafozes e o concelho de Idanha-a-Nova 23 3 Origem e história de Nossa Senhora do Loreto Padroeira Universal da Aviação Basílica de Loreto em Itália Prece dos Aviadores Ó Maria, Rainha do Céu, gloriosa Padroeira da Aviação, ergue-se até vós a nossa súplica. Somos pilotos e aviadores do mundo inteiro; e, arrojados aos caminhos do espaço, unindo em laços de solidariedade as nações e os continentes, queremos ser instrumentos vigilantes e responsáveis da paz e do progresso para as nossas pátrias. Em vós depositamos a nossa confiança. Sabemos a quantos perigos se expõe a nossa vida; velai por nós, Mãe piedosa, durante os nossos voos. Protegei-nos no cumprimento do árduo dever quotidiano, inspirai-nos os vigorosos pensamentos da virtude e fazei com que nos mantenhamos fiéis aos nossos compromissos de homens e de cristãos. Reacendei em nossos corações o anel dos bens celestiais, vós que sois a Porta do Céu; e guiai-nos, agora e sempre, nas asas da fé, da esperança e do amor. Ámen. Oração oficial à Padroeira dos Aviadores, Nossa Senhora do Loreto, mandada compor por Sua Santidade o Papa Paulo VI, a pedido pessoal do Brigadeiro Eduardo Gomes, aquando da sua visita ao Vaticano (Maio de 1967) 4 Aparição de Nossa Senhora do Loreto e o milagre da «Casa voadora» O título Nossa Senhora do Loreto tem como referencial a casa de Nazaré, onde viveu a Santíssima Virgem e que foi, durante treze séculos, local de peregrinação. Por um misterioso prodígio, esta casa atravessou oceanos até se fixar em Itália, num bosque de loureiros, próximo da vila de Recanati. Uma explicação plausível seria a seguinte: a fim de poupar a Santa Casa de Nazaré de invasões, onde templos e monumentos eram violados e destruídos, o Senhor ordenou aos seus anjos que a transportassem pelos ares até à cidade de Tersatz, na Dalmácia, em 10 de Maio de 1291 e daí para um bosque de loureiros, em Loreto, Itália, em 10 de Dezembro de 1294. Por causa dos constantes assaltos que sofriam os peregrinos, a Casa mudou-se para o alto de uma colina e, como aí houve discórdias entre os irmãos proprietários da terra, esta fixou-se, finalmente, no meio da estrada que liga Recanati ao litoral, onde permanece intacta até hoje, protegida por uma imensa igreja construída ao seu redor. Rapidamente, Loreto tornou-se local de peregrinação e devoção de muitos Papas. A iconografia tradicional de Nossa Senhora do Loreto apresenta-se revestida de um manto que cobre inclusivamente, quase na totalidade, o Menino Jesus, conferindo-lhe uma forma aerodinâmica, e cuja força propulsora serão os anjos que a suportam. O inexplicável fenómeno da fé, do milagre da «Casa Voadora», sensibilizou os profissionais aviadores que se identificaram com a missão cumprida pelos anjos que transportaram, pelos ares, tão preciosa carga, adoptando Nossa Senhora do Loreto como sua Protectora. A 24 de Março de 1920, na festa do Arcanjo S. Gabriel – o mensageiro de Nazaré –, o Papa Bento XV, acedendo ao desejo do Clero, declarou a Santíssima Virgem do Loreto, Padroeira Universal da Aviação. Em 12 de Setembro desse mesmo ano, os aviadores reuniram-se em massa na Basílica de Loreto e fizeram, oficialmente, a consagração da sua Padroeira. No ano seguinte, a imagem foi destruída por um incêndio e, em 1922, o Papa Pio XII benzeu a nova imagem da Virgem do Loreto, não muito diferente da anterior, e esta foi acompanhada por aviadores, entre a Capela Sistina e a Basílica de Loreto, onde chegou a 8 de Setembro. 5 Nossa Senhora do Loreto em Alcafozes, Portugal Em Portugal, os profissionais da aviação militar e civil reúnem-se anualmente em duas festas particularmente importantes: em Alcafozes, no último fim-de-semana de Agosto ou no primeiro de Setembro, e em Lisboa, no domingo mais próximo do dia 10 de Dezembro – dia de Nossa Senhora do Loreto –, na Igreja de Nossa Senhora do Loreto, também conhecida como Igreja dos Italianos. CRONOLO GIA 713 d.C. — Confirmada a existência desta povoação, aquando da invasão muçulmana daquela região. 1758 — Confirmada a existência da capela em perfeito estado de conservação, na resposta ao inquérito mandado fazer pelo Marquês de Pombal, para avaliação dos hipotéticos estragos provocados pelo Terramoto de 1755 e respondido, à época, pelo Padre Vicente (Templário). 1920 — 24 de Março: Em Roma, o Papa Bento XV declara Nossa Senhora do Loreto, Padroeira Universal da Aviação. 1959 — 21 de Setembro: Chegada da Força Aérea Portuguesa ao Santuário de Nossa Senhora do Loreto, em Alcafozes – vide lápide afixada na frontaria do santuário. 1968 — Presença confirmada da TAP – Transportes Aéreos Portugueses – nos Festejos em honra da Padroeira Universal da Aviação, em Alcafozes. Nos anos 70, o PN – Pessoal Navegante – começa a ir aos festejos por acção do então Director Geral de Operações de Voo, Cte. Hugo Damásio, que nomeava uma 6 tripulação para ir assistir à Missa Solene de Encerramento destes festejos, no santuário, onde chegava em carrinha TAP, normalmente utilizada no transporte dos tripulantes. Após o 25 de Abril, o DGOV, Cte. Hugo Damásio, deixa o cargo e dá-se um ligeiro interregno neste procedimento, tendo o SNPVAC – Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, fundado em 1957 –, que congregava todos os tripulantes do voo (pilotos, técnicos de voo e tripulantes de cabine), liderado à época por uma comissão administrativa presidida por Isabel Beltrão, à qual se juntou também Vera Carneiro e Filomena Nunes da Silva, reiniciado a tradição da comparência dos profissionais do voo nos festejos em honra da Padroeira Universal da Aviação. Devido ao facto, à época, de a maior parte dos pilotos da TAP vir da Força Aérea Portuguesa, assim se deu início a esta tradição, no seio da aviação civil. Mais tarde, a APTCA – Associação Portuguesa dos Tripulantes de Cabine, fundada em 21 de Fevereiro de 1984 – passou a colaborar com o SNPVAC na ligação da Comissão de Festas destas celebrações ao mundo da aviação civil, de modo a alargar o âmbito da participação das organizações que a constituem, colaboração essa que se mantém até aos dias de hoje. Neste âmbito, passaram o SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil –, a APPLA – Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea –, a ASPAC – Associação de Solidariedade dos Pilotos da Aviação Civil – e o STVAC – Sindicato dos Técnicos de Voo da Aviação Civil – a deslocarem-se, institucionalmente, a estes festejos, todos os anos. É de salientar que foi a presença da TAP, que em 2013 comemorou os 45 anos de presença efectiva nestes festejos, que alargou a dimensão desta festa, levando consigo, inclusivamente, outras companhias nacionais e estrangeiras, bem como os aeroclubes e demais instituições ligadas ao voo. Como curiosidade, o comissário de bordo da TAP, Israel, praticante de paraquedismo, aí efectuou um salto. O supervisor de cabine da TAP, e também piloto, João Carvalho sobrevoou no seu ultraleve, pela primeira vez, a Missa Solene Campal de Encerramento dos festejos acompanhado pelo então co-piloto e actual Cte. da TAP, Filipe Conceição e Silva, que o seguia aos comandos de um planador, rebocado e assistido pelo Aeroclube de Portugal. Este último foi ainda pioneiro, como piloto civil, na realização de acrobacias aéreas em Alcafozes neste evento, abrindo caminho para outros, nomeadamente o Cte. Luís Garção, também da TAP. Destacamos o facto de, nos festejos de 2003, o comissário de bordo Paulo Duarte, da companhia aérea Portugália Airlines, ter consagrado a sua vida a Cristo, durante a Missa Solene de Encerramento dos festejos, entregando ao património da Padroeira a sua meia asa e as divisas, entrando, em Setembro desse ano, para a ordem religiosa dos Jesuítas. Foi ordenado sacerdote jesuíta no dia 5 de Julho de 2014, na Sé Nova de Coimbra, Portugal. 7 8 MISSAL Nossa Senhora do Loreto em Alcafozes Padroeira Universal da Aviação 9 C Â N T IC O DE E N T R A DA 10 I II III Todos juntos Este ano Em Agosto Todos Juntos No Santuário A cantar Ó Senhora do Loreto Olha por nós ao voar Os teus filhos aqui estão P’ra te louvar Todos Juntos Este ano Em Agosto Todos Juntos No Santuário A cantar O Senhora do Loreto Olha por nós ao voar Os teus filhos aqui estão P’ra te louvar Ó Senhora do Loreto Olha por nós ao voar Alcafozes vem em peso Te louvar Ó Senhora do Loreto Que aqui vimos festejar Alcafozes vem em peso Te louvar Alcafozes vem em peso Te louvar Põe tua mão Sobre o meu avião Quando descola Põe tua mão Sobre o meu avião Ao aterrar Ó Senhora do Loreto Olha por nós ao voar Os teus filhos aqui estão P’ra te louvar Põe tua mão Sobre o meu avião Quando descola Põe a tua mão Sobre o meu avião Ao aterrar Ó Senhora do Loreto Olha por nós ao voar Os teus filhos aqui estão P’ra te louvar Letra: Isabel Pimentel S/C TAP PORTUGAL Música: Padre Borga S A N TA M I S S A (S – Sacerdote; F – Fiéis; T – Todos) Ao princípio S – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. F – Ámen. S – A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco. F – Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. ACTO PENITENCIAL S – Irmãos, para celebrarmos dignamente os santos mistérios, reconheçamos que somos pecadores. Confessemos os nossos pecados: T – Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, actos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa, e peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, nosso Senhor! S – Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna. F – Ámen. KYRIE S – Senhor, tende piedade de nós. F – (Repete-se) S – Cristo, tende piedade de nós. F – (Repete-se) S – Senhor, tende piedade de nós. F – (Repete-se) GLORIA (quando houver) S – Glória a Deus nas alturas T – e paz na terra aos homens por Ele amados. Senhor Deus, Rei dos Céus, Deus Pai todo-poderoso; nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças por vossa imensa glória. Senhor, Jesus Cristo, 11 Filho Unigénito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai; Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós; Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica; Vós, que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só Vós sois o Santo; Só Vós, o Senhor, Só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo; com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Ámen. ORAÇÃO (Como no Missal) L I T U R G I A D A PA L A V R A S – Leitura de... (No fim): Palavra do Senhor. F – Graças a Deus. E VA N G E L H O S – O Senhor esteja convosco. F – Ele está no meio de nós. S – Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S... F – Glória a Vós, Senhor. 12 S – (No fim): Palavra da Salvação. F – Glória a Vós, Senhor. CREDO (quando houver) S – Creio em um só Deus, T – Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus, e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e Se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai; de novo há-de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos Profetas. Creio na Igreja una, santa, católica, e apostólica. Professo um só Baptismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir. Ámen. ORAÇÃO UNIVERSAL LITURGIA EUCARÍSTICA OFERTÓRIO CÂNTICO Nossa Senhora Em Alcafozes Nós te louvamos Com as nossas vozes Filhos da Terra e Filhos do Ar Aqui unidos P’ra festejar Rogai por nós Aviadores Nas nossas vidas põe tua mão E ao chegarmos Te bendizemos E ao chegarmos Te bendizemos E agradecemos A tua protecção Filhos da Terra e Filhos do Ar Aqui viemos P’ra te louvar Nossa Senhora Nesta homenagem Olhai por todos Que estão em viagem Letra: Isabel Pimentel S/C TAP PORTUGAL Música: Frei Hermano da Câmara 13 Preparação dos dons O F E R T Ó R I O D O PÃ O S – Bendito sejais, Senhor, Deus do Universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem, que hoje Vos apresentamos, e que para nós se vai tornar Pão da vida. F – Bendito seja Deus para sempre. OFERTÓRIO DO VINHO S – Bendito sejais. Senhor, Deus do Universo, pelo vinho que recebemos da vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem, que hoje Vos apresentamos, e que para nós se vai tomar Vinho da salvação. F – Bendito seja Deus para sempre. 14 ORAÇÃO SOBRE OS DONS S – Orai, irmãos, para que o meu e vosso sacrifício seja aceite por Deus Pai todo-poderoso. F – Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para glória do seu nome, para o nosso bem e de toda a santa Igreja. (Como no Missal) LITURGIA EUCARÍSTICA S – O Senhor esteja convosco. F – Ele está no meio de nós. S – Corações ao alto. F – O nosso coração está em Deus. S – Dêmos graças ao Senhor nosso Deus. F – É nosso dever, é nossa salvação. P R E FÁ C I O Dentre os numerosos Prefácios, apresentamos este: Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças sempre e em toda a parte. Por amor criastes o homem; e, embora justamente condenado, em vossa misericórdia o salvastes por Cristo, nosso Senhor. Por Ele, numa só voz, os Anjos e os Arcanjos e todos os coros celestes proclamam alegremente a vossa glória. Permiti que nos associemos às suas vozes, cantando humildemente o vosso louvor: T – Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo. O céu e a terra proclamaram a vossa glória. Hossana nas alturas. Bendito O que vem em nome do Senhor. Hossana nas alturas. II ORAÇÃO EUCARíSTICA Entre as várias Orações Eucarísticas publicamos esta: Vós, Senhor, sois verdadeiramente Santo, sois a fonte de toda a santidade! Santificai estes dons, derramando sobre eles o vosso Espírito, de modo que se convertam, para nós, no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na hora em que Ele Se entregava para voluntariamente sofrer a morte, tomou o pão, e, dando graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: TOMAI TODOS E COMEI: ISTO É O MEU CORPO QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS. De igual modo, no fim da Ceia, tomou o cálice e, dando graças, deu-o aos seus discípulos, dizendo: TOMAI TODOS E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS, PARA REMISSÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM. MISTÉRIO DA FÉ. 15 F – Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição: Vinde, Senhor Jesus! Celebrando agora, Senhor, o memorial da morte e ressurreição do vosso Filho, nós Vos oferecemos o pão da vida e o cálice da salvação e Vos damos graças porque nos admitistes à vossa presença para Vos servir nestes santos mistérios. Humildemente Vos suplicamos que, participando no Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só corpo. Lembrai-Vos, Senhor, da vossa Igreja, dispersa por toda a terra, tornai-a perfeita na caridade, em comunhão com o Papa Francisco, o nosso Bispo Manuel e todos os que estão ao serviço do vosso povo. Lembrai-Vos também dos (outros) nossos irmãos que adormeceram na esperança da ressurreição e de todos aqueles que/na vossa misericórdia, partiram deste mundo: admiti-os na luz da vossa presença. Tende misericórdia de nós, Senhor, e dai-nos a graça de participar na vida eterna, com a Virgem Maria, Mãe de Deus, os bem-aventurados Apóstolos e todos os Santos que desde o princípio do mundo 16 viveram na vossa amizade, para cantarmos os vossos louvores, por Jesus Cristo vosso Filho. Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. F – Ámen. COMUNHÃO S – Fiéis aos ensinamentos do Salvador ousamos dizer: T – Pai Nosso... mas livrai-nos do mal S – Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de toda a perturbação, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Cristo nosso Salvador. F – Vosso é o reino e o poder e a glória para sempre. S – Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos Apóstolos: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz: não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja; e dai-lhe a união e a paz, segundo a vossa vontade. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. F – Ámen. S – A paz do Senhor esteja sempre convosco. F – O amor de Cristo nos uniu. T – Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz. S – Felizes os convidados para a Ceia do Senhor. Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. T – Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo. S – O Corpo de Cristo. F – Ámen. CÂNTICO É o meu corpo, tomai e comei. É o Meu sangue, tomai e bebei. Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor. Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor. Glória ao Pai que nos criou, glória ao Filho Redentor, Glória ao Espírito de vida que na Igreja é amor. Unidos na caridade comemos do mesmo Pão, Cada homem é para nós o nosso irmão. É o meu corpo, tomai e comei. É o Meu sangue, tomai e bebei. Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor. Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor. Se beberdes deste cálice e comerdes deste Pão, O Senhor vos há-de dar o Dom da Ressurreição, Do altar vamos partir ao encontro dos irmãos Levando a graça de Deus em nossas mãos. É o meu corpo, tomai e comei. É o Meu sangue, tomai e bebei. Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor. Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor. Como o Senhor nos amou jamais alguém pode amar, Rochedo de salvação que veio p’ra nos salvar. Quando estamos reunidos e partilhamos o Pão, Ele nos dá o Seu amor, é nosso irmão. É o meu corpo, tomai e comei. É o Meu sangue, tomai e bebei. Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor. Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor. 17 «Aos que comungaram recomenda-se que continuem em oração por mais algum tempo» (Ritual, n.º 25). CÂNTIC O TR ADICIONAL DA SE N HOR A D O LOR ETO EM ALCAFOZES (adufe) OR AÇ ÃO DE P OI S DA C OM U N HÃO (Como no Missal) S – O Senhor esteja convosco. F – Ele está no meio de nós. S – Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. F – Amen. S – Ide em paz e o Senhor vos acompanhe. F – Graças a Deus. «O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício do seu Corpo e do seu Sangue..., sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura» (Conc. Vaticano II, SC. 47). 18 Tantos anjos me acompanham (2x sempre) Como de passadas dei (2x sempre) Senhora de Loreto Que lá estais no cabecinho Des’que [desde que] não faça vento Lá corre um arzinho Senhora de Loreto E a nossa capela cheira Cheira a cravos, cheira a rosas Cheira a flor de laranjeira Senhora de Loreto Onde tendes a morada No cabeço das taipinhas Numa casa caleada ADEUS A VIRGEM DO LORETO Ó Virgem do Loreto D’Alcafozes senhora De Portugal rainha Dos homens protectora Ó virgem do Loreto D’Alcafozes senhora Da vossa capelinha Forçoso é ir-me embora (coro) Uma prece final ao deixar-Vos mãe de Deus viva sempre em minha alma este grito imortal Ó virgem adeus Virgem mãe adeus 19 20 I III Ficai com Deus senhora Nesse monte sagrado Que eu parto nesta hora Convosco lado a lado Eu parto e vós ficais Nessa santa mansão Na minha alma deixais O Vosso Coração Na hora da partida Dou-vos o coração Junto á Vossa ermida Preito da devoção Ó virgem minha mãe Senhora do Loreto A minha alma será vossa Aqui vo-lo prometo II IV Partir, sem ti, não quero Virgem nossa senhora Dai um lugar eterno Á minha alma pecadora. Á bem-aventurança Meu coração irá Minha alma só descansa Quando for para lá Senhora do Loreto Divina companheira Dai-nos a vossa benção Abençoai a terra inteira Senhora do Loreto Ouvi as nossas vozes Convertei a nossa terra E salvai Alcafozes 21 22 ALCAFOZES E O CONCELHO D E I D A N H A - A - N O VA História e informações turísticas Texto de João Leitão Prof. Dr. de História e Turismo e ex-Tripulante de Cabine da TAP 23 M A PA D O C O N C E L H O D E I D A N H A - A - N O VA 24 A L C A F O Z E S E A R E G IÃO DE I DA N HA ALCAFOZES O brasão desta freguesia apresenta-nos, no seu centro, uma oliveira verde, pelo que se deduz que a agricultura predominava naquela época, produzindo o precioso néctar que os romanos viriam a apurar, e duas adagas azuis que nos transportam para a sua história. Por ser uma área abundante em água, apesar de ferruginosa, as suas fontes tradicionais como o Álamo, permitiram a fixação das populações. O seu nome é sem dúvida de origem árabe. Os muçulmanos, depois da invasão de Tariq em 711 e depois da batalha de Guadalete, conquistaram quase toda a Península Ibérica. A sua presença foi longa, e entre malados e moçárabes coexistiram as três religiões universais: o islamismo, o cristianismo e o judaísmo. Aegitânia, ou Idanha-a-Velha, foi um dos centros fundamentais no período suevo-visigótico e uma imponente civitates romana. A sua catedral paleocristã é, ainda hoje, uma das mais importantes da Península Ibérica, embora durante as invasões árabes tenha sido transformada em mesquita. Foi centro de passagem de comércio e de gentes, pois as estradas romanas ainda eram a espinha dorsal das comunicações conjuntamente com os rios. Daí que, pelo séc. VIII ou IX, os muçulmanos terão construído umas estruturas, sobretudo para os seus rebanhos, e a origem parece fixar-se em «gaiolas muçulmanas», o que é natural, devido aos terrenos de pasto que o território propicia. Com a reconquista cristã e devido às escaramuças constantes, é natural que o território tenha sofrido a migração de muitos habitantes e, facto é, que quando no séc. XII Gualdim Pais é o grão-mestre da Ordem dos Templários em Portugal, o território é ocupado, pelo que se inclui no contexto da reconquista, que tem como pontos fulcrais a fundação de Castelo Branco e a fundação de Idanha-a-Nova, depois de Gualdim Pais verificar que a velha Idanha não possuía condições estratégicas de defesa vindo a perder o bispado para a recém-formada Guarda. Mas o território tem outras fortificações que, ao longo dos séculos, terão importância estratégica, como Monsanto, Penha Garcia (primeiramente Hospitalária depois Templária), Segura e outros castelos de fronteira com o mundo muçulmano. Alcafozes passou assim para o território dos Templários, ordem prestigiada e acarinhada em toda a Beira Baixa e que teve a sede em Tomar, mas onde Torres Novas, Belver, Almourol e outros castelos são de extrema importância na defesa do rio Tejo. Passado o perigo muçulmano, e depois da extinção por Filipe, o Belo e pelo papa Clemente, em 1312, da Ordem do Templo, o rei D. Dinis, um dos mais importantes da História de Portugal, com o argumento da existência de grande número de muçulmanos na Península, convence o Papa a criar a ordem religiosa militar nacional, nascendo assim a Ordem de Cristo, com sede inicial em Castro Marim, e posteriormente em Tomar, onde grande 25 número de templários adere e adquire os territórios e castelos pertencentes à Ordem do Templo. Assim encontramos o símbolo no brasão do território de Alcafozes, que passa a fazer parte da Ordem de Cristo, criando as suas comendas, inicialmente com a função de defesa, e posteriormente de desenvolvimento, e terá sido neste contexto que, por volta do séc. XVI, Alcafozes passa a ter o seu povoado pertencente à Comenda de Cristo. Ganharia importância, porque atraía colonos e depressa passou a ter a sua paróquia. No séc. XVII há já uma população considerável com pároco, a julgar pelos registos de casamentos, óbitos e baptizados, de tal forma que possui uma igreja, cujo orago é S. Sebastião, o protector das pestes, e que aqui se justificaria pela peste negra e pelas pragas, que continuaram a grassar no país. O mesmo se dirá do culto do Espírito Santo, cuja ermida se encontra junto a uma das antigas entradas da aldeia. Introduzido em Portugal pela rainha Santa Isabel, por volta de 1320, este culto é igualmente da abundância e da prosperidade, mais uma vez aqui presente na defesa da agricultura, incorporado nas práticas religiosas das gentes da fronteira. 26 da, embora exista muita especulação, o facto é que hoje as suas festividades em honra da Padroeira Universal da Aviação são de extrema importância. Em 1834, após a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, os terrenos pertencentes à Ordem de Cristo são colocados em hasta pública. Assim, são os burgueses, isto é, quem tem dinheiro, ou os comendadores (alguns comprarão títulos nobiliários ou serão titulados por serviços prestados) que vão ficar com essas terras, a preços por vezes ridículos, surgindo assim no território o latifundiário. No entanto, algumas parcelas privadas das gentes da terra mantém-se, mas com o tempo os famosos baldios vão desaparecendo. Embora as Misericórdias tenham sido fundadas em 1498 pela rainha D. Leonor, esposa de D. João II, no reinado do seu irmão D. Manuel, só surgem em Alcafozes em 1740, sendo a construção da sua igreja e consagração apenas realizadas em 1893. Na verdade, o território onde se situa Alcafozes mereceu alguma atenção no período do Estado Novo, com a construção de áreas de regadio e da barragem Marechal Carmona, assim como de outras benfeitorias. Alcafozes era terra de pão e de carvão, do pão maravilhoso em vias de extinção e dos carvoeiros. Algumas famílias iam de terra em terra trocar carvão por outros produtos, tempos difíceis, o que levou a uma forte emigração, principalmente para França, e migração, sobretudo para Lisboa, Setúbal e outras paragens. Para Lisboa havia a tentação de conseguir, depois do serviço militar, ingressar numa carreira militar nas Forças Armadas ou militarizantes, como a GNR, a Polícia, a Guarda Fiscal ou os Bombeiros. Posteriormente, outra leva enveredou pela área bancária e outras. Sabe-se que em 1755 já existiam os templos referidos bem como a igreja do Loreto, cuja origem é desconheci- A população foi envelhecendo, a esperança do regresso à terra de origem após a reforma foi apenas para alguns, sendo que a maioria preferiu continuar onde vivia, mas visitando a terra amiudamente, sobretudo no Natal e na Semana Santa, para assistir a um conjunto de manifestações religiosas ancestrais e quase únicas no país, e à festa em honra de Nossa Senhora do Loreto, isto sem menosprezo para certas festividades como a do Espírito Santo ou festivais das criadilhas, tortulhos e espargos. Alcafozes deve ser apreciada num contexto mais amplo. A sua situação no centro do concelho de Idanha-a-Nova, agora que perdeu a freguesia, é igualmente importante no conjunto do território que é o Geoparque Naturtejo, considerado um dos mais importantes do mundo. Neste território conjugam-se fenómenos naturais extraordinários, como a combinação do xisto, pedra por excelência, o granito, que atinge a sua pujança em Monsanto (para uns um inselberg e uma fonte de estudo), e as cristas do maciço de quartzito da serra de Penha Garcia. Estes fenómenos geológicos traduzem-se pela existência de rios como o Ponsul, o Erges e, claro está, o Tejo e, artificialmente, de barragens (com destaque para a Marechal Carmona, com forte expressão no festival Boom, e lugar aprazível de turismo), onde as vilas históricas de Monsanto e Idanha-a-Velha são só por si atracções turísticas, complementadas nos castelos de fronteira como Segura, Penha Garcia, Monsanto e noutras aldeias igualmente interessantes, como o rico Ladoeiro, Proença-a-Velha, Salvaterra do Extremo, Zebreira, Medelim e outras. Idanha-a-Velha A oferta turística começa hoje a estar completa, através da existência de estabelecimentos hoteleiros de grande qualidade, quer os associados ao termalismo quer outros. No entanto, mais existem, assim como unidades de habitação no espaço rural ou até o parque de campismo. É uma terra abençoada, mas muito sofrida. Por aqui foram feitas quase todas as invasões, incluindo as francesas no início do séc. XIX, e Junot, até chegar a Abrantes, destruiu populações e culturas, e mesmo em Alcafozes terá acontecido uma pequena batalha, o que é natural. A beleza deste território reside na sua forma agreste mas adocicada pelo rosmaninho e estevas, e os giestais atingem grandes proporções. As festividades religiosas são uma das grandes atracções, desde as festas em todas as aldeias, incluindo a das 27 cruzes de Monsanto, Senhora da Azenha, Senhora do Loreto, até à Senhora do Almurtão, imortalizada por Zeca Afonso. Só vivendo, sentindo e apreciando Alcafozes no Geoparque Naturtejo, poderemos apreciar o território com os seus monumentos, as suas festividades, a sua gastronomia, os seus cantares, e apreciar o belo som do adufe. Mas não longe outras povoações merecem visita: IDANHA-A-VELHA A Egitânia romana possui a maior colecção epigráfica da Península Ibérica, uma ponte de raiz romana, calçada e muralhas romanas. É cidade importante no caminho de Mérida para Viseu e Bracara Augusta. Possui um templo suevo-visigótico paleocristão – a torre de Gualdim Pais, construída sobre um templo romano –, a igreja da Misericórdia, a capela do Espírito Santo, a capela S. Dâmaso, a Casa da Câmara, com o pelourinho manuelino em volta, e ainda um lagar de varas. Em breve existirá uma unidade de alojamento turístico de grande qualidade. MONSANTO Outra aldeia histórica, com a sua matriz medieval de S. Salvador, a Igreja da Misericórdia e a Torre de Lucano, com o galo de prata. Mais acima, as capelas de S. Miguel, com os sarcófagos, e o castelo altaneiro, com a igreja de Santa Maria. Várias casas, compostas por rochedos e pedaços de parede, e palácios brasonados. Aqui devem ver-se os adufes e as típicas marafonas, a gastronomia deliciosa e a paisagem do inselberg, avistando-se as serras da Gardunha, Estrela e S. Mamede. A capela de S. Pedro Vir a Corça é a mais antiga. Terra de lendas de escritores, aqui Fernando Namora viveu e escreveu. PENHA GARCIA Monsanto 28 Aldeia alcantilada com o que resta da torre de menagem do seu castelo, do séc. XIII, de onde se observa uma das mais soberbas vistas sobre o vale do Ponsul. Com as suas antigas azenhas e onde se faz desporto de aventura, como escalada, rapel e slide, e com um itinerário pedonal de fósseis identificado nessa colina de quartzito. Mais um castelo templário. Aqui existem várias casas de turismo de alojamento no espaço rural, além de vários restaurantes. TERMAS DE MONFORTINHO Uma das termas abertas todo o ano, com águas indicadas para patologias crónicas da pele, hepato-visiculares, gastrointestinais, doenças reumáticas e respiratórias e ainda litíase renal, com equipamentos modernos. Possui uma rede hoteleira de qualidade e lugares aprazíveis junto do Erges, rio que faz fronteira com Espanha, com piscinas e actividades lúdicas, onde o turismo cinegético tem grande expressão. Atravessando a ponte, estamos em Espanha, sendo Moraleja e Zarza as vilas mais próximas, a não muitos quilómetros de Cória e Cáceres, cuja «cidade» muralhada é considerada Património Mundial pela Unesco. com seu castelo altaneiro, hoje apenas possui a torre do relógio. Foi uma das povoações que, com outras (entre as quais Óbidos), o rei D. Dinis doou à Rainha Santa como dote de casamento, tendo passado a ser a Casa das Rainhas até ao séc. XIX. Destaca-se o que resta do castelo e a ponte de origem romana, que fazia a ligação entre Mérida e Idanha-a-Velha. Embora imponente, não era comparável à de Alcântara, mas foram ambas construídas durante o império de Trajano, homem da Península Ibérica. SALVATERRA DO EXTREMO SEGURA Aldeia fronteiriça, era a única passagem para Espanha até à abolição das fronteiras. Vila no tempo de D. Dinis, O seu castelo terá sido edificado sobre um reduto árabe, aquando da conquista cristã no tempo de D. Afonso Henriques, devido à sua posição estratégica sobre o Erges. Teve foral no séc. XIII, pelo que o seu pelourinho e Casa da Câmara são dos mais antigos do concelho. Possui ainda a igreja de origem medieval de Nossa Senhora da Consolação. ROSMANINHAL Segura Outra das antigas povoações que foi concelho e merece ser visitada. Como o seu nome indica, situa-se numa zona de rosmanos, a flor silvestre por excelência, que predomina no território. Tem como monumento o que resta de uma antiga fortificação. Por ter sido igualmente um castelo de fronteira, na matriz da sua Casa da Câmara com pelourinho do séc. XVI sobressai a sua raiz medieval. 29 Terá sido uma povoação bastante rica em agricultura, possuindo várias capelas de construção barroca, algumas delas peculiares. Daqui, do Rosmaninhal, a vista sobre o Geoparque Naturtejo é soberba. ZEBREIRA Embora ficando numa zona de transição, a sua origem é antiga e talvez tenha sido repovoada pelos Templários. Dos seus monumentos destacam-se a igreja matriz do séc. XVIII e um pelourinho curioso do séc. XVII, bem como a Casa da Câmara, pelo que terá sido um importante centro agrícola. Possuía no séc. XIX muitas terras baldias, hoje em vias de desaparecimento. Medelim PROENÇA-A-VELHA Um dos ex-libris é a escola primária do período salazarista, com azulejos vistosos. MEDELIM A sua toponímia deriva, segundo alguns, de ter sido um acampamento militar romano. As suas fortificações foram reconstruídas por D. Sancho I no séc. XII, cujas ruínas desapareceram no séc. XIX. Pertenceu ao Marquês de Cascais, e parte do seu antigo património (como a casa da Câmara e Pelourinho) desapareceu, permanecendo hoje a igreja matriz, a capela do Monte do Calvário, construída por um emigrante brasileiro, a testemunhar a importância destes nos finais do séc. XIX, e a judiaria. No entanto, é considerada a aldeia dos balcões; na verdade existe uma variedade de balcões que são um verdadeiro regalo para a vista. 30 Foi extremamente importante no período da reconquista, e recebeu o primeiro foral no tempo de Afonso II, em 1218, por D. Pedro de Alvitres, mestre da Ordem dos Templários. No séc. XVI, D. Manuel confirmou o foral, daí possuir um belo pelourinho e casa da Câmara medieval com a sua torre sineira. O seu castelo terá sido demolido e no seu local foi construída, no séc. XVIII, a igreja em estilo barroco. Possui uma igreja da Misericórdia bastante antiga, com um dos mais completos museus do azeite, exemplificando um museu de azeite de varas, mas mais extenso, pois foi concebida há menos de uma década. IDANHA-A-NOVA A capital do Concelho fica situada sobranceira ao rio Ponsul. Idanha-a-Nova teve a sua origem num castelo erguido em 1187, por ordem de Gualdim Pais. Os vestígios da antiga cinta de muralhas medievais ainda resistem, sendo possível desfrutar de uma vista panorâmica deslumbrante. Daqui é perceptível a visão estratégica de Gualdim Pais na defesa do território e no papel dos Templários. Tendo em vista o seu povoamento e o reforço da defesa, o rei D. Sancho I outorgou-lhe foral em 1206, tendo feito a doação dos seus domínios à Ordem do Templo, posteriormente passando para a Ordem de Cristo, como todo o território. Além do sítio do castelo, destacam-se como monumentos a igreja matriz de raiz medieval (que no séc. XVI se encontrava na cerca do castelo com a torre do relógio e com retábulo do barroco nacional), a Capela da Misericórdia do séc. XVI e, mercê do foral dado por D. Manuel, passaram a existir vários palacetes, como o Solar dos Condes da Graciosa, do séc. XVI, a Casa dos Cunhas, mais ou menos do mesmo período, a Casa dos Condes de Idanha, e, como um dos palacetes de terra tenentes que surgem pelo país após 1834, o Palacete das Palmeiras, de 1900 (adaptado à função de Escola Superior, polo do Instituto Politécnico de Castelo Branco). Destaca-se o Palácio do Poder com câmara municipal, tribunal e outros serviços. Dos tempos modernos, destacam-se a construção da Biblioteca Municipal e o Centro Raiano com núcleo museológico. É a capital do concelho com outras facilidades, mas onde o desporto e a indústria estão presentes. Apresenta algum alojamento turístico e restaurantes de qualidade. LADOEIRO É outra aldeia interessante situada na campina de Idanha, uma das mais ricas regiões, devido sobretudo ao regadio proveniente da barragem Marechal Carmona. Chegou a ser sede de concelho no tempo de D. João III. É quase a capital económica do concelho com múltiplas culturas que vão desde a pastorícia, e o queijo que aí se produz, até aos produtos hortícolas, e onde se realiza o festival da melancia. É uma zona agrícola por excelência e já foi a maior região de produção de tabaco, quando ainda não era proibida. S. Miguel de Acha, Oledo, Aldeia de Margarida ou Toulões são outras freguesias ou povoados interessantes para visitar, se tivermos em consideração um território que é apenas o segundo maior concelho do País em extensão, mas que não atinge os 10 mil habitantes. Estamos num território belo, com potencialidades turísticas e alguma oferta, mas onde há muito para fazer. É necessário fixar e criar empregos, e aqui a Câmara de Idanha tem sido um exemplo nacional, tentando manter os jovens e criar oportunidades. O mundo rural terá que ser, como o Atlântico, o nosso destino, pois é aqui que poderemos ser superiores. O U T R A S PA R A G E N S Inserido no Geoparque Naturtejo, este território é mais vasto e abrange outros concelhos, cada um deles com os seus atractivos de qualidade natural, histórica, monu31 mental e co-especificidades próprias. Está reconhecido pela UNESCO e abarca os concelhos seguintes: Castelo Branco, Oleiros, Proença-a-Nova, Vila Velha de Rodão e Niza. Embora o geoparque seja de grande interesse, pelo seu conjunto, há que referir que existem outras aldeias históricas e castelos de fronteira que se situam na região (além dos mencionados do concelho de Idanha-a-Nova), como os de Almeida, Castelo Novo, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Alfaiates, Vilar Maior, Sortelha, Penamacor e Sabugal. CASTELO BRANCO Capital de distrito, é de origem castreja, mas foram os Templários que lhe deram vida e, posteriormente, a Ordem de Cristo. É uma cidade medieval que combina o castelo templário com toda a malha urbana medieval, onde não faltam o bairro judeu, e a homenagem a esse grande homem que foi Amato Lusitano, e palacetes burgueses ou da nova aristocracia. O palácio Episcopal é dos mais imponentes da Europa, sobretudo os seus jardins, e ali está instalado o Museu e Fábrica das Colchas de Castelo Branco. A sede do bispado de Castelo Branco/Portalegre é nesta última cidade, mas a igreja de S. Tiago, assim como a ermida de Nossa Senhora de Mércoles, merecem uma visita. BELMONTE A terra dos criptojudeus, com vários núcleos museológicos, é terra de Pedro Álvares Cabral. Aí existe o castelo e o panteão dos Cabrais, um museu hebraico, a sinagoga e o bairro judeu, o centro de interpretação da descoberta do Brasil, o museu do azeite e o museu arqueológico, para não falar das ruínas romanas de Cetum Cellas. Não muito longe encontra-se Sortelha, uma das belas aldeias de Portugal, que foi à final com Monsanto, na década de 1940, na descoberta da aldeia mais portuguesa; um mundo medieval, um ambiente deslumbrante. A alguns quilómetros situam-se Sabugal, com o seu imponente castelo, Penamacor, outro concelho com um património riquíssimo, e ainda os Parques Naturais da Malcata e da Serra da Estrela. Belmonte 32 É uma região com vários territórios com tradições, gastronomia e formas de vida únicas. Torga dizia que a paisagem molda o homem e tem razão.