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Nossa Senhora do Loreto
Padroeira Universal da Aviação
t
ALCAFOZES
Somos Tripulantes de Cabine! Isto significa muito para além
de vestir uma farda, arranjar-se cuidadosamente, fazer uma
mala e viajar. Aliás, o que pouco fazemos é mesmo viajar!
Quando saímos do conforto das nossas casas, dos braços e da companhia de quem amamos, vestimos a pele de
Tripulantes de Cabine para garantirmos a segurança dos
que embarcam connosco, ficando atentos a cada passo, a
cada possível atitude insegura, a cada movimento, barulho
ou odor que possa vir a comprometer a segurança.
Entre tantas outras aptidões que desenvolvemos, aprendemos a amar à distância. E a julgar menos as dificuldades
que a vida propõe; no nosso íntimo, não desistimos dos que
nos são queridos e pouco vemos.
E porque nada nem ninguém fica por nós descurado, e para
que sintamos sempre o apoio dos nossos familiares e amigos, ao final de cada jornada, quando chegamos ao destino,
aprendemos a acrescentar uma importante frase às nossas
orações:
Abdicamos, pela nossa profissão, das datas importantes
como o Natal, o Ano Novo, a Páscoa, o nosso aniversário e
o daqueles que nos são chegados. Privamos os que amamos,
pais, mulheres, maridos, filhos e amigos, para que pessoas
anónimas, e à nossa responsabilidade em cada voo, se sintam e estejam seguras. Para estes, o nosso rosto está sempre
publicamente sorridente e afável, escondendo a mágoa que
o coração sente pelas ausências forçadas.
«Pelo seu amor Pai, permita que não desistam do meu
amor, da minha amizade e perdoem a minha ausência.
Ámen»
Ser Tripulante de Cabine é aprender a diagnosticar, a avaliar e a decidir em conformidade, a prestar um serviço de
qualidade no qual a segurança activa e passiva têm o principal papel.
O nosso agradecimento à Comissão de Festas e a toda a população do concelho de Idanha-a-Nova, que todos os anos
nos acolhem com extremo carinho e com a beleza da sua
genuína simplicidade.
Este é um singelo contributo da APTCA, em representação
dos Tripulantes de Cabine Portugueses, para as Festas em
honra de Nossa Senhora do Loreto, Padroeira Universal da
Aviação em Alcafozes.
Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine
Av. Alm. Gago Coutinho, 90
1749-039 Lisboa – Portugal
Tel: (+351) 218 452 020
Fax: (+351) 218 452 029
Telm: (+351) 937 437 119
[email protected]
www.aptca.pt
1
2
ÍNDICE
Origem e história da Padroeira Universal da Aviação 4
Nossa Senhora do Loreto em Alcafozes, Portugal 6
Missal 9
Alcafozes e o concelho de Idanha-a-Nova 23
3
Origem e história
de Nossa Senhora do Loreto
Padroeira Universal da Aviação
Basílica de Loreto
em Itália
Prece dos Aviadores
Ó Maria, Rainha do Céu, gloriosa Padroeira da Aviação, ergue-se até vós a nossa súplica. Somos
pilotos e aviadores do mundo inteiro; e, arrojados aos caminhos do espaço, unindo em laços de solidariedade as nações e os continentes, queremos ser instrumentos vigilantes e responsáveis da paz
e do progresso para as nossas pátrias. Em vós depositamos a nossa confiança. Sabemos a quantos
perigos se expõe a nossa vida; velai por nós, Mãe piedosa, durante os nossos voos. Protegei-nos no
cumprimento do árduo dever quotidiano, inspirai-nos os vigorosos pensamentos da virtude e fazei
com que nos mantenhamos fiéis aos nossos compromissos de homens e de cristãos. Reacendei em
nossos corações o anel dos bens celestiais, vós que sois a Porta do Céu; e guiai-nos, agora e sempre,
nas asas da fé, da esperança e do amor. Ámen.
Oração oficial à Padroeira dos Aviadores, Nossa Senhora do Loreto, mandada compor por Sua Santidade o Papa Paulo VI, a pedido pessoal
do Brigadeiro Eduardo Gomes, aquando da sua visita ao Vaticano (Maio de 1967)
4
Aparição de Nossa Senhora do Loreto
e o milagre da «Casa voadora»
O título Nossa Senhora do Loreto tem como referencial a casa de Nazaré, onde viveu
a Santíssima Virgem e que foi, durante treze séculos, local de peregrinação. Por um
misterioso prodígio, esta casa atravessou oceanos até se fixar em Itália, num bosque de
loureiros, próximo da vila de Recanati.
Uma explicação plausível seria a seguinte: a fim de poupar a Santa Casa de Nazaré de
invasões, onde templos e monumentos eram violados e destruídos, o Senhor ordenou
aos seus anjos que a transportassem pelos ares até à cidade de Tersatz, na Dalmácia,
em 10 de Maio de 1291 e daí para um bosque de loureiros, em Loreto, Itália, em 10 de
Dezembro de 1294.
Por causa dos constantes assaltos que sofriam os peregrinos, a Casa mudou-se para
o alto de uma colina e, como aí houve discórdias entre os irmãos proprietários da
terra, esta fixou-se, finalmente, no meio da estrada que liga Recanati ao litoral, onde
permanece intacta até hoje, protegida por uma imensa igreja construída ao seu redor.
Rapidamente, Loreto tornou-se local de peregrinação e devoção de muitos Papas.
A iconografia tradicional de Nossa Senhora do Loreto apresenta-se revestida de um
manto que cobre inclusivamente, quase na totalidade, o Menino Jesus, conferindo-lhe
uma forma aerodinâmica, e cuja força propulsora serão os anjos que a suportam.
O inexplicável fenómeno da fé, do milagre da «Casa Voadora», sensibilizou os profissionais aviadores que se identificaram com a missão cumprida pelos anjos que transportaram, pelos ares, tão preciosa carga, adoptando Nossa Senhora do Loreto como
sua Protectora.
A 24 de Março de 1920, na festa do Arcanjo S. Gabriel – o mensageiro de Nazaré –,
o Papa Bento XV, acedendo ao desejo do Clero, declarou a Santíssima Virgem do
Loreto, Padroeira Universal da Aviação.
Em 12 de Setembro desse mesmo ano, os aviadores reuniram-se em massa na Basílica
de Loreto e fizeram, oficialmente, a consagração da sua Padroeira. No ano seguinte, a
imagem foi destruída por um incêndio e, em 1922, o Papa Pio XII benzeu a nova imagem da Virgem do Loreto, não muito diferente da anterior, e esta foi acompanhada por
aviadores, entre a Capela Sistina e a Basílica de Loreto, onde chegou a 8 de Setembro.
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Nossa Senhora do Loreto
em Alcafozes, Portugal
Em Portugal, os profissionais da aviação militar e civil reúnem-se anualmente em duas festas particularmente importantes: em Alcafozes, no último fim-de-semana de Agosto ou no primeiro de Setembro, e em
Lisboa, no domingo mais próximo do dia 10 de Dezembro – dia de Nossa Senhora do Loreto –, na Igreja de
Nossa Senhora do Loreto, também conhecida como Igreja dos Italianos.
CRONOLO GIA
713 d.C. — Confirmada a existência desta povoação,
aquando da invasão muçulmana daquela região.
1758 — Confirmada a existência da capela em perfeito
estado de conservação, na resposta ao inquérito mandado fazer pelo Marquês de Pombal, para avaliação dos
hipotéticos estragos provocados pelo Terramoto de 1755
e respondido, à época, pelo Padre Vicente (Templário).
1920 — 24 de Março: Em Roma, o Papa Bento XV declara
Nossa Senhora do Loreto, Padroeira Universal da Aviação.
1959 — 21 de Setembro: Chegada da Força Aérea Portuguesa ao Santuário de Nossa Senhora do Loreto, em
Alcafozes – vide lápide afixada na frontaria do santuário.
1968 — Presença confirmada da TAP – Transportes
Aéreos Portugueses – nos Festejos em honra da Padroeira Universal da Aviação, em Alcafozes.
Nos anos 70, o PN – Pessoal Navegante – começa a ir
aos festejos por acção do então Director Geral de Operações de Voo, Cte. Hugo Damásio, que nomeava uma
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tripulação para ir assistir à Missa Solene de Encerramento destes festejos, no santuário, onde chegava em
carrinha TAP, normalmente utilizada no transporte
dos tripulantes.
Após o 25 de Abril, o DGOV, Cte. Hugo Damásio, deixa
o cargo e dá-se um ligeiro interregno neste procedimento, tendo o SNPVAC – Sindicato Nacional do Pessoal de
Voo da Aviação Civil, fundado em 1957 –, que congregava todos os tripulantes do voo (pilotos, técnicos de
voo e tripulantes de cabine), liderado à época por uma
comissão administrativa presidida por Isabel Beltrão, à
qual se juntou também Vera Carneiro e Filomena Nunes da Silva, reiniciado a tradição da comparência dos
profissionais do voo nos festejos em honra da Padroeira
Universal da Aviação.
Devido ao facto, à época, de a maior parte dos pilotos da
TAP vir da Força Aérea Portuguesa, assim se deu início
a esta tradição, no seio da aviação civil.
Mais tarde, a APTCA – Associação Portuguesa dos Tripulantes de Cabine, fundada em 21 de Fevereiro de 1984 –
passou a colaborar com o SNPVAC na ligação da Comissão de Festas destas celebrações ao mundo da aviação
civil, de modo a alargar o âmbito da participação das
organizações que a constituem, colaboração essa que se
mantém até aos dias de hoje.
Neste âmbito, passaram o SPAC – Sindicato dos Pilotos
da Aviação Civil –, a APPLA – Associação dos Pilotos
Portugueses de Linha Aérea –, a ASPAC – Associação de
Solidariedade dos Pilotos da Aviação Civil – e o STVAC
– Sindicato dos Técnicos de Voo da Aviação Civil – a
deslocarem-se, institucionalmente, a estes festejos, todos
os anos.
É de salientar que foi a presença da TAP, que em 2013
comemorou os 45 anos de presença efectiva nestes festejos, que alargou a dimensão desta festa, levando consigo,
inclusivamente, outras companhias nacionais e estrangeiras, bem como os aeroclubes e demais instituições
ligadas ao voo.
Como curiosidade, o comissário de bordo da TAP,
Israel, praticante de paraquedismo, aí efectuou um salto.
O supervisor de cabine da TAP, e também piloto, João
Carvalho sobrevoou no seu ultraleve, pela primeira
vez, a Missa Solene Campal de Encerramento dos festejos acompanhado pelo então co-piloto e actual Cte.
da TAP, Filipe Conceição e Silva, que o seguia aos comandos de um planador, rebocado e assistido pelo
Aeroclube de Portugal.
Este último foi ainda pioneiro, como piloto civil, na realização de acrobacias aéreas em Alcafozes neste evento,
abrindo caminho para outros, nomeadamente o Cte. Luís
Garção, também da TAP.
Destacamos o facto de, nos festejos de 2003, o comissário de bordo Paulo Duarte, da companhia aérea
Portugália Airlines, ter consagrado a sua vida a Cristo,
durante a Missa Solene de Encerramento dos festejos,
entregando ao património da Padroeira a sua meia asa
e as divisas, entrando, em Setembro desse ano, para a
ordem religiosa dos Jesuítas. Foi ordenado sacerdote
jesuíta no dia 5 de Julho de 2014, na Sé Nova de Coimbra, Portugal.
7
8
MISSAL
Nossa Senhora do Loreto em Alcafozes
Padroeira Universal da Aviação
9
C Â N T IC O DE E N T R A DA
10
I
II
III
Todos juntos
Este ano
Em Agosto
Todos Juntos
No Santuário
A cantar
Ó Senhora do Loreto
Olha por nós ao voar
Os teus filhos aqui estão
P’ra te louvar
Todos Juntos
Este ano
Em Agosto
Todos Juntos
No Santuário
A cantar
O Senhora do Loreto
Olha por nós ao voar
Os teus filhos aqui estão
P’ra te louvar
Ó Senhora do Loreto
Olha por nós ao voar
Alcafozes vem em peso
Te louvar
Ó Senhora do Loreto
Que aqui vimos festejar
Alcafozes vem em peso
Te louvar
Alcafozes vem em peso
Te louvar
Põe tua mão
Sobre o meu avião
Quando descola
Põe tua mão
Sobre o meu avião
Ao aterrar
Ó Senhora do Loreto
Olha por nós ao voar
Os teus filhos aqui estão
P’ra te louvar
Põe tua mão
Sobre o meu avião
Quando descola
Põe a tua mão
Sobre o meu avião
Ao aterrar
Ó Senhora do Loreto
Olha por nós ao voar
Os teus filhos aqui estão
P’ra te louvar
Letra: Isabel Pimentel
S/C TAP PORTUGAL
Música: Padre Borga
S A N TA M I S S A
(S – Sacerdote; F – Fiéis; T – Todos)
Ao princípio
S – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
F – Ámen.
S – A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai
e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
F – Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de
Cristo.
ACTO PENITENCIAL
S – Irmãos, para celebrarmos dignamente os santos
mistérios, reconheçamos que somos pecadores.
Confessemos os nossos pecados:
T – Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos,
que pequei muitas vezes por pensamentos e
palavras, actos e omissões, por minha culpa, minha
tão grande culpa, e peço à Virgem Maria, aos Anjos
e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a
Deus, nosso Senhor!
S – Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida
eterna.
F – Ámen.
KYRIE
S – Senhor, tende piedade de nós.
F – (Repete-se)
S – Cristo, tende piedade de nós.
F – (Repete-se)
S – Senhor, tende piedade de nós.
F – (Repete-se)
GLORIA
(quando houver)
S – Glória a Deus nas alturas
T – e paz na terra aos homens por Ele amados. Senhor
Deus, Rei dos Céus, Deus Pai todo-poderoso;
nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos
adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos
graças por vossa imensa glória. Senhor, Jesus Cristo,
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Filho Unigénito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai; Vós que tirais o pecado do
mundo, tende piedade de nós; Vós que tirais o
pecado do mundo, acolhei a nossa súplica; Vós, que
estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só Vós
sois o Santo; Só Vós, o Senhor, Só Vós o Altíssimo,
Jesus Cristo; com o Espírito Santo, na glória de Deus
Pai. Ámen.
ORAÇÃO
(Como no Missal)
L I T U R G I A D A PA L A V R A
S – Leitura de... (No fim): Palavra do Senhor.
F – Graças a Deus.
E VA N G E L H O
S – O Senhor esteja convosco.
F – Ele está no meio de nós.
S – Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S...
F – Glória a Vós, Senhor.
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S – (No fim): Palavra da Salvação.
F – Glória a Vós, Senhor.
CREDO
(quando houver)
S – Creio em um só Deus,
T – Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de
todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um
só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos; Deus
de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial
ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por
nós, homens, e para nossa salvação desceu dos
céus, e encarnou pelo Espírito Santo no seio da
Virgem Maria, e Se fez homem. Também por nós
foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi
sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme
as Escrituras; e subiu aos céus, onde está sentado
à direita do Pai; de novo há-de vir em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não
terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a
vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o
Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos
Profetas. Creio na Igreja una, santa, católica, e
apostólica. Professo um só Baptismo para remissão
dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a
vida do mundo que há-de vir. Ámen.
ORAÇÃO UNIVERSAL
LITURGIA EUCARÍSTICA
OFERTÓRIO
CÂNTICO
Nossa Senhora
Em Alcafozes
Nós te louvamos
Com as nossas vozes
Filhos da Terra e
Filhos do Ar
Aqui unidos
P’ra festejar
Rogai por nós
Aviadores
Nas nossas vidas põe tua
mão
E ao chegarmos
Te bendizemos
E ao chegarmos
Te bendizemos
E agradecemos
A tua protecção
Filhos da Terra e
Filhos do Ar
Aqui viemos
P’ra te louvar
Nossa Senhora
Nesta homenagem
Olhai por todos
Que estão em viagem
Letra: Isabel Pimentel
S/C TAP PORTUGAL
Música: Frei Hermano da Câmara
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Preparação dos dons
O F E R T Ó R I O D O PÃ O
S – Bendito sejais, Senhor, Deus do Universo, pelo pão
que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e
do trabalho do homem, que hoje Vos apresentamos,
e que para nós se vai tornar Pão da vida.
F – Bendito seja Deus para sempre.
OFERTÓRIO DO VINHO
S – Bendito sejais. Senhor, Deus do Universo, pelo
vinho que recebemos da vossa bondade, fruto da
videira e do trabalho do homem, que hoje Vos
apresentamos, e que para nós se vai tomar Vinho da
salvação.
F – Bendito seja Deus para sempre.
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ORAÇÃO SOBRE OS DONS
S – Orai, irmãos, para que o meu e vosso sacrifício seja
aceite por Deus Pai todo-poderoso.
F – Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para
glória do seu nome, para o nosso bem e de toda a
santa Igreja.
(Como no Missal)
LITURGIA EUCARÍSTICA
S – O Senhor esteja convosco.
F – Ele está no meio de nós.
S – Corações ao alto.
F – O nosso coração está em Deus.
S – Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
F – É nosso dever, é nossa salvação.
P R E FÁ C I O
Dentre os numerosos Prefácios, apresentamos este:
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é
verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos
graças sempre e em toda a parte. Por amor criastes o
homem; e, embora justamente condenado, em vossa
misericórdia o salvastes por Cristo, nosso Senhor. Por
Ele, numa só voz, os Anjos e os Arcanjos e todos os
coros celestes proclamam alegremente a vossa glória.
Permiti que nos associemos às suas vozes, cantando
humildemente o vosso louvor:
T – Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo.
O céu e a terra proclamaram a vossa glória. Hossana
nas alturas. Bendito O que vem em nome do
Senhor. Hossana nas alturas.
II
ORAÇÃO EUCARíSTICA
Entre as várias Orações Eucarísticas publicamos esta:
Vós, Senhor, sois verdadeiramente Santo, sois a fonte
de toda a santidade! Santificai estes dons, derramando
sobre eles o vosso Espírito, de modo que se convertam,
para nós, no Corpo e Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na hora em que Ele Se entregava para voluntariamente
sofrer a morte, tomou o pão, e, dando graças, partiu-o e
deu-o aos seus discípulos, dizendo:
TOMAI TODOS E COMEI: ISTO É O MEU CORPO
QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS.
De igual modo, no fim da Ceia, tomou o cálice e, dando
graças, deu-o aos seus discípulos, dizendo:
TOMAI TODOS E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO
MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA
ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E
POR TODOS, PARA REMISSÃO DOS PECADOS.
FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM.
MISTÉRIO DA FÉ.
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F – Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a
vossa ressurreição: Vinde, Senhor Jesus!
Celebrando agora, Senhor, o memorial da morte
e ressurreição do vosso Filho, nós Vos oferecemos
o pão da vida e o cálice da salvação e Vos damos
graças porque nos admitistes à vossa presença para
Vos servir nestes santos mistérios.
Humildemente Vos suplicamos que, participando
no Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo
Espírito Santo num só corpo.
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa Igreja, dispersa
por toda a terra, tornai-a perfeita na caridade, em
comunhão com o Papa Francisco, o nosso Bispo
Manuel e todos os que estão ao serviço do vosso
povo.
Lembrai-Vos também dos (outros) nossos irmãos
que adormeceram na esperança da ressurreição e de
todos aqueles que/na vossa misericórdia, partiram
deste mundo: admiti-os na luz da vossa presença.
Tende misericórdia de nós, Senhor, e dai-nos a
graça de participar na vida eterna, com a Virgem
Maria, Mãe de Deus, os bem-aventurados Apóstolos
e todos os Santos que desde o princípio do mundo
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viveram na vossa amizade, para cantarmos os vossos
louvores, por Jesus Cristo vosso Filho.
Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai
todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a
honra e toda a glória, agora e para sempre.
F – Ámen.
COMUNHÃO
S – Fiéis aos ensinamentos do Salvador ousamos dizer:
T – Pai Nosso... mas livrai-nos do mal
S – Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a
paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa
misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de
toda a perturbação, enquanto esperamos a vinda
gloriosa de Cristo nosso Salvador.
F – Vosso é o reino e o poder e a glória para sempre.
S – Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos
Apóstolos: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz:
não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa
Igreja; e dai-lhe a união e a paz, segundo a vossa
vontade. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade
do Espírito Santo.
F – Ámen.
S – A paz do Senhor esteja sempre convosco.
F – O amor de Cristo nos uniu.
T – Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
dai-nos a paz.
S – Felizes os convidados para a Ceia do Senhor.
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo.
T – Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha
morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.
S – O Corpo de Cristo.
F – Ámen.
CÂNTICO
É o meu corpo, tomai e comei.
É o Meu sangue, tomai e bebei.
Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor.
Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor.
Glória ao Pai que nos criou, glória ao Filho Redentor,
Glória ao Espírito de vida que na Igreja é amor.
Unidos na caridade comemos do mesmo Pão,
Cada homem é para nós o nosso irmão.
É o meu corpo, tomai e comei.
É o Meu sangue, tomai e bebei.
Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor.
Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor.
Se beberdes deste cálice e comerdes deste Pão,
O Senhor vos há-de dar o Dom da Ressurreição,
Do altar vamos partir ao encontro dos irmãos
Levando a graça de Deus em nossas mãos.
É o meu corpo, tomai e comei.
É o Meu sangue, tomai e bebei.
Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor.
Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor.
Como o Senhor nos amou jamais alguém pode amar,
Rochedo de salvação que veio p’ra nos salvar.
Quando estamos reunidos e partilhamos o Pão,
Ele nos dá o Seu amor, é nosso irmão.
É o meu corpo, tomai e comei.
É o Meu sangue, tomai e bebei.
Porque eu Sou a Vida, porque eu Sou o Amor.
Ó Senhor faz-nos viver o Teu amor.
17
«Aos que comungaram recomenda-se que continuem
em oração por mais algum tempo» (Ritual, n.º 25).
CÂNTIC O TR ADICIONAL
DA SE N HOR A D O LOR ETO
EM ALCAFOZES
(adufe)
OR AÇ ÃO DE P OI S DA C OM U N HÃO
(Como no Missal)
S – O Senhor esteja convosco.
F – Ele está no meio de nós.
S – Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e
Espírito Santo.
F – Amen.
S – Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
F – Graças a Deus.
«O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite
em que foi entregue, o sacrifício do seu Corpo e do seu
Sangue..., sacramento de piedade, sinal de unidade,
vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe
Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido
o penhor da glória futura»
(Conc. Vaticano II, SC. 47).
18
Tantos anjos me acompanham (2x sempre)
Como de passadas dei (2x sempre)
Senhora de Loreto
Que lá estais no cabecinho
Des’que [desde que] não faça vento
Lá corre um arzinho
Senhora de Loreto
E a nossa capela cheira
Cheira a cravos, cheira a rosas
Cheira a flor de laranjeira
Senhora de Loreto
Onde tendes a morada
No cabeço das taipinhas
Numa casa caleada
ADEUS A VIRGEM DO LORETO
Ó Virgem do Loreto
D’Alcafozes senhora
De Portugal rainha
Dos homens protectora
Ó virgem do Loreto
D’Alcafozes senhora
Da vossa capelinha
Forçoso é ir-me embora
(coro)
Uma prece final
ao deixar-Vos mãe de Deus
viva sempre em minha alma
este grito imortal
Ó virgem adeus
Virgem mãe adeus
19
20
I
III
Ficai com Deus senhora
Nesse monte sagrado
Que eu parto nesta hora
Convosco lado a lado
Eu parto e vós ficais
Nessa santa mansão
Na minha alma deixais
O Vosso Coração
Na hora da partida
Dou-vos o coração
Junto á Vossa ermida
Preito da devoção
Ó virgem minha mãe
Senhora do Loreto
A minha alma será vossa
Aqui vo-lo prometo
II
IV
Partir, sem ti, não quero
Virgem nossa senhora
Dai um lugar eterno
Á minha alma pecadora.
Á bem-aventurança
Meu coração irá
Minha alma só descansa
Quando for para lá
Senhora do Loreto
Divina companheira
Dai-nos a vossa benção
Abençoai a terra inteira
Senhora do Loreto
Ouvi as nossas vozes
Convertei a nossa terra
E salvai Alcafozes
21
22
ALCAFOZES E O CONCELHO
D E I D A N H A - A - N O VA
História e informações turísticas
Texto de João Leitão
Prof. Dr. de História e Turismo
e ex-Tripulante de Cabine da TAP
23
M A PA D O C O N C E L H O D E I D A N H A - A - N O VA
24
A L C A F O Z E S E A R E G IÃO DE I DA N HA
ALCAFOZES
O brasão desta freguesia apresenta-nos, no seu centro,
uma oliveira verde, pelo que se deduz que a agricultura predominava naquela época, produzindo o precioso
néctar que os romanos viriam a apurar, e duas adagas
azuis que nos transportam para a sua história. Por ser
uma área abundante em água, apesar de ferruginosa, as
suas fontes tradicionais como o Álamo, permitiram a fixação das populações.
O seu nome é sem dúvida de origem árabe. Os muçulmanos, depois da invasão de Tariq em 711 e depois da
batalha de Guadalete, conquistaram quase toda a Península Ibérica. A sua presença foi longa, e entre malados e
moçárabes coexistiram as três religiões universais: o islamismo, o cristianismo e o judaísmo.
Aegitânia, ou Idanha-a-Velha, foi um dos centros fundamentais no período suevo-visigótico e uma imponente
civitates romana. A sua catedral paleocristã é, ainda hoje,
uma das mais importantes da Península Ibérica, embora
durante as invasões árabes tenha sido transformada em
mesquita. Foi centro de passagem de comércio e de gentes,
pois as estradas romanas ainda eram a espinha dorsal das
comunicações conjuntamente com os rios. Daí que, pelo
séc. VIII ou IX, os muçulmanos terão construído umas
estruturas, sobretudo para os seus rebanhos, e a origem
parece fixar-se em «gaiolas muçulmanas», o que é natural, devido aos terrenos de pasto que o território propicia.
Com a reconquista cristã e devido às escaramuças constantes, é natural que o território tenha sofrido a migração de muitos habitantes e, facto é, que quando no
séc. XII Gualdim Pais é o grão-mestre da Ordem dos
Templários em Portugal, o território é ocupado, pelo
que se inclui no contexto da reconquista, que tem como
pontos fulcrais a fundação de Castelo Branco e a fundação de Idanha-a-Nova, depois de Gualdim Pais verificar
que a velha Idanha não possuía condições estratégicas de
defesa vindo a perder o bispado para a recém-formada
Guarda.
Mas o território tem outras fortificações que, ao longo
dos séculos, terão importância estratégica, como Monsanto, Penha Garcia (primeiramente Hospitalária depois
Templária), Segura e outros castelos de fronteira com o
mundo muçulmano. Alcafozes passou assim para o território dos Templários, ordem prestigiada e acarinhada
em toda a Beira Baixa e que teve a sede em Tomar, mas
onde Torres Novas, Belver, Almourol e outros castelos
são de extrema importância na defesa do rio Tejo.
Passado o perigo muçulmano, e depois da extinção por
Filipe, o Belo e pelo papa Clemente, em 1312, da Ordem
do Templo, o rei D. Dinis, um dos mais importantes da
História de Portugal, com o argumento da existência de
grande número de muçulmanos na Península, convence
o Papa a criar a ordem religiosa militar nacional, nascendo assim a Ordem de Cristo, com sede inicial em Castro Marim, e posteriormente em Tomar, onde grande
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número de templários adere e adquire os territórios e
castelos pertencentes à Ordem do Templo.
Assim encontramos o símbolo no brasão do território
de Alcafozes, que passa a fazer parte da Ordem de Cristo,
criando as suas comendas, inicialmente com a função de
defesa, e posteriormente de desenvolvimento, e terá sido
neste contexto que, por volta do séc. XVI, Alcafozes passa a ter o seu povoado pertencente à Comenda de Cristo.
Ganharia importância, porque atraía colonos e depressa
passou a ter a sua paróquia.
No séc. XVII há já uma população considerável com pároco, a julgar pelos registos de casamentos, óbitos e baptizados, de tal forma que possui uma igreja, cujo orago
é S. Sebastião, o protector das pestes, e que aqui se justificaria pela peste negra e pelas pragas, que continuaram
a grassar no país. O mesmo se dirá do culto do Espírito
Santo, cuja ermida se encontra junto a uma das antigas
entradas da aldeia. Introduzido em Portugal pela rainha
Santa Isabel, por volta de 1320, este culto é igualmente da
abundância e da prosperidade, mais uma vez aqui presente na defesa da agricultura, incorporado nas práticas
religiosas das gentes da fronteira.
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da, embora exista muita especulação, o facto é que hoje
as suas festividades em honra da Padroeira Universal da
Aviação são de extrema importância.
Em 1834, após a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, os terrenos pertencentes à Ordem de Cristo são
colocados em hasta pública. Assim, são os burgueses,
isto é, quem tem dinheiro, ou os comendadores (alguns
comprarão títulos nobiliários ou serão titulados por serviços prestados) que vão ficar com essas terras, a preços
por vezes ridículos, surgindo assim no território o latifundiário. No entanto, algumas parcelas privadas das
gentes da terra mantém-se, mas com o tempo os famosos
baldios vão desaparecendo.
Embora as Misericórdias tenham sido fundadas em 1498
pela rainha D. Leonor, esposa de D. João II, no reinado do seu irmão D. Manuel, só surgem em Alcafozes em
1740, sendo a construção da sua igreja e consagração
apenas realizadas em 1893.
Na verdade, o território onde se situa Alcafozes mereceu alguma atenção no período do Estado Novo, com
a construção de áreas de regadio e da barragem Marechal Carmona, assim como de outras benfeitorias. Alcafozes era terra de pão e de carvão, do pão maravilhoso
em vias de extinção e dos carvoeiros. Algumas famílias
iam de terra em terra trocar carvão por outros produtos, tempos difíceis, o que levou a uma forte emigração,
principalmente para França, e migração, sobretudo para
Lisboa, Setúbal e outras paragens. Para Lisboa havia a
tentação de conseguir, depois do serviço militar, ingressar numa carreira militar nas Forças Armadas ou militarizantes, como a GNR, a Polícia, a Guarda Fiscal ou os
Bombeiros. Posteriormente, outra leva enveredou pela
área bancária e outras.
Sabe-se que em 1755 já existiam os templos referidos
bem como a igreja do Loreto, cuja origem é desconheci-
A população foi envelhecendo, a esperança do regresso
à terra de origem após a reforma foi apenas para alguns,
sendo que a maioria preferiu continuar onde vivia, mas
visitando a terra amiudamente, sobretudo no Natal e na
Semana Santa, para assistir a um conjunto de manifestações religiosas ancestrais e quase únicas no país, e à festa
em honra de Nossa Senhora do Loreto, isto sem menosprezo para certas festividades como a do Espírito Santo
ou festivais das criadilhas, tortulhos e espargos.
Alcafozes deve ser apreciada num contexto mais amplo. A sua situação no centro do concelho de Idanha-a-Nova, agora que perdeu a freguesia, é igualmente importante no conjunto do território que é o Geoparque
Naturtejo, considerado um dos mais importantes do
mundo.
Neste território conjugam-se fenómenos naturais extraordinários, como a combinação do xisto, pedra por
excelência, o granito, que atinge a sua pujança em Monsanto (para uns um inselberg e uma fonte de estudo), e as
cristas do maciço de quartzito da serra de Penha Garcia.
Estes fenómenos geológicos traduzem-se pela existência de rios como o Ponsul, o Erges e, claro está, o Tejo e,
artificialmente, de barragens (com destaque para a Marechal Carmona, com forte expressão no festival Boom,
e lugar aprazível de turismo), onde as vilas históricas
de Monsanto e Idanha-a-Velha são só por si atracções
turísticas, complementadas nos castelos de fronteira
como Segura, Penha Garcia, Monsanto e noutras aldeias
igualmente interessantes, como o rico Ladoeiro, Proença-a-Velha, Salvaterra do Extremo, Zebreira, Medelim
e outras.
Idanha-a-Velha
A oferta turística começa hoje a estar completa, através
da existência de estabelecimentos hoteleiros de grande
qualidade, quer os associados ao termalismo quer outros. No entanto, mais existem, assim como unidades de
habitação no espaço rural ou até o parque de campismo.
É uma terra abençoada, mas muito sofrida. Por aqui foram feitas quase todas as invasões, incluindo as francesas
no início do séc. XIX, e Junot, até chegar a Abrantes, destruiu populações e culturas, e mesmo em Alcafozes terá
acontecido uma pequena batalha, o que é natural.
A beleza deste território reside na sua forma agreste mas
adocicada pelo rosmaninho e estevas, e os giestais atingem grandes proporções.
As festividades religiosas são uma das grandes atracções, desde as festas em todas as aldeias, incluindo a das
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cruzes de Monsanto, Senhora da Azenha, Senhora do
Loreto, até à Senhora do Almurtão, imortalizada por
Zeca Afonso.
Só vivendo, sentindo e apreciando Alcafozes no Geoparque Naturtejo, poderemos apreciar o território com os
seus monumentos, as suas festividades, a sua gastronomia, os seus cantares, e apreciar o belo som do adufe.
Mas não longe outras povoações merecem visita:
IDANHA-A-VELHA
A Egitânia romana possui a maior colecção epigráfica da
Península Ibérica, uma ponte de raiz romana, calçada e
muralhas romanas. É cidade importante no caminho de
Mérida para Viseu e Bracara Augusta. Possui um templo
suevo-visigótico paleocristão – a torre de Gualdim Pais,
construída sobre um templo romano –, a igreja da Misericórdia, a capela do Espírito Santo, a capela S. Dâmaso, a
Casa da Câmara, com o pelourinho manuelino em volta,
e ainda um lagar de varas. Em breve existirá uma unidade de alojamento turístico de grande qualidade.
MONSANTO
Outra aldeia histórica, com a sua matriz medieval de
S. Salvador, a Igreja da Misericórdia e a Torre de Lucano,
com o galo de prata. Mais acima, as capelas de S. Miguel,
com os sarcófagos, e o castelo altaneiro, com a igreja de
Santa Maria. Várias casas, compostas por rochedos e pedaços de parede, e palácios brasonados. Aqui devem ver-se os adufes e as típicas marafonas, a gastronomia deliciosa e a paisagem do inselberg, avistando-se as serras
da Gardunha, Estrela e S. Mamede. A capela de S. Pedro
Vir a Corça é a mais antiga. Terra de lendas de escritores,
aqui Fernando Namora viveu e escreveu.
PENHA GARCIA
Monsanto
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Aldeia alcantilada com o que resta da torre de menagem do seu castelo, do séc. XIII, de onde se observa uma
das mais soberbas vistas sobre o vale do Ponsul. Com as
suas antigas azenhas e onde se faz desporto de aventura, como escalada, rapel e slide, e com um itinerário pedonal de fósseis identificado nessa colina de quartzito.
Mais um castelo templário. Aqui existem várias casas de
turismo de alojamento no espaço rural, além de vários
restaurantes.
TERMAS DE MONFORTINHO
Uma das termas abertas todo o ano, com águas indicadas
para patologias crónicas da pele, hepato-visiculares, gastrointestinais, doenças reumáticas e respiratórias e ainda
litíase renal, com equipamentos modernos. Possui uma
rede hoteleira de qualidade e lugares aprazíveis junto do
Erges, rio que faz fronteira com Espanha, com piscinas e
actividades lúdicas, onde o turismo cinegético tem grande
expressão. Atravessando a ponte, estamos em Espanha,
sendo Moraleja e Zarza as vilas mais próximas, a não muitos quilómetros de Cória e Cáceres, cuja «cidade» muralhada é considerada Património Mundial pela Unesco.
com seu castelo altaneiro, hoje apenas possui a torre do
relógio. Foi uma das povoações que, com outras (entre as
quais Óbidos), o rei D. Dinis doou à Rainha Santa como
dote de casamento, tendo passado a ser a Casa das Rainhas até ao séc. XIX.
Destaca-se o que resta do castelo e a ponte de origem romana, que fazia a ligação entre Mérida e Idanha-a-Velha.
Embora imponente, não era comparável à de Alcântara,
mas foram ambas construídas durante o império de Trajano, homem da Península Ibérica.
SALVATERRA DO EXTREMO
SEGURA
Aldeia fronteiriça, era a única passagem para Espanha
até à abolição das fronteiras. Vila no tempo de D. Dinis,
O seu castelo terá sido edificado sobre um reduto árabe,
aquando da conquista cristã no tempo de D. Afonso
Henriques, devido à sua posição estratégica sobre o
Erges. Teve foral no séc. XIII, pelo que o seu pelourinho
e Casa da Câmara são dos mais antigos do concelho. Possui ainda a igreja de origem medieval de Nossa Senhora
da Consolação.
ROSMANINHAL
Segura
Outra das antigas povoações que foi concelho e merece
ser visitada. Como o seu nome indica, situa-se numa zona
de rosmanos, a flor silvestre por excelência, que predomina no território. Tem como monumento o que resta de
uma antiga fortificação. Por ter sido igualmente um castelo de fronteira, na matriz da sua Casa da Câmara com
pelourinho do séc. XVI sobressai a sua raiz medieval.
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Terá sido uma povoação bastante rica em agricultura,
possuindo várias capelas de construção barroca, algumas delas peculiares. Daqui, do Rosmaninhal, a vista sobre o Geoparque Naturtejo é soberba.
ZEBREIRA
Embora ficando numa zona de transição, a sua origem é
antiga e talvez tenha sido repovoada pelos Templários.
Dos seus monumentos destacam-se a igreja matriz do
séc. XVIII e um pelourinho curioso do séc. XVII, bem
como a Casa da Câmara, pelo que terá sido um importante centro agrícola. Possuía no séc. XIX muitas terras
baldias, hoje em vias de desaparecimento.
Medelim
PROENÇA-A-VELHA
Um dos ex-libris é a escola primária do período salazarista, com azulejos vistosos.
MEDELIM
A sua toponímia deriva, segundo alguns, de ter sido um
acampamento militar romano. As suas fortificações foram reconstruídas por D. Sancho I no séc. XII, cujas ruínas desapareceram no séc. XIX. Pertenceu ao Marquês
de Cascais, e parte do seu antigo património (como a
casa da Câmara e Pelourinho) desapareceu, permanecendo hoje a igreja matriz, a capela do Monte do Calvário, construída por um emigrante brasileiro, a testemunhar a importância destes nos finais do séc. XIX, e a
judiaria. No entanto, é considerada a aldeia dos balcões;
na verdade existe uma variedade de balcões que são um
verdadeiro regalo para a vista.
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Foi extremamente importante no período da reconquista, e recebeu o primeiro foral no tempo de Afonso II,
em 1218, por D. Pedro de Alvitres, mestre da Ordem dos
Templários. No séc. XVI, D. Manuel confirmou o foral,
daí possuir um belo pelourinho e casa da Câmara medieval com a sua torre sineira. O seu castelo terá sido demolido e no seu local foi construída, no séc. XVIII, a igreja em
estilo barroco. Possui uma igreja da Misericórdia bastante antiga, com um dos mais completos museus do azeite,
exemplificando um museu de azeite de varas, mas mais
extenso, pois foi concebida há menos de uma década.
IDANHA-A-NOVA
A capital do Concelho fica situada sobranceira ao rio
Ponsul. Idanha-a-Nova teve a sua origem num castelo
erguido em 1187, por ordem de Gualdim Pais. Os vestígios da antiga cinta de muralhas medievais ainda resistem, sendo possível desfrutar de uma vista panorâmica deslumbrante. Daqui é perceptível a visão estratégica
de Gualdim Pais na defesa do território e no papel dos
Templários.
Tendo em vista o seu povoamento e o reforço da defesa, o rei D. Sancho I outorgou-lhe foral em 1206, tendo feito a doação dos seus domínios à Ordem do Templo, posteriormente passando para a Ordem de Cristo,
como todo o território. Além do sítio do castelo, destacam-se como monumentos a igreja matriz de raiz medieval (que no séc. XVI se encontrava na cerca do castelo com a torre do relógio e com retábulo do barroco
nacional), a Capela da Misericórdia do séc. XVI e, mercê do foral dado por D. Manuel, passaram a existir vários palacetes, como o Solar dos Condes da Graciosa, do
séc. XVI, a Casa dos Cunhas, mais ou menos do mesmo período, a Casa dos Condes de Idanha, e, como um
dos palacetes de terra tenentes que surgem pelo país após
1834, o Palacete das Palmeiras, de 1900 (adaptado à função de Escola Superior, polo do Instituto Politécnico de
Castelo Branco). Destaca-se o Palácio do Poder com câmara municipal, tribunal e outros serviços.
Dos tempos modernos, destacam-se a construção da Biblioteca Municipal e o Centro Raiano com núcleo museológico. É a capital do concelho com outras facilidades, mas onde o desporto e a indústria estão presentes.
Apresenta algum alojamento turístico e restaurantes de
qualidade.
LADOEIRO
É outra aldeia interessante situada na campina de Idanha, uma das mais ricas regiões, devido sobretudo ao
regadio proveniente da barragem Marechal Carmona.
Chegou a ser sede de concelho no tempo de D. João III.
É quase a capital económica do concelho com múltiplas
culturas que vão desde a pastorícia, e o queijo que aí se
produz, até aos produtos hortícolas, e onde se realiza o
festival da melancia. É uma zona agrícola por excelência e já foi a maior região de produção de tabaco, quando
ainda não era proibida.
S. Miguel de Acha, Oledo, Aldeia de Margarida ou
Toulões são outras freguesias ou povoados interessantes
para visitar, se tivermos em consideração um território
que é apenas o segundo maior concelho do País em extensão, mas que não atinge os 10 mil habitantes.
Estamos num território belo, com potencialidades turísticas e alguma oferta, mas onde há muito para fazer.
É necessário fixar e criar empregos, e aqui a Câmara de
Idanha tem sido um exemplo nacional, tentando manter
os jovens e criar oportunidades. O mundo rural terá que
ser, como o Atlântico, o nosso destino, pois é aqui que
poderemos ser superiores.
O U T R A S PA R A G E N S
Inserido no Geoparque Naturtejo, este território é mais
vasto e abrange outros concelhos, cada um deles com os
seus atractivos de qualidade natural, histórica, monu31
mental e co-especificidades próprias. Está reconhecido
pela UNESCO e abarca os concelhos seguintes: Castelo Branco, Oleiros, Proença-a-Nova, Vila Velha de Rodão e Niza.
Embora o geoparque seja de grande interesse, pelo seu
conjunto, há que referir que existem outras aldeias históricas e castelos de fronteira que se situam na região (além
dos mencionados do concelho de Idanha-a-Nova), como
os de Almeida, Castelo Novo, Castelo Mendo, Castelo
Rodrigo, Alfaiates, Vilar Maior, Sortelha, Penamacor e
Sabugal.
CASTELO BRANCO
Capital de distrito, é de origem castreja, mas foram os
Templários que lhe deram vida e, posteriormente, a Ordem de Cristo. É uma cidade medieval que combina o
castelo templário com toda a malha urbana medieval,
onde não faltam o bairro judeu, e a homenagem a esse
grande homem que foi Amato Lusitano, e palacetes burgueses ou da nova aristocracia. O palácio Episcopal é dos
mais imponentes da Europa, sobretudo os seus jardins, e
ali está instalado o Museu e Fábrica das Colchas de Castelo Branco. A sede do bispado de Castelo Branco/Portalegre é nesta última cidade, mas a igreja de S. Tiago,
assim como a ermida de Nossa Senhora de Mércoles,
merecem uma visita.
BELMONTE
A terra dos criptojudeus, com vários núcleos museológicos, é terra de Pedro Álvares Cabral. Aí existe o castelo
e o panteão dos Cabrais, um museu hebraico, a sinagoga
e o bairro judeu, o centro de interpretação da descoberta do Brasil, o museu do azeite e o museu arqueológico,
para não falar das ruínas romanas de Cetum Cellas.
Não muito longe encontra-se Sortelha, uma das belas
aldeias de Portugal, que foi à final com Monsanto, na década de 1940, na descoberta da aldeia mais portuguesa; um mundo medieval, um ambiente deslumbrante. A
alguns quilómetros situam-se Sabugal, com o seu imponente castelo, Penamacor, outro concelho com um património riquíssimo, e ainda os Parques Naturais da
Malcata e da Serra da Estrela.
Belmonte
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É uma região com vários territórios com tradições, gastronomia e formas de vida únicas. Torga dizia que a paisagem molda o homem e tem razão.