Exame módulo 3 e 4.
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Exame módulo 3 e 4.
Cursos Profissionais Época especial de recuperação de módulos – fevereiro 2014 Disciplina: Português Prova de Recuperação dos Módulos 2 e 3 : Textos Expressivos e Criativos e Textos Poéticos e Textos dos Media I Duração da prova: 90 minutos Modalidade: Escrita GRUPO I Texto A Desenrascanço, a palavra que os ingleses queriam ter Um site norte-americano fez uma lista das 10 palavras estrangeiras que mais falta fazem à língua inglesa. A palavra portuguesa "desenrascanço" é a que lidera. "Bakku-shan" é a palavra usada pelos japoneses quando se querem referir a uma rapariga bonita, vista de costas. “Nunchi” é outra das palavras escolhidas. É coreana e é usada para falar de alguém que fala sempre do assunto errado, um género de desbocado ou inconveniente. "Tingo" é uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e significa pedir emprestado a um amigo até o deixar sem nada. A lista das "10 palavras estrangeiras mais fixes que a língua inglesa devia ter "é liderada pela palavra portuguesa "desenrascanço". Esta é a expressão que, segundo os autores do site norte-americano, mais falta faz ao vocabulário inglês, segundo a versão norte-americana o "desenrascanco”. Depois de percorrer duas páginas com explicações das nove palavras estrangeiras mais fixes, chega-se ao número 1. A falta da cedilha não importa para se perceber que estamos a falar do "desenrascanço", tão típico da nossa cultura. "Desenrascanço: a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios", explica o site dando como exemplo a célebre personagem de uma série de televisão “MacGyver”. "O que é interessante sobre o desenrascanço - a palavra portuguesa para estas soluções de último minuto - é o que ela revela sobre essa cultura". "Enquanto a maioria de nós [norte-americanos] crescemos sob o lema dos escuteiros 'sempre preparados', os portugueses fazem exatamente o contrário", prosseguem os autores. "Conseguir uma improvisação de última hora que, não se sabe bem como, funciona, é o que eles [portugueses] consideram como uma das aptidões mais valiosas: até a ensinam na universidade e nas forças armadas. Eles acreditam que esta capacidade tem sido a chave da sua sobrevivência durante séculos". "E não se ria: a uma dada altura eles conseguiram construir um império que se estendeu do Brasil às Filipinas", à custa do desenrascanço, sublinham os autores, terminando o texto: "Que se lixe a preparação. Eles têm desenrascanco", termina o artigo. 20-4-2009 / SIC Online Página 1 de 3 Texto B Contra a saudade A palavra "saudade" - leio nas páginas do Público - foi considerada o sétimo vocábulo mais complexo de traduzir, segundo uma votação realizada por mil linguistas durante uma iniciativa promovida pela agência londrina de tradução e interpretação, Today Translations. A notícia não me surpreendeu. Em todos os idiomas encontramos palavras assim, cuja tradução se considera difícil, se não mesmo impossível; porém, quando as olhamos mais de perto, quase sempre nos apercebemos de que essa dificuldade não é real. Invariavelmente são os próprios utentes da língua quem cria o mito de que para esta ou aquela palavra não existe tradução possível. Trata-se - suspeito - de uma atitude mágica: é como se as pessoas receassem que ao traduzir aquela palavra o tradutor estivesse também a traduzir, isto é, a capturar, a alma que a criou. Um pouco à semelhança do que acontece ainda em certas culturas arcaicas, nas quais as pessoas têm um nome público, profano, e um nome secreto, sagrado, cujo conhecimento implica a subjugação do nomeado. Estas palavras supostamente intraduzíveis revelam, afinal, se não a natureza de um povo, porque não existe tal coisa, pelo menos a natureza que esse povo acredita ser a sua. Assim, os portugueses acreditam que a saudade faz parte da sua natureza, ao passo que os ingleses julgam ser o fair play, os espanhóis a fiesta, e os cabo-verdianos a morabeza. É claro que não existem dois ingleses idênticos, e se há muitos com autêntico fair play, outros há, e são infelizmente bastantes, com inegável mau perder. Ainda assim parece-me mais saudável um povo rever-se na ideia de festa, na de morabeza (tranquilidade, bem-estar), ou na de fair play do que na de saudade. A saudade não constrói. Não é possível avançar enquanto se olha para trás. O saudosista chora, no presente, por aquilo que riu no passado. Nunca está feliz. Eu prefiro ser sonhadora e gozar hoje com o sol que fará amanhã - ou não fará, mas entretanto eu já o gozei. Prefiro, sobretudo, aproveitar o sol que brilha neste exacto instante. O sol de hoje, por muito fraco, há-de ser sempre mais brilhante do que o de ontem. Mito por mito prefiro o que defende a propensão dos portugueses para a mestiçagem e para as grandes viagens. É mais fácil, talvez, defender a ideia de que apalavra saudade não pode ser traduzida do que a palavra mestiçagem ou errância ainda assim opto por estas. Já agora a palavra mais votada pelos linguistas que participaram na iniciativa da Today Translations foi ilunga, de uma língua falada na República Democrática do Congo, antigo Zaire, que define "aquele género de pessoas que estão dispostas a perdoar qualquer abuso pela primeira vez, a tolerá-lo uma segunda, mas nunca uma terceira." Enquanto carácter nacional não me parece de todo mau. E, além disso, é realmente mais difícil de traduzir do que saudade. Texto adaptado - Faíza Hayat, in XIS, 03-07-2004 Após uma leitura atenta e cuidada do texto A, responda às questões seguintes: 1. Classifique este texto jornalístico. Justifique a sua resposta, apresentando a respetiva estrutura e as características específicas desta tipologia textual. 2. Identifique a contradição ou a falta de coerência que existe entre o título e o lead. Página 2 de 3 3. O lead deste texto está incompleto. 3.1. Prove que esta afirmação é verdadeira. 4. Selecione uma das palavras estrangeiras, referidas no texto, que adotaria para a língua portuguesa. Justifique a sua resposta. 5. Indique um dos possíveis motivos pelo qual não existe a palavra desenrascanço na cultura norte-americana. 6. Para os autores americanos, o desenrascanço é uma qualidade que povo português preza e que ao longo da sua história foi fundamental. 6.1. Refira o exemplo apresentado no artigo que confirma a afirmação anterior. Após uma leitura atenta e cuidada do texto B, responda às questões seguintes: 7. Identifique o facto que esteve na origem desta crónica. 8. Faça o levantamento de marcas linguísticas que remetem explicitamente para a presença da autora no texto. 9. Diga se as afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas, tendo em conta a crónica que leu: a) No primeiro parágrafo, defende-se que as palavras intraduzíveis são uma espécie de mito. b) A cronista utiliza a expressão "isto é" (sublinhada no texto) para clarificar a afirmação anterior. c) As frases "A saudade não constrói. Não é possível avançar enquanto se olha para trás." são argumentos que a cronista utiliza para mostrar como aprecia particularmente o sentimento de saudade. d) A metáfora "O sol de hoje, por muito fraco, há de ser sempre mais brilhante do que o de ontem" pode ser parafraseada pelo provérbio" Mais vale um pássaro na mão que dois a voar." e) No segundo período do terceiro parágrafo, através do advérbio "talvez", introduz-se um tom de certeza no discurso. GRUPO II Construa um texto narrativo, um conto, de 100 a 150 palavras, cuja temática aborde a saudade. Não se esqueça que o conto deverá respeitar as características desta tipologia textual e deverá ser estruturado em introdução, desenvolvimento e conclusão. Página 3 de 3