Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes Comunicação e Multimeios Audiovisual Contemporâneo Professora Jane de Almeida Relatório Final Aluno Ignácio Ito São Paulo 2012 Geopoéticas, Sesc Pompéia Isaac Julien é graduado da Escola de São Martinho de Arte em 1985, onde estudou pintura e cinema de arte. Ele fundou Sankofa de Cinema e Vídeo Coletiva, e foi um membro fundador do Filmes Normais em 1991. Julien ganhou destaque no mundo do cinema com seu drama de 1989 documentário Procurando Langston, ganhando um status cult com essa exploração poética de Langston Hughes e do Renascimento do Harlem. Este seguinte foi ampliado em 1991, quando seu filme Soul Rebels jovens venceu a Semaine de la Critique prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Cannes. Um dos objetivos do trabalho de Julien é quebrar as barreiras que existem entre as diferentes disciplinas artísticas, extraindo e comentando sobre cinema, dança, fotografia, música, teatro, pintura e escultura, e unindo-os para construir uma narrativa poderosa visual. Tematicamente, muito do seu trabalho está diretamente relacionado às experiências de identidade negra e gay (ele próprio é gay), incluindo questões de classe, sexualidade e história artística e cultural. Ele foi nomeado para o Prémio Turner em 2001, e em 2003 ele ganhou o Prêmio do Júri no film Biennale Kunst, em Colónia, para a sua versão única tela de Baltimore. Julien também é uma documentarista - seu trabalho nesse gênero inclui Baadasssss Cinema, um filme sobre a história ea influência do cinema blaxploitation. Julien vive e trabalha em Londres. Ele foi professor convidado nas Escolas da Universidade de Harvard de afro-americanos e Visual Estudos Ambientais, e atualmente é professor visitante do Museu Whitney de Arte Americana. Ele também foi um bolseiro de investigação no Goldsmiths College, Universidade de Londres, e em setembro de 2009 tornou-se professor na Universidade de Karlsruhe de Artes e Design. Julien é um patrono da Agência Live Art Desenvolvimento.# Obras Instalações Recentes TEN THOUSAND WAVES (2010) Te Tonga Tuturu/True South (Apparatus) (2009) Dungeness (2008) WESTERN UNION: Small Boats (2007) Fantôme Créole (2005) Fantôme Afrique (2005) True North (2004) Radioactive (2004) Baltimore (2003) Lost Boundaries (2003) Paradise Omeros (2002) Vagabondia (2000) Filmografia Who Killed Colin Roach? (1983) Framed Youth - Revenge of the Teenage Perverts (1983) Territories (1984) The Passion of Remembrance (1986) This is Not an AIDS Advertisement (1987) Looking for Langston (1989) Young Soul Rebels (1991) Black and White in Colour (1992) The Attendant (1992) Darker Side of Black (1993) The Question of Equality (senior producer) (1994) Frantz Fanon: Black Skin, White Mask (1996) Three (1999) The Long Road to Mazatlan (1999) Paradise Omeros (2002) BaadAsssss Cinema (2002) Baltimore (2003) Derek (2008) Relatório das obras de Isaac Julien (Geopoéticas) expostas no Sesc Pompéia: • The Leopard, 2007 20, 35MM, COR. Versão monocanal da instalação Western Union: small boats, o filme tem como ponto de partida O leopardo (II Gatopardo, 1963), obra prima do cineasta italiano Luchino Visconti. Contemplando uma vida após a morte do cinema e assombrada por personagens de outros lugares e filmes, Vanessa Myrie vagueia perdida pelas salas do Palazzo Gangi. Os interiores, antes opulentos, estão agora abandonados; por eles, ecoam os fantasmas da decadência e da grandeza e ressoam histórias de imigração na Sicília, que nos anos 2000 tornou-se destino de líbios fugidos da guerra e da fome. Coreografado por Russell Maliphant, o trabalho nasceu em meio ao debate sobre políticas de imigração e relações entre indivíduos e geopolítica. Ao dialogar com essas questões, Julien busca emprestar qualidade poética, imagem e voz a problemas que tendem a se perder no ruído das agendas políticas. • Paradise Omeros, 2002 20', 16MM, PRETO E BRANCO/COR, TRÊS TELAS. A obra mergulha em três fantasias e sentimentos relacionados ao que Julien chama de “crioulidade”: a língua misturada, os estados mentais híbridos e as transposições territoriais que surgem quando se vive entra múltiplas culturas. Ambientada em Londres na década de 1960, e na ilha caribenha de Santa Lucia, nos dias de hoje, baseia-se livremente em poemas de Omeros (1990), do poeta cribenho e Nobel de literatura Derek Walcott. Walcott e o compositor Paul Gladstone Reid colaboram no texto e na trilha sonora. O roteiro foi coescrito por Julien e Grischa Duncker. Figura 2: Obra Paradise Omeros, 2002 • Fantôme Créole, 2005 Paisagens Árticas e Africanas se sobrepõem na combinação de dois filmes: True North (2004), inspirado na história do explorador negro Matthew Henson (1866-1955), que participou da conquista do Polo Norte e foi apagado dos relatos oficiais; e Fantôme Afrique (2005), rodado em Burkina Fasso. A modelo Vanessa Myrie e o dançarino Stephen Galloway são os enigmáticos personagens que conectam o Norte ártico e o Sul árido. Voltada para as questões que unem as duas regiões, a obra tenta promover uma visão “crioulisada”, criando perspectivas novas a partir do movimento entre lugares diversos. Obra Fantôme Créole, 2005 Em relação a noção de contemporaneidade cunhada por Agambem em “O que é o contemporâneo?” (2009) 1 Relatório Trigésima Bienal de São Paulo | A Iminência das Poéticas Obra 1 Artista Tehching Hsieh Tehching Hsieh, nasceu em 1950 em Nan-Chou, Taiwan. Seu pai, Ching Hsieh, era ateu e sua mãe, Su-Choung Hong, uma cristã devota. Hsieh abandonou a escola em 1967 e assumiu a pintura. Depois de terminar o serviço militar (1970-1973), Hsieh teve sua primeira exposição individual na galeria da Secretaria American News, em Taiwan. Logo após esta mostra, ele parou de pintar. Em 1973, Hsieh fez uma ação de desempenho, Ir 1 AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. (tradutor: Vinícius Nicastro Honesko) Chapecó, SC; Argos 2009, Piece, na qual ele quebrou os dois tornozelos. Em julho de 1974, Hsieh chegou ao porto de uma cidade pequena pelo rio Delaware perto da cidade de Filadélfia. Ele era um imigrante ilegal de 14 anos até que ele foi anistiado nos EUA em 1988. Começando no final de 1970, Hsieh fez cinco performances por ano em um plano de treze anos, dentro e fora de seu estúdio em Nova York. Usando longos períodos de tempo como contexto para o trabalho, fazendo com que a arte e a vida simultânea se convergissem, Hsieh fez um nome comum na cena de arte em Nova York; as duas últimas peças, em que ele intencionalmente se retirou do mundo da arte , definiu um tom de invisibilidade sustentado. Desde o Millennium, liberado da restrição de não mostrar seus trabalhos durante o período do Plano de treze anos, Hsieh exibiu seu trabalho no Norte e América do Sul, Ásia e Europa. Desempenho de Hsieh Um Ano 1978-1979 (muitas vezes referida como peça Cage) foi exibido no Museu de Arte Moderna de Desempenho 1: Tehching Hsieh em 2009; Um desempenho do ano 1980-1981 (Piece Time Clock) foi incluído em The Mind Terceiro: Contemplar artistas da Ásia, 1860-1989, no Museu Guggenheim, de 2009, o Liverpool Bienal no Reino Unido e Gwangju Bienal na Coréia do Sul, ambos em 2010, e na Bienal de São Paulo, 2012. Hsieh e sua esposa, Qinqin Li, agora vivem no Brooklyn. Na primeira de suas Performances de Um Ano, Tehching Hsieh permaneceu confinado em uma cela em seu estúdio. Em seguida, registrou, com um relógio-ponto e fotografias, todas as horas do dia. Na terceira, passou os 365 dias vivendo nas ruas de Nova York. Depois, ficou amarrado a uma mulher sem poder tocá-la. A última performance (1985-86), anunciava seu distanciamento do mundo da arte. A partir de então, propôs-se viver treze anos produzindo arte sem mostrá-la até completar 49 anos, quando concluiu seu plano e deixou de atuar como artista. Obras ONE YEAR PERFORMANCE 1978 – 1979 ONE YEAR PERFORMANCE 1979 – 1980 ONE YEAR PERFORMANCE 1981 – 1982 ART / LIFE ONE YEAR PERFORMANCE 1983 – 1984 ONE YEAR PERFORMANCE 1985 – 1986 TEHCHING HSIEH 1986 – 1999 O artista Tehching Hsieh, cuja obra a ser analisada é a sua segunda obra, que é uma de suas performances de um ano, é um artista que chama a atenção logo de cara pela ligação que faz entre sua história e o tempo de sua produção, quanto a interferência da obra na sua própria história, no sentido da questão do procedimento, pois suas obras são basicamente performances em o próprio artista é o principal meio pelo qual a sua proposta nasce. O primeiro ponto em relação a contemporaneidade da obra já evidente no parágrafo anterior é a temporalidade presente na obra de um modo latente e bastante crítico, segundo o próprio autor que confidenciou à Professora Galciane Neves (disciplina opcional do curso de Comunicação em Multimeios, disciplina de Design Gráfico), que questionou-o em relação a sua proposta dizendo que a obra falava sobre muitas coisas a ela, mas que gostaria de saber o que ele propunha com o trabalho. A resposta obtida foi: apenas “o tempo”. É interessante notar a preocupação do autor com os elementos da obra que trouxessem a legitimidade de sua obra. Em primeiro lugar a documentação do trabalho. A escolha foi o suporte fotográfico que registrou todos os pontos batidos pelo artista em seu ateliê. Tehching Hsieh encontrou uma forma de marcar fisicamente a passagem do tempo, o artista raspou sua cabeça no início da performance para que o tempo pudesse ser percebido através de seu crescimento. A instalação então perde o seu caráter de obra de arte instalada e passa a ser apenas um suporte do trabalho que não está alí, apenas um documento de um trabalho que traz uma experiência que transcende a simples compreensão ilustrativa do objeto criado, permite que seja pensado e refletido posteriormente, em outros tempos e que pode ganhar sentido bem depois da visita à própria bienal. Instalação Audiovisual Contemporânea A ideia de uma instalação audiovisual contemporânea é apenas um esboço daquilo que poderia vir a ser um trabalho que apresentasse as características de um trabalho contemporâneo. O tema a se discutir é o quanto as tecnologias desenvolvidas pela civilização humana do século XX são fruto dos sonhos e da imaginação de um homem influenciado pela cultura de consumo que lhe é incutida sobretudo pela revolução industrial e os seus efeitos econômicos e culturais que desenvolve a partir de seu advento. Trata-se de uma instalação de cinema que trabalha a linguagem da remontagem fílmica que reproduz imagens de tecnologias que eram apenas projeções cinematográficas de ficção científica. Essa sequência vai sendo desenvolvida de modo que imagens reais do que antes era apenas um vislumbre tecnológico. O que se segue são novas remontagens que reproduzem tecnologias que desconstroem o destino hipertecnológico e cada vez mais digital e artificial de o homem operar o seu próprio corpo, que cada vez mais emprega extensões, tornando-se cada vez mais inapto, e segmenta a sua produção de até mesmo reflexão própria. Em termos de linguagem, pensa-se em planos de curta duração, de modo a “loopar” o filme inteiro de modo a ser uma projeção ininterrupta. Entretanto em um nível de velocidade hábil para se comunicar o enunciado proposto.