RELATÓRIO FINAL Índice para estimar o risco de perda de fósforo
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RELATÓRIO FINAL Índice para estimar o risco de perda de fósforo
RELATÓRIO FINAL Índice para estimar o risco de perda de fósforo em solos do Rio Grande do Sul 1. Pesquisadores Responsáveis Rodrigo Gabriel Oliveira de Almeida – Graduando em Agronomia na UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 7712. CEP – 91.540-000 – Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected] Prof. Clesio Gianello, PhD – Prof Associado do departamento de Solos – UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 7712. CEP – 91.540-000 – Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected] Leandro Bortolon – Pesquisador – PJD/CNPq/UDESC/UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 7712. CEP – 91.540-000 – Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected] 2. Introdução/Justificativa: O fósforo é um nutriente essencial para as plantas e precisa ser suprido em quandidades adequadas para obtenção de altas produtividades das culturas. Com o uso do solo com sistemas conservacionistas de manejo, associado à práticas conservacionistas de suporte, a redução do movimento do fósforo do solo para águas superficiais são minimizados (Sharpley et al., 2008). A fonte primária para a produção de fertilizante fosfatado são as minas de rochas fosfáticas, e diversas pesquisas e levantamentos reportam que as reservas globais dessa rocha serão extintas em 50 a 100 anos (Cordell et al., 2009). Durante este mesmo período, a demanda global por alimento irá aumentar de 50 % a 100%, aumentando também a demanda de fósforo para a produção de bioenergia e como conseqüência ocasiona o aumento do consumo de fósforo (Cordell et al., 2009). Para sustentar as reservas finitas de fosfato a eficiência do uso deste nutriente na agricultura precisa ser melhorado, especialmente porque apenas 15% a 30% do fósforo aplicado como fertilizante é na verdade aproveitado pelas culturas. No estado do RS, estima-se em 4 milhões de hectares sob sistema plantio direto, que se conduzido com práticas conservacionistas de suporte, auxiliam na redução de perdas de solo e água (Nunes e Cassol, 2008). Além disso, os teores de fósforo na camada superficial (0-10cm) estão nas classes alto e muito alto em praticamente 70% dessa área, e o modo de adubação nesse caso, é feito à lanço em superfície (Almeida et al., 2008). No entanto, no RS estão aumentando as retiradas de terraços e plantio em contornos em áreas com grande potencial de perdas de solo e água, sendo hoje frequentemente observados sulcos de erosão e perdas de solo e água, consequentemente o fósforo associado (Cassol et al., 2007; Bertol, 2007a; Bertol, 2007b; Gilles et al., 2008). Em termos agronômicos, essa perda de fósforo anual pode ser pequena, no entanto, sob o aspecto de qualidade de água, o ambiente poderá se tornar eutrófico num curto espaço de tempo (Hart et al., 2004). No RS e, de maneira geral, em toda a região Sul do Brasil, no período de inverno, normalmente, a erosividade da chuva é mais baixa do que no verão. Assim, a cobertura do solo pelos resíduos culturais seria suficiente para dissipar a energia cinética das gotas de chuva. Entretanto, nesse período, o volume de chuva é, normalmente, superior ao que ocorre no verão. A água de chuvas com essas características, de elevado volume e baixa energia, ao atingir a superfície do solo com pequena rugosidade superficial, facilita o escoamento superficial. Essas condições podem provovar grandes problemas de erosão, mesmo em plantio direto com expressiva cobertura de solo, transportanto, consequentemente, fósforo do solo para o ambiente aquático (Cassol et al., 2007). O grau de saturação de fósforo (GSP) no solo tem sido utilizado para avaliar o risco de perda de fósforo do solo perdido por erosão (Sharpley e Tunney, 2000; Shober e Sims, 2007), sendo um índice ambiental para estimar o potencial de liberação do P do solo (Vadas et el., 2005). Pesquisas conduzidas em solos ácidos têm demonstrado que o grau de saturação de fósforo é uma ferramenta importante como critério na predição de perdas de fósforo do solo para águas superficiais (Breeuwsma et al., 1995; Leclerc et al., 2001; Sharpley, 1995; Sims et al., 1998) . O GSP é de fácil obtenção, podendo ser incorporado em sistemas de recomendação de adubação, como forma de melhorar o manejo do fósforo em áreas de risco, aumentando a eficiência do uso do fósforo na agricultura, contribuindo para a manutenção das reservas globais de fósforo e demanda alimentar (Ige et al., 2005; Sharpley et al., 2003; Kleinmann e Sharpley, 2002; Maguire e Sims, 2002). O grau de saturação de fósforo (GSP) é um índice ambiental para estimar o potencial de liberação do fósforo do solo (Sharpley e Tunney, 2000)). Em países onde o “phosphorus index” (PI) é utilizado, como nos Estados Unidos, o GSP é um importante componente do PI, pois relaciona-se diretamente com o potencial de liberação de fósforo no solo, pela saturação de sítios de adsorção, ficando o mesmo passível de ser perdido por lixiviação ou movimento superficial, associado a enrurrada (particulado ou dissolvido) (Sharpley et al., 2003). O GSP é baseado na relação entre o valor de P obtido pelo método de extração de P no solo (Mehlich-1, Mehlich-3, resina, água, etc.) e a capacidade de adsorção de fósforo no solo, este último obtido pela isoterma de adsorção de Langmuir (Hughes et al., 2000; Maguire e Sims, 2002). O uso dos valores de análise de solo para estimar o risco de perda de P tem sido utilizado em países onde o PI é utilizado, no entanto, o GSP é mais confiável do que somente o resultado de análise de solo. O GSP considera a capacidade do solo em reter o fósforo e, também, os melhores resultados obtidos em estudos de correlação entre o fósforo dissolvido em águas superficiais entre diferentes tipos de solos (Sharpley et al., 2003, ;Ige et al., 2005). Sharpley et al. (1996) ao qual reportou alto grau de correlação entre o fósforo dissolvido por escorrimento superficial e o fósforo obtido por Mehlich-3 (0,72), no entanto, a relação foi maior quando foi utilizado o GSP (0,86). No Brasil, e no caso deste projeto, no RS, são escassas as informações sobre perdas de fósforo no solo e sua relação com o fósforo no solo (Mehlich-1, resina, etc..), fósforo dissolvido ou particulado na água. Além disso, os estudos que reportam perdas de P por erosão não foram delineados com o intuito de estudar o P, gerando resultados, muitas vezes, difícil de serem interpretados, dada a diferença na solubilidade das fontes de P, tanto minerais como orgânicas. Assim, pode-se sub ou superestimar as quantidades de P perdidos por erosão. Desta maneira, o GSP pode ser um índice importante na estimativa do risco de perdas de fósforo no solo em solos do RS e pode ser facilmente incluído no programa de recomendação de fósforo para as culturas, de modo a aperfeiçoar o uso do fósforo na agricultura e evitar as perdas do mesmo para o ambiente, potencializando o risco de eutrofização. 3. Objetivos Estabelecer índice para estimar as perdas de fósforo em solos do Rio Grande Sul que estão sendo conduzidos em sistema de plantio direto e em sistema convencional de cultivo. O índice utilizado será o grau de saturação de fósforo que, baseado no valor obtido, irá definir o potencial de perda de fósforo no solo em diferentes tipos de solo, afetando diretamente o manejo da adubação fosfatada. 4. Metodologia Foram utilizadas amostras de solos das classes mais representativas do estado do RS, utilizadas para produção de alimentos, num total de 20 solos, das classes Latossolo, Argissolo, Cambissolo, Planossolo, Neossolo, Nitossolo, Vertissolo e Chernossolo, pertencentes ao banco de solos do Laboratório de análises de solos da UFRGS, coletadas na camada superficial de 0-20 cm, representando o sistema convencional de cultivo. Além dessas, foram coletadas amostras de solos sob sistema planio direto, nas profundidades de 0-10 cm, em áreas conduzidas nas principais regiões produtoras de grãos, nos minucípios de Cruz Alta (Latossolo, textura média), Ibirubá (Latossolo, textura argilosa), Vacaria (Latossolo, textura argilosa, alto teor de matéria orgânica) e Ijuí (Latossolo, textura argilosa), sob diferentes e contrastantes histórico de uso e manejo, sendo de 17 anos o tempo mínimo sob plantio direto. As profundidades de amostragem foram estabelecidas de acordo com as recomendações de adubação para o RS e SC. Em laboratório, nesses solos, foram determinadas as proprieadades físicas e químicas, como textura, pH, índice SMP e matéria orgânica. Em todas as amostras foram analisados os teores extraíveis em água, Mehlich-1, Mehlich-3 e oxalato de amônio dos seguintes elementos: P, K, Ca, Mg, Fe e Al. O Ca e o Mg foram extraídos por KCl 1,0 mol L-1 para a determinação dos teores trocáveis. Foi feito um estudo de adsorção utilizando o método de um ponto (Sharpley et al., 1996). O grau de saturação de fósforo, definido como a taxa de fósforo extraível ou lábil e a capacidade de adsorção do solo, foi obtido pela seguinte relação: Grau de saturação de P = (P extraível/P adsorvido) x 100, onde o P extraível foi o determinado pelos extratores utilizados (mg dm-3) e o P adsorvido foi o estimado da capacidade de adsorção de P (mg dm-3). Neste caso, foram considerados como fator intensidade, representados pela fração lábil ou P extraível (Mehlich-1, Mehlich-3 e oxalato) e o fator capacidade foi representado pela capacidade de adsorção (um ponto, e os teores de Fe+Al extraível por três métodos). A escolha dos métodos para avaliar o P extraível se deve em função do uso/estudos dos mesmos em laboratórios de rotina no RS (Mehlich-1 e Mehlich-3) e/ou pelas correlações (e por serem padrões) que os mesmos apresentaram em estudos desta natureza (água e oxalato). Para representar o fator capacidade foram avaliados alguns índices de adsorção de P: método de um ponto (Px), Ca + Mg (Mehlich-1, Mehlich-3 e KCl), Al + Fe (Mehlich-1, Mehlich-3, oxalato). Para o GSP ser um efetivo e adequado índice ambiental para estimar as perdas de P do solo para o ambiente, correlações com alto grau devem ser obtidas com as formas de P mais suscetíveis à perdas por escorrimento superficial (P particulado ou dissolvido). Diversos estudos têm demonstrado altas correlações entre o P dissolvido reativo em águas de escorrimento superficial e o P extraível em água (Pote et al., 1996; Pote et al., 1999; Dougherty et al., 2004; Dougherty et al., 2008; Sharpley et al., 2008; Agin-Birikorang et al., 2009). Deste modo, para este estudo, o P extraível em água foi usado como um índice de forma de P no solo que é rapidamente perdido por escorrimento superficial. 5. Resultados Os solos utilizados foram os mais representativos sob agricultura (grãos, horticultura, fruticultura, silvicultura e pastagens) no estado do RS e com uma ampla variação nas propriedades físico-químicas (Tabela 1). Os valores de pH do solo variaram de 4,1-7,1, sendo que 50% dos mesmos estavam acima de 5,5. Isto era esperado já que houveram solos sob sistema plantio direto, onde o pH considerado adequado sob esse sistema é em torno de 5,5 (para o RS e SC). Os teores de argila variaram de 100 para 790 g kg-1, com mediana de 340 g kg-1, refletindo a faixa de maior uso agrícola dos solos sob produção agrícola no estado do RS. Neste caso, solos mais arenosos são usualmente utilizados para horticultura, fruticultura, silvicultura, pastagens e uma parte para cultivo de grãos. Em solos com teores de argila acima da mediana, são frequentemente utilizados para a produção de grãos e pastagens em rotação. Os teores de P extraível por Mehlich-1 estão dentro da faixa encontrada em solos do RS utilizados para produção agrícola, assim como os teores de Ca, Mg, Al e CTC. Tabela 1. Propriedades físicas e químicas dos solos usados. Propriedades do solo Mínimo Máximo pH 4,1 7,1 Argila (g kg-1) 100 790 Matéria organica (g kg-1) 5,0 181 AlEX (cmolc kg-1) 0,0 2,2 -1 CTC (cmolc kg ) 2,0 31,2 CaM1 (mg kg-1) 52 4254 MgM1 (mg kg-1) 21 657 AlM1 (mg kg-1) 150 2192 FeM1 (mg kg-1) 55 496 CaM3 (mg kg-1) 90 3690 MgM3 (mg kg-1) 25 756 AlM3 (mg kg-1) 677 1390 FeM3 (mg kg-1) 143 337 AlOX (mg kg-1) 11 248 FeOX (mg kg-1) 11 239 PPSI 75 (mg kg-1) 54 438 -1 PEW (mg kg ) 0,02 1,11 PM1 (mg kg-1) 3,3 33,2 PM3 (mg kg-1) 3,5 42,3 POX (mg kg-1) 10,1 129,8 Média 5,5 390 30 0,3 13,0 1245 271 856 166 1214 284 1053 226 66 82 230 0,34 10,0 14,2 38,4 Mediana 5,5 340 26 0,2 12,1 1049 215 809 136 1010 206 1068 220 59 64 210 0,40 9,5 12,3 33,3 Uma ampla variação foi obtida nos fatores intensidade e capacidade (Tabela 2). Em relação ao fator capacidade, a capacidade de adsorção de P pelo método do ponto único (75 mg L-1) mostrou uma variação de 54 a 438 mg kg-1, e como esperado, as menores médias de valores de adsorção de P obtidas em solos arenosos (Tabela 2), sendo aproximadamente 3 vezes menores em relação aos solos argilosos. Essa adsorção, de acordo com Juo e Fox (1977), pode ser classificada como baixa (arenosos) e alta (argilosos). Os valores de P extraível por Mehlich-3 foram, em média, três vezes maiores dos teores obtidos pela solução de Mehlich-1. Valores sobre as diferenças entre essas soluções em solos do RS estão bem discutidas em Bortolon et al. (2010). Os valores de P extraível em água foram, em média, 20% menores em solos argilosos do que solos arenosos, o que reflete a maior capacidade de adsorção de P nesses solos, no entanto, as quantidades de P extraível em água obtidas nesse trabalho estão em concentrações similares às obtidas em outros trabalhos com solos, históricos e profundidades de amostragem diferentes. Os valores de P em água obtidos estiveram coerentes com as quantidades de P reativo na água crítico para eutrofização. Estudos demostram que o P dissolvido na água perdida por erosão (Dissolved P in runoff) quando em concentrações entre 0,01 a 0,05 mg L-1 0,1 mg L-1 de P são críticos para lagos e rios, respectivamente (Pote et al., 1996; Pote et al., 1999; Dougherty et al., 2004; Dougherty et al., 2008; Sharpley et al., 2008; Agin-Birikorang et al., 2009). Além disso, os teores de P em água obtidos por Sharpley et al. (2001) mostraram que valores acima de 0,4 mg L-1 de P representaram mais de 50% das amostras de solos utilizadas e apresentaram valores de P perdidos por erosão acima do crítico para águas e rios. Desta maneira, se observarmos os dados obtidos neste trabalho em relação ao P extraível em água, a mediana reflete o valor de 0,4 mg L-1 de P (Tabela 1), sendo a mesma com valores próximos, independentemente da classe de argila (Tablela 2). Isto demonstra o potencial de risco de perda de P em solos do RS e SC com potencial de causar eutroficação, necessitando ferramentas que possam estimar essas perdas e estabelecer melhores práticas de manejo do P na agricultura a fim de otimizar o seu uso e garantir a sustentabilidade a longo prazo, principalmente para o ambiente. Tabela 2. Variação nos fatores intensidade e capacidade, usados para calcular o GSP, separados por classes de argila. Classe Fator intensidade Fator capacidade (Al+Fe) (Al+Fe) (Al+Fe)OX PPSI 75 M1 M3 argila PEW PM1 PM3 POX -1 -1 g kg -------------------------------------- mg kg -------------------------------------------<200 Mínimo 0,15 4,3 4,8 17,3 205 849 222 54 Máximo 0,97 21,5 37,4 80,6 1976 1631 4735 432 Média 0,43 10,5 18,8 42,2 764 1207 1103 162 Mediana 0,36 9,5 17,6 41,3 692 1212 741 136 201-400 Mínimo 0,02 3,3 4,3 10,1 694 1118 618 138 Máximo 1,11 33,2 42,3 129,8 2281 1528 4761 422 Média 0,44 11,0 16,5 41,6 1051 1309 1610 219 Mediana 0,38 9,4 13,6 35,3 905 1288 1319 186 401-600 Mínimo 0,08 3,6 3,5 13,4 889 1160 1023 142 Máximo 0,55 14,1 15,4 59,4 1682 1573 3672 371 Média 0,33 8,4 9,3 31,3 1197 1321 1632 266 Mediana 0,31 7,4 9,3 29,2 1167 1316 1446 257 > 600 Mínimo 0,21 5,2 4,3 18,4 936 1057 1197 228 Máximo 0,68 16,8 17,3 59,6 1779 1615 2500 438 Média 0,37 9,3 8,9 35,2 1223 1315 1733 313 Mediana 0,38 10,4 9,7 32,4 1212 1317 1795 293 All soils Mínimo 0,02 3,3 3,5 10,1 205 849 222 54 Máximo 1,11 33,2 42,3 129,8 2281 1631 4761 438 Média 0,40 10,0 14,2 38,4 1022 1279 1474 230 Mediana 0,34 9,5 12,3 33,3 964 1287 1355 210 Para o grau de saturação ser um efetivo índice para avaliar o potencial de risco de perdas de P para o ambiente, um alto grau de correlação entre as formas de P mais susceptíveis à erosão devem ser obtidas. Como no sul do Brasil as informações sobre as perdas de P por erosão são escassas ou os experimentos não foram elaborados com o foco principal de verificar essa perda, uma maneira alternativa para superar a escassez de dados é utilizar o P extraível em água. O P extraível em água possui um alto grau de relação com o P reativo dissolvido perdido por erosão e é utilizado para verificar o potencial de eutrofização. As correlações entre os diversos parâmetros calculados para o GSP tiveram alto grau de relação com o P extraível em água (Tabela 3 e Figura 1), especialmente quando o fator capacidade utilizado foram os teores de Al+Fe, independentemente do extrator utilizado. Embora as correlações utilizadas foram o fator intensidade de P extraível por oxalato de amônio, sua implementação em laboratório de rotina fica prejudicada, pois se aumentaria o tempo consumido nas análises, mão-de-obra e custos relativos, reduzindo significativamente a eficiência dos laboratórios. No entanto, alto grau de correlação foi obtido com o GSP calculado com os seguintes parâmteros: PM1/PPSI 75, PM1/(Al+Fe)M1, PM1/(Al+Fe)M3, PM1/(Al+Fe)OX, PM3/(Al+Fe)M1, PM3/(Al+Fe)M3, PM3/PPSI 75. Além disso, os diversos modos de GSP tiveram alto grau de correlação entre si (Tabela 4), podendo à priori, serem utilizados quaisquer uns dos parâmetros para estimar o risco de perda de P em solos do RS. Tabela 3. Variação no GSP (%) e correlação entre GSP e os teores de P extraível em água. DPS Parâmetro de combinação r Mínimo Máximo Média PM1/PPSI 75 1,03 24,7 5,72 0,84** PM1/(Ca+Mg)M1 0,11 13,7 1,4 0,33 ns PM1/(Ca+Mg)M3 0,12 8,7 1,2 0,38 ns PM1/(Al+Fe)M1 0,21 6,7 1,3 0,87** PM1/(Al+Fe)M3 0,26 2,9 0,8 0,95** PM1/(Al+Fe)OX 1,01 54,4 10,9 0,75** PM3/PPSI 75 1,14 51,8 8,9 0,74** PM3/(Ca+Mg)M1 0,14 24,6 2,3 0,27 ns PM3/(Ca+Mg)M3 0,13 17,0 2,0 0,30 ns PM3/(Al+Fe)M1 0,29 13,6 2,0 0,54 * PM3/(Al+Fe)M3 0,26 3,7 1,2 0,69** PM3/(Al+Fe)OX 1,53 89,8 15,7 0,27 ns POX/PPSI 75 3,21 92,7 21,9 0,77** POX/(Ca+Mg)M1 0,39 48,7 5,2 0,34 ns POX/(Ca+Mg)M3 0,23 32,2 4,5 0,39 ns POX/(Al+Fe)M1 0,84 25,2 4,9 0,70** POX/(Al+Fe)M3 0,80 11,2 3,1 0,93*** POX/(Al+Fe)OX 4,56 193,5 41,2 0,55* Table 4. Coeficientes de correlação entre os diferentes GSP obtidos PM1/PPSI 75 PM1/(Al+Fe)M1 PM1/(Al+Fe)M3 PM1/(Al+Fe)OX PM3/(Al+Fe)M1 PM3/(Al+Fe)M3 PM3/PPSI 75 PM1/PPSI 75 PM1/(Al+Fe)M1 PM1/(Al+Fe)M3 PM1/(Al+Fe)OX PM3/(Al+Fe)M1 PM3/(Al+Fe)M3 PM3/PPSI 75 1,00 - 0,95 1,00 - 0,85 0,76 1,00 - 0,85 0,92 0,61 1,00 - 0,82 0,93 0,51 0,92 1,00 - 0,92 0,96 0,75 0,91 0,92 1,00 - 0,95 0,94 0,71 0,89 0,92 0,94 1,00 No entanto, as relações em que o P extraível por Mehlich-1 foi utilizado como fator capacidade tiveram o maior grau de relação com o P extraível em água (Figura 1a, 1b a 1c), sendo que a relação a qual se utiliza como fator capacidade o Al+Fe extraível por Mehlich-3 teve o maior grau de relação (0,91**). Isto possivelmente esteja associado ao modo de extração da solução de Mehlich-3 extraindo quantidades de Al e Fe que apresentam maior relação com a adsorção de P em solos. No entanto, quando para a mesma relação foi utilizado a solução de Mehlich-1 para extração de Al e Fe, a relação também teve um alto grau de relação (0,76**). Neste caso, como a solução de Mehlich-1 é utilizada nos laboratórios do RS para extração de P e K e há a tendência de serem extraídos Ca, Mg, Cu e Zn, a implementação do GSP seria facilmente adaptada, pois poucas alterações nos procedimentos seriam necessárias, já que o Al e Fe são determinados no mesmo extrato do P. Como proposta desse trabalho, definimos 6 equações para calcular o GSP com base nas altas relações obtidas entre o GSP e o P extraível em água (Figura 1) e que poderiam ser implementadas na interpretação da análise de solo, a fim de estabelecer melhores práticas de manejo do P, levando em consideração aspectos como a declividade do terreno; tipo de solo; fonte, época e principalmente o modo de aplicação de P fertilizante; uso e manejo do solo adotado, especialmente considerar se há práticas conservacionistas de suporte; proximidade da lavoura aos de corpos de água; suscetibilidade do solo à erosão dentre outros. O uso dessa ferramenta não descarta o uso de estudos específicos de perdas de P por erosão, no entanto, é uma ferramenta importante para o uso adequado do P na agricultura, frente aos desafios de produção de energia, crescente demanda alimentar global e manutenção das finitas reservas globais de P. PM1 100 P PSI 75 (4) DPS (%) PM1 100 (Fe Al) ox (2) DPS (%) PM1 100 (Fe Al) M1 (5) DPS (%) PM3 100 (Fe Al) M3 (3) DPS (%) PM1 100 (Fe Al) M3 (1) DPS (%) (6) DPS (%) PM3 100 P PSI 75 25 4 a) b) 1.36 DPS (PM1/(Fe + Al)M1) (%) DPS (PM1/PPSI 75) (%) 1.19 y = 16.1x R2 = 0.73** 20 15 10 y = 3.02x R2 = 0.76 3 2 1 5 0 0 0,0 0,2 0,4 0,8 1,0 1,2 0,0 -1 PEW (mg kg ) 3,5 0,2 d) y = 2.14x1.12 R2 = 0.91 y = 21.10x1.10 R2 = 0.56 2,0 1,5 1,0 0,6 0,8 1,0 1,2 0,8 1,0 1,2 0,8 1,0 1,2 PEW (mg kg ) 40 2,5 0,4 -1 c) DPS (PM1/(Fe + Al)OX) (%) 3,0 DPS (PM1/(Fe + Al)M3) (%) 0,6 30 20 10 0,5 0,0 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0,0 -1 PEW (mg kg ) 2,5 0,6 PEW (mg kg ) 35 g) 30 y = 1.73x0.96 R2 = 0.64 DPS (PM3/PPSI 75) (%) DPS (PM3/(Fe + Al)M3) (%) 0,4 -1 f) 2,0 0,2 1,5 1,0 y = 23.14x1.33 R2 = 0.56 25 20 15 10 0,5 5 0,0 0 0,0 0,2 0,4 0,6 PEW (mg kg-1) 0,8 1,0 1,2 0,0 0,2 0,4 0,6 PEW (mg kg-1) Figura 1. Relação entre o P extraível em água (Pew) e grau de saturação de P (GSP) para solos do RS e de SC. 6. Conclusões O índice estudado pode ser uma eficiente ferramenta para estimar o risco de perda de P do solo para o ambiente em solos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. As equações propostas são, em sua maioria, de fácil obtenção e implementação em laboratórios de rotina e de uso para a recomendação de adubação fosfatada. O uso do grau de saturação de fósforo (GSP) como forma de estimar o risco de perda de P do solo para o ambiente, em longo prazo tende a aumentar o uso do fósforo na agricultura, pois de acordo com a faixa de valor obtida, o manejo da adubação fosfatada será diferente, possibilitando menores perdas por erosão, reduzindo o dano econômico à atividade agrícola e protegendo a qualidade da água, sendo esta última, uma vez eutrófica, o tempo de recuperação desse ambiente pode levar mais do que 70 anos. 7. Bibliografia Agin-Birikorang et al. Evaluating phosphorus loss from a Florida Spodosol as affected by phosphorus-source application methods. J. Environ. 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