Relatório Final FAPESP Per´ıodo: janeiro/2010 a dezembro
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Relatório Final FAPESP Per´ıodo: janeiro/2010 a dezembro
Relatório Final FAPESP Perı́odo: janeiro/2010 a dezembro/2010 Fábio de Oliveira Borges Laboratório de Fı́sica de Plasmas, Instituto de Fı́sica, Universidade de São Paulo(USP), 05508-090, São Paulo, SP, Brasil Resumo O projeto para a implementação e aprimoramento de um sistema de diagnóstico Thomson para o TCABR foi desenvolvido dentro de uma colaboração entre o Instituto Superior Técnico de Lisboa, a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Este projeto tem apoio e financimento da FAPESP. Apresentamos neste documento uma descrição completa das atividades realizadas de janeiro a dezembro de 2010. ∗ E-mail: [email protected] 1 Sumário 1- Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 2 - A Nova Objetiva do Sistema de Espalhamento Thomson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 - O Desenvolvimento do Novo Policromador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 . 3.1 - O Sistema Óptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 . 3.2 - Os Filtros de Interferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 . 3.3 - O APD e o Circuito Amplificador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 . 3.4 - A Calibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4 - Estimando a Grandeza do Sinal Espalhado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 5 - Medida de Densidade com o Sistema de Espalhamento Thomson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 . 5.1 - Determinação da Densidade com o Espalhamento Rayleigh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 . 5.2 - Determinação da Densidade com o Espalhamento Raman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 6 - Desenvolvimento de um sistema de Posicionamento para Sondas no TCABR . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 . 6.1 - Construção do Sistema de Posicionamento da Sonda Langmuir do TCABR . . . . . . . . . . . . . 32 . 6.2 - Automação do Sistema de Posicionamento da Sonda Langmuir do TCABR . . . . . . . . . . . . . . 34 7 - Desmontagem, Reparos e Montagem do Tokamak TCABR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 8 - Análise da Temperatura nos Experimentos de 2009: ITS×ECE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 9 - Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 10 - Produção Cientı́fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 . 10.1 - Artigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 11 - Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 12 - Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 2 1 Introdução O sistema de diagnóstico por espalhamento Thomson foi implementado com sucesso no Tokamak TCABR e entrou em operação como um diagnóstico regular no inı́cio do ano de 2009. Este sistema passou por um processo de automação, isto acelerou o processo de se obter a temperatura no interior do reator: minutos após a medida, o valor da temperatura já está disponı́vel pelo sistema. A execução deste projeto só foi possı́vel graças à parceria entre a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o Instituto Superior Técnico de Lisboa, junto ao apoio financeiro dado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Durante o ano de 2009, o sistema de diagnóstico por espalhamento Thomson foi usado exaustivamente em diversas campanhas experimentais e ficou demonstrada a total confiabilidade de funcionamento do sistema que se fez presente em todos os experimentos. Com toda a massa de dados acumulada, foi possı́vel produzir uma análise mais completa do diagnóstico durante o ano de 2010, comparando estes dados com os dados fornecidos por outros diagnósticos e valores teoricamente calculados. Durante o ano de 2010 tivemos uma parada do Tokamak. Com a implementação de um novo sistema de retificação para alimentar as bobinas toroidais, duas destas entraram em curto e o sistema foi muito danificado. O dano provocado nas bobinas toroidais foi bastante extenso, o que nos forçou a desmontar toda a máquina para reparo, canalizando todos os nossos esforços e recursos financeiros disponı́veis nesta direção. Este fato, não esperado, comprometeu a execução dos melhoramentos propostos para o diagnóstico. Contudo, tivemos mais tempo para planejamento e executamos simulações computacionais completas, estimando os valores a serem obtidos. Projetamos um novo policromador que possibilitará obtermos a densidade eletrônica além da temperatura eletrônica já obtida. Este policromador usa técnicas mais modernas de projeto, substituindo lentes por espelhos para uma melhor transmissão da luz, além de seus circuitos amplificadores serem projetados com chips mais modernos e tecnologia SMD. Refizemos todo o projeto das novas objetivas que irá possibilitar a medida de 11 pontos espaciais dentro do Tokamak contra 1 ponto que é o obtido atualmente. Levamos em consideração a integração desta objetiva com o novo policromador. Ainda no decorrer de 2010, analisamos cuidadosamente todos os dados obtidos com o espalhamento Thomson em 2009, o que gerou duas novas publicações. Além dos trabalhos ligados ao projeto Thomson, estivemos presentes na desmontagem e reparo do Tokamak e no desenvolvimento e automação de uma sonda Langmuir que irá auxiliar o diagnóstico Thomson, obtendo a temperatura e a densidade eletrônica na borda do plasma, ou seja, na região não acessı́vel ao diagnóstico devido às baixas densidade e temperatura encontradas. 3 2 A Nova Objetiva do Sistema de Espalhamento Thomson Atualmente a objetiva que coleta a radiação Thomson espalhada nos possibilita medir apenas um ponto espacial localizado no centro do plasma. Para darmos um passo adiante em nossas pesquisas se faz necessário possibilitar a medida do perfil radial de temperatura e densidade eletrônica de uma seção reta do plasma. Com este intuito projetamos uma nova objetiva que nos proporcionará a medida de 11 pontos espaciais distribuı́dos equidistantemente um do outro dentro do diâmetro do plasma formado no interior do Tokamak. Iniciamos este projeto através de um estudo teórico, pressupondo um perfil de temperatura e densidade no interior do plasma com o intuito de distribuir os pontos dentro de uma região acessı́vel ao diagnóstico[1]. É bom lembrar que atualmente o policromador nos limita a uma temperatura mı́nima de 50eV e um futuro policromador, já projetado, nos dará como temperatura de corte 30eV. Sempre que realizamos tais estudos, propomos uma temperatura e densidade centrais tı́picas (já medidas) alcançadas pelo TCABR, a saber 450eV e 2, 0 × 1019m−3 . Deste estudo retiramos o perfil de densidade (ver figura 01) e temperatura (ver figura 02). Figura 1: Perfil teórico da densidade eletrônica no interior do plasma. Este perfil parabólico foi obtido supondo que a densidade na região central do plasma fosse de 2, 0 × 1019 m−3 e a densidade na borda alcançando 10% deste valor. Estes valores estão de acordo com medidas efetuadas no TCABR[1]. Um outro ponto importante são os parâmetros das fibras óptica a serem usadas. Fibras com NA muito pequeno são muito caras, então optamos por uma fibra comercial com NA de 0.37. As fibras usadas no espalhamento Thomson do TCABR devem ter baixa absorção no infravermelho para não deteriorar o sinal coletado. De inı́cio propusemos dois diâmetros para as fibras, 1mm e 1, 5mm, e fizemos a opção pela de maior diâmetro para facilitar o acoplamento do feixe de luz colimado pela objetiva e a fibra. Com a fibra definida, iniciamos o projeto da objetiva. Todas as simulações foram realizadas nas instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) usando o mesmo software (ZEMAX) usado para desenhar as lentes dos satélites brasileiros. O uso deste software é importante porque ele já possui uma série de rotinas desenvolvidas pelos pesquisadores do INPE para melhorar o seu desempenho. Na tabela 01 apresentamos as especificações para as lentes adquiridas. 4 . Figura 2: Perfil teórico da temperatura eletrônica no interior do plasma. Este perfil parabólico elevado a um fator 2 foi obtido supondo que a temperatura na região central do plasma seja de 450eV e a temperatura média na borda, obtida por sondas Langmuir, seja de ≈ 10eV . Estes valores estão de acordo com medidas efetuadas no TCABR[1]. Tabela-01: Parâmetros das Lentes para a Construção da Nova Objetiva. R1(mm) R2(mm) Espessura no Centro(mm) Diâmetro(mm) Lente01 111,805 -162,013 15,00 76,00 Lente02 -67,203 -104,111 5,00 56,00 Lente03 65,331 -2309,101 16,37 72,00 Lente04 48,399 297,824 16,84 66,00 Vidro SF5 N-BK7 SF5 N-BK7 Todas as lentes foram fabricadas dentro destas especificações e revestidas com um filme anti-reflexivo para um intervalo de comprimento de onda de 900 − 1100nm para minimizar a perda da radiação espalhada. Na figura 03 apresentamos uma simulação dos posicionamentos das lentes e o traçado de raios. A ideia neste projeto é medir os 11 pontos espaciais com um único policromador e para tanto usaremos, como artifı́cio, atrasar o sinal óptico a ser detectado. Para atrasar estes sinais, usaremos fibras de tamanhos diferentes[2,3]. Como a luz tem velocidade de propagação finita dentro das fibras, os comprimentos diferentes proporcionam tempos distintos de chegada do pulso. O pulso laser do sistema de diagnóstico Thomson tem 50ns de largura na base e para tanto devemos ter um atraso mı́nimo entre pulsos de 50ns para que um sinal não se sobreponha ao outro. Estes cálculos foram realizados e na tabela 02 apresentamos os comprimentos das fibras, seu posicionamento na objetiva e a densidade e temperatura eletrônica estimada segundo os nossos cálculos teóricos. O posicionamento das fibras foi escolhido de forma à maximizar o valor do sinal; assim as fibras de maior comprimento 5 são posicionadas para receber a radiação espalhada pelos pontos de maior densidade e temperatura. Figura 3: Desenho da nova objetiva para o sistema de espalhamento Thomson do TCABR. Com tudo definido, o comprimento espalhador para a fibra de 1, 5mm foi de 7, 5mm, ou seja, cada ponto observado corresponderá a um centro espalhador de 7, 5mm e este ponto estará localizado no ponto médio deste centro espalhador. Tabela-02: Posicionamentos e parâmetros dos pontos de leitura das fibras. A coluna posicionamento se refere àdistância vertical, medida a partir do plano médio dos pontos observados na coluna de plasma. Fibras Comprimentos(m) Posicinamento(mm) Densidade(1019m−3 ) Temperatura(eV ) F01 20 -150 ≈ 0, 7 ≈ 51 F02 35 +150 ≈ 0, 7 ≈ 51 F03 50 -120 ≈ 1, 2 ≈ 146 F04 65 +120 ≈ 1, 2 ≈ 146 F05 80 -90 ≈ 1, 5 ≈ 258 F06 95 +90 ≈ 1, 5 ≈ 258 F07 110 -60 ≈ 1, 8 ≈ 358 F08 125 +60 ≈ 1, 8 ≈ 358 F09 140 -30 ≈ 1, 9 ≈ 426 F10 155 +30 ≈ 1, 9 ≈ 426 F11 170 0 ≈ 2, 0 ≈ 450 Após o projeto da objetiva, produzimos alguns desenhos em AUTOCAD onde juntamos o projeto da objetiva com o projeto do Tokamak TCABR. Um destes desenhos é apresentado na figura 04. 6 . Figura 4: Esquema da visão da objetiva dentro do Tokamak TCABR. 7 3 O Desenvolvimento do Novo Policromador O atual policromador utilizado pelo sistema de espalhamento Thomson do Tokamak TCABR foi desenvolvido entre 1990 e 1993 nas instalações do Culham Laboratory, Inglaterra[2]. Este modelo de policromador é uma adaptação de um modelo já existente na época para um sistema Thomson que utilizava um laser de Ruby e agora passa a medir luz infravermelha emitida por um laser de Nd:Glass. Devido ao tempo de uso e à tecnologia já ultrapassada, estes policromadores estão obsoletos e apresentam muito ruı́do. Assim, há uma necessidade de substituição rápida deste equipamento para obtermos um avanço no diagnóstico implementado. O policromador atual possui três canais, sua óptica apresenta muitas perdas, a temperatura mı́nima que se pode medir é de 50eV e não é possı́vel efetuar medidas de densidade eletrônica. O novo policromador será desenvolvido nas instalações do TCABR e foi projetado com uma nova concepção óptica minimizando a perda de energia e uma eletrônica moderna baseada em chips e tecnologia SMD. Este policromador terá cinco canais e irá permitir que efetuemos medidas de densidade e temperatura eletrônica simultaneamente. A temperatura mı́nima que se espera medir será de ≈ 30eV . 3.1 O Sistema Óptico Todo o sistema óptico foi desenvolvido e simulado nas instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), utilizando novamente o software ZEMAX[4]. Nosso projeto óptico baseou-se em três pontos básicos: 1) ter baixa perda de energia; 2) ser compacto e 3) cada canal ser um módulo independente. Figura 5: Uma visão esquemática do interior do novo policromador. Inicialmente procuramos minimizar o número de lentes no projeto e fabricar um equipamento baseado na óptica de reflexão e enfoque por espelhos esféricos no lugar de uma óptica convencional 8 baseada na refração e enfoque por lentes[5]. Neste projeto, uma única lente é empregada para acoplar a energia das fibras ópticas à linha de distribuição de energia por espelhos. Na figura-5 apresentamos uma visão esquemática do novo policromador. Um suporte de teflon prende as fibras ao lado esquerdo e uma lente faz o acoplamento da radiação transmitida pelas fibras, enfocando e colimando esta radiação que é direcionada para o primeiro filtro à direita. O filtro deixa passar parte da energia, na sua banda passante, refletindo o restante na direção de um espelho esférico que reflete e colima esta energia sobre um segundo filtro e assim por diante a energia é distribuı́da dentro do policromador. Figura 6: Simulação do comportamento do feixe de luz dentro do novo policromador. Na figura-6 apresentamos uma simulação por traçados de raios no interior do novo policromador. A luz coletada pelas fibras entra pelo lado esquerdo e uma lente asférica projeta o feixe no primeiro filtro. Espelhos esféricos redirecionam a luz para os demais filtros e ajudam a controlar a divergência do feixe. O ângulo de incidência da luz nos filtros é de 11 graus. O policromador foi projetado com cinco canais ocupando um espaço total de 25cm × 30cm. A lente asférica e os filtros possuem diâmetro de 50mm. Os espelhos esféricos possuem diâmetro de 54mm e raio de curvatura de 250mm. Apresentamos por último, na figura-7, uma visão da iluminação das fibras ópticas em seções perpendiculares ao feixe. Estas seções estão distribuı́das ao longo do caminho óptico do policromador. Podemos observar como o feixe de luz se comportará durante o seu caminho óptico no interior do novo policromador em simulações com o software ZEMAX[4]. Na entrada notamos que os ”spots”das fibras estão bem delineados e nı́tidos e a energia transportada por cada fibra está separada. Uma visão do ”spot”sobre cada filtro nos dá a dimensão do tamanho da cintura do feixe focado e a distribuição da energia. 9 . Figura 7: Simulação do comportamento do feixe de luz sobre os filtros de interferência. Podemos acompanhar as mudanças na cintura do feixe ao ser refletido e colimado sucessivas vezes. 3.2 Os Filtros de Interferência Para se escolher a faixa espectral dos diferentes filtros de interferência, devemos, em primeiro lugar saber qual é o intervalo de temperatura que vamos medir[6]. Sempre teremos problema com temperaturas baixas, já que esta técnica não permite se efetuar medidas abaixo de ≈ 30eV . Para o Tokamak TCABR a temperatura eletrônica varia, dentro da região acessı́vel ao diagnóstico atual, na faixa de ≈ 50 a ≈ 700eV . Em nossos cálculos, definimos uma faixa de 30eV a 1keV . O espectro de espalhamento Thomson é dado por [7,8,9] I(λs , Te) = ne .∆L.E.σ0.∆Ω.S(λs, Te ) (1) onde ne (densidade eletrônica), ∆L (comprimento espalhador), E (energia espalhada), σ0 (seção de choque de espalhamento do elétron), λs (comprimento de onda espalhado), Te temperatura eletrônica e ∆Ω (ângulo sólido observado) multiplicados formam uma constante de conexão com sistema e S(λs, Te ) é o fator de forma do espectro espalhado que possui uma forma Gaussiana[7]. S(λs, Te) = com h ∆λ 2 i 1 ∆λ3 √ λ0 − 3.5∆λ + exp − , ∆λe .λ0 . π ∆λ2e ∆λe (2) θ ve sen2 , c 2 (3) ∆λe = 2λ0 ve = s 2kB Te me e 10 (4) ∆λ = λs − λ0 , (5) onde me é a massa do elétron, kB é a constante de Boltzmann, Te é a temperatura eletrônica, λ0 é o comprimento de onda do laser, c é a velocidade da luz, θ é o ângulo de espalhamento. A largura a meia altura de um espectro gaussiano é uma função da temperatura eletrônica. ∆λ1/e = 2λ0 2k T 1/2 B e , c 2 me No diagnóstico de espalhamento Thomson do TCABR θ = 90o e λ0 = 1054nm, logo (6) ∆λ1/e = 29, 49.Te1/2, (7) Te = 30eV =⇒ ∆λ1/e ≈ 162Å, (8) Te = 1keV =⇒ ∆λ1/e ≈ 933Å. (9) onde Com estes valores, podemos determinar a faixa dos filtros de interferência de forma que pelo menos dois filtros recebam energia quando a temperatura do plasma for de 30eV e que todos os filtros sejam iluminados quando a temperatura alcançar 1keV . Outros filtros devem ser ajustados entre estes. Na figura-8 apresentamos o posicionamento dos filtros dentro do espectro eletromagnético, a faixa espectral dos cinco filtros de interferência são apresentadas junto a um espectro Thomson calculado com uma temperatura eletrônica de 450eV . Ao definirmos as faixas espectrais dos filtros de interferência levamos em consideração, além do espalhamento Thomson, os espalhamentos Raman e Rayleigh induzidos nas moléculas de nitrogênio (N2 ). A observação dos espalhamentos Raman e Rayleigh nos possibilita calibrar o sistema de diagnóstico por espalhamento Thomson para medir a densidade eletrônica. O canal 2 é exclusivo para se efetuar medidas com o espalhamento Rayleigh e não será utilizado pelo diagnóstico Thomson na medida de temperatura. Além destas, outras considerações são importantes na escolha da faixa espectral dos filtros: Primeira, o filtro posicionado sobre o lado direito do espectro gaussiano espalhado deve ter uma faixa espectral larga para compensar a queda acentuada na eficiência quântica do APD (fotodiodo avalanche) escolhido. Em segundo lugar, os filtros localizados a esquerda do espectro Thomson devem cobrir faixas maiores a medida que vão se distanciando do comprimento de onda do laser devido à distribuição de energia dentro da gaussiana. Tabela-03: Faixa espectral dos filtros de interferência. Canal Filtro(λ0) Faixa observada com α = 11o CH5 980/50nm ≈ 951 − 1000nm CH4 1018/25nm ≈ 1001 − 1026nm CH3 1044/25nm ≈ 1027 − 1052nm CH2 1059/3nm ≈ 1053 − 1056nm CH1 1081/40nm ≈ 1057 − 1096nm Para se definir a faixa dos filtros é importante se considerar o desenho óptico do policromador. O ângulo de incidência da luz sobre a superfı́cie dos filtros afeta a faixa de comprimentos de onda transmitidos. A transmissão do filtro é alterada pelo ângulo, diminuindo ligeiramente o comprimento de onda que fica determinado pela equação[10] λ = λ0 1 − sen2 α 1/2 n2 11 (10) onde λ é o comprimento de onda transmitido e α o ângulo de incidência da luz. λ0 = λ para α = 0o , e n é o ı́ndice de refração efetivo do filtro. Se a luz não é bem colimada, formando um cone, o ângulo variável da luz incidente provocará um alargamento da faixa observada pelo filtro. Assim, um bom projeto óptico é fundamental. O ângulo estabelecido no nosso projeto para o posicionamento dos filtros é de α = 11o. Na tabela-03, apresentamos as faixas para os cinco filtros de interferência determinadas durante o projeto. Figura 8: Espectro Thomson relativı́stico calculado para uma temperatura de 450eV . Apresentamos neste gráfico a faixa espectral que cada filtro observa. 3.3 O APD e o Circuito Amplificador Os fotodiodos avalanche (APDs) são fotodetectores que podem ser considerados como o equivalente semicondutor das fotomultiplicadoras. Aplicando-se uma alta-voltagem inversa (200 − 500V ), o APD apresenta um ganho de corrente internamente de ≈ 100 vezes. No nosso caso, este fator de amplificação não é o suficiente, necessitamos de um ganho maior que 1000 vezes devido ao baixo número de fótons observado. Desta forma, um circuito amplificador foi projetado para atuar junto aos APDs. Trataremos agora da parte elétrica do novo policromador. Iniciamos escolhendo um APD que sirva a nossos propósitos de observar sinais extremamente baixos tı́picos do espalhamento Thomson. O APD é uma parte importante do projeto, e é ele que ira gerar o sinal medido, transformando um sinal luminoso débil em um sinal elétrico considerável que possa ser observado em um osciloscópio rápido. Para fazermos uma escolha acertada, devemos ter em mente três parâmetros: 1) o fotodiodo deve ser extremamente rápido para detectar com boa resolução sinais da ordem de ≈ 2 nanosegundos; 2) o 12 fotodiodo deve possuir um sensor com maior área ativa possı́vel para facilitar o acoplamento óptico; 3) o APD deve ter uma alta eficiência quântica na região observada. O APD na região do infravermelho que melhor corresponde a estes três requisitos é o C30956EH da RCA electro-optics. Este APD possui uma área ativa de 7mm2 (Φ = 3mm), um ângulo de visão de 132 graus e uma frequência de leitura de 500M Hz. A eficiência quântica do APD C30956EH é apresentada na figura-9. Para se efetuar o acoplamento da radiação transmitida por um filtro e o APD se faz necessário o uso de uma lente asférica posicionada entre o filtro e o APD. Figura 9: Eficiência quântica por comprimento de onda do fotodiodo avalanche. Com o APD definido, temos as informações necessárias para iniciarmos o projeto do circuito amplificador. Junto ao suporte técnico do TCABR projetamos um circuito com chips de ultima geração e tecnologia SMD para amplificar os baixos sinais observados (ver figura-10), este circuito se encontra em confecção nas instalações do TCABR e entrará em teste brevemente. 13 . Figura 10: Diagrama esquemático do circuito amplificador para o APD. 14 3.4 A Calibração Na teoria Thomson a potência espalhada, Ps , por um volume de dada densidade, ne , é dado teoricamente por[7,11] dσT h .ne .∆L.∆Ω. Ps = P0 . dΩ Z λ1 λ2 S(λs , Te)dλs, (11) 2 2 T onde P0 é a potência do laser incidente, dσ dΩ = r0 sen ϕ é a seção de choque diferencial (sendo que ϕ é o ângulo entre o campo elétrico do laser e a direção de espalhamento), ∆Ω é o ângulo sólido de observação, ∆L é o comprimento da região espalhadora observada pela óptica coletora e S(λs, Te) é a R∞ função de densidade (ou distribuição) espectral onde −∞ S(λs, Te)dλs = 1. No TCABR o sistema para o diagnóstico por espalhamento Thomson foi concebido com o ângulo Th ϕ perpendicular a direção de espalhamento (ϕ = 90o), sendo assim, dσdΩ = r02 (r02 = raio clássico do elétron). A função de densidade espectral, S(λs, Te) fornece o deslocamento em comprimentos de onda devido à velocidade dos elétrons. Este termo é calculado sobre a média das flutuações da densidade, incluindo o deslocamento Doppler e os efeitos de correlação. Nas condições das descargas do TCABR, as flutuações de densidade são de origem térmica e as distribuições da velocidade eletrônica e iônica são Maxwelianas. Como o plasma do TCABR apresenta temperaturas menores que 1keV , consideramos apenas correções relativı́sticas de primeira ordem, e a função de distribuição espectral S(λs, Te) é representada pela equação 2. Figura 11: Cálculo do perfil de intensidade dos filtros com a temperatura de acordo com a equação 12. Podemos observar como varia a resposta do filtro levando em conta a eficiência quântica do APD . 15 Vamos calcular agora as curvas teóricas que ligam a temperatura do plasma à potência emitida em uma pequena porção observada do espectro. Como podemos notar na equação 11, para calcular a quantidade de energia espalhada que passa pela banda do filtro é só integrar a função de distribuição espectral na faixa de comprimentos de onda considerada. Como nesta equação ne ,r0, P0 , ∆L e ∆Ω são constantes, temos que Ps ∝ Z λ1 λ2 Γ(λs )S(λs, Te)dλs, (12) onde fazemos λ1 e λ2 iguais aos valores que compreendem os extremos da faixa de comprimentos de onda observada e Γ(λs ) é a eficiência quântica do APD para o comprimento de onda considerado (ver figura-9). Em uma simulação simples podemos calcular facilmente como estes valores variam para uma gama de temperatura e assim obter um perfil da variação da intensidade de cada canal(filtro) ao se variar a temperatura do plasma. Na figura-11 apresentamos um gráfico para o valor da integral das funções de distribuição espectral relativı́stica na faixa de comprimentos de onda de cada um dos filtros já mencionados na subseção anterior. Figura 12: Curvas de calibração teórica usando a razão de intensidade entre os filtros do novo policromador. Estas curvas foram obtidas de simulações computacionais e levam em conta a resposta do APD com o comprimento de onda. Na figura-11, podemos notar que a intensidade calculada para cada canal varia com a temperatura, ou seja, o valor da intensidade calculada para um dado canal é única e diferente das demais. Com esta 16 informação podemos encontrar a temperatura do plasma usando as razões dos valores das intensidades calculadas nos quatro canais, sendo este, o ponto chave para analisar os dados do diagnóstico. Devemos lembrar que as quatro intensidades são obtidas da mesma função de distribuição espectral, isto é, a uma mesma temperatura. Este fato nos possibilita dividir um valor por outro obtendo um valor relativo entre duas intensidades para cada temperatura. Estas curvas feitas através da combinação das intensidades dos canais elimina a dependência das curvas com a densidade do plasma. Assim, para uma combinação simples entre dois canais, a equação fica dada por: R Γ(λs )S(λs, Te )dλs Ps (CHi) = R CHi . Ps (CHj) CHj Γ(λs )S(λs, Te )dλs (13) Podemos realizar também varias outras combinações entre os quatro canais na tentativa de se obter melhores curvas de calibração. Na figura-12, apresentamos os melhores resultados obtidos entre todas as combinações possı́veis. A maioria das curvas apresentadas possui uma dependência favorável com a temperatura a partir de 100eV , sendo que duas das curvas, produzidas com a razão de dois canais (figura-12a) apresentam dependência favorável somente no intervalo que vai de ≈ 40 − 250eV . A curva obtida através da soma dos canais CH3, CH4 e CH5 dividida pelo canal CH1, possibilita a medida de uma temperatura mı́nima de ≈ 30eV . 17 4 Estimando da Grandeza do Sinal Espalhado A seguir apresentamos uma estimativa da tensão que será medida em cada APD, para verificarmos a viabilidade da implementação das melhorias no diagnóstico Thomson do TCABR. Consideremos um experimento onde a energia da luz incidente é dada por Ei e Es seja a energia da luz espalhada para um dado ângulo sólido ∆Ω em que o volume espalhador é V = a∆L (ver figura 13). A definição para a seção de choque diferencial deste espalhamento é dada por[12]: Energia Espalhada /número de elétrons × ângulo sólido dσs = , dΩ Energia Incidente /área (14) dσs 1 Es /ne a∆L∆Ω Es = = , dΩ Ei /a Ei ne ∆L∆Ω (15) Es dσs = ne ∆L∆Ω . Ei dΩ (16) dando a relação ou Note que a área, a, é cancelada; isto significa que a energia espalhada é a mesma, seja o laser focado ou não. Figura 13: Esquema da luz espalhada em um experimento Thomson Sabendo que a seção de choque diferencial de espalhamento para o elétron é dada por[3] dσs = r02 sen2 ϕ ≈ 7, 94 × 10−30 sen2 ϕ dΩ 18 m2 /s, 2 e −15 m o quadrado do raio clássico do elétron, e que no sistema Thomson sendo r02 = mc 2 = 2, 82 × 10 do TCABR o feixe laser incidente é polarizado perpendicularmente à direção de observação, isto é, ϕ = 90o , que o comprimento espalhador (∆L) é de 7, 5mm e que a objetiva tem uma distância focal de 350mm e diâmetro de 76mm, ou seja, ∆Ω = 0, 037sr, temos como resultado que: Es = 2, 2 × 10−33 ne . Ei (17) Quando assumimos os valores para a densidade apresentados na tabela 02, temos as seguintes relações entre as energias incidente e espalhada nas diferentes posições do plasma (ver figura-3 e tabela 04). Tabela-04: Relação entre a energia incidente e espalhada para cada fibra. −14 ) s Fibras Comprimentos(m) Posicionamento(mm) E Ei (×10 F01 20 -150 1, 5 F02 35 +150 1, 5 F03 50 -120 2, 6 F04 65 +120 2, 6 F05 80 -90 3, 3 F06 95 +90 3, 3 F07 110 -60 4, 0 F08 125 +60 4, 0 F09 140 -30 4, 2 F10 155 +30 4, 2 F11 170 0 4, 4 Figura 14: Esquema do caminho óptico para que os fótons espalhados chegem ao novo policromador. J é a janela do Tokamak; L1 , L2 , L3 e L4 são as lentes que compõem a objetiva, Fx são as fibras ópticas e IFx representa a interface das fibras. 19 Isto significa que para ≈ 1014 fótons que entram no plasma é esperado que de 1 a 4 fótons sejam espalhados dentro do ângulo sólido observado. A energia associada a cada fóton do laser de Nd:Glass (λ0 = 1054nm) é E = hν = hc ≃ 1, 88 × 10−19 J ≃ 1, 18eV, λ (18) ou seja, 1J da energia emitida pelo laser corresponde a ≈ 5, 3 × 1018 fótons. Atualmente operamos o laser com uma energia dede 5J(≈ 2, 7 × 1019 ) fótons. Vamos agora fazer uma estimativa de quantos destes fótons chegam ao novo policromador. Na figura-14 apresentamos os diferentes caminhos ópticos seguidos pelos fótons espalhados até o novo policromador. Cada elemento que compõe os guias para os fótons apresenta perdas: as lentes e a janela possuem filme anti-reflexivo e transmitem 99% da energia incidente, as fibras ópticas feitas de sı́lica fundida (SiO2 ) possuem transmissão de 99%/m, sua face apresenta uma refletividade de ≈ 20%, logo a função de transmissão para cada fibra e dada por T = T J × T L1 × T L2 × T L3 × T L4 × T IF x × T F x, T = (0, 99) × (0, 99) × (0, 99) × (0, 99) × (0, 99) × (0, 80) × T F x, (19) T = 0, 76 × T F x; (T F x = (0, 99)n −→ n=comprimento da fibra em metros), e portanto, em cada pulso laser, o número de fótons espalhados chegando ao novo policromador para cada fibra será dado por: Es′ = EsT ( fótons). (20) Na tabela 05, apresentamos os valores calculados para o número de fótons que chegam ao novo policromador proveniente das 11 fibras. Tabela-05: Valores estimados para o número de fótons espalhados, a transmissão e o número de fótons transmitido. Fibras Comprimentos(m) No de Fótons Espalhados (Es ) T (%) No de Fótons Transmitidos (Es′ ) F01 20 3, 9 × 1015 62 2, 4 × 1015 15 F02 35 3, 9 × 10 54 2, 1 × 1015 15 F03 50 6, 8 × 10 46 3, 1 × 1015 F04 65 6, 8 × 1015 39 2, 7 × 1015 15 F05 80 8, 6 × 10 34 2, 9 × 1015 15 F06 95 8, 6 × 10 29 2, 5 × 1015 F07 110 1, 0 × 1016 25 2, 5 × 1015 16 F08 125 1, 0 × 10 22 2, 2 × 1015 F09 140 1, 1 × 1016 19 2, 1 × 1015 16 F10 155 1, 1 × 10 16 1, 8 × 1015 16 F11 170 1, 2 × 10 14 1, 7 × 1015 Ao chegar ao novo policromador, o sinal coletado é guiado por lentes e espelhos até atingir o detetor de um dos canais. O novo policromador possui cinco canais, sendo que somente quatro deles são usados pelo diagnóstico de temperatura. Cada canal possui um filtro de interferência que deixa passar uma pequena faixa do espectro espalhado. A faixa passante de cada canal está presente na tabela-03. Para os fótons chegarem ao sensor (fotodiodo avalanche), eles percorreram caminhos ópticos diferentes (ver figura 15) e como consequência vão ter funções de transferência distintas. 20 . Figura 15: Esquema interno para o caminho óptico do novo policromador. Nesta figura L significa lente, F significa filtro, E significa espelho e AP D significa fotodiodo. As lentes que compõem o novo policromador receberão um filme anti-reflexivo possibilitando uma transmissão de 99% da energia incidente. Já os filtros de interferência padrão tem um rendimento mais baixo e transmitem apenas 75% da energia incidente na faixa considerada e refletem 89% da energia que se encontra fora da sua faixa de transmissão. Os espelhos esféricos do novo policromador refletirão 95% da energia incidente. Agora, com estas informações em mãos, podemos calcular através de uma função de transferência, o número de fótons que chega ao fotodiodo de cada canal. TCH1 = T L1 × T F 1 × T L2, = (0, 99) × (0, 75) × (0, 99), ≃ 0, 74 (21) TCH2 = T L1 × RF 1 × RE1 × T F 2 × T L3, = (0, 99) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 75) × (0, 99), ≃ 0, 62 (22) TCH3 = T L1 × RF 1 × RE1 × RF 2 × RE2 × T F 3 × T L4, = (0, 99) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 75) × (0, 99), ≃ 0, 52 TCH4 = T L1 × RF 1 × RE1 × RF 2 × RE2 × RF 3 × RE3 × T F 4 × T L5, 21 (23) = (0, 99) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 75) × (0, 99), ≃ 0, 44 (24) TCH5 = T L1 × RF 1 × RE1 × RF 2 × RE2 × RF 3 × RE3 × RF 4 × RE4 × T F 5 × T L6, = (0, 99) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 89) × (0, 95) × (0, 75) × (0, 99), ≃ 0, 38 (25) É bom lembrar que os fótons que chegam ao novo policromador estão distribuı́dos em um perfı́l gaussiano no entorno do comprimento de onda do laser (1054nm) e cada canal observa unicamente um pequena fração destes fótons (ver figura 8). Da figura 8 podemos obter as porcentagens de fótons que entram por cada canal do policromador quando o plasma se encontra a uma temperatura de 450eV . Como a gaussiana da figura 8 está normalizada, basta fazer uma integração na faixa que o filtro transmite para se obter a porcentagem de fótons que vai para cada canal do policromador. Como vamos medir 11 pontos espaciais distribuidos em regiões de diferentes temperaturas do plasma, obtemos diferentes porcentagens de fótons para cada fibra. Realizando as integrações para as temperaturas apresentadas na tabela-02, obtemos os seguintes valores presentes na tabela-06 Tabela-06: Valores estimados para a porcentagem de temperaturas definidas. Canal 51eV 146eV 258eV 358eV 426 PCH1 42, 5% 39, 6% 34, 7% 31, 3% 29, 5% PCH2 8, 0% 4, 7% 3, 6% 3, 0% 2, 8% PCH3 41, 8% 33, 7% 27, 6% 24, 2% 22, 5% PCH4 3, 0% 12, 3% 15, 8% 16, 5% 16, 4% PCH5 0, 0% 1, 7% 5, 8% 9, 3% 11, 2% energia que entra por cada filtro para algunas 450eV 28, 9% 2, 7% 22, 0% 16, 4% 11, 8% Com esta informação podemos calcular o número de fótons chegando em cada fotodiodo avalanche por cada pulso laser. O cálculo é dado por N CH1 = P CH1(450eV ) × TCH1 × Es′ , N CH2 = P CH2(450eV ) × TCH2 × Es′ , N CH3 = P CH3(450eV ) × TCH3 × Es′ , (26) N CH4 = P CH4(450eV ) × TCH4 × Es′ , N CH5 = P CH5(450eV ) × TCH5 × Es′ . Obtemos o valor de Es′ (número de fotóns entrando no policromador) da tabela-05. O número de fotóns calculado chegando ao APD de cada canal por cada fibra estão presentes na tabela-07. 22 Tabela-07: Fibras F01 F02 F03 F04 F05 F06 F07 F08 F09 F10 F11 Valores estimados para o número de fótons que chegam a cada APD. NCH1 NCH3 NCH4 NCH5 4 4 3 8, 5 × 10 6, 0 × 10 3, 7 × 10 15 7, 3 × 104 5, 1 × 104 3, 2 × 103 12 9, 4 × 104 5, 7 × 104 1, 8 × 104 2, 0 × 103 8, 1 × 104 4, 9 × 104 1, 5 × 104 1, 8 × 103 7, 9 × 104 4, 5 × 104 2, 2 × 104 6, 7 × 103 6, 8 × 104 3, 9 × 104 1, 9 × 104 5, 8 × 103 6, 1 × 104 3, 4 × 104 2, 0 × 104 9, 2 × 103 5, 3 × 104 2, 9 × 104 1, 7 × 104 7, 9 × 103 4, 6 × 104 2, 5 × 104 1, 5 × 104 8, 9 × 103 4, 0 × 104 2, 2 × 104 1, 3 × 104 7, 7 × 103 3, 4 × 104 1, 9 × 104 1, 2 × 104 7, 1 × 103 Finalmente, temos a fração de fótons que após o espalhamento chega aos detetores do policromador para produzir corrente elétrica. O detetor usado no novo policromador é um fotodiodo avalanche modelo C30956EH da RCA electro-optics. Este fotodiodo possui uma área ativa de ≈ 7mm2 e uma eficiência quântica(ξ) que varia com o comprimento de onda. Adotaremos uma eficiência quântica média para cada canal (20% para o CH1, 45% para o CH2, 49% para o CH3, 54% para o CH4 e 60% para o CH5). Ao polarizarmos os fotodiodos com uma voltagem de 400V o manual apresenta um ganho (G) de 75 vezes. Com estas informações podemos calcular o número de fotoelétrons(nf e) que o fotodiodo avalanche fornece em seus terminais através das relações abaixo. nf e = ξ × G × Es′ , (27) nf e (CH1) = 0, 20 × 75 × N CH1, nf e (CH3) = 0, 49 × 75 × N CH3, (28) nf e (CH4) = 0, 54 × 75 × N CH4, nf e (CH5) = 0, 60 × 75 × N CH5. Na tabela-08 apresentamos os valores estimados para o número de fotoelétrons gerados no APD quando iluminado. Tabela-08: Fibras F01 F02 F03 F04 F05 F06 F07 F08 F09 F10 F11 Número de nf e (CH1) 1, 3 × 106 1, 1 × 106 1, 4 × 106 1, 2 × 106 1, 2 × 106 1, 0 × 106 9, 2 × 105 7, 9 × 105 6, 9 × 105 5, 9 × 105 5, 1 × 105 fotoelétrons estimados. nf e (CH3) nf e (CH4) 2, 3 × 106 1, 5 × 105 1, 9 × 106 1, 3 × 105 2, 1 × 106 7, 2 × 105 1, 8 × 106 6, 2 × 105 1, 6 × 106 8, 8 × 105 1, 4 × 106 7, 5 × 105 1, 2 × 106 7, 8 × 105 1, 1 × 106 6, 7 × 105 9, 2 × 105 6, 3 × 105 7, 9 × 105 5, 4 × 105 6, 8 × 105 4, 7 × 105 nf e (CH5) 6, 6 × 102 5, 7 × 102 9, 2 × 104 7, 9 × 104 3, 0 × 105 2, 6 × 105 4, 1 × 105 3, 6 × 105 4, 0 × 105 3, 5 × 105 3, 2 × 105 A corrente fotoelétrica que é gerada no fotodiodo de cada canal do policromador é dada por(e = 1, 602 × 10−19 C e ∆t = 30ns) : 23 e × nf e , (29) ∆t Na tabela-09 apresentamos o valor da corrente fotoelétrica gerada no APD calculado pela equação acima. if e = Tabela-09: Valor estimado para a fotocorrente. Fibras if e [CH1](µA) if e[CH3](µA) if e [CH4](µA) F01 6, 8 11, 7 0, 8 F02 5, 9 10, 1 0, 7 F03 7, 5 11, 2 3, 8 F04 6, 5 9, 7 3, 3 F05 6, 3 8, 8 4, 7 F06 5, 4 7, 6 4, 0 F07 4, 9 6, 6 4, 2 F08 4, 2 5, 7 3, 6 F09 3, 7 4, 9 3, 4 F10 3, 2 4, 2 2, 9 F11 2, 7 3, 6 2, 5 if e[CH5](µA) 0, 0 0, 0 0, 5 0, 4 1, 6 1, 4 2, 2 1, 9 2, 1 1, 8 1, 7 Assim, estimamos o nı́vel de corrente nos terminais de cada fotodiodo por pulso laser. Para finalizar, vamos agora estimar o valor da voltagem na saı́da do policromador, ou seja, o nı́vel de voltagem que é esperado obter no osciloscópio. Após deixar o fotodiodo, esta corrente é transformada em voltagem e passa por um circuito amplificador de transimpedância(ver subseção 3.3). Segundo o nosso projeto, o amplificador terá um ganho mı́nimo de 1500 vezes. A impedância que transforma a corrente fotoelétrica em voltagem é dada pela caracterı́stica do FET(transistor de efeito de campo) utilizado no projeto. O FET escolhido tem uma impedância de ≈ 70Ω. Assim teremos que a voltagem nos canais será dada por V = G × if e [CHx] × R, (30) O nı́vel de voltagem em cada canal gerado pela radiação captada por cada fibra óptica é apresentada na tabela-10. Tabela-10: Valor estimado para a voltagem . Fibras V [CH1](mv) V [CH3](mv) V [CH4](mv) F01 718 1233 85 F02 617 1060 73 F03 792 1179 402 F04 681 1014 346 F05 663 924 492 F06 571 795 423 F07 514 695 440 F08 442 598 379 F09 387 518 352 F10 333 445 303 F11 288 384 266 V [CH5](mv) 0 0 52 45 169 146 233 200 225 193 180 Todos estes calculos foram realizados sem levarmos em conta possı́veis interferências luminosas no experimento. 24 5 Medida de Densidade com o Sistema de Espalhamento Thomson O diagnóstico por espalhamento Thomson é um dos mais confiáveis para se obter a temperatura e a densidade eletrônica em plasmas de fusão. Para se obter a densidade absoluta este diagnóstico deve passar por uma calibração. A calibração pode ser efetuada através do espalhamento Raman ou Rayleigh[13]. A calibração Raman pode ser mais conveniente já que os comprimentos de onda espalhados abrangem uma região no entorno da linha laser e dependendo do posicionamento dos filtros no policromador, nenhuma mudança se faz necessária. Como o espalhamento Rayleigh não desloca o comprimento de onda, se faz necessário que o policromador esteja equipado com um canal especial no mesmo comprimento de onda do laser onde aparece a linha Rayleigh espalhada. Quando observamos luz no mesmo comprimento de onda da luz laser incidente, um cuidado especial com a luz espúria (stray light) se faz necessário. 5.1 Determinação da Densidade com o Espalhamento Rayleigh No espalhamento Thomson a densidade eletrônica pode ser determinada por um caminho similar ao usado para se obter a temperatura. É sabido, que a intensidade da radiação espalhada é dada por[7]: IsT h = I0T h dσT h ne ∆Ω∆L, dΩ (31) Th é a seção de choque diferencial, ne é a densidade onde I0 é a intensidade da radiação incidente, dσdΩ eletrônica, ∆Ω é o ângulo sólido e ∆L é o comprimento espalhador. A forma da distribuição da intensidade é dependente do comprimento de onda e da temperatura e é descrita pela função de densidade espectral. Z assim temos que S(λs, Te)dλs = 1, (32) dσT h ne ∆Ω∆L S(λs, Te)dλs . (33) dΩ Na realidade, um aparato de medição não mede a intensidade e sim uma voltagem que é proporcional à intensidade. É bom lembrar também, que ao efetuarmos uma medida, a função instrumental (Γ(λs )) do aparelho, redistribui a energia, modificando a equação 33. Z IsT h = I0T h VsT h = V0T h dσT h ne ∆Ω∆L dΩ Z Γ(λs )S(λs, Te)dλs, (34) onde VsT h é a voltagem medida pela observação da radiação espalhada e V0T h é uma voltagem proporcional a radiação laser incidente. Quando realizamos um experimento, estamos interessados nos valores de algumas variáveis mensuráveis; constantes tais como ∆Ω e ∆L simplesmente complicam o procedimento experimental e introduzem erros nas medidas. Assim, adotaremos uma estratégia para eliminar essas fontes de erro não necessárias. Para tanto, vamos utilizar um procedimento similar ao já descrito para medir a temperatura por espalhamento Thomson em condições experimentais similares. No lugar dos elétrons usaremos um átomo ou molécula (gás argônio ou nitrogênio por exemplo) como centro espalhador e observaremos então o espalhamento Rayleigh[14]. Devido à massa das partı́culas que compõem o gás e à baixa temperatura em que ele se encontra (≈ 300K), a função de distribuição espectral para o espalhamento Rayleigh é dada por S(λs, T ) = δ(λs − λ0 ). 25 (35) Como já dito, a função instrumental altera a distribuição da radiação espalhada, assim a função de distribuição espectral completa pode ser escrita na seguinte forma: S(λs , T ) = Γ(λs )δ(λs − λ0 ). (36) Dada a identidade: +∞ Z −∞ Γ(λs )δ(λs − λ0 )dλs = Γ(λ0 ) +∞ Z −∞ δ(λs − λ0 )dλs = Γ(λ0 ), (37) a intensidade da radiação espalhada pode ser expressa por: ∆Ω ∆L (38) 4π onde σRy é a seção de choque para o espalhamento Rayleigh, e N é a densidade do gás. Como a natureza dos espalhamentos Thomson e Rayleigh é dipolar, o valor da razão entre as seções de choque total ou diferencial dá o mesmo valor numérico, assim temos para o espalhamento Thomson que IsRy = I0Ry σRy N dΩΓ(λ0 ) dσT h ∆Ω = σT h . (39) dΩ 4π Similarmente à equação 34, a voltagem obtida em um espalhamento Rayleigh pode ser escrita na forma ∆Ω ∆L. (40) 4π Dividindo a equação 34 pela equação 40, as constantes são eliminadas e podemos expressar a densidade eletrônica em função de quantidades que podem ser mediadas com precisão: VsRy = V0Ry σRy N Γ(λ0) VsT h VsRy = V0T h V0Ry λ R2 σT h ne λ1 σRy N Γ(λs )S(λs, Te )dλs Γ(λ0 ) , (41) logo ne = VsT h V0Ry σRy 1 . Nλ Ry V T h σ R2 Γ(λs ) Th Vs 0 Γ(λ0 ) S(λs, Te )dλs (42) λ1 Se realizarmos as duas medidas sob as mesmas condições experimentais, ainda teremos dúvida se a radiação incidente é a mesma nos dois experimentos, isto porque o laser de Nd:Glass apresenta pequenas flutuações de pulso para pulso. Assim, na prática, nunca podemos supor que a energia do pulso laser permanecerá a mesma para os dois experimentos. Para corrigir este efeito, devemos monitorar o laser, retirando uma pequena porção da energia do feixe incidente e detectá-la com um fotodiodo rápido. O valor numérico da razão entre os sinais medidos com o fotodiodo será o mesmo da razão entre as energias incidentes. VfToth VfRy ot = E0T h E0Ry (43) Quando realizamos um experimento, de forma geral, medimos a pressão e não a densidade do gás. Para facilitar nossos cálculos, vamos supor que o gás utilizado se comporte como um gás ideal: P V = nRT 26 (44) onde P é a pressão, V é o volume, n é o número de moles, R é a constante de Avogrado e T a m temperatura do gás. Da definição de número de moles, n = M (m = massa do gás: M = molécula grama) podemos escrever a equação 44 da seguinte forma P = RT N, M N= M . V (45) Como a temperatura ambiente não varia durante o experimento, RT M = C te = a ou seja P = aN (46) e temos uma relação linear entre a pressão e a densidade do gás que pode ser introduzida na equação 42. ne = VsT h σRy P V0T h σT h VsRy Ry V0 Assim, medindo Ry Vs V0Ry 1 a λ R2 λ1 (47) Γ(λs ) Γ(λ0 ) S(λs, Te )dλs para várias pressões em experimentos de espalhamento Rayleigh, obtemos que a quantidade V PRy é igual à inclinação de um gráfico de s Ry V 0 Ry Vs Ry V0 pela pressão. A seção de choque para o espalhamento Rayleigh é encontrada na literatura para experimentos com comprimentos de onda de 532 e 694, 3nm. Sabendo que a seção de choque Rayleigh é proporcional a λ14 , podemos obter seu valor para o laser de Nd:Glass (λ0 = 1054nm) através da seguinte relação[13] Ry σ1054 = λ694,3 exp Ry σ694,3 . λ1054 0 (48) Apresentamos na Tabela-11, abaixo, a seção de choque para alguns gases obtidos pela equação 48. Tabela-11: Seção de choque para o espalhamento Rayleigh[15]. 694,3 gás σexp (×10−28 cm2 ) σ01054 (×10−28 cm2 ) He 0, 0296 ± 0, 0014 0, 006 D2 0, 431 ± 0, 021 0, 08 H2 0, 438 ± 0, 021 0, 08 Ar 1, 88 ± 0, 09 0, 35 N2 2, 12 ± 0, 09 0, 4 CH4 4, 56 ± 0, 22 0, 9 N2 O 6, 40 ± 0, 31 1, 2 Xe 11, 55 ± 0, 55 2, 2 5.2 Determinação da Densidade com o Espalhamento Raman A potência espalhada medida em um experimento Thomson pode ser escrita como[7] PsT h = P0T h ne ∆Ω∆L dσT h dΩ Z Γ(λs )S(λs, Te)dλs (49) onde S(λs, Te) é a função de densidade espectral do espalhamento Thomson no regime não-cooperativo (ou incoerente). Quando levamos em conta os efeitos relativı́sticos a função fica dada pela equação 2. Na equação 49, Γ(λs ) representa a função instrumental que é idêntica tanto para o espalhamento Thomson como para o Raman. Esta função contém toda a transmissão do sistema. P0 é a potência 27 do feixe laser incidente, ne é a densidade eletrônica, ∆L é o comprimento espalhador, ∆Ω é o ângulo Th sólido observado e dσdΩ é a seção de choque diferencial do espalhamento Thomson. Similarmente, a potência do sinal Raman é dada por[16] PsRa = P0T h N ∆Ω∆L X WJ J J dσRa Γ(λJ ) dΩ (50) onde N é a densidade do gás, J é o número quântico rotacional do estado inicial e WJ é a população do estado rotacional inicial. Para um gás em equilı́brio térmico à temperatura T ,[16] WJ = Z −1 gJ (2J + 1)exp h −E i J kB T (51) onde Z é a função de partição rotacional, determinada pela condição de normalização ∞ X WJ = 1, (52) J=0 gJ é um fator estatı́stico de peso que depende do spin nuclear (ver tabela-12). EJ = J(J + 1)hcB0 é a energia rotacional do estado inicial J e B0 é a constante rotacional do gás empregado na calibração (ver tabela-12). Tabela-12: Parâmetros de alguns gases para o espalhamento Raman[17]. gás B0 (m−1 ) gJ (J = ı́mpar) gJ (J = par) γ 2 (m6 ) H2 5933, 9 3 1 0, 51 N2 198, 96 3 6 0, 51 O2 143, 8 1 0 0, 51 CO2 39, 02 0 1 0, 51 Os comprimentos de onda, λJ para o espalhamento Raman são dados por[17] λJ = 1 ; σJ σJ = σ0 ± B0 (4J + 6), (53) onde ± corresponde às transições anti-Stokes e Stokes, respectivamente. As linhas são espaçadas por cerca de ∆λ ≈ 4B0 λ20 uma da outra. A seção de choque diferencial para o espalhamento Raman é dada por[13] J dσRa = σJRa [(1 − ρ)cos2 ϕ + ρ], (54) dΩ onde ρ é o fator de despolarização. A radiação Raman espalhada é largamente não polarizada e o valor da despolarização é ρ = 43 . ϕ é o ângulo entre a polarização do feixe laser incidente e a direção da luz espalhada; 90o no caso do TCABR.[13] σJRa = 64π 4 b(J)γ 2 45 λ4J (55) é a seção de choque total do espalhamento Raman, sendo λJ o comprimento de onda da linha Raman espalhada e γ é a anisotropia do tensor de polarizabilidade. Os fatores quânticos b(J) são conhecidos como coeficientes de Placzek-Teller ou força de linha, e são dados por[18] b(J) = 3(J + 1)(J + 2) , 2(2J + 1)(2J + 3) J −→ J + 2 e 28 linhas Stokes (56) b(J) = 3(J − 1) , 2(2J + 1)(2J − 1) J −→ J − 2 linhas Anti-Stokes (57) Calculamos a seção de choque total para o espalhamento Raman de alguns gases na tabela-12; os resultados são apresentados na forma gráfica na figura 16. Figura 16: Espectro Raman calculado para vários gases a 27oC (≈ 300K). A linha central em verde claro corresponde ao comprimento de onda da luz emitida pelo laser de Nd:Glass (1054nm). Como a seção de choque do espalhamento Raman decresce exponencialmente, o sinal Raman só pode ser detectado pelos filtros localizados na região mais próxima ao comprimento de onda emitido pelo laser. Este fato impossibilita uma calibração Raman no policromador utilizado atualmente para medir o espalhamento Thomson no TCABR, pois a faixa do filtro mais cercano ao comprimento de onda do laser é de 1012 − 1032nm. Como podemos ver no espectro Raman calculado da figura 16, as linhas emitidas se encontram fora desta região. De todos os gases estudados, optamos por usar o nitrogênio para a calibração do novo policromador. Esta escolha foi levada em conta ao efetuarmos o projeto do novo policromador e podemos observar na figura 17 que todas as linhas Stokes e Anti-Stokes com maior intensidade serão observadas. 29 . Figura 17: Mostramos aqui, as faixas observadas pelos canais 1 e 3 do novo policromador, sobrepostas à distribuição espectral das linhas Raman rotacionais para a molécula de nitrogênio. Para obtermos a densidade eletrônica do plasma precisamos calibrar o sistema através de um procedimento parecido ao utilizado para se obter a temperatura com o espalhamento Thomson. É bom lembrar que o policromador não mede a potência espalhada e sim uma voltagem que é proporcional a esta (Ps ∝ Vs ) e, ainda, que o laser flutua de pulso a pulso, portanto, não podemos afirmar que a energia que entra no sistema é sempre a mesma. Podemos contornar este fato monitorando o pulso laser com um fotodiodo rápido e o valor da voltagem obtido será proporcional a potência incidente (P0 ∝ V0 ). Assim, as equações para os espalhamentos Thomson (equação 49) e Raman (equação 50) tomam a seguinte forma VsT h ∝ V0T h ne ∆Ω∆L dσT h dΩ e VsRa ∝ V0T h N ∆Ω∆L Z X J Γ(λs )S(λs, Te)dλs (58) J dσRa Γ(λJ ) dΩ (59) WJ Dividindo a equação 58 pela 59, temos: VsT h V0T h ne dσT h Γ(λs )S(λs, Te)dλs . = J VsRa V0Ra N dΩ P W dσRa Γ(λ ) J J J dΩ R A densidade eletrônica fica dada por 30 (60) V T h V Ra ne = sT h 0Ra N V0 Vs P dσT h dΩ J λ R2 WJ J dσRa dΩ Γ(λJ ) . (61) Γ(λs )S(λs, Te)dλs λ1 Supondo um gás ideal e usando a mesma aproximação adotada para o espalhamento Rayleigh (subseção 5.1), a equação 61 pode ser escrita na seguinte forma V Th p ne = sT h h V Ra i s V0 Ra V0 onde fizemos p = aN (a = pressão, p. RT M ). J dσRa J WJ dΩ Γ(λJ ) λ R2 P Th a dσdΩ , (62) Γ(λs )S(λs, Te)dλs λ1 A razão h V pRa i é obtida pela inclinação do gráfico de s V Ra 0 31 h VsRa V0Ra i pela 6 Desenvolvimento de um Sistema de Posicionamento para Sondas no TCABR O sistema de espalhamento Thomson do TCABR não mede temperaturas menores que 50eV , assim ficamos impossibilitados de obter o valor da temperatura na borda do plasma e cobrir todo o perfil radial de temperatura. Para medidas nesta região devemos nos valer de outras técnicas e equipamentos tal como sondagem Langmuir. Uma sonda Langmuir consegue medir com exatidão a temperatura de um plasma como as caracterı́sticas do Tokamak TCABR, porem não pode penetrar mais que 2cm dentro do plasma para não perturba-lo e não danificar a sonda. Sondas de Langmuir são constantemente utilizadas no TCABR e as grandes dificuldades encontradas são: seu desgaste, movimentação durante os experimentos e troca de sonda entre experimentos. Para solucionar este problema desenvolvemos um sistema de posicionamento para sondas totalmente automático e de fácil manuseio. 6.1 Construção do Sistema de Posicionamento da Sonda Langmuir do TCABR Um dos grandes problemas ao introduzir uma sonda eletrostática no Tokamak é a quebra do vácuo. A quebra do vácuo introduz impurezas indesejáveis no sistema e são gastos dias para que o plasma retorne as condições que se encontrava inicialmente. Em máquinas de fusão constantemente as sondas são substituı́das, seja pela sua deterioração ou simplesmente para se introduzir uma sonda nova, mais adequada ao experimento. Uma forma de aumentar a vida de uma sonda é removê-la do contato com o plasma quando medidas não estão sendo realizadas. Para uma sonda manual isto se torna impossı́vel, para manusearmos o movimentador manualmente com segurança se faz necessário desligar o Tokamak. Foi pensando nestes problemas que desenvolvemos um sistema automático para mover uma sonda langmuir dentro do Tokamak TCABR, este sistema possibilita também uma troca rápida da sonda sem a necessidade de se quebrar o vácuo do vaso. O sistema consiste de um tubo selado em que um parafuso sem fim se move, avançando e recuando a sonda em direção ao plasma. Para manter o tubo selado a alto vácuo, o motor de passo e o parafuso sem fim são acoplados magneticamente. Figura 18: Simulação do torque sofrido pelo parafuso sem fim quando dois imãs se deslocam de alguns graus. Quando iniciamos o projeto tivemos que quantificar o valor do campo para transmitir um torque 32 de aproximadamente 0, 01N.M , necessário para que a sonda se mova sem perder um único giro do motor de passo. Usando o software FEMM 4.0 magnetostatic, simulamos o acoplamento magnético através da geometria desejada. Neste estudo obtivemos que dois imãs de 32M GOe seriam necessários para transferir este torque sem que o sistema se desacople durante o movimento. As simulações estão presentes na figura 18 . No mercado brasileiro encontramos os imãs de NdFeB N33 que satisfazem os nossos requisitos. Com os imãs em mãos, iniciamos alguns testes experimentais para confirmar os resultados teóricos obtidos antes de definir o projeto do sistema. Após a confirmação dos resultados projetamos algumas peças que foram encaminhadas à oficina mecânica para sua confecção (ver figura 19). Figura 19: Uma visão geral do projeto do sistema de posicionamento da sonda langmuir. O sistema de posicionamento montado pode ser visto na figura 20. Este sistema possui cerca de dois metros de comprimento e pesa uns trinta quilos sem contar o sistema de vácuo. Para conectá-lo à janela do Tokamak foi construı́da uma mesa com um sistema de carretel ao qual o sistema se encontra fixado, este sistema serve de apoio ao sistema de posicionamento e facilita sua retirada do sistema para manutenção ou troca de sondas (ver figura 20). 33 . Figura 20: Uma visão geral do projeto do sistema de posicionamento da sonda langmuir. 6.2 Automação do Sistema de Posicionamento da Sonda Langmuir do TCABR Para movimentar o motor de passo do sistema de posicionamento da sonda langmuir do TCABR desenvolvemos um circuito baseado no chip FT245R da FIFO. Este chip é usado para simular uma porta paralela através da conexão USB do computador. O circuito possui um driver para o motor de passo que se encontra ligado a uma fonte de 12V e 4A . O driver é controlado pelo FT245R que recebe as informações via USB de um PC. O esquema do circuito se encontra na figura 21. O circuito montado e testado nas instalações do Tokamak TCABR possui quatro leds que formam um sistema de monitoramento indicando quando e qual bobina do motor de passo se encontra ligada. Na figura 22, apresentamos o circuito já montado. Para controlar o motor de passo foi desenvolvido um software em Delphi. Este programa, muito prático, possui uma interface por janelas rodando em ambiente Windows. O programa utiliza de dois pontos de referência para introduzir a sonda no plasma do Tokamak. Podemos escolher a parede do vaso ou a borda do plasma como referência. A animação do programa nos indica em tempo real o valor em centı́metro em que a sonda se localiza. Para deslocarmos a sonda basta digitar o valor do deslocamento em centı́metros em um campo adequado do programa e clicar com o mouse no botão Mover, caso ocorra algum problema inesperado o comando pode ser abortado pelo botão Parar (ver figura 23). 34 . Figura 21: Esquema representativo do circuito de controle do sistema de posicionamento da sonda. Figura 22: Foto do circuito de controle do motor de passo via USB montadoe já testado. 35 Na janela de alinhamento do programa podemos notar no centro da tela uma área para se conectar a uma câmera digital (ver figura 24). A câmera digital se encontra posicionada antes da gaveta de entrada da sonda do Tokamak. O programa usa um alvo visto pela câmera como centro de referência e todos os cálculos executados pelo programa são realizados tendo este ponto como referência. Antes de se utilizar o programa o operador verifica se a sonda está referenciada corretamente clicando no botão Checar zero. Ao clicar neste botão a ponta da sonda se movimenta em direção ao visor da câmara, caso ocorra problemas inesperados o botão Parar aborta o movimento. Caso a sonda não se posicione no centro do alvo o motor de passo devera ser movimentado passo a passo através das teclas FT left e FT right do teclado. Quando a sonda estiver corretamente posicionada devemos clicar no botão Zerar para atribuir o valor zero a posição atual. No campo de configuração encontramos o botão Parâmetros, este botão nos remete a uma nova janela em que podemos introduzir o tamanho da sonda e a distância do plasma a parede do vaso, parâmetros estes que são utilizados pelo software. Figura 23: Janela principal do programa de controle do sistema de posicionamento da sonda langmuir. 36 . Figura 24: Janela de alinhamento do sistema de posicionamento da sonda langmuir do TCABR. 37 7 Desmontagem, Reparos e Montagem do Tokamak TCABR O inı́cio das atividades de reparo do Tokamak TCABR se deu no mês de abril de 2010. Os meses de fevereiro e março foram utilizados para o planejamento das atividades, tais como: a classificação das peças, os responsáveis por cada sistema a ser desmontado entre outros. O tokamak TCABR, esteve em operação por dez anos e nas reuniões de planejamento ficou decidida uma parada de todas as atividades do Laboratório. Nesta parada, além dos reparos das bobinas toroidais, seria realizada uma revisão de todos os sistemas de diagnóstico, controle e sistema de vácuo da máquina. No inı́cio dos trabalhos, desmontamos todos os diagnósticos liberando o entorno da máquina (ver figura 25) para iniciarmos os reparos. Figura 25: Foto do Tokamak antes de iniciarmos os reparos. Podemos visualizar todos os diagnósticos acoplados ao reator. A desmontagem dos diagnósticos foi realizada cuidadosamente e dirigida pela pessoa responsável pelo sistema em questão, no nosso caso, somos os responsávis pelo sistema de espalhamento Thomson. O processo de desmontagem foi lento devido aos cuidados exigidos pelos componentes frágeis e a atenção ao se catalogar todas as peças de forma a facilitar o processo de montagem (ver figura 26). 38 . Figura 26: Foto do Tokamak após a retirada dos diagnósticos. Figura 27: Foto do Tokamak onde foram retiradas as treliças e as bobinas. 39 Após a retirada dos diagnósticos pelas equipes responsáveis o pessoal foi redirecionado em grupos para desmontar o tokamak. Sem os diagnósticos, o acesso a máquina foi facilitado e iniciamos as desmontagem pelas treliças de sustentação, seguindo a retirada das bobinas (ver figura 27). Com a retirada das bobinas o vaso onde é formado o plasma ficou livre para ser removido. Com a retirada do vaso outras pequenas peças foram expostas, facilitando a retirada (ver figura 28). Figura 28: Foto do Tokamak totalmente desmontado. Ao retirarmos as bobinas toroidais, tivemos a dimensão dos danos provocados pelo curto circuito (ver figura 29). Com a finalização da desmontagem iniciamos imediatamente os reparos das bobinas danificadas. Algumas bobinas tiveram que ser reconstruı́das e outras, com sistemas de refrigeração danificados, foram reparadas. Cada bobina é formada por um conjunto de quatro bobinas isoladas uma da outra, este conjunto teve que ser desmontado e os isolamentos testados. 40 . Figura 29: Foto de uma das bobinas danificada pelo curto durante os testes com a nova ponte retificadora de corrente. Figura 30: Foto de alguns dos sistemas internos já montados no vaso do Tokamak. a) bobinas de Mirnov; b) Antenas de Alfvèn; c) Dirversor e d) bobinas de loob. 41 A câmara de vácuo foi retirada do sistema e levada a uma indústria para realizar um polimento eletrolı́tico, retirando impurezas acumuladas no interior do vaso. Nestes dez anos em uso, foi sendo depositado nas paredes interna um filme composto basicamente de carbono, ferro e cobre. O carbono é proveniente do diversor e o ferro do próprio vaso, já as impurezas de cobre, indesejáveis para nós, provem das antenas do sistema de aquecimento por ondas Alfvèn. Para remover definitivamente estas impurezas do sistema, estamos aproveitando a parada para substituir as antenas de cobre por antenas confeccionadas em aço inox. Foram gastos sete meses para desmontar, reparar e confeccionar algumas partes do equipamento e foi no inı́cio de novembro de 2010 que iniciamos a montagem do tokamak. Primeiro, trabalhamos na câmara de vácuo fixando os sistemas internos de diagnóstico e monitoramento do plasma (ver figura 30). Figura 31: Foto do posicionamento do vaso no Tokamak. 42 Após o posicionamento dos sistemas internos, iniciamos o teste de vácuo. Nos testes iniciais o vaso apresentou alguns vazamentos localizados em algumas soldas devido ao polimento eletrolı́tico. Sanados os vazamentos e feito o vácuo, já no fim de dezembro de 2010, o vaso foi posicionado no Tokamak (ver figura 31). Atualmente o trabalho continua e a montagem das bobinas toroidais já se encontra quase finalizadas(ver figura 32). Figura 32: Foto da situação atual de montagem do Tokamak 43 8 Análise da Temperatura nos Experimentos de 2009: ITS×ECE Durante o ano de 2009 foram efetuadas aproximadamente 1500 medidas de temperatura no Tokamak TCABR. Durante os experimentos, dois diagnósticos foram empregados para se obter o valor da temperatura eletrônica no interior do Tokamak: o ECE (Diagnóstico por Emissão ciclotrônica de elétrons)[19] e o ITS (Espalhamento Thomson no Infravermelho). Estes dois diagnósticos complementares possuem suas próprias limitações. A densidade eletrônica (< 2, 5 × 1019 m−3 ) e o campo magnético do TCABR, impõem limitações no uso do diagnóstico ECE, criando regiões não acessı́veis à leitura. O ECE consegue medir a temperatura eletrônica ao longo de uma corda que atravesse o plasma radialmente durante todo o tempo de vida do plasma. O ITS está limitado por uma temperatura mı́nima de 50eV . O diagnóstico ITS mede um ponto espacial localizado em um instante definido a priori dentro da régua de tempo do Tokamak. Atualmente, a temperatura eletrônica é obtida no centro da coluna de plasma. O procedimento de calibração do ITS é mais seguro que o procedimento empregado para calibrar o ECE, sendo assim os valores obtidos com o ITS são geralmente utilizadas para aferir o ECE. Nossa análise se concentra no valor da temperatura em um ponto no centro da coluna de plasma, este ponto tem sua localização temporal e espacial definidas pelos diagnósticos. Figura 33: Resultados experimentais para a densidade e temperatura eletrônica no centro da coluna de plasma em descargas ôhmicas no Tokamak TCABR. O primeiro gráfico apresenta a densidade eletrônica versus corrente de plasma. O segundo apresenta a temperatura eletrônica versus corrente de plasma. Os dados para a densidade foram obtidos por interferometria e os dados de temperatura foram medidos com o diagnóstico ECE. A Figura 33 mostra os resultados das medidas de densidade e temperatura eletrônica no centro da coluna de plasma. O gráfico superior mostra a densidade eletrônica versus corrente de plasma, e o gráfico inferior mostra a temperatura dos elétrons contra a corrente de plasma. Os resultados foram divididos em dois grupos: o primeiro grupo corresponde a uma densidade de (1, 00 − 1, 20) × 1019 m−3 (cı́rculos sólidos), e o segundo grupo entre (1, 25 − 1, 45) × 1019m−3 (cı́rculos abertos) . Podemos notar 44 nos gráficos o comportamento da temperatura e da densidade eletrônica na região central do plasma, a linha ajustada mostra que a temperatura eletrônica diminui à medida que aumenta a densidade. Podemos então afirmar que informações apresentadas pelo diagnóstico ECE são consistentes com os resultados esperados. Depois de una análise cuidadosa da temperatura eletrônica medida simultaneamente pelos diagnósticos ECE e ITS, em um número relativamente grande de descargas, encontramos algumas discordâncias entre alguns resultados, e nos perguntamos: O que está acontecendo para que haja uma aparente contradição entre as medidas de temperatura efetuadas por ambos diagnósticos? Para obtermos uma resposta a esta pergunta, análises mais detalhadas dos resultados discordantes foram efetuadas. Iniciamos uma revisão de nossas análises, estudando os resultados experimentais obtidos apenas em descargas ôhmicas. Analisamos cuidadosamente os dados obtidos pelos diagnósticos ECE, ITS, bobinas Mirnov, interferômetro e bobina de loope (ou tensão de enlace). Todas as descargas selecionadas estavam dentro do limites de corte do diagnóstico ECE, ou seja, com densidade na faixa de (1, 0 − 1, 5) × 1019 m−3 . Figura 34: Descarga tı́pica do Tokamak TCABR, disparo 24472 com baixa atividade MHD e disparo 24231 com forte atividade MHD. Os gráficos apresentam os perfis temporais obtidos para a densidade eletrônica (medida por interferometria), corrente de plasma (Bobina de enlace), atividade MHD (bobina Mirnov) e Temperatura eletrônica (ECE). A linha tracejada indicam o acionamento do sistema de espalhamento Thomson (ITS). Na Figura 34, mostramos duas descargas tı́picas: a primeira, sem nenhuma atividade MHD (disparo 24472) e o segundo com uma forte atividade MHD (disparo 24231). A linha pontilhada indica o instante em que o diagnóstico por espalhamento Thomson é acionado (t = 73ms no disparo 24472 e t = 90ms no disparo 24231). Observando a evolução dos perfis temporais dos diagnósticos no disparo 24231, podemos notar claramente que as oscilações MHD, presentes no sinal da bobina Mirnov, resultam em uma diminuição da temperatura do plasma. Este fato é notório no perfil temporal da temperatura eletrônica obtida pelo diagnóstico ECE. Fizemos uma análise de Fourier do sinal temporal do ECE nas duas descargas (figura 35-(a). Nestes gráficos podemos observar a presença da frequência dominante de ≈ 2, 4kHz (e subsequentes harmônicos), esta frequência corresponde à oscilação de dente de serra ( com um fator de segurança q < 1). As oscilações de dente de serra aparecem no disparo 24231 durante a fase de descarga ôhmica (de ≈ 60ms a ≈ 140ms), já no disparo 24472 as oscilações dente de serra aparecem duas vezes, na fase inicial da descarga (em t ≈ 60ms) com duração de aproximadamente 10ms, e na fase final da descarga (t ≈ 110ms) (figura 35-(b ). Em seguida, realizamos a análise espectral de Fourier dos sinais medidos pela bobina de Mirnov nas duas descargas (figura 35-(c ), elas apresentam a existência de um modo 45 dominante com uma frequência de 12, 5kHz a 14kHz. Esta frequência não aparece no espectrograma ECE do disparo 24472. O mesmo não acontece no disparo 24231, onde os sinais ECE e bobina de Mirnov apresentam frequências semelhantes ≈ 12, 5kHz. O sistema de controle do plasma garante que deslocamentos substanciais nas posições horizontal e vertical da coluna de plasma não ocorreram durante este intervalo de tempo. Figura 35: a) Transformada de Fourier dos sinais ECE e bobina de Mirnov, b) espectro de energia obtido com o radiômetro ECE na região central da coluna de plasma e c) espectro de energia medido com a de bobina Mirnov localizada externamente ao plasma. A Figura 36 mostra alguns valores para a temperatura eletrônica em função da densidade média (o valor da densidade foi obtido por interferometria) na região central do plasma. Estas medidas foram realizadas simultaneamente com os diagnóstico ITS e ECE. Na Figura 36-(a, os valores medidos pele ITS e ECE quando não há a ocorrência de atividade MHD estão em bom acordo. O oposto ocorre quando há uma forte atividade MHD, o que está evidente na Figura 36-(b. Ao analisarmos a temperatura do conjunto de descargas obtidas no ano de 2009, encontramos algumas discrepâncias entre os valores de temperatura eletrônica obtidos simultaneamente com os 46 diagnósticos ECE e ITS. A partir de um estudo detalhado dos resultados, concluı́mos que os valores discordantes foram obtidos em plasmas que apresentaram uma forte atividade MHD e esta atividade pode ser observada no espectro de frequência e no perfil temporal da temperatura eletrônica obtido pelo radiômetro ECE. Figura 36: (a) Valores para a temperatura eletrônica versus a densidade para plasmas sem atividade MHD. (b) Valores para a temperatura eletrônica versus a densidade para plasmas com forte atividade MHD. Os quadrados sólidos representam os valores obtidos com o radiômetro ECE e os cı́rculos sólidos a temperatura obtida pelo ITS. As barras de erros para a temperatura para os dois diagnósticos são da ordem de 10%. Um fato que não podemos deixar de mencionar é que os diagnósticos ECE e ITS estão posicionados ao longo da direção toroidal com uma diferença angular de ≈ 120graus, logo os diagnósticos observam regiões distintas do plasma. Outros fatores importantes são, a resolução temporal e o volume de plasma observado por cada diagnóstico: O ITS observa um volume de 0, 13cm3 durante 50ns, já o ECE observa um volume de 6, 46cm3 durante 10µs. Destes parâmetros podemos afirmar que a temperatura medida pelo ITS é instantânea, enquanto o valor para a temperatura obtido com o ECE é formado de uma média temporal e espacial. O ECE observa a radiação emitida por um volume ≈ 50 vezes maior que o volume observado pelo ITS e durante um intervalo de tempo ≈ 200 vezes maior. Estes fatos colaboram para que os diagnósticos apresentem diferentes resultados durante a atividade MHD onde o plasma apresenta grandes flutuações. 47 9 Conclusão Durante os três anos de execução do projeto, implementamos o sistema de espalhamento Thomson no TCABR, um sistema de diagnóstico, reconhecidamente complexo e difı́cil. Obtivemos com o sistema de diagnóstico Thomson do TCABR excelentes resultados, que podem ser visto nas diversas comunicações apresentadas a comunidade cientifica internacional através de artigos em revistas especializadas ou na leitura deste e do relatório anterior. Com a parada do tokamak nos esforçamos para analisar todos os dados já obtidos e preparar um melhoramento do sistema; para ampliar o número de pontos observados; possibilitar a medida da densidade, além da temperatura já obtida, e aumentar a precisão das medidas. Todos estes melhoramentos já se encontram em andamento e logo serão implantados no diagnóstico por espalhamento Thomson do TCABR. Além das atividades ligadas diretamente ao projeto, ajudamos nos reparos da máquina e no desenvolvimento de sistemas que irão complementar o diagnóstico Thomson a obter um perfil radial da temperatura do plasma. 10 10.1 Produção Cientı́fica Artigos Comparative electron temperature measurements of Thomson scattering and electron cyclotron emission diagnostics in TCABR plasmas ALONSO, M. P., FIGUEIREDO,A. C. A., BORGES, F. O., ELIZONDO J. I., GALVÃO, R. M. O., SEVERO, J. H. F., USURIAGA, O. C., BERNI, L. A., and MACHIDA, M. REVIEW OF SCIENTIFIC INSTRUMENTS, v.81, p. 10D529-1, 2010. Extended analysis of the Kr V spectrum REZENDE D. C. J., BORGES, F. O., CAVALCANTI, G. H., RAINERI, M., GALLARDO, M., J. REYNA ALMANDOS , TRIGUEIROS, A. G. Journal of Quantitative Spectroscopy and Radiative Transfer. , v.111, p.2000, 2010. Reconstruction activities and first results from the Thomson scattering diagnostic on the TCABR tokamak. ALONSO,M. P., FIGUEIREDO, A. C. A., BORGES, F. O., LEONARDO, J., ELIZONDO,J. I., SEVERO, J. H. F., USURIAGA, O. C., SANADA, E. K. ,GALVO, R. M. O., BERNI, L. A. and MACHIDA, M. In: 14th International Symposium on Laser-Aided Plasma Diagnostics (LAPD14), Italy, Journal of Physics: Conference Series 227 (2010) 012027. Analysis of the electron temperature measurement in TCABR Tokamak by Electron Cycloton Emission and Infrared Thomson Scattering Diagnostic USURIAGA, O. C., BORGES, F. O., ELFIMOV, A. G., DA SILVA, R. P., ONO, M. H., PUGLIA, P. G. P. P., ALONSO, M. P., SEVERO, J. H. F., NACSCIMENTO, I. C., SANADA, E. K., DE SÁ, W. P., GALVO, R. M. O.,AND ELIZONDO,J. I. Journal of Physics: Conference Series (JPCS), submetido. Thomson Scattering in TCABR: Temperature Procedure Determination and Error Calculation BORGES, F. O., ALONSO, M. P., BERNI, L. A., ELIZONDO J. I., FIGUEIREDO, A. C. A., GALVÃO, R. M. O., MACHIDA, M., NACSCIMENTO, I. C., SANADA, E. K. , SEVERO, J. H. F., USURIAGA, O. C., and VARANDAS, C. A. F. Review of Scientific Instruments, a ser submetido. 48 11 Agradecimentos Expresso aqui, minha sincera gratidão para todas as pessoas que me ajudaram durante esta jornada e pela confiança depositada. Expresso minha gratidão ao Prof. Ricardo Magnus Osório Galvão pelo convite para fazer parte deste projeto e pelo apoio recebido durante o desenvolvimento. Aos meus amigos do Laboratório de Fı́sica de Plasmas da Universidade de São Paulo, meus agrade cimentos por me receber em suas instalações, pela amizade e a ajuda do dia-a-dia. Deixo também, meus agradecimentos aos professores Carlos Varandas e Manuel Peres Alonso do Instituto de Plasma e Fusão Nuclear do IST de Portugal pelo empréstimo de grande parte do material usado, pela ajuda e apoio na execução do projeto. Meus agradecimentos ao Prof. Luı́s Ângelo Berni do Laboratório Associado de Plasma do INPE, por sanar minhas muitas dúvidas sobre espalhamento Thomson e pela ajuda com as simulações. Agradeço ao Prof. Munemasa Machida do Laboratório de Plasma da Unicamp, pela ajuda em localizar empresas e fabricantes para algumas peças importantes do diagnóstico. Por fim, meus agradecimentos a FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo suporte financeiro dado à realização deste projeto. 12 Referências [1] - Eletron Cycloton Emission Simulation from TCABR Plasma, E. H. Lyvio and P. R. de S. Rosa, Brazilian Journal of Physics, 34, 1602 (2004). [2] - Multipoint Thomson Scattering Diagnostic for the TCABR Tokamak with Centimiter Spatial Resolution, M. P. Alonso et al., Plasma and Fusion Science, 996, 192, 2008. [3] - A multipoint Thomson scattering diagnostic for the tokamak ISTTOK, M. P. Alonso et. al., Review of Scientific Instruments, 70, 783, 1999. [4] Stray light analysis for the Thomson scattering diagnostic of the ETE Tokamak, L. A. Berni and B. F. C. Albuquerque, Review of Scientific Instruments, 81, 123504, 2010. [5] - The Frascati Tokamak Upgrade Thomson scattering system: The optical and spectral analysis equipments , P. Pizzolati et. al., Review of Scientific Instruments, 63, 4403, 1992. [6] - Design and Calibration of a Polychromator for the Thomson Scattering at Wendelstein 7-X, S. Schmuck et al., AIP Conf. Proc.993, 195, 2008. [7] - Plasma Scattering of Electromasgnetic Radiation, John Sheffield, Academic Press, Landon, 1975. [8] - Espalhamento Thomson no Toróide Compacto TC-1, Tese de Doutoramento: Luiz Ângelo Berni, Universidade de Campinas, 1996. [9] Diagnósticos Ópticos do Tokamak ISTTOK, Tese de Doutoramento: Manuel Peres Alonso, Instituto de Pesquisa e Fusão Nuclear, Instituto Superior Técnico, Portugal, 2002. 49 [10] - Data Sheet, FILTER CHARATERISTIC, ORIEL Instruments. [11] - Thomson Scattering System for the Diagnosis of the ETE Spherical Thokamak Plasma, L. A. Berni et. al., Review of Scientific Instruments, 74, 1200, 2003. [12] Fı́sica de Plasma, C. L. Abraham, L. Chian and M.F. Reusch, Editora da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1970. [13] - Thomson scattering density calibration by Rayleigh and rotational Raman scattering on NSTX, B. P. LeBlanc, Review of Scientific Instruments, 79, 10E737, 2008. [14] - Laser Rayleigh scattering, R. B. Miles et al., Measurement Science and Technology, 12, R33, 2001. [15] - Rayleigh Scattering of Ruby-Laser Light by Neutral Gases, R.R. Rudder and D. R. Bach, JOURNAL OF THE OPTICAL SOCIETY OF AMERICA, 58, 1260, 1968. [16] - Rotational Raman calibration of Thomson scattering, J. Howar et al., JournalofPhysics D:Applied Physics, 12, 1435, 1979. [17] - Absolute calibration of LIDAR Thomson scattering systems by rotational Raman scattering, R. Scannell et al., Review of Scientific Instruments, 81, 045107, 2010. [18] - Cross section for the Raman effect in molecular nitrogen gas, H. A. Hyatt et al., JOURNAL OF THE OPTICAL SOCIETY OF AMERICA, 63, 1604, 1973. [19] Emissão Eletrociclotrônica no Tokamak TCABR: Um Estudo Experimental, Tese de Doutoramento, A. M. M. Fonseca, Universidade de São Paulo. 50