Decida buscar o Senhor - Pr. Valter Vandilson

Decida buscar o Senhor
Textos bíblicos: 2º Reis 22.8, 10-11; 23.1-3 e 24-25:
8. Então, disse o sumo sacerdote Hilquias ao
escrivão Safã: Achei o Livro da Lei na Casa do
Senhor. Hilquias entregou o livro a Safã e este o
leu.
(...)
10. Relatou mais o escrivão Safã ao rei, dizendo:
O sacerdote Hilquias me entregou um livro. E Safã
o leu diante do rei.
11. Tendo o rei ouvido as palavras do Livro da Lei,
rasgou as suas vestes. (2º Reis 22.8, 10 e 11 –
ARA)
(...)
1. Então, deu ordem o rei, e todos os anciãos de
Judá e de Jerusalém se ajuntaram a ele.
2. O rei subiu à Casa do Senhor, e com ele todos
os homens de Judá, todos os moradores de
Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o
povo, desde o menor até ao maior; e leu diante
deles todas as palavras do Livro da Aliança que
fora encontrado na Casa do Senhor.
3. O rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança
ante o Senhor, para o seguirem, guardarem os
seus mandamentos, os seus testemunhos e os
seus estatutos, de todo o coração e de toda a
alma, cumprindo as palavras desta aliança, que
estavam escritas naquele livro; e todo o povo
anuiu a esta aliança. (2º Reis 23.1-3 – ARA)
(...)
24. Aboliu também Josias os médiuns, os
feiticeiros, os ídolos do lar, os ídolos e todas as
abominações que se viam na terra de Judá e em
Jerusalém, para cumprir as palavras da lei, que
estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias
achara na Casa do Senhor.
25. Antes dele, não houve rei que lhe fosse
semelhante, que se convertesse ao Senhor de
todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de
todas as suas forças, segundo toda a Lei de
Moisés; e depois dele, nunca se levantou outro
igual. (2º Reis 23.24-25 – ARA)
Os textos lidos são excertos do relato que retrata a situação espiritual em que se
encontrava a nação de Judá e as consequências dessa situação.
O Rei Josias tinha assumido o reinado da nação aos oito anos de idade. Ele era
neto do rei Manassés – um homem idólatra, que provocou a ira de Deus. Para se
ter uma ideia, a Bíblia narra que Manasses “queimou a seu filho como sacrifício,
adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e tratava com médiuns e feiticeiros” (2º
Reis 21.6), e acrescenta que ele “derramou muitíssimo sangue inocente, até
encher Jerusalém de um ao outro extremo, afora o seu pecado, com que fez pecar
a Judá, praticando o que era mau perante o Senhor.” (2º Reis 21.16).
Após a morte de Manassés, o pai de Josias (Amom) assumiu o trono e reinou por
dois anos sobre Judá e, segundo o relato bíblico, “andou em todo o caminho em
que andara seu pai, serviu os ídolos a que ele servira e os adorou.” (2º Reis
21.21).
Os servos de Amom conspiraram contra ele e o assassinaram. Mas o povo matou
os conspiradores e constituiu Josias como rei, conforme se depreende da leitura
dos textos constantes em 2º Reis, capítulo 21, versículos 23 e 24.
Foi nesse contexto que Josias, com apenas oito anos de idade, tornou-se rei de
Judá.
Como rei, Josias foi capaz de empreender grandes mudanças na vida espiritual da
nação, ao ponto de a Bíblia relatar, como lemos no início, que:
Antes dele, não houve rei que lhe fosse
semelhante, que se convertesse ao Senhor de
todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de
todas as suas forças, segundo toda a Lei de
Moisés; e, depois dele, nunca se levantou outro
igual – 2º Reis 23:25 - ARA
A pergunta a ser feita é: o que levou Josias – descendente de homens tão maus –
a ser essa referência de servo do Senhor?
Se perlustrarmos o relato da vida dele, com o mínimo de cuidado necessário,
veremos que as mudanças na vida espiritual da nação, empreendidas por ele,
foram motivadas por alguns fatores bem claros:
1) Josias foi despertado pela Palavra do Senhor - Segundo o relato bíblico o
escrivão do rei – Safã – contou a Josias que o sacerdote havia encontrado o livro
da Lei, durante os reparos feitos no templo, e leu o que estava escrito diante do rei
(2º Reis 22.10).
A Palavra de Deus é a única capaz de nos confrontar, de nos mostrar onde
estamos errando, e, ainda, mostrar o caminho a ser trilhado.
2) Josias se incomodou com a situação espiritual da nação (“Tendo o rei
ouvido as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes” [2º Reis 22.11]) – Não
existem mudanças quando não temos a capacidade de indignação, de nos deixar
incomodar com a situação com a qual nos deparamos.
3) Josias havia tomado uma decisão anterior que proporcionaria as demais –
Embora essa decisão, didaticamente, esteja elencada, neste sermão, como a
terceira, ela é, na verdade a principal. A Bíblia relata que no oitavo ano de seu
reinado, ou seja, ainda na adolescência, Josias buscou a Deus. Observe:
“Tinha Josias oito anos de idade quando começou
a reinar e reinou trinta e um anos em Jerusalém.
Fez o que era reto perante o Senhor, andou em
todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou
nem para a direita nem para a esquerda. Porque,
no oitavo ano de seu reinado, sendo ainda
moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu
pai...” (2º Crônicas 34.1-3) – o destaque não
consta no original.
Está aí a razão principal da vida bem sucedida de Josias. A decisão mais
importante que alguém que quer ter sucesso em seu ministério, seus projetos
pessoais, sua família, seus negócios etc., deve tomar, é a de buscar o Senhor.
É essa decisão que propicia a indignação, o inconformismo, o incômodo, diante de
situações esdrúxulas (que, para muitos, por estarem distantes do Senhor, são
normais); ela nos faz depender totalmente de Deus; ela nos faz desejar as
mudanças que precisam ser empreendidas.
Foi essa decisão que fez de Josias um homem que, “Antes dele, não houve rei
que lhe fosse semelhante, que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e
de toda a sua alma, e de todas as suas forças, segundo toda a Lei de Moisés.”.
É importante, no entanto, trazermos à baila dois fatos que são de extrema
relevância para a vida de quem busca edificação espiritual para si próprio e para
os que dele (desse alguém) se cercam:
1) O primeiro deles é que Josias não teve maus exemplos para seguir – O avô
dele – Manassés – reinou por cinquenta e cinco anos em Judá e todos os atos
maléficos praticados por ele não foram vistos por Josias, pois quando Manassés
morreu, ele – Josias – tinha apenas seis anos de idade.
O pai dele – Amom – reinou por apenas dois anos e, como vimos, Josias assumiu
o trono logo em seguida, com apenas oito anos. Esses fatos, como dito, foram
relevantes para o sucesso de Josias, pois ele não foi “treinado” por seus
antepassados para governar.
Assim, ele precisava da orientação do Senhor, pois diante da sua inexperiência
em governar, teve que se socorrer do Eterno. Importante dizer, também, que ele
estava cercado de pessoas que temiam a Deus, como o sacerdote Hilquias e o
escrivão Safã.
Se quisermos ser pessoas que influenciam positivamente os que nos cercam,
inclusive, os filhos, para que eles não sigam caminhos errados (como fez amom,
que “fez o que era mau perante o Senhor, como fizera Manassés, seu pai [2º Reis
21.20]), devemos tomar a decisão de buscar o Senhor. Isto nos edificará
espiritualmente e servirá de exemplo positivo para os nossos descendentes.
2) O segundo deles é que Josias, embora tenha sido um bom exemplo,
também falhou em ouvir Deus – O segundo livro das Crônicas relata que Josias
resolveu guerrear com o Faraó Neco e este lhe disse que não queria guerra com
ele, mas sim, contra os que estavam lhe ameaçando. Ocorre que Josias não lhe
deu ouvidos. Observe o relato, ipsis litteris:
“Porém Josias não tornou atrás; antes, se
disfarçou para pelejar contra ele e, não dando
ouvidos às palavras que Neco lhe falara da parte
de Deus, saiu a pelejar no vale de Megido.” 2º
Crônicas 35.22 – o destaque não consta no
original
Mesmo os homens mais piedosos sucumbem diante dos seus próprios desejos.
Ao invés de ouvir o Senhor, Josias ouviu o seu próprio coração. Resultado: foi
assassinado pelo Rei Neco.
Isto, obviamente, não elimina os feitos de Josias, nem o seu bom exemplo como
homem piedoso. Tanto que a Bíblia afirma que nem antes, nem depois dele,
houve homem que buscasse a Deus de todo o seu coração e de toda a sua alma
e com todas as suas forças.
No entanto, tal fato nos ensina que, enquanto vivermos, não devemos, nem
podemos relaxar. Devemos, sempre, buscar o Senhor e não cessar de ouvi-lo.
Não podemos tomar decisões automáticas; aquelas do tipo: “já sei como fazer!”;
ou “isso eu tiro de letra!”.
Devemos decidir buscar o Senhor, ouvi-lo sempre e andar em seus caminhos, em
detrimento (para o nosso bem), dos nossos desejos, pois, como ensina a Bíblia
Sagrada, “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em
caminhos de morte” (Provérbios 14.12).
Se decidirmos segui-lo, sempre, não apenas seremos bem sucedidos no ano que
se inicia, mas em toda a nossa vida.
Sejam abençoados.
Pr. Valter Vandilson Custódio de Brito