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UNIVERSADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS Investigação da banda de absorção CH3-rocking do 13CH3OH Otávio Pupim Pizoletto ILHA SOLTEIRA – SP 2001 DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS Investigação da banda de absorção CH3-rocking do 13CH3OH Otávio Pupim Pizoletto Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciência dos Materiais como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciência dos Materiais Orientador: João Carlos Silos Moraes ILHA SOLTEIRA – SP 2001 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família que é o motivo da minha vida: minha esposa Rosely e meus filhos Júlio César, Vítor Hugo e Bruno Henrique. MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE OTÁVIO PUPIM PIZOLETTO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS, UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” – CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA, EM 30 DE JULHO DE 2001. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. João Carlos Silos Moraes Orientador Prof. Dr. Daniel Pereira Instituto de Física – UNICAMP Prof. Dr. Keizo Yukimitu DFQ – UNESP – Câmpus de Ilha Solteira AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. João Carlos Silos Moraes pelo convite e oportunidade de, sob sua orientação, realizar este trabalho. Pela sua paciência e dedicação ao ensinar. Aos professores de todo o Departamento de Física e Química que de uma maneira ou de outra contribuíram para o meu crescimento. Aos funcionários da secretaria do Departamento de Física e Química e da secretaria da pós-graduação que em nenhum momento faltaram com sua atenção. Aos funcionários da biblioteca pela cooperação e dedicação. Aos meus colegas Rose, Cleoniza e Nagami pela convivência agradável, incentivadora, enriquecedora. À minha esposa Rosely e aos meus filhos Júlio César, Vítor Hugo e Bruno Henrique pelo incentivo, compreensão e tolerância em mais uma etapa de minha vida. RESUMO O principal objetivo de nosso trabalho é a análise sistemática da banda rotovibracional CH3 rocking de absorção da molécula 13 CH3OH. Para tanto, utilizamos espectros a transformada de Fourier de alta resolução de 950 a 1250 cm-1 e um programa computacional específico, intitulado Ritz, que identifica os números quânticos e avalia a energia dos níveis de energia envolvidos nas transições de absorção. O principal interesse é o melhor entendimento espectroscópico da molécula. Além disso, buscamos disponibilizar um número cada vez maior de assignment (identificação dos números quânticos envolvidos em uma transição) de linhas de absorção do metanol e isótopos devido sua importância na identificação, pelos astrofísicos, das radiações oriundas do espaço interestelar. Descrevemos o procedimento adotado na análise dos espectros de absorção e os resultados associados a nossa contribuição, no trabalho de assignment de transições IV do isótopo 13CH3OH. Apresentamos também os resultados obtidos, como conseqüência da investigação do espectro de absorção, na identificação dos números quânticos de níveis de energia envolvidos em transições ciclo laser IVL (absorção IV e de emissões laser IVL). Este trabalho conta com a colaboração de grupos de universidades nacionais e estrangeiras e, com o apoio financeiro do CNPq e FAPESP. ABSTRACT The main goal of our work is a systematic investigation of the CH3 rocking absorption vibracional band of molecule 13CH3OH. For so much, we have been using high resolution Fourier transform spectra and a specific computational program, entitled Ritz. This program determines the quantum numbers and the energy of each level involved in absorption transitions. Our main interest is to obtain a better spectroscopic understanding of molecule. Besides, as the assignment of methanol and isotopes spectrum is also of great interest of astrophysics, is also our goal increase the number assigned absorption lines. We describe the adopted procedure and the results obtained from the absorption spectrum analysis. As a consequence of the absorption spectrum investigation, we report also the results obtained in the assignment of transitions involved in a cycle laser FIR (IR absorption and FIR laser emissions). This work has the collaboration of national and foreign universities groups and, it is supported by FAPESP and CNPq. PUBLICAÇÕES MORAES, J.C.S., PIZOLETTO, O.P., SCALABRIN, A., ALLEN, M.D., EVENSON, K.M., Investigation of 13 CH3OH methanol: new laser lines and assignments. Applied Physics B, 72, p. 241-244, 2001. PIZOLETTO, O.P. e MORAES, J.C.S., Análise do espectro de absorção de bandas vibracionais CO – stretching do 13 CH3OH. XXIV Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada de São Lorenço – MG, p 52, 2001. SUMÁRIO Página BANCA EXAMINADORA........................................................................... i AGRADECIMENTOS................................................................................. ii RESUMO................................................................................................... iii ABSTRAT.................................................................................................. iv PUBLICAÇÕES......................................................................................... v SUMÁRIO.................................................................................................. vi ÍNDICE DE TABELAS................................................................................ vii ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................ viii 1 – INTRODUÇÃO..................................................................................... 1 2 – ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 – Introdução.............................................................................. 3 2.2 – A Molécula de Metanol........................................................... 3 2.3 – Pião Simétrico......................................................................... 4 2.4 – Modelo Vibro-roto-torcional.................................................... 7 2.4.1 – Vibração.................................................................... 8 2.4.2 – Rotação..................................................................... 11 2.4.3 – Torção....................................................................... 14 2.4.4 – Perturbação............................................................... 16 2.5 – Regras de Seleção................................................................. 18 2.6 – Notação dos Níveis................................................................. 19 3 – DETALHES DO ESPECTRO............................................................... 20 4 – PROCEDIMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DE LINHAS DE ABSORÇÃO......................................................................................... 22 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 25 6 – CONCLUSÃO ..................................................................................... 36 BIBLIOGRAFIAS ....................................................................................... 37 ANEXO (Trabalhos Publicados) ................................................................ 40 ÍNDICE DE TABELAS Página Tabela 1 – Dados da estrutura molecular 3 Tabela 2 – Freqüências de oscilações dos modos vibracionais do CH3OH 8 Tabela 3 – Parâmetros moleculares para o 13CH3OH nos estados fundamental e estiramento CO 14 Tabela 4 – Coeficientes de Taylor dos níveis de energia associados as bandas vibracionais CH3 rocking e CO stretch 30 Tabela 5 – Freqüências das transições Q ocorrendo entre os níveis (0, 8, J)gr e (0, 8, J)ri Tabela 6 – Assignments de transições laser IVL do 13CH3OH 31 33 ÍNDICE DE FIGURAS Página Figura 1 – Estrutura do metanol 3 Figura 2 – Pião simétrico 5 Figura 3 – Esquema dos níveis de energia e freqüências observadas do espectro infravermelho do pião simétrico 6 Figura 4 – Modos vibracionais da molécula metanol 9 Figura 5 – Potencial inter-atômico 10 Figura 6 – Diagrama dos níveis de energia de um determinado modo Vibracional 11 Figura 7 – Diagrama dos níveis de energia para o rotor simétrico 12 Figura 8 – Estrutura da banda vibracional CO stretching 20 Figura 9 – Espectro de média resolução das bandas vibracionais CO Stretching e CH3 rocking 21 Figura 10 – Ajuste teórico de uma linha experimental com três funções sinc 24 Figura 11 – Linhas de absorção pertencentes a uma série Q ocorrendo entre os grupos de níveis (0, 4, J)gr e (0, 4, J)ri 25 Diagrama 1 26 Diagrama 2 27 Diagrama 3 28 Figura 12 – Diferença de energia ΔE(J) = E(ri,0,8,J) – E(co,1,3,J) entre grupos de níveis pertencentes a simetria A Figura 13 – Sistema laser bombeado pela linha 9P60 do CO2 30 34 I - INTRODUÇÃO Desde o pioneiro trabalho de Borden e Barker [1] em 1938 e de Koehler e Dennison [2] em 1940, tem sido uma constante o interesse na investigação teórica e experimental da espectroscopia da molécula metanol. Pelo fato da molécula ser levemente assimétrica e capaz de apresentar um movimento de rotação interna, sua estrutura de níveis de energia é extremamente complexa. Por isso ela é considerada como a mais complicada das moléculas simples. O seu espectro tem sido objeto de extensos estudos nas regiões de microondas, infravermelho longínquo (IVL) e infravermelho (IV) do espectro eletromagnético. Estes estudos têm proporcionado uma grande quantidade de dados de alta precisão, conseguidos através de técnicas como: Espectroscopia à transformada de Fourier, de absorção e emissão saturada, fotoacústica e stark. A técnica de bombeamento optico [3] tem despertado grande interesse prático pela espectroscopia da molécula. As suas aplicações permitiram mostrar que o metanol juntamente com suas espécies isotópicas constituem as mais ricas e eficientes fontes de radiação coerente na região do IVL. Este fato é devido à excelente superposição do modo vibracional de estiramento C-O com linhas laser do CO2 e, principalmente, ao rico e complexo espectro roto-vibracional. O interesse maior deveu-se a uma utilização cada vez maior de linhas laser IVL, de alta potência, para estudos em áreas como: espectroscopia atômica e molecular, algumas vezes determinantes para o assignment (identificação dos números quânticos envolvidos numa transição) dos níveis de energia envolvidos na ação laser IVL; física da matéria condensada, do plasma e da atmosfera. Há também aplicação industrial na identificação de falhas em isolação de cabos de alta voltagem. Na astrofísica, o interesse deve-se à descoberta de metanol no espaço interestelar [4-5]. Um entendimento básico da estrutura de níveis de energia desta molécula envolveu estudos de Dennison [6] e seus colaboradores. Os esforços consistiam em exprimir os níveis de energia como função dos momentos e produtos de inércia, junto com a altura da barreira de potencial senoidalmente amortecida. Com a ajuda de um espectro de ondas milimétricas e dados disponíveis na região do IV, Lees [7] pode analisar um conjunto de parâmetros moleculares do metanol aplicando a teoria de Kirtman [8]. Posteriormente, estes mesmos parâmetros foram obtidos com maior precisão por Kwan e Dennison [9] ao analisarem um espectro IV de precisão média, em torno de 1000 cm-1, do CH3OH e seus isótopos, medido por Woods [10]. Um salto importante na investigação sistemática de espectros de absorção a transformada de Fourier foi dado com a utilização de novos procedimentos e com o desenvolvimento de espectrômetros de altíssima resolução. Contribuições importantes foram dados pelos pesquisadores R.M. Lees [7] e Li-Hong Xu [11], ambos do Canadá, I. Mukhopadhyay (India) [12], G. Moruzzi (Pisa) [13] e J.C.S. Moraes [14]. Através de procedimentos diferentes, basicamente dois, eles investigaram espectros de absorção IV e IVL, mais especificamente na região de 25 a 1250 cm-1, identificando milhares de transições do CH3OH [13], CD3OH [15], 13 CD3OH [11,16-17], CH3OD [12], CH318OH [18] e 13CH3OH [14]. Aqui, apresentaremos os resultados obtidos da análise sistemática da banda vibracional CH3-rocking da espécie isotópica 13 CH3OH, utilizando espectros de absorção a resolução 2.10-3 cm-1 e um programa computacional intitulado Ritz [15] (desenvolvido por G. Moruzzi). Apresentaremos também, o modelo mais completo existente que descreve a Hamiltoniana para moléculas tipo metanol e o procedimento utilizado na identificação de transições de absorção. Por fim, apresentaremos alguns resultados obtidos na identificação de transições laser IVL, o qual só foi possível após um determinado momento de nossa investigação sistemática dos espectros de absorção. II - ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Introdução Neste capítulo descreveremos os conceitos teóricos básicos necessários à uma melhor compreensão da molécula de metanol. Inicialmente faremos uma breve descrição físico-química da molécula. Em seguida, apresentaremos um estudo do Pião Simétrico. Posteriormente apresentaremos o Modelo Vibro-roto-torcional, que é o modelo mais completo na determinação dos níveis de energia de moléculas tipo metanol. Por último apresentaremos as Regras de Seleção para transições IV e IVL e a notação adotada neste trabalho para representação dos níveis de energia. 2.2 A Molécula de Metanol O metanol é um álcool, também conhecido como metílico, cuja molécula é composta por seis átomos (CH3OH). Nas condições normais de temperatura (25ºC) e pressão (1atm) apresenta-se no estado líquido, incolor, volátil, tóxico e inflamável. Ele é utilizado como solvente, reagente químico, e largamente como combustível. Sua molécula, embora simples, apresenta uma estrutura de equilíbrio levemente assimétrica, como mostra a Figura 1, cujo dados estruturais são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 H Dados da estrutura molecular [19] O Distância C-H Distância O-H Distância C-O Ângulo HCH Ângulo COH Inclinação do metil em relação a C-O a c C H 1.0936 Å 0.9451 Å 1.4246 Å 108o 38’ 108o 32’ 3o 16’ b H H Fig. 1: Estrutura do Metanol Para efeito de estudos ela é considerada como um pião simétrico constituído pelas partes: (1) o radical metil ou metílico (CH3) que possui uma simetria em relação ao plano que contém um átomo de hidrogênio e o átomo de carbono, o qual é perpendicular ao plano que contém os três átomos de hidrogênio. O grupo metílico possui ainda um eixo de simetria passando pelo átomo de carbono e perpendicular ao plano formado pelos três hidrogênios; (2) o radical hidroxílico OH, caracterizando a função álcool, apresenta um grau de liberdade associado com a rotação interna impedida dele em relação à estrutura do grupo metílico. A rotação interna impedida deve-se à interação entre os átomos de hidrogênio dos grupos metílico e hidroxílico. Isto significa que ela é triplamente impedida, com um período de 2π , sob influência de uma barreira de potencial determinada pelo grupo metílico, 3 com altura de aproximadamente 370 cm-1, no estado vibracional fundamental [19] . O eixo de quase simetria da molécula é perpendicular ao plano determinado pelos átomos de hidrogênio do grupo metílico, passando pelo átomo de carbono e formando um ângulo aproximado de 3º16’ com a ligação C – O e distante 0,079Å do átomo de oxigênio (Fig. 1). A molécula apresenta ainda duas componentes de dipolo elétrico permanente, uma paralela (μ//=0.9 Debye1) e uma perpendicular (μ⊥=1.4 Debye) ao eixo de quase simetria. 2.3 Pião Simétrico A molécula toda, para efeitos de estudos, é considerada como um pião simétrico constituído pelas partes: o grupo hidroxílico OH e o grupo metílico CH3. O pião simétrico é um sistema constituído por duas partículas de massas m1 e m2 ligadas por uma barra rígida de comprimento d, com r1 e r2 sendo as distâncias de m1 e m2 ao centro de massa G, respectivamente (Fig. 2.a) [20]. Considera-se o sistema girando ao redor de um eixo passando pelo centro de massas, com velocidade angular ω = 2πν rot . O momento de inércia do pião é dado por I = μd 2 , onde μ = m1 ⋅ m2 é m1 + m2 conhecido como massa reduzida do sistema e d = r1 + r2 . A energia do sistema é puramente cinética (rotacional), pois não havendo 1 1 Debye = 3.33564 10-30 Cm variação da energia potencial, esta pode ser igualada a zero. Portanto: T = 1 2 Iw 2 z m2 θ d m1 G r1 m2 r2 φ m1 y x (a) (b) Fig. 2: (a) Eixo (linha tracejada) passando pelo centro de gravidade G, usado para calcular o momento de inércia de um pião simétrico. (b) Sistema de coordenadas para o pião simétrico. Classicamente, não há restrição quanto a velocidade angular e, consequentemente, qualquer energia rotacional seria possível, em contradição com a observação experimental. Para resolver este problema, uma solução é aplicar ao modelo clássico a quantização do momento angular Iω = Jh = J h , onde J (=0,1,2,...) é o número 2π quântico rotacional. Esta solução leva ao valor da energia [20] do sistema EJ = h2 2 h2 J = 2 J2 2I 8π I (1) Por outro lado, utilizando a mecânica quântica, tem-se que encontrar os autovalores da energia e as respectivas funções de onda para a equação de Schrödinger ⎛ 2μ ⎞ ∇2Ψ + ⎜ ⎟ EΨ = 0 ⎝ h ⎠ Como resultado obtêm-se EJ = h2 8π 2 I J ( J + 1) com J = 0,1,2... (2) Ao compararmos (1) e (2), concluímos que o mesmo resultado seria obtido da equação clássica se tomarmos o valor quantização do momento angular. [J (J + 1)] 1 2 h , em vez de Jh , para a As autofunções terão a forma Ψ = YJM (θ , φ ) , que dependem do número quântico rotacional J e do número quântico M , onde Mh é a componente do momento angular total ao longo do eixo z, com origem no centro de massa G do sistema. O valor de M varia desde – J até + J passando por zero. A atividade no infravermelho se verifica quando há variação no momento de dipolo permanente do sistema de partículas, de modo que absorção ou emissão ocorre somente quando ΔJ = ±1 . Há uma regra de seleção para ΔM ( = 0,±1 ) mas só precisa ser considerada na presença de campo elétrico ou magnético. As freqüências (em cm–1) das linhas do espectro puramente rotacional são aproximadamente _ ν= onde B ' = E J +1 − E J = 2 B ' ( J + 1) hc h h = 4πcI 8π 2 cI (3) é chamada constante rotacional e tem o valor 27.99 × 10 −40 I para I expresso em g.cm2. Na Fig. 3 são esquematizados os níveis, as transições permitidas e o tipo de espectro observado. Observa-se que as transições permitidas envolvem diferenças de energia (cm–1) de 2B' , 4B' , 6 B' , etc., e o espectro consiste de multipletos igualmente espaçados de 2B' , estando a primeira linha situada em 2B' cm–1. No caso de uma molécula composta de mais de 2 átomos, como o metanol, mais termos aparecem na equação que descreve os autovalores de energia dos níveis, pois outros movimentos, tais como, vibração e torção envolvendo os átomos e interações entre eles devem ser levados em consideração. J EJ 4 20B' 3 12B' 2 6B' 1 0 2B' 0 2B' 2B' 0 (a) 2B' 2B' 2B' 4B' 6B' cm-1 8B' (b) Fig. 3: (a) Esquema dos níveis de energia e (b) freqüências observadas do espectro no infravermelho. 2.4 Modelo Vibro-roto-torcional Num estudo completo da molécula de metanol, com a finalidade de identificar todos os números quânticos associados aos níveis de energia das transições de absorção IV e IVL, e de emissão no IVL, utiliza-se um espectro calculado através do modelo vibro-roto-torcional para moléculas desse tipo. Nele, a molécula é considerada como um pião simétrico, constituído de duas partes, uma representando o grupo metílico e outra o hidroxílico, apresentando movimentos de vibração de seus átomos, de rotação total da molécula e de rotação impedida do grupo hidroxílico em relação ao metílico. Como se pode notar, a preocupação é analisar os efeitos das interações e movimentos dos átomos como partículas, já que os efeitos eletrônicos não dão nenhuma contribuição para a absorção no IV e no IVL. Para escrever a Hamiltoniana, um sistema de eixos é escolhido de modo que o eixo a coincide com o eixo de simetria do grupo metílico, o eixo b está no plano COH e o eixo c é perpendicular a este plano (ver figura 1, página 3). Dessa forma, a Hamiltoniana da molécula é escrita como: o o o ' H total = H VIBR + H RS + H To + H PERT o onde: H VIBR o H RS descreve a contribuição da vibração pura; descreve a contribuição da rotação total da molécula como um pião simétrico; H To descreve a contribuição da torção (rotação dos grupos OH e CH3, um em relação ao outro); ' H PERT descreve a contribuição associada aos efeitos de perturbação devido a: distorção centrífuga torcional, distorção centrífuga da barreira de potencial, desvio do potencial de uma senóide perfeita, e assimetria da molécula. As autofunções de ordem zero serão dadas pelo produto o o o Ψ O = ΨVIBR ⋅ ΨRS ⋅ ΨTo ⋅ ΨPERT Desse modo, os autovalores da energia têm a forma: E (n,τ , K , J ) = EVIBR + E RS + ET + E PERT v onde ν é o número quântico vibracional; n é o número quântico que descreve a oscilação torcional; τ (= 1, 2 ou 3) está associado com a natureza triplamente impedida da barreira de potencial; K é a componente do momento angular total J ao longo do eixo de simetria. Como quanticamente, a vibração, a rotação, a torção e as perturbações são tratadas independentemente, a seguir descreveremos separadamente e com mais detalhes estes movimentos e interações que são considerados no modelo. 2.4.1 Vibração Pelo fato de ser constituída de seis átomos, em virtude das interações entre eles, a molécula de metanol apresenta 12 modos de vibração fundamentais (Fig. 4, próxima página), cujas freqüências estão na Tabela 2. Uma peculiaridade da molécula de metanol é que um dos modos vibracionais corresponde ao movimento de rotação do grupo OH em relação ao grupo CH3. Vale observar que enquanto os números de onda associados com os modos vibracionais de pequena amplitude (por modos vibracionais de pequena amplitude nós entendemos todos os modos vibracionais exceto o torcional) estão na região do IV (l000 cm–1 ou mais), e as transições rotacionais puras estão na região de microondas ou IVL (a constante rotacional é da ordem de 0,8 cm–1), a altura da barreira de potencial é 7,414.10–21 joules, correspondendo a 373,2 cm–1, para o estado vibracional fundamental da molécula de metanol normal (CH3OH). Tabela 2 Freqüências de oscilações dos modos vibracionais do CH3OH (cm–1 ) [19] Modo Vibracional Classificação Observado Estiramento OH ν1 (A’) 3681,5 Estiramento assimétrico do CH3 ν2 (A’) 2999,0 Estiramento assimétrico do CH3 ν9 (A’’) 2970,0 Estiramento simétrico do CH3 ν3 (A’) 2844,2 Deformação assimétrica do CH3 ν4 (A’) 1478,4 Deformação assimétrica do CH3 ν10 (A’’) 1465,0 Deformação simétrica do CH3 ν5 (A’) 1454,5 Flexão do OH ν6 (A’) 1339,5 Balanço fora do plano do CH3 ν11 (A’’) 1145,0 Balanço dentro do plano do CH3 ν7 (A’) 1074,5 Estiramento CO ν8 (A’) 1033,5 Torção do OH ν12 (A’’) -- Fig. 4: Modos vibracionais da molécula metanol Sendo a interação entre os átomos, de origem eletrostática, a energia potencial depende da distância entre átomos, como mostra a figura 5a, onde req representa a posição de equilíbrio. Para valores de r próximo de req , o comportamento vibracional da molécula assemelha-se ao de um oscilador harmônico simples, como mostra a figura 5b. Os autovalores para a energia, em cada modo vibracional, são dados por EVIB = (υ + 1 2 )hν υ =0,1,2,3, . . . com (a) (b) Fig. 5: (a) Potencial Inter-Atômico e (b) aproximação para O.H.S. Uma diferença importante entre o modelo clássico e o quântico é em relação ao estado de mais baixa energia. No modelo quântico a molécula ainda possui 1 2 hν , que é a energia associada ao estado vibracional fundamental; classicamente, no mínimo do poço de potencial a energia é zero pois V = 12 k (r − req ) 2 , onde k é a constante de elasticidade e ( r − req ), o deslocamento a partir da posição de equilíbrio. O movimento vibracional causará variação no momento de dipolo elétrico e haverá atividade no infravermelho. Se ocorrer transições entre estados consecutivos, as diferenças de energia serão sempre hν , ou seja, haverá absorção ou emissão de radiação de freqüência ν. Usualmente, as transições vibracionais são dadas em unidades de cm–1 (número de onda) e expresso por: ( ) Gv cm −1 = ω e (υ + 12 ) onde ω e = ν / c é o valor clássico da oscilação na região próxima a req . Então: Gv +1 − Gv = ω e (υ + 1 + 12 ) − ω e (υ + 12 ) = ω e mostra que os níveis estão igualmente espaçados por uma separação que corresponde à freqüência vibracional como mostra a figura 6. Fig. 6: Diagrama dos níveis de energia de um determinado modo vibracional Dos doze modos vibracionais, quatro (C-O strech - ν1(A’), torsion - ν12(A”), CH3 symmetric stretch - ν3(A’) e CH3 symmetric bending - ν1(A’)) estão associados a mudanças no momento de dipolo elétrico paralelo ao eixo. Os demais modos estão associados a mudanças no momento de dipolo perpendicular ao eixo de quase simetria. Deve-se ressaltar que dois deles são degenerados (CH3 asymmetric bending - ν4 e o OH bending - ν6). 2.4.2 Rotação Concentrando agora, sobre um determinado estado vibracional, passemos a investigar o movimento de rotação da molécula. Começamos considerando a molécula como um modelo de pião simétrico alongado tendo um eixo de simetria coincidindo com um eixo principal de inércia (I a ) . Num plano perpendicular a este eixo os momentos de inércia em relação a qualquer eixo neste plano são iguais, de modo que I a ≠ I b = I c . A Hamiltoniana rotacional será: ⎛ P2 P2 P2 o H Rsim = h 2 ⎜⎜ a + b + c ⎝ 2I a 2I b 2I c ⎞ ⎟⎟ ⎠ onde I a , I b e I c são os momentos de inércia e Pa , Pb e Pc são as componentes do operador momento angular ao longo dos eixos a, b e c. Como existe um eixo principal, haverá uma direção preferencial e a componente do momento angular total na direção deste eixo será quantizada e igual ⎛ h a Kh = K ⎜ ⎝ 2π ⎞ ⎟ , com ⎠ K = 0,1,2,3,..., J . Isso justifica o aparecimento de um termo dependente de K na equação da energia dos níveis. Os autovalores de energia dependerão de J e K , podendo ser escrito na forma: E K , J = BJ ( J + 1) + ( A − C ) K 2 onde A= h 8π cI a 2 B= ; h 8π 2 cI b e (4) C= h são expressas em cm-1. 2 8π cI c Sabe-se que B = C , pelo fato de I b = I c . A constante B tem a mesma forma da constante rotacional B' que aparece na equação 3 (página 6), da energia para o pião simétrico. Para a molécula do metanol, A > C . Assim, o coeficiente de K 2 será positivo e a energia, para um dado valor de J , aumenta com o valor de K . Na figura 7 estão representados os níveis de energia. Note que pela dependência com o quadrado de K (eq. 4) os níveis de energia serão degenerados, com exceção de K = 0 . Para cada valor de J os valores de K variam de 0 a J . Na figura cada coluna (que corresponde a um determinado valor de K ) contém somente níveis com J maior ou igual a K , pois não pode haver um valor do momento angular menor do que sua projeção, ou seja, para K = 1 não há o nível com J = 0 , para K = 2 não há níveis com J = 0 e J = 1 e assim por diante. J 5 J J 5 J 5 4 5 4 4 3 4 3 3 3 K=0 2 2 1 2 1 0 K=1 K=2 K=3 Fig. 7: Diagrama dos níveis de energia para o rotor simétrico. o são expressas em temos dos ângulos H Rsim As funções de onda do modificados de Euler (θ ,ψ e ϕ ) e têm a forma U Ro = 1 Θ JKM (θ ) ⋅ e iMψ ⋅ e iKϕ 2π Os números quânticos J , K e M medem respectivamente, o momento angular total, sua componente ao longo do eixo de simetria da molécula e sua componente ao longo de um eixo fixo no espaço. Levando-se em conta que a molécula de metanol é levemente assimétrica, ela será tratada como um pião rígido assimétrico ( I a ≠ I b ≠ I c ) cujo Hamiltoniano rotacional pode ser separado na soma de uma parte simétrica e uma assimétrica, tomando a forma H R = APa2 + B+C 2 B−C 2 P − Pa2 + Pb − Pc2 2 2 ( ) ( ) (5) onde os dois primeiros termos da soma correspondem à parte simétrica e o terceira à parte assimétrica. Para a parte simétrica, os auto valores da energia rotacional são descritos por E K , J = 12 ( B + C ) J ( J + 1) + [A − 12 ( B + C )]K 2 (6) com as constantes A , B e C , tomando a seguinte forma A= B= C= ⎛ Ia + Ib I ⎜ − 2 b 2 2 ⎜ 8π c ⎝ I a I b − I ab I b + I ab h 2 Ib h 8π c I + I ab2 2 2 b ⎞ ⎟ ⎟ ⎠ (7) h 1 8π c I c 2 A presença da rotação interna implica na escolha do eixo a coincidindo com o eixo de rotação interna. Isso induz a presença de um produto de inércia I ab , em torno dos eixos a e b, e uma mistura de I a e I b nas expressões para as constantes rotacionais A e B das equações (7). A expressão para C permanece a mesma, como em (4). A parte assimétrica do Hamiltoniano rotacional será tratada como perturbação. 2.4.3 Torção No estudo do movimento de torção considera-se inicialmente a molécula de metanol como um modelo simétrico rígido constituído de duas partes, representadas pelo grupo metílico e o grupo hidroxílico, os quais podem girar, um em relação ao outro, sujeito a uma barreira de potencial triplamente amortecida obedecendo a expressão escrita em forma de uma série de Fourier como [7] : Vγ = 12 V3 (1 − cos 3γ ) + 12 V6 (1 − cos 6γ ) + 12 V9 (1 − cos 9γ ) + ... (8) onde γ é o ângulo que mede a rotação do grupo hidroxílico em relação ao CH3, V3 é a altura da barreira de potencial cujo valor é dado na Tabela 3 e V6 , V9 , . . . são quantidades associadas ao desvio do potencial de uma senóide perfeita. Tabela 3 Parâmetro Ia1 Ia2 Ib Ic Iab V3 V6 DKK DJK DJJ Fv Gv Lv k1 k2 k3 k4 k5 k6 k7 μa μb Parâmetros moleculares das moléculas CH3OH e 13CH3OH 13 CH3OH CH3OH Fundamental C-O stretch Fundamental C-O stretch 1.2504 5.3331 34.0039 35.3062 – 0.1079 373.21 -0.52 0.38 10-4 9.54 10-6 1.6345 10-6 -0.2389 10-4 -1.168 10-4 -2.26 10-6 -0.48 10-4 -18.41 10-4 -53.73 10-4 -85.50 10-4 137.07 10-4 67.85 10-4 0 0.885 1.44 1.2523 5.3334 34.2828 35.6380 392.35 -0.6456 10-4 -1.67 10-4 0.9159 1.2528 5.3331 34.8622 36.1608 -0.123 372.6 5.3874 35.2553 36.6382 Unidade g·cm2 × 10– 40 386.8 cm-1 Debye A parte torcional do Hamiltoniano é H T0 = FPγ2 + 12 V3 (1 − cos 3γ ) hc onde : Pγ = 1 ∂ i ∂γ é o momento angular torcional canonicamente conjugado, e F é uma constante efetiva de rotação que também depende dos momentos de inércia da molécula [1]. Os autovalores de energia são dados por E nτK = F 〈 Pγ2 〉 + 12 V3 〈(1 − cos 3γ )〉 onde 〈 〉 indica o valor médio. Os autovalores da energia torcional E nτK dependem dos números quânticos n , τ e K , já definidos. Se a energia de torção for muito menor que a altura da barreira de potencial, a molécula se comporta como um oscilador harmônico. O movimento fica restrito a um pequeno intervalo de γ, com probabilidade finita de tunelamento entre os três poços de potencial, devido a barreira ser finita. Neste caso, cada nível En será triplamente degenerado, devido a tripla simetria da função potencial. Por outro lado, se ela é maior que a barreira, as soluções são semelhantes àquelas de um rotor livre. Nesse caso, o efeito da barreira pode ser tratado como uma perturbação. As funções de onda para a Hamiltoniana torcional H T0 são soluções da equação de Mathiew e têm a forma [19] U n0τK (γ ) = exp(iρKγ ).PnτK 1 ( I 2 + I ab2 ) 2 indica como o momento de inércia I a é compartilhado entre onde ρ = I a 2 b I a I b − I ab2 I a1 e I a 2 . I a 2 é o momento de inércia do grupo metílico em relação ao seu eixo de simetria e I a1 é definido pela relação I a = I a1 + I a 2 . O número quântico τ pode assumir valores 1, 2 ou 3, e sua origem vem da natureza de tripla simetria do potencial de impedimento. Muitas vezes é conveniente substituir estes três valores pelas espécies de simetria A, E1 e E2, definidas pelas relações: τ + K = 3N → E1 τ + K = 3N + 1 → A τ + K = 3N + 2 → E2 onde N = 0, 1, 2, 3, . . . . Lees e Baker [7] introduziram o número quântico σ, assumindo os valores 0 e 1, de tal forma que σ = 0 corresponde a simetria A, σ = 1 a simetria E, sendo que para K < 0 representaria a simetria E2 e para K > 0 a simetria E1 . 2.4.4 Perturbação Distorção centrífuga torcional, distorção centrífuga da barreira de potencial, desvio do potencial de uma senóide perfeita e a assimetria da molécula são efeitos que contribuem para a perturbação. Como já vimos, a Hamiltoniana não perturbada H o possui autovalores de energia E vno τKJ dados pela soma dos autovalores da vibração, da rotação e da torção e que as autofunções Ψ o (v, n,τ , K , J ) são os produtos das autofunções da vibração, da rotação e da torção. O próximo passo consiste em calcular as várias contribuições perturbativas para as energias E vno τKJ . A primeira a ser levada em conta é devido à assimetria da molécula e mede a diferença entre as energias de um dupleto 0, n, K ± , J . É dada pela fórmula semi-empírica: ΔE ( n , K , J ) = ( J + K )! [ S (n, K ) + J ( J + 1)T (n, K )] ( J − K )! (9) onde S (n, K ) e T (n, K ) são conhecidos como parâmetros de separação entre níveis do dupleto devido a assimetria. Para um dado K , a separação aumenta com J , e para um dado J e n , a separação é máxima para K = 1 (para K = 0 não pode haver separação) e decresce rapidamente com o aumento de K . Na prática, ΔE só é observado para K ≤ 6 . A assimetria somente remove a degenerescência de estados A, dando origem a dupletos K , como no caso do rotor simétrico. O efeito não remove a degenerescência entre estados E1 e E2, que são duplamente degenerados, porque a hamiltoniana não contém elementos que conectam estados de simetrias diferentes. O efeito das distorções centrífugas para um rotor simétrico sem rotação interna seria dado pelos termos abaixo − DJ [J ( J + 1)] − DJK J ( J + 1) K 2 − DK K 4 2 Conserva-se a mesma expressão (eq. 6) para a rotação pura da molécula do metanol, adicionando-se os termos acima, onde as constantes de distorção centrífuga DJ , DJK e DK são determinadas empiricamente. Levando-se em conta a rotação interna, adiciona-se os termos abaixo: Gv J ( J + 1) Pγ 2 + Lv J ( J + 1) K Pγ + k1 K 3 Pγ + k 2 K 2 Pγ Os valores esperados das várias potências de 2 + k 3 K Pγ 3 + k 4 Pγ 4 Pγ dependerão de σ , n e K , mas não de J . Um outro conjunto de termos perturbativos descreve o efeito da distorção centrífuga sobre a altura efetiva da barreira de potencial V3 , que é dado por Fv J ( J + 1) + k5 K 2 (1 − cos 3γ ) + k6 K Pγ (1 − cos 3γ ) + k7 Pγ2 (1 − cos 3γ ) As quantidades G v , Lv , k 1 , k 2 , k 3 e k 4 juntamente com Fv , k 5 , k 6 e k 7 são constantes semi-empíricas, conhecidas como constantes de Kirtman [19]. Desta forma, as várias contribuições para os autovalores de energia do modelo vibro-roto-torcional é resumidamente apresentado no quadro abaixo. E vnKJσ = hc(v + 12 )ν + 1 2 Vibração (B + C ) ⋅ (J 2 + J ) + [A − 12 ( B + C )]K 2 + − D J [J ( J + 1)] − D JK J ( J + 1) K 2 − DK K 4 + 2 Rotação total (Rotor Rígido) Distorção centrífuga da rotação total F Pγ2 + 12 V3 (1 − cos 3γ ) + Torção ou Rotação interna Gv J ( J + 1)〈 Pγ2 〉 + Lv J ( J + 1) K 〈 Pγ 〉 + k1 K 3 〈 Pγ 〉 + Distorção centrífuga associada a k 2 K 2 〈 Pγ2 〉 + k 3 K 〈 Pγ3 〉 + k 4 〈 Pγ4 〉 torção Fv J ( J + 1)〈1 − cos 3γ 〉 + k 5 K 2 〈1 − cos 3γ 〉 + Distorção centrífuga associada a k 6 K 〈 Pγ (1 − cos 3γ )〉 + k 7 〈 Pγ2 (1 − cos 3γ )〉 ± barreira de potencial ΔE nJK Splitting devido a assimetria 2.5 Regras de Seleção O metanol tem um momento de dipolo elétrico permanente com componentes não nulas ao longo do eixo de rotação interna a, μ a e do eixo b, que esta no plano COH, μ b . Isto faz as regras de seleção para as transições do dipolo elétrico rotacional e torcional muito menos restritivas que para o pião verdadeiramente simétrico onde o momento de dipolo elétrico está ao longo do eixo de simetria e, somente transições do tipo paralela seriam permitidas. No caso do metanol, ambas as transições, tipo-a (paralela) e tipo-b (perpendicular), são permitidas. (i) Transições tipo-a: Estas transições são induzidas por um campo elétrico oscilando paralelamente ao eixo a, de modo que nenhum torque é exercido ao longo do mesmo eixo. Consequentemente, o número quântico K , associado com a projeção do momento angular total da molécula ao longo do eixo a, não pode variar. Analogamente, o número quântico torcional n não pode variar numa transição tipo-a. As regras de seleção completas são como segue: ΔK = 0 , ΔJ = 0,±1 , Δn = 0 , A± ↔ A ± para ΔJ = ±1 , A± ↔ A m para ΔJ = 0 (ii) Transições tipo-b: Estas transições são induzidas por um campo elétrico oscilando perpendicularmente ao eixo a. Assim, K deve mudar em cada transição. As regras de seleção são: ΔK = ±1 , ΔJ = 0,±1 e Δn = qualquer , A± ↔ A m se Δn + ΔJ = par , A± ↔ A ± se Δn + ΔJ = ímpar , onde, obviamente, ΔJ = 0 é par, e ΔJ = ±1 é ímpar. Para a absorção IV somente transições do tipo-a são permitidas, enquanto para emissão IVL transições tanto do tipo-a como do tipo-b são possíveis. Para ambas as transições, tipo-a e b, as regras de seleção para A+ e A– são obtidas do fato de que a paridade total para um estado A± é ± (−1) J + n e que a paridade total deve mudar numa transição do dipolo elétrico. Em qualquer transição, as espécies de simetria são conservadas, de modo que temos a regra de seleção adicional: E1 ↔ E2 ↔ E1, E2 e A ↔ A, isto é, Δσ = 0 ou, na notação de Dennison [9], Δ(τ + K ) = 0, ± 3. 2.6 Notação dos níveis Visto que transições podem ocorrer somente entre estados pertencentes a uma mesma simetria, A ou E, os números quânticos envolvidos em uma particular transição são representados pela notação (υ ' , n' , K ' ; J ' ) ← (υ " , n" , K " ; J " )σ (10) onde o conjunto com ‘ refere-se ao estado superior e aquele com “ ao estado inferior. υ é o número quântico vibracional. Aqui, nós representaremos o estado vibracional fundamental por υ = gr, o vibracional excitado CO stretching por υ = co e o vibracional excitado CH3-rocking por υ = ri. n é o número quântico torcional, J é o momento angular total e K sua projeção ao longo do eixo de quase simetria da molécula. σ representa as espécies de simetria, A ou E, comum aos níveis inferiores e superiores da transição. O número quântico K tem somente valores positivos para a simetria A, enquanto ele pode ter valores negativo, zero ou positivo para a simetria E. Esta notação equivale a tomarmos valores somente positivo para K , usando a notação E1 para (E; K ≥ 0 ) e E2 para (E; K ≤ 0 ), existindo uma degenerescência entre E1 e E2 para K = 0 . Para representar uma transição de emissão, basta mudar o sentido da seta em (10). No assignments de linhas da simetria A afetadas pelo splitting devido a assimetria, um sinal + ou – é colocado do lado direito do número quântico K . O sinal ± segue a convenção de Ivash-Dennison [6]. Seqüência de níveis de energia, ou seja, grupos de níveis compartilhando os mesmos quatro números quânticos, diferenciando somente em J, será aqui representado por: (σ , n, K )ν onde os símbolos σ e ν serão omitidos quando obvio no contexto. III – DETALHES DO ESPECTRO Os espectros a transformada de Fourier de absorção do 13 CH3OH com resolução de 2 10-3 cm-1, na região investigada (900 - 1250 cm-1), foram obtidos num espectrômetro Bruker do Physikalisch Chemisches Insititut da Universidade de Giessen, Alemanha. Como fonte foi utilizada o GLOBAR e um detetor de GeCu. A calibração do espectro foi feita utilizando linhas de H2O como referência [21]. A amostra foi mantida a uma pressão de 0.1 mbar, a temperatura de 23oC, e o comprimento do caminho óptico na amostra foi de 1312 cm. A Figura 8 mostra um espectro da banda vibracional CO stretch, a resolução de 0,12 cm-1, ressaltando a estrutura típica de uma banda vibracional. Nesta resolução, os multipletos dos ramos P (ΔJ=-1) e R (ΔJ=+1) são resolvidos, e a cada um deles esta associado um valor do número quântico momento angular J. A região de maior densidade de linhas, ramo Q, não é resolvida nesta resolução. A Figura 9 mostra uma região espectral onde é possível observar as bandas vibracionais CO stretch e CH3 rocking. Há uma superposição entre os ramos R da banda CO stretch e P da CH3 rocking. Como as linhas de absorção associadas a banda CH3 rocking são menos intensas que as do CO stretching, dificuldades são introduzidas no trabalho de identificação devido a esta superposição. Fig. 8: Estrutura da banda vibracional CO stretching Fig. 9: Espectro de média resolução das bandas vibracionais CO stretching e CH3 rocking, obtida da ref. [22] É importante ressaltar que cada multipleto é um envoltório de várias linhas de absorção, as quais são resolvidas a medida que aumenta-se a resolução do espectrômetro. Como exemplo, a distância entre dois multipletos adjacentes do ramo P da banda CO stretch é da ordem de 2Bef ≅ 1,6 cm-1. Neste espaço espectral existe aproximadamente 70 linhas de absorção no espectro de resolução 2 10-3 cm-1. Existe uma seqüência de linhas de absorção, do ramo P, Q ou R, que compartilham quatro números quânticos (σ, v, n e K), diferenciando-se entre si em J apenas. Assim, cada linha de uma determinada seqüência está dentro de cada multipleto. De um modo geral, a energia dos níveis de energia envolvidos nas transições de absorção pertencentes a uma seqüência segue uma série de Taylor em J(J+1), conforme a expressão E (q, J ) = ∑ a m (q )[ J ( J + 1)]m ± m=0 1 ( J + K )! [ S (q ) + ( J ( J + 1)T (q)] 2 ( J − K )! onde q representa os 4 números quânticos idênticos de uma determinada seqüência, q=(σ, ν, n, K). O termo envolvendo S(q) e T(q) representa o spliting que ocorre nos estados A devido a assimetria da molécula. IV – PROCEDIMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DE LINHAS DE ABSORÇÃO Neste capítulo, é nosso objetivo relatar o procedimento para a identificação dos números quânticos dos níveis de energia envolvidos em transições IV e IVL. De modo geral, cada aspecto do procedimento envolve a comparação entre o espectro observado e um espectro calculado. No procedimento, as linhas de absorção ou níveis de energia são separados em séries ou grupos, respectivamente, onde as linhas de uma mesma série ou níveis de um mesmo grupo contêm quatro números quânticos idênticos, diferenciando-se entre si apenas pelo número quântico momento angular J. O procedimento consiste em, a partir de um espectro contínuo à transformada de Fourier, armazenado no computador ou impresso em papel, escolhermos uma seqüência ou série de linhas de uma banda, por exemplo Q, com níveis superiores compartilhando os mesmos números quânticos (ν ' , n' , K ' ) e os níveis inferiores compartilhando os mesmos números quânticos (ν " , n" , K " ), com baixos valores de J. Apesar do modelo vibro-roto-torcional, discutido no capítulo 2, ser o mais completo existente, ele se ajusta bem ao espectro experimental somente para baixos valores de J. Assim, para iniciar o trabalho de investigação de um espectro de absorção, explora-se exatamente este fato e também utiliza-se linhas identificadas, quando disponíveis. Os números de ondas experimentais das linhas identificadas são introduzidos num programa específico, intitulado Ritz [15], que calcula a energia dos níveis envolvidos através da minimização da expressão x =∑ 2 i> j [( E i − E j ) − ν ij ε ij2 ] 2 (12) Esse valor expressa o desvio médio quadrático do número de ondas de cada linha experimental da diferença de energia entre os níveis superior e inferior calculados da transição. Nela, E i e E j são os valores da energia do i-ésimo e j-ésimo nível de energia da molécula, respectivamente, ν ij é o número de ondas experimental da transição correspondente e ε ij sua precisão experimental, cujo valor determina o peso do ajuste. Em seguida, o programa extrapola, utilizando uma função quadrática ou uma série de Taylor em J(J+1) (equação da folha 21), os valores dos números de ondas das transições de absorção envolvendo valores de J imediatamente maiores, os quais são procurados manualmente no espectro experimental. Quando as linhas extrapoladas são encontradas no espectro, seus respectivos números de ondas experimentais são introduzidos no programa, juntamente com aquelas previamente utilizadas. O programa recalcula novamente todas as energias dos níveis envolvidos nas transições experimentais introduzidas, sempre buscando o valor mínimo de χ2, aumentando desta forma a precisão do processo. O procedimento, então, se repete iterativamente. O ajuste é feito simultaneamente, não só para todas as transições pertencentes às bandas P, Q e R ( ΔJ = -1, 0, +1) mas também para todas as linhas e níveis de uma mesma simetria (A ou E). Isto aumenta a precisão do valor calculado do número de ondas, não somente das linhas já identificadas, mas também para as novas linhas identificadas. Loops fechados de transições são formados automaticamente, fornecendo uma maior precisão e confiabilidade do procedimento. Como a expressão que fornece os autovalores de energia do modelo vibroroto-torcional (ver tabela da página 17) se ajusta bem a uma série de Taylor em J(J+1), o programa Ritz permite-nos, a partir da energia dos níveis envolvidos nas transições de absorção identificadas, determinar os coeficientes de Taylor dos grupos de níveis de energia, tanto pertencentes as simetrias A e E. Apesar destes coeficientes não terem nenhum significado físico, eles podem dar uma indicação entre quais grupos de níveis podem estar ocorrendo alguma interação. Tais interações geram perturbações que introduzem dificuldades na identificação dos números quânticos dos níveis pertencentes aos grupos interagindo. No próximo capítulo, apresentaremos brevemente algumas interações observadas anteriormente por A. Predoi e outros [22], e por nós durante a investigação. Outra dificuldade que surge no trabalho de assignment é quando duas ou mais linhas se sobrepõe no espectro contínuo. O problema é mais sério quando duas linhas consecutivas misturadas pertencem à mesma série. Isto reduz significativamente a precisão computacional e torna-se praticamente impossível a identificação de novas linhas da série. Casos de superposição de linhas são normalmente encontrados no espectro. A Figura 10 mostra linhas experimentais superpostas (representadas por • ) cujos valores da freqüência não foram resolvidos devido ao limite de resolução do espectrômetro. Consequentemente, o peak-finder define como sendo uma só linha e fornece somente o número de ondas da linha de maior intensidade. Em alguns casos, as distâncias entre os centros das linhas são menores que a resolução experimental. O problema é resolvido por uma rotina do programa Ritz que reconstroi a forma da multi-linha e determina automaticamente os centros de cada uma da linhas misturadas, geralmente a uma precisão comparável àquela alcançada para linhas não misturadas. A partir destes, escolhemos o número de ondas da linha que mais se aproxima do valor calculado que pertence à seqüência a ser identificada. Fig. 10: Ajuste teórico (linha contínua) de uma linha experimental (•) com três funções “sinc” (linhas pontilhadas). CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em nosso trabalho de investigação sobre o espectro a transformada de Fourier do modo vibracional rocking da molécula 13 CH3OH, foram identificadas um total de 1538 linhas de absorção IV, das quais 601 transições pertencem à simetria A e 937 à E. As transições de absorção identificadas possuem freqüências na região espectral entre 980 e 1200 cm-1. O programa computacional Ritz avaliou a energia de 552 níveis de energia, dos quais 159 associados à simetria A e 393 à E. Os diagramas 1 a 3 (próximas três páginas) representam os resultados obtidos desta investigação. Nos diagramas, cada círculo representa uma seqüência de níveis com os mesmos números quânticos (σ, υ , n , K ), diferenciados somente pelo número quântico momento angular J . A linha conectando grupos de níveis representa o conjunto de transições (P, Q e R) identificadas, ocorrendo entre os mesmos. Dentro de cada grupo de níveis existe também série de transições R (ΔJ = +1) ocorrendo entre os níveis de energia. O número contido no interior de cada círculo indica o valor máximo de J observado em transições envolvendo o respectivo grupo de níveis. A Figura 11 esclarece o que vem a ser uma série ou seqüência de transições ocorrendo entre dois grupos de níveis. As linhas de absorção destacadas pertencem a série Q de transições ocorrendo entre os grupos de níveis (A, 0, 4)gr e (A, 0, 4)ri, as quais são diferenciadas somente pelo número quântico J. Para a simetria A, identificamos transições envolvendo grupos de níveis de energia com valores de K entre 0 e 9, todas elas ocorrendo entre estados torcionais fundamentais (n=0). Para a simetria E, os valores de K observados são -8, -6 a 7 e 9, entre estados torcionais com n=0. Fig. 11: Linhas de absorção pertencentes a uma série Q ocorrendo entre os grupos de níveis (A, 0, 4)gr e (A, 0, 4)ri. Diagrama 1 Diagrama 2 Diagrama 3 A partir das energias dos níveis de um determinado grupo, o programa avaliou os coeficientes da série de Taylor que se ajustam com a seqüência de energia dos níveis pertencentes a este grupo. Como comentado anteriormente, apesar destes coeficientes não terem nenhum significado físico, eles podem nos dar, por exemplo, uma indicação se há grupos de níveis misturados, ou seja, se há níveis pertencentes a grupos diferentes com energias muito próximas. Este fato pode gerar perturbações que dificultam o trabalho de identificação. Um dos exemplos mais claros desta perturbação foi dada por Moraes [18], quando, na investigação do modo vibracional fundamental, observou (visualmente) uma anomalia na seqüência Q de linhas de absorção de uma série, gerada pela perturbação devido a mistura de níveis. A perturbação é maior quanto menor a diferença de energia entre dois níveis e quanto menor for o ΔK. No exemplo, a mistura de níveis ocorre entre os grupos (A, 0, 9)gr e (A, 1, 5)gr. A energia dos níveis da seqüência (1, 5) são levemente maiores que da seqüência (0, 9) para J<18. A menor diferença (ΔE ≅ 0.031 cm-1) ocorre entre as energias dos níveis de J = 18, e para J>18 a energia dos níveis (0, 9) passam a ser maior que dos níveis (1, 5), ocorrendo assim um cruzamento em J = 18. Na Tabela 4 apresentamos os dois primeiros coeficientes da série de Taylor para cada grupo de níveis de energia da banda CH3 rocking. Foi possível compararmos estes coeficientes com os coeficientes dos grupos de níveis do modo vibracional CO-stretching, cujo trabalho foi desenvolvido anteriormente. Desta forma, apresentamos na Tabela 4 somente os coeficientes dos grupos cujos valores se aproximam de coeficientes de grupos da banda CH3 rocking. Adriana Predoi [22] observou a mistura de níveis entre os grupos (A, 0, 1)ri e (A, 0, 4)co, (A, 0, 6)ri e (A, 0, 7)co, (A, 0, 7)ri e (A, 0, 8)co, (E, 0, 6)ri e (E, 0, 7)co, (E, 0, -2)ri e (E, 0, 2)ri, (E, 0, -1)ri e (E, 0, 0)ri, (E, 0, 1)ri e (E, 0, -4)co, as quais foram também observadas por nós. Em seu artigo ela discute as perturbações geradas devido estas misturas, como ressonância de Coriolis e perturbações localizadas para poucos valores de J. Aqui apresentaremos somente as misturas de níveis ainda não observadas anteriormente, ou seja, não encontradas na literatura. Nós observamos mistura entre os seguintes grupos de níveis do CH3 rocking e CO stretch: (A, 0, 8)ri e (A, 1, 3)co, (A, 0, 9)ri e (A, 1, 4)co e entre (E, 0, -3)ri e (E, 0, -5)co. Dentre as três mistura, somente na primeira ocorre um cruzamento em Tabela 4 Coeficientes de Taylor dos níveis de energia associados as bandas vibracionais CH3 – rocking e CO – stretch CH3 – rocking Grupo de nível (σ, n, K) (A, 0, 0) (A, 0, 1) (A, 0, 2) (A, 0, 3) (A, 0, 4) (A, 0, 5) (A, 0, 6) (A, 0, 7) (A, 0, 8) (A, 0, 9) (A, 0, 10) (E, 0, -8) (E, 0, -7) (E, 0, -6) (E, 0, -5) (E, 0, -4) (E, 0, -3) (E, 0, -2) (E, 0, -1) (E, 0, 0) (E, 0, 1) (E, 0, 2) (E, 0, 3) (E, 0, 4) (E, 0, 5) (E, 0, 6) (E, 0, 7) (E, 0, 9) CO – stretch −1 ao a1 (×10 ) (cm-1) (cm-1) 1196.76029 1202.71940 1215.93061 1229.85769 1251.83048 1285.95281 1326.12193 1367.26985 1417.11568 1479.57166 1546.60258 1561.35209 1419.25235 1321.75980 1282.18677 1254.45916 1232.17433 1211.05385 1199.65618 1199.77021 1204.27667 1210.77054 1227.37267 1255.43660 1286.62753 1320.50017 1365.38224 1479.16165 7.85052 7.78318 7.84746 7.84843 7.85018 7.95281 7.84921 7.82998 7.83802 7.83158 7.82990 7.86242 7.83553 7.85558 7.84745 7.84685 7.84447 7.84902 7.84890 7.84650 7.84569 7.84864 7.84719 7.85127 7.88881 7.83939 7.83222 ao a1 (×10 −1 ) (cm-1) (cm-1) (A, 0, 4) (A, 0, 5) (A, 0, 6) (A, 0, 7) (A, 0, 8) (A, 1, 3) (A, 1, 4) 1202.58081 1242.59457 1281.66797 1317.56316 1370.79236 1419.40374 1477.43857 7.77646 7.77446 7.76918 7.76911 7.78994 7.76151 7.76583 (E, 0, -5) (E, 0, -4) (E, 0, 4) (E,0, 7) (E, 1, 2) 1231.97020 1206.92416 1212.43500 1320.29243 1419.73724 7.77580 7.77725 7.77607 7.74126 7.76714 Grupo de nível (σ, n, K) Fig. 12: Diferença de energia ΔE(J)=E(v=ri, n=0, K=8, J)-E(v=co, n=1, K=3, J) entre grupos de níveis pertencentes a simetria A. J= 17 (Fig. 12), como aquele discutido no parágrafo inicial desta página. A energia dos níveis (0, 8)ri são levemente menores que dos níveis (1, 3)co para J<17. A menor ocorre em J=17, ΔE=0.02 cm-1, e a energia dos níveis (0, 8)ri passam a ser ligeiramente maiores para J>17. A perturbação é restrita aos níveis cujos valores de J estão próximos de 17, devido à grande diferença entre os valores de K (ΔK=5). Nenhuma anomalia foi observada diretamente no espectro, semelhante aquela discutida anteriormente, em qualquer seqüência de transições envolvendo os níveis misturados. Apesar disto, é possível observar a existência da perturbação quando analisamos a segunda diferença entre as freqüências das transições de absorção da seqüência Q ocorrendo entre os níveis (0, 8, J)gr e (0, 8, J)ri. Em geral, a segunda diferença entre as freqüências deve se manter constante numa seqüência de transições de absorção não perturbada. Na Tabela 5 apresentamos as freqüências das transições Q ocorrendo entre os níveis (0, 8, J)gr e (0, 8, J)ri. Fora de 16 < J < 18 a 2a diferença se mantêm constante (~ 0.006), mas dentro desta região ela muda e atinge valor muito diferente, ~0.008, em J = 17. Esta variação da 2a. diferença indica que ocorreu uma perturbação nos níveis de energia com J = 16, 17 e 18 do grupo (0, 8)ri. Tabela 5 (0,8,J)gr → (0,8,J)ri J ν 1a. diferença 2a. diferença (cm-1) (cm-1) (cm-1) 12 1064.54343 13 1064.46763 0.07580 14 1064.38573 0.08190 0.0061 15 1064.29785 0.08788 0.0060 16 1064.20524 0.09261 0.0047 17 1064.10442 0.10082 0.0082 18 1063.99883 0.10559 0.0048 19 1063.88738 0.11145 0.0059 20 1063.7700 0.11738 0.0059 21 1063.64653 0.12347 0.0061 Como conseqüência da investigação do espectro de absorção à transformada de Fourier nas regiões do IVL e IV (modos vibracionais rocking e C-O stretching), foi possível identificarmos os números quânticos dos níveis de energia envolvidos em dez transições laser IVL do 13 CH3OH [23] e prever outras nove possíveis emissões laser. No ciclo laser, transições de absorção IV-IVL e de emissão laser no IVL estão envolvidas. Na identificação dos números quânticos dos níveis de energia envolvidos, informações experimentais como: número de ondas da linha de emissão IV do laser de CO2 utilizada no bombeamento óptico do da transição laser IVL emitida pelo 13 13 CH3OH; número de ondas CH3OH; polarização da linha de emissão laser IVL. Além das regras de seleção descritas no capítulo 2 (pagina 18), existe uma regra para a polarização da linha IV de bombeamento em relação a linha de emissão laser IVL. Esta regra diz: Par polarização relativa da emissão IVL é // Impar polarização relativa da emissão IVL é ⊥ ΔJ emissão + ΔJ absorção = Na Tabela 6 apresentamos o assignment para 7 sistemas ciclo laser IVL. Nas colunas 1 e 2 informamos a linha de emissão do laser CO2 utilizada para a observação das transições de emissão laser no IVL do 13 CH3OH e sua freqüência, respectivamente. Na coluna 3 a identificação dos números quânticos dos níveis de energia envolvidos na transição de absorção IV do freqüência da linha de absorção do 13 13 CH3OH. Na coluna 4, a CH3OH observada no espectro a transformada de Fourier em boa coincidência com a linha de emissão do laser CO2. A coluna 5 informa a diferença entre a freqüência do CO2 e da linha de absorção do 13CH3OH. A coluna 6 traz a identificação dos números quânticos dos níveis de energia envolvidos na transição laser IVL do 13 CH3OH. A coluna 7 informa a polarização da linha de emissão laser IVL. Nas colunas 8 e 9 estão a freqüência das linhas de emissão laser do 13 CH3OH observada e calculada pelo programa Ritz, respectivamente. E na última coluna apresentamos alguns comentários pertinentes. Todos os números de onda calculados para transições de bombeamento e de emissão laser são determinados com uma precisão de 10-4 cm-1 e a concordância entre os números de onda do laser de CO2 e da linha de absorção em boa coincidência é boa em todos os casos. A polarização relativa e o número de ondas Tabela 6 Assignments de transições laser IVL do 13CH3OH Linha de Bombeio ν Assign. do -1 (cm ) Bombeio 1058.1717 Absorção (cm ) (0,9;30)gr A 1058.1702 gr (0,-11;30) E Δνa -4 Assignment da emissão IVL -1 (10 . cm ) (n’,K’;J’) → (n”,K”,J”) v’ v” 1058.1702 +0.5 +1.4 (0,9;31)co → (0,9;30)co 9P54 1012.2918 (0,7;26)gr E gr (1,-1;9) E 9P60 10R56 1005.4775 995.0766 gr (0,7;8) E (0,-10;14)gr E (a) Δv = v FTabs − vcalc (cm ) (cm ) Obs. 48.0146 [3] → (0,8;30) // 111.86 111.8256 Nova (0,-11;31) → (0,-11;30) co // 48.0146 48.0146 Nova [72.0821] Predita 120.0783 Nova co 1021.0510 1012.2901 -2 -1 co (0,7;25)ri → (0,7;24)ri 1012.2901 1005.4782 995.0742 -4 0.3 0.4 [⊥] // 117.10 [//] [39.0976] Predita → (0,6;25) ri [⊥] [43.9826] Predita → (0,6;24) ri // 83.1028 Nova [14.0180] Predita 74.8590 Nova [88.8165] Predita 71.8437 Nova (1,-1;9)co → (1,-1;8)co co → (1,0;8)co (0,4;25) E Rel. -1 48.0146 → (1,0;9) gr νcalc -1 // → (0,-10;30) 1021.0569 νobs co → (0,-10;31)co 9P46 Pol. -1 (n”, K”; J”) σ v” 9HP16 Linha de (0,4;25) → (0,3;24) 83.06 [⊥] // 74.85 [⊥] co ⊥ → (0,3;25)co // [32.9595] Predita → (0,4;24)co [⊥] [38.8037] Predita co (0,7;7) → (0,6;7) 71.68 co ⊥ 49.36 49.4281 Nova → (0,6;6)co // 60.17 60.3081 Nova → (3,6;6) gr // 86.13 84.9807 Nova (0,-10;13)co → (0,-9;12)co // 94.61 94.7867 Nova → (0,-10;12)co [//] [20.1946] Predita → (0,-9;13) [⊥] [74.5723] Predita co co CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO Durante as investigações do espectro à transformada de Fourier na região espectral do modo vibracional rocking da molécula 13 CH3OH, foram identificadas um total de 1583 linhas de absorção IV, com freqüências entre 980 e 1200 cm-1, e determinado a energia de 552 níveis de energia. A partir da determinação dos coeficientes de Taylor foi possível observar as misturas de níveis reportados anteriormente na literatura. Além disso, observamos mistura, ainda não reportadas, entre os seguintes grupos de níveis de energia do CH3 rocking e CO stretching: (A, 0, 8,)ri e (A, 1, 3)co, (A, 0, 9)ri e (A, 1, 4)co e entre (E, 0, -3)ri e (E, 0, -5)co. Embora, visualmente, nenhuma anomalia tenha sido observada no espectro, constatou-se a perturbação localizada em J na seqüência de transições de absorção Q ocorrendo entre os níveis (0, 8, J)gr e (0, 8, J)ri. Como conseqüência da investigação das bandas de absorção CH3 rocking e CO stretching, temos identificado os números quânticos dos níveis de energia envolvidos em dez transições laser IVL e prever outras nove potenciais emissões laser. REFERÊNCIAS 1. BORDEN, A., e BARKER, E.F., The Infra-Red Absorption Spectrum of Methyl Alcohol, J. Chem. Phys., 6, 553-563, 1938. 2. 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