NEWSLETTER-ABRIL-2007|N 02 CONTEÚDO EDITORIAL NOTÍCIAS

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NEWSLETTER-ABRIL-2007|N 02 CONTEÚDO EDITORIAL NOTÍCIAS
NEWSLETTER-ABRIL-2007|N 02
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CONTEÚDO
Editorial
Notícias
- O Ano Polar Internacional em Portugal
Investigação Científica no CGUL
- O sismo do Faial de 9-7-1998
- Meteorologia no CGULAtmospheric Environment
Modelling
The
Conferências Internacionais
Conferências Nacionais
Seminários no CGUL
O
CGUL
e
o
Ensino
Universitário/Politécnico
O CGUL e o Ensino não Universitário
-Breve nota sobre a utilização dos termos
Intensidade e Magnitude de um sismo, em dois
manuais do ensino básico
Biografia de F. Afonso Chaves
Visite a nossa página em http://www.igidl.ul.pt
EDITORIAL
Este é o segundo número da NewsLetter do
CGUL, onde pode ler que os registos da
temperatura e da precipitação na estação
meteorológica do Instituto Infante D. Luís,
localizada no Jardim Botânico da cidade de
Lisboa, revelam que o ano de 2006 foi mais
quente e chuvoso que o normal. Em
Fevereiro último ocorreu um sismo de
magnitude 6.1 no Gorringe. O que se
pretende dizer quando se escreve magnitude
6.1 ?. O que significa o termo magnitude?
Leia na “Breve nota sobre a utilização dos
termos...” alguns esclarecimentos pertinentes
sobre magnitude e intensidade. A análise do
sismo do Faial ocorrido em 9-7-98 mostra a
utilização destes fenómenos para o
conhecimento do interior do planeta. A
actividade do grupo MAE de meteorologia e
um resumo de trabalhos de prospecção
geofísica para hidrogeologia são também
abordados nesta NL2.
Tem início este ano o ANO POLAR
INTERNACIONAL, que será o “maior
programa científico efectuado até hoje nas
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
regiões polares e engloba actividades de
cerca de 60 países e de mais de 50.000
investigadores e técnicos”. Leia sobre a
participação portuguesa nesta NL2.
Na primeira NewsLetter deram-se a conhecer
aspectos do trabalho de Bento Sanches
Dorta. Neste número destacam-se algumas
notas sobre a vida de Francisco Afonso
Chaves, geofísico que fundou os Serviços
Meteorológicos dos Açores.
Desejando-lhe
uma
agradável
leitura,
pedimos que divulgue esta NL, só assim ela
cumprirá os objectivos da sua existência.
Manifeste o seu interesse em receber a
News Letter do CGUL enviando um email
para [email protected]
NOTÍCIAS
SISMO EM AZORES-CAPE ST. VINCENT
RIDGE (GORRINGE) DE MAGNITUDE 6.1 ÀS
10:35:22.5 UTC DE 12-02-2007 SENDO O
EPICENTRO DETERMINADO PELO EMSC
35.81 N ; 10.26 W.
Veja as notícias sobre os
sismos
mais
recentes
ocorridos
no
planeta:
http://www.igidl.ul.pt/
ANO DE 2006 MAIS QUENTE E MAIS
CHUVOSO QUE O NORMAL NO IGIDL
A temperatura máxima (Tmax) médial anual
em 2006 observada no IGIDL foi de 21.77ºC,
enquanto que a temperatura mínima (Tmin)
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média anual foi de 14.21ºC. Agosto foi o mês
mais quente do ano e Janeiro o mês mais frio.
No ano hidrológico 2005/2006 (Outubro 2005
a Setembro de 2006) foram observados 762.9
mm de precipitação no IGIDL. Este valor é
mais elevado em 12.2 mm do que o da
normal climática 1961-1990 (750.7 mm).
Entre os meses chuvosos, Outubro05,
Novembro05 e Março05 foram os que tiveram
precipitação acima do normal para a época
do
ano.
Dezembro05,
Janeiro06
e
Fevereiro06 foram mais secos do que o
normal.
mais informação em:
http://www.igidl.ul.pt/index.htm
Veja a previsão de
tempo em:
http://www.weather.ul.pt/igidl.php
ANO POLAR INTERNACIONAL- Em 2007 e
2008 será celebrado o Ano Polar
Internacional,
estando
a
participação
portuguesa em processo de organização com
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
a participação activa do Centro de Geografia
da UL (Gonçalo Vieira) e do CGUL (Luís
Mendes Victor).
O ANO POLAR INTERNACIONAL EM PORTUGAL
O Ano Polar Internacional (API), evento
organizado pela Organização Meteorológica
Mundial e pelo Conselho Internacional para a
Ciência (ICSU), iniciou-se no passado dia 1
de Março e decorre até Março de 2009. Tratase do maior programa científico efectuado até
hoje nas regiões polares e engloba
actividades de cerca de 60 países e de mais
de 50.000 investigadores e técnicos.
Vários investigadores portugueses têm
estudado as regiões polares, embora quase
sempre
enquadrados
em
programas
científicos estrangeiros, sendo que Portugal
não teve até hoje um interesse oficial na
ciência polar.
Base Antárctica Espanhola Juan Carlos I na Península
Hurd, Ilha Livingston (Antárctida Marítima), uma das
áreas onde a investigação portuguesa sobre permafrost
está a decorrer.
Aproveitando o Ano Polar Internacional, os
cientistas polares portugueses reuniram-se e
formaram o Comité Português para o Ano
Polar
Internacional.
Este,
reúne
investigadores das universidades do Algarve,
Coimbra, Évora e Lisboa, bem como
representantes da Sociedade de Geografia de
Lisboa. O Comité é presidido pelo Prof. Luís
Mendes-Victor e recebeu a chancela da FCT.
O Comité Português pretende aproveitar a
janela de oportunidade que é o ano polar,
para dinamizar a ciência polar portuguesa,
tendo-se proposto a atingir 4 grandes
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objectivos: 1) Portugal assinar o Tratado da
Antárctida (processo em curso, com
aprovação na Assembleia da República por
unanimidade em Fevereiro deste ano); 2)
Portugal integrar o Scientific Committee for
Antarctic Research – SCAR (objectivo
conseguido em Julho de 2006); 3)
Estabelecer um Programa Polar Português
(proposta em preparação para entrega à
FCT); e 4) Estabelecer um programa de
divulgação científica que aproxima a ciência
polar da sociedade (foi criado o projecto
LATITUDE60! financiado pela Agência
Ciência Viva).
A ciência portuguesa está activa em seis
projectos nucleares com a chancela máxima
do Comité Internacional do API. São projectos
internacionais que tentam responder a
questões científicas centrais para a ciência
polar no início do Séc. XXI, e integram uma
lista de cerca de 200 projectos internacionais
com a chancela do API:
• Análise Circumpolar Integrada das
Interacções entre o Clima e a
Dinâmica dos Ecossistemas do
Oceano Austral - ICED-IPY (Doutor
José Xavier, U. Algarve). Este
projecto relaciona os ecossistemas e
a
biogeoquímica
do
Oceano
Antárctico, incluindo o estudo dos
processos climáticos circumpolares
ao nível dos efeitos do carbono
orgânico atmosférico e poluentes nos
oceanos polares.
• Censo da Vida Marinha Antárctica CAML (Doutor José Xavier, U.
Algarve). O projecto irá integrar
informações de todas as regiões do
Antárctico, habitats e áreas de estudo
de modo a fortalecer o conhecimento
da dinâmica dos ecossistemas das
altas latitudes.
• Observatório
Internacional
do
Permafrost - TSP (Prof. Doutor
Gonçalo Vieira, U. Lisboa). Este
projecto da Associação Internacional
do Permafrost tem como objectivo a
instalação
de
uma
rede
de
monitorização das temperaturas do
permafrost (solo permanentemente
gelado) nas regiões polares, com o
objectivo de obter uma caracterização
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
detalhada do seu estado térmico, em
particular estudando a dinâmica do
permafrost no quadro das mudanças
climáticas.
• Permafrost, Solos e Ambientes
Periglaciários Antárcticos e SubAntárcticos - ANTPAS (Prof. Doutor
Gonçalo Vieira, U. Lisboa). O
ANTPAS
é
um
projecto
da
Associação
Internacional
do
Permafrost e do SCAR, e os seus
principais objectivos são o estudo do
permafrost e da camada activa da
Antárctida, e a dinâmica destes
ambientes no quadro das variações
climáticas,
numa
abordagem
interdisciplinar. Um dos pilares é a
instalação
de
uma
rede
de
monitorização
de
parâmetros
ambientais na Antárctida.
• Percas de Ozono Polar - PO3L
(Doutor Daniele Bortoli, U. Évora) – O
principal objectivo deste projecto é
quantificar as percas de ozono polar
em ambos os hemisférios e
documentar a magnitude da redução
do ozono antes da recuperação
iniciada com a aplicação do protocolo
de Montreal.
• Comité de Coordenação para as
Actividades da Juventude - IPYYSC (Doutor José Xavier e Prof.
Doutor Gonçalo Vieira). Esta proposta
tem uma componente essencialmente
educativa e tem como objectivo
motivar os jovens para a ciência
polar.
No quadro dos projectos nucleares do API, o
Centro de Geofísica da Universidade de
Lisboa colabora com o Centro de Estudos
Geográficos da UL e com o Centro de
Geofísica da Universidade de Évora no
estudo do permafrost e das variações
climáticas da Antárctida Marítima. Para o Ano
Polar Internacional estão previstas várias
campanhas de campo na região da Península
Antárctica, que contarão com a colaboração e
participação do CGUL. [Gonçalo Vieira]
Mais informação sobre o Ano
Internacional pode ser encontrada em:
http://anopolar.no.sapo.pt
Polar
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http://www.ipy.org
INVESTIGAÇÃO
CGUL
CIENTÍFICA
NO
Esta é uma secção dedicada a apresentar
temas e projectos de investigação, artigos
publicados e laboratórios do CGUL..
O sismo do Faial de 9-7-1998 e a estrutura
crustal nos Açores
A região do Arquipélago dos Açores é uma
região de intensa actividade geodinâmica, de
morfologia e tectónica particulares, fruto da
sua localização como junção tripla de placas
(Lourenço et al., 1998; Madeira et al., 1998).
A manifestação mais espectacular desta
actividade traduz-se numa intensa actividade
sísmica e vulcânica.
Desde a descoberta do Arquipélago (ca.
1427) e início do seu povoamento (ca. 1439)
que existem relatos associados à ocorrência
de fenómenos sísmicos e/ou vulcânicos,
nalguns
casos
assumindo
dimensões
catastróficas. Historicamente, entre os sismos
relatados mais devastadores figuram: 1522
na ilha de São Miguel; 1614, 1801 e 1841 na
Terceira; 1730 na Graciosa; 1757 próximo de
São Jorge, que é o maior sismo reportado
nos Açores, foi sentido em todo o arquipélago
mas com maior violência nas zonas orientais
das ilhas de São Jorge e Pico, existindo
relatos de um tsunami (Nunes, 1998; Nunes
et al., 2004). Muitos dos sismos e crises
sísmicas registadas em tempos históricos e
actuais, estão associadas a erupções
vulcânicas ou a algum fenómeno vulcânico.
Os relatos históricos raramente referem
eventos
exclusivamente
sísmicos
ou
vulcânicos, diferenciação só efectuada a
partir do período de cobertura instrumental
que se iniciou no Séc. XX. Durante o Século
XX foram registados vários sismos, alguns de
consequências devastadoras como o ocorrido
em 31/8/1926 localizado a SW do canal FaialPico, destacando-se ainda a crise sísmica de
1957-58 associada à erupção dos Capelinhos
e o sismo de 1 de Janeiro de 1980 (de
magnitude 7,2), que devastou a zona
ocidental da ilha Terceira e em particular a
cidade de Angra do Heroísmo (Senos, 2003).
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
A sismicidade registada nesta região é
bastante elevada, predominando os eventos
de baixa magnitude e organizados no espaço
e no tempo em crises sísmicas, por vezes
induzidos por sismos mais violentos (Figura
1). A ocorrência do sismo de 9 de Julho de
1998 perto da ilha do Faial abriu uma janela
de oportunidade para um estudo dos
mecanismos envolvidos na geração desta
sismicidade. Este estudo foi desenvolvido em
conjunto pelo CGUL, pelo Instituto de
Meteorologia (IM) e pelo Centro de
Vulcanologia e Avaliação de Riscos
Geológicos (CVARG).
Figura 1 – Sismicidade registada no arquipélago dos
Açores 1964-2001 (ISC, 2001). A Dorsal Médio-Atlântica
(DMA) separa as placas Norte-Americana (NA) da
Euroasiática (EU) e Africana (AF), que por sua vez são
separadas pelo 3º braço da Junção Tripla dos Açores,
um ramo de expansão ultra-lenta oblíqua delineado pela
sismicidade e que se prolonga para leste através da
Falha da Glória (FG). A Zona de Fractura Este-Açores
(ZFEA) representa um segmento abandonado da
fronteira AF-EU. A figura inclusa representa os epicentros
e mecanismos focais dos 2 sismos mais destrutivos dos
últimos 30 anos, o da Terceira e o do Faial.
Nos dias seguintes ao sismo principal foram
instaladas 7 estações sísmicas digitais
temporárias, nas ilhas do Faial, Pico e São
Jorge, reforçando a cobertura instrumental da
sequência sísmica por parte da rede
permanente do SIVISA (Sistema de Vigilância
Sismológica
dos
Açores,
gerido
conjuntamente pelo IM e CVARG). Estas
estações foram operadas pelo Instituto de
Meteorologia e pelo CGUL/IGIDL, tendo
funcionado entre 11 de 29 de Julho, período
durante o qual permitiram localizar mais de
4600 eventos. A informação gerada permitiu a
selecção de dados sísmicos de grande
qualidade, para estudos de tomografia
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sísmica, análise de anisotropia sísmica e
estudo das fontes sísmicas associadas às
estruturas tectónicas activas.
A 1ª fase de estudos deste tipo consistiu na
modelação da propagação das ondas
sísmicas, ondas volúmicas P e S, de modo a
obter um modelo unidimensional de variação
das velocidades das ondas sísmicas com a
profundidade (Figura 2). A distribuição das
velocidades Vp e Vs com a profundidade, e
nomeadamente, da razão Vp/Vs, dada por
este modelo fornece indicações sobre a
estrutura
crustal
na
área
epicentral
compreendida entre as ilhas do Faial e Pico.
junção tripla. Os resultados deste trabalho
encontram-se neste momento em fase de
publicação (Matias et al., 2007).[Nuno A.
Dias]
Figura 2 – Perfis de velocidade 1-D das ondas P e S e
da variação da razão vp/vs e respectiva interpretação em
termos petrológicos de acordo com (Karson, 1998).
Meteorologia no CGUL- Modelling The
Atmospheric Environment
A interpretação do modelo da Figura 2 sugere
que a estrutura crustal nesta zona possuirá
uma espessura aproximada de 12-13 km,
60% mais espessa que a estrutura oceânica
típica, sendo este incremento devido a uma
camada 3 mais espessa. Isto será indicativo
de que a acreção da crusta na região dos
Açores se fez essencialmente à custa de uma
taxa
de
fornecimento
magmático
relativamente elevada, que arrefeceu e
cristalizou em profundidade; a taxa de
vulcanismo extrusivo, embora importante, terá
desempenhado um papel reduzido na
edificação crustal. A fonte deste magmatismo
elevado é assunto em discussão, podendo
ser o resultado da presença efectiva de um
“hot-spot” sob os Açores, ou alternativamente
ser consequência unicamente da condição de
O CGUL através do grupo de Meteorologia:
MAE
–
‘Modelling The Atmospheric
Environment’, tem-se envolvido em projectos
internacionais
relacionados
com
a
assimilação de dados meteorológicos,
nomeadamente dados de detecção remota
por satélite. Passemos a explicar um pouco
este tema.
No últimos anos os dados recolhidos por
satélite têm-se tornado uma relevante fonte
de informação (senão a predominante), para
utilização na Previsão Numérica do Tempo
Atmosférico. A vantagem dos satélites sobre
outras
observações
meteorológicas
(radiosondagens
por
balão,
estações
sinópticas em terra e no mar etc.), é a sua
cobertura observacional quase global do
planeta Terra e de modo recorrente e
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
Referências:
ISC, 2001. Bulletin Disks 1-9 (CD-ROM). International
Seismological Centre, Tatcham, United Kingdom.
Karson, J.A., 1998. Internal Structure of Oceanic
Lithosphere: A Perspective from Tectonic Windows. In:
W.R. Buck, P.T. Delaney, J.A. Jeffery A. Karson and Y.
Lagabrielle (Editors), Faulting and Magmatism at MidOcean Ridges. Geophysical Monograph. American
Geophysical Union, Washington, D.C., pp. 177-218.
Lourenço, N. et al., 1998. Morpho-tectonic analysis of the
Azores Volcanic Plateau from a new bathymetric
compilation of the area. Marine Geophysical Researches,
20(3): 141-156.
Madeira, J., Silveira, A.B. and Serralheiro, A., 1998. A
tectónica do Faial e o sismo de 9 de Julho de 1998, 1º
Simpósio de Meteorologia e Geofísica da APMG, pp. 8188.
Matias, L. et al., 2007. The 9th of July 1998 Faial Island
(Azores, North Atlantic) seismic sequence. submitted J.
Seismology.
Nunes, J.C., 1998. Sismicidade histórica dos Açores, 1º
Simpósio de Meteorologia e Geofísica da APMG. APMG,
Lagos, pp. 115-122.
Nunes, J.C., Forjaz, V.H. and Oliveira, C.S., 2004.
Catálogo Sísmico da Região dos Açores, Versão 1.0
(1850-1998). In: P.B. Lourenco, J.O. Barros and D.V.
Oliveira (Editors), 6º Congresso Nacional de Sismologia e
Engenharia Sísmica. Universidade do Minho, Guimarães,
Portugal, pp. 349-357.
Senos, M.L., 2003. Sismicidade e monitorização sísmica
em Portugal, Instituto de Meteorologia, Lisboa.
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periódico. Para além da utilização dos dados
na previsão meteorológica, tal permite uma
monitorização da atmosfera e da superfície
terrestre em tempo real com inúmeros fins:
climatológicos, hidrológicos, agrícolas, de
saúde etc.
Actualmente são executadas, da ordem de
107 observações meteorológicas diárias, das
quais cerca de 70% são obtidas por detecção
remota (satélites). Esses dados são usados
para obter a melhor estimativa possível - a
chamada análise meteorológica – da
caracterização tridimensional da atmosfera e
ainda do oceano e do solo, no momento
inicial de uma previsão meteorológica, por
exemplo às 00 horas em tempo de
Greenwich. Essa estimativa é obtida,
utilizando observações e previsões prévias de
modelos, bem como especificações sobre as
distribuições dos respectivos erros. A
combinação de todas essas informações
constitui um problema inverso de grande
complexidade cujos algoritmos constituem o
objecto da assimilação de dados. No entanto
ainda existem numerosos enviesamentos nas
observações de satélite, bem como
especificações
imperfeitas
das
suas
distribuições de erro, que podem ser de
origem puramente instrumental ou de
representatividade, o que é a resposta à
questão de quais as escalas espaciotemporais dos campos (e.g. temperatura e
humidade), que podem efectivamente ser
diagnosticadas e com que erro? Ainda só
uma pequena fracção dos dados de satélite
estão em condições de ser usados na
assimilação de dados. A extensão dessa
quantidade poderá ser decisiva para um
aumento gradual da predictabilidade útil dos
modelos de previsão atmosférica.
Nesse sentido, numerosos grupos de
investigação mundiais (ECMWF – European
Center for Medium Range Weather Forecasts
- Inglaterra; CNRM – Centre National de
Recherces Météorologiques - França; NASA
–
National
Aeronautics
and
Space
Administration – EUA), têm contribuído para o
aperfeiçoamento
dos
algoritmos
de
assimilação de dados. Neste contexto, o
grupo MAE do CGUL, através de Carlos
Pires, tem mantido uma colaboração com o
LMD
(Laboratoire
de
Météorologie
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
Dynamique) do CNRS (Centre National de
Recherches Scientifiques), Paris – França,
financiado pelo Programme National LEFE:
‘Les Enveloppes Fluides et l’Environnement’.
O projecto de colaboração tem o título:
'Validation
a
posteriori,
diagnostics
d’optimalité et de gaussianité'. A colaboração
visa essencialmente o desenvolvimento de
algoritmos de inversão a partir de estimativas
com erros não Gaussianos. Esse projecto já
deu origem a várias comunicações na Europa
e a um artigo em preparação: Pires,
C.,
Talagrand, O., 2007: Modelling NonGaussianity of background and observational
errors by the Maximum Entropy Method:
Comparing Bayesian and Linear Analysis ( a
submeter a Monthly Weather Review).[Carlos
Pires]
Lista dos artigos publicados nos últimos
meses:
[] Drusch, M., and P. Viterbo, 2007: Assimilation of
Screen-Level Variables in ECMWF's Integrated
Forecast System: A Study on the Impact on the
Forecast Quality and Analyzed Soil Moisture.
Mon.Wea. Rev., 135, 300-314.
[] Monteiro Santos, F.A., Andrade Afonso, A.R. and
Dupis, A., 2007. 2-D joint inversion of dc and scalar
audio-magnetotelluric data in the evaluation of low
enthalpy geothermal fields. Journal of Geophys
and Engineering, 4, 53-62, doi:10.1088/17422132/4/1/007. http://www.iop.org/EJ/abstract/17422140/4/1/007
[] Mendes, D., E. Souza, I. Trigo, P.M.A. Miranda
(2007), On precursors of south American
cyclogenesis, Tellus A, 59, 114-121. PDF
[] Nieto R., Gimeno L., Gallego D., Trigo R.M.
(2007) “Identification of major sources of moisture
and precipitation over Iceland”. Meteorologische
Zeitschrift , 16, 37-44. pdf
[] Rodrigo, F.S, Trigo R.M.,.(2007) “Trends in daily
rainfall in the Iberian Peninsula from 1951 to 2002”.
International Journal of Climatology". 27: 513–529,
DOI: 10.1002/joc.1409. pdf
[] Vaquero J.M., Trigo R.M., Gallego M.C., MorenoCorral M.A. (2007) “Two early sunspots observers:
Teodoro de Almeida and José Antonio Alzate”.
Solar
Physics,
240:
165–175,
DOI
10.1007/s11207-006-0264-5.
[] Mendes, D., E. Souza, I. Trigo, P.M.A. Miranda
(2007), On precursors of south American
cyclogenesis, Tellus A, 59, 114-121. PDF
[] Pires, C.A., and R.A. Perdigão (2007), NonGaussianity and Asymmetry of the Winter Monthly
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Precipitation Estimation from the NAO, Monthly
Weather Review, 135, 430-448.
I&D NO CGUL/O CGUL E AS
EMPRESAS
Uma das atribuições do CGUL é a realização
de
projectos
de
Investigação
e
Desenvolvimento (I&D) em ligação com a
industria ou instituições/serviços públicos.
Destaca-se um dos últimos trabalhos
realizados:
Figura 1 - Modelo de distribuição da resistividade
eléctrica obtida a partir dos dados de DD.
Prospecção
geo-electromagnética
realizada na zona do Aproveitamento
Hidroagrícola de Sotavento Algarvio
A importância que as águas subterrâneas
têm tido no desenvolvimento das actividades
económicas no Algarve é reconhecida por
todos. Contudo, o esforço de exploração a
que têm sido submetidas, tem contribuído
para a degradação da sua qualidade. Por
outro lado, em alturas de seca, a procura
daquele recurso tem esbarrado com algumas
limitações
dos
recursos
hídricos
subterrâneos.
Com o propósito de aprofundar o
conhecimento existente sobre o aquífero da
Luz de Tavira, foi realizado um estudo
hidrogeológico no âmbito de um protocolo
entre o IDRH e a FCUL, tendo o CGUL sido
responsável pela prospecção geofísica.
Nesse estudo, foram realizadas sondagens
eléctricas (VES) e electromagnéticas (TDEM)
e um perfil de resistividades (DD) que
permitiram uma caracterização da distribuição
da resistividade eléctrica das formações
geológicas em profundidade. Como a
resistividade das formações depende, em
grande parte do seu conteúdo em água, a
imagem da distribuição da resistividade pode
ser interpretada em termos da distribuição de
água. Este tipo de estudos tem a grande
vantagem de: 1) diminuir o risco de se
fazerem furos não produtivos (ou pouco
produtivos), 2) de avaliar a protecção natural
dos aquíferos e 3) de ter uma primeira
avaliação da qualidade da água.
Figura 2 - Distribuição de resistividades obtida a partir
dos dados de TDEM num perfil próximo do perfil DD. A
presença do aquífero está associada ao valores mais
baixos de resistividade que predominam na parte sul do
perfil.
Os
valores
elevados
de
resistividade,
predominantes na parte norte e em profundidade, estão
associados à presença de formações calcárias.
Figura 3 - Distribuição da resistividade eléctrica em
profundidade. Este mapa foi obtido a partir dos dados de
TDEM.
[F. Santos]
CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS
(Próximas)
Tome nota das próximas conferências:
- EGU- European Geosciences Union General
Assembly 2007, Vienna, Austria, 1 -20 April
2007
http://meetings.copernicus.org/egu2007/
- International Workshop EGM 2007
Innovation in EM, Grav and Mag Methods: a
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
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new Perspective for Exploration: Capri Island, (Passados)
Italy, 16 - 18 April, 2007
http://www2.ogs.trieste.it/egm2007
- 24th IUGG General Assembly: Perugia, Italy,
2-13 July, 2007.
http://www.iugg2007perugia.it/
- EM3D-4: Freiberg, Germany, 28-30
September, 2007
XXXV
Congresso
da
Associação
Internacional de Hidrogeólogos. Lisboa,
Setembro 2007.
http://apgeologos.pt/frame_nsoc.htm
- EAGE Conferences – programa das várias
conferências para 2007 com o apoio da
EAGE.
http://www.eage.org/index.php?ActiveMenu=1&Me
nu_Id=1&Opendivs=s1
- I Congresso IberoAmericáno de Água,
Agricultura Y Medioambiente, Cuenca,
Espanha, Junho de 2007.
http://tierra.rediris.es/hidrored/noticias/concuenca/concue
nca.html
Eis a lista dos últimos seminários:
05/03/2007 - Luis Gimeno (Universidade de
Vigo)
Aplicacion
de
metodos
Lagrangianos para la identificacion de
fuentes de humedad en diversas regiones
de interes climatico.
19/03/2007 - Paulo Pinto (IM) - Nowcasting
com radar meteorológico: o caso do IM
12/03/2007
Carlos
da
Câmara
(CGUL/IDL) - Da previsão do Tempo à
previsão do Clima
20/03/2007(excepcionalmente 3ª feira, sala
8.2.23) - Paulo Pinto (IM) - Nowcasting com
radar meteorológico: o caso do IM
26/03/2007 (excepcionalmente na sala
8.2.23) - Carlos Pires (CGUL/IDL) Estatísticas do Clima para lá do Universo
Gaussiano
(Próximos)
CONFERÊNCIAS NACIONAIS
(Passadas)
- 5º Simpósio da APMG 2007. Peniche,
Fevereiro. http://apmg.4mg.com/
Os Resumos apresentados pelos membros
do CGUL podem ser visto em:
http://www.igidl.ul.pt/FMSantos/NewsLetter-2.htm
(Próximas)
Tome nota das próximas conferências:
- VI Congresso Ibérico de Geoquímica e
XV Semana de Geoquímica. Vila Real, Julho
2007. http://home.utad.pt/~vicig/
- 7º Congresso de Sismologia e Engenharia
Sísmica.
Porto,
Setembro
2007.
http://conferencias.fe.up.pt/sismica2007/
- Seminário Sobre Águas Subterrâneas, Lisboa,
Março 2007.
http://www.aprh.pt/texto/1e20307.html
SEMINÁRIOS NO CGUL
O CGUL realiza periodicamente seminários
abertos ao público interessado. Toda a
informação em:
http://www.igidl.ul.pt/seminars.htm
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
Tome nota dos próximos seminários:
02/04/2007 - Raquel Nieto (Universidade
de Vigo) - Identificación, caracterización
climática e predecibilidad de Cut-off Low
Systems
23/04/2007 - Mónica Mendes (CGUL) Climatologia de episódios de bloqueio:
comparação entre as reanálises do
NCEP/NCAR e o modelo HadCM3 e
Bloqueios atmosféricos sobre o hemisfério
Sul: cenários futuros
07/05/2007
João
Corte-Real
(Universidade de Évora) - O Verão quente
de 2003: Prenúncio do Clima Futuro?
14/05/2007 - Frank Wagner (Universidade
de Évora) - Aerosols - Experiments,
Measurements, Models
21/05/2007 - Pedro Silva (CGUL) - Thermal
and mechanical effects related with dykes:
Foum Zguid case study
28/05/2007 - Ricardo Tomé (CGUL) Distribuição de precipitação e vento na ilha
da Madeira: um estudo comparativo com
vários modelos de alta resolução
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entre as noções de intensidade e magnitude
O CGUL E O ENSINO
de um sismo.
UNIVERSITÁRIO/POLITÉCNICO
Decorreu, entre 5 e 9 de Março, no Instituto
Politécnico de Tomar (IPT) a Festa da
Ciência, Cultura e Tecnologia que contou com
a participação de Rui Gonçalves, docente do
IPT e colaborador do CGUL, que fez a
apresentação “GeoRadar – uma ‘visão’ do
invísivel”
(técnica
de
prospecção
electromagnética do subsolo).
As mais recentes Teses de Doutoramento
orientadas por membros do CGUL:
- Metodologias de prospecção geofísica
aplicadas
a
problemas
ambientais
e
geotécnicos. Aplicação conjunta de métodos
eléctricos e sísmicos, Rogério P.V. Mota,
orientador F. Santos, Fev. 2007.
O CGUL E O ENSINO NÂO
UNIVERSITÁRIO
LIVROS/MANUAIS
Nesta rubrica analisar-se-á a forma como
alguns conceitos ligados à Física e às
Ciências da Terra são abordados em livros do
ensino básico e secundário. A tentativa de os
explicar de forma simples conduz com
frequência a imprecisões e omissões.
Pretende-se aqui comentar, pontualmente,
um ou outro assunto apresentado nestes
livros, e relativamente ao qual entendemos
existirem incorrecções. Esperamos que estes
notas possam ser úteis a quem utiliza estes
manuais.
Breve nota sobre a utilização dos termos
Intensidade e Magnitude de um sismo, em
dois manuais do ensino básico
“...a intensidade do sismo foi de 7,6
graus na Escala de Mercalli”.
Esta frase que aparece num manual escolar
do ensino básico é um exemplo, entre vários,
de incorrecções e erros importantes, na
apresentação de matérias, neste caso,
referentes às Ciências da Terra e em
particular a sismos. Neste caso particular
reflecte a, infelizmente habitual, confusão
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Uma das preocupações dos sismologistas no
final do século XIX foi a de criar escalas de
intensidade sísmica. A intensidade sísmica é
uma avaliação subjectiva do movimento do
solo num determinado local a partir dos
efeitos
produzidos
no
homem,
nas
construções, no solo e, em geral, no ambiente
geográfico desse local.
A primeira codificação dos efeitos dos sismos,
classificando-os numa escala de 10 graus, foi
proposta em 1880 por dois investigadores
suiços: M.S. de Rossi e F.Forel. Em 1902 o
geofísico italiano G. Mercalli propôs um
alargamento desta escala, de forma a poder
integrar efeitos mais devastadores, ficando
com 12 graus. A ordenação em numerais
romanos vai desde o grau I (apenas sentido
pelos
sismómetros),
grau
II
(muito
ligeiramente sentido por pessoas em
repouso), até ao grau XII (alteração brutal da
superfície nesse local; todas as construções
feitas pelo homem são destruídas; mudanças
dos cursos de rios ou formação ou destruição
de lagos, etc). As modificações a esta escala
propostas em 1931 pelos sismologistas
americanos Harry Wood e Frank Neumann e
posteriormente por Charles Richter, derem
origem à escala de Mercalli Modificada. Esta
é a escala actualmente mais referida.
Como é uma escala atribuída a partir de
efeitos, para locais à mesma distância do
epicentro, mas com natureza do solo e tipo de
ocupação humana diferentes, a intensidade
atribuída a cada um desses locais será
diferente.
Note-se também que pelo facto de ser
definida a partir da avaliação humana
(registos, descrições, etc) a forma como cada
população visualiza o efeito é também
dependente
de
várias
circunstâncias
subjectivas como a época da catástrofe, da
habituação da população ao fenómeno, etc.
A partir de um número suficiente de
observações (descrições) em vários locais de
uma região, é possível traçar curvas de igual
intensidade, construindo assim cartas de
isossistas. Logicamente estas curvas,
quando em regiões costeiras ou ilhas, não se
podem prolongar para o mar. A escala de
intensidades simplesmente não se pode
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atribuir ao mar: não há ocupação humana,
não há construções e o solo não é visível.
Por fim, como é uma escala determinada por
uma avaliação subjectiva não tem, por
definição, valores decimais. Aliás o facto de
dever ser escrita em numeração romana,
determina a não atribuição de valores
intermédios entre cada grau.
Então e a magnitude?
A magnitude é uma medida (em contraste
com a anterior avaliação) da “importância”
(da energia) de um sismo, é como que o
bilhete de identidade do sismo. A noção de
magnitude de um sismo foi introduzida em
1935 por Charles Richter para o estudo dos
sismos da Califórnia. O objectivo inicial ao
definir este parâmetro foi o de estimar a
energia libertada pelo sismo na fonte e assim
poder comparar sismos. A magnitude é uma
quantidade logarítmica calculada a partir da
amplitude máxima de uma dada onda (onda
volúmica por exemplo) e do seu período,
registadas num sismograma. Como é uma
grandeza logarítmica significa que um sismo
de magnitude 4,0 (4 = log10 10000) apresenta
a referida onda com uma amplitude 10 vezes
maior que a amplitude do mesmo tipo de
onda de um outro sismo de magnitude 3,0 (3
= log10 1000). Deve relembrar-se que, no que
respeita à energia, a variação de uma
unidade de magnitude representa uma
variação de cerca de 31 vezes na energia
libertada.
A magnitude não é portanto uma escala
discreta, como a escala de Mercalli, mas sim
uma função contínua, porque pode variar
continuamente entre valores mínimos,
dependentes da sensibilidade do sismómetro,
até valores muito elevados.
Com os
aparelhos actuais a gama de valores que a
magnitude pode apresentar vai desde
aproximadamente -3,... a cerca de 9,...
Consoante o tipo de ondas utilizado no
cálculo da magnitude assim se definem várias
magnitudes. Magnitude das ondas volúmicas,
magnitude das ondas superficiais magnitude
local, magnitude do momento sísmico, entre
outras. É a magnitude obtida através das
ondas de volume, proposta por Gutenberg e
Richter em 1956, que é comum utilizar para
referir e noticiar os grandes sismos. A
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magnitude é definida pelo logaritmo na base
10 da relação entre a amplitude e o período
da componente vertical das ondas de volume
que chegam ao sismómetro, mais um termo
que relaciona a distância epicentral e a
profundidade da fonte. O sismo que foi
sentido no nosso país em 12 de Fevereiro de
2007, às 10h 36m teve uma magnitude 5,8
(ou 5,8 Richter).
Alguns dos sismos com maior número de
fatalidades dos últimos anos apresentaram
magnitudes elevadas, como por exemplo:
El-Asnam,
Argélia,
10/10/1980,
magnitude 7,3
Michoacan,
México,
19/9/1989,
magnitude 8,1
Santa
Cruz,
Califórnia,
EUA,
17/10/1989, magnitude 7,1
Turquia, 17/8/1999, magnitude 7,6
Sudeste
do
Irão,
26/12/2003,
magnitude 6,6
Costa
Ocidental
de
Sumatra,
Indonésia, 26/12/2004, magnitude
9,3
Paquistão, 8/10/2005, magnitude 7,6
Eis finalmente algumas das frases, retiradas
de dois manuais escolares do ensino básico,
que pelas referências que fazem aos
conceitos de Intensidade e Magnitude,
motivaram esta breve nota.
1 - Preparar os Testes de Avaliação,
Terceiro Ciclo do Ensino Básico, Ciências
Naturais 8º ano (Tema 3 Sustentabilidade
na Terra).
Areal Editores, 2006
Na pág 57, exercício 2 pode ler-se:
”...A intensidade do sismo foi de 7,6
graus na Escala de Mercalli.”
Se o que a frase pretende referir é uma
intensidade (Escala de Mercalli) então deve
ser indicada em numeração romana. Só
poderia ser descrita como grau VI ou grau VII
e naturalmente sem valores decimais. Se o
que está certo é o valor 7,6 então não é uma
intensidade mas sim uma magnitude e
portanto não é uma escala de Mercalli.
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2 - Bioterra. Terra no Espaço, Terra em
Transformação,
Ciências
Físicas
e
Naturais, 3º ciclo.
Porto Editora, 2005
Na pág. 103, no último parágrafo lê-se:
“Na superfície e na vertical do
hipocentro situa-se um outro ponto
onde o sismo é sentido com maior
intensidade, o epicentro.”
A primeira parte da frase está correcta: o
epicentro é o ponto à superfície, na vertical do
hipocentro ou foco. Agora já não é verdade
que na vertical do epicentro esteja o local
onde o sismo se faça sentir com maior
intensidade. Numa Terra homogénea a
energia de um sismo propagar-se-ia
radialmente a partir da origem (hipocentro).
Mas as estruturas atravessadas pelas ondas
desde o hipocentro (que pode estar localizado
a profundidades de centenas de quilómetros)
até à superfície não são necessariamente
homogéneas. Pelo contrário, apresentam
propriedades físicas e orientações estruturais
diferentes.
Por isso a epicentro, que apesar de ser o
local à superfície mais perto do hipocentro,
pode não ser necessáriamente o local que
recebe maior energia.
Na pág. 105 no 2º parágrafo do ponto com o
título “Como se medem os sismos?” lê-se:
“Uma outra escala é a de Richter, mais
exacta do que a anterior (o texto referese à escala de intensidades de
Mercalli), uma vez que mede a
magnitude que é a energia libertada do
sismo”.
A magnitude Richter não é uma escala como
a escala Mercalli; magnitudes não são mais
ou menos exactas que intensidades porque
caracterizam fenómenos diferentes, avaliados
de forma diferente: por aparelhos no primeiro
caso e por observação humana no outro
caso. O primeiro avalia a energia do sismo no
foco e o segundo avalia o grau ou intensidade
da destruição de uma determinada região.
Por fim, magnitude e energia estão de facto
relacionadas, mas quando se diz, sem mais
nenhuma observação, que a magnitude é a
energia libertada pelo sismo, omite-se o facto
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de que a variação de uma unidade de
magnitude representa um factor de aprox. 31
vezes na energia libertada.[Mário Moreira]
BIOGRAFIA DE FRANCISCO
AFONSO CHAVES
Nesta secção será dado conhecimento da
vida e obra de cientistas ligados à geofísica.
Neste número apresentam-se algumas notas
sobre a vida de Francisco Afonso Chaves.
Francisco Afonso Chaves – uma vida na
história da meteorologia
A vida de Francisco Afonso Chaves (18571926) quase se confunde com a história da
meteorologia nos Açores, ou pelo menos,
com a fase crucial em que ali se começou a
desenvolver a cooperação meteorológica
internacional com vista ao estudo dos
fenómenos atmosféricos do Atlântico e ao
aperfeiçoamento da previsão do estado do
tempo para o continente europeu.
Francisco Afonso Chaves
Quando, em 1879, Afonso Chaves regressou
à ilha de S. Miguel, depois de concluído com
brilhantismo o curso de Infantaria da Escola
do Exército, em Lisboa, levava consigo
alguma formação e um já desperto gosto
pelas
ciências.
Circunstâncias
locais
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encaminharam-no
para
os
estudos
zoológicos, mas seriam as ciências que então
se englobavam sob a designação de Física
do Globo – a meteorologia, o geomagnetismo
e a sismologia – que lhe despertariam um
imperioso desejo de formação e lhe viriam a
abrir o caminho de uma futura actividade
científica profissional. Momento crucial neste
trajecto foi o encontro, em 1887, com o
Príncipe do Mónaco, que então cumpria as
suas primeiras expedições oceanográficas
no Atlântico e começava a esboçar um
projecto
internacional
de
estudos
meteorológicos sediado nos Açores. Quando,
em 1893, o cabo submarino liga finalmente o
arquipélago ao continente europeu, cumprese a última condição que, até então, impedira
o projecto de avançar.
Por esta altura, já Afonso Chaves
desenvolvera conhecimentos de climatologia
e meteorologia suficientes para a sua
competência ser reconhecida com a
nomeação para o cargo de director do Posto
meteorológico de Ponta Delgada. Dentro dos
limites que o respeito hierárquico e a
admiração pelo vice-almirante João Brito
Capelo lhe impunham, Chaves assumiu o
cargo com o voluntarismo de quem sabia
estar colocado num lugar estratégico para o
futuro
da
meteorologia.
Assim,
no
cumprimento das indicações do Observatório
Meteorológico
do
Infante
D.
Luiz,
implementou o plano diário de observações e
de envio telegráfico de dados meteorológicos
dos Açores para Lisboa e Londres, depois
reenviados para Madrid e Paris.
Em 1894 Albert do Mónaco começou a
mobilizar meteorologistas e dirigentes das
principais potências europeias para a criação
de
uma
instituição
internacional
de
meteorologia nos Açores. Neste processo, é
solicitada também a colaboração do rei D.
Carlos I, que poderia influenciar as decisões
governamentais neste sentido, e Afonso
Chaves é convidado para futuro director da
instituição. Como o impunham a estratégia de
divulgação do projecto e a lealdade
institucional, o director do Observatório do
Infante D. Luiz esteve, desde o início, a par
do processo. E, embora não se mostrasse
particularmente entusiasmado com o projecto
do Príncipe, também nada fez para impedir
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que Afonso Chaves se envolvesse na
campanha da sua divulgação internacional e
avançasse para a etapa de formação
científica e técnica, em meteorologia e
geomagnetismo, que tanto ambicionava e que
pusera como condição para aceitar dirigir a
futura instituição internacional. É assim que,
em 1898, parte para Paris, onde fará
formação no Bureau Central Météorologique
e no Observatório de Saint-Maur. Mas, para
além disto, a viagem de cinco meses levá-lo-á
a vários outros observatórios europeus –
Madrid, Hamburgo, Christiania, Kiel, Berlim,
Leipzig e Londres – onde desempenha o
papel diplomático de divulgador do projecto
meteorológico internacional a criar nos
Açores. A receptividade, aparentemente
positiva, não se traduziu claramente na
prática. Tirando a Alemanha e a Academia
das Ciências de Paris, nenhuma outra
entidade avançou com propostas formais de
contribuição para o projecto. Em Londres,
apesar da conferência feita pelo próprio
Príncipe na Royal Society sobre a importância
desta colaboração internacional, a reserva
imposta pela difícil correlação de forças no
Atlântico, no qual se pretendia impedir
qualquer exercício de poder alemão,
bloqueou sempre uma adesão ao projecto
projecto. Finalmente, o governo português,
depois de avanços e recuos nem sempre
claros, toma a decisão final de assumir a
criação de um Serviço Meteorológico dos
Açores. Uma decisão tomada nas vésperas
do Congresso de Meteorologia reunido em
Paris, em Setembro de 1900, onde Afonso
Chaves já se encontrava, pronto para fazer a
apresentação
pública
do
Serviço
Meteorológico Internacional dos Açores. Um
telegrama urgente do 1.º Ministro Hintze
Ribeiro transformou esta apresentação no
anúncio da criação do Serviço Meteorológico
dos Açores. O documento apresentado
apenas mudou de título; os objectivos
mantiveram-se exactamente os mesmos.
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Vista da ilha do Pico a partir da cidade da Horta.
Esta posição do governo português, se por
um lado fazia sentir a pressão inglesa, sob a
capa de um nacionalismo muito adequado às
circunstâncias políticas internacionais então
vividas por Portugal, por outro, traduzia o
reconhecimento
oficial
da
importância
estratégica dos Açores para a ciência
internacional,
nomeadamente
para
o
desenvolvimento da meteorologia, e a
perspectiva de implantação no arquipélago de
um serviço de vanguarda científica neste
domínio.
O documento Rapport sur l’établissement
projeté
du
Service
Météorologique
International des Açores (1900), apresentado
por Afonso Chaves em Paris, fundamentava a
importância dos estudos meteorológicos no
arquipélago no acompanhamento e análise
do percurso das tempestades atlânticas.
Dados registados com rigor desde 1893 e
outros obtidos do Hydrographic Office dos
EUA permitiram a Chaves chegar à conclusão
de que as tempestades originárias das costas
americanas ou formadas nas regiões vizinhas
dos Açores evoluíam mais frequentemente
pelo sul do que pelo norte do arquipélago e
que um grande número delas passava entre
as ilhas das Flores e do Faial ou entre a do
Faial e a de S. Miguel. Apresentavam-se,
assim, duas ilhas extremas – S. Miguel e
Flores – e uma central – Faial – com
características ideais para a observação
meteorológica virada a sul, sendo certo que
só a primeira era já dotada de um
observatório
com
alguma
importância
instrumental e com ligação por cabo
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telegráfico à Europa. Havia, portanto, que
tornar o pequeno posto das Flores no
observatório que a sua posição geográfica
exigia e pugnar por um ramal de cabo que a
ligasse a uma estação central. Havia ainda
que criar de raiz um observatório na ilha do
Faial e um outro, para estudo das camadas
superiores da atmosfera, a cerca de 2 mil
metros, no cimo da ilha do Pico. Com esta
rede de observatórios bem equipada, ligada
telegraficamente e dotada de recursos
humanos competentes, Albert do Mónaco e
Afonso
Chaves
acreditavam
que
a
meteorologia avançaria em conhecimento e
eficácia. Para além de observação, registo e
estudos meteorológicos, o projecto previa
ainda para esta rede o desenvolvimento de
trabalhos nos campos do geomagnetismo, da
sismologia e da oceanografia, bem como a
prestação do serviço da hora à navegação.
Projecto que, transposto para o Serviço
Meteorológico dos Açores, ficou muito longe
de se tornar realidade. Nomeado director do
Serviço em 1901, Afonso Chaves fez, no
entanto, deste projecto uma meta para a qual
tendencialmente se encaminhavam todas as
melhorias que conseguia concretizar, no
serviço que os Açores prestavam à
meteorologia.
E
nos
domínios
do
geomagnetismo e da sismologia, nos quais
também desbravou caminhos, com a criação
do Observatório Magnético de S. Miguel e
com a instalação em Ponta Delgada da
primeira estação sismográfica nacional
(1902). A sua competência científica e
operacional aliada à importância estratégica
da localização atlântica dos Açores valeramlhe a eleição, em 1902, para o Comité
Meteorológico Internacional, o verdadeiro
coração da cooperação meteorológica
internacional.[Conceição Tavares]
∴
Colaboradores deste número:
Fernando M. Santos, CGUL. (coordenador)
Conceição Tavares - Centro de História das
Ciências da Universidade de Lisboa - CHCUL.
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Carlos Pires - CGUL
Gonçalo Vieira - Centro
Geográficos,
Universidade
Faculdade de Letras.
Mário Moreira – Instituto
Engenharia de Lisboa, CGUL.
de
de
Estudos
Lisboa,
Superior
de
Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa, www.cgul.ul.pt
Miguel Teixeira - CGUL.
Nuno A. Dias – Instituto Superior de
Engenharia de Lisboa, CGUL
Rui Gonçalves – Instituto Politécnico de
Tomar.
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