DETERMINANTES 2 × 2 Aplicaç˜ao Algébrica
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DETERMINANTES 2 × 2 Aplicaç˜ao Algébrica
DETERMINANTES 2 × 2 Aplicação Algébrica - Interpretação Geométrica - Conexões com Complexos MAT105- Geometria Analı́tica - Instituto de Geociências Primeiro semestre de 2016 Professor Oswaldo Rio Branco de Oliveira 1. APLICAÇÃO ALGÉBRICA Distância de ponto a reta. A equação geral de uma reta no plano cartesiano é: D : ax + by + c = 0, com a ou b não nulo. Dado um ponto Po = (xo , yo ) ∈ R2 , a distância de Po à reta D é |Po D| = | axo + byo + c | √ . a2 + b 2 Prova (primeira). Seja mr o coeficiente angular de uma reta r qualquer. As retas, designadas por S, perpendiculares à reta D, tem coeficiente angular mS tal que mS .mD = −1. Logo, utilizando o parametro d, uma equação geral de tais retas é S : −bx + ay + d = 0, com d ∈ R. Entre tais retas perpendiculares a D queremos a que passe por Po = (xo , yo ). Assim temos, −bxo + ayo + d = 0 e, portanto, determinamos o valor d = bxo − ayo . Obtemos então a reta SPo : −bx + ay + (bxo − ayo ) = 0. Para determinarmos o ponto P1 = (x1 , y1 ) = D ∩ SPo (intersecção das retas perpendiculares entre si D e SPo ) resolvemos o sistema ( ax + by = −c (∗) −bx + ay = ayo − bxo , 1 Multiplicando a primeira equação por a, a segunda por −b, e então somando- as encontramos 1 (b2 xo − abyo − ac). a2 + b 2 A seguir, multiplicando a primeira equação por b e a segunda por a e x1 = somando-as concluı́mos y1 = a2 1 (−abxo + a2 yo − bc). + b2 Computemos agora o quadrado da distância de Po = (xo , yo ) a P1 = (x1 , y1 ): |Po P1 |2 = (xo − x1 )2 + (yo − y1 )2 = [ xo − 1 ( a2 +b2 b2 xo − abyo − ac ) ]2 + [ yo − 1 ( a2 +b2 −abxo + a2 yo − bc ) ]2 = 1 [ (a2 +b2 )2 ( a2 xo + abyo + ac )2 + ( abxo + b2 yo + bc )2 ] = 1 [ (a2 +b2 )2 a2 (axo + byo + c)2 + b2 (axo + byo + c)2 ] = 1 [ (a2 +b2 )2 (a2 + b2 ) (axo + byo + c)2 ] = (axo + byo + c)2 a2 +b2 , donde segue a tese. Segunda Prova. Reescrevendo o sistema (*) na notação matricial obtemos " #" # " # a b x −c (∗∗) = . −b a y ayo − bxo Observação. É fácil constatar que dada uma matriz inversı́vel, " # a′ b ′ M= c′ d ′ sua inversa é dada por M −1 = a′ d ′ 1 − b′ c ′ 2 " d′ −c′ −b′ a′ # . Assim, a solução do sistema (*) é " x1 y1 # 1 = 2 a + b2 Logo, x1 = a2 " a −b b a #" −c ayo − bxo # . 1 (−ac − abyo + b2 xo ) + b2 e 1 (−bc + a2 yo − abxo ) 2 +b e a demonstração segue como a anterior (a primeira) ♣ y1 = a2 2. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA ÁREA DE UM PARALELOGRAMO − Nesta seção, → u denota um vetor em R2 . Dado (a, b) no plano cartesiano, indicamos o vetor representado pelo segmento com extremidade inicial a origem → → deste plano e final (a, b) por ha, bi. Dois vetores − u = ha, bi e − v = hc, di, não paralelos e em R2 , determinam um paralelogramo P que supomos, inicialmente, → − → no primeiro quadrante. Seja − w = → u + − v = ha + b, c + di. Consideremos a → → representação de P [numa segunda e última representação as posições de − u e− v são trocadas], y (c, d) b+d (a + c, b + d) (a + c, b) d (a, b) O c a a+c x Figura 1: Área de um paralelogramo no plano cartesiano. 3 − − Admitindo a disposição de → u e→ v na figura acima, a área A(P) do paralelogramo P é dada pela área do retângulo de vértices O = (0, 0), (a + c, 0), (a + c, b + d) e (0, b + d) subtraindo-se as áreas de dois trapézios congruentes e dois triângulos congruentes. Encontramos então cd (a + c + c)b −2 A(P) = (a + c)(b + d) − 2 2 2 a c = ad − bc = ♣ b d 3. FORMALIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA Formalizemos a associação entre determinantes 2×2 e áreas de paralelogramos. Notemos que toda área é positiva mas o determinante não necessariamente. Não há aı́ uma incongruência pois os casos em que o determinante é negativo não corresponderão à figura esboçada. Vejamos. Mostremos que associamos a área de um paralelogramo ou ao determinante a b D= , c d como acima, se seu valor (que também é chamado determinante) é positivo ou ao determinante D′ , obtido trocando as colunas de D uma pela outra, se o determinante D é negativo. Definição. O ângulo entre dois segmentos AB e AC no plano é o menor ângulo θ, onde 0 ≤ θ ≤ π, unindo B e C. → − Definição. O ângulo entre dois vetores − u e→ v , ambos no plano, é o ângulo → → entre dois segmentos AB e AC, representantes de − u e− v , respectivamente. Fixas → − − − tais representações, o (menor) ângulo entre − u e→ v , orientado de → u para → v , é o ângulo entre os segmentos AB e AC, orientado de B para C. 4 Mantendo a notação acima temos então o importante resultado abaixo. → → Teorema. Se − u corresponde à primeira coluna do determinante abaixo, − v à → − → − → − → − segunda, com u e v não paralelos, e θ, o menor ângulo entre u e v , orientado − − de → u para → v , tem sentido anti-horário, então a c D= = ad − bc > 0. b d Caso contrário, se a orientação de θ é no sentido horário, temos ad − bc < 0. Prova. Lembremos que medimos ângulos em R2 no sentido anti-horário e a partir do eixo Ox. Suponhamos, primeiro, θ orientado no senti anti-horário. − − Se α é o ângulo de Ox a → u e β é o ângulo de Ox a → v , com a 6= 0 e c 6= 0, temos tan α = b a e d tan β = tan . c − Caso 1. O caso → u no primeiro quadrante. − (1a) Para → v no primeiro quadrante temos (vide figura anterior) 0 < tan α = b d < = tan β , bc < ad e ad − bc > 0, a c onde na segunda afirmação utilizamos ac > 0. − (1b) Para → v no segundo quadrante temos c < 0, d > 0, ac < 0 e também tan β = b d < 0 < = tan α e ad > bc. c a → (1c) Para − v no terceiro quadrante, com 0 < β − α < π, temos c < 0, d < 0, ac < 0 e observando o valor da tangente no cı́rculo trigonométrico (faça um esboço) encontramos 0 < tan β = b d < = tan α e ad > bc. c a 5 − Caso 2. O caso → u no segundo quadrante. Logo, a < 0 e b > 0. − (2a) Para → v no segundo quadrante temos, c < 0, d > 0, ac > 0 e (faça um esboço) também tan α = d b < = tan β < 0 e bc < ad. a c − (2b) Para → v no terceiro quadrante, temos c < 0, d < 0, ac > 0 e também tan α = b d < 0 < = tan β e bc < ad. a c → (2c) Para − v no quarto quadrante, com 0 < β − α < π, temos c > 0, d > 0, ac < 0 e observando o valor da tangente no cı́rculo trigonométrico (faça um esboço) encontramos tan β = d b < = tan α < 0 e ad > bc. c a → → Caso 3. O caso − u no terceiro quadrante. Os sub-casos com − v no terceiro, quarto e primeiro quadrantes são análogos a (1a), (1b) e (1c), respectivamente. − − Caso 4. O caso → u no quarto quadrante. Os sub-casos com → v no quarto, primeiro e segundo quadrantes são análogos a (2a), (2b) e (2c), respectivamente. Por fim, se o ângulo θ tem o sentido horário, trocando as colunas de D recaı́mos na suposição anterior e obtemos um determinante D′ > 0. Logo, D = −D′ < 0 ♣ Verifique. Nas doze possibilidades acima, o determinante é igual à área do paralelogramo determinados pelos vetores cujas cooodenadas (em relação à base canônica) são as colunas da matriz. → → Definição. O par ordenado de vetores {− u ,− v } é positivamente (negativamente) → → orientado se o menor ângulo entre eles, orientado de − u para − v , tem sentido anti-horário (horário). 6 − → Definição. O paralelogramo determinado pelo par ordenado {→ u ,− v } é posi- tivamente orientado ou negativamente orientado segundo a orientação do par → → (ordenado) {− u ,− v }. Corolário. No teorema acima, se o ângulo θ tem sentido anti-horário [horário], então o valor D é a área [o oposto da área] do paralelogramo positivamente → → [negativamente] orientado determinado pelo par ordenado {− u ,− v }. Prova. É deixada ao leitor ♣ − − − − Observação. Se o ângulo de → u a→ v é maior que π, então o de → v a→ u é menor → que π e o determinante cuja primeira coluna é formada pelas coordenadas de − v − e a segunda pelas coordenadas de → u é positivo e, portanto, trocando as colunas o determinante então obtido é negativo. 4. DETERMINANTE 2 × 2, ÁREA e NÚMEROS COMPLEXOS Teorema 2. Consideremos dois números complexos zj = xj + iyj = eiθj |zj |, com xj , yj , θj ∈ R, para cada j = 1, 2. Então, temos x x 1 2 z2 z1 = (x1 x2 +y1 y2 ) + i = | z1 | | z2 | cos(θ2 −θ1 ) + i| z1 | | z2 | sen(θ2 −θ1 ) . y1 y2 y C z2 z1 θ2 θ1 −1 θ2 − θ1 1 x Figura 2: Ângulo entre dois números em C Prova. Basta desenvolver (uma trivialmente e a outra com a fórmula de Euler) z2 z1 = (x2 + iy2 )(x1 − iy1 ) e z2 z1 = |z1 | |z2 |ei(θ2 −θ1 ) ♣ 7 Corolário. Com as mesmas hipóteses e notação acima, temos x x 1 2 = | z1 | | z2 | sen(θ2 − θ1 ). y1 y2 Exercı́cio 2. A área de um paralelogramo P tal que θ é o (menor) ângulo entre dois lados não paralelos e de comprimentos l1 e l2 é dada por l1 l2 sen θ. Notemos que 0 < θ < π. Vide figura. l2 θ l1 Figura 3: Área de um Paralelogramo P Solução. Fixemos a base canônica do plano Podemos supor sem perda de generalidade que θ é o ângulo orientado no sentido anti-horário e desde o lado l1 até o lado l2 [vide Figura 3]. −→ → −−→ → Escrevamos l1 = AB e l2 = AD. Sejam − u = AB e − v = AD. − − Escrevamos → u = (x1 , y1 ) e → v = (x2 , y2 ). Escrevamos z1 = x1 + iy1 = |z1 |eiθ1 e z2 = x2 + iy2 = |z2 |eiθ2 , com ângulos θ1 , θ2 ∈ [0, 2π). Devido às hipóteses, temos 0 < θ2 − θ1 < π [cheque]. Logo, θ2 − θ1 = θ e sen(θ2 − θ1 ) = sen(θ). Pela corolário do Teorema 2, segue x x 1 2 = | z1 | | z2 | sen(θ2 − θ1 ). y1 y2 → → Então, como o determinante é a área do paralelogramo (pois o par {− u ,− v} é positivamente orientado), pelas duas últimas identidades concluı́mos que → → área(P) = |z1 | |z2 | sen(θ2 − θ1 ) = k− u k k− v k sen(θ) = l1 l2 sen(θ) ♣ 8 Exercı́cio 3. Prove |z1 − z2 |2 = |z1 |2 − 2Re (z2 z1 ) + |z2 |2 , ∀z1 , z2 ∈ C. Observação. Seja θ o ângulo (o menor, com 0 ≤ θ ≤ π) entre os segmentos que representam usualmente os números complexos zj = xj + iyj = |zj |eiθj , para j = 1, 2 e θj ∈ R, no plano de Argand-Gauss. Podemos supor, sem perda de generalidade, θ2 − θ1 ∈ [0, 2π). Desta forma, ou temos θ = θ2 − θ1 ou temos θ = 2π − (θ2 − θ1 ). De qualquer forma, segue cos θ = cos(θ2 − θ1 ). Ainda mais, pela lei dos cossenos segue |z1 − z2 |2 = |z1 |2 + |z2 |2 − 2|z1 | |z2 | cos θ. Portanto, pelo Exercı́cio 3 encontramos Re(z2 z1 ) = |z1 | |z2 | cos(θ2 − θ1 ) = |z1 | |z2 | cos(θ). − − Escrevamos → u = (x1 , y1 ) e → v = (x2 , y2 ). Então, → → u k k− v k cos(θ). Re(z2 z1 ) = k− Portanto, e para finalizar, pelo Teorema 2 obtemos a seguinte interpretação para o produto interno de números complexos → → z2 z1 = − u ·− v ± iárea(P), → → onde P é o paralelogramo determinado por − u e − v e o sinal ± é atricbuı́do → − → − conforme o par ordenado { u , v } é positivamente ou negativamente orientado. 9
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com
A(OP2 P3 P4 ) = (a + c)(b + d) = ab + ad + bc + cd,