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20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil
Malhas, detalhes e cuidados que fazem toda a diferença
Barbosa, Maria de Fatima¹ e Mendes, Francisca Dantas².
¹Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – Campus Vila Mariana – São Paulo – Brasil
²Escola de Artes, Ciências e Humanidades – Universidade de São Paulo – EACH-USP - São Paulo – Brasil
Resumo
A inovação na indústria têxtil e do vestuário vem sendo alcançada pelas novas tecnologias, pelo
design como estética e a mistura de diferentes tecidos (malha e plano) em um só produto. É
importante conhecer a procedência e o comportamento dos artigos têxteis, atentar-se quanto aos
detalhes e cuidados com os tecidos de malha para evitar problemas no produto final.
Palavras-chave: Malha, Prevenção, Qualidade.
Abstract
The innovation in the textile and clothing industry has been achieved by new technologies, the
design and aesthetic and mixing of different fabrics (knitted and plan) in one product. It is important
to know the origin and behavior of textiles, pay attention to detail and how much care includes
fabrics to avoid problems in the final product.
Keywords: Knitted, Prevention, Quality.
Introdução
A malha é um tecido que agrada a todos, do recém-nascido ao idoso, pode ser usada da cabeça aos
pés, em qualquer estação do ano e possui valor acessível. Apesar de frágil se comparado ao tecido
plano, em alguns segmentos como babywear, underwear, sportwear e swimwear e seamless é
impossível pensar em outro tecido. Os produtos de moda talvez sejam aqueles de menor e mais
frágil vida útil, pois é gerido dentro da lógica da moda, um sistema que dignifica o presente e a
efemeridade. (LIPOVETSKY, 1989 apud BERLIM, 2012).
O produto “moda” passou a ser compreendido como algo útil enquanto estiver “na moda”.
(KAZAZIAN, 2005 apud BERLIM, 2012). Por ser tão delicada exige cuidados especiais do inicio
ao fim dos processos, tecelagem, corte, costura e mesmo na conservação dos produtos. Testes como
enrolamento, gramatura, estabilidade dimensional, pilling, torção e solidez são realizados em
laboratórios para garantir a qualidade nos tecidos de malha.
Surgimento do tecido de malha
Os árabes e as tribos nômades tricotavam manualmente usando agulhas de pontas reviradas a lã
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produzida a partir dos fios das ovelhas de seus rebanhos, assim surgiu o tricô. Essa técnica foi
difundida desde o Tibet até a península Ibérica, e posteriormente até às ilhas Shetland. As malhas de
seda começaram a ser produzidas no século XVI, com agulhas retas e pontas levemente afiadas.
Uma máquina para fabricar meias foi criada por William Lee em 1589 e usada em toda a Europa.
No século seguinte surgiram os primeiros tecidos de malha de algodão. No início a malharia
limitou-se à produção de roupa branca. A partir da década de 20 passou a ser utilizada em outras
peças do vestuário, a partir de então vem ocupando posição de crescente importância na indústria
têxtil (MIRADOR, 1976).
Matérias primas utilizadas na fabricação de tecidos de malha.
É grande a influência da matéria prima na fabricação dos tecidos, os fios devem possuir
características como resistência, torção, regularidade, elasticidade e flexibilidade.
a) O algodão é a fibra mais utilizada, puro ou misturada a outras fibras para ganhar outras características. A fibra é de fácil manuseio, toque suave e confortável, possui boa solidez e secagem rápida, alta capacidade de absorção, baixa tendência de provocar reações alérgicas e
boa resistência ao uso e lavagens;
b) A lã devido ao preço elevado e adequação a climas frios não é muito utilizada no Brasil, sendo substituída pela fibra acrílica, de menor custo, maior durabilidade e caráter antialérgico.
A viscose é uma fibra artificial com características similares às do algodão, geralmente misturada em diferentes proporções com o algodão, agregando melhor toque, caimento, brilho,
cor e textura;
c) As fibras sintéticas como poliamida, poliéster e acrílico também são empregadas pelo setor
têxtil. O poliéster é uma fibra versátil, com grande aplicação, preço acessível, e competitivo
em relação ao algodão;
d) As fibras elásticas permitem produzir roupas que aderem ao corpo sem limitar, os movimentos, que combinadas a outras fibras, naturais, sintéticas ou artificiais permitem a produção de uma ampla gama de produtos, destacando-se nos mercados de roupas íntimas, praia,
fitness e esportivas. O elastano quando recoberto por fios em processo de retorção, é conhecido como core-ply;
e) Em épocas mais remotas, os fios metálicos eram feitos de ouro ou prata. Atualmente, os fios
metalizados têm uma base de poliéster e combinação de produtos químicos, o fio lurex é o
mais conhecido com efeito metálico (CHATAIGNIER, 2006).
Todas essas fibras misturadas em diferentes quantidades geram diferentes tipos de fios.
Máquinas que produzem tecidos de malha
A produção industrial de tecido de malha é obtida com as máquinas Kettensthul, Raschel, com
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teares retilíneo e circular. As máquinas Kettensthul, dedicadas à produção de tecidos para roupas
íntimas, tecidos, elásticos, forros, veludos para estofamento e tecidos para toalhas de mesa. As
máquinas Raschel, são voltadas à fabricação de tecidos lisos e rendados para toalhas, lingeries,
cortinas, tecidos elásticos entre outros artigos.
Tecidos de malha
A malharia tem na agulha um de seus aspectos principais, já que em função desta podem-se obter
diferentes tipos de tecidos de malha. A qualidade do fio e sua melhor aplicação para determinados
tecidos contam com normas de caracterização. Na malharia empregam se praticamente todos os
fios, desde os naturais aos sintéticos, o que possibilita a produção de uma enorme gama de produtos
para diferentes setores, indo do vestuário ao automotivo. Esses diferentes fios utilizam diferentes
formações malharia, que formam diferentes tecidos.
Processos produtivos de malha, por trama e por urdume
a) Os tecidos por malharia de trama são obtidos a partir de um ou mais fios que fazem evoluções pelas diversas agulhas, nesse sistema o entrelaçamento ocorre na direção horizontal. Na
malharia circular, as máquinas podem ser de monofrontura ou dupla frontura, a malha circular é empregada na confecção de camisetas, moletons e outros produtos do vestuário. Atualmente a malharia retilínea conta com equipamentos eletrônicos de grandes recursos e capacidades produtivas, produzem tecido aberto semelhante aos antigos teares manuais domésticos, fazem todos os tipos de tecidos de malha para vestuário e também são utilizados na fabricação de golas e punhos.
Fig. 2 - Malha de trama
Fonte: Dados técnicos para a indústria têxtil - 2003
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b) Malharia de urdume, antes da formação da malha, é feita a operação de urdimento, que consiste na disposição dos fios de forma ordenada e paralela sobre uma bobina, conforme a largura que se determina para o tecido. Na produção da malharia por urdume as malhas se formam simultaneamente no sentido longitudinal, alimentando-se cada agulha por um fio.
Fig. 3 - Malha de urdume
Fonte: Dados técnicos para a indústria têxtil - 2003
Inovação tecnológica
Criado pela Rhodia em 1992, a microfibra foi considerada o primeiro fio inteligente. A partir de
2005 aumentou o número de lançamentos de roupas inteligentes que por meio de técnicas inéditas
aplicadas às fibras, fios e acabamentos, tem a proposta de cuidados com o consumidor. Surgiram a
moda íntima com microcápsulas hidratantes, tecidos antibactérias, biquínis e trajes para práticas
esportivas com proteção solar e controle de temperatura, entre outros (MENDES, 2010).
O desenvolvimento de novos fios, com propriedades específicas é complexo e dispendioso, porém
multinacionais como a Rhodia (francesa), a DuPont (norte-americana), Basf e Clariant (alemãs)
disputam o mercado com inovações e tecidos inteligentes. Para conceber um novo produto, a
Rhodia investe de R$ 5 a R$ 10 milhões num processo que abrange de três e quatro anos e mantém
cinco centros de pesquisa no mundo, sendo um deles no Brasil. Os fios da Rhodia são certificados
internacionalmente pelo Oeko-Tex (sistema de certificação internacional, para matérias-primas,
produtos intermédios e finais do sector têxtil em todas as fases de processamento, cujo objetivo é
alcançar produtos isentos de substâncias nocivas para saúde humana.).
Processo Produtivo da Cadeia Têxtil
A cadeia produtiva têxtil, conforme a figura 1 apresenta a produção de fibras sintéticas, artificiais e
naturais. Os processos de fiação, tecelagem e malharia, estamparia e acabamento e abastecem as
indústrias do setor de confecções.
Fig. 1 - Cadeia produtiva têxtil
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A Cadeia Têxtil - Fonte: Instituto Euvaldo Lodi - 2000.
Produção de têxteis - Participação por região
No Brasil industrialmente a malha começou a ser produzida a cerca de 40 anos. A malharia possui
grande aceitação no mercado, as regiões brasileiras que mais produziram malhas em 2011 foram Sul
com 49,4%, e o Sudeste com 36,7%, segundo dados do IEMI de 2012.
Tabela. 1 - Participação das regiões na produção de têxteis (%) nacional 2007 a 2011
Setores
Fios
Tecidos
Malhas
Confeccionados
Média
Norte
2007
1,2%
2,3%
1,0%
0,7%
1,3%
2011
1,2%
1,9%
0,7%
0,7%
1,1%
Nordeste
Sudeste
Sul
2007 2011 2007 2011 2007 2011
34,4% 37,7% 38,1% 36,0% 25,4% 22,3%
17,7% 19,4% 63,4% 58,5% 15,3% 17,5%
7,0% 10,6% 38,7% 36,7% 52,0% 49,4%
17,0% 17,6% 48,8% 48,3% 29,4% 29,1%
19,0% 21,3% 47,2% 44,9% 30,5% 29,6%
Fonte: Adaptado pela autora de IEMI - 2012
CentroOeste
2007 2011
0,8% 2,8%
1,3% 2,7%
1,3% 2,6%
4,1% 4,2%
1,9% 3,1%
Total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
Crescente importação dos tecidos de malhas
De acordo com o Relatório Setorial da Indústria Têxtil a cadeia do setor têxtil se divide em três
grupos, produção de fibras químicas, de têxteis básicos e de artigos confeccionados. A indústria
brasileira têxtil e de confeccionados vem perdendo mercado no exterior. As exportações mais
significativas estão no começo da cadeia, em fibras (ABIT, 2012).
Segundo a tabela de análise do IEMI, é crescente a importação de têxteis no país.
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Tabela. 2 - Balança comercial de artigos têxteis e confec. (U$ 1.000) nacional 2007 a 2011
Segmentos
Fibras/Filamentos
Exportação
Importação
Saldo
Manufaturas têxteis
Exportação
Importação
Saldo
Confeccionados (1)
Exportação
Importação
Saldo
Total (2)
Exportação
Importação
Saldo
Total Manufaturas Têxteis e
2007
2008
2009
2010
2011
738.211
843.650
- 105.440
912.150
881.784
30.367
836.960
715.491
121.469
1.057.627
998.447
59.181
1.800.569
1.429.572
370.997
971.798
1.556.637
- 584.839
934.601
2.060.905
- 1.126.304
662.925
1.850.270
- 1.187.345
797.009
2.732.986
- 1.935.977
898.524
3.096.964
- 2.198.440
669.406
621.144
48.261
593.364
907.927
- 314.563
408.984
931.195
- 522.211
429.370
1.336.036
- 906.666
334.095
2.095.837
- 1.761.743
2.379.415
3.021.431
- 642.017
2.440.116
3.850.616
- 1.410.500
1.908.869
3.496.956
- 1.588.087
2.284.006
5.067.468
- 2.783.462
3.033.188
6.622.374
- 3.589.186
Confeccionados
Exportação
1.641.204
1.527.965
1.071.909
1.226.379
Importação
2.177.781
2.968.832
2.781.465
4.069.022
Saldo
- 536.578
- 1.440.867
- 1.709.556
- 2.842.643
Notas: (1) Inclui tapetes e carpetes, edredons, travesseiros, almofadas, etc.
(2) Inclui fibras de algodão.
Fontes: Adaptado pela autora de IEMI/SECEX – 2012
1.232.619
5.192.801
- 3.960.183
Devido à ausência de especificação sobre a maneira como o tecido foi formado, apenas um técnico
têxtil é capaz de identificar quais precauções foram tomadas durante o tecimento da malha e como
esse tecido irá comportar-se durante as operações de tingimento, acabamento e preparação do
vestuário (SMITH, 1989).
Beneficiamento Têxtil
O beneficiamento é um ramo da indústria têxtil que tem por objetivo tingir e dar acabamento aos
substratos têxteis, o que faz com que esteja totalmente relacionado à qualidade dos tecidos.
Variação dimensional após lavagem doméstica
Alteração dimensional corresponde à variação de medidas que o corpo de prova (malha) sofre após
ser submetido ao ensaio de lavagem. O resultado deve ser avaliado conforme a ABNT NBR 10320.
Caso o tecido de malha encolha acima do esperado, significa que a sanforização (processo realizado
para que o tecido não encolha ou se distenda) não foi bem aplicada.
Fig. 4 – Ensaio de variação dimensional
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Fonte: ABNT - 2012
As medidas externas para o corte de tecido são de 38 cm x 38 cm. As medidas internas de
marcação são de 25 cm nos seis pontos. Executa-se a lavagem à temperatura de 30ºC ± 3ºC e
secagem em tambor a 60ºC, no tecido com as marcações descritas no desenho acima. Após a
lavagem e secagem, procede-se à medição nas marcações para se observar se houve encolhimento
ou aumento das medidas. Pode-se também lavar e secar o material têxtil cinco vezes seguidas para
observar seu desempenho. Assim, mede-se após a primeira lavagem e secagem e repete-se a
medição após a quinta lavagem e secagem.
E é a alteração dimensional;
A é a dimensão inicial;
B é a dimensão final após a lavagem e secagem.
Através de convenção, recomenda-se a tolerância de 2% para mais ou para menos, ou seja, em uma
especificação de encolhimento de 5%, podem-se ter os resultados entre 3% até 7%.
Solidez - ABNT NBR ISO 105-A01:2011, Têxteis – Ensaios de solidez da cor
O teste de solidez da cor para materiais têxteis é importante do ponto de vista do consumidor. No
caso de muitos materiais tingidos, ocorre perda de cor durante o seu uso. Existem vários testes de
Solidez de cor dos materiais têxteis - resistência da cor dos materiais têxteis aos diferentes agentes
(suor, água do mar, luz solar, à passagem a ferro, ao atrito, à lavagem caseira e outros) nos quais o
material pode ser exposto durante sua fabricação e uso subsequente.
ABNT NBR 13586:1996, Tecido de malha por trama e seu artigo confeccionado - Tolerâncias
na gramatura.
Gramatura é a massa por unidade de superfície. Sua unidade de medida é gramas por metro
quadrado, assim quando se diz que um tecido tem gramatura de 50, quer dizer que ele tem uma
massa de 50 gramas por metro quadrado. A gramatura é uma variável diretamente ligada ao
rendimento da malha, geralmente é solicitada pelo cliente. A gramatura solicitada será alcançada no
processo de acabamento (mecânico), durante a compactação da malha na calandra ou na passagem
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da malha aberta pela rama. A tolerância de gramatura de ± 5% da que foi solicitada pelo cliente, ou
seja, uma malha com especificação de 200 g/m2 poderá ter de 190 g/m2 até 210 g/m2.
Gramatura, Largura, Peso Linear e Rendimento – A Resolução de etiquetagem solicita aos
produtores de tecidos que indique na nota fiscal e nas etiquetas a gramatura do tecido, que é um
dado muito útil para controlar a qualidade do que é recebido. Com a gramatura também é possível
calcular o peso linear do tecido, isto é, quantos gramas existem a cada metro de tecido com a
largura total do tecido.
Peso linear = gramatura x largura do tecido
Fig. 5 – Gramatura e Peso Linear
Fonte: ABNT - 2012
Com o peso linear é possível estimar a metragem de um rolo de tecido sem necessariamente
desenrolá-lo por completo, apenas pesando-o.
Com o peso linear também é possível calcular o rendimento em 1 kg de tecido:
Estocagem de tecidos
Os rolos de tecidos de malha devem ser transportados e estocados com proteção, sejam eles cheios
ou parcialmente consumidos, prevenindo assim, possíveis problemas de descoloração ou sujidades
adquiridas. Os rolos de tecidos de malhas devem ser estocados horizontalmente. Antes do corte os
tecidos devem ser desenrolados e deixados em repouso por um período mínimo de 24 horas. A luz,
seja solar ou artificial pode afetar os corantes, é importante proteger todo e qualquer tecido.
Corte
No estendimento (enfesto) do tecido para corte devem ser evitados esticamentos excessivos
evitando o enrolamento do tecido nas partes cortadas, coloque uma folha de papel de embrulho
entre cada 12 camadas, principalmente em tecidos com elastano. Após o corte, as peças devem ser
confeccionadas no menor tempo possível, a fim de evitar a tendência de enrolamento, torção e
deformação (CUNHA, 2012).
Recebimento
Ao receber o tecido, a confecção deve conferir a quantidade de rolos de tecidos, a qualidade,
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comprimento e largura. Com relação à largura do tecido, deve-se utilizar a ABNT NBR 10589.
Segundo esta norma, para medir a largura o tecido deve ser deixado em descanso durante oito horas
e posteriormente medido sem esticar, pois isso pode alterar consideravelmente a medição. A largura
correta é um fator importante na programação do encaixe dos moldes e previsão das perdas no corte
e, influencia diretamente no custo. A norma ABNT NBR 12005 orienta a forma correta de medir
referente ao comprimento. A forma mais utilizada nas confecções para medir o tecido entregue é a
máquina revisadeira, onde é possível verificar a qualidade do tecido e a metragem. Quando não préestabelecido o limite de tolerância junto ao fornecedor, a Portaria do CONMETRO (Conselho
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), por meio da Portaria nº 149 de
2011, estabelece uma tolerância de 2% para as medições, peso, largura e comprimento.
Defeitos
Os defeitos de fabricação dos tecidos podem ser minimizados com uma revisão preventiva. A
ausência desse procedimento deprecia o produto quando a deformidade não é detectada na etapa
inicial do processo. Conhecer a nomenclatura correta dos defeitos facilita a comunicação com os
fornecedores, conforme apresentados nas tabelas 3 - Defeitos observáveis no tecido de malha em
estado cru e 4 - Defeitos observáveis no tecido de malha após beneficiamento.
Tabela. 3 - Defeitos observáveis no tecido de malha em estado cru
Defeito
Buraco
Descrição
Furo de pequena dimensão na forma linear ou circular.
Furo de maior dimensão malha corrida, podendo ser de dois tipos: Circular: no sentido
horizontal, principalmente em função do rompimento do fio, interrompendo a
Rasgo
formação do curso;
Linear: no sentido vertical, ocasionado principalmente por danos na lingueta da agulha
ou platina do tear.
Defeito no sentido vertical, proveniente do não entrelaçamento de uma ou mais
Malha corrida
colunas, causado por agulha com gancho quebrado ou fechado pela lingueta, quando
Pé de galinha
Afastamento irregular
na posição de tecimento ou, ainda, pelo desentrelaçamento desta(s) coluna(s).
Ponto carregado ou ponto duplo anormal no sentido linear (vertical) e/ou espalhado.
Linha vertical devida ao intervalo anormal, de uma ou mais colunas, causada por
da coluna
Bucha
Fibras estranhas
Mancha de óleo
Tecido sujo
Vincos
Fio irregular
Fio duplo
Falta de fio
Fio estranho
agulhas e/ou por platinas tortas, canaletes sujos, tortos ou desgastados.
Aglomerado de fibrilas ou fios incorporado ao tecido.
Contaminação de fibras diferentes no fio ou no tecido, durante o processo de produção.
Mancha oleosa característica de coloração amarelada ou escura, em forma de pingos
ou riscos.
Tecido que apresenta sujidade diferente nos demais defeitos caracterizados neste Guia.
Marcas oriundas de dobras no sentido longitudinal.
Curso em baixo-relevo ou alto-relevo, de curto ou longo percurso, provocado por falta
de uniformidade do título do fio.
Ressalto proveniente da entrada acidental de dois ou mais fios no mesmo curso.
Rebaixo proveniente da falta de fio em estruturas com mais de uma alimentação por
curso, ou malhas tecidas com dois ou mais fios no mesmo alimentador.
Fio de características diferentes e de mesmo título.
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Fio puxado
Alimentação negativa
Título diferente
Fio sujo
Barramento
Estiragem de um ou mais cursos, causada pelo puxamento do fio durante o processo de
produção.
Curso com pontos irregulares, ocasionados por um ou mais fios fora da fita de
alimentação positiva, ou roldana do acumulador destravada.
Rebaixo ou ressalto proveniente da entrada de um fio de título mais fino ou mais
grosso no mesmo curso. Caracterizam-se por apresentar emendas em ambas as pontas.
Sujidade apresentada no fio, que o faz despontar no tecido.
Diferença entre um ou mais cursos, apresentando aparência de listras horizontais
repetitivas.
Fonte: Adaptado pala autora de ABNT/SEBRAE 2012
Tabela. 4 - Defeitos observáveis no tecido de malha após beneficiamento
Defeito
Descrição
Torção no tecido, colocando as colunas na posição diagonal. Como consequência, as
Malha torcida
costuras laterais dos artigos confeccionados deslocam-se, ficando uma para trás e
Mancha
outra para frente.
Área de aspecto ou coloração diferente do restante da peça.
Alteração da cor provocada pela insuficiência de solidez de corantes, à luz solar, à
Falta de solidez
Marca de pinça
Pregas
Quebraduras
Diferença de
tonalidade
Pilling
Sovado
Degradê
Cheiro ruim
Queimado
Neps
Variação de largura
Estampa borrada
Estampa com estrias
Desencaixe
Dobra de estamparia
Estampa migrada
Malha caída
Enrolamento
passagem a ferro, ao suor, ao atrito, à lavagem caseira etc.
Marcação retangular e brilhante perto das ourelas, provocada pelos morcetes da rama,
podendo alterar a cor do tecido.
Rugosidade ao longo do tecido.
Dobras de caráter permanente fixadas por pressão a úmido e/ou quente.
Tecido com tonalidade diferente do padrão.
Pequenas bolinhas de fibras e/ou fibrilas na superfície do tecido, causadas por fricção.
Marcas causadas pelo excesso de fricção do molinelo sobre o tecido.
Variação gradual da cor no tecido.
Odor desagradável no tecido.
Tecido que se apresenta amarelado devido ao processo de secagem com temperatura
superior à admitida.
Pontos mais claros na superfície do tecido, que absorveram menos corante durante o
tingimento, sendo formados por pequenos emaranhados de fibras mortas ou imaturas.
Tecido cuja largura não obedece às especificações.
Aspecto embaçado da estampa.
Listras normalmente provocadas por espátula ou régua defeituosa, pasta dos corantes
mal misturada, cilindros e quadros gastos ou com defeito etc.
Falta de encaixe entre as partes da estampa, causada por falhas de posicionamento de
cilindro ou quadro de estampa.
Falha de estampa devido ao tecido dobrado no ato de estampar.
Expansão das cores além dos limites definidos pelo desenho.
Uma malha não formada acidentalmente e que se apresenta flutuante no tecido. Se a
malha caída não for detectada, poderá se transformar em malha corrida.
Alguns tecidos pela sua característica de contextura apresentam tendência a se
enrolarem sobre si nas bordas.
Fonte: Adaptado pala autora de ABNT/SEBRAE 2012
Análise
Buscando fomentar o consumo desenfreado, fruto do “fast fashion”, agregar valor e diversificar o
produto para gerar maior lucratividade, passou-se a criar modelagens mais elaboradas para deixar as
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peças em malha com estética mais refinadas, incluindo recortes, mistura de materiais e cores.
Utilizando o conhecimento adquirido na área de produção e desenvolvimento de produtos durante
24 anos, além da experiência de Técnica e consultora, atuando no laboratório de Tecnologia do
Vestuário no SENAI de 2006 a 2013, realizando ensaios de adequação de materiais, costurabilidade,
inspeção de qualidade, análise de materiais e produtos têxteis, nota-se que no processo produtivo
das empresas são ignorados cuidados que previnem problemas básicos.
Tabela. 5 – Cuidado e prevenção
Cuidado
Mistura de tecidos com percentual de composição diferente sem
o devido teste de encolhimento
Teste de solidez de cor
Armazenamento correto dos tecidos
Climatização do estoque
Escolha do encaixe indicado para aproveitar o máximo da
matéria-prima respeitando a construção da malha
Prazo de descanso antes do corte
Enfestar sem tencionar o tecido
Não utilização de alfinetes para fixar o papel do risco no enfesto
Utilização de faca de corte específica
Regulagem do conjunto diferencial das máquinas de costura
Prevenção
Deformidades após a lavagem
Migração de cor
Deformidade
Ressecamento do algodão pronto
para tingir
Fios corridos na peça pronta
Torção
Deformidade
Furos
Fio puxado
Ondulação
Densidades de pontos em desacordo com a elasticidade da malha Rompimento da costura
Regulagem das tensões das linhas ou composição do tecido
diferenciado da composição da linha
Vida útil da agulha
Adequação da gramatura do tecido com a espessura da linha e
número da agulha
Tipo de ponta da agulha com o tipo de tecido
Fonte: Autora
Costura franzida
Furos
Furos
Furos
Conclusão
Manter-se atualizado é uma imposição do mercado. As empresas têm papel fundamental não apenas
como propulsoras para incentivar a quebra de paradigmas, mas principalmente como incentivadoras
para que seus profissionais busquem constante atualização.
É importante para as confecções serem capazes de interpretar valores de ensaios obtidos por meio
de testes e terem critérios de comparação e avaliação da matéria prima para a confecção de produtos
com qualidade.
Referências
BERLIM, Lilyan. Moda e Sustentabilidade. Uma reflexão necessária. São Paulo, p. 43, Estação
das Letras e Cores, 2012.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo. Estação das Letras e
20 a 22 de maio de 2014 – São Paulo - Brasil
Cores, 2006.
MALUF, Eraldo; KOLBE ,Wolfgang. Dados técnicos para a indústria têxtil. São Paulo. Câmara
Brasileira do Livro, 2003.
MIRADOR, Enciclopédia Internacional. Malhas. São Paulo, v. 13, p. 7149, Encyclopaedia
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