NOVENA DE NOSSA SENHORA DO CARMO

Transcrição

NOVENA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
NOVENA
DE
NOSSA
2011
SENHORA DO
CARMO
Nove dias para caminhar com Maria. Nove dias para olhar para Maria.
Nove dias para sentir a sua presença. Nove dias para amá-la com
ternura. Nove dias para agradecer o Escapulário. Nove dias para que a
semente do evangelho caia fundo no coração. Nove dias para orar com
Maria. Nove dias para estrear com Maria a casa da comunhão e o
acolhimento. Nove dias para percorrer com Maria caminhos de paz e de
solidariedade. Nove dias para glorificar com Maria o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
NOVENA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
NOVENA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
1º dia - Um chamamento põe-nos a caminho
Flor do Carmelo, Mãe e Guia no caminho da santidade.
Unidos a todos os peregrinos da vida, prestando especial atenção a todos os que têm que
deixar a sua terra e as suas gentes para procurar o pão e o trabalho noutros países,
começamos este caminho em nove etapas até à festa da Virgem do Carmo.
Deus é gratuito na sua eleição. Elege por amor. A sua chegada sempre soa a nova, a
inesperada. Só os humildes a percebem. Maria tem um coração humilde, que não se elogia de
nada, simples, limpo, pobre. Sem o saber, está preparada para o assombro que supõe toda a
visita de Deus. Na actuação de Deus sempre há algo surpreendente: Olha os pobres, levanta-os
do pó e enche-os de graça. A Maria adorna-a com jóias, veste-a com traje de gala e envolve-a
num manto de triunfo.
Maria alegra-se e canta porque Deus olha a sua pequenez. Maria, ao saber-se amada, põe-se a
caminho para amar. Se não sabemos que recebemos amor, não nos despertamos para amar. A
salvação do Senhor inunda-a de profunda alegria e empurra-a a ir pela vida com um gozoso
agradecimento, deixando tudo o que toca vestido de novidade e beleza.
O baptismo, como experiência da graça, põe-nos a caminho. O Senhor chama-nos amandonos. E não vamos sós pelo caminho; junto a nós vão milhares de irmãs e irmãos que,
orientados pelo Espírito, buscam fontes para a sua sede no coração de Nossa Senhora do
Carmo. “Neste caminho acompanha-nos a Santíssima Virgem, Estrela da evangelização” (João
Paulo II).
Levamos como sinal e vestido o escapulário do Carmo, dom da Mãe e tarefa para o caminho,
ocasião para nos mostramos ao coração de Maria e ver nele reflectida a formosura de Deus.
2º dia - Ouvintes da Palavra
Maria, obra do Espírito, que lê na fé a sua própria história.
Olhemos para trás para contemplar tantas gerações de cristãos que avançaram até ao “monte
da salvação, que é Cristo”, moldados pelo exemplo de Maria. Dá-nos alegria formar parte
deste povo que procura o Senhor.
A Igreja alegra-se ao contemplar Maria, como a “mulher ouvinte da Palavra”, a mulher que faz
silêncio para escutar Deus e para escutar os outros. “Educada e moldada pelo Espírito, foi
capaz de ler na fé a sua própria história” (João Paulo II).
Recordamos o seu “sím” confiado ao Senhor. Alegramo-nos das maravilhas que Deus faz nos
que abrem a porta do coração. Ressoa em nós o seu convite para centrar em Jesus o olhar:
“Fazei o que ele vos disser”. No meio dos ruídos e das pressas, no meio dos nossos interesses
pessoais e dos nossos voos curtos, escutamos o desafio do Espírito: “A ver se sois capazes de
escutar Deus e de escutar as vozes dos que estão à beira de todos os caminhos; a ver se sois
capazes de escutar aos sem voz”.
Com Maria abrimo-nos cada dia à Palavra, fonte de vida cristã. Com Maria acolhemos
confiadamente o projecto de salvação do Pai para a humanidade. Assim continuamos o canto
de são João da Cruz: “¡Que bem conheço a fonte que mana e corre, embora seja de noite!”
Levamos o Escapulário, sinal do silêncio humilde que nos aproxima do Evangelho; expressão
de um olhar mútuo, de Maria a nós, e de nós a ela; compromisso de guardar a Palavra no
interior à espera de que, como o grão de trigo na terra, produza fruto abundante.
3º dia - Seguidores de Jesus na fé e no amor
Atrai-nos, Virgem Maria, caminharemos à tua procura.
Quando Jesus se vira e vê os que o seguem, contempla Maria e proclama emocionado:
“¡Mulher que grande é a tua fé!” Maria acompanhou o crescimento de Jesus, seguiu-o pelos
caminhos, e, aos pés da Cruz, converter-se-á na Mãe espiritual que Jesus nos entrega para que
nos ensine a “avançar na peregrinação da fé”.
A todos os peregrinos da humanidade, a todos os que procuram caminhos de verdade e
beleza, Maria tem muito para dizer-lhes. Ela é testemunho de Cristo. Por ser seguidora
apaixonada de Jesus, oferece a todos, desde a sua vida aberta, o verdadeiro rosto do homem e
de mulher. Jesus definiu um dia os cidadãos do Reino como “comerciantes de pérolas finas”,
dragas de beleza, buscadores do amor.
Por isso, não é de estranhar que quem quer ser hoje seguidor/a de Jesus se aproxime da vida
de Maria, para descobrir a beleza do seu coração, que não é outra senão a presença de Jesus.
Jesus é a alegria de Maria, como o é também da Igreja. Como Isabel dizemos à Mãe dos
crentes: “Bendita és tu, que acreditaste, que se cumpririam as coisas que te disse o Senhor”.
Com toda a Igreja proclamamos: ¡Bendita és tu, que avançaste na peregrinação da fé! ¡Bendita
és tu que nas dificuldades, continuaste a dizer “sim, faça-se”! ¡Bendita és tu que viveste a fé no
meio da comunidade!
O Escapulário é um sinal simples da presença de Maria na nossa vida; é um chamamento a
estar próximo d’Ela; é um compromisso de seguir Jesus na fé, unidos a toda a Igreja; é mostrar
a beleza de uma vida evangélica, para que todos possam encontrar-se com o rosto de Jesus.
4º dia - Maria, manancial da nossa alegria
“Maria é uma doce presença de Mãe e Irmã, em que se pode confiar” (João Paulo II)
A alegria é a melhor resposta que podemos dar a Deus. Deus olha-nos nos olhos para ver se
estamos alegres com os seus dons. Maria é o presente que Jesus nos deu na Cruz. Desde então
faz parte do nosso tesouro. Maria era de um povo que convertia em cânticos todas as acções
de Deus. ¡Como não recordar os salmos, cânticos a Deus tecidos no coração da vida! Orar o
salmo de Maria, o Magnificat, é a melhor forma de entrar no coração de Maria, onde ressoa
toda a melodia de Deus. Maria alegra-se em Deus. Alegra-se de que Deus seja Deus.
E ao cantar isto, alegra-se também com todo o ser humano, porque o que se refere a Deus
refere-se também a todos nós e ao mundo que habitamos. Ao cantar a Deus, canta os desejos
que tem a humanidade de paz e fraternidade. A alegria de Maria é solidária. Canta o mundo
novo que Deus quer: um mundo em que os ricos alimentem os pobres e os poderosos levem
sobre os seus ombros os mais débeis, um mundo em que as nações ricas do planeta partilhem
com os povos pobres os seus bens.
Na convivência prolongada com Maria cresce o nosso amor, confiança e familiaridade com Ela;
aí nos fazemos família de irmãos, irmãos entre nós e irmãos da Virgem. Os que nos reunimos
em volta de Maria somos um grupo de pessoas tocadas pela felicidade, um pequeno sinal de
comunhão e de esperança para o mundo. Somos como a nuvenzita que Elias viu, pequena
como a palma de uma mão, mas capaz de fecundar a terra gretada pela seca.
O Escapulário é um sinal de alegria no meio da humanidade, uma expressão da intimidade
entre nós e Maria, um chamamento à comunhão com Cristo.
5º dia - O trato de amizade com Deus e com Maria
Maria, que vais pela vida com os olhos abertos, descobrindo as transparências de Deus,
intercede por nós.
Toda a vida de Maria é uma vida de oração. Porque orar não consiste em pensar muito, mas
em amar muito. E quando se ama, não se ama só nos cantos, ama-se sempre e em todo o
lugar. Umas vezes, como nas bodas de Caná, ora intercedendo, ou seja, pronunciando perante
Jesus as necessidades dos seres humanos e dos povos. Outras, como na Cruz, ora em silêncio,
deixando que seja a dor a falar. No meio da primeira comunidade cristã faz oração de grupo,
louvando a Deus e pedindo com os discípulos a vinda do Espírito.
Junto a Maria aprendemos a orar. Junto a ela descobrimos que, para que brotem fontes no
deserto, tem que haver poços de água escondidos na montanha. Não sabemos o que o Espírito
Santo está preparando no nosso tempo para todos os que, em silêncio e sem ruído, invocam e
abrem os olhos e o coração a Deus. A simplicidade e a paz que se respiram em volta da Virgem,
o olhar atento a todo o humano que tem nascido nos que estão cerca d’Ela, e a sintonia e
acolhimento da missão que Maria desempenha com respeito à Igreja e à humanidade, levounos “a compreender que a forma mais autêntica de devoção à Virgem, expressa mediante o
humilde sinal do Escapulário, é a consagração ao seu Coração imaculado” (João Paulo II).
O escapulário expressa uma profunda sintonia com Maria e lembra-nos que devemos
continuar aqui na terra o amor de Jesus por sua Mãe. Orar é “receber a Deus nos nossos
corações, levá-lo dentro dos nossos corações, alimentá-lo e fazê-lo crescer em nós de tal modo
que Ele nasça de nós e viva connosco como o Deus connosco” (Tito Brandsma).
6º dia – A oração da Salve-rainha, um detalhe para com a Mãe
Santa Maria, vida, doçura e esperança nossa, volta para nós os teus olhos e mostra-nos a
Jesus
Os sinais são pequenos: um pouco de pão, um menino, uma lágrima, um beijo, um bocado de
vestido... mas simbolizam e expressam muito. São como janelas abertas que nos permitem
captar um amplo horizonte. A oração da Salve-rainha e o Escapulário são pequenas sementes
com muito amor dentro. Conta-nos a história que, quando um grupo de carmelitas chegava a
uma povoação, a primeira coisa que faziam era construir uma capela, tocavam o sino e
chamavam em cada tarde as pessoas para que cantassem junto com eles a Salve-rainha;
depois convidavam todos a imitá-la nas virtudes. Muitos cristãos também aprenderam a
querer à Virgem rezando e cantando muitas vezes a Salve-rainha.
A Salve-rainha é uma experiência profunda de alegria e de ternura entre os homens e a Virgem
Mãe. Entramos no seu regaço e a nossa pequenez se enche da sua grandeza e misericórdia, e
não temos medo de nos apresentarmos perante Ela porque a vemos muito próxima de nós. A
Salve-rainha começa com uma belíssima saudação no plural. Num segundo momento
apresentamo-nos perante ela e apresentamos-lhe a realidade, às vezes dolorosa, do nosso
mundo. Depois atrevemo-nos a levantar os olhos para a Mãe para que ela nos olhe e nos
mostre a Jesus num cruzar de olhares. Terminamos com uma despedida admirativa, para
voltar à vida com novas determinações.
O Escapulário abre-nos, de uma forma simples, ao estilo de viver evangélico de Maria, a sua
espiritualidade; alimenta sem nos darmos conta o carinho para com a Mãe e nos faz sensíveis
às necessidades dos outros.
7º dia - Alcançados pelo mistério da Cruz
Santa Maria da Esperança ensina-nos a dizer “ámen” nos momentos da cruz.
Estamos perante a cruz, mistério tremendo que nos custa entender: ¿porquê a cruz?, ¿porque
está tão presente a cruz?, ¿porque é que Deus não nos salvou de outra maneira? A cruz,
objecto de adorno para alguns, é para muitos uma experiência de dor que humilha muito, uma
necessidade de ajuda para não cair no desespero, uma oportunidade, no melhor dos casos,
para olhar Jesus crucificado, o Salvador do mundo. Maria, ¡porque não!, levou a cruz, porque
quem está próximo de Jesus não pode seguir outro caminho que o dele. Como Cristo, também
Maria acabou crucificada, entregue totalmente pela salvação da humanidade. A cruz está
muito presente nas nossas vidas. A uns destrói-os, e a outros, todavia, fá-los recuperar a sua
maior dignidade.
¿Que podemos fazer perante a cruz? Estar próximo de quem sofre, é uma forma de consolar
como nós somos consolados. Unir a nossa cruz à de Jesus e à de Maria, para que contribua de
forma misteriosa para a salvação do mundo. Pedir que quando vier a cruz não nos
desconcertemos e sigamos com os olhos fixos em Jesus que iniciou a nossa fé. O Escapulário
faz-nos experimentar “a protecção contínua da Santíssima Virgem, não só ao longo da vida,
mas também no momento do passo para a plenitude da glória eterna” (João Paulo II).
O Escapulário é um hábito, o que supõe um estilo de vida, uma opção para a santidade,
alimentada pela oração e pelos sacramentos. Traduzido tudo num compromisso de amor para
com todos, especialmente para com os pobres
8º dia – A família do Carmelo, uma parábola de comunhão
Eu sou para ti, Maria, e tu és para nós. Maria, Mãe espiritual, sempre no meio da Igreja.
Quando alguém quer dar um salto para diante, tem que retroceder alguns passos para atrás. O
hoje alimenta-se do ontem para construir o amanhã. Os que formamos a Família do Carmelo
não olhamos para o passado glorioso somente para recordá-lo, mas também para construir,
junto com os outros, a nova civilização do amor.
A família do Carmelo, desde as suas origens, fez aliança com Maria. Quando os primeiros
carmelitas se estabeleceram nas grutas do monte Carmelo, procurando o silêncio e a solidão
para contemplar o Senhor, e construíram uma pequena capelita dedicada à Virgem, estavam
pondo os alicerces de uma relação fecunda entre todos os carmelitas e a Mãe do Carmelo.
Santa Teresa de Jesus com o seu carinho terno e missionário para com a Mãe, são João da Cruz
e o seu olhar permanente para com o mistério de Maria para aprender a deixar-se guiar pelo
Espírito, e tantos irmãos e irmãs, fizeram aliança com a Mãe. “O Escapulário converte-se em
sinal de aliança e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis” (João Paulo II).
O Escapulário, pela sua simplicidade, fala-nos das coisas de cada dia, mas, por uma rica
expressividade que o converte em património dos pobres da terra, fala-nos de aliança com
todos os povos e convida-nos a darmos todos os seres humanos a mão em profundidade para
compartilhar uma recíproca pobreza. O Escapulário é uma parábola de comunhão, porque é o
presente de uma Mulher que beija em cada dia a nossa ferida e nos aproxima de modo
entranhável, no seu ser de mulher, a ternura de Deus Trindade.
9º dia - Testemunhos de santidade no mundo
Mulher de silêncio e de oração, Mãe da misericórdia. Mãe da esperança e da graça.
Muitos homens e mulheres fizeram-se santos cultivando dia a dia o amor à Virgem. “Um
esplêndido exemplo desta espiritualidade mariana, que modela interiormente as pessoas e as
configura a Cristo, primogénito entre muitos irmãos, são os testemunhos de santidade e de
sabedoria de tantos santos e santas do Carmelo, todos crescidos à sombra e debaixo da tutela
da Mãe” (João Paulo II).
A devoção autêntica à Virgem não os levou a um sentimentalismo estéril e transitório, mas
nasceu da fé e expressou-se no amor filial e no desejo de imitá-la nas suas virtudes. Nós
quisemos, nestes dias, olhar o rosto da Virgem, para descobrir nesse rosto Jesus, amar Jesus e
seguir Jesus.
Um exercício tão simples como é a “novena”, nove dias de caminho e de encontro, permitiunos olhar e admirar a Mãe, e aprender a olhar o mundo com o carinho e o amor com que Deus
o olha. Que Maria faça de nós homens e mulheres de hoje. Que vivamos o momento presente,
com as luzes e sombras de hoje, com valentia e com lucidez, sem nos envergonharmos de ser
amigos de Jesus nestes começos do século vinte e um. Que faça de nós pessoas criativas, com
a esperança sempre posta no coração, capazes de servir com o melhor que temos, porque,
como recordávamos nestes dias, o que gratuitamente nos deu o Senhor não é para que o
guardemos a sete chaves dentro de nós, mas para que o ponhamos em circulação e ajude os
outros.
O Escapulário é dom da Mãe do Carmelo e, por ser dom, é tarefa: ser santos, ser testemunhos
da luz de Cristo.
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