tcc-maruan-coltro-gosch (346)
Transcrição
tcc-maruan-coltro-gosch (346)
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC – CAMPUS DE XANXERÊ MARUAN COLTRO GOSCH LEIA A BULA: estimulando o interesse e a compreensão na leitura de bulas de medicamentos através do design da informação Xanxerê 2014 MARUAN COLTRO GOSCH LEIA A BULA: estimulando o interesse e a compreensão na leitura de bulas de medicamentos através do design da informação Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design, Área de Ciências Sociais e Aplicadas, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Unoesc, campus de Xanxerê, como requisito a obtenção do grau de bacharel em Design. Orientador: Prof. Walter Strobel Neto Xanxerê 2014 MARUAN COLTRO GOSCH LEIA A BULA: estimulando o interesse e a compreensão na leitura de bulas de medicamentos através do design da informação Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design, Área de Ciências Sociais e Aplicadas, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Unoesc, campus de Xanxerê, como requisito a obtenção do grau de bacharel em Design. Aprovada em BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Professor Walter Strobel Neto Universidade do Oeste de Santa Catarina Unoesc – Campus de Xanxerê ___________________________________________________________________ Banca 01 ___________________________________________________________________ Banca 02 Aos meus pais. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais pela boa educação que me deram, por me fazer o ser humano que sou hoje, por nunca medir esforços para meus estudos e por confiar em mim. À minha mãe Eleamar pela força, cuidado e amor. Ao meu pai Lucas pela integridade e honestidade. Aos amigos que fiz ao longo desses 5 anos. Vocês me proporcionaram a melhor fase da minha vida, muito obrigado. Aos meus colegas, que estavam presentes comigo, pelas aulas divertidas e prazerosas. Foi um prazer passar esses anos com vocês. Aos que não verei mais, saudades. Ao meu orientador Walter pelas dicas e conselhos. Aos meus professores, que são seres iluminados por quererem compartilhar seus conhecimentos conosco, um gesto nobre. Mestres. Às pessoas mais amáveis desse mundo: Eugênio, Geovanni, Diogo, Ana, Andreiza, Cristiane, Suellen, Monique, Bianca, Sabrina, Larissa, Alessandra, é muita gente... A equipe Metalpox, em especial ao Daniel Bonavigo, meu exemplo. A todos que me ajudaram na execução desse trabalho: Francielly Lorenzetti, Armelindo Torres e Jéssica Piva, as pessoas que me ajudaram nas pesquisas e ao demais pelos pitacos. Aos autores que peguei como referência. Se eu tivesse 9 horas pra cortar uma árvore, passaria as 6 primeiras afiando o machado. (Abraham Lincoln) RESUMO A presente pesquisa busca, através dos conhecimentos sobre design da informação, estimular a adesão ao tratamento correto dos medicamentos, despertando o interesse e a compreensão na leitura de bulas. Utiliza-se a metodologia de pesquisa qualitativa exploratória, à medida que realizará uma investigação acerca da qualidade do design das bulas de medicamento, a qual interfere e influencia no sucesso de seu uso por parte dos usuários. Ainda, possui um caráter aplicado, pois se faz um estudo de caso da bula do medicamento HUMULIN N – Insulina humana, para desenvolver o projeto de design, seguindo a metodologia MD3E (Método de Desdobramento em 3 Etapas), de Flávio Anthero Nunes dos Santos, para, contudo, propor uma nova apresentação visual de seus elementos, em que se aplicaram todos os conceitos estudados. Considera-se que o trabalho solucionou o problema proposto, pois todos os objetivos foram alcançados e o resultado final está condizente com a proposta inicial. Afirma-se que o projeto pode ser aplicado em situações reais, onde os fabricantes de medicamentos poderiam analisar os conhecimentos dessa pesquisa e disponibilizar aos consumidores um acesso às informações mais atrativas, fáceis e compreensíveis, estimulando a adesão ao tratamento correto do medicamento. E ainda, esse estudo poderá servir de referência para alterações na resolução nacional sobre as bulas de medicamentos. Palavras-chave: Bulas de medicamentos. Design da informação. ABSTRACT The present research aims, through the knowledge of information design, stimulate the adherence to proper treatment medicines, arousing the interest and understanding in the reading of medicine leaflets. Using the methodology of qualitative exploratory study, to the extent that conduct a research about the quality of the design of leaflets of medicinal product, which interferes with and influence on the success of its use on the part of users. Still, it has an applied nature, because it uses a case study of the package leaflet of the medicinal product HUMULIN N human Insulin, to develop the design following the methodology MD3E (Method of Unfolding in 3 Steps), Flavio Anthero Nunes dos Santos, however, propose a new visual presentation of its elements, in that was applied all concepts studied. It is considered that the present work has solved the problem proposed, because all of the objectives were achieved and the final result is consistent with the original proposal. It is stated that the project can be applied in real life situations, where the manufacturers of drugs could analyze the knowledge of this research and provide consumers with access to information easier and understandable, stimulating the accession to the correct treatment of the drug. And can still serve as a reference for a change in national settlement on the medicine leaflets. Keywords: Medicine leaflets. Information design. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Fotomontagem - Evolução das formas de representações de imagens............................................................................................ 28 Figura 2 – Círculos cromáticos.......................................................................... 30 Figura 3 – Diagrama de Gutenberg................................................................... 38 Figura 4 – Verificação da estrutura visual de uma página................................. 39 Figura 5 – Estrutura das primeiras etapas do método....................................... 49 Figura 6 – Desdobramentos do método........................................................... 50 Figura 7 – Aplicação da metodologia................................................................ 51 Figura 8 – Etapas da pré-concepção................................................................ 52 Figura 9 – Etapas de concepção...................................................................... 52 Figura 10 – Etapas de pós-concepção............................................................... 53 Figura 11 – Bula do medicamento Humulin N – Insulina humana...................... 60 Figura 12 – Informativo sobre antibióticos.......................................................... 66 Figura 13 – Informativo sobre ácido salicílico...................................................... 68 Figura 14 – Informativo sobre mastite................................................................. 70 Figura 15 – Painel conceitual............................................................................. 72 Figura 16 – Fluxograma das informações da bula............................................. 75 Figura 17 – Teste de legibilidade das fontes....................................................... 77 Figura 18 – Fotomontagem - referências visuais ícones 01............................... 78 Figura 19 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 1............... 79 Figura 20 – Fotomontagem - referências visuais ícones 02............................... 79 Figura 21 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 2............... 80 Figura 22 – Fotomontagem - referências visuais ícones 03............................... 80 Figura 23 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 3............... 81 Figura 24 – Fotomontagem - referências visuais ícones 04............................... 81 Figura 25 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 4............... 82 Figura 26 – Fotomontagem - referencias visuais ícones 05............................... 82 Figura 27 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 5............... 83 Figura 28 – Fotomontagem - referências visuais ícones 06............................... 83 Figura 29 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 6............... 84 Figura 30 – Fotomontagem - referências visuais ícones 07............................... 84 Figura 31 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 7............... 85 Figura 32 – Fotomontagem - referências visuais ícones 08............................... 85 Figura 33 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 8............... 86 Figura 34 – Fotomontagem - referências visuais ícones 09............................... 86 Figura 35 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 9............... 87 Figura 36 – Fotomontagem - referências visuais ícones 10............................... 87 Figura 37 – Geração de alternativas – pictograma de informação (1) ............... 87 Figura 38 – Fotomontagem - referências visuais ícones 11............................... 88 Figura 39 – Geração de alternativas – pictograma de informação (2) ............... 88 Figura 40 – Fotomontagem - referências visuais ícones 12............................... 89 Figura 41 – Geração de alternativas – pictograma de informação (3) ............... 89 Figura 42 – Fotomontagem - referências visuais ícones 13............................... 89 Figura 43 – Geração de alternativas – pictograma de informação (4) ............... 90 Figura 44 – Fotomontagem - referências visuais ícones 15............................... 90 Figura 45 – Geração de alternativas – pictograma de informação (5) ............... 91 Figura 46 – Fotomontagem - referências visuais ícones 16............................... 91 Figura 47– Geração de alternativas – pictograma de advertência..................... 91 Figura 48 – Fotomontagem - referências visuais ícones 17............................... 92 Figura 49 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (1).................................................................................. 92 Figura 50 – Fotomontagem - referências visuais ícones 18............................... 93 Figura 51 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (2) ................................................................................. 93 Figura 52 – Fotomontagem - referências visuais ícones 19............................... 94 Figura 53 – Geração de alternativas – pictograma de advertências precauções (3) ................................................................................. 94 Figura 54 – Fotomontagem - referências visuais ícones 20............................... 95 Figura 55 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (4) ................................................................................. 95 Figura 56 – Fotomontagem - referências visuais ícones 21............................... 96 Figura 57 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (5) ................................................................................. 96 Figura 58 – Fotomontagem - referências visuais ícones 22............................... 97 Figura 59 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (6) ................................................................................. 97 Figura 60 – Fotomontagem - referências visuais ícones 23............................... 98 Figura 61 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (7) ................................................................................. 98 Figura 62 – Fotomontagem - referências visuais ícones 24............................... 99 Figura 63 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (8) ................................................................................. 99 Figura 64 – Fotomontagem - referências visuais ícones 25............................... 100 Figura 65 – Geração de alternativas – pictograma dos locais de aplicação....... 100 Figura 66 – Fotomontagem - referências visuais ícones 26............................... 101 Figura 67 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (1)............ 101 Figura 68 – Fotomontagem - referências visuais ícones 27............................... 102 Figura 69 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (2) ........... 102 Figura 70 – Fotomontagem - referências visuais ícones 28............................... 103 Figura 71 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (3)............. 103 Figura 72 – Fotomontagem - Uso do amarelo como conceito de aviso, alerta e advertência.......................................................................... 104 Figura 73 – Diferentes tipos de tarjas dos medicamentos brasileiros................. 105 Figura 74 – Porcentagem que cada bloco de informações ocupa na bula......... 106 Figura 75 – Gerações de alternativas para a diagramação................................. 107 Figura 76 – Gerações de alternativas para a diagramação mais detalhada....... 108 Figura 77 – Teste de aplicação dos elementos na diagramação........................ 109 Figura 78 – Elementos na diagramação.............................................................. 110 Figura 79 – Foto do teste com o modelo físico (entrevista) ................................ 111 Figura 80 – Resultado final - apresentação gráfica............................................. 116 Figura 81 – Detalhe bula 01 – configuração dos elementos verbais................... 118 Figura 82 – Pictogramas...................................................................................... 119 Figura 83 – Palheta de cores............................................................................... 120 Figura 84 – Detalhe bula 02 – configuração das cores como elemento esquemático..................................................................................... 120 Figura 85 – Divisão dos blocos de informações da proposta.............................. 121 Figura 86 – Comparação entre a bula atual e a proposta................................... 122 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Anexo da resolução do senado, número 47 de 8 de setembro de 2009............................................................................................. 42 Quadro 2 – Disposições a respeito da forma do conteúdo de bulas de Medicamentos.................................................................................. 43 Quadro 3 – Princípios de redação de bulas de medicamentos para pacientes.. 44 Quadro 4 – Diretrizes e recomendações de elaboração de bulas de medicamentos segundo alguns autores........................................... 45 Quadro 5 – Esquema para a entrevista com consumidor................................... 55 Quadro 6 – Análise da bula de medicamento..................................................... 62 Quadro 7 – Respostas do entrevistado 1............................................................ 112 Quadro 8 - Respostas do entrevistado 2............................................................ 112 LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS ABD Associação Brasileira de Design ABDI Associação Brasileira de Design da Informação Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária cm Centímetros CRF-SC Concelho Regional de Farmácia – Santa Catarina mm Milímetros MS Ministério da Saúde SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor Sinitox Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas Pt Pontos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 TEMA .................................................................................................................. 13 1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 13 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 14 1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14 1.5 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN E DE PESQUISA ........................ 16 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 16 2 BASES DO CONHECIMENTO .............................................................................. 18 2.1 DESIGN............................................................................................................... 18 2.2 DESIGN GRÁFICO ............................................................................................. 20 2.3 DESIGN DA INFORMAÇÃO ............................................................................... 21 2.3.1 Componentes gráficos................................................................................... 24 2.3.2 Diagramação ................................................................................................... 31 2.3.3 Leiturabilidade ................................................................................................ 34 2.3.4 Princípios cognitivos ..................................................................................... 37 2.4 BULAS DE MEDICAMENTOS ............................................................................ 39 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN .............................................. 48 3.1 METODOLOGIA .................................................................................................. 48 3.2 PROJETO DE DESIGN ....................................................................................... 53 3.2.1 Pré-Concepção ............................................................................................... 53 3.2.1.1 Definição do problema................................................................................... 53 3.2.1.2 Coleta e Análise de dados............................................................................. 54 3.2.1.2.1 Consumidor ................................................................................................ 54 3.2.1.2.2 Insulina e Diabéticos .................................................................................. 57 3.2.1.2.3 Amostra de bula de medicamento .............................................................. 58 3.2.1.2.4 Referências visuais .................................................................................... 65 3.2.2 Concepção ...................................................................................................... 71 3.2.2.1 Conceitos ...................................................................................................... 71 3.2.2.2 Informações Verbais...................................................................................... 73 3.2.2.2.1 Avaliação .................................................................................................... 74 3.2.2.3 Fluxo das Informações .................................................................................. 74 3.2.2.4 Fonte ............................................................................................................. 76 3.2.2.5 Pictogramas .................................................................................................. 77 3.2.2.6 Cores ........................................................................................................... 104 3.2.2.7 Diagramação ............................................................................................... 105 3.2.2.8 Testes.......................................................................................................... 109 4 RESULTADOS ..................................................................................................... 114 4.1 DIRETRIZES GRÁFICAS PARA BULAS DE MEDICAMENTOS ...................... 114 4.2 RESULTADOS DO PROJETO DE DESIGN ..................................................... 115 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 125 APÊNDICES ........................................................................................................... 131 ANEXOS ................................................................................................................. 141 13 1 INTRODUÇÃO O valor que o design possui como área do conhecimento é capaz de interferir na comunicação e transmissão de informações à população e, além disso, têm o papel de melhorar a vida do cidadão através de projetos que supram seus desejos e necessidades. Atualmente, todo medicamento vendido em farmácias no Brasil, atende às normas impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. As indústrias farmacêuticas seguem regras estabelecidas referentes ao conteúdo e forma (legibilidade) das bulas de medicamentos, porém não disponibiliza padrões de apresentação gráfica que prenda a atenção, desperte curiosidade, fascínio e simpatia do paciente para a leitura. Além disso, a bula é um documento de consulta pública, dessa forma todas as pessoas deveriam lê-la e compreendê-la. A apresentação informacional gráfica influencia na sua leitura e entendimento, e logo, no consumo do medicamento. O não suprimento das necessidades informacionais pode levar ao mau uso, acarretando problemas no bem estar e trazendo consequências na saúde do paciente. Essa pesquisa tem o intuito de, através dos conhecimentos na área do design, valorizar a saúde, estimulando a adesão ao tratamento correto dos medicamentos, através da conscientização e do acesso às informações mais fáceis e compreensíveis à população. 1.1 TEMA Estimulando o interesse e a compreensão na leitura de bulas de medicamentos utilizando princípios do design da informação. 1.2 PROBLEMA Como o design da informação pode contribuir para estimular o interesse e a compreensão do paciente na leitura de bulas de medicamentos? 14 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral Estimular o interesse e a compreensão das bulas de medicamentos através de uma proposta de apresentação gráfica que atraia o paciente para sua leitura. 1.3.2 Objetivos Específicos a) estudar sobre design e design da informação; b) conhecer a estrutura e a legislação referente à forma e conteúdo de bula de medicamentos; c) identificar pontos críticos no que diz respeito ao interesse e compreensão dos usuários no contexto de uso das bulas de medicamentos; d) analisar a forma atual de apresentação visual das informações numa amostra de bula selecionada; e) propor diretrizes e uma apresentação gráfica para a bula de medicamento. 1.4 JUSTIFICATIVA Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas – Sinitox, 50% dos medicamentos comercializados são consumidos de maneira errada (SINITOX, 2011). Apresenta ainda, que no Brasil, como na maioria dos países, os medicamentos são os principais agentes tóxicos entre seres humanos, respondendo por, aproximadamente 28% dos casos de intoxicação humana registrados anualmente (mais de 30.000 por ano), superando os casos de intoxicação por animais peçonhentos, alimentos e produtos de limpeza, por exemplo. Em 2011, as circunstâncias pelas quais as intoxicações por medicamentos ocorreram foram principalmente por: erros na administração, auto medicação, abusos, ingestão de alimentos, uso indevido, acidentes individuais, acidentes coletivos, acidentes ambientais e ocupacionais, usos terapêuticos e prescrições médicas inadequadas (SINITOX, 2011), essas circunstâncias correspondem a 55,34% das intoxicações por medicamentos. Como hipótese, esses fatores 15 poderiam ser evitados se o consumidor tivesse as informações adequadas, acessíveis, atrativas e de fácil assimilação sobre os medicamentos. Indo ao encontro destes dados, a bula é o principal documento que pacientes e médicos utilizam para ter informações sobre um determinado medicamento. Segundo Silva (2008, p. 117), os rótulos, as embalagens e as bulas dos produtos farmacêuticos representam, muitas vezes, o único documento de consulta do usuário a respeito de seu medicamento, após a prescrição pelo profissional de saúde e a dispensação nas farmácias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa é o órgão brasileiro regulamentador que estipula regras a respeito do conteúdo textual e forma destas bulas, deixando a cargo das indústrias farmacêuticas a estruturação gráfica das mesmas. Conforme Spinillo, Padovani e Lanzoni (2009, p. 2) a legislação ainda é omissa com relação a diversos fatores, questões relativas à apresentação gráfica, textual e pictórica não são abordadas nas normas, acarretando negligência da indústria farmacêutica com relação a estes aspectos. Logo, as indústrias não levam em consideração os aspectos de leiturabilidade, instruções visuais, mensagem transmitida e nem a representação gráfica. Além das informações textuais, as bulas apresentam, ainda, tabelas, diagramas, termos científicos, que tornam o documento consideravelmente complexo, principalmente para pessoas sem ou com pouco conhecimento desse tipo de conteúdo. Afirmando isso Spinillo, Padovani e Lanzoni (2009, p. 3) acrescentam: Em contrapartida com sua importância, as bulas de medicamentos possuem deficiências na apresentação gráfica da informação que podem afetar negativamente sua compreensão e consequentemente a realização da tarefa: [...] leiturabilidade do texto (e.g. linguagem muito técnica-médica); Apresentação gráfica das informações (e.g. hierarquia tipográfica, separação das informações); Apresentação de instruções visuais (e.g. legibilidade pictórica, omissão de passos). Tais aspectos podem induzir erros de manipulação/preparação/dosagem do fármaco, afetando diretamente a eficácia do mesmo no tratamento do paciente/usuário. Desta maneira, essa pesquisa justifica-se à medida que realizará uma investigação acerca da qualidade do design das bulas de medicamento, a qual interfere e influencia no sucesso de seu uso por parte dos usuários. Pois se pode levantar duas hipóteses nesse sentido: o usuário não se interessa em lê-la por se tratar de uma leitura monótona e sem atrativos visuais, e se lê não a compreende, 16 devido aos aspectos já expostos. Nesse sentido, ainda questiona-se as regras ditas pela Anvisa e, se necessário, propor novas diretrizes nas formas das representações das bulas. 1.5 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN E DE PESQUISA O presente trabalho utiliza a metodologia da pesquisa qualitativa, pois, segundo Moresi (2003, p. 69) é a pesquisa usada quando se deseja entender detalhadamente porque um indivíduo realiza determinada tarefa. Além disso, ela assume um caráter prático, com ênfase na curiosidade e criatividade, já que parte de uma hipótese sustentada por uma observação do contexto em que as bulas de medicamentos são utilizadas por pacientes, e uma análise estrutural das bulas existentes. Essa pesquisa também possui caráter aplicado, uma vez que objetiva-se a solucionar problemas específicos, apresentando uma proposta como solução final. O conhecimento para o desenvolvimento da pesquisa virá por meio exploratório com ferramentas de pesquisas bibliográficas. Pesquisa-se, assim, design, design da informação e os princípios de desenvolvimento de peças gráficas, assim como uma análise visual de amostras de bulas de medicamentos (pesquisa qualitativa), levando em consideração aspectos embasados por diversos autores. Para o desenvolvimento do projeto de design faz-se necessário à utilização de uma metodologia que, segundo Munari (2008, p. 10) “o método de projeto não é mais que uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência. Seu objetivo é o de atingir o melhor resultado com o menor esforço”, ou seja, seguir determinadas etapas para sair de um problema inicial e chegar à solução. Para isso optou-se por utilizar a metodologia desenvolvida por Flávio Antero dos Santos, chamada de MD3E (Método de Desdobramento em 3 etapas), onde o autor propõe que o projeto se divida em 3 partes principais: préconcepção, concepção e pós-concepção, deixando, a critério de quem for utilizá-la, acrescentar etapas pertinentes ao projeto em específico. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Para melhor entendimento da pesquisa, esse trabalho é apresentado em 5 capítulos, na seguinte ordem: Introdução, Bases do Conhecimento, 17 Desenvolvimento do Projeto de Design, Resultados do Projeto e Considerações Finais. Na Introdução estão presentes as questões que envolvem a pesquisa, principais ideias, a razão pela qual se escolheu o tema, os objetivos que se pretende atingir ao final do trabalho, métodos que nortearam o desenvolvimento do projeto, por fim, apresenta-se a estrutura desse documento. Nas Bases do Conhecimento são apresentadas pesquisas com referenciais teóricos, a fim de descrever sobre o design, design gráfico, design da informação, componentes gráficos, diagramação, leiturabilidade, aspectos cognitivos do ser humano e bulas de medicamentos. No Desenvolvimento do Projeto de Design apresenta-se a metodologia de projeto em design, onde contém a descrição da metodologia adotada, e a execução das etapas em detalhes, que parte de um problema central e divide-se em préconcepção, concepção e pós-concepção, todas com suas sub-etapas. Nos Resultados do projeto é apresentada a proposta final, com as delimitações técnicas e a aplicabilidade. E nas Considerações finais desenvolve-se a conclusões obtidas e a reflexão do cumprimento dos objetivos iniciais. 18 2 BASES DO CONHECIMENTO 2.1 DESIGN O design está inteiramente intrínseco no ser humano, assim como a criatividade, a emoção, o senso de organização e o convívio social, e cabe ao profissional designer transformá-lo em algo físico para seu público. Assim, Steve Jobs define design: No vocabulário da maioria das pessoas, design significa aparência. É decoração de interiores. É o tecido de cortinas, do sofá. Mas para mim, nada poderia estar tão longe do significado de design. Design é a alma fundamental de uma criação humana, que acaba se expressando em 1 camadas externas sucessivas do produto ou serviço. (informação verbal) A palavra design é muitas vezes associada a desenho unicamente, mas conhecendo seu significado mais profundo descobrem-se diversos sentidos para ela, como apresenta Villas-Boas (2000, p. 45): “Design é uma palavra de origem inglesa originária de designo (as-eraaviatum) que em latim significa designar, indicar, representar, marcar, ordenar. O sentido de design lembra o mesmo que, em português, tem desígnio: projeto, plano, propósito”. Percebe-se a amplitude e o grau de complexidade que essa atividade exige, não sendo somente o desenho propriamente dito. Associa-se também design com a arte, porém essa classificação é ilusória se levar em consideração que peças artísticas são feitas para serem únicas e seu significado ser subjetivo, podendo ser interpretada de diversas maneiras pelas pessoas, diferentemente de peças com um projeto que leva em consideração o design, que caracterizado como sendo para reprodução. “[...] realizado para reprodução, é reproduzível e é efetivamente reproduzido a partir de um original (ainda que virtual)” (VILLAS-BOAS 2000, p. 12). Além de objetivar a transmitir uma mensagem específica, tendo apenas uma maneira de interpretar. Logo, o termo “design” refere-se à atividade de projetar, seja uma peça gráfica (fotografia, ilustração, diagramação, layout de site, sinalização, entre outros.) 1 Definição dita por Steve Jobs para a revista Playboy em 1987. 19 ou um produto (móvel, eletrodoméstico, produto de moda, joia, entre outros.), levando em consideração aspectos básicos, como: a) formal, que se refere à apresentação do objeto, assim como os meios para sua produção, matérias primas, pessoas envolvidas, entre outros; b) simbólico, que possa ser condizente ao desejo, ao conhecimento e ao contexto social em que o público está inserido; c) funcional, que tenha propósito físico em que o projeto terá que suprir, como: ergonomia, usabilidade e cognição e; e) emocional, que se refere nostalgia, onde o projeto possa aguçar os sentidos do usuário. Outro ponto importante que se observa é o designer como profissional que trabalha com uma metodologia, ou seja, segue um passo-a-passo, onde sai de um problema proposto, conhece as diretrizes a respeito dele, recolhe informações, gera alternativas e seleciona a melhor e mais aplicável ao projeto. Esse conhecimento vem de encontro ao que diz Santos (2005, p. 13): “método de projeto é o conjunto de tarefas e atividades logicamente ordenadas que sirvam de base e orientação para o desenvolvimento, fazendo com que este seja sistemático e capaz, reduzindo incertezas e aumentando a eficácia do trabalho desenvolvido.”. Assim, o termo design caracteriza-se por possuir muitas facetas, “embora pertença a uma área de conhecimento especifica e mais ou menos consolidada enquanto campo intelectual, o design é essencialmente interdisciplinar” (VILLASBOAS, 2000, p. 33). Isso significa que o design busca conhecimento em diversas áreas para o seu desenvolvimento pleno, e ao ser adquirido pode gerar ideias de projeto para todas as áreas. Denis (2004, p. 14-16) apresenta que o início do conceito de design surgiu na Antiguidade, com técnicas básicas de produção em série em larga escala de cerâmicas e a fundição de metais. E então no século 15, na Europa, com a inserção de meios mecânicos de imprensa de tipos móveis. No século 17, com a fabricação mecanizada de peças de relógios. Logo após, no século 18 a introdução da divisão do trabalho, em que as etapas envolvidas na fabricação de um único objeto eram distribuídas entre vários indivíduos. Mas pode-se dizer que o design, como área do conhecimento e sua natureza interdisciplinar surgiu a partir da revolução industrial. 20 Ainda segundo o autor Denis (2004, p. 14-16), hoje em dia, o design está se desvinculando e se libertando da rigidez normativa que dominou o campo durante mais de meio século, onde a marca registrada é o pluralismo de ideias. Essa evolução para o contexto atual reflete na sociedade, abarrotada de tecnologias e pessoas interagindo ainda mais, deixando de lado a geografia e se socializando pelos interesses em comum. Por isso as informações devem ser cada vez mais concisas e objetivas. O design pode atuar em muitos setores, como apresenta Munari (2008, p. 1327), são as áreas: Mobiliário, vestuário, campismo, instrumentos de medida, jogos e brinquedos, museus e exposições, jardins, para idosos, dobradiças, junções, ligações, paginação, sinalização, cinema e televisão, impressão, tapeçarias, mosaicos, grandes lojas, malas, grafismos na arquitetura, embalagens, iluminação, atividade editorial e estantes dentre outras, todas com suas subcategorias. Essas categorias, por mais que resumidas de maneira rígida, nos mostram o grande mercado que o design está inserido. Tendo em vista esse apanhado geral do design, percebe-se a profundidade e a importância do designer na implantação de projetos gráficos e industriais, pois ele identifica dificuldades e as soluciona, através de métodos, problemas de ordem projetual, comunicacional, informacional e organizacional, utilizando a criatividade como parte da solução. 2.2 DESIGN GRÁFICO Design gráfico é umas das áreas do design, que segundo Frascara (2000, p. 20) “é visto como atividade que possui a ação de conceber, programar, projetar e realizar comunicações visuais, destinadas a transmitir mensagens específicas a grupos determinados”. Ainda para Villas-Lobos (2000, p. 10) “[...] design gráfico é a atividade profissional e a consequente área de conhecimento cujo objeto é a elaboração de projetos para a reprodução por meio gráfico de peças expressamente comunicacionais”. Esses dois autores apresentam o design gráfico como uma atividade de projetar a fim de comunicar, transcrevendo a mensagem de forma visual, levando em consideração os aspectos simbólicos, destinados as pessoas em uma determinada época e contexto social. 21 Design gráfico é a complexa combinação de palavras e imagens, números e gráficos, fotografias e ilustrações que, para ter sucesso, demanda sua elaboração por parte de um particularmente cuidadoso individuo que pode orquestrar estes elementos de forma a eles se juntarem para formar algo distinto, ou útil, ou divertido, ou surpreendente, ou subversivo, ou memorável. (KOPP, 2002, p. 42 apud HELFAND, 2001) Nessa citação Kopp (2001) afirma que o designer gráfico atua em diversas áreas, e sabe administrar os elementos gráficos de uma maneira harmoniosa, atrativa e que prenda a atenção do público. Mas não somente isso, ele possui a capacidade de interferir positivamente no modo de vida das pessoas e tem o papel de melhorar a vida do cidadão através de projetos que supram seus desejos e necessidades. Ainda o mesmo autor discute o design gráfico como uma atividade que engloba tipografia, ilustração, fotografia, arte final, superfícies de impressão ou fixação da informação, tratamento de imagens, processos industriais de impressão gráfica, entre outros (KOPP, 2002, p. 42-43), tendo em vista que todas essas atividades exigem um processo de concepção com planejamento adequado para cada projeto, sendo definida pelo designer a partir de metodologias projetuais. O design gráfico requer uma metodologia específica, através da qual o profissional tenha controle das etapas envolvidas no projeto e faça a opção certa entre as alternativas, a partir de testagens realizadas por ele ou por outros, mesmo que essa metodologia seja própria. Complementa-se a isso, dizendo que “para que uma peça seja de design gráfico, ela necessariamente tem que obedecer à metodologia que é a própria razão de ser de design. Ou seja, tem que ser projetada de alguma forma”. (VILLAS-BOAS, 2000, p. 15-21). Tendo essa visão global, o conhecimento e o domínio da atividade, o designer consegue materializar uma ideia de forma eficiente e criativa. Atualmente, saber informar de maneira assertiva e rápida é essencial. Fazendo isso de maneira consciente e seguindo etapas, é possível chegar a um resultado que comunique, agregue valor e enquadre com a realidade do público-alvo. 2.3 DESIGN DA INFORMAÇÃO A informação é, conforme Fujita e Machado (2013, p. 91 apud LE COADIC, 2004): 22 Um conhecimento, registrado em forma escrita impressa ou digital, oral ou audiovisual, em um suporte. [...] a informação comporta um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal. Tal inscrição pode ser realizada graças a um sistema de signos (linguagem), que associa um significante a um significado. Logo, a informação é um registro transmitido por alguém, através de um meio, para outro alguém, por um sistema entendido por ambos. Já, o design da informação é uma das vinte e seis áreas do design proposta pela Associação Brasileira de Design – ABD. Segundo o site da Sociedade Brasileira de Design da Informação - SBDI caracteriza essa atividade como: [...] área do design gráfico que objetiva equacionar os aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos que envolvem o sistema de informação através da contextualização, planejamento, produção e interface gráfica da informação junto ao seu publico alvo. Seu princípio básico é otimizar o processo de aquisição da informação efetivado nos sistemas de comunicação analógicos e digitais. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESIGN DA INFORMAÇÃO, [20--]) Ou seja, essa ramificação do design gráfico se entende como a atividade em que o designer possui uma importância muito grande, pois transforma as informações/dados em conteúdo fácil de ser compreendido e utilizado, através do conhecimento de como funciona o processo mental de compreensão da mensagem pelo ser humano, gerando interfaces gráficas, analógicas ou virtuais. “A indispensabilidade da participação do designer no desenvolvimento de sistemas midiáticos e hipermidiáticos encontra-se na habilidade deste em esclarecer as informações, mediante códigos específicos e para processos cognitivos específicos” (RENNEBERG; GONÇALVES; GONÇALVES, 2008, p. 7). Diferentemente de outras áreas que focam apenas na mensagem e no meio de inserção, o informativo que contém um trabalho de design consegue causar um bem-estar visual e a efetiva transmissão da mensagem com o máximo de aceitabilidade. “Com a interatividade, o design informativo pode agora atrair os usuários de maneira que poucas outras disciplinas são capazes.” (GOMESPALACIO, 2011, p. 36). Têm o objetivo específico de se relacionar com as necessidades do usuário, como afirma Fujita e Machado (2013, p. 106): 23 Defende-se que o objetivo do design da informação é preparar a mensagem de forma que possa ser transmitida com o máximo de eficiência e eficácia pela configuração visual e linguística apropriada, considerando que nem todos os usuários terão o mesmo grau de expertise ou de escolaridade. Em suma, a informação é uma forma de registro em que se deve ter uma interação de maneira assertiva entre quem a faz e quem recebe. Tudo isso sendo através de signos conhecidos e identificáveis. O design da informação coloca como aspecto mais importante no projeto de transmissão de informação, o ritmo. Analisase, assim, a experiência do usuário e o contexto em que ele está inserido, facilitando a inclusão e contribuindo para o bem-estar comum, seja através de sistemas de sinalizações mais eficientes, ou a compreensibilidade de documentos do dia-a-dia (como bulas de medicamentos, manuais, formulários), onde não intimidem ou excluam os usuários e “onde a construção de conhecimento, mais do que a persuasão, seja o caminho preferido para obter essa eficiência.” (SOUZA, 2009, p. 6). “O design informativo apresenta visualmente fatos, números, eventos e dados que ajudam a entender um determinado tópico, através de diagramas, gráficos, iconografias e ilustrações ou fotografias, inovadoras, alusivas e atraentes” (GOMESPALACIO, 2011, p. 36). Não somente isso, ele deve conhecer os princípios de design da informação para a melhor construção do projeto. “O conteúdo e a forma são os componentes básicos e irredutíveis, de todos os meios [...]. O conteúdo é fundamentalmente o que está sendo direta ou indiretamente expresso; é o caráter da informação, a mensagem”. (REDIG, 2004 p. 50). O autor explicita, nessa afirmação, que a compreensão da mensagem e o conteúdo estão inteiramente ligados e substancialmente devem ser relacionados de forma clara e concisa, com elementos que propiciem a transmissão e exemplifiquem a mensagem, e que logo, está intrinsicamente ligado a organização deles na página. Partindo disso, o design da informação estabelece alguns elementos e princípios, que dizem respeito à investigação de alguns autores para melhoria da eficiência na apresentação gráfica de materiais informativos. Segundo Redig (2004, p. 50) se o objeto informativo não atende a essas características, o processo de comunicação será deficiente. Para melhor entendimento dos princípios de design da informação eles foram divididos em subcapítulos: 2.3.1 componentes gráficos, 2.3.2 interação entre os 24 elementos na página (diagramação), 2.3.3 aspectos de leiturabilidade e 2.3.4 o estudo da cognição do ser humano ao ter em mãos um informativo. 2.3.1 Componentes gráficos São ditos componentes gráficos, aqueles presentes na página que apresentam a informação para o leitor. Eles podem ser divididos em verbais, pictóricos e esquemáticos. Os elementos verbais caracterizam-se por serem signos convencionados pela sociedade, podem ser utilizados separados ou juntos, que formam palavras, expressões, textos, entre outros, esses signos são pronunciados pela leitura. Os elementos pictóricos são expressões no formato de imagens, que representam algo. E os esquemáticos são elementos complementares que servem para colocar ordem nas informações. Van der Waarde (1999, p. 77, tradução nossa)2 apresenta o conceito de componentes gráficos da seguinte forma: elementos verbais são todas as marcas significativas que podem ser pronunciadas; pictóricos são as marcas gráficas, ou grupo de marcas que associa-se com a aparência ou a estrutura de um objeto real ou imaginado e; os esquemáticos são complementares dos outros dois (verbal e pictórico), que geralmente são: marcadores, cores, fundo, linhas sublinhadas, etc.. Para compreender melhor, a seguir, é apresentado cada um deles separadamente. Os componentes verbais são os signos padronizados pela sociedade, que juntos, em um informativo, são denominados como linguagem escrita. Existem muitos estudos para a criação dos mais variados desenhos e formatos desses signos, para elaboração de uma melhor legibilidade para o leitor, de modo a deixar a informação mais fácil de ser compreendida e trazer uma característica única à peça, dando uma identidade gráfica singular, este estudo denomina-se tipografia. “Define-se tipografia como um conjunto de práticas e processos envolvidos na criação e utilização de símbolos visíveis relacionados a caracteres 2 “That they are all meaningful marks which can be pronounced”. “Is a graphic mark, or group of marks which relates, however distantly, to the appearance or structure of a real or imagined object”. “Are separable graphic marks which cannot be categorized as either verbal or pictorial. Examples of schematic components are rules, bullets, arrows and background colors”. (VAN DER WAARDE, 1999, p. 77). 25 ortográficos (letras) e paraortográficos (números, marcadores, numeradores, etc.) para fins de reprodução.” (SILVA, 2008, p. 64 apud FARIAS, 2004). A colaboração desses estudos tipográficos no conteúdo de textos informacionais faz-se importante e necessário, pois facilita a visualização e compreensão textual pelo leitor. Alguns temas comuns são tratados na tipografia: o uso de fontes com serifa e sem serifa, o modo de alinhamento delas na página, as dimensões e o peso do tipo, o comprimento da linha e o uso de caracteres maiúsculos e minúsculos, entre outros. Além disso, geralmente é utilizado duas ou mais fontes na mesma página, então se deve estabelecer uma relação entre elas, são três as principais: concordante, conflitante e contrastante, como cita Williams (2013, p. 142-193): Concordante aparece quando se escolhe apenas uma fonte e são trabalhadas as diferentes características dela, como uma versão em itálico ou com tamanho maior. Essa relação tende a ser muito calma e formal; Conflitante é quando são usadas duas ou mais fontes, na mesma página, que são semelhantes. Quando isso ocorre, a maioria das vezes parece que foi um erro; Contrastante, que quando forte, atrai o olhar. Ele está intrinsecamente ligado à organização e a clareza das informações da página. Ainda segundo Williams (2013, p. 142-193) há seis maneiras claras e distintas de contrastar fontes: tamanho, utilizando uma letra grande com uma pequena, mas que isso seja bem perceptível ao leitor; peso, que se refere à espessura de seus traços, a maioria das famílias tipográficas foi criada em uma variedade de pesos: regular, negrito, leve, entre outros; estrutura, que se refere a como ela é feita, sendo identificada, por exemplo, se é uma fonte sem serifa ou serifada; forma, que está associada com a diferença das letras maiúsculas e minúsculas, sendo que a forma das palavras com todas as letras maiúsculas também é diferente. Todas as palavras escritas em letras maiúsculas têm a forma retangular parecida, e somos forçados a lê-las letra por letra; direção, é a sequência em que o texto segue, seja horizontal, vertical e assim por diante, e; cor, nossos olhos são atraídos para cores quentes, e por outro lado, as cores frias recuam o olhar. 26 Alguns autores ainda trazem algumas diretrizes a respeito da utilização da tipografia em mensagens informativas. Apresentadas aqui diretrizes de Williams (2013, p. 142-193), Silva (2008, p. 68) e Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 148): a) não use fonte 12 para o corpo do texto. Além do visual nada sofisticado, a maioria das fontes 12 são grandes demais para a largura de coluna de um folheto [...]. Utilize tipos entre 9 e 12 pontos. São aceitáveis tamanhos menores, desde que limitados e legendas e notas; b) quanto mais inclinada à palavra ou a frase em relação à horizontal, menos legível se apresenta. É preferível evitar a direção inclinada, a não ser que se justifique o uso pelo benefício; c) caracteres mais simples, sem enfeites, ou serifas são os mais legíveis; d) em um texto contínuo, descrito em caixa alta e baixa, a leitura é facilitada quando a primeira letra é maiúscula e as demais minúsculas. As letras maiúsculas devem ser preferencialmente utilizadas para títulos e nomes próprios e para abreviações familiares ao usuário. Conclui-se que o designer deve conhecer e utilizar com atenção a tipografia para que seja compatível com a transmissão da mensagem de maneira eficaz. Os componentes verbais são construídos essencialmente através da tipografia aplicada, e quando se trabalha adequadamente os elementos eles se tornam uma unidade visual única, forte, legível e agradável para o usuário. A leitura não se limita a decodificar elementos narrativos, simbólicos e contextuais. Existem elementos que não podem ser traduzidos em palavras. É importante considerar os aspectos visuais alcançados através das imagens (ou ilustrações), pois elas costumam despertar o prazer da leitura de modo a atenuar uma leitura monótona” (SILVA, 2008, p. 145). A explanação de Silva (2008) mostra a importância dos elementos pictóricos na transmissão de uma mensagem, pois em alguns casos não é possível à representação por meio de palavras. Além disso, as imagens atraem o leitor para a leitura e fazendo com que a instrução não fique cansativa. Outro motivo para se utilizar a imagem em um informativo é o fato do público alvo nem sempre possuir grau de escolaridade alta, e através de instruções pictóricas a informação consegue 27 atingir um público que as instruções escritas não atingiriam. Como descreve Maia (2005, p. 41-45): Ao contrário da informação textual, em que ocorre uma restrição da comunicação com um público de um determinado grau de escolaridade ou que tenha pouca familiaridade com o idioma usado, a representação de informações complementadas por ilustrações é a melhor maneira de atingir públicos com um menor grau de escolaridade. Acrescentando a citação de Maia (2005), pode-se dizer que a imagem é mais reconhecida que palavras, porém, se unirmos as duas fontes de representações, formando um conjunto entre representação imagética e verbal, a mensagem se torna muito mais eficiente, e principalmente mais fácil de ser lembrada. Para exemplificar isso, Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 184) dizem que “os materiais instrucionais e de manuais técnicos que apresentam informações textuais acompanhada de imagens de apoio permitem que as informações sejam mais lembradas do que aqueles produzidos apenas com textos ou imagens”. De forma sintética, pode-se estabelecer um histórico das formas de representações das imagens para traçar um diagnóstico de como ela está sendo tratada atualmente. As imagens, tiveram diversas fases e foram evoluindo ao passar dos tempos. Pode-se partir da Art Nouveau3, onde os as imagens eram feitas para fins ornamentais, com muitos detalhes, serviam para chamar atenção para a beleza. Com abertura da escola de ensino de design e arquitetura Bauhaus 4 na Alemanha, percebeu-se a importância da funcionalidade que a imagem deveria trazer, formando traçados retos para que pudessem reproduzir mais facilmente, sendo mais prático e objetivo. Nos últimos anos, com o advento da comunicação digital5, demonstrou-se uma tendência para a tentativa de remeter às figuras digitais um caráter análogo aos objetos físicos, como, por exemplo, uma agenda telefônica virtual, onde sua interface apresenta textura de couro e linhas como as de um caderno, que remetem a uma agenda física. Esse fenômeno foi chamado de esqueumorfismo. Hoje em dia esse conceito é muito questionado, pois está cada vez mais rápido o avanço tecnológico e voltar ao passado não seria a melhor escolha a se fazer, mas sim, buscar formatos coerentes a essa fase, trazendo fluidez e dinamismo à representação pictórica. Com isso, surgiu, recentemente, o uso do 3 Movimento artístico que começo em 1890 e acabou em 1910. Escola de arquitetura e design inaugurada em 1919. 5 Pode-se citar os anos 80 como começo dessa era. 4 28 termo Flat design6, onde a ordem é sintetizar, eliminando coisas supérfluas das representações reais, e trabalhando principalmente com as cores, os espaçamentos entre os elementos, as formas simples e minimalistas. O uso desse conceito de imagem está bastante em evidência, pois consegue transmitir a mensagem de forma imagética clara e com eficácia. A figura 1 mostra as quatro fases do uso da imagem. Figura 1 – Fotomontagem - Evolução das formas de representações de imagens Fonte: o autor. A figura 1 mostra exemplos da evolução dos conceitos de formas das imagens. Percebe-se nela que na Art Nouveau as formas são mais rebuscadas, no conceito da Bauhaus as formas mais sólidas, no esqueumorfismo as formas remetem ao objeto real, e no Flat Design as formas apresentam com os elementos sintetizados. O conceito de elementos pictóricos associados às representações em informativos de instrução utiliza a forma de signos, como classifica Niemeyer (2003, p. 36): signo é uma representação do objeto por semelhança, através de analogia. Ou seja, um ícone caracteriza-se pela ligação das representações do uso de imagens pictóricas para facilitar o processo de encontrar, reconhecer, aprender e memorizar ações, objetos e contextos em uma mídia. Além desse modo como o ícone pode ser associado, há também os de exemplos e os arbitrários, como explicam Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 132): 6 Teve início por volta de 2012/2013, com a presença na interface de celulares 29 Os ícones de exemplo utilizam imagens de objetos que representam ações, os objetos ou conceitos ou a eles estão associadas. São especialmente eficazes na representação de ações, objetos e conceitos complexos. [...]. Os arbitrários exploram imagens com pouca ou nenhuma relação com a ação, objeto ou conceito, ou seja, a relação precisa ser aprendida. Em geral, os ícones arbitrários só devem ser utilizados no desenvolvimento de padrões interculturais ou de setores da economia que serão usados por bastante tempo, o que permite que as pessoas sejam expostas ao ícone um tempo suficiente para torna-lo um instrumento de comunicação eficaz. Como se percebe nessa citação, os ícones podem ser divididos em simbólicos, onde se assemelham ao objeto real; os de exemplo, que são as representações sintetizadas dos objetos reais e; os arbitrários, que são instituídos pela sociedade para que o objeto real possa ser associado. Em resumo, o elemento pictórico para o projeto de desenvolvimento de um informativo instrucional é de suma importância, pois é mais bem interpretado que o elementos verbais, quebra com a monotonia de um texto e consegue atingir um número maior de leitores, que por ventura, possuem um baixo grau de escolaridade. Porém um elemento pictórico junto com um elemento verbal aumenta o grau de compreensão da mensagem. Os ícones são trabalhados em um informativo através de imagens que sintetizam, traduzem ou são arbitrários a um objeto real. E hoje em dia é muito utilizado imagens com o conceito Flat design, que enxugam a forma do objeto representado, mas sem perder seus aspectos principais. O último componente gráfico que será apresentado nesse trabalho é o esquemático, que auxilia os dois primeiros para a transmissão da mensagem. Essa pesquisa focará no componente esquemático “cor”. Ele é parte da comunicação visual, e conforme sugere Farina (1982, p. 27), “a cor exerce uma ação tríplice: a de impressionar a retina, a de ser sentida (provoca uma emoção) e ser construtiva, pois, tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade, portanto, de construir uma linguagem que comunique uma ideia”. Interpretando isso, a cor dá vida a um projeto, encanta os olhos e torna uma criação visualmente mais interessante, mas, acima disso, cada cor tem o papel inconsciente de traduzir um sentimento/emoção, impondo escolhas no dia-a-dia das pessoas, além de reforçar a organização e o significado dos demais componentes gráficos. Farina (1982, p. 112115) ainda apresenta, conforme Anexo A, o que os cientistas estabelecem a respeito do significado psicológico de cada cor. 30 Para obter combinações de cores esteticamente agradáveis, deve-se organizá-las em um círculo e fazer associações entre elas, ligando-as. Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 48) organizam essas associações, conforme figura 2, em: cores adjacentes no círculo de cromático (análogas), ou em lados opostos do círculo (complementares). Acrescenta-se a elas as associações pelas cores quentes e frias. Figura 2 – Círculos cromáticos Fonte: o autor. Ainda os autores Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 48) apresentam algumas dicas para o uso das cores: a) se aplicadas incorretamente podem causar sérios prejuízos à forma e à função do design; b) não utilizar as cores como único meio de transmitir informações, pois uma parcela significativa da população possui visão limitada de cores; c) usar cores mais quentes para os elementos do primeiro plano e as cores frias para os elementos do segundo plano; d) o cinza-claro é uma boa opção para agrupar elementos, pois não compete com as outras cores. 31 Em resumo, materiais que desejam transmitir informações de maneira eficiente e eficaz devem se ater a utilizar os três componentes básicos: verbais, pictóricos e esquemáticos. Sendo que os verbais referem-se à escrita e a forma como ela é apresentada; através do estudo da tipografia é possível estabelecer parâmetros para a representação desse componente. Já os pictóricos são as imagens que se utiliza para expressar algo, ela é muito eficiente, pois é entendida por diversos públicos; chamam-se ícones as imagens que sintetizam algo real de uma forma mais simplista e universal; foi visto também que ícones com conceito de Flat design atendem as expectativas visuais e funcionais da comunicação de um objeto real. Além disso, os elementos verbais juntos com pictóricos aumentam mais a capacidade de compreensão de uma informação. E para finalizar, os elementos esquemáticos são utilizados para complementar os dois elementos anteriores e é possível harmonizar uma peça informativa com esse componente; nesse capítulo foi apresentado o elemento esquemático cor, que trabalha de maneira estética e com o inconsciente do leitor, fazendo com que ele expresse alguma emoção. É ideal seguir as diretrizes apresentadas para melhor solução do problema. Em diferentes estágios de leitura das informações é imprescindível desenvolver estratégias para apresentar informações completas. Para isso, deve-se focar na razão da informação estar ali presente e em como ela deve ser mostrada. A seguir será apresentada a forma de organização dos componentes na página. 2.3.2 Diagramação Os componentes verbais, pictóricos e esquemáticos necessitam de uma ação que façam com que eles se integrem na página como forma de um elemento estar associado a outro em harmonia. Além disso, a organização desses elementos, tanto sua estrutura interna, quanto no layout7 gráfico da página, devem ser pensadas seguindo parâmetros de usabilidade para esses sistemas, essa interação e organização chama-se diagramação. Delimitam-se os seguintes parâmetros de interação e organização dos componentes na página: proximidade, alinhamento, repetição, contraste e hierarquia. 7 Estruturação, organização e humanização. 32 A proximidade reporta ao agrupamento de itens que possuem algo em comum, de modo que o usuário possa sentir que os itens unem-se harmoniosamente. Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 196) explicam que “os elementos próximos uns aos outros são percebidos como um único grupo ou segmento, e são interpretados como tendo mais relação do que os elementos mais distantes.”, assim, leva o leitor a organizar melhor o conteúdo mentalmente. Williams (2013, p. 15-32) descreve que se deve agrupar itens relacionados, aproximá-los fisicamente, para que sejam vistos como um grupo coeso. Itens ou grupos de informações que não estejam relacionados não devem estar próximos, o que dá ao leitor uma dica visual imediata da organização do conteúdo. Ao agrupar elementos similares em uma unidade, diversas coisas acontecem na mesma hora: a página fica mais organizada; você entende onde começa a ler a mensagem e sabe quando a mesma terminou. Se a informação está organizada, é mais provável que seja lida e é mais provável que seja lembrada. Evitar deixar espaços em brancos do mesmo tamanho entre elementos, a menos que cada grupo seja parte de um mesmo conjunto. Conclui-se então, que o agrupamento produzido pela proximidade diminui a complexidade e aumenta a relação harmoniosa entre os elementos, porém deve-se fazer isso de forma clara, deixando perto os elementos semelhantes e afastando os que são diferentes. O princípio do alinhamento apresenta que não se deve colocar nada de forma aleatória na página, todos os componentes devem possuir linhas guias invisíveis que unam os elementos para que fiquem visualmente agradáveis ao olhar. “Nossos olhos gostam de ver ordem; ela nos dá uma sensação de calma e segurança. Além disso, ajuda a passar a informação.” (WILLIAMS, 2013, p. 33-50). Ainda, o autor aconselha o uso e o não uso de alguns tipos de alinhamentos, como, por exemplo: Um alinhamento centralizado é fraco, já um alinhamento à esquerda ou à direita, onde a linha invisível que conecta é muito mais forte porque há um limite vertical preciso para seguir-se. Isso faz com que textos alinhados à esquerda ou à direita ganhem um visual mais limpo e dramático; e um alinhamento justificado alinhe dos dois lados. Não o use, a menos que a linha seja longa o bastante para evitar estranhos espaços entre palavras. Todos esses conselhos fazem perceber a importância do alinhamento dos componentes da página, que têm a intenção de tornar a leitura agradável e 33 estabelecer uma ordem estrutural limpa. Percebe-se que ela está muito ligada a tipografia, que juntas exercem papel essencial no momento de se alocar os elementos verbais na peça. A interação dos componentes dada pela repetição é outra forma de organização deles na página. Ele faz com que o leitor mantenha o foco e, também, se guie uniformemente pela página. Essa forma de interação traz o entendimento de onde começa e termina determinada mensagem, pois deixa uma uniformidade nos itens que pertencem ao mesmo grupo. Para a interação através da repetição, o autor Williams (2013, p. 51-64) também oferece alguns pareceres, são eles: Títulos e subtítulos é um bom ponto de partida quando precisamos criar elementos repetitivos, já que é provável que eles, de algum modo, já estejam consistentes. A repetição ajuda a unificar partes diferentes do design. Mesmo em um documento de uma página, elementos repetitivos estabelecem uma continuidade sofisticada e podem “juntar a coisa toda”. Se um elemento repetitivo for forte, como um círculo, você pode repeti-lo de maneiras diferentes em vez de repetir exatamente o mesmo círculo. Nesse parecer observa-se que há diversas maneiras de introduzir o conceito de repetição à mensagem. Ela serve para organizar as informações, e é feita reproduzindo várias vezes um efeito chamativo e forte na mensagem para que o leitor possa fazer uma associação com todos os itens, unindo-os em um conjunto só. Outra maneira eficaz de aumentar o interesse visual de uma página é através do uso do contraste, Conforme afirma Williams (2013, p. 65-80) um interesse surpreendente que faz o leitor querer olhar a página. O contraste é criado quando dois elementos são diferentes, se forem apenas um pouco diferentes, não haverá contraste, haverá conflito. O autor ainda apresenta exemplos de como aplicar o conceito de repetição em peças gráficas: a) usar fonte mais forte e escura nos títulos e subtítulos; b) título em letras maiúsculas e minúsculas a fonte pode ser maior e mais forte, o que também ajuda a reforçar o contraste; c) quando se tem muito texto, experimente usar mais de uma coluna; encontre as frases-chave para destaca-los em negrito, para que o contraste visual atraia o olhar; é necessário menos compromissos para ler informações curtas. Dessa forma, você seduz o olhar do leitor oferecendo um caminho inicial; 34 d) não tenha medo de diminuir alguns itens para criar o contraste com itens maiores e não tenha medo de deixar espaço sem branco. Depois de fisgar o leitor com um ponto de foco, ele lerá as letras menores se estiver interessado. Se ele não tiver interessado, não importa o tamanho da letra; o olhar do leitor sempre segue o olhar do que há na página; assim, garanta que esse olhar leve o leitor a focar na peça; e) a maioria das pessoas corre o olho pelas páginas dos informativos, prestando atenção nos títulos. Por isso, faça com que eles sejam claros e destacados; não coloque informações inteiras em letras maiúsculas, é tão difícil de ler que poucos vão se dar trabalho. E por último, a forma de organizar através da hierarquia: indica um sistema de informações que organiza o conteúdo, enfatizando alguns dados e minimizando a presença de outros. “A percepção das relações hierárquicas entre os elementos depende principalmente da disposição relativa horizontal e vertical, mas também é influenciada por proximidade, tamanho e presença de linhas que conectem os elementos” (LIDWELL; HOLDEN; BUTLER, 2010, p. 122). Então, a hierarquia busca organizar de maneira a enfatizar o que é mais importante, destacando para chamar a atenção para alguns elementos que o emissor precisa fazer com que o leitor/receptor veja. Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 126) acrescenta que se deve destacar no máximo 10% do design visível; os efeitos de destaque se enfraquecem à medida que aumenta a porcentagem. 2.3.3 Leiturabilidade Um dos princípios que o design da informação sugere para o desenvolvimento de um projeto gráfico que servirá para transmitir uma informação é a leiturabilidade, que consiste em diversas características que tornam uma peça informativa fácil, agradável de ler, e também acessível para o leitor, fazendo com que todos os elementos presentes na peça influenciem na velocidade de leitura, no entendimento e interesse do leitor. Vários autores afirmam que deve-se levar em consideração algumas adequações nos elementos (seja eles verbais, pictográfico, ou esquemático) para se 35 ter uma leiturabilidade. A seguir serão destacados os mais relevantes para esse projeto, que são elas: a analogia, a clareza, a concisão, e a ênfase. O autor Redig (2004, p. 52) afirma que a forma gráfica da mensagem deve estabelecer uma analogia com o seu conteúdo, visando, antes de tudo, clareza e rapidez de leitura. A informação que contêm analogia possui capacidade de fazer o leitor arranjar uma associação de algo que ele não conhece, com algo que ele já teve contato. O processo analógico permite aos indivíduos, ao se depararem com conceitos, valores e experiências estranhos; como um conceito científico, por exemplo, procurem relacionar suas características com as características similares de algo que já conhecem ou que lhes seja familiar. (PÁDUA, 2003, p. 4). Exemplificando essa citação, Redig (2004, p. 52) comenta sobre a sinalização de trânsito que são informações analógicas úteis e disseminadas em todo mundo. Conclui-se que as apresentações das informações devem fazer o leitor remeter-se a algo que ele já conheça, assim fica fácil a assimilação do conteúdo, tornando a transmissão da mensagem mais clara e rápida. Além da analogia a clareza é outra parte importante para se estabelecer a leiturabilidade. Para Redig (2004, p. 52) a clareza é um atributo intrínseco a qualquer comunicação, trata-se de uma característica absolutamente imprescindível para o design da informação. Embora sua necessidade seja óbvia, sua ausência é comum. Conforme citam Scariot e Schlemmer (2012 apud PETTERSON, 2012) o princípio fundamental da clareza é a “legibilidade e apresentação dos elementos de forma legível, não ambígua, de modo que o leitor possa ler e distinguir as diferentes partes da mensagem”. Logo, define-se clareza na informação, a que pode ser entendida de imediato e com facilidade pelo consumidor, sem abreviaturas que dificultem a sua compreensão, e sem a necessidade de qualquer interpretação ou cálculo; (BRASIL, 2006, p.1). Assim, a clareza pode ser definida como uma característica fundamental para a comunicação, pois, com ela conseguimos transpor uma ideia garantindo um entendimento da mensagem de modo rápido e sem rodeios, não possuindo termos e expressões difíceis ou demoradas de serem entendidas. O excesso de linguagem técnica, antes de afirmar competência, revela superficialidade e desrespeito ao receptor. Portanto, estilo claro é o que evita a ambiguidade, a obscuridade, o pedantismo, a afetação, o 36 esnobismo; o estilo claro significa uso de sintaxe correta e de vocabulário ao alcance do receptor (MEDEIROS 1998, p.156). Conforme Medeiros (1998, p. 156), quando uma informação está obscura ou cheia de elementos equivocados, em que o emissor se comporta com falta de naturalidade e arrogância, onde não busca conhecer e se familiarizar com o contexto social do leitor a mensagem pode ser transmitida de forma confusa e não ser compreendida. Visto isso, outra contribuição para a leiturabilidade é a concisão. Medeiros (1998, p.157) cita que a concisão é dizer muito com poucas palavras, logo os informativos que tentam atrair pela forma e não pelo conteúdo em si, fazem o leitor ficar inibido. O princípio da concisão é focar no conteúdo, não permitindo interferências, seja ela visual ou verbal, que sejam supérfluas ou dispensáveis. Redig (2004, p. 52-53) exemplifica isso: Há uma placa nas ciclovias do Rio que diz, para o ciclista: „Atenção! Cuidado! Respeite a travessia – a prioridade é do pedestre. Bastava dizer: „A prioridade é do pedestre‟. Aí já está subentendido o „respeite a travessia‟. Nesse contexto (sinalização urbana), por questões de tempo, e de segurança, não se pode ser prolixo nem redundante. Tem-se que ir direto ao ponto. A economia de palavras inclusive valoriza a mensagem. O excesso, dilui. Uma ordem NUMA só palavra é muito mais forte do que NUMA FRASE DE DEZ PALAVRAS. É possível ver nessa situação que não ha concisão na frase: „Atenção! Cuidado! Respeite a travessia - a prioridade é do pedestre. ‟, pois por se tratar de uma informação em uma rodovia, onde o trafego é rápido, o motorista, que assume o papel de receptor da mensagem, tem poucos segundos para ler, então o texto deveria ser exposto de maneira objetiva e mais assertiva. Também é possível observar a importância de quem vai desenvolver os informativos conhecer maneiras diferentes de se comunicar, dominar a diversidade do vocabulário e utilizar expressões de forma que o texto fique objetivo e não vago ou pobre em conteúdo. Já a ênfase trata do “destaque e realce dos elementos mais importantes para atrair, direcionar e manter a atenção do leitor.” (SCARIOT; SCHLEMMER, 2012 apud PETTERSON, 2012). Complementando isso Redig (2004, p. 53) relaciona ênfase nas informações com o uso da acentuação gráfica, como o uso de letra pesada (bold) ou caixa alta, o aumento do tamanho, o destaque em cores mais 37 fortes, ou o uso de recursos de separação visual, como margens, fios, barras, vinhetas, molduras ou quadros. Para elucidar a facilidade de leitura, Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 198) abordam alguns processos a serem seguidos na hora de desenvolver um texto: a) omita palavras e pontuações desnecessárias, mas tome cuidado para não sacrificar a clareza ou o significado do texto no processo; b) evite siglas, jargões, e citações em língua estrangeira; c) utilize orações de tamanho adequado para cada público-alvo. Em síntese, tanto a analogia, quanto a clareza, a concisão e a ênfase são princípios que se deve seguir para haver leiturabilidade em uma peça que têm o objetivo de informar, pois torna a mensagem mais associativa, assertiva, direta e com foco no leitor. 2.3.4 Princípios cognitivos Para que uma mensagem consiga exercer o papel de comunicar, o designer segue alguns princípios que trabalham com o subconsciente do leitor através do conhecimento de como funciona o pensamento cognitivo do ser humano. Não basta ter os componentes certos e coerentemente organizados na página, se os mesmos não fazem o receptor prender sua atenção, e ficar direcionado para o foco principal da mensagem. É preciso que ele identifique a informação com facilidade, que processe e entenda os textos, imagens e esquemas, e por último, armazene essas informações. O diagrama de Gutenberg (figura 3) apresenta um princípio da cognição que estuda a mente de leitores ocidentais. O diagrama apresenta que esse lê a página de cima para baixo, conduzindo o olhar da esquerda para a direita e o canto superior esquerdo até o canto inferior direito. Devem estar nesses lugares as informações mais relevantes, pois o leitor é guiado por uma linha invisível através deles. E os elementos que não estão nessas zonas não atraem o foco do leitor, então, para essas áreas, é possível colocar informação que não sejam relevantes. 38 Figura 3 - Diagrama de Gutenberg Fonte: o autor. Detalhando esse diagrama (figura 3), os autores Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 118) apresentam: O diagrama de Gutenberg divide uma mídia em quatro quadrantes: a área óptica primária no campo superior esquerdo, a área terminal no canto inferior direito, a área de forte alqueivado no canto superior direito e a área de fraco alqueivado no canto inferior esquerdo. De acordo com o diagrama, os leitores ocidentais naturalmente começam pela área optica primária e seguem pela mídia em uma série de varreduras até chegarem à área terminal. Cada varredura dos olhos começa ao longo de um eixo de orientação – uma linha horizontal criada por elementos alinhados, linhas de textos ou segmentos explícitos – e procede da esquerda para a direita. As áreas de forte e fraco alqueivado estão fora desse caminho e recebem pouca atenção, a menos que ganhem alguma ênfase visual. A tendência é seguir o caminho atribuído metaforicamente à gravidade da leitura, o hábito formado pela leitura de ir da esquerda para a direita e de cima para baixo. Os autores Lynch e Horton (2008) complementam com outro princípio de cognição do ser humano, dizendo que a primeira atividade que um leitor visualiza em uma página são as grandes massas de contornos, com atenção para as cores e os elementos do primeiro plano. Após o reconhecimento da massa o usuário escolhe algumas informações específicas com foco em gráficos e imagens, caso elas existam. Por fim o usuário começa uma leitura com mais atenção nas palavras e frases (figura 4). 39 Figura 4 - Verificação da estrutura visual de uma página Fonte: adaptado de Lynch e Horton (2008). Outro ponto importante é aproveitar o conhecimento anterior do usuário recorrente àquele assunto. Aproveitar o que o leitor já conhece facilita a aprendizagem. Lidwell, Holden e Butler, (2010, p. 56) relatam um exemplo disso: Os símbolos de controle dos videocassetes, como os botões de rebobinar, reproduzir e avançar, hoje são usados em aparelhos que vão de projetores de slides a aparelhos de MP3. A utilização consistente desses símbolos nos novos aparelhos permite que os usuários aproveitem os conhecimentos anteriores sobre o funcionamento dos controles, o que os torna mais fáceis de usar e aprender. E para finalizar, o leitor deve gravar em sua memória as informações obtidas. Pode-se fazer isso através da exploração de exemplos, apresentação e explanação de casos em que já ocorreu na prática. “Pensar bastante em uma informação aumenta a probabilidade de que ela seja lembrada posteriormente.” (LIDWELL; HOLDEN; BUTLER, 2010, p. 72). Deste modo, estes princípios do design da informação podem ser aplicados no preparo e configuração visual de conteúdo textual, facilitando a leitura e, portanto, contribuindo no aspecto cognitivo para efetivação do acesso e compreensão à informação de documentos utilizados por diversos tipos de usuários. 2.4 BULAS DE MEDICAMENTOS 40 Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa (2009), a bula de medicamentos é um documento que possui legalidade sanitária onde contém informações técnico-científicas (mesmo quando estiverem dispostas em linguagem simplificada), referentes aos medicamentos, e sua função é predominantemente instrutiva, a fim de orientar o leitor para seu uso racional e como evitar os riscos do consumo do medicamento prescrito pelo médico. Pode ser destinada para pacientes, com o conteúdo resumido, em linguagem apropriada e de fácil compreensão, ou para profissionais da saúde, com conteúdo detalhado tecnicamente. A bula se aplica a todos os medicamentos registrados ou notificados na Anvisa e deve ser disponibilizada em diferentes meios, são eles: em embalagens de medicamentos, em Mementos terapêuticos8, no bulário eletrônico, em serviços e recursos de internet, ou por meio especial9, em caso de pessoas portadoras de deficiência visual, mas, o seu principal uso é em embalagens. Então se conclui que a leitura de uma bula se dará após a compra do medicamento e com a presença dele – teoricamente. Uma leitura desvinculada do produto não teria sentido. “O consumidor/paciente poderá recorrer à bula quando buscar informações sobre o medicamento adquirido e respostas para suas dúvidas acerca do modo de usá-lo” (CINTRA, 2012, p. 228). A importância do uso de bulas de medicamento por pacientes se dá pela forma de uso do medicamento. Fujita (2009, p. 29-30) afirma que a bula é “a fonte de informação mais importante sobre medicamentos após a prescrição médica. Tanto a informação oral quanto a escrita sobre o uso de medicamentos são importantes e complementares na educação do paciente.”. A autora ainda explica que: [...] a informação oral fornecida pelo médico é frequentemente insuficiente, tendo em vista que, na consulta, o paciente pode priorizar as informações recebidas sobre a doença e o diagnóstico, prestando menor atenção às informações sobre o medicamento prescrito. Além disso, o paciente pode não compreender a informação verbal ou esquecer parte dela após a consulta. Portanto, a informação escrita constitui um reforço tanto do ponto de vista cognitivo quanto de memória. Neste sentido, o conteúdo 8 Memento terapêutico: publicação de reponsabilidade dos laboratórios oficiais destinados profissionais da saúde que contempla as informações técnico-cientificas orientadoras sobre os medicamentos disponibilizadas nas bulas dos profissionais da saúde, para a promoção do seu uso racional. 9 Encaixam-se nesse meio as bulas em áudio ou em texto com formato passível de conversão para áudio utilizando meio magnético, meio óptico, meio eletrônico ou serviços e recursos da internet; impressas em braile; impressas com fonte ampliada. 41 informacional da bula de medicamento torna-se um meio efetivo de apoio e complementação às orientações orais transmitidas ao paciente sobre o medicamento, para auxiliá-lo no processo de aquisição e uso deste documento. (FUJITA, 2009, p. 30). Cintra (2012, p. 234-235) explica que alguns medicamentos não necessitam de receita médica, sendo livre a venda desses, isso significa que provavelmente o paciente não terá o respaldo de um profissional da saúde para administrar o medicamento, aumentando a importância da compreensão das informações contidas na bula. Conclui-se que a bula é utilizada na ocasião da compra do medicamento, e o paciente faz a leitura da mesma quando necessita de mais informações sobre o fármaco ou informações que não conseguiu ou não se lembra de ter pedido ao médico. Além disso, há casos de que a bula é a única forma de saber algo sobre o medicamento, visto que existe compra sem a necessidade de receita médica. Partindo do princípio que consta nos termos do artigo 196 da Constituição da República Federativa do Brasil, onde se considera que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos; do princípio que a população deve ter direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem, conforme o previsto pelo inciso III do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº. 8078, de 11 de setembro de 1990; entre outros princípios a Anvisa, que é o órgão brasileiro fiscalizador sanitário, adotou na resolução do senado número 47, de 8 de setembro de 2009 o estabelecimento dos requisitos mínimos de elaboração, harmonização, publicação e disponibilização de bulas de medicamentos (BRASIL, 2012). As informações que devem conter nas bulas estão expostas no anexo da resolução do Senado Federal número 47, de 8 de setembro de 2009 e refere-se em síntese, conforme Quadro 1, ao nome comercial e sua denominação genérica do medicamento; a forma como ele é apresentado (comprimido, cápsula, gota...); peso total e quantidade das substância que possui a composição (princípios ativos); em que parte do corpo o medicamento deve ser administrado (via de administração); indicação para que faixa etária se destina; descrição de sua composição; depois deve apresentar algumas informações para o paciente, como: as indicações, o seu 42 funcionamento, as precauções, as contraindicações; a forma de armazenagem; as advertências; os efeitos colaterais; as reações adversas; a posologia e; a superdosagem, e por fim apresentar as diretrizes legais, que são o nome do laboratório, o número de registro no Ministério da Saúde – MS, o endereço da empresa, a expressão “Indústria Brasileira”, um número de telefone para Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC, e o símbolo de reciclável. Quadro 1 – Anexo da resolução do senado, número 47 de 8 de setembro de 2009 TÍTULO Identificação do medicamento Apresentações Composição Informações ao paciente: Dizeres legais SUBTÍTULO Nome comercial do medicamento; Denominação genérica do(s) princípio(s) ativo(s), utilizando a Denominação Comum Brasileira (DCB); Forma farmacêutica; Concentração do(s) princípio(s) ativo(s), por unidade de medida ou unidade farmacotécnica, conforme o caso; Quantidade total de peso, volume líquido ou unidades farmacotécnicas, conforme o caso; Via de administração; Incluir a frase “USO ADULTO”, “USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE___” ou “USO PEDIÁTRICO ACIMA DE ____”, indicando a idade mínima, em meses ou anos, para qual foi aprovada no registro o uso do medicamento. No caso de medicamentos sem restrição de uso por idade, conforme aprovado no registro, incluir a frase “USO ADULTO e PEDIÁTRICO”; Para o(s) princípio(s) ativo(s), descrever a composição qualitativa, conforme DCB, e quantitativa e indicar equivalência sal-base, quando aplicável; 1. Para que este medicamento é indicado?; 2. Como este medicamento funciona?; 3. Quando não devo usar este medicamento?; 4. O que devo saber antes de usar este medicamento?; 5. Onde, como e por quanto tempo posso guardar este medicamento?; 6. Como devo usar este medicamento?; 7. O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamento?; 8. Quais os males que este medicamento pode me causar?; 9. O que fazer se alguém usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamento?; Informar a sigla “MS” mais o número de registro no Ministério da Saúde conforme publicado em Diário Oficial da União (D.O.U.), sendo necessários os 9 (nove) dígitos iniciais; Informar o nome, número de inscrição e sigla do Conselho Regional de Farmácia do responsável técnico da empresa titular do registro; Informar o nome e endereço da empresa titular do registro no Brasil; Informar o número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do titular do registro. Inserir a expressão “Indústria Brasileira”, quando aplicável; Informar o telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), de responsabilidade da empresa titular do registro; Incluir símbolo da reciclagem de papel; Fonte: adaptado de Brasil (2009). 43 Para as indústrias farmacêuticas terem a autorização da Anvisa para disponibilizar a bula de um determinado medicamento, devem desenvolver um texto sobre ele. Nele deve estar presente todas as informações estipuladas no anexo da resolução do Senado Federal número 47, de 8 de setembro de 2009 e ser enviado para aprovação da Anvisa. Logo após aceita, a bula é disponibilizada através do bulário eletrônico10, que corresponde a um banco de dados em uma versão eletrônica onde a agência disponibiliza a bula padrão11 do medicamento. A partir dele as indústrias devem elaborar e harmonizar sua bula nos diferentes meios seguindo as instruções de forma, resumidas no quadro 2, para, então, poder fazer a distribuição: Quadro 2 – Disposições a respeito da forma do conteúdo de bulas de medicamentos Apresentar fonte Times New Roman no corpo do texto com tamanho mínimo de 10 pt (dez pontos) nas bulas para paciente, com espaçamento simples entre letras; Apresentar texto com espaçamento entre linhas de no mínimo 11 pt (onze pontos); Apresentar colunas de textos com no mínimo 50 mm (cinquenta milímetros) de largura; Ter texto alinhado à esquerda ou justificado, hifenizado ou não; Utilizar caixa alta e negrito para destacar as perguntas e os itens da bula; Possuir texto sublinhado e itálico apenas para nomes científicos; Ser impressas na cor preta em papel branco de forma que, quando a bula estiver sobre uma superfície, a visualização da impressão na outra face não interfira na leitura. Fonte: adaptado de Brasil (2009). Observa-se no Quadro 2 que a apresentação que a Anvisa determina, estabelece padrões de forma e formato da fonte e sua estrutura na página. Esses padrões foram definidos para serem coerentes e facilitadores de leitura para os pacientes. Um dos desafios de desenvolver um documento como a bula, é unir as informações técnicas da medicina e diretrizes jurídicas, com sua função principal, que é o de instruir, deixando o texto acessível e de fácil assimilação à população que possui diferentes níveis de escolaridade. “O fato de a informação estar disponível não significa que seja acessível.” (FUJITA; MACHADO, 2013, p. 89-90). Logo, não é a quantidade de informação que tem um determinado informativo que 10 Bulário eletrônico, Anvisa - http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp Bula definida como padrão de informação para harmonização das bulas de medicamentos de medicamentos. 11 44 faz com que se cumpra sua função, mas são as características que torna ele assimilável e compreendido pela população. A Anvisa (2009) assume que a bula dirigida ao paciente apresenta problemas que dificultam a sua leitura e compreensão, principalmente ao excesso de informação e de termos técnicos; frases longas, complexas e confusas; uso predominante da voz passiva. Para tentar solucionar as dificuldades de leitura e compreensão da bula para o paciente e incentivá-lo a sempre ler a mesma, a Anvisa disponibiliza em seu endereço eletrônico um guia para as indústrias tornarem a bula mais legível. É adotada uma definição operacional de „legibilidade‟ baseado em dois critérios: rapidez e facilidade de memorização. Em outras palavras, uma bula será considerada mais legível se a) ela puder ser lida mais rapidamente e b) puder ser lembrada mais facilmente pelo paciente. (ANVISA, 2009). Essas regras são apresentadas no quadro 3. Quadro 3 – Princípios de redação de bulas de medicamentos para pacientes Regra 1. Use frases curtas para instruções longas e complicadas. Regra 2. Use a voz ativa sempre que adequado. Regra 3. Use verbos em vez de nomes nas frases. Regra 4. Remova os termos redundantes. Regra 5: Use linguagem comum sempre que possível. Regra 6: Prefira palavras e termos específicos e concretos. Regra 7: Use palavras e termos gerais como estratégia. Regra 8: Evite muitas orações subordinadas/coordenadas em uma frase. Regra 9: Evite termos muito técnicos. Regra 10: Use apenas os termos técnicos essenciais. Regra 11: Evite nomes compostos ou justapostos. Regra 12: Não irrite o leitor. Regra 13: Dirija-se ao leitor de forma direta, sempre que possível. Regra 14: Não faça o leitor perder tempo. Regra 15: Evite o jargão médico/farmacêutico. Regra 16: Uma frase deve conter unidade de informação para ser compreensível ao leitor. Regra 17: Para enfatizar palavras importantes, coloque-as no início ou no final da frase. Regra 18: Elimine repetições redundantes e tautologias. Regra 19: Use ponto-e-vírgula (;) entre elementos de uma série. Regra 20: Use dois pontos (:) para introduzir uma série de palavras, expressões ou orações que itemizem ou especifiquem o que foi dito na oração precedente. Regra 21: Use parênteses ( ) para inserir material explicativo relacionado com o resto da frase Regra 22: Use parênteses para inserir sinônimos ou explicações comuns após as palavras e termos técnicos. Regra 23: Use travessão (-) para mostrar um acréscimo ou inserção que define ou enumera uma palavra ou expressão precedente. Regra 24: Elimine as aspas duplas (“ ”) nas inserções dispostas nas Resoluções – RDCs. Regra 25: Use caixa-alta e negrito para os títulos em forma de pergunta. 45 Regra 26: Mantenha o uso de negrito para subtítulos e frases em destaques. Regra 27: Construa todos os parágrafos em torno da informação principal. Regra 28: Coloque instruções importantes no início ou no final do parágrafo. Regra 29: Mantenha os títulos e subtítulos originais. Regra 30: Organize os itens listados em categorias. Regra 31: Siga os parâmetros mínimos de formatação definido na resolução. Regra 32: Evite o uso exagerado de vários recursos gráficos para ênfase ao mesmo tempo. Regra 33: Use marcadores para separar itens em listas. Fonte: adaptação da Anvisa (2009) Percebe-se no quadro 3, que a Anvisa, ao disponibilizar esse guia, está incentivando as indústrias farmacêuticas a desenvolverem bulas com textos claros, utilizarem palavras fáceis e acessíveis, usar o tom adequado para o paciente, enfatizando as questões de pontuação, destaque e organização textual. Essas regras são apresentadas diante do melhoramento textual de uma bula, porém, alguns autores sugerem outras diretrizes e recomendações na hora de elaborá-la. Além da atenção que se dá aos elementos verbais (textos) em uma bula, outro fator importante é a presença de imagens pictóricas que auxiliem o leitor na interpretação do texto. Porém são observadas em menor escala nas bulas existentes no Brasil, por que, segundo Silva (2008, p. 61) inexiste qualquer regulamentação ou exigência legal, para que esses produtores insiram comunicações com ilustrações entre suas informações. O que ocorre é que a lei não exige ao fabricante a inserção ou não desses elementos para as instruções dos medicamentos. Outro fator importante a ser ressaltado é o fato da não utilização de cores na confecção das bulas. Porém, como demonstra o Anexo B, um orçamento realizado com impressão colorido se torna, apenas, 3% mais cara que a em preto e branco. No quadro 4 estão resumidas as diretrizes e recomendações de Fujita (2009, p. 121-125), Silva (2008, p. 147-148) e Spinillo, Padovani e Lanzoni (2009, p. 8 - 9). Quadro 4 – Diretrizes e recomendações de elaboração de bulas de medicamentos segundo alguns autores As „Indicações‟, „Contra Indicações‟ e „Posologia‟, são conteúdos que precisam ser priorizados na estrutura da bula. Isto pode ser concretizado; Fujita (2009, p. 121 125) Ser consistente na representação gráfica para cada tipo de informação que apresentar um status hierárquico informacional distinto (e.g. tópicos, subtópicos ou advertências); Utilizar as colunas de texto alinhadas à esquerda ao invés de justificado; 46 Utilizar gramatura (espessura) de papel para a impressão de bulas, que impossibilite translucidez entre os dois lados (verso e recto) do documento; Silva (2008, p. 147 148) Nota-se um uso reduzido de cor, pois se verifica a profusão de bulas monocromáticas e de baixa qualidade de impressão. Embora sejam isolados os casos em que alguns remédios oferecem bula impressa em cores (policromia), são ímpares os benefícios que podem ser percebidos quando da utilização de cores nas bulas; A delimitação da área nas advertências permite o destaque de certos elementos entre os demais, que não oferecem severidade ou risco aos pacientes, além de facilitar a identificação das informações de segurança, uma vez que indicam uma prioridade de leitura. Deve-se evitar que informações ao redor prejudiquem o entendimento das advertências; Recomendamos a inserção de material imagético, como ilustrações. para auxiliar e complementar as informações textuais. Para tanto, é importante se adaptarem ilustrações padronizadas mundo afora aos usuários brasileiros. A condução de testes de compreensibilidade pode ser uma ótima ferramenta para avaliar a qualidade das imagens; As informações da bula devem ser a mais concisa possível para evitar aumento no tamanho/formato deste tipo de documento, visto que isto pode levar a inibição da leitura do mesmo; As informações instrucionais/instruções visuais, preferencialmente, não devem ser interrompidas em sua apresentação na bula (i.e., ficar na mesma página). Se forem interrompidas, orientadores de leitura devem ser empregados (e.g., letras ou números), visando reforçar a ordem de leitura das mesmas; Spinillo, Padovani e Lanzoni (2009, p. 8 - 9) Elementos de ênfase (e.g., lentes de aumento) devem ser empregados para mostrar detalhes relevantes de partes/elementos específicos da tarefa e/ou dos objetos envolvidos (e.g., tampa, êmbolo); Imagens apresentando os objetos necessários para uso do fármaco (informação inventarial), assim como sua nominação, devem ser fornecidas antes da realização da tarefa para auxiliar o reconhecimento destes, especialmente para pacientes-usuários não familiarizados com o objeto/tarefa; Instruções textuais devem ser específicas e evitar conceitos vagos (e.g. máximo possível). A representação de tais conceitos pode ser substituída por marcações e/ou ações de feedback do próprio equipamento; Fonte: Adaptado de Fujita (2009, p. 121 - 125), Silva (2008, p. 147 - 148) e Spinillo, Padovani e Lanzoni (2009, p. 8 - 9). Nota-se no quadro 4, que esses autores apresentam parâmetros que vão além da composição textual da bula. Eles expõem fatores como: a importância de enfatizar as informações de indicação, contraindicação e posologia na bula; concisão nas informações, pois as mesmas cansam os leitores; as colunas de textos alinhados a esquerda tem melhor legibilidade que as alinhados de forma justificadas; a utilização de um substrato que não dê efeito de transparência que prejudique a 47 leitura; utilizar imagens de boa qualidade e cores que chamem a atenção; a divisão das advertências das demais informações para enfatizá-las; quando está sendo apresentada alguma instrução, essa não deve ser interrompidas, como a mudança de página no meio da instrução; detalhes devem ser enfatizados e; para auxiliar o reconhecimento dos materiais utilizados para a manipulação do fármaco, recomenda-se a utilização de imagens que os representem. 48 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN 3.1 METODOLOGIA Na primeira parte de desenvolvimento do projeto de design é a escolha de uma metodologia. Conforme Munari (2008, p. 10) “o método de projeto não é mais que uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência. Seu objetivo é o de atingir o melhor resultado com o menor esforço”. Logo, divide-se as operações de um projeto para que elas fiquem claras e lúdicas e coloca-se em ordem lógica de sequenciamento para, no fim, chegar até a solução da melhor maneira possível, sem incomodo no meio do caminho, e, ainda, ter mais certeza que a solução escolhida trará resultados positivos. A maioria das pessoas utiliza um determinado passo-a-passo para desenvolver suas atividades diárias. O que diferencia um profissional de design das pessoas em geral é a utilização de métodos registrados, onde todas as etapas são anotadas, discutidas e revisadas. Outra diferença é a consciência da etapa em que está e da próxima que virá, além de executar todas com eficiência, visto que estudou para isso, onde cada uma dela possui características próprias e ferramentas que auxiliam o designer no desenvolvimento. Como exemplifica Löbach (2001, p. 141) as etapas do processo de desenvolvimento em design partem de um problema, que deve ser bem definido. Depois se reúnem informações referentes a esses problemas, que são analisadas e unidas criativamente. Geram alternativas para a solução do problema, que devem ser julgadas a partir de critérios. E por fim, estrutura-se a alternativa mais adequada. Diferentes métodos de diversos autores apresentam essas etapas, porém, uma metodologia ideal consiste naquela que adequa-se conforme a necessidade do projeto, pois um método serve para apoiar o desenvolvimento, e não para delimitar ou bloquear o processo. Métodos que possuem esse propósito são chamados de métodos abertos, conforme afirma Santos (2005, p. 9): Método aberto aquele cuja estrutura estimula as interferências no decorrer do projeto, fazendo com que etapas sejam acrescentadas, retiradas e/ou desdobradas de acordo com objetivos específicos. Essa interferência passa a ser requisito necessário para a execução do projeto, sem que haja a imposição de um modelo pronto, com caminhos pré-estabelecidos a serem percorridos. 49 . Diante disso, optou-se por utilizar a metodologia desenvolvida por Flávio Antero dos Santos em seu doutorado, que a denominou de MD3E (Método de Desdobramento em três etapas), que propõem ser utilizado em sala de aula, visando que o aluno não se restrinja a métodos fechados, mas sim que possa pensar por si mesmo. O autor cita que o principal ponto levantado quanto aos métodos utilizados atualmente é de que: Apresentam-se como modelos prontos de aplicação do conhecimento, contrariando as teorias pedagógicas que objetivam a formação de um indivíduo proativo, valorizando suas experiências pessoais e tornando o aluno um agente da construção do conhecimento. (SANTOS, 2005, p. 74). Para o autor o projeto parte de um problema central, que será o ponto chave para o desdobramento dele. Depois, o método se divide em três partes principais (figura 5): pré-concepção, que são os passos antes de começar a projetar; concepção, que é o famoso “meter a mão na massa”, a parte criativa do processo; e pós-concepção, que é a apresentação da ideia final. Essas partes são apresentadas em forma radial ao redor do problema central, “a estrutura radial pretende mostrar ao aluno que o projeto traz em si uma relação de causa e efeito, como uma propagação de ondas.” (SANTOS, 2005, p. 76), ou seja, sua estrutura, assim representada, remete a algo central que é importante e que se deve expandir nosso olhar e dividir o problema para chegar-se à solução com êxito. Figura 5 – Estrutura das primeiras etapas do método Fonte: Santos (2005, p. 77). 50 Logo após a estrutura básica do projeto, onde estão dispostos os desdobramentos mínimos obrigatórios, são feitos os desdobramentos auxiliares, que podem ter vários níveis. “Esses desdobramentos auxiliares irão descrever as atividades a serem desenvolvidas, chegando até o detalhamento das mesmas.” (SANTOS, 2005, p. 76). Sendo essencial o registro e a documentação de todo o projeto. Como apresenta a figura 6, os desdobramentos do método descrevem o que deve ser feito e como deve ser feito, registrando inclusive os resultados obtidos. Figura 6 – Desdobramentos do método Fonte: Santos (2005, p. 85). 51 A partir do esquema proposto por Santos, a pesquisa foi estruturada dentro do sistema radial, partindo do problema central, e a partir dele são apresentadas as etapas de pré-concepção, concepção e pós-concepção e seus desdobramentos, conforme são expostas na figura 7. Figura 7 – Aplicação da metodologia Fonte: o autor. Separadas por cores, a primeira etapa, em vermelho, é o problema, sendo esse o mesmo da pesquisa geral desse trabalho: “Como o design da informação pode contribuir para estimular o interesse e a compreensão do paciente na leitura de bulas de medicamentos.”. E assim segue as demais etapas. Para melhorar a 52 visualização delas, optou-se por organizar os elementos em forma de tabelas conforme a seguir: Figura 8 – Etapas da pré-concepção Fonte: O autor. Na figura 8 estão apresentadas as subdivisões da etapa da pré-concepção, essa é a fase que antecede a concepção. Realizam-se as delimitações do projeto de design e se pesquisa, entrevista, coleta e analisa dados referentes ao consumidor, ao medicamento em estudo e referências visuais de peças gráficas que utilizam o conceito de design da informação. Figura 9 – Etapas de concepção Fonte: O autor. 53 Na etapa de concepção (figura 9), encontram-se os conceitos do projeto, a reestruturação textual da bula, elenca o fluxograma de informações, realiza-se teste de legibilidade das fontes para a definição da mais adequada para a bula, geram-se alternativas dos pictogramas que a bula irá conter, definem-se as cores e geram-se alternativas para a diagramação. Ainda nessa fase fazem-se testes com os elementos na diagramação e finaliza com testes com o usuário final (consumidor). Figura 10 – Etapas de pós-concepção Fonte: O autor Para finalizar o projeto de design, executa-se a fase de pós-concepção (figura 10), que se destina a exibir o modelo físico da bula e as pranchas de apresentação. 3.2 PROJETO DE DESIGN 3.2.1 Pré-Concepção 3.2.1.1 Definição do problema Na fase de definição convém decidir parâmetros que irão guiar o pesquisador para o desenvolvimento do projeto em design. Então, definiu-se desenvolver uma proposta de apresentação gráfica de bulas de medicamentos, tendo como base para a execução do projeto a restruturação gráfica da bula do medicamento Humulin N – Insulina humana, sobre qual busca estimular o interesse e a compreensão na leitura da mesma. Terá como contribuição os estudos dos elementos gráficos, da diagramação, dos conceitos de leiturabilidade, do conhecimento sobre a cognição do ser humano e, além disso, utilizar-se de coleta de dados, análises, entrevistas, esboços e testes para chegar a melhor alternativa final, questionando assim as regras sobre bulas definidas 54 resolução do Senado Federal número 47, de 8 de setembro de 2009 que são seguidas pela Anvisa. 3.2.1.2 Coleta e Análise de dados Nessa etapa serão coletados e analisados alguns dados a fim de compreender melhor o contexto social que envolve a leitura de bulas de medicamentos. Ao falar de uma pesquisa qualitativa, Creswell (2010) expõe quatro formas de se coletar dados em pesquisa: observações, entrevistas, documentos e materiais audiovisuais. Essa coleta de dados busca conhecer o pensamento da população em geral referente à aceitação das bulas de medicamentos através de entrevista, conhecer o público alvo e as condições de uso da insulina, além de avaliar a amostra da bula do medicamento Humulin N – Insulina humana e alguns exemplos visuais de peças gráficas com enfoque em design da informação, com o intuito de compreender como eles são apresentados visualmente, analisando seus aspectos positivos e negativos e expondo conclusões. 3.2.1.2.1 Consumidor A princípio, essa coleta e análise tem o intuito de identificar se a população em geral leem bulas de medicamentos, se tem alguma dificuldade em entende-la, quais são as partes que consideram mais importantes e o que melhoraria nelas. Os resultados servem de parâmetros e ajuda a definir pontos importantes para execução dos objetivos desse trabalho. Considera-se público alvo dessa pesquisa todas as pessoas, sejam homens ou mulheres, maiores de 18 anos e alfabetizados, como sendo possíveis consumidores de medicamentos, visto que as informações contidas em bulas são destinadas para esse público. A pesquisa qualitativa se fez através da técnica de entrevista semiestruturada. Para tanto se elaborou um questionário (quadro 5) com perguntas abertas, onde o entrevistado poderia responder de forma livre, e ela ia sendo guiada conforme as respostas dadas. 55 Quadro 5 – Esquema para a entrevista com consumidor Fonte: o autor. Como se observa no quadro 5, questiona-se, primeiramente, a idade e escolaridade do participante para que se identifique se esses dados interferem nas respostas dadas. Logo após vem a pergunta “Você lê bulas de medicamentos?”, há, então, duas respostas: “Sim” ou “Não”, caso a resposta seja “Sim” segue para a pergunta “Completa ou a parte que te interessa?”, e por último “Têm alguma dificuldade em entendê-la?”. Se na pergunta “Você lê bulas de medicamentos?” a resposta for “Não”, então parte para a pergunta “Por quê?”. Para ambas as respostas (“Sim” e “Não”), ao final, são feitas as perguntadas “O que falta?” “O que poderia melhorar?” e “Você leria se fosse mais interessante?”. Nesse sentido, todas as perguntas são adaptadas conforme as respostas dadas, acrescentando ou omitindo alguma se necessário, conforme o entrevistado. Para seleção do público alvo para a entrevista, foram considerados tanto homens quanto mulheres, os quais considera-se possíveis consumidores de medicamentos aptos a responder esse questionário sem nenhum tipo de restrição. Foram entrevistas 12 pessoas individualmente, de forma aleatória, sendo 10 56 mulheres e 2 homens, com idade entre 18 e 33 anos, e com grau de escolaridade do ensino médio a pós-graduação. As entrevistas com os 12 participantes foram transcritas para o computador e estão apresentadas no Apêndice A. Em resumo, nos resultados apresentados percebe-se que a maioria dos entrevistados (66,4%) leem bulas de medicamentos, ressalta-se que duas mulheres da entrevista, mães, enfatizaram que leem principalmente quando o medicamento é para seus filhos. E ainda, uma entrevistada que disse que lê as bulas, pois são mais completas que uma conversa com o médico. Os 33,6% que não leem, apresentaram os principais motivos como sendo a bula cansativa, extensa, complicada, pouco objetiva e com muitas informações técnicas. Um ponto importante, constatado na entrevista, é o fato de que a maioria das pessoas (91,3%) lê apenas a parte da bula que lhes interessam, e não a bula inteira. Mas cada pessoa elenca de uma maneira o que é mais relevante, destaca-se, contudo, a informação “contra indicação” como a mais procurada, além da “indicação” e “efeitos colaterais”. A pesquisa também apontou que as principais dificuldades das pessoas ao lerem as bulas é o fato de que elas possuem muitas informações, e que são difíceis de encontrar, além de apresentar muitos termos técnicos. Outra contribuição que os entrevistados deram para a pesquisa foi as dicas do que poderia ser melhorado nas bulas: Utilizar palavras mais populares, utilizar fonte maior, destacar o que é mais importante, trazer imagens ilustrativas e tirar as informações repetidas. E por fim, todos leriam uma bula que se apresentasse de maneira mais atrativa. Conclui-se, dessa pesquisa qualitativa, que independente da idade e grau de escolaridade das pessoas, as bulas de medicamentos são, atualmente, documentos que não atraem o consumidor a lê-la. O fato de que a maioria das pessoas lê a bula não significa que a compreenda. E fica nítido que as pessoas não conhecem tudo o que ela tem a oferecer de informação. Percebe-se que a população, ao abrir uma bula, se assusta com o tanto de informação que ela contém, o que torna a leitura cansativa e pouco interessante. Mesmo que as indústrias, atualmente, se preocupem em deixar o conteúdo das bulas mais claro e objetivo, infelizmente a população ainda tem certo receio na leitura devido ao fato das mesmas não pensarem em uma apresentação gráfica que 57 prenda a atenção, desperte curiosidade, fascínio e simpatia do consumidor para a leitura desses documentos. 3.2.1.2.2 Insulina e Diabéticos Pesquisando alguns medicamentos, viu-se que a insulina é um hormônio produzido naturalmente pelo pâncreas e é responsável principalmente por levar glicose da corrente sanguínea para dentro das células. Se acontecer uma falha na atividade normal da insulina, a glicose acumula-se no sangue e na urina, e as células ficarão sem o seu “combustível”. O problema crônico de acúmulo de glicose no sangue (hiperglicemia) caracteriza o diabetes mellitus (BAYER, 2013). A insulina artificial é um medicamento que supre a falta de insulina natural no organismo das pessoas com diabetes. Essa é uma doença que atinge, segundo UOL (2013), cerca de 371 milhões de pessoas no mundo, sendo o Brasil o quarto país que mais apresenta casos desse mal, com 13,4 milhões de pessoas. Ainda, o site O Globo (2013) apresenta um levantamento que mostra que a taxa de diabéticos no Brasil cresceu de 5,3% em 2006 para 7,4% em 2012, um aumento de 40%. Também o site afirma que o total de pessoas que recebem medicamentos para a doença pela rede pública passou de 306,8 mil em janeiro de 2011 para 1,7 milhão em setembro deste ano, e o número de brasileiros internados pela doença nos hospitais que atendem pelo SUS caiu 17,4%, passando de 172,1 mil em 2010, para 142,1 mil, em 2012. O diabético é um consumidor de medicamentos com algumas peculiaridades, pois ao descobrir a doença o paciente muda seus hábitos de vida, como a alteração na dieta e a necessidade de fazer exercícios físicos, além de sofrer com a perda da visão, em muitos casos. A doença é crônica, logo, existe certa negação em aceitar o tratamento devido às limitações que ela exige, já que o mesmo apresenta-se contínuo e desgastante. [...] a maioria dos pacientes tem dificuldade em aceitar o uso da insulina, pois ela é considerada como uma agressão ao corpo; algo que provoca dependência (ao organismo e de outras pessoas) e perda do controle sobre si mesmo; impõe limites às atividades (trabalho e lazer); traz preocupação com a precisão das doses; provoca discriminações; é chato e desconfortável. (PERES, at. Al., 2007). 58 O estudo realizado por Stacciarini, Haas e Pace (2008), mostra que existe um déficit de conhecimento em relação aos procedimentos básicos para a aplicação de insulina, tais como: delimitação da região de aplicação, rodízio dos locais de aplicação, conservação da insulina, entre outros. Ainda, os autores dizem que a falta de conhecimento, a desmotivação e o medo da falha pessoal e da dor da aplicação da insulina são barreiras mais comuns para adesão ao tratamento. Outro ponto importante a salientar é o auto-uso da insulina por crianças. A maioria (35,3%) das crianças com diabetes tipo 1, aprendeu a administrar insulina com a mãe, sendo que a idade mais frequente de início de autoaplicação foi aos 10 anos de idade. As crianças diabéticas tipo 1 (76,5%) realizam rodízio e (41,1%) utilizam os locais preconizados para autoaplicação de insulina. As maiores (32,3%) dificuldades apresentadas ao iniciar a auto-aplicação estão relacionadas ao próprio procedimento. A maioria das crianças com diabetes tipo 1 tem dificuldades de realizar o controle domiciliar e estas, estão relacionadas aos recursos disponíveis e falta de informações. (DALL‟ANTONIA; ZANETTI, 2000). Conclui-se que a falta de motivação, o medo e o baixo grau de escolaridade do paciente limita o acesso à informação e à compreensão, fazendo com que não reconheçam a importância do tratamento medicamentoso. Então, estimular a adesão ao tratamento é de extrema importância. Nesse sentido, a educação em saúde tem sido muito valorizada e é considerada parte integrante do tratamento das doenças crônicas. No entanto, muitos programas de educação em saúde fracassam por não levarem em consideração os aspectos psicológicos, culturais, sociais, interpessoais e as reais necessidades psicológicas da pessoa diabética (PERES, at. Al., 2007). 3.2.1.2.3 Amostra de bula de medicamento Faz-se necessário a definição de uma amostra de bula de um medicamento para realizar uma análise visual minuciosa a respeito de como ela é estrutura e apresentada visualmente, e assim identificar suas debilidades e pontos positivos. Para tanto, pesquisou-se um medicamento que tivesse um relativo grau de complexidade na sua manipulação e administração, visto que, como apresentado no capítulo 2.4, a bula é um documento predominantemente instrutivo e orienta o paciente aos riscos do consumo, além disso, as informações orais ditas pelos médicos podem, muitas vezes, dizer respeito à doença e o diagnóstico e não sobre 59 o medicamento prescrito, aliás, o paciente pode não compreender a informação verbal ou esquecer parte dela após a consulta. Por conter muitas advertências, sua administração ser subcutânea12, ter todas as informações obrigatórias pela Anvisa e pela quantidade de pessoas que usam esse tipo de medicamento, optou-se pela análise da bula do medicamento Humulin N – Insulina humana do laboratório Lilly (figura 11) e melhor visualizada nos Anexos C, D e E, que é utilizado pelos pacientes com diabetes para o controle da taxa de glicose no organismo. Ela mede 320 x 730 mm, produzida papel bíblia com gramatura de aproximadamente 45g/m² e impressa na cor preta, no sistema offset13, possui informações apenas na parte de frente esse encontra dobrada dentro da caixa. 12 Abaixo da pele. Sistema de impressão que funciona de maneira rotativa. Uma série de cilindros conduzem tanto a tinta quanto o papel. 13 60 Figura 11 – Bula do medicamento Humulin N – Insulina humana Fonte: Laboratório Lilly (2011). 61 Para a elaboração das análises dessa bula apropriou-se do estudo realizado no capítulo 2 dessa pesquisa e foi elencadas algumas perguntas pertinentes, que devem ser respondida, referentes aos: a) componentes verbais - A bula possui uma linguagem escrita que é entendida pela nossa sociedade e que pode ser pronunciada?; b) fontes - Quais as fontes utilizadas? São legíveis? Apresentam contraste de tamanho? Apresenta variedade de pesos: regular, negrito, leve...? Possui serifa ou não? Qual a quantidade de texto em letras maiúsculas e minúsculas? Qual a direção do texto? Os vários tipos de fontes se relacionam de forma concordante, conflitante ou contrastante?; c) componentes pictóricos - A bula possui elementos em forma de imagens que representa algo do mundo real, que transmita uma mensagem, traduz algo que não possa ser escrito? Auxilia pessoas que não tem escolaridade? Desperta o interesse pela leitura e não a deixa monótona? Essas imagens estão ligadas a algum componente verbal que a explica? Elas sintetizam, traduzem ou são arbitrarias ao objeto real? Essas imagens utilizam conceitos atuais de representações, como o Flat Design?; d) componentes esquemáticos – Existem elementos que organizam os elementos verbais e pictóricos na página? Possui marcadores, cores, fundo, linhas sublinhadas, etc.?; e) cores – Possui cores ou é preto e branco? As cores atraem o olhar? As cores transmitem que sentimentos? Esses sentimentos são coerentes a esse tipo de publicação? Elas organizam os componentes na página? As combinações de cores são feitas a partir da associação presentes no círculo cromático? A cor cinza claro é utilizada como um elemento esquemático de agrupamento de outros elementos?; f) proximidade – Os itens que são semelhantes estão próximos na página e os que não se relacionam estão separados? É possível identificar onde é o começo e o final da leitura? ; g) alinhamento – Todos os componentes possuem uma linha invisível que os guia pela página? O texto está alinhado a esquerda, direita, justificado ou centralizado?; 62 h) repetição – Há um elemento que se destaca e chama a atenção, que é repetido ao longo da página para unir elementos diferentes, tornando toda a peça uma unidade só?; i) contraste – Os títulos se ressaltam do texto? As informações mais relevantes estão com mais foco que a secundárias?; j) hierarquia – Quais os elementos de destaque? Eles correspondem a quantos por cento de toda da bula?; k) analogia – As informações que contenham conceitos que não são da realidade do leitor são apresentadas de forma que ele assimile com algo que ele já conheça?; l) clareza – A mensagem é entendida de imediato, sem abreviaturas que dificultem a sua compreensão, e sem a necessidade de qualquer interpretação ou cálculo?; m) concisão – A mensagem é passada com poucas palavras? Há um foco no conteúdo? Há interferências visuais ou verbais que atrapalhem a leitura?; n) ênfase – Há elementos que mantenham a atenção do leitor no que é mais importante?; o) diagrama de Gutenberg – As informações mais relevantes estão dispostas na parte superior esquerda e parte inferior direita da peça?; p) elementos de memorização – O informativo apresenta exemplos ou estudo de casos que auxilia para a memorização do conteúdo pelo leitor?; q) informações – A bula apresenta todas as informações mínimas que a Anvisa exige na resolução do senado, número 47 de 8 de setembro de 2009?; r) diretrizes e recomendações – A composição visual da bula enfatiza informações de indicação, contraindicação e posologia? O substrato prejudica a leitura de alguma forma? As imagens estão em boa qualidade? As advertências estão separadas das demais informações? Todas as instruções são apresentadas sem serem interrompidas?. No quadro 6 encontram-se as análises realizadas. Quadro 6 – Análise da bula de medicamento a) Componentes verbais Escrita em português brasileiro de acordo com a nova regra ortográfica. 63 b) Fontes c) Componentes pictóricos d) Componentes esquemáticos e) Cores f) Proximidade g) Alinhamento 14 parágrafo. Fonte Times New Roman, títulos, sub-títulos e textos escritos em fonte tamanho 12pt. (Apenas o nome do medicamento que apresenta fonte no tamanho 18pt.). Possui serifa e têm boa legibilidade. Os títulos 01 estão em caixa-alta, com negrito e alinhamento centralizado. Os títulos 02 estão em caixa-alta, com negritos e alinhados a esquerda. Os títulos 03 estão em caixa-baixa, negrito e sublinhado. Os títulos 04 estão em caixabaixa, sem negrito e sublinhado, seguidos de dois pontos “:”. Os textos estão em caixa baixa, normal, exceto o nome do medicamento que aparece durante o texto, que está em caixaalta. Todas as advertências estão em caixa-baixa e em negrito; todo o texto está alinhado justificado. As informações legais estão alinhadas centralizadas. Apresenta apenas três fotos (uma ao lado da outra) do frasco do produto, em escala de cinza, mostrando as diferenças de aparência que o produto pode sofrer. Elas servem para deixar a mensagem mais elucidativa, pois complementa as informações verbais que foram apresentadas. Por ser pequena e em escala de cinza não atraem o olhar do leitor e nem incentiva a leitura. Há também o elemento pictórico que representa o símbolo de produto reciclável (esse elemento é obrigatório). A organização da bula é feita por três colunas. Não apresenta nenhuma linha, nem fundo, nem cor. Apenas nos itens “Preparo da dose”, “Mistura de HUMULIN N com HUMULIN R” e “Aplicação da dose” apresentam elementos esquemáticos numéricos para ordenar as instruções. O sublinhado que o texto apresenta não se refere a elementos esquemáticos. Toda a bula está em preto e branco. Não há cores que atraem o olhar nem transmitem sentimentos coerentes com a publicação. Não organiza os elementos na página e nem há combinações entre cores. Ha alguns espaçamentos simples ao longo do texto, porém a maioria dos itens estão próximos, sem distinção de relacionamento entre os elementos. O texto está alinhado justificado, dividido em três colunas de 10 cm. de largura. Exceto nos textos abaixo das instruções visuais, que estão alinhados justificados em colunas de 3 cm (sendo que a Anvisa exige que seja no mínimo 8 cm) e dão a sensação “caminhos de ratos”14 que são os espaços exagerados entre as palavras; e as “diretrizes legais” que estão alinhadas centralizadas. Expressão utilizada para representar espaços desproporcionais entre palavras de um 64 h) Repetição i) Contraste j) Hierarquia k) Analogia l) Clareza m) Concisão n) Ênfase o) Diagrama de Gutenberg p) Elementos de memorização q) Informações r) Diretrizes e recomendações Não há elementos que se destacam repetidos na peça. A bula toda aparenta ser uma mancha gráfica só, sem nenhum contraste, salvos o nome do medicamento, as imagens e as diretrizes legais. Os textos são apresentados de maneira blocada, sem apresentar destaque. Não há analogias. A primeira parte da bula apresenta termos de difícil compreensão, porém as “informações ao paciente”, que corresponde a 90% da bula, apresenta informações claras, e os termos mais técnicos são explicados logo em seguida, porém há muita informação repetida sem necessidade. As informações são apresentadas concisas, curtas e diretas. O único elemento que dá ênfase no texto é o uso do negrito. A bula está dividida em três colunas simétricas, sem elementos atrativos, logo, não segue o conceito do diagrama de Gutenberg. A bula trás vários exemplos que auxiliam na memorização das informações. A bula apresenta todas as informações mínimas que a Anvisa exige na resolução do senado, número 47 de 8 de setembro de 2009. - As informações de indicação, contraindicação, e posologia estão ao longo do texto, sem ênfase ou destaque. - Pelo texto estar apenas na parte da frente, não dificulta a leitura e não é transparente, o papel poderia ter mais gramatura para ajudar a leitura, porém ficaria ruim de dobrar e colocar dentro da caixa. - As três imagens que aparecem estão em baixa qualidade, e não dão a entender o que querem transmitir. - As advertências não estão separadas das demais informações, apenas sendo enfatizadas por estarem em negrito. - As instruções não são interrompidas. Fonte: o autor. Pode-se perceber nessa análise do quadro 6, que a bula do medicamento HUMULIN N apresenta alguns pontos positivos e alguns pontos negativos. Os pontos positivos referem-se às questões textuais, que, de fato, seguem as normas e sugestões da Anvisa. E os pontos negativos dizem respeito ao visual nada atrativo. 65 A fonte empregada na bula, assim como suas variações, juntamente com o uso das colunas, o alinhamento justificado, a falta de ênfase nas informações mais importantes, a falta de hierarquia visual, espaçamentos inadequados, a falta de elementos esquemáticos que organizam as informações e a falta de elementos fortes que devem ser repetidos ao longo da peça, fazem dessa bula um informativo que não atrai o olhar e não estimula a leitura, pois esses pontos negativos representam, de forma equivocada, que se trata de uma mancha gráfica maçante, cansativa, complexa e distante do mundo em que vive o usuário. Outros pontos negativos são: a falta de imagens que incentivem a leitura e elucidem as instruções e advertências; a falta de cores que organizam os elementos na página e estimule os sentimentos do leitor; não há ênfase nas informações de indicação, contraindicação, e posologia. E as advertências não estão separadas das demais informações. Os pontos positivos estão, principalmente, na parte textual, pois apresenta todas as informações que a Anvisa exige que esteja presente na bula, de forma clara e objetiva, ainda, traz exemplos que dialogam com o leitor e apresenta voz ativa. Conclui-se que apesar do texto estar bem elaborado, há uma falha na comunicação visual dessa bula, não atraindo o interesse do leitor e consequentemente dificulta a compreensão. 3.2.1.2.4 Referências visuais Para deixar claro como o design da informação atua em um informativo, essa parte da pesquisa exibe uma análise de três exemplos visuais de peças gráficas com apelo de instrução, que não necessariamente estão relacionados a bulas, mas servirão como base e auxiliarão o estudo para o desenvolvimento da proposta final. 66 Figura 12 – Informativo sobre antibióticos Fonte: CRF-SP (2014). Na figura 12 nota-se que existem elementos verbais com três fontes diferentes, uma para títulos, uma para os textos e outra para a frase “Use antibiótico apenas com receita...” (na parte inferior do informativo). Todas as fontes estão legíveis; os títulos estão todos em negritos e com contraste em relação ao texto; as fontes se relacionam de forma contrastante; tendo como debilidade os textos alinhados justificados, mesmo que a largura das colunas seja pequena, formando assim os famosos “caminhos de ratos” Há também a presença de elementos 67 pictóricos com o conceito do esqueumorfismo, que chamam a atenção, despertam o interesse pela leitura e servem para complementar e destacar o texto associado a elas. E por fim, destaca-se a presença de elementos esquemáticos, como cor, formas e linhas que auxiliam na organização da peça. Percebe-se o aspecto dos vários tons de azul, que simbolizam, provavelmente, o afeto, a precaução e a confiança, conforme visto no significado das cores no ANEXO A. Observa-se ainda que, tanto as figuras, quanto os números representam elementos esquemáticos que ajudam a organizar, delimitar e dar ritmo aos blocos de textos. É possível destacar ainda na figura 12, que o título principal “Antibióticos” está destacado muito bem; que não existe um alinhamento consistente entre as várias partes do informativo; que no texto principal, a coluna da direita está maior que a coluna da esquerda, isso faz com que o leitor possa não perceber que uma coluna é continuidade da outra; que o quadro de advertência “Atenção” está bem contrastado, destacando-o das outras informações. Porém, a estrutura do informativo, não se encaixa dentro do diagrama de Gutenberg, pois apresenta duas informações importantes (O quadro de “Atenção” e a frase “Use antibiótico apenas com receita...”) fora do eixo de percepção de leitura da mente do leitor ocidental. O informativo, no geral, apresenta-se claro e conciso, com informações exemplificadas e dentro da realidade da população em geral, fazendo com que as informações contidas nele façam-se atrativas, compreendidas e lembradas pelo leitor. 68 Figura 13 - Informativo sobre ácido salicílico Fonte: Yahoo Mulher (2013). A figura 13 é mais um exemplo visual de um informativo que se pode ver aplicado os conceitos de design da informação. Desenvolvido pelo site Yahoo Mulher (2013) para informar sobre ácido salicílico, nele consta elementos verbais, pictóricos e esquemáticos. Ainda na figura 13, destaca-se a aplicação de duas fontes, uma para títulos e textos e a outra para a expressão “ácido salicílico” no topo da página. Essas duas fontes são legíveis e se relacionam de forma contrastante, pois elas são distintas. A fonte da expressão “ácido salicílico” atrai o olhar e chama o usuário para a leitura. Já a fonte dos títulos e textos apresenta-se toda em caixa alta, dificultando a fluidez da 69 leitura, além de alguns textos estarem dispostos em colunas pequenas com alinhamento justificado, o que cria espaçamentos desiguais entre palavras. As imagens utilizadas na figura 13 utilizam o conceito de flat design e têm a função de exemplificar e instruir o leitor, auxiliando na tarefa do item “Cuidados com a pele”. Essas imagens estão ligadas a algum componente verbal que a explica. Suas formas são simples e limpas. Também a figura 13 apresenta elementos esquemáticos que organizam as diferentes partes da peça. Em todos os títulos há a presença de um formato na cor laranja que torna o informativo uma unidade só. Outro elemento repetitivo é os círculos que delimitam as imagens, esses fazem com que diferentes pontos da peça se liguem, deixando claro para o leitor o início e o fim de cada tópico. Destacam-se também os espaços em branco que deixam o informativo com um visual mais limpo. Para finalizar, nota-se que há clareza e concisão no texto, porém contém alguns termos da área médica que não são explicados, como é o caso dos termos “acneica”, “anti-inflamatórico”, “antipirética”, “queratina”, “adstringente”, entre outros. 70 Figura 14 - Informativo sobre mastite Fonte: Ourofino (2013). Na figura 14 observa-se um gráfico de informação que a empresa Ourofino desenvolveu sobre a doença bovina mastite. Em sua estrutura gráfica vê-se a presença de elementos verbais, pictóricos e esquemáticos. Foi utilizada apenas uma fonte, legível. Há diferentes tamanhos e cores das fontes para sinalizar o contraste 71 de hierarquia informacional, isso auxilia o usuário na leitura, pois define o começo e fim de cada parte, organiza as informações, e torna a peça um grupo coeso e forte. Porém todo o texto está em caixa-alta, o que dificulta a leitura. Também na figura 14 percebe-se a utilização de imagens utilizam o conceito de flat design e traduzem o texto que as acompanham, além de utilizar o conceito de Flat Design para representa-las, o que torna a peça atual e limpa. Em determinado ponto do informativo há uma representação pictórica simbólica de três vacas na cor azul claro ao lado de sete vacas na cor azul escuro, juntamente com o texto “Três em cada 10 vacas leiteiras apresentam inflamação clinicamente aparente das glândulas mamarias”, essa analogia pictórica deixa a informação verbal mais atrativa, clara, e faz com que o usuário memorize a informação com mais facilidade. Para organizar o conteúdo da figura 14, foram colocadas divisões em tons de cinza, esses elementos esquemáticos ajudam a estabelecer ordem e continuidade. Visualiza-se ainda que cada bloco de texto se alinha a direita; todas as informações são entendidas de imediato; a mensagem é passada com poucas palavras e; não há interferência visual que atrapalhe a leitura. Para finalizar, nota-se que o informativo começa com o título “Mastite” e a explicação do que significa essa doença, e finaliza com uma imagem de um produto da empresa, deixando clara a utilização, mesmo que não proposital, do diagrama de Gutenberg. 3.2.2 Concepção 3.2.2.1 Conceitos Para a primeira etapa de concepção, buscaram-se elencar os conceitos, parâmetros e diretrizes que nortearão o projeto de reestruturação gráfica que a bula deverá conter. Com o intuito de fazer uma analogia com os conceitos, foi desenvolvido um painel imagético com as 12 características abordadas (figura 15). 72 Figura 15 – Painel conceitual Fonte: O autor. Os conceitos, parâmetros e diretrizes a serem trabalhados são: Legibilidade nas informações; contrates de elementos; deve chamar atenção do leitor; aplicação dos conceitos da forma do flat design na confecção dos pictogramas; despertar o interesse do consumidor para a leitura; alinhar os diferentes elementos gráficos em uma linha guia, onde oriente o leitor na página; Agrupar as informações por semelhança; hierarquizar os elementos de forma a dar destaque aos mais relevantes e direcionar o leitor para o início e fim de cada bloco de informações; trazer elementos fortes e que esses se repitam ao longo da peça, para que ela torne um conjunto único; ser apresentada de maneira que o receptor compreenda as informações de maneira rápida, clara e concisa; mostrar analogias nos assuntos 73 mais complexos; e colocar itens e exemplos que faça o leitor memorizar as informações. 3.2.2.2 Informações Verbais Conforme as análises realizadas sobre a bula do medicamento Humulin N e as recomendações textuais apresentadas no item 2.4.1 dessa pesquisa, compreendeu-se a importância dessa etapa para a reestruturação gráfica da bula ser a disposição das informações verbais. Não somente isso, essas informações devem ser claras, objetivas, com frases curtas, com voz ativa, sem utilizar termos redundantes, utilizar uma linguagem comum e evitar termos técnicos. Então, foi extraído do bulário eletrônico da Anvisa as informações verbais presentes na bula do medicamento Humulin N (Anexo F), e então reestruturou-se o texto levando em consideração os aspectos já descritos, alterando-os conforme parâmetros definidos pelo autor, e listados a seguir: a) eliminar trechos desnecessários; - ex.: Foi retirado o trecho “Uso de seringa adequada: As doses de insulina são medidas em unidades. O número de unidades em cada mililitro (mL) está claramente impresso na embalagem...”, pois é uma informação que não necessita estar na bula desse medicamento, visto que trata de uma informação sobre um material que possui bula própria que já o explica. b) eliminar trechos repetidos; - ex.: A frase “Se você planeja ter um bebê, está grávida ou está amamentando, consulte o seu médico.” possui o mesmo sentido da frase que aparece logo abaixo na bula “Este medicamento não deve ser usado por mulheres grávidas, ou amamentando, sem orientação médica”. Logo a frase repetida foi retirada. c) aproximar os assuntos relacionados; - ex.: A frase de advertência “A dose habitual de HUMULIN N pode ser afetada por alterações na alimentação, atividade ou esquema de trabalho...” foi remanejada para logo após da indicação de dosagem. d) distribuir as informações na sequência que o leitor busca; 74 - ex.: A informação sobre o tempo de ação do medicamento foi colocado logo após da instrução de como aplicar o medicamento. e) alterar frases e palavras para uma linguagem mais popular; - ex.: A frase “Preparação aquosa para administração subcutânea contendo 100 unidades (U-100) de insulina humana (ADN* recombinante) por mL. Está disponível em embalagem contendo 1 frasco de vidro tipo I com 10 mL de suspensão.” foi substituída por “A embalagem contém 1 frasco de vidro com 10 ml de insulina (líquida leitosa, livre de germes) para uso exclusivo em seringas injetáveis abaixo da pele.”. 3.2.2.2.1 Avaliação Para avaliar o texto reestruturado foi convidada a farmacêutica Francielly Lorenzetti, que possui o registro no Conselho Regional de Farmácia – Santa Catarina (CRF-SC) número 7149. Após lida por ela, foram levantadas algumas alterações: a) acrescentar, na instrução de uso do medicamento número 2, a frase: “Estabilize a pele e pressione o local"; b) na instrução de uso do medicamento número 5, especificar que no abdômen deve deixar 3 dedos longe do umbigo; c) na instrução de uso do medicamento número 9 especificar “5 segundos”; d) demais itens estão corretos. O texto reestruturado pode ser visto na íntegra no Apêndice B. 3.2.2.3 Fluxo das Informações O fluxo das informações busca organizar os itens de maneira a enfatizar o que é mais importante, fazendo com que o emissor arranje a mensagem, de maneira a conduzir o leitor/receptor, a seguir uma ordem lógica e sequencial de leitura. Para a compreensão de como serão dispostas a sequência de informações da bula, ordenou-se os assuntos em um fluxograma (figura 16). Ele foi organizado em uma sequência de hierarquia, colocando as informações em ordem de 75 relevância, levando em consideração o que os usuários mais procuram, conforme pesquisa realizada com o consumidor. Figura 16 – Fluxograma das informações da bula Fonte: o autor. 76 Nota-se na figura 16 que o organograma dá ênfase para as informações de “contra-indicação”, “dosagem” e “modo de usar” (“instrução de uso”, “verificação do medicamento”, “onde aplicar” e as “advertências”). Também uniu-se as informações sobre “quantidade” e “composição do medicamento”. As demais informações seguem abaixo, e por último as “diretrizes legais”. 3.2.2.4 Fonte O estudo da fonte é definido através de seus desenhos e formatos, para elaboração de uma melhor legibilidade para o leitor, de modo a deixar a informação mais fácil de ser compreendida e trazer uma característica única à peça, dando uma identidade gráfica singular. Para definir a fonte a ser utilizada na bula precisou-se de uma testagem impressa. Foram analisadas seis fontes: cinco fontes sem serifa (Calibri, Tahoma, Verdana, Trebuchet e Arial) e uma fonte com serifa (Times New Roman) (essa fonte é a que a Anvisa estipula como padrão para as bulas atuais.). Assim, todas as fontes foram impressas no tamanho 5pt (menor tamanho compreensível). Os parâmetros para a análise visual foram: Legibilidade (facilidade e rapidez na leitura); Visual limpo; Comportamento condensado na página, para ocupar o menor espaço possível. A figura 17 mostra o teste feito com cada fonte disposta em um pequeno parágrafo. 77 Figura 17 - Teste de legibilidade das fontes Fonte – o autor. Após uma análise visual, definiu-se a fonte Tahoma como sendo a mais legível e condensada. Para os textos o tamanho será 10pt., poderia ser menor, porém muitos diabéticos possuem baixa visão, dificultando a leitura e é o tamanho indicado por alguns autores conforme visto no capítulo 2. Para os títulos e informações que deve se dar mais destaque o tamanho da fonte será ajustado conforme teste na diagramação. Assim como será ajustado os espaçamentos entre linhas e blocos de informações. 3.2.2.5 Pictogramas Nessa etapa, busca-se gerar alternativas para o desenvolvimento dos componentes pictóricos que irá conter na bula, tendo em vista que esses pictogramas devem, necessariamente, fazer referência com algo real, para que o 78 leitor possa, ao vê-los, compreender sem haver dúvidas ou subjetividade. Conclui isso Silva (2008, p. 62, apud BERTIN 1967): a representação pictórica em bulas de medicamento deve ser monossêmica, ou seja, pode ser atribuída a essa imagem apenas um significado pretendido. Para a elaboração dos pictogramas foram pesquisadas fotografias que demonstrassem as formas visuais reais de determinada ação ou objeto. E, além disso, foram estudados alguns ícones que ilustram cada um dos itens. Para, então, gerar as alternativas à mão e vetorizar as que forem consideradas mais adequadas. Elencaram-se três modos diferentes de comunicação imagética que estará presente na bula: os pictogramas para a instrução de uso, que auxiliará o paciente na compreensão de como administrar o medicamento; os pictogramas que acompanham os demais títulos, e servirão para facilitar o encontro das informações que o leitor deseja e para atrai-lo para as demais; e os pictogramas de alerta, que chamarão a atenção do leitor para as advertências que a bula irá trazer. Assim definiu-se a geração de alternativas dos itens partindo de uma análise visual. Trabalha-se cada item separadamente: a) instrução de uso: “1. Lave as mãos.”; Figura 18 – Fotomontagem - referências visuais ícones 01 Fonte: o autor. A figura 18 apresenta uma imagem real e um ícone do primeiro procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada por duas mãos se esfregando de baixo de água corrente. Depois de observadas, passou-se para a 79 geração de alternativas. Foram geradas cinco delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 19. Figura 19 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 1 Fonte: O autor b) instrução de uso: “2. Agite o frasco de HUMULIN N cuidadosamente, com movimentos rotativos, de maneira que o conteúdo seja uniformemente misturado. Após agitar suavemente, o conteúdo deve estar turvo ou leitoso.”; Figura 20 – Fotomontagem - referências visuais ícones 02 Fonte: o autor. A figura 20 apresenta uma imagem real e um ícone do segundo procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pelo frasco do medicamento sendo agitado. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas cinco delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 21. 80 Figura 21 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 2 Fonte: o autor. c) instrução de uso: “3. Ao usar um frasco novo, retire o plástico protetor, mas não remova a tampa de borracha. Limpe a superfície da rolha de borracha com álcool.”; Figura 22 – Fotomontagem - referências visuais ícones 03 Fonte: o autor. A figura 22 apresenta uma imagem real e um ícone do terceiro procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pela retirada do plástico protetor do medicamento. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 23. 81 Figura 23 - Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 3 Fonte: o autor. d) instrução de uso: “4. Aspire uma quantidade de ar na seringa igual à dose de insulina a ser usada. Perfure a tampa de borracha do frasco de insulina e injete o ar.”; Figura 24 – Fotomontagem - referências visuais ícones 04 Fonte: o autor. A figura 24 apresenta uma imagem real e um ícone do quarto procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pela perfuração da tampa de borracha do frasco de insulina pela seringa. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas três delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 25. 82 Figura 25 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 4 Fonte: o autor. e) instrução de uso: “5. Inverta o frasco e a seringa. Segure firme o frasco e a seringa com uma das mãos. Ao confirmar que a ponta da agulha está dentro da insulina, aspire a dose correta do medicamento; Figura 26 – Fotomontagem - referências visuais ícones 05 Fonte: o autor. A figura 26 apresenta uma imagem real e um ícone do quinto procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pela seringa invertida dentro do frasco. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas três delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 27. 83 Figura 27 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 5 Fonte: o autor. f) instrução de uso: “6. Se houver bolhas, segure a seringa com a ponta para cima. Depois bata na lateral da seringa levemente com os dedos para que as bolhas atinjam a parte superior do líquido, para serem expulsas com o êmbolo. Corrija a dose.”; Figura 28 – Fotomontagem - referências visuais ícones 06 Fonte: o autor. A figura 28 apresenta uma imagem real e um ícone do sexto procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pela ação do dedo indicador dando uma leve batida na seringa. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 29. 84 Figura 29 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 6 Fonte: o autor. g) instrução de uso: “7. Limpe a pele com álcool, no local onde você for aplicar a injeção. Estabilize a pele, pressionando o local.”; Figura 30 – Fotomontagem - referências visuais ícones 07 Fonte: o autor. A figura 30 apresenta uma imagem real e um ícone do sétimo procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pelo dedo polegar e indicador pressionando a pele. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 31. 85 Figura 31 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 7 Fonte: o autor. h) instrução de uso: “8. Insira a agulha de acordo com as instruções médicas. Ao injetar HUMULIN N, tome cuidado para não atingir nenhum vaso sanguíneo. Empurre o êmbolo até o fundo.”; Figura 32 – Fotomontagem - referências visuais ícones 08 Fonte: o autor. A figura 32 apresenta uma imagem real e um ícone do oitavo procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada pela seringa sendo injetada sob a pele. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 33. 86 Figura 33 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 8 Fonte: o autor. i) instrução de uso: “9. Retire a agulha e pressione o local da injeção suavemente por alguns segundos. Não esfregue a área.”; Figura 34 – Fotomontagem - referências visuais ícones 09 Fonte: o autor. A figura 34 apresenta uma imagem real e um ícone do último procedimento para a administração da insulina. A instrução é representada por uma mão pressionando o local da aplicação. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 35. 87 Figura 35 – Geração de alternativas – pictograma Instrução de uso 9 Fonte: o autor. j) informação: Composição; Figura 36 – Fotomontagem - referências visuais ícones 10 Fonte: o autor. A figura 36 apresenta uma imagem real e um ícone da informação de composição do medicamento. As imagens mostram frascos, que é a embalagem do medicamento. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas três delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 37. Figura 37 – Geração de alternativas – pictograma de informação (1) Fonte: o autor. 88 k) informação: Onde, como e por quanto tempo posso guardar este medicamento?; Figura 38 – Fotomontagem - referências visuais ícones 11 Fonte: o autor. A figura 38 apresenta uma imagem real e dois ícones da informação de armazenamento do medicamento. As imagens mostram geladeiras, que é o local onde deve ser guardada a insulina. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas seis delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 39. Figura 39 – Geração de alternativas – pictograma de informação (2) Fonte: o autor. l) informação: tempo de ação do medicamento; 89 Figura 40 – Fotomontagem - referências visuais ícones 12 Fonte: o autor. A figura 40 apresenta uma imagem real e dois ícones da informação de tempo de ação do medicamento. As imagens mostram relógios. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas cinco delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 41. Figura 41 – Geração de alternativas – pictograma de informação (3) Fonte: o autor. m) informação: interações medicamentosas; Figura 42 – Fotomontagem - referências visuais ícones 13 Fonte: o autor. 90 A figura 42 apresenta uma imagem real e um ícone da informação de interações medicamentosas que se pode ou não fazer com a insulina. As imagens mostram diversos tipos de medicamentos. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 43. Figura 43 – Geração de alternativas – pictograma de informação (4) Fonte: o autor. n) informação: quais os males que este medicamento pode me causar?; Figura 44 – Fotomontagem - referências visuais ícones 15 Fonte: o autor. A figura 44 apresenta uma imagem real e um ícone da informação de males que o medicamento pode causar. As imagens mostram rostos tristes. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas quatro delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 45. 91 Figura 45 – Geração de alternativas – pictograma de informação (5) Fonte: o autor. o) advertências; Figura 46 – Fotomontagem - referências visuais ícones 16 Fonte: o autor. A figura 46 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências. As imagens mostram triângulos com cores quentes, que chamam a atenção. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas seis delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 47. Figura 47– Geração de alternativas – pictograma de advertência Fonte: o autor. 92 p) advertência e precaução: Gravidez; Figura 48 – Fotomontagem - referências visuais ícones 17 Fonte: o autor. A figura 48 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento quando se está grávida. As imagens mostram mulheres grávidas. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 49. Figura 49 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (1) Fonte: o autor. 93 q) advertência e precaução: Mudanças na atividade física e/ou dieta; Figura 50 – Fotomontagem - referências visuais ícones 18 Fonte: o autor. A figura 50 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento quando se altera a dieta. As imagens mostram pratos e talhares que remetem a comida. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foi gerada uma delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 51. Figura 51 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (2) Fonte: o autor. 94 r) advertência e precaução: Exercícios; Figura 52 – Fotomontagem - referências visuais ícones 19 Fonte: o autor. A figura 52 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento quando se altera a atividade física. As imagens mostram pessoas correndo. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foi gerada uma delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 53. Figura 53 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (3) Fonte: o autor. 95 s) advertência e precaução: Insuficiência renal; Figura 54 – Fotomontagem - referências visuais ícones 20 Fonte: o autor. A figura 54 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento para pessoas com insuficiência renal. As imagens mostram o formato dos rins do ser humano. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 55. Figura 55 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (4) Fonte: o autor. 96 t) advertência e precaução: Viagem; Figura 56 – Fotomontagem - referências visuais ícones 21 Fonte: o autor. A figura 56 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento em viagens. As imagens mostram aviões. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 57. Figura 57 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (5) Fonte: o autor. 97 u) advertência e precaução: Crianças; Figura 58 – Fotomontagem - referências visuais ícones 22 Fonte: o autor. A figura 58 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento em crianças menores de 3 anos. As imagens mostram carrinhos de bebê. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 59. Figura 59 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (6) Fonte: o autor. 98 v) advertência e precaução: Insuficiência hepática; Figura 60 – Fotomontagem - referências visuais ícones 23 Fonte: o autor. A figura 60 apresenta duas imagens que representam o fígado humano. As imagens mostram órgãos do corpo humano com ênfase no fígado. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 61. Figura 61 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (7) Fonte: o autor. 99 w) advertência e precaução: Capacidade de operar máquinas; Figura 62 – Fotomontagem - referências visuais ícones 24 Fonte: o autor. A figura 62 apresenta uma imagem real e um ícone das advertências do uso do medicamento ao operar máquinas. As imagens mostram engrenagens. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foi gerada uma delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 63. Figura 63 – Geração de alternativas – pictograma de advertências e precauções (8) Fonte: o autor. 100 x) local de aplicação: parte superior dos braços, coxas, nádegas ou no abdômen; Figura 64 – Fotomontagem - referências visuais ícones 25 Fonte: o autor. A figura 64 apresenta uma imagem real e um ícone das áreas do corpo onde deve ser aplicada a insulina. As imagens mostram o corpo humano, com destaque nas áreas de aplicação. Depois de observadas, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 65. Figura 65 – Geração de alternativas – pictograma dos locais de aplicação Fonte: o autor. 101 y) verificação do medicamento: “Não use este medicamento se o material permanecer no fundo do frasco após a agitação.”; Figura 66 – Fotomontagem - referências visuais ícones 26 Fonte: Bula do medicamento Humulin N A figura 66 apresenta uma imagem real do medicamento no fundo da embalagem. Depois de observada, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas três delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 67. Figura 67 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (1) Fonte: o autor. 102 z) verificação do medicamento: “Não use este medicamento se houver grumos em suspensão (soltos) no líquido após a agitação.”; Figura 68 – Fotomontagem - referências visuais ícones 27 Fonte: Bula do medicamento Humulin N A figura 68 apresenta uma imagem real do medicamento com grumos da suspensão soltos dentro da embalagem. Depois de observada, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas três delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 69. Figura 69 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (2) Fonte: o autor. aa) verificação do medicamento: “Não use este medicamento se partículas no fundo ou na parede derem ao frasco um aspecto fosco (embaçado).”. 103 Figura 70 – Fotomontagem - referências visuais ícones 28 Fonte: Bula do medicamento Humulin N A figura 70 apresenta uma imagem real do medicamento com o frasco embaçado. Depois de observada, passou-se para a geração de alternativas. Foram geradas duas delas à mão e uma alternativa vetorizada, conforme figura 71. Figura 71 – Geração de alternativas – verificação do medicamento (3) Fonte: o autor. Depois das gerações de alternativas concluídas, os ícones de instrução de uso passaram por uma averiguação onde foram testados com um grupo de pessoas, aleatoriamente, para que se confirme que eles cumprirão sua função de instruir na hora do uso, essas pessoas não poderiam ser diabéticos para não influenciar, pois já possuem um conhecimento a cerca do medicamento. Então, elaborou-se um questionário impresso (apêndice C), onde se visualiza um pictograma e três possíveis alternativas para ele, e o entrevistado tinha que selecionar a opção que, em sua opinião, correspondesse àquele determinado pictograma. Foram pesquisadas 5 pessoas aleatoriamente, e todas elas acertaram todas as alternativas, confirmando que os pictogramas atingiram o objetivo proposto. 104 3.2.2.6 Cores Outro elemento que uma peça gráfica deve conter é o esquemático, ele ajuda a unir os elementos verbais e pictóricos. A cor pode ser um deles. Para a definição das cores que terão na bula, primeiramente realiza-se um estudo cromático, levando em consideração tanto a combinação de cores contrastantes quanto o significado que a cor deve transmitir. Como a bula trata de um informativo que alerta, instrui e explica para o consumidor informações sobre um determinado medicamento, é importante que essa cor dê destaque a todos os elementos. Optou-se por usar o amarelo, que, como pode-se ver na figura 72 transmite justamente esse conceito de aviso, alerta e advertência. Figura 72 – Fotomontagem - Uso do amarelo como conceito de aviso, alerta e advertência Fonte: o autor. Como forma de contraste com a cor amarela, utilizou-se o vermelho, pois, além de ser uma cor forte e atrativa, também simboliza a cor da tarja15 do medicamento Humulin N, já que ele só deve ser vendido sob prescrição médica. Os diferentes tipos de tarjas dos medicamentos brasileiros são apresentados na figura 73. 15 Elemento visual presente na caixa de medicamentos que classifica, através de cores, os riscos que ele pode trazer. 105 Figura 73 – Diferentes tipos de tarjas dos medicamentos brasileiros Fonte: Adaptado de Dental Press editora (2012). Por último, definiram-se as cores azul e cinza para os títulos e textos, pois são cores neutras e não poluirão a peça gráfica, conforme explica Lidwell, Holden e Butler (2010, p. 48). 3.2.2.7 Diagramação A diagramação é a parte do processo de organização dos elementos verbais, pictóricos e esquemáticos da página, priorizando a hierarquia visual, a sequência e agrupamento das informações, o alinhamento dos elementos entre si, a repetição que dão contraste a peça, e a proximidade dos semelhantes. Para melhor entendimento da diagramação fez-se necessário a separação de todas as informações em seis blocos distintos: Título (“Nome do medicamento” e “O que é e para que serve?”); Informações preliminares (“composição”, “dosagem”, “quantidade” e “contra-indicação”); Como usar (“instruções de uso”, “verificação do medicamento”, “onde aplicar” e “advertências”); Demais informações (“onde, como e por quanto tempo posso guardar esse medicamento?”, “advertências”, “tempo de ação do medicamento”, “o que fazer quando eu esquecer de usá-lo?”, “interações medicamentosas”, “advertências”, “quais os males que este medicamento pode me causar?”, “O que fazer se alguém usar uma quantidade maior do que a indicada desse medicamento?”); Advertências e precauções; Diretrizes legais. 106 Cada um desses blocos ocupará um determinado espaço na bula, levando em consideração a quantidade de texto de cada um. Na figura 74, cada bloco é representado por uma cor e mostra a porcentagem de área que ele ocupará na bula. Figura 74 – Porcentagem que cada bloco de informações ocupa na bula Fonte: o autor. Estabelecido isso, passou-se para a geração de alternativas da diagramação. Com tudo, padronizou-se o tamanho da peça como sendo a mesma da bula atual do HUMULIN N, 310 x 730 mm, visto que o intuito do trabalho é mostrar que no mesmo espaço pode-se trabalhar as informações com os conceitos de design da informação e conseguir atrair e despertar o compreensão do leitor. A figura 75 mostra as gerações de alternativas desenvolvidas. 107 Figura 75 – Gerações de alternativas para a diagramação Fonte: o autor. Observa-se na figura 75, que na primeira alternativa foi trabalhada apenas com uma coluna, já a segunda geração com duas, a terceira distribuída em três colunas e a quarta com quatro. Ainda, na quinta geração buscou-se diagramar com a folha na horizontal. Depois, as alternativas seis, sete e oito buscou-se trabalhar com diferentes tipos de colunas na mesma alternativa. Após algumas adequações, selecionaram-se duas alternativas para serem aprimoradas. Então foi elaborada uma nova diagramação, mais detalhada, já com os lugares de cada texto e pictograma (figura 76). 108 Figura 76 - Gerações de alternativas para a diagramação mais detalhada Fonte: o autor. Como se visualiza na figura 76, as duas gerações condizem com preceitos expostos até aqui, porém optou-se pela alternativa 2, porque dispõe melhor os elementos na página. 109 3.2.2.8 Testes Realizam-se nessa etapa os testes de aplicação dos elementos na diagramação escolhida e os testes com o usuário da bula. É importante fazê-lo para ter uma opinião do usuário final. Essas experimentações preveem observar a aplicabilidade do projeto no contexto em que será utilizado e identificar se há necessidade de alterações. Para dispor os elementos na diagramação foi utilizado o software Illustrator (figura 77). Figura 77 – Teste de aplicação dos elementos na diagramação Fonte: o autor. Vê-se na figura 77 a fase inicial de preparação dos elementos na página. Desde o começo foi prezado a utilização de linhas guias e espaçamentos adequados entre elementos semelhantes. Percebe-se também o trabalho já com as cores pré-definidas e a hierarquia visual entre títulos e textos, além da utilização dos pictogramas. Assim, organizaram-se os elementos na diagramação conforme figura 78. 110 Figura 78 – Elementos na diagramação Fonte: o autor. 111 Partiu-se então, para o teste com o usuário final, onde se buscou identificar se ele considera a bula atrativa, se as informações que necessitam são encontradas, se observa alguma informação que ele não conhecia, e se as informações estão claras, concisa e fáceis de compreender. Para tanto foi realizada uma pesquisa qualitativa através de uma entrevista com dois diabéticos que já aplicam insulina. Optou-se por esses entrevistados pelo fato deles conhecerem o medicamento, e as respostas dadas poderão contribuir, posteriormente, para a adequação do projeto para o público que não conhece o medicamento. Primeiramente os entrevistados foram contextualizados sobre o tema e o propósito da pesquisa, e logo após apresentou-se a bula do medicamento Humulin N atual e um mock-up16 da bula reestruturada (figura 79). Figura 79 – Foto do teste com o modelo físico (entrevista) Fonte: O autor. Aplicou-se então o questionário de forma aberta e dinâmica, presando o diálogo entre o desenvolvedor e o entrevistado. A entrevista foi gravada e as partes relevantes foram transcritas para os quadros 7 e 8. 16 Modelo de um novo produto para teste ou exibição aos possíveis cliente. 112 a) entrevistado 1: Quadro 7 – Respostas do entrevistado 1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES Idade: 62 anos Escolaridade: Segundo grau incompleto Quanto tempo você usa insulina?Há 12 anos Possui problema de visão: Sim, mas não em função do diabetes. Você já leu a bula da insulina: Sim, diversas vezes. Já teve complicação no uso?Não. Aprendeu a aplica-la como? Com minha médica. TESTE Qual das duas bulas você considera mais atrativa? (O entrevistado apontou para a bula reestruturada). “Essa que foi elaborada é bem mais explicativa e com mais detalhes”. Quais informações você considera mais importantes? A higienização das mãos, também saber como se manuseia a agulha, os locais de aplicação, a dosagem e os efeitos colaterais. Consegue identificar na bula as informações que você considera mais importantes? (o entrevistado localizou todas). Qual informação chama mais atenção na bula? A bula no geral toda chama a atenção, não existe um local especifico. Consegue identificar alguma informação na bula que você não sabia? A composição é uma coisa importante e eu nunca tinha parado para ler. Olhando os pictogramas de instrução de uso você poderia descrevê-las? (o entrevistado apresentou todas sem aparentar dúvidas). Fonte: o autor. b) entrevistado 2: Quadro 8 - Respostas do entrevistado 2 INFORMAÇÕES PRELIMINARES Idade: 49 anos Escolaridade:Ensino fundamental Quanto tempo você usa insulina?Há 2 anos Possui problema de visão? Sim, principalmente para leitura. Você já leu a bula da insulina? Não. Já teve complicação no uso? Não, só quando eu deixo de tomar. Aprendeu a aplica-la como? Meu filho viu as instruções na internet para mim. TESTE Qual das duas bulas você considera mais atrativa? Com certeza essa (O entrevistado apontou para a bula reestruturada). 113 Quais informações você considera mais importantes? Como aplicar, a dosagem e as reações. Consegue identificar na bula as informações que você considera mais importantes? (o entrevistado localizou todas). Qual informação chama mais atenção na bula? A quantidade, como usar, onde usar, as advertências em vermelho e o sac. Consegue identificar alguma informação na bula que você não sabia? Não sabia que tinha que deixar 3 dedos longe do umbigo e não sabia que tinha um telefone para entrar em contato caso eu tivesse dúvida. Olhando os pictogramas de instrução de uso você poderia descrevê-las? (o entrevistado apresentou todas sem aparentar dúvidas). Fonte: o autor. Percebeu-se que os dois participantes conduziram a leitura primeiramente pelos pictogramas, depois pelos títulos, pelas frases curtas e por fim pelos textos longos. Apesar dos entrevistados terem problemas na visão, eles conseguiram ler os textos tranquilamente. O que mais atraiu os olhares foram os pictogramas, porém localizaram as informações pelos títulos, o que mostra a importância da hierarquia visual na prática. Os resultados dos testes foram satisfatórios, visto que atingiu os objetivos propostos relativos à atratividade da bula, a rapidez para localizar as informações que necessitavam, o fato de encontrarem informações que eles não sabiam, e ao fácil entendimento dos itens da mesma. 114 4 RESULTADOS Nesse capítulo serão apresentados os resultados do projeto, sendo exposto a pós-concepção do projeto de design. 4.1 DIRETRIZES GRÁFICAS PARA BULAS DE MEDICAMENTOS Após o estudo realizado, esse capítulo mostra os resultados obtidos, apresentando, primeiramente, uma lista recomendações no que diz respeito à apresentação gráfica nas bulas impressas que são disponibilizadas para os pacientes junto com o medicamento no Brasil, são elas: a) o substrato precisa ser papel bíblia 45g/m² ou superior, para que não fique transparente e possa ser dobrado de maneira a ser colocado na caixa; b) utilizar a impressão offset, em cores (4x0); c) apresentar textos em português – brasileiro, em que todos os termos sejam pronunciáveis, e a direção dos textos horizontal; d) apresentar informações verbais claras, objetivas, com frases curtas, com voz ativa, sem empregar termos redundantes, utilizando uma linguagem comum e evitando termos técnicos; e) utilizar fontes legíveis. Recomenda-se a Tahoma, tamanho 10pt. para textos e 18pt para os títulos, com espaçamento entre linhas de no mínimo 12 pt. f) alinhar os textos à esquerda; g) trazer pictogramas análogos a algum objeto ou ação do mundo real, nesse sentido o leitor consegue assimilar eles com algo que ele já conheça, facilitando assim a compreensão; h) utilizar, no desenvolvimento dos pictogramas, o conceito de flat design. i) representar uma unidade formal que faça com que todos os pictogramas sejam um grupo coeso; j) ligar todos os pictogramas a algum componente verbal que os explicam, pois eles auxiliam as pessoas que possui baixa escolaridade, desperta o interesse pela leitura e não a deixa monótona; 115 k) apresentar componentes esquemáticos que arranjam e separam os elementos verbais e pictóricos na página, como fundos e linhas coloridas, bordas e números; l) utilizar cores, como o amarelo, para separar blocos de informações; o vermelho, para os elementos de alerta e advertências; o azul para os títulos; e a cor cinza para fundo e texto. Essas cores possuem o papel de atrair o olhar do leitor e transmitir a importância que possui esse documento; m) distribuir os elementos em colunas de no mínimo 10 cm de largura; n) separar os blocos de informações a uma distância de no mínimo 1cm, fazendo, assim, com que o usuário identifique o começo e o final de cada bloco; o) fazer com que a ordem de leitura seja de cima para baixo, porém deixando a cargo do leitor alternar a leitura pelas informações que ele queira saber; p) enfatizar as informações de indicação, contraindicação e posologia; q) separar as frases de advertências das demais informações; r) não interromper nenhuma instrução com quebra de coluna. 4.2 RESULTADOS DO PROJETO DE DESIGN A partir das diretrizes expostas e do projeto de design, chegou-se a apresentação dos resultados obtidos. A figura 80 mostra a visão geral da apresentação gráfica da bula (no apêndice D é possível visualizar o resultado na escala de 1:2). Ela tem as mesmas medidas da atual (310 x 730 mm), e o substrato é em papel bíblia 45g/m². A impressão deve ser realizada em impressoras offset, nas cores 4x0. 116 Figura 80 – Resultado final - apresentação gráfica Fonte: o autor. 117 Ressalta-se que a bula apresenta todas as informações textuais mínimas que a Anvisa exige na resolução do senado, número 47 de 8 de setembro de 2009. A composição visual enfatiza informações de indicação, contraindicação e posologia, depois as instruções de uso. Logo abaixo estão as informações gerais e por último são apresentadas as diretrizes legais. Ao longo da peça estão as frases de advertências, que se encontram separadas das demais informações. A proposta final apresenta as informações verbais claras, objetivas, com frases curtas, com voz ativa, sem empregar termos redundantes, utilizando uma linguagem comum e evitando termos técnicos (apêndice B). Os textos estão em português – brasileiro, todos os termos são pronunciáveis, e a direção dos textos é horizontal. A fonte utilizada foi a Tahoma, uma fonte sem serifa, que se apresenta mais legível e condensada que as demais fontes pesquisadas. Ela apresenta variações de tamanho, são elas: para textos, tamanho 10 pt., com alternâncias entre maiúsculas e minúsculas; e para os títulos, tamanho 18 pt., em maiúsculo; fogem desse padrão as informações “HUMULIN N® - Insulina Humana”, “10 Ml”, “SAC”, “0800 771 0444”. Observa-se também a utilização de variedade de pesos na fonte, como a utilização de negrito para dar ênfase. Ainda, algumas frases foram escritas em maiúsculas: “Após aberto, válido por 28 dias. Depois disso deve-se jogar fora o frasco, mesmo se ainda este contiver insulina.”, “Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde.”e “Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.”. Os espaçamentos entre linhas de textos são de 12pt. A figura 81 mostra um detalhe de parte da bula em que pode observar o contraste entre título e texto, assim como os espaçamentos propostos. 118 Figura 81 – Detalhe bula 01 – configuração dos elementos verbais Fonte: o autor. A bula proposta possui 27 elementos pictóricos vetorizados (figura 82), utilizando o conceito de flat design em sua composição. Vê-se uma unidade formal que fazem de todos os pictogramas um grupo coeso. Todos os pictogramas estão ligados a algum componente verbal que os explicam. Três cores se destacam neles, o vermelho que está presente em todos os ícones de atenção, o bege que representa partes do corpo humano, e a cor cinza que é considerada uma cor neutra, para não interferir visualmente e nem atrapalhar a leitura da bula na sua composição final. Ainda há a utilização de elementos esquemáticos, como as bordas nos ícones de instrução de uso e nas advertências e precauções, eles auxiliam a organização e divisão dos elementos ao seu redor. Também nos ícones de instrução de uso do medicamento nota-se que foram colocados números, eles ajudam na visão de sequencialidade das instruções. 119 Figura 82 – Pictogramas Fonte: o autor. As cores utilizadas na bula são: o amarelo, para separar blocos de informações; o vermelho, para os elementos de alerta e advertências; o azul para os títulos; e a cor cinza para fundo e texto (figura 83). 120 Figura 83 – Palheta de cores Fonte: o autor. A figura 84 apresenta um detalhe da bula, onde demonstra a aplicação das cores nas advertências, na separação de blocos de texto e no fundo das instruções de uso. Figura 84 – Detalhe bula 02 – configuração das cores como elemento esquemático Fonte: o autor. Os elementos foram distribuídos em três colunas, sendo duas de 11 cm de largura e uma coluna de 5 cm largura (para as instruções de uso), com espaçamentos entre colunas e blocos de informações de 1 cm (figura 85). Os textos 121 foram alinhados a esquerda. Nenhuma instrução é interrompida por quebra de coluna. Figura 85 – Divisão dos blocos de informações da proposta Fonte: o autor. 122 A figura 86 mostra a comparação entre a bula atual e a proposta desse trabalho. Figura 86 - Comparação entre a bula atual e a proposta Fonte: o autor. 123 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo da pesquisa os objetivos foram sendo esmiuçados através do estudo sobre os elementos do design da informação e o conhecimento adquirido sobre a estrutura e a legislação referente à forma e conteúdo de bulas de medicamentos. Identificaram-se os pontos críticos no que diz respeito ao interesse e compreensão dos usuários no contexto de uso. E, por conseguinte, apresentou um estudo de caso da bula do medicamento Humulin N – insulina humana, onde se analisou sua estrutura gráfica e desenvolveu-se uma proposta de apresentação visual de seus elementos, em que se aplicaram todos os conceitos estudados. Ao decorrer do trabalho compreendeu-se a amplitude do tema e da proposta inicial, pois o desafio maior foi unir informações técnicas da medicina e diretrizes jurídicas com o design, para compor a função principal da bula que é o de instruir, deixando esse documento acessível e de fácil assimilação à população que possui diferentes níveis de escolaridade. Sendo possível observar que o design saiu de uma posição de “ferramenta estética” e tomou frente à gestão estratégica que pode a vir melhorar a vida do cidadão. A metodologia de pesquisa qualitativa supriu as necessidades exploratórias, pois, como o estudo foi voltado para a população geral, as pesquisas, entrevistas e testes realizados foram de grande valia, porque se viu a perspectiva do usuário e identificaram-se falhas na compreensão da bula. Ainda, a pesquisa prática aplicada contribuiu para o entendimento e o cumprimento dos resultados finais, visto que os testes realizados com os consumidores surgiram efeitos positivos diante do interesse, compreensão e interação com a bula. Considera-se que o presente trabalho solucionou o problema da falta de estímulos para o interesse e a compreensão na leitura de bulas pelos pacientes, pois todos os objetivos foram alcançados e o resultado final está condizente com a proposta inicial. Através das considerações desse estudo, afirma-se que o projeto pode ser aplicado em situações reais, onde os fabricantes de medicamentos poderiam analisar os conhecimentos dessa pesquisa e disponibilizar aos consumidores um acesso às informações mais fácil e compreensível, estimulando a adesão ao tratamento correto do medicamento. E, ainda, o estudo poderá servir como 124 referência para uma alteração na resolução nacional sobre as bulas de medicamentos. Sugere-se, para os próximos estudos, a inserção de pesquisas sobre diferentes formatos e substratos para a aplicação da bula impressa, e ainda o aprofundamento dos estudos referentes a outros meios de transmissão das informações, como o digital, por exemplo. E por fim, o referencial teórico presente no capítulo 2 pode servir como base para o desenvolvimento de qualquer peça gráfica que tenha o intuito de instruir. 125 REFERÊNCIAS ANVISA. Guia de Redação de Bula. Brasilia, 2009. Disponível em: <http://anvisa.gov.br/medicamentos/bulas/guia_redacao.pdf>. Acesso em: 06 de set. de 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESIGN DA INFORMAÇÃO. O que é design da informação, [20--]. Disponível em: <http://www.sbdi.org.br/>. Acesso em: 24 ago. 2014. BAYER, Você conhece bem a insulina?. Rio de Janeiro: Portal Diabetes, 2013. Disponível em: <http://www.portaldiabetes.com.br/diabetes/insulina/voce-conhecebem-insulina/>. Acesso em: 21 set. 2014. BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n. 47, de 8 de set. de 2009. Estabelece regras para elaboração, harmonização, atualização, publicação e disponibilização de bulas de medicamentos para pacientes e para profissionais da saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 de set. de 2009. Disponível em: <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?data=19/01/2010&jornal=1&pagin a=36&totalArquivos=72>. Acesso em 04 de set. de 2014. BRASIL. Decreto n. 5.903, de 20 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004, e a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre as práticas infracionais que atentam contra o direito básico do consumidor de obter informação adequada e clara sobre produtos e serviços no art. 84, inciso IV, da Constituição. Diário Oficial da União, Brasilia, DF, 20 set. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/Decreto/D5903.htm>. Acesso em 26 ago. 2014. CINTRA, Adriana Dominici. Bulas de medicamentos alemãs e brasileiras em contraste: alguns resultados da análise linguística. Pandaemonium, São Paulo, v. 15, n. 20, Dez. /2012, p. 224-261. 2012. 126 CO.DESIGN. How A Redesigned Electricity Bill Could Make You Smarter And Save Cash, 2012. Disponível em: <http://www.fastcodesign.com/1669931/how-aredesigned-electricity-bill-could-make-you-smarter-and-save-cash>. Acesso em: 05 out. 2014. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. CRF-SP. Campanhas de Educação em Saúde, 2014. Disponível em: <http://portal.crfsp.org.br/sobre-o-crf-sp/campanhas.html>. Acesso em: 05 out. 2014. DALL‟ANTONIA, C.; ZANETTI, M.L. Auto-aplicação de insulina em crianças portadoras de diabetes mellitus tipo 1. Revista Latino-americana de enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 3, jul 2000. DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. DENTAL PRESS EDITORA, Anvisa quer receita para tarja vermelha, 2012. Disponível em: <http://www.dentalpress.com.br/noticias.php?id=10073>. Acesso em 25 out. 2014. DIDONET, Juliana. Avaliação da bula de medicamentos sob a ótica dos idosos. Monografia de pós-graduação pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas - UFRS, Porto Alegre, 2007. FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgar Brucher, 1982. FRASCARA, J. Diseño Gráfico y Comunicacion. Buenos Aires: Infinito, 2000. FUJITA, Patricia Tieme Lopes; MACHADO, Carlos José Saldanha. As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de 127 medicamentos no brasil. Inf. & Soc.: Est., João Pessoa, v.23, n.3, p. 89-108, set./dez. 2013. FUJITA, Patrícia Tiemi Lopes. A comunicação visual de bulas de remédios: análise ergonômica da diagramação e forma tipográfica com pessoas de terceira idade. InfoDesign Revista Brasileira de Design da Informação. 2004. FUJITA, Patrícia Tiemi Lopes. Análise da apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de medicamento na perspectiva de leitura do paciente em contexto de uso. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2009. GOMES-PALACIO, Bryony. A Referência no design gráfico. São Paulo: Brucher, 2011. KOPP, Rudinei. Design gráfico Cambiante. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Princípios Universais do design. Porto Alegre: Bookman, 2010. LOBACK, Bernard. Design industrial: base para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgard Bruncher, 2001. LYNCH, Patrick J. HORTON Sarah. Visual Design. In: Web Style Guide, 2008. Disponível em: <http://www.webstyleguide.com/wsg3/7-page-design/3-visualdesign.html> . Acesso em: 20 out. 2014. MAIA, T. C. Conteúdo ou forma? Um estudo sobre a influência da familiaridade com a linguagem pictórica e o conteúdo informacional na compreensão de sequência pictórica de procedimento. Infodesign, Recife, v. 2, n. 1, p. 41-45, 2005. MEDEIROS, João Bosco. Redação Empresarial. 3ed. São Paulo: Atlas, 1998. 128 MORESI, Eduardo. Metodologia da Pesquisa. Monografia de pós-graduação pelo Programa de pós-graduação Strictus Sensus em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação – UCB, Brasilia, DF, 2003. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. NIEMEYER, Lucy. Elementos de semiótica aplicados ao design. Rio de Janeiro: 2AB, 2003. O GLOBO. Número de diabéticos no Brasil cresceu 40% em seis anos. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/numero-dediabeticos-no-brasil-cresceu-40-em-seis-anos-10781394>. Acesso em: 22 set. 2014. OUROFINO. Você sabe tudo sobre Mastite?, 2013. Disponível em: <http://www.ourofino.com/blog/voce-sabe-tudo-sobre-mastite/>. Acesso em: 05 out. 2014. PÁDUA, Isabel Campos Araújo; NAGEM, R. L.. Analogias, Metáforas e a Construção de Conceitos Técnico-Científicos. In: 26ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação-ANPED, 2003, Poços de Caldas. Anais da 26ª ANPED, 2003. PÉRES, Denise Siqueira, at. Al. Dificuldades dos pacientes diabéticos para o controle da doença: sentimentos e comportamentos. Revista Latino-americana de Enfermagem, nov-dez 2007. Disponível em: <www.eerp.usp.br/rlae>. Acesso em: 17 out 2014. REDIG, Joaquim. Não há cidadania sem informação, nem informação sem design. Revista Brasileira de Design da Informação, n. 1, 2004. RENNEBERG, Mônica; GONÇALVES, Berenice Santos; GONÇALVES, Marília Matos. Design, Design da Informação e Design Instrucional: uma discussão 129 necessária à evolução de um Curso a Distância. São Paulo: Rosali, Universidade Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp – Bauru, 2008. ROVER, Ardinete. Diretrizes para elaboração de trabalhos científicos. Joaçaba: Editora Unoesc, 2013. SANTOS, Flávio Anthero Nunes Vianna dos. MD3E (Método de Desdobramento em 3 Etapas): Uma Proposta de Método Aberto de Projeto para Uso no Ensino de Design Industrial. Tese de doutorado – PPGEP-UFSC, Florianópolis, SC, 2005. SCARIOT, Cristiele; SCHLEMMER, André. Sobre a objetividade prática do Design da Informação. 2º GAMPI PLURAL, Univille, Joinville, SC, 2012. SILVA, Charles Ricardo Leite da. Contribuições da ergonomia cultural para a representação gráfica em advertências de medicamentos. Dissertação de mestrado – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Design, Recife, 2008. SINITOX. Casos Registrados de Intoxicação Humana por Agente Tóxico e Circunstância. Brasil, 2011. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox/media/Tabela%206.pdf>. Acesso em: 20 out 2014. SOUZA, Ana Cristina Azevedo dos Santos. Desenho instrucional: a ilustração para design da informação – uma proposta didática para Ensino Superior. 268 p. Tese (Doutorado em Artes) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2009. SPINILLO, Carla Galvão; PADOVANI, Stephania; LANZONI, Cristine. Ergonomia informacional em bulas de medicamentos e na tarefa de Uso: um estudo sobre fármaco em suspensão oral. Ação Ergonômica: revista brasileira de ergonomia, Universidade Federal do Paraná, v. 5, n. 1, 2009. STACCIARINI, Thaís Santos Guerra; HAAS, Vanderlei José; PACE, Ana Emilia. Fatores associados à auto-aplicação da insulina nos usuários com diabetes mellitus acompanhados pela Estratégia Saúde da Família. Cad. Saúde Pública, vol. 24, n. 130 6. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008000600012>. Acesso em: 09 nov 2014. UOL. Dia Mundial do Diabetes: Brasil já é o quarto país em número de casos. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimasnoticias/redacao/2013/11/14/dia-mundial-do-diabetes-brasil-ja-e-o-quarto-pais-nomundo-com-mais-casos.htm> . Acesso em: 22 set. 2014. USP. The United States Pharmacopeial Convention Inc, 1998. Disponível em: <http://www.usp.org/audiences/consumers/pictograms/form.html>. Acesso em: 15 out. 2014. VAN DER WAARDE, K. The graphic presentation of patient package inserts. Visual information for everyday use: Design and research perspectives. Londres: Taylor & Francis, 1999. VILLA-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] design gráfico. Ed. 3. Rio de Janeiro: 2AB, 2000. WILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer: princípios de design e tipografia para iniciantes. Ed. 4, São Paulo: Callis ed., 2013. YAHOO MULHER. Conheça o ácido salicílico, o remédio para acne, 2013. Disponível em: <https://br.mulher.yahoo.com/conhe%C3%A7a-o-%C3%A1cidosalic%C3%ADlico--o-rem%C3%A9dio-para-acne-132220251.html> . Acesso em: 05 out. 2014. 131 APÊNDICE A – Pesquisa com o consumidor Participante 1: Mulher - 23 anos Escolaridade: Superior incompleto Você Lê bulas de medicamentos? Não Por quê? Por que é muito chato e não consigo entender nada. O que falta ou o que poderia melhorar? Palavras mais coloquiais. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 2: Homem – 26 anos Escolaridade: Pós-graduado Você Lê bulas de medicamentos? Sim Lê toda a bula ou parte dela? Apenas a parte que me interessa Qual (is)? Efeitos Colaterais e dosagem. Tem alguma dificuldade: Há muitas informações e são difíceis de achá-las. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 3: Mulher – 23 anos Escolaridade: Superior incompleto Você Lê bulas de medicamentos? Sim Lê toda a bula ou parte dela? Apenas a parte que me interessa Qual (is)? Contra indicações e efeitos se ingeridos com outros produtos. Tem alguma dificuldade: Muitos termos técnicos. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 4: Mulher – 25 anos Escolaridade: 2º grau completo. Você Lê bulas de medicamentos? Sim, principalmente de medicamentos para meu filho. Lê toda a bula ou parte dela? Apenas a parte que me interessa Qual (is)? Benefícios, se pode causar alergias e as contra indicações. Tem alguma dificuldade: Muitos termos técnicos. Muito longa, acaba confundindo. O que falta ou o que poderia melhorar? Letras maiores, destaque nos itens mais importantes, chamar mais atenção para a leitura. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 5: Mulher – 24 anos Escolaridade: 2º grau completo. Você Lê bulas de medicamentos? Sim. Lê toda a bula ou parte dela? Apenas a parte que me interessa Qual (is)? Como tomar e efeitos colaterais. Tem alguma dificuldade: Muitas palavras técnicas e fonte muito pequena. O que falta ou o que poderia melhorar? Linguagem mais popular. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 6: Mulher - 27 anos Escolaridade: Pós-graduação incompleta 132 Você Lê bulas de medicamentos? Não Por quê? Extensas e pouco objetivas. O que falta ou o que poderia melhorar? Ser mais clara e com letras maiores, com mais ilustrações e que chamasse mais atenção. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 7: Mulher – 21 anos Escolaridade: Graduação incompleta. Você Lê bulas de medicamentos? Sim. Lê toda a bula ou parte dela? Apenas a parte que me interessa Qual (is)? Composição e para quê serve. Tem alguma dificuldade: Muita informação. O que falta ou o que poderia melhorar? As informações deveriam estar na embalagem/cartela. E ter mais imagens ilustrativas. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 8: Mulher – 17 anos Escolaridade: Graduação incompleta. Você Lê bulas de medicamentos? Sim. Por que a bula tem informações mais completas que uma conversa com o médico, e eu não guardo tudo que ele diz, então recorro a bula. Lê toda a bula ou parte dela? Leio completa. Tem alguma dificuldade: Composição tem uns nomes difíceis. O que falta ou o que poderia melhorar? Em relação ao conteúdo não falta nada. Talvez tirar as informações repetidas, uma maneira de dobrar melhor e deixar os efeitos colaterais menos assustadores. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 9: Homem - 24 anos Escolaridade: Graduação incompleta Você Lê bulas de medicamentos? Não Por quê? Têm muita informação técnica letras pequenas. O que falta ou o que poderia melhorar? Gostaria de saber mais sobre os benefícios e precauções com mais clareza. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 10: Mulher – 32 anos Escolaridade: 2º grau completo. Você Lê bulas de medicamentos: Sim, principalmente quando é algum medicamento para o meu filho. Lê toda a bula ou parte dela? Só a parte que me interessa. Qual? Contra indicação. Tem alguma dificuldade: São muito complicadas. O que falta ou o que poderia melhorar? Ser mais descomplicadas e mais detalhadas. Você leria se fosse mais atrativa? Sim Participante 11: Mulher - 25 anos Escolaridade: Pós-graduação incompleta 133 Você Lê bulas de medicamentos? Não Por quê? Ouço apenas as indicações do médico. O que falta ou o que poderia melhorar? Apresentar melhor os sintomas. Você leria se fosse mais atrativa? Sim. Participante 12: Mulher – 33 anos Escolaridade: Graduação incompleta. Você Lê bulas de medicamentos: Sim. Lê toda a bula ou parte dela? Só a parte que me interessa. Qual (is)? Indicação, contra indicação e efeitos colaterais. Tem alguma dificuldade: Sim, linguagem e tamanho das letras. Disposição das informações e ela é muito grande. O que falta ou o que poderia melhorar? Mais alegre, com mais instruções visuais e mais resumidas. Você leria se fosse mais atrativa? Sim 134 APÊNDICE B – Texto reestruturado da bula do HUMALIN N HUMULIN N - insulina humana – 10 mL (1mL = 100un.) HUMULIN N é um medicamento indicado para o tratamento de pacientes com diabetes para controle da taxa de glicose no organismo. O que é insulina? A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas (glândula situada perto do estômago). Este hormônio é necessário para o aproveitamento do açúcar pelo organismo. O diabetes ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente para suprir as necessidades do organismo. Para controlar o diabetes, o médico receita injeções de insulina para manter a taxa de glicose (açúcar) no sangue próxima ao normal. COMPOSIÇÃO Cada ml contém: 100 unidades de insulina humana. Diluentes: metacresol, glicerol, fenol, sulfato de protamina, fosfato de sódio dibásico, óxido de zinco, água para injeção q.s.p. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO? HUMULIN N não é indicado nos casos de hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue) e em pacientes alérgicos à insulina humana ou a qualquer um dos componentes da fórmula do medicamento (a menos que seja usado como parte de um programa de dessensibilização). DOSAGEM O médico determinará a dose de HUMULIN N que você deve usar, de acordo com as suas necessidades. Pacientes que utilizam HUMULIN N poderão requerer mudança da dose, junto ao medico, em relação às doses de outras insulinas usadas anteriormente. Respeite sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico. COMO USAR Preparo da dose Verifique sempre, na embalagem e no rótulo, o nome do produto e a letra que identifica a insulina para ter certeza de que é a mesma receitada pelo médico. 1. Lave as mãos. 2. Agite o frasco de HUMULIN N cuidadosamente, com movimentos rotativos, de maneira que o conteúdo seja uniformemente misturado. Após agitar suavemente, o conteúdo deve estar turvo ou leitoso. 3. Ao usar um frasco novo, retire o plástico protetor, mas não remova a tampa de borracha. Limpe a superfície da rolha de borracha com álcool. 4. Aspire uma quantidade de ar na seringa igual à dose de insulina a ser usada. Perfure a tampa de borracha do frasco de insulina e injete o ar. 5. Inverta o frasco e a seringa. Segure firme o frasco e a seringa com uma das mãos. Ao confirmar que a ponta da agulha está dentro da insulina, aspire a dose correta de insulina. 135 6. Antes de retirar a agulha do frasco, verifique se há formação de bolhas. Estas podem reduzir a quantidade de insulina. Se houver bolhas, segure a seringa com a ponta para cima. Depois bata na lateral da seringa levemente com os dedos para que as bolhas atinjam a parte superior do líquido, para serem expulsas com o êmbolo. Corrija a dose. 7. Limpe a pele com álcool, no local onde você for aplicar a injeção. Estabilize a pele, pressionando o local. 8. Insira a agulha de acordo com as instruções médicas. Empurre o êmbolo até o fundo. 9. Retire a agulha e pressione o local da injeção suavemente por 5 segundos. Não esfregue a área. O uso subcutâneo deve ser na parte superior dos braços, coxas, nádegas ou no abdômen (3 dedos longe do umbigo). Importante: - Não use este medicamento se o material permanecer no fundo do frasco após a agitação. - Não use este medicamento se houver grumos em suspensão (soltos) no líquido após a agitação. - Não use este medicamento se partículas no fundo ou na parede derem ao frasco um aspecto fosco (embaçado). Importante: Para evitar danos à pele, aplique a próxima injeção a uma distância de pelo menos um centímetro da anterior, alternando os locais de injeção, de maneira que o mesmo local não seja utilizado mais que uma vez por mês. Importante: Ao injetar HUMULIN N, tome cuidado para não atingir nenhum vaso sanguíneo. TEMPO DE AÇÃO DO MEDICAMENTO Tempo de ação de qualquer insulina pode variar consideravelmente em diferentes indivíduos ou em diferentes momentos no mesmo indivíduo. Como ocorre com todas as preparações de insulina, a duração de ação do HUMULIN N depende da dose, local de aplicação, disponibilidade sanguínea, temperatura e atividade física. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS O médico deve ser consultado caso você utilize outros medicamentos além da insulina humana. As necessidades de insulina podem se modificar em decorrência do uso de outros medicamentos, juntamente com a insulina. Importante: O consumo de bebidas alcoólicas pode causar hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue) em usuários de insulina. Importante: Nenhum estudo foi conduzido para investigar a possível interação entre HUMULIN N e plantas medicinais, nicotina, exames laboratoriais e não laboratoriais Importante: Informe ao seu médico, ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento. Importante: Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde. ONDE, COMO E POR QUANTO TEMPO POSSO GUARDAR ESTE MEDICAMENTO? Deve-se guardar o frasco de HUMULIN N em um refrigerador (2 a 8°C), mas não no congelador. 136 Proteger da luz. Nestas condições, o frasco de HUMULIN N tem o prazo de validade de 36 meses. Não use HUMULIN N se tiver sido congelado. Se não for possível a refrigeração, você pode manter o frasco de HUMULIN N que está sendo usado, em lugar o mais fresco possível (abaixo de 30°C), longe do calor e da luz solar direta. Importante: Após aberto, válido por 28 dias. Depois disso deve-se jogar fora o frasco, mesmo se ainda este contiver insulina. Importante: Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem. O QUE DEVO FAZER QUANDO EU ME ESQUECER DE USAR ESTE MEDICAMENTO? Consulte seu médico caso haja o esquecimento da aplicação de uma dose ou a aplicação de uma dosagem maior que a recomendada. QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE ME CAUSAR? HIPOGLICEMIA (baixa quantidade de açúcar no sangue) Sintomas: Hipoglicemia leve a moderada, podem ocorrer de repente e incluem: sudorese (suor), tontura, palpitação, tremor, fome, incapacidade de concentração, dor de cabeça, distúrbios do sono, ansiedade, visão embaçada, humor deprimido, irritabilidade, comportamento anormal, movimentos instáveis, alterações de personalidade, entre outros. A hipoglicemia grave pode levar à perda da consciência e, em casos extremos, à morte. Tratamento: hipoglicemia leve a moderada pode ser tratada por meio da ingestão de comida ou bebida que contenha açúcar. Os pacientes devem sempre levar consigo uma fonte rápida de açúcar, tais como balas ou tabletes de glicose. A hipoglicemia mais grave leva o paciente a necessitar da assistência de outra pessoa. HIPERGLICEMIA (alta quantidade de glicose no sangue) pode ocorrer se o organismo tiver pouca insulina. ALERGIA NO LOCAL DA APLICAÇÃO reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento): Alergia no local da aplicação. LIPODISTROFIA (falta de desenvolvimento do tecido subcutâneo) no local da aplicação de insulina. Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento): EDEMA (acúmulo de líquido) foram relatados com terapia de insulina, especialmente em pacientes com controle metabólico previamente ruim e que melhoraram através da intensificação da terapia com insulina. O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA QUANTIDADE MAIOR DO QUE A INDICADA DESTE MEDICAMENTO? A utilização de uma dose muito alta do medicamento pode causar hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue), acompanhada por sintomas que incluem apatia (falta de interesse para efetuar qualquer esforço físico ou mental), confusão, palpitações, suor, vômitos e dor de cabeça. Os casos de hipoglicemia leve podem ser tratados geralmente com glicose oral. Podem-se tratar episódios mais graves, como convulsões e coma, com glucagon via intramuscular/subcutânea ou com glicose concentrada via intravenosa. Pode ser necessária uma 137 ingestão contínua de carboidratos (açúcares e amido) e observação, uma vez que a hipoglicemia pode ocorrer após uma aparente recuperação clínica. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES Gravidez: Este medicamento não deve ser usado por mulheres grávidas, ou amamentando, sem orientação médica. Uso em crianças: Não existem precauções desse medicamento para o uso em crianças. O uso em crianças menores de 3 anos não foi estudado. Insuficiência renal (mau funcionamento dos rins): Pode-se reduzir a quantidade necessária de insulina para pacientes com insuficiência renal. Insuficiência hepática (mau funcionamento do fígado): Deve-se fazer um controle cuidadoso dos valores de glicose e ajustar a dose de insulina. Mudança nas atividades e/ou na dieta: Um ajuste na dose pode ser necessário. Exercícios: Podem diminuir a necessidade de insulina durante e algum tempo após a atividade física. Exercícios podem também acelerar o efeito da dose. Viagem: Pessoas que viajam para locais com diferença de mais de 2 fusos horários devem consultar seu médico a respeito dos ajustes do esquema de insulina. Capacidade de operar máquinas: A capacidade de concentração e reação do paciente podem estar prejudicadas como resultado de hipoglicemia. Importante: Este medicamento pode causar doping. Importante: Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças. - Apesar do diabetes, o paciente pode levar uma vida ativa e saudável, se seguir uma dieta diária balanceada, exercitar-se regularmente e tomar as injeções de insulina exatamente como determinadas pelo médico. - O diabético deve fazer testes de glicemia (glicose no sangue) ou glicosúria (glicose na urina) regularmente. Se os testes no sangue mostrarem taxas de glicose consistentemente alteradas (acima ou abaixo do normal) ou se os testes na urina mostrarem constantemente a presença de glicose, isto é um sinal de que o diabetes não está controlado e o paciente deve levar este fato ao conhecimento do médico. - Tenha sempre à mão um suprimento extra de insulina e os dispositivos corretos para aplicação. - Use uma identificação de que é diabético, para que se possa prestar um atendimento adequado, caso ocorra qualquer complicação quando estiver fora de casa. Registro MS – 1.1260.0057 Farm. Resp.: Márcia A. Preda – CRF-SP nº 19189 Fabricado por: ELI LILLY AND COMPANY – Indianápolis – EUA Embalado e Registrado por: ELI LILLY DO BRASIL LTDA. Av. Morumbi, 8264 – São Paulo, SP Indústria Brasileira CNPJ 43.940.618/0001-44 Venda sob prescrição médica. 138 APÊNDICE C – Formulário para averiguação dos pictogramas de instrução de uso 139 140 APÊNDICE D – Resultado do projeto 141 ANEXO A – Significado psicológico das cores BRANCO • Simboliza a luz, e nunca é considerado cor, pois de fato não é. Se para os ocidentais simboliza a vida e o bem, para os orientais é a morte, o fim, o nada. Representa também, para nós, ocidentais, o vestíbulo do fim, isto é o medo ou representa um espaço (entrelinhas). PRETO • Associação material: sujeira, sombra, enterro, noite, carvão, fumaça, condolência, morto, fim, coisas escondidas. • Associação afetiva: mal, miséria, pessimismo, sordidez, tristeza, frigidez, desgraça, dor, temor, negação, melancolia, opressão, angústia, renúncia, intriga. É expressivo e angustiante ao mesmo tempo. É alegre quando combinado com certas cores. Às vezes tem conotação de nobreza, seriedade. CINZA • Associação material: pó, chuva, ratos, neblina, máquinas, mar sob tempestade. • Associação afetiva: tédio, tristeza, decadência, velhice, desânimo, seriedade, sabedoria, passado, finura, pena aborrecimento, carência vital. • Simboliza a posição intermédia entre a luz e a sombra. Não interfere junto às cores em geral. VERMELHO • Associação material: rubi, cereja, guerra, lugar, sinal de parada, perigo, vida, Sol, fogo, chama, sangue, combate, lábios, mulher, feridas, rochas vermelhas, conquista, masculinidade. • Associação afetiva: dinamismo, força, baixeza, energia, revolta, movimento, barbarismo, coragem, furor, esplendor, intensidade, paixão, vulgaridade, poderio, vigor, gloria, calor, violência, dureza, excitação, ira, interdição, emoção, ação, agressividade, alegria comunicativa, extroversão. Simboliza uma cor de aproximação, de encontro. LARANJA (Corresponde ao vermelho Moderado) • Associação material: outono, laranja, fogo, pôr do Sol, luz, chama, calor, festa, perigo, aurora, raios solares, robustez. • Associação afetiva: força, luminosidade, dureza, euforia, energia, alegria, advertência, tentação, prazer, senso de humor. • Simboliza o flamejar do fogo. AMARELA • Associação material: flores grandes, terra argilosa, palha, luz, topázio, verão, limão, chinês, calor de luz solar. • Associação afetiva: iluminação, conforto, alerta, gozo, ciúme, orgulho, esperança, idealismo, egoísmo, inveja, ódio, adolescência, espontaneidade, variabilidade, euforia, originalidade, expectativa. • Simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções. VERDE • Associação material: umidade, frescor, diafaneidade, primavera, bosque, águas claras, folhagem, tapete de jogos, mar verão, planície, natureza. VERDE AZULADO • Associação afetiva: persistência, arrogância, obstinação, amor próprio, elasticidade da vontade. AZUL • Associação material: montanhas longínquas, frio, mar, céu, gelo, feminilidade, águas tranquilas. • Associação afetiva: espaço, viagem, verdade, sentido, afeto, intelectualidade, paz, advertência, precaução, serenidade, infinito, meditação, confiança, amizade, amor, fidelidade, sentimento profundo • É a cor do céu sem nuvens. Dá a sensação do movimento para o infinito. ROXO • Associação material: noite, janela, igreja, aurora, sonho, mar profundo. • Associação afetiva: fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, egoísmo, grandeza, misticismo, espiritualidade, delicadeza, calma. MARROM • Associação material: terra, águas lamacentas, outono, doença, sensualidade, desconforto. • Associação afetiva: pesar, melancolia, resistência, vigor. • Marrom, do francês marrom (castanho). 142 ANEXO B – Orçamento de impressos (4x0 e 1x0) 143 ANEXO C - Bula do medicamento HUMULIN N (parte 01/03) 144 ANEXO D - Bula do medicamento HUMULIN N (parte 02/03) 145 ANEXO E - Bula do medicamento HUMULIN N (parte 03/03) 146 ANEXO F – Texto da bula do medicamento HUMULIN N HUMULIN N - insulina humana (derivada de ADN* recombinante) D.C.B. 04918 APRESENTAÇÕES Preparação aquosa para administração subcutânea contendo 100 unidades (U-100) de insulina humana (ADN* recombinante) por mL. Está disponível em embalagem contendo 1 frasco de vidro tipo I com 10 mL de suspensão. EXCLUSIVAMENTE PARA ADMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 3 ANOS COMPOSIÇÃO Cada mL contém: 100 unidades de insulina humana derivada de ADN* recombinante. Excipientes: metacresol, glicerol, fenol, sulfato de protamina, fosfato de sódio dibásico, óxido de zinco, água para injeção q.s.p. *ADN = Ácido Desoxirribonucléico INFORMAÇÕES AO PACIENTE PARA QUE ESTE MEDICAMENTO FOI INDICADO? HUMULIN N é indicado para o tratamento de pacientes com diabetes mellitus para controle da taxa de glicose no organismo. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA? A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas (glândula situada perto do estômago). Este hormônio é necessário para o aproveitamento do açúcar pelo organismo. O diabetes ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente para suprir as necessidades do organismo. Para controlar o diabetes, o médico receita injeções de insulina para manter a taxa de glicose (açúcar) no sangue próxima ao normal. O controle adequado do diabetes requer rigorosa e constante cooperação do paciente com o médico. Apesar do diabetes, o paciente pode levar uma vida ativa e saudável, se seguir uma dieta diária balanceada, exercitar-se regularmente e tomar as injeções de insulina exatamente como determinadas pelo médico. O diabético deve fazer testes de glicemia (glicose no sangue) ou glicosúria (glicose na urina) regularmente. Se os testes no sangue mostrarem taxas de glicose consistentemente alteradas (acima ou abaixo do normal) ou se os testes na urina mostrarem constantemente a presença de glicose, isto é um sinal de que o diabetes não está controlado e o paciente deve levar este fato ao conhecimento do médico. Tenha sempre à mão um suprimento extra de insulina e os dispositivos corretos para aplicação. Use uma identificação de que é diabético, para que se possa prestar um atendimento adequado, caso 147 ocorra qualquer complicação quando estiver fora de casa. O tempo de ação de qualquer insulina pode variar consideravelmente em diferentes indivíduos ou em diferentes momentos no mesmo indivíduo. Como ocorre com todas as preparações de insulina, a duração de ação do HUMULIN N depende da dose, local de aplicação, disponibilidade sanguínea, temperatura e atividade física. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO? HUMULIN N não é indicado nos casos de hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue) e em pacientes alérgicos à insulina humana ou a qualquer um dos componentes da fórmula do medicamento (a menos que seja usado como parte de um programa de dessensibilização). O QUE DEVO SABER ANTES DE USAR ESTE MEDICAMENTO? Advertências e Precauções Pacientes que utilizam HUMULIN N poderão requerer mudança da dose em relação às doses de outras insulinas usadas anteriormente. Qualquer mudança de insulina deve ser feita com cuidado e somente com orientação médica. Alterações na concentração, tipo (regular, NPH, etc.), espécie (animal, humana, análoga à insulina humana) ou método de fabricação (insulina derivada de ADN* recombinante versus animal) podem resultar na necessidade de uma mudança na dose prescrita de HUMULIN N. A dose habitual de HUMULIN N pode ser afetada por alterações na alimentação, atividade ou esquema de trabalho. Siga cuidadosamente as instruções médicas para adequar-se a essas mudanças. Os fatores a seguir também podem afetar a dose de HUMULIN N. Doença: Qualquer doença, principalmente na presença de náusea e vômito, pode causar alteração na necessidade de insulina. Mesmo se você não comer, ainda assim necessitará de insulina. Você e seu médico devem estabelecer um plano para os dias em que estiver doente. Quando você se sentir mal, teste sua glicose no sangue/urina e procure seu médico. Gravidez: O controle do diabetes é especialmente importante para você e seu bebê. A gravidez pode tornar o controle do diabetes mais difícil. Se você planeja ter um bebê, está grávida ou está amamentando, consulte o seu médico. Caso você esteja amamentando, você pode necessitar fazer ajustes de dose, de dieta ou ambos. Este medicamento não deve ser usado por mulheres grávidas, ou amamentando, sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Informe seu médico se ocorrer gravidez durante o tratamento com HUMULIN N. As pacientes diabéticas que estejam grávidas ou amamentando podem necessitar de um ajuste de dose de insulina ou na dieta. Uso em crianças: Não existem precauções especiais para o uso de HUMULIN N em crianças. O uso de HUMULIN N em crianças menores de 3 anos não foi estudado. O uso deste medicamento nesta população específica deve ocorrer sob supervisão médica. Uso em pacientes com insuficiência renal (mau funcionamento dos rins): Pode-se reduzir a quantidade necessária de insulina para pacientes com insuficiência renal. 148 Uso em pacientes com insuficiência hepática (mau funcionamento do fígado): Deve-se fazer um controle cuidadoso dos valores de glicose e ajustar a dose de insulina em pacientes com insuficiência hepática Mudança nas atividades e/ou na dieta: Um ajuste na dose pode ser necessário se os pacientes aumentarem sua atividade física e/ou mudarem a dieta usual. Exercícios: Exercícios podem diminuir a necessidade de insulina durante e algum tempo após a atividade física. Exercícios podem também acelerar o efeito de uma dose de HUMULIN N, especialmente se o exercício envolver a área do local da injeção. Converse com seu médico sobre o ajuste das doses para o período de exercícios. Medicamentos: Alguns medicamentos podem interferir na necessidade de insulina. Converse com seu médico a respeito disso. Uso de uma Tiazolidinediona (TZD) em combinação com insulina: O uso de TZD em combinação com insulina está associado com o aumento do risco de edema e falência cardíaca, especialmente em pacientes com doença cardíaca subjacente. Viagem: Pessoas que viajam para locais com diferença de mais de 2 fusos horários devem consultar seu médico a respeito dos ajustes do esquema de insulina. Efeito sobre a capacidade de operar máquinas: A capacidade de concentração e reação do paciente podem estar prejudicadas como resultado de hipoglicemia. Isto é particularmente importante para os pacientes que tenham ausência ou baixa percepção de sintomas de alerta de hipoglicemia ou episódios frequentes de hipoglicemia. A capacidade de dirigir nestas circunstâncias deve ser avaliada. Este medicamento pode causar doping. Interações medicamentosas O médico deve ser consultado caso você utilize outros medicamentos além da insulina humana. As necessidades de insulina podem se modificar em decorrência do uso de outros medicamentos, juntamente com a insulina, como: anticoncepcionais orais (medicamentos que evitam a gravidez), corticosteroides (tipo de hormônio com ação anti-inflamatória ou de imunossupressão [substâncias que reduzem ou impedem a resposta do sistema de defesa do organismo]), terapia de reposição tireoideana (medicamentos para tireoide), agentes antidiabéticos orais (medicamentos que reduzem o açúcar no sangue), salicilatos (um tipo de anti-inflamatório e analgésico), antibióticos do tipo sulfa e antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (medicamentos que tratam a depressão), inibidores da enzima conversora de angiotensina e bloqueadores do receptor da angiotensina II (medicamentos que controlam a pressão sanguínea). O consumo de bebidas alcoólicas pode causar hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue) em usuários de insulina. Alterações na alimentação podem afetar a dose usual de HUMULIN N. Nenhum estudo foi conduzido para investigar a possível interação entre HUMULIN N e plantas medicinais, nicotina, exames laboratoriais e não laboratoriais (ver também Advertências e Precauções). 149 Informe ao seu médico, ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento. Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde. ONDE, COMO E POR QUANTO TEMPO POSSO GUARDAR ESTE MEDICAMENTO? Deve-se guardar o frasco de HUMULIN N em um refrigerador (2 a 8°C), mas não no congelador. Proteger da luz. Nestas condições, o frasco de HUMULIN N tem o prazo de validade de 36 meses. Não use HUMULIN N se tiver sido congelado. Se não for possível a refrigeração, você pode manter o frasco de HUMULIN N que está sendo usado, em lugar o mais fresco possível (abaixo de 30°C), longe do calor e da luz solar direta. Após um período de 28 dias, deve-se jogar fora o frasco, mesmo se ainda este contiver insulina. Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem. Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original. Após aberto, válido por 28 dias. Aspecto físico Você encontra HUMULIN N em frasco de vidro, com 10 mL de suspensão. Características organolépticas HUMULIN N é um líquido leitoso e estéril (livre de germes). Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. Caso ele esteja no prazo de validade e você observe alguma mudança no aspecto, consulte o farmacêutico para saber se poderá utilizá-lo. Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças. COMO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO? Dosagem O médico determinará a dose de HUMULIN N que você deve usar, de acordo com as suas necessidades. As alterações emocionais, na alimentação e na atividade ou esquema de trabalho podem afetar a dose usual de HUMULIN N. Siga cuidadosamente as instruções médicas para adequar-se a essas mudanças. Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico. Não use qualquer outro tipo de insulina sem a orientação médica. Como usar Deve-se usar HUMULIN N por via subcutânea (debaixo da pele). O uso subcutâneo deve ser na parte 150 superior dos braços, coxas, nádegas ou no abdome. Alterne os locais de injeção, de maneira que o mesmo local não seja utilizado mais que uma vez por mês. Ao injetar HUMULIN N, tome cuidado para não atingir nenhum vaso sanguíneo. Verifique sempre, na embalagem e no rótulo, o nome do produto e a letra que identifica a insulina para ter certeza de que é a mesma receitada pelo médico. Antes de retirar cada dose, examine sempre a aparência do frasco. O frasco de HUMULIN N deve ser cuidadosamente agitado com movimentos rotativos antes de cada aplicação, de maneira que o conteúdo seja uniformemente misturado. Após agitar suavemente, o conteúdo deve estar turvo ou leitoso. Não usar se, após a agitação, a insulina (material branco) permanecer no fundo do frasco (Fig. 1), se houver grumos (pequenos grãos) suspensos no líquido (Fig. 2), ou se partículas no fundo ou na parede derem ao frasco um aspecto fosco/embaçado (Fig. 3). Verificar sempre o frasco de insulina antes de usar. Se você notar qualquer diferença na aparência ou alterações marcantes nas características da insulina, consulte o médico. Fig. 1 - Não use este medicamento se o material permanecer no fundo do frasco após a agitação. Fig. 2 - Não use este medicamento se houver grumos em suspensão (soltos) no líquido após a agitação. Fig. 3 - Não use este medicamento se partículas no fundo ou na parede derem ao frasco um aspecto fosco (embaçado). Uso de seringa adequada: As doses de insulina são medidas em unidades. O número de unidades em cada mililitro (mL) está claramente impresso na embalagem. Cada tipo de insulina está disponível na concentração de 100 unidades/mL. É importante entender as graduações na seringa porque o volume a ser injetado depende da concentração, que é o número de unidades por ml. Por esta razão, deve-se utilizar sempre uma seringa graduada para a concentração de insulina. Erro no uso da seringa pode levar a um erro na dose, causando sérios problemas, como variação na glicemia (taxa de glicose no sangue) que pode ser muito baixa ou muito alta. Importante: para evitar qualquer contaminação e, consequente infecção, siga estritamente estas instruções. Seringas descartáveis: As seringas e agulhas descartáveis dispensam esterilização, devem ser usadas somente uma vez e, em seguida, você deve jogá-las fora. Agulhas e seringas não devem ser usadas em mais de uma pessoa. Preparo da dose 1. Lave as mãos. 2. Verifique a insulina. Não a use se você notar qualquer alteração na aparência. 3. Ao usar um frasco novo, retire o plástico protetor, mas não remova a tampa de borracha. Limpe a superfície da rolha de borracha com álcool. 4. Ao misturar insulinas, veja as instruções abaixo (Mistura de HUMULIN N com HUMULIN R). 5. Aspire uma quantidade de ar na seringa igual à dose de insulina a ser usada. Perfure a tampa de borracha do frasco de insulina e injete o ar. 6. Inverta o frasco e a seringa. Segure firme o frasco e a seringa com uma das mãos. 7. Ao confirmar que a ponta da agulha está dentro da insulina, aspire a dose correta de insulina. 8. Antes de retirar a agulha do frasco, verifique se há formação de bolhas. Estas podem reduzir a quantidade de insulina. Se houver bolhas, segure a seringa com a ponta para cima. Depois bata na lateral da seringa levemente com os dedos para que as bolhas atinjam a parte superior do líquido, para serem expulsas com o êmbolo. Corrija a dose. 151 9. Retire a agulha do frasco e deite a seringa de maneira que a agulha não toque em nada. 10. Mistura de HUMULIN N com HUMULIN R 1. Deve-se misturar o HUMULIN N com o HUMULIN R somente com a orientação médica. 2. Aspire ar na seringa igual à quantidade de HUMULIN N que irá usar. Insira a agulha no frasco de HUMULIN N e injete o ar. Retire a agulha do frasco. 3. Injete ar dentro do frasco de HUMULIN R da mesma maneira, mas não retire a agulha do frasco. 4. Inverta o frasco e a seringa. 5. Ao confirmar que a ponta da agulha está dentro da insulina, aspire a dose correta de HUMULIN R. 6. Antes de retirar a agulha do frasco, verifique se há formação de bolhas. Estas podem reduzir a quantidade de insulina. Se houver bolhas, proceda como indicado no item 8 do Preparo da Dose. 7. Retire a agulha do frasco de HUMULIN R. Depois insira esta agulha no frasco de HUMULIN N. Inverta o frasco e a seringa. Segure firme o frasco e a seringa com uma das mãos e agite suavemente. Ao confirmar que a ponta da agulha está dentro da insulina, retire a dose de HUMULIN N. 8. Retire a agulha do frasco e deite a seringa de maneira que a agulha não toque em nada. Siga as instruções médicas quando você for misturar as insulinas previamente ou na hora da injeção. É importante fazer os procedimentos de forma correta. Seringas provenientes de diferentes fabricantes podem variar quanto ao espaço entre o fundo da seringa e a agulha. Por causa disto, não mude: a sequência da mistura que o médico determinou; o modelo e a marca da seringa ou agulha, sem primeiro consultar o médico. Aplicação da dose 1. Limpe a pele com álcool, no local onde você for aplicar a injeção. 2. Estabilize a pele, pressionando o local. 3. Insira a agulha de acordo com as instruções médicas. 4. Empurre o êmbolo até o fundo. 5. Retire a agulha e pressione o local da injeção suavemente por alguns segundos. Não esfregue a área. 6. Aplique HUMULIN N somente por via subcutânea (debaixo da pele). Para evitar danos à pele, aplique a próxima injeção a uma distância de pelo menos um centímetro da anterior, alternando os locais de injeção, de maneira que o mesmo local não seja utilizado mais que uma vez por mês. Mistura de HUMULIN N com HUMALOG A insulina NPH pode ser misturada ou administrada em combinação com a insulina lispro por injeção subcutânea, sob supervisão médica. Quando HUMALOG for administrado misturado com a insulina NPH, deve-se colocar HUMALOG primeiro na seringa. A injeção deve ocorrer imediatamente após a mistura. O QUE DEVO FAZER QUANDO EU ME ESQUECER DE USAR ESTE MEDICAMENTO? Consulte seu médico caso haja o esquecimento da aplicação de uma dose ou a aplicação de uma dosagem maior que a recomendada. Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico, ou cirurgiãodentista. 152 QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE ME CAUSAR? Informe seu médico do aparecimento de reações desagradáveis. A hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue) é uma das reações desagradáveis mais frequentes da terapia com insulinas. Os sintomas da hipoglicemia, de leve a moderada, podem ocorrer de repente e incluem: sudorese (suor), tontura, palpitação, tremor, fome, incapacidade de concentração, dor de cabeça, distúrbios do sono, ansiedade, visão embaçada, humor deprimido, irritabilidade, comportamento anormal, movimentos instáveis, alterações de personalidade, entre outros. A hipoglicemia grave pode levar à perda da consciência e, em casos extremos, à morte. Pode-se tratar a hipoglicemia, de leve a moderada, por meio da ingestão de comida ou bebida que contenha açúcar. Os pacientes devem sempre levar consigo uma fonte rápida de açúcar, tais como balas ou tabletes de glicose. A hipoglicemia mais grave leva o paciente a necessitar da assistência de outra pessoa. A hiperglicemia (alta quantidade de glicose no sangue) pode ocorrer se o organismo tiver pouca insulina. A alergia e a lipodistrofia (falta de desenvolvimento do tecido subcutâneo) no local da aplicação de insulina são outras reações adversas que podem ocorrer. Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento): Alergia no local da aplicação. Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento): Lipodistrofia (falta de desenvolvimento do tecido subcutâneo) no local da aplicação de insulina. Casos de edema foram relatados com terapia de insulina, especialmente em pacientes com controle metabólico previamente ruim e que melhoraram através da intensificação da terapia com insulina. Informe ao seu médico, cirurgião-dentista ou farmacêutico o aparecimento de reações indesejáveis pelo uso do medicamento. Informe também à empresa através do seu serviço de atendimento. O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA QUANTIDADE MAIOR DO QUE A INDICADA DESTE MEDICAMENTO? A utilização de uma dose muito alta do medicamento pode causar hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue), acompanhada por sintomas que incluem apatia (falta de interesse para efetuar qualquer esforço físico ou mental), confusão, palpitações, suor, vômitos e dor de cabeça. A hipoglicemia pode ocorrer como resultado de um excesso de HUMULIN N em relação à ingestão de alimentos, ao gasto energético, ou ambos. Os casos de hipoglicemia leve podem ser tratados geralmente com glicose oral. Podem ser necessários ajustes na dose da medicação (insulina), na dieta alimentar ou nos exercícios físicos. Podem-se tratar episódios mais graves, como convulsões e coma, com glucagon via intramuscular/subcutânea ou com glicose concentrada via intravenosa. Pode ser necessária uma ingestão contínua de carboidratos (açúcares e amido) e observação, uma vez que a hipoglicemia pode ocorrer após uma aparente recuperação clínica. Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações. Registro MS – 1.1260.0057 Farm. Resp.: Márcia A. Preda – CRF-SP nº 19189 Fabricado por: 153 ELI LILLY AND COMPANY – Indianápolis – EUA Embalado e Registrado por: ELI LILLY DO BRASIL LTDA. Av. Morumbi, 8264 – São Paulo, SP Indústria Brasileira CNPJ 43.940.618/0001-44 Venda sob prescrição médica. Esta bula foi aprovada pela ANVISA em 14/01/2013