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Editorial Editorial 5 Artigo Article 8 O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas 13 Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas 25 Entrevista Interview 30 Projetos Projects 34 Feiras e Eventos Fairs and Events 38 Mercado Externo Foreign Market 42 Eu Faço I Make 43 Onde Encontrar Where to Find Edição e Projeto Editorial Edition and Editorial Project Instituto Centro CAPE / Central Mãos de Minas Distribuição Gratuita Costless Distribution Departamento Comercial Commercial Department Editor Editor Rodrigo Narciso - 9710/MG Colaboradores Colaborators Daniel Barcelos João Batista de Almeida Rachel Francine Thiago Bernardo Fotografia Photography Ana Raquel Daniel Barcelos Walmir Monteiro Divulgação - Salão do Encontro Revisão e Tradução Revision and Translation Mário Viggiano - MG 05641 JP Litany Pires Ribeiro Diagramação e Arte Diagramming and Graphic Arts Cristiano Martins Gráfica Printing Company Difusora Editora Gráfica Tiragem Drawing 5.000 exemplares Espaço Comercial - Simone Carvalho Tel.: 55 31 3262 2869 - 3261 8240 - 3234 2869 - 9733 4467 [email protected] Endereços Addresses Centro CAPE - MG Rua Grão Mogol, 662 - Sion CEP 30 310-010 - Belo Horizonte/Minas Gerais Tel.: 55 31 3282 8313 Fax: 55 31 3282 8301 Centro CAPE - DF SCN. Quadra 5, bloco A, sala 212 - Ed. Brasília Shopping CEP 70 710-500 - Brasília/Distrito Federal Tel.: 55 61 328 0621 Fax: 55 61 328 5802 www.centrocape.org.br [email protected] 55 31 3281 6820 3 Índice / Expediente Index / Expedient 4 4 Editorial Editorial PERFIL EXPORTADOR AN EXPORTER PROFILE Por/By: Arnaldo Galvão* O artesanato brasileiro tem firmado cada vez mais sua presença como produto de exportação e levado para todo o mundo a nossa cara, o nosso jeito, por meio das cores, das formas e, principalmente, dos materiais utilizados com a criatividade e a técnica dos nossos artesãos. É motivo de muito orgulho, para todos que trabalham com o artesanato em Minas Gerais, saber que nosso estado é responsável por 60% de toda a exportação brasileira nesse setor**. Para chegarmos a esta posição foi fundamental contarmos com a ajuda de parceiros importantes. Em 2001, a Central Mãos de Minas e o Instituto Centro Cape, em parceria com a B Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), começaram a trabalhar com o Projeto Setorial Integrado da Apex que, integrado à ONG Brazil Handicraft, realiza todo um trabalho de prospecção de mercados internacionais e participa de feiras na Europa e Estados Unidos, levando o artesanato mineiro para compradores dos cinco continentes. Nos últimos anos razilian crafts have marked their presence in the market with products for export that have shown our face and way of life to the world by means of the colors, shapes and mainly the raw materials our artisans use with technique and creativity. All those who work producing handicrafts in Brazil take a lot of pride in the fact that our state is responsible for 60% of all Brazilian exports in the sector**. In order to reach this rank we had the help of important partners. In 2001, Central Mãos de Minas and Instituto Centro CAPE, in partnership with Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil), started to temos trabalhado, junto ao artesão mineiro, a percepção de que o comércio internacional não tem como único objetivo o aumento da lucratividade. Mostramos, também, que o aumento dos preços, simplesmente pelo fato do cliente estar em outro país, muitas vezes inviabiliza o comércio, porque os produtos já chegam ao mercado externo com acréscimos de frete e taxas de exportação e importação. A visão empresarial mais adequada é termos como objetivo central o aumento do lucro em decorrência do aumento da produção para, assim, podermos atender à crescente demanda proveniente do exterior. Atualmente diversos artesãos mineiros encontram os seus espaços para progredir em um mercado competitivo e que exige um constante aprimoramento. O projeto de exportação do Centro Cape / Mãos de Minas beneficia cerca de 900 famílias, gerando renda e melhorando a qualidade de vida de muitos brasileiros. *Arnaldo Galvão é responsável pelo setor de exportação da Central Mãos de Minas / Centro Cape **Dados da APEX-Brasil develop the Apex’s Sectoral Integrated Project, together with the NGO Brazil Handicraft, prospecting international markets, participating in fairs in Europe and in the US, taking handicrafts from the State of Minas Gerais to the five continents. In the last few years we have worked with the artisans in the State to develop in them the perception that the aim of trading with the international market is not just boost profits. We also teach them that an increase in prices when the client is in another country, renders the commerce of goods unfeasible because when the goods reach the external market they have already been added of shipping expenses and import and export taxes. The most suitable entre- preneurial approach is to have as our main aim an increase in productivity as a result of a boost in production so that we are able to meet the demands of our international clients. Today, a good number of artisans from Minas Gerais have found room for progress in a competitive market that demands ongoing improvement. The export project by Centro CAPE / Mãos de Minas has benefitted around 900 families, by generating income and improving the quality of life of a large number of Brazilian people. *Arnaldo Galvão is the head of Central Mãos de Minas / Centro CAPE Export Center 8 O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas ARTESANATO MINEIRO NO SUL DA BAHIA HANDICRAFTS FROM MINAS GERAIS IN SOUTH BAHIA Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Ana Raquel e Daniel Barcelos A charmosa vila de Trancoso, banhada pelo Atlântico na costa sul do estado da Bahia, é um importante pólo turístico com um rico patrimônio histórico que se acumula desde a época do descobrimento do Brasil. Distrito do município de Porto Seguro, ela foi T he charming locality of Trancoso on the Atlantic coast, south Bahia, draws thousands of tourists with its rich historical traditions that date back to the time Brazil was discovered. A uma das primeiras povoações jesuítas no século dezesseis. A igreja que fica no fim do Quadrado – uma espécie de praça retangular, apesar do nome, comum aos vilarejos da época – datada de 1586, abriga casais e outros apaixonados pelo visual de seu mirante, à beira de uma falésia que revela a foz do rio. district of the municipality of Porto Seguro, Trancoso was one of the first Jesuit settlements in the 16th century. The church of the town stands in a corner of the main square, known as ‘Quadrado”. Built in 1586, the church gives shelter to romantic couples and lovers of the breathtaking scenery seen from the top of the headland, from where you can also see the mouth of the river below. At night, dim lights invite the tourist to walk through small wooden doors painted with bright colors to discover fantastic restaurants, art galleries, one of which with an exhibition of Pierre Verger in the Summer 2007/2008, and others with the production of artisans from Minas Gerais, ever more abundant. But, besides the rich cultural assets of the place, the village has a lot of other things in common with the hilly towns of Minas Gerais. After the surge of hippies, which ended up by putting the village on the map, handicrafts became part of the attraction of the village. Among the artisans that profit from the production of handicrafts are the forerunners of handicraft production in the region, the Indians from the Pataxó tribe. Hundreds of them, still living in the region, display their talents in the pieces that they exhibit along the “coast of discovery”, as that stretch of land is called there. 9 O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas De noite, luzes discretas convidam o visitante a entrar em pequenas portas de madeiras coloridas que o levam a descobertas incríveis, que vão desde restaurantes sofisticados a uma simples iogurteria; de galerias de arte com exposições de Pierre Verger - em cartaz durante o verão de 2007/08 – à produção dos artesãos mineiros, cada vez mais abundantes. Mas, além de riquezas do patrimônio cultural, o povoamento possui outras semelhanças com as históricas ladeiras de Minas Gerais. Após a “invasão” hippie, que acabou colocando o vilarejo no mapa turístico, o artesanato passou a compor o cenário cotidiano do vilarejo. Entre os artesãos que lucram com a produção artesanal, estão os precursores desta atividade na região: os índios Pataxó. Centenas deles, que ainda habitam a região, continuam expondo seus talentos aos quatro ventos na chamada “costa do descobrimento”. 10 O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas Além da vocação do local para o artesanato, Trancoso atraiu – e ainda atrai – um grande número de artistas e artesãos mineiros, com seu inigualável pôr-do-sol e a maior de todas as obsessões mineiras: o mar. Pelo menos foi o caso da artista plástica Laila Assef, que assumidamente coloca esta entre as razões que a fizeram trocar Belo Horizonte por Trancoso: “No fundo, acho que todo mineiro sonha em viver à beira da Added to the place’s vocation for handicrafts, Trancoso draws a large number of artists and artisans from Minas Gerais with the lure of its sunset and its blue sea, the obsession of the mineiros. At least this was the reason why the mineira fine artist Laila Assef left Belo Hori- praia”. Laila é proprietária da loja Cheia de Graças, uma das dezenas de encantadoras lojas, bares, restaurantes pousadas e cafés que dão vida à noite trancosense, onde expõe seu trabalho. São objetos utilitários, decorativos e de arte, desenvolvidos na maior parte das vezes a partir de materiais reaproveitados, formando um cenário quase onírico que desperta o interesse dos passantes com suas cores, luzes e reflexos. zonte for Trancoso. “I presume that every mineiro dreams of living at the seaside”. Laila runs a shop called Cheia de Graças, one of the dozens of beautiful places to visit, like bars, restaurants, inns and cafés that make nightlife in Trancoso so exciting. She produces kitchenware, objects for decoration, artistic pieces, the display of her pieces is like a scene extracted from a dream. Although she uses mainly reused materials, her pieces catch the attention of passers by for their profusion of colors, lights and reflexes. 11 cada vez mais elitizado, formado por cidadãos de vários países, acostumados aos mais sofisticados cenários do Brasil e do mundo. “O artesanato mineiro vende muito em Tran coso porque tem qualidade”, afirma a artesã. Ela crê que o artesão mineiro é conhecido por seu talento e pelo capricho de seu trabalho. Mesma opinião de Geraldo Magela, outro filho das montanhas, e personagem conhecido no sul baiano. According to Laila, what she does is art. “When someone praises my handicrafts, I feel really proud. This is because I have a degree in fine arts, and therefore all my work is the fruit of years of artistic research”, she adds. Laila believes that this surge of artisans into Trancoso in the last few years is mainly due to the promising market of the place. It is visited by the elite, people from all over the world, used to the sophisticated scenery of Brazil and the world. “Mineiro handicrafts sell a lot, because of the high quality standards of our products”, she states. In her opinion, mineiro artisans are known for their talent and neat finishing. Geraldo Magela, another son of Minas Gerais, and a very well known character in the south of Bahia, goes along with her. O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas Segundo Laila, seu trabalho deve ser classificado como arte. “Mas quando alguém olha e diz que artesanato lindo, eu me sinto elogiada. É que minha formação é em artesplásticas, portanto todo o meu trabalho é fruto de uma pesquisa artística”, conta ela, completando o raciocínio. Laila acredita que o fato de muitos artesãos mineiros desembarcarem em Trancoso, nos últimos anos, deve-se principalmente a uma óbvia razão: o mercado. O lugar é freqüentado por um público 12 O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas Geraldo Magela produz objetos decorativos inspirados na tradição religiosa do interior de Minas. Natural de Almenara, ele emprega em suas peças o cotidiano e a cultura de sua terra. “Comecei fazendo estandartes em festas religiosas e me apaixonei”, conta ao lembrar a infância. Atualmente ele não mora mais em Trancoso, mas continua vendendo muito nas lojas dali. “Atualmente tenho um ateliê em Minas, mas continuo vendendo muito aqui. Do Quadrado, meus trabalhos já saíram para diversos lugares do mundo, mesmo porque é um local muito freqüentado por lojistas de várias partes”, confirma. Magela também não tem do que se queixar em relação ao mercado que os mineiros cavaram no litoral. Antes de começar a entrevista ele contava que acabara de vender todo o seu estoque recém-chegado de Almenara, antes mesmo de expô-lo. “Estava mostrando o trabalho a uma amiga, em sua casa, e lá estava uma senhora que comprou todas as peças”, comemorava alegre, mas sem surpresa. “Não foi a primeira vez que isso me aconteceu”, completa. He makes house adornments inspired in the religious traditions of Minas Gerais. Born in Almenara, MG, he imprints in his pieces the daily life of his home town. “I started making banners for religious festivals and then I fell in love with the craft”, he says as he reminisces his childhood. Today he no longer lives in Trancoso, but is still selling his work to the retailers there. “I have a studio in Minas Gerais, but I still sell a lot here. From the “Quadrado”, my pieces found their way to markets all over the world, especially as many of the tourists here are foreign shopkeepers”, he says. Magela has nothing to complain about the market niche the mineiros found for themselves on the coast. Before starting the interview he told us that he had just sold all the stock that had just arrived from Almenara, even before he could display it. “I was showing my pieces to a friend and there was this lady at her house that bought all the pieces straight away”, he celebrated, but not at all surprised. “This hasn’t been the first time this happens to me”, he adds. “CAPIM DOURADO” STANDS OUT AMONG BRAZILIAN HANDICRAFTS Por/By: Rachel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro Após serem “tecidos” pelas mãos dos artesãos da região do Jalapão (TO), o capim dourado se transforma num dos artesanatos mais bonitos do país À primeira vista, sob luzes, as peças de artesanato confeccionadas com o capim dourado dão a impressão de serem feitas de ouro, tamanho o brilho que reluzem. O capim dourado é encontrado facilmente no Jalapão, que possui área de 34 mil quilômetros quadrados e fica na região Centro-Oeste do Brasil, ao leste do estado do Tocantins. O capim dourado proporciona aos artesãos locais sua utilização como matériaprima para produção de mandalas, bolsas, porta-jóias, brincos, colares, dentre outros produtos, mantendo uma tradição herdada dos índios e dos primeiros negros da região. A região do Jalapão faz fronteira com os estados do Piauí, Bahia e Maranhão e abrange oito municípios: Ponte Alta do Tocantins, Novo Acordo, São Félix do Tocantins, Rio do Sono, Lizarda, Lagoa do Tocantins, Santa Tereza do Tocantins e Mateiros. É um local exótico do cerrado brasileiro preservado e que vem se tornando cohecido em função do artesanato produzido pela comunidade. Durante a 18ª Feira Nacional de Artesanato, que aconteceu do dia 21 a 25 de novembro de 2007, no Expominas, em Belo Horizonte, expositores estiveram presentes comercializando o legítimo artesanato produzido com o capim dourado do Jalapão. After they are woven by the hands of the artisans in Jalapão (TO), capim dourado (golden grass) becomes the raw material for some of the most beautiful handmade pieces in the county. L ooking at them in the light, the pieces made of capim dourado look as if they were made of gold; in fact, they glitter like gold. Capim dourado is abundant in Jalapão, with an area of 34 thousand square kilometers, in the centre-west region of Brazil, in west Tocantins. The artisans in the area use capim dourado to produce mandalas, handbags, jewellery, jewellery boxes, necklaces, among other products, a tradition inherited from the indigenous indians and the first afrodescendants in the region. Japlapão borders the states of Piauí, Bahia and Maranhão and comprises eight municipalities: Ponte Alta do Tocantins, Novo Acordo, São Félix do Tocantins, Rio do Sono, Lizarda, Lagoa do Tocantins, Santa Tereza do To- cantins and Mateiros. It is a very exotic place in a preserved area of the Brazilian cerrado, now becoming very popular thanks to the crafts produced there. During the 18˚ Feira Nacional de Artesanato, held from 21 to 25 November 2007, in Expominas, Belo Horizonte, exhibitors displayed crafts made of capim dourado from Jalapão. 17 Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas CAPIM DOURADO É REFERÊNCIA DE ARTESANATO DO BRASIL 18 Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas Segundo a artesã Maria de Fátima Rodrigues, 39 anos, da comunidade quilombola Barra de Aroeira, no município de Santa Tereza (TO), há mais ou menos cinco anos o artesanato com o capim dourado passou a ser mais valorizado e hoje é fonte de renda para a maioria dos moradores da sua região. “Há três anos eu não possuía uma profissão, não tinha uma fonte de renda. Hoje eu agradeço ao capim dourado, à Fundação Banco do Brasil, ao Instituto Brasil Ásia (IBA) e ao Sebrae pelo incentivo e apoio na busca da profissionalização do trabalho da nossa comunidade. Atualmente temos a oportunidade de participar de feiras e viver com dignidade”, destacou. O capim dourado é utilizado pelos artesãos depois de seco. A colheita acontece no período de agosto a setembro. O grande desafio dos produtores é fazer a extração controlada da planta, que corre o risco de desaparecer da região do Jalapão. O aumento da produção artesanal começa a desequilibrar According to artisan Maria de Fátima Rodrigues, 39, from the community of Barra de Aroeira (a former Brazilian slave settlement- quilombo), in the municipality of Santa Tereza (TO), some five years ago their products started to become known and today they are the source of income for most of the inhabitants of the area. “Three years ago I was out of a job and without any source of income. Today, thanks to capim dourado and the support of Fundação Banco do Brasil, Instituto Brasil Ásia (IBA) and Sebrae the work in our community has been professionalized. Today we participate in fairs and lead a more dignifying life”, she said. Capim dourado is dried before it can be woven. The o meio ambiente local. De acordo com o consultor do IBA, Herlan Torres Campos - que participou da feira em Belo Horizonte e trouxe representantes de nove associações do Jalapão, através do convênio com a Fundação Banco do Brasil - está sendo feito na região um grande trabalho de conscientização junto às comunidades, para que seja preservada a principal matériaprima: o capim dourado. “Na região temos duas áreas de preservação ambiental: a Apa do Jalapão e a Apa do Cantão. harvest period is between August and September. The greatest challenge faced by the artisans is to control the harvest to prevent the plant from becoming extinct. The increase in the production of crafts is already putting the balance of the environment at risk. According to Mr. Herlam Torres Campos, an IBA’s consultant who participated in the fair in Belo Horizonte, bringing with him representatives from nine associations in Jalapão, funded by Fundação Banco do Brasil – as part of a comprehensive education project being developed in the region with the members of the community. “There are two nature reserves in our region: Apa do Japapão and Apa do Cantão. A partnership between IBA and Fundação Banco do Brasil has allowed the instructors to teach the craftspeople a more sustainable way to handle harvest and sell their products”, said the consultant. Also, according to him, this partnership has contributed to boost production as well as quality. The idea is to encourage the associations to participate in national fairs, thus putting craftspeople in touch with consumers and other markets. The pieces made of capim dourado have already reached the international markets. Top-of-the-fashion handbags, fruit bowls and sousplats all designed to perfection, a feast to the eyes of people who admire handmade products. The straw extracted from the Buriti, another species of palm-tree found in the region, is woven together with the capim doura- do. Ivanilde Alves, a member of the Associação Artes e Artesanato Capim Dourado, in Santa Tereza do Tocantins, says that capim dourado threw a lifeline to the people of the region. “I used to live in a shack, with little access to clean water, hygienic facilities or food. Today I can say my house is much better, I can support my four children and I am at the university doing the first term of Arts and Literature”. Statements collected among the inhabitants of Jalapão express the importance of capim dourado for the local economy. “The golden grass helped Jalapão people to organize themselves in cooperatives, improving the commercialization of the pieces and generating income to the members of the community. We must make responsible use of it, if we want to preserve it”, they said. 19 pim dourado. Para a artesã Ivanilde Alves, da Associação Artes e Artesanato Capim Dourado, de Santa Tereza do Tocantins, o capim dourado mudou os rumos de sua vida. “Eu vivia em uma casinha muito simples, com condições precárias de higiene e alimentação. Hoje tenho uma casa melhor, consigo sustentar meus quatro filhos e estou cursando meu primeiro período de faculdade no curso de Letras”, contou. Depoimentos dos artesãos da região do Jalapão traduzem a importância do artesanato com o capim dourado para a economia local. “O capim ajudou os moradores do Jalapão a se organizarem em cooperativas, aumentando a comercialização das peças e gerando renda para as comunidades. Temos que utilizá-lo com responsabilidade para mantermos sua preservação”, destacaram. Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas A parceria entre IBA e Fundação Banco do Brasil está possibilitando que instrutores levem até os artesãos novas técnicas de extração do capim e comercialização dos produtos”, disse. Ainda segundo o consultor, o convênio entre as instituições vem possibilitando a produção do artesanato em escala bem maior e com melhor qualidade. Outra meta do projeto é o incentivo às associações para participarem de feiras nacionais, possibilitando o contato direto com o consumidor e mercados diversos. O artesanato com o capim dourado já é reconhecido mundialmente e várias peças estão presentes no exterior. Bolsas com design arrojados, fruteiras e souplás com trançados perfeitos, enchem aos olhos de quem aprecia produtos feitos à mão. A palha do Buriti, uma espécie de palmeira também encontrada na região, é utilizada para trançar os fios de ca- INTERVIEW WITH TÂNIA MACHADO Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Walmir Monteiro Presidente do Instituto Centro CAPE e fundadora da Central Mãos de Minas, Tânia Machado é reconhecida no Brasil e no exterior por coordenar diversos projetos que investem na capacitação dos artesãos e no comércio da produção artesanal brasileira com outros países. A Feira Nacional de Artesanato – maior evento do setor na América Latina – também foi idealizada por Tânia Machado e, este ano, chega a sua 19ª edição. Nesta entrevista, Tânia aborda temas que vão desde o processo de exportação do artesanato brasileiro até a criação do Selo de Qualidade I.Q.S, projeto que coordena desde 2006. A Revista O Brasil Feito a Mão completa um ano de existência. Como surgiu a idéia de fazer uma revista bilíngüe (português/inglês) e distribuí-la para os compradores internacionais dos cinco continentes? Quando começamos o nosso projeto de exportação, em 2001, nos deparamos com dois problemas recorrentes. O comprador internacional tinha uma grande desconfiança ao adquirir o produto artesanal brasileiro, porque havia uma falta de continuidade do artesão, por falta de estrutura, no processo de fornecimento dos produtos. Outro problema estava relacionado ao governo brasileiro. Quando buscávamos os setores comerciais de nossas embaixadas, para que fizessem uma prospecção de potenciais compradores internacionais, éramos levados, muitas vezes, a bazares de rua que não são President of Instituto Centro CAPE and founder of Central Mãos de Minas, Tânia Machado is widely known in Brazil and abroad for her work ahead of projects geared at the qualification of artisans and commerce of Brazilian handicrafts abroad. Feira Nacional de Artesanato – the most important event in the sector in Latin America – was also created by Tânia Machado and, this year, it is in its 19th edition. Here, Tânia talks about subjects from exports to the creation of the Quality Seal IQS, a project she has coordinated since 2006. The magazine O Brasil Feito a Mão is completing its 1st year now. How did you have this idea to create an English/Portuguese magazine and distribute it in the five continents? When we started our export project, in 2001, we were faced with two recurring problems. The first one was that the international buyer was very hesitant to buy Brazilian handicrafts, because, for lack of proper structure, the craftsmen could not guarantee a regular production flow. The other problem was related to the Brazilian government. Whenever we asked for help from the commercial sector of our embassies to prospect for potential international buyers, they would direct us to street markets, far away from being our target public. We had to work really hard to convince them that our products deserved to be in places like museums, exclusive boutiques and art galleries. We then started to participate regularly in 25 Entrevista Entrevista Interview ENTREVISTA COM TÂNIA MACHADO 26 Entrevista Interview nosso público-alvo. Tivemos que realizar um trabalho de convencimento para mostrá-los que nossos produtos mereciam estar em museus, butiques e galerias de arte. Começamos, então, a participar sistematicamente de feiras internacionais. Há sete anos participamos da Ambiente e da Tendence, em Frankfurt / Alemanha. Há três anos vamos a feiras na Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. Criamos, também, a marca Brazilhandicraft – by Minas Gerais, já que o nome Mãos de Minas é muito forte no Brasil, mas para o mercado externo não queria dizer nada. A partir dessa iniciativa, sugerimos que outros projetos de artesanato no Brasil usassem, também, a mesma marca, por exemplo, Brazilhandicraft by Maranhão, by Ceará, entre outros. Assim fortalecemos a marca do artesanato brasileiro. A revista surgiu em 2007 quando verificamos que as histórias dos artesãos, das comunidades e das matérias-primas agregam grande valor à nossa produção no mercado externo. Durante as feiras, temos que ser objetivos e diretos no processo de negociação. Não temos tempo para grandes explicações sobre a história dos produtos. Para preencher essa lacuna, criamos a revista O Brasil Feito a Mão. Como funciona a exportação? Existem par- international fairs. For seven years now we have participated in the Ambiente and in the Tendence fairs, in Frankfurt; and for three years we have displayed our products in fairs in Spain, Portugal, Italy, England and in the US. We also created the trademark Brazilhandicraft – by Minas Gerais, because although the name Mãos de Minas is very strong in Brazil, it does not mean very much to the market. From that point on, we suggested that other handicrafts projects in Brazil used the same trademark by just changing the name of the state; for example, Brazilhandicraft by Maranhão, by Ceará, and so on. This is how we gave new life to Brazilian handicrafts brand name. The magazine was first published in 2007 when we realized that the life stories of the craftspeople, their communities and the raw material they use added substantial value to their production in the external market. During the fairs we have to be objective and straightforward ceiros nos países-alvo? Sim. Nos Estados Unidos abrimos a empresa Ecoarts / Transconnection, que tem um show room em frente ao Empire State. Temos, também, uma parceria com a WorldWide, em New Jersey, para auxiliar no processo de distribuição do artesanato. Em Portugal, para atender o continente Europeu, temos a Vitória Régia, em Cintra, que funciona, também, como show room e suporte para os eventos europeus. Com este suporte internacional, a Central Mãos de Minas e o Centro CAPE - apoiados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) - são a base no território brasileiro para que o produto chegue no mercado internacional com a qualidade que merece. O que é a Central Mãos de Minas e quais são as atividades desenvolvidas por ela para beneficiar os artesãos do estado de Minas Gerais? A Mãos de Minas é uma central de associações e cooperativas do Estado de Minas Gerais, congregando mais de 7.000 artesãos. Trabalha, principalmente, com o lado empresarial do artesão, legalizando as vendas que são feitas, em sua maioria, direto pelo produtor. Conosco, ele busca somente o documento fiscal. Temos uma Central de Compras que o ajuda a when negotiating. We have no time to tell the story behind the products. So, in order to fill this gap we decided to publish O Brasil Feito à Mão. How does the export process occur? Do you have partners in the target countries? Yes. In the Unites States we opened a company called Ecoarts / Transconnection, where there is a show-room right opposite the Empire State. We also have a partnership with WorldWide, in New Jersey to help us distribute the pieces. In Portugal, to serve Europe as a whole, we have Vitória Régia, in Cintra, which also works as a show-room and support for events in Europe. With this international support, Central Mãos de Minas and Centro CAPE – backed by Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEXBrasil) – is our base in the Brazilian territory. It is through these organizations that our products reach the international market. What is Central Mãos de Minas and what are the activities developed there to favour the crafts people from Minas Gerais? Mãos de Minas is an organization whose members are associations and cooperatives of the State of Minas Gerais, bringing together over 7,000 artisans. It deals mainly with entrepreneurial matters, legalizing the commercialization of the pieces, done mainly by the artisans themselves. They only come to us to get the tax invoice. We have a purchase centre that helps the artisan get the raw materials at a low price. We have made a juridical and accountancy consultancy available and we are now opening a packaging sector, because this is a point that has to be dealt with very carefully, whether the packaging is meant for the external market or the internal market. Para atender à demanda de capacitação dos pequenos empreendedores, foi criado, em 1990, o Instituto Centro CAPE. Quais as áreas de atuação e a metodologia aplicada pelos consultores do instituto? Nossa base de trabalho é o empreendedorismo e trabalhamos com a metodologia CEFE (Competência Econômica na Formação de Empresários / Empreendedores) que foi desenvolvida pela GTZ na Alemanha, em 1986. Com isto, conceitos de planejamento, custos, marketing, respeito ao cliente e design são levados aos artesãos com uma grande facilidade de aprendizado, já que Um dos projetos elaborados pelo Centro CAPE é o Selo de Qualidade I.Q.S. Quais são as principais diretrizes deste programa? Esta foi uma demanda que tivemos a partir do projeto de exportação. Vimos, muitas vezes, produtos que sabíamos que utilizavam mão-de-obra escrava e infantil nos seus países de origem e não garantiam nenhuma qualidade de vida aos artesãos, além de peças que utilizavam matérias-primas que degradavam o meio ambiente. Tudo isso ia na direção contrária do que queríamos. Decidimos, então, criar nosso próprio selo para ajudarmos o artesão a organizar sua oficina, a respeitar seus aprendizes e a se preocupar com a continuidade da existência de matérias-primas , racionalizando o seu A Central Mãos de Minas e o Centro CAPE, apoiados pela APEXBrasil, são a base no território brasileiro para que o produto chegue no mercado internacional com a qualidade que merece Central Mãos de Minas and Centro Cape, backed by APEX-Brasil, is our base in the Brazilian territory. It is through these organizations that our products reach the international market Besides these services, we have a store and a virtual shop that are very important showcases of our products. In order to meet the demand for qualification of small entrepreneurs, the Instituto Centro Cape was created in 1990. In what areas does it operate and what is the methodology applied by the institute’s consultants? Our work-base is mainly entrepreneurship and the methodology we adoped is CEFE (Economic Competence in the Development of Entrepreneurs), developed by GTZ in Germany in 1986. With this, the concepts of planning, costs, marketing, respect to the client and design are passed on to the artisans, who digest everything very fast and easily, once the CEFE methodology is participative, irrespective of the socioeconomic and educational background of the artisans. The method is very uncomplicated. Over 2,000 craftspeople are trained every year in our classrooms. One of the projects developed by Centro Cape id the Quality Seal I.Q.S. What are the main aims of this program? This was a demand we had after the export project was set on train. We had come across, many times, goods that we knew were the product of slave or child labor in their countries of origin; and the proceeds certainly never came to the benefit of the artisan, and, to make matters worse, the raw materials used degrades the environment. This was all clashing with our plans. We then decided to design our own seal in order to help the artisans organize their workshops, to respect their apprentices and have concern for the preservation of raw material sources, using then sensibly and make goo use of residues. We’ve had fantastic results so far, once most of the 200 arti- 27 a metodologia CEFE é participativa, não interessando o contexto socioeconômico educacional que o artesão esteja inserido. O método é de fácil assimilação. Todos os anos, mais de 2.000 artesãos passam por nossas salas de treinamento. Entrevista Interview adquirir matéria-prima a baixo custo. Disponibilizamos um setor de assessoria jurídica e contábil e estamos criando um setor de embalagens, porque este é um grande gargalo, tanto na exportação quanto na venda para o mercado interno. Além desses serviços, temos a loja física e a virtual que são as grandes vitrines do artesanato mineiro. 28 Entrevista Interview uso e reutilizando seus resíduos. O resultado tem sido fantástico, já que dos quase 200 artesãos que passaram pelo processo, mesmo aqueles que não receberam o selo, a maioria melhorou consideravelmente seu modo produtivo, aumentando seus lucros e gerando emprego nas comunidades envolvidas. Nossa intenção é que um dia todos os 7.000 associados tenham o Selo I.Q.S. em seus produtos. O Centro CAPE e a Central Mãos de Minas estão atentos à questão da utilização de mão-de-obra infantil na linha de produção? Este é um assunto muito delicado e sério, pois, em 2006, uma revista brasileira montou uma reportagem dizendo que os artesãos da Mata dos Palmitos usavam mão-de-obra infantil na produção de suas peças. O Ministério Público, verificando que as fotografias da reportagem tinham sido forjadas, mandou recolher todos os exemplares da revista. No entanto, com a existência da Internet, o mal já estava feito e milhares de pessoas leram horrorizadas as mentiras contadas pela dita reportagem. E o pior foi que ela envolveu o nome da Central Mãos de Minas e de uma das artesãs mais responsans who underwent the process, even those that have not managed to get the seal, showed great improvement in their production process. They’ve also had a increase in profits and are providing jobs for the people in their communities. Our expectations are that one day all 7,000 members will have the right to stick the I.Q.S. seal to their products. Are Centro Cape and Central Mãos de Minas are to the use of child labor in the production line? This is a very serious and delicate subject, because, in 2006, a Brazilian magazine brought an article saying that the artisans in Mata dos Palmitos were making use of child labor. However, the District Attorney investigated and sáveis da Mata dos Palmitos que é a Dionísia. Até hoje temos que desmentir as informações contadas naquela época. Sempre combatemos a mão-de-obra infantil, mas temos que ter a sensibilidade para separar o que é exploração desta mão-de-obra do fato de existirem filhos de artesãos que ajudam a família no seu ofício. Temos que ter a sensibilidade para perceber que, em alguns casos, o envolvimento dos filhos no processo de produção é a forma que os pais encontram para perpetuar as técnicas e o ofício artesanal. Quando encontramos famílias de artesãos, cujos filhos ajudam e, por isto, não vão à escola, imediatamente cancelamos sua participação na Central Mãos de Minas. No ano passado terminamos uma pesquisa nas lavras de pedra-sabão e, com o diagnóstico final, estamos buscando melhorar a produtividade do artesão da pedra-sabão para que ele não precise utilizar a mão-de-obra familiar, mesmo que seja para dar acabamento às peças. Mas, em nossa pesquisa, oficialmente, não achamos nenhum artesão menor de idade trabalhando. Nos horários que fomos, todos estavam na escola. Dados da APEX-Brasil mostram que Minas Gerais é responsável por 60% de toda a exportação do artesanato brasileiro. Como o artesão mineiro atingiu esse status de princi- discovered that the photographs in the magazine had been tampered with, they passed an order for all numbers of the magazine in circulation to be apprehended. However, after widespread on the net, the evil was already done and thousands of people had already read the phony story published by the magazine. And what was even worse was that the name of Central Mãos de Minas was involved as well as the name of a very serious artisan from Palmitos, Dionísia. We have been having to suffer and deny these accusations since then. We have always fought child labor, but we are sensible enough to tell exploitation of child labor from the hand children give their parents in their workshops. We must be sensible enough to realize that, in some cases, the involvement of the children in the production process is the way the parents find to preserve techniques and tradition of handicrafts production. If we come across families of artisans whose young children have to help them and therefore cannot go to school, the families are disqualified as members of Central Mãos de Minas. Last year we finished a study of soapstone quarries and, based on the conclusions, we are working to improve the productivity of the artisans that work with soapstone so that they stop using family labor, even if it is just to finish the pieces. But during our study we did not officially find underage artisans. At the time we visited the families, their children were all at school. Data from Apex-Brasil show that the State of Minas Gerais accounts for 60% of all export of Brazilian crafts. How did the artisans of the state reach this status? In all modesty, I believe that the credits go to all of us: Central Mãos de Minas, Centro CAPE, APEXBrasil, Ecoarts, Transconnection, Worldwide and Vitória Régia that in the last seven years have insisted, persisted, made mistakes, got things right, learnt and taught. And all this taking into account that Minas Gerais is the state with the widest diversity of handicrafts in Brazil. The tax laws of our state also help the craftsmen to formalize their business, as the sector receives similar treatment, in economic terms, as the industrial, commerce and services, with adaptations to meet the its specific needs. The Feira Nacional de Artesanato, now in its 19th edition, also responds for these results, since, in the six days of the event, several international buyers visit Belo Horizonte and buy pieces by artisans from all over the country, especially from Minas Gerais – the State that is most widely represented in the fair. How do you analyze, in the export scene, the steady depreciation of the American dollar in Brazil? It’s a great challenge. The Quality Seal I.Q.S is our weapon to fight this situation because as the artisan manages to produce more at lower costs, we somehow manage to compensate losses resulting from the exchange rate. This is what we have been doing in the last six months. We have been working more and more with the organization of workshops and studios – by means of the I.Q.S - because this is by all means the trump card of the artisan who wants to go on exporting, generate income and provide jobs. How do you envisage the future of crafts exports? I see hundreds of artisans exporting directly to clients in Europe and in the US, providing thousands of job opportunities and bringing money into the country. The seed was sown in 2001, when Apex-Brasil was established. From that seed there sprouted a tree that soon grew strong and we are now picking the fruit. At the beginning, exports were made only through Central Mãos de Minas, while today we have dozens of artisans who export their products independently, even whole containers to Europe and the US. 29 Entrevista Interview para contornarmos essa situação porque a pal exportador do Brasil? Modéstia à parte, acredito que os grandes partir do momento em que o artesão produz responsáveis por este sucesso somos nós: Central mais, com menos custos, conseguimos comMãos de Minas, Centro CAPE, APEX-Brasil, pensar as perdas cambiais. Tem sido assim Ecoarts, Transconnection, Worldwide e Vitória no último semestre. Estamos trabalhando, Régia que, nestes últimos sete anos, insistimos, cada vez mais, com a organização das oficipersistimos, erramos, acertamos, aprendemos e nas e ateliês - através do I.Q.S - pois este, ensinamos. Tudo isso, levando em consideração com certeza, é o grande trunfo do artesão que Minas Gerais é o estado que possui o arte- que quer continuar a exportar, ganhar disanato mais diversificado do Brasil. A legislação nheiro e gerar empregos. tributária do nosso estado também ajuda o Como você vê o futuro das exportações artesão na sua formalização, tratando-o, na economia, igual ao setor industrial, de comércio e de artesanato? Vejo centenas de artesãos exportando serviços, dando, é claro, o tratamento diferenciado que o setor demanda. A Feira Nacional de diretamente para os clientes europeus e Artesanato, agora em sua 19ª edição, também tem norte-americanos, gerando milhares de emsido uma das grandes responsáveis por este pregos e divisas para o país. A semente já foi plantada em 2001, resultado, pois, nos seis dias com o início do projeto do evento, diversos comwww.centrocape.org.br da APEX-Brasil. Nesses pradores internacionais viwww.maosdeminas.org.br últimos anos a semente sitam Belo Horizonte e brotou e uma arvoreadquirem peças dos artewww.brazilhandicraft.org.br zinha já começou a se sãos brasileiros, sobretudo www.apexbrasil.com.br mostrar forte e robusta, e de Minas Gerais – estado www.wwiec.com já vem dando frutos. com maior [email protected] Tanto que no início as vidade na Feira. exportações aconteciam Como você analisa, no cenário da expor- somente via Central Mãos de Minas e, hoje, tação, o fato de termos um dólar cada vez já temos dezenas de artesãos associados que enviam, diretamente, e de forma indepenmais baixo? Este tem sido um grande desafio. O Selo dente, seus produtos, e até mesmo conde Qualidade I.Q.S tem sido a grande arma têineres para a Europa e Estados Unidos. 30 Projetos Projects PETROBRAS INCENTIVA A PRÁTICA DO ARTESANATO PROMOVENDO A INCLUSÃO SOCIAL PETROBRAS SPONSORS THE PRODUCTION OF HANDICRAFTS AND PROMOTES SOCIAL INCLUSION Por/By: Rachel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro Durante a 18ª Feira Nacional de Artesanato em Belo Horizonte, a Petrobras apresentou projetos sociais de instituições do terceiro setor, alinhadas com a diretriz de geração de emprego e renda N o Brasil o artesanato está conquistando novos mercados e é fonte de renda para uma parcela considerável da população. Possui grande valor cultural e vem sendo utilizado como atividade transformadora de comunidades excluídas. A Petrobras, empresa que investe em projetos sociais, levou ao conhecimento do grande público da maior feira de artesanato da América Latina, que aconteceu em novembro de 2007, em Belo Horizonte, os produtos artesanais confeccionados por 10 organizações do terceiro setor, responsáveis pela inclusão social de jovens e adultos em situação de risco social. De acordo com o coordenador da área de Responsabilidade Social da Petrobras, Milton Santana, os projetos sociais apresentados na feira são alinhados com a diretriz de Geração de Emprego e Renda e contam com o patrocínio da Petrobras por terem sido aprovados via seleção pública do programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras. During the 18th Feira Nacional de Artesanato in Belo Horizonte, Petrobras presented social projects developed by third-sector institutions, in line with the plans for provision of jobs and income generation H andicrafts are conquering a new market niche in Brazil and throwing a lifeline to a substantial portion of the population. The production of handicrafts has proved to have great social value as it boosts the living standard of excluded communities. Petrobras, a company that makes heavy investment in social projects, presented the public of the biggest handicrafts fair in Latin America with items produced by 10 third-sector institutions, working for the social inclusion of disadvantaged youths and adults. The fair was held in No vember 2007 in Belo Ho rizonte. According to Petrobras’s Social Responsibility Coordinator, Mil- ton Santana, the social projects shown in the fair are in line with the plans for provision of jobs and income generation. They are fully funded by Petrobras, after being shortlisted in a public selection made by the company’s Program of Development and Citizenship. O objetivo é promover o desenvolvimento humano e a ressocialização de comunidades excluídas, através do trabalho com arte e artesanato The aim is to promote human development and the social reinsertion of the excluded, by means of the production of handicrafts and works of art One of the institutions funded by the company, the NGO Arte que Liberta, from Salvador (BA), exhibited products made of iron, fibers and wax, produced by inmates of penitentiaries in the cities of São Paulo and Salvador. Maytê Maia, one of the founders of Arte que Liberta, says that the aim of the NGO is to promote human development and the social reinsertion of the excluded, by means of the production of handicrafts and works of art. The ONG was established in 1999 in Salvador and today it has a branch in São Paulo, sponsoring locksmith workshops, special paintings, fiber pieces, votive candles and recycled paper workshops for the inmates. “Arte que Liberta has been funded by Petrobras since 2005, which has made it possible for the NGO to qualify around 4,000 inmates a year and sell around 15,000 items a month, including votives, underplates, light fixtures, furniture, magazine holders, etc.” , Maytê told us. According to Milton Santana, social responsibility is part of the company’s strategic plan, and part and parcel of the policy of the company. “In the last five years Petrobras has supported and funded projects that came to the benefit of millions of Brazilians throughout the country”, he informed us. 31 desde 2005, o que possibilita a ONG capacitar cerca de 400 detentos por ano e a comercialização de mais ou menos 15 mil produtos mensais, entre eles velas, souplás, luminárias, móveis, revisteiros, etc”, contou Maytê. Segundo Milton Santana, a responsabilidade social integra o planejamento estratégico da companhia, como parte das diretrizes empresariais. “Nos últimos cinco anos a Petrobras apoiou e patrocinou projetos que beneficiaram milhões de brasileiros em todo país”, informou o coordenador. Projetos Projects Dentre os projetos patrocinados pela empresa, o da ONG Arte que Liberta de Salvador (BA), expôs durante a feira produtos em ferro, piaçava e parafina, desenvolvidos dentro de penitenciárias das cidades de São Paulo e Salvador por detentos. Segundo a artesã Maytê Maia, uma das idealizadoras da Arte que Liberta, o objetivo é promover o desenvolvimento humano e a ressocialização de comunidades excluídas, através do trabalho com arte e artesanato. A ONG surgiu em 1999 em Salvador e hoje atua também em São Paulo, promovendo oficinas de serralheria artística, marcenaria, pinturas especiais, artesanato com piaçava, fabricação de velas e papel reciclado para os sentenciados. “A Arte que Liberta” tem o patrocínio da Petrobras 32 Projetos Projects O Projeto Social Amba – Estação Jovem Artesão – , da ONG Aquatro, sediada no município do Jaboatão dos Guararapes (PE), também é um projeto aprovado e patrocinado pela Petrobras e esteve presente durante a Feira Nacional de Artesanato. A ONG Aquatro foi fundada em 1999 por um grupo de desempregados e aposentados que con- Projeto Social Amba – Estação Jovem Artesão – is a social project geared to crafts people, created by Aquatro NGO, based in the locality of Jaboatão dos Guararapes (PE), is another project approved and funded by Petrobras that was also present in Feira tribuem com suas experiências e conhecimentos acumulados, para a qualificação profissional dos cidadãos excluídos do mercado e sem perspectiva de melhoria na qualidade de vida. O Projeto Social Amba, foi criado em 2003 e desenvolvido na unidade prisional Prof. Aníbal Bruno, em Pernambuco, com o objetivo de capacitar os detentos para produção de artefatos Nacional de Artesanato. Aquatro NGO was founded in 1999 by a group of unemployed and retired people, who have contribute their experience and wisdom to the professional qualification of people excluded from the market and without any life de ambientação, em ferro com design exclusivo. Em 2007 as ações do projeto foram ampliadas e direcionadas para atender jovens de 16 a 21 anos (homens e mulheres), familiares de detentos e egressos do sistema prisional, com o mesmo foco: geração de renda e oportunidades de trabalho para grupos de jovens em situação de vulnerabilidade. prospects. Projeto Social Amba, was created in 2003 and developed in Prof. Aníbal Bruno correctional facility, in the State of Pernambuco, with the aim of teaching the inmates to produce exclusive design pieces for interior decoration. In 2007 the scope of the project was broadened and it started catering for young people – male and female – between 16 and 21, the inmates’ families and former inmates, all within the same focus: income generation and job opportunities for disadvantaged people. According to Tere zinha Carvalho, the coordinator of “Estação Jovem Artesão”, the Amba artifacts are made of iron treated with antioxidants, and their design includes other materials like wood, ceramic, glass, plastic, transforming them into revitalized materials. Te- rezinha says that the aim of the project is to contribute to the insertion, in the labor world, of 40 youths a year, by giving them the opportunity to be the captains of their professional future and managers of undertakings for the production and commercialization of arti- tem como meta atender 4 milhões de pessoas diretamente e outros 14 milhões indiretamente em todo o território nacional. Segundo o edital do programa, serão investidos recursos da ordem de 1,2 bilhões, no período de 2007 a 2012, em projetos que promovam desenvolvimento com igualdade de oportunidades e valorização de potencialidades locais. Confira mais detalhes pelo site: www.petrobras.com.br facts and handicrafts. The Program of Development and Citizenship Petrobras ensures the continuation of the well suceeded actions of the Petrobras Fome Zero (no hunger program) and aims at assisting 4 million people directly and 14 million indirectly in the four cor- ners of the country. According to the edital of the program as much as 1.2 billion will be invested, between 2007 and 2012, in the promotion of development with equal opportunities and enhancement of local potentialities. For more details visit www.petrobras.com.br 33 objetivo con tribuir para a inserção de 40 jovens por ano, capacitando-os como protagonistas de seu futuro profissional e gestores de empreendimentos solidários para a produção e comercialização de artefatos e de artesanatos para geração de trabalho e renda. O programa Desen volvimento & Cidadania Petrobras prevê a continuidade das ações bem-sucedidas no Programa Petrobras Fome Zero e Projetos Projects De acordo com Terezinha Carvalho, responsável pelo “Estação Jovem Artesão”, os artefatos Amba têm como matéria-prima básica o metal/ferro, tratado com antiferrugem, com design que agrega outros materiais como a madeira, a cerâmica, o vidro, plástico e outros, transformando-os em produtos revitalizados. Todo o processo de produção é conhecido e controlado pelo artesão. Segundo Terezinha, o projeto tem como 42 Eu Faço I Make QUEM É NOEMI MACEDO GONTIJO... WHO IS NOEMI MACEDO GONTIJO... Por/By: Divulgação / Salão do Encontro E ducadora e artesã, nasceu na cidade de Luz, Minas Gerais, em 28 de março de 1924. Diplomada pelo magistério público como professora, especializou-se em Artes Industriais e Educação Artística pelo MEC. Fundadora e dirigente do Serviço Assistencial Salão do Encontro, há 37 anos dedica-se à promoção social no municí- A n educator and artisan, Noemi was born in the locality of Luz, Minas Gerais, on 28th March 1924. She has a teacher degree from the District Deputy Attorney General, and a Ministry of Education specialization in Industrial Arts and Artistic Education. She is the founder and head of Serviço Assistencial Salão do Encontro, and for 37 years she has worked pio de Betim, após longa e brilhante carreira na Rede Estadual de Educação, onde implantou e desenvolveu importantes projetos. Através de sua dinâmica atuação, o Salão do Encontro é, hoje, centro de referência da produção artesanal no Estado de Minas Gerais, sendo também referência no atendimento e promoção da criança, do adoles- cente, do jovem e do idoso. Pelo trabalho de uma vida, desenvolvido em favor dos menos favorecidos, a professora Noemi Gontijo alcançou reconhecimento e notoriedade, tendo sido agraciada com inúmeros prêmios, entre eles, a Medalha de Honra da Inconfidência, Medalha ao Mérito Educacional, Ordem Nacional do Mérito Educativo e Gente que Faz. tirelessly to promote social improvement in the locality of Betim, after a long-lasting and brilliant career as a school teacher in state schools, where she developed and implanted relevant projects. Fostered by her dynamism, Salão do Encontro has become a reference center for handicrafts production in the State of Minas Gerais, besides being a model in the assistance to and develop- ment of children, adolescents, youths and elderly. For the work of a lifetime, developed to favor of the disadvantaged, Professor Noemi Gontijo has been acknowledged and awarded a series of prizes, among which, the Medalha de Honra da Inconfidência, Medalha ao Mérito Educacional, Ordem Nacional do Mérito Educativo and Gente que Faz. 19ª Feira Nacional de Artesanato 19th National Handicrafts Fair 25 a 30 de novembro de 2008* 25th to 30th November 2008* Belo Horizonte - MG - BRASIL Informações Information : 55 31 3282 8302 www.feiranacionaldeartesanato.com.br *Dia 25 aberto somente aos lojistas *25th – Admission only to exhibitors