Textos Expo Fotos Final 2010
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Textos Expo Fotos Final 2010
GUINÉ-BISSAU Informações Gerais História e Política O território actualmente ocupado pela Guiné-Bissau, que em dialeto africano antigo significa “terra dos negros”, incluía o antigo reino de Gabú, parte do poderoso Império Malí. Algumas áreas daquele reino persistiram até o século XVIII, que conseguiu preservar a sua independência até o século XIX. Embora os Portugueses se tenham instalado na região a partir de 1446 não conseguiram ultrapassar o litoral e, no final do século XVI, iniciaram a instalação de feitorias na costa africana, que serviram de base para o tráfico de escravos através do Atlântico. O Império Malí foi um dos principais exportadores de escravos para o continente americano. Na década de 1950, o engenheiro caboverdeano Amílcar Cabral fundou a Associação de Desportos e Recreação que, em 1956, se transformou no Partido Africano para a Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC). Após três anos da fundação, iniciou uma guerra pela libertação do país. As zonas liberadas pelo PAIGC proclamaram a independência e fundaram a República Democrática de Guiné em 1973, que foi reconhecida pela Assembléia Geral das Nações Unidas e, posteriormente, por Portugal. A Guiné-Bissau foi a primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente. Actualmente, o país tem uma Assembléia Nacional Popular unicameral multipartidária e também um presidente. As eleições realizam-se por voto directo popular. O presidente nomeia o primeiro ministro depois de uma consulta aos partidos da Assembléia. Os principais partidos são o Partido para a Renovação Social (PRS), a Resistência da GuinéBissau - Movimento Bah-fatá (RGB-MB) e o Partido Africano da Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Há, no total, mais de duas dezenas de partidos políticos no país, que se encontra em fase de consolidaçãodemocrática. Meio Ambiente e Economia A Guiné-Bissau é um país de lindas mangueiras e muitas frutas tropicais, mas apenas 30% de seu território ainda está ocupado por bosques e florestas nativas, de onde se extrai madeira para construção e outros produtos. É intensa a exploração das matas para a produção de carvão destinada a uso doméstico e a substituição da vegetação original por cajueiros tem, também, contribuído para a redução das reservas naturais. A pesca predatória levada a cabo por barcos estrangeiros no arquipélago de Bijagós tem trazido sérias consequências ambientais e económicas para os habitantes das ilhas, dependentes da pesca artesanal, além de que o país já sente os efeitos das mudanças climáticas globais com a salinização dos campos tradicionais de produção de arroz (bolanhas) que, juntamente com o peixe e o óleo de palma, são os principais alimentos da população. 1 A Guiné-Bissau encontra-se entre os países mais pobres do mundo. A sua economia é baseada na agricultura de subsistência, na pesca e alguma criação de gado, cabras e ovelhas, principalmente. A produção destina-se, basicamente, ao consumo local e inclui arroz (o principal fonte de calorias da população), babaçú (para extração de “óleo de palma”, também um dos principais ingredientes da dieta local), milho, sorgo, amendoim e coco. Não existem actividades industriais relevantes no país, embora subsistam algumas reservas, ainda não exploradas, de bauxita e fósforo. Uma importante fonte financeira para a Guiné-Bissau é a castanha de caju, com um volume de exportação de quase uma centena de toneladas anuais na década de 1990. Os cajueiros foram introduzidos nos anos de 1970-80 como alternativa à agricultura de subsistência e são explorados pelas famílias individualmente, sendo a produção vendida sazonalmente a atravessadores que os repassam aos exportadores. Actualmente, a principal fonte de divisas para o país é a ajuda financeira internacional de órgãos como a ONU, a UNICEF, a UNESCO e a Agência Européia de Cooperação. Demografia e Urbanização A Guiné Bissau apresenta uma área de 36.125 quilómetros quadrados e cerca de 1,5 milhão de habitantes, dos quais a maioria são mulheres que constituem 67% da mão de obra activa do país. Genericamente podemos considerar que se trata de uma população muito jovem e predominantemente rural. Os habitantes com menos de 15 anos constituem mais de 43% dos cidadãos, o que somado ao contingente de idosos, cria um elevado coeficiente de dependência. As mulheres protagonizam uma grande participação nas actividades agrícolas (ultrapassando 81%), sendo as principais responsáveis pelo crescimento do sector informal, pois trabalham cada vez mais fora do domicílio, principalmente na venda ambulante, para aumentar o rendimento familiar. Este aspecto, somado à tarefa de cuidar dos filhos que muitas vezes as acompanham, além de questões de carácter religioso, frequentemente afastam as mais jovens da escola. Há poucos empregos formais no país, e estes concentram-se no sector público, em que se exige uma formação mais elevada. Neste, as mulheres estão ainda pouco representadas e a maioria ocupa cargos que exigem baixa instrução auferindo, em correspondância, uma baixa remuneração. No âmbito das estruturas políticas tradicionais, as decisões pertencem principalmente aos homens, pois os conselhos dos chefes nas tabancas são constituídos unicamente por elementos do gênero masculino (os Régulos ou Homens Grandes – mais velhos). Embora estejam em curso mudanças, em geral as decisões da comunidade são, ainda, tomadas com pouca ou nenhuma representação feminina, com excepção da etnia Bijagós, na qual a mulher faz parte do conselho de anciãos. Como em outros países em desenvolvimento, a população vem crescendo e também aumentando a migração das áreas rurais para as urbanas, principalmente para a capital, Bissau, que é a cidade mais populosa e onde se concentra a maior parte da infra-estrutura de urbanização, educação, saúde, comunicação e saneamento ambiental do país. 2 Sociedade e Cultura Os guineenses são muito diversos etnicamente, com múltiplos idiomas, costumes e diferentes estruturas sociais. Em geral, a população tem origem nos seguintes grupos: os falantes de Fula e Mandinka, que constituem a maioria e estão concentrados no norte e noroeste; os Balanta e Papel, que vivem nas regiões costeiras do sul; os Manjaco e Mancanha, que ocupam as áreas costeiras centrais e do norte, e os Bijagós, que vivem na ilhas. A população restante é formada por mestiços de ascendência portuguesa e guineense (crioulos) e imigrantes de outros países, principalmente da Guiné Conacri, Senegal e Cabo Verde. O analfabetismo é muito elevado e apenas cerca de 15% da população fala efectivamente o português, idioma oficial do país, A maioria exprime-se em Crioulo, uma mistura de português com as línguas nativas e os restantes habitantes falam idiomas tradicionais, incluindo Badjara, Balanta-Kentohe, Basary Pulaar, Bayote, Bainoukgunyuno, Biafada, Bidyogo, Cassanga, Ejamat, Fula, Kobiana, Mancanha, Mandinka, Manjako, Mansoanka, Nalu, Papel e Soninke. A maioria da população é constituída por agricultores e mantém as religiões ancestrais (animismo), embora cerca de 45% sejam muçulmanos, principalmente os Fula e Mandinka e menos de 10% sejam católicos ou protestantes. A dança, presença muito forte nas tradições locais, é rica em movimentos e simbologia. A música contemporânea tem sido incluída, em geral, no gênero gumbe, de natureza polirrítmica, com influências recentes de Portugal e Cabo Verde. O termo gumbe é, por vezes, utilizado de forma ampla para referir-se à música Guineense; porém, pode referir-se também a um estilo específico que se traduz na fusão de numerosas tradições de música folclórica local. Outros gêneros musicais populares são a Tina e o Tinga, além de músicas tradicionais associadas a cerimónias como os funerais (Choro), ritos de iniciação (Fanado) e rituais ligados à agricultura. O mesmo se pode considerar relativamente à Brosca, ao Kussundé Balanta, ao Djambadon da etnia Mandinga e ao ritmo Kundere das ilhas Bijagós. O Cabaz é um dos mais populares instrumentos musicais. É construído artesanalmente usando o fruto seco do porongo, couro de cabra ou gazela e cordas de fibras naturais ou industrializadas. São comuns as canções com conteúdo humorístico ou sobre determinadas temáticas relacionadas com eventos quotidianos ou controversos, especialmente questões de sexualidade, AIDS e doenças, além de temas políticos. Fontes Freire, P. Cartas à Guiné-Bissau. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1977; Instituto Nacional de Estatística e Censos. Perfil Demográfico, Sócio-económico e Sanitário da Guiné-Bissau. República da Guiné-Bissau: Bissau, 2005; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Reforçar as Políticas Públicas para Atingir os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento na Guiné-Bissau. PNUD-Guiné-Bissau: Bissau, 2007; Wikipedia, 2010. 3
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