A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi
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A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi
A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Sandra LUIS (1); Sandra PEREIRA(2) Resumo O aranhiço vermelho, Panonychus ulmi (Kock), é considerado um dos mais importantes inimigos das pomóideas em Portugal. A importância dos seus ataques tem crescido nos últimos anos face a uma utilização irracional dos produtos fitofarmacêuticos e ao aparecimento de resistências a vários acaricidas. Com o presente trabalho pretende-se testar a eficácia de um novo acaricida – Envidor, cuja substância activa é a spirodiclofena, quando aplicado na altura do máximo de eclosões das formas móveis (L1). Numa primeira parte, procedeu-se a uma pesquisa e revisão bibliográfica sobre esta praga e sobre o Typhlodromus pyri, no que se refere à sistemática, biologia, morfologia e sintomatologia, visto a protecção de qualquer tipo de cultura basear-se no estudo da biologia e morfologia quer do inimigo, quer do hospedeiro. Numa segunda parte, o estudo teve como objectivos identificar a data do máximo de eclosões dos ovos de Inverno do P. ulmi. (Kock), para nessa altura se intervir com a realização de um tratamento com spirodiclofena, testar a eficácia do acaricida no controlo desta praga durante o ciclo vegetativo da fruteira e conhecer a sua acção sobre o T. pyri. Neste contexto, fez-se o controlo das eclosões dos ovos de Inverno e efectuou-se a estimativa do risco durante o ciclo vegetativo em duas parcelas: na testemunha e na tratada. Através dos resultados, verificou-se que é suficiente, a aplicação do spirodiclofena na altura do máximo de eclosões das formas móveis, para que a praga se mantenha controlada durante o ciclo vegetativo da fruteira e que este acaricida não exerce qualquer acção secundária negativa sobre o T. pyri. Palavras-chave: Panonychus ulmi, aranhiço vermelho, Typhlodromus spirodiclofena, Envidor, máximo de eclosões, ovos de Inverno. pyri, pomóideas, (1)Adega Cooperativa de Lamego Lugar de São João - 5100 Lamego - email: [email protected] (2)Adega Coop. Vale do Douro de Tabuaço Recta do Maia – Adorigo - 5120 – 011 Tabuaço A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri O presente trabalho é da responsabilidade das autoras: Sandra Cristina A. Dias G. Pereira Adega Coop. Vale do Douro de Tabuaço Recta do Maia – Adorigo 5120 – 011 Tabuaço Sandra Paula S. Luís R. Francisco Adega Cooperativa de Lamego Lugar de São João 5100 Lamego email: [email protected] AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, queremos agradecer à Bayer CropScience pela possibilidade que nos deu para a realização deste trabalho. Ao Eng.º Joaquim Alves, da zona agrária de Tarouca, agradecemos a amabilidade com que nos cedeu os dados climáticos. Ao Eng.º Manuel Camelo, da zona agrária de Lamego, estamos gratas por toda a ajuda no trabalho de laboratório e pela disponibilidade demonstrada. À Eng.ª Helena Pinto, doa Serviços de Avisos do Dão pela disponibilidade, bibliografia cedida e toda a ajuda dada ao longo deste trabalho. Ao Prof. Doutor João Rebelo da U.T.A.D., pela ajuda do tratamento dos dados estatísticos. À Dra. Diane Vilela, o nosso muito obrigado pela incansável ajuda na resolução e concretização do processamento de textos. Ás colegas e amigas, Lúcia Quental e Vanda Batista, pela revisão dos textos. Ao Sr. Fernando Luís, proprietário do pomar onde decorreu a parte experimental deste trabalho, o nosso agradecimento pela amabilidade com que nos recebeu, pela cedência das parcelas e pela realização do tratamento com o produto em ensaio. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri INTRODUÇÃO A macieira é uma cultura com grande significado económico e social na região norte interior de Portugal, ocupando na área correspondente à região agrária de Trás-os-Montes, uma superfície de aproximadamente 54 000 ha (INE,1999). Cerca de 70% desta superfície situa-se nas zonas agrárias de Lamego, Távora e Douro Superior Norte, onde a fruteira se inclui entre as principais fontes de rendimento agrícola. A acarofauna de um ecossistema agrário é uma comunidade complexa em que os ácaros fitófagos constituem hoje em dia um grave problema agronómico apresentando, segundo AMARO (1980) características de «inimigos permanentes» ou «inimigos – chave» com muita frequência e em numerosas culturas. A macieira é uma cultura em que este problema se manifesta com particular intensidade. Entre os ácaros que atacam esta cultura destaca-se o Panonychus ulmi (koch), por ser uma das espécies mais perigosas e de mais vasta distribuição (CARVALHO, 1971). A importância que o P. ulmi tem vindo a assumir nos pomares modernos demonstra bem as consequências desfavoráveis que poderão ter as intervenções feitas pelo homem. De facto este ácaro é, provavelmente, o melhor exemplo de uma praga «feita pelo homem» (CRANHAM, 1979). Assim, o P. ulmi, que nunca se evidenciou em pomares não cuidados, atinge elevados níveis populacionais nos modernos pomares comerciais, em que os cuidados culturais conduzem a plantas mais viçosas e mais nutritivas para o ácaro e os tratamentos químicos eliminaram os seus predadores (CARMONA, 1980). O aranhiço vermelho, P. ulmi (Koch), representa um sério problema fitossanitário em pomares comerciais destinados à produção de maçã (VARJAS, 1988; SOBREIRO 1998). Na região de Lamego este sério problema também é verificado, pois os agricultores nos últimos três anos têm tido imensas dificuldades em controlar os ataques do P. ulmi (koch). A dificuldade no controlo desta praga deve-se ao uso e abuso de acaricidas da mesma família química, à utilização de produtos muito tóxicos para os organismos auxiliares, bem como desequilíbrios nutricionais e práticas culturais não aconselhadas. Perante este panorama e a existência de resistências à maior parte dos acaricidas que se encontram no mercado, há a necessidade de síntese de novas substâncias activas para o controlo deste inimigo – chave nos nossos pomares. Uma luz surge ao fundo do túnel, com o aparecimento do acaricida Envidor (s.a. spirodiclofena) que se demonstrou muito eficaz neste trabalho e que em breve será comercializado pela BAYER CROPSCIENCE. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 1 – O ARANHIÇO VERMELHO DA MACIEIRA, Panonychus ulmi 1.1 – Posição sistemática Os ácaros são considerados animais altamente evoluídos, de longínqua inserção no tronco principal do filo Arthropoda (Carmona & Silva Dias, 1996). O Panonychus ulmi está incluído no sub – filo Chelicerata, que é constituído por artrópodes sem antenas nem mandíbulas mas com quelíceras, sendo as peças bucais formadas por palpos e pedipalpos. Caracterizam-se também pela presença de um prossoma e pela não separação da cabeça e do tórax (Carmona & Silva Dias, 1996). Dentro deste sub – filo, pertence à classe Arachnida e sub – classe Acari. Segundo Krantz (1986) este ácaro fitófago pertence à ordem acariformes e sub – ordem Actinedida. Segundo o mesmo autor pertence à super família Tetranychoidea, e que é constituída por cinco famílias, abrangendo mais de 450 especies de ácaros fitófagos, pertencendo o aranhiço vermelho à família Tetranychidae. A família Tetranychidae, segundo Jeppson et al., (1975) e Krantz (1986) divide-se em duas sub – famílias, sendo a do aranhiço vermelho a Tetranychinae. Dentro do género Panonychus, podemos encontrar a espécie P. ulmi de grande interesse agronómico pelos prejuízos elevados que podem causar. (Jeppson et al., 1975). Quadro1 – Classificação sistemática de Panonychus ulmi (koch) (adaptado de Krantz, 1986). Phylum – Arthropoda Von Siebold, 1854 Sub – phylum – Chelicerata Heymons, 1901 Classe – Arachnida Krantz, 1978 Sub – classe – Acari Krantz, 1978 Ordem – Acariformes Zachvatkin, 1922 Sub – ordem – Actinedida Hammen, 1968 Super – família – Tetranychoidea Família – Tetranychidae Donnadieu Sub – família – Tetranychinae Reck Género – Panonychus Yokohama 1.2 – Características morfológicas Ao longo do seu ciclo de vida, o aranhiço vermelho passa por várias fases: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Este ácaro apresenta dois tipos de ovos: ovos de Inverno a partir dos quais eclodem as primeiras gerações anuais e ovos de Verão a partir dos quais surgem as restantes gerações que se verificam ao longo do ciclo vegetativo. Ambos os tipos de ovos apresentam formato esférico e estriado no sentido dos meridianos, são achatados no pólo inferior, o que oferece ao substrato a suficiente superfície de apoio. Possuem no pólo superior uma arista, cujo prolongamento resulta da rápida secagem ao ar do líquido que o lubrifica durante a postura. Os ovos de Verão medem cerca de 0,1 mm, são esféricos e ligeiramente achatados, apresentando coloração alaranjada (Jeppson et al., 1975; Pfeiffer et al., 1995). Os ovos de Inverno são ligeiramente maiores que os de Verão, podendo medir entre 0,14 e 0,15 mm de diâmetro (Fauvel & Cotton, 1983; Baillod et al., 1989). Apresentam coloração vermelha mais intensa, têm forma mais achatada na parte superior, exibindo nesta zona um fino pêlo branco (Viñuela & Jacas, 1998). Fig. 1 – Ovos de Inverno com pormenor da arista (Fonte: http://www.viarural.com.ar/viarural.com.ar/agricultura/frutales/plagas/panonychus ulmi03.htm) As larvas neonatas do aranhiço vermelho apresentam uma coloração inicialmente laranja – pálido, tornando-se verde – pálido à medida que se alimentam (Pfeiffer et al., 1995). São hexapodas e mal eclodem, dirigem-se por instinto para os ramos à procura de folhas tenras onde se alimentam durante um período de tempo variável, consoante as condições climáticas e nutricionais (Sobreiro, 1981). De seguida, imobilizam-se num estado denominado protocrisálida e sofrem a primeira muda, passando ao primeiro estado ninfal, protoninfa. As protoninfas são octopodas, de coloração predominantemente verde – escura, podendo apresentar manchas pálidas na base das sedas (Pfeiffer et al. 1995). De acordo com estes autores, sofrem nova imobilização (deutocrisálida), que conduz a nova muda, após o que o ácaro passa ao segundo estado ninfal, deutoninfa, de coloração verde – escura, com manchas pálidas bem distintas na base das sedas. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri De seguida, imobiliza-se pela última vez (teliocrisálida), dando origem ao ácaro adulto. Durante este último período de inactividade, os ácaros fixam-se no substrato, sofrem uma muda e a nova cutícula é formada após a exúvia ser largada (Crooker, 1985). As fêmeas adultas apresentam corpo oval, de coloração variando entre o vermelho e vermelho pardo e medem cerca de 0,7 cm de comprimento, sendo caracterizadas por possuírem no dorso sete séries transversais de pêlos inseridos sobre protuberâncias esbranquiçadas (Bovey et al., 1980), enquanto os machos são ligeiramente mais pequenos e possuem corpo mais estreito que as fêmeas (Giraud et al., 1996). Fig. 2 – Macho adulto de aranhiço vermelho (Fonte: Autoras) Fig. 3 – Fêmea adulta de aranhiço vermelho (Fonte: Autoras) A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 1.3 – Características Bioecológicas Como já foi referido, durante o ciclo de vida o aranhiço vermelho passa por cinco fases: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. As fêmeas iniciam as posturas dos ovos de Inverno no fim do Verão, quando se começam a verificar alterações das condições ambientais, diminuição da temperatura, elevação da humidade do ar, escassez de alimento e fotoperíodo inferior a 14 horas luz/dia (Sobreiro, 1993). Os ovos são geralmente colocados em madeira de dois anos, em redor dos gomos florais no tronco e pernadas das árvores (Carmona & Silva Dias, 1996), isto é, em geral nas zonas que possuem rugosidades ou pequenas gretas, geralmente no lado sul das árvores (Espinha et al., 1998). Às vezes, devido ao elevado número de posturas, essas zonas tomam cor avermelhada (Carvalho, 1972; Sobreiro, 1993). Fig. 4 – Posturas dos ovos de Inverno do Panonychus ulmi (Koch) (Fonte: http://www.ismaa.it/htnl/ita/nodifesa/insetti_melo/ragno_rosso.html ) E é neste estado de ovo de Inverno que o aranhiço vermelho hiberna. Cada ovo tem dentro uma futura larva que está dentro da dupla camada de córion, protegendo-a das inclemências do Inverno (Sobreiro, 1993). A eclosão destes ovos verifica-se na Primavera a partir de Maio, podendo acontecer antes; por volta de fins de Março (aquando da rebentação da macieira), ou quando imediatamente após se terem completado as exigências de frio e decorrem alguns dias de calor (Costa – Comelles, 1998). Segundo Sobreiro, (1993) o início da eclosão destes ovos dá-se no princípio da Primavera, nos pomares da zona Centro e Sul e em Abril nos pomares mais a Norte. A eclosão prolonga-se em média por cerca de três meses (Árias & Nieto, 1979), em que a larva rompe o invólucro e nasce. As larvas deslocam-se para as folhas de macieira onde se alimentam. Seguidamente dependendo do alimento e da temperatura as larvas sofrem uma muda e dão origem às ninfas (protoninfas), estas sofrem nova muda para deutoninfa, que irá originar o adulto (Carmona & Silva Dias, 1996). O tempo de transformação de larva em adulto depende das condições climáticas, segundo Sobreiro (1981) para o nosso país esse A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri período pode ser de 18 a 20 dias durante a Primavera, 7 a 8 dias no Verão e 20 a 25 dias no Outono. Já segundo anónimo (1999), o desenvolvimento de larva para adulto é de 4 dias a 23,5º C e de 20 dias a 13º C. Fig. 5– Ciclo de vida de Panonychus ulmi (Koch) (Fonte: Adaptação de García -Marí et al., 1991) Estes diferentes estados imaturos passam, antes de atingir a fase activa seguinte, por um estado de imobilidade – estado quiescente, durante o qual as ninfas podem ser prateadas (Carmona, 1996). Os adultos localizam-se sobretudo na página inferior das folhas. As fêmeas adultas são fecundadas e iniciam as posturas dos ovos de Verão pouco tempo depois (um a dois dias), com temperaturas favoráveis, isto é, se o tempo estiver seco e quente, no entanto temperaturas superiores a 28 – 30º C provocam a morte das larvas e mesmo dos adultos (Sobreiro, 1993). As posturas dos ovos de Verão podem mesmo ter início antes de acabarem as eclosões dos ovos de Inverno. O número de ovos postos por cada fêmea é variável, podendo ir de 10 a 100 ovos por fêmea, mas geralmente ronda os 30 (Anónimo, 1999), mas segundo Garcia – Marí (1991) as fêmeas põem em média 50 ovos. As posturas são geralmente feitas na página inferior, e só se a infestação for muito forte é que as posturas passam para a página superior e mesmo para os frutos. Embora estes ovos sejam postos individualmente estão frequentemente agrupados e juntos (Sobreiro, 1993). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Daqui advém a primeira geração do ano. Com temperaturas na ordem dos 24º C podem completar uma geração em apenas 20 dias, mas com temperaturas na ordem dos 13º C o ciclo biológico tem a duração de 70 dias (Costa – Comelles, 1988). O número de gerações num ano vai de 6 a 10, dependendo portanto da temperatura, como já foi referido, e também da humidade. O modo de reprodução do aranhiço vermelho é a partenogénese arrenótoca, onde os machos descendem dos ovos não fecundados e as fêmeas dos ovos fecundados (Kreiter et al., 1991). A fecundidade das fêmeas também é influenciada pelo conteúdo de nutrientes das folhas, assim, altos teores de azoto nas folhas estão associados a uma elevada fecundidade das fêmeas (Sobreiro, 1993). A taxa de azoto nas folhas varia com a época em que se fertiliza e a quantidade que se adiciona (Sobreiro, 1993). 1.4 – Natureza dos estragos causados Os danos causados resultam do processo alimentar conduzido pela armadura bucal picadora sugadora, geralmente muito eficiente na obtenção de alimento (Sobreiro, 1993). O aranhiço vermelho ao introduzir o seu estilete na folha remove o conteúdo das células do parênquima foliar do hospedeiro provocando-lhe o esvaziamento através dos orifícios de perfuração das células, dando-se então a entrada de ar (Sobreiro, 1993). Consequentemente ocorre a redução da actividade clorofilina e fotossintética, promove-se o aumento da transpiração e perda da cor verde das folhas, que adquirem inicialmente um tom prateado, acabando por adquirir uma tonalidade bronzeada característica (Sobreiro, 1993). Dá-se a queda precoce das folhas, ou estas permanecem secas e quebradiças na árvore, verificandose também diminuição do calibre dos frutos. Ocorre também um deficiente armazenamento nutritivo, que tem como consequência uma diminuição do vigor da planta e da produção dos anos seguintes, em termos qualitativos e quantitativos, devido à diminuição do número de flores do ano ou dos anos seguintes (Sobreiro, 1993). A gravidade destes estragos está relacionada com a época, duração e intensidade do ataque e segundo Rambier (1974), dois períodos são especialmente importantes na evolução estacional das populações de aranhiço vermelho, que são: a Primavera, na época em que se observa a maioria da eclosão dos ovos de Inverno e o mês de Julho quando a densidade populacional da praga tende a atingir o seu máximo. Os prejuízos causados pelo aranhiço vermelho podem ser considerados de dois tipos: directos e indirectos: ¾ Prejuízos Directos: surgem em resultado da alimentação, mediante o uso das quelíceras estiliformes que permitem ao ácaro romper a epiderme e as paredes celulares das folhas (Doreste, 1982; Pfeiffer et al., 1995). Como consequência, estas são afectadas a nível respiratório e fotossintético (Sobreiro, 1993), o que se traduz num aumento da respiração e na destruição da clorofila (Jeppson et al., 1975; Pfeiffer et al., 1995) A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri ¾ Prejuízos Indirectos ou diferidos: estes podem originar-se a curto ou a médio prazo. Os prejuízos a curto prazo devem-se ao enfraquecimento da planta após um ataque do ácaro, com consequências ao nível da produção do próprio ano, tais como a diminuição do calibre dos frutos, coloração deficiente e tendência para uma queda prematura dos frutos (Viñuela & Jacas, 1998). A médio prazo, e como consequência do esgotamento da planta, o ácaro compromete o armazenamento produtivo, com consequências nos anos subsequentes (Sobreiro, 1993). Uma das possíveis explicações para este ultimo aspecto, deve-se ao facto de ser precisamente no final da Primavera que ocorre a indução floral na macieira (Natividade, 1948), estando o número de gomos vegetativos que evoluem para frutíferos dependente entre outros factores, das condições vegetativas da própria árvore (Vellarde, 1989). Fig. 6 – Bronzeamento nas folhas (Fonte:http://www.inra.fr/Internet/Produit s/HYPPZ/Images/7032552.jpg ) Fig. 7 - Pormenor do bronzeamento folha (Fonte: http://www.agro.bayer.com.pt/internet /problema.asp?id_problema=106#biologia) 2- ÁCAROS PREDADORES – Os Fitoseídeos Entre os inimigos naturais dos ácaros fitófagos, destacam-se os ácaros fitoseídeos, que pertencem à ordem Actinotrichida, à sub ordem Gamasida, que deles se alimenta preferencialmente, sendo por este motivo considerados os mais importantes predadores do aranhiço vermelho, responsáveis por manter as suas presas abaixo de níveis económicos de ataque (Ferreira, 1992). O primeiro fitoseídeo a ser descrito, foi em 1839 por C. L. Koch. O primeiro registo onde se refere o valor dos fitoseídeos é da autoria de Parrot em 1906. Desde 1951 já foram descritas aproximadamente 1500 espécies, a maior parte colhidas em plantas cultivadas, muitas em associação com outras espécies de ácaros especialmente fitófagas das famílias Tetranychidae, Erophydae, Tenuipalpidae e Tarsonemidae (Kreiter et al., 1991). Segundo Espinha et al., (1999) o Typhlodromus pyri parece abundante sobretudo nas regiões relativamente húmidas, em particular nos concelhos de Moimenta da Beira e Lamego. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Fig.8 – Fêmea de Typhlodromus pyri (Fonte: Autoras) 2.1- Características Morfológicas Os fitoseídeos são pequenos ácaros muito activos com cerca de 0,5 mm de comprimento, sendo os machos mais pequenos que as fêmeas, e como tal só é possível observá-los à lupa, têm o corpo em forma de pêra ou ovóide e brilhante, são fortemente esclerotizados possuindo um aspecto homogéneo (Kreiter, 1991). Normalmente são brancos ou amarelados, por vezes são acastanhados ou avermelhados, podendo mesmo apresentar uma tonalidade mais escura, dependendo do tipo de alimento que ingeriram, visto que adquirem a cor deste (Rambier, 1974). Os ovos são de cor inicialmente translúcida, passando depois a cor amarelada ou alaranjada, têm forma oval e são lisos. Tal como o aranhiço vermelho os fitoseídeos têm cinco estados de desenvolvimento. Os diversos estados são estruturalmente semelhantes mas com tamanhos distintos, o tamanho das larvas é muito semelhante ao das ninfas, com a diferença que as larvas têm três pares de patas, enquanto a protoninfa e deutoninfa, têm quatro pares de patas, tal como os adultos, sendo a protoninfa ligeiramente menor que a deutoninfa e sendo esta mais colorida (Rambier, 1974). O corpo apresenta-se dividido em duas grandes regiões, o gnatossoma e idiossoma. O gnatossoma é constituído por, um par de palpos que são utilizados para a manipulação do alimento e para o seu transporte à área bucal, tal como o primeiro par de patas; um par de quelíceras, sendo estas utilizadas para agarrar e desfazer o alimento. As quelíceras dos fitoseídeos machos, servem também para transferir o esperma sob a forma de um espermatóforo, ou cápsula espermática, para a genitália feminina funcionando então como gonopodes, as quelíceras, são estruturas que sobressaem do resto do corpo. Fazem ainda parte do gnatossoma, um par de estiletes, que se destinam a perfurar a presa e extrair os fluidos do seu corpo. O idiossoma contém os quatro pares de patas para a locomoção, embora só utilizem três, que são em geral largas, sendo os seus movimentos mais rápidos que os das suas presas (Carmona & Silva Dias, 1996). O idiossoma corresponde ao tegumento e é protegido por placas espessas, sendo as mais importantes: dorsal, ventrianal, genital e esternal, sobre as quais existem pêlos que servem para a determinação da espécie. Estão desprovidos de olhos, mas possuem pêlos tácteis nas extremidades das patas anteriores que são mais longas que as restantes, que como já referimos os ácaros utilizam unicamente para apanhar as suas presas (Baillod & Venturi, 1980). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 2.2- Características Bioecológicas Os fitoseídeos passam por cinco estados de desenvolvimento, são eles: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto (Ferreira, 1992). No Outono, as fêmeas adultas fecundadas, (o modo de reprodução dos fitoseídeos é a paraploidia ou pseudo–arrenótoca, com fecundação obrigatória), dirigem-se para esconderijos como sejam debaixo das escamas, dos gomos e das cascas, ou nas gretas dos troncos das árvores, na vegetação espontânea, em restos de culturas ou até no solo, onde se abrigam e passam o Inverno (Kreiter et al., 1991). Os ovos são relativamente grandes ocupando o ovo maduro uma grande parte do corpo da fêmea (Ferreira, 1992). Na Primavera quando a temperatura começa a subir, mesmo antes da rebentação das árvores, os fitoseídeos saem do estado de diapausa e começam as posturas de ovos, sobretudo na página inferior das folhas, e para aderirem melhor às folhas os ovos possuem uma substância pegajosa. Passados alguns dias os ovos eclodem dos quais saem as larvas, geralmente as fases correspondentes aos ovos e às larvas são pequenas, quando comparadas com a fase adulta. Dáse uma muda para protoninfa e de seguida deutoninfa. As larvas e as ninfas vão de um estado a outro após uma muda que dura em média cerca de trinta minutos, precedido em certos casos por um estado de imobilização de algumas horas (Sabelis, 1985). De deutoninfa passa-se ao adulto, geralmente o período de tempo para passagem de ovo a adulto é de 4 a 7 dias, com uma temperatura de 25º C, e por isso o seu ciclo de vida é mais curto que o dos ácaros fitófagos, uma vez que têm um desenvolvimento mais rápido (Ferreira, 1992). Esta característica juntamente com a semelhança entre o período de actividade do aranhiço vermelho, e ainda com a vantagem de estarem activos nos pomares antes do aparecimento das primeiras formas móveis de aranhiço vermelho, faz destes predadores os candidatos mais importantes para a luta biológica no combate ao aranhiço vermelho (Overmeer, 1985). Quanto à sua longevidade, os fitoseídeos vivem mais tempo quando comparados com os tetraniquídeos, sendo em média de 53 dias a 25º C em algumas espécies. As condições de temperaturas óptimas para o desenvolvimento dos fitoseídeos variam entre 20º C e 30º C (Ferreira, 1992). A humidade com valor, de cerca de 80% é em geral favorável ao desenvolvimento dos ovos e dos estados imaturos, segundo este último autor, as espécies do género Phytoseiulus parecem desenvolver-se mais rapidamente, contrariamente aos tetraniquídeos, que se dão melhor com valores baixos de humidade. A fecundidade dos fitoseídeos é mais baixa que a dos tetraniquídeos, oscilando em geral entre 30 a 80 ovos por fêmea, dependendo das espécies e do tipo de alimento (Ferreira, 1992); já segundo Kreiter (1991) a fecundidade das fêmeas situa-se entre 50 a 90 ovos e refere ainda que o ritmo quotidiano de postura varia também com a espécie, com as condições climáticas e tróficas sendo este número entre 0,1 e 4,5 ovos. Os fitoseídeos têm cerca de 4 a 7 gerações por ano. A dispersão faz-se através do vento, e pelo transporte por outros animais como o pulgão ou por folhas mortas (Binns, 1992), aliás todos ou quase todos os processos de dispersão descritos para os tetraniquídeos são adaptados para os fitoseídeos (Raworth et al., 1994). O regime alimentar dos fitoseídeos é muito variado (Garía – Marí et al., 1991), mas a sua presa principal é o aranhiço vermelho (Rambier, 1974), preferindo os estados jovens, podendo também alimentar-se de outros ácaros fitófagos, pequenos insectos, pólen das flores, meladas e esporos de cogumelos e nemátodos. Estes alimentos são de grande importância, não só para que os A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri predadores se mantenham nos pomares, quando escasseiam as presas preferidas, mas também para a sua criação em laboratório. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Fig. 9 – Typhlodromus pyri a alimentar-se de Panonychus ulmi (Fonte: http://www/sardi.as.gov.au/foto/species.php? speciesN0=905) 3– MATERIAL E MÉTODOS O trabalho prático decorreu na Quinta da Pericota, situada na freguesia de Britiande, concelho de Lamego. A área total do pomar é de 6 ha. O pomar foi plantado em 1996, com um compasso de 5m x 2m, as variedades estão enxertadas em porta – enxerto MM 106 e conduzido em eixo central. A parte prática do trabalho foi realizada em duas parcelas desta exploração, cada uma delas com cerca de 0,5 ha. A variedade destas duas parcelas é a El Spur. O solo está revestido de vegetação espontânea na entre – linha, onde o combate às infestantes é feito através do corte e na linha é usado herbicida. Relativamente às técnicas utilizadas para estimar o risco dos inimigos, estas deverão ser simples, rápidas, rigorosas e fundamentar adequadamente as tomadas de decisão fitossanitária. Segundo Espinha & Pinto (1999), a questão da simplicidade destas técnicas assume particular importância no caso dos ácaros, dado tratar-se de organismos de observação relativamente difícil, devido nomeadamente ao seu reduzido tamanho e às altas densidades que podem atingir. Neste contexto, os métodos utilizados neste trabalho foram: o controlo das eclosões dos ovos de Inverno do Panonychus ulmi e a estimativa do risco ao longo do ciclo vegetativo. 3.1– Controlo das eclosões dos ovos de Inverno A função deste método é de prever a data ideal do tratamento. Para se procurar identificar a época de eclosão dos ovos de Inverno do aranhiço vermelho, usouse a metodologia apresentada para o efeito numa publicação da Association de Coordination A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Technique Agricole (OILB/SROP & ACTA, 1977) sobre a amostragem em macieiras. Assim, e de acordo com a metodologia referida, colheu-se em cada parcela um ramo de macieira com cerca de 20 cm de comprimento. Os fragmentos de ramos foram colocados em tábuas com 25 cm de comprimento e 10 cm de largura, e pintadas de branco para facilitar a observação e contagem de larvas. Os segmentos de ramo foram fixados às tábuas com arame e na face da tábua oposta do segmento do ramo foram colocados dois camarões para suspender a tábua na árvore. Colocou-se uma camada de vaselina na face da tábua que continha o segmento de ramo para que as larvas ao eclodirem ficassem presas, de modo a possibilitar a sua contagem e não haver fugas de larvas. De seguida as placas foram presas em ramos de macieiras, situadas no interior do pomar, com a face que continha o fragmento de ramo infestado, voltado para o solo, de modo a proteger as posturas da radiação solar directa e do arrastamento das larvas pelas chuvas. As tábuas foram colocadas nas macieiras das respectivas parcelas, no dia 5 de Março de 2003 e a partir desta data foram examinadas duas vezes por semana. No dia das observações as tábuas foram retiradas das árvores e contaram-se as larvas eclodidas no período entre cada observação que ficaram presas à vaselina, com o auxílio da lupa. Depois da observação, as larvas foram retiradas da tábua com ajuda de uma agulha, e renovou-se a camada de vaselina e as tábuas foram colocadas novamente nas árvores. De seguida fez-se os registos das larvas eclodidas (anexo 2). 3.2– Estimativa do risco ao longo do ciclo vegetativo Esta estimativa consistiu em realizar amostragens semanais nas duas parcelas em estudo, por observação visual, registando os resultados obtidos em fichas concebidas para o efeito. Cada uma destas observações incidiu em 100 folhas, examinados ao acaso em 10 árvores da parcela. Foram observadas folhas situadas, aproximadamente, à altura de um homem e em direcções opostas. Examinaram-se as folhas do terço inferior dos rebentos nas amostragens efectuadas até Junho, as do terço médio nas realizadas até Agosto e a partir dessa data as do terço superior (OILB/SROP & ACTA, 1977). A observação das folhas foi dividida em duas fases. Uma que decorreu imediatamente após a recolha de cada uma das folhas e onde se detectou a presença ou ausência de formas móveis, obtendo-se uma percentagem de ocupação (dada pela quantidade de folhas ocupadas). Esta operação foi auxiliada pela utilização de uma lupa de bolso. A segunda observação foi feita com o auxílio de uma lupa binocular, através da qual se contabilizaram todas as formas móveis do aranhiço vermelho encontradas nas 100 folhas por parcela, chegando-se assim a uma média de formas móveis por folha. A fase de recolha teve início a 9 de Maio de 2003, prolongando-se até 12 de Setembro de 2003. As observações terminaram nesta data, porque logo a seguir, no dia 15 de Setembro iniciou-se a colheita dos frutos. Os dados meteorológicos em que nos baseámos foram obtidos na estação meteorológica da Zona Agrária de Tarouca, instalada em Britiande. Os dados são referentes à temperatura, precipitação e humidade relativa. 4- RESULTADOS E DISCUÇÃO Segundo a bibliografia consultada, a partir de finais de Março, princípios de Abril, iniciam-se as eclosões dos ovos de Inverno (Sobreiro, 1993). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Podemos afirmar que o início da actividade biológica da praga se registou na altura esperada, pois o início da eclosão dos ovos de Inverno deu-se a 25 de Março de 2003. O máximo de eclosões os ovos de Inverno registou-se a 16 de Abril de 2003 em ambas as parcelas. Como a época recomendada pela Bayer CropScience para a aplicação da spirodiclofena é ao máximo de eclosões dos ovos de Inverno, o tratamento efectuado com esta substância activa realizou-se a 23 de abril de 2003, na concentração de 40 ml/hl, numa das parcelas, designada por parcela tratada. Na outra parcela não se aplicou qualquer acaricida, ficando designada por parcela testemunha. Os resultados da amostragem de ovos de Inverno do aranhiço vermelho efectuada no âmbito do presente trabalho, revelou uma infestação muito semelhante nas duas parcelas, encontrando-se à partida ambas as parcelas em condições de igualdade (Fig. 10). Após a aplicação de spirodiclofena, verificou-se uma diminuição das larvas eclodidas na parcela tratada. 45 40 nº de larvas eclodidas 35 30 25 20 15 10 5 Parcela Tratada 9/5 6/5 2/5 30/4 26/4 23/4 19/4 16/4 12/4 9/4 5/4 2/4 28/3 25/3 0 Parcela Testemunha Fig. 10 – Número de larvas eclodidas na parcela testemunha e na parcela tratada. Ao longo das observações efectuadas, obteve-se uma percentagem de folhas ocupadas muito superior na parcela testemunha relativamente à parcela tratada (Fig. 11). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 0,9 % Folhas ocupadas 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 Parcela tratada 12/9 5/9 29/8 22/8 14/8 8/8 1/8 25/7 18/7 11/7 4/7 27/6 20/6 13/6 6/6 30/5 23/5 16/5 0 9/5 0,1 Parcela testemunha Fig. 11 – Percentagem de folhas ocupadas na parcela tratada e na parcela testemunha Recorremos ao programa estatístico SPSS, para testarmos se a diferença das médias da percentagem de folhas ocupadas em ambas era significativa (Quadro 2). Quadro 2 – Teste de comparação das médias da percentagem de folhas ocupadas na parcela tratada e na parcela testemunha Modalidade Média Desvio padrão Tratada 0,92 0,6 Nível de Graus de t student significância liberdade 18 Testemunha 0,52 0,26 -7,99 0,0 (*) (*) A diferença é estatisticamente significativa, para um nível de significância de 1%. Em relação ao número de formas móveis de Panonychus ulmi (Koch) por folha, em todas as observações foi também evidente um número superior na parcela testemunha em relação à parcela tratada (Fig. 12). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 400 nº de formas móveis 350 300 250 200 150 100 Parcela tratada 12/9 5/9 29/8 22/8 14/8 8/8 1/8 25/7 18/7 11/7 4/7 27/6 20/6 13/6 6/6 30/5 23/5 16/5 0 9/5 50 Parcela testemunha Fig. 12 – Número de formas móveis na parcela tratada e na parcela testemunha. Efectuamos novamente o tratamento estatístico com o programa SPSS, para verificarmos se a diferença das médias do número de formas móveis em ambas as parcelas era significativa (Quadro 3). Quadro 3 - Teste de comparação das médias do número de formas móveis na parcela tratada e na parcela testemunha Modalidade Tratada Média 21,37 Desvio padrão Nível de Graus de t student significância liberdade 10,62 18 Testemunha 194,32 100,11 -8,2 0,0 (*) (*) A diferença é estatisticamente significativa, para um nível de significância de 1%. É de referir ainda que ao longo das observações visuais efectuadas no campo, o Nível Económico de Ataque (N.E.A.) na parcela tratada nunca foi atingindo, enquanto que na parcela testemunha este nível foi atingido em sete das observações efectuadas (Quadro 4). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Quadro 4 – Datas em que o N.E.A. foi atingido na parcela testemunha Data N.E.A. de referência * % de Folhas ocupadas 20/6 50-75% 78% 27/6 50-75% 76% 25/7 50-75% 78% 1/8 45-50% 86% 8/8 45-50% 90% 14/8 45-50% 82% 22/8 45-50% 74% * (Fonte: D.G.P.C., 1997) É ainda de salientar a sensível diminuição de formas móveis por folha e percentagem de folhas ocupadas, em ambas as parcelas, nos dias de observação e contagem: 4/7, 18/7 e 29/8. Estas quebras são resultado da precipitação ocorrida nos dias: 29/6, 30/6, 14/7, 15/7, 27/8 e 28/8. No que se refere ao ácaro predador Typhlodromus pyri, encontrado nas observações ao longo do trabalho, e em ambas as parcelas, verificamos que a população do mesmo é muito idêntica (Fig.13). A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri 50 40 30 20 Parcela tratada 12/9 5/9 29/8 22/8 14/8 8/8 1/8 25/7 18/7 11/7 4/7 27/6 20/6 13/6 6/6 30/5 23/5 0 16/5 10 9/5 nº de Typhlodromus pyri 60 Parcela testemunha Fig. 13 – Número de Typhlodromus pyri encontrados em ambas as parcelas Recorremos de novo ao programa estatístico, para verificarmos se a diferença das médias da população de T. pyri em ambas as parcelas era significativa (Quadro 5). Quadro 5 - Teste de comparação das médias do número de Typhlodromus pyri na parcela tratada e na parcela testemunha Modalidade Média Desvio padrão Tratada 16,53 12,30 Nível de Graus de t student significância liberdade 18 -1,37 0,18 A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri Testemunha 17,79 13,91 (*) (*) A diferença é estatisticamente não significativa, para um nível de significância de 10%. 5- CONCLUSÕES A aplicação de spirodiclofena, na concentração de 40 ml/hl, na altura do máximo de eclosões dos ovos de Inverno do Panonychus ulmi é altamente eficaz no controlo desta praga ao longo do ciclo vegetativo da fruteira. Estatisticamente verificou-se, para um nível de significância de 1%, que é significativa a diferença da população do P. ulmi e percentagem de folhas ocupadas, da parcela onde foi aplicada a spirodiclofena e da testemunha. Para além destes dados, na parcela tratada nunca foi atingido o N. E. A., enquanto que na testemunha ao longo do trabalho, o N. E. A. foi atingido em sete das observações realizadas. A spirodiclofena não possui efeitos secundários negativos sobre o ácaro predador, fitoseídeo, uma vez que se verificou que não há diferença significativa entre a população do fitoseídeo da parcela que sofreu tratamento com spirodiclofena e a população referente à parcela testemunha, onde nunca foi aplicado qualquer acaricida. Esta conclusão também foi verificada estatisticamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, P.(1980) - Aspectos de natureza económica em sanidade vegetal. Agros, 63: 21-41 ANÓNIMO, (1999). European red mite. http://www.hortnet.co.nz/key/keys/info/erm-info.htm. A eficácia do Envidor no controlo do Panonychus ulmi (Koch) e sua acção sobre o Typhlodromus pyri ARIAS, A. & NIETO, J. (1979). Avivamento de los huevos de inverno de la “0araña roja de los frutales”, Panonychus ulmi (koch), en las vegas del Guadiana ( Badajoz), 1970-78. Bol. Serv. 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