Morro de São João - drm-rj

Transcrição

Morro de São João - drm-rj
Ponto de Interesse Geológico: Morro de São João
Mapa de ocorrência de rochas alcalinas no Estado do Rio de Janeiro
Nome
Idade Média
1
2
3
4
5
6
7
8
Passa Quatro
Itatiaia
Morro Redondo
Tinguá
Itaúna
Rio Bonito
Morro de São João
Cabo Frio
66,7 Ma
73,1 Ma
65,6 Ma
66,7 Ma
62,4 Ma
75,4 Ma
60,1 Ma
52,3 Ma
MARLIM SUL
Cabo Frio
ALTO DE
CABO FRIO
ESPADARTE
0
10
GUARAJUBA
V
V
V
ESPÍRITO SANTO
BACIA DE
CAMPOS
V
V
V
21 S
MARLIM LESTE
Rio Bonito
BACIA DE
SANTOS
22º30’ S
20
BARRA S.JOÃO
GRABEN
52 Ma
MARLIM
10
00
211
403
377
00
Mendanha
Mo. de
São João
729 m
0
40
10
0
TTÉÉ
A
A
U
UBB
A
A
TT
D
DEE
Morro de
São João
63 Ma
ALBACORA LESTE
São Tomé
20
00
IIAA
C
C
BBAA
S. PAULO
Idade das Rochas Alcalinas
Código
59 Ma
RESENDE
Itatiaia
RONCADOR
CABO
CABO
SÃO
SÃO TOMÉ
TOMÉ
100
66 Ma BACIA DE
BACIA DE
S. PAULO
41 W
42 W
CAMPOS
Campos de Petróleo
22º30’ S
43 W
RIO DE
JANEIRO
Idade das Rochas
Falhas Geológicas
Poços de
Caldas
O
39
39O
00m
-20
66 Ma
SÃO PAULO
44 W
MINAS
GERAIS
Canyons Submarinos
89 Ma
ESPÍRITO
SANTO
40
0
V V
Intrusões de Rochas Alcalinas
Cones Vulcânicos
Feições Vulcânicas Identificadas
00m
-10
0m
-20
Estudos geológicos revelam que, entre cerca de 80 e 40 milhões de anos atrás, existiram vulcões no Estado do Rio, hoje extintos. A
Figura 1 destaca as áreas de Itatiaia, Tinguá, Mendanha, Itaúna, Rio Bonito, Morro de São João e Arraial do Cabo, que são
resultado dessa antiga atividade ígnea ou magmática (magma = rocha fundida), formando feições topográficas positivas (morros
ou montanhas). Essas elevações formam um notável alinhamento na direção leste-oeste e estão separadas umas das outras por
dezenas a centenas de quilômetros. Sua origem pode ser explicada pelo que os geólogos denominam "Teoria da Tectônica de
Placas", modelo formulado quando procurou-se explicar o curioso encaixe entre o litoral do Brasil e a costa oeste da África, ainda
no início do século 20, pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener.
45 W
42º00’ W
Sedimentos Terciários
10
00
EXISTIRAM VULCÕES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ?
A
CI
N
VI
O
PR
E
D
S
O
M
O
D
E
D
L
A
S
L. de Juturnaíba
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Área de Encarte
N
100 KM
Escala 1:1.000.000
5
A Área de Encarte acima é parte do
Mapa Político-Administrativo do Estado do Rio de Janeiro - Fundação CIDE-2002
N
N
0
5
km
42º00’ W
Modificado de Mohriak et al., 1995.
Passa Quatro
2
22 S
Itatiaia
3
1
Morro Redondo
SÃO PAULO
4
Complexo Rio Bonito,
Tanguá, Soarinho
Canaã
Morro
dos Gatos
5
Marapicu/
Mendanha-Gericinó
7
Morro de
São João
6
Itaúna
8
Ilha de Cabo Frio
Fontes:
Projeto Carta Geológica DRM-RJ
Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro 1:400.000
Mosaico de Imagens Landsat TM5 1993-4, r5g4b3
Thomaz Filho, A. & Rodrigues, A.L. RBG 29(2) 1999
23 S
Figura 1 - Imagem de satélite do Estado do Rio de Janeiro, com destaque para as montanhas alinhadas
de origem ígnea e composição alcalina.
A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS EXPLICA OS NOSSOS VULCÕES
A palavra tectônica tem sua origem no grego, no sentido de construir. Assim, "Tectônica de Placas", se refere à teoria de que a
superfície da Terra é construída por placas. Estas placas movimentam-se em diversas direções, numa velocidade de poucos
centímetros por ano. Elas podem-se agrupar (colidindo entre si) ou quebrar em pedaços. As placas continentais (mais leves) flutuam
sobre as oceânicas (mais pesadas) e, assim, os continentes são "carregados" sobre os oceanos, como se fossem objetos em uma
esteira rolante.
Os geocientistas acreditam que há dezenas de milhões de anos, enquanto a Placa Sul-Americana afastava-se da Africana, o
território do Estado do Rio de Janeiro esteve sobre um ponto fixo e muito quente, localizado a grandes profundidades no interior da
Terra, os "hot spots". Segundo esse modelo, um “hot spot” pode dar origem a uma série de vulcões alinhados, com idades
diferentes, à medida que as placas se movimentam sobre ele. Resumindo: na medida em que a placa se move, um vulcão novo se
forma, enquanto outro se extingue. Espera-se, então, que o vulcanismo que gerou Itatiaia (oeste) seja mais velho do que o da Ilha
do Cabo Frio, em Arraial do Cabo e do Morro de São João (leste). Veja as idades das rochas na tabela da Figura 1 e observe que as
datações das rochas sugerem que elas são mais jovens conforme se avança para o mar. Trabalhos desenvolvidos para pesquisa de
petróleo confirmam a ocorrência de vulcões no fundo do mar, seguindo a linha leste-oeste, até a região de Cabo Frio. Na
Figura 3 é apresentado um mapa, elaborado por geólogos da PETROBRAS, que mostra a existência desse vulcanismo marinho
na costa do Estado do Rio, identificado através de sondagens e de geofísica (tecnologia utilizada para visualização de estruturas no
interior das Terra - como se fosse um Raio X ou ultrassonografia em um corpo humano). A Figura 3-A mostra uma "imagem" de um
cone vulcânico na plataforma continental de Cabo Frio. Observe sua semelhança com a geometria do Morro de São João.
Figura 3A - Seção sísmica com cone vulcânico na região
entre as Bacias de Santos e Campos)
Topografia 3-D (Pontes et al., 2000)
Morro de São João
ENTÃO, O MORRO DE SÃO JOÃO TEM SUA ORIGEM EM UM VULCÃO? EXISTEM
EVIDÊNCIAS DE VULCANISMO?
Serra dos Tomazes
Tinguá
Mapa Geológico da Região de Morro de São João, Rio de Janeiro.
Figura 2- Mapa com indicação de vulcanismo na área continental e de cones vulcânicos na área
oceânica do Estado do Rio e Janeiro. Fonte: Webster Mohriak (PETROBRAS).
MINAS GERAIS
Falha Normal Lístrica
Cone Vulcânico
Há cerca de 60 milhões de anos atrás, no início do que os geólogos chamam de período
Terciário, nossa região foi palco de atividades vulcânicas que deram origem a várias rochas
chamadas ígneas, ou seja, formadas a partir do magma cristalizado em profundidade, ou da
solidificação na superfície de lavas expelidas por vulcões. No caso do Morro de São João,
apesar de sua forma de cone vulcânico (ver Figura 2), os geólogos não conseguiram identificar
a presença de rochas que indicassem a ocorrência de erupções vulcânicas na superfície,
ocorrendo apenas as rochas cristalizadas a grandes profundidades.
Os vários tipos de rochas ígneas que constituem o Morro de São João foram formados em
profundidade (ver Mapa Geológico- Figura 4). Esta afirmação é feita com base no tamanho
dos cristais das rochas locais, demonstrando que tiveram tempo para cristalização, isto é, se
resfriaram lentamente. Quando uma lava é expelida pelo vulcão, o contato brusco do material
com o ar ou a água pode gerar vidro vulcânico ou rochas com minerais muito pequenos, porque
se resfriam muito rapidamente. Também, espera-se encontrar materiais típicos de uma erupção
como: derrames de lavas, cinzas vulcânicas, bombas (pedaços de lava lançados
explosivamente pela cratera), etc. Estes materiais não são encontrados no local.
A inexistência de evidências de erupções provavelmente se deve à erosão que atingiu esta
região. A erosão, causada pela ação das chuvas, ventos, calor, frio, etc., “arrasou” a topografia
local, onde a única feição de destaque é o próprio Morro de São João, cujas rochas foram mais
resistentes à ação das intempéries do que as que ocorrem no seu entorno. Acredita-se que
podem representar a câmara interna do vulcão, localizada a alguns quilômetros abaixo da
superfície.
ONDE OCORREM OS VULCÕES E TERREMOTOS NO MUNDO?
As regiões do planeta onde ocorrem a maioria dos vulcões e terremotos
são as bordas das placas tectônicas, nas zonas de choque ou de
afastamento entre as placas, como podemos ver no Mapa Múndi (figura
abaixo). A existência dos “pontos quentes" explica a cadeia vulcânica do
Havaí, os extintos vulcões do Rio de Janeiro, o alinhamento de cadeias
vulcânicas na região entre Vitória e a Ilha de Trindade (região oceânica do
Espírito Santo), e, também, outros casos de vulcanismo que ocorreram ou
ocorrem fora das bordas das placas.
Almofada de Sal
Macaé
LEGENDA
Fonte:
Folhas Geológicas 1:50.00 DRM-RJ
Morro de São João, Barra de São João
Quaternário marinho - recente
Quaternário fluvial
Quaternário marinho - praias antigas
Escala 1:75.000
Terciário - rochas alcalinas
Precambriano - Unidade Região dos Lagos
Figura 4 - Mapa Geológico (Reis & Licht - DRM-RJ)
QUE ROCHAS FORAM “CORTADAS” PELO MAGMA DO MORRO DE SÃO JOÃO?
As rochas ígneas geradas neste episódio do passado são conhecidas como rochas alcalinas,
porque apresentam muito Sódio (Na) e Potássio (K) nos seus minerais. Estas rochas "cortam"
rochas metamórficas muito mais antigas, denominadas gnaisses. As rochas metamórficas são
derivadas de rochas pré-existentes que foram submetidas a condições de temperatura e/ou
pressão mais elevadas e sofreram o processo de recristalização e/ou deformação denominado
Metamorfismo. Os gnaisses estão representados na Unidade Região dos Lagos (ver Figura 4 Mapa Geológico), cuja idade é de cerca de 2 bilhões de anos (segundo datações da geóloga
Prof. Renata Schmitt - UERJ). Portanto, as rochas alcalinas, com idades em torno de 60 Ma, são
muito mais novas do que os gnaisses.
“A Terra levou alguns bilhões de anos para construir
as rochas, os minerais, as montanhas e os oceanos.
Proteja esta obra-prima!”
Rio das Ostras
Detalhe do Morro de São João
Figura 2 - Reconstituição
3D da topografia com
imagem de satélite do
Morro de São João
(Fonte: PETROBRAS)
Tempo de trânsito duplo (segundos)
Barra de S. João
PROJETO
CAMINHOS
GEOLÓGICOS
SECRETARIA DE ESTADO DE ENERGIA,
DA INDÚSTRIA NAVAL E DO PETRÓLEO
Elaboração: Kátia Mansur, Flavio Erthal e Eliane Guedes
RE
ED
DE
E D
DE
E
R
(DRM-RJ) e Webster Mohriak (PETROBRAS)
Colaboração: Hermani Vieira (DRM-RJ)
RIO DE JANEIRO
Homenagem: Antônio Pereira dos Reis (in Memoriam)
Coordenação: Kátia Mansur , Eliane Guedes e Flavio Erthal (DRM-RJ)
TECNOLOGIA
Seção sísmica 3-D na plataforma continental de margem sudeste (Mohriak, 2001)
Mapa Múndi com a distribuição dos continentes, das placas tectônicas (limites
em azul), vulcões (triângulos vermelhos) e terremotos (pontos amarelos).
Fonte: National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Contato: (0xx21) 2620-2525 (DRM-RJ)
Este painel pode ser encontrado em www.drm.rj.gov.br
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
www.drm.rj.gov.br
[email protected]
TurisRio
Companhia de Turismo do
Estado do Rio de Janeiro
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