A HISTÓRIA DA EMIGRAÇÃO REGIONAL de Giancarlo
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A HISTÓRIA DA EMIGRAÇÃO REGIONAL de Giancarlo
A HISTÓRIA DA EMIGRAÇÃO REGIONAL de Giancarlo Bertuzzi Já durante a época moderna inúmeros eram os habitantes da Carnia que se afastavam bem longe para exercer diferentes trabalhos em que se tornaram expertos, não longe do que se passava em outras áreas alpinas. Estes eram tecelões, artesãos, bagageiros, criados e sobretudo vendedores ambulantes, os cramârs. Chamavam-se também materialistas, cramârs e similares. Eles costumavam viajar pelos países da Europa central, vendendo de país em país mercadorias e especiarias que chegavam de Veneza. Alguns deles se tornaram vendedores por grosso desses produtos, construindo armazéns nos centros principais das áreas de comércio onde se encontram os vendedores a retalho. Algumas grandes fortunas provêm mesmo daqui e irão afetar positivamente com um conseguinte melhoria das condições de vida nos países de origem, com a construção de casas senhoris, adquirindo bens fundiários quer em Carnia, quer em outras áreas, nomeadamente em Istria. Nesses casos pode-se falar de “migração do bem estar”, para manter e consolidar o nível de vida não obtenível de outra forma. Vai se criando assim uma jerarquia social, de mercantes também são prestadores de dinheiro ou de mercadorias para os mesmos cramârs. Isto vai se acabando durante o século XIX, se bem pequenas zonas tradicionais continuam resistindo em algumas áreas, quando o desenvolvimento industrial muda de forma radical a situação econômica européia. No sector têxtil a mecanização dos processos de produção e a diversificação dos produtos, sempre mais “seriais” e baratos, estabelecem o final dos tecedores bem como dos alfaiates, enquanto a expansão mesma da industrialização, da urbanização, da rede dos transportes requer sempre mais mão-de-obra para os trabalhos relacionados com a edilícia: trabalhadores agrícolas, operários, telheiros, canteiro, pedreiros, trabalhadores florestais e outros especialistas para o trabalho da madeira. Mudando a procura, a oferta se conforma, percorrendo vias de migração já conhecidas às comunidades de partida, com o câmbio de sazonalidade: nunca mais durantes os meses do inverno, mas da primavera até o outono, no período mais favorável para as obras civis, com serias conseqüências de longo período no que diz respeito ao delicado equilíbrio do sector agrícola e pastoril. Com a falta da força de trabalho mais forte e experiente durante os períodos de maior intensidade de trabalho nos campos, isto grava sempre mais nos que ficaram, idosos, mulheres, crianças, levando a uma progressivo degradação do sistema agro-silvo-pastoral em primeiro lugar bem como das próprias capacidades de produção: uma conseqüência será um ciclo vicioso pelo qual perante um abaixamento da produtividade agrícola, o próprio deterioração em termos de qualidade, o incremento da população, as expectativas que o relativo bem-estar, ou pelo menos a certeza da continuidade do trabalho e dos rendimentos que a migração “de profissão” parecia garantir, a única resposta é confiar sempre mais intensamente, quantitativamente e qualitativamente, na migração o futuro individual e familiar. Nesse período o fenômeno da migração não interessa apenas as áreas de montanha, mas abrange zonas mais amplas, afetadas pelas incessantes carestias dos primeiros decênios do século XIX, durante o qual as noticias de possibilidades de emprego se multiplicam sem controlo: não obstante a severidade das autoridades austríacas na concessão de passaportes, mais de 17.000 pessoas uma média por ano migram do Friuli entre o 1827 e o 1836 e sem dúvida mais abundante é a migração clandestina, incontrolável e secundariamente tolerada, sobretudo aquela para os territórios de domínio dos Asburgos. Do 1866 até o 1914 Com a anexação do Friuli ao Reino de Itália não muda de forma relevante um fenômeno de migração que já tem uma fisionomia sólida e uma longa tradição: a tendência é de se dirigir para os países da Europa centro-oriental durante os meses do verão. Os percursos migratórios, as destinações e as relativas profissões, as motivações que forçam a partir e a escolher um destino especifico não mudam mas se afinam: o crescimento econômico dos países europeus é representado pelo desenvolvimento das obras civis bem como das infra-estruturas que requerem, ao lado de mão-de-obra não qualificada ainda numerosa, profissionalismo e competências técnicas especiais e atualizadas bem como a capacidade de se inserir em uma organização do trabalho sempre mais complexa. Durante a anexação e o novo século desaparecem os vendedores ambulantes, os salsicheiros, i coltellinai, os carpinteiros, os turfeiros de Valle Del Torre, os quadradores de travessas de Val Tramontina, deixando sempre mais espaço para os cortadores de árvores, operários de serrações de madeira, pedreiros, telheiros, canteiros, terrazzai e assentadores de mosaicos. Às destinações habituais quais Áustria, Hungria, Alemanha (onde se dirigem no início do século ‘900 90% dos migrantes), se juntam os estados do Danúbio, a Turquia, a Rússia, a França e a Suíça. O número dos migrantes friulanos varia na época entre a metade do século até os anos Oitenta entre 17.000 e 25.000 por ano, com relevantes oscilações devidas a momentos e contingências especiais, para crescer regularmente de 20.000 por ano de 1881 até os 37.000 de dez anos depois, chegando ao nível máximo de 56.000 em 1899, para descer lentamente até os 36.000 de 1911 e subir de novo rapidamente até mais de 52.000 de 1914. Se flutua entre 3,5 – 5,6 % da população residente na Província de Udine nos anos até o 1891, 10,3% de 1899, até 5,7% de 1911, chegando a 8,2% de 1914. Estes números têm de qualquer forma um valor relativo permanecendo inferiores à realidade pelo menos até o começo do século XX: em 1903 Giovanni Cosattini, na primeira rígida investigação sobre a migração temporária friulana, afirma que, de acordo com as estatísticas ferroviárias, eram mais de 80.000 por ano os migrantes, correspondente a 13% da população residente, com níveis máximos de 25% do Distrito de Moggio Udinese, 18% de Gemona, 15% de Tolmezzo e San Daniele, chegando a 4,8% de San Vito al Tagliamento (1,5 em 1881), 4,8% em Latisana (0,99 em 1881). Em 1914 o inspetor de trabalho Guido Picotti, outro observador cuidadoso da época do fenômeno migratório, avaliava em 85.000 o número dos que em aquele ano partiam pela Europa ou além-mar, representando 37% da migração da área do Veneto (dentro do qual o Friuli estava inserido na estrutura administrativa do Estado italiano) que por sua vez representava 18% de toda a migração italiana1. Já em 1877 o vice-secretário da Direção Geral de Estatística de então, Bonaldo Stringher, comparando os dados dos passaportes emitidos e as notícias fornecidas pelos presidentes das câmaras friulanos, calcula novamente o número dos migrantes daquele ano de 10.000 a 16.000, sem poder ter em conta dos clandestinos. Um dos maiores problemas para o conhecimento do fenômeno migratório é de fato a quantificação, nomeadamente nos períodos durante os quais resulta ser mais relevante aquela clandestina ou não registrada por meios de investigação adequados. Mesmo quando o Reino de Itália se dotará de instrumentos de inquérito estatístico específicos para a migração, esses serão capazes de se aproximar somente por defeito para a real consistência do fenômeno, pelo menos até o 1904. Nos últimos vinte anos do século XIX o fenômeno migratório em massa irá se estendendo até a planície e comparecerá ao lado dos deslocamentos anuais das transferências definitivas além-mar. Mesmo sendo o destino entre temporário e permanente (naquelas épocas se chamava “próprio”, considerando “impróprio” o destino de breve duração e recursivo, sempre com a finalidade de voltar para a pátria) era e é impreciso, pois mesmo quem ia para a Europa muitas vezes decidia de lá ficar para sempre e que ia além-mar o fazia com a intenção de permanecer durante um período prolongado, para “fazer fortuna” e juntar uma suma de dinheiro suficiente e voltar, continua uma distinção útil mas sobretudo correspondente a realidade, caracteres, êxitos diferentes e específicos. A migração sazonal nos países europeus segue percursos sempre mais consistentes, freqüentemente em grupos profissionais com a mesma origem territorial, em diferentes ocasiões coordenados por um organizador – mediador local, assegura um rendimento não elevado mas suficientemente constante que poderá ser reinvestido nos lugares de origem para melhorar as habitações, ampliar as propriedades familiares, assegurar um nível de vida decoroso à família, encaminhar os filhos para uma instrução profissional básica. A migração além-mar se instaura ou sob forma de abandono radical dos lugares de origem, devido à alienação dos próprios bens, ou numa empresa “de risco” na qual se vai à busca, durante um período mais ou menos breve de tempo, de acumular ganhos elevados e voltar. Nos anos 1875-76 começam as expatriações para as Américas do Distrito de Fagagna e de San Vito e a seguir progressivamente de outras localidades: em 1878 chegam a quase 3.000 os migrantes que se dirigem principalmente para a America do Sul, atraídos também pela propaganda desenvolvida pelos governos da Argentina e do Brasil, mediante os agentes de migração que operam por conta das companhias de navegação que encontram um ambiente apto a recebê-la. A população rural da média e baixa planície sente o efeito de uma lenta e inexorável erosão dos próprios ganhos, causada quer por uma grande crise agrária naqueles anos, quer pela difusão de doenças da vide e do bicho da seda que matam as produções mais difundidas e mais rentáveis, quer pela importante contribuição fiscal (imposto de moagem, sal) e pela rigidez dos acordos de arrendamento rural, que refletem sobre o agricultor os efeitos da crise. O fenômeno irá explodir entre o 1887 e o 1889, quando as saídas com destino o Novo Mundo se registrarão perto de 5.000 unidades por ano, não sendo os mais pobres a migrar mas os que possuem capitais, mesmo se modestos e espírito de iniciativa: mais que a miséria são a falta de perspectivas, a incerteza do futuro, as relações sociais demasiado apertadas e opressivas que levam à decisão de se ir embora. O que se está tornando êxodo dos campos preocupa as classes dirigentes agrícolas, divididas entre a hostilidade contra um processo que as priva de uma submetida força de trabalho e a inevitabilidade de um fenômeno que alivia a excessiva pressão demográfica, resolve sem as envolver o problema da miséria e do atraso, que terá de ser regulamentado. No final do século também os agricultores e os pequenos proprietários da planície irão se agregando às listas da migração temporária: não podem fazer valer as ocupações como os habitantes da montanha e terão de se adaptar a trabalhos mais humildes e com um salário inferior: operários manuais, trabalhadores não qualificados empregados nos aterros ou terraplenagens, telheiros sobretudo ocupados em oficinas para a produção de tijolos e telhas austríacos e alemães, onde a impiedosa concorrência levada pelos friulanos aos operários locais tinha fundamento em terríveis formas de exploração e auto-exploração, de trabalho infantil, de danos irreversíveis à saúde. A contraposição entre mão de obra local e operários friulanos caracteriza, com acentuações mais ou menos marcadas, os anos da grande afluência dos migrantes no mercado do trabalho de Áustria e Alemanha. A disponibilidade em aceitar salários mais baixos, fazendo-se cargo de muito trabalho, poupando em qualquer coisa, inclusive a alimentação que continua tendo por base a polenta, tomando o lugar de outros sem hesitação alguma, torna os friulanos como elemento perturbador do mercado e relativas controvérsias: difundida é portanto a fama de “krumiros”. Com muita fadiga as organizações sindicais dos países de destino tentarão mitigar este conflito, oferecendo aos migrantes o próprio suporte bem como a proteção contra os abusos dos empregadores, endereçando estes para localidades e setores de produção com maior procura de emprego mas sobretudo, favorecendo a constituição de organizações de suporte à migração mesmo nos lugares de saída. Ditas premissas constituem a base do nascimento em Udine em 1900 do Secretariado para a Migração, por iniciativa de um jovem advogado socialista Giovanni Cosattini, com a finalidade de assistir, coordenar, endereçar a migração temporária friulana, em colaboração com outras instituições quer nacionais, quer nos países de destino. Em 1901 nascia o católico Secretariado do Povo que se ocupava de cargos assistências similares. Também a migração transoceânica, que se reduziu progressivamente e menos de mil unidades no início do século, subindo de repente a partir do 1904, reduzindo-se raramente abaixo de 3.000 pessoas por ano, com máximos de mais de 6.000 em 1906 e 1912, até 10.000 de 1913 e 9.000 de 1914. Os principais lugares de destino em Europa são sempre Áustria, Alemanha, Hungria, mas também Sérvia, România, Turquia; do início do século também França e Suécia iniciavam atirando milhares de migrantes. Além-mar os destinos principais ainda são Argentina e Brasil, mas com expatriações mais baixas com máximos de nomeadamente 4.500 e 2.500 do 1888, até 1904, quando foram superados por Estados Unidos e Canadá, para os quais países naquele ano se dirigiram 1.500 friulanos que subiram até 8.00 em 1914. 1 Giovanni Cosattini, fundador e alma do “Secretariado da Migração”, secundariamente deputado socialista e primeiro presidente da câmara de Udine no secundo pós-guerra, foi o autor da fundamental descrição contida em A migração temporário do Friuli, Roma 1903, reimprimido com prefação de F. Micelli, Trieste, 1983. Guido Picotti dá a conhecer os resultados das investigações efetuadas por ele em vários artigos publicados no jornal de Udine “La Patria del Friuli”. Os estúdios sucessivos do fenômeno terão como referência ditos artigos, entre os quais B.M. Pagani, A migração friulana a partir da metade do século XIV até o 1940, Udine, 1968, que descreve em síntese os dados em termos de quantidade relativos à migração friulana divididos em sub-períodos, áreas territoriais e fontes de inquérito. Um quadro similar relativo à quantidade é dado por dois tomos de G. Di Caporiacco, Historia e estatística da migração do Friuli e da Carnia, Udine, 1969. Graças a esses ensaios se compreende com evidencia as fortes diferenças no que diz respeito aos dados relativos à quantidade das diferentes fontes usadas pelos autores, pois é praticamente impossível chegar a uma avaliação numérica do fenômeno migratório que não seja de tendência. Os mistérios e os lugares de saída: Da Carnia migram principalmente pedreiros, carpinteiros, canteiros, operadores de serração dirigindo-se sobretudo em Áustria e Alemanha. Alguns chegam em România, Turquia e Egito também. Durante os primeiros dez anos do século XX, 11% da migração da Carnia é composta por mulheres, metade das quais provem da Val Resia e acompanha os maridos, artesãos ou vendedores ambulantes; nos outros casos se trata de criadas ou de empregadas de cozinha de grupos organizados de operários, entre os quais estão os maridos delas, ou de trabalhadoras em setores específicos quais o empilhamento de pranchas nas serrações ou o transporte de materiais aos estaleiros. Os garotos eram menos numerosos, por volta de 3%, de costume se tratava de pedreiros e trabalhadores agrícolas, submetidos a trabalhos de transporte cansativos. O fenômeno da migração resulta freqüente também das áreas de montanha e bem como da planície de sopé, mas com uma determinada especialização, a de assentadores de mosaicos e os chamados “terrazzieri”, que teve origem na zona de Sequals mas que se derrama a todos os arredores: dita atividade especial terá a própria ocasião de se exprimir em toda a Europa e também fora do continente. São inúmeros os especialistas em obras ferroviárias e rodoviárias e os canteiros, os mineiros das zonas de Aviano e Montereale e da Val Cellina: arranjam trabalho mesmo nas minas da America do Norte. Os migrantes da planície da Destra Tagliamento migram também para as Américas fazendo trabalhos não qualificados no ramo da agricultura ou das obras ou nas minas, mas sobretudo para lá ficar nas diferentes colônias construídas do nada em terrenos em concessão pelo governo. A partir do começo do século as pessoas que migram para a America do Sul são apenas os que têm um profissionalismo específico dirigindo-se para os grandes cidades. Agora é a America do Norte que atrai mais com as oportunidades de trabalho nas grandes obras publicas, rodoviárias e ferroviárias bem como nas indústrias: aí se dirigem sobretudo das zonas de San Daniele, Codroipo, Latisana, San Pietro al Natisone. Da planície geralmente têm origem os telheiros, provenientes quer de Pordenone, quer dos arredores da cidade de Udine, representando cerca de 80% da migração daquelas zonas e entre eles inúmeras mulheres e jovens, submetidos eles também a trabalhos muito cansativos e horários extenuantes: contratados por pequenos empresários da zona de Buia, Maiano, Fagagna arrendando por sua vez a produção nos fornos da Europa central, mantendo baixas as próprias ofertas e, por conseqüência, pagando os operários muito pouco. O caso típico é o da migração não profissional pela qual não se requeriam, feita exceção para os chefes operários, competências especiais, diversamente dos pedreiros e os mestres-de-obra que, sobretudo se organizados em grupos homogêneos, expertos e especializados eram capazes de se fazer cargo de trabalhos tecnicamente difíceis e então adequadamente salariados. A legislação de proteção do emigrante: A agitação da grande migração, as ilusões, os enganos, as péssimas condições de vida, suscitaram além da intervenção direta de associações de suporte e de proteção dos migrantes, também um dibatimento social e político que levou, durante a época de Giolitti, à emanação de uma série de medidas legislativas para a regulamentação e a proteção social e econômica da migração. A primeira regra remonta ao 1901 e tem por objetivo a eliminação da migração clandestina: se constitui um órgão governativo especial, o “Comissariado da Migração”, ajudado por um Conselho da Migração, tendo como referentes e articulações locais os Comitês das municipalidades e das circunscrições que têm o cargo de fornecer informações sobre os passaportes, os custos das viagens, as possibilidades de trabalho, as cautelas a ser tomadas para evitar fraudes. Alem disso, suprime as figuras dos agentes de migração que eram responsáveis de inúmeras fraudes e enganos, substituindo-os com os representantes dos “vetores”, ou seja das companhias de navegação, responsáveis das condições econômicas e matérias das viagens. Estas terão de ser verificadas por inspetores nos principais portos de embarque. Todavia, a lei não consegue proteger o migrante no momento em que ele se encontro no estrangeiro. Somente em 1904 e apenas com a França se estipula um acordo neste sentido. Em outros países de migração, como os em idioma alemão, a colaboração entre associações e organizações sindicais favorecem a emprego e a tutela de garantias mínimas econômicas e sociais. Em 1910 algumas disposições atualizam a lei previamente em vigor, disciplinando os institutos de assistência aos migrantes e em 1911 proibindo a emissão de passaporte aos menores de 12 anos não acompanhados. No mesmo ano nasce um “Gabinete da migração para os confins terrenos”, com o objetivo de assistir a migração continental e reprimir a clandestina. A partir do ano 1913 é obrigatória a autorização do Comissariado para a transferência de operários italiano no estrangeiro, sendo possível exclusivamente em presença de um contrato de trabalho e o seguro contra os acidentes. Esta legislação e os órgãos de controle e de proteção por ela previstos não afetaram se não minimamente a migração autônoma e clandestina de grupos singulares permanecendo esta prevalente do ponto de vista da quantidade. Efeitos da migração : No sentido positivo alivia a sobrepovoamento relativa em agricultura, tornando a levantar em geral os reditos da população em forma global. Também o afastamento definitivo diminui a concorrência no mercado do trabalho agrícola, melhorando a capacidade contratual de quem fica em relação aos proprietários das terras. As remessas dos emigrantes, avaliáveis entre 20 e 30 milhões de liras de então por ano no começo do século, permitem consolidar as pequenas propriedades familiares, casas, terras, gado. O crescimento da procura de terra todavia levava a um acréscimo nos preços do valor fundiário da mesma que ia afetar os custos dos arrendamentos para os novos agricultores. O emigrante mais pobre, como o telheiro, era obrigado a pagar os débitos agrícolas com o próprio trabalho, sem conseguir se desvincular do circulo vicioso. Nos casos em que os reditos da migração são maiores, estes não são todavia usados para começar uma própria atividade profissional em pátria, porém para melhorar a própria colocação na migração, como intermediário ou pequeno empresário autônomo. Isto significa que o futuro do emigrante se atua sempre no âmbito da migração, enquanto os bens em casa, entregue às mulheres, jovens e idosos, têm uma função de reserva. As ausências prolongadas durante longos períodos dos homens em idade jovem e matura, provocou, a médio prazo, mudanças de costumes e estilos de vida não sempre positivos (por exemplo a difusão do alcoolismo, o abandono das famílias) e um declínio demográfico com efeitos importantes a seguir, afetando de forma permanente a estrutura demográfica da população (senilização, feminilização). Ao rebentar da primeira guerra mundial em agosto de 1914, que interessa os principais lugares da migração sazonal friulana, corta de repente os percursos de trabalho consolidados em decênios impondo o regresso, se não sempre forçado, todavia inevitável. Em 1915 as expatriações são pouco mais de 2.000, dos quais pouco menos de oitocentos para os Impérios Centrais, quinhentos para a Suíça, duzentos para a Argentina e cerca de trezentos para a America do Norte. Dentro de poucos meses os reditos da migração são par ao zero, os emigrantes se tornam desempregados, somente em parte empregados em trabalhos de interesse militar, muitas fortunas, mesmo importantes, constituídas nos territórios dos Impérios Centrais por empresários friulanos, são perdidas, requisitadas como propriedades inimigas sucessivamente à entrada na guerra da Itália: apenas algumas e somente em parte poderão ser recuperadas depois da guerra, sucessivamente a intermináveis contenciosos jurídicos, quando as condições políticas e econômicas dos países derrotados não permitirão o desenvolvimento de uma função comparável àquela do período anterior à guerra. 1915 – 1939 Ao rebentar da primeira guerra mundial em agosto de 1914, que interessa os principais lugares da migração sazonal friulana, corta de repente os percursos de trabalho consolidados em decênios impondo o regresso, se não sempre forçado, todavia inevitável. Em 1915 as expatriações são pouco mais de 2.000, dos quais pouco menos de oitocentos para os Impérios Centrais, quinhentos para a Suíça, duzentos para a Argentina e cerca de trezentos para a America do Norte. Dentro de poucos meses os reditos da migração são par ao zero, os emigrantes se tornam desempregados, somente em parte empregados em trabalhos de interesse militar, muitas fortunas, mesmo importantes, constituídas nos territórios dos Impérios Centrais por empresários friulanos, são perdidas, requisitadas como propriedades inimigas sucessivamente à entrada na guerra da Itália: apenas algumas e somente em parte poderão ser recuperadas depois da guerra, sucessivamente a intermináveis contenciosos jurídicos, quando as condições políticas e econômicas dos países derrotados não permitirão o desenvolvimento de uma função comparável àquela do período anterior à guerra. O final da guerra, as destruições causadas quer por ser estada a região interessada pelo campo de batalha, e retaguardas no começo e território ocupado e depredado pelos austro-alemães sucessivamente a Caporetto, apresentou aos regressados uma situação de desolação e miséria. Por isso, sucessivamente a algumas tentativas de ativar obras de reconstrução por cooperativas de operários, o caminho da emigração se apresentou novamente como única possibilidade para uma pressão demográfica sem fim, não obstante as inúmeras perdas em vidas causadas pela guerra. As populações dos territórios ex austríacos tiveram o mesmo destino sendo anexas ao Reino de Itália que já tinham efetuados anteriormente percursos migratórios similares aos do Friuli italiano. Mudam porem os fluxos, não a tipologia de trabalho: pedreiros, “terrazzieri”, assentadores de mosaicos, vão agora para a França, a Bélgica, o Luxemburgo, a Suíça: em 1920 são mais de mil neste País, 16.000 em França. Dos países da planície recomeçam as viagens para a America do Sul (já são cerca de mil pessoas em 1919 e 1920, mil desses nestes anos somente da localidade de Cordenons), os Estados Unidos (quase 3.000 em 1920), o Canadá (mais de 1.500 naquele ano). Muda também a fisionomia da emigração: nunca mais grupos organizados de empresários e contratantes locais, mas uma busca individual de trabalho, o fracionamento dos grupos de trabalhadores homogêneos que caracterizavam a atividade deles nos países europeus. A especialização territorial de trabalho também se ia dissolvendo: operários no setor das obras civis saem de todo o território provincial, nas minas do Norte America as pessoas chegam de diferentes lugares; agricultores da parte baixa do Friuli e da área à direita do Rio Tagliamento trabalhavam nas fazendas brasilianas e australianas. A emigração mas relevante ainda provinha das áreas de montanha e de sopé. Saídas de emigrantes friulanos de 1919 até 1933 Países Anos Países europeus 1919 3.052 1.479 4.531 1920 20.986 5.601 26.587 1921 11.293 4.356 15.649 1922 28.751 3.517 32.268 1923 28.212 7.655 35.867 1924 31.156 5.655 36.811 1925 23.373 3.983 27.356 1926 16.779 5.538 22.317 1927 9.149 7.741 16.890 1928 11.695 3.011 14.706 1929 14.130 2.313 16.443 1930 27.787 3.092 30.879 1931 14.661 1.824 16.485 1932 7.144 792 7.936 1933 6.132 transoceânicos 709 Total 6.841 Saídas de emigrantes friulanos nos anos de 1926 até 1932 Emigração continental Emigração transoceânica Homens Mulheres Homens Mulheres 1926 1927 12.425 4.354 4.294 1.244 1928 1929 7.093 2.056 6.571 1.170 1930 1931 8.860 2.835 1.939 1.072 1932 1933 11.790 2.340 1.142 1.171 24.687 3.100 2.042 1.050 711 10.157 4.504 1.113 408 384 355 4.514 2.635 354 3.654 2.478 Ano EMIGRANTES PARA OS PAÍSES EUROPEUS E PARA OS DA REGIÃO MEDITERRÂNICA DE 1926 ATÉ 1933 País 1926 1927 1928 1929 1930 Albânia 32 26 97 50 38 Argélia-Tunísia 5 8 28 232 160 Áustria 185 211 198 172 192 Bélgica 778 601 1.282 2.743 4 7 Bulgária 1931 1932 1933 374 154 101 1.369 1.021 357 371 27 51 231 72 65 Chequia 89 58 87 35 38 Egito 24 38 12 18 46 França 13.758 5.539 6.642 7.572 21.433 7.987 3.197 3.101 Alemanha 133 202 265 186 186 169 37 40 Jugoslávia 183 85 59 58 70 Luxemburgo 173 884 627 221 155 Países Baixos 177 294 231 263 314 România 73 112 103 52 48 Suiça 884 996 856 1.270 1.514 Turquia 19 5 93 32 12 Húngria 22 41 33 29 Outros países 246 45 1.075 Total 16.779 9.149 11.695 1.283 580 285 32 550 272 26 1.170 1.746 3.046 2.475 2.143 14.130 27.409 14.661 7.144 6.132 EMIGRANTES PARA OS PAÍSES ALÉM-MAR DE 1926 ATÉ 1933 País 1926 1927 1928 1929 1932 1933 1930 Argentina 2.042 Austrália 3.671 5.004 1.598 Brasil 274 415 160 1.196 134 1931 Canadá 115 179 56 95 35 22 1.125 57 E.U.A. 605 1.246 281 284 361 34 12 10 - 93 1 Outros países 777 767 86 576 402 33 181 -142 Total 130 830 127 131 620 118 151 1.824 792 709 96 5.538 7.741 3.011 2.313 3.092 426 322 Boletim mensal do Comissariado para a emigração, anos de 1926 até 1933. Anuário estatístico da emigração italiana de 1876 até 1925 – Pelo Comissariado geral para a emigração, Roma, edição do Com. Ger. Para a Emigr., 1926, tabelas n° 1 de pág. 1381; n° 3 de pág. 1403; n° 4 de pág. 1453 A emigração não italiana da Venezia Giulia O final da Grande Guerra, mas sobretudo o desaparecimento do Império dos Hasburgos, perturbou de forma radical os esquemas de referência institucional e cultural bem como as mesmas identidades nacionais das populações que são envolvidas nas mudanças de confins e nas paisagens por uma colocação nacional para outra. Na Venezia Giulia a primeira comunidade a ser afetada de modo profundo pelos eventos foi a de idioma alemão que abandona quase súbito a zona: eram cerca de 40000 pessoas, inclusive pessoas de outras nacionalidades que não tinham a intenção de ficar sob a soberania italiana. Nos anos a seguir foram, pelo contrário os novos cidadãos italianos de nacionalidade eslovena e croata da Venezia Giulia e da Istria que migraram para o estrangeiro para razões econômicas, como em outras partes de Itália, mas também com muita freqüência e sobretudo para razões políticas e nacionais. Especialmente após o advento do fascismo as comunidades dos chamados “alógenos” foi objeto de discriminações e de um evidente projeto de “desnacionalização”, que se concretizou com a progressiva redução dos espaços de representação nacional e de expressão cultural e lingüística (associações, escolas, uso do idioma). Entre as populações eslovenas e croatas era fácil encontrar desconfiança difundida e hostilidade em relação ao estado italiano, considerado usurpador de um direito nacional que podia ser representado de forma melhor pelo próximo reino da Jugoslávia. Esta oposição terá maior intensidade em relação ao fascismo, antes e depois a tomada do poder. O mesmo fascismo da Venezia Giulia apresentava uma forte carga de intransigência nacionalista e de tolerância em relação a outras presenças nacionais (por isso será definido “fascismo de fronteira”), que se vai concretizando também no uso apontado da violência em relação às associações não apenas políticas eslovenas e croatas. Em um contexto similar a migração dessas populações é incentivada e não contrariada com o objetivo também de as substituir com cidadãos italianos provenientes de outras partes do Reino. Do outro lado do território o próximo Reino de Jugoslávia parece oferecer a possibilidade de preservar intatos idioma e nacionalidade, além de oportunidades de trabalho que a Itália quer retirar, especialmente em relação aos empregados públicos. Os docentes e os ferroviários em maneira particular eram discriminados, despedidos ou transferidos para o interior do Reino: mais de 350 docentes vão para a Jugoslávia, antes do 1923, 180 foram despedidos, outros 400 transferidos. Além disso, eslovenos e croatos entraram a fazer parte dos fluxos migratórios que se dirigiam para o Império dos Hasburgos bem como para as Américas. A quantificação se tornará ainda mais difícil pela justaposição de dados e informações para os primeiros anos do pós-guerra e pela mudança de metodologias e critérios de detecção a seguir. As estimativas vão da redução do fenômeno a 20.000 ou 50.000 unidades totais, à amplificação até 150.000 durante vinte 2 anos . 2 As diferentes avaliações e quantificações foram analizadas por P. Purini, L’emigrazione non italiana dalla Venezia Giulia dopo la prima guerra mondiale, em “Qualestoria”, ns, XXVIII, n.1, 2000, pp.33-54. Estimativas e cálculos mais realísticos indicam um número de emigrantes definitivos não italianos da Venezia Giulia e da Istria não inferior a 50.000, mas apenas durante o 3 período, facilmente documentável, entre 1930 e 1938 , pelo qual a entidade real do 4 fenômeno pode alcançar as 100.000 unidades . O maior número de expatriações vai para a Jugoslávia, especialmente durante os primeiros anos, e pouco inferior, mas prevalente durante a secunda metade dos anos vinte, para a Argentina e, bem além desse dato, os Estados Unidos. As companhias de navegação triestinas propagandeavam de modo capilar nos países eslovenos e croatos as ofertas de viagens com preço rebaixado para a America do Sul. O aspeto particular da emigração proveniente da Venezia Giulia nos primeiros anos após-guerra é, contrariamente às tendências nacionais, a prevalência da emigração para países europeus em relação àquela de além-mar, pelo menos até o 1923. Além disso, após o 1927, ano da legislação restritiva no âmbito da migração que ainda mais, “para proteger a potência demográfica da nação” proibia a emigração definitiva, na Venezia Giulia as permissões de emigração eram concedidos com grande facilidade a quem nascia nos territórios anexos antes de 1919 e aos que não eram de nacionalidade italiana. Na área giuliana, istriana e dálmata, as expatriações aumentaram em 1927 de 14% e ainda mais nos anos sucessivos. Com a liberalização das expatriações após a crise econômica de 1929, estas cresceram ainda mais, com prevalência em direção a França, Suíça, Bélgica, mais que para as Américas. De 1926 até 1930, inúmeros eram os camponeses (mil por ano), istrianos na maioria dos casos que, não conseguindo pagar os débitos contraídos para a compra de casas e terras, depois que a reavaliação da divisa Lira provocou um importante aumento dos juros, foram forçados a deixá-las indo-se embora. Como no caso da emigração italiana e talvez ainda mais, a emigração devida a causas políticas e, especificadamente, nacionais se une e se confunde com aquela exclusivamente econômica. 3 Ivi, p.52, com as indicações dos critérios de avaliação e das motivações pela quais o autor a julga uma estima inferior àquela verdadeira. 4 100000 é a cifra que a historiografia eslovena acha como certa em relação ao assunto: veja Ivi, p.36. A política fascista da emigração O fascismo ao poder em um primeiro momento não intervim no fenômeno migratório, a não for no que diz respeito à reorganização do Comissariado da Emigração, estruturado em Delegações provinciais, que tinham que prover ao controlo da colocação dos trabalhadores reprimindo a emigração clandestina: mesmo a Província de Udine fornecendo 40% da emigração italiana para o estrangeiro, não era incluída entre as sedes das Delegações. Em 1925 foi transferido de Treviso o serviço regional para a emigração, órgão periférico do Ministério dos Negócios Estrangeiros, com tarefas de assistência e coordenação no setor. Nesta fase se une e se confunde à emigração tradicional a emigração política, de anti-fascistas e vítimas do regime: um passado de militância no movimento sindical e operário tinha por conseqüência, além de ser objeto de violências e de ações judiciárias, também a impossibilidade de arranjar emprego. Por isso, em muitos casos as duas formas de emigração de fato, coincidem: França e America do Sul são os destinos preferidos nesses casos. Em 1924 apareceram os primeiros sinais de dificuldade para a emigração: os Estados Unidos limitaram de maneira drástica os acessos aos emigrantes italianos e três anos depois o regime fascista ativou uma política de restrição da emigração, com disposições regulamentares e administrativas. Na secunda metade do ano 1927 foi fortemente dificultada a emigração permanente que ia diminuir a “potência demográfica da Nação” e tolerada aquela temporária, fonte de rendimentos, enquanto se tencionava potenciar a ação de propaganda do fascismo entre as comunidades italianas no estrangeiro. Era proibida a emigração “livre”, ou seja de os que saiam para o estrangeiro sem pontos de referência, sendo concedidas as permissões de emigração apenas as pessoas que tinham um contrato de trabalho reconhecido, mas para um período de tempo não superior a três anos. Se concedia também o reagrupamento familiar, mesmo se com fortes limitações. O efeito foi o de aumentar a emigração clandestina e transformar em muitos casos a temporária em permanente: agora não se voltava sazonalmente como de costume com o medo de não poder expatriar novamente e as pessoas ficavam no país estrangeiro tentando o possível o reagrupamento da família. Isto aconteceu especialmente em França em 1932, quando o Governo italiano negou o direito de visto de expatriação para trabalhar naquele país, com conseguintes retorsão francesa em relação à concessão da residência. Crescia também entre os emigrantes a propaganda organizada em favor do fascismo e a presença de informadores da polícia política, criando tensões com os governos dos países anfitriões. Em 1930 a grande crise econômica forçou a conceder mais permissões para emigrar, mas os efeitos a nível internacional da crise, com a conseguinte redução drástica das oportunidades de trabalho em todos os países industrializados, o início da política estrangeira belicosa avançada pela Itália, Fecharam progressivamente as saídas migratórias até a segunda guerra mundial. Pelo contrário aumentou a mobilidade no interior do estado italiano que afetou mais de 40.000 pessoas nos últimos vinte anos, diminuindo a cerca 25.000 na metade dos anos trinta, com um aspecto novo, indicador da seriedade da situação econômica e material dos lugares de origem: uma quota muito alta (55% em 1931) era constituída por mulheres, a maioria delas moças que iam às cidades para trabalhar como empregadas de casa. Trezentos famílias, provenientes da baixa planície e do lado direito do Rio Tagliamento se transferiram nos anos trinta nas quintas construídos de recente junto às Paludi Pontine a serem bonificadas, que estas eram chamadas a ultimar com o próprio trabalho. No começo dos anos trinta teve início uma política de expansão demográfica italiana, iniciada com a “colonização” da Líbia, onde em 1931-1932 chegaram cerca de 200 famílias friulanas, adjudicatárias de pequenas quintas a serem valorizadas em Cirenaica. Essas famílias eram originarias em prevalência das zonas de Pordenone, San Vito al Tagliamento, Latisana, Codroipo, Palmanova. Tinham de ser selecionadas e escolhidas de acordo com as próprias capacidade de trabalho, eficiência, consistência, rejeitando quem tinha idosos ou crianças pequenas, e por fidelidade ao regime. De fato, na maioria dos casos eram escolhidas famílias com dificuldades em encontrar uma colocação e que corriam o risco de onerar sobre a assistência publica. Mais de 13000 foram os trabalhadores friulanos que arranjaram emprego com trabalhos ligados à conquista militar da Etiópia, permanecendo muito deles no lugar durantes os anos a seguir para serem envolvidos pelos eventos bélicos acontecidos em 1940, aproximados por esta situação aos “colonos” líbicos. Em 1938 teve início uma nova forma de emigração organizada: depois dos acordos entre a Itália e o III Reich, os sindicatos fascistas em conexão com os alemães organizaram a transferência em primeiro de trabalhadores agrícolas, a seguir daqueles do setor industrial, para a Alemanha, com condições econômicas inimagináveis na Itália de então. As condições de vida e de trabalho se tornarão depois muito fatigantes, com uma disciplina rígida no lugar de trabalho e fora. Também os salários das famílias no final eram sujeitas a restrições. O desemprego e o subemprego, ocultados mas relevantes que afetaram cerca de 50.000 pessoas, forçaram muitos friulanos a pedir o ingresso nos contingentes dos trabalhadores: em 1938 saíram de Udine 1.800 trabalhadores agrícolas, entre os quais inúmeras mulheres e 2.060 trabalhador do setor das obras civis, que subiram a 7.000 e 2.500 em 1940 conseqüentemente aos esforços que provinham de todo o sistema econômico alemão que necessitava de mão-de-obra capaz de oferecer salários altos em Itália. O armistício italiano de 1943 maravilhou muitos deles que, mesmo mantendo formalmente a condição de trabalhadores voluntários, viram piorar profundamente as 5 condições de trabalho e de vida, sempre mais similares àquelas dos internados militares . A situação da guerra na qual se encontrou a Europa a partir de setembro de 1939, forçou a maioria dos emigrantes a voltar, quer porque chamados a combater, quer porque muitas vezes se encontravam em estados (por exemplo a França) em guerra com o Eixo, mesmo se a Itália ainda era “não beligerante”. A entrada em guerra da Itália levou ao internamento dos emigrantes italianos presentes nos países para os quais tinha declarado guerra, ou, em algumas situações especiais em que a emigração teve conotações políticas também, à participação de emigrantes italianos, ao esforço bélico contra o Eixo (um exemplo é dado pela participação de italianos e friulanos à resistência em França). 5 Matteo Ermacora, Campi e cantieri in Germania. Migranti friulani nel Reich hitleriano (1938-1943), em Emigranti a passo romano. Operai dell’Alto Veneto e Friuli nella Germania hitleriana, a c. di M. Fincardi, Verona, 2002, pp.155-198. 1940 -1968 A situação da guerra na qual se encontrou a Europa a partir de setembro de 1939, forçou a maioria dos emigrantes a voltar, quer porque chamados a combater, quer porque muitas vezes se encontravam em estados (por exemplo a França) em guerra com o Eixo, mesmo se a Itália ainda era “não beligerante”. A entrada em guerra da Itália levou ao internamento dos emigrantes italianos presentes nos países para os quais tinha declarado guerra, ou, em algumas situações especiais em que a emigração teve conotações políticas também, à participação de emigrantes italianos, ao esforço bélico contra o Eixo (um exemplo é dado pela participação de italianos e friulanos à resistência em França). No final da segunda guerra mundial no Friuli e na Venezia Giulia era fácil encontrar os sinais da ocupação alemã que tinha por objetivo a perspectiva de expansão do território nacional, promovendo sempre mais a política racional nazista e destruindo qualquer oposição com métodos de guerra ferozes. As duas regiões foram teatro da guerra partidária combatida quer pela resistência italiana, quer por aquela da Jugoslávia. A pertença nacional da Venezia Giulia, da zona de Gorizia, de uma parte do Friuli eram objeto de um contencioso que envolvia os combatentes anti-nazistas, as nações e os estados para os quais se referiam as mesmas potências aliadas. O andamento dos últimos meses de guerra prefigurava a sorte das terras contendidas. Uma grande parte dos territórios adquiridos pela Itália após a primeira guerra mundial, habitados por eslovenos e croatos, iam ser anexados ao novo estado da Juguslávia que reclamava também as cidades principais, Trieste e Gorizia bem como a zona oriental do Friuli, enquanto o Reino de Itália, fraco e sob a tutela, apelava para a antiga pertença à nação italiana dessas terras bem como aos sacrifícios enfrentados para se resgatar do passado fascista. A ação diplomática e a presença militar definiram já então a situação de após-guerra: Fiume, a região Istria, a parte oriental da província de Gorizia passaram à Juguslávia. O Governo Militar Aliado mantinha o controle sobre o território até a ratificação do tratado de paz em setembro de 1947, de forma indireta na província de Udine, direta naquela de Gorizia e na zona A do território de Trieste. A zona B desse território era sob a administração militar da Jugoslávia. Para Trieste a situação se prolongou ainda mais pois, nunca tendo realmente atuado o previsto Território Livre sob a égide da ONU até 1954 quando as duas zonas, A e B, passaram sob a direita soberania dos dois estados. Naquele período maturou o drama do êxodo da Istria, Fiume e Dalmácia pela grandíssima parte da população italiana (entre as 250.000 e 300.000 pessoas) que foram reunidas como prófugas em Trieste e em varias localidades italianas. Muitas dessas pessoas, logo ou nos anos a seguir, escolheram de emigrar. A emigração do Friuli Ao final do conflito tornaram à luz problemas que a guerra haviam escondido: a depressão da agricultura, a escassez de recursos materiais e financeiros, a fraqueza do sistema produtivo, super abundância da mão-de-obra, à qual de somava os danos da guerra, sobretudo na infra-estrutura, nos edifícios, nas vias de comunicação. 50.000 são os desempregados, enquanto o custo da vida tende a ser insustentável também para quem possui um trabalho. A emigração torna a ser uma via quase obrigatória. Na metade de 1946 partem os primeiros grupos de operários para os fornos austríacos, depois para as mineradoras da Bélgica e para outros países europeus. No final do ano são já 1.300 os emigrantes oficiais, 10.000 em 1947 e em 1948, mas muitos outros são aqueles que se movem clandestinamente. As estradas percorridas são aquelas já conhecidas, para a França, mas também para a Bélgica e Luxemburgo; a Suíça a partir de 1951 se torna pela primeira vez lugar de atração, em substituição à França e a Bélgica, para a grande demanda de mão-de-obra desencadeada pelo seu crescimento industrial. Em 1947 se inicia um notável fluxo para a Argentina, e em menor medida, para o Brasil, que requer agricultores, e a Venezuela, que atrai trabalhadores da construção civil. A partir de 1949 muitos jovens chegaram ao Canadá e nos anos seguintes à Austrália. Ao final dos anos cinqüenta é a Alemanha Ocidental, em pleno desenvolvimento econômico, que se torna um ponto de atração. A emigração do segundo pós-guerra é caracterizada por uma maior presença dos governos nas políticas migratórias, através de contatos e acordos que permitem de endereçar e controlar os fluxos migratórios. Para a Itália representa uma passagem fundamental para governar o excesso de mão-de-obra, garantir a valorização cambial, instaurar relações diplomáticas mais estreitas com os países de emigração.Os acordos intergovernamentais serviam para superar os obstáculos e as limitações que cada país interpõe à liberdade de movimento e de procura de trabalho pelos estrangeiros, também a tutela dos próprios compatriotas, sobre solicitações freqüentemente das organizações sindicais locais que temem uma recaída negativa sobre a ocupação e a renda dos trabalhadores locais. A emigração assistida, sob responsabilidade do Ministério do Trabalho, assiste grande número dos trabalhadores, assumidos com contratos coletivos, e garante uma série de facilitações para a obtenção da documentação, para as despesas de viagem, para o primeiro acolhimento nas “Casas do Emigrante”. A contrapartida é dada pelo nível elevado de condições físicas e capacidades profissionais requeridas para acessar a este tipo de emigração, para o qual o expatrio “livre”, sem contatos preliminares, seguindo a tradicional “cadeia migratória”, na qual a presença de parentes e amigos ou as notícias que desses provêem endereçam os percursos migratórios. O crescimento econômico europeu do pós-guerra, juntamente a maior possibilidade de conhecimento do mercado de trabalho que entidades públicas e associações privadas oferecem, como conseqüência dos acordos internacionais e das ralações mantidas com os compatriotas no exterior, dedica muito mais atenção à escolha do lugar de emigração. A industrialização em avanço favorece a evolução das características profissionais dos emigrantes, que sempre mais numerosos passam da tradicional ocupação na construção, àquela na indústria manufatureira. Os anos cinqüenta e sessenta marcam um progressivo aumento do fenômeno migratório do Friuli, com a constância de envolver majoritariamente as áreas de montanha e de sopé, mas também neste caso é difícil definir a entidade dos diversos métodos de detecção e quantificação do fenômeno migratório: algumas avaliações atendíveis chegam a 44.000 emigrantes friulanos em 1951, com números que oscilam entre 53.000 e 80.000 nos anos Sessenta 6. Mas muito mais que a entidade do fenômeno na sua totalidade é relevante a sua distribuição, que vê interessadas de maneira relevante as áreas mais marginais da região. Em um debate no Conselho Regional de Friuli Venezia Giulia em outubro de 1965 foi sublinhado como na zona do Pré-alpes Cárnicos 24% da população ativa (8.000 pessoas) havia emigrado, com um trend crescente com respeito aos anos precedentes (13.5% em 1957, 17% em 1961), com picos que em algumas localidades superava a metade da força de trabalho masculina ativa, se aproximando em certos casos aos 90%. Analogamente nos Pré-alpes Giulianos a emigração atingia também outra metade dos ativos. Com respeito a Carnia, naquela sede foram estimados em mais de 22.000 os emigrantes em 1961, subindo a 26.000 em 1965; no mesmo período de avaliação a Comunidade Cárnica mostrava que a média dos emigrantes temporários entre a primeira década do pós-guerra e os anos sessenta aumentava de 9.000 unidades (10% dos residentes) para 12.000 (13,5% dos residentes). Nos anos sessenta cresce contemporaneamente também a emigração permanente (13% da população residente entre 1945 e 1960), levando a um progressivo despovoamento além das áreas de montanha, que perdem entre 1951 e 1971 24% dos residentes, equivalentes a 34% da população ativa. As discordâncias sobre a quantificação refletem também as dificuldades na distinção entre os deslocamentos temporários, periódicos ou definitivos que seriam, entre externos à Itália e internos. De qualquer forma, até os anos sessenta incluso, a mobilidade externa tende a superar aquela interna. Muitos emigrantes tendem a manter a residência no lugar de origem por muito tempo e os cancelamentos no cartório não têm conta dos emigrantes sazonais e temporários. A emigração ao exterior continua a exercitar uma influência negativa nos lugares de emigração, sobretudo no caso dos emigrantes solteiros que não levam consigo a família, enquanto se alimenta uma inflação de recuperação monetária que vem empregada em setores não produtivos (consumo das famílias, saldo de débitos, compras ou melhorias de imóveis). Se em 1942 se chegava a cifra de 2,5 bilhões de liras, em 1958 eram 7,17 e em 1963 quase 10, recolhidas principalmente do setor bancário. 6. Os primeiros valores são indicados por O.Lorenzon e P. Mattioni, L’emigrazione in Friuli Câmara do Comércio de Udine, 1962. Segundo G. Bazo, popolazione e forza lavoro , Câmara do Comércio de Udine, 1961, naquela data os emigrantes eram 80.000, segundo G.B. Metus, Una politica di sviluppo regionale, Udine, 1966, eram naquela data 70.000 em toda a região, o mesmo valor indicado sucessivamente por G. Bazo, N. Parmeggiani, G. Maggi Esame dei problemi economici della provincia di Udine, Câmara do Comércio de Udine, 1967, A emigração feminina Um fenômeno relativamente novo é a participação feminina autônoma na experiência migratória. É a Suíça que atraí-las primeiro, já a partir de 1947, chegando ao início dos anos cinqüenta representando 30% da mão-de-obra imigrada. No início os trabalhos realizados eram aqueles tradicionais, de garçonete em casas de família e hotéis, para passar então ao emprego em fábricas têxteis, confeitarias e enfim de mecânica de precisão e outros setores. A indústria leve atraiu jovens mulheres também na Bélgica e na Alemanha. A emigração giuliana Um fenômeno novo no contexto da região, mas também naquele de Trieste e da Venezia Giulia, é a emigração destas áreas no segundo pós-guerra. Os primeiros sinais são as partidas de 3167 refugiados da Istria que, tendo rejeitado em 1948 seja retornar, tornando-se cidadãos iugoslavos, seja optar pela cidadania italiana, se encontraram na condição de apátridos e através da International Refugee Organization, emigraram até 1951 para a Austrália. Em 1947 de fato o governo australiano decidiu abrir as portas aos imigrantes europeus, em particular aos refugiados políticos, a fim de popular os vastos espaços desabitados do continente, em alternativa a uma temida imigração asiática. A política migratória australiana até aquele momento foi muito restritiva, em particular com relação aos italianos. Também neste caso se alterou endereçamento com o acordo ítalo-australiano em março de 1951, renovado com modificas até 1964, que possuía facilitações ao ingresso de mão-de-obra especializada e não, segundo previsões de necessidade, e prévia seleção e correspondência a requisitos de idade, estado civil, etc. O trabalhador devia respeitar vários compromissos e os governos deviam garantir o bom funcionamento do sistema. Contemporaneamente, em 1952, nascia o Comitato Intergovernativo per le Migrazioni Europee (Comitê Intergovernamental para a Migração Européia), que recolhia numerosos adeptos em nível global. O seu objetivo era aquele de favorecer a transferência dos emigrantes de países europeus sobrepovoados para países além do oceano que ofereciam a possibilidade de uma imigração ordenada, fornecendo também serviços como o recrutamento, a seleção, a recepção e a acomodação da mão-de-obra, cursos de formação lingüística e profissional. A estrutura fundamental era o centro de emigração, com locais adequados para hospedar os emigrantes em espera de expatrio (na Itália haviam seis) e os locais de parada, com possibilidade de acomodação nos lugares de trânsito. Trieste era um desses lugares de parada para a emigração na Austrália, apoiado organizativamente no Ofício Local de trabalho. Foi através das estruturas do CIME que se iniciou, também de Trieste, a 7 R. Meneghetti, Le rimesse degli emigranti1945-1964.Politica economica e politica del diritto, in “Storia contemporanea in Friuli”, XVI, n.17, 1986, pp.31-60 emigração para a Austrália, a partir de 1955, quando o acordo intergovernamental foi realmente ativado como operativo pelo governo australiano. Entre 1954 e 1964 se transferiram para a Austrália, segundo estes procedimentos, 23.000 triestinos e giulianos, 10.000 entre 1957 (também neste caso a quantificação exata é muito difícil). Entre estes um quarto poderiam ser refugiados. A escolha da emigração, com uma destinação longínqua mas alcançável através das estruturas presentes na cidade, é devida ao estado da crise econômica e desocupação generalizada, em conseqüência da saída de cena do governo militar dos aliados e o sustento que esse dava à economia local, com funções sociais e de ordem pública. A construção naval estava em crise, e assim o porto, cortando as conexões com o centro da Europa. Faltava um extrato de médias empresas e as pequenas eram subdimensionadas. Lotavam então no mercado de trabalho os milhares de ex-dependentes do Governo Militar, os refugiados da Istria que fluíam em grande número e os trabalhadores pendulares das zonas limítrofes. Desempregados e subempregados se aproximam a vinte mil unidades. Havia um peso também o aspecto psicológico, a sensação de ser em um lugar e em uma situação já marginal, sem prospectivas. Foram embarcados escondidos, para evitar represarias, também por parte dos agentes da Polícia Civil, dependentes do GMA, acusados de terem disparado contra a multidão em novembro de 1953. Quase metade dos emigrantes na Austrália eram operários especializados, que haviam sofrido um empobrecimento de patrimônio de profissionalismo específico, não utilizável por completo nos lugares de chegada, de desqualificação no mercado de trabalho, no qual se encontra agora uma mão-de-obra de origem agrícola proveniente dos territórios cedidos à Iugoslávia. Nos anos sucessivos voltarão a Trieste menos de 4.000 dos que partiram para a Austrália no período entre 1954 e 1961.* 8 Ver sobre o argumento: F. Fait, L’emigrazione italiana in Australia (1954-1961), ERMI, Udine, 1999 Acordos internacionais fechados pela Itália entre 1946 e 1951 em matéria de emigração. DATA PAÌS ACORDO 23.06.46 Bélgica 21.03.47 França Acordo para a imigração na França 19.04.47 Suécia Acordo relativo à emigração de operários 06.04.48 Luxemburgo Acordo para a emigração de 1.000 operários Protocolo para a transferência de 50.000 mineiros agrícolas. 22.06.48 Suíça 04.12.48 Países Baixos Acordo relativo à imigração Acordos para o alistamento de operários para as mineradoras holandesas. Acordo relativo à imigração de trabalhardores 18.05.49 Fraça 05.07.50 Brasil Acordo de migração No. 19 21.03.51 França Acordo de emigração 29.03.51 Austrália Acordo de emigração assistida em Sarre Fonte: INPS, Accordi internazionali per le assicurazioni sociali e l'emigrazione stipulati fra Italia e altri paesi, Roma, 1954. PARTIDAS INDIVIDUAIS DE EMIGRANTES FRIULANOS DE 1951 A 1957 1950 País de emigração África Equat. Fr. 7 1951 1952 1953 1954 1955 1956 381 171 7 1 218 102 Argentina 103 77 561 12 13 34 Austrália 103 2.000 10 263 9 13 Áustria 37 98 569 25 21 2 3.710 Bélgica 12 5.626 10 14 2 761 Brasil 12 1.696 76 307 1.211 3 Camarões 241 362 210 1.423 1.142 Canadá 158 3 3.023 10 28 África Oriental 31 130 36 1 7 França 3 1.082 1 44 69 Alemanha Oc. 193 6 38 1.372 1.616 Kênia 15 9 869 44 2 228 Inglaterra 3.190 4 6 4.575 Luxemburgo 3 1 12 2 2.096 2.554 20 Holanda 1 20 Rodésia 1 80 África do Sul 43 Nova Caledônia Suíça 584 8 1.195 5 113 272 1.468 258 22 1.669 7 41 2.236 43 40 27 2 8.277 1 6 1957 44 387 258 541 24 35 1.054 65 7.331 1.328 19 149 3.365 20 6 141 120 5 44 1 5.383 9.735 1 77 8 206 48 E.U.A Venezuela Outros Países Total 915 9.119 7.720 6.185 8.947 11.005 Retirado de O.Lorenzon e P. Mattioni, L’emigrazione in Friuli, Udine, 1962. 15.518 24.995 EMIGRANTES QUE RETORNARAM ENTRE TRABALHADORES E FAMILIARES Trabalhadores Familiares Ano MF M 1955 11.005 10.750 1.060 384 1956 15.518 13.219 835 238 1957 24.995 20.439 3.042 1.070 M MF TRABALHADORES SOLTEIROS E FAMILIARES EMIGRADOS NOS PAÍSES EUROPEUS EXTRAEUROPEUS Ano País de Familiares emigração Trabalhadores MF M MF M Europeus 10.136 9.884 484 168 869 866 576 216 1955 Extraeuropeus 1956 1957 Europeus 15.161 12.868 445 145 Extraeuropeus 351 351 389 93 Europeus 22.863 18.645 1.420 502 Extraeuropeus 2.132 1.797 1.622 568 E Em direção ao fim da imigração Através de investigações aprofundadas sobre o território foi possível especular uma periodização dos fluxos migratórios das últimas três décadas, salientando as diferenças territoriais. Entre 1962 e 1964 foi um breve período de queda do fenômeno, com um saldo migratório positivo, ligado ao início de um crescimento industrial na região, em particular no pólo pordenonense, que exigiu mão-de-obra pouco qualificada e baixos salários. De 1965 a 1969 houve uma recuperação migratória consistente, com respeito não somente ao exterior mas também ao interno. São as áreas marginais e ainda subdesenvolvidas que alimentam este fluxo, dos quais se move uma mão-de-obra pouco qualificada que vem da agricultura, da construção civil ou dos trabalhos genéricos. O tradicional setor da construção torna-se uma experiência passageira e de primeira qualificação industrial para quem vem da agricultura. Uma crise de passagem “tecnológica” da construção tradicional “pobre” induziu dinâmicas de transferência para as áreas de desenvolvimento industrial na Europa. A estes deslocamentos se unem também aqueles que, com uma qualificação profissional, não encontram na região estabelecimentos adequados e se mudam, por exemplo, para a Suíça e para a Alemanha, onde encontram uma colocação adequada e salários mais altos. São metas substitutivas também para quem nos anos anteriores havia tomado o caminho da emigração além do oceano. Dos lugares de tradicional emigração, como a montanha, partiram pessoas jovens ou muito jovens, homens prevalentemente, mas um sensível aumento de presença feminina, que haviam já adquirido um ofício através do aprendizado e uma escolaridade mirada. As permanências no exterior podem ser de longa duração, com constantes breves retornos à pátria, mantendo residência e ligação familiar, ainda que se houvesse contraído matrimônio no lugar de emigração: esta circunstância é porém freqüentemente a premissa para uma estabilização no exterior ou em outros municípios italianos. Esta tipologia migratória tende a diminuir de consistência nos anos setenta a favor da permanência no exterior ou na Itália mais breve, entre os cinco e os oito meses, premissa de um retorno com maior qualificação profissional. 1969 - 2005 Emigração e retornos A partir de 1968 o saldo migratório tende ao positivo, com uma prevalência dos retornos sobre a emigração: daquela data a mobilidade interna substituiu aquela externa: isto é confirmado em 1971 do saldo positivo dos transferimentos de residência do exterior sobre aqueles para o exterior10. Em 1973 a crise econômica internacional provoca uma estagnação da mobilidade, enquanto os efeitos do desenvolvimento industrial local e uma legislação específica regional mirada para favorecer os retornos chamam a mão-deobra que emigrava periodicamente e também quem se era estabelecido no exterior. O mercado de trabalho regional é capaz de absorver a mão-de-obra antes excedente, sobretudo se qualificada, enquanto resta uma grande quantidade daquela não qualificada, que é alimentada pelo êxodo da agricultura Os efeitos de longo período da emigração se fazem sentir sobre a estrutura demográfica, que é afetada pela precedente perda de jovens em prevalência homens, para a qual falta a classe de idade intermediária, mais produtiva e o aumento da escolaridade adia o inserimento dos mais jovens no mundo do trabalho. A oferta de trabalho torna-se a seu modo mais rígida, quantitativamente e qualitativamente, sendo em geral mais qualificada. Os deslocamentos para o exterior são substituídos por aqueles em direção à outras regiões da Itália o ao interior da área regional, em particular das áreas marginais, não envolvidas pelo desenvolvimento econômico, que pioram as suas condições também do ponto de vista demográfico. A emigração para o exterior tende a tornar-se residual ou ligada a particulares profissões e tipologias de trabalho (técnicos especializados, jovens com salários altos, em setores altamente qualificados, como grandes obras de engenharia em várias partes do mundo). Os retornos dizem respeito principalmente a famílias com cônjuges de 35-45 anos, no exterior há 10-20 anos, com alta qualificação profissional, que construíram uma própria casa e iniciam em certos casos uma atividade autônoma. Menos consistente é o retorno de aposentados, sobretudo se os filhos continuam no exterior. O período no qual se concentra o maior número de retornos são entre 1966-1970 e 1970-1974, sobretudo dos países europeus, enquanto menos notórios são os retornos de além do oceano. Os terremotos de 1976 e a sucessiva reconstrução, depois de uma primeira fase de incerteza e uma contingente retomada da emigração, acentuando o processo já ativo, oferecendo a possibilidade de trabalho e de empresas que não se limitam somente à fase de reconstrução, levando de fato, ao final do fenômeno migratório também nas áreas marginais, aliás as mais atingidas pelos eventos sísmicos, onde ainda em 1976 este havia tocado níveis elevados. Ainda se parte para o exterior, mas ou para trabalho de alta qualificação, ou acompanhando grandes empresas italianas, ou locais que assumem concessões para a realização de grandes obras. 9 Ver Movimenti migratori in Friuli 1960-1975: un’indagine orientativa, Udine, CRES, 1977 10 Ver G. Valussi, Il movimento migratorio, in Enciclopedia Monografica del Friuli – Venezia Giulia, vol. 2.2 La vita economica, Trieste, 1974, pp.897-899. Quantos são os cidadãos de Friuli Venezia Giulia no exterior hoje? A última pesquisa (junho 2005) resulta em 134.862 inscritos ao AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all'Estero – Registro dos Italianos Residentes no Exterior) originários de Friuli Venezia Giulia, presentes em 180 países do mundo: mais de 76.400 em países europeus, 32.000 na América do Sul, 15.300 na América do Norte, 6.300 na Austrália, 3.700 na África, cerca de 1.000 na Ásia. Mais de quatrocentas são as sedes no mundo das associações às quais estes fazem referência como lugar de agregação e socialização (“Fogolârs Furlans” da Entidade Friuli no Mundo, Circoli dell’Associazione Giuliani nel Mondo di Trieste, dell’ALEF, Associazione Lavoratori Emigrati del Friuli Venezia Giulia di Udine, Secretariado do EFASCE, Ente Friulano Assistenza Sociale e Culturale Emigranti di Pordenone, sede do ERAPLE, Ente Regionale ACLI per i Problemi dei Lavoratori Emigrati di Udine, e da Unione Emigranti Sloveni del Friuli Venezia Giulia di Cividale del Friuli).