livro - Artepadilla
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livro - Artepadilla
Patrocínio / Sponsorship ApresentAção / presentation s e rG Io tA De u De n I e M e y e r L A M A r ão e Lu Í s o C tAV Io G oM e s De s ou Z A t he B ota n ical G a rden: t wo c e nt u r ie s of h i s tor y pe Dro DA C u n h A e M e n e Z e s the role of the Botanical Garden in the struggle for environmental conservation in Brazil A r I A n e Lu n A pe I xoto e M A r L I pI r e s Mor I M t he B ot a n ic a l G a rd e n : bu i ld i ng br idg e s of k nowle dg e F L AV Io F e r r e I r A s p a c e -ti m e L u C I A n o C AVA L C A n t I D e A L B u Q u e r Q u e t he B ot a n ic a l G a rd e n A rc h it e c t u re a nd o r n a m e n t a t i o n r A FA e L C A r D o s o B ru no C A s ot t I A r t t ra i l s i n t he m id s t of gre e ner y Ack nowledgement s a nd cred it s 331 Agradecimentos e créditos t u t t y VA s Qu e s Mu latei ro August (a r t icle) 321 Agosto do pau-mulato (crônica) CeCÍLI A BeAtr I Z LéV y DA V eIGA soAr es t he f loweri ng of my green temple 301 A floração do meu templo verde C L Au s M e y e r photograph ic essay 279 e n sa io foto grá f ico sA LVA D or Mon t e I ro A B ra z i l re ve a le d 278 um B ra si l revelado Group a r t ist ic essay 258 ensaio artístico coletivo 256 Sumário t he v i sua l re pre s e nt at ion s of t he B ot a n ic a l G a rd e n a nd t he c on s t r u c t ion of a n i magi na r y c u lt u re 249 tr i l h a s d e a r t e n o m e i o d o v e r d e 2 42 ContentS 211 Muito além do jardim: as representações visuais do Jardim Botânico e a construção de um imaginário cultural 206 189 Ja rd i m B otâ n ico: a rqu ite t u ra e or na mentaç ão 184 159 o e sp aço - temp o 152 133 o Ja rd i m B otâ n ico con st r u i ndo p onte s de sab ere s s y LV I A De B ot ton B r Au t IG A M Ma rg a re t M e e - a b ot a n ic a l v i sion 128 Ma rga re t Me e - um ol ha r b otâ n ico 120 101 o papel do Jardim Botânico na luta pela conservação ambiental no Brasil 86 41 Ja rd i m B otâ n ico: dois s é c u lo s de h istór ia B e to F e L ÍC Io photograph ic essay 20 e n sa io foto grá f ico ru y C A s t ro o x yg e nat i ng lu ng s , a v e n u e s a n d h o p e s 17 o x igena ndo pu l mõ e s , aven idas e esp era nças 15 A AJB - Associação dos Amigos do Jardim Botânico do rio de Janeiro 13 Comissão D. João V I / prefeitura da Cidade do rio de Janeiro 11 eletrobrás - Centrais elétricas Brasileiras 9 Banco nacional de Desenvolvimento econômico e social - Bn Des 7 MinC - Ministério da Cultura More than a green swath in the Rio de Janeiro Botânico revela a própria memória da vida no caos of life itself in the midst of urban chaos. The presence urbano. A sua presença exuberante de natureza emociona, obliges us to renew deep relations between human informa, provoca, educa e nos obriga a reatar relações profundas entre humanos, meio ambiente e cultura. Generosamente democrático, recebe pesquisadores, artistas, políticos e apaixonados de todas as origens e faixas etárias. Por lá já passaram Albert Einstein, a rainha do Reino Unido, Elizabeth II, e, por tantas e tantas vezes, o nosso querido e inesquecível maestro Tom Jobim. Além de ser um dos mais representativos espaços ambientais do país, com mais de seis mil espécies da flora brasileira e estrangeira, e um valioso espaço educacional, com um importante trabalho de conscientização ecológica, um moderno centro de pesquisa e uma biblioteca especializada em botânica, o and persons of all origins and age brackets. Personalities who already have passed through the Garden include Albert Einstein, Queen Elizabeth II of England and, so many times, our unforgettable Maestro Tom Jobim. Besides being one of the most environmentally representative spaces in the country, with more than 6,000 species of Brazilian and foreign flora, and a valuable educational space, offering an important contribution to ecological awareness, containing a modern research center and a specialized botanical library, the Botanical Garden is essentially a cultural space. It is cultural because it is a living archive of the many parts of nature that helped us forge our It is cultural because it is part of the nation’s heritage, housing monuments and knowledge of historical and archeological value. It is cultural because it is one patrimônio do país, abrigando monumentos e saberes de valor histórico, of the notable settings of Brazilian culture, from the artístico e arqueológico. É cultural por ser um dos cenários marcantes da times of the monarchy right up until today, a daily witness to different stories and interactions, coexisting with leisure and wisdom. It is this that makes the todos os dias histórias, interações diversas, vivências e convivências de lazer Botanical Garden much more than a source of nature, e saber que fazem do Jardim Botânico muito mais do que uma fonte natural, but rather a source of culture for Rio and for Brazil. O Ministério da Cultura mantém com o Jardim Botânico uma política comum de ações que se reforçou com a instalação do Conselho dos 200 Anos. Durante as comemorações, foi inaugurado o Museu do Meio Ambiente, o The Ministry of Culture has maintained a policy of common actions with the Botanical Garden designed to reinforce the setting up of its 200 Years Council. As part of the anniversary commemorations, the Museum of the Environment was inaugurated, the first of its kind in Latin America, with exhibits primeiro do gênero na América Latina, com representação de todos os biomas presenting each of Brazil’s biomes. The historical brasileiros. O prédio histórico que abriga o museu foi restaurado com recursos building that houses the museum was restored with do MinC, que investiu R$ 4 milhões por meio do incentivo fiscal. Para o MinC, a relação entre cultura e meio ambiente é vital para o MinC resources representing an investment of R$ 4 million, captured through fiscal incentive funding. For the MinC, the relationship between culture desenvolvimento do país, uma sinergia estratégica para o governo federal. and the environment is vital for the development of the Afinal, uma cultura da sustentabilidade só poderá se construir se for capaz de country, a strategic synergy for the federal government. tocar sensibilidades individuais, mobilizar o imaginário coletivo e integrar-se At the end of the day, a sustainability culture only can be built if it touches individual sensitivities, mobilizes the ao substrato cultural de uma comunidade, um povo ou uma nação. Também collective imagination and becomes integrated with the temos o entendimento da própria essência da natureza da cultura, que é cultural substrata of a community, a people or a nation. manter a escala humana, sem a arrogância etnocêntrica, como base de todo We also have the understanding of the essence of nature of the culture itself, which is to maintain the human o desenvolvimento sustentável. Portanto, cada vez mais a batalha pelo meio scale without ethnocentric arrogance as the basis of all ambiente torna-se uma batalha cultural. sustainable development. Thus, increasingly the battle Nesse sentido, o Jardim Botânico faz-se templo de saber e referência for the environment also becomes a cultural battle. In this regard, the Botanical Garden has become para o corpo, o prazer, a arte e a ciência em uma reconciliação de explícita a temple of knowledge and a point of reference urgência para o nosso tempo. Santuário e laboratório, tradição e futuro, for the body, for pleasure, for art and science, in a beleza de altíssima carga emocional e depositário de técnicas e processos Photo: Claus Meyer democratic, it receives researchers, artists, politicians arquivo vivo das muitas porções de natureza que ajudaram a forjar nossa mas uma fonte cultural para o Rio e para o Brasil. Schoolchildren enjoying the Botanical Garden beings, the environment and culture. Generously identity, to constitute ourselves as subjects of culture. cultura brasileira, desde a monarquia até os tempos de hoje, testemunhando Foto: Claus Meyer of lush nature moves us, informs us, educates us and Jardim Botânico é um espaço essencialmente cultural. É cultural por ser um identidade, a nos constituir enquanto sujeitos de cultura. É cultural por ser Crianças de escola passeando no JardimBotânico landscape, the Botanical Garden reveals a memory tecnológicos, eis o que faz desse espaço um testemunho da própria vida. reconciliation of the explicit urgency of our times. A sanctuary and a laboratory, tradition and future, beauty that is very highly charged emotionally, and a repository of techniques and technological processes, all this J uca F erreira , J F , uca erreira MMinistroe inistro de de ecstado stado da ultura transforms the Garden into a witness of life itself. da c ultura J uca F erreira , M inister oF c ulture 7 Mais que um recorte verde na paisagem carioca, o Jardim volvimento no Brasil, o BNDES tem especial preocupação com a cultura nacional. Desde 1995, o BNDES apóia projetos nas áreas de patrimônio histórico, acervos, cinema e música, sendo hoje um dos maiores provedores de recursos à cultura no Brasil. O Banco tem o orgulho de ser o maior patrocinador de ações de preservação do patrimônio histórico e arqueológico brasileiro. Já apoiamos 105 projetos que possibilitaram a revitalização de vários monumentos tombados em todo o país, num investimento de mais de R$ 111.000.000, com projetos que restituem àqueles bens sua As an institution dedicated to financing the development of Brazil, the Brazilian National Economic and Social Development Bank (BNDES) is especially concerned about the development of national culture. Since 1995, the BNDES has supported cultural activities through funding of cultural projects in the fields of historical heritage, collections, cinema and music and today is one of the major sponsors of culture. The Bank is proud to be the largest backer of actions designed to preserve Brazil’s historical and architectural legacies. We already have supported 105 projects that made it possible to revitalize a number of função social e os reintegra à vida cotidiana das cidades, para que landmark monuments, through investments sua revitalização seja permanente. of more than 111 million reais, for projects Para o BNDES, arte e cultura são sinônimos de desenvolvimento, that restored the monuments to their social pois, além de contribuírem para a preservação, a valorização e a functions and reintegrated them into the daily difusão da memória e da identidade brasileiras, são fontes geradoras lives of their cities, so that the revitalization de emprego e renda e propulsoras da revitalização urbana e turística effort was permanent. das regiões apoiadas, o que proporciona benefícios econômicos e sociais para as populações locais. O livro Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808/2008, se enquadra nas diretrizes de apoio do Banco a projetos culturais porque promove a difusão e a preservação da cultura, história e pesquisa científica nacional, uma vez que registra, com consistência e estética, 200 anos For the BNDES, art and culture are synonyms for development because, besides contributing to the preservation, the appreciation and the dissemination of the Brazilian memory and identity, they are sources of the generation of jobs and income as well as drivers of urban and tourist de existência do Jardim Botânico e reúne o registro das realizações regeneration in the regions that are supported, desta instituição, sua contribuição para a pesquisa, a botânica e o providing economic and social benefits to the desenvolvimento cultural do Brasil. assisted populations. Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808/2008 fits the guidelines for the Bank’s backing of cultural projects because it fosters the dissemination and preservation of national culture, history and scientific research in view of the fact that it registers, with consistency and esthetically, the 200 years of the existence of the Botanical Garden, and it chronicles the accomplishments of this institution, its contribution to research, to botany and to the cultural development of Brazil. Fonte de Sauvageau e Lago Frei Leandro, JBRJ, 2008 Foto: Jaime Acioli The Sauvageau Fountain and the Friar Leando Lake, JBRJ, 2008 Photo: Jaime Acioli 9 Como instituição dedicada ao financiamento do desen- que a Eletrobrás entende como parte inequívoca de seu negócio. Consciente de que o princípio da sustentabilidade é a grande energia do futuro, a empresa investe no aprimoramento constante de suas práticas de gestão ambiental e no apoio a projetos de conservação de energia e conscientização. Não se trata apenas de olhar para o futuro. O Brasil é um país que tem To preserve and to recognize the value of the environment are the missions that Eletrobrás understands to be an unequivocal part of its business. Mindful that the principle of sustainability is the great energy of the future, the company invests constantly in improving its environmental management practices and in its support of energy conservation and awareness-raising projects. This is not merely a fleeting look into the future. Brazil is a country whose energy matrix is predominantly based upon hydroelectric sua matriz energética calcada principalmente nas usinas hidrelétricas, power deriving from its abundant waterways. fruto da riqueza de suas águas. O Sistema Eletrobrás, maior holding do The Eletrobrás System, the largest electrical setor elétrico na América Latina, conta atualmente com 30 hidrelétricas, sector holding company in Latin America, às quais deve a maior parte de sua capacidade instalada para produção currently consists of 30 hydroelectric plants, de energia – uma energia limpa, que nasce da força da natureza e preserva o ambiente da emissão de gases poluentes. Por tudo isso, meio ambiente é um assunto sério para a Eletrobrás. Tão sério quanto a responsabilidade de garantir, há 46 anos, o suprimento de energia elétrica necessária ao Brasil. Sério, ainda, como o papel que a empresa exerce no cenário do desenvolvimento do país. Neste sentido, patrocinar uma obra como Jardim Botânico do Rio de responsible for the greater part of the country’s installed power capacity – consisting of green energy born out of the force of nature and that preserves the environment from the emission of greenhouse gases. Because of all these reasons, Eletrobrás is serious about the environment. Just as serious as has been its responsibility to guarantee the Janeiro – 1808/2008 é uma ação que enche a Eletrobrás de orgulho. A supply of the electric power that is necessary empresa vem se destacando como grande patrocinadora das mais diversas for Brazil for the past 46 years. Just as serious manifestações artísticas brasileiras, consciente de que o patrimônio as the role the company has exercised in the cultural é uma das maiores riquezas de um povo. E o Jardim Botânico é country’s development scenario. não apenas um grande patrimônio dos brasileiros, mas também um dos mais conhecidos símbolos do Rio de Janeiro e verdadeiro templo do meio ambiente em plena metrópole. Sabemos perfeitamente que um símbolo como este deve ser preservado, celebrado e constantemente relembrado. Reunir em torno dele profissionais de destaque em áreas como história, arquitetura, fotografia e ecologia In this regard, sponsoring a book such as Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808/2008 is an action that fills Eletrobrás with pride. The company has been notable as a major sponsor of a wide range of Brazilian artistic manifestations, aware that cultural heritage is one of a peoples’ greatest riches. And the é um projeto que já nasce com a cara da Eletrobrás – com a energia do Botanical Garden is not only an important Brasil e do talento dos brasileiros. legacy of Brazilians, but also is one of Rio de Janeiro’s best-known symbols and a true environmental temple in the midst of a metropolis. We are perfectly aware of the fact that such a symbol must be preserved, commemorated and constantly remembered. Joining together professionals from fields such as history, architecture, photography and ecology represents a project that was born in the image of Eletrobrás – out of the energy of Brazil and A léi A de P AlmeirAs -i mPeriAis no J Ardim B otâni co c.1950 [arquivo G. Ermakoff Casa Editorial] fotógrafo não identificado t h e i mPeriAl P Alm t r ee P Ath At th e B otAni cAl G Arden c. 1950 [G. Ermakoff Casa Editorial archives] unidentified photographer through the talent of Brazilians. 11 Preservar e valorizar o meio ambiente são missões Founded on August 18, 1986, the Associação de de Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é (Association of Friends of the Botanical Garden) uma associação civil sem fins lucrativos, criada com o objetivo de contribuir para conservação, Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro is a non-profit civil association created with the objective of contributing to the conservation, improvement, dissemination and expansion of the historical, natural, landscape, scientific and aprimoramento, difusão e ampliação do patrimônio cultural heritage of the Botanical Garden of Rio histórico, natural, paisagístico, científico e cultural Innumerous projects were carried out over do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Inúmeros foram os projetos realizados nestes 22 anos de atuação, com o patrocínio de terceiros, tendo como foco não somente a recuperação e de Janeiro. these past years of its activities, including through third-party sponsorship, focusing not only on the recovery and maintenance of the park properly speaking (the restoration of the Empress’s Manor House, recuperation of the a manutenção do parque propriamente dito (a restauração do Solar da Arboretum, reform of the Central Fountain, Imperatriz, a recuperação do Arboreto, a reforma do Chafariz Central, a revitalization of the Frei Leandro lake), revitalização do lago Frei Leandro), como ações sociais (o programa de but also on social actions (a professional capacitação profissional e jardinagem) e outras realizações nem sempre visíveis (a recuperação e preservação do acervo fotográfico, o inventário and gardening training program) and other accomplishments that are not always visible (recovery and preservation of the photographic e a identificação das coleções botânicas e históricas, a implementação collection, the inventory and identification do banco de DNA com espécies da flora brasileira) porém primordiais, of the botanical and historical collections, como objetivo do – desde 1998 intitulado – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ao se completarem os 200 anos dessa instituição à qual dedicamos nosso tempo, nosso trabalho e, acima de tudo, nosso amor, é com imensa satisfação que saudamos este primoroso livro, tão consistente nas abordagens dos autores e tão rico de imagens de tão numerosas procedências – um volume à altura dessa comemoração. Nossas congratulações não se restringem aos parceiros neste projeto específico, mas a todos que contribuem e que colaboram na concretização de nossos sonhos, ratificando o IPJBRJ como um local de fruição da população, um pólo de cultura e um campus de desenvolvimento em pesquisa – um jardim vivo em todos os sentidos. É gratificante constatar com esta edição quanto o jardim de Dom João cresceu e amadureceu! Que venham mais 200 anos!!! AA AA ssoc iAç ão ssoci Ação implementation of a DNA bank of Brazilian flora species) yet are quite fundamental, as the objective, since 1998, of the Research Institute of the Botanical Garden. Upon completing 200 years of the existence of this institution to which we dedicate our time, our efforts and, above all, our love, it is with immense satisfaction that we salute this excellent book, so consistent in the approaches of the authors and so rich in imagery from so many sources — a book that is up to the same standard of this commemoration. Our congratulations are not restricted to the partners of this specific project, but rather to all who have contributed to the concrete realization of our dreams, ratifying the IPJBRJ as a location of fulfillment of the population, a center of culture and a campus for the development of research – a living garden in all senses. It is gratifying to discover through this publication how much Dom João’s garden has grown and matured! Bring on the next 200 years!!! TTh eA A s s o c i A T i o n he c ésAr B Ar r eTo Sem título, 2006 Fotografia – negativo em P&B, formato original 18 x 13 cm [arquivo do artista] c ésAr B Ar r eTo Untitled, 2006 Photography / negative in B&W, original format 18 x 13 cm [artist’s files] ssociATion 15 Fundada em 18 de agosto de 1986, a Associação lungs, av e n u e s a n d h O p e s It began, ironically, as an appendix to a place designed for defense and destruction — an annex to a factory for the production of gunpowder and cannons on the banks of what was known at the time as the Freitas Lake. But the Royal Garden quickly imposed its true vocation: that of being a spring of life, a green laboratory, the sum-total of many lands distant from each other. One can today imagine a pair of hands extended into the most different locations around the planet, as many as the Portuguese empire could reach — collecting buds, seeds and saplings, placing them in delicate recipients, transporting them across oceans and, finally, depositing them in the generous and receptive soil of Rio de Janeiro. When one considers the OxigenandO pulmões, av e n i da s e e s p e r a n ç a s ruy CastrO Começou, ironicamente, como apêndice de uma usina de defesa e destruição – anexo de uma fábrica de pólvora e canhões, às margens fragile nature of these plants and the tough ocean journeys they were subject to, one can see how incalculable was the love that went into the formation of our Botanical Garden. In 1808, when Prince Regent D. João founded an acclimation garden, Portugal still had lands everywhere, which would lead it in a not so distant future to be a caldron of so many distinct cultures – from Africa, India and China, without speaking about Europe and da, como então se dizia, lagoa do Freitas. Mas o Real Horto logo se the more remote regions of Brazil itself. This impôs para a sua verdadeira vocação: ser um manancial de vida, um included insatiable carnivorous plants capable laboratório verde, a suma de muitas terras distantes entre si. Pode-se imaginar hoje as mãos se estendendo nos pontos mais diversos of swallowing a cloud of locusts, quite large fruits such as jackfruit and ambarella, and tender spices and tealeaves. At first, without a do planeta, tantos quantos alcançasse o Império português – recolhendo doubt, the exotic species predominated. There brotos, sementes e mudas, acomodando-os em recipientes delicados, was so much exoticism that English writer cruzando os mares para transportá-los e, finalmente, depositando-os no Maria Graham, upon visiting the garden in solo generoso e receptivo do Rio. Quando se considera a fragilidade desses frutos e a rudeza da travessia, vê-se como é incalculável a quantidade de amor que se despendeu na formação do nosso Jardim Botânico. Em 1808, quando o príncipe regente D. João o fundou como um jardim de aclimação, Portugal ainda tinha terras em toda parte, o que fez com que, num futuro nem tão remoto, ele se tornasse o cadinho de culturas tão 1823, complained she did not encounter a single Brazilian plant there. But Maria Graham, recently arrived, was still a beginner when it came to Brazil. She could not know that in a short amount of time everything there – the cactus, orchids, avocados, nutmeg, Cayenne cane –would become just as “Brazilian” as the caladium, díspares – da África, da Índia e da China, para não falar da Europa e das jacarandás, Dieffenbachia picta Schott and regiões mais remotas do próprio Brasil. Isso compreendia de insaciáveis thousands of other local species that she saw plantas carnívoras, capazes de abocanhar uma nuvem de gafanhotos, a elsewhere and did not cease to amaze her. The frutas de respeitável porte, como jacas e cajás-manga, e a tenras especiarias e folhas de chá. A princípio, sem dúvida, predominou o exótico. E era Garden was not to be only an “acclimation” garden for overseas plants the prince wanted to flourish here – but, in fact, would become tanto exotismo que a escritora inglesa Maria Graham, em visita ao jardim the first laboratory of Brazilian-ness, the first em 1823, queixou-se de não ver ali nenhuma planta brasileira. sample of a receptive and welcoming Brazil. Mas Maria Graham, recém-chegada, ainda era principiante em Brasil. Não podia saber que, em pouco tempo, tudo aquilo – o cacto, a orquídea, The young emperor D. Pedro I opened it up to public visitation, through which Rio de Janeiro’s residents learned how to process such a wealth of o abacate, a canela, a cana-caiana – se tornaria tão “brasileiro” quanto os nature in less time then it would take you to say M a r i a G ra h a M M a r i a G r a ha M tinhorões, jacarandás, comigo-ninguém-pode e os outros milhares de espécies “eco-biodiversity” – including the slaves, who were Vista do Corcovado, 1821/ 1825 View of the Corcovado, 1821/ 1825 locais que ela via alhures e não cessavam de lhe despertar admiração. O Horto sent to work the soil of the Garden on their knees Água-tinta, 20,5 x 14,2 cm [coleção Gilberto Ferrez] Foto: Lula Rodrigo Aqua-tint, 20.5 x 14.2 cm [collection of Gilberto Ferrez] Photo: Lula Rodrigo não seria apenas um “jardim de aclimação” para as plantas de fora que o and became the first black naturalists and botanists of which we have news. Due to the lushness of 17 O x yg e n at i n g 19 18 príncipe queria que vicejassem aqui – mas, na verdade, o primeiro laboratório de brasilidade, a primeira amostra do Brasil receptivo e acolhedor. O jovem imperador D. Pedro I abriu-o à visitação pública, com o que os cariocas aprenderam a processar aquela riqueza em menos tempo do que você levaria para pronunciar eco-biodiversidade – inclusive os escravos, que, levados a trabalhar, de joelhos, a terra do Horto, tornaram-se os primeiros botânicos e naturalistas negros de que se tem notícia. Por causa da exuberância de seu herbário, o Rio passou a atrair cientistas de toda parte – entre outros, o ornitólogo britânico William Swainson, o botânico Carl Phillipp von Martius e o naturalista Johann Baptist von Spix, ambos alemães, o botânico francês Auguste de Sainte-Hilaire, o diplomata russo Barão de Langsdorff (em cuja missão exploratória veio o pintor alemão Johann Moritz Rugendas) –, e do intercâmbio dos doutos com a sabedoria dos nativos resultaram estudos na área da farmacopéia que devem ter feito a fortuna de vários botiqueiros europeus. (E sabe-se lá quantas vidas the herbarium, Rio de Janeiro began to attract não foram salvas pelos remédios naturais produzidos por seu chão.) scientists from all over – including, among others, O Jardim Botânico tornou-se uma oficina viva. Aliás, não é por acaso que tantos derivados da palavra vida lhe tenham sido aplicados desde British ornithologist William Swainson, botanist Carl Phillipp von Martius and naturalist Johann Baptist von Spix, both German, French botanist então – porque ele a contém em todas as formas. Pode-se passar uma Auguste de Sainte-Hilaire, Russian diplomat Baron eternidade ali sem esgotar suas possibilidades: oito mil espécies vegetais de Langsdorff (in whose exploration expedition e um universo paralelo de seres que voam, correm, nadam, trepam ou traveled German painter Johann Moritz Rugendas) rastejam – quase 200 espécies de pássaros, um desfile ininterrupto de – and the exchange between the wise scholars with the wisdom of the natives resulted in studies in micos, morcegos, caxinguelês e um farto sortimento de borboletas, the field of pharmacopoeia that must have made cigarras, grilos, besouros, aranhas, sapos, cobras, lagartos e outros fortunes for a handful of European apothecaries. bichos cascudos, cabeludos e úmidos. Tudo fichado e catalogado com (And who knows how many lives were saved by the uma rara eficiência brasileira – nem uma libélula escapa à observação de seus institutos de pesquisa. “Caminhamos por um lindo caminho até a Lagoa Rodrigo de Freitas, cercada por montanhas e florestas. Chegamos ao Jardim Botânico, onde em meio ao verde da mata crescem o chá e as especiarias. É impossível conceber algo de mais rico em tons e cores do que esta cidade à beira do mar.” medicines that were produced from Brazil’s soils?) The Botanical Garden became a workshop of life. In fact, it was not by mistake that so many É uma permanente festa da natureza e da investigação científica. O derivatives of the word “life” have been used in incrível é que o Jardim Botânico não fica em nenhuma serra bucólica conjunction with it since then – because it contains e longínqua, a quilômetros dos limites urbanos. Seus 180 hectares it in all of its forms. One could spend an eternity estão plantados bem no coração do Rio, a 10 minutos de Copacabana, oxigenando pulmões, avenidas e esperanças. there without exhausting the Garden’s possibilities: 8,000 vegetable species and a parallel universe of beings that fly, run, swim, climb or crawl – nearly 200 species of birds, an endless parade of marmosets, bats, squirrels, a hefty assortment of butterflies, cicadas, crickets, beetles, spiders, frogs, snakes, lizards and other scaly, hairy and slimy beasts. All carded and catalogued with a rare Brazilian efficiency – not a single dragonfly escapes the observation of its research institutes. It is a permanent festival of nature and scientific Ruy Castro é escritor, autor de, entre outros, “We walked along a lovely path until Lagoa Rodrigo de Freitas, a lake surrounded by mountains and forest. investigation. What is incredible is that the Botanical We reached the Botanical Garden, Garden is not located on some far distant, bucolic where tea and spices were being mountain many kilometers from the city’s borders. cultivated in the midst of the forest Its 180 hectares are planted right in the heart of greenery. It is impossible to conceive Rio de Janeiro, 10 minutes from Copacabana, of something richer in terms of tones oxygenating lungs, avenues and hopes. and colors than this seaside city.” Ruy Castro is a writer, author of, among other Carnaval no fogo – Uma cidade excitante demais, books, Carnaval no fogo – Uma cidade excitante sobre o Rio (Companhia das Letras, 2003). demais, about Rio (Companhia das Letras, 2003). Maria Graham B et o Fel i ci o En s ai o Fo to grá Fi co 21 41 As origens do Jardim Botânico do Rio de Janeiro remontam à intrincada conjuntura política européia da primeira década do século XIX. Em novembro de 1807, diante da iminente ocupação de Lisboa pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte em represália à recusa de Portugal a aderir ao bloqueio continental contra a Inglaterra, o príncipe regente D. João retirouse com a corte para o Brasil, sob a proteção da marinha da colônia desde 1763, onde desembarcou com sua comitiva em março de 1808, trazendo na bagagem q u a se a met ade do meio circulante na metrópole. Jardim Botânico, dois séculos de história O Rio de Janeiro – que se tornou então, na prática, a nova capital do Império português – em pouco tempo passou a ser o maior centro urbano do Brasil, graças ao reforço demográfico representado por cerca de 15 mil pessoas que acompanharam a família real. Nesse contexto, era grande a preocupação em proteger o território da colônia de um possível ataque francês. Assim, em decreto datado de 13 de maio de 1808, o príncipe regente determinava a instalação de uma fábrica de pólvora no Rio de Janeiro. Um mês depois, D. João baixou mais dois decretos. O primeiro, após discorrer sobre “a grave e urgente necessidade” de construir uma fábrica de pólvora no Brasil, bem como um estabelecimento para fundição e perfuração das peças de artilharia para a defesa da colônia, ordenava que o Conselho da Fazenda avaliasse e comprasse o “engenho e terras denominadas Lagoa de Rodrigo de Freitas”, que, por dispor de amplo espaço e água abundante, foi considerado o local ideal para o estabelecimento das fábricas. O segundo decreto determinava que o engenho e as terras fossem imediatamente apropriados “aos fins por mim determinados noutro E mbar qu E da F amília r Eal P or tu gu Esa Decreto da data deste, havendo toda a atenção em indenizar o arrendatário Autor não identificado, s/d de tudo aquilo a que possa ter direito”. A área foi adquirida pela Coroa Óleo sobre tela, 70 x 92 cm [acervo Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty / Ministério das Relações Exteriores] Doação: Dr. Guilherme Guinle Foto: Jaime Acioli através de subscrição entre comerciantes, fazendeiros e outros moradores E mbar k ati on oF r oyal F amily , Fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas ou Engenho de Nossa Senhora th E P or tu gu EsE mais abastados da cidade. É difícil precisar a extensão da imensa propriedade, conhecida por Unidentified author, undated da Conceição da Lagoa. Cálculos aproximados indicam uma superfície Oil on canvas, 70 x 92 cm [Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty / Ministry of Foreign Affairs collection] Donation: Dr. Guilherme Guinle Photo: Jaime Acioli de 2.200ha (22km 2 ), englobando uma parcela significativa da atual Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro – os bairros do Jardim Botânico, Gávea, Leblon, Ipanema e parte de Copacabana e de Botafogo, o que Se rg io T a de u d e Ni em e yer L a mar ão & Luís Octavio Go m e s d e S o u z a britânica. Seu destino era o Rio de Janeiro, capital de 1808, a nau portuguesa Conceição de Santo Antônio 101 Por volta das onze horas da manhã do dia 24 de maio navega nas águas mornas do Oceano Índico na costa da região de Natal, ao sul do continente africano. O navio, projetado para 64 peças de artilharia, vem abarrotado com a carga embarcada na colônia de Goa. O P aPel dO J ardim B OtânicO na l uta Pela c OnservaçãO a mBiental nO B rasil Trinta canhões chegaram a ser deixados para trás com o objetivo de aliviar o peso e permitir o transporte de maior quantidade de mercadorias. São faianças, tecidos e especiarias destinadas ao mercado europeu. Seu calado está baixo, perigosamente próximo à linha d´água. As cariátides que decoram sua popa de três cobertas são, vez por outra, lambidas pelas espumas de alguma onda mais forte. As terras ao sul de Moçambique ainda não foram oficialmente reclamadas por nenhuma potência européia. A África do Sul como hoje a conhecemos não existia, resumia-se então a uma pequena colônia de fazendeiros bôeres ao redor do Cabo da Boa Esperança. Em sua viagem de retorno a Lisboa, o Conceição de Santo Antônio tem a missão de reconhecer aquele litoral, com vistas à fundação de uma eventual feitoria. Tudo vai bem até que, do cesto da gávea do mastro principal, o marujo de vigia grita “Vela à vista”! Trata-se do navio francês Revenant. Dias antes, seu comandante, Capitão Potier, ancorado na enseada de Napoleão de Milbert (atual Porto Luís na Ilha Maurício), havia sido informado da rota e carga da nau lusitana por um compatriota proveniente da Índia. Decidiu O Conceição de Santo Antônio não se rende facilmente. Há intensa troca de cachonaços, seguida por uma abordagem feita pelos marinheiros franceses. Tão logo os primeiros atacantes lançam-se no tombadilho inimigo, uma granada explode o paiol de pólvora da embarcação invadida e um incêndio é deflagrado. Sem outra alternativa, o comandante português decide se render. Sua tripulação é aprisionada e enviada para internamento em Maurício, então conhecida como Ilha de França, onde chega um mês depois. F r a nz K eller Entre os capturados encontrava-se Luiz de Abreu Vieira e Silva, cuja Lagoa Rodrigo de Freitas (detalhe), c. 1870 condição de rico comerciante garantiu-lhe o privilégio de ficar detido Aquarela, 21 x 30 cm [coleção Geyer Museu Imperial / IPHAN / MinC] Foto: Pedro Oswaldo Cruz com relativa liberdade junto aos oficiais superiores da belonave apresada F r a nz K eller um parque murado de dois hectares. Rodrigo de Freitas lake (detail), c. 1870 Watercolor, 21 x 30 cm [Geyer collection Museu Imperial / IPHAN / MinC] Photo: Pedro Oswaldo Cruz nos aposentos da Maison Despeaux, uma construção senhorial dentro de Para o português, o enclausuramento teve temperos de prazer e descoberta. O mundo vivia então um período de luzes. Entre 1768 e 1771, o naturalista inglês Joseph Banks dera a volta ao mundo a bordo Pe dr o da Cu nh a e M en ez es zarpar imediatamente, com o intuito de apresar a mercadoria portuguesa. 129 Margaret Mee uM Olhar BOtânicO sylVia Margaret Mee de B O t t O n B r au t i g a M No ano de 1952 chegava ao Brasil Margaret Mee, uma inglesa que, como Margaret Mee arrived in Brazil from her native Foundation (FBMM) – whose principal mission os portugueses que aqui chegaram antes dela, se encantou pela beleza e pela England in 1952, and, like the Portuguese who came was to make public the artist’s life and work – a rich urban park, finding plentiful material for exótica natureza dos trópicos. Dotada de um grande espírito de observação ashore here many years before, was bewitched by the new generation of Brazilian botanical artists has her work, as do today’s plant painters. e sensibilidade artística, Margaret Mee não tardou em materializar a sua beauty and extravagance of the natural world in the emerged. This new legion of professional artists, tropics. Gifted with acute powers of observation and who benefited from specialist training in London twofold homage to this peerless illustrator. artistic sensibility, she soon gave this enchantment and received help in undertaking field work with Following her death, a plaque was laid botânico Lyman Smith, iniciou então o que seria a história de sua vida: a concrete form. Engaged to provide illustrations for Brazilian botanists, is now an authentic example beside a Pouteria ucuqui growing among the ilustração botânica. Como tantos outros artistas europeus que a antecederam, botanist Lyman B. Smith’s bromeliad study, she of the multiplication of talents. The influence Amazonian species she portrayed so well on dedicou-se a retratar a natureza fixando no papel a efêmera beleza de uma embarked on what would become her life’s passion: of these artists can be seen all over Brazil, her travels. Then, in 2007, at the behest of botanical illustration. In common with so many from waterborne workshops on the Amazon the FBMM and with the support of president European artists who preceded her, she gave herself river through to centers and schools teaching Liszt Vieira, one of the pathways in the garden over to recording on paper the passing beauty of a botanical art to a growing number of people up was named the “Margaret Mee Avenue,” in blossom with the discipline and accuracy inherent to and down the country. a lasting tribute to the artist. As we wander admiração. Chamada a ilustrar as bromélias estudadas e descritas pelo inflorescência associada ao rigor e à precisão da pesquisa científica. Com a estimativa de um legado em torno de 500 pranchas documentando a flora brasileira, nascia um rico acervo artístico de nosso biossistema. Inspirada por Margaret Mee e viabilizada pela Fundação Botânica Margaret Mee (FBMM) – instituição que se ocupou primordialmente em divulgar sua vida e obra –, uma nova geração de artistas botânicos brasileiros começou a ser formada. Com cursos de especialização em Londres e bolsas de estudo para ilustrar e acompanhar pesquisadores botânicos nacionais, este novo contingente de profissionais da arte botânica tornou-se uma fonte multiplicadora de talentos. Desde ministrar cursos em pleno rio Amazonas a criar centros e escolas dedicados a atender e ensinar um número crescente de pessoas, sua atuação se estendeu por vários pontos do Brasil. A Escola Nacional de Botânica Tropical, sediada no Solar da Imperatriz, é um desses centros. O Curso de Ilustração Botânica, organizado e administrado por dois ex-bolsistas da FBMM, nos seus seis anos de existência Sylvia de Botton Brautigam Diretora da Fundação Botânica Margaret Mee. Curadora das várias exposições realizadas pela FBMM em São Paulo, Brasilia, Salvador e Rio de Janeiro. Editora do livro Margaret Mee 2006. Consultoria Editorial do livro Jardim Botânico do Rio de Janeiro - 1808/2008 iniciou e preparou nas técnicas de nanquim e aquarela mais de 150 alunos. Assim como os novos artistas botânicos, Margaret Mee percorreu os jardins desse nosso rico parque urbano, lá encontrando farto material para pesquisa e conhecimento de tantas espécies conservadas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro homenageou duplamente esta inigualável ilustradora. Por ocasião de sua morte, uma placa foi depositada ao lado de uma Pouteria Ucuqui plantada junto às espécies amazônicas que ela tão bem retratou em suas viagens. No ano de 2007, numa iniciativa Sylvia de Botton Brautigam da FBMM apoiada e tornada possível pelo presidente Liszt Vieira, o Director of the Fundação Botânica Margaret Mee Jardim Botânico acolhia definitivamente a artista, nomeando uma de (FBMM). Curator of a number of exhibitions organized suas alamedas de “Aléia Margaret Mee”. Passeando por ela, podemos by the FBMM in São Paulo, Brasilia, Salvador and Rio apreciar muitas das espécies que aguçaram a sua curiosidade e que estão de Janeiro. Editor of the book Margaret Mee 2006. imortalizadas em sua obra. Editorial consultant for the book, Jardim Botânico do Rio de Janeiro - 1808/2008 Margaret Mee a BOtanical VisiOn Duas delas, pintadas no jardim que ela privilegiou e que a acolheu, podem ser admiradas nas páginas que se seguem. scientific research. Her legacy consists of an estimated 500 One such center is the Escola Nacional Margaret Mee roamed the gardens of this Rio de Janeiro’s Botanical Garden has paid along this pathway, we can admire many of the de Botânica Tropical, housed in the Solar da species which aroused her curiosity and were depictions of Brazilian flora, and is a precious Imperatriz (The Empress’ Manor House). Over immortalized by her. artistic record of our biome. 150 students have been trained in pen and ink and Inspired by Margaret Mee and under the auspices of the Margaret Mee Botanical Two such plants, painted in the garden she watercolor techniques at Botanical Illustration loved and which in its turn welcomed her so Courses run by two former FBMM scholars. warmly, can be admired on the following pages. 130 Margaret Mee Margaret Mee Urospatha sagittifolia, 1957 Urospatha sagittifolia, 1957 Jardim Botânico, Rio de Janeiro [coleção BRADESCO de Arte Brasileira] Foto: Claus Meyer Botanical Garden, Rio de Janeiro [BRADESCO collection of Brazilian Art] Photo: Claus Meyer M a rg a re t M e e M a rg a re t M e e Bombax spruceanum, 1957 Bombax spruceanum, 1957 Jardim Botânico, Rio de Janeiro [coleção BRADESCO de Arte Brasileira] Foto: Claus Meyer Botanical Garden, Rio de Janeiro [BRADESCO collection of Brazilian Art] Photo: Claus Meyer 132 A gênese do Jardim Botânico do Rio de Janeiro está vinculada ao plantio de espécimes nas terras do engenho de cana-de-açúcar Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, no qual, com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, se havia instalado uma Fábrica de Pólvora. O J ardim BOtânicO cOnstruindO pOntes de saBeres Os primeiros espécimes ali plantados foram trazidos do Jardim La Luiz de Abreu Vieira e Silva, que as ofereceu ao Príncipe Regente, mais tarde D. João VI. Acompanhar o desenvolvimento dos espécimes, realizar o plantio em locais definidos e reproduzi-los estão na gênese das atividades de pesquisa no Jardim Botânico. A criação do cargo de feitor, por decreto de 12 de outubro daquele mesmo ano, inaugura a atividade de administração das terras como área de experimentação no cultivo de plantas. O Jardim de Aclimação, depois Real Horto, estava associado à idéia de que espécies vegetais e seus produtos poderiam ser moeda forte na economia da colônia. As visitas T h o mas E n dE r Vista do cume do Corcovado, a 1500 pés de altura, sobre o oceano, 1817/1818 Lápis aquarelado, em duas partes, 32,1 x 94,8 m [acervo Gabinete de Gravuras da Academia de Belas-Artes de Viena] T h o mas E n dE r de D. João à Fábrica de Pólvora e ao Real Horto são indicadoras do apreço e zelo da Coroa pelas atividades ali desenvolvidas. Desde esses atos inaugurais se passaram 200 anos. Muitos homens e mulheres tomaram parte e partido na história da instituição criada por D. João VI. Sua história pode ser lida em cada exemplar plantado View of summit of Corcovado, at 1,500 feet, over the ocean, 1817/1818 nas aléias, estufas e lagos, na coleção de plantas herborizadas, nas Pencil, watercolor in two parts, 32.1 x 94.8 m [collection of Engravings Department, the Fine Arts Academy of Vienna] edificações, obras de arte e monumentos instalados nos seus 137 hectares, nos livros e artigos científicos publicados, nos cadernos de campo e A ri an e L u na Pe ixoto e Marli P i re s M o ri m Pamplemousse, na ilha Maurício, pelo Capitão de Fragata português ao longo do tempo, bem como os tempos através 159 Este texto investiga os espaços do Jardim Botânico dos seus espaços. Trata também, esquematicamente, das grandes mudanças que aconteceram nas suas redondezas e na cidade desde sua fundação em 1808, referenciadas ao seu desenvolvimento. Seu título, um conceito de Einstein, é apenas uma metáfora, e também uma pequena homenagem a ele que tanto admirava este belo jardim. O e s Pa ç O - t e m P O Devido aos poucos desenhos datados sobre o Jardim Botânico fizemos algumas suposições e inferências. Com isso, algumas de nossas afirmações deveriam ser precedidas de “No Jardim Botânico tudo se passa como se...”. Entretanto, isso não faz deste um trabalho menos científico, ao considerar que Newton também assim começa o seu enunciado da Lei da Atração Universal 1 . A investigação continuará científica se novas pesquisas refutarem (ou comprovarem) as inferências aqui contidas, como Einstein refutou Newton. Ao ler o texto abaixo é bom que se tenha sempre em mente que jardim não é natureza. Na natureza as árvores deixam no chão folhas e sementes para que se produzam novas árvores. Minhocas e formigas furam o solo, arejando-o e levando para debaixo da terra matéria orgânica e alguns outros insetos tem papel fundamental na sua renovação ad aeternum. A putrefação de vegetais e animais selvagens mortos, e seu esterco, contribuem também para alimentar o moto-contínuo da natureza. No jardim, as folhas secas são varridas, as pequeninas mudas de árvores e o “mato” são capinados e o ciclo vital tem que ser mantido com mudas e adubação que vêm de fora. Matam-se as formigas, eliminam-se as terras muito úmidas onde vivem as minhocas, e animais mortos são prontamente removidos. O número de animais diminui. Na maioria das vezes, para a irrigação do jardim, as águas são desviadas de outra área, que assim fica delas carente. 2 Precedentes Einstein em visita ao Jardim Botânico, com o diretor Pacheco Leão e um rabino [acervo Museologia JBRJ] Einstein visiting the Botanical Garden in the company of director Pacheco Leão and a rabbi [JBRJ Museumology collection] O jardim medieval e renascentista Antes do Romantismo o jardim era uma metáfora da cidade. O jardim renascentista era constituído basicamente de um traçado ortogonal, como as cidades então idealizadas ou existentes, c om o a c i dade i d ea l d e E x im en ic (1 3 8 1 ) e a s cid a d es h is p a n o am e ri c anas c ol oni a is . Fla v io Ferre ir a O jardim é, portanto, sempre artificial. decorativos que compõem o ambiente desse “Jardim 18 9 Vamos tratar aqui dos elementos arquitetônicos e de Sonho”. Para que todos possam usufruir dos benefícios a que esses elementos se prestam, não faremos uma análise técnica ou erudita, mas muitas vezes usaremos linguagem poética, e em algumas outras manteremos um caráter mais objetivo e acadêmico. Entre esculturas, construções civis, aqueduto e alegorias, vamos tentar levar ao leitor ou visitante mais atentos informação e emoção. jardim BOtânicO arquitetura 1. O e OrnamentaçãO p O r t ã O p r i n c i pa l d O j a r d i m A entrada principal do Jardim é flanqueada por dois ecléticos torreões. Janelas em níveis diferentes, na fachada posterior, revelam a escada interna; enquanto, na fachada principal, os arcos plenos, muito característicos do classicismo desde os romanos, misturam-se com as vergas retas do pavimento térreo e com telhados metálicos numa alusão ao renascimento francês e suas coberturas em lâminas de ardósia. A estrutura de madeira dos beirais, bem como o desenho dos portões propriamente ditos, romantizam a construção, W ambac h , G eor Ges Portão da antiga Fábrica de Pólvora. Jardim Botânico, Rio de Janeiro(detalhe) Gravura, 38 x 28,2 cm [acervo Museu Imperial / IPHAN / MinC] W ambac h , G eor Ges Entrance gate of former Gunpowder Factory Botanical Garden, Rio de Janeiro (detail) Engraving, 38 x 28.2 cm [collection of the Imperial Museum / IPHAN / MinC] 1 L uc i an o C av al ca nt i de A l bu q uer que como era apreciado na virada do século XIX para o XX. Botânico é um velho conhecido. Quase todos têm 211 Para o carioca da Zona Sul da cidade, o Jardim alguma recordação do lugar, nem que seja de passeios de infância por suas aléias sombreadas, brincando de esconder nas raízes de grandes árvores e alcançando escuro da cidade: o Jardim Botânico. João do Rio, “Modern Girls”, 1911. 1 ” as Muito aléM do jardiM: r e p r e s e n t a ç õ e s v i s ua i s d o jardiM Botânico e a c o n s t r u ç ã o d e u M i M a g i n á r i o c u lt u r a l Abra-se o leque para abranger os moradores de subúrbios e periferias, no entanto, e diminuirá naturalmente o grau de familiaridade com o local. O que dizer, então, dos habitantes de outras cidades, outros estados, outros países? Para muitos visitantes que chegam ao Rio de Janeiro, não passa de uma mancha verde no mapa, porteira e prolongamento do imenso pulmão de trevas que é o Parque Nacional da Tijuca, floresta urbana relativamente desconhecida até de muitos cariocas da gema. Se o Centro é a cabeça cansada da metrópole e o litoral, sua face ensolarada, o Jardim Botânico é algo mais obscuro e misterioso. Ele não se dá a ver com a facilidade faceira do Pão de Açúcar, e nem se presta condescendente à intimidade boêmia dos Arcos da Lapa. O Jardim mantém certo recato, reservando seus encantos para quem se dispuser a adentrar seus portões e a explorar seus recantos escondidos. Posto esse recolhimento, é fato, mesmo assim, que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro goza de grau relativamente alto de reconhecimento. Há pelo menos 150 anos, circulam representações visuais que o tornam rapidamente identificável para um olhar estranho, tanto ou mais quanto outros jardins públicos do mundo. A imagem icônica é a aléia central, com suas duas fileiras paralelas de palmeiras-imperiais, formando um corredor de perfeita simetria e improvável ordem tropical. Divulgada desde meados do século XIX, essa imagem vem se tornando aos poucos um signo metonímico e, hoje, forma a base do logotipo da instituição. Ela comunica sucintamente a idéia do Jardim, elidindo sua extensão imprecisa e seus contornos cambiantes. Na falta de um golpe de vista capaz de delimitar e transmitir o conjunto de modo convincente, essa pequena parte acaba falando do todo. Seria superficial, porém, reduzir a imagem do Jardim Botânico à sua icônica aléia de palmeiras. Ao longo de um século e meio, muitas outras representações visuais foram criadas, contribuindo para a construção de um imaginário cultural do lugar. Do mesmo modo que o Jardim não é sempre o mesmo fisicamente – M ar c el G au th er ot Jardim Botânico, c.1965, Rio de Janeiro pois está sujeito a ampliações, alterações e remodelagens, e aos ciclos naturais da vegetação que encerra – sua imagem também se transforma no tempo, [acervo Instituto Moreira Salles] ganhando com cada nova representação contornos insuspeitos e perspectivas M ar c el G au th er ot inesperadas. O acúmulo de pinturas, gravuras, fotografias e cartões postais Botanical Garden, c.1965, Rio de Janeiro [Moreira Salles Institute collection] produzidos em tantos anos acaba por gerar uma multiplicidade de discursos Ra f ae l C a rdo so “ Vou mostrar-lhes agora o ponto mais refresco em seus bebedouros murmurantes. primeira década do terceiro milênio representa, 249 Para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a de fato, o início de uma nova era, em que assume características especiais. Nesses novos tempos, a cultura se alia à ciência e ao meio ambiente, abrindo caminhos para que sua exuberante área verde de 137 hectares adquira outros sentidos e conceitos. Trilhas de arTe no meio do verde O mesmo visitante que se encanta com a natureza encontra hoje outros motivos para aproveitar ainda mais esse lugar privilegiado: shows, filmes, exposições de arte, acervos artísticos. O marco dessa mudança foi a criação do Espaço Cultural Tom Jobim – Cultura e Meio Ambiente, em 2003. O Jardim Botânico começava a descobrir uma nova vocação cultural, tornando-se endereço de manifestações artísticas capazes de atrair multidões. Em 2008, essa vocação foi reforçada com a reforma e ampliação do próprio Espaço Tom Jobim e a inauguração do Museu do Meio Ambiente, instalado num prédio de frente para a Rua Jardim Botânico. Fechado durante anos, o belo casarão, onde outrora funcionou o Museu Botânico, foi restaurado para abrigar o novo museu, aberto em julho com a exposição “O gabinete de curiosidades de Domenico Vandelli”. Com curadoria de Anna Paula Martins, a mostra inaugural foi concebida como um inventário do naturalista Vandelli (1735-1815), italiano radicado em Portugal que criou o Jardim Botânico de Coimbra e motivou D. João VI a criar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A despeito de sua concepção sofisticada, a exposição representou a fase inicial de um projeto ainda mais arrojado: futuramente, o Museu do Meio Ambiente abrigará uma exposição permanente que levará o visitante a uma inusitada viagem às esferas da relação do homem com a natureza. Arte e tecnologia estarão associadas para despertar no público a consciência ecológica. Nesta primeira década do século XXI, ao completar 200 anos, o Jardim Botânico assume, portanto, cada vez mais, o que seu atual presidente, a ciência – seu objetivo original – a outros campos de conhecimento. É nesse contexto que se estabelece o diálogo entre natureza e arte. A C arlos s eC C h i n Calliandra Dysantha - flor do cerrado, 2008 cultura passa a ser reconhecida como elemento disseminador de uma Manipulação em computação gráfica sobre fotograma, formato super A-3 [arquivo do artista] nova mentalidade sobre o meio ambiente. C arlos s eC C h i n feliz do que Antonio Carlos Jobim (1927-1994), cuja obra é por si só um Calliandra Dysantha - flower from the cerrado, 2008 Computer graphic manipulation of a photogram, super A-3 format [artist’s files] Essa transformação cultural não poderia encontrar motivação mais exemplo de harmonia entre arte e meio ambiente. Jobim teve sua vida e seu trabalho pontuados pela emoção que a natureza lhe despertava, B run o C as ot t i Liszt Vieira, chama de caráter multidimensional. Um caráter que mistura 259 C h i C o C u n ha Sem título, 1993 Sem título, 1991 Óleo sobre tela, 90 x 50 cm [coleção Murilo Walter Barroso] Foto: Adelmo Lapa Óleo sobre tela, 135 x 180 cm [coleção Anna Maria Niemeyer] Foto: Fausto Fleury ChiCo Cunha C h i C o C u n ha Untitled, 1993 Untitled, 1991 Oil on canvas, 90 x 50 cm [Murilo Walter Barroso collection] Photo: Adelmo Lapa Oil on canvas, 135 x 180 cm [Anna Maria Niemeyer collection] Photo: Fausto Fleury ENsAiO ArtísticO cOLEtivO ChiCo Cunha s A l vA d o r m o n t e i r o a need to photograph. He does not need it in A man of our time, Claus Meyer always has had 279 A BrAzil reveAled the sense that it is something that is necessary, but rather that it is infallible and adjusted. His Claus Meyer, homem do tempo presente, fotografar para ele sempre viewpoint has been unmistakable and his imprint is foi preciso. Preciso, não no sentido do necessário, mas no sentido do the surprise of a very bright tropical sun; and, thus infalível e ajustado. Sua ótica era inconfundível e marcada pela surpresa illuminated, Claus Meyer traveled so many trails, do clarão de um nítido Sol tropical; e então, iluminado, Claus Meyer so many plateaus, forests and rivers; was surprised by distant and obscure human groups. We trekked percorreu tantos caminhos, por chapadas, florestas, rios; surpreendeu- through these backcountry, lost and far away se diante de longínquos e obscuros aglomerados humanos. Por esses in time and space. And it was a long adventure sertões perdidos e distantes no tempo e no espaço, trilhamos juntos. of hundreds of kilometers, enclosed in deep E foi uma longa aventura percorrermos centenas de quilômetros, cercados de profunda monotonia, para vermos de perto e de repente monotony, to come upon close by and suddenly a solitary abandoned house on the bank of a river, in the forest, where someone, mysteriously and uma tapera solitária à beira-rio, na mata, de onde alguém, misteriosa touchingly, waved goodbye to us; we needed to e comovidamente, acenava-nos um adeus; foi necessário penetrarmos penetrate the labyrinths of gloomy inlets, feeling nos labirintos de sombrios igarapés, sentirmos o peso do silêncio e o the weight of silence and the ancestral fear of medo ancestral de um momento de solidão na selva inundada, para a moment of loneliness in the flooded jungle to understand that our anxiety about reality was constatarmos que nossa inquietação com a realidade estava à frente de ahead of us. And, as of the start, this disquieting nós. E essa realidade preocupante despertou no fotógrafo o interesse reality awakened in the photographer an interest pela interpretação da imagem do brasileiro anônimo, desde o início, o in interpretation of the image of the anonymous nordestino, as raças imigrantes. Assim, levado por profunda curiosidade étnica, a partir de reações Brazilian, the Northeasterner, the immigrant races. Thus, driven by a profound ethnic curiosity and based upon the reactions of irrational beings, dos seres irracionais, o inquieto e lúcido pesquisador deparou-se com the restless and lucid researcher came upon the os mistérios do Homem. E ao desenvolver na sua arte o tema do olhar, mysteries of Mankind. And, as he developed in Claus Meyer, em tantos flashes, revelou-nos os segredos que o brilho his art the look theme, in so many photos Claus dos atentos olhos denunciam, quer sejam em fotos a refletir intenções Meyer revealed the secrets that the shine of so many attentive eyes had denounced, whether instintivas de espécies animais, como também as aparentes surpresas in photos reflecting the instinctive intentions of psicológicas, quando o retratado é o ser humano. animal species or in apparently psychological Até que afinal surge o registro do homem identificado e, então, para a máquina do fotógrafo expõem-se personalidades contemporâneas, escritores, políticos, artistas, empresários, todos, quase sempre, em momentos surpreendentes de surprises when humans were being portrayed. Until at the end there emerges a photo of an identified man and, then, the photographer’s camera begins to expose contemporary autocontemplação, como aqueles personagens de Machado de Assis, diante personalities, writers, politicians, artists, dos espelhos. businessmen, almost all of whom in surprising E aqui, no reluzir de tantas imagens impressas, Claus Meyer estará para sempre presente neste Brasil assim revelado, seu país de definitiva adoção. moments of self-contemplation such as characters out of Machado de Assis in front of a mirror. And here, in the keen reflection of so many printed images, Claus Meyer will always be present in this Brazil he has thus revealed, in the country he has definitively adopted. Salvador Monteiro iniciou sua atividade profissional como repórter na área Salvador Monteiro began his professional política e econômica. Criador da Edições Alumbramento, por 30 anos percorreu a poesia dos career as a political and economic reporter. nossos grandes autores contemporâneos, como Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Cecília Creator of Edições Alumbramento, for 30 years Meireles e João Cabral de Melo Neto, entre outros, reproduzindo ainda obras de Fayga he was publisher of our great Ostrower, Anna Letycia, Renina Katz, Maria Bonomi e Marcello Grassmann, entre outros... authors, such as Manuel Bandeira, Fernando É de sua autoria a edição do livro objeto de Franz Krajcberg, acompanhada de texto de Pessoa, Cecília Meireles and João Cabral de Antonio Houaiss, e a obra editorial artesanal de Jorge Amado, com ilustrações de Carybé. Melo Neto, also reproducing works by Fayga contemporary Ostrower, Anna Letycia, Renina Katz, Maria Bonomi and Marcello Grassmann, among others... He published a book-object by Franz Krajcberg, accompanied by an article written by Antonio Houaiss, and a handcrafted editorial work by Jorge Amado, illustrated by Carybé. C la u s Me y er E N SAio FoTográ Fi C o 278 Um BrAsil revelAdo 281 f l ow e r i n g o f my green temple Contact with nature was always a constant in my life, being part of the very air that I breathe. Since I opted for the profession of landscaper, I have sought greater knowledge of the plant world. With constant curiosity, innumerous times I resorted to the researchers of the Botanical Garden. Whenever another unknown “grass” was discovered, I appealed to the dear and sorely-missed Dr. Graziela, who always received me with complete patience and identified the A florAção do meu templo verde surprise even some native to Brazil that were not CeCíliA BeAtriz and plants. Due to adverse circumstances, I wound O contato com a natureza sempre foi uma constante na minha vida, faz parte do ar que respiro. Desde que optei pela profissão de paisagista, procurei um maior conhecimento do mundo vegetal. Com uma curiosidade constante, inúmeras vezes recorri I do not remember the exact date, but looking among my old books I believe since the end of 1998, requested by the directors of our Association of Friends of the Botanical Garden, I began my strolls, on the Garden map and then the need for photographs, which today are on the Association website. It is extremely pleasant and gratifying to roam the Park for four or five hours. As you walk, you discover a fascinating, magic world and an infinite store of knowledge. The more I think I know, the more I perceive how little I actually do, Botânico, que considero o meu Templo Verde. and the more I want to discover it. creio que no final de 1998, solicitada pelos diretores da nossa Associação de Amigos do Jardim Botânico, iniciei a minha caminhada, anotando as florações do Parque para registrar no boletim mensal. Em seguida, veio o pedido para assinalar no mapa do Jardim e, depois, a necessidade das fotos, que hoje estão no site da Associação. É extremamente prazeroso e gratificante percorrer o Parque por quatro a cinco horas. À medida que se caminha, descobre-se um mundo mágico fascinante e absorve-se um aprendizado infinito. Quanto mais penso conhecê-lo, mais percebo o pouco que sei e mais quero descobri-lo. Contemplar a natureza é sempre uma emoção, somos surpreendidos de Garden, which I now consider my Green Temple. adversas, acabei substituindo a ida ao Sítio pela visita ao nosso Jardim Não me recordo a data exata, mas procurando nos meus alfarrábios, F rancisco a ur é l i o F igueiredo e M e l o up substituting the trip to the farm with the Botanical monthly bulletin. Next came the request to fill in spaces onde tinha um contato direto com a terra e as plantas. Por circunstâncias Óleo sobre tela, 46,8 x 74,4 cm [acervo Museu de Arte de Belém] Foto: Rodolfo Braga country, where I had direct contact with the earth desconhecido, apelava para a querida, saudosa e sempre paciente Dra. Graziela, Ausentava-me do Rio, de quinta-feira a domingo, e ia para o meu Sítio, Corcovado, 1903 I absented myself from Rio de Janeiro from Thursday to Sunday and went to my Sítio in the annotating the flora of the Park to register in the eram nativas do Brasil e ainda não faziam parte do Arboreto. de yet part of the Arboreto catalogue. aos pesquisadores do Jardim Botânico. Quando descobria um “matinho” que o identificava imediatamente. Para minha surpresa, algumas dessas plantas F rancisco a ur é l i o F igueiredo e M e l o source of consternation immediately, to my To contemplate nature is always an emotion. We are surprised by incredible works of art – in the delicacy of the flowers, in the forms, textures, in the most varied tones and, frequently, in the diverse gradations of color in the same leaf, a new sprout, the sculptured forms of the trunks, branches, vines and roots. In this immense Green Temple, we feel small before the majestic, centuries-old trees, like the majestic kapok, the proud palms, the old, twisted mangoes, which make me feel like Alice in Wonderland. Due to the instability of our climate, there is not the slightest possibility of foreseeing what we are going to encounter, although based on por incríveis obras de arte: na delicadeza das flores, nas formas, texturas, the flowerings of past years, there is always a nas mais variadas tonalidades e, muitas vezes, nos diversos matizes de surprise. Periods of intensive rains, followed by uma mesma folha, numa nova brotação, nas formas esculturais dos troncos, galhos, cipós e raízes. Neste imenso Templo Verde nos sentimos pequeninos diante das árvores Corcovado, 1903 majestosas e seculares como a sumaúma, as soberbas palmeiras, as velhas Oil on canvas, 46.8 x 74.4 cm [Museu de Arte de Belém collection] Photo: Rodolfo Braga mangueiras retorcidas, que me fazem sentir Alice no País das Maravilhas. Devido à instabilidade do nosso clima, não há a menor possibilidade de prevermos o que vamos encontrar. Apesar de nos basearmos nas floradas dos anos anteriores, há sempre uma surpresa. Períodos de chuvas intensas seguidos de um mês sem chuvas certamente alteram o ciclo das florações. a month without rain, certainly alter the cycle of the flowerings. It is essential to move attentively through the entire Park to verify new blossoms, some delayed and others that are even early. Once, after some time spent walking, checking the reports of the previous years, to our deception we found nothing, the floral spaces were empty. But not so surprisingly, at the end of our search, we were regally confronted with the climbing tendrils and the beautiful rose-colored blossoms of the Bauhinia alata, a vine I had never previously seen. 301 the In our country, we have the privilege of being able to appreciate flowers during all the months novas floradas, algumas retardatárias, e outras que se antecipam. of the year. While in the Northern Hemisphere, Certa vez, após algum tempo caminhando, verificando a relação dos anos during the months of the winter the trees lose anteriores, para nossa decepção nada encontrávamos. As floradas estavam their leaves, here too in the winter many shed escassas, mas qual não foi a surpresa no final da nossa busca, quando fomos their foliage. However, they still surprise and enchant us with their floral spectaculars: The regiamente contemplados com os belíssimos cachos de flores cor-de-rosa da purple, yellow and white “ipês” (Tabebuias); the trepadeira escada-de-jaboti (Bauhinia alata), que eu jamais tinha visto. “mulungus,” “sanadus” or “suinãs” (Erythrinas) with blood-red, brick or orange blossoms, which No nosso país, temos o privilégio de poder apreciar flores durante todos are a party for the most varied birds species, os meses do ano. Enquanto no inverno do hemisfério norte as árvores such as parakeets, parrots, hummingbirds, and perdem as folhas, aqui muitas também se despem das suas folhas, no the indescribable and fantastic rows of golden entanto nos surpreendem e encantam com suas floradas espetaculares: os mulateiros trees (Calophyllum spruceanum). In the months of spring and summer, times ipês (Tabebuias) roxos, rosas, amarelos e brancos; os mulungus, sanandus of warmer weather with rains and humidity, the ou suinãs (Erythrinas) com flores vermelho-sangue, tijolo ou amarelo, que tropical plants exhibit all of their power: the fazem a festa dos mais variados pássaros como maritacas, maracanãs, beija- varieties of heliconias, emperor’s-wand, banana trees, swamp-lilies. The rows of monkey’s apricots, flores; e a indescritível e fantástica aléia dos paus-mulatos dourados. with their trees wrapped in big, beautiful, red and Nos meses de primavera e verão, tempo de maior calor, com chuvas e perfumed flowers, forming truly florid columns. During the year, we have lots to appreciate. umidade, as plantas tropicais exibem toda a sua pujança: as variedades de The red-purple carpet that extends under the helicônias, os bastões-do-imperador, as musáceas, os lírios-do-brejo. A aléia malay apple tree (Syzygium malaccense) in flower dos abricós de macaco, com suas árvores envolvidas por grandes e belas is an unforgettable attraction. The “duabanga” flores vermelhas e perfumadas que formam verdadeiras colunas floridas. (Duabanga sonneratioides) trees with bouquets of white flowers, which in falling from the Durante o ano temos muito que apreciar. O tapete vermelho-púrpura que branches produce a delicate rain of petals. The se estende sob os jambeiros (Syzygium malaccense) em flor é uma atração Pride-of-Burma tree (Amherstia nobilis), like an imperdível. As duabangas (Duabanga sonneratioides), árvores de buquês irridescent pendulum clock, extremely ornamental, de flores brancas que ao se desfazerem produzem uma delicada chuva de exhibiting up to a hundred clusters of red flowers. The beautiful, living-red flowerings of the pétalas. O orgulho-da-índia (Amherstia nobilis), de inflorescência pêndula, Rose-of-Venezuela or Sun-of-Bolivia (Brownea extremamente ornamental, exibindo até cem cachos de flores vermelhas. As grandiceps). The marvelous saracas, with the belas inflorescências vermelho-vivo da rosa-da-montanha ou sol-da-bolívia bouquets of flowers displayed on their trunks and branches, one with golden-yellow blossoms (Brownea grandiceps). As maravilhosas saracas com os buquês de flores (Saraca indico) and another bright yellow ones dispostos em seus troncos e galhos, uma possui flores amarelo-ouro (Saraca (Saraca thaipingensis). According to legend, indica) e a outra, flores vermelhas (Saraca thaipingensis). Diz a lenda que Buddha was born under a tree with red flowers. It would be impossible not to cite Cassia ferruginea, Buda nasceu sob a árvore de flores vermelhas. Impossível não citar a cana- with its hanging tendrils and yellow blossoms, fístula ou chuva-de-ouro (Cassia ferruginea), com seus cachos pêndulos which perfume almost all the Park. On the Lakes, we are dazzled by the vitórias- amarelos, que perfuma quase todo o Parque. amazônicas, the colored ninféias in the Japanese Nos Lagos, nos deslumbramos com as vitórias-amazônicas as coloridas Garden with the magnificent lotuses. ninféias e, no Jardim Japonês, com os magníficos lótus. Whatever description, even the most painstaking cannot capture all the beauty of the Park. It Qualquer descrição, mesmo a mais cuidadosa, não refletirá toda a beleza is necessary to stroll slowly through all of its do Parque. É preciso caminhar vagarosamente por suas alamedas para poder walkways to be able to appreciate each detail, the apreciar cada detalhe – o som da sinfonia dos pássaros, o vôo dos tucanos, o BiBliogrAfiA Cecília Beatriz Lévy da Veiga Soares, Livro de Ouro das Flores. Ed. Ediouro. Rio de Janeiro. sound of the symphony of the birds, the flight of the passeio arisco dos caxinguelês à procura dos coquinhos – e sair de lá com muita toucans, the quick scamper of the squirrels looking paz e novas energias. for little coconuts, and certainly we will come away with much inner peace as well as renewed energies. Cecilia Beatriz Lévy da Veiga Soares Cecilia Beatriz Lévy da Veiga Soares Professora, paisagista, fundadora e diretora de Tajá Paisagismo e diretora da Associação de Professor, landscaper, founder and director of Tajá Paisagismo and director of the Friends of Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, tem aproximadamente 1.500 projetos e execuções the Botanical Garden of Rio de Janeiro (AAJB); has concluded approximately 1,500 garden de jardins, entre eles o Jardim Sensorial (destinado a deficientes visuais) no Jardim Botânico projects, including the Sensorial Garden (for the visually impaired) at the Botanical Garden of do Rio de Janeiro. Já escreveu artigos em jornais e revistas e é autora dos livros Samambaias e Rio de Janeiro. Author of articles in newspapers and magazines and of the following books: outras Plantas Ornamentais, Plantas para Dentro de Casa, Plantas para Decoração em Vasos Samambaias e outras Plantas Ornamentais, Plantas para Dentro de Casa, Plantas para (Editora Tecnoprint - Ediouro), Árvores Nativas do Brasil (Editora Salamandra), As Mais Belas Decoração em Vasos - Editora Tecnoprint (Ediouro), Árvores Nativas do Brasil - Editora Árvores da Mui Formosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (Editora Nova Fronteira), O Salamandra, As Mais Belas Árvores da Mui Formosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro Livro de Ouro das Flores (Ediouro), além de traduzir a obra Guia de Plantas Tropicais (Lexicon - Editora Nova Fronteira, O Livro de Ouro das Flores, Ediouro, as well as the translation of Editora Digital). Realiza o relatório mensal da floração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, the Guia de Plantas Tropicais - Lexicon Editora Digital. She produces the monthly flowering acompanhado de fotos, para o boletim e o site da AAJB. guide published in the AAJB’s newsletter and on its website 303 Por isso é imprescindível percorrer com atenção todo o Parque para verificar glory Bush o u o r e l h a - de - o n ça T ibouch in a heT e ro mal a o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l s oBrália jasMiM-da-índia rangoon Q u i s Q u a l i s indic a o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : i l h a s B r oMé l ia soBrália iMPerial s obrália yana p e ry e nsi s o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l g e ng iB r e - MagníFico Beehive creePer do PacíFico iMPerial BroMeliad V r ie sia imp e r ia l is o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l ginger Z inZ ib e r s pe c T a b i l i s o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : M a l á s i a P a u - a M a rgoso Quassia ou Pau - tenente tree Quassia amara o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l N iNféi a N i Nf é i a / W h it e n allaManda lanterna-jaPonesa, lanterninha-chinesa, Brinco-de-Princesa jaPanese lantern algodão-Bravo, caMPainha-de-canudo, Mata-caBra Pink Morning glory a llaman d a bl anche T T i o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l h ib isc u s s c h i Z o p e T a l a e o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : á F r i c a i p omoe a c a r ne a o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l c huva - de - ouro , jaMBeiro ave-do-Paraiso, golden c á s s i a i MPe ri al shower tree c assia fisTula o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : í n di a Malay aPPle tree s y Z y giu m m a l a c c e n s i s o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : M a lá s ia Bird-oF-Paradise Flor-da-rainha s T r e l iT Z i a regi nae o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : á F r i c a curiosities lo t us W a t e r l i l y , n. , n. Planta aquática, suas flores de rara ymphaea alba caerulea rubra beleza apresentam uma gama de tonalidades que vão do azul corrência o ccurrence e uroPa , á sia , ao branco e ao puro vermelho, passando por vários tons de rosa. á Frica e B rasil Seu nome botânico, Nymphaea, origina-se do latim nympha, que significa ninfa das águas. Supõe-se que seja também uma variante da palavra grega Aquatic plant. Its flowers, of rare beauty, present a gamut of nympha (virgem), uma vez que, na antigüidade, tonalities that range from blue through pure white to red, passing os gregos atribuíam a estas plantas proprieda- through several tones of rose. des antiafrodisíacas. Its botanical name, Nymphaea, originates from the Latin Nativa do rio Nilo, no tempo dos faraós a nin- nympha, which means water nymph. It is supposed that it also is a féia-azul era venerada como flor sagrada. Grandes variant of the Greek word nympha (virgin), since in antiquity the buquês foram encerrados no túmulo de Ramsés II, Greeks attributed anti-aphrodisiac properties to these plants. como parte da cerimônia de despedida. Native to the Nile River, in the time of the pharaohs the blue O historiador Heródoto não fez distinção en- nymphaea was venerated as a sacred flower. Big bouquets were tre as ninféias e os lótus, designando ambas com o found in the tomb of Ramses II as part of the funeral ceremony. nome de lótus, o que criou confusão e gerou dúviThe Greek historian Herodotus did not distinguish between das, muitas delas perdurando até os nossos dias. the nymphaeas and the lotuses, designating both with the name of Esta bela planta aquática despertou o intereslotus, which created confusion and generated doubts, many of them se e a admiração do famoso pintor impressionista continuing to our day. francês Claude Monet, que a eternizou em inúmeros This beautiful aquatic plant awakened the interest and the dos seus quadros. Em seu jardim de Giverny, próxiadmiration of the famous French impressionist painter Claude mo a Paris, possuía uma bela coleção desta espécie, que pode ser apreciada até hoje, como parte de um Monet, who immortalized it in many of his paintings. In his garden at Giverny, near Paris, he had a beautiful collection of this species, roteiro turístico. Monet encontrava sua inspiração nas ninféias which can be appreciated even today as part of a touristic routine. Monet found his inspiration in the nymphaeas and spent e ficava horas observando os jogos de cores iridescentes produzidos pelos raios de sol sobre as águas hours observing the play of iridescent colors produced by the rays repletas das mais variadas tonalidades. Elas lhe of sunlight on the water, replete with the most varied tones. They transmitiam uma mensagem especial, que ele sou- transmitted to him a special message, which he in turn knew how to be traduzir em sua incomparável pintura e fez che- transmit through his incomparable painting, taking them to those who knew how to admire them. gar até os que as sabem admirar. o a laM an da - vinh o lilases, distribuídas ao longo dos ramos. Embora tenha propriedades medicinais, é venenosa, tóxica para bovinos e caprinos. As folhas, quando mastigadas, têm efeito alucinógeno. c h u va - d e - o u ro , cás s ia imPerial . Árvore muito decorativa de inflorescências pendentes com flores grandes amarelo-ouro. J ambeiro . Desde a base, sua ramagem forma uma copa típica, piramidal ou cônica. Os frutos são brilhantes, de cor vermelha, suculentos e adocicados. Belos para os nossos olhos e deleite para a avifauna. a ve - do - Paraiso , flor - da - raiNha . Planta herbácea, tropical, muito decorativa. Suas flores são alaranjadas, com antena e estigma azul, semelhantes a uma cabeça de pássaro. Seu nome científico é uma homenagem à rainha Sofia Carlota de Mecklenburg-Strelitz, princesa alemã que se casou com Jorge III da Inglaterra. / : G l o ry b u s h . Bushy plant that blossoms in the summer, with red flowers and other varieties with white and lilac flowers. raNGooN creePer. The generic name Quisqualis means “whatever it is,” referring to the multiple colors of the flowers that open white and pass from rose to red, forming various bouquets of different hues. beehive GiNGer. Also known as big-ice-cream or ginger-torch. Very decorative, lending itself to exuberant tropical arrangements. s obrália . Orchid of rare beauty, described by botanist Barbosa Rodrigues, based on the plant cultivated in the Botanical Garden of Rio de Janeiro. imPerial bromeliad. This exuberant bromeliad lives in nature out in the bright sunlight. It is a veritable rock climber, that is, fixing itself onto stones and boulders and even being found on 90 degree overhangs. Its hanging train of leaves and flowers grows as long as 3.5 meters. Its flowering cycle is completed in a period of five months. It attracts hummingbirds and bees. Q u as s ia tree . Its red flowers are attractions for the hummingbirds. It has medicinal properties and is also an insect repellant. a l l a m a N d a . Semi-woody bush, climbing, with large winecolored flowers. JaPaNese laNterN. Flowers almost year-round; the flowers hang in long tendrils with curling petals. P i N k m o r N i N G G l o r y . Lily-rose flowers, distributed along the branches. Although it has medicinal properties, it is poisonous, toxic for cattle and goats. Chewed, the leaves have a hallucinogenic effect. G oldeN shoWer tree . Very decorative tree with large, hanging, yellow-gold blossoms. m alay aPPle tree . From the base of its root system it forms a typical chalice, pyramidal or conical. The fruits are shiny, red in color, succulent and sweet. Lovely for our eyes, delicious for the birds and animals. b ird - of - Paradise . Herbal plant, tropical, very decorative, having orange blossoms with blue stamen and pistol, similar to the head of a bird. Its scientific name is in honor of Queen Sofia Carlota de Mecklenburg-Strelitz, a German princess who married George III of England. 305 January Q uaresMa - arB u s to Q u ares ma - arbu s to o u o r e l h a - d e - o N ça . Planta arbustiva que floresce no verão, de flores roxas e outras variedades de flores brancas e lilases. J asmim - da - íNdia . O nome genérico Quisqualis significa “qual que é”, uma referência à cor mutável das flores, que se abrem brancas e passam do rosa ao vermelho, formando vários buquês de diferentes matizes. G eN G ibre - maG N ífico . Conhecido também como sorvetão ou tocha-gengibre. Muito decorativo, prestando-se a exuberantes arranjos tropicais. s obrália . Orquídea de rara beleza, descrita pelo botânico Barbosa Rodrigues, a partir desta planta cultivada aqui no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. B r o M é l i a i MPeri al . Esta bromélia exuberante vive na natureza em pleno sol, é da variedade rupestre, isto é, fixa-se em pedras e rochedos, podendo ser encontrada em paredões com inclinação de até 90 graus. O seu pendão floral chega a alcançar 3,5m.de altura. Seu ciclo de floração se completa num período de cinco meses. Atraem beija-flores e abelhas. P au - amarGoso ou Pau - teNeNte . Suas flores vermelhas são atrativas para os beija-flores. Possui propriedades medicinais, também é repelente para os insetos a lamaN d a - viN h o . Arbusto semilenhoso, escandente, de grandes flores cor de vinho. l aNterNa - JaPoNesa , laNterNiNha - chiNesa , briNco - de - PriNcesa . Floresce quase o ano todo. As flores pendem de longos pedúnculos com pétalas frisadas. a lGodão- bravo, camPaiNha-de- caNudo, mata- cabra. Flores rosas e Janeiro 304 curiosidades 321 Tutty Vasques Tutty Vasquez Foto / Photo : M u l at e i ro a u g u s t The almond-tree autumn, typical of a Rio de Janeiro winter, never fails: another summer-like period emerged in the middle of the year. It seemed like January until last week, when the temperature suddenly plunged like hailstones on the hood of a car. Now it’s cold, the slightly cool feeling of the Northern Hemisphere spring, so let’s take advantage of it. Not every August offers us the opportunity to spend a week making believe it’s winter. They are even saying that with this global warming thing we will soon, at this time of year, have a night of four seasons. You leave home in spring, go to a movie in summer, have dinner in autumn and return to sleep in winter. I believe it! The weather is crazy everywhere but even, I think, more so in a place like here where it never was particularly well in step with the landscape. Unless it snows in Ipanema, nothing will seem sufficiently strange in Rio de Janeiro. I saw the Paris Square at the beginning of the month through a car window, quite nice, made up to look like the Jardin du Luxembourg in a European post card view, full of bare trees sort of floating on a thick reddish carpet of dry leaves….Believe, believe. August is the season for trees in Rio. It is they, sometimes specially, that give the landscape a half-crazy climate and, with regard to the supremacy of the almond trees, were the big sensation of the past season – it’s the same thing every year – in the Pausmulato (Mulateiro Tree) Lane in the Botanical Gardens. The show lasts practically an entire month, with dark, straight and smooth trunks, gigantic due to their Amazonian nature — 20, 40 meters tall — logs without knots that suddenly gain golden, close-fitting and thin crowns that denude themselves into a heart of palm texture, in a type of baby-green coloration. It seems to be a lie, pure madness — but they’ll be mulatto-color again before spring. Not even in a fashion show you’ll see something like this. If you race over there this weekend, you’ll still be able to see the final days of the changing of the bark of the 62 “monkey-slide” trees — another name given this species — lined up in a row on the two-way path, which is some 70 or 80 meters long. Most of the trunks are already clear green, some are still changing and a few still show the red oxide color of the beginning of the month. Sort of an end of the party feeling, but it is never too late to begin to observe the exuberance God gave mulateiros. I already had known these trees by sight, but this year was the first time I followed the trunk mutation up close. Between July and August I visited the J. Campos Porto lane three times per week and there were days when I wanted to interrupt my walk and give them a standing ovation! Bravo, bravo!!! The most beautiful thing in the world, wow! Each time I returned home, excited by the forest’s exhibitionism, I tried to describe what I had seen through e-mails addressed to a favorite female friend in São Paulo. At a certain moment in this exchange I feared all of my talk about “golden-crowned mulateiros that denuded themselves, and so on” would sound very strange to a very classy blonde from the SP Jardims district… So I decided to photograph what I was seeing to transmit what I was trying to say in my written messages. My friend, an actress, said she was not programmed to open photo files (one of which appears on this page), but promised that as soon as her play had finished its run would come to Rio to personally check out this story about giant golden mulateiros, etc. etc. I’m afraid that success will only permit my diva friend to come to Rio when all that will be left to call attention to the mulateiro trees will be the markings left by ignorant visitors who, without any ceremony at all, demonstrate their presence through pen-knife carvings in the wood softened by the period of change: “Pat and Alex,” “Luana and Beto,” “Bruna and Teco”... The day these people are caught in the very act by the Association of Friends of the Botanical Garden, fur will fly. Later they can’t say they weren’t warned. The good conservation of this immense green area in the heart of the South Zone merits the solidary vigilance of every Rio resident. Embedded between Gávea, Horto Florestal and the Jockey Club, the park is a rare example of successful administration in the midst of the chaos of just about everything else that depends on our governments. It is clean, safe and full of novelties — such as the cactus area, the Tom Jobim Cultural Center, the new bromeliad nursery, along with the traditional, such as the tai chi chuan activities... A serious environmentalist has headed up the institution since 2003, Liszt Vieira, who does not play politics; he labors. It is really a pleasure to see the results of his management. Keeping things in proper proportion, it is the Brazil that works. Except for the mulateiro mutation, quite frankly nothing else of importance occurred in the country in August. agosto do pau-Mulato O outono das amendoeiras, típico do inverno carioca, não falha: caiu de novo no veranico de meio de ano. Parecia janeiro até a semana passada, quando a temperatura baixou a golpes de gelo no capô. Agora faz frio, friozinho bom de primavera no Hemisfério Norte, aproveite. Nem todo agosto nos dá a chance de passar uma semana fazendo de conta que é inverno. Fala-se inclusive que, pelo andar da carruagem do aquecimento global, em breve teremos, nesta época, a noite de quatro estações. Você sai de casa na primavera, pega um cineminha no verão, janta no outono e vai dormir no inverno. Eu acredito! Se o tempo está ficando maluco por toda parte, mais ainda, imagino, num lugar como aqui, onde ele nunca regulou muito bem com a paisagem. A não ser que neve em Ipanema, nada parecerá suficientemente esquisito no Rio de Janeiro. Vi no início do mês pela janela do carro a Praça Paris, toda prosa, travestida de Jardin du Luxembourg em postal de outubro europeu, cheia de árvores peladas sobre espesso leito avermelhado de folhas secas... Crente, crente. Agosto é a estação das árvores no Rio. São elas, algumas em especial, que dão um clima meio louco à paisagem, e, a despeito da supremacia das amendoeiras, a grande sensação da temporada aconteceu – todo ano é assim – na aléia de paus-mulatos do Jardim Botânico. Dura praticamente o mês inteiro o show dos troncos escuros, retilíneos e lisos, gigantes pela própria natureza amazônica – papo de 20, 40 metros de altura –, toras sem nós que de repente ganham capas douradas muito justas e finas, para logo se desnudarem em textura de palmito com coloração verdebebê. Parece mentira, puro delírio, mas serão de novo mulatos antes da primavera. Igual, nem em desfile de moda. Quem correr até lá neste fim de semana ainda verá o finzinho da encenação de troca de cascas dos 62 pés de “escorrega-macaco” – outro nome da espécie – enfileirados numa passarela larga como uma via de mão dupla de 70, 80 metros de extensão. A maioria dos troncos já está verde-clarinha, alguns ainda desfolham o caule, poucos conservam um tanto de zarcão do início do mês. Meio fim de festa, mas nunca é tarde para começar a observar a exuberância que Deus concedeu aos paus-mulatos. Já os conhecia de vista, mas neste ano acompanhei de perto a mutação do troço. De julho pra cá, visitei a aléia J. Campos Porto três vezes por semana e houve dias em que deu vontade de interromper a caminhada para aplaudir de pé! Bravo, bravo!!! Coisa mais linda do mundo, uhuuuuu! A cada volta pra casa, excitado com o exibicionismo da floresta, dei de descrever o que via em e-mails detalhistas endereçados a uma querida amiga paulista. A certa altura da correspondência, desconfiei que poderia soar estranho aos ouvidos de uma loira chiquésima dos Jardins todo aquele papo sobre “paus-mulatos de capas douradas que se desnudavam, e coisa e tal”... Resolvi então fotografá-los para transmitir as imagens sem o duplo sentido da emoção que estava querendo passar nas mensagens escritas. Minha amiga, atriz, diz que não foi programada para abrir arquivos de fotos (uma delas você pode ver nesta página), mas promete, assim que sua peça sair de cartaz, vir pessoalmente conferir essa história de pau-mulato gigante, dourado etc. etc. Temo que o sucesso só permita à minha diva vir ao Rio quando apenas restarem para chamar atenção nos paus-mulatos as marcas da ignorância do visitante, que, sem nenhuma cerimônia com a natureza, assinala sua presença a golpes de canivete na madeira macia desses tempos de muda: “Pat e Alex”, “Luana e Beto”, “Bruna e Teco”... No dia em que essa gente for pega em flagrante pelos amigos do Jardim Botânico, o pau vai comer. Depois não digam que não avisei! A boa conservação daquela imensa área verde no coração da Zona Sul merece a vigilância solidária de todo carioca. Encravado entre a Gávea, o Horto Florestal e o prado do Jóquei, o parque é um exemplo raro de administração bem-sucedida no caos em que se encontra quase tudo o que depende de governos. Está limpo, seguro, cheio de novidades como a área de cactos, o Centro Cultural Tom Jobim, o novo bromeliário, o velho tai chi chuan... Preside a instituição desde 2003 um ambientalista sério, Liszt Vieira, que não faz política; trabalha. Dá gosto ver os resultados de sua gestão. Guardadas as proporções, é o Brasil que deu certo. Afora o pau-mulato, francamente, não aconteceu nada importante para ser visto no país em agosto. Revista Veja 16/ 08/ 2006 rio 331 330 R ealização A c h ie v e m e n t Associação de Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro P R odu ç ão e xec u ti va executive Producer “Às orquídeas dediquei as alegrias de minha mocidade; às palmeiras o tempo livre da maturidade”. “To orchids, I dedicated the delights of my youth; to palm trees, the free time of my mature years”. Roberto Padilla c ooRdenação e ditoRia l e d i t o r i A l c o o r d in A t o r s Roberto Padilla Nair de Paula Soares J oana a ngeRt e g ustavo P eRes Trio caRIOca, 2006 – detalhe c onsultoRi a e ditoRia l e d i t o r i A l c o n su l t A n t Sylvia de Botton Brautigam Acrilico preto recortado e moldado Coleção particular, Rio de Janeiro Foto: Jaime Acioli J. Barbosa Rodrigues J oana a ngeR t and g u stavo P eRes Trio caRIOca, 2006 – detail Black acrylic cut out and molded Private collection, Rio de Janeiro Photo: Jaime Acioli t extos texts Ruy Castro Sergio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Luís Octavio Gomes de Souza Pedro da Cunha e Menezes Sylvia de Botton Brautigam Ariane Luna Peixoto e Marli Pires Morim Flavio Ferreira Luciano Cavalcanti de Albuquerque Rafael Cardoso Bruno Casotti Salvador Monteiro Cecília Beatriz Lévy da Veiga Soares Tutty Vasques P esquisa do t exto de R afael c aRdoso reseArcher, rAfAel cArdoso Article Fernanda Terra R evi são de t extos text ProofreAding Alice Dias Foto Rosto P au lo W eR neck Mural em mosaico cerâmico 2,70 x 9,80cm para o Clube Monte Líbano, 1957 Arquitetura: João Kahir Foto: Vicente de Mello / Projeto Paulo Werneck Front Page Photo P au lo W eR neck Ceramic mosaic mural 2.70 x 9.80cm for the Clube Monte Líbano, 1957 Architecture: João Kahir Photo: Vicente de Mello / Paulo Werneck Project v eR são PaR a o i nglês v e r sio n i n e n g l ish Steve Yolen Beto Felicio capa, contra capa, foto da guarda e primeiro ensaio fotográfico Claus Meyer João Quental segundo ensaio fotográfico pp. 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 312, 313, 314, 315, 316, 317, 318, 319, 320, 322, 323, 324, 325, 326, 327, 328, 329 pp. 4, 82, 129, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 163, 168, 189, 190, 191, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 218, 219, 222, 223, 224, 225, 226, 228, 229, 232, 238, 239, 241, 250, 254, 255 Renato Velasco Rogério Reis Nair de Paula Soares Joana de Paula Soares d i a g R a m a ç ã o e f i n a l i z a ç ã o l A y o u t An d f i n Al i zi n g Joana de Paula Soares Claudia Zisman Cohen m a n i P u l a ç ã o d e i ma g e ns i m A g e t r e A t me n t João Faraco d e s ig ne R s c ol a b oR a d oR e s c o l l A b o r A t i n g d e s i g n e rs Marina Hochman Gabriella Vallado Luduvice Gustavo Castro Neto Gustavo Fernandes Flavio Henrique Chin Chan s e l e ç ã o d e o b Ra s d e a Rte Artwork selection Roberto Padilla e d iç ã o d os e ns a ios f otog R á f ic os editor, PhotogrAPh essAys Nair de Paula Soares Sylvia de Botton Brautigam f otogRafi as P h o t o g r A Ph y Jaime Acioli P R oJe to g Rá f ico g r A P h i c P r o j e c t : Pvdi pp. 80, 133, 177 p. 128 a s s i s t e n t e d e P Rod uçã o Production AssistAnt Antonio Roberto Vilete de Oliveira e l a b o R a ç ã o d o P R oJe to Ju nto à l e i R ou a ne t rouAnet lAw Project PrePArAtion Jefferson Correa P Ré -i m P R e s s ã o e i m P R e s s ã o P Ag e P r o o f s An d P ri n t i n g Stilgraf a s s e s s o R i a d e i mPR e ns a Press AssessorshiP C W& A C o mu n i c a ç ã o Foto Sumário t aç a em vi dR o tRansPaRent e com a imagem em esmalt e 31 x 15 cm, circa 1900 Coleção Onze Dinheiros Escritório de Artes, Rio de Janeiro Foto: Jaime Acioli Contents Photo t RansPaRent glass c uP With enamel imag e 31 x 15 cm, circa 1900 Onze Dinheiros Escritório de Artes Collection, Rio de Janeiro Photo: Jaime Acioli a gRadeci mentos Acknowledgements Beatriz Kushnir (AGCRJ), Beth Pessoa, Carlos Martins, Celso Brando, Elizabeth Wynn-Jones, Elysio Oliveira Belchior, Espaço Tom Jobim, Fabio Ghivelder, Francesca Romana Diana, Heloisa Amaral Peixoto/H.A.P. Galeria, Heloisa Seixas, Instituto Antonio Carlos Jobim/Paulo Jobim, Jair de Souza, José Augusto Pádua, Julia Peregrino/Fazer Arte, Leonel Kaz/A p r a z í v e l E d i ç õ e s , L u i s E d u a r d o M e i r a d e V a s c o n c e l l o s / E di t or a C ont r ac apa, Luis Olavo Junqueira Dantas, Max Perlingeiro/ Edições Pinakotheke, Mara Lopes, Melissa Gormley, Mônica Carneiro Alves, Nigge Loddi, Renato Kamp e Patricia Moreno, Ricardo Duarte de Souza/Graphos Brasil, Sergio Morais, Sergio Pinheiro, Valéria Piccoli, Vik Muniz, Washington Dias Lessa/Campos Gerais. a gRadeci mentos e sPec i a i s sPeciAl Acknowledgements Ao presidente do JBRJ Liszt Vieira, a Lidia Vales, à direção e equipe do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro - em especial a Alda Heizer, Begonha Bediaga, Cristina Goulart Amarante, Luiza Maria Gomes Rocha e Rosana Simões Medeiros - e a todos da Associação de Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que com gentileza, presteza e conhecimento nos auxiliaram no desenvolvimento deste projeto e tornaram a realização desta obra possível, o nosso muito obrigado! R e n ato v elasco Sem título, setembro de 2007 Fotografia digital Realização / Producer [arquivo do artista] R e n ato v elasc o Patrocínio / Sponsorship Untitled, September 2007 Digital photography [artist’s archives] Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Ministério de Minas e Energia Os textos do miolo deste livro foram compostos em Sabon, desenhada por The texts of the articles in this book are composed in the Sabon typeface Jan Tschichold em 1967, e Garamond, desenhada por Claude Garamond designed by Jan Tschichold in 1967, and Garamond, designed by Claude na década de 1540; no seu título foi utilizada a fonte Galliard, desenhada Garamond during the decade of the 1540s; headlines are composed in por Robert Granjon em 1560. Galliard, designed by Robert Granjon in 1560. A capa e miolo foram impressos em papel Couché Matte 150g/m 2, cuja The cover and inside pages were printed on Couché Matte 150g/m 2 paper, whose celulose é proveniente de florestas de eucalipto 100% plantadas e manejadas pulp originated from eucalyptus forests that were 100% planted and managed seguindo rigorosos padrões ambientais, com sustentabilidade garantida. according to strict environmental standards, and of guaranteed sustainability. 100% The book’s flyleaves were printed on SilPrint 180g/m 2 , 100% produced produzido a partir de fibras de aparas pós-consumo e sem alvejantes. from recycled post-consumption fibers containing no whitening products. A guarda foi impressa em papel SilPrint 180g/m 2 , A estrutura da capa utiliza papelão reciclado, com matéria prima The cover’s structure is made of recycled cardboard, whose raw materials proveniente de aparas de jornais, revistas, caixas onduladas e microondulados. derive from newspapers, magazines, corrugated and micro-corrugated boxes. I m p r e s s ã o P r i n t i n g c o n c l u í d a e m D e z e m b r o d e 2 0 0 8 . w a s c o n c l u d e d i n D e c e m b e r CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ J42 Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1808-2008 / [textos Sergio Tadeu de Niemeyer Lamarão... et al. ; coordenação editorial Nair de Paula Soares ; consultoria editorial Sylvia de Botton Brautigam ; fotografias Beto Felício, Claus Meyer, João Quental, Jaime Acioli, Renato Velasco, Rogério Reis ; pesquisa do texto de Rafael Cardoso, Fernanda Terra ; versão para o inglês Steve Yolen]. - Rio de Janeiro : Artepadilla, 2008. 332p. : il. (principalmente color.) Texto em português com tradução paralela em inglês Inclui bibliografia ISBN 978-851. Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Obras ilustradas. I. Lamarão, Sérgio Tadeu de Niemeyer, 1952- . II. Soares, Nair de Paula. 08-4868. 03.11.08 CDD: 580.738153 CDU: 712.253:58(815.31) 05.11.08 009607 2 0 0 8 .