livro - Artepadilla

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livro - Artepadilla
Patrocínio / Sponsorship
ApresentAção / presentation
s e rG Io tA De u De n I e M e y e r L A M A r ão e Lu Í s o C tAV Io G oM e s De s ou Z A
t he B ota n ical G a rden: t wo c e nt u r ie s of h i s tor y
pe Dro DA C u n h A e M e n e Z e s
the role of the Botanical Garden in the struggle for environmental conservation in Brazil
A r I A n e Lu n A pe I xoto e M A r L I pI r e s Mor I M
t he B ot a n ic a l G a rd e n : bu i ld i ng br idg e s of k nowle dg e
F L AV Io F e r r e I r A
s p a c e -ti m e
L u C I A n o C AVA L C A n t I D e A L B u Q u e r Q u e
t he B ot a n ic a l G a rd e n A rc h it e c t u re a nd o r n a m e n t a t i o n
r A FA e L C A r D o s o
B ru no C A s ot t I
A r t t ra i l s i n t he m id s t of gre e ner y
Ack nowledgement s a nd cred it s
331 Agradecimentos e créditos
t u t t y VA s Qu e s
Mu latei ro August (a r t icle)
321 Agosto do pau-mulato (crônica)
CeCÍLI A BeAtr I Z LéV y DA V eIGA soAr es
t he f loweri ng of my green temple
301 A floração do meu templo verde
C L Au s M e y e r
photograph ic essay
279 e n sa io foto grá f ico
sA LVA D or Mon t e I ro
A B ra z i l re ve a le d
278 um B ra si l revelado
Group a r t ist ic essay
258 ensaio artístico coletivo
256
Sumário
t he v i sua l re pre s e nt at ion s of t he B ot a n ic a l G a rd e n a nd t he c on s t r u c t ion of a n i magi na r y c u lt u re
249 tr i l h a s d e a r t e n o m e i o d o v e r d e
2 42
ContentS
211 Muito além do jardim: as representações visuais do Jardim Botânico e a construção de um imaginário cultural
206
189 Ja rd i m B otâ n ico: a rqu ite t u ra e or na mentaç ão
184
159 o e sp aço - temp o
152
133 o Ja rd i m B otâ n ico con st r u i ndo p onte s de sab ere s
s y LV I A De B ot ton B r Au t IG A M
Ma rg a re t M e e - a b ot a n ic a l v i sion
128 Ma rga re t Me e - um ol ha r b otâ n ico
120
101 o papel do Jardim Botânico na luta pela conservação ambiental no Brasil
86
41 Ja rd i m B otâ n ico: dois s é c u lo s de h istór ia
B e to F e L ÍC Io
photograph ic essay
20 e n sa io foto grá f ico
ru y C A s t ro
o x yg e nat i ng lu ng s , a v e n u e s a n d h o p e s
17 o x igena ndo pu l mõ e s , aven idas e esp era nças
15 A AJB - Associação dos Amigos do Jardim Botânico do rio de Janeiro
13 Comissão D. João V I / prefeitura da Cidade do rio de Janeiro
11 eletrobrás - Centrais elétricas Brasileiras
9 Banco nacional de Desenvolvimento econômico e social - Bn Des
7 MinC - Ministério da Cultura
More than a green swath in the Rio de Janeiro
Botânico revela a própria memória da vida no caos
of life itself in the midst of urban chaos. The presence
urbano. A sua presença exuberante de natureza emociona,
obliges us to renew deep relations between human
informa, provoca, educa e nos obriga a reatar relações
profundas entre humanos, meio ambiente e cultura.
Generosamente democrático, recebe pesquisadores, artistas, políticos e
apaixonados de todas as origens e faixas etárias. Por lá já passaram Albert
Einstein, a rainha do Reino Unido, Elizabeth II, e, por tantas e tantas vezes,
o nosso querido e inesquecível maestro Tom Jobim.
Além de ser um dos mais representativos espaços ambientais do país, com
mais de seis mil espécies da flora brasileira e estrangeira, e um valioso espaço
educacional, com um importante trabalho de conscientização ecológica, um
moderno centro de pesquisa e uma biblioteca especializada em botânica, o
and persons of all origins and age brackets. Personalities
who already have passed through the Garden include
Albert Einstein, Queen Elizabeth II of England and, so
many times, our unforgettable Maestro Tom Jobim.
Besides being one of the most environmentally
representative spaces in the country, with more than
6,000 species of Brazilian and foreign flora, and a
valuable educational space, offering an important
contribution to ecological awareness, containing a
modern research center and a specialized botanical
library, the Botanical Garden is essentially a cultural
space. It is cultural because it is a living archive of
the many parts of nature that helped us forge our
It is cultural because it is part of the nation’s heritage,
housing monuments and knowledge of historical and
archeological value. It is cultural because it is one
patrimônio do país, abrigando monumentos e saberes de valor histórico,
of the notable settings of Brazilian culture, from the
artístico e arqueológico. É cultural por ser um dos cenários marcantes da
times of the monarchy right up until today, a daily
witness to different stories and interactions, coexisting
with leisure and wisdom. It is this that makes the
todos os dias histórias, interações diversas, vivências e convivências de lazer
Botanical Garden much more than a source of nature,
e saber que fazem do Jardim Botânico muito mais do que uma fonte natural,
but rather a source of culture for Rio and for Brazil.
O Ministério da Cultura mantém com o Jardim Botânico uma política
comum de ações que se reforçou com a instalação do Conselho dos 200 Anos.
Durante as comemorações, foi inaugurado o Museu do Meio Ambiente, o
The Ministry of Culture has maintained a policy
of common actions with the Botanical Garden
designed to reinforce the setting up of its 200 Years
Council. As part of the anniversary commemorations,
the Museum of the Environment was inaugurated,
the first of its kind in Latin America, with exhibits
primeiro do gênero na América Latina, com representação de todos os biomas
presenting each of Brazil’s biomes. The historical
brasileiros. O prédio histórico que abriga o museu foi restaurado com recursos
building that houses the museum was restored with
do MinC, que investiu R$ 4 milhões por meio do incentivo fiscal.
Para o MinC, a relação entre cultura e meio ambiente é vital para o
MinC resources representing an investment of R$ 4
million, captured through fiscal incentive funding.
For the MinC, the relationship between culture
desenvolvimento do país, uma sinergia estratégica para o governo federal.
and the environment is vital for the development of the
Afinal, uma cultura da sustentabilidade só poderá se construir se for capaz de
country, a strategic synergy for the federal government.
tocar sensibilidades individuais, mobilizar o imaginário coletivo e integrar-se
At the end of the day, a sustainability culture only can
be built if it touches individual sensitivities, mobilizes the
ao substrato cultural de uma comunidade, um povo ou uma nação. Também
collective imagination and becomes integrated with the
temos o entendimento da própria essência da natureza da cultura, que é
cultural substrata of a community, a people or a nation.
manter a escala humana, sem a arrogância etnocêntrica, como base de todo
We also have the understanding of the essence of nature
of the culture itself, which is to maintain the human
o desenvolvimento sustentável. Portanto, cada vez mais a batalha pelo meio
scale without ethnocentric arrogance as the basis of all
ambiente torna-se uma batalha cultural.
sustainable development. Thus, increasingly the battle
Nesse sentido, o Jardim Botânico faz-se templo de saber e referência
for the environment also becomes a cultural battle.
In this regard, the Botanical Garden has become
para o corpo, o prazer, a arte e a ciência em uma reconciliação de explícita
a temple of knowledge and a point of reference
urgência para o nosso tempo. Santuário e laboratório, tradição e futuro,
for the body, for pleasure, for art and science, in a
beleza de altíssima carga emocional e depositário de técnicas e processos
Photo: Claus Meyer
democratic, it receives researchers, artists, politicians
arquivo vivo das muitas porções de natureza que ajudaram a forjar nossa
mas uma fonte cultural para o Rio e para o Brasil.
Schoolchildren enjoying
the Botanical Garden
beings, the environment and culture. Generously
identity, to constitute ourselves as subjects of culture.
cultura brasileira, desde a monarquia até os tempos de hoje, testemunhando
Foto: Claus Meyer
of lush nature moves us, informs us, educates us and
Jardim Botânico é um espaço essencialmente cultural. É cultural por ser um
identidade, a nos constituir enquanto sujeitos de cultura. É cultural por ser
Crianças de escola
passeando no
JardimBotânico
landscape, the Botanical Garden reveals a memory
tecnológicos, eis o que faz desse espaço um testemunho da própria vida.
reconciliation of the explicit urgency of our times. A
sanctuary and a laboratory, tradition and future, beauty
that is very highly charged emotionally, and a repository
of techniques and technological processes, all this
J uca
F erreira
,
J
F
,
uca
erreira
MMinistroe
inistro de
de
ecstado
stado da
ultura
transforms the Garden into a witness of life itself.
da
c ultura
J uca F erreira ,
M inister
oF
c ulture
7
Mais que um recorte verde na paisagem carioca, o Jardim
volvimento no Brasil, o BNDES tem especial preocupação com a cultura nacional. Desde 1995, o BNDES apóia
projetos nas áreas de patrimônio histórico, acervos,
cinema e música, sendo hoje um dos maiores provedores de recursos à cultura no Brasil.
O Banco tem o orgulho de ser o maior patrocinador de ações de
preservação do patrimônio histórico e arqueológico brasileiro. Já
apoiamos 105 projetos que possibilitaram a revitalização de vários
monumentos tombados em todo o país, num investimento de mais
de R$ 111.000.000, com projetos que restituem àqueles bens sua
As an institution dedicated to financing the
development of Brazil, the Brazilian National
Economic and Social Development Bank
(BNDES) is especially concerned about the
development of national culture. Since 1995,
the BNDES has supported cultural activities
through funding of cultural projects in the
fields of historical heritage, collections, cinema
and music and today is one of the major
sponsors of culture.
The Bank is proud to be the largest backer
of actions designed to preserve Brazil’s
historical and architectural legacies. We
already have supported 105 projects that
made it possible to revitalize a number of
função social e os reintegra à vida cotidiana das cidades, para que
landmark monuments, through investments
sua revitalização seja permanente.
of more than 111 million reais, for projects
Para o BNDES, arte e cultura são sinônimos de desenvolvimento,
that restored the monuments to their social
pois, além de contribuírem para a preservação, a valorização e a
functions and reintegrated them into the daily
difusão da memória e da identidade brasileiras, são fontes geradoras
lives of their cities, so that the revitalization
de emprego e renda e propulsoras da revitalização urbana e turística
effort was permanent.
das regiões apoiadas, o que proporciona benefícios econômicos e
sociais para as populações locais.
O livro Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808/2008, se enquadra
nas diretrizes de apoio do Banco a projetos culturais porque promove
a difusão e a preservação da cultura, história e pesquisa científica
nacional, uma vez que registra, com consistência e estética, 200 anos
For the BNDES, art and culture are
synonyms for development because, besides
contributing to the preservation, the
appreciation and the dissemination of the
Brazilian memory and identity, they are
sources of the generation of jobs and income
as well as drivers of urban and tourist
de existência do Jardim Botânico e reúne o registro das realizações
regeneration in the regions that are supported,
desta instituição, sua contribuição para a pesquisa, a botânica e o
providing economic and social benefits to the
desenvolvimento cultural do Brasil.
assisted populations.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
– 1808/2008 fits the guidelines for the
Bank’s backing of cultural projects
because it fosters the dissemination and
preservation of national culture, history
and scientific research in view of the fact
that it registers, with consistency and
esthetically, the 200 years of the existence
of the Botanical Garden, and it chronicles
the accomplishments of this institution, its
contribution to research, to botany and to
the cultural development of Brazil.
Fonte de Sauvageau e Lago Frei Leandro, JBRJ, 2008
Foto: Jaime Acioli
The Sauvageau Fountain and the Friar Leando Lake, JBRJ, 2008
Photo: Jaime Acioli
9
Como instituição dedicada ao financiamento do desen-
que a Eletrobrás entende como parte inequívoca
de seu negócio. Consciente de que o princípio da
sustentabilidade é a grande energia do futuro, a
empresa investe no aprimoramento constante de suas
práticas de gestão ambiental e no apoio a projetos de
conservação de energia e conscientização.
Não se trata apenas de olhar para o futuro. O Brasil é um país que tem
To preserve and to recognize the value of the
environment are the missions that Eletrobrás
understands to be an unequivocal part of
its business. Mindful that the principle of
sustainability is the great energy of the future,
the company invests constantly in improving
its environmental management practices and
in its support of energy conservation and
awareness-raising projects.
This is not merely a fleeting look into the
future. Brazil is a country whose energy matrix
is predominantly based upon hydroelectric
sua matriz energética calcada principalmente nas usinas hidrelétricas,
power deriving from its abundant waterways.
fruto da riqueza de suas águas. O Sistema Eletrobrás, maior holding do
The Eletrobrás System, the largest electrical
setor elétrico na América Latina, conta atualmente com 30 hidrelétricas,
sector holding company in Latin America,
às quais deve a maior parte de sua capacidade instalada para produção
currently consists of 30 hydroelectric plants,
de energia – uma energia limpa, que nasce da força da natureza e
preserva o ambiente da emissão de gases poluentes.
Por tudo isso, meio ambiente é um assunto sério para a Eletrobrás. Tão
sério quanto a responsabilidade de garantir, há 46 anos, o suprimento
de energia elétrica necessária ao Brasil. Sério, ainda, como o papel que
a empresa exerce no cenário do desenvolvimento do país.
Neste sentido, patrocinar uma obra como Jardim Botânico do Rio de
responsible for the greater part of the country’s
installed power capacity – consisting of green
energy born out of the force of nature and that
preserves the environment from the emission of
greenhouse gases.
Because of all these reasons, Eletrobrás is
serious about the environment. Just as serious
as has been its responsibility to guarantee the
Janeiro – 1808/2008 é uma ação que enche a Eletrobrás de orgulho. A
supply of the electric power that is necessary
empresa vem se destacando como grande patrocinadora das mais diversas
for Brazil for the past 46 years. Just as serious
manifestações artísticas brasileiras, consciente de que o patrimônio
as the role the company has exercised in the
cultural é uma das maiores riquezas de um povo. E o Jardim Botânico é
country’s development scenario.
não apenas um grande patrimônio dos brasileiros, mas também um dos
mais conhecidos símbolos do Rio de Janeiro e verdadeiro templo do meio
ambiente em plena metrópole.
Sabemos perfeitamente que um símbolo como este deve ser preservado,
celebrado e constantemente relembrado. Reunir em torno dele profissionais
de destaque em áreas como história, arquitetura, fotografia e ecologia
In this regard, sponsoring a book such as
Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808/2008
is an action that fills Eletrobrás with pride.
The company has been notable as a major
sponsor of a wide range of Brazilian artistic
manifestations, aware that cultural heritage
is one of a peoples’ greatest riches. And the
é um projeto que já nasce com a cara da Eletrobrás – com a energia do
Botanical Garden is not only an important
Brasil e do talento dos brasileiros.
legacy of Brazilians, but also is
one of Rio de Janeiro’s best-known symbols
and a true environmental temple in the midst
of a metropolis.
We are perfectly aware of the fact that such
a symbol must be preserved, commemorated
and constantly remembered. Joining together
professionals from fields such as history,
architecture, photography and ecology
represents a project that was born in the image
of Eletrobrás – out of the energy of Brazil and
A léi A de P AlmeirAs -i mPeriAis
no J Ardim B otâni co
c.1950
[arquivo G. Ermakoff Casa Editorial]
fotógrafo não identificado
t h e i mPeriAl P Alm t r ee P Ath
At th e B otAni cAl G Arden
c. 1950
[G. Ermakoff Casa Editorial archives]
unidentified photographer
through the talent of Brazilians.
11
Preservar e valorizar o meio ambiente são missões
Founded on August 18, 1986, the Associação de
de Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é
(Association of Friends of the Botanical Garden)
uma associação civil sem fins lucrativos, criada
com o objetivo de contribuir para conservação,
Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
is a non-profit civil association created with the
objective of contributing to the conservation,
improvement, dissemination and expansion of
the historical, natural, landscape, scientific and
aprimoramento, difusão e ampliação do patrimônio
cultural heritage of the Botanical Garden of Rio
histórico, natural, paisagístico, científico e cultural
Innumerous projects were carried out over
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Inúmeros foram os projetos realizados nestes 22 anos de atuação, com
o patrocínio de terceiros, tendo como foco não somente a recuperação e
de Janeiro.
these past years of its activities, including
through third-party sponsorship, focusing not
only on the recovery and maintenance of the
park properly speaking (the restoration of the
Empress’s Manor House, recuperation of the
a manutenção do parque propriamente dito (a restauração do Solar da
Arboretum, reform of the Central Fountain,
Imperatriz, a recuperação do Arboreto, a reforma do Chafariz Central, a
revitalization of the Frei Leandro lake),
revitalização do lago Frei Leandro), como ações sociais (o programa de
but also on social actions (a professional
capacitação profissional e jardinagem) e outras realizações nem sempre
visíveis (a recuperação e preservação do acervo fotográfico, o inventário
and gardening training program) and other
accomplishments that are not always visible
(recovery and preservation of the photographic
e a identificação das coleções botânicas e históricas, a implementação
collection, the inventory and identification
do banco de DNA com espécies da flora brasileira) porém primordiais,
of the botanical and historical collections,
como objetivo do – desde 1998 intitulado – Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro.
Ao se completarem os 200 anos dessa instituição à qual dedicamos
nosso tempo, nosso trabalho e, acima de tudo, nosso amor, é com
imensa satisfação que saudamos este primoroso livro, tão consistente
nas abordagens dos autores e tão rico de imagens de tão numerosas
procedências – um volume à altura dessa comemoração.
Nossas congratulações não se restringem aos parceiros neste projeto
específico, mas a todos que contribuem e que colaboram na concretização
de nossos sonhos, ratificando o IPJBRJ como um local de fruição da
população, um pólo de cultura e um campus de desenvolvimento em
pesquisa – um jardim vivo em todos os sentidos.
É gratificante constatar com esta edição quanto o jardim de Dom
João cresceu e amadureceu!
Que venham mais 200 anos!!!
AA AA ssoc iAç ão
ssoci Ação
implementation of a DNA bank of Brazilian
flora species) yet are quite fundamental, as the
objective, since 1998, of the Research Institute
of the Botanical Garden.
Upon completing 200 years of the existence
of this institution to which we dedicate our
time, our efforts and, above all, our love, it is
with immense satisfaction that we salute this
excellent book, so consistent in the approaches
of the authors and so rich in imagery from so
many sources — a book that is up to the same
standard of this commemoration.
Our congratulations are not restricted to the
partners of this specific project, but rather to all
who have contributed to the concrete realization
of our dreams, ratifying the IPJBRJ as a location
of fulfillment of the population, a center of
culture and a campus for the development of
research – a living garden in all senses.
It is gratifying to discover through this
publication how much Dom João’s garden has
grown and matured!
Bring on the next 200 years!!!
TTh eA A s s o c i A T i o n
he
c ésAr B Ar r eTo
Sem título, 2006
Fotografia – negativo em P&B,
formato original 18 x 13 cm
[arquivo do artista]
c ésAr B Ar r eTo
Untitled, 2006
Photography / negative in B&W,
original format 18 x 13 cm
[artist’s files]
ssociATion
15
Fundada em 18 de agosto de 1986, a Associação
lungs,
av e n u e s a n d h O p e s
It began, ironically, as an appendix to a place
designed for defense and destruction — an annex
to a factory for the production of gunpowder and
cannons on the banks of what was known at the
time as the Freitas Lake. But the Royal Garden
quickly imposed its true vocation: that of being a
spring of life, a green laboratory, the sum-total of
many lands distant from each other.
One can today imagine a pair of hands
extended into the most different locations
around the planet, as many as the Portuguese
empire could reach — collecting buds, seeds and
saplings, placing them in delicate recipients,
transporting them across oceans and, finally,
depositing them in the generous and receptive
soil of Rio de Janeiro. When one considers the
OxigenandO
pulmões,
av e n i da s e e s p e r a n ç a s
ruy CastrO
Começou, ironicamente, como apêndice de uma usina de defesa e
destruição – anexo de uma fábrica de pólvora e canhões, às margens
fragile nature of these plants and the tough
ocean journeys they were subject to, one can see
how incalculable was the love that went into the
formation of our Botanical Garden.
In 1808, when Prince Regent D. João
founded an acclimation garden, Portugal still
had lands everywhere, which would lead it in
a not so distant future to be a caldron of so
many distinct cultures – from Africa, India and
China, without speaking about Europe and
da, como então se dizia, lagoa do Freitas. Mas o Real Horto logo se
the more remote regions of Brazil itself. This
impôs para a sua verdadeira vocação: ser um manancial de vida, um
included insatiable carnivorous plants capable
laboratório verde, a suma de muitas terras distantes entre si.
Pode-se imaginar hoje as mãos se estendendo nos pontos mais diversos
of swallowing a cloud of locusts, quite large
fruits such as jackfruit and ambarella, and
tender spices and tealeaves. At first, without a
do planeta, tantos quantos alcançasse o Império português – recolhendo
doubt, the exotic species predominated. There
brotos, sementes e mudas, acomodando-os em recipientes delicados,
was so much exoticism that English writer
cruzando os mares para transportá-los e, finalmente, depositando-os no
Maria Graham, upon visiting the garden in
solo generoso e receptivo do Rio. Quando se considera a fragilidade desses
frutos e a rudeza da travessia, vê-se como é incalculável a quantidade de
amor que se despendeu na formação do nosso Jardim Botânico.
Em 1808, quando o príncipe regente D. João o fundou como um jardim
de aclimação, Portugal ainda tinha terras em toda parte, o que fez com
que, num futuro nem tão remoto, ele se tornasse o cadinho de culturas tão
1823, complained she did not encounter a
single Brazilian plant there.
But Maria Graham, recently arrived, was
still a beginner when it came to Brazil. She
could not know that in a short amount of
time everything there – the cactus, orchids,
avocados, nutmeg, Cayenne cane –would
become just as “Brazilian” as the caladium,
díspares – da África, da Índia e da China, para não falar da Europa e das
jacarandás, Dieffenbachia picta Schott and
regiões mais remotas do próprio Brasil. Isso compreendia de insaciáveis
thousands of other local species that she saw
plantas carnívoras, capazes de abocanhar uma nuvem de gafanhotos, a
elsewhere and did not cease to amaze her. The
frutas de respeitável porte, como jacas e cajás-manga, e a tenras especiarias
e folhas de chá. A princípio, sem dúvida, predominou o exótico. E era
Garden was not to be only an “acclimation”
garden for overseas plants the prince wanted
to flourish here – but, in fact, would become
tanto exotismo que a escritora inglesa Maria Graham, em visita ao jardim
the first laboratory of Brazilian-ness, the first
em 1823, queixou-se de não ver ali nenhuma planta brasileira.
sample of a receptive and welcoming Brazil.
Mas Maria Graham, recém-chegada, ainda era principiante em Brasil.
Não podia saber que, em pouco tempo, tudo aquilo – o cacto, a orquídea,
The young emperor D. Pedro I opened it up to
public visitation, through which Rio de Janeiro’s
residents learned how to process such a wealth of
o abacate, a canela, a cana-caiana – se tornaria tão “brasileiro” quanto os
nature in less time then it would take you to say
M a r i a G ra h a M
M a r i a G r a ha M
tinhorões, jacarandás, comigo-ninguém-pode e os outros milhares de espécies
“eco-biodiversity” – including the slaves, who were
Vista do Corcovado, 1821/ 1825
View of the Corcovado, 1821/ 1825
locais que ela via alhures e não cessavam de lhe despertar admiração. O Horto
sent to work the soil of the Garden on their knees
Água-tinta, 20,5 x 14,2 cm
[coleção Gilberto Ferrez]
Foto: Lula Rodrigo
Aqua-tint, 20.5 x 14.2 cm
[collection of Gilberto Ferrez]
Photo: Lula Rodrigo
não seria apenas um “jardim de aclimação” para as plantas de fora que o
and became the first black naturalists and botanists
of which we have news. Due to the lushness of
17
O x yg e n at i n g
19
18
príncipe queria que vicejassem aqui – mas, na verdade, o primeiro laboratório
de brasilidade, a primeira amostra do Brasil receptivo e acolhedor.
O jovem imperador D. Pedro I abriu-o à visitação pública, com o que os
cariocas aprenderam a processar aquela riqueza em menos tempo do que
você levaria para pronunciar eco-biodiversidade – inclusive os escravos,
que, levados a trabalhar, de joelhos, a terra do Horto, tornaram-se os
primeiros botânicos e naturalistas negros de que se tem notícia. Por causa
da exuberância de seu herbário, o Rio passou a atrair cientistas de toda
parte – entre outros, o ornitólogo britânico William Swainson, o botânico
Carl Phillipp von Martius e o naturalista Johann Baptist von Spix, ambos
alemães, o botânico francês Auguste de Sainte-Hilaire, o diplomata russo
Barão de Langsdorff (em cuja missão exploratória veio o pintor alemão
Johann Moritz Rugendas) –, e do intercâmbio dos doutos com a sabedoria
dos nativos resultaram estudos na área da farmacopéia que devem ter
feito a fortuna de vários botiqueiros europeus. (E sabe-se lá quantas vidas
the herbarium, Rio de Janeiro began to attract
não foram salvas pelos remédios naturais produzidos por seu chão.)
scientists from all over – including, among others,
O Jardim Botânico tornou-se uma oficina viva. Aliás, não é por acaso
que tantos derivados da palavra vida lhe tenham sido aplicados desde
British ornithologist William Swainson, botanist
Carl Phillipp von Martius and naturalist Johann
Baptist von Spix, both German, French botanist
então – porque ele a contém em todas as formas. Pode-se passar uma
Auguste de Sainte-Hilaire, Russian diplomat Baron
eternidade ali sem esgotar suas possibilidades: oito mil espécies vegetais
de Langsdorff (in whose exploration expedition
e um universo paralelo de seres que voam, correm, nadam, trepam ou
traveled German painter Johann Moritz Rugendas)
rastejam – quase 200 espécies de pássaros, um desfile ininterrupto de
– and the exchange between the wise scholars with
the wisdom of the natives resulted in studies in
micos, morcegos, caxinguelês e um farto sortimento de borboletas,
the field of pharmacopoeia that must have made
cigarras, grilos, besouros, aranhas, sapos, cobras, lagartos e outros
fortunes for a handful of European apothecaries.
bichos cascudos, cabeludos e úmidos. Tudo fichado e catalogado com
(And who knows how many lives were saved by the
uma rara eficiência brasileira – nem uma libélula escapa à observação
de seus institutos de pesquisa.
“Caminhamos por um lindo caminho até
a Lagoa Rodrigo de Freitas, cercada por
montanhas e florestas. Chegamos ao Jardim
Botânico, onde em meio ao verde da mata
crescem o chá e as especiarias. É impossível
conceber algo de mais rico em tons e cores
do que esta cidade à beira do mar.”
medicines that were produced from Brazil’s soils?)
The Botanical Garden became a workshop of
life. In fact, it was not by mistake that so many
É uma permanente festa da natureza e da investigação científica. O
derivatives of the word “life” have been used in
incrível é que o Jardim Botânico não fica em nenhuma serra bucólica
conjunction with it since then – because it contains
e longínqua, a quilômetros dos limites urbanos. Seus 180 hectares
it in all of its forms. One could spend an eternity
estão plantados bem no coração do Rio, a 10 minutos de Copacabana,
oxigenando pulmões, avenidas e esperanças.
there without exhausting the Garden’s possibilities:
8,000 vegetable species and a parallel universe
of beings that fly, run, swim, climb or crawl –
nearly 200 species of birds, an endless parade of
marmosets, bats, squirrels, a hefty assortment of
butterflies, cicadas, crickets, beetles, spiders, frogs,
snakes, lizards and other scaly, hairy and slimy
beasts. All carded and catalogued with a rare
Brazilian efficiency – not a single dragonfly escapes
the observation of its research institutes.
It is a permanent festival of nature and scientific
Ruy Castro
é escritor, autor de, entre outros,
“We walked along a lovely path until
Lagoa Rodrigo de Freitas, a lake
surrounded by mountains and forest.
investigation. What is incredible is that the Botanical
We reached the Botanical Garden,
Garden is not located on some far distant, bucolic
where tea and spices were being
mountain many kilometers from the city’s borders.
cultivated in the midst of the forest
Its 180 hectares are planted right in the heart of
greenery. It is impossible to conceive
Rio de Janeiro, 10 minutes from Copacabana,
of something richer in terms of tones
oxygenating lungs, avenues and hopes.
and colors than this seaside city.”
Ruy Castro
is a writer, author of, among other
Carnaval no fogo – Uma cidade excitante demais,
books, Carnaval no fogo – Uma cidade excitante
sobre o Rio (Companhia das Letras, 2003).
demais, about Rio (Companhia das Letras, 2003).
Maria Graham
B et o Fel i ci o En s ai o Fo to grá Fi co
21
41
As origens do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
remontam à intrincada conjuntura política européia
da primeira década do século XIX. Em novembro de
1807, diante da iminente ocupação de Lisboa pelas
tropas francesas de Napoleão Bonaparte em represália
à recusa de Portugal a aderir ao bloqueio continental
contra a Inglaterra, o príncipe regente D. João retirouse com a corte para o Brasil, sob a proteção da marinha
da colônia desde 1763, onde desembarcou com sua
comitiva em março de 1808, trazendo na bagagem
q u a se a met ade do meio circulante na metrópole.
Jardim Botânico,
dois séculos de história
O Rio de Janeiro – que se tornou então, na prática, a nova capital do
Império português – em pouco tempo passou a ser o maior centro urbano
do Brasil, graças ao reforço demográfico representado por cerca de 15
mil pessoas que acompanharam a família real.
Nesse contexto, era grande a preocupação em proteger o território
da colônia de um possível ataque francês. Assim, em decreto datado de
13 de maio de 1808, o príncipe regente determinava a instalação de uma
fábrica de pólvora no Rio de Janeiro. Um mês depois, D. João baixou
mais dois decretos. O primeiro, após discorrer sobre “a grave e urgente
necessidade” de construir uma fábrica de pólvora no Brasil, bem como
um estabelecimento para fundição e perfuração das peças de artilharia
para a defesa da colônia, ordenava que o Conselho da Fazenda avaliasse
e comprasse o “engenho e terras denominadas Lagoa de Rodrigo de
Freitas”, que, por dispor de amplo espaço e água abundante, foi
considerado o local ideal para o estabelecimento das fábricas.
O segundo decreto determinava que o engenho e as terras fossem
imediatamente apropriados “aos fins por mim determinados noutro
E mbar qu E
da
F amília r Eal P or tu gu Esa
Decreto da data deste, havendo toda a atenção em indenizar o arrendatário
Autor não identificado, s/d
de tudo aquilo a que possa ter direito”. A área foi adquirida pela Coroa
Óleo sobre tela, 70 x 92 cm
[acervo Museu Histórico e Diplomático do
Itamaraty / Ministério das Relações Exteriores]
Doação: Dr. Guilherme Guinle
Foto: Jaime Acioli
através de subscrição entre comerciantes, fazendeiros e outros moradores
E mbar k ati on oF
r oyal F amily ,
Fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas ou Engenho de Nossa Senhora
th E
P or tu gu EsE
mais abastados da cidade.
É difícil precisar a extensão da imensa propriedade, conhecida por
Unidentified author, undated
da Conceição da Lagoa. Cálculos aproximados indicam uma superfície
Oil on canvas, 70 x 92 cm
[Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty /
Ministry of Foreign Affairs collection]
Donation: Dr. Guilherme Guinle
Photo: Jaime Acioli
de 2.200ha (22km 2 ), englobando uma parcela significativa da atual
Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro – os bairros do Jardim Botânico,
Gávea, Leblon, Ipanema e parte de Copacabana e de Botafogo, o que
Se rg io T a de u d e Ni em e yer L a mar ão & Luís Octavio Go m e s d e S o u z a
britânica. Seu destino era o Rio de Janeiro, capital
de 1808, a nau portuguesa Conceição de Santo Antônio
101
Por volta das onze horas da manhã do dia 24 de maio
navega nas águas mornas do Oceano Índico na costa
da região de Natal, ao sul do continente africano.
O navio, projetado para 64 peças de artilharia, vem
abarrotado com a carga embarcada na colônia de Goa.
O P aPel dO J ardim B OtânicO
na l uta Pela c OnservaçãO
a mBiental nO B rasil
Trinta canhões chegaram a ser deixados para trás com o objetivo de
aliviar o peso e permitir o transporte de maior quantidade de mercadorias.
São faianças, tecidos e especiarias destinadas ao mercado europeu. Seu
calado está baixo, perigosamente próximo à linha d´água. As cariátides
que decoram sua popa de três cobertas são, vez por outra, lambidas
pelas espumas de alguma onda mais forte.
As terras ao sul de Moçambique ainda não foram oficialmente
reclamadas por nenhuma potência européia. A África do Sul como hoje
a conhecemos não existia, resumia-se então a uma pequena colônia de
fazendeiros bôeres ao redor do Cabo da Boa Esperança. Em sua viagem de
retorno a Lisboa, o Conceição de Santo Antônio tem a missão de reconhecer
aquele litoral, com vistas à fundação de uma eventual feitoria.
Tudo vai bem até que, do cesto da gávea do mastro principal, o marujo
de vigia grita “Vela à vista”! Trata-se do navio francês Revenant. Dias
antes, seu comandante, Capitão Potier, ancorado na enseada de Napoleão
de Milbert (atual Porto Luís na Ilha Maurício), havia sido informado da rota
e carga da nau lusitana por um compatriota proveniente da Índia. Decidiu
O Conceição de Santo Antônio não se rende facilmente. Há intensa troca
de cachonaços, seguida por uma abordagem feita pelos marinheiros franceses.
Tão logo os primeiros atacantes lançam-se no tombadilho inimigo, uma
granada explode o paiol de pólvora da embarcação invadida e um incêndio é
deflagrado. Sem outra alternativa, o comandante português decide se render.
Sua tripulação é aprisionada e enviada para internamento em Maurício,
então conhecida como Ilha de França, onde chega um mês depois.
F r a nz K eller
Entre os capturados encontrava-se Luiz de Abreu Vieira e Silva, cuja
Lagoa Rodrigo de Freitas (detalhe), c. 1870
condição de rico comerciante garantiu-lhe o privilégio de ficar detido
Aquarela, 21 x 30 cm
[coleção Geyer Museu Imperial / IPHAN / MinC]
Foto: Pedro Oswaldo Cruz
com relativa liberdade junto aos oficiais superiores da belonave apresada
F r a nz K eller
um parque murado de dois hectares.
Rodrigo de Freitas lake (detail), c. 1870
Watercolor, 21 x 30 cm
[Geyer collection Museu Imperial / IPHAN / MinC]
Photo: Pedro Oswaldo Cruz
nos aposentos da Maison Despeaux, uma construção senhorial dentro de
Para o português, o enclausuramento teve temperos de prazer e
descoberta. O mundo vivia então um período de luzes. Entre 1768 e
1771, o naturalista inglês Joseph Banks dera a volta ao mundo a bordo
Pe dr o da Cu nh a e M en ez es
zarpar imediatamente, com o intuito de apresar a mercadoria portuguesa.
129
Margaret Mee
uM Olhar BOtânicO
sylVia
Margaret Mee
de
B O t t O n B r au t i g a M
No ano de 1952 chegava ao Brasil Margaret Mee, uma inglesa que, como
Margaret Mee arrived in Brazil from her native
Foundation (FBMM) – whose principal mission
os portugueses que aqui chegaram antes dela, se encantou pela beleza e pela
England in 1952, and, like the Portuguese who came
was to make public the artist’s life and work – a
rich urban park, finding plentiful material for
exótica natureza dos trópicos. Dotada de um grande espírito de observação
ashore here many years before, was bewitched by the
new generation of Brazilian botanical artists has
her work, as do today’s plant painters.
e sensibilidade artística, Margaret Mee não tardou em materializar a sua
beauty and extravagance of the natural world in the
emerged. This new legion of professional artists,
tropics. Gifted with acute powers of observation and
who benefited from specialist training in London
twofold homage to this peerless illustrator.
artistic sensibility, she soon gave this enchantment
and received help in undertaking field work with
Following her death, a plaque was laid
botânico Lyman Smith, iniciou então o que seria a história de sua vida: a
concrete form. Engaged to provide illustrations for
Brazilian botanists, is now an authentic example
beside a Pouteria ucuqui growing among the
ilustração botânica. Como tantos outros artistas europeus que a antecederam,
botanist Lyman B. Smith’s bromeliad study, she
of the multiplication of talents. The influence
Amazonian species she portrayed so well on
dedicou-se a retratar a natureza fixando no papel a efêmera beleza de uma
embarked on what would become her life’s passion:
of these artists can be seen all over Brazil,
her travels. Then, in 2007, at the behest of
botanical illustration. In common with so many
from waterborne workshops on the Amazon
the FBMM and with the support of president
European artists who preceded her, she gave herself
river through to centers and schools teaching
Liszt Vieira, one of the pathways in the garden
over to recording on paper the passing beauty of a
botanical art to a growing number of people up
was named the “Margaret Mee Avenue,” in
blossom with the discipline and accuracy inherent to
and down the country.
a lasting tribute to the artist. As we wander
admiração. Chamada a ilustrar as bromélias estudadas e descritas pelo
inflorescência associada ao rigor e à precisão da pesquisa científica.
Com a estimativa de um legado em torno de 500 pranchas documentando
a flora brasileira, nascia um rico acervo artístico de nosso biossistema.
Inspirada por Margaret Mee e viabilizada pela Fundação Botânica
Margaret Mee (FBMM) – instituição que se ocupou primordialmente em
divulgar sua vida e obra –, uma nova geração de artistas botânicos brasileiros
começou a ser formada. Com cursos de especialização em Londres e bolsas
de estudo para ilustrar e acompanhar pesquisadores botânicos nacionais,
este novo contingente de profissionais da arte botânica tornou-se uma fonte
multiplicadora de talentos. Desde ministrar cursos em pleno rio Amazonas
a criar centros e escolas dedicados a atender e ensinar um número crescente
de pessoas, sua atuação se estendeu por vários pontos do Brasil.
A Escola Nacional de Botânica Tropical, sediada no Solar da Imperatriz,
é um desses centros. O Curso de Ilustração Botânica, organizado e
administrado por dois ex-bolsistas da FBMM, nos seus seis anos de existência
Sylvia de Botton Brautigam
Diretora da Fundação Botânica Margaret Mee.
Curadora das várias exposições realizadas pela
FBMM em São Paulo, Brasilia, Salvador e Rio
de Janeiro. Editora do livro Margaret Mee
2006. Consultoria Editorial do livro Jardim
Botânico do Rio de Janeiro - 1808/2008
iniciou e preparou nas técnicas de nanquim e aquarela mais de 150 alunos.
Assim como os novos artistas botânicos, Margaret Mee percorreu os
jardins desse nosso rico parque urbano, lá encontrando farto material
para pesquisa e conhecimento de tantas espécies conservadas.
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro homenageou duplamente esta
inigualável ilustradora. Por ocasião de sua morte, uma placa foi depositada
ao lado de uma Pouteria Ucuqui plantada junto às espécies amazônicas
que ela tão bem retratou em suas viagens. No ano de 2007, numa iniciativa
Sylvia de Botton Brautigam
da FBMM apoiada e tornada possível pelo presidente Liszt Vieira, o
Director of the Fundação Botânica Margaret Mee
Jardim Botânico acolhia definitivamente a artista, nomeando uma de
(FBMM). Curator of a number of exhibitions organized
suas alamedas de “Aléia Margaret Mee”. Passeando por ela, podemos
by the FBMM in São Paulo, Brasilia, Salvador and Rio
apreciar muitas das espécies que aguçaram a sua curiosidade e que estão
de Janeiro. Editor of the book Margaret Mee 2006.
imortalizadas em sua obra.
Editorial consultant for the book, Jardim Botânico
do Rio de Janeiro - 1808/2008
Margaret Mee
a BOtanical VisiOn
Duas delas, pintadas no jardim que ela privilegiou e que a acolheu,
podem ser admiradas nas páginas que se seguem.
scientific research.
Her legacy consists of an estimated 500
One such center is the Escola Nacional
Margaret Mee roamed the gardens of this
Rio de Janeiro’s Botanical Garden has paid
along this pathway, we can admire many of the
de Botânica Tropical, housed in the Solar da
species which aroused her curiosity and were
depictions of Brazilian flora, and is a precious
Imperatriz (The Empress’ Manor House). Over
immortalized by her.
artistic record of our biome.
150 students have been trained in pen and ink and
Inspired by Margaret Mee and under the
auspices of the Margaret Mee Botanical
Two such plants, painted in the garden she
watercolor techniques at Botanical Illustration
loved and which in its turn welcomed her so
Courses run by two former FBMM scholars.
warmly, can be admired on the following pages.
130
Margaret Mee
Margaret Mee
Urospatha sagittifolia, 1957
Urospatha sagittifolia, 1957
Jardim Botânico, Rio de Janeiro
[coleção BRADESCO de Arte Brasileira]
Foto: Claus Meyer
Botanical Garden, Rio de Janeiro
[BRADESCO collection of Brazilian Art]
Photo: Claus Meyer
M a rg a re t M e e
M a rg a re t M e e
Bombax spruceanum, 1957
Bombax spruceanum, 1957
Jardim Botânico, Rio de Janeiro
[coleção BRADESCO de Arte Brasileira]
Foto: Claus Meyer
Botanical Garden, Rio de Janeiro
[BRADESCO collection of Brazilian Art]
Photo: Claus Meyer
132
A gênese do Jardim Botânico do Rio de Janeiro está
vinculada ao plantio de espécimes nas terras do engenho
de cana-de-açúcar Nossa Senhora da Conceição da
Lagoa, no qual, com a chegada da família real ao Brasil,
em 1808, se havia instalado uma Fábrica de Pólvora.
O J ardim BOtânicO
cOnstruindO pOntes de saBeres
Os primeiros espécimes ali plantados foram trazidos do Jardim La
Luiz de Abreu Vieira e Silva, que as ofereceu ao Príncipe Regente,
mais tarde D. João VI. Acompanhar o desenvolvimento dos espécimes,
realizar o plantio em locais definidos e reproduzi-los estão na gênese das
atividades de pesquisa no Jardim Botânico.
A criação do cargo de feitor, por decreto de 12 de outubro daquele
mesmo ano, inaugura a atividade de administração das terras como área
de experimentação no cultivo de plantas. O Jardim de Aclimação, depois
Real Horto, estava associado à idéia de que espécies vegetais e seus
produtos poderiam ser moeda forte na economia da colônia. As visitas
T h o mas E n dE r
Vista do cume do Corcovado, a 1500 pés de altura,
sobre o oceano, 1817/1818
Lápis aquarelado, em duas partes, 32,1 x 94,8 m
[acervo Gabinete de Gravuras da Academia
de Belas-Artes de Viena]
T h o mas E n dE r
de D. João à Fábrica de Pólvora e ao Real Horto são indicadoras do
apreço e zelo da Coroa pelas atividades ali desenvolvidas.
Desde esses atos inaugurais se passaram 200 anos. Muitos homens
e mulheres tomaram parte e partido na história da instituição criada
por D. João VI. Sua história pode ser lida em cada exemplar plantado
View of summit of Corcovado, at 1,500 feet,
over the ocean, 1817/1818
nas aléias, estufas e lagos, na coleção de plantas herborizadas, nas
Pencil, watercolor in two parts, 32.1 x 94.8 m
[collection of Engravings Department,
the Fine Arts Academy of Vienna]
edificações, obras de arte e monumentos instalados nos seus 137 hectares,
nos livros e artigos científicos publicados, nos cadernos de campo e
A ri an e L u na Pe ixoto e Marli P i re s M o ri m
Pamplemousse, na ilha Maurício, pelo Capitão de Fragata português
ao longo do tempo, bem como os tempos através
159
Este texto investiga os espaços do Jardim Botânico
dos seus espaços. Trata também, esquematicamente,
das grandes mudanças que aconteceram nas suas
redondezas e na cidade desde sua fundação em 1808,
referenciadas ao seu desenvolvimento. Seu título, um
conceito de Einstein, é apenas uma metáfora, e também
uma pequena homenagem a ele que tanto admirava
este belo jardim.
O
e s Pa ç O - t e m P O
Devido aos poucos desenhos datados sobre o Jardim Botânico
fizemos algumas suposições e inferências. Com isso, algumas de nossas
afirmações deveriam ser precedidas de “No Jardim Botânico tudo se
passa como se...”. Entretanto, isso não faz deste um trabalho menos
científico, ao considerar que Newton também assim começa o seu
enunciado da Lei da Atração Universal 1 .
A investigação continuará científica se novas pesquisas refutarem
(ou comprovarem) as inferências aqui contidas, como Einstein refutou
Newton.
Ao ler o texto abaixo é bom que se tenha sempre em mente que jardim
não é natureza.
Na natureza as árvores deixam no chão folhas e sementes para que se
produzam novas árvores. Minhocas e formigas furam o solo, arejando-o
e levando para debaixo da terra matéria orgânica e alguns outros insetos
tem papel fundamental na sua renovação ad aeternum. A putrefação de
vegetais e animais selvagens mortos, e seu esterco, contribuem também
para alimentar o moto-contínuo da natureza.
No jardim, as folhas secas são varridas, as pequeninas mudas de
árvores e o “mato” são capinados e o ciclo vital tem que ser mantido com
mudas e adubação que vêm de fora. Matam-se as formigas, eliminam-se
as terras muito úmidas onde vivem as minhocas, e animais mortos são
prontamente removidos. O número de animais diminui. Na maioria das
vezes, para a irrigação do jardim, as águas são desviadas de outra área,
que assim fica delas carente. 2
Precedentes
Einstein em visita ao Jardim
Botânico, com o diretor
Pacheco Leão e um rabino
[acervo Museologia JBRJ]
Einstein visiting the Botanical
Garden in the company of
director Pacheco Leão and a rabbi
[JBRJ Museumology collection]
O
jardim medieval e renascentista
Antes do Romantismo o jardim era uma metáfora da cidade.
O jardim renascentista era constituído basicamente de um
traçado ortogonal, como as cidades então idealizadas ou existentes,
c om o a c i dade i d ea l d e E x im en ic (1 3 8 1 ) e a s cid a d es h is p a n o am e ri c anas c ol oni a is .
Fla v io Ferre ir a
O jardim é, portanto, sempre artificial.
decorativos que compõem o ambiente desse “Jardim
18 9
Vamos tratar aqui dos elementos arquitetônicos e
de Sonho”. Para que todos possam usufruir dos
benefícios a que esses elementos se prestam, não
faremos uma análise técnica ou erudita, mas muitas
vezes usaremos linguagem poética, e em algumas
outras manteremos um caráter mais objetivo e
acadêmico. Entre esculturas, construções civis,
aqueduto e alegorias, vamos tentar levar ao leitor
ou visitante mais atentos informação e emoção.
jardim BOtânicO
arquitetura
1. O
e OrnamentaçãO
p O r t ã O p r i n c i pa l d O j a r d i m
A entrada principal do Jardim é flanqueada por dois ecléticos torreões.
Janelas em níveis diferentes, na fachada posterior, revelam a escada interna;
enquanto, na fachada principal, os arcos plenos, muito característicos do
classicismo desde os romanos, misturam-se com as vergas retas do pavimento
térreo e com telhados metálicos numa alusão ao renascimento francês e suas
coberturas em lâminas de ardósia. A estrutura de madeira dos beirais, bem
como o desenho dos portões propriamente ditos, romantizam a construção,
W ambac h , G eor Ges
Portão da antiga Fábrica de Pólvora.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro(detalhe)
Gravura, 38 x 28,2 cm
[acervo Museu Imperial / IPHAN / MinC]
W ambac h , G eor Ges
Entrance gate of former Gunpowder Factory
Botanical Garden, Rio de Janeiro (detail)
Engraving, 38 x 28.2 cm
[collection of the Imperial Museum / IPHAN / MinC]
1
L uc i an o C av al ca nt i de A l bu q uer que
como era apreciado na virada do século XIX para o XX.
Botânico é um velho conhecido. Quase todos têm
211
Para o carioca da Zona Sul da cidade, o Jardim
alguma recordação do lugar, nem que seja de passeios
de infância por suas aléias sombreadas, brincando de
esconder nas raízes de grandes árvores e alcançando
escuro da cidade: o Jardim Botânico.
João do Rio, “Modern Girls”, 1911. 1
”
as
Muito
aléM do jardiM:
r e p r e s e n t a ç õ e s v i s ua i s d o
jardiM Botânico
e a c o n s t r u ç ã o d e u M i M a g i n á r i o c u lt u r a l
Abra-se o leque para abranger os moradores de subúrbios e periferias, no
entanto, e diminuirá naturalmente o grau de familiaridade com o local.
O que dizer, então, dos habitantes de outras cidades, outros estados,
outros países? Para muitos visitantes que chegam ao Rio de Janeiro,
não passa de uma mancha verde no mapa, porteira e prolongamento do
imenso pulmão de trevas que é o Parque Nacional da Tijuca, floresta
urbana relativamente desconhecida até de muitos cariocas da gema. Se o
Centro é a cabeça cansada da metrópole e o litoral, sua face ensolarada,
o Jardim Botânico é algo mais obscuro e misterioso. Ele não se dá a ver
com a facilidade faceira do Pão de Açúcar, e nem se presta condescendente
à intimidade boêmia dos Arcos da Lapa. O Jardim mantém certo recato,
reservando seus encantos para quem se dispuser a adentrar seus portões
e a explorar seus recantos escondidos.
Posto esse recolhimento, é fato, mesmo assim, que o Jardim Botânico
do Rio de Janeiro goza de grau relativamente alto de reconhecimento.
Há pelo menos 150 anos, circulam representações visuais que o tornam
rapidamente identificável para um olhar estranho, tanto ou mais quanto
outros jardins públicos do mundo. A imagem icônica é a aléia central,
com suas duas fileiras paralelas de palmeiras-imperiais, formando um
corredor de perfeita simetria e improvável ordem tropical. Divulgada
desde meados do século XIX, essa imagem vem se tornando aos poucos
um signo metonímico e, hoje, forma a base do logotipo da instituição.
Ela comunica sucintamente a idéia do Jardim, elidindo sua extensão
imprecisa e seus contornos cambiantes. Na falta de um golpe de vista
capaz de delimitar e transmitir o conjunto de modo convincente, essa
pequena parte acaba falando do todo.
Seria superficial, porém, reduzir a imagem do Jardim Botânico à sua icônica
aléia de palmeiras. Ao longo de um século e meio, muitas outras representações
visuais foram criadas, contribuindo para a construção de um imaginário cultural
do lugar. Do mesmo modo que o Jardim não é sempre o mesmo fisicamente –
M ar c el G au th er ot
Jardim Botânico, c.1965, Rio de Janeiro
pois está sujeito a ampliações, alterações e remodelagens, e aos ciclos naturais
da vegetação que encerra – sua imagem também se transforma no tempo,
[acervo Instituto Moreira Salles]
ganhando com cada nova representação contornos insuspeitos e perspectivas
M ar c el G au th er ot
inesperadas. O acúmulo de pinturas, gravuras, fotografias e cartões postais
Botanical Garden, c.1965, Rio de Janeiro
[Moreira Salles Institute collection]
produzidos em tantos anos acaba por gerar uma multiplicidade de discursos
Ra f ae l C a rdo so
“ Vou mostrar-lhes agora o ponto mais
refresco em seus bebedouros murmurantes.
primeira década do terceiro milênio representa,
249
Para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a
de fato, o início de uma nova era, em que assume
características especiais. Nesses novos tempos, a
cultura se alia à ciência e ao meio ambiente, abrindo
caminhos para que sua exuberante área verde de
137 hectares adquira outros sentidos e conceitos.
Trilhas
de arTe
no meio do verde
O mesmo visitante que se encanta com a natureza encontra hoje outros
motivos para aproveitar ainda mais esse lugar privilegiado: shows,
filmes, exposições de arte, acervos artísticos.
O marco dessa mudança foi a criação do Espaço Cultural Tom Jobim
– Cultura e Meio Ambiente, em 2003. O Jardim Botânico começava
a descobrir uma nova vocação cultural, tornando-se endereço de
manifestações artísticas capazes de atrair multidões. Em 2008, essa
vocação foi reforçada com a reforma e ampliação do próprio Espaço
Tom Jobim e a inauguração do Museu do Meio Ambiente, instalado
num prédio de frente para a Rua Jardim Botânico. Fechado durante
anos, o belo casarão, onde outrora funcionou o Museu Botânico, foi
restaurado para abrigar o novo museu, aberto em julho com a exposição
“O gabinete de curiosidades de Domenico Vandelli”.
Com curadoria de Anna Paula Martins, a mostra inaugural foi
concebida como um inventário do naturalista Vandelli (1735-1815),
italiano radicado em Portugal que criou o Jardim Botânico de Coimbra
e motivou D. João VI a criar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A despeito de sua concepção sofisticada, a exposição representou a
fase inicial de um projeto ainda mais arrojado: futuramente, o Museu
do Meio Ambiente abrigará uma exposição permanente que levará o
visitante a uma inusitada viagem às esferas da relação do homem com a
natureza. Arte e tecnologia estarão associadas para despertar no público
a consciência ecológica.
Nesta primeira década do século XXI, ao completar 200 anos, o Jardim
Botânico assume, portanto, cada vez mais, o que seu atual presidente,
a ciência – seu objetivo original – a outros campos de conhecimento.
É nesse contexto que se estabelece o diálogo entre natureza e arte. A
C arlos s eC C h i n
Calliandra Dysantha - flor do cerrado, 2008
cultura passa a ser reconhecida como elemento disseminador de uma
Manipulação em computação gráfica sobre
fotograma, formato super A-3
[arquivo do artista]
nova mentalidade sobre o meio ambiente.
C arlos s eC C h i n
feliz do que Antonio Carlos Jobim (1927-1994), cuja obra é por si só um
Calliandra Dysantha - flower from the cerrado, 2008
Computer graphic manipulation of a photogram,
super A-3 format
[artist’s files]
Essa transformação cultural não poderia encontrar motivação mais
exemplo de harmonia entre arte e meio ambiente. Jobim teve sua vida
e seu trabalho pontuados pela emoção que a natureza lhe despertava,
B run o C as ot t i
Liszt Vieira, chama de caráter multidimensional. Um caráter que mistura
259
C h i C o C u n ha
Sem título, 1993
Sem título, 1991
Óleo sobre tela, 90 x 50 cm
[coleção Murilo Walter Barroso]
Foto: Adelmo Lapa
Óleo sobre tela, 135 x 180 cm
[coleção Anna Maria Niemeyer]
Foto: Fausto Fleury
ChiCo Cunha
C h i C o C u n ha
Untitled, 1993
Untitled, 1991
Oil on canvas, 90 x 50 cm
[Murilo Walter Barroso collection]
Photo: Adelmo Lapa
Oil on canvas, 135 x 180 cm
[Anna Maria Niemeyer collection]
Photo: Fausto Fleury
ENsAiO ArtísticO cOLEtivO
ChiCo Cunha
s A l vA d o r m o n t e i r o
a need to photograph. He does not need it in
A man of our time, Claus Meyer always has had
279
A BrAzil reveAled
the sense that it is something that is necessary,
but rather that it is infallible and adjusted. His
Claus Meyer, homem do tempo presente, fotografar para ele sempre
viewpoint has been unmistakable and his imprint is
foi preciso. Preciso, não no sentido do necessário, mas no sentido do
the surprise of a very bright tropical sun; and, thus
infalível e ajustado. Sua ótica era inconfundível e marcada pela surpresa
illuminated, Claus Meyer traveled so many trails,
do clarão de um nítido Sol tropical; e então, iluminado, Claus Meyer
so many plateaus, forests and rivers; was surprised
by distant and obscure human groups. We trekked
percorreu tantos caminhos, por chapadas, florestas, rios; surpreendeu-
through these backcountry, lost and far away
se diante de longínquos e obscuros aglomerados humanos. Por esses
in time and space. And it was a long adventure
sertões perdidos e distantes no tempo e no espaço, trilhamos juntos.
of hundreds of kilometers, enclosed in deep
E foi uma longa aventura percorrermos centenas de quilômetros,
cercados de profunda monotonia, para vermos de perto e de repente
monotony, to come upon close by and suddenly a
solitary abandoned house on the bank of a river,
in the forest, where someone, mysteriously and
uma tapera solitária à beira-rio, na mata, de onde alguém, misteriosa
touchingly, waved goodbye to us; we needed to
e comovidamente, acenava-nos um adeus; foi necessário penetrarmos
penetrate the labyrinths of gloomy inlets, feeling
nos labirintos de sombrios igarapés, sentirmos o peso do silêncio e o
the weight of silence and the ancestral fear of
medo ancestral de um momento de solidão na selva inundada, para
a moment of loneliness in the flooded jungle to
understand that our anxiety about reality was
constatarmos que nossa inquietação com a realidade estava à frente de
ahead of us. And, as of the start, this disquieting
nós. E essa realidade preocupante despertou no fotógrafo o interesse
reality awakened in the photographer an interest
pela interpretação da imagem do brasileiro anônimo, desde o início, o
in interpretation of the image of the anonymous
nordestino, as raças imigrantes.
Assim, levado por profunda curiosidade étnica, a partir de reações
Brazilian, the Northeasterner, the immigrant races.
Thus, driven by a profound ethnic curiosity
and based upon the reactions of irrational beings,
dos seres irracionais, o inquieto e lúcido pesquisador deparou-se com
the restless and lucid researcher came upon the
os mistérios do Homem. E ao desenvolver na sua arte o tema do olhar,
mysteries of Mankind. And, as he developed in
Claus Meyer, em tantos flashes, revelou-nos os segredos que o brilho
his art the look theme, in so many photos Claus
dos atentos olhos denunciam, quer sejam em fotos a refletir intenções
Meyer revealed the secrets that the shine of so
many attentive eyes had denounced, whether
instintivas de espécies animais, como também as aparentes surpresas
in photos reflecting the instinctive intentions of
psicológicas, quando o retratado é o ser humano.
animal species or in apparently psychological
Até que afinal surge o registro do homem identificado e, então, para a máquina
do fotógrafo expõem-se personalidades contemporâneas, escritores, políticos,
artistas, empresários, todos, quase sempre, em momentos surpreendentes de
surprises when humans were being portrayed.
Until at the end there emerges a photo of an
identified man and, then, the photographer’s
camera begins to expose contemporary
autocontemplação, como aqueles personagens de Machado de Assis, diante
personalities, writers, politicians, artists,
dos espelhos.
businessmen, almost all of whom in surprising
E aqui, no reluzir de tantas imagens impressas, Claus Meyer estará para
sempre presente neste Brasil assim revelado, seu país de definitiva adoção.
moments of self-contemplation such as characters
out of Machado de Assis in front of a mirror.
And here, in the keen reflection of so many
printed images, Claus Meyer will always be
present in this Brazil he has thus revealed, in
the country he has definitively adopted.
Salvador Monteiro
iniciou sua atividade profissional como repórter na área
Salvador Monteiro
began his professional
política e econômica. Criador da Edições Alumbramento, por 30 anos percorreu a poesia dos
career as a political and economic reporter.
nossos grandes autores contemporâneos, como Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Cecília
Creator of Edições Alumbramento, for 30 years
Meireles e João Cabral de Melo Neto, entre outros, reproduzindo ainda obras de Fayga
he was publisher of our great
Ostrower, Anna Letycia, Renina Katz, Maria Bonomi e Marcello Grassmann, entre outros...
authors, such as Manuel Bandeira, Fernando
É de sua autoria a edição do livro objeto de Franz Krajcberg, acompanhada de texto de
Pessoa, Cecília Meireles and João Cabral de
Antonio Houaiss, e a obra editorial artesanal de Jorge Amado, com ilustrações de Carybé.
Melo Neto, also reproducing works by Fayga
contemporary
Ostrower, Anna Letycia, Renina Katz, Maria
Bonomi and Marcello Grassmann, among others...
He published a book-object by Franz Krajcberg,
accompanied by an article written by
Antonio
Houaiss, and a handcrafted editorial work by
Jorge Amado, illustrated by Carybé.
C la u s Me y er E N SAio FoTográ Fi C o
278
Um BrAsil revelAdo
281
f l ow e r i n g o f
my green temple
Contact with nature was always a constant in my
life, being part of the very air that I breathe.
Since I opted for the profession of landscaper,
I have sought greater knowledge of the plant
world. With constant curiosity, innumerous times
I resorted to the researchers of the Botanical
Garden. Whenever another unknown “grass”
was discovered, I appealed to the dear and
sorely-missed Dr. Graziela, who always received
me with complete patience and identified the
A
florAção do
meu templo verde
surprise even some native to Brazil that were not
CeCíliA BeAtriz
and plants. Due to adverse circumstances, I wound
O contato com a natureza sempre foi uma constante na minha vida, faz
parte do ar que respiro.
Desde que optei pela profissão de paisagista, procurei um maior conhecimento
do mundo vegetal. Com uma curiosidade constante, inúmeras vezes recorri
I do not remember the exact date, but looking
among my old books I believe since the end of
1998, requested by the directors of our Association of
Friends of the Botanical Garden, I began my strolls,
on the Garden map and then the need for photographs,
which today are on the Association website.
It is extremely pleasant and gratifying to
roam the Park for four or five hours. As you walk,
you discover a fascinating, magic world and an
infinite store of knowledge. The more I think I
know, the more I perceive how little I actually do,
Botânico, que considero o meu Templo Verde.
and the more I want to discover it.
creio que no final de 1998, solicitada pelos diretores da nossa Associação
de Amigos do Jardim Botânico, iniciei a minha caminhada, anotando as
florações do Parque para registrar no boletim mensal. Em seguida, veio
o pedido para assinalar no mapa do Jardim e, depois, a necessidade das
fotos, que hoje estão no site da Associação.
É extremamente prazeroso e gratificante percorrer o Parque por quatro
a cinco horas. À medida que se caminha, descobre-se um mundo mágico
fascinante e absorve-se um aprendizado infinito. Quanto mais penso
conhecê-lo, mais percebo o pouco que sei e mais quero descobri-lo.
Contemplar a natureza é sempre uma emoção, somos surpreendidos
de
Garden, which I now consider my Green Temple.
adversas, acabei substituindo a ida ao Sítio pela visita ao nosso Jardim
Não me recordo a data exata, mas procurando nos meus alfarrábios,
F rancisco a ur é l i o
F igueiredo e M e l o
up substituting the trip to the farm with the Botanical
monthly bulletin. Next came the request to fill in spaces
onde tinha um contato direto com a terra e as plantas. Por circunstâncias
Óleo sobre tela, 46,8 x 74,4 cm
[acervo Museu de Arte de Belém]
Foto: Rodolfo Braga
country, where I had direct contact with the earth
desconhecido, apelava para a querida, saudosa e sempre paciente Dra. Graziela,
Ausentava-me do Rio, de quinta-feira a domingo, e ia para o meu Sítio,
Corcovado, 1903
I absented myself from Rio de Janeiro from
Thursday to Sunday and went to my Sítio in the
annotating the flora of the Park to register in the
eram nativas do Brasil e ainda não faziam parte do Arboreto.
de
yet part of the Arboreto catalogue.
aos pesquisadores do Jardim Botânico. Quando descobria um “matinho”
que o identificava imediatamente. Para minha surpresa, algumas dessas plantas
F rancisco a ur é l i o
F igueiredo e M e l o
source of consternation immediately, to my
To contemplate nature is always an emotion.
We are surprised by incredible works of art – in the
delicacy of the flowers, in the forms, textures, in
the most varied tones and, frequently, in the diverse
gradations of color in the same leaf, a new sprout,
the sculptured forms of the trunks, branches, vines
and roots.
In this immense Green Temple, we feel
small before the majestic, centuries-old trees,
like the majestic kapok, the proud palms, the
old, twisted mangoes, which make me feel like
Alice in Wonderland.
Due to the instability of our climate, there is
not the slightest possibility of foreseeing what
we are going to encounter, although based on
por incríveis obras de arte: na delicadeza das flores, nas formas, texturas,
the flowerings of past years, there is always a
nas mais variadas tonalidades e, muitas vezes, nos diversos matizes de
surprise. Periods of intensive rains, followed by
uma mesma folha, numa nova brotação, nas formas esculturais dos
troncos, galhos, cipós e raízes.
Neste imenso Templo Verde nos sentimos pequeninos diante das árvores
Corcovado, 1903
majestosas e seculares como a sumaúma, as soberbas palmeiras, as velhas
Oil on canvas, 46.8 x 74.4 cm
[Museu de Arte de Belém collection]
Photo: Rodolfo Braga
mangueiras retorcidas, que me fazem sentir Alice no País das Maravilhas.
Devido à instabilidade do nosso clima, não há a menor possibilidade de
prevermos o que vamos encontrar. Apesar de nos basearmos nas floradas
dos anos anteriores, há sempre uma surpresa. Períodos de chuvas intensas
seguidos de um mês sem chuvas certamente alteram o ciclo das florações.
a month without rain, certainly alter the cycle of
the flowerings. It is essential to move attentively
through the entire Park to verify new blossoms,
some delayed and others that are even early.
Once, after some time spent walking,
checking the reports of the previous years, to
our deception we found nothing, the floral
spaces were empty. But not so surprisingly,
at the end of our search, we were regally
confronted with the climbing tendrils and the
beautiful rose-colored blossoms of the Bauhinia
alata, a vine I had never previously seen.
301
the
In our country, we have the privilege of being
able to appreciate flowers during all the months
novas floradas, algumas retardatárias, e outras que se antecipam.
of the year. While in the Northern Hemisphere,
Certa vez, após algum tempo caminhando, verificando a relação dos anos
during the months of the winter the trees lose
anteriores, para nossa decepção nada encontrávamos. As floradas estavam
their leaves, here too in the winter many shed
escassas, mas qual não foi a surpresa no final da nossa busca, quando fomos
their foliage. However, they still surprise and
enchant us with their floral spectaculars: The
regiamente contemplados com os belíssimos cachos de flores cor-de-rosa da
purple, yellow and white “ipês” (Tabebuias); the
trepadeira escada-de-jaboti (Bauhinia alata), que eu jamais tinha visto.
“mulungus,” “sanadus” or “suinãs” (Erythrinas)
with blood-red, brick or orange blossoms, which
No nosso país, temos o privilégio de poder apreciar flores durante todos
are a party for the most varied birds species,
os meses do ano. Enquanto no inverno do hemisfério norte as árvores
such as parakeets, parrots, hummingbirds, and
perdem as folhas, aqui muitas também se despem das suas folhas, no
the indescribable and fantastic rows of golden
entanto nos surpreendem e encantam com suas floradas espetaculares: os
mulateiros trees (Calophyllum spruceanum).
In the months of spring and summer, times
ipês (Tabebuias) roxos, rosas, amarelos e brancos; os mulungus, sanandus
of warmer weather with rains and humidity, the
ou suinãs (Erythrinas) com flores vermelho-sangue, tijolo ou amarelo, que
tropical plants exhibit all of their power: the
fazem a festa dos mais variados pássaros como maritacas, maracanãs, beija-
varieties of heliconias, emperor’s-wand, banana
trees, swamp-lilies. The rows of monkey’s apricots,
flores; e a indescritível e fantástica aléia dos paus-mulatos dourados.
with their trees wrapped in big, beautiful, red and
Nos meses de primavera e verão, tempo de maior calor, com chuvas e
perfumed flowers, forming truly florid columns.
During the year, we have lots to appreciate.
umidade, as plantas tropicais exibem toda a sua pujança: as variedades de
The red-purple carpet that extends under the
helicônias, os bastões-do-imperador, as musáceas, os lírios-do-brejo. A aléia
malay apple tree (Syzygium malaccense) in flower
dos abricós de macaco, com suas árvores envolvidas por grandes e belas
is an unforgettable attraction. The “duabanga”
flores vermelhas e perfumadas que formam verdadeiras colunas floridas.
(Duabanga sonneratioides) trees with bouquets
of white flowers, which in falling from the
Durante o ano temos muito que apreciar. O tapete vermelho-púrpura que
branches produce a delicate rain of petals. The
se estende sob os jambeiros (Syzygium malaccense) em flor é uma atração
Pride-of-Burma tree (Amherstia nobilis), like an
imperdível. As duabangas (Duabanga sonneratioides), árvores de buquês
irridescent pendulum clock, extremely ornamental,
de flores brancas que ao se desfazerem produzem uma delicada chuva de
exhibiting up to a hundred clusters of red flowers.
The beautiful, living-red flowerings of the
pétalas. O orgulho-da-índia (Amherstia nobilis), de inflorescência pêndula,
Rose-of-Venezuela or Sun-of-Bolivia (Brownea
extremamente ornamental, exibindo até cem cachos de flores vermelhas. As
grandiceps). The marvelous saracas, with the
belas inflorescências vermelho-vivo da rosa-da-montanha ou sol-da-bolívia
bouquets of flowers displayed on their trunks
and branches, one with golden-yellow blossoms
(Brownea grandiceps). As maravilhosas saracas com os buquês de flores
(Saraca indico) and another bright yellow ones
dispostos em seus troncos e galhos, uma possui flores amarelo-ouro (Saraca
(Saraca thaipingensis). According to legend,
indica) e a outra, flores vermelhas (Saraca thaipingensis). Diz a lenda que
Buddha was born under a tree with red flowers. It
would be impossible not to cite Cassia ferruginea,
Buda nasceu sob a árvore de flores vermelhas. Impossível não citar a cana-
with its hanging tendrils and yellow blossoms,
fístula ou chuva-de-ouro (Cassia ferruginea), com seus cachos pêndulos
which perfume almost all the Park.
On the Lakes, we are dazzled by the vitórias-
amarelos, que perfuma quase todo o Parque.
amazônicas, the colored ninféias in the Japanese
Nos Lagos, nos deslumbramos com as vitórias-amazônicas as coloridas
Garden with the magnificent lotuses.
ninféias e, no Jardim Japonês, com os magníficos lótus.
Whatever description, even the most painstaking
cannot capture all the beauty of the Park. It
Qualquer descrição, mesmo a mais cuidadosa, não refletirá toda a beleza
is necessary to stroll slowly through all of its
do Parque. É preciso caminhar vagarosamente por suas alamedas para poder
walkways to be able to appreciate each detail, the
apreciar cada detalhe – o som da sinfonia dos pássaros, o vôo dos tucanos, o
BiBliogrAfiA
Cecília Beatriz Lévy da Veiga Soares,
Livro de Ouro das Flores. Ed. Ediouro.
Rio de Janeiro.
sound of the symphony of the birds, the flight of the
passeio arisco dos caxinguelês à procura dos coquinhos – e sair de lá com muita
toucans, the quick scamper of the squirrels looking
paz e novas energias.
for little coconuts, and certainly we will come away
with much inner peace as well as renewed energies.
Cecilia Beatriz Lévy da Veiga Soares
Cecilia Beatriz Lévy da Veiga Soares
Professora, paisagista, fundadora e diretora de Tajá Paisagismo e diretora da Associação de
Professor, landscaper, founder and director of Tajá Paisagismo and director of the Friends of
Amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, tem aproximadamente 1.500 projetos e execuções
the Botanical Garden of Rio de Janeiro (AAJB); has concluded approximately 1,500 garden
de jardins, entre eles o Jardim Sensorial (destinado a deficientes visuais) no Jardim Botânico
projects, including the Sensorial Garden (for the visually impaired) at the Botanical Garden of
do Rio de Janeiro. Já escreveu artigos em jornais e revistas e é autora dos livros Samambaias e
Rio de Janeiro. Author of articles in newspapers and magazines and of the following books:
outras Plantas Ornamentais, Plantas para Dentro de Casa, Plantas para Decoração em Vasos
Samambaias e outras Plantas Ornamentais, Plantas para Dentro de Casa, Plantas para
(Editora Tecnoprint - Ediouro), Árvores Nativas do Brasil (Editora Salamandra), As Mais Belas
Decoração em Vasos - Editora Tecnoprint (Ediouro), Árvores Nativas do Brasil - Editora
Árvores da Mui Formosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (Editora Nova Fronteira), O
Salamandra, As Mais Belas Árvores da Mui Formosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
Livro de Ouro das Flores (Ediouro), além de traduzir a obra Guia de Plantas Tropicais (Lexicon
- Editora Nova Fronteira, O Livro de Ouro das Flores, Ediouro, as well as the translation of
Editora Digital). Realiza o relatório mensal da floração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
the Guia de Plantas Tropicais - Lexicon Editora Digital. She produces the monthly flowering
acompanhado de fotos, para o boletim e o site da AAJB.
guide published in the AAJB’s newsletter and on its website
303
Por isso é imprescindível percorrer com atenção todo o Parque para verificar
glory Bush
o u o r e l h a - de - o n ça
T ibouch in a heT e ro mal a
o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l
s oBrália
jasMiM-da-índia
rangoon
Q u i s Q u a l i s indic a
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : i l h a s
B r oMé l ia
soBrália
iMPerial
s obrália yana p e ry e nsi s
o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l
g e ng iB r e - MagníFico
Beehive
creePer
do
PacíFico
iMPerial
BroMeliad
V r ie sia imp e r ia l is
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l
ginger
Z inZ ib e r s pe c T a b i l i s
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : M a l á s i a
P a u - a M a rgoso
Quassia
ou Pau - tenente
tree
Quassia amara
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l
N iNféi a
N i Nf é i a / W h it e
n
allaManda
lanterna-jaPonesa, lanterninha-chinesa, Brinco-de-Princesa
jaPanese
lantern
algodão-Bravo, caMPainha-de-canudo, Mata-caBra
Pink
Morning glory
a llaman d a bl anche T T i
o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : B ras i l
h ib isc u s s c h i Z o p e T a l a e
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : á F r i c a
i p omoe a c a r ne a
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : B r a s i l
c huva - de - ouro ,
jaMBeiro
ave-do-Paraiso,
golden
c á s s i a i MPe ri al
shower tree
c assia fisTula
o c o r r ên c ia / o c c u r r e n c e : í n di a
Malay
aPPle tree
s y Z y giu m m a l a c c e n s i s
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : M a lá s ia
Bird-oF-Paradise
Flor-da-rainha
s T r e l iT Z i a regi nae
o c o r r ên c i a / o c c u r r e n c e : á F r i c a
curiosities
lo t us W a t e r l i l y
, n.
, n.
Planta aquática, suas flores de rara
ymphaea alba
caerulea
rubra
beleza apresentam uma gama
de tonalidades que vão do azul
corrência
o ccurrence e uroPa , á sia ,
ao branco e ao puro vermelho,
passando por vários tons de rosa.
á Frica e B rasil
Seu nome botânico, Nymphaea,
origina-se do latim nympha, que
significa ninfa das águas. Supõe-se
que seja também uma variante da palavra grega Aquatic plant. Its flowers, of rare beauty, present a gamut of
nympha (virgem), uma vez que, na antigüidade, tonalities that range from blue through pure white to red, passing
os gregos atribuíam a estas plantas proprieda- through several tones of rose.
des antiafrodisíacas.
Its botanical name, Nymphaea, originates from the Latin
Nativa do rio Nilo, no tempo dos faraós a nin- nympha, which means water nymph. It is supposed that it also is a
féia-azul era venerada como flor sagrada. Grandes variant of the Greek word nympha (virgin), since in antiquity the
buquês foram encerrados no túmulo de Ramsés II, Greeks attributed anti-aphrodisiac properties to these plants.
como parte da cerimônia de despedida.
Native to the Nile River, in the time of the pharaohs the blue
O historiador Heródoto não fez distinção en- nymphaea was venerated as a sacred flower. Big bouquets were
tre as ninféias e os lótus, designando ambas com o found in the tomb of Ramses II as part of the funeral ceremony.
nome de lótus, o que criou confusão e gerou dúviThe Greek historian Herodotus did not distinguish between
das, muitas delas perdurando até os nossos dias.
the nymphaeas and the lotuses, designating both with the name of
Esta bela planta aquática despertou o intereslotus, which created confusion and generated doubts, many of them
se e a admiração do famoso pintor impressionista
continuing to our day.
francês Claude Monet, que a eternizou em inúmeros
This beautiful aquatic plant awakened the interest and the
dos seus quadros. Em seu jardim de Giverny, próxiadmiration of the famous French impressionist painter Claude
mo a Paris, possuía uma bela coleção desta espécie,
que pode ser apreciada até hoje, como parte de um Monet, who immortalized it in many of his paintings. In his garden
at Giverny, near Paris, he had a beautiful collection of this species,
roteiro turístico.
Monet encontrava sua inspiração nas ninféias which can be appreciated even today as part of a touristic routine.
Monet found his inspiration in the nymphaeas and spent
e ficava horas observando os jogos de cores iridescentes produzidos pelos raios de sol sobre as águas hours observing the play of iridescent colors produced by the rays
repletas das mais variadas tonalidades. Elas lhe of sunlight on the water, replete with the most varied tones. They
transmitiam uma mensagem especial, que ele sou- transmitted to him a special message, which he in turn knew how to
be traduzir em sua incomparável pintura e fez che- transmit through his incomparable painting, taking them to those
who knew how to admire them.
gar até os que as sabem admirar.
o
a laM an da - vinh o
lilases, distribuídas ao longo dos ramos. Embora tenha propriedades
medicinais, é venenosa, tóxica para bovinos e caprinos. As folhas,
quando mastigadas, têm efeito alucinógeno.
c h u va - d e - o u ro , cás s ia imPerial . Árvore muito decorativa de
inflorescências pendentes com flores grandes amarelo-ouro.
J ambeiro . Desde a base, sua ramagem forma uma copa típica,
piramidal ou cônica. Os frutos são brilhantes, de cor vermelha,
suculentos e adocicados. Belos para os nossos olhos e deleite para
a avifauna.
a ve - do - Paraiso , flor - da - raiNha . Planta herbácea, tropical, muito
decorativa. Suas flores são alaranjadas, com antena e estigma
azul, semelhantes a uma cabeça de pássaro. Seu nome científico é
uma homenagem à rainha Sofia Carlota de Mecklenburg-Strelitz,
princesa alemã que se casou com Jorge III da Inglaterra.
/
:
G l o ry b u s h . Bushy plant that blossoms in the summer, with red
flowers and other varieties with white and lilac flowers.
raNGooN creePer. The generic name Quisqualis means “whatever it
is,” referring to the multiple colors of the flowers that open white and
pass from rose to red, forming various bouquets of different hues.
beehive GiNGer. Also known as big-ice-cream or ginger-torch. Very
decorative, lending itself to exuberant tropical arrangements.
s obrália . Orchid of rare beauty, described by botanist Barbosa
Rodrigues, based on the plant cultivated in the Botanical Garden
of Rio de Janeiro.
imPerial bromeliad. This exuberant bromeliad lives in nature out
in the bright sunlight. It is a veritable rock climber, that is, fixing
itself onto stones and boulders and even being found on 90 degree
overhangs. Its hanging train of leaves and flowers grows as long as
3.5 meters. Its flowering cycle is completed in a period of five months.
It attracts hummingbirds and bees.
Q u as s ia tree . Its red flowers are attractions for the hummingbirds.
It has medicinal properties and is also an insect repellant.
a l l a m a N d a . Semi-woody bush, climbing, with large winecolored flowers.
JaPaNese laNterN. Flowers almost year-round; the flowers hang
in long tendrils with curling petals.
P i N k m o r N i N G G l o r y . Lily-rose flowers, distributed along the
branches. Although it has medicinal properties, it is poisonous, toxic
for cattle and goats. Chewed, the leaves have a hallucinogenic effect.
G oldeN shoWer tree . Very decorative tree with large, hanging,
yellow-gold blossoms.
m alay aPPle tree . From the base of its root system it forms a
typical chalice, pyramidal or conical. The fruits are shiny, red in
color, succulent and sweet. Lovely for our eyes, delicious for the
birds and animals.
b ird - of - Paradise . Herbal plant, tropical, very decorative, having
orange blossoms with blue stamen and pistol, similar to the head
of a bird. Its scientific name is in honor of Queen Sofia Carlota
de Mecklenburg-Strelitz, a German princess who married George
III of England.
305
January
Q uaresMa - arB u s to
Q u ares ma - arbu s to o u o r e l h a - d e - o N ça . Planta arbustiva que
floresce no verão, de flores roxas e outras variedades de flores
brancas e lilases.
J asmim - da - íNdia . O nome genérico Quisqualis significa “qual
que é”, uma referência à cor mutável das flores, que se abrem
brancas e passam do rosa ao vermelho, formando vários buquês
de diferentes matizes.
G eN G ibre - maG N ífico . Conhecido também como sorvetão ou
tocha-gengibre. Muito decorativo, prestando-se a exuberantes
arranjos tropicais.
s obrália . Orquídea de rara beleza, descrita pelo botânico
Barbosa Rodrigues, a partir desta planta cultivada aqui no
Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
B r o M é l i a i MPeri al . Esta bromélia exuberante vive na natureza
em pleno sol, é da variedade rupestre, isto é, fixa-se em pedras e
rochedos, podendo ser encontrada em paredões com inclinação
de até 90 graus. O seu pendão floral chega a alcançar 3,5m.de
altura. Seu ciclo de floração se completa num período de cinco
meses. Atraem beija-flores e abelhas.
P au - amarGoso ou Pau - teNeNte . Suas flores vermelhas são
atrativas para os beija-flores. Possui propriedades medicinais,
também é repelente para os insetos
a lamaN d a - viN h o . Arbusto semilenhoso, escandente, de
grandes flores cor de vinho.
l aNterNa - JaPoNesa , laNterNiNha - chiNesa , briNco - de - PriNcesa .
Floresce quase o ano todo. As flores pendem de longos pedúnculos
com pétalas frisadas.
a lGodão- bravo, camPaiNha-de- caNudo, mata- cabra. Flores rosas e
Janeiro
304
curiosidades
321
Tutty Vasques
Tutty Vasquez
Foto / Photo :
M u l at e i ro a u g u s t
The almond-tree autumn, typical of a Rio de Janeiro winter, never
fails: another summer-like period emerged in the middle of the year.
It seemed like January until last week, when the temperature suddenly
plunged like hailstones on the hood of a car. Now it’s cold, the
slightly cool feeling of the Northern Hemisphere spring, so let’s take
advantage of it. Not every August offers us the opportunity to spend
a week making believe it’s winter. They are even saying that with this
global warming thing we will soon, at this time of year, have a night
of four seasons. You leave home in spring, go to a movie in summer,
have dinner in autumn and return to sleep in winter.
I believe it! The weather is crazy everywhere but even, I think, more
so in a place like here where it never was particularly well in step
with the landscape. Unless it snows in Ipanema, nothing will seem
sufficiently strange in Rio de Janeiro. I saw the Paris Square at the
beginning of the month through a car window, quite nice, made
up to look like the Jardin du Luxembourg in a European post card
view, full of bare trees sort of floating on a thick reddish carpet of
dry leaves….Believe, believe.
August is the season for trees in Rio. It is they, sometimes
specially, that give the landscape a half-crazy climate and, with
regard to the supremacy of the almond trees, were the big sensation
of the past season – it’s the same thing every year – in the Pausmulato (Mulateiro Tree) Lane in the Botanical Gardens. The show
lasts practically an entire month, with dark, straight and smooth
trunks, gigantic due to their Amazonian nature — 20, 40 meters
tall — logs without knots that suddenly gain golden, close-fitting
and thin crowns that denude themselves into a heart of palm
texture, in a type of baby-green coloration. It seems to be a lie,
pure madness — but they’ll be mulatto-color again before spring.
Not even in a fashion show you’ll see something like this.
If you race over there this weekend, you’ll still be able to see
the final days of the changing of the bark of the 62 “monkey-slide”
trees — another name given this species — lined up in a row on the
two-way path, which is some 70 or 80 meters long. Most of the
trunks are already clear green, some are still changing and a few
still show the red oxide color of the beginning of the month. Sort
of an end of the party feeling, but it is never too late to begin to
observe the exuberance God gave mulateiros.
I already had known these trees by sight, but this year was the first
time I followed the trunk mutation up close. Between July and August
I visited the J. Campos Porto lane three times per week and there were
days when I wanted to interrupt my walk and give them a standing
ovation! Bravo, bravo!!! The most beautiful thing in the world, wow!
Each time I returned home, excited by the forest’s exhibitionism, I tried
to describe what I had seen through e-mails addressed to a favorite
female friend in São Paulo. At a certain moment in this exchange I
feared all of my talk about “golden-crowned mulateiros that denuded
themselves, and so on” would sound very strange to a very classy blonde
from the SP Jardims district… So I decided to photograph what I was
seeing to transmit what I was trying to say in my written messages.
My friend, an actress, said she was not programmed to open photo
files (one of which appears on this page), but promised that as soon as
her play had finished its run would come to Rio to personally check out
this story about giant golden mulateiros, etc. etc.
I’m afraid that success will only permit my diva friend to come to
Rio when all that will be left to call attention to the mulateiro trees will
be the markings left by ignorant visitors who, without any ceremony
at all, demonstrate their presence through pen-knife carvings in the
wood softened by the period of change: “Pat and Alex,” “Luana and
Beto,” “Bruna and Teco”... The day these people are caught in the
very act by the Association of Friends of the Botanical Garden, fur will
fly. Later they can’t say they weren’t warned.
The good conservation of this immense green area in the heart
of the South Zone merits the solidary vigilance of every Rio resident.
Embedded between Gávea, Horto Florestal and the Jockey Club, the
park is a rare example of successful administration in the midst of the
chaos of just about everything else that depends on our governments.
It is clean, safe and full of novelties — such as the cactus area,
the Tom Jobim Cultural Center, the new bromeliad nursery, along
with the traditional, such as the tai chi chuan activities... A serious
environmentalist has headed up the institution since 2003, Liszt Vieira,
who does not play politics; he labors. It is really a pleasure to see the
results of his management. Keeping things in proper proportion, it is
the Brazil that works. Except for the mulateiro mutation, quite frankly
nothing else of importance occurred in the country in August.
agosto do
pau-Mulato
O outono das amendoeiras, típico do inverno carioca, não falha: caiu de novo no veranico de meio de
ano. Parecia janeiro até a semana passada, quando a temperatura baixou a golpes de gelo no capô.
Agora faz frio, friozinho bom de primavera no Hemisfério Norte, aproveite. Nem todo agosto nos dá
a chance de passar uma semana fazendo de conta
que é inverno. Fala-se inclusive que, pelo andar da
carruagem do aquecimento global, em breve teremos, nesta época, a noite de quatro estações. Você
sai de casa na primavera, pega um cineminha no
verão, janta no outono e vai dormir no inverno.
Eu acredito! Se o tempo está ficando maluco por
toda parte, mais ainda, imagino, num lugar como
aqui, onde ele nunca regulou muito bem com a paisagem. A não ser que neve em Ipanema, nada parecerá
suficientemente esquisito no Rio de Janeiro. Vi no início
do mês pela janela do carro a Praça Paris, toda prosa,
travestida de Jardin du Luxembourg em postal de outubro europeu, cheia de árvores peladas sobre espesso
leito avermelhado de folhas secas... Crente, crente.
Agosto é a estação das árvores no Rio. São
elas, algumas em especial, que dão um clima meio
louco à paisagem, e, a despeito da supremacia
das amendoeiras, a grande sensação da temporada aconteceu – todo ano é assim – na aléia de
paus-mulatos do Jardim Botânico. Dura praticamente o mês inteiro o show dos troncos escuros,
retilíneos e lisos, gigantes pela própria natureza
amazônica – papo de 20, 40 metros de altura –,
toras sem nós que de repente ganham capas douradas muito justas e finas, para logo se desnudarem em textura de palmito com coloração verdebebê. Parece mentira, puro delírio, mas serão de
novo mulatos antes da primavera. Igual, nem em
desfile de moda.
Quem correr até lá neste fim de semana ainda
verá o finzinho da encenação de troca de cascas dos
62 pés de “escorrega-macaco” – outro nome da espécie – enfileirados numa passarela larga como uma
via de mão dupla de 70, 80 metros de extensão. A
maioria dos troncos já está verde-clarinha, alguns
ainda desfolham o caule, poucos conservam um tanto de zarcão do início do mês. Meio fim de festa, mas
nunca é tarde para começar a observar a exuberância que Deus concedeu aos paus-mulatos.
Já os conhecia de vista, mas neste ano acompanhei de perto a mutação do troço. De julho pra cá,
visitei a aléia J. Campos Porto três vezes por semana e houve dias em que deu vontade de interromper
a caminhada para aplaudir de pé! Bravo, bravo!!!
Coisa mais linda do mundo, uhuuuuu! A cada volta
pra casa, excitado com o exibicionismo da floresta,
dei de descrever o que via em e-mails detalhistas
endereçados a uma querida amiga paulista. A certa
altura da correspondência, desconfiei que poderia
soar estranho aos ouvidos de uma loira chiquésima
dos Jardins todo aquele papo sobre “paus-mulatos
de capas douradas que se desnudavam, e coisa e
tal”... Resolvi então fotografá-los para transmitir
as imagens sem o duplo sentido da emoção que
estava querendo passar nas mensagens escritas.
Minha amiga, atriz, diz que não foi programada
para abrir arquivos de fotos (uma delas você pode
ver nesta página), mas promete, assim que sua peça
sair de cartaz, vir pessoalmente conferir essa história de pau-mulato gigante, dourado etc. etc.
Temo que o sucesso só permita à minha diva
vir ao Rio quando apenas restarem para chamar
atenção nos paus-mulatos as marcas da ignorância do visitante, que, sem nenhuma cerimônia com
a natureza, assinala sua presença a golpes de canivete na madeira macia desses tempos de muda:
“Pat e Alex”, “Luana e Beto”, “Bruna e Teco”...
No dia em que essa gente for pega em flagrante
pelos amigos do Jardim Botânico, o pau vai comer. Depois não digam que não avisei!
A boa conservação daquela imensa área verde
no coração da Zona Sul merece a vigilância solidária de todo carioca. Encravado entre a Gávea, o
Horto Florestal e o prado do Jóquei, o parque é um
exemplo raro de administração bem-sucedida no
caos em que se encontra quase tudo o que depende
de governos. Está limpo, seguro, cheio de novidades como a área de cactos, o Centro Cultural Tom
Jobim, o novo bromeliário, o velho tai chi chuan...
Preside a instituição desde 2003 um ambientalista
sério, Liszt Vieira, que não faz política; trabalha.
Dá gosto ver os resultados de sua gestão. Guardadas as proporções, é o Brasil que deu certo. Afora o
pau-mulato, francamente, não aconteceu nada importante para ser visto no país em agosto.
Revista
Veja
16/ 08/ 2006
rio
331
330
R ealização
A c h ie v e m e n t
Associação de Amigos do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro
P R odu ç ão e xec u ti va
executive Producer
“Às orquídeas dediquei as alegrias de minha mocidade;
às palmeiras o tempo livre da maturidade”.
“To orchids, I dedicated the delights of my youth;
to palm trees, the free time of my mature years”.
Roberto Padilla
c ooRdenação e ditoRia l
e d i t o r i A l c o o r d in A t o r s
Roberto Padilla
Nair de Paula Soares
J oana a ngeRt
e g ustavo P eRes
Trio caRIOca, 2006 – detalhe
c onsultoRi a e ditoRia l
e d i t o r i A l c o n su l t A n t
Sylvia de Botton Brautigam
Acrilico preto recortado e moldado
Coleção particular, Rio de Janeiro
Foto: Jaime Acioli
J. Barbosa Rodrigues
J oana a ngeR t
and g u stavo P eRes
Trio caRIOca, 2006 – detail
Black acrylic cut out and molded
Private collection, Rio de Janeiro
Photo: Jaime Acioli
t extos
texts
Ruy Castro
Sergio Tadeu de Niemeyer Lamarão
e Luís Octavio Gomes de Souza
Pedro da Cunha e Menezes
Sylvia de Botton Brautigam
Ariane Luna Peixoto
e Marli Pires Morim
Flavio Ferreira
Luciano Cavalcanti de Albuquerque
Rafael Cardoso
Bruno Casotti
Salvador Monteiro
Cecília Beatriz Lévy da Veiga Soares
Tutty Vasques
P esquisa do t exto de R afael c aRdoso
reseArcher, rAfAel cArdoso Article
Fernanda Terra
R evi são de t extos
text ProofreAding
Alice Dias
Foto Rosto
P au lo W eR neck
Mural em mosaico cerâmico
2,70 x 9,80cm para o
Clube Monte Líbano, 1957
Arquitetura: João Kahir
Foto: Vicente de Mello /
Projeto Paulo Werneck
Front Page Photo
P au lo W eR neck
Ceramic mosaic mural
2.70 x 9.80cm for the
Clube Monte Líbano, 1957
Architecture: João Kahir
Photo: Vicente de Mello /
Paulo Werneck Project
v eR são PaR a o i nglês
v e r sio n i n e n g l ish
Steve Yolen
Beto Felicio
capa, contra capa, foto da guarda e
primeiro ensaio fotográfico
Claus Meyer
João Quental
segundo ensaio fotográfico
pp. 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 312,
313, 314, 315, 316, 317, 318, 319, 320, 322, 323,
324, 325, 326, 327, 328, 329
pp. 4, 82, 129, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140,
144, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 163, 168, 189,
190, 191, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201,
202, 203, 204, 205, 218, 219, 222, 223, 224, 225,
226, 228, 229, 232, 238, 239, 241, 250, 254, 255
Renato Velasco
Rogério Reis
Nair de Paula Soares
Joana de Paula Soares
d i a g R a m a ç ã o e f i n a l i z a ç ã o
l A y o u t An d f i n Al i zi n g
Joana de Paula Soares
Claudia Zisman Cohen
m a n i P u l a ç ã o d e i ma g e ns
i m A g e t r e A t me n t
João Faraco
d e s ig ne R s c ol a b oR a d oR e s
c o l l A b o r A t i n g d e s i g n e rs
Marina Hochman
Gabriella Vallado Luduvice
Gustavo Castro Neto
Gustavo Fernandes
Flavio Henrique Chin Chan
s e l e ç ã o d e o b Ra s d e a Rte
Artwork selection
Roberto Padilla
e d iç ã o d os e ns a ios f otog R á f ic os
editor, PhotogrAPh essAys
Nair de Paula Soares
Sylvia de Botton Brautigam
f otogRafi as
P h o t o g r A Ph y
Jaime Acioli
P R oJe to g Rá f ico g r A P h i c P r o j e c t : Pvdi
pp. 80, 133, 177
p. 128
a s s i s t e n t e d e P Rod uçã o
Production AssistAnt
Antonio Roberto Vilete de Oliveira
e l a b o R a ç ã o d o P R oJe to Ju nto à l e i R ou a ne t
rouAnet lAw Project PrePArAtion
Jefferson Correa
P Ré -i m P R e s s ã o e i m P R e s s ã o
P Ag e P r o o f s An d P ri n t i n g
Stilgraf
a s s e s s o R i a d e i mPR e ns a
Press AssessorshiP
C W& A C o mu n i c a ç ã o
Foto Sumário
t aç a em vi dR o tRansPaRent e
com a imagem em esmalt e
31 x 15 cm, circa 1900
Coleção Onze Dinheiros Escritório
de Artes, Rio de Janeiro
Foto: Jaime Acioli
Contents Photo
t RansPaRent glass c uP
With enamel imag e
31 x 15 cm, circa 1900
Onze Dinheiros Escritório de Artes
Collection, Rio de Janeiro
Photo: Jaime Acioli
a gRadeci mentos
Acknowledgements
Beatriz Kushnir (AGCRJ), Beth Pessoa, Carlos Martins, Celso Brando, Elizabeth Wynn-Jones, Elysio Oliveira
Belchior, Espaço Tom Jobim, Fabio Ghivelder, Francesca Romana Diana, Heloisa Amaral Peixoto/H.A.P.
Galeria, Heloisa Seixas, Instituto Antonio Carlos Jobim/Paulo Jobim, Jair de Souza, José Augusto Pádua,
Julia Peregrino/Fazer Arte, Leonel Kaz/A p r a z í v e l E d i ç õ e s , L u i s E d u a r d o M e i r a d e V a s c o n c e l l o s /
E di t or a C ont r ac apa, Luis Olavo Junqueira Dantas, Max Perlingeiro/ Edições Pinakotheke, Mara Lopes,
Melissa Gormley, Mônica Carneiro Alves, Nigge Loddi, Renato Kamp e Patricia Moreno,
Ricardo Duarte de Souza/Graphos Brasil, Sergio Morais, Sergio Pinheiro, Valéria Piccoli, Vik Muniz,
Washington Dias Lessa/Campos Gerais.
a gRadeci mentos e sPec i a i s
sPeciAl Acknowledgements
Ao presidente do JBRJ Liszt Vieira, a Lidia Vales, à direção e equipe do Instituto de Pesquisas do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro - em especial a Alda Heizer, Begonha Bediaga, Cristina Goulart Amarante,
Luiza Maria Gomes Rocha e Rosana Simões Medeiros - e a todos da Associação de Amigos do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, que com gentileza, presteza e conhecimento nos auxiliaram no desenvolvimento
deste projeto e tornaram a realização desta obra possível, o nosso muito obrigado!
R e n ato v elasco
Sem título, setembro de 2007
Fotografia digital
Realização / Producer
[arquivo do artista]
R e n ato v elasc o
Patrocínio / Sponsorship
Untitled, September 2007
Digital photography
[artist’s archives]
Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior
Ministério de
Minas e Energia
Os textos do miolo deste livro foram compostos em Sabon, desenhada por
The texts of the articles in this book are composed in the Sabon typeface
Jan Tschichold em 1967, e Garamond, desenhada por Claude Garamond
designed by Jan Tschichold in 1967, and Garamond, designed by Claude
na década de 1540; no seu título foi utilizada a fonte Galliard, desenhada
Garamond during the decade of the 1540s; headlines are composed in
por Robert Granjon em 1560.
Galliard, designed by Robert Granjon in 1560.
A capa e miolo foram impressos em papel Couché Matte 150g/m 2, cuja
The cover and inside pages were printed on Couché Matte 150g/m 2 paper, whose
celulose é proveniente de florestas de eucalipto 100% plantadas e manejadas
pulp originated from eucalyptus forests that were 100% planted and managed
seguindo rigorosos padrões ambientais, com sustentabilidade garantida.
according to strict environmental standards, and of guaranteed sustainability.
100%
The book’s flyleaves were printed on SilPrint 180g/m 2 , 100% produced
produzido a partir de fibras de aparas pós-consumo e sem alvejantes.
from recycled post-consumption fibers containing no whitening products.
A
guarda
foi
impressa
em
papel
SilPrint
180g/m 2 ,
A estrutura da capa utiliza papelão reciclado, com matéria prima
The cover’s structure is made of recycled cardboard, whose raw materials
proveniente de aparas de jornais, revistas, caixas onduladas e microondulados.
derive from newspapers, magazines, corrugated and micro-corrugated boxes.
I m p r e s s ã o
P r i n t i n g
c o n c l u í d a
e m
D e z e m b r o
d e
2 0 0 8 .
w a s
c o n c l u d e d
i n
D e c e m b e r
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
J42
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1808-2008 / [textos Sergio Tadeu de Niemeyer Lamarão... et al. ; coordenação
editorial Nair de Paula Soares ; consultoria editorial Sylvia de Botton Brautigam ; fotografias Beto Felício, Claus
Meyer, João Quental, Jaime Acioli, Renato Velasco, Rogério Reis ; pesquisa do texto de Rafael Cardoso, Fernanda
Terra ; versão para o inglês Steve Yolen]. - Rio de Janeiro : Artepadilla, 2008.
332p. : il. (principalmente color.)
Texto em português com tradução paralela em inglês
Inclui bibliografia
ISBN 978-851. Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Obras ilustradas. I. Lamarão, Sérgio Tadeu de Niemeyer, 1952- . II.
Soares, Nair de Paula.
08-4868.
03.11.08
CDD: 580.738153
CDU: 712.253:58(815.31)
05.11.08
009607
2 0 0 8 .