Breve História do Transporte Público em Santo
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Breve História do Transporte Público em Santo
1 Breve História do Transporte Público em Santo André Livro-Entrevista por MARIO CUSTÓDIO Julho/2016 História do transporte público de Santo André narrada e ilustrada por Mario Custódio. Mario é especialista em sistemas de transporte coletivo por ônibus, participa do Movimento Respira São Paulo, destinado a manter ônibus elétricos em circulação, da Comissão de Marketing da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e do Grupo de Trólebus e do Grupo de Marketing da UITP (União Internacional de Transportes Públicos), através de entrevista realizada por Edilson Fumassa e Paulo Bourhenne. Entrevistado por: Edilson Fumassa Edição e diagramação: Paulo Bourhenne BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 2 ÍNDICE NO INÍCIO ... ANOS 20A 30 ANOS 40 A 60 ANOS 70 Antigo Terminal Urbano Santo André Oeste - Foto de Mario Custódio ANOS 80 EM DIANTE VIAÇÕES RODOVIÁRIAS TERMINAIS DESTAQUES ... SUGESTÕES Antigo Terminal Urbano Santo André Leste - Foto de Mario Custódio NOTAS SOBRE O AUTOR BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 3 NO INÍCIO ... “Naquela época, as famílias que se instalavam nos bairros recém-criados, vinham atraídas pelo trabalho nas fábricas ...” Preliminarmente, esclareço que este relato está baseada na minha experiência pessoal vivida em Santo André, andreense que sou, na leitura de livros históricos e nas minhas pesquisas pessoais, “in loco”, em redações de jornais e em conversas com outros andreenses e pesquisadores. É possível, portanto, que a memória (minha ou de outrem) me traia em alguns momentos. Na cidade de Santo André atual, o transporte público como conhecemos começa a se desenvolver a partir da instalação da SPR - SÃO PAULO Railway, depois EFSJ - Estrada de Ferro SANTOS - JUNDIAÍ, depois RFFSA - Rede Ferroviária FEDERAL Sociedade Anônima e atualmente CPTM - Companhia PAULISTA de Trens Metropolitanos. Parapiacaba e o serviço antigo por ferrovia Acervo Lourenço Paz Temos então o primeiro sistema de transporte coletivo, por trilhos, nos trechos SANTO ANDRÉ - SÃO PAULO e SANTO ANDRÉ - SANTOS, muito utilizado por milhares de pessoas a partir de 1867, ano da instalação da ESTAÇÃO DE SÃO BERNARDO (Atual Estação de Santo André), contrastando com a VILLA DE SÃO BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 4 BERNARDO, Sede da Freguesia de SÃO BERNARDO (1812), depois Município (1889), à qual Santo André pertencia. Em 1938, dado o desenvolvimento da Estação, Santo André passou a ser a sede do Município, que englobou a Villa de São Bernardo. Em 1944, São Bernardo vira Município, desmembrando-se de Santo André. Isto posto, temos que, para uma cidade que estava crescendo, havia um parque industrial igualmente crescente, exigindo trabalhadores, particularmente imigrantes e posteriormente migrantes, que então exigiam moradia, que exigiam serviços públicos, entre os quais o transporte coletivo por ônibus. Naquela época, as famílias que se instalavam nos bairros recém-criados vinham atraídas pelo trabalho nas fábricas e as propagandas dos loteamentos recém-instalados, para atrair compradores, normalmente colocavam nos impressos que havia "ônibus no local" ou "serviço de ônibus" ou "linha tal serve o local", etc.. Sim, porque um bairro novo sem transporte atrairia poucas pessoas, principalmente numa época em que carro próprio era raridade. Lembremos que a indústria automobilística somente se instalou pra valer a partir dos Anos 60. inclusive definindo pontos, horários e tarifas. Quando se fala em diligências, havia de fato um serviço cobrindo o trecho SÃO PAULO – SANTOS, que levava 12 horas e que parava no Alto da Serra para almoço. Prestava o serviço a Viação RIO GRANDE, que depois foi absorvida pela CGT – Companhia Geral de Transportes, que com seus veículos mais modernos (“jardineiras”superavançadas) denominados “King Kong” passou a fazer a rota. Voltando ao final do Século XIX, enquanto a SPR provia os cidadãos com seus trens rumo a São Paulo e Santos, não havendo serviço de ônibus regular, os carros de praça (charretes, carroças, diligências, etc.) faziam o transporte individual e coletivo regular, tendo os governantes da época regulamentado de diversas maneiras o sistema, King Kong da Cia Geral de Transportes na linha Santos - SP - Acervo Ônibus Clássicos BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 5 Além da comunicação ferroviária havia a comunicação por excelência, ou seja, por estradas de terra, depois paralelepípedos, depois asfalto. Notese que as atuais ruas, avenidas ou estradas em curva, exceto aquelas já planejadas dessa maneira, indicam que naquele local havia uma estrada de terra que virou avenida ou rua. Exemplo a Estrada do Oratório, hoje Rua Oratório, em Santo André e mesmo em São Paulo. hoje com o mesmo nome (Rua Caminho do Pilar), que ia até a atual Mauá, e com o nome de Rua Thales dos Santos Freire, na Vila Baeta Neves em São Bernardo do Campo e a Rua Marechal Deodoro, que levava ao Caminho do Mar, hoje com alguns trechos de mesmo nome e depois pela Estrada do Vergueiro, hoje também com trechos de mesmo nome. Muito tempo depois viria a surgir a conhecidíssima Av. Pereira Barreto. A comunicação por estradas entre a Estação de São Bernardo, depois Santo André, e as comunidades Villa de São Bernardo, Meninos (atual Rudge Ramos), São Caetano, Zona Leste de São Paulo e Pilar (atual Mauá), dava-se da seguinte maneira: Para Meninos (atual Rudge Ramos) No alto do Caminho do Pilar, onde hoje se situa a Avenida Higienópolis, derivava-se à direita e no alto do morro seguia-se pelo que hoje são as Ruas Gonçalo Fernandes e José Lins do Rego, dobrando-se à esquerda onde hoje se encontram as Avenidas Príncipe de Gales, Gago Coutinho e a Rua Novo Horizonte. No final dela, virava-se à esquerda onde hoje se Para a Villa de São Bernardo Saía-se pela atual Rua Coronel Oliveira Lima, tomando-se o Caminho do Pilar, encontra a Rua Afonsina, atingindo Meninos. Para São Caetano Mesmo caminho que para Meninos, derivando-se à direita na confluência do que hoje é a Avenida Gago Coutinho com Rua Novo Horizonte, onde estão as oficinas do Diário do Grande ABC, continuando pela atual Gago Coutinho, Rua Boa Vista, Rua Visconde de Inhaúma (atual Vila Gerti) e Rua Osvaldo Cruz (antiga Estrada do Mar). Depois o trajeto passou a ser pela atual Alameda São Caetano, quando da instalação do Loteamento Campestre (atual Bairro Campestre). E, finalmente, pela Avenida Presidente Wilson, atual Avenida Dom Pedro II. Para a Zona Leste de São Paulo Para a atual Vila Alpina (SP) e Vila Prudente, saía-se pela atual Rua Costa Barros; para a atual Vila Industrial saía- BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 6 se de Utinga pela atual Avenida Nova Iorque; para a atual Vila Ema, pela Estrada de Sapopemba, atual Avenida Sapopemba de Santo André; para a Fazenda da Juta, atual Região do Parque Novo Oratório e mais adiante São Mateus, pela Estrada do Oratório, atual Rua Oratório. Para Pilar (Atual Mauá) Tomava-se a Rua Coronel Oliveira Lima, depois a antiga Estrada da Fábrica (atual Rua Coronel Alfredo Flquer – Avenida Perimetral), depois o Caminho do Pilar, que de São Bernardo vinha atravessando a atual Vila Baeta Neves, Jardim Paraíso, Pinheirinho, Vila Gilda e Jardim Bela Vista, chegando ao antigo Mappin (atual Shopping ABC). Derivava para a direita onde hoje se encontra a Avenida Alberto Benedetti e onde hoje está o Hospital Christóvão da Gama, fazia uma curva para a esquerda, cuja rua hoje se chama Guilherme Marconi. Lá embaixo, no Ipiranguinha, onde antigamente se situava a Tecelagem Ipiranguinha, o Caminho do Pilar fazia uma curva e contracurva para seguir para o Pilar, com o nome atual de Avenida Santos Dumont. Chegando próximo à atual Pirelli, o Caminho tomava a direita por onde atualmente se encontra a Avenida Valentim Magalhães e, através do Guaraciaba atingia Pilar. Quando do advento da ferrovia foram abertas as atuais Avenida Alexandre de Gusmão que, muito antes da atual Avenida Giovanni Baptista Pirelli, fez a rota entre Santo André e Mauá, e Avenida João Ramalho idem, com o nome de Estrada de Mauá. Os transportes coletivos iam, portanto, ajustando-se às estradas, vilas e bairros que estavam surgindo. Percebe-se, assim, porque algumas linhas de ônibus fazem percursos que não seriam sensatos a olhares mais atentos. Voltemos à Estrada do Oratório. Além dos loteamentos lindeiros à estrada, hoje rua, não havia a Avenida Antonio Cardoso, que hoje corta o Bairro Bangu. E quando foi aberta, não era asfaltada. Permaneceu assim por muitos anos até que seu asfaltamento chegasse e, hoje, é uma importante artéria de corredor exclusivo do Sistema Trólebus. Dado então que era uma estrada, a Oratório seguia pelas antigas demarcações possíveis para a engenharia da época, com suas curvas a contornar os melhores locais de passagem. Os futuros ônibus seguiriam os mesmos caminhos, na cidade inteira. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 7 ANOS 20 A 30 “Quanto ao bonde do Campestre, este foi inaugurado para atrair compradores para o recémcriado bairro de chácaras ...” Voltando ao transporte coletivo geral, por volta de 1920, com o avanço do deslocamento populacional para o que viria a ser o ABC Paulista, foram abertos dois serviços de bondes (tranway) na região, um na linha São Caetano – Villa São Bernardo via Santo André e outro na linha Campestre – Santo André. Este serviço era chamado pela população como o Bondinho dos Pujol, por ser inaugurado pela Família Pujol, que foram os loteadores de parte do ABC. Note-se que a rota proveniente de São Caetano passava pelo Santa Maria, pelo no que hoje é a Alameda São Caetano e seguia para São Bernardo pelo que hoje é a Avenida Pereira Barreto, naquela época um caminho. Todo o tráfego de veículos que não fosse tranway ia pelo Caminho do Pilar. Quanto ao bonde do Campestre, este foi inaugurado para atrair compradores para o recém-criado bairro de chácaras, que se assim não fosse, teria mais dificuldade para comercializar os imóveis. Bondinho dos Pujol - Acervo Abcdpedia Aliás, como já dito, uma característica que marcou as vendas de imóveis por praticamente todo o Século XX seria a BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 8 informação de que o local tinha serviço de auto-ônibus, como eram chamados esses veículos quando apareceram. Assim sendo, com o fim do serviço de tranway no ABC, por desinteresse tanto do poder público quanto dos operadores, surgiu o serviço de autoônibus, primeiramente com as chamadas jardineiras, chassis de caminhão com carroceria de madeira em cima e posteriormente carrocerias de ônibus propriamente ditas, utilizando os famosos GMC Coach importados dos Estados Unidos e na sequência, com a Família Grassi inaugurando as carrocerias fechadas (Carrocerias Argonauta, Governador, etc...), na sequência ainda a CAIO – Companhia Americana Industrial de Ônibus, com seus famosos ônibus Fita Azul, Bossa Nova, Jaraguá, Bela Vista, e seguintes. A partir de 1925 começa a haver uma profusão de proprietários individuais com ônibus tipo jardineiras, particularmente em SÃO PAULO. A questão passa para o ABC, tendo a Família Braga inaugurado a linha ESTAÇÃO SÃO BERNARDO (atual Estação de Santo André) – VILLA SÃO BERNARDO (atual São Bernardo do Campo), então Sede do Município, com uma jardineira tipo Ford 29. Jardineira que fazia a linha Estação de São Bernardo (Atual Santo André) à Villa de São Bernardo - Autor desconhecido Nos Anos 30 uma empresa de ônibus passa para a história como uma das mais longevas: a EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André, que hoje conhecemos através da pintura padronizada da EMTU e que vai para bairros de Mauá, mas que era de Santo André. Sua linha SANTO ANDRÉ – SÃO PAULO e sua garagem ficava na Rua Gertrudes de Lima esquina com a Rua Siqueira Campos, onde hoje existe, oposto ao Sindicato dos Metalúrgicos, um comércio que está no que parece ter sido mesmo uma garagem. Dali saiam os ônibus. Depois os ônibus foram estendidos para o Ipiranguinha e dali para a Vila Pires e Vila Luzita. Somente na década de 1950 a EAOSA passou a fazer a linha para MAUÁ, em substituição à linha Vila Pires e Vila Luzita, que passou para a Viação SÃO JOSÉ, também de saudosa memória. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 9 ANOS 40 A 60 “Na época da Segunda Grande Guerra um fato marcou os transportes da época, por causa da escassez de combustíveis: foi a utilização do gasogênio...” Entre 1930 e 1960 havia muitos horários na ligação Santo André – São Paulo, agora pelas Avenidas Presidente Wilson e Almirante Delamare, chegando a São Paulo primeiramente pelo Cambuci e depois pela Avenida do Estado, então com uma pista, chegando à Praça Clóvis Bevilacqua, depois ao Parque Dom Pedro II e ao antigo Parque Xangai, local de partida das linhas que vinham para o ABC por um bom tempo. Na época da Segunda Grande Guerra um fato marcou os transportes da época, por causa da escassez de combustíveis: foi a utilização do gasogênio, impelindo uma mudança comportamental de todos. Porém, o final da guerra ensejou uma época de prosperidade importante para diversos países, entre os quais o Brasil, que chamou à industrialização, por inúmeros motivos, imigrantes e migrantes de várias partes. O ABC Paulista e particularmente Santo André não ficou de fora. Entretanto, havia um componente interessante: as ruas eram de terra e isso atrapalhava por demais o serviço de ônibus. Assim, após debates com os empresários da época, o Prefeito Zampol decidiu asfaltar as ruas onde passassem os ônibus. Mais uma vez está a razão de algumas linhas de ônibus fazerem itinerários que serpenteiam por alguns bairros, sem ir direto aos pontos finais. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 10 Voltando às empresas, outra famosa à época foi a Empresa CAPUAVA que, como o nome remete, fazia a linha CAPUAVA – SÃO PAULO, em carros azuis e brancos que se propunham a ligar com rapidez esse bairro à capital. Tanto assim era que no letreiro estava escrito “EXPRESSO CAPUAVA”. Outra companhia inesquecível, entre outras, foi a AVVA – Auto Viação VILA ALPINA, que ligava as Vilas Alpina, Guiomar e Alice às Vilas Alzira e Cecília Maria, depois Vila Helena e Jardim do Estádio, pela Avenida Andrade Neves e Rua das Hortências e Vila Linda pela Rua Carijós, aliás uma antiga estrada que também ligava o Caminho do Pilar, a partir do Ipiranguinha, à Villa São Bernardo, indo pelo Sítio dos Vianas e Estrada dos Vianas, hoje Rua dos Vianas, em São Bernardo do Campo. Existem várias outras companhias, sendo que uma delas fazia a rota UTINGA – CAPUAVA e depois de loteada a Cidade São Jorge passou a fazer a linha CIDADE SÃO JORGE – CAMPESTRE, depois com um ramal CIDADE SÃO JORGE – SANTA MARIA. Foi a famosa Viação CAMPESTRE. Suas rotas foram absorvidas pela Empresa Auto Ônibus Circular HUMAITÁ. Assim, entre 1950 e 1980, inúmeras empresas de ônibus fizeram linhas em Santo André, cada qual com seus próprios desenhos e pinturas, em benefício direto da população, que percebia a chegada do “seu” ônibus à distância. Naquela época era muito simples e fácil identificar os ônibus. Não era como hoje, que por serem todos iguais em desenho e pintura, o design dos ônibus determinado pelo Poder Público só confunde a população que deles depende. San Remo da Viação Campestre na linha Cidade São Jorge - Santa Maria - Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 11 Desse período são as seguintes as empresas e suas sucessoras nas linhas: Transporte Coletivo NIMA, sucedida pela Viação ALPINA, Viação MIRANDA e EAOSA; Auto Viação ABC; Transportes Coletivos PARQUE DAS NAÇÕES; Auto Viação ANDREENSE, sucedida pela Viação ESTORIL, Viação ESPLANADA, Viação SÃO CAMILO, Expresso SANTA RITA e Expresso BRASILEIRO; Transportes Coletivos SÃO FRANCISCO, sucedida pelo Expresso SANTA RITA; Auto Viação METRÓPOLE, que pertencia à Empresa PAULISTA, sediada em São Paulo; Viação BARTIRA; Auto Viação SÃO LUIZ AVVA - Auto Viação VILA ALPINA, sucedida pela Viação ALPINA; Viação CAMPESTRE, sucedida pela Empresa Auto Ônibus Circular HUMAITÁ; Empresa Auto Ônibus Circular HUMAITÁ; Viação CURUÇÁ; Empresa CAPUAVA, sucedida pela Viação SANTA TEREZINHA; Viação DIADEMA; Empresa PROGRESSO, sucedida pela Viação SÃO CAMILO; Viação ESPLANADA, sucedida pela Viação SÃO CAMILO, Expresso SANTA RITA e Expresso BRASILEIRO; Empresa VILA ASSUNÇÃO, sucedida pela Viação PADROEIRA DO BRASIL; Viação ALPINA; Viação BORDA DO CAMPO, sucedida pelo Expresso SANTA RITA; Viação ESTORIL, sucedida pela Viação ESPLANADA, Viação SÃO CAMILO, Expresso SANTA RITA e Expresso BRASILEIRO; Expresso BRASILEIRO; Expresso SANTA RITA; GARCIA Transporte Coletivo, sucedida pela Viação CURUÇÁ; Irmãos KOMOTO, sucedida pela EAOSA; Linha de Ônibus VALPARAISO; Linha de Ônibus VILA CURUÇÁ, sucedida pela Viação CURUÇÁ; Linha de Ônibus PRÍNCIPE DE GALES, sucedida pela PRÍNCIPE DE GALES Transporte Coletivo e Viação SÃO CAMILO; Viação JOÃO RAMALHO; Viação MIRANDA, sucedida pela EAOSA; Viação PADROEIRA DO BRASIL; Viação RIBEIRÃO PIRES; Viação SANTA ROSA, sucedida pelo Exp.BRASILEIRO e Viação COMETA; Viação SANTA TEREZINHA; SANTA MARIA Viação, sucedida pela SAMAVISA LITORAL Transportes, ASTER Transportes, Expresso BRASILEIRO e Viação COMETA; Viação SÃO CAMILO; Transportadora UTINGA; Viação SÃO VICTOR, sucedida pela Auto Viação SÃO LUIZ. Viação SÃO JOSÉ; e BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 12 ANOS 70 Nos Anos 70 foram numeradas as linhas de ônibus da cidade, sendo que as três primeiras lembro-me bem: “... em 1970, por exemplo, se alguém desejasse ir de ônibus da Vila Assunção ao Parque das Nações não restaria outra alternativa senão tomar dois ônibus municipais...” O-321 da Rodrigues em Camilópolis - Foto Mario Custodio 0-362 da Auto Viação ABC na linha Santo André – São Bernardo do Campo - Foto de Mario Custodio 1 – VILA ALICE – JARDIM DO ESTÁDIO, operada pela VILA ALPINA; 2 – VILA ALPINA – VILA LINDA, também operada pela VILA ALPINA; e 3 – CIDADE SÃO JORDE – CAMPESTRE, operada pela CAMPESTRE. A partir dos Anos 80, o Poder Público Federal, Estadual e Municipal passam a reorganizar os sistemas de transporte coletivo público, seja padronizando os veículos seja padronizando as operações, cada qual no seu âmbito constitucional. Tal reorganização era mesmo necessária. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 13 Gabriela da Viação Padroeira do Brasil na linha Jardim Bom Pastor - Jardim Oriental Foto de Mario Custódio Senão vejamos: em 1970, por exemplo, se alguém desejasse ir de ônibus da Vila Assunção ao Parque das Nações não restaria outra alternativa senão tomar dois ônibus municipais (duas passagens) ou descer até o Ipiranguinha ou ao Centro da Cidade a pé e tomar um ônibus intermunicipal que, dependendo do trecho, pagaria passagem menos ou mais barata. Lembro-me dessa dificuldade e, entre 1978 e 1979, desenvolvi por conta própria um plano de linhas de ônibus municipais que integrava os dois subdistritos. Ex.: criei a linha GUARACIABA – VILA SÁ, nos extremos da Cidade. Por incrível que pareça, preocupado com o isolamento de PARANAPIACABA, desenvolvi o itinerário de uma linha que, partindo de UTINGA, seguia para a Estação e dali, pela Avenida Dom Pedro I atingia a Vila Luzita, Cata Preta e Clube de Campo ABC, onde idealizei uma ponte atravessando a Represa, tomando uma estrada de terra que seguia até Paranapiacaba sem passar pelas cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Puro sonho! Enviei por carta à Prefeitura meu projetinho e nunca obtive qualquer resposta. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 14 ANOS 80 EM DIANTE “... em 1989, as empresas de ônibus tiveram que adotar modelo padronizado de pintura, com um estilismo em faixas que indicavam a qual empresa os ônibus pertenciam.” Entretanto, nos Anos 80, tomei conhecimento de estudos no sentido de alterar os sistemas de linhas de ônibus municipais, bem como de um sistema segregado que ligaria não só os subdistritos como também São Mateus, em São Paulo, a outros Municípios do Grande ABC. Fiquei muito satisfeito com a proposta, pois seria o momento de integração entre o primeiro e o segundo subdistritos, além da segregação de linhas que certamente redundariam em maior rapidez de tráfego para os ônibus. Quando a proposta foi concretizada e as novas linhas lançadas em operação, foram também renumeradas, com as famosas letras: “B” – Linhas interbairros no Subdistrito Santo André; “I” – Linhas integradoras entre o primeiro e o segundo subdistritos; “S” – Linhas que partem do Terminal Prefeito Saladino; “T” – Linhas que partem do Terminal Santo André; e “U” – Linhas interbairros no Subdistrito Utinga. Thamco da E A O Circular Humaita – Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 15 Enfim, essa configuração rearranjou para melhor o sistema em Santo André, junto com o chamado “SISTEMA TRÓLEBUS”, que na minha visão tem como falha o fato de não ter ônibus nem trólebus direto no trecho SANTO ANDRÉ – JABAQUARA. Como é sabido, aqueles que desejam fazer esse trecho com integração devem descer ou em PIRAPORINHA ou em DIADEMA para baldear e, nas horas de pico, é um suplício. Tanto assim é que vários conhecidos meus optaram por utilizar o carro próprio ou o chamado “ônibus fretado” para ir até as regiões lindeiras ao metrô por absoluta falta de condições do Sistema Metra. Eu incluído, até porque o problema do pico vale também para os trens da CPTM. Aliás, por falar em CPTM, devemos nos lembrar que seus trens não chegam mais a PARANAPIACABA, a não ser o PARANAPIACABA e a RIO GRANDE DA SERRA – PARANAPIACABA. Enfim, hoje a METRA opera várias linhas de coletivos em SANTO ANDRÉ, provenientes de SÃO MATEUS – SP, um ramo indo até DIADEMA e outro ramo indo até FERRAZÓPOLIS – São Bernardo do Campo. Urbanuss Pluss do Sistema de Transportes Metra - Foto de Mario Custódio trem turístico dominical. Os trens chegam somente até RIO GRANDE DA SERRA. E para São Paulo chegam somente até o BRÁS. Uma solução operacional que atrapalhou a vida daqueles que necessitam do trem para trabalhar. E certamente alguns poucos passaram a usar carro próprio também nestes trechos. Quem deseja ir a Paranapiacaba tem duas opções de linhas de ônibus intermunicipais, a PREFEITO SALADINO – Continuando o passeio pela história, quando da implantação do novo modelo de transporte coletivo por ônibus em Santo André, em 1989, as empresas de ônibus tiveram que adotar modelo padronizado de pintura, com um estilismo em faixas que indicavam a qual empresa os ônibus pertenciam. Foi a época também da instalação da Empresa Pública de Transportes Santo André, a EPT SANTO ANDRÉ, ao mesmo tempo gerenciadora e operadora local. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 16 Da mesma forma, anos depois, a EPT viria se tornar gerenciadora e as demais empresas do sistema operadoras. A EPT ficaria conhecida pelo design,com todos os ônibus da cidade na cor azul e com a palavra EPT em vermelho. Além disso, um corredor importante começava a firmar-se, que era o corredor da VILA LUZITA, onde hoje há um Terminal Urbano de Ônibus, com integração por várias linhas troncais e alimentadoras, sendo que as linhas para lá utilizam a sigla “AL”.Nessa época começam a correr também os ônibus do Expresso GUARARÁ, que partiam do Centro rumo à Vila Luzita, alguns indo pela Avenida Dom Pedro I e outros indo pela Avenida Capitão Mario Toledo de Camargo. Alpha da Empresa Pública de Transportes Santo André - Foto de Mario Custódio Apache Vip do Expresso Guarará na linha Vila Luzita - Santo André - Foto Mario Custódio Posteriormente, já nos Anos 2010 em diante, o Consórcio UNIÃO SANTO ANDRÉ passa a operar as linhas e mais recentemente a SATRANS que, além de controlar o sistema, fez com que seu nome passasse a constar dos ônibus da Cidade. Não devemos nos esquecer das empresas de ônibus que correm na Cidade hoje com o design determinado pela EMTU, antes METROPOLITANO. São inúmeros ônibus intermunicipais que ligam Santo André aos Municípios vizinhos. Articulado da Satrans na linha Vila Luzita Paço Santo André - Foto Mario Custodio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 17 VIAÇÕES RODOVIÁRIAS ... PARA CIDADES PRÓXIMAS Importante falar das empresas Viação SANTA ROSA, SANTA MARIA Viação (depois SAMAVISA LITORAL Transportes), Viação RIBEIRÃO PIRES, Empresa Auto Ônibus SANTO ANDRÉ, Expresso BRASILEIRO, Expresso SANTA RITA, ASTER Transportes, Viação COMETA e EMTU – Empresa METROPOLITANA de Transportes Urbanos, bem como dos Terminais Rodoviários CENTRAL e PREFEITO SALADINO. Embora não sejam empresas de transporte coletivo de característica urbana, trafegaram e trafegam levando e trazendo passageiros de várias cidades próximas para Santo André. SANTA ROSA - Vinha da Penha, passava pela Mooca, São Caetano, Santo André, São Bernardo do Campo e ia para Santos e São Vicente. Posteriormente, por uma decisão governamental, deixou de operar para a Penha e Mooca, partindo seus ônibus de São Caetano do Sul. Foi sucedida pelo Expresso BRASILEIRO e hoje quem opera a linha é a Viação COMETA. O-364 da Viação Santa Rosa na linha São Caetano - São Vicente – Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 18 SANTA MARIA(depois denominada SAMAVISA LITORAL)– Vinha de Mogi das Cruzes, passava por Suzano, Ribeirão Pires, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e ia para Santos e São Vicente. Além disso, operou a linha Ribeirão Pires – Guarujá via Santo André. Posteriormente passou para SAMAVISA LITORAL Transportes. Chegou a operar também a linha São Vicente – Aparecida via Santo André. RIBEIRÃO PIRES (VIRIPISA) – Além das conhecidas linhas intermunicipais urbanas, operou as linhas rodoviárias RIBEIRÃO PIRES – ITANHAÉM e RIBEIRÃO PIRES – SÃO PAULO. Em Santo André, uma de suas famosas paradas era no Ipiranguinha, na Praça Adhemar de Barros, no final da Rua Gertrudes de Lima. Havia uma agência que vendia passagens. Os ônibus faziam ponto final na antiga Estação Rodoviária JÚLIO PRESTES, na Região da Estação da LUZ, em São Paulo. Quando da inauguração do Terminal TIETÊ, em 1982, os ônibus passaram a sair da Avenida Cruzeiro do Sul, ao lado do novo Terminal. BRASILEIRO – Sucedeu a SANTA ROSA na linha São Caetano – São Vicente e a RIBEIRÃO PIRES na linha Ribeirão Pires – São Paulo (a linha Ribeirão Pires – Itanhaém já havia sido extinta). Operou também as linhas rodoviárias MAUÁ – SÃO PAULO e JARDIM DO ESTÁDIO – SÃO PAULO. E por um tempo as linhas da SAMAVISA LITORAL e da ASTER. SANTO ANDRÉ (EAOSA) – Sucedeu o BRASILEIRO nas linhas rodoviárias procedentes de Mauá com destino a São Paulo, que foram extintas posteriormente. SANTA RITA – Além das linhas municipais e intermunicipais urbanas, operou as linhas rodoviárias JARDIM DO ESTÁDIO – SÃO PAULO e VILA LINDA – SÃO PAULO, além da linha SANTO ANDRÉ – GUARULHOS, de curta duração. ASTER – Por pouco tempo operou as linhas da SAMAVISA LITORAL. COMETA – Além de linhas rodoviárias em geral nos Estados de PARANÁ, MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO, opera linhas como sucessora do BRASILEIRO (que hoje opera somente na linha SÃO PAULO – RIO DE JANEIRO) e da SAMAVISA LITORAL. Suas linhas de curto percurso que passam em SANTO ANDRÉ são: MOGI DAS CRUZES – PRAIA GRANDE, RIBEIRÃO PIRES – GUARUJÁ, SÃO BERNARDO DO CAMPO – MOGI DAS CRUZES e SÃO CAETANO – PRAIA GRANDE. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 19 EMTU – Além da operação das linhas intermunicipais de característica urbana, há a linha rodoviária SANTO ANDRÉ – SÃO PAULO, tendo como ponto inicial o Terminal Santo André e final o Aeroporto Congonhas. Essa linha já teve como ponto inicial a Cidade São Jorge. G7 da EMTU na linha São Paulo - Santo André - Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 20 TERMINAIS “No terminal PREFEITO SALADINO operam várias empresas rodoviárias ligando Santo André aos mais diversos pontos do Brasil." Finalmente, os Terminais de Ônibus Municipais e Rodoviários: Os TERMINAIS URBANOS SANTO ANDRÉ LESTE E OESTE são relativamente novos, datam da década de 1980. Muito antes, ainda nos Anos 50, na Rua Itambé e na Praça 18 do Forte, havia pontos de paradas de ônibus e, nos Anos 70, foi realizado serviço de baias em diagonal para que algumas linhas municipais ali fizessem seus pontos finais. Nessa época, o ponto de parada das linhas municipais compreendia a Rua Visconde de Taunay (do outro lado da Estação, de onde partiam as linhas para o 2º Subdistrito e linhas para a Zona Leste de São Paulo), bem como as Ruas Itambé e Bernardino de Campos e a Praça 18 do Forte. Terminal Santo André Leste – Foto de Mario Custódio Terminal Santo André Oeste – Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 21 O Terminal UTINGA não é um terminal por excelência, assemelhando-se mais a uma parada de ônibus do que a um terminal. Fica nos baixos do Viaduto Juvenal Fontanela. O Terminal VILA LUZITA é de 2001. É um terminal urbano e congrega várias linhas de ônibus alimentadoras provindas da região, onde se pode fazer integração com outras linhas. Antigo Terminal Rodoviário Paço de Santo André - Foto de Mario Custódio O Terminal Rodoviário PAÇO ficava ao lado do Paço Municipal, embaixo do Viaduto ACISA, um local bastante complexo para operação de linhas de ônibus rodoviárias. Antes dele, as empresas SANTA ROSA e SAMAVISA paravam seus ônibus na Rua Presidente Carlos de Campos e a VIRIPISA, como já dito, parava seus ônibus na Praça Adhemar de Barros. O Terminal Rodoviário PREFEITO SALADINOé dos Anos 2000 e trouxe novo conceito de rodoviária para a Cidade, inclusive com integração com os trens da CPTM através da Estação ferroviária de mesmo nome, um ponto final de ônibus e, do outro lado, um terminal urbano, com algumas linhas a servi-lo, inclusive intermunicipais. Nele operam várias empresas rodoviárias ligando Santo André aos mais diversos pontos do Brasil. Trem da CPTM - Autor desconhecido Terminal Rodoviário de Santo André Prefeito Saladino - Foto de Mario Custódio BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 22 DESTAQUES ... necessária evolução das carrocerias. Suas linhas retas apresentavam um diferencial em relação aos modelos curvilíneos das carrocerias de então, o que proporcionava ao ônibus presença marcante nas cidades. “Outra carroceria inesquecível foi a Grassi Governador, produzida de 1966 a 1970, encarroçada sobre chassis MagirusDeutz ...” Bela Vista da Viação São José - Serviu nas linhas da Região da Vila Luzita - Acervo São José Na minha visão, em termos de urbanos, a Carroceria Caio Bela Vista, produzida entre 1972 e 1975, encarroçada sobre chassis MercedesBenz, é, de longe, a melhor já construída e a mais simples de ser operada pelos motoristas. Pena que saiu de linha, até por causa da Nos Anos 1970, quase todas as empresas do ABC Paulista, particularmente as de Santo André, tiveram Bela Vista. Lembro-me claramente dos Belas Vistas vermelhos da ABC, dos azuis da Estoril e Esplanada, dos amarelos e azuismarinhos da São Camilo, dos vermelhos e pretos da Metrópole, dos azuis claros da VILA ALPINA, dos amarelos da Humaitá, entre outros. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 23 Governador da Viação São Camilo sobre Magirus Deutz em exposição - Serviu na linha Vila Alzira - Parque D. Pedro II - Autor desconhecido Outra carroceria inesquecível foi a Grassi Governador, produzida de 1966 a 1970, encarroçada sobre chassis MagirusDeutz, operada pela São Camilo na linha Vila Alzira - Parque Dom Pedro II (os ônibus saiam da Travessa Mem de Sá). Quem os tomou não se esquece jamais do enorme balanço dianteiro. Parecia uma gangorra de parque de jardim. Turbo Jumbo da Viação Cometa em exposição - Serviu na linha São Paulo - Rio Autor desconhecido Quanto às rodoviárias, a Carroceria Ciferal Líder, produzida entre 1969 e 1982, encarroçada sobre chassis Scaniae que na Cometa tomou o nome de Turbo-Jumbo é, na minha opinião, a melhor construída para viagens rodoviárias, desde que o motor seja turbinado. O desempenho na estrada desses veículos era algo inimaginável e o conforto e a segurança apresentadas para motoristas e passageiros inigualável. Quanto às pinturas, referindo-me então ao design das empresas, são várias as que chamam a atenção, não só pela beleza urbana que imprimem, mas também pela marca que deixam na mente dos públicos-alvo e, principalmente, pela oportunidade que tem os passageiros de perceber "seu" ônibus chegando ao longe. Há várias empresas que ainda conseguem manter padrão visual próprio, por sinal muito bonito aos olhos de quem vê e importante aos olhos de quem toma o ônibus. Entre as do ABC de antigamente, já que hoje isso não é mais possível, em função da imposição de pintura pelo Poder Público, posso citar a pintura da Alpina. Houve também duas pinturas maravilhosas: a dos O-362 da EAOSA e da São Camilo que marcaram época. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 24 O-362 da Viação Esplanada na linha Parque D. Pedro II São Paulo - Jardim do Estádio Santo André - Acervo Sua Boa Estrela O-362 da EAOSA na linha Maua - SP – Desenho de William Bordin O-321 da Viação Cometa na linha São Paulo Itapetininga - Autor desconhecido O-362 da V S Camilo na linha SP - Parque D. Pedro II - Vila Assunção - Santo André - Autor desconhecido Em relação aos rodoviários, sempre me encantou uma das primeiras pinturas da Cometa.Em Santo André ficou famosa também a pintura da Esplanada, que fazia a linha Jardim do Estádio - Parque Dom Pedro II, com seus famosos O-362 na cor banca, preta e verde, sendo o preto em listas verticais, o que lhe rendeu o apelido de "zebrinha"; Além desta, a Esplanada fez por pouco tempo a linha SÃO BERNARDO DO CAMPO - RIO DE JANEIRO via Santo André, que também marcou época, pois tinha estampada a face de uma moça, tal qual também teve a Viação Senhor do Bonfim, não a que correu em São Paulo na década de 70, mas a que rodou em RECIFE nas décadas de 70 e 80. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 25 Marcopolo III da Viação Esplanada na linha SBC - RIO - Acervo Marcopolo Infelizmente, hoje, em termos de identidade visual, isso não é possível em diversos sistemas municipais, pois as prefeituras determinam qual identidade visual o empresário deve colocar no ônibus de sua companhia, ferindo inclusive princípios básicos de marketing de comunicação visual, segundo o qual a imagem é o veículo importante para manter a empresa viva nas mentes dos públicos de relacionamento. Além disso, nos sistemas da Região Metropolitana de Curitiba e das Regiões Metropolitanas de São Paulo, Santos, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba os governos estaduais também determinaram a padronização das frotas segundo critérios próprios, sem pensar em momento algum no passageiro e no saudável urbanismo das cidades. Particularmente em São Paulo, os ônibus vinculados à Gestão da EMTU tem que ser pintados segundo padrão por ela determinado.Assim sendo, os passageiros, maiores prejudicados pela gerenciadora estatal, acabam sendo obrigados a fazer verdadeiros malabarismos para enxergar a empresa de ônibus que irá servi-lo, pois todos são literalmente iguais. É um verdadeiro descaso, pois limita a visão do passageiro e obriga o empresário a apor uma identidade visual que não é a sua, por sinal igualando a qualidade das empresas todas ao mesmo nível, para baixo. Foz Super da EMTU na linha Tamanduateí São Paulo - Vila Palmares Santo André - Foto de Mario Custódio Melhor seria que cada companhia de ônibus voltasse a ter a sua própria identidade visual, beneficiando imediatamente os passageiros e marcando o colorido urbano de forma diferente. Até empregos seriam gerados com tal atitude. É como me posiciono quanto a esta questão. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 26 SUGESTÕES Os sistemas de transporte de Santo André, a meu ver, prestam um bom serviço à população. Pode-se melhorar sempre, é claro. Porém, analisando-o em relação ao passado, inclusive ao passado distante, não há dúvidas de que as melhorias implementadas foram feitas para melhor servir a população. 5. Senão vejamos alguns itens importantes que não existiam no passado: 6. 1. 2. 3. 4. Trens da CPTM mais modernos; Sistema segregado da METRA em boa parte do viário, operando com diversos tipos de veículos, particularmente trólebus, não poluentes e silenciosos; Integração do primeiro e do segundo subdistritos por ônibus municipais, portanto com tarifa mais baixa, algo que não havia antes de 1990; Utilização de bilhetagem eletrônica e integrada, permitindo a utilização de um bilhete ou cartão em vários coletivos; Inúmeras linhas de ônibus partindo do Terminal Rodoviário Prefeito Saladino, possibilitando ao morador de Santo André e arredores seguir para vários destinos sem ter que se deslocar aos Terminais Rodoviários BARRA FUNDA, JABAQUARA e TIETÊ via taxi ou trem, até porque não há serviço direto de Santo André para os citados terminais; e Implantação de eficiente serviço de fretados entre Santo André e São Paulo, que levam estudantes e trabalhadores para locais em que não há serviço direto, o que os obrigaria a se deslocar com vários coletivos e modais. Apenas por essas análises se pode verificar que o sistema de transporte em geral melhorou, podendo melhorar mais. Porém, há várias críticas aos sistemas que necessitariam, como já proposto nas respostas às outras perguntas, de análise e implantação pelo Poder Público (que gere o sistema) e as Operadoras (que operam o sistema): BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 27 Área Municipal 1. 2. 3. 4. 5. Área Intermunicipal Efetuar revisão das linhas, itinerários e horários das empresas que operam as linhas municipais, sob gestão da SATRANS, a fim de atualizar as demandas de origem-destino; Implantar serviço de linhas cobrindo a parte do Município que atende Paranapiacaba; Implantar terminais de ônibus urbanos mais adequados em Utinga, Parque Capuava e Paranapiacaba; Implementar plano de contingência para casos fortuitos ou de força maior, como por exemplo acidentes ou congestionamentos paralisantes do sistema (p.ex.: por um problema grave na área da Estação, determinar aos motoristas que tomem tráfego direto pela Avenida Perimetral, a fim de liberar ao menos os passageiros que já estão dentro dos ônibus, permitindo-os chegar aos destinos mais rapidamente e aos fiscais o controle melhor da frota); Melhorar o estacionamento para veículos existente junto ao Terminal Rodoviário Prefeito Saladino. 1. 2. 3. 4. 5. Melhorar a eficiência operacional da CPTM, notoriamente com problemas, particularmente nos horários de pico; Estender a linha da CPTM até PARANAPIACABA, permitindo a integração da vila, também por esse modal, a Santo André, visto que hoje só se faz ligação direta através da linha PARANAPIACABA - PREFEITO SALADINO, da Viação Ribeirão Pires, com pintura EMTU; Implantar a linha SANTO ANDRÉ - JABAQUARA, pela METRA, já que essa ligação não existe hoje, obrigando os passageiros de Santo André a fazer baldeações nos Terminais Paço SBC, Piraporinha ou Diadema, ou no meio do percurso, com inúmeras complicações nos horários de pico; Implantar as linhas de ônibus rodoviárias SANTO ANDRÉ - BARRA FUNDA via Jabaquara e Tietê e SANTO ANDRÉ - AEROPORTO INTERNACIONAL; Solucionar a questão da área 5 de ônibus metropolitanos (ABC), a fim de reavaliar os serviços e renovar a frota. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 28 NOTAS SOBRE O AUTOR Mario Custódio, por ele mesmo .... Vivi minha infância na Vila Alzira e no Ipiranguinha, em Santo André. No Ipiranguinha, via as antigas instalações da Tecelagem Ipiranguinha, bem como o barulho dos teares, pois morava na Rua Enrico Fermi. Hoje no local se encontram a Avenida Perimetral, a Estátua do Imigrante Italiano, a Igreja Universal do Reino de Deus, o McDonald's e as antigas instalações do Supermercado Extra (ex-Baleia). Enfim, do Ipiranguinha fomos de novo para a Vila Alzira, depois Vila Assunção e finalmente Centro de Santo André. E quando me casei fomos para o interior de Pernambuco, depois interior da Bahia, Brasília e interior de São Paulo, ocasião em que voltamos para Santo André, onde resido até hoje. Participo das atividades da Igreja Católica desde criança até os dias de hoje. Considero-me ecumênico. Respeito as demais religiões, inclusive com olhar de historiador e pesquisador. Estudei no antigo Grupo Escolar Padre Capra - SESI 134 (Rua Padre Capra - Vila Assunção), no antigo Ginásio e Colégio Duque de Caxias (Rua Coronel Francisco Amaro - Centro de Santo André), ambos de saudosa memória; na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, onde me tornei Bacharel em Direito e na Fundação Dom Cabral, no Curso de Pósgraduação em Gestão de Negócios, além de inúmeros treinamentos complementares. Trabalhei na empresa Esquadrias Sidney, que ficava na Estrada João Ducin, no Ginásio e Colégio Duque de Caxias, na Caixa de Pensões dos Servidores Públicos Municipais de Santo André (hoje Instituto de Previdência de Santo André) e no Banco do Brasil, onde me aposentei como Gerente Geral. Hoje sou Educador Corporativo, participo da Banca Examinadora do Prêmio ANTP de Qualidade e do Conselho de Usuários do Plano de Saúde CASSI. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio 29 Como começou o gosto por ônibus Mario Custódio iniciou o gosto por ônibus aos 5 anos de idade, quando ficava sentado no murinho da frente de sua casa, observando os ônibus que passavam. Observava que os ônibus tinham formas e cores diferentes. Naquela época, diferentemente de hoje, os ônibus de cada empresa tinham cores diferentes. Também observava os letreiros e descobriu que cada um tinha um destino. Pediu então para sua avó levá-lo até o ponto final das principais linhas de ônibus da época como Vila Linda, Jardim do Estádio e Cata Preta. Em 1967, aos 12 anos, descobriu que havia um guia com todos itinerários de ônibus do ABC, que se chamava Indicador Ideal Atualizado. Então, conseguiu um exemplar e traçou num mapa todas as linhas do ABC. Em 1969, começou a visitar a capital com sua avó para observar os ônibus no Vale do Anhangabaú e no Parque Dom Pedro II. E fez o mesmo para São Paulo, comprou um guia da cidade e traçou todas as linhas de ônibus da capital no guia. A partir daí começou a escrever cartas com sugestões para a melhoria de itinerários para as prefeituras de São Paulo, Santo André e São Caetano do Sul. Infelizmente, não teve a ideia de guardar cópias de tais cartas. Outra atividade interessante que fez desde criança foi recortar fotos de ônibus em jornais e revistas, criando um pequeno acervo fotográfico em papel. Em 1975, com uma máquina emprestada, começou a tirar fotos de ônibus. Como os recursos eram escassos, tinha que selecionar o que ia fotografar, e torcer para que as fotos ficassem boas. A partir de 1980, com uma máquina melhor e com o barateamento dos filmes e revelações, começou a tirar mais fotos e com melhor qualidade, especializando-se em nível nacional. Posteriormente, passou a fazer viagens internacionais e a fotografar ônibus no exterior. BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio