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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL NÉLLI MATTOS AZEVEDO RENATA DE OLIVEIRA ROCHA VALERIA DE SOUZA HERSZKOWICZ Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa: uma revisão bibliográfica. . SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP 2010 CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL NÉLLI MATTOS AZEVEDO RENATA DE OLIVEIRA ROCHA VALERIA DE SOUZA HERSZKOWICZ Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa: uma revisão bibliográfica. Monografia apresentada à Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia – UNISAUDE e ao CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL, como requisito à conclusão do Curso de Formação de Especialista em Acupuntura. Orientada pela Profª: Miriam de Fátima Leite Kajiya. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP 2010 AZEVEDO, Nélli de Mattos. ROCHA, Renata de Oliveira. HERSZKOWICZ, Valéria de Souza. Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa. São José dos Campos - 2010. 77p. Registro nº .............. Orientador (a): Profª: Miriam de Fátima Leite Kajiya. de Educação, Ciência e Tecnologia Monografia (Graduação). Faculdade UNISAUDE/CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL. São José dos Campos – SP. Curso de Formação de Especialista em Acupuntura. 2 – Climatério 3 - Acupuntura 1 – Menopausa – FOLHA DE APROVAÇÃO A monografia Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa: uma revisão bibliográfica. Elaborada por Renata de Oliveira Rocha, Valéria de Souza Herszkowicz, Nélli Mattos de Azevedo. Orientada por Profª: Miriam de Fátima Leite Kajiya. ( ) aprovada ( ) reprovada pelos membros da Banca Examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia – UNISAUDE/CEFIRVAL, com conceito....................... São José dos Campos, 30 de Novembro de 2010. Nome:........................................................................................... Titulação:...................................................................................... Assinatura.................................................................................... Nome:........................................................................................... Titulação:...................................................................................... Assinatura.................................................................................... Agradecemos a Deus pela oportunidade de adquirirmos novos conhecimentos e novos amigos, ao corpo docente e funcionários do Centro de Estudos Firval que carinhosamente nos atenderam durante este tempo de aprendizado, à todos que contribuíram para a conclusão deste trabalho, e especialmente à Professora Miriam, nossa orientadora. EPÍGRAFE “E nunca considere seu estudo como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade invejável de aprender, sob a influência libertadora da beleza no domínio do espírito, para seu prazer pessoal e para o proveito da comunidade à qual pertencerá seu trabalho futuro.” Albert Einstein RESUMO Os incômodos advindos da menopausa interferem na qualidade de vida da mulher. A acupuntura é uma das técnicas que visa à terapia e à cura de doenças através da aplicação de agulhas e moxas estimulando os “pontos de acupuntura”. Este trabalho realizou uma revisão de literatura sobre o tratamento da sintomatologia da menopausa com acupuntura, como um tratamento alternativo aos recomendados pela Medicina Ocidental, entre eles, a terapia de reposição hormonal (TRH), que possuem contra-indicações e efeitos adversos indesejados, tais como a potencialização do surgimento de cânceres. Os resultados dos experimentos conduzidos apontam a acupuntura como uma proposta de tratamento eficiente, que pode ser usada de forma isolada ou como coadjuvante ao tratamento convencional. Assim, a acupuntura caracteriza-se como uma alternativa para o tratamento dos sintomas apresentados pelas mulheres na menopausa, tendo em vista a comprovação de sua ação benéfica no restabelecimento da “harmonia” perdida (SILVA, 2007), com a liberação de neurotransmissores e hormônios responsáveis pelo controle das diversas funções físicas e emocionais (VECTORE, 2005) e, por ser holística, permitir aos pacientes entender seus processos de doenças e participar nos seus processos de cura (MACIOCIA, 2000). Portanto, o resultado das investigações mostra os benefícios da acupuntura no tratamento dos sintomas da menopausa. Palavras chave: Menopausa, Climatério e Acupuntura. ABSTRACT The menopause period brings severe transforms to women life quality. The chinese acupuncture is a technique that has the therapy and cure objectives through the use of needles and moxibustion to estimulate the "acupuncture points". This work presents a brief literature review on the treatment of menopause symptoms using acupuncture as an alternative to western medicine recommended treatments, as the hormone reposition therapy - HRT, which may present counterindication and undesired adverse effects, such as cancer. Conducted experimental results show the efficiency of the acupuncture therapy that may be individually applied or combined with traditional treatment, thus characterizing it as an alternative for menopause symptoms treatment of the reestablishment of “lost harmony” (SILVA, 2007), with the liberation of neurotransmitters and hormones that control several emotional and physical functions (VECTORE, 2005) and, because of its holistc nature, leading the patient to have a better understanding of their diseases and cure processes (MACIOCIA, 2000). Therefore, the result of investigations shows the benefits of acupuncture in the treatment of menopause symptoms. Key-words: Menopause. Climaterium. Acupuncture. LISTA DE ILUSTRAÇÕES E FIGURAS Figura 1 – Acuponto Vesícula Biliar (VB41)...............................................55 Figura 2 – Acuponto Intestino Grosso (IG4)...............................................55 Figura 3 – Acuponto Baço-Pancreas (BP4,6,7,8,9,10)..............................56 Figura 4 – Acuponto Rim (R23,24,25)........................................................56 Figura 5 – Acuponto Bexiga (B62).............................................................57 Figura 6 – Acuponto Du (Du4)...................................................................57 Figura 7 – Acuponto Fígado (F13,14)........................................................58 Figura 8 – Acuponto Bexiga (B14,15,17,18)..............................................58 Figura 9 – Acuponto Bexiga (B20,23,24,52)..............................................59 Figura 10 – Acuponto Coração (C5,6,7)....................................................59 Figura 11 – Acuponto Du (Du 20,23,24)....................................................60 Figura 12 – Acuponto Estômago (E28)......................................................60 Figura 13 – Acuponto Estômago (E36,37,38,39,40)..................................61 Figura 14 – Acuponto Fígado (F2,3)..........................................................61 Figura 15 – Acuponto Fígado (F8).............................................................62 Figura 16 – Acuponto Pulmão (P7)............................................................62 Figura 17 – Acuponto Rim (R10)................................................................63 Figura 18 – Acuponto Rim (R13,14)...........................................................63 Figura 19 – Acuponto Rim (R3,4,6,7,9)......................................................64 Figura 20 – Acuponto Ren (15,17).............................................................64 Figura 21 – Acuponto Ren (3,4,5,6,7,10)...................................................65 Figura 22 – Acuponto SanJiao (SJ6)..........................................................65 Figura 23 – Acuponto Vesícula Biliar (VB13,14)........................................66 Figura 24 – Acuponto Yintang....................................................................66 Figura 25 – Acuponto Pe (Pe6)..................................................................67 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................1 2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................7 2.1 MENOPAUSA.........................................................................................................7 2.1.1 Etiologia da menopausa segundo a Medicina Ocidental................................8 2.1.2 Manifestações Clínicas na Menopausa........................................................10 2.2 TRATAMENTO DA MENOPAUSA NA MEDICINA OCIDENTAL........................11 2.3 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA....................................14 2.3.1 Breve histórico da Medicina Tradicional Chinesa.........................................15 2.4 MENOPAUSA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA..................................... 17 2.4.1 Rim (Shen)...................................................................................................24 2.4.2 Fígado (Gan)................................................................................................25 2.4.3 Baço (Pi).......................................................................................................26 2.4.4 Coração (Xin)...............................................................................................26 2.4.5 Canais extraordinários..................................................................................27 2.5 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA BASEADOS NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA............................................................................................... 29 2.5.1 Deficiência de Yin do Shen (Rim)............................................................... 30 2.5.2 Deficiência de Yang do Shen (Rim)........................................................... 31 2.5.3 Deficiência de Yin e do Yang do Shen (Rim)...............................................32 2.5.4 Deficiência do Yin do Shen (Rim) e Gan (Fígado) com Ascensão do Yang do Gan ( Fígado).........................................................................................34 2.5.5 Shen (Rim) e Xin (Coração) não harmonizados..........................................35 2.5.6 Acúmulo de Fleuma (Mucosidade) e Estagnação do Qi.............................36 2.5.7 Estase do Sangue.......................................................................................38 2.5.8 Deficiência de Sangue do Xin (Coração) e de Qi do Pi (Baço)...................39 2.5.9 Deficiência de Yin do Xin (Coração)...........................................................39 3 OBJETIVO...................................................................................................................43 4 DISCUSSÃO................................................................................................................44 5 CONCLUSÃO..............................................................................................................47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................48 ANEXOS.........................................................................................................................55 1 1 INTRODUÇÃO Em virtude dos progressivos avanços científicos e tecnológicos do século XX, destacadamente no campo das ciências na área de saúde, houve também o aumento da longevidade feminina, que até então não tinha expectativas de ultrapassar os cinqüenta anos (HARDY; ALVES; OSIS, 1992). Atualmente a expectativa média de vida da mulher é de 77 anos (IBGE, 2010). Menopausa é o fenômeno fisiológico decorrente do esgotamento dos folículos ovarianos e interrupção definitiva dos ciclos menstruais. A menopausa ocorre em média aos 51,2 anos. Assim, grande percentual das mulheres passa parte de suas vidas apresentando a incômoda sintomatologia climatérica, devido às alterações hormonais da meia idade. Resta às mulheres muitos anos de vida após a menopausa, vivenciados em um mundo moderno, que exige higidez física e emocional para que elas possam acompanhar e atender às suas múltiplas e variadas tarefas, dentro do ritmo imposto a esta geração (Zahar et al., 2005). A menopausa é antecedida por um período denominado climatério, onde gradualmente a mulher passa por mudanças hormonais com diminuição dos hormônios estrogênio e progesterona. Para Lorenzi et al. (2005) “o climatério representa a transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva, ou seja, da menacne para a senilidade, com consequências sistêmicas e potencialmente patológicas”. Brunner e Suddarth (2006), relatam que a menopausa começa 2 gradualmente e, em geral, é assinalada por alterações na menstruação. O fluxo mensal pode aumentar, diminuir, ficar irregular e, por fim, cessar. O esgotamento dos folículos ovarianos é seguido da queda progressiva da secreção de estradiol, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais e o surgimento de sintomas característicos. Veras et al., (2006), esclarecem que a menopausa é dividida em duas etapas principais: a perimenopausa que se caracteriza por ciclos irregulares ou com características diferentes das anteriores e a pós-menopausa, pela ausência da menstruação por mais de 12 meses. A ausência da produção do estrogênio pode causar vários problemas para as mulheres como: mudança no brilho e textura da pele, aumento da incidência de problemas cardíacos, má distribuição de gordura na região da barriga, ansiedade, depressão, alteração de humor, falta de interesse sexual, secura vaginal, secura nos olhos e até Mal de Alzheimer (ZAHAR et al., 2005). A menopausa ocorre quando os ovários cessam a produção de estrogênio, e pode começar em períodos de idade variável. É considerada natural ou fisiológica, quando ocorre espontaneamente a partir dos 50 anos de idade, como parte do processo natural de envelhecimento da mulher. Pode também surgir de forma prematura, antes dos 40 anos de idade, quando a mulher sofre falência ovariana pelo aparecimento de disfunções orgânicas, tais como, doenças que afetam a imunidade, disfunção da glândula tireóide, diabetes, câncer, tratamentos utilizando quimioterápicos e também pela remoção cirúrgica dos ovários (TORGESON et al., 1994). 3 De acordo com Montgomery (1991), neste período, no qual o organismo começa a se adaptar a níveis variáveis de hormônios, aparecem sintomas desagradáveis, ondas de suor e calor conhecidos como “fogachos”, acompanhados de variações de humor, quadros depressivos, insônia, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, perda da libido, diminuição da atenção e da memória, cefaléias, zumbidos e outros. Os incômodos físicos e emocionais gerados por esta gama de sintomas interferem de forma acentuada nos variados aspectos de interrelacionamento da mulher, começando consigo mesma, com familiares, amigos, trabalho, estudos e até mesmo no lazer (ALDRIGHI et al., 2000). Existem várias recomendações que podem ser seguidas para minimizar esses sinais e sintomas podendo ainda melhorar a qualidade de vida da mulher, por meio de simples atitudes como: parar de fumar; realizar uma dieta rica em soja, frutas e verduras, consumo de alimentos ricos em cálcio para prevenção da osteoporose, atentar para os sinais de depressão, limitar o consumo de álcool e controlar a glicemia e a pressão arterial (FERNANDES et al., 2008). Para alívio dos sintomas pode ser instituído tratamento medicamentoso (antidepressivos, medicamentos para redução da perda de massa óssea, redução das tonturas e ondas de calor e estrogênio vaginal para diminuir o ressecamento dessa região) alem da terapia de reposição hormonal (TRH), onde o estrogênio, em determinadas combinações com progesterona e algumas vezes com testosterona, é utilizado para compensar e/ou manter os níveis deste hormônio no organismo (PALÁCIOS et al., 2002). Mesmo assim, a terapia por reposição hormonal tem sido rejeitada pelo alto índice de dúvidas em sua utilização e 4 também por ser contra indicado para fumantes, mulheres com risco de câncer de mama, depressão, enxaquecas, doença da vesícula biliar, ou que estejam acima do peso, doença tromboembólica aguda e recorrente, doença hepática grave, câncer de endométrio recente, câncer de mama, sangramento vaginal não diagnosticado e porfiria (SOBRAC, 2004; SPRITZER, 2007). Estudos realizados nos Estados Unidos investigaram os efeitos deletérios da terapia de reposição hormonal (TRH), dentre eles câncer de mama. Algumas sociedades médicas internacionais emitiram opinião no sentido de a TRH ser administrada em doses menores, pelo tempo mínimo necessário para a obtenção do efeito desejado, com objetivos determinados (SOBRAC, 2004). A mulher moderna busca soluções e alternativas para que desequilíbrios orgânicos não interfiram em suas atividades físicas e mentais. Estas mulheres, a par das inúmeras dúvidas sobre a eficácia dos tratamentos alopáticos e seus fatores de risco, têm procurado outros recursos terapêuticos, entre eles, a acupuntura, para o tratamento e alívio dos incômodos sintomas que comprometem a sua qualidade de vida, a partir do período em que se inicia a menopausa. A acupuntura, uma das técnicas da milenar Medicina Tradicional Chinesa (MTC), visa à terapia e à cura de doenças através da aplicação de agulhas e moxas, em certas regiões do corpo, denominados “pontos de acupuntura”, que agem promovendo o tratamento e o alívio de diversas afecções que acometem o organismo (GOMES, 1996). Estudos realizados na Escola de Medicina da Universidade de Stanford (SUSSMAN, 1973), mostraram que o tratamento através da acupuntura, obteve 5 bons resultados no alívio dos sintomas mais comuns, como os flashes de calor (fogachos), ansiedade, insônia e instabilidade emocional, colaborando para uma melhor condição de vida da mulher atual. Assim, a acupuntura seria uma opção para o tratamento da menopausa auxiliando no controle dos sinais e sintomas que incomodam as mulheres, visto possuir eficácia comprovada cientificamente e ser utilizada há anos pela Medicina Tradicional Chinesa (SILVA, 2007). Segundo a MTC as desarmonias ou desequilíbrios podem ser verificados através de sinais físicos ou psíquicos, já que ambos os aspectos pertencem à mesma unidade. Esses sinais servem de base diagnóstica para se conhecer a causa inicial dos desequilíbrios. Os sinais e sintomas são classificados, agrupados e direcionam a hipótese diagnóstica para conclusões a respeito do que, na MTC, é denominado causas externas/internas ou nem internas nem externas. Poder-se-ia dizer, ainda, que o desequilíbrio entre Homem-Cosmos poderia levar a um desequilíbrio físico-psíquico, em que um influencia o outro, causando sofrimento. A acupuntura visa, então, restaurar e devolver o equilíbrio energético através de intervenções nesse corpo físico, nessa unidade psíquicoenergético sócio-ambiental, através de estímulos em pontos de acupuntura, para ajudar o restabelecimento da “harmonia” perdida, que é, segundo a MTC, a causa dos sofrimentos, seja de natureza física ou psíquica (SILVA, 2007). Assim, a comprovada atuação da acupuntura sobre as funções neuroendócrinas, com a liberação de neurotransmissores e hormônios responsáveis pelo controle das diversas funções físicas e emocionais do ser 6 humano, abre um leque maior de possibilidades de sucesso e segurança para a paciente no tratamento (VECTORE, 2005). Algumas das razões que fazem com que a MTC seja uma boa escolha para as mulheres com problemas ginecológicos, inclusive a síndrome climatérica, é que não oferece perigo inerente ou efeitos colaterais incômodos. É holística, não separa a pessoa em fragmentos tratando um sintoma ou parte dele, trata o indivíduo como um todo. É uma medicina que é mais eficaz ao manipular energia em vez de matéria, e considera a mudança energética no corpo como sendo a forma de promover a cura. A MTC é um sistema preventivo de medicina, pois permite aos pacientes uma chance para entender seus processos de doenças, e, portanto, a chance de participar nos processos de cura (MACIOCIA, 2000). 7 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Menopausa A Organização Mundial da Saúde (OMS) 1981, define a menopausa como a parada permanente da menstruação em conseqüência da perda definitiva da atividade folicular ovariana, ocorrendo, na maioria dos países industrializados, em torno dos 50 anos de idade (48 - 52 anos). Admite-se que já deva ter ocorrido um período de pelo menos 12 meses de ausência do fluxo, para que seja considerada como a última menstruação (LIBERALI; VIEIRA; GOULART, 2004). A menopausa é definida na literatura médica como a cessação dos ciclos menstruais, e que ocorre dentro do período denominado climatério, onde gradualmente, a mulher passa por mudanças hormonais com diminuição do estrogênio e progesterona, e da fase reprodutiva para a não reprodutiva. A expressão síndrome do climatério é aplicada ao conjunto de sinais e sintomas que provocam mal estar físico e emocional, resultantes da insuficiência estrogênica (LUCA,1994). Na origem do termo, do grego Klimáter, com o significado de "período crítico da vida", temos que os sinais da menopausa (do grego mens = mês: pausis = pausa) são visíveis e, como tais, marcam um dos significados da menopausa, o 8 início do envelhecimento da mulher com suas alterações físicas biológicas e psíquicas (BRONSTEIN, 1994). 2.1.1 Etiologia da menopausa segundo a Medicina Ocidental O estrogênio é o principal hormônio feminino, sua produção é feita nos ovários e inicia-se na adolescência, levando ao desenvolvimento das características da mulher adulta, seios, curvas, pelos. A causa da menopausa é justamente a interrupção da produção do estrogênio. Os sinais, sintomas e efeitos físicos da menopausa são devidos, segundo vários autores, à falta de estrogênio. Este, quando em falta interfere significativamente no organismo, o que pode ser observado através da mudança da textura e do brilho da pele feminina, na má distribuição de gordura corporal, secura vaginal levando à redução do desejo sexual, entre outros (BRADSHAW, 2008). O estrogênio é relacionado ao metabolismo e equilíbrio entre as gorduras no sangue, colesterol e HDL - colesterol. Estudos mostram que as mulheres na menopausa têm uma chance muito maior de sofrerem ataques cardíacos ou doenças cardiovasculares. Este hormônio está associado a importantes funções psíquicas, incluindo o humor e o desejo sexual. Sua falta pode levar a sentimentos de baixa auto-estima, oscilações de humor e até mesmo favorecer o surgimento de quadros depressivos. O estrogênio influência também a fixação de cálcio nos ossos, assim, após a menopausa, grande parte das mulheres passará a perder o cálcio dos ossos em maior velocidade. O grau 9 elevado de perda de massa óssea é chamado de osteoporose, responsável por fraturas mais frequentes (BRADSHAW, 2008). Freitas et al. (2006) relatam que a ausência do estrogênio pode levar a atrofia do epitélio urogenital e trazer uma série de sintomas como ressecamento da lubrificação vaginal, dispareunia (desconforto durante a relação sexual), vaginites, urgência urinária, uretrites atróficas e agravamento de incontinência urinária. Isso se deve ao fato de que após a menopausa as estruturas vulvares entram em atrofia gradual. Há perda progressiva dos pelos pubianos e a pele se torna mais fina; desaparece o tecido subcutâneo, diminuindo os grandes lábios e os pequenos lábios praticamente desaparecem. A ausência do estrogênio, que estimulava a maturação do epitélio vaginal desde as camadas basais até a superfície, impede essa diferenciação. A redução do estrogênio propicia a instalação de doenças que irão se tornar crônicas e/ou degenerativas, sejam elas vasomotoras, psíquicas ou somáticas, entre elas a osteoporose, doenças cardiovasculares, demências, secura nos olhos, e atrofias do tecido genital resultando em vaginite e dor durante a relação sexual (MONTGOMMERY, 1991). Os sintomas de alterações de humor na mulher climatérica são freqüentes, assim como ansiedade, depressão e irritabilidade, causadas pelas mudanças hormonais do período, uma vez que estudos recentes sugerem o envolvimento de substâncias como adrenalina, noradrenalina, serotonina, opióides e GABA (Ácido Gama-Amino-Butirico) sobre a secreção dos hormônios hipófisários, e alterações de seus níveis em função da deficiência estrogênica. 10 Estudos recentes têm associado à falta de estrogênio ao Mal de Alzheimer e perda total da memória (MONTGOMMERY, 1991). 2.1.2 Manifestações clínicas na menopausa Segundo Zahar et al. (2005), “as modificações, caracterizadas pela deficiência hormonal são acompanhadas de alterações fisiológicas e comportamentais”, e entre as queixas mais relatadas estão as sensações físicas denominadas “fogachos”, sudorese e suores noturnos, diminuição da libido, dor lombar, edemas, afinamento e queda de cabelos, ressecamento da pele, dor durante a relação sexual, insônia, fadiga, palpitações e alterações emocionais como: depressão, tristeza, ansiedade e nervosismo. De acordo com Freitas et al. (2006) o sintoma mais frequente entre as mulheres na menopausa é o fogacho (sintoma de alteração vasomotor), referido como uma crise intensa e rápida de sensação de calor interno, calor intenso na face, parte superior do tronco e nos braços, seguido por enrubescimento da pele e depois sudorese profusa (instabilidade do centro termorregulador hipotalâmico), com duração de um a cinco minutos que se repetem diversas vezes ao longo do dia e da noite. Em algumas mulheres, acompanham palpitações, vertigens, fraqueza e ansiedade, e é mais comum à noite. Estes podem ter início ainda na pré-menopausa, persistindo por mais de cinco a quinze anos após a menopausa. 11 2.2 Tratamento da menopausa na Medicina Ocidental A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) ainda é uma opção de tratamento na menopausa, quando criteriosamente prescrita, mas também é bastante recusada por apresentar alto índice de dúvidas quanto aos riscos e benefícios advindos de sua utilização. A TRH, recomendada para o alívio dos sintomas vasomotores, tratamento de atrofia vaginal e prevenção de osteoporose, pode, causar sangramento irregular, mastalgia, náuseas, cefaléia, ganho de peso e retenção hídrica, além do medo da paciente em desenvolver câncer de mama (SPRITZER, 2007). A TRH não é indicada para mulheres que fumam, devido ao risco de aumento de coágulos sanguíneos e hemorragia cerebral, para as que tenham alto risco de câncer de mama, mulheres com depressão clínica, fibromas uterinos, diabete, sérias enxaquecas, doença da vesícula biliar, ou para as que estejam acima do peso (ZAHAR, et al., 2005). Além disso, muitas mulheres nesta fase apresentam fatores de risco como diagnóstico de câncer de mama, carcinoma de endométrio, sangramento vaginal não diagnosticado, doença hepatobiliar, lúpus eritematoso sistêmico, doença tromboembólica e cardiovascular (SPRITZER, 2007). Segundo Zahar et al. (2005), um estudo comparativo da qualidade de vida pós-menopausa, com usuárias e não usuárias de TRH, identificou que a menopausada que apresenta sintoma de insônia e fadiga, ondas de calor (fogacho) e outros sintomas associados, como sudorese noturna, provavelmente não melhorará com a TRH. Estudos realizados pelo Women’s Health Initiative 12 Study Group, nos Estados Unidos, concluíram que os efeitos da TRH demonstraram o aumento de ataques cardíacos, ocorrência de trombos vasculares, acidente vascular cerebral e câncer de mama (FISHER, 1994; JAMA, 2002). Tratamentos complementares são preconizados e entre eles estão indicações nutricionais como a ingestão de alimentos ricos em ácidos graxos, nozes, e os compostos derivados de soja, ricos em isoflavonas, que apresentam semelhança estrutural com o estrogênio (ZAHAR et al. 2005). A dieta rica em soja, principalmente o gérmen da soja, parece também ser benéfica para o sistema cardiovascular, pela atuação favorável sobre os lipídios. O óleo de linhaça, rico em lignina, um fitoesteróide que "imita" a ação do estrógeno, também pode auxiliar no alívio dos sintomas da menopausa (NAHAS et al., 2003). Estudos mostram que a linhaça, principalmente se combinada com as isoflavonas da soja, são importantes na manutenção da saúde óssea, na redução de risco de câncer hormônio-dependente, no combate aos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) e da menopausa e na prevenção do câncer de mama (FERNANDES et al. 2008). Várias recomendações são feitas às mulheres nesta fase da vida, conforme tabela a seguir: 13 Recomendações gerais para mulheres na fase da menopausa. RECOMENDAÇÕES GERAIS Tabagismo Abandonar o uso do tabaco. Atividade física Realizar pelo menos 30 minutos de atividade física de moderada intensidade 3 a 6 dias por semana. O exercício é fundamental na diminuição do peso, colesterol, doenças cardiovasculares e incidência de osteoporose, Dieta Consumir frutas, raízes (batatas, cenoura, mandioca), fibras, vegetais, cereais (arroz, feijão), peixes. Aumentar a ingestão de proteína de soja, pois ela pode ajudar a diminuir o colesterol. Evitar alimentos ricos em colesterol: gema de ovo, vísceras (miúdos), carne gordurosa, salsicha, presunto, salame, mortadela, frutos do mar, gordura de côco, leite integral, manteiga, queijos, exceto minas e ricota. Consumo moderado de sal, açúcar e alimentos defumados. Consumo de álcool Limitar. Osteoporose Aumentar a ingestão de cálcio, desde que não haja contraindicação médica, como: leite, iogurte, brócolis, couve, agrião e peixe. Depressão Ficar atento aos sintomas, pois é muito comum nesta fase. Controlar a pressão Manter os níveis abaixo de 120/80 mm-Hg. Glicemia Controle da glicemia no caso de diabéticas. arterial Fonte: (FERNANDES et al. 2008) 14 2.3 Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura Embasada em um contexto histórico, cultural e filosófico milenar, a MTC possui teorias básicas e específicas sobre a origem, prevenção, evolução e tratamento das mais diversas disfunções orgânicas. A MTC é composta por várias técnicas e métodos, muitas vezes utilizados em conjunto pelos chineses, como: acupuntura, dietoterapia, massagem, exercícios “psicofísicos” de controle energético (Tai Chi Chuan, Qi Gong, Yi Jin Jing) chás e similares, incluindo ainda componentes animais, minerais e vegetais com funções terapêuticas (SUSSMAN, 1973; LUZ, D. 1993; TESSER, 2004). Entre as técnicas utilizadas destaca-se a acupuntura (Zhen Jiu), que baseia-se na estimulação de pontos específicos do corpo, chamados acupontos, com agulha (Zhen) ou com fogo (Jiu). O termo “Zhen Jiu” foi traduzido da seguinte maneira: Zhen significa agulha (terapia) e Jiu cauterização ou moxa, que é um bastão de uma erva denominada artemísia enrolado como um charuto, usado para aquecer o ponto de acupuntura (WHITE; ERNST, 2001) ou ainda denominada “Tai chien tsing” que quer dizer “espetar uma agulha de ouro”. Os acupontos têm relação íntima com nervos, vasos sanguíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares, que estão distribuídos ao longo de doze linhas imaginárias, os Meridianos. Estes percorrem o corpo no sentido vertical, formando pares simétricos nas faces dorsais e ventrais da superfície corporal, os quais, devidamente estimulados, são capazes de promover uma série de benefícios à saúde do indivíduo (VECTORE, 2005). 15 A acupuntura estimula as fibras sensitivas do Sistema Nervoso Periférico fazendo com que ocorra uma transmissão elétrica via neurônios para produzir alterações no Sistema Nervoso Central, o qual libera substâncias (ex.: cortisol, endorfinas, dopamina, noradrenalina, serotonina) que promovem bemestar, prevenção e tratamento de doenças, restabelecendo a harmonia, seja ela psicológica, biológica e/ou comportamental (SILVA, 2007). 2.3.1 Breve histórico da Medicina Tradicional Chinesa Pelos achados arqueológicos, presume-se que a acupuntura seja utilizada no Oriente, provavelmente na China antiga, desde o período neolítico, ou tenha pelo menos quatro milênios de existência, sendo utilizados para sua aplicação diversos materiais, entre eles: pedras de ponta afiada (Bian), bambus, espinhas de peixes, ossos e até barro, com finalidades terapêuticas tais como drenar abscessos, realizar sangrias e regular o fluxo de energia. (SUSSMANN, 1973; XI, W,1993; XINNONG, 1999). Três séculos antes de Cristo, foi descoberto o livro “Huang ti Nei Ching”, ou abreviadamente “Nei-Ching” (s/d), atribuído ao então ministro do Imperador Amarelo, e também médico da corte, Chi Po, e composto em forma de diálogos, perguntas e respostas entre este e o rei Huang ti (2800 a.C). A partir da dinastia Shang (1523-1123 a.C) surgiram documentos contendo o registro de atividades e conhecimentos voltados à terapêutica e à filosofia cultural na China, e por volta do século VI a.c inicia-se a idade de ouro da 16 Filosofia Chinesa, com a origem do Confucionismo e do Taoísmo. Os princípios taoístas, voltados para a observação da natureza e a descoberta do Caminho (TAO), onde uma força universal (Chi ou Qi) composta de duas polaridades iguais e complementares - Yin e Yang - atua sobre as pessoas, permeiam os paradigmas da MTC (CAPRA, 1983). No período de 221 a 589 d.C, surge a Regra dos Pulsos ou Mo-Ching, um livro que preconiza o diagnóstico pelo pulso radial. Na dinastia Sung (960-1279 d.C), foi construído em bronze, um modelo humano com os pontos de acupuntura, utilizado pelos estudantes. Realizou-se também a vivissecção de condenados, observando-se o comportamento dos diferentes órgãos sob a ação da punção dos pontos dos meridianos de acupuntura SUSSMANN (1973). O início da troca de informações entre o oriente e o ocidente sobre a MTC, deu-se a partir do século XVI por meio dos relatos de médicos e de jesuítas que participavam das viagens de navio da então empresa de navegação “Companhia das Índias”. Com o desenvolvimento e maior domínio do conhecimento das ciências exatas, estes conhecimentos foram considerados empíricos e houve um período subseqüente de franco desinteresse pela MTC. Uma nova fase de ascensão da medicina chinesa ocorreu por volta de 1930, após diversos estudos dos mecanismos de ação da acupuntura em seus aspectos científicos, com base na neurofisiologia do organismo, e principalmente a ação anestésica conseguida com a estimulação dos acupontos. No mesmo período, o diplomata francês, George Soulié de Morant, após estudar as técnicas utilizadas 17 na MTC durante quase trinta anos, começou a difundí-las na Europa (HOLMDAHL, 1993). Após a publicação no jornal norte-americano, The New York Times, em 1971, de artigo relatando o sucesso obtido por um integrante da comitiva do presidente dos Estados Unidos, Nixon, durante visita à China, submetido a um tratamento de emergência com as técnicas da MTC (WHITE; ERNST, 2004), observou-se o aumento da procura por terapias e tratamentos mais naturais, entre eles a acupuntura (JAQUES, 2006). 2.4 Menopausa e Medicina Tradicional Chinesa Nas sociedades orientais, onde a menopausa é fator de valorização feminino, visto o envelhecimento estar associado à sabedoria e experiência, os sintomas climatéricos tendem a ser menos intensos ou mesmo ausentes e o tratamento é focado no desequilíbrio energético do organismo, tratando a paciente como um todo, em sua interação entre os sistemas internos e os aspectos emocionais (VECTORE, 2005). O Su Wen diz que a Síndrome Climatérica ocorre quando o Qi do Shen (Rins) está gradualmente enfraquecido e que o Chong Mai e o Ren Mai estão vazios e o Tian Gui esgotado, então as menstruações param progressivamente. Com isso pode sobrepor-se uma fraqueza corporal ou um distúrbio psíquico que são o reflexo da perda de equilíbrio do Yin e do Yang (AUTEROCHE, 1987). 18 A MTC concentra-se na observação dos fenômenos da Natureza e no estudo e compreensão dos princípios que regem a harmonia nela existente. Na concepção chinesa, o Universo e o Ser Humano estão submetidos às mesmas influências, sendo partes integrantes do Universo como um todo (YAMAMURA, 2003). A concepção filosófica chinesa a respeito do Universo está apoiada em três pilares: a teoria do Yin e Yang, dos Cinco Movimentos, e dos Zang Fu (YAMAMURA, 2003). Os Órgãos/Zang são “cinco Órgãos Yin” cuja principal função é de preservar substâncias vitais (Qi, Sangue, Essência e Fluidos corpóreos), incluem Xin (Coração), Gan (Fígado), Pi (Baço), Fei (Pulmão) e Shen (Rins). As Vísceras/Fu são “seis vísceras Yang” cuja principal função é a de transformar os alimentos e transportar a essência pura para os “órgãos Yin”, e incluem Xiao chang (Intestino Delgado), Dan (Vesícula Biliar), Wei (Estômago), Da chang (Intestino Grosso), Pan guang (Bexiga) e o San Jiao (Triplo Aquecedor), este, com características à parte dos outros órgãos (MACIOCIA, 2000). Entre os cinco Órgãos Yin é o Xin (Coração) que dá impulso ao Sangue, o Gan (Fígado) que o conserva, o Pi (Baço) que o controla, o Fei (Pulmão) rege o Qi, o Shen (Rins) conserva o Jing (Essência), e juntos são a força criadora do Qi e do Sangue (MACIOCIA, 2000). A denominação Órgãos Extraordinários se referem ao cérebro, medula, ossos, vasos sangüíneos, vesícula e útero. Jing Luo são Meridianos ou Canais Energéticos que fazem a comunicação entre as partes que compõe o todo 19 orgânico. Existem 12 Canais Principais (6 Yang e 6 Yin). Os Canais Yang são: Intestino Grosso, Intestino Delgado, Triplo Aquecedor; Bexiga, Estômago e Vesícula Biliar. Os canais Yin são: Pulmão, Pericárdio, Coração; Baço/Pâncreas Rim e Fígado (MACIOCIA, 2000). Além destes 12 Canais Principais há também 12 Canais Colaterais (que ligam os Principais entre si), 12 Canais Internos dos Canais Principais (que se interligam mais profundamente com os órgãos), 12 Canais Tendíneo-musculares (que circulam na região subcutânea). Há ainda os Vasos Maravilhosos, “lagos energéticos” que também se comunicam com outros Canais: Vaso Governador (Du Mai) e Vaso Concepção (Ren Mai), Yin e Yang (Wei Mai), Yin e Yang (Qiao Mai, Dai Mai e Chong Mai, este considerado o “mar de sangue” e, juntamente com Ren Mai é primordial para a menstruação (MACIOCIA, 2000). A MTC possui cinco substâncias vitais: Qi (Energia), Xue (Sangue), Jin Ye (Fluidos orgânicos), Jing (Essência) e Shen (“espírito/alma”). O Qi é formado a partir do Tian Qi (energia celestial advinda através da respiração), de Gu Qi (energia dos alimentos) e Yuan Qi (energia original recebida no momento da concepção). Seu aspecto Yin no corpo humano manifesta-se em relação à estrutura, nutrição, armazenamento e preservação de substâncias vitais, em Xue e nos órgãos Zang. O aspecto Yang, através da fisiologia, funções ativas de passagem, na própria energia vital(Qi) e nas vísceras(Fu). Nos cinco elementos/movimentos, o Qi manifesta-se através da Água (elemento do Rim), da Madeira (elemento do Fígado), do Fogo (elemento do Coração), da Terra (elemento do Baço) e do Metal (elemento do Pulmão) (MACIOCIA, 2000). 20 A denominação Xue (Sangue) corresponde às mesmas funções do sangue ou sistema circulatório da Medicina Ocidental (oxigenação, nutrição, limpeza e transporte). É considerada uma manifestação densa de Qi, formado a partir da essência dos alimentos (Gu Qi) e do Jing pré-celestial (armazenado no Rim). Estes são transformados em Xue no Xin (Coração), através da força propulsora do Qi de Fei (Pulmão) (MACIOCIA, 2000). Jin Ye (Fluídos orgânicos) no corpo origina-se da ingestão de líquidos e alimentos. Tais fluídos podem ser puros, claros e aquosos (parte Jin), com a função de umedecer e nutrir parcialmente a pele e os músculos e manifestam-se como a parte mais fluída do sangue, suor, lágrima, saliva e muco, ou podem ser turvos, pesados e densos (Ye), com a função de umedecer articulações, espinha, cérebro, medula óssea e os orifícios dos sentidos (olhos, orelha, nariz e boca) (MACIOCIA, 2000). A interação entre as emoções do homem e o funcionamento harmônico dos seus órgãos pode ser traduzida através dos aspectos mental/espiritual que constituem cada ser. Manifestam-se através da dinâmica energética dos órgãos (Zang-Fu) em seus estados de equilíbrio ou desequilíbrio (MACIOCIA, 2000). Como o Coração é o “monarca de todos os órgãos” por sentir todas as emoções, por integrar todo o corpo através de seus Vasos Sanguíneos e por participar do circuito energético que une o Todo, é preciso que ele esteja forte para que as emoções sejam equilibradas e alcancem êxito. O Coração controla todas as atividades mentais (incluindo as emoções) como um órgão organizador ou centralizador, mesmo que cada Zang tenha suas funções com relação às 21 emoções e em cada Zang haja um pouco de Shen (o que forma o “espírito/alma do corpo”), é o Coração que abriga o Shen/Alma/Espírito desse Todo que constitui um indivíduo (MACIOCIA, 2000). A interpretação da palavra Zhi (Força de Vontade) significa “capacidade de realização”, “memória ou recordação”, pensar, decidir e agir. São então atributos de Zhi: Força de Vontade de viver e realizar os objetivos da vida, intensidade e direcionamento dessa Força, proteção à vida (e, conseqüentemente, maior auto- imunidade contra doenças). Enquanto memória relaciona-se às informações de longo prazo, enquanto Yi refere-se ao processo de memorização (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992). Os Rins abrigam Zhi, por este ser o Zang que guarda a Essência da vida. Se os Rins são fortes, a Força de Vontade é forte e o indivíduo terá direção e determinação na busca de objetivos. Se os Rins forem esgotados e a força de vontade enfraquecida, o indivíduo perderá a direção e a iniciativa, será facilmente desencorajado e desviado de seus objetivos (AUTEROCHE et al., 1987; MACIOCIA, 1996). No climatério, a alteração mais importante é o declínio da energia do Shen (Rins) e dos Canais Ren Mai e Chong Mai, junto com a Secura dos Fluidos e do Sangue. Ao redor dos 50 anos, o Ren Mai se torna inativo e o Chong Mai se atrofia, as menstruações se tornam mais irregulares e a infertilidade começa a tornar-se mais evidente. Isto implica uma falta de fluxo sanguíneo para órgãos reprodutores e de um déficit de energia Yin, como resultado do declínio do Shen (Rins) (CALDERON, 1998). Este desequilíbrio é responsável pela maior parte dos 22 problemas e doenças associadas ao envelhecimento. Como o Shen (Rins) é a raiz de todo o Yin e Yang do corpo, uma deficiência no Shen (Rins) pode causar Deficiência em outros Órgãos. (AUTEROCHE et al., 1987). Na fisiologia feminina, segundo a MTC, o ciclo de 7 x 7 anos traz a Deficiência de Shen (Rins) com o declínio de Jing (que é a parte Yin do Rim), o que tende a elevar o Yang do Rim, do Fígado e/ou do Coração, já que o Yin de tais órgãos também ficarão enfraquecidos. Consequentemente, todos os órgãos têm seu circuito de Qi alterado. “O Vazio dos Rins apresenta o ponto maior da síndrome climatérica”. Para a terapêutica, é capital determinar se é o Yin ou o Yang que está deficiente, ou então se o Yin e o Yang estão ambos Vazios. (AUTEROCHE et al., 1987) Como relata Campliglia (2010), as principais alterações que levam ao climatério descompensado são: alterações que acometem o Qi e o Xue, desgaste de Jing, Tin Ye (também denominado Jin Ye) e processo crônico de desgaste de Rim, Fígado, Baço-Pâncreas e Coração. As manifestações clínicas da Síndrome de Climatério como fogacho, distúrbios de comportamento, osteoporose e secura dos genitais externos devem-se em primeira instância à Deficiência do Gan-Yin (Fígado-Yin). Como o Gan (Fígado) e o Shen (Rins) têm a mesma origem e pertencem ao Xiajiao (Aquecedor Inferior), a insuficiência do Gan-Yin (Fígado-Yin), ocasionada geralmente por repressão de emoções destrutivas ou doenças crônicas de longa duração, pode levar à Deficiência do Shen-Yin (Rim-Yin), suscitando fogo-Vazio que se dirige 23 ao Alto e o Frio que se dirige ao baixo, levando a uma dissociação entre o Alto e o Baixo, daí as alternâncias de calor e frio. (Yamamura; Yamamura, M.L., 2010 p.441). Eles ainda relatam que: A desarmonia Yin/Yang do Gan (Fígado) perturba a função de livre fluxo de Qi deste Zang (Órgão), assim, como perturba a função de assegurar a regularização da atividade dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras) e de Sanjiao (Triplo Aquecedor)” levando à “distúrbios emocionais” e a dissociação entre o Baixo e o Alto de maneira inconstante, ora predominando o calor no Alto, ora o Frio no Baixo. Á noite, com o aumento da deficiência do Shen-Yin (Rim-Yin), aumenta o Calor-Vazio que ascende ao Alto, daí a sensação de calor em parte do corpo à noite e de frio nos pés. O Calor-Vazio é o responsável pela secura das mucosas, pele seca, e ainda osteopenia/osteoporose. E na presença da Deficiência do Gan (Fígado) e do Shen (Rins), os Canais Curiosos Chong Mai, Rem Mai, Yin Qiao Mai e Daí Mai ficam enfraquecidos. (Yamamura; Yamamura, M.L., 2010 p.441). No caso da mulher no climatério, é necessário que se perceba em quais instâncias e estruturas se dão as desarmonias para poderem ser tratadas, levando sempre em consideração as causas energéticas (declínio de Jing), orgânicas (decréscimo da produção hormonal) e psicológicas (presentes na crise da meia idade). As alterações que ocorrem neste período atingem as estruturas em suas bases energéticas como descrito a seguir. 24 2.4.1 Rim (Shen) Na MTC o Rim (Shen) desempenha inúmeras funções, destacando-se as seguintes: armazenar a Essência (Jing), controlar o nascimento, puberdade, climatério e a morte; controlar a recepção de Qi; produzir a Medula, abastecer o Cérebro e controlar os Ossos (CAMPLIGLIA, 2010). A Essência (Jing), na MTC é entendida como a base material para a manutenção de todas as atividades orgânicas. É constituída por duas partes, que são: Essência Pré-Celestial ou Jin Inato ou Jin Hereditário, oriunda dos pais, é a responsável pela formação e nutrição do concepto; Essência Pós Celestial, ou Jing Adquirido ou Essência do Céu-Posterior, que é extraída pelo Estômago (Wei) e Baço (Pi) dos alimentos e fluídos ingeridos. É transportada pelo Baço (Pi) até os Pulmões (Fei), de onde é distribuído para todo o organismo para nutrir todas as estruturas e manter todas as funções fisiológicas (CAMPLIGLIA, 2010). O Yin do Rim (Shen) é fundamental para o nascimento, crescimento e reprodução, e o Yang do Rim (Shen) é o responsável pela força motriz de todos os processos fisiológicos. A deficiência de Yin do Rim (Shen) irá comprometer outros órgãos, principalmente o Yin do Fígado (Gan), Coração (Xin) e Pulmão (Fei). A deficiência de yang do Rim (Shen) irá comprometer o Yang do Baço (Pi), Pulmão (Fei) e do Coração (Xin). Quando o Qi do Rim está em Deficiência, Zhi (função mental do Rim) estará enfraquecido e poderá haver medo e indecisão, se em Excesso pode haver autoritarismo. O Shen (Rins) influencia os sistemas 25 reprodutivos das mulheres através dos Canais Curiosos Du Mai, Ren Mai e Chong Mai (CAMPLIGLIA, 2010). 2.4.2 Fígado (Gan) O Fígado (Gan), entre outras funções, destaca-se por ser o responsável pelo: Armazenamento e a regulação do volume do Sangue (Xue) pelo corpo, e; pelo fluxo suave de Qi. Portanto, este órgão é muito importante na fisiologia feminina, através de sua relação com o Útero e o Sangue (CAMPLIGLIA, 2010). Embora o Útero seja a Câmara de Sangue, é o Gan (Fígado) que armazena o Sangue sendo responsável pelo volume, fluxo e regularidade do ciclo menstrual e da nutrição do Sangue. A deficiência de Yin do Fígado irá provocar mudanças no padrão menstrual como amenorréia (ausência da menstruação) ou oligomenorréia (ciclos menstruais irregulares). Se estiver em excesso irá provocar menorragia (menstruação extremamente abundante ou prolongada) ou metrorragia (perda sanguínea fora do período menstrual) (CAMPLIGLIA, 2010). O bloqueio do Qi do Fígado, responsável pelo fluxo do Sangue (Xue) pode provocar o surgimento de dismenorréia (dor no período menstrual), alterações no ciclo menstrual, tensão pré-menstrual e alguma secura como pele e cabelo seco e as perturbações da Síndrome Climatérica. (MACIOCIA, 2000). Quando o Qi do Fígado está Vazio pode haver indecisão e se estiver em Excesso, pode haver a raiva, pois Hun (função mental do fígado) não está fortalecido para 26 proporcionar à pessoa que trace objetivos e mantenha equilíbrio nas emoções (CAMPLIGLIA, 2010). 2.4.3 Baço (Pi) A função do Pi (Baço) é transformar e transportar as matérias sutis (Essência) dos alimentos recebidas pelo estomago (Wei). Ambas são fontes criadoras de Qi e de Sangue (AUTEROCHE, 1987). O Baço (Pi) transporta a Essência (Jing adquirido dos alimentos) até os Pulmões (Fei), de onde é distribuído para todo o organismo, para nutrir todas as estruturas e manter todas as funções fisiológicas. Produz o Sangue (extraído dos alimentos e dos líquidos) que fica armazenado no Fígado (AUTEROCHE, 1992). Quando o Qi do Baço está em Vazio pode levar à fraqueza de Yi (função mental do Baço) manifestada por pensamento lento e memória fraca, quando em Plenitude pode levar à obsessão (AUTEROCHE, 1992). 2.4.4 Coração (Xin) As principais funções do Xin (Coração) são governar o Sangue, os Vasos Sangüíneos e abrigar a Mente (Consciência). Sangue e Yin são a residência da Mente. Se eles estiverem deficientes, a Mente sofrerá, a pessoa se sentirá infeliz e depressiva, com ausência de vitalidade. Se a Mente for perturbada por fatores emocionais, pode induzir a uma debilidade do Sangue ou do Yin, 27 causando sintomas de Deficiência do Sangue ou do Yin do Xin (Coração) (MACIOCIA, 2000). O Xin (Coração) está conectado ao Útero pelo Canal do Útero (Bao Mai); e com a ajuda do Yang do Coração, a Essência do Shen (Rins) forma o Gui Celestial (menstruação). Quando o Qi do Coração está em Vazio leva ao choro e em Plenitude leva à mania, pois a pessoa fica sem vitalidade, não apresentando um “bom Shen” (função mental do coração), ou deixa de controlar as outras emoções (MACIOCIA, 2000). 2.4.5 Canais Extraordinários Os canais extraordinários mais envolvidos na fisiologia feminina na fase do climatério são: Chong Mai (Vaso Penetrador), Ren Mai (Vaso da Concepção), Du Mai (Vaso Governador) e Dai Mai (Vaso da cintura) (AUTEROCHE 1986). No Chong Mai (Vaso Penetrador) o Qi e o Sangue passam por ele, por isso é denominado “Mar de Sangue”. O Shen (Rins) e o Sangue ficam deficientes de modo que o Qi do Canal Chong Mai se rebela para cima em direção ao peito e à face, podendo provocar uma sensação de calor na face e de frio nos pés, palpitações e ansiedade. Estes sintomas são causados pelo desequilíbrio do Qi dentro do Canal Chong Mai. O Vazio do Shen (Rins) resulta em pés frios porque o ramo descendente do Canal Chong Mai flui para baixo, no lado medial da perna, e termina no hálux. Sintomas esses característicos da Síndrome Climatérica, comuns em mulheres acima de 40 anos (MACIOCIA, 2000). 28 Do Ren Mai (Vaso da Concepção) dependem a Essência, o Sangue e os Líquidos Orgânicos, pois os três meridianos Yins se juntam a ele (AUTEROCHE, 1992). Controla o Útero, a menarca, a fertilidade, a concepção, a gravidez, o parto e a menopausa. É particularmente útil nutrir o Yin em mulheres após a menopausa, uma vez que o Canal Ren Mai controla o Útero e determina o ciclo de 7 anos na vida da mulher. Desta forma regula a energia do sistema reprodutivo e, após a menopausa, tonifica o Sangue e o Yin para reduzir os efeitos dos sintomas do Calor Vazio decorrentes da deficiência do Yin (MACIOCIA, 2000). O Du Mai (Vaso Governador - VG) é o mar dos meridianos Yang. Está intimamente relacionado ao Canal Ren Mai (Vaso da Concepção - VC), pois estes dois canais poderiam ser vistos como dois ramos do mesmo circuito, sendo um Yin (Ren Mai) e outro Yang (Du Mai), portanto, se nutrem, se controlam, firmam um equilíbrio do Yin e do Yang e a livre circulação do Qi e do Sangue, permitindo assim a chegada regular das regras. Devido ao trajeto, faz a conexão entre Rim/Coração/Cérebro, o que explica a influência de problemas emocionais e mentais sobre a menstruação e as funções ovarianas. O Canal Du Mai deve ser usado sempre que houver deficiência acentuada do Yang do Shen (Rins) (MACIOCIA, 2000). O Dai Mai (Vaso da Cintura) circula a cintura e assim, envolve os canais Chong Mai, Ren Mai e Du Mai, que têm a mesma origem e circulam cada qual pelo seu lado, porém todos os três dependem de Dai Mai que os aperta como um cinto (AUTEROCHE, 1992). Quando Deficiente, não retém a Essência, o Qi do Pi (Baço) desmorona, e Gan (Fígado), Shen (Rins) e Canais Ren Mai e Chong Mai 29 também se tornam deficientes. Neste caso, o Qi não pode subir então os órgãos cedem, o feto pode ser abortado, há descargas vaginais e podem ocorrer prolapsos. Em condições de Excesso, pelo fato de ser “apertado”, o Canal não é harmonizado. Os principais sintomas são plenitude do abdômen, dor nas costas irradiando para o abdômen inferior e sensação de peso no abdômen (MACIOCIA, 2000). 2.5 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA BASEADOS NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA. Para MACIOCIA (2000), os diagnósticos na MTC são baseados em padrões de desarmonia. Na Síndrome Climatérica, o Shen (Rins) em estado de vazio é a raiz da deficiência, com duas possibilidades: se o Yin do Shen (Rins) for insuficiente, o Yang tende a se elevar; se o Yang for insuficiente, o Fogo de Mingmen (ponto VG4 ou Du4, localizado na coluna, entre os rins, que representa o aspecto Yang da Essência pré-Celestial, e fornece calor para todos os processos fisiológicos do corpo e para todos os Órgãos Internos) será fraco. Os padrões mais importantes em que a Síndrome Climatérica se encaixa na Medicina Tradicional Chinesa serão descritos a seguir, e os acupontos indicados para tratamento podem ser identificados nas fotografias reproduzidas do Atlas Gráfico de Acupuntura (Lian, Yu Lin et al, 2000), em Anexos, página 52 a 67. 30 2.5.1 Deficiência de Yin do Shen (Rins) Caracterizado pela Deficiência do Yin e também da Essência (Jing) do Shen (Rins). A deficiência do Yin provoca o surgimento do Calor-Vazio do Rim (Shen), que se manifesta clinicamente através do calor dos cinco palmos (calor na palma das mãos e pés), rubor malar, calor vespertino, rubores quentes, sudorese noturna, surdez, dor nos joelhos e prurido (MACIOCIA, 2000). Pelo fato da Essência do Rim controlar os ossos é comum observar o aparecimento de lombalgia e dor nos ossos. A deficiência do Yin do Rim (Shen) é também da Essência (Jing), e leva a manifestações clínicas relacionadas ao Cérebro (o Yin do Rim produz a Medula e controla o Cérebro), resultando em tontura leve, zumbido, vertigem e perda gradativa da memória (MACIOCIA, 2000). Além destas manifestações, esta deficiência provoca diminuição dos Fluidos Corpóreos levando a um quadro de secura, podendo se manifestar por boca seca a noite, constipação intestinal e urina escura e escassa, queda de cabelos, pele e mucosas secas. O princípio de tratamento consiste em nutrir o Yin do Shen (Rins), dominar o Yang, acalmar a mente e remover o Calor do Coração, podendo ser utilizados os seguintes pontos (MACIOCIA, 2000): VC4 (Ren4): tonifica o Yin e a Essência do Shen (Rim); R3 tonifica o Shen (Rim); P7, R6 regulam Ren Mai, fortalecem o Útero, nutrem o Yin do Shen (Rim) e também beneficiam a garganta e boca seca à noite; BP6, R3; R10 tonificam o Yin do Shen (Rim) e acalmam a mente; 31 R9 tonifica o Yin do Shen (Rim) e útil no caso de ansiedade e tensão emocional originadas do Shen (Rim). Du20; C7; Yintang; Vb13; Du24; R9; CS6 (Pe6); B15 e B14 acalmam a mente. 2.5.2 Deficiência de Yang do Shen (Rins) Caracterizado pelo sintoma de Frio Interior, pois o Yang do Shen (Rins) é a fonte de Calor de todos os Zang Fu. Quando o Yang do Rim (Shen) está deficiente o Rim (Shen) não apresenta Qi suficiente para fortalecer os ossos e as costas causando lombalgia e fraqueza nas pernas e joelhos. Como o Yang do Rim (Shen) não aquece a Essência, a energia sexual é privada da nutrição da Essência e do aquecimento do Yang do Rim (Shen), resultando em frigidez, infertilidade, etc. (MACIOCIA, 2000). Outros sinais e sintomas apresentados podem incluir: membros e corpo frios, aversão ao frio, pele pálida, costas frias, perda de apetite, urina clara e abundante ou escassa acompanhada por edema, distensão abdominal, diarréia matinal ou tendência a fezes moles, obesidade, rubores quentes nas mãos e pés frios, sudorese de manhã, depressão, calafrios, cefaléia, edema de tornozelos (MACIOCIA, 2000). O princípio de tratamento consiste em tonificar e aquecer o Yang do Shen (Rins), fortalecer o Fogo do Portão da Vitalidade (Mingmen), tonificar o Rim e fortalecer o Baço, podendo ser utilizados, conforme MACIOCIA (2000), os seguintes pontos: 32 B23, R3 tonificam o Yang do Shen (Rins); Du4, R7, VC6 fortalecem o Fogo do Portão da Vitalidade (tonificam o Yang do Rim); Ren4 com moxa tonifica o Yang do Shen (Rins); B52 tonifica o Shen (Rins), principalmente em seu aspecto mental, a força de vontade; P7 (Pu7); R6 regulam Ren Mai, fortalecem o útero, nutrem o Yin 2.5.3 Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins) O Rim (Shen) tem a peculiaridade de armazenar o Yin e Yang Primário, isto é, ele fornece o Yin e Yang para todos os outros sistemas, portanto o Yin do Rim (Shen) é o fundamento para todo o Qi do Yin do corpo, em especial o do Fígado (Gan), Coração (Xin) e Pulmão (Fei). O Yang do Rim (Shen) é o fundamento para todo o Qi do Yang do organismo, em especial do Baço (Pi), Pulmão (Fei) e Coração (Xin) (MACIOCIA, 2000). Tanto o Yin como o Yang do Rim (Shen) se originam da mesma raiz. Interdependentes, isto é, o Yin do Rim (Shen) fornece o substrato material para o Yang do Rim (Shen), e o Yang do Rim (Shen) fornece o Calor necessário para todas as funções do Rim (Shen). Assim, a deficiência de um deles implica na deficiência do outro, em maior ou menor grau, nunca em proporções iguais, isto é, a deficiência sempre será essencialmente do Yin ou do Yang, sendo fundamental para a escolha do tratamento a identificação de qual a tendência, Yin ou Yang. 33 Neste padrão aparecem sintomas misturados. Como o Yin do Shen (Rins) é fraco, qualquer Yang do corpo não terá raiz e flutuará, deixando o Yang da parte inferior do corpo deficiente provocando sintomas de Calor em cima e Frio embaixo (MACIOCIA, 2000). Outros sinais e sintomas que podem ser encontrados são: membros frios e região dorsal fria, ardor vespertino da face, pescoço e ouvidos, olhos e garganta secos; dores de cabeça, vertigem, aversão ao frio, calor nas palmas das mãos e planta dos pés, suor na face ou peito, fogachos, sangramento uterino anormal, poliúria e nictúria, fraqueza da região lombar e joelhos fracos, perda da libido, fadiga, cefaléia, tonturas, zumbido, rubor facial, sudorese noturna, alterações menstruais, hipertensão (MACIOCIA, 2000). O princípio de tratamento consiste em nutrir o Shen (Rins), nutrir o Yin, tonificar o Yang, acalmar a Mente, tonificar o Chong Mai e Ren Mai, podendo ser utilizados os pontos abaixo (MACIOCIA, 2000): R3 e BP6 nutrem o Shen (Rins); P7 (Pu7) e R6 regulam o Canal Ren Mai, fortalecem o útero e nutrem o Shen (Rins); C6 remove Calor Vazio e a acalma a Mente; Ren4 nutre o Shen (Rins) e fortalece o Útero; B23 tonifica o Yang do Shen (Rins); B52 tonifica o Shen (Rins) e nutre a Essência; Du20, Yintang, VB13, Du24, R9; CS6 (Pe6); B15 e B14 acalmam a mente. 34 2.5.4 Deficiência do Yin do Shen (Rins) e Gan (Fígado) com Ascensão do Yang do Gan (Fígado) Nesta condição aparecem sintomas misturados de Deficiência e Excesso, uma vez que deriva da Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin do Shen (Rins), causando a ascensão do Yang do Gan (Fígado). Segundo MACIOCIA (2007), isto ocorre porque o Yin e o Yang do Shen (Rins) apresentam a mesma raiz, e a deficiência de um sempre implica na deficiência do outro. Portanto, quando o Yang do Shen (Rins) está deficiente, o Yin do Shen (Rins) também estará, até certo ponto, e poderá originar sintomas de aumento do Yang do Gan (Fígado). Os sinais e sintomas incluem tontura e vertigem, zumbidos e olhos vermelhos, visão borrada, enxaquecas (próprias da menopausa), gosto amargo na boca, irritabilidade, ondas de calor e suores, fluxo menstrual abundante, fluxo menstrual escasso. O princípio de tratamento é o de nutrir o Yin do Shen (Rins) e do Gan (Fígado), dominar o Yang do Gan (Fígado), acalmar a Mente podendo ser utilizados os seguintes pontos (MACIOCIA, 2000): R3 nutre o Shen (Rins); Du20, C7, Yintang, VB13, Du24, R9, CS6 (Pe6), B15, B14 acalmam a mente; B23 e B18 harmonizam o Qi do Rim e Fígado; BP10 e F2 regularizam o Baço (Pi) e o Fígado (Gan); BP6 regulariza e harmoniza os 3 Yins da perna (tonifica o Baço, avantaja o Sangue, alimenta o Yin do Fígado e dos Rins); 35 F8 nutre o Sangue (Xue) e o Yin do Gan (Fígado); Ren4 nutre o Shen (Rins) e fortalece o Útero; P7 e R6 regulam o canal Ren Mai, fortalecem o útero e nutrem o Yin do Shen (Rins); F3 seda o Yang do Gan (Fígado), desobstrui o Qi estagnado do Gan (Fígado), restabelecendo o livre fluxo de Qi (MACIOCIA, 2000). 2.5.5 Shen (Rins) e Xin (Coração) não harmonizados Este padrão mostra a Deficiência do Yin do Shen (Rins) falhando ao nutrir o Yin do Xin (Coração). Isto leva à ascendência da chama do Fogo-Vazio do Xin (Coração), que corresponde à água que não flui em ascendência para nutrir e esfriar o fogo, já que devem auxiliar-se mutuamente, o que acarreta na mulher os sintomas de Calor na parte superior do corpo e sintomas de Deficiência de Yin na parte inferior com sinais e sintomas como: insônia, nervosismo, ansiedade, palpitações, inquietação mental, sonhos frequentes, rubor malar, sudorese noturna, tontura, zumbido, memória precária, boca e garganta secas, visão borrada, leucorréia (corrimento vaginal) ou excessiva supuração vaginal, incontinência urinária ou micção gotejante, sangramento uterino, sensação de calor à noite, fezes secas (MACIOCIA, 2000). O princípio de tratamento desse padrão de desarmonia é o de Nutrir o Yin do Shen (Rins) e do Xin (Coração), remover o Calor Vazio do Xin (Coração). Podem ser utilizados os pontos: 36 Du20, C7, Yintang, VB13, Du24, R9, CS6 (Pe6), B15 e B14 acalmam a mente; C5 e C7 eliminam o calor vazio do Xin (Coração); C6 elimina o calor vazio e nutre o Yin do Xin (Coração), é um ponto específico para sudorese noturna; VB13, Du24 e Ren 15, acalmam a mente; Ren4 nutre o Yin e a Essência do Shen (Rins); R3, R9, R10, R13, Ren4 e BP6 tonificam o Yin do Shen (Rins) (MACIOCIA, 2000). Segundo Maciocia (2007), o ponto Ren15 nutre todos os órgãos Yin e acalma a mente, particularmente na deficiência do Yin ou do Sangue, tendo poderosa ação calmante para ansiedade grave, preocupação, transtornos emocionais, medos ou obsessões. 2.5.6 Acúmulo de Fleuma (Mucosidade) e Estagnação do Qi A principal causa para formação da Fleuma é a Deficiência do Pi (Baço) quando falha ao transformar e transportar os Fluidos Corpóreos. O Fei (Pulmão) e o Shen (Rins) também estão envolvidos na formação da Fleuma. Se o Fei (Pulmão) falha ao dispersar e descender os Fluidos e se o Shen (Rins) fracassa ao transformá-los e excretá-los, eles poderão se acumular e se transformar em Fleuma (condensação da Umidade). Uma vez produzida tende a bloquear o fluxo de Qi, principalmente do Gan (Fígado). Também pode obstruir os 37 orifícios do Xin (Coração), resultando em vários sintomas mentais e emocionais (MACIOCIA, 2000). Este padrão raramente causa sinais e sintomas por si só, mas ele quase sempre complica e agrava os outros sintomas da menopausa. Os sinais e sintomas são: obesidade, sensação de opressão no peito, sensação de plenitude do epigástrio, sensação de distensão das mamas, irritabilidade, mau humor, eructação, náusea, falta de apetite, depressão, medo e ansiedade, palpitações, insônia, muco abundante, “nó” na garganta. O tratamento, segundo MACIOCIA (2000), consiste em dissolver a Mucosidade, acalmar o Fígado e eliminar a estagnação utilizando os seguintes pontos: Ren17, CS6 (Pe6), TA6 que movem o Qi, acalmam e liberam a mucosidade estagnada no Gan (Fígado); P7 move o Qi no Aquecedor Superior; Ren6 move o Qi no Aquecedor Inferior; Ren10 ajuda a resolver a Mucosidade; E40, BP6, BP9 resolvem a Umidade e a Mucosidade; E28 e Ren4 eliminam a Umidade e fortalecem o Útero. 38 2.5.7 Estase do Sangue A estase do Sangue pode derivar da estagnação de Qi e do Calor no sangue. O Qi move o Sangue, se o Qi estagnar, o Sangue coagula. A Deficiência de Qi por um longo período gera estase de Sangue, uma vez que o Qi se torna debilitado para movê-lo. O Calor no Sangue (provoca coagulação e estagnação do mesmo) leva à deficiência de Sangue (induzirá à Deficiência de Qi e estase de Sangue). A estase do sangue pode originar ainda a do Frio interior, que diminui a circulação do Sangue. O sistema mais frequentemente afetado pela estase do sangue é o Gan (Fígado) (MACIOCIA, 2000). Os sinais e sintomas são: aspecto facial escuro, lábios roxos, dor fixa e persistente, em pontadas, tumores abdominais fixos, unhas arroxeadas, períodos menstruais doloridos com sangue e coágulos escuros, dismenorréia, dor prémenstrual, dor em pontada no tórax, plenitude torácica, dor epigástrica (MACIOCIA, 2000). O tratamento é tonificar o Sangue, eliminar a estase, acalmar a Mente, liberar o fluxo do Qi, podendo ser utilizados os pontos: F8 tônico de Sangue; B17, F3 e R14 tonificam o Sangue e eliminam a estase; Ren4 fortalece o Útero; CS6 (Pe6) acalma a Mente. 39 2.5.8 Deficiência de Sangue do Xin (Coração) e de Qi do Pi (Baço) Segundo MACIOCIA (2000), o Qi do Pi (Baço) estimula a criação de Sangue no Xin (Coração) e se o Qi do Baço for Deficiente, com o tempo, o Sangue do Coração também se tornará Deficiente. Se o Sangue estiver Vazio, o Canal Chong Mai estará Vazio e causará amenorréia, oligomenorréia ou suspensão da menstruação. As mulheres no climatério com Deficiência de Qi e de Sangue podem sofrer de cansaço e de depressão. A sintomatologia inclui palpitações e falta de ar, ansiedade ou instabilidade emocional, perda de memória, insônia e/ou sonhos excessivos, pele pálida ou amarelada e tendência à fadiga. O tratamento tonifica o Qi do Pi (Baço) e o Sangue do Xin (Coração) nos pontos: C7 tonifica o Sangue do Xin (Coração) e pacifica a mente; CS6 (Pe6) tonifica o Qi do Xin (Coração) e pacifica a mente; Ren4, B17 e B20 tonificam o Sangue; B20, BP6 e E36 tonificam o Qi do Pi (Baço); B17 ponto de influência do Sangue. 2.5.9 Deficiência de Yin do Xin (Coração) Este padrão deve-se ao fato do Yin do Xin (Coração) englobar o Sangue (MACIOCIA, 2000), frequentemente é acompanhado ou provocado pela Deficiência de Yin do Shen (Rins) que causa deficiência da água de maneira que o Yin do Shen (Rins) não pode ascender para nutrir e esfriar o Xin (Coração), assim 40 ocorre agitação do Calor Vazio do Xin (Coração). Os sinais e sintomas são: dificuldade para dormir acordando várias vezes durante a noite, palpitações, perda de memória, insônia, inquietação, irritabilidade mental acompanhada de sensação de calor na face, calor nos cinco palmos, rubor malar, febre baixa ou sensação de calor, suores noturnos, boca e garganta secas. Tonificar e nutrir o Yin do Xin (Coração), nutrir o Yin do Shen (Rins) e acalmar a mente, tratando nos pontos: C7 tonifica o Sangue, o Yin do Xin (Coração) e pacifica a Mente; CS6 (Pe6) pacifica a Mente; Ren14, Ren15 tonificam o Sangue do Coração, usados para ansiedade exacerbada; C6 tonifica o Yin do Xin (Coração) e interrompe a sudorese noturna; BP6 tonifica o Yin e pacifica a mente; R7 tonifica o Shen (Rins) e combinado com C6 interrompe a sudorese noturna; R6 tonifica o Yin do Shen (Rins) e promove o sono. De acordo com Yamamura e Yamamura, M., (2010) no tratamento das manifestações clínicas da Síndrome de Climatério, é indicado: Regularizar o Yin-Yang do Gan (Fígado) com a técnica Shu-Mo-Yuan com nos pontos B 18, F 14, e F 13; Tonificar o Shen-Yin (Rim-Yin) com R3, R7, R10, Ren5, Ren 7; Tonificar o Shen-Yang (Rim-Yang) com B 23, Du4, Ren4; B 52; Unir o Alto e o Baixo com IG 4, E36, F 3; 41 Acalmar o Shen (Mente) com C7, CS6(Pe 6), M-CP-3( Yintang); Du20 e Ren 17; Harmonizar os Canais de Energia Curiosos Chong Mai com BP 4, Yin Qiao com R 6, Ren Mai com P 7 e o Dai Mai com VB 41; Tratar o fogacho com Du 23, E 37, E 44 e B 62. Para Campiglia (2010), no climatério descompensado ocorre Desarmonia entre Coração e Rim, Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin do Shen (Rins), Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins), Deficiência do Qi, Predomínio da Deficiência de Yin, Predomínio da Deficiência de Yang. Desarmonia entre Coração e Rim promove alterações energéticas que levam ao climatério descompensado. A autora sugere que o tratamento seja tonificar o Rim, harmonizar o coração, nutrir o sangue, tonificar o Yin, acalmar a mente, alimentar o Yin do Rim e do Coração fazendo descender o Fogo e restabelecer o contato entre Coração e rins. Os pontos indicados são: R4, VG20 (Du20), C7, VC15 (Ren15), BP6, YINTANG, B15, B23, R3, VC4(Ren4), R23, R24 e R25. Para a Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin do Shen (Rins), e o tratamento visa: Nutrir o sangue, Tonificar o Yin do Fígado e do Rim, Prevenir a ascensão do Yang do Fígado e Prevenir a deficiência do Yin. Campiglia (2010) indica os seguintes pontos: B23, B18, R3, BP10, F3, R6, BP6, VC4(Ren4), R9, VG20(Du20), E38. 42 No padrão de Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins) o tratamento visa: Nutrir o Yin, Tonificar o Qi, Aquecer o Yang, Tonificar o Rim, e Harmonizar Chong Mai e Ren Mai, trabalhando nos seguintes pontos: B23, B20, R3, VG4(Du4), VC4(Ren4). Na Deficiência do Qi, o tratamento é Tonificar o Qi e Melhorar a recepção da energia distribuída pelos Pulmões para os Rins, utilizando os pontos: R13, R5, VC5(Ren5), VC6 (Ren6), B24 e B23. No padrão com Predomínio da Deficiência de Yin, o tratamento visa Alimentar o Yin e Diminuir o excesso de Yang. Campiglia (2010 p.143) indica os seguintes pontos: R3, R6, BP6, VC4 (Ren4), R9, B23, B52, B24, VC3 (Ren3). No padrão Predomínio da Deficiência de Yang, o tratamento visa: Alimentar o Yang e Aquecer os meridianos trabalhando os seguintes pontos: R7, VC4(Ren4), VC5 (Ren5), VC6(Ren6), moxa em VG4(Du4) e B23. 43 3 OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo introdutório sobre os princípios da Medicina Tradicional Chinesa, utilizando a técnica da Acupuntura e sua ação sobre os sintomas apresentados por mulheres no período da menopausa, aplicando protocolos preconizados, com respaldo científico, para o tratamento da síndrome do climatério, onde a terapia através da acupuntura promove a restauração do equilíbrio energético visando aliviar os incômodos sintomas no período da menopausa com acentuada melhora da qualidade de vida da mulher. 44 4 DISCUSSÃO As incômodas manifestações clínicas da menopausa afetam hoje em dia um número maior de mulheres, fato este evidenciado pelo aumento da longevidade. A menopausa não é doença, é um fenômeno fisiológico decorrente do esgotamento dos folículos ovarianos, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais. O climatério antecede a menopausa e representa a transição entre a fase reprodutiva e a senilidade com consequências sistêmicas potencialmente patológicas. Devido a diminuição do hormônio estrogênio, podem surgir vários problemas para as mulheres como: mudança no brilho e textura da pele, aumento de incidência de problemas cardíacos, má distribuição de gordura na região da barriga, ansiedade, depressão, alteração de humor, falta de interesse sexual, secura vaginal, secura nos olhos e até Mal de Alzheimer (Lorenzi et al.; ZAHAR et al., 2005; Brunner e Suddarth, 2006). No tratamento Ocidental quanto no Oriental concorda-se que alterações no estilo de vida, tais como exercícios regulares, dieta adequada, consumo moderado de álcool, controle de pressão arterial e glicemia, evitar tabagismo, podem ser utilizadas para amenizar os sinais e sintomas da menopausa. (FERNANDES, et AL., 2008). A terapia de reposição hormonal proposta pelo Ocidente comprovadamente potencializa o surgimento de doenças. Seu uso tem sido 45 recomendado com critério e assim, tem aumentado a procura por tratamentos mais naturais. A acupuntura surge como uma opção para o tratamento da menopausa (Maciocia, 2000; Campiglia, 2010; Yamamura, 2010) auxiliando no controle dos sinais e sintomas, visto que possui eficácia comprovada cientificamente e é utilizada há anos pela Medicina Tradicional Chinesa. Na Medicina Tradicional Chinesa, os sintomas apresentados nesta fase são uma deficiência da Essência do Rim em seu aspecto Yin ou Yang. Auteroche (1987) e CALDERON (1998) concordam que o Vazio dos Rins apresenta seu ápice na síndrome climatérica. Sabendo que o desequilíbrio físico-psíquico é causa de sofrimento (SILVA, 2007), após a identificação dos padrões de desequilíbrio presentes na menopausa, o tratamento com acupuntura objetiva restaurar o equilíbrio energético da mulher. Assim, a ação da acupuntura sobre as funções neuroendócrinas, com a liberação de neurotransmissores e hormônios responsáveis pelo controle das diversas funções físicas e emocionais, visa restabelecer a harmonia entre Yin e Yang e abre um leque maior de possibilidades de sucesso e segurança para a paciente no tratamento (VECTORE, 2005). É notório que a abordagem da MTC na síndrome climatérica é holística, pois trata o indivíduo como um todo, é segura e sem efeitos colaterais incômodos. A MTC é uma medicina mais eficaz ao manipular energia em vez de matéria, e considera a mudança energética no corpo como sendo a forma de promover a cura. É um sistema preventivo de medicina que permite aos pacientes uma 46 chance para entender seus processos de doenças, e, portanto, a chance de participar nos processos de cura (MACIOCIA, 2000). A Bibliografia consultada relata que a acupuntura é eficaz no tratamento dos sintomas da síndrome do climatério, sendo possível concluir que é um método complementar e pode ser usado na prevenção e no tratamento da Menopausa, melhorando a qualidade de vida das mulheres, alem de regular o funcionamento do organismo como um todo. 47 5 CONCLUSÃO Diante deste estudo, podemos concluir que com o aumento da expectativa de vida, há um número cada vez maior de mulheres que vivenciam as manifestações clínicas da menopausa, e tanto a Medicina Ocidental quanto a Chinesa têm recursos para amenizar os sintomas da menopausa, apesar de possuírem abordagens diferentes sobre a fisiopatologia e o tratamento. Os conceitos de Yin e Yang, Essência, Qi, Meridianos e Órgãos, em parte, explicam a abordagem holística em relação ao ser humano, tanto no diagnóstico quanto no tratamento utilizado pela Medicina Chinesa. Diante das contra-indicações da terapia de reposição hormonal, o uso da acupuntura para alívio dos sinais e sintomas da menopausa constitui uma opção segura, com eficácia comprovada, que proporciona alívio dos sintomas e, consequentemente, melhor qualidade de vida para a mulher, conforme os autores pesquisados. 48 Referências Bibliográficas ALDRIGHI, J M. HUEB, C. K. ALDRIGHI, A. P. S. Como diagnosticar e tratar o Climatério. Revista Brasileira de Medicina. v 57. n.12, p. 15-21, 2000. AUTEROCHE, B; NAVAILH, P. O diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Organização: Andrei Editora Ltda, p. 125-128, 1992. AUTEROCHE, B. et al. Acupuntura em ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Organização: Andrei Editora Ltda, 1987. BRADSHAW, K. D.. Menopausal transition. In: SCHORGE, J. O. et al. 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Revista da Associação Médica Brasileira, 2005; 51(3): 133-8 55 ANEXOS Figura 1 – Acuponto Vesícula Biliar (VB41) Fonte: Lian et al, 2000, p. 245 Figura 2 – Acuponto Intestino Grosso (IG4) Fonte: Lian et al, 2000, p. 39 56 Figura 3 – Acuponto Baço-Pancreas (BP 4, 6, 7, 8, 9, 10) Fonte: Lian et al, 2000, p. 89 Figura 4 – Acuponto Rim (R 23, 24,25) Fonte: Lian et al, 2000, p. 187 57 Figura 5 – Acuponto Bexiga (B62) Fonte: Lian et al, 2000, p. 167 Figura 6 – Acuponto Du 4 Fonte: Lian et al, 2000, p. 265 58 Figura 7 – Acuponto Fígado (F13, 14) Fonte: Lian et al, 2000, p. 259 Figura 8 – Acuponto Bexiga (B14,15,17,18) Fonte: Lian et al, 2000, p.135 59 Figura 9 – Acuponto Bexiga (B20,23,24,52) Fonte: Lian et al, 2000, p. 139 Figura 10 – Acuponto Coração (C5,6,7) Fonte: Lian et al, 2000, p. 105 60 Figura 11 – Acuponto Du (Du20,23,24) Fonte: Lian et al, 2000, p. 275 Figura 12 – Acuponto Estômago (E28) Fonte: Lian et al, 2000, p. 71 61 Figura 13–Acuponto Estômago (E36,37,38,39,40) Fonte: Lian et al, 2000, p. 71 Figura 14 – Acuponto Fígado (F2,3) Fonte: Lian et al, 2000, p. 251 62 Figura 15 – Acuponto Fígado (F8) Fonte: Lian et al, 2000, p.255 Figura 16 – Acuponto Pulmão (Pu7 ou P7) Fonte : Lian et al, 2000, p. 31 63 Figura 17 – Acuponto Rim (R10) Fonte: Lian et al, 2000, p. 179 Figura 18 – Acuponto Rim (R13, 14) Fonte: Lian et al, 2000, p. 181 64 Figura 19 – Acuponto Rim (R3,4,6,7,9) Fonte: Lian et al, 2000, p. 177 Figura 20 – Acuponto Ren (15, 17) Fonte: Lian et al, 2000, p. 183 65 Figura 21 – Acuponto Ren (3,4,5,6,7,10) Fonte: Lian et al, 2000, p. 179 Figura 22 – Acuponto SanJiao (SJ6) Fonte: Lian et al, 2000, p. 205 66 Figura 23 – Acuponto Vesícula Biliar (VB13,14) Fonte: Lian et al, 2000, p. 277 Figura 24 – Acuponto Yintang Fonte: Lian et al, 2000, p. 303 67 Figura 25 – Acuponto Pe (Pe6) Fonte: Lian et al, 2000, p. 195
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