Relatório TP7 - Endurecimento por solução sólida
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Relatório TP7 - Endurecimento por solução sólida
U.C. Metalurgia Mecânica Prof. Lucas da Silva Relatório TP5 – Endurecimento por solução sólida e aparecimento de uma segunda fase André Ferreira, João Galante. 8 de Novembro de 2012 Resumo: Foram ensaiados dois provetes à tração, um de cobre puro, outro de latão com 37% Zn, ambos no estado recozido. Determinaram-se as suas propriedades mecânicas e visualizou-se a sua microestrutura via microscopia óptica. Finalmente, foram relacionas as propriedades mecânicas dos dois materiais com a sua microestrutura e fez-se uma breve síntese das aplicações das ligas de cobre usadas na construção mecânica. 0 – Introdução 1.1.2 Cu-As (0.013-0.050%As) Em construção mecânica, requere-se muitas vezes que o material possua elevada resistência mecânica combinada com propriedades mais específicas a adaptar à aplicação. O cobre é um material muito interessante em termos de propriedades gerais, mas que padece, no entanto, em termos da resistência mecânica. Assim, é muito frequente o uso de ligas de cobre, as quais mantêm algumas das propriedades caraterísticas do cobre, mas com melhorada resistência mecânica. De seguida se apresentam brevemente algumas dessas ligas, e as suas aplicações na área da construção mecânica. Boas propriedades mecânicas acima da temperatura ambiente e boa resistência à corrosão. Empregue em tubos de condensadores, caldeiras, autoclaves. Pode ser encruado para aumentar a resistência mecânica. 1 – Composição química, constituição e propriedades mecânicas das ligas de cobre usadas em construção mecânica 1.1.3 Cu-Ag (0.02-0.12%Ag) A prata confere maior resistência mecânica e à fluência. Devido à alta condutibilidade térmica e maior resistência ao amolecimento por calor, é empregue no fabrico de permutadores de calor, brasagem, máquinas elétricas e estanhagem. 1.1.4 Cu-Te (0.3-0.8%Te) e Cu-S (0.2-0.5%S) 1.1 Ligas de cobre de baixo teor de liga Boa resistência mecânica e maquinabilidade superior. Os cobres com enxofre, selénio e chumbo têm as mesmas propriedades. O Cu-Te é aplicado na confeção de parafusos, porcas, pinos, e peças similares a serem produzidas em máquinas automáticas. 1.1.1 Cu-Be (0.6-2%Be) 1.2 Ligas de cobre de alto teor de liga São ligas endurecíveis por precipitação, que podem ser tratadas ternicamente e deformadas a frio, para se obterem resistências à tracção muito elevadas, na ordem dos 1400 MPa, que são as resistências mais elevadas das ligas de cobre comerciais6. A boa resistência à fadiga, à corrosão e mecânica, são o motivo da sua aplicação em molas, engrenagens diafragamas e válvulas. Têm, contudo, a desvantagem de serem materiais relativamente caros. 1.2.1 Latões: Cu-Zn (5-50%Zn) As ligas de cobre usadas em construção mecânica subdividem-se em baixo e alto teor de liga: O cobre forma soluções sólidas substitucionais monofásicas com o zinco, até um teor de 35% de zinco. Quando se atingem teores de aproximadamente 40% zinco, formam-se ligas com duas fases, alfa e beta. Estas ligas têm resistencias médias (234 a 374 MPa) no estado recozido, mas podem ser deformadas a frio, de modo a aumentar a sua resistência mecânica. 1/4 - Latões α (monofásicos / vermelhos): %Zn < 35% corrosão atmosférica e marinha. Exemplos: Possuem melhorada ductilidade e conformabilidade a frio. Exemplos: Bronzes de construção Mecânica - Gun Metal (8-10%Sn) Usados em engrenagens e rolamentos. “Bronze comercial” (10% Zn) e “Latões vermelhos” (15% Zn) – de côr dourada, usados em ornamentos e ferragens. Possuem boa resistência à corrosão. “Latão para cartuchos” (30% Zn). Possuem boa resistência mecânica mantendo excelente ductilidade. Usados em componentes de munições, tubos, permutadores de calor, acessórios de canalização e rebites. Bronze universal (5%Sn, 5%Zn, 5%Pb) A presença de duas fases diferentes leva a que se criem finas camadas de óleo nas zonas alfa, mais macias, o que ajuda a evitar a gripagem (adesão de uma peça a outra). É usado em válvulas, encaixes de tubagens, peças para canalização, bombas vazadas, rotores e caixas de bombas de água, peças ornamentais. - Latões α+β (bifásicos / amarelos) 35% < %Zn < %45 Bronzes fosforosos (6-14%Sn, 0.1-0.6% de Fósforo). Vêm a sua conformabilidade a quente e maquinabilidade melhoradas. Exemplo: “Metal Muntz” (40% Zn), que é usado em componentes forjados, permutadores de calor, porcas e parafusos grandes e placas de condensação. Tabela 1 - Resumo comparativo, propriedades latões α e α+β. Ductilidade Resistência mecânica Vazabilidade Maqinabilidade Resistência à corrosão Latões α + - Latões α+β - (a frio) + (β fase mais dura) + + - (micro galvânica) 1.2.2 Bronzes: Cu-Sn (1-10%Sn) São ligas endurecidas por solução sólida com maior resistência que os latões, especialmente no estado deformado a frio, e melhor resistencia à corrosão sendo, no entanto, mais caros. As ligas bronze para fundição contêm ate cerca de 16% de estanho e são usadas para rolamentos e peças para engrenagens de alta resistência mecânica. Quantidades elevadas de estanho (5 a 10%) são adicionadas para obter boa lubrificação em superfícies de rolamentos. As suas caraterísticas gerais incluem: ótima vazabilidade, soldabilidade, ductilidade, e resistência à Os melhores para resistir à água salgada. Equilíbrio entre maqinabilidade e vazabilidade. Usados também para fundição 1.2.3 Cupro-Alumínios (4-14%) Têm elevada resistência à corrosão marinha, corrosão sob tensão, corrosão em fadiga e excelentes caraterísticas mecânicas. 1.2.4 Cupro-níqueis (5-45%) Boa resistência à corrosão da água do mar. Usados em tubos, chapas, placas e discos para permutadores. 2 – Determinação das propriedades mecânicas dos dois materiais em estudo 2.1 Cobre puro: Como tem a zona elástica muito pequena, seria necessário traçar uma tangente à curva no ponto zero. No entanto, se sobrepusermos os dois ensaios de tração, e visto que estão na mesma escala de forças e ampliação de deformações, é possível verificar que na parte elástica, a inclinação da curva é visivelmente a mesma para ambos os gráficos. Então, o valor do módulo de elasticidade será semelhante ao retirado do cálculo no latão. Fig. 1 - Propriedades mecânicas de alguns latões (esquerda) e de alguns bronzes (direita).3 2/4 Fig. 2 - Esquema representativo dos ensaios de tração completos dos provetes de Cu e Cu-37%Zn Para este comprimento, que corresponde a um Δl de 0.1mm, retira-se o valor da força, traçando uma tangente à curva no ponto de 0.1mm e daí calcula-se a tensão pretendida: Como o cobre puro praticamente não tem zona linear, nestes casos define-se a tensão de limite de elasticidade como a tensão que produz uma deformação de 0.005. Então, Para este comprimento, que corresponde a um Δl de 0.3mm, retira-se o valor da força e daí calcula-se a tensão pretendida: 3 – Diagrama esquemático das curvas de tração Com os valores obtidos nos ensaios de tração dos dois provetes, esquematizou-se, assim, duas possíveis curvas completas dos ensaios de tração dos mesmos (fig. 2). 4 – Esquema representativo das microestruturas Após preparação do material para poder ser corretamente vizualizado em microscópio óptico, e sua observação no mesmo, foi possível captar a informação essencial dessa vizualização, que se encontra esquematizada na fig. 3. 2.2 Latão (37%Zn): 5 – Relação das propriedades mecânicas com a microestrutura. Como não existe um ponto na curva delimitando o fim da deformação elástica, e início da plástica, mas como a zona da curva linear é suficientemente comprida, determina-se a tensão como a tensão de limite convencional de proporcionalidade a 0.2%. Assim, O cobre possui uma estrutura cúbida de faces centradas da qual resulta diretamente uma boa ductilidade. Além disso, por estar no estado puro, e o tamanho de grão ser elevado, as discordâncias movem-se facilmente, no que resulta uma baixa resistência mecânica, tensão de rotura e elevadas deformações. Já as principais propriedades do latão resultam das propriedades do seu material base – o cobre – da presença 3/4 tamanho de grão resultante, se tenham formado um mair número de grãos, e mais pequenos. Assim, tendo em conta a lei de Petch-Hall, √ tendo o latão menor tamanho de grão que o do cobre puro, tira-se diretamente da fórmula que tem σe superior visto o segundo fator a adicionar ao σi do cobre puro ser maior que zero. Com efeito, a existência de maior superfície de limites de grão no caso do latão, funciona, à temperatura ambiente, como barreira superior ao movimento das discordâncias o que causa um aumento da resistência mecânica. Fig. 3 - Esquema representativo da vista microscópica de cobre puro (cima) e latão com 37% de zinco (baixo). do elemento endurecedor por solução sólida – o zinco – e o tipo de malha resultante. Assim, por ter havido a precipitação de uma fase mais dura – zinco – garante-se a saturação da fase α do latão o que implica um endurecimento máximo desta fase. Além disso, ambos os provetes foram fornecidos com alguma deformação plástica, pelo que como o recozido se deu a temperatura acima da de recristalização para ambos os materiais (100ºC < Trec Cu e ligas Cu-Zn < 400ºC), sabese que houve germinação de grão. Como a precipitação de uma segunda fase é um impedimento ao crescimento de grão, é natural que na liga Cu-Zn devido ao menor Relativamente ao módulo de elasticidade, não se terá alterado significativamente, uma vez que, apesar da falta de rigor inerente a este método de determinação de E, os valores serão, no máximo, ainda bastante semelhantes. Finalmente, o latão apresenta menores deformações relativamente ao cobre puro uma vez que o movimento das discordâncias está dificultato pela existência dos átomos de zinco extra na malha do cobre. Esse impedimento de movimento das discordâncias torna mais difícil a ocorrência de deformações e daí se ter obtido menor εr e φ menor no caso do latão. Esse mesmo motivo será a causa do aumento de σr relativamente ao cobre puro. Estão então comentadas as propriedades mais relevantes em construção mecânica dos dois materiais, a sua relação com as informações que nos foram fornecidas, e assim se conclui o relatório. Bibliografia: 1 Antunes, V. (1992) “Ligas não ferrosas”. Porto, FEUP. 2 Barralis, J., Maeder, G. (1997) “Prontuário de Metalurgia” Traduzido por L.F.M. da Silva. Lisboa:Fundação Calouste Gulbenkian. 3 Chiaverini, V. (1988) “Aços e Ferros Fundidos”, 6ª Ed., São Paulo: ABM. 4 Ferreira, A. (2012) “Resumo de MCM1”. pp:35-38. Disponível online em: www.estudomec.info/files/ResumoMCM1.pdf 5 Silva, L.F.M. da., Duarte, T.M. P., Antunes, V. T. (2008) “Problemas e trabalhos práticos de metalurgia”. Porto:FEUP Edições. 1ª ed. 6 Smith, W. F. (1996) “Princípios de ciência e engenharia dos materiais”. Lisboa:McGraw-Hill, Inc. 4/4