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71 GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN 1984 - 3801) CARACTERIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES AVÍCOLAS EM DIVERSOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE RONDÔNIA Osvaldo Resende Jessé Alves Batista Silvestre Rodrigues Resumo: O objetivo no presente trabalho foi avaliar as características tipológicas dos aviários destinados à criação de frangos de corte nos municípios de Cacoal, Pimenta Bueno, Espigão D’oeste e Rolim de Moura, localizados no estado de Rondônia. Os aviários da região pesquisada podem ser caracterizados como de avicultura moderna, pois foram predominantemente concebidos em grandes dimensões e trabalham com alta densidade de alojamento. A avicultura nessa região apresenta bom nível tecnológico devido aos sistemas de acondicionamento térmico relatados em todas as granjas visitadas, com uso de ventiladores, nebulizadores, aquecedores e a presença de telas e cortinas. Apenas em alguns quesitos, podese dizer que os aviários não estão em total acordo com as exigências técnicas recomendadas na literatura, tais como: altura de mureta, distância entre galpões, paisagismo circundante, pilares intermediários, presença de oitões fora dos padrões e ausência de lanternins. Uma pequena parte dos galpões apresentou cobertura com telha de fibrocimento e a principal fonte de abastecimento de água é o poço semi-artesiano. Palavras-chave: Técnicas construtivas, avicultura, conforto animal. Abstract: The arm of this study is to evaluate the typological characteristics of aviaries for creation of hens in the Cacoal, Pimenta Bueno, Espigão D’oeste and Rolim de Moura cities, which are located in Rondônia state. The aviaries of the researched region can be characterized as modern poultry, because they were predominantly conceived in big dimensions and they work with high density of housing. The poultry in this region presents good technological level determined by the thermal packing presented in all visited poultry farms that use fans, nebulizers, heaters, steel fence and curtains. The aviaries don't accomplish the technical demands recommended by literature in aspects like height of wall, distance between sheds, surrounding landscape, intermediate pillars, end gable walls out of pattern and lack of skylights. A small part of the sheds presented asbestos cement tile and the main water source is semi-artesian well. Key-words: Building techniques, poultry, animal comfort. 1. Introdução As instalações para aves diferem das destinadas a outros animais, não só sob o ponto de vista higiênico, como também no manejo da criação. O criador irá dispor de área relativamente pequena para maior número de animais. Os projetos devem prescrever e preencher as condições que permitam o seu bom funcionamento, ressaltando-se também a parte econômica da construção. Deve ser simples, permitindo menor tempo na sua execução e a utilização de materiais acessíveis (PEREIRA, 1986). Recebido em 11/12/2009 e aprovado em 14/05/2009. Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 72 O. Resende et al. A avicultura brasileira é hoje a atividade agropecuária que abrange um dos maiores acervos tecnológicos. Entretanto até pouco tempo atrás pouca atenção era dada às técnicas de alojamento e, efetivamente, ao ambiente de criação das aves (FURTADO et al., 2005). A produção de aves em alta densidade passou a ser imperativa e, dessa forma, a exigência de conforto térmico ambiental, que já havia se desenvolvido com o aumento da precocidade das aves, tornou-se ainda maior como conseqüência da elevação da densidade de alojamento. Assim, para se manter competitiva, a indústria avícola brasileira está tendo de evoluir, rapidamente, de uma situação de quase indiferença aos princípios do acondicionamento térmico ambiente, para uma situação em que cada empresa ou integração deve tomar decisões relativas à adoção de concepções arquitetônicas e manejos inovadores, associados aos sistemas de acondicionamento térmicos naturais e artificiais compatíveis com a sua realidade (TINOCO, 2001). Nos últimos anos, as instalações destinadas à produção avícola no Brasil destacaram-se pelo aumento da densidade de criação que visa à otimização de mão-deobra, equipamentos, transporte, assistência técnica e, sobretudo, instalações (FURTADO et al., 2005). Segundo (ZANOLLA et al., 1999) com o aumento das fronteiras mercadológicas, do consumo per capita e da demanda de exportação, torna-se imprescindível que a indústria avícola brasileira busque alternativas para manter-se competitiva. Uma solução que vem sendo adotada consiste no aumento da densidade de alojamento, o que representa maior produção de aves por área de galpão considerando-se, como alta densidade, de acordo com diversos autores, produções acima de 30 kg carne de ave por m2 o que corresponde de 10 a 12 aves por m2. Adequar a edificação avícola ao clima de um determinado local e a uma determinada exploração significa criar e construir espaços, tanto interiores quanto exteriores, ajustados às necessidades dos indivíduos que a ocupam e que possibilitem aos mesmos condições favoráveis de conforto. O projeto deve amenizar as sensações de desconforto impostas por climas rígidos, tais como excessivo calor, frio ou vento, como também propiciar ambientes que sejam, no mínimo, confortáveis, como os espaços ao ar livre em climas amenos, para que altos índices de produtividade sejam atingidos (TINOCO, 2001). A orientação leste-oeste em galpões para confinamento de animais é recomendada universalmente, a fim de minimizar a incidência direta do sol sobre os animais através das laterais da instalação, já que, nesse caso, o sol percorre ao longo do dia sobre a cumeeira da instalação. A distância entre galpões é um fator que deve ser levado em consideração, pois ela pode diminuir a possibilidade de disseminação de doenças. Segundo Albanez (2000), a distância mínima entre os galpões deve ser de 30 metros, e em casos de lotes com aves de diferentes idades por galpão, essa distância deve ser, no mínimo, de 50 metros. Pereira (1986) afirma que, para a execução das fundações, devem-se utilizar blocos de concreto simples para a fixação dos esteios e pequenos alicerces contínuos que podem ser de alvenaria de pedra ou de tijolos para as muretas. O piso mais utilizado, segundo o autor, é o concreto simples, traço 1:3:5 (cimento, areia e brita), na espessura de 0,06 m. Sobre o piso, coloca-se um revestimento de cimento e areia, traço 1:4 alisado com desempenadeira. Em todo o perímetro da construção, como proteção contra a umidade, deve-se construir uma calçada com 0,50m de largura. As muretas podem ser construídas de alvenaria de tijolos. Na face superior, deixam-se, espaçadas de 0,50m, pontas salientes de arame grosso que servirão, depois de dobradas, para a fixação da tela. Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 73 Caracterização de instalações... Para Baêta (1995), citado por Furtado et al. (2005), a largura do galpão tem grande influência no condicionamento térmico interior e em seu custo, existindo tendência mundial de se projetarem galpões com 12 m de largura por 125 m de comprimento, com vistas a otimizar o uso de equipamentos modernos. Por outro lado, Abreu (2003) recomenda a largura máxima de 10 metros para galpões situados em regiões de clima quente e úmido, como é o caso da região norte. Segundo Abreu (2003), para regiões de clima quente, recomenda-se que o oitão ou paredes das extremidades sejam de telas como nas laterais e providos de cortina. Caso haja indisponibilidade desse material, o mesmo pode ser substituído por madeira, nesse caso faz-se necessário o uso de abertura para ventilação. Recomenda-se, também, que essas paredes sejam pintadas em cores claras. Furtado et al. (2003) sugerem que a cobertura do galpão seja realizada em duas águas, devido à facilidade de execução e por proporcionar melhor acondicionamento térmico. Quanto ao tipo de telha, o autor afirma que em regiões de clima quente, a utilização de telha de barro cerâmica apresenta melhores valores de acondicionamento térmico para a criação de frangos de corte quando comparadas com telhas de outros materiais, tais como a telha de cimento-amianto. O autor menciona ainda que, para melhores resultados de acondicionamento interno do galpão, além da telha de barro cerâmica, deve-se providenciar a utilização de nebulizadores e ventilação artificial. A inclinação do telhado afeta o condicionamento térmico ambiental no interior do aviário. Quanto maior a inclinação do telhado, maior será a ventilação natural devido ao termossifão. Inclinações entre 20 e 30º têm sido consideradas adequadas para atender as condições estruturais e térmicas (ABREU, 2003). O lanternim, abertura na parte superior do telhado, é indispensável para se conseguir adequada ventilação, pois permite a renovação contínua do ar pelo processo de termossifão, resultando em ambiente confortável. O lanternim deve ser confeccionado em duas águas, disposto longitudinalmente na cobertura e possuir um sistema que permita fácil fechamento com tela de arame nas aberturas para evitar a entrada de pássaros (ABREU, 2003). O comprimento do beiral tem grande relevância na construção de um moderno aviário, uma vez que este detalhe construtivo opera sobre um dos temas mais discutidos na avicultura, a insolação no interior do galpão, o que afeta diretamente no acondicionamento térmico interior do galpão. Para regiões de clima quente, ele se torna ainda mais importante, pois a temperatura influencia diretamente na produtividade das aves. Nesse sentido, os beirais devem estar de acordo com o que indica o cálculo de inclinação solar para cada região. A mureta deve ter a menor altura possível, aproximadamente 0,2 m, permitindo a entrada do ar no nível das aves, evitando a entrada de água de chuva e que a cama seja arremessada para fora do aviário (ABREU, 2003). Entre a borda da mureta e o telhado, deve ser colocada uma tela de arame à prova de pássaros e insetos, como também a instalação de cortinas para evitar penetração de sol e chuva e controlar a ventilação no interior do aviário (TEIXEIRA, 1997). O pé direito do aviário pode ser estabelecido em função da largura adotada, Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 74 O. Resende et al. de forma que os dois parâmetros em conjunto favoreçam a ventilação natural no interior do aviário com acondicionamento térmico natural. Quanto mais largo for o aviário, maior será a sua altura, como representado na Tabela 1. O pé direito é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre as aves. Estando as aves mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. De acordo com Tinoco (1995) citado por Abreu (2003), quanto maior o pé-direito da instalação, menor é a carga térmica recebida pelas aves. Tabela 1. Determinação do pé-direito em função da largura do aviário. Largura do aviário (m) Até 8 metros 8 a 9 metros 9 a 10 10 a 12 12 a 14 Fonte: Tinoco (1995) citado por Abreu (2003). Pé-direito mínimo em climas quentes (m) 2,80 3,15 3,50 4,20 4,90 De uma maneira geral, recomenda-se a construção de galpões sem a presença de pilares intermediários, uma vez que este tipo de estrutura irá dificultar a circulação do ar dentro do galpão e atrapalhar no manejo diário das aves, além de dificultar o trânsito de veículos no interior do galpão (FURTADO et al., 2005). Da mesma forma, podem ser utilizados os comedouros automáticos e mecanizados. O conjunto consiste, em um depósito metálico para a ração com capacidade de 500 kg de onde saem os comedouros que são fabricados de calhas de chapas galvanizadas. A ração é transportada por meio de correntes ou espirais formando um circuito fechado. O comprimento da linha é variável conforme o número de aves e todo o conjunto é regulável de modo a permitir sua plena utilização de acordo com a idade da criação (PEREIRA, 1986). Segundo Klosowski et al. (2004), existem disponíveis no mercado, diversos modelos e capacidades de bebedouros, confeccionados em diferentes materiais, destacando-se o tipo “nipple” e o tipo calha. O “nipple” possui válvula de metal que, quando acionada pela ave por meio do bico, libera água automaticamente por pressão, não requerendo higienização constante ou abastecimento. É indicado para todas as fases, porém com custo de implantação elevado. O bebedouro calha pode ser com válvula ou bóia automática, confeccionado em metal com custo relativamente baixo, porém com maior possibilidade de contaminação da água. Segundo Mazzuco et al. (1997), há também o tipo calha com água corrente, que oferece água fresca, porém exige maior fluxo de água no sistema. Para Teixeira (1997), no tipo calha, existe a indicação de um centímetro por ave e, para o tipo “nipple”, é indicado um bico para dez a quinze aves. Entre os sistemas tradicionais de bebedouros para frangos de corte, incluem o sistema pendular. Nestes, a água desce pela base, cai direto na bacia, ficando armazenada Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 75 Caracterização de instalações... e à disposição das aves com volume constante, sendo liberada à medida do se consumo e exposta às condições ambientais em contato com poeira, restos de ração e elevadas temperaturas, que podem levar à contaminação por microrganismos. Devido a esses fatores, os bebedouros do tipo “nipple” apresentam vantagens sobre os bebedouros pendulares, melhorando a qualidade da cama, reduzindo mão-de-obra, além de ser um sistema fechado capaz de assegurar a boa qualidade da água e reduzir os riscos de contaminação (VALIAS & SILVA, 2001). Em pesquisa realizada por Valias & Silva (2001), a água fornecida às aves usando o sistema de bebedouro pendular apresentou altos índices de contaminação microbiológica em todas as idades avaliadas (1, 14, 28 e 42 dias), mesmo usando cloração contínua com 1 e 2 mg/L de cloro residual livre. No sistema de bebedouro “nipple”, os índices de contaminação da água foram inferiores aos apresentados pelo bebedouro pendular. Mesmo assim, foram enquadrados fora dos padrões para água potável. Santos et al. (2000) afirmam que os materiais utilizados como cama de aviário (cepilho de madeira, casca de arroz, casca de café e sabugo de milho triturado) não apresentam efeito no desempenho das aves. A granulometria mais fina dos materiais de cama testados melhorou a conversão alimentar, o peso vivo e o fator de produção das aves aos 42 dias de idade. Diante do exposto, objetivou-se, com o presente trabalho, realizar um levantamento sobre as principais características tipológicas dos aviários para a criação de frangos de corte, existentes em diversos municípios do estado de Rondônia. Cacoal, com latitude de 11º 26' 19" S e Longitude de 61º 26' 50" W, e também nos municípios do Cone Sul do estado, Espigão D’Oeste, com Latitude de 11º 31' 29" S e Longitude de 61º 00' 46" W, Pimenta Bueno, com Latitude de 11º 40' 21" S e Longitude de 61º 11' 37" W, estando esses municípios localizados na porção ocidental da região norte do Brasil. Para execução do trabalho, foram visitadas dezenove instalações existentes nessas regiões e observadas as tipologias ou principais características dos aviários para frangos de corte, durante o período de julho a novembro de 2007. Para a coleta de dados, foi utilizado questionário de acordo com a metodologia descrita por Furtado et al. (2005), contendo os seguintes itens a serem avaliados: número de galpões por granja; capacidade de alojamento por granja; capacidade e densidade de alojamento por galpão; direção dos galpões e a distância entre si; comprimento e largura dos galpões; paisagismo circundante; paredes laterais; cobertura, estruturas de sustentação e lanternins; beiral e pé-direito; pilares, muretas, cortinas e telas; tipo de piso e cama; sistemas de aquecimento; fontes de abastecimento de água; tipos de comedouros e bebedouros; ventiladores, nebulizadores e aspersores sobre a cobertura. Para a análise da tipologia dos aviários, utilizou-se da estatística descritiva. 2. Material e métodos O presente trabalho foi realizado nas granjas de criação de frangos para corte, localizadas nos municípios de Rolim de Moura, parte leste da região da zona da mata do estado de Rondônia, com Latitude de 11º 48' 13" S e Longitude de 61º 48' 12" W e 3. Resultados e discussões Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 76 O. Resende et al. A região estudada abrange uma área Na Tabela 2, estão apresentados o de 19.855,3 km², representando 8,32% do número de galpões por granja, o alojamento estado de Rondônia, sendo responsável por de aves por galpão e o número de aves por aproximadamente 45% do total do efetivo do granja. rebanho de do estado (IBGE, 2005). Tabela 2. Número de galpões por granja (unidade, %), alojamento de aves por galpão (unidade, %) e alojamento de aves por granja (unidade, %). Número de galpões por granja Alojamento por galpão Alojamento por granja Unidade (U) % Unidade (U) % Unidade (U) % U≤1 31,5 U < 17.000 15,7 U < 50.000 52,6 2≤U≤4 63,1 17.000 ≤ U ≤ 23.000 47,3 50.000 ≤ U<100.000 42,1 U>4 5,2 U > 23.000 36,8 U ≥ 100.000 5,2 Com relação ao número de galpões por granja, observa-se, na Tabela 2, que a maioria das instalações possuía de 2 a 4 galpões (63,1%), seguida de uma parcela que apresentava um galpão (31,5%), assim como apenas uma granja obteve mais de 4 galpões (5,2%). Em relação à capacidade de alojamento dos galpões, verificou-se que uma grande proporção (47,3%) apresentou capacidade ideal, conforme sugerido por Tinoco (2001) citado por Furtado et al. (2005), entre 17 mil e 23 mil aves; seguida de 36,8% das granjas que apresentaram capacidade superior a 23 mil aves, e, por fim, uma pequena parcela de granjas (15,7%) que possuía capacidade inferior a 17 mil aves. Em se tratando da produção por granja, nota-se, ainda na Tabela 2, que apenas uma instalação possuía capacidade comparativa aos padrões atuais sugeridos por Tinoco (2001) citado por Furtado et al. (2005), que recomenda capacidade acima de 100 mil aves por granja. Esta constatação pode ser explicada pelo fato da grande maioria das granjas apresentarem pequeno número de galpões. Em relação às demais instalações, oito granjas (42,1%) apresentaram capacidade entre 50 e 100 mil aves, e dez granjas (52,6%) apresentaram capacidade inferior a 50 mil frangos. Quanto à densidade de alojamento, verificou-se que 43,9% dos galpões trabalhavam com valores superiores aos padrões recomendados por Zanolla et al. (1999) que sugere no máximo 12 aves por m2 para regiões de clima tropical; vinte galpões apresentavam densidade entre 11 e 12 aves por m2, o que é considerado ideal por este pesquisador, e três galpões possuíam capacidade inferior a 11 aves por m2, evidenciando que a avicultura da região analisada busca adequar esta característica ao recomendado para moderna avicultura. Essa alta densidade de alojamento pode ser explicada pelos fatores climáticos e também pelo fato de que grande parte das granjas visitadas trabalhe em sistema de integração com a Globoaves. Nesse sistema, existe uma relação de fidelidade entre o proprietário da granja e a empresa, que garante todas as condições necessárias para o criador realizar um bom manejo das aves lhe fornecendo desde os pintinhos até a ração. Em contrapartida, exige do proprietário a adequação e a manutenção das estruturas em conformidade com suas exigências, Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 77 Caracterização de instalações... garantindo ao criador a compra do lote fechado de animais e tendo o proprietário a obrigação contratual de exclusividade de compra pela empresa parceira ou investidora. Em relação ao posicionamento dos galpões, observou-se que as dezenove granjas visitadas estavam orientadas corretamente na direção leste-oeste, ou seja, de acordo com as exigências estabelecidas por Moura (2001) para regiões de clima quente. Na Tabela 3, estão apresentadas as dimensões, comprimento e largura dos galpões, bem como a distância entre eles. Observa-se que a maioria das granjas visitadas e que possuía mais de um galpão (75%) não mantinham uma distância mínima entre galpões de 30 metros, portanto, não se enquadraram às recomendações técnicas sugeridas por Albanez (2000). Em relação à largura e comprimento dos galpões, observase que a maior parte das granjas visitadas apresentava as dimensões de acordo com a descrição de Furtado et al. (2005), galpões entre 10 e 17 m de largura e comprimento de 100 a 125 m. Este dado é relevante, pois indica a elevada capacidade de alojamento por galpão da maioria das granjas visitadas. Tabela 3. Distância entre os galpões (m), comprimento (m) e largura dos galpões (m). Distância entre os galpões Comprimento dos galpões Largura dos galpões D – metro % C – metro % L – metro % D < 30 75,0 C < 100 4,8 L < 10 0,0 D ≥ 30 25,0 68,3 10 ≤ L ≤ 17 95,1 26,8 L > 17 4,9 100 ≤ C ≤ 125 C > 125 Na Tabela 4, estão apresentadas as condições de paisagismo ao redor dos galpões e as espécies utilizadas. Verifica-se que a maior parte das granjas visitadas apresentava algum tipo de paisagismo ao redor dos galpões, estando essas granjas de acordo com as recomendações técnicas propostas por Abreu (2003), que sugere a existência de paisagismo ao redor dos galpões. Observa-se, ainda na Tabela 4, que as espécies utilizadas foram eucalipto (35,7%), fícus (20,2%), teça (14,7%), bananeira (14,7%) e bambu (14,7%). Tabela 4. Paisagismo ao redor dos galpões (%) e espécies utilizadas (%). Paisagismo % Espécies utilizadas % Com paisagismo 79,0 Eucalipto 35,7 Sem paisagismo 21,0 Fícus 20,2 Teca 14,7 Bananeira 14,7 Bambú 14,7 Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 78 O. Resende et al. Verificou-se que a maioria dos galpões, 56%, apresentaram oitões ou paredes das extremidades construídos apenas em madeira do tipo convencional sem abertura para ventilação, seguidos por 14,6% dos galpões que apresentavam persiana em madeira sem cortinas, 12,1% do tipo persiana em madeira mais cortina, 12,1% construídos apenas em cortinas e telas, 2,4% em concreto com cortina e ainda 2,4% apenas com cortinas. O fato de mais da metade dos galpões apresentarem essas paredes em madeira sem abertura para ventilação, aliado ao fato de que 30% desses galpões não apresentavam essas estruturas pintadas com cores claras, demonstra que as granjas visitadas não estão de acordo com as recomendações técnicas sugeridas por Abreu (2003). As dezenove instalações analisadas apresentaram cobertura em duas águas, fato justificado pela menor mão-de-obra na construção desse tipo de telhado. Sobre a telha utilizada nos galpões, 76% era de telha cerâmica e 24% de telha de fibrocimento. Estando, portanto, a maioria das granjas atendendo as recomendações técnicas sugeridas por Pereira (1986) e Furtado et al. (2003), que ressaltam o melhor conforto térmico nas instalações construídas com telhas cerâmicas. Observou-se que todas as granjas apresentavam a inclinação do telhado ideal ou próxima às recomendadas por Abreu (2003), que sugere valores entre 20° e 30°. Nos galpões com cobertura de telha de barro cerâmica, a inclinação era maior comparativamente aos galpões que utilizavam cobertura com telhas de fibrocimento. Verificou-se, também, que nenhuma das granjas visitadas apresentava lanternins, esse fato pode ser justificado pela falta de conhecimento por parte dos criadores da importância desse elemento construtivo em regiões de clima quente. A inexistência de lanternins impede que o ar quente seja expelido para fora da construção e também diminui as correntes de convecção natural causando a redução da movimentação de ar e prejudicando o conforto térmico dos animais no interior das instalações. A estrutura dos telhados de todas as granjas visitadas foi confeccionada em madeira, possivelmente pela facilidade de aquisição desse material na região, e também pela facilidade de construção e baixo custo comparativamente à estrutura metálica. Assim, todas as granjas visitadas estão de acordo com as recomendações técnicas mencionadas por Pereira (1986). Na Tabela 5, estão apresentados os materiais utilizados para a execução dos pilares, altura do pé-direito e comprimento dos beirais dos galpões. Tabela 5. Material dos pilares, altura do pé-direito (m) e comprimento do beiral (m). Material dos pilares Altura do pé-direito (H) Comprimento do beiral (B) % H – metro % B – metro % Madeira 69,3 H = 3,0 80,6 B ≥ 1,0 26,8 Concreto 22,7 H < 3,0 11,3 0,80 ≤ B < 1,0 53,6 Madeira e concreto 8,0 H > 3,0 8,1 B < 0,80 19,5 Observa-se, na Tabela 5, a predominância de seguidos de 22,7% de galpões que galpões com pilares de madeira (69,3%), apresentaram pilares de concreto, e uma Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 79 Caracterização de instalações... menor parte dos galpões com pilares externos em concreto e os internos em madeira (8,0%). A maioria dos galpões (67,4%) apresentava o vão intermediário livre para o trânsito de caminhões e o restante (32,6%) possuía pilares intermediários, sendo esta situação desaconselhada para modernas construções de aviários para não prejudicar a circulação de ar e facilitar o manejo no interior das instalações (FURTADO et al., 2005). Ainda na Tabela 5, verifica-se que a maioria das granjas (80,6%) apresentaram galpões com pé-direito igual a 3,0 m, sendo que apenas uma pequena percentagem de galpões (11,3%) apresentou altura inferior a este valor, e uma parcela ainda menor (8,1%) apresentou pé-direito superior a esta magnitude. Os resultados demonstram que a maioria das granjas está em acordo com os padrões mencionados por Moura (2001). Correlacionando a altura do pé-direito com a largura do galpão, conforme recomendação de Abreu (2003), verifica-se que nenhuma das granjas visitadas apresentou galpões com altura ideal de pé-direito. Em relação ao comprimento do beiral, neste trabalho foi utilizado o cálculo de inclinação solar para avaliação deste parâmetro. Nesse caso, considera-se a altura média das muretas de todos os galpões, assim como a altura média do pé-direito dos mesmos. Esses valores obtidos são relacionados com o período de maior inclinação solar do ano e a latitude da região abrangida. O resultado do cálculo apontou para uma recomendação de comprimento de beiral igual a 1,70 m. Verifica-se, na Tabela 5, que os galpões apresentaram comprimento de beiral inferior ao recomendado pelo cálculo de inclinação solar e evidencia, ainda, que a maioria dos galpões (73,1%) apresentou beirais com comprimentos inferiores a 1,0 m. Dessa forma, verifica-se o desconhecimento, por parte dos avicultores da região, sobre a importância de detalhes construtivos de uma granja, uma vez que o beiral interfere de maneira significativa no acondicionamento térmico no interior do galpão, atuando na incidência de radiação solar e também na entrada de água da chuva. De acordo com os resultados, os dezenove aviários avaliados possuem cortinas e telas nas paredes laterais em perfeitas condições de uso e cobrindo toda a extensão das laterais dos galpões. Em relação às muretas, verificou-se que 29,3% dos galpões apresentaram altura de 0,2 m, estando, portanto, de acordo com as recomendações técnicas prescritas por Abreu (2003), porém 70,7% dos galpões apresentaram valores superiores aos mencionados por este autor, distribuídos da seguinte forma: 24,4% dos galpões possuem muretas com altura entre 0,2 e 0,4 m, outros 24,4% com muretas de altura igual a 0,4 m, e por fim 21,9% dos galpões com muretas acima de 0,4 m. Destaca-se, portanto, que a grande maioria dos galpões não se enquadra nas recomendações técnicas descritas por Furtado et al. (2005). Os aviários visitados apresentaram piso em chão batido, o que pode ser explicado pela simplicidade e menor custo na execução deste tipo de pavimento e, também, pelo fato de que os avicultores entrevistados desconhecem a importância da utilização do piso em concreto, que proporciona melhor conforto as aves e melhora a sanidade da cama (PEREIRA, 1986). Em relação à cama, observou-se uma pequena variabilidade de material, sendo que a maravalha mista, 81,5%, é a mais utilizada, seguida de palha de café, 18,5%. Fato este, possivelmente, pode ser justificado pela facilidade de aquisição desses materiais, principalmente em se tratando da maravalha, além de ser um dos materiais mais recomendados pela literatura para esta finalidade. Sobre o acondicionamento térmico para as aves, a pesquisa demonstrou que Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 80 O. Resende et al. 100% das granjas visitadas possuem aquecedores, sendo que as campânulas a gás estão sendo substituídas por aquecedores à lenha, que já atendem 52,6% das granjas visitadas. Em todos os aviários pesquisados, verificou-se a presença de ventiladores e nebulizadores, que são responsáveis pelo resfriamento dos galpões. Dessa forma, as granjas estão seguindo as recomendações técnicas relatadas por Furtado et al. (2003). Os principais tipos de comedouros utilizados são os manuais (57,8%) e os automáticos (42,2%) e, em 36,3% das granjas visitadas, notou-se a utilização de comedouros infantis associados a comedouros adultos. Os comedouros manuais, além de ocuparem maior espaço, exigem limpeza mais freqüente e podem causar estresse nas aves (FURTADO et al., 2005). Em relação aos bebedouros, verificouse que 100% dos aviários apresentavam bebedouros do tipo “niplle” e, em alguns casos (21%), esses bebedouros apresentavam a bandeja para diminuição de desperdício. Sendo assim, as granjas estão atendendo às recomendações técnicas sugeridas por Valias & Silva (2001). Na Tabela 6, estão relacionados os tipos de abastecimento de água presentes nas granjas visitadas, onde se observa a predominância de poços semi-artesianos (42,1%), seguidos pelo abastecimento por meio de barragem (26,3%), nascente própria (21%) e poço comum (10,5%). Tabela 6. Principais sistemas de abastecimento de água das granjas visitadas. Sistemas de abastecimento de água % Poço semi-artesiano 42,1 Barragem 26,3 Nascente própria 21,0 Poço comum 10,5 4. Conclusões Os aviários pesquisados nos municípios de Cacoal, Espigão D’Oeste, Pimenta Bueno e Rolim de Moura, situados no estado de Rondônia, podem ser caracterizados como de avicultura moderna, pois foram predominantemente concebidos em grandes dimensões e trabalham com alta densidade de alojamento. A avicultura nessa região apresenta bom nível tecnológico devido aos sistemas de acondicionamento térmico relatado em todas as granjas visitadas, com uso de ventiladores, nebulizadores, aquecedores e a presença de telas e cortinas. Apenas em alguns quesitos, pode-se dizer que os aviários não estão em total acordo com as exigências técnicas recomendadas na literatura, tais como: altura de mureta, distância entre galpões, paisagismo circundante, pilares intermediários, presença de oitões fora dos padrões e ausência de lanternins. Uma pequena parte dos galpões apresentou cobertura com telha de fibrocimento. A principal fonte de abastecimento de água é o poço semi-artesiano. Gl. Sci. Technol., v. 01, n. 09, p.71 - 81, dez/mar. 2008. 81 Caracterização de instalações... Referências ABREU, P.G. Sistemas de Produção de Frangos de corte. EMBRAPA - Suínos e Aves. Boletim técnico. 2003. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/ FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCort e/Instalacoes.html. Acesso em 09/10/2008. ALBANEZ, J.R. Avicultura - Frango de Corte. Boletim Técnico- EMATER. 2000. FURTADO, D.A.; AZEVEDO, P.V.; TINOCO, I.F.F. Análise do conforto térmico em galpões avícolas com diferentes sistemas de acondicionamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.7, n.3, p.559-564, 2003. FURTADO, D.A.; TINOCO, I.F.F.; NASCIMENTO, J.W.B.; LEAL, A.F.; AZEVEDO, M.A. Caracterização das instalações avícolas da mesorregião do agreste paraibano. 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