escola secundária poeta antónio aleixo
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ESCOLA SECUNDÁRIA POETA ANTÓNIO ALEIXO Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologia Biologia e Geologia – 10.º Ano 2008/2009 Ficha Informativa n.º 1 TEMA: INTERVENÇÃO ANTRÓPICA NOS SUBSISTEMAS TERRESTRES INTERVENÇÃO DO HOMEM NOS SUBSISTEMAS TERRESTRES ATMOSFERA BIOSFERA GEOSFERA HIDROSFERA O Homem, ao fazer parte da biosfera, interage com os restantes subsistemas terrestres e, deste modo, qualquer acção que ele desenvolva, para o bem e para o mal, irá afectar qualquer um dos restantes subsistemas. Além disso, não nos podemos esquecer que o Homem é o ser vivo mais protegido do sistema Terra, pelo que o seu número tem vindo a aumentar de forma exponencial. Este aumento demográfico implica uma maior pressão sobre os subsistemas terrestres, o que obriga a uma maior necessidade de vigilância das acções humanas. É de salientar: - o aumento crescente da exploração de recursos naturais - a crescente produção e acumulação de resíduos - o crescente número de catástrofes devidas à acção humana (como é o caso de desabamentos de terras em áreas habitadas, o afundamento de petroleiros, com as inevitáveis marés negras, como aconteceu em Novembro de 2002 com o petroleiro Prestíge, dos sismos, com um volume de estragos e de vítimas cada vez maior, devido ao facto de as áreas habitacionais estarem cada vez mais superpovoadas). Exploração dos recursos naturais Os recursos naturais são depósitos de materiais que existem, ou se pensa que existam, e que possuem interesse económico e/ou político. O petróleo é o exemplo de um recurso energético não renovável, isto é, de um recurso que nos permite a obtenção de energia, mas que se esgota, não sendo substituído, isto é, o seu stock/reserva não é renovável num período de tempo compatível com a duração da vida humana. O gás natural, o carvão e os minérios são exemplos de outros recursos não renováveis. A água é o recurso natural de maior importância para a biosfera. A água é um recurso renovável, já que o ciclo hidrológico a renova continuamente. As plantas, os animais, o vento, as forças das marés são outros exemplos de recursos renováveis. Recursos energéticos Se a água é o recurso mais precioso para a vida, os recursos energéticos são o bem mais precioso para a economia. O tipo de recurso energético mais utilizado por um país, assim como o seu volume de utilização, serve para o avaliar economicamente. Um país desenvolvido apresenta um elevado consumo de petróleo, de gás natural e de carvão, enquanto um país em desenvolvimento possui um baixo consumo energético e os recursos que mais utiliza são o carvão, a lenha e o estrume (matéria orgânica em decomposição). O carvão foi o recurso energético não renovável mais utilizado até ser substituído pelo petróleo. Actualmente, o carvão é utilizado apenas nas centrais termoeléctricas, para a produção de electricidade. A sua exploração em minas, não muito prática, encarecia o produto. Os acidentes, as doenças pulmonares, as escombreiras, os transportes, a poluição ambiental provocada pela sua combustão são alguns dos problemas associados à extracção do carvão, O esgotamento do recurso em algumas minas, os problemas associados à sua extracção e o encerramento de algumas minas ditaram o fim do Exploração de carvão a céu aberto. grande consumo de carvão até então existente. O encerramento das minas do Pejão e de S. Pedro da Cova, na região do Grande Porto, são dois exemplos do fim da era mineira do carvão em Portugal. Em substituição do carvão surge o petróleo, recurso energético igualmente não renovável, que possui uma extracção mais fácil, que, aliado ao seu maior volume de reservas locais o torna economicamente mais rentável. O consumo desenfreado dos últimos anos levou a que as reservas mundiais de petróleo tivessem sido muito depauperadas, pelo que a sua prospecção e exploração já atinge santuários naturais como o Alasca. Os acidentes com petroleiros são cada vez mais frequentes e as terríveis marés negras continuam a dizimar seres vivos e seus habitats. A sua combustão, tal como a do carvão, lança para a atmosfera gases e partículas poluentes, associados às chuvas ácidas e ao incremento do efeito de estufa. O gás natural, em franco desenvolvimento em Portugal, é um recurso energético não renovável menos poluente que o carvão e o petróleo. O gás natural é extraído quase puro e queimado sem necessitar de refinação, pelo que, contendo poucas impurezas, não liberta tantos materiais poluentes durante a sua combustão. Recursos minerais metálicos e não metálicos Os recursos minerais metálicos são, como o nome diz, explorados para deles se obter um metal. São recursos minerais metálicos a volframite, a galenite, a arsenopirite, a pirite, entre outros. A mina de NevesCorvo é, actualmente, a maior mina portuguesa em laboração para extracção de minerais metálicos. A mina de Jales foi a mina portuguesa que nos permitiu a extracção de ouro e da mina da Borralha extrairam-se grandes quantidades de volfrâmio. Volframite Galenite Arsenopirite Pirite Ouro Os recursos minerais não metálicos são aqueles cuja exploração é efectuada para a obtenção de materiais não metálicos. As pedreiras de mármore em Estremoz, as pedreiras de granito em Alpendurada, os caulinos de Barqueiros, as argilas de Barcelos, as minas de diamantes da África do Sul, as pedras preciosas e semipreciosas do Brasil são alguns dos muitos recursos minerais não metálicos. Mármore Granito Caulino Argilito A extracção de recursos minerais levanta inúmeros problemas ambientais e humanos, como, por exemplo - o desabamento de minas e as explosões em minas e pedreiras deixam, anualmente, muitos trabalhadores feridos, incapacitados ou mortos; - as doenças pulmonares, como a silicose, são extremamente vulgares entre os trabalhadores; - a extracção em pedreiras ou em minas a céu aberto provoca enormes crateras que determinam um forte impacto ambiental na região; - as minas retiram toneladas de estéreis, que colocam em escombreiras a céu aberto, que perturbam o registo paisagístico; - as escombreiras são fontes de poluição, provocando a acidificação dos cursos de água, por efeito de escorrência da água das chuvas sobre depósitos de materiais que reagem com a água; - os cursos de água com origem nas minas contaminam as linhas de água vizinhas, quando se unem a estas. A continuada extracção destes recursos leva ao seu esgotamento, colocando-se novos problemas que têm a ver com a sua substituição. Águas subterrâneas A água é um recurso utilizado por todos os seres vivos, desde as bactérias até ao Homem, passando pelos fungos e pelas plantas, embora a dependência dos seres vivos em relação à água seja diferente. O Homem é o ser vivo que mais água consome, embora esse consumo não se limite a actividades biológicas. Actualmente, o consumo de água a nível doméstico (regas de jardins, higiene pessoal, cozinha) e industrial atinge valores assustadores, principalmente se pensarmos que a maior parte da água utilizada não é inteiramente recuperada pelo ciclo hidrológico, devido à presença de agentes poluidores. Água subterrânea A água utilizada pelo Homem, de uma forma geral, tem (aquífero) origem em águas subterrâneas que resultaram da Representação esquemática infiltração das águas da chuva. As águas subterrâneas simplificada de um aquífero. funcionam como uma reserva, não sendo repostas quando o Homem as extrai para seu consumo. A sua reposição obriga à intervenção da Natureza, através das chuvas e da sua infiltração através dos solos. Se o consumo dessa água, através da utilização de poços ou furos, exceder a capacidade de reposição da água, surgirão problemas, já que ocorrerá falta de água potável para as nossas actividades habituais. A água tem sido, por isso, um elemento condicionador de guerras e de disputas entre os povos, pois a sua posse é uma garantia para a vida e para a economia. A criação da Carta Europeia da Água e de outros mecanismos reguladores da captação e utilização da água foram algumas das medidas de remediação já efectuadas para controlar o consumo e a qualidade da água. Produção de resíduos A crescente industrialização e o aumento demográfico, associados a uma sociedade cada vez mais consumista, têm levado a uma cada vez maior produção de resíduos, colocando-se, às populações, o problema do seu tratamento. Os resíduos são materiais que, desde a produção ao consumo, se vão deitando fora por, aparentemente, não terem utilidade. A grande maioria dos resíduos não são biodegradáveis ou demoram muito a ser reciclados na Natureza, acumulando-se. Os resíduos produzidos podem ter diversas origens, pelo que temos vários tipos de resíduos: urbanos, hospitalares, radioactivos, industriais e perigosos. Os resíduos urbanos são os que se apresentam de mais fácil solução, pesando, embora, as atitudes consumistas da população. Os resíduos hospitalares e os industriais apresentam-se complicados quanto ao seu destino, sendo apenas ultrapassados em perigosidade pelos resíduos radioactivos. Os resíduos sólidos urbanos são produzidos pelas populações e pelas actividades de um município e são vulgarmente designados por “lixo” e dividem-se em: - resíduos domésticos (uns biodegradáveis, outros não); - resíduos industriais e comerciais não perigosos, que englobam os resíduos semelhantes aos domésticos (restos de cantinas de fábricas, por exemplo) e os inertes (sucata, entulho, por exemplo); - resíduos hospitalares não contaminados, por isso semelhantes aos resíduos domésticos (provenientes das cozinhas, por exemplo); - pequenas quantidades de resíduos perigosos, nomeadamente, resíduos provenientes de certos serviços (por exemplo, lavandarias, laboratórios fotográficos) e resíduos hospitalares contaminados. Grande parte dos resíduos sólidos urbanos é constituída por resíduos alimentares, embalagens, garrafas e sacos de plástico, latas de metal, garrafas de vidro, papéis e cartão e outros materiais (tecidos, etc.). Este lixo é recolhido por empregados camarários e levado para lixeiras (vazadouros) não controladas, aterros sanitários ou estações de tratamento de resíduos sólidos (ETRSU). Em alguns casos, a parte biodegradável dos lixos vai para estações de compostagem, onde se provoca a decomposição dos restos de alimento com produção de composto (parecido com húmus), que pode ser utilizado na agricultura. Os outros resíduos domésticos, como fezes e urina, águas de lavagem de louça e de roupa, na maioria dos casos, recolhidos pela rede de esgotos públicos, são lançados, directamente ou após tratamento em estações de tratamento de águas residuais (ETAR), nos cursos de água e no mar. Os resíduos urbanos, no entanto, também contém substâncias tóxicas e perigosas, como, por exemplo, o mercúrio proveniente das pilhas e dos laboratórios fotográficos, os resíduos das enfermarias, etc. Resíduos perigosos são aqueles que contêm determinadas substâncias ou produtos que, pela sua toxicidade, corrosibilidade ou patogenicidade, põem em risco a saúde pública. Incluem-se neste tipo os resíduos tóxicos das indústrias, os radioactivos e os hospitalares. Os resíduos industriais podem ser provenientes da indústria extractiva (carvão, minérios, rochas), transformadora (têxtil, siderúrgica), da produção de energia, dos transportes, da construção civil e até dos automóveis (pneus, óleos usados, baterias, sucatas de carroçarias). A nível geral, e no que se refere aos resíduos industriais perigosos, a solução apontada para os tratar é a construção de um sistema integrado de resíduos industriais (que inclui uma unidade de incineração, uma unidade de tratamento físico-químico, dois aterros e uma estação de transferência). Um outro tipo de resíduos industriais é proveniente do sector agro-pecuário, em que existem unidades de tipo industrial, como aviários, e unidades de indústria alimentar, como lagares de azeite, lacticínios e outras. O caso do rio Lis, na região de Leiria, é um dos exemplos mais trágicos no que se refere à poluição por parte das suiniculturas. As descargas das suiniculturas são feitas sistematicamente para o rio Lis, que as transporta para a praia de Vieira. Por este motivo, Leiria vê-se, por vezes, sem água potável e as praias da região de Vieira interditadas durante a época balnear Também a exploração florestal e as indústrias consumidoras de madeira em bruto, como as fábricas de papel, de aglomerados e serrações, produzem resíduos — resíduos florestais. Os resíduos mais perigosos são os resíduos radioactivos, capazes de libertarem radiações que podem provocar lesões muito graves e mesmo a morte. Produzidos num dado local, os resíduos radioactivos, muitas vezes, têm de ser transportados para locais distantes, para serem tratados. O transporte de resíduos radioactivos é muito perigoso e polémico. Nos últimos tempos, as populações e as autarquias têm efectuado um esforço para diminuir o problema dos resíduos. Algumas técnicas têm sido introduzidas: Várias cidades e vilas já possuem uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR), enquanto ao nível dos concelhos começam-se a construir estações de tratamento de resíduos sólidos urbanos (ETRSU). Os aterros sanitários e a compostagem têm sido outras opções tomadas e o número de lixeiras a céu aberto tem vindo a diminuir. A população tem sido incentivada a separar os seus resíduos e o número de ecopontos tem aumentado. A reciclagem é, talvez, a forma mais utilizada de tratamento de resíduos sólidos urbanos, embora seja necessário ainda muito trabalho de informação e de mudança de atitudes. A reutilização dos materiais é outra das propostas efectuadas para reduzir o volume de resíduos. A reciclagem de materiais deveria, pois, ser uma prática corrente, assim como o tratamento dos resíduos que não podem ser reciclados, Logicamente, a reutilização dos materiais e a redução do volume de resíduos são outras duas batalhas a travar contra o aumento de impactes ambientais. A política dos três R (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) continua a ser uma política perfeitamente actual e que, actualmente, está a ser substituída pela política dos quatro R (Reduzir, Reutilizar, Recuperar, Reciclar). Reduzir consiste na diminuição/redução do volume de resíduos ou do consumo de recursos. Fechar a torneira da água enquanto se lavam os dentes é uma forma de reduzir. Reutilizar consiste em darmos duas utilizações diferentes a um mesmo material. A caixa vazia das bolachas, se é utilizada para caixa de costura, está a ser reutilizada. Recuperar consiste na recuperação de materiais fora de uso ou avariados. Um frigorífico avariado, quando consertado, em vez de abandonado, é recuperado. Reciclar consiste em transformar um resíduo num novo material com uma nova utilização. Transformar folhas de rascunho em blocos de apontamentos é reciclar. Ao nível da indústria, o problema dos resíduos mantém-se, não havendo ainda uma solução para ele. Acrescente-se, ainda, ocaso dos materiais resultantes da construção civil, que, actualmente, não têm qualquer tipo de tratamento. A solução de muitos dos problemas levantados pela produção de resíduos passaria pela reutilização dos materiais, o que diminuiria o seu volume. Desastres naturais e ocupação de áreas de risco A pressão do Homem sobre a Natureza, quer devido ao aumento demográfico quer devido à sua atitude, tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos anos. As vivendas de férias construídas em cima de área de duna, as estradas marginais aos rios e à beira-mar, as casas construídas em cima de linhas de água, cidades localizadas na base de vulcões e de falhas activas, diques construídos de forma a “roubar” área ao mar, para construção, são alguns dos muitos casos, nacionais e internacionais, de ocupação de áreas de risco e, por isso, de aumento do perigo para as populações. Logicamente que estas situações põem em causa a sobrevivência de quem ocupa essas áreas, pois nunca se sabe quando é que a Natureza reage mais violentamente a tais situações. Quarteira – construção sobre a linha de costa Estuário do Rio Arade – ocupação de zonas inundáveis Capri – construção sobre arriba costeira Marina de Albufeira – construção sobre linhas de falha Seattle, Estados Unidos – cidade localizada na sombra de um vulcão A queda da ponte de Entre-os-Rios, em Março de 2001, os deslizamentos de terras em Arcos de Valdevez e na Régua, no Inverno de 2000, as cheias do Alentejo, em 1997, os incêndios florestais de 2003 e 2005 são alguns dos casos nacionais mais recentes de ocorrência de catástrofes naturais. A nível internacional, podemos enumerar o sismo do Irão, em Dezembro de 2003, as normais inundações do Bangladesh e da China, os incêndios na Austrália e na Califórnia, no Verão de 2003, a erupção vulcânica do Etna, também em 2003, o tsunami na Ásia, em Dezembro de 2004, o furacão Katrina, em Agosto de 2005, e muitos mais casos que aqui poderíamos colocar. B D C E A F G A – Tsunami em Banda Aceh (2004); B – Fogos florestais na Califórnia; C – Erupção do Etna; D – Deslizamento de terras no Brasil; E – Furacão Katrina; F – Queda da ponte de Entre-os-Rios, G – Inundações na Índia. Com tantos prejuízos humanos e económicos, deveríamos ter uma maior consciência e repensar a nossa posição perante a Natureza. Muitos dos efeitos provocados pela ocorrência de desastres naturais poderiam ser evitados ou diminuídos se o Homem aprendesse a viver com ela e modificasse alguns dos seus comportamentos. Além dos estragos que causam entre a população e no ambiente, as erupções vulcânicas estão entre as mais impressionantes catástrofes naturais, devido à sua imprevisibilidade e às suas repercussões múltiplas: projecção de fragmentos, correntes de lava, emanação de gases tóxicos e efeitos sísmicos. Este tipo de catástrofes não pode ser evitado, mas é possível prevê-las de modo cada vez mais exacto e tomar, a tempo, todas as medidas necessárias para salvar vidas e limitar os custos económicos. Entre os acontecimentos naturais mais devastadores que ocorrem na Terra encontram-se os sismos: Sismo de Bam, na Turquia. A cidade de Bam antes do sismo (à esquerda) e depois (à direita) Embora a maior parte dos sismos não demore mais do que um minuto, podem fazer muitos estragos, afectando, muitas vezes, locais situados a centenas de quilómetros do seu local de origem e provocando mortes em áreas densamente povoadas. Atendendo a que a previsão dos sismos é ainda muito difícil, a prevenção deverá incidir em vários aspectos, que incluem o cumprimento das normas de construção de edifícios mais resistentes a abalos sísmicos, o cumprimento das medidas de prevenção e actuação, divulgadas a toda a comunidade pela Protecção Civil, para minimizar os efeitos destes acidentes naturais As inundações e os deslizamentos são os desastres naturais mais vulgares em Portugal, pelo que seria lógico que mantivéssemos os rios e as ribeiras limpos e não os aproveitássemos para esconder os nossos resíduos, incluindo frigoríficos, fogões e mobiliário. A não construção de habitações em leitos de cheia seria outra medida conscienciosa. A revisão periódica às fundações de pontes, auto-estradas e grandes edifícios seria igualmente uma ideia a reter. A limpeza sistemática das valas de esgoto, a definição de áreas de solo sem cobertura de címento ou similar, para permitir a infiltração das águas das chuvas, o deixar correr os rios no seu leito permeável em vez de o cimentarmos, retirando-lhe a normal permeabilidade, seriam medidas muito simples de tomar e que resolveriam muitas das situações de inundações de vilas e cidades. A manutenção e a limpeza das florestas, sem lhes retirar completamente o seu coberto vegetal, evitariam muitos incêndios e os deslizamentos de terras nas épocas de chuva. O Norte da Europa é assolado, anualmente, por numerosas tempestades e, em média, cerca de cem ciclones atingem, por ano, as llhas Britânicas. Por vezes, as tempestades são acompanhadas por trombas de água, furacões e tornados, que causam graves inundações. Recentemente, na sequência de chuvas anormalmente abundantes e persistentes, verificaram-se cheias em numerosas bacias fluviais da Europa, como aconteceu na bacia do Danúbio. Para contrariar estas tragédias, deve-se investir no domínio da previsão e da prevenção. A gestão sustentável dos rios registou melhorias significativas, nomeadamente graças à possibilidade de analisar os riscos de cheias em tempo real. Se o conhecimento dos riscos não é suficiente para anular os prejuízos causados pelas águas, permite, pelo menos, às autoridades públicas a instauração de dispositivos de segurança para a população. Os incêndios florestais provocam prejuízos importantes, tanto humanos (perda de vidas) como ambientais (danos na floresta), tendo também consequências económicas consideráveis; destruição de “habitats”, prejuízos florestais, custos para combater o fogo. A maior parte desses fogos tem origem humana, mas são factores naturais, como as secas, a velocidade do vento ou a topografia do local que influenciam a propagação e determinam os seus efeitos devastadores. Protecção ambiental e desenvolvimento sustentável A protecção do ambiente passa, como é fácil de concluir, pela mudança de atitude da sociedade e pelo respeito da Natureza e do próprio Homem. O respeito por alguns princípios básicos pode levar à manutenção da vida do planeta ou até à sua melhoria, e são a base do conceito de desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento sustentável corresponde ao conjunto de processos e atitudes que podem satisfazer as necessidades do momento actual, ou seja, as nossas necessidades, sem colocar em risco as necessidades das gerações futuras. O Programa Polis e o Programa Natura são dois programas a nível nacional que visam a melhoria da qualidade ambiental e citadina, tentando, deste modo, efectuar um ordenamento do território nacional. O Programa Polis tem como finalidade melhorar a qualidade ambiental dos meios urbanos, promovendo uma harmonia arquitectónica e urbanística dos espaços públicos, uma maior qualidade das zonas de lazer, assim como uma melhor e mais eficiente rede de transportes públicos, para diminuir o tráfego urbano e, daí, a poluição atmosférica dos meios urbanos. A Rede Natura, que segue directrizes comunitárias, possui uma área de aplicação mais vasta, e tem como objectivo o estabelecimento de uma rede de locais com importância comunitária, permitindo a conservação de ecossistemas ou de espécies ameaçadas, quer terrestres quer marinhas. Ao nível do ordenamento do território, passa pelo definir das zonas agrícolas, industriais, de protecção, assim como dos grandes aldeamentos turísticos, campos de golfe e de todas as infra-estruturas que possam exercer qualquer tipo de pressão ambiental, O ordenamento do território promove a qualidade ambiental e, desta forma, a qualidade de vida das pessoas. Paralelamente ao ordenamento do território, deve ser efectuada uma redução de impactes ambientais negativos, em que deve ser incluída a redução e o tratamento de resíduos e a protecção das zonas mais frágeis. As zonas frágeis, como é ocaso das áreas de duna, de que Alvor, Ofir e Apúlia são um exemplo, devem ser respeitadas, impedindo-se a construção e a utilização dessas áreas. A modificação ambiental devida à extracção de areias nos rios e praias, à exploração de minas a céu aberto e de pedreiras, à acumulação de escombreiras junto a minas deve ser devidamente vigiada e controlados os volumes de extracção. A queda da ponte de Entre-os-Rios é um caso tristemente conhecido associado à extracção de areias sem vigilância e à falta de vigilância das infra-estruturas. A recuperação de áreas degradadas, como aconteceu com o Parque das Nações, construído a partir do antigo porto de Lisboa, é uma outra forma de proporcionar uma maior qualidade ambiental. A protecção dos geomonumentos, palavra desconhecida para muitos, é uma necessidade que se impõe para o conhecimento e estudo da evolução dos processos geológicos. As pegadas de dinossáurios de Carenque e da Lourinhã, as pedras parídeiras da Serra da Freita, as pinturas rupestres de Foz Côa, as amonites do Cabo Mondego, as grutas do Maciço Calcário Estremenho, o Cabeço do Velho da Serra da Estrela, as Três Minas (romanas) na serra de Valongo, as fumarolas de S. Miguel são alguns dos geomonumentos portugueses que, representando a nossa história geológica, necessitam de ser preservados, Os geomonumentos, locais de interesse paisagístico, geomorfológico, arqueológico e mineiro, também existem a nível internacional, O Grand Canyon, as cataratas do Niágara e o Rochedo Ayers, por exemplo, são verdadeiros tesouros da Natureza que não pertencem apenas ao seu país de origem, mas sim à Humanidade. Pedreira do Galinha (Serra d’Aire) Pedras parideiras (Serra da Freita) Grand Canyon (Estados Unidos) Maciço Calcário Estremenho Ayers Rock (Austrália) Fumarolas de S. Miguel (Açores) Cataratas do Niágara (Canadá/E.U.A.) O sentimento de que a Terra pertence à Humanidade e não apenas a cada um individualmente começa a surgir na mente de muitas pessoas, a nível mundial. As conferências do Rio de Janeiro, de Quioto e de Joanesburgo são o exemplo da tentativa de globalização dos problemas ambientais e da necessidade de serem resolvidos ao nível dessa visão mundial.