carnaval especial
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ESPECIAL Pesquisa e Adaptação - Jeremias de Castro - Jornalista O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Ele é uma herança de várias comemorações realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Esses festejos pagãos serviam para celebrar grandes colheitas e principalmente louvar divindades. É provável que as mais importantes festas ancestrais do Carnaval tenham sido as “saturnais”, realizadas na Roma antiga em exaltação a Saturno, deus da agricultura. Na época dessa celebração, as escolas fechavam, os escravos eram soltos e os romanos dançavam pelas ruas. Havia até mesmo uma espécie de “bisavô” dos atuais carros alegóricos. Eles levavam homens e mulheres nus e eram chamados de carrum navalis, algo como “carro naval”, pois tinham formato semelhante a navios. Alguns pesquisadores enxergam aí a origem da palavra carnaval. A maior parte dos especialistas, porém, acha que o termo vem de outra expressão latina: carnem levare, que significa “retirar ou ficar livre da carne”. O termo carnem levare tem seu significado ligado ao fato dessa festa pagã acontecer durante os três dias que antecedem a quaresma, um longo período de privação, portanto era como uma despedida dos pecados da carne. Já na Idade Média, essas velhas festividades pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica, passando a marcar os últimos dias de “liberdade” antes das restrições impostas pela Quaresma. Nesse período de penitência para os cristãos (durante os 40 dias antes da Páscoa), o consumo de carne era proibido. No início da Idade Moderna, surge o calendário gregoriano, em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. O Carnaval passou a ser uma data oficial para os cristãos. Dessa forma, é reconhecida como festa popular de rua que sofreu uma série de modificações culturais até chegar aos dias de hoje. O carnaval comemorado no Brasil sofreu influência de uma festa de rua, de origem portuguesa, o entrudo, que consistia em jogar farinha, ovo e tinta nas pessoas. Porém, a comemoração também passou por mudanças por causa do folclore indígena e a cultura africana, trazida pelos escravos. Todos esses fatores culturais construíram um carnaval distinto em cada parte do Brasil. O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasilei- - Página 3 ro, embora sejam de origem europeia. No final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos “corsos”. Estes últimos, tornaramse mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. Ainda no século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado. O carnaval de rua mantém suas tradições originais na re- ESPECIAL gião Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem às ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi. O livro Guinness de Recordes Mundiais apresenta o Carnaval do RIo de Janeiro como sendo o maior do mundo. De acordo com o livro, a festa popular tem a participação de cerca de 2 milhões de foliões por dia. Escolas de Samba A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. Da Praça Onze à Sapucaí “Vão acabaaar com a Praça Onze. Não vai haver mais Escola de Samba, não vaaai…”, cantava, em 1941, o Trio de Ouro, à época formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Cha- gas. Setenta e cinco anos se passaram e, ao contrário do que afirmava a canção Praça Onze (foto), o que vemos hoje é que as Escolas de Samba não apenas não acabaram, como não há o menor indício de que esse fato venha a se consumar num futuro próximo. Mas por que, então, toda essa preocupação quase apocalíptica por parte dos autores da canção – Herivelto Martins e Grande Otelo – em relação às Escolas de Samba, e o que teria a ver a extinção da Praça Onze com o fim delas? Do final do século XIX e início do XX, até começar a ser demolida para dar lugar a uma parte da atual Avenida Presidente Vargas, em 1941, a região onde se localizava a então Praça Onze de Junho, - Página 4 no Centro do Rio de Janeiro, era uma verdadeira miscelânea de povos e culturas. Foi para lá que, com a abolição da escravatura, em 1888, muitos negros foram. Bem como muitos imigrantes recém-chegados no Brasil: portugueses, italianos e judeus de várias nacionalidades sendo os mais numerosos. E é nessa época, contexto e região que entra em cena uma senhora que seria decisiva para a origem do Samba e, posteriormente, das Escolas de Samba: a Tia Ciata, baiana nascida Hilária Batista de Almeida, que promovia em sua residência festas de cunho religioso e rodas de partidoalto. O local se tornaria muito frequentado por vizinhos e pessoas de outros bairros do Rio de Janeiro, e presentearia ao mundo compositores como Donga (considerado compositor do primeiro samba a ser gravado, Pelo Telefone, em 1917), Pixinguinha e Sinhô. Nessa mesma atmosfera surge, em 1928, fundada por alguns sambistas, entre eles o compositor Ismael Silva, a primeira Escola de Samba: a Deixa Falar. Pouco tempo depois, de sua dissolução nasceriam outras escolas, como Estação Primeira de Mangueira e Estácio de Sá. Até que fossem criadas as Escolas de Samba, o que havia eram os chamados Ranchos e Sociedades Carnavalescas, que desfilavam no período de Carnaval, mas que aos poucos foram caindo em desuso conforme as escolas iam crescendo e se tornando cada vez mais populares. Em 1933, organizado pelo então prefeito da cidade Pedro Ernesto Batista, é realizado o primeiro “Desfile Oficial de Escolas de Samba da Praça Onze”, que passaria a acontecer anualmente. A Mangueira foi a primeira vencedora. ESPECIAL Mas, em 1941, iniciam-se as obras para uma grande avenida que cortaria o Centro em direção à Zona Norte da cidade e, no meio do caminho… havia uma praça. Sim, a Praça Onze teria de ser demolida para dar lugar a uma parte da nova avenida. Daí a preocupação dos sambistas da época; daí a relação entre a extinção da praça e o fim das escolas; daí a origem da canção de Herivelto e Grande Otelo. As Escolas de Samba, no entanto, não deixaram de existir. Tampouco os desfiles, que continuaram a ser sediados na região da antiga Praça Onze. Primeiro, foram transferidos para a Avenida Presidente Vargas, e depois para a Avenida Marquês de Sapucaí, local onde, em 1983, foi construído o atual Sambódromo, projeto de Oscar Niemeyer. Em 1984 é realizado o primeiro desfile no Sambódromo. Um desfile histórico no qual, mais uma vez, a Mangueira é campeã. Fato que se repetiu este ano, em que a escola levou para a avenida os 50 anos de carreira da cantora Maria Bethânia. Escolas de Samba As campeãs através dos anos Segundo o pesquisador Hiram Araújo, no livro “Carnaval - seis milênios de história”, o carnaval carioca teve seus desfiles em diversas ruas e avenidas da cidade, isto de- vido ao aumento do número de escolas para o evento, além do crescente número de componentes das agremiações. Certas ruas e avenidas já não supriam a necessidade do desfile, estes por sinal, foram ficando cada vez mais profissionais em termos de espetáculo, chegando enfim, ao ponto da cobrança de ingresso. As principais escolas de samba sempre se apresentaram no primeiro grupo, ainda que este grupo fosse mudando de nome no decorrer das décadas: Grupo I, Grupo 1-A e Grupo Especial. Em 1932 e 1933 os desfiles das escolas de samba aconteceram na Praça Onze e percorriam no sentido da Senador Euzébio, passando pela Marquês de Pombal e chegando à Rua Visconde de Itaúna. No ano de 1934, o desfile aconteceu no Campo de Santana em homenagem ao Prefeito Pedro Ernesto. De 1935 a 1944 a competição retornou à Praça Onze. Do ano de 1943 a 1945 o desfile se deu no obelisco do final da Avenida Rio Branco. Entre os anos de 1946 e 1950 a competição passou a ser apresentada na Avenida Presidente Vargas, em frente à Escola Rivadávia Correa. Contudo, os anos de 1949 e 1950 aconteceram dois desfiles, o considerado oficial era realizado na Avenida Presidente Vargas, e o outro, considerado extra-oficial, realizado na Praça Onze. Em 1952, a Federação das Escolas de Samba e a União Geral das Escolas de Samba fundiram-se e criaram a Associação das Escolas de Samba, voltando os desfiles para a Avenida Presidente Vargas, onde foi criado um tablado de sessenta metros de comprimento por um metro de altura para a apresentação das escolas. Porém, neste ano, o Grupo I (no qual desfilavam as principais escolas) não se apresentou devido ao temporal. Do ano de 1953 a 1956, as escolas apresentaram-se no tablado, na Avenida Presidente Vargas. Em 1957 as escolas do Grupo I voltaram a desfilar na Avenida Rio Branco, o que durou até o ano de 1962. Entre os anos de 1963 e 1973 as escolas desfilaram na Candelária (final da Avenida Presidente Vargas). Segundo Ricardo Cravo Albin: - Página 5 “Em 1965, quando da celebração dos 400 anos do Rio, todas as escolas desfilaram com enredos de tema único, “O Rio Quatrocentão”, quando tudo era controlado pela Secretaria Municipal de Turismo e não havia Grupo Especial, muito menos duas noites de desfile”. Nos anos de 1974 e 1975 os desfiles passaram para a Avenida Presidente Antônio Carlos, sentido Praça XV - Avenida Beira-Mar. Em 1976 as escolas apresentaram no Mangue (próximo à Avenida Presidente Vargas). No ano seguinte desfilaram na Avenida Presidente Vargas, sentido Campo de Santana Rua Machado Coelho. ESPECIAL No ano de 1978 as escolas do Grupo I (grupo principal) desfilaram pela primeira vez na Avenida Marquês de Sapucaí. Em 1979 a designação das principais escolas mudou para Grupo 1- A . As princpais escolas desfilaram na Marquês de Sapucaí até o ano de 1983. Em 03 de março de 1984 foi inaugurado o Sambódromo. A primeira comissão julgadora, segundo o pesquisador de carnaval Hiram Araújo, foi composta por Milton Rodrigues, Bené Nunes, Ricardo Cravo Albin, Ronaldo Miranda, Geraldo de Mello Mourão, Fátima Guedes, Eloísa Vasconcelos, Arnaldo Nesi, Tatiana Memória, Marina Massari, João Antônio, Caribé da Rocha, Maria L. Noronha, Lena Frias, Antônio Faro, Irene Orazen, L. Figueiredo, Rubens Breitman, Guilherme Araújo e An- tônio Austregésilo de Athayde. No ano de 1987 a designação para as principais escolas voltou a ser Grupo 1. Em 1990 as principais escolas passaram a desfilar no Grupo Especial, o que perdurou até o ano de 2012. De 1932 a 2015 as campeãs e os enredos foram: Concursos extra-oficiais: 1932: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “A floresta”; 1933: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Uma segunda-feira no Bonfim da Bahia”; 1934: Não houve concurso; Concursos oficiais: 1935: Vai Como Pode “O samba dominando o mundo”; 1936: G. R. E. S. Unidos da Tijuca “Sonhos delirantes”; 1937: Vizinha Faladeira “Uma só bandeira”; 1938: Não houve concurso devido ao mau tempo; 1939: G. R. E. S. Portela “Festa do samba”; 1940: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Prantos pretos e poetas”; 1941: G. R. E. S. Portela “Dez anos de glórias”; 1942: G. R. E. S. Portela “A vida do samba”; 1943: G. R. E. S. Portela “Carnaval de guerra”; 1944: G. R. E. S. Portela “Brasil glorioso”; 1945: G. R. E. S. Portela “Motivos patrióticos”; 1946: G. R. E. S. Portela “Alvorada do Novo Mundo”; 1947: G. R. E. S. Portela “Honra ao mérito”; 1948: G. R. E. S. Império Serrano “Castro Alves”; 1949: G. R. E. S. Império Serrano “Tiradentes”; 1949: Desfile Extra-oficial: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Apoteose ao mestre”; 1950: G. R. E. S. Império Serrano 61 anos de República; 1950: Desfile Extra-oficial: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira - Página 6 “Saúde, lavoura, transporte, educação”; 1951: G. R. E. S. Império Serrano “Batalha naval”; 1951: Desfile Extra-oficial: Portela “A volta do filho pródigo”; 1952: Não houve concurso; 1953: G. R. E. S. Portela “Seis datas magnas”; 1954: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Rio através dos séculos”; 1955: G. R. E. S. Império Serrano “Exaltação a Caxias”; 1956: G. R. E. S. Império Serrano “Caçador de esmeraldas”; 1957: G. R. E. S. Portela “Legados de D. João VI; 1958: G. R. E. S. Portela “Vultos e efemérides do Brasil”; 1959: G. R. E. S. Portela “Brasil, Panteon de glórias”; 1960: G. R. E. S. Império Serrano “Medalhas e brasões”; Portela “Rio cidade eterna”; G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Carnaval de todos os tempos”; G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Quilombos dos palmares” e G. R. E. S. Unidos da Capela “Produtos e costumes de nossa terra”; 1961: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Reminiscência do Rio Antigo”; 1962: G. R. E. S. Portela “Rugendas”; 1963: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Chica da Silva”; 1964: G. R. E. S. Portela “O segundo casamento de D. Pedro II”; 1965: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “História do carnaval carioca”; 1966: G. R. E. S. Portela “Memórias de um sargento de Milícias”; 1967: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “O mundo encantado de Monteiro Lobato”; 1968: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Samba, festa de um povo”; 1969: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Bahia de Todos os Deuses”; 1970: G. R. E. S. Portela “Lendas e mistérios da Amazônia”; 1971: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Festa de um rei negro”; 1972: G. R. E. S. Império Serrrano “Alô, alô, taí Car- mem Miranda”; 1973: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Lendas do Abaeté”; 1974: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Rei da França na Ilha da Assombração”; 1975: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “O segredo das Minas do Rei Salomão”; 1976: G. R. E. S. Beija-Flor “Sonhar com o Rei dá Leão”; 1977: G. R. E. S. Beija-Flor “Vovó no reino da Saturnália na Corte Egipciana”; 1978: G. R. E. S. BeijaFlor “A criação do mundo na tradição nagô”; 1979: G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel “O descobrimento do Brasil”; 1980: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “O que a Bahia tem?”; G. R. E. S. Portela “Hoje tem marmelada” e G. R. E. S. Beija-Flor “O sol da meia-noite, uma viagem ao País das Maravilhas”; 1981: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “O teu cabelo não nega”; 1982: G. R. E. S. Império Serrano “Bum-bum paticumbum prugurundum”; 1983: G. R. E. S. Beija-Flor “A grande constelação das estrelas negras”; Depois do Sambódromo da Sapucaí, 1984: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Yés, nós temos Braguinha” e G. R. E. S. Portela “Contos de areia”; 1985: G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel “Ziriguidum 2001, carnaval nas estrelas”; 1986: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Caymmi mostra ao mundo o que que a Bahia e a Mangueira têm”; 1987: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “No Reino das Palavras, Carlos Drummond de Andrade”; 1988: G. R. E. S. Unidos de Vila Isabel “Kizomba, festa da raça”; 1989: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Liberdade, liberdade, abre alas sobre nós”; 1990: G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel “Vira, virou, a Mocidade ESPECIAL chegou”; 1991: G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel “Chuê... Chuá... As águas vão rolar”; 1992: G. R. E. S. Estácio de Sá “Paulceia desvairada - 70 anos de Modernismo”; 1993: G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro “Peguei um Ita no Norte”; 1994: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Catarina de Médicis na Corte dos Tupinambás e Tabajères”; 1995: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Mais vale um jeque que me carregue, que um camelo que me derrube... Lá no Ceará”; 1996: G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel “Criador e criatura”; 1997: G. R. E. S. Unidos do Viradouro “Trevas! Luz! A explosão do universo”; 1998: Ano atípico, no qual duas escolas sagraram-se campeãs: o G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira com o enredo “Chico Buarque da Mangueira” e o G.R.E.S. Beija-Flor com o enredo “O mundo místico dos caruanas na águas do Patu Anu”, com a inovação de apresentar não apenas um carnavalesco, mas um conjunto de quatro responsáveis, formadores da Comissão de Carnaval da escola. 1999: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Brasil, mostra a tua cara em... Theatrum Rerum Naturalium Brasilae”; 2000: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Quem descobriu o Brasil foi Seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval”; 2001: G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense “Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana-preta, amarela, Pernambuco... Quero vê descê o suco, na pancada do ganzá”; 2002: G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira “Brazil - Página 7 com “Z” é pra cabra da peste. Brasil com “S” é Nação do Nordeste”; 2003: G. R. E. S. Beija-Flor “O povo conta a sua história: saco vazio não para em pé. A mão que faz a guerra faz a paz”; 2004: G. R. E. S. Beija-Flor “Manôa Manaus - Amazônia - Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz”; 2005: G. R. E. S. Beija-Flor “O vento corta as terras dos pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor”; 2006: G. R. E. S. Vila Isabel “Soy loco por ti, América - A Vila canta a latinidade”; 2007: G. R. E. S. BeijaFlor “Áfricas: do berço real à corte brasiliana”; Em 9 de setembro de 2007 o IPHAN conferiu registro oficial, no Livro de Registro das Formas de Expressão, às matrizes do samba do Rio de Janeiro: samba de terreiro, partido-alto e samba-enredo. O pedido partiu do Centro Cultural Cartola, teve apoio da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba). 2008: G. R. E. S. Beija-Flor “Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas do meio do mundo”. Segundo o pesquisador Euclides Amaral: “Em fevereiro de 2008, o então prefeito da cidade do Rio de Janeiro César Maia, fez publicar no Diário Oficial decreto lei que concedia aos desfiles das escolas de samba status de Patrimônio Cultural da Cidade. Anteriormente a prefeitura havia concedido tal título ao Bloco Carnavalesco Cordão da Bola Preta (fundado em 1918) e ao gênero musical Bossa Nova. Neste mesmo ano o Instituto Cultural Cravo Albin deu entrada no IPHAN com o pedido de tombamento da forma do desfile (o ato de desfilar) dos Grêmios Recreativos e Escolas de Samba como Bem Imaterial do Brasil”. Em 2009 a Escola de Samba Acadêmico do Salgueiro sagrou-se a campeã do Grupo Especial com o enredo “Tambor”. No ano seguinte, em 2010, sob a batuta do carnavalesco Paulo Barros e com o samba-enredo “É segredo!”, de autoria dos compositores Alves, Toninho e Marcelinho Calil, a escola Unidos da Tijuca foi a campeã do Grupo Especial no carnaval carioca. No ano de 2011 as escolas Acadêmicos do Grande Rio, Portela e União da Ilha do Governador tiveram os barracões destruídos por um grande incêndio ocorrido em fevereiro, na Cidade do Samba, poucas semanas antes do carnaval. Por decisão do Prefeito do Rio, Eduardo Paes, o secretário municipal de Turismo e presi- ESPECIAL Carnaval em 1927 Bloco no Carnaval de 1950 - Página 8 dente da Riotur, Antônio Pedro Figueira e a diretoria da LIESA em conjunto com os presidentes das Escolas de Samba do Grupo Especial, respaldadas pelo Instituto Cultural Cravo Albin nesse sentido, todas as três escolas prejudicadas desfilaram “hors concours”, isto é, sem a avaliação dos julgadores. Também ficou decidido que nenhuma agremiação seria rebaixada para o Grupo de Acesso A, de onde será promovida a campeã para o ano seguinte fazer a abertura do desfile de domingo, desfilando no Grupo Especial. A grande vencedora do carnaval deste ano foi a Beija-Flor. A escola desfilou com o sambaenredo “A Simplicidade de um Rei”, em homenagem ao cantor Roberto Carlos, de Samir Trindade, Serginho Aguiar, Jr. Beija-Flor, Sidney de Pilares, Jorginho Moreira, Théo M. Netto, Kleber do Sindicato e Marcelo Mourão, tendo como intérprete Neguinho da Beija-Flor, sagrandose campeã do carnaval carioca. No ano de 2012, conduzida pelo carnavalesco Paulo Barros, desfilando pelo Grupo Especial, a escola Unidos da Tijuca sagrou-se campeã do carnaval carioca, com o samba-enredo “O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”, de Vadinho, Josemar Manfredine, Jorge Callado e Silas Augusto. Em 2013 o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Unidos de Vila Isabel sagrou-se campeã do carnaval carioca com enredo de Rosa Magalhães intitulado “A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo - Água no feijão que chegou mais um...” e samba-enredo composto por Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico da Vila e Leonel, tendo Tinga como intérprete. A escola ainda teve como Rainha de Bateria a apresentadora paulista ESPECIAL Sabrina Sato, como Mestre Sala Julinho e Rute como Porta-Bandeira, além de Décio Bastos como Diretor de Harmonia e a dupla Paulinho e Wallan como Mestres de Bateria. No ano de 2014 a escola Unidos da Tijuca, classificou-se em primeiro lugar, no Grupo Especial, desfilando com o samba-enredo “Acelera, Tijuca!”, de Caio Alves, Fadico, Gustavinho Oliveira e Tinguinha, tendo como intérprete Tinga. Destacamos também Fernando Costa (Diretor de Carnaval); Paulo Barros (Carnavalesco); Fernando Costa (Diretor de Harmonia); Casagrande (Mestre de Bateria); Juliana Alves (Rainha de Bateria); Julinho (MestreSala); Rute (Porta-Bandeira) e Rodrigo Negri e Priscila Mota (Comissão de Frente). No ano de 2015 o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis tornou-se a campeã do carnaval carioca, obtendo seu 13º título. Na ocasião, a agremiação desfilou com o sambaenredo “Um Griô Conta a História: Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”, de J. Velloso, Samir Trindade, Jr. Beija-Flor, Marquinhos Beija-Flor, Gilberto Oliveira, Elson Ramires, Dílson Marimba, Silvio Romai, Junior Trindade e Ribeirinho, puxado na avenida por Neguinho da Beija-Flor, tendo como presidente Farid Abraão David; comissão de carnaval integrada por Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos, André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo, também autores do enredo e da sinopse; diretores de bateria Mestres Rodney Ferreira e Plínio de Morais, auxiliados por Anderson Miranda, Carlos Alberto, Adelino Vieira, Clóvis, Thiago, Michel, Xunei, Marlon e Rogério Pó de Mico; 1º Mestre-Sala Claudinho e 1ª Porta-Bandeira Selmynha Sorriso. No ano de 2016 a G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira sagrou-se campeã do Grupo Especial, desfilando com o samba-enredo “Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”, de autoria de Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão, tendo como carnavalesco Leandro Vieira; diretor de carnaval Júnior Schall; diretor de harmonia Edson Goes; puxador do Segundo a Riotur, Bola Preta reuniu cerca de um milhão de pessoas no Centro do Rio (Foto: Marcos de Paula / G1) - Página 9 ESPECIAL samba Ciganerey; mestres de bateria Rodrigo Explosão e Vitor Arte; rainha de bateria Evelin; mestre-sala Raphael; porta-bandeira Squel e comissão de frente de Júnior Scapin e ainda Nélson Sargento com o Presidente de Honra e Francisco de Carvalho como presidente da agremiação. Bola Preta O Cordão da Bola Preta, um dos blocos mais tradicionais do Rio, manteve a fama de arrastar multidão pelo Centro da cidade. De acordo com a Riotur, cerca de 1 milhão, de pessoas acompanharam o desfile na manhã do sábado (6). As músicas animaram o público que foi curtir em paz o bloco mais antigo da cidade, que completa 98 anos em 2016. Entre as marchas que já fazem sucesso há décadas no carnaval carioca, uma novidade composta pelo presidente do bloco, Pedro Ernesto Marinho, e João Roberto Kelly, rei das marchinhas que esteve ausente do desfile. “Ôôô, eu quero dinheiro, o meu dinheiro sumiu, foi parar na lua, foi pra longe do Brasil”, gritavam os intérpretes. A música caiu na boca do povo e foi cantada em todas as vezes que foi tocada durante as quase quatro horas de desfile. A atriz Leandra Leal é porta-estandarte do Cordão da Bola Preta (Foto: Marcos de Paula/G1). Vem Quem Quer Em Viçosa, a exemplo dos últimos 38 anos, o Bloco Vem-Quem-Quer abriu mais uma vez as festividades do carnaval. O bloco tradicional- mente familiar contou com a presença de muitas crianças e alegrou a noite de sexta-feira (29), desde a concentração, na esquina das ruas Afonso Pena e Doutor Brito, até o encerramento do desfile, que terminou na Rua Gomes Barbosa. Neste ano o bloco trouxe o tema “Seu Toim”. A marchinha, vencedora de um dos concursos de carnaval de Santa Luzia, o Santa Folia, é de compositores daquela cidade (Douglas Batera, Mauro Bainha/Regina B. da Silva) e fala sobre uma injustiça com um cidadão chamado Antônio, apelidado de “Seu Toim”, que foi preso injustamente e todos clamam pela liberdade dele, como reza o refrão: “Se você tem bom coração e gosta de mim, quero ver você soltar o seu Toim”. Leandra Leal é a porta estandarte, Maria Rita a madrinha e Ludmila a rainha do Bola Preta (Foto: Marcos de Paula/G1) - Página 10 FONTE: ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Esteio Editora, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014. ARAÚJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000. http://www.suapesquisa.com/carnaval/ http://historia-do-carnaval.info/ http://mundoestranho.abril.com.br/ materia/qual-e-a-origem-do-carnaval https://terradamusica.com.br/da-praca-onze-sapucai-um-breve-historicodas-escolas-de-samba/Elvio Filho http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/ carnaval/2016/noticia http://vicosanews.com/ http://www.dicionariompb.com.br/