Revista cirrus nº 5 - Ciência e Tecnologia
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Revista cirrus nº 5 - Ciência e Tecnologia
C I R R U S Novembro – Dezembro 2005 U N E M E T – Brasil www.unemet.al.org.br UNEMET: 3 Anos de Sucesso e Desafios Crescentes O Escurecimento Global: Outra Incógnita da Mudança Climática Adalberto Serra: O Entusiasta da Meteorologia Brasileira Aspectos Climatológicos da Precipitação do Nordeste Brasileiro Valorização e Respeito Profissional: Até que ponto os Meteorologistas submeter aos baixos salários? devem se C I R R U S U N E M E T – Brasil Ano I – Número 5 – Novembro – Dezembro 2005 S Diretoria Executiva Editorial 4 Presidente Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ) Secretário Geral Daniel Carlos Menezes (COPPE/UFRJ) Diretor Administrativo e Financeiro Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP) Diretor de Cooperação Nacional e Internacional José de Lima Filho (UFAL) 12 Conselho Editorial Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP) Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ) Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ) Daniel Carlos de Menezes (COPPE/UFRJ) Revista Cirrus, dos estudiosos por Meteorologia, é uma publicação da União Nacional dos Estudiosos em Meteorologia - UNEMET, distribuída gratuitamente aos usuários cadastrados no site. A revista não se responsabiliza por opiniões emitidas pelos entrevistados e por artigos assinados. Reprodução permitida desde que citada a fonte. 2 Programe-se Capa 16 Satélites Meteorológicos: Como ajudam na Previsão do Tempo Memória 25 Adalberto Barranjard Serra Curiosidades 28 Conselho Fiscal José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV) Gustavo Bastos Lyra (ESALQ/USP) Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE) Gustavo Necco Agenda 14 Conselho Diretor Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ) Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP) José de Lima Filho (UFAL) Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ) Maria Céli Santos de Lima (UFAL) Prof. Paulo César Sentelhas Ponto de Vista Diretora de Educação e Treinamento Maria Céli Santos de Lima (UFAL) Fique Antenado Entrevista 7 José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ) Diretor de Comunicação e Marketing UNEMET: 3 Anos de Sucesso e Desafios Crescentes Radar 5 Carlos Henrique D’Almeida Rocha (COPPE/UFRJ) Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento umário Aspectos Climatológicos da Precipitação do Nordeste Brasileiro Nossas Escolas 31 O Primeiro Curso Superior em Meteorologia no Norte-Nordeste do Brasil Reflexões 35 Valorização e Respeito Profissional: Até que ponto os Meteorologistas devem se submeter aos baixos salários? Redação Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS. [email protected] Publicidade Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo. [email protected] UNEMET – Brasil Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara 57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil Fone: (82) 3377-0268 [email protected] www.unemet.al.org.br C PARABÉNS CIRRUS correio PELA NOVA EDIÇÃO DE Parabéns!! O conteúdo da revista merece uma leitura apurada. Especialmente o artigo sobre o Velho Chico, que mostra visões e opiniões diversas que nos ajudam a refletir sobre os desdobramentos desse Projeto tão polêmico. Gostaria de sugerir um artigo, que penso interessar muito aos jovens que estão procurando definir seu futuro, às vésperas de prestarem vestibulares. Seria sobre a profissão do Meteorologista: as universidades que oferecem cursos, os conteúdos programáticos, os desafios da profissão, as oportunidades do mercado de trabalho, enfim, um guia que pudesse ajudar os jovens que se interessam pelo tema. Aliás, esse texto poderia constar do site da Unemet, independentemente da Cirrus. A internet tem sido usada pelos jovens para a busca de informações nessa hora tão difícil. Suely Bárbara Laskowski FatorGis, Curitiba-PR PREVISÃO PROLONGADAS BRASILEIRO DE NO SECAS NORDESTE Li algumas matérias da Cirrus e está excelente em termos de forma e conteúdo. Parabéns! Muito boa a matéria sobre a previsão de secas prolongadas no nordeste brasileiro. Clarificou muitas coisas. Quanto às matérias do São Francisco, a iniciativa foi muito boa. O que tenho notado é que os números do projeto não estão claros, ora vejo R$ 2 bilhões, ora vejo R$ 12 bilhões. Ora são 26m3/s ora são 127m3/s. Ora 2 anos, ora 10 anos. Se for para beneficiar apenas os apadrinhados, não deveria ser feito. Vejo muita paixão e pouco cartesianismo. Se é tão ruim, porque o SBPC não se reúne e faz um manifesto contra? Quanto à matéria dos furacões, também é muito boa. Christiano Pires de Campos IVIG/COPPE/UFRJ PRIMEIRA TURMA Sou meteorologista da primeira turma de Meteorologia da UFRJ e fiquei empolgado com a revista CIRRUS, gostaria de recebê-la, e saber como faço para me cadastrar. Arthur Mattos UFRN, Natal, RN NOTA Devido ao grande volume de matérias pendentes para a Edição de Set-Out, o Corpo Editorial da Revista tomou a liberdade de suprimir uma pagina dessa Seção. Pedimos assim a compreensão dos nossos leitores. Lembramos que todas as mensagens foram prontamente respondidas e as sugestões já estão sendo avaliadas pelo Corpo Editorial. OS EDITORES 3 E ditorial UNEMET: 3 Anos de Sucesso e Desafios Crescentes E ste é um momento de alegria para todos nós que fazemos a UNEMET. Estamos comemorando o terceiro ano de existência da UNEMET. Três anos de muitas lutas e dificuldades, mas de muitas conquistas também. Quando criamos a UNEMET, não foram poucos que duvidaram de seu sucesso, mesmo entre colegas. E essas dúvidas se justificam, pois não é toda dia que aparece uma instituição para quebrar as algemas da mediocridade em que vivemos com a clara orientação de divulgação e em defesa do interesse da Meteorologia. Porém seguimos em frente, encarando as dificuldades e procurando traduzir cada vez mais os sentimentos e as expectativas de todos os estudiosos em Meteorologia. Quando formatamos as primeiras idéias, não era bem entendido nem tinha grande penetração. Percorremos um longo caminho desde aqueles dias em que éramos reduzidos a alguns membros com algumas idéias inovadoras e logo nos transformamos em um núcleo de conhecimento, e muito ainda está por vir. Nestes 3 anos a UNEMET formalizou diversas parcerias e convênios importantes com inúmeras instituições nacionais e internacionais como a SECT-AL, SBMET, Prefeituras municipais de Palmeira dos Índios, Barra de São Miguel, em Alagoas, EUMETSAT dentre outras. Conseguiu liderar uma grande campanha no em prol da continuidade e expansão do recebimento de dados do METEOSAT-8, pertencente à EUMETSAT. Esta nossa batalha teve sucesso e foi bem recebida pela direção da EUMETSAT. Este é um dos modos concretos que encontramos para agir, na linha de frente, em prol da Meteorologia em nosso país. Além disso, a UNEMET trava uma grande batalha com diversas instituições brasileiras para que seja cumprida a Lei de Regulamentação da Profissão que determina que somente possa lecionar e trabalhar em Meteorologia pessoas que tenham o diploma ou a carteira do CREA em nossa Ciência. Mesmo às vezes sendo incompreendida nesta ação por colegas da profissão, seja por desconhecer a lei ou mesmo por outros interesses, não desistiremos até que possamos ver o cumprimento fiel da Lei. A UNEMET também encabeçou a lista para que a data comemorativa do dia do Meteorologista passasse para o dia 14 de outubro, data da promulgação da Lei da Profissão da Meteorologia em nosso país, semelhante às outras profissões. Concretizamos a editoração de duas publicações que fazem muito sucesso na sociedade brasileira: o INFORMATIVO UNEMET, que chegou ao numero 50; e a nossa revista CIRRUS, que está recebendo elogios de diversas pessoas e instituições tanto no Brasil quanto no estrangeiro. Esse esforço prova e reafirma o compromisso que a UNEMET tem, através da informação, criar uma consciência de busca do conhecimento acerca da ciência meteorológica, suas relações e aplicações, e que o mesmo alcance todas as pessoas que se interessam ou que querem aprofundar seus conhecimentos em Meteorologia e/ou áreas afins. Ao relembrar essas vitórias, não nos move nenhum tipo de presunção e soberba, pois tudo que foi feito não existiria sem o apoio de nossos leitores e colaboradores e amigos em geral. Temos, contudo, muito orgulho de nossa trajetória e, principalmente, da amizade de todos vocês. Uma coisa é certa: estamos no inicio ainda. A Meteorologia continua sendo nossa paixão, a força propulsora por trás de cada uma de nossas aspirações. Foi essa paixão que nos levou a criar e desenvolver esta Organização e foi ela que nos motivou a criar inovações de grande aceitação e é graças a ela que continuamos a idealizar publicações abertas, o cerne de nossa filosofia e a chave de nosso sucesso, que proporcionará que os conhecimentos sejam disseminados. Aproveitando o ensejo, gostaríamos de informar que a Cirrus retornará em amrço de 2006 e desejamos a todos vocês um Natal Feliz com muita Paz e Alegria junto a seus familiares e um Ano de 2006 repletos de Novos Projetos, Desafios e Realizações, esperando contar com todos no próximo ano. Os Editores 4 R adar Fique Antenado CONCURSO PÚBLICO PARA O INMET O Diretor do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, no uso de suas atribuições legais, considerando a autorização concedida pelo Ministério de Estado do Planejamento, Orçamento e Administração, por meio da Portaria nº 159, de 12 de julho de 2005 e obedecendo ao disposto no Decreto nº 4.175, de 27 de março de 2002, faz saber que fará realizar através do Instituto Nacional de Educação CETRO – INEC, em datas, locais e horários a serem oportunamente divulgados, Concurso Público destinado ao provimento de vagas existentes para os cargos de Administrador e Meteorologista, conforme especificados no edital do referido concurso. Ao todo são 29 vagas distribuídas da seguinte forma: 17 para Brasília/DF, 4 para São Paulo/SP, 2 para Rio de Janeiro/RJ, 2 para Belo Horizonte/MG, 2 para Cuiabá/MT e 2 para Manaus/AM. As inscrições serão realizadas via Internet, no endereço eletrônico http://www.cetroconcursos.com.br, no período de 12 a 23 de dezembro de 2005, iniciandose no dia 12/12/05, às 10h e encerrando-se, impreterivelmente, às 17h do dia 23/12/05. Maiores Informações e edital completo estão no site: http://www.cetroconcursos.com.br/Co ncursos/Inmet/Inmet_Edital.pdf Fonte: INMET I PRÊMIO INMET DE ESTUDOS SOBRE BENEFÍCIOS DA METEOROLOGIA PARA O BRASIL A Associação dos Pesquisadores do Experimento de Grande Escala da BiosferaAtmosfera na Amazônia - APLBA publicou Edital de Licitação do CONCURSO no 01/2005 APLBA, denominado "I Prêmio INMET de Estudos sobre os Benefícios da Meteorologia para o Brasil", para seleção e premiação de trabalhos que versem sobre os potenciais benefícios econômicos e sociais das atividades meteorológicas no Brasil, no âmbito do Projeto de Tecnologia da Informação para Meteorologia (PROTIM), por solicitação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em conformidade com a Lei no 8.666, de 21/06/93. O Prêmio tem por objetivo estimular a realização e divulgação de trabalhos que reúnam evidências quantitativas sólidas dos benefícios potenciais das atividades meteorológicas no território brasileiro. Serão premiados ao todo 13 trabalhos (os 7 melhores com R$10.000,00 cada e outros 6 trabalhos com R$5.000,00 cada). PARTICIPEM! As inscrições deverão ser feitas até o dia 31 de janeiro de 2006, no estabelecimento da APLBA. Conheça o texto completo do Edital no endereço: http://www.cptec.inpe.br/arquivos_extra net/EDITAL_CONCURSO_nr_01_APLBA_2005.p df Os interessados podem procurar a APLBA: Yara Lopes Guedes Ferreira/APLBA Rodovia Presidente Dutra, km 39 Cachoeira Paulista – SP CEP:12630-000 Fone: 12 3186-8529 / 3186-8493 / 3186-8400 Fax: 12 3186-8542 / 3101-2835 E-mail: [email protected] Fonte: SBMET 5 BOLSA DE TÉCNICO DE INVESTIGAÇÃO (BTI) EM PORTUGAL O Centro de Estudos da Macaronesia (CEM) da Universidade da Madeira e o Instituto de Oceanografia (IO) da Universidade de Lisboa são parceiros num projeto de investigação recentemente contemplado com financiamento da FCT (POCI/MAR/57265/2004). O objetivo principal do projeto é o estudo de processos oceanográficos / atmosféricos, do Arquipélago da Madeira. No âmbito deste projeto o CEM/IO tornam público que estão abertas candidaturas para 1 (uma) vaga de Bolsista Técnico de Investigação na área de computação cientifica de alto desempenho. Duração da bolsa: 1 (um) ano (renovável). Prazo para recepção das candidaturas: 1 de Dezembro 2005 a 1 de Fevereiro de 2006. Os critérios de avaliação das candidaturas é a avaliação curricular (média de Licenciatura e experiência pós-Licenciatura), e eventual entrevista. De preferência, o candidato deverá demonstrar ter experiência de investigação na área de computação de alto desempenho, conhecimentos de Fortran 77/95 e facilidade na utilização do sistema operativo Linux. Das candidaturas deverão constar os seguintes documentos: - Curriculum Vitae detalhado; - Fotocópia do Certificado de Habilitações autenticada; - 3 cartas de recomendação; - Carta de motivação para participar no projeto. Candidaturas e seleção: As candidaturas deverão ser formalizadas ao Coordenador do projeto, Doutor Rui Caldeira, acompanhado dos documentos necessários (preferencialmente em formato digital – PDF). O resultado do processo de seleção será divulgado através de notificação ao candidato. Para maiores informações contatar: Doutor Rui Caldeira, Centro de Estudos da Macaronésia, Universidade da Madeira, Campus da Penteada, 9000-390 Funchal - Madeira. Email: [email protected] Outras informações em ou http://www.uma.pt/cem/ http://www.io.fc.ul.pt/ Fonte: SBMET 6 PROGRAMA DE BOLSA DE PÓSDOUTORADO DO IAI/NCAR O Centro Americano de Pesquisas Atmosféricas (NCAR) e o Instituto InterAmericano para Pesquisas de Mudanças Climáticas Globais (IAI) estão com inscrições abertas para o seu novo programa novo para apoiar bolsistas de pós-doutorado em ciências atmosféricas e áreas relacionadas. Poderão se inscrever pessoas dos países membros do IAI que estejam para receber o título de doutorado dentro de 5 anos em uma instituição pertencente ao país membro do IAI. Os bolsistas ficarão hospedados em residência no NCAR e os candidatos devem ter fluência verbal e escrever bem em inglês. As candidaturas serão aceitas na forma eletrônica até 5 de janeiro de 2006 para atividades a serem iniciadas entre junho e dezembro de 2006. Para maiores detalhes sobre este programa e outras informações necessárias visite www.asp.ucar.edu/iai/ Para mais informação contatar Scott Briggs através de e-mail: [email protected], ou na página de Web acima. Fonte: IAI E ntrevista Paulo César Sentelhas A SBAgro e o Panorama Atual da Agrometeorologia no Brasil “ Com certeza a descentralização da SBAgro ajudaria em muito a desenvolver a agrometeorologia em nível regional, já que muitas vezes colegas não tem como participar de nossos congressos devido à distância P róxima a completar 33 anos de fundação, a SBA (Sociedade Brasileira de Agrometeorologia), não para de inovar. Além de está de cara (site) e diretoria nova, passa agora a utilizar uma nova sigla: SBAgro. Outra novidade é o lançamento oficial da homepage da Revista Brasileira de Agrometeorologia (RBAgro). Porém na opinião do novo Presidente da Sociedade, e nosso entrevistado, Prof. Paulo César Sentelhas (ESALQ/USP), “o que temos a comemorar após esses quase 33 anos é que hoje temos uma sociedade muito bem consolidada, com grande expressão nacional e também na América Latina, com uma revista científica bem conceituada e, principalmente, com um grupo de associados extremamente competente e atuante, o que a mantém sempre em evidência”. Leia abaixo na íntegra a entrevista concedida especialmente a nossa redação. CIRRUS - O Senhor é o presidente a dirigir a SBAgro? mais jovem Prof. Sentelhas - Sinceramente não sei. Mas com certeza essa é a diretoria mais jovem que a SBAgro teve até o momento. Estamos contando com colegas de basicamente três gerações recentes de agrometeorologistas, como é o caso do Fábio Marin da Embrapa (secretário-geral) e do Gregório Faccioli da UFS (2º secretário), os mais jovens. Além disso, temos na diretoria o José Ricardo Pezzopane do IAC (tesoureiro), a Denise Fontana da UFRGS (2ª tesoureira) e eu de uma geração anterior, e o Marcelo Camargo do IAC, nosso vicepresidente, um pouco mais velho. O mais ” importante de tudo isso é que a nossa disposição é muito grande para ajudar a SBAgro a crescer ainda mais. CIRRUS - Quais as lições tiradas no último Congresso da Sociedade (Campinas)? Prof. Sentelhas - O último Congresso de Agrometeorologia foi bastante diferente dos que o precederam. A profissionalização do evento foi um ponto marcante, especialmente com a participação de grande número de empresas e instituições. Essa é uma lição importante a ser tirada, o que permite aos organizadores dos eventos ter flexibilidade em termos de recursos, inclusive com saldo positivo para a SBAgro. Outra lição importante foi com relação à revisão dos trabalhos submetidos ao evento. Tal ação possibilitou uma melhoria bastante significativa na qualidade dos trabalhos apresentados, e isso é um aspecto importantantíssimo a ser considerado no próximo evento. Apesar desses pontos positivos, será necessária uma melhor organização da parte científica, com a volta das apresentações em plenário e mais tempo para a apresentação dos posters. 7 “ A prioridade nesse início de gestão é a reformulação dos sites da SBAgro e da RBAgro, além de regularizar a situação da sociedade quanto à sua sede em Campinas CIRRUS – O que o senhor pretende manter da gestão anterior e inovar na atual? Prof. Sentelhas - A gestão anterior, como já disse, presou muito pela profissionalização, mas creio que ainda temos muito o que avançar nesse sentido. Uma das ações para isso é se ter uma melhor apresentação da entidade junto à sociedade e para tanto estamos investindo nos sites tanto da SBAgro como também da nossa revista científica, a RBAgro. Uma outra proposta é incentivarmos outros eventos, como reuniões regionais ou por áreas científicas, possibilitando assim um intercâmbio mais constante entre os sócios. O processo de intercâmbio internacional, especialmente com as demais sociedades de agrometeorologia da América Latina e com a International Society of Agricultural and Forest Meteorology (INSAM) é algo em que vamos continuar investindo, dando continuidade ao excelente trabalho feito pela diretoria do Dr. Paulo Caramori. CIRRUS - Qual a avaliação que o Senhor faz no momento acerca da atual gestão da SBAgro? Prof. Sentelhas - Ainda estamos no início de nossa gestão e isso dificulta uma avaliação mais detalhada, mas creio que estamos começando com muita disposição para manter a SBAgro próspera. CIRRUS Quais os projetos mais importantes a serem implantados em sua gestão? Prof. Sentelhas - A prioridade nesse início de gestão é a reformulação dos sites da SBAgro e da RBAgro, além de regularizar a situação da sociedade quanto à sua sede em Campinas. Até o momento, a sede da SBAgro encontra-se no local de sua fundação, em Campinas Grande, o que vem dificultando alguns procedimentos burocráticos. Outra prioridade é a mudança do estatuto da SBA, já aprovado no último evento e atualmente em trâmite nos órgãos competentes. Além disso, estamos 8 ” registrando a sigla SBAgro como a oficial da entidade, já que existem diversas outras sociedades com a sigla SBA, e outras requerendo o direito de usar SBAgro. CIRRUS - No próximo ano (2006) a SBA completa 33 anos. O que se tem para comemorar, já que o senhor participou da história da SBA em outros momentos? Prof. Sentelhas - Bom, minha história junto à SBAgro é relativamente recente. Torneime sócio em 1989, portanto com a SBAgro já tendo 16 anos. Mas, em minha opinião, o que temos a comemorar após esses quase 33 anos é que hoje temos uma sociedade muito bem consolidada, com grande expressão nacional e também na América Latina, com uma revista científica bem conceituada e, principalmente, com um grupo de associados extremamente competente e atuante, o que a mantém sempre em evidência. CIRRUS - Como o Senhor avalia o panorama atual da Agrometeorologia no Brasil e qual a sua visão para os próximos anos? Prof. Sentelhas - A agrometeorologia é uma área das ciências agronômicas bastante interessante, pois além de se enquadrar como uma disciplina básica, ela também se enquadra como uma disciplina aplicada. Portanto, vejo a agrometeorologia com uma grande interação com as demais áreas das ciências agronômicas, o que confere a ela uma posição de destaque. A agrometeorologia hoje no Brasil é praticada não só pelos agrometeorologistas, que fazem pesquisas básicas e também aplicadas ao dia-a-dia dos produtores, mas também pelos meteorologistas, haja vista que o maior cliente dos produtos meteorológicos é o setor agrícola. Portanto, a Agrometeorologia tem muito a contribuir com a agricultura nacional, nas mais diversas condições. CIRRUS - Como o Senhor analisa a evolução do Agronegócio no atual momento Brasileiro? O Senhor acredita que a Agrometeorologia contribui ou pode contribuir com esta evolução? Que benefícios a Agrometeorologia pode trazer para o fortalecimento do Agronegócio no país? Prof. Sentelhas - A agricultura brasileira é hoje a atividade econômica mais importante para o País. No entanto, ela ainda carece de tecnologia para que seja sustentável. Nesse sentido, a agrometeorologia tem muito a contribuir com o agronegócio brasileiro, gerando tecnologia de produção para minimização dos impactos gerados pelas atividades agrícolas e, consequentemente, melhorando os níveis de produtividade e reduzindo o custo de produção. CIRRUS - Em sua opinião como poderia ser intensificado o desenvolvimento da Agrometeorologia no Brasil? Prof. Sentelhas - A agrometeorologia brasileira é uma das mais bem organizadas não só a nível de América Latina, mas também a nível mundial. Hoje em dia são poucas as sociedades de agrometeorologia em outros países que tem uma estrutura como a nossa. Podemos citar como exemplos a Argentina, Itália, Índia, Coréia do Sul e Canadá, que por conhecimento pessoal posso afirmar que não atingiram ainda nosso nível. Para impulsionar ainda mais a nossa agrometeorologia é fundamental que se tenha a SBAgro cada vez mais forte. O desenvolvimento de uma área de conhecimento só se dá a partir do momento em que os especialistas dessa área tenham a possibilidade de interagir e para isso o papel de uma sociedade é fundamental. Sendo assim, creio que a agrometeorologia no Brasil irá se firmar cada vez mais desde que a SBAgro continue atuando como ponto de agregação, estimulando o crescimento profissional de seus membros e a discussão de assuntos de importância para a agricultura nacional, em seus eventos. c) Que nos cursos de agronomia e meteorologia a disciplina agrometeorologia seja ministrada por profissionais competentes e que atuem na área; d) Que os serviços de extensão rural empreguem os conhecimentos gerados pela pesquisa em agrometeorologia; e) Que se fortaleçam os centros de informações agrometeorológicas; e f) Que as informações agrometeorológicas estejam inseridas na mídia. CIRRUS - A SBMET possui Diretorias Regionais, não seria interessante também que a SBAgro fosse descentralizada? Prof. Sentelhas - A SBMET é um exemplo a ser seguido pela SBAgro em todos os aspectos, já que a entidade atingiu um nível organizacional excelente. Com certeza a descentralização da SBAgro ajudaria em muito a desenvolver a agrometeorologia a nível regional, já que muitas vezes colegas não tem como participar de nossos congressos devido à distância. Porém, uma decisão como essa só pode ser tomada pela Assembléia Geral da entidade. Essa é uma sugestão que será levada pela atual diretoria para que seja implementada durante o nosso próximo congresso. CIRRUS - Qual sua mensagem final? Prof. Sentelhas - Deixo como mensagem final uma frase de Confúcio, que uma vez tive a oportunidade de ler na sala de meu amigo Marcelo Camargo: “A essência do conhecimento científico é sua aplicação prática”. Creio muito nessa frase e tenho certeza de que se passarmos a aplicar boa parte do conhecimento/tecnologia que nossos pesquisadores vêm gerando, não só na agrometeorologia, mas também em todas as outras áreas, teremos condições de levar esse País ao lugar que ele merece. Ficha Técnica • CIRRUS - Então, como o Senhor acha que se deve fazer objetivamente para que a Agrometeorologia possa ser mais conhecida e aplicada no Brasil? Prof. Sentelhas - Em minha opinião, para que a agrometeorologia seja mais conhecida e aplicada são necessários os seguintes pontos: a) Ter uma sociedade forte e atuante; b) Contar com uma revista científica de qualidade; • • • Graduado em Engenharia Agronômica pela Faculdade de Agronomia e Zootecnia Manoel Carlos Gonçalves, FAZMCG (1987); Mestre em Agrometeorologia pela ESALQ (1992); Doutor em Irrigação e Drenagem pela ESALQ (1998); Presidente da SBAgro (Gestão: 200507), eleito em 07/2005. 9 M eteorologia em Foco Confira o que foi destaque O Nono Congresso Argentino de Meteorologia, CONGREMET IX, com o lema “Tempo, Clima, Água e Desenvolvimento Sustentável”, foi realizado na cidade de Buenos Aires de 3 a 7 de outubro de 2005 nos salões da Biblioteca Nacional, organizado pelo Centro Argentino de Meteorologistas (CAM). Neste evento estiveram presentes mais de 200 meteorologistas, climatologistas, hidrólogos e oceanógrafos argentinos e de países vizinhos, a os quais apresentaram, discutiram e intercambiaram suas experiências e conhecimentos nas respectivas disciplinas em seu afã de compreensão dos diferentes aspectos relacionados ao tempo, clima e a água que afetam o desenvolvimento sustentável. O Congresso foi apoiado e patrocinado por várias instituições oficiais e privadas e foi declarado de interesse pela Organização Meteorológica Mundial, pelo Governo da Cidade de Buenos Aires e pelo Honorável Senado do país. Na cerimônia de abertura (3 de outubro) expressaram palavras de boas vindas o Presidente do CAM, Lic. Juan Manuel Horler; o Terceiro Vice-presidente da Organização Meteorológica Mundial e Diretor Geral do Serviço Meteorólogico Nacional, Cdro. Miguel Angel Rabiolo; o Chefe de Gabinete da Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Lic. Rubén Patroulleau; o Coordenador da Área de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do PNUD, Ing. Daniel Tomasini; o Decano da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais, UBA, Dr. Pablo M. Jacovkis e o Presidente do Comitê Organizador do CONGREMET IX, Dr. Gustavo V. Necco (Figura 1). Foram realizadas durante o evento duas conferências, uma intitulada “A previsão climática como recurso para o desenvolvimento sustentável em países do MERCURSUL” apresentada pelo Dr. Luiz B. Molion da UFAL; e a segunda conferência convidada com o título “O diagnóstico climático como elemento de 10 decisão e controle”, foi dada pelo Dr. Walter Mario Vargas, da Universidade de Buenos Aires. Figura 1 – Sessão Solene de abertura do CONGREMET IX. Da direita para esquerda: Cdro. Miguel Angel Rabiolo, Ing. Daniel Tomasini, Lic. Juan Manuel Horler, Lic. Rubén Patroulleau, Dr. Pablo M. Jacovkis, Dr. Gustavo V. Necco (presidente do Comitê Organizador). As atividades do Congresso incluíram uma sessão de painéis onde foram apresentados mais de duzentos trabalhos de investigação; uma série de mesas redondas nos temas “Tempo e tormentas severas”, “Tempo e desastres naturais” “Clima (com ênfase na gestão de dados climáticos)”; “Variabilidade e mudança climática”, “Oceanografia”, “Hidrologia e água doce” e “Agrometeorologia”; duas conferências convidadas e uma sessão de apresentação de livros recentemente publicados por autores locais ou da região em temas relacionados com o evento. Os participantes receberam um CDROM contendo a totalidade dos trabalhos apresentados, revisados e aprovados por um Comitê de Seleção integrado por mais de cinqüenta marcantes profissionais argentinos e de países da região. A audiência foi muito ativa e participativa, tanto nos intercâmbios com os autores que apresentaram painéis, como em comentários, intervenções com os moderadores, apresentadores de palestras, mesas redondas e com os conferencistas convidados. Destacou-se a presença de numerosos participantes brasileiros, incluindo um importante número de estudantes. Na sexta, dia 7/10, o evento concluiu com uma mesa redonda moderada pelo Presidente do CAM, Lic. Juan M. Horler, e a Presidenta da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET), Dra. Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva, onde se integraram às conclusões e recomendações das diferentes mesas redondas e se discutiram planejamento futuros. Anunciaram-se ações de ambas as sociedades em prol de uma melhoria das estruturas institucionais no âmbito meteorológico e se ressaltou à defesa da profissão. Foi acordado também que se devem fazer esforços para reforçar os intercâmbios e relações entre as sociedades meteorológicas argentina e brasileira, propondo-se, em particular, a iniciação de uma publicação eletrônica conjunta. Considerou-se que o evento teve muito êxito pela amplitude e pela variedade dos temas tratados e pela considerável interação e pró-atividade dos participantes e da numerosa audiência. Fonte: Dr. Gustavo Necco, Presidente do Comitê Organizador do CONGREMET IX Simpósio Internacional de Climatologia – SIC2005 A Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET), com o apoio de diversos órgãos das esferas federal, estadual e de entidades privadas, organizou o "SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CLIMATOLOGIA: “A HIDROCLIMATOLOGIA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS EM REGIÕES SEMI-ÁRIDAS” (SIC2005), tema este que abordou as interrelações entre os aspectos climáticos, de recursos hídricos e degradação ambiental em diversas regiões semi-áridas do planeta, além do semi-árido do Nordeste do Brasil. O evento foi realizado no Marina Park Hotel, em Fortaleza - CE, no período de 23 a 27 de outubro de 2005. Foram realizadas diversas mesasredondas e apresentações de trabalhos em forma de painéis. O evento teve a presença de mais de 200 participantes. A abertura do Evento foi feita pela Presidente da SBMET Profª Dra. Maria Gertrudes A. Justi da Silva e em seguida passou a palavra à Diretora Científica da SBMET e Coordenadora do SIC-2005, Profª Teresinha de Maria Bezerra S. Xavier, que proferiu seu discurso de Apresentação do Simpósio. Logo em seguida discursou a Presidente da SBMET, Profª Dra. Maria Gertrudes A. Justi da Silva. Posteriormente, falaram o Presidente da FUNCEME Francisco de Assis de Souza Filho e o representante da SECT-CE, o Sub-Secretário de Ciência e Tecnologia Antonio Salvador da Rocha. No momento da palavra livre a Coordenadora Geral do CPTEC Profª Dra. Maria Assunção Faus da Silva Dias deu seus votos de boas vindas e sucesso ao SIC, seguida das palavras do Presidente da Academia Cearense de Ciências Profº Dr. José Júlio da Ponte. O Presidente da SBMET Dra. Justi deu por encerrada a sessão de abertura do SIC e convidou todos os presentes para participarem da inauguração da Feira Técnica e em seguida do Coquetel de Abertura do SIC. No dia 27 de outubro, foi realizado o encerramento dos trabalhos do SIC pelo Presidente da SBMET Profª Dra. Maria Gertrudes Justi que depois de proferir suas palavras de agradecimentos com uma avaliação positiva do SIC, passou a palavra à Diretora Científica da SBMET e Coordenadora do SIC2005, Profª Teresinha de Maria Bezerra S. Xavier, a qual proferiu suas palavras de agradecimentos a todos os participantes do Simpósio. Logo em seguida, palavras de congratulações proferidas pelo Presidente da FUNCEME Francisco de Assis de Souza Filho, bem como palavras do Presidente do Conselho Deliberativo Profº Dr. Romisio Geraldo Bouhid André enaltecendo a importância do evento. Fonte: SBMET, Novembro/2005. 11 P onto de Vista Gustavo Necco O Escurecimento Global: Outra Incógnita da Mudança Climática O “escurecimento global” (“global dimming”) se refere a una redução substancial e significativa da irradiância global, ou seja, o fluxo de radiação solar que chega à superfície terrestre, tanto pelos raios solares diretos como pela radiação difusa dispersada pelo céu y as nuvens. Vários estudos baseados em redes de estações radiométricas mostram que durante o período 1964-1992 se observa um escurecimento global significativo em amplas regiões da África, Ásia, Europa e América da Norte, com uma redução média de aproximadamente 2% por década. O grau deste escurecimento varia de forma marcada com a latitude, como se mostra na Figura 1. A máxima diminuição, que excede a 1 W m-2 por ano, ocorre nas latitudes médias do Hemisfério Norte, uma zona de máxima população e industrialização, embora também se encontrem reduções em zonas despovoadas, como nos Círculos Polares Ártico e Antártico. Estas estimações se baseiam em redes piranométricas com uma distribuição espacial muito desigual. Por exemplo, quase a metade das medições disponíveis provém da Europa, um quarto da Ásia e um oitavo da Austrália e do Pacifico Sul. 12 A figura também ilustra certa relação entre o escurecimento e o aumento do combustível fóssil. Também pode se encontrar uma evidência indireta deste escurecimento considerando as mudanças em três características climáticas onde se sabe que estão positiva e causalmente correlacionadas com a radiação global. Estas são: (1) a evaporação desde superfícies hídricas, (2) a faixa diurna da temperatura do ar, e (3) a visibilidade. Figura 1 - Variação latitudinal do escurecimento global 1958-1992 (Obtido de Stanhill y Cohen, 2001). gC m-2 ano-1 corresponde a gramas de carbono por metro quadrado e por ano. A estreita relação entre a evaporação e a irradiância surge do fato de que a energia solar provê o calor latente necessário para mudar a água de seu estado líquido para seu estado gasoso, e se tem mostrado que em registros do Noroeste da Rússia e na China a redução na evaporação pode ser totalmente explicada pela diminuição da irradiância. Na China, por exemplo, a redução na evaporação potencial no período 1954-1993, calculada através da equação de Penman, e estimada ao redor de 2,1 % por década, pode ser explicada pelo escurecimento global baseado na redução da duração da insolação medida em 60 estações climáticas. A variação diurna da temperatura está tão fortemente relacionada com a irradiância que se usa como uma aproximação (“proxy”) para calcular a radiação global. Uma razão física para esta relação tão estreita é que parte da radiação solar absorvida na superfície da terra se transfere por convecção à baixa atmosfera, onde aumenta a temperatura máxima diurna acima do mínimo noturno. Um exemplo bastante citado sobre a mudança antrópica induzido na casta diurna é o ocorrido depois dos atentados terroristas do 11 de setembro, onde todo o tráfico aéreo comercial dos Estados Unidos foi cancelado por três dias. Durante este período a casta diurna esteve 1,8 °C acima da normal climatológica, quase certamente um resultado da redução observada nas camadas de nuvens cirrus originadas nos rastros de condensação, que a sua vez levou a um incremento na irradiância. Quanto à visibilidade, certas medições disponíveis em aeroportos, por exemplo, no de Lod, Israel, durante o período 1940-1970 a variação visual nos meses estivais diminuiu numa média de 0.8 km por ano. Observações de superfície disponíveis desde 1990 ao presente, principalmente do Hemisfério Setentrional, mostram que este escurecimento não persistiu na década de 90. Em vez disto, observou-se um extenso “clareamento” (“brightening”) desde o final da década de oitenta. Esta reversão é conciliável com as mudanças observadas na nebulosidade e a transmissividade atmosférica e pode afetar substancialmente o clima da superfície, o ciclo hidrológico, os glaciares, e os ecossistemas. A interrupção na obscuridade pode resultar em que não mascare mais o aumento do efeito estufa produzido por atividades humanas, tendo como conseqüência o aumento acelerado da temperatura observado durante a década de 90. Está claro que estas variações de radiação solar incidente na superfície da terra afetam profundamente o meio humano e o meio ambiente. Portanto será seguramente um tema a qual terá que ser dada particular atenção no próximo relatório do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC). Para saber mais: G. Stanhill, 2005. Global dimming: a new aspect of climate change. Weather, January 2005, Vol. 60, No. 1, pp 11-14. Martin Wild et al., 2005. From Dimming to Brightening: Decadal Changes in Solar Radiation at Earth's Surface. Science, Vol. 308, Issue 5723, pp. 847-850, 6 May 2005. Pinker et al., 2005. Do Satellites Detect Trends in Surface Solar Radiation? Science, Vol. 308, pp. 850-854. http://en.wikipedia.org/wiki/Global_dimming Gustavo Victor Necco Meteorologista. Foi Diretor do Inter-American Institute for Global Change Research - IAI (2002-2004), Diretor do Departamento de Educação e Treinamento da OMM/ONU (1985-2002) e Prof. da Univ. de Buenos Aires, Argentina (1974-1985). 13 A genda Programe-se C onfira aqui a lista dos principais eventos, no Brasil e no mundo, já programados para o próximo ano. Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia, e/ou áreas afins, é só enviar um e-mail para [email protected]. 09-13/Jan./06 http://www.master.iag.usp.br/workshop/index.html O Seminário sobre Previsão da Qualidade do Ar em Cidades Latino Americanas é promovido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e terá com a anfitriã a Universidade de São Paulo USP. O Seminário é patrocinado pela OMM, FAPESP e SBMET. O seminário será realizado no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, situado em São Paulo. Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas com a Comissão Organizadora do evento. Maria de Fátima Andrade e-mail: [email protected] Edmilson Dias de Freitas e-mail: [email protected] IIPS 29/Jan. -02/Fev./06 http://www.ametsoc.org/meet/annual/ A 22ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE SISTEMAS INTERATIVOS DE PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO será realizada na cidade de Atlanta, Geórgia, EUA. O tema central deste ano é Aplicações de Dados de Tempo e Clima. Mais informações podem ser obtidas com Dr. Terry C. Tarbell e-mail: [email protected] Ms. Linda Miller e-mail: [email protected] SCOSTEP 06-10/Mar./06 https://salvador.securebraslink.com/compassturismo.com.br/events/scostep/index.htm O 11º SIMPÓSIO QUADRIENAL DE FÍSICA SOLAR TERRESTRE ocorrerá no Hotel Glória na cidade do Rio de Janeiro. O Simpósio tem como tema Sol, Física Espacial e Clima. Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas no site do evento. 14 CLUSTER 22-24/Mar./06 http://igbp-portugal.org A 1ª CONFERÊNCIA LUSÓFONA SOBRE O SISTEMA TERRA acontecerá Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Portugal. O prazo limite para apresentação de resumos é 06 de janeiro de 2006. Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas com o Comitê Nacional para o IGBP – Portugal. Patrícia Gouveia da Silva ITN - Instituto Tecnológico e Nuclear EN10, Apartado 21, 2686-953 SACAVÉM - PORTUGAL Tel:+351-219946000 ; FAX: +351-219941525 e-mail: [email protected] IV CBB 09-11/Abr./06 http://www.iz.sp.gov.br/4cbb O IV Congresso Brasileiro de Biometeorologia acontecerá este ano na cidade de Ribeirão Preto/SP. O tema será "Mudanças climáticas: Impacto sobre Homens, Plantas e Animais". Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento. Maria da Graça Pinheiro ([email protected]). 8th ICSHMO 24-28/Abr./06 http://www.cptec.inpe.br/SH_Conference/ O Brasil está sediando, pela primeira vez, a 8a Conferência Internacional de Meteorologia e Oceanografia do Hemisfério Sul, a ser realizada em Foz do Iguaçu em abril de 2006. Apresentações de trabalhos deverão versar sobre aspectos da Meteorologia e Oceanografia do Hemisfério Sul, com ênfase no entendimento e na previsão do clima e recursos hídricos, suas variabilidades e mudanças. Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas com Prof. Carolina Vera, (11 4787-2693), [email protected] e Dr. Carlos Nobre (12 3186-9459), [email protected]. ICUC6 12-16/Jun/06 http://www.gvc.gu.se/icuc6 A VI Conferência Internacional de Clima Urbano acontecerá no ano que vem, na cidade de Göteborg, Suíça. O prazo limite para apresentação dos resumos vai até 10 de Novembro. ICUC6 Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento. Sven Lindqvist ([email protected]). Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia, ou áreas correlatas, é só enviar um e-mail para: [email protected] 15 C apa Satélites Meteorológicos: Como ajudam na Previsão do Tempo Foto: Google Imagens satélite artificial é um corpo lançado da superfície terrestre que circula ou orbita em torno da Terra. O que permite que o satélite não caia pela ação da força da gravidade e fique “suspenso” no espaço é o equilíbrio que se produz entre a força gravitacional, que puxa o satélite para baixo, e a força de inércia, que, neste caso, chama-se força centrífuga, a qual tende a afastar o satélite ou “empurrá-lo” para fora. Para lançar os satélites são usados foguetes ou lançadores espaciais, que fazem duas coisas: levar o satélite à altura a qual tem que orbitar, e dar-lhe o impulso necessário para que equilibre a força da gravidade; isto é, para que apareça uma força centrífuga que equilibre a força gravitacional. Um Em função de suas aplicações, podemos falar de satélites de telecomunicações, meteorológicos, de navegação, militares, de observação da Terra, científicos e ambientais, principalmente. Estes ajudam em diversas atividades humanas como: • navegação. Conseguiram, por exemplo, que se tenha encurtado o tempo de navegação, ao poder visualizar e eleger zonas livres de gelo. • observação dos recursos naturais. Os satélites ERTS (Earth Resources Technology Satellite) localizam recursos naturais, como jazidas minerais, campos petrolíferos, bancos de pesca, etc. O estado do meio-ambiente. Entre os satélites de observação mais conhecidos estão os satélites Landsat, que permitiram ter 16 imagens do espaço de toda a superfície da Terra. Além de identificar a vegetação, as imagens de Landsat mostram como muda o terreno com o tempo. O crescimento das cidades, a diminuição das florestas tropicais e dos campos cultivados, a queda de uma quantidade mais ou menor de chuva, as inundações dos rios,… aparecem claramente nas fotografias Landsat da mesma área tomada em momentos diferentes. Também permitem ver a evolução das costas, das praias, estudar as manchas de contaminação em alto mar, estudar as nuvens poluidoras das indústrias, ou dos vulcões, o desflorestamento, a desertificação, a evolução de pragas, o seguimento dos cultivos, vigilância, etc. Os satélites levam a bordo diferentes câmaras de observação, semelhantes às câmaras fotográficas digitais que todos conhecemos. Umas são câmaras “quase” normais, que vêem o mesmo que pode ver o olho humano; outras são câmaras infravermelhas, capazes de captar o calor emitido pela Terra. Em que consiste uma câmara infravermelha? Se o ser humano olha para um arco íris ver que tem um espectro de cor, uma banda de cores que vão desde o vermelho ao azul. Não obstante, e ainda que não se possa ver, antes do vermelho e depois do azul existem outras cores, invisíveis ao olho humano. Antes do vermelho, em particular, encontra-se o que se chama de infravermelho. Em geral, se vê as coisas que nos rodeiam graças à luz que refletem. Poucas coisas emitem luz visível: o Sol, as estrelas, o fogo, lustres, focos… No entanto, todas as coisas estão emitindo luz infravermelha, isto é, todos os corpos são “lustres” de luz infravermelha, tanto mais intensa quanto mais quente estão. Isto permite que, através de câmaras especiais capazes de captar este tipo de luz, possa-se analisar e estudar propriedades dos objetos, das coisas, que a simples vista, não são observáveis. Por exemplo, olhando com uma câmara infravermelha a superfície do mar, pode-se detectar a presença de correntes de água fria ou quente; olhando com uma câmara infravermelha uma grande superfície vegetal ou um tipo de cultura se pode estudar a existência ou não de pragas, ou analisar o momento de maturação no qual se encontra a cultura. Além disso, os satélites dispõem de outros sistemas de análises e observação que estendem as possibilidades do olho humano. Um destes sistemas é o de observação por radar. Para se ter uma idéia do funcionamento de um radar, podemos fazer uma simples analogia. Possivelmente andando alguma vez pela montanha, ou diante de um grande edifício, alguém já observou o fenômeno do eco. Quando se der um grito em um breve instante se ouvirá o próprio grito; isto se chama eco. O que ocorre é que o som da voz, ao chegar à parede da montanha ou de um grande edifício, bate e regressa aos nossos ouvidos. Mede-se o tempo do som em ir e vir, e assim se pode ter uma idéia da distância à que se encontra o objeto o qual foi batido. Este sistema, ainda que de um modo mais sofisticado, é o que utilizam alguns animais como os morcegos para “ver” seu meio. Os morcegos emitem pequenos gritos, de um som inaudível chamado ultra-som, e medem as modificações que se produzem nesse som e o tempo que o mesmo demora em ir e voltar. A partir desta informação conseguem fazer-se uma imagem do meio. Os satélites fazem algo similar ao que fazem os morcegos, mas não utilizam som. No espaço não se propaga o som, assim o que emitem são ondas eletromagnéticas, ondas conhecidas como microondas. Os satélites emitem pulsos de microondas e medem o tempo que estes pulsos demoram em ir e regressam e, além disso, medem as modificações que sobre esse pulso se produziram. Os tempos de ida e volta desses “gritos” de microondas, e as modificações que se produzem em suas qualidades dão aos sistemas de radar informação sobre a superfície da Terra. Portanto, com os sistemas de câmaras infravermelhas e de radar pode-se observar e estudar coisas que o olho humano não percebe. As Órbitas dos Satélites Os satélites artificiais giram em torno da Terra conforme a lei de gravitação universal descrita por Newton e seguem as Leis de Keppler. a- Leis de Gravitação e de Keppler A Lei de Gravitação Universal nos diz que a força de atração de dois corpos está relacionada com a massa e distância entre os mesmos. Maior massa e menor distância, maior atração. A primeira lei de Keppler diz que as órbitas dos planetas são "elipses" e que o Sol ocupa um de seus focos. A segunda relaciona o trajeto (órbita) do planeta com o tempo que tarda em percorrê-lo e diz que um planeta varre áreas iguais em tempos iguais. A terceira relaciona o tempo que tarda um planeta em percorrer sua órbita com a distância média ao Sol, manifestando que o tempo de percurso é maior quanto maior seja a distância PlanetaSol. Apesar de estarmos falando de planetas (Figura 1), estas leis são regidas para qualquer corpo que orbite em torno de outro no espaço, por exemplo, os satélites artificiais e a Terra (Camurse, 2005)1. b- Tipos de Órbitas dos Satélites De acordo com a ação que o satélite deva realizar no espaço se podem classificar quatro tipos fundamentais de órbitas: 1 - Hiperbólica ou aberta, que se utiliza no lançamento do satélite e o permite escapar do solo mediante uma velocidade inicial. 2 - Heliossíncrona ou fechada, na qual o plano de translação do satélite contém sempre ao Sol e compensa a translação da Terra independentemente de sua rotação. 3 - Geossíncrona, também fechada, onde a velocidade de translação do satélite é igual a de rotação da Terra. 4 - De grande excentricidade, que se utiliza como órbitas de transferência, para se livrar da órbita fechada. 1 Camurse, G.D., 2005. Generalidades sobre Satélites Meteorológicos. Extraído da página http://www.geocities.com/EnchantedForest/Glade/8952/s atel.html 17 As órbitas dos planetas são Um planeta varre áreas iguais em O tempo de percurso "elipses" onde o Sol ocupa um tempos iguais. quanto maior seja à de seus focos. Planeta-Sol. é maior distância Figura 1 – Lei de Gravitação e as Órbitas de Satélites. Fonte: Camussi, 2005. Os Satélites Meteorológicos Os primeiros satélites, com instrumento meteorológico a bordo, foram lançados em 17 de fevereiro (Vanguard 2) e 7 de agosto (Explorer 6) de 1959, mas devido a problemas com estes satélites as informações obtidas, não tiveram grande utilidade. O primeiro satélite que teve sucesso na obtenção de dados meteorológicos foi o Explorer7, lançado em 13 de outubro de 1959 que levou um instrumento para a observação da atmosfera desde o espaço através de um radiômetro de radiação global (ERBE) desenvolvido por Verner Suomi e seus colaboradores da Universidade de Wisconsin (Conforte, 2005)2. Segundo Conforte, com as informações obtidas foram feitos os primeiros mapas aproximados da radiação refletida e emitida (na faixa do infravermelho) pelo sistema terra e a atmosfera. O primeiro satélite com finalidade de aplicação exclusivamente meteorológica foi lançado em abril de 1960, o TIROS-1 (Television Infra-Rede Observation Satellite) pelos Estados Unidos (Figura 2). O TIROS-I situava-se a 600 km de altitude em órbita polar agrupava duas máquinas fotográficas, uma com uma lente de grande abertura angular e outra de baixa resolução. A grande abertura angular cobria uma superfície de aproximadamente 1.300 km2 com uma resolução de cerca de 320 m. A lente grande angular estendia a cobertura fotográfica até as latitudes 55° N e S, mas a imagem nos limites da cobertura eram muito distorcidas (Esteio On-Line, 2005)3. Figura 2 – Foto do Satélite TIROS 1. Fonte: Esteio On-Line, 2005. Na Figura 3 pode-se observar a primeira imagem transmitida por este satélite. Graças a ele se obtiveram os primeiros dados da atmosfera e se pôde observar a Terra do espaço, permitindo uma visão global dos sistemas de nebulosidade. Após o lançamento deste satélite, e com o avanço na área de eletrônica e informática, e com o desenvolvimento de novos sensores e softwares, os dados obtidos pelos satélites meteorológicos puderam então ser aplicados aos mais diversos campos de interesse da Meteorologia. 2 Conforte, J.C., 2005. Tecnologia Espacial no Estudo de Fenômenos Atmosféricos. Apostila do DSR/INPE, Capítulo 4, extraído em 06/12/2005 da página http://www.ltid.inpe.br/vcsr/html/APOSTILA_PDF/CAP4_J CConrado.pdf 3 Esteio On-Line, 2005. Meteorologia ao Longo da História. Extraído em 10/12/2005 da página http://www.esteio.com.br/newsletters/paginas/005/merc ator.htm. 18 Figura 3 – Primeira imagem obtida pelo satélite TIROS-1. Fonte: Conforte, 2005. Primeiros Equipamentos Espaciais Os EUA desenvolveram dois programas de satélites meteorológicos: as séries TIROS e NIMBUS. Superada a fase experimental em 1966, os satélites da série TIROS mudaram sua denominação para ESSA (Environmental Science Services Administration), sendo substituídos mais tarde por uma versão bem mais melhorada: ITOS (Improved Tiros Operational Satellite), Garcia-Luengo (2005) 4. Os primeiros satélites iam equipados com um registrador magnético que armazenava toda a informação recolhida durante a órbita de reconhecimento. Ao passar pela vertical de uma estação de aquisição de telemetria, o satélite transmitia a alta velocidade, todas as imagens armazenadas. A partir de 1963, a NASA, com o lançamento do TIROS-8, pôs em serviço um novo sistema de transmissão: o sistema APT (Automatic Picture Transmission). Este sistema, aperfeiçoado com o NIMBUS-1 (1964) e o ESSA-2 (1966), permite a qualquer estação de terra receber a comunicação do satélite meteorológico enquanto a sobrevoa ou bem percorre alguma órbita adjacente. Os satélites NIMBUS foram uma das séries mais avançadas. Em 1972 aparece uma nova série de veículos meteorológicos: os satélites ERTS com a finalidade de localizar recursos naturais: jazidas minerais, campos petrolíferos, bancos de pesca, etc. Até a era Gorbatchev pouco se sabia do desenvolvimento de satélites da União Soviética. Como grande potência mundial, manteve um programa de suporte a estes satélites. Especialmente permitiram, além disso, encurtar o tempo de navegação, poder visualizar e escolher zonas marítimas livres de gelo. Contribuíram também na melhoria da irrigação dos vales de Tian Shan e do Himalaya, ao facilitar dados precisos sobre a distribuição de neve da montanha (GarciaLuengo, 2005). Depois o serviço de fotografia meteorológica com fins civis recebeu o nome de METEOR. Também utiliza satélites Molniya (de órbita extremamente elíptica) e alguns da série COSMOS. Estes últimos dispunham de câmaras convencionais com uma resolução muito inferior à que utilizavam os TIROS. Posteriormente, a qualidade da imagem melhorou, entrando recentemente em serviço de satélites com sensores infravermelhos e com o sistema APT. Tipos de Meteorológicos Satélites Os satélites meteorológicos podem classificar-se em três classes, de órbita polar ou heliossincrônicos (significa que estão sincronizados com o Sol) que como seu nome o indica orbitam a Terra de pólo a pólo e o constituem principalmente a série TIROS da agência NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) de origem norteamericana e os METEOR de origem russa. O segundo grupo se compõe dos satélites Geoestacionários ou Geossíncronos (significa que estão sincronizados com o movimento de rotação da Terra), que orbitam a maior altura e se encontram sobre ou muito próximos à linha do Equador (Figura 4). Além deste, existe também os de órbita tropical. Figura 4 - Órbita dos satélites meteorológicos. Fonte: INTA, 20055. A Figura 5 apresenta diagramaticamente todos os satélites meteorológicos existentes, dispostos com suas órbitas, com exceção do TRMM. ¾ De Órbita METEOR) Polar (TIROS-NOAA, Os satélites que orbitam em órbitas polares o fazem na direção norte e sul e no inverso. Estes satélites permitem observar os fenômenos atmosféricos em altas latitudes. As zonas geográficas situadas acima de 60º de latitude não podem ser monitoradas pelos satélites geoestacionários devido à esfericidade da Terra. Os TIROS, cujos nomes figuram como NOAA seguido de um número (NOAA-12, NOAA-14, etc.) e os METEOR (METEOR-2, METEOR 3-5, etc.) são os mais utilizados. Atualmente se encontram em operação o NOAA-14 e NOAA-15 e o METEOR 3-5. O NOAA-15 substituiu o NOAA-12 definitivamente em junho de 1999. Os satélites NOAA (NOAA-12, NOAA14, NOAA-15, NOAA-16) transmitem simultaneamente duas imagens: uma do espectro visível e outra do espectro infravermelho. A série russa METEOR (MET 3-5, Resusrs) só transmite uma do espectro visível. Suas características mais importantes são: - Orbitam a uma altura entre 800 e 900 quilômetros. 4 Garcia-Luengo, E., 2005. Satélites Meteorológicos, EXPERSAT, extraído em 05/12/2005 da página 5 INTA, 2005. Los Satélites. Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial, extraída em 07/12/2005 da página http://www.mundofree.com/ea3atl/satsmet/satsmete.htm. http://www.inta.es/descubreAprende/Hechos/Hechos01.htm. 19 Figura 5 – Diagrama contendo todos os satélites meteorológicos. Fonte: extraída de Garcia-Luengo, 2005. - Orbitam quietos (sem girar sobre um eixo) e possuem um radiômetro (sensor) chamado AVHRR que varre linha por linha a superfície da terra à medida que o satélite avança. - Passam duas vezes ao dia pelo mesmo ponto. - Por serem de órbita baixa permitem altas resoluções. - Operam em dois modos, um de baixa resolução APT (Automatic Picture Transmition) e outro de alta HRPT (High Resolution Picture Transmition). - Transmitem seus dados em duas freqüências, uma para cada modo. ¾ De órbita Geoestacionária (GMS, METEOSAT, GOMS, GOES, INSAT) Este tipo de satélites giram em torno da Terra sincronizados com sua velocidade de rotação, isto que dizer que acompanham à Terra e por conseguinte se encontram situados sempre em um mesmo ponto sobre a superfície terrestre. Algumas características principais deste grupo são: - Altura da superfície da Terra é de 36.000 Km aproximadamente e giram em torno de um eixo quase paralelo ao eixo N-S terrestre. - Velocidade de giro de 100 RPM (Revoluções por minuto). - Operam em dois modos um de alta HRI (High Resolution Image) e outro de baixa resolução WEFAX (Weather Facsimile). - Transmitem seus dados em duas freqüências, uma para cada modo. - Possuem um radiômetro (sensor) que varre linha por linha a superfície da Terra a medida que o satélite gira ou rotaciona sobre seu eixo. Na atualidade há cinco satélites meteorológicos ativos situados nesta órbita geoestacionária: o INSAT da Índia, os americanos GOES E e W (Geostationary Operational Meteorological Satellite), o GMS (Geostationary Environmental Satellite) 20 japonês, o METEOSAT (European Geostationar and Meteorological Satellite), da comunidade européia e o GOMS (Geostationary Operational Environmental Satellite) da Rússia. Os GOES (Geostationary Operational Environmental Satellite) foram 5 os lançados até o momento e são administrados por agências norte-americanas. O Goes-E em 75° Oeste, que visualiza as três Américas e o GoesW em 135° Oeste que observa o oceano Pacífico. Proporcionam dados em cinco bandas espectrais, uma no visível (VIS) e quatro em IV. O GOES trabalha em uma banda visível, uma em IV e uma de Vapor d’água. Os GOMS (Geostationary Operational Meteorological Satellite) são de origem russa e se encontram à 74° Leste. Os GMS (Geostationary Meteorologic Satellite) são Japoneses, em 140° Leste, que visualiza o Leste da Ásia, Oceania e Indonésia e o INSAT (Indian Satellite) administrado pela Índia em 74° Leste, que visualiza o Oeste da Ásia e a região Indochina. Os METEOSAT administrados pela agência EUMETSAT podem visualizar este continente e a África já que se encontram localizado sobre a longitude de 0°. O METEOSAT-1 foi lançado em 1977 pela Agência Espacial Européia (ESA). O sucesso dos primeiros METEOSAT levou à criação da Organização Européia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT) em 1986. A ESA e a EUMETSAT trabalharam em conjunto nos satélites mais recentes da série, concebidos para proporcionar aos meteorologistas europeus imagens contínuas das condições meteorológicas numa base operacional. Esta cooperação entre as duas organizações internacionais prossegue atualmente, já que os satélites originais estão sendo gradualmente substituídos por uma segunda nova geração de METEOSAT. Posteriormente, a EUMETSAT colocou em órbita o primeiro satélite da segunda geração Meteosat, o MSG-1 (depois apelidado de METEOSAT-8) em agosto de 2002, com o objetivo de melhorará as previsões de fenômenos meteorológicos, e está enviando imagens a cada 15 minutos e de qualidade muito melhor que os anteriores. Está previsto o lançamento do MSG-2 em dezembro deste ano, onde haverá dois satélites MSG em operação nas órbitas geoestacionárias. A EUMETSAT gerencia atualmente o Meteosat-6, Meteosat-7 e -8 sobre a Europa e África e o Meteosat-5 sobre o Oceano Índico. ¾ inclinação de 35° em relação à linha do Equador (Conforte, 2005), Figura 6. De órbita Tropical (TRMM) Os satélites desta categoria possuem o objetivo exclusivo de adquirir informações meteorológicas na região tropical. Existe apenas o satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission), lançado em 27/11/1997. Este satélite está localizado numa órbita inferior ao dos tradicionais satélites de órbita polar, estando posicionado a 350 km acima da superfície terrestre, com uma Figura 6 - Órbita do Satélite TRMM. Fonte: Conforte, 2005. Composição e Características das Imagens de Satélite ¾ Composição das Imagens Embora possa se parecer com uma simples fotografia do Planeta Terra, uma imagem de satélite é composta por milhares de pontos chamados de pixels (picture x elements)6. Para uma imagem digital, o pixel é o ponto da matriz e o tamanho dele no terreno é uma medida da resolução espacial do sensor do satélite. As imagens de satélites meteorológicos são similares a uma foto de jornal, pois se examinássemos uma foto de jornal com uma lente de aumento, veríamos que é uma simples coleção de pontos de diferentes tamanhos. Assim, quando olhamos para a foto, nossos olhos misturam todos esses pontos e a imagem é formada. Na imagem de satélite meteorológico, cada pixel tem uma tonalidade (ou cor) e, quando vistos juntos, os pixels formam a imagem de um sistema meteorológico existente na atmosfera (Ferreira, 2002)7. A grande maioria das imagens de satélites meteorológicos é apresentada em tons de cinza. Para uma imagem de satélite, entende-se por escala de cinza o intervalo de variação dos valores codificados de radiância, sendo que estes valores são definidos em vista das facilidades computacionais, haja vista que os computadores trabalham com uma linguagem binária, baseada na combinação de sinais (p.e., ligado/desligado 0/1; sim/não, V/F), é interessante que o intervalo abarcado pelos níveis de cinza seja uma potência de 2. 6 O pixel de uma imagem corresponde a menor entidade indivisível e ao valor da radiação integrada de uma determinada área observada pelo satélite. 7 Ferreira, A. G., 2002. Interpretação de Imagens de Satélites Meteorológicos: Uma Visão Prática e Operativa do Hemisfério Sul. Brasília, editora Stilo, INMET/MAPA, 272 p. Em todos os tipos de imagens, o grau de contraste ou a tonalidade diferente entre um objeto e seu fundo é muito importante. Segundo Ferreira (2002), quanto maior o contraste, mais fácil será identificar as características da imagem. Quando o contraste é ruim, as técnicas de realce podem ser usadas para uma melhor interpretação. Para realçar uma imagem, todos os pixels em uma determinada escala de claridade são ressaltados para localizar um ponto de interesse. As imagens também são descritas em termos de suas resoluções. Se cada pixel é o menor elemento de uma imagem, a área representada por um pixel é igual à resolução do sensor do satélite, que é chamada de resolução espacial. Quando se diz que um sensor tem uma resolução de 1 km, por exemplo, isso significa que o pixel da imagem gerada pelo sensor do satélite abrange, no terreno, uma área de 1 km x 1 km. Além da resolução espacial, as imagens possuem também uma resolução espectral, que é a medida da largura das faixas espectrais do sensor, e a resolução radiométrica, que está associada à sensibilidade do sistema sensor em distinguir entre os níveis de sinal de retorno. Alguns meteorologistas usam o termo resolução temporal, que nada mais é do que o tempo entre uma imagem e outra envida pelos satélites meteorológicos. ¾ Características das Imagens Todos os satélites meteorológicos fazem imagens da Terra em duas bandas do espectro eletromagnético: visível (VIS) e infravermelho (IV). Além disso, muitos satélites fornecem também imagens na banda do vapor d’água (VA) e em microondas. Todos os tipos de imagens são importantes por diversas razões, e, em algumas situações, todas são 21 essenciais para uma melhor interpretação de uma determinada condição atmosférica (Ferreira, 2002). A seguir serão abordadas as características dos três primeiros tipos citados acima. i) Imagens no Espectro Visível (VIS) Em torno da metade da energia irradiada pelo Sol pertence às longitudes de onda visível e os radiômetros dos satélites medem a radiação solar refletida nesse intervalo, então a radiância detectada na banda visível é uma medida da refletividade da Terra. As regiões de alta refletividade aparecem brancas e as de menor mais escuras até o negro. A esta radiação se a associa um albedo de 1 a 100 e as componentes de uma imagem HRI ou HRPT se expressam em albedos relacionados com um tom de cinza. Mediante a utilização dos contrastes é possível definir a forma dos objetos nestas imagens principalmente as nuvens onde a banda visível é útil principalmente na Meteorologia Sinótica. A Figura 7 é um exemplo deste tipo de imagem. ii) Imagens no Espectro Infravermelho (IV) Terra e a atmosfera emitem radiação térmica confinada dentro do intervalo espectral 3 a 100 µm, onde se encontra a banda infravermelha média (3 a 30 µm). Nestas longitudes de onda a refletividade é virtualmente nula e a radiação solar desprezível, por isso se considera como radiação de corpo negro e se relaciona com a temperatura, medida em graus Kelvin. Nos produtos HRI e HRPT os componentes das imagens IV se expressam em °K e se lhe relaciona um tom de cinza. As imagens em IV utilizam-se principalmente para a observação das estruturas quando não há radiação solar, isto é, de noite. Nestas imagens, os pontos quentes aparecem escuros e os frios brancos, conforme está exemplificado na Figura 8. Figura 8 – Imagens do Espectro Infravermelho do Satélite METEOSAT-7 da América do Sul. Fonte: Extraída da página do CPTEC/INPE em 23/12/05). iii) Imagens de Vapor D’Água (VA) As imagens no visível e no infravermelho térmico utilizam as bandas do espectro eletromagnético onde a absorção pelos gases atmosféricos é pequena, no entanto são de interesse também os intervalos espectrais onde a radiação infravermelha emitida pela Terra é absorvida pelo vapor d’água da atmosfera. As imagens no VA são, em sua maioria, representativas da umidade na média e alta troposfera. Definitivamente, o canal do VA se utiliza na banda de absorção de 6µm dentro da radiação IV e em geral as imagens representam a umidade média da troposfera. Na Figura 9 é mostrada uma imagem deste tipo. Figura 9 – Imagens de Vapor D’Água do Satélite METEOSAT-7 da América do Sul. Fonte: Extraída da página do CPTEC/INPE em 23/12/05). Figura 7 – Imagens do Espectro Visível do Satélite METEOSAT-7 da América do Sul. Fonte: Extraída da página do CPTEC/INPE em 23/12/05). 22 De que modo os satélites ajudam a previsão do tempo? Os satélites meteorológicos se converteram numa das ferramentas mais práticas que foi produzida pela tecnologia espacial para a previsão do tempo desde que começaram a serem lançados em abril de 1960. A colocação em órbita do TIROS-1, primeiro satélite meteorológico, constatou a enorme capacidade de informação que poderia contribuir para o estudo da atmosfera, bem como a importância de observar a Terra do espaço. As imagens geradas e enviadas pelos satélites meteorológicos são ferramentas muito importantes para o meteorologista operacional, como também para todos aqueles ligados às ciências meteorológicas e ambientais, que precisam de uma informação rápida, precisa e de alta resolução no que tange as características dinâmicas da atmosfera terrestre, através de sua nebulosidade. Todas as vezes que um satélite meteorológico observa a Terra, a primeira característica que se nota em uma imagem é a nebulosidade. À primeira vista, essas nuvens podem parecer redondas na forma e distribuição, porém, elas são formadas devido ao resultado de muitas interações específicas entre muitos e diferentes fatores meteorológicos (Ferreira, 2002). A partir do momento que o padrão é apresentado, torna possível identificar o tipo de nuvem presente em uma imagem. Para que serve isso? Isso pode ser muito útil em fase de que ao reconhecer os diversos tipos de nuvens na imagem de satélite pode dar, a quem está interpretando, pistas sobre o estado da atmosfera e os fenômenos que possam estar ocorrendo. Assim, ao identificar os diversos tipos de nuvens pode ajudar na localização de condições de tempo severo, como trovoadas, tornados, áreas de forte precipitação, gelo, entre outras (Ferreira, 2002). Infelizmente, os satélites ambientais brasileiros não são satélites que fornecem imagens de sistemas meteorológicos; eles são apenas satélites de coleta de dados ambientais ou que fornecem imagens ambientais, em diversas bandas espectrais, inclusive de nuvens, mas que não são, usadas para a Meteorologia operacional devido a certas condições. Assim, se faz necessário e urgente que o Brasil lance seu satélite meteorológico na medida em que os possuidores desse mercado de imagens estão mais preocupados em gerar produtos para o seu consumo próprio, e muitas vezes deixa na mão os meteorologistas brasileiros, deixando de cumprir acordos de retransmissão de imagens meteorológicas feitos com a OMM (Organização Meteorológica Mundial). Graças aos satélites meteorológicos, os meteorologistas podem observar com bastante precisão as evoluções das frentes que geralmente se formam nos oceanos e em outras áreas. Inicialmente, a aplicação principal dos dados coletados pelos satélites meteorológicos, tinha como objetivo principal a observação dos deslocamentos dos sistemas frontais e o desenvolvimento de sistemas locais. Estas informações eram utilizadas para a análise subjetiva das condições meteorológicas predominantes em pequena ou grande escala. Com o desenvolvimento de softwares, diversas metodologias foram desenvolvidas para a aplicação das informações coletadas por estes satélites. Deve-se salientar a importância que os dados coletados por estes satélites têm para determinadas regiões, seja pela carência de uma rede de observações adequada ou por se encontrarem em regiões remotas (florestas, desertos, oceanos, etc). Em suma, a utilidade dos satélites meteorológicos é a de poder visualizar o conjunto Terra-atmosfera, e extrair a máxima informação possível através de diferentes técnicas e processos para obter os produtos cujo objetivo se baseia na análise qualitativa e quantitativa das imagens obtidas. As imagens dos satélites meteorológicos se utilizam principalmente para a visualização de nuvens, classificação, observação do vapor d’água existente na alta e meia atmosfera, temperaturas da superfície da terra e temperatura superficial do mar, ajudando bastante na previsão do tempo. Para saber mais: Ferreira, A. G., 2002. Interpretação de Imagens de Satélites Meteorológicos: Uma Visão Prática e Operativa do Hemisfério Sul. Brasília, editora Stilo, INMET/MAPA, 272 p. • http://www.ipmet.unesp.br/Saiba_Mais/ Saiba_Mais_arquivos/SM_Satelite.htm • http://www.onamet.gov.do/onamet/im_i nfogeneral.htm • http://www.terra.es/personal2/spooky/s atintro.htm • http://www.reacao.com.br/programa_sb pc57ra/sbpccontrole/textos/marcelocorre a.htm Ednaldo Oliveira dos Santos Meteorologista e Presidente da UNEMET 23 L 1 inks + 4 razões para navegar na Web http://www.virtualmet.com.br Esta página tem como objetivo principal o de mostrar para o público em geral que um meteorologista não apenas prevê o tempo. As informações contidas nela são bastante interessantes e importantes haja vista que levam informações úteis sobre o universo meteorológico, facilitando a execução de algumas tarefas ao disponibilizar diversas informações, ferramentas, programa grátis sobre temas ligados a Meteorologia. Assim, vale a pena navegar nesta página para ampliar seus conhecimentos sobre a ciência meteorológica. 2 http://www.clima.org.br Em 22 e 23 de março de 2002, organizações não-governamentais e movimentos sociais, reunidas em São Paulo - SP resolveram estabelecer uma rede brasileira de articulação sobre o tema das mudanças climáticas globais, o Observatório do Clima. O Observatório do Clima é uma Rede Brasileira de Organizações não-Governamentais e Movimentos Sociais em Mudanças Climáticas. O portal disponibiliza diversas informações principalmente relacionadas a mudanças climáticas, tais como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), convenção de Mudança do Clima entre outras. 3 http://www.jornaldomeioambiente.com.br/ O Jornal do Meio Ambiente é um Projeto Cultural e Educacional, sem fins lucrativos, fundado e editado pela escritora, jornalista e ambientalista Vilmar Berna, e circula em duas versões: impressa e virtual. Tem por objetivo contribuir para a formação de uma nova consciência ambiental através da democratização da informação ambiental com foco em multiplicadores e formadores de opinião ambiental e segmentos da sociedade em geral interessados em meio ambiente. O Jornal do Meio Ambiente já distribuiu GRATUITAMENTE mais de 2 milhões de exemplares de sua versão impressa, em todo o território nacional. Em sua versão virtual, o jornal é atualizado diariamente com notícias e serviços ambientais. 3 http://www.ibama.gov.br/ambtec/ ou http://ue.com.br/ Neste portal, você encontra indicações de soluções para problemas ambientais, assim como orientações para o uso correto dos recursos naturais. Além disso, poderão obter informações acerca de produtos e processos ambientalmente saudáveis que foram identificados e reunidos neste Portal como forma de incentivar o uso e a aplicação das Tecnologias Ambientalmente Saudáveis (TAS) em benefício da adoção de padrões de consumo e de produção mais limpos. Em essência, o alvo do AMBTEC são as ofertas e demandas de TAS e as informações técnicas, científicas e legais a elas relacionadas. 24 M emória O Entusiasta da Meteorologia Brasileira ”É lamentável que um país então essencialmente agrícola e, portanto, com sua produção sujeita ao clima, dedique tão poucos recursos ao seu estudo e previsão” Adalberto Barranjard Serra (1909-1989) O quarto artigo da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil”, fala da obra de um dos mais entusiastas no estudo do tempo e do clima no Brasil. Trata-se de Adalberto Serra, entusiasta e autodidata na ciência meteorológica. Adalberto Serra nasceu em 02 de junho de 1909 no Rio de Janeiro, cidade onde permaneceu até sua morte, em 15 de setembro de 1989. Era filho de Nestor Serapião Serra, natural do Maranhão, e Gabriella Barranjard Serra, de São Paulo, a qual ela era filha de emigrantes calvinistas franceses. Cursou o secundário no Colégio Batista, no bairro da Tijuca/RJ, e formou-se em Engenharia e em Geografia pela Escola Politécnica da Universidade do Brasil, hoje Escola de Engenharia da UFRJ, em 1930. Ainda durante o período de estudos universitários, trabalhou no antigo Departamento de Correios e Telégrafos, inicialmente como desenhista e, mais tarde, na seção de Rádio. Trabalhou também na Central do Brasil como Engenheiro Eletricista e na UFRJ. Entusiasmado pela radiofonia, escreveu diversos artigos para a revista Antena. Adalberto Serra foi um autodidata em Meteorologia, pois, na época, não havia ensino desta ciência no Brasil. Adalberto Serra se casou no Rio de Janeiro com Da. Ester Amaral Serra, de origem mineira, com quem viveu até os seus últimos dias (Figura 1). Tiveram dois filhos, Sylvia Serra Barreto, formada em Belas-Artes e professora da UnB, e Antonio Serra, formado em filosofia, professor e atual diretor do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) da UFF. Em 1931, ingressou mediante prova de seleção como auxiliar de meteorologista no Serviço de Meteorologia do Ministério da Agricultura, hoje INMET, sediado na época no edifício "Caça e Pesca" da Praça XV, centro do Rio de Janeiro, onde trabalhou até 1961, quando se aposentou como engenheiro, depois de exercer diversas chefias, como a de Climatologia e a de Pesquisas Meteorológicas. Porém, manteve-se em atividade neste serviço até seu falecimento. Figura 1 – Foto do Dr. Adalberto Serra com sua mulher Esther Amaral Serra. Fonte: Juliano Serra Barreto, neto de Adalberto Serra, 2005. 25 Adalberto Serra foi bolsista do CNPq, como Pesquisador Conferencista, por quase quinze anos, sendo religiosamente cumpridor dos prazos de relatórios. Interessava-se por outros assuntos, sendo voraz leitor de literatura (apreciava Shekespeare, Victor Hugo, Alexandre Dumas e Graciliano Ramos) e de obras de divulgação científica (principalmente Astronomia). Conhecia profundamente História e sabia precisamente datas, fatos e personagens. Acompanhava a política, era muito bem informado, mas inteiramente descrente, tendo sempre votado em branco: "Só votarei mesmo quando o voto for livre". Para manter seus conhecimentos de Matemática apurados, todo ano revia o "Traité des Mathématiques" de Comberrousse, estudando, como se fosse um calouro, desde a aritmética até a álgebra superior. Na fase final da vida, adotou o computador, um Apple com fita, com isto podendo calcular, projetar gráficos, manipular tabelas com maior facilidade. Seu grande amigo e companheiro de trabalho foi o Dr. Camilo Albuquerque (Figura 2). Figura 2 – Foto do Dr. Adalberto Serra, à esquerda, junto com seu grande colega e amigo Dr. Camilo. Fonte: Juliano Serra Barreto, neto de Adalberto Serra, 2005. Sua dedicação à Meteorologia resultou da circunstância de obter o ingresso naquele Serviço, mas, desde então, estudou intensamente esta ciência e a ela dedicou-se diariamente, seja cumprindo suas obrigações funcionais, seja elaborando projetos inovadores. Assim, trabalhou desde a reformulação de normas destinadas ao uso dos técnicos dos postos de observação até investigações teóricas mais refinadas sobre o que ele denominou "Princípio de Simetria", hipótese sobre a possibilidade de previsão meteorológica da troposfera a partir da análise das camadas superiores. Escreveu o primeiro estudo sistemático e fundamentado sobre as secas do Nordeste, obra cujos exemplares foram incinerados pelo então diretor do Serviço, que o acusou de "apropriação" de dados oficiais, tendo, por isso, 26 respondido a inquérito administrativo, salvando do incêndio alguns exemplares. Fato este que o deixou deveras triste e indignado, mas mesmo assim continuou com seu entusiasmo pela Meteorologia e seu trabalho. Foi o responsável pela equipe brasileira encarregada de preparar o Atlas Climatológico do Brasil, conforme decisão da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), sendo o Brasil o primeiro país a apresentar a conclusão deste projeto multinacional. Sir Walker e meteorologistas indianos identificaram uma conexão entre as monções na Índia — período chuvoso local — e anomalias climáticas no nordeste da Argentina. Posteriormente, o eminente meteorologista brasileiro, Dr. Adalberto Serra, ampliou os contornos desse sistema pendular ao relacionar anomalias climáticas do Nordeste e Sudeste brasileiros com fenômenos climáticos extremos no Pacífico. Joaquim de Sampaio Ferraz, o notável reorganizador dos serviços meteorológicos brasileiros e por quem Serra nutria grande admiração, fez inúmeras referências à sua contribuição para a Meteorologia no Brasil. Assim, comentando o "longo entreato de desânimo e inércia após 1931", menciona, como exceção, "o aperfeiçoamento das cartas sinópticas, por influência dos trabalhos valiosos de Adalberto Serra e Leandro Ratisbonna. Segundo Ferraz, foram as inestimáveis contribuições de Adalberto Serra e Leandro Ratisbona à ciência, a partir dos anos 30 do século passado, que trouxeram valiosas informações sobre a circulação atmosférica do continente sul-americano, incorporando os novos paradigmas da Meteorologia sinótica da escola dinamarquesa de Bergen, capitaneada por Bergeron e Bjerknes e identificando-lhe as massas de ar, tudo dentro de novas concepções modernas já adotadas, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos", além disso, contribuíram também para a compreensão dos sistemas produtores de tipos de tempo no Brasil. A partir dos anos 60, tais trabalhos serviram de base para estudos voltados para a abordagem genética do clima, destacando-se as contribuições de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro.. (Sant’Anna Neto, 1998)1 Depois de referir-se a diversas publicações exclusivas de Serra ou em colaboração com Ratisbonna, diz Ferraz: "Ainda em 1942, Serra e Ratisbonna dão o tiro de misericórdia na velha crença da "friagem" andina, levando ao prelo As Ondas de Frio da Bacia Amazônica". Mais adiante: "Adalberto Serra, incansável, publica em 1941 A Turbulência Atmosférica no Brasil, ensaio temerário, mas útil; em 1942, dá-nos A Formação de Trovoadas, 1 SANT’ANNA NETO, João L., 1998 A climatologia geográfica no Brasil: uma breve evolução histórica. In: Coleção Prata da Casa, 3: 7-28, São Luís. destinada em parte aos que labutam na análise de cartas sinópticas. No mesmo ano, lança o valioso repositório Normais de Nuvens, valioso, principalmente para o Brasil. (....) Em 1945 e 1946, Adalberto Serra analisa o problema meteorológico do Nordeste, com aplicação severa do método frontológico moderno, examina mais de perto alguns anos anormais e repassa o recurso estatístico da previsão das secas.... As duas monografias são Meteorologia do Nordeste Brasileiro, publicada na apreciada "Revista Brasileira de Geografia", e As Secas do Nordeste, edição do Serviço de Meteorologia". Sampaio Ferraz também cita o Atlas Universal de Meteorologia - 1873-1934, elaborado sob a coordenação de Serra. (apud J. Sampaio Ferraz, "A Meteorologia no Brasil", in As Ciências no Brasil, ed. Melhoramentos, SP). Adalberto Serra lamentava que um país então essencialmente agrícola e, portanto, com sua produção sujeita ao clima, dedicasse tão poucos recursos ao seu estudo e previsão. Como o pessoal técnico disponível não dispunha da formação especializada, ele sempre se preocupou em contribuir para facilitar o trabalho de observadores e analistas. De acordo com relato de seu filho, Antonio Serra, lembra-se que Adalberto Serra passou vários dias preparando uma espécie de "crivo de Erastóstenes" destinado a ajudar nas operações aritméticas elementares dos observadores, quando não havia máquinas calculadoras acessíveis. Particularmente, “jamais se arrogou um estatus privilegiado de saber ou hierarquia, mostrando-se, ao contrário, humilde e mesmo irônico em relação às vaidades humanas”. Um dos fatos intrigantes em sua vida se passou em 1961, quando Jânio Quadros, Presidente do Brasil na época, estipulou a jornada de 8 horas para o funcionalismo público, ele, que trabalhava no serviço e em casa, revoltou-se e considerou esta medida demagógica e desrespeitosa, onde ele imediatamente preferiu se aposentar a cumprir essa medida. Logo depois da renúncia do Presidente, seu sucessor provisório, Ranieri Mazzili, revogou a medida. Mas já era tarde. No entanto, até o final de sua vida, Serra em seu entusiasmo comparecia ao Serviço Meteorológico semanalmente, para encontrarse com os colegas e recolher dados, sobre os quais, de manhã, tarde e à noite, trabalhava, mesmo quando assistia às novelas na televisão. As manifestações por ocasião de seu falecimento (no ano de 1989) em momentos de homenagem evidenciaram não só a admiração dos colegas por sua atuação científica e técnica, mas, sobretudo por sua postura humana, sempre disponível para ajudar e despido de qualquer arrogância, mesmo reconhecendo em todos a vastidão de seus conhecimentos e a precisão de seus estudos. Publicou abundantemente nas revistas do IBGE e do Conselho Nacional de Geografia estudos sobre climas regionais, além de enveredar por temas correlatos, como pesquisas sobre as melhores épocas para férias escolares para cada região segundo parâmetros climáticos, sobre um enfoque da História humana a partir do clima, sobre clima e saúde. Assim, deixou uma importante e extensa obra meteorológica, na qual se destacam o Atlas Climatológico do Brasil, em três volumes, e o Atlas Internacional, em dois volumes. Adalberto Serra publicou uma enorme quantidade de artigos em diversas revistas e jornais, sendo os principais: Air Masses Of Southern Brazil, juntamente com Leandro Ratisbonna, pág. 6–8, Monthly Weather Review, Volume 66, Number 1, January, 1938; Comments on Interactions of Circulation and Weather Between Hemispheres, pág. 427, Monthly Weather Review, September, 1964. Adalberto Serra era dotado de poder lógico e argumentativo, comprazia-se em defender concepções não consensuais, mas sempre pronto a demonstrar suas falhas. O amor e a dedicação pela ciência meteorológica permaneceram até o fim da vida de Adalberto Serra, demonstrando seu apreço e devoção a esta ciência tão perceptível e importante em nossas vidas. Assim, esperamos que a vida e obra deste incansável autodidata da Meteorologia sejam sempre lembradas e exemplo a todos que são estudiosos em Meteorologia. Para conhecer e saber mais sobre este cientista aficionado por Meteorologia: Sant’Anna Neto, J.L., 2001. Por uma Geografia do Clima Antecedentes Históricos, Paradigmas Contemporâneos e uma Nova Razão para um Novo Conhecimento. Terra Livre, São Paulo, n. 17, p. 49-62. Sugestões de Leitura: ANDRADE, G. O., 1972. Climas do Brasil. In: Brasil, a Terra e o Homem (Azevedo, A., editor), vol. 1. Ed. Nacional. SERRA, A. B., 1941. The General Circulation over South America. Bull. of the Am. Meteorol. Soc., 22, 173-179. SERRA, A., 1955. Atlas climatológico do Brasil. Rio de Janeiro, CNG, 2 v., 783 p. Serra, A., 1973. Previsão das Secas Nordestinas. Fortaleza, Departamento de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE). O Conselho Editorial gostaria de agradecer imensamente a Antonio Serra e Juliano Serra Barreto pelas excelentes informações e fotos fornecidas. 27 C uriosidades Aspectos Climatológicos da Precipitação do Nordeste Brasileiro O início do verão, 21 de dezembro, se aproxima e com ele o sol vem com força total. Para a região nordeste do Brasil é a alta estação, quando turistas de todo o mundo vêem aproveitar as belas praias e desfrutar de uma culinária bastante rica em sabor e diversidade. Porém, nesta época é normal o surgimento de um sistema Meteorológico de escala sinótica conhecido como Vórtice Ciclônico de Altos Níveis – “VCAN” que pode estragar as férias de muita gente! Pensar em precipitação na região nordeste é pensar em alta variabilidade temporal e espacial, em termos de variabilidade temporal podemos dividir as escalas de tempo em interanual e a intrasazonal. A variabilidade interanual é associada a fenômenos de grande escala, tais como o ElNiño-Oscilação Sul (ENOS)1, o Dipolo do Atlântico e a Zona de Convergência Intertropical e está intimamente relacionada com mudanças na configuração da circulação atmosférica de grande escala e com a interação oceano-atmosfera. A variabilidade intra-sazonal da precipitação é influenciada por oscilações que variam entre 7 e 60 dias, Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCANs), Sistemas Frontais, distúrbios de leste e brisas (Figura 1). 1 Fenômeno de grande escala espacial que afeta as circulações atmosféricas, impondo perturbações climáticas de caráter global que interferem com as atividades humanas. As fases positivas e negativas do fenômeno ENOS são denominadas de El Niño e La Niña, respectivamente. Estes fenômenos naturais que existem há vários anos e continuarão existindo como fenômenos cíclicos, porém sem um período regular. 28 Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis O VCAN é um sistema de escala sinótica que exerce forte influência nas condições do tempo, pois estão geralmente, associados à chuva intensa. Dependendo do posicionamento geográfico do seu centro de subsidência2, os vórtices podem intensificar a precipitação em até 400% das normais climatológicas ou contribuir para que o verão seja mais seco e mais quente nas localidades sob o centro. O primeiro modelo para a formação do vórtice que surge sobre o oceano atlântico sul foi proposto por Manoel Alonso Gan e Vernon E. KousKy, em 1981. A formação do vórtice, está associada a um sistema de alta pressão que surge em altos níveis na região da Bolívia, conhecida como a Alta da Bolívia e um cavado sobre o Oceano Atlântico Sul que se desloca na vanguarda das frentes que penetram nessa região (Figura 2). 2 Centro de subsidência é um movimento vertical para baixo. Figura 1 - Escalas espacial e temporal dos fenômenos atmosféricos. O VCAN consiste de uma circulação ciclônica1 fechada com núcleo frio que geralmente se forma entre 200hPa e 500hPa2. O movimento vertical gerado por um VCAN, apresenta uma circulação direta, ou seja, um movimento descendente de ar frio e seco no seu centro, e movimento ascendente de ar quente e úmido na sua periferia (Figura 3). Neste tipo de circulação ocorre conversão de energia potencial em cinética, desta forma, a intensificação de um VCAN da periferia. A desintensificação acontece com a destruição da energia cinética, que ocorre geralmente sobre o continente, decorrente do aquecimento (calor sensível) da superfície e da liberação de calor latente por nuvens do tipo cumulonimbus, situadas perto do centro do VCAN. Sobre o oceano, um VCAN em altos níveis não se dissipa, é absorvido por cavados de níveis superiores que se deslocam de latitudes mais altas. Figura 2 - Esquema de formação do VCAN sobre o Atlântico Sul. ocorre pela liberação de calor latente ao longo 1 Circulação Ciclônica – No hemisfério sul consiste em uma circulação no sentido horário com fluxo convergente. 2 Níveis de 200/500hPa – Em latitudes tropicais, estes níveis correspondem respectivamente a 10 e 5 Km de altitude. 29 Figura 3 – VCAN visto de uma imagem de satélite e esquema do perfil vertical de um VCAN. O período de maior permanência, ocorre no mês de janeiro, com média de 15 dias, e de menor permanência nos meses de novembro e abril, com aproximadamente 7 dias de duração. Um VCAN pode ser totalmente seco ou acompanhado de muita nebulosidade, isto vai depender da sua profundidade. Assim, os vórtices que ficam confinados na alta troposfera, acima de 500hPa, possuem pouca nebulosidade, enquanto os que atingem níveis mais baixos possuem nebulosidade muita intensa. A nebulosidade associada ao VCAN enfatiza o seu deslocamento, quando o sistema encontra-se estacionário – Figura 4(a), apresenta uma distribuição circular e uniforme de nebulosidade, entretanto, ao se deslocar para oeste – Figura 4(b), sua configuração muda, apresentando intensa atividade convectiva em sua porção oeste e fraca nebulosidade no setor leste e nordeste. Para saber mais: ANJOS, B. L. et al., 1994. Conexões entre a circulação do hemisfério norte e os vórtices ciclônicos da alta troposfera na região nordeste do Brasil. In: Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia e II Congresso da Federação Latino-Americana e Ibérica de Sociedades de Meteorologia, v.2. Belo HorizonteMG, p. 583-585. KOUSKY, V. E. & GAN, M. A., 1981. Upper tropospheric cyclonic vortices in the Tropical South Atlantic. Tellus, fevereiro de 1981, v. 33(6), p. 538-551. PAIXÃO, E. B. & GANDU, A. W., 2000. Caracterização do Vórtice Ciclônico de Ar Superior no Nordeste Brasileiro. In: Anais do XI Congresso Brasileiro de Meteorologia, Rio de janeiro - RJ, p. 860-865. SILVA, V. P. R. & LIMA, W. F. A., 2001. Estudo dos Vórtices Ciclônicos de Ar superior sobre o nordeste do Brasil. In: Anais do XII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, Fortaleza - CE, p. 313-314. http://www.funceme.br/DEMET/progno/prog2005/ prog2005_1.pdf Figura 4 - Forma característica das nuvens ao redor do núcleo do vórtice; (a) vórtice estacionário e (b) vórtice movendo-se para oeste. 30 N ossas Escolas O Primeiro Curso Superior em Meteorologia no NorteNordeste do Brasil O primeiro Curso Superior de Meteorologia no Norte-Nordeste do Brasil foi criado no campus II da Universidade Federal da Paraíba, hoje campus I da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Atualmente, é um dos grandes centros de ensino e pesquisa da ciência meteorológica brasileira. Inicialmente, o Departamento de Ciências Atmosféricas (DCA) fêz parte da estrutura da UFPB, cujo campus de Campina Grande tornouse Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em abril de 2002. Atualmente, o DCA faz parte da estrutura administrativa do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN), localizado no campus da cidade de Campina Grande, Paraíba (Figuras 1 e 2). A UFPB, acatando idéia do prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, criou o segundo curso de Graduação em Meteorologia e o segundo curso de Mestrado em Meteorologia de nosso País, já tendo graduado 123 bacharéis e 110 mestres, até o presente. Esse esforço tem sido reconhecido em nível nacional e internacional e, hoje, os meteorologistas formados nesta Universidade trabalham em praticamente todas as instituições operacionais, de ensino e/ou pesquisa que possuem atividades em Meteorologia no Brasil, ocupando posições de destaque. Figura 1 – Localização de Campina Grande. 31 o primeiro curso de Meteorologia a ser criado em todo o Norte e Nordeste do Brasil. No ano de 1975, os integrantes do "Grupo da Paraíba", como eram então conhecidos no INPE, terminaram seus cursos. Todos regressaram a Campina Grande em 1975 e 1976, com exceção de José Maria que foi contratado pela Universidade Federal de Viçosa. No lugar de José Maria, foi incorporada ao grupo a profa. Maria Regina da Silva Aragão. Todos foram lotados, inicialmente, no Departamento de Engenharia Civil. Figura 2 – Localização do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, onde funciona o Curso de Meteorologia. Foi durante o segundo semestre de 1972 que o prof. Lynaldo, então Diretor do Departamento de Assuntos Universitários (DAU), do Ministério da Educação (MEC), assessorado pelos professores Mário Adelmo Varejão-Silva, Gleryston Holanda de Lucena e José Oribe Rocha de Aragão (funcionários da SUDENE), iniciou conversações com a diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para enviar um grupo de 5 recémgraduados para cursarem o Mestrado em Meteorologia naquela instituição. O acordo foi feito com o Dr. Fernando Mendonça e o Dr. Gylvan Meira Filho, Diretor Geral e Diretor Científico do INPE, respectivamente. A idéia do prof. Lynaldo era de que esse pequeno grupo constituiria a "massa crítica" para o desenvolvimento de um Programa de Graduação e Pós-graduação em Meteorologia, pioneiro no Nordeste do Brasil. O grupo enviado ao INPE era composto por Geraldo Nunes Sobrinho – Eng. Civil, José Maria Nogueira da Costa – Eng. Agrônomo, José Oribe Rocha de Aragão - Físico, Juarez Farias de Lima – Eng. Eletrônico, e Pedro Vieira de Azevedo – Eng. Agrônomo. Eles chegaram ao INPE, em São José dos Campos - SP, em janeiro de 1973 e passaram a cursar o Mestrado em Meteorologia, fazendo parte da segunda turma daquele curso. Eles tinham uma pequena bolsa da UFPB que foi interrompida depois de três meses, sendo contratados pelo INPE como assistentes de pesquisa. Em 1973, o Curso de Graduação em Meteorologia da UFPB foi criado pela Resolução No 10 - A/74 do CONSUNI (Anexo I) e o prof. Dr. João Batista Queiroz Carvalho, do Departamento de Engenharia Civil, foi designado coordenador, tendo o primeiro vestibular para ingresso no curso acontecido em 1974. Suas atividades foram iniciadas no primeiro período letivo de 1974. Foi, também, 32 Outros professores foram incorporados ao grupo de Meteorologia nos anos de 1976 a 1979, Arthur Julião da Silva, Gleryston Holanda de Lucena, Hukun Singh Rathor, Juan Carlos Ceballos, Koyott Raghavan, Manoel Francisco Gomes Filho, Margrit Henriette Nitzsche, Mário Adelmo Varejão-Silva, Tantravahi Venkata Ramana Rao, Jerko Valderrama e Zenaide Rosa Sobral. Esse período foi de implantação e consolidação dos cursos de Graduação e Mestrado e do Núcleo de Meteorologia Aplicada – NMA, o que culminou com a criação do Departamento de Ciências Atmosféricas. Os professores de Meteorologia criaram o NMA em dezembro de 1976. O NMA serviu para assegurar recursos financeiros para a execução de trabalhos técnicos e de pesquisa em Meteorologia e para equipar a UFPB com material permanente e equipamentos científicos. Em 1987, o NMA teve suas atividades incorporadas ao DCA. Antes mesmo da criação do DCA, os professores do NMA criaram o Curso de Mestrado em Meteorologia em maio de 1978. O Decreto Nº 82.517 de 30 de outubro de 1978, do Conselho Federal de Educação, concedeu o reconhecimento ao Curso de Graduação em Meteorologia da Universidade Federal da Paraíba. Em março de 1979, os professores de Meteorologia passaram ao Departamento de Mineração e Geociências e, em 19 de novembro de 1979, criaram o Departamento de Ciências Atmosféricas. O prof. Oribe Aragão, que havia coordenado o Grupo de Meteorologia como Sub-Chefe do Departamento de Mineração e Geociências e era o Coordenador do NMA na época, foi indicado para presidir a primeira eleição de Chefe e Sub-Chefe do DCA no dia 20 de dezembro de 1979. Foram eleitos para esses cargos, respectivamente, o prof. Mário Adelmo Varejão-Silva e o próprio prof. José Oribe Rocha de Aragão. Importante destacar que foram os professores do NMA e DCA que promoveram o 1o Congresso Brasileiro de Meteorologia (CBMET), realizado em Campina Grande, em outubro de 1980. Trabalharam na preparação do 1o CBMET os professores José Oribe Rocha de Aragão, Juarez Farias de Lima, Manoel Francisco Gomes Filho, Marcos Alberto de Andrade e Tantravahi Venkata Ramana Rao. Nesse congresso foi reativada a Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET). Em dezembro de 2003, a CAPES autorizou a criação do Doutorado em Meteorologia da UFCG tendo sido selecionados, já em março de 2004, sete estudantes para a turma pioneira do Doutorado recém-criado pelos professores do DCA-UFCG. Os professores do DCA e os alunos dos cursos envolvidos dispõem da infra-estrutura necessária para: • Colaborar com várias instituições de pesquisas no Brasil e no exterior; • Acessar dados e informações sobre as pesquisas em desenvolvimento no Brasil e no exterior, inclusive via Internet; • Receber dados e previsões de tempo e climáticas de instituições nacionais e estrangeiras; • Desenvolver pesquisas nas áreas de sinótica-dinâmica da atmosfera, modelagem numérica, agrometeorologia e micrometeorologia em vários sítios experimentais (nos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Amazonas, dentre outros), climatologia estatística, radiação atmosférica, sensoriamento remoto aplicado, processamento de imagens de satélites e outras áreas, inclusive em áreas oceânicas. • Receber e processar imagens meteorológicas de satélites de instituições nacionais e estrangeiras; • Desenvolver, testar e integrar modelos de meso-escala e analisar resultados de modelos de circulação geral da atmosfera; • Colocar à disposição da comunidade acadêmica e científica, e de usuários em geral, os resultados de pesquisas, metodologias desenvolvidas e serviços. O esforço da UFCG tem sido recompensado pelo nível de formação de seus meteorologistas, pelo envolvimento dos seus professores nos programas em Meteorologia em níveis regional, nacional e internacional, e pelas publicações em periódicos nacionais e internacionais. Portanto, em seus 29 anos, podemos dizer que o Departamento de Ciências Atmosféricas tem sido um dos principais órgãos responsáveis pelo desenvolvimento da Meteorologia como Ciência no Brasil. O DCA possui na sua estrutura: Laboratório de Meteorologia Sinótica LMS, • Laboratório de Instrumentação Meteorológica, • Laboratório de Processamento de Informações Meteorológicas - LAPIM, • Laboratório de Apoio à Pesquisa Micro e Agrometeorológica - LAPEMA, • Laboratório de Modelagem e Desenvolvimento - LMD. • Estações Meteorológicas de Superfície: Automática e Convencional. • O Departamento de Ciências Atmosféricas apresenta as seguintes linhas de pesquisa: • Sinótica/Dinâmica da Atmosfera Tropical; • Agrometeorologia; • Climatologia; • Meteorologia Física; • Sensoriamento Remoto Aplicado; • Radiação Solar e Atmosférica; • Processamento de Imagens; • Biometeorologia. O objetivo do Curso de graduação é formar profissionais de nível superior, capazes de desenvolver, orientar e aplicar técnicas do conhecimento da constituição e das propriedades da atmosfera terrestre bem como dos mecanismos que nela atuam. O Curso de Graduação em Meteorologia da UFCG formou 155 (cento e cinqüenta e cinco) profissionais até 2004 (Figura 3). Um alto percentual, cerca de 88,6%, encontram-se efetivamente trabalhando na área, enquanto que os 11,4% restantes infelizmente não se dispõem de informações atualizadas sobre os mesmos. Alguns alunos do Programa PIBIC (Programa de Bolsas de Iniciação Científica) e professores do Curso também interagem com a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Semi-Árido) - CNPA (Centro Nacional do Algodão) e CPATSA (Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-árido), na condução de experimentos agrometeorológicos. Através do programa REVIZEE (Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva), dos Ministérios do Meio Ambiente e da Marinha, além de alunos e professores do Curso que participaram de experimentos meteorológicos a bordo do navio oceanográfico ANTARES da Marinha do Brasil. 33 Conceitos da CAPES: 12 11 • • • 10 9 8 7 Corpo Docente: 6 5 O corpo docente do DCA, composto por doutores, é formado pelos seguintes professores efetivos: 4 3 2 1 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 0 Período Figura 3 – Número de alunos formados no Curso de Meteorologia no período 1979 a 2004. O corpo docente do Curso ministra disciplinas na graduação, participa de programas de Iniciação Científica, orienta trabalhos de graduação e vem participando do Curso de Especialização em Métodos Estatísticos Aplicados à Meteorologia e Climatologia, oferecido pelo DCA a cada dois anos. Os professores, todos com titulação de doutor, ministram aulas e orientam dissertações e teses no Programa de PósGraduação em Meteorologia. Os professores do DCA também ministram aulas e orientam teses no Doutorado em Recursos Naturais, além de contribuir na Pós-Graduação de Engenharia Agrícola. A Pós-Graduação em Meteorologia da UFCG destina-se à formação de Docentes, Pesquisadores e Profissionais especializados em Meteorologia, de acordo com o que dispõe a Legislação Federal de Ensino Superior. No Mestrado e Doutorado em Meteorologia, o Departamento vem consolidando suas linhas de pesquisa nas seguintes áreas de Atuação: Previsão do Tempo e Clima, Gerenciamento dos Recursos Hídricos, Agricultura e Pecuária, Indústria e Comércio, Construção e Urbanismo, Transportes e Lazer, Meio Ambiente e Medicina Preventiva. Há duas Áreas de Concentração: 1. Meteorologia de Meso e Grandes Escalas; 2. Agrometeorologia e Micrometeorologia. Avaliação pelo Guia do Estudante: • Graduação em Meteorologia - **** 34 Mestrado em Meteorologia – Nível 5 Doutorado em Meteorologia – Nível 4 Doutorado em Recursos Naturais – Nível 4 • • • • • • • • • • • • • • • • Bernardo Barbosa da Silva (Dr., UFPB) Célia Campos Braga (Dra., UFPB) Enilson Palmeira Cavalcanti (Dr., UFPB) Enio Pereira de Souza (Dr., USP) Francisco de Assis S. de Sousa (Dr., USP) José Ivaldo Barbosa de Brito (Dr., UFPB) Kamada Karuna Kumar (Ph.D., Índia) Magaly de Fátima Correia (Dra., USP) Manoel Francisco Gomes Filho (Dr., UFPB) Maria Regina da Silva Aragão (Ph.D., USA) Pedro Vieira de Azevedo (Ph.D., USA) Renilson Targino Dantas (Dr., USP) Rômulo da Silveira Paz (Dr., UFPB) Sukaran Ram Patel (Ph.D., India) Tantravahi V. Ramana Rao (Ph.D., USA) Vicente de Paula R. da Silva (Dr. UFPB) Mais informações: Prof. Dr. Renilson Targino Dantas Chefe Departamento de Ciências Atmosféricas DCA Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - CTRN Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Fone/FAX: (083) 3310 1202 http://www.dca.ufcg.edu.br E-Mail: [email protected] Prof. Dr. Bernardo Barbosa da Silva Coordenador Programa de Pós-Graduação em Meteorologia CTRN – UFCG Fone: (083) 3310 1054 E-Mail: [email protected] Prof. Dr. Tantravahi Venkata Ramana Rao Coordenador Curso de Graduação em Meteorologia Fone: (083) 3310 1031 E-Mail: [email protected] Endereço para correspondência: Av. Aprígio Veloso, 882. Bairro: Universitário, 58.109-970 - Campina Grande, PB Fone/fax (0xx83) 3310-1202 R eflexões Valorização e Respeito Profissional: Até que ponto os Meteorologistas devem se submeter aos baixos salários? O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) é órgão pertencente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), responsável pela Meteorologia no Brasil, representando o país junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM). O INMET conta com avançada tecnologia de recepção de imagens de satélites. Sofisticados supercomputadores, que operam, por exemplo, o Modelo Brasileiro de Alta Resolução (MBAR), modelo de previsão numérica do tempo com a mais alta resolução para a América Latina. Atualmente, o INMET possui cerca de 400 estações meteorológicas entre climatológicas principais, agrometeorológicas e auxiliares, distribuídas no território nacional, além de 13 estações aerológicas, para a medição em altitude dos ventos, temperatura e umidade. É assim que o INMET busca todos os recursos, humanos e tecnológicos, num processo contínuo de aperfeiçoamento, para assegurar a confiabilidade necessária às informações sobre o tempo e clima disponibilizando, e garantindo a qualidade e o profissionalismo de seus serviços (extraído da página www.inmet.gov.br). Pois bem, neste último dia 12/12/05, este mesmo INMET lançou um edital de concurso público para contratação imediata e cadastro de reserva de 29 Meteorologistas, com um salário inicial de, por incrível que pareça, R$ 1.340,27 para meteorologistas graduados (www.inmet.gov.br/Inmet_Edital.pdf). É desta maneira que o INMET busca a confiabilidade necessária nas previsões, quando ele mesmo não investe num salário digno para os próprios Meteorologistas? Será que os 17 Meteorologistas que forem aprovados para as vagas em Brasília conseguirão se manter de forma digna na capital brasileira? Creio que não! O INMET tem recebido investimentos grandes nos últimos anos, construiu um grande laboratório em Brasília, que está sub utilizado por falta de pessoal, milhões de reais gastos, em equipamentos, que serão utilizados pelos futuros concursados. Tanto investimento gasto em laboratórios, necessários, diga-se de passagem, podem não ser utilizados em sua plenitude. Primeiro pelas poucas vagas abertas, seriam necessárias o dobro de Meteorologistas para pleno funcionamento deste laboratório, e segundo, claro, pelo salário baixo, abaixo até do salário mínimo exigido pelo CREA, autarquia que orienta e fiscaliza o exercício profissional dos Meteorologistas, que seria de R$ 2.700,00, para a carga horária descrita no edital. A decepção é maior quando vemos nos jornais anúncios de outros concursos públicos, no qual o salário inicial e bem superior a este, sendo necessário apenas o segundo grau. Nada contra os salários maiores, mas depois de 20 anos de espera de concurso para o INMET, isso mesmo o último concurso foi realizado em 1985, esperavase que o INMET respeitasse mais os Meteorologistas, já que estes profissionais são os responsáveis pela previsão e acompanhamento do tempo e clima, objetivo fim do INMET. Nós Meteorologistas gostaríamos que, ao menos o INMET, o órgão maior da Meteorologia no Brasil, valorizasse melhor o profissional, dando a ele um salário digno, para que os Meteorologistas pudessem fazer seu trabalho tão necessário para a segurança e crescimento do País, haja vista os eventos recentes que causaram tantos prejuízos financeiros e calamidades públicas, decorrentes de fenômenos como o Furacão Catarina ou mesmo por sistemas comuns que assolam as cidades brasileiras, causando enchentes e quedas de barreiras. Os meteorologistas pedem socorro. Para uma boa previsão não basta ter equipamentos caros e sofisticados, para isso também se faz necessário pessoal qualificado e, repetimos, que receba um salário DIGNO. Salário este que permita aos Meteorologistas não necessitarem a busca de outras fontes para a complementação salarial, e que, ai sim, façam seu trabalho, trabalho este tão importante e necessário para o crescimento e segurança de nosso país. Para concluirmos, encerramos esta reflexão deixando os seguintes questionamentos: Por que, onde fracassam as pessoas, as instituições devem ser penalizadas? Até quando iremos agüentar calados e não reagiremos a estas situações? Os Editores [email protected] 35 S ala de Leitura Lançamentos EL CAMBIO CLIMÁTICO GLOBAL Libros del Zorzal Vicente R. Barros MICROMETEOROLOGIA: TÓPICOS GERAIS Editora e Gráfica Universitária - UFPEL Cláudia Rejane Jacondino de Campos Neste pequeno livro de bolso, o Dr. Vicente Barros, conhecido pesquisador argentino na área de climatologia, explica e analisa em linguagem simples e com rigor científico as causas e os efeitos da mudança climática. O livro consta de onze capítulos. O primeiro capítulo é uma breve introdução aos temas tratados, com uma concisa e clara exposição do problema da mudança climática, as certezas e incertezas existentes, as possíveis conseqüências futuras assim como os interesses dos grupos envolvidos e suas reações ao problema. Os capítulos de 2 a 8 descrevem o sistema climático, as causas da variabilidade climática, os gases de efeito estufa e aerossóis, a mudança climática no período industrial no século e as perspectivas tecnológicas para enfrentar estas mudanças. O autor não só trata nestas seções dos temas técnico-científicos, como também de algumas conseqüências econômicosociais de episódios climáticos extremos do passado. O capitulo 9 é uma análise provocativa dos interesses setoriais, ideológicos e nacionais afetados por estas mudanças, discutindo conceitos tais como a equidade na mitigação de emissões. O décimo capítulo descreve as respostas institucionais incluindo a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, o Protocolo de Quioto, o IPCC e O GEF. As conclusões são dadas no Capitulo 11 destacandose a inevitabilidade da mudança climática, a insustentabilidade do sistema consumista atual e a necessidade de começar o quanto antes as medidas de adaptação. Inclui um breve Glossário com o significado de termos técnicos. Tem 172 páginas. Maiores informações em: http://www.delzorzal.com.ar 36 O livro Micrometeorologia: tópicos gerais, de autoria da professora Cláudia Jacondino de Campos, pesquisadora da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas e doutora em Física da Atmosfera pela Universidade Paul Sabatier, da França foi lançado em abril de 2005. O livro foi editorado por Camila Pinho da Silveira e Marina Fonseca Seelig, mestres em Meteorologia pelo Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da UFPEL. O projeto gráfico do trabalho ficou a cargo de Rafael Luder, designer gráfico. A obra é recomendada para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em meteorologia e é uma compilação de assuntos abordados nas disciplinas relacionadas à Meteorologia de microescala. Os tópicos abordados no livro são: Introdução ao estudo da micrometeorologia; Escoamento laminar de um fluido; escoamento turbulento de um fluido; Processos de difusão. Maiores Informações podem ser obtidas via e-mail:[email protected] ou pelo telefone: (0xx53) 3227-8300